MORADIA ASSISTIDA PARA IDOSOS É BRUNELA SFALSIN GIESEN BOTELHO
UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
BRUNELA SFALSIN GIESEN BOTELHO
MORADIA ASSISTIDA PARA IDOSOS: UM ESTUDO BASEADO NAS NECESSIDADES DOS IDOSOS EM SEU AMBIENTE DOMÉSTICO
Vila Velha 2019
BRUNELA SFALSIN GIESEN BOTELHO
MORADIA ASSISTIDA PARA IDOSOS: UM ESTUDO BASEADO NAS NECESSIDADES DOS IDOSOS EM SEU AMBIENTE DOMÉSTICO Artigo apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Graduado em Arquitetura e Urbanismo, pelo Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha – UVV Orientador(a): Profª Ms. Edna Mara P. Gumz
Vila Velha 2019
FOLHA/TERMO DE APROVAÇÃO BRUNELA SFALSIN GIESEN BOTELHO
MORADIA ASSISTIDA PARA IDOSOS: Um estudo baseado nas necessidades dos idosos em seu ambiente doméstico
Artigo apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Graduado em Arquitetura e Urbanismo, pelo Curso de Arqui tetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha – UVV avaliado pela seguinte banca examinadora:
______________________________________ Profª. Ms. Edna Mara P. Gumz
______________________________________ Prof. Ms. Clovis Aquino Cunha
______________________________________ Bianca Ricco Bermudes Nunes
VILA VELHA, NOVEMBRO DE 2019. AGRADECIMENTOS
RESUMO
Agradeço primeiramente e primordialmente a Deus por me fortalecer na fé e me dar a sabedoria necessária para entender que meus sonhos devem sempre coincidir com os Dele, e que cabe a mim persegui-los.
Os países subdesenvolvidos têm caminhado cada vez mais rapidamente ao
Agradeço a minha mãe Edna, que por tantas vezes me acalmou e me convenceu a ir descansar depois de uma longa madrugada produzindo e projetando, estendendo os braços nos meus momentos de fraqueza e angústia, me reerguendo e apoiando, sendo referência de mulher.
se encontram nessa situação, apesar de ter chegado nela de forma mais lenta,
Agradeço ao meu pai Max, que possibilitou que eu pudesse realizar meu sonho de me tornar uma Arquiteta Urbanista, sempre prezando pela minha educação e me ensinando que não há preço para o conhecimento, me passando toda a segurança que me faltava, sendo referência de caráter e honestidade.
conhecimentos da medicina, a terceira idade torna-se cada vez mais longa e pensar
envelhecimento da população, e a consequência disso é uma pirâmide etária invertida. As projeções de um futuro próximo são comprovadas por países desenvolvidos que já podendo preparar-se aos poucos, diferentes do Brasil em que esse fenômeno se encontra em um ritmo acelerado. Devido aos avanços da tecnologia e dos em seu conforto e qualidade de vida faz-se fundamental. Nas melhores das expectativas de vida, tornar-se idoso está entre elas, portanto, é preciso pensar em todas necessidades do público sênior, o qual apresenta características especificas e
Agradeço a minha vovó Adelcy, que por tantas vezes me mostrou que o envelhecer é uma fase linda e necessária e que a sabedoria e a fé são os pilares para se viver uma vida leve de bondade e amor, sendo meu exemplo em todas as áreas da minha vida, e me fazendo sentir o amor incondicional de avó. Agradeço a minha companheira e sempre fiel amiga Izabela Buback que durante todos os cinco anos de curso me ajudou a enxergar meu potencial, me mostrando que por maior que fosse o desafio ou o projeto, ela passaria por tudo comigo e comemoraria minhas vitórias como se fossem as dela.
um alto grau de exigência. Proporcionar liberdade, independência e autonomia aos
Minha orientadora Edinha por ter aceitado me acompanhar integralmente desde a escolha do tema até a resolução, por toda a paciência e disposição, por ser a melhor professora que já tive em toda a minha vida, sendo minha inspiração e referência profissional, ajudando-me com seus conselhos e direções.
idade.
Por fim, agradeço a Bianca por ter me recebido com tanto carinho para tirar dúvidas e conversar sobre o tema abordado, e a todo o “cercadinho” que recheou meus dias com cafés da tarde, conversas nas calçadas e jogos de queimada nas ruas, me dando o tema mais lindo de TCC que eu poderia escolher.
idosos é uma das responsabilidades da arquitetura. Através de elementos arquitetônicos e suas disposições, garantir a qualidade de vida dos mais velhos é imprescindível, desde a etapa de estudo preliminar, até a execução. No estudo preliminar de uma vila de moradias assistidas para idosos serão abordadas as relações entre suas particularidades e necessidades e a arquitetura como solução. Palavras-chave: Moradia assistida. Arquitetura para idosos. Projeto para a terceira
SUMÁRIO CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO .......................................................................... 10
2.2.9 Doenças do sistema respiratório .......................................................18
1.1
Justificativa .......................................................................................... 11
2.3 Direitos e normas .....................................................................................20
1.2
Objetivo ............................................................................................... 11
CAPÍTULO 3: ESTUDOS DE CASO ................................................................22
1.2.1 Objetivo geral ................................................................................... 11
3.1 Implantação .............................................................................................22
1.2.2
Objetivo específico ........................................................................ 11
3.2 Arquitetura ...............................................................................................23
1.3
Metodologia ......................................................................................... 12
3.3 Interiores..................................................................................................26
1.4
Estrutura do documento ...................................................................... 12
3.4 Lazer ........................................................................................................29
CAPÍTULO 2: A ARQUITETURA E O IDOSO ................................................. 14
3.5 Paisagismo ..............................................................................................30
2.1 História .................................................................................................... 14
CAPÍTULO 4: PROGRAMA DE NECESSIDADES ..........................................34
2.2. Conhecendo as necessidades dos usuários .......................................... 15
CAPÍTULO 5: ESTUDO PRELIMINAR .............................................................37
2.2.1 Probabilidade de acidentes domésticos ........................................... 15
5.1 O terreno..................................................................................................37
2.2.2 Incontinência .................................................................................... 15
5.2 índices......................................................................................................37
2.2.3 Articulações enrijecidas e dificuldades locomotivas ......................... 15 2.2.4 Visão comprometida ......................................................................... 16
5.3 Conceito....................................................................................................39
2.2.5 Audição comprometida ..................................................................... 16
5.4 Partido.......................................................................................................39
2.2.6 Humor alterado ................................................................................. 17
CAPÍTULO 6: CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................72
2.2.7 Doenças do cérebro ......................................................................... 17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................73
2.2.8 Cuidados com a pele e probabilidade de desidratação .................... 18
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Moradora recebendo atendimento de uma enfermeira............................................14
Figura 8 – Vista aérea da "The Villages". ................................................................................. 22
Figura 2 – Idosos moradores da Prince George Retirement Residence no refeitório. ........... 14
Figura 9 – Localização da "Dementia Village" .......................................................................... 22
Figura 3 – Serviço de transporte facilitado. ............................................................................ 14
Figura 10 – Volumetria retilínea e espaços de circulação, observa-se grandes aberturas e baixos peitoris nas acomodações. ....................................................................................................... 23
Figura 4 – Disposição de casas na comunidade para idosos The Village ............................... 22 Figura 5 – Localização da Bettersea Place ............................................................................. 22 Figura 6 – Relação entre o empreendimento e o parque ........................................................ 22 Figura 7 – Localização "The Villages" ..................................................................................... 22
Figura 11 – Localização da Vila dignidade, unidade de Avaré SP ........................................... 23 Figura 12 – Projeção da implantação do Vila Dignidade. ......................................................... 23 Figura 13 – Planta de implantação do Vila Dignidade em Avaré/ SP. ...................................... 23 Figura 14 – Relação entre a arquitetura do empreendimento com a presente no entorno. ..... 23
Figura 15 – Volumetria da Bettersea ....................................................................................... 23 Figura 16 – Casa disponível para compra no The Villages ..................................................... 24 Figura 17 – Comércio e dos carrinhos de golfe no centro da cidade. ...................................... 24 Figura 18 - Acomodação localizada no térreo, observa-se uma volumetria sem ornamentos e retilínea. ................................................................................................................................... 24
Figura 41 – Área da piscina com barras de acessibilidade e as diferentes iluminações existentes. ................................................................................................................................................. 29 Figura 42 – Foto da sala de cinema adaptada. ........................................................................ 30 Figura 43 – Idosos dançando no final de tarde na Vila. ........................................................... 30 Figura 44 – Área de convivência com mesas para jogos de tabuleiro. .................................... 30
Figura 19 – Elevador e espaço de circulação do primeiro pavimento...................................... 25
Figura 45 – Academia para idosos na praça central. ............................................................... 30
Figura 20 – Grande escadaria e passarela descoberta ........................................................... 25
Figura 46 – Academia para idosos, observa-se a falta de sombreamento.............................. 31
Figura 21 – Planta baixa do térreo. ......................................................................................... 25
Figura 47 – Campo golfe existente........................................................................................... 31
Figura 22 – Planta baixa do primeiro pavimento. .................................................................... 25
Figura 48 – Acesso a casa pelo pedestre e pelo veículo..........................................................48
Figura 23 – Residente fazendo compras. ................................................................................ 25
Figura 49 – Fachada frontal da casa com anexo de serviços e deck compartilhado................48.
Figura 24 – Área de convivência dos idosos. .......................................................................... 25
Figura 50 – Fachadas frontais do modelo de casa proposto.....................................................40
Figura 25 – Volumetrias das casas e calçadas de circulação.comum ..................................... 26
Figura 51 – Vista aérea da implantação das casas, demonstrando também a ponte que liga os dois lados do deck.....................................................................................................................51
Figura 26 – Distribuição das casas e áreas comuns ............................................................... 26 Figura 27 – Praça central do empreendimento, observa-se a falta de um paisagismo de permanência. ........................................................................................................................... 26
Figura 52 – Vista aérea da implantação das casas, demonstrando a relação das mesmas com as ruas e o rio.............................................................................................................................42
Figura 28 – Barras de apoio de áreas comuns e circulação nivelada com piso antiderrapante. ................................................................................................................................................ 26
Figura 53 – Vista do rio e a relação entre ele e as residências....................................................52
Figura 29 – Área de recepção, com cores neutras e iluminação natural abundante. .............. 26 Figura 30 – Restaurante com os tons claros e móveis de quinas arredondadas e acolchoados ..................................................................................................................................................27 Figura 31 – Sala de estar de um apartamento de um quarto. ................................................. 27 Figura 32 – Modelo de apartamento de um quarto, possui aproximadamente 75,00m². ......... 27 Figura 33 – Modelo de apartamento de dois quartos, possui aproximadamente 110,00m². ... 28 Figura 34 – Modelo de apartamento de três quartos, possui aproximadamente 186,00m² ..... 28 Figura 35 – Cozinha de um apartamento na Bettersea Place. ................................................ 28 Figura 36 – Banheiro de um dos apartamentos ....................................................................... 28 Figura 37 – Espaço interno e as diferentes texturas e cores do mobiliário.............................. 28 Figura 38 – Sala de jantar de uma das acomodações, com móveis clássicos. ....................... 29 Figura 39 – Planta baixa de uma casa na Vila Dignidade. ...................................................... 29 Figura 40 – Perspectiva do ambiente da piscina com ralo linear presente em todo o contorno da piscina. .................................................................................................................................... 29
Figura 54 – Imagem do deck compartilhado entre as casas......................................................52 Figura 55 – Vista frontal das casas alinhadas............................................................................52 Figura 56 – Casa com bloco de serviços inferior, jardineira suspensa e deck compartilhado.............................................................................................................................53 Figura 57 – Visão de um observador em cima de uma das pontes, olhado para a outra...........................................................................................................................................53 Figura 58 – Imagem do deck compartilhado entre as casas......................................................53 Figura 59 – Perspectiva do deck compartilhado e sua proximidade com o rio e as edificações vizinhas .....................................................................................................................................53 Figura 60 – Vista lateral da casa demonstrando os diferentes ambientes, demarcados por cores e objetos.....................................................................................................................................54 Figura 61 – Vista lateral da casa demonstrando os diferentes ambientes, demarcados por revestimentos, texturas e iluminações variadas.........................................................................54 Figura 62 – Conjunto de imagens do setor social e de serviço interno da casa............................55 Figura 63 – Sala de estar da casa modelo.................................................................................56
Figura 64 – Sala de jantar da casa modelo..................................................................................58
Figura 88 – Conjunto de imagens do centro de esporte, cultura e lazer.......................................64
Figura 65 – Integração entre a sala de estar e jantar da casa modelo.......................................58
Figura 89 – Conjunto de imagens do bloco administrativo, onde localiza-se a entrada e recepção do empreendimento....................................................................................................................65
Figura 66 – Ambientação da sala de estar.................................................................................58 Figura 67 – Integração entre todos os ambientes da área social da casa modelo........................................................................................................................................57 Figura 68 – Espaços sem divisórias em alvenaria garantem a melhor visualização do todo da casa............................................................................................................................................57 Figura 69 – Cozinha da casa modelo.........................................................................................57 Figura 70 – Área de serviço dividida por uma meia parede da garagem e da cozinha.......................................................................................................................................57 Figura 71 – Conjunto de imagens do quarto de hóspedes, quarto do idoso e banheiro..................................................................................................................................... 58 Figura 72 – Pátio central da casa compartilhada....................................................................... 59 Figura 73 – Um dos jardins cobertos laterais............................................................................. 59 Figura 74 – Vista aérea da edificação de quartos duplos.......................................................... 59 Figura 75 – Visão do observador distante da casa................................................................... .59 Figura 76 – Visão do observador do pátio central..................................................................... 59 Figura 77 – Vista do segundo andar para o pátio central.......................................................... 59 Figura 78 – Vista de uma das saídas da edificação.................................................................. 60 Figura 79 – Vista aérea da casa compartilhada........................................................................ 60 Figura 80 – Pátio central com áreas de permanência e passagem.......................................... 60 Figura 81 – Perspectiva do Pátio central ao entardecer........................................................... 60 Figura 82 – Conjunto de figuras do centro de saúde................................................................ 61 Figura 83 – Pátio central do centro de saúde.......................................................................... 62 Figura 84 – Visualização das aberturas zenitais na cobertura para cada leito........................
62
Figura 85 – Vista frontal do centro de saúde...........................................................................
62
Figura 86 – Vista aérea do centro de saúde................................................................................62 Figura 87 – Conjunto de imagens do modelo de quarto da clínica ............................................53
Figura 90 – Conjunto de imagens do bloco administrativo demonstrando a cobertura de pergolado e vidro .......................................................................................................................66 Figura 91 – Pátio central do centro de saúde.............................................................................67 Figura 92– Visualização das aberturas zenitais na cobertura para cada leito.............................................................................................................................................67 Figura 93 – Vista frontal do centro de saúde..............................................................................67 Figura 94 – Vista aérea do centro de saúde...............................................................................67 Figura 95 – Conjunto de imagens elevadas do bloco do setor alimentício.................................68 Figura 96 – Vista aérea do Mini Golf...........................................................................................69 Figura 97 – Perspectiva do mini golf com paisagismo do entorno..............................................69 Figura 98 –Vista aérea do restaurante e Mini Golf.....................................................................69 Figura 99 –Ponte de passagem para prática do Mini Golf..........................................................69 Figura 100 – Conjunto de imagens dos espaços dispostos no restaurante proposto.....................................................................................................................................70 Figura 101 – Visualizações aéreas do empreendimento em geral............................................71
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Projeção de crescimento da proporção da população de 60 anos ou mais de idade
Gráfico 2 – Proporção de pessoas de 60 anos ou mais de idade em países selecionados -
segundo o sexo - Brasil- 2000-2020 ....................................................................................... 110
1990/1999 ................................................................................................................................. 10
LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Problemas e enfermidades e suas relações com a arquitetura ............................. 19 Quadro 2 – Resumo dos aspectos mais relevantes dos estudos de caso................................ 32
Quadro 3 - Programa de necessidades.....................................................................................34
01
INTRODUÇÃO
10
De acordo com a Organização Mundial de Saúde - OMS (BRASIL, 2015), estima-se que em
Gráfico 1 – Projeção de crescimento da proporção da população de 60 anos ou mais de idade segundo
2020 haverá mais de 700 milhões de idosos no mundo, sendo que 27 milhões deles serão
o sexo - Brasil- 2000-2020
brasileiros. Os estudos apontam que em 2025, o Brasil conquistará o ranking de sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas (um quarto da população). Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2002, no país há cerca de 15 milhões de indivíduos com idade acima de 60 anos, o que significa que quase 9% da população é idosa, número esse comparado a populações inteiras de um país. As estatísticas apontam projeções de crescimento da população de 60 anos ou mais que mudarão o futuro da sociedade brasileira (como demonstrado no gráfico 1), como já ocorre em muitos países no mundo (observar gráfico 2). Devido a esses índices e números elevados, a iniciativa pública (governo) e a iniciativa privada (empresas) precisam estar estimuladas a criarem serviços e apoios para esses idosos. Segundo Bestetti (2006), no Brasil existe uma tradição cultural de se manter os idosos em casa, origem de um costume latino. A maioria das pessoas mais velhas que necessitam de cuidados prefere ser atendida em sua própria moradia. Como é previsto pelas estatísticas, a quantidade de idosos aumentará cada vez mais no mundo todo e viver em casa até uma idade mais avançada irá se tornar cada vez mais comum (OMS, 2005). Quando um indivíduo tem que sair da sua casa, há uma mudança drástica que ocasiona perdas, uma vez que está se deixando um ambiente familiar e repleto de símbolos do passado, que servem como lembretes quando a
Fonte: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) (2000).
memória começa a falhar (SOUZA, 2014).
Gráfico 2 – Proporção de pessoas de 60 anos ou mais de idade em países selecionados - 1990/1999
Fonte: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) (2000).
INTRODUÇÃO 1.1 Justificativa Diante do convívio com os idosos e observando seus comportamentos e necessidades de forma próxima, foi possível atentar-se com a realidade de vida desse público. Realidade essa que se destaca não só na cidade de Vila Velha, mas em escalas maiores, como no Brasil e em diversos outros países, se tornando uma questão mundial que deve ser discutida e colocada em ênfase. Devido aos avanços tecnológicos, principalmente na área da medicina, cada vez mais essas pessoas morarão sozinhas por mais tempo. Contudo, muitas fragilidades, ligadas a este período da vida, permanecerão, como: a fraqueza muscular, a diminuição dos reflexos e a perda de força física, de visão e de audição, a redução da capacidade sensorial e do senso de equilíbrio e a diminuição de suas habilidades para responder aos estímulos do ambiente. É de se esperar
11
se para apartamentos menores pela comodidade e funcionalidade. Um planejamento cuidadoso pode facilitar o funcionamento mental, minimizar episódios de confusão e permitir que o indivíduo tenha maior independência para realizar atividades. Com base nestes argumentos, surgiram no mercado imobiliário as moradias assistidas, chamadas também de “assisted living facilities”, que combinam uma espécie de estrutura de condomínios ou hotéis junto a serviços de saúde e entretenimento. É preciso entender que é do interesse de todos a busca por uma melhor qualidade de vida para os idosos. Deve partir de toda sociedade a motivação de buscar alcançar melhores condições sociais para esse grupo etário, afinal, tem-se a certeza de que no melhor cenário de suas vidas, deve-se chegar a essa fase, a velhice (BESTETTI, 2006). 1.2 Objetivo
que as restrições motoras aumentem com o passar dos anos (BARBOSA, 2014).
1.2.1 Objetivo geral
Nos países desenvolvidos, o número de idosos que residem em locais coletivos do tipo asilar é
O objetivo do presente trabalho é desenvolver um estudo preliminar de um empreendimento
de aproximadamente 11%. No Brasil e em outros países em desenvolvimento essa
destinado à Moradia Assistida, ou seja, um espaço residencial que atenda às necessidades
porcentagem não chega a 1,5% (BESTETTI, 2006). Sabe-se que há a tendência desse número
específicas e características do público idoso.
aumentar cada vez mais. Afinal, com o passar dos anos de vida a necessidade de assistência integral e o cuidado minucioso com a segurança tornam-se fundamentais para a qualidade de vida do idoso. A casa em que viveu por grande parte de sua vida começa a apresentar obstáculos em atividades simples e rotineiras. O sentimento do idoso de incapacidade de realizar certas atividades em sua própria residência gera um notável desconforto. Há uma grande dificuldade em aceitar a condições atuais, e qualquer mudança ou reforma realizada em sua moradia é a afirmação de que os anos se passaram e as condições de saúde e locomoção não são as mesmas. Geralmente a decisão do destino do idoso, parte de sua família. Sentindo-se responsável pelas consequências, tomar a decisão de deixar o idoso em uma “casa de repouso” não é fácil, porque permeia-se a ideia de abandono. O idoso não precisa estar ausente de lucidez para ter uma
1.1.2 Objetivo específico Para realizar o estudo preliminar deve-se conhecer os comportamentos e hábitos do público alvo. É fundamental o entendimento das necessidades dos idosos em diversas escalas, desde arquitetura de interiores até o projeto arquitetônico e urbanístico. Para isso é necessário: -Estudar as normas de acessibilidade; -Analisar as propriedades e características dos materiais de revestimento e analisar a referência do mobiliário no espaço para o idoso; -Conhecer as diretrizes do Estatuto do idoso, voltadas para a moradia e habitação; -Estudar tipologias arquitetônicas no que desrespeito à funcionalidade para idosos;
assistência e morar em um local planejado para ele e sua atual condição. Não é em último caso
-Estudar soluções de projeto paisagístico que se adequariam ao espaço e suas funções para o
que o idoso precisa de um local com características específicas para morar, afinal, ele tem
idoso;
direito a independência, podendo, portanto, procurar por empreendimentos que ofereçam essa autonomia. Por essa razão, observa-se hoje que muitos idosos deixam suas casas e mudam-
-Analisar as diretrizes do PDM e suas especificidades.
INTRODUÇÃO
12
1.3 Metodologia
1.4 Estrutura do documento
Sabe-se que para o desenvolvimento de um projeto, faz-se necessária a obtenção de
CAPÍTULO 3 Apresentação dos estudos de caso conforme o aspecto a ser desenvolvido no posterior programa de necessidades.
informações para a construção de um bom programa de necessidades e subsídios para nortear as decisões projetuais. Foi realizado um levantamento bibliográfico com a finalidade de entrar em contato com o tema abordado na pesquisa, identificando e analisando dados provenientes de revistas, livros, teses e artigos. Com o programa de necessidades concluído foi realizada a escolha do terreno para implantação do empreendimento. A última etapa consiste em aplicar os conhecimentos estudados previamente na realização e criação do estudo preliminar,
CAPÍTULO 1 Introdução apresentando a justificativa, objetivo, metodologia e estruturação.
CAPÍTULO 5 Considerações finais sobre o assunto abordado no trabalho de conclusão de curso.
utilizando ferramentas e softwares como: AutoCad (plantas, cortes e vistas), SketchUP (perspectivas e 3D´s) e Adobe Photoshop CC (tratamento de imagens e apresentação). A metodologia seguiu, portanto, as seguintes etapas:
CAPÍTULO 2 Referencial teórico, trazendo o levantamento bibliográfico realizado através de artigos, revistas, sites, teses e entrevistas.
CAPÍTULO 4 Ensaio projetual com descrição do programa de necessidades, prédimensioname nto, setorização e implantação.
02
A ARQUITETURA E O IDOSO
14
2.1 História
Figura 1 – Moradora recebendo atendimento de uma enfermeira.
As antigas instituições asilares, eram profundamente semelhantes as tipologias hospitalares e eram o destino de idosos que não poderiam contar com a família ou não tinham uma renda para arcar com os custos de uma vida independente. Essa visão passa a mudar quando se começa a enxergar o envelhecimento como uma nova etapa da vida, a qual como todas as outras, têm suas necessidades e características específicas. Surge então um novo nicho de mercado nos países desenvolvidos, onde são oferecidos planos diferentes, desde o custeio total até alianças com políticas públicas, de forma a amparar esses indivíduos (BESTETTI, 2006). Uma das alternativas é a moradia assistida, onde é oferecido um serviço integrado de cuidado nas atividades domésticas e na saúde, procurando sempre desenvolver no idoso a independência e privacidade, de forma conjunta ou isolada. As moradias assistidas contam com assistência 24 horas, suprindo necessidades diárias ou mesmo aquelas não previstas, como
Fonte: Prince George (2019) Figura 2 – Idosos moradores da Prince George Retirement Residence no refeitório.
acidentes e desenvolvimento de doenças e limitações físicas que necessitam de um cuidado médico (Figura 1). As refeições são comumente servidas em um refeitório coletivo, além de serem oferecidas outras facilidades como a limpeza doméstica e transporte, como observado na Figura 2 (BESTETTI, 2006).
Já na moradia independente, não há um comprometimento com o
atendimento hospitalar. O adulto Sênior tem uma vida normal com uma mínima necessidade de assistência. Há também a moradia congregada, que se assemelha a moradia independente, porém promove facilidades ao morador, oferecendo, transporte, limpeza e alimentação, como ocorre na Bettersea Place, em Londres (Figura 3) (BESTETTI, 2006). Unindo todas as
Fonte: Prince George (2019)
alternativas citadas anteriormente, a comunidade de cuidado contínuo a aposentados é um
Figura 3 – Serviço de transporte facilitado.
conjunto de residências que oferecem diferentes tipos de assistências. A diferença é que nela há um contrato regulamentado entre o morador e a comunidade, garantindo formalmente sua moradia, sistema de saúde e serviços, usualmente na mesma área, como o que ocorre na The Villages, na Flórida.
Fonte: Life Care Residences (2019)
A ARQUITETURA E O IDOSO 2.2. Conhecendo as necessidades dos usuários O principal objetivo do arquiteto é planejar espaços que obtenham satisfação integral dos usuários em quaisquer atividades, por isso, principalmente para essa faixa etária, a “terceira idade”, é fundamental o conhecimento das necessidades e limitações do usuário. Oferecer as melhores condições de conforto em sua própria moradia é proporcionar diretamente uma melhor qualidade de vida. Por se tratar de um público com menores tolerâncias a variações de ambientes e ser uma faixa etária com ergonomia “fora do padrão comum”, esses tipos de projetos merecem uma grande atenção ás normas de acessibilidade e regras específicas (BARBOSA, 2002). Conforme o ser humano envelhece, há uma perda gradual dos sentidos. Vale ressaltar que dos
15
piso, torna banheiros, cozinhas e áreas de serviços, locais perigosos, portanto, nesses ambientes torna-se ainda mais necessário prever texturas e contrastes de materiais que ofereçam segurança e equipamentos de apoio adaptados para auxiliar a movimentação do corpo durante o uso do ambiente (SOUZA, 2014). Para cozinhas e áreas de serviço deve-se pensar em especial na disposição dos móveis e em sua ergonomia, como por exemplo, não localizar armários embaixo da pia ou tanque, pelo fato de dificultar o acesso dos mesmos por pessoas com cadeiras de roda e provocar esforços desnecessários (BARBOSA, 2002). Os materiais cortantes e frágeis como vidros, espelhos e plástico, devem ser evitados e as quinas devem ser arredondadas (SOUZA, 2014). 2.2.2 Incontinência
cinco sentidos, quatro deles estão ligados a arquitetura (olfato, audição, visão e tato), sendo
Quanto à disposição dos ambientes, um item relevante é a incontinência sofrida pelo idoso,
responsabilidade dos arquitetos garantir o conforto acústico, visual, lumínico, e higrotérmico do
onde há uma “descarga involuntária de urina ou de fezes”, de forma a impedir que o indivíduo
idoso em seus projetos (BARBOSA, 2002).
chegue a tempo no local adequado para realizar suas necessidades (BARBOSA, 2002). Essa
2.2.1 Probabilidade de acidentes domésticos As quedas são as principais causadoras de acidentes domésticos de idosos, sendo que segundo o SUS (Sistema Único de Saúde), aproximadamente 75% destas lesões acontecem nas próprias casas dos pacientes. Causadas por inúmeros fatores, como: a desatenção, a perda de equilíbrio característica da idade, pressão baixa ao se levantar, calçados inadequados, pouca visão, obstáculos como móveis e desníveis, etc. Fraturas ósseas (34% das quedas gera algum tipo de fratura) e problemas psicológicos são algumas dessas consequências. Os móveis e a disposição dos ambientes atuam, portanto, diretamente na saúde do idoso (BARBOSA,
falta de controle traz ao idoso consequências psicológicas e sociais e está relacionado ao tempo que o indivíduo com dificuldades locomotoras leva até chegar ao vaso sanitário (BARBOSA, 2002). A incontinência urinária, o sono, a tonteira causada por medicamentos, a má iluminação, as dificuldades no campo visual e na locomoção são algumas das causas dos acidentes que ocorrem no banheiro (BARBOSA, 2002). O banheiro, por exemplo, se mal posicionado, pode causar ansiedade á noite, insegurança causada pela distância ou até mesmo um sentimento de falta de privacidade por provocar um excesso de iluminação (BESTETTI, 2006). 2.2.3 Articulações enrijecidas e dificuldades locomotivas
2002). Segundo a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, 12% dos casos de óbitos
Muitos movimentos são afetados pelo enrijecimento das articulações e pela redução gradual da
na terceira idade são ocasionados por quedas, sendo que 30% dos idosos caem ao menos uma
força nos membros. Enquanto a força das mãos reduz entre 16-40%, a força dos braços e
vez por ano. Algumas medidas simples podem ser tomadas para diminuir esses dados, uma
pernas reduz cerca 50%. A osteoporose é um dos fatores que influenciam nessa fraqueza e
delas é manter o piso nivelado, regular, estável, uniforme e com revestimento antiderrapante,
consequentemente nos riscos das quedas (BESTETTI, 2006). A perda progressiva da
o que irá facilitar a mobilidade do idoso, evitando acidentes. Quando se pensa nesses
densidade óssea decorrente do aumento da porosidade, pode ser retardada ou até mesmo
revestimentos aplicados no piso, deve-se levar em conta também a facilidade e o tempo de
estabilizada através da radiação solar que contribui com a fixação do cálcio no organismo
manutenção.
prevenindo esse problema (VASCONCELOS, 2004).
As áreas molhadas quando mal projetadas se tornam grandes vilãs a segurança dos idosos. A
Quando se trata de mobilidade, muitos aspectos devem ser levados em conta, um deles é a
combinação da umidade com os revestimentos escorregadios, louças e o desnível presente no
largura das circulações, que devem possibilitar a passagem de uma pessoa em cadeira de
A ARQUITETURA E O IDOSO
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rodas e duas em pé ao lado, simultaneamente. Devem ser instaladas barras de apoio em locais
1000 lux (BARBOSA, 2002). Deve-se priorizar a iluminação natural, e somente quando esta
estratégicos para auxiliar a locomoção, as quais podem explorar materiais como a madeira, que
não atinja um nível seguro de luminosidade, emprega-se a luz artificial. A má e desuniforme
ao discorrer as mãos desperta diferentes sensações no idoso (BARBOSA, 2014). Deve-se
iluminação dificulta a orientação do usuário no espaço, dando falsas sensações de
sempre priorizar a utilização de circulações horizontais, e quando necessária a presença de
profundidade (SOUZA, 2014). Os sensores são um ótimo recurso, onde as luzes acendem de
circulações verticais, deve-se priorizar rampas (com inclinação máxima de 8,33%) além dos
modo automático conforme a incidência de iluminação no ambiente além de ao acenderem com
elevadores dimensionados de forma atender indivíduos com mobilidade especial pelo uso de
a aproximação do usuário, evitam acidentes causados pela penumbra (BARBOSA, 2002). Para
próteses ou auxílio de cuidadores. Nessas circulações deve-se ater principalmente as
luzes sem sensores recomenda-se o acionamento e controle da iluminação por three way, com
dimensões, os tipos de revestimentos, iluminações e cores (BARBOSA, 2002). Os corrimãos
interruptores de cor contrastante com a parede, facilitando o acendimento (BARBOSA, 2002).
devem ser instalados dos dois lados das escadas e das rampas, iniciando 15cm antes do início e depois do final das circulações (BARBOSA, 2002). Quando houverem grandes distâncias,
2.2.5 Audição comprometida
recomenda-se o posicionamento de alguns mobiliários de descanso em alguns pontos desse caminho. Os corredores e áreas comuns devem sempre apresentar uma sinalização de fácil
A escolha dos materiais está intimamente ligada ao conforto acústico, visto que ao utilizar
identificação e leitura, auxiliando os idosos na localização dos ambientes (BESTETTI, 2006).
materiais que ajudem a absorver o som, certos fenômenos acústicos são evitados e a
As portas devem ter larguras suficientes para a passagem de uma cadeira de rodas (mínimo 0,80m) e serem de fácil abertura, com maçanetas do tipo alavanca, as quais são ideias pois é possível acioná-las até mesmo com as mãos fechadas (SOUZA, 2014). Além das portas, até mesmo o tipo de abertura de torneiras e registos misturadores deve atender as especificidades do público idoso, visto que eles têm a dificuldades específicas causada por doenças como artroses nas mãos (BESTETTI, 2006). 2.2.4 Visão comprometida A visão tende a piorar, podendo chegar uma pessoa a ter apenas 50% da visão aos 80 anos (BARBOSA, 2002). O contraste das cores facilita a percepção dos indivíduos dos limites e obstáculos, podendo ser utilizadas como medidas de segurança quando empregadas nas bordas das escadas, chamando atenção do usuário e consequentemente minimizando os riscos de quedas (BARBOSA, 2002). Obstáculos como degraus também devem ter sinalizadores luminosos, especialmente durante a noite.
comunicação pode ser facilitada. Forros acústicos, cortinas de tecidos densos, carpetes e pisos acústicos diminuem a reverberação trazendo conforto ao usuário, assim como a utilização de materiais porosos, como madeiras, painéis flexíveis, tecidos e almofadas que ao absorver os sons diminuem a possibilidade de ecos (SOUZA, 2014). O simples uso de móveis em madeira natural, aumentam a rugosidade da superfície, diminuindo o TR (tempo de reverberação) (BARBOSA, 2002). Quanto menor for o tempo de reverberação, mais confortável será o ambiente (BARBOSA, 2002). Para garantir a independência e satisfazer as vontades dos moradores do empreendimento, é necessário que as paredes de divisão entre vizinhos sejam de uma espessura maior, ou recebam algum tratamento acústico para a minimização do desconforto causado pela passagem do som de um ambiente para outro (BESTETTI, 2006). A disposição do mobiliário também é importante se constatado que posicionar poltronas em uma proximidade facilita a leitura labial para pessoas com dificuldade de audição (BARBOSA, 2002). Deve-se ressaltar que as aberturas influenciam diretamente no isolamento acústico, por isso posicioná-las em locais de fluxo de veículos intenso e ruídos desconfortantes não é
Existe a necessidade de ressaltar a importância do projeto de iluminação em locais de usuários
recomendado. Caso isso não possa ser evitado, sugere-se a utilização de materiais abafadores
idosos, visto que eles precisam de uma iluminância maior em áreas de tarefa do que usuários
de som, como lâminas retardantes de som e o vidro duplo que diminuem consideravelmente a
mais novos (LEITE, 2014). Sabe-se que os idosos costumam realizar tarefas minuciosas e por
passagem desses ruídos externos para o meio interno (BARBOSA, 2002). Se o ambiente
tempos prolongados, como leituras, bordados, crochês e tricôs, portanto para a realização
externo não tiver ruídos que causem desconforto, não se recomenda usar essas ferramentas,
desses tipos de atividades, é necessário fornecer uma luz adicional no local de forma a atingir
visto que elas isolam também sons naturais como os de pássaros, o som dos movimentos das
A ARQUITETURA E O IDOSO
17
folhas ao vento e das ondas do mar, afastando o idoso do contato com a natureza (PASCALE,
Nesse contexto observa-se também a necessidade de estabelecer a conexão dos idosos ao
2002).
seu passado, visto que os idosos têm menos facilidade em lembrar de fatos de um passado
2.2.6 Humor alterado É fundamental garantir o contato do idoso com o exterior, de forma que ele possa ver e sentir
recente que de um passado distante (BARBOSA, 2002). 2.2.7 Doenças do cérebro
o dia passar conforme as horas e as diferentes iluminações do dia. A iluminação de um cômodo
Com o envelhecimento, observa-se um número considerável de idosos que apresentam
se projetada de maneira incorreta pode vir a causar efeitos prejudiciais ao organismo, como
demências. A demência é uma doença onde o cérebro vai deixando de funcionar normalmente
alteração do sono, do humor e confusão na rotina (FIGUEIRO, 2008). Uma boa iluminação
e o paciente começa a apresentar situações de esquecimento, confusão e perda do senso de
garante o funcionamento do ciclo circadiano, auxiliando no funcionamento biológico e
realidade (BARBOSA, 2002). Vale ressaltar o Alzheimer como uma dessas doenças que
psicológico do ser humano (FIGUEIRO, 2008). Assim como a luz, as cores alteram o estado
especificamente exige mais cuidado. Essa condição torna a utilização de barreiras físicas
psicológico humano de forma inconsciente (BARBOSA, 2002).
necessária para garantir a segurança do idoso frente aos perigos. É fundamental a previsão de
Sabe-se que a depressão, reconhecida como “o mal do século” tem ganhado grandes proporções no cenário global e apesar de ocorrer em todas as idades, nos idosos ela tem
barreiras que estabeleçam um controle físico, impedindo o idoso de chegar a áreas que coloquem sua integridade em risco, sem que ele perca sua liberdade.
grandes consequências (VASCONCELOS, 2004). Afinal, nessa idade acontecem numerosas
Botões de emergência com comunicação 24 horas devem ser previstos em todos os cômodos
perdas, (familiares, saúde, função do trabalho etc.), contribuindo para desencadear esse estado
e em locais de fácil acesso. Quando se trata de pessoas acima de 60 anos, sabe-se que todo
psicológico. Há alguns estudos que correlacionam o ânimo dos usuários ás cores do ambiente,
cuidado é pouco. Mecanismos de alerta de vazamento de gás são indispensáveis, garantindo
atuando até mesmo com efeito antidepressivo, ante estresse e tranquilizante (BESTETTI,
que as dificuldades de memória, comuns nessa idade, não coloquem em risco a vida desses
2006). As cores vivas e quentes são estimulantes, mas devem ser utilizadas de forma a não
usuários (BESTETTI, 2006). Sabe-se que manter uma ligação direta do idoso com seu passado
deixar grandes áreas muito saturadas, devendo-se buscar o equilíbrio e o conforto visual. Cores
distante é primordial, podendo ser feita de diversas formas, desde a forma arquitetônica do
claras em paredes e tetos auxiliam na iluminação do ambiente (BARBOSA, 2002).
espaço, como a presença de um telhado colonial e extensas varandas como as de antigamente, ou mesmo como a presença de objetos que remetem a situações já vividas por eles e itens
As aberturas possuem um grande papel na saúde do idoso. Como já dito anteriormente, o
como porta retratos com fotos da família, ativando e resgatando a memória (BARBOSA, 2014).
contato com o exterior é sempre benéfico, possibilitando ao indivíduo acompanhar o passar do
Importante é transparecer que o espaço é familiar, evitando situações de desconforto causadas
dia e o movimento externo (BARBOSA, 2014). Os idosos devem permanecer o menor tempo
por confusões mentais e esquecimentos (SOUZA, 2014). Deve-se alertar para o uso excessivo
possível dentro de seus dormitórios, em caso de não conseguir evitar essa permanência
de cores que podem ter o efeito reverso causando confusão e provocando acidentes
prolongada nos aposentos, como em caso de idosos acamados, oferece-lo a visão externa com
(BESTETTI, 2006).
janelas de grandes dimensões é indispensável (SOUZA, 2014). Além das dimensões das aberturas, a altura dos peitoris e sacadas devem ser dimensionados pensando que o público em questão costuma contemplar a paisagem por mais tempo e por isso, geralmente sentam-se sob as janelas (BESTETTI, 2006). Outros tipos de abertura como as zenitais, se projetadas da maneira correta são ótimas soluções para permitir que o idoso acompanhe o início e o final do dia, o clima e as horas, adequando seu relógio biológico e suas rotinas (SOUZA, 2014).
O espaço em si deve induzir a prática de exercícios físicos e caminhadas leves, mantendo o contato com o ambiente externo e com outras pessoas. É essencial que os idosos entendam e saibam o que ocorre em sua volta e com outras pessoas, sendo membros integrantes da sociedade (BARBOSA, 2014).
A ARQUITETURA E O IDOSO
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2.2.8 Cuidados com a pele e probabilidade de desidratação Outro problema trazido com o aumento da idade é o fato da pele transpirar menos e ficar cada vez mais enrugada e menos flexível devido a diminuição da água no organismo (BARBOSA, 2002). Há uma preocupação acerca do problema mundial causado pelo buraco na camada de ozônio: o câncer de pele. Diante do câncer de pele, o estudo da insolação deixa de ser apenas um quesito de garantia de conforto do usuário, mas também de saúde. O arquiteto deve estar atento as insolações e irradiações ao longo do dia e a orientação da edificação, prevendo coberturas, sistemas sombreadores e um correto dimensionamento das aberturas, diminuindo a incidência do sol cancerígeno e seus malefícios, sem obstruir a luz necessária
Além de ajudar no equilíbrio emocional, as cores auxiliam também no conforto térmico, por exemplo, quando cores mais claras são aplicadas nos telhados e no teto diminuem o calor no interior da construção, visto que tendem a refletir os raios solares, e não os absorver (BARBOSA, 2002). A varanda já citada anteriormente e o telhado colonial com grandes beirais além de trazerem a conexão com o passado, são um dispositivo de proteção para chuva e para o próprio calor interno, fazendo a transição entre ambiente externo e interno (BARBOSA, 2002). 2.2.9 Doenças do sistema respiratório
para melhoria do estado psico e físico do idoso (BARBOSA, 2002).
O controle da umidade e a higiene do ambiente são aspectos que devem ser vistos na etapa
Com o passar dos anos, através da exposição ao sol e ás toxinas ambientais, o corpo começa
de projeto e na manutenção da edificação. Aspectos esses que agem diretamente no sistema
a perder os mecanismos para a detecção de quedas e aumentos de temperatura, devido ao
respiratório, o qual nos idosos observa-se uma perda gradual das funções do organismo
envelhecimento da pele (PASSOS, 2011). Quando a temperatura se eleva, o corpo tem a
(BARBOSA, 2002). A incidência de asma, bronquite, pneumonia no idoso requer um cuidado
sensação térmica de um calor excessivo (BARBOSA, 2002). O estudo do conforto térmico
mais intenso, afinal ele se torna mais vulnerável a infecções (BARBOSA, 2002). A ASHARE (A
começa desde o posicionamento da casa no terreno (implantação), a especificação dos
Sociedade Americana de Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e Ar Condicionado)
materiais da envoltória, o correto posicionamento das aberturas e o estudo de uma tipologia
realizou uma pesquisa em que revelou que cerca de 90% do tempo de vida é gasto dentro de
arquitetônica ideal para o clima do local, incluindo a umidade e os ventos. Orienta-se que
edifícios, dessa forma conclui-se que a poluição interna é algo que deve ser revertido, pois
áreas livres sejam previstas de forma a criarem espaços de luz do sol e de sombra, criando
apresenta sério risco para a saúde do usuário (BARBOSA, 2002).
variadas alternativas de microclima aos diferentes indivíduos de um mesmo local (BARBOSA,
É indicado que se especifique materiais de fácil limpeza e manutenção, porém, esses materiais
2002). As esquadrias são importantes recursos na regulação da temperatura interna, quanto
costumam apresentar superfícies lisas e serem duros, ocasionando problemas acústicos ou
mais opções de controle elas oferecerem (como venezianas, aberturas em vidro, meias
mesmo o risco de acidentes. Jardins também são importantes elementos de contato com a
aberturas, etc) maiores as chances de se atingir um meio termo dentro da zona de conforto do
natureza e podem até mesmo ter função de purificação do ar. Espécies como o filodendro, o
idoso (BARBOSA, 2002). O uso do aparelho de ar condicionado deve ser evitado, sendo ele
crisântemo, a hera inglesa, a gérbera e o lírio são indicados para ambientes em que tenham o
utilizado apenas quando necessário, no momento em que a temperatura estiver fora da zona
ar contaminado por formaldeído, benzeno e tricloroetileno (BARBOSA, 2002).
de conforto. O Quadro 1 resume os problemas listados nos itens 2.2.2 a 2.2.9 e as decisões arquitetônicas que buscam mitigar o desconforto dos usuários nos espaços projetados.
Quadro 1 – Decisões arquitetônicas em função das limitações do usuário
PROBLEMAS RECORRENTES OBSERVADOS NO PÚBLICO IDOSO
PROBLEMAS E ENFERMIDADES
RELAÇÃO COM A ARQUITETURA
PROBABILIDADE DOMÉSTICOS
-Disposição do mobiliário -Previsão de barras de apoio -Dimensionamento dos espaços -Iluminação adequada -Móveis acolchoados e arredondados -Piso nivelado, regular, estável, uniforme e com revestimento antiderrapante -Formato do banheiro, evitando quinas -Evitar a especificação de materiais cortantes e frágeis como vidros, espelhos e plástico. -Design de mobiliário ergonômico -Corredores largos, evitando grandes extensões -Prever bancos de descanso quando necessário percorrer grandes distâncias -Evitar circulações verticais, priorizando a horizontalidade -Priorizar rampas a escadas -Acessibilidade plena em todos os cômodos -Prever barras de apoio e corrimãos
DE
ACIDENTES
ARTICULAÇÕES ENRIJECIDAS DIFICULDADES DE LOCOMOÇÃO
E
INCONTINÊNCIA
HUMOR ALTERADO
DOENÇAS DO CÉREBRO
PROBABILIDADE DE DESIDRATAÇÃO E CUIDADOS COM A PELE
VISÃO COMPROMETIDA
AUDIÇÃO COMPROMETIDA
DOENÇAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO
Fonte: Elaborado pela autora
A ARQUITETURA E O IDOSO
-Percepção das distâncias entre cômodos -Simples setorização do ambiente -Acessibilidade -Dimensionamento dos cômodos -Iluminação noturna -Estimulo através cores no ambiente, nos materiais e texturas -Conforto visual, estético e acústico -Proximidade do usuário com o ambiente externo e com a natureza -Previsão de móveis e lembranças físicas antigas que acolham o usuário -Evitar o fácil acesso a utensílios perigosos -Previsão de diferentes funções no espaço, definidas por cores. -Utilização de cores contrastantes -Prever móveis que remetam a lembranças e ativem a memória -Utilização de barreiras físicas para auto segurança -Aberturas que promovam a conexão com o ambiente externo -Conforto higrotérmico -Correto posicionamento e dimensionamento de aberturas para ventilação. -Utilizar a tecnologia de forma a regular a temperatura de forma automática, com o auxílio de um termômetro. -Projeto paisagístico na escala do usuário -Previsão de elementos sombreadores -Correta orientação e implantação da edificação de modo a aproveitar a incidência do sol em horários confortáveis, e evita-la quando for prejudicial à saúde e ao bem-estar -Diferenciação de desníveis e outros obstáculos por cores vibrantes e sinais luminosos -Utilizar materiais com diferentes texturas -Áreas de tarefa devem receber iluminação adicional -Iluminação correta e uniforme, evitando dar falsas sensações de profundidade -Sensores de presença de acendimento -Interruptores que contrastem com a cor da parede -Materiais que absorvam ruídos indesejáveis -Forros acústicos -Paredes de maior espessura -Disposição do mobiliário -Aberturas voltadas para ambientes ruidosos devem receber tratamentos -Prever aberturas que proporcionem a correta ventilação cruzada, a promovendo a renovação do ar -Especificação correta de materiais que sejam de fácil higienização e que não acumulem sujeira e ácaros com facilidade.
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A ARQUITETURA E O IDOSO
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2.3 Direitos e normas Os direitos e normas específicos para idosos devem ser estudados com critério por se tratar de um público não padrão e com características próprias. Uma das normas mais importantes é a de acessibilidade plena (NBR 9050/04), visando sanar os problemas de mobilidade e locomoção. Deve se alertar não só para a segurança física, mas também a segurança emocional. Não é ético e nem aceitável que o idoso seja transformado em um ser incapaz, mesmo com incapacidade parcial, deve-se promover a socialização. É por consequência o direito do idoso a humanização de seu espaço, desfrutando de uma arquitetura inclusiva e acolhedora, agindo diretamente na sua qualidade de vida e universalizando seu acesso (ENVELHECIMENTO, 2014). Segundo o artigo 37 do estatuto do idoso “O idoso tem direito à moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou ainda em instituição pública ou privada”. Observa-se que o que comanda é o desejo do idoso. Inclusive sobre o direito de morar desacompanhado da família. Muitas vezes este desejo é ignorado pelo simples temor familiar, o qual muitas vezes pode ser sanado com um bom sistema de automação e teleassistência, por exemplo (ARCHDAILY, 2018).
03
ESTUDOS DE CASO
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Na busca de referenciais projetuais, foi utilizado como método a demonstração e análise dos
Unidos, criada para atender o público da terceira idade (Figura 6). O local funciona como um
estudos de caso pelos seguintes itens: implantação, arquitetura, interiores, lazer e paisagismo.
enorme condomínio, com casas independentes, restaurantes e atividades recreativas (Figura 7). Com uma proposta diferentes dos outros dois empreendimentos citados, a Dementia Village
3.1 Implantação
foi projetada para aqueles que não lembram quem são, que já não se situam mais no tempo e
Os empreendimentos voltados para idosos são dispostos de forma a garantir a privacidade e a proteção em relação ao entorno. Geralmente delimitados por muros e gradis, os
que são especialmente carentes em suas realidades (Figura 8). Figura 6 – Localização "The Villages"
Figura 7 – Vista aérea da "The Villages".
Fonte: Google Maps (2019).
Fonte: The Villages realty (2019)
empreendimentos têm unidades dispostas horizontalmente devido à dificuldade dos idosos em se locomover, vencendo diferentes níveis. A implantação varia entre uma vila fechada, disposta de forma radial com uma praça no centro, ou como pequenas cidades com ruas e calçadas e casas dispostas de forma linear. A Bettersea Place é uma unidade da Life Care de luxo localizada no coração de Londres (Figura 4). É constituída por dois grandes blocos lineares, situados em frente ao Parque Bettersea, que são separados por um grande quintal/jardim onde acontecem atividades ao ar livre. Cria- se uma espécie de pátio protegido, que estabelece a integração entre as torres. A Figura 5 mostra a proximidade e a relação entre o empreendimento e o parque. Figura 4 – Localização da Bettersea Place
Figura 5 – Relação entre o empreendimento e o parque
Dessa forma os ambientes são personalizados para pessoas da terceira idade com demência, oferecendo a segurança necessária, onde o planejamento urbano, a arquitetura, o design, a engenharia e a paisagem são especialmente pensados para esses usuários de forma a promover sua independência (ADVISORS). As 23 casas existentes foram financiadas pelo governo Holandês e atendem cerca de 150 idosos com demência e Alzheimer. Os idosos devem ser incentivados diariamente a permanecerem ativos, e é isso o que a arquitetura proporciona: a ideia de que essas pessoas ainda podem desfrutar do melhor da vida através do design das casas e de todo o entorno adaptado a seu estilo de vida. A própria implantação e volumetria dos blocos cria ambientes e circulações urbanas (Figura 9).
Fonte: Google Maps (2019)
Fonte: Google Maps (2019)
Figura 8 – Localização da "Dementia Village".
Figura 9 – Volumetria com base em formas puras com janelas baixas nas acomodações.
Fonte: Google Maps (2019)
Fonte: Dementia Village (2019)
A implantação das duas torres faz com que o “pátio protegido” entre elas pareça se tornar um ambiente apertado, onde os edifícios agem como barreira, impedindo uma melhor ventilação e insolação. O excessivo sombreamento causado pelas torres torna o quintal um ambiente escuro e desconfortável em um país de clima frio (como Londres, país sede do empreendimento) tornase necessário o calor provindo do sol. A The Villages é um exemplo de projeto com escala maior que a Bettersea, sendo uma cidade situada em uma área metropolitana nos Estados
ESTUDOS DE CASO
23
O Vila Dignidade é um exemplo de empreendimento voltado para idosos no Brasil (Figura 10).
Na Bettersea Place o estilo arquitetônico é contemporâneo tanto externa quanto internamente,
O pré-requisito para morar na Vila Dignidade é ter 60 anos ou mais, viver ao menos por dois
com a utilização de concreto e vidro (Figura 13). Apesar de toda essa modernidade, a tipologia
anos na cidade e ter uma renda de até dois salários mínimos. É dada prioridade aos idosos que
da arquitetura conversa diretamente com as construções antigas do entorno, utilizando
não tenham vínculo familiar, visando dessa forma, prevenir o asilamento. Nesse programa o
materiais como o tijolinho, uma paleta de cores nos mesmos tons e uma escala proporcional.
idoso recebe o direito de uso da casa, não tendo que a comprar.
Observa-se na Figura 12 a comunicação entre as fachadas da Betterplace e a edificação
A organização da Vila define que as casas devem ser implantadas lado a lado e deve haver uma praça central, o que reforça o sentimento de acolhimento e de sociabilidade, mas que apresenta um certo prejuízo em outros aspectos (Figura 11). Esse é um padrão que poderia
vizinha. Existem várias aberturas, principalmente pensadas no aproveitamento máximo da iluminação natural, trazendo um ambiente interno iluminado e agradável. O muro e a grade dão a sensação de proteção e promovem autonomia aos idosos residentes.
ser revisto, visto que de acordo com o terreno de implementação, existirão casas que serão prejudicadas devido sua posição em relação a orientação solar. O terreno tem um formato triangular, onde não houve um bom aproveitamento, gerando áreas residuais (Figura 13). Figura 10 – Localização da Vila dignidade, unidade de Avaré SP
Fonte: Google Maps (2019)
Figura 12 – Relação entre a arquitetura empreendimento com a presente no entorno.
do
Figura 134 – Volumetria da Bettersea Place.
Figura 11 – Implantação do Vila Dignidade
Fonte: Google Maps (2019)
Fonte: Google Maps (2019)
Figura 14 – Casa disponível para compra no The Villages
Figura 15 – Comércio e dos carrinhos de golfe no centro da cidade.
Fonte: The Villages realty (2019)
Fonte: The Villages realty (2019)
Fonte: Interesse Público Coletivo Daniela Valim (2011)
3.2 Arquitetura Há empreendimentos que queiram resgatar as características das casas de antigamente, reativando as memórias passadas, e outros que optam por trazer a tecnologia e contemporaneidade, trazendo a inclusão dos idosos ao tempo presente, através dos materiais e disposições.
ESTUDOS DE CASO
24
Na The Villages há variados conjuntos habitacionais, onde cada um segue um padrão de
Figura 16 - Acomodação localizada no térreo, observa-se uma volumetria sem ornamentos e formas puras
residências exatamente iguais (Figura 14). Em sua maioria são mansões de estilo americano, amplas e com volumes variados. As edificações não apresentam tipologia climática como vêse em outras partes dos Estados Unidos, visto que nessa região a temperatura varia de 8 °C a 32 °C (SPARK). Tudo o que existe na cidade é exclusivamente voltado para idosos: os cardápios e letreiros possuem letras grandes, as lojas não vendem roupas justas e desconfortáveis, as sapatarias não colocam sapatos de salto para vender, os restaurantes, fecham cedo, respeitando a rotina dos moradores locais e as ruas são estreitas e adaptadas para o uso de carros de golfe, e não automóveis (Figura 15). Já na Dementia Village, cada casa se adequa a um estilo de vida, criando habitações completamente diferentes. Para isso foi realizada uma pesquisa tipológica dos diferentes estilos de vida a serem combinados com as memórias dos residentes. O resultado da pesquisa trouxe sete estilos diferentes de acomodações, dessa forma os 150 idosos podem escolher o tipo de casa e estilo de vida que mais se identificam. Nas casas de repouso vivem até sete residentes que compartilham dos mesmos interesses e antecedentes semelhantes, compartilhando o mesmo estilo de vida (Figura 16). Todo o complexo pretende apropriar-se da memória coletiva dos moradores criando a identidade da vila. A organização dos espaços permite os idosos com demência a terem liberdade, o “ambiente de fora” é na verdade o ambiente de dentro”, visto que permanecem
Fonte: Dementia Village (2019) Figura 17 – Elevador e espaço de circulação do
Figura 18 – Grande escadaria e passarela descoberta
primeiro pavimento.
internamente protegidos (Figura 21 e Figura 22). Estudos comprovaram que os residentes da vila passaram a necessitar de menos medicamentos para controlar suas doenças neurológicas se comparado a idosos que residem em outras casas de repouso. No térreo concentram-se áreas comuns e espaços de vivência, além de algumas residências e no segundo pavimento existem apenas acomodações. Na planta fornecida pelo site oficial do empreendimento só é possível identificar a existência de um elevador e apenas duas caixas de escada para todo o complexo (Figura 17). Conclui-se que o acesso daqueles com necessidades especiais de mobilidade é consideravelmente dificultado devido a distância entre sua acomodação e a circulação vertical (Figura 19 e Figura 20). Um ponto a ser observado é que grandes circulações entre um edifício e outro são descobertas, dificultando a travessia em dias de chuva (Figura 18).
Fonte: Dementia Village (2019)
Fonte: Dementia Village (2019)
ESTUDOS DE CASO Figura 19 – Planta baixa do térreo, onde há apenas acomodações
Figura 21 – Residente fazendo compras.
Figura 22 – Área de convivência dos idosos.
Fonte: Dementia Village (2019)
Fonte: Dementia Village (2019)
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No Brasil, as casas da Vila Dignidade têm tipologia arquitetônica colonial evidenciada pelos telhados, mas apresentam novas tecnologias em suas execuções (Figura 23 e Figura 25). Todas as casas foram construídas de Steel Frame e com fundação em Radier, trazendo uma construção mais limpa e mais rápida, evitando o acúmulo de resíduos.
Fonte: Interesse Público Coletivo Daniela Valim (2011) Figura 20 – Planta baixa do primeiro pavimento, onde localizam-se as áreas comuns
As casas seguem um padrão, todas possuem a mesma cor, mesmo material e textura, o que enrijece um pouco o sentimento de identidade e pertencimento do local (Figura 24 e Figura 26). Além de que casas iguais dificultam a localização do idoso no espaço, causando episódios de confusão mental ao não se referenciarem no espaço.
Fonte: Interesse Público Coletivo Daniela Valim (2011)
Figura 23 – Volumetrias das casas e calçadas de circulação.comum
Figura 24 – Distribuição das casas e áreas comuns
Fonte: Jornal3idade
Fonte: Jornal3idade
ESTUDOS DE CASO
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Figura 25 – Praça central do empreendimento, observa-se a falta de um paisagismo de permanência.
Figura 26 – Barras de apoio de áreas comuns e circulação nivelada com piso antiderrapante.
frente da porta da entrada social. É possível constatar que a planta baixa da Figura 32 apresenta um lavabo voltado para a parte externa que não é usual, além do acesso entre a sala e o banheiro que é feito sem ter nenhuma conexão com uma espécie de corredor.
Fonte: Interesse Público Coletivo Daniela Valim (2011)
Figura 27 – Área de recepção, com móveis de quinas arredondadas e iluminação natural abundante.
Figura 28 – Sala de estar de uma unidade
Fonte: Life Care Residences (2019)
Fonte: Life Care Residences (2019)
habitacional
Fonte: Interesse Público Coletivo Daniela Valim (2011)
3.3 Interiores A Arquitetura de Interiores nesses empreendimentos varia muito, conforme a localização, cultura e a condição de poder aquisitivo dos moradores. Na Bettersea Place por exemplo, os apartamentos possuem acessibilidade, além de apresentarem inovações tecnológicas como uma cozinha inteligente, facilitando atividades da rotina. Há o predomínio de cores escuras na
Figura 29 – Restaurante com os tons claros e móveis de quinas arredondadas e acolchoados
parte externa da edificação e cores bem claras nas dependências internas. Branco, bege, cinza e marrom claro trazem ao ambiente uma sensação de leveza, aconchêgo, limpeza e amplitude (Figura 28 e Figura 29). O piso é sempre nivelado e na maioria das vezes é de madeira, justamente por esse material trazer uma sensação de comodidade ao ser tocado e não mudar de temperatura conforme as estações, por ser um ótimo isolante térmico. Em áreas molhadas porcelanatos antiderrapantes que evitam quedas. Os móveis tem quinas arredondadas, as cadeiras e assentos são acolchoados e estáveis, pensados para promover a segurança de quem transita entre os mobiliários e no conforto de quem permance sentado por muitas horas (Figura 27). As plantas variam entre 75m² a 186m², há opções de um, dois ou três quartos e todos os apartamentos possuem duas entradas, uma social e uma de serviço (Figura 30, Figura 31 e Figura 32). As cozinhas são integradas a sala de forma a localizar os armários em alturas adequadas e trazem espaços livres para que os moradores que utilizarem cadeiras de rodas tenham acesso a pia, porém muitos outros erros foram encontrados ao analisar as plantas baixas, como por exemplo: na Figura 30 observa-se que o banheiro poderia ser suíte, em vez de obrigar o morador a sair do quarto para utilizá-lo. Na Figura 31 observa-se que não há uma área de serviço, há uma entrada direto para o setor íntimo e está posicionada uma poltrona na
Fonte: Life Care Residences (2019)
ESTUDOS DE CASO Figura 30 – Modelo de apartamento de um quarto, possui aproximadamente 75,00m².
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Figura 31 – Modelo de apartamento de dois quartos, possui aproximadamente 110,00m².
Fonte: Life care residences (2019)
Fonte: Life Care Residences (2019)
Figura 32 – Modelo de apartamento de três quartos, possui aproximadamente 186,00m²
Os ambientes internos são claros, mas possuem cores pontuais em objetos de decoração, dando vida e alegria ao ambiente. Observa-se a quantidade de mobiliários e adornos de vidro, material cuja utilização não é recomendada para o público da terceira idade, por ser frágil e comprometer a segurança dos idosos. Além disso, observa-se que na cozinha existem banquetas altas e sem encosto, o que mostra a contradição entre a estética e a necessidade do usuário, além de serem perigosas são de difícil utilização (Figura 33). No banheiro foram empregadas pias sem armários embaixo para facilitar o acesso de pessoas que usam cadeiras de rodas, além de evitar que o idoso se abaixe regularmente e faça esforço indevido (Figura 34). Porém o material que delimita o espaço de banho é um grande vidro e disposição das louças do banheiro não possibilita a utilização de barras de apoio laterais, apresentando apenas uma frontal, o que não é o ideal para garantir a estabilidade ao idoso. Os quartos nem sempre são tão espaçosos como deveriam, com camas de casal e armários amplos que diminuem a área de circulação. A janela possui a parte de baixo fixa e uma parte superior que possibilita abertura, garantindo a visualização do ambiente externo, a ventilação e a iluminação natural sem comprometer a segurança.
Fonte: Life care residences (2019)
ESTUDOS DE CASO
28
Figura 33 – Cozinha de um apartamento na Bettersea Place.
Figura 34 – Banheiro de um dos apartamentos
Figura 35 – Espaço interno e as diferentes texturas e cores do mobiliário
Figura 36 – Sala de jantar de uma das acomodações, com móveis clássicos.
Fonte: Life Care Residences (2019)
Fonte: Life Care Residences (2019)
Fonte: Dementia Village (2019)
Fonte: Dementia Village (2019)
Na Dementia Village os móveis são muitas vezes dos próprios moradores, fazendo a ligação
Figura 37 – Planta baixa de uma casa na Vila Dignidade
com seu passado e auxiliando na memória, tomando cuidado para que não ofereçam risco para nenhum residente (Figura 35). Acolchoados, arredondados e espaçosos, os mobiliários trazem conforto ao usuário e sensação de pertencimento e identidade. As acomodações possuem ambientação clássica com móveis de madeira e cores vivas de forma a auxiliarem os usuários a se localizarem (Figura 36). As aberturas em vidro fazem a conexão o ambiente interno ao externo, favorecendo a iluminação e a ventilação dos espaços. Na Vila Dignidade também há uma grande preocupação com a acessibilidade, o conceito de Desenho Universal foi aplicado em todas as unidades garantindo aos moradores com dificuldade de locomoção a facilidade de uso e o conforto de suas habitações (Figura 37). Os banheiros contam com barras de apoio, as portas e os corredores são mais largos, há mais rampas que escadas, os revestimentos do piso são antiderrapantes e há um botão de emergência nos quartos e nos banheiros, para a prestação de socorro em casos de acidentes. As acomodações possuem a disposição do layout como em uma casa comum e os dormitórios abrigam até duas pessoas. Observa-se que as janelas têm tamanho padrão, dessa forma, o peitoril alto dificulta a visualização do espaço externo por idosos cadeirantes ou que queiram apenas sentar e observar a vista.
Fonte: Interesse Público Coletivo Daniela Valim (2011)
ESTUDOS DE CASO 3.4 Lazer
29
O cinema tem uma distância maior entre as poltronas, sendo elas mais largas e com regulagem automática. O carpete aplicado no chão contribui para o isolamento acústico do espaço,
Todos os empreendimentos possuem grandes áreas de convivência e de lazer, objetivando-se a integração dos moradores idosos. As variadas atividades recreativas trazem ao idoso ânimo e evitam que a ociosidade possa trazer consequências graves como a depressão (Figura 39). Por essas e outras razões, há sempre um superdimensionamento de áreas comuns. A Bettersea apesar de apresentar a menor área livre de todos os estudos de caso analisados, proporciona o lazer a atividade física nas partes internas do empreendimento, apresentando
conforme a Figura 40. Já na The Villages, por se tratar de uma cidade, a forma de lazer e a área comunitária é composta por ruas, praças, lagos, parques e decks. Todos os dias no final da tarde, monta-se uma feira no centro da cidade onde acontecem apresentações de cantores ao vivo, e os idosos dançam ao som da música (Figura 41). As vilas contam também com variados clubes que organizam desfiles na cidade durante as datas festivas.
uma grande piscina, um cinema, SPA, ginásio, sala de jogos, sala de descanso, café bar, jardim
Na Dementia Village o lazer é proporcionado de maneira diferente, justamente em função das
privado, biblioteca e um salão de beleza. São oferecidas aulas de hidroginástica, pilates e
condições de saúde mental dos moradores. Além dos espaços dispostos no empreendimento,
meditação. No espaço da piscina há uma abertura zenital e generosas portas que aproximam
o lazer é promovido através de viagens ao zoológico, parques de diversões, teatro e piscina.
o usuário em um momento de relaxamento a natureza do ambiente externo. Uma grelha
Dias para exibição de filmes, DVD´s, fotografias e músicas foram criados para remeterem aos
instalada na borda da piscina drena a água que transborda, evitando que chegue até o piso,
tempos antigos e reavivarem a memória, inclusive através de cheiros que são dispersos pelo
podendo causar quedas. Para adentrar a piscina o usuário tem barras tem apoio que o auxiliem
ar.
(Figura 38). Figura 38 – Perspectiva do ambiente da piscina com ralo linear presente em todo o contorno da piscina.
Figura 39 - Área da piscina com barras de acessibilidade e as diferentes iluminações existentes.
Figura 40 – Foto da sala de cinema adaptada
Fonte: Life Care Residences (2019)
Fonte: Life Care Residences (2019)
Fonte: Life Care Residences (2019)
Figura 41 – Idosos dançando no final de tarde na Vila.
Fonte: The Villages realty (2019)
ESTUDOS DE CASO
30
O empreendimento com maior área externa delimitada e menos atividades oferecidas é o Vila Dignidade, que apesar das áreas externas serem voltadas ao lazer e integração dos idosos, tais como mesas de jogos de tabuleiros, equipamentos de ginástica e fisioterapia, ficam expostas ao sol (Figura 42 e Figura 43). Isso se justifica nos países frios, mas mesmo assim a pele do idoso tem que estar protegida (Figura 44). Figura 42 – Área de convivência com mesas para jogos de tabuleiro, nota-se a falta de elementos sombreadores.
Figura 43 – Academia para idosos na praça central exposta ao sol.
3.5 Paisagismo O paisagismo deve ser pensado detalhadamente para que apresente segurança e conforto aos usuários, evitando espécies que possam oferecer certo risco a segurança dos idosos, como grandes árvores frutíferas em espaços de circulação. Além da vegetação, a especificação dos revestimentos do piso deve oferecer estabilidade e segurança ao residente que na maioria das vezes apresenta certa dificuldade de locomoção. Na The Villages a pavimentação da área comum é de pisos antiderrapantes que proporcionam maior segurança aos idosos. A integração com a natureza é feita pela vegetação e pelos lagos espalhados pelas vilas, que possuem decks para descanso e pesca. Os amplos gramados de golfe são cuidadosamente pensados para não apresentarem grandes desníveis e consequentemente dificuldades de acesso (Figura 45). Grandes áreas gramadas, palmeiras e arbustos baixos agradáveis. O paisagismo não é pensado para a escala do pedestre, apesar de todo os outros itens urbanísticos serem, pois, a vegetação é de porte médio e grande e composta por espécies que
Fonte: Governo de Mogi das cruzes, São Paulo (2019)
Fonte: Governo de Mogi das cruzes, São Paulo (2019)
Figura 44 - Academia para idosos, observa-se a falta de sombreamento
não oferecem sombreamento, como no caso das palmeiras, além de serem posicionadas espaçadas. Por ser uma área de grande insolação, deveria ser implantado um paisagismo que oferecesse um conforto maior aos moradores, não apenas pensando na estética. Figura 45 – Campo golfe na The Villages.
Fonte: Governo de Mogi das cruzes, São Paulo (2019)
Fonte: The Villages realty (2019)
ESTUDOS DE CASO Na Dementia Village o paisagismo já é mais voltado ao indivíduo e suas limitações, criando
Figura 475 – Paisagismo e a relação entre Arquitetura e natureza.
áreas de vivência Todo o complexo possui grandes áreas verdes, parques e jardins que trazem o contato direto entre idosos e natureza (Figura 46). Diferentes espécies, junto a suas cores e texturas visam provocar diferentes sensações nos moradores (Figura 47). Uma das grandes críticas ao Vila Dignidade é que apesar dos espaços comuns serem pensados de forma a integrar os moradores, ao observar os projetos já executados observa-se a falta de tratamento dessas áreas em relação ao paisagismo. Grandes espaços gramados e de baixos arbustos não oferecem o conforto do idoso, que precisam estar protegidos da incidência direta do sol. Palmeiras e outras espécies não são indicadas para fornecer sombra nos dias ensolarados e quentes foram implantadas em quase todo o empreendimento, de forma irregular e desordenada. Outros tipos de elementos sombreadores e coberturas deveriam existir nas áreas de lazer e esporte, visto que quando chove não é possível sua utilização, limitando a permanência dos idosos aos espaços internos. Figura 46 –Paisagismo dos espaços comuns, com diferentes usos e paginações
Fonte: Dementia Village (2019)
Fonte: Dementia Village (2019)
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ESTUDOS DE CASO
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Quadro 2 – Resumo dos aspectos mais relevantes dos estudos de caso EMPREENDIMENTO
DEFINIÇÃO
IMPLANTAÇÃO
ARQUITETURA
INTERIORES
LAZER
PAISAGISMO
BETTERSEAPLACE
-Empreendimento de luxo
-Londres -Localiza-se em frente ao parque Bettersea -Conexão com o exterior através das áreas descobertas de vivência -As disposição das duas torres criam um pátio interno apertado, sem uma boa ventilação e iluminação natural, tão importante para países frios, onde está situada.
-Delimitado por muro/gradil -Arquitetura vertical -Tecnologia e contemporaneidade -Vidro e concreto como materiais predominantes -Grandes aberturas para iluminação e ventilação -Elevadores e rampas auxiliam os idosos nas diferentes cotas de nível
-Nem todos os apartamentos são 100% acessíveis -Cores claras e neutras compõem os ambientes e a decoração possui cores vivas e pontuais -Pisos de madeira nas áreas íntimas e comuns e nas áreas molhadas há porcelanatos antiderrapantes -Móveis acolchoados e arredondados -Móveis dispostos em locais de circulação -Espaços íntimos, sociais e de serviço não tem falhas de setorização -Utilização de materiais perigosos como vidro -Banquetas altas e sem encosto na cozinha -Pias sem armários embaixo para acesso de cadeirantes -Janelas amplas e peitoris baixos
-Não foi possível identificar um paisagismo destacável no empreendimento, visto que este tem tipologia predial
THE VILLAGES
-Condomínio de casas independentes, comércio e serviços para idosos de alta renda
-Flórida -Diferentes conjuntos habitacionais onde as mansões seguem o padrão do dado conjunto -Como em uma cidade, há ruas, mobiliários urbanos e paisagismo
-Não há muros que limitam o condomínio -Grandes mansões -Cidade adaptada aos idosos (letreiros, serviços ofertados, produtos comercializados, etc.) -Funcionamento de acordo com a rotina dos mais velhos contemporânea, com -Arquitetura materiais e tecnologias atuais -Os desníveis não são profundamente acentuados mas existem
-Como as casas são independentes, os ambientes interiores são variados de acordo com os gostos dos donos, impossibilitando o estudo dos interiores de forma generalizada
-Áreas comuns no térreo -Atividades de lazer em ambientes internos e cobertos -Piscina, cinema, SPA, ginásio, sala de jogos, sala de descanso, café bar, jardim privado e biblioteca -Áreas de vivência possuem barras e corrimãos de segurança e materiais corretamente especificados -Áreas comuns no térreo -Por se tratar de uma cidade, possui praças, lagos, parques e decks -Atividades organizadas por clubes recreativos
DEMENTIA
-Empreendimentos para idosos com demências
-Holanda -23 Casas atendem 150 idosos -Arquiteta como solução das limitações causadas pela doença -Blocos dispostos de forma a criarem diferentes ambientes e circulações urbanas
-Delimitado por muro -Sete diferentes estilos de habitações -Arquitetura de acordo com um dos sete estilos que o idoso mais se identifica -Arquitetura como resgate do passado, trazendo memórias -Circulação dificultada por grande escadarias e rampas descobertas e apresenta apenas um elevador para todo o empreendimento
-Não há mobiliários especifico, visto que os residentes podem trazer seus pertences desde que não ofereçam risco a segurança -Móveis fazem ligação com o passado -Cores vivas compõem os ambientes internos -Possui grandes aberturas e baixos peitoris -Sensação de pertencimento e identidade do local -Decorações são clássicas e os móveis em madeira
-Programa de empreendimentos voltados para Idosos sem vínculo familiar ofertada pelo governo
-São Paulo -Casas implantadas lado a lado com praça central solar compromete -Orientação algumas casas por serem obrigatoriamente dispostas lado a lado -Áreas residuais de acordo com o tamanho e formato do terreno
-Delimitado por muro -Modelo de casa tradicional, porém com tecnologias atuais -Casas iguais dificultam o idoso a se localizar no espaço -Monotonia de cores e estilos de casas contribuem para o sentimento de não pertencimento do morador
-Desenho universal foi aplicado em todas as unidades -Banheiros contam com barras de apoio -As portas e corredores são largos -Os revestimentos dos pisos são antiderrapantes -Inclusão de um botão de emergência nos quartos e banheiros, para ser acionado em caso de emergência --Dormitórios para no máximo duas pessoas -Janelas tem tamanhos padrões, dificultando a visualização do exterior por idosos na cadeira de rodas, ou que queiram apenas sentar e observar a vista
VILLAGE
VILA DIGNIDADE
-Áreas comuns no térreo -Lazer externo aos limites do empreendimento, através de viagens organizadas -Exibições de filmes e fotografias -Musicoterapia e aromaterapia -Áreas comuns no térreo -É o empreendimento com a maior área livre e com menos atividades de lazer oferecidas mesas de -Há tabuleiros, equipamentos de ginástica e fisioterapia não são usuais
-Paginação das áreas comuns é de pisos antiderrapantes -Há amplos gramados de golfe -Palmeiras e arbustos são baixos, espaçados e compõem a paisagem, permitem a incidência do sol nas estações frias, porém não protegem os moradores nas estações quentes. -Paisagismo estético que não prioriza o idoso -Paisagismo pensado no indivíduo e suas limitações, criando áreas de vivência -Diferentes espécies, cores e texturas provocam diferentes sensações nos moradores -Descuido com o projeto paisagístico, as áreas de vivência são expostas ao sol direto sem qualquer sombreamento -Espécies de vegetações que não fazem sombra e tem apenas efeito estetico
V
04
PROGRAMA DE NECESSIDADES
34
Para melhor entendimento das necessidades do empreendimento foi criada uma tabela definindo os ambientes, o tipo de atividade realizada nesse ambiente e o mobiliário básico necessário para atender as funções do espaço. Quadro 2 – Programa de necessidades
AMBIENTE
Secretaria
Tesouraria Gerência Recepção Central de segurança Sanitários Farmácia Centro de enfermagem Ambulatório
ATIVIDADE
Copa/cozinha Sala nutricionista Café/Padaria Academia Cinema Sala de informática Espaços de estar
MOBILIÁRIO
Processos administrativos, atendimento aos hóspedes e organização de atividades. Realização e controle de todas as atividades financeiras e compras. Sala individual para o gerente. Entrega de correspondências, troca de informações, controle de entrada e saída de moradores e visitantes. Acesso a imagens dos locais de uso coletivo.
Mesas de atendimento , computadores, impressoras e espaço para guardar arquivos.
Destinado aos funcionários.
Bacias sanitárias, pias, bancadas e boxes. SETOR DE SAÚDE Balcão de atendimento, prateleiras, estantes e armários, escrivaninha, cadeira e computador.
Armazenamento e controle de medicamentos com controle de acesso. Para atendimentos de situações especiais e controle de medicamentos cumprindo ordens médicas. Controle das fichas e históricos dos pacientes e pronto socorro a pequenos acidentes. Atendimento e repouso temporário.
Consultório Sala de atendimento para anamnese e consultas de médico/psicológico rotina. Sala de fisioterapia Estimular músculos e fazer alongamentos. Sanitários Restaurante
SETOR ADMINISTRATIVO
Área de refeições: café da manhã, almoço, jantar e ceia. Preparo e envio de refeições, limpeza da louça e higienização de alimentos. Atendimento e espaço para reuniões de alinhamento. Serviço de lanches e bebidas. Espaço de musculação, atividade aeróbica, sala de yoga e sala de dança. Espaço de convivência para assistir filmes, curtas e séries. Introdução a educação tecnológica aos idosos. Espaço para descanso.
Armários, cofre, mesa, cadeira e sofá de espera, depósito e estoque para materiais de limpeza, de escritório e de alimentação. Escrivaninha, computador, cadeira, mesa de reunião e apoio de café. Balcão de atendimento, cadeiras, sofá de espera, guarda volumes e quadro de avisos. Mesa, computadores, televisões, alto falante, armário e cadeira.
Armários de arquivos, mesas com cadeiras, computador e assentos para eventuais esperas de atendimento ou encaminhamento. Macas, suporte para soros, suporte para balão de oxigênio, inalador, cadeira para repouso ou extração de sangue, mesa de apoio e armário. Escrivaninha e cadeira de atendimento, maca, poltronas. Macas, cadeiras, equipamentos fisioterapêuticos, escrivaninha e cadeira. Bacias sanitárias, pias, bancadas. SETOR DE ALIMENTAÇÃO Mesas e cadeiras individuais e conjuntas, balcão para pratos quentes e frios e balcão passa-prato. Fogões industriais, fornos, coifas, pias, bancadas e equipamentos elétricos, geladeira, câmeras frigoríferas, balcão e espaço para separação de lixo. Escrivaninha, cadeira, computador, mesa de reunião e espaço para equipamentos de biometria. Sofás, poltronas, mesas, balcões, estufas, espaço para descanso e espaço para lanches rápidos junto ao balcão. LAZER, ESPORTE E CULTURA Equipamentos básicos de academia, tatames, balcão de atendimento, banheiro, bebedouro e espelhos. Poltronas, mesas de apoio e tela de projeção para exibição dos filmes. Mesas, cadeiras e computadores. Sofás, poltronas, cadeiras e bancos. (Continuação)
PROGRAMA DE NECESSIDADES Jardim de inverno Jardim sensorial Sala de jogos Piscina e Sauna Horta Comunitária Espaço ecumênico Museu da Memória Brechó Pátio central
Paisagismo interno trazendo a conexão com a natureza para ambientes fechados. Paisagismo externo com o objetivo de provocar sensações exercitando os 5 sentidos dos idosos. Espaço para recreação e atividades. Espaço interno e externo de lazer. Cultivo de vegetais, legumes, hortaliças e frutas. Templo, espaço de reflexão e práticas religiosas. Espaço para exposição de objetos dos próprios moradores. Espaço para vendas de roupas usadas e novas dos moradores. Espaço alternativo destinado a eventos como apresentações de grupos teatrais, leitura de livros e poesias, telão para sessões de filmes ao ar livre.
Casas independentes Casas dependentes
Casas completas com independência e com plantas flexíveis. Alojamentos de dormitórios equipados com serviços de saúde e áreas sociais conjuntas.
Garagem para van e ambulância
Estacionamento de veículo coletivo de pequeno porte, de propriedade ou não do empreendimento, já que pode ser utilizado de forma programada. Vagas para veículos.
Estacionamento funcionários e moradores Doca carga e descarga Depósito de materiais externos Sanitário e vestiário de funcionários Área de descompressão para funcionários Lavanderia
Espécies de plantas para ornamentação de ambientes internos e bancos de descanso. Espécies de plantas, pedras, cascalhos, bancos e namoradeiras. Mesa de sinuca, mesa de ping pong, mesa de jogos como dama e xadrez, mesa de baralho, videogame, cadeiras e puffs. Espreguiçadeiras, ombrelones e cadeiras. Apoio para lavagem da colheita, mangueira, torneira, armário e tanque. Bancos, cadeiras e altar. Balcões e expositores. Araras, prateleiras, armários, escrivaninha, cadeira e computador. Salão com flexibilidade de mobiliário, cadeiras móveis e mesas. SETOR RESIDENCIAL
SUBSISTEMA DE APOIO LOGÍSTICO Vagas cobertas e de fácil acesso. Demarcações no chão e cobertura.
Espaço para abastecimento de produtos necessários para o funcionamento do estabelecimento. Local para guardar materiais de manutenção externa como equipamentos de jardinagem. -
Espaço para estacionamento de caminhões de pequeno e médio porte.
Espaço para descanso dos funcionários.
Sofás, mesas de centro, poltronas e televisão.
Espaço para higienização das roupas dos funcionários e moradores que desejarem o serviço. DML Espaço para armazenamento de material de limpeza. Fonte: Elaborado pela autora
35
Armários, prateleiras e estantes. Bacias sanitárias, pias, bancadas e boxes.
Grande máquinas de lavar, espaço aberto para secagem de roupas, máquinas de secagem e espaço para passar roupas. Armários e estantes. (Conclusão)
05
ESTUDO PREMILINAR 5.1 O Terreno O terreno escolhido para realização do estudo preliminar está inserido em uma região em crescente e constante desenvolvimento. Há poucos anos atrás as cidades de Vila Velha e Guarapari não se encontravam, quadro este que vem mudando devido ao fato das cidades estarem se conectando a partir do crescimento dos bairros adjacentes. Há uma importante rodovia de conexão entre Vila Velha e Guarapari que faz frente com o terreno, garantindo seu fácil acesso pelas duas cidades. O terreno tem uma grande dimensão e portanto é possível trabalhar todos os conceitos necessários para a execução de uma Moradia Assistida para idosos, promovendo a liberdade e garantindo a segurança do idoso. Além
de ter uma ótima localização
(encontra-se há sete quadras do mar), que garante uma ótima qualidade de vida a seus futuros moradores, afinal, a região é considerada a melhor do estado do Espírito Santo em qualidade do ar (necessário para a normalmente frágil saúde dos idosos), com predominância do vento nordeste, que tem fácil acesso ao terreno, pelo fato de não haverem grandes barreiras físicas como empreendimentos de gabaritos altos. São observadas também grandes potencialidades visuais e naturais, e o fato de que o terreno se localiza distante do centro, garante que não hajam grandes ruídos sonoros oalém dos sons provindos apenas dos carros que passam em alta velocidade na Rodovia, sendo possível escutar os sons dos pássaros e se sentir conectado com a natureza. Em seu entorno pode-se observar uma grande quantidade de condomínios, caracterizando uma área residencial e não há nenhum empreendimento próximo ao terreno com proposta semelhante ao do projeto. Outro aspecto positivo é que na região
já existe uma
infraestrutura consolidada (transporte público, sistema energia, encanamento de água e de esgoto e pavimentação). 5.2 Índices O terreno encontra-se em uma ZOC 2, uma Zona de Ocupação Controlada, dessa forma tem Coeficiente de Aproveitamento (CA) básico de 2, Afastamento Frontal Mínimo de 3,00m, Taxa de Ocupação Máxima de 50% e Taxa de Permeabilidade de 20%.
37
ESTUDO PREMILINAR
38
Fonte: PDM de Vila Velha
ESTUDO PREMILINAR
39
5.3 O Conceito
internos devem ser claros e terem cores vivas pontuais. Os materiais aplicados serão todos
Uma das principais preocupações que os familiares têm com os idosos é a sua segurança frente
pensados para garantir a segurança do idoso, ao mesmo tempo em que o faz sentir o
ao ambiente interno (risco de acidentes domésticos) e externo. Com a intenção de oferecer ao
aconchêgo de sua casa, como se ela fosse o seu refúgio.
idoso a qualidade de vida que ele pôde ter durante toda sua vida e proporcionando bem-estar e segurança, o conceito do projeto é LIBERDADE-PRIVACIDADE-NATUREZA, onde essas
O paisagimso terá ampla função no empreendimento visto que apresentará duas funções
três premissas fundamentais buscam promover melhores condições de vida aos moradores do
antagônicas e complementares: contribuir para a sensação de liberdade ao mesmo tempo em
empreendimento.
que serve de barreira física e/ou visual. As vegetações serão diferentes por todo o empreendimento, reforçando no idoso o senso de pertencimento e localização. A paginação do
A liberdade proporcionada pelo empreendimento contribuirá para a sensação de independência
piso deve guiar o idoso e evitar situações de confusão mental. As vegetações pensadas na
e autonomia desse idoso, e as soluções do partido de projeto irão afirmar que esses fatores
escala do pedestre irão proporcionar conforto, com espaços de descanso e permanência
não comprometam a segurança, integridade e saúde do idoso, com uma correta implantação.
devidamente sombreados.
O contato direto com a natureza (sabe-se da grande importância desse fator) vai reforçar esse
As áreas de vivência, lazer, esporte e cultura deverão trazer a esses idosos o senso de
conceito de liberdade, pois mesmo em um empreendimento murado o idoso vai estar livre da
pertencimento a comunidade, além de garantir a diversão e evitar a monotonia em suas vidas.
porta de sua casa para fora, através de um paisagismo pensado na escala do pedestre e para
A segurança deve ser preservada em todas as instâncias do lazer e atividades que promovam
esse público em especial. A ampla dimensão do terreno provoca a sensação de independência,
a saúde devem ter os equipamentos necessários para que isso ocorra. Devem existir áreas de
e as regras de funcionamento do empreendimento permitirão que essa independência não
lazer internas e externas, dessa forma em dias com variações de clima, a vivência dos idosos
coloque em risco o idoso.
não será comprometida.
5.4 O partido Para proporcionar liberdade ao idoso sem comprometer sua segurança algumas medidas arquitetônicas devem ser tomadas. A implantação das casas deve garantir o conforto lumínico (voltadas para o sol da manhã de preferência), acústico (devem se localizar distantes da rodovia de alto fluxo de carros) e térmico (voltadas de forma a captar a melhor qualidade dos ventos locais e proteger os idosos das variações de temperatura extremas). A Vila será predominantemente horizontal, devido a maior dificuldade dos usuários em questão em se locomover verticalmente, quando necessário mais de um pavimento na edificação, constará elevador e rampa para não comprometer a saúde e segurança do idoso. A tipologia das casas será colonial, remetendo esses idosos as memórias passadas e trazendo o conforto que esse estilo proporciona. As casas com amplas aberturas permitirão os moradores ter ampla visão do externo e do que acontece no cotidiano. A planta livre dessas casas garantirá que elas sejam seguras, de forma a não confundirem os idosos com cômodos muito separados, evitando as situações de confusões mentais. Todas as casas devem ser diferentes uma das outras para que os moradores possam ter o senso de localização sem fazer muito esforço. Os ambientes
Um breve estudo de volumes foi realizado através da repetição de módulos que foram dimensionados de acordo com a demanda do uso e função da edificação. Dessa forma propôs-se uma forma geométrica ideal para cada bloco do empreendimento, pensando nos acessos, fluxos, convivência entre moradores, privacidade, liberdade, conforto, segurança e conexão com a natureza. O maior desafio foi atender a um programa de necessidades específico para um público com características especiais de saúde em um terreno onde a
topografia acidentada exigia uma maior atenção na hora da implantação dos setores e edificações, como pode-se observar nas fotos ao lado, tiradas no interior do terreno e em uma imagem de drone.
VOLUMETRIA LINEAR QUE FACILITA O ACESSO
ELEMENTO VAZADO DE CONEXÃO DO ACESSO INTERNOEXTERNO
TELHADO EMBUTIDO
O setor de apoio logístico vai concentrar todos os serviços necessários para que o empreendimento funcione da melhor forma possível. Nele constará lavanderia, depósito de materiais, doca de carga e descarga, área de descompressão de funcionários, além dos estacionamentos de funcionários e vagas exclusivas para vans e ambulância. Vagas voltadas para apoio do setor de alimentação
também se encontrarão no bloco. Ele será o coração do empreendimento, onde todos os funcionários terão acesso e os moradores
PÁTIO CENTRAL COMO BARREIRA VISUAL
RUA INTERNA DE CARGA E DESCARGA
apoio. Deve ser camuflado e se localizar
próximo ao centro de esporte, cultura e lazer e ao setor de alimentação.
TELHADO COLONIAL COM ÁGUAS DESLOCADAS GRANDE PORTA DE INTEGRAÇÃO
As residências foram implantadas próximas ao rio em uma área de diferentes níveis, o que permitiu diferenciadas soluções arquitetônicas ao projeto residencial. Dessa forma, a entrada da casa encontra-se no nível da rua e um deck avança sobre o desnível causado pela presença do rio, servindo de cobertura
DECK DE PERMANÊNCIA
para
um
bloco
inferior,
que
abrigará
serviços
do
próprio
empreendimento, garantindo que o espaço seja habitado 24 horas e trazendo uma maior segurança ao morador. O deck conecta as casas e permite a integração dos vizinhos, convidando o morador a passear em um confortável caminho, com jardineiras e vegetações. Há também opções de casas sem o
RASCO NA ALVENARIA PARA VEGETAÇÃ O SERVIÇO NO TÉRREO
JARDINEIRA LATERAL SUSPENSA
DECK DE PASSAGEM
VARANDA
QUARTOS VOLTADOS UM PARA O OUTRO
bloco de serviços no nível inferior, assim como residências mais afastadas para aqueles que preferem uma implantação mais reclusa, as mesmas se localizam próximas a uma alta vegetação de preservação. A volumetria da casa modelo foi pensada no tipo colonial, aquele em que os usuários tem mais familiaridade. Uma grande porta de vidro na sala permite que o morador a integre com uma
grande varanda de maneira ter de 0 a 100% de conexão com o externo.
JARDIM VERTICAL
A casa compartilhada foi proposta para aqueles idosos que não querem morar sozinhos ou não tem
membros da família para morarem consigo, portanto a opção de quartos duplos para os moradores cria no empreendimento
uma
espécie
de
edificação
compartilhada. Todos os ambientes sociais e de serviços são compartilhados e há quartos duplos. Um pátio central atrai a atenção dos moradores e permite
PERGOLADO
JANELAS EM FITA VOLUMETRIA EM “U” QUE ACOLHE
que eles possam ter um contato externo interessante e protegido, aberto, mas porém com a privacidade proporcionada pela volumetria que se assemelha a uma fortaleza.
ESPAÇO DE VIVÊNCIA
CLARABÓIAS COM TRAMA DE MADEIRA
ESPAÇO DE PERMANÊNCIA EXTERNA
QUARTOS VOLTADOS UM PARA O OUTRO
O centro de saúde atenderá os indivíduos que apresentem uma maior necessidade de tratamento e auxílio integral, assim como
será também um local de atendimento e hospedagem temporária
dos
próprios
moradores
das
casas
do
empreendimento. O formato em “u” acolhe o morador e traz também a convivência em comunidade dos residentes. Todos
os quartos tem contato direto com o exterior, de forma que os localizados no térreo são voltados para um jardim de vivência central e os do primeiro pavimento tem uma varanda
VOLUMETRIA EM “U” QUE ACOLHE JARDIM CENTRAL
TELHADO COLONIAL PERGOLADO
ELEMENTO DE PROTEÇÃO SOLAR EM MADEIRA E VEGETAÇÃO
PISCINA AQUECIDA E PISCINA EXTERNA
compartilhada protegida por um pergolado de madeira com vidro e vegetações, trazendo um ambiente familiar até mesmo para os moradores acamados. Pequenos caixotes em vidro cobertos por uma trama de madeira no telhado permitem a entrada da luz solar indireta nos quartos. O estilo arquitetônico foi escolhido de forma a acompanhar o estilo residencial.
A volumetria do centro de lazer, esporte e cultura permite a existência de cinco diferentes ambientes que se integram através das atividades. Espaço para descanso e relaxamento, espaço de prática de esportes e fisioterapia, espaço de diversão e animação e por fim espaço de amostras e práticas culturais
comunicam-se
nesse
grande
bloco,
trazendo
recreação e animação para os moradores. As diferentes atividades oferecidas conseguem se dispor em
JARDINEIRA FRONTAL ENTRADA EM MADEIRA E VOLUMETRIA QUE VIDRO CRIA 3 DIFERENTES ESPAÇOS EXTERNOS
um mesmo edifício justamente por conta dessa volumetria. O telhado colonial traz ainda a sensação de acolhimento e familiaridade com os moradores. Algumas paredes não são
ESPAÇO DE PERMANÊNCIA EXTERNA
fixas, dessa forma, pode-se integrar todos os cinco ambientes abrindo-as em uma espécie de grande salão para a realização
de eventos.
OMBRELONES NA ÁREA EXTERNA
ÁRVORE QUE ULTRAPASSA A ESTRUTURA
TELHADO VERDE
O setor alimentício abriga alguns restaurantes de variados ramos da culinária, dispondo de um térreo movimentado, onde a paginação e o paisagismo convidam
ESPELHO D AGUA
o
usuário
a
passar
algumas
horas
admirando a natureza e conversando, além de uma terraço com uma parte descoberta sombreada por uma árvore que faz um rasgo na laje e ombrelones. Janelas em fita conectam o ambiente interno ao externo, o que faz-se possível através da vegetação
proposta que cobrirá a insolação direta sob o edifício.
ESPAÇO DE PERMANÊNCI A FRONTAL
Com a mesma proposta de linguagem, apesar de ter uma volumetria mais moderna, o telhado colonial
VOLUMETRIA DE BLOCOS DESLOCADOS
TELHADO COLONIAL COM ABERTURA EM VIDRO
reforça o estilo clássico escolhido para que os idosos
sintam-se em casa.
JARDIM COBERTO
BLOCO DE SERVIÇOS
O setor administrativo será junto a recepção, de
BLOCO DE LOJAS
forma que toda a gestão do empreendimento funcionará
neste
bloco.
Sua
volumetria
traz
acolhimento aqueles que chegam de carro ou mesmo a pé. Além de servir de “portaria” o ambiente contará com lojas, cafés e lanchonetes de forma que a família possa usufruir do espaço com o idoso, numa espécie de “shopping” que ofertará lojas especializadas nos usuários, como lojas de roupas,
SUPRIMENTOS PÓRTICO DE ENTRADA
sapatos e acessórios ou mesmo home care. Além disso outros serviços serão ofertados aqueles visitantes
VOLUMETRIA QUE ACOLHE E ABRAÇA O MORADOR/VISITANTE
que
podem
não
só
ir
até
o
empreendimento para visitar seus familiares mas como para fazer compras de suprimentos.
As curvas de nível do terreno guiaram a localização dos blocos, pelas visuais e necessidades. A escolha do terreno foi um desafio acerca do tipo de topografia aplicado a um usuário especifico com necessidades únicas e exclusivas
Diferentes soluções arquitetônicas foram aplicadas para minimizar o impacto
da topografia na segurança do usuário. .
A Entrada da casa é feita pelo
nível da rua, através de uma paginação
de
piso
que
direciona o idoso da rua até a casa (Figura 48). A garagem foi posicionada
estrategicamente
dentro da casa, o que facilita o idoso no transporte. Um ralo linear entre o piso da garagem e o da sala foi proposto para que a sujeira do ambiente de garagem provinda das rodas do
Figura 48 – Acesso a casa pelo pedestre e pelo veículo
carro não comprometessem a limpeza do resto da casa. Além da entrada facilitada do carro também foi proposta um recuo
na volumetria da entrada, o qual é coberto pelo telhado, evitando
expor
o
idoso
a
intempéries, como a chuva. A entrada interna da casa foi demarcada com um ripado de madeira
com
iluminação
indireta, auxiliando o idoso na dificuldade
visual
desde
o
momento em que ele adentra a casa.
Figura 49 – Fachada frontal da casa com anexo de serviços e deck compartilhado
A casa foi dividida em dois diferentes setores: o intimido (quarto do idoso, quarto de hóspedes e banheiro) e o social/serviço (sala de estar, sala de jantar, cozinha e área de serviço).
As poucas e apenas necessárias divisões internas possibilitam o idoso a ter a visão da casa como um todo, o que auxilia também ao acompanhante visualizá-lo na casa, sem pontos cegos. O quarto do idoso encontra-se próximo ao quarto de hóspedes para que o mesmo tenha agilidade caso necessário. O banheiro foi prioritariamente posicionado ao
lado do quarto do idoso para que a distância não cause confusão ou ansiedade, como visto nos estudos anteriores.
Um deck foi proposto na parte em que há um desnível acentuado no terreno,
conectando
todas
as
casas (Figura 49). A organicidade
e surpresa são trazidas pelas jardineiras
suspensas
em
formatos de ondas ao longo dos decks (Figuras 51 a 59).
Embaixo
do
deck
há
um
acesso exclusivo onde sugerese que se localize toda a parte O deck compartilhado tem um formato linear que auxilia na localização e evita estados de confusões mentais por parte dos moradores.
de serviços necessária para o
funcionamento
da
casa,
trazendo uma vitalidade ao empreendimento
e
uma
sensação de segurança ao
provocar o deslocamento de funcionários pelas casas sem tirar a liberdade e privacidade (Figuras 50).
Figuras 50 – Fachadas frontais do modelo de casa proposto
ESTUDO PREMILINAR
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Vale ressaltar que foi proposto apenas um modelo de casa, lembrando que na realidade será necessário que as casas sejam diferentes em volumetria e/ou cor, textura e material para que não comprometam o senso de pertencimento, identidade e localização do idoso.
Figura 51 – Vista aérea da implantação das casas, demonstrando também a ponte que liga os dois lados do deck
ESTUDO PREMILINAR
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Figura 52 – Vista aérea da implantação das casas, demonstrando a relação das mesmas com as ruas e o rio
Figura 53 – Vista do rio e a relação entre ele e as residências
Figura 54 – Imagem do deck compartilhado entre as casas
Figura 55 – Vista frontal das casas alinhadas
ESTUDO PREMILINAR
Figura 56 – Casa com bloco de serviços inferior, jardineira suspensa e deck compartilhado
Figura 57 – Visão de um observador em cima de uma das pontes, olhado para a outra
Figura 58 – Imagem do deck compartilhado entre as casas
Figura 59 – Perspectiva do deck compartilhado e sua proximidade com o rio e as edificações vizinhas
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ESTUDO PREMILINAR
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Figura 60 – Vista lateral da casa demonstrando os diferentes ambientes, demarcados por cores e objetos.
Como pode-se observar nas Figuras 60 e 61, o modelo de casa tem acessibilidade plena em todos os cômodos e acessos. O quarto do idoso encontra-se próximo ao quarto de hóspedes, o que proporciona
uma maior agilidade caso seja necessário o contato direto com o mesmo (Figura 71). O banheiro foi prioritariamente posicionado ao lado do quarto do idoso para que a distância não cause confusão ou ansiedade, como visto nos estudos demonstrados anteriormente. Os quadros e porta retratos remetem a necessidade do idoso em sempre estabelecer a conexão com suas memórias e lembranças, tendoas visualmente presentes. A cama é baixa e possui um tapete de azulejo hidráulico que chama atenção do idoso ao se levantar da cama, auxiliando-o a pisar e não ter contato direto com a cerâmica fria. Objetos de decoração marcantes ajudam o idoso a se localizar facilmente e estabelecer relação de identidade de personalidade com o espaço. As cores vivas foram utilizadas como elemento de atenção, e demarcação dos espaços. As quinas das paredes foram arredondadas para evitar acidentes, assim como o piso é um porcelanato que imita madeira, sendo antiderrapante, de fácil limpabilidade, sem perder a intimidade que a madeira traz ao ambiente. Os móveis são todos acolchoados e com encosto, pensando na ergonomia e conforto do usuário. Há uma grande quantidade de aberturas que além e contribuir para a ventilação cruzada auxiliam na conexão entre o idoso e o ambiente externo, reforçando o funcionamento do ciclo circadiano e o conceito de liberdade para a terceira idade (Figuras 63 a 66).
Figura 61 – Vista lateral da casa demonstrando os diferentes ambientes, demarcados por revestimentos, texturas e iluminações variadas.
As esquadrias possuem diferentes tipos de abertura, facilitando no controle da temperatura interna da casa, dessa forma tem opção de deixar apenas a luz entrar, ou apenas a ventilação, assim como os
dois ao mesmo tempo. A área de serviço tem um tamanho reduzido ao equivalente da casa justamente porque propõe-se que os serviços sejam responsabilidade do empreendimento, tendo uma área restrita para isso (Figura 62). Os armários da cozinha tem ergonomia de forma que a gaveta mais baixa tem um sistema de suspensão, o que evita o idoso ter que abaixar. Não foram utilizados armários altos para não forçar movimentos indevidos por conta do usuário ter entre outros problemas, uma carcaterística fraqueza muscular. Uma grande porta de vidro serigrafado (a utilização desse vidro auxilia a percepção do idoso em saber se a porta está aberta ou fechada, evitando acidentes) possibilita o morador abrir a casa para o ambiente exterior e desfrutar da beleza da vegetação externa e da vivência
com a vizinhança. Toda a iluminação da casa foi pensada para que o usuário que apresenta dificuldades visuais possa realizar suas atividades normalmente. Inúmeras e variadas formas de luz e acendimento contribuem para a melhor relação do idoso com a casa. O teto, piso e paredes apresentam cores diferentes para demarcar o ambiente e ajudar a percepção do espaço (Figura 67 a 70).
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Figura 62 – Conjunto de imagens do setor social e de serviço interno da casa
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Figura 63 – Sala de estar da casa modelo
Figura 65 – Integração entre a sala de estar e jantar da casa modelo
Figura 64 – Sala de jantar da casa modelo
Figura 66 – Ambientação da sala de estar
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Figura 67 – Integração entre todos os ambientes da área social da casa modelo
Figura 68 – Espaços sem divisórias em alvenaria garantem a melhor visualização do todo da casa
Figura 69 – Cozinha da casa modelo
Figura 70 – Área de serviço dividida por uma meia parede da garagem e da cozinha
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Figura 71 – Conjunto de imagens do quarto de hóspedes, quarto do idoso e banheiro
A casa “U” foi proposta para aqueles moradores que precisam ou preferem a companhia de outro usuário da mesma faixa etária (Figuras 74, 75 e 79). Dessa forma, uma série de quartos compartilhados duplos compõe uma grande casa com áreas de vivência em comum (Figuras 72 e 76).
Figura 72 – Pátio central da casa compartilhada
Figura 74 – Vista aérea da edificação de quartos duplos
O quarto é um módulo mínimo acessível com uma cama, um armário com penteadeira, um criado-mudo para apoio e uma poltrona para cada morador. Há uma varanda para cada quarto, coberta por um pergolado em madeira e vidro (Figura 77). Todos os quartos tem visão
Figura 75 – Visão do observador distante da casa
para o pátio central que com diferentes paginações se transforma em um confortável e surpreendente caminho para os moradores, assim
como
uma
área
de
descanso
e
permanência protegida do sol pela própria
volumetria,
pela
vegetação
proposta
e
ombrelones (Figuras 72, 78, 80 e 81). Figura 76 – Visão do observador do pátio centraal
Além do pátio central há dois jardins laterais cobertos pela volumetria que servem de apoio para os ambientes externos a edificação (Figura 73). Figura 73 – Um dos jardins cobertos laterais
Figura 77 – Vista do segundo andar para o pátio central
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Figura 78 – Vista de uma das saídas da edificação
Figura 80 – Pátio central com áreas de permanência e passagem
Figura 79 – Vista aérea da casa compartilhada
Figura 81 – Perspectiva do Pátio central ao entardecer
Figura 82 – Conjunto de figuras do centro de saúde
O centro de saúde encontra-
se mais distante do centro social
do
Com
dois
oferece
empreendimento. pavimentos
aos
idosos
ele em
situações críticas um aparato médico mais humanizado e voltado
apenas
para
os
idosos do empreendimento (Figura 82).
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Figura 83 – Pátio central do centro de saúde
Figura 84 – Visualização das aberturas zenitais na cobertura para cada leito
Figura 85 – Vista frontal do centro de saúde
Figura 86 – Vista aérea do centro de saúde
Quartos com seis camas conseguem ainda oferecer uma certa privacidade proporcionada pela própria disposição do mobiliário (Figuras 83 a 87) ESTUDO PREMILINAR
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Figura 87 – Conjunto de imagens do modelo de quarto da clínica, com grandes aberturas dispostas de forma a impedir a radiação direta, o idoso tem plena visualização do ambiente exterior. Planta artificiais foram utilizadas para humanizar o espaço
ESTUDO PREMILINAR
64 O centro de esporte, cultura e lazer propõe ao idoso que realize variadas atividades dentro do
empreendimento.
Nesse centro os moradores se reunirão para praticar diferentes
atividades,
desde
uma
fisioterapia,
hidroginástica, workshops e aulas de música, dança, produção artesanal, feiras, exposições, filmes, festas, grandes encontros com familiares, até mesmo para uma tarde de lazer na piscina coberta ou na descoberta. A
volumetria do espaço contribuiu para a criação de diferentes ambientes que se unem por um só volume, com telhados coloniais, o centro ganhou uma charme maior e deu uma sensação de intimidade que poderia ser
comprometida pela tamanha dimensão do volume (Figura 88). Diferentes paginações, espelhos d´agua, vegetações, painéis e cortinas de água foram dispostas de forma a
trazer a conexão do ambiente interno com o externo. Localizado próximo a entrada (Figuras 89 e 90), o centro possibilita um melhor fluxograma para o empreendimento receber a família dos moradores em datas especiais e comemorativas. Devido a grande dimensão do bloco fezse necessário a disposição de layouts de descanso no entorno da edificação, que proporcionam conforto e são protegidos do sol pelo próprio beiral do telhado ou mesmo pelas grandes árvores posicionadas estrategicamente. O bloco de apoio logístico também fica ao lado do centro de esporte, cultura e lazer, facilitando o atendimento ágil da equipe de funcionários quando se fizer necessário. Além disso grandes estacionamentos laterais protegidos pelas sombras das árvores permitem o idoso e seus parentes a estacionarem perto da edificação e serem
convidados a adentrar o empreendimento como pedestres para viver as experiências que ele pode proporcionar nesta escala. Figura 88 – Conjunto de imagens do centro de esporte, cultura e lazer
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Figura 89 – Conjunto de imagens do bloco administrativo, onde localiza-se a entrada e recepção do empreendimento
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Figura 90 – Conjunto de imagens do bloco administrativo demonstrando a cobertura de pergolado e vidro que protege o carro das intempÊries e cria um caminho seguro para o idoso
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Figura 91 – Pátio central do centro de saúde
Figura 92 – Visualização das aberturas zenitais na cobertura para cada leito
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Figura 93 – Vista frontal do centro de saúde
Figura 94 – Vista aérea do centro de saúde
O bloco de Apoio Logístico abriga todos os itens necessários para o funcionamento e manutenção do empreendimento, nele ocorrem cargas e descargas em horários determinados (Figura 91). Uma rua interna foi criada para facilitar esse acesso dos veículos, assim como sua volumetria em “L”, que cria acessos independentes (Figura 93). Um elemento vazado em aço corten foi proposto para esconder o bloco na paisagem (Figura 94). Um jardim central e lateral com vegetação alta também contribui para essa ideia de camuflar toda a parte de manutenção e funcionamento do empreendimento, com acesso restrito de funcionários (Figura 92). Há também um estacionamento na lateral em caso de necessidades do setor de serviço do empreendimento.
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O bloco destinado a alimentação localiza-se entre o setor de apoio, que auxilia o funcionamento dos restaurantes, e as casas, de forma que os moradores tem fácil acesso caso queiram desfrutar de um interessante ambiente durante suas refeições (Figura 95). O restaurante também aceita encomendas dos moradores e faz a entrega das mesmas na própria casa no empreendimento. O setor alimentício também fica próximo ao Mini Golf, dessa forma é possível assistir as competições do próprio terraço do restaurante que oferece uma vista panorâmica do empreendimento
(Figuras 96 a 99). Um rasgo na cobertura permite a árvore de grande copa sombrear a parte descoberta. A mesma ideia das jardineiras suspensas no deck compartilhado das casas foi aplicada ao restaurante, e junto a ela um banco de madeira
contorna a edificação, fazendo o papel de guarda corpo (Figura 100). Nesse bloco há uma preocupação ainda maior acerca do bemestar e permanência de idosos, sendo 100% acessível, o
paisagismo foi tratado de forma a convidar o morador a passar algumas horas nos bancos próximos aos espelhos d´agua sob as copas das árvores, enquanto admira as flores, ou mesmo a Figura 95 – Conjunto de imagens elevadas do bloco do setor alimentício
competição de Golf que acontece em frente.
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Figura 96 – Vista aérea do Mini Golf
Figura 98 – Vista aérea do restaurante e Mini Golf
Figura 97 – Perspectiva do Mini Golf com paisagismo do entorno
Figura 99 – Ponte de passagem para prática do Mini Golf
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Figura 100 – Conjunto de imagens dos espaços dispostos no restaurante proposto
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Figura 101 – Visualizações aéreas do empreendimento em geral
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