Quando um Propósito Nos Leva Além

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© Renata Melo 2017

Produção editorial: Vanessa Pedroso Revisão: 3GB Consulting Capa: Editora Buqui Fotógrafo: Jefferson Bernardes Editoração: Cristiano Marques

CIP-Brasil, Catalogação na fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ M485q Melo, Renata Quando um propósito nos leva além / Renata Melo 1. ed. | Porto Alegre, RS | Buqui, 2017. 256p. | 23 cm ISBN 978-85-8338-390-1 1. Romance brasileiro. I. Título. 18-46969 CDD: 869.93 | CDU: 821.134.3(81)-3

Todos os direitos desta edição reservados à

Buqui Comércio de Livros Digitais Ltda. Rua Dr Timóteo, 475 sala 102 Porto Alegre | RS | Brasil Fone: +55 51 3508.3991 www.buqui.com.br www.editorabuqui.com.br www.facebook.com/buquistore Printed in Brazil/Impresso no Brasil


editora



Aos meus amores, Rodrigo e Joaquim. O amor que recebo de vocĂŞs, todos os dias, me inspira.



AGRADECIMENTOS Meu muito obrigado aos leitores da trilogia Laço Eterno por compartilharem comigo suas percepções. Obrigada, obrigada, obrigada. Fico imensamente feliz por ter essa oportunidade. A Jordana Carneiro, do blog Feed Your Head. Sua percepção é valiosa para mim. Meu muito obrigado de coração, sucesso sempre! À editora Buqui, pelo carinho e profissionalismo. Mais um livro juntos. Muito obrigada, Gustavo Lima e Vanessa Pedroso. Por fim, meu agradecimento especial a Maica Solanda, por seu apoio.



S

ky olhava o céu iluminado pela lua crescente e algumas estrelas do terraço de sua cobertura em sua cidade natal, no Nordeste do Brasil. Desde criança passava horas imaginando as inúmeras possibilidades de infinito que poderiam existir. Viu uma estrela cadente e sorriu. Era uma astrônoma em ascensão na carreira, apesar do pouco tempo de profissão. Morava nos Estados Unidos havia três anos, desde a formatura. Estava com 25 anos e, embora a vida a testasse com frequência, nunca tinha deixado de acreditar em si mesma e sonhar. Retornou à sala e seguiu para a cozinha. Retirou da geladeira uma cerveja e voltou ao enorme sofá, apoiando os pés na mesa de centro. Colocou os óculos de grau e retomou a leitura. Estava trabalhando em sua tese para o curso de doutorado em astrofísica.

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O interfone tocou, e Sky fez uma expressão de descontentamento antes de se levantar para atender. Quem poderá ser a essa hora?, pensou. – Alô. – Boa noite! A senhorita Sara está na portaria. – Ela está sozinha? – Conhecia muito bem a amiga de infância. – Está acompanhada por um rapaz. Sky respirou fundo e sorriu por ter adivinhado que Sara faria isso com ela. – Pode liberar. Obrigada. – Tudo bem. Boa noite. – Boa noite. Sara, Sara!, pensou, seguindo para o quarto a fim de trocar de roupa. Vestiu short jeans e uma larga camiseta com gola redonda que caía por seu ombro. Olhou-se no espelho e soltou os lindos cabelos marrom-dourados que contrastavam com os vivos olhos cor de mel. A pele estava bronzeada. – Sky! Sorriu e balançou a cabeça, de um lado a outro, indo até a porta. – Por que não tocou a campainha?

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– Surpresa! – Sara falou mostrando a garrafa de conhaque e segurando na mão de Lucca. Sky abraçou a amiga e beijou o rosto dele. – Vamos, entrem! O que deu em você para vir uma hora dessa? – Sky checava as horas. – Queríamos te convidar para uma festa que está acontecendo aqui perto. – Sara abraçou mais uma vez a amiga. Lucca olhou para Sky constrangido. Ela tinha sido sua grande paixão, mas nunca compreendera suas prioridades até ela se mudar para os Estados Unidos. – Não, obrigada. Estou concentrada na viagem à Amazônia. – Baixou a cabeça e respirou fundo, esperando o que Sara diria. – Essa conversa de novo! Não é possível, Sky! Você tem que acordar para a vida! Não pode somente estudar! É tão linda, e olha só você, encalhada! – Sara! Na frente do Lucca... – Sky olhou para ele e o viu baixar a cabeça. – Não se preocupem comigo! – Lucca a olhava ainda impactado por a estar reencontrando. – Eu o convidei porque queria muito que conversassem... Sky cruzou os braços e baixou a cabeça, movimentando-a de um lado a outro, envergonhada.

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– Quer parar! – Aumentou o tom de voz. Amava Sara, mas ela, às vezes, não tinha limite. – Desculpe, Sky! Não quero causar nenhum constrangimento. Sara me convidou, e confesso que queria te reencontrar. – Olhava para ela com as mãos nos bolsos da bermuda. – Tudo bem, Lucca, me desculpe também... – Lembrou-se de tudo que ouvira dele quando acabaram o relacionamento. – Vamos, amiga, por mim! Vamos nos divertir um pouco como nos velhos tempos! Lucca foi para a varanda. – Sara! Por favor! Compreenda... – Aproximou-se da amiga, encarando o lindo rosto. – Não quero ir a nenhuma festa. Quero continuar aqui concentrada na minha pesquisa e nos preparativos finais para a viagem. Sabe o quanto é importante para mim essa pesquisa. – Sei, será uma descoberta revolucionária para o mundo e a humanidade. – Segurava as mãos dela. Sky sorriu, sentindo-se, mais uma vez, culpada por nunca ter revelado completamente a verdade à melhor amiga. Sara tornou-se sua família, mas não se sentia segura o suficiente para confiar a ela seu maior segredo.

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– Só escuto você falar sobre isso neste último ano. Minha amiga doidinha... – Sorriu, abraçando-a. – Pelo menos, converse com ele. Lucca olhava para o céu. – Tudo bem... você sempre me colocando em situações difíceis. – Sky olhava-a, contrariada. – Obrigada! – Sara agradeceu satisfeita, ignorando o olhar dela. – Enquanto conversam, vou à cozinha comer alguma coisa. Sky respirou fundo e caminhou em direção a Lucca. – É tão estranho te reencontrar... – Disse olhando sobre o ombro, de costas para ela. Ela cruzou os braços, com frio. – Para mim, também. Olha, Lucca, eu sinto muito, por tudo... – Você, em algum momento, verdadeiramente, foi feliz ao meu lado? – Virou-se para olhá-la. Desde o rompimento, não tinha tido uma nova oportunidade para conversar com ela. Olhava para ele reconhecendo que Lucca tinha se transformado em um belo homem. Era mais alto do que ela e estava fisicamente forte, por prática contínua de esportes e alimentação balanceada. Os cabelos castanho-claros em grandes e finos cachos se movimentavam ao vento. A barba

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estava crescendo, e o sorriso demonstrava o carisma e a alegria de viver que sempre a tinham atraído. – Fui muito feliz com você... – Sorriu. – Te reencontrar e relembrar o quanto é linda não está me deixando muito feliz no momento. – Também sorriu. – Me desculpe por isso... – Brincou. – Vem cá! – Abraçou-a. Sky correspondeu. – Eu poderia ter ido com você... – Eu sei... – Emocionou-se, sabendo que não dera essa chance a ele. – Eu ainda estou aqui... Esperando que me chame para sua vida novamente. – Lucca, não faz isso, por favor... Eu segui adiante e sei que você também. Segurava o rosto dela com as mãos, olhando para seus olhos. Nunca esquecera aquele olhar. – Sempre será minha estrela. – Sorriu. Sky também sorriu e o abraçou com carinho, recordando. – Espero que, nessa sua próxima aventura, encontre o que está procurando.

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– Agora que está chegando a hora... Estou um pouco apreensiva... – Vai sozinha? – Vou, mas contratei o melhor guia da região. – Vamos entrar, você está gelada. – Falou, passando as mãos nos braços dela tentando aquecê-la. – Não quer mesmo ir conosco à festa? – Não, obrigada. – Sara! Vamos! Sara voltou à sala com um sanduíche em uma mão e uma cerveja na outra. – Só um instante, Lucca. – Sara comentou. – Quer comer alguma coisa? Ou uma cerveja? – Sky ofereceu a ele. – Não, estou dirigindo. Vamos, Sara. Você come no caminho. Sara abraçou Sky mesmo segurando o sanduíche e a bebida. – Amo você! Não deixe de me mandar notícias! – Sara a abraçava com força. – Também amo você. – Sorriu para a amiga. – Não entendi quanto às notícias... Minha vida parece um reality para você. Sara riu da expressão no rosto dela.

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– Boa viagem e se cuida na selva. – Pode deixar, estou levando repelente. – Brincou. – Tchau, Lucca, foi muito bom te ver. – Tchau. – Abraçou-a, despedindo-se. – Boa festa para vocês. Fechou a porta, suspirando. Não conseguiria mais se concentrar após ter visto Lucca. O reencontro mexera com ela. Foi muito difícil decepcioná-lo quando decidiu se dedicar exclusivamente à profissão. Acreditava que estava perto de uma grande descoberta, e a viagem à Amazônia poderia revelar algo completamente desconhecido para ela e para a humanidade.

N Abriu a porta do apartamento e ouviu o som do telefone. A chamada foi direcionada para a secretária eletrônica antes que atendesse. – Senhorita Ribeiro, aqui quem fala é Iuny, o guia. Estou retornando a ligação confirmando que estarei no aeroporto de Manaus à sua espera. Quanto ao meu pagamento, quero receber em dinheiro, em dólar. Faça uma boa viagem. – Desligou. – Espero que você, Iuny, seja realmente muito bom no que faz, porque me custou muito caro.

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Entrou no quarto e olhou mais uma vez para a mochila de acampar. Tinha sido um grande desafio organizar as roupas para uma viagem de um mês naquela mochila. Iuny lhe passou uma lista de especificações de vestuário e outros itens que teve de providenciar. Ele explicou a ela que a falta de roupa adequada poderia lhe custar a vida na selva amazônica. Precisava de roupas que deveriam garantir a ventilação do corpo para as caminhadas nos dias quentes e úmidos e roupas específicas para a noite. Seguiu para o banheiro. Estava chegando da praia, após uma aula de capoeira e uma corrida. Precisava tirar o sal do corpo e se refrescar. Ainda pretendia fazer um último treino de resistência com seu preparador físico antes de seguir para o aeroporto.

N Iuny desligou o telefone impaciente. Já estava em Manaus à espera da senhorita Ribeiro. Aproveitaria o dia para comprar mantimentos e diesel para reabastecer seus pontos de parada na selva. Estava na região havia três anos e trabalhava como guia para turistas, biólogos e para o Greenpeace. Tinha um ótimo relacionamento com os índios e transitava bem pelas tribos. – Oi, Iuny! – Uma jovem de pele morena e cabelos negros sorriu para ele.

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– Olá! – Acenou para ela, se aproximando. – Estava sumido! O que vai querer hoje? – Cinco galões de diesel. – Vai fazer mais compras? – Vou. Providencia para deixarem no barco? – Claro! – Sorriu, tentando impressioná-lo. Ele aproximou-se. A mulher fechou os olhos sabendo o que a esperava. Iuny segurou em sua nuca posicionando os dedos em pontos corporais que a fizeram suspirar de prazer. Iuny esperou ela abrir os olhos e beijou seu rosto. Que homem é esse!, pensou quando encarou os lindos olhos negros. – Obrigado. – Sorriu para ela. – Como você consegue fazer isso? Preciso que ensine ao meu marido. Iuny sorriu. – Não posso revelar meus segredos e, com todo o respeito, acho que ele não vai gostar de saber. – Passou a mão no cabelo, arrependido. Pagou pelo combustível. – Obrigado, Suely. – Não demore a aparecer, por favor! – Sorriu. – Tenho um novo cliente, expedição de trinta dias.

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– Boa viagem. Até a volta. – Até logo.

N Sky olhava fixamente para o local que havia marcado no mapa, não se importando com a turbulência do voo. Acreditava que, naquela coordenada geográfica, pelos seus cálculos, existia um portal dimensional. Colocou o cinto de segurança, dobrou o mapa cuidadosamente, fechou a mesa à sua frente e o guardou nas páginas finais do livro, retornando à leitura: “A selva amazônica representa mais da metade das florestas tropicais remanescentes no planeta, com a maior biodiversidade em uma floresta tropical no mundo. 60% da floresta está no Brasil, 13% no Peru e partes menores na Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa...” – Senhoras e senhores, aqui quem fala é o comandante. Pousaremos em Manaus em mais alguns minutos. Manaus com tempo bom, sem chuva, temperatura de 33º C. Aos que seguirão viagem conosco a Santarém, nosso tempo em solo será o mínimo possível, e aos que desembarcam aqui, agradecemos a preferência em voar conosco e tenham um excelente final de tarde. Obrigado.

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Sky sorriu ao ver os rios e a vegetação da Amazônia enquanto a aeronave se aproximava para pouso. Estava cheia de expectativas. Tinha dedicado muito tempo ao planejamento e preparação física para essa expedição.

N – Ora, ora quem apareceu! Iuny sorriu quando se aproximou do colega de profissão que também estava no saguão do aeroporto, no desembarque. – Como vai, João? – Era um dos poucos a quem dedicava tempo para conversar. Iuny não tinha amigos. Fazia questão de não construir vínculos. Suas relações eram apenas para fortalecer o apoio da comunidade ao seu trabalho. – Bem. Nova expedição? – Sim. – Quem é o cara? Greenpeace? Biólogo? Geólogo? – Não é ele, é ela. Astrônoma. – Virou a placa mostrando o nome ao colega e ouviu a gargalhada. – Muito bem... – Desculpe. – João continuou rindo da expressão no rosto de Iuny. – E ela tem condicionamento físico para uma expedição de quantos dias?

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– Contratou 30 dias, mas não sei se aguenta. Afirmou que estaria preparada fisicamente, mas não tenho clareza se ela sabe o que é estar em uma mata densa com variação de temperatura e muita umidade. – Pelo menos, ela contratou o melhor. – Juro que tentei sair dessa, mas não consegui. Acredita que coloquei meu preço bem acima da média, e olha que a mulher pesquisou e comparou os valores. Mesmo assim, resolveu pagar o que pedi. – Sério? – João invejou o colega. – Dificultei até a forma de pagamento, mas ela não desistiu. E em mais alguns minutos... – Olhou as horas. – Estarei conhecendo minha contratante. – Você tem muita sorte, cara. – Não tenho. – Ninguém o conhecia verdadeiramente. – E você, o que faz aqui? – Vim recepcionar um pequeno grupo de americanos em férias. – Olha só, começaram a sair... – Falou, levantando a placa escrito “Srta. Ribeiro”. O grupo de americanos foi um dos primeiros a sair. – Até a próxima, cara. Nos esbarramos por aí! – João se despediu.

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– Valeu. – Iuny continuava olhando para a porta que abria e fechava constantemente com passageiros desembarcando. Cadê essa mulher? Não é para estar trazendo mala. Por que a demora?, pensou. Sky saiu no saguão e visualizou a placa com seu sobrenome. Caminhou na direção dela. Iuny era dez anos mais velho do que ela. Apesar da incomum beleza que chamou a atenção de Sky assim que ela se aproximou, tentou se concentrar somente na expressão fria e distante dele. Não estava surpresa porque, durante as negociações, Iuny tinha feito questão de se manter distante e impessoal, enviando sinais de que não deveria contar com ele. Tinham quase a mesma altura, e Iuny encarou, por alguns segundos, os olhos cor de mel, deixando-a curiosa com o que poderia estar pensando. Sky usava calça jeans colada ao lindo corpo, uma camiseta branca de fino tecido, gola em V, destacando seu busto, e um cordão que descia do pescoço percorrendo o caminho dentro da camiseta, não o deixando ver o que tinha no final. Os cabelos caíam por seus ombros, e a pele moreno-clara estava bronzeada. Sorriu calorosamente tentando escalar a muralha que Iuny construíra propositalmente entre eles, mas ele retribuiu o gesto olhando para verificar se os sapatos

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dela eram específicos para longas caminhadas em terrenos irregulares. Cruzou os braços elegantemente, tentando não demonstrar que desaprovava a atitude dele, e também olhou para seus sapatos, acompanhando seu olhar. – Muito bom. Vejo que a senhorita seguiu corretamente minhas orientações quanto ao calçado e marca. – Ignorou-a totalmente. Era bom nisso. – Obrigada. – Sorriu, pensando que, por seus objetivos, poderia suportá-lo por um mês. – Vamos, precisamos chegar ao primeiro ponto de apoio antes do anoitecer. – Seguiu na frente e pôde ver ela acelerando o passo, tentando acompanhá-lo. Iuny parou na fila do táxi, e Sky parou ao seu lado, em silêncio. – Vamos até meu barco e seguimos pelo rio. – Avisou a ela. O celular dela tocou, e ela sorriu ao olhar o visor. – Cheguei bem. – Respondeu a Sara assim que atendeu a ligação. – E o guia? É bonitão? – Não prestei atenção... – Mentiu. – Ele está ao seu lado e não pode responder? – Sara estava curiosa.

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Iuny entrou no táxi, e ela fez o mesmo, sentando ao lado dele. – Isso. – Sorriu, pela curiosidade da amiga. – Preciso desligar agora e acho que vai demorar um tempo para conseguirmos falar novamente. – Quero notícias todos os dias! Já estou com saudades. Sorriu. – Também estou com saudades. Iuny, mesmo parecendo desinteressado, ouvia atentamente a conversa dela ao telefone. Sky guardou o celular no bolso e pegou um elástico para prender os cabelos, sentindo o calor intenso. O taxista acelerou o carro, mas, em seguida, freou bruscamente, projetando-a sobre Iuny. Apoiou a mão na coxa de Iuny e sentiu os braços fortes envolverem-na. Ela visualizou uma tonalidade diferente nos olhos negros e admirou a beleza exótica e incomum do homem ao seu lado. – Desculpe! – O taxista se antecipou, com medo de que Iuny o questionasse. Eles o ignoraram. – Obrigada. – Agradeceu, torcendo para que ele sorrisse pelo menos uma vez. – Se não estivesse no celular, teria colocado o cinto de segurança.

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Suspirou, afastando-se dele, preferindo não comentar. Depois aproximou-se da janela para olhar a cidade. Sky viu o imponente estádio construído para a última Copa do Mundo de futebol no Brasil. A obra era magnífica. – Primeira vez do casal na cidade? – O taxista perguntou. – Sim, é nossa primeira vez. – Respondeu, brincando, e sorriu olhando para Iuny, mas, pelo olhar severo dele, concluiu que, talvez, não tivesse senso de humor. – Temos muita beleza natural e passeios que deixam bem próximos da natureza, como o encontro das águas dos rios Negro e Solimões, pesca esportiva, nadar com os botos, passeios para conhecer tribos indígenas, ver a fauna e flora, cidades flutuantes, ver as vitórias-régias. – Olhava para Sky pelo retrovisor. Iuny não se esforçou para participar da conversa. – E na cidade de Manaus? – Sky demonstrou interesse. – Podemos passar pelo Teatro Amazonas no caminho. O teatro é lindo, e na frente tem a praça com o monumento à abertura dos portos do Amazonas, inaugurado em 1900. Sky olhou para Iuny. – É possível? Iuny olhou as horas no relógio e cedeu ao pedido dela. – Tudo bem.

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– Obrigada. – Sorriu em agradecimento. – Então vamos passar pelo teatro. O taxista mudou o percurso e, em poucos minutos, estacionou próximo à praça. – Não podemos demorar. – Iuny afirmou a Sky quando a viu descer do táxi. – Certo, serei rápida. Vamos. – Respondeu sem olhá-lo. Iuny saiu do veículo e a viu caminhar, parando entre a praça e o teatro. Caminhou até ela. – Nossa, é lindo. – Sky afirmou a Iuny, sem desviar o olhar da construção do teatro Amazonas. Iuny parou ao lado dela, cruzando os braços, observando a construção de séculos anteriores. – Esse teatro é o símbolo da cidade. Sky virou-se para olhar para o monumento no centro da praça. Depois olhou para as lindas construções de casas coloridas, uma azul com detalhes em laranja e branco, ao lado outra em tons de verde, ao lado outra de amarelo e branco, depois em azul-escuro e branco. Do lado esquerdo da praça, uma igreja do mesmo século do teatro. – Precisamos ir, senhorita Ribeiro. – Quero só ver de perto o monumento, e podemos ir. – Disse, ignorando o olhar indiferente dele.

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O monumento, cercado por água, tinha quatro lados com navios com características de cada continente. Acima de cada navio, os nomes dos continentes: Europa, África, América e Ásia. – A última vez que esse monumento foi restaurado foi em 2004. – Falou a ela. – É magnífico. E os paralelepípedos dessa praça? Me lembram os calçadões de Copacabana... – Na verdade, os calçadões de Copacabana, no Rio de Janeiro, foram inspirados nessa praça. Agora precisamos ir. – Disse, seguindo em direção ao táxi. – Isso... Sky olhou mais uma vez toda a beleza à sua volta e acelerou o passo para alcançar Iuny. – Obrigada pela gentileza. – Vou cobrar o valor adicional da corrida. – Respondeu sem olhar para ela, entrando no veículo. Ela balançou a cabeça de um lado a outro, em negativa ao comentário dele, não pelo dinheiro, mas pela indiferença que Iuny fazia questão de demonstrar. – Então? O que achou? – O taxista a olhou e sorriu. – Adorei. Magnífico. Pena o teatro estar fechado. – Por dentro, parece uma pintura, de tanta beleza. Uma viagem no tempo.

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– Posso imaginar. – Sky respondeu, acessando a internet pelo celular e visualizando imagens do interior do teatro. – Vamos. – Iuny interrompeu a conversa. – Desculpe, senhor. – O taxista respondeu, concentrando-se no percurso. Sky seguiu observando as ruas. – Valeu. – Despediu-se do taxista, pagando a corrida. Depois olhou para ela. –Está com fome? Podemos comer algo no mercado antes de seguirmos. Estavam em frente ao mercado municipal Adolpho Lisboa; do outro lado da rua, ficava o porto de Manaus e o rio Negro. Movimentou a cabeça afirmativamente, sorrindo para ele, e, mais uma vez, não viu reciprocidade. O mercado tem duas fachadas distintas, uma para a frente do rio Negro e a outra para a rua dos Barés. – O mercado foi construído no período áureo da borracha, e todo o material veio importado da Europa. Vamos entrar. Sky observou os vidros coloridos e as estruturas de ferro e cobertura de zinco. – De que ano é essa construção? Você sabe? – De 1880. Foi inaugurado em 1883. E em 1987 foi tombado como patrimônio histórico nacional por ser um

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dos principais exemplares da arquitetura de ferro, sem similar em todo o mundo. – Magnífico. – Sky sentiu o clima exótico do ambiente pela história, simplicidade e mistura de aromas: frutas, especiarias, ervas medicinais amazônicas, óleos e peixes. Entraram no pavilhão principal e, enquanto percorriam os corredores, ela observava as bancas, envolvida pela energia do local. As bancas tinham souvenires, itens da cultura amazônica e manauara, máscaras e artefatos indígenas, entre muitas outras variedades de opções. – Aqui. – Iuny puxou uma cadeira para ela sentar e sentou ao seu lado. – Obrigada. – Gosta de peixe? – Sim. – Sorriu. – Me vê dois tambaquis assados no espeto e banana frita. – Iuny pediu ao dono do pequeno estabelecimento e depois olhou para Sky. – Aqui tem açaí? – Sim. Pode ser puro ou misturado com tapioca, guaraná, gengibre, banana, leite condensado, leite, morango, fica a seu gosto. – Quero com leite condensado e morango.

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– Então dois açaís, um com guaraná e outro com leite condensado e morango. Iuny olhou para ela reconhecendo o clima estranho que ele mesmo tinha criado. – Quando chegarmos ao barco, preciso que assine algumas autorizações antes de partirmos. – Autorizações? – Isso aqui não é brincadeira, senhorita Ribeiro. – Pode me chamar de Sky. – Pode não voltar viva, senhorita Ribeiro. – Sei... – Suspirou. Um senhor com cabelos grisalhos trouxe os peixes e a banana frita. – Já trago os açaís. Sky pegou o peixe no palito e acompanhou Iuny, dando a primeira mordida no alimento. – Muito bom. – Disse a ele, pegando um fino guardanapo de papel para limpar os lábios. Um atendente trouxe os açaís. – É a primeira vez que vai provar o açaí? – Iuny quis saber. – Não, mas tenho certeza de que o daqui deve ser diferente. – Provou e sentiu a deliciosa mistura de sabores.

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– Então? – Delicioso. – Dessa vez conteve o sorriso e percebeu que Iuny notou, mas não comentou. Sky provou a banana frita e colocou a mão nos lábios, falando antes mesmo de terminar de mastigar. – Nossa, encontrei a substituta perfeita para as batatas fritas. – Também gosto bastante. – Disse, encarando-a, mas sério. – Precisamos ir, está ficando tarde. – Deu mais um gole na bebida. Eles terminaram de comer, e Iuny foi até o balcão pagar a conta. – Quanto lhe devo? – Sky perguntou. – Essa é cortesia. Vamos. – Obrigada. Cruzaram novamente o pavilhão principal, saindo em frente ao porto. Atravessaram a rua e desceram uma escada inclinada levando-os a uma construção flutuante no mesmo nível do rio e com vários barcos de distintos tamanhos estacionados ao redor. – É este aqui. – Apontou para seu barco e entrou. Ficou olhando para ela esperando que entrasse.

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Sky, dessa vez, não conteve o sorriso pela atitude grossa dele em não se oferecer para ajudá-la, mas foi um sorriso charmoso e desconcertante para Iuny. – Assine todas as vias. – Entregou a prancheta com os documentos e a caneta. Ela tirou das costas a mochila e sentou para assinar os papéis. O barco balançava. – Tem enjoo quando navega, senhorita Ribeiro? – Não sei dizer. – Tentou ignorar o fato de que continuava a chamá-la pelo sobrenome. – Certo. Vamos navegar por uma hora até chegarmos a minha primeira base de apoio. Passaremos as primeiras 24 horas lá, e farei alguns testes de resistência com a senhorita. Somente e se for aprovada, prosseguiremos a expedição. – O quê? – Foi surpreendida. – Não foi isso que acordamos. – Serão as minhas regras; se não estiver satisfeita, poderá desembarcar agora e procurar outro guia. – Encarava os olhos dela demonstrando sua força. – Mais alguma dúvida, senhorita Ribeiro? Sky não conseguiu segurar o riso. Era nervoso por estar diante de um ser tão insuportável. – Qual a graça? – Perguntou, desconcertado por perceber que as atitudes dela eram imprevisíveis.

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Não respondeu à pergunta, concentrando-se na leitura para assinar os papéis. – Senhorita Ribeiro? – Sim. – Precisaremos conversar sobre o objetivo da sua expedição, e quero que seja totalmente sincera comigo. Sky baixou a cabeça fingindo estar lendo. E agora? Preciso ganhar tempo..., pensou. – Aqui estão seus papéis. – Tentava desviar o assunto. – Mais alguma coisa? – Se sentir enjoo, firme o olhar no horizonte. E se for vomitar, por favor, não no meu barco. – Levantou e pegou um colete salva-vidas. – Coloque isso. – Iuny sentou e ligou o motor, acelerando, para provocá-la. O barco arrancou, e Sky precisou se segurar antes mesmo de terminar de fechar o colete, para não cair. – O colete, senhorita Ribeiro. Ficou muito irritada com ele, mas conseguiu fechar o colete. Iuny reconheceu que era uma mulher determinada, imprevisível e perigosamente atraente. À medida que o barco avançava em águas abertas, ele o conduzia ao limite da velocidade, para chegarem ao destino programado antes do anoitecer, e ela ficou mareada.

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– Senhorita Ribeiro? Senhorita Ribeiro? Não o ouviu, devido aos fortes ventos e som do motor. Iuny diminuiu a velocidade. – Sky? Sorriu, reconhecendo o som do seu primeiro nome. – Enjoada? Movimentou a cabeça confirmando, mas não viu nenhuma demonstração de expressão da parte dele. Iuny desligou o motor. Olhou no relógio e percebeu que tinha acelerado tanto que estavam adiantados. – Sente-se aqui. Ela tirou o colete salva-vidas, se levantou e se desequilibrou. Iuny a segurou. Por um instante, se apoiou nele, sentindo-se fragilizada. Ele fechou os olhos, sentindo o corpo feminino encaixado ao seu e o delicioso perfume da pele dela. Seus dedos naturalmente tocaram a nuca dela. Com o toque, Sky experimentou um relaxamento misturado a um prazer intenso e se afastou, tentando controlar a respiração. – O que você fez? – Perguntou, enjoada. – Calma... – Levantou as mãos, mostrando que não tinha nada nelas. – É apenas uma técnica de relaxamento indígena. – Mentiu. Sky vomitou no barco. – Não... Não... Não... Você vai limpar...

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– Eu paguei pelos seus serviços e... Não vou limpar! – Desafiou-o. Iuny olhava para ela, em silêncio. Não demonstrou qualquer reação ao que ouviu. Sky, por um instante, arrependeu-se, pensando em pedir desculpas, mas não o fez. Ele entrou na pequena cabine e voltou com um balde, sem olhar para ela. Encheu o balde com água do rio e jogou nela. – Putz... errei... A fina camiseta branca colou no lindo corpo, delineando os seios, abdômen, e deixando o sutiã à mostra. Iuny não conseguiu ficar indiferente e se arrependeu por tê-la molhado. – Infantil! Sente-se feliz agora? Era isso que queria? Mostrar quem manda? Ou me olhar? – Percebeu o olhar dele. Os olhos negros estavam acinzentados, e Sky distraiuse, por segundos, com sua curiosidade. – Vamos, tenha a dignidade de responder. – Estava com tanta raiva que tirou a blusa para trocá-la na frente dele. Viu o símbolo de uma casta especial do universo no cordão dela. Aproximou-se com a intenção de ver o pingente e a puxou para si com força. – É valente, senhorita Ribeiro.... – Olhava nos olhos dela e lentamente desceu o olhar até o objeto que estava entre os seios, movimentando-se com a respiração ofegante.

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– .... Ou inconsequente, por tirar a blusa na frente de um homem selvagem e desconhecido. – Me solta! – Estava arrependida. Ele se afastou, e Sky cobriu o corpo com as mãos. Tinha agido impulsivamente. – Não sou boa pessoa, senhorita Ribeiro. Tentei que percebesse isso antes de me contratar. – É o melhor guia, o único capaz de me levar aonde queiro ir. – Tinha pesquisado que era o único que poderia chegar lá e voltar vivo. Existiam muitas lendas sobre ele. – E aonde quer chegar? – Cruzou os braços, olhando-a colocar outra camiseta por cima do sutiã molhado. Sky pegou o balde e foi limpar o chão, entendendo que não seria a melhor hora para falar sobre seus objetivos. Iuny voltou a ligar o motor do barco, mas, dessa vez, navegou em baixa velocidade, dando condições para que ela pudesse limpar o barco em segurança. Sky entendeu o gesto como uma trégua. Concluiu que deveria estar preparada para tudo na próxima vez. Nunca tinha sido tratada daquela forma antes. Iuny acelerou novamente quando a viu sentar próximo à cabine e recolocar o colete salva-vidas. Escurecia, e Sky sentia frio; parte da calça e o sutiã estavam molhados. – Em dez minutos chegaremos. – Diminuiu a velocidade, praticamente flutuando por um estreito canal.

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Sky apoiou a cabeça nos braços, na borda do barco, e ficou olhando a bela natureza à sua volta, pensando que tudo valeria a pena. – Chegamos. – Desligou o motor e foi até ela, estendendo a mão para ajudá-la a levantar. – Obrigada. – Aceitou a mão dele e baixou a cabeça, para não olhá-lo. – Pegue sua mochila e me siga. – Percebeu a trilha escorregadia quando desceu do barco. – Cuidado ao descer. Colocou a mochila nas costas e o acompanhou. Em poucos metros de caminhada, estavam em uma pequena cabana, em uma pequena extensão de terra a céu aberto. – Tudo aqui foi construído com os próprios recursos da natureza. A primeira regra é preservação, conviver fazendo parte da floresta, respeitando-a. – Parece uma oca indígena... – Exatamente. Tenho vários pontos de apoio como este, assim, planejo os deslocamentos nas expedições para que preferencialmente possamos dormir em uma delas. Vou voltar ao barco para pegar o restante das coisas e escondê-lo. – Escondê-lo? – Temos muitos “piratas” por aqui. Sky, ironicamente, por um instante, sentiu-se feliz por estar com ele.

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– Vou esquentar água para que possa tomar um banho e aquecer o corpo. – Obrigada. – Cruzou os braços. Sky entrou na cabana e viu duas redes armadas e uma fogueira no chão, entre uma estrutura de argila seca e dura, uma panela de barro em cima da estrutura e um caminho também em argila que conduzia a fumaça para fora da cabana. Uma bela engenharia, pensou. – O que achou? – Nunca tinha estado em uma oca indígena antes. – Sorriu, descontraindo. – Venha ver o banheiro. – Saiu da cabana, conduzindo-a a uma cabana estreita e menor, atrás da maior. – Aqui está o banheiro. Vou aquecer a água para você. – Obrigada. O banho quente a reanimou, e quando retornou à cabana, estava com os lindos cabelos penteados e o cheiro da sua fragrância preferida. Iuny cozinhava uma refeição para eles. – Minha vez. – Saiu da cabana, mal olhando para ela. Quando voltou, encontrou-a dormindo. – Sky... – Despertou-a. – Venha comer, depois volta a dormir.

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Ela sentou na rede. – Desculpe, adormeci... não era a intenção. Você vai começar o teste de resistência hoje? Iuny gargalhou. – Qual a graça? – Perguntou com suavidade. – Você disse mais cedo que eu teria que passar no teste de resistência para continuarmos... – Admiro sua valentia. – Ao mesmo tempo que via força nela, via delicadeza e feminilidade. Sentaram em esteiras no chão, e Iuny lhe entregou uma cuia com feijão e carne seca. – Por hoje, só preciso saber de uma coisa... – Qual? – O que veio fazer aqui? Não me esconda nada. Se for sincera, posso avaliar a possibilidade de seguirmos adiante considerando o valor que me pagou. Caso contrário, retornamos a Manaus amanhã. Sky ficou em silêncio por alguns instantes sem olhar para ele, pensando no que falar. – Espero que tome a melhor decisão. – Impacientou-se com o silêncio dela, mas não demonstrou. Desde o princípio, achara que ela estava escondendo algo. Ela levantou, pegou o livro na mochila, retirou o mapa e voltou a sentar ao lado dele.

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– Quero que me leve a esse ponto aqui. – Abriu o mapa, mostrando as coordenadas do local. – Esse perímetro – circulou com o dedo um raio fechando o círculo – é proibido pelos índios. Não existem relatos de quem tenha entrado nesse perímetro e voltado para contar a história. – Exceto uma pessoa... – Fez uma pausa e olhou nos olhos dele. – Você. – É lenda! Deixo as pessoas falarem porque me faz mais popular e respeitado. Mas a verdade é que nunca estive lá. Olhava-o atentamente sem conseguir reconhecer uma nova expressão no rosto dele. – Para tudo há uma primeira vez... – O que tem lá que vale o risco de perder a vida? – Acredito que há um portal dimensional. – Fechou os olhos esperando algum comentário do tipo “você é louca”. – O quê? – Levantou e ficou de costas para ela. – Um portal que acessa outra dimensão no universo. – Reforçou. – Uma hipótese? – Você mesmo acabou de afirmar que tem algo estranho no local... – Mas não pensei nisso... Pensei em zona de tráfico. – Percebeu que ela realmente acreditava no que estava dizendo.

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– Você me pediu para ser sincera. Então? Vai me levar até lá ou não? – Termine sua refeição e vá dormir. Amanhã voltamos a falar. – Tinha perdido o apetite. Sky olhava para ele tentando reconhecer alguma expressão corporal ou facial que demonstrasse emoção, mas nada. – Prefiro ir com você, apesar das grosserias. Ele gargalhou. – Duvido que encontre alguém que queira levá-la ao local depois que descobrirem que eu, com toda a fama que tenho, recusei o trabalho. – Acho que um guia convencional recusaria, mas um mercenário, “pirata”, como você fala, me levará pelo preço que estou disposta a pagar, mesmo que me abandone no caminho. Iuny não comentou, reconhecendo que ela era capaz.

N Era tarde da noite quando Iuny levantou e entrou na floresta. Um velho apoiado em um cajado de madeira, com cabelos brancos e lisos na altura dos ombros, vestindo uma roupa feita de pele de animal, que cobria apenas parte do corpo, esperava por ele.

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Conheรงa os outros livros da autora



A

jornalista e bem-sucedida Grenda Medeiros estava focada em entender por que tinha sonhos tão claros, conectados e intensos. Era como se estivesse assistindo a um filme, mas os sentimentos e sensações eram bem reais. Existia um homem, um amor intenso, que a fazia experimentar várias emoções ao mesmo tempo.

Sem nunca terem se encontrado, Alan Muller, jovem empresário, de família tradicional do Sul do país, visualiza a foto da colunista de uma reportagem e, desde então, não consegue entender a forte atração que o deixa obcecado por ela. Esse premeditado encontro ou reencontro de almas causa uma combustão explosiva entre eles que irá precisar de Amor, Paciência e Persistência. Em perspectiva do inesperado e do surpreendente é a melhor forma de definir este livro.


B

runa é uma jovem enóloga que busca um novo começo após um trágico acidente que mudou completa-

mente o rumo de sua vida e suas escolhas. Joaquim é engenheiro, bem-humorado, espirituoso e com um dom de enxergar o íntimo das pessoas que o cercam. Os caminhos de Bruna e Joaquim não poderiam se cruzar em um momento mais oportuno. A moça busca redenção, e talvez só ele seja capaz de conceder-lhe essa graça. Almas gêmeas que mais uma vez se encontram. O que será que o destino irá lhes reservar? Uma emocionante história de amor, esperança, perdão e gratidão. Laço Eterno Luz nos mostra que nem sempre tudo vai ser como planejamos, mas, de uma forma ou de outra, tudo vai acontecer como deveria ser desde o início. Emocione-se com Bruna e Joaquim e embarque nesta história que mudará definitivamente sua perspectiva acerca da vida e de tudo que nos rodeia. Laço Eterno Luz é o segundo volume da trilogia escrita pela autora Renata Melo.


A

yre é uma escritora que recebe o desafio de escrever um livro de culinária diferente, pela visão de uma

pessoa leiga no assunto. O desafio é mostrar não apenas a culinária do local escolhido, mas também as histórias e sentimentos que temperaram aquelas receitas. Ela escolhe a culinária da paradisíaca cidade de Viña del Mar, no Chile. Ben é um empresário bem-sucedido que abandonou a vida glamorosa que tinha na cidade grande, em troca da tranquilidade e harmonia que Viña del Mar proporciona aos seus habitantes e turistas. Um homem apaixonado pela vida, com uma doçura no olhar e personalidade completamente altruísta. Novamente essas almas gêmeas se reencontram. Porém, mais uma vez, um poderoso vilão se colocará entre esse casal que luta avidamente, atravessando várias vidas, à procura de seu tão sonhado final feliz. Mas será que existirá final feliz para o casal? A jornada de Ayre e Ben está recheada de romance, resiliência, esperança, paciência e, é claro, muitas comidas deliciosas. Emocione-se ao lado de personagens que ensinarão o verdadeiro valor das pequenas coisas. Laço Eterno Renascer é o terceiro – e último – volume da trilogia escrita pela autora Renata Melo.


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