BWIZER MAGAZINE - 6ª edição

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Diretor: Hugo Belchior · Número 6 · março 2019 · Trimestral · Gratuita

ISSN: 2184-125X

Academy ____

Método Méziéres; Nutrição na Grávida e Ciclismo; Exercício na Hipoalgesia

Entrevista com Emanuel Bragança

Histórias

É errado pensar que a falta de força não é um problema de saúde! ____ Por Pedro Correia

Revisitar as Catástrofes ____ Por Prof. Dr. J. Pinto da Costa

Ideias Empreendedoas ____

de Sucesso

com Pedro Roque

À conversa com

Dr. João Pedro Araújo ____

“ Na alta competição o momento de

reconforto é quando o atleta/equipa atinge os objetivos e sentimos que contribuímos para isso ”

Com GIMJF


Índice Ficha Técnica ....................................................................................02 Editorial .............................................................................................03 Academy Método Mézières e a abordagem em fisioterapia................................ 04 Por Armando Cruz

Modulação condicionada da dor e hipoalgesia induzida pelo exercício isométrico....................................................................... 06 Por Rui Silvestre

É errado pensar que a falta de força não é um problema de saúde Parte 2..................................................................................... 08 Por Pedro Correia

Licença de Utilização Para Ginásios e Healthclubs ............................ 10 Por Ricardo Amorim

Revisitar as Catástrofes......................................................................... 12 Por Prof. Dr. J. Pinto da Costa

Terapêutica Inalatória ............................................................................ 16 Por Liliana Silva

Onde estão os Nutricionistas nas equipas de ciclismo? ................. 18 Por Gabriel Martins

Nutrir o bebé! O foco nas escolhas alimentares da grávida ............ 22 Por Noélia Arruda

À conversa com... ............................................................................ 24 Dr João Pedro Araújo

Referências Bibliográficas .............................................................. 28 Ideias Empreendedoras GIMJF: Uma rede de jovens na Fisioterapia........................................ 29 Por Afonso Neutel

Histórias de Sucesso ....................................................................... 30 Pedro Roque

Valores: O Segredo para o Sucesso................................................ 33 Emanuel Bragança

Curtas ................................................................................................ 35 Bwizerianos ....................................................................................... 36

Ficha Técnica Proprietário e Editor: Bwizer Lda. Morada: Sede Bwizer - Estrada da Circunvalação, 10381, 2.º direito, 4250-151 Porto (Portugal) NIPC: 508671418 Nº de Registo na ERC: 127039 Depósito Legal: 433547/17 ISSN: 2184-125X Periodicidade da publicação:Trimestral Diretor: Hugo Duarte Nunes Belchior Diretor Adjunto: Mónica Marina da Silva Rocha Sede de redação: Estrada da Circunvalação, 10381, 2.º direito, 4250-151 Porto (Portugal) Tiragem: 500 exemplares Tipografia: Susana Monteiro (www.frenteverso.pt) Morada da tipografia: Rua Abade Correia da Serra, 32, 4460– 208 Senhora da Hora Estatuto editorial: A revista Bwizer Magazine é uma publicação trimestral, nacional e de distribuição ou acesso gratuito, na área do Conhecimento Avançado para Profissionais de Saúde e Exercício. A Bwizer Magazine tem como objetivo a divulgação de trabalhos, notícias, artigos, textos de opinião, entrevistas, novidades em formação e produtos, entre muitos outros conteúdos exclusivos, tendo em vista contribuir para a evolução dos Profissionais de Saúde e Exercício. Pretende também contribuir para o crescimento do “saber” e produção científica nas áreas da saúde e exercício. A Revista Bwizer Magazine tem o compromisso de assegurar o respeito pelos princípios deontológicos e pela ética profissional dos jornalistas, assim como pela boa fé dos leitores. A Revista Bwizer Magazine é publicada online, em www. bwizer.com A Bwizer Magazine é inovação e desafio. A Bwizer Magazine é profissionalismo e rigor. A Bwizer Magazine é integridade e transparência. A Bwizer Magazine é evolução.

Não podem ser reproduzidos ou difundidos, total ou parcialmente, por qualquer processo eletrónico, mecânico ou fotográfico quaisquer textos, ilustrações e fotografias desta revista, sem a autorização prévia e expressa do editor. A reprodução de conteúdos por qualquer meio e para quaisquer fins, sem prévia autorização escrita, é ilícita e passível de procedimento judicial contra o infrator. Excetua-se a transcrição de curtas passagens, desde que mencionando o título da Revista, nomes do autor e editor. Os textos publicados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. A Bwizer Magazine não se responsabiliza pelas opiniões expressas pelos autores”


Editorial.

Viagens ____ Sempre que viajo regresso com a mesma sensação: o mundo é mais pequeno do que parecia na partida.

outros a assumirem, com igual convicção e risco, a sua visão, o seu caminho.

Acabo de regressar de 15 dias no Brasil, onde fui com a missão de lançar as bases da Bwizer Brasil.

Convicção, risco, coragem, arrojo são caraterísticas que, seguramente, não faltam ao João Pedro Araújo. Lembro-me bem da primeira vez que falámos, já diretor clínico do SC de Braga e muito jovem. Foi inspirador ver alguém com aquela idade naquele cargo, alguém que denotava tanta clareza de espírito. Para alguém como eu, apenas dois anos mais novo, que dava pouco mais do que os primeiros passos empresariais, a responsabilidade que o João Pedro Araújo tinha sobre os ombros, dava-me uma espécie de conforto. A carreira internacional que se seguiu, o recente regresso a Portugal e logo para um dos 3 grandes, o Sporting, ainda por cima sempre acompanhado por pessoas de quem tanto gosto, como o Rúben Ferreira, deve ser uma inspiração para todos.

Quando lançámos a Bwizer, em 2008, a indústria da formação avançada vivia, quase que exclusivamente, da importação de conhecimento. Mesmo hoje, 11 anos volvidos, muitos dos players seguem esse modelo. Logo na génese da empresa, do alto dos meus 27 anos, assumia que a Bwizer não viveria só de conhecimento importado, antes promoveria conhecimento nacional e, um dia, nós próprios exportaríamos conhecimento. Por que razão devem as fronteiras do nosso país, limitar-nos? Por que é que nos devemos cingir ao nosso mercado “natural” e à nossa zona de conforto? Esse desígnio de internacionalização foi, aliás, uma das razões para escolhermos um nome que apelasse a um universo para lá de Portugal, “Bwizer”, inspirado no “to be wiser”, ser mais sábio. A materialização dessa visão não tem sido fácil, apesar de algumas incursões por outros mercados, nomeadamente Suíça, Espanha e México. Internacionalizar uma empresa nunca é fácil. Uma empresa de distribuição, será menos fácil ainda. Apesar dessas dificuldades, não é ainda hora de desistir do sonho; ao contrário, o sonho vem reforçado desta viagem, pelo incrível feedback que as nossas ideias mereceram. A prudência sugeriria, porventura, algum recato nesta minha exposição, até porque estas ideias poderão nunca se concretizar. Seria mais cauteloso sim, mas, para quê excesso de cautela? Por medo de alguma crítica ou escárnio? Por medo de um suposto falhanço público? Nada disso é superior à vantagem de assumir, publicamente, este desígnio. A coragem de assumir uma visão dá-nos mais força e, assim espero, poderá ajudar

Fico muito feliz que o João Pedro Araújo seja a capa desta Bwizer Magazine e, sobretudo, que tenha tido a possibilidade de dar um testemunho tão rico como o que aqui nos deixa. Um testemunho que reforça a ideia de que o mundo é bem mais pequeno do que poderíamos pensar mas que a grande viagem é sempre interior, pois só alguém com um percurso pessoal de crescimento e evolução consegue deixar-nos aquelas reflexões. Boa viagem ao longo de mais este número da Bwizer Magazine.

Um abraço, Hugo Belchior CEO Bwizer

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Método Mézières e a abordagem em fisioterapia ____ Armando Cruz

Expor o método Mézières em poucas linhas é sempre algo difícil e limitativo, pois a sua aplicabilidade é de uma abrangência tal que nos possibilita múltiplas perspetivas. Apaixona pela forma como se obtém os resultados e pela coerência da sua prática. É uma ferramenta de trabalho imprescindível a qualquer fisioterapeuta que queira aprofundar o seu saber e a sua experiência nos vários campos do âmbito da fisioterapia, sendo, no entanto, de execução laboriosa e persistente. Antes de apresentar a técnica, começo por uma breve retrospetiva histórica do percurso realizado! Foi enquanto estudante de fisioterapia na Escola Técnica dos Serviços de Saúde do Porto (ETSSP) que me fui apercebendo da importância de uma crescente dignificação da fisioterapia, relativamente às restantes áreas da saúde, tendo como base o doente/paciente, no centro da atuação. Quero prestar publicamente o meu agradecimento às várias colegas coordenadoras e colaboradoras(a) dos cursos de fisioterapia que, no início dos anos 80, deram tudo de si, com as limitações e dificuldades da época, para que a formação de fisioterapeu-

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tas, na altura alargada a Norte do país, tivesse a mesma, senão melhor qualidade que a escola mãe, Alcoitão, e que nos ajudaram a ser melhores profissionais! No início dos anos 90, enquanto frequentava diversas formações pós curso base(b), tive a oportunidade de me cruzar com um colega(c) que me falou do método Mézières! A partir desta altura, invadiu-me um forte sentimento de curiosidade, facto que me levou a procurar num curto espaço de tempo, a concretização deste desejo. Após um período de planeamento, surge a materialização desse anseio no Verão de 1993, em Paris, com Jean-Marie Drouard! O primeiro contacto com a técnica e com o formador, foi de uma grande perplexidade diante de todos os conteúdos anteriormente adquiridos. Surgiram dúvidas, mas ao mesmo tempo um fascínio pela observação dos resultados obtidos em poucas sessões de tratamento, o que não era habitual no meu trabalho quotidiano! Já em Portugal, tive a oportunidade de por em prática a “revolução” Mézières que apenas tinha principiado e que o en-

tusiasmo me levava a contar a todos os colegas com quem ia contactando! Um alargar de horizontes conceptuais, um desmoronar de preconceitos profissionais nos anos que se seguiram, incompreensões, medo, desconfianças... Logo nos anos imediatamente a seguir, Jean-Marie veio a Portugal apresentar este método. E desde aí sobre o qual tem vindo regularmente dar formação a diversos fisioterapeutas e em várias cidades do país(d), colaborando pontualmente com diversas escolas de fisioterapia (e) . Pronunciar Mézières é antes de tudo aludir ao nome da técnica desenvolvida

É com base nesta abordagem que é possível tratar uma patologia músculoesquelética, ou outra, que se encontre em fase aguda ou não, sem a necessidade de tratar diretamente o local doloroso, mas trabalhar um ponto mais distante que tenha interferência indireta com essa zona!


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pela sua fundadora, Françoise Mézières, na década de 40 do século XX. Pode definir-se como uma técnica de fisioterapia de reeducação funcional muscular, postural, global, baseada nos fundamentos criados pela autora. Foi graças ao seu trabalho árduo, persistente e resiliente, que o “mundo” da fisioterapia ouviu falar em primeira mão de “cadeias musculares”(f) ! Faz parte do léxico da fisioterapia Mézières e também da sua ação, as designações: combate às hiper lordoses, aos bloqueios respiratórios, às assimetrias dos membros, às compensações, aos variados dismorfismos(g), aos reflexos antálgicos...provenientes da nossa história de vida (profissional, desportiva, traumática...) e tudo o mais que nos faz sofrer. É uma prática que nos atrai pelos resultados obtidos, pelas reações e sensações dos pacientes, por vezes mesmo na fase inicial, com uma componente holística a 100%(8), onde os diferentes segmentos interagem entre si, sendo necessários como tal, conhecimentos complementares da área da reflexologia, acupuntura... É na análise dos dismorfismos ou alterações posturais que reside o trabalho de pesquisa dos gestos terapêuticos e das posturas a realizar em cada paciente. É com base nesta abordagem que é possível tratar uma patologia músculoesquelética, ou outra, que se encontre em fase aguda ou não, sem a necessidade de tratar diretamente o local doloroso, mas trabalhar um ponto mais distante que tenha interferência indireta com essa zona(h). Sim, posso confirmá-lo com conhecimento de causa, pois utilizo este procedimento em situações concretas. Usando o alongamento muscular como um dos gestos terapêuticos, podemos exercitar o trabalho respiratório abdominal, específico de Mézières e mitigar uma dor vertebral de várias proveniências! Como tal, compete-nos fazer uma boa avaliação postural inicial, ou seja, o diagnóstico Mézières. O que atrás foi exposto podemos apresentá-lo descrevendo dois casos. Recordo um paciente espanhol M.R.B., dentista que em 2014 me foi indicado por sofrer de cervico braquialgia esquerda há já vários meses, com suspeita de hérnia em C5C6 e que não se encontrava melhor com os tratamentos anteriormente realizados. Com as estratégias e o trabalho implementado pude, ao fim de 8-10 sessões, erradicar os sintomas e incapacidades

que o impediam de viver sem sofrimento e de trabalhar. A partir dessa altura elaborei um programa de manutenção que o ajudou a melhorar as diversas alterações posturais típicas da sua atividade e a prevenir recidivas. Em reumatologia, lembro uma sra. idosa de 80 anos, M.C.S. que usava bengala e sofria de lombalgia crónica, cãibras e artrose dos joelhos, a quem o médico assistente lhe disse que devido à idade, iria ter dores continuadas apesar da medicação! Foi gratificante desmitificar essa impossibilidade após várias sessões de trabalho (12-15), corrigindo os diversos maus hábitos posturais. Atualmente faz sessões mensais de manutenção, encontrando-se bastante funcional e dispensando o uso do auxiliar de marcha. A prática do método Mézières apesar de não estar muito difundida, encontra-se espalhada em alguns países europeus, como a Itália, Inglaterra, Alemanha ou França, por colegas formados entre nós pela mão de Jean-Marie Drouard. Esta técnica surpreende e causa admiração, tanto para os terapeutas que a aplicam , como para os pacientes, onde as “dores” e os “reumatismos” não são apanágio da idade, mas o resultado de um determinado número de traumatismos ou lesões musculares. Uma vez mais, não é no local da dor que devemos procurar a resolução da incapacidade, mas sim recuperá-la através da pesquisa da causa que a originou. A técnica em apreço não trata simplesmente disfunções, dismorfismos ou patologias, mas serve de chave de leitura postural para criarmos hábitos de harmonização da nossa musculatura durante as nossas atividades profissionais, desportivas ou de lazer. Assim, gestos simples do nosso quotidiano, como subir escadas, correr, sentar-se numa cadeira (sendo esta mais repousante se apoiarmos a musculatura lombar no encosto da cadeira em vez de estarmos com as costas sem apoio), são atitudes que, no dia a dia, tanto podem contribuir para a nossa estabilidade muscular, como podem aumentar o desequilíbrio entre as “cadeias” musculares, principalmente a posterior e a anterior. O método Mézières é uma abordagem mais abrangente do que uma mera resolução de problemas mecânicos, musculares ou da estática. É ainda uma grande

Esta técnica surpreende e causa admiração, tanto para os terapeutas que a aplicam como para os pacientes, onde as “dores” e os “reumatismos” não são apanágio da idade, mas o resultado de um determinado número de traumatismos ou lesões musculares!

ajuda para viver melhor o quotidiano, sentindo as sensações que o nosso corpo nos transmite, ajudando-o a acalmar tensões musculares.

Notas e Referências .................. p.28

Armando Cruz –––– Fisioterapeuta apaixonado por uma abordagem global ao paciente. Cedo percebeu que o Método Mézières seria o seu método de trabalho de eleição, pelo que se deslocou a Paris para consolidar a sua formação nesta área. Desenvolve a sua atividade profissional no “Gabinete Mézières”, o seu gabinete privado em Braga. É assistente colaborador de J.Marie Drouard no Método Mézières em Portugal desde 2006. Orador e formador em diversos eventos relacionados com este método, tem sido também Orientador de estágios de aprendizagem do IIº e IIIº módulo no Método Mézières.

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Modulação condicionada da dor e hipoalgesia induzida pelo exercício isométrico ____ Rui Silvestre

As vias descendentes da dor são estruturas importantes na modulação e controlo da mesma, uma vez que têm a capacidade de inibir ou facilitar a transmissão de informação nociva ao nível do corno posterior da medula espinal (ME). A modulação condicionada da dor (MCD) tem sido amplamente utilizada na área da investigação, medindo/avaliando com maior precisão a função das vias descendentes da dor.(2);(12) Baseia-se no fenómeno “dor inibe dor”, ou seja, se o sistema inibidor endógeno descendente estiver íntegro, através da aplicação de um estímulo doloroso (A) existe um efeito inibitório sobre outro estímulo doloroso (B)(8);(10);(12). Um estudo realizado nos Estados Unidos da América mostra que a MCD consegue predizer a magnitude de redução da dor após a realização de exercício isométrico em indivíduos considerados saudáveis, ou seja, quem tem uma grande capacidade em ativar as vias de inibição de dor tem menor probabilidade de experienciar dor após a realização de exercício isométrico(6). Além disso, e sendo expectável, verificaram ainda que pessoas de mais idade (+/- 70 anos) apresentam uma diminuição da MCD e, portanto, menor capacidade em controlar a dor.(6)

Escala Visual Analógica de dor (EVA)

Um objetivo transversal a todos os Fisioterapeutas é permitir que os nossos utentes consigam aumentar os limiares e a tolerância à dor, fazendo com que estes consigam realizar movimentos e Exemplo de funcionamento da modulação condicionada da dor

Tempo

Estimulo B Estimulo A Estimulo A

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assumir posturas sem experienciar nocicepção e consequentemente dor. Neste artigo iremos abordar especificamente o trabalho isométrico, um subtipo de exercício clínico muito utilizado como método de tratamento em condições agudas e principalmente crónicas. Existem bastantes dúvidas, no que toca aos mecanismos responsáveis pela hipoalgesia induzida pelo exercício isométrico (HIEI), nomeadamente o aumento de beta-endorfinas na corrente sanguínea, recrutamento de maiores Existem bastantes dúvidas, no que toca aos mecanismos responsáveis pela hipoalgesia induzida pelo exercício isométrico (HIEI), nomeadamente o aumento de betaendorfinas na corrente sanguínea, recrutamento de maiores limiares de unidades motoras (sobretudo em contrações musculares mais intensas), ativação do sistema endocanabinóide, entre outras, sendo que a MCD através da ativação de mecanismos inibitórios supraespinais pode ser um dos fatores que pode explicar a HIEI (...) limiares de unidades motoras (sobretudo em contrações musculares mais intensas), ativação do sistema endocanabinóide, entre outras, sendo que, a MCD através da ativação de mecanismos inibitórios supraespinais pode ser um dos fatores que pode explicar a HIEI. A realização deste tipo de contração pode induzir uma dor muscular (estímulo B) fazendo com que uma dor presente numa condição clínica seja inibida (estímulo A)(1);(4). Em função da meta-análise realizada por Naugle et al (2012), verificou-se que em indivíduos saudáveis existe um efeito agudo (moderado a forte) hipoalgésico (em função dos respetivos limiares avaliados), independentemente da localização da contração muscular, duração e intensidade da carga. Ainda assim, dentro deste padrão parece existir uma tendência para que os resultados sejam superiores em contrações isométricas de baixa a moderada intensidade (até 50% da contração voluntária máxima, CVM) mas com maior duração (tempos que variam entre 3 – 12 min) (7).


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Quando se fala em condições clínicas é importante perceber que as vantagens não são tão lineares Lannersten e Kosek (2010) verificaram em indivíduos com omalgia (duração média de dor = 5.8 anos) após contração isométrica (2025% da CVM e duração até à fadiga ou 5 minutos) de músculos à distância (nesta caso quadricípite, não afetado) uma diminuição dos limiares de dor à pressão (efeito agudo) na região do ombro afetado (neste caso, infraespinhoso). No entanto, após contração isométrica do próprio músculo infraespinhoso (afetado pela condição clínica), não se observa uma ativação dos mecanismos inibitórios de dor podendo até despoletar sintomatologia, uma vez que a contração isométrica pode levar a isquemia e diminuição local do fluxo sanguíneo(5).

uma facilitação desse mecanismo, fazendo com que algumas pessoas com fibromialgia apresentem uma hiperalgesia (pressão e/ou temperatura) e um aumento da perceção de dor após o (3); (5); (10)(11)

exercício isométrico

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exercício clínico, aeróbio e/ou contração isotónica;

• Em fibromiálgicos a realização de exercício isométrico não é aconselhável, pois pode ter um efeito hiperalgésico e potenciar a sintomatologia dos utentes. Referências .................. p.28

Considerações Finais • Em indivíduos saudáveis, quem possui uma grande capacidade em ativar as vias de inibição de dor tem menor probabilidade de experienciar dor após a realização de exercício isométrico; • Indivíduos adultos (mais velhos) apresentam menor capacidade de MCD e, portanto, os efeitos sobre a HIEI também são menores;

Também foi demonstrado que o exercício isométrico através de um “wall squat” realizado até à fadiga ou 3 minutos (máximo), permite obter resultados efetivos (efeitos agudos) na hipoalgesia à pressão (região cervical e tibial anterior) em indivíduos com sintomatologia pós whiplash (entre 3 meses e 10 anos)(9).

• Quer o exercício isométrico de curta duração quer o exercício isométrico de longa duração provocam hipoalgesia em indivíduos considerados saudáveis. No entanto, o exercício isométrico de longa duração apresenta resultados superiores;

No que diz respeito à fibromialgia existe um conjunto de estudos onde se verifica que o exercício isométrico não é uma boa opção em termos de ativação dos mecanismos inibitórios centrais com efeitos locais (na região da contração isométrica) e/ou generalizados (regiões à distância do local da contração). Alguns desses estudos mostram mesmo

resultados favoráveis (hipoalgésicos) quando se realiza trabalho isométrico à distância do local da dor como é o caso dos estudos apresentados de omalgia e whiplash. Ainda que do ponto de vista teórico e do raciocínio clínico possa fazer sentido, a quantidade de estudos é diminuta. Além disso, é necessário comparar esta intervenção com outros subtipos de

• Parece existir uma tendência para

Rui Silvestre –––– Licenciado em Fisioterapia pela Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias em Castelo Branco, é também Mestre em Fisioterapia no ramo das Disfunções Músculo-Esqueléticas (curso reconhecido pela International Federation of Orthopaedic Manipulative Physical Therapists) Atualmente é Fisioterapeuta e Responsável Clínico no gabinete “Fisioterapia, Terapia Manual Ortopédica” em Castelo Branco, mas do seu CV podemos também destacar a prática privada na clínica LxFoot, em Lisboa, e um Estágio no FIFA Medical of Centre of Excellence, em Munique.

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É errado pensar que a falta de força não é um problema de saúde – Parte 2 ____ Pedro Correia

“As pessoas não decidem o seu futuro, as pessoas decidem os seus hábitos e os seus hábitos decidem o seu futuro.” - F. M. Alexander Há nove anos atrás (2010)(1) , o European Working Group on Sarcopenia in Older People (EWGSOP) publicou uma definição de sarcopenia que foi amplamente utilizada em todo o mundo e essa definição fomentou avanços na identificação e no cuidado de pessoas em risco ou com sarcopenia. Ficou definida como uma síndrome caracterizada pela perda progressiva e generalizada de massa muscular e força com risco de resultados adversos, como incapacidade física, pobre qualidade de vida e morte. Porque a relação entre massa muscular e força não é linear (a capacidade de gerar força não depende apenas da massa muscular), os critérios para o seu diagnóstico incluíam baixa

Os benefícios do treino de força na saúde estão bem sustentados na literatura científica e os mais importantes serão porventura os seguintes: diminuição da pressão arterial; diminuição do risco de osteoporose e sarcopenia; melhoria do perfil lipídico; aumento da capacidade cardiorrespiratória; prevenção e gestão de dores crónicas; aumento da sensibilidade à insulina; melhoria do bem-estar e autoconfiança.

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massa muscular e baixa função muscular (i.e. força ou performance física). Depois de sabermos que, em 2016, a sarcopenia foi classificada como uma doença pela Organização Mundial de Saúde, conforme foi referido na primeira parte deste artigo, o EWGSOP(2) atualizou a sua definição operacional e as várias estratégias de diagnóstico, considerando agora que a força muscular (medida através da força de preensão ou do teste de levantar-se da cadeira) é o principal parâmetro para medir a função muscular, ainda mais importante que a quantidade de massa muscular. Portanto, é neste contexto, que justificamos o título deste artigo e que reforçamos a importância de partilhar esta mensagem com todos os profissionais de saúde. As implicações desta condição na saúde humana são várias e largamente conhecidas: aumento do risco de quedas e fraturas(3,4) ; prejudica a realização das atividades da vida diária(5) ; está associada com doença cardíaca(6), doença respiratória(7) e disfunção cognitiva(8) ; menor qualidade de vida(9) ; perda de independência (10,11,12) e morte(13). Em termos financeiros, os custos na saúde pública também já foram calculados em vários trabalhos. Num estudo de Janssen et. al. (14) , em 2004, os custos da sarcopenia nos Estados Unidos foram estimados em 18,5 biliões de dólares anuais, representando cerca de 1,5% dos custos totais na saúde. Num estudo realizado cá em Portugal no Hospital de Santo António no Porto e publicado em 2016(15) , verificou-se que os custos de hospitalização associados à

sarcopenia foram superiores em 58,5% para pacientes com idade inferior a 65 anos e em 34% para pacientes com idade igual e superior a 65 anos. Mais recentemente (2018), no Hertfordshire Cohort Study no Reino Unido(16) , verificou-se que os custos associados com a falta de força muscular foram estimados em 2,5 biliões de libras anuais. No cenário atual, em que o fenótipo do envelhecimento doentio prolifera a olhos vistos em todas as nações industrializadas, em que doenças como a hipertensão, o cancro, a depressão, o alzheimer e a diabetes tipo II estão a acabar com a vida das pessoas, é fundamental adotar medidas que visem a melhoria da função de cada indivíduo ao invés do diagnóstico de doenças e da administração de medicamentos que, além de não contribuírem para resolver este problema, poderão ainda agravar a sua condição. Sabemos que os problemas de saúde principais estão relacionados com a má alimentação, a inatividade física, a falta de sono, o excesso de álcool, a exposição ao tabaco e aos ambientes poluídos, mas também com a falta de movimento de qualidade, de vigor e de força muscular. Os benefícios do treino de força na saúde estão bem sustentados na literatura científica e os mais importantes serão porventura os seguintes: diminuição da pressão arterial; diminuição do risco de osteoporose e sarcopenia; melhoria do perfil lipídico; aumento da capacidade cardiorrespiratória; prevenção e gestão de dores crónicas; aumento da sensibilidade à insulina; melhoria do bem-estar e auto-


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confiança. Mais, já são vários os estudos (17,18,19) que têm mostrado uma forte e consistente correlação entre o aumento de força e massa muscular com a diminuição da mortalidade, reforçando o facto que o declínio da força associado aos níveis de sedentarismo atuais e ao envelhecimento precisam de ser tratados. Logo, um programa de treino de força bem desenhado, que atenda à competência do indivíduo e que respeite os princípios do treino, vai melhorar todos os indicadores de saúde atrás referidos e ainda todas as qualidades físicas necessárias (força, potência, velocidade, agilidade, equilíbrio, coordenação, mobilidade e endurance) para a realização das atividades da nossa vida diária. São estes parâmetros da função física que são atualmente propostos como biomarcadores do envelhecimento nos seres humanos(20). Por consequência, a programação do treino será o fator determinante nesta equação. E se é certo que este processo requer o conhecimento imperativo das ciências do desporto, é preciso não esquecer que o mesmo também requer trabalho aplicado no terreno e arte na instrução. Em vez de andarmos tão preocupados em seguir as guidelines e procurarmos pelos resultados estatisticamente significativos, devemos sim preocupar-nos que a nossa abordagem seja relevante para a vida da pessoa. Porque nós trabalhamos com pessoas. Pessoas que têm limitações de tempo para treinar. Pessoas com diferentes responsabilidades familiares e profissionais. Pessoas que têm vidas diferentes umas das ou-

tras. Pessoas que têm uma série de problemas metabólicos e/ou ortopédicos que nenhum estudo randomizado controlado jamais conseguirá reproduzir! Sim, este é um processo complexo. Finalmente, sabemos que um dos mecanismos responsáveis pela atrofia muscular, sarcopenia e envelhecimento é a apoptose, a morte programada das células e um processo fundamental no envelhecimento. Mas quando treinamos, comemos e descansamos adequadamente estamos a enviar um sinal ao nosso corpo para a criação de um ambiente anabólico, um ambiente que potencia a libertação de fatores de crescimento e que suprime a apoptose. Ou seja, o treino de força é um fator de crescimento macroscópico que suprime a morte programada das células (i.e. apoptose) mas ao contrário dos medicamentos em que o aumento na dose significa mais doença e dependência, um aumento na carga (mesmo que reduzido) significa mais saúde, mais força e mais vigor. Desta forma, as decisões diárias caberão sempre a cada um: tratar o corpo como um Ferrari ou tratar o corpo como um carro de aluguer. Referências .................. p.28 (Este artigo é composto por duas partes, sendo que a 1ª parte foi publicada no número 5 da Bwizer Magazine)

Pedro Correia –––– Licenciado em Educação Física e Desporto no Ramo Gestão do Desporto pela Universidade da Madeira; Master em Gestão de Campos de Golfe pela Universidade Europeia de Madrid. Apaixonado pelo conhecimento, são muitas as formações complementares que já frequentou, destacando-se o Programa completo de Performance Mentorship com a EXOS e o Strength & Conditioning Mentorship Program com Michael Boyle. Com uma vasta experiência profissional, atualmente mantém ligação ao golfe e Co-Fundador e Head Coach na The Strength Clinic. Preletor em vários Congressos, Conferências e Seminários, também formador na área do exercício, saúde e performance desportiva.

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Licença de Utilização Para Ginásios e Healthclubs ____ Ricardo Amorim

[...] de forma a evitar a aplicação de coimas e sanções acessórias, o interessado deverá requerer a concessão da autorização de utilização para atividades desportivas à Câmara Municipal territorialmente competente.

Numa época em que é cada vez mais frequente a abertura de ginásios e healthclubs em Portugal, mostra-se necessário esclarecer alguns pontos relativamente ao licenciamento destes espaços para que os exploradores dos mesmos não sejam surpreendidos com a aplicação de eventuais coimas e sanções acessórias, que possam colocar em causa a manutenção dos seus estabelecimentos. É um facto inegável que a febre dos ginásios se instalou em Portugal nos últimos anos e não parecem existir sinais de abrandamento. De acordo com o barómetro de 2016 publicado pela Associação de Empresas de Ginásio e Academias de Portugal (último estudo disponível), o número de aberturas de ginásios nesse ano havia aumentado 14% relativamente ao ano anterior (2015), estimando-se um volume de mercado de 214 milhões de euros. Apesar de ainda não existirem dados concretos relativamente ao ano

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de 2018, é certo que, nos dois últimos anos, a abertura destes estabelecimentos aumentou de forma exponencial, tratando-se, na grande maioria dos casos, de aberturas sem a necessária e devida licença de utilização. Apesar de se encontrar em vigor há quase dez anos, existe um certo desconhecimento da existência do Regime Jurídico das Instalações Desportivas de Uso Público, regulado pelo DL n.º 141/2009, de 16 de junho, alterado pelo DL n.º 110/2012, de 21 de maio, o qual se aplica aos estabelecimentos que prestam serviços desportivos na área da manutenção da condição física (fitness), designadamente aos ginásios, academias ou clubes de saúde (healthclubs), independentemente da designação adotada e da forma de exploração. De acordo com este regime jurídico, a abertura e funcionamento das instalações desportivas apenas pode ocorrer após emissão, pela câmara municipal territorialmente competente, do alvará de autorização de utilização do prédio ou fração onde se pretendem instalar as mesmas, sendo este um alvará da autorização de utilização específico para instalações desportivas, o qual deve conter, além dos elementos previsto no Regime Jurídico da Urbanização e Edificação

(por exemplo, a identificação do edifício ou fração autónoma), determinadas especificações como a identificação tipológica, denominação, localização, nome do proprietário ou concessionário da exploração da instalação, bem como do diretor ou responsável pela mesma, a indicação das atividades previstas e a capacidade máxima de utilização. Isto significa que, se para prédio ou fração onde se pretende instalar o ginásio ou healthclub apenas foi atribuída uma licença de utilização para comércio ou serviços (o que acontece na grande maioria dos casos), essa licença não será suficiente. E se é certo que determinadas Câmaras Municipais já estão vocacionadas para este tipo de licenças de utilização específicas, disponibilizando ao público, a título de exemplo, modelos de requerimentos próprios para solicitar a emissão das respetivas licenças, também é certo que são várias as Câmaras Municipais que não estão minimamente sensibilizadas para este tipo de licenciamento, entendendo que as licenças de utilização comuns (comércio ou serviços) são suficientes para a instalação, abertura e funcionamento de ginásios ou healthclubs. Independentemente da muita ou pouca sensibilidade das Câmaras Municipais para este tipo de licenças de utilização,


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ser apresentados pelo explorador do ginásio ou healthclub ao órgão de polícia criminal de forma a justificar a legalidade da abertura e funcionamento das instalações desportivas. Em relação aos proprietários de ginásios e healthclubs já em funcionamento antes da entrada em vigor do Regime Jurídico das Instalações Desportivas de Uso Público, os mesmos tinham um prazo de dois anos para apresentar a mera comunicação prévia e os documentos referidos no parágrafo anterior. Aqueles que não o fizeram no período referido, e de forma a evitar a aplicação de coimas e sanções acessórias, devem requerer à Câmara Municipal territorialmente competente a emissão do alvará de utilização para instalações desportivas ou a alteração do alvará de utilização, consoante o que se mostrar mais conveniente para a entidade exploradora e consoante as exigências de cada Câmara Municipal. a verdade é que compete à ASAE fiscalizar o cumprimento do previsto no Regime Jurídico das Instalações Desportivas de Uso Público. Assim, se no âmbito de uma fiscalização às instalações desportivas a ASAE verificar que as mesmas estão abertas ao público sem a licença de utilização devida, deve este órgão de policia criminal elaborar o respetivo auto de notícia, o qual estará na base da instrução de um processo de contraordenação. Na verdade, nos termos da alínea a) do artigo 22.º do regime jurídico referido, a abertura e funcionamento de ginásios ou healthclubs sem devida licença de utilização constitui uma contraordenação muito grave, punida com coima entre 500,00€ e 750,00€, para pessoas singulares, e entre 4.500,00€ e 9.000,00€, para pessoas coletivas. Contudo, além das coimas referidas, poDe acordo com este regime jurídico, a abertura e funcionamento das instalações desportivas apenas podem ocorrer após emissão, pela câmara municipal territorialmente competente, do alvará de autorização de utilização do prédio ou fração onde se pretendem instalar as mesmas (...)

dem ainda ser aplicadas sanções acessórias como o encerramento das instalações desportivas e a suspensão das atividades desportivas por um período de dois anos.

Referências .................. p.28

Assim, de forma a evitar a aplicação de coimas e sanções acessórias, o interessado deverá requerer a concessão da autorização de utilização para atividades desportivas à Câmara Municipal territorialmente competente. Requerida a concessão da licença de utilização, se a Câmara Municipal não se pronunciar no prazo de 10 dias, o interessado na abertura ao público e início de funcionamento das instalações desportivas deve apresentar uma mera comunicação prévia através do balcão único eletrónico instruída com a identificação das atividades, declaração de responsabilidade de que as instalações cumprem todos os requisitos adequados ao exercício das atividades a praticar e cópia do regulamento de funcionamento das instalações desportivas. O comprovativo eletrónico de receção da mera comunicação prévia, acompanhado do comprovativo de pagamento das taxas eventualmente devidas, constitui título válido de abertura e funcionamento das instalações desportivas. Ou seja, em caso de fiscalização por parte da ASAE, devem estes dois comprovativos

Ricardo Amorim –––– Licenciado em Direito pela Escola de Direito da Universidade do Minho e pós-graduado pela mesma Escola em Direito dos Contratos e da Empresa. Atualmente é Advogado Estagiário na área de Imobiliário e Veículos de Investimento na PRA – Raposo, Sá Miranda e Associados, SP., RL., onde trabalha diretamente com questões de licenciamento de infraestruturas desportivas. É também Diretor do Departamento Jurídico da júnior empresa UPrise Talent.

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Revisitar as Catástrofes ____

Prof. Dr. J. Pinto da Costa

Com periodicidade variável de séculos ou milénios, o planeta Terra tem sido palco de profundas alterações geofísicas. Sobram aos seus habitantes muitas mortes e necessidade de adaptação às circunstâncias novas por parte dos sobreviventes. Em esquema, as catástrofes são naturais quando não dependem do fator humano e não naturais ou artificiais no caso contrário. A dicotomia não é tão nítida como parece à primeira vista. Uma terceira categoria, mista, associa as duas influências. É o caso de grandes inundações quando se constroem habitações em socalcos sem drenagem para as chuvas copiosas que caem de vez em quando, provocando aluimentos de terra, arrastamento de casas, mortos por afogamento ou por lesões traumáticas e desaparecimento de pessoas sem olvidar o prejuízo para a agricultura local e a morte de muitos animais. Catástrofe mista será a da queda de uma ponte, com mortos por afogamento, por retirada de areias junto aos pilares que a sustentam, por falta de necessária manutenção. Catástrofes mistas por incêndios, como os de Albergaria a Velha e de Monchique, ou as inundações recentes no Brasil, por falta de manutenção e que resultaram na prisão preventiva de dois engenheiros e de outros funcionários. Como exemplo de catástrofes naturais citam-se os deslizamentos de terras, incêndios e tsunamis. Entre elas apontam-se as mais celebradas como a da Antioquia, no ano 526, na qual morreram 250 mil pessoas carbonizadas no incêndio após tremor de terra. A erupção do vulcão Vesúvio, no ano 79, que causou 16 mil mortos, com soterramento do balneário romano em Pompeia, com vítimas petrificadas pelas lamas do vulcão que são hoje visíveis(1) .

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O terramoto de Lisboa, em 1755, que causou cem mil mortos. Em 1780, um furacão nas Caraíbas, também designado furação de São Calisto, causou 27 mil mortos, afundando várias embarcações francesas e inglesas que se encontravam nesses mares, aquando da guerra da independência dos Estados Unidos. Em 1883, registaram-se 35 mil mortos, no monte Krakatoua, na Indonésia, devido a quatro explosões durante uma semana, das quais a última foi ouvida a mais de 4800 quilómetros, com arremesso de rochas a mais de 80 quilómetros de altura. Na China, em Shanxi, um terramoto, em 1556, causou 830 mil mortos. Também na China, uma inundação do rio Amarelo, em 1887, causou dois milhões de mortos, e outra, em 1931, provocou o dobro de vítimas. Na Índia, em 1970, na baía de Bengala um ciclone causou 500 mil mortos. O tsunami no Japão, em 2011, que provocou o acidente nuclear de Fukushima, causou 18.446 mortos e 123 mil deslocados. No tsunami na Indonésia, em 2018, registaram-se 429 mortos e mais de mil deslocados. Nas catástrofes não naturais ou artificias está patente a vontade humana em prejudicar os outros na luta pelo poder ou a negligência. Encontram-se neste grupo os acidentes rodoviários, ferroviários e aéreos, os incêndios em prédios de habitação, estabelecimentos comerciais e complexos industriais, as explosões, algumas delas relacionadas com terrorismo, e os incidentes em recintos desportivos, locais de culto religioso e espetáculos diversos. Entre as catástrofes artificiais ou de origem humana lembram-


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-se o incêndio de Roma no ano de 645, o de Londres em 1666 e o do Chiado em 1988, o naufrágio do Titanic em 1912 e o do Costa Concórdia em 2012. Entre nós, existe um manual de procedimentos para intervenção forense em incidentes com múltiplas vítimas consignado no plano nacional de emergência da Proteção Civil aprovado pela resolução do Conselho de Ministros nº 87/2013, de 11 de dezembro, elaborado em conformidade com os padrões da Interpol. Está definido um conjunto de competências no caso de existência de catástrofes, designadamente a Autoridade Nacional de Proteção Civil, Instituto Nacional de Emergência Médica, Polícia de Segurança Pública, Guarda Nacional Republicana, Polícia Marítima, Polícia Judiciária, Laboratório de Polícia Científica da Polícia Judiciária e Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses(2) . Uma abordagem prática eficaz em caso de catástrofes pressu-

As grandes catástrofes na atualidade modificaram o seu perfil pelas mega construções em grandes aglomerados urbanos, o aumento de viagens em grupo, o aperfeiçoamento dos veículos a motor, as melhores vias de comunicação terrestres, o aumento do tráfego aéreo, o melhor aproveitamento de recursos energéticos com novas formas de energia e, de um modo geral a industrialização.

põe a congregação de esforços harmonicamente articulados das citadas entidades. A designada medicina legal de catástrofes compreende a montagem de postos de comando fora do perímetro da área atingida, um hospital de campanha, um necrotério e a garantia de canais de comunicação. O necrotério de campanha deve ter condições mínimas de água, luz, esgotos e possibilidade de evacuação dos corpos. Os médicos da equipa médico-legal de intervenção em desastres devem cumprir as normas do equipamento para melhor desempenho da sua missão e, para isso, dispõem de um contentor com equipamento de proteção individual, incluindo máscaras, luvas de borracha, fatos e calças protetoras, sacos para cadáver, sacos para vestígios, etiquetas de plástico, máquinas fotográficas, marcadores de tinta e canetas. A autópsia médico-legal é obrigatória para definir a morte em termos civis e criminais. Deve ter-se em conta a descrição do vestuário e objetos pessoais, com registo fotográfico do exame exaustivo do cadáver. Há que preservar os cadáveres não identificados, existindo a possibilidade de inumação com registo do coval para possível exumação e transladação a pedido dos familiares. Eles podem ser preservados mediante refrigeração em câmaras frigoríficas, injeções de líquidos conservadores, embalsamamento ou congelação(3) . Após a autópsia o cadáver identificado pode ser entregue à família. Se o cadáver não foi identificado deve ser assinalado com um número que será o mesmo para todos os objetos pessoais e para os maxilares superiores para ulterior identificação. Aquando de uma catástrofe, impõe-se a contagem das vítimas, o seu reconhecimento, a sua preservação e no caso de vítimas

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mortais estabelecer a causa da morte e o seu mecanismo. A determinação do mecanismo da morte engloba a apreciação de múltiplas lesões traumáticas, verificando se foram produzidas em vida ou após a morte. No caso de incêndios importa a pesquisa de carboxiemoglobina e sua quantificação e no caso de inundações a pesquisa de diatomáceas.

A identificação é assinalada com indicação do sexo, idade, altura, peso, afinidade populacional e caraterísticas particulares, patológicas e não patológicas.

Os cadáveres não aparecidos recebem tratamento na legislação portuguesa. Com elevada repercussão social, a lei define que a morte presumida produz os mesmos efeitos que a morte embora não dissolva o casamento (artigo 115º, Código Civil). Ao cônjuge do ausente casado civilmente é-lhe facultado contrair novo casamento; se por ventura o ausente regressar ou houver notícia de que era vivo quando esse novo casamento foi celebrado, considera-se o primeiro matrimónio dissolvido por divórcio à data da declaração de morte presumida (artigo 116, Código Civil).

Como meios de identificação citam-se o biótipo, os objetos pessoais, as impressões digitais e dentárias e a investigação pelo DNA.

As situações de catástrofe são cada vez mais de nível internacional, devendo atender-se à legislação dos diferentes países.

Os dentes são importantes porque resistem à putrefação, a agentes traumáticos, agentes físicos e a agentes químicos.

As secas incluem-se nas grandes catástrofes. Uma das maiores ocorreu na Índia, em 1900, causando 3,25 milhões de mortos.

Nas explosões é frequente a fragmentação dos cadáveres. Haverá sempre que estabelecer o diagnóstico entre acidente, homicídio e suicídio. O estabelecimento da data da morte é relevante particularmente no caso de testamentos, direito sucessório e atribuição de seguros.

A entomologia forense pode contribuir para a avaliação da data da morte. Recorde-se que no tsunami do Japão, 85% das identificações foram conseguidas pelo exame dos dentes. As grandes catástrofes na atualidade modificaram o seu perfil pelas mega constru-

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ções em grandes aglomerados urbanos, o aumento de viagens em grupo, o aperfeiçoamento dos veículos a motor, as melhores vias de comunicação terrestres, o aumento do tráfego aéreo, o melhor aproveitamento de recursos energéticos com novas formas de energia e, de um modo geral a industrialização.

A ética e a lei sugerem e exigem a garantia de que o produto a examinar seja ele próprio, isto é, a manutenção da cadeia de custódia. Vai nisso a segurança das vítimas e dos seus familiares. Referências .................. p.28

Prof. Dr. José Pinto da Costa –––– Licenciado em Medicina e Cirurgia, ocupou de 1961 a 1974 o cargo de Assistente em Medicina Legal e Toxicologia Forense. Nessa altura terminou o seu doutoramento com a classificação máxima de distinção e louvor e foi convidado para Professor Auxiliar. A esse cargo seguiu-se o de Professor Associado (1979) e o de Professor Catedrático (1996). Foi eleito Diretor do Instituto de Medicina Legal do Porto e o primeiro português a ser eleito Vice-Presidente da Academia Internacional de Medicina Legal e de Medicina Social (1985 - 1991). Atualmente, além de Professor, é consultor do Mestrado de Medicina Legal da Universidade do Porto e, ainda, o responsável pela cadeira de Psicopatologia Criminal do mestrado em Psicologia Legal do Instituto Superior de Psicologia Aplicada de Lisboa.


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Terapêutica Inalatória ____ Liliana Silva

A terapêutica inalatória consiste na administração de fármacos pela via inalatória e é considerada a mais eficaz no controlo de doenças respiratórias. Os vários tipos de dispositivos inalatórios disponíveis no mercado têm diferentes especificidades e exigem técnicas diferentes, o que aumenta a possibilidade de erros na sua utilização condiciona a eficácia e a adesão ao tratamento. Estima-se que cerca de 75% a 80% das pessoas cometem algum tipo de erro na técnica inalatória. Os estudos realizados nesta área alertam para a importância que o ensino e revisão da técnica inalatória têm no controlo das doenças respiratórias. O profissional de saúde tem a responsabilidade de intervir nesta educação terapêutica, contudo, a sua própria formação seja incisiva nesta temática.(1A utilização da via inalatória remonta a 400 a.C., altura em que Hipócrates descreveu a inalação de vapores como terapêutica. Em meados do século XIX faz-se referência à terapêutica inalatória nos tratados de medicina e em 1930 houve um ponto de viragem com a administração de um aerossol de adrenalina no tratamento da Asma. O primeiro inalador pressurizado surge em 1956. (2) Quando comparada com outras vias de administração de fármacos, permite uma

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ação terapêutica mais rápida e mais eficaz, uma vez que se atingem concentrações elevadas de fármaco a nível do pulmão. Deste modo, é possível utilizar doses mais baixas do mesmo fármaco, por vezes 1000 vezes mais baixas, para atingir o efeito pretendido a nível respiratório. Os efeitos adversos são diminuídos atendendo às baixas concentrações de fármaco(2)(3).

cas e de defesa que diminuem em 50% a percentagem de fármaco que atinge o pulmão. Já nas vias respiratórias inferiores vão ter a resistência ao ar inspirado e as forças de inércia que influenciam os diferentes mecanismos de deposição de partículas. A presença de processos inflamatórios e obstrutivos, como é o caso das secreções, condicionam de igual modo a deposição do fármaco(2).

A deposição do fármaco nas vias aéreas inferiores é influenciada por vários fatores relacionados com a anatomia das vias respiratórias, com as características do medicamento e do tamanho das suas partículas, com o padrão ventilatório e características da pessoa, assim como com a técnica de inalação executada.

O diâmetro das partículas inaladas e as suas propriedades aerodinâmicas vai condicionar a sua dispersão e deposição. A dimensão das partículas não é constante ao longo das vias respiratórias, podendo diminuir o seu diâmetro como é frequente nos aerossóis pressurizados por evaporação do propelente ou, podendo aumentar pelo efeito hidroscópico, absorvendo as moléculas de água constantes nas vias respiratórias, como é o caso de nebulizadores(2).

O pulmão é um órgão complexo com várias ramificações e subdivisões, desde a traqueia, aos vários calibres de brônquios até aos alvéolos e, as características de cada estrutura vão condicionar a deposição dos fármacos à medida que estes se deslocam pela árvore brônquica. As vias respiratórias superiores têm uma função de defesa, logo é esperado que grande parte do fármaco inalado lá se deposite. A inalação deve ser realizada por via oral, evitando sempre que possível a via nasal, pela presença de mais barreiras anatómi-

Os diferentes tipos de sistemas de inalação têm indicações clínicas, vantagens e desvantagens distintas e devem ser cuidadosamente escolhidos pelo prescritor, de acordo com as características da pessoa.


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A deposição de partículas acontece por 3 mecanismos principais: • Impacto por inércia – as partículas de maiores dimensões (superiores de 5µm) são depositadas por este mecanismo nas primeiras barreiras anatómicas encontradas, como por exemplo a orofaringe e traqueia; • Sedimentação gravitacional – responsável pela deposição das partículas pequenas, entre os 5 e 0,8 µm, nas vias aéreas inferiores e alvéolos. Este tipo de deposição é diretamente proporcional ao tamanho da partícula e inversamente proporcional à sua velocidade, sendo favorecido por uma inspiração lenta em volume corrente e pausa inspiratória no final da inalação; • Difusão – ocorre em partículas de diâmetro inferior a 1µm e tem um valor terapêutico muito reduzido, uma vez que são maioritariamente expiradas(2)(3)(1). O padrão ventilatório da pessoa é essencial para a deposição das partículas. O fluxo, volume e o tempo de inspiração, assim como uma pausa inspiratória e o tempo expiratório são fatores determinantes para a melhor deposição do fármaco. A inalação deve ser precedida por uma expiração profunda, de modo a que o volume inalado seja igual à capacidade vital pulmonar e, este volume, vai condicionar a quantidade de fármaco inalada. O fluxo deve ser contínuo, mas varia de acordo com o tipo de dispositivo e de apresentação do fármaco, sendo idealmente de 30 L/min (0,5L/seg) para os aerossóis líquidos e >30 L/min para os de pó seco, uma vez que a libertação do fármaco é dependente da força inspiratória e da velocidade de inspiração do doente. No final, a pausa inspiratória de 5 a 10 segundos e uma expiração rápida são importantes no sentido de maximizar a deposição intrabrônquica(1)(2)(3). Não obstante de se reunirem condições ótimas para a inaloterapia, existem estudos que demonstram que apenas 1440% do fármaco atinge o pulmão. Torna-se assim fundamental compreender de que forma é possível otimizar a deposição do fármaco, tirando assim um maior partido do mesmo e contribuindo para um melhor controlo e alívio das doenças respiratórias (3). Os diferentes tipos de sistemas de inalação têm indicações clínicas, vantagens

e desvantagens distintas e devem ser cuidadosamente escolhidos pelo prescritor, de acordo com as características da pessoa. Existem algumas condicionantes que podem levar à técnica incorreta, sendo que as principais dificuldades se prendem com a má coordenação mão-pulmão, a baixa capacidade inspiratória e falta de colaboração da pessoa (criança, adulto ou idoso). Inaladores pressurizados contêm um fármaco em suspensão ou dissolvido num propelente, sendo a libertação da mistura controlada por uma válvula que deixa passar um volume fixo pré-determinado. São pouco dispendiosos, portáteis e se usados corretamente levam a bons resultados. Contudo, requerem boa coordenação mão-pulmão para a técnica ser corretamente executada. É também importante que a inspiração seja profunda e a inalação lenta, ocorrendo a ativação do dispositivo após o início da inspiração. É importante referir que têm uma grande deposição na orofaringe (cerca de 80%). São dos dispositivos inalatórios mais prescritos em todo o mundo, devendo ser utilizados com câmara expansora sempre que existe risco de má técnica ou má colaboração da pessoa. Inaladores de pó seco são dispositivos pequenos, discretos, facilmente transportáveis e ativados pela inspiração. A inspiração deve ser profunda e a inalação rápida, forçada e constante desde o início. Uma inspiração pouco vigorosa e lenta compromete a eficácia da medicação(3). Inaladores de névoa suave geram uma nuvem de aerossol e utiliza a energia mecânica gerada através de um sistema de mola nele incorporado. A produção de dois jatos de líquido convergentes gera uma nuvem do fármaco libertada de forma lenta, apresentando maior duração relativamente aos inaladores pressurizados e aos de pó seco, aumentando a deposição pulmonar do fármaco e diminuindo a deposição na orofaringe. Neste caso, a inalação deve ser lenta e profunda(2). Os nebulizadores convertem soluções aquosas em aerossóis de partículas de diferentes dimensões. Existem nebulizadores pneumáticos, ultrassónicos, de membrana ventilatória estática ou vibratória. São utilizados em pessoas incapazes de utilizar corretamente os inaladores com ou sem câmara expansora, não têm

propelentes ou aditivos e humidificam as vias respiratórias. Contudo são pouco portáteis, de custo mais elevado e têm risco de contaminação bacteriana(3). Atendendo aos vários tipos de dispositivos existentes para terapêutica inalatória, os profissionais de saúde assumem um papel fundamental na capacitação da pessoa com patologia respiratória para a técnica inalatória e, consequentemente para controlo da doença respiratória (1). A questão que se impõe é: estão os profissionais de saúde, e nomeadamente os enfermeiros, capacitados para esta intervenção? Referências .................. p.28

Liliana Silva –––– Enfermeira Especialista e Mestre em Enfermagem de Reabilitação pela Escola Superior de Enfermagem do Porto e Pósgraduada em Psicogerontologia. Desde 2011, exerce funções como Especialista em Enfermagem de Reabilitação na Unidade de Cuidados na Comunidade – ULS Matosinhos, onde é responsável por um projeto na área da doença respiratória crónica, além de coordenadora do Núcleo de Enfermeiros de Reabilitação. Preletora em diversos eventos científicos e coautora de trabalhos e artigos científicos na área da Reabilitação Respiratória e da Asma através do Internacional Primary Care Respiratory Group; é também membro do Movimento CAPA (Cuidados Adequados à Pessoa com Asma).

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Onde estão os Nutricionistas nas equipas de ciclismo? ____ Gabriel Martins

“Lá fora”, a maioria das equipas de ciclismo do pelotão profissional conta com o seu próprio nutricionista. Em Portugal a, nutrição ainda é prescrita pelo médico da equipa, pelo treinador, pelo fisioterapeuta ou pelo biomecânico que, de maneira intrusiva e sem formação base em iências da Nutrição, continuam a alimentar as “ciências da desinformação” naquele que é ,provavelemente, um dos desportos mais exigentes do planeta e que por esse motivo precisa de bons Nutricionistas. Aqui vos escreve um apaixonado pelo mundo do ciclismo e pelas bicicletas desde tenra idade (algo que posso agradecer ao meu pai). Aqui vos escreve um ciclista, ainda que amador, que sente que na pele aquilo que se “sofre” em cima de uma bicicleta, que sente as exigências físicas e mentais que este desporto implica. Por último, mas não menos importante, aqui vos escreve um Nutricionista, emigrado em Espanha, que trabalha diariamente com ciclistas e que vê neles confirmada a importância que a alimentação (prescrita pelo Nutricionista) tem no rendimento, recuperação e saúde deste desportista. Este artigo é sobre isso. Onde estão? Porque não estão? Mas

Não há Nutricionistas nas equipas de ciclismo. Há sim, como sempre houve, membros do staff técnico que lhes dão suplementos, que lhes dizem para cortar nos “hidratos”, para fechar a boca, treinar em jejum e sair só com um 1 bidão de água para 4h.

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sobretudo, porque deveriam estar os Nutricionistas naquele que é um dos desportos mais exigentes do planeta.

Dezembro de 2018... Faltam 6 meses para começar o Giro D’Italia. Os ciclistas da equipa apresentam-se para o primeiro estágio da pré-temporada. Claramente acima do peso de competição e fora de forma, começam a traçar-se objetivos para a temporada. “Temos de atingir um pico de forma no inicio de Maio para o Giro e outro no final de Agosto para a Vuelta”, diz o diretor desportivo. “Preciso que eles estejam dentro do peso nessa altura e a recuperar bem entre cada treino. Faz o que tens a fazer”. O Nutricionista da equipa começa então a traçar diferentes planos ajustados a cada microciclo. Este profissional tem como função garantir que cada treino é cumprido segundo o plano traçado pelos treinadores; que a recuperação é otimizada através da alimentação; que se aproveitam os treinos longos e de baixa intensidade para maximizar adaptações; que a composição corporal é otimizada, ou seja, o peso reduzido sem interferir com os ganhos de força. Tudo em simultâneo. É assim que as coisas até ao momento, não se estão a fazer em Portugal. Não há Nutricionistas nas equipas de ciclismo. Há sim, como sempre houve, membros do staff técnico que dão suplementos aos atletas, lhes dizem para cortar nos “hidratos”, para fechar a boca, treinar em jejum e sair só com um 1 bidão de água para 4h.

Quando se tem uma visão tão redutora e “Jurássica” da alimentação, o treinador ou até o vendedor de suplementos a “prescrever nutrição”, misturado com alguma falta de interesse por parte


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de colegas Nutricionistas em investir nesta área, cria-se a receita perfeita para que não exista um acompanhamento adequado destes desportistas. Sendo o ciclismo um desporto onde o peso tem uma importância fulcral no rendimento, o risco de empregar estratégias de redução de peso radicais(¹) em ciclistas é muito grande. Isto faz do ciclismo um desporto onde existe um elevado risco de desnutrição causada por um défice energético intencional (RED-S: Relative Energy Deficit in Sport) que tem consequencias muito graves e bem reportadas em investigações atuais, como níveis muito baixos de densidade mineral óssea, complementados por níveis baixos de testoesterona. A maneira mais fácil de explicar o impacto que a nutrição tem numa modalidade tão física e exigente como o ciclismo, é enumerando alguns dos muitos aspetos que podem correr mal na alimentação de um ciclista: • Um controlo desajustado da composição corporal ao longo da pré-temporada pode fazer com que o ciclista auto-empreenda técnicas de redução de peso

drásticas nas últimas semanas antes de uma corrida e que podem deitar por terra todo o treino de meses; • Ao não periodizar a dose de hidratos de carbono diária de acordo com o treino do ciclista (menor quantidade em dias de baixa intensidade e maior em dias de grande intesidade/ duração) podemos estar a perder uma janela de oportunidade para amplificar importantes adaptações ao treino que podem ser decisivas durante uma corrida; • Fornecer antioxidantes de maneira crónica e não aguda poderá também inibir algumas adaptações ao treino que podem ser decisivas em etapas mais exigentes e, sobretudo, na capacidade de recuperação; • Não “treinar o intestino” para suportar, quer o tipo, quer a quantidade de todos os snacks energéticos a utilizar durante a corrida nas semanas anteriores à prova (géis, barritas, isotónica), poderá provocar distúrbios intestinais graves durante a competição; • Fazer uma carga de hidratos de carbono desajustada no dia anterior, quer por excesso, quer por defeito, pode com-

Gabriel Martins –––– Licenciado em Dietética e Nutrição pela Universidade do Algarve, Mestre em Treino e Nutrição Desportiva pela Escuela Universitária Real Madrid – Universidad Europea e Doutorando em Ciências da Saúde na Universidade Camilo José Cela. Atualmente é investigador colaborador na Agência Espanhola Anti-Doping (AEPSAD), na área das substâncias dopantes em ciclismo. Desempenha também funções como Nutricionista em várias equipas de ciclismo em Espanha e escreve mensalmente para a Real Federação Espanhola de Ciclismo.

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prometer seriamente o rendimento do ciclista; • Em competições com etapas de vários dias, ao não seguir um protocolo de recuperação rápida de glicogénio com um aporte de hidratos de carbono e hidratação adequado, o ciclista não conseguirá recuperar a tempo de voltar a competir com intensidade no dia seguinte; • Suplementar sem qualquer critério, seguindo os conselhos de colegas, vendedores de suplementos ou outros membros do staff técnico que não o Nutricionista, pode também comprometer o desempenho do ciclista. A nutrição não vai certamente fazer nenhum milagre, nem transformar um mau ciclista num Peter Sagan. Mas quando é devidamente planificada por um bom nutricionista com dominio dos três pilares fundamentais da nutrição no ciclismo [...] ajudará o atleta no seu melhor pico de forma, com um peso reduzido, mas sem comprometimento do seu rendimento físico e com as suas reservas de combustível cheias, pronto para ajudar a sua equipa.

Não é à toa que há quase uma década, as equipas do Pro Tour levam para o Tour de France o seu respectivo Chef que junto com o Nutricionista, implementam menus desenhados inicialmente apenas para nutrir, em obras de culinária que não somente nutrem, como reconfortam e se “comem com os olhos”, minimizando o efeito da possível perda de apetite depois

das competições. O aporte energético a suprir durante uma competição de ciclismo é elevadíssimo, existindo casos como o de Chris Froome que na etapa 19 do Giro d’Italia de 2018 apresentou um dispendio energético bem superior a 6000 kcal. Por outro lado, é comum vermos nas redes sociais, sobretudo no Instagram, imagens e “stories” de ciclistas profissionais (e amadores que imitam os profissionais) com o seu prato de esparguete na noite anterior e no pequeno almoço antes de competir. Uma rotina que parece estar parada no tempo desde os anos 90 e que assenta na ideia de que as massas, são o único alimento para se comer numa carga de hidratos de carbono no jantar ou pequeno-almoço anteriores à competição. E isto é mau? Talvez! Se por um lado vemos bem documentado a nivel científico os défices calóricos e de micronutrientes nas dietas de ciclistas, quando somamos o fator “monotonia alimentar”, só estamos a agravar o problema. Se por um lado o esparguete continua a ser o “rei”, as papas de aveia serão a “rainha” que facilmente conquistou um estatuto beatificado no pequeno-almoço do ciclista moderno, sobretudo influenciado pelo mundo do fitness.

maioria dos contextos, é fulcral, sobretudo num desporto onde a suscetibilidade de restrição energética voluntária por parte dos atletas é tão elevada. A nutrição não vai certamente fazer nenhum milagre, nem transformar um mau ciclista num Peter Sagan. Mas quando é devidamente planificada por um bom nutricionista, com domínio dos três pilares fundamentais da nutrição no ciclismo, (i- garantir o aporte de “combustível” para assegurar energia suficiente para o treino e recuperação adequada, ii- manipular hidratos de carbono diariamente de modo a amplificar adaptações ao treino, iii- promover uma perda de peso e manutenção adequada ao longo da temporada) ajudará o atleta a estar no seu melhor pico de forma, com um peso reduzido, mas sem comprometimento do seu rendimento físico e com as suas reservas de combustível cheias, pronto para ajudar a sua equipa.

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Mas isto não é uma rubrica de crítica ao esparguete, muito menos à aveia. É uma ode à variedade por parte de um Nutricionista que opina que ao jantar, também existe batata e arroz (sendo que este último, não precisa ser integral), e ao pequeno almoço, as torradas com marmelada, doce ou mel, junto com outros cereais açucarados (sim açucarados sacrilégio!) como corn flakes podem ser uma opção. A variedade, tal como na

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Nutrir o bebé! O foco nas escolhas alimentares da grávida ____ Noélia Arruda

Um estado nutricional saudável, um estilo de vida ativo e seguir as recomendações nutricionais e específicas assegura os pilares fundamentais para uma gravidez sã! É necessário, diariamente, ter consciência de que os alimentos que a grávida deverá ingerir devem ser só e apenas alimentos com elevado aporte nutricional para fornecer todos os macro e micronutrientes fundamentais nessa fase. As necessidades nutricionais da grávida e do bebé são diferentes e específicas de acordo com o trimestre em causa, pois está em questão os vários estados de desenvolvimento do bebé. Neste sentido é fulcral um acompanhamento nutricional em cada um dos 3 trimestres para orientar a grávida nos alimentos fortemente recomendados para cada uma destas fases. O momento da conceção é único, pois requer disponibilidade de micronutrientes que devem estar em reserva para promoverem a formação de um ovo e futuro feto. O Zinco e o Selénio são fundamentais, não só para formar espermatozóides férteis, como também para tornar as membranas dos óvulos mais fecundáveis.

Noélia Arruda –––– Nutricionista, licenciada em ciências da Nutrição, desde 2007 desenvolve projetos de promoção da saúde abrangendo crianças e idosos em centros de saúde. Desde 2010 realiza consultas para grávidas em equipa com uma ginecologista obstetra. Desenvolveu skills em nutrição desportiva para responder a atletas e desportistas. Em prol da saúde pública construiu um espaço onde faz consultas de nutrição, aconselhamento na compra dos alimentos na mercearia e elabora menus saudáveis para restaurantes.

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Através da placenta ocorrem constantemente trocas de substratos que vão cobrir as necessidades dos tecidos fetais, assegurar o crescimento do feto e o fornecimento de reservas energéticas para a sua sobrevivência e adaptações metabólicas do recém-nascido. As necessidades energéticas devem ser acrescidas em proteínas, hidratos de carbono, gorduras, vitaminas e minerais. Estar grávida não significa comer por dois, mas sim comer para 2, ou seja, a ingestão alimentar deve cobrir nutricionalmente as necessidades da mãe e do bebé. Cerca de 60% a 70% do peso corporal é constituído por água. É muito importante para regular a temperatura do corpo, a função renal, a função intestinal e a renovação celular. A água permite a passagem dos nutrientes para as células e está presente nos tecidos e nas articulações. Recomenda-se que a ingestão de água será de 1 a 3 litros por dia, contudo, podemos sempre avaliar a cor da urina para avaliar o estado de hidratação se esta estiver transparente significa que estamos a ingerir a quantidade correta de água ao longo do dia. A grávida deve beber mais de 2,5L de água/dia, pois é imperativo renovar constantemente e desintoxicar o líquido amniótico, que é por natureza o local onde o bebé passa os 9 meses. No 1º trimestre de gravidez, que vai até às 19 semanas, o ganho de peso deve ser nulo ou mínimo, entre 1,5kg e 2Kg. A alimentação deve estar assente nos princípios de uma alimentação saudável, mas deve ser reforçada com alimentos ricos em Ferro, Ácido


Academy.

As necessidades nutricionais da grávida e do bebe são diferentes e especificas de acordo com o trimestre em causa, pois está em questão os vários estados de desenvolvimento do bebe. fólico, Magnésio, Zinco, Potássio, Iodo, Gorduras ómega 3, Vitaminas A, C e E e Antioxidantes. Nos primeiros meses, frequentemente, acontecem os enjoos, que comprometem a ingestão alimentar e a correta nutrição da mãe e do futuro bebé. Por exemplo mastigar gengibre ajuda na redução dos enjoos. No 2º Trimestre de Gravidez, que vai das 20 às 31 semanas, o ganho de peso normal vai até aos 3Kg. Nesta fase, à alimentação do período anterior, deverá acrescer o Cálcio, que visa suportar as necessidades do desenvolvimento ósseo do bebé, sem absorver as reservas de cálcio da gestante. As Vitaminas importantes neste período são as do complexo B. No 3º e último Trimestre de Gravidez que se inicia às 32 semanas, o ganho de peso normal vai até aos 6Kg. Neste estádio de desenvolvimento apenas são necessárias mais algumas calorias por dia, aproximadamente 500kcal, providas da alimentação da mãe, para que o bebé finalize o seu processo de desenvolvimento. Devem ser mantidas as recomendações nutricionais até então implementadas e reforçar o consumo de alimentos

ricos em minerais como o Fósforo, Selénio, Potássio, Cálcio e Zinco. Na ausência de contraindicações, as grávidas devem praticar exercício físico regular, pelo menos 15 minutos por dia. Devem ter atenção à roupa que utilizam e com a hidratação. As vantagens de uma gravidez mais ativa são inúmeras: aumenta a capacidade funcional da placenta, aumentando a distribuição de nutrientes e contribuindo assim para o crescimento fetal; promove um trabalho de parto natural, mais fácil e rápido, além de trazer menos complicações obstétricas para a mãe e para o bebé; previne o excesso de peso e as dores lombares, previne a intolerância à glicose; melhora a adaptação psicológica às alterações da gravidez; e diminui o risco de pré-eclâmpsia. A amamentação é a melhor herança que uma mãe pode dar a um filho. Durante seis meses, em exclusividade, há benefícios tanto para a mãe como para o filho. Para a mãe há uma maior confiança na relação emocional com o bebé, como mãe e como mulher, e uma sensação de bem-estar pela ligação emocional entre mãe e o bebé, garantindo maior esta-

bilidade da criança. Para a mãe, e também como mulher, este período é uma janela de oportunidade para recuperar a sua forma física e proteger a sua saúde, prevenindo o aparecimento de cancro da mama e dos ovários, diabetes ou doenças cardíacas. Aliar a amamentação com a atividade física melhora a performance da mãe e, por conseguinte, estimula a produção de maior quantidade de leite. O leite materno, em exclusividade, fornece todas as características nutricionais, ou seja, apresenta a quantidade certa de proteínas, gordura, hidratos de carbono, vitaminas, minerais e água. Por outras palavras, fornece macro e micronutrientes essenciais para o desenvolvimento da criança, facilita a digestão e o funcionamento intestinal, e fornece a herança para a colonização da microbiota, ou seja, do intestino, que resulta no fortalecimento do sistema imunitário, além de prevenir o aparecimento da doença celíaca, da diabetes e da obesidade. A grande vantagem do leite materno, de uma mãe que faz uma alimentação saudável é que a introdução alimentar é mais facilmente aceite pela criança, porque os sabores ficaram registados ao nível cerebral. Permite também uma melhor adaptação ao apetite e à sede, assim como aos outros alimentos. Em termos gerais de saúde, previne o aparecimento de infeções gastrointestinais, respiratórias e alérgicas, além da

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À conversa com...

À conversa com

Dr. João Pedro Araújo ____

Como surgiu a medicina na sua vida? E a ligação ao desporto? Surgem ambas de forma muito natural e diria quase que de forma inata. Nas primeiras memórias que tenho recordo-me da admiração, fascínio e curiosidade que tinha quando acompanhava algum familiar a uma consulta médica ou à realização de algum tipo de tratamento médico, e de recriar o episódio assim que chegava a casa. O desporto (nomeadamente o futebol) está presente na minha vida desde sempre e em todas as suas fases. Desde o futebol de rua com os vizinhos, aos jogos recreativos com os amigos até à participação nos jogos universitários e mais tarde em ligas médicas ou empresariais. Sem dúvida que o deporto e a medicina são 2 grandes amores da minha vida.

Fale-nos um pouco do seu percurso profissional, destacando alguns dos momentos mais marcantes. Há imensos momentos que nos marcam, momentos de dicotomias em que a tomada de decisão de forma pouco clara se demonstra transparente com o passar dos anos, mas que no momento nos atormenta com tanta dúvida e outros momentos de sorte, pura sorte… porque também ela é muito importante. Qualquer que seja o momento ou a decisão, e para além da sorte, o mais relevante na tomada de decisão é mantermo-nos fiéis aos nossos

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princípios e aos nossos objetivos/sonhos. Fazê-lo de forma coerente, mas não obsessiva e acima de tudo… desfrutar do percurso, aproveitar a “viagem”. Sendo assim prefiro escolher o momento mais marcante da minha carreira profissional que foi um telefonema que recebi à saída do Hospital de Santo António, no Porto após, um dia de trabalho. Era o diretor desportivo do SC Braga e perguntava-me se estaria preparado para assumir a direção clínica do clube. Foi totalmente inesperado, até porque no dia anterior tinha já sido anunciado um novo diretor clínico, mas ainda que não estivesse preparado para a pergunta a resposta foi direta e natural: “sim, estou preparado”. Se a resposta foi curta e objetiva, as dúvidas preenchiam-me o pensamento pois tal decisão implicaria a suspensão do meu internato médico -o que era visto como uma loucura para a maioria das pessoas que me eram próximas- mas a perseguição do sonho foi muito mais forte, e no dia seguinte estava a assinar contrato!

Está responsável por chefiar o departamento clínico de um dos maiores clubes de futebol, em Portugal? Como tudo aconteceu e quais os desafios de trabalhar ao mais alto nível? Para além do futebol, o Sporting é objetivamente o clube mais eclético de Portugal, e dessa forma o desafio é enorme

pela grandeza e pela exigência. O convite foi endereçado diretamente pelo atual Presidente, o Dr. Frederico Varandas. Ora, sendo ele uma referência na medicina desportiva em Portugal, acrescenta uma grande responsabilidade para mim. A minha resposta ao seu convite foi imediata e altamente sustentada pela crença que tenho no atual projeto com o qual me identifico na totalidade. O maior desafio de trabalhar ao mais alto nível é exatamente esse! Conseguir que a minha equipa dê o seu máximo no dia a dia focando-se sempre no essencial e controlável e sabendo tornar irrelevante o que não podemos controlar. Esse é o grande desafio para estes atletas e consequentemente, para todos os profissionais que os rodeiam. O planeamento, a objetividade das ações e a clareza da comunicação são, para mim, os fatores chave nestas grandes A minha motivação é intrínseca e tem relação com a minha exigência individual e com os objetivos do projeto. Por outras palavras, na alta competição o momento de reconforto é quando o atleta/equipa atinge os objetivos e sentimos que contribuímos para isso (...)


organizações. Quanto à dimensão mediática, essa deve ser sempre passada para segundo plano, pois torná-la o foco é, na minha perspetiva, contraproducente, não só pelo acréscimo de pressão que lhe está inerente, mas também porque a vantagem é minor e efémera.

O que mais o motiva no trabalho no desporto de alta competição? A minha motivação é intrínseca e tem relação com a minha exigência individual e com os objetivos do projeto. Por outras palavras; na alta competição o momento de reconforto é quando o atleta/equipa atinge os objetivos e sentimos que contribuímos para isso; numa consulta hospitalar o reconforto é quando o paciente nos comunica que já não tem dor e que já regressou ao seu objetivo funcional. Emocionalmente, para mim, ambos são igualmente motivadores.

Na sua opinião qual o estado da medicina desportiva, em Portugal? E como compara com o resto do mundo? Para onde caminhará? Como fui emigrante durante 6 anos posso afirmar, penso que com baixa margem de erro, que a medicina desportiva em Portugal é de referência mundial, sendo que a qualidade dos fisioterapeutas foi o fator que mais contribuiu para tal. Não tenho dúvidas em afirmar que temos os

melhores fisioterapeutas especializados em medicina desportiva do mundo, tanto a nível técnico, como científico. Como considero que o exercício físico é a mais útil e poderosa de todas as ferramentas, não tenho dúvidas de que o complemento do curso de fisioterapia com cursos da área de “strenght and conditioning” trouxe uma vantagem major para esta comunidade, que não poupa esforços para realizarem estes upgrades que os colocam na vanguarda da reabilitação desportiva mundial. O meu percurso em muito se deve aos fisioterapeutas que fui encontrando neste longo caminho. Sem eles não teria chegado aqui. São vitais na dinâmica de trabalho das equipas médicas a que pertenço e, para mim, são eles o “segredo” do seu sucesso.

Na competição ao mais alto nível os resultados são fundamentais: como é possível equilibrar a “pessoa” vs. “atleta”? Na minha opinião, cada indivíduo antes de ser atleta é uma pessoa, e como qualquer pessoa (repetindo o que disse em cima) o fundamental é traçar objetivos e saber desfrutar da viagem. Tudo isto começa com uma consciencialização de que ela tem altos e baixos, momentos de tristeza e outros de glória, mas tudo faz parte do caminho. Faz parte o luto e

faz parte o jubilo, e aprender a lidar com ambos é essencial. Estando conscientes disto os momentos menos bons são ultrapassados com maior facilidade e os momentos bons são saboreados com outra sabedoria. Dito isto, convém deixar claro que acredito no papel do psicólogo especializado na área desportiva, que deveria existir em todas as entidades desportivas e que tem um contributo crucial na preparação dos nossos jovens atletas. Sem dúvida que saberá dar uma reposta bem mais precisa e fundamentada que a minha.

Quais os elementos fundamentais para que haja um trabalho sinérgico entre equipa técnica e equipa médica? Para mim existem 3 pilares: 1º pilar é a Compreensão: compreender que o background é diferente, que as vivências e as crenças também o são, e que naturalmente a divergência de opinião será algo natural e que deverá ser respeitada. Posto isto, o 2º pilar é o Respeito: respeito pela individualidade, pela opinião, pelas crenças… E, por último, para sustentar tudo isto o 3º pilar que é a Comunicação: objetiva, clara e fidedigna e o mais imune possível a ruídos acessórios (como fazer depen-

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der a mensagem do resultado do fim de semana, valorizar “o diz que disse” ou outros tipos de ruídos como os de cariz egocêntrico).

Um diretor clínico responde a quem? O treinador principal é o responsável máximo ou o diretor clínico deve ter total autonomia? Um diretor clínico deve envolver-se numa dinâmica de equipa em que os objetivos são comuns e em que o caminho é conhecido e partilhado por todos. As decisões são partilhadas entre a Direção, a Equipa Médica, a Equipa Técnica e o Atleta. Para mim, as hierarquizações tradicionais não fazem sentido e revejome neste dinamismo intersectorial, sempre em busca de decisões partilhadas de forma consciente e sustentada. Por isso considero a comunicação como um pilar para o bom funcionamento das instituições e uma obrigatoriedade para se atingir a excelência.

Como vê o papel dos diferentes elementos de uma equipa médica, sejam os fisioterapeutas, nutricionistas, enfermeiros, ou outros? Como deve ser o relacionamento com o diretor clínico? É um trabalho muito hierarquizado, ou é mais colaborativo? Da mesma forma que respondi à questão anterior. Se todos se identificarem com o projeto e comungarem dos mesmos valores pessoais e de trabalho em equipa, tudo flui com naturalidade. As nossas decisões são sempre partilhas e fruto de discussões abertas, construtivas e francas. Nas equipas a que pertenço há um gosto natural pelo trabalho de equipa não havendo lugar ao individualismo, não querendo isto dizer que a individualidade de cada um não seja respeitada. O resultado é fruto de um trabalho partilhado e todos os elementos acreditam que esse fundamento é essencial para o nosso sucesso.

Hoje, as equipas médicas têm um papel marcante nas equipas de elite, tendo um protagonismo que não tinham no passado. A que se deve isso, na sua opinião? E como devem os profissionais de saúde gerir esta maior exigência? Penso que tudo tem relação com a expansão das áreas de conhecimento. À

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medida que as diversas áreas das ciências medicas e do desporto crescem começam de uma forma natural a quebrar fronteiras, cruzam-se e acabam por se inter-relacionar. Por exemplo: estando de uma forma simplista os departamentos médicos responsáveis pela saúde dos atletas e sabendo que a grande maioria das lesões advêm de erros metodológicos de treino, a comunidade das ciências médicas foi começando a explorar os métodos de treino que funcionariam como fatores de risco para ocorrência de lesões, de forma a poder reduzir a sua incidência. A própria evolução dos tratamentos de reabilitação com muito maior ênfase no exercício físico (que há 20 anos atrás era da exclusiva responsabilidade dos treinadores) em detrimento da terapia por agentes físicos ou mesmo da terapia manual, leva a que haja um cruzamento de conhecimentos que, ao funcionar de forma simbiótica pode trazer resultados muito mais consistentes.

Os profissionais devem ser sempre “open-minded” e humildes com os seus conhecimentos. As soluções devem ser encontradas através da partilha e da discussão de ideias.

A gestão deste novo paradigma é mais uma vez assente em princípios básicos como: respeito pelas diversas opiniões e uma comunicação criteriosa, objetiva e desprovida de ruídos. Os profissionais devem ser sempre “open-minded” e humildes com os seus conhecimentos. As soluções devem ser encontradas através da partilha e da discussão de ideias.

partamentos médicos. Como vê este fenómeno? Vejo de forma muito natural. Como em todas as áreas da sociedade, à medida que se aumenta o protagonismo, aumenta a responsabilidade. Nesta situação particular o problema surge quando os departamentos médicos não entram no processo de decisão, e aí podem de facto, ser injustiçados ao serem responsabilizados por processos que não controlam. Por isso, é importante que o tentem fazer desde o primeiro momento, mantendo um diálogo aberto, simples e objetivo.

Um outro projeto pelo qual é conhecido é a “Football Medicine”. Em que consiste e o que procuram alcançar? De uma forma muito resumida, esse projeto foi idealizado com os fisioterapeutas Ruben Ferreira e Paulo Barreira, e tinha como objetivo a partilha de conhecimento na área da medicina do futebol, tentando aproximar a nível internacional os profissionais que se dedicam ou tem interesse nessa área. Com este intuito foi construído uma pagina de internet em língua inglesa, que contempla noticias, artigos, diagramas e podcasts. Recentemente iniciamos uma rubrica denominada “ABC of football medicine” que tem como objetivo educar e uniformizar a linguagem entre todos os intervenientes numa equipa de futebol (atletas incluídos). O projeto cresceu de uma forma inesperada ao ponto de ser considerado num top (em 15º lugar em 2017) dos blogs mais relevantes na área da medicina desportiva. Também recentemente vimos um dos artigos ser publicado no “Trust me, I’m a Physiotherapist” que conta com mais de 300 mil seguidores.

De igual forma este acréscimo de responsabilidade não deve ser ignorado e deve estimular todos os profissionais numa busca constante pelo conhecimento. Estar atualizado, apesar de ser um desafio, deverá ser uma obrigação.

Temos um público global desde Austrália aos EUA (que aliás são 2 dos países no top 5 das visitas). Cresceu também o número de colaboradores e a nossa equipa internacionalizou-se, contando com profissionais reconhecidos das mais diversas nacionalidades. Neste momento o nosso problema é o tempo para dar saída às obrigações e solicitações que começaram a surgir com o crescimento do projeto.

Este protagonismo vem acompanhado de maior risco, no sentido em que vai sendo comum algumas falhas desportivas serem atribuídas aos de-

Tem menos de 40 anos e já atingiu patamares que são o sonho para pessoas bem mais velhas. Angustia-o o facto de, depois daqui, não conseguir


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renovar o seu entusiasmo? No fundo, há algum risco em ter chegado tão alto, tão novo? Sinceramente não sou uma pessoa que viva a pensar no passado, ou com obsessão pelo futuro. Gosto de viver o dia a dia e esse é o meu foco. Todos os dias são novos desafios e em cada doente que tratamos, em cada reunião que realizamos o desafio está presente. Tento ser feliz todos os dias e isso passa por dar o meu melhor, não só no trabalho, mas também em casa onde tenho o meu projeto familiar que já conta com 2 descendentes, que são um dos maiores desafios da minha vida e que tornam esse projeto de valor inestimável para mim. Acredito muito na seguinte frase: “Success is not the key for happiness. Happiness is the key to success. If you love what you are doing, you will be successful”.

E que fatores pensa terem sido determinantes para o seu sucesso?

Pergunta muito complicada. As principais estão no meu seio familiar, alguns infelizmente já partiram. Admiro-os porque foram os responsáveis pela minha educação e são a base daquilo que eu sou. A nível nacional, tenho uma admiração enorme pelo Professor Sobrinho Simões - foi meu professor na faculdade e é uma personagem absolutamente fascinante. Nunca vi ninguém conseguir simplificar temas tão complexos como ele e isto aliado a um discurso apaixonado que o torna absolutamente cativante. Personifica outra das minhas máximas. “in doubt… keep it stupid simple”. Internacionalmente sigo o Dalai Lama, admiro os seus discursos e ensinamentos. Acredito na sua abordagem para tornamos este mundo melhor e sustentável.

Quais os seus projetos para o futuro?

O facto de amar o que faço e, de uma forma natural, me ter dedicado desde cedo à medicina desportiva e ter procurado preparar-me da melhor forma para poder agarrar as oportunidades que eventualmente surgissem. Depois precisamos de sorte para que elas apareçam [e eu tive… muita sorte!] e assim que elas surjam, não hesitar e agarrá-las com toda a dedicação. Mas tudo isto é natural se gostarmos mesmo do que fazemos…

Como referi anteriormente vivo o presente e, neste momento, os meus projetos para o futuro são ter sucesso nos do presente. Por isso, espero poder desempenhar com a máxima competência os projetos a que me propus e que passam pelo Sporting Clube de Portugal e pela FIFA, onde iniciei funções agora em 2019. Espero poder contribuir para a evolução da medicina do futebol em Portugal e, se possível, a nível internacional.

No desempenho das suas funções, é provável que já se tenha sentido injustiçado alguma vez, com considerações de diferentes estruturas dos clubes. Como lida com isso? Já alguma vez sentiu que o esforço era inglório?

Para terminar, pedia-lhe que nos deixasse uma mensagem/ conselho para os profissionais que querem trabalhar no mundo do desporto de alta competição.

Existem sempre momentos menos bons ou de critica destrutiva. Eu procuro estar sempre de consciência tranquila, e isso passa por dar o melhor de mim e assumir sempre as minhas responsabilidades. O futebol é um jogo e assim como dizem os aficionados do poker ganha aquele que souber conviver melhor com os momentos que parecem menos favoráveis. Não deixo que esses momentos assombrem aqueles que são os meus valores e princípios básicos. Mantenho-me sempre fiél a eles.

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Quem são as personalidades que mais o inspiram?

Ter amor por esta área é condição sine qua non para terem sucesso. Invistam tempo e dinheiro na vossa formação após a faculdade, é fundamental estarem preparados para agarrar as oportunidades. Não hesitem quando elas surgirem e demonstrem muita motivação e disponibilidade. Não desesperem, ter paciência é uma virtude, sejam fiéis aos vossos valores e princípios… o vosso momento de sorte vai chegar!

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Referências Bibliográficas.

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Maitland, Bobath, Cadeias musculares de Busquet,Cyriax.

(c)

Ftª António Oliveira.

(d) (e)

Braga, Lisboa, Porto, Ponte de Lima e Viana do Castelo. ISAVE, ESTSP e ALCOITÃO.

(f)

É um conjunto de músculos ligados ou entrelaçados que se comportam como se fossem um só músculo: o comprimento da cadeia é constante, se um dos músculos se contrai, a cadeia encurta-se e se um dos músculos se relaxa, a cadeia alonga-se. (g)

Dismorfismo ou alteração da morfologia correta. Dismorfia; s.f. má configuração; forma viciosa de um aparelho ou órgão (do gr. dysmorphia,«deformidade»). Dicionário da Língua Portuguesa, 6ª Edição, Porto Editora.

(h)

A holística pertence e refere-se ao holismo, que é uma tendência ou corrente que analisa os fenómenos do ponto de vista das múltiplas interações que os caracterizam. O holismo considera que todas as propriedades de um sistema não podem ser determinadas ou explicadas como a soma das suas componentes. Por outras palavras, o holismo considera que o sistema completo se comporta de um modo diferente da soma das suas partes. Desta forma, o holismo ressalva a importância do todo como algo que transcende à soma das partes, destacando a importância da interdependência destas. Cabe mencionar que o holos (um termo grego que significa “todo” ou “inteiro”) alude a contextos e complexidades que se relacionam entre si, pelo facto de ser dinâmico. “A causa estará noutro local, sendo sempre a mesma: a hiperlordose. Somente a aplicação do nosso método retira a dor sem lhe tocar, restabelece a mobilidade sem a solicitar e isto porque se restabeleceu a morfologia.” [https://drouardjeanmarie.wixsite.com/therapie-mezieres-pt]

Modulação condicionada da dor e hipoalgesia induzida pelo exercício isométrico –––––

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De Buyser SL, Petrovic M, Taes YE et al. Validation of the FNIH sarcopenia criteria and SOF frailty index as predictors of long-term mortality in ambulatory older men. Age Ageing 2016; 45: 602–8. (14)

Janssen I, Shepard DS, Katzmarzyk PT, Roubenoff R. The healthcare costs of sarcopenia in the United States. J Am Geriatr Soc. 2004 Jan;52(1):80-5. (15)

Sousa AS, Guerra RS, Fonseca I, Pichel F, Ferreira S, Amaral TF. Financial impact of sarcopenia on hospitalization costs. Eur J Clin Nutr. 2016 Sep;70(9):1046-51. doi: 10.1038/ ejcn.2016.73. Epub 2016 May 11.

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Pinedo Villanueva, R. A., Westbury, L. D., Syddall, H. E., Sanchez, M., Dennison, E. M., Robinson, S. M., & Cooper, C. (2018). Health care costs associated with muscle weakness: a UK population-based estimate. Calcified Tissue International. (17)

Ruiz JR, Sui X, Lobelo F, et al. Association between muscular strength and mortality in men: prospective cohort study. BMJ. 2008;337(7661):a439. Published. doi:10.1136/bmj.a439. (18)

Srikanthan P, Karlamangla AS. Muscle mass index as a predictor of longevity in older adults. Am J Med. 2014;127(6):547-53.

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Dos Santos L, Cyrino ES, Antunes M, Santos DA, Sardinha LB. Changes in phase angle and body composition induced by resistance training in older women. Eur J Clin Nutr. 2016 Dec;70(12):1408-1413. doi: 10.1038/ejcn.2016.124. Epub 2016 Jul 13. PubMed PMID: 27406159. (20)

Cadore EL, Izquierdo M. Muscle Power Training: A Hallmark for Muscle Function Retaining in Frail Clinical Setting. J Am Med Dir Assoc. 2018 Mar;19(3):190-192.

Licença de Utilização Para Ginásios e Healthclubs ––––– (1)

Estudo disponível in. http://www.agap.pt/images/userfiles/ files/BAROMETRO%202016_AF_SM.pdf

Revisitar as Catástrofes ––––– (1)

Lesley Newson – Atlas dos piores desastres naturais do Mundo, 1998, DK (2)

J. Pinto da Costa – Antropologia e identificação, in Ao Sabor do Tempo. Crónicas Médico-Legais, 2004, Quasi, p. 328-331 (3)

J. Castilla Gonzalo – Problemas Médico-Legales de las Grandes Catastrofes, 1998, in Medicina Legal y Toxicología, Gisbert Calabuig, Masson, S.A

Terapêutica Inalatória ––––– (1)

H. Moura, “Francisco Henrique Moura George,” pp. 1–11, 2017. (2)

M. do C. O. Cordeiro, Terapêutica Inalatória - Princípios, Técnica de inalação e Dispositivos Inalatórios. Lisboa, 2014. (3)

R. Aguiar, A. Lopes, C. Ornelas, J. Caiado, A. Mendes, and M. Pereira-barbosa, “Terapêutica inalatória : Técnicas,” pp. 9–26, 2017.


Ideias Empreendedoras.

GIMJF: Uma rede de jovens na Fisioterapia

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O Movimento Jovem na Fisioterapia (MJF) nasceu em 2015 com a finalidade de preencher um vazio associativo relativo à representação dos Jovens na Fisioterapia em Portugal. Inicialmente, este movimento surge como um grupo independente da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (APFISIO), tornandose em Abril de 2017 Grupo de Interesse da APFISIO, passando a designar-se GIMJF. Atualmente, este grupo constituise como a entidade representativa dos estudantes de Fisioterapia e jovens fisioterapeutas em Portugal. O GIMJF pretende incentivar o associativismo, assegurar a representatividade destes jovens junto das estruturas de relevo nacionais e internacionais e manter uma rede ativa de contactos entre os jovens na Fisioterapia em Portugal. Para tal, temos uma rede de representantes nas instituições de ensino que facilita a comunicação entre os estudantes de FiPub Grupo Vitalino Foto 4 06/08/2015 12:48:16 prosioterapia e 2o1_2.pdf GIMJF. Pretendemos mover uma Fisioterapia jovem mais dinâ-

mica, ativa e informada. Os projetos desenvolvidos pelo GIMJF promovem a criação de momentos de debate, de partilha de conhecimento, de networking e de diversão, tanto no plano nacional como internacional. Neste momento, fazem parte do nosso plano de atividades os seguintes eventos: Encontro Nacional de Estudantes de Fisioterapia (ENEFt), Fórum Nacional de Jovens na Fisioterapia (FNJF), Jornadas Pré-ENEFt e o European Summer Physiotherapy Exchange Programme (ESPEP). Adicionalmente, realizamos também Fisiocafés e Speedmeeting Fisiocafés, em diferentes cidades do país e com convidados de relevo. Em paralelo com todas as nossas atividades, temos ainda o PhysioCar e o PhysioCouch. São membros do GIMJF estudantes da licenciatura em Fisioterapia ou licenciados em Fisioterapia até 3 anos, inclusive. Esses membros podem ser ativos ou observadores. São membros ativos os jovens

que sejam sócios APFISIO com quotas regularizadas, enquanto podem ser membros observadores todos os jovens que, não sendo sócios APFISIO, tenham interesse em participar nas atividades do GIMJF.

Afonso Neutel –––– Estudante de Fisioterapia na Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa (ESSCVP) e membro do MJF desde 2017. Presidente do GIMJF desde março de 2018

Grupo Vitalino Vitalino Vitalino GRUPO VITALINO GRUPO VITALINO

Vitalmédica Vitalmédica GRUPO VITALINO GRUPO VITALINO

Vitagnosis Vitagnosis GRUPO VITALINO GRUPO VITALINO

Vitalcare Vitalcare GRUPO VITALINO GRUPO VITALINO

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O seu Parceiro na área médico-hospitalar O Grupo Vitalino comercializa, em Portugal Continental e Ilhas, equipamentos e consumíveis médicos e hospitalares, para unidades e profissionais de saúde e público em geral, apostando na melhoria contínua, assim como na distribuição de marcas conceituadas e assistência técnica própria. O Cliente usufrui de um parceiro de qualidade, especializado nas diferentes áreas médicas, repartidas da seguinte forma pelas marcas do Grupo: Vitalino - fisioterapia, ortopedia, consultório, emergência Vitalmédica - assistência técnica Vitagnosis - medicina desportiva, medicina no trabalho, diagnóstico Vitalcare - dentária, podologia, estética Vitalsenior - cuidados seniores, creches, desinfecção.

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web www.grupovitalino.pt

email vitalino@vitalino.pt


Histórias de Sucesso.

Histórias de Sucesso

Pedro Roque ____

Fale-nos um pouco sobre si. Sou Fisioterapeuta desde 2005, com prática em Lesões Desportivas desde esse ano. Fundei a Fisioroque há cerca de 5 anos e trabalho também com a equipa principal de Hóquei em Patins do Sporting CP desde 2014/15. Tenho uma filha de 9 anos que adora ver o pai no Sporting, cuida das maleitas dos colegas na escola e adora anatomia. A minha mulher é também Fisioterapeuta, que admiro sem medida como companheira, mãe, profissional e que tanto me tem ajudado nesta e noutras aventuras.

Uma curiosidade sobre si que nada tenha que ver com a sua atividade do dia a dia? Sou um apaixonado pela operacionalidade, aficionado acérrimo das forças militares, em especial das operações especiais, sendo que tenho o privilégio de poder recuperar alguns dos seus operacionais. Não dispenso a emergência médica e a constante atualização nesse ramo. Adoro desporto, uma semana sem o mínimo de 4 treinos deixa-me aborrecido.

Como concilia a sua vida pessoal com a profissional? Tenho a vida que escolhi há 14 anos. Quem me conhece sabe que isto é o que mais amo fazer. A alta competição sem dúvida, tira muito tempo à família e lazer, pelo que, e só com um apoio familiar muito forte e uma compreensão acima da média é que consigo fazer o que mais amo. O trabalho diário com os meus atletas e utentes da Fisioroque deixa-me bastante realizado, as vitórias que alcançamos juntos, os sucessos nas recuperações na Fisioroque, dão uma boa e nobre causa a esse mesmo tem-

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Sinto-me abençoado por poder fazer o que mais gosto e ter o feedback de quem acompanho, saber que voltam quando precisam e que recomendam os meus serviços.

po investido. É um caminho dentro da minha profissão que tem os seus altos e baixos, contudo, com uma família como a minha tudo se faz.

Sempre sonhou ser Fisioterapeuta? Como surgiu na sua vida? Em miúdo queria ser Pediatra. Contudo, no 12°ano (2001) fiz uma luxação do ombro direito. Tive que fazer Fisioterapia durante algum tempo. Percebi então a importância que um Fisioterapeuta poderia ter na vida de uma pessoa e em especial de um atleta. Comecei a seguir mais esse lado da saúde, observando o trabalho do António Gaspar (para quem deixo um forte abraço e um obrigado por ser uma inspiração). Percebi então que podia conciliar duas paixões: ajudar o próximo e o desporto. E assim foi, dediquei-me a esse propósito, entrar em Fisioterapia e fazer de tudo para chegar à alta competição. No 2° ano do curso tive o privilégio de ser orientado pelo Fisioterapeuta José Carlos Gomez que foi, sem dúvida, o meu mentor, o “Mourinho da Fisioterapia” como o chamo e a quem agradeço de coração todos os dias a sua exigência e por ser uma fonte de inspiração. Se não fosse ele...


Histórias de Sucesso.

No seu percurso profissional, quais foram as experiências que mais o marcaram? Há uns bons anos, recebi em gabinete um rapaz de 17 anos (pós-operatório de LCA), jogador de Futsal. Mal entrou disse a chorar que nunca mais iria jogar à bola. Estava a terminar de se instalar quando lhe disse: “Podes sair”. Ele ficou surpreendido e perguntou se já estava. Eu disse que sim pois, ele tinha entrado ali a dizer que nunca mais ia jogar. Ambos estaríamos a perder tempo. Chorou mais e pediu-me desculpa. Pedi que se levantasse e fosse para o espelho e que pedisse desculpa a quem via no espelho. “A tua recuperação depende uns 70% de ti e 30% da minha imaginação. Se queres vamos juntos voltar a jogar, terás de ser tu a decidir hoje e agora o que queres.” Quatro meses e meio depois, enviou-me uma sms a dizer que tinha jogado e marcado! Foi uma recuperação relâmpago que ultrapassou tudo o que esperávamos. Ainda hoje joga e está ótimo. Tive a perfeita noção nesse dia que podia e devia fazer a diferença todos os dias!

Quais os desafios e medos que enfrentou? Foi tudo fácil? Nada é fácil. Mas assim sabe melhor. Se fosse fácil não era para mim e como costumo dizer - aguenta quem pode! Sabemos o mundo que temos, a forma como infelizmente muitas vezes temos e alcançamos as oportunidades. Nunca fui o aluno preferido, o que se sentava na primeira fila. Nunca fui, não sou, nem quero ser o típico Fisioterapeuta. Quero ser o Pedro que também é Fisioterapeuta e dar sempre o meu melhor. Passei por alguns locais de trabalho, nuns deixei saudades, noutros deixei alívio de ter saído, mas em todos deixei a pele. Cada dia que olho para o símbolo da Fisioroque e o do Sporting vejo que tudo valeu a pena.

Decidiu apostar mais esforços em alguma área em particular? E se sim, porquê? Tento abranger várias disciplinas. A emergência médica é fundamental para a prática clínica de um Fisioterapeuta de alto rendimento. Não temos formação de base para socorro e trauma. Daí a minha paixão pela operacionalidade e a prontidão. Sempre alerta em todas as situações para prestar o mais rápido e pronto socorro. Depois, ter formação em treino

é muito importante, pois só assim poderemos compreender os nossos parceiros do mundo do exercício. Repito, parceiros. A terapia manual é muito importante quando se trabalha em alta performance e nem sempre temos disponível todos os materiais e maquinarias que gostaríamos, porque simplesmente não há, ou, porque não é funcional carregar o material numa viagem de equipa. Temos que saber usar as mãos que são a nossa melhor ferramenta. Por fim, a comunicação. Temos que saber comunicar, ter formação nessa área, saber identificar expressões e sinais de comunicação por parte dos nossos atletas, e isso só com treino. Neste campo tenho uma ajuda preciosa do meu coach e amigo Alexandre Monteiro que aconselho vivamente conhecerem (@decifrarpessoas)

Como surgiu a ligação ao Sporting? E a prática privada? O meu grande amigo João Matos (capitão da seleção e da equipa de Futsal do Sporting), lançou o meu nome quando teve conhecimento da necessidade de um Fisioterapeuta para o hóquei, em 2014. Como em todos estes casos ele foi a minha ponte para esta grande aventura. Quanto à prática privada, iniciei-me nos domicílios e mais tarde comecei a realizar os tratamentos particulares num espaço em minha casa e tive a certeza que queria, merecia e podia dar mais. Surgiu a Fisioroque. Discuti formas de intervenção com colegas, em especial com a minha mulher e cimentei a ideia. Com a ajuda do acompanhamento a figuras públicas e uma estratégia de comunicação e ação bem definida, a Fisioroque tem vindo a crescer.

Hoje sente-se recompensado? Faria algo de forma diferente? Bastante recompensado. Sinto-me abençoado por poder fazer o que mais gosto e ter o feedback de quem acompanho, saber que voltam quando precisam e que recomendam os meus serviços. As provações das quais somos alvos tornam-se ferramentas maravilhosas para construir e projetar o futuro.

Na sua opinião qual a importância da prática privada na Fisioterapia, em Portugal? A concorrência é positiva? A prática privada é muito importante. As clínicas e hospitais não tem capacidade para fazer um acompanhante integrado e

Só podemos evoluir partilhando o que sabemos e sentimos pela Fisioterapia. Não podemos ter medo de abrir as portas a outros profissionais de outras áreas que completam a nossa.

personalizado do utente. Cada vez mais as pessoas querem ser recuperadas, acompanhadas e observadas com atenção e dedicação e nem sempre isso é possível num espaço que vê milhares de pessoas por semana. Mas devia ser possível. Fisioterapia não é andar a correr de utente em utente a cada 15 minutos. Há muitos utentes que estão dispostos a abdicar de clínicas e hospitais para serem seguidos com outro cuidado e atenção. Concorrência? Sem dúvida que deve ser boa, contudo, eu não vejo ninguém como concorrente. Somos parceiros nesta jornada de dar a conhecer a fisioterapia como profissão de primeira linha, como solução válida, viável e eficaz na recuperação de inúmeras condições. Não nos podemos ver como concorrentes. Concorrentes são os que tentam exercer as nossas funções e não são Fisioterapeutas; e só o parecem ser porque a nossa população não está instruída sobre os âmbitos e limites de ação dos diversos profissionais.

Qual o papel da partilha de conteúdo informativo, na Fisioterapia? Devemos partilhar conhecimento e essa partilha não são só os estudos, artigos e conferências. Devemos arregaçar as mangas e mostrar uns aos outros o que fazemos em prol dos nossos utentes. Informação é poder e o conhecimento partilhado é a certeza que conseguiremos fazer o melhor pelas pessoas que nos procuram.

É uma pessoa bastante ativa nas redes sociais. Porquê? As redes sociais são uma ferramenta brutal para divulgar o meu trabalho. Gosto do que faço e essa paixão tem de ser partilhada. As redes sociais podem levar a todo o mundo num clique o que fazemos no nosso dia a dia e, mais que isso, podemos inspirar outros profissionais e futuros profissionais. Recebo muitos feedbacks de futuros Fisioterapeutas e atuais colegas também, que seguem o meu trabalho,

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Histórias de Sucesso.

que tiram de lá informação e aplicam no seu dia a dia. Sou muito grato por isso e eu próprio retiro informação da rede.

Como acha que a Fisioterapia pode evoluir/ crescer? A Fisioterapia necessariamente vai evoluir acompanhando as tendências de evolução e descobertas da medicina. Só podemos evoluir partilhando o que sabemos e sentimos pela Fisioterapia. Não podemos ter medo de abrir as portas a outros profissionais de outras áreas que completam a nossa. Aprender com eles e partilhar o que nós sabemos, criando assim o verdadeiro Acompanhamento Integrado. Temos que partilhar conhecimento com outros profissionais da saúde para cada vez mais nos aproximarmos da verdadeira visão biopsicossocial do utente. Só vamos conseguir evoluir quando formos mais sedentos de “ser” Fisioterapia e não “parecer” Fisioterapia.

Como procura elevar-se a si e à sua

Devemos partilhar conhecimento e essa partilha não são só os estudos, artigos e conferências. Devemos arregaçar as mangas e mostrar uns aos outros o que fazemos em prol dos nossos utentes.

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profissão todos os dias?

abordagem do atleta de alta competição.

Dando a conhecer a minha paixão pela Fisioterapia, dedicando-me a 100% a quem me procura, sempre com as melhores práticas. Sendo o Pedro, que “por acaso” também é Fisioterapeuta dos famosos e trabalha com o Sporting. Conhecer cada utente e fazer-me rodear dos melhores profissionais da saúde para prestar um excelente cuidado ao utente.

Uma dica ou frase de inspiração para aqueles que gostariam de seguir os seus passos?

Quais os seus projetos para o futuro? A Fisioroque será algo enorme e não descanso enquanto não puder levar a cada vez mais pessoas o meu conceito do que é praticar boa Fisioterapia. A Fisioroque será um nome sonante e de relevo no mundo da saúde.

Já realizou algumas formações com a Bwizer. De que forma é que estas impactaram o seu dia a dia? A Bwizer é a empresa de eleição para as minhas formações e um parceiro que me orgulho muito em ter. Realizei formações muito importantes com a Bwizer que me deram ferramentas que uso todos os dias. Destaco a Kinesio Taping®, o verdadeiro método que apresenta uma formação sustentada e minuciosa e a formação em Fisioterapia Desportiva de Elite, que me trouxe uma visão muito abrangente da

Fico feliz só por pensar que posso ser uma inspiração para alguém. A frase que mais digo a quem por aqui passa e me questiona sobre qual o ingrediente base para o meu sucesso - não pares até sentires orgulho no que fazes!


B2B.

Valores: O Segredo para o Sucesso ____ Se todos servirmos, se todos nos empenharmos em prol do próximo e encararmos verdadeiramente o nosso propósito dentro das organizações, para além de felizes e realizados, somos capazes de atingir o que ontem não seria possível e funcionamos como um Grupo Ser o detentor e mentor de um segredo tão valioso, que permite ao próximo dar mais de si em prol de uma organização, é encarado, não só com um grau de responsabilidade sobre-humano, mas também com o sentido de elevado altruísmo, que permite ao Grupo One Clinics crescer e atingir o sucesso.

Se todos servirmos, se todos nos empenharmos em prol do próximo e encararmos verdadeiramente o nosso propósito dentro das organizações, para além de felizes e realizados, somos capazes de atingir o que ontem não seria possível e funciona mos como um Grupo, ou dizendo de forma audaz: como uma Família.

Este segredo assenta no pilar dos valores e é na vivência destes valores que somos capazes, de forma ousada e permanente, de dar mais e melhor, não só a este Grupo, mas também a este setor de atividade que tanto precisa.

O setor da saúde, e em particular este da Medicina Física e Reabilitação e da Fisioterapia, carece de gestão assente em valores e visões estrategicamente focadas na humanização, sem descurar nunca que os serviços têm também valores que devem ser o espelho de toda a qualidade presente no tratamento ao cliente.

Desde tenra idade que Servir é um lema e tenho de o associar à verdadeira Escola que me formou e enquadrou com valores de relevância para ser modesto no êxito, digno na adversidade e confiante face às dificuldades. Assumo que o Colégio Militar, através da sua vivência num período de formação pessoal preponderante, me deu o segredo para poder levar um conjunto de pessoas ao sucesso e me potenciou para contagiar, diariamente, quem me rodeia com a energia certa para que o foco não se afaste, ou até que se potencie entre os pares.

Acredito, tal como anteriormente referenciado relativamente aos valores transmitidos na escola, que é também no cultivar a disciplina e no dedicar à nossa formação todo o nosso esforço e inteligência que reside a capacidade de nos projetarmos. Como gestor, acredito preponderantemente que um plano de formação exigente é decisivo para partirmos à descoberta de mundos novos para o setor. Trabalhamos diariamente na One Clinics

para promovermos um Grupo assente na vivência íntegra de valores, para sermos o que nos propomos desde o início desta aventura: uma referência clara e de excelência no setor da Medicina Física e Reabilitação, colocando nas nossas Pessoas, a Chave para o Sucesso.

Emanuel Bragança –––– Emanuel Bragança, 33 anos de idade, natural de Cascais, casado, e pai de 2 filhos. Possui Licenciatura em Contabilidade e Administração de Empresas com especialização em Fiscalidade, no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa

33.


Curtas.

Significância. Relevância. ____ Significância. Relevância. Poderia escolher outras palavras, mas fiquemonos por estas. São também, conceitos da Ciência, método que propele as barreiras do que funciona (ou não), que tenta explicar qualquer que seja o fenómeno. Porém, sozinha, a Ciência é só parte - indispensável - do caminho. Mais não fosse pela cacofonia dos nossos dias. O que é afinal um estudo bem realizado? O que é de facto um projeto relevante? Se os “livros” nos dão definições, admito que cada um nós terá outra ligeiramente diferente. Mas mais. Será que temos tempo para confirmar tudo isso? Será que temos forma de o fazer? O próprio Jornalismo, pilar de qualquer sociedade Democrática, tem dificuldade em acompanhar a atualidade, tendo aberto caminho a plataformas colaborativas de fact-checking. A relevância e significância estão no ADN da Bwizer, de forma quase obsessiva, junto de uma boa dose de inovação. Nem havia outra forma. Afinal de contas, ao longo de mais de 10 anos (e a contar), tem sido procurada pela qualidade dos seus produtos formativos,

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dos seus formadores. Porque examina criteriosamente, filtra, corrige, volta atrás se necessário. Sem medos. Porque é o certo. A Bwizer não pretende ser o “farol” da verdade, mas quer dar acesso ao que de melhor se faz nas Profissões que impacta. Em 2019, esse foco continua a dar frutos. Robert Schleip, fundador do Fáscia Research Group na Universidade de Ulm e a referência mundial na investigação da fáscia, foi convidado a estar no nosso país, pela primeira vez. Jill Cook é outro exemplo, e vem colocar os pontos nos “i’s” das tendinopatias. O Fisioterapeuta Bernardo Pinto, de forma prática e eloquente abordará a “viagem” que é a recuperação de um LCA. Talvez em nenhum outro momento da História, a qualidade dos cuidados de saúde (particularmente na Fisioterapia) tenha melhorado tanto e tão rápido como na última década, tal como a necessidade de entregar resultados. E a Bwizer está cá, para o ajudar. Ricardo Cotrim Product Manager

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Bwizerianos.

Tem trabalhado na melhor versão de si? ____ Nos últimos anos tenho tido a oportunidade e o prazer de contribuir para a construção da oferta educativa da Bwizer. Durante este tempo, pude observar de perto o desenvolvimento de muitos dos nossos clientes, dos nossos formadores, dos nossos parceiros e de nós próprios, colaboradores Bwizer. Este percurso fez-me perceber que é possível reunirmos o foco necessário para caminharmos em direção a uma melhor versão de nós próprios. Este caminho de desenvolvimento pessoal é um processo individual, reflexivo e introspetivo, que acredito ser uma mais valia para cada um de nós. Acredito genuinamente que o investimento na nossa educação e formação profissional faz parte desse processo: seja pelo estudo ou pela leitura de artigos e livros, seja pela frequência de cursos, seja pelo contacto com outras pessoas com as quais podemos recolher importantes experiências e lições de vida, ou por uma qualquer combinação de todos estes momentos. Pessoalmente, incuti como regra para a minha vida a autossuperação, ou seja, que todos nós sejamos hoje capazes de ser melhores do que ontem e que amanhã sejamos ainda melhor do que hoje. Nem sempre o conseguimos e faz parte da vida cometer erros, a diferença está na aprendizagem que retiramos desses mesmos erros. Recuse-se por isso a ficar estagnado! A acomodação deve ser contrariada através da expansão do nosso conhecimento e da vivência de novas experiências – tornando assim a nossa vida, pessoal e profissional, mais interessante e desafiadora. Saia da sua zona de conforto e, a cada dia, verá que vai aprender algo novo. Encare cada mudança, não como algo negativo, mas como uma oportunidade de crescimento. Avalie os seus riscos, mas não tenha medo de dar o salto! Seja sempre autêntico. As pessoas mais felizes e bem-sucedidas fazem por abraçar a sua genuína autenticidade. Descubra o seu propósito e aquilo que genuinamente o motiva. Esta reflexão tem impactado a minha vida pessoal. Espero que faça o mesmo na sua. Na Bwizer, continuaremos a ser seus parceiros neste caminho de crescimento e de desafio. Mas o primeiro passo, esse, só poderá ser dado por si. Faça-o agora! Pedro Sousa Product Manager

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Segundo as avaliações dos nossos alunos a Bwizer é 9

AGORA SOMOS + NÓS . –––––

Mudamos a nossa homepage para que seja mais fácil e rápido encontrar o seu caminho de evolução connosco.

CONHECIMENTO PARA TRANSFORMAR A SUA CARREIRA

Visite-nos e descubra o que nos propomos a fazer por si!


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