Madeline Hunter
O Lord das Mil Noites
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Históricos
Tradução/Pesquisa: GRH Revisão Inicial: Kelly Revisão Final: Andrea SSA Formatação: Ana Paula G.
QUEM GUARDAVA MAIS SEGREDOS? Reyna, que afirmava ser uma prostituta de grande experiência quando só era uma moça absolutamente ignorante no trato com homens? Reyna, que afirmava ser a lady da Fortaleza Black Lyne, mas trabalhava na cozinha, vestida como uma criada? Reyna, que afirmava ter amado a seu finado marido, Robert do Kelso, mas todos na fortaleza sustentavam que ela o tinha envenenado? Reyna, que afirmava ser viúva de um homem que a tinha amado, mas que era uma mulher pura e temerosa quando Ian a levou a sua cama? Ian de Guilford parece não ter segredos, ele é um mercenário contratado por Morvan Fitzwaryn para tomar a Fortaleza Black Lyne. Todos sabem que ele espera ser recompensado por esta ação. Todos conhecem sua reputação com as mulheres, o que tem lhe fez ganhar o apelido de Lord das Mil Noites, porque levou à sua cama mais de mil mulheres. Ian de Guilford cumprirá sua missão e tomará a torre de Black Lyne. Sua segunda missão é manter segura e com vida Lady Reyna, que está a ponto de ser julgada e executada pelo assassinato de seu marido. Para isso deverá investigar o assassinato e vigiar uma bela mulher que unicamente quer sabotar sua autoridade e escapar. Uma infeliz circunstância o põe no meio de um duelo com o irmão de Reyna. A única maneira de salvar essa situação é um matrimônio com a rebelde Reyna. Mas esta aproximação entre os protagonistas só trará 2
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Série Medieval 6 - O Lord das Mil Noites
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para a luz que o alegre e bonito Ian do Guilford guarda um segredo de seu passado... Aventuras, intriga, romance, humor, sensibilidade, sensualidade, rivalidades entre clãs e perigo... todos ingredientes da magistral receita de Madeline Hunter para criar esta maravilhosa história medieval .
Comentário da Revisora Kelly: Um romance envolvente e sensual. Uma história de amor como poucas já relatada em livros, com um pouco de mistério, romance, humor e muita, mais muita sensualidade. Onde personagens totalmente opostos encontram um amor capaz de vencer a todas as dificuldades. Um homem marcado pela vida e uma mulher forte e misteriosa formam o par romântico dessa linda e envolvente história de amor.
Comentário da Revisora Andrea SSA: Essa foi uma das melhores mocinhas que já li... Ela é inteligente, valente e cheia de valores. Consegue despertar o mocinho por ser um constante desafio, mostrando a ele que tem que ser mais do que conquistador, mais do que sedutor para lhe ganhar. A batalha entre os gênios dos dois é hilária muitas vezes. O mocinho também é muito inteligente e...uau.... as cenas de sedução são hot... Não conhecia a autora, mas ela escreveu uma trama interessante, com bom enredo e argumento. Tem aventura, mistério, romance, humor, sedução, de tudo um pouco, que nos prende do
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início ao fim. O Lord das mil Noites é Espadão para ninguém colocar defeito. Leiam, vocês vão gostar...
Capítulo 1 Fronteira escocesa, 1357. —Assegure--se que ele beba o vinho antes que tire suas roupas. A instrução era simplesmente a última de uma longa ladainha de advertências que Reyna ouviu enquanto silenciosamente andava pelo túnel cavernoso. Ela apertou a mão da mulher maternal que a acompanhava. —Cuidarei de fazer isto como planejamos, Alice. Eles parecem um grupo bastante destemido, e este assédio deve ser muito aborrecido. Ele deveria estar contente com esta diversão. —Há uma só diversão que a maioria dos homens está interessada, criatura. Esse é o perigo, não é verdade? —Não se preocupe com isso. A escuridão total no túnel assustou Reyna, então ela se moveu depressa, uma mão segurava com firmeza a de Alice e a outra estava sobre a parede. Sons ressonaram pela pedra sob a sua palma. Os invasores tinham começado a cavar seu próprio túnel não longe deste, onde ela estava. Ao longo dos meses, ela tinha vindo a essa saída 4
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Históricos escondida, com uma tocha nas mãos, e escutava os ruídos, julgando seu progresso. Ela não se preocupou em princípio, porque certamente a ajuda chegaria antes que eles completassem seu trabalho. Não era grande o exército que cercava a torre, e uma força pequena de qualquer lugar, mesmo que fosse de Harclow ou Clivedale, poderiam facilmente conseguir interceptar o assalto à Fortaleza. Mas nenhuma ajuda chegou, e agora os homens do exército estavam a dias de alcançar o muro circundante. Até mais inquietante tinha sido a segunda escavação que progredia no lado sul da fortaleza. Elas alcançaram uma curva fechada à direita. Um feixe de luz chegava pela entrada estreita escavada detrás de uma formação rochosa. Um arbusto denso mais adiante escondia a entrada de ser visivel, e só alguém que examinasse cuidadosamente todo o terreno teria a oportunidade de encontrá-la. Esse exército não tinha explorado tão longe por esse terreno, e Reyna sorriu ante a ironia de todos os homens escavando quando essa entrada só estava a metros de distância. —Saberá pela manhã se tiver tido êxito, Alice. Observe da torre e alerte a Sir Thomas e Reginald. Reyna tomou a cesta que Alice carregava, tentando soar valente e tranqüila. —Eu irei primeiro até minha mãe, e logo depois a Edimburgh. Informarei quando estiver segura lá, e você poderá se reunir a mim. Alice a abraçou. —É um plano valente, mas precipitado o que tem, criatura. Sir Robert não o teria aprovado se estivesse vivo.
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Históricos —Se Robert estivesse vivo, eu não teria que fazer isto. A mulher mais velha sacudiu a cabeça com resignação. —Deus te acompanhe, então. Reyna forçou a entrada e permaneceu dentro do matagal escuro. Cinqüenta metros mais adiante estavam os acampamentos que cercavam a torre. Não era um grande exército, mas era suficientemente grande para assegurar-se que ninguém saísse e nenhuma provisão chegasse. Não tinha havido nenhuma tomada por assalto, nenhum muro tinha sido escalado, nenhuma máquina de guerra tinha lançado fogo e pedras. Nem sequer tinha havido negociações. Só dois meses de cerco inexorável. Homens movendo-se pelo acampamento, seus movimentos lentos e preguiçosos pelo calor do verão. Eles não usavam muitas roupas, e seus corpos se bronzearam com o sol. Uns poucos tinham adotado os refrescantes kilts escoceses. Mas estes homens não eram escoceses. Eram ingleses, ela pensou com desgosto, e essa noção renovou sua resolução. Os ingleses tinham sido monstros desde sua infância e inimigos desde sua adolescência. Seu rei escocês podia ter aceito a derrota à mãos do rei Edward da Inglaterra dez anos atrás, mas nenhum escocês, especialmente aqueles nas fronteiras da Cumbria e Northumberland, submeteram-se prontamente à autoridade que os ingleses reivindicavam. Ela sabia tudo sobre soldados ingleses, e o que aconteceria se seus homens tivessem êxito em romper os muros. As descrições das atrocidades inglesas tinham sido repetidas por gerações. Ela se forçou a visualizar as pessoas que conhecia sendo assassinadas e torturadas, e procurou força naquelas imagens horríveis. Não 6
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Históricos estava em sua natureza fazer o que ela estava planejando agora, mas não via nenhuma alternativa. Esperava que Deus a ajudasse, e logo a perdoasse. Ela saiu apressadamente do matagal e caminhou em um ângulo até que pareceria que ela chegava de um dos caminhos do norte. Os homens a examinaram, avaliando o significado de seu cabelo solto e seu vestido de seda. Ela seguiu caminhando, circulando pelo lado oeste do acampamento e para a grande tenda ao centro. Quando esta apareceu diante de seus olhos, ela diminuiu a velocidade. Uma vez que ela entrasse, não haveria como voltar atrás. Um assobio lascivo chamou sua atenção. Dois cavalheiros sorriram entre si e começaram a caminhar em direção a ela, fazendo sons obscenos com suas bocas, provocando-a. Sua pele se arrepiou, e ela correu os últimos poucos metros para a grande tenda com estandartes verdes e brancos. Um escudeiro estava sentado perto da entrada limpando armas. Ele olhou para cima, surpreso, quando passou rapidamente ao lado dele, e correu o tecido que fazia de porta. Ela rezou para que o homem que procurava estivesse dentro, e que esses outros não a seguissem. Porque então, por tudo o que ela sabia, ele poderia simplesmente dar com os ombros e deixar que os soldados a levassem. O tecido branco da tenda criava uma luz difusa e suave, e levou um momento para adaptar seus olhos. Ela procurou pela cama, a mesa e o baú que havia na tenda. Uma armadura polida brilhava no chão a alguns passos dela. Não se ouvia um único som. 7
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Históricos E então uma sombra se moveu. A de um homem levantando do tamborete onde ele tinha estado sentado com suas costas apoiadas contra o poste central da tenda. —O que está fazendo aqui?— ele bruscamente perguntou. Ela só o olhou fixamente. Ela observou esse homem tão alto como uma torre. Ele era mais alto que a maioria dos homens. Mas ela era mais baixa que a maioria das mulheres, e a diferença marcante em seus tamanhos de
repente
a
fez
estar
intensamente
consciente
de
sua
vulnerabilidade. O que ela não tinha podido ver, olhando a partir da torre, era como ele era bonito. As grossas sombrancelhas suavizavam suas feições e lhe davam um marco escuro, contrastando com seus olhos que pareciam com um céu claro, cheio de luz. Ossos agudos e definidos em suas bochechas e sua mandíbula. Uma larga e ligeiramente cheia boca compelia sua atenção. O cabelo escuro caindo até seus ombros, sustentado por um tecido atado ao redor de sua fronte. Ele só vestia um par de calças camponesas soltas, cortado em cima dos joelhos. Essas pernas estavam bem formadas, todos os músculos alargados e avultados. A mesma magreza atlética formava seus ombros largos e seu tórax esculpido. Com seu primitivo modo de vestir, lhe fez recordar dos antigos guerreiros sobre os quais ela tinha lido nos livros de Robert. Ele era o inimigo, mas igualmente a respiração dela ficou entrecortada. Magnífico. Assustador. Era uma desgraça que ela tivesse que matá-lo.
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Históricos Ele caminhou em direção a ela. Deu a seu vestido, a seu cabelo e a suas bochechas avermelhadas uma fria avaliação enquanto tirava a franja de sua fronte e passou uma mão por seu cabelo. Ela esperava que ele não pudera ver seu rubor, porque a mulher que interpretava esse dia nunca se sentiria desconcertada pelo exame de um homem, sem importar quão atrativo ele pudesse ser. Sua expressão se iluminou, e ele levantou uma sobrancelha especulativamente. Ele deduziu a única coisa que ele precisava saber. Sorriu. Meu Deus, que sorriso! Lábios retos, curvados apenas nos extremos. Absolutamente encantadores, sutilmente sugestivos, vagamente irônicos. Formavam umas atrativas e pequenas rugas a um e outro lado de sua boca. Transformando o bonito rosto, antes distante e indecifrável, em um sensual e amigável semblante. Mas ela viu algo mais quando ele a olhou. Ela viu na posição confiante de seu corpo, no reflexo em seus olhos e até no sorriso propriamente dito: Vaidade. Arrogância. Orgulho. Uma inabalável confiança em si mesmo. Ela notou que ele era consciente do efeito que seu rosto seu corpo causavam. Em todas as mulheres. Ela tinha conhecido esse tipo de homens antes. A casa de seu pai tinha estado cheia deles. Talvez, afinal, não lhe importasse tanto matá-lo. —O que está fazendo aqui?— ele repetiu. Ela recuperou sua compostura.
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Históricos —Fui chamada pela cidade de Bewton. A cidade enviou alguém a Glasgow para me contratar. A gente da cidade queria estar segura que seu presente ia agradar te, Sir Morvan . —Presente? Está dizendo que a cidade contratou uma prostituta ... —Sou Melissa, uma cortesã,— ela disse naturalmente. — Asseguro-te que não sou uma prostituta. É por isso que estou aqui. A cidade não confiava em suas mulheres para esta tarefa. —E qual é o propósito deste presente? —Eles esperam que se está agradado não atacará à cidade com seu exército. —E você veio para me persuadir disso ?— ele caminhou ao redor dela, examinando-a como um animal posto à venda. Ela esperava que ele bocejasse e lhe anunciasse que ela não serviria para esse propósito. —Um cavalheiro que dê essa ordem a seus homens teria que estar muito agradado, por certo. E qual é o propósito de conquistar se não haver nenhum butim*, nenhum lucro? —A cidade pagará seu tributo. Haverá perdas sem dúvida. Mas é a selvageria, o saque e as violações, os estupros o que eles desejam evitar. Ele estendeu sua mão e acariciou seu cabelo, levantando uma mecha, deixando que seu olhar e seus dedos percorressem sua considerável extensão —Qual era mesmo seu nome? —Melissa. Não pode ter ouvido falar de mim, mas eu fui treinado pela famosa Dionysia.
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Históricos —Não parece com uma cortesã para mim, Melissa. Eu sempre assumi que elas eram mulheres voluptuosas. Parece muito magra para essa ocupação. Seu cabelo é adorável, de uma cor não muito freqüente. Muito clara, como a luz da lua—, ele ainda sujeitava a ponta da longa mecha de cabelo, e ele a deixou escorrer entre seus dedos como uma cinta de seda. —O
que
você
chama
magro,
importantes
Lordes
o
consideram miúdo e delicado, Sir Morvan. Além disso, as habilidades de uma cortesã fazem tais detalhes insignificantes. Por outro lado, é claro que é muito simples em suas preferências. Retornarei e direi aos anciões da cidade que escolheram mau. * butim: Segundo o Houaiss, é o conjunto de bens materiais e de escravos, ou prisioneiros, que se toma ao inimigo no curso de um ataque, de uma batalha, de uma guerra. Pode ser o produto de roubo ou de pilhagem. No uso formal é o produto de caça ou pesca, e, informal, é o proveito, lucro. Como espólio de guerra, era divido de acordo com a eficiência de cada um nos campos de batalha
—Não. É uma brilhante estratégia. Só há um problema com isto, e não é seu tamanho—. Ele ainda tocava seu cabelo. —Eu não sou Sir Morvan. —Mas esta é a tenda maior, está no centro do acampamento. Fui informada que este exército pertence a Morvan Fitzwaryn. —É assim, mas eu mando aqui. Morvan está ocupado em outro lugar. A parte principal do exército está em Harclow. Não era surpreendente então que nenhuma ajuda alguma vez viesse. Todos na torre assumiam que Morvan primeiro tinha sitiado esta fortaleça para ganhar uma posição segura antes de tentar tomar a formidável Harclow, mas o homem tinha atacado ambos os lugares ao mesmo tempo. E Clivedale, também? Quão grande era esse exército? 11
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Históricos Ela rapidamente fez cálculos. Se este homem estava no comando aqui, o plano deveria funcionar tão bem com ele ou com seu Lorde no comando. —Se não é Morvan Fitzwaryn, quem é? —Ian de Guilford. —E você verdadeiramente é quem manda aqui? —Sim. O destino desta torre e a cidade perto daqui estão em minhas mãos. Se a cidade te mandou para negociar, tem o nome equivocado, mas o homem correto. Seu presente estava planejado para mim. Ele a observou de um modo óbvio o que a desestabilizou completamente. Seu olhar continha as conseqüências do fracasso no que ela cuidadosamente tinha evitado pensar. Sua coragem desapareceu em um segundo.
—É uma desgraça, então, que não me ache a seu gosto. Irei agora. —Insisto em que fique. Perderá seu dinheiro caso contrário, e viajaste desde muito longe. Foi rude de minha parte criticar um presente. Além disso, se foi treinada pela Famosa Dionysia, duvido que fique decepcionado. Ele caminhou para ainda mais perto, e seu tamanho e masculinidade dominante se lhe impuseram. Ela procurou arrumar uma desculpa para partir. —Estes
homens
parecem
ser
mercenários.
Eles
lhe
obedecem? Sem dúvida eles esperam ser pagos com um butim.
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Históricos —Eles são mercenários, mas eles são meus mercenários, e me obedecerão. Morvan Fitzwaryn paga com prata, não com promessas de saques. Eles provavelmente esperam algo mais, mas isso não é parte do acordo. —E se algo acontece com você? —Não me tinha dado conta de que a gente da cidade tinha enviado um advogado além de uma cortesã. Seus favores exigem um contrato com a cobertura de todas as eventualidades? Suas palavras e seu olhar lhe recordaram quem se supunha que era ela, e por que estava aqui. Pensou no perigo para os inocentes na torre se a fortaleza fosse invadida, e da morte horrível que a aguardava se não o fizesse. Seu plano era o único caminho para resolver ambos os problemas. —Vamos despir-nos, Melissa, de maneira que possa me mostrar essa grande arte que aprendeste.— Ele friamente observou a cama. —Dificilmente adequada para uma cortesã. Preferiria algumas peles no chão? Haveria, mais espaço, então. Ele caminhou com passos largos para o outro lado da tenda e dispôs várias peles grandes. —Sim, isso será melhor. Ian começou a desatar os cordões de suas calças. —Ponha-se de quatro para a primeira vez. Ela observou com horror o desenrolar muito rápido dos eventos. —Sir Ian, parece-me que não entende. Como te disse, eu não sou uma prostituta. Sou uma cortesã. Nós fazemos as coisas diferentes. 13
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Históricos —Realmente? Eu gosto de fazê-lo em todas as posições. Mas sempre estou ansioso por aprender algo novo. OH!, Sim, matar este homem arrogante não seria nada difícil. —Não é o que quis dizer. As cortesãs não se acoplam como bestas. Nós criamos todo um novo ambiente e uma experiência distinta. Há muita preparação e relaxação prévia. Suas mãos deixaram os cordões. —Terá que me instruir, então. Eu sou somente um simples cavalheiro. Estou acostumado às prostitutas que fazem o que o homem lhes solicita. Vejo que o caso das cortesãs é justamente o contrário. —Conseguirá tudo o que desejas, e, mais. Eu fui treinada em muito mais artes além dessa. Música, conversação... Certamente depois de estar vivendo pouco melhor que um animal nestas tendas, uma noite de fineza e elegância te resultaria interessante. Isso é, deixe-me mostrar-te. Ela marchou para as peles, tomou algumas bolsas de couro, e as usou para criar uma espécie de travesseiro.
—Agora, descansa. Assim. Isto não é melhor? Ian se estirou nas peles, sua cabeça e ombros apoiados contra as bolsas. Ela se ajoelhou a seu lado e levantou o tecido que cobria a cesta. Ela tomou o bolo de carne e uma taça de vinho, e logo serviu um bom vinho do Bordeaux. Ela ofereceu a taça. Ele a sorveu e a observou. —Você não tomará? 14
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Históricos —Não. Faz-me menos qualificada para minha tarefa. E nós não gostariamos disso, verdade? Ian mordiscou uma porção de bolo de carne e levantou suas sobrancelhas apreciativamente. —Se for melhor que as prostitutas do acampamento, isso está por ver-se, mas sua comida definitivamente é melhor que a do acampamento. Ela sorriu agradada, e quase se lançou a lhe dar uma explicação das ervas que ela tinha usado, mas se conteve. —Você gostaria que tocasse a flauta para você enquanto come? —Absolutamente sim. Esta é uma experiência estranha para um Lord pobre como eu. Não quero perder nada—. Ele se apoiou sobre um cotovelo. Ela tentou não observar a taça movendo-se para seus lábios. Mais. Um gole, mais. Ela começou a tocar uma melodia suave com o instrumento. Enquanto ela tocava pensou nos próximos minutos, e no que ela teria que fazer. Rezou para encontrar a coragem para completar sua missão. O êxito do plano impediria a invasão por uns poucos dias pelo menos até que Morvan Fitzwaryn descobrisse o que estava acontecendo e enviasse mais homens. Nesse tempo, os outros poderiam ir ao norte a Clivedale. De lado, viu Ian apoiar a taça de vinho. Estava vazia. Ela suspirou com alívio e pulou uma nota. Pulou outra quando dois dedos tocaram seu braço e se moveram perigosamente pela extensão de seu ombro.
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Históricos Houve movimento detrás dela. As mãos empurrando seu cabelo fora do um ombro. Um rosto aninhando-se em seu pescoço e a respiração quente em sua pele. Um beijo em seu ombro e dentes mordiscando sua orelha. Ela olhou fixamente o tecido branco, intimidada porque os cuidados do estranho a estavam desestabilizando, fazendo-a ofegar. A melodia se dissolveu em um desastre de notas mau tocadas. Ela baixou a flauta e o olhou ceticamente. Seu rosto estava a centímetros do dele, olhos ardentes e uma boca sensual. Ela olhou freneticamente a taça de vinho vazia. Durma. Desgraçadamente, Sir Ian não parecia sonolento. —Isto é adorável,— ele disse brandamente, beijando seu pescoço novamente. —As pequenas pausas dão a melodia um toque sensual. Ele girou de maneira que seu torso ficou em frente ao dela. —É adorável,— ele murmurou. Ele a beijou quase languidamente. Era mais o beijo de um amante que de um cliente ansioso, e o beijo se aprofundou lentamente, despertando algo dentro dela que não podia controlar, algo que a punha em expectativa depois de uma longa abstinência. Uma antecipação deliciosa despertou e se estendeu por seu corpo de um modo escandaloso. Reyna devia afastar-se dele, mas a cortesã Melissa certamente não queria e então ela o sentiu dolorosamente consciente de que ela não estava sofrendo o tanto que devia sofrer. Ela tentou reprimir sua ultrajante resposta, e sua mente silenciosamente ordenou-lhe que dormisse. Maldição durma.
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Históricos Ian se separou dela, sua expressão era indescritível. Calor. Desejo. A tácita promessa de prazer. Ele se apoiou sobre um braço e seu torso nu a sobrevoou, quase tocando seu ombro. Esse proibido sentir dentro dela deu uma resposta contra sua vontade. Ela não podia tirar os olhos de seu incrível rosto. Ela não se podia mover. —Não te envergonhe,— ele disse. —Certamente divertir-se é permitido em alguma ocasião.— ele olhou para baixo e passou seus dedos pelo decote de seu vestido onde aparecia o alto de seus peitos. Ele se inclinou para frente e beijou a pele exposta pelo decote. A excitação, mais estranha percorreu todo seu corpo. Ela observou, hipnotizada, como essa mão baixava o tecido de seu ombro. —Assegure-te que ele beba o vinho antes que te tire as roupas. Ela recuperou seus sentidos. Ela se afastou e forçou uma risada. Tentou parecer uma cortesã perita determinada a realizar o jogo a seu modo. —Terminou seu vinho,— ela disse, agarrando a taça. —Deixeme servir-te um pouco, mais. Muito mais. Ian lhe deu um olhar que dizia que ele faria tudo a sua maneira durante algum tempo, mas não por muito, mais. Ele retrocedeu para o travesseiro e se estirou. Ela girou a tempo de ver a taça em seus lábios. Ele se forçou a controlar o sangue perturbado em suas veias. —Agora conversaremos,— ela disse firmemente. —Termina seu vinho e me conte como chegou aqui.
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Históricos —Eu devo conversar? Você é quem foi treinada na arte da conversação. —Fui treinada para escutar. Os homens desfrutam conversar sobre eles mesmos, e nós escutamos. —Eu não gosto de falar sobre mim mesmo. Você deverá conversar. —Eu? Sobre que tema? —Pode conversar sobre mim. Pode me dizer quão bonito sou e quanto admira meu rosto e meu corpo. As mulheres sempre fazem isso. —Realmente?— Que conveniente era que lhe recordasse sua vaidade, justamente quando ela necessitava de uma ajuda para sentir repugnância por esse homem. Se esse vaidoso garanhão esperava que ela suspirasse por sua beleza, estava tão equivocado… Ela suspirou pelo inútil de seu rancor. O vinho deveria estar causando, mais efeito agora. Deus sabia que ele tinha bebido o suficiente. Ela fez uma careta e girou para ele. Seus olhos pareciam fechados. Ele tomou sua mão e a apoiou sobre seu peito. Empurrou-a um pouco para ele, e ela notou que suas pálpebras estavam abertas em uma raia fina e que ele a observava. Não, não lhe importaria matá-lo depois dessa humilhação.
Ela forçou um sorriso em seu rosto e começou a percorrer as linhas de seus ombros e os músculos de seu peito. Sua mente lutando por encontrar frases apropriadas. 18
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Históricos —Certamente é um homem muito atraente. Tem olhos muito bonitos e um sorriso encantador. E seu corpo é forte e magro. Santos do céu, as cortesãs e as prostitutas definitivamente mereciam cada centavo que ganhavam. Durma, idiota presunçoso. —Não é gordo e peludo como muitos dos homens. —E a você o que você gosta, mais?— sua voz soava sonolenta e lenta. —OH… bem, esses ocos na linha do pescoço são muito atraentes…. A mão dele languidamente tocou a extensão de seu cabelo. Ele a empurrou brandamente, guiando sua cabeça. —Então beije-os. E o resto de meu corpo. O maior talento de uma cortesã não é sua boca? Ela se achava a centímetros de seu rosto e desses olhos que a olhavam debaixo de suas pálpebras semi fechadas. Os peitos dela roçaram o tórax dele, passeando um pouco por ele, e seu ridículo e traiçoeiro corpo se excitou. Apertando os dentes, ela curvou seu pescoço e apertou seus lábios sobre o oco de sua clavícula. Pele. Calor. Esse intoxicante aroma. Uma mão gentil mais firme guiou sua cabeça mas abaixo, para seu peito. Durma, maldição. Ela beijou seu peito e tentou tirar a atenção da atemorizante intimidade que essa ação evocava. Ele era o inimigo, um estranho, e ela o odiava, mas algo dentro dela ignorava isto. Ele a guiou mais abaixo, para seu estomago…
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Históricos De repente, a mão sobre sua cabeça se relaxou. Ela conteve a respiração, e esperou o silêncio absoluto que lhe disse que ele havia adormecido. Cautelosamente, ela escapou de seu corpo. Seu braço caiu flacidamente para seu lado. Ela a tomou e a esvaziou do resto dos bolos. Correu o pano no fundo que tampava o duplo fundo da cesta, e olhou fixamente a adaga ali escondida. Pela Alice e as outras mulheres. Sim, inclusive por Margery. Por Reginald, e até por Thomas. Ela levantou a adaga. Olhou com pesar o homem atraente exposto como uma vítima drogada preparada para o sacrifício. Ele, de repente, pareceu impotente, dormindo como uma criança, e ela o imaginou como tal, inocente e cândido. Seu coração entrou em rebelião com esse curso ela fixou para si mesma. Levantou o punhal, apertando-o com ambas as mãos, a pontaria letal apontada para seu coração. Seus braços se agitaram, seu corpo tremeu, a faca oscilou no ar. Ela tentou novamente reunir a coragem extraindo-o do temor pelas vidas seus amigos. Quando isso não funcionou, ela recorreu a seu medo por si mesma. As olhadas desconfiadas e as acusações. A carta do bispo. Os livros sobre ervas e as poções. Ela deixou de ver a adaga, mas de repente este apareceu diante dela, muito real, muito afiado. Ela olhou os nódulos de seus dedos apertados em torno do cabo da adaga, à ponta e para o tórax masculino. Finalmente, ela observou o agradável rosto. Ele a olhou em resposta. Os olhos escuro brilharam perigosamente debaixo das pestanas densas.
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Históricos O pânico a invadiu. Sabendo que nesse momento era matar ou ser morta , ela se ajoelhou e baixou a adaga. Uns braços fortes voaram, e uns dedos de ferro agarraram seus punhos. Ele a empurrou para um lado e ela caiu. Pela resistência que seguiu, o fio do punhal cortou, fazendo uma linha vermelha na parte superior de seu braço. Ela fora apanhada. A fúria endureceu o rosto sobre o dela. —Realmente pensou que eu faria o papel do Holofernes para sua Judite?— Ele disse entre dentes. —Esse era o plano, não é verdade? Como na história da Bíblia. Você mata o general e o exército sem guia se dissolve em confusão. —Apócrifo,— ela absurdamente o corrigiu, sua voz soando muito longínqua. —Não é da Bíblia tradicional. É de um evangelho apócrifo. —Não importa se Deus contou essa historia a Moisés em pessoa, puta—. Ele agarrou uma mecha de seu cabelo e a fez ficar de joelhos. Ele a arrastou até o poste central da tenda e a amarrou a ele com seus braços estirados sobre sua cabeça. Ian foi para as peles. Ela estava segura que ele procuraria a adaga e lhe cortaria a garganta. Seu coração pulsou pesadamente em seu peito. Ele voltou com o odre de vinho e o empurou contra seus lábios. —Beba,— ele ordenou .
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Capítulo 2 Ela gemeu e se moveu. Ian a examinou do tamborete onde estava sentado comendo um dos bolos de carne. Ela jazia estirada na cama, braços e pernas abertas amarradas nas quinas do leito. Ele havia considerado tirar as suas roupas, mas tinha decidido que poderia estar excedendo-se com isso. Ele a queria assustada e vulnerável, não paralisada de terror. Na luta corporal seu vestido se rasgou, quase expondo um pequeno, e bonito seio. A saia se enroscou mostrando suas pernas bem formadas. Ela tinha um corpo muito belo, embora um pouco magro. Miúda e com curvas delicada como tinha sido Elizabeth, só que mais jovem. Quando ele a viu pela primeira vez de pé na luz tênue, formidável e determinada, com o cabelo claro comprido até seus quadris, tinha pensado por um momento que ela era Elizabeth. Porém o rosto, embora muito bonito, não tinha nada da perfeição da Elizabeth, e muito mais calor em sua expressão. E o cabelo não era loiro quase branco como o de Elizabeth, e sim um loiro com reflexos prateados e sua pele possuía um saudável tom rosado enquanto que Elizabeth tinha um tom branco como a neve. Esta mulher parecia o primeiro raio de sol ao amanhecer. Teria vinte e poucos anos, ele deduziu. É adorável e valente. Que pena que tivesse que destruí-la. Seu escudeiro John entrou na tenda, trazendo um prato com guisado. O adolescente se tinha demorado em
lhe entregar o
jantar, trazendo uma coisa de cada vez para ter uma desculpa de 22
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Históricos observar a mulher. Seus olhos ávidos esquadrinharam as pernas nuas. Era melhor esclarecer as coisas agora. —Mantenha suas calças atadas, moço. Ela não é para você. John se ruborizou e apoiou o guisado. Ian fez uma careta diante daquela massa sem sabor. Felizmente, ele se tinha enchido com as deliciosas tortas de carne de Melissa. Erguendo a última, ele a deu para seu escudeiro enquanto ele partia. —Um consolo. O prazer que provê qualquer mulher é muito semelhante. Não se pode dizer o mesmo em relação à comida. Ela se moveu novamente. Suas pálpebras lentamente se abriram. Seu estado de alerta aumentou quando ela compreendeu sua posição. Ela atirou suas ataduras, e o movimento a fez gemer novamente. —Como é isto?— ele perguntou. —Nunca ouvi falar de uma porção para dormir que não faça doer a cabeça mais tarde. O olhar dela se deslizou para onde ele estava sentado Por um momento, antes de recompor-se, o pânico a dominou. Bem. —Teve sorte que não tenha sido seu veneno,— ele adicionou. —Não tinha uma receita para veneno. Ele resistiu ao desejo de rir. Que moça adorável. —Muito mau. Ela conseguiu encolher levemente seus ombros. —Desde que é óbvio que nunca bebeu o veneno, não importa —. Ela olhou seu corpo vulnerável novamente. —O que vai fazer comigo? 23
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Ela tentou soar valente e fria. Ele se sentia um pouco arrependido. —Estive considerando isso nestas últimas horas. Estava determinado a te enforcar quando acordasse. —Me enforcar! —Sim. Por assassinato. —Mas não fiz ... —Tentou. —Não o fiz finalmente. Perdi a coragem. —Eu tenho um corte no meu braço que você causou . —Só porque você me atacou. Se estivesse dormindo como se supunha... —Eu estaria morto agora. Não se faça de inocente comigo, Melissa. Seu plano era ousado e valente, respeito-lhe por isso. Mas falhou, isso faz com que você me pertença para exterminá-la. Considerei o enforcamento, mas meu escudeiro me convenceu que seria um desperdício. Então inventei um plano para sua rendição. Ian caminhou e se sentou a seu lado na cama. —Como você assinalou, este foi um longo e caloroso cerco. Há muitos homens aborrecidos aqui, e as prostitutas do acampamento… bem, não são o mesmo que uma cortesã. Os olhos de Reyna se esbugalharam. —Está dizendo que me entregaria a seu exército? Que você espera que eu... —Não a todo o exército. Só aos cavalheiros. —Isto é repugnante. 24
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Históricos —Então há o enforcamento.
Sua expressão se endureceu com fúria. Ele esperava lágrimas. Ela tinha espírito, ele tinha que reconhecer isso. —Não posso acreditar que seu Lorde, Sir Morvan, aprovaria o que está planejando. Se diz que é um homem honrado. —Ele não se importará. Logo, eu terei tomado esta torre para ele e a metade deste exército poderá unir-se a ele em Harclow. Isso é tudo o que lhe importará. Além disso, eu lhe salvei a vida uma vez, então ele está em dívida para comigo. Sua mandíbula se apertou com um controle vacilante e seus olhos brilharam antes de fechar suas pálpebras. —Prefiro ser enforcada. Há pelo menos vinte cavalheiros aqui. Eles provavelmente me matarão de qualquer maneira. —Não se eles ficarem satisfeitos. De algum modo, estará cumprindo sua missão. Amanhã ao amanhecer faremos chegar um dos túneis. Por volta do meio-dia, espero que a torre tenha cansado ou se rendido. Seus favores recompensarão meus cavalheiros, e talvez acalmará sua irritação porque não poderão saquear o que conquistaram. Ela encontrou o olhar dele. —Alcançarás com o túnel ao amanhecer? —Isso espero. Estamos cavando dois. O do sul alcançou o muro. Seu olhar se moveu para a pele úmida de seu rosto e seus ombros e o inchaço exposto de seus seios. Já não era uma garota, embora nunca tivesse gostado das muito jovens. O desejo de 25
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Históricos lamber sua palidez úmida e o conhecimento de que ela não poderia evitar que fizesse isso, enrigeceu seu corpo. Melissa, a cortesã tinha tido razão em uma coisa. Ele estava cansado da vida no acampamento, e ansiava fazer amor com um pouco de finesse. Ele tinha ficado muito tentado a continuar o jogo dela até o final, mas tinha perdido a coragem de usá-la do modo que planejava agora. Não pôde conter-se. Ele estirou a mão e acariciou
sua
bochecha. Suave. Morna. Ele se inclinou para frente e a roçou com seus lábios. —Para uma cortesã, esse deveria ser um castigo fácil de agüentar. De modo que eu vejo isto, só há um problema—, ele sorriu. —Você, Melissa, não é cortesã. —Claro que sou. —Não é. Conheci virgens que beijam com mais habilidade que você. Quem é? É da cidade? Ela sacudiu a cabeça . —Então é uma jovem casada que decidiu ser uma heroína para sua gente. Muito valente e muito impressionante. Seu marido sabe que está tentando este plano louco? — Sou viúva. —Ah. Então, seu marido não te ensinou muito, não é verdade? E esse é o problema. Meu escudeiro espalhou a notícia de que tenho uma cortesã aqui. Alguns destes cavalheiros poderiam pensar que os está insultando, ou que está reservando o melhor de você para outros. Eles poderiam ficar bravos. Eu poderia lhes
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Históricos explicar o engano, porém eles podem pensar que eu estou mentindo e que é para mim que você reserva seu corpo. Ele se moveu e olhou seu corpo meio exposto. Ela o olhou apreensivamente.
—Bem, já que a meta é te manter viva, não há outra solução que tomá-la primeiro—, ele disse. —Eu te ensinarei, e talvez poderá enganar a eles. —Não há necessidade. Eu assumirei o risco. —Não acredito. Ele deslizou sua mão por seu corpo. Ela não era imune ao contato, mas ele já tinha descoberto isso quando a tinha beijado. Ela possuía necessidades que não controlava, e ela temia que ele as pudesse despertar. Se ela era o tipo de mulher que ele pensava, isso era a pior coisa que ele poderia lhe fazer. Pior que os vinte cavalheiros com os que a tinha ameaçado. Um tremor a percorreu e ele o sentiu, ele apertou os dentes. A tentação de mantê-la com ele e esperar que passasse o verão com ela nessa cama e nessas peles quase ganhou. Ian se afastou. —Devo sair agora. O trabalho no túnel me solicita. Mas o terminaremos antes do amanhecer. Como tenho o comando aqui, posso me permitir uma celebração antecipada. Ele ficou de pé.
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Históricos —É uma pena ter que te compartilhar com os outros, Melissa, mas eles sabem que está aqui e seria pouco inteligente não fazê-lo. Além disso, serás minha antes e depois, de qualquer maneira. —Depois! Deveria me deixar partir depois. —Eventualmente, sim. Quando já não tiver mais uso para seu corpo. Quando ele girou para ir-se, seu corpo desmoronou com desanimo, esse último detalhe finalmente a acabou. Ian esperava com John e cinco homens mais perto da base da colina baixa em que se erguia a torre. Os acampamentos estavam
quietos,
todos
seus
ocupantes
cuidadosamente
posicionados para ter um rápido acesso ao portão de entrada. Em cima dele, a Fortaleza Black Lyne se levantava como uma couraça impenetrável de pedra cercada por uma fila de ameias grossas. As fogueiras do acampamento ardiam baixas, emitindo escassa luz. Sua cativa não deveria estar surpreendida pelo silêncio e a falta de gente. Ela imaginaria que todos trabalhavam no túnel essa noite. Tinha sido fácil enganá-la com sutilezas. De algum modo, uma mulher inteligente era a mais simples para enganar. A menos, claro, que ela enganasse a você primeiro. Isso tinha acontecido uma vez em sua vida com resultados catastróficos, e ele jurou que nunca aconteceria novamente. —Está seguro?— o arqueiro Gregory sussurrou. Ele era homem de Morvan, maciço e grisalho, tinha sido enviado para permanecer durante o verão em companhia de Ian para vigiar as coisas. 28
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Históricos —Estou seguro,— Ian disse. —Ela sabe muito. Ela contou os cavalheiros. Ela finge não saber que Morvan está em Harclow, nem que negociamos com a cidade um mês atrás. Além disso, ela é uma dama, não uma cortesã ou a viúva de um comerciante, e pode ter vindo de um só lugar. E se ela partisse, poderia voltar ali. Não sentia impaciência. Até depois que ela se desse conta que a corda que atava uma mão não estava bem presa levaria um tempo para livrar-se. A única questão era se ela escolheria o curso mais sábio e tentaria escapar da situação, ou se arriscaria a voltar para advertir os outros. Ele contava que a dama que se tinha feito passar por uma cortesã para matá-lo, escolheria a última opção, a opção mais temerária. —Se tiver razão, tudo será rápido e limpo. Morvan apreciará isso — disse Gregory. Ian estava contando com isso. Contando com por Morvan Fitzwaryn ainda mas em dívida com ele. Apesar de certas velhas tensões entre eles, Ian respeitava Morvan e estava disposto a lutar essa guerra com suas condições peculiares, sabendo que Morvan iria recompensá-lo generosamente. O pagamento de uma boa soma pelo menos, embora Ian estava disposto a apostar mais alto. Uma vez que Morvan retomasse o controle de Harclow, uma vez que ele reclamasse as terras ancestrais arrancadas de sua posse quando era menino, lhe devolveria suas propriedades em Brittany e à sua família que lá estava. Então a fortaleza de Harclow necessitaria de um administrador para dirigi-la e protegê-la. 29
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Históricos Ian planejava ocupar essa função. Não era o mesmo que assegurar suas próprias terras, claro. Mas muito melhor que a vida de acampamento em acampamento a que tinha estado submetido nesses últimos quatro anos. Uma sombra se moveu perto dos acampamentos. O fogo revelou os reflexos prateados do cabelo de Melissa enquanto ela corria de tenda em tenda. Ela fez uma pausa na mais próxima à direção que levava ao caminho do norte. Vem, pequena. Ian silenciosamente a persuadiu. Não perca sua coragem agora, nos mostre de que é feita. Ela deu alguns passos rápidos afastando-se da colina, e ele amaldiçoou entre dentes. Mas ela abruptamente se deteve, fez uma pausa por um momento, e logo girou decididamente e se dirigiu em direção à torre. Ian correu atrás dela.
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Capítulo 3 Reyna abriu o arbusto e encontrou a entrada posterior. Olhou fixamente o oco negro. Não havia Alice para ajudá-la dessa vez. Cento
e
cinqüenta
metros
de
tunel
subterrâneo
a
aguardavam. Quinhentos passos de escuridão absoluta incluindo pedras no caminho. O velho pânico da infância tentava dominá-la, e ela o combatia desesperadamente. Ela nunca tinha planejado voltar. Ela esperava roubar um cavalo e estar no caminho nordeste a essa altura. Pela manhã ela deveria ter estado nos braços de sua mãe, e planejando sua viagem a Edimburgh. 31
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Históricos A entrada a saudou como uma boca aberta querendo tragá-la. Era só escuridão. Não havia nada a temer. Reunindo toda sua coragem, ela entrou. Seu coração imediatamente começou um lento e
horrível
batimento. Correndo chegaria mais rápido, mas ela não podia forçar suas pernas a dar mais que passos vacilantes que retardavam seu progresso. Apalpando ao longo da parede, ela lutava com as velhas lembranças que a empurravam para a histeria. Terror. Frio. Uma solidão desoladora. Garras invisíveis estirando-se para agarrá-la.
Mas, graças a Deus, outra lembrança. Uma luz cálida e um rosto amável e uma mão estendendo-se na negritude. Venha comigo, menina. Estará segura, e nunca estará assustada deste modo novamente. Ela fixou sua mente nessa imagem dessa mão e o cuidado, a segurança e o amor que oferecia. Ela caminhou um pouco mais rápido, guiada pela mão. De repente, umas mãos fantasmagóricas a apanharam. Ela gritou e o som ressoou nas paredes de pedra e ecoou detrás dela. Reyna chutou e golpeou até que os braços fortes a sujeitaram contra um corpo alto e uma respiração morna roçou seu rosto. Enjoada ela emergiu do pesadelo e se achou rodeada pela força e o aroma de Ian de Guilford. —Quieta, agora— Ele a acalmou do modo que se faz com um cavalo. Por um momento ela quase desmoronou contra ele, agradecida e aliviada. Então as lembranças se enfraqueceram 32
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Históricos completamente, e ela se deu conta do que sua presença significava. Ela lutou novamente. —Não me faça ter que te machucar, Melissa— ele disse, pondo-a de costas à entrada. Ele a sujeitou, assomar sua cabeça e assobiou. —Bastardo. Filho da puta,— ela murmurou. —Como soube? —A cidade chegou a um acordo comigo tempo atrás. E você é qualquer coisa menos uma cortesã. Seus braços ainda a envolviam por trás. —Não se sinta mau ou culpada. Este é a melhor maneira para aqueles que estão lá dentro.
Ela duvidava seriamente disso. Uma culpa horrível a enchia. Em vez de salvá-los ela tinha apressado seu sofrimento. Ela desejou ter sua adaga nesse momento. Não haveria nenhuma vacilação essa vez. Um grupo de sombras bloqueou a luz tênue na entrada. —Maldição—. —Tinha razão— uma voz mais velha disse. Ian a empurrou contra a parede de pedra, mantendo uma pressão firme em seus ombros —Tudo terminou. Não tente nada estúpido— ele advertiu. Ela lançou um olhar à sombra vaga de sua cabeça. Maldito fosse.
Maldito
fosse
esse
homem.
Cuidadosamente,
deliberadamente, ela se endireitou, lançou para trás sua cabeça, e cuspiu. 33
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Históricos Os outros deveram havê-la ouvido, porque um silêncio total caiu sobre o pequeno grupo. Ian tomou seu rosto com força. —Se comporte, Melissa, ou te tratarei como a prostituta que fingiu ser. Ele se afastou. —Cuide dela com sua espada, John. Não deixe que ela se vá daqui até que eu volte. —Quer dizer que tenho que ficar aqui?—, a voz jovem do escudeiro reclamou. —Faça-o. E, John, recorda o que te disse antes. Ela é minha. Você não montará meu cavalo sem minha permissão, então não tome liberdades de nenhum tipo.
John amaldiçoou e desembainhou sua espada. Os outros homens começaram a afastar-se na escuridão. Reyna se apoiou contra a parede de pedra, enfrentando o escudeiro John. Quando os minutos passaram e ela não ofereceu nenhum desafio, ele foi invadido por uma vaga relaxação. Finalmente a ponta da espada desceu de seu peito e ele se moveu para um lado e se apoiou contra a pedra também. Ela aguçou seus sentidos para ouvir sons da torre, mas a noite permaneceu muda. Ela imaginou Ian e os outros saindo pelo túnel, movendo-se nas sombras para o portão de entrada, abatendo os guardas um por um. —Seu chefe parece ser um grande guerreiro. —Ele tem experiência—, John concordou orgulhosamente— Poucos podem vencer sua habilidade com a espada, e ele é o 34
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Históricos campeão de muitas competições e torneios— Ele se lançou em uma descrição em particular de um torneio em Brittany, e Reyna o estimulou com perguntas, alentando-o para que se sentisse cômodo com ela. Ainda nenhum som da torre. —Ian deve ser muito famoso na Inglaterra. John riu. —Ele o é por certo, mas não do modo que você pensa. A maior parte de suas lutas foram na França, com esta companhia independente ele veio aqui quando Lorde Morvan os contratou. Ele se converteu no líder do grupo vários anos atrás. Reyna sabia algo dessas companhias independentes, grupos de soldados independentes e cavalheiros sem terras que eram contratados por barões e reis para lutar em troca de dinheiro. Quando eles não estavam comprometidos profissionalmente eles continuavam com suas conquistas de maneira independente, estabelecendo cercos que só levantavam em troca de um resgate. Eles se converteram em um sério problema na França, hostilizando cidades e granjas. Se Morvan Fitzwaryn tinha contratado esse tipo de gente para este cerco, não era um bom augúrio para o futuro de sua gente. —Ele lutou em Poitiers o ano passado com o Príncipe Negro — John adicionou defensivamente, como se sentisse sua desaprovação. —Salvou a vida de Lorde Morvan lá. Morvan tem uma antiga briga com a família de Beaumanoir de Brittany, e no campo de batalha eles foram diretamente para matar Morvan. Ian não sabia a quem estava ajudando, só viu esses cavalheiros tentando cortar o pescoço de Morvan e interveio para salvá-lo. 35
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Históricos —Tanto heroísmo realmente deve tê-lo feito famoso. —OH, não. Não na Inglaterra. Aqui ele é mas conhecido por seu êxito com as mulheres. —Sir Ian é um homem atraente, não posso negar isso. —Isso é como chamar um mar de atoleiro de água. Sir Ian tem que tirar as mulheres de cima dele usando sua espada. Grandes damas e simples criadas se atiram aos seus pés—, ele exalou
admiração,
então
inclinou-se
para
ela
em
atitude
conspiratória. —Quando voltamos aqui, inteirei-me que a corte de Windsor deu a ele um nome especial, como uma espécie de título. —Um nome especial? Um título honorífico? —Sim —, ela podia quase ouvir seu sorriso. —Em Windsor e em Londres ele é conhecido como o Lorde das Mil Noites.
Reyna começou a rir, e John irreverentemente se uniu a ela. Agora isto era engraçado. Outros homens recebiam apelidos apoiados em suas ações ousadas ou suas façanhas no campo de batalha, e eram considerados heróis. Ian de Guilford tinha sido imortalizado pelo número de vezes que tinha fornicado. Todo o tempo que conversou com John, Reyna brandamente tateava o chão com seu pé. Como suas risadas tornaram-se gargalhadas, ela achou o que estava procurando. —Isso é um engano,— ela disse. —Não, minha lady. Sir Ian o acha muito divertido. 36
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Históricos —Não quis dizer isso. Eu estive presa muito tempo na tenda, e necessito… me dá vergonha dizê-lo, necessito… —Necessita, que ?… Oh!. —Talvez poderia me esperar na entrada por um momento—, ela sugeriu. John ponderou sua idéia, logo caminhou uns poucos metros e se posicionou de costas à entrada. Reyna inclinou e achou a pedra que seu pé havia encostado. Levantando-a com ambas as mãos, ela cautelosamente se moveu em direção ao crédulo John . Levantando-a sobre sua cabeça e o golpeou. O adolescente caiu no chão. Enchendo sua mente com o medo por sua gente para afastar os horrores de sua infância, ela se apressou pelo túnel de pedra. As emoções mescladas a afligiram. Uma determinação letal. Cega resignação. Intensa preocupação.
E todo o tempo, os tentáculos do terror estirando-se na escuridão para apanhá-la. Cinqüenta metros finais, sua mão achou o buraco que ela procurava. A conexão com o outro túnel, uma curva em um ângulo estranho levava ao túnel principal, quase impossível de ver até com uma tocha. Esse túnel continuava debaixo da torre propriamente dita. Ela agachou sua cabeça, correndo mais rápido, pois certamente Ian já teria alcançado o portão de entrada a essa altura. Finalmente encontrou as escadas e, fazendo uma pausa só por um
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Históricos momento para tomar fôlego, ela começou a subir os degraus dos muros da torre. Degraus de pedra, muitissimos degraus de pedra estavam diante dela na escuridão. Ela apenas podia respirar quando finalmente chegou ao alto. Exausta e com as pernas débeis, ela se apoiou contra o muro de pedra. Uma seção baixa cedeu e ela caiu dentro do solar do Senhor. Ela jazia no piso ofegando por respirar. Ao princípio ela assumiu que o solar estava vazio pelo completo silêncio. Então dois braços fortes a levantaram. Ela olhou o rosto gentil e preocupado do Sir Reginald: —O portão de entrada— ela ofegou —Eles estão dentro e o abrirão para os outros. —O que?— uma voz profunda detrás dela ressoou. Ela girou para enfrentar Sir Thomas Armstrong e outros cinco cavalheiros. Ela se tinha intrometido em uma reunião do Conselho. —Eles romperam o muro e estão dentro— ela ignorou o modo desconfiado com que Thomas inspecionou seu vestido rasgado e seu cabelo solto e despenteado. —Um grupo pequeno entrou pelo túnel. Eles tomarão o portão de entrada e levantarão as grades. Devem apressar-se. —E como acharam o túnel?— Thomas disse bruscamente — Não há tempo para isso. Faça suas perguntas amanhã. Thomas se aproximou dela com vários passos largos e pregou seu rosto ao rosto barbudo dele. —Como se seu último crime não tivesse sido suficientemente mau, agora entregaste a torre? Procurou sua própria segurança nos 38
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Históricos traindo a todos? Disse a Robert e a Maccus que nunca deviam confiar em uma Graham. —Enquanto vocês estão aqui me acusando, esta torre cairá. Vão ao portão de entrada. Se já foi tomado, ponham fogo nas escadas que levam a torre. Enquanto ela gritava, a porta do solar se abriu de repente e um guarda entrou correndo. —O portão está aberto,— ele informou —Alguns já estão no corredor debaixo. Thomas olhou aos outros cavalheiros com olhos assustados e selvagens. Nenhum deles tinha armadura, e dois não tinham suas espadas. Reyna duvidava que esses homens sobreviveriam por longo tempo se lutassem nessas condições. —Usem o túnel posterior— ela os persuadiu —Salvem-se e consigam ajuda em Clivedale. Thomas e os outros cavalheiros se apressaram para a seção de parede aberta. Enquanto eles desapareciam na escada, Thomas girou seu rosto avermelhado para ela— Não pense que esta traição mudará as coisas. Responderá por isso, e por Robert. Reginald vacilou. Ele extraiu sua espada, caminhou e fechou a porta da sala, e se colocou na frente dela. Querido Reginald. Doce e honrado Reginald. Ela tocou seu braço. —Deve ir também. —Jurei a Sir Robert que te protegeria, e o farei.
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Históricos Seu rosto anguloso mostrou a determinação debaixo de seu cabelo ralo e loiro. Ela podia ouvir a atividade no salão de baixo. Os gritos e os ruídos ecoaram no pátio também. Todo o exército de Ian entrou. Graças a ela a torre tinha caído em mãos de Ian como uma maçã amadurecida. —Vá, Reginald, enquanto possa. Ordeno isso. Não pode me proteger se eu já estiver morta. Vá com os outros e consiga ajuda. Ele vacilou. —Venha conosco. Ela sacudiu a cabeça. —A primeira coisa que Thomas fará quando ele conseguir me levar a Clivedale é me julgar. Você conhece sua opinião neste tema, e eu nunca ganharei. Sou uma Graham, e velhas brigas são difíceis de esquecer. Ninguém acreditará em mim. —Eu te levarei a outro lugar. —Não temos nenhum cavalo. Não, Reginald. Por estranho que pareça, estou mas segura aqui com o inimigo que com a gente de meu marido. Pelo menos por um tempo. Os sons ressoaram mais perto agora. Não havia tempo a perder. —Vá,— ela ordenou. Reginald caminhou para a parede aberta. —Ficarei perto e procurarei cavalos. Espera por um sinal, minha lady. Conseguirei te levar longe daqui como Robert teria querido.
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Históricos Ela observou ele desaparecer, e logo inclinou seu peso contra as pedras e a porta se fechou. Ela se apressou para a chaminé onde estava a espada de Robert. Desembainhando-a, ela a colocou contra a parede ao lado da porta. Então correu para os livros ao lado da mesa de escrever e tomou o mais pesado, com uma capa de prata. Colocando-se ao lado da porta, ela esperou. Logo alguém viria para inspecionar o solar. Ela sabia quem provavelmente seria essa pessoa. Não passou muito tempo. Passos soaram no corredor e fizeram uma pausa fora. A porta lentamente abriu e o reflexo da luz de vela brilhou. Ela conteve a respiração, a porta aberta obscurecendo sua presença. Quando ele esteve completamente dentro de seu campo de visão de costas para ela, Reyna avançou, levantou o livro, e o deixou cair. Com um homem mais baixo ela poderia ter infligido um dano sério, mas Sir Ian somente cambaleou com o golpe, por um momento quase perdeu o equilíbrio. Reyna imediatamente agarrou a espada de Robert, caminhou, e pôs a fio contra seu pescoço. Ele ainda sustentava sua própria arma e a olhou ferozmente, primeiro com surpresa e logo com fúria. —Solte-a ou te cortarei a garganta,— ela disse —Não duvide que o farei desta vez, filho do diabo, eu não tenho nada a perder. Murmurando uma maldição, ele deixou cair a espada ao piso. —Agora fecha e tranca a porta. Ian fez o que ela ordenou e Reyna manteve a espada afiada sobre ele todo o tempo. 41
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Históricos —Agora no chão, de costas. Com os dentes apertados, ele se estirou a seus pés. Ela permaneceu parada ao lado dele e apoiou a ponta da espada em seu pescoço. Ele a olhou ferozmente. —Quem diabos é? —Reyna, a esposa de Robert de Kelso— Brevemente a surpresa substituiu sua raiva. —Eu esperava alguém mais velha. Ouvi que Lorde Robert morreu pouco antes que nós chegássemos aqui. Você manda nesse lugar? —Não. Maccus Armstrong, nosso Lorde, enviou seu sobrinho Thomas para governar estas terras depois que Robert morreu. —E onde estão Sir Thomas e os outros cavalheiros? —Se foram. —Sem dúvida eles se foram do mesmo modo que você entrou. Se John foi ferido, você está em maus lençois. —Neste momento, quem está mal é você. Eles ficaram em silencio por um momento, a espada de Reyna em sua garganta, seus olhos claros a olhavam. —Se me matas, não existirá ninguém que possa controlar estes homens,— ele disse. — E se não o mato?
—Menciona suas condições. Não tenho outra opção senão que escutar.
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Históricos —Os camponeses devem ser deixados em paz. Seus homens não deverão incomodá-los ou roubarem. —Nós não os prejudicamos nestes últimos meses. E não começaremos agora. —Não haverá nenhum estupro, torturas ou execuções. Ian sorriu um pouco. —Assim será. —As crianças devem ser alimentadas e nunca prejudicadas. —Sim, e além disso prometo que não cozinharemos nenhum bebê. Perdi o gosto por isso há vários anos atrás. Seu tom zombador
a enfureceu.
Ela apertou a ponta da
espada contra sua pele e um pouco de sangue fluiu. Ele estava muito quieto. —Há uma coisa a mais. Deverá me dar um cavalo e uma escolta para me levar onde eu diga. Seu olhar se deslizou da espada para seu corpo até que ele a olhou nos olhos. —Isso não posso fazer. —Claro que pode. Sua vitória, e o modo como você obteve isso, significa que eu não posso ficar aqui agora. Sua expressão se suavizou um pouco. —Entendo sua posição, mas não posso te deixar partir. Quando vim aqui, Morvan me deu poucas ordens, deixando várias coisas no meu entender e critério. Mas uma dessas ordens é muito clara. Se eu conseguisse tomar esta torre, era meu dever me ocupar da segurança de Lady Reyna. Já que é ela, não posso te deixar partir.
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Históricos —Minha segurança? Sir Morvan se incomodou em dar uma ordem a respeito de mim? Por quê? — Acredito que era um pedido de seu pai. —Duncan! Um pedido de Duncan Graham? E o que tem que ver Sir Morvan com o Duncan e os Grahams? —Ele tem uma aliança com eles para assegurar sua neutralidade neste conflito. Sua segurança era uma condição desse acordo. —Eu estarei perfeitamente segura se partir. Mais segura, de fato. Deve permitir isso. —Não. Além disso, aceito as outras condições. Tratarei as pessoas daqui como meus próprios homens sob a condição que eles me obedeçam, e prometo que os homens serão contidos em seus apetites. Há alguma outra coisa? Sua mente confusa não podia pensar em nada mais. —Então tire sua arma e coloque-a no piso. A torre está tomada e as terras asseguradas. Tentou fazer o melhor por sua gente, e negociaste bem. É tempo de render-se. Ela deu um passo atrás e fez o que foi pedido. Ian ficou de pé, caminhou uns poucos passos para ela, e se deteve, sua raiva contida filtrando-se de um modo perigoso. —Agora, milady , escuta cuidadosamente, pois vou dizer-te isto só uma vez. Duas vezes até agora levantou uma arma contra mim. A próxima vez, deve estar preparada para usá-la — Disse ele agarrando seu braço e empurrou-a para a porta da sala. —Virá ao salão e me ouvirá dar as ordens de maneira que saiba que eu mantenho minha palavra.
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Históricos A gente do castelo estava reunida no salão. Quando ela e Ian entraram, seus olhos rapidamente encontraram os de Alice. A velha cozinheira encolheu os ombros. Ian a empurrou com ele diante da multidão, sobre o assoalho da mesa do Lorde. Ela inspecionou o mar de rostos. Alguns com caretas de tristeza por sua situação, mas a maioria eram olhos de desconfiança para ela. Reyna assumiu que a notícia de sua presença no acampamento inimigo se espalhou, e eles estavam extraindo conclusões de acordo com seu preconceito. Ian fez gestos para chamar a atenção, e um silêncio caiu no recinto. —Reclamo estas terras em nome de Morvan Fitzwaryn,— ele começou. —Alguns de vocês são suficientemente velhos para recordar a seu pai, de quem Maccus Armstrong arrebatou Harclow muitos anos atrás. Sir Morvan deve tomar o que legalmente é dele, e o que rei Edward lhe há devolvido por decreto. Este não é nenhum exército que vem para conquistar, a não ser para retornar a propriedade a seu verdadeiro amo. Obedeçam e serão bem tratados. Qualquer homem que jure fidelidade poderá mover-se livremente. A tensão no salão decresceu, e o alívio fluiu. Ian arrastou Reyna para o alto das escadas da torre e falou com o exército reunido abaixo. Ali os mercenários se inteiraram que não haveria violações, saques ou matanças. —Está satisfeita, milady?— ele perguntou quando terminou . —Se eles obedecerem, estou satisfeita. Assumo que suas ordens se estendem para mim também, e que já não espera que eu entretenha a seus cavalheiros. 45
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A luz da tocha iluminou seu rosto bonito, fazendo que sua beleza parecesse misteriosa. Ele vestia uma túnica sem mangas, e o corte em seu braço onde ela o tinha talhado brilhava. —As ordens se estendem a você. Mas não tentarei criar um monastério aqui. Não vou interferir com as pessoas adultas dispostas. Deveria dizer isso às mulheres para evitar maus entendidos. —Então seus homens podem deitar-se com qualquer mulher que esteja disposta. Isso se estende para mim, também? Posso levar a um homem que me agrade à minha cama se estiver disposta? Ian a olhou com um devastador sorriso. —Sim. Ele estendeu a mão e acariciou ligeiramente sua buchecha, logo a fez levantar o queixo. Era um gesto que falava sobre familiaridade, até de afeto. Ela se deu conta nesse momento que ele simplesmente não reconhecia que ela o achasse atraente porque todas as mulheres o faziam, porém, sim, sabia de sua atração porque tinha sentido reações a seus beijo e carícias. Ela sentiu um pequeno calafrio que derrotou seus esforços de permanecer indiferente a seu contato. Era perturbador que ele pudesse despertar isso. Suas respostas, e seu conhecimento delas , encheu-a de raiva. —Qualquer homem que me agrade? Ian sacudiu a cabeça. —Só este aqui.
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Históricos Ela se afastou de seu contato e pensativamente colocou seu dedo sobre seus lábios. Muito lentamente, ela caminhou ao redor dele, examinando-o da mesma maneira que ele o tinha feito mais cedo naquele dia. Ela resistiu ao desejo de beliscá-lo e lhe dizer que ficasse direito. Quando ela completou sua volta, viu uma combinação de diversão e irritação em seus olhos. Tinha extendido uma armadilha a esse inglês vaidoso, e ele sabia. —Bem, Sir Ian, se seu objetivo é ser conhecido como o Lorde das Mil e uma Noites, seria melhor que olhasse para outro lugar. Sentindo a única satisfação que ela tinha obtido nesse dia terrível, ela girou elegantemente sobre seus calcanhares e se afastou. —Reyna—, ele a chamou suavemente. —Penso que acabo de ouvir o som de uma luva sendo lançada.
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Capítulo 4 Na manhã seguinte, Ian enviou a metade da companhia a Harclow com notícias da captura da torre. Logo começou a distribuir os homens restantes em casas e tendas, decidindo quem permaneceria fora no acampamento. Durante o tempo em que estabelecia a ordem de comando da torre, ele continuou procurando o esbelto corpo e os cabelo loiros da viúva de Robert de Kelso. Ela nunca apareceu. Se ele não tivesse seguro que ninguém escorregou pela vigilância dos guardas que tinha apostado no final do túnel posterior, poderia ter suspeitado que ela tivesse escapado. Sucumbindo à curiosidade e à preocupação, ele se aventurou a procurá-la no quarto próximo ao solar. Havia Pergaminhos esparramados sobre a mesa solitária do cômodo, mas a dama não estava. Ian assistiu à refeição do meio-dia cansado, faminto, e em um estado de antecipação sem paz. Seu estomago recordou o gosto das tortas de carne de Reyna do mesmo modo que seus lábios recordavam o sabor de sua pele. Ele esperava ansiosamente desfrutar da comida deliciosa da cozinheira e brigar com a vivaz Reyna. 48
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Históricos Tomando a cadeira do Lorde na mesa principal, ele se sentiu molestado por achar que o lugar a seu lado não foi tomado por Reyna, mas sim por Margery, a esposa de Thomas Armstrong, uma das damas deixadas quando os cavalheiros fugiram. Margery era uma atraente mulher de uns trinta anos. Ela luzia seus cabelos vermelhos em um complicado penteado e possuía uma figura luxuriosa bem exibida por seu apertado decote, ela sorriu muito calorosamente e Ian, sentindo uma estranha falta de confiança relativa a suas oportunidades de êxito com Lady Reyna, sorriu-lhe em resposta. Ian deixou que o sorriso surtisse efeito, logo girou sua atenção para a comida que chegava. Ele estava amaldiçoado com um estomago totalmente inadequado para um soldado. Comer o que preparava o cozinheiro de sua companhia tinha sido a maior tortura de sua vida de acampamento desses últimos anos. Sabendo que essas tortas tinham vindo da torre quase tinha sido o suficiente incentivo para escalar os muros se a armadilha para Lady Reyna tivesse falhado. Quando a panela se aproximou, deu um olhar desconfiado a seu conteúdo. As colheradas de guisado que caíram sobre seu prato pareciam depressivamente familiares. Ele inundou um pedaço de
pão
e
provou.
O
sabor
insípido
matou
seu
apetite
imediatamente. Andrew, o mordomo da fortaleza, moveu-se pelo salão, e Ian o chamou. —Quem preparou isto? —A cozinheira. —Sua cozinheira ou meu cozinheiro ? 49
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—Nossa cozinheira, mas seu cozinheiro a fiscalizou. Nada entrou nessa panela que ele não revisasse. Pode comer isto com total confiança. Andrew falou em tom tranqüilizador. O homem tinha mais de cinqüenta anos e tinha meticulosamente cuidado seu cabelo e sua barba cinza. Ele tinha maneiras elegantes com certa impassividade. —Por que não teria confiança nesta comida? Lady Margery se inclinou mas perto. —Dadas as circunstâncias, não quereria comer um pouco preparado aqui, não é verdade? Eu certamente não o faria — ela disse. —O que está sugerindo, minha lady? —Bem, considerando que Robert foi envenenado, e que Alice, a cozinheira, sempre foi virtualmente como uma mãe para Reyna, e sendo ela uma Graham. Reyna às vezes ajuda a Alice, e pessoalmente preparou a comida de seu marido em seus últimos dias…— Margery levantou suas sobrancelhas significativamente. —Meu marido sempre exigiu que um homem assista à preparação da comida depois do que aconteceu. Nenhuma substância entra na comida servida nesse salão que não seja revisada pelo guarda. Ian olhou fixamente seu prato. Se seu próprio cozinheiro tinha fiscalizado essa comida, isso significava que nenhuma erva, fruta, raiz ou condimento que lhe desse um pouco de sabor tinha entrado na panela. 50
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Históricos —Eu assumi que você quereria continuar com essa prática,— o mordomo disse friamente. —Considerando que você é o inimigo.
Ian despediu Andrew e decidiu prestar mais atenção a Lady Margery. —O que quer dizer, Sir Robert foi envenenado? —Ele estava são e bem um dia, e vomitando e morto de dor ao seguinte. Três dias mais tarde ele estava morto. —Ele tinha mais de sessenta anos, conforme ouvi. Os homens velhos morrem. —Sim, e a princípio a maioria pensou desse modo, exceto alguns de nós que suspeitamos desde o começo. Depois de tudo, Reyna o atendia pessoalmente, e freqüentemente cozinhava para ele nas noites se ele chegava tarde. Era um interesse estranho o seu. Não muito próprio de uma dama, como tampouco o são todos esses livros e cartas. Os criados reportaram que lhe dava poções quando estava doente que pareciam piorar sua condição. Mas o que realmente foi revelador é a carta do bispo. Apesar de si mesmo, ela tinha ganho seu interesse. —O que é essa carta? —Pouco depois que Maccus enviou meu marido aqui, uma carta chegou para Robert do bispo de Glasgow. Parece que Robert tinha escrito
a ele sobre um assunto de grande
importância
procurando seu conselho. A carta se referia a esse assunto, e dizia que o bispo investigaria a disposição adequada do assunto, mas que não podia visitá-lo até o final do verão. —Que assunto seria?
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Históricos —A carta não o diz, mas é claro, não é verdade? Robert planejava separar-se de Reyna, e tinha procurado o conselho do bispo a respeito de como proceder. Maccus tinha dado estas terras para Robert e seus descendentes, mas não existe nenhum herdeiro. Eles tinham estado casados por doze anos e ela é estéril. Como você disse, o tempo de vida de Robert era limitado. —Então pensaram que sua esposa, sabendo que seu marido planejava isso, matou-o? — Ele pôs mais sarcasmo em sua voz que o que verdadeiramente sentia. Muitos maridos tinham sido mortos por muito menos. —Não há muitas provas. —Se somamos o intento dela de escapar ao julgamento ajudando a você ontem de noite, a prova é suficiente para mim. Ian quase lhe explicou que Lady Reyna não se aproximou dele para trair a sua gente a não ser para salvá-los, e que tinha tentado matá-lo no processo. Quando as palavras se formaram em sua mente, ele as reprimiu. Reyna não tinha contado nenhuma história em sua própria defesa, e agora ele entendia porque. A tentativa de assassinato dele somente ia sustentar esta outra acusação contra ela. Ela tinha feito isso? Ele tinha um corte em seu braço que provava que ela era capaz de violência. Ela tinha planejado escapar, um sinal habitual de culpabilidade, e logo tinha tentado negociar sua partida quando a torre caiu. E entretanto, embora ele tivesse um ceticismo saudável em relação à honestidade e a perseverança das mulheres, não tinha uma sensação de maldade neste caso em particular. Quase o oposto.
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Históricos Com a intimidade criada por compartilhar intrigas, Lady Margery conversou durante toda a refeição. Ian não prestou muita atenção a seus contos sobre a velha briga entre os Armstrongs e a família de Reyna, os Grahams, que na opinião de Margery somente suportava a culpabilidade de Reyna. Ele não se incomodou em assinalar que Lorde Robert não tinha sido um Armstrong, porque sua fidelidade para Maccus era indiscutível. Todo esse tempo ele manteve seus olhos nas várias entradas do salão, procurando Reyna. Os cinco níveis da torre estavam conectadas por dois conjuntos de escadas, sem mencionar as escadas secretas que ele tinha descoberto nos muros. Isso fazia difícil encontrar a qualquer um que não desejava ser achado. Ian olhou todo o salão que ocupava o segundo nível e tomou uma medida súbita. Mentalmente comparou a disposição do salão com sua lembrança do exterior do edifício. Os muros deviam ter quase quinze pés de espessura. Isso nas bases dos muros para sustentar
o
peso,
mas
acima,
alguns
daqueles
muros
provavelmente tinham sido cavados para cômodos. Lady Reyna provavelmente podia viver até ser velha ali sem que ele a visse novamente. —Lady Reyna não assistiu às refeições,— comentou Margery, interrompendo um giro infeliz na conversação onde ela sondava sobre seu passado. Ele perguntou-se o que dava às mulheres a idéia que os homens gostavam de conversar sobre tais coisas. —Ela nunca o faz. Pelo menos não desde que Thomas e eu chegamos. Ela come na cozinha com a Alice, alguns outros o fazem também.
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Históricos Ian se separou da mesa. Ele não tinha visitado as cozinhas ainda. Este parecia um bom momento. Quando ele desceu os degraus de pedra, sons de conversação e risadas lhe chegaram. Também o fez o aroma muito rico de comida. Toda conversação cessou quando ele apareceu na soleira. Duas mesas com vinte e cinco pessoas ocupava o centro do cômodo, e uma criada jovem revolvia a panela sobre a grande chaminé. Andrew Armstrong comia aqui, e unas poucas criadas e dois homens que ele reconheceu dos estábulos. Uma mulher velha, que ele adivinhou que era Alice, estava sentada entre dois meninos de mais ou menos dez e oito anos. Outras crianças estavam com suas mães e seus pais. Ele não viu Reyna. No outro extremo da mesa viu o homem de Morvan, Gregory, e ele caminhou para ele com cinqüenta olhos observando seus passos. Gregory sorriu inocentemente. —Passava por aqui, e me pareceu um grupo alegre — ele explicou. Ian olhou o prato do Gregory. Uma suculenta coxa de pato e uma mescla colorida de vegetais formavam um molho marrom. O aroma era de dar água na boca. Evidentemente Alice a cozinheira cumpria com seu dever em relação aos que jantavam no salão, e logo punha em prática sua arte culinária para esse pequeno grupo. Ele tomou bruscamente um pedaço de pão de Gregory e o inundou no molho. Quase tinha alcançada sua boca quando uma colher
de
madeira voou perto de seu rosto como uma catapulta. O objeto lhe
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Históricos golpeou a mão, e um pedaço de carne voou através do cômodo e terminou no chão. —Não te atreva, inglês filho de puta,— uma voz familiar advertiu. Ian olhou surpreso para a criada que tinha estado mexendo a panela na chaminé, só que não era uma criada, mas Lady Reyna, usando um vestido solto e simples com um lenço preso na cabeça. Reyna agitou a colher dizendo: —Nem um bocado, diabo. Se adoecer, não quero ter às pessoas acusando Alice ou a mim. Ela tomou seu lugar no banco. —Além disso, não há suficiente para você, e devido a seu maldito cerco, estas são as primeiras aves ou carne que estas mulheres e crianças comem em um mês. Ian lembrou mentalmente de falar com ela qualquer dia sobre seu vocabulário de insultos. —A torre está tão mal provida? Deveria ter tido pescado seco e carne conservada para sobreviver todo esse tempo. Do outro extremo da mesa Andrew Armstrong tossiu para chamar sua atenção. —Sir Thomas ordenou que só os homens podessem comer essas coisas. Eles poderiam ter tido que lutar, e não se sabia quanto tempo o cerco duraria. É uma medida habitual. Sim, era habitual, e Ian tinha visto e tinha ordenado isso antes, mas havia sentido uma culpa não muito freqüente nele. —Quem cozinhou esta comida?—, ele perguntou, tomando mais pão, inundando-o, e metendo-o na boca antes que Reyna pudesse atacá-lo. Delicioso. 55
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Históricos —Alice e eu,— Reyna disse, olhando para sua garganta, enquanto ele engolia. Essas eram as pessoas do castelo que não pensavam que ela era uma envenenadora. Deliberadamente, ele molhou novamente mais pão no molho e mastigou visivelmente. —Todos vocês não comerão aqui, mas sim se unirão aos outros no salão—, ele ordenou. —Alice cozinhará como lhe parece, com a ajuda que ela escolha. Ninguém vigiará mais a preparação da comida. Gregory, organize umas partidas de caça para que haja bastante carne fresca. Ele voltou-se para Reyna. —Você, minha lady, estará presente em todas as refeições. Quando a comida for trazida ao salão, você provará isso primeiro. O lenço lhe cobria até as sobrancelhas e estava amarrado em sua nuca, escondendo completamente seu cabelo. Ele pensou que ela parecia mais jovem e encantadora. Perguntou-se se não tinha passado ao lado dela várias vezes naquele dia e simplesmente não a tinha reconhecido. Seus lábios sensuais se apertaram. —O que te faz sentir tão seguro que não me matarei com intuiuto de me libertar de você e seu exército? —Você poderia fazê-lo se você estivesse sozinha, mas, até onde eu sei, não arriscará sua gente—. Ian disse isso enquanto voltava para os degraus. —Além disso, minha lady, se soubesse a receita de um veneno, estaria morta a esta altura. Mais tarde naquela tarde, Andrew Armstrong se aproximou quando Ian dirigia a reconstrução do muro do túnel posterior. O 56
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Históricos mordomo parecia imune ao calor apesar de sua roupa de lã. Ian estava suando como um cavalo de arado. —Há um pequeno problema, sir—, Andrew disse ligeiramente. —Que tipo de problema? —É o poço de água. Parece haver secado. Estava bem esta manhã, porém agora uns criados foram extrair água e ... nada—. Andrew abriu suas mãos e sorriu debilmente. Ian suspirou. O poço seco dificilmente era um problema pequeno. —Mostre-me. Seguiu Andrew por quarenta degraus até a saída da fortaleza, e desceu outros quarenta degraus até a cozinha. Maldita torre de fronteira. Em um só dia tinha chegado a odiar aquelas eternas escadarias. Em um cômodo pequeno no porão, fora da cozinha, Andrew mostrou o poço com uma pequena reverência. Ian levantou o balde e o deixou cair por toda a extensão de sua corda até que ouviu a água. Ele subiu o balde mas sabia que este estaria vazio. —Isto já aconteceu antes ? —Estou aqui há vinte anos, desde que Maccus tomou as terras. Uma vez durante uma seca, isto aconteceu. —Está fazendo mais calor que o normal, mas não estamos numa seca. —Bem, com relação a água, nunca se pode afirmar, não é verdade ? Ian começou a caminhar impacientemente do lado de fora do cômodo em linhas perfeitamente retas. —Robert Kelso teve estas terras durante todos estes anos? 57
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Históricos —Não até seu casamento com Lady Reyna. Foi um acordo para terminar com uma briga entre os Armstrongs e os Grahams que tinha começado oito anos antes. Maccus não tinha nenhum filho ou sobrinhos solteiros para representar os Armstrongs, e todos nestas terras sabiam que seu cavalheiro Sir Robert era um homem honrado. Até Duncan Graham o respeitava. Quando o matrimônio foi acordado, Sir Robert recebeu estas terras. Ele as governou em nome de Maccus, mas estava subentendido que eles formavam uma barreira entre os Armstrongs ao norte e os Grahams ao sul. Uma área neutra, por assim dizer. Ian apoiava os cotovelos no muro de pedra. —Milady devia ser muito jovem no momento desse casamento. Quase uma criança. —Ela tinha doze anos. A Igreja permite o casamento nessa idade. Ian achou uma pedra solta, puxou seu punhal e o cravou na fenda. —Presumivelmente Sir Robert esperou para levá-la a cama. —Não saberia dizer. Sim, sabia. Ele era o tipo de mordomo que saberia todas as intrigas do castelo. Ian tirou as pedras soltas. Elas não se moveram. Mas uma vez ele recomeçou sua caminhada impaciente. —Que tipo de homem era Sir Robert? —Era um bom homem. Um cavalheiro valente, altamente honrado e um estudioso. —Acha que ela o matou ? Andrew refletiu antes de responder.
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Históricos —Ela veio para cá muito assustada. Não tinha recebido amor em sua casa, e tinha presenciado muitas discussões e brigas. Robert lhe deu liberdade, asas para voar e cuidado. Não, não acho que ela o matou . Ian voltou sua atenção ao poço. —Você sabe que não está seco. —Realmente? —O balde não golpeou barro, nem sequer sujeira seca. Voltou limpo como desceu. Alguém está tampando a água com algo. Uma porta ou uma prancha de madeira. Como pensa que ela fez isto? —Ela? Estou seguro que não o entendo, Sir Ian. —Lady Reyna. Vejo sua mão nisto. Como desceu lá? Não posso encontrar portas escondidas no piso ou nas paredes. Andrew encolheu os ombros. Ian sabia que sem tortura, não conseguiria que o homem falasse. —Bem, mordomo, o que sugere? Andrew pareceu ponderar o assunto. Ian não estava enganado não. —Vamos ter que fazer como seu exército fez. Há um rio para banhar-se, e um manancial próximo com boa água para cozinhar. Esta última pode ser gasta aqui todos os dias e as mulheres podem ser enviadas ao rio quando precisarem lavar roupa. Sob custódia, se você preferir. Ian se tinha perguntado sobre o sentido desta sabotagem, mas a solução de Andrew dava a explicação. Devido à necessidade de tomar banho com aquele calor de verão, e à necessidade de pegar água para prover as necessidades da torre o portão teria que ser aberto freqüentemente. E a torre se tornaria significativamente 59
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Históricos mais vulnerável. Ele olhou para o poço que de repente fazia seu trabalho ali muito mas difícil. Deveria ter deixado que Reyna tomasse um cavalo e partisse para o inferno se era isso o que ela queria. Naquela noite o salão se encheu para o jantar. Lady Margery se sentou à direita de Ian novamente, mas ele viu que o lugar à sua esquerda permanecia vazio para a Reyna. O outro lugar disponível na mesa principal estava perto da ponta, entre seis de seus cavalheiros. Tinha sido preparada uma carne de veado com um molho saboroso. As pessoas do castelo sabiam que Alice e Reyna tinham cozinhado isto sem ser fiscalizadas, e, por isso eles só tinham comido pão, mantendo caras desanimadas. O aroma dos pratos penetrou o salão e se podia ouvir os estômagos roncando. Finalmente, os homens de Ian corajosamente escolheram suas pedaços de carne e alguns outros se atreveram a segui-los. Reyna apareceu de repente nas escadarias, e todos os olhos voltaram-se para ela. Vestia um bonito vestido azul que expunha mais do que devia. Seu cabelo loiro estava trançado em uma grossa trança que caía em suas costas. Com uma expressão determinada, ela atravessou o salão para a mesa sobre o assoalho. Ela subiu por detrás de Ian, e ele esperou que ela tomasse o lugar a seu lado. Ao contrário, ela estirou sua mão por cima de seu ombro e roubou um pedaço de carne de seu prato. Teatralmente o tomou e o examinou. Lançando um olhar de desafio para sua gente, colocou a carne na boca, mastigou, e engoliu com força. Olhou para o céu como se aguardasse o julgamento divino. Um silêncio invadiu o 60
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Históricos salão enquanto todos observavam e esperavam que a comida chegasse a seu estômago. Ian sorriu diante de sua representação, e voltou-se para seu prato para comer. Um gesto violento a seu lado deteve sua ação. Reyna de repente se afogou. Seu rosto se tornou vermelho. Ela se dobrou em dois, seu braço apertando seu estômago. E caiu no chão. O caos se instalou. Os homens e as mulheres gritaram. Aqueles que comiam olharam espantados para seus pratos. Alguns se levantaram, colocaram seus dedos em suas gargantas. Ian empurrou para o lado sua cadeira e se ajoelhou ao lado da Reyna. Cristo, ele a tinha matado. Com todos os rumores sobre um envenenador no castelo, ele deveria ter considerado que poderia ser verdade, e que podia ser alguém mais que Reyna. Ele se sentiu incrivelmente inútil e impotente enquanto observava o veneno fazer seu trabalho. Uma multidão se juntou ao redor com uma fascinação muda e morbida. Finalmente, desesperado por tentar algo para salvá-la, ele a voltou de costas para tentar retirar o pedaço de carne. Enquanto suas mãos se fechavam em seu corpo, havia uma expressão relaxada e pacífica em seu rosto. O peito de Ian se oprimiu diante da imagem de paz da morte. Sentiu o desejo esmagador de abraçar o último calor de sua vida, e começou a fazer isso. Seus cílios tremeram e se abriram. Aqueles lábios adoráveis se moveram. —Retire suas mãos de mim, inglês.
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Históricos Um momento tenso de silêncio saudou sua ressurreição milagrosa, e logo a risada se estalou no salão. Reyna se livrou de suas mãos e afastou-se. A fúria pelo susto que ela lhe deu o atravessou como um trovão. Ele a arrastou para pô-la de pé. —Faça uma coisa assim novamente e eu ... —Você o que?— ela disse entre dentes enquanto ajeitava sua roupa e procurava soltar seu braço. —Voltará a me enganar para que traia a minha gente e para que volte para este lugar que só representa perigo para mim? Me manterá aqui para aguardar o julgamento que eventualmente chegará? Me forçará a representar um ritual em todas as refeições que confirme suas suspeitas? Ian a olhou nos olhos e ela, por sua vez, o olhou diretamente, corajosamente e belicosamente. —Sente-se,— ele ordenou, retornando à sua cadeira. Para irritá-lo mais ainda, ela se afastou e se sentou na extremidade da mesa, no espaço livre entre os cavalheiros. Ainda lívido pelo modo como Reyna o fazia de bobo, ainda confuso pelo desespero que havia sentido quando havia pensando que ela estava morrendo, Ian intencionalmente olhou para a mulher loira e deu seu sorriso mas encantador a Lady Margery. Ian se manteve ocupado com Margery durante a refeição, mas uma parte de sua mente permanecia solidamente fixada na extremidade da mesa. Ouviu a conversa banal enquanto Reyna falava com os cavalheiros. Ele ouviu as lisonjas floridas de Sir Lionel. Ouviu as insinuações sugestivas de Sir George. Finalmente alguém fez uma brincadeira e a risada dela inesperadamente ressoou. 62
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Históricos Seu olhar se moveu para Reyna. Ela sorriu brilhantemente, e deliciosas covinhas se formaram em suas bochechas. Ele se deu conta que nunca antes a tinha visto sorrir realmente. Transformava seu rosto, fazendo-a parecer muito mas jovem e doce. Sir Lionel e Sir Matthew a olhavam embevecidos. Eles provavelmente começariam a escrever poemas para ela essa noite. Sir George, entretanto, observava-a com uma expressão oculta e predatória. Ian pensou em seus beijos inexperientes. Uma viúva e não virgem, e pelo que ele sabia, nem sequer virtuosa, mas isso não era o que George achava. Morvan lhe havia dito que se ocupasse de sua segurança. Bem, só havia uma maneira de fazer isso.
Capítulo 5 Reyna observou com maus pressentimentos as reações dos homens ao redor dela. Ela tinha provocado tanta atenção antes, com cavalheiros ou Lordes que estavam de visita, mas sua condição como a esposa de Robert a protegia de qualquer tipo de complicação.
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Históricos Ela refletiu internamente como lutar contra os avanços masculinos, se eles se apresentassem. Talvez esses homens se tornassem perigosos se uma mulher não os rechaçasse de um modo apropriado. O bate-papo ao redor dela abruptamente cessou. Os homens olharam além dela. Ela se surpreendeu quando umas mãos se apoiaram possessivamente em seus ombros. Reyna girou sua cabeça. —Terminou com sua refeição?— Ian perguntou. —Sim. —Então vamos para nossos aposentos, milady. A insinuação a deixou muda. Os homens a sua volta olharam para o lado. Ian tomou sua mão e a fez levantar do banco. Ele a levou em direção às escadarias. A opção era segui-lo, ou criar uma cena que atrairia a atenção de todo o salão e não alteraria as conclusões que Ian pretendia que esses homens chegassem. Entretanto, ela queria gritar e chutar e deixar claro que repudiava sua conduta. Ela viu sua expressão tranqüila. —É desprezível. É sua intenção que eu perca o pouco de respeito que tenho aqui? —Minha intenção é me ocupar de sua segurança como me foi ordenado. Na opinião desses homens dos quais se viu livre esta noite, você é uma mulher fácil e acessível e, na pior das hipóteses, uma rameira. Em sua cabeça pode ser uma viúva perseguida, e para muitas destas pessoas pode ser uma assassina, mas para meus cavalheiros, você é somente a mulher que veio à minha tenda e que me ofereceu seu corpo. —Não realmente, e era por uma boa causa. 64
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Históricos —Para um homem no meio de uma guerra que busca um pouco de calor e prazer, esses pequenos detalhes não têm importância. Eles alcançaram as escadas. Ele a conduziu para acima, sua mão ainda apoiada na parte de atrás de sua cintura. Ela subiu até que estiveram fora de vista, logo voltou-se para ele. —Não precisa me acompanhar. Penso que já deixou as coisas claras para seus cavalheiros. Eles agora estão certos que sou uma mulher fácil e acessível. —Sim, mas agora é minha mulher, e nenhum deles te tocará —. Ele apontou para o andar superior — Escoltar-te-ei até seu quarto. Quero revistar as paredes. Ian a seguiu silenciosamente, uma presença perturbadora atrás dela. Passaram o terceiro andar da capela, logo passaram para o quarto andar dos dormitórios dos cavalheiros e dos criados, e finalmente pelo corredor que ladeava o solar do Lorde e os cômodos menores ocupados por Margery e as outras mulheres. Ela acelerou seu passo e pôs alguma distância entre eles. Queria correr e trancar sua porta. Ela caminhou até seu escritório e começou a enrolar pergaminhos com mãos tremulas. Embora soubesse que ele a estava vendo, sua chegada ligeiramente atrasada a surpreendeu e se moveu nervosamente pelo escritório. Ele entrou despreocupadamente. Seu olhar rapidamente observou a cama estreita e as três velas grandes para noite, já acesas pelos criados. Ela se moveu do escritório para a parede ao lado da porta, e se apoiou contra as pedras frias. —Um quarto pequeno. O de Lady Margery é maior. Ela te fez mudar quando Thomas e ela chegaram? 65
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Históricos —Não. Eu sempre estive aqui. Escolhi este quarto. Ele tem três janelas e os outros só têm uma. Ele olhou a mesa com pergaminhos. —Isso é melhor para a leitura? —Sim. E de noite, se as velas se acabam ou se apagam, entra um pouco de luz. —Tem medo dos demônios da noite? —Não. Ian começou a caminhar pelo quarto estreito, examinando as paredes, despreocupadamente, apalpando as juntas entre as pedras. —O que está procurando? —Cômodos, corredores, cavados nas paredes grossas. Tem algum? —E o que esperaria encontrar ali? Ouro? Ele a ignorou e continuou sua busca. Perturbava-a o ter nesse espaço pequeno. Seu corpo, sua energia, seus movimentos ágeis enchiam o quarto como uma invasão aprazível e a punha em guarda. Ela se colou mais às pedras, sentindo sua superfície áspera em suas costas. Ele não falou por algum tempo, metodicamente continuava sua busca, afastando o baús de roupa para verificar detrás deles. —Foi fiel a ele?— Ele perguntou enquanto ele se agachava. Falava como se fosse a pergunta mais natural do mundo, e não a pergunta indiscreta de um intruso. Ela vacilou, e ele a olhou, seus olhos escuros procurando os seus. —Sim—, ela disse. 66
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Históricos Sim, tinha-lhe sido fiel. Com seu coração e com seu corpo. Só uma vez tinha havido um mal-entendido, não por parte de Robert, mas sim por parte dela, e mais desastrosamente, por parte de um escudeiro que se apaixonou por ela. Eles tinham crescido juntos, e ela o via como um irmão. Em sua ignorância, não tinha reconhecido os sinais de que seu afeto tinha mudado. Quando ela tinha dezessete anos e ele era um ano mais velho, Robert abruptamente o tinha mandado para longe da torre. Ela tinha ficado zangada e confusa com a débil explicação de Robert até que, antes de sua partida, esse amigo a tinha beijado de uma maneira nada fraternal. Sua mão foi para seus lábios com a lembrança. Notou que Sir Ian agora a estava olhando. —Sim—, ela repetiu mais firmemente. Ian foi para a mesa. Se movia como um animal magro, forte e ágil. Um grande gato ou um cavalo jovem. Ele era um homem que tinha total confiança na força e na beleza de seu corpo. Ian tocava os pergaminhos: —O que são estes? Ele era o vencedor, ela recordou a si mesma. Ele tinha direito a questionar algo que quisesse. —Cartas. Correspondo-me com várias pessoas. Robert me inspirou a escrever para homens de letras com perguntas que eu poderia ter sobre seus escritos . —Então seu marido era um estudioso, e ensinou a sua jovem esposa a ser uma. Deve ter sido um grande consolo para você. Reyna sentiu a piedade e a crítica na sua fala.
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Históricos —Foi muito amável seu marido ao encontrar alguma ocupação e entretenimento dadas as circunstâncias. Além disso, não tinha nenhuma criança de quem se ocupar, não é verdade? —Robert me ensinou a ler em inglês, galês, latim e grego, e me inspirou a ler seus livros. Ele era brilhante intelectualmente e muito cavalheiro, forte e gentil ao mesmo tempo. Como o rei Alfred. Ela deixou que suas palavras expressassem sua própria crítica. Muito diferente de você. Ian levantou suas sobrancelhas diante da referência ao antigo grande rei inglês. —O Rei Alfred, nada menos. Seu marido era um homem impressionante realmente. Para quem escreve? Ela desejou que ele a deixasse a sós. —Escrevi
a
muitos
escritores,
mas
só
alguns
me
responderam. Podem não ter recebido minhas missivas, claro, mas eu suspeito que eles não se incomodam com perguntas de mulheres. Um filósofo, Thomas de Chartes, me respondeu muito amavelmente, e me informou que há várias mulheres no continente europeu com interesses semelhantes. Ao longo dos últimas anos mantive correspondência com essas mulheres. —Ouvi falar de Thomas de Chartes. De fato, encontrei-o uma vez. Não ande divulgando que se corresponde com ele, milady. No ano passado ele teve que responder a uma acusação de heresia. Antes que ela tivesse a oportunidade de absorver essa informação surpreendente, ele adicionou, —Ainda o chora? A seu rei Alfred? Ele a paralisou com essa pergunta impertinente, e com as respostas confusas que despertaram nela. Se ainda o chorava? 68
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Históricos Certamente a princípio ela o tinha feito, tinha-o chorado profundamente, quase terrivelmente. Agora tinha chegado à aceitação e amava as lembranças ternas, e havia um ressentimento que lhe provocava culpa. Ressentimento porque ele não a tinha preparado melhor para enfrentar os velhos ódios que sua presença despertava. Ressentimento pelas cargas que criara para proteger sua lembrança. Ressentimento porque ele tinha morrido e a havia deixado terrivelmente só e vulnerável. —Não, já não o choro do modo que você quer dizer. —Você o matou? Finalmente, aí estava a pergunta que ele tinha desde o começo. —Pensa o que quiser, a maioria acredita que sim. —Não, eu não acredito. Ian não vacilou. Uma doce gratidão apertou seu coração. —Por que não o pensa? —Ninguém chega a ser conhecido como o Lorde das Mil Noites sem conhecer algo sobre as mulheres. —Sim, o suponho. Bem, eu não o matei, mas penso que talvez alguém o tenha feito. Sua enfermidade tinha todos os sinais. Mas minha negação não importa. Eu tive a oportunidade de fazê-lo, e o conhecimento para fazê-lo, assim pensam eles. E eu sou uma Graham. Somente o cerco à torre me salvou. Maccus Armstrong estava visitando Harclow antes que viesse aqui para o meu julgamento quando sua tropa chegou—. Ela não tinha que acrescentar o que teria acontecido se Maccus tivesse vindo e a tivesse julgado e a declarasse culpada.
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Históricos A imagem dela pendurada, seu corpo flácido e azulado, cruzou sua mente. Tinha sido uma premonição que reaparecia esporádicamente durante toda sua vida, mas recentemente o pesadelo se fez mais forte e mais freqüente. Ela apoiou sua cabeça contra as pedras e lutou por conter o pânico que sempre ameaçava invadi-la quando considerava essa possibilidade. Ian caminhou para ela. —Ser uma Graham já não será uma desvantagem. Nenhum Armstrong te fará sentar para um julgamento. Morvan Fitzwaryn logo será o Lorde, e se alguém te exigirá prestar contas, será ele. Ele é um homem justo. Talvez era uma esperança, mas ela detectou preocupação e compaixão nesses olhos impenetráveis. Seu espírito se agitou diante da idéia que alguém acreditasse em sua inocência. Ele estava de pé ali, completamente cômodo com o silêncio entre eles. Sua expressão não trocou, ele não se moveu, mas de repente, claramente, o humor entre eles se alterou como se um ar diferente tivesse penetrado no quarto. Seu longo olhar a desestabilizou. Sua presença ali, suas perguntas pessoais, sua convicção em sua inocência, produziu uma intimidade estranha. —Deixe-me partir—, ela disse —Tenho um amigo em Edimburgh que me ajudará. Eu estarei segura. Ian estendeu sua mão e acariciou seu queixo naquele gesto afetuoso que ele havia usado duas noites antes. —Não posso. Sua pele queimou onde ele a havia tocado. O quarto tinha uma quietude antinatural.
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Históricos Velas flamejavam atrás dele, pondo seu rosto na sombra, mas mesmo assim ela podia ver a mandíbula firme, a boca reta, os olhos observando-a atentamente. —Pode fazê-lo. Se meu pai exige minha segurança, seria meramente um gesto formal de sua parte. Ele não tem interesse em meu bem-estar. Ele lentamente sacudiu a cabeça. —Não é só isso. —O que é, então?— Ela quase perguntou, mas não teve que fazê-lo. A resposta pulsava entre eles, assustando-a, finalmente atravessando sua ignorância com grande intensidade. Sua mão tomou sua longa trança e a levantou de suas costas para medir sua extensão. Ele deslizou a tira que segurava e começou a abrir a grossa trança, penteando o cabelo com os dedos. —Evitaste-me, Reyna—, ele disse, observando suas mãos. Ela olhou para baixo, para aquela mão acariciando mais alto e mais alto, desarmando a trança, ocasionalmente tocando-a. Um medo tenebroso, debilitante e delicioso lhe percorreu o corpo. —Não me escondi— ela mentiu, tentando afundar-se de volta na parede de pedra. —Estive fugindo de todos os homens. Você advertiu que as mulheres deviam evitar maus entendidos. —É um pouco tarde para mim — Ele deslizou seus dedos debaixo de seu cabelo até acomodá-los detrás de suas orelhas e tomou seu rosto entre a palma das mãos. —Eu não entendi nada. —Isto não é justo—. Ela tentou não olhar seu rosto maravilhoso, procurando em vão um pouco de segurança para seus ingovernáveis sentimentos. Uma exigente sensação de expectativa 71
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Históricos a invadiu, afastando-a de sua segura determinação. Suas mãos ásperas pareciam tão suaves, tão bem-vindas para sua pele. O contato a acalmava e a assustava ao mesmo tempo. —O que aconteceu na tenda não era minha intenção. Você tirou vantagem de mim. Ian sorriu. Deus amado, que sorriso... —Uma
vantagem
muito
pequena,
considerando
sua
vulnerabilidade. Não pude me refrear. Da mesma maneira que você não pôde evitar desfrutá-lo. Ele se aproximou. —Não faça isto—, ela gritou. —É cruel e desonroso de sua parte. Mas sua boca tremula não falaria. Detenha-o, lute, sua mente lhe pedia desesperadamente. Por você e por seu orgulho. Por Robert. Mas sua proximidade e contato suave despertava esse desejo irracional tão longamente negado, e ela só podia conter a respiração e observar o rosto que se inclinava sobre o seu. Lábios mornos sobre os seus, acalmando, atraindo. Beijos roçando sua bochecha, sua orelha, seu pescoço e um abraço muito apertado. Sua mente nublada pela confusão, a negação e o desejo. Por um momento ela ficou rígida. Mas suas mãos se moveram pelas costas, e esse contato reconfortante a venceu. Sua mente perdeu a batalha contra seus sentidos. O dever sucumbiu à necessidade. Ela sabia que ele sabia da derrota, mas de repente não se importou. Ele levantou sua cabeça e olhou-a antes de reclamar um
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Históricos beijo mas exigente. Perdi tudo, ela pensou, e se deixou inundar pelo desejo. Seu beijo se fez mais íntimo, sondando lentamente dentro de sua boca, e um estremecimento lhe percorreu o corpo, achando seu destino final mais abaixo do ventre. Levantou os braços por própria iniciativa e o abraçou, atraindo-o para mais perto ainda. Seus seios endurecidos pela pressão contra seu peito, e Reyna ofegou pelo prazer que esse contato lhe dava. Ela girou sua cabeça para aceitar os impacientes beijos que exploravam seu pescoço. Estava perdida agora, totalmente perdida. Um prazer excitante cresceu rapidamente chegando a um ponto excruciante e insistente. Com mais calma, ele acariciou todo seu corpo, e ela suspirou. Sua mão alcançou seu seio e a sensação a fez exclamar em um grito. Ele tampou o som com um beijo. A mão sedutora acariciou o mamilo, levando-a ao delírio da excitação. Ele meio a empurrou, meio a guiou para a cama. Sentou na borda e a colocou entre as coxas. Ela olhou para baixo, aqueles olhos ardentes, a mandíbula tensa e os lábios semi abertos. Ela nunca tinha conhecido um homem que pudesse parecer tão belo e forte em sua paixão. Ela podia contemplá-lo para sempre. Suas mãos acariciaram a extensão de seu cabelo, seguindo caminho pelos seios, o estomago e os quadris. Seus dedos acharam os laços de seu vestido e os desataram. Ela não podia mover-se. Apenas podia permanecer em pé. Sem seu abraço ela sentia-se vulnerável. Reyna fechou os olhos quando ele deslizou o vestido para fora de seus ombros e seus braços. As alças caíram até seus quadris. 73
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Históricos Por debaixo de suas pálpebras ela o observou estudar sua nudez e afastar seu cabelo para um lado e tocar seus seios. Suavemente acariciou e esfregou os mamilos eretos e a olhou com olhos conhecedores. Ela esticou seu corpo para ter algum vago controle e apertou suas coxas para aliviar a necessidade pulsante de seu sexo. Ian a enlouqueceu de excitação antes de trazer seu corpo mais próximo e estimular com sua língua, primeiro um mamilo, e logo o outro. Reyna acariciou seu cabelo enquanto seus quadris se arqueavam de um modo sensual. Ian a abraçou e tomou seu seio em sua boca. —Vem e deita comigo, Reyna. Ela olhou para baixo, para seu bonito rosto e sentiu que o sonho se partia. Uma tristeza estranha invadiu-a. Teria sido melhor que ele nunca tivesse falado. As palavras são coisas racionais e alimentam o pensamento racional. Seu pedido reativou nela o sério sentido de dever e virtude. —Não posso. Não devo. A raiva o invadiu quando ele se deu conta que ela realmente queria dizer isso, que ela não iria mais adiante. Raiva e assombro. Ele a sentou em seus joelhos e tomou seu rosto em sua mão. —Isto é um desafio, milady? Para ver se eu dizia a verdade quando disse não haveria nenhum estupro aqui? —Não,— ela disse, sabendo que estava muito vulnerável agora e que ninguém acreditaria que isso era uma violação. Ela saiu de seu colo. Quase caiu no chão. Sentindo-se muito envergonhada, endireitou-se e cobriu-se com o vestido. 74
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Históricos Ian ficou de pé. —Certamente ensinaste a este inglês filho da puta uma lição—. Caminhou para a porta. —Não pense fazê-lo novamente. Reyna se sentou na cama depois que ele partiu, tentando submeter o que tinha acontecido a um pouco de lógica. Sua mente estava muito confusa. Só sabia que ela se traiu de um modo infame, e quase tinha traído Robert também. Ela queria culpar Sir Ian, mas sabia que não tinha sentido fazer isso. Que importava a ele as velhas lealdades que batalhavam dentro dela? Reyna duvidava que fora um homem que refletisse muito sobre as conseqüências, ou que pensasse duas vezes sobre as mulheres que ia deixando no caminho. Ele era um mercenário que tinha estabelecido um cerco a seu castelo, e, uma vez que ela se rendesse ao que pretendia obter e tomaria seu prêmio para logo partir. Sim, suas ações tinham sido compreensíveis e previsíveis. A culpa do que tinha acontecido estava nela. Reyna foi para uma das janelas, sentando-se perto do parapeito, deixando que o fluxo de ar lhe lavasse o rosto para esfriar sua humilhação. Seu quarto dava para o lado leste, e dali ela podia ver as colinas Cheviot. Seu olhar recaiu numa velha fortaleza, usada antes que Black Lyne tivesse sido construída. Não era mais do que uma massa de pedras e ruínas sobre bases cavernosas agora.
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Históricos Algo brilhou entre as ruínas, como uma estrela amarela reluzindo na base de uma estrutura distante. Ela aguçou a vista e o viu novamente. O sinal de Reginald. Ele tinha encontrado cavalos. Ian quase se sentia sob controle quando ele voltou a entrar no salão. Forçando-se a não pensar na mulher que acabava de deixá-lo como um estúpido, mordendo sua fúria porque ela tinha encontrado força para negar-se de um modo que poucas mulheres fariam, ele esquadrinhou o grande recinto até que achou Gregory. Caminhando a passos largos se aproximou para dizer: —Amanhã pela manhã, leva dez homens com você a Harclow. Diga a Morvan que Maccus Armstrong não está dentro da fortaleza. Gregory assobiou surpreso. —Diga a Morvan que nós aumentaremos as patrulhas e vigiaremos a zona norte, mas que ele deve estar alerta também. Gregory deixou o salão para escolher os homens que levaria. Ainda fervendo de raiva, Ian se sentou pesadamente na cadeira do Lorde na mesa principal. Ela tinha planejado isto? Deliberadamente o tinha atraído a seu jardim para poder lhe fechar o portão na cara no momento mas efetivo? Tinha recorrido a lutar essa guerra com armas femininas, quando os punhais e as espadas falhavam? Sua rendição tinha sido posta em cena feita pela mesma atriz que primeiro se havia feito passar por prostituta?
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Históricos Ian não acreditava nisso. Conhecia mulheres altamente peritas na arte da decepção e do engano, mas tinha sido prejudicado por uma delas apenas uma vez, quando não era mais que um adolescente. E tinha aprendido a lição. Seus instintos para detectar este tipo tinham ficado muito aguçados ao longo dos anos. Ela necessitaria muito mais que habilidade para enganá-lo. Ele considerou as outras possibilidades e finalmente se forçou a enfrentar a mais óbvia. Ela afirmava ter sido fiel a seu marido. Uma mulher virtuosa, então, e por seu próprio código de moral ele não deveria aproximar-se dela. Então, por que não tinha saído daquele quarto como tinha planejado? Ian resistiu a reflexão que essa pergunta exigia. Reyna estava metida em sua cabeça, isso estava claro, e ele a desejava, isso estava mais do que claro. Desejava-a mais do que tinha desejado uma mulher em particular por um longo tempo. Não lhe acontecia isso desde Elizabeth, mas aquilo tinha sido diferente. Ele se aproximara de Elizabeth como um moço ferido e vingativo, e se tinha afastado dela um homem. E agora era um homem que desejava Reyna. Olhou para a mesa abaixo da dominante posição na cadeira do Lorde. Era o mais perto que estaria do poder, e era bastante comparado com o que muitos filhos menores obtinham na vida. Mas essa noite, esse pensamento lhe deu pouco consolo. Ele só era, depois de tudo, uma espada paga, e tinha sido pouco mais que um ladrão nesses últimos anos. Pelo menos uma pessoa nessa torre sempre o veria assim, sem se importar onde ele se sentasse.
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Históricos Que papel tinha ele na negação dela? E por que isso teria que lhe importar? Não deveria se importar, porém, inexplicavelmente, importavase. Em um canto do salão, uma criada limpava as mesas, seu cabelo escuro e comprido escapava por debaixo de seu lenço. Ela olhou para ele enquanto trabalhava. Observou que em cada um de seus movimentos, seus seios e a curva de seus quadris roçavam contra o tecido de seu vestido simples. Ela notou sua atenção, e se aproximou. Ele a reconheceu. Ela tinha buscado seus olhos várias vezes durante os últimos dois dias e o tinha lançado sorrisos tímidos. Sorriu menos timidamente agora. —Meu nome é Eva. Gostaria que buscasse um pouco de cerveja, Milorde? Milorde. Não, realmente não eram as palavras apropriadas, mas isso era um ponto menor para os criados sob as atuais circunstâncias. Uma pessoa nessa fortaleza nunca o chamaria com esse título, embora a ameaçassem a fio de espada. Desprezível filho da puta, bastardo sem honra, sim, mas nunca Milorde. Ian olhou através da mesa para Eva. E sorriu.
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Históricos
Capítulo 6 Durante o passar do dia seguinte, Reyna certamente fez muito para evitar Sir Ian. Se ela ouvia seus passos na escada, corria descendo os degraus de outra escada. Quase ao entardecer, uma comoção no corredor a fez sair de seu quarto para encontrar Margery e outras damas conversando excitadamente. Margery observou o vestido simples que Reyna se pôs depois do jantar. —Ponha-se mais apresentável—, ela ordenou. —Estamos esperando uma visita. Um cavalheiro acaba de vir para anunciá-lo. É um nobre francês, o conde do Senlis. —Por que um conde francês nos visitaria? Esta fortaleza está sob o mando de um exército inglês, e os franceses são seus inimigos. —Quaisquer que fossem suas razões, devemos recebê-lo apropriadamente. Já instruí Alice para que faça a melhor refeição.
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Históricos Não queremos que este homem pense que está entre bárbaros. Vista-se decentemente ou se esconda na cozinha. Ele chega logo. Reyna voltou para seu aposento, colocou seu vestido azul, e desceu ao pátio, onde as mulheres esperavam para saudar o nobre francês. Ian estava ali, e ele não fez nada para evitar parecer um bárbaro. Ele estava terminando uma série de encanamentos que tinha inventado para levar água a pisos superiores da torre. Uma grande viga saía do banheiro, e cordas penduravam de uma roldana. Os netos de Alice, Adam e Peter, brincavam nas sombras. Ian os viu e os chamou. Sorrindo encantados, eles o ajudaram a fazer um teste dos encanamentos. Colocaram um balde de água na parte inferior da corda, e Ian começou a içá-lo. Ian vestia uma túnica sem mangas e calças curtas, seu corpo se destava por baixo do tecido. Os músculos tensos de seus braços marcavam linhas poderosas quando ele levantava as mãos para cima. Reyna se deu conta que essa era a primeira vez que o via à luz do dia. O sol criava reflexos vermelhos em seu cabelo marrom escuro. Seus olhos claros pareciam mais profundos e mais comoventes aqui fora. Ele terminou o teste e sorriu com uma expressão satisfeita. Ela se aproximou e estudou o mecanismo. —Se ajustar uma manivela à corda, até as mulheres poderiam fazer isto—, ela disse. —Uma boa idéia. Claro que em tempo de guerra faz a fortaleza vulnerável. Quem estiver no comando aqui terá que destruí-la.
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Históricos Ele finalmente notou a fila de mulheres com suas roupas mais elegantes aguardando nos degraus da torre. —O que é isto? Estamos esperando o Papa? —Margery disse que uma visita está a caminho. —Tudo isto é por causa de David? Ele vai achar isto muito divertido. —David? —David de Abyndon, irmão de Morvan por casamento, seu cunhado. —Margery entendeu mal. Ela pensa que é o conde de Senlis que está chegando. —David é o conde de Senlis. Mas antes que ele recebesse Senlis era um comerciante em Londres, eu o conheci como tal. Na Inglaterra ele ainda é conhecido como Mestre David, o algodoeiro. Ele nunca renunciou à cidadania, e mantém seu lugar na companhia de comércio. Ele e Christiana, a irmã de Morvan, passam um pouco de tempo em Londres. —Uma história não muito freqüente. —Um homem não muito freqüente— ele voltou sua atenção para as grades que eram levantadas e os sons de cavalos aproximando-se. Seis cavalheiros trotaram no pátio. Reyna identificou o conde imediatamente. Ele era um homem muito cabeludo de cabelo cor castanho dourado. Ele desmontou seu cavalo e caminhou em direção à fortaleza com um sorriso vago em seus lábios e um escrutínio inteligente em seus olhos azuis. Ian avançou e os dois homens se saudaram calorosamente. Eles só falaram algumas palavras antes que David se dirigisse às 81
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Históricos mulheres. Margery estava mais adiante, em posição proeminente, e o conde aceitou sua mão estendida em um gesto elegante de saudação. —Lady Reyna, presumo. Margery se agitou. —Não, esta é Lady Margery, Esposa de Thomas Armstrong—, Ian explicou. —Essa mulher é a viúva de Robert Kelso — ele apontou Reyna com seu dedo. Ela se aproximou, sabendo que parecia muito mais pobre comparada a Margery e às outras. Ela não tinha nenhuma jóia e se negava a usar pesados vestidos de veludo. Ela se perguntou se este conde era o tipo de homem que se sentiria insultado por sua falta de esforço. Mãos bonitas tomaram as suas cortesmente. Os intensos olhos azuis ignoraram seu vestido e só olharam seu rosto. Ela teve a incômoda sensação que outra mente acabava de invadir a sua e imediatamente soube tudo o que precisava saber. Foi invadida por um medo inexplicável de que sua situação acabasse por tornar-se muito mais precária. —O que são estes outros cômodos?— David perguntou quando Ian o levou à do porta solar. —Lady Margery fica em um, e as outras damas se acomodam ali acima. A cela monástica de Lady Reyna fica lá. —Cela monástica? Eu pensei que tinha armado seu próprio harém. Protegido e acessível só para o grande sultão Ian. David caminhou pelo solar, e sua atenção rapidamente se dirigiu às prateleiras com livros. Ele ficou absorto, tocando-os cuidadosamente enquanto folheava as páginas. 82
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Históricos —Esta é uma biblioteca excelente, melhor que a que muitos bispos possuem. Aquino e Agostinho. E Ovidio também—. Ele abriu uma capa. —Vários destes vieram da mesma fonte. Eles têm as iniciais marcadas de um dono anterior. J.M. Ian tomou um livro da prateleira. —Deveria achar isto interessante: Bernardo de Clairveaux, com comentário em francês às margens. Ian observou David ler os volumes e considerou o que sabia sobre esse comerciante convertido em conde. David tinha sido um dos primeiros comerciantes ingleses a viajar ao sul e ao leste e estabelecer uma rede de comércio. Essa rede o fez rico antes que fizesse vinte e cinco anos. Um homem enigmático, fácil de conhecer superficialmente mas quase impossível conhecê-lo bem. —O que te traz aqui ?— Ian finalmente perguntou. David tirou sua atenção dos livros. —Eu estava em Carlisle aguardando transporte para Londres, mas se atrasou e estava aborrecido. Fui a Harclow e Morvan me pediu que viesse aqui antes de retornar ao porto. Morvan lhe pediu que viesse e que fiscalizasse Ian de Guilford, Ian sabia que era isso o que queria dizer. Morvan tinha para com Ian uma dívida por ter salvado sua vida e tinha concordado em pagá-la com a rendição da torre, mas Fitzwaryn não estava completamente tranquilo usando uma companhia de soldados independente em sua guerra privada. —Como pode ver, tudo está em ordem e as pessoas estão bem. Esta torre teria caído antes se Morvan me houvesse dito sobre o túnel posterior.
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Históricos —Ele não sabia sobre isso. Não esteve aqui desde que era um adolescente ou pelo menos seu pai nunca mencionou o túnel. Mas provavelmente Sir Robert o construiu. Morvan está muito contente com seu êxito aqui. —Como vai o cerco em Harclow? —A fome finalmente os forçou a fazer sair às pessoas dispensáveis: as mulheres, as crianças e alguns criados. Morvan estava esperando isso. Agora atacará. As máquinas de guerra estão construídas e prontas. Uma vez que o navio chegue com os homens que o rei Edward prometeu, será um fato. Ele fez uma pausa. —Será sangrento. —Morvan me quer lá? Alguém poderia ficar no comando desta torre agora. —Quando for o momento, ele te mandará chamar, por agora te quer aqui, vigiando os caminhos do solar de Armstrong em Clivedale. Esperamos que Thomas Armstrong tente uma ação de resgate. Sua notícias de que Maccus está em Harclow explicou muito, a propósito. Como se inteirou disso? —Lady Reyna deixou escaparar isso. —Os homens que nos enviou contaram que ela te levou até o túnel. Seduziu-a para que fizesse isso? —É isso o que os homens disseram? Sim, o fiz, mas não do modo que eles acreditam. Ian descreveu os eventos daquele dia. —Foi astuto ao adivinhar o plano dela. Um homem mais vaidoso poderia ter acreditado que ela se apaixonou observando da torre, e teria usado o ardil para cumprir seu desejo. 84
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Históricos —Não houve tanta boa sorte. Ela veio para me matar. —Uma mulher valente. Muito bela. Quando a vi, recordou-me Elizabeth. Muito mais jovem, claro. Ian vacilou ante este comentário casual sobre a viúva com quem ele tinha passado dois anos de sua vida. —Ela te enviou seu carinho—, David adicionou. —Sente-se ferida porque você não a visitou quando passou perto de Londres. Sim, ela me envia seu carinho. Mas enviou para Morvan Fitzwaryn seu amor. Uma das velhas tensões entre eles. —Me conte sobre Lady Reyna—, David disse. —Ela é valente e determinada , criadora de problemas e dificuldades. Um pouco selvagem. Ela secou o poço de água, estou certo, e nunca fala comigo sem me insultar. —Seus homens também contaram a história da morte de Sir Robert. —Eu não acredito que ela seja capaz. —Um problema no qual não precisa se meter. —Problema ou não, ela estará segura aqui, como Morvan ordenou. —Os homens que chegaram com Gregory também disseram que ela se tornou sua amante—. David falava em um tom casual mas era evidente que queria a informação. —Eu os fiz pensar isso para protegê-la. Entendo os objetivos de Morvan aqui, David, mas estes homens estiveram vivendo uma vida muito dura...
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Históricos —Não estou aqui para criticar, Ian. Mas estou contente por ouvir que não começou uma relação com ela, porque será melhor que a dama parta. Então era por isso que David tinha vindo. Para levar Reyna. A idéia de que ela logo desapareceria, que ele não teria sua companhia nas refeições, perturbou-o de um modo estranho. —Como sabe, Ian, Morvan prometeu sua segurança a seu pai. E a neutralidade de Duncan Graham neste conflito é importante — David explicou como se acreditasse que Ian precisava ser convencido. —Morvan não pode estar lutando com os Grahams enquanto também luta com os Armstrongs. Com as acusações contra Lady Reyna o assunto de sua segurança adquire um novo significado. Se os Armstrongs a seqüestrarem daqui para julgá-la, os Grahams interferirão. Ian escutou a lógica inexorável que retiraria Reyna da fortaleza de Black Lyne. —Aonde a levará? —Para seu pai, Duncan Graham. Os estandartes de Senlis permitem cruzar sua fronteira. —Ela não pode querer voltar lá. Ela pediu para partir, mas não para ir para casa de seu pai. —Ela estará segura lá. Chame a dama, Ian. Seu escudeiro John esperava fora da porta, e Ian o mandou procurar Reyna. Enquanto eles esperavam perguntou a David sobre Christiana e seus filhos. O rosto normalmente inescrutável de David se iluminou quando falava de sua família, e uma expressão terna encheu seus olhos com a menção de Christiana em particular. Ian
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Históricos via isso em homens jovens recentemente apaixonados, mas raras vezes em um homem casado há anos. Reyna chegou parecendo uma criada com o vestido simples que usava na cozinha. Pelo menos tinha tirado o lenço do cabelo. David convidou Reyna a sentar-se na cadeira, e logo ele se alojou em um tamborete atrás da escrivaninha. —Encontrei-me
com
seu
pai
antes
que
esta
guerra
começasse — ele disse —Ele estava preocupado com sua segurança quando a luta começasse. —Isso é muito estranho… eh… Como devo tratá-lo, milorde? Milorde. Ian cerrou os dentes. —David estaria bem. —Não me sentirei à vontade me dirigindo desse modo. —Então, se preferir, Sir David. Finalmente permiti que Morvan me nomeasse cavalheiro uns anos atrás. Como ele uma vez ameaçou me matar com sua espada, eu pensei que seria melhor aceitar. Ela riu. —Assim será melhor, Sir David. De qualquer maneira, eu não tenho visto meu pai desde que deixei sua casa, há doze anos atrás. Nem ouvi falar dele. Seu interesse súbito me surpreende. —É sua filha. Um silêncio se instalou. Ian observou Reyna. Ela estava representando uma mulher recatada e doce. Submissa. Nenhum insulto tinha saído de sua boca ainda. David distraidamente levou um livro na sua direção. Reyna franziu o cenho.
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Históricos —Tome cuidado, Sir David—, ela disse. —São livros muito raros e valiosos. —Conheço seu valor, milady. É uma grande biblioteca para um Lorde escocês menor. Alguns são bastante antigos. Como os obteve seu marido? —Adquiriu alguns quando voltou para a Escócia. Ao longo dos anos ele comprou mais. Alguns deles são meus. —Voltava para a Escócia de onde? —Robert viajou muito. Constantinopla e Grécia, acredito. Depois pela Europa. França. Foi há muito tempo atrás. Ao retornar se encontrou com Maccus Armstrong e começou a trabalhar a seu serviço, e esteve aqui desde então. —Sinto muito não havê-lo conhecido. Nós teríamos tido muito para conversar. Disse que alguns destes são teus? —Alguns. Eu os guardo aqui com os outros. Confio que quando tiver permissão para partir me será permitido levá-los, comigo. —As leis dizem que uma mulher da nobreza tem permissão para levar sua roupa e suas jóias. As leis não mencionam livros. Pela primeira vez desde que ela tinha entrado, Ian viu uma amostra da Reyna que ele conhecia. —Não possuo nenhuma jóia, Sir David. Estes livros são tudo o que possuo. Escolhi os ter em vez de ter roupas e jóias—, ela disse intencionalmente. —Será Morvan quem dita sua disposição. Ajudaria se tivesse documentos que confirmem sua propriedade. Talvez encontre recibos
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nas
contas
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de
seu
marido,
achaste
documentos
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Históricos relacionados com esta propriedade, Ian? Alguma escritura nas prateleiras? —Assumo que Thomas levou os documentos quando escapou. Em realidade, ele tinha encontrado algo mais: a ambígua carta do bispo. Agora estava dobrada entre seus próprias pertences. David abruptamente perdeu o interesse nos livros. —Seu pai considera que sua segurança é um assunto importante, Lady Reyna, tenha sentido ou não. Considerando as acusações feitas contra você em relação à morte de seu marido, seria melhor te tirar daqui. Amanhã a levarei para sua família. Seu anúncio revelou a verdadeira Reyna. Ela ficou de pé. —Inferno! Não deixarei que o faça. —As acusações prometem complicar as coisas de um modo que nós não precisamos. Voltará para seu pai. —Meu pai não tem nenhuma autoridade sobre mim—, ela levantou seu queixo obstinadamente. —Ele cedeu essa autoridade quando me entregou a Robert. Ele não tem nenhum direito sobre mim, e eu não voltarei para lá. —Retornaria para alguém que tivesse autoridade sobre você? —E quem que seria essa pessoa? Meu marido não tinha família. Seu Lorde, Maccus Armstrong, está sitiado em Harclow. Ele gosta tanto de mim que abrirá os portões de Harclow para me deixar entrar? Ian observou o diálogo fascinado. Essa era sua moça. —Existe a opção de te mandar a Clivedale — disse David.
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Históricos —Se o fizerem, Thomas Armstrong me executará pela violação de todas as leis. Morvan Fitzwaryn me mandaria para uma morte certa e injusta?— Reyna falava desafiantemente, mas a ameaça teve pouco efeito, porque seu corpo tremia como se estivesse morta de frio. David a estudou. —Por que te nega a voltar para seu pai? É o mais seguro para você. —Visitou a casa de meu pai, Sir David? Certamente terá notado o medo dos criados. Viu o modo como as mulheres são tratadas e usadas. Isso é assim desde ele fez isso a minha mãe. —Eu não vi o que descreve. Mas é sua filha. Certamente... —Não será diferente para mim por ser sua filha e ele ficará pior agora. Duncan Graham não sente nenhum amor por mim. Eu não voltarei para lá. —Ian me disse que pediu para partir. —Sim, mas não para ir para Duncan. Eu desejo ir para Edimburgh. Tenho um amigo lá que me ajudará. —Quem é esse amigo? —Seu nome é Edmund. Edmund? —Edmund!—, Ian gritou. —Ele é o irmão de um dos cavalheiros de meu marido. É um clérigo—, ela disse, mantendo seus olhos fixos em David. — Pertence à Ordem de cavalheiros de St. John. Vive em um refeitório perto do Edimburgh. Ele conhece uma viúva que me daria uma casa.
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Históricos —Quer dizer que ele conhece um monge que te dará uma cama—, Ian disse. —Ele tem votos de celibato, maldição!— Reyna replicou. —Jesus. É tão ignorante? Tantos livros e não entende nada. —Por que questionar as intenções de um bom homem. O que sabe você de um cavalheiro que se preocupa com uma mulher? Você abusa desse tipo de mulheres. Assim é sua vida. —O que sabe desse clérigo honrado?— Ian exigiu. —Mantemos correspondência há cinco anos. —Escreve algumas cartas a um homem sobre filosofia e pensa que o conhece? Cristo Santo! —Eu o conheci, idiota. Ele visitou seu irmão Reginald cinco anos atrás. Robert estava muito encantado com ele, e ele o visitou novamente no ano passado. Ele e Robert converteram-se em bons amigos. —E você e ele se converteram em amigos íntimos. —Só você pode pensar que tal amizade nunca poderia ser virtuosa. Para que serve uma mulher, a menos que esteja deitada em uma cama? —Basta—, a voz calma de David interrompeu o dialogo firmemente. Ian engoliu a replica que tinha para sua última declaração. Edmund, o Hospitaleiro... Por Deus! —Ela obviamente não pode ir para Edimburgh, David—, ele disse. Se ela se equivocar a respeito desse homem, não poderá defender-se.
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Históricos —Não sou tão má julgando os homens. Soube quem foi você em dois segundos. Inglês vaidoso, arrogante, tirânico, hedonista, filho da... —Basta, milady—, David advertiu. —Nos deixe agora. Não irá para Edimburgh, pois nós não podemos garantir sua segurança lá. A respeito de voltar para seu pai, decidirei pela manhã, mas deveria se preparar. Reyna partiu da sala com passos determinados que não pressagiavam nada bom para os próximos dias. Ian se perguntou se deveria pôr um guarda na dispensa de grãos. —Selvagem, sem dúvida—, David disse. —Sem dúvida. —O monge poderia ser como ela assegura. Ian deu a David um olhar de supremo ceticismo. —Ela parece bastante zangada com você—, David disse secamente. —Sim, claramente não impressionei a dama. David se sentou atrás da escrivaninha novamente. —A casa de seu pai é tal qual como ela a descreveu. Mas como ele expressou preocupação por ela, eu pensei que... mas…— ele franziu o cenho enquanto passava as folhas do livro aberto. — Pergunto-me porque ele a quer de volta. —Não está claro? Disse que ele só procura sua segurança. Se ele a quiser, por que não deixar que ele venha e a busque. Talvez eles se reconciliarão ao encontrar-se aqui. —Pensarei sobre isso. Por agora ajude-me com estes livros. Freqüentemente se guarda documentos importantes nos livros. Ou coisas pessoais. Talvez Robert o tenha feito também. 92
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Históricos —O que estamos procurando? —Qualquer coisa. Seu testamento. O contrato de casamento. Seu título. É estranho que você não os tenha encontrado. Por que Thomas Armstrong os levaria? Eles passaram horas até o jantar trabalhando com os tomos. Ian encontrou algumas cartas privadas de nenhuma importancia, e um curto poema de natureza religiosa. Alguns dos volumes distraíram a Ian. Um foi o Livro das Horas com adoráveis ilustrações mostrando os trabalhos nos distintos meses.
Finalmente
ele
achou
um
pequeno
fragmento
de
Pergaminho com um desenho. Só alguns círculos, um quadrado e algumas linhas curvas. Parecia que, entre outros interesses, Robert de Kelso gostava de astronomia. Ao final de sua busca, David descobriu um grande pergaminho dentro de um dos Evangelhos. —Aqui há algo. —O que é?— Ian perguntou. —O testamento de Sir Robert de Kelso. Entretanto, também é um motivo para que uma dama assassine a seu marido—. Deu-lhe o pergaminho. —Ele lhe deixou tudo. Não umas poucas terras para a dote. Lhe deixou tudo.
Capítulo 7 93
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Históricos Ian ficou acordado a maior parte da noite pensando sobre a morte de Robert. Ele continuava considerando a evidência contra Reyna. O descobrimento do testamento certamente inclinava a balança contra ela. Ele suspeitava que ela sabia que esse documento estava dentro daquele livro, e até talvez ela o havia a colocado ali. Ela não o destruiria, pois poderia resultar valioso, mas ela não queria que fosse encontrado. Era um lugar efetivo, já que ninguém exceto Reyna e seu marido liam esses livros. Era por isso que se preocupou quando David tocou nos livros. Então, ela sabia que Sir Robert lhe tinha deixado Black Lyne e todas suas terras, convertendo-a em uma viúva rica. Até se Maccus procurasse desapropriá-la, aquele testamento teria dado a Reyna uma arma poderosa em qualquer negociação. Ao menos ela provavelmente teria sido salva do destino da maioria das viúvas sem filhos, viver em uma pequena propriedade e ser condenada a uma existência pobre. Pior até, se Sir Robert procurava desfazer-se de sua esposa e anular o matrimônio porque ela era estéril, Reyna tinha um bom motivo para acelerar a morte do homem para evitar perder essa herança. Finalmente, como se tudo isso não fosse suficientemente mau, havia Edmund. Ela tinha mantido correspondência com esse homem por mais de cinco anos. Filosofia e teologia e as grandes pergunta relativas à condição humana, sem dúvida. Maldição! Chegou o amanhecer, ele se levantou e se vestiu. Quando se dirigia para o salão, Ian finalmente deixou que sua mente seguisse o caminho óbvio que tinha evitado durante toda a noite. 94
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Históricos Ela e Edmund se apaixonaram quando ele a visitou. Eles continuavam a relação em suas cartas e ele tinha vindo para vê-la novamente no ano passado. Lentamente, sutilmente, Edmund tinha começado a lamentar que eles estariam separados para sempre. Ela lamentava também, mas tinha demorado em pensar numa solução até que Robert começou com os trâmites para anular o matrimônio. De repente seu futuro estava em risco, e a atrativa idéia de uma vida com outro homem não só parecia acessível mas também necessária. Robert morre, ela herda, Edmund chega para consolá-la e logo fica com ela, e eventualmente ele encontra um caminho para ser relevado de seus votos de celibato. Mas as suspeitas contra ela tinham interrompido os planos, e de repente o testamento converteu-se em uma maldita evidência que devia ser escondida. Então, com a chegada do exército de Morvan, estas terras já não eram de Robert e ela não podia herdálas. Ela ainda procurava unir-se a seu amor, mas agora tinha que escapar das conseqüências de sua ação homicida. Sim, com o descobrimento do testamento e de sua relação com Edmund, a evidência débil contra Lady Reyna se fez muito mais forte. Era evidência clara, plausível, e suficientemente convincente para sentenciá-la à morte. E o que podia ser colocado de seu lado na balança? Tudo o que ele podia alegar em defesa dela era sua própria sensação de que ela não faria uma coisa assim. Não era muito. David estava sentado em uma mesa comendo pão e cerveja. Ian se deslizou pelo banco à sua frente. —Ela não irá com você—, disse. 95
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Históricos Desafiar a David era o mesmo que desafiar a Morvan. Ele estava arriscando o futuro que tinha planejado por uma mulher que bem podia ser uma envenenadora, a quem ele podia haver julgado mau, e a quem não devia nada. Incomodava-lhe admitir que nem sequer estava seguro do porque falava. David placidamente comia seu pão. —Não, ela não partirá. Eu provavelmente teria que amarrá-la aos arreios, e mesmo assim ela resistiria e permaneceríamos nas colinas Cheviot por dias. Passarei por Harclow no caminho para Carlisle e contarei tudo a Morvan, e sugerirei que Duncan venha para buscá-la. Se ele o fizer, você deverá deixá-la partir. —Eu a deixarei ir, mas não a forçarei a fazê-lo. —O que for que a espere na casa de Duncan, é melhor que a forca. Não espere que Morvan vá ignorar este crime. —Ela não sabe nenhuma receita de veneno. Se soubesse, teria tentado usá-la comigo. Muito mais fácil que me matar com uma adaga. —Se ela soubesse sobre venenos, saberia que seus efeitos são mutáveis de pessoa para pessoa, uma adaga é mais difícil de usar, mas também mais segura de causar a morte. —Já decidiu que ela tem culpa. —Eu só assinalo a evidência. Realmente, não penso que ela fez isso. Ela é muito inteligente. Se queria matar Robert de Kelso, penso que ela teria achado um modo de fazê-lo para que as suspeitas nunca recaíssem nela. Igualmente, mantenha um olho sobre ela. Ela tentará escapar. Por trás de sua pose valente ela está muito assustada, e tem razão para estar—. Ele ficou de pé. —Os
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Históricos homens e os cavalos aguardam. Espero chegar a Harclow ao entardecer. Ian acompanhou David ao pátio. Lady Reyna estava nos degraus inferiores, com os braços cruzados sobre seu peito, sacudindo seu pé impacientemente. —Não vou—, ela anunciou. —Além disso, tenho uma mensagem para que leve a Sir Morvan. Me inteirei de algo da tomada de Harclow quando ele era um menino. Recorde-lhe que Maccus Armstrong permitiu a sua mãe e seus filhos partir, e ir para onde ela desejasse. Eu exijo o mesmo cavalheirismo dele. —Darei a Morvan sua mensagem, mas suavizarei o tom. Ele tem pouca tolerância às mulheres que querem lhe dar lições de cavalheirismo. Até que sua situação seja decidida, permanecerá aqui e obedecerá a Sir Ian. Ian acompanhou David através do pátio até os cavalos. —Deixo-te com problemas, Ian. —Sim. —Não a perca de vista. Não quero ter que explicar para Duncan que não sabemos onde está sua filha. —Isso não acontecerá. David montou seu cavalo. Ele olhou novamente para Lady Reyna. Ela estava de pé, bem reta e determinada e nem um pouco assustada. Ele bateu sua mão no ombro de Ian. —Rezarei por você. No dia seguinte um camponês chegou ao portão para fazer uma reclamação de furto. Tinha levado toda sua coragem atrever-se a vir, já que os ladrões haviam ameaçado matá-lo se o fizesse. Não
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Históricos lhe tinha sido roubado muito, mas para esses camponeses que não possuíam muito, qualquer perda era séria. Ian fez com que o homem identificasse os culpados, e para isso procuraram em seu acampamento fora dos muros. Quando os artigos roubados foram encontrados, o destino dos ladrões foi selado. Ian fez com que os ladrões fossem presos a uma grande árvore perto do rio. Ele podia tê-los pendurado dentro dos muros, mas tomou essa decisão como líder da companhia de soldados e não como Lorde da fortaleza. Ele exigiu que quarenta de seus homens assistissem à execução, incluindo aqueles que eram mais problemáticos. Ele deixou bem claro que o castigo não era pelo furto, já que isso seria hipócrita, mas sim por desobedecer à sua ordem. Quando tudo estava terminado, um de seus cavaleiros mais jovens avançou e desembainhou a espada. Era o mais direto dos desafios, um gesto declarado para apresentar-se para substituir seu chefe. Como dois animais, eles lutariam pela liderança do rebanho. Ian não tinha conquistado sua própria autoridade dessa maneira, mas, sim, tinha sido eleito pelos outros cavalheiros três anos antes, quando o último capitão morreu . Os outros homens formaram um círculo, e Ian voltou-se para o desafiante. Levou muito pouco tempo para derrotar o homem. As duas experiências o deixaram sombrio pelo resto do dia, e sem humor para tolerar qualquer desafio. E então quando Lady Reyna não apareceu para a refeição da noite, ele saiu bruscamente do salão para procurá-la.
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Históricos Achou-a em seu quarto, em sua cama com uma manta sobre os ombros. Os Pergaminhos e os documentos em sua escrivaninha tinham sido ordenados e empilhados, e ele se perguntou se as cartas do Edmund estariam entre eles .Essa idéia não melhorou seu humor. —Não me olhe assim—, ela disse. —Estou doente. —Maldição! Isto é outra rebelião para me incomodar. Desça ao salão agora mesmo. —Elogia a você mesmo se pensar que passarei fome para te incomodar. Asseguro-te que não estou bem. —Mulheres como você não adoecem. É muito voluntariosa e determinada. —Isso é a coisa mais estúpida que já ouvi. Eu adoeço freqüentemente. Como agora. —O que você está sentindo? —Não é nada sério. Passará em alguns dias. A preocupação fez que sua voz fosse mais séria ainda. —Milady, perguntarei mais uma vez. Que enfermidade é esta? Ela suspirou. —É uma enfermidade que deve conhecer. Cólica menstrual. Se uma mulher não tem filho, a dor pode ser pior. Ian pareceu imediatamente embaraçado e envergonhado. —Necessita uma criada para te ajudar? —Não. Eu simplesmente suporto. Mande alguém dizer a Alice que não estarei pela cozinha por um tempo. —Te mandarei Alice. Não sabe de nenhuma poção para tratar este tipo de coisa? 99
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Históricos Ela suspirou profundamente. —Se soubesse, pensa que passaria por este sofrimento? Realmente, Sir Ian, este tema é bastante constrangedor. —Quanto tempo estará doente? —Pelo menos dois dias—, ela replicou. —Talvez até quatro. Agora saia daqui, bárbaro inglês, e me permita um pouco de privacidade. —Está bem—, ele disse, girando para partir. —Se não me tivesse insultado, teria enviado alguém para procurar um médico em Carlisle. Duas manhãs depois Ian estava sentado no pátio no bebedouro dos cavalos com um enorme odre de couro em seu regaço. Ele fazia pequenos buracos em sua parte inferior com uma adaga. —Assim, Sir Ian?— uma voz infantil falou. Ian examinou o muro onde os netos de Alice, Adam e Peter, tinham construído um recinto da altura dos ombros de um homem. Seus homens poderiam ter feito esse trabalho em um terço do tempo e com melhores resultados, mas eles eram bons meninos e tinham começado a segui-lo por todos os lados, então ele os deixara participar desse projeto. —Sim. Esse tamanho é suficiente—, ele disse. —Vamos ver se funciona. Subiu as escadas e pendurou o odre no gancho. Adam arrastou um balde de água até ele e Ian despejou a água no odre. Imediatamente a água escapou pelos buracos, molhando-os. —Será como se chovesse—, Adam disse. —Não me importaria de tomar banho se pudesse fazê-lo na chuva. 100
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Históricos —Esta tarde poderá ser o primeiro, então. Te usarei para testar quanta água se necessita para um homem. —Penso que muita. Um banho requer muitos baldes. —Isto necessitará menos. Talvez só meio balde, se lavar-se rapidamente. —Já teve um destes antes? —Não, só me ocorreu inventar. A necessidade o tinha feito desenhar aquilo. Não queria enviar os homens em grande número ao rio para banhar-se, com os problemas que esperava de Clivedale. Usar encanamentos estava fora
de
questão,
já
que
eles
teriam
que
alimentá-los
ininterrumpidamente com água do rio para prover todas as necessidades da torre. Esperava ter encontrado uma solução. Se funcionasse, construiria alguns mais. Ele saltou para baixo. Ouviu os sons das mulheres que iam ao rio para lavar roupa. Ian desejou que existisse um outro dispositivo para resolver esse problema também. A sabotagem de Reyna tinha criado uma série de problemas. Pensando nela, voltou sua mente para a morte de Robert de Kelso novamente. O assunto do envenenamento o tinha feito conjecturar muitas coisas recentemente. Se ela soubesse uma receita, onde teria achado os ingredientes, e onde os mantinha guardados?, onde armazenava ela todas suas ervas? Ian deu parabéns e algumas instruções aos meninos, e deu a volta à torre em direção ao pátio sul. Existia um jardim interno rodeado por uma parede baixa e ele passeou entre os extensos canteiros de flores, em direção a uma macieira. Ele às vezes ia ali para pensar e ficar sozinho. 101
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Históricos Infelizmente, ele não ia encontrar solidão agora. Lady Margery estava sentada bordando debaixo de umas árvores. Ela o chamou com um sorriso encantador. Ele não achava Margery pouco atrativa ou indesejável, ela era o tipo de mulher disposta com quem ele se enredaria nestas circunstâncias. Mas sua disponibilidade descarada resultava-lhe irritante por alguma razão. Não ajudava, é obvio, que ela tivesse um marido que indubitavelmente o desafiaria em duelo se soubesse que Ian tinha deitado com sua esposa, e ele certamente saberia disso pela boca de Margery. Ian não temia Thomas Armstrong. Somente queria evitar matar um homem por uma mulher que não lhe interessava tanto. Edmund, o Hospitaleiro, por outro lado, com alegria o cortaria em pedaços. Só a desejo porque não posso tê-la. Como um menino caprichoso. Ian se sentou ao lado de Margery e fez alguns elogios sobre seu bordado e fez todas as coisas que se esperava que um cavalheiro fizesse. Ela se ruborizou como uma virgem e continuou fixando seus olhos enquanto falava. Ian sabia que ela esperava que ele a beijasse. Mas ele ficou de pé e estendeu-lhe a mão. —Talvez poderia me mostrar o jardim. Nunca o vi todo. Margery lançou um olhar que sugeria que aquele lugar e aquela árvore eram todo o jardim que eles necessitavam, mas ela deixando seu bordado, uniu-se a ele. Eles passearam entre roseiras e outras flores que ele reconheceu. Margery se aproximava implacavelmente para mais perto e ele se 102
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Históricos distanciava implacavelmente para mais longe. Finalmente, contra o muro do fundo, ele encontrou o que procurava. —O que é isto?—, perguntou. —São as ervas de Reyna. Muito feias, não é verdade? Ouvi que ela coleta algumas outras nas colinas, mas Robert estava acostumado a lhe trazer sementes e plantas às vezes. E livros sobre ervas. Que tipo de presentes são esses para uma dama? Presentes que a agradavam mais que sedas. O rei Alfred conhecia bem sua jovem esposa. —Sabe o que cultiva aqui? —Não sei nada sobre plantas. Só Reyna sabe. —Como acredita que ela aprendeu? —Provavelmente daquele herbário que ela tem. Robert o deu para ela. —Quer dizer um livro sobre ervas e suas propriedades? —Sim. Até tem pequenas ilustrações. Está com os outros livros no solar. Não, não estava ali. Nem ele nem David tinham visto um herbário aquele dia. Nem estava no quarto de Reyna. Alguém o tinha tomado? Esse herbário incluía plantas com propriedades venenosas? Ele teria que descobrir as respostas para aquelas perguntas. Era o momento de ter uma conversa franca com Reyna. Ele
devolveu
Lady
Margery
ao
banco
de
pedra,
e
educadamente, mas enfaticamente partiu. Enquanto subia os intermináveis degraus, ele xingou as escadas dessa torre uma vez mais. Que lástima que não pudera enganchar uma grande caixa em uma roldana para levar pessoas 103
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Históricos aos andares superiores como tinha feito com a água. A idéia lhe pareceu estranha mas continuou pensando nela até que alcançou o quinto andar. Ainda se imaginava içando a grande caixa quando golpeou a porta do quarto de Lady Reyna. Nenhuma resposta veio. Um mau pressentimento o invadiu. Ela poderia estar dormindo, claro. Ele golpeou com seu punho e a porta se abriu pela força usada. Procurou no cômodo, e logo girou sobre seus calcanhares e voou escada abaixo, andar após andar, até que chegou à cozinha onde Alice estava cortando carne. —Onde está ela? —Ela? —Lady Reyna. Ela não está em seu quarto. —Não está? Bem, ela me disse ontem de noite que estava se sentindo melhor, então deve ter se levantado. —Ela não está aqui. —Ela não passa todo seu tempo aqui, Sir Ian. Ela tem outros interesses. Já procurou no solar? Ela lê lá às vezes. Ou no jardim, sim, ela gosta do jardim. Ou talvez está com as outras damas bordando. Fervendo de raiva, Ian subiu as escadas para revisar os outros cômodos, trancando porta após porta. O pressentimento não diminiu nem um pouco, e quando ele voltou para o salão se transformou em uma furiosa certeza. A selvagem tinha fugido. Seu olhar se posou no portão. Em sua mente viu o grupo de mulheres seguindo um carro de roupa para lavar.
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Históricos Maldição. Ela tinha saído sob seu próprio nariz, e ele nem sequer tinha olhado direito porque pensava que ela estava acamada. Dores menstruais... Ian gritou para que lhe trouxessem um cavalo, e logo xingou o homem quando ele não selou rapidamente. Pensando nas coisas que ele faria quando conseguisse lhe pôr a mãos em cima, esporeou seu cavalo. Ele deveria ter deixado que David a levasse. Não, ele deveria ter insistido para que David fizesse isso. Ela era um demônio do inferno,
perturbando
sua
paz,
deliberadamente
tentando
enlouquecê-lo. Pior, ela se tinha convertido em uma presença invisível que ele não podia tirar da cabeça. Ele passava os dias ridiculamente antecipando sua presença, e as noites com sonhos da rendição dela. E agora, depois que ele ter sido suficientemente estúpido para defendê-la, e haver prometido a David sua segurança na Fortaleza Black Lyne, escapou de um modo que certamente o fazia parecer um idiota. Como podia Morvan lhe confiar a segurança de uma propriedade como administrador se ele não podia controlar uma mulher? Ian encontrou três guardas que estavam a cem metros do rio. Risadas femininas e bate-papos flutuavam na brisa. —Suponho que estão vigiando às mulheres—, ele disse bruscamente, parando seu cavalo. —Como podem as vigiar se estiverem tão longe? Eles lançaram olhares cautelosos. —Se fôssemos para mais perto, poderíamos as ver— um ofereceu uma explicação. —Você ordenou que não devíamos as
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Históricos observar ou as tocar. Nós podemos ouvir daqui se houver algum problema. Sabia disso. Mas Reyna soubera da rotina interrogando às mulheres que vinham ao rio. —Como se certificam que ninguém fuja? O outro homem levantou suas mãos e assinalou a paisagem circundante. —Escapar? Para onde? Daqui podemos ver o terreno por milhas, e não há muitos arbustos onde esconder-se entre este lugar e as granjas. Além disso, nós as contamos. —Quantas há? —Doze. Ian cavalgou para a borda do rio. As mulheres o viram e começaram a reclamar. Ele viu uma mistura de seios, quadris e coxas. Rapidamente contou os rostos envergonhados e perplexos, e os insinuantes. Onze. Ele examinou o terreno ao redor. Se ela iria para as granjas, seria facilmente visível. Supondo-se que ela esperava ajuda. Supondo-se que alguém a estava esperando com um cavalo. Onde? Seu olhar percorreu a desértica zona rural e se posou na antiga fortaleza. Era a única construção à vista, as árvores crescidas ao longo do rio a esconderiam. Seguindo pela borda da água, ele começou a trotar em direção à fortaleza abandonada.
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Históricos
Capítulo 8 Reyna correu a bolsa de tecido que pendurava de seu ombro e rapidamente se moveu entre os arbustos e as árvores. Ela viu Ian cavalgar até o rio e imaginou que já tinha descoberto sua fuga. Maldição esse homem. Ele não deveria ter suspeitado disso até o dia seguinte. Alice tinha prometido continuar levando comida para seu quarto para manter o disfarce. Ela devia estar muito longe antes que ele notasse sua ausência. Seu plano tinha se saído bem. Foi fácil escapar escondida entre as outras mulheres. Suas roupas pobres não surpreenderam os guardas, porque ela freqüentemente se vestia desse modo, e sua oferta de ajudar para lavar a roupa não levantou suspeitas, já que ela ajudava na cozinha. Uma vez no rio, tinha sido bastante simples afastar-se enquanto as mulheres se despiam. Ela havia caminhado uns tantos metros rio acima antes de ver Ian. Mas agora seu progresso era mais lento porque ela precisava esconder-se entre a folhagem. Levantando sua cabeça para fora de um arbusto, ela espiou em volta e viu que ele avançava em sua direção.
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Históricos O som de cascos de cavalo se fez audível. Ela olhou para o rio. Era agora ou nunca. Nunca teria outra oportunidade. Ela escolheu o caminho para a beira da água. Rapidamente colocou seus sapatos em sua bolsa e a escondeu debaixo de uma árvore caída. Tirou o lenço de cabelo e o deixou no chão, logo tirou o vestido, dobrou-o, e envolveu no lenço fazendo um pacote. Vestida só com sua camisa, ela entrou na água fria. Cruzaria até o outro lado, e mais tarde poderia recuperar as outras coisas na bolsa. Depois de alguns metros a água se fez muito mas profunda. Ela colocou o lenço do pacote entre seus dentes de modo que ambos os braços estivessem livres. Não era um rio largo àquela altura e ela começou a nadar. —Maldição, mulher, vai se afogar. Ela alcançou a metade do rio quando a voz furiosa soou. Ela girou para ver Ian olhando-a. Seu cavalo estava na beira da água, a correnteza chegava até a metade de suas pernas. Ela tomou o pacote de sua boca e caminhou por um momento. Ian se estirou, olhando em ambas as direções. —A única ponte está rio abaixo, passando a fortaleza—, ela gritou. —Volta aqui agora. —Seria uma boba se o fizesse, e sabe disso. —Te matarei. —Nesse caso, deixe-me afogar. E não te pesará meu sangue em sua consciência. Ian desmontou do cavalo e avançou até que a água chegou a seus quadris. Ele não foi mais adiante. 108
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Históricos Reyna sorriu. —Não sabe nadar, não é verdade? Pensei nisso. Muitos ingleses não sabem. Deveria ter lido os antigos Romanos em estado de guerra, Sir Ian. Todos seus soldados sabiam nadar. Sua pose e sua expressão era um retrato de fúria. Reyna riu e seus olhos somente ficaram mais escuros. Agarrando as rédeas de seu cavalo, ele saltou na sela e começou a andar sobre os atoleiros de barro da margem, girando sua cabeça para manter um olho nela. Ela mordeu seu pacote de roupa novamente e nadou. Levaria pelo menos meia hora para galopar até a ponte e voltar para o mesmo ponto do outro lado. Ela poderia chegar às ruínas, ou achar um lugar onde esconder-se no caminho. Uma forte corrente a apanhou. Ela lutou desesperadamente para escapar. Ofegava, e o pacote deslizava de seus dentes. Finalmente a corrente o levou. Reyna notou para seu horror que Ian encontrara um lugar onde as águas eram mais baixas. Ele já estava a meio caminho no rio. Seu vestido e seu lenço flutuavam diretamente para ele. Ele tirou uma flecha do lado da sela, inclinando-se, pescou os objetos. Eles se enfrentaram um ao outro, separados por uma extensão de água. Ela girou de costas para ele, mas nadou de volta ao ponto de onde tinha partido. Ian caira na armadilha. Ele esporeou seu cavalo para frente e desapareceu na margem atrás da espessa folhagem. Desesperadamente, Reyna emergiu no lado da margem de onde tinha partido. Quando saía da água, pôde ouvir os insultos que Ian proferia ao descobrir seu ardil. 109
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Históricos Reyna procurou um lugar para esconder-se. Os arbustos e as canas lhe pareceram muito escassos de repente. A beira do desespero, ela se inclinou contra uma árvore. Olhou para cima. Não era muito denso, mas parecia bastante forte. Alguns de seus ramos eram baixos, e talvez a folhagem a ajudaria a esconder-se. Murmurando insultos a Ian de Guilford por forçá-la a meter-se em todos esses problemas, ela conseguiu subir até o ramo mais baixo. Montando um ramo que se unia ao tronco, ela tentou ficar acomodada. Seu traseiro se rebelava contra sentar-se com apenas uma fina camisa molhada entre ele e a casca áspera do ramo. Reyna olhou para baixo e viu sua condição, estava quase nua. A camisa chegava até a metade de suas coxas. Ela afastou o tecido molhado para separar de seu corpo. Se verdadeiramente existia um Deus, ele nunca deixaria que Ian de Guilford a descobrisse nessa condição. Como estava bastante segura que Deus existia, o pensamento lhe deu uma confiança renovada. Os sons do cavalo diziam que Ian tinha amarrado o animal. Logo ela o ouviu caminhar perto da borda do rio enquanto procurava o lugar onde ela tinha deixado a água. Caminhou no espaço justo debaixo dela. Reyna conteve a respiração e não moveu nem um fio de cabelo. Ian procurou a seu redor. Quando se moveu para a folhagem da margem, ela se permitiu uma pequena exalação. Eventualmente ele pensaria que enquanto ele a procurava ela tinha nadado para a margem oposta novamente. Ela se apoiou contra o tronco da árvore e tentou ignorar seu desconsolo.
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Históricos O movimento nos arbustos a pôs em alerta. Ian havia retornado. Ele olhou a seu redor. Se inclinou contra o tronco de sua árvore enquanto contemplava o terreno. O que havia de mal nesse homem ? Ela poderia estar a meio caminho de Edimburgh antes que ele continuasse sua busca. Ela o olhou, sentindo muito incômoda agora e culpando-o por isso. De repente sua mão foi para sua cabeça. Ele tocou seu cabelo e logo olhou sua mão. Ela afogou um grito quando se deu conta que uma gota de água de sua camisa empapada caíra sobre ele. Outra agora escorregava perigosamente por sua perna. Ela torceu seu pé para tentar detê-la. Não funcionou. Ela praticamente ouviu a gota golpeando em sua cabeça. Ian se afastou da árvore e a olhou. Quando ela viu sua expressão se sentiu contente de estar fora de seu alcance. —Desça daí, milady—, ele falou no tom cuidadoso que uma pessoa usa quando está esforçando-se por não explodir de raiva. —Não acredito que seja uma boa idéia. Parece muito zangado. —Zangado não começa nem a descrever como me sinto. Para baixo. Agora! —Penso que seria melhor que se acalmasse primeiro. —Estou bastante tranqüilo. E estarei muito mais tranqüilo depois que consiga pôr minhas mãos em você. —Está muito perturbado. Esperaremos um momento ou poderia fazer algo que lamentará mais tarde.
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Históricos —Não lamentarei nem um pouco o que farei, Reyna. Seu rei Alfred te criou mal e pensa que não precisa obedecer a ninguém. Vou dar a seu traseiro o castigo que seu marido deveria ter te aplicado anos atrás. Depois estarei mais tranqüilo do que estive nestes últimos dias. Desça daí imediatamente ou será pior para você. O desconforto de sua posição de repente não pareceu tanto. —Não tem direito ou autoridade para abusar de mim desse modo. —Milady se esquece de sua situação. É uma cativa de guerra. Sou o homem que comanda o exército que te capturou. Tenho todo o direito e a autoridade para fazer qualquer coisa que deseje com você. Agora, pela última vez, desça dessa árvore. Ela lhe lançou um olhar. Sua situação era ridícula, mas suas ameaças eram intoleráveis. —Bem. Descerei. Mas não te terei me observando a mim, à minha camisa. Com uma expressão de exasperação profunda, ele lhe voltou as costas. Ela esperou um pouco antes de dizer, —Não posso. Ele girou e estreitou seus olhos perigosamente. —O que quer dizer? —Estou presa. Não posso descer. —Claro que pode, pequena bruxa. Subiu até aí, e pode descer. —Não seja estúpido. Nem sempre funciona assim e você sabe. Até os animais ficam presos nas árvores. De fato, não posso me desenganchar deste ramo. 112
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Históricos —Merda! Já perdi suficiente tempo com você, malcriada de merda. Desça dessa maldita árvore ou subirei para te pegar. —Realmente, Sir Ian. Cativa de guerra ou não, sou uma dama da nobreza. Sua linguagem... —Minha linguagem? —Vê? Não está tranqüilo. E não deveria subir para me ajudar, por galante que seja sua oferta. Olhe esta árvore. Não é muito forte. Apenas suporta meu peso. Ian estudou os ramos e com desgosto viu que ela tinha razão. —Penso que deveria ir e conseguir ajuda—, ela sugeriu. — Eu poderia conseguir se tivesse uma corda para me pendurar. —Insulta-me, Reyna. Não preciso ser um filósofo para me dar conta do que está tramando. Quando eu sair daqui, saltará e roubará meu cavalo, mulher. —Se for irracional e obstinado, teremos um problema sério, Sir Ian. Suponho que vamos ficar aqui até que morramos de fome? Não é uma solução muito inteligente. Ele a olhou. Ela quase esperava que por sua fúria lhe crescessem asas de maneira que pudesse voar à copa da árvore e agarrá-la. Ele caminhou até uma árvore próxima e se sentou sob sua sombra. Estirou-se e ficou à vontade. Ele planejava esperar. Bem, ela tinha um incentivo muito forte para vencê-lo nesse jogo. Eles ficaram um longo tempo em silêncio enquanto Reyna se movia no alto ramo e sua camisa se secava, e Ian olhando-a de lado. —Quem iria te ajudar?—, ele finalmente perguntou. Ele soou um pouco menos furioso. —Veio para se encontrar com alguém. Quem? Edmund? 113
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Históricos —Edmund está em Edimburgh. Não planejei me encontrar com ninguém. —Isso é mentira. A última em uma longa cadeia de mentiras. Está bem capacitada para enganar. Terei que recordar isso no futuro. Ela começou a refutá-lo, mas se deteve. Por um lado, não tinha sentido discutir. Pelo outro, tratava-se de uma mentira, e em alguns aspectos ela estava bem capacitada para enganar. —Parece bastante adorável aí em cima. Como alguma ninfa dos bosques. Mas deve estar incômoda, já que está praticamente nua… —Sim, não está agradável. E é descortês de sua parte não me conseguir ajuda ou uma corda. Ele não respondeu. Simplesmente apoiou sua cabeça contra a árvore e fechou seus olhos. Tomar uma sesta estava fora de questão para Reyna, e ela permaneceu esperando longos minutos, tentando encontrar algum alívio. Cada minuto parecia uma hora. O sol se moveu bastante quando ele olhou para cima novamente. Sua expressão parecia mais tranqüila, quase normal. —Está pronta para descer agora? —Se eu pudesse, o teria feito há muito tempo atrás. Enquanto você dormia, poderia ter tratado de fugir. Mas verdadeiramente não posso me mover daqui. Ele ficou de pé e caminhou ao redor da árvore estudando sua afirmação. —Talvez diga a verdade. O ramo mais próximo está bastante longe, e subir nele poderia ser traiçoeiro. 114
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Históricos —Isso é o que tenho tentado te dizer. —Parece estar presa aí em cima. Não acredito que pode sair daí. Cavalgarei à fortaleza e procurarei um pouco de ajuda e uma corda. —Eu te sugeri isso uma hora atrás. —Não se mova muito. Esse ramo está curvando de um modo perigoso com seu peso. —Sua preocupação é comovedora. —Voltarei logo. Não caia. Ela ouviu os sons de sua partida, e logo a seu cavalo trotando longe, forçou-se a contar até cem antes de levantar uma perna. Poder mover-se era maravilhoso. Ela rodou cuidadosamente sobre seu estômago e baixou enquanto seus pés procuravam encontrar um ramo próximo. Quando o encontrou, ela lançou uma risada de triunfo e rapidamente desceu da árvore. À exceção de algum movimento nos arbustos distantes, só o silêncio a saudou. Velozmente, ela tomou a direção rio acima, para o lugar onde havia escondido sua bolsa de tecido. Ajoelhou-se ao lado de uma árvore caída e apalpou o chão. Nada. Ela esticou seu braço mais para dentro, e logo se inclinou para olhar debaixo do tronco. —É isto que procura? Ela congelou por um momento, logo se endireitou sobre os joelhos. Ian estava de pé a vinte metros com sua bolsa em uma mão e o vestido e o lenço empapados na outra. Ele deixou cair a bolsa a seus pés e lançou os objetos molhados para ela.
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Históricos Ian se inclinou contra uma árvore e dobrou seus braços sobre seu peito. Ele parecia indiferente a seu estado de nudez enquanto ela tinha estado sentada na árvore, mas agora seu olhar penetrante se moveu por seu corpo. —Disse que ia partir—, ela murmurou acusadoramente. Ela parou e levantou o lenço pacote e nervosamente desatou o nó. Ele não respondeu. Estava ali observando-a em um silêncio perigoso. Não havia muita raiva em sua expressão, mas ela decidiu que preferia ver fúria. Não gostava do que via em seus olhos. Seus dedos arranharam desesperadamente o lenço para chegar ao vestido. —Realmente é muito bonita— ele disse, como se acabasse de descobrir algo que explicava um enigma. Ela tomou uma respiração profunda e manteve seus olhos no nó do lenço. Seu coração pulsou rapidamente. —Para alguém tão magra, sou bastante passável. —Não tão magra, agora que comeu bem durante alguns dias. Miúda e delicada, como os grandes lordes preferem. Ela olhou para cima e viu seu sorriso vago. O ar entre eles estava se tornando muito pesado, e apesar de sua relaxada e indiferente postura corporal, algo predatório emanava dele. Esse olhar escuro não se moveu dela. Reyna voltou sua atenção ao nó e procurou uma distração. O silêncio tenso pesava em sua consciência. Ela sentiu que ele sabia que a estava assustando. A Reyna espantou que o medo tivesse uma qualidade excitante. —Te desejo— ele disse com calma dando um nome ao esmagante e invisível poder que a invadiu. 116
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Históricos —Deveria me sentir elogiada? Se supõe que devo desmaiar de alegria por que um bonito capitão se fixa em mim? Sua atenção masculina foi pulverizada entre muitas mulheres e é algo não muito valorizado por mim, diabo fornicador. —Considerando sua situação, milady, seria pouco inteligente me provocar justo agora. A ameaça a paralisou. Reyna se sentiu intensamente consciente de quão isolados estavam, da grande distancia da fortaleza, de todos e de tudo. —Parece perfeita nessa cena, com as flores e o pasto te rodeando—, ele disse. —Muito mais bela que rodeada por livros e pergaminhos. A natureza assenta-lhe bem. Sua mente pode ter sido treinada para pensar logicamente, mas seu espírito é tão selvagem como a vegetação daqui. —Está equivocado—, ela disse, uns tremores horríveis mas maravilhosos percorriam silenciosamente seu corpo. Era estranho e surpreendente que ele pudesse lhe provocar aquilo estando a vinte metros de distância. —Não acredito estar equivocado. Depois de tudo, já saboreei sua paixão—, ele se moveu um pouco, examinando-a. Era um movimento pequeno, mas lhe fez acelerar o coração. —Tire a camisa, Reyna. Sua
respiração
se
deteve.
Ela
permaneceu
imóvel,
hipnotizada. Se aferrou ao pequeno vulto de roupa como se isso fora tudo o que ficava entre ela e a perdição. Seu rosto tinha uma expressão séria, e os olhos a olhavam por baixo de suas sombrancelhas longas. Ele era tão bonito. Não era justo. 117
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Históricos —Tire a camisa—, ele repetiu. —Solte o cabelo, vem aqui e me beije. Sua ordem causou-lhe um estremecimento. Ela quase obedeceu. —Não faça isto—, ela disse. —É inevitável, sabe. —Não. Você realmente não me deseja. Só te incomodo porque me nego a você. Nós voltaremos para a fortaleza e encontrará outra pessoa e tudo estará bem— ela continuava lançando mais palavras. Palavras racionais. Ian sorriu de modo devastador. Suavizou sua expressão, mas não a intensidade de sua atenção. —Não é tão simples. Não sei porque te desejo tanto. É estranho. E também é estranha a restrição que mostrei com você. Eu acreditava que você ainda tinha a seu marido em seu coração, mas agora que soube sobre Edmund…—, ele se separou da árvore e deu um passo para ela. —Eu não menti sobre Edmund. Não se atreva a usar isso como desculpa. Ian
continuava
caminhando
para
ela.
Flexível.
Forte.
Confiante. Nada realmente existia mais que ele e a tensão entre eles . —Te olhando e sentindo o que acontece entre nós, não necessito nenhuma desculpa. E você? Se quer pode dizer a você mesma que me odeia e que não me deseja, mas nenhuma das duas coisas será verdade. Maldição com ele. Não tinha consciência. Nem vergonha nem clemência. 118
Ela
Madeline Hunter
se
separou
dele
e
de
sua
beleza,
mas
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Históricos principalmente tentou afastar do conhecimento horrível que ele tinha sobre ela e seus desejos. Era um gesto desesperado. Até quando sua mente o rechaçava, seu espírito o desejava e já saboreava o poder masculino aproximando-se. Seu corpo se estremeceu do como o fazia em seus sonhos e com seu contato. O desejo já pulsava bem no profundo dela. Corre, sua mente gritou. Não é nada para ele. Mas a voz foi afogada. Ian a olhou de costas para ele, tentando fingir que não notava o laço invisível estendendo-se mais e mais entre eles. Ela estava eroticamente sobrecarregada com o medo agudo de seu desejo. Ian a imaginou tirando a camisa, revelando o corpo que ele já meio conhecia. Voltaram as lembranças daquela noite em sua tenda. Seu tremor, a paixão assustada… sua impotente rendição… seus seios redondos inclinando-se contra sua boca… sua cintura tão estreita que suas mãos quase encontravam quando ele a sujeitava. Uma onda de desejo violento o dominou. A uns metros de distância, de pé entre as flores silvestres, Reyna se sobressaltou como se a fome dele tivesse saltado pelo ar e a tivesse alcançado. Ela rapidamente desfez o nó em seu pacote. Ele se aproximou, sacando sua adaga, e ela visivelmente se agitou quando ele se aproximou. Ian permaneceu detrás dela e estendeu seu braço para o nó, suas mãos cobrindo as suas por um momento, o breve contato excitando seus sentidos. Os braços que a rodeavam dominaram seu corpo pequeno, e ele inalou aroma da excitação feminina. 119
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Históricos O lenço se abriu e o vestido saiu. —Está molhado—, ele disse, olhando sua nuca e seu pescoço adorável. —Mesmo assim o usarei— ela murmurou, tomando-o e abanando-o. —Não porá isto, Reyna. E tirará a camisa. Ela apertou o tecido contra seu corpo. Ian tocou seu cabelo, seus dedos brandamente removendo as fivelas. Todo seu corpo tremeu e um rubor subiu até seu pescoço. As brilhantes tranças caíam por suas costas. Ele se aproximou mais e passou suas mãos por seus braços e apertou sua boca contra a sedosa cabeleira. —Te quero— ele disse novamente. —Você sempre toma o que quer? —Normalmente. Eventualmente. Não estou acostumado à negação—, ele se curvou e beijou seu ombro, ainda acariciando seus braços. Pequenos caminhos de calor se criavam sob seu contato. Ele não podia ver seu rosto mas sabia que ela havia fechado seus olhos em sinal de resistência. —Pensa que Edmund e eu fomos amantes, que careço de moral e que portanto posso ser usada—, ela disse. —Não. Está em minha cabeça todo o tempo e não posso lutar contra isso para sempre. —Então procura te liberar dessa inconveniência. Ian se aninhou no oco de seu pescoço e tomou sua cintura em suas mãos. Tão pequena, quase quebrável mas com um espírito que nunca se quebraria. Mas ele o curvaria à sua vontade. —Quero te dar prazer. Isso enche meus sonhos—, ele beijou sua orelha. —Você deseja isto, Reyna. Se não, pode correr e 120
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Históricos escapar, mas não o fez, e não acredito que o faça. Algo me diz que você sente o mesmo que eu, e que sabe que isto será bom para nós. Seus braços se moveram para abraçá-la. Ele ouviu sua respiração agitada. O vestido molhado caiu de seus braços. Sentiu sua espectadora cautela, sentiu o sobressalto de surpresa, quase cheirou o medo sensual mesclando com o aroma sutil do orvalho de seu sexo. Tudo isso despertava reações primitivas. Ele a acariciou, atraindo-a mais perto até que seus quadris se apertaram contra os dele. Por um momento sentiu a tensa indecisão dela. Quase podia ouvir a batalha entre a necessidade sensual de seu corpo contra seu pensamento racional. Então respirando profundamente, tremendo brandamente, ela se afundou em seu abraço e se rendeu. Uma sensação de triunfo soberbo o alagou. Ian acariciou suas curvas esbeltas, seus sentidos absolutamente concentrados em seus audíveis suspiros e o aroma limpo e fresco de sua pele sob seus lábios enquanto encontrava lugares em seu pescoço que a faziam ofegar. E logo ouviu suas palavras. —Se eu fizer isto, me deixará ir? Suas mãos se detiveram. Ele levantou a cabeça. Uma dor oprimiu seu peito pelo medo mortal que a levava a oferecer essa negociação. —Não, mas só em parte devido a meu dever respeito a Morvan. —E mais tarde, quando se cansar de mim? —Não partirá da fortaleza nem agora nem mais tarde. 121
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Históricos Ela torceu seu pescoço para poder vê-lo. —Eles me matarão. —Não o farão. Não os deixarei. —É só um homem. —Não os deixarei, ainda que você se negue a mim, agora ou mais tarde. Não terá que se prostituir para ter minha proteção. Uma esperança dolorosa brilhou em seus olhos. Então Reyna os fechou e apoiou sua bochecha contra ele. Ele a aproximou mais e ela não resistiu, pelo contrário, inclinou sua cabeça para aceitar seu beijo. Ian tomou entre suas mãos seus seios e os estimulou até que ela se arqueou sob seu contato e seu quadril se apertou contra sua virilha. Ambos deslizaram para o chão. Ele a tocou e a acariciou até que ela gemesse. Ian se separou dela um pouco. —Tire a camisa. Ela vacilou e o olhou. Então incorporando-se lentamente, ela levantou a bainha da camiseta. O olhar dele seguiu seu progresso enquanto suas coxas cremosas e suas nádegas arredondadas eram
reveladas.
Seus
músculos
delicados
se
estiraram
elegantemente quando ela tirou a camisa pela cabeça. Ian localizou a curva de sua cintura e seus quadris e depositou beijos na inferior das costas. Quando ele se ajoelhou e abraçou seu calor nu, ela se moveu dentro de seus braços com uma sinuosa docilidade. Ele a deitou sobre as flores e a relva. Ele estava ajoelhado de frente para ela olhando seus lábios semi-abertos e a paixão nublando seus olhos. 122
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Históricos De coração pensou que nunca tinha visto uma mulher mais bela. Ele se curvou e beijou suas coxas esbeltas e o triângulo de pêlos loiros, seus quadris e seu estomago plano, a forma perfeita de seus seios, sorrindo ante os sons que extraía dela com cada contato. Inclinando-se para frente, Ian procurou sua boca e a beijou profundamente, sondando e saboreando o calor da intimidade. Ela tentadoramente tocou sua língua com a dele. Ian suspeitou que ela nunca tinha feito isso antes, e a alentou, retirando-se, abrindo seus lábios até que ela se aventurou a explorá-lo com sua língua delicada e inocente. Ian dirigiu seus beijos para seu pescoço e ela gemeu quando ele estimulou os lugares sensíveis que descobriu. Pondo todo seu peso em um só braço Ian tocou seus seios com a outra mão. Umedeceu seus mamilos tensos com sua língua e a estimulou com seus lábios e seus dentes por um longo tempo até que notou que o corpo dela estava fora de controle debaixo dele, seus quadris arqueando-se suplicante. Ian não ia negar-se aquela preliminar alongada. Ajoelhando-se novamente, ele desatou seu cinto e tirou a camisa. Ela o olhou, seus olhos selvagens, sua respiração vinha em suspiros agitados, seu cabelo loiro prateado espalhado ao redor dela. Ian abaixou até que sentiu seus seios contra seu tórax e fechou seus olhos sabendo que seu abraço era bem-vindo. Uma tormenta de desejo o dominou. Acomodando seu peso sobre um braço, ele a beijou novamente, devorando sua boca, seu pescoço e seus seios, enquanto sua outra mão percorria todo seu corpo. Ian deslizou a mão entre suas coxas e a acariciou. Ela ofegou 123
com
surpresa
Madeline Hunter
e
prazer,
arranhado
seus
ombros.
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Históricos Brandamente Ian a tocou novamente, encontrando os lugares que a fizeram gritar, e ela aceitou essas carícias íntimas, fechando seus olhos no êxtase. Ian deslizou sua mão entre suas coxas e as separou. —OH, meu Deus—, ela gritou, olhando-o, de repente havia pavor em seus olhos. —OH, meu Deus. Não. Não—. Seu corpo lutou debaixo do dele e ela empurrou freneticamente seus ombros e seu peso. —Não, não posso—, ela gritou, retorcendo-se e empurrando. Repetidas vezes ela gritou sua negação. Seu rosto era de desespero e pânico. Raiva foi a resposta inicial de Ian, mas a força da reação dela o deixou atônito. Uma preocupação cruzou sua mente até agora dominada pelo desejo. Ele a envolveu em seus braços. —Não a tomarei. Não o farei—, ele a tranqüilizou. Finalmente seu corpo se acalmou. Ela estava deitada ali com aquela expressão triste que ele tinha visto quando ela se afastou dele em seu quarto. Não posso. Ela havia dito então. Não posso. Não devo. —Sinto muito—, ela sussurrou. —Não quis fazer isto. —Sobreviverei. Acredito. Aquilo a fez rir de um modo envergonhado e doloroso. —Deve pensar que sou uma louca ou verdadeiramente uma puta com muito pouca coragem. Não foi intencional. —Sei.
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Históricos Ela olhou para baixo, de repente consciente de sua nudez, e se ruborizou. Ela voltou sua cabeça para procurar a camisa e a apanhou. —Não—, ele disse. —Não ainda. Fique aqui comigo um tempo mais. Ela levantou uma sobrancelha. —Se pensa em me seduzir deixando de lado minha resolução, não é possível. —Isso dolorosamente entendi—, ele tocou com um dedo sua sobrancelha, depois seu nariz e seus lábios. Lentamente ele continuou linha abaixo. Seus mamilos se endureceram quando sua mão se aproximou. —Penso te agradar. Não te penetrarei de nenhuma forma, prometo. Ela começou a agitar sua cabeça em uma negação cautelosa, mas ele beijou suas objeções. Apostaria um ano de seu salário que ela não sabia a que ele se referia. Ela estava impotente diante do seu contato. Sua paixão cresceu novamente com assombrosa rapidez, acrescendo seu próprio desejo. Ele separou suas pernas de modo a poder acariciála livremente. Enterrando seu rosto em seu ombro, ela aceitou o prazer. Ian colocou sua coxa entre as delas e a apertou contra sua virilha observando seu rosto meio escondido quando as sensações se tornaram excruciantes para ambos. Então ela estava gritando, agarrando-se a ele freneticamente, levantando seus quadris e
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Históricos exigindo mais. Seu clímax foi belo e violento. Ele a beijou, afogando seu grito e deixando que seus espasmos o levassem com ela. Ela estava em seus braços ofegando e saciada. Ian não teve que olhar seu rosto para saber sua surpresa. Ele experimentou um prazer viril em havê-la levado a esse ponto de êxtase antes que qualquer outro homem. —Existem muitos modos de obter prazer sem acoplar-se, Reyna. Passa comigo esta noite. Eu lhe mostrarei isso. Aquele olhar triste voltou e ela lentamente sacudiu a cabeça. —Sou fraca com você, Ian. Ir mais adiante não, não posso. Ian não a persuadiu. Haveria tempo suficiente para isso. E ela tinha razão. Ele mais adiante acharia o prazer negado por sua resolução ou por seu medo. Ele não era conhecido como o Lorde das Mil Noites por nada. Curvou-se para beijar seus lábios doces. Uns movimentos entre os arbustos o detiveram. Muito perto. Um novo odor humano se moveu na brisa. Perigo, algo gritou dentro dele. Rapidamente se estirou para tomar sua adaga na relva. E então, em um segundo, sua cabeça foi atingida por um golpe e a escuridão o tragou.
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Históricos
Capítulo 9 —Não! Não o mates!—, seu grito alcançou Reginald quando a lâmina começava a descer em um novo golpe. Ele fez uma pausa, e a espada se deteve no ar. Ela freneticamente procurou sua camisa e o vestido. —Os homens dele estão na fortaleza. Se o matas, eles reagirão com vingança, e pode haver um saque na torre e na aldeia. Reginald olhou para sua vítima. O sangue corria por cabelo tingia o pasto a seu lado. —Ele a forçou a... —Não. Eu lutei. Certamente você não me ouviu. 127
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Históricos —Sim, ouvi seus gritos. Foi assim que a encontrei. A vi no rio das ruínas e por isso vim. Ela se curvou e apalpou o pescoço de Ian. Seu horror diminuiu quando ela encontrou seu pulso. —Deveríamos partir imediatamente. Ele está fora da fortaleza por muito tempo, e os outros virão para buscá-lo. Os nós dos dedos de Reginald ficaram brancos enquanto agarrava sua espada com mais força. —Malditos ingleses bastardos. Pensam que os escoceses nasceram para ser usados por eles. —Encontrou os cavalos?— ela perguntou, tentando distraí-lo. —Sim. Eles estão perto—, ele olhou o céu. —Esperaremos nas ruínas esta noite e partiremos para o norte amanhã. —Não, devemos partir agora. Não levarão muito tempo para pensar que estamos no velho castelo. Podemos chegar às terras de meu pai em poucas horas. E eles não cruzarão a fronteira. —Farejo chuva, milady . Estaremos seguros na torre de vigia, poderemos ver se alguém aproximar-se. Não passarei a noite nas terras dos Graham, nos perdendo nesses caminhos na escuridão. Se partirmos pelo amanhecer, terminaremos de atravessar aquelas terras ao anoitecer. Deve confiar em mim quanto a isto. Sei do que estou falando. Reyna lançou um olhar preocupado para Ian. Ele não se movia, nem fazia nenhum som. Ela fez uma prece para que alguém o encontrasse logo. Os cavalos estavam a meia milha rio acima. Reginald a levantou sobre um e montou no outro.
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Históricos Ela notou seu cenho franzido e os lábios apertados. O cabelo loiro caindo até seu queixo, e as bochechas altas e bem definidas descreviam seu rosto. Seus olhos azuis eram perigosos. Parecia um homem determinado a completar uma missão, e preparado para lutar contra os demônios do inferno se eles interferissem. Eles cavalgaram para as ruínas, e Reyna se sentiu aliviada ao ver que Reginald havia acampado detrás de umas pedras e não nas bases cavernosas. Para um homem que tinha escapado da Fortaleza Black Lyne só dias atrás, tinha conseguido prover suas necessidades muito bem. Mantas, una panela e uma odre com água estavam a um lado do círculo da chaminé apagada. De algum jeito tinha conseguido um arco. Nunca lhe tinha importado a natureza taciturna de Reginald antes, porque ele sempre tinha sido uma sombra muda na presença de Robert. Agora que ela estava a sós com ele, achou aquilo um pouco perturbador. Deu-se conta que Reginald tinha sido parte de sua vida durante doze anos, mas ela realmente não o conhecia. Certamente não tão bem como ela conhecera seu irmão Edmund em um só mês. —Meu plano é ir para o norte, para Edimburgh—, ela explicou. Reginald sacudiu a cabeça. —Edmund me contou que te tinha feito uma oferta faz muito tempo, que se Robert morresse, você deixaria a fortaleza. —Ele me disse que eu poderia ficar com uma viúva lá, uma mulher que ensina a umas moças. Enviei uma carta a Edmund antes da tomada da fortaleza e lhe disse que estaria indo para lá assim que pudesse. A idéia me atrai. Robert me ensinou, e agora eu ensinarei a outros. É uma espécie de desafio. 129
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Históricos —Não é um vida segura. Duas mulheres vivendo sozinhas na cidade? Nenhum homem as protegerá. Robert não o aprovaria. —Robert está morto, Reginald. —Sim. Ele está morto, mas eu não. A chuva que Reginald esperava caia do céu, e eles procuraram refúgio debaixo da entrada nas bases da fortaleza. Reyna se aconchegou entre umas mantas e dormiu com a chuva fresca salpicando-a. Quando despertou, o sol tinha posto o ar úmido e opressivo. Reginald tinha saído, o arco não estava. Reyna pensou na vida que a esperava. Sempre a tinha achado tão atraente e, logo depois que as acusações começaram, transformara-se em um sonho. Mas agora que ela estava a caminho daquela vida seu entusiasmo decaía e se sentiu invadida pela melancolia. Decidiu que era porque estava deixando seu lar. Entretanto, algo mais tingia sua tristeza. Algo inexplicável e agudo. Ela se perguntou pela centésima vez se alguém teria encontrado Ian. Seria melhor não pensar nele, Reyna decidiu. Seria maravilhoso nunca recordar o que havia acontecido algumas horas atrás. Deus santo, ela não resistiu muito, não havia corrido, não lhe havia dito que se detivesse. Não só tinha sucumbido a sua sedução praticada com tantas outras mulheres, mas também provavelmente se rendeu a ele mais prontamente que as outras. Aquele pensamento a humilhou. E entretanto aquelas sensações luxuriosas tinham sido gloriosas, obscurecendo o pensamento racional e a idéia de dever, levando-a àquele êxtase especial. Sentiu-se ao mesmo tempo fora do mundo e, também, 130
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Históricos mais essencialmente humana que nunca. Perto do homem que a tinha em seus braços de um modo que nunca tinha estado com ninguém antes. Surpreendia-a que tivesse recuperado a razão no último segundo, mas aquela lembrança só a humilhava mais. Deveria estar agradecida por sua compreensão nesse ponto. A maioria dos homens a teria forçado se ela os tivesse detido naquele momento. Um homem estranho, Ian de Guilford. Orgulhoso, arrogante e convencido, por certo, um grande oportunista, sem dúvida. Mas muito a seu próprio modo. E muito inteligente. Ela tinha se divertido nas discussões com ele naqueles últimos dias. Reyna admitiu com surpresa que sentiria saudades, e parte de sua tristeza se devia à perda dele. Precisava tirá-lo de sua mente. Procurou dentro de sua bolsa o livro que ela havia trazido, o Livro das Pequenas Horas. Tinha sido o primeiro que havia possuído. Robert o tinha presenteado como um presente de casamento porque tinha ilustrações adoráveis. Enquanto ele estava mau e morrendo, ela o lia pouco a pouco, embora ele conhecesse o texto de cor. Ficou na mesa do lado de sua cama entre as poções e os pergaminhos, uma lembrança de seu amor e promessa. Ela sorriu ante as ilustrações detalhadas de camponeses e a gente da aldeia mostrando os trabalhos agrícolas dos diferentes meses. Nunca se cansava de olhá-los. Quando ela virou a folha ao mês de agosto, um pequeno pedaço de pergaminho voou a seus pés.
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Históricos Levantou-o preocupada porque uma página tinha se soltado. Mas o fragmento não pertencia ao livro. Não continha nenhuma palavra, só um retângulo e círculos e linhas curvas. Esse pergaminho devia pertencer a Thomas. Ele não lia muito, mas já o tinha visto olhando aquele tipo de figuras enquanto ele vivia no solar. Colocou-o dentro do livro e continuou lendo. Reginald retornou no crepúsculo com dois coelhos. Ele armou um fogo protegido pelas pedras. Quando a carne estava cozida, eles comeram em silêncio. A noite caia quando Reginald abruptamente falou. —Antes de ir para Edimburgh, iremos a Hawick e ficaremos ali por uns dias. —Fica muito perto, Reginald. Vamos fazer nosso caminho para Edimburgh o mas rápido possível. —Não. Será Hawick. Pensei sobre o que Robert me disse, sobre seu pedido para que te protegesse. Estou seguro que ele queria que nos casássemos. Reyna ficou muito quieta. Rezou para ter ouvido mau. —É o único modo de te proteger—, ele continuou —De outro modo, com que autoridade eu poderia fazer isso? —Você ser um cavalheiro te dá essa autoridade. Meu finado marido te deu essa autoridade. Se isso não é suficiente, eu te dou essa autoridade. Ele sacudiu a cabeça. —Não seria apropriado que nós viajemos juntos sem estar casados e Robert não quereria que você vivesse sozinha e desprotegida. Nos casaremos e iremos para Edimburgh, e
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Históricos encontraremos lá um lugar onde eu possa prestar serviço. Edmund conhece lordes que precisam de cavalheiros. —Eu vou para Edimburgh só por sugestão de Edmund, para que ensine lá e viva com essa viúva. Não desejo a vida de uma esposa de um cavalheiro a serviço. —É um lugar bem distante daqui, e fora da jurisdição do bispo de Glasgow. É o melhor lugar para ir. Ele não compreendia sua idéia. —Reginald, estou segura que interprestaste mas as intenções de Robert. Se ele quisesse que nos casássemos, haveria me dito, e não o fez. Reginald a examinou de um modo que não era nem simples nem normal. —Não tem nenhum parente para te proteger exceto os Grahams, não quererá voltar para eles. Se não estiver casada, os homens lhe acossarão como esse inglês bastardo e, e eu os matarei. Não, milady, se temos que estar unidos por toda a vida, então estaremos corretamente unidos. —Não deixarei que se sacrifique desse modo. —Me casar com você me fará bem—, ele olhou para cima com uma expressão muito diferente. Reyna examinou seus olhos, e viu o que havia ali. OH, Deus querido. OH, diabos. —Robert morreu recentemente. Forçar a um casamento a uma viúva recente despojada de seus ... —Pelo que vi esta tarde, sua dor foi bem superada, milady . Então ele tinha visto e ouvido o suficiente para reconsiderar sua opinião sobre ela. 133
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Históricos A viúva do Lorde de repente tinha ficado disponível. Não era uma cabeça-de-vento, mas ela poderia estar considerando um novo matrimônio. Provavelmente Reginald explicava seu comportamento ao modo da Igreja. Uma mulher, um ser de natureza carnal como todas as mulheres, obviamente tomaria uma mau caminho na vida se não tinha um homem a seu lado mantendo uma rédea firme sobre ela. Sua decisão de casar-se corrigia tudo isso. Ele cumpriria com seu juramento de cavalheiro de protegê-la, e a salvaria do pecado da luxúria inerente a sua feminilidade, e ao mesmo tempo teria à esposa de seu Lorde a quem desejava. Sem dúvida um proceder muito claro para sua mente. Em seu primeiro matrimônio ela tinha provado
ser
estéril,
provavelmente
Reignald
se
sentiria
incrivelmente cavalheiro e piedoso. —Recusar-me-ei, e meu pai não nos deixará casar. —Explicarei a situação, e ele entenderá. Se for necessário, pagarei-lhe. Ela se levantou e o olhou fixamente. —Isto é intolerável, Reginald. Eu sempre acreditei que fosse um homem honrado e decente, como Robert acreditava, mas vejo que nos equivocamos com você. —E eu sempre acreditei que você era uma mulher honrada e virtuosa, como Robert acreditava, mas talvez nos equivocamos com você também. Uma mulher decente estaria contente de ter um marido que a proteja. Talvez hoje não fosse a primeira vez que está com esse inglês. Talvez Thomas tenha razão, e você entregou a torre depois de te deitar com ele—, ele fez uma pausa. —Talvez até estivesse cansada do velho Lorde e procurava ver-se livre dele. 134
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Históricos Ela tomou uma profunda respiração com desânimo. Um ultimato tácito ficou pendente no ar. Se ela tinha amado Robert e não o tinha matado, ela era uma mulher virtuosa e se casaria com o Reginald. Se ela recusasse, era uma puta e provavelmente tinha matado a seu marido. Um medo repugnante a invadiu, anunciando o perigo. Se ela recusasse o matrimônio, era uma puta e uma assassina, e tinha certeza que Reginald não a levaria para Edimburgh, e sim para Clivedale. Maldição com ele. Havia uma terceiro opção que lhe permitiria ganhar tempo. —Te liberto de seu juramento como cavalheiro—, ela tomou sua bolsa e se afastou do fogo. —Nunca pensei que chegaria o dia em que ser uma prisioneira do exército inglês era o lugar mas seguro para mim. Reginald estava sobre ela em um segundo, sua aperto de ferro cingiu seu braço. —Não voltará lá para ele. —Não estou voltando para ninguém, louco— ela lutou para livrar-se dele. —Vou para minha casa. Ele empurrou suas costas na direção do fogo. —Amanhã cavalgaremos para Hawick. Pela manhã, verá que isso é o correto. —Amanhã cavalgaremos para as terras de meu pai. Eu gritarei até que sejamos encontrados pelos Grahams, e não vai ser nada bom. —Então me ocuparei de que
não faça nenhum barulho,
milady. 135
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Históricos Seus olhos se dilataram com horror quando se deu conta para onde ele a estava arrastando. —Não, Reginald. Não faça isso. Ele se inclinou para procurar uma corda. Ela se agarrou a uma pedra e cravou seus calcanhares, então ele a levantou em seus braços. —Não aqui, Reginald—, ela rogou enquanto a caverna negra parecia afogá-la. —Me prenda lá fora. —Se a mordaça sair, gritará— ele disse, atirando-a ao chão e rapidamente lhe atou os tornozelos —Tudo estará bem. Eu cuidarei de você. Já na escuridão o terror se fazia sentir . Derrotando-a. Fazendo dela uma menina outra vez. —Então fique aqui comigo— ela pediu. —Devo manter a vigilância— ele disse, apressando-se com passos largos. OH, Deus. OH, Deus. Ela fechou seus olhos, tentando ignorar a escuridão, fingindo que só estava dormindo. Mas começou a sentir as garras da escuridão, o silêncio fazendo um eco cruel. Desesperadamente girou sua vista ao redor até que pôde ver o caminho pelo qual eles tinham vindo. As vagas chamas da fogueira do acampamento eram visíveis entre as pedras. Ela abriu sua bolsa e tirou o livro. Apertando contra seu peito como um talismã para conservar a razão, dobrou seus joelhos e manteve seus olhos fixos naquele pequeno brilho alaranjado. Observou-o por muito tempo, esperando o momento terrível em que as brasas se apagariam.
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Históricos Frio. Um frio gelado. Uma solidão absoluta. Sons à esquerda e a direita, e debaixo dela, entre as pedras. Sons leves. Passos correndo. Notou que as chamas se extinguiam. Finalmente enfrentou a eterna escuridão. O terror a invadiu lentamente, insidiosamente. Ela apertou o livro e começou a recitar toda a prece que tinha aprendido de cor, cada passagem que tinha lido. Ian afastou a mão de Margery de sua cabeça e se agachou para pegar as botas. Margery estendeu a mão novamente, fazendo um irritante som de súplica. —Basta— ele explodiu. Ela se moveu e apertou os lábios. Logo lançou-lhe um olhar que dizia que ele era um estúpido, que não poderia cuidar de si mesmo se planejava cavalgar nessa condição. Tudo era tão previsível que Ian apenas conteve seu mau humor. Ele voltou-se para Gregory. —Já está pronto? —Sim. Vinte homens para ir revistar as granjas. Outros dez para a aldeia. Uma patrulha partirá pelo amanhecer para procurar por rastros no musgo—. Seu tom cético indicava que duvidava que eles achariam algo. Ian duvidava também. —Deveria comer algo—, Margery aventurou. —Eu trarei... —Vá agora, mulher— Ian ordenou perigosamente. Ela se afastou sacudindo a cabeça. Ela estava agindo como o pior pesadelo de uma esposa. 137
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Históricos —Quem acredita que era? Quantos?— Gregory perguntou. —Não vi nada—, Ian disse. Ele não tinha visto nada porque ele estava deitado sobre uma mulher nua, maldição. —Poderia ser Thomas Armstrong que teve a oportunidade de capturá-la. Ou inclusive os Grahams. Não estavam tão longe de sua fronteira. Da duas opções, a mais provável é a dos Grahams, já que não lhe mataram. Não, eles não o tinham matado mas ele tinha estado inconsciente por um longo tempo, até que a chuva o fez despertar. Ela teria ficado contra sua morte? Uma parte dele queria acreditar nisso. A parte fraca. —Nem os Armstrongs nem os Grahams, acredito. Era alguém em quem ela confiava. Ela não vai viajar para Edimburgh sozinha—, ele amarrou com uma correia sua espada. —Penso que ela se dirigia para o velho castelo. Eu cavalgarei até lá e verei se eles já se foram. —Quantos homens quer levar? —Nenhum. —Sir Ian, sei que está zangado porque a dama foi tomada de suas mãos. Sem dúvida quer revanche. Mas quem sabe o que o aguarda? Agora mesmo há seis homens preparados para cavalgar. —Nenhum. —Isto é pouco inteligente, e sabe disto. Era uma questão pouco inteligente. Obstinada e orgulhosa. Ele a perdeu, então ele queria recuperá-la sozinho. Mas principalmente não queria ninguém a seu redor quando matasse a esses homens e logo lidasse com aquela trapaceira puta que o tinha enganado como se ele fosse um escudeiro de quinze anos. 138
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Históricos Só uma vez antes em sua vida ele se equivocou tanto com uma mulher. Enquanto ele voltava para a fortaleza, com a cabeça partindo-se pela intensa dor, ele finalmente havia reconhecido quem era ela. Reyna tinha manipulado seu interesse para conseguir um aliado e protetor, induzindo-o a não dar importância à evidência clara de sua culpabilidade na morte de Robert. Sua atuação tinha sido magistral. Jesus, ela o tinha tomado por idiota. Ganhando tempo pendurada naquela árvore, tentando prolongar a sedução. Todo esse tempo ela estava esperando que seus salvadores a encontrassem. Ela tinha esperado até o final da sedução, quando ele estaria mais vulnerável, para atacar. Ela fingiu inocência, ignorância e virtude desde o começo para enganá-lo. Não posso. Claro que ela podia e como tinha gozado. —Quer que vá com você— Gregory disse significativamente. —Morvan insiste em que ela não seja molestada. —Então venha. Maldição. E traga outros. Tem razão, não se sabe o que nos aguarda. Sem levar tochas, eles cavalgaram rapidamente rio acima, em direção à sombra escura das ruínas. Um quarto de milha antes, Ian chamou para fazerem uma parada. Gregory se deteve a seu lado. —Bem posicionado—, Ian disse. —Se alguém está lá, pode ver em todas as direções e observar o rio também. —Pensa que eles seriam tão idiotas para esconder-se em um lugar tão próximo? —Por que não? Necessitaria de um exército inteiro para cercar esta colina. Nós subimos por um lado e eles descem pelo outro, e quando nós chegarmos à fortaleza eles já se foram bem distante— Ian desmontou seu cavalo. —Me dê tempo, dêem a volta 139
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Históricos e subam pelo lado sul. Depois avancem muita silenciosamente, fingindo procurar na vegetação ao bordo do rio. Se eles estiverem lá, talvez isso os distrairá enquanto eu consigo dar uma olhada. Se houver muitos homens, voltarei. Em caso contrário, devem estar alertas ao meu sinal. Ian começou a correr para o sul. Sua cabeça pulsava de dor com cada pedra no caminho, mas um a pulsação diferente em seu sangue o empurrava a seguir. Deslizou pelo fosso onde a velha muralha de madeira tinha estado uma vez, e escalou pelo outro lado. Movendo-se mais lentamente, subiu em direção à forma destruída e escura da Torre de vigia. Quando se aproximou das pedras, fez uma pausa. Nenhum som o recebeu exceto o vago relincho dos cavalos. Esperou na escuridão até que ouviu Gregory dando ordens aos outros homens, lhes dizendo que procurassem com ao longo do rio. Ian aguçou a vista na noite. Havia um homem de costas investigando entre umas pedras. As nuvens se moveram, a luz da lua vagamente mostrava seu cabelo loiro e o brilho do aço da espada em sua mão. Ninguém mais era visível. Ian deu a volta para a parte de atrás da estrutura onde havia dois cavalo. Maldição, Reyna não lhe escaparia na noite. Ian desatou as rédeas e bruscamente bateu nas ancas dos animais com uma mão enquanto desembainhava sua espada com a outra. O bater dos cascos e o som do aço saindo da bainha da espada fizeram que o homem desse a volta. Ian caminhou para uma clareira entre as ruínas e o enfrentou ao redor do círculo de uma fogueira apagada. 140
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Históricos —Penso que tem algo que é meu. —Não tenho nada teu, porco inglês. —Tudo o que estava dentro da Fortaleza Black Lyne quando eu tomei é meu, inclusive a dama. Onde está ela? —Muito longe com os outros. Eu fiquei para cobrir sua fuga. —Está mentindo. Vi dois cavalos. Ian não podia ver o rosto do homem na noite. Apenas podia ver a forma de seu corpo. Colina abaixo, Gregory e os outros continuavam procurando. Ian lhes gritou. Sua boca apenas se fechou quando na escuridão o corpo atacou. O som de aço se chocando contra aço ecoou na noite. O homem lutava com o desespero de um cruzado em uma batalha por Jerusalém. A escuridão só fazia a luta mais perigosa. Ian contava com seu instinto aguçado e seus sentidos alertas, escutando o assobio do ar que lhe dizia para onde a arma se curvava, pressentindo os movimentos do outro mais que os vendo. Sabia quando um homem dobrava-se de um modo vulnerável, e levou sua própria espada a um ângulo que conectava com o quadril e a perna. Um grito gutural acompanhou os sons de um corpo e uma arma caindo por terra. Não tinha sido um golpe mortal, porque ele queria o homem vivo. Agarrou-o pelo cabelo e empurrou sua cabeça. Gregory e os outros estavam cavalgando sobre a colina. —Onde ela está? O homem não falou, logo expôs seu pescoço para receber um golpe súbito de misericórdia. Sacudindo-o com irritação, Ian o lançou ao chão.
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Históricos —A dama?— Gregory perguntou, desmontando de seu cavalo. —Ela está aqui. Provavelmente nas ruínas—, ele teve o pensamento de que estavam brincando jogos de criança enquanto Reyna se deslizava por entre as pedras, sempre fora de seu alcance. —Coloca os homens em pontos em torno do fosso, Gregory, lhes diga que não deixem passar ninguém, nem sequer a um rato. Com a cabeça pulsando de dor e sem incomodar-se em amaldiçoar, Ian caminhou em direção à edificação destruída. A única coisa que mantinha Reyna sem enlouquecer eram os batimentos de seu próprio coração. Ela se concentrou na pulsação rápida e pesada. Parecia tão real, quase tangível, e lhe recordava que não estava morta em uma eternidade obscura, mas sim estava viva e que o tempo passava de um modo normal. Mesmo assim, uma parte dela, uma parte crescente, há muito tempo se entregara ao terror. Aquelas mãos invisíveis se estiravam para ela novamente. Não a assustavam com beliscões agora, a não ser deslizando-se a longo de seus braços e pernas. A risada era diferente – mais baixa e perigosa, gozando um prazer cruel do seu medo. Ela dobrou seus joelhos mais apertadas contra seu peito, para afastar esses demônios. Só que desta vez, eles não partiriam. O pânico começou a crescer, determinado a derrotá-la. Ela o tinha combatido por tanto tempo que seu espírito estava esgotado, e sucumbir era uma idéia sedutora. Robert, ela gritou silenciosamente.
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Históricos Passos na escuridão. Não corridas amortecidas, mas os passos de um homem. Ela esperou, a respiração fortemente contida. Aguçou sua vista na escuridão, procurando a luz e a mão salvadora embora sua alma sabia que não podia estar ali. Mais perto agora, aproximando-se lentamente. Tropeçando nela. Os gritos de terror vieram de algum lugar, ecoando entre as pedras, como seu espírito cansado desmoronando-se. —Jesus—, disse uma voz alta. Uma voz real. Mas não lhe importou. Umas mãos firmes agarraram seus ombros, sacudindo-a. A voz novamente mais suave agora. —Não te machucarei. Não tem que estar assustada. Vêem comigo para fora deste lugar. Sua própria voz, separada de seu corpo. —Não posso. —Milady, já não quero te ouvir dizer isto novamente. —A corda. —Infernos. Não se mova—. As ataduras caíram livres. — Parece que seu plano não saiu como o planejou, Reyna. O espaço escuro lentamente tomou suas formas normais ao redor dela. Todo seu corpo se agitou de alívio. Ian a pôs de pé. Ela apertou o pequeno livro com mais força contra seu peito. Seu braço forte rodeou seus ombros. —Venha comigo, Reyna. Estará segura. Ele a guiou para fora da escuridão. Só a sutil luz da lua os aguardava, mas já era algo. Ian gritou e os homens vieram correndo. —Apanhamos um dos cavalos— Gregory disse.
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Históricos —Ponha o homem nesse cavalo. Eu levarei a dama,— Ian disse. Ele ainda estava zangado, mas estando agradecida porque não teria que cavalgar sozinha na noite, a ela não importou. —Quem é ele?— ele perguntou quando a ergueu sobre seu cavalo. —Sir Reginald... Ian montou atrás dela. Seus braços a rodearam enquanto tomava as rédeas. —Um cavalheiro de seu marido? O irmão do Edmund? Maldição. Entretanto uma relação com ele tem mais sentido que com o Hospitaleiro. —Por que estava amarrada? Não confiava em sua amante para cumprir o acordo que ela havia combinado antes do assassinato de seu marido? Devo felicitá-lo por ser mais previdente do que eu fui. Suas palavras apenas penetravam sua mente. Reyna sentia como se seu espírito tivesse secado de qualquer emoção. Pendia dentro dela como um tecido impermeável a qualquer vento, inclusive à raiva de Ian. Ela se aconchegou contra ele todo o caminho de volta à fortaleza, concentrada no alívio porque ele tinha vindo, a tinha encontrado e a tinha salvado do terror. —Vem comigo, menina. Estará segura e nunca mais estará assustada desta maneira novamente.
Capítulo 10 144
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Ian entrou no quarto de Reyna à primeira hora da manhã seguinte, despertando-a. Ela piscou e se sentou na cama, levantando os lençois ao redor de seu corpo. —Está recuperada?—, ele perguntou. —Sir Reginald foi atendido, não está mutilado. Pode ir ver se o desejar, mas só se Gregory ou eu lhe acompanhamos. —Não desejo vê-lo. Sua expressão se obscureceu. —É uma mulher fria. —Ele deveria me haver ajudado, não me ameaçar. —Deve pensar que todos os homens são grandes idiotas se espera que sua ajuda não tenha um preço. Um homem não ajuda uma mulher a matar seu Lorde e logo a deixa ir sem pagar sua dívida. —Pensa que Reginald me ajudou a assassinar a Robert? —O prêmio poderia tentar a qualquer homem. Você, e as terras que herdaria. —As terras… Do que está falando? —Do testamento de seu marido. David e eu o encontramos. —Não sei nada do testamento de meu marido. Nós falamos disso só uma vez, sete anos atrás. Ele me assegurou que tinha tomado providências quanto a mim, isto é tudo. As terras do leste. —Não perca seu tempo comigo, Reyna. Estou cansado de seus enganos. Vestir-se-á agora e virá comigo. Sempre estará perto de mim, então eu saberei onde está. Não quero você fora de minha vista.
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Históricos Fiel à sua palavra, ele a fez segui-lo a todos os lados durante todo o dia. Quando ele deixou uma parte do pátio para trabalhar em outra, buscou-a e lhe fez gestos para que o seguisse. Pela noite, enquanto ele lia o título da propriedade, ele a fez sentar-se no solar com ele, e ela leu até muito tarde. Quando ela se levantou para dormir, ele a acompanhou a seu quarto e ,depois que ela se enfiou na cama, Ian entrou e lhe amarrou uma mão à cabeceira. —Isto é excessivo—, ela disse. —Não me arriscarei a que escape novamente. —Está me tratando como se fosse um prisioneiro. —Estou te tratando como uma mentirosa em quem não se pode confiar. —Bastardo. Fui mais inteligente que você e me culpa por isso. Nunca menti. Você sabia que minha intenção era partir assim que pudesse. —Sim, foi mais inteligente do que eu de muitas maneiras. Por tudo que sei, até a rendição da torre estava planejada para escapar da justiça dos Armstrongs. Mas eu não sou estúpido duas vezes com a mesma mulher. A situação continuou assim por dois dias. Ele rara vez falava com ela e apenas a olhava. Ela se converteu em um cachorrinho, atada a ele por uma correia invisível. No terceiro dia, ele estava juntando algumas armas do solar quando uma comoção no pátio o atraiu para a janela. —O que acontece?—, ele gritou. —Problemas—,
Gregory
respondeu.
—Cavalheiros
no
caminho do oeste. Cinqüenta, talvez, conforme informou a patrulha.
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Históricos —Tenha cinqüenta homens preparados para partir, Gregory. Vinte arqueiros. Chama os homens dos acampamentos e logo fecha o portão. Ian girou, preparado para correr, e a viu de pé ali. —Devo te seguir à batalha também?—, ela perguntou. Ele olhou ao seu redor, ansioso por partir. —Sente-se na cama—, ele ordenou, agarrando um cinto que estava sobre um baú. —Teme que me cresçam asas e que saia voando por cima da muralha?—, ela perguntou enquanto ele envolvia o cinto ao redor de seus punhos e a amarrava à cabeceira. —Não. Temo que você escape pelo portão em meio à confusão de homens partindo e retornando. —E logo o que? Caminho até o Edimburgh atravessando as terras dos Armstrong? —Talvez tem amantes nesse exército que lhe ajudarão. Talvez Edmund te espera em Bewton para tomar o lugar de seu irmão em sua cama. —Esses são delírios irracionais de um homem obcecado. —Não, são os pensamentos sensatos de um homem que tinha um véu lhe tampando os olhos. Ele caminhou para fora do cômodo com uma ladainha de vivazes insultos. Tirando Reyna de sua mente, ele se deteve nos degraus do pátio. John segurava seu cavalo de guerra e fora dos portões seus cavalheiros esperavam. —Sem armadura?—, John perguntou. —Não há tempo, John.
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Históricos Ele agarrou seu escudo. A perspectiva de ação o enchia de energia. Seria bom usar seu corpo e sua mente para aquilo que tinham sido treinados, em vez de debater sobre o caráter e o destino daquela mulher. Há cinco milhas da fortaleza, Ian ouviu os sons de gritos e batalha. Ele esporeou seu cavalo a subir uma ladeira baixa. Adiante dele podia ver três grandes carros, rodeados por homens com espadas e arqueiros protegendo os cavaleiros Armstrongs. Ian desembainhou sua espada e levou seus homens para a batalha. As flechas detiveram seus vôos quando ele e os outros cavalheiros se chocaram com o inimigo. Claramente superados em número agora, os Armstrongs começaram a afastar-se. Ian fez gestos para Gregory para que se ocupasse dos arqueiros e os seguiu. Avermelhado pela excitação da breve ação, Ian voltou para o caminho. David de Abyndon estava sentado em um cavalo perto do carro dianteiro, embainhando uma espada. —É bem-vinda sua ajuda, Ian. De outro modo isto poderia ter levado todo o dia. —O que está fazendo aqui? David apontou os carros e os arqueiros. —O navio partiu. Estamos levando a carga para sua fortaleza. —Por que não vão para Harclow? É mas perto. —Morvan não quer todas as armas lá. Fiquei com os arqueiros do rei Edward como proteção. Boa idéia. Morvan já chegou? Ele estava planejando te visitar.
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Históricos —Não, ele não veio. —Ian olhou o carro e levantou suas sobrancelhas interrogativamente. David caminhou até o carro e levantou o tecido que o cobria. O metal brilhou. —Armas— Ian exclamou. —Sim. Também vêm de Edward. A pergunta é se Morvan as usará. Ian entendeu o comentário. Morvan podia ser antiquado em seu sentido de honra. A destruição espantosa que causavam essas novas máquinas de guerra lhe parecia pouco cavalheiresca. Ian as tinha visto sendo usadas em Poitiers e as achava fascinantes. —Poderia as haver levado a Harclow. Ele não as teria usado. —Ah. Bem, isso é verdade, Mas há outra carga que ele definitivamente quereria no cerco—. David deu um passo atrás até o segundo carro e lhe mostrou o que havia debaixo do tecido. — Pode sair agora, querida. O tecido se levantou, e uma mulher de cabeleira negra e olhos brilhante apareceu, com uma adaga em sua mão. —Ian!—, ela gritou. Ian se curvou para beijar Christiana Fitzwaryn, a esposa de David. Enquanto o fazia levantou uma sobrancelha para David. Alguns dos homens estavam verificando os corpos caídos. Um gritou dizendo que tinha encontrado um Armstrong que ainda respirava. Ian e David caminharam para o homem. Ian se agachou. —Quem os liderava? Thomas Armstrong? O homem sacudiu a cabeça. —Ele procurava fazer prisioneiros. Para permutá-los pelas mulheres. 149
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Históricos —Se Thomas quiser a sua esposa e às outras damas, só tem que as pedir. Nós daremos-lhe um cavalo para que possa lhe levar essa mensagem. Ele olhou à bela Christiana que estava sentada elegantemente no carro. —Vai pedir que a hospede na Fortaleza Black Lyne para ter a sua esposa perto, não é verdade, David? —Eu sabia que ela estava vindo, mas era minha intenção deixá-la em Carlisle. Mas, dadas as circunstâncias, dificilmente poderia exigir isso. —Que circunstâncias? —Os homens cavalgando atrás de você. Ian voltou-se. Três arqueiros se aproximavam. O cavaleiro do centro se aproximou e ele notou o corpo esbelto, as pernas compridas cobertas por botas, e umas leves protuberâncias debaixo da túnica. Um mau pressentimento doentio o invadiu. —Não o fez...—, ele murmurou. —Sim, o fiz, embora haverá um grande problema com Morvan. Sua chegada foi uma completa surpresa. Ela não obedece a ninguém e insistiu em vir aqui. O arqueiro surgiu diante de Ian. Uma mão esbelta foi para o capuz e a baixou. Ingovernáveis cachos loiros caíram sobre o corpo esbelto. Uns olhos azuis contemplaram-no. —Ian, lembra-se de Anna, não é mesmo ?— Felizmente Christiana falou. Sim, recordava de Anna de Leon, a esposa de Morvan. Não a tinha visto em oito anos, desde antes que ela se casou. Pelo modo
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Históricos com que ela o olhou, Ian suspeitou que ela não tinha esquecido de sua última reunião. Nem um detalhe daquele encontro. —Ian de Guilford—, ela disse em voz baixa, aveludada. — Morvan me disse que o havia contratado e a seus mercenários. Não, ela não tinha esquecido. Anna tentou seu sorriso mais encantador. Não teve nenhum efeito. Infernos. Seria melhor empacotar suas armas e voltar para a França hoje mesmo. Quando eles entraram pelo portão da Fortaleza Black Lyne, ficou claro que se haveria um inferno a pagar a Morvan, seria pago imediatamente. Cavalos e homens encheram o pátio. No alto dos degraus que levavam ao salão estava a imponente figura de cabelo escuro de Morvan Fitzwaryn com vários homens novos. Anna baixou seu capuz para trás e cavalgou para a parte traseira. Morvan não a notou, mas viu sua irmã. A irritação relampejou em seus olhos negros brilhantes e desceu os degraus. —Enlouqueceu, David? Traz minha irmã para uma guerra? Ian decidiu que essa não era sua briga. Deu seu cavalo para John e examinou cuidadosamente os degraus para achar um lugar com boa visão. Ele se acomodou perto de dois dos homens que tinham vindo com Morvan. Um era um cavalheiro de cabelo vermelho e o outro um homem mais velho com cabelo e barba branca que parecia considerar desagradável a exibição pública no pátio. Andrew Armstrong parou ao lado de Ian. Ian em voz baixa lhe explicou as relações entre as pessoas que protagonizavam aquela estranha boas vindas. 151
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Históricos —Está sendo muito protetor, Morvan—, Christiana disse, saltando fora do carro e abraçando seu irmão. —David me disse que Ian assegurou o controle desta fortaleza, então isto não será como se nós tivéssemos que estar no acampamento durante um cerco. Morvan olhou severamente para sua irmã e lançou um olhar letal a seu marido. —Ela sobreviveu à queda de Caem e cruzou os Alpes duas vezes, Morvan. Tudo estará bem—, David disse. —E desse modo, nós poderemos estar perto de David e de você,- Christiana disse. —Nós?— Morvan repetiu desconfiadamente. Ele observou os homens montados. Seus braços caíram aos lados quando viu a alta e magra figura. —Maldição. O que está fazendo aqui? Anna com calma tirou seu arco e o pendurou à sela. —Uma boa saudação de boas vindas para dar a sua esposa depois de cinco meses. Morvan foi para ela, o pátio ficou em silêncio e todos podiam ouvir. Deveria estar na Britânia. —Parece que estou aqui—, ela desmontou com um movimento flexível. —Acordamos que você permaneceria em La Roche de Roald. —Não acordamos tal coisa. Você decretou isso. Mas eu me aborreci e recordei do nosso acordo de casamento. Você prometeu: se alguma vez voltasse aqui, seria minha escolha te acompanhar ou não.
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Históricos —Minha concessão foi que você não estaria obrigada a me seguir até aqui se escolhesse não fazê-lo. —Então
deveria
ter
escolhido
suas
palavras
mais
cuidadosamente quando fizemos nosso acordo. —Maldição. Não terá trazido os meninos também? Anna apartou seu capuz e passou seus dedos por seus cachos. —Só Roald, mas deixei-o em Hampstead com os meninos de Christiana—, ela girou com as mãos nos quadris, uma amazona alta enfrentando a um oponente. —Posso ver que te desagrada minha presença. Voltarei para Carlisle imediatamente e procurarei uma passagem para Londres ou Brittany. Ela ia voltar a montar seu cavalo. —Maldição, não irá—, Morvan a agarrou antes que ela pudesse levantar sua perna. Ele agarrou-a em um abraço e a beijou ferozmente. Uma explosão de risadas atravessou o pátio. Anna devolveu a saudação com igual paixão. —Um casal bonito—, Andrew disse. —Eles ficarão aqui? —Muito provavelmente—, Ian disse. —As damas por certo, durante algum tempo. Morvan e David pelo menos por uma noite ou duas, eu acredito. As mãos de Morvan começaram a viajar intimamente pelo corpo de sua esposa. —Talvez deveria lhes mostrar seus aposentos antes que ele tome a aqui mesmo no pátio—, Andrew sugeriu.
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Históricos Ian começou a rir, mas o som se sufocou em sua garganta. Infernos. O solar… —Melhor não. Ela está lá. —Ela? Está se referindo a Lady Reyna? —Sim. —Estou seguro que a dama se retirará. Além disso, seu pai quererá falar com ela. —Seu pai?— Andrew apontou em cima de seu ombro com seu dedo polegar. —O homem velho detrás de nós é Duncan Graham. O de cabelo vermelho é seu filho Aymer. Eles apareceram no portão em seguida à sua saída, mas se recusaram a entrar até que Morvan chegou. Parece que Morvan pediu a Duncan que se encontrassem aqui hoje por causa de Lady Reyna. Suponho que os Grahams ficarão esta noite também. Teremos que dormir eu mesmo e alguns outros em mantas no salão para acomodá-los, e suponho que posso pedir às damas Armstrong que compartilhem um quarto… Ian cessou de ouvir as especulações de Andrew. Ele lançou um olhar aos dois homens detrás dele, e pensou em Reyna confinada no solar. Aquilo, ele suspeitou, era parte do salário do pecado. O destino não tinha clemência com o malvado. Questionou-se se poderia escapulir para dentro da fortaleza muito rapidamente e... mas David estava interrompendo Morvan e dizendo algo enquanto apontava para as escadarias. Morvan colocou Anna debaixo de seu braço.
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Históricos —Ian, onde está Lady Reyna?—, ele perguntou, caminhando para ele. Andrew respondeu por ele. —Ela está no solar, Sir Morvan. Ian deu a Andrew uma sutil mas forte cotovelada. —Eu irei procurá-la—, ele disse, girando para entrar. —Nós iremos até ela—, Anna disse. —Estou ansiosa por me reunir com a dama. David nos contou maravilhosas histórias de seu espírito rebelde. Penso que nós seremos grandes amigas. —Há muitos degraus, milady, e viajou uma longa distância. O mordomo lhes trará um refresco no salão enquanto eu vou chamar a dama. —Tolices. Quero conhecer a fortaleza. Nunca vi uma tão alta, e me sinto curiosa. Recorda-me a torre de uma catedral—, Anna disse, estreitando seus olhos disposta a contradizer ao homem que lhe repelia. Igualmente, ele tentou novamente. —Um pouco de cerveja primeiro, talvez... —Maldição, não vim aqui para tomar cerveja e entreter às visitas, a não ser para ver minha filha—, uma voz falou detrás dele. A mão pesada de Duncan Graham tomou o ombro do Andrew. — Vamos, leve-nos a esse solar. Andrew se encolheu sob o apuro e obedientemente girou para entrar. Duncan e Aymer o seguiram. Ian tentou dar um olhar de alerta a Morvan quando ele passou, para lhe comunicar que essa não era uma boa idéia, mas Morvan e Anna estavam absorvidos na sua própria paixão.
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Históricos Com o suspiro de um mártir, Ian formou parte da procissão que ia escada acima. Passaram pelo corredor. Logo escada acima, Ian desejou nesse momento que existissem muito mais degraus para adiar a catástrofe. Logo passaram pela galeria e foram em direção à porta do solar. Ali estavam, Morvan e Anna, David e Christiana, Duncan e Aymer, e Ian na retaguarda. Ainda enquanto eles cruzavam a soleira ele pôde ver seus rostos surpreendidos quando eles se alinharam em frente à cama. Ele caminhou adiante, abrindo a boca para explicar. E então a viu. Era pior do que esperava. Reyna tinha conseguido mover-se
sobre
a
cama
de
maneira
a
poder
deitar-se
confortavelmente. Suas mãos ainda estavam atadas pelo cinto, seu cinto, na cabeceira, seus braços estirados por cima de sua cabeça. Os movimentos lhe tinham subido as saia até suas coxas. Sua postura tinha uma infeliz semelhança com a situação quando ele a tinha amarrado em sua tenda, e transmitia uma nota de vulnerabilidade junto com uma conotação sexual. Reyna olhou às pessoas reunidas com surpresa. —Pai!— ela gritou. —Aymer! David suspirou audivelmente. Morvan lançou a Ian um olhar que poderia havê-lo matado. Lady Anna apertou seus lábios. —Vejo que ainda galanteias às mulheres com sua velha sutileza, Ian—, ela disse. Duncan Graham permaneceu diante de sua filha, seu corpo, tenso de fúria. —Maldição, Fitzwaryn—, ele exclamou. 156
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Históricos Ian abriu a boca para tentar uma explicação. Antes de ter a oportunidade, Aymer Graham caminhou para ele. —Atreve-se a usar minha irmã como se ela fosse um prêmio de guerra, inglês bastardo? Com um empurrão rápido, Aymer tirou sua luva e a lançou ao chão aos pés do Ian. Um silêncio total caiu no aposento. Ian olhou da luva para os olhos cinza de Aymer. —Combate total? —Sim. Amanhã—, Aymer disse bruscamente. —Não, Aymer, não fará isto—, Reyna gritou. —Silencio, mulher—, Duncan gritou. —Não permanecerei muda. Isto não é o que parece...— ela não teve a oportunidade de terminar. A mão de Duncan voou no ar e a golpeou bruscamente no rosto. A afronta fez Ian reagir. Ele caminhou para frente, mas a mão firme de Morvan em seu braço o deteve. —É filha de uma bruxa, Reyna, e sem dúvida tão má como sua mãe—, Duncan disse. —Seu irmão vingará a honra de família, embora a tua não possa ser salva. Ian escapou da mão de Morvan e colocou a sua própria no cabo da espada. Se Duncan a golpeasse novamente, ele mataria o homem e assumiria as conseqüências. Christiana se deslizou para a cabeceira e desatou as mãos da Reyna. —Como o momento e as condições do desafio foram estabelecidas, talvez agora gostaria de tomar algo fresco no salão —, disse a Duncan. Ela falava com uma tranqüilidade cortês que 157
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Históricos parecia fora do lugar, como se Duncan realmente tivesse vindo para tomar cerveja e entreter às visitas. Ela desarmou o velho como uma espada nunca poderia havêlo feito. Duncan olhou fixamente por um momento, e logo sacudiu a cabeça com um grunhido. Ele arrastou Reyna pelos pés e a empurrou para seu irmão. O medo e a raiva iluminaram os olhos de Reyna enquanto os dois homens a levavam para a porta. Seu corpo se tensionou em resistência e ela se livrou das mãos de Aymer como se este a repugnasse. Andrew Armstrong se aproximou para escoltá-los. —Lady Reyna, posso me reunir a você?— Christiana perguntou, ainda com humor sereno. —Informaram-me que lê em grego. Eu nunca aprendi, e esperava que você pudesse me ensinar enquanto estiver de visita aqui. —Ela não estará aqui depois de amanhã—, Aymer murmurou entre dentes. —Igualmente, estou segura que nós temos muito para conversar—, Christiana firmemente disse, ficando ao lado de Reyna quando eles passavam pela entrada. Morvan, Anna, David e Ian se mantiveram em silencio. A luva ainda estava no chão. —Maldição, Ian. Elizabeth não lhe ensinou algo?—, Morvan murmurou finalmente. —Como a dama disse, não era o que parecia—, ele descreveu sua fuga e os eventos que o levaram a amarrá-la a sua cama. —Até se for como você diz, eles não acreditarão em suas negações—, Anna disse. —As mulheres que são usadas desse 158
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Históricos modo mentem sobre isso, porque temem ser desprezadas embora a culpa não dela seja. A última coisa que Ian queria era mulheres participando da reunião que era necessário sustentar, especialmente porque a fuga dela tinha criado esse pequeno drama. Infelizmente, parecia improvável que Morvan ordenasse que Anna se retirerasse e ela não parecia aceitar a idéia de retirar-se sozinha. Anna estava no extremo da cama. David com calma, tomou uma cadeira. Morvan caminhou em volta da janela e desviou seu olhar. —Então, amanhã matará a Aymer Graham—, ele refletiu amargamente. —Confio que todos estejamos rezando para que seja este o resultado. —Teremos uma disputa com essa família por gerações. —Está sugerindo que me sacrifique para evitar essa complicação? —Sem dúvida seria esperar muito de você—, Anna disse. — Harclow deve ser retomada agora ou nunca. Se os Grahams se converterem em inimigos, tudo poderá fracassar. —Eu não fiz o desafio para o duelo, milady. —Não
me
parece
que
tenha
tratado
Reyna
com
cavalheirismo. —Ela não seria molestada e se obedecesse e ficasse tranqüila... —Por que essa mulher obedeceria a você? Morvan olhou para sua esposa, logo para Ian e para ela novamente. 159
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Históricos —Nos deixe, meu amor—, ele disse. —Veja com minha irmã e ajude-a com a raiva cega de Duncan. Se encontrarmos uma solução, precisaremos que ele esteja de bom humor. Um desafio brilhou por um momento nos olhos de Anna. Ian sentiu surpresa e alívio quando ela se levantou e partiu. Morvan voltou-se para Ian. —Pensa que deveria fazer com que minha esposa deixasse de te falar desse modo. Ian encolheu os ombros. —É claro que não gosto que ela tenda a pensar o pior de mim. Morvan voltou para a janela. Seu corpo ficou imóvel, e uma aura emanava dele, como se um poder feroz estivesse sendo contido. —Poderia ordenar que contenha sua língua, Ian. Mas não é meu interesse fazer isso—, ele disse.—Depois de tudo, é o único homem vivo, além de mim que já a tocou. Ian notou uma ênfase infeliz na palavra —vivo—, ele reconheceu o perigo em que se encontrava. Na cadeira, David estava muito quieto e silencioso. Durante os meses desde que Ian tinha salvado a vida do Morvan, eles nunca antes se referiram àquela noite, oito anos atrás no jardim do Windsor. —Isso foi há muito tempo, Morvan, e eu era muito jovem não mais que um adolescente—, Ian disse, enquanto calculava suas oportunidades de sobreviver se ele e Morvan se encontrassem em um duelo de espadas. Quase metade, ele pensou. Se Morvan o matava primeiro por esse velho insulto, certamente poderia arrumar 160
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Históricos as coisas com os Grahams, perguntou-se se Morvan estaria pensando nessa possibilidade. —Sim. Faz muito tempo—, Morvan disse, voltando-se com um sorriso vago. —Bem, David, temos um problema infernal aqui, não é verdade? —Certo. Salvo se Ian convenientemente cair sob a espada ou o machado de Aymer, isto não concluirá amanhã, e não acredito que Aymer o derrote. —Obrigado pela confiança—, Ian disse. —Não tenho dúvida que Reyna está tentando convencer a seus parentes que eles interpretaram mal a situação, mas sua palavra não será aceita como verdade. Como Anna assinalou, freqüentemente as mulheres que são violentadas o negam para evitar a vergonha e o desprezo—, David disse. —Então vamos assumir que convencer os Grahams de seu engano é improvável. Devemos então arcar com a afronta—, ele não olhou para Ian, a não ser para Morvan. —Sim—, Morvan disse. —E há uma solução fácil para este insulto. —Uma velha solução—, David concordou. —Sem um custo real e de certa utilidade em outros assuntos —, Morvan adicionou pensativamente. —Duncan não terá nenhuma opção mais que aceitar. Aymer também. E se eles estavam planejando algum dano futuro, não o poderão levar a cabo—, David continuou. Ambos os homens simultaneamente dirigiram seu olhar para Ian. Eles sorriram. 161
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Históricos Ian olhou para Morvan, depois para David, e depois para Morvan novamente. Subitamente compreendeu. —OH, diabos. Não. —Pelo menos considere a possibilidade—, David disse. —Não. É melhor que me pedissem que caia sob a espada de Aymer, Morvan. —Tolices. Ela é uma mulher adorável. —Ela é desobediente, inoportuna e manipuladora. Inclusive pode ser uma assassina. —Uns dias atrás estava certo que ela não o era—, David lhe recordou. —Reconsiderei a evidência. Morvan se inclinou contra a janela. —Eu estou seguro que adivinhou que era minha intenção te dar terras quando tudo isto termine. Ian não o tinha adivinhado. A maioria dos homens teriam considerado que ajudá-lo a voltar para a Inglaterra seria suficiente pagamento para a dívida de lhe haver salvado a vida. —Eu tinha pensado nas terras do sudeste, mas talvez isto tenha mais sentido. Você tomou esta fortaleza. É conhecido meu, a posição estratégica deste lugar exige um vassalo forte. As terras Graham começam a cerca de meia milha a leste, e as de Armstrong de Clivedale começam cinco milhas ao norte. Esta fortaleza foi construída para custodiar estas fronteiras.— —Não há nenhuma família a quem estas terras devam ser retornadas?— Ian perguntou. O que Morvan havia dito despertou sua memória a respeito da sua própria família.
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Históricos —A Fortaleza Black Lyne e as granjas circundantes nunca foram entregues. Um cavalheiro as administrava. —Eu assumi que lhe daria as terras livres a seus filhos menores. —Existem propriedades suficientes aqui e em Brittany. Não, talvez o problema seja o ouro, Ian. O testamento de Robert de Kelso pode apresentar dificuldades inclusive depois que eu recupere Harclow. O pai ou o futuro marido de Lady Reyna pode fazer reclamações em seu nome. Se a petição deles entra na corte, o trâmite pode prolongar-se por anos, e se eles usarem um exército, só haveria mais oportunidades para um longo conflito. Se eu desse a você as terras e você casasse com a dama, o título estará seguro. Está disposto? —Se me recusar? —As terras ainda serão suas se me jurar fidelidade. Nós faremos isso quando eu tenha recuperado Harclow novamente. —E se não recuperar Harclow? —Então as terras serão suas através da dama, se se casar com ela. Ian considerou essa oferta surpreendente. Terras. Dele. Não extensas ou ricas, mas dele para sempre. E Reyna. A idéia de estar atado a ela o preenchia com uma estranha alegria e um medo peculiar. —Está disposto?—, Morvan perguntou novamente. —Estou disposto.
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Históricos
Capítulo 11 Reyna entrou no solar onde Ian, David, e Morvan esperavam por ela. Estava contente por ter uma desculpa para escapar de seu pai e seu irmão. Doze anos não tinham apagado o medo que sentia de Duncan e as emoções mais negras que Aymer lhe evocava, mas ela não deixou que eles vissem isso. Tinha-nos enfurecido dar-se conta que já não mais lidavam com uma moça submissa e obediente. Ela estava segura que se Christiana e Anna não tivessem estado 164
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Históricos presentes, Aymer a teria golpeado várias vezes durante a acalorada conversação. Morvan Fitzwaryn a saudou cortesmente. —Não nos apresentamos, milady. Quando era um menino, conheci seu finado marido. Ele era respeitado em toda a região como um cavalheiro honorável. Ela estudou a esse homem. Teria trinta anos, olhos negros brilhantes como os de sua irmã Christiana. Lhe ocorreu que estava rodeada por três tipos diferentes de beleza masculina. —É algum tipo de vaidade particular. Sir Morvan, que só homens bonitos o sirvam? Como uma marca distintiva de sua companhia, como as cores do estandarte de um Lorde? Morvan não piscou. —Sim, milady. E eu insisto para que todos os arqueiros sejam loiros e os soldados de cabelo escuro. A companhia de Ian não segue esse critério, e é por isso que os mandei para cá. Ela riu e ele sorriu em resposta. Apesar de sua brincadeira, ela sentia um humor obscurecido no quarto. Emanava de Ian, fora de seu campo de visão, apoiado na chaminé. —Lady Reyna, estou seguro que concordará que seria melhor se o duelo entre seu irmão e Ian fosse impedido—, Morvan disse. —Concordo. Acabo de passar uma hora tentando convencer a Aymer de seu engano. Mas, meu pai e meu irmão não aceitam conselhos de uma mulher, e menos ainda, os meus. —Já que é uma viúva, não existe nenhum modo de provar que você não foi abusada. Mas, se Ian enfrentar a seu irmão, o matará. Conheço as habilidades de Ian, e o duelo terminará com a morte de Aymer. Nós gostaríamos de evitar isso. Não é verdade? 165
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Históricos —Claro. Mas como disse, eles não me ouvem quando lhes explico. —Há outra alternativa que os deixará satisfeitos. —Não acredito que exista. —Claro que existe. Se um homem seduz ou abusa de uma mulher, sua honra e o de sua família podem ser recuperados se ele se casa com ela. Ela de repente se sentiu pequena e vulnerável e superada em número. —Não desejo me casar com Sir Ian. Sinto muito se isso desfizer seus planos—, ela sentiu o interior de Ian tremer detrás dela, em reação a seu anúncio. —Vocês os homens fazem suas guerras e suas brigas, e nós as mulheres nos convertemos em peões de um jogo para a resolução delas. Eu já fui usada uma vez nesse jogo, o que é bastante para uma vida. —As mulheres não podem controlar seus destinos. Minha própria esposa e minha irmã podem te dizer isso. —Não necessito de nenhuma mulher que me instrua nas grande verdades da vida, mas recordo que sou viúva. Nós temos mais controle que a maioria das mulheres. Além disso, Sir Ian e eu somos incompatíveis. Certamente ele não dá as boas vindas a nada disto. —Ele está disposto. —Considero tão estranho. Dois dias atrás ele estava seguro que eu tramei com um amante para assassinar a meu marido. Justo naquela manhã ele sugeriu que eu me tinha deitado com a metade do exército de Armstrong. Porque ele aceitaria casar-se com uma
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Históricos mulher tão perversa? Certamente não para evitar o duelo com Aymer. Ian é muitas coisas, mas covarde não é uma delas. Ela estudou o rosto de Morvan quando ele não respondeu. —Você o subornou—, ela disse, analisando-o em voz alta. — Dinheiro ou terras? Terras, acredito—, as peças do quebra-cabeças foram para seu lugar. —Estas terras. —É muito inteligente, Lady Reyna—, Morvan assentiu. —Sim, este casamento é muito conveniente para seus propósitos, mas não vejo como beneficia a mim. Ian não é um material muito promissor como marido, e há algo mais que uma pequena discussão entre nós. Nem sequer ele confia em mim. O casamento com ele me condenará a toda uma vida de inferno. —Insulta a Ian e está perdendo uma grande oportunidade—, Morvan disse. —Sua origem é melhor que a sua e sua família é da nobreza. —Bem, ele está muito longe de sua casa, de todo modo. Ele é um mercenário, com muitas ações pouco nobres em sua alma. E seu apetite pelas mulheres é famoso. De fato, penso que comete um engano lhe dando estas terras. Não funcionará matematicamente. —Matematicamente? —Considerando sua reputação das mil noites, conforme dizem. Eu calculo que ele necessitará pelo menos três mulheres por semana. Contando esta fortaleza e as granjas vizinhas e contando com que algumas das esposas resistirão a sua sedução, estas terras não o conterão por longo tempo. Sem dúvida com este tipo de homem a repetição causa aborrecimento. Ele estará uivando para fugir daqui antes de um ano. A boca de Morvan se retorceu. David tossiu ligeiramente. 167
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Históricos —Já vê, Sir Morvan, este casamento terminará sendo um desastre—, Ian disse fervendo. —Mas eu exijo. —Não pode exigir que eu concorde com isto. —Não. Então te dou uma opção. Ou se casa com Ian, ou ele matará a seu irmão amanhã, depois do qual seu pai a aceitará em devolução para a levar para sua casa. Não queria isso antes e não acredito que sua situação melhore depois disto. Além da vergonha associada ao que eles pensam que aconteceu aqui, é sabido que é estéril e portanto de pouco valor para futuras alianças de casamento. Estando sob a autoridade de seu pai nem sequer te salvará do julgamento relativo à morte de seu marido, já que seu pai não parece tão interessado em te proteger como eu pensei. Morvan resumiu a situação brusca e cruelmente, mas não disse nada que ela não soubesse. Entretanto ele tocou um tema que despertava um medo muito maior que a vida austera no lar de Duncan. —Se me casar com Ian e te ajudo desse modo, assegura-me que não serei julgada pela morte de Robert? Ela conteve a respiração durante a pausa que seguiu. Quando ele finalmente falou foi com resignação. —É melhor que esse assunto seja esclarecido. —Então este casamento não me beneficia em nada. Não pense em me manipular, Lorde Morvan. Desde menina aprendi a sobreviver a isso. Se a alternativa é ir ao de meu pai, farei-o, e sobreviverei novamente. Melhor esta vez, pois Robert de Kelso me ensinou a ser forte.
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Históricos Voltando-se com calma, e deliberadamente nem olhando para Ian, que estava perto da chaminé, ela se retirou. —Não é nenhuma idiota—, David disse. Ian amaldiçoou vivamente sua resposta. Pois ter que escutar aquela pequena moça cuspir sobre ele insultos tinha sido intolerável e queria segui-la e... Ian se deu conta que queria segui-la e acariciar seu corpo até que ela estivesse submetida a ele. —Não posso acreditar que ela está disposta a voltar com Duncan—, Ian disse. —Se esse homem abusou dela diante de nós, quem sabe o que lhe fará quando estiverem a sós. Que aquele tratamento abusivo de Duncan era preferível a casar-se com ele só adicionava mais um insulto. —Ela não deseja ir para lá, mas está resistindo para obter condições que a beneficiem—, David disse. —Morvan, terá que garantir sua vida no assunto da morte de seu marido. —Não posso ignorar semelhante crime como Lorde, da mesma maneira que você não poderia fazê-lo em Senlis. —Então... algum tipo de compromisso, talvez. Morvan ponderou a sugestão. —Se ela fosse culpada, não a executaria. Pode ir para um convento. —Isso poderia ser suficiente. Ian de repente viu outras condições que não tinham sido oferecidas mas que poderia fazer mudar a opinião da mulher. Ele caminhou para a porta, fervendo com determinação. —Onde está indo?—, Morvan perguntou. —Capturar uma gata selvagem. Digam ao sacerdote e ao mordomo que haverá um casamento amanhã. 169
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Históricos Reyna se agachou em um caminho ao lado de uma série de flores e apontou umas plantas medicinais, explicando seus usos. Em um banco próximo, Christiana escutou com interesse, mas Anna continuava olhando para a fortaleza. —Eles estão armando algo. Posso pressenti-lo—, Anna murmurou, suas sobrancelhas franzindo-se. —Que solução lhe propuseram? Reyna encolheu os ombros. A última coisa que queria era escutar aquelas mulheres dando argumentos para apoiar a seus maridos. —OH, santos céus. Eles querem que se case com aquele canalha, não é verdade? —Ela têm razão, Reyna? É isso que lhe pediram?— Christiana disse. —Claro que sim—, Anna estalou. —Típico dos homens. Ian se comporta como um canalha e sua vítima paga o preço. Confio que recusou. —Sim. —Bem para você. A simples idéia de estar presa a semelhante homem é horrível. —Sempre pensei que Ian era muito bom—, Christiana disse. —Isso é porque o conheceu estando casada, — Anna disse. —É muito generosa com todos. —Recordo-te que ele salvou a vida de Morvan. Só por isso, acredito que deveria ser mais amável em suas opiniões. David me disse que ele só pediu uma oportunidade
para voltar para a
Inglaterra e um serviço honrado em retribuição por sua coragem.
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Históricos —Ian provavelmente calculou que conseguiria mais se não pedisse muito. Ele tem que ir a França e unir-se a uma companhia independente em primeiro lugar. Morvan não o fez, e só possuía a Ian como um jovem cavalheiro. —Morvan pelo menos teve o sonho de recuperar estas terras, e a amizade de um rei—, Christiana assinalou. —E então ele teve você e suas propriedades. O que podia fazer Ian quando deixou a corte? —Poderia ter retornado a sua família. Ele não tinha que converter-se em um criminoso. —Ele não podia voltar, embora não sei por que. E muitos cavalheiros respeitados se unem a esse tipo de companhias. Eu vi uma aldeia saqueada por cavalheiros guiados por um rei. As vítimas de guerra não debatem a honra relativa de ser saqueados por um exército do rei ou ser sitiados por uma companhia independente . Reyna estava fascinada por aquela discussão entre duas mulheres que conheciam Ian melhor que ela. Se perguntou porque Ian não poderia voltar para sua família. —Falando do diabo—, Anna disse, olhando fixamente o portal do jardim por onde Ian entrava. —O que quer?—, ela exigiu. Ian se aproximou com uma faísca perigosa em seus olhos escuros. —Quero falar com Lady Reyna. É de seu interesse ouvir o que tenho para dizer. Te peço que você e Christiana nos deixem. —Não acredito... —Falarei com Sir Ian—, Reyna interrompeu . Christiana começou a empurrar uma Anna reticente. —Ele tem uma debilidade debaixo das costelas se precisa golpeá-lo—, Anna gritou antes de sair do jardim. 171
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Históricos Ian enfrentou Reyna e houve um súbito silêncio no jardim. Ela podia deduzir que ele estava zangado. E realmente não podia culpá-lo. —O que quis dizer ela com isso?—, Reyna perguntou. Ian começou a levá-la em direção à horta das maçãs com mais sombras. —É uma velha história—. Reyna olhou seu perfil. Sua expressão era enigmática, mas por alguma razão ela não tinha dificuldade em ler isso. —Não dormiu com a esposa de Morvan? Realmente, Ian, isso seria muito. Ele sabe? —Ele sabe. E essa era toda a idéia. Ele se foi da Inglaterra por vários anos, e conduziu Anna à corte para encontrar-se com o rei a respeito de umas propriedades de sua família. Ele era só um cavalheiro a seu serviço, mas eu podia adivinhar o que sentia por ela. Eu procurei provocar-lhe ciúme, e então cortejei Anna. —Cortejar me parece que apenas descreve o que aconteceu, se ela sabe que tem uma debilidade debaixo de suas costelas. —Havia uma mulher na corte que tinha sido amante de Morvan antes que ele deixasse a Inglaterra. Era nela em quem eu realmente estava interessado, mas com seu retorno parecia que ela voltaria para ele novamente. Então eu cortejei à dama que ele realmente queria, ou seja, Anna. —Funcionou? —Sim. Ele nos encontrou pouco depois que ela usou seu punho para me afastar. Morvan quase me matou. Eu cortejara à mulher ele queria, e a que eu queria estava sendo distraída por ele, então achamos a solução óbvia. 172
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Históricos —Qual foi?
Ele encolheu os ombros. —Nós negociamos as damas. Reyna imaginou a ele e a Morvan anos atrás. Dois homens seguros de seu êxito a respeito a suas habilidades com as mulheres, repartindo as damas ganhas com seus encantos. Ian se inclinou contra o tronco de uma árvore e dobrou seus braços sobre seu peito. Observou-a de um modo franco que incomodamente lhe recordava daquele dia no rio. —Não tem nenhuma opção real—, ele disse. —Certamente que tenho. —Matarei-o amanhã. Não duvide que essa vitória será minha. O mandaria à morte devido a este equívoco ? E mais tarde, quando Duncan ficar contra Morvan, quantos mais sofrerão? Esta fortaleza ficará no meio desta briga. O povo de Fitzwaryn e o povo de Armstrong, mais seu povo, também. Como acredita que será para os camponeses quando esta região estiver em meio de uma guerra entre três famílias? —É desprezível. Como se atreve a apelar a meu sentido de dever para seus próprios propósitos? —Morvan não me subornou com estas terras, Reyna. Elas são minhas com ou sem você. Mas se nosso casamento evitará a matança que te descrevi, devemos nos casar. —Muito bom para todos menos para mim, canalha. E não me fale como se fosse a lei que me rege. Ian agarrou seu braço e a fez voltar-se contra a árvore onde ele estava apoiado. Ele apoiou sua mão em cima de sua cabeça no tronco e curvou seu corpo sobre o seu. 173
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Históricos —Será a lei para você muito em breve, e a aceitará. Não é a esposa perfeita e eu não sou o marido ideal, mas igualmente se fará o casamento. Que espera ao voltar para a casa de seu pai? A golpes e a maus tratos pode sobreviver, Reyna, mas o que há de resto? Ela
olhou
seu
rosto.
Sua
expressão
era
pensativa,
determinada e dura. Não era um homem estúpido. Como o tinha descoberto? —O que diz?—, ela perguntou. —Seu medo da escuridão, Reyna. Ultrapassa o normal. O que lhe fizeram, te trancaram na escuridão quando era uma menina? Em um calabouço? Como castigo? —Uma cripta. Era uma cripta, debaixo da capela. Enquanto ela dizia isto, podia sentir a umidade do espaço escuro, ouvir o silêncio eterno, sentir as mãos dos mortos agarrando-a. —Pensa que esse medo foi esquecido por Duncan? Por Aymer? —Eu era uma criança então, é um medo infantil. Sou adulta agora. —Pode ser um medo infantil, mas ainda vive em você. Sim, será forte com eles, até a primeira vez que eles lhe traquem lá novamente, e logo se romperá, como quase o fez outra noite na velha fortaleza. Ela desviou a vista de seu inexorável olhar. — É cruel. Odeio você. Ele tomou seu queixo entre as mãos.
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Históricos —Não, você não me odeia. Tem medo de você mesma comigo, mas isso é uma coisa completamente distinta do ódio. A lembrança da paixão que eles tinham compartilhado brilhou em seus olhos. Ela se sentiu horrivelmente consciente do calor de sua mão sobre seu rosto e da proximidade de seu corpo. De repente ela se sentiu encurralada, e débil contra o poder dessa atração que ele podia exercer nela. —Correrei o risco com Duncan e Aymer—, ela conseguiu dizer. Ainda que despedaçada, pelo menos estarei viva, e poderei deixá-los com o tempo. Ian sorriu. Seu coração se acelerou. Deus querido, que sorriso. Enviou um estremecimento de excitação ao centro de seu corpo. —Não. Você ficará e nós vamos nos casar, Morvan garantiu sua vida sem importar o resultado do julgamento da morte de seu marido. Um convento será seu destino no pior dos casos, ele disse, mas não chegará a isso. Como seu marido, eu o farei e pedirei julgamento por combate. E não perderei. Uma pequena esperança cresceu em seu coração. —Você lutaria por mim? Mudou de idéia novamente e agora me considera inocente? —Não, Reyna. Não perderei porque sou um guerreiro muito qualificado. Sua
falta
de
convicção
em
sua
inocência
a irritou,
especialmente porque ele uma vez havia fingido ser seu aliado. Mas ele pretendia seduzi-la então.
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Históricos —Que classe de homem é você, Ian de Guilford, que aceitaria se casar com uma assassina? E sem filhos depois de doze anos de matrimônio. —Sou um homem prático que te oferece um acordo que você não pode recusar. Você não quer este casamento? Bem, em três ou quatro anos, será anulado. Porque estas terras serão inglesas novamente e será o bispo de Carlisle a quem o solicitaremos, e ele não quer que haja brigas nesta região. Ele aceitará sua condição sem filhos todos estes anos como razão para a anulação. Morvan te dará algumas terras, com uma renda decente, e haverá uma casa em Londres para você. Christiana te apresentará na corte. Poderá discutir filosofia a seu gosto com os homens instruídos que há ali. É Melhor que Edimburgh, e mais seguro para você. Ian realmente lhe estava oferecendo um acordo que seria difícil de recusar. Pois viver nessa grande cidade, ser independente, ser livre para estudar ou fazer algo que ela quisesse… a perspectiva imediatamente a excitou. Imagens e possibilidades se confundiram em sua mente. Ela nunca tinha estado longe daquela região em toda sua vida. E sua oferta de lutar em nome dela como seu campeão em um julgamento lhe dava mais segurança que contar com o amparo de Duncan. Haviam condições do pacto que podiam ser comprometidas se ela concordasse, mas se o matrimônio seria anulado, isso significava que nunca realmente existiria tal matrimônio. —Promete que fará isso?—, ela perguntou cautelosamente. —Sim. Em alguns anos estará livre deste inglês filho da puta, e eu poderei me casar com uma mulher obediente e dócil que pode
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Históricos me dar filhos. Não será um matrimônio real, a não ser uma conveniência temporária. —Um casamento de conveniência—, ela meditou. —Isso não deveria ser muito dificil. Tive um assim antes. —Aceita, então? —Aceito. Um olhar triunfal iluminou sua expressão dura. Seu coração começou a pulsar mais forte, porque ela suspeitou que ele ia beijála. Pelo contrário, com uma reserva apropriada dadas as circunstâncias, ele se apartou da árvore e estendeu sua mão. —Então vamos contar aos outros. Seu pai e seu irmão têm que acreditar que você aceitou isto de própria vontade, vão se zangar, pois por alguma razão eles lhe querem de volta. Eu ficarei com você, ou estará com as damas. Não estará a sós com eles novamente. Reyna vacilou, e logo aceitou sua mão. Se eles iam casar-se no dia seguinte, o gesto era o mas íntimo que eles teriam nesse compromisso.
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Históricos
Capítulo 12 O jantar foi festivo e alegre. Alice se excedeu com a abundância e a variedade de comida, e Andrew trouxe um vinho especial de Gascon. O salão estava cheio de sons de conversações alegres. Reyna tentou não sentir-se culpada por todo aquela algazarra criada por um casamento que não era um casamento real e que seria um passatempo por apenas alguns anos. A presença de Ian a seu lado só fez piorar. De vez em quando o descobria contemplando-a com uma expressão dissimulada, como se ele estivesse pensando que ela era culpada pelos eventos que o colocavam naquela situação. Ian parecia mas bonito que nunca aquele dia. Ela o tinha visto nas roupas toscas do acampamento e com sua armadura de um guerreiro, mas nunca o tinha visto assim. Ele vestia uma túnica cinza claro com um bordado cinza mais escuro nas mangas. Ian, o aristocrata, ela pensou, imaginando por um momento sua vida passada na França. Não era surpreendente que ele houvesse ganhado os favores de muitas damas de Windsor e Westminster. Quando a tarde se fazia noite, e o vinho e a cerveja fluíam abundantemente, a razão da festividade começou a fazer com que os casais se mostrassem mais apaixonados. Christiana estava sentada no colo de David, ambos envolvidos num abraço. Morvan alimentava Anna e parecia que estavam sustentando uma conversação muda e erótica. O óbvio amor que suas novas amigas compartilhavam com seus maridos causava uma inquietação em
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Históricos Reyna. Ela tinha uma dolorosa consciência do que se havia perdido em sua própria vida. Ela olhou para baixo, para o vestido rosa que estava usando. Podia inalar o perfume das flores que adornavam sua cabeça. E se lembrou de outro dia, fazia muito tempo, e de outro casamento. O vestido não tinha sido tão importante nem o jantar tão alegre. Os homens tinha estado mais interessados na trégua sendo negociada que na jovem noiva que estava sendo negociada. Ela tinha antecipava o casamento com um medo mortal, mas naquele dia o tinha esperado impacientemente, porque ela já tinha conhecido a seu marido paternal e tinha visto a generosidade e a salvação que ele oferecia. Lembranças e remorsos voltaram com uma renovação do duelo por Robert mais intensos dos que tinha sentido por meses. Uma mão tocou seu ombro, e Christiana lhe falou baixo ao seu ouvido. —Ninguém nunca sabe como este tipo de coisas acabarão. Não há nenhuma pegada nem marca na neve que cobre o campo que vais atravessar. Reyna sorriu ante o otimismo de sua nova amiga. Mas claro que existiam pisadas e marcas, muitas delas, postas ali pelas pessoas vivas e mortas, e as mais frescas tinham sido feitas por Ian e ela mesma no jardim no dia anterior. Ela decidiu que era um bom momento para visitar Alice e os criados fora do salão. Ela se desembaraçou da perturbadora companhia do homem com quem havia casado, e passou as próximas horas entre seus velhos amigos. O sol estava se pondo quando uma comoção ocorreu no portão de entrada. Gregory entrou apressado no salão e foi até Ian. 179
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Históricos Eles desapareceram na direção do portão. Algum tempo mas tarde eles voltaram, e correu o rumor de que um mensageiro tinha vindo enviado por Thomas Armstrong solicitando o retorno das damas da Fortaleza Black Lyne. Reyna ouviu Ian instruindo Gregory para que tivesse cem homens preparados para cavalgar para a fronteira cedo de manhã. Quando ele terminou, caminhou até ela. —Christiana estava te procurando. É hora de ir para seus aposentos, milady. Reyna observou o crepúsculo crescente. Sim, era momento de interpretar a parte seguinte da farsa. —Diga a Christiana que Alice me ajudará. Ian lhe deu um olhar peculiar antes de ir. Alice escutou o dialogo, ao seu lado, exalando o cheiro de vinho. —Pode subir todos os degraus, Alice?— ela perguntou. —Claro. Pensa que deixaria que qualquer outra fizesse isto? Reyna ajudou Alice a subir as escadas. No quinto piso, Alice quis entrar no solar, mas Reyna a levou a outro lugar. Alice a seguiu ao seu próprio quarto. —Ah. Não quer compartilhar a mesma cama que usou com Sir Robert. Reyna não respondeu. Alice a agarrou pelos ombros e os baixou. —Não estará sentindo-se culpada ou algo assim, não é verdade? Algumas viúvas o fazem quando se casam novamente, se elas tiveram afeto por seus primeiros maridos, mas Robert não quereria que você continuasse vivendo sozinha.
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Históricos Juntas tiraram as muitas fivelas de seu cabelo e tiraram a coroa de rosas. Alice penteou o cabelo sedoso, e logo lhe tirou o adorável vestido. A cozinheira se aproximou para preparar a cama. —Me deixe agora, Alice—, disse Reyna. Alice a olhou desconfiadamente. —O que está planejando, criatura? —Só gostaria de ter algum tempo a sós, isso é tudo. —Posso ver sua tristeza, esteve estranha todo o dia. Planejou permanecer fiel a ele, até depois da morte? —Se estive estranha é porque tudo isto aconteceu tão rápida e inesperadamente. Deveria estar dançando de alegria? —Talvez. Mas poderia ajudar se não olhasse esse cavalheiro como se estivesse enfrentando a forca. Era uma escolha infeliz de palavras, mas não completamente acidental. Alice estava lhe recordando o amparo que Ian lhe proveu, e o que lhe devia em troca. —Deixe-me agora—, Reyna repetiu. Alice grunhiu e sacudiu a cabeça. Deu palmadinhas leves na bochecha de Reyna e partiu. Reyna exalou profundamente. Ela foi para seu baú e tirou um de seus vestidos singelos e o pôs. Então rapidamente arrumou seu cabelo em uma longa trança. Lançando-a para suas costas, moveu as três velas de noite para perto da escrivaninha. Sentia-se muito inquieta para dormir. Começaria sua carta para Lady Hildegard da Suécia. Cuidadosamente compôs a primeira linha em latim para a abadessa instruída com quem ela se correspondia. A abadessa em 181
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Históricos sua última carta lhe havia oferecido um argumento cuidadosamente detalhado provando que as mulheres tinham almas, um ponto que os teólogos debatiam. Reyna havia achado alguma falha na lógica do argumento que queria assinalar de maneira que Hildegard pudesse as corrigir antes de fazer circular sua tese. Estava se preparando para entrar na metade de sua análise quando a porta de seu quarto se abriu. Ian entrou e a fechou atrás dele. —O que está fazendo?—, ele perguntou. —Escrevendo uma carta—. Ela escreveu outra palavra sobre o papiro. Reyna tentou concentrar-se em uma construção difícil do latim que necessitava formar. Não era fácil fazer isso. Ian tinha um modo de distraí-la sempre que estava perto. Ela realmente desejava que ele fosse embora. —Tem
uma
atitude
muito
peculiar
em
relação
aos
casamentos, Reyna. Passa o dia ignorando seu marido, e se para o quarto para escrever sobre filosofia. Ela fez uma careta ante seu tom irônico, mas não o olhou. Ele ignorou. Não esperava que ele o notasse, ou que se importasse muito. Sendo um homem orgulhoso e vaidoso, provavelmente pensava que ela deveria ter deixado de lado seu papel e fingir algum interesse nele. Ela voltou seus pensamentos ao latim. Um movimento e um som distraíram sua atenção. Levantou seus olhos por uma fração de segundo.
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Históricos O cinturão de Ian jazia no chão perto de suas pernas embainhadas nas botas. Ela olhou fixamente para aquele cinturão. E um sinal de alerta antecipado a dominou. Seu olhar se elevou para percorrer toda a extensão de seu corpo. Ele estava desabotoando o frente de sua túnica. —O que está fazendo?—, ela perguntou cautelosamente. —Me despindo. Uma esposa obediente me ajudaria. O alerta a golpeou novamente. —Esquece que não sou uma esposa obediente. Sou uma conveniência temporária. —E é temporariamente conveniente para você ser minha esposa. E como tal realizar os deveres que eu ordene—, ele a olhou, seus olhos grandes e negros sob o brilho da vela. —Por que ainda está vestida? Por que Alice não te preparou? —Me preparar? —Te preparar. Para ir para a cama. Te preparar para mim. Ela apoiou a pena, surpreendida e intimidada. —Não pode acreditar que… não pode pretender dormir aqui. —Era minha intenção dormir no solar, mas já que você não estava lá, assumi que você não queria compartilhar a cama usada por seu finado marido. Agradar-te-ei nisso durante algum tempo. —Seria inapropriado que nós compartilhássemos qualquer cama. Suas mãos se congelaram sobre a túnica. —Seria mais que apropriado. Nós estamos casados. —Não é um casamento real, disse que era uma conveniência temporária—, ela se sentia realmente desesperada agora, atacada 183
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Históricos por uma raiva crescente. Ele sabia as implicações de seu acordo. Era incrivelmente desonroso que ele fingisse não fazê-lo. Ian apoiou suas mãos na escrivaninha, seus olhos escuros refletindo raiva enquanto a olhava. —Sim, conveniente para todos os que estão a nosso redor. É conveniente para Morvan para manter a neutralidade de seu pai. É conveniente para seu amparo. Como estas terras me teriam sido dadas de qualquer maneira, a única conveniência que vejo para mim é ter uma mulher disponível quando eu queira uma. Ela reuniu toda sua coragem para enfrentar sua fúria. —Se quiser uma mulher, vá procurar outras. Há pelo menos uma dúzia que lhe dariam as boas vindas. —Mas eu não lhes dou as boas vindas, Reyna, não em minha noite de bodas—, sua voz era muito baixa e intensa. —Além disso, conforme eu vejo tudo isto, nós temos um assunto pendente. Sua respiração se deteve. —Bastardo canalha, me enganou deliberadamente.— Ela parou para enfrentá-lo. —Disse que era um casamento de conveniência. Temporário. Não real. —Suficientemente real até que seja anulado. —Espera que mais tarde minta a um bispo para obter essa anulação? —Espero
que
sua
condição
de
estéril
possa
falar
eloqüentemente em nosso favor. Disse que essa seria a base do pedido de anulação, Reyna, falta-nos a consumação. Sua mente procurava freneticamente uma solução para aquele horrendo mal-entendido. Aquilo era terrível. Terrível. Talvez a lógica ajudaria. 184
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Históricos —Ian, o objetivo de um matrimônio é produzir filhos. Nós entramos neste acordo sem a intenção de fazer isso. Então, nós não estamos casados. —Um elegante, mas fracassado, silogismo. Tenta vê-lo ao reverso. Os votos fazem válido um casamento, e só os bispos podem desfazer esses votos. Nós acabamos de trocar votos. Então, até que um bispo os anule, nós estamos casados. Se você procurava um matrimônio somente no nome, deveria havê-lo dito antes. Ela notou com desânimo que sua lógica carecia de falhas. Ele começou a dar a volta à mesa, indo até ela. Ela se afastou e manteve a escrivaninha entre eles. Seu coração pulsava como um tambor, e tentou encontrar alguma explicação que terminasse com aquele pesadelo. Não havia nenhuma. Nada do que ela pudesse dizer teria sentido. Olhando-o implorantemente, como se as palavras mudas em sua cabeça pudessem viajar até ele, então, ela sussurrou. —Não posso. O olhar obscuro que ele lançou quase a derrubou. — Não pode? —Não. —Você realmente pensou que íamos viver como um irmão e uma irmã? Não conhece os homens, não é verdade? —Suficientemente bem, mas isto é impossível. —Então não pode viver aqui. Não prejudicaremos os planos de Morvan devido a seu caráter caprichoso. Ofereço agora outro trato, e o único que importará essa noite. Eu nunca forcei uma mulher, e tampouco deixarei que você me leve a isso. Se não pode 185
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Históricos ser uma esposa para mim, irá para um convento. Um em Brittany, onde não criará dificuldades no futuro. Com ou sem anulação, poderá apodrecer lá. Sua raiva circulava pelo ar. Sua expressão parecia perigosa e determinada. Ele realmente queria dizer isso. Faria isso . Ian caminhou para a porta. —Tome sua decisão, Reyna. Submeta a toda filosofia que queira. Reyna
se
afundou
na
cadeira
e
contemplou
inexpressivamente as velas brilhando diante dela. Estupidamente reviveu todo o que acontecera naquele dia e admitiu, se houvesse prestado mais atenção, poderia ter se prevenido daquilo. Os olhares compridos. A tensão da expectativa a tinha desestabilizado muito. A satisfação consigo mesma por ter conseguido dirigir as coisas tão bem a tinha cegado às suposições de Ian. Ela olhou o anel em seu dedo. Deus santo, o que tinha feito? Ian
realmente
não
lhe
tinha
dado
muita
opção.
Ocasionalmente compartilhar sua cama por vários anos, ou ser confinada para sempre em algum convento. Ninguém tinha direito de lhe pedir semelhante sacrifício. Ela pensou no homem mais velho que lhe tinha demonstrado que alguns homens podiam ser bons e generosos. Revisou as promessas que ela tinha feito. Não as trairia. Não podia. Pois se o fizesse, ele pensaria que ela o tinha traído deliberadamente. Mas deixaria que as circunstâncias fizessem isso, e não suas palavras, e tentaria salvar algo, de algum jeito. Devia a Robert ao menos isso, até se ele houvesse insistido que ela não o fizesse . Reyna caminhou para a porta, imaginando o cavalheiro orgulhoso e insultado esperando por ela. Duvidou que Ian se 186
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Históricos sentisse muito inclinado à bondade ou a generosidade naquela noite. Ia ser horrível. Absolutamente horrível. Abriu a porta do solar e silenciosamente entrou. A noite se pôs fresca, e os criados tinham preparado quarto, acendendo um fogo baixo na lareira. Três velas ardiam em seus altos castiçais, perto da cama, e ela se perguntou se, recordando seu medo da escuridão, Ian tinha ordenado velas extras. Ele estava sentado em um dos bancos da janela, uma perna dobrada no assento e outro pé apoiado no chão. Ele não notou sua presença no princípio, enquanto contemplava a noite. Ainda estava zangado. Ela o podia sentir. Reyna ficou perto da porta. Todo seu corpo cheio de um medo que fluía como água. Ian tornou-se consciente de sua presença. Voltou sua cabeça. Ela não podia ver claramente seu rosto nas sombras. —Venha aqui. Ela respirou profundamente e se aproximou. Não podia olhálo, mas sentia que ele a observava. Ela permaneceu de pé silenciosamente por uma terrível eternidade, com seu olhar quente perturbando-a. Seus dedos deslizaram pela extensão de sua trança. Seus olhos baixos o viram apertar o extremo da trança. Sua mão começou a girar lentamente, e a trança se enroscou ao redor dela. Reyna sentiu o puxão em seu couro cabeludo e baixou sua cabeça, mas a mão seguia girando. Sim, estava zangado, e não seria generoso. Fechando seus olhos de humilhação, ela não teve nenhuma opção a não ser dobrar seus joelhos enquanto a trança a 187
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Históricos empurrava para baixo. Mais baixo. E mais baixo, até que finalmente ela se ajoelhou no chão, a seu lado. Seu coração pulsou furioso com indignação, mas ela conteve sua língua. —Parece que pode, depois de tudo, Reyna. —Sim—, ela sussurrou. —Sim, meu Lorde—, ele corrigiu. Ela apertou os dentes. —Sim, meu Lorde. Reyna pensou que ele a soltaria então, mas não o fez. —O amava? Ela se surpreendeu com a pergunta inesperada. —Amar a quem, Ian? A Robert? A Reginald? A Edmund? Você afirmou que eu era amante de vários. Sua mão se apertou em advertência. —Seu marido. Amava-o? Ele lhe estava oferecendo uma desculpa, uma explicação para suas repetidas recusas. Ela suspeitava que a resposta não mudaria nada, e então falou honestamente. —Robert era tudo para mim. Eu construí minha vida em torno dele, e sua morte me partiu ao meio. Ele era meu salvador, meu professor, meu pai—. Ela fez uma pausa. —Ele era meu amigo. Ian a olhou intensamente, atônito pela emoção irracional que sua resposta lhe causava. Uma declaração de amor eterno teria sido mais fácil de ouvir. Ele podia competir com a paixão, mas suas palavras deixaram claro, qualquer coisa que acontecesse naquela noite, o velho seguiria possuindo uma parte dela que ele nunca teria.
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Históricos Sentia ciúmes de um homem morto, Ian pensou com raiva. De seu rei Alfred. Ele visualizou um retrato de Robert de Kelso em sua mente, apoiando-se no pouco que ela e os outros tinham contado. Não era um homem alto nem de corpo poderoso, porte forte em um estilo magro. Um bom guerreiro, mas sua inteligência provavelmente contava tanto quanto a habilidade de seus braços. Cabelo cinza claro no momento de sua morte, e provavelmente também sua barba. Não era um homem bonito, a não ser alguém de aparência aceitável com olhos inteligentes, especialmente ao olhar de sua esposa. Ela tinha chegado a Robert sendo uma criança, e tinha vivido como tal em sua casa por vários anos. O que teria passado por sua cabeça quando finalmente a levou a sua cama? Ele a tinha cuidado e amado como se ela fosse uma filha. Tinha a ajudado a vencer seus medos e tinha lhe dado liberdade para crescer. Ele havia reconhecido sua mente perspicaz e brandamente a tinha guiado em seu desenvolvimento. Provavelmente ele tinha adiado levá-la à cama por muito tempo, e logo essa cama tinha estado cheia de ternura e cuidado, mas não de uma grande paixão. A proximidade provavelmente contava mais que o prazer. Suas uniões mais intensas ocorriam de diferentes modos, perto do fogo enquanto discutiam sobre livros, na mesa durante as refeições, no pátio enquanto a observava passear pelo jardim. Ian olhou seu corpo mudo curvado em posição de submissão debaixo dele. Ela não se moveu ou falou, mas ele podia sentir o medo crescente nela. Imagens dela nua debaixo dele no rio, de seu 189
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Históricos prazer inesperado e de sua resistência cautelosa, confundiram-se em sua mente. —Ele era meu salvador, meu professor, meu pai, meu amigo. Soltando seu cabelo, ele desfez a trança. —Tire a roupa e deite na cama, Reyna. Ela ficou de pé e caminhou para a cama, respirando para controlar o pânico. Voltando-se de maneira que não teria que vê-lo observá-la, ela desarmou a trança, deixando cair seu cabelo para cobrir-se um pouco. Começou a tirar o vestido, e sentiu seu inexorável olhar todo o tempo. Tirando a camisa, rapidamente subiu à cama e cobriu-se com o lençol. Fechando seus olhos firmemente, permaneceu de costas e esperou. O tempo passou. Muito tempo. Ela realmente começou a ficar sonolenta. Abrindo um olho, viu Ian ainda sentando na janela, olhando-a. Sua cabeça estava inclinada para um lado, como se estivesse considerando se ela valia a pena tantos problemas. Ele saiu de seu banco e ela fechou os olhos novamente. Já não estavam sonolentos, escutou os sons de seus movimentos. As botas caindo no chão. O tecido da roupa deslizando. Um peso afundou o colchão ao lado dela. Seu cheiro e seu calor assaltou seus sentidos e seu coração começou a pulsar ferozmente. Sua mão tomou seu queixo e girou seu rosto para ele. Sentiuo inclinar-se para mais perto. Seus lábios roçaram os seus, e logo ele se afastou. —Não pensa que me deveria dizer isso agora?
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Históricos Ela abriu os olhos surpresa. Seu torso nu apoiado sobre um braço. O lençol cobrindo-o até a cintura. —Saberei a verdade muito em breve— ele adicionou. Ian sabia. Uma variedade de reações se atropelaram dentro dela. Reyna não disse nada. Não havia nada que pudesse dizer. —Não, se não falou para salvar o pescoço de seu irmão, tampouco falará agora para te salvar de minha irritação. Pensativamente deslizou sua mão sobre a borda do lençol próxima de seus ombros. Ela respirou profundamente. Talvez ele soubesse. Talvez finalmente houvesse visto de que se tratava o vergonhoso desejo que ela tinha mostrado no rio. —Fiquei pensando sobre o que você disse sobre Robert—, ele disse. —E logo pensei sobre este mal-entendido, e o que disse no jardim ontem, sobre que tinha tido um matrimônio de conveniência antes. Outras coisas me vieram à memória. A ignorância da cortesã Melissa, por exemplo. Me disse mesmo que você tinha fingido sobre sua falta de experiência sexual quando fiz amor com você perto do rio, mas aquela noite em minha tenda ainda não era seu interesse fazer isso. Ele a olhou nos olhos. —Robert de Kelso era realmente muitas coisas para você, Reyna. Tudo o que mencionou. Mas não acredito que ele verdadeiramente tenha sido marido. Ainda é virgem, não é verdade? Ela desviou sua cabeça. Ele a forçou a olhá-lo. —Não pode falar disto, inclusive agora que sei? Se prometeu silêncio, não quebraste a promessa comigo. Ele a fez fazer esse juramento? 191
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Históricos Ela desesperadamente
Grupo de Romances examinou
as
emoções
que
a
inundavam. Debateu sobre o valor de manter silêncio e não achou nenhum. Suspirando profundamente, exalando uma respiração contida por muitos anos, ela sacudiu a cabeça. —Ele não me fez jurar. Só me pediu que mantivesse silêncio enquanto ele vivia. Ele não soube que eu jurei fazê-lo muito depois que ele morreu. —Por que jurou? —Não queria que as pessoas falassem dele, ridicularizando-o. Procurando as razões para esta situação. Ele era um homem bom, respeitável e honorado. Se isto fosse conhecido, iriam rir dele ou pensar algo pior. —Ele está morto. —Sim, ele está morto, e tudo o que ficou é sua memória. Não aceitarei que isso seja destruído. Ela se perguntou se ele pensava que ela era uma completa idiota. Talvez para um homem como Ian, ninguém nem nada valia a pena os riscos que ela tinha corrido. —Ele não podia?—,
Ian perguntou.
—Preferia outros
homens? —Esse é o tipo de especulação que eu queria evitar, Ian. A resposta eu não sei. Nós falamos sobre ele só uma vez, quando eu tinha 17 anos. Dava-me conta nesse tempo que nosso matrimônio não era normal. Ela piscou com a lembrança daquela noite sete anos atrás, quando Robert havia retornado de uma visita a Clivedale. Ela tinha decidido que talvez o problema era que ele ainda a via como uma menina, e então tinha decidido recebê-lo aquela vez como uma 192
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Históricos mulher. Cuidadosamente tinha arrumado seu cabelo e sua roupa. Corajosamente tinha tentado beijá-lo em sua chegada. Funcionou. Ela tinha visto a perplexidade em seus olhos e tinha notado o modo com que ele a olhava durante o jantar. Mas aquela noite, ele a deixou na porta do solar como sempre o fazia. —Robert não explicou as razões. Pediu-me que não procurasse a anulação, por que ameaçaria o matrimônio e a trégua entre as famílias. Claro que aceitei. Não desejava voltar para Duncan, amava Robert e queria ficar com ele. —Alguém mais sabe? Outra lembrança veio, uma voz no solar aquela noite, repreendendo Robert. —Ela pensa que o problema é ela. Ela tem direito de saber. —Andrew, creio que sabia. Se haviam outros, não sei sobre eles. Ela se levantou apoiando-se em seu cotovelo, apertando o lençol ao redor de seu corpo. —Deve me prometer não dizer a ninguém. —Eu não prometo nada. Isto muda tudo. Ela se afundou de volta sobre o travesseiro e cobriu seu rosto com o braço. Sim, mudava tudo. Era muito pedir a Ian que continuasse com aquele matrimônio nas condições que ela tinha assumido, deixar que todos pensassem que era estéril e conseguir a anulação. Por que ele deveria esperar e passar por todos aqueles problemas? Se ela tivesse admitido a verdade, nunca teria havido um matrimônio em primeiro lugar. A prova que ela não tinha sido
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Históricos abusada estava em seu próprio corpo, e um simples exame revelaria isso. Não existiria o duelo com o Aymer, então, e nenhuma necessidade de evitar as conseqüências daquele acordo. Ela soube que Ian não ia tocá-la novamente aquela noite. Ele não destruiria a evidência que o deixaria livre da assassina com quem tinha sido forçado a casar-se. Imediatamente, ela adivinhou que uma vez que ele tivesse revelado a mentira dela para todos, até o sacerdote concordaria em romper o contrato de matrimônio e declarar inválidos os votos. Tentei, Robert. Se não tivesse morrido, se Morvan Fitzwaryn não houvesse escolhido este ano para voltar, se Reginald tivesse provado ser leal e me tivesse levado para Edimburgh… Ela suspirou ante a inutilidade de todas aquelas hipóteses. Ela afastou o lençol e se sentou, agarrando a camisa, indiferente a sua própria nudez agora. —Aonde vai, Reyna? —Para meu quarto. —A noite está gelada e não há um fogo aceso lá. Você ficará aqui. —Dificilmente me congelarei até a morte. —Ficará aqui. De outro modo, os criados falarão. Ian levantou o lençol. Os criados e todos os outros teriam material para falar em um ou dois dias. Ela se deitou e ergueu o lençol, cobrindo-se. Ian deitou-se ao lado dela. Seus olhos estavam fechados, mas um cenho franzido enrugava sua fronte. Ela sentia o calor de sua pele ao lado dele. A intimidade de estar deitados nus a 194
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Históricos perturbou. Ela se perguntou se ele fazia isso muito freqüentemente para estar imune a esse clima perturbador que se criou. Se ela soubesse algo sobre sedução, poderia resolver aquele dilema naquele mesmo momento. Claro que teria que passar toda sua vida com um homem em quem não confiava nem a queria, que a odiaria porque ela o tinha aprisionado em um matrimônio. E ele poderia estar suficientemente zangado para contar a todo mundo sobre Robert. —Não funcionará, Reyna—, ele disse. —Apesar do que você pensa, eu não sou um escravo de meus sentidos quando as circunstâncias não o permitem.
Capítulo 13 Ian saiu da cama antes do amanhecer e vestiu suas roupas. A audaciosa declaração feita a Reyna na noite anterior tinha sido realmente apenas uma resposta corajosa. A maior parte da noite ele passou só olhando para ela, lutando contra a tentação de despertála com sua boca e suas mãos, silenciosamente persuadindo-a para que o tocasse e quebrasse sua própria resolução. Ian riu de si mesmo com ironia. Tinha passado dias sonhando com conseguir levá-la para cama, e quando ela dofinalmente estava ali porque se havia casas com ela, não podia tocá-la. 195
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Históricos Olhou para ela novamente agora. Ele havia dito na noite anterior que tudo tinha mudado, e realmente era assim. Enquanto observava o rosto adormecido de Reyna durante a noite, tinha sido capaz de salvar seu orgulho e ver que seu amor por Robert era puro. Ela não o tinha traído com amantes enquanto ele esteve vivo e tampouco depois de sua morte, e ela certamente não o tinha matado. Não existia razão para fazê-lo. Robert certamente não tinha planejado abandoná-la, e ela não era estéril. Tal como ela havia dito, tinha construído sua vida ao redor dele, e Reyna não teria destruído aquela vida. Ela estaria disposta a manter seu silêncio até mesmo se lhe colocassem uma corda ao redor do pescoço, ou finalmente teria quebrado seu juramento e tivesse revelado a evidência em favor de sua defesa? Ian olhou seu corpo frágil e vulnerável, impactado pela força e a devoção que ela tinha demonstrado nos últimos meses. Apesar do que ela havia dito, Robert de Kelso não a tinha deixado vazia. Ele a tinha ajudado a construir um caráter de honestidade e bondade que sustentavam sua alma como um eixo de aço. Uma mulher admirável, forte, inteligente e fiel. Ian tinha conhecido poucos homens com uma combinação semelhante de mente e espírito. O curso da ação era claro. Realmente não existia nenhuma opção, mas ela dificilmente lhe agradeceria por isso. Ian deixou o quarto e caminhou até o salão escuro. Os criados já estavam servindo pão e cerveja. Viu a figura de Andrew Armstrong em uma das mesas e deslizou em um banco diante dele. O mordomo de cabelo grisalho parou de mastigar por um momento, e logo impassivamente continuou. Resignação passou pelos olhos 196
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Históricos de Andrew durante aquela pausa breve, e Ian viu que Reyna tinha razão, e que Andrew sabia e assumia que Ian agora sabia também. —Sir Robert já tinha sido casado antes de casar-se com Reyna?— Ian perguntou enquanto se servia de um pouco de cerveja. —Não que eu saiba. —Ele viajou muito. Poderia tê-lo feito. —Possivelmente. Mas pelo que conheci do homem, ele não abusaria desse sacramento desse modo, tomando uma esposa enquanto já tinha outra. —O homem era impotente? As pálpebras de Andrew cobriram seus olhos. —Não acredito. —Sabe se ele tinha levado alguma mulher para sua cama? —Não—. Andrew o olhou de um modo franco, como se o desafiasse a continuar. Ian também o olhou francamente. —Ele preferia homens e rapazes? —Não. Esse tipo de homens podem cumprir seus deveres matrimoniais quando são obrigados. Vários de seus reis ingleses provaram isso. —Esta obrigação não era tão grande. —Qualquer história que espalhe sobre isto, estará equivocada —. Ele fez uma pausa e adicionou, —Esse tipo de homens se reconhecem uns aos outros quando se encontram. —Talvez sim. Talvez, não—. Ian esperava que o mordomo oferecesse uma explicação alternativa. O silêncio plácido do homem o irritou. —Vai dizer me a razão real, ou não? Você também fez um juramento para proteger sua memória? 197
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Históricos O mordomo não respondeu à raiva de Ian. —Você teria deixado que eles a julguassem e não teria falado? Teria os deixado matá-la? O honorável Lorde Robert esperava muito de seus amigos. —Ela tinha intenção de ir para o norte. Eu a teria ajudado a fazer isso. Mas se tivéssemos chegado a esse ponto, eu teria falado o suficiente para exigir que alguém procurasse evidência de que ela não era estéril. Ian soube que não conseguiria nada mais definido do mordomo, e ficou de pé caminhando pelo salão. Precisava conversar com Christiana Fitzwaryn antes de levar seus homens à fronteira para fazer a troca das mulheres de Armstrong. Um grupo de trinta Armstrongs esperava sobre uma colina. Detendo sua tropa, Ian fez sinais para David para que trouxesse os cavalos com as mulheres. Thomas Armstrong e dez de seus homens desceram pela colina. Ian e David se moveram para frente, com as mulheres junto a eles. detiveram-se cinqüenta metros de distância de Thomas, e as mulheres começaram a cruzar a fronteira. Thomas olhou às mulheres que se aproximavam. —Onde está Lady Reyna?—, ele gritou. —Ela escolheu não vir,— Ian respondeu. —Eu exijo... —Não tem direito a exigir nada. Estas damas estão aqui por minha generosidade, mas as outras permanecerão comigo. As damas alcançaram seus salvadores. Margery cavalgou para seu marido. Thomas apenas sacudiu a cabeça saudando-a. E
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Históricos então, em um gesto carente de qualquer sutileza, Margery deu a volta sobre seu cavalo e lançou a Ian um olhar doído de despedida. Thomas franziu o cenho para sua esposa e depois para Ian. Seu rosto se avermelhou. Um rude intercambio com Margery continuou. —Diabos, Ian—, David murmurou. —Não me surpreende que tenha trazido cem homens com você. —Ela estava permanentemente flertando comigo. Te asseguro que minha contenção para não tocá-la foi impressionante. —Eventualmente um desses maridos ou irmãos lhe matarão. —Provavelmente. —Aí vem ele. Thomas trotou em direção a eles. —Não acredito que me esteja devolvendo minha esposa como eu a deixei—, ele disse bruscamente. —Isso é o que ela diz? —Será um prazer te matar quando tirarmos Fitzwaryn destas terras. —Não há necessidade de esperar. Se desejas tentar isso agora, estou disposto. Thomas furiosamente replicou. —Ela diz que te casaste com a viúva de Robert. —Sim, é verdade. —Ela matou aquele bom homem! —Nesse caso, ela responderá por isso, mas não você. —Duncan Graham está por trás de tudo isto? —Se estivesse, ele estaria te cortando em pedaços agora mesmo. 199
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Históricos Thomas grunhiu e girou seu cavalo. —Se sobreviver a este verão, vamos a encontrar. Enquanto isso, seja cuidadoso com o que come. Christiana emergiu do salão para saudar David e Ian em seu retorno. Ian olhou-a significativamente. Christiana fez um gesto com sua cabeça. —Onde está ela?—, ele perguntou. —No jardim. —Sinto muito te haver envolvido nisto, milady. —Melhor eu que Duncan e Aymer, Ian, embora ela está perturbada por que não acredita que eles aceitarão minha palavra e que exigirão…— Suas palavras se perderam e ela fez uma careta. —Não posso te prometer poder salvá-la dessa odisséia. Ele a deixou, mas não foi procurar Reyna no jardim. Precisava verificar algo primeiro. Pedindo a David que o acompanhasse, tomou uma tocha de uma parede e subiu as escadas para os quartos. —O que estamos fazendo?—, David perguntou quando Ian permaneceu no quarto e olhou pensativamente as paredes. —Estas paredes são grossas, David. É comum que elas sejam escavadas para ter salas secretas em fortalezas como estas. Há uma no quarto de Lorde e Lady Margery, por exemplo, que ela usava como guarda-roupa. Tem uma porta e é óbvio à vista. É estranho que este solar não tenha uma também . —Pensa que está escondido? —Sim. Um lugar seguro para guardar ouro e coisas assim.
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Históricos Ele moveu a tocha cuidadosamente pela parede do leste sem nenhuma sorte, mas tinha feito isso antes e não tinha achado nada. Girou pensativamente para o sul. —As escadas que levam ao túnel posterior chegam até para aqui—, ele explicou. Passou a David a tocha e se curvou para empurrar as pedras. A entrada baixa se abriu. David examinou as dobradiças e a barra de ferro que mantinham as pedras juntas. —Engenhoso. —Sim. Quase impossível de notar se a gente não sabe que está ali. Penso que Robert de Kelso construiu isto. Tem a marca de sua inteligência. Mas esta é a única parede externa, e com estas escadas aqui…—, Ian se agachou e deslizou para dentro da parede. O teto era muito baixo para que ele pudesse permanecer de pé. Descendo uns degraus, ele girou e tentou procurar a entrada. —Me dê a tocha. David a passou. As escadas ficaram iluminadas. Endireitando-se, olhou a parede enfrentando o alto das escadas. Era oca no nível superior. Não era uma sala, a não ser um nicho fundo. Segurando a tocha mais próxima, ele escrutinou dentro do nicho. Metal brilhava na parte de atrás do espaço. Reconheceu a velha armadura e as bordas de uns tecidos. Mas perto havia dois objetos pequenos. Ele levantou o primeiro. Um livro. Ele passou algumas páginas com uma mão. O herbário perdido. Deixou-o e tirou o outro. Um baú para guardar moedas, mas ele achou que não continha moedas. 201
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Históricos Guardando-o debaixo de seu braço, voltou para o solar. David levantou suas sobrancelhas quando ele viu a caixa. —Tinha que estar em algum lugar—, Ian disse. Levou-a para a escrivaninha e a deixou com os livros. Abriu-a. Os pergaminhos estavam dentro. —Os documentos—, David disse. —Concluí que Thomas Armstrong não os teria levado, ainda se soubesse onde estavam. Ele teve que escapar muito rápido quando a fortaleza foi tomada.— David começou a desdobrar os pergaminhos. —Procure o contrato de matrimônio—, Ian disse. —A descrição de seu dote. As terras do leste? Asseguradas para ela como propriedade quando ele morresse? —Sim. Como soube? Ela mencionou as terras uma vez, mas Morvan falou de sua propriedade terminando a meia milha ao leste, até antes que a ruínas comecem. Aquele velho castelo estava originalmente em terras Graham, porém foi dado a Robert como parte do dote dela. David procurou um pedaço pequeno de pergaminho, tinta e uma pena. Começou a desenhar. Aqui está Clivedale ao norte e Harclow ao sul, com a fortaleza de Black Lyne entre eles. As terras de Graham ao leste. Ele desenhou três retângulos horizontais em um lado da folha, e um comprido verticalmente a sua direita. —Por isso posso deduzir, o dote de Reyna transferiu estas terras aqui. Ele cortou uma franja de terras dos Graham. Ian estudou a nova configuração. As terras do dote não só estendia as terra da propriedade de Black Lyne algumas milhas a leste. Estendia seus braços separando as fronteiras dos Grahams e
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Históricos dos Armstrongs ao norte e ao sul. O matrimônio tinha criado uma área neutra. —Não é surpreendente que Duncan as quisesse de volta—, David meditou. —Olhe novamente, David. Se o testamento final for reconhecido, Black Lyne e suas terras vão com a Reyna, Duncan Graham rodeia os Armstrongs em Clivedale pelos dois lados. A expressão de David se fez dura. —Ele também rodeia Harclow pelos dois lados. Maccus Armstrong tinha muita fé em Robert de Kelso para deixar que o homem tivesse uma propriedade tão estratégica. Se os Grahams ou os Armstrongs reclamam a fortaleza de Black Lyne ou inclusive as terras do dote dela, não são boas notícias para Morvan, e não faz pressagiar nenhuma paz futura. Ian estudou o desenho de David, mas suas implicações estratégicas realmente não iriam fazer nenhuma diferença. Nas horas obscuras da manhã ele já tinha decidido o destino da viúva de Robert de Kelso.
Capítulo 14 Reyna ouviu os passos pelo caminho do pomar. Ela sabia quem seria. Ela continuou cavando a terra do jardim até que os passos se detiveram atrás dela. 203
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Históricos —Bastardo—, ela disse sem girar. Ela moveu seus joelhos em direção à camomila, empurrando a caixa com terra onde transplantava as ervas. —Poderia me haver advertido. Isso teria feito isto mais fácil? —, Ian perguntou. Na verdade, Christiana havia feito o exame tão facilmente como pôde, distraindo a ambas do que estava acontecendo, com contos graciosos sobre a corte inglesa. —Poderia ter aceitado minha palavra, entretanto. —Eu não necessitava de nenhuma prova, mas os outros sim. Sua palavra e a minha contaria para muito pouco. —Por que eles deveriam acreditar em Christiana? —Morvan e David nunca duvidariam dela, além disso ela é a Condessa de Senlis, nenhum sacerdote a chamaria de mentirosa. Morvan, David e o sacerdote. Menos homens observando a próxima vez, pelo menos. Ela ficou de pé e limpou a terra de suas mãos. As ervas transplantadas se viam em estado lamentável em sua caixa com terra. Isso era um desperdício de tempo. Duncan nunca deixaria que as levasse com ela. Toda sua vida aqui terminaria em algumas horas, quando partisse com seu pai para voltar para a casa de sua infância. Ela se voltou para Ian. Ele tinha retirado a armadura e estava usando uma azul túnica. Parecia tão bonito, sua expressão séria, aquelas sombrancelhas espessas baixadas para proteger os olhos escuros do sol. —Só tenho dois pedidos—, ela disse. —Duncan e Aymer provavelmente não aceitarão a palavra de Christiana. Se devo 204
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Históricos passar por isso com eles, quero que seja feito imediatamente. Também quero que pergunte a Morvan se posso levar meus livros. Eles me foram dados por Robert... —Os livros ficarão aqui, Reyna. —Eles são tudo o que tenho, Ian. Deixe-me manter algo desta vida. —Os livros ficam. E você também. O choque foi tão grande que ela pensou a princípio que tinha ouvido mau. —Não entendo. —Estamos casados. Permaneceremos casados. Nenhuma anulação agora ou mais tarde. Quando ficar grávida, atribuiremos à graça de Deus. —Então por que Christiana? —Não será prova para Duncan. Pois como diz, não lhe acreditaria, mas sua virgindade sustenta sua inocência na morte de Robert, já que ela nega qualquer das motivações que todos lhe atribuíram. Só Morvan se inteirará sobre isso quando chegar o momento, e ele não duvidará de sua irmã. Ela olhou seu jardim de ervas. Estava cheio de plantas encontradas em passeios com Robert, ou haviam sido trazidas por ele depois de visitar mercados distantes. O círculo de ervas se foi ampliando ao longo dos anos à medida que novas mudas eram adicionadas. De algum modo, aquelas ervas representavam a história de sua vida com ele. Uma ternura por Ian invadiu-a. Ele estava lhe dando isso. Oferecendo proteção à memória de Robert. Ninguém exceto Christiana e Morvan iam saber de seu segredo. Era um gesto incrivelmente nobre de sua parte. 205
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Históricos —Não tinha que fazer isso. Robert está morto. As pessoas falariam, mas eles esquecer-se-iam logo, especialmente se eu não estivesse mais aqui—. Ele se aproximou, e passou seus dedos por seu queixo e moveu seu rosto para o dele. —Eu escolhi fazer isto. —Por quê? —Eu poderia dizer que cumpro com a promessa de proteção que te fiz junto ao rio. Poderia dizer que porque nosso matrimônio assegura esta propriedade para mim de maneira mais consistente. Mas a verdade não é nem nobre nem prática—. Ele roçou seus lábios com os seus. —Eu não permiti que você fosse no começo, e não o farei agora—. Ele a beijou. Um beijo doce, mas sedutor. —Te desejo, é simples assim—, ele disse. —Você não vai. Ela olhou seu rosto perfeito. Não viu a raiva dos últimos poucos dias, ao contrário, viu uma expressão firme e determinada, como se ele esperasse uma discussão. Ela se perguntou se ele pensava que ela repetiria os insultos que lhe tinha dirigido no passado, e que declararia que preferia ir com Duncan que ser sua esposa. Ele não podia saber que ela se refugiou nessa hostilidade para proteger-se daquelas outras pessoas que ele evocava. Então, novamente, talvez ele suspeitava disso. —Tem medo de você mesma comigo, e isso é outra coisa completamente diferente do ódio. Ele a beijou novamente, e todo seu corpo se estremeceu. Era uma sensação maravilhosa. Reyna não lutou contra ela, porque já não tinha que fazê-lo. —Pensei que havia mudado—, ela disse.
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Históricos —Não.
Te
Grupo de Romances desejar,
isso
nunca
muda—.
Suas
mãos
acariciaram seu rosto para apoiar-se possessivamente em seus ombros. Seu dedo polegar acariciou acima e abaixo seu pescoço, criando uma linha de calor. —Fez um mau acordo, Ian. Depois que essa fome seja satisfeita, você ainda estará preso a mim para sempre. Eu não sou a mulher obediente com quem você tinha planejado se casar depois que nos separássemos. —Verdade. Mas espero que você seja menos mal-humorada depois de que seja bem cuidada na cama. —Isso é o que pensa? Que eu... —Penso que Robert te forçou a viver uma vida antinatural. Algumas mulheres estão preparadas para esse tipo de vida e não lhes importa, mas não era uma vida para você. —Pensa me mostrar minha verdadeira natureza? —Se alguma vez conheci uma mulher que foi uma donzela por muito tempo, essa é você.— Podia ser a verdade, mas soava como um insulto. Sua raiva cresceu. —Minha vida era prazeirosa e completa. —Por algum tempo, mas não nos últimos. Não desde que a menina virginal se converteu na mulher virginal. Nega seu ressentimento por seu salvador e seu professor não poder ser um homem com você? Afastando-o, ela o olhou fixamente. —Não zombe dele. Nunca faça isso. Se provar ser a metade do homem que Robert era, é possível que não lamente muito este matrimônio. Ele a atraiu de volta, em seus braços, contra seu corpo tenso. 207
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Históricos —Se vai me demonstrar uma décima parte da lealdade que mostrou a esse homem, eu tampouco o lamentarei—, ele disse firmemente, reivindicando sua boca com um beijo consumidor. Um ofego de surpresa morreu em sua garganta e o desejo que
ele
tinha
estado
estimulando
cresceu
rapidamente,
assombrando-a. Sua própria paixão esperou por ela, assustando-a com sua força e seu perigo. Não havia nada de gentil no modo com que sua língua percorreu seus dentes e seu paladar antes de empurrar de um modo selvagem e insistente. Todo seu corpo respondeu àquela ordem com uma frenética rapidez. Ian suavizou o beijo, misturando selvageria com sedução. Era igualmente devastador a seu próprio modo, enquanto provocava sua boca quase delicadamente e acariciava seu corpo quase castamente. Ele brincou com a fome que tinha despertado, e uns estremecimentos maravilhosos de prazer a percorreram até que ela quase gritou para que ele lhe desse mais. Ian envolveu seus braços ao redor dela. —Quero tomá-la agora mesmo, aqui, já, mas esperarei até esta noite. Uma virgem merece um pouco de galanteio. Ela se inclinou contra sua força, seu ouvido contra seu peito, a necessidade que ele podia facilmente lhe provocar a enchia de frustração. Tinha sido uma eloqüente demonstração de seu conhecimento sobre aquela parte escondida dela que ele esperava ver participando daquele matrimônio. —Você gosta disso, não é? Que eu seja uma virgem passada em anos. —Acho agradável. 208
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Históricos —Por quê? Porque seria um prêmio tomado pela primeira vez? —Talvez. Ou um presente dado pela primeira vez. Ela fez uma careta. —Não penso que será tão bom quanto seus beijos sugerem. —Não me diga que ainda tem o medo de uma virgem adolescente. —Tive mais tempo que a maioria das mulheres para me preocupar por isso. —Tem sorte, Reyna—, ele disse brandamente. —Depois de tudo, se entregará ao Lorde das Mil Noites. Eu te mostrarei tanto prazer que não terá que se preocupar sobre tais coisas. Ela olhou seus olhos. Realmente tinha pouca escolha em tudo aquilo. A decisão tinha sido dele, não dela. Perguntou-se se sua luxúria temporária não levaria ambos a cometer um engano lamentável, e se aquela vida não poderia terminar sendo o inferno que ela tinha declarado que seria dois dias atrás. Ian não era Robert de Kelso, ela pensou, e notou, para seu próprio choque, que estava contente por isso. Aquela noite teria sido de algum jeito obscena para compartilhar com Robert. —O que está olhando?—, Ian perguntou. —Você. —E o que vê?—, ele perguntou um pouco tenso, como se antecipasse uma resposta ofensiva. —Não estou segura. Contrastes estranhos. Um homem que pode ser ao mesmo tempo amável e cruel.
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Históricos —Está vendo complexidade onde não há, Reyna. Eu sou muito simples. Quando estou contente, sou amável. Quando estou zangado, sou cruel. Ele a guiou em direção ao caminho do pomar. —Agora te darei um conselho para evitar o segundo. Pode me chamar Ian, ou marido, ou meu Lorde, ou qualquer outra palavra carinhosa que queira. Mas não mais filho de puta, bastardo, canalha, ou semente do diabo. Ele sorriu quando disse isto, mas ela sabia que não tinha sido uma brincadeira. Ian tinha mentido. Ele não a galanteou durante o dia. Ele a seduziu. Reyna suspeitou que aquele era o estilo de Ian de Guilford. Nenhuma bonita palavra ou lisonjas. Nada de poesia ou gestos cavalheirescos. Só uma presença constante, e sua considerável total atenção, uma lembrança tácita de que ele a desejava e que a teria logo. Uma série de festividades criaram um marco colorido que antecipava o encontro entre eles. Com o passar do torneio, a comida e a partida de caça, inclusive durante a partida de Duncan, cada olhar terno, cada contato casual ou beijo ocasional, ele aumentava a cadência da excitação espectante. Ela se sentia impotente diante daquilo. Seu espírito já se havia rendido, e ele sabia que não havia resistência para uma sedução tão longamente praticada. Seu corpo colaborava menos que seu espírito. A excitação que ele tinha despertado no jardim nunca se sossegou completamente, e sua condição a fazia estar muito alerta quanto a ele, estar muito consciente do braço sobre seu ombro ou sua cintura, dos lábios roçando sua bochecha, da sua 210
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Históricos mão tomando dela. Seus contatos possessivos se converteram em disparadores de uma cadeia contínua de desejo. Deliciosa. Devastadora. Durante a refeição da noite uma tensão estranha se alojou na parte baixa de seu ventre, e todo seu corpo parecia tenso e estranhamente vivo. Sua excitação, e a consciência dela, a fizeram estar mais perturbada e silenciosa que o habitual. Ian, por outro lado, parecia completamente cômodo com a situação. Como se ele tivesse feito isso, bem..., umas mil vezes antes. Morvan e David planejavam partir para Harclow pela manhã e então o jantar durou mais tempo que o normal. Todos pareciam dispostos a ficar sentados na mesa, discutindo e tomando vinho, inclusive depois que a mesa foi retirada. Então surpreendeu a Reyna quando a mão de Ian deslizou sobre suas costas. —Nos retiraremo agora—, ele disse. Ela olhou a mesa comprida. —Todos saberão que... —Eles já sabem, Reyna. Estamos recém casados. De fato, Morvan me lançou várias olhares, como se estivesse estranhado porque não nos fechamos em nosso quarto todo o dia de hoje. —Estou segura que ele está estranhando, considerando o pouco tempo que esteve fora de seu próprio quarto desde que chegou. Ian ficou de pé e tomou sua mão e a levou em direção às escadas. Logo que estiveram fora de visão, a mão que estava apoiada em sua cintura de repente a aproximou e uma boca abrasadora achou seu pescoço. Com um ofego ela se encontrou pressionada contra a parede da escada, olhando para um rosto sério e olhos 211
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Históricos ardentes. Ele sujeitou sua cabeça e reivindicou sua boca com um beijo tão intenso que fez com que o beijo do jardim parecesse afável. Era maravilhoso. E atemorizante. —Pensei que este dia nunca concluiria—, ele murmurou, com uma carícia possessiva em suas costas e seus quadris. Deveria ser canonizado pelo controle que demonstrei com você. Ele agarrou sua mão e a empurrou escada acima, subindo dois degraus de uma vez. Ela tentou impedir de ser arrastada, preocupada porque sua impaciência significasse que Ian a lançaria na cama e faria aquela coisa imediatamente. Ela contava que as coisas se dessem mais lentamente, como no rio. Ian a empurrou para dentro do solar, chutou a porta para a fechar, e a tomou em seus braços. Ela estava assombrada tão perigoso ele parecia. Instintivamente o afastou um pouco. Ele notou. —Te assustei. —Um pouco—, ela murmurou, sentindo-se absurdamente tola. —Um pouco. Ele foi em direção à mesa. Um vinho tinha sido colocado ali e ele se serviu de uma taça. Levou muito tempo para fazer isso, e ela se perguntou se seu fracasso para alcançar o mesmo nível de sua paixão o tinha irritado. Ele se voltou, parecendo muito menos ameaçador, e lhe ofereceu vinho. Ela sacudiu sua cabeça, negando. —Penso que talvez deveria—. Ele a atraiu para a cadeira, sobre seu colo, e lhe ofereceu sua taça novamente. Ela tomou obedientemente pequenos goles. Ele a observou enquanto lhe acariciava as costas de modo reconfortante. —Como se sente agora?— ele perguntou. 212
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Históricos —Tola. Ele riu.
—Tola? Tanto que falam de minha reputação. Ela mordeu o lábio inferior. —Não, não completamente tola, mas um pouco tola. Tenho vinte e quatro anos, Ian, e aqui estamos sentados, você me acalmando como se eu fosse uma menina—. Ele tomou a taça e a deixou no chão. —Deveria ter sido mais cuidadoso com você. Disse que tinha se preocupado pelo tema mais que a maioria das mulheres. —Sim. Quando era mais jovem convenci a mim mesma que era muito afortunada por ter um marido como Robert, e de nunca ter tido uma noite de bodas adequada. Ele acariciou seu braço. —E quando estava mais velha?— Ela olhou os dedos que acariciavam a manga de seda de seu vestido. A leve pressão lhe pareceu incrivelmente calmante e comovedora. —E quando você estava mais velha?—, ele perguntou novamente. Ela estava envergonhada que ele descobrisse isso. Mas Ian entendia o mundo dos sentidos muito melhor que ela. —Quando estava mais velha minha mente se apegava àquela idéia. Mas às vezes, de noite... —Quem estava em seus sonhos de noite? Robert? Um de seus cavalheiros? Ele brandamente perguntou, movendo sua mão por seu cabelo e seu rosto. Carícias gentis. Sutis e excitantes.
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Históricos —Ninguém que eu conhecesse. Uma presença mais que uma pessoa. Ela começou a ter consciência de estar sentada em seu colo, de seu braço ao redor dela e da outra mão acariciando seu rosto e seus ombros, laboriosamente despertando novamente a antecipação excitante daquele dia, que seu medo temporariamente tinha suprimido. —E preferia o beijo desse fantasma ao meu, Reyna? —Estará com ciúmes de um fantasma agora? —Talvez. O humor mudou sutilmente. Ela se permaneceu em um silêncio pesado, observando sua mão acariciar seu braço mais firmemente e logo o movimento desceu por sua coxa e sua perna. Aquele poder sensual fluía dele, cercando-a invisivelmente, recordando-lhe o prazer que havia sentido antes com ele. —Quase enlouqueci com você deitada a meu lado ontem à noite—, ele disse, beijando sua bochecha, mantendo seu rosto perto do dele, inalando e fechando seus olhos como para saborear o que cheirava e sentia. —Deveria ter me deixado partir. —Não podia. Pude deduzir pelo modo como se despiu que nunca o tinha feito antes. Estava deitada muito rigidamente e soube que nunca tinha compartilhado uma cama com um homem. Assim foi como soube seu segredo com certeza. Não deveria me importar que eu seja o primeiro com você em todas estas coisas, mas me importa, por isso te mantive comigo, assim poderia saborear esse prazer. Parecia tão bonita enquanto dormia, não podia tirar os olhos de cima de você. 214
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Históricos Suas palavras suaves comoveram seu coração. Elas vagamente aludiam a emoções diferentes da luxúria. Ela se endireitou e o olhou. O calor de seus olhos encontrou os seus. Sua mão acariciou seu cabelo e embalou a cabeça. —Me beije, Reyna. Ela se inclinou indecisamente e pressionou sua boca contra a sua, consciente de que seus lábios tremiam. Ian respondeu brandamente, cuidadosamente. Quando suas línguas se uniram, ele a abraçou com mais força, fazendo-a parecer muito pequena dentro de seus braços. Já sem impaciência, ele a levou lentamente em sua paixão, seduzindo-a com beijos lânguidos em sua boca e seu pescoço,
e
carícias
lentas
em
suas
coxas
e
estômago.
Rapidamente ela ficou impaciente, seus seios ansiando ser tocados. Ela inundou sua língua em sua boca corajosamente e sentiu uma alegria especial quando ele a beijou com mais força. Reyna sentiu uma liberdade gloriosa enquanto as sensações tomavam o controle de seu corpo. Eram maravilhosas quando não havia nenhuma preocupação, nenhuma culpa, nenhuma vergonha. Ele levantou a saia de seu vestido, e logo a carícia foi de pele contra pele. Algo dentro dela cantou com euforia e alívio. Seu corpo estava vivo de um modo sobrenatural, como se possuísse uma consciência própria que se despertou pelas carícias íntimas. Ela emergiu ofegante de seus beijos, seus braços se apertaram ao redor de seu pescoço, e examinou os olhos conhecedores dele. Ela tocou aquela boca sensual, acariciando os lábios com as pontas de seus dedos. Os beijou suavemente, mordeu-os delicadamente, imitando-o, tentando lhe dar o doce prazer que ele 215
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Históricos lhe tinha dado. Sua mandíbula se apertou e seus braços se esticaram, mas ele aceitou sua pequena sedução durante algum tempo. Logo algo se liberou nele e Ian a inclinou lhe dando um beijo de posse primitiva. Sem soltá-la, ele fez que ficassem de pé e tomou suas nádegas com suas mãos e a empurrou contra seu corpo. Estirada entre seus braços, seus seios se apertaram contra seu peito, e sua virilha pulsava com uma dolorosa necessidade de ser preenchida. Como ele mantinha a sanidade quando ela só conhecia a loucura? Como ele podia separar-se quando os batimentos de seu coração, sua respiração, e cada centímetro de seu corpo gritava para chegar a uma conclusão? Quando ele se afastou, ela quase o amaldiçoou, mas então ela sentiu seus dedos desatando seu vestido. —Não é fácil que eu vá lentamente, Reyna—, ele disse, roucamente com seu devastador sorriso enquanto deslizava o vestido fora de seus ombros. Ian se ajoelhou para tirar as ligas e deslizar as meias fora de suas pernas. —Já não tenho medo—, ela disse, olhando-o, passando seus dedos por seu cabelo: —Não quero ir lentamente. Ele levantou cada um de seus pés e tirou o vestido. —Mas eu sim—, ele disse. —Quero te olhar enquanto seu prazer cresce. Quero observar seu corpo tremer com meu contato e implorar por alívio. Quero ouvir seus gritos quando a loucura te fizer se entregar a mim—. Ian ficou de pé e olhou seu corpo. —Tire a camisa, Reyna.
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Históricos Suas palavras enviaram um raio por seu corpo, diretamente ao ventre pulsante. A camisa se deslizou por seus braços, seios, passou por suas pernas. Ian tomou seus seios, acariciando-os ligeiramente, e eles se incharam. Ela logo soube o que ele queria dizer sobre seu corpo tremendo com seu contato e rogar por alívio. —É tão bonita. Perfeita—. Seus polegares estimularam os mamilos tensos. Ela baixou seus olhos para as mãos bronzeadas estimulando-a, despertando incríveis sensações. Ela não duvidou que finalmente tudo seria como ele havia dito. Ela começou a desabotoar os broches de sua túnica. Sua coragem o agradou. Ian continuava acariciando-a, trazendo-a para mais perto, movendo suas mãos sobre sua nudez enquanto ela o despia. Aquele contato a distraiu, fazendo-a mais lenta e mais vagarosa, mas finalmente ela obteve a camisa. Ian a empurrou contra ele, e ela se gozou a intimidade de abraçar suas costas e seu peito nus. Ele a levantou e a colocou na cama, e logo se sentou para tirar as botas e a roupa íntima. Ela observou os músculos de suas costas e o movimento de seus ombros, e não pôde deixar de olhar quando ele ficou de pé e baixou a roupa por seus quadris. Ele voltou-se magnificamente nu. Ela examinou seu torso esculpido e seu membro, surpreendida pelo novo calor que a imagem dele causava. Ian deitou ao lado dela. Apoiada em seu antebraço, delineou seus lábios com um dedo e observou o caminho com uma expressão pensativa.
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Históricos —Teve pouca escolha em tudo isto—, ele disse. —Eu gostaria de saber qual é sua vontade agora. Quer isso?—. A pergunta a deixou atônita. Certamente ele não podia perguntar isso quando ela quase implorava como ele havia dito que o faria. Ian leu sua expressão e sacudiu a cabeça. —Não quis dizer isso. Soube desde a primeira vez que poderia fazer que seu corpo me desejasse. Ele estava fazendo uma pergunta mais difícil. Ela só estava surpresa que ele procurasse saber, surpreendida porque ele se importara. —Sim. Quero . —Comigo?— Aquela palavra fazia referência aos insultos dela, a todos seus xingamentos. Mas sua mente não se apegou a essas negações defensivas naquele momento. Pelo contrário, ela recordou sua justiça rápida para com o camponês pobre, o braço forte que a tinha salvado da escuridão no velho castelo, e de sua decisão de continuar com um matrimônio que era sua única oportunidade para um futuro decente. —Com você. Ian se inclinou e a beijou tão suavemente que ela pensou que seu coração se romperia. —Então vamos ver o que é possível entre nós dois, Reyna. Ele a empurrou contra seu corpo até moldar-se a ele, cada centímetro de sua pele conectado com a dela. Ele fez amor como se seu próprio controle fora ilimitado. Os beijos e as carícias a deixaram ofegante e cega. Ele tocou seus seios, criando uma ansiedade deliciosa, roçando-os e estimulando-
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Históricos os com sua língua até que ela ofegou novamente e arqueou suas costas, rogando por mais. Sua coxa veio colocar-se entre a sua e ela se pressionou contra ele, tentando aliviar sua necessidade de prazer. Enquanto isso suas mãos exploravam, excitavam, e achavam lugares inesperados de prazer. Sua perna se moveu, e ele a deitou de costas. Ele apalpou entre suas coxas e ela se arqueou afastando-se do colchão. Ian separou suas pernas e ela se arqueou novamente exclamando quando ele a acariciou suavemente. Um dedo provando seu sexo. Ela sentiu a invasão, chocante mas estranhamente bem-vinda, no lugar onde se alojava sua necessidade. oeu-lhe. Ele sugou seus seios e lhe doeu um pouco menos. Ele retirou a mão e acariciou suas coxas. —É muito pequena, Reyna. Ele cuidadosamente se desembaraçou dos braços dela. Ian sentou-se com as costas contra a cabeceira, então a levantou, voltando-a em sua direção. —Sente-se aqui. Ele disse, movendo seus joelhos para acomodar seus quadris. —Assim será mais fácil para você—. Ela se acomodou, enfrentando a umidade morna de seu sexo. Roçando seu membro duro. A sensação era incrivelmente erótica, e ela se moveu um pouco, fazendo que todo o corpo dele se esticasse. Ele se inclinou para frente e lhe deu um beijo enquanto suas mãos tomavam seus seios.
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Históricos Reyna se sentiu completamente louca. Ian podia acariciá-la livremente nessa posição, e ela podia tocá-lo e beijá-lo também. Ela ouviu seus suspiros quando se moveu com a boca sobre seu peito. —Levante um pouco—, ele disse pondo sua mão entre suas coxas, acariciando-a e excitando-a, provocando uma série de gritos. Era glorioso, maravilhoso, apaixonante. Ela sentiu seu corpo alagado pelas sensações que havia sentido aquele dia no rio, e nada mas que a iminente satisfação lhe importou. Ian separou seus joelhos mais. Agarrando seus quadris, ele a baixou sobre seu membro. A dor se mesclou com seu frenesi. Sua respiração se deteve bruscamente. Reyna abriu seus olhos e viu a expressão dura de seu controle levado ao limite. —Quer que pare? —Não—, ela sussurrou, baixando sua fronte sobre seu ombro tenso, cravando seus dedos em seus braços. De qualquer modo, ele o fez suavemente, acariciando-a até que o choque inicial passou e a dor se diluiu um pouco e o prazer reapareceu. Sua mão se moveu no lugar onde estavam unidos, e ela estremeceu quando ele achou o ponto onde as sensações eram mais intensas. Esfregou-o suavemente e o delírio de prazer retornou, lançando-a mais alto e mais alto, fazendo-a desejar aquela união a pesar da dor, forçando gritos implorantes que se mesclavam com seus ofegos de choque quando ele a penetrou ainda mais. A sensação celestial irrompeu, se derramou e se ampliou, partindo sua essência, e ela gritou. Ela estava vagamente consciente de uma agonia submergida da euforia.
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Históricos Ela desmoronou no abraço apertado contra seu peito, sentindo-se lânguida e saciada, o membro ereto ainda os conectava. Ele levantou seu queixo e lhe deu um beijo terno. Cuidadosamente ele a deitou e se colocou sobre ela sustentando-se em seus braços. Suavemente se retirou e a penetrou novamente. Doeu, mas doeu menos na próxima vez, e logo a dor não lhe importou. A ascensão para o céu começou novamente, apenas a sensação foi mais prolongada e mais intensa daquela vez, e se concentrava onde eles estavam unidos. Ian diminuiu o ritmo, e ela se agarrou a ele desesperadamente, levantando seus quadris para encontrá-lo. Ele fez uma pausa. —Vai me fazer te machucar mais se fizer assim, Reyna. Ela
se
moveu
novamente.
Os
estremecimentos
se
intensificaram. Os olhares se encontraram, e ele leu no dela sua paixão renascida, ele continuou com as investidas até que o prazer se converteu em uma emoção compartilhada. Ele os manteve unidos por muito tempo, deixando-a prostada, desprovida de vontade e pensamento, flutuando em um lugar onde reinava o prazer. Só com a investida final ela fechou seus olhos. Ainda estava firmemente unida a ele muito depois de seus estremecimentos passarem. Suas profundas respirações encheram seu ouvido. Sua alma se sentia exposta, e seu corpo sem ossos. Ele não parecia inclinado a mover-se ou falar, e ela estava agradecida por isso. Queria estar abraçada a ele um pouco mais de tempo em silêncio. Seu peso era uma protetora barreira contra o mundo que logo a traria de volta à realidade. Ian se levantou. 221
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Históricos —Estou te esmagando. Ela começou a protestar, mas ele se acomodou de lado, seus membros entrelaçados, os corpos ainda unidos. Reyna estava agradecida porque ele não queria terminar aquele clima doce. O prêmio tomado ou um presente dado? Tinha sido ambas as coisas. Uma explosão aguda desfez o feitiço, sobressaltando-a. —É somente um trovão—, Ian disse. —Uma tormenta. Ela não tinha notado. Reyna escutou o aguaceiro e observou os raios refletir-se em seu rosto. Seus olhos, a centímetros dos seus, foram-se fechando. —Sempre é assim?—, ela perguntou. —Não vai doer novamente. Ela desviou a vista. Ela não queria dizer isso. Sua mão tocou seu rosto e ela o olhou e o encontrou observando-a. —Não, isto nem sempre é assim, mas às vezes é. Depende de você e de mim. Ele retirou suas pernas de dos quadris para que ela pudesse estar mais confortável, e a abraçou para dormir. Horas mais tarde Ian continuava acordado, olhando-a novamente. O vento da tormenta tinha apagado as velas, e uma tênue luz da lua delineava suas formas. Ela parecia muito pequena e vulnerável, com seu corpo esbelto encolhido contra o seu. Desejava-a novamente, mas não fez nenhum movimento para despertá-la . Como se sentisse seu olhar, ela se moveu em seu sonho. Seus olhos se abriram. De repente ela ficou rígida, e ele se deu conta que o temor da escuridão a tinha assaltado.
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Históricos —Estou aqui, Reyna. Não tem que se assustar—. Ela se voltou para ele, e seu corpo relaxou. Ele a abraçou mais perto e a acalmou com carícias até que ela adormeceu. —E agora o que?—, ela murmurou sonolenta. —E agora o que? —Sim. E agora? Com este matrimônio precipitado que você manteve porque me queria em sua cama? Me teve. E agora o que? — Ian ouviu as hipóteses que sua pergunta continha, e os temores que revelava. Ele não podia culpá-la. Ela não podia saber que seus sentimentos por ela era mais complexos e confusos que a simples luxúria, ou que isso que tinha acontecido aquela noite não acontecia muito freqüentemente. Sua opinião a respeito de sua perseverança, seu valor como marido, tinha todo o direito de ser má. —Então agora nos damos prazer nessa cama, e temos filhos, e se a boa sorte quiser, envelheceremos juntos. Assim é como é um matrimônio, ou não?—, ele disse. E o resto depende de você e de mim, ele adicionou silenciosamente. Ian pensou na capacidade de entrega dela aquela noite. Depende principalmente de mim.
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Históricos
Capítulo 15 Os lábios sobre sua face despertou em Reyna a consciencia. —Devemos nos levantar, esposa. Morvan estará partindo logo. Esposa. Suas pálpebras se abriram. Ela respondeu a seu beijo um pouco timidamente, sentindo-se incômoda de achar-se em seus
braços.
Ela
procurou
algum
comentário
casual
que
escondesse seu desconcertante acanhamento. O que podia dizer a um homem com quem se faz aquele tipo de coisas?
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Históricos Ian se livrou da coberta e ficou de pé. Seu olhar recaiu na roupa de cama. —Há cobertas limpas aqui? Devemos tirar estas. Ela viu as manchas de sangue. Ele tinha razão, eles não quereriam que os criados vissem aquilo. Ela colocou a camisa e foi procurar roupas de cama limpas em um baú. Ela as colocou enquanto Ian se lavava e se vestia. Realizar aquelas tarefas rotineiras possuía uma intimidade quase tão densa como ter feito amor. Demonstrava a realidade de que sua vida tinha mudado para sempre em formas ainda a serem aprendidas, e que esse homem dominando o quarto agora a possuía. Ela não lamentou quando Ian saiu para chamar uma criada. Ela fez com que a mulher esquentasse um pouco de água e lhe penteasse o cabelo, mas a fez sair antes que lavasse toda evidência de sua virgindade perdida. Esposa. Não querida ou meu
amor ou alguma outra palavra
carinhosa, por outro lado, ela não esperava nenhuma palavra de carinho. Entendia suas razões para realizar e manter aquele matrimônio. Ian tinha deixado claro no jardim, e logo novamente na noite anterior. Ele queria a conveniência de ter uma mulher quando queria obter prazer, e filhos eventualmente. Era o que a maioria dos homens procuravam, e ela deveria estar agradecida de que ele a desejasse o suficiente para seguir com tudo isto. Ian a tinha salvado de Duncan e de Aymer, e a protegeria da injustiça na morte de Robert. Ela se tinha informado na noite anterior que o que ele esperava em retorno não seria muito 225
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Históricos difícil de dar. E no entanto ela se sentia triste enquanto se lavava, como se o ato sexual tivesse exposto um canto escondido de seu coração que ansiava uma coisa que ela sabia que nunca teria. Reyna chegou ao salão ao mesmo tempo que Morvan e David se preparavam para partir. Seu coração se oprimiu enquanto os observava despedir-se de suas esposas. As expressões que ambos os casais exibiam, emoções inconfundíveis: confiança completa, desejo eterno, e alegre satisfação. De repente entendeu sua própria melancolia. Amizade profunda e paixão exaltada estavam combinados em um amor poderoso nos casais diante dela. Reyna tinha conhecido a primeira com Robert, e finalmente tinha desfrutado da último com Ian. Mas nunca conheceria ambos os sentimentos com um mesmo homem. Ela não devia sentir-se ciumenta, mas a dor a invadiu e ela teve que desviar o olhar. Reyna recuperou a posição como a senhora da fortaleza imediatamente. Seu matrimônio com Ian não tinha sossegado as suspeitas sobre ela, e as expressões firmes que mostravam a maior parte dos criados sugeriam que isso tinha piorado as coisas. Ela sabia que para eles aquele matrimônio devia parecer muito conveniente realmente, e não do modo concebido por Morvan. Ninguém se atreveu a desafiá-la mas eles obedeciam de um modo duro e mudo que revelava suas opiniões sobre essa nova união. Depois da refeição do meio-dia, ela voltou para o solar por algum tempo, procurou o livro A Suma de Tomás de Aquino que tinha estado relendo e a encontrou em sua escrivaninha, não sobre a prateleira onde a tinha deixado. Em cima da mesa havia uma 226
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Históricos caixa de metal que ela não reconheceu. Tinha estado ali na noite anterior, ela recordou. Por curiosidade a abriu. Uns documentos estavam dobrados dentro. Ela levantou o primeiro e o leu. Era seu contrato de matrimônio com Robert, e descrevia as terras que dote lhe tinha assegurado. O próximo documento descrevia os títulos de Robert do Maccus Armstrong, e debaixo dele havia uma grande folha várias vezes dobrada. Ela a abriu e viu o testamento de Robert. Leu com assombro. Na falta de um herdeiro, ele tinha deixado tudo para ela. Era isso o que Ian tinha querido dizer aquela manhã quando tinha mencionado as terras que ela ia herdar. Ela também entendeu sua referência no jardim sobre como aquele matrimônio asseguraria as terras para ele de um modo mas consistente. Se Morvan falhasse em Harclow, Ian poderia reclamar a fortaleza de Black Lyne para ela. Aquela dor desoladora a invadiu novamente. Essa era a razão real pela qual Ian tinha mantido o matrimônio, não por desejar a ela. Ela reprimiu sua decepção e olhou o pergaminho intrigada. Onde Ian tinha achado aqueles documentos? Quem sabia sobre este testamento? Ela examinou as assinaturas das testemunhas. Uma era do sacerdote de Bewton; e outra que ela não reconhecia. Não era ninguém do castelo. Colocou os pergaminhos em sua caixa quando Ian entrava no solar. —O dia está quente, Reyna. Nós iremos ao rio e tomaremos um banho. Montaram nos cavalos que esperavam no pátio, e 227
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Históricos trotaram para o lugar retirado onde as mulheres iam lavar, uma curva tranqüila do rio formada por algumas pedras perto da margem. Ian desatou um pacote de roupa de sua sela. Reyna reconheceu as roupas que ela tinha retirado da cama. Ele pôs pedras dentro das fronhas, e logo as lançou no centro do rio. Ela observou como a água tragava a evidência do segredo de Robert. Dando-se conta que a generosidade de Ian naquele assunto não tinha sido quase tão abnegada como ela tinha pensado. Se o mundo descobrisse que ela e Robert não tinham tido um matrimônio verdadeiro, o valor do testamento e do contrato de matrimônio seria anulado. Ian se sentou na relva e começou a tirar suas botas. —Decidi que você me ensinará a nadar. Tinha razão. É uma habilidade útil para um soldado. Reyna se despiu. Sentia-se muito exposta caminhando nua ao lado de Ian, e estava agradecida quando alcançaram uma profundidade suficiente para cobrir a maior parte de seu corpo. Ela se perguntou como lhe ensinar a nadar. Não podia recordar como tinha aprendido. Simplesmente tinha acontecido enquanto jogava nos lagos sendo uma menina. —Não pode nadar a menos que aprenda a deixar flutuar seu corpo—, ela explicou. —Vou sustentá-la, a princípio. Tudo é mais leve na água. Agora se estire. Ela deslizou seus braços debaixo de suas costas e quadris, muito consciente da pele e dos músculos debaixo de suas mãos e da beleza magnífica do corpo que sustentava.
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Históricos Ela se afastou. Ele se afundou alguns centímetros, mas nada mais. —Uma sensação agradável—, ele disse. —Um pouco fora deste mundo—. Reyna olhou a extensão de seu corpo brilhando com a água. Flutuar desse modo era uma experiência agradável, afastada do terrestre. Por um breve tempo se sentia desligado da Terra. No lapso de uma hora, Ian tinha se convertido em um nadador passável. Ele tinha descoberto que podia nadar sob a água. Eles brincaram como crianças, e suas risadas apagaram o desconforto que ela havia sentido todo o dia na presença dele. Finalmente, cansado, ele tomou sua mão e a levou para a margem. O sol e a brisa suave rapidamente os secaram. Ian jazia deitado com os olhos fechados, não fez nenhum movimento para vestir-se, mas Reyna colocou a camisa. Seu movimento fez que ele abrisse um olho. —É um pouco tarde para o pudor, Reyna. Além disso, se estivesse decidido a tomá-la novamente já o teria feito na água; Ele a puxou para sentar-se a seu lado. —Descansa comigo. O sol e a brisa estão deliciosos. Estavam deliciosos,
moviam-se como
dedos frescos
acariciando as peles quentes. Reyna
fechou
os
olhos
e
desfrutou
da
sensação,
concentrando nela. Seus membros ficaram lânguidos sob a carícia morna da natureza. —Você está mexendo no meu livro—, ela disse. —o de Tomas de Aquino. Quando vou procurar, nunca está onde o deixei.
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Históricos —É muito grande e está sempre se interpondo no meu caminho. —Talvez deveria levá-lo para meu quarto, então. —Manterei os livros no solar. Se insistir em ler filosofia, pode fazê-lo lá. —Insistir? Não aprova que leia filosofia? —Não aprovo nem desaprovo, mas penso que é muito jovem para isso. A filosofia não tem nenhum significado sem a sabedoria da experiência de vida. Como pode concordar ou discordar se ainda não sabe nada da vida? —O
pensamento
racional
pode
levar
à
verdade,
independentemente da experiência, Ian—. —Não retiro o valor da filosofia, Reyna. Decidi faz muito tempo que tem suas limitações. E não tenho paciência para todos os filósofos e teólogos que se isolam do mundo. Ele falava despreocupadamente, como se suas conclusões fossem tão evidentes que não exigiam nenhum tipo de pensamento. Ela se levantou em seus braços. —Eles não se afastam do mundo, mas, sim, advertem que este é uma distração. Ele arrancou uma flor silvestre do pasto. —Cheira isto—, ele disse, segurando-a diante de seu nariz. Ele acariciou as pétalas contra sua face para que ela pudesse sentir sua carícia aveludada. —Como se faz sentir, Reyna? É uma distração do caminho verdadeiro? Os antigos filósofos alguma vez acreditaram isso. Foram nossos filósofos cristãos que rejeitaram o mundo por ser
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Históricos corrupto e se refugiaram em suas teorias racionais. Ela tomou a flor e a cheirou. —Não tem nenhum respeito por seus ensinamentos, Ian? Ele riu. —Tenho grande respeito por eles. Ela se aconchegou a seu lado novamente. Enquanto adormecia, lhe ocorreu que acabava de ter uma discussão filosófica com o Ian de Guilford. Despertou para encontrá-lo deitado sobre seu estomago brincando com uma madeira. Ela olhou seu corpo nu, firmes e rigidos músculos esculpidos, as nádegas e as coxas firmes, mais pálidas que o resto de sua pele bronzeada. Um calor a invadiu. Ela se virou e examinou o pequeno brinquedo que ele estava fabricando. —O que é isso?—, ela perguntou, seu rosto aparecendo perto de seu ombro. Ela lutou contra o desejo de lamber sua pele. —Uma arma de fogo—, ele disse, apontando para a pequena bifurcação superior. São muito toscas. Se pudessem ser mais móveis teriam maior alcance e efetividade. De repente ela compreendeu. Ian estava tentando montar a arma sobre um carro. —Ian, em relação aos livros. Certamente seria melhor que levasse o que estou usando para meu quarto. —Por que? —Sem dúvida exigirá um pouco de privacidade algumas noites. Eu não gostaria de te incomodar. O pequeno carro abruptamente se deteve.
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Históricos —Se alguma vez não quisesse sua companhia uma noite, te direi isso, Reyna. Ele a empurrou para deitá-la de costas. Ian se inclinou sobre ela e passou seus dedos por sua face. Seu contato fez ferver a pele como o sol e a brisa tinham feito, as sensações percorreram seu corpo e se espalharam por seu sangue. —Acredito que passará um longo tempo antes que canse de você, Reyna. Seu olhar abaixou e localizou os ossos de seu pescoço e seu esterno. —Planejo te ensinar tudo o que sei sobre o prazer. Uma vez que se refaça de ontem à noite, começaremos suas lições. A imagem e o aroma dele encheram seus sentidos. Seu coração começou a pulsar rapidamente. Seus maus presságios a respeito dele de repente deixaram de existir, assim como tampouco existia algum pensamento racional. —Não preciso me refazer de nada—, ela sussurrou. Ian suavemente mordeu seu lábio inferior. —Estava desejando que dissesse isso. Ele lentamente a beijou, saboreando-a com seus lábios e sua língua. Todo seu corpo flutuava em um mar nascente de paixão que ele criava. Era diferente da fome febril da noite anterior, mas perfeitamente encantador. —Tire a camisa, Reyna. Ela se sentou e tirou o objeto, consciente da excitação que essa ordem sempre lhe causava. Enquanto o objeto caía ao chão, ela se deu conta que esse gesto era de submissão, um símbolo que
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Históricos se oferecia a ele, mas por ordem dele. O prêmio tomado ou o presente dado? —Me toque e me beije, Reyna. Usa suas mãos e sua boca como eu fiz. Ele a levou a uma longa e deliciosa lição, mostrando como lhe dar agradar. Ele beijou e explorou seu ouvido com sua língua até que ela soltou um risinho e logo fez o mesmo com ele. Ela tentou imitar o modo com que ele explorava seu pescoço com os lábios e os dentes. Quando ele acariciou e lambeu seus seios, levo um momento dar-se conta que ele queria isso também. Passo a passo, ele a guiou nas explorações, usando seu corpo como exemplo. Uma sensualidade pacífica e lânguida que não lhe causava nenhuma vergonha, e ela seguiu seu método, acariciando quadris, nádegas, e coxas. Quando ele levemente acariciou a pele suave de seu sexo, ela não teve dificuldade em traduzir seu pedido e cuidadosamente passou seus dedos pela extensão de seu membro. Ela delineou círculos na cabeça de seu membro, curiosa por saber se podia criar sensações semelhantes às que ele provocava nela. Um suspiro profundo lhe disse que podia. Logo ele a deitou, separando suas pernas com seus joelhos, e lentamente a penetrou. Ela não se recompôs completamente, mas a carne masculina atuou mais como uma pomada suavizante que como um elemento irritante, e logo ela perdeu consciência de tudo exceto dessa conexão carnal. Seu corpo se estendeu para aceitá-lo, absorvendoo, unindo-se a ele brevemente e totalmente. Não entendia a emoção potente que a invadiu, mas lhe fez recordar o desejo contínuo que tinha tomado conta de sua alma durante todo o dia.
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Históricos Era tão diferente ali, ao sol, com o aroma da relva e os sons dos pássaros. Nenhuma sombra obscurecia o corpo movendo-se sobre e dentro dela, nenhuma luz de vela ocultava a tensão do desejo em seu rosto. Ela soube muito antes que concluíram que o tenso desconforto entre eles tinha ido embora para sempre. Ele se retirou e a penetrou cuidadosamente uma e outra vez, como se desfrutasse da sensação tanto como ela o fazia. Enlaçando suas pernas sobre seus quadris a conexão se fez mais profunda, ele inclinou a cabeça para lamber seus seios. Um
dilúvio
de
prazer
se
acumulou
em
seu
ventre,
precipitando-se por seus membros, e tocando sua própria alma. Quando o alívio chegou, não nublou suas percepções como tinha feito na noite anterior, mas sim se elevou maravilhosamente e logo baixou graciosamente, ativando a consciência de estar próxima do homem em seus braços. E então ela sentiu a tensão dele, sentiu seus músculos endurecer-se debaixo de suas mãos, e aceitou com alegria os estremecimentos de seu orgasmo. Ian apertou seus lábios contra sua fronte. —É bom com você, esposa. Um tempo mais tarde eles voltaram para o rio e se banharam, logo se secaram ao sol antes de vestir-se e voltar para a fortaleza. —Como é que sabe de filosofia? Reyna perguntou enquanto seus cavalos cruzavam o prado. —Os cavalheiros ingleses recebem um pouco de educação. Não somos bárbaros criados somente para dominar aos escoceses. —Receber educação de um cavalheiro e saber o suficiente sobre filosofia para rechaçá-la são duas coisas diferentes. Falou como se tivesse lido sobre estas coisas. 234
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Históricos —Quando era adolescente, li. Meu pai pôs um tutor excelente para mim. Ele pretendia que me convertesse em um sacerdote. Ele olhou para cima e captou sua reação de choque. Ian encontrou seu olhar, e os dois começaram a rir. —É bastante comum. Um filho menor se tornar clérigo, e serve a um grande nobre como sacerdote ou administrador—, ele disse. —Dá um certo poder a uma família ter um sacerdote. Quando tinha doze anos se fez claro que eu não era adequado para ser um. Eu queria ser um cavalheiro, e comecei a treinar secretamente. Gostava muito de mulher, e comecei a treinar com elas também. Eventualmente meu pai viu a futilidade de seu plano e me mandou a serviço de um Lorde vizinho para me formar como cavalheiro. Naquele momento, considerei isso um grande triunfo. —Não o considera agora? Certamente nunca poderia ter vivido a vida de um sacerdote. —Não, não poderia. Mas toda mudança traz conseqüências, e minha mudança para a propriedade vizinha trouxe alterações que nem eu nem meu pai pudemos antecipar. Ele disse isso pensativamente, como se estivesse distraído por suas lembranças. Ela esperou que ele continuasse e se explicasse, mas ele só cavalgou silenciosamente com o cenho franzido. —Quem você pensa que o envenenou?—, ele perguntou, surpreendendo-a
com
a
troca
de
tema.
Ele
não
estava
contemplando seu próprio passado, mas o dela. —Não posso pensar em ninguém que quisesse ver Robert morto.
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Históricos —Se ele foi morto, era para a vantagem de alguém. Quem poderia ter feito isso? Quem teve a oportunidade de fazê-lo? —Ninguém. Supõe-se que ele estava bebendo vinho em seu solar. Qualquer criado, cavalheiro ou guarda poderia pedir para falar com ele e conseguir pôr algo no vinho. —O que pensa que lhe deram?—, ela encolheu os ombros. —Não sei sobre essas coisas, Ian. Nunca procurei aprender isso, entretanto há curandeiras em qualquer aldeia que asseguram saber sobre tais coisas. —Não tem nenhum livro que descreva tais poções? —Tenho um herbário que menciona algumas plantas com tais propriedades, mas o escritor não explica as receitas para as poções. —Onde está o herbário? —Não o consultei por anos porque o tenho memorizado, até as imagens. Acredito que está nas prateleiras com os outros livros. O interrogatório dele a estava incômodando. —Por que quer averiguar isto, Ian? Ainda pensa que eu... —É obvio que não. Mas Morvan tinha razão; é melhor que este assunto fique esclarecido. Você está vivendo aqui com estas pessoas. Não importa o que acontecer, eles sempre estarão especulando e suspeitando. Não quero que você tenha que suportar isso. Nem queremos um assassino em nossa casa. Devemos tentar descobrir a verdade para o bem de todos. —E se a verdade me acusar? —Então saberemos que não é a verdade. Ela não estava completamente tranqüila com sua resposta. Na mente de Ian, sua virgindade tinha destruído qualquer motivação 236
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Históricos que todos atribuíam para seu crime, mas outros motivos sempre poderiam ser imaginados por um homem inteligente analisando a evidência. Ian tinha razão. Ela devia tentar descobrir o que tinha acontecido por Robert. E pelo bem de todos, especialmente o seu. Ian desceu à cozinha naquela noite, e ficou satisfeito por ver que Reyna não estava ajudando a Alice. Os criados perto do fogão estavam tirando o caldeirão de sopa de seu gancho, e ele esperou enquanto eles o carregavam cuidadosamente para o salão. Alice plácidamente cortava queijo sobre uma tabela de madeira, só olhando uma vez para o lugar onde estava de pé, perto da parede. —Informaram-me que você veio com Reyna da casa de Duncan. Me conte mais sobre Reyna—, ele disse quando os criados finalmente desapareceram. Alice sorriu. —Estava-me perguntando o que é que quer averiguar. Esse é um assunto que é melhor não tocar. —Você vivia naquela casa. Deve saber o que aconteceu lá. —Sei. Mas me estou perguntando por que precisa saber. Ele não tinha uma boa resposta para isso Somente que tinha decidido que o modo mais sensato de descobrir algo sobre a morte de Robert era preencher todos os vazios nas histórias que tinha ouvido. —Eu gostaria de saber por minhas próprias razões—, ele disse, decidindo que sendo o Lorde devia contar para algo com um criado. Alice lançou um olhar que dizia que ela nunca tinha sido intimidada por Lordes e que ele não seria a exceção. 237
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Históricos —Duncan abandonou à mãe de Reyna, trancou-a em um convento ao norte de suas terras. Ele sustentava economicamente aquele lugar, então a abadessa se via obrigada a lhe obedecer e sua esposa foi mantida ali. Reyna tinha quatro anos naquela época. —Ele anulou o matrimônio?— —Não, não que eu saiba—, Alice disse. —Jordana foi sua segunda esposa, uma bonita moça do clã Eliot. Sua primeira esposa tinha morrido no nascimento de Aymer, e ele esperou seis anos para voltar a casar-se. Jordana tentou dar àquela casa um pouco de boas maneiras, mas Duncan é um homem duro, e não era um marido amável. Mais criados chegaram procurarando queijo e pão para ser postos nas mesas. Ian esperou enquanto eles corriam apressados para fora. —Por que ele a trancou no convento?—, ele finalmente perguntou. Alice o estudou rudemente, como se debatesse seu valor. —Direi, mas não deve falar disto com Reyna. Isto está no passado para ela, e é melhor que fique lá—. Ela lambeu os lábios. —Eles estavam casados por seis anos, e só Reyna tinha nascido, mas não outros filhos. As coisas estavam indo mal entre eles inclusive antes que Reyna nascesse. Os criados sempre sabem dessas coisas. Jordana foi uma boa mãe para Reyna. Quando fazia bom tempo ela levava a menina às colinas, para afastá-la daquela casa. Um dia elas saíram, e não voltaram por muito tempo. Finalmente, dez homens de Duncan voltaram com Reyna, mas sem Jordana.
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Históricos —O que aconteceu?—. O rosto redondo de Alice se enrugou com tristeza. —Duncan sempre tinha sido desconfiado. Aquele dia, ele tinha partido antes delas com alguns de seus homens e então as esperaram e as seguiram. Ela se encontrou com seu amante, tentando escapar para sempre, conforme dizem. Ela levava suas jóias com ela, e roupa para si mesmo e a menina. Ele as alcançou perto da fronteira, perto do velho castelo. Ela sacudiu a cabeça. — Lá estava com um Armstrong. O filho de Maccus, James. Ele tinha sido seu amante por mais ou menos um ano, alguns disseram. Ela fez uma pausa enquanto Ian absorvia a história surpreendente. —Duncan enforcou James Armstrong, logo—, Alice disse. — No velho castelo. Depois levou Jordana para um convento, e nunca mais a vimos. —A guerra de clãs terminou com o matrimônio de Reyna com Robert, Ian disse. —Assim foi como tudo isto começou? —Sim. Nos primeiros anos era como uma guerra entre reis, muitos morreram. Diminuiu a violência depois do matrimônio, mas represálias em ambas as partes continuaram. A região se cansou da guerra. —Ela sabe sobre isto? Por que sua mãe foi afastada para sempre? —Com Duncan chamando sua mãe de puta durante os oito anos seguintes, ela entendeu a razão para o convento. As lembranças nublaram os velhos olhos.
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Históricos —Posteriormente, Reyna não foi tratada melhor que uma criada. Ela se parecia com Jordana, e Duncan não pôde agüentar a semelhança com ela. Todos sabiam que não haveria nenhum castigo se ela fosse golpeada ou abusada. Ela aprendeu a estar quieta e a ser invisível, do mesmo modo que um cachorrinho maltratado faz. Eu tentei ser uma mãe para ela, mas não tinha nenhuma autoridade para protegê-la. Entretanto, na cozinha eu era a rainha, e ela estava segura comigo ali. —Logo a aliança do matrimônio terminou com a guerra de clãs, e Robert de Kelso recebeu terras dos dois clãs, e ele se converteu no Salvador de Reyna—, Ian concluiu. A falta de afeto de Duncan certamente tinha mais sentido agora. —Obrigado pelo amor e o cuidado que demonstrou para com minha esposa durante esses anos—, ele disse, voltando-se para a entrada. —Eu mataria a qualquer um que tentasse prejudicá-la—, Alice disse bruscamente. Ele a olhou, e soube que acabava de ser advertido por uma mulher velha determinada a executar sua ameaça. Enquanto subia as escadas para o salão, perguntou-se se Alice teria ouvido rumores sobre a carta de Robert ao bispo, e se preocupou muito pelo destino de Reyna e teria intervindo. Andrew Armstrong se deteve a seu lado enquanto ele cruzava o salão. Um mordomo era outra pessoa com amplas oportunidades para usar veneno, mas Ian não podia pensar em nenhum motivo para o assassinato.
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Históricos —Tenho boas notícias—, Andrew disse. —A água voltou para poço. Estive o verificando periodicamente, e hoje, depois da refeição, desci o balde e tudo funciona como antes. —Um milagre—, Ian disse. —Parece. Talvez a noite de ontem ajudou. A chuva, quis dizer. —Nesse caso só podemos esperar que continue chovendo. Reyna entrou no salão, então. Estava adorável com um vestido azul, com seu cabelo loiro prateado brilhante como a luz do sol. As lembranças dela perto do rio, seu corpo banhado pela água, fizeram que seu corpo se retesasse. Considerando que ela nunca falhava em excitá-lo, choveria mais que suficiente por um bom tempo.
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Capítulo 16 —Robert de Kelso administrou estas terras bem—. Reyna levantou a vista da mesa onde ela lia Tomás de Aquino com a luz de uma vela. Ian estava sentado em um tamborete perto da lareira com o registro contábil da propriedade aberto sobre seu colo. —A maior parte das rendas vêm das ovelhas, e os mercados ingleses sempre estão procurando mais lã—, ele continuou. —Há um segundo moinho para oeste, o que tem sentido, considerando a extensão das terras. —Robert o construiu. Ele tinha visto um homem velho que tinha viajado dois dias para trazer seus grãos aqui, e ele decidiu que era crueldade esperar aquilo dos mais fracos—, Reyna explicou. —É também por esse sentido de caridade que a maior parte dos camponeses são livres e não vassalos? —Se uma família podia comprar sua própria liberdade, Robert sempre
concordava.
Ele
sustentava
que
um
homem
suficientemente trabalhador para economizar dinheiro certamente seria um bom inquilino. Ian sacudiu a cabeça e ficou absorvido com as páginas do registro. Reyna voltou para sua filosofia, mas periodicamente olhava para cima para observar o modo como a luz do fogo brilhava em seu rosto bonito. A chegada dele aquela noite a tinha surpreendido. A maior parte de seu tempo juntos durante aquela primeira semana 242
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Históricos de matrimônio tinha transcorrido nas refeições ou na cama. No salão eles eram Lorde e Lady, e não marido e esposa, como se chamavam na cama. Aquela noite, entretanto, recordava horas semelhantes passadas com Robert, e a amizade que eles tinham compartilhado. Era possível ter isso com um homem que era um marido verdadeiro? As emoções e intimidades que ela sentia quando fazia amor com Ian eram muito diferentes daquelas que tinha conhecido com Robert. Mais intensas e consumidoras, e também mais perigosas, de um modo que ela não poderia explicar. Embora fortes durante o momento de sua paixão, elas pareciam passageiras, inconsistentes e lutavam por sobreviver à luz do dia. Ela tentou concentrar-se em sua leitura. Uma vez mais, o livro não tinha estado onde ela o tinha deixado na noite anterior, mas na prateleira. Em seu lugar ela encontrou o tratado de Bernardo de Clairveaux. Perguntou-se se Ian o estava lendo. Ela reprimiu o impulso de lhe perguntar sua opinião sobre as idéias de Bernardo. Muito provavelmente ele estava verificando os livros da biblioteca com os registros contábeis para ver se podia encontrar as entradas que indicassem seus valores. Além disso, ele havia dito que não gostava de filosofia. Sua mente se moveu de volta à conversação daquele dia no rio, e sua surpreendente revelação de que ele tinha sido educado para o sacerdócio em sua adolescência. Tinha sido uma referência estranha à história de sua vida. Ele nunca falava sobre sua família ou os eventos de seu passado. Reyna tinha pensado muito sobre ele naqueles últimos dias, observando-o enquanto ela chegava a aceitar aquele matrimônio. 243
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Históricos Ele era um homem inquieto, sempre procurando novos projetos e idéias, planejando melhoras para a fortaleza. Seus intensos impulsos de atividade ocasionalmente se interrompiam no momento menos esperado, e ele procurava silêncio e reflexão, normalmente no jardim. Ela se perguntava no que pensaria ele nesses momentos. Gradativamente ela tinha notado que ele não tinha amigos íntimos
em
sua
própria
companhia.
Ian
gozava
de
uma
camaradagem com seus homens, mas não havia nenhum homem que fosse seu companheiro especial. Ele estava normalmente com um grupo, ou com ela, ou sozinho. Isso lhe parecia estranho para um homem com um trato e sociabilidade tão fáceis. A vela piscou quando o pavio queimado se fez muito comprido. Ela levantou uma pequena faca que tinha perto e se esticou para cortar a ponta queimada. Ian observou o movimento antes de voltar para seus registros. —Seu pai que queria que fosse sacerdote está vivo?—, ela perguntou. Não tinha planejado a pergunta. Acabava de emergir como produto de seus pensamentos. Ian reagiu como se fora uma curiosidade intrusiva. Ela viu sua tensão sutil, as pálpebras baixas, e o movimento de seus olhos que indicava que ele tinha deixado de ler. Mas Ian não respondeu sua pergunta. A pergunta ficou pendurada no ar entre eles. Ela ficou perplexa por sua rejeição insolente. O silêncio se tornou pesado com as palavras não ditas. Ela fingiu voltar para seu livro. A noite agradável fora arruinada. 244
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Históricos Seu silêncio era uma declaração em relação aos limites que eles dois teriam. Era a clara rejeição de um homem que escolhia restringir o conhecimento a respeito de seus aspectos mais profundos. A surpreendeu quão profundamente ele a tinha ferido. Durante as horas compartilhadas na cama, ela tinha pensado que um vínculo se estava formando. Aquele silêncio revelava que ele não queria esse vínculo. Um sentimento de dor se estendeu em seu coração enquanto olhava a página do livro. Tristemente admitiu que a novidade da paixão tinha escurecido os fatos sobre aquele matrimônio. Sua mente racional os tinha reconhecido quando descobriu o testamento, mas seu coração afetado pela intimidade falsa da primeira semana e do dia feliz no rio, a tinha persuadido a ignorálos. Ela tinha pensado... Não, não queria nomear o que tinha pensado. Isso somente ia adicionar humilhação à tristeza que enchia seu coração. Ouviu Ian ficar de pé e caminhar para ela. Sentiu-o detrás dela. Suas mãos apoiando-se em seus ombros. As mãos de um estranho. Pois ele para sempre permaneceria como um estranho. —Vem para a cama, Reyna—. Em sua decepção, ela se endureceu ligeiramente e vacilou. Suas mãos se deslizaram ao longo de seu peito e uma mão acariciou seu seio. Com uma habilidade sem falha ele venceu sua resistência breve e ela levantou seu rosto e seus braços para ele. Mas não foi o mesmo. A melancolia que ela havia sentido a manhã depois de sua noite de bodas pulsava viva no centro de seu
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Históricos desejo. Embora seu corpo respondia como sempre, seu espírito resistia ao fluxo da paixão. Ela chegou ao pico da paixão como em uma viagem particular. Ela emergiu do êxtase para descobrir que Ian tinha terminado também, embora ela não tivesse nenhuma lembrança disso. Ele dormiu, deixando-a só para reconhecer a triste lição que tinha aprendido naquela noite. Cedo, na manhã siguinte, uma patrulha se apresentou no portão para reportar que um grupo de homens dos Armstrong se estava juntando perto da fronteira norte das terras de Black Lyne. Os homens tinham sido recrutados à força de aldeias e granjas. A patrulha julgou que o exército tinha trezentos homens e seguia crescendo. —Soa como se Thomas Armstrong estivesse chamando a todo homem são e apto na propriedade de Clivedale—, Ian disse aos homens que se juntaram para ouvir o relato. Reyna se sentou a seu lado para tomar o café da manhã. As coisas tinham sido frias entre eles desde que despertaram. Trataram um ao outro do modo formal e cuidadoso que as pessoas usam depois de ter um discussão séria. —Alguém pensaria que ele os reuniria mais distante a oeste, ou pelo menos mais perto do caminho para Harclow—, um dos cavalheiros disse. —Não penso que ele vá a Harclow. Penso que ele vem para cá. Uma estratégia inteligente. Não dava a Thomas suficiente crédito.
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Históricos Para Reyna isso não tinha nenhum sentido. Ela falou, embora não estava em posição de fazê-lo. —Maccus necessita alívio em Harclow. O que pode obter Thomas enfrentando você aqui? —Anna de Leon está aqui. Neste momento, Margery deve haver descrito o amor de Morvan por sua esposa. Talvez Thomas espera que Morvan faça que parte do exército deixe o cerco e venha aqui quando se inteirar que ela está em perigo. E provavelmente Morvan lideraria esses homens. O plano é arriscado, mas é a melhor oportunidade que Thomas tem. Se ele puder derrotar Morvan em Black Lyne, toda a situação em Harclow muda. —Isso tem mais sentido—, ela disse. —Mas se Morvan vier, ele trará suficientes homens para lutar com Thomas. Seu plano falhará. —Provavelmente, mas eu não gosto de ficar sentado aqui. Além disso, há um problema esperando na fronteira, e esta companhia já foi muito paciente. Depois de um verão indolente, todos necessitamos um pouco de ação. Ele voltou-se para seus homens. —Avisem que nos moveremos em uma hora. Enquanto os soldados se apressaram para preparar-se, Reyna lançou um olhar duro a Ian. —A patrulha disse que há mais de trezentos homens esperando na fronteira. Seria uma tolice enfrentar esse risco quando não é necessário. —Já sei que Thomas planeja nos sitiar ou continuar seu ataque a Morvan, meu dever é detê-lo.
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Históricos —Não é lógico enfrentar semelhante força no campo de batalha. Morvan nunca poderia te pedir que fizesse isso. —Não pretenda me ensinar lógica neste momento. —Sem
dúvida
pensa
que
isto
é
um
grande
gesto
cavalheiresco, mas é um suicídio. Sua expressão se endureceu. —Não sabia que tinha uma opinião tão desfavorável a respeito de minhas habilidades na guerra, Reyna. —Confunde preocupação com insulto, Ian. O guerreiro mais valente é vulnerável em tais condições—. Lançou um olhar escrutinador. — Teme que meu bonito pescoço seja quebrado no campo de batalha? Até se morrer, Thomas nunca tomará esta fortaleza, Morvan nunca deixará que os Armstrongs lhe capturem, não se preocupe. Mas ela se preocupou terrivelmente, e passou as próximas horas alternando entre a fúria e o desespero. Deu-se conta que isto era outra coisa em que seu segundo matrimônio diferia do primeiro. Robert tinha usado sua armadura pela última vez dez anos atrás. Ela era uma criança então, e quando o tinha observado cruzar o portão, nunca lhe tinha ocorrido que ele poderia não voltar. Ela estava aflita com imagens de Ian cansado, morrendo penosamente, seu sangue regando a terra das colinas. Tentou distrair sua mente com as preparações para a refeição, mas ela sabia instintivamente quando o momento de sua partida tinha chegado. Enxaguando suas mãos, ela se apressou para o salão e fora aos degraus da entrada.
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Históricos Ian estava no centro do pátio, sua armadura parecia água prateada com a luz cinza do dia nublado. As pessoas do castelo se detiveram para observar os cavalheiros e seus cavalos partindo. Quando Reyna caminhou para os degraus inferiores, uma criada chamada Eva se aproximou de Ian. Eles falaram, permanecendo muito perto, Ian olhou para baixo e lhe sorriu com seu sorriso devastador. Finalmente, para o desânimo de Reyna, ele acariciou o queixo de Eva num mesmo
gesto afetuoso que ele usava tão
freqüentemente com ela. Reyna era testemunha da conversação íntima acontecendo diante de todos os habitantes da casa. Eva a viu chegar, disse algo apressadamente, e se afastou. —Onde estava?—, Ian perguntou, nada envergonhado de ter sua nova esposa observando-o seduzir aquela mulher imoral. —Não queria me cruzar em seu caminho. Não estou bem treinada em como uma esposa se comporta nestas situações. Se se supunha que devia te atender, desculpo-me por minha negligência. Seu olho captou Eva parada perto do muro, falando com um jovem arqueiro. Uma bonita jovem, com seios e um vestido apertado. Nada magra ou miúda. —Não precisa me dar atenção se escolher não fazê-lo—, Ian disse. Reyna ouviu uma insinuação que se referia a algo mais que as preparações para uma batalha. Não, obviamente ela não precisava atendê-lo. Uma mulher era tão útil como qualquer outra para o Lorde das Mil Noites.
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Históricos Ela forçou uma expressão de indiferença em seu rosto. Tinha sido
uma
noite
e
uma
manhã
cheias
de
descobertas
decepcionantes, mas ela era uma mulher de linhagem e sabia como atuar com dignidade. Os cavalheiros montaram e começaram a dirigir-se para o portão com seus escudeiros. Ela esticou-se e beijou a fase de Ian. —Deus vá contigo. Ele olhou para baixo com uma expressão particularmente perplexa, e logo virou. A meio caminho, ele deu a volta abruptamente e voltou. Tomou-a em um abraço selvagem, apertando-a contra seu corpo, reclamando sua boca com um furioso beijo. —Espera meu retorno como uma esposa deve— ordenou-lhe. Ian guiou seus homens em direção à fronteira tentando ignorar a estranha inquietação que invadia seu espírito. Tentou culpar Reyna por havê-lo perturbado com seu discusso e seu comportamento frio. Sabia, entretanto, que a causa não era ela. Suspeitava de que se tratava aquela sensação, pois ele havia sentido algo semelhante havia muito tempo, mas se recusava a nomeá-la. A metade de sua mente se mantinha ocupada revisando a estratégia que eles executariam quando encontrassem o exército de Thomas. A outra metade, entretanto, estava ocupada com Reyna, como estava desde a primeira vez que a tinha conhecido. Incomodava-o que havê-la possuído não tivesse solucionado o modo com que ela se intrometia em sua cabeça. Isso era algo mais que ele havia sentido uma vez antes, hhavia muito tempo, e com conseqüências terríveis. 250
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Históricos Ela tinha considerado negar-se a ele na noite anterior. Ele tinha percebido sua vacilação, mas não lhe tinha permitido considerá-la por longo tempo. Finalmente, a indiferença dela poderia também ter sido física, pois claramente uma parede invisível se ergueu entre eles. Embora seu corpo se uniu ao seu com
um
intenso
abandono,
a
parte
essencial
dela
tinha
permanecido indiferente. Pela primeira vez com Reyna tinha sido como sempre tinha sido para ele ao longo dos anos, duas pessoas satisfazendo sua paixão e procurando alívio por suas próprias motivações. A passagem da inocência de Reyna àquela essa indiferença o tinha ferido mais do que esperava. Tinha sido inevitável, ele supôs. Reyna não era uma moça tola. O dia em que ela começaria a examinar o que havia mais além dos encontros prazeirosos tinha que chegar. E então ela pesaria o valor do que estava entregando e o valor do homem a quem ela se oferecia. Sua tentativa para evitar isso a noite anterior tinha sido em vão, e, Ian suspeitava, só tinha apressado o momento em que ela abrisse seus olhos. Seu pai que queria que fosse sacerdote ainda vive? Tinha sido uma pergunta tão simples. Talvez uma resposta simples teria bastado, mas duvidava. Aquela pergunta levaria a outras, como era habitual em tais temas. Ele tinha um passado, e eventualmente ela procuraria conhecer a história que o teria trazido até ali.
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Históricos Pouco podia imaginar ela que a desonra dos últimos quatro anos, a parte que ela já conhecia, tinha sido o menos grave de seu passado. Ian tinha considerado responder aquela pergunta, mas acreditou que não podia arriscar-se. Não se atreveu a por à prova o vínculo delicado se que tinha formado entre eles, porque sua alma solitária apreciava aqueles vínculos tênues mais do que outros pensavam possível. Mas o silêncio tenso de sua rejeição e mais tarde na cama, ele havia sentido que algo do vínculo se quebrara de qualquer modo. O crepúsculo estava se instalando quando a tropa avançava pelo caminho que levava à fortaleza de Black Lyne. Eles avançavam lentamente, com os carros carregados com o butim, armaduras e armas arrastados pelos cavalos de Armstrong. Tinha sido uma batalha breve, seguida de um ataque surpresa, e tinha concluído antes do esperado, quando Ian desafiou Thomas Armstrong a um combate individual. Derrotar o homem tinha sido bastante fácil, e Ian tinha perdoado a vida de Thomas em troca de um juramento de manter os Armstrongs em Clivedale, longe da fortaleza de Black Lyne e longe do cerco a Harclow. O bom humor reinava na tropa. Por iniciativa própria os soldados comuns haviam decidido compartilhar a vitória com os membros da companhia que perderam a diversão por ter sido enviados a Harclow. Ian fazia brincadeiras, e se deixou invadir pelo clima de familiaridade e amizade.
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Históricos A maior parte daqueles companheiros se afastariam de sua vida logo, ele se deu conta. Em seis meses a companhia voltaria para a França, estabelecendo um cerco em alguma outra cidade exaurida por ataques. A maioria eram mercenários e não conheciam outro tipo de vida. Ian ficou no acampamento fora das muralhas da fortaleza por muitas horas, compartilhando cerveja e comida trazida por alguns criados. Escutou as histórias de campanhas do passado e aventuras, deixando que o bom humor o invadisse. Uma fina garoa caíra por algum tempo quando ele finalmente ficou de pé e se foi. Tirou a armadura, e colocou uma capa e uma túnica comprida por baixo. Se aproximou do portão parecendo um mendigo, e teve que gritar antes que o guarda o reconhecesse à luz da tocha. As grades se levantaram. Ele fez uma pausa e olhou para trás em despedida. Logo caminhou pelo pátio deserto. Com um rangido o portão de ferro se fechou detrás dele, afogando os sons de diversão de sua tropa. Aproximou-se da fortaleza. Uma só tocha ficara acesa perto da porta, e com sua chama quase apagando viu um corpo encolhido no meio da escada de madeira. Lentamente subiu os degraus em direção àquele corpo. O rosto pálido de Reyna surgiu para fora da capa que envolvia seu corpo. Esquecera-se que lhe tinha ordenado que o esperasse. —Poderia ter me esperado no salão. Faz frio aqui fora. —Estou suficientemente seca e aquecida. Tenho pouca experiência nisto de esperar um homem depois de uma batalha, 253
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Históricos mas uma vez esperei Robert aqui quando ele voltou para casa depois de uma viagem. Há alguns lá dentro que se lembram disso. E não queria que pensassem que honro menos a você. Ele aceitou sua declaração sobre seu dever conjugal sem fazer nenhum comentário. Ele não podia ver sua expressão, mas seu tom tinha sido suave e cuidadoso. Como alguém termina uma discussão que nunca começou? Nenhuma palavra tinham sido dita que pudesse ser retirada, nenhum insulto do qual desculpar-se. Ela simplesmente
tinha
perguntado
uma
coisa
pequena,
mas
igualmente era mais do que ele se atreveria a dar. E soube, no profundo de sua alma, que ela se resignou a nunca mais perguntar algo novamente. —Pode ter pouca experiência em saudar um homem depois de uma batalha, Reyna, mas tem muito mais anos como esposa do que eu tenho como marido. Ela inclinou sua cabeça pensativamente, e quando ela falou novamente sua voz soou mais natural. —Sim. E sua esposa vai te enfrentar agora, por ter demorado tanto a atravessar aquele portão. Ouvi tudo sobre sua luta com Thomas, e tem feridas que deveriam ser limpas. Há água esquentando na lareira do solar, e colocarei algumas pomadas nos cortes. A idéia de Reyna cuidando de seus cortes o agradou. Ian abriu sua capa e estendeu um braço para trazer seu corpo pequeno mais para perto do dele. Ela não estava nem morna nem seca como assegurara, mas ele se ocuparia disso muito em breve. Desejava-a, e ia aceitar qualquer coisa que ela lhe desse, e talvez, com o tempo, tudo seria como tinha sido antes da noite anterior. —Contaram-me que deixou Thomas vivo—, ela disse. 254
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Históricos —Não havia nenhuma vantagem em matá-lo. Se tivesse pensado que sua morte terminaria com as acusações contra você... —Não. Estou contente que não o matou. As pessoas diriam que foi porque...— sua voz perdeu-se. — Porque eu desejava a esposa de Thomas, e procurava liberar Margery de seu marido. Não lhe importava o que os outros pensassem, mas não queria que Reyna especulasse sobre aquilo. Isso, pelo menos, era algo que podia dar a ela. —Nunca existiu nada entre Margery e eu—, ele disse. — Agora saiamos da chuva. Com sua capa flutuando ao redor de ambos, ele a guiou para casa.
Capítulo 17 Ian comtemplou os campos da sua posição na muralha sudeste. A seu lado estava Giles. Ian apontou a terra ao sul. —Andrew Armstrong diz que o rio uma vez, anos atrás, já correu mais próximo da fortaleza, e que era mas largo, cobria aqueles banhados de lá. Giles sacudiu a cabeça. 255
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Históricos —Vi isso antes. O curso de um rio muda ou se reduz, às vezes. —Estou me perguntando se pode mudar novamente. Por que alguém não poderia escavar e trazer o rio para mais perto da murulha? —Esse é o modo como se fazem os fossos, claro. —Não se trata de só desviar parte do rio para fazer um fosso, mas mover todo o curso do rio. Quero saber: quantos homens e quanto tempo precisa. —Digamos cem homens dos campos. Não os pode usar durante a época do plantio nem da colheita, então seria só os meses de crescimento do cultivo e alguns meses antes do inverno. Se não se encontrarem rochas na escavação, e se tudo sair bem, talvez três estações. Dois meses atrás, se alguém tivesse proposto um projeto que levasse tanto tempo, Ian haveria rido diante daquela sugestão. Agora, três anos pareciam um investimento pequeno no tempo de uma vida. Ian deu a Giles a ordem de fazer os planos para o projeto, depois caminhou ao longo da muralha em direção às escadas. Quando desceu ao pátio, viu Reyna caminhando. Tinha seu cabelo preso numa grossa trança arrumada ao redor de sua cabeça, mas ele sabia que ela chegaria ao jantar com o cabelo solto, do modo que ele preferia. Ela fazia aquilo para agradá-lo. Observou-a passear tranquilamente pelo jardim com uma cesta pendurada no braço, estava indo colher flores e ervas para temperar a comida. Ela ajudava Alice em todas as refeições agora, 256
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Históricos porque ele a preferia cozinhando. Nas refeições ela conversava sobre seus planos para a fortaleza e sobre as notícias do cerco a Harclow. Nas noites ela retirava-se para ler sobre filosofia ou para escrever, e mais tarde seus braços e seu corpo davam boas vindas a ele. Aqueles encontros íntimos transbordavam de prazer, mas sempre estavam marcados por silenciosos limites que ela não se permitiria cruzar nunca mais. Ela era bonita. Não com um rosto ou um corpo perfeitos, mas igualmente bonita. Dócil, alegre, complacente e adorável. Mais do que ele jamais tivesse esperado. Então por que ele vivia recordando seu disfarce de cortesã, e sentindo saudades dos dias quando lhe dizia insultos como bastardo e filho da puta? Pelo menos seu antigo conflito com o desprezível Ian de Guilford possuía energia e vida. Ao contrário, aquela esposa devota e submissa prometia entrar em uma rotina que o aborreceria muito rapidamente. Ian começou a subir os degraus da entrada da fortaleza. Um movimento e um ruído no portão o detiveram. Um guarda anunciou que um solitário cavalheiro se aproximava. As grades se levantaram e um cavalo passou pelo portão. Seu cavaleiro girou e estudou os estandartes brancos e verdes flutuando nas torres, então lançou um olhar para o pátio. Estava sentado em seu corcel, ereto e orgulhoso, com sua armadura completa e com um capa negra colocada sobre seus ombros. O homem teria talvez trinta anos e tinha cabelo loiro dourado. Ele girou seu rosto em direção à fortaleza, e seus olhos azuis pousaram em Ian. Quando ele desmontou do seu garanhão, sua capa negra caiu para frente e se abriu. 257
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Históricos Ian observou a cruz branca no ombro de sua capa, e soube imediatamente quem havia chegado. Edmund, o cruzado. Ele ficou parado ali como a encarnação de um arcanjo. Um grito surgiu do portão do jardim. Ian observou Reyna soltar sua cesta e correr como um cervo para os braços estendidos do cavalheiro loiro sorridente. Deu a Edmund um beijo de boas vindas e lhe sorriu encantadoramente. Formando um sorriso de boas vindas que não sentia, Ian se aproximou do cavalheiresco monge. Reyna deu um passo atrás, o braço dele ainda estava apoiado ao redor de seus ombros. —Ian, este é Edmund, de quem te contei. —Bem vindo, Edmund. Sentimo-nos honrados de ter um cavalheiro da ordem de Saint John nos visitando. —Alguns assuntos para o superior me trouxeram para esta área. Obrigado pelas boas vindas, já que ouvi durante os últimos dias que houveram muitas mudanças por aqui. Sim, Edmund teria ouvido as notícias sobre o cerco a Harclow e a queda da fortaleza de Black Lyne enquanto cavalgava pelas colinas. E que outras coisas teria ouvido? Ian decidiu esclarecer a situação. —Nossa hospitalidade sempre está aberta aos amigos de minha esposa. O homem era hábil, Ian teve que reconher isso. Sua expressão logo mudou diante de suas palavras. Só um pestanejar de vaga surpresa. O braço de Edmund se retirou dos ombros de Reyna. Ian podia dizer que o cavalheiro tinha muitas perguntas para fazer, e que Reyna sentiu a necessidade de dar uma explicação, mas eles não podiam manter aquela conversação agora. Eventualmente eles 258
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Históricos achariam tempo para fazer isso, e Ian se imaginou o que Reyna diria e não gostou muito. —Conheci seu irmão, Reginald—, Ian disse. —Ouvi que o capturou. —Ele me disse que tinha jurado a Robert me proteger, Edmund, mas antes de me levar até você queria forçar-me a um matrimônio—, Reyna explicou tristemente. —Ele se comportou como um homem diferente. Eu não o entendi. —Ele estava ferido, mas se curará—, Ian adicionou. —Eu gostaria de vê-lo, se me permitir isso. —Levarei você a ele agora. Faça que os criados prepararem uma habitação para nosso convidado, esposa, enquanto eu levo Edmund até seu irmão. —Sei quais são meus deveres, Ian—, ela disse. — Conversaremos no jantar, Edmund. É bom te ver novamente, querido amigo. —Meu irmão não é o mais perito dos homens—, Edmund disse enquanto Reyna se afastava. —Não estou de acordo. Ele criou um plano brilhante, e teria ganho a ambos, a dama e suas terras, se tivesse funcionado. —Não sei nada sobre as terras, e se Reginald lhe ofereceu casamento foi para protegê-la. —Você pode ter tomado um voto de castidade, mas seu irmão, não. Certamente algo mais que o cavalheirismo o impulsionava, e foi uma oferta estranha de matrimônio já que não permitia a negativa dela. O rosto de Edmund se ruborizou.
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Históricos —Como ela está unida a você agora, é claro que sabe tudo sobre ofertas de matrimônio aceitas sob coerção. —Ao menos, podemos assumir que eu me ofereci mais cortesmente que Reginald fez. —Ou mais coercitivamente. —Ou fui mais persuasivo. Ian caminhou à frente para o quarto onde Reginald se recuperava. Ele destrancou a pesada porta. Vendo
os
dois
homens
juntos,
Ian
pôde
notar
sua
semelhança. Edmund era uma versão melhorada e mais jovem de seu irmão maior. Possuía um rosto mais atraente e, pelo que Reyna tinha contado, uma mente muito mais perspicaz. Entretanto, o parentesco entre ambos era óbvio. —Os deixarei por um momento. Ele fechou a porta e a travou. A tentação de deixar Edmund ali para sempre, para assegurar-se que Reyna nunca mais visse aquele amigo, cruzou pela sua mente. O corredor pequeno estava mal iluminado, e então ele não notou a outra porta até que se apoiou contra ela. Ele girou e apalpou as dobradiças de ferro e finalmente a maçaneta. A porta se abriu brandamente, e uma luz inundou seus olhos. Uma mistura de aromas encheu sua cabeça. Seu olhar viu uma mesa coberta com vasilhas de terracota e uma variedade de plantas penduradas no teto. Ian molhou um dedo no conteúdo seco de alguns dos recipientes. Ervas.
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Históricos Caminhando pelo cômodo, ele disse a si mesmo que Reyna deliberadamente não lhe teria mantido oculto aquele quarto. Estava aberto, e todo o castelo devia saber de sua existência. Ian recordou a visita da propriedade que exigiu a Andrew Armstrong no dia depois que a torre foi tomada. O mordomo simplesmente tinha apontado as escadas e havia dito que só as celas da prisão estavam ali e Ian não tinha suspeitado daquele lugar previsível. Se tinha existido algum engano deliberado, tinha sido por parte de Andrew. Esquadrinhando a parede direita que não dava para a cela de Reginald, ele viu um buraco entre algumas pedras tapado por um pedaço de madeira. Agachando-se, atirou uma pedra pelo buraco. A pedra caiu tocando uma barreira sólida no fundo. Sem dúvida havia tocado o fundo do poço de água da fortaleza. Antecâmaras secretas, o túnel traseiro, e agora aquela oportunidade para fazer uma sabotagem à fortaleza. Robert de Kelso tinha sido um homem muito inteligente. Ian retirou a prancha de madeira e deixou o buraco a descoberto, de modo que Reyna soubesse que ele tinha descoberto aquilo. Retornando à cela, ele abriu a porta. Edmund tinha uma expressão amarga no rosto, e Reginald parecia tão envergonhado como uma criatura que acabava de ser açoitada. Sem uma palavra de despedida a seu irmão, Edmund se uniu a Ian no corredor. —Devo me desculpar por ele a Reyna—, ele murmurou enquanto subiam as escadas. —Meu irmão pode ser obstinado ao 261
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Históricos extremo. Ele interpreta qual é seu dever e segue adiante, e ninguém o pode parar. Muito útil em uma batalha, mas para outros casos... Ian o acompanhou ao salão, onde Andrew fiscalizava como se colocavam os pratos de prata na mesa principal. Parecia que Reyna tinha decidido honrar a seu amigo com a preparação de um banquete. Ian se disse a si mesmo que não deveria se preocupar, já que ele teria os benefícios daquela refeição, pelo menos. Também, as preparações teriam ocupado Reyna e assegurariam que nenhuma conversação privada fosse mantida com seu casto cavalheiro por algumas horas. Muito repentinamente Ian decidiu que uma longa caçada para entreter seu convidado à tarde parecia uma idéia muito boa. —Sua intenção é manter Reginald encarcerado?— Edmund perguntou. —Até que os eventos em Harclow se solucionem e se estabeleçam condições com os Armstrongs, não vejo nenhuma outra opção. —Ele era um cavalheiro de Robert, mas se estabelecer um resgate, eu me ocuparei que os Armstrongs o paguem. Se não, tentarei pagá-lo eu mesmo. Se pudesse encontrar um modo de ser generoso nisto, eu levaria meu irmão comigo, para longe daqui. O farei jurar que não voltará. —Ele já falhou em um juramento. —Ele não pensou que estava faltando a um juramento, mas se o prefere, eu farei o juramento, e prometerei mantê-lo comigo. —Pensarei sobre isso—, Ian disse. —Agora, o mordomo te mostrará seu quarto. Esteve cavalgando por muitos dias, e estou seguro que você gostaria de se refrescar. 262
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Históricos O jantar quase tinha sido elaborada como seu banquete nupcial, e Ian tentou reprimir uma ponta de ressentimento que ele sentiu quando imaginava Reyna cheia de excitação enquanto preparava a comida. Ela manteve uma conversação animada com seu amigo, mas Ian podia sentir a tensão com que ambos evitavam os temas que mais desejavam discutir. A morte de Robert, sua tentativa de fuga, o matrimônio forçado de Reyna com o nitidamente nada santo Ian de Guilford. Ele finalmente sucumbiu ao desejo diabólico de manchar a perfeição presumida daquele arcanjo. —Trabalha no hospital em Edimburgh, Edmund? —Fiz isso durante meu treinamento. Atender aos doentes é uma das missões de minha ordem. —Sim, e libertar Jerusalém foi sua outra grande missão, não é verdade? Passou algum tempo na Terra Santa?—. Os lábios de Edmund se apertaram. —Minha ordem não fez campanha durante meu tempo, isso lamento. —De fato, os cavalheiros Santos não lutaram no oriente desde que se dissolveu a ordem dos Templários—, Ian disse. —Falou-se de uma nova cruzada. —Bem, sempre se fala disso. Diga-me, o que faz alguém da ordem dos Hospitalares quando não atendem aos doentes nem lutam em nome de Deus? Que assuntos lhe trazem para o sul? —Sou o secretário do superior, e ajudo a verificar as propriedades da ordem. —Ah. Então viaja para coletar rendas, aluguéis e coisas assim? Enfim as tarefas de um auxiliar... 263
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Históricos O insulto era sutil, mas Edmund o captou. —Meus deveres envolvem um pouco mais que isso. —Como assim?— Reyna perguntou curiosamente. Ela nunca tinha perguntado a Edmund sobre sua vida, Ian de repente notou. E nunca lhe tinha ocorrido indagar sobre aspectos pessoais. Ele era um monge santo que conversava de filosofia com ela e que era amigo de Robert, e isso era tudo o que ela precisava saber. —Estamos investigando o assunto de certas propriedades concedidas a nós pelo Santo Padre anos atrás, mas que nunca recebemos. Sou formado em leis e direito canônico e me ocuparei de examinar isso. A mente inquisitiva de Reyna tinha sido estimulada. —Propriedades da Igreja que estão em posse de outros? Mas se as petições da Igreja forem concedidas, vão desalojar a muitas famílias. —Essas
famílias
sabiam
quando
ocuparam
aquelas
propriedades que não tinham nenhum direito a elas, pois o Santo Padre as concedeu para minha ordem. —Fala de terras templárias, não é verdade?—, Ian perguntou, encantado pela oportunidade de abordar outro tema que certamente ia incomodar Edmund. Edmund lhe lançou um olhar severo. —Os Templarios foram dissolvidos pela Papa há quarenta anos atrás—, Ian explicou a Reyna. —A propriedade da Igreja devia ser transferida à ordem dos Hospitalares, porém, na Inglaterra, o rei a deu a seus próprios amigos. O parlamento finalmente aprovou leis para que as terras fossem transferidas à Ordem de Saint John, mas 264
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Históricos houveram muitos pedidos, pois as famílias lutaram contra aquela transferência. Presumo: o mesmo aconteceu na Escócia, Edmund? —Sim. —Por que eles foram dissolvidos?—, Reyna perguntou. Edmund fez uma careta. —Eles foram acusados de blasfêmias e práticas diabólicas, milady, e de outros crímes que não são apropriados para seus ouvidos. —Então o Papa e os reis tomaram o ouro dos templários, e os Hospitalares tomaram suas terras—, Ian adicionou. Reyna levantou uma sobrancelha, mostrando que considerava que aquilo era injusto. Ian sentiu a satisfação por ter manchado um pouco a aureóla de santo de Edmund. Reyna e Edmund entraram em uma discussão de filosofia. Enquanto Ian escutava vagamente, ele se inclinou para frente e observou
seus
outros
convidados.
Anna
de
Leon
estava
interrogando Andrew sobre o estábulo, decidindo que cavalo ela solicitaria para a caça da tarde. Ian decidiu que ia arrumar para que Edmund caçasse com Anna. Ele tinha ouvido que ela podia cavalgar mais velozmente que a maioria dos homens e tinha um olho agudo para as caças ao qual poucos se podiam equiparar. Sorriu diante da imagem de Anna afastando-se de sua escolta masculina e trazendo mais presas que o cavalheiro perfeito e casto. Deixaria que a esposa de Morvan pusesse aquele Hospitalar em seu lugar.
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Capítulo 18 —Esta é a mensagem tal como foi dada?
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Históricos —Palavra por palavra. Lorde Morvan me disse que devia esperar e voltar com sua resposta. Ian repetiu a mensagem em sua cabeça. Não era uma ordem, a não ser um pedido. Era um reconhecimento por parte de Morvan de que Ian era o proprietário da fortaleza de Black Lyne através de seu casamento com Reyna, e que até agora, não lhe tinha jurado fidelidade a nenhum Lorde. —Diga-lhe que irei amanhã Agora vá procurar um pouco de comida, e diga a Gregory que lhe dê um cavalo descansado. O homem partiu, e Ian caminhou para a janela do solar. Uma brisa noturna fresca entrou por ela. Desejou que Reyna estivesse ali assim ele poderia lhe contar isso imediatamente. Sabia que aquele chamado de Morvan ia chegar. Se havia ressentido quando não o fez pouco depois de que a fortaleza de Black Lyne tinha caído. Tinha sido como se a negativa de Morvan de aceitar sua ajuda em Harclow tivesse sido um reflexo silencioso de sua opinião sobre o valor do mercenário que lhe tinha salvado a vida. Agora, entretanto, a situação em Harclow era crítica, e todas as espadas eram necessárias. Morvan tinha montado ataques mais agressivos durante algum tempo, e os próximos quinze dias provavelmente decidiriam as coisas. Maccus Armstrong não mostrava inclinação para render-se, e a fortaleza teria que ser tomada de assalto. Desejou que Reyna estivesse ali. Amanhã eles estariam separados indefinidamente, talvez para sempre. Ele não se considerava invulnerável. Escalar muralhas e lutar em torres no meio de um cerco era muito diferente de uma batalha em campo 267
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Série Medieval 6 - O Lord das Mil Noites
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Históricos aberto, e homens melhores que ele tinham morrido durante o assalto
a
uma
torre.
A
estranha
inquietação
que
tinha
experimentado quando tinha cavalgado para enfrentar Thomas Armstrong o invadiu novamente, e sentiu a necessidade de refugiarse no calor de Reyna nas horas antes da separação. Desejou que ela estivesse ali, mas ela não estava, e ele sabia onde estava. Reyna intencionalmente tinha convidado Edmund para visitar a tumba de Robert com ela quando a refeição da noite chegara ao fim. Ian os observou partir do salão juntos, apenas resistindo ao desejo de lhes proibir aquele passeio. Eles partiram antes que o mensageiro de Harclow chegasse. Dando a volta abruptamente pela janela, ele desceu ao salão e logo foi para fora, no pátio. O que importava se ela passasse tempo com aquele homem que, de todos os homens, não deveria representar nenhuma ameaça?
Realmente
pensava
que
uma
sedução
estava
acontecendo, que o cavalheiro piedoso tentaria tomá-la sobre chão sagrado? Acreditava verdadeiramente que Reyna permitiria isso? Sua mente racional disse que não, mas igualmente imagens mentais deles juntos abraçados invadiram sua cabeça, alimentando o ressentimento e os ciúmes que sentia, e que o tinham irritado todo o dia. Olhou em direção ao cemitério, logo distinguindo as sombras das cruzes por cima da paliçada de madeira baixa, pensando que via dois corpos sentados à luz da lua ao lado da tumba central. Edmund, o Hospitalar. Nobre, educado e casto. Nenhuma marca em seu corpo ou em sua alma, nenhuma fome ingovernável, 268
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Históricos nenhum maldito pecado para esconder. Ele era, em muitos sentidos, uma versão mais jovem de Robert de Kelso. Não lhe surpreendia que Reyna se sentira primeiro atraída por ele. Edmund também era, de muitas formas, o oposto de Ian de Guilford. Ela não desconhecia aquele agudo contraste. O rei Alfred e agora o Santo Edmund. Uma coisa tinha sido competir com a memória de um homem morto. Mas este aqui estava vivo e respirava. Ela não está dormindo com ele, mas está lhe dando partes dela mesma que não compartilha comigo. Ian ficou de pé sobre o muro, esperando algum movimento no cemitério, resistindo ao desejo de ir buscá-la. O tempo passou e com cada segundo suas reações irracionais cresciam e seu pensamento racional retrocedia. Amanhã ele a deixaria, só Deus sabia por quanto tempo, e ela escolhia passar aquele último tempo com aquele homem. Que ela o estivesse fazendo sem sabê-lo não pesava muito em sua raiva. Quando pareceu que uma eternidade havia passado e ele ainda não os via emergir pelo portão do cemitério, Ian girou e caminhou de volta para o solar. Reyna terminou suas preces e se sentou para trás, sobre os seus calcanhares, olhando o cavalheiro ajoelhado com os olhos fechados do outro lado da tumba. Ele parecia um pouco misterioso naquela noite ventosa. —É bom vir visitar aqui—, ela disse, arrastando seus dedos pela terra. Seu coração parecia estar cheio das lembranças de Robert, e sentiu o consolo de seu amor atravessando a eternidade para alcançar a ela. 269
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Históricos —É bom estar aqui com alguém que o conheceu como eu. Edmund se moveu e se sentou no chão com a tumba entre eles, uma conexão mais que uma separação. —Trago-lhe um manuscrito. Uma cópia de um dos Diálogos de Platão, em grego original. Se lê diferentemente das traduções, penso que deve o ter. —OH!, Edmund, obrigada. Não temos nada de Platão. Deveria me deixar te pagar por isso. —Não me custou nada. O superior o tinha em sua biblioteca, e um dos irmãos fez uma cópia para mim. Além disso, não acredito que seu novo marido quereria que gastasse dinheiro desse modo. Reyna sabia que Edmund educadamente estava levando a conversação em direção a seu matrimônio, mas ela não queria discutir isso ainda. —É uma alegria ter algo novo para ler. Ele entendeu a indireta e que eles falariam sobre os livros que ele tinha lido desde sua última visita. Invejava a variedade de experiências possíveis por ser homem e por viver perto de uma cidade. Ian tinha desfrutado desse tipo vida também, e ela se perguntava como ele podia estar contente de estar encerrado no isolamento daquela torre. —Estou contente de ouvir que ainda aprofunda seus estudos, — Edmund disse. —Durante o jantar dava-me conta disso, pois suas idéias são provocadoras. Não me tinha dado conta quando te visitei o ano passado quanto tinha crescido sua mente. —Eu era uma adolescente quando nos conhecemos. Cinco anos é muito tempo em uma vida jovem. Já não sou uma menina.
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Históricos —Não, não é—, sua cabeça se inclinou. —Me conte sobre sua morte, Reyna. Ouvi que... —Sei bem o que ouviu. O quanto longe viajou essa história? Não até Edimburgh, espero. —Não até Edimburgh. Ela descreveu a enfermidade abrupta e a morte rápida de Robert, sua voz comovida quando relatava seu sofrimento. —Pode ter sido uma morte natural, Reyna? O corpo humano é muito complexo, e ele era velho. —Poderia ter sido, mas não parecia isso. Ninguém acredita que foi, de qualquer maneira. —Não há nenhuma pista de quem fez isto? Nenhuma evidência além da que sugere que foi você? —Ian sempre me faz perguntas sobre isso. Ele quer descobrir para que não exista nenhuma suspeita sobre mim. Eu também estou tentada a descobrir a verdade também. —E o que descobriu?— —Nada. Procurei nos cômodos daqueles que viviam na fortaleza naquele tempo, nem sequer sabia o que estava procurando. Finalmente, tudo foi em vão. —E seu marido? Ele não descobriu nada? —Ele prometeu lutar por mim em um julgamento por combate se for necessário. Confio em que não chegaremos a isso. —Crê que ele fará isso?— Ela ouviu o cepticismo em sua voz. —Ele prometeu que ele o faria—. Um suspiro atravessou o sepulcro.
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Históricos —Reyna, aquele tipo de homem só vive para si mesmo e seus lucros. Se puser sua confiança nele, temo que vai ser horrivelmente decepcionada. Você não o conhece. Ele não é como diz. —Verdadeiramente crê que ele vai te proteger? Que vai arriscar sua própria vida para salvar a uma esposa que pode ser facilmente trocada, e cujos bens já foram entregues a ele? —Eu não valho nada para ele. Morvan lhe entregou estas terras de qualquer maneira. —Morvan pode falhar em Harclow. As possibilidades são que pode ganhar ou pode perder. Ela não necessitava que Edmund lhe recordasse os modos como aquele matrimônio havia sido conveniente para Ian. Uma semana atrás, ela tinha visto aqueles fatos e os havia aceitado como realidades com as quais devia viver. —Está segura que ele verdadeiramente procura provar sua inocência, Reyna?—, sua voz saiu lenta e cuidadosamente. —O que quer dizer? —Por que ele não te mandou para longe daqui? Por que não se preocupa com sua segurança até que tudo tenha sido iluminado? Desse modo, se ele não tivesse êxito no combate, você ainda estaria protegida. —Há um julgamento pendente, devo estar aqui para falar por mim mesma. —Assumindo que Morvan mantenha o controle destas terras talvez tudo resulte bem, mas se ela não o fizer, se Harclow não cair, Morvan e seu exército deixarão esta região, e a fortaleza de Black Lyne não demorará para ser tomada pelos Armstrongs. Talvez é por isso que Sir Ian precisa de você aqui. Sua lealdade é para si 272
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Históricos mesmo, eu acredito, e ele servirá a quem ofereça mais, inclusive a Maccus, se isso significar obter o que quer. Renunciar a uma esposa que já cumpriu seu propósito seria um custo muito pequeno. Sua sugestão continha uma possibilidade cruel mas prática que sua mente não podia ignorar, mas seu espírito se rebelava contra aquelas acusações. —Nunca me teria casado com ele se o pensasse capaz disso. —Penso que teve poucas opções. —Está equivocado nisso também. Eu definitivamente tive uma opção. Várias, de fato. Eu podia ter retornado com meu pai. Podia ter aceitado ir com o Reginald. —A opção de Reginald veio antes que a de Ian, e você tomou cada decisão independentemente uma da outra. Quer dizer que se todas elas se tivessem apresentado juntas, ou ir para Edimburgh, ser a esposa de Reginald ou ficar aqui como esposa de Ian, teria escolhido a última, com todos os perigos que trazia? Era uma pergunta devastadora, de um modo que ele não podia adivinhar. Ela realmente estivera fazendo escolhas à medida que elas se apresentavam, uma de cada vez. Ela havia dito a si mesmo que era Ian ou Duncan, e a escolha tinha sido inevitável uma vez que Ian tinha aceitado manter o segredo de Robert. Agora Edmund a forçava a enfrentar uma nova realidade. A segurança ao lado de Reginald teria sido a opção sensata, lógica. Mas nunca teria sido a que ela teria tomado. Edmund interpretou mal seu silêncio perplexo. —Ian manipulou a situação para te coagir. Um matrimônio feito sob semelhante pressão não precisa continuar.
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Históricos —Ninguém me forçou a assinar o contrato nupcial, Edmund. Não fui drogada nem golpeada para fazê-lo. —Uma mulher não precisa ser golpeada para render-se. Este matrimônio pode ser anulado. Ele levou sua mão entre as suas. Uma mão fria e seca, ela notou, muito menos áspera que a de Ian. Mas como a de Robert. A mão de um homem bom, mas com menos vida e sangue que a mão de Ian do Guilford. —Sou conhecido pelo bispo de Edimburgh, Reyna. Quando ele ouvir como aconteceu isto, certamente dissolverá os votos matrimoniais. —E então o que, Edmund? Vai me oferecer a opção entre Ian e Reginald que alguma vez tive? —Meu
irmão está fora disto.
Ofereço-te liberdade e
segurança, e meu amparo que estava ali para você desde o primeiro momento. Agora que as defesas desta fortaleza relaxaram não será difícil escapar. Vêem comigo, Reyna, e nunca mais sentirá medo novamente. Ela olhou para o monte de terra. Sua última oração havia lhe trazido lembranças da primeira vez que tinha visto Robert, e as primeiras palavras que lhe havia dito. Ele tinha chegado à casa de Duncan para seu matrimônio um dia antes do esperado. Ela não estivera no pátio para saudá-lo porque Aymer, zangado por alguma desobediência de sua parte, a tinha arrastado à cripta e a tinha trancado para que ela lutasse contra o terror e a escuridão. Exigindo
conhecê-la,
Robert
tinha
feito
com
que
a
trouxessem. Por um momento, enquanto olhava a tumba, ela era novamente aquela menina de doze anos, encolhida contra a parede 274
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Históricos da cripta, lutando para manter sua sanidade mental. E então, de repente, uns passos soaram nos degraus de pedra, e a luz de uma tocha quebrou a eternidade negra, e uma mão se estendeu em sua direção. —Virá comigo, criança, e nunca mais ficará assustada novamente. A lembrança se afastou e ela estava olhando fixamente sua mão apertada. Sentiu a presença de Robert de repente, de um modo incrivelmente comovedor, como se ele permanecesse ao lado dela. Fechou os olhos e sentiu seu espírito tentando falar com ela. Talvez as almas no céu conheciam o futuro. Era a oferta de Edmund, ditas em palavras tão semelhantes à promessa de Robert, um sinal? Era o espírito de Robert persuadindo-a a aceitar a seu amigo? Robert sabia que se ela recusasse a oferta, tudo seria como Edmund predisse, e Ian a abandonaria? A imagem de seus pesadelos, de seu próprio rosto azulado pela falta de oxigenio e seu pescoço se estreitando, assaltou-a. Ian era um mercenário e um oportunista, e definitivamente ela podia ser substituída sem dificuldade pelo encantador homem conhecido como o Lorde das Mil Noites. —Eu organizarei isto e não interpretarei mal meu dever como o fez meu irmão. Estará muito longe daqui antes que seu marido se dê conta. Edmund a persuadiu com um sussurro. Ela sabia que tinha que tomar uma decisão agora, pois eles nunca teriam a oportunidade de falar a sós novamente. Ela se balançou em muitas emoções confusas. O pânico a dominou, e sua mente se nublou com dúvidas e medo. 275
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Históricos Então uma brisa se levantou e lhe acariciou o cabelo, como a mão de Robert tinha acariciado suas tranças quando tinha partido em uma viagem. Seus olhos se fecharam enquanto sua memória e sua presença a invadiu totalmente, trazendo consolo e fazendo desaparecer a confusão. Ela suspirou com o alívio que ele dava. Quando se acalmou, sentiu sua presença retroceder, levando toda a confusão com ele à medida que partia, tirando as sombras de seu coração para que ela pudesse ver o que havia ali dentro mais claramente. Com dolorosa reticência, voltou seu olhar interior para o que tinha
descoberto.
Outra
emoção
ardia
em
seu
coração,
atemorizante e tentadora, mas emitindo um forte calor. Ela reconheceu sua existência, e sua aceitação atuou como um combustível que o fez arder com mas força. Mas não é como o amor que tive por você, Robert, ela silenciosamente argumentou. Poderia haver muita dor e pouca satisfação naquele amor. Novamente a brisa acariciou seu cabelo reconfortando-a. Ela cuidadosamente retirou sua mão da de Edmund. Toda a lógica do mundo, todas as análises dos perigos potenciais, não teriam tido nenhuma força contra o que ela sentia agora mesmo. Não duvidaria de Ian, e se ele em última instância a abandonasse, que assim fosse. —Ele é meu marido, Edmund. E o aceitei como tal em meu coração, e nenhum decreto de um bispo pode desfazer isso. Ela viu seu corpo estender-se e endireitar-se, e sentiu seus olhos que a escrutinavam na escuridão.
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Históricos —Reginald me disse que era assim, mas eu não podia acreditar. —Não sei o que Reginald disse, mas... —Disse que este cavalheiro estava brincando com sua dor e sua solidão. Que te seduziu de uma forma insidiosa e coersiva, e que uma mulher é mais vulnerável à sedução que à violência. Talvez ele tinha razão, mas isso não mudava nada. Sua decisão derivava de suas próprias emoções e motivos, não dos de Ian. —Ele não me seduziu. Não compartilhei a cama com ele até depois de nosso matrimônio. Mas existia um afeto peculiar entre nós, e não fingirei que não existia. —Reyna, o que você interpreta como afeto não é mais que luxúria. Essa fome da carne passa, especialmente com homens como ele. —Não conhece meu marido, e entretanto fala de seu caráter e de suas intenções com tanta certeza. —Perguntei sobre ele esta manhã. Os criados me conhecem, e estavam dispostos a conversar. Sim, eles encheriam os ouvidos de Edmund, Reyna não tinha dúvida disso. —Pode ser que somente haja luxúria entre nós, mas ele é meu marido agora, o aceito por minha própria vontade. Não mentirei a um bispo para desfazer este matrimônio. Considera-me tão pouco digna de afeto que é impossível que um homem sinta algo por mim, Edmund? —Sabe que isso é uma tolice. Robert teve um afeto ilimitado e um amor profundo por você. Isso surpreendia a qualquer um que o visse. 277
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Históricos Robert me amava como a uma filha, ela queria dizer. —Partirei amanhã, Reyna. Se mudar de idéia, mande me dizer em meu quarto esta noite. Há alguém aqui em quem pode confiar? —Alice, mas não mudarei de idéia. Deve partir tão cedo? —Devo fazer o trabalho para o superior, e apesar da hospitalidade de Ian, não gosta de minha presença. Enquanto eles caminhavam em direção à fortaleza, Reyna podia sentir uma nova distância crescente entre ela e Edmund. Ele era tão parecido com Robert que lhe oprimia o coração saber que ele estava reconsiderando sua opinião sobre ela, e não era para melhor. Eles fizeram uma pausa fora do portão. —Te perdi como amigo agora, como perdi a Reginald?—, ela perguntou suavemente. Edmund tomou suas mãos e as beijou. —Não, milady. Sempre estarei aqui para você, embora acredito que é improvável que nos encontremos novamente por um longo tempo. Ian não gosta de nossa amizade. —Ele não vai negar-me ver meus amigos. Ele a olhou à luz da tocha. —Se convier a seus propósitos, ele te negará o que quer que seja. Mas temo que se fosse forçado a fazer a uma
escolha,
negará até sua vida. O silêncio envolveu a fortaleza. Era muito tarde e todos dormiam, Reyna notou. Ela e Edmund tinham conversado por mais tempo do que imaginava.
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Históricos Ela subiu ao quinto piso e fez uma pausa no corredor. Uma tocha iluminava o recinto, e ela acreditou que Ian tinha ordenado que ela permanecesse acesa para ela. Provavelmente ele já dormia mas ela esperava ansiosamente para estar a seu lado. Necessitava de sua certeza, do calor de sua força naquele momento. Quando se aproximou da porta do solar, esta se abriu e uma figura com saias saiu. Uma cabeça envolta com um lenço voltou com um sorriso brilhante que se apagou quando enfrentou Reyna. Eva se ruborizou violentamente e se afastou correndo pelas escadas. Reyna olhou fixamente para a porta do solar. Um estupor invadiu seu corpo como se alguém lhe tivesse derrubado um balde de água gelada sobre o corpo. O bastardo. Fervendo com dor e fúria, ela entrou em seu próprio quarto. Com a escassa luz da lua que entrava pelas janelas ela procurou na escuridão uma brasa acesa na lareira. Chocando-se com a mesa e a cama, ela caminhou para fora do quarto e tomou a tocha do corredor, logo retornou com a luz para si mesmo. Preparou-se para ir para a cama com a cabeça cheia de maldições e insultos dirigidos à alma negra de Ian de Guilford. Enquanto retirava o vestido azul, seu olhar recaiu nos pergaminhos empilhados em seu escritório. A carta para Lady Hildegard não havia progredido muito. Vários dias ela tinha passado sentada ali com a pena na mão, tentando formar suas frases em latim, só para descobrir que as horas passavam sonhando
acordada
com
o
homem
que
consumia
seus
pensamentos. Um enorme engano, sem dúvida. O filho de puta. De repente desejou ser tão grande e forte como Lady Anna. Desejou poder usar 279
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Históricos seus punhos naquele homem e que ele o sentisse. Poderia não ser capaz de tocar o coração daquele mercenário se o insultasse, mas seria muito agradável pelo menos ver contusões em seu corpo. Com movimentos bruscos ela tirou as meias e a camisa, levantou o lençol. Ela golpeou o travesseiro e se moveu impacientemente para encontrar um pouco de comodidade naquela cama estreita e fria. Talvez devesse ir ter com Edmund e lhe dizer que tinha mudado de idéia. Até poderiam escapar aquela mesma noite. Deus sabia que Ian tinha bom motivo para dormir profundamente. Seu recentemente reconhecido amor piscou com sua afronta, lhe dizendo que ela não faria uma coisa assim. Ela enfrentou a emoção como se fora um corpo estranho que se entremetia em seu espírito. Não vai me controlar, lhe advertiu perigosamente. Não deixarei que faça isso. É uma forma de tortura, e eu continuarei negando combustível porque se te alimento crescerá até se converter no fogo do inferno. Ela se perguntou se Anna ainda estaria acordada. Anna não gostava nada de Ian, e elas poderiam procurar um pouco de vinho e xingá-lo... —Que diabos está fazendo aqui? A voz baixa e severa vinha da entrada. Reyna voltou sua cabeça para ver Ian. Ela tinha estado tão distraída por seus pensamentos furiosos que não tinha ouvido a porta sendo aberta. —Dormindo. É rude que me desperte assim. —Não estava dormindo. Ouvi quando entrou. Ele caminhou para dentro do quarto e a olhou severamente. Ela se sentou apoiando-se contra a parede, observando a tensão
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Históricos de seu corpo e os reflexos profundos em seus olhos. Ele parecia tão zangado quanto ela se sentia. —Esteve até mais de meia-noite com aquele homem—, ele disse incisivamente. —Ele é um amigo a quem raras vezes vejo, e tínhamos muito para conversar. —Aposto que sim. Debateu sobre filosofia todas estas horas, Reyna? Sua insinuação fez que seu sangue se acelerasse. Ele acabava de deitar-se com Eva, a de seios grandes, e se atrevia a lançar acusações a ela. A tensão para controlar sua fúria lhe fez doer a cabeça. Ela só o olhou, encontrando sua pergunta com o mesmo silêncio frio ele tinha usado uma certa vez com ela. Com um movimento abrupto ele virou para a escrivaninha, agarrou-a e o lançou violentamente contra a parede. Uma tábua se partiu com a força do choque. Os pergaminhos e as penas voaram em todas as direções e caíram tremendo no chão como arrasadas por uma tormenta de outono. Seu controle frágil se rompeu ao ver sua escrivaninha quebrada. Correndo afastando o cobertor, ela saltou a seus pés. —Você, seu desprezível filho do diabo. Que direito tem... —É minha esposa. Se eu te perguntar o que esteve fazendo esta noite com aquele homem, você vai responder isso. —Passamos a maior parte do tempo falando mal de você. —E o resto do tempo?— Emoções complexas e vis irradiaram dele, perturbando o ar no quarto, mas não se importou nem um pingo. —De que se trata tudo isto? Por que se sente ofendido agora? Ainda crê que Edmund e eu compartilhamos esse tipo de amor? 281
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Históricos Está louco. Ele é um cavalheiro com votos de celibato. Não julgue a todos os homens por seus próprios parâmetros vis, inglês filho da puta. —Meus parâmetros podem ser vis, mas posso me dar conta quando um homem quer algo apenas de vê-lo. O que era que São Edmund queria de você, esposa? Uma paz perigosa e fria arrastou o calor de sua fúria. Ela realmente não se havia acalmado, simplesmente tinha encontrado o centro de sua tormenta. Eles se enfrentavam a uma curta distância de separação, dois corpos tensos e dois pares de olhos que não vacilavam. —Edmund queria me levar daqui—, ela disse. —Ele não confia em você para me proteger se isso não o beneficiar. Como uma idiota, recusei-me, mas logo que subi aquelas escadas lamentei aquela decisão. Sua mandíbula se apertou. —Então veio aqui para estudar sua filosofia e reconsiderar sua decisão? Para submeter aquela decisão a uma lógica fria e considerar suas opções? —Vim aqui porque uma puta estava saindo de sua cama quando passei pela porta do solar. Ele não respondeu à sua acusação, mas, que podia dizer? Os ventos da fúria começaram a crescer nela novamente. —Era sua intenção que os encontrasse juntos, Ian, ou o teria agradado que me inteirasse pelas fofocas dos criados amanhã? Me diga, canalha fornicador, mandou-a chamar porque eu não era suficiente para satisfazer sua fome voraz, ou planejou isto como uma vingança e castigo porque me atrevi a me demorar com meu amigo e não o atendi como faço habitualmente?— Seus olhos 282
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Históricos ficaram mais quentes, mas ela não se retratou. Se sentia muito ferida e zangada para sentir algum medo. Uma tensão horrível se estabeleceu entre eles. Ela quase esperava que ele a golpeasse para poder lhe lançar alguns golpes, embora só fosse para aliviar a tensão nela. Ian se voltou, as mãos sobre seus quadris. —Se tivesse sido como você diz, teria sido exatamente o que merecia. Deveria ter estado aqui, e não com ele. —Maldição! Edmund é um amigo que me preza como você nunca o fará. Como uma idiota escolhi contra toda lógica confiar em você mais que nele, e como um menino rancoroso, se irrita porque por uma noite não teve toda minha atenção. Ele se voltou para enfrentá-la com uma expressão surpresa, mas seu rosto rapidamente se fez duro. —Nem menino nem rancoroso, só um homem que quer a sua esposa com ele na noite antes de partir para uma guerra, Reyna. Um murro na cara não a poderia ter chocado mais. A gravidade de suas palavras lhe apagou completamente a raiva. Sentiu de repente o torvelinho de emoções que batalhavam nele. A raiva e o desejo carnal, ela os reconhecia, mas haviam outras correntes ali também, algumas pouco conhecidas. —Quando soube disso?—, ela perguntou. —Um mensageiro veio pouco depois que deixou o salão. Partirei amanhã. Sua voz era amarga. —E por que não me disse ou mandou alguém para me dizer? —Era claro que queria conversar com seu cavalheiro e discutir seus infortúnios. Pressenti que ele queria algo de você mas não 283
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Históricos pensei ele seria tão valente para violar minha hospitalidade tentando roubar minha esposa. —Isso explica, não é que...— ela deixou que as explicações morressem. Não queria conversar mais sobre Edmund. A preocupação e o medo substituíram sua raiva. As advertências de Edmund, o sorriso de Eva, até aquela discussão, tudo se converteu imediatamente em algo insignificante. Em algumas horas Ian estaria partindo. Não estava indo para uma batalha rápida na fronteira, mas para um cerco perigoso onde homens morriam todos os dias enquanto escalavam as muralhas, enquanto eram atacados com flechas e fogo. Eles ainda estavam um em frente ao outro, tensos, como estátuas de pedra decorando um jardim açoitado por um vento forte e sem som. —Por quanto tempo irá? —Por umas semanas. Um mês. Até que termine o cerco. Duas semanas. Um mês. Para sempre. —Vai sozinho? —Levarei a maior parte da companhia comigo. Seu convidado tem que partir amanhã porque o portão se fechará quando nós partimos e ninguém entrará até que eu mande meu sinal. Ele não estava olhando para ela diretamente, mas ela podia ver chamas ardendo nas profundidades de seus olhos. Doeu em Reyna o abismo entre eles. Mas igualmente ela deu um passo, e levantou uma mão na tentativa para tocá-lo. Mas a deteve, sem completar seu caminho. —Então nós viveremos como se estivéssemos sob cerco até que você volte? 284
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Históricos —Não. Morvan ordenou que sua esposa e sua irmã sejam enviadas a Carlisle. Você irá com elas. A ida a Carlisle soava tão permanente, como se ele a estivesse mandando para o outro lado do mundo. —Esta é minha casa, Ian. Não entendo. —Estará segura lá. —Estarei segura aqui. —Se Morvan falhar e eu morrer... Uma angustia cheia de medo, arrependimento e amor estava crescendo dentro dela, e sua garganta se apertou e seus olhos ardiam. —Tinha razão. Eu deveria ter estado aqui. Você esperava que me ocupasse das preparações, e sua partida está atrasada agora por minha culpa. Despertarei aos criados em umas horas e prepararemos... —Importam-me um caralho as preparações. Ele estendeu suas mãos e a agarrou com força. Um movimento violento que a surpreendeu tanto que ela exclamou. Suas mãos aferraram a parte superior de seus braços virtualmente levantando seus pés do piso, e ele a olhou com loucura. —Para uma viúva casada durante doze anos, há muito que não sabe sobre ser uma esposa. O perigo em seus olhos e o aperto brutal de suas mãos deveriam havê-la assustado, mas não o fizeram. —Então cumpre a você me ensinar—, ela sussurrou. Com um movimento brusco, ele a empurrou em um beijo urgente e um abraço rude.
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Históricos Os dedos capturaram sua cabeça para que ela não pudesse evitar a boca apertando seus lábios, devorando seus maus pressentimentos, exigindo seus direitos. Não havia nenhum pedido de submissão voluntária em seu assalto selvagem. Seu corpo respondeu com uma onda de calor, e seu amor ardeu diante daquela evidência, aonde quer que ele a dirigisse, ela claramente precisava e queria ir. Ian levantou sua cabeça e o sangue voltou a circular em sua boca extasiada. Através de olhos nublados ela viu sua expressão inflexível. Ele se apegou a seu corpo, com uma mão ele apertou suas nádegas de maneira que seu membro rígido roçasse seu ventre. —Sim, isto é que a idéia de nossa separação me produz—, ele murmurou roucamente, examinando seu rosto como se procurasse memorizá-lo. —Se estou sendo pouco menos que gentil, se culpe a você mesma por me haver dado tanto tempo para pensar nisso. —Não penso em culpar a ninguém. —Pode pensar diferente antes que esta noite termine. Ele a beijou novamente, menos violentamente. —Ocuparei-me de que você não esqueça rapidamente que é minha. Se outro homem te olhar, serão meus olhos os que verá em seu rosto, e de noite em seus sonhos não será algum fantasma a te possuir mas eu. Se seu cavalheiro santo te seguir a Carlisle, sentirá as mãos deste diabo sobre seu corpo enquanto ele tenta te persuadir e sentirá a respiração deste mercenário em seu ouvido enquanto ele tente te convencer que o ouça.
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Históricos Ian a levantou em seus braços, e seus beijos quentes queimaram sua boca e seu pescoço enquanto o quarto e o corredor para o solar ficavam nublados. Ele a soltou sobre sua cama e arrancou o lençol que ela ainda apertava contra seu corpo. Completamente vestido, ele desceu sobre dela, separando suas pernas, acomodando-se entre elas. Uma mão acariciou a parte interna de sua coxa seguindo um caminho que concluía na umidade de seu sexo. Seu braço rodeou seu ombro e se entrelaçou em seu cabelo, sujeitando sua cabeça para que ela o olhasse diretamente. Ela viu seu triunfo quando ele descobriu sua próprio excitação, mas não lhe importou. Ansiava dolorosamente ser completada por ele, e gemeu de alívio quando ele entrou nela com um movimento duro. Era pouco menos que gentil. Naquela posse primitiva, seu corpo se abateu sobre ela uma e outra vez enquanto a ira da paixão girava ao redor deles. Ele curvou suas pernas para poder penetrá-la mais profundamente, e as investidas violentas levantavam seus quadris com sua força. Ian observou sua reação àquela contundente reivindicação de seus direitos. Ela ficou impotente contra aquela invasão espiritual e quando o êxtase começou a crescer e ela começou a responder às investidas dele. —Sim, Reyna—, ele disse quando sentiu os primeiros espasmos dela. —Robert pode ainda ser o dono de seu coração, e seu monge pode inspirar sua mente, mas é completamente minha. Não me vai negar nada esta noite. Ela sabia que ele não falava só de coisas físicas, mas ela não encontrou a vontade para despertar sua resistência. Reconhecer seu amor tinha debilitado os muros frágeis que temerosamente protegiam seu coração. 287
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Históricos Ao calor daquela paixão, a posse agressiva se converteu em uma unidade compartilhada entre almas. Ela alcançou uma onda de prazer turbulento em seu êxtase frenético. Eles se fizeram um em um feroz momento cheio de ofegos, gritos e arranhões, fundindo-se em um rapto violento. Permaneceram entrelaçados e esgotados, os corpos colados pelo suor e o abraço. Ela lentamente se fez consciente da respiração em seu ouvido com que ele tinha prometido marcar sua memória. O som lhe recordou a separação iminente. Ela fechou seus olhos escutando seu ritmo, e tentou suprimir a tristeza que queria intrometer-se na perfeição daquele momento.
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Capítulo 19 Ela acariciou suas costas, e ele sentiu seu contato sobre o tecido da túnica. Ela moveu sua mão pelo lençol sem desfazer da cama abaixo deles e o alisou. Ian se levantou sobre os antebraços para olhá-la. A viu raciocinando que ele ainda estava vestido, e que a cama não tinha sido usada antes. Ao comprovar isto ele experimentou uma irritação renovada porque ela não tinha perguntado sobre Eva antes de acusá-lo. A maior parte de sua raiva ferida tinha sido absorvida pela paixão, mas não toda. —Talvez tenha lhe tomado no chão ou contra a parede... Ela desviou o olhar com uma expressão desalentada, e ele se sentiu culpado por machucá-la deliberadamente especialmente agora, depois de terem feito amor. —Isso é uma idiotice minha—, ele sussurrou, aninhando-se em seu ouvido. —Eu não a chamei. Ela veio sozinha, terminar o pedido que ela começou a fazer no pátio na semana passada. Há 289
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Históricos um jovem arqueiro em minha companhia que é amigo dela, mas ele não a toca. Por minha ordem. —Ela pediu permissão a você para deitar-se com outro homem? —Algo assim. Duvido que Eva esteja preocupada com tais formalidades, mas o homem considerou prudente. Ele quer casarse com ela. O pai dela não tem nenhum filho varão, e eles iriam para suas terras. —Ela quer partir? —Eu lhe disse que tinha que te perguntar para ver se você poderia se arrumar sem ela. Reyna enrugou sua frente pensativamente. —Não sei se posso. Ela é uma excelente costureira. E se meu marido decide usar uma mulher de maneira regular, poderia ser útil tê-la aqui. Ele olhou para baixo, à evidência de sua rude posse. As marcas de seus dedos apareciam onde ele tinha agarrado seus ombros, e uma dentada vermelha marcava seu pescoço. Seria visível para todos amanhã e ele suavemente beijou o lugar, pensando que se pudesse deixar aquela marca permanente, o faria. —Te diria que sinto, mas em realidade não o lamento. —Eu tampouco. Ele permaneceu deitado por um momento, agradecido porque ela nem o lamentara nem estivesse ressentida pelo que ele tinha forçado. Ian deslizou para fora da cama e tirou suas roupas, logo foi à lareira onde um balde de água esquentava para o banho da manhã. Molhando um pedaço de pano, ele voltou e se sentou perto dela, 290
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Históricos apertando o tecido contra as marcas que ele tinha deixado. Moveuse mais abaixo para levar a compressa morna entre suas coxas. Em sua mente ouviu o eco das palavras de Morvan, ditas naquele quarto: —Maldição, Ian, Elizabeth não te ensinou nada? Sim, lhe tinha ensinado muito, mas enquanto esperava Reyna naquela noite, aquelas lições e seus anos as aperfeiçoando tinham sido esquecidos. Ele se tinha convertido em um adolescente inexperiente novamente, consumido por necessidades cruas, e todas elas estavam concentradas em Reyna. A idéia de compartilhar qualquer parte dela com outro homem o enlouquecia. Ele tinha entrado no quarto cheio de emoções furiosas, e a raiva e a paixão dela o tinham desequilibrado completamente. Então, vendo o que havia nele, ela simplesmente se abriu para absorvê-lo. Ele passou o tecido por seu corpo, observando a pele abaixo de sua mão, acendendo lembranças em sua cabeça. Coisas incontornáveis ainda davam voltas dentro dele, suavizadas mas não suprimidas pela paixão, perturbando-o com seu poder. A idéia de deixá-la o entristecia de um modo assombroso, oprimindo seu coração com a dor que uma criança poderia sentir quando era separada de sua mãe. Talvez teria sido melhor havê-la evitado aquela noite e nunca lhe solicitar que cruzasse aqueles limites. O custo poderia ser muito alto, especialmente se ela se retraísse novamente. Ian girou sua cabeça e seus olhares se encontraram. Seu rosto parecia muito jovem e doce, mas seus olhos eram os de uma mulher sábia. 291
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Históricos —Seu pai que queria que fosse sacerdote ainda está vivo?—, ela fez a pergunta como se nunca a tivesse feito antes, mas seu olhar continha um desafio. Sim, teria seu custo. Essa era Reyna. Ela nunca entregaria nada sem saber se haveria uma devolução. —Ele não está vivo—. Ele se preparou para a próxima pergunta, e a seguinte, e começou a sentir o sabor da perda dela depois que todas elas tivessem sido perguntadas e respondidas. E logo ele quase gemeu de alívio quando ela escolheu seguir um caminho indireto em vez do direto. —Ele morreu quando você ainda era adolescente? —Ele morreu quando eu tinha 19 anos, pouco antes de ir à corte. Ele tinha organizado me mandar com um parente para lá. Era a verdade, embora incompleta. —Seu parente servia ao rei? —Ele era um funcionário secundário. Ele me levou para sua casa. Nenhuma mentira, até ali. —Viveu com ele todo tempo?— Sim, uma pergunta levaria a outra, e ele viu onde estes estavam indo. Não poderia negar-se a ela sem perder o que acabara de lutar por recuperar, mas o aborrecia o julgamento que o aguardava. —A peste veio pouco depois que eu cheguei. Meu parente estava longe de casa, e morreu disso. A família se mudou a um dos solares de sua esposa em Sussex até que a peste passasse. Ele fez uma pausa, perguntando-se se poderia deixar o relato ali. Provavelmente não. Estando a sós com Christiana em Carlisle, ela poderia inteirar-se sobre o menor de seus pecados.
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Históricos —Eu fiquei com sua esposa por dois anos, vivendo dos prêmios dos torneios, principalmente. —Depois partiu para a França? —Vivi sozinho por um ano depois disso, antes de ir procurar fortuna na França. Ela imediatamente encontrou as falhas no relato. —Por que? Brigou com a esposa de seu parente? Quando ele não respondeu, suas sobrancelhas se levantaram e ele observou como as peças caíam em seu lugar. —A mulher que mencionou aquele dia... do acordo com Morvan... era a esposa de seu parente? —Sim. Ele se sentiu aliviado porque ela não parecia tão atônita. —Ela deve ter sido muito mais velha que você ou Morvan. —Ela era a segunda esposa de meu parente, e muito mais jovem que ele. Mas sim, com idade suficiente para ser minha mãe. —Amou-a? Ela queria que ele dissesse que tinha estado louco de amor. Elizabeth não tinha sido um familiar de sangue, mas ela tinha estado aparentada com ele por seu matrimônio. Embora aquele tipo de relações não era desconhecido na sociedade, não eram aceitáveis. Afirmar que ele estivera apaixonado faria tudo aquilo mais digerível, mas ele acreditou que não devia mentir para ela. —Amei-a na medida que pude, o que não era muito. Menos do que devia. Mais do que ela queria. —Por que terminaram?
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Históricos Porque deixei de lhe ser fiel, que era tudo o que exigia de seus amantes. Porque eu sabia que ela amava outra pessoa e me resentí disso, embora eu nunca teria sabido o que fazer com o amor dela se tivesse sido dirigido a mim. Porque os dois nos havíamos curado de nossas piores feridas, e era o momento de viver vidas separadas. —Elizabeth tinha muito de minha mãe, e tivera sido muito tentador ficar para sempre sob sua asa protetora. Mas igual a uma mãe, também chegou o momento de partir. —Acredito que posso entender isso. Passava algo assim entre Robert e eu. De todas as reações que ele esperava, a última teria sido a daquela compreensão tranqüila. Ela o surpreendeu ainda mais quando adicionou: —Estou contente que ela estivesse ali se você precisava de seu apoio e amizade. Ela se esticou para agarrar a borda de uma manta da cama e a colocou sobre seus corpos. —Com a caça, deve estar muito cansado. Tem uma viagem comprida amanhã. Durma, Ian. Eu o despertarei ao amanhecer. —Você deve estar cansada também. —Nem tanto. Em algumas horas devo despertar os criados para preparar nossa partida. Não acredito que durma. —Então, eu tampouco. Aprendi faz muito tempo como descansar sobre a sela. Não quero desperdiçar estas horas com sonhos quando o melhor sonho está ao meu lado. Ele empurrou abaixo a manta de volta, expondo seu corpo, e se apoiou sobre o cotovelo para olhá-la. 294
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Históricos —Além do mais, quem sabe quando terei outra oportunidade de te dar outra lição? Ian a beijou, memorizando a suavidade de seus lábios e as bordas afiadas de seus dentes e a profundidade aveludada de sua boca. Juntando suas mãos, ele as apertou acima de sua cabeça para que ela ficasse estirada e completamente vulnerável a ele. Ele não queria que ela o abraçasse ou fizesse algo para acelerar sua própria resposta. Ele a queria louca de desejo, desesperada e rogando, e talvez o som de seus gritos de paixão o sustentariam nos dias e semanas seguintes. Lentamente a acariciou, observando o movimento de sua mão bronzeada sobre as curvas de seu corpo miúdo, não fazendo nada mais que causar um prazer lânguido. Seus seios se entumeceram e seus mamilos se endureceram. Ele sorriu diante de sua rápida resposta, mas não seria distraído por ela. —É tão adorável, Reyna. Sempre há um rubor suave em sua pele, e é suave e sedosa, como se estivesse coberta por um orvalho invisível. Sua respiração ficou suspensa quando ele baixou sua cabeça e primeiro beijou e depois lambeu o vale entre seus seios. Ela se arqueou provocante, mas ele se afastou para poder acariciar e memorizar as linhas bem formadas de suas pernas. Suas coxas se tensionaram quando ele se moveu para a umidade que o estava esperando. Suavemente ele a tocou provando para ver se ela estava muito dolorida para receber mais, e sentiu prazer quando seu corpo tremeu em resposta ao contato íntimo. Ela franziu o cenho quando ele afastou a mão.
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Históricos —Não ainda, Reyna. Este é o castigo por me chamar de filho da puta e bastardo novamente. Te adverti que não o fizesse. Realmente, aquela injúria apaixonada tinha sido mágica para seus ouvidos. Ele passou seu dedo sobre seu lábio inferior, secando a umidade de suas respirações ofegantes, estudando o desejo que nublava seus olhos. Sentiu um inexplicável orgulho por que aquela mulher o desejara tão rapidamente. Ele riscou uma linha desde abaixo de seu queixo, até o seio e depois brincou com um mamilo. Ela se retorceu e gemeu. —Isto é o que quer, Reyna?— Ela tentou liberar as próprias mãos. —É isto? —Sim, maldição. —Outro insulto? Isto poderia levar até amanhã. Ela puxou seus braços novamente. —Me solte, filho da puta, e veremos quem primeiro grita. —Repete isso e não partiremos até o meio-dia. Ele baixou seus lábios para o outro mamilo. —É tão suave, como de veludo. A primeira vez que te beijei quase me esqueci de todo o senso de dever e cavalheirismo. Ele lambeu e chupou lentamente, perdido no delicioso sabor dela, maravilhosamente atento aos gritos de prazer abandonado. Seus quadris se arqueavam lentamente enquanto ele fazia amor com seus seios, e ele deixou que o desejo atormentasse a sua própria fome contida. Ian soltou suas mãos e a deitou sobre seu estomago. Lentamente beijou a extensão de sua espinha dorsal, depois a girou para observar seu corpo enquanto ele acariciava a parte traseira de suas pernas e coxas. Reyna enterrou o rosto nos braços para 296
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Históricos sufocar seus ofegos. Quando seu olhar se moveu mais acima, viu as colinas suaves de suas nádegas apertadas contra seu contato e suas costas curvadas em reação. Ela parecia incrivelmente erótica naquela posição, e ele se inclinou para beijar suas costas enquanto seus dedos seguiam a linha de suas nádegas. O grito dela quase foi sua perdição. Ela separou ainda mais as pernas, enquanto seu dedo seguia a linha entre suas nádegas e acariciou as profundidades mais quentes. Ela levantou sua cabeça e olhou para trás com olhos cautelosos. —Vai... Ian imaginou seus quadris subindo para ele. Mas duvidou que pudesse controlar-se por muito tempo se a tomasse daquele modo, ser menos suave daquela vez seria imperdoável. Ele a virou. —Outra vez, Reyna, te agradará, prometo. Mas esta noite quero seu rosto contra o meu e seus braços ao meu redor. Ela tentou abraçá-lo, mas ele se desvencilou dos seus braços e depositou beijos quentes em seu montículo sedoso. Outra lembrança que não negaria a si mesmo. Ele levantou suas pernas até seus ombros e beijou a parte interna das coxas. Uma nova febre tomou o corpo dela. Ele a acariciou íntimamente, encontrando os lugares que a enlouqueciam, e ela se moveu em resposta, fora de controle. Ele a beijou ainda mais profundamente, procurando o centro de sua paixão. Ela gritou seu nome e o olhou com uma expressão selvagem e perplexa. —Vou fazer isto, Reyna. Se você não gostar, pararei.
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Históricos Ela se endureceu quando sua boca substituiu seus dedos, mas o prazer imediatamente demoliu sua resistência. —Sim—, ela sussurrou, e logo a afirmação se converteu em um grito repetido várias vezes. Quando se colocou em cima dela, Reyna se agarrou a ele, levantando suas pernas em um abraço à sua cintura, tentando acelerar a penetração. —É isto o que quer, Reyna?—, ele queria ouvi-la dizer. Precisava ouvi-la dizer isso. Seus dedos arranharam seus ombros. —O que quer?—, ele repetiu. —Você. Você todo. Bem profundamente dentro de mim. Se seguisse os ditames de seu sangue, seria como antes. Girando, Ian a colocou em cima dele. —Então toma o que quer. Tanto quanto necessite. Ela se moveu para tomá-lo profundamente, curvando-se para acariciar e beijar seu peito. Ela fez amor graciosamente e vorazmente, e suas emoções turbulentas cresceram sob sua urgente agressividade. Seus gritos começaram novamente, e ela começou a exigir mais. Ele capturou seus quadris e respondeu com suas próprias investidas, impaciente agora pela conclusão que tinha demorado, ela gemeu ante seus movimentos e enterrou seu rosto em seu pescoço. —Mais forte—, ela sussurrou estremecendo —Bem fundo. —Vou te machucar. —Não, meu amor. Se devemos nos separar quero te sentir por dias. Semanas. Para sempre.
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Históricos Sua voz amortecida continha um tremor. Acariciando seu rosto, ele sentiu uma lagrima. Uma ternura surpreendente o invadiu, comovido porque ela sentisse semelhante dor pela partida e o perigo que ele correria. De repente ele não queria nada dela, a não ser lhe dar qualquer coisa que ela procurasse. Abraçando-a com mais força sussurrou-lhe mentiras sobre sua segurança no futuro para tranqüilizá-la.
Capítulo 20
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Históricos Ian observou o desenho preciso que David fazia no piso de terra dentro da tenda. Mostrava uma imagem detalhada de Harclow como este seria visto por um pássaro voando. Estava o retângulo da fortaleza com suas quatro torres nas quinas, e o muro interno circundando-o. A certa distância corria a linha grossa do muro externo. Ao longo dos dois lados estava o lago, e David inclusive tinha indicado a colocação dos acampamentos do cerco no terreno ao redor. Ian nunca tinha visto nada igual, com todos os objetos vistos do alto e tudo em perfeita reprodução. A maioria dos mapas não eram desenhados daquele modo. —Esqueci de algo? David perguntou a Morvan, que também estudou a imagem. Morvan sacudiu a cabeça. —É incrivelmente preciso. —Bem. Agora só peço que me escutem. Esta chuva provavelmente durará muitos dias, então há tempo para fazer isto agora, se vocês aceitam. Ian caminhou por dentro da tenda, afastando a lona olhou a garoa que tinha adiado o ataque por dois dias. Atrás dele, David começou a explicar o elaborado plano que eles tinham preparado. A inquietação o espreitava, e ele saiu à chuva e passeou pelo acampamento até onde podia ver o muro de Harclow. Ao longo de sua extensão tinha soldados vigiando, menos do que o normal devido à chuva. O barro e a umidade só faziam o perigo ainda mais perigoso, e o exército de Morvan necessitava daquele descanso de qualquer maneira. 300
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Históricos Por semanas os ataques haviam sido contínuos, as máquinas de guerra lançaram seus projéteis. Os homens dentro de Harclow continuavam morrendo, assim como os de Morvan, e seu número devia estar muito diminuído, mas o velho Maccus não se rendia. Ian em pessoa tinha comandado o ataque a uma das torres todos os dias desde que tinha chegado. Isso era uma grande honra, e a atribuição daquela tarefa o surpreendeu. Mas não era honra o que ele sentia enquanto esperava no alto, com a espada pronta, enquanto a alta construção de madeira era aproximada da muralha. Algo mais ardia em seu sangue então, algo tão vigoroso que já não podia mais esconder seu nome. Medo. Seu poder penetrante o surpreendeu, e ele não tinha experiência para lutar contra aquilo. Mas ele sabia o que era, sabia em sua alma desde que tinha cavalgado para encontrar Thomas Armstrong aquele dia. Quando ele tinha dezoito anos, tinha conhecido aquele tipo de medo uma vez e tinha sucumbido completamente, mas logo o medo tinha morrido, e sua habilidade no combate tinha sido multiplicada por haver-se libertado do medo. Outros podiam permanecer encostados antes da batalha antecipando a morte que os aguardava, mas não Ian de Guilford. Outros podiam debater o custo de apressar-se a pedir ajuda de um estranho sentindo-se superado em número na Batalha do Poitiers, mas ele nunca recorria a tais coisas. Até agora. Ao redor dele havia homens endurecidos pelas batalhas e havia muito tempo tinham aprendido a controlar o medo, mas, de repente,
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ele
era
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um
adolescente
inexperiente
novamente,
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Históricos sangrando pela primeira vez, calculando riscos que ele nunca tinha notado antes, dependendo de instintos nos que ele já não confiava. Foi em direção ao lago, passando o caminho que levava a periferia do acampamento. Escrutinou as tendas onde estavam os mercadores, as lavadeiras e as prostitutas que formavam a pequena cidade disposta a servir aos soldados. Normalmente, em um dia vazio como aquele, ele iria passar o tempo com uma mulher para romper a monotonia. Hoje, aquela idéia lhe pareceu de algum modo obscena. Por causa de Reyna. Reyna. Ela estava no coração de todo aquilo. Ela estava em sua cabeça mais do que nunca, e o medo estava firmemente associado àquelas imagens e pensamentos. Não admitia aquilo para si mesmo com rancor ou culpa. Simplesmente reconhecia a verdade enquanto caminhava pelo barro para o extremo do lago. Ao longo da extensão de água podia ver a rachadura na muralha externa de Harclow feita por David com sua catapulta. Tinha levado muitos tentativas achar o ângulo para lançar as pedras redondas por sobre o lago, mas David tinha lançado um dia inteiro de bolas de pedra até quebrar e derrubar o muro. Hoje, enquanto estavam em seus leitos na tenda que compartilhavam, ele e David tinha achado um modo de tirar proveito daquela muralha quebrada. As imagens de Reyna enchiam seus pensamentos novamente de seu modo insistente. Perguntou-se o que estava fazendo ela naquele momento em Carlisle. Seus pensamentos voltariam para suas últimas horas juntos tão freqüentemente como o faziam os seus?
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Históricos Meu amor. Soava tão adequado quando ela o houvera dito, uma parcela a mais da intimidade que eles tinham compartilhado aquela noite. Talvez ele não deveria pôr muito peso naquelas simples palavras de afeto, mas naquela noite outra emoção também exigia ser nomeada, e o temeroso e esperançado adolescente que tinha ressuscitado dentro dele queria acreditar que eles estavam juntos naquela emoção. Essas tinham sido as palavras dela, não as suas. Por que ele não as havia dito, se não naquela mesma noite, então na manhã seguinte antes de se separararem? A tinha deixado sem dizer nada, para assegurar a si mesmo que sobreviveria para dizer mais tarde? Estava o medo então entrelaçado com o amor? Medo. Continuava voltando para isso. O amor e o medo eram dois lados de uma mesma moeda transparente, impossível não ver um lado sem ver o outro lado subjacente. O que ele temia? Morrer, isso era certo. Perdê-la, era certo, seja pela morte ou por uma desilusão. Medo de amá-la? Ian voltou sobre seus passos ao acampamento. Um pequeno fogo ardia fora de sua tenda debaixo de um toldo de tecido, e ele se sentou em um tronco perto deste. Morvan saiu e se aproximou para unir-se a ele. —Pensa que devemos tentar este plano, Ian? —Não é mais perigoso para os homens que qualquer outro tipo de ataque. A muralha do lado do lago está danificada. Se a surpresa vier suficientemente rápida, poderia funcionar. —Prepararemo-nos para isso, então, se a oportunidade chegar, faremos isso. Quero você com David nisto.
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Históricos Ian lhe lançou um olhar agudo. Morvan tinha visto seu medo, parecia. Ele havia procurado um caminho discreto para tirar Ian da torre. Morvan captou seu olhar. —Não é isso—, ele disse, conhecendo ambos, a suspeita de Ian e o temor propriamente dito —É inteligente em assuntos de construção e de estratégia, e enquanto o plano se desenvolve pude haver mudanças súbitas a fazer. Entre David e você, se houver algo, algo ficar mau, ainda poderia ser salvo. Eles nunca tinham tido uma amizade fácil, e então o surpreendeu quando Morvan falou novamente. —Respeito ao temor, não te tira a coragem. Todos os cavalheiros devem enfrentá-lo cedo ou tarde, exceto aqueles que carecem de inteligência ou imaginação. Costumava brigar como um homem sem nada porque viver. Agora briga como um homem com tudo para perder. Dos dois, prefiro ter ao último a meu lado. Ele partiu do acampamento antes que Ian pudesse responder, embora não havia nada para dizer. Ian voltou para a tenda. Achou David sentado em seu leito, fazendo círculos no chão de terra com a vara. —Vinte balsas, eu diria, cada uma suficientemente grande para levar dez homens. Melhor um bom número de balsas de tamanho menor, então haverá mais homens fazendo isso. Ian se deitou em sua própria cama. —Se
as
chuvas
continuarem,
as
balsas
estarão
suficientemente molhadas para que aquelas flechas com fogo não possam as queimar. Ele estudou o mapa desenhado no chão. 304
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Históricos —Isso nos levará até a primeiro linha da muralha, claro. Com que freqüência viu que fortalezas permaneçam de pé depois que o inimigo rompeu a murada externa? —Nunca—, Ian teve que admitir. Mas o velho Maccus resultará ser um inimigo tenaz. Ele tentou descansar, mas não podia. Com exasperação se levantou e saiu pela abertura novamente. Talvez juntaria alguns de seus homens e começaria a trabalhar naquelas balsas. —Ela sabe?—, David perguntou. Ian voltou-se com surpresa. Deduziu que David se referia a Reyna. Sem dúvida ele farejou aquilo, cheirava a medo. David com calma continuou trabalhando em seus círculos. —Não. —Ela acabará ouvindo falar disso. A história é mais conhecida do que pensa. Os homens em sua companhia, por exemplo, conhecem a maior parte dos detalhes. Se eles nunca o demonstrarem, é porque temem sua reação e sua espada. Ian sentiu seu sangue correr um pouco mais lentamente. Em seu modo frio e neutro, David acabara de trazer para a luz um tema sobre o qual Ian nunca falava. Talvez ele sempre tinha suspeitado que a companhia sabia. Talvez era por isso que tinha evitado ter uma amizade com aqueles homens. Indevidamente as perguntas surgiriam, e em última instância, o julgamento. Podia-se permanecer indiferente às opiniões das pessoas que realmente não lhe importavam. —Christiana. Ela contaria sobre isso a Reyna?—, Ian perguntou.
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Históricos —Não, porque o ignora. Nós não estavamos em Londres quando os rumores correram. —Mas você ouviu os rumores igualmente. —Sabia antes disso. Quando vi o interesse de Elizabeth, procurei averiguar sobre o tema e sobre você. Todo tipos de informação circula entre os comerciantes. Ian sentiu um ressentimento gelado. —E o disse a Elizabeth? —Só o suficiente de maneira que ela soubesse a verdade quando a história seguisse você até a corte, como eventualmente iria acontecer. —Pensa que sabe a verdade? —Eu sei que você foi um moço que não queria morrer. Sei que seu pai deveria ter deixado de lado o orgulho e a raiva. Ele fez uma pausa. —Sei que uma mulher má elaborou um jogo perigoso, e que ganhou. Esse tipo de mulher em qualquer idade é mais engenhosa que a maioria dos homens. Quando elas são jovens, não alcançam compreender o nível de destruição que podem causar com seus jogos—. Ele golpeou a vara contra sua bota. —Ela tem uma criança, estou seguro que sabe. Um menino de nove anos. —Meu filho. —Não, não é seu filho. Ele é a imagem de seu pai. —Meu pai era ignorante e inocente. —Se o crê. Não tirei nenhuma conclusão disto. —Estou seguro que é o único que não o fez. As conclusões típicas são sórdidas e malévolas. —Farejei a verdade a primeira vez que ouvi a história. Sem dúvida outros o fizeram também. 306
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Históricos —Você tem um conhecimento do mundo. Tem experiência com o que as pessoas podem ser. —E pensa que sua esposa não tem esse conhecimento também? Talvez a subestime. Continuamente fico pasmo com a capacidade das mulheres para ser compreensivas naquilo que seus homens se preocupam. Ele voltou a seus círculos. —Penso que precisaremos cinco homens trabalhando em cada balsa. Como me está deixando louco com sua impaciência revirando-se na cama, talvez deveria ir e escolhê-los. Ian pensou que era uma idéia excelente. Virou-se para partir, mas deu de encontro com Morvan aparecendo na entrada. O grande homem entrou, arrastando um soldado pela gola da roupa. Com um movimento brusco o atirou ao chão. —Olhem a quem encontrei espiando entre as tendas de sua companhia, Ian. O homem estava aos pés de Morvan. Era Paul, um membro de sua companhia enviado a Carlisle para escoltar as mulheres. —Que diabos está fazendo aqui?—, Ian exigiu. —Vim ver os rapazes por um momento. —Deveria estar em Carlisle. —Estava entediado. —Entediado!—, Morvan rugiu. —Por Deus, se algo acontecer a minha esposa ou a minha irmã devido a sua negligência... —Se aconteceu algo, não é minha culpa—. Paul levantou um braço para repelir o golpe prometido pela raiva de Morvan. —Não as pude deter, sabem como elas são determinadas, a grandiosidade das mulheres... Ainda não nasceu homem que possa tentar lhes 307
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Históricos dizer o que fazer. E elas levaram Gregory pelo menos, e disseram que não seria por muito tempo. Eu sugeri que talvez deveria vir e informar a Sir Ian, pelo menos, mas Lady Reyna foi a mais insistente em dizer que não devia incomodar ninguém por uma coisa tão pequena, e a de cabelo escuro concordou, e a mais alta nitidamente me ameaçou, na realidade só me olhou fixamente de um modo muito perigoso e me disse que era melhor que obedecesse a suas ordens e tudo ficaria bem. A expressão de Morvan se fez ainda mais sombria. —Está dizendo que as damas partiram para Carlisle? —Sim, isso é o que estou tentando explicar. Embarcaram em um bote e me ordenaram ficar em casa, mas fiquei muito aborrecido por estar sentado naquele lugar vazio, com esse velho mandando nos criados. Então decidi que uma visita rápida aqui não faria nenhum mal. —Isto é idéia de Lady Anna—, Ian disse. —Ela não queria ir a Carlisle, e ela me insultou enquanto eu dava suas instruções, Morvan. —Não comece acusando minha esposa, Ian. —Está sugerindo que Reyna forçou Anna a sair? Diabos, Morvan, sua esposa poderia levantá-la com um braço e carregá-la. —Talvez deveríamos descobrir onde foram todas elas—, David interrompeu. Ele ergueu Paul sobre seus pés. —Sabe para onde elas se dirigiam? —Parece-me tê-las ouvido conversar sobre Glasgow. Uma viagem rápida por via marítima, elas me asseguraram. Os dois maridos olharam para Ian com irritação. —Só Reyna teria interesse em ir a Glasgow. 308
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Históricos —Sem dúvida Anna se uniu à diversão, e Christiana foi com elas para vigiar a ambas—, David disse secamente. —Eu as seguirei—, disse Ian. —Você não pode ir, Morvan, nem precisa de mim por alguns dias com esta chuva. Morvan sacudiu a cabeça, assentindo. —Leve cavalos extras, Ian, e pelo menos dois homens. Quando as encontrar, mande um homem rapidamente com notícias sobre sua segurança. —Eu irei com você—, David disse. —Não, David, você fica aqui—, Morvan disse. —Você me convenceu deste teu plano e agora permanece para concretizá-lo. Precisa fiscalizar as preparações. Ian, quando encontrar Anna, diga a ela de minha parte que estou muito aborrecido e que ela deve voltar com você imediatamente. Quanto a Lady Reyna, a deixo a seu critério. Agarrando Paul pelo manga de sua túnica, Ian o arrastou até o fogo. —Quando partiram elas de Carlisle? —Sete dias atrás. Sete dias. Se foram ao norte de navio, elas já estariam em Glasgow. Tomaria muito tempo ir até Carlisle e seguir por mar. Teria que atravessar as terras Armstrong. Com uma cavalgada a toda velocidade poderia chegar a Glasgow antes que elas partissem. —Gregory ia estar com elas durante todo o caminho?— —Sim. E Lady Anna levou um arco e uma espada. Foi vestida como um homem, mas ela sempre faz isso, que é estranho para uma mulher, não é que fique mal, mas por que razão...
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Históricos —Por que não veio imediatamente para nos contar isto, Paul? Não acredito que algo mau lhes tenha acontecido, mas se lhes acontece não poderei proteger você da ira de Morvan. Paul olhou por cima de seu ombro cautelosamente. —Eu lhe teria explicado tudo a sós dentro da tenda, mas ele estava preparado para me matar, e sim menti. Teria sido como lançar azeite ao fogo. —Fale com sensatez, homem. —Bem, eu presumi que você sabia que elas iam a Glasgow. Mandei lhe dizer com um homem, ou não? Não havia razão para que viesse imediatamente lhe contar se já tinha mandado um mensageiro. Um frio percorreu as costas do Ian. —Um homem? Que homem? —A pessoa que veio cinco dias atrás com sua mensagem para Lady Reyna. Não era um homem de nossa companhia, mas pensei que era um homem de Morvan, veio dizendo que tinha de sua parte uma mensagem e um presente para ela. —Eu não enviei nenhum homem, Paul. —Não? Então, quem...? —O que disse a ele? —O mesmo que disse a você agora, onde elas foram e quando partiram. A cabeça de Ian quase estalava quando o medo e o amor se uniram transformando-se em fúria. —Descreva esse homem.
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Históricos —Alto, de cabelo claro, musculoso, é tudo o que lembro. Escocês, mas o sotaque não era forte. Pensei que era um homem da fronteira e um dos homens de Sir Morvan. Talvez tinha sido Edmund, mas nem Edmund nem Reginald, a quem Ian tinha soltado antes de sua partida, ajustavam-se à descrição de Paul. Tampouco Thomas Armstrong tinha cabelo claro. Mas qual outro além de Thomas ou Edmund poderia ter mandado outra pessoa para entregar uma mensagem que levaria Reyna a cair em suas mãos? Reconhecer que Reyna poderia estar em perigo real quase anuviou seus pensamentos, mas forçou a si mesmo a considerar aquilo cuidadosamente. Provavelmente deveria contar a Morvan sobre aquilo, mas se o fizesse, Morvan comandaria o exército até Glasgow. As coisas ali se desintegrariam e um inferno se desencadearia na fronteira. Tampouco ia dizer a David. O estranho tinha aparecido em Carlisle perguntando por Reyna porque era a Reyna a quem ele procurava. Edmund buscando cumprir sua missão? Ou Thomas procurando vingança pela morte de Robert? Ian foi aonde sua companhia estava acampada. Levaria mais de dois homens, e bastante cavalos e armas. Se eles cavalgassem sem descanso poderiam chegar a Glasgow antes que aqueles que perseguiam a Reyna as encontrassem.
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Capítulo 21 Reyna esperou em um banco na sala de espera do escritório do bispo com um pressentimento perturbador. A decisão de vir a Glasgow parecia muito sensata quando ela a tinha tomado. Estar em Carlisle tinha se tornado entendiante, e importantes fatos relativos aos últimos meses da vida de Robert podiam ser descobertos ali. Entretanto, agora que o encontro era iminente, ela se perguntou se investigar sobre a vida privada de Robert era algo sábio. Uma porta lateral se abriu e um jovem clérigo entrou. Rígido em sua batina negra, ele tinha cabelo escuro, e olhos castanhos com uma expressão paciente. —Sou Anselm, um dos auxiliares do bispo, milady. O padre Rupert me disse que a senhora insistiu que tinha um assunto urgente.
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Históricos Reyna nunca se havia dado conta quanto era difícil ver pessoalmente um bispo. —É urgente para mim, já que não posso permanecer em Glasgow por muito tempo. —Então sinto muito decepcioná-la. Como foi dito, o bispo não está na residência, está no norte, onde esperamos que permaneça atendendo assuntos da Igreja por algum tempo. —O Padre Rupert pensou que talvez você poderia me ajudar. É de uma informação que eu necessito, não a dispensa ou o julgamento do bispo. Anselm se sentou em uma cadeira próxima e a observou enquanto alisava a batina com tédio. —A ouvirei, mas a maior parte dos assuntos do bispo são confidenciais. —Espero que este não seja. Meu nome é Reyna Grahan. Meu marido era Robert de Kelso, aquele que administrava as terras da fortaleza de Black Lyne, em nome de Maccus Armstrong. Meu marido morreu há vários meses atrás. Pouco depois de sua morte, uma carta do bispo chegou. Reyna descreveu a carta, e sua referência a um pedido de Robert. —Recordo bem, já que eu redigi isso para sua Excelência—, Anselm disse. —Ninguém sabe a que se referia—, Reyna explicou. —Se meu marido tinha algum desejo ou pedido antes de sua morte, eu gostaria de sabê-lo de maneira que possa ser realizado. Anselm
a
ignorou
durante
um
longo
período
de
contemplação. Reyna começou a ficar ansiosa. Talvez o secretário vacilava porque o pedido de Robert realmente a envolvia ela. Era
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Históricos possível que ela tivesse conhecido tão pouco da mente e do coração de seu marido? —Provavelmente possa lhe explicar sobre isto, Lady Reyna, mas primeiro tenho uma pergunta. Como dispõe o testamento de seu marido da propriedade? —As terras ficaram para mim, embora seja questionável se seu Lorde permitirá isso—, ela disse, decidindo-se que o relato da tomada da torre e seu matrimônio com Ian não serviria a nenhum propósito. —Não me refiro às terras. Mas a seus bens pessoais. —Também ficaram para mim. —Nesse caso, não pode haver nenhuma objeção a que eu fale contigo—, ele se acomodou mais confortavelmente em sua cadeira. —Seu marido escreveu uma carta que nós recebemos há cinco meses atrás. Nela ele explicou que possuía alguns bens que não eram legalmente dele, e que queria dispor deles de um modo honrado antes de sua morte para que aqueles bens não ficassem associados ao assunto das terras. Ele queria doar aqueles bens a um monastério para educar jovens. O bispo tinha intenção de falar com os frades daqui de Glasgow e fazer os acertos, mas outros assuntos requereram sua atenção. —Meu marido descreveu esses bens? —Não, mas era claro que não eram as terras. Ele se referia a esses bens em plural. Na carta. Ele sentia que aliviaria seu consciência ter esse assunto arrumado com sua morte tão próxima, com sua idade avançada. Os bens. Não terras, a não ser objetos. —Ele indicou o valor desses bens? 314
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Históricos —Sua carta indicava que eram vários milhares de libras. Três ou quatro mil. Objetos. Úteis para a educação. Livros. Ela sabia que a biblioteca era valiosa, mas não tão valiosa. —Meu marido mencionou como ele chegou a possuir esses objetos? —Não, mas o pedido não era incomum. Os homens ganham sabedoria
e
piedade
quando
envelhecem.
Eles
procuram
recompensar por suas transgressões juvenis. Reyna encontrou seu olhar. —Pensa que esses bens eram roubados, não é verdade? —Não, o mais provável é que fossem obtidos depois de um ataque ou uma batalha. Poucos cavalheiros ou soldados se conformam com o pouco dinheiro que seus Lordes pagam, e freqüentemente nunca lhes pagam porque o Lorde presume que eles enriquecem com pilhagem. De fato, a maioria dos Lordes reclamam um terço desses bens. —Está dizendo que meu marido era um ladrão. Alguém pouco melhor que um mercenário—, ela replicou veementemente. —O que é roubo em uma circunstância é butim de guerra em outra—, Anselm respondeu. —A Igreja exorta aos homens a renunciar a isto, mas é um pecado menor se a guerra é justa. Até os Cruzados. Seu marido, diferentemente dos demais, procurava fazer uma restituição. Seria impossível devolver aqueles bens a seus donos depois de tantos anos, então ele queria doá-lo à Igreja. —Nunca tinha ouvido dizer que a Igreja decidisse que um pecado está condicionado às circunstâncias. Deverei me lembrar disso no futuro. Sem dúvida será muito conveniente... 315
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Históricos Anselm suspirou. —Só procuro aliviá-la de sua óbvia ansiedade. Ansiedade não começava a descrever sua reação. Robert, querido, bom, honorável Robert, tinha vivido uma vida muito diferente antes de chegar à fronteira escocesa e começar a servir a Maccus Armstrong. Tinha acontecido muito tempo antes que ela o conhecesse, e ele tinha deixado aquela vida para trás, à exceção da evidência da qual não podia separar-se, os livros que ela amava tão afetuosamente. Livros roubados. O que teria pensado ele enquanto estudava as exigências morais que eles continham? As desculpas de Anselm poderiam lhe haver servido. Aquelas desculpas agora poderiam servir a ela também, se podesse se convencer que aqueles livros tinham sido saqueados durante uma guerra justa. Mas já tinha surgido a possibilidade de que Robert realmente tivesse sido um ladrão ou um mercenário quando era jovem. Como Ian de Guilford, ou inclusive pior. Ela fez uma careta diante da ironia. Ela tinha comparado Ian com um homem velho e sábio, enquanto ambos tinham sido adolescentes igualmente perigosos. —Penso que conheço os bens aos quais meu marido se refere. Se foi o desejo de Robert que estes artigos sejam doados à Igreja, farei todo o possível para fazer que seja assim. Ela se levantou para partir. —Pode dar-me uma carta explicando tudo isto? Seria mais fácil para efetuar esta doação se seu pedido estiver por escrito. —Se você herdou esses bens... —Recentemente voltei a casar—. Suas sobrancelhas se levantaram com compreensão. Ele se aproximou da mesa. 316
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Históricos —Se já voltou a casar, esses bens já não são seus—, ele disse enquanto escrevia. —Para qualquer coisa que lhe possa servir, eis aqui. Não deixe que isto se converta em um ponto de discussão em seu matrimônio. É estranho que um homem se desprenda da riqueza que veio através do matrimônio de sua esposa. Reyna apertou o pergaminho que provava que Robert nunca tinha procurado abandoná-la como esposa. Sobre o último comentário de Anselm, ela não tinha idéia de como Ian reagiria ao cumprimento do último desejo de Robert. Provavelmente ele se recusaria, já que sabia do valor monetário dos livros. Mas talvez um mercenário teria uma consideração especial pelo pedido de outro mercenário para obter sua salvação no céu. —Deus nos está castigando por desobedecer a nossos maridos
e
deixar
Carlisle—,
Christiana
murmurou
quando
escrutinou para fora da janela do quarto. —Esta chuva já dura dias, e parece que durará para sempre —. Ela capturou a atenção de Reyna —Quando Anna voltar devemos lhe dizer que partiremos pela manhã. Já é suficiente. Reyna se levantou de sua cama e olhou fixamente o teto. Esta viagem tinha ocorrido porque Anna, procurando um pouco de atividade e aventura, tinha tomado a decisão de fazer isso. Dadas as circunstâncias, somente parecia justo conceder a Anna um dia a mais em Glasgow. Reyna quesera partir no dia anterior quando havia retornado da casa do bispo. Como sua missão estava realizada, ela ansiava voltar para a Carlisle. Talvez poderia enviar uma carta a Ian e lhe 317
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Históricos dizer o que tinha descoberto. Talvez, se essa chuva demorasse as ações em Harclow, ele viria para vê-la. A idéia de que ele já poderia ter tentado fazer isso e que chegasse a uma casa vazia a entristecia, e ela já se sentia deprimida devido a nova descoberta sobre Robert. Ele nunca a tinha decepcionado, ela recordou a si mesmo novamente. Ela nunca havia perguntado sobre seu passado e ele não tinha mentido. Só uma moça que confiava em um homem como o faria em um pai poderia ter aceitado a presença de todos aqueles belos livros sem perguntar como tinham sido adquiridos. —Ali vêm—, Christiana disse. —Eles parecem dois cachorros encharcados, e o rosto de Gregory está sombrio de irritação, mas Anna parece radiante. Deve me apoiar firmemente quando falar. Se não deixarmos claro agora as coisas, ela nos estará levando às Terras Altas no fim de semana. Convencer a rebelde Anna não se mostrou nada fácil. Ela queria tirar proveito do tempo em que seus maridos estavam ocupados, e ela propôs uma viagem a Argyle. Christiana se recusou e replicou todos seus argumentos, mas foi a sugestão de Reyna de que a chuva poderia ter demorado a ação e que seus maridos possivelmente poderiam lhes fazer uma visita, a que ganhou a discussão. Elas passaram a noite fazendo preparativos para retornar à costa. No dia seguinte elas cavalgaram para fora da cidade de Glasgow, com Anna vestida como um guarda igual a Gregory, com túnica e capa com capuz e sua espada amarrada com uma correia em sua sela. A chuva parou, mas nuvens pesadas prometiam mais água. Christiana continuava animando a conversa,
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Históricos alegrando o mau humor causado pelo desconforto da chuva e da lama. Cinco milhas fora da cidade sua conversa se acalmou, e no silêncio se ouviu um trovão distante. Anna deteve seu cavalo e escutou com atenção. O trovão soou mais próximo muito rapidamente, e Anna deu à volta no seu cavalo, fez uma advertência a Gregory, e desenbainhou sua espada. Reyna olhou por cima de seu ombro para ver uma companhia de homens galopando na direção deles. —Fiquem de um lado da estrada—, Anna ordenou, cruzando sua espada em sua sela. —Deixem-nos passar. Infelizmente, a companhia não seguiu adiante. Os homens fizeram uma pausa, depois se moveram para frente em um trote. Quando estavam a cem passos de distância, Reyna reconheceu o homem que liderava o grupo e sua respiração ficou suspensa de surpresa. —Bem, irmãzinha o que está fazendo fora do amparo de seu marido? —Estive de visita a Glasgow. E você Aymer? Este é um lugar inesperado para te encontrar. —Estava te procurando. Procurei você em Carlisle e soube que tinha feito esta viagem, e estava preocupado por sua segurança. —Que fraternal. Os doze homens de Aymer se aproximaram, tornando impossível a fuga. Anna segurou sua arma firmemente. De lado, Reyna viu Gregory calculando a situação e ele não gostava do que
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Históricos via. Um dos guardas de Aymer ficou ao lado de Anna, e a observou de perto. A ponta de sua espada seguiu o movimento. —Por Deus, é uma mulher—, ele exclamou, baixando seu capuz. Os cachos loiros caíram. —Alguma vez viu uma mulher tão grande? É bastante bonita de um modo estranho, não parece, hem? Os outros homens riram. —Sim, é suficiente mulher para todos nós. —Suficiente mulher para cortar o falo de qualquer um que nos toque—, Christiana disse friamente. —Pare com isto imediatamente, irmão—, Reyna disse. — Qualquer dano que acontecesse a qualquer uma delas, Morvan comandará seu exército... e a fortaleza de nosso pai está muito perto de Harclow. Anna empurrou a ponta de sua espada contra o pescoço do guarda, olhando-o fixamente. —Nós somos muitos, cadela—, ele disse bruscamente. —Talvez. Mas agora vão se mover senão morrerão—, ela respondeu. Subitamente Gregory se lançou em direção a eles, com sua espada levantada e uma expressão determinada. Um dos cavalheiros cruzou cavalo em seu caminho, e baixou sua própria arma na testa de Gregory. O guarda caiu de sua sela para o chão. O ataque fez com que Aymer decidisse pôr fim àquele pequeno drama. —Condessa, tenho um assunto com minha irmã que exige que ela venha comigo. Você e Lady Anna estão livres para continuar seu caminho. —Se ela for, então nós, também, iremos—, Christiana disse. —Completaremos esta viagem como começamos, juntas. 320
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Históricos —Este é um assunto de família, milady, e não é de sua conta. Se insistir nesta tolice, farei com que amarrem vocês duas em uma árvore. —E ser expostas a ladrões ou animais selvagens? Uma das duas coisas, ou Reyna continua conosco, ou nós vamos com vocês. E será melhor que tome o maior cuidado com nossas vidas e nossa segurança. Meu irmão tem dois mil homens em Harclow, e se ele o atacasse não teria nenhuma clemência. A respeito do meu marido, suas maneiras não são nada sutis. Não se deterá até que você sinta sua bota em seu pescoço. Seu tom glacial cristalizado naquela ameaça era ainda mais eficaz que sua figura delicada e elegante. Reyna estava impressionada. E Aymer também. Ele olhou ruborizado para Christiana, depois virou seu cavalo furiosamente. —Tragam-nas todas—, ele ordenou. —Deixem o homem. Reyna e Anna se aproximaram de Christiana. —Isso foi muito valente, amiga, mas é desnecessário—, Reyna disse. Ele não me molestará. —Ele certamente pensará duas vezes agora se tinha planejado fazer isso—, Anna murmurou. —Acreditam que aquele bobo do Paul realmente vai manter nosso segredo sobre a viagem? Christiana fez uma careta. —Como você ameaçou lhe cortar a garganta... —Ainda que nossos maridos descubram que deixamos Carlisle, eles não saberão onde estamos agora. Não, cunhada. Estamos sozinhas nisto. —Voltem—, Reyna tentou as convercer. Christiana sacudiu sua cabeça. 321
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Históricos —Não confio em seu irmão. Vai estar mais segura conosco presente. Entretanto seria útil saber aonde estamos indo e por que ele necessita de você. Reyna esporeou seu cavalo em um trote e se moveu para o lado de Aymer. —Retornamos para Glasgow?—, ela perguntou. —Não, iremos para oeste e depois para o sul. Estou te levando para casa. —Para fortaleza de Black Lyne? —Para casa. Você não pertence àquele lugar, no meio dos Armstrongs e dos Fitzwaryns, Reyna. Volte para sua própria gente. —Meu pai sente tantas saudades assim de mim? —Duncan é um homem velho. Uma enfermidade lhe está consumindo as entranhas. Ele não tem vontade de fazer o que deve ser feito, então isso compete a mim. —Do que se trata, Aymer? —Terras, pequena Reyna. Não se trata sempre de terras? O diabo deve ter possuído Duncan quando entregou o que deu como seu dote. Por anos esperei que o velho Robert se morresse de maneira que se devolvessem as terras do dote, e que você voltasse para nós. Ela suspirou diante da confissão de Aymer. —Quão impaciente estava, Aymer? Não terá encontrado um modo de acelerar sua morte? —O teria feito se tivesse os meios para fazer isso. É Interessante que pergunte isso, Reyna. Eu presumi desde o começo que você o tinha matado. —Eu não tinha nenhuma razão para fazer isso. 322
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Históricos —Não?—, Aymer astutamente perguntou. —Ele era velho quando se casou com você, e mais velho quando se tornou uma mulher. Sua mãe era uma prostituta, e talvez essa seja provavelmente sua natureza também. Aquelas mãos frias te satisfaziam? Não acredito, pois você muito rapidamente abriu caminho para cama daquele cavalheiro. Seu tom e seu olhar a fizeram sentir-se muito incomodada. —Ainda bem que menciona Ian, já que as terras do dote que pensa poder controlar por mim pertencem a ele agora. —Não se ele estiver morto. Ela se moveu em sua sela. —Não tentou... —Não ainda. Mas conto com sua vinda para te resgatar. Deixa que ele traga toda sua companhia, ou inclusive a metade daquele exército que Fitzwaryn reuniu, mesmo se ele vier em pessoa. Ele se inclinou e lhe acariciou a face. Ela se afastou com repulsa. —Tem sangue de prostituta, Reyna. Conto que o tenha suficientemente agradado para que venha por sua causa. —É repugnante falar desse modo de sua irmã.— Aymer acariciou novamente seu rosto. —Talvez. Mas, você não é realmente minha irmã.
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Capítulo 22 Frio. Umidade fria e eterna escuridão. Vozes murmurando nas pedras, e mãos tentando agarrá-la. Risadas, mais baixas agora, mais próximas, e outras mãos incomodando mas acariciando, causando um novo terror que ela não entendia. Uma nova voz, não uma etérea de um fantasma, mas sim de alguém vivo, rindo com prazer de seu medo. 324
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Históricos —Realmente não é minha irmã. —Ela se espremeu contra as pedras, sentindo, ouvindo, mas era diferente daquela vez. Sua alma não experimentou nenhum terror. Daquela vez uma parte de si mesma permaneceu racional, observando o antigo medo desprender-se ao redor dela, dentro dela, como se observasse uma encenação. Pernas apertadas contra as suas e mãos sustentando as suas. Pernas reais e mãos reais, fixando-a em um tempo e um lugar, prevenindo que seus sentidos saíssem de seu controle. —Ele não pode nos manter aqui para sempre—, uma voz interferiu. Uma voz real. De quem? Ah, de Anna. —Nem sequer uma vela. Que sentido tem isto? —Ele me detém aqui até que Ian venha—, Reyna se ouviu dizer. Certamente ela havia explicado isso antes, a primeira noite quando elas acamparam e dormiram juntas com a espada da Anna entre elas. Uma eternidade atrás, antes que a cavalgada as trouxesse ali uma noite e Aymer as encarcerara a todas. Haviam trazido comida, ela podia recordar-se disso, mas Aymer não voltara. —Ele poderia nos dar velas. Esta cripta me perturba. Sim, era uma cripta. Onde elas estavam, amontoadas no chão de pedra, encostadas na parede fria. Se o lugar perturbava inclusive a valente Anna, talvez ela não devia sentir-se tão infantil. A mão de Christiana a agarrou com mais força. —Está indo bem, Reyna—, ela a tranqüilizou. As vozes nas pedras respondiam com seus murmúrios inaudíveis. Risadas altas perfuravam seus ouvidos. Ela se agarrou à mão delicada e vagamente recordou de Christiana dando leves
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Históricos palmadinhas na sua novamente enquanto os gritos de alguém enchiam o pequeno recinto. Ela reuniu coragem, o pouco que tinha, e sua alma escutou as vozes. Havia algo familiar nelas da última vez, algo humano. Ela as estimulou para que atacassem novamente, e espremeu suas pernas contra as de suas amigas. Vamos, maldição. E elas vieram, as pedras ecoando seu murmúrio, o som chamando lembranças escondidas debaixo do terror. Ela estava em um lugar escuro, e mãos tocando-a e incomodando-a novamente. Um dedo se moveu invisivelmente ao redor de seu corpo, e uma risada infantil debochava de seu medo. Nas pedras cresciam mãos e braços, e sempre que virava eles estavam atrás delas, tocando-a num frenesi estremecedor. Sua própria voz chorava pedindo ajuda, e então aquela jovem voz falava, de repente zangada. —Você fica aqui agora, ou os demônios apanharão. Eu vou para fora observar. Mas ela não ficou. Ela correu na escuridão, seguindo o som dos passos. —Há quanto tempo pensa que estamos aqui?—, Anna perguntou. Desde sempre, talvez. Não havia nenhum tempo ali. Uma hora podia ser uma semana, uma semana não mais que uma hora. A escuridão tragava o tempo. —Guiando-se pelas refeições, vários dias, mas dormi alguns momentos e não posso dizer se é de noite ou de dia—, Christiana respondeu. Reyna escutou as vozes suaves de suas companheiras. 326
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Históricos O espaço e o tempo se acomodaram. A encenação tinha terminado, e ela tinha visto a fonte e a causa de seu horror. Talvez a princípio só tinha sido uma brincadeira de criança para Aymer, mas o prazer por aquele medo tinha alimentado sua crueldade ao longo dos anos. Não a surpreendia que sua própria alma se encolhesse com sua mera presença. Mas, ela sabia que havia mais. Algo em sua mente, tentando que ela se fixasse no terror apesar da dor. Terminarei com isso hoje, ela decidiu grosseiramente. Enfrentarei cara a cara e não me dominará mais. Ela olhou fixamente para a escuridão e desafiou a que aquilo se apresentasse. Soltando as mãos que sustentavam a sua, ela fez que sua mente apagasse a presença de suas companheiras. A princípio a escuridão a saudou benignamente, um vazio morto, mas lentamente, sutilmente, foi recobrando vida. As vozes apareceram
novamente,
baixas
e
distantes
e
não
muito
ameaçadoras. Até os gritos que soavam como se fossem os seus próprios estavam longe. Ela estava correndo, correndo em direção aos sons, seguindo os passos das botas. De repente o medo era novo, e o coração que ela sentiu dentro de seu corpo não era mais o de uma menina, mas o coração de uma mulher. Ela estava indo com alívio em direção a alguma luz ao longe. Ela ofegou quando o sol quase cegou seus olhos e a imagem horrível encheu sua mente. Por um momento, a imagem dela mesma, flácida e morta, seus braços pendurados aos lados e seu rosto desfigurado e azul, cruzou-se diante dela. Não está acontecendo. É outro pesadelo, não está acontecendo. 327
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Históricos Mãos a agarraram e a puxaram de volta à escuridão. Elas a sacudiram e tomaram seu rosto. —Estamos aqui. Estamos aqui—, uma voz firme a acalmou. Anna a estava a abraçando firmemente, e Christiana estava falando brandamente em seu ouvido. Ela ficou daquele modo por alguns momentos, e depois procurou soltar-se. —Estou bem. Tudo terminou. Não vai acontecer novamente. —Temos de conseguir sair daqui—, Christiana disse. —Sim, devemos sair daqui, mas não por causa disto—, Reyna disse. —Talvez Aymer procurou me deixar louca. Para que fosse mais fácil me prender e me esquecer. Então, a quem importaria? Mas não funcionou, nem vai funcionar. Tudo terminou, lhes digo. —Como isso é mais do que disse desde que nos colocaram aqui, me inclino a acreditar—, Anna falou. —Mas devemos ir todas juntas—, Reyna repetiu. —Ele quer matar Ian. Fará, muito provavelmente, um desafio a ele para um combate individual, mas ele tem um plano para assegurar a vitória, e não será uma briga justa—. Ela contemplou a situação. —Esta cripta está debaixo da capela, e ela está fora da muralha e perto do bosque. Pergunto-me se inclusive Duncan sabe o que Aymer está fazendo. —Não importa. Se conseguimos sair, correremos—Anna disse —Recorda bem destas colinas, Reyna? Pode nos levar para oeste? —Acredito que sim. Já passou muito tempo, mas os caminhos não podem ter mudado muito. —Como vamos sair?—, Christiana perguntou. 328
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Históricos —Tentou a porta depois que nos puseram aqui, Anna, e achou que estava bloqueada. Sem dúvida há pelo menos um guarda fora, e eles tomaram sua espada. —Esperemos que haja realmente um só guarda—, Anna disse. —Não mais de um, se tivermos sorte. Se podermos conseguir que ele abra a porta... isto é uma cripta. Deve haver algo com que golpear. Um crucifixo, uma pedra de uma placa, algo... Ela se levantou e começou a percorrer o pequeno recinto. —Aqui há algo. Uma cruz de pedra. Ela grunhiu enquanto empurrava e logo amaldiçoou. —É muito pesado para mim. —Odeio dizer isto, mas necessitaríamos de um homem forte neste momento. —Como nos esquecemos de trazer um, parece que estamos presas aqui—, Christiana disse. —Não se empurrarmos todas ao mesmo tempo. Mas para isso precisamos da porta aberta. Você deve fazer isto, Christiana. Ofereça um beijo ou algo assim. A oportunidade de beijar uma Condessa deve fazê-lo esquecer de sua obrigação. —Oh!, que todos os Santos me ajudem—, Christiana murmurou. —É melhor que domine esse guarda antes que chegue a me dar um beijo! Elas subiram tropeçando as escadas. Christiana tomou sua posição, e Reyna e Anna se expremeram contra a parede ao lado da escada. Christiana golpeou a porta. —Por favor abra a porta só por um momento, sir. Estou me sentindo
329
muito
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indisposta.
Minhas
companheiras
estão
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Históricos inconscientes, e temo que todas morreremos sem um pouco de ar fresco imediatamente. A porta de madeira se abriu uma pequena fresta, e a luz débil se infiltrou nas escadas. —Poderia abrir a porta um pouco mais? Estou segura que elas se recuperarão com um pouco mais de ar. Se for amável, ficarei agradecida. —Sinto muito, Condessa, mas minhas ordens são... —Ficarei muito agradecida. —Bem... se as damas estão tão mal...—, o guarda murmurou. —Não era a intenção que fossem molestadas. A sombra de seu corpo desapareceu da fresta. Momentos mais tarde a porta se abriu amplamente, e sua forma sombria encheu a soleira. Elas se lançaram sobre ele.
Capítulo 23 Tinham-no deitado de costas, enterrado debaixo de um emaranhado de corpos femininos, submerso em um caos de patadas e arranhões e sussurros de excitação. —Procurem a espada. Não... Esta é a minha, peguem a dele. —Alguma de vocês sente-se sobre peito dele. 330
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Históricos —Maldição, este filho da puta é grande. —Peguei sua espada. —Damas. As três cabeças viraram com surpresa. —Ian? Ian apalpou as várias mulheres sobre ele. —O braço pequeno é o de minha esposa, e a que empunha minha espada contra minha garganta deve ser Anna. Isso significa que o traseiro esmagando meu peito pertence à Condessa de Senlis. Condessa, seria gentil se... O traseiro se retirou rapidamente. As mãos que o prendiam se soltaram. Todas ela ficaram de pé. Anna lhe devolveu a espada. Desgraçadamente, todo aquele caos tinha atraído seus homens que entraram apressados para salvá-lo. —Afastem-se!—, Ian murmurou bruscamente para eles enquanto esticava seu braço em direção a Reyna e a empurrava contra o amparo de seu corpo. Reyna imediatamente se derreteu no refúgio de seu corpo, abraçando-o firmemente, enterrando seu rosto contra seu peito. Ele a envolveu com seus braços e desfrutou sentir o calor daquela mulher miúda. Ela estava ali, muito viva e real, e seu alívio se igualava ao dele. Ian beijou sua cabeça novamente enquanto levava o grupo para fora da capela e à sombra das árvores. —Obrigado por distrair aquele guarda, Reyna. Estava pensando se o golpeava para ver se você estava presa naquela cripta, ou só ia diretamente à fortaleza e exigiria que a libertassem. 331
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Históricos Em qualquer dos casos teria tido todos os Grahams às minhas costas. —Como nos encontrou? —Soube através de Paul que tinham ido a Glasgow e que alguém as tinha seguido. Quando cheguei lá achei Gregory, e ele me contou o resto. —Gregory está bem? —Conseguiu voltar para Glasgow. Como não sabia em que estalagem estavam, decidi as rastrear procurando por ele nas tabernas. O achei no segundo bordel que tentei, na cama como um príncipe, com as prostitutas desfrutando da oportunidade de bancar as enfermeiras. Anna se moveu para mais perto. — Suponho que não tenha trazido cavalos extras? Já devem estar nos procurando por lá. — Fiz isso, mas os deixei no caminho. Cavalgamos sem parar, e trocamos os cavalos quando os nossos já não podiam continuar mais. As damas vão ter que cavalgar de carona conosco. Os cavalos não estão longe. —Duncan não está fazendo isto, só Aymer, estou quase certa disso —, Reyna disse. —Ele nunca nos levou para dentro dos muros, mas sim nos prendeu na cripta. Duncan não sabe nada. A pressão em seu ombro aumentou. Ian estivera preocupado de abuso físico, mas os dias na cripta podiam havê-la prejudicado de um modo que os punhos nunca o fariam. —Como pôde...
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Históricos —Não me recordo muito, mas Anna e Christiana me ajudaram. Finalmente, pude enfrentar aquilo. Tantas coisas ficaram claras. Tenho muito para te contar. —E eu tenho muito para te dizer, esposa. Ele sentiu novamente a preocupação que o tinha dominado enquanto cruzava as colinas, sem levar em conta a segurança ou a prudência quando atravessou as últimas milhas das terras de Armstrong para ganhar tempo. —Havia dito que permanecesse em Carlisle. Ela se apertou contra ele de um modo acolhedor que fez que sua faísca de raiva fosse muito pequena e breve. —Fui uma tonta, Ian, não negarei isso. Mas descobri tantas coisas. Acho que sei quem matou Robert. —Aymer?—, Ela sacudiu a cabeça, negando. —Perguntei a ele, e realmente não o negou. Admitiu que se tivesse os meios, o teria feito. Por dinheiro, um dos criados ou dos guardas poderiam ter usado o veneno contra ele. Ele queria matar você quando viesse atrás de mim, também, de modo que as terras do dote seriam dele para as controlar. —Tem sentido. Terras, são terras estratégicas. A explicação mais simples, e a mais antiga do mundo. Quando eles alcançaram os cavalos, Ian deu instruções para que dois dos homens montassem com as outras damas atrás deles. —Vai ser mais rápido se formos para oeste, em direção à fortaleza de Black Lyne—, ele disse enquanto erguia Reyna sobre sua própria sela. —Mandei dizer a Morvan sobre Glasgow, e se sua ajuda chegar o fará por aquele caminho. Conhece estes caminhos o suficientemente bem para nos guiar? 333
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Históricos —Sei onde estamos. Acho que posso fazer isso. Ele montou atrás dela. Christiana estava agradecendo a um soldado por sua generosidade em compartilhar seu cavalo, e Anna estava criticando o seu pelo modo como ele estava sentado na sela. Ian tomou as rédeas e deslizou seu braço ao redor de Reyna. Prendeu-a firmemente e posou seus lábios em seu pescoço. —Tenho muito para te dizer, esposa, e nem tudo são provocações—, ele murmurou. —Sempre estarei em dívida com as damas por te acompanhar nisto. E agradeço a Deus por te encontrar sã e salva. Ela virou para aceitar o beijo. —Está me chamando muito de esposa. E me pergunto por que. —Você é minha esposa. —Acreditei que queria que me acostumasse à idéia. Ele riu. —Isto, também, mas acreditei que você gostava do som dessa palavra. Nunca chamei nenhuma mulher antes desse modo. Mas se prefere usarei outras palavras carinhosas. Ele beijou sua face e apertou seus lábios contra sua fronte. —Querida—. Sua boca achou seu ouvido. —Meu amor. Ela se inclinou de encontro a ele com um suspiro contente. —Sim, mas basta esposa, Ian, especialmente porque sou sua única esposa. —Vamos, Reyna. Iremos devagar, assim estará segura. Não queremos nos perder nestas colinas. Eles viajaram toda a noite sem parar para descansar. Ian podia dizer que Reyna fazia suas escolhas dos caminhos confiando 334
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Históricos mais em seu instinto que em sua racionalidade, confiando em seus passeios de infância que deviam ter gravado a rota em sua memória. Numa absoluta quietude, amanheceu, eles finalmente ouviram
sons
de
cavalos
seguindo-os,
e
cavalgaram
incansavelmente com esforço para alcançar a fortaleza de Black Lyne antes que Aymer os apanhasse. Poderia ter funcionado se os caminhos guiassem diretamente à parte de trás da fortaleza, porém a rota os levava mais ao sul, perto da velha fortaleza. De repente seus cavalos cruzavam o velho fosso para a colina ao mesmo tempo que a cabeça ruiva do Aymer aparecia no princípio da costa. Ian escrutinou os homens de Aymer abaixo, nos precipícios. Não eram mais que uma dúzia. Reyna tinha razão, e Aymer estava fazendo aquilo sozinho. Ian pulou para fora de seu cavalo, e desceu Reyna, pediu a seus homens que se posicionassem em torno da circunferência da colina com seus arcos. A fortaleza de Black Lyne aparecia ao longe. Não havia nenhuma possibilidade de ajuda de lá. Só alguns homens tinham ficado dentro da fortaleza trancados, com ordens rígidas de permanecer ali. Mais abaixo Aymer também estava espalhando seus homens em torno da colina do velho castelo. Ele tinha alguns com ele, mas também tinha um círculo muito maior para cobrir. —Se disser a um de seus homens que me dê seu arco, tentarei alcançar a algum—, Anna disse. —São arcos de longo alcance e muito pesados para uma mulher.
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Históricos —Usei um arco de longo alcance por alguns anos, Ian. Desta distância deveria acertar meu alvo três vezes em cinco. Alguns braços e pernas a menos e Aymer pensará duas vezes sobre nos atacar. Ele olhou à dama, com sua massa de cachos voando de modo selvagem ao redor de sua cabeça e seus ombros. Se ela dizia que podia acertar três vezes em cinco, acreditava. Chamando o homem mais próximo, ordenou que lhe cedesse seu arco. Reyna se agachou perto dele atrás de uma grande pedra que servia de proteção. Aymer e seus homens percorreram a periferia do fosso, pensando que estavam fora de alcance. Anna provou a tensão do arco, logo ajustou uma flecha. Caminhando rapidamente ao redor das pedras para o extremo do alto da colina, ela levou a corda do arco de volta à sua orelha. Um segundo mais tarde, um grito de maldição fazia eco na neblina do amanhecer. —Ela realmente é magnífica—, Reyna disse com admiração. —Deveria ter visto a reação que os homens tiveram para com ela. Ela era um desafio que eles ansiavam enfrentar. Posso entender por que eles... por que você... —Você representa um desafio muito mais interessante. Para mim ela era um meio para chegar a um fim, e não era um fim muito nobre. Mas ela e eu temos algo em comum, acredito. Ela nasceu para um homem, e o encontrou. Eu nasci para uma mulher, e por graça de Deus a encontrei. Um silêncio absoluto saudou aquela declaração. Ele desviou seu olhar da vigilância dos homens de Aymer e viu sua expressão surpresa. Ele sorriu e lhe passou o dedo pela mandíbula.
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Históricos —Bem, foi por graça de Deus ou um ato do diabo, mas se foi o diabo, ele não contava que você roubaria o meu coração, então seus planos para assegurar minha maldição foram destruídos. Ela envolveu seus braços ao redor dele e o apertou mais próximo de si. Um momento e um lugar tão estranhos para estar dizendo isso a ela, mas lhe pareceu certo e natural. —Penso que meu corpo poderia flutuar e meu coração poderia explodir agora mesmo—, ela disse. Amo você tanto, Ian. —E eu amo você. Transformou minha alma despedaçada com a beleza de sua própria alma. Nenhuma outra mulher me insultou como você fez, e me forçou a ver no que me tinha convertido, e depois me ofereceu o amor e a amizade necessários para me trazer de volta. —Não, Ian, eu só procurava minha própria segurança naqueles insultos. Aquelas palavras não... —São palavras verdadeiras, Reyna. Mais verdadeiras do que ela acreditava. Seu amor sobreviveria sabendo tudo? Não agora. Em outro momento. Talvez. —Fui o mais rápido no caminho de me converter no pior dos homens. Mas devo te advertir que não importa a força de minha resolução, nunca serei um Robert de Kelso. Ela olhou para cima inocentemente. —Bem, Ian, pelo que descobri, até Robert de Kelso nem sempre foi um Robert de Kelso. Ela contou sobre sua reunião com Anselm, e a razão da carta de Robert. —Eram os livros, Ian. Eles são roubados. —Está certa disso? 337
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Históricos —Não pode ser nada mais. —Não o julgue muito severamente. O saque é algo habitual depois das batalhas e os ataques. Ninguém o considera um roubo. —Não se trata de sedas ou objetos de prata. São livros. Quem possuiria tantos livros, exceto clérigos? Não, não me enganarei a mim mesma. Robert tomou livros da Igreja, o que é um pecado sério até em uma guerra, e ele procurou devolvê-los para expiar sua ofensa. Ian franziu o cenho. —David disse que eles eram muito valiosos. Perguntava-me quão valiosos. E pelo que soube em Glasgow, valem pelo menos três ou quatro mil libras. Quatro mil libras. Não era surpresa que David se mostrara vacilante em reconhecer o direito de Reyna a eles. Aquilo mudava tudo. Um futuro assegurado para eles. Inteirarse disso era como descobrir um tesouro escondido. Não os venderiam. Reyna os amava, a menos que uma desgraça o exigisse, mas tendo aquele amparo econômico contra algum mal passo do destino afetaria muitas de suas decisões. Ian a olhou com alegria. Ela o olhou com olhos grandes e inocentes. Ele adivinhou o significado de sua esperança, uma expressão ansiosa, real e verdadeiramente esperou estar equivocado. —Quer devolvê-los ao bispo depois de tudo. —Não, não—, ela mordeu o lábio inferior e sacudiu a cabeça. Ian suspirou, e o breve sonho de riqueza voou para longe com seu suspiro.
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Históricos —Diabos, não faz nada fácil, Reyna. São Quatro mil libras. Maldição. Morvan chegou dois dias mais tarde, quando o sol estava alto no céu. Do alto da ponte viram sua tropa aparecer no horizonte distante primeiro, mas o som de cascos de cavalos rapidamente alcançou os ouvidos de Aymer mais abaixo. Espiando detrás da grande pedra, Reyna viu seu irmão virando para detectar a origem do estrondo, e logo retesar-se. Então o terreno se encheu de homens com armaduras e cavalos. Aymer gritou a seus homens, e eles rapidamente montaram seus cavalos e carregaram os feridos. Ian caminhou até o extremo da ponte e saudou a chegada do exército. Enviou um homem no mais rápido dos cavalos para lhes avisar que as damas estavam seguras. O mensageiro alcançou o exército e o deteve. —Morvan está lá, posso vê-lo. E David também—, Christiana disse. —OH, querido. —Eles podem estar um pouco zangados—, Anna admitiu. —Um pouco? Devido a seus caprichos eles suspenderam o cerco a Harclow, trouxeram a metade do exército, e agora você acha que eles podem estar um pouco zangados? —Meu capricho?.Você... Ian interrompeu com um sorriso diabólico. —Ah, agora que me lembro, Anna, Morvan me deu uma mensagem para você. Na excitação de tudo esqueci de dizer. —Que mensagem?
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Históricos —Devia te dizer que ele estava mais que aborrecido porque abandonou Carlisle. Ele estava furioso com sua desobediência. Ameaçou te prender e jurou que se ocuparia pessoalmente de que não se sentasse comodamente por um mês. Vários dos homens fizeram seus cavalos subir. Ao longe, dois homens altos desmontaram e caminhavam à frente do exército. Morvan cruzou seus braços em cima de seu peito e David deixou suas mãos nos quadris e ambos esperavam, a eloqüência de suas posições falava de sua irritação. —Realmente não me parece bom, cunhada—, Christiana murmurou enquanto Ian a ajudava a montar. —Necessitaremos de um argumento muito bom para escapar desta. Anna montou sozinha seu cavalo. —Realmente não foi um capricho, se pensar bem, a não ser companheirismo. Reyna propôs a viagem. Não podíamos deixá-la ir sozinha. —OH, eles já sabem disto, mas isso em nada acalmou Morvan—, Ian disse. —Ele pensa que deveriam tê-la impedido. E como é apropriado, ele deixou a meu critério o castigo para minha esposa. Deu a Reyna um olhar que não a agradou muito. Que sorte a dela, parecia que o alívio de ter encontrado sua esposa segura começava a dissipar-se. Uma vez instalada em seu cavalo, ela se aproximou de Christiana. —Que engenhoso argumento planeja usar?—, ela sussurrou. —Bem, não planejo cozinhar para David uma comida especial ou ler filosofia para ele, Reyna. Vou ter que usar aquele jogo do 340
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Históricos Lorde e a moça que te contei aquela noite em Carlisle quando nos embebedamos com vinho. Eles foram para onde o exército esperava. As damas detiveram seus cavalos a cinqüenta metros de distância. Morvan avançou. —Já vejo que encontrou a todas em bom estado, Ian. —Sim. Foi uma pequena aventura, embora sua chegada simplifica a última parte. Poderia ter matado Aymer de outra forma. Ian se esforçou por falar com leviandade da aventura mas sem êxito. Os olhos frios de Morvan detiveram sua estratégia. Morvan lançou a sua irmã um olhar severo. —Seu marido a está esperando. Christiana olhou para Anna desculpando-se silenciosamente antes de se afastar em seu cavalo, mas Anna não a viu. Seu olhar estava cravado em seu marido, com desafio. Morvan se aproximou até ficar ao lado dela. —Tudo isto te divertiu? —Estou sã e salva, e obrigada por perguntar por meu estado. Nem o mínimo dano. Sua expressão silenciosa não respondeu. —Espero que tenha deixado a fortaleza de Duncan em pé. Ou a derrubou? —Pudemos escapar sem fazer isso. Uma verdadeira lástima. Reyna fez uma careta. De todas as estratégias que ela podia imaginar, provocar a um marido zangado não lhe pareceu a mais inteligente. —Vamos
voltar
para
Carlisle
imediatamente?—,
Anna
perguntou. —Espero que não tenha planejando ficar até amanhã na 341
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Históricos fortaleza de Black Lyne, Morvan. A excitação desta aventura teve um efeito muito poderoso em mim, sinto-me muito inquieta e energética. Uma boa cavalgada parece ser o que necessito. Ele não se moveu e sua expressão não mudou, mas havia um brilho diferente em seus olhos. —Todos vocês virão conosco, mas não a Carlisle. Iremos diretamente a Harclow, onde um trabalho nos aguarda e não pode ser adiado. Ele apoiou uma mão no joelho. —Uma longa cavalgada deverá acalmar sua inquietação. A mão de Anna se apoiou em cima da de seu marido. —Duvido. Reyna e Ian se afastaram em seus cavalos ao mesmo tempo que Morvan descia Anna do cavalo para lhe dar um beijo. Perto do exército, Christiana estava nos braços de David, falando-lhe ao ouvido. O amor óbvio nos olhos azuis do conde sugeria que ele aceitaria qualquer coisa que sua esposa lhe dissesse. A aproximação de Reyna e Ian interrrompeu seu abraço. Christiana voltou a montar, e um escudeiro aproximou o cavalo de David. —Morvan disse que retornamos a Harclow—, Ian falou. —Sim. Nós teríamos chegado antes, mas seu homem chegou justo em meio a uma ação ontem pela manhã—, David explicou. — Transpusemos a primeiro linha da murada, Ian. —Como...? —Usando nosso plano. Sinto muito que não tenhamos podido te esperar, mas a oportunidade era muito boa para ser perdida. Uma grande tormenta se estalou algumas horas antes amanhecer. 342
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Históricos O muro apenas que estava vigiado, e nós atravessamos o lago nas balsas antes que eles se dessem conta do que estava acontecendo. Os primeiros homens usaram suas tochas para romper a paliçada de madeira, fizeram um buraco para pôr as armas de fogo. Abrimos caminho até o portão antes que nos atacassem. —Maccus se renderá? —Ele quer negociar, e mandou suas condições. Morvan decidiu deixá-lo em suspense enquanto nos ocupávamos deste outro problema. Morvan e Anna se uniram a eles, e todos cavalgaram atrás do exército. —David te contou, Ian?—, Morvan perguntou. —Sim. Disse-me que Maccus impôs condições. —As previsíveis. A segurança de seus cavalheiros e soldados e coisas assim. Recusei-me às considerar até que ele se renda, e certamente ele as deixará de lado e abrirá o portão. Reyna cavalgava a certa distância. Ela se adiantou em seu cavalo até que pôde ver Morvan. —Morvan, poderia falar com Maccus Armstrong assim que ele se renda? Tenho algumas perguntas que me ocorreram durante esta viagem, ele as poderia responder. —Seu pedido é muito interessante, Reyna. Porque uma das condições de Maccus Armstrong não estava dentro do previsível, e pressinto que é um dos pontos em que ele não cederá—, Morvan voltou seu olhar para ela. —Maccus não se renderá até que lhe entreguemos a viúva de Robert de Kelso.
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Capítulo 24 Reyna estava de pé no caminho da muralha atrás do corpo com armadura de Ian. David também formava parte de sua proteção humana, e Anna estava perto com seu arco à mão, para responder a algum movimento que os ameaçasse a partir da muralha adversária. Outros arqueiros estavam espalhados com o mesmo propósito, mas sua amiga tinha insistido em aguardar a seu lado, e Morvan advertiu aos Armstrongs que qualquer flecha perdida que acertasse sua esposa iria significar a morte de todos os homens na fortaleza. Maccus exigiu que Reyna Graham recebesse uma guarda para sua segurança, mas Morvan se recusou. Reyna considerou que era muito cavalheiresco, porque tinha sido uma das condições mais inflexíveis. Como Maccus havia se referido à sua segurança, Morvan lhe ofereceu deixá-lo ver pessoalmente que ela seria apresentada em bom estado, embora ninguém acreditava que a segurança de Reyna seria um objetivo ou uma preocupação de Maccus. —Aí está ele—, Ian disse. Reyna olhou por cima de seu ombro para o portão distante. Sobre uma das torres, um homem de 344
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Históricos cabelo branco apareceu. —Darei um passo para o lado, Reyna, mas mantenha-se atrás de David e de meu escudo. Ele se moveu, segurando seu escudo perto de David dessa maneira eles formaram uma parede de aço. Reyna se espremeu contra ele e enfrentou o escrutínio à distância do amigo e Lorde de Robert. A cabeça branca a olhou e um silêncio caiu sobre o castelo. Mais abaixo, Morvan Fitzwaryn estava na muralha externa, protegido por sua armadura. Maccus Armstrong levantou seu braço num gesto. Os corpos começaram a deixar as ameias da muralha ao redor dele. Logo, nenhum soldado de Armstrong ou arqueiro podia ser visto. Maccus esperou até que o último se foi, e então sua cabeça desapareceu. Anna correu até os degraus do muralha. Reyna e os homens seguiram e se uniram à espectadora multidão formada no pátio. Lentamente, o portão de grades se levantou. Ian manteve a mão em seu ombro enquanto eles esperavam. A garganta de Reyna ardia, e ela soube que suas emoções eram evidência de sua lealdade dividida. Ela sentia pena de Christiana e Morvan, que haviam sido expulsos de sua casa por muito tempo, mas também sentia angústia por Maccus, que tinha sido o amigo de confiança de Robert e um instrumento para que ela conseguisse tudo o que de bom tinha sido em sua vida. De repente, uma solitária figura apareceu no pátio mais adiante do portão. Maccus caminhou sem vacilar. A multidão se abriu para que ele passasse, e ele foi até Morvan e silenciosamente desenbainhou e lhe entregou sua espada.
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Históricos Maccus era um homem gentil, mas com uma figura poderosa apesar de seu sessenta e pouco anos. Ele olhou diretamente para Morvan, estudando-o atentamente. —Tem os olhos da cor dos de sua mãe, mas luta como Hugh. —Não posso sabê-lo. Ele morreu quando eu ainda era um menino. —Nós dois sabemos que foi um de meus arqueiros quem o acertou. Mas assim são as coisas na guerra. Morvan sacudiu a cabeça. —As coisas da guerra. Teria sido melhor para você se houvesse matado o filho também. —Eu não mato crianças. Além disso, foi muito valente por ser um menino. Teria sido um desperdiço—. Ele olhou a seu redor e sorriu com pesar. —Embora sob as circunstâncias... Algo como um sorriso suavizou a expressão de Morvan. —Como foi generoso em sua vitória, eu não posso fazer menos. Qualquer homem que jure permanecer ao norte da fronteira de nossas terras podem partir imediatamente para ser escoltados até Clivedale. Você permanecerá aqui até que um resgate seja pago. —E Lady Reyna?—, Morvan sacudiu sua cabeça. —Não se preocupe por sua segurança. Ela estará bem conosco. —Há acusações sobre ela... —Estamos conscientes disso. Reyna sentiu que seu rosto se ruborizava com os olhares da multidão.
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Históricos —Elas não são verdade, aquela historia a respeito de que ela matou Robert—, Marcus explodiu. —Seu sobrinho Thomas pensa o contrário. —Thomas é um asno. Tudo são tolices. Qualquer um sabe que eu estava à caminho para pôr um fim àquelas acusações quando fiquei preso aqui com o cerco. Estava preocupado porque Thomas fizera algo estúpido enquanto eu estava aqui. Do mesmo modo, é melhor que vocês retenham ela até que meu resgate seja pago. Então eu a levarei a Clivedale e esclarecerei todo este malentendido para restituir a honra dela. Reyna olhou perplexa aquela manifestação pública de sua inocência, vinda do homem que ela estivera segura que queria condená-la à morte. —Ela não irá Clivedale—, Morvan disse. —Se não me forem a entregar, será melhor que jure a segurança dela, Fitzwaryn. Não Aceitarei que você julgue isso ou que as pessoas sigam repetindo seus contos malévolos. Ela é uma Graham, sabe, e há sentimentos muito fortes contra isso. —O interesse de todos por esta dama me desconcertou desde o começo, Maccus. Qual é a razão do seu? —Devo isto a Robert. Um bom homem, Robert de Kelso. —Mas seu novo marido é um bom homem, também. Ele vai jurar manter a segurança de sua esposa, e se você jura pela inocência dela, não haverá nenhum julgamento. Maccus parecia atônito por aquele anúncio. Ele esquadrinhou a multidão até que a encontrou. Virando-se abruptamente, ele caminhou até eles, logo estudou Ian.
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Históricos —Quero falar com você—, ele disse bruscamente. Ian sacudiu a cabeça. —Sabia que seria assim. E Reyna quer falar com você. Uns cavalheiros levaram Maccus, então. Morvan caminhou em direção ao portão interno, e um novo silêncio caiu sobre a multidão. Fazendo uma pausa, ele olhou de volta e fez gestos a Anna e a Christiana para que se unissem a ele. Com sua esposa e sua irmã a seu lado, ele deu um passo adentro de Harclow. Reyna voltou-se para Ian enquanto a multidão ia para o portão. —Foi muito surpreendente que Maccus me defendesse assim? —Surpreeendente? —Talvez não—, ela retrucou. Reyna encontrou seu olhar. —Há quanto tempo já sabia? —Não sabia com segurança. Mas estive especulando sobre isso por algum tempo. —Talvez deveria deixar como uma especulação. Está segura que quer saber com certeza? —Preciso saber de tudo, e penso que só Maccus pode me dizer a verdade. —Então vamos falar com ele, Reyna. Eles encontraram Maccus em uma sela pequena. Ele tinha jurado não escapar, e nenhum guarda vigiava a porta sem cadeado. Ele estava perto da lareira sem acender em uma atitude pensativa, as mãos apertadas em suas costas, olhando fixamente as chamas que não existiam. Ao longo dos anos Reyna tinha chegado a conhecê-lo bem o bastante, mas ele sempre tinha sido 348
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Históricos um pouco distante no trato com ela. Ele tinha sido diferente com Robert, e ela freqüentemente tinha ouvido suas risadas do outro lado da porta do solar. Ele se virou com sua entrada e a escrutinou. —Não levou muito tempo, moça. O corpo de Robert nem havia esfriado. —Bem, ela não tinha muitas opções, Maccus. De outro modo seria devolvida a Duncan—, Ian disse. —Uma má opção—, Maccus se lamentou. —Me informei um pouco sobre você pelos cavalheiros que trouxeram aqui. Você tomou a torre de Black Lyne, eles dizem, e vai ser sua agora. Fez um bom trabalho, Ian de Guilford. Bem, o que passou, passou. Eu planejava entregá-la a outro homem, mas se ela estiver contente, aceitarei. Ia ser um cavalheiro inglês... Maldição. —Eu estou mais que contente—, Reyna disse. —E é melhor que seja assim, porque não ia me achar disposta a receber a qualquer outro homem, se as coisas tivessem sido diferentes. Aos vinte e quatro anos, cansei de ser movida como uma peça de xadrez e ser mantida na ignorância. Maccus mostrou sua surpresa, depois sorriu. —Robert sempre disse que você tinha mais espírito do que eu acreditava. Bem, uniu seu destino a este homem, espero que seja o certo. Se for assim, eu me conformarei em aceitar essa idéia. —É o homem certo. Mas agora queria saber algumas coisas. Já sou uma mulher adulta, e tenho direito de saber—. Ela escolheu suas palavras cuidadosamente. —Aymer Graham me disse que eu não sou realmente sua irmã. Não acredito que se referisse ao fato que somos meio irmãos. 349
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Históricos Ela endireitou seus ombros e olhou Maccus nos olhos. —Quem é meu pai?—. Seu rosto abateu-se, e ele de repente pareceu muito velho. —Era Robert?—, ela sussurrou. —Robert! Diabos, moça, não conheceu aquele homem? Robert nunca se casaria com sua própria filha. —Quem, então? Realmente era Duncan? —Duncan Graham deveria rezar uma vida inteira para ter uma filha como você. Não, não é Duncan. E nenhum cavalheiro dele, sem importar o que eles digam sobre sua mãe. Era Jamie. Meu filho James era seu pai. Duncan sempre suspeitou, mas nunca esteve certo, mas sua mãe sabia, e também Jamie. —James Armstrong? Eu sabia que eles mais tarde tinham sido amantes, mas... —Foram amantes por muito tempo, quase desde que ela chegou a esta região. Eles se conheceram antes. Mas suas famílias eram inimigas então. Ele se voltou, seu olhar procurando a lareira vazia novamente. —Eu o adverti. Disse a Jamie que nada bom podia resultar disso. Bem, ele era muito jovem, as coisas poderiam ter continuado daquele modo mas ela sabia como as coisas iriam ser para você na casa de Duncan. Então Jamie decidiu levar vocês duas. Duncan descobriu, encontrou-os na velha fortaleza. Enforcou a meu rapaz como se fosse um ladrão ali mesmo, e o deixou. Robert encontrou seu corpo. As lembranças da cripta de repente a assaltaram, insinuandose em sua consciência. 350
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Históricos Frio. Umidade fria e medo. Os dedos tocando-a, e a risada juvenil. Você fique aqui, eu vou sair para observar. —Nos vingamos, e logo eles se vingaram, e todo o conflito cresceu. Robert falava comigo, às vezes, persuadia-me a fazer as pazes, contava-me sobre como as pessoas dos clãs sofriam, mas eu não o ouvia. Olho por olho, diz o velho livro e eu estava esperando que Aymer alcançasse a maior idade. Eu não mato meninos, mas quando ele crescesse eu ia igualar as coisas com Duncan. Correndo. Correndo em direção às vozes e os gritos invadindo o espaço negro entre pedras, seguindo os passos que retrocediam. —Então soube como a tratavam lá. Nunca tinha visto você, mas era a filha de Jamie. Então comecei a escutar Robert, e juntos pensamos um modo para conseguir te tirar de lá. A luz mais adiante. Mas lentamente agora, aproximando-se cautelosamente. —Duncan aceitou o acordo para manter vivo Aymer. Ele sabia que eu estava esperando que o moço crescesse para matá-lo. Ele começou a negociar seriamente quando Aymer fez 18 anos. E então assinamos a paz e conseguimos te libetar dele. A imagem dela mesma enforcada... Ela se colocou diante de Maccus cegamente, imagens e emoções obscurecendo sua visão. —E minha mãe? Onde está ela? —Ele a prendeu em uma abadia. —Não, não acredito. Robert me teria levado lá quando lhe perguntei. Ela caminhou até Maccus. 351
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Históricos —Crê que uma criança se esquece de tais coisas para sempre? Pensa que se alguém lhe tampar os olhos ela não verá? Que se todos ao seu redor permanecem mudos ela alguma vez não recordará? Ela apertou seus punhos até que cravou as unhas em sua própria pele. —Toda a vida, minha alma recordou aqueles últimos meses, sempre que alguém falava de meu próprio julgamento, eu me via enforcada. Pensava que era uma premonição de minha própria morte, mas não era. Não era eu quem estava pendurada naquele pesadelo. Ele a matou, também a enforcou. Não é verdade? Ela não se deu conta que começara a gritar até que sentiu a presença de Ian atrás dela e seu braço ao redor de sua cintura. —Se acalme, amor—, ele disse suavemente. A expressão desarmada de Maccus. —Não sabíamos com certeza. Robert somente encontrou Jamie, mas não viu evidência de que talvez... E ela, de qualquer maneira, não está naquela abadia, vivendo ali, porque eu fui ver se podia ajudá-la. Penso que Duncan o lamentou tão logo o fez. Nos velhos tempos uma esposa infiel podia ser castigada daquele modo, mas agora é considerado assassinato. A força a abandonou. Ela se apoiou em Ian procurando apoio em seu abraço e vagamente ouvia as palavras que ele sussurrava em seu ouvido. —É a filha de Jamie, Reyna—, Maccus disse. —Minha neta. Se precisar de mim, sabe onde me encontrar.
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Históricos Uma nota em sua voz mostrou seu esgotamento. Ela virou e viu uma faísca de esperança em seus velhos olhos. Ela se aproximou e o abraçou. —Fez o melhor por mim, avô, e foi melhor do que pensa. —Bem, agora, menina, é bom poder te reconhecer—, ele tomou suas mãos e as beijou. —Nos deixe agora, por favor. Preciso advertir a este cavalheiro inglês sobre como cuidar de você se não quiser ter uma guerra com todo o clã Armstrong. Ela o beijou, depois foi para a porta. —Vou buscar John, Ian, e procurarei um quarto para que possa tirar sua armadura. Maccus a observou ir, e olhou para a porta por alguns longos segundos. Quando finalmente virou para Ian, um olhar malicioso iluminou seus olhos. —Bem, Ian de Guilford, este matrimônio é uma surpresa interessante para mim, e esta conversa vai ser mais que interessante, asseguro-lhe isso. —Não tão surpreendente. É estranho que os homens tratem seu próprio sangue do modo como Duncan tratou a ela, e eu já sabia a história da morte de seu filho. Mas como é seu avô, é bom que aceite nosso matrimônio. —OH, eu aceito. Que outra opção tenho? Ele soltou uma gargalhada. —Se eu fosse você, não repetiria isto que escutou para ninguém. Quando Morvan Fitzwaryn ofereceu a fortaleza de Black Lyne, não contava com uma aliança matrimonial com os Armstrongs, não é verdade?
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Históricos —Não. Mas direi a Morvan sobre isto. Matrimônio com uma Armstrong ou não, eu sou seu homem. Ele pode enternecer-se com a idéia e baixar o preço de seu resgate como resultado. Qual seria a possibilidade que você tentasse atacar Harclow se primeiro deveria tomar a fortaleza em que sua neta vive? Maccus riu. —Quem sabe, em vinte anos. —Em vinte anos vai estar morto e Duncan estará morto e os Armstrongs e os Fitzwaryns estarão cuidando de suas costas pelo perigo de Aymer Grahan. Esta aliança matrimonial pode provar ser muito útil no futuro. Até então, a fortaleza de Black Lyne permanecerá como estava com Robert de Kelso, as terras separam às três famílias, dirigida por um homem que jurou lealdade a uma dessas famílias e casado com a filha da outra família. Isso funcionou antes. Deixemos que funcione novamente. Maccus considerou sobre aquilo e sacudiu a cabeça. Então olhou para a porta e franziu o cenho. —Falando em Robert... de onde ela tirou a antinatural ideia de que ele poderia ser seu pai? —Não tão antinatural assim, já que ela ainda era virgem quando ele morreu. —Que diabos diz? Não me surpreende. Robert nunca perseguiu muito às mulheres. Um bom amigo, mas um dos amigos que assistia às festas com prostitutas quando erámos jovens... Maldição... aquelas terras do dote. Se ele nunca a... —Muito poucos sabem isso, e todos os que sabem temos nossas razões por manter segredo—, Ian disse.
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Históricos —Eu gostaria que deixasse ser conhecida sua relação com Reyna. Ela não será julgada pela morte de Robert, mas muitos ainda suspeitam dela. Também é improvável que o verdadeiro assassino enfrente a justiça. Se fosse conhecido que ela é sua neta, esses rumores cessariam. Ele deixou Maccus e foi em busca de Reyna. Ele encontrou ela e John em um quarto, atirando a palha do colchão na lareira. —Não houve nenhuma mulher ou criados por aqui por mais de um mês—, Reyna disse. —A fortaleza está imunda, a palha cheia de pulgas. —Me tire essa armadura, John. Vivi dentro dela por dias. Reyna encontrou uma vassoura e começou a varrer enquanto a cota de malha e os protetores metálicos caíam ao chão. Ian observou o movimento de seu corpo pequeno, curvando-se e esticando-se enquanto ela continuava a murmurar coisas sobre os homens que viviam naquelas condições. Seu vestido estava sujo e seu cabelo despenteado, mas ele pensou que ela parecia absolutamente linda. —Morvan está me procurando, John? —Ele está organizando os soldados e Sir David está negociando com os mercadores as provisões. Os cavalheiros de Maccus tiveram que deixar seus cavalos e sua armadura e nossa companhia ficará com algo disso, então estão contentes, mas Morvan está planejando lhes pagar logo para que se vão. Não precisa de dois mil homens para guardar uma fortaleza depois que foi tomada.
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Históricos Ian recordou a si mesmo de falar com certos membros da companhia para ver se eles queriam permanecer na fortaleza de Black Lyne, mas seu olhar nunca deixou Reyna. —Há algum criado, John? —Alguns,
não
muitos—,
o
escudeiro
disse
enquanto
inspecionava um pedaço da armadura que ele acabara de tirar. Ian desejou que ele se apressasse e lhe tirasse certas peças que de repente se tornaram muito incômodas. John olhou para Reyna. —Quer que procure palha limpa para o colchão ? —Penso que essa é uma idéia excelente. Mas primeiro procura alguns homens e que tragam água para um banho. —Um banho! Estão planejando uma festa de celebração, e tenho todo um castelo para explorar, e quer... —Um banho. E depois a palha para o colchão. John franziu o cenho. Ele olhou para Reyna e ruborizou-se. Então seus dedos começaram a trabalhar nas correias e fivelas mais rapidamente. Ele terminou ao mesmo tempo que Reyna estava empurrando a sujeira até a lareira. —Irei trazer aquele banho agora—, ele murmurou, saindo e fechando a porta. Ian foi até Reyna e tomou a vassoura e a deixou de lado. —Como está? Deve ser estranho passar toda sua vida pensando que é uma pessoa, e de repente se inteirar que é outra. Ela apertou seus lábios pensativamente. Ele lutou contra o desejo de morder-lhe. —Como uma sombra que recebeu a luz. Estou me sentindo totalmente livre, de fato. Duncan nunca me amou, nem eu a ele, e é 356
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Históricos bom saber a razão. Não me sinto uma pessoa diferente, só que conheço melhor a pessoa que sempre fui. Ela apoiou uma mão em seu peito. O coração lhe subiu à garganta. —Crê que estas pessoas me contarão sobre ele se lhes perguntar? Sobre James? —Sim—, ele conseguiu dizer, curvando-se para beijar sua fronte enrugada. A abraçou, tocando seus lábios contra o rosto dela, contra seu pescoço e seu peito, e soube que não poderia esperar o banho e o colchão. —Esteve a todo momento em minha cabeça, Reyna, dia e noite. Ele levantou seu corpo contra o seu, querendo por em contato cada centímetro dela. —É a luz iluminando minhas sombras, amor, e a necessidade que sinto de você me surpreende novamente. Ela suspirou quase ofegando quando suas mãos se moveram por seu corpo, desfrutando da carícia... Uma onda de desejo delicioso o invadiu como uma inundação afogando todos os pensamento e despertando seus sentidos. Ian a expremeu contra a parede, levantando sua saia, ansioso para tocar sua pele úmida, desesperado por entrar em seu corpo. Soube imediatamente que não poderia esperar por aquilo. Ian levantou suas pernas ao redor de seus quadris e a tomou ali, sua cabeça enterrada em seu peito, suas mãos agarrando suas nádegas, escutando a música suave de seus gemidos, agradecido pela paixão rápida dela, porque sua necessidade não encontrava nenhuma restrição. Ela se arqueou contra ele com um grito ao mesmo tempo que ele alcançava seu próprio climax, e logo sua cabeça se desmoronou 357
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Históricos contra seu ombro. A consciencia retornou, e com isto a conclusão do que acabava de fazer. —Sinto
muito,
Reyna—,
ele
murmurou,
segurando-a
firmemente, amaldiçoando-se a si mesmo, e preocupado que as pedras tivessem machucado suas costas. —Não queria... quando falei de minha necessidade por você... passou muito tempo. Sua mão encontrou seus lábios e ela o silenciou. —Que esposa não se sentiria adulada? E passou tanto tempo sem fazê-lo, sinto-me honrada. Ele a baixou e conseguiu ajeitar a roupa de ambos sem soltála. —Honrada? Eu deveria me sentir honrado se permanecer fiel a mim, Reyna? Isso é o que se espera em um matrimônio. Se dormisse com outro homem, pensaria que o ama e que a melhor parte de minha vida morreu. —Sim, mas eu pensei... —Sei o que pensou e tem boas razões para pensá-lo. Sua expressão surpreendida, e esperançada lhe doeu profundamente. —Poderia me contentar com uma prostituta depois de você, me conformar com o prazer carnal? É diferente entre nós dois, e o foi desde o começo. Inclusive quando me apresento como o moço torpe e rude, como acabo de fazer agora. Não, esposa, é minha e eu sou seu, e não existirão outros enquanto nosso amor viver. —Será para sempre, Ian—, ela disse, como se a eternidade de seu amor não pudesse ser posto em dúvida. Deus, ele rezou para que fosse assim. Ela realmente não conhecia o homem a quem ela se oferecia para amar com tanta 358
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Históricos ingenuidade. Parecia um amor tão frágil e ele não se atreveu a arriscar sua destruição, mas também desejava confessar seu coração para ela, e ter a graça para absolver o pior de seus pecados. Não agora. Não ainda. Deixa para o final. —Sim—, ele disse. —O Lorde das Mil Noites se retirou para sempre do campo de batalha. E com isso se vai minha oportunidade de ter uma fama imortal. Eles se abraçaram quando o banho chegou. Ele a levou com ele à banheira. Quando eles saíram, ele encontrou o colchão novo esperando do lado de fora do quarto e o levou para cama. Fez amor do modo que tinha planejado, amando e venerando cada parte de seu corpo, acariciando-a e beijando-a até muito depois que sua paixão foi esgotada. —Poderá estar contente aqui na Escócia, Ian? Pode ser muito aborrecido depois da vida que teve—, ela disse enquanto seus dedos pequenos tocavam seu cabelo. —Uma felicidade aborrecida, espero .Nunca poderei ver a guerra como um entretenimento novamente. Além disso, iremos alguma vez a Londres, de fato logo que possamos, quando Christiana estiver em sua residência. Ela me fez prometer que te levaria. Ian fez uma pausa. —Pode ficar com ela enquanto eu volto para Guilford. Penso que voltarei. Ele virou para o lado. —Não posso te levar comigo até que visite meu irmão e a sua esposa primeiro, e verei como sou recebido.
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Históricos —Sua esposa não lhe daria as boas-vindas ao irmão de seu marido?— —Ela certamente não, mas são os sentimentos de meu irmão os que quero descobrir. Ele
pareceu
tão
sério,
contemplando
aquela
reunião.
Christiana havia dito que ele não podia voltar para sua casa. —O que se interpõe entre você e seu irmão?—, Ian virou seus olhos para ela, e seu olhar tinha uma intensidade que parecia raiva. Fiz novamente, ela pensou com dor. Sua mão girou o rosto dela para ele. —Pode me amar sem ouvir sobre isso? Amar ao homem que conhece e esquecer do resto? —Meu amor não começa com uma parte de você e termina com outra, Ian. O que quer que seja isso que tem enterrado dentro de você, eu ainda te amo. Não fale se não quiser. Mas, meu amor, não tem nenhuma condição. É teu, como o é minha amizade. Seus lábios se separaram como se fora falar. Quando não o fez, ela admitiu a decepção de que ele não confiava nela para entendê-lo. Bem, ela aceitaria o muito ou o pouco que ele pudesse lhe dar, e se ele nunca falava desse passado que escondia, então que assim fosse. Ian apoiou sua cabeça sobre seu peito, e ela sentiu seus sentimentos
em
conflito
aliviar-se
enquanto
permanecia
aconchegado ali. Não tinha descansado tanto da semana passada, e ela sabia que Ian dormiria profundamente. Antes de dormir, ele lhe beijou o rosto. —Parece que me esqueci de algo. Ah, sim, agora recordo. Devia te castigar por sua desobediência. 360
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Históricos A consciência emergiu lentamente, apenas rompendo a paz deliciosa. Sons sutis chegaram até ele, e logo a consciência de que Reyna não estava a seu lado. Ele estendeu a mão para procurá-la, só para descobrir que seu braço não se movia. Com um puxão despertou completamente e olhou obstinado seu braço. Uma corda o prendia à cabeceira. Ele virou em choque para encontrar sua outra mão amarrada do mesmo modo, e baixou a vista para ver seus tornozelos presos também. Estava com as extremidades em cruz e nu como preparado para um sacrifício humano . Ele atirou todos de seus membros num violento combate. A cama rangeu e se moveu com a força do movimento. —Estão firmemente presos—, uma voz suave disse. —Não vão se soltar—. Ele virou furioso. Reyna estava a vários passos da cama, vestindo uma bata enorme, algo que ela teria encontrado num dos outros quartos, ele acreditou. —Me desamarre. Isto é muito incômodo. —Não, não ainda. Não por um bom tempo. —Reyna... —É o que você fez, Ian. Pensei que poderia gostar de experimentá-lo. Como se sente, meu amor? Impotente? A minha mercê?—, assim era exatamente como ele se sentia. Maldição. —Reyna, te ordeno que me desate destas cordas. Por que fez isto? —Você falou em me castigar. —Por Deus, Reyna, só estava brincando.
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Históricos —Sinto-me
Grupo de Romances aliviada
de
ouvir
isto,
mas
um
pouco
decepcionada também. Esta parecia ser uma estratégia tão boa para te distrair daquela idéia. —Não tem nenhuma necessidade de uma estratégia. Eu nunca... —Mas de repente a idéia tem seu atrativo. Talvez deveria ver como termina isto. —Desate estas cordas, maldição, certamente vai precisar de uma estratégia para me distrair quando estiver livre—. Ele puxou as ataduras novamente. Ela sorriu docemente enquanto a cama rangia e gemia. —Gastei horas para fazer as ataduras, e não vão se soltar. Ela se moveu mas perto e o avaliou. —Realmente tem um corpo magnífico—. Ela passou um dedo lânguido sobre seu peito. Ian deixou de lutar e examinou seus olhos. Todo seu corpo reagiu ao que viu ali, Ian lhe deu seu melhor sorriso. —Desata as cordas e vêem aqui comigo, amor. Ela levantou a saia da bata e subiu à cama, suas pernas montando em seus quadris. —Acredito que não. Me parece que eu gosto deste modo. Ela começou a abrir a bata. —Surpreende-me quão excitante é tudo isto. Quero dizer, você é tão grande, e eu sou tão pequena. Muito lentamente, ela tirou a roupa para fora de seus ombros e a desceu por seu corpo. O tecido caiu a seus pés, ela chutou a bata para longe. Ela olhou para baixo e sorriu. —Parece que você gosta. 362
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Históricos Ela não estava nua debaixo da bata , mas sim vestida com uma calça de couro, a veste de um garoto, um pouco pequena para seu corpo de mulher. Mas o efeito era incrivelmente erótico. —É uma estratégia maravilhosa. Realmente, estou totalmente animado. —Mas isto começou agora, Ian. Ela avançou, um passo de cada lado até que ele estava olhando toda a extensão de seu corpo. Ela tirou uma pluma de faisão da frente da veste. Se curvou e começou a acariciar seu corpo com a pluma. —Realmente parece gostar disto, Ian. Ela levou a pluma para sua ereção. A tortura deliciosa estimulou cada centímetro de sua pele. A paixão furiosa o fez puxar as cordas novamente. —Quero que me desate agora. —OH, soa zangado. Penso que é melhor se continuarmos assim. Parece que preciso desta estratégia, depois de tudo. Ela se agachou e se ajoelhou entre suas pernas. —Além disso, o que você queira não é importante neste momento. Só o que eu quero. —É isto o que quer? Suas mãos acariciaram suas pernas. —Quero ver como cresce seu prazer. Quero observar seu corpo tremer enquanto implora por alívio. Quero ouvir seus gritos de necessidade. Ian não podia acreditar o desejo forte que suas palavras e sua expressão lhe produzia.
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Históricos —Faça o que quiser, mulher, mas recorda que eventualmente deverá me soltar, e talvez eu decida me vingar. —Certamente espero isso. Agora, te recoste e te submeta, Ian. Isto poderá levar algum tempo. Já completamos os primeiros dois passos. Ela se curvou e começou a acariciá-lo com seus lábios e sua língua, lentamente percorreu suas pernas. Muito lentamente. Ian olhou para baixo, para seu progresso lento enquanto seu corpo gritava por alívio e ao mesmo tempo gozava a demora. Seus beijos e sua língua alcançaram seus joelhos. —Quantos passos faltam? —Seis—, ela murmurou, movendo-se para cima. Ela ia matálo. —Realmente, são oito passos quando se faz à turca, mas David se recusou a dizer a Christiana sobre os últimos dois. Ele mal a ouvia. Sua boca estava em suas coxas agora, e cada fibra dele explodia. A cortina de seu cabelo lhe bloqueava a visão, mas ele se esticou quando seu dedo acariciou seu membro. —É isto o que quer, amor?—, ela perguntou. —É? —Não. —OH. Então talvez isto. Ela estava sobre suas mãos e seus joelhos agora, suas nádegas a centímetros do rosto dele. —Levante—, ele ordenou. Passava pela agonia da antecipação. —Me diga o que mais quer, Ian—. Seus músculos se esticaram em uma rebelião final antes de submeter-se ao prazer e
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Históricos ao controle alheio. Um pedido estrangulado saiu para fora de seus lábios e os dedos dela foram presos por seus dedos. Toda resistência cessou e só ficou uma vaga curiosidade sobre o que possivelmente poderiam ser os últimos passos.
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Históricos
Capítulo 25 Flores tardias enchiam o jardim com uma mistura de cores e aromas. Essa beleza caótica inundou os sentidos de Ian. A seu lado, no banco de pedra havia uma cesta. Duas rosas apareciam sobre a borda, as pétalas iam ser usadas em alguma delicadeza que Reyna planejava preparar para a refeição do meio-dia. Ele se perguntou quanto tempo ela estaria na peregrinação que estava fazendo aquele dia. Ele tinha aceitado deixá-la visitar as velhas ruínas a sós, mas não sem maus pressentimentos. Ele entendia sua necessidade de confrontar as lembranças enterradas nas pedras escuras da velha fortaleza, mas tivera querido ir com ela no caso de seu terror não tivesse sido vencido tão completamente como ela esperava. Ia esperar que o sol se movesse um pouco mais antes de segui-la. Muito provavelmente eles se encontrariam no caminho de volta, mas se ela sucumbisse ao temor à escuridão ele a encontraria antes que passasse muito mau. Ian tentou distrair-se novamente de sua preocupação revisando seus planos para a fortaleza de Black Lyne. O confronto de Reyna com Aymer implicava que os Grahams seriam um espinho cravado para sempre na fronteira leste daquelas terras. Enfrentar Aymer em um campo de batalha não preocupava a Ian. Esperava ansiosamente o dia em que poderia fazer um pouco de justiça pelo que tinha acontecido a 366
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Históricos Reyna e a Robert. Mas ele queria sua família e seu povo seguro quando aquela guerra particular começasse, e para isso tinha a intenção de melhorar as fortificações durante os próximos anos. Sua família e seu povo. A frase ainda soava estranha, mas era agradável. Havia esperado ansiosamente por aquela família. Os filhos que ele educaria para ser fortes e verdadeiros cavalheiros. Ou filhas, ele riu para si mesmo. As filhas que provavelmente teria que prender para proteger de homens como Ian de Guilford. Ian sacudiu o pó de sua bota e considerou a decisão que tinha tomado na noite anterior. Uma segunda linha de muralhas para a fortaleza devia ser construída na base da colina. Tentou visualizar as fortificações finalizadas, e como o movimento do rio as afetaria. Levantou um ramo do chão. Desenharia isso do modo que David tinha desenhado Harclow e tinha dado substância ao plano. Desenhou no chão, ali o rio, lá a colina
redonda,
a
velha
ponte
aqui
e
o
fosso
abaixo.
Repentinamente se deteve. Observou atentamente o desenho de um quadrado e círculos e as linhas curvas. Quase exatamente tinha reproduzido o pequeno fragmento de pergaminho que tinha visto no Livro das Horas de Reyna. Algo estava faltando, mas não podia recordar o que era. Caminhou pelo jardim, perguntando-se por que alguém tinha desenhado um mapa da fortaleza de Black Lyne e suas terras como se estivessem sido vista por um pássaro voando. Encontrou o pequeno Livro das Horas em uma prateleira de solar. Passando as páginas, encontrou o fragmento de pergaminho. Parecia-se com algo desenhado por um astrólogo.
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Históricos Deu-se conta do que seu próprio mapa não incluía. Duas linhas diretas se bifurcavam na velha ponte e no fosso, formando uma cruz. Examinou a qualidade das linhas. Um Livro das Horas era o tipo de livro que se manteria perto de alguém agonizando, para ler preces familiares e reconfortantes. Se Robert de Kelso tinha desenhado isso, o que era tão importante para que ele usasse suas últimas forças para desenhar? Ian colocou o livro na prateleira, mas dobrou o pequeno mapa dentro de sua manga. Aquilo ficaria como outro mistério do bom Robert, e era improvável que fosse resolvido como os outros. Ian deixou a fortaleza e subiu às ameias, logo caminhou para o sul de onde podia ver a velha ponte. Ele estreitou seus olhos e procurou sinais de Reyna retornando. Esperaria um pouco mais, e então iria procurá-la. Seu olhar recaiu no cemitério, e a cruz central marcando a tumba de Robert. Se recordava de ter estado parado ali, sua raiva crescendo enquanto imaginava Reyna com Edmund. Aqueles ciúmes pareciam distantes e tolos e ele soube que nunca mais se sentiria assim novamente. Nunca duvidaria dela, nem que cem Edmunds se cruzassem em seu caminho para conversar de filosofia. E tampouco ia ressentir-se das lembranças de Reyna daquele homem enterrado debaixo daquela cruz. Robert se tinha convertido em uma espécie de amigo. Não haviam eles dois chegado àquela fortaleza do mesmo modo? Separando-se de sua família e de seu passado, para construir uma nova vida? Ele não era um Robert de Kelso por certo, mas 368
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Históricos estranhamente se encontrava seguindo os passos daquele homem. Ele sorriu diante daquela ironia, porque tinha sido a óbvia semelhança de Edmund com Robert que tinha alimentado seu ciúmes naquela noite. Ele começou a afastar-se e logo fez uma pausa, congelado em um momento sem som. Uma multiplicidade de idéias invadiram sua mente em um segundo. Olhou fixamente a cruz enquanto absorvia a invasão, surpreso e zangado por não haver se dado conta de tão óbvias explicações. Caminhou lentamente pelas escadas, ponderando o que acabava de lhe ocorrer. Sem dúvidas estava certo, e pensou que sabia como comprová-lo. Encontraria a prova, e logo iria até Reyna para lhe contar o que tinha descoberto. Não era um grande mistério, mas ela estaria contente de saber a verdade, especialmente naquele dia em que tinha reunido sua coragem para enfrentar o que ela chamava —todo o problema. Os netos de Alice brincavam no pátio e ele os chamou. —Venham comigo. Necessito de corpos fortes e pequenos, e vocês parecem adequados. Adam e Peter o seguiram para dentro da torre. Ele tomou uma tocha do corredor e eles partiram até o solar. Deu a Adam a tocha e se agachou para tocar as pedras que abriam a parede para a escada escondida. Deveria ter feito isso há um mês atrás, mas... Bem, ele acabara de descobrir de que se tratava. —Desça dois degraus abaixo para nos fornecer luz—, ele instruiu Adam.
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Históricos Ele se agachou no buraco da parede e Ian o seguiu, levando Peter. Ele virou o rapazinho em direção ao nicho. —Vou te levantar e quero que se arraste lá. Devo dizer que pode haver aranhas enormes. A idéia de confrontar aranhas enormes excitou Peter. Ian o levantou para a beira do nicho profundo, logo tomou a tocha para levantar a luz. Peter começou a arrastar-se e a afastar-se. Logo seu pequeno pé estava fora de alcance. —O que há lá atrás? —Muitas teias de aranha e insetos. —Além dos insetos, não há uma armadura e tecidos? —Sim. —Pode puxar o tecido sem rasgá-lo muito? —Está se rompendo. E cheira mal também. Para que quer esta coisa velha? —Passe isso para mim. A mão se estirou para lhe dar o pano esfarrapado. Ian tomou e devolveu a tocha a Adam, logo ajudou a um Peter muito sujo a sair do nicho. De volta ao solar, os meninos esperavam ansiosamente para ver a natureza do tesouro escondido. Ian não teve coração para fazê-los sair, e então eles o ladearam enquanto ele cuidadosamente desdobrava o pano imundo, estendendo-o sobre a cadeira. —É uma velha capa para armadura—, Adam disse com decepção.
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Históricos Ian pensou que aquele trapo de pano explicava muito. Peter localizou as linhas horizontais e verticais onde o tecido escuro era mas claro. —Parece ser parte de uma cruz. E poderia ser vermelha, e aquela parte branca. —É a capa de um cruzado. —Algo assim—, uma nova voz disse. Ian voltou-se para ver Andrew Armstrong de pé perto da porta. — Sem dúvida um Fitzwaryn deixou isso faz muito tempo—, Andrew acrescentou. Os meninos começaram a imaginar o objeto em um guerreiro antigo, especulando sobre as batalhas que ele tinha lutado contra os turcos. Ian sorriu. —Agora, vão ver se sua avó ou os cavalheiros necessitam de vocês para alguma tarefa—, ele disse. Eles partiram, enchendo o corredor com gritos de guerra. Ian e Andrew se encararam em silêncio. —Sabia—, Ian disse. —Eu era seu escudeiro quando ele chegou. Não um escudeiro muito bom, mas ele compreendeu que não era minha natureza, e se ocupou de que os outros não zombassem muito de mim. Nós dois sabíamos que nunca ganharia as insígnias de cavalheiro, e então ele convenceu Maccus que meu valor estava em outro lugar. Eventualmente me converti no mordomo daqui, e mais tarde ele recebeu as terras e eu o servi novamente. —Como soube? Andrew apontou a capa.
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Históricos —A encontrei por engano. Um dia enquanto lhe servia como escudeiro decidi limpar a velha armadura que ele mantinha dentro de umas bolsas, embora nunca mais a tivesse usado novamente. Assim me deparei com isso. Reconheci-a. Perguntei a ele sobre isso. Ele era um bom homem, e eu jurei nunca falar disto. Por isso então já sabia algo sobre quantos secredos alguns homens precisam manter. Ele sabia do meu e eu sabia do seu, e não nos julgávamos. Ian tocou o tecido esfarrapado branco e vermelho. A cruz vermelha em um fundo branco. —A capa de um Templario. Escocês ? —Não, não acredito. Ele tenha estado no oriente quando era moço. Era escocês por nascimento, disso estou certo, mas não viveu aqui por muitos anos e era ainda muito jovem quando voltou. Ele olhou para onde os dedos de Ian permaneciam. —Seu francês era impecável. Ian fez alguns cálculos. —Um dos últimos em ser julgados, eu creio. Talvez o último a morrer. —Não há necessidade de que ninguém saiba. —Ele está morto. Não há nenhum perigo agora. —Mas... —Reyna precisa saber. Os outros, talvez não. Se ele escolheu manter isto em segredo enquanto vivia, podemos deixar que o segredo seja enterrado com ele. Andrew sacudiu a cabeça agradecido. Ele girou para partir, mas fez uma pausa.
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Históricos —Em seus primeiros anos aqui, sempre tive a sensação que ele estava esperando por algo. Ele mantinha uma sutil distancia em relação aos outros, e não fez nenhuma amizade íntima. Inclusive com Maccus, ele escondia algo. —Poderia ter sido esse segredo. O passado tem um modo de isolar um homem—, Ian disse, dando-se conta que ele e Robert tinham algo a mais em comum. —Talvez. Mas enquanto os anos passavam, ele mudou, como se soubesse que nunca viria aquilo que esperava. Sabia que estava aqui para ficar. Andrew encolheu os ombros e caminhou para a porta. —Não é um segredo tão ruim. Não há nenhum pecado nele. Ian dobrou cuidadosamente a capa. Guardou-a em uma de suas próprios arcas, logo foi para os livros para investigar ainda outro ponto que inquietava sua memória. Pouco tempo mais tarde fez duas pilhas, uma alta com os Evangelhos, São Tomas de Aquino e São Bernardo, e outra menor, com o herbário e uns tratados seculares. Virou para partir, mas se deteve. Levantando o pequeno Livro das Horas da pilha alta, abriu-o e arrancou sua primeira página, logo o colocou na pilha com o herbário.
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Históricos
Capítulo 26 Reyna se sentou no chão, contra a pedra que ela e Ian tinham compartilhado no dia que ela havia escapado de Aymer, sentindo o calor em suas costas, pensando que realmente devia terminar aquilo ou Ian começaria a preocupar-se e viria procurá-la. Olhou novamente o dintel da entrada antiga e as bases da fortaleza. Sim, tinha acontecido ali, ela estava segura. Entretanto parecia diferente e não tão ameaçador, possivelmente porque ela o via a partir de outro ângulo, e não da escuridão . As lembranças e as imagens tinham vindo claramente, quase muito claramente, uma vez que ela soubera o que procurava. Não 374
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Históricos com a correspondência do relato de um conto, a não ser em lampejos de imagens, sons e emoções. Dois corpos, não um, mas ela quase não tinha visto o segundo depois do horror do primeiro. Duncan amaldiçoando ruidosamente, gritando para alguém que tirasse a menina. Uns braços fortes agarrando-a, arrastando suas costas na escuridão. Uma mão cobrindo seus olhos quando ela foi retirada. Tinha esquecido imediatamente? Quando havia começado a acreditar que sua mãe vivia numa abadia? Toda sua infância se convertera em um borrão confuso, exceto durante aqueles pesadelos e terrores. Por outro lado era como se sua vida tivesse começado no dia que Robert a tinha encontrado na cripta. Ela se levantou e ajeitou seu vestido. Já havia feito suas preces por aquela pobre mulher cuja tristeza tinha terminado ali. Duncan a tinha forçado a ver a morte de seu amante primeiro? Os gritos distantes em seu terror sugeriam que ele o fizera. Ela se aproximou do dintel. Um nó em seu estomago. A escuridão não a havia assustado durante duas semanas desde que havia retornado de Harclow, mas Ian normalmente estava perto dela para confortá-la. Daquela vez seria diferente. E não se tratava de um corredor ou um quarto ou uma cripta, mas sim do lugar onde todo aquele problema tinha começado. Ela entrou nas profundidades das velhas ruínas e seguiu corajosamente em frente, até que perdeu a última luz e enfrentou a escuridão. O suor cobriu suas palmas e seu coração pulsou rapidamente, mas o medo descontrolado se ausentou. Procurando na escuridão seu caminho junto à parede de pedra, ela prosseguiu
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Históricos adiante até que encontrou uma curva leve e a entrada às suas costas desapareceu. E então ela se deteve com horror. Vozes lhe murmuravam, vindo das pedras. Na escuridão se ouviu uma risada baixa. A pedra debaixo de sua mão ressoava o som como seu espírito os ouvia ecoando ao redor dela. Não, ela gritou internamente, soltando sua mão e voltando-se para confrontá-los. Terminou. Não mais! Virou para correr, mas o choque a desorientou. Cegamente esticou a mão, procurando a parede, mas sua mão só encontrou a escuridão. Tropeçando para frente, com o pânico crescendo, ela lutava para respirar e rezou para achar a direção da entrada. Então, de repente, estava esparramada no chão, seu rosto contra o chão pedregoso, seu corpo em uma posição antinatural. O impacto esclareceu sua mente. Procurou na escuridão a seu redor e se deu conta que tinha caído em um buraco com o meio corpo de profundidade. Sua mão apalpou uma pilha de terra e pedras. As pedras ainda lhe falavam. Não, não as pedras. O som não vinha delas. O sussurro estava acima, mais adiante. Sentiu alívio. Ian devia ter vindo, e havia trazido alguém com ele. Ela se arrastou para fora do buraco e começou a caminhar em direção às vozes. Seu pé golpeou outra pilha de terra. Se moveu à esquerda até que encontrou a parede de pedra. Encostada contra ela caminhou para frente. Depois de um momento pôde ver uma luz muito fraca. Isso não tinha sentido. Se estava voltando para a entrada, como podia não ter visto todos estes obstáculos quando entrou? 376
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Históricos A passagem se curvava um pouco, e de repente a luz se fez mais forte. Uma sombra enorme interpunha-se adiante, e ela conteve sua respiração em choque. Outra sombra se moveu e tomou forma humana e olhou em sua direção. Deteve-se e estendeu um braço. —Agarrem-na. Soava como uma ameaça, embora não essa sensação. Entretanto, ela virou sobre seus calcanhares e começou a correr. Passos soaram atrás dela. Braços grandes a agarraram e a levantaram, levando-a em direção à luz. Finalmente, encontrou-se acomodada sobre uma pedra grande entre duas tochas. A passagem se fazia mais larga ali, e ela olhou confusa. Viu pedras e cabos de pás e enxadas no chão. Mantas e sacos de couro apoiados contra uma parede. Olhou o peito nu acima dela, e logo o rosto preocupado de Reginald. —O que está fazendo aqui, Reyna? Robert me disse que temia à escuridão—, uma voz disse. Edmund caminhou ao redor de Reginald. A luz da tocha transformou seu cabelo em um halo de fogo. Edmund também estava nu até a cintura, e o suor fazia brilhar seu corpo. —O que estão fazendo aqui? Por que estão cavando? Quanto tempo estiveram aqui? Edmund se sentou a seu lado na pedra. —Muito tempo. Estava-se tornando entediante, mas devemos terminar logo. Ele a olhou curiosamente.
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Históricos —Talvez tenha feito bem em vir. Robert estava tentando te dizer isso perto de seu fim. Reginald o ouviu falando uma noite, Robert não estava consciente que você não estava a seu lado. Ouviu o suficiente antes que se detivesse, é assim que sabemos está aqui. Por que não nos contas o resto, Reyna, e nos economiza mais dificuldades. Nesse momento estou disposto a compartilhar. —Fala enigmáticamente—, ela disse com exasperação, ficando de pé. —É melhor que parta imediatamente, Edmund. Jurou levar Reginald para longe daqui, e se Ian os encontra... Ele a sentou com um puxão. —O inglês está com você? Fez com que seu cavalheiro viesse também? Não gostou de seu tom perigoso. Seus dedos apertaram seu braço. —Não, ele não está aqui. Mas virá. Edmund olhou para Reginald e sacudiu sua cabeça em direção à passagem. Levantando um machado de guerra de seu lugar em uma pedra, Reginald foi para a escuridão. —O que vai fazer?—, Reyna perguntou. —Vou confirmar que você diz a verdade, e se livrará de Ian se não o diz. Ele soltou seu braço e a olhou pensativamente. A luz sombreava as maçãs de seu rosto e seus olhos. Ele parecia tão diferente de como se lembrava dele. —Por que está cavando aqui?—, ele sorriu a seu modo de superioridade gentil. —Um tesouro. Por que outra razão dois homens trabalhariam como bestas por semanas cavando nas entranhas destas ruínas? 378
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Históricos Robert o escondeu aqui. Escondeu isto quando voltou da França, e logo o mudou para este lugar depois que se casou com você. Contou sobre isto a você, não é verdade? Quando ele estava doente, antes de morrer. Queria que você o entregasse ao bispo, como tinha planejado fazer. Reginald leu a carta de Robert, e sabemos o que dizia. —OH, Santos céus tenham clemência, Edmund. Não está aqui o tesouro. Os livros estão onde sempre estiveram, no solar. Isso era o que ele queria dar ao bispo. Esses são os objetos valiosos que trouxe da França. A expressão perplexa de Edmund se manteve por um momento, e logo seu rosto mostrou um sorriso zombeteiro. —Livros? Livros? Pensa que se trata de livros?— Ele agarrou seu rosto. —O que está enterrado aqui ultrapassa em muito aqueles poucos livros. É ouro, muito ouro e jóias. Suficiente para comprar centenas de livros. Ele a examinou, seus olhos com uma expressão ardente, seus dedos apertando suas faces. —Me conte o que ele disse, Reyna. —Ele nunca me falou sobre este lugar, nem sequer quando estava morrendo. Ele quase não estava consciente naqueles dias —. Sua mão caiu, soltando-a. —Então é inútil para mim—. Seu tom lhe arrepiou e seu sangue circulou freneticamente. —O que lhe trouxe aqui, é uma desgraça para você. —O que quer dizer? Um mau pressentimento a invadiu. Ele a ignorou. —Maldição com este plano—, ele murmurou. —Robert poderia ter morrido durante seu sono como a maioria dos homens 379
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Série Medieval 6 - O Lord das Mil Noites
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Históricos velhos, e levar este segredo para tumba, se tivesse deixado as coisas como estavam, eu teria esperado tranqüilamente. Então você teria vindo para o norte e esta terra teria sido sua e poderíamos ter procurado o tesouro tranqüilamente depois disso. Mas ele teve que escrever aquela maldita carta, e aquele seu cavalheiro teve que casar-se com você. Bem, não há solução para isso agora. Ele apertou sua mão e golpeou levemente sua face com a outra. Sua atitude totalmente afetuosa a deixou gelada. —Procurarei um modo que não doa, mas deve parecer um acidente, ou que seja o ato de outra pessoa. Aymer talvez. Sim, isso funcionaria. Reginald e eu vimos esse pequeno ataque que tiveram aqui. Foi bom que tivéramos que partir para conseguir provisões, mas ninguém entrou aqui, de qualquer maneira. Talvez possamos fazer parecer que os Grahams lhe castigaram por se casar com o inglês... —Não!—, uma voz ressoou. Reginald apareceu com o lampião no extremo da passagem. —Não vai matá-la. Disse-me que a daria para mim. Edmund ficou de pé com um suspiro de exasperação. —Te expliquei isto repetidas vezes. Não podemos fazer isto do modo que planejamos, não é verdade? Não com Fitzwaryn tomando as terras, e com ela casada com Ian. —Dá no mesmo para mim, jurei a Robert protegê-la. —Maldição,
você
envenenou
aquele
homem.
Em
comparação, o que é faltar a um juramento? Reyna ofegou. Reginald? Não Aymer, mas o homem de confiança de Robert? 380
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Históricos —Você me fez fazer isso—, Reginald disse. —Não te fiz fazer nada. Você queria o ouro, e você disse a você mesmo que ele era um velho e que morreria de qualquer maneira. Depois não seguiu minhas instruções corretamente com o veneno, e então todos souberam que ele tinha sido envenenado. Edmund olhou para Reyna como desculpando-se. —Imaginava que ia ser rápido, deveria ter parecido uma morte natural. Ele lançou um olhar severo a seu irmão. —Ao menos o idiota teve a idéia de esconder o herbário quando as pessoas começaram a suspeitar de você. A afronta derrotou seu medo repugnante. —Você fez isso?—, disse a Reginald. —Assassinou a seu Lorde e a seu amigo? Um homem que confiava em você? —Ele estava velho e teria morrido logo de qualquer maneira—, Reginald disse defensivamente. —Mas você não é velha, e não deixarei que nada mau te aconteça. Edmund levantou os braços com frustração. —Devemos deixá-la partir e contar ao marido tudo o que descobriu? —Ela ficará conosco e... —E ele vai trazer cem homens para procurá-la. Quando ele o fizer, deixemos que a encontre, mas que não seja capaz de falar. Se quer dormir com ela antes, eu não tenho objeção. Reginald vacilou e a olhou, e Reyna sentiu náuseas. Ele voltou-se para seu irmão, agarrando firmemente seu machado de guerra. —Não...— Edmund emitiu um suspiro profundo. —Suponho que já sabia que poderíamos chegar a isto. 381
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Históricos Ele se afastou, das sombras tirou sua espada. —Baixe o machado, irmão. Vê acima aonde estão os cavalos escondidos, toma um e vá. Está fora de tudo isto agora, eu me ocuparei. —Não posso. —Não, com o modo que concebe o mundo, suponho que não pode—, Edmund disse com pesar. Ele avançou com sua espada levantada. Era um espaço pequeno, e a batalha se desenvolveu muito perto de Reyna enquanto eles trocavam golpes obstruindo seu caminho. Ela se expremeu contra a parede, forçando-se a observar para evitar que o golpe de uma arma a acertasse. O frio das pedras era igual ao que ela sentia, pois qualquer que fosse o fim daquela batalha, com qualquer um que ganhasse, ela não estaria segura. Finalmente, a determinação de Edmund de matar a seu irmão ultrapassou a de Reginald. Ela observou com horror como a espada se cravava em seu peito musculoso. Reginald olhou para seu irmão em choque enquanto seu corpo caía. —Não tinha que matá-lo—, Reyna disse, rompendo o silêncio glacial que seguiu. —É sua culpa. Porque veio aqui. Deveria haver ficado na cama com seu cavalheiro hoje. Eu tinha convencido a Reginald que ele nunca poderia tê-la, não depois que ele ficara impaciente e tinha arruinado a oportunidade de afastá-la daqui. Em Edimburg haveria tempo para te convencer da lógica de tudo isto, mas se casou com Ian... Se não tivesse vindo hoje...—, ele olhou para Reginald. — Sempre lhe adverti que seu sentido de dever lhe causaria a morte.
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Históricos Sua falta de dor a assustou. Edmund caminhou para ela e Reyna
retrocedeu
horrorizada
para
a
parede.
Ele
sorriu
tranqüilizando-a. —Não, não ainda. Não aqui. Lá fora, nas grandes pedras, penso, de modo que seu cavalheiro te encontre facilmente. Não quero que ele entre aqui para te procurar. —Talvez ele não venha me buscar. Ele foi forçado a nosso matrimônio. —Ele deverá te procurar, com matrimônio forçado ou não, ele está bastante apaixonado por sua esposa virgem. Os olhos de Reyna dilataram. Ele riu de sua reação. —Claro que sabia, pequena Reyna. —Robert não contou a ninguém. —Ele não me contou isso, mas eu sabia. Naquela primeira visita adivinhei o que ele era. Quem era. E soube com certeza quando vi os livros. —Os livros? Disse que procurava um tesouro, não os livros. Se me forçará a morrer, pelo menos me explique tudo. Que tesouro? Que ouro? —O ouro dos Templarios—, a voz de lan disse. O coração de Reyna saltou com alívio. Ian emergiu das sombras da passagem. —Ouro dos Templarios, do templo de Paris—. Edmund caminhou para o centro do espaço entre duas cavernas, sua mão segurava forte no cabo da espada. —Tome cuidado, Ian. Ele acaba de matar Reginald, e ele matou Robert também. —Eu não o matei. 383
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Históricos —Reginald se equivocou em suas instruções, e é como se você tivesse cravado um punhal em seu pescoço. Ian desenbainhou sua espada. —Bem, Edmund, nunca lutei com um monge antes, mas estou ansioso por experimentar. É um homem muito inteligente se só os livros lhe disseram o segredo de Robert. —Suspeitei faz tempo. Sua viagem ao Oriente, sua estadia na França. Sua súbita aparição aqui sem a história de um passado. Os livros só confirmaram a suspeita. A Igreja tem uma descrição dos bens nunca recuperados do templo de Paris. O ouro e a biblioteca. —Então quando viu aqueles volumes marcados com as iniciais J.M., soube que estava certo. A biblioteca de Jacques Molay, o Superior dos Templários. Por que não confrontou Robert e reclamou os bens para a ordem dos Hospitalares? Edmund riu. —E dá-los a minha ordem se ele renuncisse aos bens? Os monges de Saint John já são suficientemente ricos. Era meu destino apoderar-me daquilo. Estava predestinado desde o dia em que os Templarios enviaram o tesouro para cá com seu cavalheiro mais jovem. —Eles não o enviaram para cá para você ou para os Hospitalares, e Robert sabia disso. Não é difícil ver o que aconteceu há todos aqueles anos atrás. Robert foi enviado para longe para que não participasse da perseguição dos templarios e com a esperança de que a ordem se renovasse. Mas isso nunca aconteceu, e Robert de Kelso se encontrou a si mesmo com um tesouro que não lhe pertencia. Ele suspeitou que sabia quem era ele? 384
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Históricos —Não, fui cuidadoso, e ele também foi. Muito cuidadoso, o que só alimentava minha curiosidade. Ele nunca me falou dos Templarios. Supus que você tampouco sabia, apesar da virgindade de sua esposa e da vaga história sobre o passado de Robert. —Por que eu descobriria? Aquela ordem desapareceu faz tempo. Foi você que me falou dos templarios, recorda? Ian apontou a passagem. —Vá agora. Se se mover rapidamente pode estar no mar antes que eu fale sobre seus crimes ao bispo e ao superior de sua ordem. Dou a você uma oportunidade de escapar com vida. A cabeça loira se inclinou para trás, e Edmund estudou Ian com olhos astuciosos. —Você sabe onde está—, Edmund disse. —Acredito que está errado sobre o ouro, e Robert nunca o teve consigo. Ele acreditaria que os livros eram tesouro suficiente para proteger— Ian disse. —Mentira. Planeja ficar com o ouro. Não espere que vá deixálo com isso. Disse a Reyna que estou disposto a compartilhar. Vamos, baixemos nossas espadas e nos tornaremos companheiros nisto. Metade para cada um. Ian olhou o corpo inerte de Reginald. —Já vejo como lida com seus companheiros. —Meu irmão precisava reivindicar sua honra faz tempo, mas você não é um homem ao qual se pode enganar facilmente. Trabalharemos bem juntos, Ian. Com os outros pecados em nossas almas, o roubo deste ouro é uma coisa pequena—. Suas insinuações enfureceram Reyna.
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Históricos —Crê que pode se comparar com Ian, Edmund. Você um assassino a sangue frio, e... —Não disse a ela—, Edmund interrompeu com surpresa. — Pensava escondê-la aqui e esperar que ela nunca descobrisse? Os olhos de Ian ardiam. Edmund sorriu. —Se deveria dizer a ela? Eu nunca trairia um sócio..., mas ele deixo a oferta suspensa no ar. —Não há nada que possa me dizer que faça alguma diferença —, Reyna disse, captando a atenção de Ian, tentando lhe dizer que qualquer decisão que ele tomasse a respeito de Edmund, não deveria ser por causa daquele segredo. —Não há?—, Edmund levantou uma sobrancelha para Ian. — Não há? Ian não se moveu ou falou, mas sua mandíbula se apertou como um homem esperando um golpe. Olhou fixamente para Edmund, mas seu silêncio dizia sua resposta. Edmund sacudiu a cabeça. —Você foi do céu ao inferno com sua escolha de maridos, pequena Reyna. Informei-me sobre este aqui por um de seu próprios homens, um cavalheiro que temia que meu interesse por você fosse luxurioso, e procurou me advertir explicando quão perigoso este capitão podia ser. Uma careta de desdém torceu seu rosto. —Você me condena por causa de Robert e Reginald? Então o que me diz de um homem que matou a seu próprio pai e que se deitou com sua própria mãe?
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Históricos Reyna ofegou em choque. Virou para que Ian o negasse. Uma expressão angustiada apareceu em seu rosto, e ele se recusou a encontrar seu olhar. —Eu por menos cometi meus pecados por uma objetivo que vale a pena—, Edmund disse. —Um objetivo pelo que vale a pena morrer, espero—, Ian disse. —Nos deixe, Reyna. Edmund tomou uma posição de batalha. —Ela fica. Se ela se mover, a ferirei. —Então vamos terminar com isto, monge. Reyna gritou quando eles entraram em batalha, e seus olhos seguiram cada golpe das espadas enquanto se expremia horrorizada contra a parede de pedra. Ian era forte e hábil, mas a determinação selvagem de Edmund parecia redobrar seu perigo. Ian lutava em desvantagem, não conhecia o terreno das cavernas, e procurava manter-se longe da parede onde ela estava agachada. Então Edmund lhe fez um corte. Um filete de sangue manchava a túnica de Ian. Imediatamente Ian liberou toda sua força de guerreiro. Metodicamente, cruelmente, ele bloqueou cada golpe que Edmund oferecia. Quando Edmund tentou mover a batalha em direção à parede, a espada de Ian o cortou na parte superior do braço. —Aproxime dela e te cortarei em pedaços antes que morra— Ian grunhiu. Ian teve várias oportunidades para terminar com ele, mas retrocedia todo tempo, recusando-se a dar a punhalada que mataria seu oponente. Finalmente, dois rápido golpes incapacitaram o braço da espada e uma perna de Edmund. Edmund caiu ao lado de uma 387
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Históricos das cavernas, apertando suas mãos contra suas feridas enquanto o sangue escorria por seus dedos. Ian estava acima dele, a luz da tocha o fazia parecer um anjo vingador. Sua espada se deteve no alto, pronta para cortar a cabeça de Edmund. Reyna observou, em sua expressão furiosa, Ian julgar a decisão a tomar. —Se o fizer, faze-o por Robert, e não pelo segredo que ele revelou—, ela aconselhou com seu coração. Com um insulto, Ian chutou a espada de Edmund para um lado e baixou a sua própria. Dando passos longos foi até ela, se agachou e rasgou a borda inferior de sua saia. Com a tira de tecido, voltou para atar as feridas de Edmund. Depois encontrou uma corda e lhe amarrou as mãos e os pés. Ele olhou para o monge surpreso. —A tentação de te matar e te enterrar aqui é forte, mas deixarei que o bispo se ocupe de você. Não explicarei o desaparecimento de um Templário nestas terras. Ian levantou uma pá. —E sim, sei onde está o tesouro. A boca de Reyna se abriu com surpresa. Ian a tomou pelo braço. —Observa as cavernas—, ele instruiu enquanto a guiava pelo corredor. —Como soube, Ian?—, ela perguntou. —Robert um Templario... é tudo muito fantástico. —Tudo encaixa. Um voto de celibato que ele manteve em segredo. Sua chegada aqui mais ou menos cinco anos depois que Jacques Molay era executado e alguns anos depois que a ordem 388
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Históricos era dissolvida. Suspeitei que ele tinha ido por outros conventos procurando refúgio primeiro, mas eventualmente as ordens do Papa lhe fecharam todas as portas. E então ele veio para cá e esperou para entregar os bens que tinha conseguido salvar, no fundo ele sabia que aquele dia nunca chegaria, e então o tesouro se converteu em um fardo. —Por que não dá-lo aos Cruzados? —Provavelmente Robert não queria que a Ordem de Saint John o tivesse. Os Templarios suspeitavam que os Cruzados incitaram sua dissolução. Para enriquecerem-se a eles mesmos. Eles emergiram à luz do sol. —É verdade? Sabe onde está o ouro?— Ele não a olhou. —Acredito que sei. Descobriremos logo se tiver razão. Ele apoiou a pá contra uma pedra, e tirou um fragmento de pergaminho de sua manga. —Estava em seu Livro das Horas. Penso que Robert teve alguns momentos de lucidez antes de morrer, e desenhou isto. Ele tinha planejado te dizer o que significava. Mas o dia que tentou falar, você não estava lá e Reginald ouviu a confissão. Ela olhou as linhas e os círculos. —O que é isso? —Um mapa. Não como normalmente são desenhados, mas mais precisos. David os faz deste modo. Olhe, aqui, o fosso e a ponte, o quadrado é a fortaleza de Black Lyne. Sustentando o fragmento ele se moveu até que a fortaleza de Black Lyne estava posicionada em frente a eles. Ian caminhou para o extremo da ponte e escrutinou o fosso mais abaixo. Tomando a pá ele caminhou diretamente ao declive debaixo da ponte, e Reyna 389
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Históricos apressou-se atrás dele. Verificando sua posição em relação à grande pedra e a fortaleza, ele começou a cavar. Ian tirou uma bolsa de tecido podre, e a arrastou para fora do buraco. Um débil reflexo apareceu pelos buracos feitos pelos vermes. Reyna o ajudou e seu pulso se acelerou quando o saco se abriu a seus pés. Suas mãos se agitaram quando ela colocou o conteúdo no chão. Objetos. Objetos valiosos. Um cálice de ouro com pedras azuis incrustadas, e dois candelabros pesados de ouro puro. Um tesouro sem dúvidas. —Pertenciam a sua capela—, Ian murmurou. O ouro brilhou à luz do sol. —OH, Ian, são tão bonitos. —Sim. E muito, muito valiosos. Ele pensativamente caminhou uns metros, as mãos nos quadris. Ele olhou para cima, onde Edmund estava preso. —Maldição. Ninguém sabe que está aqui, só ele e nós—, ela disse. —Mas se quer ficar com isso terá que lhe dar algo, ou ele dirá que veio aqui para recuperar isto para sua ordem e que você inventou o conto do assassinato de Robert. —Ele não poderia reclamar nada se estivesse morto. —Não o matou no calor da batalha. Voltaria lá e o faria agora? —Por que não?—, ele seriamente disse. —Ouviu o que ele disse, um homem com meus pecados é capaz de qualquer coisa. Especialmente por um prêmio como este. Ele a olhou nos olhos pela primeira vez desde que tinham deixado as cavernas. Um desafio insolente ardia em seus olhos, desafiandoa a reagir e discutir. Desafiando-a a condená-lo. 390
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Históricos —Eu não acredito—, ela disse. —Deveria. É a verdade. —Há muito que não sei sobre você, Ian, mas o homem que amo nunca fez uma coisa assim, e não foi como ele disse. —Mas bastante próximo disso. Ela tinha prometido não perguntar sobre seu passado. Se ele não o tivesse mencionado, ela teria fingido que Edmund nunca tinha falado e só teria confiado seu amor ao Ian que ela conhecia. Mas diante de seu desafio, sua expressão mostrava uma dor que rasgava seu coração. —Quanto próximo? Ian caminhou para o candelabro e o chutou furiosamente. Este voou e caiu no fosso. Ela com calma foi e o recuperou. Quando voltou ele estava de pé com o cálice a seus pés, uma resignação amarga estava escrita em seu rosto. —O que vou dizer não vai gostar. —Ainda duvida de meu amor, Ian? Está tão certo do que vou pensar? —Estou certo, mas lhe direi isso do mesmo jeito, porque não foi como ele disse, e quando te perder pelo menos será por causa da verdade. Ele fez uma pausa como se organizasse suas lembranças e as forçasse a sair por seus lábios. —Disse uma vez para você que fui servir a um Lorde vizinho como escudeiro. Ele tinha uma filha jovem. Ela tinha o cabelo como fogo e a pele como neve, e eu a adorava. Em todos aqueles anos nós rara vez falamos e nunca nos encontrávamos porque ela era mantida presa com as outras mulheres por proteção. Então, eu 391
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Históricos realmente não a conheci, mas a amei. Quando estava mais velho eu ia fazer os votos da Igreja, mas enquanto isso me deitava com moças e prostitutas, fingindo que estava com ela, e depois me odiava por havê-la desonrado em minha mente. No momento em que esperava ganhar minhas insígnias de cavalheiro, ela estava em idade para casar-se, mas eu sabia que era impossível. Eu era um filho mais jovem, e ela não podia ser minha. Ele não menciona seu nome, Reyna pensou. Nem o fará. —Aquele último ano na fortaleza vizinha, meu pai e seu irmão vieram me visitar. As propriedades não ficavam muito longe, mas eles não tinham visto a beleza que ela se tinha transformado. Minha mãe estava morta, e meu pai ainda não tinha quarenta anos. Ele lhe propôs matrimônio na primeira noite. —OH, Ian. —Sim, um momento de puro inferno quando o ouvi. Sua família estava encantada com o novo casal. Mas eu teria a moça que amava como minha nova madrasta, a idéia dela compartilhando a cama de meu pai, me deixou doente. —Não fez nada mau. Não podemos ser culpados pelo que nossos corações sentem. —Jesus, é tão inocente, Reyna. Se todos fôssemos... Suas palavras eram apenas audíveis. —Meu pai ficou. Um compromisso estava planejado para a semana seguinte. Eu fingi sentir alegria por ele, mas era uma agonia. Por um lado, a moça que nunca havia falado comigo estava falando muito, de repente. Os olhos que rara vez me notavam pareciam encontrar-se com os meus constantemente. Finalmente, um dia, enquanto nossos pais estavam caçando falcões, ela me 392
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Históricos mandou uma mensagem me pedindo encontrá-la no jardim detrás da fortaleza. —Você foi? —Minhas pernas me levaram até lá enquanto minha cabeça me dizia que não fosse. Não sei o que esperava, mas sei que meu coração secretamente tinha rezado, e pensei que aquelas preces tinham sido respondidas... mas pelo diabo. Ela me beijou, e eu não tive nenhuma lembrança depois disso. Ian a olhou, e seu olhar disse tudo. Ela não teve que perguntar o que tinha acontecido. —Nos encontraram. Os homens voltaram enquanto o salão era um caos e sua mãe estava chorando. Minha amada estava assustada e perplexa em absoluto silencio. Suas pálpebras, baixas. Enquanto eu era acusado de estupro, ela não disse uma palavra. —Como pôde permanecer muda quando foi acusado? Não importa quão assustada estivesse, deveria ter falado. Seu grande choque não tem sentido. —Terá—. A amargura enchia sua voz. —Meu pai tinha um temperamento volátil, e este se acendeu como uma tocha quando ele ouviu a história. Então diante de toda aquela gente, ele me desafiou. Gritei minha inocência como pude, mas uma hora depois de ter aquela moça em meus braços, achava-me no jardim enfrentando meu próprio pai com uma espada na mão. Uma dor horrível se alojou na boca do estômago de Reyna. Ela quase sabia como o conto terminaria, e quase o suplicou para que se silenciasse. —Ela observava. Todos eles observavam. Nunca tive tanto medo e confusão em toda minha vida. Aquele era meu pai, e ele 393
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Históricos vinha para mim cheio de fúria, e eu estava certo que ia morrer. Mas eu era jovem e hábil, e estavámos mais parecidos do que acreditava. Não sei quanto tempo lutamos, mas finalmente ele deu um passo atrás por um momento. Naquela pausa, olhei para ela, e por sua expressão soube que ela tinha planejado tudo, que ela não queria o matrimônio, que ela o queria mutilado ou morto para livrarse dele, e que me tinha usado para aquele fim. —Por que você? Por que não qualquer dos outros? —Talvez ela soube que ele estaria mais cego brigando com alguém de seu próprio sangue. Talvez ela tinha ouvido que eu era bom com a espada. Provavelmente ela somente reconheceu o idiota que eu era quando me viu. Me voltei e vi meu pai também olhando-a. Quando seus olhos encontraram os meus novamente, soube que ele tinha visto o mesmo. Se deu conta que os dois tinham sido feitos idiotas, mas ele se apaixonara por ela também. Algo lhe aconteceu. Eu pedi que pusesse um fim aquilo, mas ele não o fez. Talvez foi orgulho, mas penso que era desespero. Eu esperava que
declarassem
um
empate. Ambos
estávamos
cansados, e nossos golpes se tornaram descuidados. Ele baixou a guarda, e se jogou sobre a lâmina de minha espada. Reyna ansiava poder dizer algo para acalmá-lo e aliviar a culpa escrita em seu rosto. —Ele não morreu imediatamente. Fiquei com ele, e nunca falamos sobre ela todo aquele tempo. Ele me perdoou e fez com que meu irmão o fizesse também, e pediu a meu Lorde que viesse e me consagrasse cavalheiro em sua presença. Depois me deu um pouco de dinheiro e me disse que fosse com a família de minha mãe, para longe das intrigas e fofocas que já estavam dizendo, que 394
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Históricos eu desejava a minha nova mãe e que tinha matado meu pai para têla. —Mas não era assim. Ela ainda não estava casada com ele. —Um ponto muito pequeno, Reyna. —Um ponto muito importante. Você nunca o teria feito... se o compromisso tivesse sido selado. —Está tão certa disso? Eu confesso que não estou tão certo. —Eu estou. Você não procurava matar seu pai. Como puderam aquelas pessoas dizer tais calúnias? —As pessoas só sabem o que viram. Este conto poderia soar muito diferente vindo de outra boca—, ele disse. —Tratei de inventar desculpas para ela a princípio. Tentava convencer a mim mesmo que ela procurava minha morte, não a de meu pai. Talvez ela não era virgem, e minha suposta violação proveria uma explicação. Não me era impossível aceitar que alguém tão jovem pudesse ser tão má. Mas enquanto eu estava em Londres, ouvi que ela se casou com meu irmão. O Lorde velho ou o segundo filho não eram suficiente para ela, mas o herdeiro jovem era outra história. Pensei que isso era o que ela queria o começo. Então ela necessitava meu pai morto antes do compromisso, pois um filho não pode casar-se com a esposa de seu pai morto. —Seu irmão sabe de tudo isto? —Perguntei-me durante algum tempo se ele tinha sido cumplice em tudo isso, mas não posso acreditar isso dele. Mas quando voltar a Guilford o descobrirei. E farei saber a ela que eu sei que ela matou meu pai através de mim. —Você realmente não...
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Históricos —Eu fiz, Reyna. Aceitei essa verdade há muito tempo atrás. Estou agradecido porque tenta me defender. Pensei que fosse condenarme. Ele parecia cansado, como se contar aquela história lhe tivesse tirado a força. Ela o abraçou e esperou que ele pudesse sentir seu amor. —Como poderia condenar se foi acusado injustamente. Devia oferecer seu pescoço para ser morto pela espada de seu pai? —Ele me deu a vida. A maioria diria que tinha direito a tomála. Eu não era inocente, e o parricídio sob qualquer condição é imperdoável. —Nada é imperdoável—, ela disse. —Eu penso que você nunca perdoou a si mesmo. Penso que acreditou que aquele ato revelava e determinava sua verdadeira natureza e deixou que sua alma fosse à deriva. Mas sua verdadeira natureza é terna e boa, Ian. Nunca poderia te amar se não sentisse isso. —Não, amor, não tão bem. Você me faz melhor do que sou. Ele a abraçou e enterrou seu rosto contra seu pescoço, como se ele retomasse a essência vital. —Deveria ter demonstrado mais força de vontade e adivinhar o que ela queria de mim. Foi uma lição dura, mas eu a aprendi muito bem. Ele finalmente a soltou e levantou o cálice. —Há mais coisas, acredito. Quatro linhas cruzam o círculo do fosso. Isto é só parte do tesouro. Penso que umas centenas de libras pelo valor de ouro. —Não me importa o que decida fazer. Não pertence a ninguém. 396
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Históricos —Se entregar Edmund à Igreja, provavelmente nunca se fará justiça. Os tribunais eclesiásticos protegem a seus próprios membros, e eles nunca executam seus clérigos. Ele vai assegurar que matou seu irmão em defesa própria, e não existe nenhuma prova a respeito do assassinato de Robert. Ele vai inventar uma história que eles vão ficar contentes em acreditar para não condenar um Cruzado. —É mais fácil então lhe dar um pouco de ouro e que se vá. Ele deixará a Escócia se você exigir. —Ele te enganou, Reyna. Foi a seu marido e a seu amigo quem ele matou. Foi sua vida a que pôs em risco. Este ouro recompensa tudo isso?— Realmente? O metal amarelo reluziu, oferecendo enterrar toda sua dor em luxos nunca imaginados. Se o ouro tinha aquele efeito nela, o que aconteceria a Ian, que tinha saqueado tesouros por anos? —Você decide, Ian. Eu não posso. Você descobriu isso. Ele passou seu dedo por sua mandíbula e levantou seu queixo. —Isto asseguraria nosso futuro e o de seus filhos. —Sim, isso é certo. —E poderia fazer com que esta humilde fortaleza fosse forte e segura, e compraria uma casa em York ou em Londres. —Robert nos queria ver seguros. Ele olhou o ouro que segurava. —Então, por que me sinto como se isto fosse pior que um roubo? Guardar o ouro significa não fazer justiça a Robert.
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Históricos Ela sentiu a batalha dentro dele. Não lhe importava que curso de ação escolhesse, mas se perguntou se a ele importava. —Então, o que fazemos, Ian? Ele passou seu dedo polegar por uma pedra azul. —Safiras, acredito—. Ele suspirou, sacudiu sua cabeça, e sorriu maliciosamente. —Se em dez anos estiver empobrecido, amaldiçoarei a mim mesmo. Ela sentiu um bater de asas de alegria em seu peito. —Há suficiente para mim aqui. Haverá suficiente para você? Ian voltou seu olhar e a olhou nos olhos. O ouro em sua mão deixou de existir. —Te amo com todo meu coração, Reyna. Sempre haverá suficiente para mim—. Ele colocou o cálice e os candelabros na sacola. —Levaremos estes à fortaleza. Mais tarde, depois que envie alguns homens para procurar Edmund, eu voltarei e encontrarei o resto. Enviaremos Edmund, o ouro e os livros a Glasgow. Diremos ao bispo que os livros são para uma escola na abadia, mas o ouro será usado para ajudar aos pobres e aos órfãos e viúvas da guerra. Eles subiram à ponte para procurar seus cavalos. —Sentirei saudades dos livros mais que do ouro—, Reyna admitiu. —Só enviaremos aqueles com as iniciais de Jacques Molay, não todos eles. Ela fez uma careta. —Aqueles são todos livros de filosofia. —Sabe de cor, querida. Pode passar os invernos me explicando tudo o que estudou, e eu argumentarei contra sua lógica. As discussões manterão sua memória fresca. 398
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Históricos —O Livro das Horas terá que ir-se. Sei de cor também, mas sentirei saudades. —Esse fica. —Mas tem as iniciais, estou certa. —Olhei antes de vir para cá. Não vi nenhuma das iniciais na primeiro pagina. Ele a levantou sobre sua sela. —Ian—, ela disse, olhando-o desconfiadamente. Ele olhou para cima com um sorriso. Santo Deus, que sorriso. —A gente nunca é muito bom, Reyna.
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Capítulo 27 —Sentirei saudades disto—, Reyna disse preguiçosamente. Ela estirou seu corpo nu contra o de Ian, e as flores que ele tinha entrelaçado em seu cabelo caíram sobre seu rosto e seu peito. Ela guardava como um tesouro aquela sensação, sabendo que poderiam passar meses antes que eles pudessem estar próximos do rio novamente. Já se sentia o frio do inverno Ian e ela só se tinham aventurado a nadar brevemente. —O inverno tem seus próprios prazeres—, Ian disse. O fogo da lareira. Vinho quente. As noites mais longas. —E eu poderei usar meus novos vestidos. Foi muito amável de David trazer o tecido de Carlisle. —Os vestidos são adoráveis, embora não estava te imaginando vestida diante da lareira agora. Ela soltou uma risadinha e se deitou sobre seu peito. —Da mesma maneira que se livrou daqueles livros de filosofia, Ian. Recordo que havia parágrafos que advertiam contra o prazer carnal. Nunca prestei muita atenção àquelas partes, pois não tinha experiência em tais coisas, mas agora... e aquelas penitências! Sabe que a Igreja proíbe fazer amor, às segundas e às 400
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Históricos quintas-feiras assim como também aos domingos, sem mencionar Páscoa, Quaresma e outros dias Santos? —Sou afortunado porque você nunca se deixou guiar por essa lógica extraviada. —Bem, não sou muito lógica no que diz respeito a você. Tem um talento para fazer que a filosofia seja a última coisa na mente de uma mulher. Ele a abraçou colocando-a sobre seu corpo. Abruptamente, suas mãos deixaram de acariciá-la e sua expressão ficou alerta e concentrada. —Um cavalo. Alguém vem—. Ele a afastou e se ajoelhou. — Se cubra, Reyna. Temos uma visita. Ela acabou de vestir a camisa quando o cavalo se aproximava. Ela endireitou sua roupa e se ruborizou diante do rosto sorridente do conde de Senlis. —Intrometi-me—, David disse enquanto Ian vestia as calças. —Me desculpe, Reyna. Na fortaleza me disseram que acharia Ian aqui, e eu somente estava passando por aqui... —Sou eu quem deveria desculpar-me, mas é bom te ver. E este é um lugar diferente para passar por acaso, David, já que não estamos no caminho para nenhum lugar—, Ian disse. David desceu de seu cavalo, e Ian olhou o vestido de Reyna. Ela se curvou e o agarrou. David fez um gesto casual. —Desculpe, milady. Só ficarei um momento, e logo vocês dois podem voltar para seu jogo. Ele se agachou no pasto ao lado de Ian. —Estou a caminho de Harclow e depois para Carlisle. Christiana e eu iremos de barco logo a Londres, e dali para França. Em meu caminho de volta de Glasgow me desviei para ver Duncan. Acabo de vir de lá. Foi uma visita agradável. Informou-me como 401
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Históricos estão as coisas entre Morvan e os Armstrongs, e deixei escapar algumas palavras sobre o seqüestro de Aymer às damas. Duncan não sabia nada sobre isso, pensei que com sua fúria ia destruir o castelo—. David sorriu. —Não penso que vá ter dificuldades por aqueles lados por alguns anos, já que Duncan está vivo. —Foi a Glasgow? Está feito, então?—, Reyna perguntou. —Completamente feito. O bispo recebeu os livros e o ouro, e aceitou alegremente suas instruções sobre seu uso. Ele parece ser um bom homem. —E aceitaram o julgamento de Edmund?—, Ian perguntou. —OH. Bem, houve um pouco de dificuldades... Edmund está morto. Ele olhou diretamente para Ian, sua expressão inescrutável. —Aconteceu no caminho para o norte. Como levávamos ouro, tomamos as rotas menos frequentadas. Houve um caminho particularmente traiçoeiro, seu cavalo perdeu o equilíbrio. Caiu por um barranco. Ele fez uma pausa. —Muito trágico. Dadas as circunstâncias, não me pareceu que valia a pena mencionar seus crimes ao bispo, então a história completa de Robert e os Templarios e a origem do ouro nunca foi explicada. Reyna olhou para Ian, que cuidadosamente estudou seu convidado. —Devemos te agradecer por sua ajuda nisto, David—, Ian disse. —Retardou seu retorno a Londres por várias semanas, e se fez viajar por todo o sul da Escócia.
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Históricos —Os comerciantes estão acostumados a viajar—. Ele virou para Reyna. —Christiana me encarregou de te recordar que nós voltaremos para Londres na primavera. Ela espera te ver. E Lady Anna insistiu que te diga que a menos que um parto seja iminente, você não deve deixar que Ian use como desculpa uma gravidez para não a deixar ir. Ian gemeu. —Aquela mulher. Juro que tem um plano para enlouquecer a todos os homens. —Não. Ela conhece sua força e o que vale, e também sua aparência de ninfa. Duvido que Reyna precise de instruções de Anna. Reyna se ruborizou diante daquele elogio peculiar. David se levantou. —Devo ir. Morvan e Anna ficam em Harclow pelo menos outro mês antes de embarcar para a Britania. Estou certo que irão visitálos antes de partir. Ian e ela o acompanharam até seu cavalo, onde ele abriu uma de seus alforjes. —Isto estava guardado em um cavalo separado dos outros, e me esqueci de entregá-lo quando estava em Glasgow. Vocês guardem até que alguém vá ao norte novamente. Ele tirou o grosso tomo da Summa de Tomás de Aquino e o colocou nos braços de Reyna. Surpresa, ela olhou o enorme tomo pressionado contra seu peito. Ele saltou sobre sua sela e se curvou para apertar a mão de Ian. —Até a primavera, então.
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Históricos Eles o observaram partir num trote em direção aos homens e às bandeiras que o esperavam à distância. —Não parece realmente que foi um acidente. O de Edmund, quero dizer—, Reyna disse. Ian não deixou de olhar para o grupo virando agora em direção ao bosque. —Estou certo que foi um acidente. —Fortuito, então. Alguma justiça pelo menos. Ele olhou para o livro. —Pode levar um longo tempo antes que viaje a Glasgow. Podem ser anos. —Outra coisa a mais para fazer nas longas noites de inverno. —Sim, podemos discutir filosofia parte da noite e fazer amor o resto. Nunca teria desistido de ler aquele livro se semelhante recompensa me esperasse em minha adolescência. Vou ter que terminar de lê-lo, se for ter que discuti-lo com você. Ian a levou ao pasto. Ela se sentou com as pernas cruzadas e abriu o tomo em seu colo. —Metade do tempo para minha mente, e metade para a paixão. Isso soa como uma justiça divina, Ian. —Eu disse uma parte, não metade. Não tenho nenhuma intenção de ser justo. Ele espiou por cima de seu ombro. Ela o olhou. De debaixo das grossas sombracelhas, o Lorde das Mil Noites a observava. Sua expressão a fez estremecer-se por antecipação. Não, ele não ia ser justo. Ian tirou o livro de suas mãos e o pôs no chão. Tomando sua mão, a fez ficar de pé. Ele se afastou para onde a podia ver de corpo inteiro. —Tire a camisa, Reyna. 404
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Fim
Sobre a autora Madeline Hunter publicou o seu primeiro romance em 2000. Escreveu já vinte romances históricos e ganhou por duas vezes o prémio RITA, da Romance Writers of America, com Stealing Heaven em 2003 e Lessons of Desire em 2008. Quase todos os seus livros figuraram na lista dos mais vendidos do USA Today e é uma das autoras favoritas da publicação Romantic Times. As suas obras encontram-se traduzidas para doze línguas, tendo vendido seis milhões de exemplares. Para além de O Protector, no catálogo da ASA figuram já os seus romances As Regras da Sedução, Jogos de Sedução, Casamento de Conveniência e Os Pecados de Lord Easterbrook. Doutorada em História de Arte, dá aulas numa universidade. 405
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Série Medieval Madeline Hunter 1 – By Possession 2 – By Design 3 – Stealing Heaven 4 – By Arrangement 5 – The Protector 6 – O Lord das Mil Noites 406
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