Revista | Aquicultura ZPE

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Cultivando

Aquicultura no litoral do Piauí

Ficha Técnica

GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ

Governador

José Wellington Barroso de Araújo Dias

SECRETARIA DE ESTADO DA FAZENDA DO PIAUÍ

Secretário

Rafael Tajra Fonteles

INVESTE PIAUÍ

Agência de Atração de Investimentos Estratégicos do Piauí Presidente

Victor Hugo Almeida Saraiva

INSTITUIÇÃO FINANCIADORA

Zona de Processamento de Exportação De Parnaíba (ZPE)

INSTITUIÇÃO RESPONSÁVEL PELA PESQUISA

Fundação Cultural e de Fomento à Pesquisa, Ensino, Extensão e Inovação (FADEX)

Presidente

Samuel Pontes do Nascimento

EQUIPE TÉCNICA DE ELABORAÇÃO

Coordenadora Geral Profª. Drª. Maria Helena Cortez M. Pires

Curso de Ciências Econômicas (UFDPar)

Coordenador de pesquisa

Prof. Dr. Thiago Fernandes Alves Silva Curso de Engenharia de Pesca (UFDPar)

Colaboradores

Antônio Francisco Campanha da Silva

Gabriel Cardoso Neves

Ionara Gomes Pereira

Josefran Santos do Vale

Josué de Jesus Silva

Juliana Isis Araújo Pereira Michelle Pinheiro Vetorelli

Nicole Oliveira de Souza

Raquel Carvalho Aguiar Thais Danyelle Santos Araujo

Fotografias

Fábio Lopes

Quintal Agroecológico (UFDPar/Cootapi/SAF)

Projeto Resíduo Zero Aquicultura (UFDPar/BNB/CNPq)

Projeto Piaui Vive (UFDPar/Codevasf/MAPA)

Projeto Recircular Aquicultura (UFDPar/ETENE-FUNDECI-BNB)

Capa, projeto gráfico e editoração Bruna Negreiros

UFDPar

Apresentação

Nesse documento você verá um panorama da cadeia produtiva da aquicultura no litoral do Piauí. Conhecerá os principais recursos pesqueiros, espécies mantidas em diferentes ambientes aquáticos e sistemas de produção, seja com a psicultura, carcinicultura, ostras, algas e peixes ornamentais (o diagnóstico completo da cadeia será disponibilizado por meio do QR Code neste documento) evidenciando o potencial de crescimento da atividade e a ótima perspectiva do setor para os próximos anos com o pleno funcionamento da Zona de Processamento de Exportação ZPE. Ressalta-se o processo participativo com a comunidade para o conhecimento do que temos e do que esperamos em termos econômico, social, organizacional, científico e tecnológico para o desenvolvimento da cadeia.

Profª. Drª. Maria Helena Cortez M. Pires Coordenadora Geral

Aquicultura em ...

Aquicultura

no Mundo

A aquicultura é o setor da produção animal que mais cresce no mundo.

Nas últimas décadas, a atividade teve uma expansão média de 3,2% ao ano superando o crescimento populacional e a produção de todos os outros alimentos de origem animal como carnes, laticínios e leite (FAO, 2018).

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), atualmente, o setor fornece e estima-se que, até 2030, este índice chegará a 60% , evidenciando o potencial de crescimento da atividade e a ótima perspectiva do setor para os próximos anos.

53% de todo o pescado utilizado para a alimentação humana

A produção aquícola mundial gira em torno de 179 milhões de toneladas e gera uma receita de 263,6 bilhões de dólares (FAO, 2018; FAO, 2020).

Aquicultura no Brasil

No Brasil, o crescimento da aquicultura acompanha o cenário mundial.

A atividade dobrou a sua produção em menos de 10 anos, passando de 400 mil toneladas em 2009 para cerca de 800 mil toneladas em 2018 (FAO, 2020).

A piscicultura continental lidera a produção aquícola com 758 mil toneladas de peixes cultivados, gerando cerca de 1,1 bilhão de dólares em receita bruta (PEIXE BR, 2020; IBGE, 2020; VALENTI et al., 2021).

Aquicultura no litoral do Piauí Carcinicultura

Caracterização das fazendas

A carcinicultura piauiense é voltada ao cultivo do camarão marinho, Litopenaeus vannamei, e a produção é majoritariamente concentrada em 11 fazendas operantes nos municípios de Luís Correia e Cajueiro da Praia.

As fazendas dedicadas à fase de crescimento final do camarão são instaladas nos estuários, e recebem águas dos rios São Miguel, Cardoso, Camurupim, Carpina e Ubatuba.

Estes empreendimentos utilizam densidades de estocagem de 8 a 25 animais/m² em áreas de cultivo que variam entre 25 e 240 hectares de lâmina d’água sendo, portanto, empreendimentos de médio e de grande porte.

Os números da produção...

2021 foi o recorde de produção no Estado do Piauí com crescimento de 14% em relação a 2020! A meta para o ano de 2022 é de um crescimento de 20% em relação a 2021.

Para onde vai a produção do camarão?

Assim é a distribuição relativa do camarão produzido no litoral do Piauí nos principais centros de escoamento:

PRODUÇÃO DE CAMARÃO ACCP (t) ÁREA DE PRODUÇÃO: 1031 ha
2016
3994 2017 2018 2019 2020 2021
7% Pará 6% Maranhão 3% Ceará 1% Piauí 44% Rio de Janeiro 31% São Paulo 9% Santa Catarina
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
3100 1870 2200 2700 3500
0

Aquicultura no litoral do Piauí Piscicultura

Caracterização das fazendas

Concentrada nos municípios de Ilha Grande, Parnaíba e Luís Correia, a piscicultura no litoral do Piauí é representada por fazendas relativamente pequenas, menores que 20ha, que comercializam os peixes no mercado local e por pequenas unidades de produção familiar voltadas à subsistência e com venda do excedente produtivo para vizinhos.

Na região, a piscicultura é exercida com diferentes estruturas, métodos e sistemas de cultivo. Entretanto, ainda apresenta baixo nível tecnológico e predomínio do uso dos viveiros semi-escavados com monoculturas em sistema semi-intensivo e com pouca renovação de água.

Apesar de se mostrarem em menor número, também são encontrados produtores de peixes em sistemas extensivos, semi-intensivos ou intensivos em tanques suspensos, com policultivos, sistemas de recirculação de água (RAS) e sistemas abertos sem renovação de água.

A produção de peixes na região pode ser dividida em duas fases:

a larvicultura: setor da piscicultura destinada à reprodução dos peixes e ao cultivo das larvas até o tamanho de venda quando os animais passam a ser conhecidos como alevinos

a engorda ou fase de crescimento final: que consiste no cultivo de alevinos até o tamanho comercial para venda como animais de corte

Fonte: IBGE (2020).

2020 os números da produção da
região
Em
piscicultura na
litorânea do Piauí foram:
Os números da produção...
ESPÉCIES PRODUZIDAS Tilápia-do-Nilo Tambaqui Tambatinga / Tambacu Outros peixes Parnaíba 7.000 kg 260.827 kg -Luís Correia 6.850 kg 3.800 kg - 500 kg Cajueiro da Praia - - -Ilha Grande 33500 kg 66.200 kg 12.000 kg 11.000 kg TOTAL 47.350 kg 330.827 kg 12.000 kg 11.500 kg
MUNÍCIPIO

As vantagens da piscicultura no Piauí

Condições ideais para o cultivo de espécies tropicais:

_ A região litorânea piauiense é banhada por rios perenes

_ Tem clima favorável ao desenvolvimento das espécies tropicais

_ Há disponibilidade de mão de obra

_ Sua população tem como hábito o consumo de peixes

Oportunidades para diversos sistemas de produção:

_ A região tem potencial para instalação de uma grande variedade de sistemas de cultivo como extensivo, semi-intensivo, intensivo, monofásico, bifásico, monocultivo ou policultivo, em viveiros, tanques-rede ou sistemas de recirculação de água.

FOTO

Aquicultura no litoral do Piauí Ostreicultura

O cultivo de ostra é encontrado nas localidades de Barra Grande e Barrinha no litoral piauiense, que supre o mercado turístico local, entretanto a grande oferta deste molusco é oriunda da extração do ambiente e é exercida nas áreas de manguezal, tendo uma importância significativa para os pescadores que comercializam estes animais como meio complementar a renda familiar.

Devido a característica dos estuários piauienses, a forma de cultivo de ostras mais recomendada é com estruturas fixas com o uso de travesseiros devido à baixa profundidade dos estuários. Nestas estruturas, as ostras são expostas parte do tempo ao ar, fora da água, diminuindo a taxa de crescimento, porém, facilitando o manejo da espécie e o controle de parasitas.

Os números da produção...

A produção extrativa de ostras das espécies C. mangle e C. brasiliana na região do Delta do Parnaíba, é, em média, de 750 kg ao dia e o destino final é o mercado da cidade de Fortaleza, estado do Ceará (SANTOS et al., 2016).

A região extrai do ambiente 8,4% de toda a produção nacional de ostras oriundas da pesca. Isto evidencia o potencial de comercialização do produto na região litorânea piauiense.

As vantagens da ostreicultura

O cultivo de ostras apresenta um reduzido efeito poluidor ao ambiente

_

_ Dispensa o uso de ração, gerando menos resíduos no ambiente e menores custos ao produtor para manter a atividade

_

Tem um retorno do capital investido relativamente rápido, necessita de estruturas e insumos muito simples, de baixo custo e de fácil obtenção

_

O cultivo de ostras pode permitir a redução da coleta predatória do molusco feita, muitas vezes, a partir do corte e remoção das raízes dos mangues. Assim o cultivo de ostras pode ser uma alternativa para a manutenção e reposição dos estoques naturais

.

As ostras, assim como os demais bivalves, também oferecem inúmeras aplicações para seus subprodutos. As conchas, por exemplo, podem ser transformadas em suplemento de cálcio para a alimentação.

_

_ A ostreicultura comunitária pode ser um auxílio à complementação de renda para a população que vive da coleta de mariscos ou da atividade pesqueira. Permitindo a conciliação com outras atividades produtivas e afazeres domésticos.

Microalgas

A produção de microalgas é uma atividade agropecuária consolidada no mundo para uso nos mais diversos setores. Estes microrganismos são fontes de vasta gama de compostos químicos, nutrientes e substancias com alto valor comercial que são utilizadas na indústria química, cosmética, alimentícia, como biofertilizantes e até mesmo para a produção de energia. Além disso, o cultivo comercial de microalgas pode ter como principal objetivo a obtenção de compostos bioativos de interesse para a indústria farmacêutica com efeito imunoestimulantes, antioxidantes, hepatoprotetores, antitumorais, entre outros.

No Brasil, especialmente na região Nordeste, a produção de microalgas é realizada em todos os estados visando a alimentação de larvas e pós-larvas de camarões marinhos, Litopenaeus vannamei. Na larvicultura desta espécie, a produção de microalgas marinhas, especialmente das diatomáceas do gênero Chaethoceros e Talassiosira, é realizada nos laboratórios no interior das fazendas para garantir o suprimento de alimento vivo para as larvas e pós-larvas de camarão. Estas microalgas são cultivadas, incialmente, em pequenos recipientes no laboratório indoor.

Outro potencial para a produção de microalgas no litoral piauiense é em relação ao desenvolvimento de um banco de cepas das espécies nativas do Delta do Parnaíba tanto para preservação de material genético quanto para o desenvolvimento de pesquisas de produção de microalgas nativas (para o desenvolvimento tecnológico de espécies nativas como Crassostrea (ostras) e Holotúria (pepino-do-mar) quanto para a bioprospecção de ativos realizados pela pesquisa em biotecnologia. A UFDPar possui um curso de pós-graduação em Biotecnologia com potencial de pesquisas na área necessitando de material (biomassa) para tal.

oportunidades dentro do setor no litoral
Novas
Aquicultura ornamental

A aquicultura ornamental se destaca pela produção e comercialização de uma grande diversidade de organismos aquáticos, como peixes, moluscos, crustáceos e plantas, geralmente de pequeno porte, porém, com alto valor agregado. Isto faz deste setor um dos mais lucrativos na aquicultura e com uma rentabilidade por área, muitas vezes, superior à produção de peixes de corte.

A indústria de produção de animais aquáticos ornamentais também movimenta a fabricação, venda e distribuição de insumos específicos para o aquarismo das espécies cultivadas, além de oferecer serviços, oportunidades de emprego e contribuir para o crescimento econômico, principalmente de regiões pouco desenvolvidas. A aquicultura ornamental é um campo que apresenta ótimas perspectivas para futuro em meio à continua expansão da atividade e oportunidade de exportação de várias espécies, sobretudo das espécies nativas brasileiras.

As principais vantagens da aquicultura ornamental na região litorânea piauiense

Proximidade da Zona de Processamento de Exportação (ZPE)

_

_ Aeroporto internacional de Parnaíba e vários centros de escoamento de ornamentais já conhecidos no mercado brasileiro e internacional

_ Clima quente durante todo o ano, adequado para o cultivo de uma grande variedade de espécies, com destaque para as espécies amazônicas

_ Banhada por rios perenes e possui uma estação chuvosa bem definida que estimula a reprodução de muitas espécies

_ Uso de pouco espaço para a criação dos animais, podendo inclusive ser feita nos quintais das residências em regiões urbanas

_ Necessidade de pouca água e pouco investimento inicial, configurando uma boa alternativa para pequenos produtores

_ Exige um trabalho mais leve quando comparado à outras formas de aquicultura, tanto os homens como as mulheres e pessoas idosas podem administrar pequenas unidades domésticas

_ Exige equipamentos pouco sofisticados, pequenos aeradores, lâmpadas que consomem pouca energia elétrica, facilitando a implantação e manutenção de grandes unidades em áreas urbanas também

_ O litoral piauiense conta com um Laboratório de Produção de Peixes Ornamentais no curso de Engenharia de Pesca da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (criado em outubro de 2021, o laboratório tem como objetivo o estudo da fisiologia das espécies, capacitar alunos para exercer a atividade e auxiliar o desenvolvimento da cadeia produtiva dos organismos ornamentais)

Por tanto, há na região litorânea piauiense, características ambientais, sociais, técnicas e econômicas ideais para o desenvolvimento do cultivo de espécies ornamentais. Se tornando um campo aberto para uma grande oportunidade de negócio que atenda tanto o mercado nacional como internacional. Entretanto, deve-se atentar que para atender o mercado internacional, os peixes nativos brasileiros devem a apresentar qualidade e competitividade em preço, por isto, é necessário investimento em capacitação e tecnologia para que haja sucesso (REZENDE; FUJIMOTO, 2021).

Aquicultura gera !

Bibliografia

COUTO, C. M. O. ; et al.. Crescimento da microalga Tetraselmis gracilis (Kylin) Butcher 1959 em meios de cultivo alternativos. Anais , In: Aquaciencia, 2018, Natal. AQUACIENCIA 2018, 2018.

COUTO, C. M. O. ; et al.... Cultivo da microalga Tetraselmis gracilis (Kylin) Butcher 1959 em meio de cultivo à base de macroalgas arribadas. Anais , In: Aquaciencia, 2018, Natal. AQUACIENCIA 2018, 2018.

COUTO, C. M. O. 2017. Crescimento da microalga Tetraselmis gracilis (Kylin) Butcher 1959 em meios de cultivo alternativos. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso . (Graduação em Engenharia de Pesca)Universidade Federal do Piauí.

FAO - FOOD AND AQUICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS, 2018. The State of World Fisheries and Aquaculture - Meeting the sustainable development goals, Rome.

FAO - FOOD AND AQUICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS, 2020. The State of World Fisheries and Aquaculture 2020 . Sustainability in action, Rome.

PEIXE BR - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA PISCICULTURA. Anuário Brasileiro da Piscicultura Peixe BR 2020 . Associação Brasileira de Piscicultura Peixe BR. São Paulo, 2020.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2020. Produção Agrícola Municipal

SANTOS, N. M. V. et al. A Produção Extrativista da Ostra Crassostrea spp. na Região do Delta do Rio Parnaíba, Brasil. Revista Brasileira de Engenharia de Pesca , v. 9, n. 1, p. 01-11, 2016.

REZENDE, F. P.; FUJIMOTO, R. Y. Peixes Ornamentais no Brasil : Mercado, legislação, sistemas de produção e sanidade. Brasília: Embrapa, 2021.

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