IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
IMPLANTAÇÃO DE ESPAÇOS VERDES E EQUIPAMENTOS NA REQUALIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS CENTRO CULTURAL E PARQUE URBANO DA PENHA Trabalho Final de Graduação, iniciado em janeiro e finalizado em novembro de 2012, contendo todo o trabalho e estudos desenvolvidos ao longo do ano, como requisito parcial para a aprovação na disciplina. Orientadora: Profª. Dra. Claudia Virginia Stinco
CAMILA BONIFÁCIO BACARIN SÃO PAULO ∙ 2012
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AGRADECIMENTOS A Deus, Autor da vida, por ser meu eterno guia. Aos meus pais pelo constante esforço em sempre tentar me proporcionar as melhores condições de avançar na vida. A minha família pelo incentivo e orações. A Bateria Arquitetura Mackenzie por me ensinar preciosos valores de união e sempre se traduzir em momentos de muita alegria e orgulho. Aos grandes professores que encontrei durante meus anos acadêmicos, em especial a Professora Claudia Stinco por me acompanhar no processo de desenvolvimento desse trabalho. Aos verdadeiros amigos encontrados nessa caminhada, que concederam um significado muito maior e especial sobre o que uma universidade representa.
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“Cidade não é problema. Cidade é solução.” Jaime Lerner.
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RESUMO Os vazios urbanos são fenômenos contemporâneos consolidados no tecido urbano, típicos da sociedade pós-industrial e resultantes de interesses imobiliários especulativos, circunstâncias ambientais, espaços residuais ou mesmo de edifícios centrais abandonados. Esses espaços ociosos são vistos como uma ruptura na malha urbana tornando-se improdutivos e ineficientes. Com base no estudo desse fenômeno, esta pesquisa adotou como metodologia à análise dos vazios urbanos e do impacto gerado na dinâmica urbana. O estudo apoiou-se também na preocupação da tentativa de retomar a importância dos espaços verdes e dos equipamentos culturais para o convívio social e bem estar do homem, com o objetivo de apresentar soluções para o problema de vazios urbanos e em conjunto, a necessidade de requalificar certas regiões da cidade. O problema apresentado trata-se da realidade urbana paulistana – cidade foco deste estudo – na existência dos reservatórios de águas pluviais, uma categoria de fragmento na malha urbana. A implantação de novas áreas verdes na cidade qualifica a paisagem urbana e retoma os vazios urbanos.
Palavras-chave: espaços públicos, áreas verdes, paisagem urbana, cultura, vazios urbanos. 4
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SUMÁRIO INTRODUÇÃO
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1. Espaços Verdes Urbanos
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1.1. Relação homem/natureza no contexto urbano
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1.2. Importância dos parques na organização do espaço urbano
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1.3. Parques Urbanos
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1.4. Transformação da paisagem natural com o crescimento da cidade de São Paulo
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1.5. Estudo de Caso: Parc de La Villette
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2. Vazios urbanos 2.1. Estudo de Caso: High Line Park 3. Equipamentos Culturais
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3.1. Espaços públicos e sua importância para o convívio social
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3.2. Estudo de Caso: Centro Cultural São Paulo
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SUMÁRIO
4. Projeto
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4.1. Conceito
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4.2. Escolha do Local
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4.3. Contexto Urbano: Bairro da Penha
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4.4. Referências Projetuais
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4.5. Proposta: Intervenção Urbana
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4.6. Proposta Arquitetônica: Centro Cultural da Penha
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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INTRODUÇÃO 7
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INTRODUÇÃO Em um contexto de transformações econômicas e sociais que acontecem habitualmente nas grandes cidades, os “vazios” urbanos vêm assumindo um importante papel, vinculados à terra urbana e sua configuração espacial das cidades. A escolha do tema de pesquisa relaciona-se com a cidade e seu planejamento, onde o conhecimento do território se constitui numa premissa para ações consequentes de elaborações de projetos urbanos. Sendo assim, os vazios urbanos estão diretamente relacionados com a dinâmica de crescimento das cidades, e correspondem, muitas vezes, à falta de atenção dos agentes públicos à possíveis potencialidades espaciais desperdiçadas. Em outro lado da pesquisa, o estudo dos espaços verdes, sua relação com o homem, origens e importância na sociedade atual, colaboram para ressaltar a necessidade de aprimorar o espaço urbano através de ações da gestão pública, no sentido de melhorar a qualidade de vida nas grandes cidades, visto que as áreas verdes influenciam diretamente na saúde física e mental de seus habitantes. A problemática do trabalho se insere na questão do bairro da Penha e seus reservatórios pluviais existentes. A área consolidou-se em uma tipologia de vazio urbano após as obras da construção da estação de metrô Penha, e a prefeitura, aproveitando-se do extenso terreno disponível e tendo como problema as recorrentes enchentes na região, implementou a construção dos piscinões. Porém, o entorno destes reservatórios continuam degradados e sem uso. O presente trabalho objetivou levantar dados para a apresentação de possíveis implementações de ações planejadas de uso do território, de forma a deixar claro a importância de implantação de espaços verdes e equipamentos culturais na requalificação da paisagem urbana, podendo utilizar-se de determinados “vazios” da cidade, que possuem potencialidade para diversos usos sociais e até econômicos.
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Através deste procedimento qualitativo foram tratadas as questões pertinentes que envolveram o tema “vazios urbanos”, optando-se para o uso de três estudos de caso, com a intenção de confrontar a literatura com a realidade existente. Quanto à estrutura do presente trabalho, o mesmo está organizado em quatro capítulos. O primeiro deles compreende pesquisa sobre espaços verdes urbanos, abordando num primeiro momento a relação entre o homem e a natureza no contexto das cidades. Posteriormente, é apresentada a definição de parques urbanos, sua importância no contexto urbano, a transformação ocorrida ao longo do tempo na cidade de São Paulo e o Parc de La Villette (Paris, projetado pelo arquiteto suíço Bernard Tschumi) como estudo de caso. No segundo capítulo são tratados dos vazios urbanos e como esses estão inseridos na malha urbana e seu relacionamento com a dinâmica da cidade, expondo como exemplo, o High Line Park, em Nova Iorque. No terceiro capítulo é apresentado um estudo sobre equipamentos culturais, realizado não apenas para entender o espaço físico construído, mas também visando perceber os benefícios que espaços públicos culturais trazem para o convívio entre as pessoas. Como exemplo, estudam-se os elementos importantes existentes no Centro Cultural São Paulo. Posteriormente é apresentada, no capítulo quatro, a proposta de projeto arquitetônico desenvolvida, que compõem o projeto de um parque urbano e um centro cultural, além de outros equipamentos públicos.
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1. ESPAÇOS VERDES URBANOS
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1.1. RELAÇÃO HOMEM/NATUREZA NO CONTEXTO URBANO A presença cada vez menor de áreas verdes em centros urbanos leva à necessidade de refletir sobre a importância ecológica da relação delicada entre homem e natureza na cidade contemporânea. Ao longo das décadas, como consequência no processo de modernização, foi sendo estabelecida uma desarmonia entre o homem e a vegetação, aonde esta última, na maioria das vezes, acaba sofrendo uma redução de seu espaço no perímetro urbano das cidades. Os avanços econômicos foram um dos causadores do rompimento do elo sustentável entre o homem e a natureza, uma vez que a história da construção e evolução das cidades equipara-se com a história de modificação dos ecossistemas. A natureza, por muitas vezes, tem servido apenas para dispor dos recursos naturais necessários ao progresso do desenvolvimento capitalista atual. O acelerado crescimento urbano vivenciado nos últimos anos fez com que os estudos dos problemas socioambientais ganhasse destaque importante focando a transformação das cidades em lugares mais favoráveis do ponto de vista ambiental, e consequentemente, lugares mais dignos para de viver. Além disso, o ambiente urbano exerce influência em seus habitantes. Garnier se estende afirmando: “se o homem utiliza e molda a cidade, a recíproca é totalmente verdadeira.” (GARNIER, 1997).
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A cidade é marcada por habitantes com diferentes modos de vida e atividades econômicas. As áreas verdes são vítimas do sistema criado pelo próprio homem e sofrem com os problemas socioambientais devido à forma inadequada de apropriação da natureza, como ocupação de encostas, favelização, poluição de rios, entre outros. A ação ou omissão dos agentes públicos também acaba por interferir na degradação ambiental do espaço urbano.
A qualidade ambiental é comprometida conforme os diferentes estágios de evolução e desenvolvimento urbano, pois as percepções com relação à natureza vão se modificando e provocam sensíveis mudanças no meio. As atividades urbanas mostram os seus efeitos nocivos para o próprio homem. As modificações climáticas, consequência direta das modificações na natureza, afetam diretamente a qualidade de vida nas cidades, afastando-a da relação harmoniosa entre homem e meio ambiente. Imagem 01: Bryant Park, Nova Iorque. Os espaços verdes com qualidade podem igualmente contribuir para aumentar o senso de comunidade, identidade e de posse em espaços públicos.
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A falta de reflexão dos problemas ambientais é resultado de falhas na educação formal. A educação é um dos fatores que contribuiria fortemente na percepção das mudanças ocorridas no ambiente. Logo, é através dela que seria possível elevar a consciência ecológica a um ponto capaz de promover mudanças na forma de ver e sentir o elemento verde na cidade.
1.2. IMPORTÂNCIA DOS PARQUES NA ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO A cidade não pode ser vista meramente como um mecanismo físico e uma construção artificial. Esta é envolvida nos processos vitais das pessoas que a compõe; é um produto da natureza e particularmente da natureza humana. (PARK, 1973)
O período de acentuada urbanização que as cidades brasileiras passam reflete negativamente na qualidade de vida de seus moradores. A falta de planejamento que considere os elementos naturais presentes na paisagem urbana é um agravante ainda maior para a situação. A qualidade de vida nas grandes cidades está fundamentalmente atrelada à questão ambiental. As áreas verdes e os parques são elementos importantes para o bem estar da população, pois influencia diretamente na saúde física e mental do homem.
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A sociedade, em constante transformação, tem tratado as áreas verdes públicas de diversas formas ao longo do tempo. Podemos enumerar as vantagens das áreas verdes em três principais: a ecológica, estética e social. As vantagens ecológicas ocorrem na medida em que os elementos naturais que compõem esses espaços minimizam os impactos decorrentes da intensa industrialização e urbanização. A função estética se pauta na integração entre os espaços construídos e os destinados à circulação. Por fim, as contribuições sociais estão relacionadas à oferta de espaços de lazer e bem estar para a população.
Imagem 02: Projeto de Foster+Partners, mesclando edifícios de escritório com Parque Linear. Fonte: www.archdaily.com.br/78340
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Salientando a presença da vegetação no meio urbano, seja essa desde um canteiro central de uma avenida até um parque, as áreas verdes caracterizam a imagem da cidade e servem como elementos de composição do desenho urbano: conseguem organizar, definir e conter espaços. Contudo, atualmente, o planejamento de áreas verdes públicas só é definido, muitas vezes, a partir de espaços residuais. Esses espaços configuram-se por “sobras” de outras atividades consideradas prioritárias pelo poder público, geralmente atividades de cunho político ou econômico. Enquanto as necessidades reais criadas pela expansão urbana são aumentadas, os resquícios destinados às áreas verdes são reduzidos. A ação de políticas públicas consistentes no campo urbanístico poderiam evitar os problemas que ocorrem devido às questões acima.
1.3. PARQUES URBANOS Os espaços livres nas áreas urbanas de um município constituem-se de praças, canteiros, jardins urbanos, parques ou quintais. Eles podem ser públicos, privados ou ainda privados de uso coletivo. Nesses espaços, incluem-se as áreas de lazer e áreas verdes. Nas área verdes, há a predominância de vegetação arbórea, configurando as praças, jardins públicos e parques urbanos.
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Os parques urbanos são todos os espaços de uso público destinados ao lazer da população, cuja estrutura morfológica é auto-suficiente, ou seja, sua configuração interna não é influenciada diretamente por nenhuma estrutura construída em seu entorno. Além dos tipos de uso, a massa vegetal é que faz o diferencial do parque para os outros tipos de áreas verdes, como praças e jardins.
Imagem 03: Parque da Aclimação, um dos primeiros a ser aberto em Imagem 04: Parque do Ibirapuera, um dos maiores parques São Paulo, em 1939. Fonte: www.sampaonline.com.br urbanos de São Paulo, abrigando equipamentos culturais importantes da cidade. Fonte: www.flickr.com
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As diversas categorias de espaços verdes urbanos proporcionam a aproximação do homem com a natureza. Outro aspecto importante nas áreas verdes é a vegetação, que tem sido negligenciada no desenvolvimento das cidades. A cobertura vegetal deve ser considerada na avaliação da qualidade ambiental em termos quantitativos, qualitativos, como também em sua distribuição espacial no ambiente urbano.
1.4. TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM NATURAL COM O CRESCIMENTO DA CIDADE DE SÃO PAULO Após a apropriação do território em São Paulo, iniciou-se seu processo de ocupação. No processo de formação das cidades, as praças e os espaços de convivência tinham importância essencial, pois grande parte da vida pública da cidade desenvolvia-se por meio delas, seja por meio de encontros, passeio ou passagens. Os espaços livres estruturavam-se em função do parcelamento do solo, perpendiculares à via pública, e com quintais localizados nos fundos das residências. A prática de jardinagem se restringia aos quintais e este padrão colonial manteve-se até o final do século XIX. Os largos foram os primeiros espaços públicos na formação e abrigavam diversas atividades, como festas, manifestações e pequenas vendas de mercadorias. Mesmo sendo compostos por algumas árvores de pequeno porte, não eram caracterizados como espaços arborizados.
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No século XVIII, surgiu um novo olhar para a paisagem. Os passeios e promenades começaram a surgir no contexto urbano. Os conceitos e funções dos espaços livres urbanos começaram a evoluir ao longo das décadas, assim como o entendimento da natureza. De acordo com a tendência surgida na época, observada em Nova Iorque, Chicago e São Francisco, onde os parques caracterizavam-se como soluções para a demanda cada vez maior de espaços para o lazer, São Paulo, na década de 1970, começou a utilizar suas áreas verdes como espaços de práticas diversas de lazer, com atividades esportivas e recreativas viabilizadas para todas as classes sociais. De acordo com Kilas (1993), os parques urbanos responderam às demandas de equipamentos para as atividades de lazer decorrentes da intensificação da expansão urbana e do novo ritmo urbano introduzido pela cidade industrial, em contraposição à vida rural. São, ao mesmo tempo, espaços compensadores das massas edificadas, e uma resposta ao modo de vida industrial e sua forma de espacialização. Em São Paulo, a evolução dos parques esteve relacionada com a ambição da cidade em viver nos parâmetros e modelos internacionais, transpostos para a realidade local. Nessa época, ocorreu o projeto de praças e jardins junto com os projetos de cidade higienista feitos para São Paulo e também pelos projetos de bairros-jardins, como Jardins e Alto da Lapa.
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O primeiro parque da cidade foi o Jardim Público (atual Parque da Luz), datado de 1825. Nesse momento, São Paulo era envolvido por um cinturão de chácaras e sítios habitados pela classe de maior renda. Nos séculos seguintes, os limites do núcleo urbano foram sendo rompidos gradativamente, e a cidade expandiu-se para além dos rios Tamanduateí e Anhangabaú. Após a Primeira Guerra Mundial, em 1914, começam as mudanças na concepção de parques em São Paulo, com modelos de urbanização e paisagismo correspondente às tendências no Art Decó. A partir disso, houve um processo acelerado de incorporação das chácaras e sítios à malha urbana. Os bondes são instalados nessa época, privilegiando suas paradas para os espaços de áreas verdes, largos e praças. Depois da Segunda Guerra Mundial (1945), uma nova concepção urbanística foi introduzida, e as questões ambientais e de preservação de patrimônio paisagístico passaram a ser consideradas de forma gradual, contribuindo para revigorar as propostas de valorização das áreas verdes nos centros urbanos e de conservação de seus espaços naturais. Esse período é marcado pelo crescimento vertiginoso da população e as intervenções do poder público buscam dar conta de sustentar um modelo de crescimento da demanda urbana.
Imagem 05: São Paulo hoje. Fonte: www.professormarcianodantas.blogspot.com.br
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No início dos anos 70, iniciou-se o planejamento de espaços verdes para recreação, baseado na necessidade de oferecer equipamentos e áreas de lazer para a população, que continuava em crescimento. Além dos parques criados pelo poder municipal, há outros criados pela iniciativa privada, como foi o caso do Parque Tenente Siqueira Campos, que foi um parque privado por 20 anos e se tornou área municipal. A criação de espaços verdes em São Paulo acontece hoje de diversas maneiras, como a partir do Plano Diretor Estratégico, de projetos pontuais do poder público, ou ainda na transformação de terrenos sem uso em praças e parques.
1.5. ESTUDO DE CASO: PARC DE LA VILLETTE
Imagens 06 e 07: Parc de La Villette. Fonte: http://fr.structurae.de
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O Parc de La Villette, localizado em Paris e projetado por Bernard Tschumi em 1982, é um ícone do desconstrutivismo arquitetônico e uma referência mundial em parque urbano. Possui 25 hectares em área e abriga, dentre outros equipamentos, o Museu de Tecnologia e Ciência e o Museu Cidade da Música. No princípio, o terreno abrigava um matadouro, que com a sua transferência, fez-se um concurso para eleger o melhor projeto arquitetônico para o local, já abandonado e inutilizado. A idéia principal era criar um parque que representasse o século XXI. Na mistura do natural e artificial, o conceito da obra teve por base a Teoria do Desconstrutivismo de Jacques Derrida que surgiu com a “Origem da Geometria”
e
tem
como
desmontagem/decomposição
dos
fundamento elementos.
a A
desmontagem dos elementos visa o conhecimento, já que o arquiteto afirma que “a arquitetura não é o conhecimento da forma, mas sim uma forma de conhecimento”.
Imagem 08. Fonte: www.europeantrips.org
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No parque projetado, nota-se a presença dos “follies”, elementos que fundamentam o projeto. São 35 obras dispostas pelo parque formando uma malha geométrica e que servem, a princípio, como pontos de referências aos turistas. Segundo Tschumi, os pontos de referência têm a intenção de criar um vácuo desconstrutivista que possa abolir toda e qualquer relação do passado do terreno com sua forma atual, para que os seus usuários vivenciem, sem precedentes, uma experiência com o parque. Os follies levam as pessoas a fazerem uso de toda a área e, a partir desse artifício, possam entender o parque como um local de descobertas pessoais, atividade e interação dentro dos princípios da organização do arquiteto. Além disso, o parque oferece atividades que incluem oficinas, ginásio
e instalações de banho,
parques
infantis, exposições, concertos, experiências científicas,
jogos
e
competições. À
noite,
durante o verão, os campos de jogos grandes se tornam uma sala de cinema ao ar livre para 3.000 espectadores.
Imagem 09. Fonte: www.tschumi.com
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2. VAZIOS URBANOS 23
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2. VAZIOS URBANOS Os vazios urbanos são compostos de espaços residuais, remanescentes urbanos ou áreas ociosas. Mesmo inseridos no espaço urbano, esses não acompanham o ciclo dinâmico de funcionalidade de seu entorno. Os vazios são fruto do interesse econômico por parte do mercado imobiliário, dependendo das circunstâncias em que são inseridos no espaço urbano. De outra forma, eles podem ser compreendidos como descontinuidades no tecido urbano, comprometendo sua qualidade espacial e sua vitalidade. O procedimento, para inversão de tal problema, seria dotar a área de atividades da qual esta é carente, induzindo-a a diversos usos, como atividades econômicas, e principalmente, sociais. A partir dos anos de 1960, a tecnologia em rápida mudança transformou as paisagens industriais em toda a Europa e Américas. Áreas destinadas anteriormente às atividades industriais encontraram-se em ruínas e abandonadas. Em processo resultante disso, sobraram as estruturas inutilizadas, fruto do deslocamento das indústrias. É preciso saber interpretar as potencialidades de cada vazio em específico numa cidade (com construções ou não) para criar novas ocupações, para que não haja o risco de uma apropriação inadequada do espaço urbano. A recorrência desse tema na cidade contemporânea, bem como a evolução histórica dos vazios urbanos, possibilitou construir conceitos e classificações mais específicas a respeito destes espaços nas cidades, hoje configuradas como fragmentos.
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O termo “vazio urbano” é abrangente e define, em suma, áreas desocupadas em meio à malha urbana consolidada. Esses vazios podem ser divididos em três categorias: o vazio de uso (remanescente urbano), o vazio físico (área ociosa) e fusão entre os dois, que seria o espaço residual (vide quadro ao lado).
Quadro 01: Esquema de conceitos relacionados a vazios urbanos. (DITTMAR, 2006).
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Na década de 80, o vazio urbano era definido como uma grande extensão de área urbana com quantidades significativas de glebas e lotes vagos. Hoje, o conceito se expandiu, como se pode ver no quadro acima, pois surgiram diversas tipologias de vazios na cidade contemporânea.
ESPAÇO RESIDUAL: VAZIO FÍSICO E DE USO
Os espaços residuais urbanos são aqueles desocupados ou subutilizados, caracterizados como sobras do crescimento da cidade. Na maioria das vezes, são sobras imprevistas de terrenos públicos, constituindo fragmentos no tecido urbano, localizados em setores valorizados, como vazios sob pontes, viadutos, orlas rodoviárias ou ferroviárias, áreas junto a estações de trem ou metrô (o objeto projetual proposto no Capítulo 4 se debruçará neste último caso). Muitos dos grandes problemas urbanos ocorrem por falta de continuidade. O vazio de uma região sem atividade ou sem moradia pode se somar ao vazio de terrenos baldios. (...) A mistura de funções é importante. E a continuidade do processo é fundamental. Continuidade é vida. (LERNER, 2003)
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2.1. ESTUDO DE CASO: HIGH LINE PARK
Imagens 10 e 11: Fotos do High Line antes e depois da implantação do parque.
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O High Line, parque urbano inaugurado em 2008 em Nova Iorque, é um dos espaços públicos mais visitados na cidade nos últimos tempos e tem se tornado uma referência mundial pela qualidade do desenho urbano e pelo sucesso como estratégia de renovação de uma área central degradada.
1984
2008
Imagens 12 e 13: Antes e Depois.
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O High Line é um parque urbano linear, implantado sobre uma linha férrea elevada construída em 1930 e posteriormente desativada, no lado oeste de Manhattan. Em 1999, diante de ameaças de empreendedores que pretendiam demolir o elevado, um grupo de residentes da vizinhança criou uma ONG com a missão de transformar a estrutura elevada, até então abandonada, em um espaço público com áreas verdes e passeios. Depois de três anos, o elevado foi enfim transformado em um espaço público para circulação de pedestres, permanência e encontros.
Imagem 14. Fonte: www.concursosdeprojeto.org
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Por volta do ano de 1847, a cidade de Nova Iorque aprovou a construção de uma linha férrea na parte baixa de Manhattan para auxiliar no fluxo e escoamento de produtos oriundos da indústria. Devido a uma série de acidentes entre as composições e o tráfego local, o Estado de Nova Iorque aprovou, em 1930, um projeto de melhoria da infra-estrutura da região que incluía uma linha férrea elevada (High Line). Devido ao crescimento do transporte rodoviário interestadual, houve uma queda no tráfego ferroviário. E no ano de 1980 a última composição percorreu os trilhos do High Line. A via férrea acabou ficando sem uso durante os três anos que seguiram as discussões e pendências administrativas sobre o elevado. Para o projeto do parque foram contratados o escritório de arquitetura e paisagismo de James Corner Field Operations, em conjunto com os arquitetos Diller Scofidio + Renfro, vencedores da competição que buscava idéias para o novo parque. As obras deram inicio em 2006 e a seção inteira do parque foi entregue em junho de 2011. O parque tem mais de 2 km de extensão ocupando todo o trecho sul da antiga linha ferroviária então restaurada. Ao decorrer da via, a passagem do pedestre se mistura com a vegetação e equipamentos de lazer. Com diversos mobiliários, o usuário é convidado a se apropriar do espaço para passagem ou permanência. O parque foi projetado com a finalidade de unir e se fazer interagir com as pessoas.
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Imagem 15. Fonte: www.concursosdeprojeto.org
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3. EQUIPAMENTOS CULTURAIS
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3.1. ESPAÇOS PÚBLICOS E SUA IMPORTÂNCIA PARA O CONVÍVIO SOCIAL
Uma consciência única, singular, deve ser criada na cidade a fim de serem distinguidos e exigidos direitos e impedir que se multipliquem as enervações no meio urbano atual. Para isso é necessário que o individualismo, o particularismo dêem lugar à comunidade de participação, onde interesse coletivo prevalece sobre os interesses peculiares, permitindo ao ambiente urbano se tornar um espaço de relacionamento humano mais flexível e apropriado ao desenvolvimento social. (VITAL, 1977)
A convivência social proporcionada pelos espaços públicos é de grande valor para se alcançar o desenvolvimento social, e a arquitetura tem um papel fundamental na inclusão do indivíduo num contexto de relação social, através do espaço público, que pertence à cidade e se integra com a mesma. O espaço público pode ser compreendido como um ponto de encontro de integração da sociedade. Os espaços devem alcançar um caráter de inclusão, que é atingido através dos espaços arquitetônicos que sugerem relacionamentos, memórias coletivas, manifestações culturais, entre outros acontecimentos urbanos.
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Segundo Arendt (1997), o termo “público” centra-se na idéia de comum, pois o mundo é partilhado por indivíduos que se relacionam entre si. O comum partilhado permite o acesso à diversidade e sua consequente aceitação, proporcionando à sociedade a disponibilidade de tolerância e criatividade. Sem que se pretenda omitir ou desconsiderar a gravidade da situação de classes e desigualdade de renda na situação atual em que se vive, é importante constatar a possível existência e concreta de todos iguais e diferentes no mesmo espaço comum.
Os equipamentos culturais projetados para
convivência
considerar
que
arquitetônico
da a
tem
população
dinâmica grande
do
devem espaço
influência
no
comportamento de um grupo de pessoas. É necessário projetar os espaços dimensionando os ambientes em prol da coletividade e da convivência.
Além
disso,
é
conveniente
estabelecer uma relação de hierarquização dos espaços
de
maneira
psicológica,
quase
imperceptível, sugerindo horizontalidade. Imagem 16. A rua é um exemplo de espaço público na qual se dá o convívio social. Fonte: www.espacooca.arq.br
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Deve-se ressaltar a importância da criação de equipamentos culturais que interajam com a comunidade e sua cultura local, transformando-o num verdadeiro objeto de requalificação urbana. É necessário o espírito, para o arquiteto, de inclusão social e identidade local.
3.2 – ESTUDO DE CASO: CENTRO CULTURAL SÃO PAULO
Imagens 17 e 18: Foto aérea e interna do Centro Cultural São Paulo. Fontes: www.blogvambora.com.br/roteiro-cultural-saopaulo-cultural-e-gratuita/ e www.cidadedesaopaulo.com/sp/br/o-que-visitar/483-centros-culturais-paulistanos
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A referência cultural mais pertinente a ser analisada é o Centro Cultural São Paulo. Projeto de Luis Benedito Telles e Eurico Prado Lopes, inaugurado em 1982, o edifício marca a paisagem urbana na região do bairro do Paraíso, principalmente pela sua integração com o passeio público e pela sua acomodação na topografia acidentada do terreno. Os arquitetos projetaram o centro cultural para ser um lugar de encontros. Hoje, 30 anos depois, o C.C.S.P. é reconhecidamente um dos mais importantes espaços de convívio, trocas, experiências culturais e exercício da liberdade de São Paulo. O centro cultural é o maior e mais importante centro cultural da cidade de São Paulo, com 46.500 m² distribuídos em quatro pavimentos. O edifício transmite leveza na forma de sua cobertura, com o dinamismo de suas passarelas e com seus jardins e áreas de convívio acolhedoras. Esta obra foi escolhida para o estudo de caso de um equipamento cultural para a reflexão de como criar espaços públicos realmente convidativos e acolhedores em meio ao caos da metrópole. É possível sentir-se, na visita ao centro cultural, quase como se estivesse fora da cidade, pois todas as principais atividades do complexo acontecem abaixo do nível da rua. Desta maneira, os arquitetos criam uma espécie de micro-clima, acolhido e protegido pelo próprio peso de sua estrutura. Outra característica desta obra é a estratégia da arquitetura voltada para si mesma. Apesar de estar totalmente integrado com o âmbito urbano, possuindo até mesmo uma ligação direta com a estação Vergueiro do Metrô, o C.C.S.P. não revela toda sua beleza e imponência a quem observa da Avenida Vergueiro ou da Avenida 23 de Maio. Só é possível fazer a leitura correta do espaço quando ele é observado de seu interior. Isso acontece devido ao fato de estar semi-enterrado e de seus elementos arquitetônicos principais só serem vistos de dentro.
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Com essa estratégia de projeto, os arquitetos foram capazes de criar um espaço que proporciona a concentração e a introspecção, além de despertar a curiosidade de quem passa na rua.
Imagens 19 e 20: Fotos internas do C.C.S.P. Fonte: Acervo próprio.
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4. PROJETO
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4.1. CONCEITO Analisando a cidade de São Paulo sob o ponto de vista da distribuição de equipamentos culturais - públicos e privados - o que se revela é uma cidade desequilibrada, em que se encontra uma baixa correspondência entre crescimento urbano e distribuição desses equipamentos. Até os dias atuais, o poder público não conseguiu oferecer uma resposta a essa demanda em certas zonas da cidade, como a zona leste e os extremos norte e sul. Esse problema é ainda maior ao constatar-se que a maior concentração de crianças e jovens entre 10 e 19 anos em São Paulo vive entre essas regiões, praticamente desprovidas de equipamentos. Com o agravante da dificuldade de deslocamentos na cidade, pode-se dizer que o uso de equipamentos culturais acaba se convertendo em privilégio das classes que se localizam nas regiões mais centrais da cidade, no chamado centro expandido, que atualmente é a região que concentra todas as vantagens: população de maior renda, escolaridade, melhor sistema de transporte e maior
concentração
de equipamentos.
Em
contrapartida, os bairros periféricos refletem a situação inversa disso. Mapa 01: Levantamento de equipamentos culturais públicos e privados na Região Metropolitana de São Paulo, atualizado até 2002. (BOTELHO, 2004).
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A existência de alguns centros culturais complementa, de certa forma, a carência por equipamentos, mas o número ainda é baixo com relação ao tamanho de São Paulo. Os SESCs (Serviço Social do Comércio) também cumprem um papel extremamente relevante, dedicados à cultura, lazer e prestação de serviços sociais. Porém, a distribuição da rede também não atende ao equilíbrio entre as regiões da cidade. Além da questão de oferta e demanda de equipamentos culturais em São Paulo, outro fato é relevante no estudo do comportamento da maior parte da população, principalmente as que vivem nas regiões periféricas: a vida urbana, entendida aqui como a vivência do indivíduo com a cidade física, vem sendo reduzida ao mínimo Mapa 02: Distribuição espacial dos SESCs na cidade de São Paulo. (BOTELHO, 2004).
possível e se ligando fundamentalmente às obrigações de trabalho, enquanto que para o tempo livre a maioria prefere a intimidade de
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suas casas. Cada vez mais o tempo livre está ligado ao espaço doméstico e o uso da cidade relacionado ao tempo de trabalho. Tal observação mostra a necessidade da reflexão mais atenta sobre o entrelaçamento entre a cultura e o lazer com a cidade e sobre as várias formas de uso do tempo livre, evidenciando algumas práticas que geralmente passam inadvertidas, como as travessias pelos espaços urbanos, as interações micro-grupais, a observação diária da paisagem urbana e as formas e estilos do viver em uma cidade que se transforma de maneira acelerada a cada dia. É preciso detectar novas práticas e formas de sociabilidade, novos usos do espaço público e privado e a posse de equipamentos de natureza cultural. Pode-se assim, espelhar os diferentes públicos e seu comportamento frente a determinadas práticas e proporcionar maior uso desses espaços pela população em seu tempo livre.
4.2. ESCOLHA DO LOCAL
A escolha da zona leste para o desenvolvimento do projeto nasceu após a reflexão dos dados e estudos acima. A região é constatada por ser a mais escassa em áreas de lazer e equipamentos culturais de São Paulo. Os moradores, na maioria jovem e de baixa renda familiar, dependem da própria criatividade para se divertir pela região ou do deslocamento à outras partes da cidade em busca de alternativas.
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Figura 01: Pesquisa Folha de S. Paulo indicando os dados sobre opções de lazer dos moradores do extremo leste da cidade, refletindo a falta de oferta em equipamentos culturais, especialmente teatros, cinema e casas de espetáculos. (BARROS, 2008).
Além da questão cultural exposta anteriormente, a carência da região também existe com relação a áreas verdes e parques. Segundo o Atlas Ambiental do Município de São Paulo, a zona leste é uma das áreas mais urbanizadas da cidade, com vias pouco arborizadas e carência em praças e jardins residenciais. O arquiteto Paulo Brazil, um dos responsáveis pela implantação do Parque da Integração entre São Mateus e Sapopemba, comenta sobre o assunto dizendo que “a paisagem da zona leste é tão árida que a temperatura pode ficar até dois graus acima da temperatura das áreas mais arborizadas da cidade”.
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4.3. CONTEXTO URBANO: BAIRRO DA PENHA A Penha, bairro com importância histórica para a zona leste, sofreu um desenvolvimento significativo em infraestrutura a partir de 1986, com a inauguração de sua estação de metrô. Com a população aproximada em 128 mil habitantes, distribuídos em uma área de 11,5km², e apresentando uma predominância em baixas edificações, o bairro é caracterizado por uma densidade demográfica espraiada. (Fonte: IBGE 2010) O região permanece com elementos que remetem ao seu passado, como seus antigos sobrados que sobrevivem em grande número, mesmo com a transformação da área ao longo das décadas em um centro comercial importante para a zona leste.
Mapa 03: Imagem aérea da região próxima à estação Penha. (Google Earth)
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Depois da construção das estações de metrô Penha e Vila Matilde, entre 1970 e 1980, a área que serviu de canteiro de obras ficou subutilizada por cerca de 10 anos, sem nenhum uso e tomada pela vegetação. A partir dos anos 90, os vizinhos da estação passaram a aproveitar esse vazio urbano realizando algumas atividades esportivas e de lazer, e aos poucos foram sendo construídas quadras, pista de caminhada e instalações sanitárias pelas associações do bairro. O pequeno parque instalado foi chamado de “Rincão”, devido ao córrego Rincão que passa pelo terreno. Porém, com as recorrentes enchentes do córrego, a prefeitura autorizou a construção de dois reservatórios de águas pluviais – “piscinões” – para uso nas épocas de grande vazão de chuva. É necessário um pequeno aprofundamento na questão dos reservatórios na cidade de São Paulo para entender melhor o problema. O processo de urbanização descontrolada acarretou uma impermeabilização excessiva do solo urbano, e em especial às várzeas que antes regulavam como reguladores hidrológicos. O resultado é o problema crônico das enchentes recorrentes que atingem a cidade. Uma das soluções propostas pelo poder público é a construção dos reservatórios de retenção e reguladores das águas pluviais. O propósito dos piscinões é acumular água para retardar o seu lançamento na rede de rios e córregos, reduzindo o risco de transbordamento. Atualmente, existem 39 piscinões construídos em São Paulo (FRANCO, 2007). No caso específico da Penha, os reservatórios ocuparam praticamente toda a área do parque, mas a parte de terreno restante continuou sendo frequentada por moradores do bairro que utilizam a pista de caminhada ao redor do reservatório maior até hoje. O plano regional estratégico para a subprefeitura da Penha prevê, em suas diretrizes, um Caminho Verde para o local, o que enfatiza a necessidade de gerar formas alternativas para trabalhar com a paisagem e a macro drenagem da cidade. Além disso, a Penha quase não oferece áreas verdes para a população. É
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necessária a implantação de mais microclimas em áreas com escassez de vegetação, para que esses ajudem com relação à temperatura e à paisagem urbana, e também sirvam como opção de lazer para os moradores do bairro. A existência dos reservatórios deixa o potencial do terreno muito pouco aproveitado, e juntamente com o vazio entre a estação de metrô e o piscinão, o local mal aproveitado degrada o entorno, acarretando problemas como o de insegurança nos arredores, marginalização, e afastamento dos moradores.
Imagem 21: Foto piscinão e o grande fragmento no tecido urbano gerado. Imagem 22: Córrego Rincão e ao fundo, a estação de metrô Penha. Acervo próprio.
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4.4. REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Para efeito de estudo e análise, foram escolhidos dois projetos de requalificação urbana que propõe uma transformação na paisagem, envolvendo a proposta de um novo espaço verde público para a sociedade.
O projeto do Parque Linear da Prainha, em Cuiabá, mostra um problema parecido. Trata-se de uma proposta de recriar um lugar natural substituído pelo homem em seu processo de ocupação e modernização urbana, idealizando a descanalização e a recuperação do traçado original do córrego da Prainha, que atualmente se encontra retificado e concretado. A reinvenção desse potencial ambiental do córrego tenta resgatar a imagem de Cuiabá colonial do século XVIII e aponta para a necessidade humana de repensar seus espaços urbanos, propondo um novo modelo de desenvolvimento com o meio ambiente e mais próximo do utópico conceito de sustentabilidade mundial.
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Imagem 23: Imagem atual do córrego da Prainha. A ausência do Poder Público e poluição intensa da água resultaram na marginalidade e violência local, assim os moradores deram as costas ao lugar com seus muros altos. Fonte: http://www.vitruvius.com.br
Figura 02: Croqui do Parque Linear da Prainha, intervindo numa área consolidada, de intenso uso e ocupação do solo urbano densificado. A proposta é transformadora e radical frente à leitura urbana contemporânea da capital.
Fonte: http://www.vitruvius.com.br
A intervenção urbana na região do córrego busca uma requalificação que respeite o contexto, sua morfologia e tipologia arquitetônica, e preserve os valores locais. A cidade poderia, dessa forma, reconhecer melhor a presença dos rios e córregos e se identificar com suas potencialidades ambientais.
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O Parque Cantinho do Céu, intervenção realizada na orla da represa Billings em São Paulo, também abre vista para a paisagem urbana. O projeto associou usos de recreação e lazer à preservação da margem com a manutenção e reconstituição de espécies vegetais nativas, evitando o assoreamento da represa e promovendo a qualidade de vida dos moradores, uma forma de desencorajar a reocupação da orla e conscientizar a comunidade da paisagem que a envolve. Antes, essa área era ocupada por moradias precárias, que despejavam no reservatório que abastece parte da capital paulista e cidades do ABC - o esgoto doméstico.
Imagem 24. Fonte: http://fotografia.folha.uol.com.br
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Imagem 25: Parque Cantinho do Céu (Boldarini Arquitetura e Urbanismo). A implantação do parque linear foi possível com a remoção de moradias que estavam muito próximas da margem da represa, em posição que não permitia ligações com a rede de esgoto. Fonte: http://www.arcoweb.com.br
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4.5. PROPOSTA: INTERVENÇÃO URBANA Para o problema encontrado na Penha, uma solução viável e interessante seria proporcionar um novo uso a esse vazio urbano. Os vazios urbanos, debatidos no capítulo dois, propiciam múltiplas possibilidades de usos. Os reservatórios e suas áreas perimetrais podem abrigar diversos acontecimentos durante o período do ano em que as chuvas não são intensas, caso sua construção seja articulada com os demais planos para a cidade, conciliando entre si as políticas de equipamento urbano e de espaços públicos da metrópole. Os vazios urbanos foram, por mais de cem anos, os verdadeiros antecessores das áreas de lazer urbano formais, do tipo praticado em praças ou parques. Somente com a sua diminuição e mesmo desaparecimento, e com a escassez real de áreas para lazer das massas menos privilegiadas, tal tipo de equipamento urbano tornou-se uma necessidade social. MACEDO, 2003
Após o período de reconhecimento e estudos da área, a proposta elaborada configurou-se em um parque urbano com equipamentos culturais e recreativos ao lado da estação de metrô Penha. Na publicação “Vazios de Água”, Franco diz que “a construção de uma rede de vazios urbanos é um fato em São Paulo que pode ser convertido em uma oportunidade de difusão de uma nova rede de espaços públicos”.
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Dessa forma, um dos desafios do projeto foi tentar agregar a área do reservatório ao parque. Além da pista de caminhada ao redor dele, foram criadas algumas passarelas de transposição para auxiliar no deslocamento de uma parte do parque para a outra. Essas novas passagens criadas podem ser utilizadas também como caminho para quem pretende atravessar o quarteirão.
Figura 03: Implantação geral do Parque e demais equipamentos. No lado esquerdo encontra-se a estação Penha e o terminal de ônibus, e no oposto, o piscinão com as passarelas de transposição propostas.
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Dentro do parque, encontram-se outros equipamentos: quadras, vestiários, playground, churrasqueiras, um espaço de convivência coberto, e pista de caminhada. Nas proximidades da estação Penha, fica localizado o equipamento mais importante do parque: o Centro Cultural. Sua implantação foi pensada para que se localizasse próximo à estação, e ao mesmo tempo, ficasse conectada ao parque. Deste modo, a inserção na paisagem é a menos agressiva possível, tornando o edifício um pano de fundo com uma relação discreta entre o bairro predominantemente residencial e a estação de metrô e o terminal de ônibus.
Figura 04: Implantação geral do Parque e demais equipamentos. Ao fundo, o piscinão e suas passarelas de transposição.
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A intenção do projeto foi enfrentar o exercício de criar espaços públicos de qualidade, inseridos em um contexto urbano dinâmico contendo diferentes fluxos. A característica mais particular do terreno escolhido é sua localização entre a estação de metrô e os piscinões do Córrego Rincão, gerando um contexto de vazio urbano e uma gama de possibilidades para novas intervenções no local.
4.6. PROPOSTA ARQUITETÔNICA: CENTRO CULTURAL DA PENHA O partido adotado para o Centro Cultural, inserido na parte oeste do parque, se fundamentou em alguns eixos regulamentadores do projeto. O pensamento se apoiou na de um edifício com gabarito moderado, para que não se sobressaltasse diante dos demais edifícios do bairro, garantindo assim uma identidade com o mesmo. Baseado no
pensamento
modernista,
optou-se
pelo
conceito
de
permeabilidade do térreo para o pedestre, a fim de proporcionar múltiplos encontros entre usuários e não criar nenhuma barreira física diante dos fluxos e passagens já realizadas anteriormente. Figura 05: Implantação do Centro Cultural, indicando as passagens e fluxos feitos pelos pedestres, dentro e fora do edifício.
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O desenvolvimento do programa de necessidades foi outro
fator
arquitetônico.
importante
para
a
Foram criados seis
concepção
do
partido
núcleos principais que
englobam as atividades do centro cultural: O Núcleo Social, que dispõe de equipamentos que podem ser usados pela população em geral, sem que estejam necessariamente matriculados nas atividades educativas. Esta parte do programa faz a amarração do conjunto cultural com a cota da cidade, por estar no pavimento térreo.
Figura 06: Elevação Lateral Esquerda.
O Núcleo de Apresentações dispõe basicamente de um auditório, seu foyer e a parte de apoio (sanitários, depósitos, etc). Este auditório, com capacidade para cerca de 280 pessoas, tem o intuito de ser multifuncional, podendo abrigar tanto palestras, quanto apresentações musicais e de dança. O Núcleo de Entretenimento consiste em duas salas de cinema, foyer, lojas, sanitários e toda a parte técnica necessária para suporte do núcleo. O Núcleo Artístico conta com seis salas de oficinas/ateliês dispostos no mesmo pavimento, além da sala dos professores, e saguão de estar com café. Algumas salas de oficinas possuem divisórias de dry-wall retráteis, podendo ser transformadas em um único espaço dependendo da atividade a ser desenvolvida. Além desses núcleos, há também o Núcleo Administrativo e o Núcleo de Serviços, que dão apoio à parte funcional do prédio.
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De maneira geral, os objetivos buscados no projeto através deste partido e dos núcleos apresentados são o respeito às situações e condicionantes do entorno e a criação de alternativas ao vazio urbano existente, do qual a população possa se apropriar a fim de promover o convívio social, e consequentemente, uma interligação clara com o usuário e a paisagem urbana.
Figuras 07 e 08: Perspectivas externas do Parque e Centro Cultural.
A partir dessas definições, decidiu-se a construção de um volume simples, situado na borda do terreno. À frente do Centro Cultural encontra-se uma praça rebaixada para convivência dos usuários e manifestações e apresentações culturais ao ar livre.
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O pavimento térreo do prédio torna-se uma rede de “corredores” que conectam percursos sugerindo diversos caminhos que ligam o parque ao restante do terreno. O térreo tem papel principal na concepção arquitetônica do edifício. Acredita-se que um espaço voltado à criatividade precisa necessariamente ser diversificado. Dessa forma, tão importante quanto as salas de oficina que permitem concentração e serenidade, são os espaços destinados às exposições e instalações artísticas temporárias, que se prestam a toda liberdade que a Arte deve estimular.
Figuras 09: Corte transversal.
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Vendo o edifício em corte percebe-se que densidade não implica em monotonia, e monolito não significa indiferença às pessoas e à paisagem. Cada andar possui sua identidade e os percursos são ricos de luz e ventilação natural devido ao vazio criado nas lajes de todos os pavimentos e à abertura zenital na cobertura.
Figuras 10: Corte longitudinal.
O Centro Cultural foi pensado como parte integrante da cidade, um equipamento que poderá transformar positivamente seu entorno, tirando partido desse contexto para enriquecer o cotidiano dos alunos, funcionários e moradores do bairro, e revelando um novo olhar sobre a paisagem construindo um território fértil à criatividade. O programa de necessidades do projeto pretende oferecer uma série de acontecimentos simultâneos para que haja a constante ocupação do espaço.
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Do parque há uma rampa que leva diretamente ao subsolo, onde se encontra o Núcleo de Apresentações. A intenção ao projetar a rampa de acesso se deu pensando em facilitar a circulação e entrada na parte de cinemas e apresentações no auditório, para que o indivíduo não precisasse passar pelo térreo apenas para acessar o subsolo. No térreo, há uma grande área livre que abrigará as exposições e instalações de arte, podendo também funcionar como oficina de criação e produção. Nesse pavimento também encontra-se uma livraria, um restaurante e os núcleos administrativos e de serviços. No pavimento acima, está a grande biblioteca, com mais de 1000m² contendo seu acervo, sala de projeções, sanitários, mesas de estudo e midiateca.
Figura 11: Perspectiva Centro
Cultural
e
praça
rebaixada.
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No último pavimento, ficam localizadas as salas de oficinas do edifício. São seis salas que abrigam atividades diversas, algumas delas com parede retrátil para poder ser ampliada caso haja necessidade de um espaço maior (além da sala dos professores e sanitários). Os alunos adquirem os conhecimentos em foto/vídeo, expressão corporal e/ou musical e podem se apresentar ou expor seus trabalhos ao ar livre na praça do parque, na galeria do térreo ou até mesmo no auditório. Ao lado do café, há uma área de estar para alunos e professores, acompanhado de um terraço jardim para convivência entre os usuários do prédio inteiro.
Figura 12: Perspectiva externa.
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Alguns elementos arquitetônicos foram utilizados como eixos reguladores do projeto, como o térreo com sua maior parte sendo espaço livre e os vazios nas lajes com a circulação das escadas dentro deles. Optou-se também pelo aproveitamento da luz natural por meio de uma abertura zenital. A existência desse vazio nas lajes dos pavimentos ajusta a difusão da luz e dá continuidade visual entre os andares do edifício, reunindo todos em uma unidade maior. Os brises metálicos permitem aberturas maiores nas paredes sem que a luz solar entre exageradamente.
Figura 13: Perspectiva externa.
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PROGRAMA DE NECESSIDADES PARQUE _________________________________________________________________________________________12.400m² Quadras Poliesportivas 4.200m² Playground 470m² Vestiários 100m² Churrasqueiras 230m² Área de Convivência Coberta 500m² Pista de Caminhada 6900m² CENTRO CULTURAL ____________________________________________________________________________13.230m² Núcleo de Apresentações ________________________________________________________________________1.000m² Auditório 280 lugares 450m² Camarins 65m²
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Cabines 20m² Foyer 340m² Apoio 70m² Sanitários 65m² Núcleo de Entretenimento _______________________________________________________________________700m² 2 Salas de Cinema 240m² Cabines 15m² Foyer 290m² Sanitários 80m² Lojas 70m² Núcleo Social ___________________________________________________________________________________3.300m² Livraria 190m² Área de Convivência/ Exposições 860m²
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Restaurante 100 lugares 390m² Biblioteca 1860m² Núcleo Administrativo __________________________________________________________________________200m² Recepção 30m² Secretaria 40m² Administração 35m² Sala Reuniões 40m² Coordenadoria Geral 30m² Diretoria 25m² Núcleo de Serviços ______________________________________________________________________________270m² Vestiários 50m² Central Segurança 20m² Sanitários 20m²
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Copa Funcionários 40m² Sala de Máquinas 50m² Depósito Geral/ Carga e Descarga 90m² Núcleo Artístico__________________________________________________________________________________1.145m² 2 Ateliês Musicais 140m² 2 Ateliês Expressão Corporal 100m² 2 Ateliês Audiovisual 80m² Sala Professores 60m² Saguão 185m² Café 100m² Terraço 480m²
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CONSIDERAÇÕES FINAIS Os vazios urbanos são espaços comuns a qualquer cidade, atrelados a atividades que não são mais exercidas naquele local. A gestão pública deve olhar para estes espaços ociosos e potencializar seu planejamento urbano a fim de adaptá-lo às funções sociais que uma cidade deve oferecer. Observa-se que esse tema tem sido cada vez mais estudado, fazendo parte das discussões da morfologia e produção das cidades. A pesquisa abordou não somente a produção do espaço, suas definições e dimensões enquanto fenômeno urbano, mas abrangeu também outros temas que estão inter-relacionados, como a inserção de áreas verdes no tecido urbano, estabelecendo a relação com problemas de desenvolvimento da cidade e com o processo de requalificação das áreas degradadas e possíveis vazios. Somente através desta aproximação conceitual foi possível elaborar uma proposta de projeto para a criação de um parque urbano na Penha, parque este que buscou se adequar à realidade do bairro. A partir dessas definições foi possível analisar e estudar qual seria a melhor função para o “grande vazio” deixado após as obras do metrô no local.
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O que se percebe é que o bairro, assim como a maioria da zona leste de São Paulo, enfrenta inúmeros problemas relacionados à falta de oferta em equipamentos culturais, contrapondo-se com a realidade oposta existente na região central, sendo bem servidas de infraestrutura e muitos tipos de equipamentos de cultura e lazer para a população. Desta forma se confirma a necessidade de um olhar mais atento para a região. O centro cultural proposto visou criar um novo espaço de convívio para a população no bairro e suprir a escassez de áreas verdes e edifícios culturais na região. A questão dos fluxos respeitados no térreo convida o usuário a conhecer o interior do edifício, e a diversidade no programa de necessidades traz um maior dinamismo aos pavimentos. A praça em frente ao prédio complementa os espaços de permanência, atraindo quem está de passagem em direção ao metrô. Na parte que se refere ao parque, as quadras e os espaços de convivência tentam trazer de volta o antigo parque outrora reduzido.
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