Viver em vitória steve gallagher

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Viver em Vitória Pelo poder da misericórdia

Steve Gallagher Título original: Living in victory © 2002 by Steve Gallagher Pure Life Ministries Tradução: Dra. Maria Eugênia da Silva Fernandes Graça Editorial, Rio de Janeiro, 2005 Coordenação: Eber Cocareli Diagramação: Ilma Martins de Souza Capa: Graça Editorial (Reprodução do original) Design: Kleber Ribeiro

G158v Gallagher, Steve. Viver em vitória - Pelo poder da misericórdia / Steve Gallagher; traduzido por Dra. Maria Eugênia da Silva Fernandes - Rio de Janeiro; Graça, 2005. 256 pp. 16x23cm. ISBN 85-7343-719-7 Tradução de: Living in victory Inclui bibliografia 1. Vida cristã. 2. Sexo - Aspectos religiosos - Cristianismo. I. Título. CDD-248.4

Digitalizado por sssuca


Sumário

Elogios antecipados a Viver em vitória ..........................................................................4 Introdução - Viver em vitória .........................................................................................6

Vendo a sua necessidade.................................................................. 8

Vendo a sua necessidade.................................................................................................9 Das nuvens para a realidade ......................................................................................... 18 Um mundo em guerra ...................................................................................................28 Deus não está satisfeito.................................................................................................39

O Deus que supre as nossas necessidades ...................................... 49

Buscando, conhecendo e amando Deus .......................................................................50 A essência do Espírito Santo........................................................................................ 60 O Deus de misericórdia................................................................................................. 72 A indiferença e a ira de Deus ........................................................................................82 O Deus que opera ..........................................................................................................95

Transformando a misericórdia de Deus em Sua vitória ................109

O clamor dos necessitados .......................................................................................... 110 A vontade de Deus....................................................................................................... 123 A vida de misericórdia................................................................................................. 133 Aqueles que exercem a misericórdia .......................................................................... 145 A oração da misericórdia ............................................................................................ 155

Os frutos da vida de vitória ........................................................... 165

Andando em autoridade espiritual ............................................................................. 166 Vitória sobre o pecado habitual ...................................................................................177 Viver em vitória ........................................................................................................... 185

Bibliografia ..................................................................................198

Minha gratidão sincera a Charlie Hungerford e Bradley Furges por sua ajuda ao editarem este livro.

A Doug & Millie Detert, que me ensinaram o significado da misericórdia de Deus por meio da vida de cada um.


Elogios antecipados a Viver em vitória "Pelo fato de termos abraçado o nível falho do mundo, nossas casas são fracas, nossas igrejas são vulneráveis e nossas famílias despedaçam-se ao nosso redor. Viver em vitória, de Steve Gallagher, leva-nos de volta ao único nível sobre o qual deveríamos edificarnos: a Palavra de Deus. Prepare-se para ser desconfortavelmente desafiado à medida que o autor expõe os patamares falhos da sua vida. A princípio, parecerá que você está sendo destroçado, mas, com o tempo, verá que está sendo edificado para uma nova vida em Cristo." Dannah Gresh Autor de And the bride wore White [algo como E a Noiva vestia branco] e Pursuing the pearl [algo como À procura da pérola]

"A abertura transparente de Steve Gallagher sobre as próprias dificuldades e a leitura bíblica inspiradora sobre a misericórdia de Deus são profundamente tocantes. Ao ler, eu me tornei dolorosamente ciente das minhas falhas na área da pureza, mas, ao mesmo tempo, encorajado por não ser tarde demais para mim. Viver em vitória me dá esperança de que uma vida devotada a Deus seja tanto possível quanto necessária. Um livro de leitura obrigatória para qualquer homem que busca ter uma vida agradável a Deus." Charlie Hungerford Diretor Assistente de Comunicações da Universidade Drury University

"Steve Gallagher aborda o assunto da vida vitoriosa não como um homem que se faz por si, mas como uma pessoa feita por Deus — um indivíduo totalmente falível que colocou seu destino nas mãos de um Pai poderoso e cheio de graça. Se você estiver cansado de respostas superficiais e pronto para deixar o Senhor transformá-lo, compre este livro!" David E. Fessenden Gerente Editor Christian Publications, Inc.

"O novo livro de Steve Gallagher, Viver em vitória, é um recurso bem escrito e excelente para qualquer cristão que deseje uma vida abundante, livre da escravidão da carne. Assim como em


suas outras obras, Steve fala de coração e se comunica facilmente com o leitor. Este livro será uma bênção para muitos leitores." Nick Harrison Editor


Introdução Viver em vitória Vitória... A própria palavra pode parecer quase uma brincadeira cruel para alguém preso a um pecado habitual. A maioria dos que conheço, que luta, ficaria animada em viver apenas com algum grau de liberdade do seu pecado sexual e acharia que uma vida espiritual abundante é absurda e até ridícula. Meu objetivo é mostrar ao leitor que ele não precisa mais aceitar uma forma de liberdade "enrolada" e movida pelo medo. Como filho de Deus, a vida abundante da vitória em Cristo lhe pertence! O problema é convencer um homem com uma atitude de derrota de que ele pode ter muito mais do que experimentou até agora. É como tentar contar a alguém que vive em uma favela, ganhando salário mínimo, que ele pode viver no luxo. Ele irá vê-lo como se você tivesse duas cabeças! Ele viveu na favela a vida inteira e trabalhou por um salário baixo durante anos. Essa pessoa pode saber vagamente que existem os ricos, mas o alto estilo de vida está tão longe do seu pequeno mundo, que lhe parece inconcebível poder desfrutar de tais riquezas. A maioria dos que lutam se consideraria vitoriosa se ficasse livre de um único hábito que a importune. Contudo, isso verdadeiramente faria um homem ser vitorioso? O que foi realmente obtido se um viciado em sexo não mais esta freqüentando as casas de massagem, mas encontra-se ainda cheio de desejo? Ele será verdadeiramente rico em Cristo se for egoísta, irado e orgulhoso? Ele sabe mesmo sobre vida vitoriosa se não souber viver no poder e amor de Deus? Se, de repente, uma pessoa que ganha salário mínimo tiver o salário dobrado; poderá parecer que ela seja rica, mas isso não a torna assim. Sem dúvida, sua situação melhorou. Talvez, ela até seja capaz de sair dos seus planos e partir para uma vizinhança melhor. Entretanto, se desejar tornar-se rica, terá de aspirar a mais do que um aumento de salário e uma casa ligeiramente mais bonita. Será preciso mudar toda a fachada da sua vida, da pobreza à riqueza e tornar-se uma ávida estudante da vida dos ricos. Mais do que tudo, será necessário dominar os princípios operacionais do sucesso que governam o mundo dos negócios.


O mesmo acontece com alguém que almeja trocar sua vida espiritual de derrota por uma de vitória. Ele também terá de olhar mais alto do que no passado, precisará estudar a vida daqueles que tiveram uma vida cristã abundante e, mais que tudo, terá de dominar os princípios operacionais do sucesso, que lhe abrem a fortuna espiritual disponível ao crente. Por que o cristão se sujeita a uma vida derrotada na favela quando os tesouros de Cristo lhe estão disponíveis? As riquezas que levam a uma vida vitoriosa não são as bugigangas que este sistema mundano oferece, mas podem ser encontradas nas profundezas insondáveis do próprio Deus. Paulo nos conta que o Senhor é rico em misericórdia (Ef 2.4). Acontece que a misericórdia é justamente aquilo de que o santo lutador precisa. Tudo no Reino de Deus gira em torno do amor e da misericórdia do Senhor. Com efeito, Seu amor é o princípio operacional que move todo o Reino de Deus. Jesus expressou isso quando disse: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas (Mt 22.37-40). Em outras palavras, tudo o que ocorre na dimensão do Reino de Deus gira em torno desses dois princípios. Da mesma forma que os engenheiros enviam energia a toda uma cidade, canalizando e dirigindo a eletricidade, o Reino de Deus opera no poder do Seu amor. A misericórdia é o amor do Pai celestial em ação suprindo as necessidades do povo. É uma força que procede continuamente do Seu trono e está dirigida àqueles necessitados. O segredo para uma vida vitoriosa consiste em penetrarmos no grande depósito da misericórdia de Deus a fim de suprir nossas necessidades e, depois, agirmos como um canal com relação a esse poder, dirigindo-o para a vida de outros. Superar o pecado habitual é importante, mas a vitória real ocorre quando uma pessoa se transforma em arma nas mãos de um Deus poderoso contra as legiões do inferno. Isso é viver em vitória! O primeiro passo para essa vida mais elevada é perceber que você necessita dela.


PARTE UM VENDO A SUA NECESSIDADE

*** Meditação para Hoje Jesus Cristo não pode começar a fazer algo para um homem a menos que este conheça a sua necessidade [...]. A entrada para o Reino de Deus é sempre por meio da fronteira moral da necessidade.1 Oswald Chambers

O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus. Apóstolo Paulo - Filipenses 4.19

Um homem precisa sentir-se miserável antes de encontrar um remédio; ficar doente antes de buscar um médico; ser aprisionado antes de buscar perdão. Um pecador deve estar cansado dos seus caminhos ímpios anteriores antes de buscar o refúgio de Jesus Cristo para se renovar. Ele deve ser sensível à sua pobreza, mendicância e escravidão espiritual pelo diabo antes de ter sede de justiça celestial e estar disposto a tomar o jugo leve e suave de Cristo. Deve ser expulso, confundido, condenado, considerado um pária, perdido em si mesmo antes de procurar um Salvador.2 Robert Bolton


Um Vendo a sua necessidade Uma das maiores bênçãos da minha vida é o privilégio de trabalhar com homens que lutam contra o pecado sexual. Há mais de 16 anos, tenho estado envolvido direta ou indiretamente com a vida de inúmeros homens com tais problemas. Freqüentemente, tenho argumentado com eles, tenho-lhes ensinado, confrontado, encorajado e pregado para eles em resposta à sua grande necessidade de encontrar o Senhor. Em várias ocasiões lamentei as suas perdas, discuti com eles durante horas, e agonizamos juntos em oração. Com lágrimas, implorei para que se arrependessem e, às vezes, repreendi firmemente aqueles que hesitavam ou se recusavam a fazê-lo. Felizmente, para a maioria deles, as conseqüências negativas do seu pecado abriram os seus olhos e expuseram a sua grande necessidade de que Deus operasse na vida de cada um. Quer esteja lutando ou não contra o pecado sexual, você também precisa de que Deus seja maior do que Ele é atualmente em sua vida. Digo isso com confiança, porque esta é a carência de todo ser humano vivo hoje, seja profundamente espiritual, seja completamente impuro. Todos nós temos profundas necessidades emocionais e espirituais, as quais só podem ser supridas pelo Pai e por intermédio dEle. A notícia maravilhosa é que o Senhor possui um universo cheio de misericórdia para nós, a fim de prover aquilo de que precisamos, libertar-nos e curar nossas enfermidades, permitindo que cada um tenha acesso a uma vida abençoada. A distribuição dessa misericórdia, a qual preenche as nossas insuficiências, surge uma vez que comecemos a ver a nossa necessidade com relação a ela. O único impedimento para receber tal favor imerecido do Todo-Poderoso depende do quanto escolhemos apropriar-nos dele. É por isso que amo trabalhar com viciados sexuais. Muitos vão para o Pure Life (Ministério Vida Pura, fundado em 1986), porque estão com problemas e desesperados por ajuda. O fato de estarem bem cientes da imprescindível operação divina no interior do coração — e, realmente, reconhecerem isso — coloca-os em uma posição invejável no Reino de Deus: um homem que vê a sua necessidade.


Este é um lugar tão tremendo diante do Senhor, que, freqüentemente, digo a esses homens que agradeçam ao Pai celeste pelo seu vício. Se isso soar muito fora de propósito para você, considere o seguinte: se Bartimeu não fosse cego, ele estaria berrando ousadamente: Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim! (Mc 10.47)? Se a filha da mulher siro-fenícia não fosse afligida por um demônio, ela iria mostrar-se disposta a comer das migalhas que caem da mesa dos seus senhores (Mt 15.27)? Se o rei Davi não tivesse sido repreendido severamente por Natã e forçado a ver seu grande crime, ele teria redigido estas palavras: Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias (Sl 51.1)? Se Pedro não tivesse percebido quão diferente ele era do Mestre teria clamado: Senhor, ausenta-te de mim, porque sou um homem pecador (Lc 5.8)? Finalmente, se o publicano não tivesse visto a sua grande necessidade, ele teria batido no peito e dito: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! (Lc 18.13)? * As aflições e lutas da vida produzem um clamor pela ajuda de Deus. Indivíduos que desfrutam de um percurso confortável, macio, realmente não sabem o que é ser pressionado em um lugar estreito sem espaço nem pessoas por perto, a não ser Deus. É da natureza humana "deixar para lá" ou relaxar quando a vida se torna mais favorável ou certos problemas são resolvidos. Muitos homens que passam anos sendo complacentes com seus apetites sexuais, apenas para se encontrar nas garras assustadoras do diabo, sabem o que significa clamar pela misericórdia de Deus. O ponto de desespero não é uma experiência obscura para eles; é uma parte muito real da sua vida diária. Espiritualmente na falência, estão em um desespero tão grande, que a única esperança é encontrar a saída por meio do Altíssimo. Tais indivíduos têm, freqüentemente, uma paixão por encontrar o Senhor. Eu sei, em primeira mão, que a liberdade dessa escravidão requer uma persistência determinada e um zelo genuíno pela busca do Senhor. Muitos que não conhecem o poder de um pecado controlador não buscam o Pai com o mesmo grau de fervor. Por suas necessidades não serem prontamente percebidas, eles tendem a se *

Não tenho a intenção de glorificar ou justificar algo tão repugnante e diabólico como a obsessão de uma pessoa pela perversão sexual. Quando sente as amarras das trevas em volta do seu pescoço, o indivíduo busca uma única coisa: liberdade! Penso que a alternativa para ele jamais ter algo que o impulsione a buscar Deus é o fato de estar contente com o pouco da presença dEle em sua vida. Estar liberto ou curado é maravilhoso, mas a aflição existe para nos ensinar a nos voltarmos para Ele. Tendo provado do Seu precioso Espírito pela experiência completa, é preciso ser como aquele único leproso entre dez que voltou e adorou o Mestre.


aproximar dos assuntos de Deus mais ocasionalmente. Entendem vagamente que Ele deseja amadurecê-los e transformá-los, no entanto, carecem de um desejo intenso por tal crescimento ou mudança. Assumem que o Criador, de alguma forma, realizará o necessário em suas vidas e estão contentes em centralizar sua caminhada cristã em aumentar seu "conhecimento intelectual", nomeando e reivindicando isso e aquilo, e tendo experiências espirituais de vez em quando. Homens que, realmente, entendem a enorme necessidade da obra de Deus em suas vidas não podem satisfazer-se com essa abordagem sem entusiasmo. Estão com problemas espirituais e não têm escolha, a não ser encontrar a resposta no Senhor, não importando qual seja o custo. A NECESSIDADE QUE ME LEVOU AO DESESPERO Desde garoto, sofri de um obstinado caráter duplo. Eu possuía uma natureza tão intensa, que vivia constantemente no limite da excitabilidade e até da ira. Minha personalidade impetuosa intimidava algumas pessoas e mantinha outras à distância. O ressentimento, o orgulho e o egoísmo, algumas vezes, inflamavam essa grosseria. Com igual freqüência, entretanto, não havia malícia premeditada; simplesmente, a grosseria acontecia de modo automático. Não importava o quanto duramente eu tentasse ser diferente, minhas palavras sempre pareciam conter um certo tom subjacente de sarcasmo ou hostilidade. Era extremamente difícil alguém se dar bem comigo. Minha natureza insuportável, geralmente, provocava medo ou ira completa na maioria das pessoas. Apesar de toda a minha impulsividade e aparência de "valentão", o outro lado do meu caráter era igualmente real. Por dentro, eu era profundamente sensível. Lembro-me de que, quando criança, sentia-me terrivelmente vulnerável e com medo das observações cortantes dos meus colegas de classe, dos comentários ríspidos do meu pai e das brincadeiras bobas dos meus amigos. Por fora, eu tinha uma aparência dura, mas, por dentro, não era assim. Naturalmente, minha natureza suscetível me fazia muito defensivo e com necessidade de superproteção. Para piorar, cresci profundamente inseguro, vivendo em um lar caracterizado pela contenda. Estranhamente, minha personalidade era realmente uma combinação perfeita da dos meus progenitores. Meu pai tinha a língua afiada e sarcástica; minha mãe


era sensível e insegura. Essa união incompatível resultou em um casamento miserável, um lar infeliz e um ambiente que não era saudável para uma criança crescer. Como muitos outros bebês nascidos após a Segunda Guerra, crescer em um lar sem amor deixou-me em um vácuo gigantesco. Como resultado, eu buscava constantemente a aceitação dos outros a fim de preencher de alguma forma aquele vazio. Combinados, esses fatores abriram a porta para o mundo lúgubre das trevas do vício sexual, que dominou a minha vida durante muitos anos. Desde o princípio, eu parecia ter uma atração incomum para o sexo em geral e para as mulheres em particular. Não mais satisfeito com revistas de garotas ou de conquistas de adolescente, minha natureza compulsiva compelia-me cada vez mais profundamente para o mundo da perversão. O que começou como uma necessidade perceptível de aceitação, a qual eu achava que podia ser suprida nas agruras da paixão, tornou-se, gradualmente, um monstro insaciável que demandava uma atividade cada vez mais freqüente e vil. Embora eu ainda pudesse agir (desastradamente) em situações sociais ou laborais, meu pensamento tornou-se cada vez mais bizarro. O arraigado medo que eu tinha das pessoas aumentou, até que comecei a ser, constantemente, atormentado por pensamentos paranóicos. Em uma ocasião, eu estava andando em uma loja quando uma adolescente empurrou sua amiga para mim, dando risada. Cheio de medo e embaraço, eu sabia apenas que elas achavam que eu era estranho (e era!). Imediatamente, corri loucamente e isolei-me na casa de minha mãe por quase um mês. Infelizmente, foi nesse estado de espírito e mente que vivi a maior parte dos meus 20 anos. Aos 24, eu já havia repassado dúzias de garotas e uma esposa. Foi, então, que encontrei Kathy e me casei com ela. Dois anos de angústia mais tarde, ela se foi com outro homem e pediu o divórcio. Naquele ponto, eu estava finalmente preparado para me humilhar e admitir a minha necessidade do Senhor. O fato de me tornar cristão (e ter de volta minha mulher milagrosamente) foi um abalo para os demônios, que, até aquele ponto, desfrutavam de grande liberdade para me atormentar e controlar. Passei a ter um novo propósito na vida, um entusiasmo por coisas boas e honradas. Tornar-me um crente não mudou o meu caráter instantaneamente. Eu ainda era Steve Gallagher, tinha língua afiada e ainda era impaciente. Era sensível, ainda socialmente estranho e estava muito preso ao vício sexual.


Nos três anos seguintes, batalhei contra as tentações avassaladoras da luxúria. Na maior parte da minha vida, procurei, propositalmente, experiências emocionantes para escapar da dor da vida, na tentativa fútil de ganhar um senso de valor como homem. Tal valor só é encontrado em Deus. Tornar-me suficientemente forte do ponto de vista espiritual para vencer o pecado sexual de uma vez por todas exigiu um tempo longo. Embora eu batalhasse freqüentemente contra a tentação sexual, acabei encontrando, pela graça de Deus, a liberdade de que precisava. Seis meses após meu último encontro com outra mulher, Deus me levou a uma escola bíblica. Seis meses depois, Ele me dirigiu a começar um ministério para ajudar outros homens a lutarem contra o pecado sexual. Começou com uma reunião de simples apoio em Sacramento uma vez por semana, enquanto eu participava da escola bíblica. A notícia da criação do grupo deu o que falar e se espalhou. Antes que eu percebesse, eu estava aparecendo nos programas de rádio ou televisão, em rede nacional, e pregando em várias igrejas. Em 1989, Kathy e eu compramos uma pequena fazenda em Kentucky e mudamos o ministério para lá. Naquela época, sentimonos guiados pelo Senhor para abrir uma residência destinada a homens que precisassem de ajuda mais intensa para se libertar do controle do vício sexual. Quando tais homens chegaram a esse novo programa em janeiro de 1990, eu já era cristão há mais de sete anos. Logo descobri o quão pouco eu tinha agido e estava aquém dAquele que eu declarava representar e a quem eu servia. Uma coisa é aparecer nas entrevistas curtas da mídia ou pregar em igrejas onde as pessoas não o conhecem; outra completamente diferente é morar com pessoas em um ambiente em que o eu não-crucificado pode mostrar sua face detestável. Lamentavelmente, aqueles que pediram ajuda nos primeiros anos ficaram, provavelmente, muito desapontados. Felizmente, as pessoas apreciavam e respeitavam minha sinceridade inegável e meu zelo intenso por Deus. Também é verdade que o Senhor me deu uma percepção clara com relação a como conquistar a liberdade do hábito do pecado sexual. Entretanto, eu estava muito cheio de mim mesmo. Era ríspido, orgulhoso e egoísta, e estava bem ciente disso. O capítulo 7 de Romanos descreve o desespero e a agonia constantes que experimentei ao ver o quanto eu era diferente de Cristo. O que me irritava particularmente era aconselhar homens que tinham a natureza simpática, sem problemas, e amigável em relação aos outros. Eles pareciam muito mais com Jesus do que eu, apesar do


fato de que eu O buscava diligentemente durante várias horas por dia. Em contraste, a aparência exterior de bondade que possuíam não combinava com o entusiasmo pelos assuntos de Deus. Meus fracassos constantes, obviamente notórios para todos ao meu redor, mantinham-me clamando pelo Senhor. Com certeza, eu era um homem diferente. Minha língua estava mais controlada do que nunca, mas, naquela posição, eu não podia admitir o "luxo" de cometer erros. Cada vez que respondia defensiva ou sarcasticamente, expunha minha natureza egoísta, orgulhosa e sem amor ainda muito viva dentro de mim. Somente Kathy sabe da minha angústia pelos fracassos constantes durante aqueles anos iniciais do ministério. Para piorar as coisas, entrei em um tempo em que meu relacionamento com Deus pareceu secar. Momentos de oração tinham sido ocasiões em que eu conseguia um alívio temporário dos meus fracassos e me faziam sentir como se eu estivesse realizando algo para o Senhor. Haviam sido uma fonte de vida e renovação para mim. Mas, depois, quando eu orava, parecia que os céus eram de bronze. A Bíblia tornou-se banal e cansativa. Minha caminhada com Deus parecia sem vida. Estava acostumado a ver outros cristãos com uma aparência muito feliz, mas eu sabia que quase todos tinham uma felicidade superficial, a qual era parte do seu caráter, e sempre tinha sido. Contudo, embora sentisse que estava fazendo as coisas certas, eu não tinha alegria real nem paz interior. Onde estava a borbulhante fonte da vida, o viver abundante prometido para todos os crentes em Cristo e meu amor intenso por Deus e pelos outros? Onde estava a alegria do Senhor? Exatamente quando eu estava perdendo toda a esperança, o Pai entrou em meu mundo lúgubre e miserável e começou a abrir os meus olhos de uma maneira totalmente inesperada. Em novembro de 1991, visitei uma pequena igreja pentecostal onde ninguém me conhecia. O pastor pregou duramente o texto de Lucas 6, a respeito do que significa ser cristão. "Ame os seus inimigos [...] Seja misericordioso [...] Por que me chamam de Senhor, Senhor se não fazem o que digo...?". O Criador martelou essas palavras em meu coração. Fiquei perplexo com o fato de tentar tão rigidamente fazer o certo, contudo, estar tão distante do Soberano. Quando o pastor fez o apelo ao altar, andei com dificuldade e relutância pelo corredor, não por me sentir compelido, mas, simplesmente, como mais um ato seco de obediência sem emoção. Convencido de que carecia daquela espécie de amor pelo Pai e pelos outros, como aquele homem de


Deus expressara na pregação, eu estava disposto a me humilhar e a pedir. No altar, todos os meses (até anos) de frustração confinada vieram à tona. Meu orgulho e egoísmo tornaram-se nitidamente reais para mim. Eu estava quebrantado por causa da minha falta de amor por Deus e pelos outros, e me banhei de lágrimas no altar. Naquele quebrantamento, encontrei uma nova perspectiva que eu não tinha sentido desde os dias do meu primeiro amor em 1982. Instantaneamente, minha intimidade com Deus foi restaurada, e uma nova compaixão pelos homens da Pure Life borbulhou dentro de mim. Esse salto gigantesco para frente foi apenas o começo. Eu precisava de mais, muito mais. Tinha de aprender a desfrutar dessa vida recém-descoberta. Sentia-me como um bebezinho engatinhando pelo berço. Percebi, rapidamente, que muitas das minhas percepções sobre Deus e a humanidade estavam erradas. Mas, então, como eu poderia corrigir minhas idéias distorcidas? Logo depois, em outro daqueles eventos programados por Deus, descobri um ministério muito especial, localizado a centenas de quilômetros ao norte de onde morávamos. Zion Faith Homes é um local onde aqueles que estão no serviço cristão podem encontrar o Senhor de uma maneira poderosa. Um colega ministro disse-me: "A razão da Sua voz ser ouvida mais claramente lá é o nível profundo de consagração em que vivem os ministros daquele lugar. Se você está querendo aprender a viver o cristianismo verdadeiro, lá é para onde deve ir!". Perguntei a um dos meus amigos missionários se já havia ouvido falar de Faith Homes, e ele me disse em voz baixa que era como uma "usina geradora de força", na qual se podia sentir o Espírito de Deus de forma dramática. Outro pastor contou que, logo que passou pela porta da frente, sentiu o Espírito de Deus sondar seu coração, expondo o pecado, o egoísmo, o orgulho ou as motivações questionáveis do seu interior. Para mim, soou como algo de que eu precisava. Kathy e eu não sabíamos o que esperar na primeira vez que visitamos o local. As pessoas seriam umas excêntricas superespirituais, fora da realidade da vida? Ou estariam em contato tão profundo com Deus, que poderiam ler nossos pensamentos? Quando chegamos em Faith Homes naquele dia do verão de 1992, estas e outras perguntas enchiam a nossa mente. Ficamos muito aliviados ao descobrir que as pessoas de lá — ministros, obreiros e estagiários — eram as mais normais que poderíamos imaginar. Não tivemos absolutamente a sensação de que


fossem estranhas ou pertencentes a alguma seita. Com efeito, à medida que os dias passaram, começamos a ver a sua humildade e falta de egoísmo de milhares de pequenos modos diferentes. Apesar da minha experiência recente de quebrantamento, meu egoísmo e orgulho estavam em contraste notório com a forma pela qual demonstravam o amor de Cristo às outras pessoas. Partimos uma semana mais tarde, convencidos de que desejávamos aquele relacionamento com o Senhor. Havia uma abundância de vida naquela experiência cristã que eu nunca havia visto. Percebi que eu tinha testemunhado a espécie de cristianismo que Paulo narrara em seus escritos. Eu me determinei a ter o que eles possuíam. Kathy e eu começamos a fazer visitas de duas, três e até quatro semanas. Quando visitávamos, fazíamos o papel de estagiários, esfregando pratos, assoalhos e banheiros e aguardando outros hóspedes. Pela primeira vez em nossa vida cristã, aprendemos o que realmente significa servir aos outros. Deus usou minha experiência em Faith Homes para me humilhar. Enquanto eu diminuía em minha própria avaliação, aconteceu simultaneamente uma coisa engraçada: Deus ficou maior! Por perceber como eu não era amoroso, pude ver quão cheio de amor Ele é. Ao me inteirar do quanto eu me achava "nobre", enxergava quão humilde é o Senhor. Quando observava o meu egoísmo, descobria como Deus é desprovido desse sentimento. Ao perder de vista a minha suposta "bondade", notava como o Senhor é bom. De alguma forma, por tudo isso, um conhecimento genuíno do Pai se formou em meu coração, mudando a maneira de me relacionar com Ele e os meus semelhantes. Desde aquela época, o Todo-Poderoso esmagou-me, humilhoume muitas vezes. Por tudo isso, descobri quem Ele é e como Ele é. Talvez, mais importante do que isso, seja que o Senhor remodelou o meu modo de pensar e me deu uma transformação de coração desesperadamente necessária. Embora ainda haja traços fracos, observados ocasionalmente por aqueles próximos de mim, na maior parte, aquela língua afiada, o sarcasmo picante e a atitude hostil foram tragados pelo amor que somente o meu querido Senhor pode prover. Deus, certamente, tem suprido minhas necessidades mais profundas. Descobri que Sua obra mais importante em minha vida foi feita nos pontos de quebrantamento e desespero, quando percebi minha necessidade de ter mais dEle. Você pode considerar o meu jeito de me voltar constantemente para o Pai pedindo ajuda como uma imagem de derrota, não de


vitória. Entretanto, posso testemunhar que a operação de Deus em minha vida resistirá ao teste do tempo, porque foi edificada sobre o sólido fundamento da Rocha, e não sobre as areias movediças do esforço humano ou da emoção.

*** Meditação para Hoje Nenhum homem pode, por um período considerável, usar uma face para si mesmo e outra para as multidões, sem ficar finalmente confuso com a questão de qual delas pode ser a verdadeira.1 Nathaniel Hawthorne

Orações solenes, devoções entusiasmadas, são nada mais do que hipocrisia, a menos que o coração e a mente lhes correspondam.2 William Law

Há apenas duas espécies de homens: os justos, que se consideram pecadores, e o resto, pecadores que se consideram justos.3 Blaise Pascal

Quero adverti-los de que não existe conexão alguma entre a manipulação humana das nossas emoções, por um lado, e, pelo outro, a confirmação em nosso ser da verdade de Deus revelada por meio do ministério do Espírito Santo. Quando, em nossa experiência cristã, as emoções se levantam, elas devem ser resultado do que a verdade de Deus está fazendo por nós. Se não for assim, não se tratará absolutamente de um mover religioso adequado.4 A. W. Tozer


Dois Das nuvens para a realidade Uma das experiências mais perturbadoras que tive no ministério aconteceu em meu escritório da Pure Life há alguns anos. Duvido que, algum dia, eu esqueça o rosto de Carl quando apareceu de repente em minha porta e atirou-se no chão. Carl era evangelista e cantor com muitos dons. Durante vários anos, ele percorreu um circuito regular de igrejas do Sul onde ministrava. Não apenas era um cantor talentoso, mas também, um pregador carismático. Ele aprendeu que as pessoas gostam de "sermões positivos", por isso, sempre era cuidadoso em deixar as congregações sentindo-se bem a respeito de si mesmas. As pessoas amavam a personalidade animadora de Carl. Não era à toa que os pastores ficavam felizes de tê-lo de volta ano após ano. Durante mais de 20 anos, ele fez exatamente isso, viajando de igreja em igreja, criando sua família em uma casa móvel. No princípio, Carl era sincero. Originalmente, entrou no ministério por causa de um desejo genuíno de servir ao Senhor. Com o passar do tempo, entretanto, sua dependência de Deus diminuiu à medida que ele confiava inconscientemente nas próprias habilidades. Carl aprendeu a parecer espiritual e a impressionar as congregações. As pessoas o admiravam, e ele sabia disso. No final, ele se desviou do Senhor. Seu estudo bíblico deixou de ser para a sua edificação pessoal e se tornou apenas um tempo reservado para encontrar material do sermão. Desde então, tendo desistido de qualquer espécie de vida de oração significativa, algo corrupto se apossou de seu interior e se manifestou, gradualmente, em sua pregação. Não querendo mais confrontar o pecado, Carl se apoderou do "evangelho água com açúcar". Ele se considerava um encorajador, alguém que deixa você feliz em ser um cristão. Para ele, o sucesso era a prova da bênção de Deus em sua vida. Sua condição espiritual acabou por apanhá-lo, e ele teve uma série de relacionamentos com mulheres de várias igrejas. Foi para o Ministério Pure Life quando seu pecado foi exposto. Ele ficou lá apenas por poucos dias, ocasião em que teve um momento definidor de vida na trilha de oração atrás do escritório.


Ele estava caminhando quando, subitamente, teve um encontro com Deus que o deixou arrasado. O que aconteceu a seguir ficou gravado para sempre em minha mente. Carl começou a gritar, jogado no chão do meu escritório. O Senhor tinha acabado de lhe revelar, de um jeito que apenas Ele pode, que seus 20 anos de ministério haviam sido para si mesmo. Desde o princípio, ele buscou a glória individual, não para Deus. Pregou sermões que agradavam às congregações, não o que o Senhor orientava-o a ensinar. Ele foi aos lugares garantindo boas ofertas, não para onde o Pai o dirigia. Em um instante, Carl viu que tinha usado seus dons e suas habilidades para seu ganho egoísta. Ele percebeu que toda a sua obra no ministério era vazia e desprovida de substância. Naquele momento, ele viu uma vida de serviço no Reino que não tinha produzido fruto, nem resultados verdadeiros e recompensa eterna. Tinha sido tudo por nada. Em um momento, no campo de feno de Kentucky, a realidade invadiu o mundo faz-deconta, de Poliana * de Carl. Aquela revelação assombrosa foi a única coisa que o salvou. AMADORES ESPIRITUAIS Carl é o subproduto de um sistema que se tornou fortemente entrincheirado no interior da Igreja: uma forma de religião que parece a coisa real, mas está suficientemente alterada para fazê-la agradável àqueles que não queiram seguir o caminho estreito do verdadeiro cristianismo. Distribui uma apresentação falsa do Evangelho fundamentada nos sentimentos e não na fé. Essa versão falsificada do cristianismo é promovida por vendedores, que se tornaram populares como Carl, não por causa da maturidade espiritual, mas porque sabem, instintivamente, como dar às pessoas o que elas desejam. Evangelistas itinerantes não estão sozinhos na propagação dessa fé, a qual tem sua base na emoção. Muitos pastores edificaram igrejas imensas com essa espécie de estímulo. O Pr. Pete servirá como uma boa ilustração desse tipo de ministro. Ele lidera uma igreja que está crescendo em uma cidade grande, com atividade incessante, atraente e jubilante. Tal atmosfera é um reflexo da sua própria natureza. Pete é, e sempre foi, positivo, social, divertido e animador para se estar por perto. Quando você freqüenta um de seus cultos, quase tudo o que se ouve é positivo: sermões sobre o que *

Nota da Revisão - Referência ao livro de Eleanor Porter.


Deus quer fazer por você, testemunhos a respeito do que Ele fez e um culto de adoração que lembra uma festa de vitória de algum campeonato. O que há de errado nisso? Sou contrário ao entusiasmo cristão? Absolutamente não! Concordo com aqueles que fazem a pergunta: "Por que alguns crentes ficam histéricos com um jogo de futebol, mas recusam-se a mostrar entusiasmo por Deus?". Creio que existe lugar para uma exuberância genuína com relação ao nosso Salvador e o que Ele fez por nós. O problema com a igreja que o Pr. Pete dirigia é que, quando espreitamos por trás do muro da exuberância e da penugem exterior, não há coisa alguma lá! O cristão maduro, que sabe discernir, descobre, com tristeza, que aquela igreja não tem substância. A esperança que está sendo espalhada não está ligada a um conhecimento real do Senhor ou de Sua dependência, mas, sim, a um clima de entusiasmo superinflado, que não deixa diminuir. Conseqüentemente, o maior medo desse homem não é de que ele possa desviar seu rebanho, mas de que, se ele deixar o entusiasmo morrer, todos os seus seguidores rapidamente o abandonarão por outra igreja "em que haja o mover de Deus". A vida cristã não é para ser vivida continuamente no entusiasmo febril. Estar perdido no regozijo do amor de Deus ou de uma revelação elevadíssima de quem Ele é pode ser maravilhosamente animador na jornada espiritual de um crente. Não obstante, o crescimento cristão, geralmente, vem em meio à luta, quando se passa entre a folhagem densa dos problemas da vida, como em uma floresta. Nesse momento, o verdadeiro caráter santo é edificado, e o cristão maduro aprende o que significa viver pela fé em Deus. Pr. Pete tem um conhecimento superficial de Deus, então, isso é tudo o que ele pode oferecer à sua congregação. Na realidade, esse homem não pode pastorear além do que ele mesmo já caminhou na própria vida espiritual. Como sempre foi capaz de se relacionar por causa de sua personalidade agradável, aparência otimista, natureza cheia de energia, Pete nunca sentiu necessidade de algo mais profundo do Senhor. Na verdade, aprendeu cedo que seus dons carismáticos o fazem um "líder nato", anulando sua necessidade de cultivar a autoridade santa que vem de uma vida de dependência do Pai. Simplificando, Pr. Pete não precisa de Deus para atrair seguidores. O sorriso rápido e a movimentação incessante do Pr. Pete geram entusiasmo nos outros. Um olhar para baixo da superfície


expõe alguns problemas reais em seu ministério e em sua vida pessoal. As experiências pseudo-elevadas que ele tenta produzir para os seus seguidores são concebidas do seu pensamento e sua vontade. Em algum ponto de sua caminhada com o Senhor, Pete, talvez, tenha testemunhado as tremendas manifestações do poder de Deus em outros. Entretanto, em vez de buscar uma experiência genuína e pessoal com o Altíssimo, está contente em ter um ministério cheio de zelo, mas desprovido de qualquer conhecimento real ou importância espiritual. É inevitável que todo culto da igreja se torne um evento coreografado estimulante, na tentativa de manter a sua congregação — isto é, os espectadores — eletrizados pelo esforço humano de sustentar um alto nível de interesse que agrade à multidão. Em vez de receber alimento espiritual saudável, que leva ao crescimento espiritual natural que ocorre em uma congregação bemnutrida e pastoreada de modo maduro, os membros da igreja recebem uma dieta constante de algodão doce e cobertura de marshmallow, a qual provê uma explosão temporária de energia, mas deixa-os, no final, dolorosamente desnutridos. O que mais se espera de um homem que passou a sua vida cristã inteira omitindo os elementos primários de uma dieta bem-balanceada — o alimento de ser convencido pela Palavra de Deus, os vegetais da disciplina, as batatas do sacrifício, a salada da adversidade? Ele gosta de sobremesa e imagina que, além dele, os outros possam viver com isso o tempo todo. Então, o corpo de sua igreja lembra um viciado em drogas, que se mantém artificialmente, enquanto, na realidade, seu corpo carece da nutrição adequada para promover o crescimento e sustentar a vida. A falta da verdadeira liderança espiritual no Pr. Pete aparece não apenas no púlpito, mas também no seu aconselhamento pastoral. Quando abordado por pessoas que necessitam de respostas reais, ele lhes empresta um ouvido simpático, da uma palavra animada de encorajamento, faz uma oração que soa fervorosa e termina com um tapinha de conforto nas costas. Inicialmente, a pobre pessoa que buscou ajuda sente-se animada durante cerca de dez minutos, antes que um senso de desespero lhe sobrevenha. Naturalmente, ela tem dificuldade em entender como tal palavra e tal oração de ânimo podem deixá-la tão confusa e desesperada. O que esse homem ferido precisa é do conselho santo de um pastor com um interesse sincero, que realmente entenda os seus problemas e ore com autoridade.


Infelizmente, uma reunião com esse ministro desapontaria todos aqueles que têm uma necessidade real. Pete não compreende os vários dilemas da vida que muitas pessoas enfrentam, porque ele não encara as próprias dificuldades. A compaixão não cresce dentro dele, porque ele confia no sentimento e nas respostas emocionais para a dor dos outros. Não oferece percepção espiritual, pois nunca adquiriu a sabedoria que vem quando uma pessoa sobrevive na noite escura da alma. Pete ora fervorosamente, mas sem poder. Suas orações são a tagarelice de um homem frívolo, não as súplicas sinceras de um autêntico intercessor, que move a mão de Deus. Ele fala da vida de vitória, mas sua idéia sobre ela é que isso nada mais é do que declarações exageradas, as quais não contêm uma realidade espiritual. Conseqüentemente, a pessoa que o procura sai sem respostas, sem ajuda, sem esperança. Pr. Pete tem um problema muito sério: sua experiência com Deus é extremamente superficial. Então, permanece superficial e imaturo, sem qualquer substância para oferecer a outras pessoas. FUNDAMENTO DEFEITUOSO Carl e Pete são amadores espirituais que não deveriam estar em posição de autoridade espiritual. Como são desprovidos pessoalmente de relacionamentos significativos com Deus, certamente, não podem representá-lO efetivamente para outros que tenham necessidades. Além disso, sua falta de interesse genuíno pelas pessoas aniquila qualquer possibilidade de intercessão real no trono da graça em favor daqueles a quem eles são chamados para servir. Infelizmente, esses dois homens tipificam a espécie de liderança espiritual ativa em muitas igrejas. Aparentemente, a mensagem dada pelos "animadores" como Carl e Pete é de que as pessoas devem colocar a sua fé em Deus. Entretanto, um exame detalhado dos seus ensinamentos revela que eles estão realmente instruindo as pessoas a fundamentarem sua fé em algo defeituoso, de uma atitude mental positiva, e não na Rocha dos Séculos. Essa interpretação distorcida do cristianismo produz resultados temporários para aqueles cuja disposição mental é alegre por natureza, mas deixa o restante dos cristãos desesperados e derrotados. Esses pseudoministros proclamam uma mensagem nãofalada de que os cristãos vitoriosos são aqueles que mantêm regularmente o seu entusiasmo. Eles promovem a idéia de que aqueles que excedem em fé são os que podem estimular o ânimo dos outros.


Toda a confusão me faz lembrar das reuniões motivacionais que eu tinha de freqüentar periodicamente como corretor de imóveis. Primeiro, sócios líderes de vendas apresentavam testemunhos de como haviam fechado grandes contratos por meio de esforços persistentes. A seguir, um líder da empresa dava ao grupo uma palestra comovente. O ponto alto da reunião surgia quando os melhores vendedores eram reconhecidos pelos seus méritos. Todo propósito da reunião era incitar a paixão no grupo para vender mais casas nos meses seguintes. A correlação entre os dois sistemas é notoriamente similar. O "mover exagerado" (por falta de uma expressão melhor) também tem seus testemunhos de vitória. Aqueles que sabem inflamar uma multidão pregam sermões estimulantes. Liderando seguidores do movimento, são reconhecidos como poderosos homens de Deus. É fácil ver por que seus métodos têm tanto sucesso junto aos seguidores que atraem. Em vez de serem humilhadas pela falta de um caráter santo, as pessoas são encorajadas a ver a espiritualidade da forma mais leve e otimista possível. A advertência de Paulo de que o povo não deve pensar de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um (Rm 12.3 - ARA) cai em ouvidos surdos, porque esses seguidores são encorajados a carregar uma visão inflada da piedade pessoal. Enquanto isso, qualquer sugestão de que eles estejam exagerando o que realmente têm em Cristo é vista freqüentemente como um ataque proveniente do diabo. Como essas pessoas julgam que estão indo bem espiritualmente, elas não buscam o Senhor, não se consagram ou lidam seriamente com o pecado do coração. Cegas pelo orgulho espiritual com relação à verdadeira condição das suas almas, elas não percebem a necessidade de fazer tais coisas. Não enxergam a sua carência espiritual, mas vêem como se nada lhes faltasse. Em resumo, não existe necessidade de se preocupar com o amadurecimento da fé porque elas acreditam que já estão no topo! Se Jesus Se dirigisse a uma dessas reuniões de poder hoje, talvez dissesse algo conforme estas linhas: Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta (e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu) (Ap 3.17). Eles não percebem o que realmente são, pois foram ensinados a não ver.


INDO PARA DEUS Certa vez, Jesus contou uma história sobre dois homens que foram ao templo com o propósito de ter uma audiência com o Senhor. O primeiro, um líder religioso, orou: Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo (Lc 18.11,12). Pelos padrões exteriores de hoje, esse homem tinha uma vida santa: orando, jejuando, dizimando e abstendo-se do pecado óbvio, visível. Ele dava cuidadosamente a Deus todo o crédito pelo sucesso que conseguia. É interessante notar que, quando analisou sua vida, tudo o que ele viu a respeito de si mesmo foi positivo! Posso vê-lo encaixar-se facilmente na categoria daqueles que vivem no plano do mover exagerado. A abordagem do outro homem foi completamente diferente: O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! (Lc 18.13). Este homem não marchou para a sala do trono de Deus e exigiu uma audiência. Com efeito, ele ficou em pé, à distância, e nem queria levantar os olhos para o Senhor. Em pé, na presença do Rei, estava tomado pela própria indignidade. Seus pecados estavam claros em sua mente quando ele se inclinou na presença do Santo. Estava arrependido pela falta de semelhança com Cristo, envergonhado por ter feito tão pouco para Deus. Ficou em pé aguardando uma única coisa: misericórdia. Na atmosfera da igreja otimista, alguém, talvez, sugerisse que esse homem necessitava de confiança em "quem ele é em Cristo", precisava aceitar o amor de Deus e aprender a se perdoar. Alguns poderiam mesmo recriminá-lo por sua atitude negativa, rotulando-o como alguém que leva uma vida de derrota, de perdedor espiritual. É interessante como as perspectivas celestiais podem ser diferentes das terrenas. Jesus disse: Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado (Lc 18.14). O PROGNÓSTICO ADEQUADO A questão não é tanto a forma de orar, mas se ele tem ou não um entendimento real da própria necessidade. Se olhar para si sob o ponto de vista correto, aproximar-se-á de Deus com um espírito


humilde. Por outro lado, se tiver vanglória por algo que não é, ele tentará bombardear o céu com arrogância e presunção espirituais. A maneira de uma pessoa orar flui da maneira como ela se vê em relação ao Senhor. Pessoas orgulhosas preferem ver a si mesmas sob uma luz positiva. O capítulo 9 de Mateus fornece um exemplo que se encaixa nesse contexto. Jesus estava sentado na casa de Mateus, um cobrador de impostos, rodeado por aqueles considerados "inferiores". Como é tão freqüente hoje, são os instáveis, problemáticos, aqueles entregues ao pecado exterior, que enxergam a necessidade da ajuda de Deus. Os líderes religiosos, em pé, do lado de fora, não sentiram aquela mesma urgência. Como o fariseu orando no templo, eles estavam muito confiantes na sua condição espiritual. Não obstante, Jesus apareceu lá fora e fez uma das afirmações mais pungentes encontradas na Bíblia: Não necessitam de médico os são, mas sim, os doentes [...] não vim para chamar os justos, mas os pecadores ao arrependimento (Mt 9.12,13). Esta afirmação descreve uma das características mais importantes dos que andam realmente em vitória: a necessidade espiritual os mantêm na proximidade dAquele que pode suprir aquilo de que carecem. Alguns cristãos acreditam que a salvação põe fim à necessidade desesperada pelo envolvimento de Deus em nossa vida. Bem, eles podem avançar em sua jornada para o céu. Na realidade, os cristãos maduros crescem com a consciência da necessidade pelo constante envolvimento com o Senhor. Em vez de deixá-lO para trás, na porta inicial, eles O vêem na linha de chegada. A percepção de que precisam da Sua ajuda, direção, correção e disciplina para viverem vitoriosamente os mantém, constantemente, voltando-se para Ele. Em contraste, o crente superficial, o qual não está disposto a pagar o preço da busca por Deus, prefere inventar uma santidade. Ele pode tentar impressionar os outros, fazendo-se passar por uma pessoa que procura o Senhor, mas a realidade da sua vida com o Pai é que ele está contente com a mentira. Não está espiritualmente saudável e recusa-se a reconhecer sua condição doentia, porque não está inclinado a seguir o tratamento prescrito necessário para corrigi-la. É muito mais fácil idealizar uma sensação exagerada de bem-estar espiritual do que lutar por algo real. Jesus falou a um grupo de homens que sofria dessa espécie de auto-engano. Eles também imaginavam que andavam com o Altíssimo. O Dia do Juízo exporá realmente algo distinto: Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas


aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade (Mt 7.21-23). Note que essas pessoas estavam exteriormente fazendo todas as coisas certas: identificavam-se com o Nome do Senhor, profetizando, expulsando demônios e até realizando milagres. Isso mostra que alguém pode realizar obras maravilhosas, a ponto de ter o poder de Deus de alguma forma, mas ainda estar em perigo terrível. Diferentemente do evangelista que veio para o nosso programa de residência, essas pessoas não enfrentam a realidade a não ser que seja tarde demais. A questão é: a menos que um homem perceba qual é a sua condição desesperadora diante de Deus, ele nunca se quebrantará nem terá arrependimento real, tampouco poderá desfrutar da abundância disponível a um filho de Deus. Em vez disso, com certeza, ele pode esperar que sua porção será de derrota, vazio e uma sensação falsa de vitória, fundamentada em nada mais do que o ânimo forçado.


Meditação para Hoje Você tem de enganar a si mesmo antes de poder ser enganado. Anônimo

Um homem sábio será senhor da sua mente; um tolo será o seu escravo. Publius Syrus

Deus não está preocupado com a nossa felicidade, mas com a nossa santidade.1 Leonard Ravenhill

Você deve ser levado à convicção de que sua vida é de culpa e vergonha [...]. Deve-se tornar para você uma questão de determinação sincera que sua vida empreenda uma transformação completa.2 Andrew Murray


Três Um mundo em guerra O rei Rnal estava bem clemente. De vontade fraca e controlado por suas paixões, ele caía em inúmeros vícios regularmente. Por misericórdia, sua nação era pequena, de modo que sua esfera de influência era insignificante. De fato, a única reivindicação da sua nação para a fama era que ela fazia fronteira com o território de uma superpotência regional, cujo rei era bastante conhecido pela sua benevolência e bondade. O rei Sus era amado pelo seu povo e respeitado pelos seus inimigos. Em sua loucura, Rnal se esquecia freqüentemente de como era afortunado por fazer fronteira com tal reino. O contraste entre os dois reinos era muito claro. A nação que Sus governava era bem-administrada, limpa e ordeira. A nação de Rnal mostrava todos os sinais de um estado pobremente gerido. De vez em quando, Rnal desfrutava de períodos de sanidade mental, durante os quais se inclinava a tomar decisões prudentes. Sabendo disso, Tellius, seu conselheiro principal, aguardou a oportunidade certa de abordar o rei com uma proposta radical. Acreditando que seu plano era justamente o que sua pobre nação precisava, Tellius esperou pacientemente que surgisse o momento de sanidade. Finalmente, o dia chegou. Tellius reconheceu imediatamente o olhar de sensibilidade no rosto do rei. "Rei Rnal, posso ter uma palavra com Vossa Majestade?". "Naturalmente, Tellius", respondeu Rnal. "Fale de suas idéias e nada retenha. Eu me sinto muito bem hoje". "Rei Rnal, o país está em grande desespero. Nosso governo está cheio de corrupção. O departamento municipal está em desordem. O exército encontra-se tão desanimado, que passamos por pequenas revoltas quase que semanalmente. Em resumo, rei, o país está com problemas graves. Se algo não for feito imediatamente, talvez, não haja mais esperança de restauração". "O que temos de fazer, Tellius? Diga-me o que fazer!". "Quando outros reinos enfrentam crises semelhantes, convidam Sus para tomar conta dos seus reinos. A capacidade desse


rei de governar faz com que as nações experimentem resultados tremendos!". "Eu sei que isto é certo, Tellius. Mande avisar Sus imediatamente. Quero que ele venha". Naquela semana, o exército de Sus entrou no pequeno país e estabeleceu uma base de operações perto da fronteira. Enquanto isso, Rnal voltou à insanidade. Para complicar o problema, o maligno conselheiro de Rnal, Terlock, ouviu a decisão. "Ó, grande rei Rnal, o que Vossa Majestade fez? Sus invadiu nosso amado país! Não percebe que ele levará tudo o que nos é precioso? Ele fará cessar as festas, removerá as concubinas e arruinará toda a nossa diversão. Ele fará um governo do jeito dele. Vossa Majestade perderá todo controle. Ó rei, dê-me a ordem, e nossos exércitos atacarão imediatamente, expulsando-o da nossa nação!". O monarca ficou confuso. O que Tellius lhe dissera pareceu tão correto aquela vez, mas ele também sabia que Terlock estava certo. Sus mudaria tudo. Por outro lado, ter Sus no seu reino tinha as suas vantagens. As nações ligadas a Sus eram prósperas e seguras. "Aqui estão as minhas ordens, Terlock. Não quero atacar Sus. Podemos ganhar muito com ele. Portanto, deixaremos que fique no país, mas apenas em nossos termos. Nós, simplesmente, resistiremos a qualquer mudança com a qual não concordarmos. Além disso, todos sabem que ele é bonzinho e nada fará!". Pareceu ao rei que ele poderia desfrutar do melhor dos dois mundos. Uma aliança com Sus daria prosperidade e segurança, mas Rnal poderia ficar no controle do seu reinado. A realidade da situação, entretanto, foi que o reino permaneceu no desespero. Os problemas continuaram a importunar por muito tempo. Embora houvesse uma mudança externa, a vida continuou a mesma de antes. Agora, estou certo de que você percebeu que essa fábula é uma ilustração do Senhor invadindo o "mundo interior" de uma pessoa. Ela descreve uma batalha empreendida constantemente no íntimo dos cristãos: o ca-Rnal versus Je-Sus. Assim como está o nível de sanidade de uma pessoa, assim é a guerra. O INIMIGO DE DEUS Poucos cristãos percebem o quanto resistem a Deus. A verdade é que somos iguais ao rei Rnal: a maior parte do tempo na insanidade do pensamento humano caído (Há caminho que ao homem parece direito - Pv 14.12a). Durante nossos períodos


ocasionais de sanidade, o Espírito de Deus é capaz de Se comunicar conosco. Deixamos que Jesus entre, mas mantemos a Sua autoridade em um beco sem saída. Por quê? Porque não queremos que Ele nos diga como viver. Ficamos contentes de obedecer a Ele exterior e superficialmente, mas não em nosso coração. Todos nós enfrentamos a luta com a nossa carne. Paulo disse: Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espirito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus (Rm 8.6,7a). Imagine isso! Inimizade contra Deus! Existe uma parte de nós que O ama. Nosso espírito foi avivado e demos passos de "bebê" no sentido de amá-lO conforme Ele ordena. Contudo, dos 50 mil pensamentos que entretemos em um determinado dia, quantos giram em torno dEle? Quantos estão centralizados em suprir as necessidades daqueles que Ele ama? A maior parte dos nossos pensamentos gira em torno de nós mesmos: o que queremos e gostamos; quais são nossos interesses e o que desejamos fazer. Esse pensamento está em divergência com o Reino de Deus. Com efeito, nosso pensamento é de total egoísmo, completamente estranho ao Reino. Viver em vitória requer uma mudança dramática nesse tipo de pensamento. Conseguir que um ser humano egoísta e mundano pense como Cristo não é uma tarefa pequena e explica parcialmente o porquê de poucos alcançarem a vitória genuína. O primeiro desafio de Deus nessa façanha é ajudar a pessoa a ver o erro do seu modo de pensar. Infelizmente, somos como um homem em um hospital psiquiátrico que perdeu o contato com a realidade, contudo, pensa que é normal, porque todos ao redor dele são doidos! Se ele tiver esperança de sair, algum dia, daquele lugar, terá de reconhecer o fato de não estar pensando com muita lucidez. A partir de então, um bom conselheiro (como Tellius) poderá guiá-lo ao pensamento adequado. Qualquer pessoa da área de aconselhamento sabe que, se uma pessoa não admitir que tem um problema com o seu modo de pensar, não existirá absolutamente nada a ser feito para ajudá-la. Para exacerbar ainda mais o problema, a pessoa em que Deus está operando freqüentemente resiste aos Seus esforços. É como um técnico chamado para consertar um computador que não funciona. A unidade central de processamento que está lançando dados errados e fazendo cálculos falhos é a mesma que deve cooperar com os esforços do técnico para consertá-la. Quando o profissional tentar restaurar a CPU, descobre que ela se opõe a cada movimento em seu interior. Existe algo no circuito com defeito (orgulho) que nega a existência de algo errado e tenta impedir tudo que é feito. O técnico,


então, procura introduzir os dados certos, os quais induzirão o disco rígido a corrigir a falha, mas o computador rejeita a informação. Muitos cristãos lutam, com unhas e dentes, contra Aquele que tenta ajudá-los! Eles Lhe resistem, ignoram-nO e desobedecem-Lhe. Prestam atenção quando é conveniente e O descartam no restante do tempo. Por que as pessoas são tão hostis ao nosso Pai sábio e amoroso? A vida seria tão melhor se deixássemos que Sus governasse o nosso país, mas a insanidade, a qual nos faz realizar um trabalho de má qualidade, continua a nos dizer que somos melhores sem o Seu governo. O maior desafio de Deus para levar Seu povo a uma vida vitoriosa é fazê-lo perceber a necessidade do Seu controle na vida de cada um. Essa é uma operação extremamente delicada, a qual requer uma quantidade de esforço enorme da parte do Senhor. Não obstante, Ele, graciosamente, deixa passar as nossas faltas, aguarda pacientemente as oportunidades para argumentar conosco e realiza tanto quanto pode com o pouco que Ele tem para trabalhar. Embora o Senhor seja um cavalheiro e Se recuse a usar a força para realizar Seus objetivos, não se engane a respeito disso. O Pai tem uma única coisa em mente: a conquista absoluta do nosso mundo interior. Antes de percebermos plenamente o desafio desse processo, temos de entender melhor o que é a carne. O HOMEM DE VONTADE FRACA Cristo possuía uma compostura santa ao andar nesta terra. Quando as pessoas precisavam de um ouvido simpático, um ombro para chorar ou a força para suportar seus fardos, elas olhavam para Ele. Entretanto, chegou uma noite em que Jesus, dominado pelos próprios problemas, pediu ajuda. Naquela ocasião, o Mestre virouSe para Seus três amigos mais íntimos e lhes pediu que orassem por Ele em Sua prova. O Senhor apenas solicitou a ajuda deles uma única vez, porém, eles falharam. Jesus suspirou: O espírito está pronto, mas a carne é fraca (Mt 26.41b). Essas nove palavras descrevem a batalha que todos os cristãos devem enfrentar na vida. Todos nós temos a carne — ela não desaparece quando uma pessoa se torna cristã. A carne é a nossa velha criatura e deve ser tratada. Pense nela como um homem de vontade fraca dentro de nós. Como o rei Rnal, nossa natureza caída possui um lado sem caráter, sem decisão, determinação nem domínio próprio.


A Bíblia diz que a carne é escrava da impureza e da lascívia (Rm 6.19), serve à lei do pecado (Rm 7.25), tem paixões e desejos (Gl 5.24), traz corrupção (Gl 6.8), tem a sua própria sabedoria (2 Co 1.12), combate contra a alma (1 Pe 2.11) e não tem nada de bom nela (Rm 7.18). É a carne que deseja e gera imoralidade, impureza, sensualidade, idolatria, feitiçaria, inimizades, contenda, ciúmes, explosões de raiva, disputas, dissensões, facções, invejas, bebedice (Gl 5.19-21). É o homem de vontade fraca dentro de nós. Quando falamos da carne, ou da natureza carnal, tenhamos em mente que estamos, principalmente, referindo-nos a uma estrutura mental, a uma maneira de pensar. A insanidade nos mantém presos ao pecado que conhecemos (quando estamos com a mente lúcida) e nos destrói. Para o homem que contende com o ímpeto poderoso da tentação sexual, o conflito entre a carne e o espírito se torna uma questão ainda mais relevante na vida. Paulo adverte: Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne (Gl 5.16). Aqui está a chave para se vencer os hábitos que dominam a vida: andar no Espírito. Depois de 15 anos tratando de homens cristãos com pecado sexual (inclusive muitos ministros), nunca encontrei uma evidência que discordasse dessa afirmação. Apesar dos traumas de infância, esposas frígidas, disponibilidade de pornografia, mulheres sedutoras, ou falta de responsabilidade, jamais vi um homem, com pecado sexual, que estivesse andando em Espírito. Todos com os quais lidei possuíam uma única coisa em comum: nenhum deles enfatizava a necessidade de crucificar a carne e de andar no Espírito (conforme Paulo menciona nesta passagem). Você pode passar anos no divã do psiquiatra, freqüentar regularmente grupos de apoio, ir a alguma clínica famosa para viciados sexuais, ter experiência da memória sendo curada, cair no Espírito ou até ter demônios expulsos de sua vida; entretanto, se quiser vencer o pecado habitual, terá de aprender a andar no Espírito. No primeiro capítulo, descrevi como Deus tinha-me "esmagado, humilhado e disciplinado muitas vezes". Talvez, isso soe como se eu sentisse que o Senhor não tenha sido misericordioso comigo, mas, na verdade, tudo foi misericórdia. Salomão, uma vez, disse: Como a cidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não pode conter o seu espírito (Pv 25.28). Eu não tinha o controle mental que vem de um caráter formado por Cristo. Como resultado, minha mente e vontade eram invadidas pelo inimigo. Foi


a disciplina do meu Pai celestial que levou a minha mente selvagem à sujeição do Espírito Santo. Esse processo é uma batalha diária que dura a vida toda. Depois de dizer aos seus leitores que andassem no Espírito, Paulo continuou: Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis (Gl 5.17). Nesse versículo, vemos a batalha empreendida diariamente no íntimo de cada cristão que deseja agradar a Deus, mas encontra aquela sua parte que, simplesmente, almeja ceder ao prazer e ao pecado. Todos os dias, fazemos escolhas sobre qual espírito estará no controle. Podemos decidir por ceder à carne — descarregarmos a raiva nos outros, sermos sarcásticos, cairmos no pensamento sexual, envolvermo-nos em nós mesmos, sentarmos em frente à televisão, ouvirmos um canal de música ou lermos revistas mundanas — ou optamos por nos defender da sensualidade da mídia, controlar a mente, dominar a língua e demonstrar bondade em relação aos outros. Minuto a minuto, pelo resto da vida, enfrentaremos escolhas no que diz respeito ao nosso comportamento. É nesse ponto que o cristão típico atola e desanima. Parece que a mudança nunca acontece, e está condenado a viver na derrota. Esse não é o desejo de Deus para os Seus filhos. Embora seja verdade que um aspecto da guerra do espírito contra a carne ocorra na vida diária, é igualmente verdade que uma pessoa que luta pela justiça, contra os desejos da carne e pela busca de um percurso de santidade, ganhe terreno gradualmente na batalha. Tal processo leva tempo e exige do crente uma cooperação cuidadosa com a obra do Espírito Santo. Quem busca com sinceridade logo descobre uma força previamente desconhecida a se formar dentro dele. Ele percebe que as tentações não mais o agarram com um poder avassalador. Sua intimidade com Deus aumenta, produzindo um poder que não estava presente em sua fé para vencer a tentação. Em pouco tempo, esse homem saberá o significado de se tornar um cristão maduro: andar verdadeiramente em Espírito. O crescimento e desenvolvimento espirituais não são automáticos. Uma pessoa não amadurece para a santidade, simplesmente, porque a sua experiência de salvação aconteceu há bastante tempo. Ela cresce à semelhança de Cristo apenas cooperando diariamente com a obra de Deus no homem interior. Uma das primeiras coisas que se deve aprender é levar a carne à sujeição. Muitos viciados sexuais suplicam a ajuda de Deus para vencer o vício sexual, mas resistem ao Senhor quando Ele começa a


requerer mudança em outras áreas da vida. Querem que Ele entre em seu mundo interior e limpe o distrito pornográfico, mas deixe os cinemas, os salões de jogos e os clubes. Quando os homens ingressam no programa de residência Pure Life, descobrem rapidamente que Deus não está simplesmente procurando ajudá-los a superar "aquele único probleminha", mas está tentando fazer um conserto geral em todo o modo de viver. A vida deles pode ser comparada a uma choupana velha, em ruínas. O Soberano deseja desmantelar o lixo e construir um palácio, no entanto, muitos gritam aterrorizados quando O vêem surgir com o martelo e a alavanca. Sentem como se fossem morrer se Ele demolir tal construção. Em vez de permitir que o Senhor a destrua de vez, eles saem e pregam umas tábuas, colocam uma camada nova de tinta e tentam convencê-lO de que, agora, ela é uma habitação digna. Não existe algo que cause mais dó que uma choupana bem pintada! É precisamente a isso que Jesus Se referiu quando afirmou: E ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo rompe os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; o vinho novo deve ser posto em odres novos (Mc 2.22). Como o Senhor pode tirar-nos da favela da derrota se nos recusamos a deixálO fazer isso? Deus almeja dar-nos algo extremamente precioso: a mente de Seu Filho Jesus. Por que resistir-Lhe, insistindo no fato de que queremos manter nossa velha, carnal e insana maneira de pensar? Uma pessoa jamais vencerá o pecado sexual focalizando a superação disso. Somente obterá a vitória se permitir que Deus mude toda a sua natureza carnal e reproduza em seu interior a natureza de Cristo. Tudo o que nos impedir de andar em Espírito deve sair. Paulo descreve o processo de mortificar a carne e encher-se do Espírito: Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, o apetite desordenado, a vil concupiscência e a avareza, que é idolatria; pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência; nas quais também, em outro tempo, andastes, quando vivíeis nelas. Mas, agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca. Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o


criou; onde não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos. Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos de caridade, que é o vínculo da perfeição. Colossenses 3.5-14. Essas palavras são um mapa claro do trajeto a seguir, um percurso estabelecido: o caminho para a vida de maturidade cristã. Quando nos livramos da velha natureza, Deus substitui o vazio pela mente, pelo pensamento e comportamento de Cristo. Falando de forma figurada, quando deixamos que Sus ocupe mais território do nosso reino, descobrimos que nosso interior se torna mais bem administrado, limpo e organizado. Quando permitimos que o Pai esvazie a velha natureza egoísta, descobrimos que Ele nos enche com o Seu Espírito Santo. Então, um viver derrotado é gradualmente substituído por uma vida vitoriosa.

A GUERRA QUE DURA A VIDA INTEIRA O gráfico 3-1 mostra o crescimento espiritual de um cristão carnal. Você notará o sobe e desce da vida que todos nos enfrentamos. Os movimentos para cima representam aqueles tempos em que as coisas vão bem espiritualmente. Os movimentos


para baixo ilustram os períodos de luta: tempestades que assolam a casa tanto dos sábios quanto dos tolos (Mt 7). Note que essa pessoa não experimenta um crescimento espiritual sustentado. Após anos de igreja, ela está essencialmente na mesma posição espiritual de quando começou. Não aprendeu com seus fracassos ou não deu os passos necessários para crescer.

No gráfico 3-2, vemos o mesmo sobe e desce na vida. O homem que tem tal trajetória passa por tempos em que se sente espiritualmente seco, quando não consegue sentir a presença de Deus. Ele enfrenta os fracassos e deve lidar com os momentos de desânimo; até experimenta períodos de apatia. Em todos os aspectos, encara as mesmas tempestades do cristão carnal, ilustradas no gráfico 3-1. Observe, entretanto, que o fluxo geral da sua vida espiritual é para cima. De maneira diferente da vida estagnada, não-saudável, daquele crente carnal, o crente maduro continua a crescer apesar de todos os seus embates. Note também que, depois de um tempo, ele realmente atinge uma posição na sua vida espiritual na qual os períodos de "descida", de sequidão espiritual, possuem um nível mais elevado do que os de "subida" prévios. Em outras palavras, ele amadureceu no Senhor a ponto de seu pior dia ser superior ao que foi, anteriormente, o seu melhor momento. O processo de amadurecimento na fé é um tema recorrente em todo o Novo Testamento. Lemos, repetidamente, que o sinal do novo nascimento é um crescimento nas graças espirituais. Com efeito, Paulo chega a dizer que esse é o propósito para as diferentes posições de liderança dentro do Corpo de Cristo (Ef 4.11-13).


Deus espera o crescimento dos Seus filhos. Isso permitiu que Paulo, ao escrever suas cartas à Igreja, estivesse tão cheio da graça, ao passo que 30 anos antes ele estava, constantemente, disparando nos outros com sua boca e agindo carnalmente. Foi por isso que Tomé se tornou tão cheio de fé, que levou o Evangelho para a índia e morreu como um mártir, embora antes tivesse duvidado da ressurreição do Senhor. Foi por isso que, no final da vida de João, ele foi capaz de receber algo tão tremendo quanto o Apocalipse, embora 60 anos antes tivesse pedido ao Senhor que mandasse fogo do céu sobre algumas almas miseráveis, as quais não haviam respondido do jeito como ele esperava. Durante mais de dois mil anos, o testemunho da Igreja tem sido firmado e mantido pelos santos para permitir que Deus faça a Sua obra gloriosa, santificante, na vida de cada um. Muito mais do que a maioria das pessoas percebe, precisamos do agir de Deus em nossa vida. Não é exagero dizer da nossa necessidade desesperadora de que Ele entre e tome conta do nosso interior. Quando Deus capturar nosso coração, conquistar nossa vontade e encher-nos com Seu Espírito, experimentaremos a vida vitoriosa como nos foi prometida. É o que o Senhor deseja e espera de nós.


Meditação para Hoje Aprendemos a viver sem santidade e a ver isso como uma coisa natural e esperada.1 A. W. Tozer

Muitos cristãos praticantes estarão satisfeitos se o seu ministro adotar um padrão baixo e estiver pronto para esperar que quase todos sejam cristãos. É fácil de ver por que estão satisfeitos com tal exibição do cristianismo, pois serve ao seu plano principal e os ajuda a manter o que eles chamam de "esperança confortável", embora façam tão pouco para Deus.2 Charles Finney

O cuidado principal que um homem deve ter — sua virtude mais elevada e sua única felicidade, agora e por toda a eternidade — é apresentar-se como um vaso vazio no qual Deus possa habitar e manifestar o Seu poder e Sua bondade.3 Andrew Murray

As pessoas imaginam que morrer para o eu torna alguém miserável. Mas é exatamente o oposto. É a recusa em morrer que faz alguém miserável. Quanto mais soubermos da morte com Ele, mais saberemos da Sua vida em nós, e haverá mais paz e alegria genuínas.4 Roy Hession


Quatro Deus não está satisfeito Roger é um advogado cristão que reside na Califórnia. Homem de sucesso, ele é continuamente procurado para ocupar posições proeminentes em sua igreja e auxiliar em conselhos de vários ministérios. A maturidade espiritual não parece ser uma questão de interesse quando seus préstimos são solicitados. Certamente, Roger é um advogado competente, mas sua atitude exigente, seu comportamento arrogante e humor que muda rapidamente fazem dele uma pessoa com quem é quase impossível de se trabalhar. Para irritar mais seus colaboradores, ele não está disposto a aceitar a responsabilidade por suas ações. Quando faz algo errado, ele se justifica ou, simplesmente, culpa mais alguém. Como não aprende com seus erros, ele nunca muda. Infelizmente, os ministros que estavam na posição de ajudá-lo, durante anos, não ousaram abordá-lo sobre tal comportamento ímpio. Eles usavam Roger, porque ele conhecia as leis, e mantinham-se cuidadosos para não ofendê-lo. Por causa dos seus motivos egoístas, abriu-se espaço para que ele vivesse em desilusão no que diz respeito á sua vida espiritual. Tragicamente, a história de Roger é bastante comum na Igreja hoje. Em geral, não exigimos mais santidade dos ministérios, consagração dos mestres ou maturidade cristã dos diáconos. Aparentemente, o carisma, o sucesso mundano e a influência substituíram o caráter santo como uma qualidade importante da liderança. Em resumo, a Igreja na América está contente com o cristianismo superficial. Poderíamos ter muito mais se pudéssemos ver a nossa necessidade! Com essa compreensão em mente, o gráfico a seguir ilustra, de modo geral, três patamares da jornada cristã. A vida, naturalmente, nunca é tão cortada e seca como nesse gráfico. Entretanto, segundo acredito, ele pode ajudar a mapear o percurso que Deus espera que escolhamos na vida. Quando uma pessoa achega-se ao Senhor, começa na linha de saída, como se fosse o ponto zero. Até aquele ponto, ela só conheceu o governo próprio, a autodeterminação e o prazer pessoal. Agora,


subitamente, um novo Rei está lá, com uma nova direção para sua vida. Desde o princípio, o Senhor revela Seu amor e Sua graça. Ele também deixa claro que aguarda uma mudança progressiva na vida da pessoa. Embora o Senhor tenha uma estratégia maravilhosa para realizar essa grande obra, ela exige a cooperação do novo convertido. Se Deus tivesse o Seu jeito, todo cristão tornar-se-ia um Pedro, Tomé ou João. Nosso Deus não é um Mestre caprichoso que tem favoritos. Ele deseja que todos os cristãos andem em santidade. Se uma pessoa experimentou um arrependimento real e é sincera em seu desejo de amadurecer, não demora muito a que ela chegue ao primeiro passo mostrado no gráfico. A obediência exterior, a fidelidade nas devoções diárias, a libertação quanto ao pecado habitual e a germinação do fruto do Espírito caracterizam, agora, a vida diária desse crente. Embora seja maravilhoso atingir o primeiro nível, a pessoa que busca, determinada a encontrar Deus, não ficará satisfeita em ficar ali. Ela pressiona para o segundo degrau. Aquele que atinge esse nível não obedece apenas exteriormente, mas é fiel também no coração. Seu relacionamento com Deus aprofunda-se cada vez mais, à medida que o Senhor é autorizado a conquistar a sua natureza. Quer essa pessoa esteja ou não ocupando posições oficiais no ministério, não existe dúvida de que ela tem um amor genuíno pelo Senhor. Além desse nível, está o terceiro no qual poucos se aventuram. Esse é o lugar em que o santo entra em intimidade profunda com o Senhor, proveniente de uma grande consagração. Ele está perdido no amor pelo seu Salvador, caracterizado, em parte, pela ausência completa de qualquer vontade do eu. Possui tanta humildade no espírito, que a sua realidade diária é a grande necessidade de Deus. Esse senso de urgência o faz andar continuamente na presença do Criador.


NÍVEIS DA JORNADA CRISTÃ NÍVEL TRÊS Intimidade profunda com Deus Consagração profunda Perdido no amor de Deus Vida completamente sem egoísmo Vontade própria totalmente conquistada Humildade no espírito NÍVEL DOIS

O caminhar é na presença de Deus

Vida razoavelmente consagrada Obediência no coração Relacionamento real com Deus Fidelidade Sabedoria e maturidade Usado pelo Senhor Vida sem egoísmo NÍVEL UM

O fruto do Espírito

Obediência exterior básica Sem pecado que importune Certo grau de fidelidade Fruto do Espírito no início

Gráfico 4-1

Esse gráfico ajuda o leitor a estabelecer como seus objetivos devem ser elevados na busca de Deus. O Senhor não está satisfeito com a vida morna e o compromisso medíocre; Ele deseja uma real intimidade com Seu povo. Entretanto, muitos de nós nos esquecemos da santidade de Deus. Perdemos de vista o fato de que Ele espera que todo cristão se esforce para conhecê-lO mais e amálO mais profundamente. Isso foi verdade na vida dos personagens bíblicos; não é diferente hoje. Deus não está contente, porque Ele deseja que todo seguidor penetre nas regiões mais íntimas, experimente a vida abundante e O conheça de um jeito muito real. Com o nome deste capítulo, não tive a intenção de descrevê-lO como um déspota sem paciência e exigente, que nunca está feliz, mas como um Pai amoroso que anseia por fazer com que Seus filhos amadureçam no conhecimento íntimo e na compreensão de quem Ele é.


QUANDO SER JUSTO NÃO É SUFICIENTE No primeiro versículo do livro que leva o seu nome, Jó é descrito como um homem sincero, reto e temente a Deus; e desviava-se do mal. O livro indica que Jó viveu em tal estado de retidão, que, quando seus filhos se reuniam em uma festa, ele oferecia um sacrifício especial a Deus, achando que: Porventura, pecaram meus filhos e blasfemaram de Deus no seu coração (Jó 1.5). Descrito o caráter de Jó, a cena muda para a sala do trono do Todo-Poderoso, onde Satanás é visto rastejando entre os anjos. Radiante, com um certo orgulho paternal, Deus perguntou: Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem sincero, e reto, e temente a Deus, e desviando-se do mal (Jó 1.8). 'Diante disso, o diabo zombou: Porventura, não o cercaste tu de bens a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e o seu gado está aumentado na terra. Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema de ti na tua face! (Jó 1.10,11). Deus deve enfrentar continuamente a acusação escarnecedora do diabo — de que as pessoas somente servem a Ele se, de modo egoísta, tirarem algum proveito. Sem que Jó soubesse, um desafio expresso em uma dimensão inteiramente distinta resultou em uma virada, de cabeça para baixo, na sua vida. Conhecemos a história. Sabeus, ladrões de gados, roubaram seus rebanhos; um fogo misterioso destruiu milhares de ovelhas, e um furacão anormal dizimou a sua família. Tudo isso em um único dia! Como se não fosse suficiente, de repente, Jó se encontrou coberto de feridas vermelhas malignas. Ele respondeu a tudo isso, adorando a Deus e dizendo: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR (Jó 1.21). Passando por todas essas situações difíceis, Jó não pecou nem censurou Deus. Verdadeiramente, ele foi um homem reto diante do Senhor. No entanto, Deus permitiu que tudo acontecesse, porque queria que a vida espiritual de Jó experimentasse algo mais profundo. Nos 40 capítulos seguintes do livro, talvez cobrindo muitos meses de incerteza espiritual, Jó continua sendo provado. Alguns dos seus amigos bem-intencionados apareceram e deram suas opiniões. Jó também declarou suas impressões sobre as circunstâncias.


De repente, o Todo-Poderoso começou a confrontá-lo sobre o orgulho espiritual. Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento? Agora cinge os teus lombos como homem; e perguntar-te-ei, e, tu, responde-me. Onde estavas tu quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se tu o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? (Jó 38.2-5). O sermão trovejante continuou, deixando Jó agitado e surpreso. Eis que sou vil, respondeu finalmente o homem humilhado. Que te responderia eu? (Jó 40.4). Deus ainda não estava satisfeito com o resultado alcançado. Foi o começo. Jó tinha-se humilhado, mas o Senhor estava esperando uma humilhação mais completa. Então, por mais dois capítulos, Ele continuou a trovejar Seu discurso. Finalmente, a retumbante voz de Deus cessou, e Jó gritou sua resposta: Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza (Jó 42.5,6). Foi o que o Senhor quis realizar na vida desse homem. Sim, ele era justo, mas é óbvio, pelas coisas que expressou aos amigos, que ele tinha confiado demasiadamente na própria justiça. O Pai não estava satisfeito com seu nível espiritual e permitiu que ele passasse por uma das maiores provações divinas já registradas na história do relacionamento de Deus com o homem. A maioria das pessoas se acovarda diante de histórias como esta. Bastante aliviadas de que a fortuna de Jó tenha sido restaurada no final, elas deixam de ver a razão de tudo o que o pobre homem suportou. O Senhor estava fazendo uma grande obra na vida dele. Sim, Jó desfrutou de suas riquezas por muitas décadas, mas o que o Todo-Poderoso realizou em seu interior, ele pôde desfrutar durante muito mais tempo! QUANDO UMA FÉ EXTRAORDINÁRIA NÃO É SUFICIENTE Podemos também estudar o caso de um jovem de aproximadamente 20 anos. Nessa época da vida de Davi, Samuel o havia ungido rei secretamente. Davi matara um urso e um leão faminto. Era um herói nacional por derrotar um gigante de quase três metros com uma funda e levar milhares de filisteus à morte. As coisas não poderiam parecer mais promissoras para esse israelita. Porém, Deus não estava satisfeito. Ele queria que Davi tivesse uma experiência espiritual mais profunda antes de se assentar no trono de Israel.


No capítulo 18 de 1 Samuel, aprendemos o que aconteceu quando o Senhor começou a permitir que as coisas se revelassem na vida de Davi. E aconteceu, ao outro dia, que o mau espírito, da parte de Deus, se apoderou de Saul, e profetizava no meio da casa; e Davi tangia a harpa com a sua mão, como de dia em dia; Saul, porém, tinha na mão uma lança. E Saul atirou com a lança, dizendo: Encravarei a Davi na parede. Porém Davi se desviou dele por duas vezes (1 Sm 18.10,11). Exatamente quando tudo parecia tão promissor para o jovem Davi, Deus orquestrou uma série de eventos que o fizeram fugir para não ser morto. Nos 13 anos seguintes, ele e seus homens viveram no deserto, separados dos seus amados, escondendo-se de Saul. A maior parte do povo de Israel queria ver Davi estabelecido imediatamente como rei. Pense como os israelitas seriam poupados da dor no coração se Saul fosse removido do trono. Ele era um rei terrível, que governava a nação como um ditador cruel. Teria sido mais fácil para Deus remover Saul de modo que Davi ocupasse seu lugar de justiça no trono. Mas não! O Senhor permitiu que esse homem ímpio e degenerado governasse a nação. Por quê? Porque o que Ele planejava realizar na vida interior do jovem Davi Lhe era bem mais importante do que um percurso sem problemas do reino na terra. O fato de o Senhor ter tratado Seu ungido dessa maneira é muito difícil de ser entendido por muitos cristãos modernos, especialmente por aqueles que enfatizam os sinais exteriores de sucesso no ministério, em vez de um caráter de líder. O Pai não fica deslumbrado com o tamanho do orçamento de um ministério. O número de estações de rádio nas quais um pregador é ouvido também não O impressiona, nem mesmo o número de pessoas que estão sendo supostamente "salvas". Deus tem interesse em pessoas capazes de um relacionamento de amor com Ele e acha importante cultivar discípulos verdadeiros. Está procurando homens conhecedores do significado de andar com o Senhor. A obra que o Criador realiza no interior do coração de uma pessoa significa tudo para Ele. Para os crentes sinceros do tempo de Davi, deve ter parecido um desastre quando ele fugiu da nação. Nos 13 anos seguintes, o povo de Israel foi forçado a padecer sob o governo tirânico de um homem louco, possuído pelo diabo. Entretanto, o Senhor fez uma grande obra na vida de Davi durante aquele período. O que foi realizado em seu interior, durante aqueles anos extremamente difíceis, fez com que ele edificasse Israel como uma nação poderosa.


Nos três mil anos desde então, os crentes que lutam sinceramente para desenvolver intimidade com Deus encontram uma ajuda muito necessária nos Salmos, palavras espirituais profundas de Davi e resultado do que o Pai realizou em seu interior. As veredas do Senhor não são os nossos caminhos. Conseguir realizar grandes proezas para o Reino de Deus tem o seu lugar, mas são as batalhas pessoais que rendem resultados eternos. QUANDO REVELAÇÕES NOTÁVEIS NÃO FORAM SUFICIENTES A vida da última pessoa que examinaremos é a do apóstolo Paulo. Antes da sua salvação, ele se estabelecera como um dos jovens líderes religiosos mais promissores da seita dos fariseus. Sua apresentação ao cristianismo não foi nada menos do que uma visão de Jesus na estrada de Damasco. Depois de muitos anos de preparação, Deus o usou para implantar igrejas na Galácia, Pisídia e Ásia. O Altíssimo também usou esse homem para estabelecer uma ponte para o Evangelho no continente europeu, que estava em trevas. Na ocasião em que o apóstolo escreveu sua segunda carta aos coríntios, ele desfrutava de um enorme sucesso no ministério e tinha um extenso acúmulo de experiências espirituais, incluindo a de ter sido arrebatado até o terceiro céu. Apesar disso, o Senhor não estava satisfeito. Paulo conta o que aconteceu naquela época de sua vida: E, para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor, para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte. 2 Coríntios 12.7-10 De acordo com a Bíblia, o Senhor enviou um demônio perturbador para afligir Paulo e mantê-lo longe do orgulho espiritual. O apóstolo estava virando o mundo inteiro de cabeça para


baixo por Jesus Cristo. Quem se importa com um pouquinho de orgulho? Aparentemente, Deus Se importa. Paulo era precioso, e o Pai celestial não estava querendo perder a proximidade que os dois desfrutavam por causa do sucesso do ministério. Esta história é um retrato do zelo santo do Soberano por amor à vida de um seguidor devotado. Ele sabia muito bem que, se o orgulho de Paulo começasse a crescer, ele iria afastar-se, perderia sua eficiência espiritual e, talvez, até desonraria o Reino dos céus. Assim, o Criador deu ao apóstolo um espinho na carne, um espírito de assédio, opressor, a fim de mantê-lo humilde. Antes de prosseguir nesse assunto, vale a pena notar que o diabo, de certa forma, teve um papel, em formar o caráter de todos esses três homens. Aqueles com uma perspectiva mundana de "sucesso-é-tudo" não conseguem compreender tal coisa. Entretanto, estamos encarando o fato de que o Senhor está mais interessado na vida espiritual do crente do que no sucesso de seu ministério pessoal. Existe algo desapercebido sobre o sucesso que promove autoconfiança, auto-suficiência e, finalmente, glorificação própria. Estando sozinhos, inevitavelmente, tornamo-nos fortes em nós mesmos. Assim, antes de percebermos, o sucesso do nosso serviço cristão se torna mais importante para nós do que o próprio Senhor. Deus não precisa de homens com personalidade poderosa, mas dos fracos que sabem como depender dEle. O Todo-Poderoso não necessita de vasos cheios de si mesmos e dos próprios talentos, mas de vasos vazios que possam ser cheios com o Seu poder. O Senhor não precisa de ministros com uma tremenda competência na pregação, mas de homens mansos, cujas línguas sejam controladas pelo Espírito Santo. As forças, os dons e as capacidades de um homem são apenas úteis para Deus na medida em que tenham sido crucificados de toda a autoconfiança no Calvário. Freqüentemente, a força de uma pessoa serve como rival de Deus, e sua habilidade, como abertura para Satanás. As próprias palavras de Paulo declaram o que o Senhor procurava: Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza (2 Co 12.9b). Deus quis revelar a Sua força na vida desse Seu servo, mas isso significou que ele teria de passar mais pelo processo da "morte do eu". O processo de crucificação é o que o Senhor usa para enfraquecer a vida própria de tal forma que Ele possa viver por intermédio do cristão. O viver vitorioso é diretamente proporcional ao grau em que a carne de um cristão é colocada para morrer. Não existe um crente


vivo, hoje, que não necessite experimentar continuamente mais desse importante processo. NOSSA GRANDE NECESSIDADE Para esses homens, a vitória foi selada quando viram a própria carência. Não importa qual é o nível de espiritualidade que uma pessoa atinja na vida, nosso Redentor nunca estará satisfeito de deixá-la ali. Deus sempre deseja o melhor para nós. Somente Ele compreende as riquezas espirituais disponíveis para a pessoa que se esforça em buscá-lO verdadeiramente. Rex Andrews foi um dos líderes em Zion Faith Homes — o ministério descrito por mim no primeiro capítulo. Ele causou uma impressão muito profunda em minha alma e é uma das poucas pessoas que conheço, neste século, a qual, certamente, chegou até o terceiro nível descrito anteriormente. É um exemplo atual de alguém que o Senhor realmente conquistou. Esse homem já estava na presença de Deus quando cheguei a Faith Homes, mas perguntei a um dos meus amigos, treinados por ele, como era estar ao seu redor. "Ele estava no fogo do Espírito Santo, porém, não tinha justiça própria", respondeu. "O Sr. Andrews intercedia pelos outros por cerca de seis ou sete horas, todas as noites, durante 30 anos. Algumas vezes, quando eu era interno lá e saía da linha, ele me repreendia secamente, o que, imediatamente, impedia-me de me desviar. Entretanto, não importa quão duro ele pudesse ser comigo, jamais podia afastar-me do amor de Deus presente naqueles olhos. Eu agüentava aquela disciplina, porque sabia que ele estava derramando o seu coração, intercedendo por mim todas as noites". A seguinte história expressa adequadamente o ponto deste capítulo. Um dia, quando Rex Andrews dirigia uma aula de treinamento ministerial, seus alunos estavam praticando o apelo feito no altar. Em pé, no púlpito, estava uma jovem derramando seu coração por um grupo imaginário de pecadores, suplicando que eles se arrependessem. Bem na metade do apelo, para seu grande espanto, ela olhou para cima e viu o Sr. Andrews, com seus oitenta anos, puxando a cadeira de rodas em direção do altar, com lágrimas descendo pelo rosto. "Eu estou indo, Jesus!", ele gritou. "Estou indo!". Esse homem vivia com um senso de necessidade por Jesus tão grande, que perdeu completamente a noção do que estava à sua volta e se quebrantou diante do Senhor. O Sr. Andrews, como Jó, Davi e


Paulo, aprendeu a viver onde toda vitória começa e termina: aos pÊs do Mestre. Ele descobriu esse lugar por causa do seu desejo incessante de se achegar a Ele.


PARTE DOIS O DEUS QUE SUPRE AS NOSSAS NECESSIDADES

*** Meditação para Hoje Reconhecemos que a nossa necessidade mais importante é de ter uma revelação bem maior de como Tu realmente és. Pedimos que Tu supras essa carência.1 Joy Dawson

Pode haver objetivo maior, mais louvável e mais convincente do que conhecer Deus? 2 J. I. Packer

O que podemos saber, sem a experiência, sobre o caráter ou o Espírito de Deus?3 Charles Finney

Há duas coisas que nunca cessam de me surpreender: o quanto Deus é bom e o quanto o pecado é mau. Quanto mais chego a conhecer Deus, mais percebo que as profundidades da Sua bondade são inesgotáveis. Da mesma forma, quanto mais leio os artigos, mais percebo que não existe fim para o potencial maligno da humanidade. Douglas Detert

Para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecimento de Deus. Apóstolo Paulo - Colossenses 1.10


Cinco Buscando, conhecendo e amando Deus Nicholas Herman foi educado na França por pais santos, que lhe ensinaram a viver para o Senhor. Quando jovem, ele se juntou ao Exército e foi para a guerra. A certa altura, os alemães o capturaram, confundindo-o com um espião. Enquanto o interrogavam, ficaram impressionados com sua devoção sincera por Cristo e o libertaram. Mais tarde, ele foi ferido gravemente na perna, o que o deixou deficiente por toda a vida. Aos 50 anos, Nick decidiu dedicar a vida completamente para a obra do Senhor. Um dia, ele se apresentou a um dos ministérios de maior prestígio na França, disposto a servir da maneira que pudesse. Inicialmente, os ministros ficaram impressionados com sua atitude. Logo descobriram que ele era uma pessoa comum, a qual não tinha sido agraciada com qualquer dom especial. Conseqüentemente, ele foi colocado em uma posição permanente como lavador de caçarolas e frigideiras! Não obstante, a falta de habilidade de Nick servia para deixá-lo mais consciente da sua necessidade do cuidado diário do seu Pai celestial. Com efeito, foi essa necessidade que despertou dentro dele uma paixão ininterrupta de conhecer o Senhor. Ele disse certa ocasião: Durante as horas designadas para a oração, eu meditava sobre a verdade e o caráter de Deus, que nós temos de aceitar à luz da fé, em vez de passar tempo com meditações e leituras complicadas. Pela meditação sobre o próprio Jesus, avancei em meu conhecimento dessa Pessoa louvável com a qual resolvi viver sempre. Completamente imerso em minha compreensão da majestade do Pai, eu costumava trancar-me na cozinha. Lá, sozinho, depois de fazer tudo o que era necessário para o meu trabalho, eu me dedicava a orar o tempo que restasse.4 Nick não era um grande homem, mas buscou sinceramente o Deus grandioso. Seu melhor amigo disse: "O amor de Deus reinava tão completamente em seu coração, que ele dirigia toda a sua afeição para o Amado divino". 5 Tal fascínio por Deus capturou tanto o seu coração, que ele desenvolveu o hábito de ficar em comunhão constante com Ele durante o dia todo.


Tudo era a mesma coisa para ele — todos os lugares e trabalhos. O bom irmão encontrava Deus em qualquer lugar, tanto na ocasião em que consertava sapatos quanto na vez em que orava na comunidade. Ele não tinha pressa de ir para os retiros, porque encontrava o mesmo Senhor para amar e adorar em seu trabalho habitual, assim como na profundeza do deserto.6 Em sua união íntima com o Senhor, as paixões do nosso irmão aumentaram tão calmamente, que raramente as sentia. Ele desenvolveu uma disposição gentil, honestidade completa e o coração mais generoso do mundo. Sua face agradável, seu ar gracioso e afável, sua maneira simples e modesta, imediatamente lhe rendiam a estima e a boa vontade de todos os que o viam. Quanto mais próximos dele se tornavam, mais ficavam cientes de como ele era profundamente justo e reverente.7 No final, quando circulava a notícia sobre Nick, os ministros nacionais começaram a chamá-lo. Esse lavador de pratos humilde, contudo ilustre, não estava preocupado em impressioná-los nem queria ter seu nome conhecido. Ele, simplesmente, compartilhava seu grande amor pelo Pai, conforme fazia com qualquer um que demonstrasse interesse. Um desses ministros, um bispo católico, registrou algumas dessas conversas. Logo depois que Nick morreu, o bispo compilou-as em um pequeno livro apreciado por muitos crentes hoje, The practice of the presence of God [Praticando a presença de Deus - Ed. Danprewan]. Havia sido confiada ao Nick a tarefa simples de lavar pratos e consertar sapatos. Não obstante, durante mais de 300 anos, o amor pelo Soberano demonstrado pelo irmão Lawrence (nome que ele adotou no monastério) tem inspirado milhares de corações que buscam o Pai. Suas revelações têm durado mais de três séculos, porque ele chegou à verdade espiritual mais poderosa no Reino dos céus: a presença constante de Deus. Sem dúvida, o irmão Lawrence alcançou o nível três em sua jornada cristã (veja o gráfico 4-1): a intimidade profunda com o Criador. Sua vida é um testemunho do fato de que, a despeito da sua porção na terra, os que procuram Deus com sinceridade podem experimentar a comunhão íntima e contínua com Ele. Embora a vida espiritual seja complexa, o cristianismo é claramente definido, do princípio ao fim, por um relacionamento individual com o Altíssimo. Uma íntima comunhão com o Senhor vem pela busca, é desenvolvida à medida que aumenta o nosso conhecimento de Deus e é levada à maturidade plena em nosso amor por Ele. Foi para esse propósito que o Todo-Poderoso criou o homem — o cumprimento da maior necessidade humana.


QUANDO O CONHECIMENTO SE TRANSFORMA EM UNIÃO A Bíblia usa vários paradigmas para ilustrar os diferentes aspectos do nosso relacionamento com o Criador: Pai-filho, reisúdito, senhor-servo, pastor-ovelha e marido-mulher. Tais exemplos nos ensinam como o Pai cuida de Seus filhos; o Rei governa Seus súditos; o Pai guia Suas ovelhas, e o Senhor trata de Seus servos. Entretanto, para descrever a intimidade que Ele deseja ter com o ser humano, Deus usa a união conjugal como exemplo. Em outros relacionamentos, as figuras de autoridade devem manter distância entre elas e seus subordinados. Quando um homem se torna íntimo de sua mulher, ele estabelece uma ligação espiritual, profunda, nãocomparável à comunhão de outras uniões. Apenas marido e mulher foram criados para ser uma só carne. Em Gênesis 4.1, vemos: E conheceu Adão a Eva. Ele teve relações sexuais com ela. Essa união espiritual foi a primeira da sua espécie fora da presença de Deus. A experiência sexual continua a ser a forma mais elevada de intimidade entre um homem e uma mulher. Um marido não pode conhecer plenamente a esposa até que tenha essa vivência com ela. O conhecimento que resulta desses momentos de intimidade profunda se revela continuamente e cresce no casamento, mantendo as duas pessoas em sincronia espiritual e emocional. Esse ato de amor marital solidifica sua união e impele a relação do casamento para um auge de expressão, no qual, ao compararmos, todos os outros relacionamentos empalidecem. Com o mesmo simbolismo, Deus deseja muito conhecer — relacionar-Se — com Seu povo. Jesus disse: Eu e o Pai somos um (Jo 10.30). Mais tarde, quando orava com Seus discípulos, Ele declarou: E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim e que tens amado a eles como me tens amado a mim (Jo 17.22,23). Mais tarde, Paulo também fez referência a isso: Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz faz-se um corpo com ela? Porque serão, disse, dois numa só carne. Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito (1 Co 6.16,17). Em toda a Bíblia, nosso Pai Celestial deixa bastante claro que Ele é zeloso e Sua grande paixão é ser um com o Seu povo. Deus não está confuso com relação a isso nem mudou de idéia. Ele anseia por isso já, de um modo muito real e prático.


Inegavelmente, o amor acarreta uma vulnerabilidade maior e uma dor mais pronunciada com a rejeição. Algumas vezes, colocamos ênfase exagerada no papel do Senhor como Juiz em nossa vida, a ponto de esquecermos que Ele é uma Pessoa. O que acontece quando Seus filhos fazem pouco caso do Seu amor? O AMOR DE DEUS REJEITADO No Antigo Testamento, o Criador expõe Sua alma e expressa uma dor profunda diante da infidelidade do Seu povo desviado. Depois que os filhos de Israel murmuraram contra Deus, Moisés contou-lhes que haviam rejeitado o Senhor (Nm 11.20). O salmista, mais tarde, reforçou isso quando disse: Quantas vezes o provocaram no deserto e o ofenderam na solidão! Voltaram atrás, e tentaram a Deus, e duvidaram do Santo de Israel (Sl 78.40,41). Os profetas compararam vividamente o povo infiel a "robustos garanhões bem-alimentados", "uma camela ligeira correndo para lá e para cá", "um asno excitado", "fungando no seu desejo" e, finalmente, a uma prostituta que se entrega a qualquer um que deseje possuí-la. Phillip Yancey explica a resposta do Senhor a tudo isso: A imagem poderosa de um amante rejeitado explica por que, em Sua fala aos profetas, Deus parece "mudar de idéia" a cada segundo. Ele está preparando-Se para destruir Israel... Espere, agora está chorando, abrindo os braços... Não, Ele está pronunciando um juízo severo novamente. Esse humor variável parece desesperadamente irracional, exceto para alguém que tenha sido rejeitado por um amor.8 Deus, o Filho, sofreu a rejeição do Seu povo nos tempos do Antigo Testamento. Paulo afirma que Ele foi a pedra espiritual que os seguia (1 Co 10.4). A rejeição que Jesus sofreu tornou-se ainda mais pessoal quando Ele apareceu fazendo-se semelhante aos homens (Fp 2.7). Cristo disse: É necessário que o Filho do Homem padeça muitas coisas, e seja rejeitado dos anciãos e dos escribas, e seja morto, e ressuscite ao terceiro dia (Lc 9.22). Mais tarde, chamou a Si mesmo de pedra que os edificadores rejeitaram (Mt 21.42). Próximo do fim da sua vida infeliz na terra, Suas emoções escondidas vieram à tona quando Ele contemplou Sua cidade amada: Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não


quiseste! (Mt 23.37). Alexander MacLaren descreve como foi o lamento do nosso Salvador: É o pranto de partida do amor rejeitado. Todo o Seu coração flui naquele grito triste de lamentação pela prolongada frustração dos esforços de um amor que, de bom grado, tinha afagado e defendido. Que intensidade de sentimento está nesse duplicado chamar do nome da cidade! Quão ansiosa e melancolicamente Ele chama, como se ainda pudesse ganhar a infiel, e quanto reluta hesitante mente em desistir da esperança! [...] Assim, o lamento passa para uma solene e final despedida, com a qual nosso Senhor encerra Seu ministério entre os judeus, e parte do templo... Ele tinha sido a casa de Deus. Agora, Ele a derruba e a deixa, para que eles façam o que quiserem com ela. O castigo mais triste da rejeição contínua e prolongada do Seu amor suplicante é que Ele finalmente cesse de suplicar.9 Pouco antes dessa experiência, Jesus contou uma parábola, na tentativa de tocar Seu povo. Novamente, o mesmo quadro é descrito: a oferta gratuita, a resposta aos corações endurecidos. O Reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho. E enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas; e estes não quiseram vir. Depois, enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas. Porém eles, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, e outro para o seu negócio; e, os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram. E o rei, tendo noticias disso, encolerizou-se, e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade. Então, disse aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, ás saídas dos caminhos e convidai para as bodas a todos os que encontrardes. E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial ficou cheia de convidados. Mateus 22.2-10


Sentimos a paixão crescendo dentro de Jesus antes que Ele pronunciasse o julgamento sobre a casa de Israel: Eis que a vossa casa vos ficará deserta (Mt 23.38). Nada incita a ira como o amor que não foi recompensado. Quanto mais profundamente o amor se estende, maior a fúria quando rejeitado. A saga da resposta apática do homem diante do amor de Deus é uma narrativa de seis mil anos de imensa tristeza. Apesar das contínuas tentativas de Deus de estender a misericórdia e ser um "marido" do Seu povo, poucos respondem ao Seu amor. O GRANDE MANDAMENTO Jesus disse: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento (Mt 22.37). Por causa da crescente passividade e a mornidão da Igreja, tem-se dado pouca ênfase nesse mandamento, que é da maior importância — se é que algum destaque tem sido dado a ele. Muitos pastores preferem apaziguar as suas congregações, em vez de insistir, sem medo, para que as pessoas examinem completamente seus corações a fim de determinar se estão andando em obediência à Palavra. As pessoas ficam descuidadas com relação a este mandamento, porque não entendem realmente a palavra amor. Acostumadas a usar amor para descrever seus sentimentos de afeição pelos esportes, empregos e animais de estimação da família, muitas pessoas acreditam honestamente que elas também amam ao Senhor. O uso excessivo da palavra retirou o seu significado real. O vocábulo grego agápç * implica uma devoção muito mais forte do que a nossa tradução. Ágape envolve companheirismo, amizade e comunicação diariamente — precisamente o que falta para muitos em sua devoção ao Criador. A profundidade e a paixão do amor ágape genuíno estão expressas nas palavras de Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento (Mt 22.37). O amor de muitos crentes pelo Pai lembra a história de um jovem que amava muito uma certa garota. Depois de saírem juntos durante vários meses, eles se casaram. Na noite de núpcias, desejando expressar plenamente seu amor pela noiva por meio da intimidade física, ele ficou extremamente desapontado quando ela recusou seus esforços, alegando não estar disposta. "Ela deve estar *

agápç – exatamente como está no livro impresso. Essa palavra se repete em outras partes do livro. (Nota da digitalizadora)


nervosa", ele pensou, compreensivo e paciente. Entretanto, depois de vários anos de rejeição constante, o rapaz finalmente explodiu: "Esse casamento é uma farsa! Você não me ama! Por que se casou comigo?". Você diria que ele está exagerando ou sendo egoísta? Não, absolutamente! Imagino que o Senhor, talvez, sinta-Se dessa forma com relação às pessoas que dizem amá-lO, mas têm o coração distante dEle. Seu casamento alguma vez se consumou? Elas mantêm seu Noivo aflito ou respondem ao Seu amor com indiferença? Creio que o Altíssimo nunca teve a intenção de que tal coisa acontecesse. O Senhor deseja o tipo de relacionamento no qual duas pessoas se tornam uma, compartilhando mutuamente seus segredos mais profundos — uma união reforçada pela íntima e recíproca devoção. É cruel ou raro o Pai celeste esperar uma resposta recíproca ao Seu amor? Posso demonstrar melhor descrevendo o relacionamento que tenho com minha mulher, Kathy. Ela veio de uma família amorosa que tinha proximidade, na qual cada filho sabia que sua mãe e seu pai se amavam e amavam os filhos. Minha família, por outro lado, era o oposto. Cresci em um lar onde a afeição nunca era manifestada. Quando Kathy e eu nos casamos, assumi que viveríamos juntos e, ao mesmo tempo, manteríamos nossa vida separadamente. Eu estava errado! Ela não apoiava um relacionamento distante! Desde o princípio, minha esposa esteve completamente compromissada comigo e esperava a mesma devoção em troca. Deus requer que os cristãos O amem de todo o seu coração, sua alma e mente. Ele tem o direito de exigir essa espécie de amor de nós, pois Ele nos ama dessa forma. AMAR A DEUS EQUIVALE A BUSCÁ-LO Devemos exprimir nosso amor pelo Altíssimo, que é um Ser espiritual, de uma forma diferente da que expressamos pelas pessoas. Demonstro amor por minha mulher por meio de um toque ocasional no ombro, um sorriso de aceitação, ou sendo gentil com ela. Entretanto, não podemos agir da mesma forma com o Senhor. Ele espera realmente a nossa atenção e a Sua inclusão em nossa vida a cada dia, assim como aguarda regularmente nossa expressão amorosa. Embora não demonstremos amor físico pelo Pai, podemos mostrar-Lhe esse sentimento quando O adoramos em espírito e verdade. Esta é a verdade espiritual tremenda a que o irmão Lawrence chegou. The practice of the presence of God [Praticando a presença


de Deus] não foi um livro escrito sobre "como fazer". É a narrativa de um cristão simples, compartilhando a sua relação diária com o Criador. De modo independente da tarefa seguinte, Deus fez parte da existência desse irmão minuto após minuto. Sua vida é um exemplo do que significa amá-lO. Esse tipo de devoção requer busca ao Senhor. Tal mandato divino abrange todo o comprimento e largura da Bíblia. Moisés afirmou: Então, dali, buscarás ao SENHOR, teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma (Dt 4.29). Davi disse: Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração dos que buscam o SENHOR. Buscai o SENHOR e a sua força; buscai a sua face continuamente (1 Cr 16.10,11). Isaías assegurou: Buscai ao SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto (Is 55.6). Oséias, por sua vez, destacou: Semeai para vós em justiça, ceifai segundo a misericórdia; lavrai o campo de lavoura; porque é tempo de buscar o SENHOR, até que venha, e chova a justiça sobre vós (Os 10.12). Sofonias acrescentou: Buscai o SENHOR, vós todos os mansos da terra, que pondes por obra o seu juízo; buscai a justiça, buscai a mansidão; porventura sereis escondidos no dia da ira do SENHOR (Sf 2.3). Demonstrando pesar pela apatia da nossa época, A. W. Tozer escreveu: Alegro-me em reconhecer que, em meio a esta grande indiferença, existem alguns que não se contentarão com a lógica superficial. Eles admitirão a força da argumentação (de que buscar o Senhor é apenas para mestres espirituais) e depois se afastarão com lágrimas para procurar algum lugar solitário e orar: "Ó Deus, mostra-me a Tua glória!". Eles querem provar, tocar com o próprio coração, ver com os olhos do seu interior a maravilha que é o Pai. Quero deliberadamente encorajar esse desejo poderoso pelo Altíssimo. A falta dele nos trouxe a esse estado de fraqueza presente. A característica de rigidez e dureza da nossa vida espiritual é o resultado da falta de desejo pela santidade. A complacência é um inimigo mortal de todo crescimento espiritual. O desejo agudo deve estar presente ou, então, não haverá manifestação de Cristo ao Seu povo. O Pai aguarda ser desejado. É péssimo que Ele espere por muitos de nós durante tanto tempo e em vão.


Toda era tem sua característica própria. Agora, estamos na era da complexidade religiosa. A simplicidade que está em Cristo é raramente encontrada entre nós. Em seu lugar, estão os programas, métodos, as organizações e um mundo de atividades agitadas que ocupam o tempo e a atenção, mas nunca conseguem satisfazer o desejo do coração. A superficialidade da nossa experiência interior, o vazio da nossa adoração e essa imitação servil do mundo, que marcam os nossos métodos promocionais, todos testificam que, nestes dias, conhecemos Deus apenas imperfeitamente, e quase desconhecemos absolutamente a paz que vem dEle.10 Apenas um amor genuíno por Deus leva uma pessoa a buscálO de todo coração. Uma grande recompensa aguarda aquele que caça o tesouro de um Senhor que deseja ser buscado: o conhecimento do próprio Criador. Esta é a vida de vitória que afasta o crente da pobreza da mediocridade!


Meditação para Hoje Deus nos ama, não porque somos amáveis, mas porque o Pai é amor; não porque precisa receber, mas porque Ele Se deleita em dar [...]. Embora nossos sentimentos vão para lá e para cá, Seu amor por nós não é assim. Não é enfraquecido pelas nossas iniqüidades ou por nossa indiferença; portanto, Ele é incansável em Sua determinação de que seremos curados daqueles pecados, seja qual for o custo para nós ou para Ele [...]. É uma verdade impressionante e surpreendente sermos objetos do Seu amor. Você pediu um Pai amoroso: você tem um [...]. O amor de Deus não é uma benevolência senil que, enquanto dorme, deseja que você seja feliz do seu próprio jeito, não é a filantropia gelada de um juiz consciencioso nem a atenção de um anfitrião que se sente responsável pelo conforto dos seus hóspedes, mas o próprio Fogo Consumidor, o Amor que fez os mundos [...]. O Soberano não é orgulhoso e Se inclina para conquistar. O Senhor ter-nos-á, embora tenhamos demonstrado que preferimos qualquer outra coisa em Seu lugar e nos acheguemos a Ele, porque, agora, 'não existe nada melhor' para ter.1 C. S. Lewis

Crente, olha para toda a tua experiência passada e pensa em como o Senhor, teu Deus, levou-te pelo deserto. Ele te alimentou e vestiu todos os dias. Suportou tuas maneiras doentias, agüentou tuas murmurações e toda a tua saudade pelos prazeres do Egito. Ele abriu a rocha para te suprir e te alimentou com maná que desceu do céu. Considera como a Sua graça te foi suficiente em todas as tuas tribulações. O sangue de Jesus tem sido o perdão de todos os teus pecados; Sua vara e Seu cajado te confortaram. Quando tiveres olhado para trás e visto como o Pai te ama, então, deixarás que a fé sonde esse amor no futuro. Lembra-te, pois, que a aliança e o sangue de Cristo têm algo mais neles além do passado. O Senhor sempre te amou e perdoou, sendo assim, nunca deixará de te amar e perdoar [...] Certamente, quando meditamos sobre o amor do Altíssimo, nosso coração queima dentro de nós e desejamos amá-lO mais.2 C. H. Spurgeon


Seis A essência do Espírito Santo A humanidade nasceu em um mundo caótico e falido, e está programada para a iniqüidade. Essa propensão ao pecado coloca toda alma em desvantagem; cada um de nós é espiritualmente falido desde o primeiro dia. A terrível condição da humanidade não está fundamentada no status socioeconômico. A natureza do pecado faz com que os corações dos ricos e pobres igualmente se tornem, progressivamente, piores com o tempo. A intervenção divina é o único remédio. Depois de transmitir a vida para alguém que estava espiritualmente morto em transgressões e pecados (Ef 2.1), o Espírito Santo permanece envolvido com a vida do crente, de modo íntimo e intrincado, convencendo-o do pecado, e da justiça, e do juízo (Jo 16.8). Um dos primeiros passos para se viver em vitória requer uma disposição para se submeter e ser guiado pelo Espírito de Deus. Isso exige confiança. Assim como um paciente precisa dispor-se a deitar na mesa de operação à mercê do cirurgião e sua destreza com o bisturi, um cristão deve entregar e confiar sua vida às mãos habilidosas do Cirurgião Chefe de almas, para que uma obra interior profunda possa ser realizada. No Antigo Testamento, o Espírito nos é revelado pela palavra ruach que "se refere à atmosfera, especialmente ao vento, que é um poder invisível e irresistível, algumas vezes benigno e benéfico, outras vezes furioso e destruidor".3 A palavra pneuma do Novo Testamento é usada tipicamente no grego para descrever o vento ou a respiração. O Espírito Santo é uma Pessoa — uma Força e uma Influência que existe em uma dimensão separada, porém, concomitante com a nossa. Ele existe no eterno, mas opera no temporal. Embora seja uma das três Pessoas da Divindade, não pode ser limitado pelo nosso conceito finito do que isso significa. Ele é uma Pessoa que procede do Pai e, contudo, ao mesmo tempo, também é um Ser essencial do que Deus é (de alguma forma que nós não conseguimos compreender aqui e agora). A Bíblia descreve a constituição de Deus de três formas. Primeiro, Jesus disse: Deus é Espírito (Jo 4.24). Segundo, foi-nos


dito: Deus é um fogo consumidor (Hb 12.29). Terceiro, o apóstolo João afirmou: Deus é amor [ágape] (1 Jo 4.8, 16 - ARA). Transposto para uma equação algébrica, pareceria com algo assim: Deus = Espírito Deus = Fogo consumidor Deus = Ágape Qualquer estudante de matemática sabe que se a=b e a=c e a=d, então b=c e b=d. Usando o princípio da substituição, existe a seguinte igualdade: Deus = Espírito Espírito = Fogo consumidor Espírito = Ágape O que é revelado aqui sobre o Espírito Santo? Ele é um Fogo consumidor e é Ágape. Essas três características de Deus são simplesmente perspectivas diferentes da mesma coisa. Ele apareceu para um como Espírito, para outro como Fogo consumidor e ainda para outro como Ágape. Proponho para você que o Espírito Santo é um Fogo de Amor consumidor. Ouvimos as pessoas dizendo coisas como: "Aquele homem tem um espírito de amargura"; "Aquela mulher tem um espírito crítico" ou "Aquele sujeito tem um espírito de lascívia". Parece que espíritos distintos se manifestam por meio de paixões pecaminosas diferenciadas. O Espírito Santo é a personificação do amor, chamada de agápç no grego. Assim como um demônio pode estar tão cheio de paixão por sexo, que ele realmente se torna um espírito de lascívia, Deus está tão identificado com agápç, que Ele é Agape. João não nos contou que o Senhor tem ou criou o amor, mas, sim, que Ele é amor. Ágape é o Espírito no qual Deus está, conhecido também como Fogo consumidor. O termo amor não é uma representação clara da palavra ágape. Há três outros termos gregos também traduzidos como amor. Eros é o amor sexual, phileo é o amor fraternal, e agápç descreve o senso de compromisso profundo que duas pessoas sentem uma pela outra. Todos esses, para a maioria, representam emoções humanas. Não apenas a palavra amor abrange todos os termos gregos, mas está muito além disso. O fato é que usamos esse vocábulo imprecisamente. A nossa utilização imprópria dessa palavra distorceu o significado verdadeiro do termo grego agápç, que representa uma


paixão muito forte e poderosa. Comparativamente, está em contraste completo com o uso anêmico que fazemos do termo. Deixe-me ilustrar. Pedro caminha para a casa de Carlos e lança uma ponta de cigarro no seu quintal. Digamos que ele fique irritado com a atitude de Pedro. E se este trouxesse deliberadamente uma lata de lixo cheia e a lançasse de ponta a ponta no quintal de Carlos? Com certeza, caracterizaríamos tal emoção como raiva extrema ou até ira. Vejamos outra ilustração. Shirley fica nervosa quando vê um homem estranho andando perto da sua casa. O que descreveria sua emoção se ele corresse para ela com uma faca na mão? O horror e o terror poderiam ser a descrição exata. Quando fazemos uma distinção entre a nossa idéia de amor e o significado verdadeiro de ágape, estamos falando de um vocábulo que não pode significar nada mais do que uma afeição leve e de outro que descreve uma paixão impetuosa. É esse fervor que poderíamos expressar como um fogo consumidor. Ágape descreve a essência do Espírito Santo. Para a finalidade deste livro, examinaremos, mais tarde, a própria definição bíblica desse termo, encontrada em 1 Coríntios 13. Mas, primeiro, voltemos à nossa equação. Se a Bíblia declara que Deus é Espírito, e Deus é Ágape, então, não estaríamos tão distantes se substituíssemos tal palavra pelo termo Deus, ou até mesmo pela expressão Espírito Santo, não é? Com isso em mente, vejamos alguns versículos de 1 Coríntios 13, que ficou conhecido como "o capítulo do amor", e vamos usá-los para descrever o Consolador. O Espírito Santo é longânimo, É benigno, Não é invejoso; o Espírito Santo não trata com leviandade, Não Se ensoberbece, Não Se porta de forma inconveniente; Não busca Seus interesses, Não Se irrita, Não Suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Suporta tudo, tudo crê, tudo espera, O Espírito Santo nunca falha.


Tendo isso como modelo, talvez possamos adquirir uma compreensão nova sobre o Espírito que deseja operar em nossa vida. LONGANIMIDADE

Listada como uma das qualidades de uma pessoa cheia do Espírito Santo (Gl 5.22), a paciência é uma daquelas virtudes que não recebe a apreciação que merece. Costumamos brincar com o fato de o Senhor ensinar-nos sobre a paciência, mas poucos realmente parecem perceber o quanto ela é vital na vida do cristão. O Dicionário de Strong define makrothumeo: Ser longânimo, isto é, contido ou paciente; suportar (sofrer) por longo tempo e ser sofredor, ter paciência (prolongada), ser paciente, resistir pacientemente.4 Não é que o Senhor simplesmente esteja disposto a sofrer — e Ele sofre — mas, sim, possui a capacidade e disposição de padecer por um longo tempo. Outro dicionário diz: Longanimidade é aquela qualidade de domínio próprio face à provocação, que não se vinga imediatamente ou pune prontamente. É o oposto da raiva e está associada com a misericórdia, é usada por Deus [...].5 Por isso, o Senhor afirma que é tardio em iras (Êx 34.6). Quando provocado, Ele não responde com emoções exacerbadas do momento, como os seres humanos tendem a fazer. Sua resposta é lenta, medida, calculada e sempre por meio do filtro do amor do Espírito Santo. O Pai não é como a pessoa que diz: "Não fico irado, apenas me vingo". Ele não fica louco da vida nem Se vinga, pelo menos do jeito petulante dos homens. Matthew Henry captou o próprio motivo por trás do caráter longânimo de Deus quando disse:


Ele pode suportar o mal e a provocação, sem estar cheio de ressentimento ou vingança. Ele tolerará muitos atos de desprezo da pessoa que ama e aguardará para ver nela os efeitos agradáveis de tal paciência.6 Para este Ser de Amor, suportar pacientemente o abuso daqueles sobre os quais repousa a sua afeição é simplesmente uma parte inevitável de tentar conduzir Seu cuidado. Com efeito, não é algo que Ele gostaria de evitar, mas está disposto a suportar, pois o faz com alegria. Sua resposta amorosa e paciente à nossa rebelião nos faz amá-lO mais. De certa forma, o Senhor é feliz ao suportar nosso desprezo, sabendo que, um dia, reconheceremos como O tratamos, e isso servirá somente para aumentar nosso amor por Ele. Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8). Se o Senhor tivesse criado a religião com o simples mandato de servirmos a Ele ou então irmos para o inferno, as pessoas iriam dedicar-se a Ele por causa de motivações falsas. Ele seria como um ditador rodeado de "pessoas do sim", vivendo com medo de desagradar ao seu presidente, servindo-Lhe apenas com lealdade externa. Nesse cenário, nosso Ditador veio e entregou Sua vida por nós, levando nossa ofensa desde então, pedindo-nos continuamente que nos unamos a Ele em um relacionamento de amor. Sua disposição de resistir ao que possamos fazer e esperar o necessário é prova da Sua devoção suprema por nós. Como disse alguém: "Se Jesus não nos ama, o que significam esses cravos em Suas mãos?". BENIGNIDADE Quando penso em benignidade, lembro-me de uma antiga colaboradora chamada Wilda. Ela foi uma das melhores pessoas que já conheci. Como era Testemunha de Jeová, acho que é seguro assumir que sua benignidade não era do Senhor. Ela, simplesmente, tinha uma disposição agradável e boa. Quando pensamos em expressões bíblicas, tais como, amor, paciência e benignidade, tendemos a encaixar esses termos nas definições que coincidem com as nossas experiências. Ao tentarmos conceituar as características do Todo-Poderoso nas formas com as


quais nos relacionamos com seres humanos imperfeitos, nossas descrições tendem a ser superficiais e vazias. Deus é benigno como Wilda o era? Certamente, Ele é poderoso, assim como Mike Tyson o é. Nossa benignidade é superficial comparada ao amor ardente do Senhor pelas pessoas. Todos nós conhecemos histórias dos pequenos atos da benignidade de Deus por nós. Tenho uma declaração que faço freqüentemente para os outros: "Nenhuma coisa boa que o Senhor faça pelas pessoas me surpreende". É verdade! Estou tão familiarizado com Ele a ponto de me acostumar a ver os Seus pequenos atos de bondade com relação aos que estão à minha volta. Tomei posse da expectativa do Seu caráter benévolo em minha vida e na dos outros. Alguém declarou: "O Senhor nunca teve um pensamento mau a seu respeito". Eu sei que é esse o caso. Ele não é o juiz raivoso como as pessoas descrevem. O Pai celeste é benigno e está esperando para ajudar e salvar. Esse é o Espírito em quem Ele vive. NÃO É INVEJOSO OU ARROGANTE E NÃO SE ENSOBERBECE Se não fosse tão triste, seria provavelmente cômico vermos como parecemos diante de Deus. Cheios de orgulho pelo nosso senso de importância, nós, seres humanos, certamente, oferecemos uma visão de dar pena! Somos muito diferentes do Senhor de várias formas. Deus tem um caráter modesto, o qual não é facilmente percebido pelos orgulhosos e os de mente estreita. Um contraste nítido entre o Senhor e a humanidade ocorreu em uma noite anterior à qual Cristo foi crucificado, quando Seus discípulos discutiram sobre qual deles seria o maior. Jesus lhes respondeu: Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser, entre vós, fazer-se grande, que seja vosso serviçal; qualquer que, entre vós, quiser ser o primeiro, que seja vosso servo, bem como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir (Mt 20.26-28a). Um dos problemas que temos ao nos ligarmos com o Senhor de uma forma real é nossa dificuldade de encontrá-lO! O Senhor é o Deus Todo-Poderoso, o Alfa e o Ômega, Jeová Jireh e o Poderoso de Israel. Tais nomes descrevem a Sua majestade e Seu poder. Não obstante, Ele assume a forma de servo. De certa forma, o Criador me faz lembrar de um servente que ganhou na loteria e comprou uma mega-corporação. Desde o


princípio, ele pareceu não se ajustar ao cenário da sala de reuniões. Todas as vezes que os vice-presidentes precisavam de uma assinatura ou de sua aprovação para alguma aquisição, inevitavelmente, encontravam aquele homem no porão, limpando o chão e esfregando os banheiros! Deus não é invejoso ou arrogante nem Se ensoberbece, porque é extremamente humilde. NÃO SE PORTA DE FORMA INCONVENIENTE Havia uma qualidade gentil, não-egoísta, em Jesus que atraía as pessoas. Ele tinha um Espírito doce. Como é diferente de Jesus um homem que conheço, fotografado na capa de uma revista nacional, berrando contra os defensores do aborto! O fotógrafo de notícias ficou feliz de mostrar esse tão mesquinho representante do cristianismo. A verdade é que esse indivíduo importava-se pouquíssimo com os bebês nãonascidos. Ele tinha apenas interesse em ter razão e fazer os outros verem da forma que ele via. O aborto é muito errado, mas a maneira de vencer a batalha contra esse mal em nosso país não é agir como o diabo. Com freqüência, os cristãos deixam de representar o Senhor de forma adequada. De modo bem diferente de como agimos algumas vezes, o Senhor jamais toma uma atitude de maneira imprópria, pois Ele é gentil e bondoso por natureza. NÃO BUSCA OS PRÓPRIOS INTERESSES Todo pecado começa ao se desejar algo para si. Um homem quer a emoção do sexo ilícito e se envolve em um caso. Outro perde a compostura e grita com o motorista que o corta no trânsito. Uma moça do caixa escorrega alguns dólares em sua bolsa todas as noites quando fecha a loja. Uma adolescente se enche de amargura quando perde o lugar de líder da torcida para outra menina. Tudo é pecado, motivado pelo desejo de algo para si. Essa é a natureza do homem. A natureza de Deus é muito diferente. Ele não está no espírito de "conseguir" para Si, mas no de dar. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu [...] (Jo 3.16). Em certo sentido, é a única coisa que o Pai sabe fazer. Dar faz parte da Sua natureza. O que mais faz alguém completamente desprovido de egoísmo?


Uma das melhores ilustrações daquilo que se passa no interior do coração de Deus é a imagem final do filme Scrooge [Adorável avarento]. Depois de três encontros assustadores com "fantasmas" do passado, presente e futuro, ele é um homem transformado. O filme termina com um Scrooge radiante, dando presentes para todos aqueles que encontra. Essa é uma pequena descrição (terrena) do coração generoso de Deus. NÃO SE IRRITA E NÃO SUSPEITA MAL O Senhor não Se sente provocado pela raiva, porque não fica ofendido. Jesus é o melhor Exemplo disso. Ele foi preso, açoitado, zombado e, finalmente, levado à cruz. Satanás fez todo o possível para conseguir que o Mestre Se levantasse com um espírito de retaliação; porém, o Cordeiro santo nunca o fez. Ele foi para a cruz, orando por aqueles que O estavam matando. Quando eu estava na escola bíblica, um grupo de estudantes se reuniu para assistir a um filme sobre a vida de Cristo. Durante a parte do filme em que Jesus estava sendo açoitado e zombado, um dos estudantes disse subitamente: "Como deve ter sido humilhante!". Respondi: "Não foi humilhante para o Senhor, porque Ele não tinha orgulho". Ser humilhado por alguém apenas dói quando o orgulho de uma pessoa é ferido. Se não existir tal sentimento, não há nada para ser esmagado. O Messias não Se sentiu provocado a retaliar, porque Ele não era orgulhoso. NÃO FOLGA COM A INJUSTIÇA, MAS FOLGA COM A VERDADE Regozijar-se com a injustiça refere-se a festejar a queda de um inimigo. Desejaria eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? Diz o Senhor JEOVÁ; não desejo, antes, que se converta dos seus caminhos e viva? (Ez 18.23). O Senhor não Se alegra em ver o homem sofrer as conseqüências do seu pecado, não importa o quanto ele mereça. Ele não folga em ver alguém perecer, não importa o quanto de mal essa pessoa tenha feito. O Pai não tem alegria em ver os seres humanos irem para o inferno, sem levar em conta o quanto eles tenham-se rebelado. Deus deseja dar vida e faz isso para todos os que estiverem interessados. Nosso ponto de vista sobre o julgamento pode ser ilustrado a partir do próprio sistema de corte de Justiça americano. Durante um


tempo, servi como funcionário no Edifício das Cortes Criminais de Los Angeles. Algumas vezes, vi um acusado para o qual, por alguma razão, o juiz queria claramente conceder misericórdia. Sob pressão dos pagadores de impostos, a legislação da Califórnia determinava diretrizes obrigatórias para que uma sentença fosse dada. Mesmo que um juiz quisesse libertar um criminoso, as normas forçavam uma determinada decisão. Da mesma maneira, o sistema de justiça de Deus exige que os pecadores não-arrependidos sejam condenados ao inferno, não importando quanta pena Ele sinta por eles. Embora o amor deseje mostrar bondade, a santidade perfeita exige justiça. O inferno é um lugar para aqueles que mostraram não desejar viver no Reino de Deus. Como disse C. S. Lewis: Eu acredito de todo o coração que os condenados são, em certo sentido, rebeldes até o final, e que as portas do inferno são trancadas do lado de dentro.7 SUPORTA TUDO A verdade dessa declaração profunda dificilmente pode ser compreendida. Você sabe que o Senhor o suporta? Isso significa que Ele está sempre nos levantando e ajudando a passar pelas situações. O poema Pegadas na areia* é uma descrição exata desse fato. Fisicamente, Deus sustenta o mundo inteiro. A Bíblia diz: Todas as coisas subsistem por ele (Cl 1.17b) e está sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder (Hb 1.3b).

*

Pegadas na areia Uma noite eu tive um sonho... Sonhei que estava andando na praia com o Senhor e através do céu, passavam cenas da minha vida. Para cada cena que passava, percebi que eram deixados dois pares de pegadas na areia: um era meu e o outro era do Senhor. Quando a última cena passou diante de nós, olhei para trás, para as pegadas na areia e notei que muitas vezes, no caminho da minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia. Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiosos do meu viver. Isso me aborreceu deveras e perguntei então ao Senhor: — Senhor, Tu me disseste que, uma vez que resolvi te seguir, Tu andarias sempre comigo, em todo o caminho. Contudo, notei que durante as maiores atribulações do meu viver, havia apenas um par de pegadas na areia. Não compreendo porque nas horas em que eu mais necessitava de Ti, Tu me deixaste sozinho. O Senhor me respondeu: — Meu querido filho. Jamais eu te deixaria nas horas de provas e de sofrimento. Quando viste, na areia, apenas um par de pegadas, eram as minhas. Foi exatamente aí que eu te carreguei nos braços. (Do livro "Pegadas na areia" — Margareth Fishback Powers — Ed.Fundamento) (Nota da digitalizadora).


Mais ainda, Ele sustém espiritualmente Seus filhos. Davi disse: Bendito seja o Senhor que, dia a dia, leva o nosso fardo! Deus é a nossa salvação (Sl 68.19 - ARA). O salmista também declarou: O SENHOR está com aqueles que sustem a minha alma (Sl 54.4b) e Ele sustenta com vida a nossa alma (Sl 66.9a). O Senhor leva os nossos fardos de uma maneira que não compreendemos. Ele está embaixo de nós, levantando-nos e impedindo-nos de cair. TUDO CRÊ, TUDO ESPERA, SUPORTA TODAS AS COISAS O pensamento do Senhor é oposto ao pensamento do cínico, que vê apenas o fracasso, ou do crítico, o qual enxerga somente a falha. O Soberano crê no melhor para Seus filhos. Expressando de outra forma, Ele acredita em nós. O Senhor não risca o nome das pessoas, porque elas falham ou desobedecem. Ele, simplesmente, continua tentando ajudá-las e encorajá-las. O Criador pode pensar dessa maneira, pois não tem o conhecimento do bem e do mal como nós. Simplificando, o Espírito Santo é inocente. Ele é Onisciente, mas não tem o conhecimento íntimo do mal causado pela experiência. Uma ilustração disso é uma criança que olha para dentro de um bar e presencia brigas, discussões, risadas e todos os outros comportamentos ocasionados pela bebida. Ela vê os acontecimentos, mas não compreende realmente aquilo, porque nunca esteve naquele espírito. Fica perplexa e, de certo modo, entende a bebedeira, mas não possui conhecimento profundo a respeito. De alguma forma, o Senhor é como uma criança. Ele tem a inocência que você vê no rosto de uma criancinha. Nesse sentido, talvez, pelo fato de Deus conhecer apenas o bem, Ele seja capaz de crer e esperar o melhor das pessoas. Possui uma visão radiante e alegre da vida e do homem. De outra forma, como o Altíssimo poderia administrar toda a morte e destruição que testemunha todos os dias? O Todo-Poderoso enxerga um futuro mais brilhante quando os dias do homem finalmente (e misericordiosamente) terminarem e começar o Dia do Senhor. O Espírito Santo vê o princípio e o fim e sabe que existe um porvir maravilhoso, preparado para os Seus amados. Sua esperança está fundamentada no conhecimento do eterno. Isso ajuda a explicar por que Ele é capaz de agüentar constatar tanta maldade.


NUNCA FALHA É maravilhoso saber que Deus está conosco. Na mente, muitos homens sabem disso, mas, no coração, não discernem isso. Essa espécie de segurança cresce quando experimentamos a presença do Pai em tempos de dificuldade. Uma lembrança que tenho da fidelidade do Senhor vem da ocasião em que apareci no Programa da Oprah Winfrey. Os produtores queriam um convidado que se tivesse envolvido com o vício sexual para participar de um programa que estavam prestes a pôr no ar. Eles me levaram de avião para Chicago, buscaram-me no aeroporto de limusine e puseram-me em uma suíte no Hilton. O programa seria gravado na manhã seguinte. Aparecer na televisão era algo novo e sobrepujante. Durante a noite inteira, fiquei aflito e preocupado. Não conseguia dormir; então, andei de um lado para o outro em meu quarto, suplicando que Deus me ajudasse. Na manhã seguinte, fui levado ao estúdio. Sentiame absolutamente sem forças e exausto até entrar no palco; subitamente, senti-me revigorado! Em um instante, fui transformado de um estado de fraqueza e medo para um de confiança alerta. O Pai celestial tem feito isso por mim tantas vezes, que agora não tenho mais medo. Sei que Ele já me está aguardando na próxima situação. O Senhor nos ama e jamais falhará conosco. Receber uma revelação recente sobre como Deus Se parece irá levar-nos longe e ajudar-nos a fazer-Lhe uma entrega maior. A vida de vitória não pode ser alcançada sem o ato de entrega. Neste capítulo, vimos a natureza amorosa do Onipotente, mas esta é apenas metade da questão! Deus é amor; no entanto, se Ele nunca fizesse nada com esse amor, para que serviria? Agora é tempo de aprender sobre as Suas doces misericórdias.


Meditação para Hoje Oh! Quão grande é a tua bondade, que guardaste para os que te temem, e que tu mostraste àqueles que em ti confiam na presença dos filhos dos homens! A tua misericórdia, Senhor, está nos céus, e a tua fidelidade chega até às mais excelsas nuvens. Davi - Salmos 31.19;36.5 TU ÉS FIEL, SENHOR * Tu és fiel, Senhor, meu Pai celeste, Pleno poder a Teus filhos darás. Nunca mudaste, Tu nunca faltaste: Tal como eras, Tu sempre serás. Flores e frutos, montanhas e mares, Sol, lua, estrelas no céu a brilhar! Tudo criaste na terra e nos ares. Todo o universo vem, pois, Te louvar! Pleno perdão Tu dás, paz, segurança Cada momento me guias, Senhor E, no porvir — oh, que doce esperança! —, Desfrutarei do teu rico favor. Coro Tu és fiel, Senhor, Tu és fiel, Senhor, Dias após dia, com bênçãos sem fim. Tua mercê me sustenta e me guarda; Tu és fiel, Senhor, fiel a mim.1 Thomas Chisholm *

Nota da tradução - Hino original intitulado Great is thy faithfulness, traduzido para o português com o título de Tu és fiel, Senhor, de domínio público.


Sete O Deus de misericórdia Se a essência do Onipotente é amor, como estabelecemos antes, isso comprova que todos os Seus relacionamentos com a humanidade procedem do Seu amor. A ilustração seguinte nos ajuda a ver isso mais claramente:

Deus é, em essência, amor puro, depositado em toda alma viva. Sua graça maravilhosa diante do nosso pecado vem por meio desse sentimento, que O move a demonstrar compaixão pelos nossos problemas e a estender a bondade requerida a fim de atender às nossas necessidades. Este capítulo focalizara a misericórdia do Criador. Comecemos por duas expressões do amor do Pai por nós. GRAÇA Deus deseja uma amizade íntima e contínua conosco. Entretanto, existe uma distância imensa entre os dois. Ele é santo, puro e justo sob todos os aspectos. Isso O coloca em oposição direta a qualquer coisa que lembre o orgulho ou egocentrismo. Em Sua dimensão celestial, não há lugar para rugas nem máculas; não existe pecado, porque tudo está perfeitamente conforme a Sua vontade. Em total contraste, a humanidade não é santa, mas impura e pecadora, em divergência com o Espírito de Deus. Por natureza, o homem é transgressor. O pecado está ligado a quase tudo o que ele


faz. Apanhado habitualmente em um comportamento pecaminoso, o ser humano é culpado pelo orgulho, egoísmo e pela rebelião contra Deus. O profeta Jeremias descreveu, com sagacidade, o coração humano como enganoso [...] mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá (Jr 17.9). O prognóstico para a humanidade caída é o mesmo que para um paciente diagnosticado com uma forma maligna de tumor espalhando-se pelo corpo: a morte iminente, a menos que o Senhor intervenha. É fascinante que o Pai, sempre com o Espírito de ágape, deseje unir-Se ao homem. Ele busca apaixonadamente os pecadores, porque os conhece e lembra que são apenas pó (Sl 103.14). Assim como qualquer noivo na noite de núpcias, o Senhor deseja ser Um com Sua noiva. A descrição perfeita dessa paixão, se você conseguir ler sem corar, encontra-se em Cantares de Salomão. Tal narrativa poética descreve o amor sem limites de Deus pela Sua Amada. Para realmente avaliar o dilema de Deus, imagine um homem que ama uma mulher, com sinceridade no coração, e está preparado para dar sua vida por ela — para o que der e vier. Maravilha das maravilhas, ela concorda com o casamento! Mas ele percebe alguma coisa errada antes que a noiva chegue ao altar. Quando abre o caminho pelo corredor, ela olha sedutoramente para os outros homens da congregação. Que atitude inadequada! Que situação embaraçosa! Obviamente, a moça tem um coração dividido. Ela está em uma posição difícil: concordou em se casar, mas todos aqueles outros homens atraíram repentinamente a sua atenção. O que ela deve fazer? A noiva decide continuar. Para a surpresa dele, o casamento vai bem no princípio. A esposa parece sinceramente comprometida com a vida conjugal. Entretanto, após alguns meses, ela começa a voltar tarde para casa. Certa noite, ele descobre o que mais temia: a mulher havia dormido fora de casa. Ela demonstra arrependimento e pede perdão, mas continua a ter os seus casos. Repetidamente, o marido a apanha mentindo sobre suas ações. Às vezes, parece que ela o ama realmente, mas não o suficiente para mudar de comportamento. Quanto tempo ele deve suportar isso? Quantas vezes deve olhar de outra forma ou enterrar a cabeça na areia? Quantas desculpas deve aceitar antes de se divorciar? Oséias sabia o que significava estender a misericórdia a uma mulher infiel. O Senhor não pode ajudar a Si mesmo. Seu amor O move incansavelmente em direção ao objeto do Seu desejo. Não importa quão freqüentemente seja ferido. Ele a ama e não é suficiente que


esteja disposto a aceitá-la de volta depois dos seus repetidos fracassos. Porque, quando ela volta para casa, Ele tem um sorriso amoroso, de boas-vindas. Fica feliz por vê-la de volta, esforçando-se por permanecer na relação. Isso é graça: o favor imerecido do Criador com relação aos pecadores, os quais são infiéis por natureza. Nós servimos ao Deus da graça, que perdoa quando nós humildemente a pedimos e ainda a estende para alguém arrependido. São as Boas-Novas para as pessoas más! COMPAIXÃO A compaixão de Deus vai mais além. Ele não apenas recepciona a esposa instável arrependida com um sorriso, como também sente compaixão pelo seu vício de adultério.* Ele vê a sua luta. A esposa quer agir corretamente, deseja estar nesse relacionamento, contudo, cede continuamente às pressões da tentação. O esposo se sente mal por causa de seus embates. Uma pessoa compassiva vê as necessidades dos outros e se move interiormente. Ao se deparar com alguém ferido, mal consegue conter-se e emociona-se bastante. Ela clama a Deus e fica insatisfeita até que a dificuldade seja resolvida. O Senhor é cheio de compaixão por nós. Suas misericórdias O movem a nos fazer o bem e a preencher nossas carências. Tal piedade está expressa na história que Jesus contou sobre o bom samaritano. Ele foi movido de compaixão, mas o sacerdote e o levita passaram pelo outro lado da estrada (Lc 10.31,32). O Senhor nunca nos ignora quando estamos com necessidades. Ele jamais atravessa para o outro lado da estrada para evitar o nosso problema, mas vê as nossas dificuldades e Se move em direção a elas para nos aliviar, curar e restaurar. MISERICÓRDIA Misericórdia é viver o amor de Deus para com os outros. A palavra hebraica do Antigo Testamento traduzida como misericórdia na versão da Bíblia King James [que corresponde à Almeida Revista e Corrigida] é hhesed. É traduzida como bondade amorosa na NASB [New American Standard Bible], e amor que não falha na NVI *

Temos de ser cuidadosos para não ficarmos com a impressão de que um Deus santo finge que não vê o pecado. Ele lamenta a nossa luta, mas provê um escape, o qual espera que adotemos.


[Nova Versão Internacional]. Hhesed refere-se, primariamente, ao sistema de suprimento que Deus estabeleceu na terra para suprir necessidades: físicas, emocionais e espirituais. Um irmão afirmou: A misericórdia é a irradiação do amor. Assim como existe um único sol em nosso céu, mas saem raios infindáveis do nosso sol, existem misericórdias eternas que procedem do fogo santo do amor divino, um amor que nunca pode ser extinto [...]. Se estamos com fome, misericórdia é a comida. Se temos sede, misericórdia é a água. Se temos frio, misericórdia é o calor, abrigo e roupas. Se estamos desanimados, misericórdia é o encorajamento e a força. Se somos rebeldes, misericórdia é o arrependimento. Se nos sentimos culpados (e nos arrependemos), misericórdia é o perdão. Quando somos derrotados, misericórdia é a vitória.2 Em resumo, a misericórdia é o amor em ação e a resposta natural de alguém que ama realmente o outro. Qual é o benefício de um amor não-expressado? Como nossas vidas seriam impactadas se o Senhor, simplesmente, dissesse do céu que nos ama, mas nunca demonstrasse isso? Não seria um bom exemplo. Graças a Deus por Suas misericórdias, as quais sempre suprem nossas necessidades. Graça é o sorriso de boas-vindas do Pai. Compaixão é a resposta natural do Altíssimo aos nossos problemas. Misericórdia é a provisão necessária. As ilustrações bíblicas nos auxiliam a ver isso de forma clara. Certa vez, Jesus estava em uma área remota do norte da Galiléia, ensinando à multidão durante vários dias. Aquelas pessoas que O ouviam, as quais estavam morrendo de fome espiritual, foram momentaneamente cercadas por Suas palavras maravilhosas de vida. Cristo viu também as necessidades físicas daquele povo: Tenho compaixão da multidão, porque já está comigo há três dias e não tem o que comer (Mt 15.32a). Embora não merecessem a Sua bondade, Cristo olhou para elas com a Sua compaixão e fez alguma coisa: alimentou-as. Em outra ocasião, quando Jesus ia passando, um leproso, suplicando misericórdia, achegou-se ao Mestre. E ele, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero; sê limpo. E logo a lepra


desapareceu dele (Lc 5.13). Novamente, Jesus viu a necessidade, teve compaixão do homem e praticou um gesto de compaixão. Jesus observou, em outro momento do Seu ministério terreno, um cortejo fúnebre com uma mãe a qual lamentava a morte do filho. E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela e disselhe: Não chores. E, chegando-se, tocou o esquife (e os que o levavam pararam) e disse: Jovem, eu te digo: Levanta-te. E o defunto assentou-se e começou a falar. E entregou-o à sua mãe (Lc 7.13-15). Em cada história, encontramos os mesmos ingredientes: graça, compaixão, misericórdia. Deus olhou com piedade para o homem pecador, porque Ele nos amou. Sabia que um sacrifício perfeito seria exigido pela nossa expiação. Apesar da dor que isso Lhe causou, Ele fez a única coisa possível para suprir a necessidade: enviou Seu Filho precioso para levar sobre Si os nossos pecados e morrer em nosso lugar — a maior misericórdia já demonstrada. Foi graça pura o fato de Deus ter feito isso pela humanidade pecadora. Sua compaixão não Lhe deixou alternativa. Lloyd John Oglivie tem um ponto de vista a respeito: Bondade (hhesed) é o amor constante do Senhor em ação em relação àqueles que erram. Em todo o Antigo Testamento, as palavras para amor constante, misericórdia e bondade são usadas de modo intercambiável. Bondade é o esforço persistente do Senhor para alcançar Seu povo e capacitá-lo a voltar para Ele. Jesus Cristo foi a encarnação da bondade. Ele veio para expressá-la, viveu para ser um modelo dela; morreu para oferecê-la e voltou a transmiti-la a nós por meio do Espírito Santo.3 Realmente, o ministério terreno de Jesus envolveu o suprimento de qualquer necessidade que Ele encontrasse, dando-Se constantemente, sacrificando-Se e servindo aos outros pelo bem deles. Ele nunca Se promoveu. Viveu simplesmente com a paixão de fazer o bem onde a oportunidade se apresentava. Hebreus 13.8 diz que Jesus foi a expressão exata ou a representação precisa da natureza de Deus. O Messias foi Deus em forma humana, fazendo exatamente o que o Pai queria realizar tanto na terra como no céu. Se você quiser saber como o Criador é, basta


estudar a vida de Cristo. Ele foi a revelação do Todo-Poderoso, de Si mesmo, para a humanidade. O Onipotente é o imutável; o mesmo de ontem, hoje e eternamente. Não existe diferença entre o Soberano de quem lemos no Antigo Testamento e Aquele do Novo Testamento. Jesus disse: Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer ao Pai, porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente. Porque o Pai ama ao Filho e mostra-lhe tudo o que faz; e ele lhe mostrará maiores obras do que estas, para que vos maravilheis (Jo 5.19,20). Em todas as épocas, o homem tem imaginado como é Deus. Em toda a Sua Palavra, o Senhor revela a Sua natureza como boa e misericordiosa. O Pai, por intermédio de Seu Filho, demonstrou, na cruz, imenso amor por todos nós, tomando a propriedade dos nossos crimes e pagando a pena para que fôssemos livres. Novamente, se quiser saber que tipo de atividade está sempre acontecendo no céu, reconheça a vida de Jesus. A misericórdia é a força de vida no Reino de Deus. DUVIDANDO DE DEUS Infelizmente, depois de tudo o que o Pai fez para demonstrar Sua bondade amorosa para conosco, achamos difícil acreditar que esse é o jeito que o Senhor realmente é. A luta para crer no melhor sobre Ele remonta ao princípio. Por um tempo, Adão e Eva desfrutaram a vida em seu paraíso terrestre. Estavam em perfeita comunhão com um Deus amoroso. Lançando mão de um fruto proibido, um intruso rastejou e envenenou a mente de Eva com mentiras acerca do Criador. Ela havia evitado aquele fruto, pois ele estava fora dos seus limites. Como o diabo conseguiu que ela comesse? Utilizando a sugestão sutil que ele usa ainda hoje: "Deus não é realmente bom. Ele está prendendo você e fará com que aja sem querer. Não pode confiar nEle, pois vai feri-la, tomar-lhe coisas, e forçá-la a se submeter à Sua vontade. É muito mais seguro não confiar e seguir seu próprio caminho na vida". Que escândalo e vergonha! Nosso Pai celestial quer ajudar, abençoar, fazer o bem, suprir as necessidades e, acima de tudo, ter um relacionamento de amor com Seus filhos. O que Ele recebe em troca? Ceticismo, dúvida, incredulidade, acusações falsas e total rebelião! Contudo, em Sua infinita paciência, o Senhor continua a estender a mão, mostrar-Se acessível, fazer o bem e, simplesmente, distribuir favores de modo incondicional a quem não merece.


Por que nos recusamos a crer no melhor a respeito do Soberano? Há muitas razões. Primeiro, imaginamos que Deus seja uma versão maior de nós mesmos. É impensável que alguém possa ser tão cheio de bondade. Achamos difícil expandir os nossos conceitos fora da nossa experiência. Não conseguimos compreender um Ser eterno. Não podemos imaginar um Criador Infinito, Onipotente e Onisciente. Acontece o mesmo com Sua bondade intrínseca. Simplesmente, não temos condições de imaginar alguém que seja tão bom. Segundo, somos tão cegos pela nossa própria bondade, que, quando ouvimos a Bíblia falar da bondade de Deus, ela não nos afeta realmente. A palavra bondade (assim como a palavra amor) foi destituída do seu significado verdadeiro pelo nosso conceito superficial do que ela é. Medimos a generosidade com base na maneira pela qual olhamos para nós mesmos. Uma terceira razão de termos uma visão tão pobre do caráter de Deus é o que a Escritura Sagrada declara sobre Sua ira e Seus juízos. No capítulo 8, investigamos essas verdades. Finalmente, não vemos mesmo a Sua misericórdia em nosso dia-a-dia. O Senhor faz tantas coisas, que não percebemos tudo o que realizou. Muitos outros atos de bondade são perdidos, porque os olhos da fé não estão suficientemente abertos para ver a Sua obra em nosso cotidiano. A natureza de Deus está cheia de bondade! Ele é infinitamente bom. Um homem que andou intimamente com Ele não pode deixar de perceber essa realidade. Leia o que alguns homens da Bíblia proclamaram a respeito do Senhor. Moisés disse: O SENHOR é longânimo e grande em beneficência, que perdoa a iniqüidade e a transgressão, que o culpado não tem por inocente e visita a iniqüidade dos pais sobre os filhos até à terceira e quarta geração. Saberás, pois, que o SENHOR, teu Deus, é Deus, o Deus fiel, que guarda o concerto e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos (Nm 14.18; Dt 7.9). Davi, que teve, provavelmente, uma visão melhor da natureza do Pai do que qualquer outra pessoa, declarou: Lembra-te, SENHOR, das tuas misericórdias e das tuas benignidades, porque são


desde a eternidade. Todas as veredas do SENHOR são misericórdia e verdade para aqueles que guardam o seu concerto e os seus testemunhos. Pois tu, Senhor, és bom, e pronto a perdoar, e abundante em benignidade para com todos os que te invocam. Piedoso e benigno é o SENHOR, sofredor e de grande misericórdia. O SENHOR é bom para todos, e as suas misericórdias são sobre todas as suas obras (Sl 25.6,10; 86.5; 145.8,9). Salomão reconheceu: Ó SENHOR, Deus de Israel, não há Deus como tu, em cima nos céus nem embaixo na terra, que guardas o concerto e a beneficência a teus servos que andam de todo o seu coração diante de ti (1 Rs 8.23). Por sua vez, Paulo concluiu: Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus (Ef 2.4-7). Essa é apenas uma pequena amostra do que a Bíblia diz sobre o Senhor. Cada uma dessas pessoas teve uma visão da natureza de Deus e uma revelação de como Ele trata a humanidade. MISERICÓRDIA EM NOSSO DIA-A-DIA Um amigo meu diz que, para cada ato de misericórdia que vemos Deus operar, Ele faz milhares de outros que não vemos. À medida que fico mais próximo de Jesus e aprendo mais dos Seus caminhos, vejo que isso é verdade. Recentemente, Kathy e eu ficamos em um trailer, acampados em Cape Cod. Estávamos na área da Nova Inglaterra para participar de vários meses de reuniões. Mantínhamos a mesma rotina: ficávamos no trailer durante a semana e íamos até a igreja escalada no final de semana para os cultos. Tendo passado pela rotina de arrumar as malas no fim de semana muitas vezes, estávamos cientes de cada item que tínhamos de levar antes de viajar. Em uma determinada ocasião, eu ia


ministrar em Vermont. Tínhamos cinco horas de estrada à nossa frente. Quando colocávamos nossas coisas nas mochilas, Kathy pegou, inadvertidamente, um vidro de remédio para problemas no estômago* (algo que ela nunca faz). Tendo posto tudo no carro, partimos para a igreja. Várias horas mais tarde, comecei a sentir uma dor horrível no estômago. Deus, com Sua consideração, havia providenciado a solução necessária antes que o problema aumentasse. Não foi um milagre transformador de vida. Simplesmente, foi mais um pequeno ato de bondade de um Pai que ama suprir as nossas necessidades. Outra história que posso relatar poderia ter sido um pouco mais séria. Temos um caminhão de água de duas toneladas, o qual usamos para transportar os quase dez mil litros que consumimos todos os dias em nossa casa móvel. Um dia, de volta para casa, parei em um depósito de madeira local e dei uma corrida até o banheiro. Quando parei para conversar com um bom rapaz que trabalhava lá, ele perguntou calmamente: "Não é seu o caminhão de água lá na estrada?". Saí correndo e descobri que o caminhão estava do outro lado de uma rodovia movimentada, e uma fila de veículos esperava pacientemente nas duas direções. Muito humildemente, pulei para o caminhão e o estacionei, grato por ele não ter batido em ninguém. Outra vez, quando um dos membros da nossa equipe dirigia um veículo, descobrimos, quando ele voltou para casa, que o sistema do carro estava quebrado e não havia razão para que as várias toneladas de peso não tivessem escapado em uma daquelas curvas de Kentucky. Ambos são exemplos do cuidado misericordioso de Deus com relação à nossa vida. Eu percebia esses gestos de misericórdia, mas imaginava quantos tinha deixado de ver. Quando considero a minha vida antes de me achegar ao Senhor, tudo o que posso pensar é em quanto Ele tem sido misericordioso comigo. Eu levava uma vida selvagem e impulsiva. Doze dos meus amigos foram mortos durante aquela época. Eu devia ser um deles. Por que fui poupado? A única explicação é que um Pai bom e misericordioso sabia que chegaria o dia do meu arrependimento. Ele ficou guardando, cuidadosamente, a minha vida, antes mesmo que eu fosse um dos Seus. Foi misericórdia, foi tudo misericórdia — o modo como Deus supriu as minhas necessidades, assim como Ele tem feito a você.

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Nota da Revisão - Princípio ativo: Salicinato de Bismuto Monobásico.


Meditação para hoje Mestre, não te importa que pereçamos? Os discípulos de Cristo - Marcos 4.38b Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritarei: Violência! E não salvaràs? Por que razão me fazes ver a iniqüidade e ver a vexação? Porque a destruição e a violência estão diante de mim; há também quem suscite a contenda e o litígio. Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a vexação não podes contemplar; por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele? Habacuque 1.2,3,13 E o anjo meteu a sua foice à terra, e vindimou as uvas da vinha da terra, e lançou-as no grande lagar da ira de Deus. Apocalipse 14.19


Oito A indiferença e a ira de Deus O "lado escuro" do caráter do Senhor é um assunto de importância monumental. Volumes têm sido escritos sobre o tema. Um único capítulo iria fazer-lhe pouca justiça, no entanto, senti-me compelido a tocar nesse aspecto do Pai, que cria grande confusão na mente dos Seus seguidores. Como podemos clamar misericórdia de um Deus que não Se importa, ou pior, que fica irado? Mais importante, como nos podemos render sinceramente a Ele? Verdadeiramente, não podemos. Nossa reverência seria superficial e exterior, como a dos ajudantes de um ditador. Sem confiança não existe entrega, e sem esta, não pode haver vitória. É vital que compreendamos a razão pela qual o Altíssimo faz algumas coisas. A INDIFERENÇA DE DEUS Algumas vezes, é extremamente difícil crer que o Pai Se importe. O sofrimento é muito grande nesta bola de pó chamada Terra. Milhões de pessoas morrem de fome na África — indivíduos reais, com esperanças e sonhos iguais aos seus e aos meus. Outras morrem por doenças, simplesmente porque não conseguem remédios, aos quais nós não costumamos dar valor. Aldeias e cidades inteiras são exterminadas brutalmente, porque as pessoas são de um passado étnico diferente do de seus assassinos. O crime cresce nas ruas quando os jovens, em sua falta de perspectiva, voltam-se para as drogas, e os pais ficam desesperados. O sofrimento, a miséria e a injustiça estão por todos os lados. Onde está o Deus de amor e misericórdia em tudo isso? Habacuque lutou com essa mesma questão do sofrimento e da injustiça. Quando ele ponderava sobre isso com o Senhor em oração, Ele deu ao profeta visões do futuro de sua nação. O Criador descreveu um tempo de juízo vindo sobre Israel. O exército dos saqueadores babilônico destruiria tudo em Israel. Não foi exatamente uma palavra de encorajamento! Ao ver a situação, Habacuque expressou a pura Palavra de Deus quando declarou: Mas o justo, pela sua fé, viverá (Hc 2.4b).


Quando nada faz sentido e tudo na vida parece estar desmoronando-se, os cristãos têm algo que os separa do desespero dos incrédulos: a fé em Deus. O Pai celeste proveu nova segurança diante das dúvidas de Habacuque. Quando não existe nada para se ver adiante a não ser a tragédia, somente o Senhor pode dar a paz. Foi nesse estado de espírito que o profeta declarou estas palavras, as quais têm animado os crentes por milhares de anos: Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei no SENHOR, exultarei no Deus da minha salvação. JEOVÁ, o Senhor, é minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas. Habacuque 3.17-19 Escrevendo sobre esses versículos, Adam Clarke declarou: Esses versículos dão a maior demonstração de resignação e confiança que já encontrei. Ele viu que o mal estava muito próximo e era inevitável. Submeteuse à dispensação do Deus, cujo Espírito o capacitou a descrevê-lo em todas as suas circunstâncias calamitosas. Ele sabia que o Senhor era misericordioso e generoso.1 Matthew Henry escreveu: Não obstante, ele resolve deleitar-se e triunfar em Deus. Quando tudo acabou, o seu Deus não Se foi [...]. Aqueles que, quando estão cheios, desfrutam do Pai em tudo, ao serem esvaziados, podem desfrutar completamente no Senhor. Conseguem sentar-se sobre um monte de ruínas melancólicas e até mesmo cantar para o louvor e glória do Criador.2


Catherine Marshall, em seu excelente livro Beyond our selves [Além do nosso eu] discute as próprias lutas, como jovem idealista. Certa noite, quando estava visitando uma mulher piedosa chamada Sra. MacDonald, ela mencionou o assunto. Em uma dessas noites, eu me achei extravasando a minha rebelião interior contra um Deus que permitia o sofrimento e o mal, embora tivesse o poder de detê-los. "Catherine", ela disse pensativamente, "você sabe quantas vezes eu falo de Kenneth?". Mexi a cabeça. Com rapidez, revi na mente o que sabia sobre Kenneth, o único filho dos MacDonald. Ele morrera de diabetes na adolescência. Misturou-se à sua dor o fato de a insulina ter sido descoberta apenas poucos meses depois, tarde demais para salvar o seu filho. Ali então, perto de casa, estava um exemplo da espécie de tragédia que me fazia questionar o amor de Deus. "Bem", minha amiga prosseguiu, "se eu tivesse pensado, como você sugeriu, poderia ter-me afastado de Deus com amargura, por permitir a morte de Kenneth. O Senhor tem poder, e poderia ter impedido. Então, por que não o fez? "Mesmo agora, não lhe posso dar uma resposta completa sobre a questão. Mas também não consigo ter amargura, porque durante a longa doença de Kenneth, tive muitos exemplos do amor paternal e gentil de Deus. Como aquela vez, logo após Kenneth suspeitar que iria morrer. Ele me perguntou: 'Mãe, como é morrer? Mãe, dói?'" Quando a Sra. Mac repetiu as perguntas, lágrimas brotaram em meus olhos, e perguntei: "Como... A senhora respondeu?". A mulher de cabelos brancos parecia estar vendo o passado. "Eu me lembro de que corri para a cozinha, supostamente para ver algo no fogão... E perguntei ao Altíssimo como responder ao meu filho. "Deus falou comigo. Somente Ele poderia dar a resposta à questão mais difícil que uma mãe pode expressar. Eu soube, simplesmente soube como explicar a morte para ele. 'Kenneth', lembro-me de ter dito, Você sabe que quando era um garotinho, costumava brincar tanto o dia todo, que, quando a


noite chegava, estava tão cansado, que nem conseguia tirar a roupa; então, você caía de sono na cama da mamãe?'. 'Aquela não era a sua cama. Não era lá que você deveria estar. E você ficava lá só um pouquinho. De manhã, para sua surpresa, você acordava e se encontrava na própria cama, em seu quarto. Você estava lá pelo cuidado e amor de alguém. Seu pai tinha vindo, com seus braços grandes e fortes, e o havia carregado'. "Então, eu disse ao Kenneth que a morte era igual. Nós, simplesmente, acordamos uma manhã e nos encontramos em outro quarto; nosso próprio quarto, onde devemos estar. Estaremos lá, porque Deus nos ama ainda mais que nossos pais terrenos e toma conta de nós com ternura". Ficamos ambas em silêncio por um momento. Depois, a Sra. MacDonald disse suavemente: "Kenneth nunca sentiu medo de morrer depois disso. Se, por alguma razão que ainda não compreendo, ele não pudesse ser curado, então, essa remoção de todo medo seria o segundo maior presente que Deus nos poderia dar. No final, ele passou para a outra vida exatamente como o Pai me dissera que ele iria — gentil e suavemente". Havia um olhar de profunda paz no rosto da minha amiga enquanto ela falava. Depois que a Sra. MacDonald me pôs para dormir naquela noite, deitei na cama de mogno sob o edredom, meditando em suas palavras. Ela, realmente, disse-me que aqueles que estão dentro da tragédia são freqüentemente levados a algo que os de fora absolutamente não experimentam: o amor de Deus — instantâneo, contínuo, real — em meio à sua tribulação. Com a presença do Senhor, eles têm algo mais precioso do que qualquer presente concedido por Ele.3 Anos mais tarde, depois que seu marido Peter Marshall faleceu, ela se achou respondendo a mesma pergunta a um grupo de adolescentes confusos. Depois do encontro, ela refletiu sobre como tais questionamentos podem afetar Deus.


Então, quando eu lhes contei sobre a minha busca dessa resposta, pensei em como o Pai deve ficar quando um de Seus filhos se encolhe de medo diante dEle. Percebi quão freqüentemente atribuímos emoções e feitos ao Senhor, que atribuiríamos apenas às mentes humanas mais depravadas. Provavelmente, nenhuma personalidade no Universo é tão taxada de má quanto o Criador.4 Há alguns aspectos sobre a vida que, simplesmente, não compreenderemos, a não ser quando chegarmos ao céu. Com fé, essas questões devem ficar de lado. Entretanto, existem outras coisas que parecem evidentes. A terra não é para ser o céu. Este é o campo de batalha que nos testa. Mais tarde, virá a terra gloriosa da recompensa. É aqui, neste cenário de miséria e sofrimento sem sentido, que o Senhor nos pede que confiemos nEle. As pessoas se desencantam com Deus porque querem que Ele transforme a existência terrena em celestial. Não podemos conhecer a vitória espiritual com essa atitude imatura. Aqui não é o céu nem é para ser. O Criador dá ao homem o livre-arbítrio e não imporá a Sua vontade sobre nós. Se a humanidade desejar guerrear, conquistar reinos e servir a Satanás, de alguma forma, o Senhor permitirá o exercício do livre-arbítrio. Devemos entender que, nessa liberdade, o homem entrega a propriedade da terra ao diabo. Satanás tem feito o que costuma fazer: provoca sofrimento, miséria e destruição ao mundo. Nunca devemos esquecer que servimos ao Deus que sofre conosco. Ele provou isso de uma vez por todas no Calvário. Como, pois, podemos acusá-lO? O Altíssimo realmente cuida de Seus filhos e está disponível para aqueles que O invocam. A IRA DE DEUS A ira do Senhor não pode, simplesmente, ser compreendida em termos humanos. Ficamos bravos quando alguém nos ofende, contradiz-nos ou nos fere. A ira é o nosso desejo de usar a força contra outra pessoa. Sentimos ira porque somos egocêntricos. Deus


tem ira, mas não é como a nossa. A Sua ira é parte da misericórdia divina. Veja a história de Saul quando tinha acabado de ser ungido rei de Israel. Nesse ponto, ele ainda era pequeno aos próprios olhos. Um dia, ele estava arando o campo, quando um mensageiro veio com uma palavra sobre uma grande ameaça nacional. Naás, rei dos amonitas, havia sitiado a cidade de Jabes-Gileade. Os líderes da cidade se ofereceram para se sujeitar aos amonitas se eles fizessem aliança com Jabes-Gileade. Porém Naás, amonita, lhes disse: Com esta condição, farei aliança convosco: que a todos vos arranque o olho direito, e assim ponha esta afronta sobre todo o Israel (1 Sm 11.2). Os líderes solicitaram uma semana para enviar o pedido de ajuda, e, para espanto deles, o rei concordou. Foi um desses mensageiros que levou a Saul a notícia do incidente. Então, o Espírito de Deus se apoderou de Saul, ouvindo estas palavras, e acendeu-se em grande maneira a sua ira (1 Sm 11.6). O Espírito de Deus fez com que Saul ficasse irado? O mesmo Espírito de natureza doce sobre o qual aprendemos no capítulo seis? Sim, o Único e o mesmo. Muito da ira de Deus no Antigo Testamento é uma manifestação diferente do mesmo fogo de amor consumidor do Novo Testamento. Um dia, esse fogo queimará o planeta, destruindo tudo o que se opõe ao Senhor ou ao Seu povo amado. Esse aspecto da Sua ira é o amor protetor e feroz que uma mãe sente pelo seu bebê. É totalmente desprovido de egoísmo e pensa apenas no bem do seu amado. Deus destruiu os amonitas, mas sua destruição total foi um ato de misericórdia. Como pode ser? Da mesma forma, é um ato de misericórdia para com a sociedade dar sentença de morte a um assassino não-arrependido. O mesmo gesto de Deus é juízo para um e misericórdia para outro — dependendo da sua disposição de arrependimento e submissão. As pragas do Egito servem como exemplo. Deus abordou os egípcios pelo único caminho que capturaria a sua atenção. O Egito era uma nação poderosa, acostumada a ter as coisas do seu jeito. Não há quem se volte para Deus quando tudo está indo do seu próprio jeito. Nós nos voltamos para Ele quando enfrentamos uma situação avassaladora. Quando chegamos ao fim de nossos recursos, respondemos ao Espírito Santo. Deus estava tentando fazer com que os egípcios dobrassem o joelho, para que Ele pudesse mostrar-lhes a misericórdia!


Todo ser humano tem livre-arbítrio. Quando Deus aparece, podemos unir-nos ou opor-nos a Ele. O Senhor surgiu para os egípcios com uma tremenda demonstração de força, pois queria que se humilhassem, arrependessem-se e deixassem os hebreus. O Altíssimo tê-los-ia abençoado alegremente, mas aquele povo era adorador do diabo e não queria nada com o Pai de amor. Eles se recusaram a experimentar a compaixão que Ele estende para o Seu povo. A única alternativa à misericórdia é a ira. Eles se opuseram às Suas tentativas de libertar os hebreus. No final, isso lhes custou tudo. As pragas foram atos de piedade em relação àqueles que se uniram a Deus e um juízo para os opositores. Pelo fato de conhecermos tantas histórias do Antigo Testamento tratando da ira divina em relação às nações ímpias, temos problema em aceitar a premissa de que o Onipotente é amor. Pode ser difícil para nós não O vermos pronto para punir a nossa desobediência ao lermos tais relatos. Como não podemos ver as coisas sob a perspectiva do Senhor, não sabemos quanto tempo Ele foi capaz de suportar esses grupos ímpios. Não temos informações sobre os Seus relacionamentos com eles, então, não conhecemos os extremos a que Ele chegou para adverti-los e salvá-los. Vimos somente o resultado final: mulheres e crianças eram colocadas à espada sem distinção. Coloque-se um momento no lugar de Deus. Você se esforça para tentar revelar-se à humanidade e deseja homens e mulheres capazes de um relacionamento de amor, da mesma maneira que você pode fazer por eles. Grupos de pessoas respondem diferentemente: algumas estão muito interessadas; outras, mais ou menos, pois se encontram em uma posição em que podem ser influenciadas a seguir qualquer caminho; outras ainda não têm interesse e rejeitam todas as suas tentativas de ensinar-lhes. Os desinteressados também são dados à iniqüidade de tal modo que suas vidas corrompem as dos outros. Evidências arqueológicas modernas revelam um exemplo notável disso. Os cananeus estavam profundamente envolvidos com a bestialidade na relação sexual com animais. Até as crianças eram entregues inteiramente a isso! Como se não bastasse, adoravam demônios e praticavam sexo nos altares como parte dos seus ritos de adoração. Como se isso ainda não fosse suficientemente terrível, essas pessoas levavam seus bebês regularmente e os atiravam nos braços incandescentes do seu deus de bronze, Moloque, em nome do sacrifício religioso.


Tudo isso era mau o suficiente para garantir a exterminação de todos por um Deus santo, mas eles ainda estavam inclinados a arrastar Israel para a vala de dejetos. Judas referiu-se ao erro de Balaão (Jd 11 - ARA). Demonstrando que era corrupto, o profeta Balaio indicou aos moabitas que o meio para destruir Israel seria enviar lindas mulheres a seu povo e seduzir os homens, levando-os à idolatria. O que não vemos do nosso ponto de vista finito, temporal, é que o espírito de destruição estava continuamente em operação por trás das cenas, tentando reprimir as tentativas de Deus de Se revelar por meio de Israel. O diabo entendeu que, se pudesse corromper aquela nação à idolatria (o que conseguiu fazer), impediria que os corações famintos encontrassem o Senhor. Satanás usou aqueles que eram totalmente inclinados a adorá-lo para corromper Israel. O Criador, em Sua sabedoria e misericórdia, sabia que a única esperança era esmagar esses ímpios pelas mãos dos próprios israelitas. Por quê? Para que eles mesmos lutassem contra o mal que estava tentando seduzi-los. No contexto da nossa vida, temos de compreender que os crentes não são salvos pelo tanto que são bons, mas pela confiança em Deus. Pela graça somos salvos. Quando desobedecemos, há conseqüências a pagar, mas os resultados para os cristãos são ajuda e bênçãos. Agradeço a Deus pelas conseqüências do meu pecado, que agiram como um açoite para me levar de volta ao caminho estreito. Sem elas, eu estaria rolando na lama do "curral" espiritual deste mundo. Você não pode entender a ira de Jeová pelo olhar da experiência humana. Nossa ira é para destruir aquele que nos ofendeu; a do Senhor é, de uma forma ou de outra, para trazer vida. Antes de acusar Deus de não ser confiável, lembre-se de que Ele Se entregou em sacrifício na cruz para salvar a sua vida. Não podemos sempre entender os tratamentos do Pai para conosco, individualmente, ou com relação ao mundo. No entanto, somente o fato de que Ele permitiu ser brutalmente assassinado por nossa causa deveria ser suficiente para responder a todas as nossas dúvidas. O TEMOR DO SENHOR Para trazer um equilíbrio adequado à nossa percepção de Deus, devemos entender a que a Bíblia se refere quando fala da nossa necessidade de temê-lO. Um resultado infeliz da nossa


perspectiva distorcida sobre o caráter do Altíssimo é uma atitude irreverente com Ele. Ver o Pai simplesmente como uma versão maior de mim mesmo faz com que eu O banalize. Eu temia meu pai, mas não de um modo que resultasse em respeito pela sua autoridade em minha vida. Tinha medo do seu gênio e da sua imprevisibilidade. Aquela espécie de medo não produziu a reverência, mas teve o efeito oposto: tornei-me ressentido e rebelde. No fundo do coração humano, esconde-se a atitude arrogante de sermos mais justos do que Deus. Temos falta de confiança nEle. Criamos uma ilusão de quem Ele é, e ela trouxe rebelião para com a Sua autoridade. Muitos de nós somos como o servo inútil que se recusou a obedecer a Deus, dizendo: Mas, chegando também o que recebera um talento disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu (Mt 25.24,25). Ele sabia ou achou que sabia. Não havia dúvida na mente desse homem quanto à natureza do seu Senhor. Pensou que O tivesse compreendido completamente, e, de alguma forma, aquilo que ele acreditava sobre Deus o dispensava (em sua cabeça) da necessidade de obedecer a Ele. O homem era duro, por isso, viu o Soberano como alguém insensível. Um indivíduo com pouco interesse pelos outros não consegue imaginar que existam aqueles que se importam com as pessoas. Ele acreditou que o Altíssimo não tinha sensibilidade, porque preferiu avaliar dessa forma. Entretanto, aquilo em que nós acreditamos não passa, necessariamente, a ser real. Um dia, estaremos em pé, diante de um Pai santo, e veremos a realidade. Naquele momento, nossas opiniões sustentadas com firmeza serão totalmente inúteis. Muitas pessoas ficarão ante Aquele que tentou revelar-Se, mas elas não estavam dispostas a ouvir. Aquelas que "não tiveram ouvidos para ouvir" ouvirão, então, o que o servo inútil ouviu: Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabes que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei; devias, então, ter dado o meu dinheiro aos banqueiros, e, quando eu viesse, receberia o que é meu com os juros. Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos. Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver, até o que tem ser-lhe-á tirado.


Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes. Mateus 25.26-30 Existe um temor legítimo de Deus, que vem do conhecimento correto. Por exemplo, considere o tagarela que começa a humilhar um sujeito pequeno perto dele, em um bar, tentando provocar uma briga. Alguém se inclina e sussurra para ele que o sujeito é o campeão mundial de peso médio. De repente, o conhecimento correto serve para colocá-lo no seu devido lugar, enquanto ele sai sorrateiramente. Posso respeitar o Senhor, não apenas porque Ele tem o poder de me ferir, mas também porque, apesar do poder e do fato que O provoquei sem finalidade, Ele tem sido bom para mim. Jesus disse do Pai: Ele é benigno até para com os ingratos e maus (Lc 6.35c). À medida que essa bondade torna-se mais real para mim, face à minha rebelião e ingratidão, uma reverência profunda começa a se formar em meu coração. Temor é o senso de ser dominado. Um aspecto do temor de Deus vem de sermos dominados pela Sua bondade, misericórdia e Seu amor. Quanto mais profunda for a revelação do Criador, mais profundo o senso de ser dominado pela Sua bondade. À luz dessa compreensão, as palavras reverência e respeito são sinônimos exatos de temor. Outra coisa que gera temor do Altíssimo é a percepção de que somente a Sua graça nos impede de cairmos no buraco do qual Ele nos tirou. O Senhor deu a um ex-homossexual, que se integrou ao nosso programa de residência, uma revelação profunda a respeito disso. Ele havia reclamado, em seu tempo de oração, sobre sua falta de temor ao Pai. Imediatamente, Ele lhe falou: "Você não tem temor a mim? Então por que não volta para o pecado?". Quando o Senhor disse essas palavras ao meu amigo, a realidade do seu estilo de vida o atingiu. Em um instante, ele se lembrou vividamente do vazio, da miséria e das coisas degradantes que fizera. Vieram à sua mente como uma enchente, e tudo o que ele fez foi agradecer ao Pai por salvá-lo daquele inferno. Para o meu amigo Winston, temer o Senhor significa recear a perda da Sua graça, a qual nos mantém longe do pecado. Significa temer uma separação dEle e ser deixado sozinho. O homem que conhece realmente o seu Criador tem medo dessa separação. Ele pode lutar com os pensamentos tentadores


sobre coisas que fez no passado, mas a idéia de voltar àquele velho esquema de vida transmite temor em seu coração. Esse homem sabe muito bem como é a vida sem Deus. Apesar das tentações sedutoras, a idéia de viver sem a presença do Pai é assustadora. A vaga noção de morrer e ir para um lugar com muito fogo não é suficiente para persuadir as pessoas a obedecerem ao Senhor. Pode ajudá-las a fazer o seu compromisso inicial, mas, no final, precisa haver uma convicção mais forte de mantê-las no caminho reto. Para o homem que desfrutou do amor do Pai e viu o vazio do pecado, a idéia da vida sem Deus é suficiente para guardá-lo. Pessoalmente, muito de meu temor por Deus vem dos tratamentos a que Ele me submeteu. O Senhor me tratou muito severamente. Uma das experiências mais preciosas da minha vida foi quando Ele me esmagou naquele apelo do altar ao qual me referi anteriormente. Corri para o Pai naquele dia e, em um instante, fui transformado em um bebê chorão. Depois daquela experiência, tive por Ele um respeito recém-descoberto. Com efeito, eu O temia. Aqueles que nunca foram quebrados pelo Criador geralmente têm pouco respeito por Ele. Um amigo meu disse: "Amo estar naquela situação de quebrantamento com Deus. Mas o que preciso passar para chegar lá me assusta! É melhor tentar permanecer humilde do que enfrentar o que for necessário para ser humilhado". Passar pela disciplina do Senhor não é divertido. O homem que passa pelo castigo do TodoPoderoso aprende a temer. O medo da vara tende a deixar as ovelhas na linha. A realidade do que nos espera no juízo também nos traz esta atitude de temor. Paulo advertiu: A obra de cada um se manifestará naquele dia (1 Co 3.13). Jesus disse: Porquanto tudo o que em trevas dissestes à luz será ouvido; e o que falastes ao ouvido no gabinete sobre os telhados será apregoado (Lc 12.3). Pense na realidade dessas duas afirmações. Um dia, estaremos em pé diante do Senhor, quando nossos atos e palavras serão julgados (este não é o juízo do Grande Trono Branco para os perdidos). É como se tudo o que fizemos — juntamente com sua motivação real — for mostrado no céu para todos verem. Que aterrador pensar que todo o meu egoísmo e orgulho serão expostos dessa forma! *

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Minha opinião sobre esses versículos é que aquelas atitudes e aqueles hábitos, dos quais nós nos arrependemos, serão abolidos. Não haverá razão para trazê-los. Creio que esses versos se referem às áreas da nossa vida que não quisemos consagrar a Deus. Precisamos ver por que perdemos as recompensas onde elas poderiam ter sido ganhas.


Também devemos temer o fato de sermos julgados pela medida com que julgamos os outros. Percebo que mestres bemintencionados justificaram tanto as palavras de Jesus, que elas não parecem mais conter qualquer ameaça. Essa diluição das palavras de Cristo é parte da razão pela qual perdemos o temor do Onisciente. Jesus falou essas palavras, e creio que elas significam exatamente o que Ele declarou: Não julgueis, para que não sejais julgados, porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós (Mt 7.1,2). Farei apenas uma breve referência a essa passagem agora, pois tratarei dela mais tarde detalhadamente. Acho que ajudaria tomarmos um momento para refletir sobre o padrão de medida que usamos para os outros. Alguns de nós julgamos todos os que cruzam o nosso caminho. Em nossa perspectiva egocêntrica, fazemos tudo certo, e todos serão julgados pelo modo com que nos tratam ou satisfazem as nossas exigências. Em nossa mente, que exalta o ego, tornamo-nos como um crítico de cinema, examinando a vida de todos com os quais temos contato. Que terrível a idéia de que todos os que pensam dessa forma serão julgados com a mesma falta de misericórdia! Os cristãos não precisam ter medo de Deus como uma criança encolhida no canto tem medo do pai embriagado, ou como um oficial insignificante teme o ditador assassino a quem ele serve. O Pai é amoroso, consistente e absolutamente justo. Não precisamos ter a preocupação de que Ele vá ficar bravo conosco. Entretanto, é verdade que muitos de nós somos irreverentes com esse Deus santo. Não apenas Ele merece o melhor, como também haverá um acerto de contas para cada um de nós um dia. Quando a verdade da nossa vida for mostrada na tela gigante no céu, veremos um Pai amoroso que multiplicou as misericórdias sobre nós aos milhares — senão aos milhões. Nenhum de nós será capaz de acusá-lO de feitor duro. Em vez disso, aquela tela mostrará a nossa falta de disposição em responder ao amor do Senhor e em distribuir para aqueles que estão ao nosso redor a misericórdia que Ele nos deu em profusão. Irado e indiferente? Não, absolutamente. Ser temido? Com tudo o que temos dentro de nós!


Meditação para Hoje SENHOR, tu me sondaste e me conheces. Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó SENHOR, tudo conheces. Tu me cercaste em volta epuseste sobre mim a tua mão. Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta, que não aposso atingir. Para onde me irei do teu Espírito ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também; se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá. Se disser: decerto que as trevas me encobrirão; então, a noite será luz a roda de mim. Nem ainda as trevas me escondem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa. Pois possuíste o meu interior; entreteceste-me no ventre de minha mãe. Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem. Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia. E quão preciosos são para mim, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grande éa soma deles! Se os contasse, seriam em maior número do que a areia; quando acordo, ainda estou contigo. Ó Deus! Tu matarás, decerto, o ímpio! Apartai-vos, portanto, de mim, homens de sangue. Pois falam malvadamente contra ti; e os teus inimigos tomam o teu nome em vão. Não aborreço eu, ó SENHOR, aqueles que te aborrecem, e não me aflijo por causa dos que se levantam contra ti? Aborreço-os com ódio completo; tenho-os por inimigos. Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno. Davi - Salmo 139


Nove O Deus que opera Em 1978, a agência de inteligência israelense Mossad descobriu que a França havia concordado em fornecer ao Iraque aproximadamente 68kg de urânio enriquecido para serem usados em um reator nuclear comercial de 700 megawatts, o qual a França ajudaria a construir. Aparentemente, seriam usados para fins pacíficos, fornecendo primariamente energia para Bagdá. Os israelenses suspeitaram que o ditador iraquiano Saddam Hussein tivesse outras idéias. A Operação Esfinge foi imediatamente lançada e ganhou prioridade máxima no interior dos muros clandestinos da sede da Mossad. Oito equipes de especialistas em inteligência foram designadas para o caso. Após uma revisão inicial da informação disponível, eles escolheram um cientista iraquiano chamado Halim como seu alvo. Halim e sua mulher viviam em Paris enquanto ele trabalhava no projeto de um laboratório francês. A organização de espionagem de fama mundial rapidamente começou a trabalhar. Primeiro, um grupo de agentes da operação foi enviado a Paris. Sua tarefa foi agir como equipe de apoio para outros agentes envolvidos no empreendimento. Chegando a Paris em vôos e horários diferentes, foram trabalhar imediatamente, conseguindo "casas seguras", diferentes habitações, que abrigavam os mais de 50 agentes que residiram em Paris durante a operação. Comida, suprimentos, mobília e muitos outros detalhes foram fornecidos e mantidos de modo que os principais agentes pudessem focalizar o trabalho de perto. Escritórios especiais e uma cobertura também foram alugados. Uma vez garantido o alojamento, os supervisores de campo entraram em cena. Sua missão era supervisionar todo o projeto, gerenciar os vários agentes, coordenar os eventos, fazer planos e tomar decisões a cada passo do caminho. A seguir, apareceram as equipes de vigilância. Seu dever principal era vigiar Halim e sua mulher para determinar aonde iam, suas atividades diárias e suas associações, a fim de reunir tanta informação quanto possível. Essa tarefa secreta exigiu uma execução meticulosa; não havia espaço para erros. Diferentes equipes foram


designadas para segui-los o dia todo — um homem pintando uma casa na rua, um casal que acabou de se mudar para uma casa próxima, vários agentes em uma série de veículos seguindo as suas viagens. Se o casal detectasse alguma atividade, toda a operação teria fracassado. Uma equipe de especialistas foi trazida para a vigilância eletrônica. Sua tarefa era conseguir penetrar na casa de Halim e colocar dispositivos nos diferentes quartos da casa e no telefone. Uma vez realizado isso, as pessoas passaram a ouvir tudo o que estava acontecendo na casa durante as 24 horas do dia. Esses ouvintes tinham de ser israelenses familiarizados com o dialeto iraquiano da língua árabe. Diariamente, cada equipe de vigilância relatava seus achados aos supervisores de campo. Finalmente, quando tudo estava no lugar, o grupo de contato primário chegou para começar a sua fase da operação. Tais pessoas tinham contato direto com Halim e sua mulher. Era um conjunto de homens e mulheres de várias nacionalidades, exercendo funções diferentes no esquema elaborado, com um único propósito em mente: conseguir que Halim desse, voluntariamente, aos israelenses a informação sobre o complexo nuclear que estava sendo construído no coração do Iraque. Uma vez posicionados, os supervisores fizeram uma reunião com os líderes de cada equipe. Os agentes de vigilância visual relataram que a única coisa que Halim fazia regularmente era tomar um ônibus na rua da sua casa diariamente. A equipe de vigilância eletrônica ouviu duas informações vitais que levaram à reunião. Depois de ouvirem horas incontáveis de conversa banal, uma discussão acalorada lhes forneceu dados importantes para a operação. Aconteceu depois que uma linda espiã israelense, agindo como estudante francesa, apareceu na porta da frente. "Vi como você olhou para aquela garota", disse Samira ao marido. "Nada de ter idéias só porque estou indo embora. Sei quem você é". Por aquela única afirmação, tiveram a certeza de que a mulher dele estava indo embora, e ele, aparentemente, tinha uma história de adultério. Depois de compilar todos os dados disponíveis, o plano foi desenvolvido. Um ex-agente conta o que aconteceu a seguir: Butrus Eben Halim podia ser perdoado de ter notado a mulher. Além do mais, ela era uma loira sensual, dada a usar calças apertadas e blusas decotadas, revelando o suficiente de si para despertar o desejo de um homem por algo mais.


Ela havia aparecido em seu ponto de ônibus em Villejuif, nos arredores ao sul de Paris, todos os dias durante a semana anterior. Com apenas dois ônibus usando aquele ponto — um local e outro RATP para Paris — e, geralmente, poucos outros passageiros em volta, era impossível não notá-la. Embora Halim não a conhecesse, essa era a questão. Era agosto de 1978. A rotina dela, como a dele parecia constante. Ela estava ali quando Halim chegava para pegar o seu ônibus. Momentos mais tarde, um homem de pele clara, olhos azuis, bemtrajado, surgia com uma Ferrari BB512 vermelha de dois lugares, abria a porta para a loira, depois acelerava para um lugar que só o céu sabia onde [...] Um dia, o segundo ônibus chegou antes da Ferrari. A mulher, primeiro, olhou para a rua procurando o carro, depois deu de ombros e tomou o ônibus. O ônibus de Halim tinha atrasado temporariamente por um "acidente" sem gravidade, a duas quadras dali, quando um Peugeot arrancou na sua frente. Momentos depois, chegou a Ferrari. O motorista procurou a garota, e Halim, percebendo o que tinha acontecido, gritou para ele em francês que ela já havia tomado o ônibus. O homem, parecendo perplexo, respondeu em inglês, e, nesse ponto, Halim repetiu a história para ele em inglês. Agradecido, o homem perguntou a Halim para onde ele ia. Halim disse que ia até a estação Madeleine, a pouca distância de Saint-Lazare, e o motorista, Ran. S. — que Halim conheceu apenas como o inglês Jack Donovan — disse que também estava indo para lá e ofereceu-lhe uma carona. "Por que não?", Halim pensou, entrando no carro e preparando-se para o trajeto. O peixe tinha mordido a isca. Com sorte, provou ser uma captura de grande valor para a Mossad.1 Nas várias semanas seguintes, Donovan desenvolveu amizade com Halim. Um dia, ele convenceu Halim a ir com ele em uma viagem de negócios em outra cidade francesa. Supostamente envolvia um empreendimento no qual compraria recipientes de carga de um empresário e, depois, iria vendê-los para que algum país africano usasse como moradias. Enquanto Donovan e o


"empresário" conversavam sobre o preço, o guindaste levantou um dos recipientes. Halim notou, como estava planejado, que o fundo do recipiente estava enferrujado. Ele, rapidamente, chamou Donovan de lado e lhe contou a respeito. Este, usando a informação que o ajudou, foi capaz de negociar um preço melhor com o "empresário". Donovan deu a Halim mil dólares por sua ajuda. A segunda isca estava agora no lugar. Pouco a pouco, depois de várias semanas, usando prostitutas e dinheiro como iscas, Halim estava cada vez mais envolvido. Finalmente, os agentes estavam prontos a seguir para a matança. Dois dias mais tarde, Donovan voltou e chamou Halim. No café, Halim pôde ver claramente que seu amigo estava aborrecido com alguma coisa. "Tenho a chance de um super negócio de uma companhia alemã, de alguns tubos de ar especiais para enviar material radioativo com fins médicos", disse Donovan. "É muito técnico. Há muito dinheiro envolvido, mas não sei o principal. Eles me colocaram com um cientista inglês que concordou em inspecionar os tubos. O problema é que ele quer muito dinheiro e eu não tenho certeza se confio nele, de qualquer maneira. Acho que ele está preso aos alemães". "Talvez, eu possa ajudar", disse Halim. "Obrigado, mas preciso de um cientista para examinar esses tubos". "Eu sou um cientista", disse Halim. Donovan, parecendo surpreso, disse: "O que você quer dizer? Pensei que fosse um estudante". "Eu tinha de lhe dizer isso desde o princípio. Mas sou um cientista enviado aqui pelo Iraque em um projeto especial. Tenho certeza de que posso ajudar...". "Ouça, preciso encontrar esse lote em Amsterdã neste final de semana. Tenho de ir um ou dois dias antes, mas, que tal se eu mandar para você o meu jato sábado de manhã?" Halim concordou. "Você não vai arrepender-se disso", afirmou Donovan. "Há um pacote de dinheiro em jogo se essas coisas forem legítimas". O jato, pintado temporariamente com o logotipo da companhia de Donovan, era um Learjet que voou de


Israel para a ocasião. O escritório de Amsterdã pertencia a um rico empreiteiro judeu [...] Quando Halim chegou ao escritório de Amsterdã na limusine que o encontrou no aeroporto, os outros já estavam lá. Os dois empresários eram Itsik E., um agente secreto da Mossad, e Benjamin Goldstein, um cientista nuclear israelense com passaporte alemão. Ele havia trazido um dos tubos pneumáticos como modelo para Halim examinar. Após algumas conversas iniciais, Ran e Itsik deixaram a sala, supostamente para discutirem detalhes financeiros, deixando os dois cientistas juntos para discutirem assuntos técnicos. Com seu interesse comum e sua capacitação, os dois homens sentiram uma camaradagem instantânea, e Goldstein perguntou a Halim como ele conhecia tanto sobre a indústria nuclear. Foi um tiro no escuro, mas Halim, com as defesas completamente baixas, contou-lhe sobre seu trabalho. Mais tarde, quando Goldstein contou a Itsik sobre a confissão de Halim, eles decidiram levar para jantar o iraquiano, que de nada suspeitava. Ran teve de dar uma desculpa por não poder ir. No jantar, os dois homens descreveram um plano no qual disseram estar trabalhando: tentar vender usinas de energia nuclear para países do Terceiro Mundo, para fins pacíficos, naturalmente. "Seu projeto de usina seria um modelo perfeito para vendermos a essa gente", disse Itsik. "Se você pudesse fornecer-nos alguns detalhes, os planos, que tipo de coisa é, todos ganharíamos uma fortuna com isso...". "Não é... Bem, vocês sabem... Um pouco perigoso?" "Não. Não há perigo", disse Itsik. "Você deve ter acesso regular a essas coisas. Só queremos usar como um modelo, é tudo. Nós iríamos pagar-lhe bem e ninguém jamais saberia. Como eles conseguiriam? Isso é feito o tempo todo". "Acho que sim", disse Halim, ainda hesitante, mas intrigado com a perspectiva de muito dinheiro [...] Agora o tinham mesmo. A promessa de riquezas incontáveis foi demais. De qualquer maneira, ele se sentiu bem com relação a Goldstein e não era como se ele os estivesse ajudando a projetar uma bomba. Nem


havia necessidade de Donovan saber. Então, por que não? Halim tinha sido oficialmente recrutado. E, como muitos recrutas, ele nem estava ciente disso.2 Em 1981, graças à informação dada a eles por Halim, a força aérea israelense foi capaz de lançar com precisão as suas bombas no reator, localizado em uma usina de energia iraquiana, destruindo a capacidade de Saddam Hussein de produzir armas nucleares. Todos os seus esforços foram ricamente recompensados. A história da operação da Mossad pode parecer um pouco fora do contexto de um livro sobre vitória espiritual. Mas o esforço imenso posto em operação por dúzias de especialistas, todos focalizados na vida de um único homem com o propósito de manipular os eventos de sua vida a fim de fazer com que ele tomasse a decisão que eles queriam, ilustra o enorme envolvimento de Deus na vida dos Seus filhos. Anteriormente, você leu que uma das razões pelas quais as pessoas têm dificuldade em acreditar na bondade de Deus é o fato de que elas, freqüentemente, não reconhecem essa bondade na própria vida. Tendem a atribuir as coisas ao destino, ou ao que Hannah Whitall Smith chama de "causas secundárias", querendo dizer outras pessoas. Mas ela, como todo outro cristão que entrou em alguma profundidade no conhecimento do Senhor, vê Sua mão soberana em tudo o que vem à vida. As causas secundárias devem estar sob o controle do nosso Pai. Nenhuma delas pode tocar-nos, exceto com o Seu conhecimento e pela Sua permissão. Nenhum homem nem companhia de homens, nenhum poder na terra ou no céu, podem tocar aquela alma que está em Cristo, sem passar, primeiro, pela Sua presença circundante e receber o selo da Sua permissão.3 Lembro-me de uma conversa que tive com meu falecido amigo, Nelson Hinman, logo no início do meu ministério. Nels estava com aproximadamente 80 anos. Ele e sua mulher, Juanita, foram uma ajuda tremenda para Kathy e eu quando começamos nos Ministérios Pure Life. Eu estava lutando com muitas coisas naquela ocasião. Quanto poder o diabo tem? Que parte a batalha espiritual exerce em nossos ministérios? Como fazer dos Ministérios Pure Life um


sucesso? Como conseguir mais ajuda de Deus? O que fazer com aqueles que se opõem e me bloqueiam? Eu não sabia naquela época, mas estava lutando com uma questão muito antiga sobre o envolvimento de Deus na vida do cristão. Nels ouviu em silêncio naquele dia, sem se apressar para dar conselho. Finalmente, quando me sentei diante dele como um estudante esperando a sabedoria do professor, ele falou. "Steve", disse, endireitando-se em sua poltrona, "tudo o que posso dizer é que, quanto mais sirvo a Deus, mais percebo a Sua soberania na minha vida". Eu sabia que aquilo era tudo o que ele diria sobre o assunto, e o gravei no coração. Daquele dia em diante, comecei a perceber o quanto Deus opera em minha vida. Quanto mais vejo o cuidado do meu Pai, menor o diabo se parece. Comecei a ver muitos empecilhos em meu ministério assim como a disciplina e o cuidado amoroso do Senhor pela minha vida. Pessoas problemáticas foram enviadas para me ajudar a lidar com as falhas da minha natureza. Por meio dessa revelação que se aclarava, veio-me um descanso bastante necessário para a minha alma: "Se o Senhor me ama e está no controle das circunstâncias do meu viver, simplesmente, não preciso ter medo ou preocupação". Essa foi a observação que Jesus fez naquela famosa porção do Sermão do Monte. Entendo que muitos de vocês sabem disso. Não obstante, convido-os a separar alguns minutos para ler essa parte da Bíblia e permitir que tais palavras penetrem em seu coração: Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos quanto a vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo, mais do que a vestimenta? Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado a sua estatura? E, quanto ao vestuário, porque andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno,


não vos vestirá muito mais a vós, homens de pequena fé? Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos ou que beberemos ou com que nos vestiremos? (Porque todas essas coisas os gentios procuram.) Decerto, vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas; mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. Mateus 6.25-34 Jesus estava em perfeita paz, porque conhecia a realidade da vida: Seu Pai celestial, que mantém o Universo inteiro, é confiável para guardar a nossa vida e alma. Não precisamos ficar estressados para que as coisas aconteçam ou para nos proteger. Nosso Pai sabe exatamente do que precisamos. O ENORME INVESTIMENTO DE DEUS NA VIDA DE UM CRISTÃO O fato em questão é que o Criador tem-Se envolvido profundamente em sua vida desde o seu nascimento. Você tem sido o foco de uma imensa operação celestial durante muitos anos. Quem pode saber o número de anjos designados várias vezes para o protegerem? Quem pode descobrir quantas pessoas o Senhor usou de muitas maneiras para influenciar e moldar a sua vida, e levar você a perceber sua grande necessidade por Ele? Quantas circunstâncias diferentes em sua existência — perdas, fracassos, problemas, pessoas difíceis — Deus usou para levá-lo àquela decisão de enorme importância? Paulo disse com razão: Fostes comprados por bom preço (1 Co 7.23a). Naturalmente, o maior preço pago foi no Calvário, mas quanto mais foi feito pela nossa salvação? Inquestionavelmente, Deus Se inclui profundamente na vida de toda pessoa que vai a Ele. Entretanto, ir para Deus é apenas o princípio. Nesse ponto, começa a obra verdadeira. Paulo disse: E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto. Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes ã imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos (Rm 8.28,29).


Uma vez que o Senhor tenha ajudado um homem a ir, arrependido, até Ele, tem início a fase seguinte da operação. Utilizando várias circunstâncias que tendem a persuadir o crente na direção correta (ensino e conselho a respeito dos assuntos de Deus, a vida de cristãos maduros, a convicção do pecado, a paixão pela santidade que Ele planta no coração e um elenco de outros elementos perfeitamente talhados para a situação daquela pessoa), o Senhor está tentando realizar constantemente uma obra na vida do crente. Esse esforço incansável objetiva fazê-lo mais parecido com Jesus. Se quiser, será uma gigantesca operação da Mossad acontecendo o tempo todo na rotina diária de um cristão. Assim como Halim, a maioria das pessoas ignora completamente toda essa atividade. O TREMENDO CUIDADO E INTERESSE DE DEUS Uma das características mais cativantes de minha mulher é a sua insistência em se envolver comigo constantemente. Por exemplo, quando acordo no meio da noite (sou um insone crônico), seus olhos imediatamente se abrem para ver o que estou fazendo. Geralmente, ela tem um sono tão bom, que pode dormir a noite toda. Contudo, de alguma forma, ela sempre sabe quando acordo. Ela diz que pode ouvir minhas pálpebras se mexerem! Se eu sair da cama para ler ou fazer algo para evitar incomodá-la, ela insistirá em ficar lá, mesmo que ligar a luz signifique para ela perder o sono. Minha mulher deseja estar envolvida com tudo o que acontece comigo. Não se trata de bisbilhotice ou insegurança com relação à minha fidelidade. Simplesmente, ela me ama e se envolve em todas as fases da minha vida. Para Kathy, o amor equivale ao interesse que não morre. Assim é com Deus. Ele faz um investimento tremendo na vida de cada filho Seu e está muito interessado em todos os aspectos. Ele ama os filhos e a alegria do Seu coração é Se envolver nos detalhes das suas vidas. O salmista, certamente, entendeu isso: Eis que os olhos do SENHOR estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua misericórdia (Sl 33.18). Davi declarou: E quão preciosos são para mim, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grande é a soma deles! Se os contasse, seriam em maior número do que a areia (Sl 139.17,18). Deus está envolvido de modo íntimo na vida do Seu povo e está operando constantemente em todos os aspectos da vida de cada um. No entanto, tudo o que Ele faz tem um propósito. Assim como a operação da Mossad, maciça e bem-articulada, o Senhor está


trabalhando silenciosamente por trás das cenas do nosso dia-a-dia, com um objetivo em mente, o qual Lhe e de extrema importância. A GRANDE OBRA DE DEUS As maiores obras do Criador não são as majestosas montanhas do Himalaia, as belezas tropicais do Havaí nem as cores brilhantes encontradas no fundo do mar. Não são as pragas do Egito, a divisão do mar Vermelho, tampouco a morte de Golias por Davi. Seguramente, Suas maiores obras não são alguém se agitando no chão depois de receber oração. Comparativamente, esses são feitos simples para o Único que chamou o Universo à existência. Sua obra fantástica na terra é demonstrada quando Ele transforma uma pessoa egocêntrica, cheia de orgulho, a qual possui pouco interesse pelos outros, em alguém tão cheio de Jesus e do Seu amor, que coloca continuamente em sua vida diária a vontade de Deus e as necessidades dos outros adiante dos próprios desejos. Nada é maior do que quando o Pai transforma um perdedor em vencedor! Davi disse: Pois possuíste o meu interior [...] maravilhosas são as tuas obras (Sl 139.13,14). Interior vem da palavra hebraica kilyah, referindo-se ao mundo interior de uma pessoa, ou ao eu interno. O Senhor está constantemente operando na vida daqueles que O amam. O apóstolo Paulo afirmou: Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas (2 Co 5.17 - NVI). Ele também disse: Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas (Ef 2.10). Zacarias registrou que Deus forma o espírito do homem dentro dele (Zc 12.1). O salmista observou: Ele é que forma o coração de todos eles, que contempla todas as suas obras (Sl 33.15a). Esses versículos descrevem o Deus que trabalha formando algo lindo dentro de uma pessoa. Em Jeremias 18, encontramos a ilustração do profeta sobre essa verdade com o conceito do oleiro e o barro. W. F. Adeney, um dos expositores de The pulpit commentary [O comentário do púlpito], traz a riqueza da obra soberana do Todo-Poderoso na vida do Seu povo. Mas, considerada com maior detalhe, embora ensine lições de humildade e submissão reverente da nossa parte, ela também lança


luz sobre a bondade misericordiosa de Deus e nos encoraja tanto a esperar quanto a agir, pois isso irá levar-nos às nossas maiores bênçãos. 1. Os homens estão sob o poder absoluto do Altíssimo, como barro nas mãos do oleiro [...]. O Senhor também tem autoridade absoluta sobre nós. Ele tem o direito final da soberania suprema para fazer conforme desejar com os Seus servos. Contudo, não há nada de alarmante nesse fato, mas, sim, um consolo infinito. Pois o Criador não é um déspota sem coração, sem consciência, exibindo um poder arbitrário por mero capricho; Ele é santo e exercita a Sua soberania de acordo com princípios de estrita justiça, verdade e direito. O Soberano é bondoso e governa, com propósitos de amor, para o bem das suas criaturas [...] 2. Os homens não podem atingir um final digno na vida sem o Pai celeste, assim como o barro sem o oleiro não se torna um vaso com contornos. Lá está o barro — uma massa morta, pesada, amorfa, sem possibilidade de gerar espontaneamente formas com beleza, desprovida do princípio secreto da evolução da obra em algo ordenado. Somos como barro. Se Deus não trabalhasse em nós e sobre nós, ficaríamos simplesmente indefesos, apenas nos desgastando com o fluxo das circunstâncias... 3. O Altíssimo tem um propósito em cada vida, assim como o oleiro tem com o barro. Existe um significado para a estranha disciplina da providência. O Todo-Poderoso está moldando-nos àquela forma que considera mais adequada. Cada vida tem um propósito diferente. O oleiro faz vasos de muitas maneiras. Contudo, cada vida tem sucesso quando o próprio propósito particular é cumprido. O jarro caseiro pode ser perfeito, embora seja muito diferente do vaso gracioso [...]. 4. O Senhor molda a nossa vida pela disciplina da providência, assim como o oleiro molda o barro em suas rodas. A roda do tempo gira rapidamente, mas não nos leva embora; muda, mas não destrói a


individualidade. Na providência, há rodas dentro de rodas. Nós não compreendemos seu significado. O barro é amassado embaixo para ter uma base sólida, depois em cima para ter um bordo delicado, mas é difícil ver qual será o resultado final a menos que tudo esteja terminado. Assim, nossa vida é amassada de um lado e de outro. Algo que, aos nossos olhos, é indispensável é levado embora; algo que, para nós, pareça inútil é acrescentado. O Soberano está continuamente operando o Seu propósito apesar dessa rotação vertiginosa, da pressa e da confusão da vida. 5. Deus realizará, no final, o Seu propósito em nós, embora pareça falhar a princípio. O barro é resistente, por isso deve ser quebrado e remodelado. O homem é mais do que barro. Tem livre-arbítrio, por mais misteriosa que possa ser a conexão desse fato com a soberania onipotente do Criador. De uma maneira bem mais terrível, o ser humano é insubmisso, obstinado e teimoso; por isso, deve ser "despedaçado". Sua vida precisa ser perturbada e agitada, mas somente para que o Pai possa começar novamente a moldá-lo para o seu fim desejado. Grandes decepções, eventos destrutivos, o fracasso da obra de um homem, a divisão de uma igreja e a revolução de um povo podem parecer fatos simplesmente desastrosos. No entanto, vemos como, por meio dessas coisas, Deus, em Sua infinita paciência, perseverança e graça, finalmente, efetuará o próprio propósito grandioso e, assim, garantirá a verdadeira felicidade das Suas criaturas.4 O ATO EQUILIBRADOR DE DEUS De forma diferente da Mossad, o envolvimento do Senhor em nossa vida de modo algum é para ferir-nos, usar-nos ou abusar de nós. Quando você se importa com alguém, toma cuidado ao tratar com ele. O cristão não é uma pessoa a ser manipulada a fazer o que o Criador deseja e, depois, jogada fora como a Mossad fez com Halim. Os esforços do Senhor são motivados pelo Seu imenso amor por todas as pessoas. Para operar adequadamente na vida de um homem, o Senhor toma um cuidado que abrange tudo o que Ele faz. Muito sarcasmo


pode esmagar o espírito de um homem. Da mesma forma, a condescendência excessiva permite que ele vagueie por perigos inexprimíveis. O Senhor não somente Se interessa pela vida de um homem, mas também considera como Suas obras afetarão aqueles que Ele está usando ou os que interagem com o sujeito do Seu grande cuidado. Há alguns anos, fui escalado para pregar em uma certa igreja em dois cultos de domingo. Inadvertidamente, o pastor fez uma agenda dupla para aquela ocasião. Esquecendo-se de que me havia convidado a ministrar, ele também pediu ao presidente de uma denominação para falar no mesmo dia. Ele resolveu o problema fazendo com que eu ministrasse no culto da manhã, e o outro, à noite. Aquilo significava que esse ministro mais velho, que tinha uma posição proeminente em sua denominação, estaria presente quando eu pregasse naquela manhã. Aconteceu que o Senhor realmente Se moveu. Pude sentir Sua presença enquanto pregava, e um fogo nas minhas palavras daquele dia penetrou em cada coração. Durante o apelo do altar, o ministro visitante, sentado na primeira fila, praticamente saltou do banco para frente, clamando a Deus em arrependimento sincero. Mais tarde, ele veio até mim e, em particular, contou-me que as minhas palavras realmente o haviam afetado. Sentindo-me leve, deixei a cidade no dia seguinte. Foi uma verdadeira honra ser usado na vida daquele homem daquela maneira. Mas, por baixo de tudo, havia também uma mancha de orgulho crescente em meu coração. Não era nada imenso, mas estava lá. Na semana seguinte, eu tinha de falar em uma igreja grande, em outro estado. Kathy e eu chegamos naquela manhã de domingo a tempo para a oração com a equipe. Ouvindo uma mulher piedosa orar fervorosamente pela reunião, e embalado pelo que havia sucedido na semana anterior, senti como se Deus fosse mover-Se de uma maneira poderosa naquela manhã. Disse ao pastor: "Tenho uma palavra forte para a igreja hoje. Acho que Deus vai realizar algo". Mais tarde, quando ele me apresentou à congregação, disse que eu havia afirmado que tinha uma palavra poderosa para eles naquele momento. Embora tivesse sentido um orgulho secreto na semana anterior, eu sabia que era melhor não ter declarado uma coisa daquelas! Eu deveria ter visto a escrita na parede. Deus estavame preparando.


Quando comecei a mensagem naquela manhã, o microfone sem fio começou a falhar. Ao chegar a um ponto importante da mensagem, o rapaz do som teve de subir até o púlpito para acertar o microfone durante alguns minutos, enquanto eu simplesmente ficava ali, em pé. Recomecei. Mas, depois de tudo, por dentro, sentime medíocre. Não pude sentir, absolutamente, a presença do Senhor. Minhas palavras pareciam fracas. Evidentemente, quando fiz o apelo, apenas um punhado de pessoas veio à frente. Que decepção colossal! Alguém me disse mais tarde: "Ó, foi o diabo, irmão. Ele estava tentando impedir o que Deus queria fazer". Eu sabia melhor do que ele. Descobri, mais tarde, que existiam algumas razões para a falta de resposta, mas o Pai estava também utilizando a experiência para moldar o meu caráter. Sem dúvida, Ele gostaria de me usar mais freqüentemente como fez na primeira igreja. Mas, logo que o Soberano começa a Se mover poderosamente, começo a inchar com o orgulho secreto, sentindo como se Ele pudesse utilizar-me daquele jeito por ser tão santo. Então, o Todo-Poderoso tem de me humilhar. Entretanto, o Misericordioso não pode humilhar-me demasiadamente, porque sou tão sensível, que não agüento muita disciplina de uma vez só sem afundar! Ele precisa temperar a Sua disciplina para que eu não seja devastado por ela. Porque Deus tem uma abordagem abrangente para suprir a necessidade dos outros, Ele fez de mim um instrumento a fim de afetar o pastor e sua congregação. Na semana seguinte, sabendo que precisava humilhar-me, o Senhor o fez de maneira a evitar que os outros daquela congregação fossem afetados de forma prejudicial. O Altíssimo está constantemente envolvido em nossa vida. Em Seu envolvimento, Ele tem de equilibrar continuamente tudo o que realiza. Parte da vida de vitória surge quando o cristão pode descansar na certeza de que Deus o ama verdadeiramente, está procurando ajudá-lo, extremamente envolvido com a sua vida. Ele pode fazer essa entrega com profundidade, porque o Senhor tem demonstrado com sucesso a Sua confiabilidade. O próximo passo para a vitória real vem quando o crente começa a se apropriar da misericórdia divina que é sua. Isso nos leva para onde começamos: ver que necessitamos da Sua ajuda.


PARTE TRÊS TRANSFORMANDO A MISERICÓRDIA DE DEUS EM SUA VITÓRIA Meditação para Hoje Uma das maiores revelações é a de que Jesus não aparece para um homem porque ele merece, mas pela generosidade do Seu próprio coração em relação à questão da necessidade do homem. Deixe-me reconhecer que preciso dEle, e Ele aparecerá [...]. Quanto mais completo for o nosso senso de necessidade, mais satisfatória será a nossa dependência de Deus [...]. O Senhor ama o homem que precisa dEle.1 Oswald Chambers Fui levado várias vezes a me ajoelhar devido à convicção avassaladora de que não tinha para onde ir.2 Abraham Lincoln A oração não é vencer a relutância de Deus; é tomar posse de sua mais elevada boa vontade.3 Richard Chenevix Trench Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno. Hebreus 4.15,16


Dez O clamor dos necessitados Uma palavra descreve o homem: necessidade. Nós, seres humanos, necessitamos de oxigênio para respirar, mas não pode ser oxigênio puro; deve conter também a mistura apropriada de nitrogênio. Criaturas humanas precisam de água. Não conseguimos passar mais do que poucos dias sem ela. Precisamos de alimento, mas ele deve conter muitos ingredientes que o nosso corpo requer para funcionar. Necessitamos de sangue fluindo pelas veias e podemos morrer se a quantidade tornar-se muito pequena. A temperatura dos seres humanos deve ser mantida, para que não morramos por alguma doença relacionada ao frio. Não suportamos o superaquecimento, pois, assim, morremos de exaustão pelo calor. Finalmente, precisamos de luz para ver, para que não achemos impossível suprir aquilo de que precisamos. A fim de proporcionar a provisão de todas as nossas necessidades, Deus criou um mundo com a distância exatamente certa em relação ao Sol, a combinação correta de gases na atmosfera, vida animal e vegetal para fornecer alimento e nutrientes, e os materiais para fazer roupas e abrigos. Sem dúvida, o salmista estava certo quando afirmou: A terra está cheia da bondade do SENHOR (Sl 33.5b). Sim, a terra recebeu suprimento para tudo aquilo de que carecemos, mas isso não está limitado à dimensão da natureza. Temos uma necessidade ainda maior do que a de sustentar a vida física: a de suprir a vida espiritual. Nas profundezas infinitas da Sua sabedoria, Deus criou um mundo tridimensional para que as pessoas possam ver, ouvir e tocar. Neste mundo, Ele proveu tudo para suprir as nossas necessidades físicas básicas. Há uma única coisa sobre este mundo, todavia, que muitos não percebem: ela reside fora da dimensão na qual Deus existe. Do jeito que as coisas são, uma pessoa pode levar a vida toda na terra sem mostrar qualquer preocupação ou interesse por essa dimensão invisível. Se suas necessidades físicas são supridas, talvez, ela jamais seja compelida a procurar algo fora do domínio confortável da sua vida diária. Se uma calamidade ou uma grande


adversidade surge em seu caminho, freqüentemente, ela busca rapidamente um grande Poder que a ajude. Este é o grande momento de Deus. Às vezes, Ele trabalha com um indivíduo durante 20, 30 ou até 60 anos, a fim de prepará-lo para o momento em que ele esteja pronto a repensar o próximo passo na vida e explorar a possibilidade de que, talvez, tenha perdido algo no caminho. De certa forma, o Pai criou o homem para ser auto-suficiente neste mundo. Por outro lado, o Criador o fez para precisar de algo que somente Ele pode suprir. O Senhor coloca, com freqüência, uma pessoa em alguma situação para que ela veja sua necessidade e clame a Ele por ajuda. Os efeitos da cegueira, do orgulho e da rebelião impedem a pessoa de fazer isso. Para alguns, o Altíssimo deve operar muito cuidadosamente ao redor dos seus egos frágeis (e, muitas vezes, monstruosos) para leválos ao ponto de olharem para fora de si em busca dEle. É um tributo à natureza longânime do Senhor que Ele esteja disposto a passar tais dores para salvar a alma de um homem.* Mas Deus está disposto porque é para isso que Ele vive. O Altíssimo trabalha incansavelmente durante anos e anos para levar as pessoas a enxergarem as próprias carências. Quando acontece, uma celebração tremenda ocorre nos domínios celestiais. Jesus assegurou: Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento (Lc 15.7). Imagine isso: alegria no céu! Por causa de quê? Alguém vê a sua pobre condição e, arrependido, clama a Deus. ATRAÍDO PELA NECESSIDADE Se há uma coisa clara na Bíblia, é a propensão e a afinidade de Deus pelos aflitos, pobres, oprimidos e necessitados do mundo. Ana exultou: Levanta o pobre do pó e, desde o estéreo, exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; porque do SENHOR são os alicerces da terra, e assentou sobre eles o mundo (1 Sm 2.8). Davi disse: Porque o SENHOR ouve os necessitados e não despreza os seus cativos (Sl 69.33). *

Que vergonha não valorizarmos tudo o que Deus fez para nos colocar nesse ponto! Como é vergonhoso o fato de lutarmos contra Ele e resistirmos quando o Pai tenta manter-nos cientes da nossa necessidade!


Seu filho, Salomão, escreveu: Porque ele livrará ao necessitado quando clamar, como também ao aflito e ao que não tem quem o ajude. Compadecer-se-á do pobre e do aflito e salvará a alma dos necessitados. Libertará a sua alma do engano e da violência, e precioso será o seu sangue aos olhos dele (Sl 72.12-14). O salmista declarou: Mas ele levanta da opressão o necessitado, para um alto retiro, e multiplica as famílias como rebanhos (Sl 107.41). Isaías disse ao Senhor: Porque foste a fortaleza do pobre e a fortaleza do necessitado na sua angústia; refúgio contra a tempestade e sombra contra o calor; porque o sopro dos opressores é como a tempestade contra o muro (Is 25.4). Finalmente, o próprio Senhor revelou Seu coração para com aqueles em necessidade: Por causa da opressão dos pobres e do gemido dos necessitados, me levantarei agora, diz o SENHOR; porei em salvo aquele para quem eles assopram (Sl 12.5). O Altíssimo é atraído irresistivelmente para os necessitados e, quando clamamos pela Sua ajuda, colocamo-nos na posição invejável de receber de Deus. Ele tem uma compulsão, impossível de ser detida, de ajudar aqueles que pedem. Embora o Senhor favoreça os pobres e deseja ajudá-los quando pode, as pessoas devem clamar por ajuda antes que Ele responda.* Pode não ser nada mais do que uma espiada em silêncio no fundo do coração de alguém, mas é ouvido claramente na sala do trono de Deus. Instruindo Seus discípulos a orar, Jesus usou estas duas histórias: E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca desfalecer, dizendo: Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem respeitava homem algum. Havia também naquela mesma cidade uma certa viúva e ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário. E, por algum tempo, não quis; mas, depois, disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens, todavia, como esta viúva me *

O inferno está cheio de pessoas que foram pobres durante a vida, mas se recusaram ao arrependimento. Entretanto, você pode ver o coração do Senhor pelo seu empenho na terra por meio das provisões para os pobres na Lei e pelos inumeráveis crentes que, durante séculos, ajudaram os oprimidos.


molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte e me importune muito. E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz. E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles? Lucas 18.1-7 Disse-lhes também: Qual de vós terá um amigo e, se for procurá-lo a meia-noite, lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois que um amigo meu chegou a minha casa, vindo de caminho, e não tenho o que apresentar-lhe; se ele, respondendo de dentro, disser: Não me importunes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para tos dar. Digo-vos que, ainda que se não levante a dar-lhos por ser seu amigo, levantarse-á, todavia, por causa da sua importunação e lhe dará tudo o que houver mister. Lucas 11.5-8 As duas histórias mostram-nos como funciona o Reino dos céus. Deus responde aos clamores por ajuda que sejam persistentes e sinceros. CLAMANDO PELA VITÓRIA Em At the altar of sexual idolatry [No altar da idolatria sexual], escrevi para viciados sexuais que tinham feito viagens incontáveis ao altar de Deus, mas que haviam voltado sentindo-se desesperados: Ninguém entende plenamente tudo o que está envolvido na oração respondida ou em ser libertado da escravidão. Contudo, sabemos que, aqui, o Senhor nos deu princípios importantes, nos quais podemos confiar para nos ajudar. Se você duvida que Deus realmente ouve o clamor de Seus filhos, examine estas passagens que ostentam a Sua misericórdia: Então, clamamos ao SENHOR, Deus de nossos pais; e o SENHOR ouviu a nossa voz e atentou para a nossa miséria, e para o nosso trabalho, e para a


nossa opressão. E o SENHOR nos tirou do Egito com mão forte, e com braço estendido, e com grande espanto, e com sinais, e com milagres. Deuteronômio 26.7,8 E os filhos de Israel clamaram ao SENHOR, e o SENHOR levantou aos filhos de Israel um libertador, e os libertou: Otniel, filho de Quenaz, irmão de Calebe, mais novo do que ele. Juízes 3.9 Então, os filhos de Israel clamaram ao SENHOR, e o SENHOR lhes levantou um libertador: Eúde, filho de Gera, benjamita, homem canhoto. E os filhos de Israel enviaram pela sua mão um presente a Eglom, rei dos moabitas. Juízes 3.15 Então, os filhos de Israel clamaram ao SENHOR, porquanto Jabim tinha novecentos carros de ferro e por vinte anos oprimia os filhos de Israel violentamente. E o SENHOR derrotou a Sísera, e todos os seus carros, e todo o seu exército a fio de espada, diante de Baraque; e Sísera desceu do carro e fugiu a pé. Juízes 4.3,15 E sucedeu que, clamando os filhos de Israel ao SENHOR, por causa dos midianitas, enviou o SENHOR um profeta aos filhos de Israel, que lhes disse: Assim diz o SENHOR, Deus de Israel: Do Egito eu vos fiz subir e vos tirei da casa da servidão. Juízes 6.7,8 Estas passagens são apenas alguns relatos da resposta de Deus para o clamor de Seu povo. Um sem-número de vezes, a nação de Israel tinha problemas por causa da sua desobediência. Todavia, sempre que eles clamavam a Deus por ajuda, Ele os socorria. Sua


situação pode ser muito parecida com a do povo de Israel. É por causa de sua desobediência que você está em apuros; não obstante, há um Deus misericordioso que ouve o clamor de Seus filhos. Uma vez, achei que todas as minhas idas ao altar clamando pela ajuda de Deus eram uma perda de tempo. Então, quando reexaminei aqueles incidentes isolados, pude perceber que minhas idas ao altar contribuíram para realizar minha libertação! Se você realmente quer ser libertado do pecado sexual, clame a Deus diariamente. Faça isso hoje! Faça já! Seu clamor será ouvido!4 TENDO FÉ PARA OBTER A VITÓRIA Um obstáculo importante que nos impede de receber de Deus é a incredulidade. O típico cristão americano, que vai à igreja, ouve os pregadores pelo rádio e lê os seus livros, ficaria, provavelmente, envergonhado se percebesse quanta incredulidade permeia o seu coração. Os crentes, na maioria, assumem que são cheios de fé e pensam dessa forma porque sua crença não foi amplamente provada. Não sofremos a perseguição, a escassez ou a calamidade que muitos de nossos irmãos e irmãs ao redor do mundo padecem. Nós somos "amigos do bom tempo" até que se prove o contrário. Muitos de nós confiamos em nós mesmos 24 horas por dia, sete dias por semana, até acontecer algo que não podemos manipular e, então, rogamos ao Senhor. Perguntamos por que Ele não move céus e terra para responder às nossas orações, as quais são, freqüentemente, feitas não com fé, mas com uma espécie de esperança supersticiosa. Deus passa anos em nossa vida, tentando convencer-nos de Sua bondade. Nós a aceitamos até certo ponto, mas temos dificuldade em realmente adotar o conceito. Entretanto, quando chegamos a um conhecimento mais completo do Pai, nossa fé cresce. Quando vemos quem Ele é, confiamos nEle mais inteiramente. Tenho um bom amigo chamado Jerry, o qual tem quatro filhos. Ele é um homem piedoso que parece possuir uma paciência infinita. Quando um de seus filhos se comporta mal, Jerry explicalhe calma e amorosamente por que ele vai ser punido e, depois, prossegue aplicando a palmada necessária. Geralmente, os filhos o vêem como um pai gentil e amoroso. Se um deles precisa de algo, não têm medo de lhe pedir. Com efeito, se for algo que eles saibam ser uma necessidade legítima, pedem com muita confiança (talvez até demais!). Por que eles possuem tamanha confiança nele para fazer o pedido? Jerry tem demonstrado o seu amor e sua bondade


em relação a eles consistentemente durante anos. Os filhos confiam nele, pois conhecem o seu caráter. Não é o mesmo que Jesus nos ensina no Sermão do Monte? Ele disse: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei, e abrirse-vos-á. Porque aquele que pede recebe; e o que busca encontra; e, ao que bate, se abre. E qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se, vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem? (Mt 7.7-11). A base para crer na oração não é o fato de sermos capazes de apertar os dentes e, de algum modo, fazermos aparecer fé suficiente para sufocar todos os pensamentos de dúvida. O fundamento para crermos em Deus é o nosso reconhecimento da Sua bondade e disposição em suprir as nossas necessidades de modo abundante. A palavra grega para crer é pistos. O Vine's expository dictionary [Dicionário Vine] a define como: Crer, também ser persuadido de, e então, depositar confiança em, confiar. Neste sentido da palavra, significa confiança e não mera crença.5 Outro dicionário vai mais além quando considera a razão para a confiança: Persuadir, particularmente mover ou afetar por meio de palavras ou motivações gentis [...]. Despertar sentimentos gentis, para conciliar, [...] pacificar ou fazer calar uma consciência acusadora [...]. Vencer, ganhar o favor ou fazer (de alguém) um amigo.6 Essas descrições da palavra crer fazem-me lembrar do filme Driving Miss Daisy [Conduzindo miss Daisy], em que uma judia da Geórgia contrata um homem negro como motorista durante os anos 1950. A mulher, profundamente descrente de tudo, briguenta e arrogante, trata todos ao seu redor com desdém. O senhor negro, um cristão devoto, humilha-se continuamente durante o seu longo relacionamento. No final, quando ambos estão mais velhos, ela deixa que as barreiras caiam para que todos vejam o seu amor e sua


admiração por ele. O cristão conquistou o coração dela por sua humildade e gentileza. Essa é uma descrição real de como o Senhor consegue que creiamos nEle. Ano após ano, o Pai nos sustenta, ajuda, encoraja e abençoa. No final, o coração derrete, e Ele ganha mais outro para Si. Apenas aquela pessoa mais dura resiste a um amor tão surpreendente. Por essa razão, devemos impedir que nosso coração se desgarre dEle. APLICAÇÃO PRÁTICA Porque sou cínico por natureza, tive de incorporar várias coisas em minha vida para me manter na luz da Sua bondade. Primeiro, passo muito tempo expressando gratidão e louvor ao Onipotente. Segundo, lembro-me constantemente, por meio dos sermões e escritos de santos ministros, da bondade e a misericórdia de Deus. Sou propenso a esquecer quão bom o Soberano é e tudo o que Ele fez por mim. Freqüentemente, também procuro expressar a minha fé no Todo-Poderoso: "Creio em Ti, Senhor. Confio em Ti. Sei que Tu estás sempre me ajudando, sustentando-me e guardando. Tu estás suprindo as minhas necessidades, fazendo-me vencer na vida. Eu confio em Ti, Pai". De alguma forma, as palavras criam a atmosfera. Você já esteve em um lugar em que alguém começa a falar mal de tudo? Ou quando alguma pessoa entra com raiva, amaldiçoando em voz alta? Nos dois casos, é criada uma atmosfera sem paz. O mesmo acontece em sentido positivo. Algumas vezes, os homens do programa residencial de Pure Life são encorajados a se levantar em nossas reuniões e louvar ao Senhor pelo que Ele está fazendo em suas vidas. Isso aumenta a fé e também ajuda os outros que estão naquele encontro. Palavras expressam vontade, e isso é espírito. Quando ficam em pé e dizem: "Bendirei ao Senhor em todo tempo", estão expressando a sua vontade de fazê-lo, o que afeta, ao mesmo tempo, os outros de uma maneira positiva. Outra coisa que fortalece a fé é a leitura da Palavra de Deus. Paulo disse: De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus (Rm 10.17).


Enfim, você deve, simplesmente, obedecer ao Senhor. A obediência aprofunda a fé. Quando lemos sobre o "corredor da fama da fé" que se encontra em Hebreus 11, não encontramos menção alguma a sinais e maravilhas. O que há no texto, como denominador comum de todos esses heróis da fé, é uma simples disposição de obedecer a Deus. Todos esses exercícios espirituais aprofundam algo em seu coração de tal modo que você pode clamar ao Senhor, tendo certeza de que Ele ouve as suas orações e está disposto a respondê-las. O LUGAR DO ARREPENDIMENTO Mais freqüentemente do que pensamos, as provas e os problemas marcantes que encontramos na vida ocorrem porque temos, de alguma forma, seguido nosso próprio caminho, fora da vontade de Deus. O comportamento que leva aos vícios, as dificuldades conjugais e os conflitos com outras pessoas, geralmente, giram em torno de não sermos controlados pelo Espírito Santo. Quando começamos a ver mais claramente como Deus é em relação àquilo que somos, começa a ocorrer, se você deseja, uma reação química espiritual. Ver o Senhor somente nos faz querer conhecê-lO melhor. Enxergar a nós mesmos somente nos faz querer ser mais como Ele. Paulo disse que a bondade de Deus leva as pessoas ao arrependimento (Rm 2.4). Colocando de outra forma, o Pai simplesmente derrete o nosso coração com Sua bondade. Conhecê-lO, simplesmente, faz com que almejemos agir certo! Rogar a Deus por ajuda antes do arrependimento ocorrer não nos traz bem algum. Quando estamos errados, devemos, primeiro, buscar ajuda, reconhecendo o nosso erro e comprometendo-nos a seguir adiante pelo caminho reto. O arrependimento consiste basicamente em nos afastarmos do nosso próprio caminho (pecado e rebelião) e nos voltarmos para o Senhor. O arrependimento nos dá acesso ao Reino de Deus. Vem, primeiro, quando constatamos a nossa necessidade — ou em que estamos errados — e, segundo, ao expressarmos tristeza sincera por aquele erro. Somente então, somos restaurados ao relacionamento correto com o Altíssimo. Antes do Êxodo, Faraó do Egito dá um exemplo perfeito do que não fazer. Quando ele se recusou a deixar que os hebreus saíssem, Deus pressionou por meio de pragas a fim de demonstrar misericórdia. Ele suplicou pela ajuda divina, recebeu-a e continuou


com seu comportamento pecaminoso. Isso o faz lembrar de alguém? Nós clamamos a Deus para que nos auxilie na situação terrível na qual nos colocamos. Por causa da total compaixão, o Pai irá ajudarnos freqüentemente. Contudo, o problema de alguns é que nunca mudam o seu comportamento, que, basicamente, leva-os à encrenca. Veja Jim, por exemplo. Depois de muito abusar emocionalmente da esposa e enganá-la com prostitutas, ela o deixou. Ele pediu a ajuda de Deus, chorou, gemeu, pranteou, contou para outras pessoas todos os seus problemas. Entretanto, a única coisa que ele não fez foi arrepender-se do comportamento que causou a separação. Como Jim não estava demonstrando o fruto do arrependimento, nós aconselhamos a mulher dele que permanecesse separada até que ele fizesse isso. Tragicamente, tanto quanto eu saiba, Jim nunca o fez. Deus, geralmente, não responde aos clamores de uma pessoa em tal estado de falta de arrependimento. Isso não significa que Ele não Se compadeça por ele e sua situação difícil. O Senhor sabe que, a menos que ele se arrependa, nada poderá ser feito para ajudá-lo. O que melhor chama a atenção do Altíssimo são as palavras "estou errado". Essa é uma pessoa que o Pai celestial pode ajudar. A RESPOSTA DE DEUS Uma coisa fenomenal ocorre nas regiões celestiais quando um dos filhos de Deus suplica por ajuda no espírito certo. Todo céu é liberado em resposta! A coisa mais próxima que eu pensaria em termos terrenos seria uma resposta a um incêndio ou a uma cena de acidente de carro. Davi, que tinha revelações maravilhosas de Deus, experimentou isso, em primeira mão, quando o Senhor o livrou da morte certa nas mãos dos escudeiros de Saul. Com um coração cheio de gratidão, Davi escreveu o Salmo 18. Nesse hino de ação de graças, ele nos deu uma linda descrição da resposta do Alto aos pedidos dos necessitados. Ele começa expressando o que o Senhor é para ele: Eu te amarei do coração, ó SENHOR, fortaleza minha. O SENHOR é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o meu libertador; o meu Deus, a minha fortaleza, em quem confio; o meu escudo, a força da minha salvação e o meu alto refúgio. Invocarei o


nome do SENHOR, que é digno de louvor, e ficarei livre dos meus inimigos. Salmo 18.1-3 Ele viu o Senhor como a sua suficiência. Depois, prosseguiu descrevendo, em termos vividos, como ele viu a sua situação no campo espiritual: Cordéis de morte me cercaram, e torrentes de impiedade me assombraram. Cordas do inferno me cingiram, laços de morte me surpreenderam. Na angústia, invoquei ao SENHOR e clamei ao meu Deus; desde o seu templo ouviu a minha voz e aos seus ouvidos chegou o meu clamor perante a sua face. Salmo 18.4-6 Que testemunho maravilhoso da fidelidade de Deus! O Senhor estava atento aos clamores de Davi! Em outra passagem, ele disse: Os olhos do SENHOR estão sobre os justos; e os seus ouvidos, atentos ao seu clamor (Sl 34.15). Isso é algo de que necessitamos desesperadamente saber nos dias negros que estão vindo sobre a terra. Então, a terra se abalou e tremeu; e os fundamentos dos montes também se moveram e se abalaram, porquanto se indignou. Do seu nariz subiu fumaça, e da sua boca saiu fogo que consumia; carvões se acenderam dele. Abaixou os céus e desceu, e a escuridão estava debaixo de seus pés. E montou num querubim e voou; sim, voou sobre as asas do vento. Fez das trevas o seu lugar oculto; o pavilhão que o cercava era a escuridão das águas e as nuvens dos céus. Ao resplendor da sua presença as nuvens se espalharam, e a saraiva, e as brasas de fogo. E o SENHOR trovejou nos céus; o Altíssimo levantou a sua voz; e havia saraiva e brasas de fogo. Despediu as suas setas e os espalhou; multiplicou raios e os perturbou. Então, foram vistas as profundezas das águas, e foram descobertos os fundamentos do mundo; pela tua repreensão, SENHOR, ao soprar das


tuas narinas. Enviou desde o alto e me tomou; tiroume das muitas águas. Livrou-me do meu inimigo forte e dos que me aborreciam, pois eram mais poderosos do que eu. Surpreenderam-me no dia da minha calamidade; mas o SENHOR foi o meu amparo. Trouxe-me para um lugar espaçoso; livroume, porque tinha prazer em mim. Salmo 18.7-19 Não é de se admirar que, no final, Davi tenha irrompido em um louvor exuberante: O SENHOR vive; e bendito seja o meu rochedo, e exaltado seja o Deus da minha salvação. É Deus que me vinga inteiramente e sujeita os povos debaixo de mim; o que me livra de meus inimigos; — sim, tu me exaltas sobre os que se levantam contra mim, tu me livras do homem violento. Pelo que, ó SENHOR, te louvarei entre as nações e cantarei louvores ao teu nome. É ele que engrandece as vitórias do seu rei e usa de benignidade com o seu ungido, com Davi, e com a sua posteridade para sempre. Salmo 18.46-50 Tenho ligação com esse texto. É o meu testemunho. Cordéis de morte me cercaram. Na angústia, invoquei ao SENHOR. Ele me livrou, deu-me vida e destruiu os meus inimigos! É o que o Soberano faz com quem O invoca com um coração sincero. O crente vitorioso deve chegar a um ponto no qual sabe sinceramente que a vitória só vem de Deus. Não é algo que se faça acontecer nem ocorre simplesmente por causa de uma reivindicação falada. A vitória espiritual ocorre quando uma pessoa aprende a chegar à usina geradora do poder da misericórdia divina. Esse poder não está disponível para a pessoa que só quer saber da própria vontade. Está à disposição apenas para os dispostos a viver em humilde sujeição à vontade do Pai celeste.


Meditação para Hoje A bondade de Deus avançando para um desejo de comunicar o bem foi a causa e o princípio da criação. Portanto, deduz-se que, por toda a eternidade, o Senhor não possa ter uma idéia ou intento para com as criaturas que não seja o de transmitir o bem, porque fez a criatura para este único fim — receber o melhor. A primeira motivação em relação à humanidade é imutável; ela provém do desejo do Altíssimo de espalhar o bem. É uma impossibilidade eterna algo prover do Todo-Poderoso, como Sua vontade e Seu propósito para a criatura, e que não seja o mesmo amor e a mesma bondade que, primeiro, criaram-na. O Senhor sempre deseja aquilo que expressou em Sua criação. Essa é a natureza amiga do Criador. O Pai é a Fonte do bem imutável e transbordante que não envia outra coisa a não ser o bem por toda a eternidade. Ele é o próprio Amor, sem mistura e sem medidas, que não faz coisa alguma a não ser com generosidade, dando somente os dons do amor para tudo o que Ele realizou; nada requerendo de todas as Suas criaturas a não ser o espírito e os frutos daquele sentimento que as trouxe à existência. Ó, como é doce a contemplação da altura e da profundidade das riquezas do amor divino! Que atração ele deve exercer em todo homem gentil, para que retribua o amor com amor a esta Fonte transbordante de bondade sem limites!1 William Law

Você jamais conhecerá realmente a vontade de Deus a menos que tenha uma visão real do Calvário — aquela foi a grande demonstração da vontade do Criador para este mundo. Bill Vines

Porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai, que está nos céus, este é meu irmão, e irmã, e mãe. Jesus Cristo - Mateus 12.50

Uma vontade desconhecida de Deus é um Deus desconhecido [...]. O propósito do Senhor para esta terra foi, e é, a imersão em um elemento celestial, exatamente o oposto do espírito do mundo, que satura a terra com força, ira, corrupção, pecado, sofrimento, dor e morte [...]. A vontade do Pai celestial é a misericórdia.2 Rex Andrews


Onze A vontade de Deus As citações listadas na página anterior expressam tantas riquezas inexprimíveis, que há pouco a acrescentar. Se, em oração, você meditar nessas palavras, a verdade expressa irá tornar-se sua. A intenção do Pai para o homem é fazer-lhe o bem, não prejudicá-lo. Seu propósito para a humanidade é dar vida, não morte. Seu desejo para as pessoas é apenas de ajudar, não de ferir. A vontade de Deus com relação à humanidade é sempre benevolente, boa e gentil. Sua vontade é a misericórdia. JESUS VIVEU A VONTADE DE DEUS Em um capítulo anterior, eu disse que, se você quiser saber como o Senhor é, simplesmente estude a vida de Jesus. Se é verdade que Cristo foi Deus encarnado, então, seguramente, é verdade que o Messias viveu a vontade do Onipotente. Ele disse: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra (Jo 4.34). O Mestre também declarou: Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma (Jo 5.30a) e Eu faço sempre o que lhe agrada (Jo 8.29b). Tudo o que Jesus fez foi uma expressão da vontade de Deus para a humanidade. O Todo-Poderoso não mostrou Seu lado bom em Jesus, enquanto escondia um lado "mau". O Altíssimo não é como nós; Ele é exatamente o que expressa. Entretanto, tendemos a nos apresentar de modo favorável, parecendo de uma certa maneira, mesmo não sendo assim. Quantos de nós vivemos atrás de uma fachada de espiritualidade e bondade planejada, escondendo a feiúra que a maioria nunca vê? O escritor aos Hebreus afirma que Jesus é a expressa imagem da sua pessoa [de Deus] (Hb 1.3). A vida de Jesus foi um livro aberto. Ele viveu a vontade do Pai para o homem com o intuito de que todos a vissem. Um meu amigo, já falecido, disse: De Jesus está escrito: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. (Hb 10.9). Jesus perdoou pecados pela vontade do Pai. Curou os doentes e foi até a cruz para levar nossos pecados e enfermidades pela


vontade de Deus. E, assim, a cruz diz: "A vontade de Deus é a misericórdia, benevolência, benignidade e redenção".3 No capítulo 9 de Mateus, encontramos o Mestre fazendo a mesma coisa: vivendo para dar misericórdia aos necessitados. Jesus enfureceu os fariseus opositores da compaixão, ao curar um paralítico e perdoar o pecado deste. Depois, Ele encontrou um certo cobrador de impostos que, mais tarde, deu o relato em primeira mão: E os fariseus, vendo isso, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? Jesus, porém, ouvindo, disselhes: Não necessitam de médico os sãos, mas sim, os doentes. Mateus 9.11,12 De certa forma, o que Ele estava dizendo aos fariseus era: "Somente aqueles que enxergam a própria carência espiritual querem ouvir alguém que a supra. Vocês, fariseus, se vêem muito bons, mas não percebem o quanto precisam de ajuda. Por isso, vim para estar com os pecadores". Jesus declarou algo absolutamente revolucionário. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não sacrifício. Porque eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento (Mt 9.13). Os fariseus estavam em apuros. Tinham uma ilusão espiritual: pensavam que estavam em boa situação perante Deus. No entanto, o Messias lhes disse que fizessem o seguinte: estudassem esse versículo de Oséias. Eles não perceberam, mas a sua eternidade dependia daquela disposição em se humilharem e serem ensinados. Esses homens pensavam que sabiam. Viam-se como entendidos. Já tinham compreendido tudo, e suas vidas tornaram-se para nós um mostruário do que não deve ser feito. O Mestre disse: Ide, porém, e aprendei o que significa (Mt 9.13a). É imperativo ouvir e obedecer às determinações de Jesus. Temos de ser cuidadosos para não acharmos que já sabemos. Qual é o significado do texto do livro de Oséias?


Após várias centenas de anos de corrupção do significado da Lei dada no Sinai, os judeus haviam transformado o sistema de sacrifícios de holocaustos em uma religião morta de cerimônias exteriores. O propósito original das regras era todo fundamentado na misericórdia. Tratava-se de uma maneira de o homem expiar o seu pecado e aproximar-se do Todo-Poderoso pelo sacrifício e arrependimento sincero. Depois de inúmeros séculos dolorosos, o Senhor enviou uma palavra ao povo: Porque eu quero misericórdia e não sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos (Os 6.6). O que o Altíssimo estava dizendo era que, se o povo realmente quisesse estar em comunhão correta com Ele, precisava focalizar a seguinte questão importante: distribuir Seu amor para todos ao redor. Mais tarde, Jesus declarou aos fariseus: Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas (Mt 23.23). Algo pesa mais na balança de Deus do que a execução de atos exteriores da religião (seja judaísmo do primeiro século, seja cristianismo do século 21): que Sua vontade seja conhecida da humanidade, e as pessoas a vivam. Jesus citou o texto bíblico de Oséias de memória. Ele disse: Porque eu quero misericórdia. É uma declaração do Seu propósito para toda a humanidade. É vontade de Deus fazer misericórdia e suprir necessidades. Também é o desejo dEle que Seus seguidores façam o mesmo. A passagem de Oséias declara: Porque eu quero misericórdia e não sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos. Querer é vontade, não é? Se digo que quero dirigir hoje até Cincinnati (Ohio), estou expressando a minha vontade, não estou? Certamente! Jesus está dizendo a mesma coisa. É desejo e vontade de Deus que a misericórdia seja feita. Esse é o conhecimento do Senhor, porque é a compreensão de como Ele é e do Espírito no qual está. Quer tenha ou não percebido quando pegou este livro, você obedeceu àquele mesmo mandamento. Agora está aprendendo sobre a vontade de Deus, que é exercer misericórdia, e o propósito dEle é que os outros a pratiquem também. O diabo está sempre tentando manter o homem longe desse conhecimento. Quando possível, Satanás pinta um quadro quase


irresistível de que ele é o melhor amigo do ser humano, enquanto o Senhor seria o verdadeiro malfeitor deste mundo. O maligno conquista a amizade do homem porque sempre apela para a sua natureza carnal, pecadora e egoísta. Se eu fosse um cristão carnal e o diabo me oferecesse uma forma de cristianismo que se encaixasse naquele estilo de vida, ele seria meu amigo, quer eu admitisse ou não. Se eu fosse carnal e não quisesse arrepender-me, então, eu reduziria a bondade do Pai, fazendo-O uma versão grande de mim — uma pessoa "boa". Estamos inclinados a dar demasiado crédito a nós mesmos. Novamente, vemo-nos como pessoas boas; talvez, não perfeitas como o Onipotente, mas indo muito bem. Essa atitude que nos cega para a nossa necessidade tira o conhecimento de Deus do nosso alcance. Quando realmente constatamos a nossa condição de desespero e necessidade, também ganhamos uma visão genuína de como é o Senhor. Satanás ludibriou Eva para que ela cresse no fato de que o conhecimento do bem e do mal — que se tratava de algo valioso e estava sendo proibido para ela — era o caminho para ser como o Criador. Em essência, o diabo estava dizendo: "Ter os seus olhos bem abertos para todas as espécies de informações é a forma de conhecer o Todo-Poderoso e ser como Ele". Entretanto, o Senhor faz uma declaração fiel e verdadeira: a entrada para o Seu conhecimento é pelo aprendizado da misericórdia. A pessoa somente entra nesse entendimento praticando a compaixão; não existem atalhos. Esse conhecimento irá libertá-lo de todo jugo. Jesus ensinou: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (Jo 8.31,32). Qual é a verdade? Deus é bom, e Suas misericórdias duram para sempre. Se vivermos nessa certeza simples sobre o Altíssimo e distribuirmos misericórdia para os outros, seremos libertados de todo o pecado que nos importuna. SUJEIÇÃO À VONTADE MAIS ELEVADA A mansidão pode ser definida como sujeição voluntária da vontade de uma pessoa à da outra. Jesus disse: Porque eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou (Jo 6.38). O Mestre andou em mansidão, em submissão perfeita à vontade do Pai. Mesmo em Sua maior crise, quando tomou sobre Si a imundície do pecado da humanidade, Ele afirmou: Todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua (Lc 22.42b).


O Messias viveu em perfeição entrega ao jugo do Onipotente. Ele confiou e creu em Seu Pai celestial. Jesus sabia que Deus era confiável. Sujeitou-Se voluntariamente, sabendo o que isso significava. Depois, estendeu o convite para participarmos do mesmo jugo com Ele, dizendo: Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve (Mt 11.28-30). Costumamos encolher-nos quando pensamos na possibilidade de alguém colocar um jugo sobre nós. Na América, não estamos habituados a submeter a nossa vontade à de alguém. Como nação, orgulhamo-nos por termos um espírito independente. Celebramos o 4 de julho como o dia em que nos revoltamos contra o rei George da Inglaterra. Nossa independência, todavia, cresceu em proporções épicas nos últimos 30 anos. Os bebês nascidos após a guerra, nos anos 1960, decidiram jogar fora das suas vidas o jugo da autoridade e, depois, deram início a uma revolução cultural, ativa ainda hoje. As pessoas exigem mais liberdade, a ponto de as autonomias civis ganharem mais peso em nossos sistemas de corte judicial do que o direito de viver em paz e segurança. O resultado dessa liberdade recém-encontrada é a escravidão de se viver com medo do crime, do vício maciço das drogas e da onda de imoralidade. O que é liberdade e escravidão? Muitos cristãos tentam ter os dois. Querem a liberdade de ter a própria vida, convidando, sob suas condições, a presença de Deus, mas nunca entrando na vida de liberdade no Espírito como o Senhor pretende. Inegavelmente mornos, possuem o pior dos dois mundos. Nem vivem no horrível pecado exterior, nem na felicidade do primeiro amor. Como amam a sua vida neste mundo, não abandonam suas práticas por Jesus. Por conseguinte, não desfrutam realmente dos prazeres do pecado tampouco da vida gloriosa e vencedora no Espírito. Em vez disso, vivem em um mundo lúgubre e cinza, existente entre os dois extremos, todos sob um título que soa bem: "Estar equilibrado". Na realidade, estão em um gueto espiritual. CONFIANDO EM SUA VONTADE Quando uma pessoa começa a compreender a vontade do Senhor, a idéia de viver em obediência é menos aterradora. Hannah Whitall Smith teve uma vida cheia de alegria. Em seu livro, A


christian's secret of a happy life [O segredo de uma cristã para uma vida feliz], ela aborda a vontade de Deus: Sua vontade é a coisa mais abençoada que pode vir a nós sob quaisquer circunstâncias. Não entendo como os olhos de tantos cristãos têm estado cegos para esse fato. Mas, realmente, parece que os filhos de Deus têm mais medo do Seu propósito do que de outra coisa. A vontade amorosa e amável do Pai significa apenas benignidade, misericórdias ternas e bênçãos inexprimíveis para a alma de cada um deles! Eu gostaria de poder mostrar-lhes a doçura incomensurável da vontade do Senhor. O céu é um lugar de alegria infinita, porque lá o desejo do Pai é executado perfeitamente.4 Um homem pode tentar convencer seu amigo de que uma atividade é divertida, segura e desfrutável, mas até o amigo experimentá-la, jamais saberá. Veja uma criança que nunca nadou. Todos os seus amigos estão fazendo isso e existe algo que a atrai. Contudo, quando ela olha para a água, esta a aterroriza. Quanto mais ela fica em pé à beira da piscina, mais os outros tentam convencê-la. Quanto mais pressão sente da parte deles, mais ela se afasta. No entanto, se o pai dela entrar na piscina com as mãos estendidas, ela, então, pulará bem nos braços dele. Por quê? Porque ela confia em seu pai. Várias vezes, ele mostrou seu amor por ela. Não posso convencer você de se atirar nos braços do Pai, mas, talvez, eu possa ajudá-lo a ver a confiabilidade dEle. Oswald Chambers, que também conhecia alguma coisa sobre a alegria do Senhor, disse: O que é necessário nas questões espirituais é a entrega impulsiva e não-calculada a Jesus. Sem reservas e não de modo triste, porque você não pode ter tristeza se está absolutamente entregue [...]. Muitos de nós estamos servindo sutilmente aos nossos próprios fins, e Cristo não pode contribuir com nossa vida. Se estou entregue ao Senhor, não tenho os próprios fins para servir.5


UNIÃO DE DUAS VONTADES Nos tempos bíblicos, quando duas pessoas se casavam, a mulher entendia que estava unindo sua vida à do marido. Hoje, na América, o casamento é mais uma combinação de duas vidas, das carreiras e dos conjuntos de desejos. O papel da mulher nos tempos bíblicos era apenas um passo acima do papel do servo da família. A mulher esquecia seus sonhos e suas aspirações para se ligar aos do marido. Ela se tornava sua companheira e submetia a própria vontade a dele. Havia a união de duas vontades, mas era quase a sujeição completa de uma a outra. Nós, cristãos, de modo semelhante à Noiva de Cristo, somos chamados a entregar nossos interesses, planos e objetivos, e sujeitálos ao nosso Senhor e Marido. É responsabilidade dEle prover para nós, proteger-nos e trazer realização ao nosso viver. Quando nos casamos com Ele, alinhamos nossa existência com os Seus planos e submetemos nossa vontade à dEle. Tudo isso faz parte do acordo de casamento, e recusar-nos a cumpri-lo realmente significa que, de alguma maneira, nós o violamos. Alguns homens têm um desejo sincero de fazer uma consagração mais profunda ao Senhor, mas sentem como se não se prendessem a isso. Um dia, eles estão de um jeito; no dia seguinte, de outro. Parece que, pelas próprias emoções, são continuamente arremessados pelas ondas da vida. Então, é necessária a oração de consagração ao Senhor, a despeito do que podemos sentir mais tarde. Hannah Whitall Smith declara ainda: Nossa vontade é a fonte de todas as nossas ações. Sob controle do pecado e do ego, nossos desejos farão com que ajamos para o próprio prazer. Mas Deus nos chama para rendermos a nossa vontade a Ele, a fim de que possa assumir o controle e operar em nós de modo a desejarmos fazer o que Lhe agrade. Se obedecermos a este chamado e nos apresentarmos ao Senhor como sacrifício vivo, Ele tomará posse das nossas vontades rendidas e começará imediatamente a agir em nós [...]. A vontade é como uma mãe sábia em um berçário, e as emoções, como crianças chorando. A mãe decide que seus filhos farão o que ela crê que seja certo e melhor. Os filhos reclamam e dizem que não farão. Entretanto, a mãe está no controle e abre o caminho com amor e calma, apesar de todas as lamúrias. Como


resultado, os filhos, mais cedo ou mais tarde, cederão ao curso de ação da mãe. Eles agem de acordo com a decisão dela e tudo está em harmonia e felicidade. Mas, se por um momento, aquela mãe aceitar que as crianças sejam os senhores, em vez dela, a confusão reinará. Neste exato momento, há muitos que estão confusos, simplesmente porque seus sentimentos tiveram autorização para governar, em vez da sua vontade.6 A VONTADE DE DEUS EM NOSSA VIDA Conforme já mencionei, um dos receios de nos consagrarmos à vontade do Criador é por não confiarmos em Sua vontade. Rex Andrews aborda isso: As pessoas tendem a ocupar a mente com muitas coisas a respeito do que Deus fará e sobre o Seu poder como uma força destruidora ou autoridade para dominar, de maneira que a Sua vontade parece como a de um monarca terreno, o qual depende da força para matar a fim de estabelecer a lei. Os raciocínios humanos sobre o poder divino estão muito aptos a fazer suposições acerca do que a vontade do Senhor realmente é, a menos que tenham claramente em vista, o tempo todo, o que o Calvário significa.7 Quando tivermos conhecimento da vontade de Deus, que é doadora de vida, começaremos gradualmente a abraçá-la. Na verdade, entregamo-nos a ela, pois é maravilhosa! Qual é o propósito do Pai para você e para mim? Simplesmente esta: Ele está procurando todos os tipos de homens e mulheres que farão a Sua vontade com relação aos seus semelhantes, assim como Ele fez por eles. Para colocar em termos mais enfáticos, o Senhor deseja possuir as pessoas com o Seu Espírito Santo e distribuir a vida dEle a outros. Assim como a justiça própria é a maior inimiga da verdadeira justiça, a vontade própria é opositora e inimiga da vontade de Deus. Na vontade própria, decidimos e escolhemos quando exercer misericórdia aos outros, para quem e até que ponto mostraremos compaixão. O Altíssimo nos chama para entregarmos tudo e simplesmente deixar que Ele distribua a Sua vida a nós. Não temos condições de ser cheios do Espírito Santo, a menos que nos tornemos vazios do eu. Podemos ter experiências no altar onde somos cheios com o Espírito. Podemos, ainda, ir a conferências sobre andar em Espírito, ler livros ou iludir-nos ao pensarmos que somos dirigidos pelo Consolador. Contudo, se não chegarmos ao


lugar de consagração onde entregamos nossas vontades e nossos direitos a Deus, jamais saberemos realmente o significado de ser cheio do Espírito. Se puder sentir a voz amorosa de Deus chamando você exatamente neste momento, eu o animo a deixar este livro de lado, encontrar um lugar calmo e se consagrar a Deus. Faça uma entrega plena da sua existência a Ele, sujeitando-se conscientemente à Sua autoridade justa sobre a sua vida. É impossível conhecer a vitória a menos que se faça isso. Talvez, as palavras desse hino de Francês Havergal * sejam de alguma ajuda: Toma a minha vida E deixa que ela seja consagrada, Senhor, a Toma as minhas mãos E deixa-as mover Pelo impulso do Teu amor. Toma os meus pés E deixa-os ligeiros e formosos para Ti; Toma a minha voz E deixa-me cantar sempre Apenas para o meu Rei. Toma a minha prata e o meu ouro, Nem um tostão eu retenho; Toma os meus momentos e os meus dias, Deixa-os fluir em incessante louvor. Toma a minha vontade e faze-a Tua, Ela não será mais minha; Toma o meu coração, ele Te pertence, Será o Teu trono real.8

*

Nota da Revisão - Correspondente ao hino 296 do Cantor Cristão.


Meditação para Hoje Aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre. Apóstolo João - 1 João 2.17b Mede a tua vida pelas perdas e não pelos ganhos; não pelo vinho bebido, mas pelo vinho derramado, pois a força do amor reside em seu sacrifício — e aquele que mais sofre mais tem para dar.1 Jonathan Goforth, após ter perdido cinco filhos no campo missionário

E os nossos aprendam também a aplicar-se às boas obras, nas coisas necessárias, para que não sejam infrutuosos. Apóstolo Paulo - Tito 3.14

Havendo uma necessidade, devemos fazer o possível para supri-la. Betsy Ten Boom No filme The hiding place [O refúgio secreto]


Doze A vida de misericórdia Tendo-se consagrado para viver a misericórdia do nosso Deus, você se depara, agora, com a seguinte pergunta: "O que isso significa na minha vida prática?". Não precisa ir muito longe para encontrar a resposta. Há necessidades não-supridas em toda a parte. Nos presídios, muitos internos gostariam de ver os cristãos demonstrando interesse por eles. Muitos idosos em casas de repouso ficariam animados se alguém se importasse em visitá-los. As cozinhas de distribuição de sopas precisam sempre de voluntários. Os locais para a reabilitação de drogados precisam de homens que estejam dispostos a ajudar. A maioria dos pastores tem muitas posições a serem preenchidas em suas igrejas: obreiros para a escola dominical, o berçário, os serviços de segurança, o estacionamento e a manutenção, por exemplo. Uma pessoa pode ser uma bênção como auxiliar no ensino ou voluntária no hospital. Não faltam oportunidades para alguém disposto a investir a sua vida, seu tempo e sua energia para o bem do próximo. Toda a vida de Jesus foi consumida no suprimento da necessidade dos outros. Nós nos chamamos cristãos, o que nos faz seguidores de Cristo. Como Ele é o Líder, não deveríamos seguir a liderança dEle? A maravilha da vida cristã é que qualquer um que quiser poderá vivê-la. Qualquer pessoa pode ser desprovida de egoísmo, tanto a criança quanto o idoso. O verdadeiro cristianismo implica muito mais do que simplesmente ter informações. A conduta cristã exige que todo crente pense e aja de acordo com a Palavra de Deus em sua vida diária. OBRIGADO A EXERCER A MISERICÓRDIA Jesus contou uma parábola, em Mateus 18, sobre o perdão, para explicar e ilustrar o Reino dos céus. Um escravo devia a um rei uma quantia considerável de dinheiro. Segundo o costume da época, quando um devedor não pudesse pagar, ele e sua família eram tratados como escravos até que a dívida fosse paga. Enlouquecido, o


homem se prostrou aos pés do rei e suplicou por misericórdia. O rei teve compaixão e perdoou a dívida. Essa é uma descrição maravilhosa da nossa salvação. Cometemos crimes detestáveis contra um Deus santo. Ele nos introduz na sala do Seu trono e nos mostra o que fizemos. Acusados de culpa, vemos a nossa carência e, naquela situação horrível, pedimos perdão. Misericordiosamente, Deus remove o fardo e nos libera da nossa dívida. Mas infelizmente, assim como aquele servo, perdemos a noção do grande pecado que foi perdoado. Pouco a pouco, o orgulho que havia sido removido, quando cremos pela primeira vez, ruge novamente. Não mais envolvidos naquele primeiro amor e sem noção da nossa necessidade, também perdemos, gradualmente, a compaixão por aqueles que nos rodeiam. Antes de percebermos, acabamos praticamente não tendo interesse algum pela necessidade dos outros. O servo viu, depois, um amigo que lhe devia menos dinheiro. Como o amigo não conseguiu pagar, o primeiro o encerrou na prisão. O rei disse ao tal homem: Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? (Mt 18.33). Paulo nos faz lembrar das nossas obrigações: E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo (2 Co 5.15,17). O que é coisa velha? Viver somente para os próprios desejos. O que é novo? Viver para Cristo e os outros. O apóstolo João também percebeu isso quando afirmou: Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos (1 Jo 3.16 - ARA). Novamente, a mesma coisa em outras palavras: pensar na necessidade dos outros. Jesus ordenou: Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai (Mt 10.8). O que eles receberam? Misericórdia! E nós também. Jesus veio e supriu àquilo de que carecíamos, e fez tudo de graça. Foi assim que você teve suas necessidades atendidas. Agora vá e, de graça, faça o mesmo. Essa é a atividade do Reino de Deus: fazer pelos outros e prover aquilo de que precisam. Essas palavras não nos são dadas como sermão idealista, o qual não se espera que alguém realmente


cumpra. Jesus declarou expressamente: "Vá e faça o mesmo". São palavras práticas de Alguém que nos ensina algo muito importante: o significado de ser Seu seguidor. CALCULANDO O CUSTO Quando Jesus apareceu inicialmente na Palestina, uma multidão de seguidores ardorosos O seguiu. Eles ouviram as Suas palavras de vida e cheias de graça; viram a Sua compaixão e Seu amor e testemunharam o poder de Deus. Todos queriam ser Seus seguidores, embora não estivessem cientes do preço a pagar. Um dia, Lucas nos conta, Jesus viu a grande multidão que O seguia e aconselhou: Se alguém vier a mim e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não levar a sua cruz e não vier após mim não pode ser meu discípulo. Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele. Lucas 14.26-29 Essas duras palavras separaram os homens dos meninos, por assim dizer. Esse é o tipo de orientação que não é dada por um pastor em seu juízo perfeito, o qual só queira ver a igreja crescer. Jesus, porém, queria que o povo soubesse de algo. Havia um custo envolvido para quem O seguisse. Nos Estados Unidos, temos conseguido convencer-nos de que isso não é bem assim, mesmo sendo a verdade. O SACRIFÍCIO DA MISERICÓRDIA Qualquer pessoa determinada a fazer a verdadeira obra de Deus sofrerá oposição e perseguição. Aqueles que fazem cócegas no ouvido das pessoas nunca terão de lidar com uma oposição real.


Há uma razão muito boa para João ter falado sobre os crentes entregarem a vida pelos outros, e de Paulo ter falado sobre derramar-se como uma oferta de bebida. Uma pessoa que ama os outros e faz algo por eles torna-se vulnerável. Quando você se importa com as pessoas, elas o usam, roubam-no e o deixam decepcionado. Tudo isso é parte de qualquer obra de Deus genuína. Com certeza, há dificuldade a ser enfrentada em diferentes graus por qualquer pessoa que esteja tendo uma vida de misericórdia. Geralmente, há pouca recompensa terrena para a verdadeira obra do Senhor, e, freqüentemente, é um sacrifício fazê-la. Kathy e eu tivemos de esquecer nossas carreiras (aplicação da lei e gerenciamento) por causa dos Ministérios Pure Life. Quando o fizemos, perdemos tudo. Para obedecermos ao chamado de Deus, tivemos de vender tudo o que possuíamos para morar em uma casa móvel durante vários meses. Mais tarde, quando adquirimos a propriedade onde estamos atualmente, moramos em um pequeno trailer para acampamento durante um ano e meio. Digo isso sentindo-me envergonhado quando penso no sacrifício que os cristãos de outras nações fazem todos os dias. Recentemente, o Senhor nos deu recursos financeiros para construirmos uma casinha linda no ministério, mas ela veio após anos de sacrifício. Entretanto, muitos dos que exercem a misericórdia jamais recebem tais bênçãos materiais. No topo de tudo isso, está a oposição exercida pelas forças do inferno. Os demônios se importam pouquíssimo com aqueles que se sentem atraídos pela baixeza humana. Quando alguém começa a passar pelo caminho estreito, transmitindo aos outros a vida de Cristo, os demônios do inferno reparam. Essa é uma parte muito real da verdadeira obra de Deus, mas os que fazem isso não temem os demônios porque viram o Pai. Sofrer perdas; sacrificar-se pelos outros; sentir as críticas inflamadas de caluniadores; ser usado por aqueles que você está tentando ajudar; ver que as coisas dão errado quando não deveriam e ser ferido por quem você foi chamado para amar fazem parte da vida de compaixão. Contudo, de maneira estranha, também fazem parte da glória de um chamado maior. Os cristãos são soldados, e suas medalhas de valor são as cicatrizes do seu sofrimento pelo seu Salvador.


OS BENEFÍCIOS DE SE VIVER A MISERICÓRDIA Na dimensão invisível do Reino dos céus, há recompensas tangíveis para aqueles que amarem as outras pessoas. Muitos jamais conhecerão as ricas bênçãos dessa vida, porque, em seu ofuscamento espiritual, tudo o que conseguem enxergar são as exigências e as perdas envolvidas. Não obstante, os benefícios da vitória espiritual, advindos de se praticar a misericórdia para com os outros, ultrapassam a nossa capacidade de compreensão plena. Um amigo meu disse o seguinte: O Senhor parece próximo quando estamos cientes da carência à nossa volta. Se Ele parecer distante, será porque a necessidade dos outros não se tornou importante para você. A necessidade o coloca em contato com Cristo. Essa é a maneira de sermos como Jesus. Quando você sentir que Ele está longe, será porque aquilo de que o próximo precisa está morto em seu coração, e não existe jeito de senti-lo morto para o Senhor quando você estende a mão para os outros. Seguramente, descobri que isso é verdade. Um dos benefícios de ajudar os outros é que o Senhor Se aproxima. Por que é assim? Por uma única coisa: ao suprir necessidades, você passa a ser como uma luva preenchida pela mão em operação. Jesus enche sua vida e faz o que Ele ama realizar por seu intermédio. Você se interessa pelo Seu bem mais valioso: pessoas. Não quem ganhe mais a atenção de Deus do que aqueles que necessitam de algo. A pessoa cheia e usada pelo Espírito para suprir a necessidade dos outros anda na profundidade do poder espiritual. Discutiremos isso com mais detalhes em um capítulo posterior. Atingimos o conhecimento do Senhor fazendo o bem aos outros. O Pai celestial está nisso, e é o que Ele está fazendo. Além do que qualquer outra coisa, isso nos leva para perto dEle. Conforme João destacou, aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor (1 Jo 4.8 - ARA). Simplesmente, o fato é que conhecemos mais o Pai quando distribuímos o Seu amor aos outros. Também existe uma lei espiritual que tem efeito quando uma pessoa exerce misericórdia para com os outros. Paulo disse: Porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará (Gl 6.7b). Jesus


demonstrou da seguinte forma: E com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós (Mt 7.2b). A orientação é também para nós atualmente. De acordo com essa lei espiritual, se você não distribuir algo, não receberá coisa alguma. Se der pouco, pode esperar que receberá na mesma medida. Entretanto, se der tudo o que tem, você ficará em uma posição de receber em abundância. Como disse o nosso Mestre: Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos darão; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo (Lc 6.36,38). Essas palavras não foram ditas no contexto do ganho material proveniente de algum esquema para manipular Deus. O contexto inteiro dessa passagem refere-se a amar os outros e exercer a misericórdia. Você é abençoado quando vive para abençoar o próximo. É assim bem simples. Você terá bênçãos de muitas maneiras. O salmista revelou isso quando disse: Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre; o SENHOR o livrará no dia do mal. O SENHOR o livrará e o conservará em vida; será abençoado na terra, e tu não o entregarás à vontade de seus inimigos. O SENHOR o sustentará no leito da enfermidade; tu renovas a sua cama na doença (Sl 41.1-3). Como você põe uma etiqueta de preço nesse tipo de bênção? Nosso julgamento depende do que fazemos pelos outros. Jesus usou a ilustração das ovelhas e dos bodes para mostrar essa verdade. Aqueles mostrados como ovelhas alimentaram os famintos; deram de beber aos sedentos; mostraram hospitalidade ao estrangeiro; vestiram os nus; ajudaram os doentes e visitaram os prisioneiros. Os marcados como bodes não tiveram tempo para essas coisas. Sabemos, pela Bíblia, que as boas obras não nos garante lugar no Céu, contudo, parece muito claro que elas são frutos reveladores de uma pessoa realmente convertida. Por exemplo, considere o que Jesus disse: Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva a vida, e poucos há que a encontrem. Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Por seus frutos


os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade. Mateus 7.13-23 Mais tarde, Tiago retomou o assunto ao escrever sobre a fé salvadora: Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa sobre o juízo. Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartaivos; e lhes não derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. Tu crês que há um só Deus? Fazes bem; também os demônios o crêem e estremecem. Tiago 2.13-19 Não é por terem medo do inferno que os cristãos genuínos se envolvem com a necessidade dos outros, mas porque crêem. Assim, eles se doam em serviço às pessoas para ajudá-las.


Eles não consideram os benefícios de exercer a misericórdia nem as conseqüências da recusa em praticar a compaixão. São, simplesmente, compelidos pelo amor de Deus em seu interior. MISERICÓRDIA FALSA Mostramos bastante neste livro sobre a misericórdia e o que ela significa pela perspectiva bíblica. Agora, temos de deixar de lado as noções incorretas sobre o tema e não pensar mais nelas. Qualquer coisa feita em nome da misericórdia que ponha as necessidades temporais adiante das eternas não é de Deus. Quando Jesus estava dependurado na cruz, muitas pessoas tentaram persuadi-lO a descer de lá. Onde estaríamos hoje se elas tivessem conseguido? Acontece o mesmo atualmente. Algumas vezes, Deus trata Seus filhos com muito rigor. Depois, alguma alma bemintencionada aparece e, ao ver um irmão passando pela disciplina do Senhor, tenta persuadi-lo "a sair da cruz" que o Pai lhe deu para suportar. Um dos participantes do nosso programa residencial era muito cheio dessa falsa misericórdia. Durante o tratamento, Deus corrige os homens para o seu próprio bem. Os indivíduos nunca mudariam se não fosse por esse processo de correção. De fato, tal disciplina é a misericórdia do Pai celestial com relação a eles, mas aquele interno não agüentava ver os outros serem tratados pelo Onipotente com rigor. Por querer que todos tivessem a mesma felicidade superficial que ele tinha, não entendia o jeito do Senhor ajudar as pessoas por meio da adversidade. Assim, na carne, com seu jeito emocional, aquele homem sempre tentava colocar ataduras nas feridas que o Todo-Poderoso havia feito! Teve de ser ensinado que, algumas vezes, a misericórdia parece cruel, mas é exatamente o que a pessoa precisa naquela ocasião e, portanto, também é benignidade. Outro exemplo de falsa misericórdia é apiedar-se de alguém à custa dos outros. Houve uma ocasião nos Estados Unidos em que um assassino convicto era executado poucos dias após a sua condenação; às vezes, era inocente. Em nome da misericórdia, os ativistas abraçaram a causa de proibir que isso acontecesse e prolongaram o processo de alguns dias para cerca de dez anos. Agora, tais ativistas estão tentando eliminar completamente a pena capital pela suposição de que ela não impede a criminalidade. Naturalmente, ela não obstrui o crime! Tornaram tão difícil condenar um assassino, sentenciá-lo à morte e fazer com que a


execução realmente aconteça, que praticamente não têm mais medo da lei.

os

criminosos

comuns

Sim, é verdade, desde que os liberais tiveram acesso ao nosso sistema judiciário, poucos inocentes foram sentenciados por crimes. Mas, em troca desses beneficiados (que, geralmente, são criminosos no lugar errado e no momento errado), existem milhões de vítimas todos os dias no país, porque a criminalidade cresce de modo desenfreado. Os liberais impuseram suas idéias a tal ponto que os direitos dos criminosos excedem aos do inocente cidadão comum. Isso não é misericórdia. Teria sido piedade para todos se a Justiça pusesse medo naqueles que pensam em cometer um crime. Isso pode parecer duro demais, mas, realmente, é a misericórdia para todos os envolvidos. Outro exemplo de compaixão falsa é vista quando uma pessoa quer apaziguar uma manipulação pecaminosa. É misericórdia dar um brinquedo para um garoto porque ele teve uma explosão de raiva? Ou uma jovem casar-se com um homem que ela não ama porque ele ameaça cometer suicídio se ela não o fizer? Seria um ato misericordioso um conselheiro nos Ministérios Pure Life deixar um estudante seguir o próprio caminho, sabendo que isso iria prejudicálo? Naturalmente, a resposta a todas essas perguntas é não. A piedade supre necessidades, não o controle pecaminoso de alguém que, simplesmente, deseja fazer as coisas do próprio jeito. A seguinte canção de Ira B. Wilson daria uma oração maravilhosa: FAÇA DE MIM UMA BÊNÇÃO Nas estradas e atalhos da vida, Há muitos cansados e tristes; Leve a luz onde reinam as trevas, Faça dos sofredores pessoas felizes. A doce história de Cristo e do Seu amor Conte e fale do Seu poder de perdoar; Outros confiarão nEle se você provar Que é verdade todos os momentos da vida.


Dê como lhe foi dado ao precisar, Ame como o Mestre o amou; Dê ajuda aos desamparados, Seja você fiel à sua missão. CORO Faça de mim uma bênção, Faça de mim uma bênção, Em minha vida... Que Jesus brilhe; Faça de mim uma bênção, Ó Salvador, eu oro, Faça de mim uma bênção Para alguém no dia de hoje.2


Meditação para Hoje Se amamos o Senhor e nos damos a Ele, temos de nos dar ao mundo inteiro. De outra forma, estaríamos separando a nossa experiência com Deus da Sua grandeza e de Sua infinita presença e dedicando-nos ao nosso deleite particular. Um dos milagres santos que o amor faz é o de não conseguir parar, uma vez tendo realmente iniciado o seu caminho; espalha-se em círculos sempre crescentes até o mundo inteiro ser abarcado pelo Pai celestial. Começamos amando os mais próximos de nós, terminamos amando os que parecem mais distantes. À medida que nosso amor expandir-se, toda a nossa personalidade crescerá de modo lento, mas verdadeiro. Toda nova alma, tocada por nós com amor, irá ensinar-nos algo novo do Altíssimo. Um dos pensadores disse: "Deus não pode habitar em um coração estreito; nosso coração é tão grande quanto o nosso amor. Meditemos sobre isso e meçamos a nossa oração e nosso serviço comparados com a imensa generosidade do Supremo".1 Evelyn Underhill

Se você é devotado à causa da humanidade, logo ficará exausto e terá seu coração machucado pela ingratidão, mas, se a fonte do seu serviço for o amor por Jesus, você poderá servir aos homens, ainda que eles o tratem como um capacho de porta.2 Oswald Chambers

Onde você contemplar campos maduros, Acenando para Deus seus molhos dourados, Esteja certo de que algum grão de trigo morreu, Alguma alma santa foi crucificada, Alguém sofreu, chorou, orou e lutou Contra as legiões do inferno, sem esmorecer.3 A. S. Booth Clibborn


Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcanรงarรฃo misericรณrdia. Jesus Cristo - Mateus 5.7


Treze Aqueles que exercem a misericórdia Em um capítulo sobre a vida de pessoas que praticaram a misericórdia do Senhor, você saberá de histórias que resistiram ao tempo a respeito de grandes homens e mulheres de Deus. Certamente, há muitos exemplos daqueles que o Soberano levantou para suprirem alguma necessidade. Para a exótica Índia, impregnada das práticas ímpias do hinduísmo, Ele enviou William Carey, que passou ali 41 anos, traduzindo a Bíblia inteira em seis idiomas e porções dela em 29 outras línguas. Para a África, sinistra pela água infestada, pelos animais selvagens perigosos e pelas florestas que não estão no mapa, o Todo-Poderoso levantou David Livingstone, que passou a vida toda explorando o continente e evangelizando aquele povo. No último século, Deus enviou Madre Teresa aos cortiços de Calcutá; Jackie Pullinger aos viciados de Hong Kong; o Irmão André aos crentes esquecidos da Cortina de Ferro, e David Wilkerson para as gangues de Nova Iorque. Estes e outros foram levantados pelo Altíssimo para tocar com amor as pessoas necessitadas. Suas trajetórias expressam o melhor da vida cristã vitoriosa. Em vez de recontar as suas histórias bem-conhecidas, sinto o Senhor levando-me a compartilhar os relatos de certas pessoas que exercem a compaixão, as quais conheço pessoalmente. Compreendo a sabedoria disso. Em primeiro lugar, conheço de perto suas narrativas; não tenho de confiar na observação dos outros. Em segundo, e talvez o mais importante, eles não são "grandes homens e mulheres", mas indivíduos comuns, como você e eu, os quais Deus tocou. São pessoas com as quais podemos relacionar-nos. Você, provavelmente, jamais se relacionaria com alguém como Martinho Lutero, mas pode ter ligação com suas histórias. Tendo dito tudo isso, vejamos a vida de quatro homens e suas respectivas esposas, dispostos a serem usados pelo Senhor.

***


O ministério de Nelson Hinman durou 62 anos. Fui um dos poucos privilegiados a falar em seu jantar de aposentadoria em 1995. Não sabia que ele partiria para o amado Salvador um ano depois. Após servir em um cargo na Marinha, Nels começou a pregar como "o marinheiro evangelista". Logo ele foi requisitado em todo o país. Em 1944, pediram-lhe que fosse o pastor do famoso templo Betel em Sacramento, uma das maiores igrejas da Califórnia. Servindo lá, tornou-se capelão do Senado daquele Estado. Nels tinha uma personalidade carismática, mas sua mulher sabia como ele era por trás das portas fechadas. A pessoa que ela conhecia portava-se com freqüência de modo muito diferente do pastor amável que todos viam. O Pr. Hinman tinha um problema sério com a raiva. "Às vezes, eu ficava bravo com minha esposa. Alguém batia à porta e eu, instantaneamente, transformava-me na pessoa mais gentil que existia. Você não conseguiria perceber que, um minuto antes, eu estava em uma daquelas brigas horrorosas com minha mulher". Depois de 29 anos de casamento, a Sra. Hinman havia visto hipocrisia suficiente. Uma amargura turbulenta se formou aos poucos em seu coração. Certo dia, ele foi para casa, e ela simplesmente tinha desaparecido. Demorou um tempo até Nels descobrir que ela fugira com outro homem. Ninguém ficou mais chocado do que Nels. Ele andou tão iludido pelo seu comportamento, que nem sabia da existência de um problema no casamento deles. Alguns anos mais tarde, já no segundo casamento, ele descobriu que sua mulher também estava para deixá-lo e ficou perplexo. Foi quando um de seus amigos mais chegados lhe perguntou: "Já parou para pensar que o problema pode ser você?". Nels Hinman se propôs a encontrar a ajuda de que precisava, o que o levou até um homem chamado John Broger, um ex-oficial de inteligência da Marinha, que ensinava as pessoas a vencerem seus problemas por meio de princípios bíblicos. O sujeito fascinou Nels. Quanto mais estudava, mais esperança brotava em seu coração de que não apenas podia vencer o seu problema de raiva, como também as pessoas poderiam vencer qualquer dificuldade, usando os ensinamentos encontrados na Bíblia. A segunda mulher de Nels acabou morrendo. Foi quase na mesma época em que ele escreveu An answer to humanistic psychology [Uma resposta à psicologia humanista], publicado pela Harvest House. Nos anos seguintes, ele começou a ensinar técnicas


de aconselhamento bíblico em diferentes igrejas da Califórnia. Em Redding, ele se interessou por uma das suas estudantes, também viúva recente. Nels e Juanita se casaram em 1985. Dessa vez, ele foi um marido diferente. Qualquer um que passasse um tempo com aqueles dois sabia como Nels a tratava ternamente. Por exemplo, ele determinou que sua mulher nunca abriria uma porta se ele estivesse por perto. Essas pequenas gentilezas revelavam a mudança ocorrida em seu interior. Juanita jamais experimentou a ira que as duas primeiras esposas de Nels conheceram tão bem. Se ele não contasse abertamente sobre o que havia governado a sua vida anteriormente, ela nunca teria percebido. Mais tarde naquele ano, os recém-casados foram a Sacramento, convidados para falar em um programa diário de rádio da KFIA. O gerente geral da estação ficou tão impressionado com o que eles estavam ensinando, que lhes ofereceu uma hora diária naquela emissora. Foi criado o programa Heart Talk [Conversa do Coração]. Aqueles foram anos felizes para Nels e Juanita. Durante o dia, quando não estavam ensinando em uma escola bíblica local (que um ávido estudante chamado Steve Gallagher freqüentava) e no programa diário de entrevistas, os Hinmans dedicavam-se a longas horas de aconselhamento. Quando Nels se casou com Juanita, ela possuía uma poupança, que lhe dava uma sensação de segurança para a sua aposentadoria. Como nunca cobravam pelo aconselhamento, e as doações jamais cobriram as contas imensas do programa de rádio, eles gastaram rapidamente todas aquelas economias. Durante anos, viveram com pouquíssimo, para que pudessem ajudar os outros. O programa de rádio era bastante popular em Sacramento. Isso era evidente pela extensa lista de pessoas que queriam ser aconselhadas. Um dia, a secretária falou: "Você sabe que estamos agendando reuniões com três meses de antecedência?". Nels não aceitou isso: "É como ir ao hospital com um apêndice supurado e ter de voltar três meses depois!". Os Hinmans decidiram iniciar os cursos de casamento e a fazer com que a freqüência fosse obrigatória a todo casal que desejasse aconselhamento. O ensino era tão bom, que os problemas conjugais acabavam durante as seis semanas de aula.4 Encontrar espaço adequado para as aulas tornou-se um problema. As pessoas, frustradas com a falta de resultado da psicologia "cristã" convencional, ficavam fascinadas com os


conceitos bíblicos que elas ouviam. Logo, indivíduos de todo o norte da Califórnia passaram a freqüentar as aulas. Nels e Juanita também começaram a ensinar pessoas leigas a auxiliarem outros cristãos, usando a Palavra de Deus. Treinar outros para esse trabalho aliviou os Hinmans do fardo pesado daqueles que precisavam de orientação bíblica. Durante dez anos, apesar da oposição tremenda da comunidade cristã, Nels Hinman firmou sua crença de que a Bíblia deveria ser a única Fonte de respostas para os problemas das pessoas. O texto de 1 Coríntios 4.6, Não ir além do que está escrito, tornou-se o lema do programa. A programação, que levava ao ar o aconselhamento, ensinou às pessoas, todos os dias, que Deus era confiável para resolver as suas dificuldades. Não podemos saber o impacto pleno de Heart Talk na comunidade cristã de Sacramento. Muitas pessoas aprenderam a viver em vitória, aplicando os princípios e padrões bíblicos em seu cotidiano. Deus usou a vida misericordiosa de Nels Hinman de modo tremendo a fim de suprir a necessidade daqueles ao seu redor. Muitas pessoas agradecidas, presentes tanto no jantar de aposentadoria quanto em seu funeral, eram testemunhas reais de vidas transformadas e afetadas por seu amor pela verdade.

*** À primeira vista, a história de Dick Engel parece fora de propósito neste capítulo. Ele nunca esteve em tempo integral no ministério e, na verdade, não se vê sob esta perspectiva. Crescido na United Church of Christ [Igreja de Cristo Unida], Dick sempre assumiu que estava levando uma vida cristã. Quando se casou, ele e sua mulher, Kathy, começaram a freqüentar a mesma igreja, que era tudo o que ele conhecia. "Pouco depois que comecei a freqüentar aquela congregação, Kathy começou a ter experiências estranhas com Deus", conta ele. "Eu não entendia o que estava acontecendo, nem o nosso pastor". Sob intensa convicção do Espírito Santo, Kathy encontrou o Senhor, mas demorou quase um ano a que Dick percebesse a sua necessidade. Uma vez salvos, foram absorvidos pelas necessidades da igreja. "Deus nos deu um amor real pelas crianças. Ensinávamos na escola


dominical e nos envolvíamos totalmente com o grupo de jovens. Não demorou muito, ficamos totalmente comprometidos com os jovens". Com um coração sincero para o ministério, Kathy esperava que, um dia, juntos, eles pudessem pastorear uma igreja, mas Dick nunca se sentiu confortável com essa idéia. "Sempre quis estar no ministério de socorro. O pastor não pode fazer tudo sozinho. Ele precisa de gente disposta a ajudá-lo. Prefiro estar nos bastidores, fazendo o que puder para ajudar". Dick e Kathy acabaram indo para Cincinnati. Kathy trabalhava como enfermeira diplomada, e Dick, como gerente de uma fábrica de molduras para quadros de Florence, Kentucky. Foi assim que nós, do Pure Life Ministries [Ministérios Vida Pura], encontramos Dick. Os homens do programa de residência Pure Life têm empregos externos durante a sua permanência de seis meses. A maioria consegue trabalho nas agências locais de serviço temporário, com as quais estabelecemos relações. Um empregador os chama pedindo trabalhadores, e a agência temporária recebe uma taxa para cada pessoa aceita. Durante anos, trabalhamos com muitos empregadores, mas nunca com alguém como Dick Engel. "Quando eu chamava Dick e lhe contava sobre um rapaz que precisava de colocação, eu era totalmente honesto com ele sobre os problemas que tivemos com a pessoa", relatou-me um dos nossos conselheiros. "A maioria dos que enviamos é de homens que ninguém mais contrataria. Ele nunca recusou aqueles rapazes". Muitos que estão no programa de residência possuem um passado típico, de trabalho. Tiveram empregos a vida toda, e serem contratados por uma agência temporária não é problema. Às vezes, entretanto, surgem casos difíceis: aqueles que, por várias razões, não conseguem firmar-se no trabalho; rapazes com dificuldade em se relacionar com outras pessoas; outros que não conseguem trabalhar muito por causa de alguma limitação física; alguém que tem problema em compreender ordens simples. Todas as vezes que tivemos uma pessoa difícil de ser recolocado no mercado de trabalho, Dick Engel estava disposto a contratá-la. Mas não termina aqui. Não apenas ele tem-se disposto a contratar esses casos complicados, como também se envolve na vida de cada um. "Algo de que gosto no Dick é que o interesse pelos problemas dos rapazes sempre vem na frente dos negócios", compartilhou o nosso conselheiro. "Se tivesse de tomar uma decisão


sobre um dos rapazes, sempre nos chamava primeiro, para saber se não teria um efeito prejudicial na vida da pessoa". Sua paciência com pessoas difíceis é quase lendária em Pure Life. Alguns daqueles que mandamos não se relacionava bem com os outros. Dick dá boas-vindas com os braços abertos de um pai amoroso e trabalha com eles, disposto a ser paciente com os mais problemáticos. Não é que ele esteja apenas disposto a aceitar e tolerar os casos complicados, mas ele nos chama e pede por eles! Há ocasiões em que nossos rapazes têm confrontos de personalidade no emprego. Dick permanece sereno. Ele, simplesmente, reúne os homens e conversa com eles. Dick possui uma habilidade real de trazer a paz até nas situações mais tensas. É uma presença tranqüilizadora no local de trabalho. Os rapazes confiam nele. Dick Engel é um homem muito singular. O que o faz especial é sua disposição em amar as pessoas como o Senhor o amou.

*** Robert Carrillo experimentou uma das transformações mais radicais que já vi em todos os meus anos de ministério. Casado e com quatro filhos, Robert era um drogado sem esperanças, em Sacramento. Seu vício o fez tão egoísta, que ele seria capaz de roubar o dinheiro do seguro-desemprego e o vale-refeição da mulher para comprar drogas, deixando-a procurar comida no lixo para alimentar as crianças. Certa ocasião, ao dirigir sua motocicleta pela rua, Robert foi multado por velocidade. Quando o guarda enviou a mensagem por rádio para o despachante, este respondeu que Robert tinha sete ordens de prisão. O policial sabia que tinha nas mãos um mau caráter. O guarda, que era cristão, preparava-se para prender Robert, quando o Senhor falou-lhe que não o prendesse, mas lhe falasse de Jesus. Antes de terminar o encontro, Robert havia entregado a vida a Cristo. Mais tarde, o policial levou Robert para a maior igreja da área, Trinity Church, em Sacramento. Por coincidência, um evangelista convidado falava sobre ministrar aos sem-teto. Robert entendia o que era ficar sem casa, porque tinha estado sem abrigo muitas vezes na vida. Os que participaram da conferência passaram o sábado alimentando mendigos congregados no bairro pobre. Depois que a


conferência terminou, o evangelista deixou a cidade, rumo ao seu próximo destino. Para Robert, contudo, era apenas o começo. Na manhã seguinte, ele voltou ao bairro pobre, reuniu 22 homens e levou-os para o luxuoso santuário da Trinity Church. O pessoal da igreja ficou chocado. Os homens eram rudes, malcheirosos e com a aparência em desordem. À noite, quando chegou a hora de Robert levar os homens de volta para o bairro pobre, ele não conseguiu. Olhou para Beverly, sua mulher, para lhe contar o problema, mas Deus já havia falado com ela. "Eu sei, Robert, o Senhor já me disse. Você está trazendo os homens para casa". Naquela noite, Robert levou os 22 homens para o seu apartamento de dois quartos. As crianças dormiram no quarto dos pais, e os homens em algum lugar onde havia espaço. O ministério Lord's House [A Casa do Senhor] para os desabrigados começou naquela noite. Nos vários anos seguintes, o Pr. Leroy Lebeck de Trinity teve muito o que fazer. "Quando esses homens começaram a seguir o Senhor, quase sempre a velha natureza se manifestava e havia brigas, às vezes de faca, no estacionamento da igreja. Comecei a me perguntar em que nos havíamos metido e se não precisávamos de seguranças na igreja, em vez de diáconos". O próprio Robert se envolveu em 13 brigas na igreja durante os primeiros anos de ministério. Nisso tudo, o Pr. Lebeck ficou perto de Robert, mesmo quando alguns estavam pedindo que ele o expulsasse da igreja. Depois da última briga, Robert foi até o pastor e confessou que tinha acabado de brigar novamente. "Robert, você o matou?". "Não, não foi tão ruim desta vez". "Bem, as coisas estão melhorando". Antes disso, Robert e Bev começaram a freqüentar as aulas de aconselhamento de Nels e Juanita Hinman. Gradualmente, graças à paciência da equipe de Trinity, à ajuda pessoal dos Hinmans e à obra do Espírito Santo, Robert e Bev começaram a mudar. Hoje, o ministério Carrillo fornece 15 mil refeições por mês. Dão oito mil dessas refeições para os que ficam temporariamente no bairro pobre. Centenas de caixas de comida são feitas para as famílias trabalhadoras; "assim, elas podem comprar roupas para seus filhos e outras coisas que, normalmente, não poderiam


comprar". Além disso tudo, eles têm um programa de discipulado em uma mansão reformada no centro da cidade. "Nosso objetivo", diz Bev, "é compartilhar com os outros, assim como foi compartilhado conosco no passado, e ensinar-lhes a importância do amor de Cristo". Seguramente, a vida de Robert e Beverly Carrillo é um exemplo brilhante de como Deus distribui Sua misericórdia para os necessitados deste mundo.

*** Jimmy Jack cresceu em uma família grande, problemática, em Long Island, Nova Iorque. Quando entrou no Ensino Médio, usava drogas pesadas e tinha cinco condenações por crimes graves. Nos vários anos seguintes, Jimmy tentou satisfazer a fome insaciável do seu vício. Certa noite, isso quase terminou em tragédia. "Meu melhor amigo, Billy, e eu fomos ao Lower East Side de Manhattan e compramos quatro sacos de heroína. Aspirei um saco e, depois, segurei o braço do Billy enquanto ele injetava três sacos. Billy tomou uma dose excessiva, e a vida começou a deixá-lo. Tentei de tudo o que podia para salvá-lo, mas não adiantou. A única coisa que sobrou foi gritar para Deus. Então, clamei ao Senhor e, milagrosamente, uns paramédicos vieram não sei de onde. Começaram a fazer ressuscitação cardio-pulmonar, tentando salválo. Eu os ouvi dizer: "'Ele se foi'. Implorei para que continuassem trabalhando, enquanto eu me ajoelhava ao lado do carro e gritava em voz alta: 'Ó Deus, salva o Billy, e entregarei a minha vida inteira para Ti'. De repente, ele ressuscitou!". Embora tivesse prometido entregar a vida para Jesus, Jimmy continuou no mesmo caminho. Totalmente envergonhado pelo seu voto não-cumprido, ele tentava acalmar sua consciência com mais drogas. As coisas pioraram. Certa ocasião, alguém roubou a van em que ele morava. Ela continha tudo o que ele possuía. Sentindo que não daria mais para agüentar, Jimmy saiu e se drogou com crack, acabando em um bar da redondeza. Não demorou a que os efeitos do álcool também se manifestassem. Sua depressão virou raiva. Do outro lado do bar, estava sentado um outro camarada que não estava bem e também mostrou uma certa atitude. Os dois, então, olharam-se com ódio. Jimmy estava carregando uma chave de fenda afiada e andou na direção do homem para apunhalá-lo. De


repente, um velho amigo chamado George entrou e viu o que estava acontecendo. Ele correu para Jimmy e prendeu seus braços, advertindo-o a não "fazer nenhuma idiotice". Jimmy se rendeu, e George o levou para o Centro do Desafio Jovem, uma instituição para drogados. Depois de três meses no programa, Jimmy se casou com sua namorada, Miriam, e eles foram para uma escola bíblica da Assembléia de Deus. Depois da formatura em 1989, Jimmy voltou a Nova Iorque e fundou o Desafio Jovem de Long Island. Desde então, o ministério se expandiu, incluindo uma igreja de 500 pessoas, um lar que abriga 30 homens e uma casa para 15 mulheres. Mas a história real de Jimmy Jack não se encontra no tamanho do ministério, mas na medida do seu coração. "Jimmy Jack nunca desiste de uma pessoa", declara Jeff Colon, diretor do programa residencial de Pure Life. "Ele está sempre disposto a cooperar comigo". Jeff deve saber, tendo passado pelo seu programa antes de vir a Pure Life. "Ele está constantemente envolvido com os problemas dos outros. Tem um amor tão grande pelas pessoas, que está disposto a fazer o que for necessário para ajudá-las. Não importa o quanto isso lhe custe". Isso significou muito para a mulher de Jess, Rose, a qual, freqüentemente, chamava Jimmy e Miriam no meio da noite, por causa dos problemas de Jeff com o vício das drogas. "Não importava a hora do dia ou da noite. Eu, sabia que, quando chamasse, eles não iriam achar que eu os estava incomodando", lembra-se Rose. "Estavam ali para me ajudar". Outro exemplo do cuidado de Jimmy pelas pessoas é visto nas cruzadas de rua que ele organiza na área dos guetos, no verão. "Às vezes, a atmosfera estava carregada de hostilidade", lembra Jeff. "Houve ocasiões em que as pessoas até atiraram garrafas no Jimmy enquanto ele estava pregando, mas ele é do tipo que ignora o ódio delas. Simplesmente, continua a lhes dizer que elas precisam de Jesus". A vida de Jimmy e Miriam Jack é um exemplo adicional que ilustra como Deus distribui Seu amor, usando vasos de misericórdia para auxiliar aqueles considerados pelas demais pessoas impossíveis de se amar.

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Na verdade, esses santos preciosos são exemplos da vida de vitória disponível ao crente. O cristianismo se manifesta por suas obras exteriores, mas existe um outro aspecto da vida de misericórdia que ninguém vê, a não ser Deus.

Meditação para Hoje Se você conseguir derrotar o diabo na questão da oração diária, constante, poderá derrotá-lo em todos os aspectos. Se ele puder vencer você ali, conseguirá derrubá-lo em qualquer área. Anônimo

A oração cobra e é exigente. Orar significa persistência. Oração quer dizer negar o eu, uma morte diária por escolha [...]. No entanto, entregaríamos ao Senhor algo que não nos custe algo? Teremos de sacrificar coisas preciosas em nossa vida, se formos aprender a grande arte da intercessão.1 Leonard Ravenhill

Diz-se, freqüentemente, que a oração é a maior força do Universo. Não é exagero. Ela suporta a repetição constante. Nessa era atômica, quando estão sendo liberadas forças que espantam o pensamento e a imaginação do homem, é bom lembrar que a oração transcende todas as forças.2 F. J. Huegel

Como somente a luz branca do poder do Calvário pode dissipar as obras negras das trevas, as únicas pessoas que têm condições de mudar as circunstâncias de frieza e reverter a onda do mal que passa dos limites são aquelas que oram em Nome de Jesus. Mas a preguiça é a marca de identificação da raça de Adão, no que diz respeito à responsabilidade espiritual. Optamos antes por culpar Deus em vez de confiarmos nEle; reclamar dEle, em lugar de invocá-lO. Quantos de nós optaríamos por acusar o Todo-Poderoso de negligência quando o maligno vem contra nós, em vez de convidar Sua onipotência a expulsar o obreiro do inferno?3 Jack Hayford


Catorze A oração da misericórdia Kathy e eu somos muito diferentes em termos de personalidade. Ela tem o coração radiante e divertido, enquanto sou propenso a ser sério e trabalhador. Ela é uma pessoa voltada para as pessoas, e eu fico feliz dentro de uma sala, em algum lugar, com um computador. Ela é estável e equilibrada; eu sou motivado, forte e, algumas vezes, afobado. Entretanto, não há lugar em que as diferenças em nossas personalidades sejam mais notórias do que na nossa vida de oração. Sou do tipo que "caminha enquanto ora". Nos últimos 15 anos, andei quase 20 mil quilômetros em oração. É muita sola de sapato! Andei entre os bancos das igrejas, para cima e para baixo, nas ruas escuras de madrugada, em parques, em cursos de golfe, nos bosques, nos pastos e em centros comerciais. Quando estou no país, levanto cedo, tomo café enquanto estudo a Bíblia e, depois, saio para a minha caminhada costumeira de oração. Para mim, é a forma mais fácil de me ligar a Deus. A vida de oração de Kathy se desenvolveu de um jeito diferente. Todo dia, ela se senta na cama e escreve suas orações em um pequeno fichário. Ao longo dos anos, as páginas se acumularam a ponto de encher toda uma caixa. Ela não parece querer jogá-las fora! Quando vi a caixa de orações, ocorreu-me o quanto elas são preciosas para Deus. Aprendemos no Apocalipse que, quando o sétimo selo for quebrado, as orações dos santos serão derramadas sobre o altar de ouro em frente ao trono e, junto ao incenso que queima, subirão diante do Pai. Na Bíblia, aroma e fragrância são sempre símbolos de sacrifício. Isso é muito precioso aos olhos do Senhor. A oração que traz muito benefício no céu é sacrificial por natureza. Se oferecer misericórdia é suprir as necessidades de outro, então, a oração de compaixão é o apelo para o Altíssimo prover aquilo de que uma pessoa precisa, para a qual não obtemos recursos por nós mesmos. Vamos ao Supremo em favor do outro, pedindoLhe que atenda às necessidades daquela pessoa conforme Ele achar adequado.


ORANDO COM AUTORIDADE O segredo da oração respondida é orar de acordo com a vontade de Deus. Jesus assegurou: Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei. Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. João 14.12-15 Quando Cristo disse que faria tudo o que fosse pedido em Seu Nome, isso significa que posso pedir que um carro seja entregue na porta da frente da minha casa? Descobrimos, por meio das orações não-respondidas, que existe algo mais no princípio da oração em Nome dEle do que simplesmente encerrar nossas súplicas com a expressão: em Nome de Jesus. O que significa orar dessa forma? Parece que os Ministérios Pure Life sempre estiveram envolvidos com projetos de edificação. Somente nos primeiros cinco anos, geralmente com uma equipe de três ou quatro obreiros de uma vez, construímos sete edifícios, dois celeiros e montamos dois trailers. Posso dizer que foi tudo feito com pouco dinheiro no bolso, pouca ajuda e um grão de mostarda de fé. Houve ocasiões em que um dos nossos rapazes precisava ir até a cidade comprar alguns materiais. Geralmente, quando isso acontecia, eu o enviava à loja com um cheque assinado para adquirir o necessário. Tudo o que ele tinha a fazer era preencher a quantia. Com freqüência, nem sei o que ele ia comprar. Esta é uma boa ilustração de pedir algo ao Pai em Nome de Jesus. Foi-nos dado um "cheque" em branco com a assinatura de Jesus Cristo. Esse documento nos autoriza a comprar aquilo de que precisamos para o projeto no qual estamos trabalhando. O "cheque" é aceito, não por causa da nossa confiabilidade, mas porque aquela assinatura é respeitada. Se eu mandar um dos meus obreiros comprar tinta, o pagamento é aprovado, não porque o obreiro é


conhecido, mas porque se sabe que os Ministérios Pure Life honrarão aquele compromisso. Da mesma forma, é pelo Nome de Jesus que nossas petições são marcadas com o selo aprovadas ao serem apresentadas no Céu. É por causa do respeito pelo Nome que aparece tal assentimento nos pedidos, não pelo nosso mérito. O que você acha que aconteceria se um dos nossos obreiros aparecesse em uma loja de departamentos e, em vez de comprar tinta, entrasse em uma farra e comprasse roupas, equipamentos esportivos, sapatos finos, uma televisão e um aparelho de DVD? Você acha que o empregado da loja não suspeitaria? O Nome de Jesus significa que vamos para a loja do Céu adquirir o que Ele nos mandou comprar. Estamos orando conforme a Sua vontade. João disse: E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos (1 Jo 5.14,15). Qual é o desejo do Senhor? Que as necessidades do próximo sejam supridas. Você nunca errará se clamar pelo que os outros precisam! Entretanto, o mesmo não pode ser dito sobre as orações egocêntricas. Tiago exemplificou: Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites (Tg 4.3). INTERVENÇÃO NA CRISE Intercessão significa ir ao Pai, intervindo em favor do próximo. A descrição real disso é a de um advogado de defesa que vai até o juiz representando seu cliente; ou melhor, representa, com os próprios recursos, as pessoas pobres, porque elas não têm como pagar a ele. Aquele profissional vê a necessidade e aceita a responsabilidade daquele caso. Uma vez que concorde em aceitar o processo, ele compromete-se a levar a cabo a tarefa e faz tudo, dentro das suas possibilidades, para defender adequadamente o seu cliente, tomando para si o problema. Suponha que um artista trapaceiro e falante, o qual ficou rico enganando os que não desconfiavam dele, tenha roubado a poupança da vida inteira de um casal de idosos. O advogado sente compaixão por eles e concorda em assumir a ação sem cobrar. Ele faz todo o trabalho de coleta de dados, encontra o trapaceiro e localiza a conta bancária onde ele depositou o dinheiro. O profissional põe o seu coração na causa. Sua generosidade pelo casal compele-o a tratar do caso como se estivesse ganhando muito


dinheiro. Essas atitudes, naturalmente, são de misericórdia a fim suprir a necessidade de alguém. Existe um outro elemento crucial nessa história: o juiz. Nesse cenário, ele é um homem idoso, benevolente, que também sente compaixão pelo casal, pois compreende a questão e está comprometido em ver a justiça ser feita nesse caso. Assim, para ter certeza de que o advogado não pedirá uma compensação pequena demais para o casal, ele, secreta e sutilmente, faz o advogado saber que é muito receptivo àquele processo. Naturalmente, não seria ético chegar logo e dizer isso, mas ele cuida para que o advogado perceba. Quando, finalmente, o advogado é capaz de ir diante do juiz reclamar pelos danos, você acha que ele ficará satisfeito ao receber o mínimo para essas pessoas? Não! Ele apresentará a causa ao juiz, requerendo uma indenização considerável. O conhecimento prévio das boas intenções do juiz motiva aquele profissional e lhe dá, na corte, a confiança de que precisa. Ao orarmos pelos problemas de outra pessoa, tornamo-nos, em essência, seu conselheiro legal. Intercedemos porque vemos a sua necessidade e sentimos compaixão por ela. Tal sentimento nos move a buscar o Pai celestial em benefício dela várias vezes se necessário. Não descansamos enquanto não vemos aquela necessidade suprida. Diante de Deus, não buscamos uma pequena resposta, mas queremos uma grande solução! O Senhor nos diz que Ele olha muito favoravelmente para os pedidos que chegam por intermédio de Jesus em prol dos necessitados. Não vamos diante do Todo-Poderoso esperando uma colher de sobremesa de águas vivas, mas, sim, um dilúvio! ANATOMIA DA ORAÇÃO DE INTERCESSÃO Certo dia, os discípulos pediram a Jesus que lhes ensinasse a orar. Depois de compartilhar com eles a oração do Senhor — o PaiNosso, que é toda misericórdia —, Ele contou-lhes uma história. Disse-lhes também: Qual de vós terá um amigo e, se for procurá-lo à meia-noite, lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois que um amigo meu chegou a minha casa, vindo de caminho, e não tenho o que apresentar-lhe; se ele, respondendo de dentro, disser: Não me importunes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso


levantar-me para tos dar. Digo-vos que, ainda que se não levante a dar-lhos por ser seu amigo, levantarse-á, todavia, por causa da sua importunação e lhe dará tudo o que houver mister. Lucas 11.5-8 Trata-se de uma descrição maravilhosa de como as orações são respondidas no Reino de Deus. Há seis pontos diferentes para serem extraídos desse texto. Primeiro, a pessoa que vai até o vizinho é um amigo. Não somos chamados para salvar o mundo inteiro. É-nos pedido tomar os fardos daqueles que entram em nossa vida com necessidades. Se a pessoa for realmente um amigo ou apenas alguém que conhecemos, não importa. Quando investimos na vida dos nossos semelhantes, suas dificuldades, suas aflições, suas esperanças e seus sonhos tornam-se nossos. Assim como o bom samaritano, nós nos envolvemos, em vez de atravessar para o outro lado da estrada como os líderes religiosos antipáticos. Segundo, vemos uma necessidade urgente. Seguindo a rota que Paulo fazia freqüentemente, um amigo ministro e eu viajamos pela Turquia, em um carro alugado, a caminho da antiga cidade de Listra. Deixamos Icônio quando o sol se punha e nos dirigimos para uma aldeia chamada Hatunsaray. Sabíamos pelos livros que Listra nada mais era do que uma colina, localizada a alguns quilômetros de uma pequena aldeia turca, mas queríamos ver a área de qualquer forma. Nosso nível de ansiedade aumentou quando vimos o sol começando a se pôr atrás das colinas da Psídia. Finalmente, pouco antes do pôr-do-sol, chegamos a Hatunsaray e encontramos apenas um rebanho de ovelhas andando lentamente na rua principal da cidade. Relutantemente, ficamos em fila atrás delas, resignados com o fato de que não iríamos ver Listra naquela noite. Quando nos movíamos a passos de tartaruga, notamos um homem do lugar em pé, ao lado da estrada. Tentei perguntar onde era Listra, mas ele somente lançou um olhar indagador às minhas tentativas de me comunicar com ele. "Lis-tra?", perguntei. Ele encolheu os ombros. Finalmente, um olhar animador apareceu no seu rosto, e ele exclamou: "Lis-tra?". "Sim! Sim", exclamei. Ajeitando-se para entrar no carro, ele pulou para o banco traseiro e nos levou ao que tinha sobrado de Listra. Tínhamos lanternas, mas logo descobrimos que lá realmente


não havia muita coisa para ver. Voltamos para a aldeia, satisfeitos porque havíamos feito o possível para visitar o local onde Timóteo cresceu e Paulo foi apedrejado. Quando voltamos para a aldeia, o homem nos convidou para bebermos chá com ele. No restante daquela noite, os homens da aldeia nos recepcionaram como reis. Eles nos deram comida, chá e nos trataram como velhos amigos perdidos. Passamos a noite na casa de um dos líderes locais. Na cultura do Oriente, se um viajante aparecer em sua casa, você fará o possível para fazê-lo sentir-se bem-vindo. Você lhe dará comida e um lugar para dormir. Uma vez que ele chegue à sua residência, as necessidades dele são de sua responsabilidade. Na história de Cristo, o anfitrião entende o seu dever. O convidado tem de ser alimentado, mas não existe comida na casa. Com grande embaraço, ele sai nas ruas da cidade, determinado a encontrar alimento para o visitante. O ponto de vista de Jesus é que existe uma grande urgência em suprir os necessitados. Jack Hayford salienta isso: Jesus disse que a audácia foi a razão pela qual o homem que buscava resolver um problema à meianoite conseguiu aquilo de que precisava. Não a sua reverência, nem sua pouca sensibilidade por causa da hora, não pelo cuidado, nem pelo seu respeito à propriedade, mas pela sua ousada falta de vergonha. Realmente, pela sua ousadia. Não é o atrevimento de um espertalhão fazendo exigências, mas a presteza de uma pessoa que está tão ciente da necessidade, que abandona o protocolo normal.4 Terceiro, vemos por que ele bateu à porta do seu vizinho com uma persistência canina: pela incapacidade de atender à necessidade por si mesmo. Se ele tivesse comida em casa, não teria razão para pedir. Mas, como não podia suprir sozinho aquilo de que precisava, teve de sair e encontrar alguém que pudesse provê-lo. Não possuir os recursos próprios para suprir aquilo de que os outros necessitam nos faz orar a favor deles. Algumas vezes, podemos ajudá-los com nossas habilidades e nossos esforços. Foi o


que vimos nos dois capítulos anteriores. No entanto, há algumas necessidades que, simplesmente, não temos condições de suprir sozinhos; precisamos recorrer ao Juiz benevolente, que tem, por Si mesmo, compaixão pela pessoa com dificuldade. Quarto, o anfitrião desejava sacrificar-se para suprir a necessidade do seu convidado. Você acha que ele estava animado em sair da cama, no meio da noite, para bater à porta de um vizinho insensível? Claro que não! Ele fez isso porque a alternativa de não suprir a necessidade não era uma opção. Uma manifestação de vida de vitória é quando as dificuldades dos outros pesam mais do que os nossos confortos e desejos. Que espécie de cristão uma pessoa seria se nunca aprendesse a pôr os problemas dos outros na frente dos próprios? Certamente, seria qualquer coisa, menos vitorioso. Quinto, a história ensina que ele foi até a porta de um amigo. Tal relacionamento já estava estabelecido. Quando buscamos o Senhor em benefício dos outros, esperamos uma resposta, porque sabemos como é o Pai. Ele é compassivo, mesmo que O acordem no meio da noite. Assim como no caso do nosso juiz benevolente, é importante que vejamos a abundância no coração de Deus. Não nos achegamos ao TodoPoderoso esperando migalhas de pão velho ressecado, mas um banquete. O Supremo quer derramar bênçãos. A combinação certa da necessidade e dos pedidos permite que Ele faça isso. Finalmente, devemos ver a importância das batidas incansáveis à porta da sala do trono. Deus está procurando aqueles que não serão recusados ou mandados embora, e nem mesmo aceitarão um não como resposta. Ele ama ouvir batidas naquela porta! Note o que Ele diz aos judeus pelo profeta Isaías: Ó Jerusalém! Sobre os teus muros pus guardas, que todo o dia e toda a noite se não calarão; ó vós que fazeis menção do SENHOR, não haja silêncio em vós, nem estejais em silêncio, até que confirme e até que ponha a Jerusalém por louvor na terra. Isaías 62.6,7 Devemos parar de pensar que Deus tem de ser convencido do bem. Algo tão precioso como uma alma não será ganho facilmente. Uma guerra muito real é empreendida por aquela vida. Muita oração é necessária para se apropriar das misericórdias divinas, as quais


suprem as necessidades da pessoa. Sempre que orarmos, o Senhor responderá. A ORAÇÃO DA MISERICÓRDIA Aprendi uma oração, a qual pode ajudar aqueles que desejam, por meio da intercessão, sustentar outros que estejam desprovidos de estrutura para fazer isso. "Senhor, inunda aquela pessoa em quem eu estou pensando com as misericórdias para suprir as necessidades".5 Temos visto como é a misericórdia do sistema de suprimento de Deus no que diz respeito à necessidade das pessoas. Apenas o Criador entende o que está no coração de um homem e conhece o que uma alma precisa. Podemos ver alguns problemas e achar que sabemos orar, mas, geralmente, é melhor levar a pessoa até o trono do Altíssimo e confiar ao Senhor o que for necessário. Quando oramos para que Ele envie as Suas misericórdias à situação de alguém, estamos pedindo que o Pai supra o que for preciso conforme a Sua visão. Assim como o remédio percorre o organismo de alguém combatendo um vírus, ao orarmos dessa forma, abrimos a comporta das benevolências celestiais para que elas entrem na vida daquele indivíduo. As misericórdias procurarão destruir qualquer coisa que esteja trazendo dano ao bem-estar da pessoa. Ao intercedermos pela misericórdia de Deus e por Sua bênção na vida de alguém, nós nos alinhamos com o Senhor. A Bíblia diz que Satanás é o acusador de nossos irmãos (Ap 12.10), no entanto, Jesus está vivendo sempre para interceder por nós (Hb 7.25; 9.24). A realidade das nossas palavras é que, quando fofocamos, criticamos ou diminuímos os outros, nós os amaldiçoamos e agimos no mesmo espírito em que o diabo está. Por outro lado, quando encorajamos o próximo, edificamo-lo ou intercedemos em seu favor, colocamo-nos no Espírito em que Jesus Se encontra: o da bênção. Duas pessoas diante do trono; dois espíritos dos quais podemos partilhar. Quando oramos pelos outros, queremos que o Senhor os abençoe abundantemente. Lembra-se do juiz benevolente? Não ficaremos contentes com um chuvisco ligeiro: queremos um transbordar! Não vamos à sala do trono procurando uma gota, queremos inundações. Não estamos pensando em um pouco de misericórdia para a necessidade deles, estamos buscando um oceano. Nosso Deus é de abundância, e esse é o tipo de resposta que esperamos em benefício dos nossos amados.


À medida que cresce a nossa vida de intercessão, nós nos achamos orando por pessoas com as quais entramos em contato durante o dia. "Senhor, inunda aquela moça do caixa do supermercado com as Tuas misericórdias. Supre suas necessidades conforme Tu as vês". Quando somos tentados a nos zangar, imediatamente, começamos a orar, cumprindo assim o mandamento de Jesus: Bendizei os que vos maldizem e orai pelos que vos caluniam (Lc 6.28). Se um homem cristão vê uma moça pouco vestida, em vez de tentar lutar contra a luxúria pela própria força, deve praticar a misericórdia para com ela por meio da oração, limpando, portanto, o seu coração (Lc 11.41). Seu mundo interior, tão acostumado à crítica, luxúria, ira, ao ressentimento e à inveja, gradualmente, irá transformar-se em uma fonte de bênção. A NECESSIDADE DA HORA A maior carência de hoje no Corpo de Cristo é de crentes que saibam interceder pelos outros. Não há compaixão tão grande, nem gesto tão altruísta, tampouco ato capaz de realizar mais pelos outros do que a intercessão. Apesar de toda a honra dada por nós para as figuras da mídia do país, não existe um chamado mais elevado na Igreja Cristã do que o da intercessão. Durante os dias mais tenebrosos da história de Israel, eles tinham problemas para encontrar intercessores. Isaías descreve que o Senhor viu que ninguém havia e maravilhou-se de que não houvesse um intercessor (Is 59.16a). No livro de Ezequiel, o Senhor disse: E busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro e estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei (Ez 22.30). Que trágico! As imagens vividas de Lamentações, de mães cozinhando seus próprios bebês e da matança "por atacado" pelos babilônios, dão uma idéia das repercussões daquela falta. Será que, na América, enfrentamos a mesma devastação porque Deus não consegue encontrar pessoas dispostas a ficar na brecha pelos necessitados? Possivelmente sim. Eis o que Andrew Murray disse sobre a procura de Deus por intercessores: Deus busca intercessores. Existe um mundo de milhões de seres humanos perecendo, tendo na intercessão sua única esperança. Tanto amor e tanta obra são comparativamente vãos, porque existe pouquíssima intercessão. Há milhões de pessoas vivendo como se nunca tivesse existido um Filho de Deus para morrer por eles. Todos


os anos, multidões passam para as trevas exteriores sem esperança. Uma quantidade imensa de cristãos leva esse nome, mas a grande maioria vive na ignorância ou indiferença total. Muitos cristãos fracos, doentes, e milhares de obreiros exaustos poderiam ser abençoados pela intercessão, o que iria ajudá-los a se tornarem também poderosos nesse tipo de oração. Igrejas e missões sacrificam a vida e o trabalho com poucos resultados e, freqüentemente, têm falta do poder da intercessão. Almas, mais valiosas que os mundos, as quais valem nada menos do que o preço pago por elas no sangue de Cristo, estão ao alcance do poder que pode ser conquistado na intercessão. Seguramente, não concebemos a magnitude da obra a ser feita pelos intercessores de Deus, ou então devemos clamar para que, acima de tudo, Ele nos dê o espírito de intercessão. O Pai celestial busca intercessores. Existe um Senhor de glória capaz de suprir todas estas necessidades. Sabemos que Ele Se deleita na misericórdia e aguarda para dar graça, assim como também deseja derramar as Suas bênçãos. Temos conhecimento de que Seu amor, capaz de entregar o próprio Filho à morte, é o mesmo que, a cada momento, flutua sobre cada ser humano. Contudo, Ele parece não ajudar, e as pessoas perecem. É como se o Altíssimo não Se movesse. Já que Ele nos ama tanto e deseja abençoar, deve haver alguma razão inescrutável para a Sua demora. Qual seria esse motivo? Segundo a Bíblia, a causa é a incredulidade e a conseqüente infidelidade do povo de Deus. Mesmo assim, o Todo-Poderoso elevou essas pessoas à parceria com Ele mesmo. Ao honrar a Igreja e comprometer-Se com ela, Ele fez de suas orações as medidas padrões da operação do Seu poder. Ausência de intercessão é uma das razões principais para a falta de bênção. Ó, que desviemos nossos olhos e corações de tudo o mais, e os fixemos neste Ser Supremo que ouve as súplicas! Deixemos que a magnificência das Suas promessas, do Seu poder e desse propósito de amor nos inunde!6


PARTE QUATRO OS FRUTOS DA VIDA DE VITÓRIA

Meditação para Hoje A guerra é uma coisa horrorosa, mas pior ainda é a situação decaída e degradada da moral e do sentimento patriótico, ao achar que nada compensa uma guerra [...]. Um homem sem algo pelo qual queira lutar, que não se importe com nada mais além de sua segurança pessoal, é uma criatura miserável. Ele não tem chance de ser livre, senão ao ser transformado e mantido dessa forma pelos esforços de homens melhores do que ele.1 John Stuart Mill

Você deseja realmente ver o poder divino em ação? Então, jogue fora as suas noções humanas de poder e veja a maneira pela qual Cristo viveu e morreu.2 Edmund A. Steimle

O Espírito Santo é Deus residente na terra. Todo poder divino reside nEle. O Senhor está procurando aqueles que sejam honestos o suficiente para receberem em confiança a autoridade que podem receber. Eles somente a usarão para a glória do Pai e não para si.3 Gordon Chilvers

Satanás dá risada do nosso trabalho cansativo, zomba da nossa sabedoria, mas treme quando nós oramos.4 Autor desconhecido


Quinze Andando em autoridade espiritual A batalha espiritual tornou-se uma total sensação na Igreja americana. Grupos de oração encontram-se nas reuniões, onde parte do tempo de oração em comum é usada para "destruir fortalezas". Santos valentões nas conferências de batalha espiritual vão de um lugar para o outro, "despedaçando" demônios imaginários. Algumas vezes, os crentes nas igrejas de libertação se contorcem no chão, berrando e tentando vomitar sem êxito, enquanto outros "expulsam demônios". Grupos saem para os locais de prostituição e marcham ao redor de bares e lojas de artigos pornográficos "tomando autoridade" sobre os demônios que ali dominam. Outros passam a maior parte do tempo de oração conversando com demônios, rugindo como leões, amarrando, soltando, renunciando e quebrando maldições hereditárias. Por que alguns cristãos se regozijam tanto com a idéia de vencer o diabo? Talvez, ela lhes dê um senso de poder quando ameaçam um demônio ou, melhor ainda, quando são instrumentos para derrubar algum principado monstruoso sobre uma cidade. Mas, com toda essa atividade de batalha espiritual, pode-se perguntar por que as coisas nunca parecem melhorar. BATALHA ESPIRITUAL A guerra é uma luta ou um conflito entre grupos opostos, cada um tentando vencer o outro pelo uso da força. Comandantes militares usam a estratégia, o planejamento, os movimentos e os contramovimentos. Existem a guerrilha e as imensas batalhas campais; as operações secretas; os golpes rápidos e as campanhas prolongadas; as patrulhas que entram em lutas armadas; os espiões que reúnem informações da força de inteligência; as batalhas navais, aéreas; os ataques de mísseis e os combates corpo a corpo. Neste século 21, tudo isso faz parte da batalha. A guerra espiritual envolve conflito entre as forças de Deus, que incluem os crentes, os anjos e o poder do Espírito Santo, contra as forças de Satanás, junto com os não-salvos e os demônios aos quais eles servem.


Alguns guerreiros fazem confusão entre crentes e incrédulos e presumem que possam vencer pela legislação da moralidade. Protestam em frente às lojas de artigos pornográficos e clínicas de aborto; fazem petições aos senadores e representantes; escrevem livros, aparecem na televisão e falam em emissoras de rádio. Tentam vencer as batalhas espirituais por meio da política.* Outros guerreiros, talvez um pouco mais próximos da realidade da situação, fazem dela uma batalha existente apenas entre anjos e demônios. Eles imaginam que existam guerreiros celestiais com espadas flamejantes em pé para guardá-los. Imaginam espíritos malignos prontos para atacá-los de todo lado. Batalhas são empreendidas nos céus quando vão para o trabalho. Nenhum desses grupos está inteiramente errado. Entretanto, há um único elemento nesse conflito que ambos os grupos parecem descartar ou negligenciar: o poder do Espírito Santo. Nós esquecemos que existe um Deus soberano reinando sobre toda a criação. Ele não está ausente, sem Se envolver. Os versículos seguintes estão entre os muitos que mostram a extensão do Seu envolvimento: Os olhos do SENHOR estão sobre os justos; e os seus ouvidos, atentos ao seu clamor. A face do SENHOR está contra os que fazem o mal, para desarraigar da terra a memória deles. Os justos clamam, e o SENHOR os ouve e os livra de todas as suas angústias. Perto está o SENHOR dos que têm o coração quebrantado e salva os contritos de espírito. Muitas são as aflições do justo, mas o SENHOR o livra de todas. Salmo 34.15-19 Charles Spurgeon observa: Os olhos do Senhor estão sobre os justos. O Pai os observa com aprovação e ternas considerações. São caros para Ele a ponto de não conseguir tirar os olhos de todos. Observa cada um tão cuidadosa e *

Aprecio sinceramente os esforços dos ativistas cristãos que estão tentando fazer da América um lugar melhor para se viver. Mas esta é uma batalha que deve ser ganha principalmente de joelhos.


intencionalmente como se fosse a única criatura no Universo. E os seus ouvidos, atentos ao seu clamor. Os olhos e ouvidos do Senhor estão voltados na direção dos Seus santos. Toda a Sua' mente está ocupada com eles. Se desprezados pelos outros, não são negligenciados pelo Soberano. Ele ouve imediatamente seu clamor, como uma mãe está segura de ouvir seu bebê doente. O grito pode ser quebrado, queixoso, infeliz, débil ou desconfiado. Contudo, o rápido ouvido do Altíssimo capta cada nota de lamento ou apelo, e Ele não demora a responder à voz dos Seus filhos.5 Não desprezo o poder dado ao diabo neste mundo. Sua influência e o modo como pode agir são muito reais. Também não quero minimizar o envolvimento dos anjos nas questões humanas, especialmente nas dos cristãos. A Bíblia nos ensina claramente que eles nos ajudam e defendem espiritualmente. Porém, mais importante, tenhamos em mente que, pairando sobre tudo isso, está a presença do Onipotente. ANATOMIA DE UMA DERROTA ESPIRITUAL A história seguinte descreve um dos meus maiores fracassos desde que me tornei cristão. Em 1993, Kathy e eu passamos várias semanas da temporada de Natal em Jerusalém com amigos nossos, os quais ministram naquela região. Nosso amigo sugeriu que, se quiséssemos ver Belém, localizada na Margem Ocidental, poderíamos aproveitar as festividades da noite de Natal, organizadas pela Igreja Católica. "Haverá milhares de turistas ali. Será seguro para vocês". Com essa garantia, tomamos um daqueles ônibus especiais para a ocasião e fomos na curta viagem até Belém. Nao havia tantos turistas em nosso ônibus, mas presumimos que era porque tínhamos ido cedo. O veículo foi estacionado no ponto de controle, e um soldado entrou rapidamente, olhou em volta, saiu, e acenou para nós. Entramos na Margem Ocidental. Quando chegamos a Belém, fomos conduzidos à Praça da Manjedoura (cena de batalhas armadas recentes) e fomos liberados para entrar na área fechada por conta própria. Um grupo de soldados, cada um armado com uma Uzi, estava em pé em cada rua próxima da praça. Multidões de palestinos faziam fila nos pontos de


controle, aguardando uma investigação rápida antes de terem permissão para entrar. A tensão pesava no ar, enquanto os soldados israelenses, odiados por eles, mantinham os olhos abertos para possíveis ataques terroristas. A Igreja da Natividade dominava um lado da Praça da Manjedoura, com lojas de turistas alinhando-se nos outros três lados. Kathy e eu visitamos algumas delas, quando mais e mais pessoas chegavam à área confinada. Cansados de andar, sentamos em um dos bares ao ar livre e pedimos uma xícara de café. Uma vez sentados, nós nos tornamos alvo de garotos palestinos que se dirigiam a nós com seus doces e bugigangas para vender. Senti-me realmente mal por eles e concordei em comprar um doce não-desejado de um dos meninos mais ousados. Fiquei surpreso ao descobrir que, em vez de obter o efeito esperado, que era o de mandá-los embora, minha compra somente agitou os demais para um comportamento mais atrevido. Kathy e eu tentamos honestamente mostrar Jesus para aquelas crianças. Sorrimos docemente para elas e nos desculpamos por não podermos comprar mais nada. Diante disso, uma delas abriu um pacote de açúcar e esparramou-o sobre a minha câmera fotográfica que estava sobre a mesa. Continuamos mantendo o humor, apesar da grosseria, mas, gradualmente, começamos a ficar inquietos. Finalmente, percebemos que o fato de nos sentarmos ali parecia encorajá-los, então, decidimos sair para caminhar. Tínhamos visto todas as lojas e não nos importávamos em ver a Igreja da Natividade. Resolvemos voltar para o estacionamento, aonde os ônibus chegavam e de onde partiam. Antes que nos afastássemos muito, uma garotinha nos interpelou e pediu que comprássemos um dos seus doces. Continuamos dizendo que não queríamos. Finalmente, com o rosto do próprio diabo, ela golpeou o peito de Kathy com o doce, tentando fazer com que ela o pegasse. Afinal, livramo-nos dela. Enquanto tudo isso estava acontecendo com essas crianças, não reparamos que a praça ficou repleta de milhares de pessoas, não dos turistas que esperávamos, mas dos palestinos. Naquele dia, havia ali uma guerra espiritual. A maioria tinha um espírito de ódio pelo povo judeu e, sem perceber, estava em batalha espiritual. Se eu estivesse em uma situação melhor, estaria mais preparado espiritualmente para me engajar, até certo ponto, na minha batalha espiritual, mas a diferença de fuso horário tinha produzido noites insones e tempos de oração encurtados, que, por sua vez, resultaram em nossa fraqueza espiritual.


Kathy e eu estávamos no lado sul da praça, lotada de pessoas de parede a parede. Para chegarmos até o ônibus tivemos de passar por aquele povaréu até o outro lado. Eu me arrojei na multidão de maioria masculina e comecei a abrir caminho a cotoveladas. Com um terço do caminho percorrido, olhei para trás e vi Kathy chorando. "Podemos voltar? Eu quero voltar!", ela pediu. Surpreso pelo que poderia estar errado com minha esposa, concordei. Uma vez que tínhamos saído de perto da multidão, ela me contou que inúmeros homens haviam passado a mão nela enquanto estávamos no meio do povo. Diante disso, toda a frustração de ter lidado com aqueles garotos jorrou de dentro de mim e fiquei irado. Eu queria matar um palestino. Embora não tivesse idéia dos que tinham atacado minha mulher, fiquei contente de pôr as mãos em qualquer um que eu conseguisse. Como. não pude, simplesmente, atacar uma pessoa inocente escolhida ao acaso, acalentei a idéia de provocar uma briga. Comecei a andar pela multidão, olhando furioso para os homens, afastando alguns do meu caminho. Se eu tivesse conseguido o que desejava, as câmeras da CNN que estivessem filmando toda a cena teriam produzido uma grande reportagem sobre um turista americano pisoteado até a morte por uma multidão enraivecida. Com adrenalina acelerando as minhas veias, eu não tinha medo daqueles palestinos. Embora eu estivesse no espírito errado, sentir a mão de Deus em minha vida deu-me confiança adicional. O Senhor realmente tinha a Sua mão sobre mim e me impediu de cometer um erro fatal. Um soldado, afinal, concordou em atravessar a multidão conosco e, depois de algumas horas miseráveis, escapamos ilesos — quer dizer, fisicamente. Eu não sentia raiva desde os dias em que trabalhava no departamento policial. Teria ocorrido algo sério se eu tivesse ficado violento apenas para proteger minha mulher, mas não era o caso. O ataque já havia ocorrido, e eu estava apenas querendo vingar-me.* O ESPÍRITO SANTO Jesus estava em um Espírito diferente quando andou por aquelas ruas da Judéia. Ele tinha inimigos que procuravam feri-lO, contudo, respondia com gentileza e amor. Seus inimigos tinham um *

Passei muito tempo em arrependimento por esse incidente horrível. Alguns anos depois, o Senhor me autorizou a "fazer as pazes", quando me foi dada a oportunidade de ministrar aos palestinos em muitas reuniões em Amã, na Jordânia.


espírito de homicídio com relação a Ele, que poderia ter respondido como eu fiz, ou como Tiago e João agiram na ocasião em que uma cidade de samaritanos rejeitou Jesus: quiseram trazer fogo do céu. O Mestre, voltando-se, porém, repreendeu-os e disse: Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia (Lc 9.55,56). Pedro também quis lutar na carne. Quando a multidão veio prender Jesus no jardim de Getsêmani, ele arrancou a orelha de um homem com a espada. Jesus, imediatamente, curou o homem e declarou: Mete no seu lugar a tua espada, porque todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão. Ou pensas tu que eu não poderia, agora, orar a meu Pai e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos? (Mt 26.52,53). No que se refere à guerra espiritual, você não luta fogo contra fogo. O diabo o incitará contra os outros. O espírito em que uma pessoa está determina sua vida espiritual. Você pode declarar que é um guerreiro para Cristo, mas a eficácia da sua batalha depende do seu modo de viver. AUTORIDADE ESPIRITUAL Mateus nos conta que, depois de Jesus ter ministrado o revolucionário Sermão do Monte, as pessoas se surpreenderam, porquanto os ensinava com autoridade e não como os escribas (Mt 7.29). O que deu a Jesus a autoridade espiritual que os escribas não tinham? Obviamente, por ser o Filho de Deus, dominava a questão. No entanto, há algo mais que aponta para o poder que nós também podemos desfrutar. Em Mateus 5.7, Jesus fala para a multidão reunida sobre a Sua maneira de pensar. Centenas de livros foram escritos, e milhares de sermões, ministrados sobre os princípios apresentados nesses três capítulos curtos. Essas verdades gloriosas de Deus, com as do "capítulo do amor" (1 Co 13), representam o Espírito no qual Jesus sempre vivia. Ele falava e tinha autoridade, porque vivia a realidade daquelas palavras em Seu cotidiano. A autoridade advém de uma fonte de poder, não de palavras. Se estou andando na rua e alguém grita para que eu pare, não importa quão alto ele grite, ou com que autoridade nem mesmo como a pessoa se pareça. Posso pensar: "Quem ele pensa que é?". Se,


entretanto, ele estiver usando um uniforme com crachá, presto muita atenção. A autoridade advém de quem o indivíduo represente, se for o caso, por exemplo, do governo dos Estados Unidos da América. Jesus representou perfeitamente o Pai, porque andou em submissão absoluta a Ele. Sua autoridade foi estabelecida pela Sua obediência ao Senhor. O apóstolo Paulo também teve uma tremenda autoridade espiritual. Ele não ficava aplicando "golpes de caratê" nos poderes das trevas. Na carta aos efésios, ele diz: No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo; porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Efésios 6.10-12 Primeiro, Paulo abordou o fato de nossa força ter origem no poder de Deus. Sabemos disso, mas muitos de nós não compreendemos como podemos apropriar-nos dessa autoridade. O cristão é investido de poder e autoridade do Altíssimo até o ponto em que esteja cheio do Seu Espírito e faça a Sua vontade. A autoridade do policial estende-se apenas até o poder que lhe foi concedido pelo Estado. Ele tem o direito de me fazer parar quando ando pela rua se isso tiver ligação com um crime cometido ou para a segurança pública. Ele não me pode fazer parar, exibindo autoridade, simplesmente, porque deseja impressionar a namorada. Se ele me detiver com essa motivação, pode ser expulso do emprego, e, possivelmente, preso. De forma alguma, sua autoridade é ilimitada, pois ele também deve permanecer dentro de certos limites. Na medida em que o Senhor guia e capacita, os cristãos têm autoridade sobre os demônios. A capacitação acontece por estarmos no Espírito de misericórdia, entregando a nossa vida para suprir a necessidade dos outros. A pessoa guiada por esse Espírito possui uma autoridade tremenda sobre as potestades malignas. Tal domínio espiritual é o poder irresistível de Deus manifestando-se em sua vida.


Vemos esse mesmo princípio em ação na vida do apóstolo Paulo em Éfeso. Lucas conta-nos que Deus, pelas mãos de Paulo, fazia maravilhas extraordinárias, de sorte que até os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os espíritos malignos saíam (At 19.11,12). Você pode imaginar ter esse poder sobre as doenças e os demônios? Esse nível de autoridade vem de se viver na vontade do Senhor. O desejo do Supremo é amar e suprir as necessidades das pessoas. Toda a vida de Paulo girou em torno daquilo de que os seus semelhantes precisavam. O Todo-Poderoso o usou, porque ele aprendeu o segredo de ser um vaso vazio que podia ser cheio com o poder do Onipotente para fazer a Sua vontade. Eu creio em libertação? Com certeza! Cristo libertou as pessoas dos espíritos das trevas. Paulo expulsou demônios de homens e mulheres. Nós também podemos fazer isso hoje, mas, primeiro, devemos encher-nos do Espírito que nos dá a autoridade sobre aqueles atormentadores. Entretanto, deve ser observado que Jesus ou Paulo não faziam cultos especiais de libertação nem conferências de batalha espiritual. Totalmente rendidos à vontade de Deus, simplesmente, praticavam atos de misericórdia, o que, às vezes, incluía a expulsão de entidades malignas dos oprimidos. Infelizmente, muitos cristãos querem o poder sem o sacrifício. Desejam sentir-se poderosos homens e mulheres de Deus, os quais ordenam aos demônios que lhes obedeçam. Estão mais interessados em parecer ou sentir algo do que com o bem-estar dos necessitados. Imaginam-se em uma posição de autoridade que não existe. Julgam que o Nome de Jesus lhes dá carta branca na dimensão espiritual e que os anjos caídos têm de obedecer a todas as suas palavras. Mas não funciona dessa forma. Enquanto esteve em Éfeso, Paulo encontrou alguns judeus religiosos ansiosos por expulsar espíritos maus. Entretanto, a compaixão não os motivava. Eram mágicos profissionais, buscando lucro com a sua feitiçaria. Certo dia, eles se aproximaram de um homem endemoninhado e, tendo visto os resultados dos milagres realizados por Paulo, tentaram usar o Nome de Jesus. Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo prega, disseram, ordenando que o demônio saísse do homem. O espírito maligno lhes respondeu: Conheço a Jesus e bem sei quem é Paulo; mas vós, quem sois? Lucas prossegue contando-nos que o homem, cheio da força do diabo, saltou sobre eles e os agrediu de tal maneira que fugiram nus e feridos (At 19.13-16).


A BATALHA REAL Antes de se engajar em uma batalha espiritual, devemos decidir, antes de tudo, a que vontade obedeceremos. Paulo disse que colocássemos a armadura de Deus por uma razão: para ficarmos firmes contra as ciladas do diabo. Os demônios estão constantemente pondo armadilhas para que fiquemos do modo em que eles estão. Somos tentados a mentir, cobiçar, tapear, roubar e a nos levantar na ira ou no orgulho. O Senhor tenta, gentilmente, levar-nos a estar em Seu Espírito. A batalha real é sobre definir a quem iremos submeter-nos. Infelizmente, mais do que percebem, a maioria dos cristãos obedece ao diabo. Quando os cristãos estão discutindo por causa de doutrina bíblica, você acha que está sendo feita a vontade de Deus ou a do diabo? Quando uma mãe coloca seus filhos na frente da televisão durante uma hora, que vontade está sendo cumprida? Quando um homem fica irado no caminho do trabalho porque alguém o intercepta no trânsito, em qual espírito ele está? Quando um evangelista, envaidecido, exibe-se em frente a uma multidão com boa vontade, quem está sendo enganado? Quando um casal passa pelos mendigos sem qualquer piedade por aquela situação, em que espírito está? Tais exemplos representam a regra, não a exceção na Igreja americana. A batalha real empreendida o tempo todo sobre a sua vida gira em torno da sua vontade. Você exercerá a misericórdia em relação aos outros ou continuará a ter um coração endurecido acerca da necessidade deles? Permitirá que Deus o humilhe, ou ficará imponente e orgulhoso? Conseguirá devotar-se ao próximo ou continuará egoísta? Poderá obedecer de coração ao Pai, ou continuará na própria vontade? A tragédia é que enfraquecemos a nossa posição "dormindo com o inimigo". Indolentes e cheios de concessões, não nos sobra autoridade quando precisamos. Os demônios estão zombando das nossas palavras e dando risadas das conferências. Posso imaginar como as entidades malignas respondem quando os cristãos se reúnem em uma das suas conferências de batalha espiritual. Talvez, soasse como algo assim: "Você acha que vou ouvir, Phil? Você acabou de surrar os seus filhos na pressa de ir à conferência! É, certo!"; "Com quem você está falando, Sue? Acabei de acompanhá-la em sua décima farra do mês, gastando dinheiro no shopping! Você


ouviu as minhas sugestões o tempo todo!"; "Quem você pensa que é, Jim? Eu o estava vendo despir aquela garota em sua mente no caminho para cá! Estou certo de que você irá amarrar-me! Ah, ah, ah!". Podemos ouvir em um momento a voz de um demônio e, no minuto seguinte, expulsá-lo de alguém? A razão de Paulo andar em tamanha autoridade sobre os espíritos imundos é que estes não podiam com ele. O apóstolo estava completamente entregue ao Espírito do Senhor. Se você se render a Deus dessa maneira, o diabo sairá correndo e berrando quando o ouvir falar! Esses seres não podem resistir a alguém que obedece a Jesus de coração. Até você andar a sério com o Supremo, não espere que as entidades inimigas levem a sério as suas palavras. O crente que vive com base nas palavras do Mestre, como aquelas ministradas no Sermão do Monte, terão o poder de Deus em sua vida e continuarão a tê-lo sobre todos os demônios que encontrar. A vitória que ele obtém sobre a própria natureza rebelde permite que vença o inimigo. O tamanho do ministério, o número de estações que transmitem a pregação ou a quantia de dinheiro que entra diariamente não significam coisa alguma para os espíritos malignos. Mostre-me um único cristão que viva tranqüilamente o amor de Deus descrito no capítulo 12 deste livro, e eu lhe mostrarei alguém que deixa os demônios do inferno abalados. Somente um servo precioso do Senhor nunca ouvirá: Conheço a Jesus e bem sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?


Meditação para Hoje Não censuro os homens ímpios por correrem atrás dos seus deleites. Deixe-os ter a sua parte; é o que eles possuem para desfrutar. No entanto, os cristãos devem buscar a sua satisfação em uma esfera mais elevada do que as frivolidades insípidas do mundo. Buscas vãs são perigosas para almas renovadas [...]. É a doçura do pecado que o torna mais perigoso. Satanás nunca vende seus venenos a descoberto. Ele sempre os doura antes de vendê-los. Cuidado com os prazeres [...]. Dizem que onde crescem os cactos mais lindos, as serpentes mais venenosas espreitam. Assim é com o pecado. Seus prazeres mais honestos abrigarão seus maiores pecados. Tenha cuidado!1 C. H. Spurgeon

Pela misericórdia e pela verdade, se purifica a iniqüidade; e, pelo temor do SENHOR, os homens se desviam do mal. Salomão - Provérbios 16.6

Se o pecado me governar, a vida de Deus será morta dentro de mim. Se Deus me governar, o pecado será morto dentro de mim. Não existe ultimato possível além desse.2 Oswald Chambers

Os verdadeiros triunfos são os triunfos de Deus sobre nós. Quando Ele vence sobre nós, essas são as nossas reais vitórias.3 Henry Alford


Dezesseis Vitória sobre o pecado habitual No início dos anos 1960, seis missionários da WEC tinham uma estação de rádio em uma área perigosa do Congo. O garoto alegre do grupo era um jovem solteiro chamado Bill McChesney, ou Bill sorridente, como todos o chamavam. Embora tivesse apenas l,60m e pesasse 50kg, ele completava seu tamanho com o entusiasmo. Naquela época, o Congo estava tenso pelas lutas. Os Simbas, uma tribo rebelde ao governo branco na África, estavam atacando e matando gente em toda a área. Repetidamente, eles colocavam os missionários em compostos, pequenas áreas delimitadas com grades, após uma série de tentativas aterradoras de matá-los, apenas para abandoná-los sem realmente feri-los. Em 14 de novembro de 1964, eles chegaram e levaram o pequeno Bill McChesney, embora ele estivesse doente com malária. Também levaram cativos quatro missionários de outro composto. Um deles, James Rodger, era o oposto do eufórico Bill sorridente em todos os sentidos. Embora solene e sério, seu amor por Deus era inquestionável. Durante os seus dez dias juntos no cativeiro, os dois se tornaram grandes amigos. Um dia, um oficial rebelde que estava chegando ficou lívido ao ver Bill McChesney. "Por que este homem está livre?", ele perguntou. "Leve-o para a prisão imediatamente!". Quando Bill foi levado para o caminhão, Jim Rodger saltou para acompanhar seu novo amigo. Durante a viagem, os soldados bateram em Bill sem misericórdia. Já enfraquecido pela malária, o rapazinho não conseguiu suportar o ataque e, após a chegada, Jim teve de carregálo até a prisão. Na manhã seguinte, um coronel chegou e exigiu saber a nacionalidade de cada um. Bill se apresentou como americano, e Jim, britânico. Tendo ouvido isso, o coronel estava a ponto de matar Bill, mas Jim ficou em pé perto dele, dizendo: "Se você deve morrer, irmão, morrerei com você". O coronel fez sinal para a multidão de rebeldes atacá-los. Chegaram até eles agitando cacetetes e punhos. Bill foi morto


rapidamente. Jim carregou-o e, gentilmente, depositou-o no chão. Então, a multidão também o agrediu, chutou-o e pisou nele até a morte. Multiplique essa história por milhões, e você terá uma impressão bem exata do significado de servir a Cristo ao longo dos séculos. Não são os que estão sendo perseguidos ao redor do mundo que são esquisitos, mas, sim, o cristão americano moderno por viver apenas para ele mesmo. Uma pessoa desse tipo está fora de sincronia com a herança da verdadeira Igreja de Jesus Cristo. Nosso Salvador foi crucificado, 11 dos 12 discípulos foram martirizados, e o apóstolo Paulo foi decapitado. Isso estabeleceu a maneira como isso seria nos 19 séculos seguintes. Se não fosse martírio, haveria a perseguição; se não fossem perseguidos, teriam fome e, caso não sofressem a fome, precisariam servir em sacrifício pelos outros. Esta tem sido a glória do Corpo de Cristo ao longo da História. Infelizmente, isso não pode ser dito da Igreja americana do século 21. De fato, espiritualmente, deslocamo-nos tanto do percurso, que uma das nossas características principais, hoje, é o foco na auto-ajuda. Em um tempo em que a Igreja Cristã deveria estar batalhando contra as forças do inferno na preparação de um grande conflito pela Segunda Vinda de Cristo, estamos tão atolados de problemas pessoais e vícios, que nem conseguimos entrar no ringue! Como é possível? A resposta é que, como sociedade, tornamonos extremamente egoístas. A maioria de nós nasceu na "geração do eu". Ensinaram-nos a nos ver como o centro de tudo: o que eu quero, aonde eu desejo ir, o que me faz sentir bem, o que me realiza. Até a fé cristã, que deveria motivar-nos a um interesse não-egocêntrico pela necessidade dos outros, é vista como mais uma fonte de conseguir algo para o eu. O número absoluto de livros disponíveis, atualmente, sobre o que Deus quer fazer para o cristão, em nível individual, é evidência de uma visão distorcida do cristianismo. Que contraste com a vida de Paulo! O que ele escreveu mostra suas perspectivas sobre a fé cristã, quando comparadas às da maioria dos cristãos praticantes de hoje: Pelo que muito desejamos também ser-lhe agradáveis, quer presentes, quer ausentes. Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito


por meio do corpo, ou bem ou mal. Assim que, sabendo o temor que se deve ao Senhor, persuadimos os homens à fé, mas somos manifestos a Deus; e espero que, na vossa consciência, sejamos também manifestos. Porque não nos recomendamos outra vez a vós; mas damo-vos ocasião de vos gloriardes de nós, para que tenhais que responder aos que se gloriam na aparência e não no coração. Porque, se enlouquecemos, é para Deus; e, se conservamos o juízo, é para vós. Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Assim que, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo, agora, já o não conhecemos desse modo. Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. 2 Coríntios 5.9-17 Mas nós que somos fortes devemos suportar as fraquezas dos fracos e não agradar a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação. Porque também Cristo não agradou a si mesmo, mas, como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam. Romanos 15.1-3 DISTRIBUINDO MISERICÓRDIA PARA OS OUTROS O vício é o resultado de um desejo egoísta por um determinado prazer. Então, é válido concluir que a falta de egoísmo se contrapõe aos desejos compulsivos exclusivistas no coração de uma pessoa. A raiz do pecado é a cobiça, ou seja, almejar exageradamente algo para si. Essa paixão leva a pessoa a pecar. Satanás a usa para inflamar a nossa vida. A cobiça por prazer, ganho, posição, poder sobre os demais e um arsenal de outros males formam o fundamento para os que vivem presos a vários vícios.


Felizmente, Deus também tem uma paixão. Seu maior interesse é fazer o bem, ajudar os seres humanos e suprir suas necessidades. É o ágape, o amor incondicional, que se manifesta por meio dos atos de misericórdia. Pode ser uma raiz em nossa existência assim como um fundamento. Como vimos no capítulo 12, o anseio de fazer o bem forma uma base de bondade que o Senhor usa para edificar o ministério. O desejo ardente do Pai em suprir as carências é a única coisa que pode desenraizar completamente o pecado e derrotar a paixão por ele. Enquanto o eu governar uma pessoa, ela nunca será verdadeiramente livre. Quando alguém sai de si mesmo e vê a necessidade dos que estão à sua volta, começa a ocorrer uma transformação. Seus problemas, que antes pareciam uma montanha insuperável, diminuem à luz das outras necessidades. Quanto mais um indivíduo coloca o foco em si sobre o que quer ou acha que precisa, mais forte é o pecado em sua vida. Não é suficiente, porém, simplesmente ver as necessidades. Nós devemos fazer algo a respeito disso. No processo da prática da misericórdia, o coração é transformado. Posso recordar-me das muitas vezes em que estava desanimado (ou até deprimido), e que me forcei a entrar em aconselhamento para ser obrigado a sair dos meus problemas e ajudar o próximo. Não consigo lembrar-me de um único exemplo em que servir aos semelhantes não me tirou imediatamente da minha melancolia. INTERCEDER MUDA O CORAÇÃO A intercessão pelas necessidades dos demais é a maior misericórdia que podemos praticar uns pelos outros. Exercer a compaixão, naturalmente, é algo maravilhoso. Entretanto, existe o perigo de deslizar para uma rotina de prática de boas obras a fim de ser notado pelos outros, e, novamente, dar lugar ao ego! Se o interesse do coração não for correto, seus melhores esforços pelo próximo não realizarão coisa alguma para as suas próprias carências. Paulo afirmou: Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E


ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará. 1 Coríntios 13.1-3- ARA Nesse texto, Paulo mostra a futilidade de praticarmos boas obras, mesmo aquelas que seriam consideradas atos de misericórdia, sem a motivação interior de fazê-los para o bem dos outros. Quando um homem está lidando com o pecado habitual na sua própria vida, ele irá vencê-lo se começar a tomar as necessidades dos outros no seu coração. Jesus tentou ajudar os fariseus de coração endurecido a descobrirem a "lavagem interior" da qual eles precisavam desesperadamente. Ele lhes disse: Agora, vós, fariseus, limpais o exterior do copo e do prato, mas o vosso interior está cheio de rapina e maldade. Loucos! O que fez o exterior não fez também o interior? Dai, antes, esmola do que tiverdes, e eis que tudo vos será limpo (Lc 11.3941). O mundo interior daqueles homens era cheio de pecado. O que eles podiam fazer? O Mestre garantiu-lhes uma saída. Se eles tivessem misericórdia em seus corações, algo mudaria em seu interior. Cristo disse, certa vez, que o mal que sai do coração de um homem é o que contamina. Se o mal está em seu coração, qual é o melhor lugar para lidar com ele? No coração, naturalmente! Quando tomamos as necessidades e os fardos dos outros, somos transformados, "lavados". Que coisa maravilhosa! O Senhor nos dá um caminho para purificar o nosso interior: praticar atos de piedade com relação aos outros a partir do nosso coração. UM CASO PERTINENTE Len House* juntou-se à equipe dos Ministérios Vida Pura como conselheiro em janeiro de 1996. Nós lhe pedimos que se unisse a nós, porque ele estava disposto a fazer o que fosse necessário para encontrar o Senhor e a vitória total sobre o pecado. Veterano da Força Aérea, Len trabalhou dez anos como membro de uma equipe de resgate de elite, treinada para se infiltrar nas linhas inimigas e salvar pilotos derrubados. Durante mais de *

Um pseudônimo


sete anos, ele esteve na Coréia, onde se tornou viciado em visitar prostitutas. Isso abriu a porta para o grande mal entrar em sua vida. Uma paixão cega pelo sadomasoquismo rastejou lentamente para dentro do seu coração. Embora ele nunca agisse com pessoas, o fascínio cresceu em seu interior. Len passou os últimos anos na Força Aérea dos Estados Unidos. Quando seu coração ficou mais atingido, isolou-se dos outros cada vez mais. Foi atraído pela força, o desejo de poder e por controlar as pessoas. Len era um ávido levantador de peso, e realmente obcecado pela sua psique. Uma vez, ele falou que teria sido um grande nazista, pois seu coração era brutal, e ele gravitava em torno de qualquer coisa que o autorizasse a mandar nos outros. Por meio do testemunho tranqüilo de um capitão cristão, Len recebeu o Senhor em 1993. Seus problemas, naturalmente, ainda estavam lá, mas, pelo menos, ele procurava uma saída. Embora tivesse ouvido falar dos Ministérios Pure Life em abril de 1994, levou nove meses antes de se dispor a ir para o programa residencial de ajuda para seus vícios sexuais. Duas coisas precipitaram sua decisão. Em primeiro lugar, recebeu o diagnóstico de osteoporose, uma doença óssea degenerativa. Foi devastador para Len, que sempre fora valorizado pela sua força física. Mas Deus estava levando-o a se ajoelhar. Em segundo lugar, ele começou a ter pesadelos horríveis. Inúmeras vezes, Len acordou sentindo uma presença maligna no quarto. Certa noite, despertou aos gritos, amaldiçoando, com uma voz profunda, gutural, que não era a sua. Isso o apavorou. De várias formas, Len foi um caso difícil para os nossos conselheiros. A única coisa que sobressaía nele era sua disposição de lutar e fazer o que fosse necessário para conquistar a vitória sobre seu pecado. Ele tinha uma porção de trevas para eliminar, mas, gradualmente, começou a mudar. O princípio ao qual Len se agarrou e que, provavelmente, ajudou-o mais do que qualquer outra coisa, foi orar pelos outros. Ele confidencia: "Sempre me disseram que eu me voltasse para o Senhor em minhas lutas, mas eu não sabia realmente o que aquilo significava. Eu orava por mim, e isso parecia ajudar, mas ainda me sentia preso. Quando comecei a interceder pelos outros, orando para que a misericórdia de Deus suprisse as suas necessidades, tudo começou a me acontecer. Era algo concreto e


prático que eu podia fazer. No princípio, não entendi como isso poderia ajudar-me, mas meu conselheiro me disse que fizesse isso, e assim fiz. Um resultado que posso ver tem sido a mudança em minha atitude para com as pessoas. Eu costumava odiá-las, particularmente as mulheres, mas o Senhor está-me ajudando a me importar com elas. Por exemplo, eu costumava aplicar justiça própria com relação aos não-salvos, especialmente os liberais ou humanistas, mas estou começando a ter bons sentimentos por eles. Posso sentir, em meu coração, a compaixão de Deus por todos". Len House é uma testemunha tremenda da bondade de Deus entrando na vida de um homem disposto a considerar as necessidades alheias. A mesma coisa pode acontecer com você. Aqueles que são orgulhosos demais para pedir ou ajudar os outros e duros de coração para crer na bondade de Deus jamais poderão mudar. Ficarão em sua rotina de egoísmo, e o pecado continuará a exercer o domínio sobre a vida de cada um. A pessoa que luta para não pecar encontrará a vitória que está procurando quando começar a viver na percepção das necessidades à sua volta, no sentido de distribuir para os outros a misericórdia que transbordou sobre ela. Ter um coração de servo minará completamente a vida egocêntrica e cancelará a tentação poderosa da cobiça por mais ........................... (preencha o espaço em branco). Então, para a sua surpresa, assim como para a dos outros, uma mudança fundamental ocorrerá em seu interior. O pecado não terá mais o controle do seu viver.


Meditação para Hoje Ó alma, somente Ele que te criou pode te satisfazer. Se tu pedires algo mais, é a tua desgraça, pois somente Ele, que te fez à Sua imagem, pode te satisfazer.1 Agostinho

Se (a Sua presença) for tudo o que Deus me dá, estou satisfeito, mas, se tudo o que Ele me desse fosse o mundo (inteiro), eu não ficaria satisfeito.2 Jeremiah Burroughs

Pedi a Deus Pedi a Deus força para poder conquistar. Fiquei fraco para aprender a obedecer. Pedi saúde para poder fazer mais coisas. Ganhei enfermidade para realizar coisas melhores. Pedi riquezas para poder ser feliz. Ganhei pobreza para poder ser sábio. Pedi poder para ter o louvor dos homens. Ganhei fraqueza para sentir a necessidade de Deus. Pedi todas as coisas para poder aproveitar a vida. Ganhei vida para desfrutar de todas as coisas. Não consegui nada do que pedi Mas tudo o que eu esperava. Apesar de mim, minhas orações não-faladas Foram respondidas. Eu sou, entre todos os homens, o mais ricamente abençoado.3 Anônimo


Dezessete Viver em vitória A vida de Salomão é um exemplo trágico para os cristãos de hoje quanto ao preço do pecado. Perto do final de sua vida, entretanto, ele recebeu discernimento de algumas revelações mais profundas disponíveis sobre como desfrutar de uma vida espiritual vitoriosa. Davi tinha 50 anos quando Salomão nasceu de Bate-Seba. Ele já havia derrotado todos os seus inimigos. Foi rei durante 20 anos, sendo 13 em Jerusalém. A vida de Davi tinha sido um paradoxo. Vez ou outra, ele era sincero adorador de Deus, mas o estilo de vida carnal por reinar na terra teve um preço em sua vida espiritual. Seu pior momento foi quando cometeu adultério com Bate-Seba e matou o marido dela. Do ponto de vista espiritual, o salmista nunca se recuperou plenamente desse pecado. O único modo de viver que Salomão conhecia quando moço foi em segurança e prosperidade. Provavelmente, mais do que qualquer outra figura da Bíblia, sua vida foi bastante similar à dos crentes americanos de hoje. Ensinaram-lhe as antigas histórias de Abraão e Isaque; Jacó e José; Moisés e Faraó, Sansão e Dalila. Quando garoto, sua mãe lhe contou sobre as proezas grandiosas de seu pai: como ele matou um leão e um urso, sua batalha com Golias, as brigas com os filisteus e seus conflitos com Saul. Salomão era bem versado nos textos bíblicos e conhecia os Salmos que seu pai havia escrito, assim como nossas crianças conhecem os hinos clássicos que cantamos hoje. Salomão também foi educado sem muita disciplina. Na referência bíblica de 1 Reis 1.6, vemos que Davi nunca contrariou seu filho mais velho, Adonias. Não temos razão para crer que tenha sido diferente com seu favorito, o filho mais novo. Não obstante, na época em que Salomão herdou o reino de seu pai agonizante, está registrado que ele amava ao SENHOR (1 Rs 3.3). Satisfeito com isso, Deus apareceu em sonho a Salomão e perguntou o que poderia fazer para ele. Salomão respondeu:


E disse Salomão: De grande beneficência usaste tu com teu servo Davi, meu pai, como também ele andou contigo em verdade, e em justiça, e em retidão de coração, perante a tua face; e guardaste-lhe esta grande beneficência e lhe deste um filho que se assentasse no seu trono, como se vê neste dia. Agora, pois, ó SENHOR, meu Deus, tu fizeste reinar teu servo em lugar de Davi, meu pai; e sou ainda menino pequeno, nem sei como sair, nem como entrar. E teu servo está no meio do teu povo que elegeste, povo grande, que nem se pode contar, nem numerar, pela sua multidão. A teu servo, pois, dá um coração entendido para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; porque quem poderia julgar a este teu tão grande povo? 1 Reis 3.6-9 Que incrível demonstração de humildade de espírito e falta de egoísmo! Salomão tinha o desejo sincero de governar o povo de Deus da forma correta. Ele viu que lhe faltava a sabedoria para liderar Israel; então, apelou para a benignidade (hhesed) do Altíssimo e pediu ajuda. Isso agradou imensamente ao Senhor! E disse-lhe Deus: Porquanto pediste esta coisa e não pediste para ti riquezas, nem pediste a vida de teus inimigos, mas pediste para ti entendimento, para ouvir causas de juízo; eis que fiz segundo as tuas palavras, eis que te dei um coração tão sábio e entendido, que antes de ti teu igual não houve, e depois de ti teu igual se não levantará. E também até o que não pediste te dei, assim riquezas como glória; que não haja teu igual entre os reis, por todos os teus dias. E, se andares nos meus caminhos guardando os meus estatutos e os meus mandamentos, como andou Davi, teu pai, também prolongarei os teus dias. 1 Reis 3.11,14


Da unção que lhe foi concedida durante esse diálogo, Salomão projetou e edificou o magnífico templo e escreveu muitos dos provérbios. Parecia que ele não conseguia fazer algo errado. Tudo se transformava em ouro ao seu toque. Quando a rainha de Sabá viajou quase dois mil quilômetros para encontrá-lo, ela voltou impressionada pela tremenda exibição de riquezas e sabedoria de Salomão. Ao partir, estas foram suas palavras para ele: Foi verdade a palavra que ouvi na minha terra, das tuas coisas e da tua sabedoria. E eu não cria naquelas palavras, até que vim, e os meus olhos o viram; eis que me não disseram metade; sobrepujaste em sabedoria e bens a fama que ouvi. Bem-aventurados os teus homens, bem-aventurados estes teus servos que estão sempre diante de ti, que ouvem a tua sabedoria! Bendito seja o SENHOR, teu Deus, que teve agrado em ti, para te pôr no trono de Israel; porque o SENHOR ama a Israel para sempre; por isso, te estabeleceu rei, para fazeres juízo e justiça. 1 Reis 10.6-9 Tudo ia tão maravilhosamente bem para o jovem rei, mas, em 30 anos, ele se tornou um velho miserável e vazio. Segundo a Bíblia, mais tarde, Salomão chegou a aborrecer-se com a vida (Ec 2.17).* Antes de tudo acabar, o rei, que amou o Senhor, deu-Lhe as costas e construiu templos para adoração demoníaca. O começo mais sincero de uma vida pode ter um final trágico se a pessoa não mantiver seu foco no Senhor. O que aconteceu com Salomão foi o que, de certa maneira, todos nós desejamos secretamente. Ele recebeu a licença gratuita para ter tudo o que seu coração desejasse. O livro de Eclesiastes diz que ele tentou preencher sua vida com conhecimento (1.16); prazer (2.1); riso (2.2); projetos de construção (2.4-6); servos (2.7); vacas e ovelhas (2.7); prata, ouro e tesouros (2.8); entretenimento (2.8) e, finalmente, prazer sexual (2.9). De fato, diz ele, tudo quanto desejaram os meus olhos não lhos neguei, nem privei o meu coração de alegria alguma (Ec 2.10a). *

A Turner Broadcasting Company produziu um vídeo sobre Salomão que mostrou bem a miséria do seu pecado. Com exceção das infelizes "cenas de amor" explícitas com a rainha de Sabá, recomendo o filme.


Não parece a busca do sonho americano? Estatísticas recentes dizem muito sobre esse estilo de vida. O padrão de vida do pensionista médio está colocado entre a classe média dos outros dez maiores países do mundo. Os americanos mais pobres vivem melhor do que os pobres de outras 240 nações. A segunda estatística mostra que o americano médio come melhor do que, no mínimo, um bilhão de pessoas em nosso planeta. São indivíduos assim como você e eu! Nos Estados Unidos, desfrutamos de um estilo de vida mais opulento, cheio de luxúria, prazer e conforto, do que o de muitos reis na História da humanidade. Salomão, certamente, não desfrutou de encanamentos internos, eletricidade, televisão, jornais, torradeiras, automóveis, serviço de ambulância, telefones e todas as outras coisas que consideramos, hoje, necessidades absolutas. Os prazeres de ontem se transformaram nas necessidades de hoje. Exemplos recentes incluem microondas e computadores pessoais. Não faz muito tempo, somente os ricos se davam ao luxo de ter tais bens. Agora, a maioria das casas na América tem tudo isso. Nos últimos cem anos, aumentamos nosso padrão de vida a ponto de, agora, até nossos gatos comerem melhor do que quase um terço das pessoas do mundo. Essa prosperidade tremenda tende a deixar as pessoas em um estado constante de desejar mais. Além disso, os anunciantes fazem um trabalho notável de nos treinar para nunca ficarmos satisfeitos. Para onde olhamos, dizem-nos que há algum novo item sem o qual nós não podemos viver. Roupas, computadores, carros, férias, casas e mobília desfilam diante de nós, mantendo-nos em um estado fixo de cobiça. Sempre desejando mais, nunca estamos satisfeitos. Salomão foi capaz de alcançar cada sonho carnal e, no fim, viu tudo como realmente era: E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito; e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito e que proveito nenhum havia debaixo do sol (Ec 2.11). Ele chegou a ver a futilidade e o vazio de buscar os prazeres deste mundo. Vaidade de vaidades! — diz o pregador, vaidade de vaidades! É tudo vaidade (Ec 1.2). Se as coisas mundanas não são vazias para você, sua mente está ainda sendo manipulada com sucesso pela voz deste mundo. Jonas aprendeu essa dura lição quando tentou seguir seu próprio caminho em rebelião ao chamado do Senhor em sua vida. Os que observam as vaidades vãs deixam a sua própria misericórdia (Jn 2.8). Quando a busca do prazer e das posses materiais se torna o foco da sua existência, é impossível viver de modo vitorioso em Deus, e o vazio, com certeza, consome o seu coração.


Quando Salomão escreveu os Provérbios, ele ainda acreditava que poderia manipular as riquezas e permanecer fiel ao Senhor. É interessante que foi Agur, não Salomão, quem proferiu esta oração: Não me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção acostumada; para que, porventura, de farto te não negue e diga: Quem é o SENHOR? (Pv 30.8b,9a). O contentamento de Agur com o que tinha é um dos ingredientes primordiais para uma vida de vitória. Paulo, compartilhando um dos seus princípios em Cristo, afirmou: Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade (Fp 4.11,12). É muito importante ficar satisfeito com as circunstâncias que temos na vida. Deixados por conta própria, iríamos pelo caminho de Salomão, convencidos de que ainda permaneceríamos fiéis a Deus. Não está feliz pelo fato de que o Pai não permita que você arruine a sua vida, como Salomão fez? Embora a satisfação seja importante, ela não trará por si só a vitória. VIVER EM GRATIDÃO Uma pessoa ingrata é a mais miserável de todas as criaturas. Ele passa a vida lutando continuamente por uma posição mais elevada, por mais posses e experiências. A mensagem sutil por trás dessa situação é que, quando conseguirmos a promoção seguinte ou a nova casa ou o que seja (e essas coisas nos atraem no presente), então, de alguma forma, alcançaremos a felicidade. No entanto, na melhor das hipóteses, esse bem-estar é circunstancial, temporário e enganoso. O problema é, simplesmente, não percebermos quão ricos somos. Muitos homens passam a vida buscando coisas que nunca os satisfazem e perdendo aquelas que podem realizá-los. Carros novos e casas confortáveis não são prejudiciais por si, mas não levam uma pessoa ao verdadeiro contentamento. Se pudéssemos perguntar a Marilyn Monroe, Jimi Hendrix, Janis Joplin, John Belushi e outros incontáveis que alcançaram o pináculo do sucesso neste mundo, eles nos falariam do vazio que descobriram.


Nós, cristãos, somos freqüentemente como os fazendeiros de Oklahoma. A maioria passou a vida inteira tentando sobreviver com pouco dinheiro, quando tudo o que tinha a fazer era afundar um cano no solo até o campo de petróleo, e teriam conseguido riquezas fabulosas. Durante muito tempo da minha vida cristã, perdi o que um coração cheio do Senhor pode prover: alegria e satisfação. São os elementos essenciais de uma vida vitoriosa. Um caminho para essa vida vitoriosa é por meio da disciplina da gratidão. Essa atitude é estimulada quando uma pessoa vê tudo o que o Criador provê. "Conte suas bênçãos, nomeie-as uma a uma", diz a canção. Uma maneira prática de fazer isso é pela lista de agradecimento. Uma vez por semana, tome aspectos da sua vida (trabalho, lar, casamento, família, vida espiritual) e liste 30, 40, 50 coisas sobre ela pelas quais você é grato. Um estudo bíblico de tudo o que o Pai dá ao cristão também desenvolve um coração agradecido. Você pode surpreender-se ao ver que exercícios simples como esses podem mudar a sua perspectiva. Deus já lhe deu muito. Por que ficarmos nessa prisão miserável da insatisfação? Um coração agradecido trará uma vida de alegria, um dos elementos fundamentais para a vitória. Contudo, ainda não é o mais importante. A REALIZAÇÃO DA OBEDIÊNCIA Outro aspecto vital da vida cristã vitoriosa é a simples obediência. A realização e a felicidade aumentam com a obediência diária a Deus. Imagine que um estudante universitário tenha uma prova importante amanhã. Alguns amigos o convidam para ir ao bar. Na manhã seguinte, ele está cansado e de ressaca. Por não ter estudado como deveria, com certeza, terá um desempenho ruim. Agora se sente pior. Sua falta de autodisciplina fez com que fosse reprovado no teste importante, e ele está perto de repetir o curso inteiro. Isso, por sua vez, afeta sua média de notas e, subseqüentemente, o seu futuro. Sua confiança cai, e ele se sente mais infeliz do que nunca. Para ele, a vida parece agora vazia e sem sentido. Aqueles que não têm esperança permanecem na armadilha de uma rotina da qual nunca parecem sair. Quando sofrem a conseqüência inevitável da iniqüidade, voltam-se para uma emoção temporária de pecado para se consolarem. Pedro declarou: Deste modo, sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito; a porca lavada, ao espojadouro


de lama (2 Pe 2.22). É assim a decadência na vida do viciado. Freqüentemente, a miséria de um fracasso tem um efeito dominó, resultando depois em outro. Depois, vêm as conseqüências inevitáveis da transgressão. Tudo isso se soletra DER-RO-TA, não é? Uma coisa maravilhosa sobre o Reino de Deus é que os mesmos princípios que operam contra uma pessoa também podem agir em favor dela. Digamos que um professor se senta com o aluno e tem uma conversa com ele: "Jimmy, se você for bem nesta prova, ainda pode tirar um C na matéria. Quero que você estude bastante!". Quando seus amigos aparecem naquela noite, ele recusa o convite e fica em casa para estudar. Acorda preparado, depois de uma boa noite de sono e descanso. Faz a prova e não apenas passa, como também tira nota A! Sua confiança aumenta e o enche de esperança de que, talvez, ele possa ter uma boa carreira um dia. Com freqüência, muita coisa depende de uma única decisão. Viver em obediência aos princípios de Deus traz um estilo de vida de triunfo contínuo. Uma pessoa que vive em obediência mínima, respeitando apenas àqueles mandamentos que lhe são convenientes, jamais conhecerá a vitória real. A propósito, a canção diz: "Confie e obedeça, pois não há outro jeito de ser feliz em Jesus, que o de confiar e obedecer".4 A obediência é outra exigência para se achar a realização na vida, mas ela também não chega a prover a satisfação desejada. É mais abençoado Há dois tipos básicos de pessoas: as que dão e as que tomam. Pelo que me lembro, sempre fui um tomador, pois era completamente egoísta. Tudo o que eu fazia, em última análise, tinha alguma coisa para mim. Talvez, você pense que uma pessoa tão envolvida em alcançar prazer é quem recebe a maior satisfação; porém, os caminhos de Deus não são como os nossos. Neste mundo, aquele que procura tomar o máximo recebe o mínimo. Os não-salvos e os cristãos mundanos, da mesma forma, tentam encontrar a realização neste mundo apesar da felicidade superficial e fugaz que ele oferece. Isso é tudo o que cada um deles conheceu. Não experimentaram a alegria real em resultado de uma vida submissa a Deus. Entretanto, a felicidade é, na própria essência, um conceito mundano. É o senso de animação que alguém sente sob circunstâncias favoráveis. Se você for a um clube por volta das dez


horas da noite, em geral, encontrará pessoas muito felizes. Em um estádio, onde o time da casa estiver ganhando, verá torcedores alegres. Na casa de uma jovem apaixonada, que acabou de receber o pedido de casamento, poderá achar uma pessoa feliz. Em termos gerais, a felicidade é o sentimento que as pessoas têm quando as coisas estão indo do seu jeito. Encontre aqueles festeiros na manhã seguinte, ou aqueles fãs quando seu time está perdendo, ou a garota quando o namorado a rejeita, e você descobrirá um bando de criaturas miseráveis. Por quê? A felicidade deles estava fundamentada na própria situação. É triste, mas a maioria dos cristãos não sabe o que significa viver acima das circunstâncias e experimentar a alegria do Senhor, sem se importar com o que pode acontecer em sua vida. Jesus conheceu uma outra maneira de viver. A Sua não foi uma vida de tomar, mas de doar. Embora Ele fosse chamado de homem de dores (Is 53.3), por causa do Seu sofrimento em lidar com pessoas não-arrependidas, Ele foi o Homem mais alegre que já andou na terra. Cristo estava sempre Se doando e continuamente feliz. Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber (At 20.35). Podemos ter também a mesma alegria e satisfação. Quando aprendermos a viver na misericórdia para suprir as necessidades dos outros, conhecemos a alegria real. Mas, mesmo viver uma vida de doação, por si, não preencherá o grande vazio dos corações. NOSSA MAIOR NECESSIDADE A incorporação desses princípios diferentes em sua existência mantém um homem no caminho para uma vida de vitória. Mas não importa o quanto ele faça bem todas as coisas; nunca conhecerá a alegria da vida abundante a menos que aprenda a encontrá-la em Deus. O Senhor Se revelou à humanidade por meio de muitos Nomes. Cada qual demonstra algo do Seu caráter, e mais especialmente, de como Se relaciona com o homem. Há um único Nome que Ele deu para Si que engloba todos. No momento tão surpreendente e cheio de acontecimentos, quando Deus apareceu a Moisés na sarça ardente, o Todo-Poderoso disse: EU SOU O QUE SOU (Êx 3.14). Jesus também chegou a usar esse Nome. Sete vezes no livro de João, Cristo usou o Nome EU SOU, significando os diferentes aspectos da Sua provisão para as nossas necessidades. Eu sou o pão da vida; Eu sou a luz do mundo; Eu sou a porta [...] Eu sou o bom Pastor; Eu sou a ressurreição e a vida; Eu sou o


caminho, e a verdade, e a vida; Eu sou a videira verdadeira (Jo 6.35; 8.12; 10.7,11; 11.25; 14.6; 15.1). Um livro excelente sobre o assunto, We would see Jesus [Queremos ver Jesus], de Roy e Revel Hession, diz o seguinte: A revelação especial que esse Nome dá é sobre a graça de Deus. Eu sou é uma sentença inacabada. Não tem objeto. Eu sou — o quê? Que maravilha quando descobrimos, ao continuarmos com nossas Bíblias, que Ele está dizendo: EU SOU o que o Meu povo necessita, e a sentença é apenas deixada em branco, a fim de que o homem possa trazer suas muitas e variadas necessidades, quando elas surgem, para completá-la! À parte da necessidade humana, esse grande Nome do Senhor, que dá voltas e voltas em um círculo fechado: EU SOU O QUE SOU, significa que o Supremo é incompreensível. Mas, no momento em que a carência e a miséria humana se apresentam, Ele Se torna exatamente a necessidade da pessoa. O verbo tem, no mínimo, um objeto. A sentença está completa, e Deus é revelado e conhecido. Precisamos de paz? "Eu sou a tua paz", diz o Pai. Carecemos de força? "Eu sou a tua força". Necessitamos de vida espiritual? "Eu sou a tua vida". Há falta de sabedoria? "Eu sou a tua sabedoria", e assim por diante. O Nome Jeová é realmente como um "cheque" em branco. Sua fé pode preenchê-lo no que Ele precisa ser para você, apenas no que necessita, à medida do surgimento de cada necessidade. Além disso, não é mais você a Lhe suplicar tal privilégio, mas é Ele quem lhe está dando. Ele está pedindo que você peça. Até agora, nada pedistes em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria se cumpra (Jo 16.24). Assim como a água está sempre procurando as profundezas mais baixas a fim de preenchê-las, Jeová sempre busca a carência do homem para satisfazê-la. Onde existir um lamento, lá está Deus. Onde houver tristeza, miséria, infelicidade, sofrimento, confusão, loucura, opressão, o EU SOU poderá ser encontrado, desejando transformar a dor do homem em alegria quando ele permite. Portanto, não são os famintos procurando


pão, mas o Pão alcançando os famintos; nem são os tristes querendo a alegria, é a Alegria buscando os tristes; não é o vazio ansiando pela plenitude, mas, sim, a Plenitude em busca do vazio. Não é que o Senhor meramente supra as nossas necessidades, mas Ele Se torna o suprimento do que precisamos. O Pai celestial é sempre o Eu sou aquilo de que o meu povo necessita.5 Esta, naturalmente, é uma tremenda revelação, mas como devemos usar esse conhecimento de Deus em nosso dia-a-dia? Tornar-nos cheios por Ele dessa forma acontece principalmente pelo processo de busca. Quando vamos ao encontro do grande Provedor, Jeová-Jireh Se apresenta para suprir nossas necessidades. Muito já foi dito sobre a procura pelo Senhor. Entretanto, buscar o Pai não é apenas mais uma das práticas que devemos incorporar na vida; é a estrada do cristianismo e o fim da estrada. Tudo o que foi escrito neste livro faz parte de um todo, mas, inevitavelmente, deve levar-nos de volta ao lugar onde nosso coração esteja ansioso por estar na presença do Senhor. Davi tornou-se uma pessoa que buscava o Altíssimo. Houve um tempo na vida de Davi em que o Senhor foi realmente tudo o que ele tinha. Infelizmente, o salmista perdeu muito do que possuía no Onipotente por causa da prosperidade e do poder. No entanto, ainda podemos aprender com o que ele escreveu durante os seus melhores tempos: Quando tu disseste: Buscai o meu rosto, o meu coração te disse a ti: O teu rosto, SENHOR, buscarei. Salmo 27.8 Uma coisa pedi ao SENHOR e a buscarei: que possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do SENHOR e aprender no seu templo. Salmo 27.4 Ó Deus, tu és o meu Deus; de madrugada te buscarei; a minha alma tem sede de ti; a minha carne


te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água, para ver a tua fortaleza e a tua glória, como te vi no santuário. Porque a tua benignidade é melhor do que a vida; os meus lábios te louvarão. Assim, eu te bendirei enquanto viver; em teu nome levantarei as minhas mãos. A minha alma se fartará, como de tutano e de gordura; e a minha boca te louvará com alegres lábios. Salmo 63.1-5 Não é difícil imaginar a paixão na voz de Davi, a alegria e satisfação do seu coração enquanto seus olhos estavam plenamente fixos no Senhor. Temos de tomar cuidado para não imaginar que essas sejam apenas palavras de um poema qualquer de adoração. Elas expressam o testemunho de um homem real, que teve um encontro genuíno com o Deus vivo, de modo que ficou praticamente sem respiração. Ele foi capturado pela beleza da santidade do Altíssimo. É maravilhoso constatar que, se desejarmos, você e eu podemos ter a mesma experiência. A escolha está sempre diante de nós. Queremos o Senhor dessa forma tão abrangente? Lucas narrou uma história sobre duas irmãs que tiveram essa mesma capacidade de escolha: E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa. E tinha esta uma irmã, chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Marta, porém, andava distraída em muitos serviços e, aproximandose, disse: Senhor, não te importas que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe, pois, que me ajude. E, respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada. Lucas 10.38-42 É interessante como as pessoas, até aquelas de uma mesma família e educação idêntica, podem responder de modo tão diferente


ao Senhor. Cristo estava na casa delas e falou palavras de vida. Uma se sentou impressionada, incapaz de se mover, contemplando a mesma beleza que Davi viu. A outra estava distraída, preocupada e aborrecida. Esse incidente mostra um dos maiores problemas que existe na Igreja hoje. Muitos que estão tentando alimentar os outros ficam ocupados demais para terem tempo de se alimentar e, então, nada mais têm a oferecer além de um pacote de pão velho e estragado. Viver a misericórdia pode absorver muito e exigir bastante, mas, para ensinarmos aos outros, devemos sentar-nos aos pés de Jesus! Se não o fizermos, não teremos coisa alguma de valor para dar aos outros e iremos, quem sabe, enfraquecer-nos devido à fome espiritual. Jesus descreveu a experiência de Maria, de se sentar aos Seus pés, como a boa parte. Ele prosseguiu dizendo: A qual não lhe será tirada. Existe algo sobre habitar na presença do Pai, que preenche, satisfaz e muda uma pessoa eternamente. Muitos de nós somos superficiais em nossa fome de Deus e ficamos bastante satisfeitos com uma colher de sopa da Sua misericórdia, ao passo que Ele deseja derramar sobre nós os rios da vida. Alguns nunca aprendem essa questão crucial. De outra vez que ouvimos falar dessas duas irmãs queridas, a cena é quase a mesma: Foi, pois, Jesus seis dias antes da Páscoa a Betânia, onde estava Lázaro, o que falecera e a quem ressuscitara dos mortos. Fizeram-lhe, pois, ali uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. Então, Maria, tomando uma libra de ungüento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do ungüento. João 12.1-3 Marta estava sempre ocupada, tentando encontrar sua realização por meio da tarefa de servir ao Senhor. Maria escolheu a boa parte, prostrando-se aos pés do Mestre e adorando-O. Quem você diria que estava vivendo em vitória?


Deus tem para você um universo cheio de misericórdias supridoras de necessidades. Mas, em última análise, elas serão todas encontradas nEle. Quando alguém aprende a se sentar aos pés do Senhor, beber da Sua beleza, deleitar-se em Seu amor e sentir a Sua compaixão, todas as suas necessidades são supridas — satisfação garantida! Jesus nos diz que nosso Pai sabe o que [nos] é necessário antes de [nós] lhe pedirmos (Mt 6.8). Quando aprendermos a buscarmos o Senhor em Sua Palavra, aprenderemos a descansar naquela provisão abundante e desfrutaremos verdadeiramente da Sua companhia. Só então descobriremos a vida cristã abundante e começaremos a viver em vitória!


BIBLIOGRAFIA CAPÍTULO UM 1. Oswald Chambers, The best from all his books [O melhor de todos os seus livros], Thomas Nelson Publishers, Nashville, TN, 1987; p. 223. 2. Citação de Robert Bolton feita por Iain H. Murray, Jonothan Edwards, a new biography [Jonothan Edwards, uma nova biografia], Carlisle, Banner of Trust, reprint 1988; p. 128.

CAPÍTULO DOIS 1. Topical encyclopedia of living quotations [Enciclopédia essencial de citações vivas], Bethany House Publishers, 1982, p. 117. 2. ibid. 3. Topical encyclopedia of living quotations [Enciclopédia essencial de citações vivas], ibid; p. 226. 4. A. W. Tozer, Jesus, our Man in glory [Jesus, nosso Homem em glória], Christian Publications, Camp Hill, PA, 1987, p. 84.

CAPÍTULO TRÊS 1. Leonard Ravenhill, Revival raying [Oração revivificadora], Bethany House Publisher, 1962, p. 40. 2. Andrew Murray, In search of spiritual excellence [Em busca da excelência espiritual], Whitaker House, 1984, p. 116.

CAPÍTULO QUATRO 1. A. W. Tozer, The knowledge of the Holy [O conhecimento do Santo], Harper & Row Publishers, 1961, p. 103. 2. Charles Finney, Crystal christianity [Cristianismo cristalino], Whitaker House, Springdale, PA, 1985, p. 136. 3. Andrew Murray, Humildade, a beleza da santidade, São Paulo: Editora dos Clássicos, p. 116. 4. Roy Hession, A senda do Calvário, Belo Horizonte: Ed. Betânia.

CAPÍTULO CINCO 1. Joy Dawson, Intimate friendship with God [Amizade intima com Deus], Chosen Books, Old Tappan, NJ, 1986, p. 16. 2. J. I. Packer, Knowing God [Conhecendo Deus], InterVarsity Press, Downers Grove, IL, 1973, p. 30. 3. Charles Finney, Crystal Christianity [Cristianismo cristalino], Whitaker House, Springdale, PA, 1985, p. 11. 4. Brother Lawrence, The practice of the presence of God [Praticando a presença de Deus], Whitaker House, 1982.


5. ibid. 6. ibid. 7. ibid. 8. Philip Yancey, Decepcionado com Deus, São Paulo: Mundo Cristão, 2004. 9. Citação de Alexander MacLaren em The Bethany parallel commentary [Comentário paralelo Betânia], Bethany House Publishers, Minneapolis, MN, 1983, p. 198. 10. A. W. Tozer, À procura de Deus, Belo Horizonte: Betânia, p. 17-18.

CAPÍTULO SEIS 1. The quotable Lewis [Citações de Lewis], Tyndale House Publishers, Inc. Wheaton, IL, 1989, pp. 408, 407, 405, 406. 2. God's treasury of virtues [O tesouro de virtudes de Deus], Honor Books, Tulsa, OK, 1995, pp. 30-31. 3. The Zondervan Pictorial Encyclopedia of the Bible [Enciclopédia bíblica ilustrada Zondervan], Zondervan Publishing House, Grand Rapids, MI, 1976, p. 183. 4. Programa de computador QuickVerse, Dicionário grego e hebraico, extraído da Concordância exaustiva Strong da Bíblia, Copyright 1980, 1986 e pertencente a World Bible Publications, Inc. 5. Vines Expository Dictionary [Dicionário expositivo Vine], Fleming H. Revell Company, Old Tappan, NJ, 1981, p. 116. 6. The Bethany parallel commentary of the New Testament [Comentário paralelo Betânia do Novo Testamento], Bethany House Publishers, Minneapolis, MN, 1983, p. 1029. 7. The quotable Lewis [Citações de Lewis], p. 292.

CAPÍTULO SETE 1. Baptist hymnal [Hinário batista], Convention Press, Nashville, TN, 1956, p. 47. 2. James Thomas, Mercy, truth and judgment [Misericórdia, verdade e julgamento], p. 4. 3. God's treasury of virtues [O tesouro de virtudes de Deus], p. 206.

CAPÍTULO OITO 1. The Bethany parallel commentary of the New Testament [Comentário paralelo Betânia do Novo Testamento], p. 1920. 2. ibid. 3. Catherine Marshall, Beyond our selves [Além de nós mesmos], McGraw-Hill Book Co., NY, 1961, pp. 21-23. 4. ibid, p. 28.

CAPÍTULO NOVE 1. Victor Ostrovsky & Claire Hoy, By way of deception [Por meio da decepção], St. Martin's Press, 1990, pp. 1-2. 2. ibid, pp. 13-15. 3. Hannah Whitall Smith, A christian's secret of a happy life [O segredo cristão de uma vida feliz], Whitaker House, Springdale, PA, 1983, p. 77. Utilizado com permissão.


4. H. D. M. Spence, The pulpit commentary [O comentário do púlpito], vol. XI, MacDonald Publishing Company, pp. 444-445.

CAPÍTULO DEZ 1. Oswald Chambers, The best from all his books [O melhor de todos os seus livros], p. 223. 2. Topical encyclopedia of living quotations [Enciclopédia essencial de citações vivas]; p. 183. 3. ibid, p. 184. 4. Steve Gallagher, No altar da idolatria sexual, Rio de Janeiro: Graça Editorial, 2003. 5. Vine's expository dictionary [Dicionário expositivo Vine], p. 116. 6. Spiros Zodhiates, The complete Word study dictionary [Dicionário de estudo completo da Palavra], AMG Publishers, Chattanooga, TN, 1993, pp. 1133-1134.

CAPÍTULO ONZE 1. God's treasury of virtues [O tesouro de virtudes de Deus], p. 278. 2. Rex Andrews, What the Bible teaches about mercy [O que a Bíblia ensina sobre misericórdia], Zion Faith Homes, Zion, IL, pp. 166, 3, 121. 3. Mercy, truth and judgment [Misericórdia, verdade e julgamento], p. 6. 4. A christian's secret of a happy life [O segredo cristão de uma vida feliz], p. 42. 5. Oswald Chambers, The best from all his books [O melhor de todos os seus livros], pp. 1-2. 6. A christian's secret of a happy life [O segredo cristão de uma vida feliz], pp. 80-83. 7. What the Bible teaches about mercy [O que a Bíblia ensina sobre misericórdia], p. 121. 8. Baptist hymnal [Hinário batista], p. 356.

CAPÍTULO DOZE 1. Rosalind Goforth, Jonothan Goforth [Jonothan Goforth], Bethany House Publications, 1937, p. 109. 2. Baptist hymnal [Hinário batista], p. 431.

CAPÍTULO TREZE 1. God's treasury of virtues [O tesouro de virtudes de Deus], p. 47. 2. Oswald Chambers, The best from all his books [O melhor de todos os seus livros], p. 320. 3. Jonothan Goforth [Jonothan Goforth], p. 121. 4. Estão disponíveis em fita de áudio e vídeo no Heart Talk Ministry, 9616 Micron Ave. #900, Sacramento, CA 95827-2626, EUA.

CAPÍTULO CATORZE 1. Revival praying [Oração revivificadora], pp. 64, 70. 2. ibid, p. 14. 3. Jack Hayford, Orar é invadir o impossível, São Paulo: Ed. Vida. 4. ibid.


5. What the Bible teaches about mercy [O que a Bíblia ensina sobre misericórdia]. 6. Andrew Murray, The ministry of intercession [O ministério de intercessão], Whitaker House, 1982, pp. 138-139. Utilizado com permissão.

CAPÍTULO QUINZE 1. Inspiring quotations [Citações inspiradoras], p. 215-216. 2. ibid, p. 157. 3. ibid. 4. Um cristão desconhecido, The kneeling christian [O cristão de joelhos], Zondervan Book Publishers, 1971, p. 17. 5. The Bethany parallel commentary of the New Testament [Comentário paralelo Betânia do Novo Testamento], p. 1015.

CAPÍTULO DEZESSEIS 1. Charles H. Spurgeon, O melhor de C. H. Spurgeon, Curitiba: Luz e Vida, 2001. 2. Oswald Chambers, The best from all his books [O melhor de todos os seus livros], p. 328. 3. Topical encyclopedia of living quotations [Enciclopédia essencial de citações vivas], p. 249.

CAPÍTULO DEZESSETE 1. Inspiring quotations [Citações inspiradoras], p. 76. 2. ibid, p. 77. 3. Extraído da coluna de Ann Landers de 28 de novembro de 1996. 4. Baptist hymnal [Hinário batista], p. 260. 5. Roy e Revel Hession, Queremos ver Jesus, Belo Horizonte: Betânia.



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