E.L.Us - Entrelaçamentos Locais Urbanos

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E.L.US_Entrelaçamentos Locais Urbanos Conexþes alternativas para os grandes aglomerados urbanos


Orientando Bruno Souza Figueiroa Orientador Sergio Luiz Salles Souza Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação II Universidade São Judas Tadeu


“Se nos sentamos em uma mesa, diante de uma janela, os elementos que preenchem a nossa visão tendem a fundir-se em um: a vista distante, a luz que entra pela janela, o material do pavimento e a borracha que temos nas mãos. Esta superposição é essencial para a criação de um espaço entrelaçado. Temos que considerar o espaço, a luz, a cor, a geometria, o detalhe e o material como um entrelaçado contínuo. Embora durante o processo de criação devamos analisar estes elementos individualmente, eles acabam fundindo-se uns nos outros”. Steven Holl


Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus por ter me concedido a oportunidade de cursar uma faculdade de arquitetura e urbanismo, por ter me dado saúde e disposição para superar as dificuldades. Ao meu orientador e amigo Sergio Salles, pelo suporte, correções e incentivos. A minha familia pelo amor e apoio em toda etapa. Ao Gastão Sales pelo auxílio na parte urbanística, à Vanessa Ghilhon pelos conselhos referentes ao conforto ambiental e ao Carlos Verna pelas referências de projeto relacionadas ao meu tema. E aos meus colegas que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado.


INTRO

SUMÁRIO

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001. MULTIFUNCIONALISMO 001.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA 001.2 ANÁLISES PROGRAMÁTICAS

9 11 25

002. A ESPACIALIDADE CONTEMPORÂNEA 002.1 O VAZIO 002.2 CONGESTÃO PROGRAMÁTICA

35 37 39

003. PONTOS ESTRATÉGICOS 003.1 POTENCIAL PRESENTE E FUTURO

41 44

004. GESTÃO 004.1 RECORTE E GESTÃO

47 48

005. CONEXÕES ALTERNATIVAS 005.1 UMA NOVA MANEIRA DE OCUPAÇÃO, IMPORTANTE PARA MEGALÓPOLES COMO SÃO PAULO 005.2 CONECTAR OS ESCRITÓRIOS ÀS RESIDÊNCIAS 005.3 UMA TRAVESSIA COM QUALIDADE, DIFERENTE DAS LIMITADAS PASSARELAS QUE HOJE EXISTEM NA REGIÃO 005.4 A BOA VIZINHANÇA

51 52 53 55 57

006. PRAÇA 14 BIS 006.1 ESTRATÉGIA URBANA

61 64

007. OBJETO: EDIFÍCIOS MULTIFUNCIONAIS PONTUAIS AO LONGO DO EIXO NOVE DE JULHO 007.1 CROQUI: CONCEPÇÃO GERAL DE INTERVENÇÃO 007.2 GEOLOCALIZAÇÃO 007.3 IMPLANTAÇÃO 007.4 SEÇÕES DE PROJETO DA PRAÇA 14 BIS 007.5 LOTES A SEREM MODIFICADOS 007.6 DIAGRAMA DE FLUXOS E PERMANÊNCIAS 007.7 DIAGRAMA DE USOS 008. ESTUDO CLIMÁTICO E ACÚSTICO APLICADO AOS E.L.US

69 71 72 74 75 76 78 79 81

008. DESENHOS 009. BIBLIOGRAFIA

87 121



Introdução O Edifício Híbrido pode ser entendido como a continuação fluida da vida na cidade. Ele une múltiplas funções urbanas em uma estrutura, com a finalidade de reunir as pessoas. É caracterizado por sua diversidade programática, alta densidade, relação direta com o espaço público, alta sociabilidade e identidade volumétrica. As mudanças no Plano Diretor e no Zoneamento reforçam a sua importância na cidade de São Paulo, uma vez que incentiva o uso misto, com a finalidade de acabar com o processo de espraiamento urbano. O Edifício Híbrido percorre a direção oposta do desenvolvimento da grande maioria das cidades, que em seu comportamento social e econômico, produzem cada vez mais edifícios que se fecham e negam seu entorno, contribuindo para o declínio da vitalidade nos espaços urbanos. Para ser considerado híbrido, o edifício não precisa necessariamente ser grandioso, ele precisa conciliar a sobreposição programática de seu interior com uma relação harmoniosa em relação ao seu exterior. Com ele pode-se morar, trabalhar, comprar e divertir-se de maneira entrelaçada. Este é um tema recente e com isso o que podemos concluir é que cada edifício híbrido é único e sua consequência para o lugar de intervenção é, de certa forma inesperada, pois se trata de um projeto com grande liberdade programática. Trata-se de projetos que, além da preocupação estilística, se preocupa em oferecer diferentes possibilidades. Esta arquitetura se preocupa com a materialidade, com a luz, com a cor e a textura, de modo a instigar o indivíduo a compor a arquitetura, fazendo com que as pessoas se sintam parte fundamental do projeto arquitetônico, através de sua experiência no local. Se trata de um projeto com grande liberdade programática. De acordo com Steven Holl (1997, p.9)

Esta questão pode ser definida como a reinterpretação crítica do programa. É possível transformar o observador passivo em participante, permitindo que o residente se reconheça uma globalidade potencial , através de sua experiência.

Ainda segundo Steven Holl, a diferença entre a produção arquitetônica contemporânea e a do século passado acontece a partir do momento em que existe uma transposição de um paradigma determinista positivista e autoritário, típico do modernismo, para um novo olhar. Agora a arquitetura precisa ser flexível, abordando o indeterminismo das cidades. Também deve aproveitar todas as novas tecnologias e informações disponíveis, articulando assim, um contato com outras disciplinas. Com isso pode-se chegar a modelos sociais auto-determinantes, fundamentais para a cidade do futuro.


Figura: Conjunto de escritรณrio londrino ALPHABETA, projetado pelo escritรณrio Studio RHE. Fonte: Archidaily


Multifuncionalismo

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Linha do tempo: O multifuncionalismo nos edifícios: Do início aos dias atuais.

Edifício Martinelle 1929

Copan 1966

Oscar Niemeyer

Referências

Nacionais

Willian Fillinger

Palacete Santa Helena 1925 à 1971

Conjunto Nacional 1956

Corberi e Sacchetti

David Libeskind

Centro Cultural de São Paulo 1982 Luiz Benedito Telles e Eurico Prado Lopes

Século XIX Revolução Industrial

Auditorium Building 1889

Internacionais

Sullivan e Adler

Linked Hybrid 2009

Empire State Building 1831

Steven Holl

Shreve, Lamb and Harmon

Rockefeller Center Building 1833 Raymond Hood

The Walking City 1963 Rom Herron

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Parkview Green 2010 Winston Shu


Contextualização Histórica Século XIX Auditorium Building, EUA, 1889. As primeiras propostas de edifícios multifuncionais surgiram em meados do século XIX em Chicago, graças às inovações tanto na tecnologia da construção, com a invenção do elevador, quanto na produção de novos materiais construtivos, como o concreto armado e as estruturas metálicas, advindos da Revolução Industrial permitiram a possibilidade de maior adensamento nos edifícios, até então destinados a classe operária das grandes cidades. Como um exemplo temos o Auditorium Building de 1889, projetado por Sullivan e Adler para a região de Chicago. Como programa deste edifício, temos uma casa de opera no embasamento, seguida por duas torres, uma destinada a escritórios e outra à hotelaria.

Figura: Auditorium Building. Fonte: Michael Van Shellenbeck

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Contextualização Histórica Empire State Building, EUA, 1931. Esta obra foi projetada pelos arquitetos Richmond Shreve, William Lamb e Arthur Harmon, no ano de 1931, em Midtown, Manhattan. Infelizmente a conclusão da obra coincidiu com a grande recessão econômica pela qual os EUA passou. Diante deste cenário, o edifício até então construído como uma representação de poder precisou de 20 anos para se tornar rentável. Em um ambiente de forte crise, o Empire State, com sua imponência, foi à representação clara de que ainda existiam forças em um país. Também foi responsável por proporcionar milhares de empregos a população. “O Empire State Building cumpriu, como nenhum outro, o papel de símbolo do poder norte-americano. Ele emanava a opulência e a força da metrópole. Vários fatos contribuíram para consolidar essa imagem. Sua localização lhe dava um status de principal marco de Nova York, já que foi construído bem no centro da ilha de Manhattan, em Midtown, com endereço oficial no número 350 da Quinta Avenida, uma das mais famosas da cidade, mundialmente conhecida. Sua escala mostrava até onde a metrópole poderia chegar, os céus...” (SOUZA FILHO, p.50)

Vale ainda destacar que sua construção se deu em um tempo recorde de menos de 2 anos e sua construção acabou por se tornar uma ato heroico por parte dos trabalhadores da obra e um espetáculo a ser admirado pelo restante da população de Manhattan, uma vez que as pessoas passaram a observar por telescópios os trabalhadores construindo a edificação nas alturas. O edifício foi encomendado pelo construtor John Raskob e pelo ex-governador de NY Alfred Smith com o intuito de acumular renda através da locação de seu espaço. Hoje o Empire State Building está ocupado por escritórios. Sua abordagem neste trabalho se deu não necessariamente pelo uso em questão, mas pela sua grandiosidade tanto física quanto no impacto e importância para o cenário urbano no qual foi inserido.

Figura: Empire State Building. Fonte: Osvaldo Rodrigues de Souza Filho

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Contextualização Histórica Rockefeller Center Buinding, EUA, 1933. Considerada a última obra da primeira fase dos arranha-céus em Nova York, (interrompida na segunda guerra mundial), o complexo de edifícios “Rockefeller Center” encomendado pelo bilionário John D. Rockefeller Jr., consistiu na compra do terreno da universidade da Columbia, em NY. A construção do primeiro de cerca de 19 edifícios pertencentes ao complexo foi concluído em 1933. Este complexo, segundo Osvaldo Rodrigues de Souza Filho, em sua dissertação de mestrado “A construção imagética da cidade como símbolo de poder”, elaborada em 2015 para a universidade São Judas Tadeu, foi o primeiro do grupo de arranha-céus extremamente elegantes, cuja construção foi levada como um espetáculo de rua – surpreendente até para Nova York. O arquiteto responsável pela obra foi Raymond Hood, o qual faleceu em 1934, antes da obra ser concluída por completo. Em seu programa, o complexo abriga, escritórios, núcleos gastronômicos, centros de recreação, além de importantes empresas, como o canal norte americano NBC e a radio City Music Hall, ambos norte americanos.

Figura: Rockefeller Center Building (edifícios mais claros). Fonte: Osvaldo Rodrigues de Souza Filho

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Contextualização Histórica Década de 60 The Walking City, 1963 Posteriormente, surgiram cada vez mais propostas de arquitetos, urbanistas e pensadores acerca da superlotação dos grandes centros urbanos. Dentre estes agentes, podemos destacar o grupo constituído em 1960 na Grã-Bretanha, denominados “Archigram”. Em um cenário de caos urbano e de cada vez menos espaço, este grupo trabalhou com propostas metafóricas, muitas vezes irrealizáveis, segundo Montaner (1980), variando muito a escala de intervenção, desde células habitacionais até projetos de cidades inteiras. Os adeptos ao grupo se referenciavam em determinados princípios, como a crença de que a “ciência e a tecnologia” seriam a solução para todos os males existentes no ambiente urbano. Seu modo radical de pensar as soluções da cidade foram bastante em função do surgimento de novos materiais construtivos, o que lhes permitiu um avanço em relação à arquitetura tradicional da época. Como exemplo de projeto multifuncional, um dos integrantes do grupo, Rom Herron, elaborou a conhecida “The Walking City” no ano de 1963. Conforme seu nome já diz, o projeto consiste em uma cidade que caminha, ou que flutua, como solução para as cidades destruídas em um cenário de pós-guerra nuclear. Consiste em estruturas que podem se multiplicar pelo mundo todo.

Figura: The Walking City. Fonte: Architecture and Society

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Contextualização Histórica No Brasil Palacete Santa Helena, 1925 O conceito de edifício multifuncional teve inicio no Brasil em meados da década de 20, quando teve inicio o processo de verticalização de algumas cidades, em especial São Paulo e o Rio de Janeiro. Isso se deu por diversos fatores, como os interesses políticos da época, o desenvolvimento tecnológico, a industrialização dos centros urbanos, a forte migração da população rural para as cidades e os agentes do setor imobiliário em busca de inovação com a finalidade de atrair mercado. Em São Paulo o primeiro exemplo de edifício multifuncional, não necessariamente em altura, foi o Palacete Santa Helena, projetado pelos arquitetos italianos Corberi e Sacchetti, construído em 1925 e demolido em 1971. A obra passou por alterações durante a construção, como o acréscimo de mais um pavimento na fachada do edifício. Para a época, o prédio foi considerado um arranha-céu, com um total de 7 pavimentos. Seu programa era composto por lojas no térreo, duas sobrelojas e 276 salas destinado a escritórios nos níveis superiores, além de um cine teatro localizado nos três primeiros pavimentos do bloco central do edifício com capacidade para 1500 lugares, segundo o autor Pedro Nastri do site São Paulo Minha Cidade.

Figura: Fotografia do Palacete Santa Helena. Fonte: Periódico Acrópole - Fotógrafos: José Moscardi, Leon Liberman, P. C. Scheier e Zanella.

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Contextualização Histórica No Brasil Apesar de toda a inovação que o edifício traria para sua época, sua conclusão coincidiu justamente com o inicio do processo de abandono do centro da cidade. Entre um ano e outro, a população do centro foi completamente alterada, não mais sendo composta por uma sociedade elitista, a qual era destinada as construções e reformas do centro. A fim de se adaptar a nova realidade, o Palacete Santa Helena passou agora a atender uma população de menor poder aquisitivo, com o enfoque na classe operária. Já na década de 60, em decorrência da Lei do Inquilinato e da perca de interesse por parte de seus ocupantes, o edifício começou a ser esvaziado aos poucos, até que em 1971 a Companhia do Metropolitano compra o prédio e o demoli, com a finalidade de expandir a praça da Sé, e também dar início as obras norte-sul e leste-oeste do metrô.

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Contextualização Histórica No Brasil Edifício Martinelli, 1929 Outra referencial paulista de edifício multifuncional, mas agora sendo referência em altura, foi o edifício Martinelli, projetado pelo arquiteto húngaro Willian Fillinger, da Academia de Belas Artes de Viena em 1929. No inicio a intensão programática era que o edifício fosse composto por escritórios, residências e comercio, porém ao longo dos anos seu programa foi constantemente alterado, chegando até a se tornar um cortiço e entrar em estado de deterioração entre os anos 60 e 70. Em 1979 o prédio foi revitalizado pelo então prefeito Olavo Setubal, e em 1992 foi tombado pelo patrimônio histórico. Hoje o edifício Martinelli é composto por lojas, repartições públicas e escritórios particulares.

Figura: Fotografia do Edifício Martinelle. Fonte: São Paulo Antiga - Por: Douglas Nascimento.

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Contextualização Histórica Década de 60 no Brasil Conjunto Nacional, 1956 O projeto teve sua construção finalizada no final do ano de 1956, quando David Libeskind ainda tinha apenas 26 anos. Em síntese, o projeto é composto por dois corpos, uma lâmina horizontal que atua como uma grande galeria e outra lâmina vertical, a qual comporta unidades residenciais e escritórios. O projeto também possui em sua essência o objetivo de interagir com o exterior, conectando o edifício à calçada, sobrepondo usos, cobrindo o passeio dos pedestres, tudo isso com o intuito de trazer vitalidade para o lugar. Na obra de Libeskind, o vazio é incorporado como o ponto de encontro das multitarefas que ocorrem simultaneamente no embasamento da edificação, é o ponto onde as circulações se cruzam.

Figura: Conjunto Nacional. Fonte: Revista Acrópole.

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Contextualização Histórica Década de 60 no Brasil O conjunto nacional ocupa uma quadra inteira, que é formada pela Avenida Paulista, Alameda Santos e pelas ruas Augusta e Padre João Manoel, com uma área de 14.600m². Sua área construída é de 110.000m². Ele é considerado o primeiro edifício comercial da Avenida Paulista. Para compreendermos o raciocínio de Libeskind, é necessário coletar quais foram suas influências, diretas ou indiretas, é preciso também estudar qual era o contexto contemporâneo ao arquiteto. Bom, em um cenário de pleno desenvolvimento da arquitetura Moderna, um estudo de caso chamou muito a atenção de Libeskind, que foi o novo modo de se viver do povo californiano. Ele se interessou pelos Case Study House, residências unifamiliares produzidas por alguns arquitetos para a população da Califórnia. Sob esta influência especifica, Libeskind pode incorporar ao seu projeto o jogo com os planos verticais e horizontais, com a finalidade de se alcançar maior fluidez no espaço. Trouxe as grandes aberturas, e no rompimento entre os limites do interior e exterior, todos característicos dessas novas obras californianas. Para ser ainda mais preciso, Libeskind extraiu muito da residência projetada pelo arquiteto Richard Neutra. De acordo com o arquiteto Fernando Viégas, em um documento produzido para a revista AU em dezembro de 2013, a legislação urbana atuou de maneira negativa, impossibilitando que mais projetos como o de David Libeskind fossem reproduzidos pela cidade.

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Contextualização Histórica Década de 60 no Brasil Edifício Copan, 1966 O edifício Copan foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, em colaboração de Carlos Alberto Cerqueira Lemos, na década de 60 na região central de São Paulo. O edifício foi construído no período onde de fato se consolidou e ganhou maiores forças o processo de verticalização de São Paulo. Agora a capital estava se tornando uma grande metrópole e diante disto necessitava que fossem implantados edifícios que representassem toda esta grandeza da cidade. O edifício Copan surge então como uma representação da grandeza de São Paulo. O projeto foi encomendado pela então Companhia Pan Americana de Hotéis, e em seu plano original abrigaria duas torres, uma residencial e outra de hotelaria, onde seriam conectadas por uma marquise no térreo. Porém apenas a torre residencial foi construída. O programa original do edifício proposto por Niemeyer era composto por lojas e cinema no térreo e apartamentos nos pavimentos superiores, porém, hoje o espaço destinado ao cinema está ocupada por uma igreja, além do fato do numero de unidades habitacionais ter aumentado de 900 unidades iniciais, para 1.160 unidades atualmente.

Figura: Edifício Copan. Fonte: Por Rodolfo Rodrigues.

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Contextualização Histórica Década de 60 no Brasil Centro Cultural de São Paulo, 1982 A escolha desta obra como estudo de caso é importantíssima, pois compõe uma região metropolitana, extremamente dinâmica por natureza. Será muito rico para este estudo compreender a maneira como os arquitetos Luiz Benedito Telles e Eurico Prado Lopes trataram a arquitetura brasileira contemporânea. O Centro Cultural de São Paulo foi construído entre os anos de 1975 e 1982, durante o período da ditadura militar, no atual bairro da Liberdade, em São Paulo. Seu lote está localizado entre a Avenida 23 de Maio e a Rua Vergueiro, em um terreno cedido à prefeitura em decorrência de desapropriações para a então obra do metrô Vergueiro. Segundo afirmam Eliza Azevedo e Thiago Augusto do blog Teoria e Crítica, o CCSP substituiu o “Projeto Vergueiro” (projeto este que visava a urbanização da região da Vergueiro através de complexos de escritórios hotéis e um shopping center, sendo a princípio a extensão da biblioteca Mário de Andrade). Porém este partido não se concretizou, pois é nítido a todos nós a diferença entre o espaço completamente fechado da biblioteca Mário de Andrade e a “liberdade” tida como essência do CCSP.

Uma vez Luiz Telles, arquiteto responsável pela obra disse em depoimento: “O que queríamos era redução dos controles. Lutávamos pela liberdade, que quase não tinha sobrado nesse país. Queríamos uma arquitetura que permitisse que os transeuntes, de repente, se perdessem e caíssem aqui dentro, sem porta principal, sem saguões incríveis e nem amedrontamentos… Era como se a gente pudesse pegar na mão dessa pessoa acanhada, e falar: vem e usa o que é seu. Inclusive porque você paga, você tem todo o direito, é público.”

Um dos objetivos mais importantes do CCSP foi o de agregar a população da cidade da forma mais abrangente possível, articulando em si múltiplas categorias e gêneros culturais. Por isso ele pode ser categorizado como uma espécie de “edifício híbrido”, objeto alvo deste trabalho. Dentre as grandes qualidades deste projeto, podemos citar algumas, como a grande capacidade de se articular os múltiplos ambientes, de modo a promover a convivência e vitalidade do edifício. Apesar de ter sido construído ainda no século XX, a obra continua muito contemporânea nos dias atuais, não se restringindo apenas ao seu lote, mas interagindo com a cidade, respeitando a morfologia da região, não estipulando limite algum (exceto nos horários determinados a fim de preservar o local) aos seus usuários. O CCSP é muito ousado no uso construtivo dos materiais, estabelece uma harmonia muito grande entre concreto e aço, promovendo grandes vãos, trazendo para a obra iluminação e ventilação natural, além do fato de incorporar a vegetação completamente à obra.

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Contextualização Histórica Em entrevista ao site do CCSP, Luiz Telles frisou: “Os usos que surpreendem mesmo são aqueles que nem tinham passado pela nossa cabeça. Um dia eu cheguei aqui na biblioteca e observei que um rapaz lia sentado no chão, encostado na parede inclinada perto da saída para a Rua 23 de Maio. Essa parede serve para compor a ventilação lá de baixo. Para mim, aquela era a leitura de lazer que tanto queríamos, não interessa se ele estava fazendo trabalho de escola, se ele estava no lazer geral. Por que não? É legal observar as pessoas que vêm namorar, observar, inclusive, o pessoal em situação de rua. A coisa mais importante desse edifício, honestamente, eu não acho que seja o projeto, eu acho que é o uso, o uso é o grande lance desse edifício.”

Figura: Centro Cultural de São Paulo em construção. Fonte: Revista Acrópole.

Figura: Centro Cultural de São Paulo. Fonte: João Mussolin

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Contextualização Histórica Atualmente Diversos fatores históricos colaboraram para o processo evolutivo destes “edifícios cidades” e aqui chegamos ao conceito que define o produto final deste trabalho, o edifício híbrido. A diferença do multifuncional para o híbrido está no passo que o segundo dá em relação ao primeiro, no sentido de não ser mais apenas uma grande massa edificada, que comporte diversos programas em si de maneira a ser uma verdadeira “empilhadeira”, como foi o caso dos exemplos citados até aqui, salvo o caso do CCSP. O edifício híbrido se preocupa em aproveitar ao máximo o potencial construtivo de um determinado lugar e ao mesmo tempo se preocupa com a relação interior x exterior. Existe um grande esforço nestes edifícios para que ocorra de fato uma inter-relação entre os usuários e uma percepção visual de toda a vida do edifício de forma simultânea. Estes edifícios entendem que a solução de negar a cidade é uma proposta fracassada, e diante disto estabelece, portanto uma relação muito intima com a cidade. Outro fator importantíssimo, é que estes empreendimentos não precisam se limitar à um lote, como ocorre na forma tradicional de ocupação, mas seu objetivo é, através do mapeamento do lugar, estabelecer um exercício de costura urbana, de modo a trazer vitalidade e integração à cidade como um todo.

Parkview Green Como exemplo desta nova concepção de arquitetura, podemos citar o Parkview Gren, projetado por Winston Shu da Integrated Design Associates, entre o distrito de embaixadas e o distrito de negócios de Pequim, em 2010. Segundo descreve David Macmanus, do site E-ARCHITECT: Parkview Green é um grande envelope piramidal que abarca mais de dois milhões de metros quadrados de espaço de uso misto em quatro edifícios em um vidro e pele exterior ETFE, o mesmo material que o mundialmente famoso Olympic Swim Cube. O complexo de vanguarda inclui escritórios, um hotel, um shopping center de vários andares e uma rota pública em ponte através do coração do edifício.

O edifício de uso misto feito na China é hoje um ícone quando se trata de arquitetura sustentável, sendo que recebeu em sua inauguração a certificação Platium LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental).

Figura: Imagem interna do Parkview Green, Pequim. Fonte: Site E-Archtects, por David Macmanus, 2016.

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Contextualização Histórica Outra referência contemporânea que não podemos deixar de citar é o complexo residencial Linked Hybrid, projetado também em Pequim, em 2009 pelo arquiteto Steven Holl. O projeto nasceu com o conceito de ser um espaço público dentro de um ambiente urbano, com a capacidade de suportar grande parte das atividades da vida cotidiana de uma grande cidade dentro de si. O complexo alia a alta demanda por novas habitações em um país tão populoso quanto a China e ao mesmo tempo busca combater o acelerado desenvolvimento urbano do pais. Seu programa é composto por 644 apartamentos, espaços verdes públicos, zonas comerciais, hotéis, cinemateca, jardim de infância, escola e estacionamento subterrâneo. “Não é sobre ser alto, é ser sustentável e fazer conexões com o contexto urbano” Steven Holl

Figura: Maquete do projeto Linked Hybrid, de Steven Holl. Fonte: Archidaily.

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Contextualização Histórica

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Figura: Diagrama programรกtico da Biblioteca Central de Seattle, por OMA + LMN. Fonte: Archidaily


Anรกlises Programรกticas

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Análises Programáticas Palacete Santa Helena, São Paulo. 1925 à 1971

Escritórios Cine-teatro Lojas

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Figura: Corte programático do Palacete Santa Helena. Fonte: Elaborado pelo próprio autor, baseado na descrição do edifício através de textos.


Anรกlises Programรกticas

Conjunto Nacional, Sรฃo Paulo. 1956

Figura: Corte programรกtico do Conjunto Nacional. Fonte: Elaborado por Giselle Luiza Dziura, 2009.

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Anรกlises Programรกticas Conjunto Nacional, Sรฃo Paulo. 1956

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Figura: Planta de acessos, continuidades e passagens do Conjunto Nacional. Fonte: Elaborado por Giselle Luiza Dziura, 2009.


Anรกlises Programรกticas Conjunto Nacional, Sรฃo Paulo. 1956

Figura: Planta de acessos, continuidades e passagens do Conjunto Nacional. Fonte: Elaborado por Giselle Luiza Dziura, 2009.

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Análises Programáticas

Linked Hybrid, Pequim. 2009

Circulação Públlica CirculaçãoPrivada Acesso ao lote Circulação ao nível da rua Comércio Hall dos apartamentos Hall dos edifícios

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Figura: Diagrama de circulação. Fonte: Archidaily.


Análises Programáticas

Linked Hybrid, Pequim. 2009

Esportivo Saúde Ponto de Entrada Gastronômico Livraria Exibições

Figura: Diagramação Programática ao longo do percurso elevado proposto por Steven Holl. Fonte: Archidaily.

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Análises Programáticas

Linked Hybrid, Pequim. 2009

Saúde

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Entrada

Figura: Diagrama de circulação do percurso elevado. Fonte: Archidaily.

Café

Livraria

Exibições


Análises Programáticas

Linked Hybrid, Pequim. 2009

PEQUIM PRÉ - 1960 (HORIZONTALIDADE)

PEQUIM PÓS - 1960 (VERTICALIZAÇÃO)

PROPOSTA (ESPAÇO HÍBRIDO)

Figura: Diagnóstico da evolução da malha urbana de Pequim e malha futura proposta por Steven Holl. Fonte: Archidaily.

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A Espacialidade Contemporânea

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A Espacialidade Contemporânea O presente trabalho buscou se referenciar no conjunto entre teoria e investigação de alguns autores acerca do produzir arquitetônico na cidade metropolitana. A escolha destes autores consiste em sua profunda e abrangente abordagem a respeito da arquitetura contemporânea nos grandes centros urbanos. De acordo com Carlos Café, a arquitetura contemporânea nos coloca diante de uma situação em que o arquiteto não possui nenhuma autonomia, se vendo refém do contexto urbano. Diante disto, temos alguns arquitetos que se diferenciam dos demais em sua abordagem de “lugar” e em seguida na elaboração projetual para aquele lugar. No caso do arquiteto holandês Rem Koolhaas, sua abordagem de lugar não enxerga as desordens da cidade como um problema, Koolhaas encara as dissonâncias da cidade como um importante potencial a ser incorporado ao projeto arquitetônico. Portanto, uma das particularidades do processo projetual de Rem Koolhaas é exatamente quanto à maneira de “olhar” para a cidade, operando a partir de suas contradições e desordens, buscando ali capacidade de trabalho e potencial criativo. Logo, parece que uma das estratégias arquitetônicas do OMA é não definir padrões projetuais, é não ter uma estratégia pronta. (Álvaro Siza & Rem Koolhaas: a transformação do “lugar” na arquitetura contemporânea / Carlos Café, São Paulo: Annablume, FAC, 2011. p. 111)

Sua arquitetura, em um primeiro momento, acaba se tornando algo simbólico, não possuindo relação alguma com seu entorno, porém esta falta de harmonia cai por terra quando compreendemos o pensamento de que sua arquitetura não estabelece relação com seu entorno imediato, mas realiza uma abordagem muito mais ampla. Koolhaas não considera apenas o lugar, mais a cidade como um todo. De acordo com Carlos Café, a filosofia de Rem Koolhaas não busca a produção de uma arquitetura que seja apenas transformadora da área de projeto, mas que reflita a contemporaneidade daquele lugar em questão, agindo, portanto, como uma espécie de reflexão crítica da sociedade contemporânea. Sua maneira de projetar não visa unicamente transformar, mas observa e incorpora a inevitável indeterminação das transformações urbanas como solução de projeto. O Vazio Ao se deparar com a cidade contemporânea, escritórios como o OMA se dizem considerar a complexidade urbana como ela é. Este escritório propriamente dito, por ter uma abordagem de lugar diferenciada, acaba sendo responsável pela produção de uma arquitetura não convencional. Para Rem Koolhaas, o vazio é mais importante do que o cheio no projeto de arquitetura, pois é deste vazio que nos apropriamos. A construção deve, portanto, contribuir para a formação qualificada destes vazios que serão habitados. Fato é que não se trata de reflexões concretas sobre a maneira de olhar para o lugar, mais de verdadeiros incentivos a novas discussões, segundo Carlos Café. “Cabe ressaltar que a arquitetura no século XXI depara-se com novos níveis de reflexão e percepção da cidade, que se encontram em um outro patamar de exigências e, contudo, promove a necessidade de um olhar diversificando sobre o “lugar”. Há também uma mudança dos usos dos espaços dos edifícios, que implica na condição de novos parâmetros de entendimento do mesmo, pois a condição contemporânea inclui ainda as transformações da relação do corpo com a arquitetura e a cidade, que de maneira distinta coexistem no pensamento arquitetônico”. (Café, p. 116).

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A Espacialidade Contemporânea A arquitetura contemporânea habita no meio termo, pois assim como abraça as condições existentes do lugar, também se permite abordar a expansão metropolitana. Portanto, arquitetos como Koolhaas utilizam como estratégia projetual, em um mundo contemporâneo extremamente complexo, a conexão entre uma forma de ocupação bastante densa e a preocupação com vazios urbanos. “Parece-me que devemos nos perguntar para que direção apontar as forças que contribuem para a definição do espaço. São elas direcionadas para o lado do urbano ou para seu justo oposto? Elas pedem ordem ou desordem? Elas convergem para a continuidade ou para a descontinuidade?” (Nesbit, p. 359)

O Evento Ao falarmos desta arquitetura completamente dinâmica, inevitavelmente somos direcionados ao que Tshumi defende serem os “eventos urbanos”. Diferente dos programas, que são destinados para fins limitados, estes trazem consigo uma infinidade de possíveis apropriações do espaço. Portanto os programas precisam ser trocados pelos eventos. Para que fique ainda mais claro, Henrique Martin Te Winkel em seu trabalho final de graduação “Arquitetura por Subtração”, diz: estimulando o desejável modo de vida coletivo das cidades, preocupando-se mais em projetar condições do que condicionar o projeto. (Te Winkel, Pag. 45) Dessa maneira, torna-se possível re-significar o vazio, consolidando uma relação simbólica entre o dentro e o fora. Os espaços transformam-se traçando um percurso que torna-se mais significativo que seu destino. Deste modo, o projeto arquitetônico atua no tecido urbano como uma ferramenta articuladora de linguagens, uma infraestrutura de reinvenção do cotidiano, conciliando contrários, transformando hábitos e estimulando o desejável modo de vida coletivo das cidades, preocupando-se mais em projetar condições do que condicionar o projeto. (Te Winkel, Pag. 45)

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A Espacialidade Contemporânea Congestão Programática Quando falamos de espaço, devemos compreender que envolve muito mais elementos do que uma mera projeção tridimensional. Ele tem a capacidade de interagir com nossos sentidos e emoções. Segundo afirma Bernard Tshumi em sua obra Arquitetura e Limites II, nós seres humanos somos capazes de gerar novos espaços através dos nossos movimentos. Por isso devemos considerar esta nossa influência no projeto de arquitetura. Como exemplo deste congestionamento, podemos citar o Parque de La Villete, de Koolhaas. Foi muito importante, pois se tratou de uma arquitetura metropolitana. Tratou-se de um parque horizontal com cerca de 40 a 50 atividades distintas, fazendo referência ao arranha-céu, sem precisar ser vertical. A arquitetura deve, portanto, ser encarada como um texto aberto, e diferente do funcionalismo pré-requisitado no período Moderno, o projeto não deve se atentar prioritariamente aos ambientes, mas sim à interação dos corpos no espaço. Ou seja, se trata de uma arquitetura que deve ser compreendida como o pleno exercício da atividade humana.

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A Espacialidade Contemporânea

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Figura: Vista aerea do eixo Nove de Julho. Fonte: Imagem do Google Maps editada pelo autor.


Pontos EstratĂŠgicos

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Pontos Estratégicos E onde implantar um edifício híbrido? É com o objetivo de responder esta questão que citarei alguns exemplos de localidades as quais não se adequam ao projeto. Por se tratar de uma arquitetura de certa maneira ambiciosa, por ser algo icônico, poderíamos voltar o nosso olhar para regiões mais nobres como Itaim Bibi e Morumbi. Entretanto, a essência do projeto consiste no grande aglomerado urbano, na concentração em massa da população, exaltando a diversidade urbana, levando em conta tanto o cenário atual como o potencial futuro para a região em questão. Quando olhamos para os bairros nobres, eles se distinguem entre duas categorias: os bairros onde a elite habita (bairros residenciais) e os bairros onde a elite paulista trabalha (os bairros do empreendedorismo). Se estivermos falando de diversidade e de pluralidade, até que ponto estes bairros monótonos se relacionariam com o projeto se não apenas pela questão da viabilidade financeira? Partindo agora para o justo oposto, e por que não implantar um edifício misto deste porte em uma zona periférica, como por exemplo, nos bairros do extremo leste da capital, entre eles São Mateus, Cidade Tiradentes ou Guaianases?

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Imaginemos o atual cenário destas regiões, setores considerados como bairros dormitórios, voltados especificamente à população de baixa renda. Localidades com o seu desenvolvimento iniciado há poucos anos, considerando sua dificuldade para se ter direito as necessidades mais básicas de uma sociedade, sem levarmos em conta o atual momento de crise em que o país se encontra. Agora implantamos o tal edifício híbrido, suprindo necessidades consideradas essenciais para o desenvolvimento e crescimento de uma sociedade, como cultura e moradia. De fato seria um agregador imenso para a região, trazendo consigo um grande desenvolvimento para o bairro de implantação. Agora se pensarmos o lado da viabilidade de execução desta obra, tão complexa, acaba se tornando talvez até irônica a sua implantação, fora o fato de não haver nenhum interesse do setor imobiliário para esta região históricamente. Apesar de ser a região mais populosa atualmente da cidade (o que já está se alterando), com sua infraestrutura de transporte bastante limitada, o projeto poderia agir de forma negativa ao lugar, agravando congestionamentos, por exemplo. Um fato importantíssimo é que o potencial de atingir a escala da cidade se perderia em detrimento da área de implantação, isso porque o projeto se limitaria a atender apenas os moradores de baixa renda próximos à área de projeto, uma vez que o restante da cidade encontraria muita dificuldade de acesso ao edifício.


Pontos Estratégicos Fundamentado nos autores estudados anteriormente, a próxima etapa foi buscar na grande cidade de São Paulo pontos estratégicos que refletissem toda essa indeterminação característica da cidade contemporânea. Para isto foi estabelecida a diretiva de procurar regiões com grande densidade populacional, com a maior variação possível de classes sociais, modais para o transporte e uso do solo. Uma região que tivesse muita importância no cenário paulista, que pudesse refletir o projeto para toda a cidade, podendo ser acessível a toda a sociedade e que tivesse certo poder aquisitivo pela questão da viabilidade de projeto. Foi através desta procura que se chegou à região da Bela Vista, bairro tido como referência de diversidade. O distrito é administrado pela prefeitura da Sé, compondo o centro velho da capital paulista. Sua população, segundo o senso demográfico do IBGE de 2010, é de 57.365 habitantes. O seu crescimento populacional de 2000 a 2010 foi de 51%. Sua área mede cerca de 370 ha. Sua densidade populacional é de 155,04 hab/ ha. Dividido ao meio pela Avenida 9 de Julho (que será o foco de intervenção deste trabalho), esta avenida em questão traz consigo a característica de grandes centralidades lineares, como a Avenida Paulista por exemplo. Além disso, é riquíssima em infraestrutura de transportes, contendo os mais diferentes modais reunidos, como estações de metrô e muitas linhas de ônibus.

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Pontos Estratégicos Potencial Presente e Futuro Apesar de todos estes fatores mencionados serem de extrema relevância, o motivador maior pela escolha desta região especifica, é o fato de que ocorrerá a implantação da futura estação 14 Bis da linha Laranja do metrô próximo à Praça 14 Bis. Com isso o projeto buscará estabelecer melhores percursos até a estação, através de recursos como a requalificação e potencialização da Praça 14 Bis, além de empreendimentos que estabeleçam novas travessias e que aproveitem ao máximo o uso do solo, oferecendo assim maior infraestrutura para esta demanda de frequentadores que inevitavelmente tende a crescer na região.

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Pontos Estratégicos

Figura: Desenho do projeto preliminar da futura estação 14 Bis da Linha Laranja do Metrô. Fonte: Elaborado pelo Metrô, em Julho de 2011.

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Gestão

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Gestão Recorte e Gestão Como premissa, o recorte deste trabalho se estenderá desde o local onde será implantada a futura estação 14 Bis do Metrô, até a entrada do túnel Nove de Julho, medindo cerca de 29,8 hectares. Trata-se do ponto onde a estação exercerá sua maior influência após implantada e este fato será aproveitado para que a Praça 14 Bis seja potencializada em toda sua extensão, contribuindo assim para a requalificação do eixo Nove de Julho. Atualmente o perímetro de estudo faz parte da Macrozona de Qualificação e Estruturação Urbana, segundo define a Lei 16.050/14 do PDE e é administrado pela prefeitura da Sé.

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Gestão Recorte de estudo

Área de recorte: 29,8 hectares Administração: Prefeitura da Sé Zoneamento: Macrozona de Qualificação e Estruturação Urbana

Figura: Delimitação do perimetro de estudo. Fonte: Elaborado pelo autor, com o auxílio do Google Earth.

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Figura: Renovação de Tsukiji Distrito. Kenzo Tange, 1963. Fonte: Blog Tokio Arquitetura


ConexĂľes Alternativas

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Conexões Alternativas Uma nova maneira de ocupação, importante para megalópoles como São Paulo Em uma cidade metropolitana com a escala de São Paulo, onde o metro quadrado está cada vez mais valorizado e caro, principalmente nas áreas centrais, é fundamental que se busque alternativas de ocupação que não se limitem apenas ao lote tradicional, mas que vá além deste “antigo” paradigma pré-estabelecido no processo histórico das cidades pelo mundo. Nesta busca por novas alternativas de ocupação, que funcionem de fato como agregadoras na área de intervenção, temos, por exemplo, projetos que enxergam os “vazios urbanos” ou a sobra entre edificações existentes, como verdadeiros potenciais. Outra forma de se apropriar do território, e que será o alvo deste projeto, é ir além do lote tradicional, incorporando à obra o espaço da rua. Este modelo tende a auxiliar contribuir com a atual legislação vigente, onde é incentivado o uso do solo em sua máxima potencialidade, com o fim de ser concentrada a maior quantidade de programas, de modo a promover o encurtamento das distâncias, sempre considerando a integração com a cidade. A escolha por este modelo de intervenção se dá pelo fato também de que a obra não se restringe unicamente aos cidadãos, mas busca incorporar também os diferentes modais ao projeto, tendo o veículo, por exemplo, não mais como um vilão, mas como o sangue que corre sobre a artéria, as vias no caso.

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Por tanto, não existem vilões, mas sim a oportunidade de conciliar os diferentes agentes e as desordens presentes na metrópole. A ocupação diretamente ligada ao espaço da rua trará maiores possiblidades de se ter espaços livres na cidade, descongestionando as quadras, agindo contra a densidade construtiva em excesso que temos hoje nas grandes cidades.


Conexões Alternativas Conectar os escritórios às residências Foi realizado um mapeamento lote a lote no perímetro envoltório à área de estudo e com isso tornou-se evidente a predominância residencial ao lado da Fecomércio, enquanto que ao lado do Sírio Libanês a predominância foi de prestadores de serviços, em especial consultórios. O objetivo desta análise é entender qual a vocação da região e ao mesmo tempo entender onde o bairro está de certa forma deficiente. Apesar de estar bastante próxima a pontos importantes culturalmente, como a Avenida Paulista e a Rua Augusta, o trecho em questão, que compreende a Rua Barata Ribeiro, a Avenida Nove de Julho e a Rua Itapeva, não possui equipamentos destinados ao esporte. Sendo assim, ao mesmo tempo em que o projeto se adequa aos usos marcantes da região, também vai além propondo uma dinâmica que agregue estes novos usos, de modo a promover uma cidade preparada para o futuro próximo.

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ConexĂľes Alternativas

Residencial Uso Misto Serviços

Figura: Mapeamento dos usos predominantes ao longo das ruas Barata Ribeiro, Itapeva e Av. Nove de Julho. Fonte: Elaborado pelo autor.

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Conexões Alternativas Uma travessia com qualidade, diferente das limitadas passarelas que hoje existem na região Hoje a Avenida Nove de Julho pode ser caracterizada como uma barreira física para a região ao qual ela se encontra inserida, similarmente aos demais eixos destinados para um único fim que não seja a permeabilidade pedonal. Conta com uma circulação de aproximadamente 29.000 veículos motorizados por dia, segundo a Revista Veja São Paulo de 2016. Como solução de transposição qualificada no sentido transversal do eixo, o único exemplo evidente é a Avenida Paulista, com toda sua vitalidade. De resto, o que existe atualmente, são algumas travessias por meio de passarelas e faixas de pedestres, as quais não são atrativas para ninguém, resultando assim em seu abandono. Com base neste cenário, o objetivo é repensar o modo como nos apropriamos dos espaços da cidade, com a preocupação de promover uma transposição tanto dogmática, quanto física para o eixo Nove de Julho.

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ConexĂľes Alternativas

Figura: Mapeamento das travessias exitentes sobre a Avenida Nove de Julho. Fonte: Elaborado pelo autor.

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Conexões Alternativas A BOA VIZINHANÇA Não podemos nos isolar apenas no perímetro de estudo, que está no eixo IX de Julho. Sendo assim, se nos esforçamos minimamente podemos compreender que o vizinho mais próximo do eixo de estudo é nada menos do que a Avenida Paulista. Sua ressalva neste trabalho aconteceu pelo fato de se tratar de um importante polo de apresentação e representação da cidade de São Paulo, sendo também um importante espaço de convivência da cidade, com suas condições privilegiadas de acessibilidade. Mas principalmente porque segundo as autoras Silvana Zioni e Volia Regina Costa Kato, em tese para o Vitruvius, intitulada “Avenida Paulista: Um Espaço Púbico Singular”, definem o espigão da seguinte maneira:

Ou seja, percebemos sua proximidade com o Eixo Nove de Julho, tanto geograficamente, como a partir do entendimento de que em seu processo histórico a Av. Paulista foi destinada unicamente ao automóvel, porém recentemente este cenário está sendo alterado, privilegiando agora o encontro de massas, não apenas através do transporte motorizado, mas através da articulação de vários meios modais distintos. Portanto, a intervenção buscara estabelecer uma relação indireta entre a Avenida 9 de Julho e sua referência bem sucessidida mais próxima, a Avenida Paulista, por intermédio da Rua Itapeva.

“A Avenida Paulista, ao longo de um século assistiu a prevalência e privilégio das mobilidades individuais propiciadas pelo automóvel, que se agregariam a outros suportes tecnológicos e urbanos em direção ao acirramento do individualismo, da reclusão e de desvalorização dos espaços públicos. Mas também, vem se transformando no cenário de novas espacialidades, fruto das apropriações que distintos grupos e categorias sociais fazem, sobretudo, a partir da ampliação da rede de transporte coletivo de massa. Desse modo, essas novas experiências de mobilidade/espacialidade na metrópole parecem confrontar as representações simbólicas até então construídas em torno de uma espacialidade elitizada da Avenida Paulista”.

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ConexĂľes Alternativas

Figura: Avenida Paulista. Fonte: Pela Revista FĂłrum.

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Figura: Avenida Nove de Julho. Fonte: Por Marcelo Cury.


ConexĂľes Alternativas

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Praรงa 14 Bis

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Praça 14 Bis A Praça 14 Bis por si só se mostra um grande potencial para a região, onde em meio ao caos dos horários de pico na Avenida Nove de Julho, se faz um trecho privilegiado, sendo totalmente arborizado, desobstruído e um espaço fluido. Porém, hoje não se dá o devido valor à praça, uma vez em que é utilizada apenas no trecho onde existe um terminal de ônibus, sendo ocupada casualmente no restante de sua extensão. Um problema importante é que, similarmente as demais regiões centrais da cidade de São Paulo, a Praça está em um atual processo de degradação, sob a posse principalmente de moradores de rua e usuários de drogas. Segundo o site Foursquare publicou em 2016, estes são alguns relatos dos moradores e frequentadores da região a cerca da Praça 14 Bis: “A praça não tem nada de interessante. Moradores de rua embaixo do viaduto. Estacionar o carro na praça para ir aos bares, nem pensar. Você corre o risco de ter seu carro furtado”. “Local perigoso onde acontecem vários assaltos!!!” “Seria um lugar muito bonito, mas como praticamente tudo na região central está degradado com pessoas em situação de rua e drogados que tomam o local”.

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De acordo com o redator Thiago Amâncio da Folha de São Paulo, em edição de 2016, as obras do metrô obrigaram os moradores a se espalharem pelo entorno da região, e segundo relato de comerciantes para a revista Folha de São Paulo: “Antes, as mesas aqui na calçada ficavam lotadas. Não tem mais ninguém”. “Poucos metros separam meu estabelecimento da Fecomercio (Federação de Comerciantes) e do hospital Sírio Libanês. Muitos deixavam o carro aqui e iam ao trabalho a pé. Hoje, não tem mais coragem, diz”.

Ainda segundo a revista Forum, existe uma associação para moradores de rua embaixo do viaduto Plínio de Queirós, a APGC (Associação “Tem Progresso Geração Construir”), dirigida pelo radialista Paulo Costa. Atualmente a Praça se encontra cercada por tapumes.


Praça 14 Bis Com o objetivo, não de obstruir, mas de potencializar toda a extensão da Praça 14 Bis, o projeto levará a população tanto da Rua Itapeva, quanto da Rua Barata Ribeiro para a futura estação do Metrô 14 Bis, através de um caminho fluído em meio a um percurso devidamente qualificado para as pessoas ao longo da praça. De fato, a intenção é que além da criação de novos espaços, a praça tenha principalmente o seu caráter preexistente potencializado. O plano visa garantir a segurança que hoje não se tem na praça, utilizando para tal a retirada do Viaduto Plínio de Queirós, assim como o incentivo a utilização da Praça por toda a população, garantindo, portanto vitalidade ao local, ou como diria Jane Jacobs: Os olhos da Rua como segurança natural para a sociedade. O trecho de intervenção compreende aproximadamente 2 km de extensão, indo desde o inicio da Praça 14 Bis, até o mirante Nove de Julho.

Figura: Atual estado da Praça 14 Bis. Sob posse de moradores de rua. Fonte: Por Adriana Farias, para a revista digital Veja São Paulo. 2016.

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Praça 14 Bis ESTRATÉGIA URBANA O projeto irá, portanto, se basear na proposta elaborada pelo escritório Levisky Arquitetos, no ano de 2009 para a Praça XIV Bis, assim como para a Avenida Nove de Julho. Com o objetivo de valorizar a história do Bixiga, na Bela Vista, a proposta qualifica o trafego de pedestres e de veículos, através da ampliação da Praça XIV Bis, permitindo também a criação de áreas de esporte e lazer para a região. Para isso, é considerada a demolição do viaduto Plínio de Queiroz,. Para que fique ainda mais justificável a demolição do elevado, de acordo com relato do consultor de trânsito Flamínio Fichman (um dos fundadores da CET) para a revista VEJA SÃO PAULO em 22 de abril de 2016, “A construção desse viaduto custou milhões de reais aos cofres públicos, e agora ele está subutilizado”.

Figura: Corte transversal da proposta de revitalização da Praça 14 Bis, elaborada pelo escritório Levinsk Arquitetos. 2009. Fonte: Por Adriana Farias, para a revista digital Veja São Paulo. 2016.

Figura: Implantação da proposta de revitalização da Praça 14 Bis, elaborada pelo escritório Levinsk Arquitetos. 2009. Fonte: Por Adriana Farias, para a revista digital Veja São Paulo. 2016.

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Figura: Antes e depois da proposta de revitalização da Praça 14 Bis, elaborada pelo escritório Levinsk Arquitetos. 2009. Fonte: Por Adriana Farias, para a revista digital Veja São Paulo. 2016.


Praça 14 Bis RENATURALIZAÇÃO DO CÓRREGO SARACURA O fato que não podemos ignorar é a existência de um córrego logo abaixo da Praça 14 Bis, córrego este que se encontra canalizado e aterrado atualmente. Diante disso, um dos objetivos da intervenção será “renaturalizar” o córrego “Saracura”, trazendo sua memória de volta a cidade, através da reconstrução mais próxima possível de sua biota original. Um dos motivos para tal feito, é que se compararmos os prejuízos gerados pelas enchentes recorrentes dos grandes centros, a renaturalização acaba se tornando bem mais econômico à longo prazo. Apesar do choque econômico, a recuperação de um rio pode trazer diversos benefícios, como a melhora significativa da qualidade de vida na região, ou a vinda de turistas simplesmente para admira-lo (como acontece atualmente no rio Cheonggyecheon em Seul, na Coréia do Sul, por exemplo) gerando com isso um fortalecimento econômico para o lugar

Referências

Internacional

Croquis de estudo para a Praça 14 Bis Figura: Urban lagoon transformation, MVRDV. Taiwan 2015. Fonte: Archidaily.

Nacional

Figura: Reabertura de rios Ivo e Belém, Solo Arquitetos. Curitiba, 2017. Fonte: Luan Galani.

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Objeto:Edifícios Híbridos pontuais ao longo do eixo Nove de Julho

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Como estratégias projetuais, serão implantadas de maneira extremamente cirúrgica, edificações HÍBRIDAS ou denominadas neste trabalho como os “ELUs”, onde os serviços, as moradias, os empregos e a cultura serão justapostos em novas camadas de cidade, atuando como uma espécie de condensadores sociais, mas indo além, através de uma relação administrativa harmoniosa entre poder público (responsável pelo uso 24hrs dos empreendimentos e transposições) e o poder privado (responsável pela manutenção do restante do edifício). Para tal, o projeto será apoiado no instrumento urbanístico “Projetos de intervenção Urbana” (PIU) e través deste, será proposto um reordenamento para o perímetro de estudo, aproveitando o fato de ser uma Macrozona de Qualificação e Estruturação Urbana, visando equilibrar a relação entre áreas públicas e privadas. Também em conjunto ao PIU, será utilizado o instrumento urbanístico CDRU, que diz respeito à “concessão do direito real de uso”, previsto no Estatuto da Cidade, o qual dispõe sobre a concessão do espaço aéreo, segundo descrevem os artigos sete e oito do Decreto de Lei de 1967, regido pelo então presidente da república H. Castelo Branco:

Art. 7o É instituída a concessão de uso de terrenos públicos ou particulares, remunerada ou gratuita, por tempo certo ou indeterminado, como direito real resolúvel, para fins específicos de regularização fundiária de interesse social, urbanização, industrialização, edificação, cultivo da terra, aproveitamento sustentável das várzeas, preservação das comunidades tradicionais e seus meios de subsistência ou outras modalidades de interesse social em áreas urbanas. Art. 8º É permitida a concessão de uso do espaço aéreo sobre a superfície de terrenos públicos ou particulares, tomada em projeção vertical, nos termos e para os fins do artigo anterior e na forma que for regulamentada. (DECRETO-LEI Nº 271, DE 28 DE FEVEREIRO DE 1967)

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A intervenção buscará romper a fragmentação urbana sob a qual nossa cidade foi consolidada ao longo da história. Hoje vivemos em uma cidade onde o espaço privado prevalece largamente sobre o espaço público. Por isso o objetivo desta intervenção será o de criar novas camadas de espaços públicos, onde para isso será rompido o conceito do lote tradicional, através de conexões, hora elevadas, hora subterrâneas e também sobre a cota da rua.


Croqui - Concepção geral de intervenção

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Geolocalização

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O objetivo desta geolocalização é tornar evidente as características físicas da região de estudo. Portanto o eixo Nove de Julho se trata de um fundo de vale, vale este por onde passa um córrego que se encontra atualmente tamponado, o córrego Saracura. Diante deste cenário, o desafio que se tem é o de gerar atratividade para os mais diversos modais, seja pedestre, veículos, aproveitando está questão do fundo de vale como potência projetual.

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Implantação

N 74


Seções de projeto da Praça 14 Bis

Modo galeria

Modo passeio duplo e acessos

Modo passeio

Modo vegetação ciliar

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A escolha dos respectivos lotes considerou uma série de fatores, como o posicionamento estratégico em relação à Praça 14 Bis e ao recorte de estudo deste trabalho como um todo. Algo que me chamou atenção no atual estado das respectivas quadras desde o início, foi o fato de existirem alguns “vazios” relativamente grandes (principalmente no que diz respeito à quadra entre a Avenida Nove de Julho e a Rua Barata Ribeiro), uma vez que se trata de uma região tão valorizada e com altíssima densidade construtiva. Hoje os lotes A e B servem como estacionamentos a céu aberto. A diferença de um lote para o outro está, além do tamanho, no fato de que sobre o lote B existem alguns galpões subutilizados. Em razão destes fatores, o projeto ira considerar a demolição destes galpões e trará uma potencialidade digna do centro paulista para os lotes em questão. Lotes a serem modificados (A e B)

A B O R I E B I R A A BARAT

RU

A D I N

E AV

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E

V NO

O

J E D

H UL


Já em relação ao lote C, foi levado em consideração a concepção de um edifício que estabelecesse este vínculo entre a Avenida Nove de Julho e a Avenida Paulista, por intermédio da Rua Itapeva. Por este lote se encontrar enfrente ao hospital Sírio Libanes, os usos destinados serão comércio e principalmente um centro de ciências, tornado assim ainda mais justificável sua implantação, servindo como um anexo ao Sírio Libanes. Assim como nos lotes anteriores, este também atende à população como um estacionamento a céu aberto atualmente.

Lote a ser modificado (C)

C

N

E V O

O

H UL

J E D

VA E P

A T I A

RU

De fato, a intenção principal das intervenções, é trazer a ideia de conjunto, ao mesmo tempo em que traz algumas ideias pouco difundidas em nosso território, como as conexões tanto aéreas, como subterrâneas.

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Diagrama de fluxos e permanências Fluxo de veículos Fluxo de Pedestres Permanências

DA

NI

AP A IT

E AV

RU

NO VE

A EV

DE O

LH

JU

IRO IBE

R ATA AR

AB

RU

N ESTAÇÃO 14 BIS

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Diagrama de usos

N

N

79



Estudo climĂĄtico e acĂşstico aplicado aos E.L.Us

81


Levando em consideração se tratar de um conjunto de grandes edifícios interconectados, com funções sociais distintas que se complementam, dediquei este capítulo à abordagem dos estudos relacionados ao clima e à acustica da região de projeto. Primeiro, aproveitando o fato dos três lotes (A, B e C) possuírem mesma orientação, Sudeste e Noroeste, pude otimizar o estudo das quatro fachadas, por meio do software SO-LAR e replica-las sobre os edifícios, afim de reforçar a ideia de unidade entre as intervenções. Abaixo as principais fachadas (Noroeste e Sudeste):

NOROESTE Proteção dos brises

Na fachada Noroeste, chegou-se a conclusão que seria necessário brises horizontais com aproximadamente 2m de comprimento e verticais de 50cm.

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SUDESTE Região obstruída pela edificação

Região ensolarada

Na fachada Sudeste, chegou-se a conclusão que seriam necessários brises horizontais e verticais com aproximadamente 1,45m de comprimento, para assim bloquear a incidência de sol a partir das 10 hrs da manhã.


NORDESTE Proteção dos brises

Na fachada Nordeste, as recomendações são as mesma da fachada Sudeste.

SUDOESTE Região obstruída pela edificação

Região ensolarada

Na fachada Sudoeste as recomendações são as mesmas da fachada Noroeste.

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Embasado também na revisão do Plano Diretor Estratégico para São Paulo, fora pensada no lote B a questão da “cota ambiental”, afim de atribuir soluções construtívas para se obter ainda mais ganhos em relação a eficiência ambiental, tais como a drenagem urbana e atenuação microclimática.

FACHADA VERDE

RESERVATÓRIOS DE RETENÇÃO

COBERTURA VERDE

N

N


Edifício bastante vazado, permitindo assim a entrada de iluminação natural.

Brises horizontais também ajudam a reforçar a ideia de conjunto entre os três edifícios.

Edifício A

Grandes aberturas laterais nos edifícios, possibilitando então o efeito chaminé nos ventos, trazendo um respiro para as edificações.

Brises horizontais distribuidos nos três edifícios, com a finalidade de protejer o ambiente interno da insolação.

Edifício B

Edifício C

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Desenhos

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CORTE AA - ESCALA 1:500

1

88

5

10

25


CORTE BB - ESCALA 1:500

1

5

10

25

89


CORTE CC - ESCALA 1:500

1

90

5

10

25


CORTE DD - ESCALA 1:500

1

5

10

25

91


CORTE EE - ESCALA 1:500

92


1

5

10

25

93


Fluxograma

94


PLANTA NIVEL 765 - CONEXÃO SUBTERRÂNEA ENTRE EDIFÍCIOS A e B - ESCALA 1:750 1 - ESTACIONAMENTO 2 - CONEXÃO ENTRE LOTES A e B

1

2

7

5

8

4

3 6 3 - ESTACIONAMENTO 4 - RESERVATÓRIOS 5 - DEPÓSITO DE ALIMENTOS E BEBIDAS 6 - MANUTENÇÃO

9

10

11

12

13

7 - CÂMARA FRIA 8 - DEPÓSITO DE MATERIAIS E OBJETOS 9 - VESTIÁRIO ALUNOS 10 SALA DE BOLAS 11 - VESTIÁRIO FUNCIONÁRIOS 12 - SALA PROFESSORES 13 - SALA MULTIUSO

95


PLANTA NIVEL 770 - EDIFÍCIO A

PLANTA NIVEL 779 - EDIFÍCIO A

18

16

17

19

14

15

RUA BARATA RIBEIRO

LOJA - 14 VAGA BICICLETAS - 15

18 - MEZANINO 19 - ARMAZÉM

ARMAZÉM - 16 ACESSO VEÍCULOS - 17

1

96

5

10

25


PLANTA NIVEL 783 - EDIFÍCIO A

PLANTA NIVEL 787 - EDIFÍCIO A

23

24

20

24

21

25

24

22 25

23

ESCRITÓRIO - 20 COPA - 21 ARMAZÉM - 22

23 - ESCRITÓRIO 24 - LOJA 25 - ARMAZEM

1

5

10

25

97


Fluxograma

98


CONEXÃO ENTRE LOTE B E PRAÇA 14 BIS - ESCALA 1:750

1

2

1 - CONEXÃO ENTRE LOTE B E PRAÇA 14 BIS 2 - CÓRREGO SARACURA

99


PLANTA NIVEL 760 - EDIFÍCIO B - ESCALA 1:500

5

4

3

3 - ACESSO NOVE DE JULHO 4 - QUADRA POLIESPORTIVA

VE

N AVE

NO IDA

HO

UL DE J

5 - ESTACIONAMENTO

1

100

5

10

25


PLANTA NIVEL 770 - ESCALA 1:500

RUA BARATA RIBEIRO

6 14

7

10

10

11

13

10

12

8

9

9

15

6 - ACESSO BARATA RIBEIRO 7 - LOBBY HOTEL 8 - LOBBY BAR 9 - GOVERNANÇA 10 - LOJA 11 - DESCANSO FUNCIONÁRIOS 12 - BICICLETÁRIO 13 - CARGA E DESCARGA 14 - ACESSO VEÍCULOS 15 - MIRANTE

1

5

10

25

101


PLANTA NIVEL 774 - EDIFÍCIO B - ESCALA 1:500

17

18

16

16 - EXPOSIÇÕES 17 - ARMAZÉM 18 - AUDITÓRIO

1

102

5

10

25


CONEXÃO AÉREA ENTRE LOTES A e B - ESCALA 1:750 19 - FOOD HALL 20 - COZINHA 21 - DEPÓSITO

21 20

19

25

23 22 24 23

22 - FOOD HALL 23 - COZINHA 24 - JARDIM 25 - CONEXÃO ENTRE LOTES A e B

103


PLANTA NIVEL 782 - ESCALA 1:500

26

PLANTA NIVEL 778 - ESCALA 1:500

30

27

29

28

SUÍTE - 26 JARDIM - 27

28 - SUÍTE 29 - SALA DE JOGOS 30 - ACADEMIA

1

104

5

10

25


32

31

33

34

SALA DE JOGOS - 31

34 - HELIPONTO

ACADEMIA - 32 SPA - 33

1

5

10

25

105


Fluxograma

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CONEXÃO ENTRE LOTE C E SÍRIO LIBANÊS 796 ESCALA 1:1000

PLANTA NIVEL 800 - ESCALA 1:500

6

7

6

8

8

8

5

5

3 8 4 2

ESTACIONAMENTO - 1 CARGA E DESCARGA - 2

1

5 - LOBBY

8

8

6 - ANFITEATRO

MANUTENÇÃO - 3

7 - FOYER

DEPÓSITO - 4

8 - LOJAS

PASSARELA - 5 HOSPITAL SÍRIO LIBANES - 6

RUA ITAPEVA 1

5

10

25

107


PLANTA NIVEL 804 - ESCALA 1:500

PLANTA NIVEL 808 - ESCALA 1:500

8

14

9

15

15

15

15

10 16 11

17

18

12

13

19

LOBBY - 8

14 - LOBBY

RECEPÇÃO - 9

15 - OFICINA

ARMAZÉM - 10

16 - LAB. CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO

FINANÇAS E ADMISSÕES - 11

17 - ARMAZÉM

ENCONTRO - 12

18 - ENCONTRO

CAFETERIA - 13

19 - GALERIA

1

108

5

10

25


PLANTA NIVEL 812 - ESCALA 1:500

21

21

21

PLANTA NIVEL 816 - ESCALA 1:500

21

Z

20

26

22 25

31

27

28

32

25 22

24

29

24 23

23

28

LOBBY - 20

26 - LOBBY

MINI LABS - 21

27 - SALA DE AULA

LAB. FÍSICA - 22

28 - LAB. QUÍMICA

LAB. ENFERMAGEM - 23 ARMAZÉM - 24 SALA DE AULA - 25

28

29 - ARMAZÉM 30 - TESTES 31 - ANÁLISES 32 - KINESIOLOGIA

1

5

10

25

109


PLANTA NIVEL 820 - ESCALA 1:500

35

35

35

33

34

37

38

37

39

37

37

33 - LOBBY 34 - SALA DE AULA 35 - PESQUISA 37 - LAB. BIOLOGIA 38 - ARMAZÉM 39 - RECREAÇÃO ESTUDANTES

1

110

5

10

25


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Bibliografia

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