FORMA de criação BRUNO CARRON . tfg 2012
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” .
UNESP – CAMPUS BAURU .
FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO – FAAC .
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA, URBANISMO E PAISAGISMO – DAUP
FORMA DE CRIAÇÃO .
análise sobre processo criativo de um projeto arquitetônico
autor. BRUNO CARRON .
r.a. 830321
orientadores. CLÁUDIO SILVEIRA AMARAL JOSÉ XAIDES DE SAMPAIO ALVES .
ARQUITETURA E URBANISMO .
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO – TFG 2012
Pelo caminho que segui até aqui, e pela conclusão deste trabalho, agradeço à Deus; aos meus pais César e Ivani Carron, minha irmã Juliana Carron, e meus familiares, sem os quais não vivenciaria e superaria todas as etapas da minha vida; à Bianca Paro Giovani, companheira em todos os momentos; aos amigos e colegas de classe, pela incomparável convivência; aos professores e orientadores Claudio Silveira Amaral, José Xaides de Sampaio Alves e Paulo Masseran; e aos alunos do Programa UNESP para o Desenvolvimento Sustentável de São Luiz do Paraitinga, junto aos moradores e gestores municipais dessa magnífica cidade.
O TRABALHO O presente trabalho segue com o estudo do processo criativo de um projeto de arquitetura e busca retratar a evolução desse procedimento, de acordo com as questões que envolvem a determinada obra, e também a maneira que é concebida segundo o próprio criador. Ainda se mantém a importância que se dá à aparência externa da intervenção, de modo que a qualidade visual é um fator essencial e que pode ser determinante em seu julgamento e apreciação. Tal sequência se dará com a avaliação de um projeto já realizado, e que servirá de estudo de caso para a discussão, e cujo processo de concepção formou etapas que apresentam conceitos que se relacionam com o tema. É importante deixar claro que esse mesmo trabalho se apresenta em duas etapas, das quais são expostas as diferentes partes em que se constitui seu conteúdo, sendo também acompanhada por dois professores responsáveis. A primeira, tendo como orientador o professor José Xaides de Sampaio Alves, retrata a apresentação das versões criativas do projeto que será estudo de caso, junto com toda a sua contextualização local e conceitual. Esse projeto é a Escola de Música, desenvolvido no Programa UNESP para o Desenvolvimento Sustentável de São Luiz do Paraitinga – Gestão do Plano Diretor Participativo, e posteriormente analisado em uma pesquisa de iniciação científica FAPESP, com o título “As diferentes concepções de intervenção arquitetônica no conjunto urbanístico de São Luiz do Paraitinga: um estudo de caso”. Esta última serviu de material base para a continuidade segundo a discussão sobre processo criativo. Ambos os trabalhos também tiveram o mesmo professor citado, como coordenador e orientador. A segunda etapa, orientada pelo professor Claudio Silveira Amaral, busca realizar uma análise sobre o processo criativo do estudo de caso, da qual se abre uma discussão sobre as vertentes relacionadas às etapas de concepção de um projeto, de modo também a tornar geral o assunto no âmbito da arquitetura. Com isso será proposta a elaboração de um novo projeto para a Escola de Música, não sendo este considerado uma evolução projetual de suas versões anteriores, mas que consiga exemplificar o tema e tratar de um exercício metodológico para o autor.
SUMÁRIO .
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6 8 10 11 12 13 15 18 23
SÃO LUIZ DO PARAITINGA LOCAL DA ESCOLA DE MÚSICA O PROCESSO CRIATIVO DA ESCOLA DE MÚSICA PROJETO E PROGRAMA VERSÕES DO PROJETO VERSÃO N.1 VERSÃO N.2 VERSÃO N.3 VERSÃO N.4
28 31 33 42 46 47 50 58 59
ANÁLISE E DISCUSSÃO DO PROCESSO CRIATIVO O NOVO PROJETO PROCESSO CRIATIVO O PRIMEIRO ESTUDO DE PROJETO PROJETO FINAL CONTINUANDO O PROCESSO CRIATIVO O PROJETO FINAL CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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etapa 1
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etapa 2
TFG 2012 . ARQUITETURA E URBANISMO . BRUNO CARRON
SÃO LUIZ DO PARAITINGA A cidade de São Luiz do Paraitinga fica localizada na região do Vale do Paraíba no estado de São Paulo, local que se tornou um ponto estratégico de penetração para o interior do país no século XVIII. Em 1769, ano considerado o de sua fundação, recebe o título de vila, onde tinha como principal atividade a agricultura ligada à subsistência. Após um aumento das pessoas que ali se fixavam, consegue o título de cidade, no ano de 1857. Em 2002, o município, situado mais precisamente entre as cidades de Taubaté e Ubatuba, é declarado Estância Turística, muito por conta de seu conjunto histórico, onde são vistas muitas obras tombadas pelo patrimônio arquitetônico, sendo símbolos da memória da história do país. Seu número de construções de tal importância é o maior segundo as normas do tombamento do CONDEPHAAT, órgão especializado na área no estado de São Paulo. Essa importante marca da cidade ainda se alia com o patrimônio imaterial, podendo-se destacar os eventos musicais e religiosos, que fazem de São Luiz do Paraitinga um local turístico, e fonte de uma grande riqueza cultural. Sua posição geográfica compreende entre vales e montanhas, o rio Paraitinga, que cruza praticamente toda a cidade, e que foi protagonista de um episódio marcando que ocorreu no ano de 2010. Nessa data, suas águas superaram seu nível normal e invadiram o município causando uma enchente que acabou por destruir muitas construções, sendo um considerável número de obras tombadas pelo patrimônio histórico. Dessa forma, “São Luiz do Paraitinga se transformou em um grande canteiro aberto e o município recebeu olhares de todos os lados, como do Governo Estadual e Federal, de Universidades Estaduais, e de órgãos patrimoniais, como o CONDEPHAAT, que já atuava na cidade, e o IPHAN.” (CARRON, 2012).
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TFG 2012 . ARQUITETURA E URBANISMO . BRUNO CARRON
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fotos de S찾o Luiz do Paraitinga
FONTE: http://valesul.blogspot.com/2011/02/ainda-em-reconstrucao-carnaval-de-sao.htm
FONTE: http://www.sindmetau.org.br/site/index.php/regional/9037.html?task=view
FONTE: http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/lefotos.php?id=9697
FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Sao_Luis_do_Paraitinga.JPG
fotos de S찾o Luiz do Paraitinga durante e ap처s a enchente
FONTE: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/as-maiores-tragedias-dos-ultimos-tres-anos
FONTE: http://www.piniweb.com.br/construcao/tecnologiamateriais/sao-luiz-do-paraitinga-ainda-tem-areas-de-instabilidade -diz-159655-1.asp
TFG 2012 . ARQUITETURA E URBANISMO . BRUNO CARRON
LOCAL DA ESCOLA DE MÚSICA A Escola de Música, segundo seu projeto, seria construída no local da antiga Biblioteca Municipal e de uma residência vizinha, situados em uma das quadras em frente à Praça Oswaldo Cruz, considerada um ponto central da cidade, além de também pertencer ao seu centro histórico. Essas construções acabaram sendo destruídas pela enchente, gerando o espaço que se julgou propício para a implantação do novo projeto.
foto aérea da Praça Oswaldo Cruz e seu entorno com destaque para a área do projeto
FONTE: Foto aérea Prefeitura Municipal; edição Bruno Carron
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TFG 2012 . ARQUITETURA E URBANISMO . BRUNO CARRON
fotos da fachada e dos fundos da antiga Biblioteca Municipal, e suas construções vizinhas
FONTE: IPHAN SICG Modulo 3 Ficha 1 Cadastro 021
FONTE: Foto pessoal Vicentina Rodrigues Soares
foto do lote
FONTE: Foto Bruno Carron
FONTE: IPHAN SICG Modulo 3 Ficha 1 Cadastro 021
FONTE: Foto pessoal Vicentina Rodrigues Soares
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o PROCESSO CRIATIVO da escola de música
TFG 2012 . ARQUITETURA E URBANISMO . BRUNO CARRON
PROJETO E PROGRAMA O projeto arquitetônico da Escola de Música se enquadrava dentro de um dos trabalhos desenvolvidos no projeto de extensão Programa UNESP para o Desenvolvimento Sustentável de São Luiz do Paraitinga – Gestão do Plano Diretor Participativo. Tal projeto teve como autor o arquiteto e professor José Xaides de Sampaio Alves, que contou com a colaboração mais eficaz dos alunos Bárbara Vetorazzo, Bruno Carron e Victor Sotorilli Vieira, segundo as divisões de tarefas do programa, mas também sempre sendo discutido com todos os outros demais alunos bolsistas. O desenvolvimento do projeto arquitetônico da Escola de Música passou inicialmente por uma discussão entre os órgãos e conselhos municipais, e onde teria como proprietária a própria Prefeitura Municipal, garantido o caráter público daquele espaço. O programa do projeto compreende as questões relacionadas à música, assim como sua prática e ensino, se portando como um local capaz de criar uma relação com a cultura, história e a própria população, já que a cidade São Luiz do Paraitinga é reconhecida por essa importante fonte cultural. Assim, ela se tornaria um ambiente ideal para e atuação e desenvolvimento de tal prática e educação musical. O processo de concepção buscou levar em conta, além dos fatores relacionados à música em si, toda a verdadeira ligação entre a população e a cidade, de forma que suas tradições não fossem deixadas de lado, e também buscando respeitar as questões que dizem respeito ao patrimônio histórico, cartas patrimoniais e fontes bibliográficas a cerca do tema a ser desenvolvido.
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TFG 2012 . ARQUITETURA E URBANISMO . BRUNO CARRON
VERSÕES DO PROJETO Este capítulo apresenta as etapas de concepção do projeto da Escola de Música desenvolvido junto ao Projeto de Extensão Programa UNESP para o Desenvolvimento Sustentável de São Luiz do Paraitinga - Gestão do Plano Diretor Participativo, entre os anos de 2010 e 2011, sob coordenação do prof. Dr. José Xaides de Sampaio Alves e na pesquisa de Iniciação Científica FAPESP desenvolvida por este autor sob orientação do prof. Dr. José Xaides de Sampaio Alves. A descrição do processo criativo levou em consideração as questões referente a plástica e a estética, além dos aspectos formais da edificação, bem como os detalhes construtivos. Todos estes elementos são fundamentais para a avaliação do processo do pensamento criativo, e por este motivo são apresentados nas discussões deste capítulo. É válido ressaltar que o projeto, e consequentemente seus estudos, tinham os órgãos de patrimônio (CONDEPHAAT e IPHAN), como agentes de total influência na elaboração dos conceitos e pontos estéticos, fazendo deles elementos consideráveis no processo de criação.
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VERSÃO N. 1 Primeiramente, se destaca um importante fato: dentro do trabalho específico no Projeto de Extensão Programa UNESP para o Desenvolvimento Sustentável de São Luiz do Paraitinga - Gestão do Plano Diretor Participativo, a Escola de Música se encontrava junto a mais dois projetos, sendo estes o Anfiteatro Dique e a Rua da Música. O primeiro, que segue junto à escola em suas primeiras versões de projeto, apresenta uma considerável importância nesse processo. Ele seria um espaço capaz de atender à clássica função de eventos culturais dentro de um anfiteatro, junto com salas de aula embaixo da arquibancada, e também de ser uma barreira de proteção contra novas enchentes, amenizando a força da água e retendo os objetos trazidos por ela. Já o segundo se apresenta desde seu início como outro projeto, também de notável qualidade, mas que teria uma conexão segundo seus conceitos e localidades, e que não entram nessa presente discussão sobre processo criativo (CARRON, 2012). Localização: lote da antiga Biblioteca Municipal Pavimentos: pav. térreo - administração, recepção, salas de aula e sanitários pav. superior - auditório Anfiteatro Dique planta baixa pavimento terreo . planta baixa 1º pavimento
FONTE: Desenho Prof. José Xaides de Sampaio Alves; (CARRON, 2012)
FONTE: Desenho Prof. José Xaides de Sampaio Alves; (CARRON, 2012)
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TFG 2012 . ARQUITETURA E URBANISMO . BRUNO CARRON
O principal conceito abordado nessa primeira versão projetual, se deve ao seu partido arquitetônico, guiado por suas determinantes e condicionantes, as quais justificariam as propostas do novo projeto, já que a Escola de Música passaria por novas definições no que diz respeito às antigas construções ali existentes. Carron (2012) utiliza-se do conceito de Lemos para definir a arquitetura da primeira versão do projeto da escola de Música conforme segue: “A mencionada definição é a seguinte: Arquitetura seria, então, toda e qualquer intervenção no meio ambiente criando novos espaços, quase sempre com determinada intenção plástica, para atender a necessidades imediatas ou a expectativas programadas, e caracterizadas por aquilo que chamamos de partido. Partido, seria uma consequência formal derivada de uma série de condicionantes ou de determinantes; seria o resultado físico da intervenção sugerida. Os principais determinantes, ou condicionadores, do partido seriam: a técnica construtiva (...); o clima; as condições físicas e topográficas (...); o programa das necessidades (...); as condições financeiras do empreendedor (...); a legislação regulamentadora e/ou as normas sociais e/ou as regras da funcionalidade” (LEMOS, 1982).
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VERSÃO N. 2 Localização: lote da antiga Biblioteca Municipal e dois lotes vizinhos Pavimentos: pav. térreo - administração, recepção, salas de aula e sanitários pav. superior - sanitários, área de exposição e auditório Anfiteatro Dique planta baixa pavimento terreo . planta baixa 1º pavimento
corte esquemático
FONTE: Desenho Prof. José Xaides de Sampaio Alves; (CARRON, 2012)
FONTE: Desenho Prof. José Xaides de Sampaio Alves; (CARRON, 2012)
FONTE: Desenho Prof. José Xaides de Sampaio Alves; (CARRON, 2012)
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TFG 2012 . ARQUITETURA E URBANISMO . BRUNO CARRON
Nessa segunda versão de projeto, a Escola de Música se mantém de seu partido arquitetônico diante de todas as determinantes e condicionantes envolvidas (LEMOS, 1982), buscando se relacionar com as questões cotidianas e atuais da cidade. Uma prova disso é a criação de um elemento muito importante dentro do projeto: a Varanda Musical. Ela se situaria junto ao auditório do pavimento superior e se voltaria para a Praça Oswaldo Cruz, garantindo a expansão de seu programa, e fazendo uma lembrança a uma antiga prática cultural que era realizada em São Luiz do Paraitinga, onde alguns eventos aconteciam naquele mesmo local, através de apresentações feitas em algum tipo de palco ou estrutura que possibilitasse alguma função semelhante (CARRON, 2012). De acordo com Carron (2012), o pavimento superior não foi muito bem correspondido, no que se tratava da discussão dentro do patrimônio histórico, e se relacionando também com a paisagem urbana da cidade (CULLEN, 1983), já se diferenciaria dos volumes das antigas construções que ali existiam. Diante de tal fato, foi elaborado um estudo esquemático através de desenho, com o intuito de se avaliar as possibilidades de desenhos para a cobertura da Escola de Música, mostrando sua relação de altura e escalonamento, e também agregando a todo esse processo, o julgamento sobre as questões formais e estéticas, determinando sua qualidade visual e de percepção sobre a imagem de tal objeto (ARNHEIN, 1998). Além desse estudo, foi também elaborada uma maquete física, construída pelos alunos bolsistas do Programa UNESP para o Desenvolvimento Sustentável de São Luiz do Paraitinga – Gestão do Plano Diretor Participativo, a fim de reforçar tal análise sobre as questões volumétricas e estéticas do projeto. Assim, a criação de um pavimento superior, se comparado com a antiga Biblioteca Municipal que apresentava esse segundo nível somente em sua parte posterior, poderia criar uma consequência negativa à paisagem da cidade, diante de todos os fatores que envolvem as demais construções locais, principalmente as localizadas na mesma quadra, que eram em sua maioria de um único pavimento. Com isso, o processo de concepção da Escola de Música segue adiante, pois tal versão não foi aceita pelos órgãos de patrimônio, em especial o CONDEPHAAT.
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TFG 2012 . ARQUITETURA E URBANISMO . BRUNO CARRON
corte esquemático para diferentes possibilidades de cobertura
FONTE: Desenho Prof. José Xaides de Sampaio Alves; (CARRON, 2012)
maquete para estudo das diferentes possibilidades de cobertura
FONTE: Maquete alunos bolsistas Programa UNESP; Foto Prof. José Xaides de Sampaio Alves; (CARRON, 2012)
FONTE: Maquete alunos bolsistas Programa UNESP; Foto Prof. José Xaides de Sampaio Alves; (CARRON, 2012)
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VERSÃO N. 3 Localização: lote da antiga Biblioteca Municipal e dois lotes vizinhos Pavimentos: pav. térreo - administração, recepção, salas de aula e sanitários pav. superior - sanitários, área de exposição e Varanda Musical Anfiteatro Dique A partir das conversas com os órgãos especializados em patrimônio e gestores municipais, a terceira versão da Escola de Música apresenta algumas modificações, principalmente relacionadas ao desenho plástico de seus elementos e sua volumetria. Ela sofre alterações em sua cobertura, onde agora se apresenta em “sheds” curvos, garantindo uma função voltada para o conforto ambiental (CARRON, 2012). De acordo com Carron (2012), a Varanda Musical agora passaria a ocupar um espaço exclusivo para a sua atuação, ficando localizada no pavimento superior, e coberta por uma estrutura metálica, reforçada por elementos tecnológicos que realizariam um movimento capaz de abrir e fechar aquele espaço. Nesse mesmo nível da construção o volume superior situado nos fundos do prédio também receberia uma cobertura metálica, que se estenderia para o Anfiteatro Dique. Outro elemento importante que passa ser mais bem elaborado é a fachada principal, cujo desenho se apresenta de forma a reestruturar esteticamente os componentes das antigas fachadas.
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TFG 2012 . ARQUITETURA E URBANISMO . BRUNO CARRON
planta baixa pavimento terreo
8
4 1
6
5
1. administração 2. recepção 3. salas de aula 4. sanitários 5. estudios 6. arquibancada 7. palco 8. rio paraitinga
7
3
2 FONTE: Desenho Bárbara Vetorazzo, Bruno Carron e Victor Sotorilli Vieira; (CARRON, 2012)
planta baixa 1º pavimento
6
5
3 1 2
4
FONTE: Desenho Bárbara Vetorazzo, Bruno Carron e Victor Sotorilli Vieira; (CARRON, 2012)
1. varanda musical 2. cobertura em “sheds” 3. sanitários 4. área de exposições 5. anfiteatro dique 6. rio paraitinga
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TFG 2012 . ARQUITETURA E URBANISMO . BRUNO CARRON
corte
FONTE: Desenho Bárbara Vetorazzo, Bruno Carron e Victor Sotorilli Vieira; (CARRON, 2012)
estudo da fachada
FONTE: Foto UPPH; Edição e desenho Prof. José Xaides de Sampaio Alves; (CARRON, 2012)
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TFG 2012 . ARQUITETURA E URBANISMO . BRUNO CARRON
perspectivas
FONTE: Desenho Prof. José Xaides de Sampaio Alves; (CARRON, 2012)
FONTE: Desenho Bárbara Vetorazzo, Bruno Carron, Caio Yashima e Victor Sotorilli Vieira; (CARRON, 2012)
FONTE: Desenho Bárbara Vetorazzo, Bruno Carron, Caio Yashima e Victor Sotorilli Vieira; (CARRON, 2012)
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TFG 2012 . ARQUITETURA E URBANISMO . BRUNO CARRON
De acordo com Carron (2012) a nova aparência da Escola de Música, se mostra como uma intervenção diferente do padrão arquitetônico das demais obras de São Luiz do Paraitinga, mas considerando que não fugia do contexto da antiga biblioteca, que também era uma construção de tal tipo, ela se justificaria, confirmando a nova situação do local, e não seguindo unidades estilísticas. “As contribuições válidas de todas as épocas para a edificação do monumento devem ser respeitadas, visto que a unidade de estilo não é a finalidade a alcançar no curso de uma restauração (...)” (CARTA DE VENEZA, 1964). A Escola de Música se voltaria para a preservação da história local de acordo com a relação que ela seria capaz de criar com a cidade e com seus agentes, sendo reforçada também por elementos estéticos justificados em teorias de restauro, onde não se criaria algo novo sem pensar na natureza daquele objeto e de seu valor artístico (BOITO, 2003). As alterações, segundo Carron (2012) podem ser observadas através do desenho da fachada principal, onde a modulação dos cheios e vazios respeita uma proporcionalidade, e se vê a relação do novo e do antigo, ressaltando a autenticidade de cada uma das épocas (BOITO, 2003), procurando evitar aquilo que é chamado de falso histórico. Assim, se comprova como mesmo em sua forma mais contemporânea se tratando de padrões arquitetônicos, o projeto estava caminhando em um processo que buscava retratar todas as questões envolvidas no local, e também de questões voltadas para o patrimônio histórico e o restauro, criando também uma abertura para um diálogo entre as pessoas envolvidas. No entanto, não recebeu total aprovação pelo CONDEPHAAT e também pelo IPHAN, cujas posições alegaram a desfiguração da linguagem do entorno, partindo assim, para a elaboração de uma quarta versão projetual (CARRON, 2012).
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TFG 2012 . ARQUITETURA E URBANISMO . BRUNO CARRON
VERSÃO N. 4 Localização: lote da antiga Biblioteca Municipal e dois lotes vizinhos Pavimentos: pav. térreo - administração, recepção, salas de aula e sanitários Varanda Musical Antes de tratar do projeto em si da quarta versão da Escola de Música, é observada a separação do Anfiteatro Dique, de modo que esse passa a ser tratado com outro projeto, a fim de facilitar as questões de aprovação. Em relação a este projeto, Carron (2012) destaca a volumetria e a forma externa deste edifício, além da alteração da cobertura, que passa a ter um telhado com telhas cerâmicas, em cinco águas, com uma voltada para a parte frontal do edifício, assim como as demais construções vizinhas; e também pequenos elementos com materiais atuais para solucionar problemas de conforto ambiental, como cobertura zenital e sistemas de “brise soleil” nos corredores laterais. Essa mesma água do telhado seria construída com uma estrutura e tecnologia especial que abrigaria a Varanda Musical, de modo que teria a capacidade de se movimentar num deslocamento que se abriria, tornando visível tal espaço, além de também apresentar um formato curvo cuja função direcionaria o som. Desenvolve-se ainda, a fachada principal, cujo novo desenho continua apresentando os mesmo princípios criativos vistos na versão anterior, mas com a adição de uma ideia que fazia uma releitura da antiga técnica construtiva de pau-a-pique, e que ficou exposta nas construções atingidas pela enchente. Tal representação seria vista na fachada através de uma estrutura ripada de madeira fixada sobre um vidro, e que cobririam todo aquele plano, respeitando os espaços para as portas e janelas (CARRON, 2012).
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TFG 2012 . ARQUITETURA E URBANISMO . BRUNO CARRON
1. administração 2. recepção 3. salas de aula 4. sanitários 5. rio paraitinga
planta baixa pavimento terreo
4
1
5 3 2
FONTE: Desenho Bárbara Vetorazzo e Bruno Carron; (CARRON, 2012)
planta de cobertura
FONTE: Desenho Bárbara Vetorazzo e Bruno Carron; (CARRON, 2012)
planta da Varanda Musical
FONTE: Desenho Bárbara Vetorazzo e Bruno Carron; (CARRON, 2012)
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TFG 2012 . ARQUITETURA E URBANISMO . BRUNO CARRON
cortes transversal e longitudinal . detalhe cobertura lateral . corte cobertura móvel
FONTE: Desenho Bárbara Vetorazzo e Bruno Carron; (CARRON, 2012)
fachadas
perspectivas
FONTE: Foto UPPH; Edição e desenho Bárbara Vetorazzo e Bruno Carron; (CARRON, 2012)
FONTE: Desenho Bárbara Vetorazzo e Bruno Carron; (CARRON, 2012)
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TFG 2012 . ARQUITETURA E URBANISMO . BRUNO CARRON
perspectivas
FONTE: Desenho Bรกrbara Vetorazzo e Bruno Carron; (CARRON, 2012)
FONTE: Desenho Bรกrbara Vetorazzo e Bruno Carron; (CARRON, 2012)
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TFG 2012 . ARQUITETURA E URBANISMO . BRUNO CARRON
Como claramente é observada, a mudança de maior destaque nessa última versão da Escola de Música compreende sua volumetria externa, compartilhada por sua linguagem estética, de acordo com suas alturas e elementos. Um deles, e de grande evidência, é a cobertura, cujo desenho retrata o típico telhado visto em São Luiz do Paraitinga, junto à utilização de novos materiais. “Quando as técnicas tradicionais se revelarem inadequadas, a consolidação do monumento pode ser assegurada com o emprego de todas as técnicas modernas de conservação e construção cuja eficácia tenha sido demonstrada por dados científicos e comprovada pela experiência.” (CARTA DE VENEZA, 1964). Tais características se envolvem também com a relação entre as questões atuais, e à memória dos objetos existentes no passado, assim como suas qualidades e atributos (BOITO, 2003). De acordo com as análises de Carron (2012), a nova fachada principal da Escola de Música destaca-se na paisagem urbana, revelando a relação entre o novo e antigo, trazido pelos materiais, pelo desenho, e também pelo conceito adotado e que foi fundamental para se chegar a tal posicionamento. Dessa forma, se assume um conteúdo que buscar fugir de uma falsificação ou uma simples reprodução (BOITO, 2003). Após a finalização desse último projeto, se seguiu com a exposição do mesmo, diante dos órgãos especializados e demais agentes envolvidos, mostrando todo seu processo de concepção, e chamando atenção para seus elementos de considerável importância nas questões estéticas e formais. Junto a isso, pôde-se observar a possível contradição segundo as próprias cartas de restauro e de bibliografias sobre o assunto, pois segundo algumas afirmações a aparência final do edifício poderia ser fruto de uma solução dentro do estilo de uma determinada época, buscando sua melhor exibição visual (VIOLLET-LE-DUC, 1959). Porém o projeto da Escola de Música tratou desses temas seguindo suas bases teóricas e conceitos. Para finalizar, não foi constatada uma posição definitiva dos órgãos de patrimônio e instituições públicas sobre a real conclusão do projeto, passando este somente por detalhamentos construtivos segundo questões técnicas de arquitetura.
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ANÁLISE e DISCUSSÃO do processo criativo
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Diante da apresentação do projeto da Escola de Música, percebe-se como seu processo criativo foi influenciado por muitas questões internas e externas ao objeto em si, sendo estas, pontos de importância considerável na imagem que o autor cria em seu subjetivo processo de concepção de um projeto de arquitetura. Digo subjetivo, pois independente da metodologia utilizada, o criador acaba levando para sua criação, parte de suas referências particulares, seja elas de qualquer espécie. Nesse caso, a elaboração do projeto foi se consolidando conforme as análises feitas a respeito dos agentes que rodeavam a futura obra. Assim, pode-se dizer que já estava sendo trilhado o caminho que sua produção seguiria. Primeiro pode-se considerar a própria cidade de São Luiz do Paraitinga, com a sua história, costumes e tradições, que perduram até os dias atuais, mantendo-se valorizados e preservados, tanto nas ações e hábitos de sua população, como na conservação e tombamento das construções consideradas patrimônio arquitetônico. A cultura local se mostra determinante nas intenções que levariam à construção do projeto, de modo que o próprio cotidiano urbano do município é dinâmico e causa uma conexão entre todos esses fatores. Além disso, a posição geográfica da cidade e suas questões ambientais, também chamaram a atenção no que diz respeito às técnicas construtivas e à funcionalidade do edifício, marcado, por exemplo, pelo anfiteatro que exerceria ao mesmo tempo papéis diferentes, sendo para a música ou para a proteção da cidade. Com essa última afirmação, surge mais um elemento no desenvolvimento do projeto: o rio, cujo comportamento deveria ser de integração, e não sendo visto como um vilão. A Escola de Música se inicia como sequência à antiga Biblioteca Municipal, ou seja, esta última, automaticamente, já introduz diretrizes que auxiliarão no desenvolvimento do projeto. Seu programa se relaciona com o programa adotado na escola, de modo que a cultura e o ensino-aprendizagem estão presentes e são coerentes com o perfil artístico da cidade. Portanto ele exige determinados espaços responsáveis por comportar as funções consequentes às atividades que ali ocorrerão. Essa sucessão acontece também de maneira clara, devido ao contexto existente, marcado por regras referentes a sítios tombados pelo patrimônio histórico, ditados pelos órgãos especializados na área, como o CONDEPHAAT e o IPHAN. Essas normas dão base para as formulações da aparência estética dos edifícios preservados, no que diz respeito à forma e características da construção, sendo referências para a volumetria, os elementos construtivos, e a linguagem plástica que será implantada, ligada muitas vezes às diferentes teorias sobre restauro.
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Dessa forma, o projeto da Escola de Música seguiu um desenho segundo essas condições, se relacionando com os aspectos das antigas construções que ali exercem alguma influência e cujo conjunto sofre percepções e avaliações sobre as qualidades visuais. Houve também um relacionamento entre antigo e novo, comprovado no empenho de determinados usos segundo tecnologias capazes de auxiliar na execução das ideias do projeto. Tais fundamentos teóricos sobre restauração foram utilizados no projeto como importantes instrumentos que dão suporte aos conceitos adotados durante o desenvolvimento de sua criação, a fim de justificarem seu modo de concepção. Em seus exercícios, eles apresentam princípios históricos segundo os antigos atributos da época e relacionados às práticas e usos da obra em questão, através do recolhimento de documentos e informações que ajudem a resgatar essas particularidades; e também princípios estéticos, que guiam as posturas adotadas para a linguagem estética que a obra de restauro apresentará, procurando tratar as propriedades e características físicas do monumento, de modo a fazerem parte do pensamento da criação. A nova intervenção também deveria enfatizar o valor artístico do objeto em questão, buscando deixar evidente de alguma maneira sua originalidade, a fim de acontecer um diálogo coerente entre ambas as partes. Por fim, conclui-se que o processo criativo da Escola de Música se desenvolveu conforme várias vertentes que de uma maneira ou outra, influenciam na concepção e na elaboração do desenho formal do projeto, comprovando como um projeto de arquitetura é capaz de se relacionar com o meio em que está inserido e com seus usuários, sendo de total importância um pensamento que se apresente inovador e realmente criativo.
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o NOVO PROJETO
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A discussão do projeto da Escola de Música retrata como se desenvolveu seu processo de criação, sendo influenciado por diversas vertentes, que são introduzidas na elaboração dos conceitos utilizados pelos criadores do projeto. Percebe-se que elas se originam de muitas categorias e áreas de estudo, onde o foco é voltado para algum assunto em especial. Como sequência a essa análise, foi realizado um novo projeto para o objeto em jogo, com o intuito de retomar as questões envolvidas e considerá-las de outra maneira, no que diz respeito ao seu processo criativo. Assim, essa nova versão assume, consequentemente, novas posturas, que guiam o pensamento de suas ideias a partir de outras visões que se têm na discussão, podendo ser considerada, novamente, a importância do procedimento de criação, cuja linha de raciocínio é fruto de bases teóricas e análises subjetivas de seu autor, que cria e estuda os conceitos conforme tais experiências e críticas. A seguir será exibido o processo criativo do novo projeto da Escola de Música. Nessa exposição é procurado demonstrar como se seguiu todo o pensamento de suas ideias e conceitos, explicando-os e relacionando-os com as questões que envolvem o local.
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PROCESSO CRIATIVO O processo criativo da nova versão da Escola de Música será apresentado conforme o surgimento das ideias que colaboraram em sua construção, sendo relatadas e demonstradas com os estudos de desenho e simbologias utilizados como representações, e ferramentas que ativam o funcionamento da mente criativa, ampliando os caminhos que até ali estão sendo seguidos, e gerando uma reflexão condizente com o tema. Primeiramente, há a retomada das questões que envolveram as versões da Escola de Música, procurando situar-se das determinantes que apresentaram considerável importância no que diz respeito a patrimônio histórico, paisagem urbana, e o cotidiano da própria cidade e sua população, procurando tratar das bases teóricas sobre restauração, regras e normas dos órgãos especializados na área, e a cultura e vida local. Essa etapa serviu de grande auxílio até a concepção final do projeto, mas há de se destacar que o exercício criativo aconteceu de outra forma, e segundo outros princípios conceituais. Assim, se vê que tal mudança na maneira como se seguiria a produção do projeto, está na origem do próprio método de pensamento, e que isso não é parâmetro para se julgar certo ou errado, mas somente provar que olhares diferentes podem levar a imagens diferentes. Com isso, surge uma analogia às claves musicais. Esses símbolos musicais, além de fazerem parte do contexto em que se encontra o programa do edifício, têm a função de indicar como será realizada a leitura das notas dentro da pauta e da partitura. Dessa maneira, se confirma também, que o próprio programa “escola de música” já estava presente no desenvolvimento do pensamento, de modo que se manteve, e já criando expectativas sobre os espaços e seus usos dentro do prédio.
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clave de sol . clave de fá . clave de dó
as claves são símbolos musicais que indicam como as notas serão lidas na pauta (conjunto de cinco linhas e quatro espaços).
mi
sol
fá
FONTE: Desenho Bruno Carron
Ao retomar uma foto da situação atual do lote onde seria instalada a obra, percebe-se uma imagem muito interessante, onde o verde e a luz das montanhas no plano de fundo se contrastam com o cinza e a aridez daquele espaço vazio, atraindo o olhar do observador, certamente por apresentar uma qualidade visual mais agradável. Essa paisagem é somente percebida devido à falta de um obstáculo, ou seja, o vazio daquele local é o responsável por criar tal efeito. Ele revela a natureza por trás da cidade, e nela se encontra o rio, personagem de grande importância em toda a discussão. Dessa forma, para o projeto, há a intenção de preservar tal ligação visual, criando-se um corredor que garantiria o mesmo resultado. Este foi se desenvolvendo com a ideia de que cruzasse o prédio em toda a sua extensão, permitindo criar um espaço, ausente nos elementos físicos, mas rico na comprovação da proposta conceitual. Tal corredor também seria responsável por realizar uma integração entre a cidade e o rio, formando um ponto de ligação entre ambos, enriquecendo o uso da Escola de Música perante o seu espaço urbano e seus usuários, e comprovando seu caráter de equipamento público.
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foto da situação atual do lote
FONTE: Foto Bruno Carron
no retrato percebe-se o contraste de cores e luminosidade que chama a atenção
a montagem busca representar a visão obtida pelo autor e que deu início aos conceitos adotados no processo criativo do projeto imagem representativa da visão criada
FONTE: Desenho Bruno Carron
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Ele deveria ter uma delimitação, fazendo com que seu contorno enfatizasse e valorizasse ainda mais a perspectiva criada, e então, se faz uma paridade com as portas e janelas dos casarões históricos de São Luiz do Paraitinga. Essas esquadrias apresentam um desenho característico, com uma linguagem própria, e que se relaciona com a cultura e história local, e também como um importante elemento das construções preservadas da cidade. Ainda sobre esse significativo componente que estava se criando no projeto, se chama a atenção para a sua localização dentro das medidas da construção. Para solucionar tal questionamento são observadas algumas fotos antigas que mostravam a antiga Biblioteca Municipal, e a casa vizinha, cujo lote foi agregado ao lote da biblioteca, e é justamente a divisa entre as duas que define o problema. Essa linha iria marcar o centro do corredor, e de certa forma, mostraria as proporcionais dimensões da cada prédio. Com a construção da ideia desse marcante ponto se definindo, o pensamento se volta para os volumes das antigas construções. Eles começam a ser tratados dentro de projeções ortogonais, e se dividindo entre os volumes das paredes e os volumes das coberturas. Aqui, mais uma vez, são utilizadas as fotografias que eram capazes de retratar a relação entre os volumes citados, sendo visto suas diferenças de alturas e distâncias.
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croquis
os croquis revelam o procedimento criativo baseado nas ideias e reflexões sobre os elementos que envolveriam o projeto.
limite entre as antigas construções
rio paraitinga
janelas e portas típicas
escola de música
corredor que integraria o rio e a cidade
projeções ortogonais das antigas construções praça
FONTE: Desenhos Bruno Carron
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Em decorrência a esse estudo é determinado que a obra se apresentasse com um recuo frontal, assim como acontecia com o prédio da biblioteca. Ele seria a representação do respeito que essa nova intervenção teria sobre as demais construções históricas do município, como se estivesse dando um passo para trás, se colocando num lugar que não agride a linguagem do conjunto, e dando espaço para a apreciação da história local, visto em seu patrimônio arquitetônico. Através dos levantamentos e análises feitas, o volume do novo prédio da Escola de Música estaria se consolidando, na medida em que o desenho e os aspectos formais também se construíam. Então é levada em consideração a formulação de outro componente muito relevante para o projeto: sua cobertura. Percebe-se que ela se enquadra dentro das características físicas do local, e mantém uma linguagem na medida em que se observam os alinhamentos entre cada edificação. Ao longo de toda a discussão, já apresentada na exibição das quatro primeiro versões do projeto da escola, ela é tratada como fator fundamental, e até mesmo decisivo no modo como influencia a volumetria e fachada do objeto, debatida por diversas opiniões e vertentes, e que, portanto é sujeito às avaliações dos órgãos de patrimônio. Diante de tal embate, a fim de pensar qual seria o melhor tipo de cobertura utilizado, com seu desenho e seus materiais, é levantada a questão do seu verdadeiro sentido para o projeto em jogo, chegando à hipótese de eliminá-la, num ponto de vista em que ela não existiria na forma de algum volume físico, porém ela estaria ali, e seria marcada a sua existência de um jeito diferente. Sendo assim, o edifício teria como cobertura uma laje plana, que se estenderia ao longo de todo o seu volume, criando um espaço acessível para as pessoas, e fazendo deste uso a ampliação do programa da própria construção e da extensão do espaço público da praça, palco de acontecimentos ligados aos mais diversos fins, como o simples descanso num banco, uma manifestação religiosa ou cultural, e até reuniões para se decidir questões políticas do município.
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Contudo, ao observar mais uma vez as fotos referidas anteriormente, principalmente a que mostra os fundos da antiga Biblioteca Municipal e suas casas vizinhas, nota-se o volume de um pavimento superior localizado na parte posterior da mesma biblioteca. Ele, de uma maneira ou outra, faz parte da história daquele edifício, e seria, portanto um ponto a ser analisado. E se decide manter sua presença, mas a criação desse elemento físico deveria ser coerente com o conceito adquirido para a cobertura da Escola de Música, não quebrando o seu raciocínio. Assim, ele é apresentado diante da projeção daquele antigo corpo, de modo a se perceber somente suas arestas, mantendo uma harmonia na visualização do todo. Essa mesma transparência criada, seria de total importância na relação do projeto com a paisagem urbana, pois permitiria a sua contemplação a partir da entrada da cidade pela ponte, um ponto de referência que revela aos olhos do observador a beleza de suas obras, principalmente a Igreja Matriz.
fotos da antiga Biblioteca Municipal e casas vizinhas
FONTE: Foto pessoal Vicentina Rodrigues Soares
FONTE: Foto pessoal Vicentina Rodrigues Soares
as fotografias que serviram de referência revelam as tipologias das construções em questão, mostrando suas volumetrias, fachadas, e aspectos visuais dentro da paisagem
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croquis
as ilustrações procuram demonstrar as ideias e partidos, de modo que tais estudos contribuiram na evolução de toda a construção dos elementos e funções que o projeto passaria a comportar
rio paraitinga
escola de música praça
FONTE: Desenhos Bruno Carron
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Devido à típica linguagem das construções locais, onde são marcadas pelo encontro de seus limites laterais, observado principalmente nas fachadas, é pensado como seriam implantadas as questões de conforto ambiental, já que a Escola de Música procuraria seguir com esse mesmo ritmo de conexão entre as extremidades dos edifícios. Para isso, são definidos corredores laterais, que auxiliariam na iluminação e ventilação natural dos ambientes internos do projeto, e complementados com corredor principal, que passa a ganhar suas propriedades e ser mais bem definido.
a figura mostra as soluções compreendidas para as necessidades de conforto ambiental dentro do espaço da Escola de Música, e seus limites com as lotes vizinhos
croqui
FONTE: Desenho Bruno Carron
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O PRIMEIRO ESTUDO DE PROJETO A partir do processo criativo apresentado e toda a discussão que ele envolveu, é obtido um primeiro estudo de projeto como materialização do resultado e das decisões tomadas. Assim, se percebe que o próprio procedimento é rico nas explicações dos partidos e conceitos adotados pelo autor, de modo que o projeto em si, junto a sua aparência estética e princípios construtivos, é a comprovação e a divulgação de tais ideias para o local em que ele está inserido, e para as pessoas que ocuparão seu espaço. A seguir a exposição desse primeiro estudo projetual. O projeto exibe a evolução dos estudos, no sentido de desenvolvimento do projeto arquitetônico, com a definição da planta interna, onde são setorizados e dispostos os ambientes, que praticamente não se modificam em relação às versões anteriores, muito por conta da permanência do programa. Há o setor administrativo, secretaria e recepção na parte frontal do prédio, aonde é percebido o importante corredor central, que levaria até as salas de aula e apresentações, e aos fundos da obra, onde existiria uma pequena área de convivência, integrada com a parte de fora do prédio, se encontrando com o rio Paraitinga, e uma escada que levaria até à cobertura, formada por um grande terraço, justificado pela proposta projetual. Tratando desse edifico estar situado em centro histórico, ele passa por constantes avaliações referentes à sua qualidade estética, relacionada com as demais construções da cidade. E em São Luiz do Paraitinga, a típica formação de seu conjunto arquitetônico faz que com a fachada de cada obra ganhe uma importância considerável. E no projeto em questão, não é diferente. Sua fachada apresenta quase que inalterada em relação a seu estudo. É marcada por sua porta de entrada, que mostra o corredor central, levando o olhar até o rio, e suas paredes são planos sem ornamentos, procurando não causar um impacto no seu entorno preservado, mostrando que sua simbologia através da característica esquadria dos antigos casarões, está em harmonia com as outras construções. A cobertura, citada anteriormente, é um elemento de destaque, e como também já explicado, é responsável pela ampliação dos usos que a Escola de Música oferece, e garante uma integração visual com o projeto e a paisagem urbana em que se encontra. Além de que também retrata a problemática referente aos volumes dos telhados, marcado por mudanças de ritmo e alinhamento dos mesmos.
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Todos os demais elementos ou peças da construção fazem relação com a cidade, com sua história e características, no que diz respeito às sensações e experiências geradas pelo lugar, e ao emprego de materiais que consigam transmitir as mesmas propriedades. Como exemplo se tem o uso da madeira nas linhas que se destacam no projeto, vistas nas esquadrias, no guarda corpo da cobertura, e nas estruturas do corredor principal e do volume de vidro que projeta o pavimento superior da antiga Biblioteca Municipal. perspectivas do primeiro estudo da Escola de Música . fachadas
fachada principal
fachada fundos FONTE: Desenhos Bruno Carron
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planta baixa pav. terreo . planta de cobertura
7 8 6 6
6
6
6
5
6 10
6
6
6
4
6
4
3
1
2
FONTE: Desenho Bruno Carron
imagem esquemática da Escola de Música e seu entorno FONTE: Desenho Bruno Carron
na imagem percebe-se o recuo frontal, em relação às demais construções
FONTE: Desenho Bruno Carron
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1. recepção 2. secretaria 3. administração 4. sanitários 5. corredor central 6. salas de aula/apresentação 7. área de convivência 8. volume superior 9. terraço/cobertura 10. cobertura do corredor central
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Este primeiro estudo de projeto da Escola de Música chegou até determinado aspecto segundo os pensamentos iniciais, que foram fontes para os conceitos e representações adotadas. Assim, já é constatado que seu processo de criação é totalmente determinante na formulação do projeto em si. Após a análise do mesmo, foi visto que todo o conteúdo presente na concepção das ideias ainda tinha potencial para ser mais bem trabalhado, ampliando e aperfeiçoando seus traços e interpretações segundo o desenho adotado, e que suas ações perante seus usuários poderiam ser ainda mais valorizadas. A criação estaria somente seguindo sua sequência, cujo resultado final seria concebido diante desse desenvolvimento, sem perder sua essência e seus partidos de referência. Com isso, o processo criativo continuaria com novas ideias, mas ainda seguindo sua linha de raciocínio, chegando-se por fim, no projeto final.
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PROJETO FINAL
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CONTINUANDO O PROCESSO CRIATIVO O processo criativo apresenta uma continuação seguindo os mesmo princípios conceituais e suas primeiras imagens e desenhos, capazes de transformar toda essa reflexão em algo visual, e por fim material. Dando seguimento à criação, destaca-se primeiramente uma pequena modificação no corredor central, onde ele passar agora a ser maior, com o intuito de valorizar ainda mais aquele espaço fundamental para o projeto. Voltando-se a imagem criada segundo a visão do lote vazio, o corredor se portaria como tal ilustração, sendo-o considerado como uma rua, local de importância ímpar em uma cidade, e cujas variadas funções são responsáveis pelo seu movimento e fluxo. Além de que, o aumento em sua dimensão ampliaria a perspectiva da visão criada, e também a integração da cidade com a natureza aos fundos. Junto a isso, os corredores laterais, antes responsáveis pela ventilação e iluminação das salas, desaparecem, como forma de aproveitar o espaço do lote para o programa funcional do projeto, e também, por consequência ao aumento do corredor central, que causou uma diminuição dos espaços internos. Logo, para resolver a questão do conforto ambiental, é utilizado o próprio corredor central, agora com aberturas maiores que auxiliariam em tal função. Como enfatizado anteriormente, a cobertura era um ponto de extrema relevância dentro da discussão da paisagem urbana e patrimônio histórico, e em sua sequência de estudo, passa por algumas modificações, a fim de valorizar seus princípios conceituais. A mesma ideia de sua “ausência” é mantida e mais trabalhada, retirando-se os guarda-corpos de madeira, subtraindo um elemento visual que poderia afetar naquela paisagem. Sendo assim, as próprias paredes se elevariam até uma altura considerável para proteção e segurança das pessoas que ali estariam, marcando mais precisamente a forma do prédio. O corredor central também seguiria tal linha de altura, possibilitando as aberturas mencionadas no parágrafo anterior. Retomando-se um croqui feito na primeira etapa do processo de criação, e também as fotos que retratam a antiga Biblioteca Municipal e suas construções vizinhas, modifica-se também um ponto da cobertura, onde passa a ter um recuo nas paredes de guarda-corpo, representando o mesmo recuo existente no prédio da biblioteca. Essa modificação criou um espaço ideal para a Varanda Musical, voltada para a praça.
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Outro ponto a se destacar na cobertura, e que sofreu alterações, foi o volume superior, que retratava um pavimento superior localizados nos fundos da antiga biblioteca. Depois de uma análise, percebeu-se eu desenho e sua posição não fazia parte do prédio, parecendo algo separado e perdido. Este deveria se integrar com o resto do projeto, e então há uma mudança somente em seu desenho, mantendo seus princípios relacionados à transparência que permitiria a visualização da paisagem do entorno. croquis
a imagem conceitua as funções do corredor central, junto com a linha de altura do edifícioo
recuo na cobertura, formando a Varanda Musical
amplianção do corredor central, e eliminação dos corredores laterais FONTE: Desenhos Bruno Carron
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Tratando-se da relação harmoniosa entre a cidade e a natureza, inicia-se um estudo para a área dos fundos da Escola de Música. Tal espaço deveria conter algum elemento que mantivesse a integração criada pelo corredor, e que também levasse as pessoas até o rio, para este ser sentido e apreciado. Dessa maneira, cria-se a ideia de que aquele lugar deveria ter um uso e convivência, sendo também uma ampliação do programa da escola, e do ensino e prática musical, fazendo referência aos conceitos adotados nas primeiras versões projetuais da Escola de Música, realizado no Programa UNESP por seus autores. croquis
o volume de vidro localizado sob a cobertura se torna mais integrado ao prédio
imagem conceitual sobre a continuidade do corredor central e sua integralidade com a natureza, além da ampliação do exercício musical
FONTE: Desenhos Bruno Carron
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O PROJETO FINAL O projeto final da Escola de Música se apresenta como resultado de toda a discussão obtida e aprimorada, segundo as primeiras análises sobre o local em jogo e seu entorno, e também em torno de suas questões e problemáticas, as quais giram em torno da relação com a cidade e sua população, ao patrimônio histórico, à cultura local, e ao meio ambiente. Como dito anteriormente, sua aparência física materializa os produtos dessa discussão e faz as ideias ganharem forma e desenho. Os parágrafos seguintes exibirão as explicações referentes ao projeto final, apontando as alterações segundo seu processo de concepção, e de uma maneira ampla, mostrando seus principais elementos e características, vistos também em suas ilustrações. Essa definição final segue a ideia do corredor central que cruza todo o prédio, fazendo uma ligação entre a cidade e o rio, segundo um aumento em sua largura para se portar como uma via de acesso da própria cidade e de seus usuários, auxiliando em seu caráter de edifício público. Assim, sua planta praticamente não se altera em relação ao último estudo, adaptando somente suas áreas internas. Ainda há o setor administrativo, secretaria e recepção na parte frontal do prédio, seguida pelas salas de aula e apresentação ao longo do corredor, cuja parte final daria em uma área de convivência interna e outra externa, junto ao Rio Paraitinga. Nesse mesmo local se encontraria uma escada que dá acesso à cobertura, sendo ainda uma laje que se estenderia por todo o prédio, e cujo princípio no projeto é justificado pelas discussões e pensamentos levantados. Seu volume superior, marcado por uma projeção transparente, sofre uma pequena mudança, com a intenção de se tornar mais integrante ao prédio em si. Tal área de convivência externa, como mencionada, estaria localizada nos fundos da escola, numa área margeada pelo rio. Há a presença de decks elevados do solo, permitindo a fluidez das águas, e que também estariam em diferentes níveis de altura, com o intuito de permitir diversos tipos de finalidades e usos, como por exemplo, a apreciação do rio, um local para confortar e relacionar com outras pessoas, ou ensaios e pequenas apresentações musicais.
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Nesse mesmo setor também se apresenta a fachada posterior do prédio, cuja aparência e desenho são mais trabalhados em relação à fachada principal, com um número maior de elementos e características estéticas. Sua valorização visual se deve ao fato de estar nos fundos do lote, não se comparando as outras fachadas dos casarões históricos, e por isso, se permitindo tal destaque, porém num contexto diferente das respectivas edificações, já que em São Luiz do Paraitinga pouco se vê um cuidado plástico com essa região dos prédios. A fachada principal, ponto de referência e de extrema importância em se tratar de patrimônio histórico, sofre mínimas mudanças, seguindo a ampliação do corredor central, que marca a porta de entrada, e pela eliminação dos guarda-corpos de madeira da cobertura, tornando-a ainda mais leve e interessante. Ainda se percebe o recuo na cobertura que forma um espaço propício para a Varanda Musical.
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planta baixa pav. terreo . planta cobertura
8
9 7
6 6 6 6 6
6
6
6
6
4
4
4
3
FONTE: Desenho Bruno Carron
5
11
4
1
2
FONTE: Desenho Bruno Carron
10
1. recepção 2. secretaria 3. administração 4. sanitários 5. corredor central 6. salas de aula/apresentação 7. área de convivência 8. Deck 9. volume superior 10. terraço/cobertura 11. cobertura do corredor central
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fachada principal
fachada fundos
FONTE: Desenho Bruno Carron
FONTE: Desenho Bruno Carron
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perspectivas
FONTE: Desenho Bruno Carron
FONTE: Desenho Bruno Carron
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perspectiva
FONTE: Desenho Bruno Carron
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perspectiva
FONTE: Desenho Bruno Carron
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perspectiva
FONTE: Desenho Bruno Carron
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CONSIDERAÇÕES FINAIS Observando o curso da concepção estudada, pode-se comprovar como um projeto de arquitetura é capaz de se envolver com o meio em que está inserido, e com as pessoas que se apropriam desse local, de modo que essa relação já se inicia no momento em que se faz o primeiro traço, ou que se pensa a primeira palavra sobre o objeto em questão. A partir daí, o projeto começa a ganhar valor, à medida que se fortalece com informações e elementos que contribuem na sua avaliação. O caminho trilhado dentro do processo de criação da Escola de Música seguiu uma linha de pensamento baseada em toda a discussão envolvida no projeto e seus agentes externos, passando por conceitos, cujas representações e assuntos envolvidos, fizeram parte dos desenhos e imagens pertencentes ao projeto em si. Mostram-se como as questões locais dialogam com sua linguagem, dentro de regras pertencentes ao patrimônio histórico, ditadas pelos órgãos CONDEPHAAT e IPHAN, e às propostas ligadas às teorias de restauro, junto com a vivência e singularidade da cultura e população local. É comprovada determinada grandeza, quando seu procedimento de criação apresenta um rico desenvolvimento, cujo resultado final torna-se algo diferenciado. Por fim, conclui-se que o processo de criação do determinado projeto foi de extrema importância para a efetivação de algo em que o autor provou de seus pensamentos e caminhos de raciocínio, servindo como um importante exercício metodológico, a fim de aprimorar a prática de como conceber um projeto de arquitetura que se destaque. Com isso pode-se considerar tal análise como exemplo à discussão, que deve seguir a continuidade desse trabalho, de modo exercitar a produção de um projeto arquitetônico com base na profunda e verdadeira relação que este faz com as diversas vertentes que giram ao seu redor. E nesse ponto, o arquiteto deve se fazer presente, pois o desenho e a definição da aparência formal e estética são capazes de criar o caráter do projeto, cuja plasticidade deve respeitar o conteúdo interno do mesmo, realizando uma conexão de valores que resultam em sua qualidade. Assim, se destaca o objetivo claro da procura pela melhor apresentação do objeto, de modo que ele consiga transmitir e se portar como uma obra expressiva, e que chame a atenção e os olhares externos, porém essa suntuosa exibição começa a ser elaborada nas primeiras ideias do criador, onde seus princípios se afirmam realmente criativos.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARNHEIN, R. Arte e Percepção Visual: Uma Psicologia da Visão Criadora. THOMSON PIONEIRA, 1998. 00504 p. BOITO, C. Os Restauradores; trad. Beatriz Mugayar. SÃO PAULO: ATELIÊ EDITORIAL, 2003 Carta de Veneza. 1964 CULLEN, G. Paisagem Urbana. SÃO PAULO, MARTINS FONTES, 1983 LEMOS, C. A. C. O Que é Arquitetura. SÃO PAULO: BRASILIENSE, 1982. 00085 p. VIOLLET-LE-DUC, E. E. Discourses on Architecture. LONDRES: G. ALLEN & UNWIN LTD., Vol. 1, 1959 CARRON, B. Iniciação Científica FAPESP: As diferentes concepções de uma intervenção arquitetônica no conjunto urbanístico de São Luiz do Paraitinga, 2012 Parecer Técnico 0002/2010 – Projeto “Escola de Música de São Luiz do Paraitinga” Coordenador Prof. Dr. José Xaides de Sampaio Alves http://www.saoluizdoparaitinga.sp.gov.br/index.php/historico/Jornal da Reconstrução http://www.paraitinga.com.br/slparaitinga/A_Cidade/Historico/88/Hist%C3%B3rico%20da%20Cidade
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