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O que está em jogo no segundo turno? Eduardo Knapp/Folhapress

ELEIÇÃO Movimentos e intelectuais da esquerda alertam para o retrocesso do que pode significar um retorno da política neoliberal do PSDB

“Aécio representa o retrocesso conservador. Representa a retomada de pautas de precarização, ataques à previdência pública, privatização de setores estratégicos e criminalização das lutas populares” O Brasil de Fato fez essa pergunta para líderes de movimentos sociais e intelectuais da esquerda brasileira e a resposta foi unânime: reeleger Dilma Rousseff para evitar um retrocesso maior com a volta dos tucanos ao poder. É a opinião do coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos que argumenta que seu voto em Dilma se dá não por avaliar que o PT tenha feito um governo de esquerda, mas que Aécio e o PSDB são opções à direita. “Aécio representa o retrocesso conservador. Representa a retomada de pautas de precarização, ataques à previdência pública, privatização de setores estratégicos e criminalização das lutas populares”, apontou. A militante da Marcha Mundial da Mulheres Nalu Farias aponta que é a hora de uma mobilização entre os movimentos organizados para que se impeça as manipulações da mídia tradicional nessa eleição e “garantir que o debate seja feito em igualdade de condições”. “Para eleger Dilma é necessário ter uma campanha que explicite as diferenças de projetos, que dê seguimento ao que foi no primeiro turno em relação a politização do debate. É necessário também uma ampla mobilização, tanto das campanhas organizadas mas também do conjunto de movimentos sociais e organizações que têm um compromisso com a construção da justiça e da igualdade nesse país”, explicou.

A lembrança dos anos do PSDB no poder ainda é bastante forte na cabeça dos brasileiros. Apesar do plano Real ter controlado a inflação, o governo Fernando Henrique Cardoso ficou marcado pelo alto nível de desemprego, pelos juros altos e pelo desmonte e venda de dezenas de estatais, que foram entregues a preços irrisórios, em processos obscuros e fraudulentos, por exemplo, a Companhia Vale do Rio Doce.

“Enquanto no chamado ‘mundo desenvolvido’ o desemprego levou milhões de trabalhadores ao desespero, com o Estado cortando gastos, reduzindo direitos e precarizando as relações de trabalho, o governo brasileiro fez o oposto: fortaleceu o mercado interno”

Debate entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) realizado pela TV Record

O professor da Universidade de São Paulo (USP) Pablo Ortellado reforça que seu voto em Dilma Rousseff não significa que um segundo governo teria novos avanços “mas a manutenção do que se conseguiu conquistar. Com Aécio teríamos um retrocesso imenso”. A professora livre-docente da Universidade da São Paulo Deisy Ventura critica a realidade dos direitos humanos no Brasil, principalmente o cerco a manifestações populares e os ataques aos LGBTs, mas explica o seu voto em Dilma Rousseff por conta do diálogo. “Aquilo que na perspectiva do governo dela é um erro, na perspectiva de Aécio Neves é um acerto. Eu prefiro brigar com a Dilma pelos direitos humanos do que a total falta de diálogo com o PSDB de Aécio Neves”, disse. Pedro Mansan, da Pastoral da Juventude Rural, ainda reforça que Aécio defende projetos que vão piorar ainda mais a vida da população mais pobre do Brasil, como a redução de salários e a diminuição da maioridade penal, além de lembrar que, nos governos do PSDB, os movimentos sociais foram tratados como caso de polícia. Mais luta para os movimentos É quase uma unanimidade que os próximos quatro anos serão de muita luta para os movimentos sociais. Com

“Aquilo que na perspectiva do governo dela é um erro, na perspectiva de Aécio Neves é um acerto. Eu prefiro brigar com a Dilma pelos direitos humanos do que a total falta de diálogo com o PSDB de Aécio Neves” Crítica O apoio dos movimentos, porém, não apaga em nada a postura crítica que muitos têm dos 12 anos de governo do PT no país. A falta de reformas estruturais como a da mídia, a tributária e a política fazem com que alguns setores defendam o voto nulo no segundo turno. Os quatro representantes da esquerda no primeiro turno não declaram apoio formal a nenhum dos candidatos. Somente os deputados eleitos do PSOL lançaram carta em que defendem voto em Dilma Rousseff no segundo turno.

“Projeto neoliberal coloca o capital à frente do trabalhador” de São Paulo (SP)

Bruno Pavan de São Paulo (SP) O PARTIDO dos Trabalhadores (PT) e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) travam novamente a disputa, em segundo turno, para o principal cargo eletivo do país: a Presidência da República. O azul dos tucanos e o vermelho do PT deixaram novamente a chamada “terceira via” distante do segundo turno das eleições presidenciais. O que parecia uma forte tendência de novos personagens inseridos no debate acabou se tornando o reforço da velha polarização. Dilma Rousseff, defendendo sua reeleição e mais quatro anos de governo do Partido dos Trabalhadores. Aécio Neves, que obteve mais de 30 milhões de votos no primeiro turno, é o candidato tucano que talvez tenha mais chances de vencer a eleição desde a derrota de José Serra em 2002. Partidos com visões parecidas demais para alguns, um modelo diferente de desenvolvimento para outros, acontece que está na hora de se decidir: Dilma, Aécio ou nulo?

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brasil

de 23 a 29 de outubro de 2014

um Congresso representado principalmente por empresários e ruralistas, somente mais mobilizações vão poder trazer as vitórias necessárias. “Mesmo com Dilma eleita, a conjuntura do próximo período não será fácil, pois o Estado tem três poderes e dois deles são claramente conservadores, o Congresso que só piorou nessa eleição e o Judiciário que historicamente criminaliza as lutas do povo”, explicou Rosângela Piovizani, do Movimento de Mulheres Camponesas. O irmão Marcelo Barros da Associação Ecumênica de Teólogos (as) do Terceiro Mundo (ASEET) cobra uma postu-

ra mais ativa dos movimentos, que exija de Dilma e de seus ministros um diálogo mais efetivo com os movimentos e um afastamento da cúpula do PMDB.

“Com esse novo Congresso eleito, mais conservador do que nunca, será ainda mais importante votar no governo Dilma pedindo e exigindo mesmo mudanças radicais no sentido de uma política mais justa e solidária”

Roberto Navarro/ALESP

“Com esse novo Congresso eleito, mais conservador do que nunca, será ainda mais importante votar no governo Dilma pedindo e exigindo mesmo mudanças radicais no sentido de uma política mais justa e solidária com os povos indígenas, uma política que realize a reforma agrária justa e a partir dos lavradores e maior atenção à ecologia”. Adriano Ferreira, do Movimento de Trabalhadores Cristãos, diz que apoia a petista, mas que os movimentos devem “traçar estratégias de enfrentamento ao que está posto na gestão atual do governo Dilma”.

Para Guilherme Boulos, Aécio e o PSDB são opções à direita

O voto nulo: protesto ou irresponsabilidade? Aline Rebelo

de São Paulo (SP)

Manifestação pelo voto nulo nas ruas de Porto Alegre (RS)

Já Thiago Pará, do Levante da Juventude, tem críticas fortes às organizações que pregam o voto nulo. Para ele, o dis-

curso de “é tudo igual e tanto faz quem ganhar” é inconsequente e que o momento é de se tomar uma posição. “O voto nulo, ineficaz como voto de protesto, é essencialmente um voto irresponsável. As organizações que hoje convocam voto nulo, ou mesmo deixam margem para esta opção, nada mais fazem que se abster de influenciar os rumos do país”. Frei Sergio, do Movimento dos Pequenos Agricultores, também declara que não é hora de vacilações. “O que está em jogo é muito grande. Voto em Aécio é crime político contra os pobres e voto em branco ou nulo é omissão im-

perdoável neste momento da história”. Douglas Belchior, da Uneafro, que confirmou voto em Dilma, argumenta que respeita o voto nulo, mas não concorda com ele na conjuntura do segundo turno. “Mesmo que o número de votos nulos, somados aos brancos e às abstenções alcançassem índices ainda mais expressivos que os do primeiro turno, não acredito que surgiria daí uma alternativa de esquerda com um projeto maduro e com apoio popular, capaz de substituir o que temos. Cabe a nós assumir nossas fragilidades e reconhecer a baixa adesão popular às ideias progressistas”. (BP)

Wilson Dias/Abr

A falta de reforma política e de alternativas à esquerda do PT são apontadas como principais responsáveis pela guinada conservadora do Congresso de São Paulo (SP) Milhares foram às ruas em junho e julho do ano passado levantando as mais variadas bandeiras. O resultado, à primeira vista, foi satisfatório e os aumentos no transporte público foram revogados em praticamente todas as capitais do Brasil. Nada disso, porém, evitou que o brasileiro elegesse o Congresso Nacional mais conservador desde 1964, segundo estudo do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP). A renovação na câmara chegou a 40%, mas houve aumento significativo de militares, religiosos, ruralistas e empresários nas cadeiras. Isso significa que o próximo presidente terá dificuldades em fazer avançar pautas progressistas no legislativo a partir do ano que vem. Guilherme Boulos, do MTST, argumenta que a fadiga da população com o PT vem produzindo alternativas à direita e não à esquerda. “Não foi só a elite que votou nos conservadores, senão não teriam tido tantos votos. Os trabalhadores, o povo das periferias urbanas também faz parte desta onda”. O professor Pablo Ortellado aponta que a esquerda precisa de uma reorientação em seu discurso. Ele entende que essa ascensão conservadora acontece porque o debate entre direita e esquerda não acontece mais no ramo social e econômico, mas sim, nas questões morais. “Ao invés da oposição entre liberais que defendem a livre-iniciativa e socialistas que defendem a justiça social, temos uma oposição entre conservadores e progressistas em assuntos morais. Essa segunda clivagem não é a mesma que a que opõem liberais e socialistas, mas normalmente se articula com ela”, avalia. Segundo ele, o que aconteceu é que, há alguns anos, os conservadores foram bem-sucedidos em migrar o debate público para essa chave moral e com isso avançaram politicamente com uma

Manifestação contra corrupção realizada em frente ao Congresso Nacional (DF)

“A esquerda, ao meu ver, não entendeu ainda essa mudança que altera os termos do campo discursivo e exige que reorientemos a nossa retórica, só que numa moralidade oposta, compreensiva e tolerante” agenda preconceituosa e punitiva. “A esquerda, ao meu ver, não entendeu ainda essa mudança que altera os termos do campo discursivo e exige que reorientemos a nossa retórica, só que numa moralidade oposta, compreensiva e tolerante”, explicou Ortellado. Após a confirmação desse cenário nada otimista para as lutas progressistas no legislativo, muitos começaram a se perguntar qual teria sido, afinal de contas, o saldo das “jornadas de junho” em 2013. O desejo difuso de mudança manifestada nas ruas, para muitos, atrapalhou um possível avanço progressista. O irmão Marcelo Barros entende que o recado de mudanças das ruas chegou às urnas, mas não houve a preocupação de mudar para melhor. Thiago Pará, do Levante, considerou frágeis as referências políticas e organizativas dos envolvidos, mas reconheceu que elas abriram uma nova conjuntura para as lutas sociais.

A importância da reforma política Na outra ponta da corda, cresceu muito pouco a representatividade das mulheres, negros e indígenas na política nacional. De acordo com estudo do professor da UERJ Luis Augusto Campos, 71% dos deputados eleitos se declararam homens e brancos para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 15% são pardos e 3,5% pretos. As mulheres representarão quase 10% da Câmara. Somente 1,6% delas são pardas e 0,6% pretas. A única forma de corrigir essa diferença, de acordo com Nalu Farias, seria que se convocasse um plebiscito pela Constituinte exclusiva para a reforma política, proposta que já foi encampada por dezenas de movimentos e contou com mais de 7 milhões de votos favoráveis. “Precisamos de um sistema que garanta a inversão da representação hoje, ainda muito marcada pelos privilégios econômicos e de exclusão da classe trabalhadora e de setores comprometidos com as mudanças. Mas também consideramos que nessa representação deverá incluir as mulheres, os negros/as, jovens, indígenas, camponeses”, disse. Além da desigualdade econômica, a falta de espaço na mídia também alerta os movimentos para a importância da democratização da imprensa no Brasil. Para Thiago Pará, a falta de democracia no processo eleitoral brasileiro transfere a decisão para a grande mídia e os empresários, e acaba favorecendo a eleição de congressistas com perfil conservador. (BP)

“O Brasil não é mais um país contente internacionalmente” Roberto Stuckert Filho/PR

Em evento sobre a política externa, professores reforçam a maior integração regional que aconteceu com os governos petistas

“Eles querem implodir o Mercosul, e isso não é palavrório de esquerdista” Já o professor adjunto de Relações Internacionais da UFABC Gilberto Maringoni reforça que é na política externa onde mora a maior diferença entre os dois projetos presentes no segundo turno. “Existem algumas convergências na aérea econômica, mas é nas relações internacionais onde há o maior corte entre os dois candidatos”.

peia Durão Barroso e com a presidenta alemã Angela Merkel e eles nos disseram que não havia nenhuma contraproposta europeia e que dificilmente os 28 países vão aceitar o acordo ”, afirmou.

“A pauta da política externa foi tão determinante que nós só conseguimos aprovar algo que ainda é inédito em muitos países do mundo, que é o Marco Civil da internet, somente após as denúncias do Edward Snowden”

de São Paulo (SP) No dia 17, a PUC de São Paulo foi palco do debate Política Externa Brasileira nas eleições presidenciais de 2014: caminhos possíveis. Com a presença de Deisy ventura (USP), Gilberto Maringoni (UFABC), Sebastião Velasco (UNICAMP) e o assessor especial da presidenta da República, Marco Aurélio Garcia, o evento analisou a chamada política externa ativa e altiva, presentes nos governos Lula e Dilma. A professora livre-docente do Instituto de Relações Internacionais da USP, afirmou que um dos grandes avanços na política externa de 2003 é que o Brasil não é mais um país contente internacionalmente, como era no governo Fernando Henrique Cardoso. “Eu não voto em candidato que pensa que é europeu”, criticou.

No primeiro turno, mais de 11 milhões de pessoas foram até as urnas, mas não escolheram nenhum candidato a presidente. A soma de brancos e nulos no último dia 6 alertou muitos para o desinteresse da população pelo pleito. A opção de alguns movimentos é o voto nulo como modo de protesto contra o atual sistema político. Argumentam que nenhum dos candidatos possa fazer a reforma no capitalismo, já que ambos recebem financiamento das mesmas empresas e mantêm acordos políticos parecidos. O professor Ortellado argumenta que entende esse posicionamento da esquerda, mas que devido ao cenário que está sendo posto nessa eleição “não parece responsável votar nulo”.

“O que está em jogo é muito grande. Voto em Aécio é crime político contra os pobres e voto em branco ou nulo é omissão imperdoável neste momento da história”

O secretário-geral da Força Sindical João Carlos Gonçalves, Juruna, explica que o projeto neoliberal “coloca o capital à frente do trabalhador” e somente a presença maciça do Estado pode reverter essa lógica investindo em programas de distribuição de renda e inclusão social. Ele explica ainda como o governo brasileiro, na contramão dos governos europeus, conseguiu superar a crise de 2008. “Enquanto no chamado ‘mundo desenvolvido’ o desemprego levou milhões de trabalhadores ao desespero, com o Estado cortando gastos, reduzindo direitos e precarizando as relações de trabalho, o governo brasileiro fez o oposto: fortaleceu o mercado interno, ampliando o consumo de todos através de um projeto com estratégias ousadas de enfretamento da crise e com centralidade no emprego e no salário”, avalia. Segundo ele, para que o Brasil mantenha o crescimento é fundamental manter a recuperação do valor do salário mínimo e investir na oferta de empregos de melhor qualidade, principalmente no setor industrial. “Também é importante reduzir a taxa de juros, valorizando o setor produtivo em detrimento do setor financeiro”, reforça Juruna. (BP)

Congresso conservador e as mobilizações do ano passado

Presidentes dos Estados Partes do Mercosul durante cerimônia oficial

Integração regional A cooperação Sul-Sul é uma das grandes novidades das Relações Internacionais no país. Só no governo do ex-presidente Lula o Brasil abriu mais de 40 embaixadas em diversos países de África, fato que foi duramente criticado pela grande imprensa brasileira à época. A professora Deisy criticou a proposta de Aécio Neves de aproximar o Brasil com o pacífico, e reforçou que o PSDB olha para as relações internacionais com um olhar quase que exclusivamente no comércio. Maringoni alerta para a proposta de desmonte do Mercosul proposto pela campanha tucana, que ficaria limitado a uma área de livre comércio. “Eles querem implodir o Mercosul, e isso não é palavrório de esquerdista. O futuro ministro das Relações Exteriores de Aécio, Rubem Barbosa, defendeu essa posição em artigo no Estadão. Implodir o Mercosul significa im-

plodir toda uma construção de uma década de integração que não é só comercial, é muito mais profunda, de diversos governos de esquerda que ascenderam na última década. Isso também vai contra algo que foi construído de forma muito habilidosa que é a diversificação dos parceiros comerciais e políticos do Brasil, criticou. Marco Aurélio Garcia questionou a cobertura da imprensa que, para ele, faz um trabalho da falsificação das notícias. Ele usou o exemplo sobre o acordo do Mercosul com a União Europeia, que foi assinado pelos quatro membros do bloco. “A mídia está dizendo que esse acordo não está saindo por que a Argentina é contra. Falso. Os quatro países do Mercosul, a Venezuela não quis participar porque era membro novo, já assinaram a proposta. Acontece que nos reunimos com o presidente da Comissão Euro-

Política interna Quase esquecido nos debates presidenciais, grande parte da população não dá a devida importância para a direção da política externa no país, sem saber que muitas vezes o que acontece ao redor do mundo influencia diretamente a vida do povo. O professor Maringoni pontua grandes crises que aconteceram no mundo nos últimos 12 anos que integrou de forma direta a agenda interna brasileira. Ele lembrou de fatos que ocorreram na América Latina como os golpes contra os ex-presidentes do Paraguai e de Honduras e das relações do Brasil com Venezuela, Bolívia e Equador. “A pauta da política externa foi tão determinante que nós só conseguimos aprovar algo que ainda é inédito em muitos países do mundo, que é o Marco Civil da internet, somente após as denúncias do Edward Snowden. Só os movimentos que estavam nessa luta não teriam forças para conseguir essa aprovação frente ao lobby das telefônicas. Quando o Snowden denuncia que até a comunicação interna do governo estava sendo espionada pela NSA, o cenário interno do Congresso muda e possibilita a aprovação da neutralidade da rede”. (BP)


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