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BRUNNA PAULI RIOS DE SOUZA
ESPAÇOS LIVRES DE INTEGRAÇÃO: CRIANDO UMA IDENTIDADE PARA O BAIRRO JARDIM ASTECA, VILA VELHA/ES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha como requisito parcial para obtenção do Grau em Arquitetura e Urbanismo. Orientador (a): Prof.ª Dr.ª Ana Paula Rabello Lyra.
VILA VELHA 2019 Página | 2
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Em homenagem à Carmem Laure, que estará sempre presente e cuja alegria me inspira a buscar ser uma pessoa cada vez melhor.
Agradeço aos meus pais, Antônio e Bernardeth e meu irmão Gabriel, pela força e suporte durante toda a minha graduação. A minha orientadora, Ana Paula, pela paciência, sabedoria e grandes ensinamentos. Ao meu professor, Alexandre, por todos os conselhos, livros emprestados e por todo conhecimento passado. Agradeço ainda a todos que me apoiaram durante todo o curso e contribuíram
“Olho o mapa da cidade
de todas as formas para que isso se tornasse possível, em
Como quem examinasse
especial: Andressa R., Aulus L., Bruna B., Caroline C., Gabriel F.,
A anatomia de um corpo [...]”
Mariana S., Rafaela G., Robson G. e Rodrigo N.
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Mário Quintana
Resumo O aumento da população urbana e o crescimento acelerado e contínuo das cidades, geram consequências que comprometem a qualidade da vida urbana. A verticalização associada ao adensamento excessivo do solo, a dispersão urbana associada a fragmentação e o desenho urbano favorável à circulação do veículo individual tem resultado em um planejamento carente de áreas livres de oportunidades de convívio e socialização públicos. A ausência desses espaços de equilíbrio ambiental e práticas sociais de acesso público têm ainda implicações na qualidade do ar, na permeabilidade do solo, no microclima e na sensação de segurança urbana. Busca-se reverter esse cenário através de propostas de desenho urbano qualificadores que respeitem a escala humana, dinamizem o ambiente urbano favorável à permanência e qualidade de vida das pessoas. Esse trabalho, busca no embasamento teórico obter informações e justificativas para propor um projeto paisagístico e urbanístico para garantir esses espaços no bairro Jardim Asteca, localizado no município de Vila Velha-ES. Trata-se de um bairro compacto com predominância horizontal, porém desprovido de áreas de socialização, limitado de um lado pelo eixo viário de uma rodovia que associado a uma ocupação de caráter introspectivo e industrial cria uma quebra na continuidade do tecido urbano do bairro, e em outro, por uma pedreira e um canal insalubre que impede o bairro de ter acesso a área verde que o limita. O estudo baseia-se em uma metodologia qualitativa que busca na contextualização e nos diagnósticos espaciais físicos, ambientais e comportamentais da área compreender as demandas e carências da região. O resultado otimiza os espaços ociosos do bairro com a inserção de equipamentos de lazer e práticas sociais distribuídos de forma complementar e integrada a partir das características e demandas locais. Palavras-Chaves: Rupturas Urbanas; Vitalidade Urbana; Dignidade Urbana; Espaços livres; Desenho urbano.
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Abstract The increase of population in urban population and the rapid and continuous growth of cities, generate consequences that compromise the quality of urban life. Verticalization associated with excessive soil densification, an urban sprawl associated with fragmentation and urban design that favors the circulation of individual vehicles results in the planning of areas free of opportunities for socializing and public socialization. The absence of spaces free of environmental balanced spaces and publicly assessible social practices still has implications for air quality, soil permeability, microclimate and a sense of urban security. Seek to reverse this scenario through qualifying urban design proposals that respect a human scale, dynamics or urban environment conducive to people’s permanence and quality of life. This work seeks in the theoretical basis to obtain information and justifications to propose a landscape and urban project to ensure these spaces in the Jardim Asteca neighborhood, located in the municipality of Vila Velha-ES. It is a compact neighborhood with horizontal predominance, but devoid of socialization areas, limited to one side by the road axis of a highway that combined with an introspective and industrial occupation creates a break in the heritage of urban fabric of the neighborhood, and on the other hand, by a quarry and an unhealthy canal that prevent the neighborhood from access to the green area that borders. The study is based on a qualitative methodology that seeks the contextualization and the physical, environmental and behavioral spatial diagnoses of the area as demands and needs of the region. The result optimizes the idle spaces of the neighborhood with an insertion of leisure equipment and social practices distributed in a complementary and integrated way from local resources and demands. Keywords: Urban Breakdowns; Urban Vitality; Urban Dignity; Free spaces; Urban design.
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Lista de Siglas TCC: Trabalho de Conclusão de Curso.
PMVV: Prefeitura Municipal de Vila Velha.
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
CRAS: Centro de Referência de Assistência Social.
SUS: Sistema Único de Saúde.
CESAN: Companhia Espírito Santense de Saneamento.
UC’s: Unidades de conservação.
CFB: Código Florestal Brasileiro.
Vigitel: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças
ITDP Brasil: Instituto de Políticas de Transporte & Desenvolvimento.
Crônicas por Inquérito Telefônico. Bike VV: Bike Vila Velha. Inocoop-ES: Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais no
IJSN: Instituto Jones Santos Neves. ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas. BI (Batalhão de Infantaria)
Espirito Santo. PDM: Plano Diretor Municipal. ZOP: Zona de Ocupação Prioritária. ZEIE: Zona Especial de interesse econômico. ND: Núcleo de desenvolvimento. 7
Lista de Figuras Figura 1: Uma rua em um bairro pobre de Londres (Dudley Street) – Gravura de Gustave Doré, 1872. ........................................................................................ 21 Figura 2: Diagrama chave da Cidade Jardim de Ebenezer Howard ...................................................................................................................................................................... 23 Figura 3: Desenhos originais de Arturo Sorio y Mata. ............................................................................................................................................................................................ 23 Figura 4: Desenhos do plano da Cidade Industrial realizados por .................................................................................................................................................................... 24 Figura 5 e 6: Georges Eugène Haussmann, Plano para Paris e imagem atual do Arco do Triunfo, respectivamente. .............................................................. 25 Figura 7 e 8: Washington DC, EUA e foto atual da área do projeto (City Beautiful). ............................................................................................................................. 26 Figura 9: Esboço do plano piloto de Brasília. .............................................................................................................................................................................................................. 29 Figura 10: População residente por situação de domicilio. ..................................................................................................................................................................................... 36 Figura 11: Características para a existência de ruas prósperas ....................................................................................................................................................................... 42 Figura 12: Pontos de bicicletas para aluguel na cidade de Vila Velha – Programa Bike VV. ............................................................................................................. 45 Figura 13: Gráfico atividades opcionais e necessárias. ........................................................................................................................................................................................... 47 Figura 14: Tabela síntese conceitos. ................................................................................................................................................................................................................................ 53 Figura 15: Esquema abordagem do Microplanejamento segundo L. ROSA (2011) ............................................................................................................................................ 55 Figura 16: Microplanejamento efêmero em Nova Iorque – Proposta de Janette Sadik-Khan. ................................................................................................................ 56 Figura 17: Tabela síntese estratégias. ........................................................................................................................................................................................................................... 58 Figura 18 e 19: Projeto Calçada de Todas as Cores ................................................................................................................................................................................................. 59 Figura 20: Áreas da calçada da Av. Passeig de St Joan ....................................................................................................................................................................................... 60 Figura 21: Área infantil calçada da Av. Passeig de St Joan ................................................................................................................................................................................ 61 Figura 22: Projeto Miller Park ............................................................................................................................................................................................................................................. 62 8
Figura 23: Projeto Miller Park ............................................................................................................................................................................................................................................. 62 Figura 24 e 25: Atrações e carros de food truck .................................................................................................................................................................................................... 62 Figura 26 e 27: Área de shows da Pedreira e Ópera de Arame ........................................................................................................................................................................ 63 Figura 28 e 29: Ópera Arte Restaurante e Loja MUNÁ.......................................................................................................................................................................................... 64 Figura 30 e 31: Projeto Mirante SP URBAN Digital Festival ................................................................................................................................................................................. 65 Figura 32 e 33: Posters de pontos turísticos de Curitiba .................................................................................................................................................................................... 66 Figura 34 e 35: Cheonggyecheon em 1968 e 1976, respectivamente. ................................................................................................................................................................. 67 Figura 36: Cheonggyecheon atualmente. .......................................................................................................................................................................................................................... 68 Figura 37, 38, 39 e 40: Antes e Depois Cantinho do Céu. ..................................................................................................................................................................................... 69 Figura 41: Localização da Regional 2 no município de Vila Velha....................................................................................................................................................................... 71 Figura 42: Empreendimentos habitacionais construídos pela INOCOOP-ES. ..................................................................................................................................................... 72 Figura 43: Localização do bairro de Jardim Asteca. ................................................................................................................................................................................................. 72 Figura 44: Documento de loteamento de Jardim Azteca, 1972. ............................................................................................................................................................................ 73 Figura 45: Jardins Flutuantes ou Chinanpas da civilização asteca. .................................................................................................................................................................. 74 Figura 46: Área original e área atual do bairro de Jardim Asteca. ................................................................................................................................................................ 74 Figura 47: Perfil socioeconômico do bairro de Jardim Asteca .............................................................................................................................................................................. 75 Figura 48 e 49: Casas geminadas. ..................................................................................................................................................................................................................................... 77 Figura 50: Mapa Figura Fundo bairro Jardim Asteca. ................................................................................................................................................................................................ 77 Figura 51, 52, 53, 54, 55 e 56: Caracterização Praça Jardineira. ....................................................................................................................................................................... 79 Figura 57: Mapa uso do solo bairro Jardim Asteca................................................................................................................................................................................................... 79 Figura 58 e 59: Caracterização Praça Girassol ........................................................................................................................................................................................................... 80 9
Figura 60 e 61: Praça dos Artistas .................................................................................................................................................................................................................................. 81 Figura 62 e 63: Caracterização do Centro de Treinamento Solvive .................................................................................................................................................................. 81 Figura 64: Caracterização CRAS Jardim Asteca .......................................................................................................................................................................................................... 82 Figura 65 e 66: Centro Comunitário e Instalação Cesan Jardim Asteca .......................................................................................................................................................... 83 Figura 67 e 68: Grandes empresas e seus muros cegos. ...................................................................................................................................................................................... 84 Figura 69, 70, 71 e 72: Empresas de J. Asteca - 2006, 2010, 2014 e 2018. ................................................................................................................................................. 84 Figura 73, 74, 75 e 76: Tipologias 1, 2, 3 e 4 pavimentos. ................................................................................................................................................................................... 85 Figura 77: Mapa Gabaritos bairro Jardim Asteca. ...................................................................................................................................................................................................... 85 Figura 78: Tipologia 5 pavimentos. ..................................................................................................................................................................................................................................... 86 Figura 79 e 80: Cortes esquemáticos da área de estudos longitudinal e transversal, respectivamente. ...................................................................................... 87 Figura 81: Mapa físico ambiental bairro Jardim Asteca. .......................................................................................................................................................................................... 87 Figura 82 e 83: Alagamentos na Av. Darly Santos e no Centro de ................................................................................................................................................................. 88 Figura 84 e 85: Ruas Narciso e Alecrim alagadas, respectivamente. ............................................................................................................................................................... 88 Figura 86 e 87: Importância ambiental corpo d’água e Mata da Pedreira ...................................................................................................................................................... 89 Figura 88 e 89: Reserva Legal ............................................................................................................................................................................................................................................ 89 Figura 90 e 91: Poluição e extensão do corpo d’água. ............................................................................................................................................................................................ 90 Figura 92: Mapa de massas verdes do entorno do bairro Jardim Asteca. ..................................................................................................................................................... 90 Figura 93 e 94: Vias coletoras: Leila Diniz/Vitória Régia, respectivamente. ................................................................................................................................................ 92 Figura 95: Mapa viário do bairro Jardim Asteca. ........................................................................................................................................................................................................ 92 Figura 96 e 97: Via interna do bairro e Via sem saída.......................................................................................................................................................................................... 93 Figura 98, 99, 100 e 101: Calçadas do bairro, suas classificações e quantidades encontradas. .......................................................................................................... 95 10
Figura 102: Mapa relação do bairro com as conexões de Vila Velha/ES. ....................................................................................................................................................... 95 Figura 103 e 104: Apropriação da rua Narciso em 2 pontos diferentes. ......................................................................................................................................................... 96 Figura 105: Apropriação de crianças na rua Narciso para brincadeiras........................................................................................................................................................... 97 Figura 106: Mapa de equipamentos atratores do entorno do bairro Jardim Asteca.................................................................................................................................. 97 Figura 107 e 108: Apropriação de comércio na rua Açucena. ................................................................................................................................................................................ 99 Figura 109: Mapa de apropriações espontâneas e infraestrutura do bairro Jardim Asteca.................................................................................................................. 99 Figura 110 e 111: Eventos promovidos pelo CRAS: Festa Julina e Inclusão digital, respectivamente. .............................................................................................. 100 Figura 112: Mapa de Potencialidades e Vulnerabilidades. .......................................................................................................................................................................................101 Figura 113: Zoneamento municipal de Vila Velha: Bairro Jardim Asteca ........................................................................................................................................................ 102 Figura 114: Objetivos das zonas planejadas para o bairro Jardim Asteca ................................................................................................................................................... 103 Figura 115: Parâmetros Urbanísticos ZOP B, ZEIE A e ND-F .............................................................................................................................................................................. 103 Figura 116: Praça Girassol durante a tarde do sábado. ........................................................................................................................................................................................ 107 Figura 117: Bancos localizados nas fachadas.............................................................................................................................................................................................................. 108 Figura 118: CT Solvive durante a manhã do sábado – dia de jogo................................................................................................................................................................... 108 Figura 119 e 120: CT Solvive durante a manhã do sábado – dia de jogo...................................................................................................................................................... 109 Figura 121, 122 e 123: Mapa síntese de fluxos e permanência da praça Jardineira, Girassol e dos Artistas e do CT Solvive, respectivamente. ....110 Figura 124: Análise Microplanejamento – Praça Jardineira. .................................................................................................................................................................................. 111 Figura 125: Análise Microplanejamento – Praça Girassol e dos Artistas. ..................................................................................................................................................... 111 Figura 126: Análise Microplanejamento – Entorno CT Solvive .............................................................................................................................................................................. 111 Figura 127 e 128: Gráfico de idades e de relação com o bairro.........................................................................................................................................................................112 Figura 129: Gráfico frequência no bairro. ......................................................................................................................................................................................................................113 11
Figura 130 e 131: Respostas negativas sobre gostar do bairro Jardim Asteca. ........................................................................................................................................113 Figura 132: Gráfico de satisfação com o bairro. ....................................................................................................................................................................................................... 114 Figura 133: Gráfico de facilidade de locomoção do bairro. ....................................................................................................................................................................................115 Figura 134: Gráfico de meios locomoção utilizadas no bairro. .............................................................................................................................................................................115 Figura 135: Gráfico de utilização dos espaços públicos do bairro. ...................................................................................................................................................................116 Figura 136: Gráfico de segurança no turno matutino no bairro. ........................................................................................................................................................................117 Figura 137: Gráfico de segurança no turno noturno no bairro. ..........................................................................................................................................................................117 Figura 138: Gráfico “O que falta no bairro?”. .............................................................................................................................................................................................................118 Figura 139: Diagrama de ações itens 1-8. ......................................................................................................................................................................................................................121 Figura 140: Esquema Conceito. ........................................................................................................................................................................................................................................... 122 Figura 141: Esquema Partido. .............................................................................................................................................................................................................................................. 122 Figura 142: Diagrama dos setores de atuação........................................................................................................................................................................................................... 123 Figura 143: Programa de necessidades e pré-dimensionamento setores. .....................................................................................................................................................124 Figura 144 e 145: Croquis de ideias iniciais - propostas...................................................................................................................................................................................... 125 Figura 146: Diagrama de implantação de ciclovias. ................................................................................................................................................................................................... 126 Figura 147: Foto Montagem calçadas. ............................................................................................................................................................................................................................. 127 Figura 148: Exemplos de Calendário de eventos. ...................................................................................................................................................................................................... 127 Figura 149: Perfil viário das ruas compartilhadas. .................................................................................................................................................................................................. 128 Figura 150: Perfil viário rua lateral a Praça Girassol (ciclovia)........................................................................................................................................................................ 128 Figura 151: Perfil viário rua dos muros cegos. .......................................................................................................................................................................................................... 128 Figura 152: Diagrama de remoções. .................................................................................................................................................................................................................................. 129 12
Figura 153: Nova organização das vias do bairro. .................................................................................................................................................................................................... 129 Figura 154 e 155: Imagens de referência para o uso do container. ................................................................................................................................................................ 130 Figura 156: Sinalização padrão para os espaços e setores do bairro. ...........................................................................................................................................................131 Figura 157: Tabela de paisagismo. .....................................................................................................................................................................................................................................131 Figura 158: Tabela de mobiliários padrão. .................................................................................................................................................................................................................... 132 Figura 159: Tabela de pavimentação................................................................................................................................................................................................................................134 Figura 160: Prancha projeto estudo preliminar Praça Jardineira – setor conexão praças. .................................................................................................................. 136 Figura 161,162,163 e 164: Volumetria projeto Praça Jardineira – setor conexão praças. ...................................................................................................................... 137 Figura 165,166,167 e 168: Volumetria projeto Praça Jardineira – setor conexão praças. ...................................................................................................................... 138 Figura 169: Prancha projeto estudo preliminar Praça Girassol – setor conexão praças. ..................................................................................................................... 139 Figura 170,171,172 e 173: Volumetria projeto Praça Girassol – setor conexão praças. ..........................................................................................................................140 Figura 174,175,176 e 177: Volumetria projeto Praça Girassol – setor conexão praças. ......................................................................................................................... 141 Figura 178: Prancha projeto estudo preliminar Praça dos artistas – setor conexão praças. ............................................................................................................142 Figura 179,180,181 e 182: Volumetria projeto Praça dos artistas – setor conexão praças..................................................................................................................143 Figura 183: Setor polo comunitário sem propostas: rua integrada. ................................................................................................................................................................ 144 Figura 184: Prancha projeto estudo preliminar setor polo comunitário. ........................................................................................................................................................145 Figura 185: Prancha projeto estudo preliminar setor polo comunitário – cotado e sem árvores. ....................................................................................................146 Figura 186,187,188 e 189: Volumetria projeto terreno Igreja Católica e Associação de Moradores – setor polo comunitário. ............................................147 Figura 190,191,192 e 193: Volumetria projeto terreno vazio Igreja Católica – setor polo comunitário. ...........................................................................................148 Figura 194,195,196 e 197: Volumetria projeto terreno vazio Igreja Maranata – setor polo comunitário. .......................................................................................149 Figura 198: Prancha projeto estudo preliminar setor identidade asteca. .......................................................................................................................................................151 13
Figura 199,200, 201 e 202: Foto montagens das ruas (Beijo e Madre Silva) respectivamente e volumetria projeto setor identidade asteca. ........... 152 Figura 203: Prancha projeto estudo preliminar setor sociocultural. ...............................................................................................................................................................154 Figura 204, 205, 206 e 207: Volumetria projeto setor sociocultural. ............................................................................................................................................................. 155 Figura 208, 209, 210 e 211: Volumetria projeto setor sociocultural. ............................................................................................................................................................... 156 Figura 212, 213, 214 e 215: Volumetria projeto setor sociocultural. ............................................................................................................................................................... 157 Figura 216: Diagrama do setor verde e seus usos. ................................................................................................................................................................................................. 158 Figura 217: Prancha projeto estudo preliminar setor verde (cyber café e espaço zen). ...................................................................................................................... 159 Figura 218, 219, 220 e 221: Volumetria projeto cyber café e espaço zen - setor conexão verde. ................................................................................................. 159 Figura 222: Prancha projeto estudo preliminar setor verde (restaurante/bar e Pet Park/Coworking). ....................................................................................... 159 Figura 223, 224, 225 e 226: Volumetria projeto restaurante/bar e pet park/coworking - setor conexão verde. .................................................................. 159 Figura 227: Prancha projeto estudo preliminar setor verde (Esportes Radicais). .................................................................................................................................... 159 Figura 228 e 229: Volumetria projeto espaço de esportes radicais - setor conexão verde. ............................................................................................................. 159
Lista de Tabelas Tabela 1: Classificação dos espaços livres..............................................................................................................................................................................................................................................32 Tabela 2: Aspectos relevantes para conquistar a Vitalidade Urbana........................................................................................................................................................................................46 Tabela 3: Tabela síntese quantitativo de fluxo e permanência de pessoas nos espaços analisados por turno/dia....................................................................105 Tabela 4: Tabela síntese de diretrizes projetuais e necessidades.........................................................................................................................................119
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0
15
16
1. INTRODUÇÃO 1.1. Contextualização do tema A importância dos espaços livres no desenho urbano das cidades, compreendidos como uma rede dinamizadora de um sistema de espaços livres, é o principal tema dessa pesquisa
imagem da cidade e no comportamento das pessoas, que no modelo espraiado de ocupação, afastam-se cada vez mais das centralidades. Nesse contexto surgem muitas áreas periféricas e sem identidade com forte dependência do uso de veículo individual.
que tem como finalidade a elaboração de uma proposta de
Esse estudo entende que o constante esvaziamento,
intervenção urbana com foco na qualificação das áreas livres
abandono e subutilização dos espaços livres atuais estão
de uso púbico do bairro Jardim Asteca, situado na cidade de
diretamente relacionados as referidas questões urbanas.
Vila Velha, Espírito Santo.
Parte da premissa da conscientização da importância desses
A cidade contemporânea materializada a partir de princípios modernistas configurou-se por ocupações espraiadas e especulativas com foco nas áreas mais valorizadas das
16
Essas desigualdades, por consequência, impactam na
espaços e da melhoria qualitativa dos mesmos para estruturar o presente trabalho. 1.2. Justificativa
cidades (CAMPOS JUNIOR, 2002). Essas edificações cada
As diversas transformações que as cidades vêm sofrendo
vez maiores, com formas arquitetônicas monumentais, e em
tanto na sua estrutura física, quanto nas relações de
sua maioria, controladas, privadas e com caráter de enclaves
consumo,
fortificados (CALDEIRA, 2008) favorecem a consolidação de
ambientais e, consequentemente, nas relações sociais,
um cenário de desigualdades sociais caracterizadas por
sugerem uma carência de planejamento, e infraestrutura,
contrastes visíveis na paisagem urbana.
mais evidente nas áreas periféricas da cidade.
de
transporte,
passando
pelas
estruturas
Destacam-se,
nesse
contexto,
os
espaços
públicos
1.3. Objetivos
localizados em bairros periféricos dos centros urbanos com
Elaborar uma proposta projetual em nível de estudo preliminar
uso predominantemente residencial e que sofrem, ao longo
para criar um sistema integrado de espaços livres no bairro
dos anos, com a ausência de equipamentos públicos e
Jardim Asteca, em Vila Velha, ES.
conexões com o restante da cidade.
Para alcançar o referido objetivo pretende-se compreender a
A segregação das referidas áreas e a ênfase dada a
realidade atual dos espaços livres urbanos levando em
circulação
são
consideração os impactos da vida contemporânea, as
intensificados pelas características de sua ocupação. Os
referências que essa subutilização e falta de apropriação
investimentos concentrados na malha viária alheios aos
causam, alguns exemplos de intervenções urbanas que
anseios sociais caracterizam-se entre o que se supõem como
restituem o espaço livre a população e o diagnóstico do bairro
principal causa do afastamento da população dos espaços
de estudos.
individual
de
veículos
motorizados
públicos da cidade.
Baseia-se nas teorias de: JACOBS (2011); GEHL (2013);
Situação que desperta para a preocupação com os espaços
LEFEBVRE (2001); HALL (2007); LERNER (2011); NETTO
comuns que são os dinamizadores da cidade. Esses espaços
(2012) e L. ROSA (2011) para identificar formas de promover
são caracterizados por locais de encontro e de vivência
uma diversidade de usos para a área, qualificando as áreas
capazes de mudar a percepção do espaço urbano como um
livres, propondo uma ação colaborativa entre a população e
todo. Desta forma, o proposto aqui é estimular a discussão
agregando um maior pertencimento para com o espaço
acerca da importância desses espaços e das novas
público do bairro. Propõe assim, obter as premissas
dinâmicas possibilitadas pelos mesmos como forma de
necessárias para qualificar os espaços livres do bairro,
qualificar áreas periféricas da cidade.
visando a melhoria de infraestrutura e de equipamentos 17
através da integração entre os espaços negligenciados
percepção mais abrangente do tema na compreensão da
existentes,
dinâmica do bairro e complementa-se pela aplicação de um
restituindo-os
como
opções
integradas
e
complementares de lazer público. Os objetivos específicos que visam alcançar o geral desta pesquisa podem ser detalhados conforme seguem: •
Compreender o papel dos espaços públicos no contexto do cenário urbano contemporâneo;
•
Estudar os conceitos e estratégias urbanas que criam sistemas integrados de espaços livres para o uso público;
•
Identificar as características morfológicas e demandas da área de estudos. 1.4. Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo pois baseia-se na interpretação livre do autor sobre algumas ideias e conceitos das publicações consultadas para a realização do trabalho. Esse método de pesquisa se apropria de uma abordagem subjetiva por meio de técnicas de observação através da permanência em campo. Essa estratégia possibilita uma
questionário online. Método que identifica os significados, os valores,
atitudes
e
comportamentos
das
pessoas
na
comunidade estudada. (ENGEL; e; TOLFO, 2009) Do ponto de vista dos procedimentos técnicos foram utilizados para o desenvolvimento dessa monografia as fontes bibliográficas dos autores citados e o levantamento de campo. O diagnóstico da área de estudos resultou dos levantamentos físicos, ambientais e comportamentais realizados pela autora que é residente do bairro Jardim Asteca. Essa proximidade afetiva e física facilitou o acesso aos atores locais. 1.5. Estrutura dos capítulos Destinou-se o primeiro capítulo da pesquisa à introdução e a contextualização contemporânea.
do O
tema segundo
com capítulo
foco traz
na uma
cidade breve
abordagem teórica e histórica sobre os espaços públicos na cidade contemporânea. Inicia com as características das cidades e suas transformações buscando uma maior ênfase as causas do possível abandono dos espaços livres para uma
18
compreensão histórica global da evolução das cidades até os dias atuais. O terceiro capítulo apresenta os conceitos e estratégias dos referenciais teóricos norteadores a proposta de intervenção desse estudo. Complementa-se com a descrição de alguns referenciais de exemplos de intervenções que apresentam soluções projetuais inerentes ao tema estudado e com aplicações similares à realidade da área de estudos. Os diferentes formatos de abordagem aplicados nos referidos projetos auxiliam na compreensão de aspectos relevantes para a etapa projetual desse estudo.
2. RELAÇÕES URBANAS Esse capítulo apresenta uma breve descrição sobre a relação entre os espaços livres na expansão urbana com foco no cenário mais recente que molda a cidade nos dias atuais. Está subdividido em três subcapítulos organizados de forma a contextualizar inicialmente de que forma as ações de planejamento resultaram nas cidades atuais e os seus respectivos desdobramentos na qualidade de vida pública. O subcapítulo 2.2, discorre sobre as consequências do referido planejamento em relação à manutenção dos espaços públicos
O quarto capítulo baseou-se na realização do diagnóstico
da
cidade
e
o
subcapítulo
físico, ambiental, social e comportamental da área escolhida.
problemáticas sociais
Apresenta a análise e compreensão do bairro utilizados na
integração dos espaços livres no planejamento das nossas
definição das potencialidades e vulnerabilidades trabalhadas
cidades e que se tornam também, a causa da fragilidade
no capítulo seguinte das propostas projetuais.
dessas.
que
2.3
resultam
descreve dessa
sobre
as
quebra
na
2.1. Breve panorama sobre a evolução das cidades As cidades e a vida urbana que elas oferecem resulta de um processo de urbanização e decisões que tem modificado a 19
forma de se viver nas cidades. A vida urbana e coletiva, o
Nesse período, a cidade de São Paulo apresenta ocupações
viver em grupo e em comunidade tem sido condicionado
que reproduzem modelos Europeus de meados de 1880,
através dos anos pelos caminhos, formas, sensações e ritmos
quando em uma sociedade inglesa marcada por inquietações
impostos por aqueles que planejam a cidade (LYRA, 2018).
sociais e políticas, surgia na era vitoriana um novo modo de
A cidade, como coisa humana por excelência, é constituída por sua arquitetura e todas aquelas obras que constituem seu modo real de transformação da natureza. (ROSSI, 2001, p.25).
morar. Os cortiços, caracterizavam esse novo edifício que surge agrupando muitas pessoas (normalmente trabalhadores e suas famílias), as vezes contando com mais de 8 pessoas
Essas modificações urbanas foram acentuadas após a
em um único quarto. Segundo Hall (2007) eram o verdadeiro
Revolução Industrial e com mais intensidade no Brasil em
sinônimo edificado de espurcícia que, agregavam à toda a
meados do século XX. O avanço das máquinas trouxe para
cidade, um aspecto sujo e que possibilitou a aparição de
as cidades uma massa de sistemas fabris provocando um
problemas sociais como: prostituição, incestos, roubos,
volumoso êxodo rural e, com isso, uma demanda por
graves doenças, taxa de mortalidade alta, dentre outros.
crescimento que não havia sido planejada. Diversas pessoas migravam para as cidades em busca de melhores condições de vida e de emprego e isso inaugurou novos tipos de problemas para um cenário que se configurava como urbano.
Nesse contexto, haviam poucos espaços livres, públicos, abertos e comuns ao uso de todos. Os espaços públicos possuíam caráter político sendo palco de eventos variados que interessavam aos governos e coroas. (HALL, 2007)
O impacto preocupava estudiosos, jornalistas, urbanistas e
20
pensadores da época. “A industrialização caracteriza a
Com todo o perigo social e a realidade que beirava a
sociedade moderna. [...] fornece o ponto de partida da
calamidade
reflexão sobre nossa época.” (LEFEBVRE, 2001, p. 11)
preocupação sobre o ambiente urbano e a forma como os
pública
inicia-se
nessa
época,
uma
real
trabalhadores e os demais moradores viviam e ao que eles
contemporânea. A transferência natural de milhares de
estavam expostos diariamente.
moradias e das fábricas para as áreas periféricas da cidade,
Veio daí a ideia de que a própria cidade pudesse engendrar lealdade cívica, e assim assegurar uma ordem moral harmoniosa; a aparência física da cidade simbolizaria sua pureza moral. (HALL, 2007, p. 47) Figura 1: Uma rua em um bairro pobre de Londres (Dudley Street) – Gravura de Gustave Doré, 1872.
ainda sem infraestrutura, trazia como consequência uma necessidade maior de investimentos com transporte. Além disso, surge nessa ocasião um tipo de zoneamento, que, apresentava aspectos individuais, exclusivos e gananciosos valorizando os bairros já consolidados e com infraestrutura. Essa situação favorecia uma realidade que privilegiava o controle acerca de áreas a serem especuladas. (HALL, 2007) Surgem nesse cenário as cidades, cada vez mais espraiadas, que afastam os loteamentos de interesse social para as áreas periféricas da cidade. Esse processo de ocupação do solo urbano caracterizado por áreas fragmentadas pelo citado espraiamento, vem gerando a sensação de insegurança nas áreas centrais. Essas áreas sofreram com a criação de espaços comerciais e de serviços privados, introspectivos, por
Fonte:http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/17.202/ 6480. Acesso em: 24/03/2019
Esse período que sucedeu a revolução industrial promoveu nas
cidades
consequências
uma
modificação
identificadas
na
urbana
e
morfologia
social da
com
cidade
criar um modo de vida em que as pessoas se afastam da vida urbana. Ambos os movimentos dão forma as cidades e vem gerando as nossas periferias planejadas, por exemplo com a ocupação
de
fragmentos
murados
de
condomínios 21
residenciais. Foi nesse contexto que a inquietação por parte
A proposto prezava pelo ar puro e qualidade ambiental para
dos urbanistas e planejadores urbanos de todo o mundo
espaços como casas de repousos e reformatórios, onde áreas
tornou-se
arborizadas estariam sempre presentes. (HALL, 2007)
intenso.
discussões,
Surgem
pensamentos,
a
partir
desse
planejamentos
momento futuros
e
proposições publicadas e apresentadas como uma forma de tentar melhorar a realidade e propor, para as cidades futuras, um novo modelo a ser seguido.
planejamento foi a Cidade Jardim de Ebenezer Howard Seu
plano
era
muito
complexo
e
envolvia,
principalmente, a liberdade e a cooperação entre os habitantes. (HALL, 2007)
tempo em que “[...] a Inglaterra e a Suécia erigiram, [...] várias
(JACOBS, 2009, pg. 17 e 18). Em teoria tudo parecia ser aplicável e garantia preocupações dignas para a situação das cidades da época. Mas seu conceito foi alvo de diversas críticas por apresentar espaços grandes e sem uso e aplicar uma mudança espacial que
O grande diferencial desse planejamento proposto por
dependia de uma mudança social que fugia dos controles dos
Howard, em teoria, era a combinação do que havia de melhor
planejadores urbanos. (JACOBS, 2009)
entre o rural e o urbano aplicando limites de população, cidades com caráter auto governável e, principalmente, a importância que o espaço público recebeu, seja ele em forma de cinturão verde ou em praças centrais. (HALL, 2007)
22
vezes nas cidades de: “[...] Letchworth e Welwyn”, ao mesmo
cidades satélites baseadas nos princípios da Cidade-Jardim.”
Uma das ideias e conceitos que apresentava essa ideia de
(1898).
Porém, na prática Howard aplicou tais teorias apenas duas
Sua meta era criar cidadezinhas autosuficientes, cidades realmente muito agradáveis se os moradores fossem dóceis, não tivessem projetos de vida próprios e não se incomodassem em levar a vida em meio a pessoas sem projetos de vida próprios. (JACOBS, 2009, p. 17)
Figura 2: Diagrama chave da Cidade Jardim de Ebenezer Howard.
A ideia de organização, racionalidade, linhas retas e de fácil compreensão
quando
vistas
de
cima
são
algumas
características presentes nas cidades e bairros dos dias atuais que também se veem na cidade linear. Quanto mais a cidade cresce, menos controle se tem por ela e assim, a forma geométrica de planejar as cidades permite maiores possibilidades
de
crescimento
e
de
distribuição
de
infraestrutura. Mas ao mesmo tempo, em determinadas áreas Fonte:http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.042/ 637. Acesso em: 24/03/2019
Outros planejadores manifestaram-se nessa mesma época
da cidade sem características fortes, as formas geométricas não agregam identidade a área e não importa a rua que a pessoa entre, sempre se parecerá o mesmo lugar.
com outros ideais e conceitos para atuação no aspecto urbano do período pós revolução industrial.
Figura 3: Desenhos originais de Arturo Sorio y Mata.
A cidade linear de Arturo Sorio y Mata (1882) exibia um aspecto racional e de organização extrema apresentando residências, iluminação pública e de transportes públicos de forma linear que, em sua visão, facilitaria a distribuição de tais infraestruturas para todos. Na realidade, essa teoria trazia um aspecto monótono e de “[...] subúrbio dormitório organizado [...]” (HALL, 2007, p. 131) para a cidade. (HALL, 2007)
Fonte:https://web.archive.org/web/20140604075645/http://www.alu .ua.es/a/arg18/Web/arturo_soria.html. Acesso em: 24/03/2019
23
A cidade industrial de Tony Garnier (1898) trazia para o
Figura 4: Desenhos do plano da Cidade Industrial realizados por Tony Garnier.
ambiente urbano uma cultura de negação para com serviços hoje considerados básicos para o funcionamento das cidades como por exemplo: “[...] delegacias de polícia, tribunais, prisões ou igrejas [...]” (HALL, 2007, p. 132). Além disso, implantava seu projeto sempre em áreas próximas a fontes de água, de energia, considerando ventos e topografia, possuindo assim uma área agradável e que possuísse infraestrutura mínima para suportar suas grandes construções.
Nessa época as prioridades eram a geração de emprego a
Outro aspecto deste tipo de planejamento e que, muito dialoga com o modernismo é a edificação situada em grandes áreas abertas e a grande separação de usos, funções e percursos de pedestres e veículos. (HALL, 2007; ALMEIDA, 2017)
partir das fábricas e aplicação da maior quantidade possível de densidade por meio de edifícios que agrupassem muitas pessoas. A setorização da cidade era idealizada e acreditavase que isso agregaria qualidade para o espaço urbano. Uma intervenção que gerou muito impacto e influência no
No geral, tais ideologias e convicções para o planejamento de cidades foram dificilmente aplicadas na prática e, quando aplicadas,
Fonte: ALMEIDA, 2017. Disponível em: https://pnum.fe.up.pt/engb/assets/pdf/rmu/3-rmu-5-1_artigo-2.pdf. Acesso em: 24/03/2019
apresentavam
funcionalidade.
falhas
de
projeto
e
de
planejamento até os dias atuais foi a de Haussmann, em Paris (1853 e 1869). Haussmann implantou o que é até hoje “[...] considerado o primeiro plano regulador para uma metrópole moderna” (MONTE-MÓR, 2006). Tal intervenção trouxe preocupações higienistas para a cidade quando propôs
24
a substituição de algumas ruas tortuosas e criou grandes
Outro pensamento e movimento ganhou muita força entre
bulevares, avenidas e parques para a cidade de Paris. A
1900 e 1945 e este foi bastante aplicado e da mesma forma,
proposta apresentava uma prioridade inicial em relação a
causa bastante impacto e discussão até os dias atuais.
melhorar a circulação e os espaços públicos. Com uma preocupação militar, o planejador conseguiu causar impacto em outros aspectos da cidade de forma qualitativa e grandiosa. (HALL, 2007) Essa concepção do espaço urbano, transformado em local de mobilidade, esse refluxo do habitar força sem dúvida, simplificam, em todo caso, a intenção da equipe haussmanniana. (RONCAYOLO, 1999). Figura 5 e 6: Georges Eugène Haussmann, Plano para Paris e imagem atual do Arco do Triunfo, respectivamente.
O movimento City Beautiful ganhou muita força e gerou interesse de diversas cidades ao redor do mundo. Com um ideal monumental, aplicava-se com muita veemência, projetos que traziam como aspecto principal o embelezamento das cidades que, em tal época, se encontravam quase insalubres. Porém, por vezes deixava-se de lado itens básicos ao planejamento urbano e em alguns casos, teve como função trazer apenas o aspecto estético. (HALL, 2007) O lema de quem idealizada a cidade desta forma era “(...) não planejar pequeno.” (HALL, 2007, p. 232) e é dessa forma que produziam seus projetos. Introduziam parques monumentais, reconstrução de passeis públicos, grandes pistas, viadutos, pontes e elementos completamente novos para as cidades
Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/05.059/473 e https://www.citymetric.com/fabric/paris-barricades-how-haussmann-rebuiltcity-prevent-unrest-3453. Acesso em: 30/03/2019
que caracterizavam sua quase renovação. (HALL, 2007) Mas aspectos relevantes ficavam esquecidos nessa forma de planejar, habitação, educação, saneamento básico e todos os 25
tipos de interesse da população eram deixados de lado. “Ao
Figura 7 e 8: Washington DC, EUA e foto atual da área do projeto (City Beautiful).
que parece, ninguém deu nenhuma importância ao destino dos moradores dos cortiços; presumivelmente, as leis de mercado cuidariam deles.” (HALL, 2007, p. 211). Por muitas vezes, como tudo era novo, havia uma certa camuflagem da cultura local como forma de aplicar os ideais monumentais do movimento. Tais perdas são sentidas no funcionamento e na vitalidade da cidade. (HALL, 2007) Para o desenvolvimento do trabalho é importante ressaltar
maneira como o movimento realizava, trazem qualidade
Disponível em: https://sidewalksprouts.wordpress.com/history/citybeautiful-movement/ e https://zoningthegardenstate.wordpress.com/2015/05/11/the-city-beautifulmovement/. Acesso em: 27/03/2019
ambiental para a cidade mas, ao mesmo tempo, a sensação
Esse movimento foi o ponto de partida para a idealização de
de monumentalidade e a falta de usos atraentes e variados
um pensamento que viria a modificar completamente a forma
não convida as pessoas a permanecerem no lugar e isso
de se pensar as cidades. Le Corbusier apresenta pela
pode gerar insegurança, esvaziamento e subutilização.
primeira vez, em 1924, seu ideal de Ville Radieuse que
(JACOBS, 2009)
possuía além de um sistema de autogestão parecido com o
que a idealização de parques urbanos e espaços vazios da
O fato de as pessoas serem atraídas para caminhar e permanecer no espaço da cidade é muito mais uma questão de se trabalhar cuidadosamente com a dimensão humana e lançar um convite tentador. (GEHL, 2013, p.17)
26
da Cidade Jardim, um excessivo planejamento e controle. Além disso, aplicava-se muito valor à arquitetura da cidade, tendo cada edifício da cidade assinado por arquiteto de
renome. A estética, assim como no movimento City Beautiful,
Além disso, outros pontos importantes do planejamento de
era levada muito em consideração. (HALL, 2007)
Corbusier influenciaram toda uma geração de pensamentos
Não deveria, contudo, a nova estrutura realizarse de maneira uniforme pela cidade toda: a cidade contemporânea deveria ter uma estrutura nitidamente diversificada. E isso para corresponder a uma estrutura social especifica, segregada; a moradia de uma pessoa dependia da atividade por ela exercida. (HALL, 2007, p. 246)
nomeados como modernistas e que nutriram alguns dos problemas mais graves que temos em nossas cidades atualmente. Sua preocupação com a rigidez da cidade e com a geometrização
das
formas
e
fluxos
trouxe
aspectos
A questão de segregação apresentada acima, é apenas um
semelhantes à Cidade Linear de Arturo Sorio y Mata. Essa
dos problemas dessa forma de planejar. Para o autor, a
forma
cidade ideal Corbusiana apresenta edifícios demasiadamente
peculiaridades
uniformes sempre em grande quantidade e alinhados que
homogêneas
agregam a cidade um aspecto monótono, sem identidade e
identidade própria.
de difícil apropriação. Além disso, os edifícios se caracterizam por “[...] edifícios uniformes de 700 pés de altura [...]” (HALL, 2007, p. 245) que resultam em aproximadamente 210 metros de altura.
Com essa altura excessiva, objetiva-se um
de
planejar das e,
não
leva
em
áreas
e
gerou
que
considerações grandes
consequentemente,
as
regiões
carecem
de
[...] esse tipo de planejamento exige que os prédios estejam voltados para a parte de dentro do pátio. [...] Dessa forma, os fundos dos prédios, quase sem uso, e, pior ainda, as paredes cegas voltam-se para as ruas. (JACOBS, 2009, p. 87)
aumento de densidade, eliminando o excesso populacional e gerando grandes áreas verdes também sem uso que em nada são positivas para a cidade. (HALL, 2007)
Outro ponto de sua teoria que afeta diretamente a vitalidade das cidades e que presenciamos diariamente são as grandes áreas livres vazias e a preocupação pela manutenção de terrenos limpos. As grandes áreas livres sem uso ou qualquer 27
tipo de atrativo se tornam subutilizadas e vem a se tornar
consequentemente, priorizando o bem estar e incentivando as
palco para atividades nem sempre lícitas e/ou agradáveis
melhorias para os pedestres, tal aspecto torna-se uma
para os habitantes. (HALL, 2007)
cobrança e preocupação natural a cada dia que se passa e
Por
fim,
o
planejamento
Corbusiano
promovia
uma
modificação da circulação que era baseada no veículo
que se percebe as problemáticas e o impacto do sistema rodoviário nas cidades. A introdução de carros e do tráfego de veículos foi decisiva para o surgimento de confusão entre escalas e dimensões nas cidades. Os carros em si, ocupam muito espaço. [...] Um estacionamento para vinte ou trinta carros ocupa o mesmo espaço que uma boa praça urbana. (GEHL, 2013, p. 55).
particular, logo, se pensavam em longas autopistas e isso associado à forte segregação, gerava longas distancias a serem percorridas. Além de não se pensar projetos para os percursos de pedestres, os impossibilitando de se locomover de forma plena e colocando-os em risco. Não se pensava também em áreas para guardar estes veículos e muito menos nas problemáticas ambientais e acústicas que tantas rodovias e automóveis gerariam a longo prazo. (HALL, 2007)
A cidade de Brasília foi uma experiência que tentou aplicar os conceitos de Corbusier em sua forma de planejamento e nela percebemos
todas
os
princípios
e
problemas
acima
apresentados. Uma cidade que vista de cima apresenta Em grandes distâncias, recolhemos grande quantidade de informações, mas das distâncias curtas recebemos impressões sensoriais muito intensas e emocionalmente significativas. (GEHL, 2013, p. 47)
Até hoje percebemos uma valorização do automóvel acerca de outros meios de transporte mais limpos e eficientes e isso já se tornou quase cultural mas, por existirem cidades que já estão modificando sua forma de pensar a vida urbana e, 28
conceito e estética, mas que no nível do pedestre, apresenta todos os problemas estruturais, de mobilidade e de vitalidade que comprometem o ambiente urbano. Quando os conflitos de interesses começam a invadir o espaço do planejador, vê-se resultados como o de Brasília. Uma cidade que foi pensada para ser concluída em 5 anos
por interesses políticos e na qual as obras funcionavam em
crescer, ao lado da cidade planejada, outra, não planejada.”
um “[...] regime de 24 horas de trabalho ininterrupto.” (HALL,
(HALL, 2007, p. 255).
2007, p. 255). A cidade tinha como objetivo alavancar a moral
Lucio costa venceu o concurso sem apresentar projeções populacionais, análises econômicas, programação do uso do solo, sem maquetes... “Brasília estava fadada a ser uma cidade mais de arquitetos que de planejadores urbanos. (HALL, 2007, p. 254).
de políticos e dar uma boa impressão de um governo então o planejamento e a preocupação com os principais aspectos urbanos foram deixados em segundo plano. Figura 9: Esboço do plano piloto de Brasília.
Na mesma época que Corbusier atuava e divulgava suas ideias, surgia uma resposta a seu planejamento originada da mente de Patrick Geddes (biólogo e filósofo) que sugeria um planejamento baseado na autoconstrução onde os próprios habitantes dariam forma as suas cidades. Se tratava de uma recuperação
urbana
baseada
nas
melhorias
que
os
moradores considerassem plausíveis e, inicialmente, se tratavam de ações de caiação, jardinagem e limpeza. Com o Disponível em: https://www.researchgate.net/figure/Figura-5-DesenhoUrbano-de-Brasilia-Lucio-Costa_fig1_330290584. Acesso em: 30/03/2019
passar do tempo, surgiram ações maiores. (HALL, 2007)
Pouco foi pensado ou planejado de fato para atribuir
Entre 1955 e 1987, houve uma forte oposição entre os ideais
qualidade de vida ao morador e habitante do local.
acadêmicos acerca do planejamento urbano e o que de fato
Esquecidos, estes naturalmente procuraram moradia nas
os escritórios estavam colocando em prática e, como
áreas periféricas de Brasília. “A verdadeira falha [...] foi ver-se
consequência, uma reviravolta no planejamento surgiu e o deixou
à
beira
da
autodestruição.
As
cidades
eram 29
verdadeiras
e
Tais demonstrações de formas de se planejar a cidade, desde
empreendedores eram vistos como a mesma pessoa e a
a revolução industrial até os dias de hoje, nos mostram
cidade se igualava a uma máquina que apenas servia para
nitidamente
produzir riqueza. (HALL, 2007)
consideração em cada uma delas. Claramente as cidades
Cidades
matrizes
iniciaram
econômicas,
processos
de
planejadores
revitalização
urbana
buscando parcerias entre o governo municipal e o setor privado, e tais áreas se tornavam um verdadeiro atrativo de turistas que aplicariam ainda mais valorização econômica para as regiões. A cidade se tornou um palco. (HALL, 2007)
as
diferenças
de
princípios
levadas
em
atuais são um reflexo de tais tentativas do passado e por vezes, a falta de preocupação com estilos arquitetônicos, jardins, áreas arborizadas e de lazer, ruas qualitativas, meios de transportes limpos e eficientes enraizaram o problema, o tornando bastante evidente quando olhamos para os primórdios da urbanização e ainda hoje, quando voltamos
O planejamento convencional, a utilização de planos e regulamentos para guiar o uso do solo pareciam cada vez mais desacreditados. Em vez disso, o planejamento deixou de controlar o crescimento urbano e passou a encorajá-lo por todos os meios possíveis e imagináveis. (HALL, 2007, p. 408).
com o olhar para as nossas cidade, principalmente as situadas em países em desenvolvimento. Nos países emergentes, a situação da dimensão humana é bem mais séria e complexa. A maioria da população é forçada a usar intensamente o espaço da cidade para muitas atividades cotidianas. (GEHL, 2013, p. 6).
Com tudo isso acontecendo e com a atenção voltada aos aspectos
30
econômicos,
o
planejamento
acabou
sendo
A preocupação constante com o mercado e com a valorização
totalmente modificado e sua atuação já não parecia tão
econômica possibilitou o surgimento de áreas periféricas e
imprescindível como nos anos anteriores. Isso causou
polarizadas,
diversos impactos à profissão que sofreu com uma verdadeira
suficiente,
crise. (HALL, 2007)
esquecimento. Nesta paisagem suburbana segregada que se
e que
consequentemente gera
nas
pessoas
sem a
infraestrutura sensação
de
Um espaço é ‘público’ à medida que permite acesso de homens e mulheres sem que precisem ser previamente selecionados. Nenhum passe é exigido, e não se registram entradas e saídas. [...] É nos locais públicos que a vida urbana e tudo aquilo que a distingue das outras formas de convivência humana atingem sua mais completa expressão, com alegrias, dores, esperanças e pressentimentos que lhe dão características. (BAUMAN, 2009, p.69 e 70)
desencadeiam toda a rede de problemas sociais e urbanos que nos cercam atualmente. 2.2. Espaços livres nas cidades A partir do cenário exposto no item precedente questiona-se sobre a importância dada aos espaços livres de uso público no planejamento da cidade contemporânea.
Como é possível perceber após a contextualização histórica
Segundo Sá Carneiro e Mesquita (2000) os espaços livres
da cidade contemporânea, por algumas vezes, houve sim a
são áreas que se dividem em dois grupos: os que tem mínima
preocupação com a implantação de tais espaços livres
vegetação “[...] avenidas, ruas, passeios, vielas, pátios,
urbanos. Porém, a cidade Corbusiana que deu origem ao
largos, etc.” (SÁ CARNEIRO E MESQUITA, 2000, p. 24) e os
modernismo influenciou a cidade atual de forma a priorizar
que tem uma maior presença desta “[...] parques, praças,
construções e vias que fragmentaram a cidade e isso causou
jardins, etc.” (SÁ CARNEIRO E MESQUITA, 2000, p. 24).
o esvaziamento, a sensação de insegurança e o consequente
A presença de tais espaços, funcionam na cidade como áreas
abandono dos espaços livres de uso público.
de “[...] circulação, recreação, composição paisagística e de
A existência e uma boa distribuição e configuração de
equilíbrio ambiental [...]” (SÁ E CARNEIRO, 2000, p. 24).
espaços como esses têm diversos benefícios atribuídos
Além disso, as autoras consideram também como espaço
desde o lazer e a recreação até a saúde das cidades e de
livre os espaços de muita vegetação e que sejam de interesse
seus
de preservação ou que possuem muita importância para
centralidades urbanas e nos interiores dos bairros, incentiva o
fauna e flora.
morador a utilizar mais as áreas da cidade, a utilizar os
habitantes.
A
presença
de
tais
espaços
nas
31
equipamentos implementados, a se locomover mais a pé ou
AMBIENTAL
universitários; -Espaços de valorização ambiental.
-Apoiar o descanso e a recreação dos moradores;
de bicicleta e a cuidar e preservar tais espaços. Em cidades vivas, seguras, sustentáveis e saudáveis, o pré-requisito para a existência da vida urbana é oferecer boas oportunidades de caminhar. Contudo, a perspectiva mais ampla é que uma infinidade de valiosas oportunidades sociais e recreativas apareça quando se reforça a vida a pé. (GEHL, 2013, p. 19).
saúde pública;
-Proteção de estruturas e infraestrutuas. -Funções urbanísticas de trabalhar, circular, habitar e recrear; RECREAÇÃO
Para o desenvolvimento do trabalho serão caracterizados os
-Representação expressão da cultura;
e
-Relação entre moradores e cidade.
principais espaços livres da cidade, permitindo assim, seu reconhecimento e abordagem na área de estudos. Baseandose nas autoras Sá Carneiro e Mesquita (2000) foi elaborada a
CIRCULAÇÃO
-
tabela síntese abaixo com a compreensão dos três grandes -Possibilidade de uso futuro para a recreação;
grupos de espaços livres, suas principais funções no espaço urbano e exemplos. Tabela 1: Classificação dos espaços livres. ESPAÇOS LIVRES (SÁ CARNEIRO E MESQUITA, 2000) TIPO
FUNÇÃO -Elevar a qualidade ambiental e visual das cidades;
EQUILÍBRIO
32
-Melhorar a qualidade higiênica das cidades e de
EXEMPLOS -Unidades de Conservação: reservas ecológicas, jardins botânicos, parques nacionais, etc.; Cemitérios; -Campus
-Parques; -Praças; Jardins; -Faixas de praia; -Largos e Pátios; Quadras Polivalentes.
ESPAÇOS LIVRES POTENCIAIS
-Utilizados para implementar e dar coerência à distribuição de sistemas de espaços livres.
-Ruas; -Refúgios; Viadutos; Estacionamentos.
-
-Espaços potenciais de valor paisagísticoambiental; -Campos de pelada; -Recantos; Margens de rio e canais; -Terrenos Vazios.
Fonte: Elaborada pela autora a partir de SÁ CARNEIRO E MESQUITA, 2000.
Dos grupos apresentados na tabela acima, os que possuem presença efetiva de vegetação são os que de fato qualificam o espaço urbano melhorando seu aspecto ambiental e sua espacialidade. Os espaços livres classificados como de
equilíbrio ambiental e de recreação, atuam de forma ativa na
A apresentação dos espaços livres existentes na cidade terá
vida das cidades e na percepção dos habitantes sobre os
início
espaços.
ambiental.
Os espaços classificados como de circulação se caracterizam
Unidades de conservação (UC’s): São áreas encontradas
por serem essenciais para o funcionamento das cidades, mas
no espaço urbano e rural caracterizadas por serem ricas em
não apresentam, pela forma que são constituídos hoje, como
elementos naturais que agregam equilíbrio ecológico “[...] de
importantes para o impacto e melhoria do ambiente urbano.
relevante valor ambiental, cultural, paisagístico [...]” (SÁ
Esses, todavia, devem ser incluídos em projetos urbanísticos
CARNEIRO E MESQUITA, 2000, p. 27). Tem enorme
como ambientes chaves para manutenção do fluxo gênico da
importância na preservação de espécies e na melhoria
fauna e flora e na formação de corredores verdes, por
climática dos locais onde se encontra, logo, deve sempre ser
exemplo, proporcionando uma mudança na condição global
preservada.
do espaço.
então
pelos
caracterizados
como
de
equilíbrio
-Espaços de valorização ambiental: Os espaços de
A preocupação com os espaços livres de equilíbrio ambiental
valorização ambiental se caracterizam por apresentarem área
muito se justifica quando se percebe a importância de tais
relevante no meio urbano e que da mesma forma que as
áreas para as cidades e quando se nota que nos últimos anos
UC’s, devem ser preservadas. “[...] equivalente à superfície
eles vêm sendo menosprezados e dando lugar para
aproximada de um parque público da cidade [...]” (SÁ
empreendimentos áridos e áreas de pastagem.
CARNEIRO E MESQUITA, 2000, p. 28). Tais espaços agregam a cidade um respiro em meio ao caos de concreto que elas se tornaram. Com a correria do dia a 33
dia, não é percebido o ganho que tais áreas trazem se
expressiva cobertura vegetal, mobiliário lúdico, canteiros e
inseridas na vida urbana e o quanto é importante sua
bancos.” (SÁ CARNEIRO E MESQUITA, 2000, p. 29)
preservação de forma a mantê-las sempre vivas e por diversas gerações. A pesquisa tem continuidade com a apresentação dos espaços livres de recreação.
edificações ou equipamentos que possuem funções parecidas de criar espaços frontais a tais locais “[...] exercendo a função
-Parques: São espaços livres de uso público normalmente
de respiradouros, de propiciadores do encontro social e
também caracterizados por possuírem vegetação abundante
eventualmente destinados a atividades lúdicas temporárias.”
e que têm por objetivo atraírem as pessoas para ali
(SÁ CARNEIRO E MESQUITA, 2000, p. 29). Funcionam
permanecerem. Normalmente são partes integrantes dos
como pequenos espaços livres que criam vazios no atual
parques: “[...] vegetação, topografia, elemento aquático [...]
adensamento vivido pelas cidades e auxiliam a circulação das
edificações destinadas a atividades recreativas, culturais e/ou
pessoas dentro do espaço urbano, facilitando até mesmo o
administrativas. (SÁ CARNEIRO E MESQUITA, 2000, p. 28)
entendimento espacial das áreas.
- Praças: “A praça é um elemento urbano que apresenta
-Quadras polivalentes: Assim como as praças, verifica-se
diferenças
em
em bairros residenciais a presença de quadras e campos para
diferentes contextos históricos e sociais.” (CABRAL, 2015, p.
a prática de esportes e que, às vezes, são uma intervenção
33). São espaços livres de uso público destinados ao
da própria população. Tais espaços são importantíssimos
encontro onde são encontrados equipamentos públicos e
para uma população que vive longe de quaisquer outros tipos
mobiliários que incentivam a permanência e a utilização. “[...]
de formas de convívio social e esportes.
área
34
-Largos e Pátios: São espaços definidos a partir de outras
simbólicas,
equivalente
à
morfológicas
da
quadra,
e
funcionais
geralmente
contendo
Além dos espaços citados acima, as calçadas urbanas se caracterizam como um espaço livre de uso público e onde se
2.3. Relações urbanas: A fragilidade dos espaços públicos
localizam todos os vieses de comunicação entre espaço
Com todas as informações e discussões relevantes já citadas
privado
a
até então, é possível perceber que muitas das situações
permanência e a dinâmica da cidade. Esse espaço tem muita
presenciadas no espaço urbano e que acabam refletindo em
importância na vitalidade e na apropriação dos ambientes
seu sucesso e contínua utilização estão intimamente ligadas
urbanos por ser o lugar do pedestre e das possibilidades de
as relações humanas que ali são permitidas.
encontros.
Deste modo, surgem preocupações sociais oriundas de
As calçadas devem possuir características físicas mínimas
algumas observações sobre a evolução do espaço urbano e
que as qualifiquem e promovam melhorias qualitativas,
que, aos poucos, o tornaram um ambiente com diversas
facilitando o uso de toda a população.
fragilidades. De acordo com Bauman (2009), os bairros
e
público.
Deve-se
incentivar
o
passeio,
centrais se encontram cada vez mais valorizados e recebendo Além dos espaços recreativos das cidades, Sá Carneiro e Mesquita (2000) caracterizam ainda os espaços livres potenciais.
Esses
estão
citados
na
tabela
síntese
anteriormente apresentada. É importante para um projeto
atenção e investimento urbanístico enquanto outras áreas se tornam
marginais.
Como
o
índice
de
pobreza
vem
aumentando muito nos últimos anos, isso acaba gerando nas áreas periféricas um processo de degradação constante.
paisagístico caracterizar e localizar tais espaços livres de uso público nas cidades já que, esses espaços são cada vez mais
Como percebido na contextualização histórica, a busca por
escassos e subutilizados e de fato, se bem projetados e
respostas que compreendessem os erros do planejamento e
conservados, auxiliam de forma direta, na melhoria de
sugerissem soluções teóricas e práticas é, até hoje, um
diversos aspectos urbanos.
processo contínuo que desafia os gestores urbanos. O 35
aumento de habitantes nas áreas urbanas, intensificam os
Na contemporaneidade, a situação é perceptível: moradias
problemas que são somados a outros agravantes. Realidade
populares e novos bairros sendo pensados cada vez mais
que se torna então um problema social crescente no retrato
afastados dos centros urbanos; adensamento e verticalização
do ambiente urbano. “Em poucas palavras: as cidades se
nos bairros mais privilegiados que geram conurbação e um
transformaram em depósitos de problemas causados pela
consequente espraiamento do resto da cidade gerando por
globalização.” (BAUMAN, 2009, p. 32)
vezes
Nesse cenário, os espaços livres e públicos também sofreram com tais modificações e, hoje em dia, a maioria deles se encontram desprezados da vida urbana.
até
mesmo
uma
dispersão
urbana;
crescente
favorecimento de aspectos financeiros gerando o menosprezo das áreas verdes e de aspectos ambientais; grandes deslocamentos; gastos com infraestrutura; valorização e surgimento de diversos espaços privados que se fecham à
Figura 10: População residente por situação de domicilio.
cidade; depreciação de espaços públicos; dentre outros aspectos que tal afastamento causam a cidade. “O urbano, não pensado como tal, mas atacado de frente a de través, corroído, roído, perdeu os traços e as características da obra, da apropriação. [...] A vizinhança se esfuma, o bairro se esboroa; as pessoas (os ’habitantes’) se deslocam num espaço que tende para a isotopia geométrica, cheia de ordens e de signos, e onde as diferenças qualitativas dos lugares e instantes não têm mais importância.” (LEFEBVRE, 2001, p. 83)
Fonte: Censo Demográfico 2010, IBGE. https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/multidominio/condicoes-devida-desigualdade-e-pobreza/9662-censo-demografico2010.html?=&t=destaques. Acesso em: 01/04/2019
36
De tal modo, todas as complicações percebidas na formação e no desenvolvimento das cidades seguem sendo realidade
da cidade contemporânea. A segregação social e a dispersão
Como consequência, as relações sociais se enfraquecem em
urbana agregam um sentimento de desconfiança ao ambiente
um ambiente fragilizado. As pessoas com medo não saem,
urbano e isso imprime à cidade, um novo rosto. “Cheia de
não se encontram, não convivem e nem vivenciam o potencial
atividades suspeitas, ela fermenta delinquências; é um centro
que a cidade tem a oferecer. Os locais se tornam vulneráveis
de agitação.” (LEFEBVRE, 2001, p. 84).
e as pessoas cada vez com mais barreiras e bloqueios sociais
Muros altos, grandes espaços ‘de encontro’ privados – shoppings centers, clubes privados... -, cercas elétricas,
e de convívio, e isso torna a vida e o ambiente urbano de fato nocivos.
portões e cadeados, controle de acesso e ainda mais
De acordo com Bauman (2009), a insegurança nas cidades
segregação vistos como necessidade no espaço urbano atual.
faz com que se percam valores insubstituíveis das ruas e da
Essa realidade atinge da mesma forma e com a mesma
vivência do espaço urbano. Aspectos relevantes como “[...] a
intensidade os espaços livres e de uso público. Com o
espontaneidade, a flexibilidade, a capacidade de surpreender
isolamento cada vez maior das pessoas para com a vida
e a oferta de aventura [...]” (BAUMAN, 2009, p.68) somem e
urbana, tais espaços se encontram cada vez mais vazios,
dificilmente são substituídos, esses que são os principais
menos vivos, abandonados e subutilizados, servindo de palco
atrativos da vida urbana estão fadados a serem apagados da
para poucas ou nenhuma atividade pela falta de atratividade
vivência.
que a maioria oferece. O espaço público foi a primeira vítima colateral de uma cidade que perde a árdua luta enfrentada para resistir ao avanço inexorável do Moloc da globalização, ou pelo menos para diminuí-lo. (BAUMAN, 2009, p.66)
Para Lefebvre (2001), apenas as estratégias que possuam essas problemáticas e como prioridade, o objetivo de intensificar a vida urbana poderá de fato agregar qualidades ao ambiente urbano contemporâneo.
37
natureza humana. (MONTINEGRO, 2015, s.n. acesso em 13 de maio de 2019)
Além disso, a degradação existente nos espaços livres de uso público nos leva à ‘Teoria das janelas quebradas’ de Kelling; Wilson (1982).
Desta forma, fica bem explicita a maneira como os espaços
Os pesquisadores estacionaram em duas ruas diferentes
refletem
(uma em um bairro rico e outra na periferia) dois carros e
caracterizam como esse será utilizado e o papel que ele
esperaram para ver o que aconteceria e se haveria distinção
possuirá nas cidades. E é papel do planejador: planejar e
entre as duas reações.
atuar nos espaços livres de uso público com o intuito de
Em pouco tempo, o carro estacionado na periferia já havia
pensar tais áreas como qualificadores urbanos, como locais
sido furtado, quebrado e depredado enquanto o veículo
de encontro que abraçam uma diversidade de público,
estacionado na área mais rica da cidade permaneceu do
atribuindo a cada um desses atividades compatíveis com
mesmo jeito que havia sido deixado.
seus interesses.
no
comportamento
dos
usuários
e,
assim,
Porém, os pesquisadores perceberam que tal acontecimento era, de certa forma, o esperado e resolveram quebrar uma das janelas do carro que estava localizado no bairro nobre e
3. CONCEITOS E ESTRATÉGIAS
então foi percebido que a partir de tal momento, o carro passou a ser – da mesma forma que o estacionado na
Este capítulo visa apresentar e discutir conceitos e estratégias
periferia – saqueado e estragado. (MONTINEGRO, 2015)
existentes para o desenho urbano e que tem como objetivo
Com isso, chegaram os pesquisadores, precipitadamente (talvez intencionalmente), a conclusão de que o problema da criminalidade não estava na pobreza e sim no desenvolvimento das relações sociais e na
principal a melhoria da forma de se planejar e se viver nossas cidades. Tais conceitos e estratégias serão apresentados como embasamento para o estudo projetual de intervenção a ser aplicado na área de estudos.
38
3.1. Premissas conceituais para intervenção urbana
Jacobs não era arquiteta ou urbanista, mas em toda sua vida
A discussão do planejamento urbano no século XX e XXI
atuou como “estenógrafa, jornalista free-lancer, editora e
abrange linhas de pensamento com críticas aos ideais e
cursou Geologia, Zoologia, Direito e Ciências Políticas e
formas de planejar as cidades dos séculos XIX e XX. Dentre
Economia” (MORENO, 2018, s.n. acesso em 18 de abril de
esses conceitos destacam-se as abordagens com ênfase na
2019).
vitalidade dos ambientes urbanos e seus aspectos mais
Tais
humanos e saudáveis. Esse capítulo busca trazer tal
satisfatório fazendo com que suas publicações se tornassem
discussão de forma a auxiliar na compreensão de como
relevantes o suficiente para influenciar o pós-modernismo até
planejar intervenções nas cidades contemporâneas.
os dias de hoje e inspirar assim, a atuação de outros
Os referidos pensamentos são perceptíveis nas obras de
profissionais na difusão de seus pensamentos. Gehl é um dos
autores como Jacobs (2009) e Gehl (2013) listados pela
arquitetos da atualidade que expressa e projeta baseando-se
revista Planetizen em 2017, nas colocações de 1º e 4º lugar,
em ideias inspiradas no trabalho de Jacobs.
respectivamente, entre os 100 urbanistas mais influentes do
Ambos aplicam uma abordagem bastante íntima ao tratar dos
mundo (BARATTO, 2018, s.n. acesso em 18 de abril de
assuntos relevantes ao planejamento urbano em suas
2019).
publicações.
Jacobs (2009) difundiu com sua publicação - ‘Morte e Vida de
Os
Grandes Cidades, escrito em 1961, - ideais que traziam
problemáticas trazidas pelo urbanismo herdado de Corbusier.
diferentes maneiras de ver, viver, interpretar e interferir na
‘Modernista’ de acordo com Gehl (2013) e ‘ortodoxo’ segundo
experiências
autores
trouxeram
desenvolvem
a
Jacobs um
discursos
know-how
baseados
nas
cidade ao redor do mundo exemplificando-as com suas próprias vivências e relações interpessoais. 39
Jacobs (2009), referem-se, os dois, ao mesmo momento e
Destacam-se nessa arquitetura do medo as grades, placas,
aos mesmos problemas que a cada dia são mais perceptíveis.
cercas elétricas, arames farpados, câmeras de segurança,
“Se tivesse sido pedido a esses planejadores que projetassem cidades que dificultassem a vida e desencorajassem as pessoas de ficar ao ar livre, dificilmente teríamos casos mais exemplares do que o de todas as cidades criadas no século XX sobre essa base ideológica.” (GEHL, 2013, p. 56)
Os pontos de vista trazidos pelos autores em relação a vitalidade para a aplicação nos ambientes urbanos atuais são muito semelhantes, e apresentam focos e abordagens parecidas, com alguma diferença de prioridades (Gehl traz
entradas de edifícios. Surgem pelo medo gerado como consequência ao modo enraizado de planejar nossas cidades e pela sensação de “proteção” que são difundidos. Caso alguém não entendesse o que a cerca significava, as placas na rua do conjunto reafirmavam: ‘Mantenha distância. Entrada proibida.’ É esquisito ver um bairro, numa cidade com população civil, murado desse jeito. Não é apenas feio, na acepção da palavra, mas surrealista. (JACOBS, 2009, p. 49)
da vida urbana) que geram correlações entre ambos,
Uma profusão de grades, cercas, placas de advertência e câmeras dão mostras da insegurança e do medo que se infiltrou nas comunidades do mundo todo. (GEHL, 2013, p. 96)
construindo assim, discursos que geram discussão e análise
Realidade já anunciada por Jacobs (2009) e continuamente
em nossas ruas, bairros, cidades e em nosso dia-a-dia.
criticada por Gehl (2013) ao destacar que tais elementos
Os dois buscam expor as preocupações geradas com a
afastam as pessoas da rua diminuindo assim a vitalidade da
presença de elementos característicos do medo em nossas
mesma. Situação que resulta em um sentimento de
cidades, nos dias de hoje, e que são consequências do
menosprezo para com os transeuntes, de desprezo com a rua
planejamento que se difundiu pelos preceitos do racionalismo
e de que as pessoas que ali estão são indesejadas. “E,
uma grande preocupação com a mobilidade e seus efeitos nas cidades e Jacobs com as relações existentes no dia-a-dia
funcional modernista em nossas cidades. 40
dentre tantos outros que são encontrados em fachadas e
quando temem as ruas, as pessoas as usam menos, o que
Normalmente tais bairros já são bastante consolidados e as
torna as ruas ainda mais inseguras.” (JACOBS, 2009, p. 30)
pessoas já se acostumaram com a sensação de abandono e
Pode-se incluir nesses elementos geradores de problemas urbanos as ruas sem vida, muros altos e cegos, grandes áreas sem uso, grandes distâncias, privilégio do veículo individual, calçadas esquecidas, dentre tantos outros pontos citados pelos autores e ainda presentes nas cidades.
[...] linhas de visão interrompidas, grandes distâncias, alta velocidade, implantação de edifícios com muitos andares e orientações contrárias à direção das pessoas impedem os contatos de ver e ouvir. (GEHL, 2013, p. 236)
bairros
periféricos
e
individuais peculiares entranhados em seu modo de viver. Nestes lugares, quando uma reforma se inicia em uma residência, a calçada se torna o canteiro de obra e se uma festa
está
acontecendo,
as
calçadas
se
tornam
estacionamento e local de mesas e cadeiras.
(JACOBS, 2009; GEHL, 2013)
Em
esquecimento. Os usuários desses espaços já têm costumes
de
uso
predominantemente
residencial é naturalmente mais difícil transformar a rua e suas relevantes características em algo convidativo e seguro.
Para Jacobs (2009), na rua é onde tudo acontece. É onde a vida se concentra. É onde a cidade como organismo se mostra. Baseando-se em suas relações com as calçadas, com os equipamentos, os espaços livres de uso público, as fachadas, os usos e as pessoas é que formam as conexões, os vínculos, as comunidades e essa linda e complexa estrutura urbana. (JACOBS, 2009)
A falta de diversidade de usos e a presença de pessoas nas ruas somente em alguns horários enfraquece as relações e acabam por gerar cada vez mais individualidades e esquecimento dos espaços comuns e livres de uso público.
O principal atributo de um distrito urbano próspero é que as pessoas se sintam seguras e protegidas na rua em meio a tantos desconhecidos. [...] O distrito que falha nesse aspecto também fracassa em outros e passa a criar para si mesmo, e para a cidade como um todo, um monte de problemas. (JACOBS, 2009, p. 30)
41
É preciso que as ruas emanem vida, transbordem de
Nas ruas existem ainda suas relações com as calçadas, com
pessoas dispostas a transformar e cuidar desses espaços e
as fachadas e os espaços livres de uso público. Esses
que o transformem em um local agradável e seguro. Jacobs
espaços são palco das atividades da vida urbana e devem
(2009) usa como exemplo de rua ideal o que ela mesma
funcionar de forma a estimular o uso, a passagem e/ou a
chama de ‘rua próspera’. Poucos exemplos de ruas
permanência e trabalhar como um convite provocante para
prósperas são vistos em nossas cidades, mas na figura 11 é
que a população prefira utilizar tais espaços urbanos ao invés
possível perceber 3 pontos citados por Jacobs (2009) como
de se fechar em shoppings centers ou em áreas de lazer
características principais que tais ruas devem possuir.
privadas.
Figura 11: Características para a existência de ruas prósperas
“Os componentes básicos da arquitetura urbana são o espaço de movimento, a rua, e o espaço de experiência, a praça” (GEHL, 2013, p. 38)
As fachadas também são mecanismos poderosos no aspecto comportamental das pessoas. Como já citado anteriormente, elementos de ‘proteção’ instalados na era pós modernista geram afastamento da população e medo constante nas pessoas que estão nas ruas. Gehl (2013) traz um conceito de espaços de transição entre a calçada e a edificação que tem por objetivo gerar mais espaços de contato entre os lojistas, comerciantes, porteiros, moradores e os transeuntes gerando assim possibilidades de Fonte: Elaborada pela autora a partir de JACOBS, 2009; Imagens: GEHL, 2013 (páginas citadas na própria imagem).
42
interação, de mudanças de rotas, de visualizar novidades e
calçadas e espaços livres de uso público da cidade. Ideais
atrativos além de gerar movimentação constante.
defendidos
O tratamento dos espaços de transição da cidade, em especial, os andares mais baixos dos edifícios, tem influência decisiva na vida do espaço urbano. [...] são as fachadas que se vê e se experimenta de perto, portanto mais intensamente. É o local onde se entra e sai dos edifícios, onde pode haver interação da vida dentro das edificações e da vida ao ar livre. (GEHL, 2013, p. 75)
Fazer o espaço da rua, da calçada e da praça se tornarem interessantes é a chave para a vitalidade urbana. Para manter as pessoas nas ruas, é preciso tornar o percurso desta mais agradável e instigante, promover paradas e desvios que
por
Jacobs
(2009)
como
geradores
de
movimentação constante nos mais diferentes horários e dias da semana. As ‘transições’ citadas por Gehl (2013) que segundo Jacobs (2009) se aplicam como forte intensificador de permanência e de relações criadas entre vizinhos e estranhos, permitem assim, a presença de mais pessoas na rua, logo, de mais segurança.
“[...]
deve
haver
entre
eles
sobretudo
estabelecimentos e espaços públicos que sejam utilizados de noite.” (JACOBS, 2009, p. 37)
tornem o caminho menos entediante e localizar nas fachadas
Essas transições destacadas por Jacobs (2009) e Gehl (2013)
certas entradas, texturas, recuos e transparências que
como saudáveis para a vitalidade urbana tem conflitado com
estimulem a caminhada e a permanência. (GEHL, 2013)
o aumento do uso de veículos motorizados e individuais.
Destacam-se
nesse
contexto
as
transições,
fachadas,
pessoas, rua, relações, praças, fluxo e a constância. Características citadas por Gehl (2013) a
partir das
contribuições de Jacobs (2009) para a discussão com seu incessante foco em promover diversidades de usos nas ruas,
Esses últimos foram favorecidos com a demanda por vias decorrente do urbanismo corbusiano. Nesse período, as calçadas foram, cada vez mais, perdendo seu espaço para a construção de leitos carroçáveis e receberam ainda as sinalizações que auxiliam o trânsito diário de veículos, diminuindo ainda mais sua área útil. 43
Os referidos autores destacam a importância das calçadas e
e dos consequentes problemas de saúde que oneram as
dos espaços públicos comportarem os usos e os interesses
despesas com o SUS (Sistema Único de Saúde) e o
de sua população. Atribuem a vitalidade urbana a existência
absenteísmo. (DIAS et. al, 2017)
de espaços livres para caminhadas, brincadeiras infantis, atividades recreativas, eventos temporários, festas e outras atividades direcionadas a diferentes grupos de idade sem os
Tais autores sugerem uma relação de causalidade atribuída a ausência de atividades físicas que poderia ser oportunizada com a inserção de espaços livres de uso público na cidade.
atuais extremos presenciados nas cidades: lotação de No ano de 2017, o Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e
pessoas ou esvaziamento. (JACOBS, 2009; GEHL, 2013)
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) Se as calçadas de uma rua movimentada tiverem largura suficiente, a recreação surge com força junto com outros usos. (JACOBS, 2009, p. 95)
44
realizou uma pesquisa conjuntamente com o Ministério da Saúde que indicou que “53% da população brasileira estão
São apresentadas ainda, por este modo de planejar,
com excesso de peso [...].” (GANDRA, 2019, s.n. acesso em
preocupações com
a
22 de abril de 2019). Tal informação é muito preocupante pois
possibilidade de promover meios de ir e vir de forma limpa,
indica um problema nacional causado também pela forma
saudável e segura, anulando os conflitos impostos pela
como vivemos e nos locomovemos pelas cidades.
presença do carro no dia a dia das pessoas e das cidades.
Essa
Essa preocupação em disponibilizar outras formas de
equipamentos de academia popular, programas de bicicletas
locomoção na cidade vai de encontro a outras preocupações
por aluguel, ônibus com suportes para bicicletas, ciclovias e
relacionadas à saúde e ao bem-estar da população. Estudos
ciclofaixas, aquaviários, dentre outras formas de integrar os
recentes alertam para o aumento do sobrepeso da população
meios de locomoção e de incentivar a população a se
as escalas
da
cidade
e
com
realidade
tem
justificado
a
implantação
de
deslocar pela cidade de forma mais saudável tanto para sua saúde quanto para a mobilidade urbana.
Fonte: Bike VV. Disponível em: https://www.bikevv.com.br/mapa-dasestacoes/. Acesso em: 06/05/2019 (23:05hrs)
Sobre as escalas urbanas, uma percepção subjetiva nos é
Na cidade de Vila Velha, Espirito Santo, por exemplo, já
apresentada todos os dias em nossas cidades. Ao sair de
existe uma iniciativa à mobilidade ativa com um programa de
casa ou do trabalho, é possível comparar os padrões dos
compartilhamento de bicicletas que possui planos diários,
edifícios, suas alturas e as distâncias entre nossos destinos.
mensais e anuais. Na Figura 11 é possível ver a localização
Muitas dessas, possíveis de serem percorridas a pé ou de
dos pontos de aluguel, ainda limitados em sua maioria à área
bicicleta, mas que pelas condições dos percursos, acabam
litorânea da cidade. Como o programa teve inicio no ano de
estimulando o transporte individual ou coletivo que apresenta
2018, espera-se o crescimento para outras regiões da cidade.
deficiências em relação a frequência e a capacidade.
Figura 12: Pontos de bicicletas para aluguel na cidade de Vila Velha – Programa Bike VV.
O referido descompasso na distribuição das escalas da cidade cria desafios que comprometem o bem-estar da população. É importante que as pessoas se mantenham próximas
aos
espaços
urbanos
seja
nas
ocupações
horizontais ou nas verticais mantendo sempre os olhos nas ruas e permitindo uma conexão constante entre as diferentes alturas, os volumes e as faces da cidade gerando vida, confiança e segurança. (JACOBS, 2009; GEHL, 2013) A tabela 3 é resultado de uma compilação dos aspectos apresentados por ambos os autores até então citados neste 45
capítulo, relacionados à vitalidade urbana e que podem, de forma conjunta, trazer qualidades e benefícios às cidades.
mais baratos criando maior equilibrio econômico; Gehl
Tabela 2: Aspectos relevantes para conquistar a Vitalidade Urbana.
Aspectos relevantes ressaltados por JACOBS (2009) e GEHL (2013) para conquistar a Vitalidade urbana
Densidade urbana Jacobs
Concentração de pessoas e moradias em quadras curtas aproveitando-as ao máximo buscando então cidades mais compactas;
Gehl
Densidade razoável com estrutura urbana compacta e distâncias aceitáveis para serem percorridas a pé ou de bicicleta.
Ruas, Calçadas e vias Promover uma sensação de cuidado com as ruas, de forma responsável, preocupada e pessoal; Jacobs
Calçadas com larguras adequadas que possibilitem a instalação e a permanência de todos os usuários;
Preferência por edifícios de mais ou menos 5 andares pelo fato de ainda permitirem contato com a rua onde estão localizados;
Fonte: Elaborada pela autora a partir de JACOBS (2009) e GEHL (2013).
Quadras curtas onde seja possível criar mais espaços convidativos e mudar de percurso; Pessoas de todo o tipo e idade presentes em horários diferentes possibilitando mistura de usos; Rotas diretas, lógicas e compactas;
Gehl
Distâncias curtas que apresentem experiencias e impressões; Aspectos da cidade e de comportamento da população que permitam melhores condições para caminhar e pedalar. Edifícios
Jacobs
46
Presença de edifícios antigos que gerem opção para novos empreendedores de alugar espaços
Figura 13: Gráfico atividades opcionais e necessárias.
necessárias ou opcionais para as quais é aconselhável destinar
a
previsão
de
espaços,
infraestrutura
e
acessibilidade. São elencadas atividades distintas que podem ser feitas com o sujeito caminhando, sentado ou de pé. Se a ilustração das atividades fosse feita em 2012, incluiria novas atividades, como falar ao celular – andando, de pé e sentado -; fumar em espaço público, devido à mudança na legislação de consumo de cigarro; e muitos tipos de exercício. E o tipo de atividade iria variar muito conforme o local. (GEHL; SVARRE, 2018, p.16)
As atividades citadas auxiliam na definição das propostas e também permitem que sejam planejadas atividades para as diversas possibilidades e variedades espaciais da área de estudos pensando assim em cada opção e em cada oportunidade criada pelo projeto para a população e os usuários dos espaços livres da cidade. Fonte: (GEHL; SVARRE, 2018)
Ainda dentro dos preceitos de Jacobs e Gehl, apresenta-se o
Além da tabela síntese apresentada anteriormente, é
conceito de urbanidade trazido por Netto (2012) que trata da
relevante destacar a parte do livro “A vida na cidade: como
forma de se interpretar as cidades e de analisar as tomadas
estudar” que comenta e ilustra a partir do gráfico feito por
de decisões relacionadas ao planejamento urbano.
Gehl em 1968 (figura 13) alguns tipos de atividades ditas 47
por Jacobs, Gehl e outros tantos pensadores e planejadores,
emaranhados da ação e interação ancorados sob a forma de lugares e espacialidades. (NETTO, 2012, p. 35)
o conceito nos traz uma visão muito humana das cidades,
Existe, neste conceito, um certo cuidado em relação às
levando também em consideração as sensações e relações
intervenções urbanas. Como a teoria é formada embasada
criadas nesses espaços. O conceito não é limitado, é
em “[...] relações entre o social e o espacial [...]” (NETTO,
abrangente enquanto significado e se forma considerando os
2012, p. 19) e, as cidades, apresentam diversos tipos de
comportamentos e vínculos resultantes da relação usuário x
pessoas, grupos e convívios urbanos, cada espaço vai
cidade a partir dos efeitos da arquitetura que a molda.
possuir atributos singulares para cada diferente usuário.
De acordo com Netto (2012), o meio urbano possui duas
(NETTO, 2012)
funções na legitimação da urbanidade. A primeira delas é
Logo, cada cidade possui diversos espaços que são utilizados
como cenário/palco da vida urbana e a segunda como
por muitas pessoas diferentes todos os dias, cada uma
resultado da mesma – a apropriação gera modificações
interpretando tal área de forma distinta.
De um modo muito emparelhado com as discussões trazidas
físicas perceptíveis nos espaços que se refletem enquanto Desta forma, naturalmente cada espaço possui sua própria
significado.
urbanidade, apresentando-se em contextos de apropriações Dessa forma, a cidade como um todo apresenta fatores que
distintas ao longo de sua vida útil e traduzindo-as para o resto
abraçam ou afastam o usuário gerando sensações neste que,
da cidade de forma qualitativa – ou não. (NETTO, 2012)
por sua vez, demonstra tais impressões no espaço. O conceito associa diversos aspectos abordados por Jacobs Considerando a reflexão sobre a cidade, observemos que nossa experiência do mundo e do Outro é frequentemente mediada pela cidade – como uma estrutura do sensorial, como
48
e Gehl como qualificadores urbanos e potenciais geradores de urbanidades. Questões que trazem vida as ruas e as
cidades em geral como fachadas ativas, mistura de usos, de
novas localidades das cidades, surgiram novos centros e com
classes, variação de tipologias arquitetônicas, pulsações
isso os espaços livres de uso público foram cada vez mais
urbanas, ruas vibrantes e a valorização dos pedestres são
sofrendo com desgastes e com o forte abandono e
citados como componentes da vida urbana e que melhoram a
menosprezo. Não há gente suficiente para utilizá-los. Isso
cidade como um todo. (NETTO, 2012)
gera
Da mesma forma, deficiências provenientes do modo
marcas
nas cidades
que
influenciam
muito
na
urbanidade do local.
corbusiano de planejamento são abordadas também no
A forma como as pessoas apropriam-se dos espaços urbanos
conceito de urbanidade e são levados em consideração pois
é forte balizador da mensagem e da relação gerada entre o
surtem o efeito contrário ao que é buscado pela estratégia.
local e o restante da cidade. Logo, tais relações devem ser
As chamadas “[...] tendências desurbanas [...]” (NETTO, 2012, p.209) abrangem toda a questão de valorização dos veículos particulares e as diversas ações em privilégio deste que acabam menosprezando os pedestres. A criação de
saudáveis e qualificadoras para que o espaço seja benéfico para a cidade e para o restante dos usuários. O espaço depende das pessoas e as pessoas dependem do espaço. A vida urbana nesse caso é uma troca.
espaços cada vez mais distantes e privados além de todas as
Além de urbanidades, outro conceito importante é o de
questões de violência e segregação que afastam as pessoas
ambientes responsivos que nos apresenta uma visão
da cidade, influencia diretamente na urbanidade de um local.
metodológica das cidades e traz estratégias que funcionam
(NETTO, 2012)
como etapas de um processo. Também questionando alguns
Com o afastamento dos centros urbanos e a localização cada vez mais espraiada dos empreendimentos, loteamentos e
conceitos da arquitetura moderna, os autores discutem as relações criadas na cidade e como o design poderia melhorar os aspectos urbanos. 49
A publicação original data do ano de 1985 quando ainda eram
Visando atingir ambientes considerados responsivos, Bently
muito difundidas e ensinadas as práticas arquitetônicas
et al (1985) define sete características dos ambientes urbanos
modernistas. São essas práticas que geram em autores como
que devem ser ambicionados nos espaços livres de uso
Bently e Jacobs, discussões, questionamentos e indagações
público das cidades.
acerca das ideias de planejamento da época.
‘Legibilidade’, ‘adequação visual’, ‘riqueza’, ‘personalização’, ‘variedade’, ‘permeabilidade’ e ‘robustez’ foram identificadas como qualidadeschave de design urbano que ajudam a tornar os espaços abertos urbanos responsivos [...]. (BARROS, 2012, s.n. acesso em 26 de abril de 2019, traduzido pela autora)
Os ideais não são suficientes: eles têm que ser ligados através de ideias de design apropriadas ao tecido do próprio ambiente construído. (BENTLY et al, 1985, p.9, traduzido pela autora.
Bently et al (1985) apresenta os benefícios de adequar o pensamento do funcionamento urbano a práticas de design bem-sucedidas, pensadas e planejadas em total harmonia com o ambiente em questão.
Cada uma das características sugeridas pela estratégia de ambientes responsivos tem um objetivo urbano claro e estão em sintonia entre elas mesmas e entre os princípios citados anteriormente neste capítulo.
Desta forma, diversas melhorias espaciais, comportamentais e de maneira progressiva acontecem nas cidades. Algumas dessas melhorias almejadas já foram citadas nos conceitos anteriores, mas o foco ainda se mantém na relação entre pessoa e espaço urbano. Este é o fator com maior potencial para aumentar a vida aos espaços urbanos. Essa relação valoriza a cidade.
O autor inicia chamando a atenção à Permeabilidade e, neste aspecto, ele conduz a teoria ao fator qualitativo de tornar todo espaço acessível aplicando liberdade ao usuário de tomar suas próprias decisões no ambiente urbano, separando o público do privado, possibilitando opções de caminhos por meio de blocos e quadras menores, dentre outros pontos também relacionados aos ideais de Jacobs. (BENTLY et al, 1985)
50
Bently et al (1985) chama a atenção também para o fator
Muito relacionado ao ideal de Jacobs de manter edifícios de
nomeado como Variedade. Tal aspecto é quase lei para os
diferentes idades na cidade, Bently et al (1985) apresenta o
planejadores de cidades humanas e saudáveis. As cidades
conceito de robustez que aplica modificações em edifícios de
precisam de pessoas diferentes, utilizando equipamentos
forma a qualifica-los a funções diferentes, mais integrados
distintos em diversos horários e dias. “Nas cidades, a
com as calçadas e espaços externos e conectados de fato
animação e a variedade atraem mais animação; a apatia e a
com a vida urbana.
monotonia repelem a vida.” (JACOBS, 2009, p. 108)
A adequação visual é o próximo aspecto apresentado por
A variedade é o aspecto menos perceptível nos bairros
Bently et al (1985). Neste ponto, o autor aplica significado
periféricos com usos predominantemente residenciais. Com
estético às edificações para explicar a tradução sentimental
isso, acabam-se enfraquecidos os demais fatores trazidos
dos espaços para as pessoas. Cada indivíduo tem conexões
pelo autor já que eles funcionam de forma coordenada e
e intepretações muito pessoais com o espaço urbano. Isso é
conjunta e, de fato, refletem um no sucesso do outro.
benéfico quando aplica usos distintos a cidade, mas arriscado
O próximo aspecto abordado por Bently et al (1985) é a Legibilidade que nada mais é que a compreensão do espaço físico urbano para que, de forma intensa e vívida, estes sejam experienciados agregando permeabilidade e variedade. Essa compreensão é sugerida através elementos claros, caminhos marcados e evidenciados.
quando da leitura dos edifícios. Os significados devem ser correlatos para a maioria das pessoas, evitando os extremos. A adequação visual é particularmente importante nos locais mais propensos a serem frequentados por pessoas de uma grande variedade de diferentes contextos. [...] A aparência detalhada do local deve ajudar as pessoas a ler o padrão de uso que ele contém. (BENTLY et al, 1985, p. 76, traduzido pela autora)
Bently et al (1985) chama atenção ainda para a riqueza e a personalização. Riqueza nesse aspecto se refere à um 51
Ao personalizar um local, os usuários estão confirmando seus gostos e valores e comunicando-os a outras pessoas. (BENTLY et al, 1985, p.100, traduzido pela autora)
conjunto de sensações geradas pelos diferentes sentidos do corpo humano aumentando os atrativos físicos dos espaços. “A riqueza visual depende da presença de contrastes visuais nas superfícies envolvidas.” (BENTLY et al, 1985, p. 90,
Desta forma, como já dito anteriormente, a sensação de pertencimento em determinado espaço e comunidade, a
traduzido pela autora)
disseminação de cuidado e a responsabilidade social com o Este é outro problema trazido pela arquitetura corbusiana.
ambiente geram – de forma progressiva e constante -,
Grandes loteamentos de conjuntos habitacionais de baixo
amarras entre a população e o espaço. Tais amarras são de
padrão foram planejados distantes dos centros urbanos
fato necessárias e tornam a cidade única em suas conexões.
possuindo edificações padronizadas. Tais construções em nada agregam à vida urbana e a diferenciação, a novidade, a sedução pelas ruas e pelos espaços urbanos. Os contrastes atraem, são vitalidade pura, chamam a atenção e fazem os
Por meio da tabela síntese e dos aspectos levados em consideração, é perceptível a preocupação dos autores em manter a escala do pedestre, promovendo o crescimento da cidade mas mantendo usos diversificados e próximos uns dos
usuários se aproximarem, se interessarem e se integrarem.
outros sem gerar portanto, grandes deslocamentos e A pequena modificação física que ocorre é para pior – deterioração gradativa, uns poucos usos novos, esparsos e pobres, aqui e acolá. (JACOBS, 2009, p. 219)
E por fim, a personalização que é a característica dos edifícios
possuírem
linguagens
próprias,
especificas
e
escolhidas pelos usuários do local. Se trata da participação popular na forma, desenho e imagem da cidade. 52
priorizando assim os espaços comuns, a vida nos locais de passagem e a mistura que é tão natural à cidade e que à ela faz tão bem. Tais ponderações nos mostram o que de fato importa nas proposições urbanas e na forma de análise e atuação das cidades.
Figura 14: Tabela síntese conceitos.
pesquisas e maneiras de atuar segundo essa visão mais humana, saudável e viva. As estratégias apresentadas nesse subcapítulo seguem o raciocínio
do
anterior
já
que
todos
surgiram
como
consequência e de forma antagônica à um planejamento ultrapassado e que não cabe mais em nossas cidades. Foram escolhidas duas estratégias de intervenção que possuem como foco a integração dos espaços fragmentados, introspectivos e privatizados da cidade: Microplanejamento idealizado por L. Rosa et. al (2011) e a Acupuntura Urbana de Fonte: Elaborada pela autora a partir de autores citados.
Lerner (2011).
Dos planejadores do século XIX e XX, herdou-se uma forma uniforme, racional, quadrada, conservadora e antiquada de
O microplanejamento, como seu próprio nome diz, é um
planejar as cidades. Não existe uma receita de bolo, cada
modo de intervenção urbana introduzido por L. Rosa (2011),
local é diferente, mas há prioridades que devem ser levadas
que utiliza a escala local para atuação criando uma rede de
em consideração para que pelo menos, os princípios urbanos
estratégias conectadas “[...] como uma rede de projetos [...]”
sejam mantidos: a variedade, a congruência e a vitalidade.
(L. ROSA, 2011, p. 16) que visam o reconhecimento de áreas potenciais nas cidades valorizando suas conexões e vínculos.
3.2. Estratégias para intervenção urbana A busca atual pela melhoria qualitativa do espaço urbano fez
Essa estratégia de intervenção busca promover melhorias de
com que os profissionais do planejamento iniciassem
forma global nas cidades, trazendo assim, qualificação das 53
carências e déficits urbanos. O conceito atua transferindo aos
ROSA, 2011, p.66). Dessa forma, facilita-se a criação de uma
espaços novas significações e agindo de forma local, porém
rede conectada entre as áreas dos projetos já que,
sempre integrado às pessoas e comunidades, mantendo a
anteriormente, todas as áreas foram analisadas de forma
cidade
como
um
“[...]
laboratório
e
campo
de
experimentação.” (L. ROSA, 2011, p. 14)
Tais análises se dividem em três partes e cada critério deste
Tal conceito muito se relaciona com os ideais de Jacobs
tem por objetivo encaminhar a leitura da área analisada. São
(2009) e Gehl (2013) apresentados anteriormente. A cidade
eles:
como forma de ensaio e experimentação é uma forma muito
‘Oportunidade’.”. (L. ROSA, 2011, p. 67)
coerente de se pensar o planejamento das cidades, pois ao analisar o ambiente urbano, é visível que toda modificação e proposição nele, afeta não só o aspecto físico da cidade como o comportamento de todos que a utilizam.
“[...]
‘Potencialidade
local’,
‘Articulação’
e
Na potencialidade local o autor descreve e localiza a área de estudos de formas textuais e visuais com o intuito de melhor traduzir a espacialidade da região e apontar o espaço que de fato virá a ser fruto de projeto traduzindo a relevância daquele
As cidades são um imenso laboratório de tentativa e erro, fracasso e sucesso, em termos de construção e desenho urbano. É nesse laboratório que o planejamento urbano deveria aprender, elaborar e testar suas teorias. (JACOBS, 2009, p. 5)
território para toda a rede de projetos. (L. ROSA, 2011) Na articulação, o autor faz uma caracterização física do espaço listando seus atributos, descreve as ações de projeto mais apropriadas para a área e de que forma os instrumentos
L. Rosa (2011) propõe uma leitura base para os objetos de
necessários e/ou disponíveis serão articulados para tal. Por
estudo
fim, as novas oportunidades têm por função listar o potencial
escolhidos
igualitariamente,
se
para
futura
objetiva
atuação.
como
Analisando-os
resultado
“[...]
um
denominador comum entre os projetos selecionados.” (L. 54
coesa e levando em consideração as mesmas referências.
da área e como as ações listadas e descritas qualificam de
fato o lugar. Além disso, são marcados aspectos físicos mais
uma forma ainda mais profunda, nos identificamos com eles,
específicos como densidade, morfologia, áreas verdes e de
criamos laços e lembranças.
eventos. (L. ROSA, 2011) A partir da negociação em terrenos e realidades preexistentes, nascem projetos que propõem a sua interpretação, uso e ressignificação. (L. ROSA, 2011, p. 16)
Figura 15: Esquema abordagem do Microplanejamento segundo L. ROSA (2011)
Weber (2017) E Balem (2017) atribuem ao microplanejamento outros aspectos como forma de abordagem. Trazem, por exemplo, as apropriações espontâneas e/ou intervenções efêmeras que em muito se relacionam com a próxima estratégia apresentada – acupuntura urbana. As cidades são cheias de mensagens produzidas pelos autores de suas formas (nós, os usuários). Sejam em elementos físicos e de grande impacto como em mensagens abstratas, formas de apropriação, intervenções simples, Fonte: Produzido pela autora, 2019.
recados urbanos. Esse aspecto também é relevante quando direcionamos nosso olhar para as cidades. As interpretações
Quando possuímos uma sensação de pertencimento em
do espaço urbano são pessoais e intransferíveis. De forma
relação
muito íntima nos relacionamos com o espaço urbano e de
responsabilidade e nossa propriedade, o adaptamos às
ao
espaço
urbano,
o
tratamos
como
nossa
nossas preferências e o protegemos. Logo, o planejamento 55
urbano e o desenho da cidade devem interpretar também
daqueles espaços e estimulando ainda mais a consciência e o
essas variáveis e ocupações espontâneas. Conservar e
cuidado com a área.
incentivar tais atitudes revelam da forma mais pura, as prioridades e necessidades das pessoas integrantes das comunidades. Figura 16: Microplanejamento efêmero em Nova Iorque – Proposta de Janette Sadik-Khan.
O objetivo [...] seria a apropriação livre, a criação, as experimentações — ou seja, um projeto aberto a uma infinidade de utilizações. (WEBER, s.n., 2017)
O conceito de acupuntura urbana trazido por Lerner (2011) é uma forma simbólica e criativa de comparar as ações de planejamento urbano e de relações com a cidade com métodos terapêuticos existentes na área da saúde. Visualizando a cidade como um organismo e as deficiências urbanas como doenças - que ainda possuem cura -, o autor apresenta de forma bastante pessoal e utilizando exemplos de experiências próprias ao redor do mundo, ações e iniciativas que, assim como o microplanejamento, promovem
Fonte: Caos Planejado. Disponível em: https://caosplanejado.com/aespontaneidade-como-ferramenta-de-microplanejamento-urbano/. Acesso em: 25/04/2019
Esses tipos de abordagem buscam aplicar conjuntamente ao microplanejamento uma participação popular mais ativa expondo assim, interpretações muito pessoais do espaço lançando particularidades sobre a forma de utilização 56
injeções de vida na cidade, buscando melhorias localizadas e direcionadas nos tratamentos de problemas das cidades. As principais doenças urbanas abordadas no conceito de acupuntura urbana são o uso demasiado de veículos individuais e a segregação de funções urbanas. Esses dois pontos afetam a cidade em diversos aspectos e são também
uma acupuntura porque deixaram de cuidar de sua identidade local. (LERNER, 2011, p. 13)
os fios condutores das teorias de Jacobs (2009) e Gehl (2013). Essas
características
são:
“Identidade,
autoestima,
Lerner (2011) apresenta diversas feições urbanas que
sentimento de pertencer [...]” (LERNER, 2011, p. 77). A
deveriam ser levadas em consideração e se, caso isso
valorização destes aspectos é um dos ideais de Jacobs
acontecesse,
as
(2009) e são tais sensações emanadas pela cidade que
acupunturas no ambiente urbano. “Apoio, sensação de
atingem diretamente o seu público, influenciando assim em
conforto,
seu comportamento e em suas sensações dentro da cidade.
estariam
mente
sendo
desperta
são
realizadas
reflexos
de
de
fato
uma
boa
acupuntura.” (LERNER, 2011, p. 113) A acupuntura valoriza os comerciantes informais como Tais feições urbanas incluem elementos físicos de diferentes
geradores de movimento em diversos horários, os sons, as
escalas. Cita-se a iluminação urbana – aspecto também
músicas e a cultura de cada cidade como fortalecedores de
trazido pelos autores estudados como característica de
identificação
segurança urbana. Ou os locais de convivência de parques e
apropriação de terrenos vazios para locação de usos que
praças, rios, vegetação e até características próprias dos
visem incentivar o entusiasmo urbano levando assim a um
habitantes e usuários dos espaços urbanos e que funcionem
maior contentamento por parte dos usuários. Estratégias que
intensificando o cuidado das pessoas com a cidade,
segundo o autor buscam gerar vitalidade nas cidades e
almejando então a criação de sentimentos e vínculos entre
assim, promover o acaloramento urbano que traz tantas
ambas as partes. (LERNER, 2011)
qualidades subsequentes. (LERNER, 2011)
É fundamental que uma boa acupuntura urbana promova a manutenção ou o resgate da identidade cultural de um local ou de uma comunidade. Muitas cidades hoje necessitam de
entre
população
e
cidade.
Aconselha
a
Quase sempre é uma centelha que inicia uma ação e a subsequente propagação desta ação. É o que eu chamo de boa acupuntura. Uma
57
verdadeira acupuntura urbana. (LERNER, 2011, p. 8)
Uma das características principais do conceito da acupuntura urbana é a atuação de forma rápida, resolvendo questões da cidade quase instantaneamente. A cidade se move em ritmo acelerado e conquistando de maneira eficiente os objetivos finais de cada ação, é possível analisar de forma mais complexa e relevante o impacto das intervenções – “[...] nem sempre é uma transformação física.” (LERNER, 2011, p.71) no espaço urbano. (LERNER, 2011)
3.3. Exemplos de intervenções urbanas Este subcapítulo apresenta uma melhor compreensão dos conceitos e estratégias abordados no trabalho e seus ressignificados no espaço urbano. Alguns espaços livres de uso público ao redor do mundo sofreram com intervenções de forma a qualificar seus aspectos negativos e trazer novos usos, novas qualidades, novas formas de apropriação e nova vida a cidade e, por isso, são abordados aqui já que, de alguma forma, podem contribuir para o desenvolvimento das propostas de intervenção projetual desse trabalho.
Figura 17: Tabela síntese estratégias.
Optou-se
para
esse
estudo
selecionar
exemplos
de
intervenções urbanas aplicados em realidades distintas e semelhantes a realidade diversificada de espaços públicos identificados no bairro de estudos. São calçadas, parques, praças, elementos efêmeros, tratamentos em canais d’água, dentre outros que funcionam como palco para acomodar diferentes atividades humanas. Inclui-se nesses exemplos, percursos, fluxos, atividades, comunicações e vivências urbanas. Todos os projetos apresentados servem de Fonte: Elaborada pela autora a partir de autores citados.
58
inspiração para o capítulo final desse trabalho, a etapa projetual do objeto de estudo.
aspectos favoráveis para as cidades de acordo com Jacobs (2009) e Gehl (2013).
- Projeto Calçada de Todas as Cores, São Paulo:
Figura 18 e 19: Projeto Calçada de Todas as Cores
O projeto Calçada de Todas as Cores foi realizado em 2018, fica localizado no terreno de um Jóquei em São Paulo, SP/Brasil e possui aproximadamente 400m². (PEREIRA, 2019) Tendo em vista a calçada como espaço público, foi realizada
a
intervenção
com
elementos
amadeirados
disponíveis para instalações efêmeras, para sentar-se e suportar plantas e objetos, favorecendo a apropriação e participação popular no projeto. “Entendemos a calçada não apenas como um piso, mas como um ambiente.” (PEREIRA, 2019, s.n. acesso em 17 de maio de 2019) Além disso, o elemento amadeirado se conecta em ambos os lados da calçada e por cima, como é visto na figura 18, criando um espaço acolhedor que gera curiosidade nos transeuntes e torna o espaço mais criativo e dinâmico. O espaço foi pensado para realmente favorecer o encontro e a permanência que, como já citado nesse trabalho, são
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/912054/calcada-de-todas-as-coreszoom-urbanismo-arquitetura-e-design-plus-lao-engenharia-and-design; e; https://www.archdaily.com.br/br/912054/calcada-de-todas-as-cores-zoomurbanismo-arquitetura-e-design-plus-lao-engenharia-and-design
59
A área contava com um muro cego, consequência do modo
criou ambientes interessantes e dinâmicos na área que
segregado e introspectivo que vivemos e planejamos as
possuia alguns problemas apresentando aspectos “[...]
cidades. Esse tipo de fechamento é comum nas cidades
descontínuos [...]” e alguns “[...] problemas de acessibilidade
modernas e esse tipo de intervenção mostra o quanto é
[...]” (DOMEDECH, 2011 s.n. acesso em 17 de maio de 2019)
qualitativa a relação entre a rua, a calçada e a edificação. A
Figura 20: Áreas da calçada da Av. Passeig de St Joan
arte presente na intervenção também auxilia muito a criação de tais conexões e fortalece o sentimento de pertencimento e apropriação para com os usuários. - Calçadas da Avenida Passeig De St Joan, Barcelona O projeto da remodelação da calçada foi executado em 2011, fica
localizado
aproximadamente
em
Barcelona/Espanha
31.455m².
Os
projetos
e
possui
urbanos
de
Barcelona promoveram afastamentos grandes entre as edificações que permitiram, em seu planejamento, “[...] calçadas de 12,5m. [...]” (DOMEDECH, 2011 s.n. acesso em 17 de maio de 2019) Essa largura de calçada é bastante incomum nas cidades brasileiras, mas a abordagem aqui se dará com foco nos espaços criados ao decorrer da calçada e de que forma isso 60
Fonte: http://www.landezine.com/index.php/2012/07/passeig-de-st-joanboulevard-by-lola-domenech/
Uma das ações realizadas na área foi diminuir a faixa continua
de
passeio
e
criar
uma
outra
com
usos,
equipamentos, instalações e elementos recreativos. A continuidade do layout é absolutamente essencial para garantir clareza funcional ao longo de toda a extensão da avenida.
(DOMEDECH, 2011 s.n. acesso em 17 de maio de 2019)
- Projeto Praça e Parque Miller Park:
Trazer novos usos para a região foi uma decisão da equipe e
O projeto da remodelação do Parque e de conexão com a
isso tem ligação com os princípios de Jacobs (2009) e Gehl
Praça Miller foi executado em 2018, fica localizado em
(2013). É importante que todos os tipos de espaços livres de
Chattanooga,
uso público ofereçam possibilidades aos transeuntes e
aproximadamente 6.000m².
usuários do local, promovendo uma variedade e vitalidade na área evitando o sentimento de abandono e insegurança.
Tennessee/Estados
Unidos
e
possui
A área existia desde os anos 70 e se localiza na área central da cidade, mas se encontrava desconectado do resto da
Além disso, a equipe responsável pelo projeto agiu de forma a
cidade até por conta das avenidas que o contornam e que
promover a Urbanidade da área priorizando o pedestre acima
possuíam um caráter de limitador e de desconexão entre a
do veículo e plantando novas árvores. (DOMEDECH, 2011)
área do parque e da praça.
Figura 21: Área infantil calçada da Av. Passeig de St Joan
Para criar conexão e integração os arquitetos atuaram criando como um traffic calming. Elevando os dois espaços livres de uso público e não criarando desníveis entre a praça, o parque e a rua, usaram o mesmo pavimento além de plantar árvores em um “canteiro central” que também possui o mesmo nível. "Ao elevar a praça rebaixada e levar toda a área ao nível da rua, tornamos o parque mais acessível e convidativo." (CASTRO, 2018, s.n. acesso em 18 de maio de 2019)
Fonte: http://www.landezine.com/index.php/2012/07/passeig-de-st-joanboulevard-by-lola-domenech/
61
Diminuir a velocidade dos carros, dar menos foco as vias e
infraestrutura que suporta eventos, exibições, amostras e
mais para os espaços públicos são decisões projetuais que
qualquer tipo de atividade que necessite de energia.
seguem a linha de pensamento de Jacobs (2009) e Gehl
Figura 23: Projeto Miller Park
(2013). Além disso, criar uma rede conectada entre os espaços públicos muito
se
comunica com as ideias
apresentadas por L. Rosa (2011) e Lerner (2011). Figura 22: Projeto Miller Park
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/906854/miller-park-no-centro-dechattanooga-spackman-mossop-michaels-plus-eskew-dumezripple?ad_medium=gallery Figura 24 e 25: Atrações e carros de food truck
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/906854/miller-park-no-centro-dechattanooga-spackman-mossop-michaels-plus-eskew-dumezripple?ad_medium=gallery
Além disso, o projeto conta com o plantio de dezenas de árvores e com uma rede de tecnologia de wi-fi grátis e uma
62
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/906854/miller-park-no-centro-dechattanooga-spackman-mossop-michaels-plus-eskew-dumezripple?ad_medium=gallery
- Parque das pedreiras: Pedreira Paulo Leminski e Ópera
para a cidade, um verdadeiro ponto turístico. “Considerado o maior palco fixo a céu aberto da América Latina.” (PARQUE
de Arame: O projeto da área pedreira foi iniciado e pensado em 1989
DAS PEDREIRAS, s.n. acesso em 31 de maio de 2019)
quando a extração se encerrou e o local começou a receber
Além disso, o espaço conta com a ópera de arame, um teatro
eventos. Mas somente em 2012 o espaço sofreu uma
que se tornou palco de diversas atrações relevantes no
revitalização após ficar anos fechado e voltou a ser utilizado
cenário musical nacional e internacional e de forma conjunta
de fato em 2014, fica localizado em Curitiba, Paraná/Brasil e
com a pedreira, criam-se dois ambientes diferentes e
possui aproximadamente 100.000m².
complementares no projeto, um ao ar livre e maior e outro
Figura 26 e 27: Área de shows da Pedreira e Ópera de Arame
com maior preocupação acústica e fechado. Todo projeto se torna único pela estética agradável e escolha de materiais que de forma conjunta com o terreno existente da pedreira desativada criam um ambiente acolhedor, interessante e coberto de surpresas. Além disso, a ópera de arame se destaca por sua materialidade e forma além de possibilitar, como já dito, experiencias diversificadas do
Fonte: https://parquedaspedreiras.com.br/
A área é muito grande e possui uma área de eventos, a ópera de arame, uma loja oficial e um restaurante. De forma muito inteligente pensou-se um novo uso para o espaço e que
espaço da pedreira. [...] arquitetura inovadora com tubos de aço e estruturas metálicas que remetem a uma delicada construção em arame. (PARQUE DAS PEDREIRAS, s.n. acesso em 31 de maio de 2019)
favorece o lazer, a cultura e tornou-se um importante atrativo 63
O restaurante e a loja existentes no projeto aplicam
Flores na Av. Paulista durante 2 semanas, na cidade de São
visibilidade a culinária e artistas locais, valorizando a cultura
Paulo/Brasil.
paranaense e criando espaços esteticamente agradáveis que com certeza, anteriormente aos projetos, era uma área de extração sem qualquer importância turística, paisagística ou de lazer para os turistas e moradores da cidade. (PARQUE
A Alameda das Flores é uma passagem de pedestres entre os edifícios da região e que conecta duas vias importantes de São Paulo (Av. Paulista e Rua São Carlos do Pinhal). (BARATTO, 2018, s.n. acesso em 2 de junho de 2019).
DAS PEDREIRAS, s.n. acesso em 31 de maio de 2019) Na análise preliminar, os responsáveis pelo projeto notaram Figura 28 e 29: Ópera Arte Restaurante e Loja MUNÁ
uma presença insuficiente de mobiliários, árvores e atrativos em torno da Rua São Carlos do Pinhal, que aplicavam ao espaço menos atrativos para convivência e permanência, tornando-se apenas um espaço de passagem. (ARTIGAS, 2013, s.n. acesso em 2 de junho de 2019) Para contornar tais aspectos e promover no espaço um local
Fonte: https://parquedaspedreiras.com.br/
onde o transeunte sinta-se atraído a permanecer e a viver novas experiências, o projeto do mirante foi implementado
- Mirante - SP URBAN Digital Festival:
próximo a Av. Paulista criando um percurso conectado até
O projeto do Mirante foi executado em 2013 de forma efêmera
estruturas e mobiliários instalados voltados à Rua São Carlos
pelo SP URBAN Digital Festival que é o “[...] maior festival de
do Pinhal, garantindo assim que ambas as faces da Alameda
arte digital da América Latina.” (BARATTO, 2018, s.n. acesso
promovessem o objetivo geral do projeto.
em 2 de junho de 2019), ficou localizado na Alameda das 64
[...] transformar o espaço de passagem em um espaço interativo, de permanência e criando uma relação estreita do público com as obras que serão mostradas no evento. (ARTIGAS, 2013, s.n. acesso em 2 de junho de 2019)
promovendo a permanência entrando em acordo com os
Além disso o projeto conta com uma volumetria que permite o
Microplanejamento, criando uma arquitetura efêmera e que
uso para a prática de skate e possui telões que interagem
soluciona o problema de forma rápida o projeto dialoga com a
com outras instalações do festival e criam um caráter para a
Acupuntura Urbana, promovendo usos em outros horários e
área antes inutilizada.
permitindo que diferentes pessoas, de diferentes idades
Figura 30 e 31: Projeto Mirante SP URBAN Digital Festival
conceitos e estratégias apresentados no último capítulo. Integrando as duas ruas o projeto vai de acordo com o
utilizassem o local por mais tempo, o projeto abraça conceitos de Jacobs (2009) e Gehl (2013). - Posters de Curitiba por Maycon Prasniewski: O projeto dos posters foi executado em 2015 em Curitiba, Paraná/Brasil. O projeto foi realizado com o intuito de ilustrar os principais pontos turísticos e de importância histórica da
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-153152/mirante-sp-urbandigital-festival-2013-slash-marco-artigas?ad_medium=gallery
De forma bastante simples e utilizando elementos e materiais
cidade de forma a valorizar tais espaços e, de forma lúdica, mostrar a importância de tais edifícios atraindo ainda mais visitantes para aqueles espaços.
que permitiram rapidez na construção, o projeto trouxe para a cidade uma nova opção de lazer e diversão e permitiu que a área fosse utilizada por outro público, no horário noturno e
Esse tipo de projeto é uma ótima forma de agregar identidade a elementos da cidade, sejam eles pontos turísticos, históricos, ruas, calçadas, espaços livres de uso público ou 65
áreas projetadas. Reforçar elementos característicos de
de tais elementos através de mídias sociais promovendo
determinada área transforma tais aspectos em identidade e
ainda mais interesse das pessoas por determinado lugar.
os moradores e visitantes se sentem mais integrados com tais
- Projeto de renovação do córrego Cheonggyecheon:
espaços já que é possível ter mais conhecimento sobre a história de determinado espaço e assim, atraem-se mais
O projeto de renovação do córrego Cheonggyecheon e seu
pessoas por conta dos elementos visuais e artísticos.
entorno foi executado entre 2002 e 2005 no centro de Seul/Coréia do Sul. O projeto foi realizado com o intuito de
Figura 32 e 33: Posters de pontos turísticos de Curitiba
tratar o rio que se encontrava coberto por vias-expressas e um viaduto, aplicando ao seu entorno um projeto urbanístico e paisagístico que promovesse melhoria do aspecto do local e permitisse a permanência das pessoas durante todos os horários do dia. A importância desse projeto está desde o tratamento no curso d’água, retornando com sua importância ambiental para a área além da substituição de vias por espaços livres de uso
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/779122/arte-e-arquitetura-postersde-curitiba-por-maycon-prasniewski?ad_medium=gallery
público no entorno do córrego que agrega muito mais qualidade ao espaço agora arborizado, saudável e agradável.
Unindo a arquitetura e a arte é possível criar identificação e fortalecer a sensação de pertencimento por tais espaços da
O córrego passou por diversas fases e possuiu características
cidade e, na atualidade, é um importante viés de divulgação
diversas que explicam bem a realização do projeto. Durante a década de 50, ocorreram diversos eventos como por exemplo
66
“[...] a liberação japonesa em 1945 e o término da guerra da
modificação espacial e urbana que trouxe diversos problemas
Coréia [...]” (DISARO, 2015 s.n. acesso em 02 de junho de
ao longo dos anos.
2019) que promoveram uma aglomeração de pessoas que se acomodaram em volta do córrego buscando um lugar para viver na cidade. Isso gerou um verdadeiro caos no entorno do córrego, casas despejavam esgoto em suas águas e seu aspecto nada agradável pode ser percebido na figura 34. (DISARO, 2015)
Como era de se imaginar, a área agora com foco totalmente voltado aos veículos possuia um fluxo rápido e massante recebendo
aproximadamente
“[...]
120
mil
veículos
diariamente [...]” (ROWE, 2013 s.n. acesso em 02 de junho de 2019) além de tornar o centro de Seul um local “[...] barulhento e sujo [...]” (DISARO, 2015 s.n. acesso em 02 de
No final da década de 50, o córrego que já se encontrava
junho de 2019). As vias depois de certo tempo custavam
retificado, começa a sofrer intervenções que prometiam “[...]
muito caro além de agregar a cidade as características já
representar a modernidade e um grande salto à era do
citadas. Era necessário renovar a área e trazer para Seul um
automóvel [...]” (ROWE, 2013 s.n. acesso em 02 de junho de
novo aspecto e um respiro no meio do caótico centro urbano.
2019). De forma muito brutal o córrego foi coberto e sumiu da
Figura 34 e 35: Cheonggyecheon em 1968 e 1976, respectivamente.
vista dos moradores do local. Vias expressas e viadutos foram construídos acima de Cheonggyecheon como visto na Figura 35. (ROWE, 2013) Como já visto anteriormente nesse trabalho, a modernidade e a arquitetura corbusiana trouxeram diversas consequências para as cidades em geral. Seul foi um dos exemplos de Fonte: https://projetobatente.com.br/projeto-de-restauracao-docheonggyecheon/
67
Em 2002 então surge o projeto de renovação do córrego,
O projeto teve muito foco urbanístico e renovou a área do
coberto a mais de 30 anos e de seu entorno que inclusive foi
entorno do córrego, qualificando seus espaços. Muitas
aumentado em 20% para garantir todos os aspectos
árvores foram plantadas e novos usos foram adaptados ao
buscados pelos planejadores. O projeto teve preocupações
local. Além disso, “[...] foram construídas 22 pontes [...]”
em relação aos comerciantes locais, ao grande fluxo de
(ROWE, 2013, s.n. acesso em 02 de junho de 2019) que
veículos e ao custo elevado do projeto. (ROWE, 2013)
permitem a passagem de veículos e pedestres além de toda a
[...] Cheonggyecheon como um córrego aberto, uma via de recreação e uma grande oportunidade de melhorias do meio ambiente, além de uma área de conservação histórica e uma engrenagem para a revitalização econômica [...]. (ROWE, 2013 s.n. acesso em 02 de junho de 2019) Figura 36: Cheonggyecheon atualmente.
proposta artística, paisagística e ambiental do espaço. - Cantinho do Céu, Grajaú - São Paulo: O projeto de urbanização da área onde se localiza o bairro Cantinho do Céu foi executado em 2008 na cidade de Grajaú em São Paulo. O projeto foi realizado com o intuito de levar infraestrutura urbana básica, espaços com qualidade e maior integração com o restante da cidade nas áreas localizadas “[...] em torno das represas Guarapiranga e Billings.” (ROCHA, 2012 s.n. acesso em 11 de julho de 2019).
Fonte: https://www.theguardian.com/cities/2016/may/25/story-citiesreclaimed-stream-heart-seoul-cheonggyecheon
68
[...] as intervenções buscam ressaltar a importância do espaço coletivo e público para a cidade e sociedade, numa perspectiva de transformação efetiva das condições socioespaciais que reforcem o direito à cidade e a inclusão social. (BOLDARINI, 2013 s.n. acesso em 10 de julho de 2019)
O projeto apresentado é relevante por possuir características
Figura 37, 38, 39 e 40: Antes e Depois Cantinho do Céu.
parecidas com o bairro estudado, como o fato de ser uma área consolidada, com proximidade a um elemento hídrico e possuir falta de conexão com o restante da cidade. O projeto foi pensado para “Revelar a importância do espaço público e coletivo para a população local [...]” (BOLDARINI, 2013 s.n. acesso em 10 de julho de 2019). Para isso, os idealizadores do projeto valorizaram as potencialidades da área transformando, criando e qualificando espaços públicos, equipamentos públicos e áreas de lazer do bairro, conectando-os aos espaços preexistentes e o restante da cidade. Foi criado um sistema integrado que muito
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-157760/urbanizacao-docomplexo-cantinho-do-ceu-slash-boldarini-arquitetura-eurbanismo?ad_medium=gallery
qualifica e valoriza as relações interpessoais na região,
Foram pensadas então soluções que integrassem a área não
aumentando a sensação de pertencimento e de proteção das
só com o restante da cidade, mas com o recurso hídrico
pessoas com o lugar. Além disso o projeto trouxe melhorias
existente no local e que atraísse pessoas de todas as idades.
sanitárias que eram necessárias na área que se encontrava
Foi implantado então um parque linear que se estende por
bastante precária construindo então “[...] redes de esgoto e
7km e “[...] tem como objetivo a preservação da vegetação
drenagem, além da consolidação geotécnica e valorização
natural da margem das represas.” (ROCHA, 2012 s.n. acesso
dos espaços.” (ROCHA, 2012, s.n. acesso em 11 de julho de
em 11 de julho de 2019), espaços de lazer com pistas de
2019).
skates, quadras e playgrounds, cinema ao ar livre que permite 69
a socialização e cria uma opção para os moradores e
4.1. Contextualização da área de estudos
usuários além dos decks que valorizam a represa que passa
Para ilustrar e servir de exemplo à abordagem escolhida, foi
pela região. A mobilidade também foi um ponto trabalhado na
definido que o estudo deveria ser realizado em alguma área
área que antes possuía uma desconexão com a cidade.
ou
(BOLDARINI, 2013 s.n. acesso em 10 de julho de 2019).
predominantemente residencial e que possuísse espaços
Todos os projetos apresentados possuem características
livres
importantes que se correlacionam com os conceitos e
subutilização.
estratégias
como
trabalho, tais fatores são as consequências do modo
inspiração para a atuação na área de estudos do bairro
Corbusiano de planejamento das cidades e são também, as
Jardim Asteca, apresentado no próximo capítulo.
causas de tantos problemas que vivenciamos atualmente no
apresentados
e
podem
ser
usados
bairro
de
distante
uso
dos
público Como
já
centros
em
urbanos,
situação
discutido
de
com
uso
abandono
anteriormente
e
nesse
espaço urbano.
4. DIAGNÓSTICO
Levando tudo isso em consideração, o bairro escolhido para o estudo foi Jardim Asteca que fica situado na Regional 2
Apresenta-se nesse capítulo a área de estudos por meio de
(Grande Ibes) em Vila Velha, Espirito Santo. Seu entorno é
análises, fotografias, mapas e diagramas com o intuito de
composto por bairros como Jardim Colorado, Jardim São
entender
e
Paulo, Santos Dumont, Novo México, Guaranhuns, Nossa
vulnerabilidades promovendo assim, melhor ciência do bairro
Senhora da Penha, Ilha dos Bentos, dentre outros. Além de
e auxiliando posteriormente, a etapa projetual.
todas as características citadas como balizadoras da escolha
as
relações
existentes,
potencialidades
da área de estudo, há um vínculo afetivo por parte da autora com o bairro. 70
Figura 41: Localização da Regional 2 no município de Vila Velha.
O bairro localiza-se próximo a Rod. Darly Santos e Av. Lindemberg que são vias extensas e de muito movimento que possuem forte presença de empreendimentos de serviços e industriais, logo, não possuem tanto tráfego de pedestres e durante a noite se tornam bastante escuras e vazias. O bairro originou-se do Sítio Correa através de um loteamento planejado pela Inocoop-ES (Instituto de Orientação às Cooperativas
Habitacionais
no
Espirito
Santo).
Foram
construídas, na época, 344 habitações - como é possível constatar na figura 42 - e teve seu lançamento no ano de 1970 em comemoração à vitória do Brasil na copa do mundo realizada neste ano no México. (IJSN, 1978; IJSN, 2007). De acordo com o loteamento original disponibilizado pela INOCOOP-ES, pode-se perceber que as casas entregues tinham metragem que variava entre 36m², 40m², 45m² e 50m² caracterizando-as assim, como habitações mínimas. Ao longo dos anos, sofreram modificações, ampliações e variações de toda forma e hoje, transformaram o aspecto do bairro que Fonte: PMVV (2013) Disponível em: http://www.vilavelha.es.gov.br/midia/paginas/Perfil%20socio%20economic o%20R2.pdf. Acesso em: 17 de maio de 2019
sofreu – naturalmente - com o crescimento ao longo dos quase 50 anos de existência. 71
Figura 42: Empreendimentos habitacionais construídos pela INOCOOP-ES. Fonte:http://www.ijsn.es.gov.br/bibliotecaonline/Record/ 320085/Similar#description, respectivamente.
Figura 43: Localização do bairro de Jardim Asteca. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
72
O empreendimento foi realizado na época por duas cooperativas, a Cooperativa Habitacional dos bancários de Vitória (COOPBANC-VT) e a Cooperativa Habitacional dos trabalhadores
da
Grande
Vitória
(COOPGRANVIT).
O
documento aprovado em 1972 nos mostra um loteamento projetado ainda maior do que de fato foi implantado. Mas no geral, quadras, espaços públicos, equipamentos e até nome das ruas se mantiveram. Uma característica forte do bairro são os nomes de suas ruas. A escolha foi realizada com base na inspiração inicial do nome do bairro – a copa do mundo realizada no México. Da mesma referência surgiu a influência para a maioria de suas ruas que receberam nomes de plantas e flores. Isso se deve ao fato de que “Os astecas se destacaram pela invenção dos ‘jardins flutuantes’, chamados ‘chinampas’.” (IJSN, 2004). Beijo, Copo de Leite, Alecrim, Amor Perfeito, Açucena, Narciso, Acácia, Girassol, Beijo, Tulipa, Gardênia, Dália, Gerânio,
Madressilva,
Orquídea,
Papoula,
Hortência
e
Camélia são as flores que nomeiam as ruas do bairro aplicando a ele tal característica. 73 Figura 44: Documento de loteamento de Jardim Azteca, 1972. Fonte: Fornecido pela INOCOOP-ES, 2019.
Figura 45: Jardins Flutuantes ou Chinanpas da civilização asteca. Fonte: https://theaztec-empire.weebly.com/agriculture.html
Figura 46: Área original e área atual do bairro de Jardim Asteca. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
74
4.2. Perfil socioeconômico do bairro
II, onde está situado. A regional possui uma média de 3.312
É importante entender as características da população
habitantes (PMVV, 2013) e o bairro possui 2.447 habitantes.
residente na área de estudos com intuito de traçar o perfil de
Atribui-se tal característica à localização pouco favorável do
habitantes, compreendendo as necessidades e preferência
bairro que é muito limitado por seu entorno empresarial e de
das pessoas baseando-se no seu estilo de vida. Utilizando o
vias de fluxo alto e rápido. Além disso, quando a área total de
documento disponibilizado pela Prefeitura Municipal de Vila
Jardim Asteca é comparada a quantidade de moradores, é
Velha
perceptível que o bairro possui baixa densidade (66 hab/ha) o
(PMVV,
2013)
com
as
informações
de
perfil
socioeconômico por bairros, foi produzida a figura 47. Figura 47: Perfil socioeconômico do bairro de Jardim Asteca
que contribui muito para aspectos bairristas e calmos encontrados
na
região.
Áreas
com
maior
densidade
apresentam mais circulação de pessoas. Em casos como o de Jardim Asteca, devem haver programas de incentivo baseados no entendimento do interesse e necessidades da população para estimular a apropriação dos espaços livres e intensificar a circulação de pessoas pelas calçadas do bairro. O bairro apresenta equilíbrio entre a quantidade de homens e mulheres, mas conta com maior número de jovens do que de idosos – mesmo possuindo um número significativo de idosos Fonte: Produzida pela autora com base em PMVV (2013).
Com base no documento da PMVV é possível perceber que o bairro possui uma população menor que a média da regional
- o que é um influenciador das decisões de projeto. Além disso, apresenta uma considerável quantidade de domicílios próprios em detrimento dos domicílios alugados. Por conta da 75
proximidade do bairro com as Rod. Darly Santos e Av.
Os tamanhos e formatos variam apenas nos limites com o
Lindemberg, atribui-se tal característica a grande quantidade
bairro Nossa Senhora da Penha onde se localiza a pedreira
de empreendimentos geradores de emprego no entorno do
de mineração (área ocupada posteriormente) e com a Rod.
bairro. Ademais, o bairro possui excelente distribuição de
Darly Santos onde estão localizadas grandes empresas de
água, energia elétrica e coleta de lixo, que acontece 3 vezes
transportes, de comércio de areia, madeira e granito,
na semana durante a noite, logo, a infraestrutura e
concessionárias, dentre outros. Os lotes dessas empresas
salubridade da área são aspectos agradáveis e que atendem
têm formato e tamanhos muito diferentes do restante do
as necessidades primordiais da população.
bairro como percebido no mapa, criando assim, uma
4.3. Características físicas e ambientais da área de estudos
76
descontinuidade inclusive do traçado nessa região. Além disso, percebe-se que em conjunto com os limites acima
Mapear e analisar as características físicas e ambientais do
citados, a Av. Vitória Régia trabalha como elemento de maior
bairro é relevante para compreender a distribuição dos usos,
relevância na definição do traçado urbano definindo a direção
edifícios e como estes se relacionam e funcionam no espaço.
dos lotes, das quadras e das vias. Alguns dos lotes, que
Toda a área do bairro foi analisada buscando compreender as
possuem em sua maioria formato geométrico e ortogonal,
relações existentes, as necessidades e deficiências, criando
com metragens de 12x24m, são divididos em dois e em
um perfil mais detalhado do espaço. A princípio foi produzido
alguns deles existem casas geminadas. Além disso, com a
o mapa da figura 48, de figura fundo. Esse mapa permite uma
ocupação, alguns lotes – de esquina – possuem construções
análise detalhada da morfologia da área e, com ele, percebe-
que se acessam por ruas diferentes, caracterizando um
se que o bairro é consolidado possuindo um traçado
terreno que, foi dividido posteriormente a aprovação do
geométrico com lotes de tamanhos parecidos.
loteamento.
Figura 48 e 49: Casas geminadas. Fonte: Acervo da autora, 2 de junho de 2019. Figura 50: Mapa Figura Fundo bairro Jardim Asteca. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
77
Em relação as massas edificadas, verifica-se que a maior
escolha da área de estudos. Percebe-se também que a
parte das edificações ocupa quase todo o lote, havendo
maioria dos usos mistos estão localizados na Av. Vitória
poucos afastamentos e áreas permeáveis no interior dos
Régia agregando a ela um caráter comercial e de serviços. As
terrenos. Tal informação reforça a carência por áreas livres de
poucas edificações de uso misto ou comerciais dentro do
uso público já que os moradores, em sua grande maioria, não
bairro destinam seu térreo a lojas (algumas ainda sem uso)
possuem espaços livres em suas casas para convivência e
e/ou bares que atendem apenas aos moradores de seu
lazer.
entorno imediato. Esse uso majoritariamente residencial
A maior densidade edificada concentra-se na área próxima a principal avenida do bairro – Av. Vitória Régia – e a maior quantidade
de
lotes
vazios
localiza-se
nas
quadras
localizadas próximas ao limite com a pedreira de mineração, além disso, os lotes ocupados nessa área possuem maiores afastamentos laterais, frontais e de fundos e variam mais de tamanho e formato. Isso se deve ao fato de que a área planejada pela INOCOOP-ES era limitada e o crescimento
horários já que o mesmo não possui atrativos para as pessoas ocuparem os espaços livres do bairro. Todavia, as apropriações espontâneas que ocorrem nas ruas e nos terrenos vazios indicam que a população local necessita de infraestruturas de lazer que acomodem atividades para as diferentes faixas etárias de moradores. Situação a ser revertida nesse projeto com a integração.
posterior não seguiu as características construtivas da
Dos espaços livres de uso público desconectados do bairro,
cooperativa.
existem: a Praça Jardineira, a Praça Girassol e Praça dos
Na figura 57 (mapa de uso do solo) destaca-se a grande parte das edificações destinadas ao uso residencial que, como já dito no início desse capítulo, foi um dos balizadores para a 78
atribui as ruas do bairro um aspecto de abandono em certos
Artistas. Essas praças existentes no bairro apresentam diferenças entre si.
Figura 51, 52, 53, 54, 55 e 56: Caracterização Praça Jardineira. Fonte: Acervo da autora, abril de 2019.
Figura 57: Mapa uso do solo bairro Jardim Asteca. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
79
A Praça Jardineira (1) possui quadra poliesportiva, academia
na área por razão de diversas crianças estarem brincando na
popular, bocha, mesas e cadeiras, iluminação e lixeiras.
rua. Verifica-se a partir dessas apropriações espontâneas um
Mesmo
adequada,
interesse por equipamentos destinados a atender a demanda
acessibilidade ou usos atrativos em todos horários, ela conta
de lazer da comunidade. Ao contrário da outra praça, essa
com algumas atividades - às terças e quintas acontecem
não
aulas de zumba – que a Praça Girassol não possui.
iluminação ou equipamentos. A praça apresenta apenas uma
Nessa
não
praça
possuindo
também
a
manutenção
acontecem
eventos
periódicos
organizados pela Igreja Católica e pela Associação de
possui
nenhum
uso
formal,
mobiliários
urbanos,
edificação de uso comercial em seu entorno imediato (bar). Figura 58 e 59: Caracterização Praça Girassol
moradores como festas juninas, incentivos ao comércio local por meio de feiras comunitárias e eventos em conjunto com a Prefeitura de Vila Velha como o cinema ao ar livre. Além disso, a praça possui apenas uma edificação em seu entorno com uso de serviços (um cerimonial). A Praça Girassol (2) não tem qualquer tipo de infraestrutura, possui muito mato e pequenas intervenções dos próprios moradores como plantio de algumas espécies de plantas e a
Fonte: Acervo da autora, abril de 2019.
instalação de um brinquedo de playground.
Já a Praça dos artistas (3) fica localizada bem próxima a
Além disso, a associação de moradores em conjunto com a
Praça Girassol e muito se assemelha uma área residual
prefeitura e alguns moradores fizeram um campinho de areia
urbana, espaço que não foi loteado ou não recebeu nenhum tipo de uso e se transformou em pequena praça. Ela não tem
80
qualquer atrativo, possui forma triangular e um canteiro
O CT Solvive pertence ao time Solvive e está no bairro desde
central no mesmo formato e algumas árvores que ocupam
aproximadamente 2011 quando o espaço foi cedido pela
seu limite. Além desses elementos, não possui nenhum uso.
associação de moradores à escolinha. A contrapartida seria
Figura 60 e 61: Praça dos Artistas
aplicada ao terreno com infraestrutura de muro, banheiros, vestiários e lanchonete (anexo I). O campo recebe jogos semanais de escolinhas de futebol e times estaduais, atraindo um público sazonal para a região. Figura 62 e 63: Caracterização do Centro de Treinamento Solvive
Fonte: Acervo da autora, 26 de maio de 2019.
Além dos espaços públicos apresentados anteriormente, o bairro é composto por um espaço que acolhe o Centro de
Fonte: Acervo da autora, 26 de maio de 2019.
treinamento Solvive e o CRAS (Centro de referência de
Os 3 edifícios caracterizados como equipamentos públicos
Assistência Social) da regional administrativa 2 de Vila Velha.
são: o CRAS (A), o Centro Comunitário do bairro (B) e uma
Ambos estão localizados muito próximos a uma área de
instalação da CESAN (C) (Companhia Espírito Santense de
interesse ambiental e paisagística e atraem pessoas em
Saneamento). O edifício do CRAS fica ao lado do campo de
diferentes dias e horários da semana.
futebol, no final do bairro, próximo a pedreira de mineração e atualmente encontra-se externamente deteriorado e sem qualidade estética ou arquitetônica. O CRAS Jardim Asteca, 81
de acordo com PMVV (2013), atende por meio de suas ações
reuniões com os moradores e representantes governamentais
de assistência toda a regional 2 de Vila Velha.
e em comemoração de datas especiais. Além disso, seu
[...] é uma unidade pública localizada em áreas de vulnerabilidade social para atendimento de famílias e indivíduos em seu contexto comunitário, por meio de, programas, projetos e serviços voltados, principalmente, para a orientação e o convívio sóciofamiliar. (PMVV, 2013) Figura 64: Caracterização CRAS Jardim Asteca
espaço pode ser alugado pelos moradores para realização de eventos, aniversários, festas e afins sendo essa a única fonte de renda da associação. O edifício é murado e possui pé direito bem alto, apresentando aspectos característicos de um galpão. Atrás de seu edifício principal fica a Capela Mortuária do bairro que possui as mesmas características construtivas sendo ambos não muito agradáveis esteticamente além de a Capela ser pequena. A instalação do edifício conta com área externa, banheiros e cozinha com infraestrutura para a realização de pequenos eventos da comunidade. A instalação existente da CESAN se trata de uma estação elevatória de esgoto bruto e possui muros bem altos, e apenas um portão de ferro não sendo possível a visualização
Fonte: Acervo da autora, 6 de abril 2019.
O Centro Comunitário fica ao lado da Igreja Católica e realiza alguns eventos em sua instalação destinados à comunidade,
do interior da instalação em si. Além disso podemos perceber no mapa que há 4 lotes mapeados como uso institucional e todos eles são igrejas. Não há nenhuma escola ou creche na área possuindo então 4 instituições de religiões diferentes.
82
Figura 65 e 66: Centro Comunitário e Instalação Cesan Jardim Asteca
cegos nessa área e uma desconexão com o restante do bairro. Analisando algumas imagens aéreas do bairro desde o ano 2006,
percebe-se
que
tais
terrenos
possuem
grande
rotatividade empresarial. São grandes glebas alugadas periodicamente, sendo ocupados de acordo com o interesse do mercado. Pelo fato de estarem próximos a vias com importantes conexões entre as cidades próximas e até interestaduais, o uso predominante é de transportadoras e empresas de comércio e distribuição de produtos para construção civil. Esse perfil difere muito do interior do bairro e o limita, como já dito, sendo esse um ponto importante a ser destacado para posteriormente receber alguma intervenção qualificadora. Por se tratar de empresas grandes e que prestam serviços Fonte: Acervo da autora, 26 de maio de 2019.
Outra característica relevante do local é a grande quantidade de usos de serviço nos limites já citados anteriormente com a Rod. Darly Santos. Esses usos identificados na última quadra, se estendem pelas ruas paralelas, criando extensos muros
importantes, a maioria apresentar caráter introspectivo cercados e protegidos por elementos de segurança. Além dos grandes muros, cercas elétricas e a falta de qualidade paisagística, há uma presença constante de caminhões e veículos
pesados
nessa
parte
do
bairro,
diminuindo 83
consideravelmente a presença e circulação de pessoas na área,
tornando
assim,
tais
espaços
ociosos,
Figura 69, 70, 71 e 72: Empresas de J. Asteca - 2006, 2010, 2014 e 2018.
sem
dinamicidade e vitalidade urbana. Figura 67 e 68: Grandes empresas e seus muros cegos.
Fonte: Google Maps, 2019.
Sobre os gabaritos encontrados no bairro, verifica-se pela figura 77 que a maioria das edificações possuem entre 1 e 2 pavimentos. Essas edificações normalmente são de caráter unifamiliar e algumas delas, como já dito, em sua maioria as Fonte: Acervo da autora, 26 de maio de 2019.
84
localizadas na Av. Vitória Régia possuem uso misto.
Figura 73, 74, 75 e 76: Tipologias 1, 2, 3 e 4 pavimentos. Fonte: Acervo da autora, 26 de maio de 2019. Figura 77: Mapa Gabaritos bairro Jardim Asteca. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
85
Figura 78: Tipologia 5 pavimentos.
Verifica-se ainda uma quantidade crescente de edificações do bairro com 3 pavimentos de caráter multifamiliar (algumas são alugadas possuindo uma família por pavimento). Existem poucas edificações com 4 pavimentos e apenas uma com 5 andares fortalecendo assim o aspecto residencial, calmo e bairrista já citado. Por ser um bairro consolidado, são poucos os terrenos vazios e, em sua maioria, estão localizados na parcela do bairro mais próxima ao bairro Nossa Senhora da Penha - pedreira de mineração – que é a área ocupada mais recentemente.
86
Poucas casas possuem o caráter original de casa popular de
Fonte: Acervo da autora, 26 de maio de 2019.
2 ou 3 quartos e com afastamentos, a grande maioria passou
Para melhor compreensão da área de estudos foi produzido o
por alterações e ampliações com o passar dos anos ou
mapa
simplesmente foi reconstruída. É possível perceber diferença
informações relevantes sobre tais aspectos do bairro e
na tipologia construtiva em alguns dos lotes em que havia
permitem que se crie um perfil mais claro e que dialogue com
casas entregues pela INOCOOP-ES quando comparados
as informações já apresentadas.O bairro possui relevo plano
com os que surgiram após a construção do bairro. Os mais
no geral, apresentando curvas de níveis mais acentuadas em
recentes, como já dito, tem preocupações mais claras com
sua área central próximo ao Centro Comunitário. Essas
afastamentos e os mais antigos acabam seguindo a tipologia
curvas de nível acentuadas refletem diretamente a situação
original para as ampliações.
das calçadas da área e implantação de algumas casas.
físico
ambiental.
Nesse
mapa
estão
contidas
Figura 79 e 80: Cortes esquemáticos da área de estudos longitudinal e transversal, respectivamente. Fonte: Google Maps, 2019. Figura 81: Mapa físico ambiental bairro Jardim Asteca. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
87
É possível observar que as áreas alagáveis se localizam de
forma conjunta com as reservas legais localizadas no bairro
fato nas áreas planas do bairro – inclusive no CT Solvive - e
Nossa Senhora da Penha apresentadas no arquivo KMZ
sempre em regiões próximas aos limites do bairro.
disponibilizado em PMVV (2017), o corpo d’água tem
A Rod. Darly Santos, por ser uma avenida asfaltada (diferente do bairro que hoje é pavimentado por paralelepípedo) também é vulnerável a alagamentos. Além disso, nos cortes apresentados é possível ver que os desníveis no bairro chegam a 7m de altura em seu ponto mais alto e tal desnível, em relação a rua mais próxima, possui 3m de diferença.
potencial de preservação e de valorização urbanística e paisagística da área, incentivando a preservação da área e agregando ao espaço elementos atratores de movimentação. Trata-se de um elemento característico do acervo do conjunto paisagístico que envolve a pedreira adjacente ao bairro passível de requalificação e despoluição, sugerida nesse estudo como contrapartida da pedreira localizada nas
Figura 82 e 83: Alagamentos na Av. Darly Santos e no Centro de Treinamento Solvive, respectivamente.
imediações de uma reserva legal. Figura 84 e 85: Ruas Narciso e Alecrim alagadas, respectivamente.
Fonte: Acervo da autora, 18 de maio de 2019.
O corpo d’água encontrado no bairro é na verdade um reservatório artificial que possui aproximadamente 6m de largura em todos os seus aproximados 600m de extensão. De 88
Fonte: Acervo da autora, 18 de maio de 2019.
Figura 86 e 87: Importância ambiental corpo d’água e Mata da Pedreira
maior movimentação das pessoas no interior de Jardim Asteca além de ampliar as opções de convivência e lazer. Além dessa área arborizada, o bairro possui algumas outras árvores distribuídas por seu território, principalmente nas praças. Algumas poucas ruas possuem espaços áridos e sem sombreamento agradável para passeios e permanência. Figura 88 e 89: Reserva Legal
Fonte: Acervo da autora, 06 de abril de 2019.
O corpo d’água recebe esgoto de diversas residências e escoa ainda as águas dos bairros de Santos Dumont, Jardim São Paulo e Jardim Colorado, levando-o até o Rio Marinho. Na sinalização encontrada ao lado do corpo d’água do bairro, é possível ver a existência documentada da reserva legal e sua área de 35.246,00m². A área tem potencial de apropriações para usos de convivência e lazer dos moradores e visitantes, servindo como atrativo também para essa área do bairro que foi ocupada recentemente e não possui a dinâmica da Av. Vitória Régia. Se valorizada e integrada aos demais espaços públicos do bairro e as massas verdes do entorno, a reserva permite
Fonte: Acervo da autora, 07 de setembro de 2019.
89
Figura 90 e 91: Poluição e extensão do corpo d’água. Fonte: Acervo da autora, 26 de maio de 2019.
Figura 92: Mapa de massas verdes do entorno do bairro Jardim Asteca. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
90
No mapa viário apresentado é possível observar que a Rod.
identidade ao local e facilitar a legibilidade dentro do bairro.
Darly Santos – com aproximados 45m de largura - que
Isso
contorna o bairro é classificada como via arterial (60km/h) de
predominantemente residenciais, sendo esse um aspecto
acordo com o PDM de Vila Velha. Já a principal avenida do
encontrado em bairros vizinhos à Jardim Asteca também.
bairro – Av. Vitória Régia – e a avenida principal de Novo
Essa característica dificulta a localização no interior do bairro
México – Av. Leila Diniz – caracterizam-se no PDM de Vila
e confunde os transeuntes.
Velha como vias coletoras (40 km/h) – com aproximados 12m de largura.
inclusive
é
uma
característica
dos
bairros
Além disso, percebe-se a existência de projetos para vias dentro e próximas ao bairro na área da atual pedreira por
As vias internas do bairro não possuem classificação, mas
provavelmente haver interesse de incentivar a ocupação
todas são parecidas, apresentando aproximadamente 9m de
dessa área até por conta dos parâmetros urbanísticos,
largura,
de
apresentados no próximo subtítulo. Nota-se que existe o
paralelepípedo e sem sinalização de trânsito horizontal ou
interesse em projetar uma via acima do corpo d’água
vertical. Existem ainda algumas ruas sem saída na área, que
existente no bairro, confirmando um modelo de intervenção
tem seu final no corpo d’água citado. Essas vias apresentam
urbano que reproduz aqueles investimentos destinados a
um visual com potecial paisagístico como pontos focais e para
circulação de veículos em detrimento do pedestre.
a
grande
maioria
com
pavimentação
proporcionar um contato maior com a natureza propicio a atividades com características adequadas a atividades destinadas a educação ambiental e ao lazer contemplativo.
Acrescenta-se a análise da malha a presença de pontos de ônibus concentrados na rua principal do bairro e nas principais avenidas do entorno dificultando o acesso dos
A semelhança das vias internas indica uma necessidade de
moradores ao transporte público que apresenta rotas
se pensar em uma intervenção que contribua para agregar
segregadas e desconexas dos principais pontos do município. 91
Figura 93 e 94: respectivamente.
Vias
coletoras:
Leila
Fonte: Acervo da autora, 26 de maio de 2019.
92 Figura 95: Mapa viário do bairro Jardim Asteca. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
Diniz/Vitória
Régia,
Ao aplicar o raio de abrangência sugerido pelo Instituto de
As linhas de transporte público que passam pelos pontos de
Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP Brasil) para
ônibus do bairro, todos localizados na Av. Vitória Régia, são:
distância
de
Transcol 600 (Shopping Boulevard – Terminal do Ibes),
embarque/desembarque de linhas de ônibus convencional
Transcol 603 (Shopping Boulevard – Terminal do Ibes),
(caso do bairro de Jardim Asteca) que equivale a um valor
Sanremo 001 (Araças – Praia da Costa) e Sanremo 002
menor ou igual a 200m, favorecendo assim a caminhabilidade
(Araças – Praia de Itapoã). As linhas Transcol passam nas
percebe-se que a maioria do bairro não possui uma
duas vias da Av. Vitória Régia, já as linhas Sanremo apenas
pontuação boa, já que os pontos não abrangem toda a área
passam na direção da avenida que vai em direção a Jardim
do bairro, trazendo então uma necessidade de se rever essa
Colorado.
máxima
a
pé
até
um
ponto
realidade da região. (ITDP Brasil, 2018) Figura 96 e 97: Via interna do bairro e Via sem saída
Além disso, não possuem interligação com outros modais de transporte já que não existem ciclovias no bairro ou em seu entorno imediato agregando assim um aspecto desconexo em relação a mobilidade já que para qualquer destino um pouco mais distante é preciso se deslocar a algum terminal ou pegar um segundo ônibus. Porém, se analisarmos as ciclovias nos outros pontos nobres do restante da cidade, verifica-se uma situação mais favorável à interligação do sistema cicloviário. Elas se alinham a eixos de possível conexão com o bairro e com os bairros vizinhos e,
Fonte: Acervo da autora, 26 de maio de 2019.
se existentes, facilitariam integração de modais diminuindo 93
assim o tempo do trajeto diário dos moradores somando
a falta deles, equipamentos e árvores localizadas no centro
opções.
das
Além disso, outros parâmetros que auxiliam na falta de conexão do bairro com a cidade são suas rupturas por conta de seus limites que coincidem com os da pedreira de
e
os
pisos
escolhidos
para
estas.
A
descontinuidade e a falta de um modelo ou pelo menos de certo diálogo entre as superfícies geram certo desconforto no passeio e dificuldade para pessoas com deficiência física.
mineração e das grandes empresas localizadas na Rod. Darly
Portanto, para analisar as calçadas da área de estudos, essas
Santos, logo, com tais bloqueios, apenas uma face da área
foram divididas em 3 grupos. No primeiro deles estão as
faz contato com o restante da cidade.
calçadas cidadãs com acessibilidade plena, no segundo as
O bairro é próximo de alguns pontos importantes da cidade como a Prefeitura de Vila Velha, Shoppings, Orla e Universidades, porém, por conta da falta de conectividade os deslocamentos tornam-se longos e sempre dependente de
calçadas parcialmente adequadas que apresentam piso regular ou piso podotátil e no terceiro as calçadas inadequadas por possuírem algumas das características anteriormente citadas.
veículos motorizados individuais ou públicos. A análise das
Além destes grupos, há ainda os lotes que não possuem
vias do bairro nos leva também à análise de suas calçadas.
calçadas. Após as análises das calçadas do bairro, foi
Como visto anteriormente, o bairro possui relevo plano, porém
possível constatar que aproximadamente 86,9% das calçadas
em sua centralidade possui curvas de nível mais acentuadas
são inadequadas sobrando apenas 4,8% de calçadas
e que acabam por refletir em suas calçadas.
parcialmente adequadas e 8,2% de lotes sem calçadas.
Os maiores problemas encontrados nas calçadas do bairro são as inclinações, acessos que interrompem a passagem ou 94
calçadas
Nenhuma das calçadas foi classificada como cidadã.
Figura 98, 99, 100 e 101: Calçadas do bairro, suas classificações e quantidades encontradas. Fonte: Acervo da autora, 26 de maio de 2019. Figura 102: Mapa relação do bairro com as conexões de Vila Velha/ES. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
95
São números consideráveis se pensarmos que se trata de um
Há alguns eixos dinâmicos em relação aos equipamentos
bairro
quantidade
atratores e que devem ser valorizados visando a integração
significativa de idosos e com espaços públicos precários e
entre os bairros do entorno e a área de estudos aumentando
subutilizados logo, as calçadas são os únicos pontos de
a dinâmica urbana e a facilidade em locomover-se.
predominantemente
residencial,
com
encontro e as ruas são o quintal das casas que, como já dito, são robustas e ocupam todo seu terreno.
A apropriação da rua é um fenômeno visível no bairro. As crianças as utilizam para brincadeiras como queimada e pique
Além disso, as calçadas são os locais por onde as pessoas
esconde, os jovens andam de bicicleta, os comércios se
passam para se deslocar aos equipamentos atratores do
apropriam destas para atrair públicos variados e em épocas
entorno do bairro. Escolas, postos de saúde, praças e outros
festivas ou em dias de jogos de futebol, é nela que são feitas
espaços públicos, igrejas e quaisquer outros locais que
as comemorações.
interessem os moradores e usuários dos espaços. Hoje essas
Figura 103 e 104: Apropriação da rua Narciso em 2 pontos diferentes.
áreas se encontram desconectadas inclusive no interior de Jardim Asteca mas, se integradas, facilitariam o acesso dos moradores e convidariam possíveis novos frequentadores. O mapa de equipamentos atratores tem por objetivo mostrar os principais eixos conectores entre tais espaços próximos ao bairro. Além é claro, de mostrar que a existência de tais equipamentos no entorno forma uma potencialidade de integração entre os bairros aumentando assim a dinamicidade e a conexão da cidade. 96
Fonte: Acervo da autora, 26 de maio de 2019.
Figura 105: Apropriação de crianças na rua Narciso para brincadeiras. Fonte: Acervo da autora, 19 de maio de 2019.
97 Figura 106: Mapa de equipamentos atratores do entorno do bairro Jardim Asteca. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
Esse fenômeno é a forma mais pessoal de interpretação da
do bairro como a festa junina realizada pela Igreja Católica e
cidade, onde o morador e/ou usuário tomam partido de suas
a Associação de Moradores.
preferências na realização das atividades, as vezes sem utilizar os espaços formais planejados para determinado uso. Além disso, essas apropriações demonstram as necessidades da área e dos moradores, deixando claro o interesse das pessoas em se apropriar dos espaços e utilizá-los para as mais distintas atividades.
conjunto com a Prefeitura, principalmente entre outubro e dezembro, de feiras comunitárias onde a prefeitura fornece energia gratuita para que comerciantes locais coloquem suas barraquinhas na Praça Jardineira (informação obtida com o líder comunitário do bairro). No ano de 2018, essa iniciativa
No mapa de apropriações espontâneas e equipamentos
contou com 18 barraquinhas que comercializavam desde
públicos fica visível que o bairro todo possui postes de
artesanato e bijuterias até churrasco, pastel, moquecas,
iluminação nas vias fornecendo assim infraestrutura para a
tortas, empadas, doces e açaí – anexo II.
permanência nas ruas, porém só possui lixeiras nas praças Jardineira e Girassol. Tais características não impactam na permanência ou preferência das pessoas já que é possível observar certa centralidade na escolha das ruas para as apropriações. É possível visualizar de que forma as pessoas se integram ao bairro, onde preferem estar e se reunir. Além das apropriações já ilustradas, foram marcadas apropriações percebidas nos levantamentos e nas festividades/encontros
98
A associação de moradores também promove iniciativas em
Além disso, um evento de cinema ao ar livre e outro da apresentação da banda do 38º BI (Batalhão de Infantaria) já foram realizados na Praça Jardineira – anexo III. O evento do cinema foi uma iniciativa em conjunto com o projeto Cineclube nos bairros no ano de 2017 afim de “[...] apoiar a criação de Cineclubes de Bairros como entretenimento e debate sobre o cinema brasileiro.” (PMVV, 2017)
Figura 107 e 108: Apropriação de comércio na rua Açucena. Fonte: Acervo da autora, 26 de maio de 2019.
Figura 109: Mapa de apropriações espontâneas e infraestrutura do bairro Jardim Asteca. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
99
O CRAS localizado no bairro também realiza eventos para a
Figura 110 e 111: Eventos promovidos pelo CRAS: Festa Julina e Inclusão digital, respectivamente.
população. No local já aconteceram eventos de dia das mães, das crianças, oficinas gratuitas de reciclagem, teatro, canto coral e acessórios em tecido, cursos de alfabetização, capacitações profissionais e inclusão digital. O espaço tem importância social e integradora e deveria possuir maior divulgação/sinalização. Por fim, foi produzido um mapa de potencialidades e vulnerabilidades com o objetivo de sintetizar a análise da região apontando os pontos a serem aperfeiçoados na etapa projetual. Limitado por um corredor empresarial e uma área de exploração, o bairro perde sua dinâmica interna, fazendo necessária divulgação e incentivos maiores. Alguns de seus espaços livres não possuem infraestrutura ou atividades e são cercados por residências, diminuindo sua capacidade atratora. Por outro lado, seus eixos conectores com o entorno, suas características ambientais e paisagísticas e suas
demonstrações
de
apropriação
garantem
uma
potencialidade ao bairro que fazem toda a intenção projetual ganhar mais relevância e justificativa. 100
Fonte: Mídias sociais da PMVV, https://www.facebook.com/vilavelha/photos/p.865259780231307/865259 780231307/?type=1&theater e https://www.facebook.com/vilavelha/photos/p.1052810118142938/10528 10118142938/?type=1&theater, respectivamente. Acesso em: 03 de outubro de 2019.
Figura 112: Mapa de Potencialidades e Vulnerabilidades. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
101
4.4. Legislação vigente na área de estudos
subtítulo anterior, o bairro é bastante consolidado e
Considerando a Lei Complementar nº 65/2018 (Espírito
predominantemente residencial, sem grandes extremos em
Santo, 2018) – Revisão decenal do PDM (Plano Diretor
questão de gabarito. Mas aparentemente, o zoneamento
Municipal) de Vila Velha – podemos observar que a área do
proposto indica que existe certo interesse de implementação
bairro de Jardim Asteca é classificado no zoneamento
de empresas ainda maiores e de grandes edifícios na área.
municipal como ZOP (Zona de Ocupação Prioritária) B e a
Figura 113: Zoneamento municipal de Vila Velha: Bairro Jardim Asteca
área onde estão localizadas as grandes empresas, no limite do bairro, estão classificadas como ZEIE B (Zona Especial de interesse
econômico).
O
zoneamento
desconsidera
totalmente a existência de um maciço de vegetação constituído por uma área de reserva legal Os bairros de seu entorno também estão determinados como ZOP e onde está localizada a pedreira a classificação é ND-F (Núcleo de desenvolvimento). As classificações atribuem ao bairro parâmetros projetuais e permitidos pela Lei que buscam um maior controle e indicação de aspectos a serem garantidos ou promovidos, dependendo do interesse da prefeitura. Na figura 114 é possível observar os objetivos de cada zona pensada para o bairro. Percebe-se certo interesse empresarial e corporativo na área em geral. Como visto no 102
Fonte: Adaptado pela autora, 2019. Disponível em: http://www.vilavelha.es.gov.br/legislacao/Arquivo/Documents/legislacao/ht ml/C652018.html. Acesso em: 18 de maio de 2019.
Destaca-se o alerta para o descaso na caracterização do
Além disso, a pedreira possui uma área de massa verde
zoneamento urbano para a realidade da comunidade que
importantíssima que possui um grande potencial paisagístico
reside na região desde a década de 50. Apesar do mesmo
e que foram ignoradas nos índices e deveriam ser
destacar em sua descrição a necessidade de apresentação
aproveitadas. A área foi classificada como Núcleo de
de propostas de prevenção aos impactos gerados pelas
Desenvolvimento que possui índices altíssimos de ocupação
atividades econômicas locais, utilizada nesse estudo como
e forte incentivo a ocupação e adensamento da área. Além
contrapartida
disso, o fato de o bairro ser classificado como ZOP demonstra
para
algumas
intervenções
qualificadoras
propostas pelo projeto de intervenção dessa monografia. Figura 114: Objetivos das zonas planejadas para o bairro Jardim Asteca
um interesse para que seja realizada uma maior ocupação na área e de forma rápida. Figura 115: Parâmetros Urbanísticos ZOP B, ZEIE A e ND-F
Fonte: Produzido pela autora com base na Lei complementar nº 65 2018. Disponível em: http://www.vilavelha.es.gov.br/legislacao/Arquivo/ Documents/legislacao/html/C652018.html
Fonte: Adaptado pela autora com base em Espírito Santo (2018)
103
Tais parâmetros demonstram ser um facilitador atrativo aos
4.5 Aspectos comportamentais da área de estudos
investidores e donos de empreendimentos para ali se
Os aspectos comportamentais do bairro foram levantados e
instalarem. Por ser um bairro que abriga e se localiza próximo
analisados por possuírem importância no entendimento da
à grandes empresas, ele se distancia da cidade e acaba
dinâmica e das demandas dos usuários dos espaços públicos
perdendo sua atratividade, influenciando assim, muitos
do bairro além de auxiliar a compreensão dos movimentos
aspectos do dia a dia de seus moradores. Esse é um aspecto
naturais e espontâneos como as apropriações que acontecem
que carece cautela e pode ser utilizado como premissa de
nesses locais permitindo a consideração de diferentes
contrapartida para promoção da vitalidade urbana da região.
perspectivas e opiniões levantadas na análise.
De forma bastante contraditória as 3 zonas destinadas a
Para a análise comportamental foram feitas duas abordagens
estas áreas - que se relacionam diretamente com o bairro
distintas, uma delas baseou-se em visitas aos espaços
Jardim Asteca - não apresentam parâmetros qualificadores
públicos, em três horários do dia (manhã, tarde e noite)
abrangendo aspectos importantes para o bairro como a
durante o meio da semana e o final de semana com intuito de
implantação de lazer, cultura e valorização dos espaços
observar quem são os frequentadores do bairro, que idades
públicos. Além disso, como visto no subtítulo anterior, a
tem, para que o utilizam e em que horário vão. Além disso, a
região possui caráter mais calmo, tranquilo, possuindo ruas
observação das atividades que ocorrem nesses espaços, da
com
livre apropriação das pessoas e do aspecto global do bairro
características
potencialidade
bairristas
morfológica
para
não
apresentando
absorver
verticalização e adensamento como sugerido.
tamanha
permite criar um perfil do espaço público facilitando o entendimento e a futura proposição projetual. Destaca-se, todavia, que o referido levantamento foi realizado no mês de julho e que para uma melhor compreensão da
104
desse
Foram observados ainda os fluxos de diferentes veículos –
levantamento ao longo dos diferentes meses do ano,
bicicletas, carros, motos, ônibus e caminhões - para entender
incluindo o período de férias do verão e feriados nacionais.
a movimentação diária nos diferentes locais (Apêndice D). Os
dinâmica
do
bairro
recomenda-se
a
aplicação
A outra abordagem utilizada foi por meio de um questionário online produzido pela autora e que foi divulgado em mídias sociais e aplicativos de bate papo (Apêndice E). Esse método de divulgação é eficaz e rápido, porém nem todas as pessoas se lembram de responder o questionário ou se interessam de fato em fazê-lo. Por isso, foi realizada uma reunião com o líder comunitário do bairro para realização de uma tentativa conjunta de divulgação.
de julho (segunda-feira), 16 de julho (terça-feira) e 27 de julho (sábado) – e em cada espaço, houve uma permanência de 10 minutos por turno. Durante as visitas foram observados os fluxos e as atividades realizadas pelos usuários além da quantidade de pessoas presentes em cada local. Além disso, gênero
permitindo uma análise mais abrangente dos interesses e preferências existentes em cada espaço público.
análises
foram
os
anteriormente
apresentados:
Praça
Jardineira (1), Praça Girassol (2) e Praça dos Artistas (3), além disso, o entorno do CT Solvive (4) (próximo ao acesso do canal) foi analisado por conta do seu potencial paisagístico e de atração de pessoas por ser próximo do CRAS e o Centro de Treinamento. As praças Girassol e dos Artistas foram analisadas de forma
As visitas aos espaços públicos se deram em três dias – 15
as pessoas foram diferenciadas por idade e
espaços públicos escolhidos para as visitas e consequentes
conjunta por conta de sua proximidade, tamanho e por possuírem algumas semelhanças. A tabela 3 (síntese) foi produzida após análise diária/por turno e espaço, que se encontra inserida nos apêndices A, B e C. Tabela 3: Tabela síntese de quantitativo de fluxo e permanência de pessoas nos espaços analisados por turno/dia.
DIA 1 (15/07– segunda-feira)
Manhã Tarde Noite
Total
Praça Jardineira
20
18
42
79
Praça Girassol e dos Artistas
3
12
4
16
105
Entorno CT Solvive
9
4
2
TOTAL DE PESSOAS DIA 1 DIA 2 (16/07– terça-feira)
Manhã Tarde Noite
14
Tudo isso, de forma conjunta com o fato de ser o único
109
espaço
do
bairro
que
possui
infraestrutura,
Total
equipamentos e mobiliários urbanos, funciona como um
Praça Jardineira
9
18
38
65
atrativo considerável para as pessoas que passam por ali ou
Praça Girassol e dos Artistas
2
8
5
15
que frequentam o espaço. Além disso, é um espaço
Entorno CT Solvive
4
36
-
40
arborizado que diminui a sensação de calor no interior da
120
praça e garante que seja uma permanência agradável, porém,
TOTAL DE PESSOAS DIA 2 DIA 3 (27/07– sábado)
Manhã Tarde Noite
Total
à noite, as árvores bloqueiam um pouco a iluminação.
Praça Jardineira
19
24
32
75
Durante as visitas foi notado que algumas pessoas que
Praça Girassol e dos Artistas
16
3
5
24
residem nas ruas paralelas a praça Jardineira se deslocam
Entorno CT Solvive
171
35
10
216
até o entorno do espaço para fazer seu deslocamento diário
315
provavelmente por ser um espaço, como dito antes, agradável
TOTAL DE PESSOAS DIA 3
Fonte: Produzido pela autora com base nas informações levantadas em campo e que estão detalhadas nos apêndices A, B e C, 2019.
106
público
e que em todos os horários possui movimento.
Com as análises realizadas nos dias visitados foi possível
Durante as manhãs e tardes foi percebida uma atividade
notar que a Praça Jardineira (1) possui maior constância e
maior de crianças, adolescentes e idosos frequentando o
equilíbrio em relação a frequência de usuários, fluxo de
espaço e fazendo uso de suas estruturas. A noite haviam
pessoas e veículos. Isso pode ser associado a localização da
muitos
praça que está a uma quadra da Av. Vitória Régia,
cachorros, idosos utilizando a quadra de bocha, crianças
praticamente alinhada a um ponto de ônibus além de estar
jogando bola e no dia 16 de julho (terça-feira) haviam
centralizada no perímetro do bairro.
mulheres fazendo a aula de zumba disponibilizada pela
adolescentes,
pessoas
passeando
com
seus
iniciativa da Prefeitura de Vila Velha (PMVV) que acontece as
Em algumas das visitas ao espaço foram vistas crianças com
quintas também. Além disso, no dia 16 também, havia um
patins ou carrinhos de controle remoto, mas bem poucas
casal com um pula-pula instalado para entretenimento das
comparando a frequência observada na Praça Jardineira e
crianças.
em nenhum momento as pessoas utilizavam o espaço público
A Praça Girassol (2) e a Praça dos Artistas (3) ficam na última
de fato, apenas as ruas.
rua do bairro por onde alguns motoristas adentram o bairro,
Durante a noite o espaço fica muito escuro e apenas no dia
logo, isso traz certo movimento de veículos para a região,
27 de julho (sábado) o comércio localizado no entorno da
mas por conta da inexistência de usos/atrativos em ambos os
Praça Girassol (bar) estava aberto com apenas 2 clientes
espaços, quase nenhuma pessoa permanece de fato nas
idosos. Existe ainda um grande muro cego lateral as duas
praças. Automaticamente ambos os espaços, que também
praças e que causa, durante a noite, uma sensação de
são bem arborizados, se tornam muito tranquilos e com
insegurança e abandono.
aspecto muito acolhedor durante o dia, onde é possível ouvir
Figura 116: Praça Girassol durante a tarde do sábado.
o balançar das folhas e o canto dos passarinhos, apesar do vazio constante. Uma característica da área são bancos localizados nas fachadas das residências e é frequente a presença moradores ali sentados e conversando, isso favorece o aspecto bucólico, sossegado e calmo do bairro.
Fonte: Acervo da autora, 27 de agosto de 2019.
107
Já no entorno do CT Solvive (4) foi notado predominância de
Já na manhã do dia 27 de julho (sábado), era dia de jogo e
atividades
de
isso atraiu dezenas de pessoas para a área que estava lotada
Treinamento. Durante as tardes dos dias da semana foi
e com muitos carros estacionados além de pessoas
percebida
dos
aproveitando para vender comidas e bebidas. O espaço
maquinários das empresas localizadas na Rod. Darly Santos.
estava lotado em suas calçadas, principalmente aonde havia
As batidas eram altas e ritmadas vindo diretamente das
sombra, havia um ônibus para transporte de atletas, muitos
empresas e foram constantes durante o tempo em que ali se
carros de pessoas que levaram seus filhos ou foram para
permaneceu.
assistir. Observou-se nesse momento que ali não há
voltadas
uma
ao
funcionamento
movimentação
de
do
Centro
caminhões
Figura 117: Bancos localizados nas fachadas
e
infraestrutura para receber aquela quantidade de pessoas. Figura 118: CT Solvive durante a manhã do sábado – dia de jogo.
Fonte: Acervo da autora, 27 de julho de 2019. Fonte: Acervo da autora, 07 de setembro de 2019.
108
Assim como as praças Girassol e dos Artistas, o entorno do
Com os resultados dessa análise foi possível pensar cada
CT durante a noite fica escuro e com pouco movimento
espaço potencial do bairro utilizando os critérios da
(veículos ou pedestres/usuários), o que aplica a todas essas
metodologia de Microplanejamento de L. Rosa (2011) e da
áreas um aspecto abandonado e inseguro. Nesse caso ainda
acupuntura urbana de Lerner (2011) baseando-se no número
é mais nítido pois não há ligações e conexões relevantes em
de frequentadores e nas atividades realizadas (ou não) por
relação a mobilidade na área, e justamente por isso foi o
esses, além das sensações (físicas e psicológicas) da autora
único espaço analisado que em nenhum horário apresentou
em cada local visitado.
algum tipo de movimento de pedestres ou veículos. Figura 119 e 120: CT Solvive durante a manhã do sábado – dia de jogo.
Além da análise em campo, foi produzido um questionário online e divulgado através de grupos em redes sociais e aplicativos de conversa. O questionário foi pensado para facilitar o entendimento das pessoas, sendo em sua grande maioria composto de perguntas objetivas possuindo 16 etapas, sendo possível conclui-lo em 10 minutos. O questionário visa o entendimento da percepção e dos sentimentos gerais presentes na população e usuários do bairro
acerca
de
suas
principais
características
e,
principalmente, sobre seus espaços públicos.
Fonte: Acervo da autora, 27 de julho de 2019.
109
Figura 121, 122 e 123: Mapa síntese de fluxos e permanência da praça Jardineira, Girassol e dos Artistas e do CT Solvive, respectivamente. Fonte: Produzido pela autora a partir do apêndice D, 2019. .
110
Figura 124: Análise Microplanejamento – Praça Jardineira.
Figura 126: Análise Microplanejamento – Entorno CT Solvive
Fonte: Produzido pela autora, 2019.
Fonte: Produzido pela autora, 2019.
Figura 125: Análise Microplanejamento – Praça Girassol e dos Artistas.
O questionário (na íntegra no apêndice E) foi produzido no Formulários Google e ficou online por 60 dias sendo divulgado em redes sociais e grupos de bate-papo destinados aos moradores do bairro. Os resultados obtidos foram de 34 respostas e considerando o tamanho do bairro e sua população de 2.447 habitantes (PMVV, 2013), foi adotado um nível de confiança de 95%, logo, o questionário resultou em 17% de margem de erro. (SURVEY MONKEY, 1999)
Fonte: Produzido pela autora, 2019.
111
Suas perguntas foram direcionadas a temas relevantes sobre os espaços livres de uso público do bairro e características gerais da área como segurança e mobilidade permitindo um entendimento mais amplo das opiniões e sensações da população usuários do bairro. Ao todo, 19 homens e 15 mulheres responderam o questionário. Os participantes apresentaram, em sua maioria, idades entre 15 e 29 anos e 30 e 59 anos concluindo assim,
Fonte: Resultado do questionário produzido pela autora, 2019.
um número equilibrado entre os gêneros e amplo em relação
As pessoas que responderam o questionário também
as idades, garantindo visões diferentes, interesses distintos
variaram entre moradores e antigos moradores que hoje
que enriquecem a pesquisa e permitem melhor percepção e
frequentam o bairro para visitar família e amigos. As opiniões
uma abordagem ampliada do bairro.
dessas pessoas são relevantes também para entender a
Figura 127 e 128: Gráfico de idades e de relação com o bairro.
percepção de pessoas que hoje apenas visitam o local. Além disso, um item que ficou dividido na pesquisa foi o tempo que as pessoas frequentam o bairro. A maioria das pessoas que residem ou frequentam o local, o fazem a mais de 30 anos (38,2%). Porém logo atrás desse índice se encontram as pessoas que o fazem a menos de 5 anos (23,5%), mostrando que a área ainda atrai pessoas.
112
Figura 129: Gráfico frequência no bairro.
Fonte: Resultado do questionário produzido pela autora, 2019.
Fonte: Resultado do questionário produzido pela autora, 2019.
Figura 130 e 131: Respostas negativas sobre gostar do bairro Jardim Asteca.
Apenas duas pessoas disseram não gostar do bairro e suas justificativas para tal opinião foram relacionadas a distância do bairro ao restante da cidade e o fato de suas ruas não se encontrarem
asfaltadas,
como
dito
no
diagnóstico
anteriormente, apresentando assim buracos e iluminação insatisfatória segundo a resposta. O fato de o bairro ser periférico ao centro urbano foi um dos fatores de escolha da área de estudos e é resultado do modo de planejamento póscorbusiano
e
realmente
é
uma
realidade.
Porém,
a
pavimentação de paralelepípedos incentiva que os carros mantenham uma velocidade reduzida no interior do bairro
113
além de diminuir os alagamentos em época de chuva, sendo
foram ainda mais elaboradas, deixando claro a preferência
assim um fator qualitativo.
pelo bairro por características físicas e ambientais do mesmo.
Figura 132: Gráfico de satisfação com o bairro.
Uma delas deu ênfase a infraestrutura viária e de iluminação do bairro: “Bairro Residencial com ruas planejadas. Existe iluminação pública. Existem calçadas. Fácil acesso por ruas troncais.” (Resposta do questionário de número 24) E a outra falou sobre um ponto muito relevante e levantado no diagnóstico físico e ambiental do bairro que é a Reserva Legal presente no limite do bairro: “Bairro familiar com boas casas conjunto habitacional bem projetado pelo governo na época diferente dos de hoje que parece pombal minha casa minha
Fonte: Resultado do questionário produzido pela autora, 2019.
A
grande
maioria
das
pessoas
que
responderam
vida. Além de estar próximo a uma área verde parecendo o
interior muito bom.” (Resposta do questionário de número 30)
questionário disse gostar do bairro e os motivos não variaram muito. Um total de 20 pessoas alegaram gostar do bairro por
A questão levantada da infraestrutura viária nos leva a
ser um local tranquilo, pacato, familiar, onde todos se
próxima pergunta sobre a facilidade de se locomover no
conhecem, sossegado e bom para morar. Além disso, 3
bairro. Como apresentado anteriormente no diagnóstico, as
respostas demonstraram carinho pelo bairro por ser onde
vias internas do bairro são muito similares não apresentando
aquelas pessoas nasceram e cresceram. E duas respostas
tanta
identidade.
Porém,
para
25
dos
moradores
e
frequentadores o bairro é sim de fácil locomoção e para os 114
outros 9 é parcialmente simples realizar deslocamentos nas
A maioria da população moradora ou frequentadora do bairro
ruas da região. Ninguém considera tal atividade difícil.
utiliza o carro para seus trajetos (88,2%) e essa é uma das
Figura 133: Gráfico de facilidade de locomoção do bairro.
resultantes do modo de planejamento. Depois do automóvel estão os trajetos feitos de ônibus e a pé (38,2% cada) e ainda os de bicicleta (17,6%). Há aqueles que também utilizam de motocicletas (8,8%) para entrar e sair de Jardim Asteca. Figura 134: Gráfico de meios locomoção utilizadas no bairro.
Fonte: Resultado do questionário produzido pela autora, 2019.
Tal questão está muito relacionada aos meios de locomoção utilizados para entrar ou sair do bairro já que dependendo da rua/área do bairro em que o morador vive, ele está
Fonte: Resultado do questionário produzido pela autora, 2019.
automaticamente mais perto ou mais distante dos pontos de
O fato de utilizarem mais os carros nos deslocamentos diários
ônibus e das vias mais movimentadas e dinâmicas do entorno
implica diretamente no uso ou não dos espaços públicos. O
para trajetos a pé ou de bicicleta por exemplo. Os resultados
morador, ao decidir sair de casa de carro, ignora as calçadas,
geraram um cômputo divergente, porém previsível, por refletir
as praças e deixa de experienciar toda a interação
o deslocamento prioritário por meio de carros individuais.
interpessoal e relação com o espaço que ele poderia viver. 115
Figura 135: Gráfico de utilização dos espaços públicos do bairro.
praça, associação, academia popular e campo de bocha. A maioria dos itens ditos localizam-se na praça Jardineira ou, como é o caso da associação, muito próximo a ela. Essa resposta também é impactada pela ausência de espaços com equipamentos e infraestrutura atrativos a diferentes atividades e idades. Quando questionados sobre o bairro ser conectado com o restante da cidade, 54,83% dos moradores e frequentadores consideram que sim por motivos que variaram entre a
Fonte: Resultado do questionário produzido pela autora, 2019.
A pergunta referente ao uso dos espaços públicos do questionário resultou em 82,4% de pessoas que não os utilizam
e
frequentar
apenas tais
17,6%
espaços.
dos
participantes
Como
visto
na
alegaram análise
comportamental feita em campo, alguns espaços públicos como o entorno do CT Solvive, a Praça Girassol e a Praça dos Artistas em alguns horários realmente tinham baixíssima presença e/ou fluxo de pessoas e isso foi de fato mais notório
ônibus, a presença da rodovia próxima, por ter “fácil” acesso pelas ruas principais do bairro e pela presença de comércios. Apenas
25,8%
das
pessoas
consideram
o
bairro
desconectado da cidade por ser isolado, longe dos comércios, sem atrativos, por ser inseguro, por ser pequeno e ter sido “engolido” pelos bairros do entorno e possuir pouca opção para lazer e diversão.
ou
Além disso, 19,35% das pessoas ficaram em cima do muro
atividades atrativas. Os que responderam de forma positiva
alegando que o bairro é pouco conectado justificando com
sobre utilizar os espaços disseram frequentar as ruas, quadra,
características como o bairro ser longe do centro, possuir
nesses
116
localização do bairro e a “falta” de limites, a presença de
espaços
que
não
possuem
infraestrutura
ônibus e possuir pouco comércio. Com tais resultados,
Figura 136: Gráfico de segurança no turno matutino no bairro.
conclui-se que as opiniões divergem e se contradizem muito no item em questão principalmente em relação aos ônibus e comércios. Uma das respostas sobre a conexão do bairro levantou a questão da insegurança no bairro: “Não. Pois o bairro se isola na questão de insegurança, pouca opção diversão, pessoas trancadas em casa evitando convivência social.” (Resposta do questionário de número 13)
Fonte: Resultado do questionário produzido pela autora, 2019. Figura 137: Gráfico de segurança no turno noturno no bairro.
Isso gera um questionamento que pode ser associado inclusive ao uso dos espaços públicos ser menor por conta da insegurança a eles atribuída. Duas perguntas foram feitas no questionário sobre segurança, uma abordou o horário matutino e outra o noturno. Durante ambos os horários, a maior diferença foi em relação a opção “muito seguro” que somente obteve respostas atribuídas a ela no período da manhã por 8,8% das pessoas. Além disso, pela manhã, 50% das pessoas se sentem seguras no bairro contra apenas 14,7% durante a noite.
Fonte: Resultado do questionário produzido pela autora, 2019.
Outra diferença relevante foi na opção inseguro que obteve respostas atribuídas a ela em ambos os horários, porém com 117
quase o dobro no período noturno. Esse número tão
Todos os itens obtiveram certa porcentagem de respostas,
destoante pode ser relacionado as respostas no último item
mas os moradores/frequentadores que responderam “outros”
do questionário que tinha por tema características que os
deixaram opiniões que também auxiliam o entendimento da
moradores/frequentadores entendiam faltar no bairro.
dinâmica do bairro e consequentemente da percepção dos
Figura 138: Gráfico “O que falta no bairro?”.
moradores sobre ele. Por
4
vezes
questões
como
arborização,
áreas
de
preservação e parques urbanos foram citadas na opção “outros”.
Questões
como
iluminação,
policiamento
e
segurança, pavimentação das ruas com asfalto e calçadas cidadãs
apareceram
logo
depois
apresentando
certa
frequência do mesmo modo. Além disso, foram citadas questões como drenagem, escolas e posto de saúde. Fonte: Resultado do questionário produzido pela autora, 2019.
O resultado dessa pergunta permite uma orientação mais
Segurança e lazer foram os itens mais lembrados pela
certeira e clara sobre as necessidades e preferências dos
população ao responder o questionamento, ambas as opções
moradores e frequentadores da região. Questões como
estão diretamente relacionadas aos espaços livres de uso
incentivo a diversidade de usos (comércios, serviços e lazer),
público e podem justificar o desinteresse pelos espaços
incentivo a instalação de edificações com usos destinados a
expresso na figura 132, de utilização dos espaços públicos.
escola e posto de saúde, por exemplo, e infraestrutura urbana como iluminação e calçadas são demandas que podem ser solucionadas com projetos de desenho urbano.
118
sempre buscando solucionar cada necessidade identificada.
5. PROPOSTAS
Aplicadas de forma conjunta, as ações visam minimizar as fragilidades e potencializando a capacidade de cada área
O capítulo 5 desse trabalho apresenta os resultados e
sempre priorizando o pedestre, e com foco em tornar o bairro
interpretações do autor no processo de produção do conceito
mais dinâmico e atrativo para todas as idades e em diferentes
a proposta projetual de intervenção da área de estudos. A
dias e horários da semana.
partir de síntese do diagnóstico e das premissas conceituais Tabela 4: Tabela síntese de diretrizes projetuais e necessidades.
foi possível propor um projeto qualificador para a área de
Diretrizes Projetuais Autores
Exemplos de Intervenção Urbana
Aplicações no Bairro
1
Variedade de sensações no espaço público e que possa atrair pessoas. (GEHL, 2013) Variedade de usos, usuários nas ruas e no dia a dia, comércio variado. (JACOBS, 2011) Mistura de funções. (LERNER, 2011)
Mirante SP Urban Digital Festival (uso irreverente, jovem e que atrai pessoas em diversos horários); Cantinho do Céu, Grajaú (novas áreas de lazer, espaços com qualidade e atratores).
Dinamizar os espaços públicos do bairro e sua característica residencial. Ações: usos atrativos, variedade de serviços, comércios e lazer para atrair pessoas.
2
Diferenciação entre espaço público e privado por meio de pavimentação, vegetação, mobiliário, etc. (GEHL, 2013;
Praça e Parque Miller (utiliza do nivelamento entre rua e espaço público para integração e diferencia por meio
Flexibilizar e amortecer a relação residência – calçada – rua – espaço público. Ações: maior fluidez entre os espaços públicos e as
estudos, empregando os conceitos e estratégias dos autores e inspirando-se nos exemplos de intervenção, ambos
Item
apresentados no capítulo 3. 5.1 Conceito e Partido Para nortear as diretrizes e decisão projetuais, foi produzida a tabela 4 que apresenta uma síntese dos conceitos e estratégias citadas pelos autores, exemplos de intervenção que
possuem
ações
coerentes
a
tais
diretrizes
e
características do bairro observadas no diagnóstico que justificam a necessidade da intervenção. A tabela auxilia a definição do diagrama de ações exposto posteriormente onde foram definidas as prioridades projetuais
119
JACOBS, 2011) Legibilidade, adequação visual. (BENTLY et al, 1985)
3
4
5
120
do paisagismo; integrou ambos espaços públicos).
edificações, tratamento dos muros cegos e uso da mesma pavimentação.
Calçada de Todas As Cores e Calçada da Avenida de St Joan (usos aplicados ao passeio); Praça e Parque Miller (mesma pavimentação na rua e nos espaços públicos com canteiro central diminuindo a velocidade do carro).
Priorizar o pedestre ao invés do veículo motorizado individual. Ações: Sistema binário, retirada de vagas de estacionamento, ruas compartilhadas, espaços públicos de qualidade destinados a todos os tipos de pessoas, incentivo ao transporte não motorizado.
Calçadas sem obstáculos, com largura adequada e acessibilidade. (GEHL, 2013) Motivos e convites para a utilização da calçada e que esta possua entre 6 e 9m (JACOBS, 2011)
Calçada de Todas As Cores (opção de entretenimento e de permanência); Calçadas da Avenida Passeig de St Joan (espaços agradáveis e com usos atribuídos).
Tornar as calçadas do bairro mais agradáveis e acessíveis. Ações: adequação das larguras de todas as calçadas permitindo um passeio confortável, retirada de obstáculos e adequação dos pisos.
Aproveitar a paisagem e corrigir onde a antropização
Parque das pedreiras (utilizouse a paisagem antropizada a favor
Integrar o bairro com a paisagem natural (canal e reserva legal). Ações: criação
Incentivo e maiores espaços destinados ao pedestre e menos aos carros. (GEHL, 2013)
urbana falhou. (LERNER, 2011)
dos usos planejados); Renovação do córrego Cheonggyecheon (paisagem repensada em favorecimento da qualidade urbana).
de espaços públicos que criem atividades diversas ao final das ruas sem saída – contato direto com o canal e retirada de muros cegos permitindo mais visibilidade.
6
Resgatar a identidade local e introduzir novos costumes, novos hábitos e novas possibilidades para a vida urbana. (LERNER, 2011)
Posters de Curitiba (resgatam a identidade local por meio de arte e simbologias); Mirante SP Urban Digital Festival (novo uso dinâmico);
Apropriar a história do bairro no dia a dia da população. Ações: aplicar personalidade aos espaços, criar uma linguagem e uma comunicação visual (sinalização) padrão entre espaços.
7
Preencher os vazios urbanos, os espaços ociosos em nada animam a cidade. (LERNER, 2011)
Parque das pedreiras (pedreira desativada onde projetaram usos de lazer, convivência e comércio).
Resgatar para a dinâmica e vida do bairro os lotes e espaços vazios. Ações: Integrar áreas comunitárias e vazios.
Facilitar encontros e interação entre pessoas. Integração social. (NETTO, 2012)
Praça e Parque Miller (cria conexões entre rua e espaços públicos aplicando novos usos).
Conectar todos os espaços. Ações: Integrar os espaços públicos, vazios e espaços do entorno criando rota de lazer, mobilidade, atrativos e convivência.
8
Fonte: Produzida pela autora, 2019.
Figura 139: Diagrama de ações itens 1-8.
O diagrama de ações atribui, para cada item citado na tabela síntese, uma ação projetual que busca solucionar as necessidades da população. Todas elas foram pensadas com o intuito de valorizar, atrair e facilitar o uso e permanência dos pedestres e ciclistas nos espaços livres de uso público integrando-os e tornando-os dinâmicos e complementares. O conceito se define a partir da integração dos espaços livres de uso público do bairro – existentes e projetados - entre si e com os do entorno, agregando a eles qualidade estética, infraestrutura, acessibilidade e usos diversificados além de inserir os vazios urbanos e áreas de importância ambiental na dinâmica urbana, os valorizando e preservando. A valorização das calçadas e vias como uma extensão dos espaços livres, como eixos conectores e que aplicam além de conforto e segurança, usos diversificados aos passeios, foi uma das estratégias projetuais adotadas. Estima-se com essa proposta tornar os passeios mais convidativos de forma a atrair o transeunte a realizar a rota de espaços vinculados e trazendo vida ao bairro através do conceito que busca
Fonte: Produzida pela autora, 2019.
minimizar os efeitos da segregação em relação ao entorno 121
imediato do bairro e a falta de dinâmica em razão do
pertencimento e a apropriação das pessoas, incentivando o
predomínio do uso residencial.
cuidado e a preocupação com o bairro. A requalificação das praças, espaços livres e vazios do bairro utilizando os
Figura 140: Esquema Conceito.
mesmos elementos fortifica ainda mais a continuidade do projeto, a identidade do bairro e facilita a locomoção internamente, diminuindo assim, a insegurança e a presença de atividades não desejadas tornando tais áreas em uma extensão das casas. Figura 141: Esquema Partido.
Fonte: Produzida pela autora, 2019.
Para a fomentação dos conceitos, adotou-se um partido baseado em formas contínuas a partir da instalação de ciclovias, arborização, sinalização e requalificação das calçadas que fortalecem a conexão. Além disso, essa linguagem
comum
agrega
identidade
ao
projeto
que
somando-se a utilização da história do bairro, estimula o 122
Fonte: Produzida pela autora, 2019.
5.2
Setores,
programa
de
necessidades
e
pré-
dimensionamento Para a definição dos setores de atuação, os espaços foram pensados de forma integrada e seguindo os dados coletados no diagnóstico. Foram definidos 5 setores sendo esses: conexão praças (1), polo comunitário (2), identidade asteca (3), sociocultural (4) e conexão verde (5).
Cada um dos
setores possui um perfil e foram definidos de modo complementar,
valorizando
suas
potencialidades
e
particularidades e facilitando a integração. A partir da definição dos setores foi pensado o programa de necessidades de cada um deles e o pré-dimensionamento das atividades e usos planejados permitindo maior noção sobre
a
espacialidade,
atividades,
espaços
e
complementação entre as áreas planejadas. Foram inseridos usos atratores e diversificados por todo o perímetro do bairro, promovendo uma movimentação dos usuários que podem buscar, pela rota criada entre os espaços, a atividade que mais interessar. 123 Figura 142: Diagrama dos setores de atuação. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
124
j
Figura 143: Programa de necessidades e prĂŠ-dimensionamento setores. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
5.3 Apresentação das Propostas A princípio foram pensadas as estratégias de conexão, a primeira decisão foi a implementação de uma ciclovia conectando todos os espaços que sofreram intervenção entre si e com o restante da cidade. A escolha das vias para a instalação da ciclovia foi baseada nas características próprias (nível e largura) e as características do entorno contínuo da via (usos e espaços atrativos). Foram produzidos alguns estudos e proposições preliminares. Figura 144 e 145: Croquis de ideias iniciais - propostas.
Fonte: Produzida pela autora, 2019.
Priorizou-se a conexão dos espaços livres de uso público existentes e planejados, dos eixos viários conectores com o restante da cidade e os que permitem conexão entre ciclovias existentes. Por conta dos desníveis existentes em parte do bairro e do tamanho das vias, foram definidas no diagrama de implantação as ciclovias projetadas permitindo assim maior conforto e segurança para os usuários. 125
Figura 146: Diagrama de implantação de ciclovias.
A implementação de um calendário de eventos comunitários auxilia na apropriação citada e incentiva o uso das áreas a partir de divulgação e estímulos. Podem ser integrados no calendário todos os espaços planejados e que comportem as atividades pensadas. Tais atividades podem ser temáticas e devem envolver a maior quantidade de pessoas possível, mantendo a circulação de pessoas de todas as idades nos setores preservando assim, a vitalidade de todos os espaços. O
calendário
pode
ser
divulgado
semestralmente
e
mensalmente, mantendo a população ciente das atividades. De forma conjunta com o projeto, o incentivo a tais ações convida, incentiva e atrai a população a frequentar os Fonte: Produzida pela autora, 2019.
126
espaços públicos especialmente nessas ocasiões e datas.
Além de novos espaços, novos usos foram pensados
Outro ponto pensado foi a ampliação das calçadas do bairro
buscando aplicar ao bairro, além da priorização do pedestre e
seguindo o conceito que prioriza os espaços para a circulação
da melhoria de infraestrutura, estética e funcionalidade dos
de pedestres em detrimento dos espaços destinados a
espaços livres, maior incentivo ao comércio local, incentivo a
circulação dos veículos. Esses apresentam-se hoje sem
apropriação da população com tais espaços favorecendo
padrão de tamanho, materialidade ou preocupação com
além de uma ajuda na renda mensal, a melhoria da vitalidade
acessibilidade. Portanto, foi fixada a largura de 3m onde
da área.
melhor se acomodam os elementos de infraestrutura,
acessibilidade além de aplicar mais conforto ao passeio dos
Figura 148: Exemplos de Calendário de eventos.
usuários permitindo, em alguns momentos, a existência de usos atrativos e de componentes de apoio nas calçadas. Figura 147: Foto Montagem calçadas.
Fonte: Produzida pela autora, 2019.
Fonte: Produzida pela autora, 2019.
127
Figura 149: Perfil viário das ruas compartilhadas.
Figura 151: Perfil viário rua dos muros cegos.
Fonte: Produzida pela autora, 2019. Fonte: Produzida pela autora, 2019.
Com isso, a destinação de espaço da via para vagas de
Figura 150: Perfil viário rua lateral a Praça Girassol (ciclovia).
estacionamento foi retirada priorizando ainda mais o pedestre em detrimento do veículo. Foram removidas ainda uma residência que bloqueava a conexão viária até o setor comunidade, um muro cego e 3 residências próximas à Praça Girassol aumentando assim a visibilidade e permeabilidade da área para canal/reserva legal. Essas alterações foram propostas
utilizando
como
referência
o
exposto
no
zoneamento do Plano Diretor como possível contrapartida dos empreendimentos Fonte: Produzida pela autora, 2019.
128
que
sufocam
que
atualmente a vitalidade da área de estudos.
comprometem
Para solução da problemática causada com as vagas e
Para melhor organização das ruas do bairro, foi adotado o
residências removidas em função do projeto qualificador da
sistema binário de circulação onde as vias paralelas possuem
área, seu novo desenho urbano e novos espaços públicos, foi
sentidos contrários, uma para cada sentido.
pensada como premissa, a adoção de contrapartida da
Figura 153: Nova organização das vias do bairro.
empresa de mineração que estendeu sua exploração por todos esses anos realocando-os em um dos terrenos da zona empresarial lateral ao bairro que hoje ocupam o equivalente a 62,72% das áreas úteis do bairro. Figura 152: Diagrama de remoções.
Fonte: Produzida pela autora, 2019.
A retirada de vias de mão dupla, a implantação do sistema binário e de ruas compartilhadas visa a retirada da parte da Fonte: Produzida pela autora, 2019.
via que era somente destinada aos veículos motorizados 129
possibilitando
assim
mais
interações
possíveis,
usos
Figura 154 e 155: Imagens de referência para o uso do container.
aplicados e qualidade espacial para realização de atividades modificando a dinâmica atual do bairro e tornando-o mais convidativo, integrado e atraente para todas as pessoas. Uma definição projetual foi a adoção de elementos padrão nas intervenções promovendo uma linguagem comum e aplicando identidade aos espaços. Um dos elementos definidos para a intervenção foi o container que é um componente já presente em alguns eixos
Fonte: https://www.facebook.com/Groundedcontainerbar/ e https://ecodomi.com.br/site/portfolio-item/ponto-de-onibus-em-container/, respectivamente.
e marcos visuais do bairro por conta do entorno empresarial.
Além disso, para valorizar ainda mais o quesito identidade e
Os containers seriam reciclados dos que se tornam
pertencimento, foi pensada uma linguagem comum na
inadequados para as operações portuárias e que ocupam os
comunicação visual e sinalização do bairro promovendo o
pátios das glebas nas adjacências do bairro.
entendimento sobre cada um dos setores e espaços criados, além de incentivar o uso de todos os espaços criando assim
Esse elemento foi pensado de forma modular e inserido nas
uma rota totalmente integrada entre si e com a cidade.
instalações comerciais das ruas sem saída do bairro e em pórticos nos espaços livres de uso público.
A sinalização mostra o nome do espaço onde o usuário está, em quantos minutos ele faz o trajeto de bicicleta ou a pé até o próximo destino, um mapa do bairro com sua localização exata e informações sobre as atividades daquela área.
130
Figura 156: Sinalização padrão para os espaços e setores do bairro.
Fonte: Produzida pela autora, 2019.
As espécies escolhidas para compor o paisagismo e as áreas verdes projetadas foram definidas a partir do efeito estético idealizado,
da
prospecção
de
sombreamento
visando
melhorar o conforto térmico de cada espaço, dos aspectos físicos favoráveis à adequação ao piso/calçadas e de fatores biológicos favoráveis para a inserção de tais árvores, plantas e arbustos no clima local.
131 Figura 157: Tabela de paisagismo. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
Foram escolhidas 7 espécies distintas de vegetação para os espaços projetados, são elas: Jacarandá Mimoso (mais de 12 metros) para os grandes eixos com mais sombreamento, Quaresmeira (8 a 12m) nos maiores espaços e em áreas que necessitam também de sombreamento, Ipê Branco (6 a 9m) em espaços menores, Jasmim Manga (4,7 a 6m) e Pluma de Névoa (2,4 a 3m) de forma conjunta com as demais espécies compondo os espaços e trazendo cor, Sanquésia (1,2 a 1,8m) aplicando a estética de folhagem e Tumbérgia Azul (4,7 a 6m) trepadeira utilizada no tratamento de muros cegos (muros verdes). Além das vegetações citadas, foram escolhidas 5 espécies de flores que nomeiam algumas das ruas do bairro para serem utilizadas em alguns espaços, trazendo cor e vida para áreas pontuais do projeto. Tal decisão, tem muita importância no fortalecimento da identidade por conta dos nomes das ruas e da história do bairro, promovendo assim um incentivo ao plantio, cuidado e preservação de tais espécies por parte da população aumentando o sentimento de pertencimento e identificação das pessoas com os espaços. 132
Figura 158: Tabela de mobiliários padrão. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
As espécies foram pensadas de forma integrada e sempre
conversas, tendas para suportar atividades e eventos ao ar
favorecendo o sombreamento - por se tratar de um bairro
livre promovendo sombreamento e proteção, lixeiras e
localizado no espírito santo, sudeste brasileiro, que apresenta
paraciclos que atendam às necessidades da população.
um clima tropical e litorâneo -, o embelezamento das áreas, tornando os percursos mais agradáveis e os locais de descanso e convivência mais convidativos e a manutenção do paisagismo da região mantendo sempre todas as espécies
Além
dos
mobiliários
apresentados,
foram
pensados
mobiliários móveis próprios para usos efêmeros como o do cinema ao ar livre, as exposições ao ar livre, espaços de piquenique e banho de sol onde foram pensados pallets.
bem cuidadas e saudáveis. Outro ponto importante do projeto foi a escolha da Os mobiliários escolhidos para compor os espaços foram definidos de forma a explorar as oportunidades de cada área, permitindo que a população se aproprie da maneira que preferir e também tenha opções fixas e de infraestrutura de
pavimentação dos espaços públicos, calçadas e vias. Os pisos
foram
definidos
levando
em
consideração
a
acessibilidade, estética e melhor integração dos espaços entre si.
apoio às atividades e experiências criadas em cada espaço. O piso principal escolhido para estar presente na maior parte Utilizando materiais que dialogam entre si e que garantam durabilidade, manutenção e sustentabilidade aos espaços, foram definidos os mobiliários padrão inseridos na maioria dos espaços dos setores. Postes foram pensados com captação de energia solar, bancos com e sem encosto de acordo com o perfil da área, mobiliários que permitem
dos espaços públicos são as placas pré-moldadas de concreto drenante na cor cinza. Além da estética e de suas características planas e monolíticas, o fato de ele ser drenante ajuda a evitar intensificar as áreas alagadas identificadas no diagnóstico. Esse piso foi destinado as áreas de circulação, eixos visuais e áreas de eventos nos espaços.
convivência, encontro de grupos, atividades de alimentação e 133
Figura 159: Tabela de pavimentação.
assim a estética não asfáltica preservando a permeabilidade das vias do bairro. A prancha de implantação do projeto (Apêndice F) mostra a visão global do bairro após as intervenções. Para melhor organização e entendimento das intervenções e propostas, essas serão apresentadas por setor. Setor Conexão praças O setor conexão praças é composto pelas 3 praças do bairro: Praça Jardineira, Praça Girassol e Praça dos Artistas, que são áreas relevantes e localizadas próximas umas das outras. A intenção existente no projeto das praças é a implementação de infraestrutura que hoje inexistem em algumas delas
Fonte: Produzida pela autora, 2019.
Outro material escolhido foi o piso cimentício drenante na cor bege que também apresenta característica plana e acessível e foi destinado a criar ambientes onde localizam-se os usos e
134
promovendo, com a inserção de novos usos aliados aos já existentes, movimento constante em todas elas de maneira integrada e complementar.
atividades. O deck de madeira ecológica e o piso de borracha
Para isso, as decisões projetuais somaram usos em todos os
reciclada foram escolhidos para outros ambientes reforçando
espaços. Na Praça Jardineira (que possui posição mais
o aspecto sustentável do projeto. As ruas do bairro foram
central no bairro) foram inseridas atividades de perfil
pavimentadas com o piso intertravado de concreto mantendo
comercial, incentivando as feiras livres locais (interesse
existente na população de acordo com o anexo III), com usos
canal e a reserva legal ganhou um caráter de apreciação e
de convivência para todas as idades favorecendo o eixo
descanso. A atividade de biblioteca comunitária inserida, além
central que se conecta com o setor Polo Comunitário e com a
de utilizada por escolas próximas e moradores com seus
praça Girassol.Os usos mantidos foram reajustados as novas
filhos para o incentivo da leitura, convida as pessoas para a
atividades e demandas e integrados a novos usos como:
área de caráter mais calmo para ler, descansar e contemplar
espaço crossfit, espaço jovem, espaço dos idosos, área de
a paisagem. Foram pensados usos diversificados entre as
coworking alternativo, dentre outras. Tais espaços visam
três praças para que todas fossem convidativas e se
aplicar ainda mais opções de atividades e lazer aos usuários
somassem aos demais setores planejados, atraindo o
e moradores tornando o espaço mais completo e com mais
interesse dos usuários.
possibilidades. A
Praça
Girassol
Além dos usos formais das praças, foram aplicadas a elas recebeu
algumas
das
atividades
infraestrutura de permanência, descanso e convivência com
anteriormente existentes na Praça Jardineira, como a quadra
iluminação, paisagismo, lixeiras e bancos que torna o espaço
poliesportiva, e os novos usos inseridos atribuem a tal praça,
mais seguro e convidativo, possibilitando a realização de
um caráter mais esportivo, jovem e de lazer. Nela foram
atividades e apropriações da própria população.
inseridos o Skate Park, espaço para prática de patins, slackline e outros usos que de forma complementar com a praça jardineira, atraem públicos distintos e geram opções aos usuários. A Praça dos Artistas por sua vez, com a retirada dos muros
Além dos elementos de infraestrutura padronizados, foi inserida também a sinalização conforme figura 156 que aumenta a identidade local fortalecendo a apropriação da população e o sentimento de pertencimento além de tornar todo o bairro mais legível e claro.
cegos que a impediam de relacionar-se diretamente com o 135
136 Figura 160: Prancha projeto estudo preliminar Praça Jardineira – setor conexão praças. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
Imagens da Praça Jardineira que mostram: I: O eixo central da praça com suas barraquinhas e sinalização padrão criada; II: Relação entre o eixo central e o espaço dos balanços; III: A área jovem com suas mesas de ping pong, de dama/xadrez e espaços de permanência e convivência; IV: A relação entre a área dos balanços e o playground.
137 Figura 161,162,163 e 164: Volumetria projeto Praça Jardineira – setor conexão praças. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
138 Figura 165,166,167 e 168: Volumetria projeto Praça Jardineira – setor conexão praças. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
Imagens da Praça Jardineira que mostram: I: Relação quadra de bocha e playground; II: Relação espaço crossfit e quadra de bocha; III: Espaço coworking alternativo ao fundo do eixo central; IV: A relação entre espaço crossfit e academias ao ar livre.
139 Figura 169: Prancha projeto estudo preliminar Praça Girassol – setor conexão praças. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
140 Figura 170,171,172 e 173: Volumetria projeto Praça Girassol – setor conexão praças. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
Imagens da Praça Girassol que mostram: I: Quadra poliesportiva ao fundo e placa de sinalização padrão criada; II: Quadra poliesportiva e bicicletários; III: Área de slackline e área de permanência ao lado; IV: Eixo com bosques à esquerda e área de slackline à direita.
Imagens da Praça Girassol que mostram: I: Eixo com bosques à direita e SkatePark à esquerda; II: Skatepark; III: Eixo central com bosques ao fundo; IV: Espaços de permanência e área para prática de patins.
141 Figura 174,175,176 e 177: Volumetria projeto Praça Girassol – setor conexão praças. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
142 Figura 178: Prancha projeto estudo preliminar Praça dos artistas – setor conexão praças. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
Imagens da Praça dos Artistas que mostram: I: Relação área praça, espaços de permanência, deck de apreciação, canal e reserva legal; II: Deck de apreciação; III: Área de apreciação com praça ao fundo; IV: Espaços de permanência da praça com sinalização padrão criada.
143 Figura 179,180,181 e 182: Volumetria projeto Praça dos artistas – setor conexão praças. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
Setor Polo Comunitário
Figura 183: Setor polo comunitário sem propostas: rua integrada.
O setor polo comunitário é composto pela área mais elevada do bairro que possui edifícios muito importantes na vida cotidiana e comunitária dos moradores e usuários do bairro, como: Igrejas e Associação de Moradores. De maneira integrada aos vazios também existentes em tal área, foi pensado um espaço de convivência e de novos usos entre os edifícios e comércios do entorno, criando uma área viva e espacialmente condizente com os usos existentes e que promovam valorização de todos os edifícios ali presentes. Além disso, foram inseridos novos usos que mantenham a área movimentada em diversos horários atraindo crianças, jovens, adultos e idosos tornando a área viva e integrada.
Fonte: Produzida pela autora, 2019.
Uma casa também foi retirada nessa área, permitindo a criação de ruas compartilhadas que conectam os eixos
144
Os vazios presentes na área, tem potencial para comportar
principais e os setores entre si. As ruas compartilhadas nessa
diversas atividades e integrados ao setor, trazem atividades
área têm muita importância na promoção do amortecimento
de perfil contemplativo e sossegado com espaços destinados
as atividades inseridas que em dias de eventos e festividades
a jardins sensoriais, horta comunitária, prática de ioga e
necessitarão de mais espaço disponível para sua realização.
dança, espaços de relaxamento e de permanência que, de
Além disso, elas valorizam o espaço urbano para uso dos
forma integrada as praças do bairro, podem ser o destino da
pedestres, promovendo qualidade estética e urbana na área e
população após a ida a Igreja ou a Associação.
incentivando o uso de transportes não motorizados.
145 Figura 184: Prancha projeto estudo preliminar setor polo comunitรกrio. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
146 Figura 185: Prancha projeto estudo preliminar setor polo comunitårio – cotado e sem årvores. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
Imagens do terreno da Igreja Católica e Associação de Moradores que mostram: I: Relação Igreja, deck de apreciação, espaços de apoio ao comércio, parkour e labirinto; II: Deck de apreciação; III: Labirinto à esquerda e espaços de apoio ao comércio à direita; IV: Espaços de apoio ao comércio.
147 Figura 186,187,188 e 189: Volumetria projeto terreno Igreja Católica e Associação de Moradores – setor polo comunitário. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
148 Figura 190,191,192 e 193: Volumetria projeto terreno vazio Igreja Católica – setor polo comunitário. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
Imagens do terreno vazio da Igreja Católica que mostram: I: Espaços de dança e alongamento com escalada ao fundo; II: Eixo mostrando espaço de ioga à direita e construção de apoio a dança e ioga; III: Espaços de permanência e bicicletário; IV: Horta comunitária à direita e bicicletários à esquerda.
Imagens do terreno vazio da Igreja Maranata que mostram: I: Barraquinhas e espaços de permanência; II: Espaços de descansos e barraquinhas ao fundo; III: Visão geral do espaço; IV: Espaço para eventos à esquerda e área de convivência à direita.
149 Figura 194,195,196 e 197: Volumetria projeto terreno vazio Igreja Maranata – setor polo comunitário. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
Setor Identidade Asteca O setor Identidade Asteca é composto por algumas ruas do bairro localizadas próximas ao setor empresarial (Rua Alecrim, Rua Madre Silva e Rua do Beijo), no limite do bairro, e que possuem grandes áreas de muro cego que em nada agregam para a movimentação e dinâmica para o bairro.
A rua localizada próxima ao Setor Sociocultural (Rua Alecrim) é favorável à implantação de comércios do tipo food truck porque possui largura suficiente para que a calçadas de um de seus lados (lateral aos muros cegos) possua 5m de largura, comportando assim mesas, cadeiras, bicicletários e todos os tipos de infraestruturas necessárias para aplicar conforto e segurança aos visitantes.
Para essas áreas, foram pensadas estratégias de intervenção inserindo arte urbana e vegetação vertical que tornam o espaço mais agradável, dinâmico, atrativo e jovem. As exposições de arte urbana podem ser sazonais, permitindo uma rotatividade que se adeque as discussões e contemplem assuntos e artistas com as linguagens adequadas.
Além disso, por ser a rua mais próxima ao setor sociocultural, o movimento gerado pelo CRAS e pelo CT Solvive garante usuários suficientes ao food truck que é um uso dinâmico para a área, com horários de funcionamento flexíveis, sendo assim, mais uma opção de lazer que também incentiva o comércio no bairro somando-se ao restante do projeto como
Além disso, como forma de incentivo a valorização da cultura
potencializador da dinâmica local.
local, as exposições podem contemplar histórias do bairro, características de seus moradores, personagens conhecidos de Jardim Asteca e até ensaios fotográficos do bairro e das personalidades do lugar aumentando e favorecendo assim, a identidade local e o sentimento de pertencimento/cuidado da população com o bairro e com tal setor de forma específica. 150
Tal intervenção objetiva a apropriação das ruas ociosas que possuem muros cegos e carecem de usos e dinâmica urbana, visando a aplicação de intervenções simples e que podem ser iniciativa da própria liderança comunitária de forma conjunta com os moradores.
//
151 Figura 198: Prancha projeto estudo preliminar setor identidade asteca. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
152 Figura 199,200, 201 e 202: Foto montagens das ruas (Beijo e Madre Silva) respectivamente e volumetria projeto setor identidade asteca. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
Foto Montagens e imagens do setor identidade asteca que mostram: I: Arte nos muros e passeio para contemplação; II: Muros verdes e arte urbana; III: Food Truck e espaços de permanência; IV: Arte urbana e food trucks.
Setor Sociocultural O setor sociocultural é composto pela área onde localizam-se os edifícios do CRAS e o CT Solvive, além do vazio existente
assim, o acolhimento de tais modificações sem comprometer a possibilidade da área receber outras atividades em benefício de trocas sociais em diversos horários e dias.
entre os dois espaços compondo assim outra área relevante
Foi previsto para essa área que o campo seja construído
do bairro que possui movimento em dias específicos (treino e
distando 1m do nível coletivo para acomodar as cheias
jogos do Solvive e eventos do CRAS). Tal área foi definida
evitando alagamento registrado nas imediações do mesmo.
como importante impulsionador da vitalidade urbana local e
Áreas de apoio e convivência foram criadas e visam aplicar
potencial amortecedor da movimentação e eventos da área.
mais conforto, segurança e dinâmica para as pessoas que
O terreno vazio, integrado aos edifícios e espaços existentes,
assistem aos jogos do Solvive.
apoia as práticas esportivas do Centro de Treinamento e os
Além disso, todas as áreas propostas foram criadas de forma
eventos do CRAS, aplicando infraestrutura para comerciantes
a aplicar infraestrutura e qualidade às atividades e ações
locais que ali permanecem nos dias de jogos, criando
sociais que o CRAS realiza com a população.
espaços confortáveis e sombreados para permanência e usos atrativos que tornem a área viva apesar dos eventos.
Tais áreas permitem a apropriação do CRAS para atividades com os moradores e suas famílias, são algumas delas: Áreas
A área do CT (campo de futebol) pode ser utilizada, de
para eventos, áreas comerciais, palcos multiusos que podem
maneira efêmera, para exposições sobre a história do bairro e
ser utilizados para palestras e discursos, espaços lúdicos,
de artistas locais e cinema ao ar livre, levando em
com arte, kids, digitais e de convivência. Além disso, em dias
consideração o processo de transformação urbana que gera
de jogos e treinos as pessoas que assistem têm outras
modificações tecnológicas, familiares e sociais contemplando
opções de atividades e lazer na área proposta. 153
154 Figura 203: Prancha projeto estudo preliminar setor sociocultural. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
Imagens do setor sociocultural que mostram: I: Eixo central com pergolados e sinalização padrão criada; II: Relação pergolado, barraquinhas e espaços de permanência; III: Relação área para assistir aos jogos e espaço família; IV: Instalação artística à direita e espaço digital à esquerda.
155 Figura 204, 205, 206 e 207: Volumetria projeto setor sociocultural. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
156 Figura 208, 209, 210 e 211: Volumetria projeto setor sociocultural. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
Imagens do setor sociocultural que mostram: I: Espaço digital; II: Espaço Kids à esquerda e pergolados à direita; III: Pergolados à esquerda e espaço para eventos à direita; IV: Espaço lúdico.
Imagens do setor sociocultural que mostram: I: Relação espaço lúdico e food trucks ao fundo; II: Relação área para assistir jogos, arquibancadas e museu ao ar livre (efêmero); III: Palco multiuso que pode ser utilizado para shows, palestras e discursos; IV: Cinema ao ar livre (efêmero).
157 Figura 212, 213, 214 e 215: Volumetria projeto setor sociocultural. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
Setor Conexão Verde
mensal das famílias do bairro, aplica dinâmica e torna o
O setor conexão verde é composto pelas áreas vazias localizadas ao final das ruas sem saída citadas no diagnóstico e que possuem relação direta ao canal do bairro e a reserva legal. Tais espaços visam uma futura integração com um parque a ser implantado na área do terreno da Pedreira. A valorização dos elementos naturais são intenções previstas através do tratamento das águas do canal, plantio de árvores e espécies tanto nessa área do bairro, como no restante dos setores e incentivo a preservação da área. Além disso, a criação de áreas de permanência e comércios, utilizando de decks
e
dos
vazios
visam
atrair
os
moradores
espaço
mais
interessante
e
convidativo.
Zen (2), Restaurante/bar (3), Pet Park/Coworking (4) e Esportes radicais e Arborismo (5). São usos modernos e distintos, que visam promover interesse e curiosidade por parte da população, dos frequentadores e visitantes do bairro convidando-os a dirigir-se a tais espaços, variar entre um e outro tornando assim, as áreas mais periféricas do bairro, tão interessantes como o resto do bairro. Figura 216: Diagrama do setor verde e seus usos.
usuários/comerciantes para esse espaço compondo assim, de forma conjunta com o restante dos espaços livres de uso público, uma área mais interessante, atrativa e de valorização ambiental e dos visuais urbanísticos. Ao todo são 5 áreas localizadas ao fim das ruas sem saída do bairro que se transformaram em espaços de convivência, lazer, descanso e de pontos comerciais que além de
158
espaços
comerciais de tais áreas sintetizaram-se em: Cybercafe (1),
e
incentivar o comerciante local, sendo um reforço na renda
Os
Fonte: Produzida pela autora, 2019.
159 Figura 217: Prancha projeto estudo preliminar setor verde (cyber cafÊ e espaço zen). Fonte: Produzido pela autora, 2019.
160 Figura 218, 219, 220 e 221: Volumetria projeto cyber café e espaço zen - setor conexão verde. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
Imagens do setor conexão verde que mostram: I: Cybercafe- espaços de permanências e comércio (container) ao fundo; II: CybercafeRelação canal, deck de apreciação e espaços de permanência; III: Espaço zen- visão geral do espaço mostrando a área para meditação à esqueda; IV: Espaço zen- Comércio (container) e área para permanência.
161 Figura 222: Prancha projeto estudo preliminar setor verde (restaurante/bar e Pet Park/Coworking). Fonte: Produzido pela autora, 2019.
162 Figura 223, 224, 225 e 226: Volumetria projeto restaurante/bar e pet park/coworking - setor conexão verde. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
Imagens do setor conexão verde que mostram: I: Restaurante/barvisão geral do espaço mostrando a área de eventos; II: Restaurante/bar- Espaço de permanência e comércio (container) ao fundo; III: Pet Park/Coworking- Relação canal, deck de apreciação e pet park; IV: Pet Park/Coworking- Espaço de coworking/permanência e pet park ao fundo.
163 Figura 227: Prancha projeto estudo preliminar setor verde (Esportes Radicais). Fonte: Produzido pela autora, 2019.
5.4 Considerações Finais As cidades contemporâneas vem sendo cada vez mais vítimas de um planejamento concentrado apenas na malha viária, nos veículos motorizados individuais e nas edificações de caráter introspectivo, que segregam a estrutura urbana. As áreas
periféricas
sofrem
muito
com
esse
modo
de
planejamento já que nele, tais áreas são ignoradas, servindo apenas como dormitório e fazendo-se necessários grandes deslocamentos para qualquer tipo de atividade ou lazer. Os estudos realizados nesse trabalho sobre o bairro Jardim Asteca
comprovaram
a
necessidade
de
um
projeto
qualificador e também provaram que a população carece de espaços livres de uso público na região. Buscou-se através do projeto, criar uma rota de espaços livres integrada e complementar de forma a atrair moradores e visitantes de todas as idades, gêneros e com todos os tipos de interesses ao
bairro.
Para
isso
foram
implementadas
ações
qualificadoras aos espaços existentes e também a áreas Imagens do setor conexão verde que mostram: I: Espaço de práticas radicais- visão geral da área mostrando atividades incentivadas; e II: Espaço de práticas radicais- relação canal, deck 164 de apreciação e atividades incentivadas. Figura 228 e 229: Volumetria projeto espaço de esportes radicais - setor conexão verde. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
ociosas do bairro nas quais foram identificados potenciais paisagísticos, urbanísticos e de convivência.
Ao inserir novos espaços livres de uso público ao desenho urbano do bairro de maneira integrada aos já existentes desde a aprovação do loteamento, aplicando a eles usos atrativos para todas as pessoas de todas as idades, mantendo atividades atrativas e somando-as a novas, sempre com
prioridade
voltada
ao
pedestre
e
a
valorização/preservação das características ambientais e paisagísticas do bairro, o estudo se mostra condizente aos objetivos iniciais que previam a elaboração da proposta, a compreensão da realidade dos espaços livres urbanos e a identificação das demandas locais da área de estudos para a promoção de ações condizentes com as necessidades. A integração pretendida com o sistema de espaços livres de uso público aplica ao bairro uma dinâmica e busca criar uma identidade
que
são,
atualmente,
pouco
visíveis
ou
inexistentes e que ao serem propostas, aproximam a comunidade local na manutenção e preservação do bairro reconciliando a relação entre vizinhos e fortalecendo as relações interpessoais no bairro, diminuindo assim, as fragilidades causadas pelo planejamento contemporâneo.
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7. ANEXOS
Anexo II: Banner de divulgação da apresentação do 38º BI.
Anexo I: Ata da reunião de aprovação do comodato ao CT Solvive.
Fonte: Disponibilizado pela liderança comunitária do bairro, 2019.
170
Fonte: Disponibilizado pela liderança comunitária do bairro, 2019.
Anexo III: Lista de nomes dos moradores que colocaram barraquinhas na Praça Jardineira no ano de 2018 e os produtos comercializados.
8. APÊNDICES APÊNDICE A: Tabela de análise Comportamental do dia 1 (15 de julho)
DIA 1 – 15 de julho – Manhã (09:30hrs às 10:00hrs)
Espaço Público
Praça Jardineira
Usuários
Clima
Adolescentes estavam fumando nas mesas da praça; Crianças brincando na quadra e na academia popular; Homem secando seu cachorro na quadra.
Agradável, as árvores fazem sombra e o passeio se torna agradável; Vento constante; Calmaria, som de pássaros.
1
Local pouco utilizado; fluxo de carros e pessoas se dirigindo à Av. Vitória Régia; brinquedo instalado.
Clima agradável, árvores e marquise do bar criam espaços sombreados.
M
Espaço
Menos
M
Crianças
1
2
Adolescentes
8
2
Adultos
3
1
Idosos
1
2
Fluxo de Veículos Bicicleta
7
Carro
4 2
Fluxo de Veículos Bicicleta
1
Carro
4
Usuários Fonte: Disponibilizado pela liderança comunitária do bairro, 2019.
Percepções
H
Adultos Praça Girassol e dos Artistas
Quanti dade por Sexo
H
171
Entorno CT Solvive
Adolescentes
1
-
Adultos
5
2
Idosos
-
1
Fluxo de Veículos Bicicleta
1
Carro
2
Moto
2
notoriamente menos frequentado; Presença de funcionários do CT; Poucas pessoas transitando pelo local ou permanecendo nele.
árvores portanto o sol é mais perceptível; Sons de conversas dos funcionários e de latidos de cachorro.
Caminhão
Usuários
Quanti dade por Sexo H
M
Crianças
3
3
Adolescentes
6
2
Adultos
1
-
Idosos
1
2
Fluxo de Veículos
Praça Jardineira
172
Bicicleta
5
Carro
10
Moto
8
Ônibus
1
Usuários
H
M
Crianças
-
2
Adolescentes
2
2
Adultos
-
2
Idosos
2
2
Fluxo de Veículos
DIA 1 – 15 de julho – Tarde (15:30hrs às 16:00hrs)
Espaço Público
1
Percepções
Mais gente utilizando e em diferentes áreas da praça; Movimento de veículos, carros, motos, ônibus (não do transcol) em volta da praça; Adolescentes fumando na praça; Adolescentes e crianças jogando bola; Crianças no playground.
Clima
Sons de pássaros; Presença de cachorros de rua; Pouca presença de lixo mas pavimentação em estado muito ruim.
Praça Girassol e dos Artistas
Entorno CT Solvive
Bicicleta
3
Carro
7
Moto
1
Caminhão
1
Usuários
H
M
Adultos
3
-
Idosos
1
-
Fluxo de Veículos Carro
1
Lugar ainda mais calmo; Nenhuma pessoa utilizando de fato o espaço da praça, apenas transitando no entorno; Casal de idosos lavando o carro; Senhor vendendo picolé.
Sons de folhas voando; Muita sombra causada pelas árvores, vento constante e clima agradável; Presença de plantas inseridas pelos moradores em ambas as praças.
Funcionários do CT se comunicando; Área mais deserta, menos circulação de pessoas.
Sons de latidos, de caminhões das empresas e de motores de máquinas; Sol forte; Vento constante.
DIA 1 – 15 de julho – Noite (19:00hrs às 19:30hrs)
Espaço
Quanti dade por
Público
Usuários
Sexo H
M
Crianças
5
2
Adolescentes
1 6
5
Adultos
2
-
Idosos
9
3
Fluxo de Veículos Praça Jardineira
Bicicleta
4
Carro
3
Moto
1
Usuários
H
M
Adolescentes
2
-
Adultos
2
-
Praça Girassol e dos Artistas
Fluxo de Veículos
Entorno CT Solvive
Usuários
H
M
Adultos
2
-
Carro
5
Moto
1
Percepções
Clima
DIA 2 – 16 de julho – Manhã (08:00hrs às 08:30hrs)
Espaço Público
Muita movimentação durante a noite; Idosos utilizando a bocha; Muitas pessoas passeando com cachorros; Crianças e adultos na quadra; Adolescentes sentados e conversando.
Escuro e aparentement e inseguro não fosse a presença de tantas pessoas.
Alguma (pouca) atividade de veículos e pessoas; Adolescentes brincando com carro de controle remoto; Adultos conversando na rua.
Área também muito escura e nenhuma atividade no interior do espaço público de fato, como em outros horários.
Nenhuma atividade de veículos ou transeuntes.
Muito escuro e sem atrativos.
Usuários
Quantidade por Sexo H
M
Adultos
1
2
Idosos
2
4
Fluxo de Veículos
Praça Jardineira
Praça Girassol e dos Artistas
Bicicleta
1
Carro
7
Moto
1
Usuários
H
M
Adultos
1
-
Idosos
1
-
Fluxo de Veículos Bicicleta
2
Carro
2
Usuários
H
M
Adultos
1
2
Idosos
1
-
Fonte: Produzido pela autora, 2019. APÊNDICE B: Tabela de análise Comportamental do dia 2 (16 de julho)
Percepções
Clima
Maior frequência de idosos conversando nesse horário; Pessoas saindo para o trabalho a pé e de moto.
Sons de latidos e pássaros; Pouco sol, clima ameno; Perceptível a preferência dos moradores de ruas paralelas em incluir a praça no percurso diário.
Menos movimentado; Perceptível que as casas nessa área do bairro possuem bancos em suas fachadas.
Calmo, sons de pássaros e ambos usuários do espaço estavam de bicicleta.
Menos movimentado; Trabalhadores entregando material de
Sol agradável, clima bom; Sons de latidos e
173
Entorno CT Solvive
Fluxo de Veículos Bicicleta
2
Carro
3
Caminhão
1
construção e funcionários chegando ao CT; Pessoas indo ao trabalho.
pássaros.
Girassol e dos Artistas
DIA 2 – 16 de julho – Tarde (15:00hrs às 15:30hrs)
Espaço Público
Usuários Crianças
Quantidade por Sexo H
M
11
-
Adolescentes
1
1
Adultos
2
-
Idosos
1
2
Fluxo de Veículos
Praça Jardineira
Bicicleta
2
Carro
4
Moto
Praça
174
1
Usuários
H
M
Adolescentes
2
-
Adultos
4
-
Idosos
2
-
Percepções
Clima
Praça com muitas crianças brincando na praça e na quadra; Vendedor de picolé circulando pela praça; Pais com crianças; Idosos caminhando.
Sons de pássaros; Vozes de crianças e som do vento na folha das árvores.
Pessoas fazendo obra e fazendo cimento na calçada; Pessoas limpando
Tempo bom, percurso agradável, vento constante; Pouco fluxo de veículos e
Entorno CT Solvive
Fluxo de Veículos Bicicleta
2
Carro
2
Moto
1
jardim e conversando nas calçadas;
Usuários
H
M
Crianças
21
-
Adolescentes
2
-
Adultos
10
2
Idosos
-
1
Fluxo de Veículos Bicicleta
1
Carro
2
Dia de treino no CT logo muitos pais assistindo; Muitos carros estacionados. Durante o percurso duas senhoras perguntaram: “Onde fica o CRAS?” o que indica a falta de informação
motos; No caminho até as praças crianças brincavam de bola nas ruas.
Sons de vozes e gritos, apito e dos caminhões das empresas.
DIA 2 – 16 de julho – Noite (20:00hrs às 20:30hrs)
Espaço Público
Praça Jardineira
Usuários
Quantidade por Sexo H
M
Crianças
7
4
Adolescentes
2
4
Adultos
3
10
Idosos
5
3
Fluxo de Veículos
Percepções
Clima
Movimentada, com atividades de zumba, bocha, academia e playground sendo
Clima mais ameno, quase frio, ventando e com pingos de chuva.
Praça Girassol e dos Artistas
Carro
5
Moto
2
usados; Presença de um pula-pula.
Usuários
H
M
Crianças
1
-
Adolescentes
2
2
Fluxo de Veículos Carro
1
Moto
1
Escuridão total, nenhum movimento de pessoas nas ruas, calçadas ou varandas.
Fluxo de Veículos Entorno CT Solvive
Carro
Escuro e sem muito movimento; Pessoas andando no entorno das praças, ninguém as utilizando.
1
Praça Jardineira
Clima ameno, ventando muito, barulho de folhas voando e árvores balançando.
Ventando, aspecto inseguro, casas fechadas.
Praça Girassol e dos Artistas
Idosos
1
1
Fluxo de Veículos Bicicleta
1
Carro
3
Moto
1
Usuários
H
M
Crianças
1
1
Adolescentes
3
1
Adultos
6
1
Idosos
3
-
Fluxo de Veículos Carro
3
Fonte: Produzido pela autora, 2019.
Moto
3
APÊNDICE C: Tabela de análise Comportamental do dia 3 (27 de julho)
Usuários
DIA 3 – 27 de julho – Manhã (09:30hrs às 10:00hrs)
Espaço Público
Usuários
Quantidade por Sexo H
M
Crianças
4
-
Adolescentes
3
2
Adultos
6
2
Percepções
Clima
Pessoas utilizando a praça para jogar bola, conversar,
Clima quente e sol forte mas a quantidade de árvores
Entorno CT Solvive
H
M
Crianças
93
5
Adolescentes
42
-
Adultos
21
8
Idosos
1
1
Fluxo de Veículos Carro
3
Moto
1
brincar no parquinho; Pessoas no entorno caminhando, pegando uber e fazendo obra.
ameniza o clima no interior da praça.
Pessoas de patins no entorno da praça; Pessoas caminhando e finalmente alguém na praça dos artistas (um casal e seu bebê).
Vento constante nessa área, sol forte.
Dia de jogo, completamente lotado; Muitos carros estacionados; Dentro do CT e nas vagas próximas tinham vendas de comida/bebida; Vendedor de sorvete; Crianças
O clima já estava quente e a sensação era ainda maior por conta da quantidade de pessoas que passaram a manhã ali. Pessoas em baixo das
175
jogando e pessoas assistindo.
árvores.
DIA 3 – 27 de julho – Tarde (15:00hrs às 15:30hrs)
Espaço Público
Usuários
Quantidade por Sexo H
M
Crianças
10
2
Adolescentes
4
-
Adultos
4
3
Idosos
-
1
Fluxo de Veículos Praça Jardineira
Praça Girassol e dos Artistas
Bicicleta
5
Carro
2
Caminhão
1
Usuários
H
M
Adolescentes
2
-
Adultos
1
-
Fluxo de Veículos Carro Usuários
176
2 H
M
Entorno CT Solvive
Crianças
3
-
Adolescentes
9
-
Adultos
21
2
Fluxo de Veículos Percepções
Clima Carro
Muitas pessoas de bicicleta; Crianças jogando bola; Presença de idosos e crianças brincando e caminhando.
Pouca gente no espaço e ninguém dentro das praças como nos outros dias. Pessoas ainda
5
no local por conta do jogo da manhã; Pessoas no entorno lavando seus carros; Ônibus saindo com jogadores e pessoas nos vestiários.
quente e com menos vento constante que nos outros espaços.
DIA 3 – 27 de julho – Noite (19:00hrs às 19:30hrs)
Dia quente e ensolarado.
Espaço Público
Usuários
Quantidade por Sexo H
M
Crianças
14
1
Adolescentes
9
-
Adultos
3
2
Idosos
2
1
Fluxo de Veículos Clima gostoso, calmo, silencioso e tranquilo.
Clima mais
Praça Jardineira
Praça Girassol e dos
Bicicleta
4
Carro
4
Moto
3
Usuários
H
M
Adolescentes
-
1
Percepções
Clima
Praça bem frequentada; Crianças jogando bola, pessoas com cachorros, famílias brincando.
Clima ameno, vento constante, agradável.
Idosos no bar assistindo TV, conversando e
Lugar muito escuro, não muito
Artistas
Adultos
2
-
Idosos
2
-
bebendo; Casal conversando.
Fluxo de Veículos Carro
Entorno CT Solvive
APÊNDICE D: Diagramas comportamentais produzidos.
3
Usuários
H
M
Crianças
-
5
Adultos
2
2
Idosos
-
1
Fluxo de Veículos
Bicicleta
frequentado; silencioso e com clima agradável.
Apenas moradores no local; Casal com criança sentados na calçada do CT.
Muito escuro, sensação de abandono e insegurança
1
Fonte: Produzido pela autora, 2019.
177
178
179
180
Fonte: Produzido pela autora, 2019.
181
APÊNDICE F: Planta de implantação do projeto – A2. Fonte: Produzido pela autora, 2019.
182 APÊNDICE E: Questionário online. Fonte: Produzido pela autora, 2019.