Reabilitando um vazio urbano edificad1 verde revisão2

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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

REABILITANDO UM URBANO EDIFICADO

VAZIO

Proposta de habitação social no centro do Recife Pag

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BRUNO GUSTAVO MACHADO ARAGÃO PEIREIRA


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Universidade Católica de Pernambuco CCT - Centro de Ciências e Tecnologia Curso de Arquitetura e Urbanismo

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Trabalho Final de Graduação II Reabilitando um Vazio Urbano Edificado - Proposta de habitação social no centro do Recife Aluno: Bruno Gustavo Machado Aragão Pereira Orientadora: Léa Cavalcanti Recife, 4 de dezembro de 2017


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

APRESENTAÇÃO O presente documento consiste no produto da disciplina Projeto Final de Graduação II, 2017.2, do estudante Bruno Gustavo Machado Aragão Pereira, elaborado sob a orientação da professora Léa Cavalcanti, em atendimento às exigências do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pernambuco, como requisito para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. O

trabalho

propõe

um

anteprojeto

para

a

elaboração de unidades para Habitação de Interesse Social, estrutura

ociosa,

denominada

de

Esqueleto Urbano, em um vazio urbano edificado localizado no centro do Recife.

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uma

Pag

reaproveitando


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

AGRADECIMENTOS

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A todos que me apoiaram e me incentivaram durante o curso.


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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.....................................................................8

5.3.3. Remanescente urbano........................................32

2.JUSTIFICATIVAS................................................................12

5.4. Óbito arquitetônico......................................................34

3.OBJETIVOS........................................................................12

5.4.1. Morte por abandono..............................................34

3.1. Objetivo Geral..............................................................18

5.4.2. Morte prematura..…..............................................36

3.2. Objetivos específicos...................................................18

6. REABILITAÇÃO DE CORPOS EDIFICADOS...................39

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..........................19

6.1. Carta de Lisboa...........................................................39

5. VAZIOS URBANOS...........................................................20

6.2. Preceitos para a reabilitação.......................................44

5.1. Introdução ao vazio urbano...........................................20

7. HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL.............................46

5.1.1. Friches Industrielles.................................................22

7.1. Necessidades para a concepção de habitacionais......50

5.1.2. Friches Urbaine........................................................22

7.2. Desenho Universal........................................................60

5.2. Terrain Vague...............................................................24

7.3. Uso flexível...............................................................62

5.3. Classificando os vazios.................................................26

7.4. Uso simples e intuitivo.............................................63

Pag

6

5.3.1. Área ociosa.........................................................28 5.3.2. Espaço residual...................................................30

8. REFERÊNCIAIS PROJETUAIS.........................................65


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8.1. Reabilitação com mudança de uso................................65 8.2. Residencial Alexandre Mackenzie.................................73 9. DEFINIÇÃO TERRITORIAL...............................................78 9.1. Edifício Siqueira Campos................................................80 10. ANÁLISE TERRITORIAL DO EDIFÍCIO SIQUEIRA CAMPOS............................................................................... 86 10.1. Análise Usos.................................................................86 10.2. Análise de Fluxos .........................................................90 10.3. Análise do Gabarito.......................................................92 10.4. Análise da Legislação...................................................96 11. PROJETOS PARA O EDIFÍCIO SIQUEIRA CAMPOS..100 12. DIRETRIZES PROJETUAIS..........................................112 13. A PROPOSTA................................................................113 14.CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................157

Pag

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15. REFERÊNCIAIS BIBLIOGRÁFICAS .............................158


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

1.

INTRODUÇÃO A

reabilitação

de

vazios

urbanos

Remanescente urbano (vazio de uso, áreas que podem já ter

edificados para a elaboração de moradias para Habitação de

desempenhado uma função, mas que hoje se encontram

Interesse Social, voltadas para população de baixa renda.

abandonadas).

Primeiramente precisamos entender os tipos de vazios e

Em 2007 o arquiteto Luiz Amorim publica o

como eles ocorrem. No início da década de 70, com a

Obituário Arquitetônico: Pernambuco modernista, onde dois

desindustrialização das cidades europeias, surgiram os

tipos arquitetônicos, definidos por ele, se relacionam com a

primeiros vazios, denominados de Friches Industriales (para

ideia de Vazio de uso, seriam a morte, morte por abandono,

vazios em áreas rurais) e Friche urbanies (para vazios em

onde o edifício é esvaziado pela perca da sua capacidade de

áreas urbanas), onde posteriormente Solá-Morales designa

promover interação humana, e a Morte Prematura, quando o

todos esses tipos de vazios como Terrain Vague, na tradução

edifício é paralisado entes da sua conclusão, restando apenas

seria

o seu esqueleto estrutural ou partes.

Terra

Vaga,

que

seriam

os

vazios

industriais,

ferroviários, portuários, residenciais, lugares contaminados e

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cidades evacuadas pós-guerra.

Por meio desse estudo é concluído que o vazio de uso, ou morte prematura, possui um grande potencial para sua

Esses vazios são reclassificados em

reabilitação voltado para atender o déficit das habitações,

DITTIMAR (2006) como Área Ociosa (seria o vazio físico,

neste caso estaríamos requalificando a paisagem urbana, que

grandes terrenos não parcelados, ou parcelas não utilizadas),

se encontra “poluída” com uma edificação abandonada e ao

Espaço Residual (vazio físico e de uso, são espaços não

mesmo tempo estamos dando um uso a ela, recuperando a

utilizados, resultante de sobras de outros espaços) e

interação entre a cidade e as pessoas.


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pretendemos

reabilitar

uma

social, essas moradias são destinadas às famílias de baixa

edificação é entendido que as condições para sua realização

renda que não possuem poder aquisitivo para a compra de

dependem inteiramente dos graus de ajustes necessário para

imóveis e aqueles que recebem totalizando até três salários

a adequação ao projeto que venha a ser estabelecido,

mínimos. Uma alternativa de aquisição dessas moradias é

podendo variar de pequenos reparos a grandes alterações em

realizada através da Caixa Econômica Federal, podendo

sua estrutura. Waldetario (2009) trata essa ação como parte

também partir de uma parceria público-privada, conhecida

do ciclo da vida dos edifícios onde teríamos duas opções para

como o programa Minha Casa Minha Vida em que são

a sua demolição ao final de toda a manutenção, que já foi

concebidos casas e apartamentos nas dimensões mínimas de

realizada ou a reabilitação para prolongar ainda mais a sua

39m², possuindo sala, cozinha, banheiro e dois quartos.

vida util.

Atualmente, na maioria das construções o modelo elaborado, A análise do imóvel é a peça chave para a

que na maioria dos casos é replicado em distintas áreas, não

decisão de reabilitação, pois ela exibe informações das

atende sempre a demanda dos diferentes estados brasileiros

particularidades urbanas do local, conhecimento sobre a

e os variados arranjos familiares.

propriedade e assimilação de todos aspectos envolvidos para

Compreendendo

elaborado por Monica Raposo (1981), são expostas as a

questão

dos

vazios

urbanos chegamos a outra problemática que é o propósito da reabilitação para o tema abordado, a habitação de interesse

necessidades para a concepção das moradias, em que a habitação

ideal

deveria

fornecer

soluções

como

a

flexibilidade, atendimento a demanda crescente, economia por

escala

de

produção,

entre

outras.

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a sua elaboração.

Em Manual do Projeto de Habitação Popular

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Quando


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Posteriormente publicado o livro de título: Desenho Universal, Habitação de Interesse Social, em 2010 pelo Governo do Estado de São Paulo, são sugeridas algumas diretrizes

para

a

elaboração

de

plantas

visando

a

acessibilidade e que venham a servir para todos os tipos de pessoas, portadoras de deficiência ou não. Seguindo esses fundamentos é pretendida a elaboração das moradias, mas para tal é necessário definir o local de aplicação. Para a elaboração da proposta foi definido o edifício Edif. Siqueira Campos, na rua de mesmo nome no bairro de Santo Antônio na cidade do Recife-PE, como objeto de estudo deste trabalho, pois se adequaria as especificações propostas abordadas neste volume. Por meio de análise e interpretação dos seus entornos e da própria edificação o Edifício Siqueira Campos se apresentou viável para sua reabilitação dentro de todos os temas abordados. Diante disto

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foi elaborado um estudo acerca de suas propriedades arquitetônicas e urbanísticas para a que posteriormente venha a ser desenvolvida a proposta de sua reabilitação.


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2.JUSTIFICATIVA

Diante da necessidade de gerar habitações de

tem a marca de 131.077 mil moradias, segundo o

interesse social, que é evidenciado pelos números do déficit

levantamento feito pela Pesquisa Nacional por Amostra de

habitacional não só de Pernambuco, mas do Brasil como um

Domicílios (PNAD - IBGE em 2014).

todo, e dos vazios urbanos que estão cada vez mais evidentes nas cidades contemporâneas, é proposta uma solução em que favorecesse os dois pontos, utilizando estruturas

ociosas,

reabilitando

e

adaptando

essas

edificações para a criação da habitação de interesse social. Alguns grupos e movimentos sociais defendem e reenvidicam

a

utilização

de

edificações

abandonadas,

inacabadas ou que já executaram uma função no passado, mesmo que não seja especificamente habitacional, mas que por ora se encontrasse sem uso, para fins habitacionais. Edificações essas que deveriam sofrer avaliações para definir

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como e de qual forma se adequariam. Em Pernambuco o total absoluto do déficit é de 274.905 mil moradias e só a região metropolitana do Recife


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Fig.02:Palafitas localizadas entre as pontes Paulo Guerra e Agamenon Magalhães, no bairro do Pina, zona sul do Recife. Fonte: Disponível em: http://jconline.ne10.uol.co m.br/canal/cidades/notici a/2012/01/22/desordemna-rota-da-copa29418.php. Acessado em maio de 2017

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Fig.01: Favela nas laterais da entrada do Túnel Augusto Lucena, em Boa Viagem, Recife, PE. Fonte: Disponível em: http://jconline.ne10.uol.c om.br/canal/cidades/noti cia/2012/01/22/desorde m-na-rota-da-copa29418.php. Acessado em maio de 2017


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Exemplos de edificações reabilitadas para fins de habitação de interesse social já são vistos e explorados no Brasil. Em São Paulo, no ano de 2013, o governo do estado em parceria com a entidade Unificação das Lutas de Cortiço, que ajudou a identificar o imóvel, fechou uma parceria para Retrofit e consequentemente reabilitação do Edifício Conselheiro Crispiniano que continha 13 andares e pertencia ao INSS e estava sem uso. Localizado no Centro de São Paulo capital, o projeto foi desenvolvido para abrigar 72 unidades de moradias populares e com um mix de plantas de áreas diferentes, apartamentos de 30m², 43m² e 51,8m² para o melhor aproveitamento do espaço. Foi o primeiro Retrofit da Secretaria de Habitação de São Paulo, e segundo a secretaria intervenções como essa ajudam a reduzir custos na oferta de habitações, diminui o déficit habitacional e traz famílias para morar no centro, ajudando quem trabalha na região, povoando uma área de grande importância para a cidade. Na intervenção o edifício teve sua fachada renovada, instalações elétricas e hidráulicas, circulação, elevadores e toda infraestrutura necessária para adequar ao novo uso.

Fig.03: Edifício Conselheiro Crispiano internamente pós Detroit. Fonte: Disponível em: www.revistaqualimovel.com.br. Acessado em maio de 2017


Fig. 04:Edifício Conselheiro Crispiano durante reabilitação. Fonte: Disponível em: http://www.habitacao.sp.gov.br. Acessado em maio de 2017

Fig.05: Edifício Conselheiro Crispiano pós Reabilitação. Fonte: Disponível em: www.revistaqualimovel.com.br. Acessado em maio de 2017

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Fig.38: Edifício Conselheiro Crispiano internamente pós Retrofit. Fonte: Disponível em: www.revistaqualimovel.com.br

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A reabilitação de corpos edificados em estado deteriorado ou até mesmo de abandono já vem sendo bastante utilizada no meio da construção civil em diversas localidades. Segundo a Euroconstruct (2006, apud BARRIENTOS, Maria Izabel, 2009) “o mercado de construção residencial foi responsável, somente nos países europeus, pela movimentação de 642 bilhões de euros, em 2005. Desse total, aproximadamente 302 bilhões de euros (47%) foram aplicados em obras de reabilitação de edifícios residenciais”. A reabilitação desses edifícios seria mais eficiente e econômica do que a sua demolição para dar lugar a uma nova construção, se destacam para essa escolha também o aproveitamento da infraestrutura oferecida pela edificação e existente em seu entorno, o impacto na paisagem urbana que seria reduzido ou anulado e ainda traria vida a algo que já não servia e estava danificado, em alguns casos a reabilitação também é destinada para a recuperação de um patrimônio sociocultural e histórico e quando voltado para habitação ajuda a reduzir os níveis de déficit habitacional.


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Fig. 06: Europa Palace Hotel na Av. Ipiranga em São Paulo. Fonte: Disponível em: http://www.saopauloantiga.com.br/europapalacehotelvanguard/. Acessado em maio de 2017

Fig. 07 Europa Palace Hotel na Av. Ipiranga em São Paulo pós reabilitação. Fonte: Disponível em: http://www.saopauloantiga.com.br/europapalacehotel-vanguard/. Acessado em maio de 2017


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3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo geral: Propor a reabilitação de um edifício abandonado, comumente chamado de esqueleto urbano, na cidade do Recife.

3.2. Objetivos específicos: Elaboração de um anteprojeto, propondo reabilitar uma edificação abandonada visando a reinserção do edifício à paisagem urbana da cidade com a criação de habitações de interesse social e unidades de uso comercial e serviços, pretendendo

contribuir

para

a

diminuição

do

déficit

habitacional de moradias populares, principalmente nos

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centros


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fluxos de pedestres, legislação vigente no local e

4.PROCEDIMENTOS

levantamento fotográfico do edifício e adjacências.

METODOLÓGICOS Para a definição e elaboração desta proposta, de reabilitação de um edifício para fins de habitação de interesse social, foram executados os seguintes procedimentos:

Analise da edificação e de projetos já elaborados para a mesma.

 Definição das diretrizes projetuais.

 Pesquisa bibliográfica e análise acerca do tema Vazios Urbanos;  Pesquisa bibliográfica e análise acerca do tema Habitação de Interesse Social;  Pesquisa bibliográfica sobre e análise sobre a Reabilitação de edificações;  Pesquisa bibliográfica e análise de referências projetuais

acerca

de

edificações

concebidas

e

reabilitadas para o uso de habitação de interesse social ou compatíveis para a intenção.

estudo, analisando os usos, gabaritos das edificações,

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entorno da edificação definida como objeto de

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 Pesquisa de campo e levantamento de dados do


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5. VAZIOS

URBANOS

Com base nos fundamentos vistos anteriormente,

toda evolução urbana das cidades foram gerados vazios urbanos, isso por conta das mudanças nas estruturas produtivas, mudanças econômicas e guerras.

para a concepção da habitação de interesse social se torna

Durante a década de 1970 com o processo de

necessário à definição do local para o estudo e proposição

desindustrialização o termo vazio urbano ganhou notoriedade

das moradias, preocupado não apenas por esse tema

como uma categoria no tecido urbano das cidades, pois

buscou-se fazer uma ligação com os vazios urbanos, que a

surgiam

meu ver seriam áreas em potencial para receber essas

obsolescência e fechamento de algumas indústrias devido a

habitações.

novas demandas de produtividade.

Essa analise surgiu

inicialmente

que

5.1. Introdução ao vazio urbano

novas

em

áreas,

países

novos

vazios,

europeus

proveniente

eram

da

bastante

industrializados e que geraram grandes vazios com a Inicialmente, antes da urbanização dos centros, os

desindustrialização, e com o tempo o fenômeno foi ganhando

vazios urbanos eram considerados apenas os espaços

tal força ao ponto de necessitar ser classificado na França os

realmente livres e abertos nas cidades como os parques,

termos utilizados foram o Friches industrielles e Friches

praças, áreas de circulação de carros e pedestres e lotes

Urbaine.

desocupado. Eram as áreas não edificadas, que ainda não tinham sido urbanizadas, mas que poderiam posteriormente

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ser ocupadas, porém com o passar dos anos a tipologia do vazio urbano foi ganhando novas classificações, diante das evoluções das cidades atuais. Segundo Borde (2006) durante


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Fig. 08: Industria abandonada na França. Fonte: Disponível em: https://www.lesechos.fr/13/05/2015/LesEchos/2 1937-141-ECH_l-inepuisable-filon-des-frichesurbaines.htm. Acessado em maio de 2017

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Um dos precursores desse conceito foi Jean Labasse, geógrafo francês, que em 1966 associou o conceito de friches sociales (vazio social), ao de ciclo industrial e descentralização industrial. A outra expressão é a de “friches urbaines”, que significa “Terras livres e abandonadas no meio urbano e na periferia por não terem sido cultivadas ou construídas, onde há demolições de edifícios, fábricas ou instalações provisórias, e também os antigos quarteirões de fábricas e vilas operárias” (DANIELA VIEIRA GOULARTE, 2014).


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5.1.1. FRICHES INDUSTRIELLES O

termo

Friches

industrielles

se

referia

a

edificações e glebas industriais nas áreas rurais que encerraram ou mudaram suas atividades e permaneciam com seus terrenos desocupados por um período de um ano ou mais.

5.1.2. FRICHES URBAINE Friches Urbaine era o termo utilizado para os outros vazios na área urbana como os portuários, ferroviários, comerciais e residenciais, que podiam ocorrer por conta também da falência das mesmas ou de outras causas como

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desastres naturais e acidentais. Fig. 09: Can Ricart, Barcelona, de 1852. Complexo industrial de 21.000 m² se dedicou durante décadas à confecção de tecidos. Fonte: Disponível em: http://www.lavanguardia.com/loca l/barcelona/20160303/401679008 15/can-ricart-poblenoubarcelona-lentorenacimiento.html. Acessado em maio de 2017


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Fig. 11: A Estação Inte rnacional de Canfranc, localizada na região de Huesca (E spanha). Fonte: http://www.slip talk.com/aban donedplaces/. Acessado em maio de 2017

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Fig. 10: Fábrica abandonada em área rural da Bélgica. Fonte: Disponível em: http://artcontext o.com.br/artigoedicao04daniela_goulart e.html. Acessado em maio de 2017


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espaços por conta da ausência da arquitetura e passa a

5.2. TERRAIN VAGUE Ainda estudando e buscando identificar os vazios

aparentar ser de caráter externo a sistemática urbana, como

urbanos Solá Morales (2003) diz que as cidades acumulam

isso ele reafirma o papel da arquitetura, “pertence mesmo a

experiências e problemáticas dos lugares durante os tempos,

essência da arquitetura sua condição de instrumento de

e que os espaços vazios fazem parte dessa história. Esses

organização, de racionalização, de eficiência produtiva, capaz

espaços são denominados por ele com a expressão terrain

de transformar o inculto em cultivado, o baldio em produtivo, o

vague de origem francesa, terrain (porção de terra) e vague

vazio em edificado.” Então quando a arquitetura intervém em

(desocupado, livre). Áreas industriais abandonadas, ferrovias

um Terrain vague ela muda esse espaço e troca o sentimento

abandonadas, estações ferroviárias abandonadas, portos

de aversão por um de espaço eficiente.

abandonados,

áreas

residenciais

inseguras,

lugares

contaminados e evacuados devido a guerras também entram nessa classificação. Seria um vazio como ausência de uso, entretanto como um espaço possível para geração futura de atividades.

Segundo

ele

são

lugares

aparentemente

esquecidos com predominância da memória passada e desconexo da cidade atual, espaços que se encontram em um ponto de vista econômico fora da estrutura produtiva e

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que pode ser dito que a cidade não se relaciona ali, ficam fora da dinâmica urbana gerando áreas desabitadas, improdutivas e inseguras. O habitante se sente desprotegido nesses


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Fig. 12: cidade alemã esvaziada pós ataque aéreo durante a segunda guerra mundial. Fonte: Disponível em: http://kidbentinho.blogspot.com.br/2013/02/os10-bombardeios-mais-devastadoresda.html. Acessado em abril de 2017


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5.3. CLASSIFICANDO OS VAZIOS Entre inúmeras classificações que surgiram ao logo dos tempos em referência aos Vazios Urbanos, Dittmar (2006),

através

da

análise

da

morfologia desses vazios os classifica em três tipos, o que facilitaria na identificação

deles

e

possibilitaria

posteriormente estabelecer estratégias para

intervenção,

eles

são:

remanescente urbano (vazio de uso), área ociosa (vazio físico) e espaço residual

(vazio

físico

e

de

uso),

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conforme o quadro.

Quadro 01: Classificação de vazios urbanos segundo DITTIMAR (2006).


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5.3.1. ÁREA OCIOSA A área ociosa segundo DITTIMAR (2006) seriam os grandes terrenos não parcelados em lotes e até mesmo os lotes, ambos quando não possuem alguma ocupação edificada, assim gerando o vazio físico, muitas dessas áreas permanecem assim por anos visando o aumento de sua valorização através da especulação imobiliária. Convém salientar que este tipo de vazio físico classificado pela autora não é considerado nos vazios dissertados por Sola-Morales, quando o mesmo se refere a terra expectante, pois esses

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vazios aparentemente nunca foram construídos.

Fig. 13: Área Ociosa, Terreno baldio no bairro do Pina em Recife-PE. Fonte: Disponível em: http://jconline.ne10.uol.c om.br/canal/cidades/noti cia/2014/08/09/imoveisabandonadosdeterioram-paisagemda-zona-sul-do-recife139528.php. Acessado em abril de 2017


Fig. 14: Área Ociosa, Terreno não parcelado no bairro do Jiquiá em Recife-PE, onde pretendia ser construído um shopping e edifícios comerciais e residenciais. Fonte: Disponível em: http://infornativo.com.br/shopping-metropolitano-e-ecocity-jiquia-em-stand-by/ Acessado em abril de 2017

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5.3.2. Espaço residual Os espaços residuais, por DITTIMAR (2006), são as áreas subutilizadas onde não há ocupação, são espaços não calculados e resultantes de outros espaços com usos, os rejeitos urbanos da cidade. São classificados assim os vazios existentes cobertos por pontes e viadutos, margens de ferrovias e rodovias, áreas junto a estações de transporte e áreas onde passam linhas de alta tensão. Quase nunca

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percebidas e isoladas da interação urbana.

Fig. 15: Área Ociosa. Margens do metrô em Recife-PE. Fonte: Disponível em: http://maxionibusolinda.blogspot.com .br/2014_11_01_archive.html Foto: Sergio Bernardo. Acessado em abril de 2017


Fig. 16: Espaço residual, Viaduto da PE-15 em Olinda-PE. Fonte: Disponível em: https://blogdaoposicaodeolinda.wordpress.com/2015/09/09/viadutos-da-pe-15-viram-moradia-para-sem-tetos/ http://estradasdepernambuco.blogspot.com.br/2011_11_01_archive.html. Acessado em abril de 2017

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5.3.3. Remanescente urbano Classificado por DITTIMAR (2006) e relacionado diretamente com a ideia de Terra Vaga do autor Sola-Morales o remanescente urbano seria o resultado atual dos vazios de uso em áreas edificadas, áreas que hoje não tem uma geração de atividade, são espaços onde ocorre a quebra de ritmos e acabam modificando a morfologia urbana e geram descontinuidades. São áreas onde abrigavam antigas funções e atividades industriais e que acabaram com estruturas hoje ultrapassadas como alguns portos e ferrovias, gerando espaços vazios e incertos. Também entram na conta os edifícios abandonados que já abrigaram alguma função no

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passado ou não chegaram nem a ser utilizados.

Fig. 17: Remanescente urbano, Cais José Estelita, bairro de Santo Antônio em Recife-PE. Fonte: http://www.observatoriodorecife.org.br/nota-sobre-areintegracao-de-posse-no-cais-jose-estelita/ Foto: Movimento Ocupe Estelita / Josivan Rodrigues. Acessado em abril de 2017


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Fig. 18: Remanescente urbano, Cais José Estelita, área de antigos armazéns onde passava a Rede Ferrovia Federal no bairro de Santo Antônio em Recife-PE. Fonte: http://www.elementararquitetura.com.br/blog/o-casoestelita/ Foto: Manoela Pires. Acessado em abril de 2017

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possuem ligação com vazios urbanos e sim com a perca da

5.4. Óbito arquitetônico No estudo sobre os remanescentes urbanos

identidade arquitetônica.

encontro uma relação com os Óbitos Arquitetônicos de Luiz Amorim,

em

Obituário

Arquitetônico

Pernambuco

5.4.1. Morte por Abandono A morte por abandono ocorria quando um edifício

Modernista 2007, onde ele trata esses vazios urbanos como Óbitos, seriam vazios edificados que por algum motivo se

perdia

encontram esvaziados, sem utilização e vida. A morte da

movimentariam interação humana, muitas vezes se dava pela

edificação pode ser vista como o desaparecimento do edifício

limitação de sua arquitetura. Como por exemplo as casas de

em totalidade ou em partes, mas a arquitetura para o autor

cinema da cidade do Recife, foram perdendo seu público em

está além da matéria, pois ela é definida também pelo local

decorrência da mudança de hábito da sociedade, onde o

em que está composta, no espaço que é por ela definido e o

cinema concorria com as outras mídias e até mesmo com os

mais importante pela presença do homem, pois seria o

shoppings que passaram a abrigar também salas de projeção,

principal para dar vida a um espaço.

com isso seus terrenos e edifícios foram esvaziados.

Os Óbitos descritos pelo arquiteto são a morte de nascença, morte por parasita, morte por vaidade, morte por abandono, morte anunciada e morte prematura. Duas classificações de Óbito Arquitetônico descritas por Luiz

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Amorim se relacionam com Remanescente Urbano, que seria o vazio de uso classificado por DITTIMAR (2006), são a Morte por abandono e Morte prematura, as demais mortes não

a

capacidade

de

promover

encontros

que


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Fig. 19: Remanescente urbano ou Morte por Abandono, Antigo Edifício Cine Torre, bairro da Torre em Recife-PE. Fonte: Disponível em: http://www.paulocannizzaro.com.br/post.as p?id=35&t=os-cinemas-de-recife. Acessado em abril de 2017

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5.4.2. Morte prematura A Morte prematura ocorria quando o edifício tinha sua obra paralisada ainda em fase inicial, morrendo antes de se tornar por completo em forma, espaço e função, conhecidos como esqueletos urbanos, geralmente uns dos vazios que mais chamam atenção na paisagem urbana da cidade do Recife e outras capitais, segundo AMORIM (2007). Em algumas dessas construções, ainda há uma sobrevida parcial de suas partes por usos que não foram previstos a estas,

mesmo

quando

sua

reconstrução

é

possível,

considera-se que haverá uma perda para o projeto, já que as modificações

atendendo

novas

demandas

vigentes

e

contemporâneas inviabilizariam a reprodução fiel. No entanto, seria a única forma de ressuscitar uma obra arquitetônica. Vazios como esses, apresentam potencial para sua reabilitação

e

finalização,

pois

seria

mais

viável

financeiramente a reinserção de um corpo edificado, em vez

Pag

36

de sua demolição. É o que defendem, também, algumas organizações ligadas a busca da habitação de interesse social em prol da diminuição do déficit habitacional.

Fig.20: Vazio remanescente/Morte por abandono, Edifício Villagio, da falida Construtora Falcão que depois de anos teve a obra assumida pela construtora Casa Grande no Bairro da Torre. Fonte: http://www.leiaja.com/ Noticias/2014/10/15/esqueletos-de-concreto-enfeitamregiao-metropolitana/. Acessado em abril de 2017


Pag

Fig.21: Vazio remanescente/Morte por abandono, EdifĂ­cio Villagio, da falida Construtora FalcĂŁo que depois de anos teve a obra assumida pela construtora Casa Grande no Bairro da Torre. Fonte: http://www.leiaja.com/ Noticias/2014/10/15/esqueletos-de-concreto-enfeitamregiao-metropolitana/. Acessado em abril de 2017

37

REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO


Pag

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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Fig.22: Edifício pós reabilitação, Espanha. Fonte: disponível em: https://blog.caloryfrio.com/ventajas-de-larehabilitacion-energetica/. Acessado em abril de 2017

Fig.23: Edifício abandonado em reabilitação, Espanha. Fonte: disponível em: https://blog.caloryfrio.com/ventajas-de-larehabilitacion-energetica/. Acessado em abril de 2017


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

6. REABILITAÇÃO

DE

6.1. Carta de Lisboa Em 1995 durante no primeiro encontro Luso-

CORPOS EDIFICADOS

Brasileiro de Reabilitação Urbana de Lisboa, realizado em

Dentro das possibilidades existentes várias termos

Lisboa, foram discutidos planos de reabilitação para áreas

fazer

urbanas e edificações, ideias essas que eram de interesse

referência à ações multiplas no sentido de reabilitar um

comum aos dois países, e ao final do encontro foi criado uma

edifício,

carta de recomendações propostas que veio a se chamar de

e

subclassificações

que

poderiam

segundo

ser

usadas

BARRIENTOS

para

(2004)

são

a

recuperação, reforma, restauro e retrofit. Nelas encontramos

Carta de Reabilitação Urbana Integrada ou Carta de Lisboa.

algumas sub definições. Recuperação: ato ou efeito de recuperar (-se); recobramento; reestabelecer. Reformar:

perdida); por em bom estado; reparar; recuperar; consertar, muito usado para definir intervenções em patrimônios históricos, onde visam preservar sua identidade e por fim Retrofit, este que é um termo bastante utilizado no meio da arquitetura quando nos referimos a modernização de um edifício e seus sistemas.

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Restauro: recuperar posse ou domínio de (alguma coisa

É uma estratégia de gestão urbana que procura requalificar a cidade existente através de intervenções múltiplas destinadas a valorizar as potencialidades sociais, económicas e funcionais a fim de melhorar a qualidade de vida das populações residentes; isso exige o melhoramento das condições físicas do parque construído pela sua reabilitação e instalação de equipamentos, infraestruturas, espaços públicos, mantendo a identidade e as características da área da cidade a que dizem respeito.(Carta de Lisboa,1995).

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reconstruir a antiga forma ou dar melhor forma, corrigir.


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Essa

carta

tem

como

função

nortear

um

Um exemplo de reabilitação é o projeto Porto Novo

entendimento comum para intervenções de reabilitação aos

Recife que visa a reabilitação de armazens no Bairro do

dois países. A seguir vemos algumas das definições que se

Recife. Nele notamos que a maioria das caracteristicas da

relacionam com a reabilitação dos vazios edificados, tema

antiga construção foi conservada e outras modificadas dando

desse estudo:

novo uso ao local que no passado funcionou como depósito

Definição e conceitos Artigo 1º A Reabilitação Urbana utiliza técnicas variadas, cuja definição e objeto de análise são aceitos pelos dois países, conforme segue: ...,

de cargas do porto e hoje com a conclusão parcial do projeto já contam com lojas e restaurantes.

e) Reabilitação de um edifício: Obras que têm por fim a recuperação e beneficiação de uma construção, resolvendo as anomalias construtivas, funcionais, higiénicas e de segurança acumuladas ao longo dos anos, procedendo a uma modernização que melhore o seu desempenho até próximo dos atuais níveis de exigência. ...” (Carta de Lisboa,1995).

Desta forma a reabilitação não tem compromisso com a manutenção exata e continuidade de formas

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40

arquitetonicas, fachadas e outro elementos do edificio que venha a sofrer a intervenção, é buscado melhorias em toda a sua estrutura para dar um novo conceito ao edificio.

Fig.24: Antigo armazém no porto do Recife – PE, Brasil. Fonte: disponível em: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=471691 Acessado em abril de 2017


Fig.25: Porto Novo Recife, armazéns reabilitados em Recife-PE Fonte: disponível em http://www.essemundoenosso.com.br/ armazens-do-porto-recife/. Acessado em abril de 2017

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41

REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

O Edifício Chanteclair construído no século 19 é um exemplo de restauro, mesmo que não finalizado internamente e ainda permanecendo como um vazio urbano, em 2010 suas fachadas foram totalmente restauradas de forma que ficaram como era originalmente. g) Reconstrução de um edifício: Qualquer obra que consista em realizar de novo, total ou parcialmente, uma instalação existente, no local de implantação ocupado por esta e mantendo, nos aspectos essenciais a traça original. h) Renovação de um edifício: Qualquer obra que consista em realizar de novo e totalmente um edifício num local anteriormente construído. (Carta de Lisboa,1995).

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42

Fig.26: Edifício Chantecler restaurado em 2010 no bairro do Recife. Fonte: Disponível em: http://wikimapia.org/576042/pt/ConjuntoChantecler. Acessado em abril de 2017


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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Fig.27: Edifício Chantecler restaurado em 2010 no bairro do Recife. Fonte: disponível em: https://www.flickr.com/photos/ermo/sets/72157603451003195/ Acessado em abril de 2017


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

6.2. Preceitos para a reabilitação

Waldetario (2009) trata a reabilitação de edifícios como parte do ciclo da vida útil deles, como é visto no diagrama a seguir. Teríamos duas opções para o ciclo de vida de um

Para HERRIQUES (1990) a reabilitação seria o aglomerado de intervenções que se destinam a elevar os níveis qualitativos de uma edificação, fazendo com que ele

edifício, a sua demolição ao final de toda a manutenção que já foi feita ou a reabilitação para prolongar ainda mais a sua vida util.

atinja condições mais fucionais do que da forma que foi projetado anteriormente. A reabilitação é utilizada sempre que se pretenda adaptar o edificio para uma utilização diferente daquela para que foi concebido ou, simplismente, torná-lo utilizável de acordo com os padrões atuais. HENRRIQUES (1990)

Segundo MATOS (2015) quando reabilitamos um edifício, favorecemos diretamente também o restabelecimento de áreas do seu entorno, e devemos nos atentar a utilizar todos os recursos existentes disponíveis. É necessário

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44

entender que este processo, seja ele em um bem público ou privado, pode e deve contribuir não só para os proprietários, mas também para todo o perímetro urbano.

Fig.28: Ciclo de vida de um edifício. Fonte: adaptado, WALDETARIO (2009).


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Geralmente

para

processo de reabilitar uma edificação se torna um pouco

de

complexo, pois envolve vários fatores do projeto existente e a

adequação do imóvel a novas formas é um deles. O edifício

suposta imposição da continuidade deles como parte da

deverá possibilitar ajustes que venham a ser impostos pelo

conservação do projeto, pois mesmo que a intenção seja

empreendimento

em

“mudar para melhor”, o projeto original sempre ira impor

consideração a necessidade de reparos a serem feitos a

condicionantes estruturais e ao respeita-la é que devemos

depender da situação de sua estrutura, reparos esses que

desenvolver o projeto de reabilitação.

reabilitarmos

dependemos

um

corpo

de

edificado.

pretendido.

alguns A

Também

fatores

competência

é

levado

podem partir de pequenos ajustes a inúmeras modificações estruturais, que seria uma conexão entre a condição do edifício e as demandas para seu novo uso. A análise do imóvel é reconhecida como peça importante para a decisão de reabilitação, pois ela incorpora informações

das

particularidades

urbanas

do

local,

conhecimento sobre a propriedade e assimilação de todos os aspectos envolvidos para a sua elaboração. Para a fase de elaboração de um projeto como esse seria necessário a inspeção

do

imóvel,

promovendo

buscar

todas

suas

feita a elaboração do projeto. No final das contas, esse

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diretrizes urbanísticas acerca da área para que com isso seja

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características e todo o levantamento dos parâmetros e


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL 7.

Segundo a Caixa Econômica Federal as habitações de interesse social são os tipos de habitação que se destinam à parte da população de baixa renda, em que a falta de poder aquisitivo torna mais difícil ou impede o acesso à moradia por meio do mercado imobiliário. Na maioria das vezes as suas construções partem da iniciativa pública e têm como premissa diminuir o déficit habitacional e a falta da oferta de residências de baixo custo. Habitações essas sempre providas de rede de abastecimento d'água, energia

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46

elétrica, esgotamento sanitário e acessibilidade.

Fig. 29: Conjunto habitacional de apartamentos em São Paulo, Brasil. Fonte: Disponível em: http://www.minhavidami nhacasa.com/cadastrocohab-sp-inscricoes. Acessado em abril de 2017


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

O Programa Habitação de Interesse Social, por meio da Ação Apoio do Poder

utilizado em diversos projetos de Habitação de Interesse Social, até mesmo pelo

Público para Construção Habitacional para Famílias de Baixa Renda, objetiva viabilizar o acesso à moradia adequada aos segmentos populacionais de renda familiar mensal de até 3 salários mínimos em localidades urbanas e rurais.

(Disponível

em:

http://www1.caixa.gov.br/gov)

Atualmente no Brasil existem diferentes tipos de

Fig. 30: Conjunto habitacional de casas, Brasil. Fonte: Disponível em: http://www.minhavidaminhacasa.com/cadastro-cohab-spinscricoes. Acessado em abril de 2017

financiamento de moradias voltadas para a habitação de interesse social, uma delas é gerenciada pelo Programa Minha Casa Minha Vida e financiada pela Caixa Econômica Federal oferecendo condições mais facilitadas para o financiamento dessas residências a famílias de baixa renda. Os habitacionais podem partir de parceria entre iniciativa pública e privada ou não. O modelo implementado visa atender as necessidades básicas universais, gerando um

Fig. 31: Planta modelo de casa tipo embrião. Fonte: Disponível em: http://drfaztudoemcasa.blogspot.com.br Acessado em abril de 2017

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localidades do país. Na figura 31 temos o modelo básico

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padrão, e esse mesmo padrão é replicado em diversas


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

programa Minha Casa Minha Vida, contendo sala, cozinha, banheiro e dois quartos. Contudo, o que vemos nas famílias contemporâneas é que não existe um padrão exato de formação, com isso seria necessário prever habitações que se modifiquem de acordo com necessidade de cada núcleo familiar e o que acontece na prática e nas habitações populares é que cada um constrói de acordo com suas necessidades. O papel da habitação de interesse social, além de atender essas famílias necessitadas por moradia, deveria também atender de forma que possibilitasse uma adequação para cada arranjo familiar. O modelo Minha Casa Minha Vida define o programa de necessidades para habitações populares através das faixas. Essas faixas determinam o valor da habitação por meio do poder de compra da população, a faixa 1 que é objeto alvo do trabalho, tem o valor de aquisição mais baixo e acessível e é destinada a famílias com renda bruta de 1,8mil

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reais mensais. O Programa compreende: uma sala, dois dormitórios, sendo um para casal e outro para duas pessoas, uma

cozinha, uma área de serviço e um banheiro. Ele ainda define tamanhos mínimos para móveis, quantitativos e circulação dos ambientes, além de outras especificações gerais, resultando numa área útil mínima de 39,00m². O número de unidades habitacionais por empreendimento é estabelecido em função da área e do projeto. Os empreendimentos na forma de condomínio devem ser segmentados em número máximo de 300 unidades habitacionais por condomínio. As unidades habitacionais apresentam tipologia de casas térreas ou apartamentos. Tipologia mínima apresentada para apartamento: 02 quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço; Transição: área útil mínima de 37 m²; Acessibilidade: área útil mínima de 39 m². (Fonte: Disponível em http://www.caixa.gov.br/poderpublico/programas-uniao/habitacao/minhacasa-minha-vida/Paginas/default.aspx)


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

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Quadro 02: Programa para uma Habitação de Interesse Social. Fonte: Disponível em http://www.cbic.org.br/salade-imprensa/noticia/caixa-divulga-especificacoesminimas-para-empreendimentos-do-minha-casamin. Acessado em abril de 2017

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Programa para uma Habitação de Interesse Social Minha Casa Minha Vida


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

7.1. Necessidades para a concepção de habitações de interesse social

usuários, das tipologias de moradias pesquisadas mostravam como ideal a habitação que preenchesse os três primeiros requisitos da tabela: flexibilidade de ampliação, aspiração à casa,

jardim,

condominiais,

inexistência

de

respectivamente,

áreas a

comuns

casa

e

ônus

atendia

essa

demanda. Já para as instituições que elaboravam e Existem diversos programas para a habitação social no Brasil, onde há recomendações para a produção desse tipo de moradia. Em um importante estudo produzido em 1981, a Secretaria de Habitação do Governo do Estado de Pernambuco publica o livro de título: Manual do Projeto de Habitação Popular, sendo concebido e dirigido pela Arquiteta Mônica Raposo (1981), o qual demonstra as necessidades de uma habitação social e propõe tipologias para suprir essas necessidades. O quadro a seguir mostra a relação das soluções com as tipologias apresentadas.

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Diante disso RAPOSO (1981) afirma que segundo a pesquisa de Avaliação dos Programas habitacionais de Baixa Renda realizada pelo instituto Joaquim Nabuco, os

realizavam os habitacionais mostravam que em função das exigências de ordem social, os demais requisitos seriam os necessários, como o atendimento da demanda crescente, economia no consumo do solo, economia no consumo da rede sanitária, economia na rede rodoviária. Ela aponta todas essas necessidades e mais a variação visual da edificação e dos espaços urbanos e economia de escala pela produção em série de elementos padronizados como sendo a solução desejada para âmbitos sociais e individuais.


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

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Tabela 1: Necessidades individuais e sociais para habitação. Fonte: Andrade, Mônica Raposo. Manual de Projetos de Habitação Popular; Parâmetros para Elaboração e Avaliação, (1981).

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Necessidades individuais e sociais para habitação.


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Uma

sugestão

proposta

para

o

melhor

aproveitamento do terreno dada por RAPOSO (1981) é o acoplamento das unidades habitacionais. Convêm dizer que o acoplamento

sugerido

por

ela

seria

utilizado

preferencialmente em unidades habitacionais térreas, para a conformação de duas unidades ou mais em um lote, na intenção

inicial

de

ter

a

diminuição

da

testada,

Geminação

Justaposição

Superposição

e

consequentemente da habitação. Entretanto, esses tipos de acoplamento térreos podem subsidiar outras tipologias como em unidades de apartamentos, em um pavimento tipo que a unidade venha a ser implantada. Tudo isso tendo em vista as interferências de outras condicionantes como a circulação, ventilação e posicionamento dos ambientes.

Geminação entrelaçada

Justaposição entrelaçada

Superposição entrelaçada

Os tipos de acoplamento seriam: a geminação, quando o habitacional é acoplado no sentido lateral; acoplamento por justaposição quando a unidade é acoplada na parte posterior e a superposição quando o acoplamento é

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feito no sentido vertical da edificação. Fig. 32: Tipos de acoplamento. Fonte: Manual do projeto de habitação Popular, parâmetros Dupla geminação para elaboração e avaliação. RAPOSO, (1981).

Dupla justaposição

Dupla superposição


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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Um exemplo dessa lógica, apresentada nos estudos de RAPOSO (1981), encontrada em um edifício de apartamentos é o Residencial Alexandre Mackenzie, que foi concebido para famílias de baixa renda em São Paulo. O escritório de arquitetura Boldarini Arquitetos Associados em 2010 utilizou da geminação entrelaçada nos apartamentos do lado esquerdo e a geminação “simples” no lado direito.

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54

Pavimento tipo

Fig. 33: Residencial Alexandre Mackenzie, Edifício Tipo Térreo + 4 Pavimentos - Plantas Térreo e Pavimento Tipo. Fonte: Disponível em: http://www.boldarini.com.br/ Acessado em abril de 2017


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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Fig.34: Residencial Alexandre Mackenzie em São Paulo – SP Fonte: Disponível em: http://www.boldarini.com.br/ Acessado em abril de 2017


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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Fig. 35: Unité d’habitation Marseille do arquiteto Le Corbusier. Fonte: Disponível em: http://forum.skyscraperpage .com/showthread.php?t=17 6317. Acessado em abril de 2017

Fig. 36: Maquete De estudo da Unité d’habitation Marseille do arquiteto Le Corbusier. Fonte: Disponível em: http://www.cronologia dourbanismo.ufba.br/ apresentacao.php?id Verbete=1384#pretty Photo. Acessado em abril de 2017


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Outro exemplo da lógica descrita por RAPOSO (1981) é o Unité d’habitation Marseille projetado em 1952 na França por Le Corbusier, é utilizado a Superposição Entrelaçada nos apartamentos, criando uma dinâmica diferente com áreas de pé direito duplo.

CORTE

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Fig. 37: Cortes e plantas da Unité d’habitation Marseille do arquiteto Le Corbusier. Fonte: Disponível em: http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/aprese ntacao.php?idVerbete=1384#prettyPhoto. Acessado em abril de 2017

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PLANTA


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

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RAPOSO(1981) ainda propõe a concepção modular, uma modulação mínima para ser usada na elaboração de todos os ambientes. Diz que assim podemos padronizar a obra e ter uma economia de escala produtiva, esse padrão não se aplicaria só nos espaços, mas em todos os elementos da obra. Adota uma modulação de 1.10m e utiliza para gerar as áreas dos ambientes para o programa mínimo que seria sala, cozinha, banheiro e dormitórios.


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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Fig.38: Concepção modular da Habitação. Fonte: Manual do projeto de habitação Popular, parâmetros para elaboração e avaliação (RAPOSO, 1981).


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

ao lado externo das portas para sua adequada abertura, enfim, uma série de requisitos específicos. Por outro lado, uma habitação com Desenho Universal pode ser utilizada por todas as pessoas, inclusive indivíduos com deficiência e mobilidade reduzida, e permite adequações. Ou seja, prevê paredes preparadas para suportar uma eventual instalação de barras, se necessário; possibilita o reposicionamento de divisórias, propiciando a ampliação de um dormitório, sem implicações ou comprometimentos estruturais, entre outros itens. Desenho Universal, habitação de interesse social, (2010).

7.2. Desenho universal Em Desenho Universal, habitação de interesse social publicado em 2010 pelo governo do estado de São Paulo é sugerido como opção para elaboração de projetos que venham a atender todos os tipos de pessoas, e que se adeque ao uso de todos os portadores de necessidades especiais. Portanto, uns dos princípios do desenho universal que regem o projeto são: o uso flexível e o uso simples e intuitivo, que serviriam de premissa na concepção da planta

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do habitacional. O Decreto Federal nº 5.296/04, artigo 10º, determina que “a concepção e a implantação dos projetos arquitetônicos e urbanísticos devem atender aos princípios do Desenho Universal”. A diferença entre uma habitação com Desenho Universal e uma habitação adaptada a pessoas com deficiência está na concepção do projeto. Uma habitação adaptada é voltada unicamente para pessoas com deficiência, seguindo as regras previstas pela NBR 9050. Possui vaso elevado no sanitário, barras no banheiro, porta do sanitário abrindo para o lado externo, espaço de 60 cm

É afirmado ainda que toda edificação, a qual contenha vinte unidades habitacionais ou mais, deverá ter no mínimo 3% de suas unidades com condições para o uso e adaptação à população portadora de alguma deficiência física, e deverá ser localizada preferencialmente junto aos acessos. Além disso, todas as áreas comuns também devem ser concebidas de forma para que todos a utilizem sem dificuldades.


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Fig. 39: Adaptada. Áreas de circulação para o desenho universal. Fonte: Editado de: Desenho Universal, habitação de interesse social, (2010). Acessado em abril de 2017

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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

7.2.1.Uso flexível Dentro do princípio do desenho universal está inserido o uso flexível, que seria “criar ambientes ou sistemas construtivos que permitam atender às necessidades de usuários

com

diferentes

habilidades

e

preferencias

diversificadas, admitindo adequações e transformações.” (Desenho Universal, habitação de interesse social, (2010). Deve-se construir de forma a ser permitido alterar posteriormente as dimensões dos ambientes, atendendo a necessidade do usuário, como o deslocamento de paredes para ampliação de quartos ou qualquer outro ambiente.

Fig. 40: Planta demonstrando o uso flexível. Fonte: Desenho Universal, habitação de interesse

social, (2010).

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Acessado em abril de 2017


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

7.2.2.Uso simples e intuitivo Ainda no Desenho Universal, o uso simples e intuitivo nada mais é que criar uma planta que seja bem clara e fluída, em que qualquer pessoa tendo qualquer tipo de deficiência ou limitação possa percorrê-la sem muitos obstáculos.

habitação de interesse social, (2010). Acessado em abril de 2017

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Fig. 41: Planta demonstrando o Uso simples e intuitivo. Fonte: Desenho Universal,

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Permitir fácil compreensão e apreensão do espaço, independente da experiência do usuário, de seu grau de conhecimento, habilidade de linguagem ou nível de concentração; eliminar complexidades desnecessárias e ser coerente com as expectativas e intuição do usuário; disponibilizar as informações segundo a ordem de importância. (Desenho Universal, habitação de interesse social, 2010).


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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Fig. 42: Edifício em Charenton-le-Pont. Fonte: Disponível em: http://moatti-riviere.com/ Acessado em abril de 2017


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

8. REFERENCIAS

PROJETUAIS

8.1. Reabilitação com mudança de uso de um Edifício de Escritórios para Apartamentos Arquitetos: Escritório Moatti-Riviere Localização: Charenton-le-Pont, França Área: 3884m² Ano do Projeto: 2016 Este antigo edifício da década de 70 onde funcionavam escritórios foi transformado em 90 habitações, passando por algumas mudanças para a adequação do novo

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Fig. 43: Edifício antes da reabilitação. Fonte: Disponível em: http://moattiriviere.com/ Acessado em abril de 2017

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uso.


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Fig. 44: Vista interna do apartamento no Edifício em Charentonle-Pont. Fonte: Disponível em: http://moattiriviere.com/ Acessado em abril de 2017

O arquiteto buscou dar uma nova dinâmica e individualidade para as unidades na fachada repetitiva e fechada por esquadrias de vidro. Alguns dos modelos préfabricados de concreto foram retirados a e as esquadrias de vidro removidas, uma nova fachada de concreto foi criada com um recuo de 70cm da existente e recebeu um revestimento amadeirado dando mais aconchego, além de criar uma área de caráter externo esse recuo contribui como um brise protegendo a segunda fachada da incidência solar. As antigas esquadrias de vidro escuro deram lugar a um peitoril de vidro translúcido com acabamento em alumínio

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deixando assim entrar mais luminosidade.

Fig. 45: Fachada do Edifício em Charenton-lePont. Fonte: Disponível em: http://moattiriviere.com/ Acessado em abril de 2017


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

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Fig. 47: Varanda Edifício em Charenton-le-Pont. Fonte: Disponível em: http://moatti-riviere.com/. Acessado em abril de 2017

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Fig. 46: Cortes esquemáticos da varanda do Edifício em Charenton-le-Pont. Fonte: Disponível em: http://moatti-riviere.com/. Acessado em abril de 2017


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

O pátio existente da construção original foi aberto e ampliado, recebeu um amplo jardim coletivo, o que aperfeiçoou a entrada de luz solar e a distribuição das residências no entorno dele. Os apartamentos térreos receberam pequenos terraços que se ligam ao pátio. O edifício é constituído por 3 blocos, dois desses blocos são de 3 pavimentos e estão paralelos com o pátio, a circulação deles e feita exclusivamente através de escadas. O terceiro bloco de 6 pavimentos além das escadas conta com dois elevadores, sendo cada elevador operando para uma porção do pavimento. Nesse bloco foram concebidas plantas seguindo

o

desenho

universal,

são

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acessibilidade.

Fig. 48: Planta antes da reabilitação do Edifício em Charenton-le-Pont. Fonte: Disponível em: http://moatti-riviere.com/. Acessado em abril de 2017

unidades

com


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

O edifício fornece 3 tipos de plantas além das acessíveis. Plantas com um quarto, dois quartos e com quarto integrado

a

sala

e

cozinha.

T1

apartamentos

com

aproximadamente 30m², sendo sala/cozinha e banheiro; T2 apartamentos com aproximadamente 45m², com Sala, banheiro e um dormitório e T3/T4 apartamentos com 65m² e

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60m² sendo sala/cozinha, banheiro e dois dormitórios.

Fig. 49: Planta pós da reabilitação do Edifício em Charenton-le-Pont. Fonte: Disponível em: http://moatti-riviere.com/ Acessado em abril de 2017


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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Fig. 50: Pátio pós da reabilitação do Edifício em Charenton-le-Pont. Fonte: Disponível em: http://moatti-riviere.com/ Acessado em abril de 2017


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Fig. 51: Planta com 45m², pós reabilitação de unidade de apartamento seguindo preceitos do Desenho Universal no Edifício em Charenton-le-Pont. Fonte: Disponível em: http://moatti-riviere.com/ Acessado em abril de 2017

Fig. 52: Corte pós reabilitação do Edifício em Charenton-lePont. Fonte: Disponível em: http://moatti-riviere.com/ Acessado em abril de 2017

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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO


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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Fig.53: Residencial Alexandre Mackenzie em São Paulo – SP Fonte: Disponível em: http://www.boldarini.com.br/ Acessado em abril de 2017


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

8.2.

Residencial

Alexandre Mackenzie Arquitetos: Boldarini Arquitetos Associados Localização: São Paulo, Brasil. Área: 3884m² Ano do Projeto: 2016 O residencial foi concebido para atender famílias moradoras de áreas de risco, foi um projeto que fez parte das ações de urbanização na região da Favela de Nova Jaguaré no estado de São Paulo. O projeto é composto por dois conjuntos de 295 apartamentos e 132 casas sobrepostas, totalizando 427

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73

unidades.


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

1

1

2

3

Térreo

1

1

2

Pag

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Pavimento tipo

Fig. 54: Residencial Alexandre Mackenzie, Edifício Tipo Térreo + 4 Pavimentos - Plantas do Térreo e Pavimento Tipo. Fonte: Disponível em: http://www.boldarini.com.br/. Acessado em abril de 2017

4


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Os arquitetos ainda aproveitaram a coberta dos edifícios como um espaço aberto, possibilitando o uso livre dos moradores.

Fig. 56: Residencial Alexandre Mackenzie. Fonte: Disponível em: http://www.boldarini.com.br/. Acessado em abril de 2017

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Fig. 55: Residencial Alexandre Mackenzie. Fonte: Disponível em: http://www.boldarini.com.br/ Acessado em abril de 2017

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O conjunto é composto por duas soluções de arquitetura, prédios e casas sobrepostas, que tem como elemento principal da sua organização a disposição das áreas comuns diretamente relacionadas com as estruturas de circulação conformando espaços de continuidade à moradia. Os dormitórios e o sanitário estão agrupados e localizados na parte posterior do volume conferindo maior privacidade aos moradores. BOLDARINI ARQUITETOS


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

5

5

5

6

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76

Fig. 57: Residencial Alexandre Mackenzie Edifício Tipo Térreo + 2 Pavimentos Fonte: Disponível em: http://www.boldarini.com.br/. Acessado em abril de 2017

Fig. 58: Residencial Alexandre Mackenzie, Edifício Tipo Térreo + 4 Pavimentos Plantas do Reservatório e de Cobertura. Fonte: Disponível em: http://www.boldarini.com.br/. Acessado em abril de 2017

6


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Fig. 59: Perspectiva 3D do Residencial Alexandre Mackenzie, Edifício Tipo Térreo + 4 Pavimentos Plantas do Reservatório e de Cobertura. Fonte: Disponível em: http://www.boldarini.com.br/. Acessado em abril de 2017

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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

DEFINIÇÃO TERRITORIAL 9.

Para a definição do objeto de estudo foi utilizada

Pag

78

uma matéria divulgada pelo Diário de Pernambuco, no dia 12

venham a influenciar na qualidade de vida dos futuros moradores.

de maio de 2015, onde de acordo com um levantamento

No edifício Siqueira Campos, localizado na rua de

foram encontrados no Recife treze esqueletos urbanos, ou

mesmo nome, no bairro de Santo Antônio, foi observado um

seja, edificações essas que não tiveram sua construção

potencial muito positivo para a sua reabilitação, pois possui

finalizada. Dentre os treze, foi selecionado o Edifício Siqueira

grande parte de sua estrutura finalizada, suas lâminas estão

Campos que se adequava as especificações propostas no

livres de construção, possuindo apenas as paredes de

estudo para ser o edifício que irá receber a proposta de

vedação no perímetro no edifício, o que facilita a sua

reabilitação dissertada neste documento, justificado a seguir.

reabilitação para o uso pretendido e além disso está locado

Os critérios para escolha da edificação foram a sua

próximo a avenidas importantes que facilitam seu acesso

situação estrutural, que deveria conter grande parte de suas

através de transportes públicos como o ônibus, estação do

lajes, vigas e pilares executados e em bom estado de

metrô, que está a 15 minutos a pé da estação do Recife, e

conservação e sua localização na cidade, sua tipologia, sua

fica próximo a várias estações de bicicletas. Também está a

localização com proximidade a vias importantes na cidade,

09 minutos a pé do mercado de São José e a 13 minutos do

centros comerciais e modais de transporte, fatores esses que

marco zero do Recife, ponto turístico da nossa cidade


Pag

Fig. 60: Folha de capa do Diรกrio de Pernambuco em 12 de maio de 2015. Fonte: www.diariodepernambuc o.com.br. Acessado em abril de 2017

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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

9.1. EDIFÍCIO

SIQUEIRA CAMPOS Situado próximo a vias de acesso importantes, com grande fluxo de veículos de transporte público e particular, sua

localização

mostra-se

um

ponto

positivo

a

ser

considerado, principalmente quando vias como a Av. Guararapes (via exclusiva de transporte público), Av. Dantas Barreto e Rua do Sol circundam o terreno. O terreno também é localizado próximo a alguns espaços públicos como a Praça da República, Praça da Independência e o Pátio do Sebo,

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80

muito conhecido por ser um centro de venda de livros usados.

Fig. 61: Edif. Siqueira Campos. Fonte: Autor (2017).


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

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81

Fig. 62: Localização do Edif. Siqueira Campos na cidade do Recife, Fonte: Disponível em: Google Maps (2017).


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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Fig.63: Locação do edif., Siqueira Campos Fonte: Google Maps (2017).


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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Fig.64: Pontos de relevância no entorno do edif., Siqueira Campos Fonte: Google Maps (2017).


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Estação de bicicletas do Itaú

modernista Acácio Gil Borsoi, edifício

Espaços livres públicos

Monumentos arquitetônicos

dos Correios, Igreja e Convento de

Estacionamentos

Santo Antônio, Capela Dourada e o

7- Edifício JK; 8- Gabinete Português; 9- Antiga sede do Diário de Pernambuco; 10- Edifício dos Correios. 11- Praça do Sebo 12- Praça da Independência O encontra

terreno

próximo

Gabinete Português. No foram

previstas

original vagas

não de

estacionamento, o que também pode ser visto como uma forma a incentivar a utilização de modais não poluentes.

também

se

Todavia,

existem

estacionamentos

monumentos

privados instalados no decorrer da

arquitetônicos históricos da Cidade do

vizinhança, como a Garagem do Sol,

Recife, tais como o Palácio Campo das

localizada na esquina da Rua Ulhôa

Princesas

de

Cintra com a Rua do Sol. Também é

Pernambuco), Teatro Santa Isabel,

possível encontrar, a 200 metros do

Palácio da Justiça, Edifício JK (antigo

terreno, na Praça da Independência,

prédio

Santo

uma estação de aluguel de bicicletas

Antônio, antiga sede do Diário de

do Itaú entre outras ilustradas no mapa

Pernambuco, que é projeto arquiteto

anterior.

do

(Sede

INSS),

de

projeto

do

Governo

Edifício

85

Palácio Campo das Princesas; Teatro Santa Isabel; Palácio da Justiça; Edifício Santo Antônio; Igreja e Convento de Santo Antônio; 6- Capela Dourada;

Pag

12345-

Edifício Siqueira Campos


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

10.

ÁNALISE TERRITORIAL

DO EDIFÍCIO SIQUEIRA CAMPOS 10.1. Análise de Usos

Ao observar o mapa de usos, fica constatado que o número de residências é consideravelmente inferior entre um grande número de imóveis voltados para o comércio, assim como educação, serviços e instituições, resultando, dentre

Uso comercial

outras coisas numa espécie de abandono e falta de dinâmica

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86

urbana no período noturno, quando as lojas estão fechadas,

‘ ‘

Uso institucional

pois não há pessoas e utilização das ruas. Salienta-se

Edifício ocioso / abandonado

também que os edifícios residenciais existentes possuem seu

Uso educacional / comercial / serviços

pavimento térreo voltado para comércio e serviços, o que

Uso resedencial / comercial / serviços

demonstra uma vocação do bairro, e que também será

Uso educacional

explorada no edifício estudado essa forma de utilização, que

Uso comercial / serviços

deve ser incentivada pois traz vitalidade.


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87

REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Fig.65: Mapa de usos no entorno do edif., Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).


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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Fig. 66: Edificações de uso misto (comercio, serviço e habitação) no entorno do edif. Siqueira Campos, vista da Rua Siqueira Campos. Fonte: Autor (2017).


Fig.67:Edificações de uso misto (comercio, serviço e habitação) no entorno do edif. Siqueira Campos. Fonte: Autor (2017).

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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

10.2. MAPA DE SISTEMA VIÁRIO Conclui-se após análise do Mapa sistema viário elaborado por meio de observação, que há um grande fluxo de pedestres no entorno do edifício que é influenciado pelas vias de transporte público. No local existem diversas paradas de ônibus na Av. Guararapes, além de possuir na mesma via uma instituição educacional e nas vias adjacentes o fluxo moderado é influenciado pela oferta dos comércios e serviços da região.

Vias de alto fluxo de pessoas Vias de médio fluxo de pessoas

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90

Vias de baixo fluxo de pessoas


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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

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Fig.68:Mapa do sistema viรกrio no entorno do edif. Siqueira Campos. Fonte: Autor (2017).


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

10.3. Analise do gabarito Na análise do Mapa de Gabarito, percebe-se a grande verticalização no entorno imediato do edifício, o que permitiria a conclusão dos pavimentos restantes do Edifício Siqueira Campos, assim igualando a seus adjacentes, mantendo a proporcionalidade do local, não alterando a paisagem ou skyline. Acima de 10 pavimentos 6 a 10 pavimentos 3 a 5 pavimentos 1 a 2 pavimentos

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92

‘ ‘ ‘ ‘

Fig.69:Skyline no entorno do edif. Siqueira Campos. Fonte: Autor (2017).


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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Fig.70:Mapa de anรกlise do gabarito no entorno do edif. Siqueira Campos. Fonte: Autor (2017).


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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Fig. 71: Edifício Siqueira Campos visto da Ponte Princesa Isabel Fonte: Autor (2017).


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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

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edif. Siqueira Campos

Fig. 72: Mapa de zoneamento no entorno do edifício Siqueira Campos Fonte: ESIG acessado em setembro de 2017.


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

10.4. Análise da Legislação Ao interpretar o mapa de zoneamento da legislação encontramos o edifício implantado em uma Zona de Preservação Histórico no setor - ZEHP 10 que é constituído pelo Sítio Histórico dos Bairros de Santo Antônio e São José. Segundo a legislação são áreas formadas por conjuntos antigos, sítios e ruinas de relevante expressão arquitetônica,

Dentro da ZEHP-10 ainda encontramos seis Setores de Preservação Rigorosa que são a SPR, no qual o edifício está na SPR5. O SPR é constituído por áreas de importante significado histórico e/ou cultural que requerem sua manutenção, restauração ou compatibilização com o sítio integrante do conjunto. (RECIFE. Plano de zoneamento, uso e ocupação do solo, 1996).

cultural, histórica e paisagística, onde se faz necessário à preservação do patrimônio municipal.

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97

NOME DA ZEPH

Fig. 73: Condições de Ocupação e Aproveitamento nas Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural (ZEPH). Fonte: Adaptado, Disponível em: anexo 11 https://www.recife.pe.gov.br/pr/leis/luos/


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

RECIFE. Plano de zoneamento, uso e ocupação do solo, 1996). Apesar da normativa existente, apresentada acima, se trata Requisitos

especiais

regulamentação aproveitamento

da nas

para

ocupação

zonas

especiais

e de

preservação do patrimônio histórico-cultural -

de uma edificação já construída e que não será demolida e erguida outra no mesmo local, fica claro que projetos destinados para essa área devem sofrer analise especial a critério do órgão competente responsável, para validar ou não qualquer que seja a intervenção, no âmbito de sua “manutenção, restauração ou compatibilização

ZEPH.

com o sítio integrante do conjunto”. A) Análise especial para cada caso a critério do órgão competente, objetivando a restauração, manutenção do imóvel e/ou sua compatibilização com a feição do conjunto integrante

do

sítio,

sendo

permitida

a

demolição dos imóveis cujas características não condizem com o sítio, ficando o parecer final a critério da CCU; ... U) ZEPH selecionada com proposta

Pag

98

de Plano Específico;


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

ZECP (Condições de Ocupação e Aproveitamento do Solo)

PARÂMETROS URBANÍSTICOS     

Taxa de Solo Natural do Terreno: 20 Coeficiente de Utilização do Terreno: 7,00 Afastamento Inicial Mínimo (Afi) Frontal: NULO Afastamento Inicial Mínimo (Afi) Lateral e Fundo (Edif. <= 2 Pavt.): NULO/1,50 Afastamento Inicial Mínimo (Afi) Lateral e Fundo (Edif. > 2 Pavt.): NULO/3,00

B) As edificações com mais de dois pavimentos poderão colar em 2 (duas) das divisas laterais e/ou de fundos, os dois primeiros pavimentos, se houver, desde que atendido o disposto no item anterior. C) Para as edificações com até 2 (dois) pavimentos, quando não colarem nas divisas laterais e/ou de fundos e apresentem vãos abertos, o afastamento mínimo para as respectivas divisas será de 1,50m (um metro e cinquenta centímetros). D) Para as edificações com mais de 2 (dois) pavimentos, quando não colarem nas divisas laterais e de fundos, o afastamento mínimo para os dois primeiros pavimentos será de 1,50m (um metro e cinquenta centímetros). E) As edificações poderão colar os 4 (quatro) primeiros pavimentos nas divisas frontais e laterais, desde que afastem no mínimo 3m (três metros) da divisa dos fundos.

REQUISITOS ESPECIAIS A) As edificações com até 2 (dois) pavimentos poderão colar em 2 (duas) das divisas laterais e/ou de fundos, obedecendo às seguintes condições: I. Quando colar em 2 (duas) divisas laterais, deverão manter um afastamento mínimo de 3 (três) metros da divisa de fundos.

Fig. 74: Condições de Ocupação e Aproveitamento do solo - ZCEP. Fonte: Disponível em: anexo 11 https://www.recife.pe.gov.br/pr/leis/luos/. Acessado em setembro de 2017.

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III. A altura total das edificações coladas nas divisas laterais e/ou de fundos não poderá exceder a cota de 7,50m (sete metros e cinquenta centímetros), cota esta medida a partir do nível do meio fio.

99

II. Quando colar em uma divisa lateral e uma divisa de fundos, deverão manter um afastamento mínimo de 1,50m (um metro e meio) da outra divisa lateral.


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

11. PROJETOS

DO EDIFÍCIO SIQUEIRA CAMPOS

estariam o reservatório de água, gerador, bombas e o quadro de luz. Como dito anterior a edificação é composta por sistema estrutural de concreto e alvenaria de vedação. Suas

O engenheiro civil Fernando Santos da Figueira, do

duas únicas fachadas, voltadas para o Pátio do Sebo e para a

escritório de engenharia, arquitetura e construção Figueira

Rua Siqueira Campos, foram projetadas para receber uma

Jucá S.A., foi o responsável por projetar o edifício Siqueira

pele de vidro com o intuito de facilitar a entrada de luz e

Campos em 1973. Com o intuito de ser a sede da empresa

ventilação, pois sua implantação no terreno ocupa todo o

Tabajara S/A – Crédito Imobiliário, porém a obra não foi

limite do lote.

concluída, restando apenas vigas, pilares e algumas paredes de vedação.

energia. Tudo isso porque 02 (dois) deles são programados

serviço, o edifício teria 16 (dezesseis) pavimentos, sendo o

para ter paradas do 4° ao 13° pavimento, 01 (um) destinado

térreo e o primeiro andar designados ao comércio e os outros

do 1° ao 13° pavimento e o outro com paradas do térreo ao 3°

14 (quatorze) pavimentos destinados às salas de escritório da

pavimento. O 14° pavimento e a cobertura só são acessíveis

empresa Tabajara. Assim foram concebidos sem divisões

pela escada.

futuros layouts. A cobertura foi projetada para receber um

100

estrategicamente para haver uma considerável economia de

Planejado para abrigar um uso misto de comércio e

internas, para possibilitar mais flexibilidade da definição de

Pag

Os 04 (quatro) elevadores foram planejados

abrigo para o zelador, com cerca de 31m 2, a casa de máquinas, caixa d’água e um extenso terraço. No subsolo,


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Projeto do Edifício Siqueira Campos por Fernando Santos da Figueira

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Fig. 76: Adaptado, planta baixa do 1° ao 3° pavimento do edif. Siqueira Campos, analisado pelo autor. (Planta original de Fernando Santos da Figueira). Fonte: Dircon, Primeira Gerência Regional, 2017.

101

Fig. 75: Adaptado, planta do pavimento térreo do edif. Siqueira Campos, analisado pelo autor. (Planta original de Fernando Santos da Figueira). Fonte: Dircon, Primeira Gerência Regional, 2017.


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

CIRCULAÇÃO

Fig. 77: Adaptado, planta baixa do 4° pavimento do edif. Siqueira Campos, analisado pelo autor. (Planta original de Fernando Santos da Figueira). Fonte: Dircon, Primeira Gerência Regional, 2017.

Pag

102

CIRCULAÇÃO

Fig. 78: Adaptado, planta baixa do 5° pavimento do edif. Siqueira Campos, analisado pelo autor. (Planta original de Fernando Santos da Figueira). Fonte: Dircon, Primeira Gerência Regional, 2017.


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Fig. 79: Adaptado, planta do pavimento tipo 6° ao 13° do edif. Siqueira Campos, analisado pelo autor. (Planta original de Fernando Santos da Figueira) Fonte: Dircon, Primeira Gerência Regional, 2017.

APARTAMENTO ZELADOR

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Fig. 80: Adaptado, planta da cobertura do edif. Siqueira Campos, analisado pelo autor. (Planta original de Fernando Santos da Figueira) Fonte: Dircon, Primeira Gerência Regional, 2017.

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ÁREA LIVRE NA COBERTA


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

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104

Fig. 82: Corte BB’ do edif. Siqueira Campos. (Planta original de Fernando Santos da Figueira) Fonte: Dircon, Primeira Gerência Regional, 2017.

Fig. 81: Corte AA’ do edif. Siqueira Campos. (Planta original de Fernando Santos da Figueira) Fonte: Dircon, Primeira Gerência Regional, 2017.


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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

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Fig. 83 e 84: Fachadas do edif. Siqueira Campos. (Planta original de Fernando Santos da Figueira) Fonte: Dircon, Primeira Gerência Regional, 2017. FACHADA RUA SIQUEIRA CAMPOS

FACHADA PRAÇA DO SEBO


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Projeto do Edifício Siqueira Campos por Marco Antônio Gil Borsoi Vinte e cinco anos após o projeto de Fernando Santos da Figueira, em 1998, foi a vez do arquiteto Marco Antônio Gil Borsoi elaborar um segundo projeto para o edifício, que se tornou comércios e residências. O novo projeto, também de uso misto, passou a ter mais duas lojas no térreo, totalizando três, com acessos pelas suas duas fachadas e teve 01 dos elevadores retirado, otimizando o espaço nos pavimentos superiores (ver Fig.0). Das sobrelojas ao 3° andar, os pavimentos passariam a abrigar 10 (dez) apartamentos de áreas diferentes. Do 4° andar ao 14°, os andares ganhariam mais um apartamento, totalizando 11 (onze). Com essas mudanças, 161 (cento e sessenta e um) apartamentos entre 22,34m² e 50,75m² integrariam o edifício.

Pag

106

O

projeto

nunca

foi

executado

e

continua

abandonado, resultando na atual situação do esqueleto urbano.

Fig. 85: Adaptado, planta do pavimento térreo do edif. Siqueira Campos, analisado pelo autor. (Planta original de Marco Antônio Gil Borsoi). Fonte: Dircon, Primeira Gerência Regional, 2017.


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

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Fig. 87: Adaptado, planta do pavimento tipo 4° ao 14° do edif. Siqueira Campos, analisado pelo autor. (Planta original de Marco Antônio Gil Borsoi). Fonte: Dircon, Primeira Gerência Regional, 2017.

107

Fig. 86: Adaptado, planta do pavimento tipo 1° ao 3° do edif. Siqueira Campos, analisado pelo autor. (Planta original de Marco Antônio Gil Borsoi). Fonte: Dircon, Primeira Gerência Regional, 2017.


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

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Fig. 89: Adaptado, planta da Cobertura do edif. Siqueira Campos, analisado pelo autor. (Planta original de Marco Antônio Gil Borsoi). Fonte: Dircon, Primeira Gerência Regional, 2017.

Fig. 88: Corte Longitudinal do edif. Siqueira Campos, analisado pelo autor. (Planta original de Marco Antônio Gil Borsoi). Fonte: Dircon, Primeira Gerência Regional, 2017.


Pag

Fig. 90 e 91: Fachadas do edif. Siqueira Campos, analisado pelo autor. (Planta original de Marco Antônio Gil Borsoi). Fonte: Dircon, Primeira Gerência Regional, 2017.

109

REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Em visitas realizadas

no

local e por meio de imagens internas foi

comprovado

esquecimento

que

o o

descaso

e

edifício

se

encontra. Onde deveria ser a entrada, hoje funcionam dois fiteiros, os seus dois acessos da Rua Siqueira Campos e Praça do Sebo estão vedados com alvenaria degradados

e

seus e

muros

estão

vandalizados.

Atualmente apenas o acesso da Rua Siqueira Campos possui abertura por um pequeno portão metálico, onde o pavimento

térreo

serve

como

estacionamento de motos e carrinhos utilizados

pelos

Pag

110

comerciantes locais.

Fig. 92: Fachada da Rua Siqueira Campos do edif. Siqueira Campos. Fonte: Autor, 2017.

Fig. 93: Fachada da Praça do Sebo do edif. Siqueira Campos. Fonte: Autor, 2017.

camelôs

e


Fig. 95: vista interna do edif. Siqueira Campos Fonte: LIMA, 2015.

Fig. 96: vista interna do edif. Siqueira Campos Fonte: LIMA, 2015.

Fig. 97: vista interna do edif. Siqueira Campos Fonte: LIMA, 2015.

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Fig. 94: vista interna do edif. Siqueira Campos Fonte: LIMA, 2015.

111

REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

12.

DIRETRIZES PROJETUAIS

que ele está inserido, criando mais um ponto de atração para a comunidade e moradores, colaborando com a diversidade de usos.

Para o projeto de reabilitação deste edifício voltado para habitação de interesse social e uso misto, apresentamse as diretrizes:

 Gerar um mix de plantas para que possa atender diferentes arranjos familiares, pois as famílias atuais não apresentam a mesma configuração, possuindo inúmeros arranjos.  Possibilitar a flexibilidade da planta através de ajustes no interior dos apartamentos e concepção de paredes em material leve que facilite a modificação.  Utilizar os preceitos do desenho universal para a concepção de unidades acessíveis, pois devem ser

Pag

112

adaptadas para atender diversos tipos de pessoas. 

Criar áreas de comercio e serviços nos pavimentos inferiores, dando continuidade à vocação do bairro


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13.A PROPOSTA

113

REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Foram tomadas decisões projetuais que alteram a feição atual do edifício, com a edificação inacabada, foi proposta a adição de mais 2 pavimentos que restavam para a conclusão estrutural do projeto original do edifício, com isso a altura do edifício fica correspondente as construções adjacentes assim igualando a skyline do entorno. Como a edificação foi inicialmente projetada para receber salas comerciais, o fluxo de ar e iluminação foi projetado para tal, porém dentro da necessidade atual proposta a abertura de um pátio central em toda a altura do edifício foi necessária para permitir a entrada de iluminação natural e o fluxo de ar em todas unidades residenciais e de serviço, promovendo um espaço mais interativo e fluído entre os pavimentos. O edifício foi separado em dois setores, o inferior ficou destinado para o comercio e serviços onde o térreo foi planejado para abrigar lojas e quiosques, os pavimentos do primeiro ao terceiro andar se destinaram a utilização de

Pag

114

escritórios e o quarto pavimento foi aberto para criação de um vazado, transformando-se em uma praça pública elevada. Os Fig. 98: Esquemas propostos para o edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).

demais pavimentos do edifício foram destinados ao uso residencial, ficando do sexto pavimento ao décimo quarto as


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

unidades de habitação, toda área de uso comum para as moradias se concentrou na cobertura do edifício, onde foram criadas áreas de convívio e proposta uma horta comunitária. O piso térreo foi concebido de forma com que sua circulação fosse aberta assim permitindo o uso público como continuidade da rua, foram apenas isolados os blocos de circulação vertical para as residências do bloco de circulação para os escritórios e praça pública elevada. O mil do edifício com comercio, serviços e habitação, foi escolhido para permitir uma diversidade de uso que permitiria a ocupação em diversos horários do dia, tanto do prédio quanto da rua. Outro fator de escolha foi a manutenção da parte voltada para habitação de interesse social que poderia ser custeada pelos aluguéis das salas e lojas dos pavimentos

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Fig. 99: Resultado esquemático para o edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).

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de serviços.


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Dados do terreno

Edifício existente

Frente com 15,05 metros para a rua Siqueira Campos

Ocupa toda a área do lote

Fundos com 14,87 metros para o Pátio do sebo

Área total construída: 6.363 m²

Profundidade com 28,68 metros

14 pavimentos livres de construção

Área do terreno: 436,27m²

Sem vagas de estacionamento

Zoneamento: ZEPH - Zonas Especiais de Preservação do

Altura em relação a rua Siqueira Campos: 43,65m

Patrimônio Histórico

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Edifício proposto Total de 45 apartamentos

24 escritórios

9 apartamentos com 3 dormitórios todos reversíveis para P.N.E.

2 lojas e 4 quiosques

27 apartamentos com 2 dormitórios sendo 9 para P.N.E.

16 pavimentos

9 apartamentos de 1 dormitório tipo kitnet

Área total construída: 5.055,00m²


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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

Fig. 100: Perspectiva da fachada proposta do edifício Siqueira Campos voltada para rua de mesmo nome Fonte: Autor (2017).


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

PISO TERRÉO

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O piso térreo possui dois acessos, um pela rua Siqueira Campos e outro pelo Pátio do Sebo ligados por um eixo de circulação pública que cruza a edificação, com isso a circulação térrea do edifício se torna uma continuidade da rua Dr. Henrique Vanderlei, cruzando a calçada da rua Siqueira campos e ligando ao Pátio do sebo, tornando a fachada ativa e gerando fluidez espacial e permeabilidade física e visual ao lote, há também a divisão de acessos a circulação vertical, sendo uma para o uso comercial e de serviços (uso público) e uma restrita para o uso residencial para os moradores.

Ao chegar no centro do edifício encontramos um grande pátio onde temos bancos e jardins. Está também a circulação vertical dos escritórios. Neste piso existem duas lojas, uma com 21m² voltada para rua Siqueira Campos e outra com 17m² voltada para o Pátio do Sebo, além das lojas há 4 quiosques, de 4m² cada, ao logo do percurso que corta o pavimento. Ainda no térreo temos os depósitos de lixo, zeladoria, e guaritas, uma para cada setor. A central de gás foi locada de forma a não ficar abaixo da projeção do edifício. O prédio não possui vagas de automóveis, porém conta com paraciclos na maioria dos pavimentos, no térreo ficaram locados próximo as guaritas.

Fig. 101: Esquema de ligação entre o exterior e interior do pavimento térreo proposto para o edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).


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Fig. 102: Piso térreo proposto para o edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).

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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO


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Fig. 103: Perspectiva da fachada proposta do edifício Siqueira Campos voltada para rua de mesmo nome Fonte: Autor (2017).


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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

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Fig. 104: Perspectiva da fachada proposta do edifício Siqueira Campos voltada para rua de mesmo nome Fonte: Autor (2017).


REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO

SUBSOLO

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Como a edificação propoem o uso do paraciclo aos que optam pelo uso da bicicleta para se locomover ao trabalho, no subsolo foi elaborado vestiários masculinos e femininos para que atendesse a esse público que precisa de espaços para tomar banho e se trocar ao termino do translado para o trabalho e ao fim para voltar para casa. Espaços como esse estimulam o uso da bicicleta no dia a dia dos usuários da edificação. Além do vestiário, o pavimento também conta com um local para o guarda volumes, o reservatório de água inferior e a casa de bombas. O acesso é feito pela continuidade da escada que serve as habitacionais, porém ela é dividida na porção direita que corresponde a descida.


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Fig. 105: planta baixa do Subsolo proposto do edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).

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REABILITANDO UM VAZIO URBANO EDIFICADO


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PRIMEIRO PAVIMENTO No primeiro pavimento ficaram locadas 8 salas comerciais, 4 voltadas para cada lado da edificação, com áreas de 25m², onde o acesso é feito por um elevador do hall reservado para os escritórios ou pela escada localizada no pátio central. Além das salas, no primeiro pavimento encontramos também dois banheiros, um masculino e um feminino, para o uso público e para as pessoas que trabalham tanto nos escritórios quanto nas as lojas e quiosques do piso térreo. Um para ciclo

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com 10 vagas também serve o andar.


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Fig. 106: planta baixa do primeiro pavimento proposto do edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).

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Os pavimentos das salas comerciais foram seccionados, de acordo com as linhas de sua estrutura, em módulos horizontais criando uma padronização dos espaços internos de cada unidade, essa intenção foi demonstrada por RAPOSO (1981) e além disso foi utilizado o princípio da geminação simples, também citado pela autora, afim de gerar uma padronização e economia na escala produtiva. Esses módulos gerados por meio da malha também podem ser unidos caso um locatário compre mais de uma unidade. Seguindo a lógica da flexibilidade dos ambientes, todas as paredes e divisórias

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Fig. 107: planta baixa da divisão proposta para do edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).

Fig. 108: planta baixa geminação proposta para do edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).

foram pensadas para ser executadas em material de fácil remoção, como gesso e acartonados.


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Fig. 109: Perspectiva do interior do pátio proposto para o edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).


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SEGUNDO E TERCEIRO PAVIMENTO O segundo e terceiro pavimentos, também voltados para os escritórios, possuem 8 salas comerciais. Porém, com a ausência dos banheiros públicos no andar, foi permitido nos respectivos espaços o acréscimo de área útil em duas das salas comerciais, ficando duas com

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45m² e as demais com áreas de 25m².


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Fig. 110: Planta baixa do segundo e terceiro pavimento proposto para o edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).

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Fig. 111: Perspectiva do interior do pátio proposto para o edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).


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PRAÇA PÚBLICA ELEVADA O quarto pavimento é o último piso voltado para o público, com as fachadas totalmente abertas proporcionando uma ampla vista para a cidade e um grande meio para a entrada de ventilação cortando todo o pavimento. Foi proposto dois espaços para lanchonetes, bares ou restaurantes possuindo uma área total interna de 32m² cada, oferecem na área pública mesas e cadeiras em um amplo espaço de permanência com um total de 300m². No lado voltado para a rua Siqueira Campos o espaço possui um pé direito duplo criando uma maior amplitude para o local e possibilitando o trabalho com vegetação de médio porte. No pavimento há também dois banheiros P.N.E. para atender ao público sem que eles precisem descer ao primeiro

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pavimento. O piso também é dotado de um paraciclo com 10 vagas.


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Fig. 112: Planta baixa do quarto pavimento proposto para o edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).

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Fig. 113: Perspectiva da praça elevada proposta para o edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).


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Fig. 114: Perspectiva da fachada mostrando a frente da praça elevada proposta para o edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).


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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL


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Fig. 115: Planta baixa do 5° pavimento proposto para o edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).

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Do quinto ao décimo quarto pavimentos foram projetadas as unidades de habitação de interesse social, e buscando atender a mais de uma forma de arranjos familiares foram elaborados alguns tipos de plantas. As paredes do interior de cada apartamento foram pensadas para ser de material leve, como blocos de gesso ou Drywall, para que facilitasse a modificação da planta de acordo com a necessidade posterior de cada família. Seguindo as intenções do uso flexível, as opções de plantas elaboradas possuem apenas o banheiro e cozinha fixos, o restante dos ambientes são flexíveis, podendo a cozinha ser totalmente aberta ou fechada para sala, sala voltada para o pátio, com os quartos voltados para a rua, ou sala voltada para rua e acesso do apartamento pela cozinha, invertendo a posição com o quarto e possibilitando a adição de mais camas. Cada pavimento possui 6 unidades de moradias totalizando 57 unidades em todo o edifício, dentre elas 10 são apartamentos de 52.00m², contendo 2 dormitórios, 1 banheiro P.N.E., 1 cozinha e 1 sala; 28 apartamentos de 52.00m² com 2 dormitórios, 1 banheiro, 1 cozinha e uma sala e 19 apartamentos de

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22.00m² com 1 dormitório tipo kitnet. A circulação vertical para os pavimentos é feita por meio de dois elevadores privativos e uma escada que atendem somente as unidades de moradia. Fig. 116: Opções de layout interno para as moradias propostas no edfício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).


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Fig. 117: Planta baixa do 6° ao 14° pavimento proposto para o edfício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).

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O esquema da malha para a divisão das unidades em modulações semelhantes e o princípio da geminação simples descritos por RAPOSO (1981) também foi implantado para o projeto das unidades de habitação de interesse social, buscando a otimização do uso da lâmina do pavimento e consequentemente gerando uma

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padronização e economia na escala produtiva posteiror.


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Fig. 119: Esquema da geminação simples espelhada implantada nas habitações. Fonte: Autor (2017).

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Fig. 118: Esquema da malha implantada nas habitações. Fonte: Autor (2017).


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O Grande pátio aberto no centro do edifício possibilitou o ganho de aberturas para iluminação e ventilação natural das moradias em todos os cômodos, além dos que estão voltados para a face externa da construção. Essas aberturas promovem uma relação direta com a circulação horizontal que fica no perímetro do pátio, conformando uma continuidade da moradia e dando acesso as unidades, além disso uma passarela, postadas em diagonal de forma dinâmica, cria uma ligação entre os dois extremos do pátio como intenção de diminuir o percurso de travessia para ambos os lados. No perímetro do pátio também há jardineiras que se intercalam entre os pavimentos, como forma de dinamizar e trazer o verde da

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vegetação para o espaço.

Fig. 120: Perspectiva em corte do pátio interno proposto para o edifício Siquera Campos. Fonte: Autor (2017).


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Fig.121: Perspectiva interna do pรกtio para moradores Fonte: Autor (2017).


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JARDIM / ÁREA DE USO COMUM O décimo quarto pavimento da edificação ficou exclusivamente voltado para os espaços livres e abertos de uso dos moradores, favorecendo a socialização entre os moradores, nele foi concebido um jardim com áreas de permanência coberta e descoberta, a fachada voltada para a rua Siqueira Campos ficou totalmente aberta para a cidade. Um espaço coberto voltado para o Pátio do Sebo, no mesmo pavimento, foi reservado para atividades cotidianas de uso comum como reuniões e eventos, possuindo dois banheiros P.N.E., um masculino e outro feminino e uma cozinha para dar suporte a festas e

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confraternizações.


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Fig. 122: Planta baixa do 15° pavimento proposto para o edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).

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HORTA COMUNITÁRIA Pensando em aproveitar cada espaço do edifício, na sua coberta que possui uma área aberta com boa insolação e ventilação, foi gerada mais uma área de uso do comum. Nela é proposta a criação de uma horta comunitária que favorecesse aos moradores. A ideia da horta foi baseada nas atividades recentes no Brasil e no Recife. Em comunidades de interesse social já são bastante encontradas e difundidas essas iniciativas que possuem um valor de bastante importância para os moradores, como nas comunidades de Santa Luzia, Poço da Panela e Casa Amarela no Recife e no estado de São Paulo as hortas também são encontradas nas lajes de seus edifícios, tornando mais ameno um espaço de natureza árida e não

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usual.


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Fig. 123: Planta baixa do 16° pavimento proposto para o edfício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).

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Fig. 124: Planta baixa da casa de máquinas para o edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).


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Fig. 125: Planta da coberta proposta para o edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).

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Fig.126: Perspectiva interna do jardim para moradores Fonte: Autor (2017).


Fig.121: Perspectiva interna do pรกtio para moradores Fonte: Autor Fig.127: Perspectiva da(2017). horta para moradores Fonte: Autor (2017).

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Fig. 128: Cortes da proposta para o edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).


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Fig. 129: Fachadas propostas para o edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).


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Fig. 130: Perspectiva da fachada da rua siqueira campos proposta para o edifício Siqueira Campos Fonte: Autor (2017).

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Fig. 131: Perspectiva da fachada da praça do sebo proposta para o edifício Siqueira Campos Fonte:Autor (2017).


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13. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Procura-se com essa proposta abordar a potencialidade dos nossos vazios urbanos e o quanto pode impactar uma reabilitação dessas áreas degradadas encontradas em nossos centros, que de inúmeras maneiras podem mudar a relação da cidade com as pessoas.

A recomendação para reabilitação de edifícios já vem sendo bastante difundida em diversos países que pensam no futuro de suas cidades. Ela não só acarreta benefícios financeiros, mas também sociais. São estratégias que buscam requalificar a cidade e a qualidade de vida das pessoas, pois requalificando uma edificação também reestabelecemos o seu entorno através da interação do edifício com a rua.

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Trazendo para a inserção do trabalho, a reestruturação do esqueleto urbano do Edifício Siqueira Campos não se trata apenas de uma obra de beneficiamento do imóvel, mas principalmente de uma execução que vai além do projeto, é um processo de valor social que visa o direto por moradia e requalificação de bons espaços na cidade. A criação de habitação de interesse social é um tema muito importante nos tempos atuais onde os índices do déficit de moradias são bastante elevados juntamente com o número de imóveis abandonados e terras expectantes.

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Para alguns estudiosos a reabilitação é tratada como parte do ciclo de vida da edificação, porém como todo e qualquer projeto, que venha ser executado, dependemos de uma análise para que comprovem a eficiência de uma intervenção no local proposto, assim podendo compatibilizar a ideia com a localidade.


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Diretrizes do desenho universal na habitação de interesse

14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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