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Ilustrações de: Bruno Amorim
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Textos de: Fernando Pessoa
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Fernando Pessoa Fernando Pessoa nasceu a 13 de Junho de 1888 e morreu a 30 de Novembro de 1935. Fernando pessoa foi é o poeta mais universal português, ele criou heterónomos bastante conhecidos como Alberto Caeiro; Álvaro de Campos e Ricardo Reis. «Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, Não ha nada mais simples. Tem só duas datas-a da minha nascença e a da minha morte. Entre uma e outra todos os dias são meus.» 1
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Culpa
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O que me dói não é O que há no coração Mas essas coisas lindas Que nunca existirão...
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São as formas sem forma Que passam sem que a dor As possa conhecer Ou as sonhar o amor.
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São como se a tristeza Fosse árvore e, uma a uma, Caíssem suas folhas Entre o vestígio e a bruma.
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Sonho. Não sei quem sou neste momento. Durmo sentindo-me. Na hora calma Meu pensamento esquece o pensamento, Minha alma não tem alma. Se existo é um erro eu o saber. Se acordo Parece que erro. Sinto que não sei. Nada quero nem tenho nem recordo. Não tenho ser nem lei.
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Fantasma
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Lapso da consciência entre ilusões, Fantasmas me limitam e me contêm. Dorme insciente de alheios corações, Coração de ninguém.
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Amor Como te amo? Não sei de quantos modos vários Eu te adoro, mulher de olhos azuis e castos; Amo-te com o fervor dos meus sentidos gastos; Amo-te com o fervor dos meus preitos diários.
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É puro o meu amor, como os puros sacrários; É nobre o meu amor, como os mais nobres fastos; É grande como os mares altisonos e vastos; É suave como o odor de lírios solitários.
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Amor que rompe enfim os laços crus do Ser; Um tão singelo amor, que aumenta na ventura; Um amor tão leal que aumenta no sofrer; Amor de tal feição que se na vida escura É tão grande e nas mais vis ânsias do viver, Muito maior será na paz da sepultura!
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Não: não digas nada! Supor o que dirá A tua boca velada É ouvi-lo já É ouvi-lo melhor Do que o dirias. O que és não vem à flor Das frases e dos dias.
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Lealdade
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És melhor do que tu. Não digas nada: sê! Graça do corpo nu Que invisível se vê.
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Traição
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Continuo a falar. Continuas ouvindo O que estás a pensar, Já quase não sorrindo.
Digo o que já, de triste, Te disse tanta vez... Creio que nunca o ouviste De tão tua que és.
Até que neste ocioso Sumir da tarde fútil, Se esfolha silencioso O teu sorriso inútil.
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Teus olhos entristecem Nem ouves o que digo. Dormem, sonham esquecem... Não me ouves, e prossigo.
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Olhas-me de repente De um distante impreciso Com um olhar ausente. Começas um sorriso.
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Quem me roubou a minha dor antiga, E só a vida me deixou por dor? Quem, entre o incêndio da alma em que o ser periga, Me deixou só no fogo e no torpor? Quem fez a fantasia minha amiga, Negando o fruto e emurchecendo a flor? Ninguém ou o Fado, e a fantasia siga A seu infiel e irreal sabor...
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Destino
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Quem me dispôs para o que não pudesse? Quem me fadou para o que não conheço Na teia do real que ninguém tece? Quem me arrancou ao sonho que me odiava E me deu só a vida em que me esqueço, “Onde a minha saudade a cor se trava ?”
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Morte
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A criança loura Jaz no meio da rua. Tem as tripas de fora E por uma corda sua Um comboio que ignora.
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A cara está um feixe De sangue e de nada. Luz um pequeno peixe — Dos que bóiam nas banheiras — À beira da estrada.
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Cai sobre a estrada o escuro. Longe, ainda uma luz doura A criação do futuro...
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E o da criança loura?
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Índice
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Pág.1 Biografia Fernando Pessoa Pág.2 Culpa Pág.4 Fantasma Pág.6 Amor Pág.8 Lealdade
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Pág.10 Traição
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Pág.12 Morte
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