(RE)CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO no morro de São Benedito, Vitória-ES Bruno Bowen Vilas Novas VITÓRIA - ES 2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE ARTES DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
BRUNO BOWEN VILAS NOVAS
(Re)construção do espaço público no morro de São Benedito - Vitória, ES
VITÓRIA, 2011
BRUNO BOWEN VILAS NOVAS
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Orientadora: Profª. Clara Luiza Miranda Orientador: Prof. Rogério Almenara Ribeiro Co-orientador: Prof. Paulo de Paula Vargas Convida memeida
VITÓRIA, 2011
FOLHA DE APROVAÇÃO BRUNO BOWEN VILAS NOVAS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO APROVADO EM ___ /___ / ______ .
ATA DE AVALIAÇÃO DA BANCA
AVALIAÇÃO DA BANCA EXAMINADORA
NOTA
DATA
ASSINATURA
NOTA
DATA
ASSINATURA
NOTA
DATA
ASSINATURA
APROVADO COM NOTA FINAL:____________
Agradecimentos À Deus; Ao meu pai pela liberdade e apoio, à minha mãe pelos pensamentos positivos, e à minha irmã por sempre estar presente, mesmo distante; À Nanny, por ter vivenciado comigo esta trajetória final, por toda compreensão, conforto, carinho e muito apoio; À Clara pela sabedoria e companheirismo. Por acreditar neste trabalho, pelas orientações e conversas; Ao Paulo por compartilhar sua experiência e conhecimento na escola e na profissão; Ao Rogério pelas conversas e questionamentos; Ao Lutero por aceitar o convite; À Samira,à Lilian e à Tetê por estarem sempre ao lado no PG, nos planos e nas inquietações; Ao Conrado, ao Pedro, ao Renan e ao Zael por toda vivência no CEMUNI e na cidade; Ao Célula EMAU, ao SeNEMAU Vitória 2010 e ao Território do Bem por terem me possibilitado uma outra arquitetura e urbanismo; Aos amigos por cada momento compartilhado; Ao Seu Zé, à Dona Elza e ao Fábio pelo carinho; Aos professores, funcionários e colegas; A todos que viveram comigo neste CEMUNI III; Muito obrigado.
Sumário
Introdução 10 01 Sobre a cidade 13 O espaço público contemporâneo 14 Restauração do sujeito 20 O dissenso como possibilidade 22 Restauração do espaço público 24 A participação ativa 27 Sobre os arquitetos 28 A cidade favela, espaço-movimento 30 O que é favela, afinal? 32 02 Sobre São Benedito 37 Localização urbana do bairro São Benedito 38 História de São Benedito 41 O contexto atual - Território do Bem / Poligonal 01 45 Centralidade - localização em Vitória 48 Limites de São Benedito 52 Infra-estrutura, panorama local 54 Movimentos socais 58 03 (Re)criação do espaço público 63 Proposta - (Re)criação do espaço público 64 Metodologia para as intervenções 66 Base operacional São Benedito 67 Base de percepções 81 Entendimento do território 96 Plano de Ação - Proposições espaciais 101 04 Projeto espaço da fala 107 Proposta projetual 108 Prospecção do espaço 110 Espaço da Fala - estudo projetual 133 Conceitos táticos e estratégicos 135 Processo projetual 136 Apresentação do projeto 142 Cenário da paisagem (re)programada 168 Resultados 182 Conclusões 184 Índice de imagens 188 Bibliografia 193
Introdução
Este trabalho discute a temática da cidade, especificamente da favela, relativa à questão dos espaços públicos como um lugar da diversidade e do encontro. Um espaço público que permite (ou deveriam permitir) os fatos e eventos acontecerem, trazendo a tona a empatia e não ocultando o dissenso. Os espaços dos usos, dos acontecimentos, das relações entre os indivíduos e as instituições, das relações entre o espaço construído e o natural, enfim o espaço da participação na construção da cidade e da prática comum. São levantadas questões sobre algumas problemáticas atuais do urbano nas grandes cidades: a pacificação dos espaços, a construção de consensos, a despolitização da vida pública e da individualização. Algumas problemáticas são apontadas em temas relativos à arquitetura e urbanismo, como: o distanciamento do profissional da cidade, de sua vivência e da participação (ativismo) na construção coletiva da cidade; a espetacularização dos espaços; o apagamento ou o ocultamento dos conflitos; o desenvolvimento de políticas públicas e de grandes projetos urbanos inadequados para contextos específicos de cada território. A partir disso, discutimos a importância do espaço de encontro para a vitalidade da cidade, como um vetor dentro de um conjunto de ações necessárias para a transformação da sociedade. Ressaltamos esse espaço como um local de trocas e de relações que não devem ser apagadas ou normatizadas por poderes e controles do modo de produção dominante. Ao contrário, espaços de encontro devem permitir o livre acontecimento comum das coisas, ressaltando o cotidiano, significando o insignificante. Michel Certeau ressalta que os espaços devem ser organizados pelos sujeitos praticantes locais (indivíduos e instituições) que participam na sua construção. (CERTEAU, 1996) Partimos da idéia que devemos construir espaços para o dissenso (que englobem lugares de ação e do repouso) por meio da participação, se tornando assim uma forma de resistência. Quando a participação se traduz como conflito, o conflito se transforma em espaço. Introduzir diferentes escalas e usos das instituições e das cidades é uma maneira de oferecer novas possibilidades para as forças micropolíticas que convertem conflito em prática, tornando um espaço vivo de experiências diversas. (CRUZ, 2009) É na comunidade de São Benedito, Vitória - ES, constituído como uma favela, que este trabalho atua, investiga e apreende suas características, seus conceitos e sua vivência, ressaltando seus significados, identificando espaços compartilhados e ressaltando as ações e as práticas, individuais e/ou coletivas existentes. A favela constitui um território de fluxos mistos, intensos, heterogêneos, e freqüentemente antagônicos; composto por várias perspectivas políticas ou por interesses distintos. De acordo com Milton Santos são áreas informais da cidade que possuem espaços de aproximativo e da criatividade, opostos às zonas luminosas e de exatidão dos espaços muito formalizados. (apud BERENSTEIN, 2010)
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A comunidade de São Benedito localiza-se na parte alta do Morro Grande de Vitória, frente a Av. Leitão da Silva e perto a um dos bairros mais nobres da cidade (Praia do Canto). Ele faz parte da Poligonal 01 – denominada Território do Bem pelas lideranças das comunidades- que engloba mais 07 outros bairros. Há em São Benedito por volta de 3.500 moradores, é uma localidade altamente adensada por construções residenciais sem planejamento do poder público, configurando assim um bairro com poucas áreas públicas formais. O acesso ao bairro, normalmente, é feito pela única rua larga por onde transitam carros, transporte público, pedestres e ciclistas. A circulação do bairro também é configurada por becos e escadarias estreitas.. O objetivo principal deste trabalho é o desdobramento das problemáticas e dos conceitos discutidos aqui em um PLANO DE AÇÃO e num ESTUDO PROJETUAL BÁSICO de uma área na comunidade de São Benedito. Contudo, para a elaboração das propostas projetuais foram desenvolvidos alguns passos: Primeiro foi feito uma pesquisa de imagens, mapas e dados, chamados aqui de CAMPO OPERACIONAL, e uma observação e vivência no bairro, chamado aqui como BASE DE PERCEÇÕES, para assim fazer um primeiro recorte para o estudo PLANO DE AÇÃO. Segundo, após as propostas do PLANO DE AÇÃO foi escolhida uma área configurada como um importante espaço público e marco para a comunidade. Este passo visa elaborar o estudo projetual básico, chamado de ESPAÇO DA FALA. Porém, antes deste estudo é feito uma análise do ambiente construído e natural, buscando entender os valores das construções existentes: os elementos naturais e a paisagem. Também foi feita uma investigação sobre os as relações entre sujeitos, instituições e espaço social para entender os processos explícitos ou ocultos que ocorrem no local. A partir da investigação e da vivência na comunidade são propostas estratégias para a intervenção que têm como objetivos configurar o projeto de um espaço que potencialize os usos existentes, permita novas relações e (re)configure os espaços públicos e privados para um maior aproveitamento do seu uso. O projeto é apresentado por diagramas, fotomontagens, maquete e desenhos que ressaltam esses novos usos e a nova organização do espaço. Assim, o desafio diante do quadro estudado é colocar a arquitetura como um dispositivo que potencializa a relação entre sujeitos nesse território.
(Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória-ES
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Sobre a Cidade cap. 01
O olho da rua vê o que não vê o seu. Você, vendo os outros, pensa que sou eu? Ou tudo que teu olho vê você pensa que é você? (LEMINSKI, 1990:s.p.)
Sobre a cidade
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O espaço público contemporâneo A espetacularização dos espaços e o empobrecimento das experiências Muito se tem discutido sobre cidade e o papel do espaço público como local de conexão, capaz de efetivar diálogos entre diferentes atores e agentes. Porém, atualmente, ocorre na cidade contemporânea um fenômeno de pacificação (ocultamento dos fatos) dos espaços, ofuscando o espaço público vivo e vivido em razão da velocidade e da espetacularização, tornando os lugares muitas vezes locais de passagens pacificados (sem o contato com o outro) e de pobre experiência urbana, do que um local de permanência, vivo e que tenha diversas e novas relações entre o ambiente, elementos e pessoas. [...] o aspecto crucial da configuração contemporânea das cidades é o do empobrecimento da experiência urbana dos seus habitantes, cujo espaço de participação civil, de produção criativa e vivência afetiva não apenas está cada vez mais restrito quanto às suas oportunidades de ocorrência, mas, inclusive, qualitativamente comprometido quanto às suas possibilidades de complexificação, singularidade e relação com o outro. (Berenstein, P. J.; Britto, F. D.; Pereira, M. S, 2010) De acordo com Berenstein (2010), a espetacularização urbana ocasiona o empobrecimento das experiências, a negação dos conflitos e a redução da vitalidade. De forma geral, pacificam o espaço público com seus holofotes de globalização e ordenamento, e muitas vezes se tornam projetos gentrificadores e revitalizam o território para que se tornem espaços luminosos, midiáticos e espetaculares. Hoje percebemos que os espaços públicos, na cidade global, tendem a reduzir-se às áreas de lazer e aos espaços comerciais (MONGIN, 2003). A cidade, que sempre acolheu a negociação e o conflito, que sempre experimentou o afrontamento, agora vive uma cultura do evitamento. (GAUCHET, 2002). A cidade deixa de ser referência e fazer sentido diante das novas formas de subjetivação. Nesse mundo de fluxos e redes, e de apagamento da cidade o que parece estar surgindo é um mundo em que a vida pública não é mais o componente que dá sustento à experiência urbana. (MONGIN, 2003). Os atuais projetos urbanos contemporâneos, ditos de revitalização urbana, estão sendo realizados no mundo inteiro segundo a mesma estratégia genérica, homogeneizadora e consensual, e transformam os espaços públicos em espaços destituídos de seus conflitos desacordos e desentendimentos inerentes, tornando-os espaços apolíticos.
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A cidade ainda carece de enfrentamento apropriado ao necessário redimensionamento das responsabilidades e implicações, de modo, inclusive, a combater uma certa tendência conciliatória das abordagens que, ao pregar a tese da coexistência pacífica entre diferentes “identidades” acaba por destiná-los cada qual ao “seu espaço próprio” de convivência com iguais, escondendo os inevitáveis conflitos de interesse e instaurando equilíbrios duvidosos. (Berenstein, P. J.; Britto, F. D.; Pereira, M. S, 2010) A configuração do espaço pelo desenho urbano e a programação de usos, têm um papel fundamental na criação da “identidade” do lugar, podendo caracterizar o lugar como um local de diversidade ou um lugar esvaziado de relações entre as pessoas. O desenho urbano e a programação de usos, dependendo de suas configurações podem indicar certos tipos de apropriações, usos e relações. Como por exemplo, a criação de bancos maiores para pessoas e grupos sentarem uma lado a outra, espaços sombreados nas calçadas permitindo o descanso e a contemplação, pequenos espaços públicos espalhados pela cidade e a diversidade de usos e função do espaço. Esses aspectos favorecem a um maior uso e vivência na cidade. Porém, o desenho urbano e a programação de usos também podem induzir o esvaziamento da vida urbana e o empobrecimento das relações, criando espaços massificados com predominância de uso residencial (privados atrás de muros e câmeras), poucos espaços públicos para o encontro e zonas comerciais afastadas dos núcleos residenciais. Além disso, a criação de arquiteturas que visam se tornarem ícones na cidade, dependendo de seu contexto, podem se tornar arquitetura que ofuscam a região em que foi implantada. Normalmente estas arquiteturas implantadas em áreas pobres ocultam aspectos tanto como a carência quanto as produções endógenas, econômicas e culturais, tornando-se um lugar turístico desvinculados das reais produções da comunidade.
Sobre a cidade
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Medellím - a espetacularização da arquitetura na favela. A cidade de Medellím vem recebendo grandes projetos urbanos em suas favelas: infra-estrutura, mobilidade, espaços públicos, habitação e programações culturais. Porém, a obra Biblioteca Parque Espanha ,do arquiteto Giancarlo Mazzanti, tem sido discutido com muito fervor na cena local. O projeto Parque e Biblioteca Espanha, de Santo Domingo em Medellín, Colômbia,foi inaugurado pelos principais governantes de Medellín, o que consideram uma honra, e ganhou o prêmio em Portugal a VI Bienal Ibero-americana de Arquitetura. Podemos destacar essa obra, entre outros projetos, do arquiteto Giancarlo Mazzanti, como uma importação de uma arquitetura globalizada que é desconectada do contexto em que se implanta (edifícios muito caros em áreas pobres), classificada de arquitetura espetacular. (BARNEY CALDAS, 2008) De acordo com Benjamin Barney Caldas (2008) a obra ignora a vizinhança pobre em que está e seu escasso espaço urbano púwblico, com seu equivocado significado, duvidosa bio-climatização, carência de conforto, funcionalidade, facilidade de manutenção e segurança, e impossibilidade de flexibilidade, adaptabilidade e reciclagem.
Fig. 02: Vista para a biblioteca. Fonte: BARNEY CALDAS, 2008
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Fig. 01: Vista do beco para a biblioteca. Fonte: BARNEY CALDAS, 2008
Benjamim classifica esta obra como “arquitetura espetacular que não é o caminho no trópico hispano-americano, como tampouco o é na Europa a Casa da Música de Porto, de Rem Koolhaas, um dos referentes de Mazzanti, que tampouco é a nova arquitetura portuguesa e apenas um ruidoso gesto de novos ricos nessa bela cidade. Para Mazzati o mais representativo de “nossa” arquitetura deve ser a copiada das modas européias já passadas de moda que nos chegam em suas revistas de exportação, sem importar-se com as radicais diferenças geográficas e históricas que existem.” (BARNEY CALDAS, 2008) Quando se implanta um edifício como a Biblioteca Parque Espanha, custosa e totalmente desconectada do seu contexto local, no sentido econômico e estético podemos levantar alguns questionamentos: Será que está obra não está colocando a região em uma visão mais turística (roteiro de granes obras arquitetônicas) do que realmente atendendo as reais necessidades locais? Será que há um sentido de pertencimento dos moradores com a obra? Levando em consideração a necessidade de grandes investimentos em várias temáticas da cidade,o desenvolvimento de uma obra de grande custo estético, não desdobrando este alto investimento também à região do bairro, é de fato uma arquitetura que deve se replicada como uma estratégia de reurbanização?
Fig. 03: Vista para a biblioteca. Fonte: BARNEY CALDAS, 2008
Fig. 04: Vista para a biblioteca. Fonte: BARNEY CALDAS, 2008
Sobre a cidade
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Minha Casa Minha Vida – Habitação social de João Pessoa PB. Continuidade de projetos inadequados Um exemplo enfático que podemos ilustrar sobre como o desenho urbano pode contribuir para o processo de ocultamento das relações e inibição dos afetos na cidade é o Conjunto Habitacional Gervásio Maia (CHGM). O conjunto é situado na periferia sudoeste de João Pessoa-PB, que foi construído pelo Poder Municipal em parceria com o Governo Federal para minimizar o déficit habitacional do município. 1336 habitações unifamiliares foram entregues desde dezembro de 2007. Os contemplados foram famílias que sobreviviam em acampamentos de lonas, em prédios invadidos e parte de movimentos sociais organizados. O loteamento está dotado de saneamento básico, equipamentos comunitários como Unidade de Saúde da Família (USF), escola, creche, quadra e ginásio esportivos e praças. (SUASSUNA LIMA, 2009) Igualmente como Marco A. Suassuna Lima, a escolha deste (CHGM) para as discussões aqui realçadas deve-se, também, pelo fato do mesmo ter sido premiado pelo Governo Federal no ano de 2008, o que desperta curiosidade em saber quais motivos levaram a tal reconhecimento. De acordo com Marco A. Suassuna Lima no portal da Prefeitura Municipal de João Pessoa a Caixa Econômica Federal (CEF), apontou este empreendimento, como o mais completo conjunto habitacional no país financiado pelo Governo Lula. O CHGM, está entre os dez melhores projetos habitacionais do Brasil. O título foi conferido pelo ‘Selo de Mérito’, um reconhecimento oferecido pela Associação das Companhias de Habitação Nacional. (SUASSUNA LIMA, 2009)
Fig. 05: Vista aérea do CHGM em destaque. Fonte: SUASSUNA LIMA, 2009
Fig. 06: Foto panorâmica de um trecho do CHGM em construção. Março de 2007. Fonte: SUASSUNA LIMA, 2009
Do ponto de vista urbanístico, o CHGM apresenta na sua concepção a anacrônica repetição de casas térreas individualizadas e enfileiradas com reduzido aproveitamento do solo. Em relação ao desenho do solo urbano, este segue a reprodução da quadra convencional, apresentando formatos retangulares e relação desproporcional entre uma grande quantidade de espaço privado (uso habitacional) em contraposição a fragmentados espaços livres e públicos (praças e equipamentos comunitários). Fig.07: Mapas temáticos Público x Privado. A cor preta representa o espaço público e a cinza os equipamentos comunitários. Situação existente. Fonte: SUASSUNA LIMA, 2009
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Marcos Suassana (2009) ainda observa outra questão importante no projeto CHGM: “não previsão de áreas comerciais o que acarretou, em pouco tempo, na proliferação de botecos,mercearias e fiteiros desordenadamente espalhados nos espaços deste empreendimento.” Esta esta (não) programação dos usos só fortalece a individualização entre as pessoas e a negação do uso do espaço público. O único lugar para se encontrar é atrás dos muros. “Além disso, no CHGM, facilitado pela configuração espacial individual do pedaço de terra, e pela cultura do medo, lotes estão sendo fechados por muros altos, e o uso habitacional restrito nas quadras conforme os preceitos do monofuncionalismo refletem a paradoxal realidade dos pobres se protegendo dos pobres. Além do mais, as estreitas calçadas, as elevadas áreas de vias automotoras locais somadas a falta de áreas sombreadas também não contribuem ao encontro, nem às brincadeiras das crianças nas calçadas, e, portanto, nem a segurança. Lamentavelmente, este paradigma de negação do espaço público é sistematicamente verificado não só nos bairros de classe alta e média-alta, mas nos de baixa renda também, a exemplo do caso em questão”. (SUASSUNA LIMA, 2009) Essa configuração só vai de desencontro ao perfil das famílias usuárias dos conjuntos habitacionais de baixa renda que valorizam a dimensão coletiva, o espaço público e a integração. (Re)configurar estas estratégias projetuais no sentido de unir áreas de lazer e espaços para geração de emprego e renda é um caminho adequado frente a uma classe desempregada e excluída do mercado de trabalho formal, que são a maioria dos usuários. Com a inserção de uma diversidade de usos e possibilidades de apropriações programadas ou espontâneas só podem levar a um ritmo urbano mais saudável para a cidade.
Fig.08: Comércios improvisados. Opção empírica pela falta de espaços comerciais no desenho urbano. Fonte: SUASSUNA LIMA, 2009
Fig.09: Vista dos equipamentos comunitários (Escola e Ginásio esportivo) do CHGM. Fonte: SUASSUNA LIMA, 2009
Fig.10: Vista dos equipamentos comunitários (Escola e Ginásio esportivo). Fonte: SUASSUNA LIMA, 2009
Sobre a cidade
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Restauração do sujeito: o indivíduo Singular, na Multidão, fazendo o Comum É preciso uma restauração da cidade subjetiva, que engaja tanto os níveis mais singulares quanto os níveis mais coletivos. Tudo dependerá da redefinição coletiva das atividades humanas e, sem dúvida, em primeiro lugar, de seus espaços construídos. As cidades são imensas máquinas produtoras de subjetividade individual e coletiva. O que conta, na a cidade de hoje, é menos os seus aspectos de infra-estrutura, de comunicação e de serviço do que de fato de engendrarem, por meio de equipamento materiais e imateriais, a existência humana sob todos os aspectos em queria considerá-las. Daí a imensa importância de uma colaboração de uma transdiciplinaridade. (GUATTARI, 1992). Cotidianamente os indivíduos, como terminais de afetos, se envolvem inteiramente entre eles, com os espaços, a natureza e os objetos, sejam materiais ou imateriais. É preciso “reinventar a idéia do indivíduo em nome da idéia de singularidade. O indivíduo sempre existe, mas apenas enquanto terminal. Em outras palavras: o indivíduo sempre existe, mas como indivíduo engendrado em um meio e simultaneamente, como produtor de tal meio.” (GUATTARI, 2005) Contudo, a individualidade no sentido de individualização e a busca de consensos, como a homogeinização de grupos e o afastamento ou bloqueio da diferença, está muito presente tanto nos espaços privados quanto nos espaços públicos. De acordo com Negri (2005) o conceito de indivíduo da individualidade “é de fato um conceito que é colocado a partir da transcendência em que relação não é algo entre eu, tu e ele, mas uma relação do indivíduo com uma realidade transcendente, absoluta, o que dá a essa persona a consistência de uma identidade irredutível.” Outro autor coloca que “o sujeito da individualidade se constitui em uma unidade dado por si próprio, fundado por si mesma, resistente ao que não é ele próprio.” Em outras palavras, o conceito de individualidade pressupõe uma identidade única, em que a relação do indivíduo com as coisas não o atravessam, não o torna múltiplo e parte de um processo em contínua transformação. Contudo, necessitamos compreender que a individualização é como uma operação processual e nunca como um pressuposto essencial apartado do mundo. Diferente dessa individualidade, o que queremos desenvolver é o conceito de singularidade (indivíduo singular): “A singularidade é o homem que vive na relação com o outro, que se define na relação com o outro. Sem o outro ele não existe em si mesmo. Se consideramos que o mundo está feito de singularidades que consistem em relações e que, portanto, existem na medida que estão em relações, aumentamos nossa capacidade de ação. Portanto, singularidade e cooperação se tornam fundamentais na construção de qualquer que seja o bem, a mercadoria e o produto. [...] Quando se fala de singularização, de invenção, se fala também, de maneira necessária e evidente, de resistência.” (NEGRI, 2005) 20
Indo no sentido de uma re-singularização do indivíduo e do coletivo, através de produção de subjetividades, necessitamos reinventar e modificar as relações entre sujeitos, reconstruir o conjunto das modalidades do ser-em-grupo. Desenvolver práticas de experimentação tanto nos níveis de micro-sociais quanto institucionais maiores. (GUATARRI, 1999)
Precisamos fazer multidão, construir multidão, construir comum, construir no comum. De acordo com Negri (2005): “A multidão pode ser definida como o conjunto, mais do que uma soma, de singularidades cooperantes que se apresentam como uma rede, uma network, um conjunto que define as singularidades em suas relações umas com as outras. A multidão é o reconhecimento do outro. A definição jurídica do comum é aquela que possibilita fazer atuar dentro do caráter público a construção de espaços comuns reais, que são estruturas comuns, e fazer atuar nesses espaços de vontade a decisão, o desejo e a capacidade de transformação das singularidades. A propriedade do comum é uma propriedade pública que, em lugar de ter patrões públicos ou donos públicos, é de sujeitos ativos naquele setor ou naquela realidade, é administrada por eles. A propriedade comum é esse ato, é essa atividade através da qual os sujeitos administram ou gere. Esse comum , está fundamentalmente articulado, no sentido mais pleno da palavra, com o movimento e a comunicação das singularidades. Não existe um comum que possa ser referido simplesmente a elementos orgânicos ou a elementos identitários. O comum é sempre construído por um reconhecimento do outro, por uma relação com o outro que se desenvolve nessa realidade. Às vezes chamamos essa realidade de multidão porque quando se fala de multidão, de fato, se fala de toda uma série de elementos que objetivamente estão ali e que constituem o comum. Mas o problema é simplesmente ser comuns ou ser multidão, o problema é fazer multidão, construir multidão, construir comum, construir comumente, no comum. Este fato é cada vez mais fundamental.”
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O dissenso como possibilidade
Enquanto a construção de consensos busca reduzir os conflitos e é uma forma ativa de despolitização, o desentendimento, ou a ação de dissensos, seria uma forma de resistência.” (BERENSTEIN; BRITTO; PEREIRA, 2010) O que o consenso pressupõe é, em suma, o desaparecimento da política. O consenso exclui aquilo que é o próprio cerne tanto da política quanto do espaço público: o dissenso, a possibilidade de se opor a um mundo sensível ao outro. (Jacques Rancière Op. cit. p.108.citado por Berenstein, 2010) Para Jacques Rancière o motor da prática democrática é o conflito. A capacidade de discordar e mostrar novos caminhos. É, portanto, o dissenso, o resíduo que fica de uma discussão e que volta a tona. O que não consegue ser negociado (Op. cit. p.368. citado por RIBEIRO, Suzane.) A escolha desse termo [dissenso] não busca simplesmente valorizar a diferença e o conflito sob suas diversas formas: antagonismo social, conflito de opiniões ou multiplicidade das culturas. O dissenso não é a diferença dos sentimentos ou das maneiras de sentir que a política deveria respeitar. É a divisão do núcleo mesmo do mundo sensível que institui a política e sua racionalidade própria. Minha hipótese é portanto a seguinte: a racionalidade da política é a de um mundo comum instituído, tornado comum, pela própria divisão.” (RANCIÈRE, Jacques. Op. cit. p.368.citado por Ribeiro, Suzane) O dissenso que torna os conflitos visíveis seria uma forma ativa de resistência, de ação política. Sempre existe uma “outra cidade” escondida, ocultada, apagada ou tornada opaca, que resiste por trás dos cartões postais globalizados das cidades espetaculares contemporâneas. (BERENSTEIN, 2010) Para Milton Santos (1999) esta “outra cidade”seriam as áreas informais da cidade espaços de aproximativo e da criatividade, opostos às zonas luminosas, espaços de exatidão. (SANTOS, 1999)
A favela como local de dissenso As construções e as relações do espaço da favela são dissenso na medida em que suas técnicas construtivas, o conforto ambiental e social dos espaços, as relações individuais e institucionais (que constituem, normalmente, em atividades participativas e diretas na comunidade) e a sua organização territorial são alheias à legislação urbana, e muitas vezes independentes em alguns aspectos, tanto do profissional de arquitetura e urbanismo quanto da cidade dita formal. Neste trabalho colocamos o dissenso quando não partimos da idéia definida da favela como território de violência e de miseráveis, compreensão dado pela mídia. Não estamos julgando seus valores, seus espaços, suas construções e suas relações.
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Mas justamente o dissenso se coloca quando não só questionamos as condições e necessidades básicas de infra-estrutura urbana, acessibilidade e de moradia, mas sim quando conhecemos as características da favela, dando qualidade aos espaços, transformando os lugares sem desqualificar o que já está pronto e feito pela população. Para isso é necessário criar uma agenda que entenda seus modos de construção, as relações existentes dos sujeitos no espaço, significando o insignificante, percebendo o cotidiano e conhecendo os atores e os agentes presentes neste território. Também que entenda o distanciamento dos profissionais e a falta dos serviços formais, da ausência de investimentos do Estado, da má qualidade das construções e das infraestruturas urbanas, dos espaços enclausurados e privatizados por poderes paralelos ocasionando desconforto ambiental e social. Portanto, trabalhamos o dissenso na arquitetura quando não “Hausmanníamos” a cidade favela, não demolimos ou a transformamos em bairros com novos traçados, formais e regulares, ditos “formais” da cidade planejada. E sim, se torna presente, quando entendemos suas características e qualificamos suas construções e espaços públicos. O grande desafio é recriar os espaços públicos para que efetivamente se tornem públicos. Para isso precisamos buscar técnicas e outras subjetividades para se manter público: criar espaços da fala / do ombro a ombro / da face a face / da ação e do repouso / do dissenso e do diálogo. Como a arquitetura pode construir espaços que se relacionam com o indivíduo de forma diversa/plural/múltipla, que permita que os afetos singulares possam ocorrer sem serem apagados ou serializados por crivo de aparelhos de captura? Certou (2008) ressalta a necessidade de que devemos profanar os espaços públicos pela construção de dissensos enquanto forma de resistência: “Profanar os espaços públicos luminosos significaria tirá-los ao uso comum dos habitantes passantes ou demais usuários. Utilizar práticas que subvertam a partir de dentro. Precisamos estudar diferentes maneiras de utilizar, de consumir, presentes nos usos e ações cotidianas, em particular nas suas astúcias, que seriam essas maneiras criativas, quase invisíveis, de utilizar ou desviar aquilo que foi imposto em cada ocasião.” (CERTOU, 2008) As táticas usadas pelos construtores das favelas são também o próprio dissenso: criam, modificam e transformam, a cada dia, outros usos e possibilidades e apropriações pelos próprios praticantes. O que a Paola Berenstein chama de espaçomovimento (falaremos mais a frente), os praticantes atualizam os projetos urbanos e o próprio urbanismo através da prática, uso ou experiência cotidiana dos espaços urbanos e, assim, os reinventam, subvertem ou profanam. Os urbanistas indicam usos possíveis para o espaço projetado, mas são aqueles que experimentam no cotidiano que os atualizam (Berenstein, 2010).
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Restauração do espaço público “Se a primeira fase da economia globalizada se caracterizou por eliminar as distancias, está segunda fase – que deve ser eficiente para gerar e distribuir conhecimento – requer encontros cara a cara. Gerar conhecimento está ligado a qualidade de vida que os espaços oferecem. [...]Em certa medida, este é um desafio sem precedentes para as sociedades e, por extensão, para arquitetos e urbanistas: projetar e construir cidades capazes de serem fontes de equidade e veículo de riqueza simultaneamente. Como nunca antes na história da humanidade, equidade e riqueza foram conceitos interdependentes. Se usarmos as cidades como fonte de equidade, também se torna necessário melhorar a qualidade de vida dos mais pobres, estaremos diminuindo os níveis de segregação, violência e ressentimento da população, e geraremos as condições para que as pessoas possam criar conhecimento e ficar nesta cidade ao invés de migrar. Por sua vez, a riqueza gerada pela criação de conhecimento poderá ser eficientemente redistribuída, concluindo seu círculo. (ARAVENA, 2008)
A pluralidade da cidade Segundo Luis Batista (1999) o espaço tem um papel importante como fator fundamental de subjetivação. A espacialidade não perdeu seu tino de analisadora das estratégias do poder e de narradora da micropolítica, e ainda tem muito a dizer sobre aquilo que ajudamos a fazer de nós mesmos. O espaço público e a urbanidade sempre estiveram ligadas à desordem, a heterogeneidade funcional e diversidade. O personagem mais importante da metrópole está nessa multiplicidade além das fronteiras físicas. A esfera pública urbana pode ser baseada em um modelo de confrontação e de instabilidade, como é caracterizado por encontros e confrontos entre as pessoas. Os espaços públicos são - ou pelo menos deveriam ser - locais onde o indivíduo e a comunidade pode, abertamente e de forma não consensual, se encontrar. (MIESSEN, 2002) Jane Jacobs (2009) reafirma essa importância: “Para compreender as cidades, precisamos admitir de imediato, como fenômeno fundamental, as combinações ou as misturas de usos, não os usos separados.” De acordo Markus Miessen (2008) para pensar sobre a identidade de uma cidade é necessário compreender os lugares e os atores. Como juntos, eles se colocam no espaço e que significados eles têm para a cidade. A identidade de uma cidade encontra-se na sua luta para administrar suas atividades cotidianas. É no momento em que o conjunto institucionalizado é anulado pelo cotidiano, que as identidades imediatas nascem.
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Espaços para o dissenso: a idéia do conflito Atualmente, é essencial pensar na forma coletiva que considere o conflito como uma alternativa de participação produtiva (MIESSEN, 2008). Quando a participação se traduz como conflito, o conflito se transforma em espaço. [...] Na arquitetura, como em política, é melhor às vezes causar conflitos que suprir ou forçar um consenso. O conflito - competição e divergências entre os interesses, instituições e atores individuais - é a própria essência da democracia e, portanto, qualquer espaço “aberto”. (CRUZ, 2008) Segundo Teddy Cruz (2008) devemos reconhecer onde se produz o conflito: a reorganização e a redistribuição de recursos, a intervenção em pontos institucionais, a mobilização e a mediação. Em vez de preocuparmos por objetivos e pela autonomia dos espaços autoreferenciais da arquitetura, devemos pensar em mobilizar e ajustar seus limites, assim como adaptar as instituições para que possam formular outros tipos de escalas em outra classe de diversidade social e econômica. Introduzir diferentes escalas das instituições e das cidades é uma maneira de oferecer novas possibilidades para as força micropolíticas que convertem conflito em prática (CRUZ, 2008). Devemos prever a participação já existente dos habitantes, que passariam a ser orientados por um outro tipo de exercício de profissão de arquiteto. Temos que estar agora face-a-face com a cidade, pois o novo, e atual, desenvolvimento urbano pode às vezes destruir redes preexistentes nos bairros. (ARAVENA, 2008) Necessitamos de espaços públicos para o encontro dos indivíduos que tem outros pontos de vista, que pensa de outro modo e que não faz parte do consenso dominante. Este indivíduo ajudará os outros a ver as coisas de outro modo. Espaços que possam se encontro pessoas da comunidade e pessoas de fora que possam dizer outras coisas (MIESSEN, 2008).
Reterritorialização dos espaços O direito à cidade é estendido à possibilidade de “fazer a cidade”, através da sua transformação pela experiência, uso e apropriação. Materializa-se em um processo contínuo de fazer-desfazer-refazer, muitas vezes contraditório, pois é expressão de conflitos, acordos e lutas. A idéia de territorialidade funciona como bom operador para a reflexão sobre a apropriação dos espaços urbanos, e especificamente, sobre a relação entre as intervenções no espaço urbano e a promoção dessa apropriação, capaz de transformá-lo em espaços públicos. A territorialidade constitui dimensões sociais e políticas, que afetam as percepções do sujeito em relação à sua posição e papéis na dinâmica urbana, considerada como território de ação social. O território não é entendido somente pela perspectiva do domínio físico, mas também de uma apropriação que incorpora a dimensão simbólica e, pode-se dizer, identitária, afetiva. (DE OLIVEIRA GUIMARÃES, 2007)
Sobre a cidade
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A restauração da cidade pode ser abrangido sob os processos de “reconstrução” ou “reativação” dos espaços públicos que também podem ser entendidos como processos de reterriorialização. Enquanto, a desterritorialização compreende os mecanismos que separam o território das suas “raízes” sociais e culturais, a reterritorialização vem a ser a criação de novos vínculos em substituição aos perdidos. Se as intervenções no espaço urbano pretendem recompor esses vínculos perdidos, os espaços públicos recriados devem funcionar como “condensadores de subjetividade”, capazes de superar os espaços, transformando-os em territórios existenciais. (DE OLIVEIRA GUIMARÃES, 2007)
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A participação ativa
Geralmente, a participação se entende como uma medida para formar parte de algo através da colaboração proativa e o desempenho de uma função determinada. No entanto, esta função quase nunca se considera uma plataforma crítica de implicação, e se baseia numa concepção romântica da harmina e solidariedade. Na política participativa é muito importante diferenciar a cooperação da colaboração. É importante invalidar a inocência da participação e enfatizar as realidades das responsabilidades e das divergências da participação. Neste sentido, parece urgente e necessário promover a idéia de “participação em conflito”, agente estranho ou uma invasão forçada nos âmbitos do conhecimento que indiscutivelmente poderiam beneficiar o pensamento espacial. [...] Desta forma, pode-se entender que o conflito não é somente uma expressão de protesto ou provocação, mas sobretudo como um prática de micropolítica que converte os participantes em agentes ativos enfrentando a um campo de atrito. Assim, as funções de participação funcionam como um tipo de trabalho crítico. (MIESSEN, acessado em 10 fev. 2011)
Fig. 11: Organização do espaço de conflito. BBC-Tahir-SquareInteractive-Map. Fonte: http://goo.gl/0ZZIX
Fig. 12: Festa na praça Tahir – Renuncia do Presidente. Fonte: http://goo.gl/iBiVF
Bourriaud coloca a responsabilidade do indivíduo morador em encontro com a responsabilidade do estado e outras organizações na ação coletiva, ressaltando sobre a participação dos indivíduos que “todos nós temos responsabilidades e devemos fazer”, em oposição à crítica passiva, a espera de mudanças: “Mas existe algo verdadeiramente considerado espaço público hoje em dia ? Estes atos frágeis e isolados engajam a noção de responsabilidade: se existe um buraco na calçada, por que um funcionário da prefeitura o preenche, e não você ou eu?” (Bourriaud, Nicolas, Postproduction, 2002, p.80 citado por Rosa, Marcos, 2011.) A definição de artista de Hélio Oiticíca: “aquele que faz, qualquer pessoa ativa e propositiva em seu ambiente”, permite que qualquer indivíduo assuma papéis proativos em seus espaços urbanos. O artista é aquele que trabalha coletivamente, tratando da coletividade, indo de encontro ao Comum, conceito definido por Negri e Hardt.
Sobre a cidade
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Sobre os arquitetos “Os arquitetos sempre definiram a arquitetura como aquilo que, por seu lado artístico, vai além da construção comum. Ou seja, a arquitetura como arte começa onde acabaria a arquitetura vernácula.” (BERENSTEIN, 2007).
O distanciamento dos arquitetos Segundo Alejandro Aravena (2008) o que assistimos hoje em dia na prática da arquitetura são os arquitetos se distanciando da cidade e dos conflitos relevantes, não somente relativos à construção da cidade, tampouco estão sendo requeridos para discutir perguntas relativas ao desenvolvimento, a pobreza e ao crescimento econômico. Os arquitetos normalmente se convertem em instrumentos das grandes estruturas do poder, ainda que geralmente são considerados meros provedores de serviços que oferecem produtos, e não participam ativamente nas tomadas de decisões. Neste contexto, como os arquitetos podem participar sem comprometer seu papel de agente ativo, não com a intenção de chegar a um consenso e fazer o que ele acredita por si, mas buscando novos rumos para a disciplina. Como podemos participar de tarefas de micropolíticas urbanas, debate e tomadas de decisões, em lugar de seguir recorrendo às medidas tracionais do trabalho comunitário ou a colaboração de projetos financiados pelo governo. Assistimos atualmente que os arquitetos que trabalham com os temas de periferia, marginalidade e pobreza urbana, deixaram de ser arquitetos e transformaram-se em funcionários de organismos internacionais, economistas urbanos, sociólogos urbanos. [...] Quando digo que deixaram de ser arquitetos, quero dizer principalmente que abandonaram a idéias do projeto como um instrumento sintético de atuação sobre a realidade. (ARAVENA, 2008) Hoje, com as reurbanizações, surge um novo problema, pois os arquitetos e urbanistas, não são formados para trabalhar em favelas e, no mais das vezes, desconhecem a arquitetura dessas comunidades. Os arquitetos passaram a intervir nas favelas existentes visando a transformá-las em bairros, a lógica racional dos arquitetos e urbanistas, ainda prioritária, acaba impondo sua própria estética, quase sempre a da cidade dita formal. [Parece que] Para que se torne possível uma boa integração com o resto da cidade, a favela deve se tornar um bairro formal comum. Porém no território da favela deparamo-nos em campo com um universo espaçotemporal completamente diferente daquele a que estamos habituados. Além disso, as características culturais e estéticas próprias às favelas tornam o espaço muito difícil de ser apreendido formalmente (BERENSTEIN, 2007). “A dificuldade de propor algo radical é que não temos profissionais suficientes capacitados para responder adequadamente a complexidade e magnitude da pergunta. [...] Os profissionais estão distantes e desvinculados da sua formação. Necessitamos de profissionais que participem da construção da cidade. Além disso, de forma geral o mundo acadêmico não está conseguindo formar profissionais que atuem adequadamente a essas realidades. Existe um 28
distanciamento das escolas com a cidade e comunidades mais necessitadas. A chave está em como executar projetos que tenham está grande relevância pública e de interesse social, em entender o potencial de desenvolvimento que oferece cada cidade. [...] O projeto deve ser entendido não só como ferramenta, mas como síntese de um problema complexo”. (BERENSTEIN, 2007)
O papel da universidade A universidade deve cuidar da distância que mantém a respeito da realidade, pela abstração que necessita para entender os problemas e propor perspectivas que necessita para dar respostas a esses problemas. A solução não pode consistir em reduzir a universidade a um laboratório do presente, porque necessita manter distancia crítica. Diz, Avarena, que a palavra chave neste conflito é a tradução. Traduzir significa passar de uma linguagem a outra, da linguagem linear de expressão de vontades políticas, ideológicas, incluindo econômicas... a uma forma sintética, simultânea, que não se separa, que é unitária e completa. (ARAVENA, 2008) Na formação dos arquitetos e urbanistas, Alejandro Aravena ressalta a importância de se trabalhar dentro de certas restrições: “As restrições são sistematicamente parte da execução que há de se resolver. Identificar as restrições forma parte do macro e as regras com as quais se podem operar, porque somente dentro destas regras se encontra um grau de liberdade real para o desenvolvimento do projeto. Não usar projetos para descrever cenários ideais, mas deveríamos praticar a fazer algo com as restrições pressupostas, temporais e agendas políticas existentes. Falta questionar as regras do jogo, mas ao mesmo tempo operar dentro delas”. (ARAVENA, 2008)
Arquiteto urbano Paola Berenstein (2007) apresenta uma denominação para um outro arquiteto, o arquiteto-urbano, que seria o suscitador, o tradutor e catalisador dos desejos dos habitantes. Significa que os arquitetos também precisam da participação da população para que a cidade seja de fato uma construção coletiva. [...] Os arquitetos-urbanos, no momento de urbanizar as favelas, seguiriam os movimentos já começados pelos moradores, para – em vez de fixar os espaços, criando bairros ordinários – conservar o movimento existente, o que é extra-ordinário. Contudo, o arquiteto-urbano, ao propor trocas e negociações entre os mais diversos atores urbanos, possibilitaria a coexistência de diferentes concepções e interpretações urbanas, promovendo a participação de todos na construção coletiva da cidade. Os técnicos, colocando-se em uma posição de aprendizagem, em substituição a do saber total, tornam-se imprescindíveis como os intérpretes das comunidades envolvidas. Os arquitetos e urbanistas deixam de ser interventores e passam a construtores do espaço público, em um processo partilhado com diversos atores, absorvendo a diversidade e multiplicidade de valores que fazem a cidade. Sobre a cidade
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A cidade favela, espaço-movimento
As favelas, mesmo sendo muito pouco diferentes entre si, têm uma identidade espacial própria e, ao mesmo tempo, fazem parte da cidade, da paisagem urbana. Para intervir nesse universo espaço-temporal, completamente diferente da cidade dita formal, é imprescindível compreender um pouco melhor essas diferenças. (BERENSTEIN, 2007). Os espaços de morros constituem um território de fluxos mistos, intensos, heterogêneos, e freqüentemente antagônicos; compostos por várias perspectivas, políticas ou interesses distintos. Estes lugares são uma outra geografia, é um cenário com uma nova e particular linguagem arquitetônica que vai mais além das formalidades e limitações tradicionais (CRUZ, 2008). Compreendo que favelas têm sua própria estética, cultura, ritmo, rede, diálogo... – diferente do resto da cidade. Berenstein, define a favela como [espaço-movimento]: “A possibilidade de um espaço-movimento está ligada à existência de espaços que estão em movimento, em transformações contínuas, em eternos deslocamentos, em suma, espaços em fuga. O espaço-movimento não seria mais ligado somente ao próprio espaço físico, mas, sobretudo, ao movimento do percurso, à experiência de percorrê-lo, o que é da ordem do vivido e, simultaneamente, ao movimento do próprio espaço em transformação, o que é da ordem do vivo. Diante disso, só podemos considerar a favela como um espaço-movimento... O espaço-movimento está diretamente ligado a seus atores (sujeitos da ação), que são tanto aqueles que percorrem esses espaços quanto aqueles que os constroem e os transformam continuamente. A própria idéia do espaço-movimento impõe a noção de ação, ou melhor, de participação. Ao contrário dos habitantes passivos, simples espectadores dos espaços quase estáticos e fixos (planejados, projetados e acabados), o morador, ou o simples visitante, no espaço-movimento, torna-se sempre ator, co-autor e participante” (BERENSTEIN, 2007). Devemos colocar a participação no lugar do espetáculo, o movimento no lugar do monumento, o fragmento no lugar da unidade, mas também buscar encontrar o que existe de cada princípio desses no outro, tentaria, aceitando os conflitos, criar um diálogo entre eles. Os limites conceituais se tornam mais flexíveis assim como os próprios limites espaciais dos espaços-movimento são menos rígidos: entre dentro e fora, privado e público, interior e exterior, informal e formal, aqui e lá. A questão principal não está mais nem de um lado nem de outro, mas no entre, entre dois espaços distintos. Estar entre não significa, aqui, estar isolado de um lado e de outro, mas sim esta ao mesmo tempo dos dois lados, na interseção. Percorrer entre os espaços-entre se torna o caminho para criar dentro desse espaço-movimento.
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É preciso pensar em conservar a noção de participação e, ao mesmo tempo, conservar os espaços-movimento. Colocamos a questão desejada de a identidade própria da favela, sua especificidade estética. Como é possível conservar o que se move, patrimonializar o movimento? [...] Voltamos à idéia de que o movimento no espaço só pode ser conservado se não for dividido. Em outros termos, só se pode conservar o movimento se deixarmos, justamente, que ele se movimente. Ou seja, o que se deveria pretender preservar é a participação ativa do habitante cidadão na construção de seu próprio espaço/cidade, como ocorre em diferentes níveis nos espaços-movimento. (BERENSTEIN, 2007)
Sobre a cidade
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O que é favela, afinal?
Atualmente os territórios denominados de Favelas, passam por grandes transformações urbanísticas e políticas. Contudo, mesmo como um maior direcionamento de recursos para estas transformações, estas intervenções estão sendo questionadas. Apresentamos aqui um discurso que pauta a necessidade de entender de outra maneira a Favela, ou Cidade Favela, para assim ter a possibilidade de outras posições projetuais e políticas. Após um século de favela, muitas mudanças são percebidas. A imagem da favela associada ao ‘barraco’ não corresponde mais à realidade da maioria das favelas em metrópoles. A invasão, gradual ou repentina, individual ou em grupo, de uma terra sem infra-estrutura com a autoconstrução de uma moradia com material provisório como madeira, palha, deixam de ser características predominantes. As favelas se adensam, verticalizam e grande parcela das moradias são construídas em alvenaria; a imagem do barraco é substituída pela imagem dos tijolos aparentes. Aumenta a cobertura por serviços de infra-estrutura. A forma de acesso à favela passa a ser preponderantemente pela via do mercado imobiliário informal e o “comprador” na maioria das vezes, adquire uma moradia já parcialmente construída. Constata-se também a diversidade espacial e social: não são apenas os mais pobres que habitam favelas. (DENALDI, 2009) Como Denaldi explicou no texto acima, as favelas deixaram de ser lugares temporários para se tornarem em comunidades, bairros e cidade. A idéia do abrigo se desfaz no passo em que as pessoas agora não querem mais se mudar do local em que vivem e das relações que criaram, dos amigos e do espaço em que elas pertencem, da relação com o outro. O momento em que estamos é de possibilitar que estes lugares – agora cidades – tenham uma qualidade de vida em todos os aspectos da habitabilidade. Mas para isso, precisamos redefinir o que entendemos destas áreas, das favelas. O que acontece nesses espaços, “o que é favela, afinal?”
A favela como é entendia. De acordo com o Observatório de Favelas , é importante estabelecer novos modos e apreensão do fenômeno da favelização. Já que, na maioria das vezes, as definições desses territórios se fundamentam em pressupostos equivocados, em geral superficiais, baseados em estereótipos que não permitem uma compreensão aprofundada sobre a realidade social, econômica, política e cultural em sua totalidade e complexidade. É fato que a diversidade das formas e das dinâmicas sociais, econômicas e culturais, também tem sido um desafio na compreensão do que é uma favela e, por conseguinte, na definição de parâmetros universais que orientem uma definição mais precisa. Por se tratar de um fenômeno 32
diverso e complexo, e ao mesmo tempo marcado por forte estigmatização, observa-se que os pressupostos centrados em parâmetros negativos têm sido utilizados como referência hegemônica na representação social e na elaboração de definições mais concisas sobre o fenômeno. Historicamente, o eixo paradigmático da representação das favelas é a ausência, carência e homogeneidade. Nesta perspectiva, a favela é definida pelo que não seria ou pelo que não teria, e tomam como significante aquilo que a favela não é em comparação a um modelo idealizador de cidade. Nesse caso, é apreendido, em geral, como um espaço destituído de infra-estrutura urbana – água, luz, esgoto, coleta de lixo; sem arruamento; globalmente miserável; sem ordem; sem lei; sem regras; sem moral. Outro elemento peculiar da representação das favelas é sua homogeneização. (DENALDI, 2009)
A favela precisa de novas compreensões. As favelas constituem moradas singulares no conjunto da cidade, compondo o tecido urbano, estando, portanto, integrado a este, sendo, todavia, tipos de ocupação que não seguem aqueles padrões hegemônicos que o Estado e o mercado definem como sendo o modelo de ocupação e uso do solo nas cidades. Em função disso, a definição de favela não deve ser construída em torno do que ela não possui em relação ao modelo dominante de cidade. Pelo contrário, elas devem ser reconhecidas em sua especificidade sócio-territorial e servirem de referência para a elaboração de políticas públicas apropriadas a estes territórios/espaços. (LUIZ, 2009) Este reconhecimento já vem sendo realizado, em parte, por meio do Estatuto da Cidade, que define as favelas como áreas de especial interesse, que necessitam de uma regulação própria baseada na sua materialidade dada. Contudo, compreender a cidade em sua pluralidade é reconhecer a especificidade de cada território e seus moradores, considerando-os como cidadãos que devem ter seus direitos sociais garantidos na forma de políticas públicas afeiçoadas a seus territórios. É necessário considerar a favela como parte da cidade, ressaltando toda a pluralidade que lhe é característica. “O território favela é um espaço de potência, de criatividade, de inovações tecnológicas, sociais e culturais. O território da criatividade na América Latina é a favela”, afirma Pedro Abramo (Acessado em 25/05/2010). Precisamos reconhecer que estas outras representações das favelas - e de seus moradores – devem orientar outra gestão metropolitana pautada pela justiça territorial e o reconhecimento dos direitos do cidadão, além dos direitos básicos. Assim, estas novas definições possam de fato orientar também os projetos urbanos, para que de fato, as reais necessidades, diante do contexto de cada comunidade, sejam atendidas para todos. Sobre a cidade
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A nova definição de favela. A partir do Seminário – O que é favela afinal? –, o Observatório de Favelas desenvolveu uma declaração própria, com o objetivo de contribuir para a formulação de um conceito de favela que abrigue a complexidade e a diversidade desse território no espaço urbano contemporâneo: “DECLARAÇÃO: O QUE É A FAVELA AFINAL? 1. Considerando o perfil sociopolítico, a favela é um território onde a incompletude de políticas e de ações do Estado se fazem historicamente recorrentes, em termos da dotação de serviços de infra-estrutura urbana (rede de água e esgoto, coleta de lixo, iluminação pública e limpeza de ruas) e de equipamentos coletivos (educacionais, culturais, de saúde, de esporte e de lazer) em quantidade e qualidade para as famílias ali residentes, na promoção da moradia digna para seus habitantes, na regularização fundiária e urbanística adequada às formas de ocupação do solo, na criação de legalidades afeiçoadas às práticas sociais, e em especial, na garantia da segurança cidadã, devido ao seu baixo grau da soberania quando comparado ao conjunto da cidade. Portanto, as favelas são, de modo geral, territórios sem garantias de efetivação de direitos sociais, fato que vem implicando a baixa expectativa desses mesmos direitos por parte de seus moradores. 2. Considerando o perfil socioeconômico, a favela é um território onde os investimentos do mercado formal são precários, principalmente o imobiliário, o financeiro e o de serviços. Predominam as relações informais de geração de trabalho e renda, com elevadas taxas de subemprego e desemprego, quando comparadas aos demais bairros da cidade. Os baixos indicadores econômicos das favelas são acompanhados pelos indicadores de educação, de saúde e de acesso às tecnologias quando comparados à média do conjunto da cidade. Há, portanto, distâncias socioeconômicas consideráveis quando se trata da qualificação do tempo/espaço particular às favelas e o das condições presentes na cidade como um todo.
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3. Considerando o perfil sócio-urbanístico, a favela é um território de edificações predominantemente caracterizadas pela autoconstrução, sem obediência aos padrões urbanos normativos do Estado. A apropriação social do território é configurada especialmente para fins de moradia, destacando-se a alta densidade de habitações das suas áreas ocupadas e de sua localização em sítios urbanos marcados por alto grau de vulnerabilidade ambiental. 4. Considerando o perfil sociocultural, a favela é um território de expressiva presença de negros (pardos e pretos) e descendentes de indígenas, de acordo com região brasileira, configurando identidades plurais no plano da existência material e simbólica. As diferentes manifestações culturais, Artísticas e de lazer na favela possuem um forte caráter de convivência social, com acentuado uso de espaços comuns, definindo uma experiência de sociabilidade diversa do conjunto da cidade. Superando os estigmas de territórios violentos e miseráveis, a favela se apresenta com a riqueza da sua pluralidade de convivências de sujeitos sociais em suas diferenças culturais, simbólicas e humanas.” (DENALDI, 2009)
Sobre a cidade
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Sobre São Benedito cap. 02
“Tem gente que fala que o morro é ruim, mas quem faz o morro é a gente”. Anália Medina Rodrigues, citado no Catálago Habitação, Memória e Vivência.
Sobre São Benedito
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Localização urbana do bairro São Benedito
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Fig.. 13: Fig 13: Ima Imagem gem aé aérea rea d dee Vitó Vitória ria,, ES. ES. Fonte: Fon te: GE GEOWE OWEB B Vitó Vitória ria
SSobre So o obr bre São São Benedito Bene Be nedi dito to
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História de São Benedito
A ocupação do Morro Grande começou no final dos anos de 1960, realizada inicialmente por migrantes procedentes das áreas rurais de cafeicultura. A imigração se acelerou quando se multiplicaram oportunidades de emprego na construção civil, desdobramentos das indústrias siderúgicas que se instalavam na Grande Vitória (como as companhias CVRD, hoje Vale e CST, hoje Acelor Mital). As populações rurais que afluem ao município de Vitória não são somente devido à concentração dos meios de produção das grandes empresas, mas, sobretudo, porque a cidade acaba por se constituir no “autêntico desaguadouro” daquilo que o sistema desorganiza sem destruir completamente. Neste caso a estrutura agrária é esvaziada enquanto as cidades se convertem nos agentes principais do modelo político-econômico industrial que se implantava. (CÉLULA, 2010) As pessoas desarticuladas da vida rural desenvolveram formas de vida e atividades alternativas, ocupando áreas da cidade cuja localização era desvalorizada. Além dos emigrantes das culturas cafeeiras de municípios como Colatina, vieram habitantes do norte do Espírito Santo, do norte de Minas Gerais, as regiões mais empobrecidas dos dois estados, assim como, vieram baianos nos últimos anos. Inclusive, constata-se um número expressivo de migrantes vindos de Conceição da Barra e de São Mateus, expulsos pela ocupação das terras que cultivavam pelas plantações de eucalipto da Aracruz Celulose. Estes migrantes são remanescentes de comunidades quilombolas do norte do estado que moram no morro de São Benedito. (CÉLULA, 2010) [...] Bom, menina, eu vim do interior, tem gente que veio de outro Estado. Tem gente que veio trabalhar e acabou ficando por aqui. Todo mundo veio pro São Benedito no ano de 1968, mais ou menos. Eu vim porque não podia mais ficar por lá em Córrego de Água Branca, ou Córrego Preto - comunidade quilombola, pelos lados de São Mateus e Conceição da Barra. (NOSSA HISTÓRIA NOSSO BEM, 2009)
Sobre São Benedito
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Imagens sobre o processo de ocupação
Fig. 14: Vista São Benedito, ano 1960. Foto aérea Paulo Bomino. Fonte: Arquivo SEDEC - PMV (Prefeitura Municipal de Vitória)
Fig. 15: Vista São Benedito, ano 2000. Foto aérea Paulo Bomino Fonte: Arquivo SEDEC - PMV (Prefeitura Municipal de Vitória)
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Fig. 16: Vista São Benedito, ano 1960. Foto aérea Paulo Bomino. Fonte: Arquivo SEDEC - PMV (Prefeitura Municipal de Vitória)
Fig. 17: Vista São Benedito, ano 2000. Foto aérea Paulo Bomino. Fonte: Arquivo SEDEC - PMV (Prefeitura Municipal de Vitória)
Sobre São Benedito
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Contexto atual - Território do Bem / Poligonal 01 O bairro São Benedito, em Vitória, Espírito Santo, tem atualmente 3.431 moradores. Faz parte da Poligonal 01 (1.773.640m²) também denominada pelas lideranças como Território do Bem, que é configurada por outros 07 bairros: Bairro da Penha (4.752 hab.), Bonfim (7.417 hab.), Consolação (3.019 hab.), Itararé e comunidade de Engenharia (7.585 hab.), e Gurigica divididas em duas comunidade, Floresta e Jaburu (6.850 hab.). Esses bairros ocupam o Morro Grande e possuem 33 mil habitantes (PMV, SITE), cerca de 10% da população de Vitória – 320 mil habitantes (IBGE, SITE).
As poligonais do “Terra” foram definidas pelo o grau de carência em equipamentos e serviços urbanos, o nível de fragilidade ambiental, o grau de risco e os baixos índices sociais da comunidade em relação às demais áreas da cidade. O programa visa melhoria da qualidade de vida dos moradores de ocupações de interesse social, com projetos de urbanização e habitação, regularização fundiária, melhoria da infra-estrutura e dos
O bairro tem como limites as avenidas: Av. Maruípe ao norte, Av. Vitória ao sul, Av. Marechal Campos a oeste e a Av. Leitão da Silva a leste.
NORTE
Av. Leitão da Silva
Av. Maruípe
São Benedito - 3.421 moradores Território do Bem - 33 mil moradores Vitória - 320 mil moradores Mapa do Território do Bem. Legenda: 01 - São Benedito 02 - Consolação 03 - Jaburu 04 - Floresta 05 - Bonfim 06 - Bairro da Penha 07 - Itararé 08 - Engenharia
08
07
06
equipamentos urbanos.
05 01 02 Av. Mal. Campos
04 03
Av. Vitória
Fig. 18: Mapa Poligonal 01 / Território do Bem. Fonte: Mapa desenvolvido pelo autor e Samira S. Proêza sob a base GeoWEB Vitória.
Sobre São Benedito
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Vista para o Território do Bem
São Benedito Jaburu
Floresta Consolação
Av. Leitão da silva 46
Bair Ba irro ir ro da Pe P nh ha Bonfi Bo n m nfi
Itar It arar aréé Enge En genh nhar aria ia
Fig. 19: Fotografia para o Poligonal 01/Território do Bem vista da pedra da Gameleira
Sobre São Benedito
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Centralidade - localização em Vitória
O morro foi uma das trajetórias possíveis em Vitória para um expressivo número de trabalhadores de baixa renda ou sem nenhuma qualificação. As áreas de morro constituem mais de 70% do território da ilha de Vitória, em grande parte oferecem dificuldades a acessibilidade e a apropriação urbana. Neste caso, ao menos, não se estabelecia a distância física entre moradia, trabalho e centralidade. A região situa-se entre avenidas importantes do município de Vitória. (CÉLULA, 2010) A ocupação do bairro São Benedito foi informal e gerou problemas para a inserção da infra-estrutura viária, de abastecimento e de saneamento; dificuldades de acesso (inclusive de pedestres); para a construção e a estabilidade das edificações. Ademais, grande parte do território possui infra-estrutura, equipamentos e serviços urbanos de relativa qualidade. (CÉLULA, 2010) “[...] Quando eu cheguei aqui, tinha uns gatos pingados morando nuns barracos de madeira, tinha também palafita, porque uns lugares aqui eram tudo brejo. As pessoas faziam muito força pra resistir por essas bandas.” (Nossa História Nosso Bem, 2009) “[...] Quando eu cheguei, só tinha a Ufes. Eu e o avô do Dito, a gente veio pra cá porque uma irmã disse que ia ser mais fácil conseguir um lugar pra morar.” (Nossa História Nosso Bem, 2009)
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UFES
2,7 km São Benedito
4 km
1,7 km
Centro de Vitória Enseada do Suá
Fig. 20: Mapa distâncias de São Benedito. Fonte: Intervenção do autor sob base GeoWEB Vitória
Sobre São Benedito
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Vista do moro de S達o Benedito de pontos importantes da cidade de Vit坦ria: Praia de Camburi e Av. Fernando Ferrari.
Fig. 21: Vista da Praia de Camburi para S達o Benedito.
Fig. 22: Vista da av. Fernando Ferrari para S達o Benedito.
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Fig. 23: Vista da Praia de Camburi para S達o Benedito.
Fig: 24. Vista da av. Fernando Ferrari para S達o Benedito.
Sobre S達o Benedito
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Limites de São Benedito
Vista de Floresta para São Benedito e Santa Lúcia.
Limites difusos
São Benedito
Limites definidos
Alto Al lto to de Co Cons nsol olaç laç ação ão
Santa Lúcia / Praia do Canto
Co C ons nso ollaç ação çãão o
Fig. 25: Limite São Benedito.
Limites sob figura fundo entre os bairros de São Benedito, de Santa Lúcia e de Consolação.
Fig. 25: Limites São Benedito sob figura fundo.
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As figuras à esquerda ilustram dois tipos de limites encontrados nas fronteiras entre São Benedito e os bairros arredores: Os limites entre os bairros da própria poligonal 01 são difusos e possibilitam o percurso do pedestre de forma mais conectada. O limite de São Benedito com Santa Lúcia, bairro da parte nobre de vitória, já não é conectado, ocasionado uma segregação espacial entre bairros,
o que dificulta o acesso ao pedestre. As imagens abaixo, à direita, são vistas da av. Leitão da Silva para São Benedito. Esta avenida é uma das principais vias de Vitória e é avenida que conecta ao bairro Itararé que da acesso à São Benedito. Podese notar a sua conformação como avenida limite segregadora entre os bairros.
Fig. 27: Vista de da av. Leitão da Silva para São Benedito.
Fig. 28: Vista de da av. Leitão da Silva para São Benedito.
Sobre São Benedito
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Infraestrutura, panorâma local
Os assentamentos se constituíram sem financiamento público, sem assistência técnica de arquitetos e de engenheiros e à margem da lei (PMV, SITE). Segundo a PMV, existem 8.272 domicílios neste território. Constata-se que são pouco mais que 04 moradores por domicílio. Mas é importante ressaltar as características e condições, principalmente dos bairros São Benedito, Jaburu e Floresta – ocupação em morros. Atualmente os bairros se caracterizam: maior parte das moradias já possuem rede de esgoto, porém ainda existem muitas casas que os banheiros são separados da residência; Muitas construções estão na alvenaria aparente, algumas com reboco. Percebe-se que não tiveram nenhuma assistência técnica; a maioria das escadarias e rampas já possuem corrimão, apesar de serem de má qualidades - muitos já estão danificados - e o acesso às residências ou o próprio percurso pelo bairro ainda é muito difícil, tornando o bairro pouco acessível ao pedestre, mesmo existindo uma linha de ônibus - 031 São Benedito - que atendo o bairro; o espaços públicos e/ou coletivos ainda são muitos precários, não existem equipamentos urbanos de lazer e nem para atividades físicas; Fig. 29: Vista interna de uma casa de São Benedito. Fonte: CÉLULA, 2010
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Fig. 30: Vista externa de uma casa de São Benedito. Fonte: CÉLULA, 2010
Fig. 31: Vista interna de uma casa de São Benedito. Fonte: CÉLULA, 2010
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Dizem que “Modificou muito, agora tá uma cidade por bem dizer”. (Morador de São Benedito Altair Pimentel Rodrigues, in Célula, 2010) Apesar destas condições ainda precárias, o bairro tem recebido recursos e melhorias - nos espaços e serviços básicos. Feitas pelo Programa Terra Mais Igual e pela Secretaria de Habitação de Vitória através de recursos do Governo Federal: do PAC Projeto de Aceleração do Crescimento - e do BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento. A população reconhece os avanços na qualidade do espaço e dos serviços urbanos, mas permanece mobilizada atuando em diferentes formas de lutas e organizações comunitárias. Estabelecessem como comunidade, procurando consolidar suas moradias, efetivar as relações de vizinhança, e se organizando em associações de representatividade política, como Fórum Bem Maior – FBM.
Fig. 32: Vista de uma escadaria de São Benedito. Fonte: CÉLULA, 2010
Fig. 33: Vista de uma escadaria de São Benedito. Fonte: CÉLULA, 2010
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Fig. 34: Vista da paisagem de uma das casas de São Benedito.
Fig. 35: Vista do terreno “campinho” de São Benedito.
Sobre São Benedito
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Movimentos sociais Mobilização A mobilização da comunidade teve início com a ocupação dos terrenos e a demanda por melhoria de infra-estrutura. No inicio dos anos 1980, as lideranças se articularam com as Comunidades Eclesiais de Base; nos anos 2000 com ONGs; o que culmina com a criação de um fórum popular. O Fórum Bem Maior (FBM) abrange o Território do Bem e articula instrumentos de planejamento estratégico e de fórum. Do primeiro, buscam os mecanismos de participação e de mobilização em torno da concepção do plano e dos seus objetivos; do segundo, os dispositivos da política deliberativa que possibilitam a manifestação da visão da comunidade. Este último confronta a intermitência recorrente entre apatia e mobilização nos movimentos políticos e sociais contemporâneos. (CÉLULA, 2010) Fig. 36: Tabela de eixos de prioridades do Fórum Bem Maior.
O FBM busca empreender ações coletivas que assegurem maior força de negociação, de reivindicação, de debate político e articular melhorias na sua qualidade de vida com a prefeitura e outras instituições como no caso o banco de cooperativa de crédito, Banco Bem, promovido pela Associação Ateliê de Idéias. Dessa atuação política, cotidiana da comunidade, verifica-se o exercício da cidadania. (Plano Bem Maior, 2009). GRUPOS DE AÇÕES O Fórum Bem Maior é um espaço aberto de resgate, agregação e produção de conhecimentos múltiplos, debate e articulação de soluções comuns das oito comunidades do Território do Bem. Visa integrar comunidades, pessoas, saberes e fazeres, a partir do debate da produção de alternativas locais frente aos interesses comuns de moradores e moradoras. Com a criação do FMB foi possível que muitas idéias das comunidades ganhassem densidade e fossem realizadas. Exemplo disto foi o Projeto “NOSSA HISTÓRIA NOSSO BEM” e a pesquisa “SABERES, FAZERES E POTENCIALIDADES DO TERRITÓRIO DO BEM DE VITÓRIA”.
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Fonte: PLANO BEM MAIOR, 2009.
A pesquisa, cuja segunda etapa foi concluída no Projeto de Desenvolvimento Comunitário do Território do Bem, proporcionou um banco de dados e um relatório contendo seus resultados, e está servindo de subsídio e fonte de informações estratégicas para a construção do Plano de Desenvolvimento Comunitário do Território do Bem, intitulado PLANO BEM MAIOR - 2018. Cada projeto é construído de forma coletiva e participativa, com os moradores, representantes de associações comunitária, representados no Fórum.
Trabalhos desenvolvidos pela comunidade Este fórum elaborou, em 2008, pesquisa sobre o perfil dos moradores que resultou na publicação “Fazeres, Fazeres e Perfil dos moradores do Território do Bem” e, em 2009, na publicação do “Plano Bem Maior do Território do Bem”. Os principais objetivos da pesquisa “Saberes e Fazeres” foi a elaboração de um diagnostico das necessidades e das demandas socioeconômicas locais e a elaboração do “Planejamento Estratégico Comunitário Solidário do Território do Bem” - Plano Bem Maior - 2018, que orientará a ação política do Fórum de moradores nos próximos dez anos. O “Plano Bem Maior” converte as idéias do planejamento estratégico, antes alheias ao seu lugar, em um bem coletivo. Compreende que as mudanças globais rápidas requerem instrumentos flexíveis e participativos. Destaca-se nesta agenda, o objetivo de assegurar a participação do FBM nos espaços políticos como Conselho Popular de Vitória, audiências públicas, orçamentos participativos, entre outros. Ou seja, o FBM agencia um alto nível de organização e participantes com plena sapiência da complexidade política em que estão inseridos.
Associação Ateliê de Idéias atua diretamente com as estratégias do Território do Bem. Criado em 2003, é uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), voltado para promoção de desenvolvimento local que busca fomentar empreendimentos produtivos e mecanismos sociais de participação democrática.
Fig. 37: Capa do Saberes, Fazeres e Perfil dos Moradores do Território do Bem. Fonte: FÓRUM BEM MAIOR, 2009
Fig. 38: Capa do Plano Bem Maior. Fonte: FÓRUM BEM MAIOR, 2009
O Banco Bem, criado em 2006, é um sistema integrado de crédito, produção, comércio e consumo e oferece três linhas de crédito: produtivo, habitacional e de consumo. Até o primeiro semestre de 2009 já foram concedidos 107 créditos da linha habitacional, tendo um valor total de R$ 246.417,00. Sobre São Benedito
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Dados importantes da pesquisa no Território do Bem: Estes dados são retirados da pesquisa “saberes, fazeres e potencialidades do Território do Bem de Vitória.” Abaixo segue alguns dados relativos à percepção dos moradores da comunidade sobre o bairro São Benedito. Sexo dos entrevistados: Das pessoas entrevistadas, 884 pessoas, 15% foram do sexo masculino e 85% do sexo feminino. Cabe ressaltar a importância desse resultado, uma vez que, de modo geral, é a mulher quem conhece e sabe melhor responder pela dinâmica do domicílio; Tipos de moradia: Do tipo de casas dos moradores entrevistados, 91% são de alvenaria, 7% de alvenaria e tábuas e 2% de tábuas. Os dados mostram que a maioria das famílias tem suas casas de alvenaria. Contudo, nem sempre a dignidade de moradia, mesmo em alvenaria, está garantida; Renda total: Das famílias pesquisadas, 80,3% possuem renda familiar de até 03 salários mínimos e 21,9% têm renda menor que 01 salário. 43%,9 possuem renda de 01 a 02 salários mínimos e 14,5% com renda de 2 a 3 salários;
Participação nos Movimentos Sociais: Dos entrevistados e/ou seus familiares, 74% não participam de movimentos sociais. Essa informação sugere necessidade de formação humana que possibilite o envolvimento de moradores em prol da necessária transformação social; Atividades socioculturais e de lazer mais utilizados: Foi também analisado que menos de um quarto da população citou a ida a parques como a atividade sociocultural e de lazer freqüentes, com 24,2% dos votos dos entrevistados. Avaliação dos espaços e serviços de lazer: O lazer é considerado como ótimo ou bom por 20% dos entrevistados e 9% não sabem; 71% consideram péssimo ou ruim, sendo o pior índice dos serviços básicos oferecidos neste território.
Esta pesquisa criou uma agenda das demandas coletivas: Melhoria de escolaridade (a maioria não concluiu o 1º grau); articulação de iniciativas de geração de trabalho e renda; incentivo a empreendimentos de responsabilidade socioambiental; divulgação da multiculturalidade e diversidade da população local.
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Pode-se concluir que no bairro de São Benedito há poucos espaços públicos ou mistos, e quando existem são de baixa qualidade, apenas com infra-estrutura básica (iluminação e bancos), monofuncionais e sem atratividade. É observado através das visitas ao bairro e dos dados da pesquisa realizada pela comunidade a necessidade de se discutir a qualidade desses espaços e colocar na agenda estratégica dos governantes e da própria comunidade este ponto: está necessidade de se investir nos espaços públicos; além disso, de repensar a criação desses espaços, para incluírem usos econômicos, culturais, esportivos, de lazer entre outros. Para que, através do seu empoderamento local, se torna multiplicador de qualidade de vida no bairro, propiciando relações mais singulares.
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(Re)criação do espaço público cap. 03
Quero cantar Quero curtir e construir Quero criar Participar e discutir Pra me desabafar Sou errado, sou perfeito Imperfeito, sou humano Sou um cidadão dereito Meu direito é soberano (Letra música Quero Quero - Martinho da Vila)
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Proposta - (Re)criação do espaço público
“É preciso uma restauração da cidade subjetiva, que engaja tanto os níveis mais singulares quanto os níveis mais coletivos. Tudo dependerá da redefinição coletiva das atividades humanas e, sem dúvida, em primeiro lugar, de seus espaços construídos.” (GUATARRI, 1992) Sob o ponto de vista de devolver a cidade à coletividade, este trabalho discuti, como conseguir efetiva-la, através de um conjunto de forças, na qual, o foco aqui seja a possibilidade da intervenção no espaço urbano. “A pergunta que se coloca é como reativar, ou mesmo (re)criar, os espaços públicos, através das intervenções no espaço urbano, evitando que a pretendida animação sócio-cultural leve a um sistema de signos petrificados, a uma simulação teatral da vida urbana inexistente. [...] Ao contrário disso, as intervenções pressupõe a expressão e impressão pessoal nesses espaços. Não se trata de particularizar os espaços, a idéia é a defesa de espaços públicos que possibilitem apropriações pessoais, diversas, mas simultâneas e superpostas.” (DE OLIVEIRA GUIMARÃES, 2007) Para serem efetivados como públicos, esses espaços devem ser o resultado da coexistência de vários territórios superpostos, às vezes conflitantes, outras em sintonia. Está sendo proposto aqui, antes de tudo, recuperar o sentido da arquitetura quando essa “deixa de ser considerada um mero objeto estético ou arte figurativa e passa a se relacionar com o mundo das ações e movimentos em que as pessoas realmente habitam.” (DE OLIVEIRA GUIMARÃES, 2007)
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O bairro de São Benedito é o local escolhido para o estudo e desenvolvimento de propostas projetuais sobre o espaço público neste trabalho. São Benedito, como em várias outras favelas, sofre de uma denominação centrada em aspectos da forma-aparência – predominantemente focada na ausência –, de ordem negativa, que assume certa importância no que tange ao reconhecimento de reivindicações por obras de infra-estrutura. A organização popular, manifestada em diferentes momentos e formas, permitiu uma significativa ampliação do acesso regular aos serviços de água, esgoto, coleta de lixo, asfaltamento e iluminação. Além disso, se difundiu na Poligonal 01 a construção de escolas, creches e postos de saúde; reivindicações fundamentais para a qualidade de vida dos moradores. Porém, o item no qual menos se avançou foi justamente o que coloca em questão a presença da favela nas cidades: a apropriação e uso do espaço urbano em seu conjunto como direito social. Diante da problemática do processo de espetacularização sobre os espaços urbanos, através dos conceitos apresentados no capítulo 01 e as estratégias do Plano Bem Maior e do Fórum Bem Maior apresentado no capítulo 02, este trabalho tem o objetivo de percorre por 03 etapas: 01_ compreender o espaço urbano do território recortado do bairro de São Benedito; 02_ desenvolver um plano de ação; 03_ produzir um projeto em nível de estudo básico de uma área do bairro;
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Metodologia para as intervenções
Faz-se necessário a busca de outros métodos de observação e análise que entendam a cidade não só como um soma de formas, usos, apropriações unitárias e de “mono-identidades”. Mas sim, que entenda a cidade como um local plural e diverso, de troca de afetos, um local onde se origina e apaga, se transforma cotidianamente, em todas as escalas, acontecendo relações entre todas as coisas – pessoas, espaços, objetos, natureza, cultura e economia. O método de compreensão e proposição para os locais onde serão realizadas as intervenções propostas neste trabalho tem como base a pesquisa de dados e informações, a percepção, a observação e a vivência (experiência) no bairro. Em um primeiro momento propõe-se a criação de uma BASE OPERACIONAL do território desenvolvida a partir de fotos aéreas, dados sobre os usos, infra-estruta, mobilidade e o espaço público fornecidas pelo site GEOWEB da Prefeitura Municipal de Vitória - http://geoweb.vitoria.es.gov.br/. Os dados obtidos foram sistematizados em uma base e analisados para a escolha de uma área do bairro para criar um polígono de aproximação. Em um segundo momento, no território escolhido, propõe-se uma BASE DE PERCEPÇÕES elaborada por registros fotográficos e diagramas, a partir da vivência no bairro e de conversas com os moradores. No terceiro momento, faz-se a necessidade de entender e propor dispotivos/ mecanismos coerentes aos campos com potenciais identificados. São elaborados APONTAMENTOS, diretrizes que percorrem entre o macro e o micro se constituindo de vetores para aumentar a qualidade dos ambientes. Estas etapas têm a finalidade de identificar campos de ações em potenciais para desenvolver um PLANO DE AÇÃO: diretrizes projetuais territorializadas em espaços específicos. Por fim, diante desse panorama de ações apontadas é escolhido um cenário em potencial para o desenvolvimento da PROPOSTA PROJETUAL em nível de estudo aprofundado.
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Base operacional São Benedito
Plataforma de inclusão de dados em formato de mapas sobre uso do solo; áreas verdes; áreas livres; estrutura viária, topografia, adensamento e verticalização. Estes mapas foram elaborados a partir de dados fornecidas pelo site GEOWEB da Prefeitura Municipal de Vitória - http://geoweb.vitoria. es.gov.b - e por análise de fotos aéreas sistematizados para a escolha de uma área do bairro para o aprofundamento do trabalho. É importante ressaltar que os dados fornecidos pelo GEOWEB são dados e informações desatualizadas em relação do que foi visto em visita ao bairro. Dados sobre uso do solo, número de pavimento e área de ocupação de construção tiveram que ser atualizadas pelo autor no decorrer o trabalho.
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Área escolhida - recorte de São Benedito
Fiig FFig ig. 39:: Loc Lo occcali o allizaç alizaç ali zaaçção. za ão o. Fo o Font Fonte nte n te t : In nte tervençã rve rv vvenção nçã çãão do o au aut uttor u tor or sob ob b ba bassee Ge Geo GeoWeb eoWeb Web Vi We Vitór itór tó iaa tó
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Justificativa A escolha desta área é pautada por algumas razões: + Adensamento: existem 02 grandes bolsões de edificações com poucas áreas livres dentro deles e 01 pequena área livre entre eles. + A área livre no meio é uma área importante para bairro, com uma diversidade de uso de solo, ponto final da linha de ônibus, marco na ocupação do morro e uma das poucas áreas públicas (largo) do bairro.
Recriação R Recr Re ecrria ia açã ççã ão do do espaço esp spaç aço público púb pú bllic ico
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Base São Benedito - morfologia urbana
Mapa de adesamento do morro da Fonte Grande. A região escolhida do bairro de São benedito é uma das áreas mais adensadas do morro.
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Fig. 40: Mapa figura-fundo bairro região Poligonal 01. Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB Vitória
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Morfologia da região escolhida
Curvas Cur vas de ní nível vel 5x 5x5 5
Estrut Est rutura ura vi viári áriaa
Quadra Qua drass
Edifi Edi ficaçõ cações es
Fig. 41: Conjunto de Layer de morfologia do território. Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB Vitória
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Sobrep Sob reposi osição ção de la layer yerss
Fig. 42: Soma dos Layers de morfologia do território. Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB Vitória
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Modelo volumĂŠtrico da ĂĄrea adensada
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Fig. 43 (esq) e 44: Modelo 3D da quadra.
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Uso do solo
Pode-se observar nos mapas acima a predominância do uso residencial na região. Também existe uma quantidade significativa de lotes vazios, muito deles já estão em construção e outros são da prefeitura com estratégias implantar equipamentos públicos como creches, escolas e posto de saúde, muitos sem previsão de construção. Contudo, constatam-se poucos imóveis com uso comercial e institucional no mapa apresentado. Porém em visita ao bairro, encontramos muitas instituições como igrejas, comércio e serviços com uso misto - maior quantidade do que representado no mapa, registro da PMV. Além disso, foi observada a apropriação do espaço público pelo comércio informal e também pela igreja para o culto religioso, entre outras diversas ações mais complexas e não enquadradas nestas categorias. Algumas dessas situações serão apresentadas na BASE DE PERCEPCÇÕES.
Fig. 45. Mapa uso do solo.Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB Vitória
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Mobilidade e traçado viário
A Rua Tenente Setual é a única rua do bairro de São Benedito e permite o trânsito de carros e de ônibus. Por isso ela é considerada a rua principal e a mais articuladora do bairro. Entretanto, as vielas e os becos são as vias pelas quais as pessoas mais se locomovem a pé. O principal meio de transporte no bairro é feito pelo microônibus 031 São Benedito, única linha que atende dentro do bairro. Também existe a linha de Itararé que se aproxima do bairro e que é bastante utilizada também pelos moradores. Além do microônibus, muitas pessoas se locomovem a pé até o bairro Itararé ou até a Av. Leitão da Silva ou Av. Reta da Penha para conseguir utilizar outras linhas viárias de transporte público de Vitória e também da Grande Vitória.
Fig. 46: Mapa sistema viário. Fonte: GEOWEB Vitória
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Áreas verdes no bairro
Na imagem acima, destaca-se a relação das grandes e pequenas áreas verdes em São Benedito e bairros arredores:
Grandes áreas verdes Pequenas áreas verdes
Existe ainda uma grande massa verde no alto de São Benedito e em algumas zonas espalhadas no entorno do seu maciço. Porém, são predominantes as pequenas áreas verdes, conformadas por quintais das moradias e lotes vazios. Historicamente não houve ações concretas da prefeitura para a preservação ou criação de áreas verdes, como espaço público de qualidade no bairro.
Fig. 47: Mapa áreas verdes. Fonte: Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB Vitória
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Adensamento e áreas livres
A imagem à cima ilustra de forma mais evidente a relação das áreas construídas, com as áreas vazias sobre o território recortado. Pode perceber a alta densidade desta região e a falta de lugares livres planejados. Além disso, é possível observar a relação das grandes áreas livres com as pequenas áreas livres.
Grandes áreas livres Pequenas áreas livres
As grandes áreas livres são áreas maiores e foram classificadas como lotes vazios (poucos), quintais, e locais onde há uma dificuldade de construção (afloramento rochoso e áreas muito inclinadas). As pequenas áreas livres são áreas menores e foram classificadas como espaços vazios entre construções, conformadas pelo processo, sem planejamento, de ocupação do solo pelos moradores.
Fig. 48: Mapa áreas livres. Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB Vitória
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Base de percepções
A base de percepções é uma biblioteca de registros fotográficos, de diagramas, de vivência no bairro e de conversas com os moradores. Tem o objetivo de apresentar diversos acontecimentos, usos e aspectos físicos e naturais do território escolhido. Neste momento os interesses são entender as relações existentes no bairro: desenvolver uma observação e uma análise do território para fundamentar as proposições projetuais. A partir disso, as observações foram direcionadas para registrar os seguintes pontos: _O indivíduo singular e sua relação cotidiana com o outro, com o espaço e com os objetos – de troca, de uma escala menor, mais pessoal e local. Ficamos atentos aos pequenos detalhes, aos objetos, aos costumes, as pequenas coisas que passam despercebidas. _O indivíduo como vetor de força que atravessa a ordem normatizada em relação ao meio, sejam eles locais ou globais / escala urbana e coletiva. _As instituições que desenvolvem, de forma endógena, suas ações na cidade. - Os serviços/comércios que desenvolvem uma economia informal e local. _Os espaços abertos e fechados que permitam ou impeçam as relações de trocas. _A relação do espaço natural com o físico e com o indivíduo. Foi criada uma classificação em grupos para os registros, baseados nas ações, elementos, usos e conformações espaciais similares: + Ações geradas: ação do indivíduo, seja individual ou coletiva, em que se apropria do espaço de alguma forma. + Espaços (re)criados: espaços em que recebem alguma intervenção, efêmera ou permanente, em que transforma ou indica um outro uso ou significação para o lugar ou objeto. + Lotes vagos e relação com a natureza: são espaços vazios públicos ou sem uso em que os elementos naturais são significantes na ambiência do lugar. + Vistas de São Benedito: lugares que podem ser observados a paisagem construída e natural de Vitória. Pontos que a relação entre dentro e fora, aberto e cheio podem ser realçados. + Espaços estreitos: lugares em que o adensamento das construções ocasionou espaços (vielas, becos, escadarias) muito estreitos. São locais normalmente com uma qualidade de conforto ambiental muito baixa, porém é observado a permanência e uso destes espaços. + Espaços residuais: Espaços conformados por “sobras” (locais não utilizados) das construções com potencial para transformação e possibilidade de uso. + Usos e instituições: espaços formais ou informais, de uso comercial e serviço e institucionais como ONGs, Igrejas e Centro Comunitário. São espaços com relação importante na comunidade.
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Registro fotográfico > ações geradas
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Registro fotogrรกfico > espaรงos (re)criados
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Registro fotogråfico > lotes vagos e relação com a natureza
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Registro fotogrĂĄfico > vistas de SĂŁo Benedito
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Registro fotogrรกfico > espaรงos estreitos
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Registro fotogrรกfico > espaรงos residuais
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Registro fotográfico > usos e instituições
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Entendimento do território Ações e objetos das percepções Abaixo pode-se observar algumas ações e objetos recortadas do registro fotográfico evidenciando os elementos que existem neste território.
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Mapa de percepção
Diagrama desenvolvido em mapa que ilustra a percepção dos ambientes físicos e naturais, dos acontecimentos, dos percursos, dos usos, dos sentidos sonoros, dos ambientes abertos e enclausurados. Pode-se perceber no diagrama: - Menor intensidade de atividades em espaços enclausurados; - Maior intensidade de atividades em: percursos horizontais, que seguem as curvas de níveis e não em escadarias; e na rua principal do bairro, única que passam automóveis; - Percurso do transporte público não atende toda a área do bairro. O microônibus não percorre por toda a rua principal e seu ponto final não está localizado na cota mais alta habitável; - Percurso principal do pedestre é feito pela rua principal, sendo que em algumas escadarias eles a percorrem para diminuir a distância, mas somente as escadarias que estão em melhor qualidade e menos enclausuradas. Entretanto, foi notado que as crianças e jovens fazem o uso de escadarias mesmo que elas sejam de difícil locomoção e em espaços enclausurados. Este grupo busca sempre fazer o menor trajeto no bairro independe das condições das vias. - Dos pontos visuais do bairro pode-se observar a paisagem dos municípios de Serra, de Vitória e de Vila Velha. Foi observado, por exemplo, o Mestre Álvaro em Serra, a praia,o mangue, o canal, as UFES e os bairros mais nobres em Vitória e o Convento da Penha e Morro do Moreno em Vila Velha. - Foi notada uma grande quantidade de espaços vazios como em lotes e entre construções. Há também grandes espaços vagos sem uso não cadastrado como lotes, com potenciais de transformação.
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Legenda: Maior intensidade de atividades Menor intensidade de atividades Registro sonoros musicais Pontos visuais Lotes vagos Espaços vazios Usos/instuições importantes Espaços enclausurados Percurso usual pelo pedestre Percurso usual pelas crianças Percurso do transporte Público Ponto Final
Fig. 49: Mapa de perecepções do território. Fonte: Interevenção do autor sob base GeoWEB Vitória
Recriação R Re ecr crria cria iaçã ção ão do do espaço esp paço açço público pú p úblic bllico ico ic
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Apontamentos
Nas visitas ao bairro foram mapeadas áreas em potencial para uma reorganização espacial, identificando espaços com aberturas e capacidades para receberem novos objetos que estimulem relações. Também foi mapeadas áreas de riscos, lugares altamente adensados que ocasionam uma má qualidade em conforto ambiental e organização espacial entre outras situações ressaltadas no diagrama MAPA DAS PERCEPÇÕES. A partir do diagrama de PERCEPÇÕES foram elaborados alguns apontamentos estratégicos, tanto na escala local quanto da cidade, para definir um escopo de intervenção que visa o aumento da qualidade da vida pública e privada. É certo que o ganho só poderá ser dado após um conjunto de ações coordenadas em diferentes níveis e escalas da cidade, em tempos distintos de acontecimento. Estas envolvem questões econômicas, políticas , sociais, culturais e ambientais pautadas em intervenções projetuais e estratégicas conectadas entre si e ao todo territorial da cidade. A seguir são apresentadas algumas estratégias para a construção do PLANO DE AÇÃO, que tem por objetivo tanto a qualidade da habitação e espaço público no bairro quanto a presença do bairro na cidade (conexão do bairro ao resto da cidade) : + Propiciar qualidade ao percurso de pedestres, dando condição dele percorrer a pé o bairro; + Criar aberturas por meio de espaços mistos (uso público, residencial, recreativo, esportivo e de comércio e serviço) em locais adensados e nos espaços vazios do bairro; + Propiciar maior atratividade na rua não só por meios comerciais, mas sim por meios culturais, árticos, esportivos, políticos entre outros; + Fortalecer os espaços políticos do bairro; + Repensar áreas que possam permitir espaços de diferentes usos, com construções conjugadas de instituições, comércios e residência; + Desenvolver maior diversidade econômica, cultural e social no bairro; + Criar um sistema de transporte que conjugue diferentes modais e, principalmente, desenvolver um cartão tarifário que permita o usuário transferir de linhas de ônibus e entre diferentes modais pagos no transporte público sem ter maiores custos. Essa estratégica visa a conexão em rede desses transportes fazendo que a maioria das linhas possam percorrer menores trajetos, conectado os bairros a uma rede ampla de percurso, além disso, diminuindo a quantidade de ônibus em linhas principais da cidade; + Desenvolver atratividades e eventos, dar organização da própria comunidade, tanto no escala local quanto na escala da cidade, dando maior visibilidade ao bairro;
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Plano de Ação - Proposições espaciais
O PLANO DE AÇÃO é um conjunto de propostas orientadas a partir de estratégias e táticas de um microplanejamento sobre o território. Estas buscam desenvolver novas operações arquitetônicas com o objetivo de gerar novas conexões e redes que focam processos locais abertos à experimentação e ao uso. Definimos Microplanejamento a ação na microescala com base em ações sociais e apropriações coletivas, dentro das iniciativas bottom-up (de baixo para cima) na configuração da paisagem urbana. Podemos considerá-lo como um planejamento alternativo que é capaz de absorver naquele que é gerado pelos meios urbanos. Busca-se algo que consiga abordar a complexidade crescente das cidades. (ROSA,2010) Michael de Certeau em a “Invenção do Cotidiano” indica o uso das táticas urbanas como uma (outra) forma de pensar a cidade. É proposta a idéia de tática desviacionistas, que não obedecem à lei do lugar e nem se definem por este. As táticas seriam as maneiras criativas, quase invisíveis, de utilizar ou desviar aquilo que já foi imposto em cada ocasião. São práticas que subvertem a partir de dentro e pelo meio. Como diz Milton Santos, são os praticantes (homens lentos) que atualizam os projetos urbanos e o próprio urbanismo através da prática, uso ou experiência cotidiana dos espaços urbanos e, assim, os reinventam, subvertem ou profanam. (BERENSTEIN, in Caderno De Provocações, 2010)
Recriação do espaço público
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Proposta Para Marcos Rosa (2010) as intervenções devem partir do princípio de estimular novas relações e desencadear novas situações em espaços preexistentes através do entendimento de objetos, práticas, usos e edifícios relacionais, “que inseridos nos espaços tornam-se arquitetura coletivas quando parte de uma interação objeto-lugar-usuário, da qual resultam ações e que dependem das relações para que se complete um esquema articulador.” (Rosa, 2010) Foi elaborado um conjunto de ações para 06 áreas escolhidas no território, como se pode observar na imagem ao lado esq.. Estas tem a finalidade de reeditar as realidades e reprogramá-las, desenvolvendo propostas projetuais relacionais a partir de formas, elementos naturais, relações e processos já existentes. As propostas gerais partem dos APONTAMENTOS para territorializar as estratégias. Busca-se pelo potencial existente e por seus problemas físicos e sociais, para revelar a partir de suas especificidades campos considerados vazios – locais que podem ser recodificados em espaços de encontro com qualidade. Deste modo, visam maior qualidade à mobilidade, às diversas escalas de espaços públicos (parque, praça, largo, ponto de ônibus, calçada), a uma (re) organização das formas e espaços e o estimulo à vida urbana na rua e praças.
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Diretrizes para intervenção
Neste momento, são propostas diretrizes de intervenção para as 06 áreas identificadas. Área 01 | Espaço parque _Grande espaço de referencia para os moradores e de visibilidade para a comunidade externa. _ Inserir equipamentos esportivos de médio e pequeno espaço/ação. _ Ponto final da linha de ônibus 031- São Benedito; _ Ter estacionamento pequeno tanto para os microônibus da linha 031 quanto para automóveis e bicicletas; _ Criar espaço de contemplação da paisagem: decks e mirantes; _ Criar espaços de brincadeiras para as crianças ligadas à percepção ambiental, ao lúdico, à apropriação e ao movimento; _ Criar espaço público de lazer e ócio; _ Criar espaços mistos com residência, comércio e instituições endógenas; _ Incentivar o uso comercial relacionado ao parque, como restaurante para os moradores, trabalhadores e visitantes e comércio dos produtos feitos pela comunidade. _ Criação de um centro de ocupação e vivência do ambiente natural. Utilizar o potencial do ambiente natural da região. Área 02 | Espaço local e ambiente natural _ Construção de espaços públicos menores em áreas residuais entre construções; _ Espaço conexão para as vias, de passagem para moradores; _ Espaço relacionado às atividades dos moradores que moram ao redor; _ Uso predominante residencial e usos de comércio e de serviço de visibilidade local; _ Criação do espaço com o uso compartilhado; _ Criação de hortas e jardins; _ Inserir equipamentos de ócio e de encontro que propiciem encontros íntimos, familiares e desconhecidos; Área 03 | Espaço da Fala _ Recodificação do espaço, transformação do espaço construído a partir do preexistente; _ Reprogramação dos usos: identificar usos potenciais, como uso político (centro comunitário e instituições), e repensar os setores de zonas privadas, semi-pública e públicas; _Repensar suas zonas na estratégias de uso misto com áreas comerciais, residenciais e públicas; _Potencialidade de expansão das áreas privadas e públicas; _(Re)apropriação com o ambiente natural; _Importante espaço de encontro e conexão; _Inserção de equipamentos de lazer, do ócio, de recreação e de contemplação;
Recriação do espaço público
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Área 04 | Espaço de movimentos lento _ Ambiente construído nos espaços entre construções e nos lotes vagos; _ Recodificação dos espaços construídos, casas e comércio com o espaço público: propiciar usos mistos nas construções / espaços semi-públicos verticais possibilitando maior comunicação e quantidade de pessoas percorrendo a região. _ Utilizar espaços abandonados ou espaços residuais como potencialidade transformação e encontro. _ Potencialidade com o ambiente natural; Área 05 | Espaço para entrar / conexão local _ Ativação do espaço vago em espaço de conexão de percursos para o pedestre; _ Espaço rápido; _ Inserir equipamentos de estar e de encontro; _ Espaço aberto com facilidade de modificação e inserção de estruturas temporárias/móveis; _ Possibilidade de pequenos eventos e apropriações de lazer e comércio; _ Potencialidade com o ambiente natural, (re)apropriação desses elementos naturais; Proposta 06 | Espaço de conexão regional _ Recriação do espaço / ponto de ônibus. _ Espaço rápido; _ Atividades rápidas; _ Espaço pequeno; _ Inserção de pequenos equipamentos de encontro; _ Espaço sombreado; _ Espaço informal; _ Espaço efêmero.
Legenda: Polígonos de atuação
Lotes vagos Espaços vazios
Maior intensidade de atividades Percurso para transporte público Menor intensidade de atividades Vetor de conexão Ação de repramação do espaço
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Percurso principal para o pedestre
Fig. 50: Mapa de diretrizes. Fonte: Interevenção do autor sob base GeoWEB Vitória
Recriação do espaço público
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Projeto “espaço da fala” cap. 04 “Tempo lento, espaço rápido, quanto mais penso, menos capto. Se não pego isso que me passa no íntimo, importa muito? Rapto o ritmo. Espaço tempo ávido, lento espaço dentro, quando me aproximo, simplesmente me desfaço, apenas o mínimo em matéria de máximo.” O mínimo do máximo, pag. 26, Leminks distraídos venceremos
Projeto “espaço da fala”
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Proposta projetual
Após as proposições iniciais no “Plano de Ação” sobre o território recortado de São Benedito, foi identificada a área 03 como a área com maior potencial para desenvolver um estudo projetual aprofundado, em nível de estudo preliminar arquitetônico. A justificativa da escolha da área 03 percorre por alguns pontos abaixo, que mais a frente serão detalhados: _ Existência de 01 terreno vazio que é do centro comunitário (01); _ Intervenções feito no terreno do centro comunitário no evento Senemau Vitórai 2010 (01); _ Ponto final da linha de ônibus da comunidade - linha 031 São Benedito (02); _ É palco das mais diversas ações políticas, culturais e sociais do bairro; _ Existência de uma diversidade de usos - comércio, serviços, apropriações informais, moradias, lazer; _ Um dos poucos espaços públicos e livres na comunidade; A proposta busca - a partir dos processos e formas (pré)existentes, estejam eles ativos ou ocultados - desenvolver um projeto de reestruturação dos espaços públicos e privados da área escolhida, com o objetivo de potencializar as ações presentes no território e dar maior qualidade aos espaços, às estruturas e aos usos existentes, com o objetivo principal de criar espaços que permitem uma diversidade de acontecimentos planejados ou espontâneos no sentido de permitir os acontecimentos singulares e coletivos. As intervenções devem seguir com o cenário já existente, com o movimento dos espaços que é observado, entendendo os processos e elementos presentes no território. O projeto deve ter uma relação direta com o lugar e com as pessoas que moram e passam - o contexto que este lugar está inserido e o que atravessa por ele. Para isso é necessário estudar o tecido da comunidade, tanto fisicamente (os edifícios) como socialmente (os moradores e instituições). Redescobrir as qualidades ocultas do território como uma identidade urbana nova e desconhecida com suas próprias particularidades. Observar as possibilidades urbanas que podem inspirar as futuras estratégias. Este potencial está tanto nos habitantes como no tecido urbano existente, as intervenções provisórias, as reprogramações culturais ou um acontecimento pontual podem redescobrir as qualidades ocultas, mas positivas do local.
(Re)interpretar e (re)utilizar o que já está ali se torna o princípio do processo de (re)construção.
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(01)
(02)
Fig. 51 Mapa de localização de espaços existentes. Fonte: Interevenção do autor sob base GeoWEB Vitória
Fig. 52: Mapa de localização de usos existentes.
Projeto “espaço da fala”
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Prospecção do espaço Metodologia A partir da aproximação da área, foi desenvolvida uma metodologia para entender as formas físicas e naturais, os processos urbanos, os grupos existentes, as instituições e os agentes relacionados ao campo. Dentro desse cenário, são construídos vetores de transformação do espaço que possam se desdobrar em um projeto ou táticas que permitam uma maior participação das pessoas na construção e utilização do espaço, no sentido da política, da recreação, do encontro e do lazer, possibilitando uma maior vida urbana e conseqüentemente uma maior qualidade de vida. Com o PLANO DE AÇÃO, essa proposta está articulada em rede e incorporada com a as dinâmicas econômicas, sociais e culturais, hora incluindo, hora ativando novas ações. Assim, esta proposta pretende ser uma solução eficiente e uma uma alternativa norteadora de táticas e estratégias ao invés dos grandes projetos espetaculares e segregadores, ignorando as estruturas materiais e imateriais preexistentes. E também um exemplo de método de intervenção e não um modelo fixo que encaixe no restante do território, sendo uma proposta complementar aos grandes projetos de infra-estrutura ou e de projetos de melhorias necessárias aos espaços construídos. Como elaborado na etapa anterior para entendimento do bairro, também é necessário uma investigação - percepção aprofundada - sobre o processo da construção dos espaços e dos acontecimentos na região escolhida, com a finalidade de identificar diversos vetores para a construção da proposta projetual. Como metodologia para a investigação desses processos dinâmicos foi estudado a metodologia de trabalho do grupo Chora, mais específico a criação de “minicenários”, a fim de apropriar alguns métodos e conceitos sobre a investigação dos processos dinâmicos nos espaços, de forma para um melhor entendimento e análise das percepções. Além disso, foram construídos um conjunto de ferramentas, adicionando o método do grupo Chora e também métodos construído ao longo dos estudos acadêmicos da graduação, dos grupos de discussão extra disciplina e, principalmente, da experiência de trabalho de extensão em comunidades através do grupo Célula Emau – Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo da UFES.
110
Os métodos de percepção foram feitos a partir dos conceitos apresentados a seguir: > Registro dos processo dinâmicos – metodologia CHORA: Erase – Apagamento: o registro do apagamento das atividades no espaço; Origination – Origem: origem das atividades, ativação ou inclusão de algo que não estava previsto no espaço e tempo determinador; Transformation – descrição do processo de transformação dessas atividades; Migration – Migração – Ações que se movem completamente, registro do tempo e espaço; > Registro do olhar – metodologia Instituto ELOS: Olhar apreciativo: conhecer os pequenos locais, os moradores, o ambiente e as características marcantes, procurando identificar as formas, os usos e belezas já existentes; > Percepção Sensorial: aguçar a percepção do ambiente além do que se vê; Foco de abundância: ter atenção naquilo que existe e não só naquilo que falta; descobrir o que as pessoas e sua cultura foram capazes de produzir; > Registro sobre o ambiente construído e natural: Procura os valores positivos nos edifícios e espaço. Entender sua organização e forma Observar a relação dos elementos naturais com as pessoas e as construções. > Registro dos atores e agentes: Identificar os grupos ou pessoas, locais e/ou globais, que atuam e/ou se relacionam na comunidade de forma política, econômica, e cultural.
Projeto “espaço da fala”
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Espaço urbano Localização Norte
Rua Tenente Setubal: principal e única que passa veículos Becos: escadarias e rampas estreitas acesso somente para pedestres
Quadra escolhida
Largo e ponto final do ônibus
Fig. 53: Mapa de localização da quadra.
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Vista da área escolhida.
Av. Leitão da Silva Vista da área mais próxima.
Fig. 54: Vista da Pedra da Gameleira para o Morro Grande (São Benedito).
Projeto “espaço da fala”
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Registro dos processos dinâmicos
Diagrama de usos Neste cenário podemos notar a divesidade de usos como edifícios mistos - residência e comércio - lugares de estar, lazer e ponto de ônibus, a rua como um local de passagem, de lazer e de comércio informal.
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Fig. 55: Digrama de usos.
Projeto “espaço da fala”
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Registro dos processos dinâmicos
Diagrama de acontecimentos Foram registrados e destacados açþes e objetos que inebem ou facilitam diversos acontecimentos.
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Fig. 56: Digrama de acontecimentos.
Projeto “espaço da fala”
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Registro dos processos dinâmicos
Espaço_rua Tenente Setubal – região do largo / ponto final Ocorre na rua Tenente Setubal, na região do largo, um apagamento da rua como um local simplesmente de passagem de carros e pedestres. A rua é transformada em um estacionamento de carros e de microônibus (transporte público da PMV) durante a semana, que permanecem estacionados ao redor do largo, bloqueando o percurso do pedestre, sendo um vetor negativo para o local inibindo alguns acontecimento pelo seu bloqueio. Apesar disso, um dos fatores para virar um estacionamento de microônibus é a utilização pelo motoristas do restaurante e bar em frente ao largo para fazerem suas refeições e descanso, criando uma relação econômica e possibilitando outras relações como, por exemplo, uma amizade ou um namoro com moradores(as). Ao contrário do estacionamento, o projeto busca manter essas relações singulares entre as pessoas, os espaços comerciais e espaços de lazer.
brincar
lixo estacionar
esperar
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sentar
caminhar
Espaço_largo + O largo é considerado um dos únicos e poucos espaços públicos/livres “planejados” na comunidade. Os processos ali registrados indicam usos temporários de forma comercial, lúdico, lazer, contemplação, encontro e política. + O largo é um local de apropriação de comércio informal do espaço com uma barraca de venda e consumo de pães todos os dias a tade e de churrascos nos fns de semana;
encontrar
vender
esperar
Fig. 57, 58, 59 e 60. Fotomontagem acontecimentos.
Projeto “espaço da fala”
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Registro dos processos dinâmicos
Espaço_largo + O largo é usado como um local de encontro para conversas, reuniões, comemorações, festas ou apenas o próprio ócio ou encontro entre amigos para beber uma cerveja do bar em frente.
+ O largo se torna um ponto importante de atração do bairro devido, além de ser o ponto final do ônibus, aos usos de comércio, serviços no local: como restaurante, venda de jóias, venda de roupas, mercearia, bares.
+ O largo é o ponto final da linha de ônibus 031 – São Benedito, que cria o espaço de espera para o embarque e desembarque do ônibus.
sentar estacionar
ponto de ônibus
falar ouvir
conversar
reunir
sentar
conversar encontrar
estacionar jogar
Barraca de pão
beber
sombra
Fig. 61 e 62: Fotomontagem acontecimentos.
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Registro dos processos dinâmicos
Diagrama de densidade de ocorrência
Ações geradas (dia de semana)
Espaços abertos/públicos
varal
brincar
conversar
caminhar
vender
Largo Terreno da comunidade
caminhar
encontrar estacionar esperar beber
Edifícios relacionais
Ações geradas (fim de semana)
olhar
lojas
olhar Bar
sentar
brincar
andar
caminhar Boutique de roupas
loja
jogar
encontrar
vender
churrasco Mercearia
Bar Restaurante
Morfoloagia
conversar ônibus beber
Objetos relacionais
afloramento rochoso varais
árvores
cadeiras
plantas
mobiliário
ponto final de ônibus
barraca de venda mesas de bar
Fig. 63. Diagrama densidade de ocorrências.
Projeto “espaço da fala”
121
Registro das construções
Adensamento
03
A região é um local que foi ocupado de forma irregular sem orientação ou participação de órgãos técnicos e órgãos governamentais. Os edifícios foram implantados em áreas inicialmente mais fáceis e depois em áreas de riscos por falta de espaços livres. Assim, foram ocupadas as áreas de afloramento rochoso e de alta declividade, com alta dificuldade de acesso. O processo de adensamento da área, e podemos dizer do bairro, esta em um momento de verticalização e nesta área já podemos notar alguns prédios com até 04 pavimentos, com a intenção de ainda aumentar.
02 03 03
04 02
03 01
03
01
01
01
04 01
01 02
03 02
Fig. 64: Foto aérea da quadra com informações de número de pavimento das construções. Fonte: Interevenção do autor sob base GeoWEB Vitória
Norte
1000m2
de área construída
0112m2
de área públlica/livre
Fig. 65: Vista topo da quadra feita no google sktechup.
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Fig. 66:. Modelo 3D da quadra.
Projeto “espaço da fala”
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Registro das construções
Fig. 67: Fotomontagem da quadra.
Fig. 68: Análise das formas.
Fig. 69. Análise das aberturas.
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Análise de valores: forma, aberturas, ritmo e planos. As imagens ilustram a análise feita sobre os edifícios com o objetivo de identificar vertores positivos e negativos nas contruções. Foram desenvolvidos a partir de uma percepção no local e analisados a partir de conceitos subjetivos As conclusões sobre as construções foram: - Aberturas pequenas para ventilação e iluminação; Fig. 70: Análise ritímica das formas.
- Aleatoriedade da aberturas ocasiona se coloca negativa na estética; - Aberturas pequenas também inibem a comunicação da casa com a rua; + As aberturas no primerio pavimento normamente são maiores devido ao uso comercial - bar e venda de produtos. Fator positivo que facilita a comunicação e o percurso adentro; + Movimento do conjunto das formas ocasiona um movimento vertical e um movimento de planos; Fig. 71: Análise dos planos verticais predominates.
+ O movimento dos planos identificados, é um fator positivo que indica uma paisagem complexa e mais interessante; + A escala dos edifícios se enquadram no cenários. A altura dos edifícios seguem um vetor coerente com as áreas vazias, possibilitando cones visuais e uma visão distante da paisagem; - Pouca relação e visibilidade com elementos naturais (árvores e afloramento rochoso);
Projeto “espaço da fala”
125
Registro dos elementos e valores naturais
Marcação e dos elementos naturais (árvores e afloramento rochoso) e de pontos visuais predominantes. Com a investigação sobre o território, foram descobertos alguns elementos naturais ocultados ou á não mais valorizados pelos moradores. Como por exemplo, o afloramento rochoso entre as construções e os visuais predominantes sobre a cidade.
Fig. 72: Registro dos elementos e valores naturais.
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Registro solar
As imagens ao lado foram retiradas pelo programa google earth de um ponto específico da quadra, a partir dessas imagens pode-se observar alguns as aspectos potenciais: o nascer do sol; o sombreamento pelos prédios; a paisagem da cidade; e o horizonte;
Fig. 73: Registro solar. Fonte: Google earth
Projeto “espaço da fala”
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Registro da paisagem Paisagem - elementos visuais marcantes
Mestre Ă lvaro
Mestre Ă lvaro
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Convento da Penha
Fig. 74: Vista da quadra 03 - Modelo google earth. Fonte: Interevenção do autor sob Google Earth
Morro do Moreno
Convento da Penha
Fig. 75: Vista do Morro da Gamela para marcos visuais de Vitória- mesma direção da quadra 03.
Projeto “espaço da fala”
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Mapa de percepcão do área
Após o levantamento de informações e o registro das percepções, na etapa da investigação do espaço, é elaborado o mapa abaixo com o objetivo de gerar em um produto que possibilite uma leitura prévia, com vários aspectos, do cenário existente.
Legenda: Maior intensidade de atividades Menor intensidade de atividades Registro sonoros musicais Pontos visuais Lotes vagos Usos/instuições importantes Afloramento rochoso Elementos verdes Espaços enclausurados Percurso usual pelo pedestre Percurso do transporte público / ponto final
Fig. 75: Mapa perceção da quadra 03. Fig. 76: (dir) Diagrama “espaço relacional”.
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Espaço relacional
Para entender de forma simples os processos existentes no território escolhido, foi elaborado o diagrama ao lado. Este diagrama - espaço relacional - é um cenário em transformação contínua que foi desenvolvido a partir da própria experiência e vivência no lugar, estando atento às modificações, às ações, aos usos, aos movimentos e ao simples cotidiano do lugar.
Conhecendo o que existe.
Mais elementos relacionais se manifestam em tempos e espaços diferentes.
A relação entre os elementos estão sempre em movimento. Constituem uma rede de conexão que se dobra e desdobra a cada momento. Os elementos podem aparecer
Tudo que existe tem sua identidade em transformação.
Esses novos elementos também têm sua identidade em transformação.
e desaparecer assim como suas relações. Podem ser conjugadas com as outras relações podendo criar outros elementos e novas relações.
E de maneira mais clara ou não esses diversos elementos se relacionam.
E se relacionam de forma mais ou menos intensa com os outros elementos.
Os elementos e suas relações acontecem em um espaço planejado ou não. Esses espaços são configurados a partir dos processos que se dão no lugar. E esses espaços podem facilitar ou inibir essas ações.
Projeto “espaço da fala”
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Espaço da Fala Estudo projetual
“Quem dera eu achasse um jeito de fazer tudo perfeito, feito a coisa fosse projeto e tudo já nascesse satisfeito. Quem dera eu visse o outro lado, o lado de lá, lado meio, onde o triângulo é quadrado e o torto parece direito. Quem dera um ângulo reto. Já começo a ficar cheio de não saber quanto eu falto, de ser, mim, indeiro sujeito.” Sujeito Indireto - pag. 61 Leminski, distraídos venceremos
Projeto “espaço da fala”
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Estudo projetual básico
Neste momento, após ter se aprofundado ao campo escolhido, com a investigação dos processos e formas, é feito a apresentação da proposta projetual a partir dos conceitos táticos e estratégicos para a transformação do espaço, do diagrama de intenções, do processo de criação e do projeto resultante com diagramas, fotomontagens e desenhos arquitetônicos. A denominação de Espaço da Fala como proposição conceitual ao território é retirado do texto DISSENSO E (RE)CRIAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO de Suzane Ribeiro: O espaço da fala é o espaço de resistência para os movimentos sociais. “A dominação se dá quando governantes se fazem de surdos. É o não ouvir, ignorando o que é falado e reivindicado por movimentos sociais, que faz com que a conversa entre Estado e sociedade silencie-se. Retomar a fala é o que tem sido feito por parte da luta de movimentos sociais. De modo geral o governo não consegue lidar com a idéia de conflito e a ação popular é tida como agente instabilizador do poder. Desta forma toda e qualquer oposição tende a ser eliminada, não pelo uso da força, mas pelo simples não ouvir. E é aí, no seio da democracia que se instala, segundo Chauí, o déspota disfarçado, que eleito pelo voto democrático se apropria do espaço público e personalizando o poder. [...] é importante a atuação de movimentos sociais para o surgimento de um espaço de discussão, debate, reflexão, educação e formação. O impacto do movimento social é trazer seus motivos a público, não apenas suas estratégias e políticas, mas evidenciar a montagem de um referencial público de dignidade, de eqüidade. Para Habermas temos que lutar por qualquer forma de sociabilidade, e é em decorrência disso que dá-se importância ao movimento social, à medida em que é o catalisador dessa prática” (RIBEIRO, Acesso em: 17 marc. 2011)
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Conceitos táticos e estratétgicos
Os conceitos apresentados a seguir têm o objetivo de ser uma base tática, para guiar as tomadas de decisões para a construção dos espaços e desdobramento de ações. Baseado nos livro Geologic, os conceitos utilizados foram: _Reprogramação: Estabelecer uma sequência de nós funcionais programas funcionais feitos por meio de edificações ou atuações no espaço que confere uma estrutura espacial e temporal - para produzir uma ativação temporal do lugar e a partir dessas atividades relacionadas, estabelecer um ritmo urbano com atividades contínuas com mais ou menos intensidade. _Recodificar: Incorporar as formas existentes atuando sobre ela através do reconhecimento dos potenciais de ação de um lugar a partir dos espaços de oportunidades que existem entre o ambiente físico e o ambiente natural. _(Re)naturalizar: Transformação da realidade física produzida pelo homem a partir dos fenômenos e processos naturais. Repensar o processo contínuo de expansão da construção do homem sobre o espaço da natureza. “Fazer o espaço construído funcionar de modo cíclico e sazonal como a Natureza”. (Ganz, 2009, pag. 18) _Reurbanização: Transformação do espaço público da cidade, a partir da incorporação de novas funções e ambientes. Introduzir novas formas de utilizar o espaço, que em si mesmo transforma os modos de vida do bairro e da interação social entre as pessoas. Permite integrar a uma maior diversidade de perfis sociais, de idades, e a possibilidade de ser utilizados em diversos momentos do dia. _Compartilhar: Utilização desse princípio para criar espaço de múltiplas identidades e velocidades. Espaços familiares podem ser compartilhados com poucas pessoas ou espaços públicos, compartilhado com muitas pessoas.
Projeto “espaço da fala”
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Processo projetual Desenvolvimento da maquete do terreno
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Fig. 77: Imagens do processo de construção da maquete.
Projeto “espaço da fala”
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Diagrama de intenções
Este diagrama tem o objetivo de ilustrar os vetores que o projeto irá seguir, junto com os conceitos táticos e estratégicos para a transformação ambiente físico, natural e dos acontecimentos do lugar. O diagrama ilustra a proposição de intenção a partir de possibilidade de conexão, de acessibilidade, de intensidade de ações, de pontos visuais, de percurso, de abertura de espaços e recodifação dos volumes. Legenda: Maior intensidade de atividades Menor intensidade de atividades Pontos visuais Ambiente natural Transformação dos edifícios / uso misto / abertura Espaço aberto e livre / praça Elemetos verdes / sombra Percurso pedestre - espaço lento Percurso pedestre - espaço rápido Percurso pedestre por plano inclinado Percurso do transporte público Conexão de percusos Conexão de espaços
O diagrama ao lado potencialides de uso - ilustra através dos infográficos as possíveis atividades que deseja que ocorra em um espaço da diversidade: Espaço para família, espaço político, da fala, espaço do encontro, de conexão, do namoro, do andar, do serviço e comércio, da casa, da educação, da música entre muitas outras situções.
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Reprogramação dos usos e dos espaços
Reprogramação dos usos e dos espaços Os usos que serão evidenciados no projeto são a praça, as instituições (centro comunitário e ONGs), moradia, comércio e serviço, que são conectados entre si e com os espaços propostos que são o espaço entre, espaço aberto e áreas multiusos. O diagrama ilustra o entrelaçamento dos espaços, em que se pode visualizar a aproximação que cada espaço deve ter com o outro, de acordo com as linhas de conexões e a intensidade dessa aproximação (de acordo com a espessura das linhas).
Multiplicidade de acontecimentos No diagrama ao lado direito, é destacado os vetores de acontecimentos e suas conexões que devem ser colocados tanto de forma estratégica para os agenciadores do lugar quanto de forma tática ou usual pelos seus simples usuários. Este diagrama ressalta a importância em que o espaço deve facilitar diversos acontecimentos, planejados ou espontâneos, fixos ou móveis, individuais ou coletivos. Através desses acontecimentos acredita-se que haverá no espaço um uso contínuo em diferentes intensidades em relação ao espaço x tempo, e que, assim, pode permitir um maior ritmo urbano.
Fig. 78 (esq): Mapa de intenções. Fig. 79 (esq): Diagrama de intenções. Fig. 80: Diagrama de usos. Fig. 81: Diagrama de acontecimentos.
Projeto “espaço da fala”
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Processo de (re)programação
O quadro de imagens abaixo evidencia o processo projetual de formação da proposta básica para a quadra e praça. Norte
Construções existentes
Construções retiradas e construções mantidas
Adição de novos blocos privados, aumento e expensão áreas pública.
Conexão dos blocos e da área pública.
Adaptação no terreno dos blocos e da área pública.
Proposta final
140
Perspectivas do processo projetual
Construções atuais.
Inserção dos blocos e áreas propostas conos edifícios existentes.
Forma volumétrica da proposta projetual.
Fig. 82 (esq): Camadas do processo projetual. Fig. 83: Imagens 3D do processo projetual.
Projeto “espaço da fala”
141
Apresentação do projeto Relação com o entorno Norte
2
10 5
142
50
15
Implantação do projeto
A imagem à esquerda representa a inserção da proposta no contexto do bairro. Pode-se evidenciar na proposta uma nova e diferente reconfiguração dos edifícios com as áreas públicas. Esta reconfiguração também é evidenciado na imagem figurafundo (direita superior) e na imagem (direita abaixo) mais próxima da quadra, conseguindo visualizar melhor a implantação do projeto. Fig. 84 (esq): Lozalização da proposta. Fonte: Intervenção do autor sob base GeoWEB Vitória Fig. 85: Figura fundo da proposta a região. Fig. 86: Implantação da proposta no território. Fonte: Intervenção do autor sob base GeoWEB Vitória
Norte
2 1
10 5
25
Projeto “espaço da fala”
143
Proposta projetual - Quadro de áreas
Com estratégias de reprogramação, um dos principais aspectos positivos com a transformação proposta é o aumento das áreas privadas e das áreas públicas e livres. Nas imagens abaixo podemos observar o aumento significativo das áreas com potencial construtivo e de uso da quadra.
Existente 1112m2 1000m2 0112m2 de área construída privada
de área públlica/livre
Fig. 87:Informação de quantidade de área existente.
Proposta 3045m2 2171m2
de área construída privada
(970)
1078m2
de área públlica/livre
( ) = áreas públicas Fig. 88: Informação de quantidade de área da proposta.
144
(108) 216 630 778
547
Camadas de espaços
CAMADA 8 - VISTA TOPO
Norte 23.0 23.0
17.0
.0
9.0
13
32
.0
9.0
18.0
9.0
10.0 22.0
2 1
10 5
CAMADA 7 COTA 113,00
2 1
10 5 Projeto “espaço da fala”
145
CAMADA 6 COTA 110,00
Norte
2 1
CAMADA 5 COTA 107,00
CAMADA 4 COTA 104,00
146
10 5
CAMADA 3 COTA 101,00
CAMADA 2 COTA 98,00
CAMADA 1 - PRAÇA COTA 94,00
Fig. 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95 e 96: Camadas do projeto.
Projeto “espaço da fala”
147
Processo criativo por maquete
148
Fig. 97: Fotografias sob processo projetual.
Projeto “espaço da fala”
149
Representação do estudo básico em maquete.
150
Fig. 98, 99, 100 e 101: Imagens do estudo projetual por maquete.
Projeto “espaço da fala”
151
Setorização dos usos
Foi proposto uma setorização dos espaços e suas funções com uma mistura de usos entre a praça e os espaços residencias, comerciais, institucionais e livres. Com o objetivo de criar uma diversidade arquitetônica; ocupação do espaço permitindo uma maior diversidade; e gerar um maior ritmo urbano; comércio/serviço Residencial Espaço livre Institucional
Praça: espaço aberto e público, constituido como dispositivo que permite os acontecimentos (apropriação, modificações, inserções formais e informais).
Bloco frontal: edifício de uso misto (comercial e residencial). Potencialicade para uso comercial no térreo que potencialize usos públicos (exe.: bar e restaurante). Os espaços residenciais neste bloco são para famílias com filhos, assim contém áreas maiores. 152
Bloco intermediário: Edifício de uso misto (comércio/ serviço, residencial e pequenos espaços públicos). Neste bloco, os espaços são mais apropriados para serviços (exe.: consultorio odontológico, loja de roupas) e residência para pequenas famílias.
Bloco lateral: Edifíco com espaços instituional, com espaço para o centro comunitário de São Benedito, ONGs e/ou instituioções endôgenas. Há um espaço públco elevado na parte superior do edifício com potencais visuais e de acontecimentos locais rotineiros, se constitui como um espaço de encontro para os moradores vizinho a praça.
Bloco final: Edifício de uso misto (comercial e residencial). Potencialidade para o uso comercial como padaria ou outros usos que sejam suporte para consumo e uso dos moradores da região. A zona residencial é constituida de pequenos apartamentos com 01 e 02 quartos, são mais apropriados para moradores que necessitam de pouco área privada. Fig. 102, 103, 104, 105 e 106: Imagens da setorização dos usos da proposta projetual.
Projeto “espaço da fala”
153
Mobilidade - percursos
Mobilidade Com a proposta da criação da praça e da abertura da quadra, o via para autómoveis percorre tangenciando a praçao ao mesmo nível. Transporte Público Automóveis privados Pedestre Pedestre contorno da quadra Plano inclinado
Percursos Com a abertura da quadra, os blocos privados circudam a praça. A imagem ao lado ilustra os percursos possíveis nos pisos da construção e o nível de sua privacidade (caminhos mais públicos ou mais privados). Público Privado
Pontos principais de conexão
Fig. 107: Diagrama de mobilidade. Fig. 108: Diagrama de percursos.
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Diagramas - espaço público
Conexão dos espaços Os espaços públicos continuam vinculados com a malha viária do território e são conectados entre si visando facilitar o percurso e a suas atividades.
Intensidade de atividades A intensidade das atividades pode variar de acordo com o lugar: espaços mais abertos e maiores são podem permitir atividades de maior intensidade e espaços mais fechados e menores são propícios a atividades mais calmas.
Fig. 109: Diagrama conexão dos espaços. Fig. 110: Diagrama de intensidade de atividades.
Projeto “espaço da fala”
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Cenários - possibilidade de manifestações
O espaço proposto com a reconfiguração da quadra permite múltiplos acontecimentos, proporcionados pelos atores e agentes deste território. O resultado do ambiente, com o espaço aberto, permite a apropriação tanto individual quanto coletiva. O objetivo principal é que os acontecimentos desenvolvidos neste local busquem a idéia da singularidade - os acontecimentos ocorridos que se relacionem com o outro - transformando a praça e em um local de encontro, sendo um espaço importante do bairro para as manifestações. A seguir, são apresentadas as possibilidades de manifestações, propostas aqui dentro de um contexto já registrado na BASE DE PERCEPCÇÕES. Assim, estas manifestação são possibilidades reais de acontecimentos, que podem estar diariamente ocorrendo, como também ocultadas ou realizadas eventualmente. As manifestações representadas são: _ Espaço político: representação coletiva de manifestação de cunho político, como assembléias, plenárias, reivindicações, declarações entre outros. Importante ação que se coloca de forma coletiva para participação, potencializada pelo espaço aberto do projeto e com a indicação de uso do edifício como centro comunitário e institucional. _Cinema na praça: uso como cinema aberto, possibilidade de apropriação do espaço vinculados a projetos sociais criados na própria comunidade, como o VIELAS FILMES (grupo áudio visual da comunidade de São Benedito). _Domingo de encontro: representação de algumas manifestação cotidianas dos fins de semana do bairro - churrasco, encontro de amigos, música, barraquinhas de venda, lazer, descanso, brincadeiras.
_Espaço cultural: a praça como um lugar de referência para grandes eventos e manifestações culturais: como festas regionais e religiosas. _Espaço de brincadeiras possibilidade de inserção de equipamento lúdicos para as crianças e jovens. Espaço complementar à outras áreas do bairro possibilitando espaços de várias escalas e funções, e dando sempre uma opção de lazer próximo às moradias. _Feiras livres possibilidade de uso como feiras livres na praça, podendo ocorrer semanalmente como feiras de alimentos e produtos feitos na própria comunidade. Também pode se constituir como um lugar de troca de produtos e uma atividade que desenvolva economicamente o bairro.
Fig. 111, 112, 113, 114, 115 e 116: Cenários de possibilidade de manifestações.
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Espaço político
Cinema na praça
Projeto “espaço da fala”
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Domingo de encontro
Evento cultural
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Espaço de brincadeiras
Feiras livres
Projeto “espaço da fala”
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(re)Naturalizar - plano de massas vegetais
Para elaboração do plano de massas vegetais foram considerados componentes como a volumetria, a floração e o sombreamento dos elementos naturais. Outros elementos também foram pensando em conjunto, porém não representados, como “as inúmeras possibilidades compositivas das flores, folhas e raízes, e seus frutos, galhos e caules, sejam pelas cores, texturas e formas, seja pelos sabores, aromas, sons e movimentos que valorizam as paisagens que estão sendo projetadas.” No projeto através do conceito de (re)naturalizar, foi considerado os elementos naturais já existentes – aqueles mais visíveis e aqueles ocultados. Com a reprogramação da quadra, foi feita a abertura e assim se pode aproveitar o afloramento rochoso e algumas árvores que antes ficavam ocultadas pelas construções. Além disso, também foram aproveitadas as árvores (espécie Ficus) existentes no largo. Aproveitando os elementos naturais existente, foram propostos outros elementos com forrações e árvores de diferentes volumetrias, formas e floração. O objetivo é reinserir e adensar de massas vegetais possibilitando diferentes espaços sombreados e agradáveis, e permitindo sua utilização ao lado do dia e de todo o ano.
Fig. 117: Estudo do paisagismo em planta. Fig. 118: Estudo do paisagismo em corte.
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Camada de forração: No maciço foi pensando a implantação de um jardim, pois “em geral, apresentam melhor visibilidade e resultado à distância. [...] Para um observador relativamente afastado, a cor é o elementos mais notável da floração.”
Norte
O jardim proposto no afloramento rochoso foi pensado em faixas coloridas aproveitando as cores e texturas de diferentes vegetações, criando um lugar agradável para contemplação e utilização da comunidade.
Fig. 119: Camada de forração.
Camada de massas arbóreas: A proposta é utilizar as vegetações existentes e implantar novas vegetações recriando espaços. Na imagem ao lado, pode-se observar as árvores que foram aproveitadas e as que foram inseridas. árvores existentes
árvores inseridas
Fig. 120: Camada de implantação do paisagismo.
Projeto “espaço da fala”
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Estudos de floração e sombras
“A permanência ou periodicidade das flores é algo que também deve ser levado em conta. Há florações mais ou menos duráveis, conforme a espécie. [...] Durante o período de floração, existe uma constante renovação das flores, que desabrocham, morrem e caem, formandolindos tapetes coloridos sob as copas.” A partir disso, podemos entender em dois movimentos a configuração do palno de massas vegetais. Uma nas estações mais quentes, primavera e verão e outro nas estações mais frias outono e inverno. “Na primavera, comumente, tem início a nova brotação, quando a tonalidade das folhas, em geral, é verdeclara e translúcida. O espaço sob a copa recebe mais luz filtrada pelas folhas novas, revelando-se numa atmosfera de fresco agradável.” No projeto tiramos proveito desse recurso implantando um conjunto de copas e aproveitando as existentes, formando grande zona de sombreamento. Camada de floração: Foi proposto diferentes cores para florações no plano de massa vegetais. Foi desenvolvido um estudo para que as cores com tonalidades de amarelo e verde predominasse em contraste com massas pontuais com cores rosa e branco.
Fig. 121: Camada de floração.
Camada de sombras: Diagrama dos manchas sombreados nas estações mais quentes (outono e verão). sombra às 3horas da tarde sombra ao meio dia sombra às 9horas da manhã
Fig. 122: Camada de sombras em estações quentes.
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Nas estações mais frias as árvores caducas perdem suas folhas e assim a praça recebe maior incidência solar, possibilitando áreas mais quentes. Porém com a implantação das árvores perenes, também se mantém bolsões de sombras para tempos mais quentes mesmo nas estações mais frias.
Camada de floração: Ao longo da estações do ano as espécies caducas vão perdendo suas folhas. A imagem ao lado ilustra as espécies perenes e caducas propostas nas massas vegetais. Com a queda das folhas os espaços vão se modificando e tornando os ambientes com mais ou menos sombras. árvores caducas árvores perenes Fig. 123: Camada de floração - perda de folhas.
Camada de sombras: Diagrama dos manchas sombreados nas estações mais frias (primavera e inverno). sombra às 3horas da tarde sombra ao meio dia sombra às 9horas da manhã
Fig. 124: Camada de sombras em estações frias.
Projeto “espaço da fala”
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Representação dos elementos naturais
Planta
Fig. 125: Camada implantação do paisagismo.
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Cena corredor
Fig. 126: Cena corredor de floração.
Projeto “espaço da fala”
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Representação dos elementos naturais Vista frontal
Fig. 127: Vista frontal.
Corte longidutinal
Fig. 128: Corte longitudinal.
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ZOOM + _ Corte longitudinal
Fig. 129: Zoom 01 corte longitudinal.
Fig. 130: Zoom 02 corte longitudinal.
Projeto “espaço da fala”
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Cenários da paisagem (re)programada Foram desenvolvidas cenas que demonstrem as principais mudanças produzidas pelo projeto, que visam ressaltar as mudanças no ambiente contruído, as possibilidades de acontecimentos e a sobreposição deles.
Fig. 131: Cenário atual da quadra 03. Fig. 132: Cenário modificado da quadra 03.
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Fig. 133: Zoom do cenário atual da quadra 03. Fig. 134: Zoom do cenário modificado da quadra 03.
Projeto “espaço da fala”
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Cena 01_ ambiente construĂdo / acontecimentos
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Cena 01_ sobreposição / zoom +
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Cena 02_ ambiente construĂdo / acontecimentos
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Cena 02_ sobreposição / zoom +
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Cena 03_ ambiente construĂdo / acontecimentos
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Cena 03_ sobreposição / zoom +
Projeto “espaço da fala”
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Cena 04_ ambiente construĂdo / acontecimentos
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Cena 04_ sobreposição / zoom +
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Cena 05_ ambiente construĂdo / acontecimentos
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Cena 05_ sobreposição / zoom +
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Notas de referência das imagens das pág. 169 à 177: Fig. 135: Cena 01 - ambiente construído. Fig. 136: Cena 01 - acontecimentos Fig. 137:Cena 01 - sobreposição das cenas. Fig. 138: Cena 01 - zoom. Fig. 139: Cena 02 - ambiente construído. Fig. 140: Cena 02 - acontecimentos Fig. 141:Cena 02 - sobreposição das cenas. Fig. 142: Cena 02 - zoom. Fig. 143: Cena 03 - ambiente construído. Fig. 144: Cena 03 - acontecimentos Fig. 145:Cena 03 - sobreposição das cenas. Fig. 146: Cena 03 - zoom. Fig. 147: Cena 04 - ambiente construído. Fig. 148: Cena 04 - acontecimentos Fig. 149:Cena 04 - sobreposição das cenas. Fig. 150: Cena 04 - zoom. Fig. 151: Cena 05 - ambiente construído. Fig. 152: Cena 05 - acontecimentos Fig. 153:Cena 05 - sobreposição das cenas. Fig. 154: Cena 05 - zoom.
Projeto “espaço da fala”
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Resultados
Neste momento serão apresentados os resultados do projeto básico para explicar as principais transformações feitas na área 03 (área escolhida para intervenção). Diante do cenário atual da área 03, configurada como um ponto importante no bairro por ser um dos poucos espaços de uso públicos; local de diversidade de usos (comércio, serviço e lazer) e apropriações; parada final da linha de ônibus. Porém as formas deste território não potencializam estas características singulares deste lugar. O projeto visa transformar este território, a partir da reconfiguração das formas e dos usos, em um espaço aberto onde o público e o privado se entrelaçam, configurando uma grande praça comum envolvida por um bloco de quatro edifícios conectados, com diversidade de usos, ambientes e formas. Tendo como objetivo principal potencializar este território como um espaço praticado, principalmente, como um “Espaço da Fala”, que possibilita e potencializa o encontro e as ações dos diferentes, mas também dos semelhantes, um espaço para o dissenso e para o afeto. As principais transformações foram: Recodificação das formas a partir da transformação dos edifícios incorporando as formas existentes e atuando sobre elas pelos movimentos de expansão lateral, verticalização, exclusão e adição de formas. Houve também a criação e o aumento das aberturas, das varandas e das áreas verdes nas construções, além do reposicionamento de alguns usos. Com isso, houve o aumento da taxa de ocupação da quadra e consequentemente o aumento das áreas para a moradia, para o comércio, para serviço e do espaço de uso público, além de incluir o uso institucional (centro comunitário, ONGs e org. locais). Este aumento de área ocasiona um maior número de acontecimentos sobre lugar, gerando um maior ritmo urbano.
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Além disso, foi proposta a abertura da quadra e a conexão das áreas livres com largo para a criação da praça, criando um grande e importante espaço público para o bairro. Foi proposta também a reprogramação dos usos, com o estabelecimento de uma variedade de nós funcionais nos edifícios com a indicação de diferentes usos e níveis de espaços públicos ou privados. Estes usos ora permitem o livre acesso, ora permitem o acesso apenas aos usuários “próprios” do lugar. Em relação à praça, a sua configuração foi proposta como um espaço aberto e conectado com os edifícios para possibilitar a apropriação de diversas maneiras. O projeto introduz formas, mobiliário urbano (sobretudo bancos), áreas sombreadas e espaços livres para potencializar as ações já existentes e permitir novas práticas. Além disso, o projeto visa principalmente tornar a praça como um lugar importante para as manifestações culturais, políticas e cotidianas. A setorização dos espaços residenciais, comerciais e institucionais localizado mais próximo a praça podem potencializar estas manifestações. Outra proposição importante do projeto é a (re)naturalização deste território, com aproposta da abertura da quadra para redescobrir alguns elementos naturais que foram ocultados: como o afloramento rochoso e algumas árvores. Também se propõe criar uma área aberta com maior incidência de vento e luz solar, muito diferente da típica configuração espacial do bairro (muito adensada e enclausurada). O projeto tira partido desses elementos existentes e valoriza-os. Os elementos naturais referente à paisagem da cidade também foram valorizados. Foram propostas áreas públicas em locais potenciais para a visualização de marcos urbanos importantes. Estes pontos visuais tornam-se locais de referência da cidade para visitação, contemplação e vivência, aproximando pessoas de diferentes regiões.
Projeto “espaço da fala”
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Conclusão
Este trabalho foi um estudo relativo às análises dos espaços livres e dos ambientes construídos para orientação das proposições projetuais desenvolvidas na comunidade de São Benedito, Vitória, ES. O trabalho surge do desdobramento de trabalhos anteriores nesta comunidade, desenvolvidos pelo autor, em conjunto com os colegas no Célula EMAU e pelo desejo de continuar a responder aos problemas urbanos próximos de São Benedito. As proposições são desenvolvidas em dois momentos. No primeiro é elaborado o PLANO DE AÇÃO, que são diretrizes de transformação para seis áreas da comunidade, conectando-as e dando maior qualidade ao ambiente para o uso do pedestre. No segundo momento é escolhida uma área do plano para o desenvolvimento da proposta projetual básica, com o objetivo de entender os processos existentes neste local e propor transformações espaciais para atender e ativar os acontecimentos e/ou manifestações cotidianas e eventuais da área e assim dar maior qualidade e ritmo urbano. No desenvolvimento do projeto, sempre se buscou respeitar as formas e processos (pré)existentes. A investigação sobre o território apontou as principais transformações da área e é importante ressaltar que este processo de investigação (vivência e análise) foi necessário e é imprescindível para a construção das táticas e estratégias de um projeto que vise ser comunitário, que pelo menos pretende se aproximar dos desejos da comunidade.
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Este processo, também visa dar outra projeção sobre o arquiteto e o urbanista. Sobre sua aproximação com lugar do projeto e a comunidade envolvida. Neste trabalho pode-se observar, o quanto que esta aproximação pôde determinar as decisões projetuais, e que estas decisões fazem com que o projeto não se configure como algo fora do contexto, mas como um desdobramento dos processos que ali já ocorrem. Este projeto pode vir a constituir um lugar praticado cotidianamente pela comunidade. Este é o meu desejo. Os resultados arquitetônicos mediante a configuração da forma e espaço de arquitetura são colocados como uma possibilidade de se chegar e não como um resultado ideal e único. O que se deve ressaltar é justamente levar em consideração os processos e as formas existentes. A apresentação das análises desenvolvidas e os registros sobre o lugar. Todo esse acompanhamento se consolidou em três diferentes “platôs” do trabalho. Primeiro a BASE OPERACIONAL, segunda a BASE DE PERCEPÇÕES e terceiro a PROSPECÇÃO DO ESPAÇO. Estes três produtos são os resultados que podem constituir a arquitetura como um dispositivo transformador do espaço, que de fato, diante das várias possibilidades em que ela pode se conformar, o entendimento desses espaços torna-se a base tática e estratégia para o projeto.
O processo (o meio) desenvolvido neste trabalho se configura como o resultado principal.
(Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória-ES
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Ainda vão me matar numa rua. Quando descobrirem, principalmente, que faço parte dessa gente que pensa que a rua é a parte principal da cidade. (LEMINSKI, 1990:s.p.)
(Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória-ES
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Índice de imagens
Fig. 01 - Vista do beco para a biblioteca. Fonte: BARNEY CALDAS, Benjamin. Biblioteca de Santo Domingo em Medellín: debate a arquitetura atual na Colômbia. Minha Cidade, São Paulo, 09.097, Vitruvius, ago 2008 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/09.097/1881>. Fig. 02 - Vista para a biblioteca. Fonte: idem. fig. 01 Fig. 03 - Vista para a biblioteca. Fonte: idem. fig. 01 Fig. 04 - Vista para a biblioteca. Fonte: idem. fig. 01 Fig. 05 - Vista aérea do CHGM em destaque. Fonte: SUASSUNA LIMA, Marco Antonio. Estudo comparativo em habitação de interesse social:. O caso do Conjunto Habitacional Gervásio Maia (CHGM) - João Pessoa. Arquitextos, São Paulo, 10.112, Vitruvius, set 2009 <http://www.vitruvius. com.br/revistas/read/arquitextos/10.112/23>. Fig. 06 - Foto panorâmica de um trecho do CHGM em construção. Março de 2007. Fonte: idem. fig. 05 Fig.07 - Mapas temáticos Público x Privado. A cor preta representa o espaço público e a cinza os equipamentos comunitários. Situação existente. Fonte: idem. fig. 05 Fig.08 - Comércios improvisados. Opção empírica pela falta de espaços comerciais no desenho urbano. Fonte: idem. fig. 05 Fig.09 - Vista dos equipamentos comunitários (Escola e Ginásio esportivo) do CHGM. Fonte: idem. fig. 05 Fig.10 - Vista dos equipamentos comunitários (Escola e Ginásio esportivo). Fonte: idem. fig. 05 Fig. 11 - Organização do espaço de conflito. BBC-Tahir-Square-Interactive-Map. Fonte: http://goo.gl/0ZZIX Fig. 12 - Festa na praça Tahir – Renuncia do Presidente. Fonte: http://goo.gl/iBiVF Fig. 13 - Imagem aérea de Vitória, ES. Fonte: GeoWEB Vitória. Fig. 14 - Vista São Benedito, ano 1960. Foto aérea Paulo Bomino. Fonte: Arquivo SEDEC - PMV (Prefeitura Municipal de Vitória) Fig. 15 - Vista São Benedito, ano 2000. Foto aérea Paulo Bomino Fonte: Arquivo SEDEC - PMV (Prefeitura Municipal de Vitória) Fig. 16 - Vista São Benedito, ano 1960. Foto aérea Paulo Bomino. Fonte: Arquivo SEDEC - PMV (Prefeitura Municipal de Vitória) Fig. 17 - Vista São Benedito, ano 2000. Foto aérea Paulo Bomino. Fonte: Arquivo SEDEC - PMV (Prefeitura Municipal de Vitória) Fig. 18. Mapa Poligonal 01 / Território do Bem. Fonte: Mapa desenvolvido pelo autor e Samira S. Proêza sob a base GeoWEB Vitória. Fig. 19: Fotografia para o Poligonal 01/Território do Bem vista da pedra da Gameleira
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Fig. 20: Mapa distâncias de São Benedito. Fonte: Intervenção do autor sob base GeoWEB Vitória Fig. 21: Vista da Praia de Camburi para São Benedito. Fig. 22: Vista da av. Fernando Ferrari para São Benedito. Fig. 23: Vista da Praia de Camburi para São Benedito. Fig: 24. Vista da av. Fernando Ferrari para São Benedito. Fig. 25: Limite São Benedito. Fig. 25: Limites São Benedito sob figura fundo. Fig. 27: Vista de da av. Leitão da Silva para São Benedito. Fig. 28: Vista de da av. Leitão da Silva para São Benedito. Fig. 29: Vista interna de uma casa de São Benedito. Fonte: CÉLULA, EMAU (org.). Habitação, Memória e Vivência em São Benedito. Vitória –ES. UFES, Vitória, 2010. Fig. 30: Vista externa de uma casa de São Benedito. Fonte: idem: fig. 29 Fig. 31: Vista interna de uma casa de São Benedito. Fonte: idem: fig. 29 Fig. 32: Vista de uma escadaria de São Benedito. Fonte: idem: fig. 29 Fig. 33: Vista de uma escadaria de São Benedito. Fonte: idem: fig. 29 Fig. 34: Vista da paisagem de uma das casas de São Benedito. Fig. 35: Vista do terreno “campinho” de São Benedito. Fig. 36: Tabela de eixos de prioridades do Fórum Bem Maior. Fonte: Fórum Bem Maior – FMB; Idéias, A. A., Plano Bem Maior do Território do Bem do Território do Bem, Vitória-ES, 2009. Fig. 37: Capa do Saberes, Fazeres e Perfil dos Moradores do Território do Bem. Fonte: idem. fig. 36 Fig. 38: Capa do Plano Bem Maior. Fonte: idem. fig. 36. Fig. 39: Localização. Fonte: Intervenção do autor sob base GeoWeb Vitória Fig. 40: Mapa figura-fundo bairro região Poligonal 01. Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB Vitória Fig. 41: Conjunto de Layer de morfologia do território. Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB Vitória Fig. 42: Soma dos Layers de morfologia do território. Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB Vitória Fig. 43 (esq) e 44: Modelo 3D da quadra. Fig. 45. Mapa uso do solo. Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB Vitória Fig. 46: Mapa sistema viário. Fonte: GEOWEB Vitória
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Fig. 47: Mapa áreas verdes. Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB Vitória Fig. 48: Mapa áreas livres. Fonte: Interevenção do autor sob base GEOWEB Vitória Fig. 49: Mapa de perecepções do território. Fonte: Interevenção do autor sob base GeoWEB Vitória Fig. 50: Mapa de diretrizes. Fonte: Interevenção do autor sob base GeoWEB Vitória Fig. 51 Mapa de localização de espaços existentes. Fonte: Interevenção do autor sob base GeoWEB Vitória Fig. 52: Mapa de localização de usos existentes. Fig. 53: Mapa de localização da quadra. Fig. 54: Vista da Pedra da Gameleira para o Morro Grande (São Benedito). Fig. 55: Digrama de usos. Fig. 56: Digrama de acontecimentos. Fig. 57, 58, 59 e 60. Fotomontagem acontecimentos. Fig. 61 e 62: Fotomontagem acontecimentos. Fig. 63. Diagrama densidade de ocorrências. Fig. 64: Foto aérea da quadra com informações de número de pavimento das construções. Fonte: Interevenção do autor sob base GeoWEB Vitória Fig. 65: Vista topo da quadra feita no google sktechup. Fig. 66:. Modelo 3D da quadra. Fig. 67: Fotomontagem da quadra. ... Fig. 68: Análise das formas. Fig. 69. Análise das aberturas Fig. 70: Análise ritímica das formas. Fig. 71: Análise dos planos verticais predominates. Fig. 72: Registro dos elementos e valores naturais. Fig. 73: Registro solar. Fonte: Google earth Fig. 74: Vista da quadra 03 - Modelo google earth. Fonte: Interevenção do autor sob Google Earth Fig. 75: Vista do Morro da Gamela para marcos visuais de Vitória- mesma direção da quadra 03. Fig. 75: Mapa perceção da quadra 03. Fig. 76: (dir) Diagrama “espaço relacional”. Fig. 77: Imagens do processo de construção da maquete. Fig. 78 (esq): Mapa de intenções. Fig. 79 (esq): Diagrama de intenções. Fig. 80: Diagrama de usos. Fig. 81: Diagrama de acontecimentos. Fig. 82 (esq): Camadas do processo projetual. Fig. 83: Imagens 3D do processo projetual.
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Fig. 84 (esq): Lozalização da proposta. Fonte: Intervenção do autor sob base GeoWEB Vitória Fig. 85: Figura fundo da proposta a região. Fig. 86: Implantação da proposta no território. Fonte: Intervenção do autor sob base GeoWEB Vitória Fig. 87:Informação de quantidade de área existente. Fig. 88: Informação de quantidade de área da proposta. Fig. 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95 e 96: Camadas do projeto. Fig. 97: Fotografias sob processo projetual. Fig. 98, 99, 100 e 101: Imagens do estudo projetual por maquete. Fig. 102, 103, 104, 105 e 106: Imagens da setorização dos usos da proposta projetual. Fig. 107: Diagrama de mobilidade. Fig. 108: Diagrama de percursos. Fig. 109: Diagrama conexão dos espaços. Fig. 110: Diagrama de intensidade de atividades. Fig. 111, 112, 113, 114, 115 e 116: Cenários de possibilidade de manifestações. Fig. 117: Estudo do paisagismo em planta. Fig. 118: Estudo do paisagismo em corte. Fig. 119: Camada de forração. Fig. 120: Camada de implantação do paisagismo. Fig. 121: Camada de floração. Fig. 122: Camada de sombras em estações quentes. Fig. 123: Camada de floração - perda de folhas. Fig. 124: Camada de sombras em estações frias. Fig. 125: Camada implantação do paisagismo. Fig. 126: Cena corredor de floração. Fig. 127: Vista frontal. Fig. 128: Corte longitudinal. Fig. 129: Zoom 01 corte longitudinal. Fig. 130: Zoom 02 corte longitudinal. Fig. 131: Cenário atual da quadra 03. Fig. 132: Cenário modificado da quadra 03. Fig. 133: Zoom do cenário atual da quadra 03. Fig. 134: Zoom do cenário modificado da quadra 03. Fig. 135: Cena 01 - ambiente construído. Fig. 136: Cena 01 - acontecimentos Fig. 137 :Cena 01 - sobreposição das cenas. Fig. 138: Cena 01 - zoom. Fig. 139: Cena 02 - ambiente construído. Fig. 140: Cena 02 - acontecimentos Fig. 141: Cena 02 - sobreposição das cenas. Fig. 142: Cena 02 - zoom. Fig. 143: Cena 03 - ambiente construído. Fig. 144: Cena 03 - acontecimentos
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(Re)construção do espaço público no morro de São Benedito, Vitória-ES
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Fig. 145: Cena 03 - sobreposição das cenas. Fig. 146: Cena 03 - zoom. Fig. 147: Cena 04 - ambiente construído. Fig. 148: Cena 04 - acontecimentos Fig. 149: Cena 04 - sobreposição das cenas. Fig. 150: Cena 04 - zoom. Fig. 151: Cena 05 - ambiente construído. Fig. 152: Cena 05 - acontecimentos Fig. 153:Cena 05 - sobreposição das cenas. Fig. 154: Cena 05 - zoom.
Observação: As figuras sem referência de fonte são produções do autor (Bruno Bowen Vilas Novas).
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Bibliografia
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