TFG 2020.1 - CMAM - CENTRO DE MEMÓRIA ARQUITETÔNICA DA MOOCA

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CMAM - cENTRO DA MEMÓRIA ARQUITETÔNICA DA MOOCA



CMAM - CENTRO DA MEMÓRIA ARQUITETÔNICA DA MOOCA E A RECONVERSÃO DO PATRIMONIO INDUSTRIAL DA MOOCA

BRUNO R. CARDOSO DA SILVA ORIENTADORA MARIA DO CARMO VILARINO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO I FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU - CAMPUS MOOCA MAIO / 2020


INTRODUÇÃO Esta pesquisa tem como objetivo um estudo

Deste modo, nota-se a necessidade de um

e compreensão do processo de urbanização do

vetor de adensamento que não entre em conflito

bairro da Mooca, em especial, a partir da criação da

com o patrimônio histórico do birro. E também a

ferrovia São Paulo Railway, e também o estudo do

criação de um projeto onde esse patrimônio possa

patrimônio ligado ao processo de industrialização da

ser estudando, visando a reconversão de seus usos

cidade de São Paulo e do Brasil.

mantendo suas características.

Atualmente, grande parte do patrimônio da Mooca

encontra-se

em

deterioração,

ou

subutilizados como estacionamentos ou até mesmo sem usos, e nos casos mais extremos, demolidos para dar lugar à grandes edifícios residenciais de alta densidade. Galpões industriais sem uso ou com usos apenas diurnos, sem uma integração com o entorno, principalmente no período noturno, tem capacidade

de

criar

espaços

potencialmente

perigosos para os pedestres, em especial, na região da estação Juventus-Mooca, onde a dinâmica no período noturno é extremamente erma, e insegura.


AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à minha mãe e meu pai,

que

tem

me

dado

apoio,

incentivo

e

financiamento ao longo destes anos.

À minha orientadora Maria do Carmo, que me orientou e dedicou seu tempo e conhecimento para a criação deste trabalho durante esse ano.

Aos meus amigos de faculdade que se tornaram amigos para a vida, principalmente

Obrigado.

Bianca, Debora, Felipe, Guilherme, Higor, Larissa, Matheus Berica, Vitor e Rubens pois sem eles eu não teria suportado essa jornada árdua. Ao meu melhor amigo Pierry, que apesar de não mantermos mais contato, se fez presente nos piores e nos melhores momentos. Ao meu primo Matheus, pelo apoio e amizade desde sempre. Aos meus colegas de escritório, pelo amplo conhecimento adquirido no escritório, que ajudaram na formação deste trabalho. Aos professores que ajudaram na minha formação durante estes anos, em especial Annibal Montaldi, Apoena Amaral, Beatriz Tone, Vasco Alberto e Vanessa Valdez.

PER ARDVA AD ASTRA.


SUMÁRIO

01. BAIRRO // P. 01

1.1 |

OS IMIGRANTES // P. 02

1.2 |

O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO // P. 04

1.3 |

A MUDANÇA NA INDÚSTRIA // P. 06

1.4 |

O PATRIMÔNIO INDUSTRIAL // P. 08 I - Conjunto de Galpões da Mooca e Travessias da Ferrovia. II - Estádio Conde Rodolfo Crespi. III - E.E Oswaldo Cruz. IV - Cotonifício Crespi. V - E.E Pandiá Calógeras e Teatro Municipal da Mooca Arthur Azevedo. VI - Conjunto Residêncial Mooca/IAPI.

1.5 |

A OPERAÇÃO URBANA // P. 24

1.6 |

O CENÁRIO ATUAL // P. 26 I - O setor industrial, II - O setor residêncial. III - O setor comercial e transporte.


02. 03.

REFERÊNCIAS // P. 34 2.1 |

2.2 |

PROJETO // P. 53

PROJETOS URBANOS // P. 35

3.1 |

ANÁLISE DO TERRENO // P. 52

I - Puerto Madero

3.1.2 |

ANTIGAS OFICINAS CASA VANORDEN // P. 68

II - Distrito 22@ Barcelona

3.1.3 |

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO // P. 60

III - Porto Maravilha

3.2 |

O PARTIDO // P. 62

3.3 |

PROGRAMA // P. 63

PROJETOS ARQUITETÔNICOS // P. 43

3.4 |

VOLUMETRIA // P. 66

I - Museu da Memória (Chile)

3.5 |

IMPLANTAÇÃO // P. 67

II - Refuncionalização do Antigo Moinho Marconetti (Argentina)

3.6 |

SUBSOLO // P. 68

III - Daoíz y Velarde Cultural Center (Espanha)

3.7 |

PRIMEIRO PAVIMENTO // P. 69

IV - SESC Pompéia (Brasil)

3.6 |

SEGUNDO PAVIMENTO // P. 70

3.7 |

CORTE AA // P. 71

3.6 |

IMAGENS // P. 72

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXOS


1


BAIRRO

Acompanhando o processo de urbanização da capital de São Paulo, o bairro da Mooca surgiu às margens do Rio Tamanduateí, nas proximidades dos assentamentos jesuítas localizados no centro histórico da cidade, ocupando inicialmente a região da Várzea do Carmo, onde surgiu o largo do Hospício, que atualmente abriga o viaduto que liga o Centro à Av. Alcantara Machado. O processo de industrialização a construção da ferrovia São Paulo Railway e a chegada dos imigrantes italianos, durante esse período o bairro teve um aumento considerável de sua ocupação, tanto pelas indústrias, quando pelas casas e vilas que abrigariam seus operários. O bairro, conhecido por seu passado ligado ao processo de industrialização da cidade de São Paulo e que abrigou importantes industrias como por exemplo as Alpagartas, a CIA Antarctica, as Indústrias Reunidas Matarazzo e o Cotonifício Crespi, vem assistindo seu patrimônio construído

sendo

lentamente

modificado,

degradado,

abandonado e mesmo demolido, à medida que seus usos tornam-se obsoletos.

01


OS IMIGRANTES

1.1 |

No Brasil, o processo de imigração inicia-se O início do desenvolvimento da imigração

com o final do período da escravatura, onde

italiana para as Américas, em especial para a

imigrantes foram enviados para o trabalho nas

Argentina, Brasil e Estados Unidos, ocorrido na

fazendas de café, atividade que estava em

década de 1880, trouxe imigrantes vindos de

expansão no estado de São Paulo. Este processo

diversas partes da Itália em busca de novas

difere do que ocorreu na Argentina pois, apesar de

oportunidades de trabalho tanto na área agrícola

direcionado para o trabalho no campo, incentivava a

como na industrial, direcionamento que variou muito

vinda de imigrantes solteiros do sexo masculino,

de acordo com a região de origem dos imigrantes, e

enquanto no Brasil o programa era voltado à

também em função da região para a qual estavam

famílias inteiras, tal fato ajudou então no equilíbrio

imigrando.

entre os sexos que aqui chegavam. Devido a este fato, os imigrantes que chegavam na Argentina ou

A princípio, os principais países receptores

nos Estados Unidos retornavam para seu país natal

de imigrantes foram a Argentina e o Brasil, devido às

ao

economizar

uma

renda

mais

satisfatória,

similaridades culturais e mesmo linguísticas entre os

enquanto no Brasil os imigrantes optaram por

países, ambos de predominância católica e com

continuar no país.

línguas latinas, diferentemente dos Estados Unidos, com predominância protestante e de língua inglesa (KLEIN, Herbert S. Página 100).

Ainda de acordo com Herbert S. Klein, os imigrantes italianos que estavam em São Paulo,

02


apesar de trabalhar no campo, conseguiram poupar

Os imigrantes italianos tiveram participação

dinheiro para mudar de situação, se tornando assim

importante no cenário político da época, tendo muita

pequenos proprietários de terra. Com a rápida

participação em grandes greves, como por exemplo

expansão da cultura cafeeira em São Paulo, estes

a de 1917, em que os operários do Cotonifício

imigrantes foram investindo na indústria que estava

Crespi entraram em greve reivindicando melhorias

em crescimento.

salariais e das condições de trabalho.

Em São Paulo, nas primeiras décadas do Século XX, a maioria dos trabalhadores nas indústrias eram de origem italiana, e em alguns casos, eram donos de pequenas industrias, que representavam 49% das indústrias do Estado de São

Paulo.

Os

trabalhadores

das

empresas

situadas em São Paulo durante este período não necessariamente eram os mesmos que imigraram durante a primeira leva de imigrantes no final do século XIX, mas sim, trabalhadores que migraram de maneira voluntária, porém, os imigrantes da

IMAGEM 1 - Foto da família Romanato - FONTE: www.portaldamooca.com.br

primeira geração foram os primeiros que geraram força de trabalho do início da industrialização.

03


A INDUSTRIALIZAÇÃO

1.2 |

e do fim da escravatura, ocorreu também um A construção da ferrovia São Paulo Railway,

intensivo processo de imigração de italianos tanto

de

para a capital, quanto para as cidades do interior do

Paulo,

estado, devido à forte demanda de mão de obra

desenrola-se no contexto da economia do café das

especializada para o trabalho nas fábricas, e com

décadas de 1880 e 1890, em que uma parcela da

sua chegada fez-se necessária a criação de vilas

burguesia industrial era de imigrantes europeus que

operárias nas proximidades das fábricas, facilitando

chegaram no Brasil no século XIX, e que tiveram

assim o acesso a moradia e trabalho, porém,

papeis

para

estando localizadas nas regiões mais baixas, e

construção de novos estabelecimentos e atividades,

consequentemente, mais baratas, próximas as

segundo Paulo Fernando Jurado da Silva, em seu

várzeas. Já as elites se instalaram nas regiões altas

artigo para a revista Finisterra no.91 Lisboa jun.

como o espigão da paulista.

em

1867,

que

industrialização

impulsionou na

fundamentais

cidade

nos

o de

processo São

investimentos

2011. Sendo o bairro da Mooca um dos principais

Simultaneamente

à

ocupação

da

orla

sítios onde as novas industrias surgiriam devido a

ferroviária da São Paulo Railway, ocorreu o

sua localização privilegiada próxima a várzea do Rio

loteamento dos sítios e chácaras existentes na

Tamanduateí, que conta com uma topografia de

região ao leste do rio, expandindo a ocupação para

baixo relevo, junto com o início da industrialização,

além da ferrovia, foi então criada a companhia imobiliária da Mooca, em 1912, que pertenceu à família Paes de Barros.

04


Com a compra de grandes glebas realizadas por companhias multinacionais, como a ESSO e a FORD por exemplo, a cidade começa então a se tornar referência como centro comercial, financeiro e industrial, junto da ferrovia, as obras de infraestrutura, os imigrantes, a indústria começou então a produzir bens de consumo para atender a população urbana localizada na capital. (MIRANDA, Rosana Helena, Mooca: lugar de fazer casa, pág. 59).

IMAGEM 2 - Panorama da Mooca e do Brás - FONTE: www.moocasaudosamooca.wordpress.com

IMAGEM 3 - PLANTA DA CIDADE DE SÃO PAULO, 1913, FONTE: ARQUIVO DO ESTADO RECORTE PELO AUTOR

IMAGEM 4 - PLANTA DA CIDADE DE SÃO PAULO, 1930, FONTE: GEOSAMPA, RECORTE PELO AUTOR

05


A MUDANÇA DA INDÚSTRIA

1.3 |

incentivos fiscais também foram dados para a região nordeste, para abertura de estradas e criação de Nas últimas décadas do século XX, a cidade

novos polos industriais. Porém, mesmo com esse

de São Paulo passou por um processo de

processo de descentralização, São Paulo ainda

descentralização da indústria, processo que levou

retém grande parcela das indústrias em sua capital.

muitas industrias a mudarem seus polos fabris para

Somente após a criação do Grupo de Análise

cidades do interior, ou até mesmo para outros

Territorial (GAT) e do Grupo de Descentralização

estados, mantendo seus polos administrativos na

Industrial (GDI), durante o governo estadual de

cidade.

Abreu Sodré (1967-1971), que tinham por objetivo reduzir

a

desigualdade

regional

através

da

Já na década de 70, São Paulo começa a

descentralização industrial e da criação de novos

adquirir algumas de suas características negativas

polos dentro do estado, este quadro começou a

marcantes, como o trânsito, a poluição, a expansão

mudar.

populacional, o aumento no custo de vida e o aumento na taxa de criminalidade, e dado esse

Segundo Paulo Fernando Jurado da Silva,

cenário, os movimentos sindicais se ampliam e

em seu artigo para a revista Finisterra no.91 Lisboa,

tornam-se mais atuantes. Durante esse período, o

jun. 2011 esse processo de mudança começou a

governo federal dá início a implantação dos polos de

moldar o que São Paulo é atualmente, promovendo

desenvolvimento, como por exemplo, a Zona Franca

o crescimento do setor terciário, ou seja, o setor de

de Manaus;

prestação de serviços e comércio de bens.

06


Durante

a

década

de

90,

houve

um

crescimento considerável de empregos nas áreas de propaganda, design, consultorias, marketing, planejamento, finanças, escritórios de direito e etc.

IMAGEM 6 - Cotonifício Crespi visto da Rua Javari - FONTE: www.saopauloinfoco.com.br

IMAGEM 5 - Mapa da mudança dos polos industriais em São Paulo FONTE: www.geografiaparatodos.com.br

IMAGEM 7 - Cotonifício Crespi visto da Rua Taquari em 2019- FONTE: Arquivo pessoal.

07


1.4 |

O PATRIMÔNIO INDUSTRIAL por um certo tempo, é sinal de que a atividade nele

O patrimônio industrial está estreitamente

anteriormente executada não existe mais, ou

ligado à paisagem urbana da Mooca, e como tal à

mudou de lugar - o edifício torna-se teoricamente

cultura, memória e identidade de seus moradores.

desnecessário. É preciso que outra atividade, de

Ainda que em processo de degradação ou

uma nova forma seja inserida para que ele possa

abandono, é possível a reutilização destes bens,

continuar sendo usado.”

com a conversão de seus usos sem que suas alteradas.

Além dos grandes galpões e fábricas das

PROCHNOW(1995) cita Aldo Rossi, em seu artigo

indústrias instaladas no bairro da Mooca, uma

Heterocronia na arquitetura, em que aponta o

importante

projeto como viabilizador do reaproveitamento do

equipamentos presentes como consequência dos

patrimônio construído.

usos industriais também tem um papel significativo

características

físicas

sejam

produção

habitacional

e

de

na construção da paisagem. Vilas industriais, coletiva

armazéns, pequenos negócios e padarias, trazem

participam na construção da cidade segundo Aldo

consigo grande valor imaterial dos costumes dos

Rossi (1995). Neste sentido, o processo dinâmico

moradores

da cidade tende mais à evolução do que à

preservação e reconversão.

“Forma,

tipologia

e

memória

conservação. A função é insuficiente para definir a continuidade. Se um edifício está desocupado

É

da

papel

região, da

e

são

passíveis

municipalidade

zelar

de pela

identidade dos bairros através de legislações que colaborem na preservação e reaproveitamento das construções históricas 08


(em sua maioria com usos já obsoletos) para novos

conforme a resolução 42/2017 do CONPRESP; (III)

usos. Sem mecanismos de salvaguarda, parte

Escola Estadual Oswaldo Cruz, conforme as

importante

pode

resoluções SC 60, de 21/07/2010 do CONDEPHAAT

desaparecer pela ação do mercado imobiliário. A

e 29/2014 do CONPRESP; (IV) Cotonifício Crespi,

Operação Urbana Consorciada – Bairros do

conforme a resolução 06/2016 do CONPRESP; (V)

Tamanduateí, proposta em 2015 mas ainda não

Escola Estadual Pandiá Calógeras, conforme a

aprovada, tem por objetivo permitir o adensamento

resolução 30/2018 do CONPRESP e o Teatro

populacional e construtivo de bairros de origem

Municipal da Mooca Arthur Azevedo, conforme a

industrial, porém incentivando a recuperação e a

resolução 29/1992 do CONPRESP; (VI) Conjunto

reconversão do patrimônio ferroviário e industrial da

Residencial Mooca/IAPI, conforme a resolução

orla da São Paulo Railway.

18/2018 do CONPRESP; conforme o mapa do

de

nossa

história

edificada

patrimonio tombado. Entre os bens já tombados na região, estão o (I) Conjunto de Galpões da Mooca, localizados na região da Rua Monsenhor João Felipo com a Rua Borges de Figueiredo, conforme a resolução 14/2007 do CONPRESP e as Travessias da Estrada Ferro,

conforme

a

resolução

06/2016

do

CONPRESP; (II) Estádio Conde Rodolfo Crespi, conforme a resolução 06/2016 do CONPRESP e a

09


MAPA DOS BENS TOMBADOS DA MOOCA - FONTE: BASE GEOSAMPA, EDITADO PELO AUTOR

100 0

400 200

10


II

I

IMAGEM 9 - VISTA ESTÁDIO CONDE R. CRESPI E CRECHE M. CRESPI FONTE: GOOGLE EARTH, RECORTE PELO AUTOR

IMAGEM 8 - VISTA ÁREA GALPÕES DA MOOCA FONTE: GOOGLE EARTH, RECORTE PELO AUTOR

IV

III

IMAGEM 10 - VISTA ÁREA E.E. OSWALDO CRUZ FONTE: GOOGLE EARTH, RECORTE PELO AUTOR

IMAGEM 11 - VISTA ÁREA COTONIFÍCIO CRESPI FONTE: GOOGLE EARTH, RECORTE PELO AUTOR

VI

V

IMAGEM 12 - VISTA ÁREA TEATRO E ESCOLA ESTADUAL FONTE: GOOGLE EARTH, RECORTE PELO AUTOR

IMAGEM 13 - VISTA ÁREA CONJUNTO RESIDÊNCIAL MOOCA FONTE: GOOGLE EARTH, RECORTE PELO AUTOR

11


I - OS GALPÕES DA MOOCA E TRAVESSIAS DA FERROVIA Patrimônio tombado de acordo com a resolução 14/2007 do CONPRESP, que visa preservar o conjunto de galpões na orla ferroviária da São Paulo Railway. Leva em consideração sua importância histórica na urbanização da Cidade de São Paulo e para o nascimento do bairro da Mooca. Abrange o conjunto industrial, parcelamento e ocupação original da Mooca, e os equipamentos ferroviários urbanos, pelo registro da evolução da indústria tanto na cidade de São Paulo quanto no Brasil, e também pelo valor arquitetônico das obras, que colabora para a identidade da paisagem urbana local. Seu entorno imediato deve ter gabarito máximo de 25 metros, e não será permitido o remembramento dos lotes.

IMAGEM 14 - Mapa dos galpões tombados da Mooca, e seu entorno em cinza claro, FONTE: DPH, Departamento do patrimônio histórico.

12


IMAGEM 15 - OFFICINAS CASA VANORDEN, 1922 FONTE: SÃOPAULOANTIGA.COM.BR

IMAGEM 17 - CERVEJARIA ANTARCTICA FONTE: SÃOPAULOANTIGA.COM.BR

IMAGEM 16 - REFINARIA DE AÇÚCAR UNIÃO, 1960 FONTE: SÃOPAULOANTIGA.COM.BR

IMAGEM 18 - REFINARIA DE AÇÚCAR UNIÃO ATUALMENTE, FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2020

13


II - ESTÁDIO CONDE RODOLFO CRESPI E CRECHE MARINA CRESPI

O estádio Conde Rodolfo Crespi, tombado de

Muitos dos bens construídos relacionados à

acordo com a resolução 06/2016 do CONPRESP, e

família Crespi estão tombados pelo valor cultural e

a Creche Marina Crespi, tombada de acordo com a

paisagístico que geram em seu entorno, e tendo a

resolução

preservação total de seus elementos construtivos,

42/2017

do

CONPRESP,

ambos

localizados entre a Rua Javari e Rua dos Trilhos.

como as escadas, marquises, os pilares, o vão das janelas, revestimentos e tijolos aparentes. Enquanto

O tombamento visa preservar conjuntos de imóveis propostos como ZEPECs, ligados ao legado

o estádio tem o tombamento de suas características arquitetônicas externas.

industrial da cidade de São Paulo, e que são representativos para a memória e paisagem local. A Creche Marina Crespi foi projetada pelo arquiteto italiano Giovanni Bianchi e mantida pela família Crespi para atender as crianças dos operários da Mooca.

14


IMAGEM 19 - CAMPO NA RUA JAVARI 1925 FONTE: JUVENTUS.COM.BR

IMAGEM 20 - ESTÁDIO CONDE RODOLFO CRESPI FONTE: WIKIPEDIA.COM.BR, 2016

IMAGEM 21 - VISTA EXTERNA CRECHE MARINA CRESPI, 1936 FONTE: VITRUVIUS.COM.BR

IMAGEM 22 - CRECHE MARINA CRESPI EM 2010, FONTE: SAOPAULOSKYLINE.COM

15


III - ESCOLA ESTADUAL OSWALDO CRUZ

Escola tombada conforme as resoluções SC 60, de 21/07/2010 do CONDEPHAAT e 29/2014 do CONPRESP, que visam preservar um conjunto de escolas construídas pelo governo estadual entre 1890 e 1930, pelo grande significado cultural, histórico e arquitetônico, e por representarem a política pública da época, em que o estado passa a prover o ensino básico e a formação de professores. As preservar

resoluções as

de

tombamento

características

originais

visam das

construções e seus espaços, e tem como incentivo a demolição de anexos e/ou ampliações que tenham desconfigurado os partidos originais, ainda mais se forem externos ao edifício.

16


IMAGEM 24 - FOTO DE UMA TURMA FONTE: PORTALDAMOOCA.COM.BR

IMAGEM 23 - VISTA EXTERNA DA ESCOLA FONTE: FOLHAVPONLINE.COM

IMAGEM 25 - ESCOLA ATUALMENTE FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2020

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IV - COTONIFÍCIO CRESPI

Edifício tombado conforme a resolução 06/2016 do CONPRESP, levando em consideração

Apresenta um anexo em concreto pré-moldado com estacionamento.

sua importância histórica ligada ao desenvolvimento da industrialização na cidade de São Paulo, ao processo de imigração de italianos para a cidade, e sua ligação paisagística com o entorno fabril da Mooca. Seu tombamento visa a preservação das características externas das edificações industriais remanescentes. Atualmente

adaptado

para

um

supermercado, tem em seu térreo um conjunto de lojas e restaurantes de fast-food, seus caixilhos foram preservados, assim como os tijolos originais, os pilares e as vigas de aço.

18


IMAGEM 26 - COTONIFÍCIO CRESPI, APÓS SER BOMBARDEADO NA REVOLUÇÃO DE 1924 FONTE: PORTALDAMOOCA.COM

IMAGEM 27 - COTONIFÍCIO CRESPI ATUALMENTE FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2019.

IMAGEM 28 - VISTA ÁREA COTONIFÍCIO CRESPI, 1935 FONTE: STEVALE.COM

IMAGEM 29 - COTONIFÍCIO CRESPI ATUALMENTE FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2019

19


V - E.E PANDIÁ CALÓGERAS E TEATRO MUNICIPAL DA MOOCA

Tombados conforme as resoluções 30/2018 e

A

Escola

Estadual

Pandiá

Calógeras,

29/1992, sendo o teatro tombado devido a sua

tombada devido a importância da experiencia

importância histórica ligada a uma política inovadora

arquitetônica escolar das décadas de 40 e 50, que

de descentralização e ampliação do acesso à

foram baseadas na perspectiva pedagógica do

cultura. O projeto, do arquiteto Roberto Tibau,

educador Anísio Teixeira, e por fazer parte do

incorpora os padrões estéticos e programáticos da

patrimônio moderno de arquitetura da cidade São

arquitetura moderna da década de 50. Em função do

Paulo. Tem a volumetria preservada integralmente,

teatro, A aprovação de novos edifícios, de qualquer

e reformas ou reparos devem atender os princípios

tipo de publicidade ou mobiliário urbano na Avenida

de

Paes de Barros, na região entre as Ruas Visconde

internacionais de preservação, e sua relação visual

de Inhomirim e Guaimbé, necessita de aprovação

com o entorno deve ser desimpedida.

restauro

estabelecidos

nos

documentos

prévia do CONPRESP.

20


IMAGEM 30 - TEATRO MUNICIPAL ARTHUR AZEVEDO FONTE: GOOGLE STREET VIEW, RECORTE PELO AUTOR

IMAGEM 31 - E.E PANDIÁ CALÓGERASFONTE: GOOGLE STREET VIEW, RECORTE PELO AUTOR

21


VI - CONJUNTO RESIDENCIAL MOOCA/IAPI

Tombado conforme a resolução 18/2018 do

O tombamento assegura a preservação dos

CONPRESP, tombamento que visa a preservação

blocos

do Conjunto Residencial da Mooca, construído com

volumetrias

fundos do extinto Instituto de Aposentadorias e

externas, como os revestimentos, vãos, pilotis e

Pensões dos Industriários na década de 40, e tinha

coberturas. A construção de imóveis no entorno

como objetivo a moradia digna e salubre aos

imediato fica definida com altura máxima de 7

associados operários das indústrias. O conjunto

metros, e qualquer projeto e intervenção nos itens

exemplifica

para

tombados deverão ser previamente autorizados

trabalhadores que ocorreu entre as décadas de 30 e

pelo Departamento do Patrimônio Histórico, DPH e

60. Indústrias e galpões presentes no entorno desse

o CONPRESP.

a

produção

de

moradia

residenciais e

dos

conjuntos,

características

de

suas

arquitetônicas

conjunto foram demolidos para dar lugar a edifícios extremamente verticalizados e sem relação com o tecido urbano existente, modificando a paisagem da região,

e

apagaram

parte

da

memória

da

industrialização da Cidade de São Paulo.

22


IMAGEM 32 - VISTA ÁREA DO CONJUNTO RESIDENCIAL MOOCA/IAPI, 1950 FONTE: CADERNOS DE HABITAÇÃO COLETIVA - FAU USP

IMAGEM 33 - CONJUNTO RESIDENCIAL MOOCA/IAPI FONTE: GOOGLE STREET VIEW, RECORTE PELO AUTOR

23


1.5 |

A OPERAÇÃO URBANA O trecho da OUCBT (ver anexo 1) referente

mantendo a possibilidade de um adensamento

ao bairro da Mooca visa a criação de intervenções

prudente e efetivo por meio da cota parte e

que ampliariam o acesso aos espaços públicos, o

zoneamento.

aumento do adensamento habitacional do bairro, e também atualiza planos anteriores que estavam

Em relação ao patrimônio histórico tombado,

voltados ao alargamento de ruas e a ampliação de

suas diretrizes visam reorganizar as dinamicas

ligações com bairros vizinhos, vencendo a barreira

metropolitanas promovendo o desenvolvimento

imposta pela ferrovia. Conta também com a

econômico da cidade, e estabelecem o conceito de

previsão de criação de áreas verdes, parques e

preservação

praças, que ajudariam a reduzir a ilha de calor

culturais, que objetiva a aquisição dos bens

localizada, em especial na orla ferroviária, enquanto

tombados e seu restauro, com a reconversão para

os parques alagáveis ajudariam com a diminuição

usos voltados à economia crativa. Deste modo, os

de alagamentos na cidade.

galpões industriais em especial, serão preservados

do

patrimonio

e

das

iniciativas

e readaptados, evitando que sejam demolidos, ou Apresenta também diretrizes voltadas ao

que se tornem problemas urbanos pela insegurança

controle da vertiticalização por meio de instrumentos

gerada pelas extensas áreas vazias - as “áreas

que limitam o tamanho de novos lotes, e de

mortas” - onde o movimento de pedestres é

remembramentos, o que preservaria parte da

praticamente

conhecida paisagem da Mooca, porém,

noturno.

nulo,

principalmente

no

período

24


IMAGEM 34 - Diagramas da Operação Urbana Consorciada - Bairros do Tamanduateí - Fonte: OUCBT - Operação Urbana Bairros do Tamanduateí - recorte pelo autor

IMAGEM 35 - Maquete eletrônica do trecho Mooca - Fonte: OUCBT Operação Urbana Bairros do Tamanduateí - recorte pelo autor.

25


O CENÁRIO ATUAL

1.6 |

Atualmente a Mooca encontra-se em um

Posteriormente, em 2015 a OUCBT –

processo de mudança de usos e características,

Operação Urbana Bairros do Tamanduateí, buscou

devido a obsolescencia de seu parque industrial.

direcionar as políticas de adensamento populacional no bairro como também estimular a reconversão do

Essa mudança inicia-se com a aquisição de galpões

e

fábricas,

então

deteroriados

e

patrimonio industrial da Mooca, visando novos usos relacionados à economia criativa.

abandonados, pelas grandes incorporadoras, que A Mooca se encontra nas proximidades do

foram demolidos para a construção de conjuntos residenciais de alto padrão muito verticalizados.

centro expandido da cidade de São Paulo, e dentro do perímetro da Zona Leste, margeando a antiga

Visando a salvaguarda desse patrimonio,

ferrovia São Paulo Railway, onde atualmente se

houve uma certa urgência em aprovar resoluções de

encontra a linha 10 – turquesa da CPTM, e a antiga

tombamentos para alguns edifícios, porém sem a

estrada de ferro Central do Brasil, onde atualmente

criação de um plano de ação sobre os mesmos, que

se encontra a linha 3 – vermelha do Metrô, contando

acabaram sendo reconvertidos em estacionamentos

então

e se degradando lentamente pela ausencia de

Juventus/Mooca,

manutenção ou restauros.

Bresser-Mooca, do Metrô. Também acomoda um

com

duas da

estações, CPTM,

e

a

estação

a

estação

trecho da Av. Alcântara Machado, conhecida como Radial Leste, avenida que dá acesso as regiões centrais, e também com um fácil acesso ao bairro do Brás, grande centro comercial no setor textil. 26


avenida que dá acesso as regiões centrais, e

Levando

estes

fatos

em

consideração,

também com um fácil acesso ao bairro do Brás,

analisaremos o bairro segundo seus usos mais

grande centro comercial no setor textil.

relevantes, dividindo-o em quatro setores: O setor histórico/industrial, o setor residencial, o setor

Na atualidade, a Mooca possuí um território

comercial e o de transportes.

de 7.7km², uma população de 75.724 mil habitantes, e uma densidade habitacional de 9.834 hab/km². Seu IDH é de 0,869, de acordo com o Atlas do Desenvolvimento

Humano

no

Brasil,

e

sua

população tem renda média de R$ 2.334,84. Uma das características mais marcantes do bairro é sua culinária, devido a herança da imigração italiana, abrigando grande número de cantinas, restaurantes e pizzarias. ambém conta com grandes eixos de comércio, faculdades, escolas e polos de cursos técnicos.

IMAGEM 36 - Avenida Cassandoca, vista da Rua Taquari, 2019 - Fonte: Arquivo pessoal.

27


I - O SETOR INDUSTRIAL

A Mooca, conhecida como um dos bairros industriais de São Paulo, e com uma grande

igrejas, contudo, ainda mantendo sua volumetria original.

porcentagem de sua área voltada para o uso industrial, vê lentamente as indústrias mudando de

A Operação Urbana Consorciada - Bairros do

lugar, deixando grandes espaços subvalorizados,

Tamanduateí vem com um dos objetivos, a

estes que, apresentam grandes muros e fachadas

organização deste setor, promovendo a economia

sem abertura, gerando situações de risco para

criativa, e guiando a verticalização de uma maneira

quem circula na região, em especial, no período

controlada.

noturno. Nota-se também a demolição de grandes conjuntos industriais, alguns destes históricos, datados do começo da industrialização, e em outros casos a reconversão destes galpões sem sua demolição,

alguns

transformados

em

lojas,

shoppings, supermercados e até mesmo em

28


MAPA DE LOCALIZAÇÃO DAS INDUSTRIAS, FONTE: BASE GEOSAMPA, EDITADO PELO AUTOR

EDIFÍCIOS INDUSTRIAIS DEMOLIDOS

EDIFÍCIOS INDUSTRIAIS COM USOS CONVERTIDOS

ÁREA DE INTERVENÇÃO

EDIFÍCIOS INDUSTRIAIS, COM USOS INDUSTRIAIS

29


II - O SETOR RESIDÊNCIAL apresenta

Ao longo da Avenida Paes de Barros, o

características tipológicas residenciais variadas,

zoneamento previsto pela lei de Parcelamento, Uso

sendo, em sua maioria, sobrados residenciais, em

e Ocupação do Solo, lei nº 16.402, de 22 de março

lotes pequenos, alguns remanescentes das vilas

de 2016, propõe no eixo da Av. Paes de Barros, a

industriais

suas

criação de Zonas Eixo de Estruturação Urbana, que

características, outros, com a construção original,

consiste em zonas onde a otimização de áreas com

contudo, com certos graus de descaracterização

uma boa oferta de transporte público, com

devido as reformas promovidas pelos próprios

proximidades a pontos de ônibus, corredores,

moradores a medida do tempo. No eixo da Avenida

estações de trem e metrô e etc, são previstas para

Paes de Barros podem ser encontrados edifícios

estas zonas a potencialização do aproveitamento de

residenciais com características modernistas, e é ao

solo.

A

Mooca

originais,

residencial

e

mantendo

norte da avenida onde ocorre a verticalização mais

Como entre estes dois eixos se localizam a

massiva do bairro, em especial o trecho entre a Rua

maior parte dos usos voltados para o comércio e

da Mooca e a Avenida Paes de barros.

serviços, foi proposto a demarcação de novas

A região norte do bairro é onde as vilas

quadras, próximas aos eixos de grande importância

industriais com suas características e volumetrias

para a mobilidade da Mooca, sendo eles, a Rua da

originais estão mais concentradas, contendo até

Mooca e a Rua do Oratório, e foi proposto também a

mesmo um conjunto residencial tombado pelo

preservação das vilas industriais que mantém as

CONPRESP, o conjunto residencial Mooca/IAPI.

características tipológicas e construtivas originais.

30


DA

DO

ORA

A RU

M

RIO TÓ

CA OO

RU

AES DE B AR AP D RO NI S

JU RUA

M AN

A

E AV

A

MAPA DO SETOR RESIDÊNCIAL, FONTE: BASE GEOSAMPA, EDITADO PELO AUTOR

LARGO DA MOOCA ZONA DE CENTRALIDADE

AVENIDAS PROPÍCIAS A ADENSAMENTO LINHAS FÉRREAS METRÔ E CPTM

ZONA RESIDÊNCIAL A SER PRESERVADA

ZEU - ZONA EIXO DE ESTRUTURAÇÃO URBANA

ZEU - ZONA EIXO DE ESTRUTURAÇÃO URBANA (PROPOSTO)

ZONA INDUSTRIAL

31


III - O SETOR COMERCIAL E TRANSPORTE

A Mooca conta com um amplo sistema de

A Rua da Mooca, que é o caminho histórico para o

transporte público, com linhas de ônibus que a ligam

centro da cidade de São Paulo, e atualmente

a diversos bairros, e também tem em suas

também é um grande eixo de transporte e comércio

proximidades, 3 estações de metrô, e duas da

para a região, ligando a Mooca ao centro, no oeste,

CPTM, sendo dentro de seu perímetro, a estação

e ao leste, no bairro da Água Rasa, e a Rua do

Juventus - Mooca, da Linha 10 - Turquesa, na Rua

Oratório,

Monsenhor

concentração de comercio e serviços, e uma grande

João

Felipo,

e

a

estação

Bresser-Moooca, da Linha 3 - Vermelha do Metrô.

onde

também

ocorre

uma

grande

incidência de edifícios residenciais verticalizados, e leva ao Jardim Hadad, na região da Vila Prudente,

Suas vias principais são: A Av. Paes de

com uma possível ligação com a futura estação

Barros, que ao norte, leva à Rua Bresser, no sentido

Oratório, do futuro trecho Vila Prudente - Dutra da

Brás, e ao sul à Vila Prudente, esta pode ser

Linha 2 Verde do Metrô.

caracterizada como a avenida de maior importância atualmente para o bairro, onde a maior parte do seu comércio está localizado;

O comércio da região é, em grande parte, voltado ao vestuário e calçados, contanto também com uma cultura culinária rica, devido à herança cultural da imigração italiana no bairro, e também de serviços, como bancos por exemplo.

32


TATUAPÉ ÁGUA RASA

SA CAS AV.

A OC

N

VILA PRUDENTE JARDIM HADAD

A RU

O

ATÓRI O OR

RU AD

DO

Q TA UARI A U R

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METRÔ BELÉM

A PAES D ID EB N AR E V RO A S

RUA BRES SER VILA PRUDENTE

TR ILH OS

METRÔ BRESSERMOOCA

RU AD

OS

BRÁS

AV .A

LC Â

NT AR AM

AC HA

DO

ESTAÇÃO BRÁS

ESTAÇÃO JUVENTUS-MOOCA

VIAS ARTERIAIS VIAS COLETORAS VIAS LOCAIS

MAPA DO SETOR COMERCIAL E DE TRANSPORTE, FONTE: BASE GEOSAMPA, EDITADO PELO AUTOR

ZONAS DE PREDOMINÂNCIA COMERCIAL

ÁREA DE INTERVENÇÃO

CENTRO

33


2


REFERÊNCIAS

Escolhi como referências para este projeto, projetos urbanos que envolvam a reconversão de patrimônios industriais ou similares, como no caso dos portos, e projetos arquitetônicos que trabalham em conjunto com edifícios históricos, que tenham caráter cultural, em especial os projetos voltados para a memória e museus. Tendo como base esses critérios de escolha, os projetos Puerto Madero em Buenos Aires (1980), Distrito 22@ em Barcelona (2000), Porto Maravilha (2009), levam em consideração o restauro do patrimônio histórico e a reconversão dos usos, criam vetores de expansão cultural e econômica, criando novos polos de interesse para a cidade. Ainda

com

base

nestes

critérios,

os

projetos

arquitetônicos do Museu da Memória e dos Direitos Humanos, do Estúdio América; a Refuncionalização da Marconetti Ex-Mill da Subsecretaria de obras de Arquitetura de Santa fé; o Eco-Museu Delle Bonifiche, do escritório Archiplanstudio; e o Sesc Pompeia de Lina Bo Bardi, apresentam características projetuais interessantes para o tema em questão, além de promover o reuso adaptativo do patrimônio.

34


2.1 - PROJETOS URBANOS I - PUERTO MADERO O projeto de reconversão do Porto Madero em Buenos Aires tem seu início no ano de 1989,

como por exemplo os espaços públicos, o sistema de eletricidade, o sistema pluvial e etc.

com o início das reformas políticas sancionadas

Contudo, o projeto não se desenvolveu de

pelo presidente Carlos Menem, que objetivavam a

forma homogênea, e com o passar do tempo a

privatização de bens e serviços públicos, então a

CAPMSA mudou sua política de preservação

criação da Corporación Antiguo Puerto Madero

patrimonial que ocorreu na primeira etapa da

Sociedad Anónima (CAPMSA) foi efetivada por meio

reurbanização do porto, conforme demonstra o

destas medidas políticas.

trecho a seguir: “Assim, em 1998, ocorreu a demolição de

Com isso, a região do porto (composta por

edifícios centenários que careciam de valor

quatro diques conectados por pontes e limitados

histórico aos olhos da Corporação (CAPMSA)

pelas docas) que até então encontrava-se em

estes que posteriormente foram loteados, por outro

desuso, foi alvo de um projeto de reurbanização que

lado algumas das ampliações sofridas pelas

tinha

construções alteraram consideravelmente suas

como

preservação

uma e

das

principais

reconversão

dos

diretrizes 16

a

galpões

características

externas

e

internas,

e

suas

históricos. Os investidores foram responsáveis

aberturas

pelos projetos e construção de novos edifícios,

BRACCO; YACOVINO, 2013, p.35, tradução pelo

enquanto o dinheiro proveniente das vendas

autor) [1]

e

alturas.”.

(GIROLA;

GONZALEZ

promovidas pela CAPMSA garantia a criação da infraestrutura necessária para o novo projeto,

35


IMAGEM 37 - Vista dos elevadores de grãos em 1910, Fonte: wikipedia.org

O projeto conta também com áreas que possuem obras de grandes arquitetos renomados, como por exemplo Santiago Calatrava, César Pelli, Philippe Starck e Norman Foster, projetos que são altamente valorizados pelo governo local como grandes polos de interesse turístico para o bairro. Atualmente o bairro Puerto Madero é de alto padrão e tem um custo de vida elevado, com grande qualidade de vida e segurança para os moradores, e com o fato do valor arquitetônico atribuído aos edifícios históricos reconvertidos,

IMAGEM 38 - Vista da Ponte da Mulher (Santiago Calatrava) em 2015 Fonte: wikipedia.org

nota-se um

aumento no reconhecimento do patrimônio histórico pelos moradores não só da região, mas também da cidade como um todo. [1]

“Así, en 1998 se procedió al derrumbe de edificios centenarios que

carecían de valor histórico a los ojos de la Corporación y al posterior loteo de los terrenos despejados.Por otro lado, las modificaciones y ampliaciones que sufrieron

algunas

de

las

construcciones

preservadas

alteraron

considerablemente sus características externas e internas, sus aperturas y alturas.” (GIROLA; GONZALEZ BRACCO; YACOVINO, 2013, p.35)

IMAGEM 39 - Vista aérea da região das docas em 2018, Fonte: wikipedia.org

36


2.1 - PROJETOS URBANOS O bairro Poblenou fazia parte das quatro áreas

II - DISTRITO 22@ BARCELONA

olímpicas

que

iriam

criar

novos

pontos

de

centralidades para a cidade (GADENS; BEL, 2018). O bairro de Poblenou, localizado no distrito

Durante este período Barcelona se tornou referência

de San Martín, era até o século XIX uma região

de planejamento urbano, com características que se

caracterizada pela produção manufatureira, que

fizeram presentes anos depois, na criação do Plano

logo seria substituída pela produção industrial, no

22@ nos anos 2000.

final do mesmo século. Na época considerado um dos bairros mais ricos de Barcelona, vê sua

O Plano22@ visava a criação de uma área

decadência durante a crise de 1960, com perda da

onde o desenvolvimento urbano tinha como foco o

produção industrial e o início de um processo de

Conhecimento. Tendo essa premissa como base, o

desindustrialização – processo que outros bairros

plano possuía três eixos de atuação: o conceito de

industriais nos mesmos moldes viram ao redor do

edificabilidade, que objetivava o aumento do

mundo, como por exemplo a Mooca em São Paulo-,

potencial construtivo por meio da mudança do

o que tornou muito dos seus edifícios obsoletos, e

coeficiente de aproveitamento, incentivando a

como consequência, convertidos em espaços de

transformação urbana das áreas; o segundo eixo

deterioração urbana.

buscava a diversificação dos usos e o incentivo das atividades @ (atividades voltadas as áreas de

Esse quadro começou a mudar na década de

informação, economia criativa, comunicação e

80, com a preparação da cidade de Barcelona para

multimídia), que demandaria força de trabalho

receber os jogos Olímpicos de 1992.

altamente capacitada e, 37


com isso, a necessária criação de polos de educação e cultura; o terceiro eixo de atuação se baseia num sistema flexível de planejamento, onde as modificações no sítio ocorrem de forma gradual, com o respeito as preexistências, ao patrimônio e cultura. A junção dos três eixos de atuação gerou atualmente um bairro onde o desenvolvimento ocorreu junto com a preservação do patrimônio construído, não de modo isolado, mas em conjunto

IMAGEM 41 - Vista do projeto do Distrito 22@ consolidado - FONTE: architectuul.com

com a nova paisagem urbana (GADENS; BEL, 2018).

IMAGEM 42 - Vista do projeto do Distrito 22@ consolidado - FONTE: www.naiainvest.com IMAGEM 40 - Vista aérea do bairro Poblenou em 1929 - FONTE: Barcelona 2011

38


2.1 - PROJETOS URBANOS Com objetivo de revitalizar a área portuária

III - PORTO MARAVILHA

principalmente pela requalificação, expansão e articulação do espaço público, de modo a melhorar

A Zona Portuária do Rio de Janeiro foi vista

a qualidade de vida dos moradores de seu entorno,

como um local degradado na conhecida Cidade

objetiva também a permanência das características

Maravilhosa, mesmo sendo alvo de múltiplos

históricas,

projetos urbanos a partir da década de 80, apenas a

financiamento do plano viria da concessão de lotes

partir de 2009 que foi criado um projeto que

vazios e dos galpões como meio de incentivo ao

englobasse toda a região, surgindo assim o Porto

mercado imobiliário, além de incentivos como os

Maravilha.

Certificados de Potencial Adicional Construtivo CEPACs,

O projeto do Porto Maravilha, na cidade do Rio de Janeiro, segue os mesmos padrões de desenvolvimento

urbano

visto

em

sociais

onde

e

os

culturais

da

compradores

área.

teriam

O

a

possibilidade do aumento da área construída das edificações.

projetos

anteriores, como o projeto Distrito 22@ em

A região do porto conta então com projetos

Barcelona por exemplo. Objetiva a criação de

que renovam a cultura e incentivam o turismo,

parcerias

a

recuperam o patrimônio local e consequentemente

reconversão dos galpões e docas existentes e o

valorizam a área para empreendedores e turistas.

restauro das regiões de centralidade histórica. O

Entretanto, as áreas carentes presentes no entorno

projeto ocorre durante o cenário de renovação

não foram beneficiadas com esse programa, não

urbana que sucedeu os Jogos Olímpicos Rio 2016.

sofreram nenhum tipo de requalificação.

público

privadas

para

viabilizar

39


Portanto o investimento foi realizado de forma desigual, setores foram negligenciados no projeto -as regiões mais carentes - onde a infraestrutura urbana que estava prevista não chegou. Além disso, diversas polêmicas ocorreram, envolvendo desapropriações em algumas favelas, especialmente no Morro da Providência, que visavam a abertura de espaço para a implantação de um teleférico, inaugurado em 2014, mas inoperante

a

partir

de

2016

(ANGOTTI;

RHEINGANTZ; PEDRO, 2019).

IMAGEM 44 - Vista aérea do Pier de Mauá, com o Museu do Amanhã ao fundo - FONTE: www.diariodoporto.com.br

IMAGEM 43 - Vista do teleférico do Morro da Providência (atualmente desativado) - FONTE: www.diariodoporto.com.br

IMAGEM 45 - Vista externa do Museu de Arte do Rio de Janeiro FONTE: www.archdaily.com

40


2.2 - PROJETOS ARQUITETÔNICOS I - MUSEU DA MEMÓRIA

Já nos dois volumes localizados no térreo enterrado, estão os usos voltados para estudos,

Arquitetos: Estúdio América.

acervo, apresentações e cinema, e os setores

Localização: Santiago, Chile

administrativos.

Ano do projeto: 2009

proporciona uma fruição pública que permite

Esta

escolha

volumétrica

atravessar a quadra onde está sitiado, além da A criação do Museu da Memória e dos

criação deste espaço de passagem, também

Direitos Humanos parte da necessidade de um

proporciona um amplo espaço de permanência

espaço onde a memória dos anos da ditadura

onde diversas dinâmicas urbanas e sociais podem

chilena durante o regime de Augusto Pinochet

acontecer. (MELENDEZ A. 2010)

pudesse ser preservada. A volumetria se organiza a partir de um bloco - a área expositiva do museu - implantada de maneira a ficar no mesmo nível das ruas adjacentes, mas flutuando no contexto da praça que a abriga. Para

isso

os

arquitetos

autores

do

projeto

rebaixaram o nível do terreno, criando uma praça pública permeável e acessível, a partir da qual se

IMAGEM 46 - Vista Praça da Memória - FONTE: www.arcoweb.com.br

acessa o volume superior, onde estão localizadas as áreas expositivas. 41


IMAGEM 47 - VISTA PRAÇA DA MEMÓRIA, FONTE: WWW.ARCOWEB.COM.BR

PRAÇA DA MEMÓRIA

ACESSOS PRINCIPAIS

ÁREAS DE APOIO

ÁREAS EXPOSITIVAS

CIRCULAÇÃO

ACESSO À PRAÇA MEMÓRIA PRAÇA DA

IMAGEM 48- VISTA INTERNA , ESPAÇO EXPOSITIVO FONTE: WWW.ARCOWEB.COM.BR

42


2.2 - PROJETOS ARQUITETÔNICOS artes visuais e dança voltada para o público infantil.

II - REFUNCIONALIZAÇÃO DO ANTIGO MOINHO MARCONETTI

Partindo do conceito de incluir o projeto contemporâneo dentro do histórico, sem agredir as

Arquitetos:

Subsecretaría

de

Obras

de

características originais externas e estruturais

Arquitectura, Gobierno de Santa Fe.

deste, o grupo de arquitetos da subsecretaria de

Localização: Santa Fé, Argentina

obras de arquitetura realizou o levantamento do

Ano do projeto: 2017

estado de conservação do edifício e elementos posteriores a construção original foram demolidos.

O antigo moinho Marconetti, datado de 1920

Deste modo as novas intervenções de restauro

e localizado na região portuária da cidade de Santa

foram feitas, porém, de maneira contrastante com o

Fé, encontrava-se obsoleto e em processo de

original, respeitando as preexistências.

degradação, apesar de ficar situado numa região urbana valorizada. O moinho representa a produção arquitetônica

do

início

do

processo

de

industrialização do Brasil. O projeto da refuncionalização do Moinho vem como uma iniciativa do governo de Santa Fé e intentava a criação de uma escola de estética, música,

IMAGEM 49 - Vista externa do Moinho - FONTE: archdaily.com

43


ESTRUTURA PREEXISTENTE NOVOS USOS

IMAGEM 50 - VISTA INTERNA , SALAS DE AULA FONTE: ARCHDAILY.COM

IMAGEM 51 - VISTA INTERNA FONTE: ARCHDAILY.COM

44


2.2 - PROJETOS ARQUITETÔNICOS III - DAOÍZ Y VELARDE CULTURAL CENTER

Há também espaços de circulação com pé-direito duplo, e escadas em cascata que cria uma conexão

Arquitetos: Rafael de La-Hoz

espacial entre o preexistente e o novo. O projeto

Localização: Madri, Espanha

toma como partido o uso dos sheds para iluminação

Ano do projeto: 2013

zenital e mantém o conjunto de aberturas originais do edifício preexistente.

O projeto toma partido da existência de um galpão, sede de um antigo quartel militar, contudo, inserindo um novo uso na parte interna, um centro cultural. Os espaços que o extenso programa de um centro cultural necessita foram realocados de forma que a volumetria original fosse preservada, levando em consideração o gabarito dos edifícios lindeiros ao projeto. Desta forma, uma boa parte do programa encontra-se no subsolo, enquanto no nível do térreo existe um grande salão por onde é feito o acesso principal,

espaço

este

que

possibilita

IMAGEM 52 - Vista interna, área de convivência - FONTE: archdaily.com

usos

diversificados, como espaço expositivo ou local de permanência coberto. 45


IMAGEM 53 - VISTA EXTERNA, FONTE: ARCHDAILY.COM CHEIOS

VOLUMES ADICIONADOS AO EDIFÍCIO

IMAGEM 54 - ACESSO PARA O NOVO SETOR, FONTE: ARCHDAILY.COM

VAZIOS

VOLUMETRIA ORIGINAL

46


2.2 - PROJETOS ARQUITETÔNICOS IV - SESC POMPÉIA

um dos pioneiros no uso do concreto armado do século

Arquitetos: Lina Bo Bardi. Localização: São Paulo, Brasil Ano do projeto: 1986

XX,

o

francês

François

Hannebique,

estrutura única no Brasil até então (FERRAZ, 2008). Após essa descoberta, deu-se início ao processo de retirada dos rebocos das paredes para trazer de volta as características construtivas do

O projeto do Centro de Lazer Fábrica da Pompeia foi, na época de seu desenvolvimento, um

edifício, expondo sua estrutura e suas vedações de tijolos de barro.

projeto que diferia de toda a produção arquitetônica do período, com uma abordagem totalmente inovadora na questão da relação com o patrimônio preexistente, abordagem essa que é referencia mundial até os dias atuais. Localizado no terreno onde existia a antiga fábrica de tambores e que posteriormente foi comprada pela IBESA, durante o processo de construção do SESC, foi descoberto que a estrutura de concreto do galpão foi projetada por

IMAGEM 55 - Rua interna, acesso principal do SESC, FONTE: https://vejasp.abril.com.br/estabelecimento/sesc-pompeia/

47


As inovações não foram apenas no âmbito do

utilizando medidas abaixo do mínimo previsto pelas

projeto, mas também no processo de construção,

federações

pois o escritório de Lina Bo Bardi ficava no próprio

quadras e piscinas inadequadas para competições

canteiro da obra, em contato direto com os operários

oficiais, transformando a atividade esportiva em

da construção. Durante a etapa de projeto,

atividade recreativa, acima de tudo. (FERRAZ,

houveram testes in loco, sem a barreira que separa

2008)

o projeto “virtual” do projeto real, da obra.

esportivas,

deste

modo,

tonariam

A volumetria se sucedeu de forma a criar

O objetivo inicial era que o local fosse

duas etapas de projeto, onde a primeira seria a

chamado de centro cultural e desportivo, contudo, o

reconversão dos galpões industriais antigos, com os

termo cultural apresentava certo caráter burocrático

usos relacionados ao lazer e a convivência, e a

e impositivo, e poderia levar as pessoas a uma má

segunda etapa, com o edifício novo, verticalizado e

interpretação do intuito do uso do espaço, e talvez

de concreto armado, composto por dois blocos

causar uma inibição na apropriação do espaço pela

interligados por grandes passarelas de concreto

população. O termo desporte levava a ideia de

protendido.

competição, disputa, algo que seria nocivo para a sociedade. Alterou-se o nome para centro de lazer, o que propiciaria aos usuários a convivência entre si, gerando cultura ativa. Já em relação ao esporte, o projeto foi pensado de modo a atender as necessidades esportivas dos usuários, contudo, 48


IMAGEM 57 - INTERVENÇÕES NO EDIFICIO REEXISTENTE, FONTE: ARCHDAILY.COM

IMAGEM 56 - EDIFÍCIO NOVO EM CONTRASTE COM PREEXISTENTE, FONTE: ARCHDAILY.COM

IMAGEM 58 - PASSARELAS EM CONCRETO, ACESSO AO BLOCO ESPORTIVO, FONTE: ARCHDAILY.COM

IMAGEM 59 - DECK DE MADEIRA E GALPÕES PREEXISTENTES, FONTE: ARCHDAILY.COM

49


IMAGEM 60 - VISTA SUPERIOR, FONTE: GOOGLE EARTH, RECORTE PELO AUTOR EDIFÍCIOS PREEXISTENTES

CIRCULAÇÃO PRINCIPAL

NOVO CONJUNTO EDIFICADO

ÁREA DE PERMANÊNCIA

ÁREAS PRIVADAS DE ACESSO RESTRITO

ÁREAS PÚBLICAS

ÁREAS PÚBLICAS DE ACESSO RESTRITO

CIRCULAÇÃO VERTICAL CIRCULAÇÃO HORIZONTAL

50


3


PROJETO

Para a viabilização deste projeto, fez-se necessário o entendimento completo do bairro, e sua história, entraremos agora no âmbito de análise do terreno, a criação de um conceito e partido com base na história e necessidades do local, para assim a criação de um programa e uma solução volumétrica preliminar.

51


3.1 - ANÁLISE DO TERRENO O lote localizado na extremidade superior da

A região do entorno, tendo em sua maioria

quadra, na esquina da Rua Borges de Figueiredo,

usos comerciais, e alguns remanescentes da

com

onde

indústria original, coexistindo também com as

atualmente existem grandes galpões do período da

poucas vilas industriais que restaram na região

industrialização de São Paulo, correspondentes aos

envoltória.

a

Rua

Monsenhor

João

Felipo,

séculos XIX e XX, alguns destes demolidos, outros deteriorados e abandonados, com usos voltados

A Operação Urbana Consorciada - Bairros do Tamanduateí tem como um de seus instrumentos a

para estacionamentos e depósitos.

reconversão deste patrimônio industrial em áreas de na

economia criativa, instrumento que atua nos moldes

resolução 14/2007 do CONPRESP permanecem, de

de inúmeros projetos urbanos pelo mundo, sendo

certa forma preservados, contudo, em processo de

alguns deles detalhados neste trabalho, como por

deterioração, e em alguns pontos específicos,

exemplo o Distrito 22@, em Barcelona, que é o

reconvertidos, como ocorreu nos antigos moinhos

modelo que mais se assemelha com o cenário

Minetti Gampa, onde o uso foi reconvertido de modo

encontrado

a mudar para um campus universitário.

especificamente, na região da orla ferroviária.

Os

galpões

que

foram

tombados

atualmente

na

Mooca,

mais

52


IMAGEM 61 - GALPÕES DA MOOCA FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2020

IMAGEM 63 - GALPÕES DA MOOCA FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2020

IMAGEM 62 - GALPÕES DA MOOCA FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2020

IMAGEM 64 - GALPÕES DA MOOCA FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2020

53


3.1 - MAPA DE DENSIDADE HABITACIONAL

De 0 à 100 hab/ha De 100 à 150 hab/ha De 150 à 200 hab/ha

00 25

50

100

MAPA DE DENSIDADE HABITACIONAL - FONTE: BASE GEOSAMPA, DADOS GEOSAMPA, EDITADO PELO AUTOR

De 200 à 300 hab/ha Mais de 300 hab/ha

54


3.1 - MAPA DE ZONEAMENTO

ZEIS - 3 ZOE - ZONA DE OCUPAÇÃO ESPECIAL ZM - ZONA MISTA

00 25

50

100

MAPA DE ZONEAMENTO - FONTE: BASE GEOSAMPA, DADOS LEI Nº 16.402 DE 22 DE MARÇO DE 2016, EDITADO PELO AUTOR

ZC - ZONA DE CENTRALIDADE

55


3.1 - MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

ÁREA DE INTERVENÇÃO COMERCIAL RESIDENCIAL INSTITUCIONAL

00 25

50

100

MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO - FONTE: BASE GEOSAMPA, DADOS GEOSAMPA, EDITADO PELO AUTOR

EQUIPAMENTOS INDUSTRIAL

56


3.1 - MAPA DE GABARITOS

ATÉ 2 PAVIMENTOS DE 2 PAVIMENTOS A 5 PAVIMENTOS DE 5 PAVIMENTOS À 10 PAVIMENTOS

00 25

50

100 GABARITOS - FONTE: BASE GEOSAMPA, EDITADO PELO AUTOR

DE 10 PAVIMENTOS À 20 PAVIMENTOS

57


3.1.2 - ANTIGAS OFICINAS CASA VANORDEN Datado de 1909 o conjunto de galpões

A

resolução

14/2007

do

CONPRESP

localizados na esquina da Rua Monsenhor João

determina a preservação integral de todo o conjunto

Felipo com a Rua Borges de Figueiredo, projetados

construído, incluindo o antigo escritório na esquina.

pelo arquiteto Jorge Krug, possui, quase em sua totalidade, as características originais da época de sua construção, tendo também algumas leves intervenções começando em 1911, onde o bloco administrativo foi aumentado em um módulo, e o bloco operário aumentado em 9 blocos, contudo, mantendo a configuração estética das fachadas, modulações e sistemas construtivos originais e entrando em desuso por volta da década de 1950 (ZAHER, 2017).

RU AB OR GE SD EF

ÁREAS ADICIONADAS A PARTIR DE 1911

O

conjunto

conta

com

sistemas

IGU EIR E

DO

de

iluminação e ventilação natural por meio de sheds, sistema muito utilizado durante o período da industrialização da cidade, e é um dos únicos que, apesar de deteriorado, apresenta as características construtivas da época. 58


IMAGEM 65 - OFFICINAS CASA VANORDEN, 1922 FONTE: SÃOPAULOANTIGA.COM.BR

IMAGEM 66 - VISTA INTERNA, TESOURA ESTRUTURAL ORIGINAL FONTE: EV.ESCOLADACIDADE.ORG

IMAGEM 67 - OFFICINAS CASA VANORDEN ATUALMENTE FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2020.

IMAGEM 68 - VISTA INTERNA, SETOR DE ESCRITÓRIOS FONTE: EV.ESCOLADACIDADE.ORG

59


3.1.3 - PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Os edifícios localizados na orla ferroviária da

margens da ferrovia tiveram seus usos alterados e

Mooca encontram-se em um lento processo de

atualmente são estacionamentos, ou até mesmo

desuso,

encontram-se sem uso algum.

devido

à

obsolescência

do

modelo

industrial implantado no começo do século XIX, contudo, estes edifícios possuem grande valor

Desta forma a abordagem escolhida foi a

histórico e cultural, tanto para a população local, por

requalificação

e

reutilização

como

forma

de

conta da questão da memória ligada a paisagem,

preservação do patrimônio, e como forma de

quanto como registro do que foi, e como ocorreu a

integração deste com o entorno, O projeto do Centro

industrialização não somente no estado de São

da Memória Arquitetônica da Mooca tem como

Paulo, como também no Brasil.

objetivo a criação de um espaço onde o processo de urbanização do bairro da Mooca, suas tipologias,

Por conta desta obsolescência e desuso,

características

construtivas

e

também

suas

alguns edifícios remanescentes deste período foram

dinâmicas sociais sejam registradas, estudadas e

demolidos,

características

expostas para a população, o projeto também

deformadas, e alguns poucos preservados e

garante a criação de uma nova dinâmica social para

reconvertidos. Os edifícios tombados pela resolução

a região em que se encontra, criando espaços

14/2007 do CONPRESP, que estão localizados as

públicos de qualidade, e revitalizando a área.

outros

com

suas

60


DEMOLIR

PRESERVAR

IMAGEM 69 - TERRENO ESCOLHIDO NA RUA BORGES DE FIGUEIREDO FONTE: GOOGLE EARTH, RECORTE PELO AUTOR

IMAGEM 70 - VISTA DA ESTAÇÃO DA MOOCA, FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2020.

IMAGEM 71 - VISTA FUNDOS DOS GALPÕES FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2020

IMAGEM 72 - LINHA FÉRREA E ORLA FERROVIÁRIA FONTE: ARQUIVO PESSOAL, 2020

61


3.2 - O PARTIDO De

modo

a

preservação

dos

galpões

Para a abordagem e o manuseio deste

tombados, e requalificar os galpões históricos

patrimônio,

foram

seguidos

os

parâmetros

tombados, foi proposto então a demolição dos

estabelecidos pela resolução de tombamento do

galpões que não possuem tanta importância

CONPRESP, os preceitos da Carta de Veneza, 1964

histórica, para abrir espaço para a implantação de

(ANEXO 2) e também os preceitos da Carta de

um novo edifício, e também para a criação de

Nizhny Tagil. 2003 (ANEXO 3), esta que é voltada

espaços públicos e de fruição, e também da

ao patrimônio industrial.

reconversão destes galpões, com a integração do programa do edifício novo, com o edifício antigo.

Para a criação de uma edificação antagônica, entretanto,

ao

mesmo

tempo

integrada

ao

A escolha dos galpões das Officinas Casa

patrimônio, foi criada uma ligação com os galpões

Vanorden se deu pelo fato desta preservar as

adjacentes, e utilizando também do subsolo como

características mais marcantes do período da

elemento conceitual do partido, criando uma

industrialização

galpões

espacialidade que proporcionará um amplo local de

modulares feitos de tijolos, a cobertura que provém

convívio e permanência. A disposição dos volumes

iluminação zenital abundante por meio dos seus

forma uma praça que possibilita uma maior

sheds, e também pelo seu atual estado de

permeabilidade na fruição pública que ligará a rua a

conservação, que apesar de ser datada do ano de

estação Juventus-Mooca.

do

país,

com

seus

1909, encontra-se em ótimo estado.

62


3.3 - O PROGRAMA 2 - ACESSO

BLOCO MUSEU 1

- SETOR MUSEOLÓGICO

1.1

SALAS

MULTIUSO

-

50m²

(2

2.1

HALL / FOYER 800m²

2.2

RECEPÇÃO/INFORMAÇÕES 30m² + GUARDA

VOLUMES 30m² = 60m²

SALAS)

2.3

LIVRARIA 50m²

1.2

HALL 200m²

2.4

CAFÉ 100m²

1.3

DIRETORIA 30m²

TOTAL = 1.010m² + CIRCULAÇÃO + WC

1.4

SALA DE ESPERA 30m²

1.5

SUBDIRETORIA 30m²

3 - SETOR MUSEOGRÁFICO

1.6

ESCRITÓRIOS 50m²

3.1

GALERIAS 150m² (1 POR ANDAR)

1.7

SALAS DE REUNIÃO 90m² (1 DE

3.2

SALÃO DE EXPOSIÇÕES 1200m²

25m² OUTRA DE 75m²)

3.3

SALAS DE EXPOSIÇÕES 600m²

1.8

MONTAGEM MUSEOFRÁFICA 30m²

3.4

SALAS MULTIMIDIA 100m² (EXPOSIÇÕES

1.9

LABORATÓRIOS DE CONSERVAÇÃO

AUDIOVISUAIS)

50m²

3.5

CAFÉ 100m² HALL/INFORMAÇÕES 150m²

1.10

DEPÓSITOS DE COLEÇÕES 235m²

3.6

1.11

SALA DE CONTROLE / GUARDA

TOTAL = 2300m² + CIRCULAÇÃO + WC

50m² 1.12

SALA DE DESCANSO 25m²

1.13

SALA DE INFORMÁTICA 25m²

TOTAL = 895m² + CIRCULAÇÃO + WC 63 55


3.3 - O PROGRAMA 4 - AUDITÓRIO

2 - OFICINAS

4.1 FOYER 200m²

2.1

4.2 CAFÉ 50m²

150m²

4.3 SALA 400m²

2.3

SALA MULTIUSO 100m²

4.4 APOIOS 250m²

2.4

SALAS DE AULA 50m²

TOTAL: 900m² + CIRCULAÇÃO + WC

2.5

ESTÚDIO DE MEMÓRIA 50m²

2.6

ATELIÊ COLABORATIVO 100m²

ÁREA TOTAL BLOCO MUSEU = 5.105m²

2.7

SALAS DE REUNIÃO 100m²

APROX.

2.9

FABLAB 200m²

OFICINAS DE RESTAURO E CONSERVAÇÃO

TOTAL = 750m² APROX. + CIRCULAÇÃO + WC BLOCO CULTURAL 3 - BIBLIOTECA 1 - CONVIVÊNCIA

3.1 - CONSULTA DE CATÁLOGO - 15m²

1.1

HALL/FOYER 250m²

3.2 - ATENDIMENTO 10m²

1.2

LIVRARIA 30m²

3.3 - ÁREA DE LEITURA - 210m²

1.3

ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA 550m²

3.4 - COLEÇÃO - 430 m²

1.3

ESPAÇOS MULTIUSO 360m²

3.5 - SALA DE CÓPIAS 15 m²

1.4

CAFÉ 130m²

3.6 - GERÊNCIA 20m²

1.5

COWORKING 400m²

3.7 - ENCADERNAÇÃO 50m²

TOTAL 1.720m² + CIRCULAÇÃO + WC

TOTAL 750m² + CIRCULAÇÃO + WC

64 55


3.3 - O PROGRAMA 5 - RESTAURANTE 5.1 - SALÃO/ATENDIMENTO - 275m²

7 - APOIO

5.2 - COZINHA 150m²

7.1 RESERVATÓRIOS - 20m²

TOTAL 425m² + CIRCULAÇÃO + WC

7.2 DML - 10m² 7.3 GERADORES 10m²

TOTAL BLOCO CULTURAL 3.645m² APROX.

7.4 VESTIÁRIOS 40m² 7.5 SALA DE DESCANSO / COPA FUNCIONÁRIOS

BLOCO ADMINISTRATIVO / APOIO

50m² 7.6 CARGA E DESCARGA 50m²

6 - ADM

TOTAL: 180m² + CIRCULAÇÃO + WC

6.1 ESCRITÓRIOS 60m² 6.2 DIREÇÃO 20m²

TOTAL BLOCO ADMISTRATIVO/APOIO 440m²

6.3 AQUISIÇÕES / DISTRIBUIÇÕES 20m² 6.4 ALMOXERIFADO 15m²

ÁREA TOTAL APROXIMADA DE PROJETO: 9.190m²

6.5 DEPÓSITOS 50m² 6.6 SECRETARIA 20m² 6.7 RECEPÇÃO 10m² 5.8 REUNIÃO 15m² 5.9 INFORMÁTICA/SERVIDORES 50m² TOTAL: 260m² + CIRCULAÇÃO + WC

65 55


3.4 - VOLUMETRIA

ETAPA 1 Demolição dos galpões não

ETAPA 2 Delimitação

do

ETAPA 3 terreno,

e

Criação

de

uma

ETAPA 4 solução

Compartimentação do programa

tombados, e que não possuem

identificação dos galpões tombados e preliminar volumétrica que ligue o proposto,

mais as características originais

suas tipologias e características.

de construção.

ETAPA 5

aprimoramento

Configuração proposta para os

ETAPA 6 Configuração final da proposta,

dos vazios e pés direitos, e circulações com uma praça que permita a fruição

patrimônio histórico a um novo volumes, e demolição e substituição verticais, e o uso do subsolo como pública volume construído.

dentro

da

quadra,

e

de partes dos galpões preservados espaço construído.

organizando os fluxos para a estação

que não apresentavam mais as

de trem.

características originais.

01 - Bloco cultural 02 - Bloco museu 03 - Bloco administrativo

66 55


A

3.5 - IMPLANTAÇÃO

RUA BORGES DE FIGUEIREDO 1.4 01 - BLOCO CULTURAL +733,00 +733,00

1.1 - HALL/FOYER 1.2 - ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA 1.3 - COWORKING 1.4 - CAFÉ 1.5 - BIBLIOTECA 1.6 - RESTAURANTE

1.2

1.1

1.3 +733,00

+733,00

+733,00 +733,00

3.1

1.6

RUA MONSENHOR JOÃO FELIPO

02 - BLOCO MUSEU 2.1 - HALL/FOYER 2.2 - SETOR MUSEOLÓGICO 03 - BLOCO ADMINISTRATIVO 3.1 - SETOR DE APOIO

+733,00

2.1

+733,00

+733,00

+733,00

+733,00 +733,00

1.5

2.2

+733,00

10 05

20

A

0

+733,00

67 55


A 3.6 - SUBSOLO 1.7 1.6

1.5

1.4

+728,50

1.3

1.2

1.1

01 - BLOCO CULTURAL 1.1 - OFICINAS DE RESTAURO E CONSERVAÇÃO 1.2 - SALA MULTIUSO 1.3 - ATELIÊ COLABORATIVO 1.4 - SALA DE REUNIÃO 1.5 - ESTÚDIO DE MEMÓRIA 1.6 - SALAS DE AULA 1.7 - ESPAÇO MULTIUSO

2.3

02 - BLOCO MUSEU

+728,07

2.1 - SALÃO DE EXPOSIÇÕES 2.2 - FOYER AUDITÓRIO 2.3 - AUDITÓRIO

2.2

2.1

+728,07

10 05

20

A

0

+724,47

68 55


A

3.7 - PRIMEIRO PAVIMENTO.

RUA BORGES DE FIGUEIREDO

01 - BLOCO CULTURAL 1.1 - ÁREA DE LEITURA +733,00

02 - BLOCO MUSEU

+733,00

+733,00

2.1 - SALA DE EXPOSIÇÕES

+736,30 +733,00

2.1

+736,30

+736,30

1.1

+733,00

+736,30

10 05

20

A

0

RUA MONSENHOR JOÃO FELIPO

P

+733,00

69 55


A

3.8 - SEGUNDO PAVIMENTO.

RUA BORGES DE FIGUEIREDO

01 - BLOCO CULTURAL 1.1

1.1 - FABLAB 1.2 - COZINHA

+737,65 +737,65

3.1

02 - BLOCO MUSEU 2.1 - SALA DE EXPOSIÇÕES 2.2 - HALL DE EXPOSIÇÕES / TRANSIÇÃO COM BLOCO CULTURAL 2.3 - SETOR MUSEOLÓGICO

+737,65

P

03 - BLOCO ADMINISTRATIVO 3.1 - SETOR ADMINISTRATIVO

+739,60 +739,60

+739,60

+739,60

2.3

2.2

+739,60

2.1

+739,60

10 05

20

A

0

RUA MONSENHOR JOÃO FELIPO

1.2

70 55 69 55


3.9 - CORTE AA

+744,60

+739,60

+736,30

+733,00

+733,00

+728,50

0

05

10

+728,07

20 +724,47

71 55


72 55


73 55


74 55


75 55


75 55


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Mooca, ou como a verticalização devora a paisagem

<http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_artt

e a memória de um bairro. Vitruvius. Disponível em

ext&pid=S0430-50272011000100005&lng=pt&nrm=

[https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitext

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os/12.140/4189] MIRANDA, Rosana Helena. Mooca: lugar de fazer Heterocronia

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(2018): Revista da ESDM, 10/2018.

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RODRIGUES, Angela Rosch, Patrimônio industrial e

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PROCHNOW, arquitetura,

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Ensaios,

Back. como

Revista

de Arquitetura

e

2002. Tese

(Doutorado

em

Estruturas

Urbanismo. Brasil, n. 15 (2012)

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SILVA, Paulo Fernando Jurado da. Notas sobre a

Operação Urbana Consorciada – Bairros do

industrialização no estado de São Paulo, Brasil.

Tamanduateí – Subprefeitura da Sé.

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GADENS, Letícia Nerone; BEL, Joaquin Sabaté.

Disponível em

Planejamento

urbano

flexível

na

cidade

contemporânea: contribuições a partir da análise 76


do Plano 22@ Barcelona. urbe, Rev. Bras. Gest.

ANGOTTI, Fabíola Belinger; RHEINGANTZ, Paulo A.;

Urbana, Curitiba , v. 10, n. 3, p. 558-575, Dec.

PEDRO, Rosa Maria Leite Ribeiro. Performações e

2018

múltiplas realidades do Porto Maravilha: entre consensos, resistências e controvérsias na zona

FERRAZ,

Fábio

consorciadas

em

José. São

Operações Paulo

urbanas

aplicação

do

portuária do Rio de Janeiro. urbe, Rev. Bras. Gest. Urbana, Curitiba , v. 11, e20180081,

2019.

instrumento em diferentes contextos. 2018. Tese( Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo) - Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas-SP. GIROLA, María Florencia; GONZALEZ BRACCO, Mercedes; YACOVINO, María Paula. Procesos de constitución del espacio público en buenos aires desde una perspectiva etnográfica: el lugar del patrimonio

urbano

en

la

configuración

contemporánea de tres barrios porteños. Pap. trab. - Cent. Estud. Interdiscip. Etnolingüíst. Antropol. Sociocult., Rosario , n. 25, jun. 2013

77 55


ANEXOS ANEXO

1

-

OUC

(BAIRROS

DO

TAMANDUATEÍ)

2. Assegurar o direito a moradia à quem precisa, estratégias que tem como objetivos a promoção de uma

regularização

fundiária

das

áreas

de

A operação urbana Bairros do Tamanduateí

assentamentos precários nas regiões da Vila

tem como objetivo a criação de estratégias que

Prudente, Vila Carioca, e Cambuci, a redução do

visam orientar o desenvolvimento dos bairros na

déficit habitacional atendendo 20 mil famílias, o

várzea do rio Tamanduateí, com a definição de

incentivo de produção de HIS fora dos perímetros

diretrizes que apontam para a reconversão do

das ZEIS, a promoção do chamamento público para

patrimônio industrial, o adensamento populacional,

aquisição de terrenos para HIS e equipamentos

a criação de novos empregos e atividades

públicos, a destinação de 15% dos recursos para

econômicas, e sanar a carência de equipamentos

equipamentos e 25% para habitação de interesse

públicos, principalmente nas proximidades dos

social. (OUCBT, Página 7)

eixos de transporte. 3. Melhorar a mobilidade urbana, estratégia que tem Os principais objetivos da operação são:

como objetivos a aplicação do recurso são a execução

de

conexões

entre

os

bairros,

a

1. Socializar os ganhos de produção na região,

implantação de passarelas para pedestres e

estratégia que tem como objetivos como o incentivo

ciclistas nas regiões das avenidas novas e estações

de parcelamento de grandes lotes, a incrementação

de trem e a implantação de um plano cicloviário que

de potencial construtivo e aplicar recursos de

ligue os bairros. (OUCBT, Página 8)

adesão no perímetro expandido. (OUCBT, Página 6) 78


4. Qualificar a vida urbana nos bairros, estratégia

6.

que tem como objetivos a aplicação do incentivo de

promovendo o desenvolvimento econômico da cidade,

fachadas ativas e usos mistos, o incentivo da fruição

estratégia que tem como objetivos a sustentação das

pública,

a

atividades industriais, e a criação de padrões

qualificação dos caminhos históricos e avenidas

urbanísticos específicos como por exemplo: O

junto aos rios e o aumento da arborização urbana.

gabarito controlado de 28 metros e a isenção de

(OUCBT, Página 9)

parcelamento obrigatório no setor Henry Ford, a

a

garantia

de

calçadas

largas,

Reorganizar

as

dinâmicas

metropolitanas

implantação de uma plataforma logística que vise a nas

organização e distribuição de cargas no setor da Vila

proximidades do transporte público, estratégia que

Carioca, a aquisição de edifícios tombados para

tem como objetivos o incentivo de adensamento nos

promover o restauro e a reconversão dos seus usos,

eixos principais de transporte, como por exemplo, a

voltando-os para a economia criativa, e o incentivo de

Av. Alcântara Machado, Av. do Estado e das novas

usos mistos nos corredores de centralidade. (OUCBT,

avenidas, a promoção da requalificação de áreas de

Página 11)

5.

Orientar

o

crescimento

da

cidade

preservação permanente, o aproveitamento dos recuos frontais, adensamento proximo às estações de metrô e trem, e a otimização do uso da terra utilizando da cota máxima de 20m² e o uso do coeficiente de aproveitamento 4 para os novos empreendimentos. (OUCBT, Página 10) 79 55


ANEXOS ao

9. Preservar o patrimônio e valorizar as iniciativas

desenvolvimento da cidade, objetivo que tem como

culturais, estratégia que tem como objetivo a

estratégias a ampliação de áreas verdes, estratégia

destinação de 4% dos recursos para preservação

que tem como objetivos a ampliação de áreas

dos bens tombados, a aquisição dos imóveis

verdes com a implantação de 11 novos parques, o

tombados para o restauro e reconversão de usos,

incentivo da permeabilidade nas áreas de encosta e

em especial para atividades ligadas à economia

áreas de várzea, diminuir a ilha de calor utilizando

criativa, o incentivo a preservação de bens culturais

de recursos da quota ambiental e a aplicação do

por meio de transferência de potencial construtivo,

incentivo

o controle do gabarito e tamanho dos terrenos no

7.

Incorporar

a

de

agenda

certificação

ambiental

dos

novos

subsetor hipódromo, e a recuperação da visibilidade

empreendimentos. (OUCBT, Página 12)

do monumento à independência. (OUCBT, Página 8. Fortalecer a participação popular nas decisões

14)

dos rumos da cidade, estratégia que tem como objetivos a criação de um conselho gestor partidário formado por membros do governo e da sociedade, e a implantação de um sistema que monitore a participação

da

sociedade

nas

questões

de

aprimoramento e controle social da OUCBT. (OUCBT, Página 13)

80


É, portanto, essencial que os princípios que

ANEXO 2 - CARTA DE VENEZA (1964)

devem presidir à conservação e à restauração dos monumentos

DE MAIO DE 1964

sejam

elaborados

em

comum

e

II Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos

formulados num plano internacional, ainda que caiba a

dos Monumentos Históricos ICOMOS - Conselho

cada nação aplica-los no contexto de sua própria

Internacional de Monumentos e Sítios Escritório

cultura e de suas tradições.

Carta

internacional

sobre

conservação

e

restauração de monumentos e sítios.

Ao dar uma primeira forma a esses princípios fundamentais, a Carta de Atenas de 1931 contribui

Portadoras de mensagem espiritual do

para a propagação de um amplo movimento

passado, as obras monumentais de cada povo

internacional que se traduziu principalmente em

perduram no presente como o testemunho vivo de

documentos nacionais, na atividade de ICOM e da

suas tradições seculares. A humanidade, cada vez

UNESCO e na criação, por desta última, do Centro

mais consciente da unidade dos valores humanos,

Internacional de Estudos para a Conservação e

as considera um patrimônio comum e, perente as

Restauração dos Bens Culturais. A sensibilidade e o

gerações futuras, se reconhece solidariamente

espírito crítico se dirigem para problemas cada vez

responsável por preservá-las, impondo a si mesma

mais complexos e diversificados.

o dever de transmiti-las na plenitude de sua autenticidade.

81 55


ANEXOS A sensibilidade e o espírito crítico se dirigem

O texto desta Carta sobre o Património

para problemas cada vez mais complexos e

Industrial foi aprovado pelos delegados reunidos na

diversificados. Agora é chegado o momento de

Assembleia Geral do TICCIH, de carácter trienal,

reexaminar

para

que se realizou em Nizhny Tagil em 17 de Julho de

aprofundá-las e dotá-las de um alcance maior em

2003, o qual foi posteriormente apresentado ao

um novo documento.

ICOMOS para ratificação e eventual aprovação

os

princípios

da

carta

definitiva pela UNESCO ANEXO 3 - CARTA DE NIZHY TAGIL (2003) Preâmbulo CARTA DE NIZHNY TAGIL SOBRE O PATRIMÓNIO INDUSTRIAL (2003)

Os

períodos

mais

The International Committee for the Conservation of

Humanidade são definem-se através dos vestígios

the Industrial Heritage (TICCIH) Julho 2003

arqueológicos

que

antigos

da

testemunharam

história

da

mudanças

fundamentais nos processos de fabrico de objetos Internacional para a Conservação do Património

da vida quotidiana, e a importância da conservação

Industrial) é a organização mundial consagrada ao

e do estudo dos testemunhos dessas mudanças é

património industrial, sendo também o consultor

universalmente aceite.

especial do ICOMOS para esta categoria de património.

Desenvolvidas a partir da Idade Média na Europa, as inovações na utilização da energia assim como no comércio conduziram, nos finais do século XVIII, a mudanças tão profundas como as que 82


ocorreram entre o Neolítico e a Idade do Bronze.

as localidades e as paisagens nas quais se

Estas

localizavam,

mudanças

geraram

evoluções

sociais,

assim

como

todas

as

outras

técnicas e económicas das condições de produção,

manifestações, tangíveis e intangíveis, são de uma

suficientemente rápidas e profundas para que se

importância fundamental. Todos eles devem ser

fale da ocorrência de uma Revolução. A Revolução

estudados, a sua história deve ser ensinada, a sua

Industrial constituiu o início de um fenómeno

finalidade e o seu significado devem ser explorados e

histórico que marcou profundamente uma grande

clarificados a fim de serem dados a conhecer ao

parte da Humanidade, assim como todas as outras

grande público. Para além disso, os exemplos mais

formas de vida existente no nosso planeta, o qual

significativos

se prolonga até aos nossos dias.

inventariados, protegidos e conservados, de acordo

e

característicos

devem

ser

com o espírito da carta de Veneza, para uso e Os vestígios materiais destas profundas

benefício do presente e do futuro.

mudanças apresentam um valor humano universal e a importância do seu estudo e da sua

1.

Definição de património industrial

conservação deve ser reconhecida. Os delegados reunidos na Rússia por

A Carta do Património Industrial deverá incluir

ocasião da Conferência 2003 do TICCIH desejam,

as importantes Cartas anteriores, como a Carta de

por conseguinte, afirmar que os edifícios e as

Veneza (1964) e a Carta de Burra (1994), assim como

estruturas

a Recomendação R(90) 20 do Conselho da Europa.

construídas

para

as

atividades

industriais, os processos e os utensílios utilizados, 83 55


ANEXOS O património industrial compreende os

O período histórico de maior relevo para este

vestígios da cultura industrial que possuem valor

estudo estende-se desde os inícios da Revolução

histórico,

ou

Industrial, a partir da segunda metade do século

científico. Estes vestígios englobam edifícios e

XVIII, até aos nossos dias, sem negligenciar as suas

maquinaria, oficinas, fábricas, minas e locais de

raízes pré e proto-industriais. Para além disso,

processamento e de refinação, entrepostos e

apoia-se no estudo das técnicas de produção,

armazéns, centros de produção, transmissão e

englobadas pela história da tecnologia.

tecnológico,

social,

arquitetônico

utilização de energia, meios de transporte e todas as suas estruturas e infraestruturas, assim como os locais onde se desenvolveram atividades sociais relacionadas com a indústria, tais como habitações, locais de culto ou de educação. A arqueologia industrial é um método interdisciplinar que estuda todos os vestígios, materiais e imateriais, os documentos, os artefatos, a estratigrafia e as estruturas, as implantações humanas e as paisagens naturais e urbanas2, criadas para ou por processos industriais. A arqueologia

industrial

utiliza

os

métodos

de

investigação mais adequados para aumentar a compreensão do passado e do presente industrial. 84




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