TFG I - REQUALIFICAÇÃO DO COMPLEXO ESPORTIVO DE PIRACICABA

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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA – UNIMEP Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo.

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO I Requalificação do Complexo Esportivo de Piracicaba

Orientando: Bruno Coelho Mendes Bueloni Orientador: Prof. Dr. Estevam Vanale Otero

Santa Bárbara d’Oeste 2019


AGRADECIMENTOS Dedico este espaço para agradecer aqueles que, de alguma forma, fizeram parte dessa trajetória. Primeiramente, queria agradecer a Deus por tudo e todos que colocou em meu caminho. À minha família, pois sem eles nada disso seria possível, minha mãe Claudia e meu pai Junior, meus exemplos de superação e inspiração para enfrentar todos os desafios que aparecem na minha vida. Ao meu grande irmão Enrico, que sempre me deu força, carinho e apoio para seguir firme e jamais desistir. E à minha companheira e melhor amiga Rafaella, que me trouxe muito apoio e compreensão nos momentos difíceis. A todos estes que me incentivaram e estiveram sempre ao meu lado, me apoiando e compreendendo minhas ausências por questões universitárias, minha total gratidão. Agradeço também a todos os meus professores, por partilharem seus conhecimentos, que com certeza, terão papel fundamental no meu futuro profissional. Aos amigos e colegas que me acompanharam nos grupos de trabalhos, compartilhando cada momento de aprendizagem e evolução, em especial, ao Guilherme Spiller, meu grande parceiro de trabalho nestes anos de curso. Por fim, um agradecimento especial ao meu professor e orientador, Estevam Vanale Otero, pelo estímulo e dedicação que sempre teve comigo, trazendo ensinamentos e conselhos que foram fundamentais para a minha formação e principalmente, para encontrar o rumo e o desenvolvimento deste trabalho.


RESUMO O presente trabalho tem por finalidade o desenvolvimento de um estudo aprofundado acerca do Complexo Esportivo do município de Piracicaba que, por se tratar de um espaço público que atende a todo o município, deve proporcionar a inclusão e a acessibilidade de forma geral, tanto para as pessoas portadoras de necessidades especiais quanto para as de diferentes faixas etárias e classes sociais. Para isso, foi fundamentado em pesquisas

relacionadas

ao

esporte

como

desenvolvimento

pessoal e em sociedade, e na relação deste com a arquitetura, através da formação de edifícios para prática e contemplação do esporte. O resultado de tais pesquisas é acrescentado de análises e avaliações da atual situação da área de implantação do equipamento em estudo, as quais servirão de suporte às propostas e diretrizes necessárias para desenvolver o projeto de requalificação para o Complexo Esportivo de Piracicaba. Assim, pode-se garantir, além do incentivo à prática do esporte para com a população piracicabana, o direito ao maior aproveitamento dos equipamentos da cidade.


SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS RESUMO

1

INTRODUÇÃO

3

4 5

2

13

2.1 Esporte

15

2.2 Esporte

17

2.2.1 Esporte

17

no desenvolvimento na sociedade como inclusão social

2.2.2 Esporte como lazer

2.3 Políticas públicas de esporte e lazer

3.1 Arquitetura

32

3.2 Estádio

35

3.3 Arena

38

3.4 Ginásio

41

3.5 Complexo

44

3.6 Complexo

46

3.7 Complexo

50

de qualidade nos espaços esportivos

QUESTÃO COMTEMPORÂNEA DO ESPORTE

no desenvolvimento individual

9

RELAÇÃO ARQUITETURA ESPORTE 31

19 24

Pärnu

da Baixada

de esportes do colégio São Luís

Aquático Allmendli Esportivo Atanasio Girardot (Cenários Esportivos) Esportivo do Pacaembu (Museu do Futebol)


SUMÁRIO

4

Á REA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO 55 4.1 O município

de Piracicaba: contexto histórico

56

4.2 Sistema

58

4.3 Equipamentos

61

4.4 Localização

66

4.4.1 Histórico do Local

67

4.4.2 Entorno

70

4.4.3 Equipamentos

75

4.4.4 Condicionantes físicos

86

4.4.5 Topografia

87

viário da cidade

e atividades desenvolvidas na cidade

e atividades desenvolvidas no local

5

PROPOSTAS E DIRETRIZES

89

5.1 Requalificação

90

REFERÊNCIAS

94




10

capítulo 1

INTRODUÇÃO A escolha do tema para a presente pesquisa

realidade de acesso a esportes e lazer desigual entre

do Trabalho Final de Graduação I parte da relevância

os diferentes estratos sociais. Isso ocorre devido à

histórica, social e arquitetônica que o objeto de

prioridade da busca pela superação das condições

estudo apresenta. O Complexo Esportivo estudado

de pobreza anteriormente às questões de lazer e

possui subnomes para as diferentes instalações do

esportes. Assim, políticas públicas também contam

mesmo; estas, por sua vez, contam com deficiências

como boas alternativas para fomentar a busca por

a

estes espaços esportivos e de lazer que devem estar

serem

corrigidas,

no

intuito

de

qualificar

o

local historicamente conhecido pela população de Piracicaba e região.

evidentes e qualificados à recepção da população. Partindo do exposto, a melhoria da qualidade

A rotina constante do homem contemporâneo

arquitetônica e acessibilidade aos espaços esportivos

é abordada por Assumpção (2002), que aponta que é

se torna pertinente à pesquisa. O objeto de estudo se

de suma importância a adoção de um estilo de vida

encontra, atualmente, com infraestrutura insuficiente

ativo, afirmando que a prática de atividades físicas

ao cumprimento de seu papel para com o município de

tem relação direta com o aumento significativo da

modo integral. Assim, com este trabalho, procuram-se

qualidade de vida da população. Além dos benefícios

melhorias para o Complexo Esportivo de Piracicaba,

físicos e metabólicos, a atividade física promove

além de bases para fundamentar futuras pesquisas

socialização, melhorias psicológicas, como autoestima

neste campo da arquitetura em congruência aos

e diminuição do estresse, da ansiedade e do uso de

esportes.

medicamentos.

O trabalho é estruturado, inicialmente, com

Como apontado acima, essas melhorias geram

base em uma revisão bibliográfica teórica acerca

um aumento na procura por espaços que possibilitem

da temática contemporânea do esporte, a partir

tal qualidade de vida, porém Marcellino (2000) aponta

de diferentes análises junto ao tema, de modo a

que a atual situação social e econômica torna a

introduzir a importância da prática do esporte e do


capítulo 1

INTRODUÇÃO lazer para uma saúde física e mental. Além disso,

um melhor entendimento e dimensionamento deste.

insere questões relevantes para o desenvolvimento

Portanto, tais levantamentos, estudos, análises

na sociedade, como a inclusão social por meio do

e revisões possibilitam a estruturação das propostas

esporte e lazer, e as políticas públicas trabalhadas

e diretrizes de projeto para a eventual requalificação

com o intuito de melhoria na qualidade dos espaços

do Complexo Esportivo de Piracicaba.

e equipamentos, possibilitando, assim, uma maior integração à sociedade como um todo. Em seguida, como forma de ligação entre a temática do esporte e a arquitetura, são apresentadas referências de projetos voltados à arquitetura esportiva, como complexos, estádios, parques e ginásios. Em tais referências, são analisadas informações pertinentes ao estudo de caso tema desta monografia, como por exemplo, a acessibilidade nesses espaços. Para finalizar a análise teórica, são levantados dados do município de Piracicaba, considerando seu contexto histórico, trajetória de evolução, e sua situação atual. A análise do município é de suma importância

para

compreender

a

relevância

do

Complexo Esportivo para com o município de Piracicaba. Além disso, através da coleta de arquivos e visitas de campo, são levantadas questões urbanísticas, sociais e geográficas da atual infraestrutura do local, para

11




14

capítulo 2

QUESTÃO COMTEMPORÂNEA DO ESPORTE O esporte contemporâneo se manifesta com

idealizado por Elias e Dunning (2013) parte de uma

uma diversidade de formas praticáveis, com finalidade

visão equivocada, pois este, é decorrente de uma

educativa, recreativa, sociocultural, profissional, ou

mudança social profunda, sendo necessário uma

como melhoria da saúde, expostos com valores ou

ressignificação do esporte para tentar construir

situações distintas (MARQUES, GUTIERREZ e ALMEIDA,

valores, como a cooperação, a solidariedade, a

2008).

prioridade ao coletivo, que pode influenciar outras

O esporte que conhecemos hoje, denominado de desporto moderno, tem sua origem na Inglaterra,

dimensões da vida na sociedade atual (SILVA e HASSE, 2013).

durante o período da revolução industrial no século XIX,

Para Tubino (2001), o mundo esportivo passou

baseado na perspectiva pedagógica, incorporando-se

a procurar as interseções do saber esportivo e a

um sentido de rendimento (GONZALEZ e PEDROSO,

buscar novos conhecimentos e caminhos a fim de

2012).

que o esporte pudesse atender às necessidades

Conforme

apontado

acima,

o

esporte

tem

como origem os jogos ingleses, e na ideia de Elias e

nas dimensões educacionais, de participação e de rendimento.

Dunning (2013), a gênese do esporte é um processo

Sendo assim, o esporte, um dos exercícios

de transformação da manifestação cultural popular

físicos mais praticados por todas as sociedades,

dos jogos ingleses, em uma nova forma de expressão,

tem suas diferentes maneiras de prática - práticas

orientada por regras e normas que designam a

de aprendizagem, de treino, de competição, prática

sociedade capitalista, próximo de uma indústria

regular, de recreio, entre outras – identificadas nas

cultural,

e

dimensões do esporte. Por exemplo, o esporte como

competitivos. Este processo é caracterizado como

educação visa a formação, é geralmente tratado nos

“esportivação”.

ambientes

predominando

valores

individualistas

Mas de certa forma, o processo de “esportivação”

escolares.

Esporte

como

participação

visa o lazer, busca um momento de recreação e


capítulo 2

QUESTÃO COMTEMPORÂNEA DO ESPORTE descontração, seja na prática ou contemplação da

de saúde e qualidade de vida da população em geral.

atividade. O esporte de alto rendimento, por sua vez,

Destaca-se, ainda, a importância de se expor tais

visa a performance, a competição (TUBINO, 1992).

conceitos, proporcionando maior conhecimento à

De certa forma, a prática esportiva traz diversos

população, com o objetivo de aumentar o envolvimento

benefícios ao ser humano. Tomar consciência de

desta, ao nível da prática de atividades físicas e da

tais benefícios, nos aspectos moral e social, é de

diminuição do sedentarismo, possibilitando uma

fundamental importância, tanto no âmbito individual,

melhora na saúde pública.

que será desenvolvido no subcapítulo a seguir,

A relação existente entre os termos expostos

quanto no coletivo, também abordado no decorrer da

acima – atividade física, saúde e qualidade de vida na

monografia.

sociedade – fica mais evidente quando o “Manifesto Mundial de Educação Física – 2000”, caracteriza os

2.1. Esporte no desenvolvimento individual Como

desenvolvimento

pessoal,

o

esporte

atua nas pessoas trabalhando seus aspectos físicos e psicológicos. A partir de uma análise da questão contemporânea do esporte com uma visão cientifica, verifica-se que, atualmente, a prática esportiva está relacionada ao termo qualidade de vida. No que diz respeito a qualidade de vida, Assumpção (2002) salienta a criação do paradigma do estilo de vida ativa, conceito que aponta uma vida saudável atrelada ao hábito da prática de atividades físicas e, consequentemente, à melhoria dos padrões

ideais contemporâneos de incentivo à vida ativa, expondo a relação entre esses termos. Através da educação da população, que visa a prática de esporte e lazer com maior frequência, gerando benefícios físicos, metabólicos, e psicológicos, além da consequente diminuição do uso de medicamentos (ASSUMPÇÃO, 2002). Como apontado acima, a diminuição do uso de medicamentos e melhora do quadro médico é visível no indivíduo que pratica atividade física, mesmo que de forma moderada, trazendo diversos pontos positivos, fornecidos pelo estudo dos autores

15


16

capítulo 2

QUESTÃO COMTEMPORÂNEA DO ESPORTE Matsudo & Matsudo (2000), os quais afirmam que

condição física através de uma adaptação e repetição

os

aos níveis de valor físico, sendo eles escolares ou

aspectos

metabólicos

antropométricos, e

psicológicos

neuromusculares,

são

os

principais

benefícios à saúde através da prática de atividade física. Dentre os benefícios apresentados, destacamse,

metabolicamente,

o

aumento

da

universitários, amadores ou profissionais, deficientes físicos, entre outros (LISTELLO, 1979) Cabe ainda destacar que a ausência ou o baixo

potência

nível de práticas esportivas é fator determinante no

aeróbica, da ventilação pulmonar, a diminuição da

desenvolvimento de doenças degenerativas, como por

pressão arterial e frequência cardíaca em repouso

exemplo, problemas cardiovasculares, de hipertensão,

e durante as atividades praticadas. Na dimensão

osteoporose, diabetes, e respiratórias (ASSUMPÇÃO,

antropométrica e neuromuscular, ocorre a diminuição

2002).

da gordura corporal e o aumento da força, da massa

De certa forma, porém, a qualidade de vida do

muscular, e da flexibilidade dos praticantes. Ademais,

homem contemporâneo não está relacionada apenas

transcorrem significativas melhorias na autoestima

à saúde, como fora colocado pelo autor anteriormente

e na imagem corporal; diminuição do estresse e da

citado, mas também a questões gerais. Por se tratar de

ansiedade, e funções de socialização, tratando-se do

uma sociedade industrializada, a prática de atividades

fator psicológico.

físicas permite uma maior produtividade e bem-estar

No que tange ao desenvolvimento físico do

ao praticante.

praticante, o objetivo do treinamento é a melhoria da

Bouchard (1990) confirma tal ideia ao afirmar

flexibilidade, da coordenação e do vigor muscular.

que saúde significa estar em boas condições física,

Quanto ao desenvolvimento fisiológico, a prática do

social e psicológica. Desta forma, ser saudável está

treinamento físico visa um melhor funcionamento

associado à capacidade de resistir aos desafios da

orgânico (coração e pulmões). Assim, praticar uma

sociedade contemporânea e aproveitar a vida com

atividade física significa colocar-se ou manter-se em

qualidade.


capítulo 2

QUESTÃO COMTEMPORÂNEA DO ESPORTE Assumpção (2002) reforça o conceito acima

bio-fisiológica pois é fruto de um processo e de relações

ao apontar que o termo saúde e qualidade de vida,

sociais bem mais amplas e complexas, conforme

na atual sociedade, varia de acordo com as distintas

expõe Manoel Tubino; no mundo contemporâneo,

condições sociais, como o acesso ao trabalho, aos

para um entendimento do esporte como fenômeno

serviços médicos, à moradia, à alimentação e ao lazer.

sociocultural

Ademais, os padrões de vida considerados saudáveis

prática

não passam apenas por uma análise biológica, mas

individuais, no cotidiano da família, da escola e da

também social, que se desconsiderado, torna a procura

comunidade. Através de atividades esportivas, a

pela saúde um problema de caráter individual.

construção de valores como respeito, cooperação,

Portanto, de um modo geral, ter saúde não

social

solidariedade,

é

necessário dentro

e

compreendê-lo fora

disciplina,

das

como

consciências

autoestima,

liderança,

significa apenas a ausência de doença, mas também

entre outros, contribui de maneira significativa para

a capacidade do ser humano de se encontrar em

a redução das injustiças, vulnerabilidade social e

completo bem-estar físico-psíquico-social.

exclusão que afligem grande parte da população em nossa sociedade (TUBINO, 2001).

2.2. Esporte no desenvolvimento na sociedade Embora se tenha visto uma valorização do esporte como desenvolvimento individual dado pela importância na manutenção da condição física, na prevenção da doença, no combate ao estresse, ao sedentarismo, e pelas potencialidades do incremento da performance do corpo, nem todos os indivíduos

Assim, o esporte passa a ser estudado não apenas como ciência, abordando as questões biológicas do homem, mas também, como desenvolvimento social, estudando a prática esportiva como forma inclusiva, com os conceitos de esporte voltado para o lazer, e as políticas públicas nesta área. 2.2.1. Esporte como inclusão social

sentem-se motivados para o experimentarem. O ser humano não pode ser reduzido à dimensão

O esporte é uma das principais ferramentas

17


18

capítulo 2

QUESTÃO COMTEMPORÂNEA DO ESPORTE de inclusão social em nossa sociedade. A inclusão

direito à cidadania, à promoção social de educação,

social é um ato de cidadania que atinge a todos e

entretenimento, saúde e qualidade de vida.

exige uma modificação de si mesmo para aceitação e

Toda pessoa tem o direito de participar e

compreensão das pessoas que possuem algo diferente

praticar o esporte e o lazer, incluindo, crianças,

daquilo que, socialmente, é considerado padrão.

jovens, pessoas idosas e portadores de deficiência.

A construção de uma sociedade inclusiva é um processo de suma importância para o desenvolvimento

A prática ou participação pode auxiliar de diversas formas

e manutenção de um estado democrático. Entende-se

As atividades de esporte e lazer atuam em

por inclusão a garantia, à todos, do acesso contínuo ao

aspectos sociais, como, por exemplo, livrar as

espaço comum da vida em sociedade, sociedade essa

crianças e adolescentes dos perigos e tentações da

que deve estar orientada por relações de acolhimento

rua, apresentando distração, e ocupação útil durante

à diversidade humana, de aceitação das diferenças

as atividades. A oportunidade de participação em

individuais, de esforço coletivo na equiparação de

atividades de sua escolha, individual, em família,

oportunidades de desenvolvimento, com qualidade,

com amigos, ou coletivamente, considerado este, o

em todas as dimensões da vida (TUBINO, 2001).

objetivo geral humanitário das atividades de esporte

A época atual é marcada pelos direitos e liberdades individuais e universais, pelos quais se

e lazer (LISTELLO, 1979). Outro

exemplo

de

atuação

social

destas

busca a igualdade de oportunidades e de integração a

atividades, no caso, em prol dos idosos, está

todas as pessoas.

salientado na ideia de Adriano Basse; a atividade

A Constituição Federal de 1988 garante, dentre

física na terceira idade, promove a socialização desse

os direitos dos cidadãos, o direito ao esporte e ao

público, que em muitos casos, tem apresentado um

lazer como elementos sociais que são de extrema

quadro grave de depressão por conta do abandono por

importância

parte dos filhos e familiares. E, através da recreação

para

a

construção,

além

do

pleno


capítulo 2

QUESTÃO COMTEMPORÂNEA DO ESPORTE proporcionada pela prática do esporte e do exercício

numa civilização industrial em permanente evolução

físico, reforça a memória e as habilidades mentais

(LISTELLO, 1979).

do idoso, promovendo a criação de laços sociais, e

Para melhor compreensão dos conceitos de

consequentemente, reduzindo os efeitos provocados

lazer voltados para o esporte como ferramenta de

pelo envelhecimento (BASSE, 2012).

desenvolvimento da sociedade, é necessário entender

O lazer como um dos direitos sociais está ligado ao conceito de cidadania atrelado ao uso democrático

a origem e os significados do lazer. O

lazer

é

uma

manifestação

humana

dos seus espaços. Assim, para compreender a conexão

caracterizada como tempo privilegiado para a vivência

entre cidade e lazer, é preciso entendê-lo como um

de valores de caráter moral, cultural, e educativo.

direito a ser conquistado, contemplando espaço e

Se manifesta através do desenvolvimento pessoal

tempo para a experiência de lazer.

e social, a par do divertimento e do descanso. As

Não menos importante, o esporte, além de

primeiras manifestações de lazer no mundo todo

promover a inclusão social, conforme visto, também

foram consequências das organizações operárias que

pode proporcionar uma experiência do lazer, conceito

defendiam a redução na jornada de trabalho, mas

de extrema importância para o desenvolvimento

seguiam as relações com o trabalho e a cultura da

social.

sociedade pré-industrial (CAPI, 2006). Por muito tempo, perduraram as interpretações

2.2.2. Esporte como lazer Todas as atividades de caráter esportivo podem se transformar em atividades de lazer. De um modo geral, elas se tornam meios de entretenimento físico, de divertimento e também de enriquecimento cultural, necessários ao equilíbrio do homem que vive

equivocadas da sociedade em relação ao lazer, pelo fato de entender o lazer como uma acomodação das pessoas. Nesse, a sociedade e suas cidades constituem a união de indivíduos para produtividade em indústrias ou em seu ambiente de trabalho, gerando, como

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20

capítulo 2

QUESTÃO COMTEMPORÂNEA DO ESPORTE resultado do capitalismo, um certo afastamento em

a vivências do cotidiano durante seu “tempo livre

relação à Natureza, e consequentemente, as pessoas

de trabalho”, ou seja, o lazer é contraponto ao

acabam criando um incorreto paradigma do lazer,

trabalho industrial e tem caráter voluntario, baseado

tratando-o como forma de acomodação, inviabilizando

no conjunto de ações escolhidas pelo sujeito para

sua

diversão,

compatibilidade

com

a

vida

tradicional

da

sociedade urbano-industrial (SILVA, 2018). Outro fator importante a destacar é a baixa ressonância do lazer antigamente, motivado pela forte influência da moral cristã do trabalho, pela falsa noção de hierarquização de necessidades humanas, e pela aceitação predominante dos valores de produtividade (MARCELLINO et al., 2007). Porém, na atualidade, a manifestação de lazer se desprende de um conceito equivocado que entende o lazer como acomodação das pessoas, e este é colocado como direito do cidadão, alavancando por discussões positivas sobre o tema. As discussões no âmbito do lazer são pautadas em práticas saudáveis de combate ao ócio, considerado um perigo social, constituindo assim, o lazer como instrumento de organização da sociedade, voltado à educação social (MARCELLINO et al., 2007). Alguns autores compreendem o lazer atrelado

recreação

e

entretenimento.

Bramante

(1998) entende lazer como: O lazer se traduz por uma dimensão privilegiada da expressão humana dentro de um tempo conquistado, materializada através de uma experiência pessoal criativa, de prazer e que não se repete no tempo/espaço, cujo eixo principal é a ludicidade. Ela é enriquecida pelo seu potencial socializador e determinada, predominantemente, por uma grande motivação intrínseca e realizada dentro de um contexto marcado pela percepção de liberdade. É feita por amor, pode transcender a existência e, muitas vezes, chega a aproximar-se de um ato de fé. Sua vivência está relacionada diretamente as oportunidades de acesso aos bens culturais, os quais são determinados, via de regra, por fatores sóciopolíticos-econômico e influenciados por fatores ambientais (BRAMANTE, 1998, p.9).


capítulo 2

QUESTÃO COMTEMPORÂNEA DO ESPORTE Portanto

conquistar

um

tempo

de

“não

todos os conteúdos do lazer fica evidente a relação

obrigação” nessa sociedade acostumada a dar certas

entre pessoas, caracterizando o conceito como social,

finalidades ao uso do tempo, é um desafio imposto a

destacando o convívio e encontros nos bares, bailes,

uma dimensão privilegiada de pessoas que buscam

festas, boates, clubes, associações entre amigos,

uma vida plena, praticando o lazer.

familiares ou desconhecidos. Além disso, as viagens e

A atividade do lazer, envolve a relação entre

passeios também são caracterizados como conteúdo

o potencial socializador (ambiente) e a motivação

de lazer, basta ter o interesse turístico, descrito pela

e

quebra da rotina temporal e espacial (CAPI, 2006).

liberdade

(individuo).

Trata-se

de

influências

sociais e culturais do ambiente, que afetam tanto

Sobre essa questão do interesse pelo lazer,

as experiências individuais nesse campo, quanto os

Dumazedier (1980) relaciona cinco interesses culturais

agentes promotores do lazer na sociedade (família,

do lazer com os aspectos físicos, manuais, artísticos,

escola, mídia), determinando um grau de envolvimento

intelectuais e sociais e, a respeito destes, Camargo

das pessoas no lazer. Além de pessoal, a experiência

(1992) propõem um sexto interesse que é o turismo.

do lazer tem caráter socializador, e reúne pessoas

Essa classificação facilita no entendimento de alguns

que se inter-relacionam com desejos e necessidades

conceitos do lazer, visto que os elementos de uma

semelhantes no tempo de “não trabalho” (BRAMANTE,

atividade esportiva, uma visita ao museu, assistir a

1998).

um filme, participação em oficinas de artesanato e Quanto mais “gratuita”, sem finalidades rigidamente estabelecidas, voltadas para a plena satisfação interna, bem como sob o controle pessoal, maior e melhor a qualidade da experiência de lazer (BRAMANTE, 1998, p.13).

Como já visto anteriormente no desenvolvimento deste capítulo, através da ideia de autores, em quase

outras vivências podem ser diferenciados conforme classificação, cada um com suas especiarias. Os vários interesses que as aspirações pela prática do lazer envolvem, formam um todo interligado e não constituído por partes estanques. A distinção só pode ser estabelecida em termos de predominância, representando

21


22

capítulo 2

QUESTÃO COMTEMPORÂNEA DO ESPORTE escolhas subjetivas, o que evidencia uma das características das atividades de lazer – a opção (MARCELLINO, 2000, p.17).

Os

interesses

físico-esportivos

não

devem

se limitar à vivência das atividades recreativas ou das diversas modalidades de atividades físicas ou esportivas. Além da opção pela prática, o esporte voltado para o lazer possibilita às pessoas sua contemplação, a partir do assistir aos espetáculos esportivos, ou se manifestar na discussão sobre determinado esporte, como ocorre nos ambientes urbanos, onde as pessoas discutem as táticas, a escalação das equipes, entre outros elementos existentes no jogo competitivo. O esporte competitivo, por exemplo, é lazer e trabalho ao mesmo tempo, porque para os jogadores profissionais das diversas modalidades esportivas é o seu trabalho profissional, enquanto para os espectadores que se dirigem ao estádio, ginásio ou, simplesmente permanecem em casa assistindo ao espetáculo, essa atividade esportiva é vista como lazer. Ademais, os interesses culturais do lazer com os aspectos artísticos, não devem se limitar ao acesso

a teatros, museus, bibliotecas, cinemas, exposições de arte. A própria cultura popular das diversas regiões do país, representadas no carnaval ou nas festas folclóricas são espaços relacionados às artes e aos espetáculos. Essas atividades, por exemplo, ocorrem no campo dos interesses artísticos do lazer, em que sua essência é o elemento estético a partir do imaginário, através de imagens, emoções, sentimentos, configurando a procura pela estética, encantamento (MARCELLINO, 2000). Como visto na ideia do autor acima, é possível afirmar que a contemplação da arte erudita é uma forma de lazer, que foi perdendo força no cenário nacional, por conta da desvalorização desta, por parte do Estado, gerando assim, o desinteresse da população. Portanto, é de suma importância a restauração desta cultura erudita nos espaços de lazer, visto que o conceito de lazer se aproxima à indústria cultural, priorizando apenas os esportes (ALMEIDA e GUTIERREZ, 2004). Para se compreender melhor esta ideia do lazer atrelado à indústria cultural, é importante distinguir as vertentes de transformação prioritária do conceito


capítulo 2

QUESTÃO COMTEMPORÂNEA DO ESPORTE de lazer apontadas pelo sociólogo Marcellino (2000).

comum, o que as atribui aos efeitos contagiantes da

Existem duas visões em relação ao conceito de lazer,

moda.

a primeira trata do conceito de lazer como prática

Como expressões mais recentes do lazer de

social, questiona os valores da nossa sociedade,

consumo ou indústria do entretenimento, temos a TV,

e utiliza o lazer como forma de convívio e inclusão

e os parques radicais temáticos, que são exemplos

social a toda população, priorizando um lazer mais

fortes do uso da tecnologia no lazer (ALMEIDA e

educativo, lúdico, inclusivo e solidário, permitindo as

GUTIERREZ, 2004).

relações interpessoais, incentivando a criatividade,

Vive-se uma briga entre as novas tecnologias

socialização, além de melhoras a qualidade e a

do lazer, voltadas à ideologia do consumo, contra

convivência da população na cidade. A segunda, por

o lazer popular enquanto espaço de resistência a

sua vez, visa lucros, de modo a utilizar o lazer como

esse consumismo, voltados, por exemplo, para as

uma forma de entretenimento a ser consumido, uma

festas ou jogos típicos provenientes de uma forma

mercadoria.

coletiva, diferentemente dos brinquedos eletrônicos

Mediante a isso, o conceito de lazer atrelado aos

prontos ou uso da Internet dentro de casa (ALMEIDA

lucros foi se intensificando, oferecido pela “indústria

e GUTIERREZ, 2004).

do entretenimento”, que relaciona o lazer saudável ao

Portanto,

consumo. Marivoet

como

principal

ferramenta

de

resistência ao consumo do lazer, é importante (2013)

confirma

tal

hipótese

ao

utilizar o lazer físico-esportivo como característica

discorrer que a prática esportiva voltada para o lazer

instrumental

de

uma

tende a se apresentar como um hábito cultural. Deste

moralizante,

modo, as grandes taxas de participação resultantes

apresentando melhoras na questão da violência, uso

da generalização do estilo de vida ativa não são fáceis

de drogas, entre outros problemas sociais, através do

de serem explicadas pelas interpretações do senso

frequente acesso aos equipamentos públicos de lazer

terapêutica,

perspectiva ou

até

saneadora,

mesmo

sadia,

23


24

capítulo 2

QUESTÃO COMTEMPORÂNEA DO ESPORTE e esporte (MARCELLINO et al., 2007).

Nesse sentido, as políticas públicas assumem

Para que isso ocorra, Marcellino (2000) expõem

grande importância na democratização do lazer,

que as diversas formas de prática do lazer devem ser

como, por exemplo, na melhoria da qualidade e

democratizadas e disponibilizadas a toda população.

disponibilização dos espaços e equipamentos de

Exatamente as camadas mais pobres da população, empurradas para dentro de suas casas no tempo disponível para o lazer, são as que menos têm condições de desenvolver atividades produtivas no ambiente doméstico

esporte e lazer.

(MARCELLINO,2000, p.61).

governamental, público e social, se apresentam as

Mas de certa forma, a realidade é outra,

2.3. Políticas públicas de esporte e lazer Nesta

parte

da

monografia,

num

âmbito

políticas públicas voltadas para o esporte e lazer.

diferente das ideias propostas por Marcellino (2000),

As cidades devem disponibilizar espaços lúdicos

pois um dos problemas para a democratização

acessíveis à pratica de atividades físicas e esportivas,

do lazer, e a promoção do lazer físico-esportivo

para que a população aprenda a conviver com essa

atuando nas melhorias sociais, está no fato de que,

mentalidade, atraindo saúde e qualidade de vida. Para

em muitas cidades brasileiras, os equipamentos

isso, um ponto de partida seriam as políticas públicas

públicos de esporte e lazer se encontram ausentes ou

mais eficientes, buscando revisar os equipamentos e

mal constituídos, não cumprindo com sua função de

espaços já existentes, qualificando-os, e administrando

garantir o exercícios das relações sócias e da pratica

em conjunto com a população, para estar sempre

de atividades. E a maioria dos equipamentos urbanos

atento em manter o equilíbrio quanto à oferta e

que poderiam suprir essa ausência, correspondem à

demanda, preservação e manutenção, educação e

iniciativa privada, tratando o lazer mais como uma

desenvolvimento, lazer e natureza, práticas corporais

questão de mercadoria ao consumidor (SANTANA,

e ludicidade (RECHIA, 2017).

2018).

Para se entender o conceito de políticas públicas


capítulo 2

QUESTÃO COMTEMPORÂNEA DO ESPORTE no campo do físico-recreativo, primeiramente, é

de espaços atrativos, que atendam às práticas de

necessária uma análise teórica do termo políticas

atividades corporais e culturais, é de suma importância

públicas num âmbito geral.

identificar, por meio de análises, as características

Políticas servem como guia para determinadas ações,

são

regras

estabelecidas

para

estruturais e culturais dos espaços e equipamentos

governar

de esporte e lazer, estabelecendo assim, políticas

funções e assegurar que elas sejam desempenhadas

públicas que efetivem o direito do cidadão a se

de acordo com os objetivos desejados. As políticas

interagir e se desenvolver em um ambiente urbano

públicas, além do objetivo de melhorar a capacidade

mais humanizado e saudável. (RECHIA, 2017).

do poder público frente às demandas sociais, atuam

Após revisão teórica do termo políticas públicas,

como instrumento de acesso a espaços ou serviços,

podemos adentrar a estas, no campo do esporte e do

gerando inclusão social, e incentivando a cidadania

lazer, mostrando sua relação com a cidade e com a

(HOURCADE e GUTIERREZ, 2004).

sociedade.

Como apontado acima, as políticas públicas

Primeiramente, é preciso pensar no esporte como

devem estar aptas às demandas sociais, e à melhoria

uma das atividades e conteúdos culturais do lazer e

dos acessos a espaços ou serviços em prol da

ampliá-lo na concepção de jogo como elemento que,

população. Conforme Rechia (2017) a lógica das

se não antecede a todas as modalidades esportivas,

políticas públicas urbanas no Brasil devem preparar

está explícita sua função enquanto encontro de

as cidades para solucionar os problemas sociais,

pessoas para sua prática (MARCELLINO et al., 2007).

planejando espaços públicos que possibilitem maior

Essa

perspectiva

de

se

pensar

o

esporte

qualidade de vida às pessoas, como por exemplo,

realça a importância deste com o cumprimento de

praticando atividades físicas e esportivas.

desenvolvimento da sociedade, aspecto importante

Mediante a isso, se o intuito é proporcionar

nesta monografia. Para alavancar sua importância e

maior qualidade de vida para a população, através

conquistar espaço enquanto política pública, o esporte

25


26

capítulo 2

QUESTÃO COMTEMPORÂNEA DO ESPORTE e o lazer se associam ao processo social através de

de realização das atividades antes dispostas nos

uma perspectiva de participação. Outra alternativa de

defasados equipamentos públicos de esporte e lazer,

valorização destes, passa por associá-los ao controle

administrados pelas secretarias destes municípios.

da criminalidade, como fator de minimização dos riscos sociais (ALMEIDA e GUTIERREZ, 2004).

De certa forma, investir nesses empreendimentos privados seria uma forma mais fácil de proporcionar

Porém, não é exatamente assim que as ideias

as atividades físico-recreativa, porém, em nossa

relacionadas à qualidade de vida, importância social

sociedade urbano-industrial, existem barreiras intra

e políticas públicas dispostas acima acontecem na

e interclasses, onde uma minoria tem possibilidade

realidade da população. As políticas de esporte e

de frequentar os clubes privados, enquanto a maioria

lazer na administração pública seguem uma série

da população utiliza do lazer oferecido pelo poder

de problemas, como, por exemplo, a escassez de

público municipal, estadual ou federal (CAPI, 2006).

formulação destas políticas, restringindo-se apenas à

Esses

equipamentos

de

esporte

e

lazer

criação de leis de incentivo fiscal, e principalmente,

disponibilizados à maioria da população se encontram

investimentos

privados

precários ou inativos. Trata-se de uma relação

resultante no crescimento do lazer como mercadoria

político-social desconectada quanto à demanda, onde

de

ocorrem transformações ambientais e sociais que

consumo

em do

empreendimentos entretenimento

(HOURCADE

e

GUTIERREZ, 2004). Este

tipo

acabam reduzindo os espaços de lazer nas cidades, de

administração

pública

que

principalmente aqueles ligados às práticas corporais,

investe equivocadamente parte da verba municipal

criando, assim, espaços públicos de baixa qualidade

destinada ao âmbito do esporte e lazer, ocorre em

para este tipo de prática, e com pouca diversidade e

muitos municípios. Como, por exemplo, as parcerias

qualidade de experiências. O meio urbano está mais

fechadas entre as prefeituras municipais e os clubes

voltado para trocas financeiras e econômicas, em

ou empreendimentos de caráter privado, com o intuito

detrimento disso, ausenta-se a qualidade de vida das


capítulo 2

QUESTÃO COMTEMPORÂNEA DO ESPORTE pessoas nas cidades (RECHIA 2017).

manter a riqueza da paisagem urbana e preservar o

Atrelada a esse fenômeno de trocas financeiras, a atual situação econômica e social torna a realidade

espaço, requalificando, revitalizando e reestruturando as construções.

de acesso ao lazer desigual aos diferentes estratos

Em relação ao conceito de participação da

sociais. Conforme apontado na introdução deste

população em defesa do seu patrimônio ambiental

trabalho, isso ocorre devido à prioridade da busca pela

urbano, preservando as construções e sua importância

superação das condições de pobreza anteriormente

histórica para a população, é diferente de como o poder

às questões de lazer e esportes. Assim, como já visto

público conduz suas ações, segundo Rechia (2017);

anteriormente no discorrer deste tópico, políticas

dentro de um âmbito governamental, os espaços

públicas de incentivos também contam como boas

públicos funcionam como vitrines para uma visão

alternativas para fomentar a busca por atividades

ideal do ambiente urbano, e o poder público trabalha

esportivas e de lazer em espaços públicos destinados

suas políticas como “tapadoras de buraco”, forçando

a esse uso, que devem estar evidentes e qualificados

uma estética não condizente. Muitas vezes, as obras

à recepção da população (MARCELLINO, 2000).

realizadas pelo poder público ou por concessões ao

Mas, para isso, essas políticas públicas devem

poder privado são apenas “maquiagens” para vender

ser fundamentadas no conceito de democratização

uma boa imagem de cidade, ignorando os desejos da

do esporte e lazer, segundo Marcelino (2000), a

população (RECHIA, 2017).

ação

“democratizadora”

precisa

abranger,

além

Outro

problema

atrelado

à

formulação

de

da construção de novos equipamentos em locais

políticas públicas que ignoram a participação da

adequados e acessíveis, o incentivo ao uso dos

população, é o fato da política de esporte voltada para

equipamentos não específicos de lazer e à busca

o lazer resumir-se a uma política de atividades que,

da participação da população na defesa do seu

na maioria das vezes, acaba por constituir eventos

patrimônio ambiental urbano, o que implica em

isolados e desconectados entre si, sem o devido

27


28

capítulo 2

QUESTÃO COMTEMPORÂNEA DO ESPORTE planejamento. Ou seja, atividades que influenciam o

proporcionar através de seus espaços e equipamentos

individualismo, a competição, e a convivência em uma

públicos, observa-se que, quanto mais experiências

sociedade desigual socialmente, e a “privatização” dos

significativas esses ambientes oferecerem, maior será

espaços (MARCELLINO, 2000).

a probabilidade de serem frequentados, e para que

Para que seja possível uma relação entre cidade,

isso ocorra, é preciso haver uma qualificação geral

lazer e esporte, é necessário ouvir e respeitar as

dos espaços, através de manutenção, segurança,

demandas do cidadão na formulação de políticas

opções diversificadas de atividades, equipamentos e

públicas (RECHIA, 2017).

acessibilidade. Além de um trabalho integrado entre

Nesse sentido, Bramante (1999) afirma que uma

as secretarias municipais de esporte, lazer, e outras

política de atuação neste campo, além de ampliar

questões de âmbito semelhante, prevendo ainda, uma

o tempo disponível das pessoas para a prática, o

localização estratégica dos equipamentos de lazer,

desenvolvimento de espaços apropriado, seja também

como forma de estimulo à sua utilização, e evitando

um conjunto de ações em termos de tempo, individuo,

que ocorra, por conta da má disposição destes, uma

prática da atividade, diversidade de espaços, entre

exclusão social ou inibição dos direitos sociais da

outros. Possibilitando, assim, fornecer diretrizes para

população (HOURCADE e GUTIERREZ, 2004).

que os gestores públicos e todos os profissionais

Em decorrência das ideias acima, deve se

envolvidos nessa área formulem politicas coerentes

atentar aos espaços sem organização, qualidade ou

com determinada área e população, alcançando o

infraestrutura, que afetam negativamente as vivências

principal objetivo que é oferecer a todos os cidadãos

lúdicas, e as atividades físicas e esportivas, como, por

a possibilidade de uma melhor qualidade de vida

exemplo, a falta de acessibilidade a esses espaços

através da prática de atividades esportivas e de lazer.

públicos que não deveriam dificultar o acesso das

Considerando os benefícios e as transformações

pessoas com mobilidade reduzida, inibindo seus

sociais que as atividades de esporte e lazer podem

direitos ao lazer, esporte e cultura (RECHIA, 2017).


capítulo 2

QUESTÃO COMTEMPORÂNEA DO ESPORTE Se o espaço público não apresenta qualidade, dificilmente

suas

apresentarão;

portanto

qualificadas

atividades apostar

arquitetonicamente,

consequentes em

estruturas

pode

ser

uma

solução para melhorar o acesso das pessoas ao lazer, esporte e cultura. Portanto,

os

espaços

públicos

destinados

às experiências no âmbito do lazer, quando bem planejados, com estrutura diversificada, com boa manutenção e com a coparticipação comunitária, tornam-se

atrativos

ao

uso.

Além

disso,

uma

diversificação de usos desses espaços gera maior vitalidade à cidade, pois garante, nos mesmos horários, a presença de diferentes pessoas e objetivos, proporcionando encontros e suprindo a ociosidade e carência do local na maior parte do tempo (RECHIA, 2017).

29




32

capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE Neste capítulo, é desenvolvida uma relação entre

prática esportiva, se introduz à relação da arquitetura,

o esporte e a arquitetura, mostrando a importância

na construção dos mesmos. Como forma de ampliar a

desta nos espaços e edifícios esportivos (ginásios,

visão dessa relação arquitetura e esporte, é importante

estádios, complexos, entre outros).

entender

esses

classificados 3.1. Arquitetura de qualidade nos espaços esportivos Embora arquitetura consista em projetar edifícios estáticos, enquanto o esporte envolve esforço físico e movimento durante sua prática, eles se relacionam dentro da sociedade, pois a prática de uma atividade esportiva, necessita de um espaço que, na maioria das vezes, é função do arquiteto pensá-lo (GAMBARINI, 2017). Partindo da ideia acima, o surgimento dessa relação entre esporte e arquitetura pode ser explicada pelo homem que sempre buscou se divertir de alguma forma, através de música, dança, e principalmente através do esporte, que foi se desenvolvendo e se adaptando à sociedade, ampliando a necessidade de estruturas e espaços adequados para sua prática (LINE ARQUITETURA, 2015). Tal necessidade de espaços adequados para

por

dois

conceitos

autores

separadamente,

especialistas

em

suas

respectivas áreas. Primeiro uma visão mais voltada para a arquitetura, em seguida, autores que classificam o esporte e suas manifestações. Para Lemos (1979), a arquitetura é todo tipo de intervenção que cria espaços no meio ambiente, com determinada intenção plástica para unir as pessoas e atender às necessidades imediatas, ou à expectativa, caracterizada pelo resultado físico da intervenção. Conforme visto no capítulo anterior, a criação de espaços para a prática do esporte e do lazer é uma das principais ferramentas dos órgãos públicos e municipais para a união das pessoas, atendendo parcialmente, por exemplo, às necessidades de inclusão e acessibilidade da população. Em seguida, numa visão mais voltada para o conceito de esporte, Marques, Gutierrez e Almeida (2008), classificam que as formas de manifestação do esporte são compostas por três vertentes: o


capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE ambiente, a modalidade e o sentido da prática. O ambiente se refere ao local, espaço em que se realiza

com a sociedade (FLOWERS, 2017). Mas é importante compreender que, embora

a prática esportiva. A modalidade diz respeito à

estabeleça

diversidade de formas e regras de jogos. E o sentido

econômico, político, entre outros, a arquitetura se

está relacionado aos valores transmitidos pela prática

firma como campo disciplinar próprio (FORCELLINI,

do esporte, envolvendo questões sociais e culturais

2014).

dos praticantes.

Além

Mediante a visão dos autores acima, tais vertentes

estão

interligadas,

evidenciando

laços

do

com

mais,

o

entorno

como

um

físico,

social,

“subcampo”

da

arquitetura em geral, se firma a arquitetura voltada

a

para construção dos espaços e edifícios esportivos,

importância do ambiente na manifestação do esporte,

ou simplesmente, arquitetura esportiva. A qual,

que consequentemente, necessita da arquitetura para

apesar de seu surgimento tardio, principalmente

construção desses ambientes.

no Brasil, deveria ter maior relevância acadêmica,

Portanto, essas ideias, expostas por autores no

campo

arquitetônico

e

no

campo

priorizando a formação de profissionais capacitados

esportivo

a tratar o desenho, o projeto, a criação, a verdadeira

demonstram, mesmo que indiretamente, a correlação

arquitetura, de suma importância para esses espaços

entre os conceitos de arquitetura e esporte.

esportivos, e não simplesmente a construção destes,

Para Flowers (2017), essa correlação acontece pelo fato de que o esporte e a arquitetura são dois

sem qualidade arquitetônica, apenas como “tapa buraco” para problemas de sociedade.

elementos da vida contemporânea com amplo impacto

Em relação ao surgimento tardio da arquitetura

em nossa sociedade. Quando misturados, o papel

esportiva no Brasil, Ribeiro (2005) afirma que a primeira

da arquitetura na formação dos espaços e edifícios

manifestação deste âmbito no país foram os padrões

de caráter esportivo, se relacionam culturalmente,

técnicos para implantação de instalações esportivas,

economicamente, geograficamente, e politicamente

publicado por Maria Lenk em 1941. As publicações

33


34

capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE em seguida, foram causa e efeito da expansão

no cenário esportivo nacional, matando jovens da

de construções esportivas que acompanharam o

categoria de base que se alojavam no local.

crescimento do país em termos econômicos.

No acontecimento em questão, o alojamento

A arquitetura esportiva pode ser entendida como

dos atletas, feito de estrutura modular e provisória

a união entre as técnicas do esporte e a arquitetura

em contêiner, apresentava apenas uma saída em

dos edifícios e instalações, que juntos proporcionam

uma das extremidades, ou seja, um erro de projeto

o local adequado para a prática da atividade esportiva.

arquitetônico que impossibilitou a evacuação dos

Mediante

a

união

espaço

garotos alojados nos dormitórios da extremidade

esportivo que não apresenta qualidade ou não está

oposta à saída. Além disso, os contêineres possuíam

adequado, pode consequentemente desqualificar as

máquinas de condicionamento de ar, mas sem

práticas esportivas no local. Portanto, apostar em

apresentar tecnologia anti-chamas no local, gerando

elementos

rapidamente o incêndio (VEJA, 2019).

construtivos

citada

e

acima,

estruturas

o

qualificadas

arquitetonicamente, como por exemplo, na questão

É evidente que este tipo de tragédia envolve

da iluminação, que interfere tanto na contemplação

outros tantos culpados que não vêm ao caso neste

do esporte por parte dos espectadores, quanto na

trabalho; o intuito deste é relatar que a falta de

própria performance dos praticantes (RECHIA, 2017).

arquitetura, neste caso, em uma instalação esportiva,

Conforme o exemplo citado pelo autor acima, o

pode resultar, até mesmo, na morte de jovens pessoas.

edifício e sua arquitetura influenciam diretamente na

Em

recorrência

do

acontecimento

relatado

prática e contemplação do esporte. Por outro lado, a

acima e de tantos outros, deve se atentar aos espaços

falta de projeto do local por parte dos arquitetos, pode

sem projetos pertinentes de arquitetura, que constam

influenciar problemas maiores. Como, por exemplo,

de falta na organização, qualidade ou infraestrutura,

o trágico episódio do incêndio ocorrido no centro

afetando negativamente as vivências e práticas de

de treinamento de um clube de grande expressão

atividades físicas e esportivas (RECHIA, 2017).


capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE Por

fim,

espaços

esportivos

qualificados

arquitetonicamente constam da valorização tanto do

espaço de um projeto arquitetônico neste âmbito do esporte.

praticante, quanto do espectador que contempla a “arte” do esporte. Para isso, é desejável o uso de técnicas, estruturas, elementos e materiais arquitetônicos que tornem o espaço funcional, e com design estético inovador, apresentando segurança, acessibilidade, conforto, entre outros. A função do arquiteto, nessa qualificação do espaço, é resolver questões como a melhoria da acessibilidade, através do aumento da largura das calçadas e dos acessos, gerando uma fácil circulação; a melhoria do conforto do espectador com a colocação de assentos em boas condições, e o conforto do praticante com a colocação de pisos adequada para determinadas práticas esportivas; usufruir da sustentabilidade; apresentar projetos que não contenham problemas na implantação, entre outros exemplos (MELLO, 2016). No referencial de projeto a seguir, é analisado o partido arquitetônico dos edifícios e espaços esportivos

(estádios,

ginásios,

complexos,

entre

outros) em questão, que irão nortear a implantação e distribuição de um programa, estrutura e relações de

3.2. Estádio Pärnu O Estádio Pärnu foi projetado pelos arquitetos Jan Skolimowski, Peeter Loo, e Anton Andres em uma área de 2500 m², localizada na cidade de Pärnu, Estônia. O histórico do local consta de diversas modificações,

inicialmente

destinado

a

vários

equipamentos esportivos, em seguida, diferentes projetos de arquibancada tomaram a área, sendo derrubadas e reconstruídas. A nova arquibancada, construída em 2017, por estar localizada numa área sem a concentração de grandes edifícios no entorno imediato, tornou-se um ícone para a cidade. Apesar do uso de tons brancos junto à madeira trazerem a

sensação de

delicadeza,

o formato

volumétrico estreito e o grande balanço estrutural da cobertura (28 metros sem apoios no ponto mais extenso), realçam o aspecto funcionalista das arquibancadas de madeira feitas antigamente. O projeto da arquibancada segue uma lógica

35


36

capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE em que os atletas nunca cruzam os espectadores. No pavimento térreo, concentram-se os vestiários, salas para treinadores, área de controle de doping e outros serviços relacionados aos atletas. No pavimento superior, acessado pelas escadarias nas laterais do edifício, estão as arquibancadas (1500 assentos), salas administrativas e as cabines de imprensa. Atrás da arquibancada, também no pavimento superior, porém voltado para rua, encontram-se os alojamentos para atletas.

Figura 2 – Fachada externa do edifício. Fonte: Archdaily, 2017.

Figura 1 – Implantação. Fonte: Archdaily, 2017.

Figura 3 – Fachada interna do edifício. Fonte: Archdaily, 2017.


capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE

Figura 4 – Planta do pavimento térreo. Fonte: Archdaily, 2017.

Figura 5 – Planta do pavimento superior. Fonte: Archdaily, 2017. Figura 7 – Alojamento. Fonte: Archdaily, 2017.

Figura 6 – Corte. Fonte: Archdaily, 2017.

Figura 8 – Vista Lateral. Fonte: Archdaily, 2017.

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38

capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE 3.3. Arena da Baixada

Dentre as diversas reformas, a última delas foi realizada pelos escritórios Vigliecca & Associados e

O estádio Joaquim Américo Guimarães, conhecido

Carlos Arcos Arquite(c)tura, com o intuito de adequar

popularmente como Arena da Baixada, localizado na

aspectos como capacidade, visibilidade, conforto e

cidade de Curitiba, Brasil. Dentro de uma área de

segurança, que são requisitos necessários para se

124966 m², a arena é a “casa” do Clube Athlético

enquadrar como entidade máxima do futebol, como

Paranaense, um dos times de futebol profissional da

um dos equipamentos utilizados em seu megaevento.

cidade.

Mediante a isso, foram classificados três conceitos para a qualificação do local: o de integração urbana, a funcionalidade, e a sustentabilidade.

Figura 9 – Vista aérea do Complexo. Fonte: https://bit.ly/2JRwAmf.

Figura 10 – Antiga Arena da Baixada. Fonte: https://bit.ly/2HIxj7U.


capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE Partindo do conceito de integração urbana,

Ademais, outro conceito utilizado foi o da

apesar de estar localizado no centro urbano, o edifício

funcionalidade, no caso, dar mais funções ao local. A

possuía uma relação inadequada com o entorno e seu

cidade de Curitiba, que possui uma grande demanda

contexto urbano. Portanto, transforma-se o nível da

cultural, necessitava de um grande espaço para

Praça Afonso Botelho (ao lado do estádio) em uma

atender a essa demanda, uma Arena Multi-eventos.

grande Praça Urbana Comercial que unifica o espaço,

Sendo assim, o Complexo Cultural e Esportivo passa

auxiliando na integração do novo Complexo com a

a ser um dos mais importantes da América do Sul,

cidade, e possibilitando uma melhoria da acessibilidade

composto pelo Estádio, Arena Indoor com capacidade

ao local. Além da criação de uma “Caixa Iluminante”

para 10 mil lugares (não concluída) e um espaço

como aspecto do edifício, que através da utilização de

exterior

materiais translúcidos e tecnologias de iluminação e

infraestrutura capaz de receber eventos desportivos,

imagem, atuam integrando o interior com o exterior,

culturais, entretenimento, entre outros.

público

integrador,

possibilitando

e tornando o edifício, um ícone para a cidade.

Figura 11 – Estádio iluminando o entorno. Fonte: Archdaily, 2014.

Figura 12 – Estádio utilizado para campeonato de luta. Fonte: https://bit.ly/2HJNcuD

uma

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40

capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE Por fim, o conceito de sustentabilidade, utilizado no Complexo, que foi projetado com o máximo aproveitamento natural, para o conforto térmicoacústico-luminoso; a implementação de um sistema que armazena e posteriormente reutiliza as águas pluviais. Além dos sistemas construtivos pensados para minimizar gastos energéticos; sistemas de proteção solar e ventilação natural (tipo brise) para redução da carga térmica dos espaços interiores; cobertura em painéis de policarbonato para reduzir o aquecimento geral por meio de sombreamento. Figura 14 – Assentos. Fonte: Archdaily, 2014.

Figura 13 – Elementos construtivos para auxílio da ventilação. Fonte: Archdaily, 2014.

Figura 15 – Planta Baixa. Fonte: Archdaily, 2014.


capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE 3.4. Ginásio de Esportes do Colégio São Luís O Ginásio de Esportes pertencente ao Colégio São Luís é um projeto do escritório URDI Arquitetura e está localizado em uma área de 9062 m² na cidade de São Paulo, Brasil. A última reforma realizada no Ginásio data de 2015, e faz parte de um planejamento arquitetônico realizado pela escola durante anos, com o intuito de qualificá-la aos seus princípios educacionais. Mediante isso, um breve diagnóstico avaliou o aumento da demanda por espaços esportivos, porém, com alto grau de dificuldade para atendê-la, pois se tratava de uma obra que não poderia ter o acréscimo de áreas, e tampouco, a interrupção das atividades

Figura 16 – Vista aérea do Colégio. Fonte: Archdaily, 2016.

cotidianas do local, no caso, as atividades escolares. Portanto, os arquitetos desenvolveram alguns

Para isso, ocupando a mesma área do edifício

deste

demolido anteriormente para realização da obra,

projeto, como a ideia de se abrir o colégio para a

o Ginásio aumenta de uma para quatro quadras

cidade; aumentar a oferta de espaços esportivos para

esportivas, duas dentro do espaço do antigo ginásio,

uso; transformar os espaços em áreas de convívio entre

utilizando o recurso da arquibancada retrátil que

os alunos, como forma de descanso e descontração;

amplia o espaço quando recolhida, e as outras duas,

além do tratamento térmico-acústico-luminoso no

sendo dois campos society (grama sintética), estão

projeto.

localizadas na laje da cobertura deste ginásio.

conceitos

para

qualificação

arquitetônica

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42

capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE

Figura 17 – Espaço ampliado. Fonte: Archdaily, 2016.

Figura 18 – Vista do ginásio a partir da cidade. Fonte: Archdaily, 2016.

A opção pela arquibancada retrátil citada acima,

Ainda sobre a melhoria da condição térmica do

localizada em apenas um lado do ginásio, é uma das

edifício, tem-se o design das fachadas, com aberturas

formas de se abrir o colégio para a cidade, pois permite

permanentes estrategicamente posicionadas e os

a liberação das fachadas externas, possibilitando

vidros controlando a radiação solar e auxiliando na

assim, uma relação visual direta da cidade e para a

renovação de ar dentro do edifício e a manutenção da

cidade, eliminando as fronteiras do entorno com o

temperatura confortável. Além disso, a possibilidade

colégio. Somadas a isso, as opções por uma estrutura

de abrir as portas deslizantes na fachada norte do

metálica e o fechamento de vidro destacam a leveza

edifício ajuda a controlar a intensidade dos ventos

do local, e as árvores do entorno, além de melhorar a

durante as épocas do ano. E o desenho angulado dos

condição térmica, trazem “vida” ao interior do ginásio.

brises funciona tanto para diminuir a incidência da


capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE radiação solar dentro do edifício, quanto para permitir uma ventilação constante sem expor os alunos em dias de chuva. Devido ao uso de vidro nas fachadas, a iluminação natural é abundante. E no período noturno, além da iluminação urbana, por se tratar de um ginásio pensado para atender a parte cultural do colégio também, dispõe de um sistema de iluminação semelhante a um teatro. Por fim, apoiado por uma estrutura cinotécnica completa, o ginásio recebeu tratamento acústico para atender aos eventos esportivos e culturais do colégio, calibrando os tempos de reverberação e isolamento acústico, possibilitando assim, qualquer tipo de

Figura 20 – Varanda cênica. Fonte: Archdaily, 2016.

utilização sem incomodar os vizinhos.

Figura 19 – Arquibancada retrátil recolhida. Fonte: Archdaily, 2016

Figura 21 – Estrutura cenotécnica completa. Fonte: Archdaily, 2016.

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44

capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE 3.5. Complexo Aquático Allmendli

circundante, possibilitando assim, amplas vistas do Lago de Zurique. Além disso, o espaço subterrâneo

O Complexo Aquático Allmendli está localizado

foi usado para abrigar os sistemas necessários para

em uma área de 1131 m² na comuna de Erlenbach,

funcionamento do edifício e da piscina, como um hall

Suíça. O projeto, realizado em 2016 pela equipe da

de entrada, vestiários, entre outros.

Pöyry Switzerland AG e illiz Architektur, consiste na reforma de um antigo abrigo militar ao lado da atual escola de Erlenbach. Externamente, as únicas marcas restantes do abrigo eram duas entradas escavadas na encosta, esperando uma nova utilização. Mediante à possibilidade de dar um novo uso ao local, unida à proximidade deste com a escola e a falta de aulas de natação para as crianças da comunidade, houve a criação de um concurso com o intuito de encontrar

Figura 22 – Antigo abrigo militar. Fonte: Archdaily, 2016.

responsáveis para realização do projeto de uma piscina, atribuindo um novo uso ao antigo abrigo de militares. Para tanto, o desafio dos arquitetos para acomodar toda a instalação de uma piscina em um abrigo subterrâneo foi solucionado sem precisar escavar

mais

ainda

o

subterrâneo.

O

projeto

suspende a piscina por cima do volume existente no subterrâneo, permitindo que a superfície de acesso à piscina permaneça no mesmo nível do terreno

Figura 23 – Escada de acesso vestiário-piscina. Fonte: Archdaily, 2016.


capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE Como elementos construtivos, os arquitetos utilizaram vidro na fachada, envolvendo a estrutura de concreto bruto da antiga instalação, proporcionando assim, além de um contraste entre a solidez do concreto e a leveza do vidro, uma relação mútua de visão entre exterior e interior do edifício. Por fim, estruturalmente, o edifício recebe uma nova identidade: o hall de entrada emerge de uma superfície recuada na inclinação; a laje de concreto do subsolo é coberta com um revestimento protetor, enquanto canos, cabos e condutos permanecem aparentes; e o salão de banho é basicamente um caixote maciço de concreto sustentado por uma

Figura 24 – Salão de banho. Fonte: Archdaily, 2016.

fileira com pouco espaçamento entre os pilares de concreto, locados ao longo das bordas do “caixote”. Entre os pilares, formam-se bancos em concreto que circundam a piscina.

Figura 25 – Fachada. Fonte: Archdaily, 2016.

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46

capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE 3.6. Complexo Esportivo Atanasio Girardot (Cenários Esportivos)

como o Estádio de futebol ‘Atanasio Girardot’, Coliseu de Basquete ‘Iván de Bedout’, Coliseu de Combate ‘Guillermo Gaviria Correa’, Coliseu de Ginástica

O

Complexo

Girardot,

‘Jorge Hugo Giraldo’, Estádio de Atletismo ‘Alfonso

localiza-se na cidade de Medellín, Colômbia. Trata-se

Galvis Duque’, Complexo Aquático e Piscina Olímpica

de um Complexo localizado na parte central, a oeste

‘César Zapata’, Parque de Skate, Velódromo Martín

da cidade, e caracterizado por ser um dos Complexos

Emilio Cochise Rodríguez, Diamante de Beisebol Luis

mais funcionais de toda a América do Sul, dispondo

Alberto Villegas e Coliseu Auxiliar Yesid Santos. A

de diversas atividades esportivas, tanto de alto

primeira destas instalações foi o Estádio Atanasio

rendimento quanto recreativa, para toda a comunidade.

Girardot, construído em 1953, abrindo “passagem”

Destas modalidades, se destacam atletismo, basquete,

para o restante das construções, e, posteriormente,

handebol,

convertendo-se

beisebol,

Esportivo

ciclismo,

Atanasio

esgrima,

futebol,

ginástica, judô, karatê, futsal, skate, motociclismo,

ao

nome

de

todo

o

Complexo

Esportivo.

natação, patinação, halterofilismo (pesos), softball,

Ao longo dos anos, o Complexo Esportivo

taekwondo, tênis de campo, vôlei, xadrez, tênis de

Atanasio Girardot passou por reformas e ampliações.

mesa, vôlei de praia. Além disso, o Complexo dispõe

Em meados de 2008, a cidade foi escolhida para

de espaços de convivência, também utilizados para

sediar os jogos Sul-Americanos de 2010. Para tanto,

atividades esportivas e culturais, assemelhando-o a

foi realizado um concurso internacional para reforma

uma cidade, cercada por ruas tranquilas, parques e

e ampliação de uma série de instalações esportivas

trilhas, das quais, as pessoas podem praticar diversas

preexistentes no local, mas que estava em desuso.

modalidades de esporte, provando a funcionalidade do Complexo. A funcionalidade citada acima é comprovada pela quantidade de instalações esportivas no local,

A partir desse concurso, venceram os arquitetos Giancarlo Mazzanti (mazzanti arquitectos) e Felipe Mesa (plan:b arquitectos), que ficaram responsáveis


capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE pelas obras das instalações de basquete, ginástica,

Implantado no Vale de Aburrá, entre a Colina

artes marciais e vôlei. A obra foi realizada no ano

Nutibara e a Colina El Voador, o Complexo foi

de 2009, em uma área de 30.694 m², e dispõe de

inserido em um entorno bastante específico, com a

diversos conceitos arquitetônicos relevantes.

intenção de criar uma nova configuração geográfica, pois a topografia do local proporciona qualidades paisagísticas e espaciais que permitem que o Complexo possa ser visto de diversos pontos da cidade. Os edifícios foram implantados no sentido Norte Sul (com leve inclinação para Oeste). Nesse caso, essa implantação permitiu a criação de quatro novas praças triangulares e conectadas entre si, enriquecendo o espaço urbano e permitindo o intercâmbio social e esportivo através da livre circulação de pedestres ao

Figura 26 – Complexo antes de 2009. Fonte: https://bit.ly/2WTH3RY.

Figura 27 – Complexo após 2009. Fonte: Plataforma Arquitectura, 2011.

redor das edificações.

Figura 28 – Praças de convivência. Fonte: Plataforma Arquitectura, 2011.

47


48

capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE O

projeto

evidencia

sua

flexibilidade

e

transparência, à medida em que compreende, de forma unificada, a relação interior e exterior, mais especificamente, a relação entre o espaço construído (ginásios) e o espaço aberto, através de uma grande cobertura construída em formato de tiras de relevo, dispostas perpendicularmente à orientação NorteSul do edifício. Apesar dos quatro ginásios operarem independentemente, estão integrados no ponto de vista urbano e espacial, formando uma relação de transparência visual entre espaço público aberto, semicoberto e coberto. Inclusive, esses espaços

Figura 29 – Elemento construtivo com aspecto de transparência visual. Fonte: Plataforma Arquitectura, 2011.

semicobertos ou abertos, formam grandes espaços de convivência entre as pessoas, devido ao prolongamento das extensas faixas de relevo na cobertura, que além de estenderem a parte coberta, formam sombras durante o dia. Em relação à parte construtiva, o interior dos ginásios foi levemente rebaixado em relação ao nível da rua e as coberturas se elevam para obter a altura adequada para a prática dos esportes, aliviando assim, o impacto urbano gerado pelas grandes edificações. Figura 30 – Ginásio de lutas. Fonte: Plataforma Arquitectura, 2011.


capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE Ademais, os materiais predominantes formam a união entre concreto e aço no edifício. No piso, arquibancada

e

nas

colunas

e

estruturas

das

arquibancadas é usado o concreto. Por outro lado, nas faixas de cobertura, as leves treliças metálicas destacam o formato diferenciado. O desenho do formato estrutural da cobertura permite a entrada de luz fraca e filtrada, ideal para a realização de eventos esportivos. Como solução térmica, as faixas da cobertura são posicionadas paralelamente ao Sol, de maneira

Figura 31 – Implantação pela cobertura. Fonte: Plataforma Arquitectura, 2011.

que a luz solar nunca acesse de forma direta o interior do edifício, apenas a luz filtrada é indicada neste tipo de uso do edifício. A ventilação cruzada do edifício é projetada para ocorrer na fachada Norte e Sul, onde não tem interrupção da arquibancada, permitindo uma passagem direta das correntes de ar.

Figura 32 – Vista do entorno. Fonte: Plataforma Arquitectura, 2011.

49


50

capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE 3.7. Complexo Esportivo do Pacaembu (Museu do Futebol)

principalmente um estádio, afinal as proporções do vale com seus taludes laterais são perfeitas para locar as arquibancadas.

O

Complexo

Esportivo

do

Pacaembu

está

localizado na cidade de São Paulo, Brasil. Inaugurado em 1940, se constitui em um grande espetáculo tesportivo, cultural e político. O complexo esportivo do Pacaembu foi um importante Complexo para a história do esporte em âmbito nacional, pois remete à iniciativa da educação de jovens pelo esporte, realizando campeonatos e competições esportivas. Partindo do contexto de construção do estádio do Pacaembu, na época, os estádios existentes eram muito precários, basicamente constituídos de um campo de jogo cercado por arquibancadas de madeira, sem a menor preocupação com o conforto do público, e principalmente, com a qualidade arquitetônica ou realização de um projeto. Na arquitetura do Pacaembu, por sua vez, se pode observar o despojamento ornamental, simetria, monumentalidade. Além disso, o traço racionalista da arquitetura do edifício, implantado no relevo do fundo do vale - inadequado para a implantação de casas restando assim, abrigar um complexo esportivo, e

Figura 33 – O edifício implantado na cidade. Fonte: https://bit.ly/2VWLytv.

Ainda sobre a implantação, sua relação com o entorno é relativamente horizontal, não causando impacto visual, como as edificações em grande escala vertical causam. Pelo fato de a implantação do estádio levar em conta as condicionantes impostas pela topografia, a circulação se apresenta de forma direta e indireta, dependendo da posição do acesso, tanto distribuída de cima para baixo, quanto de baixo para cima. Por outro lado, a acessibilidade para deficientes


capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE físicos ou idosos acontece na entrada principal, mas foi claramente planejada como forma de improviso.

o Pacaembu à malha urbana da cidade. Enquanto a entrada principal é projetada com a interrupção das colunas arquitetônicas, convidando o espectador a ingressar no estádio; as entradas laterais são simplificadas, apenas com identificação do número do portão.

Figura 34 – Rampa de acessibilidade à arquibancada. Fonte: Arquivo pessoal.

Conforme citado acima, a entrada principal, se encontra na parte mais baixa e “plana” do terreno, e é configurada pela Praça Charles Miller, um espaço de concentração, aglomeração e dispersão do público do estádio. Esta praça dialoga com o estádio a partir da abertura do portão.

Figura 35 – Entrada do Estádio. Fonte: Archdaily, 2014.

A última parcela do terreno foi destinada à implantação das instalações esportivas para o esporte

Os acessos laterais, realizados em uma parte

amador ou recreativo, diminuindo a qualidade e a

mais alta do terreno, acompanham as arquibancadas,

monumentalidade do Complexo todo em relação ao

e configuram os acessos secundários em ambos os

que apresentava no Estádio de futebol. Por mais que

lados (fachada leste e oeste), distribuindo o público de

o formato do estádio seja de estrutura aberta, com

cima para baixo, conforme a topografia, e integrando

51


52

capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE modelo em ferradura, evidenciando uma intenção de

Munhoz, realizado em 2008, ocupa uma área de 6900

abrir o Complexo para a cidade, os edifícios esportivos

m² de frente para a praça Charles Miller.

ainda apresentam pouca relação com a cidade. O

O intuito do Museu é celebrar o esporte que

exemplo do Pacaembu demonstra claramente isso

se tornou uma das mais conhecidas manifestações

através da abertura do estádio estar voltada para

brasileiras. O espaço é uma junção de arquitetura

o ginásio de esportes, e em sequência, a piscina,

e museografia que se interligam para mostrar a

limitada por um muro definindo todo o perímetro do

importância do futebol em âmbito nacional. Além

complexo, deixando este, de “costas” para a cidade.

disso, busca proporcionar o uso coletivo deste

Atualmente, a estrutura esportiva do Complexo

espaço, tanto das instalações internas do Complexo,

concentra piscina olímpica aquecida com arquibancada

quanto da praça exterior, que atualmente, por falta

para 2.500 pessoas; ginásio poliesportivo coberto com

de políticas públicas em detrimento do coletivo,

capacidade para abrigar 2500 espectadores; ginásio

acabou se transformando em um estacionamento,

de saibro coberto para tênis com assento para 800

evidenciando a postura individual dessas políticas.

pessoas; quadra externa de tênis com arquibancada

O Museu, localizado nos pisos superiores,

para 1.500 pessoas; quadra poliesportiva externa

somado à loja, ao bar e ao auditório localizados

com iluminação; pistas de Cooper com 500, 600 e

no piso térreo, tem a função de valorizar a entrada

860m, respectivamente; duas salas de ginástica; e

monumental da galeria de pórticos do estádio, além

um posto médico. Além destes, os mais populares,

de atuar como ferramenta para atrair as pessoas, e

o campo oficial, as arquibancadas voltadas para o

estimular sua permanência naquele espaço.

campo e o Museu do futebol, localizado abaixo de uma das arquibancadas. Instalado sob a arquibancada norte do Estádio, o Museu do Futebol, projeto do arquiteto Mauro


capítulo 3

RELAÇÃO ARQUITETURA-ESPORTE

Figura 39 – Corte. Fonte: Archdaily, 2014.

Figura 40 – Entrada do Museu. Fonte: Archdaily, 2014.

Figura 36 – Esquema da infraestrutura do Complexo. Fonte: https://bit.ly/2YXOjNb.

Figura 41 – Ala das torcidas no Museu. Fonte: Archdaily, 2014.

Figura 37 – Espaço de convivência. Fonte: Archdaily, 2014.

Figura 38 – Vista do primeiro andar. Fonte: https://bit.ly/2wt9t9W.

Figura 42 – Passarela do Museu. Fonte: Archdaily, 2014.

53




56

capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO Neste capítulo serão realizadas análises da situação atual da área de implantação do equipamento em estudo, realizando avaliações subsequentes, desde a estruturação do município, o entorno imediato da área, até o terreno onde se encontra o Complexo Esportivo. 4.1. O município de Piracicaba: contexto histórico Piracicaba, município localizado no interior do estado de São Paulo, a cerca de 152 km da capital paulista, integrante da Região Administrativa de Campinas. Segundo dados do Censo Demográfico do IBGE em 2010, o município possui uma área total de

Figura 43 – Localização do município de Piracicaba. Fonte: IPPLAP. Reelaboração própria.

1376,9km² distribuídos em 364.571 habitantes. Desses, 356.743 residem na área urbana, correspondente a 222,66 km², caracterizando relativamente 97,9% da população do município (IBGE, 2010).

Figura 44 – Vista aérea de Piracicaba. Fonte: https://bit.ly/2WTwLRQ.


capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO Partindo do contexto histórico, o povoado de Piracicaba foi oficialmente fundado no dia 01 de Agosto de 1767, pelo Oficial Capitão Antônio Correa Barbosa, na margem direita do Rio Piracicaba. Em 1774, tornou-se Freguesia, em 1784 foi autorizada pelo governo da Capitania a mudança da freguesia para a margem esquerda do rio, conforme requisitado pela população, dado que ali estavam as terras férteis, capazes de promover a expansão de tal população. E em 1821, foi elevada à categoria de Vila (TORRES, 2009). A principal atividade da época era a agrícola, especialmente a lavoura de cana de açúcar, forte atividade no estado de São Paulo e, principalmente, no município de Piracicaba. A partir de tal atividade, Piracicaba continuou a crescer e a se desenvolver, e em 13 de abril de 1877 foi elevada à categoria de cidade, deixando de ser Vila (NEME, 2009) Atendendo às razões dos piracicabanos, a Assembleia Provincial sancionou em 13 de abril de 1877 a lei n º21, pela qual restituiu à cidade o seu antigo, popular e acertado nome de Piracicaba (NEME, 2009, pg. 213).

Figura 45 – Vila Nova da Constituição em 1823. Fonte: IPPLAP.

Piracicaba, possui uma história rural movida, sobretudo, pela agricultura, e posteriormente, pelo desenvolvimento econômico, social e cultural gerado pelos imigrantes artesãos, mineiros, artistas, entre outros, que tiveram maior liberdade para desempenhar suas funções após o final da escravidão em 13 de maio de 1888 (GUERRINI, 2009). O final do século XVII foi marcado, ainda, pelo

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58

capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO término do ciclo do café e pela queda constante do

Piracicaba), a UNIMEP (Universidade Metodista de

preço do açúcar, fato que enfraqueceu a economia

Piracicaba), a Faculdade Anhanguera de Piracicaba e a

da cidade. O cenário econômico só foi revertido com

Universidade Anhembi Morumbi que, no ano de 2018,

o início da industrialização na região, que resultou

introduziu o curso de medicina na cidade.

no desenvolvimento das usinas e a construção de

Por fim, na questão do esporte no município,

rodovias. Com isso, ocorreu um grande crescimento

além das práticas esportivas amadoras e recreativas,

da cidade de Piracicaba como um todo, fato que

prevalecem na memória da população, as práticas

possibilitou que essa fosse uma das primeiras cidades

do esporte de alto rendimento, representado pelo

a se industrializar no país, de modo a ser considerada

Esporte Clube XV de Novembro que, durante anos,

um

produção

principalmente através do futebol e do basquete,

sucroalcooleira do mundo, além de importante centro

trouxe destaque para o município, e influenciou a

industrial (TERCI, 2001).

prática de esportes em Piracicaba.

dos

mais

importantes

polos

de

No que tange aos dias atuais, Piracicaba segue

Através de seu hino caipira, cantado por

com uma larga importância industrial, a qual se nota

diversos compositores da música e por meio do

pela presença de grandes empresas internacionais

icônico mascote “Nhô Quim”, o XV de Piracicaba leva

como Caterpillar, Case IH, Hyundai, Arcelor Mittal, entre

o “caipiracicabanismo” a todo o Brasil. O esporte na

outras. Em relação à área educacional, a cidade detém

cidade, destacado pelo XV, une homem, mulher, rico,

múltiplas escolas de 1º e 2º grau, tanto públicas quanto

pobre, empresário, operário, de forma geral, une toda

privadas. Ademais, dispõe de grandes instituições

a população piracicabana (BOTÃO e MENDEZ, 2013).

de ensino superior público como a ESALQ/USP e a Faculdade de Odontologia de Piracicaba (Unicamp), além das instituições particulares, como a Fundação Municipal de ensino EEP (Escola de Engenharia de


capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO 4.2. Sistema viário da cidade

é relativamente próximo às saídas da cidade para a Rodovia Luiz de Queiroz e a Rodovia do Açúcar,

A

cidade

de

Piracicaba

possui

localização

importantes rodovias de deslocamento no estado de

privilegiada, próxima de importantes rodovias estaduais

São Paulo, facilitando, assim, o acesso das equipes e

que fazem ligações intermunicipais e interestaduais.

do público espectador advindos de outros municípios.

Ademais, é estruturada por importantes vias que interligam a cidade como um todo, principalmente em sua área central, onde está localizado o Terminal Rodoviário do município. Dentre as rodovias, classificam-se a SP-127, SP135, SP-147, SP-304 e SP-308. E as vias classificadas como importantes são: Av. Armando Salles Oliveira, Av. Centenário, Av. Dona Francisca, Av. Dr. Paulo de Moraes, Av. Independência, Av. Pio Sbrissa, Av. Pres. Kennedy, Av. Prof. Alberto Vollet Sachs, Av. Raposo Tavares (IPPLAP, 2014 apud GAMBARINI, 2017). O

terreno

do

equipamento

em

estudo

se

encontra localizado na região central da cidade, em confluência com a Av. Independência, uma das importantes vias, interligada com todas as regiões da cidade, que consequentemente, facilita a questão da acessibilidade. Portanto, tal localização contribui para o equipamento público em estudo, elevando seu caráter a nível de atendimento municipal. Além disso,

Figura 46 – Mapa dos eixos rodoviários da cidade. Fonte: Elaboração própria.

59


60

capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO

Figura 47 – Mapa dos eixos viários da cidade. Fonte: GAMBARINI, 2017. Elaboração própria.


capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO 4.3. Equipamentos e atividades desenvolvidas na cidade

e programas de atendimento à população, como o Projeto Desporto de Base (PDB), Programa de Atividades Motoras (PAM), Programa para a Terceira

Conforme visto no subcapítulo sobre o histórico

Idade, Projeto Clarear e Paradesporto, Esporte de

do município, a cultura do esporte se faz muito

Alto Rendimento, Jogos Comunitários, Olimpíadas

presente em Piracicaba. Na Lei Orgânica e no Plano

Especiais,

Diretor do município, está explícito o compromisso

Estudantis,

com a população, dispondo de acesso aos bens e

Universitários), além de convênios e parcerias com

equipamentos públicos distribuídos pelo município,

clubes e instituições da cidade, como SESI, SESC,

sem quaisquer formas de discriminação. Mencionam

UNIMEP, promovendo eventos e disponibilizando

ainda, a valorização das atividades físicas, esportivas

mais espaços para a prática de esportes e lazer, entre

e de lazer, como fator de bem-estar individual e

outros. Tais atividades, eventos e programas, quando

coletivo, no sentido de promover a inclusão social

não realizados em clubes e instituições parceiras,

através das atividades da área (MARCELLINO et al.,

ocorrem nos devidos equipamentos de esporte e lazer

2007).

distribuídos pela cidade, cuja administração pertence

No município de Piracicaba, o órgão municipal

Olimpíadas Lazer

no

da

Terceira

Parque,

Idade,

Interpira

Jogos (Jogos

à SELAM (GODOY, 2010).

responsável por atender a essas leis é a Secretaria

A Secretaria de Esportes, Lazer e Atividades

de Esportes, Lazer e Atividades Motoras (SELAM),

Motoras (SELAM), administra, além do Complexo

que tem a missão de garantir à população, em seus

Esportivo de Piracicaba, tratado como equipamento de

vários segmentos sociais e faixas etárias (crianças,

estudo (composto pelo Complexo Aquático Dr. Samuel

adolescentes, jovens, adultos, 3ª idade, idosos,

de Castro Neves, Mini Ginásio José de Oliveira Garcia

mulheres, pessoas com deficiência, entre outros)

Neto, Ginásio Poliesportivo Waldemar Blatkauskas,

o direito a assistir, participar e praticar atividades

e o Estádio Barão da Serra Negra), outros quatorze

esportivas, motoras e de lazer (GODOY, 2010).

equipamentos de esporte e lazer distribuídos pela

Para isso, realiza diversos eventos, atividades

cidade.

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62

Figura 48 – Mapa dos equipamentos de esporte e lazer na cidade. Fonte: Elaboração própria.


capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO De nos

forma

geral,

equipamentos

foram

situação, distribuição espacial na cidade, nível de

do tempo, dependente dos horários das “escolinhas”,

atendimento para com a população, funcionalidade

como por exemplo, o Campo do União do Porto, local

e partido arquitetônico. Os resultados obtidos foram

que atualmente sedia uma escolinha de futebol, e, por

semelhantes, apenas com algumas exceções em

atender aos seus horários, dificilmente se encontra

características avaliadas.

aberto.

mapa

dos

avaliar

a

frequentador no momento de uso do equipamento. Tal restrição torna o equipamento ocioso na maior parte

o

se

análises atual

Analisando

para

realizadas

equipamentos

na

página anterior, apesar do menor enfoque nas áreas periféricas, os equipamentos se encontram bem distribuídos pela cidade. Porém, devido às questões de localização, proporção e diversidade de uso dos equipamentos propostos nos locais, apenas o Complexo Esportivo tema deste trabalho, atende à população de forma geral, numa escala municipal. Sendo assim, todos os equipamentos restantes atendem de forma local, ou seja, atende à população do próprio bairro/região onde se encontra locado o equipamento.

Figura 49 – Entrada do campo do União do Porto. Fonte: Arquivo pessoal.

Além disso, na maioria dos equipamentos, as

Ao analisar a funcionalidade dos equipamentos,

atividades que se destacam são as “escolinhas” ou

estes se apresentam com grande diversidade de

atividades/aula, caracterizadas por não serem “abertas

modalidades para a prática da população, como

à população”, não constando de livre adesão pelo

campos de grama e areia, quadras de diferentes

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64

capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO pisos (cobertas e descobertas), pista de atletismo, cancha de boche e de malha, piscina, academia ao ar livre, espaço para lutas e artes marciais, stand de tiro ao alvo, pista de skate e mountain-bike. Além de sanitários, vestiários, depósitos para materiais, salas de administração, arquibancadas, e estrutura para o espectador. Porém,

apesar

da

vasta

diversidade

dos

equipamentos, estes apresentam defasagem quanto à manutenção e qualidade do espaço, carecendo de melhorias na arquitetura do local.

Figura 50 – Quadra da Área de Lazer do Trabalhador. Fonte: Arquivo pessoal.

Como, por exemplo, a Área de Lazer do trabalhador “Antônio Geraldin”, local utilizado pela população,

que,

equipamentos

entretanto,

locados

possui

os

diversos

nessa área com carência

de reformas ou manutenção. As quadras revelam problemas no piso, como buracos e a inexistência das delimitações do campo de jogo, dificultando a prática da modalidade, além de rachaduras na pista de skate, entre outros problemas.

Figura 51 – Pista de skate da Área de Lazer do Trabalhador. Fonte: Arquivo pessoal.


capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO Ademais,

em

virtude

dos

desgastes

e

danos na cobertura, tanto de iluminação quanto de

depredações, essa última, talvez em decorrência

infiltração de água, o local possui o piso adequado

da ausência de um profissional ou funcionário

para as devidas modalidades praticadas no ginásio,

responsável pela área, que se encontram presentes

arquibancada em concreto, sanitários e vestiários. O

apenas durante a realização de algum evento no

ginásio conta, como diferencial, com a manutenção

local. Tal atribuição de uma pessoa encarregada por

realizada por um funcionário fixo e responsável pelo

fazer o controle e a manutenção do local, evitando a

local.

defasagem dos equipamentos, fica evidente em duas análises distintas, a do Ginásio Walter Ferreira da Silva – Vereador Pira, e o Centro Esportivo Felício Maluf. O primeiro, caracterizado por ser um ginásio multidisciplinar voltado para lutas e artes marciais e que, atualmente, apesar da boa estrutura arquitetônica, se encontra desativado. Inicialmente por abandono dos órgãos municipais, em seguida, pela ocupação dos usuários de droga e moradores de rua. Com isso,

Figura 52 – Ginásio Walter Ferreira da Silva. Fonte: Arquivo pessoal.

além da sujeira gerada, parte dos materiais foram roubados, inviabilizando a função do equipamento para com a população. Por outro lado, o ginásio do Centro Esportivo Felício

Maluf

é

um

dos

equipamentos

mais

adequados para cumprir com sua função de prática e contemplação do esporte e lazer. Apesar de alguns Figura 53 – Ginásio do Centro Esportivo Felício Maluf. Fonte: Arquivo pessoal.

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66

capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO Em geral, após análise dos equipamentos,

localizado em uma quadra com cerca de 48.767,52

identifica-se um certo descuido por parte dos órgãos

m² (4,87 ha), entre as ruas Silva Jardim, Morais Barros,

municipais. Apesar da demanda na área, são poucos os

Treze de Maio, e a avenida Independência, no bairro

equipamentos que apresentam o cuidado necessário

Cidade Alta, em Piracicaba – SP.

ou algum tipo de responsável direto pela segurança, conservação, melhorias nestes espaços. Além disso, os equipamentos estudados carecem de desenho arquitetônico, prejudicando até mesmo, a prática das diversas modalidades do esporte. Esse capítulo embasa teoricamente para a escolha do equipamento tema do trabalho, diagnosticando, em específico, a demanda por equipamentos deste caráter no município de Piracicaba, e a importância do local como o único equipamento de esporte e lazer da cidade, que atende à população em grau municipal, e não apenas local. 4.4. Localização O Complexo Esportivo Municipal, local de estudo deste trabalho, é composto pelo Estádio Barão da Serra Negra, Ginásio Poliesportivo Waldemar Blatkauskas, Complexo Aquático Dr. Samuel de Castro Neves e o Mini Ginásio José de Oliveira Garcia Neto. Está

Figura 54 – Indicação do local de estudo. Fonte: Google Earth, 2019.


capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO 4.4.1. Histórico do local

vez, foi mais complicada. Para que esta pudesse ser concretizada, foi criada a Comissão Pró Construção,

A ideia da construção do Estádio Municipal

composta por cinco membros, os quais possuíam a

surgiu em 1953. Neste ano, o prefeito Dr. Samuel de

incumbência de elaborar as plantas do local, efetuar

Castro Neves autorizou, na área de 48.767,52 metros

pagamentos diversos, obter donativos, proceder a

quadrados que constituía a Praça Barão de Serra

venda das cadeiras cativas e elaborar estatutos, entre

Negra, a desincorporação da classe dos bens de uso

outras atribuições (Ibid., 2010).

comum do povo e a posterior transferência dessas

Deste modo, embora a ideia tenha surgido

para a classe dos patrimônios do Município (MATTOS,

no início dos anos 50, apenas em 1960, o prefeito

2010).

Francisco Salgot Castillon concedeu a permissão para

Tal ação visava não apenas à construção de um

a construção do Estádio Municipal, o qual contaria com

Estádio, mas também de um Ginásio Municipal. A

três mil cadeiras cativas. Então, em 1961, a partir da

partir dela, buscou-se atender à necessidade, que a

derrubada das árvores do bosque existente na Praça

cidade de Piracicaba possuía, de mais uma praça de

Barão de Serra Negra, as obras foram iniciadas (Ibid.,

esportes para que fossem realizados os Jogos Abertos

2010).

do Interior, evento que em 1955, seria sediado na cidade.

Em 04 de setembro de 1965, cerca de cinco anos após o começo das obras, o Estádio Municipal foi

No que tange ao ginásio, a autorização para sua

inaugurado, ainda inacabado, pelo prefeito Luciano

construção se deu rapidamente, bem como o início

Guidotti. Tal inauguração se deu, diante de 15.674

das obras. Estas se estenderam até outubro de 1955,

pessoas, em jogo de futebol entre XV de Piracicaba

quando o ginásio foi inaugurado pelo então prefeito

e Palmeiras, válido pelo Campeonato Paulista, que

João Basílio, na abertura do 20° Jogos Abertos do

terminou empatado em zero e zero (Ibid., 2010).

Interior (Ibid., 2010). A construção do Estádio Municipal, por sua

Cerca de 2 meses após a inauguração, em

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68

capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO novembro de 1965, o Estádio Municipal recebeu a nomeação de “Barão de Serra Negra”, em homenagem a Francisco José da Conceição, o intitulado Barão da Serra Negra. O nome oferecido, porém, gerou discussão por parte da imprensa, dado que a grafia deste estava errada, já que Francisco José da Conceição era o Barão da Serra Negra e não de Serra Negra. Em 2012, porém, foi sancionada uma lei que reparou tal erro, de modo que, a partir de então, o local passou a ser nomeado “Barão da Serra Negra” (Ibid., 2010). O Complexo Aquático Dr. Samuel de Castro

Figura 55 – Construção do Ginásio em 1954. Fonte: IHGP.

Neves, e o Ginásio de Esportes José de Oliveira Garcia Neto, popularmente conhecido como “Mini-ginásio” não estavam previstos no projeto inicial do Complexo. Dessa forma, foram construídos posteriormente, em 1976 e 1988, respectivamente. O último, inclusive, inaugurado durante o evento de abertura do 53º Jogos Abertos do Interior, foi construído para ampliar a quantidade de quadras no Complexo (Ibid., 2010).

Figura 56 – Construção do Estádio. Fonte: Acervo SELAM.


capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO

Figura 57 – Vista aérea do Barão da Serra Negra em 1966. Fonte: Acervo SELAM.

Figura 59 – Construção da piscina. Fonte: IHGP.

Figura 58 – Reforma da cobertura das cativas em 1987. Fonte: IHGP.

Figura 60 – Complexo Esportivo Municipal em 1988. Fonte: Acervo SELAM.

Figura 61 – Construção das arquibancadas do Estádio. Fonte: Acervo SELAM.

69


70

capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO 4.4.2 Entorno Para

que

a

proposta

projetual

de

requalificação do Complexo Esportivo seja eficiente, o estudo do entorno é ferramenta crucial para auxílio do projeto arquitetônico. O bairro Cidade Alta, o qual se encontra a área de implantação do projeto, tem uma área total de 178,10ha, e é o bairro com mais moradores na região central de Piracicaba, com 13.049 habitantes. Trata-se de um bairro antigo e tradicional da cidade, relativamente tranquilo, com muitas residências, além da localização privilegiada, próximo ao centro da cidade, tradicional ponto de comércios. Segundo a legislação urbanística do município, o bairro Cidade Alta está classificado como ZAP1 - Zona de Adensamento Prioritário (IBGE/Censo 2010; IPPLAP, 2015). Figura 62 – Mapa de localização do bairro de estudo. Fonte: IPPLAP. Elaboração própria.


capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO Dentro do entorno imediato do terreno, a hierarquia viária é classificada por uma via arterial, duas vias coletoras, e o restante das

vias

são

classificadas

como

local,

atendendo apenas ao bairro. A via arterial (Av.

Independência),

importante

eixo

de

transporte público e estruturação da cidade, as coletoras (Rua Morais Barros e Quinze de Novembro) que trabalham coletando o fluxo da região central e distribuindo para os bairros da região leste da cidade, e a outra, respectivamente, faz o sentido inverso, “leste – centro”.

Figura 63 – Mapa de hierarquia viária do local de estudo. Fonte: IPPLAP. Elaboração própria.

71


72

capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO Conforme o mapa a seguir, os lotes do entorno imediato acerca do Complexo Esportivo, da

compõem

cidade

bem

uma

região

diversificada,

central porém

com predominância dos lotes com usos residenciais, bairro.

característica

tradicional

do

Apesar de se caracterizar como

uma região bem tranquila, principalmente no período noturno, na Rua Morais Barros por conta de sua função coletora, e na Av. Independência, importante via da cidade, o fluxo de automóveis e pessoas é maior, responsáveis pela circulação e “vitalidade” da área.

Figura 64 – Mapa de uso do solo do local de estudo. Fonte: Google Street View - mar 2017. Elaboração própria.


capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO Após

levantamento

do

gabarito

do

entorno no mapa a seguir, conclui-se a predominância por edificações de até 2 pavimentos,

consistindo

predominantemente

em

uma

horizontal,

área

detalhe

relevante para o estudo de incidência solar e para o projeto de requalificação dos edifícios.

Figura 65 – Mapa de gabarito do local de estudo. Fonte: Google Street View - mar 2017. Elaboração própria.

73


74

capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO

Figura 66, 67, 68, 69, 70, 71 – Usos dos lotes do entorno. Fonte: Arquivo pessoal.


capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO 4.4.3.

Equipamentos

e

atividades

desenvolvidas no local

Além disso, na parte superior das cativas do estádio, ficam as cabines para imprensa escrita, falada e televisada. E, embaixo das cativas e arquibancada,

O Complexo Esportivo Municipal é composto pelo

o estádio conta com sala de musculação, espaço

Estádio Barão da Serra Negra, Ginásio Poliesportivo

de pugilismo, sala de administração, e salas para

Waldemar Blatkauskas, Complexo Aquático Dr. Samuel

funcionamento do setor de eventos comunitários. O

de Castro Neves e o Mini Ginásio José de Oliveira

Barão também abriga as sedes do EC XV de Novembro,

Garcia Neto.

Liga Piracicabana de Futebol, Associação Varzeana

O

Estádio,

popularmente

conhecido

como

de Futebol, Associação Independente de Futebol

“Barão”, possui um campo de futebol oficial com as

Varzeano,

dimensões de 101 x 75,30 metros e uma pista de

alojamento dos atletas do XV, refeitório municipal

atletismo, denominada Aparecida de Fatima Adão, com

- hoje cedido para o XV de Novembro - e o Centro

404 metros de contorno. Esta, atualmente, encontra-

Municipal de Fisioterapia Esportiva (MATTOS, 2010).

se desativada. Ademais,

Associação

Piracicabana

de

Árbitros,

No estádio, são realizados jogos de futebol, o

Estádio

possui

espaço

de

válidos

pelas

competições

de

entidades

locais,

arquibancada e cadeira cativa, inicialmente, para

em várias categorias, jogos oficiais da Federação

26.528 pessoas, mas devido às restrições legais, por

Paulista de Futebol, solenidades de abertura de

medida de segurança, teve sua capacidade limitada

várias competições, encontros e shows artísticos e

a 18.799 torcedores. Possui ainda, vestiários para

religiosos. Atualmente, o Estádio Barão da Serra Negra

equipe local, visitante e arbitragem, quatro torres de

é de responsabilidade da SELAM, mas está cedido em

iluminação para jogos e eventos noturnos, dispostos

comodato, com regime parcial, ao EC XV de Novembro

atrás das arquibancadas e cativas. As bilheterias e

até 2028, o que significa que sua administração é

portarias se encontram dispostas nas quadras que

conjunta, entre secretaria e clube (MATTOS, 2010).

delimitam o complexo.

75


76

capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO Denominado “Waldemar Blatkauskas”, o Ginásio

as piscinas tem iluminação e arquibancada com

Municipal possui uma quadra com padrão poliesportivo

acesso para cadeirantes. No pavimento inferior aos

para jogos oficiais de basquete, voleibol, handebol e

da piscina, concentram-se os vestiários, inclusive

futebol de salão, tendo as seguintes demarcações,

para cadeirantes, além das salas administrativas e a

respectivamente,

entrada do Complexo.

28,00m

x

15,00m;

18,00m

x

09,00m; 29,60m x 18,80m e 29,60m x 18,80m. Sua

Por fim, o Ginásio de esportes José de Oliveira

arquibancada comporta cerca de três mil pessoas

Garcia Neto, conhecido como Mini Ginásio, possui duas

sentadas, com um suporte de quatro vestiários para

quadras poliesportivas (Mini I e Mini II), arquibancada

equipes e um outro para arbitragem, seis sanitários

suprindo as duas quadras, além de sanitários e

para o público, bar-lanchonete, além de salas onde

vestiários.

funcionam a administração, o setor de esportes de alto nível da Selam, almoxarifados e bilheterias. Entre o Ginásio e o Estádio, há um espaço de academia ao ar livre, com alguns aparelhos. O

Complexo

Aquático

possui

uma

piscina

olímpica oficial com dimensões de 50 x 25 metros, piscina de biribol oficial aquecida, com dimensões de 8,10 x 4 metros (profundidade 1,30 metros), e piscina adaptada para portadores de necessidades especiais, também aquecida, com rampa de acesso, barras de segurança, piso antiderrapante e dimensões de 12,25 x 12,80 metros (profundidade variada entre 0,70 a 1,70 metros). O pavimento em que se encontram Figura 72 – Imagem aérea do Complexo Esportivo. Google Earth, 2019.


7777

Figura 73 – Implantação existente. Fonte: IPPLAP. Elaboração própria.


78

capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO

Figura 74 – Plantas e corte do estádio Barão da Serra Negra. Fonte: IPPLAP. Elaboração própria.


capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO

Figura 75 – Plantas do ginásio Waldemar Blatkasukas. Fonte: IPPLAP. Elaboração própria.

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80

capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO

Figura 76 – Planta e corte do mini ginásio José de Oliveira Garcia Neto. Fonte: IPPLAP. Elaboração própria.


capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO

Figura 77 – Plantas e corte do complexo aquático Dr. Samuel de Castro Neves. Fonte: IPPLAP. Elaboração própria.

81


82

capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO

Figura 78 –Depósito sob as arquibancadas do estádio. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 81 – Acesso às cativas do estádio. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 79 – Rampa de acesso lateral ao ginásio. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 82 – Fachada do estádio na Rua Silva Jardim. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 80 – Academia ao ar livre. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 83 – Pista de atletismo. Fonte: Arquivo pessoal.


capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO

Figura 84 – Área do estádio destinada aos cadeirantes. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 87 – Gramado do estádio. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 85 – Acesso à cativa e aos camarotes. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 88 – Bar sob a arquibancada do estádio. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 86 –Cadeira cativa e camarotes. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 89 – Sanitários sob a arquibancada do estádio. Fonte: Arquivo pessoal.

83


84

capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO

Figura 93 – Quadra do ginásio. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 94 – Acesso dos cadeirantes ao estádio. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 90 – Fachada Ginásio Waldemar Blatkauskas. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 91 – Acesso ao sanitário e à arquibancada do ginásio. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 92 – Estrutura do ginásio. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 95

– Vista interna do ginásio Waldemar Blatkasukas. Fonte: Arquivo pessoal.


capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO

Figura 96 – Piscina olímpica. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 97 – Vista interna mini ginásio. Fonte: Acervo SELAM.

Figura 98 – Piscina adaptada e de biribol. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 99 – Vista externa mini ginásio. Fonte: Acervo SELAM.

85


86

capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO 4.4.4. Condicionantes físicos Após estudos de entorno e setorização dos equipamentos dispostos no terreno, é de suma importância o estudo de insolação e

ventilação

para

futuras

alterações

arquitetônicas, em detrimento das questões de conforto térmico e luminoso. O Complexo Esportivo está localizado em uma parte alta da cidade, e com baixa escala urbana dentro do entorno imediato, de modo que a ventilação e insolação interferem diretamente nos edifícios em estudo. Ressalta-se, ainda, que a cidade de Piracicaba localiza-se a 22º42’30” de latitude sul e a 47º38’01” de longitude oeste, a uma altitude de 554 metros. Os ventos predominantes partem da direção sudeste, e a fachada noroeste recebe maior insolação (RANZANI, 1976).

Figura 100 – Mapa dos condicionantes físicos. Fonte: Elaboração própria.


capítulo 4

ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO 4.4.5. Topografia O terreno escolhido possui um desnível de aproximadamente vinte metros, da Avenida Independência (maior cota de nível) à Rua Silva Jardim (menor cota de nível). Mediante a tamanho desnível, as edificações locadas no terreno se adequam estruturalmente ao relevo, porém, com pouca acessibilidade às pessoas com necessidades especiais. Exemplo disso é o estádio de futebol, no qual apenas um portão permite acesso aos cadeirantes. O mapa a seguir apresenta todas as curvas de nível presentes no terreno do equipamento em estudo.

Figura 101 – Mapa das curvas de nível de 5 em 5 metros. Fonte: IPPLAP. Elaboração própria.

87



propostas e diretrizes

5


90

capítulo 5

PROPOSTAS E DIRETRIZES Neste

último

capítulo,

como

atributo

de

proposta de requalificação do espaço.

considerações finais, a partir das pesquisas teóricas

- A primeira delas está na busca pelo conceito de

realizadas nos capítulos anteriores, apresentam-se

integração urbana, o de abrir o espaço para dialogar

propostas e diretrizes para o projeto de requalificação

com a cidade, tornando-o um espaço convidativo para

do Complexo Esportivo de Piracicaba no Trabalho

a população.

Final de Graduação II.

- Outra diretriz parte do conceito de integração dentro do próprio Complexo, mais especificamente,

5.1. Requalificação

entre os equipamentos dispostos no local, de suma

Partindo do pressuposto da identidade e da importância do local para com a cidade e a população de Piracicaba, tanto historicamente quanto nos dias atuais, propõe-se, com base na promoção da prática do esporte e lazer, uma melhoria da qualidade de vida das pessoas. Essa se dá com enfoque na requalificação arquitetônica de um equipamento, com grande potencial para promoção de esporte e lazer no município, que, atualmente, se encontra em estado de degradação em diversos setores, não cumprindo integralmente com sua função de acessibilidade a toda população piracicabana, tanto para prática quanto para contemplação. A partir dos dados e informações coletados, foram

desenvolvidas

algumas

diretrizes

para

a

importância para a proposta de requalificação. Para tal, a criação de espaços de convivência, principalmente de uma praça aberta na dispersão dos equipamentos, permitindo uma melhoria geral dos acessos de um equipamento ao outro. Tal proposta, tornará o espaço mais convidativo às pessoas, com menos muros, e um campo de visão mais “limpo” e aberto, facilitando a locomoção, segurança, e melhorando o aproveitamento do espaço. - Como forma de contribuição a essa integração, diretrizes relacionadas à acessibilidade de forma universal,

tanto

projetual

quanto

urbanística,

adequando os espaços propostos à topografia do terreno, possibilitando inclusão e melhor utilização do local por toda a população. Para isso, a disposição


capítulo 5

PROPOSTAS E DIRETRIZES dos espaços e equipamentos devem possibilitar

Complexo, além de diretrizes voltadas à qualificação

facilidade de acesso, fluidez, conforto e segurança

das arquibancadas e à melhoria dos problemas de

na locomoção interna e externa, com largura e

acessibilidade a estas, que servem de suporte aos

espaço livre suficiente para circulação, além de boas

eventos, contemplados como forma de lazer da

condições dos pisos, de uma forma segura, conforme a

população. Para os espaços sob as arquibancadas,

NBR 9050, de acessibilidade a edificações, mobiliário,

uma nova relação entre a qualificação deste espaço e

espaços e equipamentos urbanos.

a inserção de novas atividades no programa, como a

-

Gerar

funcionalidade

aos

equipamentos,

criação de salas para oficina, um museu, e a melhoria

impulsionando a frequência de uso do espaço, através

nos

equipamentos

da melhoria na qualidade arquitetônica do local,

vestiários, cabine de rádio e TV, camarotes, entre

criando espaços multiuso e aumentando a quantidade

outros. É importante enfatizar que estas propostas

de atividades propostas no programa do Complexo.

apresentadas

não

existentes,

pretendem

alojamentos,

transformá-lo

em

- Desenvolver a arquitetura do edifício em função

um estádio de grande porte, mas busca atender às

da implantação, programa e estrutura, para melhor

principais necessidades do clube e da população de

desempenho térmico-acústico-luminoso.

Piracicaba.

- Utilização de materiais, elementos e estruturas visando à sustentabilidade.

parte de melhorias na cobertura do ginásio, que se

Por outro lado, algumas diretrizes específicas complementam

a

proposta

- Em uma área atual de 2.446 m², o Ginásio,

de

cada

encontra danificada, e apresenta infiltração em dias

instalação

de chuva, atrapalhando a prática das modalidades de

pertencente ao Complexo Esportivo, apontadas pelo

esporte propostas neste equipamento. Além de uma

Estádio, Ginásio, Mini Ginásio e Complexo Aquático.

requalificação arquitetônica geral do espaço, tanto

- Em uma área atual de 28.364 m², para o Estádio, a proposta se baseia em interligá-lo ao restante do

estruturalmente quanto em relação aos programas que ocorrem sob as arquibancadas do ginásio.

91


92

capítulo 5

PROPOSTAS E DIRETRIZES - Em uma área atual de 1.883 m², para o Mini Ginásio está previsto uma demolição parcial, e realocação do seu programa e função em outra disposição no terreno. Com o auxílio de elementos arquitetônicos, possibilitar uma maior funcionalidade ao mini ginásio, não somente em eventos esportivos. - Em uma área atual de 4.512 m², para o Complexo Aquático está proposto, além das diretrizes voltadas à melhoria das piscinas e dos problemas de acessibilidade a estas, uma qualificação arquitetônica dos espaços sob a laje da piscina, pertencente aos vestiários, sanitários, recepção, salas administrativas, depósito de acessórios e materiais aquáticos, casa de máquinas, e toda a parte de hidráulica de manutenção da piscina.



94

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Instituições consultadas: MINISTÉRIO DO ESPORTE IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) IHGP (Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba) PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE PIRACICABA -IPPLAP (Instituto de Pesquisa e Planejamento de Piracicaba) -SEMOB (Secretaria Municipal de Obras) -SELAM (Secretaria de Esportes, Lazer e Atividades Motoras)


REFERÊNCIAS Referências projetuais: ARCHDAILY, “Arena Clube Atlético Paranaense / carlosarcosarquite(c)tura” 17 Jun 2014. ArchDaily Brasil. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/621052/ arena-clube-atletico-paranaense-carlosarcosarquite-ctura>. Acesso em: 05 de maio de 2019. ARCHDAILY, “Complexo Aquático Allmendli / illiz Architektur” [Swimming Pool Allmendli / Illiz Architektur] 28 Nov 2016. ArchDaily Brasil. (Trad. Sbeghen Ghisleni, Camila). Disponível em: <https://www.archdaily.com. br/br/800270/complexo-aquatico-allmendli-illizarchitektur>. Acesso em: 05 de maio de 2019. PLATAFORMA ARQUITECTURA, “Escenarios Deportivos / Giancarlo Mazzanti + Plan:b arquitectos” 09 Jun 2011. Plataforma Arquitectura. Disponivel em: <https://www. plataformaarquitectura.cl/cl/02-92222/escenariosdeportivos-giancarlo-mazzanti-felipe-mesa-planb>. Acesso em: 03 de maio de 2019. ARCHDAILY, “Estádio Pärnu / Kamp Arhitektid” [Pärnu Stadium / Kamp Arhitektid] 17 Mai 2017. ArchDaily Brasil. (Trad. Santiago Pedrotti, Gabriel). Disponível em: <https:// www.archdaily.com.br/br/871435/estadio-parnu-kamparhitektid>. Acesso em: 05 de maio de 2019. ARCHDAILY, “Ginásio de Esportes do Colégio São Luís / Urdi Arquitetura” [São Luís Sports & Arts Gymnasium / Urdi Arquitetura] 05 Abr 2016. ArchDaily Brasil. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/784739/sao-luissports-and-arts-gymnasium-urdi-arquitetura>. Acesso em: 02 de maio de 2019.

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