Jornal da Marejada 2017

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Marejada: união de povos pelo rio e pelo mar

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ão muitas as variantes econômicas e culturais de Itajaí que nos conduzem ao novo sentido da Marejada que se refaz na intenção de trazer aquilo que nos realiza enquanto festeiros: alegria, cultura e comida, principalmente. Pois é a partir da gastronomia que mergulhamos os sabores à boca, apaziguamos a mente, relaxamos o corpo, tranquilizamos o espírito e nos alegramos do viver. O fortalecimento do turismo foi a estratégia encontrada para escapar do perigo de imergir a economia, na década de

:: EXPEDIENTE O Informativo da 31ª Marejada é uma publicação da empresa Rosemar de Souza Edições ME (Bittencourt Editora), com patrocínio das empresas comerciais de Itajaí e região. Bittencourt Editora Rua Anita Garibaldi, 425 | Centro Itajaí | Santa Catarina | 47 3344.8600 Diretor Carlos Bittencourt direcao@bteditora.com.br Diagramação: Solange Pereira Alves solange@bteditora.com.br Fotos Marcos Porto (Capa), Arquivos da PMI, Arquivo Histórico de Itajaí e divulgação. Departamento Comercial Rose de Souza, Janaína Moreira e Rosane Piardi - 47 3344.8600 Circulação: Itajaí e região da Amfri Tiragem: 10 mil exemplares

1970. Os deslocamentos em razão do turismo se dão por três fatores essenciais: a geografia (litoral ou planalto; vales ou serras), a cultura (música, arquitetura, tradições; gastronomia, com seus temperos, especialidades exóticas ou não, seus sabores) e a infraestrutura. Então, por meio de setores empresariais e, depois, do poder público, Itajaí buscava uma maneira de se encaixar na rota das festas de outubro, embora culturalmente falando, não se sabia que tipo de evento dinamizar. Na Comissão Municipal de Turismo (criada em 1973), em seu âmago, as discussões reverberavam na criação de eventos, festas e acontecimentos que juntassem suficiente número atrativo para trazer o turista até Itajaí. A partir daí, muitas tentativas de promover festas e eventos foram à pique, e surge uma estratégia remodeladora: o espaço da Beira-rio. Urbanizado nos anos de 1980, a Beira-rio foi pensada como espaço turístico, ou seja, criar, em Itajaí uma área incorporando espaços públicos para o lazer da população e do turista. Essa nova concepção de cidade e seus espaços transferiram o terminal urbano, que se localizava onde fica hoje o Centreventos, para o Bairro Fazenda. Com o espaço vago, tornando-se o local ideal para a realização de uma grande confraternização: a Marejada – pensada como um espaço que se pretendia abrir para a festa e lazer itajaiense, além da preocupação de se trazer o turista para a cidade e mantê-lo aqui. A exemplo das cidades de Blumenau ou de Brusque, Itajaí procurava, para o teor da festa, um mote especial, uma identidade e cultura que pudesse ser explorada e

estabelecida como autêntica e onde se pudesse realizar todo um esforço em empreender seu “resgate” cultural. Apesar da forte influência germânica, era preciso diferenciar-se das demais festividades primaveris, nem que se tivesse de inventar representações do passado da cidade. À margem da nossa cidade, o rio agregou a vinda de múltiplas famílias e culturas: a polenta, a galinha caipira, engenhos de farinha; cardumes polacos, italianos, portugueses e germânicos; russos e croatas e turcos (porque na cozinha panela o luxo, fidalgo ou vagabundo). Na dimensão efervescente de culturas, os textos oficiais remetem para a preservação de características relacionadas com a simplicidade da origem açoriana a partir da Marejada, então festa Portuguesa e do Pescado. Essa noção de purismo étnico remonta a um passado marcado pela cultura açoriana e que remete a uma origem comum, sendo o papel da festa de resgatar tal simplicidade, reinventando uma cidade litorânea, garantindo um contraponto do litoral em relação ao Vale do Itajaí: uma ilha açoriana cercada de tradição alemã por todos os lados. Mas nesta edição, que recebe o nome Marejada 2017, será possível agregar as mais diversas etnias, separadas geográfica e culturalmente, ligando-as à cidade e ao Estado da Federação pelo doce percurso

Volnei Morastoni Prefeito de Itajaí

da gastronomia, alma de toda festa, de toda congregação, de toda comemoração. Suscitadas as razões, desrazões e suas contradições anteriores a essa edição, Itajaí, hoje, se congratula com todas as etnias que aqui residem e nos visitam. Não importa se alemães, portugueses, croatas, açorianos, russo, poloneses, italianos etc. Um não se prevalece sobre outro. E se o mar une todos os continentes através de suas águas e correntes, acredito que o pescado seja a melhor maneira de enaltecer uma confraternização que se dá a todos. Vamos navegar desde os pratos de frutos do mar mais elaborados à querida e saborosa sardinha na brasa. Viva a Marejada!


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Uma grande onda que dá em alto mar e não se quebra

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stá no título deste texto um significado mais poético do substantivo comum marejada, que, transformado em próprio, deu o nome à festa de Itajaí, a Marejada. A festa portuguesa, do mar, do peixe, dos costumes e do folclore. A festa que a cidade, na metade da década de 1980, vinha procurando e lapidando. O estudioso da cultura açoriana Acyr Osmar de Oliveira viveu intensamente essa atmosfera. Em 1985 ele foi contratado pela prefeitura de Itajaí, na época comandada pelo ex-prefeito Arnaldo Schmitt Júnior. A ideia era formatar uma festa da cidade, com características típicas, como o mar, a comida à base de peixe e influência

açoriana. Além de Acyr, Arnaldo ainda compôs o grupo com Renato Silva e Luiz Felipe Sada Graf (empresário falecido recentemente). O governo municipal já havia promovido festas menores: da sardinha, da tainha, mas nada que impactasse no turismo local e nem na parte financeira. Ou seja, a cidade carecia de um evento grande, capaz de atrair gente de outras cidades e estados. Essa foi a missão de Acyr e do grupo formado pelo ex-prefeito Arnaldo. “O nosso QG foi no Hotel Caiçaras, em frente à Receita Federal, onde hoje funciona outro hotel. Ficamos ali imersos por dois anos de estudos, reuniões e debates”, relembra Acyr.

O estudioso lembra que o acaso também ajudou no nascimento da Marejada. Segundo ele, um ônibus lotado de turistas parou na região do Porto de Itajaí em uma noite de outubro de 1985 perguntando qual o caminho para Blumenau. “O Renato Silva perguntou o que eles estavam indo fazer em Blumenau aquele horário, por volta das 22h. Eles responderam que estavam indo para a festa da redenção, a Oktoberfest”, contou Acyr. A Oktoberfest nasceu em 1984

para levantar o moral dos moradores de Blumenau, atingidos dois anos seguidos (83 e 84) por duas grandes enchentes. A cidade ficou debaixo d´água por vários dias. A festa veio brindar a reconstrução da cidade e a força do povo blumenauense. “O Renato embarcou no carro dele e seguiu o ônibus até Blumenau. Lá, ele conversou com a organização da festa e falou sobre a intenção de criar algo para Itajaí. Nos deram uma dica preciosa: foquem na cultura lo-


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cal”, recorda. E foi o que o grupo de Acyr, Renato e Luiz fizeram. O nome Marejada foi criação do Renato: o balanço das ondas em alto mar que não se quebram. A poesia do nome estava garantida; havia ainda o desafio de encontrar o local ideal para a festa. Os dois anos de preparação da Marejada envolveram concepção, organização, financiamentos e apoios. Um dos principais apoiadores da festa foi Sérgio Rizzi, proprietário da Coletivo. “Ele liberou o antigo terminal de passageiros para que a gente realizasse a festa. Por muito anos, o Sérgio foi um grande apoiador da Marejada”. Os pontos de parada de ônibus foram adaptados para receber as barracas das entidades que participavam

da festa; como a Apae, Lar Fabiano de Cristo e outras. “Tudo muito bem arrumado e focado no local”. A Marejada 87 nasceu sabendo a que veio. Contou com o apoio do comércio local, empresários da região, do poder público e das pessoas envolvidas com o turismo nacional. Acyr acredita que o contato com os operadores do turismo em todo o Brasil foi imprescindível para o sucesso das primeiras cinco edições da festa. “Após esse período, alcançamos solidez. O começo foi de muito trabalho”, diz.

Acyr Osmar de Oliveira

Hoje é do conselho estadual de cultura (cadeira do folclore e artesanato, comissão catarinense folclore) e também do núcleo de estudos açorianos da Universidade Federal de Santa Catarina (membro do conselho deliberativo)

Avaliação da festa

Acyr acredita que a Marejada dos primeiros 10 anos foram as mais intensas. Depois disso, por um período, o foco deixou de ser a cultura local e mudou para o grande público. Ele lembra que a Marejada era divulgada o ano inteiro no estado e no país. “Nós íamos com o seu Arnoldo Cueca para Brasília uma vez por ano. E estávamos envolvidos todos os meses com eventos fora do estado, sempre divulgando Itajaí e a Marejada. Apesar de tudo, fico feliz em saber que a festa ainda resiste e volta a prestigiar a cultura local”, completa.•


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Portugal é aqui, ora pois! A gastronomia portuguesa e seus encantos

A Divulgação

gastronomia, um dos grandes valores e paixão dos portugueses, é reconhecida e apreciada em todo o mundo pela sua diversidade, pelos sabores únicos e qualidade

dos produtos com que os pratos são elaborados. Tanto é que a culinária lusitana constitui um patrimônio intangível, testemunho da identidade cultural do país.

C

om grande influência dos países mediterrâneos e uma base bastante tradicional, a culinária lusitana é muito rica. Os grandes protagonistas são os peixes que aparecem frescos ou curtidos, como o bacalhau, nas mais diversas preparações; assim como outros, até um tanto inusitados, frutos do mar. Tudo, é claro, regado a um bom azeite extraído das oliveiras que crescem em praticamente todo o país e já estão enraizadas na milenar cultura portuguesa. Sem deixar de lado um bom copo de vinho, bebida que é um dos orgulhos de nossos irmãos do além mar. O pão, alimento indispensável na dieta dos portugueses, assume várias formas ao longo do território lusitano e pode ser feito com trigo, milho, entre outros tipos de farinha. Os mais comuns são a broa de milho, o pão alentejano, o torricado, a broa de Avintes e o pão de rala, que são consumidos com azeite, sopas e ensopados, na preparação de pratos e com peixes, como a sardinha.


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Divulgação

Outra coisa que dá muito orgulho ao povo de Portugal são os vinhos. A variedade e o alto teor alcoólico fazem deles bebida indispensável em qualquer refeição. O vinhos mais famosos são o vinho do Porto, moscatel de Setúbal, vinho da Madeira e vinho de Carcavelos. Existe ainda um tipo bem diferente conhecido como vinho Verde, consumido ainda fresco e que pode ser branco ou tinto. O azeite está presente m praticamente todos os pratos portugueses. Os principais pratos em que ele aparece são as bacalhoadas, sopas de legumes, e com pães guarnecendo peixes grelhados. Aliás, pão, vinho e azeite são itens obrigatórios em qualquer refeição portuguesa.

Regionalidade e sazonalidade ditam a dieta

Aliados aos três principais ingredientes da dieta lusitana, os ingredientes regionais têm grande influência na alimentação dos portugueses. Os peixes e frutos do mar, são muito comuns nas regiões costeiras, enquanto carnes predominam em locais mais afastados do litoral. Mas isso não impede que haja uma grande variedade de opções. As sopas, por exemplo, estão em praticamente todas as regiões, mas com diferentes leituras. A grande maioria, por sua vez, é servida quente e acompanhada de legumes e vegeDivulgação

tais, que são bastante presentes na alimentação dos portugueses. Já outras são servidas frias como é o caso do gaspacho, que é uma preparação que leva tomates, pepino, água fria, vinagre, azeite e sal. Há também as açordas, que são sopas elaboradas a partir de um fundo e pão, que são muito tradicionais e assumem diversas configurações, conforme a região. Os caldos verdes, a base de aparos suínos defumados, batatas e couve cortada finamente também são muito consumidos, claro que sempre acompanhados de um bom vinho. Outro prato considerado nacional é o cozido à portuguesa, que leva

uma grande quantidade de ingredientes cozidos em água e acompanhados com algum tipo de carne. Os ingredientes mais comuns são a couve, as batatas, o feijão, a cenoura, carnes de porcos e nabos. Os enchidos também são bastante populares. Dentre eles o chouriço, o toucinho, a paia, o chouriço grosso, a morcela e os maranhos. Já os peixes são bastante consumidos no litoral de Portugal e também em regiões ribeirinhas. Os mais consumidos são o bacalhau, a sardinha e o pescado. Mariscos como o mexilhão e o berbigão, além de crustáceos, como o camarão e o ouriço, são considerados iguarias da gastronomia lusitana.


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Doces portugueses orgulho nacional

Falar em gastronomia portuguesa sem abordar os maravilhosos doces típicos é inconcebível. A grande maioria tem as gemas como principal ingrediente. Já as origens são as mais diversas, dos conventos aos mais remotos cantos do país. Eles estão espalhados por Portugal e cada região possui suas criações. As tradições dos doces são muito preservadas e algumas receitas, mantidas a sete chaves. O pastel de nata, chamado no Brasil de pastel de Belém, é a iguaria da doceria portuguesa mais conhecida no novo mundo. Mas não confunda: na verdade em Portugal o único pastel de Belém fica em Lisboa, no

bairro de Belém (com a fábrica original ainda em funcionamento e com os melhores pastéis de Belém já feitos algum dia). No restante do país basta pedir uma nata na padaria, que já está feito seu pedido. O doce ainda pode ser acompanhado de açúcar para polvilhar e também canela. Quanto mais quentinha e folhada por fora, melhor. A queijada é outro dos doces típicos de Portugal mais gostosos. Têm formato redondo e leva queijo, ovos, leite e açúcar. Pode ter recheio de amêndoas, laranja, ovos ou requeijão. As queijadas mais tradicionais são da Ilha da Madeira, de Évora e de Sintra. Já os tradicionais ovos moles de Aveiro têm fama internacional e fabricação preservada, só podem ser feitos em

Aveiro. Com formato de conchas búzios e peixes, os ovos moles são feitos com gema de ovo, açúcar e água e cobertos por hóstias! Hóstias de verdade, isso mesmo! O doce foi criado por freiras que usavam as claras dos ovos para engomar as roupas dos padres e para não desperdiçar as gemas criaram os ovos moles. Os famosos travesseiros de Sintra também são doces típicos de Portugal bastante conhecidos. São pasteis assados de massa folhada no formato de travesseiros, cobertos com açúcar e que levam recheio creme de ovos e amêndoas. Os travesseiros têm denominação de origem em Sintra. Tem ainda o Molotof, que é um pudim de claras com caramelo.

Uma sobremesa muito presente no país. Tem ainda os famosos pastéis de Tentúgal, criados por freiras carmelitas e que possuem uma deliciosa massa folhada e com recheio de doce de ovos. São considerados uma das sete maravilhas da Gastronomia portuguesa. Ainda vale a pena conhecer o Pudim Abade de Priscos -tradicional da cidade de Braga e leva toucinho e vinho do Porto na sua receita-, os Quilhões de São Gonçalo - doces fálicos com o formato do órgão genital masculino porque o santo tem fama de casamenteiro e de ajudar as mulheres a casarem, serem férteis e terem filhos, tradicionais da cidade de Amarante - e o doce Dom Rodrigo, Divulgação


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tradicional do Algarve e embrulhados em papel metalizado colorido. São feitos com ovos, açúcar e amêndoas. Além destes, tem a Sericaia - um doce típico da região do Alentejo produzido com leite, açúcar, ovos e canela, o Pão de rala - também alentejano, e outros, a exemplo da Torta de Azeitão e do tambor de Guimarães, que levam o nome das cidades onde foram criados.

Portugal é aqui

Por 11 dias o Centreventos Itajaí traz para dentro de si um pedaço de Portugal com o fortalecimento das culturas e tradições lusitanas. No entanto, a presença de Portugal mais marcante durante a Marejada é na

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gastronomia. São restaurantes com cardápio voltado aos frutos do mar, pontos de sardinha na brasa, além de barraquinhas com churros, pipoca, sorvete, açaí na tigela, coquinho, entre outras delícias para todos os paladares e bolsos. A tradicional Tasca Portuguesa também retorna à Marejada e, no estilo bistrô, servirá pratos típicos, com ênfase para o tradicional bacalhau português em diversas leituras: dos deliciosos bolinhos e pataniscas - presentes em qualquer restaurante, bistrô ou taverna do além mar - à elaboradas preparações tendo como ingrediente o lombo do bacalhau. E claro, os deliciosos doces conventuais não podem faltar. “Teremos uma Marejada com forte valorização da gastronomia, Divulgação

como foi no início da festa”, destaca o secretário de Turismo, Evandro Neiva.

Responsabilidade social

Duas entidades foram selecionadas para auxiliar no serviço de alimentação da Marejada 2017. A Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e o CIEP Vovó Biquinha, que foi a primeira escola de educação infantil inclusiva de Santa Catarina, fundada em 1980, em Itajaí. As duas entidades assistenciais sem fins lucrativos receberam credenciamento após sorteio público realizado pela Secretaria Municipal de Turismo. Elas dividirão

percentual de 3% do valor bruto arrecadado com a movimentação financeira dos restaurantes no período de realização da festa, de 05 a 15 de outubro. A medida visa resgatar o caráter tradicional da participação de entidades na promoção e organização da festa mais popular de Itajaí. Além disso, cumprem com as obrigações legais e garantir o profissionalismo no atendimento gastronômico. As entidades trabalharão como embaixadoras da Marejada 2017 e no serviço de atendimento ao público durante o evento. O preparo dos pratos e cobrança dos valores ficam de responsabilidade dos restaurantes.•


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Marejada 2017: 11 dias com muitas atrações, gastronomia e diversão

s atrações musicais e culturais da Marejada 2017 já têm datas definidas. A programação inicia no dia 05 e segue até 15 de outubro com mais de 80 apresentações em três pavilhões. Além das atrações artísticas, tem muita gastronomia e diversão. A entrada é gratuita para todos os dias do evento. A organização é feita pela Secretaria Municipal de Turismo para oferecer à população uma festa cultural que tenha a cara da cidade. A abertura no dia 05 de outubro será por conta da banda Marejada, às 19h.

A noite também será embalada por Fino Tom, Chico Preto e a Dita Cuja, Célia Prado, Banda Flerte e Banda TerrAvista. Durante todos os dias a festa terá música ao vivo em três locais: Pavilhão Gastronomia, Pavilhão Sardinha na Brasa e Pavilhão Tasca. Nos dias de semana, as atrações iniciam às 19h e nos fins de semana os portões abrem mais cedo, às 11h, para receber os visitantes para o almoço. No feriado do dia 12 de outubro, a Marejada 2017 também abrirá o dia todo e na sexta (13), a partir do meio-dia e com baile para Melhor Idade às 14h.  Dia 05/10 (quinta-feira) Pavilhão Gastronomia 19h - Abertura oficial - Banda Marejada 20h às 22h - Fino Tom 22h30 às 1h - Banda Flerte Pavilhão Sardinha Na Brasa 20h às 22h - Chico Preto e A Dita Cuja 22h30 às 00h30 - Banda Terravista Pavilhão Tasca 20h às 22h30 - Célia Pedro

Chico Preto e dita cuja

 Dia 06/10 (sexta-feira) Pavilhão Gastronomia 19h às 20h - Percusax Quinteto 20h15 às 22h15 - Trieto Acústico 22h30 às 1h30 - Banda Torre de Babel

Pavilhão Sardinha na Brasa 19h às 19h45 - Capoeira Jogo da Amizade 19h45 às 22h - Grupo Desafio 22h15 às 01h - Carol Hends - ‘’Paixão’’ Pavilhão Tasca 20h às 22h30 - Célia Pedro  Dia 07/10 (sábado) Pavilhão Gastronomia 11h às 11h45 - Grupo de Dança Univali O Outro 12h às 14h - Rafael Petry Quartett 14h15 às 16h15 - Fabio Campos duo 16h30 às 17h15 - Folguedo Boi de Mamão 17h30 às 18h30 - Ass. Esportiva Capoeira Itajaí


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Banda Torre de Babel

19h às 21h - MPB Trio 21h15 às 23h15 - Banda Incandescente 23h30 às 01h30 - Pedro Felipe

Grupo Folclórico Mixtura

Pavilhão Sardinha na Brasa 11h às 12h - Fios de Prata - O Palco é Minha Vida

12h15 às 14h15 - Ricardo Capraro Quinteto 14h30 às 16h30 - Andreza Flores & Banda 17h às 17h30 - Premiação Regata Marejada 17h45 às 19h15 - Banda The Herald 19h30 às 22h - Ander & Fael 22h15 às 01h - Destak Do Samba Pavilhão Tasca 20h às 22h30 - Célia Pedro

Folguedo Boi de Mamão

 Dia 08/10 (domingo) Pavilhão Gastronomia 11h às 12h - Projeto: Dançando Além do Céu 12h15 às 14h15 - ‘Jazz N’ Roll’’ de Lily Blumerants & Quarteto Quartzo 14h30 às 15h15 - Grupo Folclórico Mixtura - Açores Na Marejada 15h30 às 17h - Banda Oktoberfest 17h15 às 18h - Folguedo Boi de Mamão

18h às 19h - Percusax Quinteto 19h15 às 21h30 - Banda Edgand’s 22h às 00h30 - Banda S/A Pavilhão Sardinha na Brasa 11h às 11h45 - Union Dance Company 12h às 13h30 - Banda Marejada 13h45 às 15h45 - Samba da Barbara 16h às 17h30 - Grupo Cultural Tarrafa Elétrica 17h30 às 18h15 - Capoeira Jogo da Amizade 18h30 às 21h30 - Campeiraço 21h45 às 00h - Alex & Willian Pavilhão Tasca 12h às 14h30 - Show Bella do Coração  Dia 09/10 (segunda-feira) Pavilhão Gastronomia 19h às 21h30 - Willian Goe Trio 21h45 às 00h30 - Elisa Cordeiro Quarteto


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Banda Yellow Box

Victor Praun e Banda

20h às 23h - Banda Legião Gaúcha 23h15 às 01h15 - Carol Hends - ‘’Paixão’’ Pavilhão Tasca 20h às 22h30 - Célia Pedro

Pavilhão Sardinha na Brasa 19h30 às 22h - Banda Yellow Box 22h15 às 00h - Sui Generis Classic Rock  Dia 10/10 (terça-feira) Pavilhão Gastronomia 19h às 21h30 - Matheus Seara Duo 21h45 às 00h30 - Victor Praun e Banda

 Dia 11/10 (quarta-feira) Pavilhão Gastronomia 19h15 às 20h - Grupo de Dança Millennium 20h15 às 22h15 - MPB Trio Acústico 22h30 às 01h30 - Banda S/A

 Dia 12/10 (quinta-feira / feriado) Pavilhão Gastronomia 11h às 11h45 - Cia de Dança Eduxi 12h às 13h30 - Louise Lucena & Banda 13h45 às 15h15 - Quarteto Gonçalves 15h30 às 16h45 - Banda Marejada 17h às 17h45 - Balho & Tocata Casa dos Açores - SC 18h às 19h30 - Carlos Cória - Projeto Papa Siri 19h45 às 20h30 - Companhia De Dança Millenium 20h30 às 22h30 - Banda Sinal Verde 22h45 às 01h30 - Banda Torre De Babel

Pavilhão Sardinha na Brasa 19h às 20h - Banda Marejada

Pavilhão Sardinha na Brasa 11h15 às 13h - Dança / Folclore – Secreta-

Pavilhão Sardinha na Brasa 19h30 às 22h - Rock Intermezzo 22h15 às 00h - Acústico Sintonia

Grupo de Dança Millennium


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22h30 às 01h30 - Banda GT80 Pavilhão Sardinha Na Brasa 11h às 12h - Bonecos Gigantes Papa Siri 12h15 às 14h15 - Luan Cavalleri e Grupo ‘’Das teclas ao fole Estilo Brasileiro’’ 14h30 às 16h30 - Lily Blumerants & Banda São Chico Groove 16h45 às 17h45 - Ass. Esportiva Capoeira Itajaí 18h às 20h - Grupo Sambatop 20h15 às 22h - Tchelo Cunha 22h15 às 01h - Banda Sinal Verde Pavilhão Tasca 12h às 14h30 - Trio Nó De Oito 20h às 22h30 - Célia Pedro  Dia 15/10 (domingo / encerramento) Pavilhão Gastronomia

Louise Lucena & Banda

ria De Educação 13h15 às 15h15 - Batuques & Acordes 15h30 às 17h - Bateria Show Purakdência 17h às 18h - Ass. Esportiva Capoeira Itajaí 18h às 18h45 - Folguedo Boi de Mamão 19h às 20h30 - Alan Coutinho 20h45 às 22h45 - Universus Classic Rock 23h às 01h - Banda Groover Pavilhão Tasca 12h às 14h30 - Célia Pedro 20h às 22h30 - Música Orgânica  Dia 13/10 (sexta-feira) Pavilhão Gastronomia 14h às 17h - Grupo Itagaita 19h15 às 22h15 - Fabio de Campos Trio 22h30 às 01h30 - Banda a Cor do Sol

Pavilhão Sardinha na Brasa 14h às 17h - Rogério Blum e Banda 19h às 19h45 - Capoeira Jogo da Amizade 20h às 22h15 - Banda Ninguém Sabe 22h30 às 01h - The Headcutters Pavilhão Tasca 20h às 22h30 - Célia Pedro  Dia 14/10 (sábado) Pavilhão Gastronomia 11h às 11h45 - Fios de Prata - O Palco é Minha Vida 12h às 14h - Banda Marejada 14h15 às 16h15 - Susi Brito & Banda 16h30 às 17h15 - Balho & Tocata Casa Dos Açores - SC 17h30 às 19h30 - Mari Monteiro & Banda 19h45 às 22h15 - Banda Bilbird

Grupo Itagaita

11h às 12h - Rancho Folclórico Eduxi 12h15 às 14h15 - Ozeias Rodrigues Quarteto 14h30 às 16h30 - Quintal da Su apresenta Família Oliveira 16h45 às 17h30 - Folguedo Boi de Mamão 18h às 19h - Percusax Quinteto 19h30 às 21h30 - Samba de Barbara 21h45 às 00h - Banda A Cor do Sol Pavilhão Sardinha na Brasa 12h às 14h - Natália Pereira Quinteto 14h15 às 15h30 - Grupo Folclórico Mixtura - Açores na Marejada 15h45 às 18h - Daniel Montero Trio 18h30 às 21h30 - Banda Plano Cruzado 21h45 às 00h - Banda Hot Rats Pavilhão Tasca 12h às 14h30 - Rock Sagaz


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Tradição

Banda Marejada é presença obrigatória

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esde o ano de 2004, quando foi criada, a Banda Marejada é um dos principais destaques do evento homônimo. Geralmente é a primeira atração a aparecer, na abertura do evento, e depois tem várias outras inserções, inclusive, nos eventos para a melhor idade.

É uma banda composta por 21 músicos instrumentistas, cantor e quatro bailarinos, escolhidos entre profissionais e amadores de todas as idades e repertório é voltado à música brasileira e portuguesa, criado especialmente com o objetivo de promover a festa Marejada.•

Grupo Folclórico Cantores da Paz preserva as tradições açorianas Para preservar as tradições açorianas, um grupo de amigos amantes do folclore, mais especificamente o Terno de Reis e Boi de Mamão, que são manifestações populares no litoral catarinense, se reuniu para preservar, resgatar e divulgar estes folguedos populares. O grupo promove anualmente o Festival Estadual de Ternos de Reis, já gravou CDs e está incluído na programação desta edição da Marejada. A manifestação Terno de Reis festeja os três reis magos e remonta a uma tradição de 266 anos, introduzida no Brasil pela coroa portuguesa e apropriada pelas comunidades locais

de distintas partes do país. A tradição recorda o momento em que os três reis magos, que seguiram uma linda e brilhante estrela a sentido de Belém chegam a Belém para festejar o nascimento do menino Jesus, com presentes para Jesus: ouro, incenso e mirra, que simbolizam a realeza, a divindade e humanidade. Assim como os três reis magos seguiram a Belém, o Grupo de Terno de Reis seguem de casa em casa anunciando o nascimento do menino Jesus, através suas vozes e instrumentos musicais, por meio de belas harmonias vem trazer alegria a cada casa visitada.•


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A música e a poesia de Chico Preto e A Dita Cuja Com estilo próprio que permeia regionalismo e poesia de rua, o grupo musical integra as atrações artísticas da 31ª Marejada, se apresentando do Pavilhão Sardinha na Brasa.

Divulgação

A poesia das ruas, o retrato do cotidiano e a mistura de ritmos marcam o trabalho de Chico Preto e A Dita Cuja. O grupo, que se reuniu pela primeira vez em 2009 e atualmente divulga seu primeiro disco, no qual apresenta composições autorais de Chico Preto e de outros compositores catarinenses. O repertório explora diversos ritmos brasileiros em canções marcadas percussão, guitarras e grooves de contrabaixo. A banda faz um passeio pelo melhor da música regional catarinense, criando características próprias, ditando um novo estilo. O jazz, o rock, o rap e o

Regionalismo

samba encontram espaço num show revigorante. Além de Chico Preto (percussão e voz) a Dita Cuja é formada por Siquera (guitarra), Duda Cordeiro (contrabaixo) e Mário Jr. (bateria). No currículo da banda constam apresentações em eventos nacionais e internacionais e o álbum Cabeça no Céu. O trabalho conta com composições de Chico Preto e de outros compositores catarinenses, como Ricardo Pauletti (Itajaí) e Rica Pereira (Blumenau), além das parcerias com o DJ Sopro Inverso (Campinas-SP) e com o artista itajaiense Mauro Caelum.•

Divulgação

O resgate do Grupo Cultural Tarrafa Elétrica A memória cultural do litoral de Santa Catarina, cantada e interpretada por músicos criados junto às areias das praias de Itajaí e Penha, será mostrada pelo Grupo Cultural Tarrafa Elétrica no Pavilhão Sardinha da Brasa durante a 31ª edição da Marejada. Com 13 anos de carreira, o grupo é conhecido na cena musical pelo resgate das tradições locais e regionais, trazendo de livros, contos, causos e conversas a inspiração para seu batuque de sonoridade pesqueira. Tanto é que o grupo é considerado o legítimo representan-

te da cultura peixeira na região. Já no nome, a banda mostra a que veio: Tarrafa, que remete à raiz da cultura praieira, do toque folclórico e do batuque, e o Elétrica, porque remete ao contemporâneo, servindo de contraponto ao analógico dessa mesma cultura. A banda está enraizada com a cultura local, tem um visual peixeiro e leva a memória popular aos palcos. O grupo já tem CDs e DVDs gravados, assinou trilhas sonoras de documentários e também um livro/CD, que

mostra o apelo ambiental da Tarrafa Elétrica, composto por Evandro Che (voz), Emmanuel Schmidt (guitarra e voz), Bruno Hellmann (baixo), Rodrigo

Cavaleri (violão, viola caipira e voz), Ricardo Abajur Rocha (percussão), Tiriba (percussão) e Mario Bandeira (bateria e percussão).•


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Célia Pedro: um ícone da cultura portuguesa em Itajaí

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fado é considerado o maior símbolo musical de Portugal por representar a identidade da sociedade lusitana. Em duzentos anos de história, muitas teorias surgiram sobre suas origens, mas até hoje não há consenso entre pesquisadores, músicos e apreciadores. Itajaiense de nascimento, mas com alma portuguesa, a cantora de fados Célia Pedro é presença obrigatória em toda edição da Marejada, afinal, o que seria de uma festa portuguesa e do pescado se não fossem as apresentações de fado... Aliás, desde 1997, todo ano Célia é presença garantida na festa. Única fadista da região, Célia se apaixonou pela música lusitana assim que ouviu uma guitarra portuguesa sendo dedilhada. A partir daí deu início ao processo de aprendizagem. A paixão só cresceu, tanto que hoje o estilo musical é um dos grandes amores de sua vida. Lançou três CDs e um DVD, gravado ao vivo no Teatro Municipal de Itajaí. Mas por trás desse breve relato, existem muitas entrelinhas. Funcionária dos Correios de Itajaí na década de 1990, Célia já era conhecida entre os usuários da instituição pela sua afinada e delicada voz, pois ao mesmo tempo que selava cartas e despachava encomendas, cantava deliciosamente. E foi nessa época, há 20 anos, que num grande momento de grande dor, ela encontrou o fado. “Pois o fado é o sentido da dor, da saudade, da partida e da chegada”, acrescenta. “E foi na Marejada que tive meu primeiro contato com esse maravilhoso gênero musical”, conta Célia, emocionada ao

Acervo pessoal

“O fado preferiu desde sempre um registro intimista de uma penumbra a envolver o canto de todas as dores”, Célia Pedro

lembrar do músico itajaiense Assis, que lhe apresentou os acordes de uma guitarra portuguesa. A partir daí surgiu um trio implacável: o fado, o professor Assis e a interprete Célia Pedro. E a sinergia foi tão grande que em apenas nove meses Célia conheceu o estilo musical, ensaiou nove fados em parceria com o professor e fez sua primeira apresentação na Marejada.

Imersão

Para ampliar seus conhecimentos, em 2006 a fadista fez uma imersão na cultura portuguesa. Viajou à Europa e em Portugal experimentou a sensação que sempre almejou: ser aplaudida em tradi-

cionais casas de fado, em Lisboa e Coimbra. Desde então, turnês pelo berço do fado passaram a ser constantes na carreira de Célia. Mas é em Itajaí que ela se sente em casa. Nesta edição da Marejada Célia Pedro se apresenta sete vezes, no Pavilhão Tasca. Além de proporcionar ao visitante da Marejada a possibilidade de apreciar o autêntico fado, a artista já construiu seu legado. Com grande visão artística, renovou a Associação Luso Açoriana de Itajaí, além de ser autora do projeto “Coral das Senhorinhas”, do Asilo Dom Bosco, e do “Coral da Soma”, que integra diversos grupos folclóricos.

O fado

A história do fado começa no século XIX e está entrelaçada por diversas teorias sobre as origens desse gênero musical, as quais continuam sendo debatidas até hoje. Considerado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 2011, o estilo musical é visto como o principal símbolo musical de Portugal. Ao longo de sua trajetória, rompeu fronteiras importantes, abandonando a característica de música pertencente às classes mais baixas e tornando-se patrimônio do mundo. Sua história é marcada pela transmissão oral do conhecimento, assim como por constantes recriações e reinvenções de sua tradição, com o intuito de evidenciar a riqueza cultural presente neste gênero musical que faz parte da vida cotidiana social e cultural dos portugueses há 200 anos.

Entre as teorias relacionadas a origem do gênero musical estão a ligação do fado com as tradições africanas; a origem moura, ligada ao período em que o território português esteve ocupado pelos árabes; além de vertentes que identificam o gênero como uma canção do mar, trazida pelos marinheiros que aportavam em Lisboa. No entanto, ainda não há consenso. O que se sabe é que ele, assim como outras antigas tradições portuguesas, passou por um efetivo processo de reinvenção, em particular pelas novas gerações, que se tornaram responsáveis pelo zelo e pela recriação do gênero como herança cultural de Portugal. O fado, como cultura reinventada, é resultado de uma gama de invenções que contam sua história, aquilo que já foi vivido e que não existe mais, assim como sobre suas origens.• Acervo pessoal


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Edição Outubro/2017

Boi de Mamão é presença garantida na Marejada Divulgação

“O meu boi morreu, o que será de mim?”. Este trecho da cantiga popular marca o momento mais dramático do festejo do Boi de Mamão, quando entra em cena o seu dono que, ao ver o animal desfalecido, fica desolado e cai em prantos. Neste ponto desenrola-se o drama, em tom de comédia, para curar ou ressuscitá-lo. Uma encenação na qual a verdade se mistura à fantasia e à arte e o boi transforma-se em quimera. A tradição veio para o Brasil, mais especificamente para Santa Catarina, na bagagem dos colonizadores açorianos. E como não poderia deixar de ser, também é presença obrigatória na programação da Marejada, afinal, o objetivo da festa é resgatar a cultura e tradições dos colonizadores de Itajaí e região. A apresentação do Folguedo do Boi de Mamão nesta edição está a cargo do Grupo Folclórico os Cantores da Paz. Traz

magia e o mistério, envoltos nesse personagem épico com cantoria, dança e encenação, típicos da brincadeira. O festejo que já foi chamado de “Boi-de-Pano”, no entanto, recebeu esse nome em alusão ao uso de um mamão verde para representar a cabeça do boi. Segundo relatos históricos, a brincadeira se originou nas Ilhas dos Açores, em Portugal, e em Florianópolis a descrição mais antiga do folguedo é de 1871, feita pelo historiador José Arthur Boiteux. No entanto bem antes disso a manifestação cultural já ocorria no litoral continental. Seu primeiro registro é datado de 1840. Diferentemente das outras brincadeiras que foram trazidas à Santa Catarina pelos açorianos, o Boi de Mamão é também uma tradição comum a outros estados brasileiros. Porém, apresenta variações com tipos diferentes de apresenDivulgação

tação, mas semelhantes na originalidade de sua história. Muitas semelhanças são vistas entre o Boi-de-Mamão e o Boi-Bumbá, ou o Bumba Meu Boi, e o Boi Pintadinho, em Paraty. Todavia, para conhecer a verdadeira origem da tradição, é preciso recorrer à Europa.

Personagens

Mais do que uma mera brincadeira, o Boi de Mamão é considerado uma importante manifestação cultural, um auto em tom cômico, mas com um elemento central dramático, cercado de outros elementos que crescem durante a encenação. Segundo a tradição, a dramatização inerentemente usa voluntários para protagonizarem o festejo, sendo que estes são postos sob as fantasias feitas por uma armação de metal ou madeira e coberta por pano. Entre as figuras que aparecem, além do Boi-de-Mamão estão o proprietário do boi, a Bernunça e seu filhote, a Maricota, o doutor, a viúva, o cavalinho, além de outros bois, os corvos e outros perso-

nagens que aparecem de acordo com a tradição de cada região. A Bernunça é uma espécie de bicho-papão que engole tudo o que encontra pela frente, principalmente as crianças desobedientes, e é a principal coadjuvante do auto. A figura é fantasmagórica e teria sido inspirada na figura do dragão celeste chinês. Durante sua apresentação, ela investe sobre o público engolindo crianças e dando à luz, em seguida, a um filhote. Tem ainda a Maricota, uma mulher altíssima, vaidosa e desengonçada, que ao dançar rodopiando esbarra seus enormes braços em quem estiver descuidado; o Cavalinho, que laça e recolhe o furioso Boi; a Cabrinha, que é o boi das crianças, tem um porte menor e dança mais ligeiro. Outros personagens também são encontrados em alguns grupos: urso, urubu, macaco, girafa, abelha, ema, barata, anão, cavalinho-marinho, entre outros que a criatividade permitir. O acompanhamento musical da cantoria é feito por três músicos: pandeiro, violão, gaita.•


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Companhia de Dança Millenium se apresenta na Marejada O grupo itaiense foi o primeiro grupo de danças Urbanas de Santa Catarina a profissionaliza-se Divulgação

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premiada Companhia de Dança Millennium é uma das atrações garantidas da 31ª edição da Marejada. Fundada em Itajaí e especializada em danças urbanas, a companhia Millenium completou 20 anos de trajetória neste ano, coleciona títulos pelo Brasil a fora e exterior. O grande responsável pelo sucesso des-

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tes dançarinos é o coreógrafo Thurbo Braga, que fundou e continua à frente da companhia. O grupo é reconhecido como um dos melhores do país no segmento de dança de rua, tendo aparecido em programas de televisão e campeonatos de diversos estados brasileiros e exterior. Nestes 20 anos de história, o

Millenium participou de dezenas de competições e na grande maioria delas ficou entre os primeiros colocados. A notoriedade da qualidade técnica é tamanha que hoje, mais do que competir, o grupo participa de aberturas e encerramentos de competições e eventos como convidado e ainda recebe cachê.

Para se ter uma ideia de sua projeção no cenário da dança, a companhia realiza uma média de 200 apresentações por ano. Além de seu papel artístico, a companhia desenvolve um amplo trabalho social que já atendeu milhares de crianças, que passaram a ver a dança como forma de educação, cultura e inclusão social.•


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Tradição açoriana na dança é apresentada nesta edição Grupos folclóricos resgatam danças típicas portuguesas

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tradição das festas populares e as danças folclóricas em Santa Catarina, principalmente na sua região litorânea, são, também, legados da cultura açoriana, pois o termo “açoriano” refere-se aos habitantes do Arquipélago de Açores, cuja imigração para o Brasil foi estimulada por Portugal na época do Brasil colônia (1500 – 1822). Os primeiros açorianos chegaram ao Brasil em 1617 e os principais destinos destes imigrantes, que continuaram chegando até o século XIX, foram os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Entre muitas outras danças tradicionais trazidas do velho mundo pelos colonizadores do litoral catarinense está a Dança do Pau de Fitas, uma dança de roda realizada ao redor de um mastro de cerca de 3 metros, adornado com fitas coloridas presas ao seu topo. Os participantes, sempre em núme-

ro par, seguram as pontas das fitas e, dançando ao redor do mastro, formam um lindo trançado de fitas até que não seja possível continuar. Depois de terminado, os participantes começam a dançar no sentido contrário para desfazer o trançado com as fitas. Tem ainda a Dança da Ratoeira, o Pezinho, a Charamba, o Bailinho das Camacheiras e a Chama-rita. São danças que continuam fazendo parte do cotidiano dos descendentes dos açorianos, foram resgatadas por grupos de dança da região e nesta edição da Marejada serão apresentadas Grupo Folclórico Mixtura, Cia de Dança Eduxi e grupo folclórico Balho & Tocata Casa dos Açores de Santa Catarina. O Grupo Folclórico Mixtura foi criado em 1999 na cidade de Bombinhas, Santa Catarina, com o propósito de criar uma proposta que representasse a cidade. Depois de muitas pesquisas o gru-

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po especializou-se em danças de base açoriana e outras influencias portuguesas. Desde então seus membros vem se apresentando em eventos ligados ao folclore no Brasil e Portugal e desde 2002 apresentam-se na Marejada. O Grupo de Dança Eduxi nasceu

em Itajaí na década de 2000 e trabalha diversos estilos, entre eles, as danças portuguesas e açorianas. Já é uma atração tradicional da Marejada, onde se apresenta praticamente todos os anos, além de realizar apresentações em eventos Brasil a fora. •

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Grupo Mixtura

Grupo Eduxi


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Balho & Tocata Casa dos Açores

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grupo folclórico “Balho & Tocata Casa dos Açores de Santa Catarina” foi fundado no ano de 2010, em Florianópolis, com o objetivo manter viva a cultura açoriana que foi trazida pelos imigrantes do Arquipélago dos Açores que chegaram a Santa Catarina chegaram em meados do século XVIII. O trabalho do grupo folclórico tem como base a pesquisa as cantigas e danças folclóricas tradicionais dos Açores, bem como a exibição dos trajes autênticos provenientes daquelas ilhas. O grupo é presença garantida em eventos anuais como as “Festas do Divino”, “Fenaostra”, “Açor”, e em 2017 está presenta na 31ª Marejada. Além de exibir as danças típicas açorianas, valoriza e promove a cultura local, apresentando um repertório musical de Florianópolis, como o “Rancho Amor à Ilha”, homenageando à Ilha de Santa Catarina, considerada por alguns “manezinhos”, como a décima ilha dos Açores.•

Artesanato também é tradição em Portugal Divulgação

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utra área que se afirmou no panorama cultural português e uma das mais importantes tradições portuguesas ao longo dos tempos foi o artesanato, com destaque em áreas como a cerâmica, a tapeçaria, os bordados, a joalharia, entre outros. Ninguém pode passar indiferente à presença de um dos símbolos mais conhecidos de Portugal – o Galo de Barcelos. Também o azulejo pintado é uma das tradições portuguesas mais antigas – a sua produção tem mais de cinco séculos de história.

A tradição portuguesa em tapeçaria surgiu no século XVIII e serve desde então para decoração de paredes e murais. Nos tapetes retratam-se temas como os feitos dos portugueses, a religião e outros. Outra forma de artesanato muito típica que faz parte das tradições portuguesas é sem dúvida as rendas. Há também as saias típicas da Nazaré e os lenços dos namorados. A ourivesaria também é uma forte tradição, em particular a filigrana, que é uma arte manual de trabalhar o ouro e a prata.•


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Contagem regressiva para a Marejada 2017 Portões serão abertos dia 05 de outubro com entrada gratuita para os 11 dias de festa

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mistura de sardinha na brasa com mais de 80 atrações artísticas e culturais será o tempero especial da festa. A entrada é gratuita para todos os dias de Marejada. “A Marejada 2017 vai valorizar a cultura e gastronomia de Itajaí e sua forte ligação com o rio e o mar. É um evento tradicional que faz parte da nossa história e que dará visibilidade aos artistas da nossa região”, comenta o secretário de Turismo, Evandro Neiva. Além da programação oficial, as secretarias municipais organizaram atrações paralelas para envolver os visitantes. Os portões abrem ao público às 19h do dia 05 (quinta-feira) e às 21h será realizada a cerimônia de abertura. A festa segue o dia 15 de outubro.

Fundação Municipal de Esporte e Lazer As atividades recreativas que serão realizadas no espaço KIDS, sempre até as 23h. Tênis de mesa, zumba, ginástica artística e apresentações de grupos de dança estão entre as atrações. Neste espaço as crianças terão que estar acompanhadas de um adulto responsável.

Confira as atrações paralelas Secretaria de Educação Planetário. Sessões diárias de filmes na área externa do Centreventos. Marejadinha no dia 12 de outubro (quinta-feira), das 11h15 até as 13h, no palco externo.

Fundação Cultural e Desenvolvimento Econômico No primeiro andar do Centreventos, será realizada exposição com a Associação de Artesãos de Itajaí, Feira Culturada e Centro Público de Economia Solidária de Itajaí.

Secretaria Municipal de Segurança e Codetran Espaço educativo. As crianças poderão ter conhecimento sobre educação no trânsito. De segunda à quinta-feira, das 18h às 23h, nos fins de semana e feriado das 11h até as 23h. Todas as crianças devem estar acompanhadas de um adulto responsável.

Marcos Porto

Secretaria de Desenvolvimento Social Baile da Terceira Idade no dia 13 de outubro, às 14h Fundação do Meio Ambiente (FAMAI) Atendimento ao público com entrega de mudas de plantas.

Secretaria Municipal de Obras e Serviços Municipais Instalação e iluminação dos arcos na área Fish Garden, onde será possível tirar fotos durante a Marejada. Semasa Bebedouros públicos e copos de água.•


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Meio Ambiente

Ação busca a preservação da vida marinha

“Tão importante como catar lixo nas praias é fazer o descarte adequado. O país deveria oferecer para a atividade de reciclagem os mesmos subsídios que disponibiliza para a extração e beneficiamento do petróleo. “

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tradução literal da palavra “marejada” é “uma pequena agitação das ondas do mar, marulho, marulhada”. E foi inspirado no significado dessa palavra e aos frutos que o mar proporciona que, há mais de 30 anos, os criadores da “Marejada, Festa Portuguesa e do Pescado” a batizaram. Só que há mais de três décadas, essas águas que marejavam na nossa costa eram mais limpas, cristalinas e, os ali-

Divulgação

mentos dela retirados, mais puros. O problema dos plásticos nos nossos mares e, consequentemente na nossa comida, vem sendo apontado, junto com a acidificação dos oceanos, como um dos mais graves problemas que podem afetar irremediavelmente a vida de um planeta saudável. O problema é muito mais grave que possa parecer. Virtualmente todos os animais marinhos já ingeriram Divulgação

partículas plásticas que flutuam aos milhares nos oceanos. Partículas porosas que acumulam toxinas e acabam sendo transferidas para o homem por meio da alimentação. “O lixo marinho é um dos maiores problemas hoje no oceano. As soluções são fáceis de implementar, mas passam por um processo de conscientização bastante amplo”, explica o professor Orestes Alarcon, do depar-

tamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e que há cinco anos e é coordenador do projeto Veleiro Expedições Científicas Oceanográficas (ECO) da Universidade. Na opinião do especialista, não se deve parar de produzir plástico, porque o produto é uma solução tecnológica bastante importante e economicamente viável. No entan-


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to, gera um impacto muito nocivo ao meio ambiente. “Principalmente pelo despejo destes no mar, que acabam se desintegrando e se transformando em microplástico, pelo efeito dos raios ultravioletas, da movimentação das águas e pela salinidade, e que acabam sendo consumidos por peixes e aves marinhas”, acrescenta. Problema é mais grave do que parece Alarcon revela que as pesquisas nessas áreas estão apenas começando. Porém, estudos já apontam a dimensão do problema em todo o planeta. “O mundo todo que olha os oceanos está muito preocupado com isso. O número que assusta muito é

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de 8 milhões de toneladas de lixo que são despejadas nos oceanos por ano. É muita coisa. Se isso continuar da forma em que está e com a tendência de crescimento, porque a produção de plástico aumenta de maneira assustadora e tudo tem plástico, teremos muito pouco a fazer. Portanto, a melhor solução é a conscientização”, explica o professor. Buscando melhorar a saúde dos mares e garantir a sua sustentabilidade o Centreventos Itajaí recebe, três dias antes do início da 31ª edição da Marejada, o 1º Encontro sobre Lixo Marinho do Atlântico Sul. O evento tem como objetivo debater e buscar soluções para impactos ocasionados pelo lixo marinho e desenvolver

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a conscientização ambiental sobre o assunto. Estão confirmadas palestras dos velejadores brasileiros Amyr Klink e Vilfredo Schurmann, e Olivier Petit, do TARA Expedition Foundation, veleiro francês que serviu de inspiração para a construção do Veleiro ECO, entre outros pesquisadores de várias partes do Brasil. Nas discussões, temáticas como sustentabilidade e estratégias no descarte de materiais plásticos, o consumo moderno e o impacto nos oceanos, combate ao lixo marinho com exemplos de ações nacionais e internacionais. Além disso, durante o evento será elaborada a Carta Veleiro

ECO – Itajaí 2017, com a formação de uma rede TransAtlântica de pesquisa sobre a problemática do Lixo Marinho e o estabelecimento de Programa de Educação Ambiental em âmbito nacional com foco na formação de lideranças locais. O encontro integra a programação de lançamento oficial do Veleiro ECO que ocorre em 3 de outubro, na Marina de Itajaí. A reunião de pesquisadores, governo, empresas privadas e ONGs e a busca de ações e soluções para a poluição marinha são missões da embarcação que a partir de novembro deve partir para a primeira expedição. •


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Cadê a licença?

Causos de

Pescadores A mosca e a gaivota

Um pescador de Penha foi pescar ali na beira-rio de Itajaí e esqueceu de levar as iscas. Daí, para começar, pegou uma mosca e colocou no anzol como isca. Arremessou a isca improvisada e uma gaivota muito ligeira pegou-a no ar antes que pudesse cair na água. Loucura? Que nada! A gaivota enroscada com o anzol, se debatendo muito, caiu na água e foi engolida por um “baita espada”. Assustado, por puro reflexo, o cara deu um puxão levando a vara totalmente para trás. Qual foi a surpresa? Com “aquela varada” acabou acertando e matando uma capivara que pastava por ali... Pode acreditar! Como diria o seu Tininho da Prainha de São Miguel: “É mole pra cabeça?” Ah! O espada pesava 25 quilos. (Uhum, sei!)

Dois amigos, um com licença de pesca e o outro sem, estavam pescando camarão-de-sete-barbas no Gravatá, em Navega. Nisso aparece a fiscalização do Ibama e o pescador com licença acelera o motorzinho de popa da parelha e se manda. Quinze minutos ele é pego. Para espanto dos fiscais, o homem do mar mostra a licença e diz: -Nestas alturas, já deu tempo do meu amigo fugir! Rsrsrs

Peixes obedientes

O fiscal do Ibama flagra um pescador no mar da Armação em Penha, e diz: - Vou te multar e apreender seu equipamento porque o senhor está pescando em época proibida. O pescador rebate – Como o senhor sabe é nesta época que tem muito peixe e na temporada de pesca quase não tem. Porque devo obedecer as regras, se os peixes não obedecem?!!!


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Dicionário Peixerês

cultura dos açorianos em Itajaí não está presente apenas na arquitetura, artesanato, gastronomia e folclore. A maneira com que o povo da cidade se comunica também é um forte diferencial. As características da fala rápida e cantada, a omissão de sílabas e a substituição do s pelo x na pronúncia, transformaram a linguaAbobado ou abobalhado - metido à besta, bobo, tonto Aglomerar - puxar briga, folgar Ah-ãh - interjeição que indica dúvida ou descrença em relação a algo Ah-ãh, negu - interjeição que indica dúvida ou descrença em relação a alguém Antes donti – antes de ontem Á-pára - bastante usado no imperativo do verbo parar Apurado - apertado, com vontade de ir ao banheiro Apurar - apressar também muito utilizado no imperativo: apura! Arrenegar - deixar nervoso, irritar Arregado - porção generosa, posição confortável Ax dereita - o contrário de ‘ax ixquerda’, à direita Ax ixquerda - o contrario de ‘ax dereita’, à esquerda Asmininxegaro - as meninas chegaram Ânsdionti - antes de ontem Àxpampa - coisa em abundância ‘arregado’ Badapia - debaixo da pia Badacama - debaixo da cama Baga - legal Bataixtranho - algo muito estranho Balaio - coisa muito comum Balela - papo furado, enrolação Banzo - pessoa pouco inteligente, lerda Barrasco - homem forte, encorpado Barrêoterrerro - varrer o quintal Batêra - canoa Bico de bule - jovem virgem Blitix - parada policial para verificação de veículos e condutores irregulares Bobiça - coisa sem importância Boca de suvaco - pessoa que não possui dente Boca mole - pessoa sem atitude ou atitude demorada Bonéu - boné Bucica - cachorro Buso - ônibus

Cacau - chuva forte Cacalhada - pessoas ou coisas ruins, que não prestam Cachorrinho - pão salgado Caco - sujeito à toa, vagabundo (muito usado em tom de brincadeira) Calhau - coisa grande Camarão dicacadinho - camarão limpo. Alguns nativos falam “camarão dicaxcadu” Cambar - virar, dobrar uma esquina Cambacica - o mesmo que bucica, cachorro Capax - imagina! Cardeneta - caderneta Carudo - que não tem medo ou vergonha de nada Cas costa - com as costas Casa germinada - casa cheia de germes (o certo seria ‘geminada’) Chêru - o mesmo que “cheiro”, pessoa muito querida Chinéli - pessoa que não vale nada Chocar - aguardar (Vai chocar esta pipa?) Coça - surra Coizarada - algo muito bom Corisco - algo muito rápido Crédu - expressão de indignação e surpresa Cruux - expressão de indignação (voltado para vingança) Dádidedo - o mesmo que dar de dedo, tomar satisfação Dazhôje - agora há pouco, há pouco tempo Demonho - demônio Dendapia - dentro da pia Denduforno - dentro do forno Dengodengo - nativo de Navegantes Dérreal - dez reais Deu pra bolha - chega, já deu o que tinha que dar Dizaoje - hoje Disincheu - o mesmo que esvaziar Dôdestongo - dor de estômago Doidimai - dói demais

gem numa das marcas registradas dos habitantes do nosso litoral. Estas pessoas são conhecidas como ‘peixeiros’, que por meio do vocabulário específico formado por várias expressões, refletem o espírito brincalhão deste simpático povo. Conheçam algumas das expressões mais usadas.

Dôli cós dosh pé no peito – vou te arrebentar todo Dou-ti uma que ti faço gatinhá – te bato com tanta violência que você fica de quatro Dôrreal - dois reais Em côra - desnuda, com pouca roupa É mole ou quéx maix - você ainda acha pouco? Empombado ou empiçado - arrumado, caprichado, metido à besta Entojado - chato, enjoado Enxer os cornu - se embriagar Esganado - egoísta, olho grande Estepo - pessoa de pouco caráter, não vale nada Estrovar - incomodar És um bicho - pessoa muito boa em fazer alguma coisa Excumungado - desgraçado (xingamento) Fala maix quiuhomi da cobra - fala mais que o homem da cobra, ser muito tagarela, falar demais Ficá si proseando - exibir-se Filé - querida, bonita Fragar - saber, entender, perceber Funda - estilingue ‘galega’= loira Gazear - matar aula Guapeca - vira-lata Guaxcaço - barulho alto, ou expressão para agressão física Guspir - cuspir Hox ou hoj - hoje Imbigo - umbigo Intizicar ou inticar - provocar, mexer com alguém Inzame - exame Iscodidente - escova de dente Issokipómoiá - isso aqui pode molhar? Ixtreve - algo do tipo “ninguém se atreve.” Ixquenta galho - arquibancada popular do estádio do time Marcílio Dias Já ti di - eu já lhe entreguei Ládincovim - lá de onde eu vim Ladina - pessoa esperta

Lambança - confusão, falha cometida Largato - lagarto Lidileite - litro de leite Lidialcom - litro de álcool Lholhó - olha só Mardusfigo - mal do fígado Massa ou damassa - coisa boa, ”legal” Malaco - bandido Mandrião - preguiçoso Mastumate - massa de tomate Másumênu - mais ou menos Medêducé - meu deus do céu! Meidia - meio-dia Mêmo - mesmo Não tem? - algo do tipo “está entendendo?” Né? - interjeição utilizada sistematicamente no final de cada frase Nêgo ou nêga - pessoa próxima ou querida Nossinhora - nossa senhora Nudánempruchêru - não dá nem pro cheiro, insuficiente Nuvaidánada - não vai dar em nada ÓI ÓI ÓI ÓI - expressa admiração, algo como “olha lá, veja só” Oiuchêru - olha o cheiro Óikichêru - olha que cheiro Oiprocevê - olha pra você ver Olhà di reveshgueio - olhar de soslaio (de lado) Onquié? - onde que é? Oncotô? - onde que eu estou? onquetá? - onde está? Ontonte - anteontem OoooooooOOOO - exprime espanto, como se deparar com algo incrível ou fora do comum O pau pega e não alivia - indica trabalho, movimento ou confusão intensa Orelhuda - pessoa curiosa Pastel – tombo, queda

Pau de virá tripa – pessoa magrela e alta Pilica – bolinha de gude Posolha - Olha só Proma - loteamento popular chamado de Promorar, mais conhecido como “Portelinha” Rosca do ouvido - tapa no ouvido Sapeiro - pessoa mentirosa Se afinou – morreu de rir Seco - pessoa magra Socado - veículo com alteração na suspensão Socado - lotado Sótumermo - você é a única pessoa que pode me ajudar Surrasquinhu na tauba - churrasco, carne assada Si quex, quex! si num quex, dix! - se quiseres, diga Ta igual couro de pica – pessoa/acontecimento que não tem uma definição, aquilo que vai e volta Tânso - pessoa tola, boba Tásh tolo – tá ficando louco Testiculamaum na cara - vou dar-te um tapa na face Tidoti uma nos córnus - te bato na cabeça Tirá farinha – levar vantagem Tirombaço - disparo feito com arma de fogo Tô di cara! - estou impressionado Traste - pessoa que não presta Uix uix, nego - que saco, cara! Uma renca - um monte de pessoas Vamocumeocuteu? - pergunta para definir em que veículo será feito o passeio Valdomiroéstu - me admira você! Vôm - vamos Vodadivudera - dar uma voadora Zolho - olho Zolhudo - olho grande, invejoso Zica - bicicleta Zomi - polícia militar


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Marejão completa 30 anos e retorna à Marejada Mascote ganha nova roupagem e participa dos 11 dias do evento, recebendo os visitantes e encantando principalmente o público infantil.

N

ascido em 1987 pelas mãos do modelista naval Rui Flores Filho, o Marejão, que é uma sardinha com características portuguesas, completa 30 anos nesta edição da Marejada e, com nova roupagem, volta a alegrar o evento, que acontece de 05 a 15 de outubro. O mascote foi criado para difundir a cultura dos pescados para todo o país. A festa se modernizou ao longo dos anos, ganhou um novo formato, mas continua sendo o principal evento artístico-cultural da pesca catarinense. O Marejão também passou por reformas. O design para festa deste ano é assinado pelo historiador e artista Dagoberto Coelho. A edição deste ano da mais portuguesa das festas do pescado também resgata a mensagem do Marejão no seu primeiro ano de vida, em 1987, quando surgiu a Marejada. A festa nasceu montada com tendas de circo onde hoje fica o Centreventos e, naquele tempo, funcionava o Terminal Rodoviário. Os pontos de ônibus viraram quiosques e o evento também recebeu a 1ª Feira Industrial da Pesca. Ano em que a mensagem do mascote foi “Venha pela boca ou pelo coração”.

Marcos Porto

Essa essência foi resgatada para 2017. “Teremos uma Marejada com forte valorização da gastrono-

mia, como foi no início da festa. É um evento tradicional que faz parte da nossa história e que dará visibi-

lidade aos artistas da nossa região”, ressalta o secretário de Turismo, Evandro Neiva.•


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Edição Outubro/2017

Resgate

Livro “Retrato Peixeiro: Personagens que marcam a história do Mercado do Peixe” mostra o que é ser realmente um peixeiro

A

jornalista itajaiense Maria Carolina Cândido lançou no sábado, 30, o livro “Retrato Peixeiro; Personagens que Marcam a História do Mercado do Peixe”. A obra resgata a história do atual Centro de Cultura Popular, o antigo mercado público, construído em 1917 para comercialização de pescado e do artesanato local em cerâmica e madeira na região. Na obra a autora reúne informações sobre a história do comércio, por meio da história documental e oral contada pelos comerciantes desde sua origem e as principais transformações deste cenário no município. O momento não poderia ser mais propício: a semana que antecede a 31ª Marejada. O trabalho é o retra-

Acervo pessoal

históricos do município e biblioteca pública. São perfis descritivos de cada personagem, escritos na modalidade de livro-reportagem. A ideia inicial surgiu em 2013, quando a autora trabalhava na Secretaria de Comunicação Social da Prefeitura de Itajaí e o então secretário da Pesca, Agostinho Peruzzo, a convidou para fazer um trabalho para homenagear os trabalhadores do Mercado do Peixe, como comemoração

do aniversário do município. “Era para ser uma simples exposição, apenas alguns banners espalhados pelo Mercado, com algumas fotos e depoimentos curtos. No entanto, as entrevistas resultaram em um material muito rico culturalmente, que merecia ser mais valorizado”, explica a autora. O material também resultou no Trabalho de Conclusão de Curso da jornalista e, três anos depois, foi publicado por meio da Lei de Incentivo à Cultura e com apoio financeiro da empresa Safrio. • Maria Carolina Cândido

to de cada personagem do Mercado do Peixe, com a sua simplicidade e seu jeito Itajaiense de ser. “No livro eu resgato a história da comercialização do pescado desde que as vendas ainda funcionavam no Mercado Público até a decisão de ser construído outro mercado, que é o Centro de Abastecimento Prefeito Paulo Bauer, o Mercado do Peixe”, explica Maria Carolina. A narrativa é construída por meio da história oral, contada a partir das memórias desses comerciantes, entrevistas com algumas autoridades e um pouco da história documental, encontrada em arquivos

Dona Nadir é uma das muitas personagens do livro, que traz também o Auri Novaes (o Bom), Pedrinho, Nicasso, Germano Pescador, Salete, Dona Normelia. Tem a família Caetano, dona Jussira, dona Jurany, Jayson, seu Pedro do Artesanato, seu Donato, entre muitos outros colaboradores. Tem também alguns obituários em homenagem ao Nego Dico, (considerado uma figura folclórica na cidade) e o Valdemar Santana, esposo da Dona Nadir, da lanchonete Rei do Peixe Frito, também conhecido como João de Barro.


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