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Copyright© 2010 por Milton Vieira da Silva. *Direitos cedidos em definitivo à editora. Todos os direitos reservados por:
A. D. Santos Editora Al. Júliada Costa, 215 80410-070 - Curitiba - Paraná - Brasil +55(41)3207-8585 www.adsantos.com.br editora@adsantos.com.br
Capa: Ilustração: Eduardo Zubek www.zubartez.com.br Finalização: Igor Braga Projeto gráfico e editoração: Manoel Menezes Impressão e acabamento: Gráfica Exklusiva
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Silva, Milton Vieira da Demónios Familiares - Milton Vieira da Silva / Curitiba: A.D. Santos Editora, 2010, 112 p. ISBN-978.85.7459-213-8 CDD: 220 1. Estudos Bíblicos 2. Interpretação Bíblica 3. Comentários Bíblicos
CDD: 299.6 1. Religiões África Negra
2. Religiões Comparadas
6a Edição: Fevereiro / 2015 - 1.500 exemplares. Proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios a não ser em citações breves, com indicação da fonte.
Edição e Distribuição:
SANTOS E D I T O R A
3. Doutrina
PREFÁCIO Jll/ste é um livro de revelações. Deve ser lido duas vezes. A primeira de um só fôlego, para uma ideia geral do seu conteúdo. A Segunda, visando um estudo mais aprofundado do tema proposto, meditação mais demorada em suas afirmações, consulta bíblica e avaliação do trabalho. A pretensão não é oferecer uma leitura convencional, mas um bate-papo didático, na tentativa de levar ao leitor informações úteis sobre um assunto pouco visto, às vezes evitado e sempre ignorado. O plano cósmico é uma estrutura sobrenatural que determina toda ação do invisível no mundo visível. A Bíblia, o mais conceituado livro de revelações já escrito na face da terra, diz que o mundo além dos sentidos está fundamentado em dois reinos completamente distintos e opostos entre si, o reino da luz e o reino das trevas. Ambos têm decisiva influência no plano visível inteligente, isto é, entre os homens através da mente racional. O estudo que ora apresentamos pretende revelar como forças do reino subjetivo das trevas influem no mundo objetivo das formas, constituído por seres vivos animados e a matéria inanimada. Entre os animados, homens e animais são vítimas constantes dos ataques dessas forças do plano cósmico inferior, chamados demónios, e que podem influir no cotidiano das pessoas de diversas formas, inclusive (e mais comum do que se imagina) , através da posse corpórea ou encorporação, forma usual dessas entidades expressarem-se no mundo real. A religiosidade
brasileira reconhece esse tipo de manifestação sobrenatural em rituais de invocação promovidos pelas organizações que defendem o animismo como forma de culto. Trocando em miúdos, a maioria dos brasileiros pensam que isso só acontece nos centros espíritas. Entretanto, e uma vez mais recorremos ao testemunho da Bíblia Sagrada, a obsessão espiritual, a influência dos espíritos e a própria encorporação não ocorrem apenas de modo oficial, sob o comando dos mestres de terreiros, pais-de-santo e outros membros da hierarquia das organizações espíritas. A revelação traz ao conhecimento humano que os seres que povoam a dimensão invisível estão em todos os lugares e podem se manifestar, conforme narra o evangelho em diversas passagens, mostrando Jesus em confronto direto com essas representações demoníacas. Diz ainda o Livro Sagrado que essa organização divide-se num incontável número de grupos. As ações no plano terreno variam conforme a especialidade dessas hordas. Uns comandam doenças, outros a área financeira, e ainda outros, levam os homens a desvios de caráter para fazerem o que está fora dos padrões da ética e da moral preconizados pela Bíblia. Um desses grupos tem como campo de atuação o seio familiar, com a missão de desagregar a família, criar contendas, levar à desobediência, promover o adultério, a prática do sexo ilícito, dificuldades de toda ordem e tantos outros males que vêm sobre as famílias, mesmo as que se alicerçam na religião e procuram dar exemplo de dignidade e equilíbrio. O desmoronamento de um lar, aparentemente firmado nos mais elevados valores morais e éticos, causa sempre admiração e suscita a pergunta: Por que? Em seguida, a compaixão: "fulano não merecia isso". A derrocada de uma boa família, parece injusta aos olhos do leigos , desconhecedores dos meandros do plano astral infe-
DEMÓNIOS FAMILIARES
acreditando que tudo gira em torno de si mesmo. O universo, para a maioria, não vai além das estrelas que podem ver no céu. O que interessa, mesmo, é o tamanho da conta bancária, os bens materiais e a vida farta. Assim, torna-lhe impossível entender um mínimo da vida além da carne, além da visão míope que nada distingue além da ponta do nariz. A falta de percepção tende à ignorância, que leva à recusa do experimento saudável, alicerce do aprendizado. O homem, de uma forma geral, e o brasileiro em particular, é refratário ao conhecimento do que transcende à realidade material. Isso percebe-se facilmente quando o principal argumento para evitar-se um diálogo esclarecedor sobre as várias concepções religiosas é "eu já tenho a minha religião, estou satisfeito com ela". O cidadão comum ignora que a prática religiosa tem muito pouco a ver com a fé e que ela, ao longo da história, tem sido mola propulsora do atraso no conhecimento daquilo que o homem realmente precisa saber a cerca da existência espiritual. Os católicos, a maioria absoluta apenas nominais, totalmente ignorantes daquilo que a Bíblia ensina, nem de longe suspeitam que os demónios estão alojados nos lares, sob as camas, atrás das portas, nas gavetas e, principalmente, nos ocos das estátuas, sejam enfeites comuns ou imagens de supostos santos. Ignoram também que são milhões os seres invisíveis povoando o sobrenatural. Os crentes, acostumados ao fundamentalismo da crença vertical, limitam-se somente ao que ouvem, ignorando que a Bíblia tem muito mais para ensinar do que o aprendizado meramente académico transmitido pelas igrejas. Assim, por exemplo, assustam-se quando alguém diz que Jesus é um extraterrestre porque nunca ouviram isso, esse linguajar não per-
INTRODUÇÃO
O bebé, quando começa a engatinhar, corre sérios perigos de se machucar. Ele coloca o dedo na tomada, puxa a toalha das mesas, brinca com facas, aproxima-se perigosamente de escadas e põe tudo que encontra na boca. O bebé faz isso inocentemente, sem saber o perigo que está correndo. O pimpolho, com a maior naturalidade, ri e se diverte quando os mais velhos correm apavorados para livrá-lo de algum mal iminente. A humanidade é assim também, anda sempre de encontro ao perigo, inocentemente, porque está apenas engatinhando em seus conhecimentos, principalmente na área espiritual, em que se estabelece o relacionamento com o sobrenatural, o mundo além da percepção lógica. Nessa fase de engatinhamento, o homem encara a dimensão fora dos sentidos através da sua ignorância pueril, duvidando do que não pode ver. Muitos desdenham até da existência de Deus por não conseguirem ver além do umbigo,
SUMÁRIO INTRODUÇÃO
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A HERANÇA ESPIRITUAL
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DEMÓNIOS RESIDENCIAIS NA HISTÓRIA
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A REVELAÇÃO BÍBLICA
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A MIGRAÇÃO DOS DEMÓNIOS FAMILIARES
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DIVERSAS MANIFESTAÇÕES NO N.T
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AÇÃO DEMONÍACA NA FAMÍLIA: UMA AVALIAÇÃO
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COMO VENCER os ATAQUES DOS DEMÓNIOS FAMILIARES
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POSIÇÃO DA IGREJA FRENTE AOS DEMÓNIOS FAMILIARES
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CONCLUSÃO. .
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rior, mundo dos demónios, que a Bíblia disse terem vindo para matar, roubar e destruir, todos que o permitirem, inclusive os que primam pelo bom comportamento, segundo as normas da sociedade. O que todo homem deve ter em mente, e os religiosos mais ainda, é que, para evitar o ataque dessas hordas infernais, não basta ser bom e muito menos religioso. Aliás, eles gostam mais dos "bonzinhos" e daqueles que não saem da igreja e não se cansam de falar sobre o assunto. A sociedade humana comete um equívoco comum ao achar que Deus não castiga, o sofrimento é para os maus e que os bons são diuturnamente protegidos pela mão divina. Ledo engano! Adão e Eva foram criados totalmente puros, sem pecados, mas cometeram um terrível erro, do qual a humanidade jamais conseguiu livrar-se. Por quê? Se ler esse livro até o fim, vai descobrir. Os demónios familiares são os mais versáteis e astutos. Não são coléricos nem irascíveis como outras castas, têm "jogo de cintura" e obedecem quando recebem ordens. Por suas características, torna-se difícil exorcizá-los porque, além disso, são dissimulados e altamente cínicos. Eles são responsáveis pela iniciação sexual precoce, pelo espírito de rebeldia da maioria dos jovens, pelo gasto compulsivo e tantos desvios do caráter que a ciência moderna intitula problemas de ordem psicológica, mas dificilmente oferece cura total e, quando muito, obtém uma melhora ou uma cura aparente, temporária, permitindo que os sintomas voltem após um determinado tempo. Se você tem problemas ou tem interesse em obter a cura total para esses males. Continue lendo.
INTRODUÇÃO
tence ao vocabulário "evangeliquês", é totalmente estranho. Ignoram que o próprio Jesus tenha afirmado "não ser desse mundo" (Jo 18.36), porque o raciocínio está condicionado apenas ao que ouvem na igreja e não naquilo que a Bíblia diz em sua totalidade como livro de revelações. Todo homem precisa descobrir que a prioridade da sua luta não deve ser por melhores salários, elevação de cargo na empresa, conquistar a mulher amada ou obter um diploma. Sua luta não é contra a carne e o sangue - como disse Paulo - mas contra as potestades, os príncipes das trevas nos lugares celestiais. Como disse Jesus "buscai primeiro o reinos dos céus e essas coisas te virão por acréscimo" (Lc 12.31). Claro que se deve lutar pelos bens materiais, mas isso não deve ser a razão única do crente. A vitória contra as forças oposicionistas do mal é a vitória da vida e vida em abundância, representa o desmoronamento do poder oculto, antagónico ao reino da luz, especializado em destruir e criar o caos. O homem, convidado por Deus, através de Jesus, para construir o reino dos céus na terra, ignora quem é o seu inimigo e onde aprender sobre ele o suficiente para derrotá-lo. A revelação sobre o diabo está na Bíblia. Ela revela Deus e este desvenda os mistérios de Satanás. É através do Livro Sagrado que o homem tomou conhecimento de quem era "o adversário" e como lidar com ele, saindo-se vitorioso. A humanidade não pode continuar cometendo o erro de "deixar o diabo por conta de Deus". Ele tem que assumir seu papel de guerreiro do bem, combater o mal com ousadia, ir contra o sistema maligno que opera no mundo. Formar bons soldados é dever da igreja, ela tem que preparar os fiéis para resistir o
DEMÓNIOS FAMILIARES
mal através do conhecimento daquilo que acontece além da percepção material. O festejado escritor evangélico Russell Shedd, em seu livro O Mundo, a Carne e o Diabo, evoca IJo 5.19 para informar que o mundo é dividido em dois grupos de pessoas, os que são de Deus e os que estão mortos no diabo. Veja: "Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no maligno". O mundo inteiro é o "resto" que não é de Deus, inclusive muitos que não saem da igreja. Satanás e os que se deixam manipular por ele, são responsáveis pelo sistema que opera a iniquidade, eficientíssimo - nas palavras de Paulo - em seu mister de enganar, opondo-se a tudo que agrada a Deus. Essas hostes, invisíveis mas reais, mantêm os pelotões de assalto postados às portas das casas, prontos para entrar através de brechas como discussões, desobediências, contendas e dezenas de males que destroem a família, derrubando seus valores , fundamentais para firmá-la em alicerces inabaláveis, como célula máter da sociedade humana. Este livro pretende oferecer parte significativa do conhecimento sobre os demónios familiares, mas o leitor deve estar preparado para absorver novas informações e fazer uso delas. Caso contrário, terá perdido seu tempo. Vamos à leitura.
A HERANÇA ESPIRITUAL
_/\ Bíblia fala de uma herança espiritual em o Novo Testamento, referindo-se a Jesus, a nossa herança eterna, conforme revela Hb 9.15, enfatizando que o próprio Jesus foi mediador desse novo testamento. Está escrito que "...intervindo a morte para remissão das transgressões que haviam debaixo do primeiro testamento, os chamados receberam a promessa da herança eterna". A ideia de herança era muito viva e profunda na cultura hebraica, mas os judeus do tempo de Cristo não compreendiam uma "herança espiritual" em função do conceito vindo desde o princípio do Velho Testamento. Lá, as gerações futuras herdavam a terra e os bens materiais, que eram as bênçãos de Deus e sinal visível de que a família estava andando nos retos caminhos do Senhor. Por esse motivo, os pais faziam tudo para acumular mais riquezas e, consequentemente, aumentar a herança dos filhos e a graça de Deus sobre eles.
DEMÓNIOS FAMILIARES
A ideia de uma herança material da parte de Deus começa com Abrão por ocasião do seu chamado, conforme salienta Gn 15,7, ocasião em que Deus manifestou-se diretamente ao patriarca, fala com ele, apresenta-se como Senhor que o havia chamado na cidade de Ur, na Caldeia. Em seguida, promete-lhe a terra, revelando que o trouxera da Mesopotâmia com essa finalidade. Abrão, que jamais havia passado por experiência semelhante, interessou-se imediatamente pelo assunto e quis saber como herdaria aquela imensidão de terra, visto que já era uma região habitada e que ninguém iria cedê-la de mão beijada, ali mesmo Deus selou o pacto com o "pai da fé" e revelou-lhe o que certamente não gostaria de ouvir: "Só daqui há quatrocentos anos sua geração entrará nesta terra". Depois de quatro séculos, Deus tirou os descendentes de Abrão do Egito através de Moisés e os instalou na Terra de Canaã, hoje Palestina. A luta pela posse e conservação da terra sempre foi muito intensa. Era necessário defendê-la com o próprio sangue e não dar tréguas aos inimigos porque ela era fundamental para que os hebreus sobrevivessem e se tornassem um nação próspera e respeitada, conforme as promessas de Jeová. Durante a longa história desse povo, observa-se sua luta para preservar o que Deus lhe dera e firmar-se no cenário mundial da época como nação constituída e soberana. Em Números 3.8-9 há uma recomendação a respeito da herança. "E qualquer filha que herdar alguma herança das tribos dos filhos de Israel, se casará com alguém da geração da tribo de seu pai; para que os filhos de Israel possuam cada um a sua herança de seus pais. Assim, a herança não passará duma tribo para outra; pois as tribos dos filhos de Israel se chagarão cada uma à sua herança". Entende-se que a preservação da terra era preocupação do pró-
A HERANÇA ESPIRITUAL
prio Deus, que normatizou a posse e o seu uso através das gerações, deixando instruções escritas a respeito de como poderiam dispor dela enquanto fossem responsáveis pelo seu cultivo. Conclui-se que o povo hebreu acreditava que a herança era uma bênção do mundo invisível para o visível, uma dádiva celestial exclusiva, daí a importância que davam à questão da herança, fundamental para a própria existência futura da nação. Eles sabiam que só com a posse da terra poderiam ter esperanças e essa convicção veio se fortalecendo através dos séculos, ligando a herança à vontade de Deus de que a terra fosse realmente deles e não deveriam abrir mão dela em nenhuma hipótese. Os apóstolos passaram esse mesmo sentimento em relação a herança para o Novo Testamento, transferindo-o do plano material para o espiritual. O que o cristão herdou não foi a terra e os bens que ela possa produzir, mas as bênçãos espirituais e seus frutos, a salvação através de Cristo e o conhecimento de Deus pela ação do Espírito Santo. Os cristãos se tornaram o novo Israel, que luta agora para conquistar a pátria celestial e não os bens terrenos. Os judeus que se convertiam ao cristianismo, conhecendo o valor da herança material, entendiam o significado dessa herança espiritual e a sua importância para a sobrevivência e fortalecimento da fé, que deveria ser muito mais profunda do que a de Abrão porque ele viu as maravilhas de Deus e ouviu a sua voz. No cristianismo, a aproximação do homem a Deus teria que ser em espírito e a herança terrena era sombra da herança celestial. Os inimigos não seriam mais os povos dispostos a tomarem a terra de Israel, mas o "inimigo" pronto para roubar as almas.
DEMÓNIOS FAMILIARES Quando alguém deixa uma herança, evidentemente ela já está documentada, provando ser propriedade legítima dos testamenteiro e ele poderá dispor dela como desejar. Ninguém pode deixar de herança algo que não for comprovadamente seu. Espiritualmente, Deus deixou a salvação, os frutos do espírito, a paz, a misericórdia e todo gozo que o crente tem em Jesus. Essa é a herança do reino da luz porque são faculdades exclusivas de Deus e só ele poderá legá-las a seus herdeiros. Entretanto, a Bíblia fala na existência de dois reinos, semelhantes na estrutura, mas opostos nos objetivos. Enquanto o reino da luz busca a salvação do homem, o reino das trevas luta para levá-lo à perdição. Deus é espírito e sua herança é espiritual. O diabo também é espírito e ele, igualmente, deixa a seus herdeiros uma herança espiritual. Os bens satânicos são os frutos da carne, que você pode conferir em Gaiatas 5.19-21.0 verso 21 termina informando que os herdeiros do diabo não entrarão no reino dos céus. Agora você está entendendo que a herança espiritual pode ser divina ou demoníaca, dependendo da escolha que o testamenteiro fez durante sua vida, se ele serviu a Deus ou ao diabo. O cristão verdadeiro deixa uma herança espiritual aos seus filhos criando-os no conhecimento da Palavra de Deus e insistindo a que eles observem a sua prática, dando exemplo de retidão e testemunho fiel do evangelho de Cristo. O homem ímpio, mundano e devasso, deixa os frutos da carne como herança espiritual a seus filhos. Esses frutos são resultados dos serviços prestados ao reino das trevas. Os pais são responsáveis pela herança espiritual dos filhos. Isso é o ensino fundamental da Bíblia para casais, noivos e jovens em geral que um dia serão pais. Os jovens de hoje é que decidem o que vão deixar como herança espiritual às futuras
A HERANÇA ESPIRITUAL
gerações: pessoas devassas a serviço do reino das trevas ou pessoas sensatas a serviço do reino da Luz. O exemplo do povo israelita é oportuno para entender-se a questão. Eles protegiam a terra com o próprio sangue porque sabiam que dela dependia o futuro de seus filhos e netos. As gerações de hoje devem estar conscientes de que o futuro de seus descendentes depende da herança espiritual que vão deixar. Um exemplo real do entendimento de herança no Velho Testamento é dado por uma passagem registrada em o Novo Testamento. Está no evangelho segundo João (9) e narra o encontro de Jesus e seus discípulos com um homem cego de nascença. Ao verem o deficiente visual, os discípulos quiseram saber logo de Jesus qual seria a causa espiritual daquela cegueira e perguntaram quem havia pecado para que o homem fosse vítima daquele mal, acrescentando se teria sido ele ou os seus pais. Os espíritas kardecistas do Brasil entendem (e insistem no seu ensino), que os discípulos estavam se referindo à encarnação anterior, quando perguntaram se os pecados teriam sido do próprio cego ou dos pais dele. Estão equivocados os seguidores de Kardec, na realidade, os discípulos referiram-se aos pecados dos pais porque entenderam, segundo a sua cultura, que a cegueira do rapaz era a falta de bênçãos de Deus porque aquele homem não possuia herança. Ele estava sofrendo as consequências da negligência dos pais ao pecarem para que o filho recebesse um castigo como herança e não bens materiais. No caso, o tanto o cego como seus pais poderiam ser os responsáveis por aquela situação. Jesus, comovido pelo estado de penúria do cego (agravada pela discriminação), informou aos discípulos que não eram pecados a razão daquela cegueira, mas ele estava ali por acaso e
DEMÓNIOS FAMILIARES Jesus iria mostrar através dele (cego), as obras que Deus desejava fazer na terra, uma libertação de todas as antigas crenças. Essa libertação se fazia necessário porque a nova era religiosa não estaria mais sob o tacão da lei de Moisés, conforme preceitua o capítulo 20, verso 5 do livro de Êxodo "Não te encurvarás a elas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos país nos filhos até a terceira e Quarta geração daqueles que me aborrecem". Aborrecer a Deus é pecar e o maior pecado entre os hebreus era a idolatria, seguir os deuses pagãos dos povos cananeus. É como se os discípulos tivessem perguntado a Jesus: "quem foi idólatra, o cego ou os pais dele?" Com a vinda de Jesus, essa herança maldita foi suprimida e o ajuste de contas pelas más heranças deixadas pelos pais só acontecerá no juízo, mas as consequências delas poderão ser sentidas, aqui mesmo, na própria pele. Você entendeu que os hebreus acreditavam que os pecados (comandados pela idolatria), alijavam-nos da herança material dada por Deus, sinal de rejeição, por isso - eles achavam - as pessoas (gerações futuras), nasciam com defeitos físicos e eram rejeitados pela sociedade, que não queria comunhão com pessoas desgraçadas, abandonadas pelo próprio Deus. Você estará tremendamente equivocado se pensar que Jesus veio abolir a lei de Moisés e que agora pode pecar. O que a lei antiga ensinava continua sendo válido, com a diferença de que hoje, os cristãos têm um advogado para defendê-los no tribunal de Deus e as penalidades variam conforme os pecados, podendo até o réu ser inocentado. No Antigo Testamento não havia advogado para defender espiritualmente os hebreus, era olho por olho, dente por dente. Os erros tinham que ser pagos sem chance de defesa e sem misericórdia. Isso é fácil de compreender através do ensino de João em sua primeira carta, capítulo 10
A HERANÇA ESPIRITUAL 2: "Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo". Jesus Cristo é um advogado justo, ele vai dar a cada um segundo o seu merecimento. Portanto, abstenha-se do pecado e procure a justiça de Deus para ser digno da melhor herança. Vamos considerar três aspectos da herança espiritual em o Novo Testamento. A primeira está em Efésios 1.11 e diz "Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade". Os cristãos são herança deixada por Deus a Cristo, um desejo do seu coração. Como herança de Jesus, os cristãos não podem andar segundo os conselhos dos ímpios, porque a herança é algo que deve ser preservada. A Segunda consideração está em Colossenses 1.12 e afirma o seguinte: "Dando graças ao Pai que nos fez idóneos para participar da herança dos santos na luz". Essa revelação de Paulo é extraordinária, principalmente para se compreender o tamanho do sacrifício de Jesus na cruz e o resultado dele após a ressurreição. Ele tornou os seguidores de Cristo (os verdadeiros), aptos a entrarem no reino da luz e essa aptidão é a herança que foi outorgada aos que compreendem a magnitude do amor de Deus. Em última consideração, essa herança é dada diretamente por Deus e é um galardão, ou seja, um prémio pessoal e intransferível. "Sabendo que receberei do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo , o Senhor, servis". (Cl 3:24) Deixar herança espiritual é dever dos pais para que seus filhos não se tornem cegos espirituais e passem a ser mendigos da Palavra de Deus. Deus vai pedir contas da educação que cada pai deu a seus filhos. Um fato, acontecido há dez anos, ilustra bem as consequências da má herança espiritual. Conheci
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DEMÓNIOS FAMILIARES uma senhora que tinha sérios problemas de ordem espiritual. Um espírito a pegava quase que diariamente e foi, aos poucos, acabando com sua saúde, minando suas forças até que, poucos anos depois, veio a falecer daquele "incómodo", nome que os parentes utilizavam quando se referiam ao assunto. Quando incorporava, aquele demónio tinha características bastante peculiares. Ele entortava as mãos, mostrava os dentes à maneira dos cães, entortava os olhos, fazendo desaparecer a íris, ficando só a parte branca à mostra. A boca ficava torta num esgar que causava arrepios. Não era um espetáculo agradável olhar aquela mulher sob o domínio daquela entidade malévola. Ela fungava e emitia sons guturais, parecendo um roncar de porcos, abaixava a cabeça e olhava de baixo para cima, enviesado, o que lhe emprestava uma careta de ódio, que muitos nem ousavam encarar. A família tentara tudo na busca da cura daquela coitada, médicos, remédios, simpatias, centros espíritas, benzedeiras, feiticeiros e enfim, todo recurso que pudesse acenar com uma esperança, ainda que ténue. Andava de igreja em igreja, no começo, sozinha e depois, acompanhada por uma moça que trabalhava na casa desde menina. As igrejas tradicionais não resolviam e muitos acreditavam que faltava poder para solucionar o problema. As igrejas pentecostais também não conseguiam vitória definitiva, o demónio saía mas voltava depois e se alojava naquele corpo, continuando a matá-lo lentamente. A verdade é que ninguém sabia os motivos porque aquele demónio não saía de vez, libertando a mulher de suas garras malditas e mortais, embora houvesse muita especulação, e as mais contraditórias explicações.
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A HERANÇA ESPIRITUAL
Os familiares dessa mulher, da parte do esposo, eram pessoas bem situadas economicamente, pioneiras no local e muito conhecidas. Eram descendentes de italianos e ardorosos praticantes do catolicismo romano, tinham suas devoções aos santos, conforme a cultura desse segmento cristão. Isso não impedia que procurassem o possível e o imaginável tentando recuperar a saúde de sua ente querida o que, infelizmente, não conseguiram. Depois do falecimento dessa senhora, a moça que fora praticamente criada em sua casa, ficara sozinha. O esposo da extinta era sitiante e passava o tempo cuidando de suas terras na zona rural, pouco vindo à cidade. O casal não tivera filhos e a ex-criada não tinha outra escolha a não ser a solidão daquela casa de tão tristes e dramáticas recordações. Pouco mais de trinta dias após a morte da mulher, algumas pessoas e eu fomos visitar sua enteada naquela casa fria e de aspecto hostil. Ao entrarmos para bater na porta, um arrepio percorreu meu corpo da nuca aos calcanhares, fazendo-me sentir um clima pesado e tenso, próprio de ambientes carregados por forças das trevas, em que as pessoas mais sensíveis sentem-se mal e os leigos não conseguem compreender e nem explicar o que está ocorrendo. Insistimos na porta, "toc-toc-toc", e guardamos mais uma dezena de minutos que pareceram horas e, nada. Novas batidas e nova espera. De repente, barulho de pessoa que se aproximava da porta pelo lado interno. Expectativa e tensão. Chave girando, a porta se abrindo. Quando a moça apareceu no espaço entreaberto, quase caímos de costas ante o susto ao observarmos o seu aspecto. Era idêntico ao da falecida, o mesmo jeito de olhar, a mesma boca torta, deixando os dentes brancos à mostra, mãos crispadas e o jeito de falar com dificuldade como se lhe faltasse o ar. 13
DEMÓNIOS FAMILIARES Mal disfarçando o espanto, conseguimos cumprimentá-la e perguntar-lhe como estava passando. Respondeu como monossílabos, fria e impessoal, desencorajando qualquer diálogo. Ela não nos convidou para entrar e, pela recepção, concluímos que não desejava que o fizéssemos. Sem saber o que fazer e o que dizer, alguém murmurou algo, mais para si mesmo, outro disse qualquer coisa ininteligível e nos despedimos daquela criatura, ansiosos para nos vermos longe dali. Depois desse episódio, não voltamos mais àquela casa. A vida agitada, com muitas viagens, não nos permitia um contato mais estreito, mesmo porque, aquela moça não tinha ninguém que pudesse intermediar um contato mais frequente para avaliação do problema. Não tivemos mais notícia daquela moça mas, indubitavelmente, ela era vítima do mesmo demónio que matara sua patroa, ou madrasta. São os demónios familiares hereditários que, encontrando pessoas susceptíveis, podem incorporar, caso contrário, ficam no interior das casas, atentando um e outro para tumultuar, criar casos e tornar o ambiente irrespirável. A Bíblia mostra diversos casos de demónios familiares do tipo hereditário e os comuns, que são quase onipresentes e só não conseguem realizar seus intentos em lares onde as pessoas aprenderam a evitá-los e não "dão mole" para que possam agir. Mais à frente vamos abordar alguns exemplos bíblicos da ação nefasta desses grupos infernais e tecer algumas considerações a respeito do assunto. Entretanto, para evitar curiosidade desnecessária, vamos lembrar que uma das famílias muito visadas por essa casta foi a de Davi, um homem que tinha o Espírito de Deus (Sm 16.13), mas fora um pai totalmente ausente, apesar de amar os filhos a ponto de quase enlouquecer por eles. Davi pode ser visto como exemplo de pai que abre as portas de sua casa aos demónios. O que ele fez ou deixou de fazer para não ter encon14
A HERANÇA ESPIRITUAL
trado a felicidade almejada como pai, embora tenha sido um dos personagens do VT com maior número de filhos entre os antigos patriarcas. Por que Davi foi um pai frustrado, mesmo sendo escolhido de Deus? Continue lendo. Apesar da Bíblia mostrar muitos casos de demónios familiares, o tema não é privilégio apenas do Livro Sagrado. Em quase a totalidade das religiões há literatura mencionando o fato, mostrando ser uma crença comum a vários segmentos religiosos, mormente as que promovem práticas animistas (variantes do espiritismo), que acreditam na existência da alma até em animais e vegetais. No kardecismo brasileiro, bastante sincretizado com o cristianismo, embora tenha uma visão própria da Bíblia, a questão dos demónios familiares é vista como uma questão que deve ser estudada à luz das doutrinas dos espíritos, codificadas por seu fundador, Allan Kardec. Segundo a visão dos estudiosos desse fenómeno sobrenatural, os espíritos que costumam incorporar-se podem tornar-se hereditários e ficar entre a família por muitos anos, passando de pai para filho (ou entre outros membros da família), por ocasião da morte de seu receptor, chamado "cavalo" no jargão do espiritismo afro. Os kardecistas e estudiosos de outras correntes espiritualistas afirmam que um espírito familiar passa a morar numa residência e gosta tanto daquele local que se recusa ir embora, ficando por ali através das gerações. Se a família muda-se, ele (ou eles), fica na casa e age do mesmo modo com os novos inquilinos. Por isso é comum ouvir-se alguém queixar de que "fulano ficou assim depois que nos mudamos para cá", referindo-se a alguma forma diferente de alguém da família agir ou reagir diante de alguma situação. Outros percebem que as coisas não vão bem e comentam: "isso começou depois que nos 15
DEMÓNIOS FAMILIARES
mudamos para cá". Esses espíritos são "mansos" demais e não saem com uma oraçãozinha qualquer, fosse assim, não haviam perturbado tanto a família de Davi. Para livrar-se deles, é necessário uma transformação total no comportamento familiar, inclusive em muitos atos que são praticados em casa, nas conversas (muitos falam bobagens de todo tamanho) e nos entretenimentos, como jogo de baralho, filmes de terror etc. Tudo isso pode soar estranho para os que nunca ouviram falar no assunto. Estranho ou não, acreditando ou não, a questão é verdadeira e séria. Deve ser encarada como uma batalha a ser vencida e, para vencer, é preciso estar preparado e conhecer o adversário e o terreno da luta. E intenção desse livro ensinar como detectar a presença do inimigo e lidar com ele. Continue lendo. s
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DEMÓNIOS RESIDENCIAIS NA HISTÓRIA
's demónios estão presentes na história do homem desde os tempos remotos, quando ele ainda morava em cavernas e pouco conhecia da sua potencialidade para evoluir tanto, a ponto de descobrir a parafernália eletrônica que usa hoje em substituição aos rústicos machados de pedras e utensílios de barro. No princípio, o homem não conseguia entender os fenómenos da natureza e acreditava que tempestades, relâmpagos, trovões, chuva, neve e outras manifestações eram provocadas por uma força descomunal em razão do descontentamento por um motivo qualquer. Temendo serem vítimas do furor desse poder desconhecido, os grupos primitivos ficavam no interior das cavernas olhando a chuva e meditando sobre suas causas, de onde vinha e para onde ia. Com o tempo, descobriu que tudo era natural e cíclico, essencial para o desenvolvimento das plantas e reprodu17
DEMÓNIOS FAMILIARES
cão animal, inclusive as próprias mulheres passavam por um ciclo de fertilidade periódica durante uma fase da sua existência. A Segunda constatação no caminho da evolução humana foi que, se os ciclos produtivos e reprodutivos eram bons, naturalmente o ser que os provocava também era bom. Entretanto, esse ser era também sujeito a maus humores, como os homens. Quando algo o desagradava, ficava iracundo e reagia com força redobrada para punir os que o provocaram de alguma maneira. Era, então preciso apaziguar os ânimos da entidade com ritualismo próprio e vários tipos de sacrifícios. No entender do homem primitivo, o elemento feminino era depositária de bênçãos especiais porque estava agraciada com a capacidade de reproduzir e aumentar as riquezas e o clã, que se fortalecia com um número maior de pessoas para defender-se das feras e de eventuais inimigos. Se a mulher tinha maior ligação com a entidade superior, nada mais justo que ela fosse a encarregada de se entender com ela em caso de furor por qualquer motivo. O homem, caçador para prover o sustento da família, chegava em casa cansado e ia dormir em algum canto da caverna, principalmente nas noites escuras, que acreditava serem propícias às manifestações de ordem sobrenatural. Era nessas ocasiões que as mulheres saiam furtivamente para os bosques e montes afim de promover um ritual sagrado em honra a essa entidade superior que a privilegiara com a capacidade de procriar. Essa capacidade de contatar o invisível deu à mulher autoridade junto à família ou grupos de famílias que ocupavam o mesmo espaço num determinado território. Com isso, ela se tornou a sacerdotisa e passou a ser respeitada e procurada
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DEMÓNIOS R E S I D E N C I A I S NA HISTÓRIA quando o problema era relacionado com os deuses e seu comportamento temperamental em relação aos atos humanos. Esse contato mulher-divindade evoluiu com novos entendimentos do homem sobre questões corriqueiras como as estações do ano, os fenómenos normais da matureza e o mistérios da procriação. As atribuições da mulher como sacerdotisa também aumentaram e ela passou a interceder também pelos problemas de saúde, intermediações entre partes conflitantes da família, acertar casamentos e até desempenhar as funções de juíza e conselheira. Era entendimento geral que o ser cultuado tinha o sexo feminino e que o homem era um apêndice, algo que havia nascido por uma aberração qualquer no mundo sobrenatural e tinha em si a culpa, devendo ser eternamente submisso ao poder além do entendimento para que não fosse castigado, até por seu estado inferior na hierarquia da criação. Foi só quando o homem passou do seu estado nómade para sedentário (começo da prática agrícola), que ele entendeu ser parte essencial no processo reprodutivo e, portanto, indispensável. Mais alegre e confiante, passou a participar dos rituais sagrados com a mulher e oferecer também o seu sacrifício, demonstrando gratidão a esse ser que não podia compreender. A humanidade evoluiu, aumentou e começou a residir em aglomerados que abrigava diversas famílias, descobrindo ser isso muito bom para a proteção mútua em caso de perigo e também para a divisão das tarefas no cultivo dos alimentos. A mulher também ajudava nos trabalhos diários e já não tinha tanto fôlego para apaziguar os deuses nas noites escuras como antigamente. As povoações foram crescendo e, como ficassem ali durante anos, começaram a construir templos para adorarem e servirem seus deuses. Logo surgiu a casta sacerdotal (e sacerdo-
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DEMÓNIOS FAMILIARES tisa) encarregada do contato com o mundo além dos sentidos, já que a população comum precisava trabalhar para o sustento de uma família cada vez mais numerosa. Privilegiados pela capacidade de contatar os deuses, os sacerdotes ganharam poder e prestígio, passando a exercer influência entre o povo, que obedecia e supria os templos com as mercadorias necessárias para ao sustento da classe sacerdotal. Para manter o poder, eles passaram a limitar o acesso de leigos ao ritual religioso, o que se tornou prática apenas de iniciados protegidos e que ajudavam guardar os segredos do mundo subjetivo, incompreensível e incompreendido pela massa trabalhadora. Surgiram as grandes cidades da Mesopotâmia, berço da civilização, onde o culto aos deuses floresceu e ganhou o mundo então conhecido, fazendo valer a autoridade de deuses como Dagon, o principal entre os Babilónios. Entretanto, persistia a ideia de deuses com duas naturezas, a boa e a má, dependendo do momento e do seu estado de humor. Foi na Grécia que surgiu a concepção de deuses inteiramente maus, os daemons, que passaram a ser culpados pela maldade sobre a terra. Apesar disso, os moradores do Olimpo não deixaram de ter duas naturezas, exigindo ofertas especiais para serem apaziguados. Os deuses maus também faziam chantagem com os homens exigindo cultos exclusivos ou castigariam a terra com maldades. Foi aí que surgiram os cultos aos demónios que conhecemos hoje, que se tornou uma prática marginal observados por pessoas que eram excomungadas do catolicismo romano ou supostos magos e bruxas que movimentavam o poder paralelo ao da igreja mas completamente antagónico. Foi somente depois do advento de Cristo que as forças das trevas e o poder da luz foram totalmente separadas, cada um 20
D E M Ó N I O S R E S I D E N C I A I S N A HISTÓRIA com suas características e atribuições completamente distintas. Jesus foi o revelador desses "adversários" ao iniciar o confronto direto entre os dois reinos. O Mestre revelou a existência de diversas castas demoníacas através dos seus encontros com pessoas endemoninhadas, as diferentes reações e a revelação pessoal que alguns fizeram da sua própria identidade, como a "legião" que atormentava o homem gesareno. Foi nesse ministério que Jesus revelou a existência dos demónios familiares, embora eles já estivessem agindo implicitamente através de vários acontecimentos registrados no Antigo Testamento. João 9 é um exemplo da presença maléfica dessas entidades entre famílias e seu poder em manter a hereditariedade, passando de pai para filho por diversas gerações. Os discípulos entenderam que a cegueira daquele homem era resultado da presença demoníaca em sua vida como resultado de possíveis pecados cometidos por seus pais. Leia todo o capítulo e observe a celeuma que o ato de Jesus causou entre os fariseus e os maiorais dos judeus. No versículo 34, os que o interrogavam acabaram confirmando o que os discípulos de Jesus haviam dito "tu és nascido todo em pecado" afirmaram eles e expulsaram o ex-cego da sinagoga. Desde as planícies da Mesopotâmia, até as áridas montanhas da Palestina, a ideia do demónio como o adversário e causador de todos os malefícios, ganhou força e chegou à Idade Média com fôlego suficiente para recrudescer e ganhar status de verdadeiros deuses de um povo massacrado pela sociedade dominante, miserável e ignorante, que sofreu sob o poder político e religioso durante mais de quinhentos anos da chamada "Era das Trevas", marcada de maneira determinante pela ação da igreja através das "Cruzadas", que nada mais foram do que a tentativa da nobreza falida em reconquistar a posição de mando 21
DEMÓNIOS FAMILIARES
e poder na velha Europa. O Renascimento chegou abominando toda cultura do sistema feudal e inaugurando um novo tempo de reconquista dos conhecimentos filosóficos oriundos da Grécia clássica. Também ganharam popularidade outras áreas da sabedoria humana, como as artes, a ciência da navegação, a medicina e novas descobertas tecnológicas que proporcionaram à humanidade um salto jamais visto no progresso do modernismo, que viria na esteira dos conhecimentos básicos da Renascença. Nos tempos modernos, a crença nos demónios sofreu um arrefecimento com o advento da Teologia liberal, que chegou detonando toda cultura vertical da ortodoxia, explicando os milagres cientificamente e desfazendo as ideias tradicionais sobre questões intocáveis como as narrativas bíblicas do episódio da travessia do Mar Vermelho, o milagre do maná que caia do céu no deserto e tantos outros acontecimentos sobrenaturais. A humanidade foi de um extremo ao outro, da crença cega na realidade da ação demoníaca à indiferença e até o desdém total em relação à velha serpente, ativa desde o belo Jardim do Éden. Tudo poderia ser explicado pela ciência e o século vinte começou com o aperfeiçoamento da Revolução Industrial, numa produção frenética de bens de consumo aperfeiçoados pela tecnologia da eletricidade. Com ideias dos tempos modernos, o homem se afastou do diabo e também de Deus, passando a cultivar a interpretação bíblica à luz da alta crítica, acreditando ter desvendado os mistérios de Deus e se tornado senhor de si mesmo e do seu glorioso destino. Essa crença na capacidade de comandar os rumos da sua própria vida durou três quartos de século, quando veio o desencanto ante a descoberta de que o homem não havia sido bom 22
DEMÓNIOS RESIDENCIAIS NA HISTÓRIA
timoneiro na condução da sociedade como um todo, carecendo urgente correção de rumos, descendo as escadarias do seu orgulho e da soberba dos seus atos. Aí, novamente vai de um extremo ao outro, de espectador frio envolvido pelas elucubrações filosóficas a participante ativo dos movimentos de fé e a crença inabalável na existência do diabo, com sua capacidade de envolver-se no cotidiano da humanidade para conduzi-la a lugares que não gostaria de ir. Esse crescimento da desconfiança de que Satanás estaria por trás dos males terrenos ganhou extraordinária força, quando Hollywood lançou o filme "O Exorcista", do romance de Willian Peter Black, um dos maiores sucessos de bilheteria de todos os tempos, e desencadeador de uma torrente de filmes sobre os demónios jamais vista em toda a história hollywoodiana. Ao longo dos últimos vinte e cinco anos do século vinte, surgiram inusitados movimentos pregando simpatia ao diabo e até culto declarado ao príncipe das trevas, como a igreja do diabo, de Anton Lê Vey, frequentadíssima em Nova York. O livro "Ele veio para libertar os cativos", da médica americana Rebecca Brown, narra alguns acontecimentos na esteira de movimentos satânicos, inclusive e especialmente, no interior de igrejas cristãs. O livro arrepia por sua verdade eloquente, difícil de acreditar mas fácil de constatar, não apenas na distante terra do "Tio Sam", mas aqui mesmo no Brasil, não muito distante da minha e da sua casa. O recrudescimento do satanismo pegou os cristãos de surpresa e a gloriosa igreja de Cristo, que deveria estar preparada para enfrentar os novos rumos na batalha milenar contra o diabo, deixa-se envolver pelos novos ventos do mundanismo desenfreado, pecando pela falta de conhecimento, como já denunciava Jesus em seu ministério terreno. 23
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E a humanidade chegou ao terceiro milénio mais chucra do que nunca em seu entendimento da vontade de Deus, ainda ignorando o potencial do amor fraterno para a criação da boa vontade entre as nações. Nunca o mundo esteve tão ameaçado pelo caos total, esgotamento das fontes vitais, como a água potável e o ar puro, além das ameaças insanas do terrorismo químico e bacteriológico que apavora o homem moderno. Esse demónio da destruição anda à solta em todo o planeta, provocando guerras e rumores de guerra em todos os quadrantes, fiel à sua natureza de matar e destruir. Quero chamar a atenção do leitor para a ação visível dos poderes das trevas entre os homens, incluindo cristãos nominais e praticantes, partindo da família, desagregando-a e cassando a sua credencial de sustentáculo dos valores morais que deveriam ser a bússola na corre ção dos rumos ora observados em todo o mundo. Encerrando, quero fazer-me entender quando menciono a família como alvo principal das forças antagónicas ao poder cristão. Os padrões que sempre determinaram a organização familiar nunca estiveram tão adulterados e já não conseguem mais ser o farol indicando o porto seguro em que essa célula básica da sociedade humana possa aportar e voltar a se desenvolver, embasada nas exigências bíblicas para um viver feliz. A culpa desse desarranjo na estrutura basilar da família é a cassação dos valores que concretizam sua existência como pedra angular das comunidades que formam cidades e nações. O desacerto é primeiramente articulado no mundo espiritual, através de um plano definido e bem delineado para levar o homem a um egocentrismo desmedido e descabido, em que o único valor interessante é o culto a si mesmo. Quem está interessado em promover o individualismo humano? Se o homem foi criado para viver em sociedade, valorizando-se uns aos outros com o 24
DEMÓNIOS RESIDENCIAIS NA HISTÓRIA mesmo critério da avaliação própria, por que essa prepotência toda, esse interesse único em si? E a descaracterização da criatura, que perde a imagem e a semelhança com o Criador para fazer emergir do íntimo a imagem decaída do homem, imprópria para auto realizar-se em sua autonomia e autogerenciar a própria vida. x
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A REVELAÇÃO BÍBLICA
A Bíblia revela a ação dos demónios familiares desde o início das suas narrativas sobre a trajetória do homem na face da terra. Se você abrir sua Bíblia em Génesis 4.8 em diante, vai ler sobre o homicídio de Caim, que atentou contra a vida do seu próprio irmão Abel. Trata-se de uma passagem por demais conhecida do leitor contumaz das Escrituras, mas poucos ou ninguém a vê como a revelação das forças que agiram no plano invisível, movendo Caim em direção ao crime e à destruição da própria família. Foi o primeiro resultado da queda, que por sua vez foi minuciosamente planejada nos paramos invisíveis além da imaginação. Satanás já tinha ordenado às hordas demoníacas que agissem na condução do homem a desatinos, conforme a sua herança maligna ao conhecer a existência do mal através da desobediência ao Criador. Observa-se, no início do capítulo 4, a objetividade da narrativa no sentido de levar o leitor a deduzir que a primeira preo27
DEMÓNIOS FAMILIARES cupação de Adão e Eva foi com a procriação para estabelecer família, a pioneira, instituída no sistema decaído pós Édem e que viria a ser o modelo, desfigurado, do que Deus planejara para o homem e seus descendentes. O primeiro a nascer foi Caim, depositário da semente deteriorada de seu pai; o "varão", representante primitivo de uma espécie que agiria sob a égide de forças contrárias à ordem estabelecida desde o princípio da criação. Caim, o primogénito do homem pecador segue o seu malfadado destino e recebe a marca do diabo, sendo o pioneiro entre o grupo humano que serve a Satanás através do assassinato, os que são inimigos da vida criada por Deus e iriam atentar contra ela através dos séculos. Acabava se ser organizado o primeiro batalhão na luta contra a criação de Deus, com ordem expressas para atuar no seio das famílias que escreveriam a história do homem e seu fadário através dos tempos. No versículo 17 desse mesmo capítulo, a Bíblia revela que Caim também constituiu família e edificou uma cidade. Entretanto, ele era uma semente contaminada e como tal, não poderia gerar sementes perfeitas. Logo, a sua cidade encheu-se de pessoas devassas e pecaminosas. Esses filhos de Caim formaram diversos grupos que constituíram a sociedade sob influência do mal e seus membros foram os fundadores das diversas atividades, como criação de gado, músicos, escultores e outras não mencionadas. Dessa sociedade surgiu o segundo delito através de Lameque, tetraneto de Caim, que matara um homem por tê-lo agredido e um rapaz porque lhe pisara, ampliando os resultados da maldição de sua raça e dando sequência ao plano diabólico de matar e destruir através da própria espécie. Aí temos um grupo oriundo da semente contaminada de Adão. O versículo 25 é bastante esclarecedor. Eva teve um ter28
A REVELAÇÃO BÍBLICA
ceiro filho e o chamou de Sete, enfatizando que Deus lho dera no lugar de Abel e que o bebé era a "outra semente". O verso 26 diz que Sete gerou a Enos e "então se começou a invocar o nome do Senhor. Entende-se que durante anos a presença de Deus fora banida entre as primeiras gerações, voltando a. ser invocado através de uma intervenção direta do poder divino para restabelecer um elo através do qual agiria na formação de um povo que daria ao mundo o Salvador Jesus Cristo. Noé foi descendente de Enos e o único sobrevivente do dilúvio. Ele foi pai de Sem, Cão e Jafé. Com ele, Deus fez um novo pacto, condenando o homem que matasse outro homem, surgindo daí uma nova geração de um tronco único, Noé, escolhido por Deus para dar início à segunda dispensação do seu plano de resgatar a humanidade do pecado original. Leia o capítulo 9 de Génesis. Cão foi o fundador de Canaã (9.18). Jafé foi o tronco dos povos semitas que habitaram a região oriental do mar Mediterrâneo e Sem foi o pioneiro da civilização mesopotâmica. Cão foi amaldiçoado por Noé porque o viu nu (após embriagar-se com vinho) e escarneceu dele, chamando seus irmãos para que também vissem o vexame (9.22). As gerações de Cão passaram a ser também amaldiçoadas, dando origem a povos devassos, como os jebuseus, amorreus, girgaseus e cidades impenitentes como Sodoma e Gomorra. Você entendeu que o dilúvio acabou com os povos da primeira dispensação, descendentes diretos de Adão. Que Noé era descendente de Enos, neto de Adão e que começara a invocar o nome do Senhor sobre a face da terra. Entendeu também que Cão, uma vez amaldiçoado por seu pai, iniciou uma geração que proliferou sob o estigma do castigo estabelecido pelo velho patriarca, cometendo os mesmos pecados verificados entre os 29
DEMÓNIOS FAMILIARES descendentes de Caim, como a construção da torre de Babel. A maldição de Noé dizia: "Bendito seja o Senhor Deus de Sem e seja-lhe Canaã por servo". Abrão era descendente de Sem (Gn 11.26) e Deus o chamou de Ur, na Mesopotâmia para levá-lo a Canaã e entregar-lhe a terra em cumprimento à maldição de Noé de que Cão seria servo de seus irmãos Sem e Jafé. Abrão é o avô de Jacó, cujo nome foi trocado por Israel e que dera origem ao povo israelita em meio ao qual nasceu Jesus. Por isso Deus ordenou que os israelitas destruíssem os povos cananeus, porque eles eram devassos, idólatras e pecadores à semelhança dos descendentes de Caim. Como os israelitas não mataram os cananeus, eles se tornaram o povo dos que não aceitaram Jesus como o Messias e são os que hoje desdenham do cristianismo, seguindo o velho esquema satânico elaborado desde o início, quando o mundo foi dividido em duas correntes facilmente percebidas ao longo da história. Depois da chamada de Abrão e da formação do povo conhecido hoje como judeu, o tempo mostra Satanás agindo sempre, na tentativa de destruir essa nação. Embora não o tenha conseguido até nossos dias, maltratou bem esse povo durante os milénios de sua história. Esteve presente em todos os grandes acontecimentos registrados na Bíblia. Quis eliminar Moisés quando nasceu, tentou impedir a saída do povo do Egito, fez tudo para eliminá-los no deserto e usou de todas as artimanhas para impedi-los de entrar na terra prometida. Ele aparece agindo nas famílias desde o início e reaparece com a mesma sagacidade agindo nas vidas de patriarcas como Jacó, que fez muito mal a seu irmão Esaú e teve que fugir para não sofrer a vingança fraterna. Você pode ler essa história no capítulo 25 de Génesis e observar como o diabo age, usando pessoas que, interessadas em seguir suas ideias em benefício de si mes30
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mas, nem percebem que estão sendo vítimas de forças ocultas que as impelem a fazer coisas erradas, das quais se arrependerão mais tarde. Você pode observar a ação dos demónios familiares em passagens como a tentação de José pela mulher de Potifar no Egito. Ela era casada mas devassa, tinha um espírito de adultério, outro de vingança e outro ainda de luxúria. Tentou seduzir José impelida por esses emissários de Satanás. Se o jovem filho de Israel tivesse caído na armadilha dela, não teria sido abençoado por Deus e a história poderia ter sido outra. Uma das armas usadas por José para combater a Satanás foi a fidelidade a Potifar e a Deus que o abençoara na casa do egípcio. Em segundo lugar, foi a obediência e a submissão. O dono da casa havia lhe recomendado para que não tocasse em sua esposa, talvez já desconfiando que ela lhe fosse infiel (Gn 39.9). Por último, a fé que José depositava em Deus o impediu de deitar-se com a mulher de seu amo e foi o suficiente para evitar um desastre que poderia ter destruído aquela família. Anteriormente falamos a respeito da família de Davi e como Satanás perturbou seus filhos dando-lhe um desgosto atrás do outro até cavarem a própria sepultura. A extraordinária história desse monarca de Israel está narrada nos livros l9 e 2Samuel e vale a pena ler e meditar em toda a sua trajetória como homem escolhido de Deus e rei ungido por Deus. Para começar Davi fez casamentos múltiplos, rejeitou esposas sem motivo aparente, foi adúltero e teve um filho ilegítimo com Bete-Seba, esposa de um de seus soldados (2Sm 11). O rei era um homem escolhido por Deus para dirigir o seu povo, mas deixava muito a desejar em termos de paternidade porque não dava muita importância à família. Teve muitas mulheres e ia deixando seus 31
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filhos sem nunca estar presente nos momentos em que eles mais precisavam. O resultado foi a formação de filhos revoltados, orgulhosos e prepotentes. Um deles, Amnom, cometeu incesto possuindo a própria irmã. O outro filho, sabendo do ato praticado por Amnom, cometeu um fratricídio, uma tragédia chamando outra tragédia. Esse mesmo absalão revoltou-se contra o pai, conspirou para tomar-lhe o trono, foi infiel e traidor, obrigando o pai a fugir de Jerusalém para não entrar em contenda com o filho (2Sm 15). Esse rapaz, além de tudo, era insensato, inseguro e imaturo em suas ações, preferindo tomar conselhos com outros da sua laia do que com ansiãos experimentados na vida. Por causa disso, fez coisas erradas e acabou pagando sua insensatez com a própria vida de forma trágica. Apesar de tudo, Davi chorou amargamente a morte de seu filho querido e sofreu muito pelo destino cruel de Absalão, o que poderia ser evitado não fosse ele inconsequente e seus atos não fossem dirigidos por demónios no mundo invisível. Depois desses acontecimentos, Davi, de tantas glórias, nunca mais foi o mesmo, a sua vida se tornou triste e ele não teve mais contentamento nas coisas que antes o alegravam. O capítulo 22 de segundo Samuel, retrata bem o estado de depressão em que ficara depois de perder o filho de maneira tão trágica. No final da vida, o rei reconhece que seu lar não dignificou a Deus e manifesta-se lamentando que tudo transcorresse de maneira tão trágica. Observe o que ele diz no verso 5 do capítulo 23: "Ainda que minha casa não seja tal para com Deus, contudo estabeleceu comigo um concerto eterno, que em tudo será bem ordenado e guardado, pois toda a minha salvação e todo o meu prazer está nele, apesar de que ainda não o f az brotar".
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A REVELAÇÃO BÍBLICA
O que aconteceu com Davi é o que acontece nas melhores famílias até nos dias atuais. Os pais se envolvem nos negócios, crendo que fazem é oferecer um conforto material para os filhos. Logicamente, esse aspecto da educação não deve ser negligenciado, mas o exercício da paternidade exige muito mais que isso, reivindica a presença do progenitor, garantindo à família o apoio que ela tanto necessita e a segurança fundamental para gerar autoconfiança entre seus membros. Davi foi um homem de poder ilimitado durante o seu reinado e o usou com abuso, cometendo desatinos pelos quais pagou alto preço. Ele não foi um bom exemplo para seus filhos e descobriu isso tarde demais, quando eles já estavam crescidos e não poderia voltar atrás. Os pais de hoje devem evitar abrir as portas de seus lares à ação maléfica dos demónios, compenetrando-se da responsabilidade de estar presente na vida dos filhos, principalmente nos primeiros anos da infância, conversando, orientando, divertindo-se com eles e dando exemplos de comportamento sadio, brio de caráter e personalidade. Isso não quer dizer "pai banana" daqueles que estão diariamente com os filhos, mas sua presença nada significa porque não sabe educar e acaba estragando os filhos com exemplos errados ou a falta deles. Isso é perfeitamente ilustrado no capítulo l, verso 6 do primeiro livro dos Reis, que diz "E nunca seu pai o havia contrariado dizendo: por que fizeste assim?" O registro refere-se a Adonias, filho de Hagite com Davi e irmão legítimo de Absalão. Esse filho de Davi foi pivô de contendas e desencontros em sua família por ocasião da morte de seu pai e a sucessão ao trono. Tanto futricou que acabou provocando a própria morte, assassinado a mando de Salomão (2.25), depois de deixar transparecer não ter ficado satisfeito com a escolha de seu irmão mais novo para reinar no lugar de seu pai. O que se espera 33
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de uma criança criada sem conhecer seus limites? Davi falhou na educação de seus filhos e nunca pediu contas do que eles faziam ou deixavam de fazer. Assim, aquele rei tão poderoso, abriu as portas para os demónios dirigirem a sua família para o abismo e à perdição irreversível. Davi não foi o único mau pai da Bíblia. Muitos outros se revelaram péssimos educadores e amargaram as consequências da negligência da falta de zelo na criação da família. Foram homens de Deus, reis e até profetas a darem mal testemunho como pais, não conseguindo fazer de seus filhos exemplo de homens íntegros e retos nos caminhos do Senhor. O sacerdote Eli foi um deles, péssimo pai. Educou tão mal os filhos que eles cresceram soberbos, desobedientes e pretensiosos. Acabaram pagando com a vida, prematuramente, pela falta de sensatez que Eli não lhes soubera dar. Salomão também foi culpado da péssima conduta de seus filhos. Tão cheios de si e pretensiosos que acabaram brigando feio entre si e separando o reino de Israel. Jeroboão, seguindo os passos do pai, também fora péssimo educador para seus filhos, cavando a ruína da sua casa. Leia o capítulo 14 de IReis. Os exemplos vão longe, provando que a religião nem sempre faz o bom pai, suficientemente sábio para livrar a si e à sua família das garras do diabo. A falta de sabedoria não tem origem na pobreza intelectual, mas na falta de humildade para dar-se por necessitado do conhecimento para exercer bem a tarefa a que se propôs, seja ela qual for, evitando a negligência e a falta de zelo, indispensáveis em tudo que se faça e principalmente na arte de educar.
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A MIGRAÇÃO DOS DEMÓNIOS FAMILIARES
demónios familiares ficaram conhecidos na cultura babilónica, quando o povo pagão adorava os deuses caseiros, esculpidos em madeira, bronze ou barro. Cada família esculpia seus próprios deuses, davam-lhe uma feição e um nome qualquer e os preservava como símbolo de seus clãs. Em caso de necessidade, clamavam pela ajuda dessas estatuetas e acreditavam piamente que poderiam ajudar. Em caso de briga entre facções rivais, os vencedores eram sempre os que tinham deuses mais fortes e muitos deles tornaram-se expressão nacional, sendo cultuados nacionalmente e até além das fronteiras de um país. O costume de construir os próprios deuses alastrou-se através das caravanas que atravessavam as regiões áridas, rumo as terras próximas ao Mediterrâneo, com o intuito de comercializar seus produtos e adquirir outros para venderem na volta. Um dos praticantes 35
DEMÓNIOS FAMILIARES
dessa arte era Labão, tio de Jacó, que morava em Harã, uma cidade na região da Mesopotâmia onde adoravam o deus-lua. Esse homem era pai de Raquel e Leia, esposas de Jacó e, como o pai, eram pagãs e não conheciam o Deus único de Abraão, Isaque e Jacó. Uma observação necessária para se entender o interesse dos povos antigos em construir, preservar e acreditar nesses deuses se faz necessária antes de partirmos para outras considerações a respeito do assunto. Por que eles faziam isso sabendo que o deus havia sido criado à sua própria imaginação? Eles realmente recebiam alguma graça quando pediam e organizavam culto com a intenção de homenagearem seus representantes no plano subjetivo. Estou falando que aqueles povos recebiam algum retorno de seus pedidos aos deuses de barro (ou outro material), que esculpiam com as próprias mãos. Se eles não recebessem absolutamente nada, não continuariam a cultuar aqueles formas de divindades, visto que perderiam o interesse e a motivação diante de um silêncio continuado das entidades. Se os deuses eram estátuas confeccionadas pelas mãos do artífice, não falavam e nem tinham nenhuma forma de poder que pudessem recorrer para atender as súplicas de seus fiéis, como então recebiam tais graças? Não percebeu? Quem atendia alguns desses pedidos para manter a fé dos incautos em falsos deuses eram os demónios que estavam no interior daquelas estátuas, conforme garante o apóstolo Paulo em ICo 10.19-21: "Mas que digo? Que o ídolo é alguma coisa? Ou que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demónios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demónios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demónios: não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demónios". 36
A M I G R A Ç Ã O DOS D E M Ó N I O S F A M I L I A R E S
Em Deuteronômio 32.17 fica ainda mais clara essa afirmação de que as estátuas encerram em si demónios que podem, eventualmente, atender pedidos de seus proprietários. Preste atenção que estou falando em estátuas, não só daqueles deuses antigos. Os demónios são os mesmos, eles não mudaram sua natureza e seus objetivos no transcorrer dos séculos e fazem o mesmo que faziam desde o começo do mundo. Atente para o que está escrito em Deuteronômio: "Eles ofereceram sacrifícios aos demónios, não a Deus; a deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco dos quais não estremeceram seus pais". Eram ídolos importados aos quais eles sacrificavam animais e prestavam cultos. Deuses vindos da Babilónia e outros países trazendo em seu interior milhões de demónios. Essa duas afirmações poderiam ser suficientes para um entendimento completo da questão, mas como existem pessoas tardias para aceitarem a verdade, Salmos 106.36,37, é um outro exemplo que convém ser citado: "Deram culto a seus ídolos, os quais se lhes converteram em laço, pois imolaram seus filhos e suas filhas aos demónios". Aqui o salmista é bastante objetivo ao informar que os adoradores de ídolos caíram na armadilha do diabo. Indubitavelmente, a idolatria está ligada ao demonismo e é veementemente censurada tanto pelo Velho como pelo Novo Testamento. Voltemos aos demónios familiares descritos em Génesis 31.19: "E havendo Labão ido tosquiar as suas ovelhas, furtou Raquel os ídolos que seu pai tinha". Medite mais demoradamente nessa afirmação. A esposa de Isaque, nascera e fora criada em Harã, uma terra pagã. Consequentemente, ela praticava a crença pagã de seus pais e, na iminência de partir com o marido de volta a Canaã, furtou os deuses de sua família para levá-los consigo, obter proteção e cultuá-los. Labão, como todo povo 37
DEMÓNIOS FAMILIARES
não judeu, fazia seus deuses familiares e guardava-os como sagrados e dignos de culto. Se você não conhece essa passagem, leia e medite nela. Entretanto, posso adiantar que esses demónios, em total simbiose com os ídolos, só faziam mal à família de Labão que não ia bem nos negócios e seus animais não reproduziam como deveriam, a ponto de fazer-lhe progredir materialmente. Com Isaque foi diferente, o Deus verdadeiro estava com ele e deu-lhe riqueza durante o tempo que trabalhara para o tio em troca do casamento com as primas. A fidelidade de Deus era tão grande para com Isaque que foi extensiva a Labão e este começou a reconhecer que o Deus de seu sobrinho era melhor que os que esculpira para si (Gn 30.27-30). Há muitos que realmente relutam em aceitar a verdade e segui-la. Labão, mesmo com a evidência de que o Deus de Isaque era o verdadeiro, poderoso e único Senhor, não o seguiu e continuou cultuando seus deuses e "amansando" os demónios atraídos por eles. Quando descobriu que alguém levara suas estátuas, ficou furioso e determinou que iria atrás de Jacó, inclusive com a intenção de fazer-lhe mal. Ao encontrar a caravana do sobrinho, enfatizou que viera disposto a castigá-lo, mas não o faria porque Deus falara com ele nesses termos: "Poder havia em minha mão para vos fazer mal, mas o Deus de vosso pai me falou ontem à noite, dizendo: guarda-te não fales a Jacó nem bem nem mal". Em seguida o sogro pediu ao genro as estátuas, perguntando-lhe por que havia furtado seus deuses. Jacó não sabia que sua própria esposa era a ladra e escondera os deuses sobe sela do camelo, sentando em cima. Quando o pai ameaçou procurar ali, ela dissera-lhe que estava menstruada e não podia levantar-se (naquele tempo não existia modess). Com isso, Labão deixou-a em paz, mas imediatamente os demónios acenderam-se a ira e houve uma discussão entre sogro e genro. 38
A MIGRAÇÃO DOS D E M Ó N I O S F A M I L I A R E S
Leia todo o texto e observe como os demónios colocaram um contra o outro, ambos lançando acusações mútuas valendo-se de coisas há muito passadas, mas que havia magoado e sido guardadas no coração. Qualquer semelhança com o que acontece hoje não é mera coincidência, é ação demoníaca, mesmo. Esses demónios familiares gostam de promover contendas e inimizades entre a família e os crentes são os mais visados. Como Deus estava com Jacó, tudo terminou bem entre ele e o sobrinho, mas normalmente não é isso que acontece quando os demónios entram em ação para promover balbúrdias, discussões, desencontros e desentendimentos. Se você tem estátuas em sua casa, sejam quais forem, pode ter certeza de que é possível, sem saber, estar oferecendo guarida aos demónios e muitas coisas que tem acontecido em sua vida pode não ser mero acaso. Brigas entre casais que estão bem e, de repente, se desentendem, separações inexplicáveis, prejuízos dados por alguém que vem de longe, parecendo mandado, tudo isso dá para desconfiar e você não pode "dormir de toca", vendo as coisas acontecer primeiro para depois tomar providências. Desfaça-se das estátuas e verá que muitas coisas irão melhorar para si e sua família. Uma das passagens bíblicas que também se refere aos demónios familiares está em Isaías 8.19 que diz o seguinte: "Quando vos disserem: consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram entre dentes - não recorrerá um povo a seu Deus? A favor dos vivos interrogar-se-ão os mortos?" O que quer dizer desse texto? No tempo de Isaías a Assíria dominava o mundo e mantinha sua influência idólatra entre os povos e Israel não ficava indiferente. Por isso, o profeta usa o seu ministério para denunciar os juízos de Deus, não só sobre o seu povo como também sobre as nações circunvizinhas e a própria Assíria. A introdução às praticas estranhas à verdadeira 39
DEMÓNIOS FAMILIARES
religião era um dos principais motivos da ira de Deus e, entre a prostituição religiosa, estavam o ocultismo em suas diversas variantes, tanto a consulta aos mortos como a adivinhação e a mediunidade. Deus levanta Isaías para denunciar o estado pecaminoso da nação e anunciar o ajuste de contas que se daria em breve, quando Deus permitiria a invasão de Israel pelos assírios. No capítulo 8, o profeta fala exatamente dessa prática abominável ao Senhor enumerando os diversos segmentos em que o povo tropeçava em termos de religiosidade. A que espíritos familiares o profeta se referia e por que não se podiam consultar essas entidades? Elas representavam o reino das trevas, o poder oculto por trás de um sistema religioso falso, deturpado e deturpador da verdade em relação aos ensinos bíblicos herdados pelos Israelitas através de Moisés. Esse poder paralelo procurava desacreditar o sistema de adoração imposto por Jeová e as fontes da Revelação instituídas por Deus através dos profetas, seus legítimos oráculos. Os espíritos viviam em família e seus consultores eram médiuns, membros das famílias que os consultavam em rituais próprios. O dicionarista John Davis diz que eles eram espíritos de pessoas falecidas e que os médiuns, modernamente chamados canalizadores, podiam invocar e consultar um espírito específico para perguntas de cunho íntimo da família interessada. Os familiares eram conhecidos porque falavam com voz abafada e cavernosa, como se viesse das profundezas da terra ou do som emitido através de um bambu oco, conforme revela Isaías no capítulo 29.4 do seu livro: "então serás abatida, falarás de debaixo da terra, e a tua fala desde o pó sairá fraca, e será a tua voz debaixo da terra, como a dum feiticeiro, e a tua fala assobiará desde o pó".
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É isso que o profeta quis dizer ao afirmar que "Chilreiam e murmuram entre dentes", descrevendo um quadro realista dos rituais de consultas ao sobrenatural. Os israelitas acostumados à prática, conheciam a maneira de vários espíritos se manifestarem, como ocorre hoje entre os espíritas, que podem perceber qual espírito está incorporado no médium através do conjunto de suas características. Esse tipo de espiritismo (necromancia), era proibido pela lei de Moisés e punia com a morte os que não a observassem, determinação registrada em Lv 19.31 e Dt 18.11. Um dos casos mais conhecidos e comentados a cerca da consulta aos mortos na Bíblia, é o da feiticeira de En-Dor, consultada por Saul em ISm 28.8. Esse foi um dos casos mais típicos de consulta aos espíritos familiares relatados (e condenados) pela Bíblia. O rei Saul queria consultar o espírito de Samuel sobre a sua possibilidade de vitória contra os filisteus. Ele pediu à médium que adivinhasse pelo espírito de feiticeira, ou o espírito familiar que conhecia Samuel. No verso 12 diz "vendo pois a mulher a Samuel, gritou em alta voz..." Na realidade, aquele não era o espírito de Samuel, mas de um demónio familiar que revelou à feiticeira que o homem que estava lhe pedindo a consulta era o próprio Saul disfarçado. Ela ficou apavorada ao descobrir que fora ludibriada e que provavelmente seria morta, já que o rei mandara banir e matar todos os feiticeiros do reino. Saul tranquilizou-a e ordenou que lhe dissesse o que via. "Vejo deuses" - respondeu ela. Esses deuses eram as legiões demoníacas do mundo sobrenatural, os mesmos que se alojam nas casas, perturbam famílias e desde os tempos remotos vêm causando sérios danos na sociedade humana. A Bíblia revela quem são esses demónios para que o homem penitente e sincero tenha uma bússola para se orientar 41
DEMÓNIOS FAMILIARES no âmbito espiritual. Em IJo 3.12, por exemplo, revela que Caim era do maligno, ele tinha uma natureza má, suas ações exteriorizavam o que estava dentro de si. "Não como Caim, que era do maligno, e matou seu irmão. E por que causa o Matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas. Por mais que a pessoa desconheça os ensinos bíblicos, não é possível ignorar a existência provada e comprovada de duas forças distintas e atuantes na face da terra. Caim era do maligno e as obras dele eram más. Evidentemente, as obras de uma pessoa que esteja sob influência do reino das trevas não podem ser boas. Isso não isenta alguém da responsabilidade para com seus atos, mas indica que, por trás de uma ação má, existe muito mais que uma criança mal educada, um jovem insubmisso, uma pessoa inconsequente ou um viciado em drogas. Isso é fácil deduzir através da pergunta: "por que todas as pessoas não são totalmente boas ou totalmente más?" Porque as influências que estão sobre os homens são diferentes, originam-se de duas fontes distintas e antagónicas. As forças do bem devem conhecer as forças do mal e lutar contra elas para diminuir a influência do reino do mal sobre a terra. Foi isso que Jesus quis dizer ao afirmar "o reino de Deus está entre vós" ou "dentro de vós", conclui-se que a operação dos reinos do bem e do mal desenvolvem-se no interior dos homens, em suas mentes, dirigindo-os para o bem ou para o mal. Os demónios apontados como influenciadores do mal pela Bíblia, agem na origem do homem, em sua base fundamental, a família. O desajuste começa em casa, berço da educação e de toda cultura primitiva que a criança adquire em sua primeira infância. Esse aprendizado familiar é que forma a estrutura onde estará assentado todo conhecimento adquirido ao longo da vida. Um alicerce mal feito, sabe-se, oferece perigo à construção, que pode desmoronar antes mesmo de terminada a obra. 42
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Aqui entra a responsabilidade paterna que é determinante na criação e formação do caráter dos filhos. Entretanto, pouquíssimos estão preparados para oferecer uma base educacional sólida a seus descendentes, fazendo-os crescer preparados para entender e lidar com o aspecto sobrenatural da vida, tão real e presente como o alimento diário que os mantêm vivos. A igreja tem pouco para oferecer nessa área por causa do despreparo dos líderes, do pouco material disponível sobre o tema e até do preconceito que um estudo sobre os demónios gera, como se eles não fossem um tema bíblico e uma das principais razões dela ter sido escrita.
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DIVERSAS MANIFESTAÇÕES NO N. T.
Novo Testamento registra diversas manifestações demoníacas. Elas aconteceram principalmente no ministério de Jesus, mas estão presentes também, em suas diversas formas, no livro de Atos, durante a consolidação do cristianismo no Oriente Médio e parte da Europa. Nas cartas, não há registro de possessão, mas evidências claras de que ela acontecia no cotidiano da igreja primitiva. Nos evangelhos, o confronto direto de Jesus com os poderes das trevas não tem o escopo de oferecer um "manual de exorcismo" ao cristão, mesmo porque a ação de Jesus não era padronizada e nem sistemática, em cada caso ele agiu diferente, certamente porque conhecia as razões por trás dos endemoninhados que encontrou e os amava acima de tudo. Não há registro, em nenhuma situação, em que as pessoas possuídas pelos espíritos malignos fossem más ou tivessem cometi45
DEMÓNIOS FAMILIARES
dos terríveis pecados. Eram como as demais, carentes do perdão e misericórdia de Deus, o que oferecia a oportunidade para Jesus consolidar a sua autoridade e revelar, definitivamente, a sua identidade como o Filho de Deus, depositário de todo poder criador universal. Em algumas ocasiões Jesus deparou com a presença de espíritos familiares incorporados e perturbadores, decididos a acabarem com seus hospedeiros, muitos até simulando doenças graves e incuráveis. O primeiro exemplo acontece na pequena Capernaum, num dia de sábado, na sinagoga. Nessa localidade, bem próximo ao Mar da Galileia e caminho para vários lugares da região, Jesus praticamente iniciou seu ministério e fez muitos milagres. Ali, em função do grande fluxo de pessoas, havia muitos doentes, aleijados, miseráveis e com os mais variados problemas de ordem física e mental. Havia na sinagoga um homem que estava possuído por um espírito imundo, mas que permanecia calado enquanto Jesus ensinava. A certa altura, o espírito não suportou a presença de Jesus e se manifestou perguntando-lhe "vieste destruir-nos?" (referindo-se à sua casta). Essa pergunta revela que aquele demónio era do tipo familiar que encosta-se a suas vítimas e as acompanham por todos os lugares, inclusive nas igrejas. O costume deles é ficarem quietinhos, motivo pelo qual passam anos sem serem percebidos, indo aos cultos, participando de reuniões de oração, mas sempre levando seu hospedeiro a cometer desvios que são péssimos testemunhos para o reino de Deus. Eles vêm de casa, voltam para casa e ficam por ali, tranquilos, agindo nas sobras. Só Jesus tem o poder dominador sobre todas as coisas nos planos visível e invisível e é sobejamente conhecido pelos demónios, que tinham como único meio de 46
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contrariar Jesus a revelação da sua identidade, na esperança de levantar a população contra ele, já que, no judaísmo, o grave pecado do auto endeusamento era punido com morte por apedrejamento. Por isso, aquele demónio gritou: "bem sei quem és, o Santo de Deus". Jesus não era um santo, era o Santo de Deus, E isso era muito grave aos olhos dos judeus. O Mestre apressou-se em mandá-lo calar-se e ordenou que saísse do homem. Essa espécie sempre reluta em sair de seu "aparelho" ou "cavalo", somente o fazendo sob a inquestionável autoridade maior de Deus, usada pelo crente muito consagrado e especialmente levantado para esse ministério. Um outro exemplo é descrito em Marcos (9.14) passagem conhecida como "o jovem lunático". No versículo 17, o pai revela a Jesus que havia trazido o filho na esperança de que o livrasse de um espírito mudo. Repare que a família desse rapaz estava consciente de que ele estava sendo vítima de possessão espiritual e que o encosto tinha deficiência oral, era mudo. Como sabiam? Através da leitura do Velho Testamento e de fatos que comumente aconteciam, envolvendo possessão pelas mais variadas castas demoníacas. Os espíritos dessa legião são normalmente de natureza muito má, apossam-se de suas vítimas ainda crianças e ali permanecem por longos anos ou até matarem-nas, o que normalmente é sua intenção. Atente para o versículo 18 em que o pai revela, entre outras consequências, que o menino "ia secando", uma característica comum da posse por espíritos com limitações, como mudez, cegueira, surdez, aleijume e o embrutecimento natural dos poderes das trevas. Já vi alguns possessos morrerem pele e osso sem que os médicos descobrissem as causas. É também um tipo difícil, reluta em deixar seus hospedeiros e quando o fazem, causam convulsões e exaurem toda a energia do corpo, deixando a vítima como morta. 47
DEMÓNIOS FAMILIARES Esse, que se apossava do jovem, nem os discípulos de Jesus conseguiram expulsá-lo porque há algumas exigências especiais para lidar com eles. Normalmente, esse é o tipo que denuncia logo que vê um homem de Deus aproximar-se. Entretanto, se não for realmente um homem ou uma mulher de Deus, não adianta nem chegar porque vai levar a pior. O versículo 20 descreve como ele ficou perturbado ao ver Jesus, agiu com violência típica, jogando seu "aparelho" no chão, estrebuchando e escumando, uma das características dessa possessão. No verso 22, o pai revela que o demónio muitas vezes o tinha jogado no fogo e na água na tentativa de acabar com ele. Conheci um moço que, por várias vezes, quase morrera afogado, mas nunca deixou de ir aos rios, até que um dia acabou mesmo morrendo afogado. Essas pessoas parecem que têm uma sina, conforme diziam os antigos, que as impelem para um destino do qual não conseguem livrar-se. Tudo é possível ao que crê - disse Jesus. Como o pai daquele menino creu, o Mestre repreendeu o espírito imundo, enfatizando que ele não deveria mais voltar a possuir o corpo daquele juvenil. Essa ordem para que não volte é fundamental no tratamento com espíritos familiares. Isso porque, persistentes, eles saem, mas ficam a espera da vítima na porta da sua casa e a toma logo que atravessa o umbral da porta. Existem casos de pessoas que tinham algum problema físico e parecem repentinamente curadas após algum tratamento físico ou espiritual. Tempos depois, pode-se ouvir alguém comentar: "fulano passou muito tempo sem problemas, até parecia curado mas, de repente, voltou tudo de novo, parece até pior que antes". Você já ouviu isso alguma vez? Lógico que muitos, principalmente os médicos, têm as mais diversas explicações para 48
DIVERSAS MANIFESTAÇÕES NO N.T. esses casos, mas os manicômios e casas de saúde estão lotadas de pessoas com esses sintomas e que a medicina não dá jeito, dizendo apenas que "são problemas mentais", ministrando alguns remedinhos que nunca resolvem. Assim foi o ministério de Jesus, um confronto direto com o poder das trevas, sempre anulando seus poderes danosos à saúde física e mental dos homens. Em Mateus 4.23-25 há uma descrição mais precisa daquilo que Jesus viera fazer e o fazia com sabedoria e graça. "Percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo. E a suas fama correu por toda a Síria; trouxeram-lhe, então, todos os doentes, acometidos de várias enfermidades e tormentos: endemoninhados, lunáticos e paralíticos. E ele os curou". Jesus encarava as questões espirituais com seriedade e sabia que muitos dos males físicos estão ligados ao mundo sobrenatural, além dos sentidos e da compreensão comum do homem, de natureza incrédula naquilo que não pode ver e, muitas vezes, até desdenhando daquilo que se lhe falam sobre fatos do mundo subjetivo, que não entendem e nem se interessam. No livro dos Atos dos Apóstolos, a questão demoníaca envolve mais a possessão por uma casta de espíritos mais evoluídos e especificamente treinados para agirem em nome do ocultismo espiritualista, uma prática comum entre o paganismo no mundo da cultura helenística, de tradições filosóficas e cheia de explicações próprias dos mais variados fenómenos extra-sensorial, é embasada na herança da sabedoria legada pelos estúdiosos do passado. Cidades como Eféso, Corinto, Colossos, Tessalônica, Filipos e tantas outras, usufruíam de situação privilegiada em conhecimentos, tanto nas áreas das ciências naturais s
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como no ocultismo sobrenatural, contando com uma vasta literatura, cara e vinda de locais distantes como Roma, Ásia e Egito. Nesse ambiente aberto a todo ensinamento, principalmente as novidades, a Igreja chegou no poder do Espírito Santo, fazendo maravilhas através dos apóstolos e discípulos de Jesus. Logo, os acontecimentos chamaram a atenção do povo e das autoridades, que tinham as mais diversas opiniões sobre aquilo que presenciavam e as discutiam em praça pública. Em Atos 5.11-14, há uma descrição do panorama da época em relação ao prestígio que os apóstolos gozavam entre a população, temerosa, curiosa ou convertida, mas presente. "E houve um grande temor em toda a igreja e em todo os que ouviram estas coisas. E muitos sinas e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E estavam todos unanimemente no alpendre de Salomão. Quanto aos outros, ninguém ousava juntar-se a eles; mas o povo tinha-os em grande estima. E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais". Essa passagem é final da narrativa da morte de Ananias e Safira por mentirem ao Espírito Santo. Era o poder que vinha agindo no campo do inimigo, as famílias, partindo desse meio para uma limpeza pregada e exigida pela nova religião, enchendo todos de espanto e receio porque jamais haviam visto e ouvido coisas semelhantes. De Jerusalém à Samaria e de lá para o resto do mundo conhecido, a igreja chegava sempre detonando o poder das trevas o ocupando seu lugar no mundo que deveria ser transformado por esse poder extraordinário. Na Samaria, próspera capital da Galileia e bastante movimentada com gente de todas as culturas, o evangelho chegou através de Filipe, com grande autoridade e determinação. No verso 7 do capítulo 8 há um exemplo do poder exibido pelo mis50
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sionário cristão: "Pois que os espíritos imundos saiam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados". Preste atenção no fato dos espíritos imundos serem "desentocados" e expulsos como ingrediente natural e necessário do ministério apostólico na colocação dos fundamentos da Igreja. Eles não se vangloriavam disso porque eram trabalhadores na seara do Mestre, sendo levantados exatamente para combaterem os poderes das trevas e implantar o reino da luz. No trabalho missionário de Filipe surgiram diversos desafios, o que era uma constante no trabalho de todos os discípulos de Jesus, uma vez que os poderes das trevas ficavam furiosos e cada vez mais se revelavam uma faceta das organizações demoníacas. Uma delas foi o espiritualismo oculto, parte das ciências esotéricas, conhecida como magia ou artes mágicas. Esse poder era exercido por um homem conhecido como Simão. Convém acrescentar que os ilusionistas e mágicos sempre apareciam nas maiores cidades da época para trabalharem junto ao público, enganando muitos e fazendo dessa arte um meio de vida. Hoje não é diferente e, apesar da evolução, milhares continuam sendo enganados exatamente como o eram naquela época. Minha mãe costumava dizer que os trouxas nunca acabam. Simão já havia granjeado bom conhecimento entre a população, que o tinha como autoridade no plano sobrenatural. Ele acompanhava o movimento dos apóstolos mais por curiosidade do que por convicção de que Jesus era o Senhor e Salvador. Como mágico, ele sabia perfeitamente que seu poder era limitado a truques e conhecimentos ocultos em que agiam os próprios demónios. Quando observou o que faziam os apóstolos, reconheceu logo que aquela capacidade era diferente da sua e não podia ser obtida do mesmo modo que aprendera as ciências 51
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da magia. Ficou extasiado e desejou poder fazer o mesmo, visando o engrandecimento próprio e aumentando suas chances de ganhar mais dinheiro explorando a nova prática. Pedro e João, que haviam vindo de Jerusalém para ajudar na propagação do evangelho, repreenderam Simão porque lhes oferecera dinheiro em troca do poder espiritual que eles demonstravam. O mágico, temeroso das consequências da sua ousadia, arrependeu-se e pediu que os apóstolos intercedessem por ele para livrá-lo de um possível castigo. Esse foi o encontro dos discípulos de Jesus com outro tipo de manifestação do poder oculto das trevas. Um outro caso típico da ação dos poderes que comandam as práticas ocultistas é o de Elimas, o encantador, descrito no capítulo 13 de Atos. A capacidade de "encantar" exigia dos que se dispunham a fazê-lo uma dedicação maior ao aprendizado do que as artes mágicas. Os demónios, logicamente, usavam mais intensamente essas pessoas em seu intento de trabalhar contra a implantação da igreja de Cristo. Foi o que aconteceu quando Barnabé e Paulo fizeram uma viagem missionária à ilha de Chipre, ocasião em que encontraram o pró cônsul Paulo Sérgio, cidadão de muita cultura, versado em direito romano e que gostava de aprender sempre. Esse jeito de ser levou aquela autoridade a interessar-se pela pregação do evangelho que Paulo lhe dirigia com o fito de convertê-lo ao cristianismo. Elimas, que era judeu e falso profeta, usado pelo demónio que o dirigia, começou a interferir na conversa de Paulo, impedindo que o pró cônsul prestasse atenção no que o apóstolo dizia. Irritado, o missionário esconjurou o encantador e determinou que ele ficasse cego para não atrapalhar a evangelização. Elimas imediatamente perdeu visão e começou andar às tontas, pedindo para que o amparassem. Paulo Sérgio, maravilhado com o poder 52
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divino, aceitou a Cristo e a luz novamente vencera o poder das trevas, demonstrando que o verdadeiro crente, leal à verdade bíblica, é sempre mais que vencedor. Em Atos, há também a narrativa do caso de uma jovem x que tinha um espírito de adivinhação. E uma outra forma de prática ocultista, também dirigida por demónios. Essa moça dava consultas públicas e cobrava por elas, passando o dinheiro a seus senhores, que a tinham como escrava e exploravam sua capacidade extra-sensorial. Naquele tempo, o lucro dessa atividade não vinha do povão nas ruas, mas dos ricos e governantes que chamavam essas pessoas para darem consultas nos palácios e as enchiam de presentes caros e dinheiro. O demónio, sagaz, começou a acompanhar Paulo e seus amigos e o fez por diversos dias, sempre bradando serem eles servos do Deus Altíssimo. Ele agia assim para atrapalhar as pregações e para confundir a cabeça dos ouvintes. Exasperado, Paulo ordenou que o demónio se retirasse da moça. Indignados por perderem sua fonte de renda e poder, os donos da moça prenderam Paulo e Silas e os levaram às autoridades romanas que trabalhavam naquelas possessões, anteriormente dominadas pelo grande império grego. Castigados com açoites, foram jogados na prisão, mas um anjo os libertou. Você entendeu que o trabalho dos espíritos imundos é atrapalhar a obra de Deus. As pessoas fazem coisas erradas sem perceberem que estão sendo usadas por uma força invisível e maligna, atuando no plano além da percepção lógica. Quem trabalha com as várias formas de ocultismo o fazem sob a influência dos espíritos maléficos. Onde há algumas dessas práticas, ali estão os demónios porque são eles que conduzem os resultados de consultas aos mortos, adivinhações e até muitas 53
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curas consideradas "milagrosas". Os demónios tentaram impedir a progressão do cristianismo no início da igreja e continuam fazendo o mesmo hoje, usando os mesmos recursos e lançando mão de tudo que podem para atingir seus objetivos. Eles usam as pessoas, ingénuas espiritualmente, as que acreditam em tudo e ouvem e vêm e as que não conhecem e não seguem a verdade revelada nas Escrituras Sagradas a respeito da vida espiritual, que tanto pode ser abundante como um verdadeiro desastre. Como há os de crença fácil, há também os que estão em outro extremo, duvidando de tudo e ainda zombando daquilo que não entendem. Nenhum dos extremos é recomendável. As pessoas devem ter equilíbrio e observarem o máximo da sensatez necessária testemunharem um vida limpa e espiritualmente saudável.
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AçAo DEMONÍACA NA FAMÍLIA: UMA AVALIAÇÃO
l\l unca o mundo assistiu, inconformado e inerte, a tanta violência, discórdia, desentendimentos, lutas e falta de amor, que resulta nisso tudo e em outros fatos igualmente lamentáveis que marcam a humanidade na era da informática e das grandes conquistas científicas e tecnológicas. As autoridades de nações poderosas, que aparentemente poderiam ajudar a resolver a situação, perguntam em desespero: "Por quê? Por quê? As respostas não vêm, mas milhões sabem qual é: a falta de Deus nos corações dos homens, a falta de sinceridade na prática dos verdadeiros princípios que norteiam o cristianismo. À primeira vista seria um problema fácil de resolver. Bastaria aos homens aceitarem essa realidade e começarem a agir conforme as deter55
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minações de Deus e que ninguém ignora quais são. E por que não o fazem? Será que Deus quer que a humanidade fique eternamente sofrendo as consequências de seus próprios atos insanos e auto-destruidores? Não. Com certeza, não. O problema está na origem. A inimizade entre o homem e a serpente só teria fim quando a semente da mulher pisasse a cabeça desse réptil peçonhento. Ele veio e fez exatamente o que estava escrito que faria, mas o mundo continuou o mesmo. Por quê? O problema está na origem. Ninguém consegue livrar-se do pecado original a não ser através de Jesus Cristo, mas o filho de Deus não é uma mercadoria de supermercado que se compra quando precisa e está sempre à disposição na prateleira. Para seguir a Jesus é necessário sacrificar o ego, anular a si mesmo. Uma minoria nesse mundo extraordinário estaria disposta a esse sacrifício em benefício de si mesmo e de toda a humanidade. Os pais, quando os filhos mal começam a balbuciar, querem ensinar-lhes a responder "à altura". Depois não admitem que levam desaforo para casa e depois, os romances, os filmes, os programas de televisão, a história cheia de exemplos de que o homem deve ter "orgulho próprio". Deve ser senhor de si, dominador, exigente e comandar sempre, na busca do sucesso, dinheiro, posição, poder. O egoísmo é característico do homem desde o dia em que Eva contemplou a árvore do conhecimento do bem e do mal. Ninguém gosta que seus erros sejam apontados. A maioria prefere continuar errando, satisfazendo egoisticamente seus próprios desejos e o resto... O que determina esse egoísmo latente? É o sistema maligno que opera entre os homens desde a dimensão cósmica, impedindo-o de ver, aceitar e praticar as verdades de Cristo, exercendo incondicionalmente o perdão, como ele 56
AÇÀO D E M O N Í A C A N A F A M Í L I A : U M A A V A L I A Ç Ã O
fez na cruz do Calvário. Quantos pais interessam-se em ajudar os filhos e descobrirem e desenvolverem a vida espiritual, incentivar uma formação religiosa sólida, fundamento da vida exemplar, próspera e saudável? Não são muitos, mas a maioria quer abarrotar o intelecto das pobres crianças com toneladas de conhecimentos essenciais para vencer, indispensáveis para o mercado de trabalho e que, infelizmente, acabarão um dia sob a lápide fria de um túmulo. E os valores eternos, que transcendem a própria morte, onde é que ficam? O que você tem ensinado a seu filho? Não importa quem você é e o que faz, se não tem herança espiritual para deixar a seu filho, está se alinhando com Davi, Eli, Salomão, Jó e outros personagens da Bíblia que foram péssimos educadores, apesar de oferecerem a eles tudo que poderiam desejar em termos de conforto material. O resultado do egoísmo é que o homem tornou-se incapaz de operar a justiça de Deus e acredita que pode fazer valer a sua própria justiça, embora Paulo a tenha considerado "trapos de imundície", ante a justiça de Deus. Essa incapacidade de apossar-se dos valores do alto leva o ser humano a cultivar paixões, vaidade, ilusões. Compreender que o homem é mortal mas que seus feitos sobrevivem além dos umbrais da eternidade, é fundamental para a conscientização de que tudo de bom deve ser feito aqui e agora. O que está acontecendo no exato momento que a humanidade pensa apenas em acumular riquezas e poder como se a morte tivesse sido banida da face da terra? O que Satanás vem tentando fazer desde o paraíso, acabar com a família, dilacerando-a, derrubando seus mais sagrados valores por terra, depreciando a instituição milenar do casamento e banalizando a prática sexual, considerando-a instrumento de mero prazer carnal, com pouco ou nenhum sentimento afetivo, empurrando o homem e a mulher para o caminho da solidão, a falta de rela57
DEMÓNIOS FAMILIARES cionamentos sólidos que lhe garantam a segurança de uma estrutura familiar sólida e a ausência de laços efetivos, fundamentais para o equilíbrio emocional do género humano, essencialmente gregário em sua natureza. O resultado disso é infelicidade. Quem está interessado na infelicidade do homem? Deus o criou para ser feliz. O diabo o derrubou para separá-lo de Deus e torná-lo infeliz. No afã de oprimir, obstar e obscurecer, a existência humana, Satanás coloca diante dela o que mais gosta não o que mais lhe convém e convence a todos, em nome de uma evolução que conduz ao abismo, que novas ideias, filosofias, costumes, valores são melhores do que o que era praticado anteriormente. A desculpa para os erros da atualidade é uma evasiva: "são os tempos modernos..." Tempo em que aumenta acentuadamente o consumo de bebidas alcoólicas entre as mulheres, diminui a faixa etária em que os jovens começam fumar, com o vício do tabagismo se alastrando entre as mulheres e a vida agitada a que se obrigam para ajudarem no sustento da família, tem elevado o número de mulheres com problemas cardíacos, estresse e depressão. Mais de 30 por cento dos jovens que se casam hoje, certamente estarão separados antes dos dez primeiros anos. O número de divórcios atingem 150 mil anualmente no Brasil e desses, a maioria tem pelos menos um filho menor. O comportamento moderno, sob os ventos do liberalismo trouxe a maior ameaça que a família já enfrentou ao longo da história humana. E a nova ideia de liberdade e o seu uso sem maturidade, desrespeitando limites que todo homem deve impor aos seus atos. Essa liberdade, exercida com irresponsabilidade, impede a autocensura tão necessária para uma avaliação de conduta dentro da sociedade. É o caso da liberação do lar s
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AÇÃO DEMONÍACA NA FAMÍLIA: UMA AVALIAÇÃO
para a prática sexual entre filhos solteiros, transformando o sagrado recesso da família num antro de lascívia, nada diferindo de um motel particular, melhor ainda porque é gratuito. Cada membro da família precisa conhecer os seus limites e se colocarem em seus lugares, porque o caos é trazido para dentro das casas pelos próprios familiares, não pelas pessoas de fora. Essa liberdade nefasta é tão defendida e apreciada que os poucos pais que ousam educar os filhos num clima de respeito mútuo, cada um sabendo até onde pode ir, são severamente e criticados, tanto pelos coleguinhas dos filhos como pelos amigos que não conhecem a virtude do freio e choram amargamente o filho que usa drogas, a filha que engravidou aos 15 anos, o filho mais velho que divorciou e trouxe os dois netos para eles criarem e tantos outros resultados puros e simples da falta de limites, de responsabilidade, de um mergulho profundo no entendimento dos bons valores perdidos. São essas as portas por onde entram os demónios familiares. Corroem seus alicerces como infestação de cupins e, quando se percebe, a família desmorona, a infelicidade bate à porta, a tristeza entra, o mal se alastra. Vem a depressão, os males físicos e a morte. Tudo como resultado de um entendimento caolho do verdadeiro significado de liberdade, aquela que Jesus pregou, enfatizando que os valores morais devem ser preservados e observados por livre e expontânea vontade, movido exclusivamente pelo amor. Não o egoísta e interesseiro que hoje se observa, mas o amor incondicional que nada pede para si mas que tudo dá, tudo perdoa, tudo compreende, como enfatiza o apóstolo Paulo em seu belo texto de ICo 13. Tenho dezenas de amigos divorciados. Alguns deles, compartilhamos bons momentos e presenciamos o nascimento de 59
DEMÓNIOS FAMILIARES seus filhos. Todos são unânimes em dizer que a separação foi a pior coisa que poderia ter acontecido em suas vidas, e que nunca puderam consertar o que se quebrou e nem livrar-se das raízes de amargura que sempre ficam após o fim de um relacionamento tão íntimo como o casamento. Houve retrocesso na educação dos filhos, dificuldades de readaptação, traumas psicológicos, reação, mudança de comportamento, censuras, incompreensão, falatórios, culpa. Nenhum divórcio é bom e jamais os filhos se alegram com a separação dos pais, ao contrário, são os primeiros a sentirem o baque e acusar o golpe através de uma sensibilidade que os adultos jamais compreenderão possível em crianças da mais tenra idade. O divórcio normalmente é egoísta e por motivos fúteis. Quando não há qualquer desculpa, a "incompatibilidade de génios" serve para legalizar o ato, como se ela fosse redimir toda a culpa, apagar todo um passado e fazer o tempo passar como se nada houvesse acontecido. A família precisa de amarras fortes. Seus alicerces precisam estar fortemente concretados para evitar que sejam abalados ao soprar dos ventos. Constroi-se o amor cimentado na compreensão, tolerância e perdão incondicional. O ego do cônjuge deve ser sempre massageado com o elogio da gratidão, admiração sincera dos valores mútuos e apreciação de qualidades sempre lembradas. As pessoas gostam de serem lembradas e valorizadas, principalmente por quem amam. Uma flor, um gesto de carinho, um agradecimento são suficientes para manter acesa a chama de um sentimento que nunca morre, apenas arrefece o seu fervor. Os problemas da família moderna têm origem na corrosão de quatro princípios fundamentais: a estrutura, a disciplina, a moral e a fé. O problema de ordem estrutural teve início com o 60
AçAo DEMONÍACA NA FAMÍLIA: UMA AVALIAÇÃO
avanço da tecnologia e a construção de máquinas agrícolas capazes de substituir a mão de obra rural com grande vantagem e menor custo. Manter o homem no campo foi-se tornando cada vez mais oneroso ao empresário agrícola, não só pelo desempenho muito aquém da produção mecanizada, como pela responsabilidade social que os fazendeiros passaram a ter com seus empregados em consequência do avanço das leis protecionistas, beneficiando o trabalhador. O resultado foi o êxodo rural em grandes proporções e o crescimento desordenado das grandes cidades e capitais, gerando graves problemas sociais que, hoje, estouram na forma de violência, tráfico de drogas, prostituição, miséria, desigualdades sociais e diversos outros que afligem a sociedade atual.Com a mudança da população rural para os centros urbanos, a estrutura familiar começou a ser mudada, deixando de ser exclusivamente patriarcal para uma organização mais democrática, em que o mando era exercido por quem entrava com o dinheiro mensalmente, fosse a mãe, a filha, o filho mais velho ou a filha mais moça. Com a falta de especialização do pai e a idade, sua chance no mercado de trabalho era bem menor que a dos filhos, obrigando-o a um papel secundário no seio da família. Cada vez mais, a autoridade paterna foi cedendo lugar às liberdades individuais dos filhos, que decidiam no que gastar, o que comprar, começando a seguir ideias próprias, sem a necessidade do consenso da família. Com isso, vieram também os conceitos liberais sobre sexualidade, o papel feminino na sociedade, a aceitação da convivência com as minorias, a liberdade das práticas influindo nas formas religiosas e muito mais. A família rural brasileira não estava cultural e psicologicamente preparada para isso e não foi possível um orientação adequada frente aos novos desafios, educando e reeducando as 61
DEMÓNIOS FAMILIARES
novas gerações para a realidade em que estavam vivendo. Sem uma bússola para orientar seus rumos, a juventude em geral e a rural em particular, que nunca havia comido mel, lambuzou-se toda, atraída pelo "canto da sereia", sem conseguir fugir do mal e da "aparência do mal". Toda essa liberdade, aliada à extrema pobreza oriunda de escassa fontes absorventes de mão de obra, foi a mistura explosiva que detonou a moral, a disciplina, a fé e os valores essenciais para manter o equilíbrio da família e, consequentemente, da sociedade. Sem estrutura sólida, veio o caos familiar e, não sendo possível frear a corrida marginal na origem, a insubmissão, a falta de respeito, o baixo nível educacional, a falta de sensatez e de base cultural para avaliação madura do próprio comportamento, as famílias colocaram nas ruas gerações desconhecedoras de limites que, por sua vez, geraram filhos do mesmo nível, vindo aí uma terceira geração com perspectivas ainda piores que as anteriores. Pais e educadores precisam entender que as causas desse desequilíbrio no fundamento da sociedade, não são apenas as apontadas pela sociologia, mas há, biblicamente comprovada, causas também espirituais porque, afastando-se da verdadeira fonte orientadora da moral, a desestruturada família pós-industrial, não conseguiu repassar aos sucessores a verdadeira cultura religiosa e suas práticas imutáveis, alicerce inabalável de qualquer sociedade. Onde falta a verdadeira orientação religiosa, tudo descamba, porque ela é restauradora da capacidade do homem se autovalorizar e apresentar-se ao mundo como imagem e semelhança do Criador, não a cultura marginal e marginalizada, receptáculo das tentações do inferno para investir contra a vida e estimular a violência. A religião tem o condão de disciplinar, 62
AçAo D E M O N Í A C A N A F A M Í L I A : U M A A V A L I A Ç Ã O
moralizar e incutir a fé no coração do homem. Ela, como meio disciplinador e moralizador, é responsável em fazer desencadear o processo transformador, que é resultado prático da observação da disciplina e da moral. Quando a religião não consegue desenvolver sua ação transformadora na vida de seus fiéis através do ensino e da conscientização de seus reais valores, passa a ser mera prática movida pelo tradicionalismo, mais por dever do que por prazer consciente da sua necessidade. É verdade que a religião não é a única responsável pela mudança radical que precisa ser operada na família de hoje, mas é uma força viva e a única que atua na área da Teologia e, consequentemente, pode levar o homem à experiências que o faça compreender e desejar mudanças significativas em sua vida, em sua visão de mundo, em sua vivência humana. Os pais, embora responsáveis primeiro pela educação da futura humanidade, só podem oferecer o que aprenderam e isso é muito pouco para criar uma consciência de Deus, presente e atuante na face da terra. Então, as igrejas precisam ser mais ensinadoras do que denominacionalistas e os pais, mais dispostos a aprenderem para melhor ensinar. Sem disciplina não há ordem, sem ordem não há aprendizado e nem progresso. Os filhos devem aprender, desde cedo, que a vida precisa ser comandada pela disciplina, em todos os sentidos, desde o comer até o falar, observando regras que normatizem a conduta dentro e fora de casa. A indisciplina abre portas à ação satânica na vida das pessoas. Não é necessário ser um grande sábio para perceber que, na maioria dos casos de desmoronamento das famílias, a falta de disciplina é uma das causas. Quem não aprende a ser disciplinado desde pequeno, dificilmente conseguirá alcançar seus objetivos quando adulto. 63
DEMÓNIOS FAMILIARES
Facilmente se desviará de suas metas, renunciará a seus propósitos e nunca chegará a ser o que gostaria. Os pais precisam ser disciplinadores, impor regras, demarcar limites, orientar as crianças desde cedo a descobrirem o que é bom para si mesmos, para a família e para a sociedade. Deixar de educar a criança para depois censurar os jovens é eximir-se da culpa. O homem é produto da educação que recebe em casa, na primeira infância. Disciplinar não é impor aos filhos regras e princípios rígidos, num regime ditatorial, em que os pais se tornam déspotas, exigindo obediência cega e tirando da criança o direito de pensar. Pais disciplinadores convencem através do diálogo e de exemplos, lembrando sempre que o aprendizado infantil tem raízes na imitação do que vêem e ouvem. As exigências têm limites, mas oferecer exemplos é a coluna mestra da educação. Quem nada oferece, não pode ser bom educador. Os adolescentes precisam aprender, desde cedo, dominar seus impulsos, limitar a vontade e controlar os desejos, exigindo de si mesmos os patrulhamento de seus atos e que, vivendo em sociedade, não podem tudo porque ninguém deve fazer o que deseja quando esse desejo vai contra o bem-estar da coletividade. Em última consideração, a família da atualidade precisa voltar a cultivar a fé, que está desaparecendo na esteira da modernidade. Quem conhece um pouco da Palavra de Deus, não se admira que ela (a fé) tenha enfraquecido na atualidade porque a Bíblia diz que "a fé vem pelo ouvir" (Rm 10.17). Mas o que é ouvir? Não é simplesmente escutar, mas guardar na mente, aprender, seguir, por em prática o que escutou. As gerações atuais escutam muito e ouvem pouco. Elas precisam aprender a ouvir. Esse é o motivo da falta de compromisso com a vida espiritual que se observa entre os mais jovens, mesmo em meio 64
AÇÃO D E M O N Í A C A NA F A M Í L I A : UMA A V A L I A Ç Ã O
aos que se dizem religiosos. Eles têm apenas escutado a Palavra de Deus, o que impede o desenvolvimento da fé, essencial nesses dias conturbados e de sentimentos frívolos. Fé minúscula não desperta interesse pelo conhecimento, alicerce inabalável sobre os qual os mais novos deveriam tomar decisões, embasados na experiência da Bíblia. A fé é a fonte da alegria, da esperança e da santidade. Ela traz a paz, o descanso e a confiança. A Bíblia diz que, sem fé, é impossível agradar a Deus. Se a humanidade, hoje, pratica apenas uma fé superficial, sem nenhuma consistência, evidentemente, não está agradando a Deus. Fé é exclusivamente espiritual, apenas seu resultado pode ser visto e avaliado. Tiago fala que a fé precede as obras e ninguém pode ter obras sem ter fé. Obras são frutos do espírito alistados em Gaiatas 5.22. Se o viver sem fé desgosta Deus por não gerar frutos espirituais, a família hodierna está correndo sério risco de ser abandonada à própria sorte, a exemplo dos cristãos romanos, de quem Deus se afastara (Rm 1.18-32), exatamente porque naquela igreja a fé era inócua, para nada servia, não era precedida das boas obras conforme determinam as Escrituras. E por isso que muitos não conseguem entender porque passam por determinadas situações difíceis em suas vidas. s
COMO VENCER os ATAQUES DOS DEMÓNIOS FAMILIARES
V encer é a palavra do momento. A criança está sendo educada para tornar-se uma vencedora. Entretanto, para o homem chegar à condição de vencedor, ele precisa, antes de tudo, ultrapassar grandes desafios que se interpõem entre si e o mundo que precisa ser conquistado. Essa "guerra" necessita armas específicas, só à disposição de alguns privilegiados, que as descobrem cedo e as usam para alcançar o seu "lugar ao sol". Essa armas não são comuns e nem se encontram no mundo material, é preciso buscá-las com determinação e seriedade, não muito longe, porque elas se encontram no interior de cada ser humano, ali colocadas pelo Poder Criador como provisão para que ninguém se perca pelos caminhos da vida. Todos os animais e vegetais, 67
DEMÓNIOS FAMILIARES
segundo suas espécies, dispõem de armas para sobreviverem e as usam quando sentem-se ameaçados pelos perigos naturais. Uns têm veneno, outros dentes e garras. Alguns usam o recurso do mimetismo, enquanto outros tantos confiam em sua agilidade e intuição para fugir antes que o pior aconteça. O homem é o ser que tem as melhores armas do reino animal mas, infelizmente, usa muito pouco a sua capacidade, sem saber que é um vencedor. Um dia, na história, alguém abriu caminho para toda a humanidade ultrapassar as barreiras do invisível. Agora, o homem pode alcançar a felicidade e usufruir a plenitude da vida. Quem não quer ter uma família equilibrada? Quem não quer realizar-se profissionalmente, alcançar estabilidade financeira, ser querido pelos amigos, admirado, respeitado? O homem, diferente dos animais por causa da consciência existencial, o "eu" manifesto, vive em duas realidades, dois mundos completamente distintos entre si, o espiritual e o físico. Apesar da existência física ser a parte tangível da vida, ela é comandada pelo espírito. Tudo que existe no mundo real foi antes criado na dimensão espiritual, a realidade única, eterna, incriada, o universo invisível, intocável, incompreendido, mas real, presente, determinante. Você não existe no mundo real das formas, mas no universo invisível dos sentimentos. Os valores fundamentais do mundo em que se vive são aqueles que se vê e se usufrui, riqueza, poder, status, honra, fama e tudo que faz bem ao ego humano. Erram todos os que pensam assim, pois na realidade, as coisas que não se vê é que são fundamentais ao homem, à sua felicidade. Esses valores constituem-se numa força ainda não desvendada pela ciência, comandante dos sentimentos como 68
COMO V E N C E R OS ATAQUES
saudade, fé, tristeza, ódio, amor, paciência, tolerância, compreensão e dezenas de outros que constituem a existência física mas que originam-se nos paramos invisíveis. Vencedores são aqueles que compreendem que o seu campo de ação não é a busca da formação académica, o aprendizado profissional e outros valores considerados fundamentais para "vencer na vida". Eles são importantes, mas não o suficiente de, por si mesmos, levar à realização total do homem. Não fosse assim, gente que conquistou todos esses valores, estaria completamente realizada e feliz, mas não é isso que se observa na prática. Esse conjunto de bens que a sociedade tanto aprecia e busca, é consequência do uso inteligente dos sentimentos invisíveis que dão consciência de autoexistência ao homem, o ser, não o ter, acumular, fazer. O comando para uma vida plena parte do complexo universo invisível, intocável, mas sentido e do qual o ser racional pode apenas ter consciência de que ele é real. O raciocínio lógico é que se deve considerar as conquistas materiais como bens que são acrescentados em consequência da busca dos valores espirituais, denominado "reino dos céus" por Jesus quando exortou seus discípulos a buscarem primeiro este e, depois, aqueles. Buscar primeiro as coisas do espírito que o resto vem automaticamente. Essa "consciência" de que a matéria não deve ser o alvo principal da existência humana é que muitos não têm e também não compreendem. Geralmente, as pessoas ficam presas ao que podem ver e tocar, sem atentar para a realidade dos sentimentos como alicerce para a construção do mundo real. Quem não constrói sobre sentimentos, firma seus fundamentos na areia, sem profundidade, sujeito a desmoronar aos primeiros embates dos vendavais da vida. A percepção do 69
DEMÓNIOS FAMILIARES "sou" "existo" deve ser buscada no âmbito espiritual através do despertamento de que este mundo existe e é nele que tudo se move. Seus rudimentos devem ser apreendidos e o desejo de conhecer essa verdade subjetiva deve ser desenvolvido para que o espírito evolua e produza sabedoria com a qual decide-se questões inerentes ao mundo físico, o da existência material. Trocando em miúdos, o homem deve ser educado, desde criança, para buscar os valores espirituais, sem perder de vista a preparação intelectual, que é o complemento para a realização total no mundo visível. A matéria pela matéria é finito, não tem fundamento sólido, desmorona-se. Construir sobre sentimentos é educar e educar-se tendo como base o amor, a compreensão, a tolerância, a paciência, a humildade, a fé, a sede de justiça, a sensatez e tudo que constitui os frutos do espírito. Se você colocar esses sentimentos no coração de seus filhos e conseguir que façam deles um viver diário, tenha certeza de que será um pai vencedor. As orientações sobre como conduzir a sua família virão do plano invisível. Elas estão inseridas na Bíblia, que você, como pai, precisava conhecer antes de pensar na paternidade. Não adianta buscar soluções no conhecimento académico, a matéria é perecível e não produz frutos para a eternidade. Você é pai carnal, urge que se torne também pai espiritual, se deseja realmente constituir uma família segundo os padrões de Deus, evitando as calamidades comuns à sociedade, perdida nos valores meramente mundanos. Evidentemente, todo homem deseja formar uma família exemplar. Quantas vezes um jovem, na iminência da paternidade, orou a Deus pedindo orientação dos céus para que seus filhos pudessem trilhar os caminhos do bem? 70
COMO VENCER os ATAQUES
Quais são os exemplos de consciência espiritual que você tem dado a seus filhos? Conheço centenas de pais que passaram a vida tentando deixar herança material a seus descendentes. Outros tantos que "venderam a camisa do corpo" para estudar os filhos, dar a eles condições para "vencer". Entretanto, muito poucos deixaram uma herança espiritual, ensinaram valores do reino invisível, perceptível pelos sentidos, não pelo raciocínio lógico. O resultado foram filhos bem sucedidos profissionalmente, muitos que ampliaram a herança, mostrando o que aprenderam no plano material, mas não conseguiram êxito em "ser", foram infelizes, criaram famílias desajustadas, casamentos desfeitos, filhos problemáticos, frustração, ódio. Quantas vezes presenciei conversas de pais bem sucedidos economicamente, à volta da mesa, falando exclusivamente em dinheiro e bens materiais, sem dedicarem um "a" a vida espiritual, um ensino sequer sobre o amor que emana do alto, sem o qual a humanidade já teria sido reduzida a cinzas. Esses pais (e todos os outros), sempre foram bem intencionados e desejaram o melhor para seus filhos. Apesar disso, eu conheço muitos deles que se tornaram alcoólatras, outros que se embrenharam pelos caminhos das drogas, um grande número que dilapidaram a herança e passam sérias dificuldades económicas. Alguns perderam tudo no vício do jogo, outros por preguiça e uns tantos porque viveram irresponsavelmente, pensando que o dinheiro jamais acabaria. Esse é o resultado de uma vida sem Deus, insensata e imprudente, firmada apenas na ilusão de que os bens materiais possam proporcionar segurança e garantia de uma vida bem sucedida. Você, apesar do esforço
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para dar o melhor a seus filhos, pode estar levando-os ao abismo da infelicidade e do fracasso existencial. Você pode estar sendo um mensageiro de Satanás para sua família. Estaria eu ficando louco com uma afirmativa dessas? Não. Lamentavelmente, isso é pura verdade. A Bíblia diz que Jesus é o Senhor da vida. Senhor dos senhores, Rei dos reis. Deveria ser também Senhor da sua vida e da sua família. Se perguntarem a você, ou a milhares de outras pessoas se Jesus é o Senhor de suas vidas, logicamente, responderão que sim. A maioria dos que se dizem cristãos tem uma ideia errónea da missão de Jesus e pensa que ele veio salvar todas as pessoas, incondicionalmente. Se assim fosse, Deus seria injusto, porque uns procuram realmente conhecê-lo e se esforçam segui-lo, enquanto outros são totalmente indiferentes e fazem apenas o que lhes agrada sem importarem se é ou não a vontade de Deus. Esse é o grande engano do homem, pensar que Jesus está com ele só porque veio ao mundo e morreu na cruz para salvá-lo. Jesus só salva os que o entronizam como Senhor de suas vidas, tonando-se filhos de Deus e não criaturas, conforme ensina João em seu evangelho (1.12), conforme segue: "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que crêem em seu nome". Para você entender o que isso significa, vou dar-lhe alguns exemplos comuns de pessoas que pensam que Jesus é o seu Senhor, mas estão redondamente enganados. Você fuma? Sim? Então o seu senhor não é Jesus, é o cigarro. Você tem oferecido o cigarro como senhor da sua família. Um pequeno cilindro de papel enrolado em algumas gramas de fumo é o seu senhor e você é o escravo. Está entendendo porque não adianta 72
COMO V E N C E R o s A T A Q U E S ser "bom", ir à igreja ou aos cultos todos os domingos, acompanhar procissões, rezar um Pai-nosso ou uma Ave-Maria, fazer promessas, acender velas, ser devoto a um santo qualquer. Jesus não ocupa o primeiro lugar em sua vida. O cigarro está no lugar que deveria ser Dele. Sua vontade para com o fumo está acima do seu desejo de amar e servir a Deus. Não fosse assim, você diria "em nome de Jesus, meu Senhor, eu abandono o cigarro para amá-lo e servi-lo. A questão fundamental para Deus agir na vida de uma pessoa é o tipo de senhor a quem ela entrega sua vida. Apresentando-o à sua família como comandante da sua vontade e, consequentemente, do seu lar. O que você está transmitindo para seus filhos, vendo-o matando-se aos poucos, escravo do tabagismo? Um homem forte? Um vencedor? Um homem de vontade férrea e decidido? Claro que não. Na cabeça deles, inconscientemente, você é um fraco, incapaz de dominar-se. Essa ideia vai se fortalecendo em suas mentes conforme crescem e, logo, estão também apegados ao cigarro como muleta para sustentá-los nos momentos difíceis. Jesus não é o Senhor dos fumantes. Ele mesmo disse que ninguém pode servir a dois senhores. Você está entendendo porque aquele vizinho, tão "bom", sofre com a família desmantelada? Apesar de toda a sua religiosidade, ele não tem o senhorio de Jesus. Os padrões bíblicos não mudaram com o modernismo do mundo e continua considerando o homem como a cabeça da casa. Por isso, se Jesus não é o seu Senhor, também não o é da sua família e, isso, é uma porta aberta para os ataques satânicos no seu lar. Conheço um rapaz, 19 anos, educadíssimo, o tipo de pessoa com quem se simpatiza à primeira vista. Fumante inveterado. Um dia, conversando, perguntei-lhe sobre o pai. Ele res73
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pondeu que estava em casa, pouco saía por causa de problemas de saúde. Quis saber que tipo de doença o acometia. Respondeu que eram várias, o pai fumava muito e o cigarro prejudicara todo o corpo. Fiquei exasperado diante daquela resposta e disse-lhe: "e você quer ir pelo mesmo caminho do seu pai. Acha que o cigarro para ele fez mal e para você não vai fazer?" Ele deu uma risadinha "amarela", não disse nada, mas continua fumando. Detalhe: a família é evangélica e esse moço foi criado na igreja. O tabagismo, como outro vício qualquer, é uma maldição que abre as portas dos lares à ação demoníaca. Conheço crentes praticantes, religiosos fiéis, que morreram em consequência do tabagismo. O cigarro é um senhor que judia, destroi, mata. O diabo veio para matar, roubar e destruir. Qualquer semelhança não é mera coincidência. Você quer trocar o cigarro por Jesus? Mas não é só através do cigarro que muitos pais têm levado o demónio para casa. Você não é alcoólatra? Parabéns! Deus o livrou de um dos mais terríveis vícios existentes sobre a terra. Mas bebe socialmente. Mais de noventa por cento dos terráqueos, incluindo bons crentes, acreditam que beber moderadamente não tem problema. O diabo também acha isso. Quantas cervejas constituem a fronteira entre o "beber socialmente" e o alcoolismo? Quantos copos de vinho são necessários para satisfazer o bebedor social e o viciado? Quantas vezes seus filhos viram você beber socialmente? Será que eles saberão distinguir o limite entre o social e o vício? Você não abre-mão da sua cervejinha no final de semana. Acha que tem direito, que é saudável assar uma "caminha" com a família e amigos. Eu também gosto de passar um tempo com a família e comer um churrasquinho no 74
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ponto. Hoje, essas despesas extras de final de semana costumam ser "rachadas" entre os participantes. A carne fica por sua conta, a esposa faz a maionese e as bebidas ficam a cargo do seu cunhado. No Domingo, logo de manhã, aparece ele trazendo duas caixas de cerveja, refrigerantes, um litro de vinho e uma garrafa de boa cachaça. Afinal, carne assada sem uma "caipirinha", perde a graça. Aí, o "cunhado veio" embarca nos "bebes" muito antes dos "comes". Primeiro prepara um copo (duplo) de caipirinha como "entrada". O bebedor inveterado é sempre o que fica com o copo na mão, insistindo com todo mundo para "dar uma bicada". Ao encontrar um renitente, ele insiste e torna a insistir. É um chato! A criançada está ali, brincando, correndo, parecendo não perceber que o tio já "engoliu" o copo de caipirinha e está "enxugando" a segunda cerveja. Na hora do almoço, depois de ter bebido "mais uma", ele abre o vinho, todo lampeiro, propõe diversos brindes, elogia a qualidade da bebida, dá risadas, fica conversador e solta-se quando se destravam seus bloqueios psicológicos sob os efeitos dos eflúvios etílicos. Lá pelas quatro da tarde, olhos injetados de sangue, voz pastosa, andar trôpego, a lassidão e o sono que o prostra no sofá e o faz roncar como um porco. Antes disso, ele já havia feito os presentes pagarem todos os pecados ouvindo suas "sábias" opiniões, entendendo sua fúria contra o governo, a exteriorização das suas máguas contra os patrões, seu ponto de vista sobre Deus e tantas outras conversas características do seu estado de embriagues. À noite, no intervalo do "Faustão", você vira para sua esposa e diz "fulano deu outro vexame. Ele vai de mal a pior. Se não parar de "enxugar" todas, ele estará perdido". A esposa, chateada com o veredicto implacável do marido, diz num mur75
DEMÓNIOS FAMILIARES múrio quase inaudível: "Coitado, fazer o quê? Puxou ao finado papai". As crianças ali, parecendo não entender, mas assimilando tudo através da ação do mundo invisível que opera uma faculdade humana chamada intuição. No sábado, você vai ao supermercado e, como sempre, compra uma caixa de "latinhas" aproveitando a oferta. No fim de semana, as latinhas "descem pelo ralo" entre o sábado à noite, o almoço de domingo e o futebol da tarde. O que você acha que seus filhos estão aprendendo ao vê-lo, tão prazeirosamente, ingerir um caixa de latinhas entre o Sábado e o Domingo? E se você for daqueles que não estão "nem aí" se os filhos dão uma "bicada" na cerveja enquanto vai ao banheiro? Pense trinta segundo e responda: "o que seus filhos vão fazer, na primeira oportunidade, longe dos pais e perto de uma latinha gelada, entre amigos, calorão passando dos trinta graus? Eles saberão seus limites? Serão bebedores sociais ou puxarão ao tio e ao falecido avô? Isso não é contigo, você é totalmente abstêmio e. graças a Deus, não fuma. Otimo! Tem prestado atenção nas suas conversas em família? O que diz? Como é o relacionamento com sua esposa? Respeitoso, sereno. Há diálogo entre vocês? Tratam assuntos relativos a finanças, educação dos filhos, intimidades... na frente deles? E quando "falam mal" de um parente, um amigo, o pastor da igreja, da vizinha ao lado, escolhem um momento às sós? Conversam moderadamente ou "nem dão bola" se os filhos e o vizinho da esquina estão ouvindo? E as mães, como têm se comportado nas conversas com as amigas? Fofocas, piadas, reclamações, críticas, deboches. E as crianças ali, ouvindo, parecendo não prestarem atenção e tão fúteis diálogos. Mas estão absorvendo, aprendendo intuitivamente. s
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COMO V E N C E R OS ATAQUES
Você tem se policiado quanto aos comentários maldosos entre esposos sobre o comportamento "meio esquisito" do filho da vizinha? As bobagens que se falam no recesso dos lares são muitas. Lamentações, queixas, xingos, maldições, invocação (involuntária ou não) do diabo. Uma das forças mais poderosas sobre a face da terra é a palavra. Ela pode desencadear uma guerra entre continentes distantes ou por a perder uma sólida amizade. Com uma palavra derrubam-se grandes muralhas, diz o velho ditado. Cuidado com o que você diz dentro da sua casa, palavras impensadas podem abrir as portas a Satanás. Se você não fuma, não bebe e fala muito pouco, é um privilegiado. Mas, como reage quando vê um par de belas pernas? Vira o rosto, disfarsa ou cutuca o colega e, com ar de quem conhece do assunto diz: "que pedaço de mal caminho!" Pelo menos não está errado. A mulher bonita, diz a Bíblia, pode ser um caminho de perdição. E quando você fala isso (e outras coisinhas mais) perto das crianças? Restringe as conversas quando está com os filhos num grupo de amigos? Talvez vulgarize tanto o sexo que pareça tratá-lo como algo nojento, carnal, fantasioso. Homens e mulheres. Tem gente que é assim, só pensa "naquilo" e acha que está "abafando" ao proclamar suas "virtudes" no desempenho com o sexo oposto. Acredita que outras pessoas estão demasiadamente interessadas em suas galhofas. Muitos não escondem dos filhos (homens) suas aventuras extra-conjugais, deploram a fidelidade e até incentivam os meninos a iniciarem o relacionamento sexual precoce a título de "macheza", como se o sexo existisse para provar a hombridade. A prática sexual desenfreada, fora do casamento, ilícita, compulsória, é uma porta escancarada ao diabo. Ele é muito libidinoso, está sempre presente em casos de adultério, homos77
DEMÓNIOS FAMILIARES
sexualismo, lascívia, prostituição, fornicação e outros usos condenáveis do sexo. Ah! Você não bebe, não fuma, fala pouco e trata com muita seriedade a questão sexual. Mas gosta de um joguinho de cartas, brincadeira para passar o tempo, sem dinheiro, pura diversão. Me engana que eu gosto, dizia um comediante em seu programa de televisão. Quantos são hoje jogadores inveterados, profissionais das cartas e outras modalidades que começaram a "carreira" em casa, jogando para "passar o tempo" com os pais e a família. Um amigo meu teve que dar duro com seus filhos, noras e genros porque estavam viciados no jogo de baralho. Todos os dias, à tarde, era sagrado reunirem-se para jogar. Tinham até mesa com forração própria e usavam "baralho do Paraguai", de material mais resistente e melhor para "cartear". Quando não era possível a "jogatina", parecia ter faltado alguma coisa naquela casa. Era tudo silêncio, sem vida, estranho. Um dia, aquele chefe de família ficou doente e foi parar no hospital. Internado por duas semanas, recebia visitas de crentes que oravam por ele e lhe falavam de Jesus. Tocado pelo Espírito, ele começou a meditar em sua vida, o que estava fazendo dela e o que havia feito de útil até aquele momento. Sabe qual foi a primeira coisa que lhe veio à mente? Isso mesmo, os jogos de baralho em sua casa. Ele teve uma forte convicção que aquilo não estava certo e que deveria por um fim naquela jogatina. Voltando do hospital, a primeira providência foi jogar o baralho no lixo e determinar que não mais viessem jogar em sua casa. Segundo ele, sua decisão foi uma bênção, já que, atrás do jogo, vinham as cervejas, as faltas ao serviço, as disputas em dinheiro, os amigos e tudo que o jogo atrai de ruim. 78
COMO V E N C E R OS ATAQUES
Todos os jogos de azar têm origem no submundo da marginalidade, nas práticas de honestidade duvidosa, nos prostíbulos e tavernas que atraiam toda espécie de gente dedicada exclusivamente ao engano, à traição, à malícia e outras condutas inaceitáveis como padrão preconizado pela Bíblia. O baralho, por exemplo, nasceu nos rituais de magia negra na Idade Média. As cartas, com símbolos específicos, eram usadas para invocar os demónios. Uma delas significava morte e era levada à pessoa que se queria matar como aviso prévio da desdita que logo viria sobre ela. Mais tarde, o baralho foi usado para "tirar sorte" entre os presos condenados à morte. Os menos afortunados eram os primeiros a caminhar para o patíbulo, enquanto seus algozes se divertiam e até apostavam para ver quem morreria primeiro. Na Europa, por volta do século XVIII, surgiram os jogos de baralho e as cartas de Taro, uma variante especialmente criada para previsão do futuro e da "sorte" dos consulentes. O baralho é uma invenção maldita, sob inspiração do diabo. Tê-lo em casa, tolerar o jogo ou participar dele é chamar para sua família influências malignas. Ao invés de ensinar seus filhos a jogarem baralho como passa-tempo, ensine-os a ler um bom livro e você jamais se arrependerá. Falando em livros, o que seus filhos andam lendo? Você alguma vez interessou-se em saber? Que literatura tem levado para casa? Revistas masculinas, romances não recomendados, pornografia. Ensine seus filhos a não desenvolverem o gosto por esse tipo de leitura. O diabo é muito sagaz. Você já observou como as revistas masculinas trazem boas reportagens? Quantas vezes eu comprei essas revistas "só para ler". Esses periódicos estampam fotografias de belas mulheres, em posições provocantes. O leitor deixa a imaginação "viajar", "turbina" os desejos e 79
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olha para a esposa, mãe de seus filhos, um tanto desgastada pelos anos e sente um desejo irresistível de ter "uma daquelas" nos braços, mas elas estão muito longe do alcance dos leitores comuns. Isso tira sua paz, acende seus desejos, açula as fantasias e o leva a se contentar com outras, não tão belas, mas o suficiente para o adultério e uma vida conjugal infeliz. Estou errado? Outro problema seríssimo no interior dos lares são as imagens. Além delas, as pirâmides, os elefantes com o traseiro virado para a porta, estatuetas de vários tipos, figuras de Buda, saquinhos da fortuna, duendes da sorte, anjos, tubos de metal "a voz do vento", ferraduras, bibelôs, quadros de Saint Germain, figuras enigmáticas, palhaços, figuras de religiões orientais como o induismo, xintoismo e tantas outras. Há uma lista enorme de objetos tidos como atraidores de energias positivas, como pedras de cristal, algumas plantas, tipos de caracol, sinos e outros materiais que fazem a alegria dos comerciantes de mercadorais esotéricas. Tudo isso, apesar de seus proprietários não acreditarem, tornam-se deuses nos lares e tomam o lugar de Jesus. "É, mas... eu não adoro, ganhei de fulano. Tenho isso só como enfeite". Meu leitor, não interessa qual argumento você use, não irá jamais alterar os fatos e nem aquilo que a Bíblia diz. O seu lar é o santuário sagrado da sua família. Você precisa pensar e analisar bem o que leva para dentro de casa. Com certeza, ninguém permite a um desconhecido entrar em sua casa, ficar à vontade, gozar da intimidade da família. Como você levaria coisas que não conhece e põe na sua sala só porque ouvir dizer que "dá sorte"? Um figura que dizem ter sido um mestre do conhecimento oculto? Um santo poderoso que você não conhece a sua história, não sabe quem foi? Estátuas, relíquias, esculturas, quadros, bijuterias, tudo isso pode, sim, atrair forças negativas para 80
COMO VENCER os ATAQUES o seu lar e influenciar a sua família sem que se compreenda o por quê. Muitos desenhos infantis, jogos de vídeo-game, filmes, programas de televisão, novelas, músicas são verdadeiras invocações aos demónios, atraindo várias espécies para o seu lar. Um pastor me confessou, certa feita, que precisou de muita oração e jejum para livrar-se de um demónio de homossexualismo que invocara nele após assistir a um programa de televisão em que apareciam diversos gays. O filho de uma amigo, de três anos, começou a ficar apavorado com a novela "O Beijo do Vampiro". O garoto poderia estar distante da TV, quando ouvia o tema de abertura da novela, corria desesperadamente para os braços da mãe. A situação foi se agravando até ser preciso consultar um médico, que receitou uns remedinhos e proibiu o funcionamento da televisão no horário da novela. Um sobrinho meu, influenciado pelos filmes do Superhomem, vestiu a roupa e a capa de seu herói, que ganhara do pai, subiu no guarda-roupa e pulou lá de cima, na tentativa de voar. Esborrachou-se no chão e só não se feriu gravemente por milagre. Médicos, psicólogos, educadores, especialistas são unânimes ao afirmarem que programas de televisão, filmes, literatura, brinquedos influem no comportamento das crianças e na formação da personalidade. Se você quiser criar filhos sadios, equilibrados, vencedores em todos os sentidos, discipline, imponha limites para o uso da televisão, escolha os jogos de vídeo-game, observe bem os brinquedos que vai comprar. Muitas coisas são nocivas à vida espiritual e material de seus filhos, mas você não tem conhecimento disso ou não acredita que coisas tão simples possam fazer mal, preferindo acreditar que o autor dessas afirmações é um radical
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e intransigente. Em muitas famílias que estão hoje desmoronadas os pais também pensavam assim. Como disse, a lista de objetos que não devem ser conservados em casa é enorme. Entretanto, percebe-se que uns são ainda mais perigosos que outros. Os pais precisam ser muito seletivos e estar atentos ao que entra em suas casas, o que os filhos estão lendo, quais são os seus amigos, que tipo de diversão estão frequentando e, sobretudo, conversar muito, procurar ouvir, indagar sobre o que fazem e por onde andam. Isso, no entanto, não basta para garantir a boa educação dos filhos e a felicidade da família. No início desse capítulo, enfatizei a existência de dois mundos, o visível e o invisível. O segundo é dividido em dois reinos, o das trevas e o da luz. Ambos manifestam-se através dos sentimentos, que são bons ou maus, dependendo da escolha que se faz embasada na educação e numa série de fatores que influenciam na formação do caráter e da personalidade do indivíduo. Os pais são os responsáveis maiores pela formação dos filhos. Não são as professoras. Depois que eles entram na escola, já têm o caráter formado e vão agir conforme a educação recebida em casa na primeira infância. Por esse motivo, os pais devem ter um mínimo de conhecimento espiritual para ensinarem a eles os verdadeiros valores da vida, os que constituem bons sentimentos, os que são oriundos do reino da luz. Como os pais ensinarão se não souberem? Não basta ser religioso, não basta serem "bons", os pais têm que dar exemplos, interessarem-se em aprender as coisas do alto, irem à igreja, não apenas "mandarem seus filhos" como é costume de muitos. Você pai, você mãe, se não quiserem chorar amargamente, sejam exemplos, ensinem seus filhos no caminho em que devem andar, 82
COMO V E N C E R o s A T A Q U E S
estudem a Bíblia com eles, façam o possível par deixar uma herança espiritual, despertar-lhes sentimentos bons como o perdão, a tolerância, a misericórdia, a honradez e dezenas de outras características dos verdadeiros vencedores. Os pais devem ser santos. Não aqueles que aparecem nas fotos com uma auréola na cabeça. Santo significa separado. Os pais devem criar filhos conscientes de que não devem compactuar das coisas do mundo, os modismos, as ideias liberais, os valores da carne. Para isso, os pais precisam estar preparados. Os filhos percebem a limitação dos pais e não confiam em suas orientações, muitas vezes dando mais atenção aos conselhos de "amigos" e outras pessoas (até estranhos), ao invés de ouvirem seus progenitores. Você, que ainda é solteiro, melhor, terá tempo de se preparar para a paternidade, aprender como incutir na mente de seus futuros filhos os verdadeiros valores da vida, os quais, você também deverá saber ou será apenas mais um, gerando filhos que poderão perder-se pelo caminho por falta de orientação e conhecimento. Não abra as portas de seu lar ao diabo, não seja escravo daquilo que é dele. Procure um novo rumo para sua vida, creia em Deus, desenvolva sua fé, ouse disciplinar seus filhos e verá que a sua família será realmente uma bênção.
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POSIÇÃO DA IGREJA FRENTE AOS DEMÓNIOS FAMILIARES
igrejas de hoje estão cheias de bons cristãos, homens e mulheres piedosos, dizimistas, componentes do coral, ministros de louvor, professores de Escola dominical e desempenhando, fielmente, diversos outros cargos. Apesar disso, um grande número, senão a maioria, sofre com muitos problemas pessoais e, principalmente, familiares. Nas centenas de igrejas em que tenho pregado, raramente deixo de encontrar um irmão ou uma irmã que pede oração a favor de seus familiares. Muitos apresentam-me uma lista de nomes, que vão desde pais, filhos, cunhados, sobrinhos e até afilhados. Os motivos são quase sempre os mesmos: desavenças, drogas, bebidas, separação, brutalidade, vagabundice, adultério, violência, desamor e tudo mais que a 85
DEMÓNIOS FAMILIARES
ausência de Deus provoca entre os homens. Diante do quadro, resta uma pergunta: "se os irmãos estão firmes na igreja, são crentes piedosos, porque passam por essas e outras provações?" A resposta é a mesma em todas as circunstâncias: falta de testemunho dos crentes nos lares e de aprendizado nas igrejas. Vamos trabalhar com essas duas realidades que consideramos o ponto nevrálgico do problema. Uma nova tomada de posição da parte dos pastores e líderes de igrejas pode não resolver a questão, mas certamente aliviará bastante e tornará a vida dos fiéis bem melhor em relação ao que se vê. Antes, uma palavra aos pastores se faz necessária. A igreja, nessa transição secular, tem sido grandemente influenciada pelas transformações que a sociedade experimentou (e está experimentando), num sistema social completamente diferente do que se podia observar há menos de 50 anos. A família foi alvo principal dessas mudanças e é a instituição que mais sofre suas consequências, sendo ela o desembarcadouro natural para frustrações do momento. A família não aprendeu agir e reagir às novidades de comportamento da nova sociedade, uma vez que também os pais são engolfados pelas ocorrências oriundas do pensamento moderno, liberal, liberalizante e libertino. A igreja, como corpo, sente o baque da desagregação familiar, o desmonte da estrutura básica que sempre constituiu o fundamento dessa instituição, fundamental para uma sociedade sadia e equilibrada. Ela vê os fatos acontecerem e olha complacentemente, quase aceitando as ideias modernas, pregadora da tolerância para com os desarranjos promovidos por Satanás, invertendo a ordem natural da criação, desfazendo o que Deus fez e tentando destruir a coroa da criação, o homem, imagem e semelhança do seu Criador. Muitos já defendem a 86
POSIÇÃO DA IGREJA
união matrimonial entre pessoas do mesmo sexo, as liberdades individuais no agir, a concepção religiosa liberal, as narrativas bíblicas como mito, a inexistência de Satanás, Deus segundo concepções pessoais e tantas outras visões de mundo que invadem rapidamente os quatro cantos da terra. A igreja é o baluarte (único), em defesa da preservação dos genuínos princípios morais e éticos revelados pela Bíblia Sagrada, colunas de sustentação da saúde espiritual da família e, consequentemente, da sociedade. Como luz, colocada no velador, deve abominar atitude meramente contemplativa diante das cenas que se desenrolam ante seu cândido olhar. Agindo assim, está contribuindo rapidamente para a constituição da Grande Babilónia, o cristianismo prostituído e prostituidor da verdadeira religião. A igreja precisa olhar em direção aos horizontes eternos para não ver a humanidade caminhar para o abismo, mas para deter seu avanço rumo à autodestruição pela promiscuidade e desregramento de seus atos. É preciso dar um basta na tolerância que faz a igreja cega, surda e muda para manter a arrecadação e a riqueza material. Tolerância é sinal de estagnação espiritual quando voltada para compreender quando é necessário exortar, informar quando é preciso ensinar e ocultar ao invés de testemunhar. A igreja é, pela própria constituição, uma instituição ensinadora. Jesus veio ensinar. Conheço muitos líderes de igrejas que vivem pedindo oração para seus problemas. É comum, em todas as igrejas, pessoas que vão à frente em todos os apelos, recebem oração após oração e parecem nunca livrarem-se de eternas provações. Isso é falta de ensino e aprendizagem. É falta de consciência da identidade do crente. É falta de poder/saber usar os dons que Deus deixou como herança à igreja. São pasto87
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rés que ignoram totalmente o que é a igreja, qual a sua função na sociedade, como ela intervém para transformar o mundo. Muitos são ainda mais problemáticos que suas ovelhas. Péssimos exemplos para os fiéis, lamentável testemunho para o mundo, que se posiciona como juiz da igreja e apressa-se em condená-la ao primeiro deslize. Os pastores devem colocar a família como prioridade em seus ministérios. Ensinar os pais como educar os filhos. Os pastores precisam ler, estudar, viver experiências para poderem ensinar com eficiência. Pastores que têm suas famílias desmanteladas nada têm para ensinar. São muitos os líderes e pastores que gastam seu precioso tempo à frente da televisão e têm verdadeiro horror à leitura, ao estudo, à preparação do seu material de ensino. Muitos ainda confessam com a maior naturalidade e convicção: "não sou muito de ler..." Deviam envergonhar-se dessa postura que sustenta a ignorância e o torna incompetente na obra de Deus. Muitos animais têm mais cuidado com seus filhotes do que grande números de pais. Eles fazem cursos e mais cursos para operarem máquinas, subirem de cargo na empresa, mas nunca leram um livro sequer sobre como educar os filhos e criá-los na responsabilidade e no amor a Deus e ao próximo. No mundo competitivo da atualidade é preciso preparar-se intelectualmente, profissionalmente, tecnicamente, psicologicamente e outros tantos "mentes" para enfrentar o mercado de trabalho. Entretanto, a competição maior não se encontra no mundo visível, mas no mundo sobrenatural onde os reinos das trevas e da luz empenham-se numa batalha sem tréguas. Um lado tentando destruir e o outro tentando salvar. Como a igreja tem preparado os cristãos para compreenderem isso e entrarem na
POSIÇÃO DA IGREJA
luta onde o "fogo mais inflama"? Qual testemunho a igreja tem levado seus fiéis a dar ao mundo neste momento tão difícil? O que a igreja tem ensinado sobre a capacidade e a intenção dos demónios em destruirem a igreja, arrasar as famílias e levar os homens para o inferno? O que ela (a igreja) sabe sobre as operações demoníacas na face da terra através de religiões não cristãs, do misticismo, da credulidade inocente, da ignorância e do ceticismo em relação ao poder de Satanás contra a igreja? Se a igreja não passar urgentemente a desempenhar a sua missão de ensinadora e exigir de seus fiéis o testemunho do aprendizado, muitos dos que já estão chorando, chorarão ainda mais, lágrimas amargas, como diz a Bíblia do Génesis ao Apocalipse. Como a igreja tem se comportado diante da afirmação de Ezequiel: "A meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano e o farão discernir entre o imundo e o limpo" (44.23). Ou será que a igreja atual não se considera o "povo de Deus" mencionado por Ezequiel? Como os crentes atuais estão sendo ensinados a distinguirem entre o "imundo e o limpo"? O que se observa, lamentavelmente, é ao contrário, uma "mundanização" da igreja sob a argumentação, inocente, de alcançar o mundo através da sua própria linguagem. O resultado? A igreja está aprendendo o idioma do mundo e está se dando muito bem com ele. A maioria dos crentes esquece ou pensa que afirmações como a de Dt 7.25-26 eram para os israelitas do Velho Testamento e não para os cristãos de hoje. Leia: "As imagens de escultura e seus deuses queimarás; a prata e o ouro que estão sobre elas não cobiçarás, nem os tomará para ti; para que te não enlaces neles; pois abominação ao Senhor teu Deus". A igreja nunca desejou tanto os deuses do mundo. São crentes "artistas" procurando 89
DEMÓNIOS FAMILIARES fama e fortuna, são igrejas comprando sedes campestres, num incansável adquirir, comprar, amontoar tesouros. A igreja nunca cobiçou tanto o ouro e a prata do mundo e também nunca esteve tão enlaçada pela ânsia de apossar-se dos bens materiais. Ou será que isso não é mais "abominação ao Senhor?" Será que ele mudou ou a sociedade permissiva atual influencia tanto a igreja que ela esqueceu-se de uma das mais severas recomendações bíblicas: a prática da idolatria. "Não terás pois, coisa abominável em tua casa para que não sejas amaldiçoado, semelhante a ela; de todo, a detestarás e, de todo, a abominarás, pois é amaldiçoada" (26). São inúmeros os crentes e pastores a contestarem a verdade bíblica sobre maldição. Torcem o nariz quando ouvem falar em "quebra de maldições". Antes de quaisquer atitudes de rejeição desse atualíssimo tema bíblico, é preciso entender que a maldição deixa de existir sobre a vida do crente somente quando ele entende as verdades da Bíblia e as segue fielmente, não dando lugar à presença satânica em seu viver. O crente nominal, que vai à igreja mas não sabe o que diz a Bíblia, é como os judeus do Velho Testamento, apesar de povo escolhido de Deus, estavam sujeitos às consequências de seus desvios doutrinários. "É, mas a igreja está sob o tempo da graça". Certo. Mas em nenhum lugar da Bíblia está escrito que o crente idólatra está sob a graça de Cristo. Idolatria? Sim. Idolatria dos bens materiais, da vida mansa, do automóvel novo, dos filhos (alguns mais idolatrados que outros), da placa da igreja, da pescaria nos finais de semana e tantos outros ídolos que devem ser urgentemente quebrados. Idolatria é tudo aquilo que toma o lugar de Deus. Assisti a um filme em que a mãe rasga a Bíblia e considera Deus um mito 90
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quando sua filha é morta por um bandido. Isso é idolatria, reação que foge totalmente aos padrões bíblicos. O Velho Testamento não foi eliminado do cânon. A graça de Cristo não anulou o seu conteúdo quando determinam o comportamento do povo de Deus diante das leis morais, escritas para ontem, hoje e sempre, porque as verdades de Deus são eternas e imutáveis. O que você acha de uma artista mundana que, dizendo-se convertida, continue posando nua, embora falando sempre de Jesus e de uma suposta mudança de vida? Além disso, vai a público defender a "liberdade" cristã de expressar-se "através da arte"? Essa pseudo-cristã está sendo uma bênção para a igreja de Jesus? E aquela que comanda um programa de TV sobre sexo? E outra que continua "balançando o traseiro" apesar de nunca ter declarado que deixara o evangelho para voltar a abraçar a torpeza mundana? E os que cobram milhares de reais para cantar nos cultos? Claro que deve ganhar, é o seu meio de subsistência. Mas ganhar é diferente do espírito mercantil, próprio de cantores e artistas, que se "convertem" para conquistarem um novo e promissor mercado para seus discos. Você já ouviu ou leu alguma entrevista de alguns cantores evangélicos? Só falam de sucesso, vendagens de CDs que "está uma bênção", projetos futuros, novas gravações, viagens internacionais, o "maravilhoso público que os prestigia", "vencer no difícil segmento evangélico do mercado". Tudo comercial, não há uma palavra sobre o que Jesus pode fazer na vida do homem, Jesus como solução para os problemas que o mundo enfrenta. Só o desejo de crescer, subir, enriquecer. Não são esses os desejos ardentes do mundo?
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DEMÓNIOS FAMILIARES É conhecido o texto de ITm 4.1-5 em que o Espírito de Deus alerta para os acontecimentos dos últimos tempos. Alguns apostatarão da fé, obedecendo espíritos enganadores e seguindo ensinos de demónios. Outros serão hipócritas, mentirosos e terão mentes totalmente cauterizadas quanto ao entendimento da sã doutrina, achando que estarão certos e taxando quem prima pela verdade de radicais, legalistas e extremistas. Não é isso que se vê no cristianismo praticado hoje? Para fugir dessa armadilha mundana, a igreja não deve alegrar-se por ter em seu meio "gente famosa". Deve exultar, sim, por ter "gente convertida". Os famosos podem atrair mais pessoas para o interior dos templos, mas os convertidos é que levam à santificação e ao compromisso real com Jesus e seu evangelho. Não estou dizendo que a igreja não deve tentar ganhar os famosos, mas que eles devem, realmente, passar por genuína conversão e dar testemunho disso. O único caminho para reverter esse quadro de "mundanismo santo" é o ensino. A criança deve ser ensinada até mais ou menos quatro anos, quando o cérebro está totalmente aberto ao aprendizado. Depois dessa idade, a criança passa a desenvolver um raciocínio seletivo, guardando na mente apenas o que lhe interessa. Os pais e a igreja, unidos pelo amor e a fé, devem colocar Deus e os valores espirituais nas mentes dos pequenos desde que aprendem a balbuciar as primeiras palavras. Ao invés do tradicional "papai e mamãe", devem aprender a falar "Deus", "amor", "perdão", "Jesus" e outras palavras que valorizam o "papai e mamãe" que aprenderão depois. Oseias, mais ou menos 750 anos antes de Cristo, bradava à multidão, que fazia ouvidos moucos às denúncias do profeta: "O meu povo foi destruído porque faltou-lhe conhecimento..."
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Alerta sempre oportuno, comumente repetida nos púlpitos, mas sem criar a consciência exata do seu profundo significado. Conhecimento só é possível adquirir através do estudo sistemático da Palavra de Deus. Na parte "b" desse versículo diz: "Visto que esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei dos teus filhos". Não é isso que parece ter acontecido em muitas famílias? Não é difícil ouvir alguém bradar: "Deus esqueceu-se de mim ou de fulano ou da família dele. Você poderá dizer, com toda certeza, "isso era para os israelitas do tempo de Oseias"? Quem é o Israel de Deus hoje? O Novo Testamento diz que, sob a graça, os cristãos podem contender uns contra os outros? Não. Foi por causa de contendas, falta de amor e fidelidade às coisas de Deus que Oseias foi levantado e, pode ter certeza, qualquer semelhança com a igreja atual não é mera coincidência, é ação demoníaca mesmo. No capitulo 6 do mesmo livro, verso 6, diz o seguinte: "Porque eu quero misericórdia e não sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos". O conhecimento de Deus é o que falta à igreja de Cristo hoje, miseravelmente afundada no evangelho da prosperidade, um "toma lá, dá cá" chantageando Deus com palavras distorcidas das Santas Escrituras. "Comerão e não se fartarão" é a sentença que ecoa através dos milénios até nossos dias, viva, determinante, implacável. Igreja de Cristo, desperta! Ensine, apoie, interesse-se, acompanhe a família cristã. Deus não terá por inocente os que não procederem dessa maneira. O povo não pode mais continuar errando por falta de conhecimento. A igreja não pode permitir que as portas dos lares de seus fiéis estejam abertas à ação nefasta de Satanás. Oseias proclamava que Israel havia sido devorado e estava entre as nações com um vaso em que nin93
DEMÓNIOS FAMILIARES
guém tinha prazer (8.7). Milhares têm perdido o prazer de estarem nas igrejas e muitas delas são apenas vasos quebrados que não atraem a atenção do mundo. O mesmo Oseias, um pouco mais à frente (10.12), dá a solução para a igreja reerguer-se majestosa e imaculada entre as nações: "Semeais para vós em justiça, ceifai segundo a misericórdia, lavrai o campo de lavoura, poraue é tempo de buscar o Senhor, até que venha e chova a justiça sobre vós". Esta é um sentença exclusiva para Israel? Então, por que a Bíblia continua sendo publicada com o Velho Testamento? Trata-se de uma exortação atualíssima que os cristãos deviam decorar e recitar todas as manhãs em frente ao espelho. "É tempo de buscar o Senhor", não o sucesso, o dinheiro, os bens materiais, a fama, a vaidade. A justiça (salvação) de Deus precisa voltar a ser semeada com o mesmo ímpeto da igreja primitiva, sob a verdadeira unção do Espírito. "Tu, pois, converte-te a teu Deus: guarda a benefiàência e o juízo, e em teu Deus espera sempre" (Os 12.6). "Rasgai o vosso coração, e não vossos vestidos, convertei-vos ao Senhor vosso Deus..." (Jl 2.13a). A palavra de Deus é claríssima, não adiantam pregações inflamadas, esmurrar o púlpito, enrolar a língua, gritar até à rouquidão. O Senhor quer misericórdia e não holocausto. Deus quer conversão e não "convenção". Deus quer a igreja operando a sua justiça e não amontoando tesouros. Ele está falando hoje à sua igreja: "Aborreço, desprezo as vossas festas e; as vossas assembleias solenes (cultos) não me dão nenhum prazer" (Amos 5.21). Os cristãos devem penitenciarem-se perante o Senhor, dar meia-volta em sua caminhada, antes que seja obrigada a se perguntar: "como se levantará agora a igreja? Pois ela é pequena" (Am 7,2b). Levantar a igreja, levantar a família, 94
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vencer os demónios do modernismo, das mulheres semi-nuas nos cultos, dos jovens sexualmente irresponsáveis, do desejo de consumir, amontoar riquezas, convivência com o pecado para não perder dizimistas, falta de conversão e amor legitimamente cristão. "Porque este povo não é povo de entendimento; por isso, aquele que o fez não se compadecerá dek, e aquele que o formou não lhe perdoará". (Is 21.11a). Quem fez o povo de Israel? Quem formou a igreja? Por que tantos padecem dos mais variados males, sendo cristãos? Por que grande número de famílias crentes estão desmoronando? Casais separando-se, filhos rebeldes, falta de autoridade, traumas, frustrações? "Este povo não é povo de entendimento". Deixe a vaidade da vida, encurte a língua, desenvolva a misericórdia, dedique-se a Deus com sinceridade ou "aquele que o formou não lhe perdoará". Jesus veio par perdoar os pecadores, levar seus pecados na cruz do Calvário. Esse seria um bom argumento para crentes nominais continuarem a praticar o cristianismo que lhe convém mas, tenha certeza de que o diabo usa o mesmo para conservar milhares dos que se dizem cristãos no cativeiro do pecado. Jesus veio para perdoar, mas ele levou os pecados para a cruz uma vez por todas. Ele não fica levando e trazendo uma, duas, três vezes, a bei prazer do pecador. Essa é uma falsa caminhada de fé e péssimo testemunho ao mundo, atento e rápido em seu julgamento. A família só vai bem se a igreja for bem. Ambas precisam estar conscientes do seu papel de ensinadoras e da sua força para operar transformações. "Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo e nada, absolutamente nada, vos causará dano..." (Lc 10.19). O que a igreja está fazendo com a tremenda autoridade que Jesus lhe 95
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deu? Ao invés de avançar sobre os demónios (apresentados como serpentes e escorpiões), dominá-los sob o poder único do Espírito Santo, abraça-se com eles e condena os que falam a verdade e querem ser fiéis à santa Palavra de Deus. Quem tem toda a autoridade no céu e na terra? Este mesmo que disse "...Que é o homem que dele te lembres e o filho do homem que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras das tuas mãos e sob teus pés tudo lhe puseste". (SI 8. 4-6). Isso está escrito na Bíblia e, talvez, você nunca tenha lido, por isso não tem consciência do que é ser cristão. Não sabe que tem em si poder dado por Deus para ultrapassar barreiras, Ter domínio sobre toda obra que Deus fez, toda criação de suas mãos, inclusive os demónios. Você não sabe disso e está sempre derrotado, procurando o pastor, os irmãos de "maior poder" para orar por você. Sem conhecimento, você é a igreja fraca, derrotada, inconsciente. Por isso a sua família sofre, está caída sob o domínio do diabo e seu exército de malfeitores. Sua ação retraída, medrosa, tímida, faz a Bíblia mentirosa. Reduz a autoridade dada por Deus ao homem, duvida desse poder e faz dele também um mentiroso. Satanás gosta disso, meu irmão. Expulse-o da sua casa, da sua família, da sua igreja. Veja Mc 16.17 "E estes sinais hão de acompanhar..." a quem? Aos ímpios? Os crentes "meia-boca", os que duvidam, os que não conhecem a Palavra e nem o poder de Deus? Não. Os que crêem. Estes são os que, em nome de Jesus, expulsarão demónios. Os cristãos são raça eleita, têm o privilégio da realeza, não precisam pedir favores para resolverem problemas espirituais e muito menos materiais. Falta-lhe sabedoria? Peça-a a Deus que a dá com abundância. Não é isso que está escrito? 96
POSIÇÃO DA IGREJA
Vou terminar com Tiago 3.16.16. Se você não aprendeu com tudo que foi dito, dificilmente vai aprender, mesmo que se escrevam milhares de páginas. "Pois onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins. A sabedoria, porém, lá do alto e, primeiramente pura, depois pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça para os que promovem a paz". Precisa mais? Sua sabedoria é egoísta? Você não divide nada com ninguém? Acha que o professor da Escola Dominical da sua igreja é fraquinho? Não dá o dízimo porque a igreja vai gastá-lo naquilo que você não aprova? Vai pouco à reuniões de oração mas não perde uma assembleia para disciplinar algum irmão? Olha de canto a irmã que cortou a ponta dos cabelos? Acha-se mais santa e merecedora porque usa saia? Então meu caro e minha cara, isso não é sabedoria, é burrice.
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CONCLUSÃO
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E,/u vos digo a vós: pedi e dar-se-vos-á, buscai e achareis; batei e
abrir-se-vos-á" (Lc 11.9). A dinâmica do reino invisível de Deus consiste na ação dos verbos pedir, dar, buscar e achar. A conclusão lógica ficou por conta de Jesus no verso seguinte: "Quem pede recebe; quem busca acha e quem bate abrír-se-lhe-á". E a determinação de Deus para o seu reino e não pode acontecer diferente. Jesus está atento aos pedidos, é complacente com quem busca e atende ao que bate. Conclui-se que todo problema do homem está no pecado de origem, a desobediência e insubmissão ao poder maior. Essa rebeldia leva à ignorância dessa dinâmica do reino porque, ao rejeitar o poder de Deus, desejando ser igual a Ele, perdeu o referencial e negou suas origens como criatura. Para o erro de Adão não há volta. O homem só pode almejar um contato direto com o Criador através de Jesus, que se tornou o novo referencial para o mundo invisível, comandante da história. 99
DEMÓNIOS FAMILIARES
O mundanismo, porém, impede o homem moderno enxergar em Cristo a cura para seus males. Ele ignora toda verdade do plano salvífico de Deus e essa falta de conhecimento o torna vulnerável aos ataques satânicos, da mesma forma que a serpente abordou Eva no paraíso, sagaz, sorrateira, convincente, amável, dissimulada, fingida e, acima de tudo, conhecedora da natureza humana e seus mais íntimos desejos. Adão e Eva formaram a primeira família que a Bíblia aponta como referência, oriunda de uma semente contaminada, que arruinou toda a espécie através do tempo. Então, para livrar-se dessa maldição, todos teriam que entender o plano de Deus para resolver esse problema, entender a real missão de Jesus e como ele reabre as portas do sobrenatural para que o homem volte, espiritualmente, a Ter comunhão com o seu Criador. Então, se a família humana está à mercê dos demónios, a culpa é exclusiva do homem que tenta, como sempre o fez, resolver seus problemas através da sua própria capacidade, inclusive a reaproximação de Deus através de esforços pessoais esquecendo, em função do seu orgulho, que só Jesus pode fazer isso. Ao ser humano compete descobrir como ele faz e seguir suas instruções para acertar o caminho de volta. Satanás intervém na história com a mesma arenga de sempre: o homem tem em si todo poder latente para resolver seus problemas, basta desenvolvê-lo através do conhecimento das ciências ocultas, que comanda o poder das trevas. A humanidade acredita nisso, deixa de confiar em Jesus e tê-lo como único Senhor e Salvador, buscando nos exercícios mentais, na Ioga, no espiritismo, nas filosofias, na meditação transcendental e em tantas outras fontes duvidosas o sonhado autoconhecimento para alcançar a felicidade. 100
CONCLUSÃO
Uma vez estribado em si mesmo, confiante na sua inteligência e autosuficiência, o homem ergue uma barreira intransponível entre ele e a verdadeira solução dos seus problemas: Jesus. O Filho de Deus não pode impor-se, passar por cima do livre arbítrio dado ao homem por Deus quando o fez imagem e semelhança própria, o que inclui essa faculdade de decidir, que não pode ser cerceada porque é a centelha divina na constituição humana. É, então, necessário ao homem descer do seu "ego" e permitir que Jesus tome as rédeas da sua vida. Ele (homem), deve apenas agir em nome de Jesus, uma vez que o entronize no centro do seu viver, trocando o "ego" pelo senhorio de Cristo. A igreja exerce o papel fundamental de levar o homem a essa decisão, mas ela precisa ser santa, não compactuante com o sistema mundano para encerrar em si o poder espiritual, movimentador do sistema invisível que age na alma humana. A igreja é sucessora de Cristo na terra, é através dela que Jesus vive e o Espírito Santo de Deus se move. Não há outro meio para o homem contornar o problema de que está afastado de Deus por causa dos seus pecados, a não ser solicitar o perdão de Deus e apoderar-se da salvação através do seu filho. Quando isso acontecer verdadeiramente, a família como matéria-prima da sociedade, será abençoada sem medidas, conforme as promessas do Senhor. Não escrevi esse livro para ganhar dinheiro. Isso seria demasiada pretensão no Brasil, principalmente no segmento evangélico. Minha intenção única é um convite à ampliação do conhecimento entre os cristãos, chamando-lhes a atenção para o fato de que não basta ser religioso para ter as bênçãos de Deus, mas é preciso viver segundo preceituam as Sagradas Escrituras. Quero despertar o interesse pela busca do saber mais abran101
DEMÓNIOS FAMILIARES
gente, que não se recuse a estudar temas considerados tabus, como o mundo das trevas e a ação satânica em meio à própria igreja. Para isso, deve-se abandonar rótulos, culturas arcaicas e interessar-se apenas pela verdade absoluta e absolutista de Deus, Espírito que prevalece. Intenciono, ainda, que o processo de santificação (separação do mundanismo ou pecados da carne) do crente seja desencadeado na proporção em que ele desenvolver o conhecimento daquilo que não pode ver, a dimensão espiritual da vida. Ocorrendo esse conhecimento, o cristão estará apto a usar os poderes outorgados por Deus contra os poderes e maquinações das trevas. O crente torna-se, então, protetor da família, orientador, intercessor, ensinador, exercendo o papel de pai e educador segundo a vontade de Deus. O homem moderno, busca, iludido, a conquista da felicidade nas previsões otimistas do futuro através das descobertas científicas para um mundo melhor, sem dor, livre de doenças malignas, em que a paz seja uma realidade e o amor o sentimento maior entre a humanidade. A Bíblia diz que não vai acontecer isso e que o ser humano prosseguirá até o fim em sua irracionalidade, recusando-se a entregar o domínio total do mundo a Deus e até juntando-se contra Ele numa batalha final para sua própria ruína. A Ciência terá muito a ganhar se for menos materialista e render-se mais facilmente às evidências de que o mundo real, visível e tangível, é comandado pelo universo invisível, sobrenatural, espiritual, que os estudiosos ortodoxos recusam-se a aceitar e render-se a um direcionamento mais intuitivo do que dedutivo. Assim, vai cada vez mais afastando-se da fonte criadora e aproximando-se perigosamente da força destruidora, começando pela família e instituições básicas de sustentação da sociedade humana. 102
CONCLUSÃO
Considero você, leitor, uma pessoa inteligente. Caso contrário, não estaria lendo este livro. Não é porque o cristianismo fundamenta-se numa realidade subjetiva, heterodoxa, espiritual que seus enunciados não sejam verdadeiros, mormente a realidade existencial dos demónios e sua capacidade de influir no mundo real, derrubando, desfazendo, destruindo, matando, criando o caos. Isso acontece sempre que as oportunidades se apresentem, quer através da ignorância dos perigos oferecidos por uma vida paralela aos padrões bíblicos, quer pela crença de que o pecado não é real, foi algo inventado pela igreja para conter a inclinação do ser humano à prática do mal. Os homens casam, as gerações vão se passando, e a família sofrendo sempre as consequências, sem que haja uma percepção de que toda provação pode ter raízes no âmbito espiritual, algo que a moderna psicologia e a psiquiatria não podem resolver. Só espero uma coisa de tudo que foi escrito aqui. Que algo tenha servido para o leitor, que possa ter aberto mais o entendimento sobre o tema abordado e que, pelo menos um pouco, possa ser posto em prática. Caso contrário, este trabalho terá sido inútil, sem contribuir um mínimo para o cumprimento da fiel Palavra de Deu. Evidentemente, o leitor não é um alienado e tem opiniões próprias, pontos de vista e conhecimento suficiente para embasar-se e tecer críticas sobre o que apreendeu daquilo que expus em todo o texto. Defendo o seu direito de fazer isso até morrer, inclusive o autorizo a escrever dando ciência do que pensa e da posição sobre o que leu. Entretanto, antes de fazer pública suas concepções em relação ao conteúdo deste livro, quero que saiba minha convicção de que Deus me chamou para escrever isso. Antes de me tachar de radical, fundamentalista, ortodoxo ou 103
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sei lá o quê, peco-lhe que dobre seus joelhos e converse com o Senhor sobre o assunto, pergunte-lhe por que inspirou-me a escrever isto e por que registrou na Bíblia tantos versículos falando sobre as consequências da falta de sabedoria. Se Ele te responder que estou errado e que preciso penitenciar-me, estou pronto a voltar atrás. Caso contrário, as palavras deste livro estão confirmadas e a igreja de Jesus precisa mesmo de uma transformação urgente. E você está convidado para ser um dos agentes dessa transformação.
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DEMÓNIOS FAMILIARES A realidade do mundo espiritual e as armas para a vitória
Prepare-se para absorver novas informações sobre demónios familiares, fazer uso delas e ser livre!
A herança espiritual. Demónios residenciais na história. A migração de um corpo ou residência para outro. Diversas manifestações no Novo Testamento. As forças do reino do mal atuando no mundo real. Manifestações sobrenaturais em rituais de invocação. Posse corpórea ou encorporação. Como vencer os ataques.
A revelação e a orientação bíblica sobre os temas enfocados! "A revelação traz ao conhecimento que os seres que povoam a dimensão invisível estão em todos os lugares e podem se manifestar nas mais variadas e feias formas. Jesus disse: resisti ao diabo e ele fugirá de vocês. Sua família não pode ficar suscetível aos ataques de entidades demoníacas! Conheça mais sobre o assunto e vença esta terrível e real Batalha Espiritual!" S. V. Milton
SANTOS E D I T O R A
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