Revista Dinâmica | Edição 11

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( ÍNDICE )

Imagem da capa: Divulgação Universal Music/Hiroshi Sugimoto

4 5 6 8 12 15 17 19 23 26 29 32

Editorial Colaboradores Crônicas e Contos Minha rebelde escrita adolescente Educação e Formação Dia Internacional da Mulher Mitologia Apenas Ártemis Tecno+ Twittando! Embates e Debates Onde os fracos não têm vez Fazendo Direito Impunidades (parte I) Imagem e Ação Quesito tédio: 10! MP2 Mais do mesmo no horizonte Saúde e Beleza Agora é brasileiramente oficial: o ano começou! Com Água na Boca Feliz aniversário, Cidade Maravilhosa!


( EXPEDIENTE ) Diretora de redação Tereza Machado Redatora-chefe Fernanda Machado Diretor de arte Chris Lopo Editores Chris Lopo, Fernanda Machado e Tereza Machado Projeto gráfico Bonsucesso Comunicação Diagramação Chris Lopo Jornalista responsável Thiago Lucas Imagens não creditadas Jupiter Images Projeto inicial Antônio Poeta Anunciantes anunciantes@revistadinamica.com O conteúdo das matérias assinadas, anúncios e informes publicitários é de responsabilidade dos autores. Site www.revistadinamica.com Contato contato@revistadinamica.com Próxima edição 02 de abril de 2009

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( EDITORIAL ) Amigos Leitores Acabou o Carnaval, o país começa a retomar os problemas de seu cotidiano. A crise mundial continua forte, começamos a sentir o peso em nossos bolsos. O fantasma do desemprego anda por aí. Mas há outros olhares: escrevo da cidade do Rio de Janeiro, que junto com Salvador e Recife fazem o cenário para que o Carnaval Brasileiro seja único no mundo. Há coisas que o Brasil nunca perderá a majestade: café, futebol e carnaval. Podem falar, criticar, dizerem que fazem melhor, tudo bem, mas ainda fazemos o diferente. Mês de março, datas importantes, mas sem dúvida o Dia Internacional da Mulher receberá muitas atenções. A Revista Dinâmica cumprimenta todas as leitoras pelo seu dia, enviando votos de que todas, meninas, mocinhas ou senhoras, encontrem o caminho da felicidade numa sociedade que ainda guarda preconceitos contra a mulher. Esperemos que um dia isso evolua para uma parceria mais construtiva entre homens e mulheres, a família e o país agradecem. Confiram os bons artigos escritos por nossos colunistas.

Boa leitura! Tereza Machado


( COLABORADORES ) Chris Lopo

Clarissa Leal

(chris@revistadinamica.com) Gaúcho. Trabalha com web design desde 1997. Hoje é, além de web designer, designer gráfico, ilustrador e tenta emplacar sua banda de rock.

(clarissa@revistadinamica.com) Carioca. Biomédica apaixonada por leitura, teatro, cinema e boa comida. Amante das Ciências da Saúde, estuda para Mestrado em Biofísica.

Fernanda Machado

Kiko Mourão

(fernanda@revistadinamica.com) Carioca. Cientista da computação e apaixonada por design. Trabalha em sua própria empresa de comunicação.

(kikomourao@revistadinamica.com) Mineiro de Belo Horizonte. Estudante de direito. Além de fazer estágio na área também trabalha com sua maior paixão: a música.

Leila Mendes

Liana Dantas

(leila@revistadinamica.com) Carioca. Professora, Psicopedagoga e Mestre em Educação.

(liana@revistadinamica.com) Carioca. Estudante de jornalismo. Começou cursando Letras e hoje pensa na possibilidade de vender cosméticos.

Liz Motta

Mario Nitsche

(lizmotta@revistadinamica.com) Baiana e historiadora. Especialista em políticas públicas, produz artigos sobre violência contra a mulher.

(marionitsche@revistadinamica.com) Curitibano, dentista por profissão, filósofo por opção. Publicou o livro Descanso do Homem em novembro de 2005.

Priscila Leal

Tereza Machado

(priscila@revistadinamica.com) Carioca. Atriz e estudante de danças. Apaixonada pelo estudo da filosofia, da anatomia humana e de tudo que constitua o ser humano e suas possibilidades de expressão.

(tereza@revistadinamica.com) Cearense. Professora universitária, psicopedagoga e consultora educacional.

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( CRÔNICAS E CONTOS )

Minha rebelde escrita adolescente A escrita no estilo adolescente de ser na era da internet Leila Mendes

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onversava com uma grande amiga sobre o meu blog e minhas incursões pela escrita quando ela fez uma observação parecida com a que transcrevo abaixo. Perdoe-me se não estou sendo fiel. - Amiga, você me perdoa! Aqui vai uma crítica de quem te quer bem, mas a sua escrita tem traços de uma escrita adolescente. Ao que respondi meio impactada: - Você acha? - nessa altura já confusa sobre minha escrita. - Adolescente por quê? O que seria uma escrita adolescente? - Penso eu, enquanto ela continua: 6 Revista Dinâmica

- Por exemplo, quando você escreve: “adooooooooro”. - Mas isso é característica de uma escrita adolescente? Você acha? - Acho. Ela disse “acho” com uma certeza profética. Eu estava a-ca-ba-da! Depois de breves comentários sobre a pertinência de uma Mestra em Educação ter em seu blog textos grafados com uma escrita “adolescente”, encerramos o assunto. Quando me encontro frente a um dilema, tendo a ficar calada. Minha cabeça não permite que eu divida meus pensamentos com nenhum outro assunto. Ainda não recuperara meu tino... e embora nunca tivesse visto minha escrita como adolescente, a crítica de uma grande amiga não podia passar ao

largo, nem se eu quisesse. Aliás, nunca pensara que a escrita tinha idade, enfim! Mas antes de entrar na questão da escrita ser ou não ser adolescente, seria esse mesmo o motivo do incômodo? Minha amiga, que é psicóloga, quando souber disso, ganhará o dia. Aqui, caberia um “rs”. “rs” são as letras que usamos, para quem não sabe, para exprimir risos nos e-mails, MSN e blogs. Acho que o que me incomodou foi a referência a adolescência! Pasmem! Escrita adolescente: adolescente! Eu? Eu, que acredito ser tão adulta... é claro que de vez em quando tenho recaídas: papéis de carta fofíssimos, stickers, canetinhas coloridas. Mas nada exagerado. Apenas a curtição de ter o que não existia na minha época de


( Crônicas e Contos )

adolescente. E o que falar daquele programa de e-mail que personaliza as mensagens ? Nooooooooossa! (foi inevitável) Pensando bem, acho que muitas professoras fazem com o material de trabalho o que as “Barbies” fazem com os seus guarda-roupas. Voltemos à escrita adolescente. Analisando melhor, se escrita tem idade, a minha ainda não chegou a adolescência , ela ainda está na mais tenra idade, é uma bebezinha, pois que não tem mais que um ano. E se a metáfora da idade procede, eu ainda tenho muito que aprender... Quantos anos são necessários para se tornar um escritor? Mas, quanto a repetição de letras na escrita de uma palavra, lá vai meu argumento: uso-a como um recurso expressivo. Eu posso escrever: Nossa! e noooossa! E isso faz toda a diferença. Nossa é nossa e nooooossa é noooooossa. São semanticamente diferentes. No primeiro caso, denota um espanto. No segundo, um superespanto! É mais que nossa. Da mesma forma que adoro. Se eu digo que adoro, é porque gosto muito. Mas, se digo que adoooooooro é porque adoro muito mais. De que outra forma poderia expressar um superespanto? Nossa! meu Deus! extraordinário! Fantástico! não é a mesma coisa!

“Tá” bom, “tá” bom sei o que vão argumentar. Que essas palavras não existem na língua portuguesa... que é um jargão que caiu na graça do povo, penso eu.

lido textos em que o autor utiliza este recurso para intensificar, enfatizar uma palavra, mas não me lembro... alguém conhece? Preciso de uma permissão, uma legitimação para continuar escrevendo É tudo verdade, essas palavras não meus textos cotidianos utilizando existem. Não vamos encontrá-las esses recursos tão importantes para em dicionário, também não vamos mim, que não sou uma escritoencontrá-las em textos acadêmicos, ra... sou uma simples contadora mas vamos encontrá-las em abunde casos... e como contadora de dância na internet! Nos e-mails, casos, faço uso de muitas reticênno MSN, nos blogs... talvez deva cias que permitem-me expressar ser uma linguagem predestinada a a incompletude da fala, assim viver no mundo virtual... pois que como a linguagem informal e esses promíscua, proibida no papel. Já recursos expressivos pegados de não é mais nem o português, nem emprestado à fala. o brasileiro, subverteu a língua. Por outro lado, difícil não levar Não consigo deixar de dedicar em conta a observação da minha algumas conexões neurais à amiga. Ela é uma pessoa culta, questão. Posso ou não posso usar sensível e educada, gostaria de um punhado de letras para intenescrever: “cuuuuulta”, “sensíííível” sificar minhas palavras? Será que e “educaaaaaaaaaaada”, para dizer minhas letrinhas estão confinadas o tanto que ela possui destas três à internet? Submeto-me a regra ou qualidades, mas seria mais adesubverto-a? quado dizer: muito culta, pra lá de sensível e educadísssima. Ela bem Outro argumento a favor da resabe o quanto a academia vê com petição das letras (letrinhas seria maus olhos a escrita que foge aos infantil?) seria a aproximação padrões cultos da norma gramatique permite com a língua oral. O cal e preocupa-se com a imagem internetês usa além destes, outros que meus textos podem transmitir. recursos expressivos para dar conta Sábia aprendizagem! Preciso cuide “falar” o que se sente e pensa: os dar de atravessar essa fase adolesemoticons. Seriam os emoticons cente, rebelde e adentrar na fase adolescentes, infantis? Muita gente adulta, madura da escrita, sob pena pra lá dos 30 vai para o divã. de ser expulsa da academia antes mesmo de ter entrado! Tenho a vaga impressão de já ter

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( EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO )

Dia Internacional da Mulher Parabéns a você, Mulher, no dia 8 de março. Você faz a diferença! Tereza Machado

E

sta é uma coluna de Educação, portanto um local saudável para se discutir o papel da Mulher na construção do mundo em que vivemos. Muitas pessoas ainda não sabem qual a origem da escolha do dia 8 de março para ser o Dia Internacional da Mulher. Vamos a uma retrospectiva histórica. No Dia 8 de março de 1857, houve uma grande greve promovi8 Revista Dinâmica

da pelas operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque. Ocuparam a fábrica, reivindicaram melhores condições de trabalho, como redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e mais dignidade no ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida violentamente. As mulheres foram

trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano. Essas mulheres iniciaram, ainda no século XIX, uma luta pelos direitos das Mulheres, que eram negados num mundo onde a liderança era totalmente masculina. Perderam a vida por lutando pela abertura do diálogo com a sociedade. Desde 1975, as Nações Unidas comemoram no dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher.


( Educação e Formação )

CONQUISTAS

1788 O político e filósofo francês Condorcet reivindica direitos de participação política, emprego e educação para as mulheres. 1840 Lucrécia Mott luta pela igualdade de direitos para mulheres e negros dos Estados Unidos. 1859 Surge na Rússia, na cidade de São Petersburgo, um movimento de luta pelos direitos das mulheres. 1862 Durante as eleições municipais, as mulheres podem votar pela primeira vez na Suécia. 1865 Na Alemanha, Louise Otto, cria a Associação Geral das Mulheres Alemãs. 1866 No Reino Unido, o economista John S. Mill escreve exigindo o direito de voto para as mulheres inglesas. 1869 É criada nos Estados Unidos a Associação Nacional para o Sufrágio das Mulheres. 1870 Na França, as mulheres passam a ter acesso aos cursos de Medicina. 1874 Criada no Japão a primeira escola normal para moças . 1878 Criada na Rússia uma Universidade Feminina. 1901 O deputado francês René Viviani defende o direito de voto das mulheres. Revista Dinâmica 9


( Educação e Formação )

Desde essas conquistas marcantes, as Mulheres não pararam mais de procurar e ocupar seu lugar no espaço de uma nova sociedade que passa a ter na mulher um dos alicerces não só da família, mas também de todo uma complexa estrutura política-social-econômica-financeira de nosso atual estágio na social. O que mais chama a atenção é que a mulher conquistou seu lugar ao sol, sem deixar, porém, de cuidar de sua família. Cuida de seu marido e filhos, denotando competência em planejar, organizar e concretizar suas ações. Nós, educadoras, sabemos bem

como é difícil trabalhar na educação das crianças sem a parceria da mãe de nossos alunos. Hoje, a escola tem muitas outras funções, entre elas de dar a educação básica, aquela que vinha de casa num tempo onde a maioria das mães não trabalhava fora. Temos, nessa primeira década do século XXI uma realidade bem diferente, quase todas as mães necessitam trabalhar fora para auxiliar a receita familiar ou mesmo, se viúvas ou separadas, arcam com a maioria das despesas da casa. Estas mulheres, quase sempre, só vêem seus filhos, à noite, quando chegam à casa. Ainda irão ocupar

a função de administradora das tarefas domésticas, cuidando das refeições, arrumação, além de organizar roupa para lavar e passar. Ainda escuto muitos colegas professores reclamarem que as mães não ajudam os filhos a estudarem em casa. Costumo dizer que, em casa, mãe é ótima no papel de mãe, não é professora. Tem que dar amor, segurança, alimentar e planejar o dia com seus filhos. A questão de ensinar tem que ficar por conta da escola, não é questão de “acharmos” isso ou aquilo, é a realidade que se tem. A mulher foi à luta, é uma guerreira, trabalha fora e dentro de casa, é a chamada dupla-jornada, por que, então, ainda queremos que ela tenha tempo e paciência para ensinar os filhos em casa? A escola tem que mudar, tem que se ajustar aos tempos modernos. Queremos ter na família uma aliada, portanto tem de haver reciprocidade, as escolas também têm de ser parceiras.

A mulher do século XXI enfrenta o desafio de ser mãe e profissional ao mesmo tempo. 10 Revista Dinâmica

Falando em família, o final do século XX e o início do século XXI já demonstraram a urgência de reconceituarmos o termo família. Em tempos antigos, a família chamada de “família clássica” era composta por pai, mãe e filhos. Atualmente, temos famílias onde o cabeça é a mãe, cria seus filhos sem a presença do marido-pai, pais que criam seus filhos sem a presença da mulher-mãe, avós que criam os netos como se fossem filhos, além de outras concepções de casal, o que muda de forma mais radical este conceito de família. Não estamos levando em conta nenhuma análise de base sociológica na nova


( Educação e Formação )

estrutura familiar, apenas citando o que todos assistimos na vida cotidiana e, como tal, deve ser o ponto de partida para a educação não só familiar como também na Escola. Educar uma criança não é só darlhe instrução e informação, é também lidar com limites, ética, boas maneiras, entre outros aspectos, ou seja, cuidar de sua formação como ser humano único e cidadão com direitos e deveres. A Escola tem que mudar, tem que acolher melhor as necessidades das mães e das crianças. Percebo que a maioria já atende bem essa nova demanda, mas ainda há algumas que insistem em que mãe participante é aquela que “olha mochila, cadernos e dever de casa”. Que tal, mudarmos o foco do que se acha dever das famílias? Quem

sabe desta forma teríamos crianças mais ajustadas, mais felizes e mães sentindo-se menos culpadas por “roubarem” um tempo de convívio com as crianças por causa de seu trabalho? A mulher não trabalha só por necessidade, como ser humano, tal como o homem, necessita de uma realização profissional para sentirse útil, produtiva, transformadora do mundo que a cerca. O respeito pelo talento, habilidade e competência da mulher ainda tem um grande espaço a ser preenchido. Muito ainda a fazer para que possamos chegar a uma sociedade onde homens e mulheres não tenham que competir por uma vaga no mercado de trabalho, mas que possam ser amigos, cooperadores e solidários. Isso é o chamado Mundo Ideal? Pode ser,

mas, com certeza depende de nós toda mudança. Parabéns Mulher, que nesse dia 8 de março próximo haja um pouco mais de alegria em seu coração por alguma conquista desejada. E como mulher deixo os meus votos: Nós cuidamos das novas gerações, merecemos ter o nosso valor respeitado. Dica: “Norma Rae”, filme premiado pelo Oscar (de melhor atriz, para Sally Field). Aproveitem a dica, vejam este bom filme que traz o debate do mundo do trabalho feminino. Vale à pena conferir. Mulheres, parabéns!

Mulher: o futuro da humanidade está em suas mãos.

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( MITOLOGIA )

Apenas Ártemis Uma visão sobre sua história mitológica Mário Nitsche

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eto em trabalho de parto. O tempo. A coragem e a mãe, na mulher, ajudaram a menina nascer. Linda. Nasceu consciente de si e de existir; levantou-se olhou a mãe, o mundo e as aias. Viu suas mãos com sangue e colocando a direita dentro da mãe tomou a mão de Apolo e o ajudou a nascer. O gesto colocou o seu irmão gêmeo em contato íntimo com ela de novo só que agora sob a luz do sol. Limpou um pouco do sangue que o cobria e fitou-o longamente. As aias, embasbacadas olharam tudo e principiaram a fazer a parte delas do trabalho 12 Revista Dinâmica

sob o comando invisível da deusa. Ártemis cuidava dos detalhes e sua presença impunha força, liderança e chamava à ação. Ártemis e Apolo nasceram em Delos para serem grandes amigos. Ele o sol que corria pelo dia; ela a lua que iluminava a noite sobre os montes.

fulminante do miocárdio. Mas eles não sabem muito, uma vez que estudam coisas teóricas e estão confinados nos limites dos equipamentos e exames que têm.

Filhos de Leto e Zeus. Nada mais foi como antes. Aliás, nunca é.

Ártemis participou no combate contra os gigantes e ali fez parceria com o grande Heracles. Jogavam perfeitamente juntos. Uma equipe...

Ela ficou só. Beleza selvagem e virgem. Sua arma preferida, o arco, como Apolo. Caçava veados correndo atrás deles, emparelhando com eles. Linda, rápida... eficiente, fatal. Suas setas matavam sem dor e instanteamente. Mais tarde os médicos falaram sobre infarto

Ártemis é a cólera! Oríon o caçador gigante colocou-se no caminho da raiva da deusa e os motivos divergem segundo a história; mas o bem provável, é que o moço, num arroubo, (Sabe como é, né...) tentou violar Ártemis... Oríon até era um garoto legal... Meio saidi-


( Mitologia )

nho às vezes, mas só quando se empolgava ou tomava uma gelada a mais. Foi a última investida que ele fez. Ártemis sofisticou... não usou o arco com a seta que não tinha dor; mandou um escorpião que o mordeu à noite... com bastante dor. Conhecida e antiga a cólera de Ártemis contra a família de Atreu. Mas a coisa explodiu quando Agamêmnon falou uma frase meio boba numa caçada em Áulis onde ele esperava vento favorável para partir para Tróia. Matou um veado com grande categoria e comentou: “Cara! Nem sequer Ártemis teria conseguido matar o bicho assim! Beleza!”. Ártemis ouviu e enviou uma calmaria que imobilizou a frota inteira. Crise... Tirésias o adivinhador revelou a gênese daquele pequeno contratempo. Papo vai e vem e decidiram que o jeito era sacrificar à deusa, Ifigênia a filha do rei. Fazer o que? Mexer com vespeiro dá nisso. Mas no último momento Ártemis sustou o braço do carrasco, deu uma corça para o sacrifício e mandou Ifigênia para táurica, Criméia como sacerdotisa no culto que lhe prestavam. Medir as palavras era saudável com ela. Quando Agamêmnon voltou de Tróia dez anos depois, Ártemis acertou as contas com ele... Uma deusa selvagem que corria pelos bosques e montanhas na companhia de feras e davam-se muito bem. Que chato... Ártemis matou Calisto. Essa eu não gostei. Foi um exagero! Absurdo... Calisto era lindíssima; uma ninfa dos bosques e

florestas. Tinha jurado virgindade e passava os dias caçando com as companheiras de Ártemis. Divina... Indescritível... alta, curvas suaves como as de um rio bonito. Cabelos negros combinando com olhos profundos e escuros. Uma expressão maravilhosa, recatada... mas convidativa... A vida é bela. Um dia Zeus viu-a e gamou. Ficou muito doidão. Tinha bom gosto o moço. Ela também fez uns joguinhos de sedução, insinuou-se... e o deusaço chegou junto! Garoto! Mas chegou disfarçado de Apolo. Rolou. Maravilhoso... e um dia Calisto viu-se grávida. Disfarçou e ia indo bem até que Ártemis convidou-a juntamente com outras amigas e foram tomar banho numa lagoa. Não deu outra. Foi vista. Foi visto. Ficar nu revela...Ártemis expulsou-a e ficou muito, muito zangada. Hera, a principal esposa de Zeus soube e a coisa engrossou. Dizem que Zeus transformou a amante em uma ursa para escondê-la da raiva da esposa. Nada funcionou. Nesses momentos tudo complica, até. Hera e Ártemis foram tomar um chazinho. Papo vem, papo vai; “não diga...”, daqui, “ah essa não”, “Que sem vergonha...” dali. Ártemis resolveu usar o arco para fechar o assunto. Hera adorou. Um dia Calisto passeava em sua forma de mulher por um campo límpido, verde muito claro. Viu uma flor estranha e bonita. Um arrepio passou pela ninfa... Abaixou-se com todo o charme, apanhou-a e levantouse. Calisto estava lindíssima. Um vento suave agitava seus cabelos e a túnica branca. Levou a flor ao narizinho e absorveu o perfume dos céus. Nesse momento Ártemis disparou a seta. Calisto teve seu lindo corpo perpassado por uma

cor intensa e nem percebeu que deslizou para a relva enfeitando as flores. Ela era. Ártemis arrependeu-se. É sempre assim. Hera quase sempre dava um jeito nas amantes de Zeus e para isso um jeitinho... um bom papo ajeita... Dizem que o jeitinho brasileiro veio de lá. E ela, Ártemis tinha ficado irritada que a moça violara o pacto de permanecer virgem... Tudo criou uma atmosfera que culminara com o fim de alguém que tinha cometido um... erro! Acontece muito nas organizações e instituições onde fofoqueiros se juntam e têm alguma influência. Mas, Zeus, o garotão, transformou Calisto numa fulgurante constelação, a Ursa Maior, para lembrá-la quando olhava os céus. Todos nós podemos vê-la! Comenta-se que o aspecto mais significativo da personalidade de Ártemis era a sua impressionante tendência à vingança! Concordo até um certo ponto. Ela era vingativa e sua cólera ajudava que o ato da vingança fosse terrível. Mas, e isso é incrível, Ártemis aprendeu vingança com o Homo sapiens! Nós a ensinamos o vingar. Ártemis investia um tempo olhando, estudando o interessante ser humano mortal. O Homo sapiens era frágil e vivia pouco. Ficava decaído física e emocionalmente no fim do pouco de tempo que tinha. Multiplicava-se muito! Um espanto... Uma facilidade impressionante à corrupção e Revista Dinâmica 13


( Mitologia )

abuso ilimitado de poder. Sujeito a doenças variadas. Criara um Deus dos mais estranhos e ruins: o Comércio. Vivia diariamente num culto de adoração a ele e por isso sacrificava seus próprios pares, filhos e a vida. Os homens estavam constantemente em guerra mesmo sendo tão frágeis. Os videntes viam o homem como uma espécie que não viveria muito na Terra. Ela, Géia, ia eliminá-lo... O homem a violava como decorrência do culto ao Deus Comércio. Falava-se no Olimpo de quantidades imensas de homens como um mar... Ondas violentas... e um dia uma guerra nunca vista antes. Mas alguns da espécie humana eram nobres, bonitos e tinham princípios que os alevantavam! Havia mestres, pensadores, artistas, grandes médicos como Cherion; guerreiros famosos e maravilhosos seres humanos comuns que viviam bem. Não muitos. Uma outra parte dos homens precisava de liderança, ensino e eram potencialmente criaturas melhores. Mas a liderança humana era servidora do Deus Comércio, totalmente incluída no maligno e controlava o mundo. Os homens vingavam-se de tudo. Do que queriam ser e não puderam; de ofensas, do governo, do cônjuge. A vingança era a coluna dorsal dos relacionamentos pessoais e uma característica da raça. O Homem respirava vingança e Ártemis - conscientemente - foi influenciada por eles! Nesse aspecto ela gostou da gente. Por tempos e tempos Ártemis divertiu-se até ver os bosques e florestas sendo dizimados e diminuídos. Observou que as instituições humanas criadas para proteger a natureza, na 14 Revista Dinâmica

sua maioria, “faziam de conta” que cumpriam a função! Mas o Deus Comércio decidia sobre os bosques e florestas. Poucos homens e mulheres que tentavam ajudar, não tinham condições de serem efetivos. A grande questão que a deusa via, era, quem sabe, a de deixar que se destruíssem; mas isso poderia trazer no seu bojo uma destruição enorme na natureza... Ou apressar o processo do fim deles para evitar que o Grande Desastre acontecesse com a Terra. Uma imensa lua cheia papeava com Ártemis e presenteava a deusa com um brilho imenso nos seus olhos e aquecia a alma da moça. Ártemis pensou novamente a possibilidade de haver um outro e imenso Zeus, perfeito, muito melhor que seu pai, e que criara o todo em tudo... e mesmo os deuses! Um tremor passava por ela quando pensava assim. Se havia, conjeturava ela, criar o homem fora um erro? Quem saberia? Mas há muito e magnífico criado no Todo. E na realidade alguma coisa desconhecida protegia o ser humano. Uma espécie de poder maior. Porque? Quem se ocuparia com o limitado homem?

Sorrindo para a Lua ela tomou o arco segurando-o pelas extremidades, afastou ligeiramente as pernas e dobrou-o com facilidade. Manteve a tensão. Ártemis já tinha decidido a pena de morte para reino dos homens. Reconhecia não ser tão simples como matar uma ninfa bonita cheirando uma flor... precisava pensar um pouco para executar o juízo. Podia gerar tempestades imensas, enchentes, calores e desastres! Um bom começo. E desde que o mundo é mundo suas setas nunca erraram o alvo. E sendo perfeccionista aprendeu cabalmente a arte de dar o troco. Ártemis riu um riso alegre e espontâneo, meio moleque... Difícil... mas ela ia procurar dar um jeitinho...


( TECNO+ )

Twittando! Se você quer pegar a crista da onda conheça o Twitter, um site em que você conta para todo mundo o que está fazendo Chris Lopo

E

sses dias eu estava pensando “quando é que as operadoras do Brasil vão baixar as tarifas dos serviços SMS pra nós, brasileiros, podermos ter um gostinho do que se usa la fora?” Algumas horas depois, ao acompanhar o Twitter dos músicos, amigos e pessoas que eu admiro, fiquei pensando se não existia algum tipo de de aplicativo para o meu celular, um Nokia XpressMusic modelo 5220, em que eu pudesse enviar e receber atualizações do Twitter.

A empresa que mantém o serviço avisa que não envia atualizações para operadoras brasileiras. Não precisamos nem pensar muito para saber o motivo: os serviços de telefonia estão na disputa entre os que possuem maior carga tributária no nosso país. Você sabia que o governo cobra uma taxa de 40% da conta telefônica em impostos? Se a sua conta vem todos os meses R$ 100, você dá exatos R$ 40 para o Governo Brasileiro todos os meses. Justo com quem já paga imposto pra tudo? Eu não acho. Enquanto a entrevista bombástica do Sr. Jarbas Vasconcellos não tiver um

real impacto na política brasileira continuaremos a ter as taxas mais altas do planeta. Mas, como nosso assunto é tecnologia, não vamos nos prender às reclamações. Não precisei de muito tempo para achar o Twibble <www.twibble. de>, um software que roda tanto em celulares quanto em computadores (Mac/Windows/Linux). Quando você está na frente do computador, pode ler e enviar os “twitts” sem custo. Com ele já instalado no celular, você pode atualizar sua página ou receber as últimas atualizações de seus amigos, ou pessoas que você segue, Revista Dinâmica 15


( Tecno+ )

por um custo baixíssimo. Ontem fiz um teste: o envio de mensagem custou 5 centavos, enquanto receber as atualizações de todo mundo me custou míseros 21 centavos. Isso é mais barato que enviar SMS, principalmente se você quer que todos saibam o conteúdo da sua mensagem. O serviço funciona da seguinte maneira: você se cadastra no site com usuário e senha e cria sua página no Twitter. A minha é www. twitter.com/chrislopo. Após criar a senha, você pode pesquisar quais amigos estão cadastrados através do endereço de e-mail. Ao achar uma pessoa, basta clicar no botão “Follow” (seguir, em inglês), e você receberá as atualizações deste usuário toda vez que se conectar ao serviço. A pessoa recebe um aviso que você está seguindo ela, e ela escolhe se quer seguir você ou não. Você só recebe as atualizações de quem você adicionou. Portanto, você pode seguir 10 pessoas e ter 1000 seguidores.

É um serviço inicialmente sem muita importância. Muitos usam apenas para dar bom dia, dizer que estão almoçando ou para comunicar ao mundo que comprou o último CD do U2. Já algumas bandas utilizam para dar rápidos avisos aos fãs, com qual o show do dia, data do próximo show, se estão no estúdio ou ensaiando. Agências como CNN usam para dar as últimas notícias. Artistas das mais diversas áreas usam para avisar sobre onde farão exposições, links para entrevistas e atualizações de portfolio. Já vi, inclusive, casos de empresas que usam o Twitter para saber onde seus executivos estão. Através dele os escritórios sabem quando é que seu funcionário entrou e saiu de uma reunião, quanto tempo vai demorar no trânsito e também avisar a todos seus funcionários sobre reuniões e novas estratégias. O Twitter consegue ser um divisor de águas. Existem as pessoas que o consideram um serviço completamente inútil, assim como empresas

que poupam alguns bons reais com essas atualizações. É bom deixar claro que ele não é um substituto do blog porque não permite grandes atualizações, inclusão de imagens, textos grandes, vídeos, etc. Ele é feito apenas para pequenas atualizações, exatamente para que o custo de se manter atualizado fique lá embaixo. Você está pronto para “twittar”? O site do serviço é www.twitter.com, e atualmente está disponível apenas em inglês e japnês, mas você pode enviar suas atualizações em português sem problema algum. Antes que seja tarde: existe um site brasileiro que permite o envio de atualizações para o Twitter através de SMS, sem precisar pagar tarifa internacional. O endereço é http://sms.blog.br. O único problema é que o site é apenas uma ponte para o envio de mensagens, ele não as recebe.

Twibble: software que roda tanto em celulares

como em computadores. Com ele, você pode “twittar” sem dificuldade.

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( EMBATES E DEBATES )

Onde os fracos não têm vez A rua é um atrativo para quem nunca conheceu uma casa: a única opção para que nasceu sem opções Liz Motta

A

proprio-me do título ganhador do Oscar em 2008 para dar o tom a este texto que nada tem a ver com o mercado cinematográfico e muito menos com críticas sobre o desempenho dos atores/atrizes hollywoodianos/as; mais certo, talvez, seja a apropriação da metáfora que propõe seu enredo, mas numa dinâmica social ancorada na realidade brasileira e seus atores/ atrizes mirins que despontam diariamente nas mídias. Quando o assunto é violência, geralmente pensamos em assaltos, homicídios, latrocínios, guerra de facções, disputas de “bocas de fumo” ou o enfretamento de policiais e traficantes, mas em torno destas situações de conflito não enxergamos uma parcela da sociedade que sofre e vive a violência

em trincheiras sem proteção: os meninos/as de rua; ou como também são conhecidos, os menores abandonados. Rejeitados ou abandonados por suas famílias estas crianças e adolescentes sobrevivem nas vias públicas ao sabor da sorte e das mazelas sociais, contando com a boa vontade dos transeuntes e disputando as esmolas oferecidas. São meninos e meninas, em sua maioria entre 5 e 16 anos, que nunca conheceram o sentido da palavra família ou não conseguem discernir a distância que existe entre sobreviver e roubar, pois para eles o que importa é matar a fome ou aplacar os sintomas do vício do crack, da cola ou da maconha. A relação entre drogas e menores de rua é estreita. A quase totalidade da população de rua é usuária de algum tipo de entorpecente, seja para aplacar a fome ou o frio

ou para se sentir pertencente a um determinado grupo que lhe dê identidade. As crianças e adolescentes não fogem a esta dinâmica, por não terem ou fazerem parte de uma família buscam nos parceiros da rua o significado das relações parentais; daí andarem sempre em grupos de no mínimo três ou quatros. O uso de drogas é a principal motivação para os delitos que cometem e também o que os leva a uma morte prematura e violenta – a maioria não completa os 18 anos. Se pensarmos uma pirâmide social-marginal das ruas, o/a menor ocupa a base, pois é a mão-deobra mais abundante e barata para o crime. Além disso, é o alvo mais fácil da polícia e de traficantes; por não terem um espaço físico onde possam habitar; nômades, estes indivíduos abrigam-se ora em encostas de pontes, imóveis abandonados, bancos de praças, escadas Revista Dinâmica 17


( Embates e Debates )

de igrejas, ora nas calçadas onde estendem papelões sob e sobre seus frágeis corpos desnutridos. Não se trata aqui, com as assertivas acima, vitimizar os/as menores de rua; ao contrário, expor suas fragilidades nos faz pensar sobre como lidamos com o fato de que nossas crianças estão morrendo ou matando. Trata de avaliarmos o que, de fato, a sociedade precisa fazer – em comunhão com o Estado – para reverter esta triste e crescente realidade de violência de e com crianças e adolescentes. É fazermos um balanço, inicialmente, do nosso sistema educacional precário e que não dá conta dessas questões surgidas a partir do salto demográfico na década de 70 do século passado. E ainda pensar que a reforma educacional proposta nos anos de 1990, nasceu num contexto que o modo capitalista de produção traduz-se pelo lema: ser é ter; ou seja, numa sociedade que prima pelo consumo e enaltece os “vitoriosos” pelo sucesso de adquirir bens materiais, os marginalizados são aqueles que não conseguem alcançar o status de consumidor, não pelos meios lícitos. A Educação, no sentido amplo do seu conceito, fica entrincheirada entre a pressão de formar profissionais para o sucesso e, consequentemente o consumo e, pelo outro, abarcar toda uma população com diferenças, desigualdades e especificidades, as quais os profissionais de educação não conseguem lidar por não terem apoio da sociedade e do próprio Estado. Se conectarmos a Educação com o sistema prisional brasileiro perceberemos uma espécie de osmose 18 Revista Dinâmica

ou cadeia de conseqüências: o indivíduo não freqüenta a escola, não conta com uma formação profissional, não tem meios para consumir, portanto logo rouba e trafica, daí é preso e o sistema prisional dá a formação marginal que, no sentido contrário, seria o papel da escola. Nas ruas, a lei que prevalece é a do mais forte e do mais esperto. Crianças e adolescentes assassinados pelo tráfico ou pela polícia já se tornou banal e ainda ouço pessoas dizerem: “mereceu, quem mandou se meter com quem não presta?”, ou então: “ se estivesse em casa não arrumava confusão, não morria”. Pois é, se estivesse em casa... mas famílias inteiras vivem nas ruas em condições subumanas sendo a prevalência de crianças entre 0 a 9 anos. Como fugir de um destino trágico quando não se conhece outra realidade, senão a da rua? Como não ser usuário de drogas se já nasceu de uma mãe viciada em crack ou cocaína? Como ser saudável se nasceu com o vírus HIV herdado desta mãe soropositiva? Estes/as pequenos/as cidadãos/ãs vivem aqui e acolá roubando, traficando, se prostituindo; sim, são cidadãos/ãs, mesmo que uma certa propaganda veiculada na mídia televisa insista em dizer que “ (...) sem documento eu não sou ninguém. Eu sou Maria, eu sou João, com certidão de nascimento sou cidadão”. Embora o termo cidadão esteja relacionado aos direitos e ao exercício político, estes menores de rua são brasileiros e, para além e o mais importante: são seres humanos com direito a terem seus

direitos humanos preservados, pelo menos os direitos básicos: moradia, segurança, alimentação, educação e saúde. O leitor/a, neste momento, pode estar pensando: e se um menor infrator lhe assaltar? Ou se ele for violento com você? Será que eu continuaria pensando desta forma? Sinceramente, penso que sim. Eu faço parte do processo social, sou um dos elos da corrente, assim como qualquer um de vocês, caros/as leitores/as. Na verdade, comparo o nosso papel na sociedade como se cada um de nós fosse uma miçanga de colar. Se o colar quebra, rompe, todos nós caímos no chão. Voltando ao início deste texto, quando falava da metáfora entre o tema deste mês para esta coluna e o título do filme Onde os Fracos Não Tem Vez comparo a personagem Llewelyn Moss, o traficante atrapalhado que acha uma maleta cheia de dinheiro e quer, tão somente, se dar bem, viver com conforto ao lado da mulher e bem longe do buraco que vive, aos/as menores abandonados/as que só querem sobreviver, independente do bem ou do mal querem comer e pensar num futuro diferente; a rua, palco de sua tragicomédia, é dirigida pela violência e fica por conta de Anton Chigurh, personagem psicótico e insensível, frio e calculista interpretado pelo espanhol Javier Bardem. A rua é assim: fria, impessoal, estéril e por ser assim não há negociação, não há diálogo. Se mata e se morre, principalmente se morre porque lá é onde os fracos não tem vez.


( FAZENDO DIREITO )

Impunidades (parte I) O que faz a lei brasileira parecer patética Kiko Mourão

I

nicialmente, neste ensaio sobre a impunidade, veremos qual é o conceito e trataremos de um tema muito debatido: a impunidade penal.

não pode responder separadamente pelo problema da impunidade, mas todos atuando em conjunto, contribuem significativamente para que ela ocorra.

É importante observar que a impunidade não é a falta de aplicação da lei, e sim das penas da lei. Ou seja, é o não cumprimento de uma pena já determinada em sentença ou seu cumprimento em uma escala insuficiente para atingir padrões punitivos.

A impunidade pode ser entendida sob dois pontos. Primeiramente é o descumprimento de uma determinação legal. E sob outro ângulo, ainda podemos observar que a impunidade é um estímulo à continuidade da prática da conduta delituosa. Uma vez impune, o agente terá a segurança de atuar ilicitamente outra vez, sabendo que a punição por seus atos nunca virá.

Todos conhecem sobre esse tema, mas a maioria apenas sabe dizer que é culpa do governo, que é culpa do Brasil, que a lei é falha. É e não é. Cada um dos citados acima

Um dos maiores exemplos de impunidade no Brasil é a impunidade penal. O que todos dizem é que o código Penal brasileiro é obsoleto, mas o que não sabem é que ele está

entre os mais modernos do mundo. Então, na esfera penal, o que poderia causar a impunidade? Não é a lei penal em si, mas a burocracia processual e a falta de preparo do Estado para receber presidiários em condições adequadas. Por que os crimes ficam impunes? Por que o Código de Processo Penal já recebeu tantas alterações que se parece com uma colcha de retalhos, perdendo-se em seu próprio texto, travando o curso processual e deixando livre um criminoso (caso decorra o prazo para a condenação). Por que o Estado mal tem condições de manter os atuais presidiários. Quem dirá de receber novos? É de fundamental importância observar que a impunidade tem o Revista Dinâmica 19


( Fazendo Direito )

ponto de vista técnico e o ponto de vista pessoal. O pessoal é aquele compartilhado por todos nós, que vemos todos os dias centenas de criminosos livres e nos sentimos impotentes quanto a isso. Mas, para o olhar técnico a impunidade não pode ser baseada em presunção de culpa. De acordo com o princípio da inocência, ninguém será considerado culpado até trânsito em julgado de sentença. Isto é, do ponto de vista técnico, só ocorre a impunidade após o encerramento do processo, onde o réu foi de fato condenado por um tribunal competente e, apesar disso, não está cumprindo sua pena.

Como o processo penal pode acentuar ainda mais a impunidade? É sabido que o código penal prevê punições a todos os que cometerem ilícitos penais, indistintamente. Mas os que têm posses podem pagar por vários advogados, extremamente competentes, que se aproveitam dos milhares de acessos oferecidos pelo código processual penal para conseguir uma absolvição ou para protelar a condenação até a prescrição do prazo.

O próprio CPP se contradiz quando, em um setor veda aos delegados classificarem crimes, e em outro diz que caberá ao próprio A impunidade no Brasil se tornou delegado determinar o crime e aralgo cultural. Desde tempos remo- bitrar a fiança. E esse é apenas um, tos existe uma deficiência conside- dos vários exemplos que podemos rável na concentração de renda e os encontrar no CPP. E mais, arbitrar modelos escravistas deixam resquí- uma fiança deveria ser compecios sociais até hoje. Sendo assim, tência exclusiva de um juiz. Não a lei ficou conhecida por apenas podemos apontar pessoas especívaler para os pobres. Naqueles ficas, mas sabemos que acontece: tempos havia uma separação entre propinas compram fianças. ricos e pobres, na própria lei, o que A burocracia excessiva dos pronão mais ocorre, mas permanece cessos penais acaba por atar as atuando ocultamente sobre os mãos do Judiciário, que, embora pensamentos da sociedade. A psicologia fixada nas pessoas de classe tenha competência para aplicar a média e alta é simples: Criminosos lei penal, vê o seu trabalho atrasado por um código processual devem ir para a cadeia. Mas se um obsoleto, contraditório e cheio de nós cometer um ato ilícito, não de remendos aqui e ali. Muitos já pode pagar por ele da mesma forma que os marginais. Somos pesso- devem ter ouvido a famosa frase: a polícia prende e a justiça solta. as boas, merecemos, no mínimo, Não é assim. A polícia prende e penas mais brandas e não aquela vida humilhante na cadeia. A nossa a justiça, como representante do exposição ou até mesmo a simples Estado quer exercer o Jus Punienexpectativa de uma condenação ao di, o direito de punir. Mas com os longos prazos e os pormenores do inferno carcerário já serve como punição, não somos como aqueles CPP em benefício do réu a justiça criminosos. Ora, mas nós, descum- acaba tendo que soltar o indivíduo. prindo a lei, não seríamos também E por quê? Por que está na lei. A lei prevê isso. criminosos? 20 Revista Dinâmica

Tudo isso já faz parte do costume do brasileiro, portanto existe também, por trás da impunidade, um aspecto sociológico. Todos acham justo que um criminoso pague em uma penitenciária lotada por seus crimes. Mas se um jovem de classe média tira a vida de alguém ao dirigir alcoolizado por exemplo, aí a coisa muda de paradigma. O jovem é um garoto bom, estudante de algum curso superior, de família influente. Ele não pode pagar pelo “deslize” como um criminoso. E, vendo isso todos os dias, a sociedade se acostumou com a impunidade. Ela se tornou algo corriqueiro. Tanto que não damos importância. O que se diz é: já sabemos onde isso vai dar. Esse aí estará solto em breve. E o que se pergunta é: desde quando diferenças sociais são compensatórias de penas? É comum vermos até mesmo os operadores do Direito dizendo que a culpa é do nosso “atrasado Código Penal de 1942”. Absurdo. Em Direito Penal é regra aplicar-se a lei mais benéfica ao agente. Entretanto, os benefícios dados pela incoerência do CPP são grandes estímulos à criminalidade, pois, qualquer um sabe que se cometer um crime, não pagará por ele de forma adequada. Outro setor onde a impunidade é tão comum que já deixou de ser revoltante é a política. Apontem pelo menos quinze figuras políticas sabidamente culpadas de crimes financeiros que estão atrás das grades. Ora, é pedir muito, não? É absurdo vermos Fernando Collor se candidatando a cargos políticos enquanto, de acordo com a lei, deveria estar preso, ou, pelo menos,


( Fazendo Direito )

prestando contas à justiça. Outro exemplo interessante: circula um e-mail pela internet mostrando como deveriam ser as propagandas de alguns produtos e lojas. Quando chega numa marca famosa de absorvente, o garoto propaganda é ninguém menos do que Paulo Maluf. É realmente engraçado, mas por aí já é possível perceber que a impunidade, que é tema tão sério, serve, no Brasil, para fazer piadas. Não podemos negar que são piadas engraçadas, mas a cada vez que deixamos a gargalhada tomar o lugar da indignação e do questionamento, estamos contribuindo para que o Estado continue de braços cruzados em relação a um dos problemas que mais destacam o subdesenvolvimento de um país. A mídia tem o costume de auxiliar

o Estado a mascarar o problema. Quando a população começa a ficar revoltada com o descaso do Brasil com a segurança dos cidadãos, é feita uma cobertura ridiculamente patética ao caso Nardoni, por exemplo, mostrando que os autores não ficaram impunes. E isso conforta as grandes massas, que são manipuladas diariamente pela TV. Nesse exemplo foi feito um julgamento antecipado, mostrando como a mídia é capaz de influenciar o Poder Judiciário. O que se pode fazer para resolver o problema? Nada. A impunidade sempre vai existir. Um ou outro crime vai acabar impune. Mas podemos agir para atenuar significativamente o problema. Para início de mudança, é necessário afastar o atual Código de Processo Penal

e editar um completamente novo, dentro dos padrões constitucionais e baseado no código Penal, para que a lei possa finalmente atuar em harmonia. Ou, pelo menos, parar de revogar um artigo, editar outro, e efetuar mudanças em blocos inteiros do referido código. Em seguida, o sistema carcerário brasileiro precisa de uma revisão. Está tão esfarrapado quanto o CPP. Só então começaremos a ter uma perspectiva de mudança. Na próxima edição você acompanhará a segunda parte do estudo sobre a impunidade, abordando a impunidade civil. Não perca! Agradecimentos: Dra. Flávia Eustáquia Xavier, advogada cível e criminal, especialista em Direito Público.

“A impunidade no Brasil se tornou algo cultural.. (...) Sendo assim, a lei ficou conhecida por apenas valer para os pobres”.


atinja seu alvo.

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Revista Dinâmica: um novo conceito em informação e conhecimento.


( IMAGEM E AÇÃO )

Quesito tédio: 10! Ironicamente uma difícil tarefa: ser um telespectador animado no Carnaval, um período “animado” do país

mas coisas porque o batuque é diferente, outra cadência. Mas quem se importa comigo? Os canais que ediu pra parar, parou! O esperamos que nos salvem: TV Carnaval chegou e tudo Brasil ? Canal Futura? Um passa congestionou. A televisão reprises in-ter-mi-ná-veis do Sem virou uma grande lata de spray Censura e aquele cenário verde da fixador com glitter aplicado na perSegunda Guerra que me dá náusena de passista. E quem não pode as. O outro passa documentários e pagar TV por assinatura se joga programas sobre as raízes do carnanas marcas de cerveja e assiste a val que já passou o ano inteiro. todos os desfiles –uma viagem com Num momento pensei que Tia ácido sem ácido ou aluga todos os Ciata fosse baixar na Terra e pedir episódios da TV Pirata. Os quesiencarecidamente que parassem de tos como entretenimento barato usar o nome dela,porque ninguém e caseiro sem spray de espuma e foi capaz de fazer uma programacrianças correndo enlouquecidas ção de carnaval decente! cai e somos obrigados a pensar em algo diferente. E as coisas que terminam com Liana Dantas

P

O mais diferente para mim é o carnaval de São Paulo. A Rede Globo já tem um tempo que inventou essa ‘alegoria’ e o telespectador que se conforme. Eu não entendo algu-

“folia”? Isso é com a Bandeirantes. Aquela que acha a maior graça em mostrar cantores em cima de um trio e pessoas lá embaixo pulando. No quesito sarcasmo involuntário, ninguém barra a Record! Morri

de rir quando eles abordaram o carnaval no programa “Fala que eu te escuto”. Imagine a abordagem. Eles mostraram a reportagem da própria emissora com as rainhas de bateria e os “truques de beleza” para sair no carnaval, as escolas de samba e as pessoas com as fantasias pulando e cantando. De repente surge uma voz pior do que a do Cid Moreira (no quesito terror psicológico) e diz mais ou menos assim: “Mas tem um ooooutro lado do Carnaval...” Aí mostra carro capotando, rosto ensaguentado, criança chorando! Tive um colapso de risos pela sede de adivinhar DE QUEM vem essas idéias? Se o intuito deles era chocar, chocaram. O talento para o humor é incontestável. Fizeram coisas quem nem Richard Gervais (criador da série The Office) com seu humor detalhado conseguiu! Revista Dinâmica 23


HOUSE

( Imagem e Ação )

SÉRIES

Dr. House voltou a lá Van Damme

Não sei se foi só eu, mas notei uma certa agressividade desmedida na nova temporada de House? Parecia videoclipe de bandas “Numetal” do ano de 1999! Os diálogos são complementados com “cenas de ação”. A bengala dele praticamente se tornou a espada do He-Man. Incomoda.

UGLY BETTY

Perderam a mão de Betty Ok, Ugly Betty foi uma mega produção, tudo bem feito, bem escrito e executado. Adorei! Levou um ícone latino para o mundo de uma forma universal, sofisticou. Todo o mérito para a série. Mas esse material tem um fim – tem que ter um fim – e esse fim não chegou. Não há diálogo bem feito que resista a chatice esperada de um adiamento de um fim. Agora está um eterno lengalenga de idéias e ao mesmo tempo tudo muito (mais) corrido, o irmão afeminado de Betty virou “macho” o que pode até ser engraçado. Só que começaram a explorar a fundo a vida pessoal e mostrar um ângulo diferente dos personagens. Apesar de a qualidade da produção ser excelente ainda, as coisas se perderam. Fizesse um fim e um pós-fim.

UNITED STATES OF TARA

Séries com nome chatos

24 Revista Dinâmica

Eu nem consigo assistir série com nome chato! Deve ser um Toc meu ou mais um dos milhares de traumas acumulados. Nomes como Ghost Whisperer, Grey’s Anatomy e Private Practice não me motivam a assistir. Uma porque tem um roteiro estranho e a atriz tem cara de Maria do Bairro e outra porque eu não agüento mais série sobre médicos. O ER foi um marco, seria idiotice não reconhecer. Mas agora chega. Façam sobre, não sei, a profissão de gari, por exemplo? Inovador. Novidade com pompa: United States of Tara Uma série cheia de nomes e renomes: escrito por Diablo Cody e produzida por Steven Spielberg? Coisinha boba. A série aborda a vida de Tara, vivida por ninguém menos que Toni Collete, uma mãe de família norte-americana aparentemente normal. Só que ela sofre de Desordem de Identidade Dissociativa ou trocando em miúdos, múltiplas personalidades. Sua família sabe e mesmo


ESQUADRÃO DA MODA

( Imagem e Ação )

SÉRIES

assim a tratam de um jeito super natural e até elegeram qual das 4 Taras (sem trocadilho) preferem! Nos EUA é exibido pela Showtime (a mesma da maravilhosa Weeds), aqui no Brasil não há distribuição ainda, mas existem pessoas que já assistem baixando pela internet. O problema de ter pessoas reconhecidas pelo público é a grande expectativa causada antes e a grande frustração depois. Contudo, o canal já renovou com os produtores e já está na lista para a segunda temporada. E quem precisa de TV por assinatura? SBT Estréia (dia 3/3) Esquadrão da Moda! Acredita? A série originalmente “What not to wear” pertence a BBC4 e ficou mundialmente conhecida pelas britânicas engraçadíssimas Trinny e Susannah que arrasavam com as roupas das pessoas! De tanto sucesso, criaram uma versão nos Estados Unidos com um homem soltando penas chamado Clinton e uma mulher raquítica com uma cabeçona chamada Stacy. Esta que o SBT se inspirou para fazer a versão tupiniquim: Isabella Fiorentino, uma modelo raquítica e o styllist Arlindo Grund, um homem soltando a franga. Engraçado que logo o canal mais brega do mundo terá um programa que deixa as pessoas menos bregas?! A primeira temporada toda vai ser só com a equipe técnica e depois os apresentadores, né? Não, não vai. Infelizmente! Mas devia. Resumindo: Silvio Santos é ou não é o máximo?

{

Mas nem Silvio Santos teve forças para nos salvar dos looping chacoalhantes das atrizes rainhas de bateria de quesito samba no pé 0 e nem de carro alegórico pegando fogo de quesito terror do Rio mais terror do carnaval superando qualquer filme de Jack Estripador, 10. Agora, para quem tentou assistir televisão está mais que santificado: se não morreu de tédio agora, não morre nunca mais!

Revista Dinâmica 25


( MP2 )

Mais do mesmo no horizonte

Novo CD do U2 chega às lojas trazendo o mesmo de sempre e ainda assim, consegue ser muito bom

L

Fernanda Machado e Liana Dantas Colaboração: Chris Lopo

evou quase dois anos para ficar pronto, mas No Line On The Horizon (Universal Music), que chega às lojas e aos celulares Claro no dia 2 deste mês, mostra que a banda se especializou no tipo de música que faz. Sem qualquer invenção, o U2 manda o mesmo rock que o consagrou durante os 53 minutos de duração do álbum.

não o permite. Resta ver se, ao vivo, o vocal vai funcionar. Conhecendo U2 como conhecemos, com certeza vai funcionar.

Apesar das criticas sobre a semelhança na estratégia de marketing com o álbum Ghosts I-IV, do Nine Inch Nails (ver nota), nada mais existe entre o horizonte de Dublin e os fantasmas norte-americanos.

Magnificent flerta com barulhinhos eletrônicos, algo sombrio que bandas como Celldweller costumam a usar. Aos 30 segundos de música entra um teclado bem básico e um baixo que tem uma certa semelhança com The Hand That Feeds, presente no álbum With Teeth, também do Nine Inch Nails. O embalo também lembra um pouco a disco music, com uma bateria reta, palmas, mas temos o inconfundível timbre de guitarra de The Edge, mostrando que o U2 também olha à sua volta e bebe água das ondas passadas.

O disco abre com a faixa título, No Line On The Horizon, num embalo estilo Mofo e um vocal em que Bono arrisca fazer coisas que sua voz, depois de tantos cigarros,

Moment Of Surrender é uma balada com um gingado funk. A bateria marcante e o baixo gordo, mantidos por Larry Mullen Jr. e Adam Clayton respectivamente, acertam

26 Revista Dinâmica

o passo. Possui um solo muito atenuante de piano e uma guitarra digna de David Gilmour toma a música aos 5 minutos. O U2 arrisca nesta música, com o tempo de 7 minutos e 21 segundos. Com certeza as rádios farão uma versão para tocar durante a programação normal. Ouvir na integra será um priviégio apenas de quem tiver o disco, ou baixado. O álbum vazou alguns dias antes de seu lançamento. Desta vez o responsável pelo vazamento não foi aquele garoto nerd que passa 15 horas por dia jogando World of Warcraft e as outras 9 hackeando sistemas. Quem liberou a faixa na Internet foi a própria Universal Music, gravadora da banda. Sua divisão australiana acabou jogando o álbum inteiro no ar durante 2 horas, tempo suficiente para ser copiado e replicado em todos os sites de arquivos.


( MP2 )

Capa final do disco, sem o sinal de igual.

Unknown Caller começa com a singela guitarra de Edge e vai crescendo aos poucos. A música é completamente baseada nas seis cordas, onde longas notas esticadas permanecem durante boa parte de seus 6 minutos. Trechos da gravação desta música foram disponíveis, ano passado ainda, para os assinantes do U2.com, site da banda. O refrão remete a músicas de um distante David Bowie, que existiu apenas durante os anos 70. Alguns fãs reclamaram que esta música é muito boa, mas longe de ser expontânea. I’ll Go Crazy If You Go Crazy possui um refrão poderoso. “Não é uma colina é uma montanha/ Quando você parte para a escalada/Você acredita em mim ou está duvidando?/Nós estamos fazendo isso por todo o caminho para a luz/Mas eu sei que eu vou ficar louco se eu não enlouquecer esta

noite.” Esta pode ser considerada como a música que vai enlouquecer os fãs ao vivo. Com certeza arrancará algumas lágrimas das mais entusiasmadas. Get On Your Boots é a bola da vez, assim como Vertigo foi para o disco anterior, How to Dismantle an Atomic Bomb. Primeiro single do disco, cujo trecho ficou disponível para ouvir na entrada do site da banda. Prepare-se para ouvir nas rádios por muitas e muitas vezes. Primeira música a ganhar um clipe, mostra a banda em momento estelar, tocando entre caveiras e estátuas. O vídeo foi dirigido por Alex Courtes, que já trabalhou com a banda nos vídeos Vertigo e City of Blinding Lights. Também assinou vídeos das bandas Jane’s Addicion, Cassius, Jamiroquai e recentemente do Kaiser Chiefs, Snow Patrol e Foo Fighters. É, sem dúvida, a música mais pesada do disco.

O início de Stand Up Comedy poderia muito bem ser gravado por Jimi Hendrix se estivesse vivo nos dias de hoje. Outra música com um suingado funk. Levada estilo rock and roll anos 60/70. Fez (Being Born) tem talvez a introdução mais esquisita do quarteto irlandês até o momento. Até fechar 1 minuto mistura umas risadas com passagens de Get On Your Boots (Let me in the sound/ Let me in the sound) e, ao chegar exatamente aos 1:33 o grupo deixa de lado toda a esquisitice e parte para o bom e velho rock. Se em How to Dismantle an Atomic Bomb a primeira baladinha já dava as caras na segunda faixa, com Miracle Drug, em No Line On The Horizon a banda deixou para a nona faixa das onze disponíveis. Ela não possui todo o apelo psicológico que arranca lágrimas,

Início das gravações, em 2007, no Marrocos.

Revista Dinâmica 27


( MP2 )

mas é sólida e vem em uma boa hora, principalmente para quem não gosta muito de peso.

Por último temos Cedars of Lebanon, que já havia atingido a Internet ano passado. Outra balada, a mais calma do disco, para fechar com chave de ouro mais este lançamento do quarteto. Que venha a tour!

Para os clientes da Claro, a operadora começa a vender também dia 2 celulares Motorola modelo EM35 já com o conteúdo de No Line On The Horizon. O celular, que já estava na pré-venda em lojas como Americanas, virá com o disco inteiro, papéis de parede e toques.

Wireimage

Mais um rock setentista vem com Breathe. Bono novamente inventa no vocal colocando várias frases longas, mais ou menos como os rappers fazem. Mas a invenção não dura muito e logo voltamos para a

marca registrada do U2.

Bono apresentando o novo single “Get on your boots” no Grammy 2009.

28 Revista Dinâmica


( SAÚDE E BELEZA )

Agora é brasileiramente oficial: o ano começou! Dicas para encarar a labuta sem os rastros do verão Priscila Leal

A

s festas acabaram! Há os que lamentem... Há os que deem “Graças a Deus!”... Mas uma coisa é certa: ou você usou e abusou do sol e da praia ou virou picolé no ar-condicionado para fugir do calor. Não importa em qual dos grupos você se encaixe, provavelmente sua pele e seus cabelos devem estar precisando de cuidados extras nesse momento. Pele: Se o sol intenso trouxe des-

camações à pele, resista à tentação de puxar a pele superficial que está se soltando, pois estará deixando exposta uma pele que ainda não está estruturada para isso. Resultado: mais sensibilidade e até ferimentos. Apenas não economize hidratante e beba muita água. • Máscara de Aveia – Ajuda a retirar as células mortas e a clarear manchas. Misture de 2 a 3 colheres (de sopa) de farinha de aveia instantânea com um pouco de água mineral

sem gás, até formar uma papa. Passe em todo o rosto – evitando a região dos olhos e da boca – com o auxílio de um chumaço de algodão. Deixe por 15 minutos. Para retirar, lave o rosto somente com água fria. • Máscara de Abacate – Indicada para peles secas e normais (nãooleosas) “castigadas” pelo sol e pela poluição. Bata no liquidificador pedaços de abacate com água mineral até formar uma papa. Deixe a mistura descansar por 10 minutos. Depois, Revista Dinâmica 29


( Saúde e Beleza )

com uma colher, retire o óleo que se forma na superfície. Aplique a máscara sobre o rosto, deixe agir por 15 minutos e retire com água fria. • Máscara de Morango – Indicada para a hidratação de todos os tipos de pele, principalmente após o sol ou o frio excessivo. Com o garfo, amasse 4 morangos frescos e maduros e adicione 2 colheres (de sopa) de iogurte natural. Misture bem e aplique no rosto. Deixe agir por 20 minutos e retire com água fria. Cabelos: Para a selagem e reestruturação dos fios os cosméticos mais indicados são os que contêm queratina, aminoácidos da seda ou silicone. Se optar pelo uso de um leave-in (creme sem enxágue), aplique-o com os cabelos ainda molhados, pois o produto precisa de água para ser absorvido; só então retire o excesso de água com movimentos suaves. • Máscara de Abacate – Para conferir brilho e maciez a cabelos secos. Bata no liquidificador a polpa de um abacate com 2 colheres (de sopa) de mel. Passe a mistura nos cabelos com a ajuda de um pente da raiz em direção às pontas. Proteja os cabelos com uma touca plástica e uma toalha por cima. Espere uma hora, lave e enxágue os cabelos.

30 Revista Dinâmica

chumaço de algodão embebido em vinagre, passe o líquido nos cabelos até que fiquem totalmente úmidos e espalhe com a ajuda de um pente. Ponha uma touca plástica e aguarde 40 minutos. Lave os cabelos quantas vezes forem necessárias para que saia totalmente o cheiro. • Máscara de Agrião – Indicada para o controle da oleosidade de cabelos frágeis. Bata no liquidificador meio maço de folhas de agrião novas e limpas junto com um copo de água e 2 colheres (de sobremesa) de própolis (encontra-se à venda em farmácias e lojas de produtos naturais). Espalhe a mistura nos cabelos com a ajuda de um pente, cubra-os com uma touca térmica (não-elétrica) e espere de 20 a 40 minutos. Lave e enxágue bem. Atenção! Aplique a máscara logo após prepará-la, pois as frutas e os vegetais começam a perder seus nutrientes assim que entram em contato com o ar. Além disso, as máscaras para a pele são mais eficazes se, durante o período que ficarem na pele, você estiver deitada relaxando; assim o sangue irá circular melhor em seu rosto.

• Máscara de Vinagre de Maçã – Para cabelos rebeldes e excessivamente armados.

Infelizmente há três principais possíveis inconvenientes que acompanham o verão: Conjuntivite, Herpes Labial e Micose. Se você teve a má sorte de ter algum desses “amigos do desconforto”, não há motivos para desespero. Vamos às prevenções e aos remediadores para cada problema:

Coloque meia xícara de vinagre de maçã em um recipiente. Com um

Conjuntivite: Pode ser causada por alergia, vírus, bactéria ou irrita-


( Saúde e Beleza )

ção química. No entanto, somente as virais e bacterianas são contagiosas. O tipo mais comum no verão é a viral, de fácil transmissão, pois a exposição ao convívio social é maior nessa época. Como todas apresentam os mesmos sintomas, só é possível detectar o tipo através de exames clínicos, por isso é bom adotar cuidados especiais caso seus olhos comecem a coçar, arder, ficar vermelhos, lacrimejar e apresentar secreções e pálpebras inchadas. O maior risco de transmissão está no período que dura de 7 a 10 dias; esse é o tempo estimado para que os sintomas e a doença passem, sem a necessidade de tratamento. Se não houver resultado após esse período, procure um médico. • Lave sempre as mãos. • Não compartilhe toalhas de rosto ou maquiagem para os olhos. • Evite nadar em piscinas sem cloro. • Não é aconselhável o uso prolongado de lentes de contato. • Não use colírios sem prescrição médica. Herpes Labial: Causada por um vírus, geralmente contraído na infância ou na adolescência, manifesta-se esporadicamente durante toda a vida e não possui cura. A doença pode aparecer decorrente de estresse ou exposição ao sol intenso, pois em ambos os casos o sistema imunológico se torna mais frágil. No entanto, tratamentos para fortalecer a imunidade como um todo não apresentam resultados para esse vírus; seria necessário que houvesse uma vacina espe-

cífica para o herpes. Sendo assim, a principal prevenção é se afastar de circunstâncias que o tornem vulnerável, como lidar melhor com as questões psicológicas e evitar o sol excessivo. Os sintomas são bolhas, com dor e coceira, que costumam durar de 5 a 10 dias. • Lave as mãos sempre que encostar nas bolhas, para que o herpes não se espalhe para outras mucosas. • Não fure as bolhas para não provocar maiores ferimentos e riscos de infecção. • Evite a exposição direta ao sol. • Procure um dermatologista. Somente ele é capaz de indicar a pomada ou o creme específico para o tratamento. Micose: Causada por fungos, pode ocorrer em diferentes partes do corpo. Aparece geralmente no rosto, nas costas e na região peitoral, sendo caracterizada pela cor clara ou, em alguns casos, acastanhada. São descamativas e indolores. • Evite períodos prolongados com roupas úmidas e o uso de tecidos sintéticos. • Seque-se bem após o banho. • Se perceber os sintomas, seque o local sem esfregar e busque ajuda médica. Então, não percamos tempo porque os compromissos não esperam. Veja em quais perfis você se encaixa e siga os rápidos truques de restauração e sobrevivência.

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( COM ÁGUA NA BOCA )

Feliz aniversário, Cidade Maravilhosa!

O aniversário da cidade do Rio de Janeiro é inspiração para pratos deliciosos! Clarissa Leal

N

este 1° de março, nossa linda, tumultuada, violenta, mas amada cidade completa 444 aninhos. E torcemos para que nossos governantes finalmente se envergonhem do abandono e pouco caso que dispensam a nós cariocas e aproveitem esta data festiva para pôr a mão na consciência e fazer do Rio um lugar melhor, não só pensando em olimpíadas ou copas, mas pensando na população local. Como me perguntou uma amiga dia desses, “que herança esses tipos de eventos deixam para os moradores da cidade?” e todos

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pensamos o mesmo: nenhuma! Basta lembrar como a cidade ficou no período do PAN... Além do aniversário da Cidade Maravilhosa, este mês representa a primeira mudança de estação do ano, com a chegada do outono no próximo dia 20, trazendo consigo uma certa melancolia, com as árvores perdendo suas folhas, menos flores e frutos colorindo as paisagens e uma certa nostalgia, pelos saudosos dias intermináveis do verão. Sim, o outono chega trazendo o fim do verão, mas não o fim do

calor. Para nós, habitantes do hemisfério Sul do planeta, o calor de verão é quase o ano todo... E, portanto, é muito importante que sua alimentação se mantenha leve e nutritiva. Aproveitando as frutas, legumes e verduras da estação, pode-se inventar bastante, brincando com os sabores e criar pratos deliciosos e, claro, saudáveis. Pensando nisso, duas receitinhas que misturam o que há de melhor de frutas, verduras e legumes da estação para você. Bom apetite!


( Com Água na Boca )

Salada de outono Ingredientes

Modo de preparo

Castanhas do pará em pedaços (sem sal ou açúcar)

Em uma tigela grande, misture todos os ingredientes e tempere como preferir. Para dar um gostinho ainda mais especial, uma dica é moer um pouco da castanha e misturar no frango desfiado.

Um pé de rúcula Tomates fatiados (cereja ou italiano) Peito de frango defumado desfiado Tempero a gosto

Suco de outono Ingredientes Uma manga palmer ou rosa Dois kiwis Uma ameixa vermelha

Modo de preparo Pique as frutas e bata tudo no liquidificador. Se achar o suco com textura muito densa, adicione mais suco de maracujá. Sirva bem gelado.

Um copo de suco de maracujá (pode ser daqueles de caixinha)

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Bonsucesso Comunicação: “nós inventamos o pingo no “S”” Ou você acha que só o “i” e o “j” tinham pingo? Então você acha que já sabe tudo? Lógico que não! E nós também! Mas fazemos de tudo para ir além. Tudo com liberdade e criatividade. Então, basicamente temos: 1.

2.

3. O pingo no “S”

Nossa missão Levar sua marca a um novo patamar, através de estudos e utilização de diferentes meios, como a criação de web sites, desenvolvimento de identidade visual, material gráfico e audiovisual, facilitando o processo de comunicação entre empresa e cliente. Além disso, fazer parcerias com empresas que não tenham um setor de criação formado, mas que queiram atrair clientes em potencial e produzir trabalhos na área de design e publicidade. Nossos serviços Trabalhamos com mídia impressa, criação de peças gráficas para revistas, outdoors, comunicação visual e diagramação. Fora do papel trabalhamos com criação de sites dinâmicos, hotsites e conteúdo multimídia. E, finalmente, criamos conteúdo audiovisual, que vai desde peças publicitárias para TV até produção de documentários e vídeos musicais.

...E você achando que a vida era difícil.

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