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O descaso com o saneamento Brasil detém um dos piores índices na área de esgoto sanitário do planeta

Abril de 2010

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Federações CACB

DIRETORIA DA CACB BIÊNIO 2009/2011 PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli - RS 1º VICE-PRESIDENTE Sérgio Papini de Mendonça Uchoa - AL VICE-PRESIDENTES Ardisson Naim Akel - PR Arthur Avellar - ES Fernando Pedro de Brites - DF José Geminiano Acioli Jurema - AL José Sobrinho Barros - DF Leocir Paulo Montagna - MS Luiz Carlos Furtado Neves - SC Sadi Paulo Castiel Gitz - SE Wander Luis Silva - MG VICE-PRESIDENTE ASSUNTOS INTERNACIONAIS João José de Carvalho Sá - BA VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS ESTRATÉGICOS Deocleciano Moreira Alves - GO DIRETOR-SECRETÁRIO Jarbas Luis Meurer - TO DIRETOR-FINANCEIRO George Teixeira Pinheiro - AC CONSELHO FISCAL TITULARES Jadir Correa da Costa - RR Paulo Sérgio Ribeiro - MT Sergio Roberto de Medeiros Freire - RN CONSELHO FISCAL SUPLENTE Altair Correia Vieira - PA Gilberto Laurindo - AP Ronaldo Silva Resende - RN COORDENADOR DO PROJETO DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL Ardisson Naim Akel - PR CONSELHO NACIONAL DA MULHER EMPRESÁRIA Maria Salette Rodrigues de Melo - PR CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO JOVEM EMPRESÁRIO Eduardo Machado COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Neusa Galli Fróes froés, berlato associadas EQUIPE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Olívia Bertolini Thais Margalho COORDENADOR DO EMPREENDER Carlos Alberto Rezende COORDENADOR NACIONAL DA CBMAE Valério Figueiredo COORDENADOR DO PROGERECS Luiz Antonio Bortolin SCS Quadra 3 Bloco A Lote 126 Edifício CACB 61 3321-1311 61 3224-0034 70.313-916 Brasília - DF Site: www.cacb.org.br

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Empresa BRASIL

Acre – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Acre – FEDERACRE Presidente: George Teixeira Pinheiro Avenida Ceará, 2351 Bairro: Centro Cidade: Rio Branco CEP: 69909-460

Paraná – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná – FACIAP Presidente: Ardisson Naim Akel Rua: Heitor Stockler de Franca, 356 Bairro: Centro Cidade: Curitiba CEP: 80.030-030

Alagoas – Federação das Associações Comerciais do Estado de Alagoas – FEDERALAGOAS Presidente: José Geminiano Acioli Jurema Rua Sá e Albuquerque, 467 Bairro: Jaraguá Cidade: Maceió CEP: 57.025-901

Pernambuco – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Pernambuco – FACEP Presidente: Djalma Farias Cintra Junior Rua do Bom Jesus, 215 – 1º andar Bairro: Recife Cidade: Recife CEP: 50.030-170

Amapá – Associação Comercial e Industrial do Amapá – ACIA Presidente: Gilberto Laurindo Rua General Rondon, 1385 Bairro: Centro Cidade: Macapá CEP: 68.900-182

Piauí – Associação Comercial Piauiense - ACP Presidente: José Elias Tajra Rua Senador Teodoro Pacheco, 988, sala 207. Ed. Palácio do Comércio 2º andar - Bairro: Centro Cidade: Teresina CEP: 64.001-060

Amazonas – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Amazonas – FACEA Presidente: Valdemar Pinheiro Rua Guilherme Moreira, 281 Bairro: Centro Cidade: Manaus CEP: 69.005-300 Bahia – Federação das Associações Comerciais do Estado da Bahia – FACEB Presidente: Clóves Lopes Cedraz Rua Conselheiro Dantas, 5. Edifício Pernambuco, 9° andar Bairro: Comércio Cidade: Salvador CEP: 40.015-070 Ceará – Federação das Associações Comerciais do Ceará – FACC Presidente: João Porto Guimarães Rua Doutor João Moreira, 207 Bairro: Centro Cidade: Fortaleza CEP: 60.030-000 Distrito Federal – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Distrito Federal e Entorno – FACIDF Presidente: José Sobrinho Barros SCS Quadra 02 - Edifício Palácio do Comércio - 1º andar Bairro: Setor Comercial Sul Cidade: Brasília CEP: 70.318-900 Espírito Santo – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Espírito Santo – FACIAPES Presidente: Arthur Avellar Rua Henrique Rosetti, 140 - Bairro Bento Ferreira Vitória ES - CEP 29.050-700 Goiás – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás – FACIEG Presidente: Deocleciano Moreira Alves Rua 143 - A - Esquina com rua 148,Quadra 66 Lote 01 Bairro: Setor Marista Cidade: Goiânia CEP: 74.170-110 Maranhão – Federação das Associações Empresariais do Maranhão – FAEM Presidente: Júlio César Teixeira Noronha Av. Ana Jansen, 2 - QD 19 - SL 801 Ed. Mendes Frota - Bairro: São Francisco Cidade: São Luis CEP: 65.076-730 Mato Grosso – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Mato Grosso – FACMAT Presidente: Pedro Nadaf Rua Galdino Pimentel, 14 - Edifício Palácio do Comércio 2º Sobreloja – Bairro: Centro Norte Cidade: Cuiabá CEP: 78.005-020 Mato Grosso do Sul – Federação das Associações Empresariais do Mato Grosso do Sul – FAEMS Presidente: Leocir Paulo Montagna Rua Quinze de Novembro, 390 Bairro: Centro Cidade: Campo Grande CEP: 79.002-917 Minas Gerais – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais – FEDERAMINAS Presidente: Wander Luís Silva Avenida Afonso Pena, 726 - 15º Andar Bairro: Centro Cidade: Belo Horizonte CEP: 30.130-002 Pará – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Pará – FACIAPA Presidente: Reginaldo Ferreira Avenida Presidente Vargas, 158 - 5º andar Bairro: Campina Cidade: Belém CEP: 66.010-000 Paraíba – Federação das Associações Comerciais e Empresariais da Paraíba – FACEPB Presidente: Alexandre José Beltrão Moura Avenida Marechal Floriano Peixoto, 715 - 3º Andar Bairro: Bodocongo Cidade: Campina Grande CEP: 58.100-001

Rio de Janeiro – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro – FACERJ Presidente: Jésus Mendes Costa Rua do Ouvidor, 63, 6º ANDAR Bairro: Centro Cidade: Rio de Janeiro CEP: 20.040-030 Rio Grande do Norte – Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Norte – FACERN Presidente: Sérgio Roberto de Medeiros Freire Avenida Duque de Caxias, 191 Bairro: Ribeira Cidade: Natal CEP: 59.012-200 Rio Grande do Sul – Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul - FEDERASUL Presidente: José Paulo Dornelles Cairoli Rua Largo Visconde do Cairu, 17, 6º andar Palácio do Comércio - Bairro: Centro Cidade: Porto Alegre CEP: 90.030-110 Rondônia – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Rondônia – FACER Presidente: Ednei Pereira dos Santos Rua Dom Pedro II, 637 – Bairro: Caiari Cidade: Porto Velho CEP: 76.801-151 Roraima – Federação das Associações Comerciais e Industriais de Roraima – FACIR Presidente: Jadir Correa da Costa Avenida Jaime Brasil, 223 - 1º Andar Bairro: Centro Cidade: Boa Vista CEP: 69.301-350 Santa Catarina – Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISC Presidente: Alaor Francisco Tissot Rua Crispim Mira, 319 - Bairro: Centro Cidade: Florianópolis - CEP: 88.020-540 São Paulo – Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo – FACESP Presidente: Alencar Burti Rua Boa Vista, 63 3º Andar Bairro: Centro Cidade: São Paulo CEP: 01.014-001 Sergipe – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Estado de Sergipe – FACIASE Presidente: Sadi Paulo Castiel Gitz Rua Jose do Prado Franco, 557 Bairro: Centro Cidade: Aracaju CEP: 49.010-110 Tocantins – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Tocantins – FACIET Presidente: Jarbas Luís Meurer 103 Norte Av. LO 2 - 01 - Conj. Lote 22 Prédio da ACIPA Bairro: Centro Cidade: Palmas CEP: 77.001-022

• O conteúdo desta publicação representa o melhor esforço da CACB no sentido de informar aos seus associados sobre suas atividades, bem como fornecer informações relativas a assuntos de interesse do empresariado brasileiro em geral. Contudo, em decorrência da grande dinâmica das informações, bem como sua origem diversificada, a CACB não assume qualquer tipo de responsabilidade relativa às informações aqui divulgadas. Os textos assinados publicados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.


PALAVRA DO PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli

O passo adiante

C

ientistas, pesquisadores, economistas, sanitaristas, médicos, Organização das Nações Unidas e Fundação Getulio Vargas, entre outros, utilizam sempre o mesmo tom e a mesma sintonia para reforçar o alerta de que o saneamento básico é fundamental para o desenvolvimento. Sem tratamento de água e esgoto para todos, não adianta sequer começar a pensar em uma sociedade justa, progressista e economicamente forte e competitiva. O recado é um alerta, porque quase a metade da população brasileira (44%) não tem qualquer tipo de esgoto. Diante deste cenário, a CACB está preocupada e propondo mais ação e menos discurso. Começamos a mostrar nossa inquietação diante de tão grave situação em reportagem de capa desta edição, onde desenhamos o retrato do Brasil na área de saneamento básico. O IBGE divulgou recentemente dados reveladores do atraso brasileiro. Não estamos falando em esgoto tratado, já que os dejetos coletados ainda são jogados, em sua maioria, diretamente no meio ambiente. A tragédia é ainda maior quando se sabe que apenas 16% de todo o esgoto brasileiro recebe tratamento. A falta de saneamento, além de significar prejuízos à saúde porque realmente mata e adoece quem vive exposto ao lixo, às bactérias e não tem água tratada, também prejudica o desenvolvimento econômico. Sabe-se que o saneamento funciona como propulsor da economia, pois já está provado que aumenta a produtividade do trabalhador em até 13%, promove valorização imobiliária em até 18%, incrementa a massa salarial em até 3,8% e melhora o aproveitamento escolar das crianças em até 8%. Isso, claro, sem falar nos evidentes benefícios à saúde. A cada R$ 1 investido em saneamento, R$ 4 são economizados em saúde pública, segundo a Organização Mundial de Saúde. Para universalizar o saneamento básico no país, são necessários cerca de R$ 270 bilhões, segundo cálculos de especialistas. No ritmo atual de investimento do setor público, a tarefa parece se estender ad infinitum. O próprio governo estimula a entrada do setor privado neste mercado – devido à sua capacidade clara de planejamento e investimento. A lei federal do saneamento (11.445/2007) cria todas as condições para que isso aconteça. Mas uma peça do tabuleiro ainda precisa se mexer. Sem a decisão dos municípios – responsáveis pelos serviços à população – todas as mobilizações não surtem efeito. É chegada a hora de agir. A CACB entra na ação e prepara uma campanha para ajudar os municípios a adotarem uma saída para o problema. Será uma rede de mais de duas mil associações comerciais em todo o país mobilizadas para destacar o atraso e pedir uma solução urgente para o problema, que é uma questão de vida ou de morte. Acreditamos que a parceria público-privada poderá ser a alternativa para a busca destes recursos.

José Paulo Dornelles Cairoli, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil e da Federasul

Setembro de 2010

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ÍNDICE

3 PALAVRA DO PRESIDENTE Sem tratamento de água e esgoto para todos, não adianta sequer começar a pensar em uma sociedade justa, progressista e economicamente forte e competitiva.

5 PELO BRASIL A convite da ICC – Câmara de Comércio Internacional –, o presidente da CACB, José Paulo Dornelles Cairoli, participou, em Paris, do evento de apresentação das cidades candidatas a sediar a 8th World Chambers Congress de 2013.

8 CAPA 8 CAPA

Apenas 36% do esgoto gerado nas cidades do país é tratado. O restante é despejado sem nenhum cuidado no meio ambiente, contaminando solo, rios, mananciais e praias do país inteiro.

14 CASE DE SUCESSO Associação Comercial e Empresarial de Toledo (Acit) criou o programa Acit Qualifica pensando no estímulo ao comprometimento dos colaboradores.

16 DESTAQUE EMPREENDER Movimento no agreste pernambucano põe em destaque o setor moda, com negócios de R$ 2 bilhões por ano.

20 DESTAQUE CACB 16 DESTAQUE EMPREENDER

Entidade entrega propostas aos candidatos à Presidência da República. Material reúne 35 artigos e análises de 42 especialistas com diagnósticos e soluções sobre as grandes questões nacionais.

22 DESTAQUE FEDERAÇÕES Arthur Avellar, presidente reeleito da Faciapes, considera a lei que discrimina os impostos nas notas fiscais o ponto de partida de uma verdadeira reforma tributária no país.

24 SERVIÇOS IBGE mostra que o setor em 2008 cresceu a taxas superiores às da economia no mesmo ano.

26 DESTAQUE CBMAE Parceria entre diversas entidades do Distrito Federal dá exemplo de preocupação com o bom atendimento e comemora os 20 anos do Código de Defesa do Consumidor.

EXPEDIENTE

28 PEQUENAS NOTÁVEIS Coordenação Editorial: Neusa Galli Fróes fróes, berlato associadas escritório de comunicação Edição: Milton Wells - mwells@terra.com.br Projeto gráfico: Vinícius Kraskin Diagramação: Kraskin Comunicação Foto da capa: Instituto Trata Brasil Revisão: Flávio Dotti Cesa Colaboradores: João Marcondes, Neusa Galli Fróes, Olivia Bertolini, Thais Margalho, Execução: Editora Matita Perê Ltda. Comercialização: Fone: 51.3392.7932 Avenida Chicago, 92. CEP: 90240-010 - Porto Alegre-RS

28 PEQUENAS NOTÁVEIS O Sebrae e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) criaram o ‘Restaurante Inteligente’, um software de gestão criado para aprimorar a performance do setor.

34 TENDÊNCIAS Brasil expande mercados no exterior graças à qualidade de seus serviços e à criatividade de seus profissionais. O setor de MPEs é o grande destaque.

36 BIBLIOCANTO A Chegada do Terceiro Reich, do historiador inglês Richard Evans, revela as origens do antissemitismo do nazismo alemão.

37 ARTIGO Newton Lima Azevedo escreve sobre os desafios do Brasil no setor de saneamento.

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Empresa BRASIL


PELO BRASIL

CACB na França A

convite da ICC – Câmara de Comércio Internacional –, o presidente da CACB, José Paulo Dornelles Cairoli, participou, em Paris, na primeira quinzena de setembro, do evento de apresentação das cidades candidatas a sediar a 8th World Chambers Congress, que será realizado em 2013, na condição de membro da banca examinadora da World Chambers Federation (WFC). A WFC (em português, Federação Mundial das Câmaras) é uma divisão do ICC especializada nas câmaras mundiais de comércio que são associadas à instituição. Também na agenda do presidente da CACB, uma reunião com a Laurence Bottier-Heiderscheid (ATA Carnet Manager). Na pauta, a recente aprovação pelo Senado Federal da Convenção de Istambul, também conhecida como ATA Carnet System. O acordo permite a entrada temporá-

ria de um bem em países signatários, sem que ocorra o recolhimento de imposto ou taxa, desde que haja retorno de 100% das mercadorias ao país de origem em até seis meses.

Jovens lideranças debatem o futuro do Brasil empreendedor Trocas de experiências mercadológicas e debates sobre empreendedorismo, associativismo e comércio exterior marcaram a 16ª edição do Congresso Nacional de Jovens Lideranças, em Florianópolis, na segunda quinzena de agosto. A Confederação Nacional dos Jovens Empresários (Conaje), organizadora do evento, é uma das parceiras da CACB. O Congresso contou também com o apoio do Conselho Estadual do Jovem Empreendedor de Santa Catarina (Cejesc), ligado à Federação das Associações Empresariais do Estado de SC (Facisc), e da Acif Jovem – núcleo de jovens empreendedores ligado à Associação Comercial e Industrial de Florianópolis. Fonte: Imprensa CACB e Comunicação/FACISC

Justiça determina fim de encargos para empresas A Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg) conseguiu suspender recolhimentos voltados às contribuições previdenciárias patronais para as mais de 250 mil empresas goianas. O fim do repasse dos tributos à União foi deferido parcialmente em liminar pelo juiz da 2a Vara Federal de Goiânia, Jesus Crisóstomo de Almeida. Neste momento, as empresas que não são beneficiadas pelo Simples e Super Simples deixam a obrigatoriedade de pagamentos referentes à previdência, como afastamento de funcionários por acidente, férias ou motivo de doença,

durante os 15 primeiros dias da ausência do empregado. O advogado da Nelson Willians Advogados Associados, Carlos Carvalhaes, explica que as empresas pagam pelo afastamento na primeira quinzena do mês, em seguida o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) mantém o funcionário. Segundo ele, a lei obriga que as empresas paguem esse valor quando existe prestação de serviço à empresa. No caso do afastamento isso não ocorre. Para o presidente da Acieg, Pedro Bittar, a decisão poderá estimular o crescimento da empresa e gerar emprego e renda. Se-

gundo ele, a diminuição da carga tributária é uma luta constante da entidade. A questão está em trâmite na 2a e na 6a Vara Federal de Goiânia (GO), porém o mandado de segurança em favor da Acieg protege os empresários goianos. Dentre os tributos estão 20% do INSS, auxílios doença e acidente, férias, adicional de décimo terceiro de férias e salário maternidade, aviso prévio indenizado e décimo terceiro salário proporcional ao aviso prévio indenizado. Para conseguir o benefício, o empresário deve primeiramente se a associar à Acieg. Fonte: imprensa Acieg Setembro de 2010

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PELO BRASIL

Federasul ajuda no planejamento estratégico

ACIF promove consultoria grátis a empresários

A Federasul oferece um novo serviço às Associações Comerciais filiadas. Apelidado de Scopi (Sistema de Controle de Projetos e Indicadores), o software é uma das ferramentas feitas sob medida para ajudar na elaboração do planejamento estratégico das instituições, acompanhando os projetos e os indicadores de desempenho, de forma clara, rápida e segura. O Scopi resulta de uma parceria entre a Federasul e a empresa TCA, de Taquara, responsável pelo desenvolvimento do programa. Plataforma de manuseio fácil, a ferramenta oferece recursos para que as entidades, independentemente do porte, possam conquistar suas metas. Por meio

Durante cinco dias, foram oferecidos vários serviços voltados à competitividade das empresas e conciliação extrajudicial, consultoria gratuita com hora marcada, por meio do Núcleo de Soluções Empresariais (Nuse), além de orientação financeira, tributária, contábil e empresarial. Foram apresentadas, também, soluções em telefonia móvel, tecnologia da informação para pequenas e médias empresas e serviços voltados à consulta de crédito. A Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif) promoveu o evento durante a Semana do Empresário da Regional Ingleses.

dele, o usuário recebe informações compiladas, pode monitorar resultados e até saber quando algum de seus indicadores está desatualizado, lidando com prazos. Desde 2006, a Federasul possui o Programa de Fortalecimento das ACIs e oferece diferentes ferramentas às filiadas, como o “Desenvolvimento de Projetos Regionais”, o “Planejamento Estratégico” e os “Indicadores de Desempenho”. Assim, a entidade espera fomentar o crescimento e o desenvolvimento das entidades, auxiliando-as na condução de seu negócio. Mais informações podem ser obtidas no site www.federasul.com.br, pelo telefone (51) 3214-0200 ou e-mail christine.gehring@federasul.com.br

Abertas as inscrições para a 20a Convenção Faciap Inovação na Pequena Empresa é o tema da 20a Convenção da Faciap – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná – que acontece entre os dias 17 e 19 de outubro em Foz do Iguaçu. As inscrições já estão abertas e até o dia 30 de setembro quem se antecipar ganha 15% de desconto. “Nossa programação está sendo montada com foco na pequena empresa. Vamos mostrar para os empreendedores paranaenses que a inovação por resultados está mais próxima do que eles imaginam. E não estamos falando somente de inovação de processos, mas inovação de ideias”, destaca o presidente da Faciap, Ardisson Naim Akel. A convenção da Faciap é um dos maiores eventos empresariais do Brasil e reúne centenas de empresários ligados ao associativismo. Além de soluções para dinamizar e potencializar o trabalho de suas associações comerciais, também buscam ferramentas para incrementar seus negócios.

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Empresa BRASIL

O anfitrião Ardisson Naim Akel, presidente da Faciap, receberá empresários de todo o país em Foz do Iguaçu, em outubro

Serviço:

Mais informações sobre a 20a Convenção Faciap no portal: www.faciap.org.br


O presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais (Federaminas), Wander Luis Silva, e a desembargadora do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) Márcia Maria Milanez assinaram um convênio para a instalação de postos avançados de conciliação extraprocessual nas Associações Comerciais. O Sebrae Minas é um dos articuladores desta parceria. Patos de Minas será a primeira cidade a receber o posto avançado de conciliação extraprocessual, o Pace. A unidade funcionará na sede da Associação Comercial e será inaugurada no início de setembro. Uberlândia, Uberaba e Ipatinga são as próximas na agenda. O Pace é um mecanismo que vem

ACB realiza seminário sobre comércio exterior A Associação Comercial da Bahia, em parceria com a Associação de Comércio Exterior do Brasil, discutiu, no Seminário de Comércio Exterior – Portos da Bahia a “Indústria Naval e Portuária, a Exportação como Indutora do Desenvolvimento”, além de assuntos relacionados a investimentos no setor, mercado importador e uma análise sobre a atual situação portuária no Estado. Fonte: ACB

Foto Simone Guedes

Empresas mineiras com fácil acesso à Justiça

sendo multiplicado no país por meio de uma parceria entre CACB, Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Sebrae. Em São Paulo, sistema similar de audiên-

cias de conciliação atende causas de até cem salários mínimos. Santa Catarina e Alagoas também já aderiram ao Pace. Fonte:ASN / Imprensa CACB

Ação pelas MPEs Membro do Fórum das Micro e

O Fórum Permanente das MPEs é o

Pequenas Empresas, a Confederação

espaço de debates entre governo e se-

das Associações Comerciais do Brasil

tor privado na elaboração de propostas

(CACB) participa da ação para divulgar

e ações voltadas às micro e pequenas

um questionário sobre os entraves e

empresas. É composto por seis comitês

gargalos ao processo exportador das

de trabalho que tratam das mais diver-

MPEs. Assim, a CACB publicará em

sas questões de interesse das MPEs.

seu site, por 30 dias, um banner para

O Comitê Gestor de Comércio

que empresários possam manifestar

Exterior, que promove o questioná-

suas opiniões no questionário realizado

rio, é coordenado pela Secretaria de

pelo Comitê de Comércio Exterior do

Comércio e Serviços do Ministério de

Fórum. A pesquisa vai ajudar a desen-

Desenvolvimento, Indústria e Comér-

volver novas propostas para viabilizar o

cio Exterior (Mdic) e pela Confede-

aumento da competitividade das Micro

ração Nacional da Micro e Pequena

e Pequenas Empresas Brasileiras.

Indústria. (Conapi).

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Foto Rodolfo Stuckert/Agência Câmara

CAPA

Apenas 36% do esgoto gerado nas cidades do país é tratado. O restante é despejado sem nenhum cuidado no meio ambiente, contaminando solo, rios, mananciais e praias do país inteiro

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Empresa BRASIL

Entre os piores no ranking mundial Sem água e esgoto tratados e com qualidade, a escolaridade cai, os salários são menores, os produtos valem menos, a produtividade é baixa e as doenças proliferam

A

Organização das Nações Unidas (ONU) declarou este ano que o saneamento é um “direito universal”. Ou seja, todo cidadão do mundo deveria ter água e esgoto tratados na porta de casa. O enunciado, em si, não parece algo espetacular. Qualquer pessoa sensata concordaria com o direito ao saneamento. O que choca, na verdade, é que a realidade está muito, mas muito distante disso. No mínimo um terço da população do planeta – 2,6 bilhões de pessoas – não sabe o que é um sanitário, uma latrina, uma fossa séptica. O caso brasileiro é emblemático. O tema tomou conta da campanha presidencial. Todos os candidatos disseram que vão “resolver” e “investir”.

De fato, o país vive um momento econômico distinto, foco de atração de investimentos e com uma economia capaz de passar sem maiores arranhões por uma crise internacional. No que diz respeito ao saneamento, no entanto, é tão atrasado quanto a África. Segundo o IBGE, apenas 44% dos brasileiros são atendidos por rede de esgoto. Isso não quer dizer que esses dejetos, que são afastados das casas das pessoas, sejam tratados. Não. A maioria é jogada perto do rio mais próximo. Quem mora em São Paulo e outras metrópoles conhece bem essa história, via olfativa. O Brasil trata somente 16% do seu esgoto. O resto você pode ver no rio Tietê, no Pinheiros, na lagoa Rodrigo de Freitas, na Pampulha, no Guaíba. Informa-


ção relevante: países como Alemanha e Dinamarca tratam mais de 90% de seus dejetos. Talvez esteja aí o turning point para passar definitivamente de nação “em desenvolvimento” para o tão almejado “primeiro mundo”, algo que chegamos a vislumbrar quando vemos o Brasil sediando Olimpíadas e Copa do Mundo. Sem priorizar saneamento, nada é forte. Nenhum crescimento é duradouro, ainda mais em uma economia globalizada. É como pensar em construir uma casa pelo telhado. Sem uma fundação sólida, não há terreno fértil para desenvolvimento, negócio, qualidade de vida. Quem diz é a Fundação Getulio Vargas (FGV). Há dois anos, a FGV vem desenvolvendo um trabalho com o Instituto Trata Brasil para mapear as deficiências do país no saneamento básico. O estudo aponta para algo que a opinião pública, a imprensa e o empresariado normalmente dão pouca atenção. Sem água e esgoto tratados e com qualidade, a escolaridade cai, o salários são menores, os produtos valem menos, a produtividade é baixa e as doenças são muitas e proliferam (ver dados adiante). O premiado escritor peruano Mario Vagas Llosa talvez seja quem melhor definiu a importância do saneamento. “O objeto que representa a civilização e o progresso não é o livro, o telefone, a internet ou a bomba atômica, e sim a privada. Onde os seres humanos esvaziam a bexiga e os intestinos é determinante para saber se ainda estão mergulhados na barbárie do subdesenvolvimento, ou se já começaram a progredir”, escreveu ele, em um artigo intitulado O Cheiro da Pobreza. No Brasil, as vozes mais qualificadas também se manifestam sobre o tema. “Quase 100 milhões de brasileiros vivem sem coleta de esgoto, que contamina os solos, corre a céu aberto e é fonte de graves doenças, responsáveis por 30% de nossa mortalidade”, alerta Evaristo Miranda, em entrevista a Veja. Ele é doutor em ecologia pela Universidade de Montpelier, na França. E trabalha há três décadas na Embrapa. Apesar do atraso, os poderes Executivo e Legislativo, além da sociedade civil, estabelece-

ram um novo horizonte e propuseram um novo modelo. Este ano foi regulamentada a lei federal do saneamento básico (11445/2007). Ela propõe metas, prazos e, o mais importante, novos modelos de gestão para sanar a questão no país. O modelo anterior, já caduco, foi desenvolvido no período militar, no anos 70, o Planasa (Plano Nacional de Saneamento). Foi este plano que desenvolveu as companhias estaduais. Passados 40 anos, percebe-se que este é um modelo que cumpriu seu papel inicial de introduzir o saneamento em um país arcaico e ainda pouco industrializado. Algumas companhias prosperaram, como a Sabesp e a de Copasa - MG. Mas a maioria sofre com o aparelhamento típico de empresas públicas, pouca capacidade de investimento (justamente por não poderem se endividar) e visão limitada (pouca ênfase no tratamento).

Quase 100 milhões de brasileiros vivem sem coleta de esgoto, o que contamina os solos e é fonte de graves doenças

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CAPA

Fermento que faz crescer o bolo

O

mapa do saneamento do Brasil, elaborado pela FGV, é a mais contundente análise sobre o assunto no país. Mas não é só isso. Aponta para o futuro de forma prática, mostrando como o saneamento desenvolve a economia, saúde e educação. Na verdade, um não se desenvolve sem o outro, é isso que se pode apreender. A mais recente pesquisa divulgada pela dobradinha FGV/Instituto Trata Brasil, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, chama-se “Benefícios econômicos da expansão do saneamento básico”. A conclusão da pesquisa é simples e acessível: em áreas onde o saneamento básico é universalizado, ou seja, toda a população tem acesso a água de qualidade e esgoto tratado, o cidadão trabalha mais e recebe um salário maior – um ciclo virtuoso para todos os atores sociais. A expansão da rede geral de esgoto pode aumentar a produtividade do trabalhador brasileiro em até 13,3%. O estudo mostra que a massa salarial no país, hoje em torno de R$ 1,1 trilhão, se elevaria em 3,8% com a expansão da rede de esgoto para todas as residências. Significa um aumento de R$ 41,5 bilhões nas folhas de pagamentos. Vale lembrar que esse valor é equivalente ao custo da universalização da coleta e tratamento de esgoto no Brasil, estimado em R$ 49,8 bilhões. A expansão e valorização imobiliárias também figuram entre os itens marcantes do estudo. A valorização pode atingir até 18%. Esse número corresponde a um imóvel em cidade de porte médio, que não era atendido por rede de esgoto e passa a ser beneficiado integralmente pela cobertura.

“Não há progresso sem o investimento no que há de mais essencial nessa cadeia de valor: o homem”, diz Raul Pinho, conselheiro do Trata Brasil

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Empresa BRASIL

Saúde e educação “Não há progresso sem o investimento no que há de mais essencial nessa cadeia de valor: o homem”, declara Raul Pinho, conselheiro do Trata Brasil. Crianças com acesso a tratamento de esgoto têm um aproveitamento escolar quase 18% melhor do que aquelas que não dispõem de saneamento básico. Essa

diferença, de acordo com o Trata Brasil, acaba migrando para a vida adulta e o desenvolvimento profissional. Um estudo revela que trabalhadores que moram em áreas de esgoto a céu aberto faltam ao serviço 11% mais do que os que vivem em áreas saneadas. No caso da saúde, os números mostram que não priorizar água e esgoto é desperdiçar dinheiro. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a cada R$ 1 investido em saneamento, economizam-se R$ 4 reais em saúde pública. Quando a questão é negligenciada, o resultado são vidas que se perdem. A maioria em virtude de doenças infecciosas, parasitárias, nutricionais, endócrinas e metabólicas. O mais grave nesses casos é que essas mortes atingem em sua maioria crianças de 0 a 6 anos. E 80% destes casos são ocasionados pela falta de saneamento básico, segundo a Organização Mundial de Saúde. O levantamento da Fundação Getulio Vargas analisou os impactos da precariedade do saneamento brasileiro sobre a saúde da população. Em 2009, dos 462 mil pacientes internados por infecções gastrintestinais, 2.101 morreram. Se houvesse acesso universal ao saneamento, haveria uma redução de 25% no número de internações e de 65% na mortalidade. Ou seja, 1.277 vidas seriam salvas.


A Lei Federal criada em 2007 obriga os municípios brasileiros a realizarem um Plano de Saneamento Básico que mostrará o diagnóstico das deficiências das cidades e o caminho para que essa expansão se dê de forma sustentável

Um novo marco

P

ara universalizar os serviços (tratar todo o esgoto e a água), o Brasil precisa investir R$ 270 bilhões, segundo especialistas. No atual ritmo de investimento do setor público, a tarefa pode demorar mais cem de anos. Fica a pergunta: como pagar essa enorme dívida social e, simultaneamente, criar um ciclo perene de investimentos e desenvolvimento? O novo marco já foi estabelecido. Em 2007, foi criada lei federal do saneamento básico (11.445). Este ano, depois de ser exaustivamente (mas não completamente) discutida, ela foi regulamentada. A Lei obriga os mais de 5 mil municípios brasileiros a realizarem um Plano de Saneamento Básico – é ele que mostrará o diagnóstico das deficiências da cidades e o caminho planejado da expansão. Ou seja, que essa expansão se dê de forma sustentável, na medida em que novos bairros são criados com infraestrutura de água e tratamento de esgoto. A exigência de ter um plano desses existe desde 2007, mas com a baixa aderência, o Governo não teve outra opção senão estender o prazo que terminava este ano para 2014 (em uma solução típica brasileira). Resultado: hoje, menos de 20% das cidades têm plano de saneamento. Fica aqui a lição mais importante. Por mais que a sociedade se mobilize, a decisão é municipal. O planejamento sem o investimento não surte

efeito. “O ritmo (de investimento) hoje é baixo. Não atende sequer às demandas já existentes. Precisa crescer muito para se integrar à expansão de moradias populares a que assistimos hoje no Brasil”, explica Fernando Garcia, um dos pesquisadores que conduziu o estudo da FGV. Como em outras áreas, o Governo e BNDES destacam a importância da atração de novo capital (privado) para solucionar a questão – no que seria um modelo de parcerias. Segundo o ministro das Cidades, Márcio Fortes, afirmou à imprensa, “a participação da iniciativa privada no setor de saneamento é fundamental para a universalização dos serviços, seja por meio de consórcios ou parcerias público-privadas, o que estimulamos com a Lei 11.445/07, um marco regulatório esperado há mais de 20 anos”. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o chefe de departamento de Saneamento Ambiental do BNDES, Luís Inácio Dantas, disse que a gestão das empresas públicas muitas vezes dificulta o aumento de investimentos em saneamento. “A maioria das companhias públicas se encontra em uma situação difícil, sem capacidade de pagamento e com falta total de governança”, critica. “Está na hora de trazer a parceria privada para o nível societário. Achamos que essa é uma boa solução para a ampliação dos financiamentos.” Setembro de 2010

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CAPA

Em Paranaguá (PR) o serviço de saneamento foi concedido a uma operadora privada que desde 1997 fez o tratamento de esgoto avançar de 2% para 50%

Capital privado e eficiência

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esmo as companhias de melhor eficiência e gestão no setor público, como a Sabesp (SP), Copasa (MG), Sanepar (PR) e Embasa (BA), já se anteciparam e criaram parcerias com as companhias privadas de saneamento que estão entrando com grande capacidade de investimento no setor. O Projeto Aquapolo é um belo exemplo disso. Parceria entre Sabesp e Foz do Brasil (do Grupo Odebrecht), com investimentos de R$ 250 milhões. A partir do esgoto tratado de uma estação do ABC paulista, produzirá água de reuso para fins industriais – será o quinto maior empreendimento do tipo no mundo – em sintonia com o que há de mais avançado em termos de desenvolvimento sustentável. Além das parcerias, há modelos de concessão de serviço de água e esgoto bem-sucedidos, com índices de saneamento bem superiores à média

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brasileira. Em Paranaguá (PR), principal referência litorânea do estado do Paraná, tanto pela importância do porto, elo na cadeia de exportação da soja no Brasil, quanto por seu belo conjunto arquitetônico colonial, o serviço foi concedido a uma operadora privada, a CAB Ambiental, em 1997. Desde então teve um salto de qualidade. A quantidade de esgoto tratado cresceu de apenas 2% para 50%. Limeira (SP), da Foz do Brasil, é outro exemplo. Primeira concessão privada do país, a cidade alcançou o que poucas conseguem depois de 15 anos de trabalho: universalizou a entrega de água potável à população e tratou 80% do esgoto. E diminuiu o índice de perda (desperdício) para somente 15%, um dos menores do país (a média nacional gira entre os 40% e 50%, um verdadeiro desastre ambiental). Na contramão, estão companhias com baixo investimento e pouco poder de articulação para


O que melhora com o saneamento?

estabelecer parcerias. O Rio Grande do Sul, por exemplo, é apenas o 17º estado brasileiro no ranking de municípios com esgoto tratado. A média de tratamento de suas cidades é de 15%, segundo o IBGE, e é comum, no interior, lugares onde crianças brincam próximos de valas de esgoto a céu aberto. Ainda segundo o IBGE, há maior percentual de municípios com tratamento em São Paulo (78,4%), Espírito Santo (69,2%) e Rio de Janeiro (58,7%). Os piores resultados foram verificados no Maranhão (1,4%), Piauí (2,2%), Rondônia (3,8%), Pará (4,2%) e Amazonas (4,8%). Os municípios com maior saneamento ganham em várias frentes. Inclusive na captação de recursos. Em São Paulo, por exemplo, a Secretaria de Meio Ambiente criou o Selo Verde Azul, o prêmio para os primeiros colocados no ranking ambiental. Cidades como Jundiaí e São Caetano do Sul, algumas das primeiras colocadas no ranking, desfrutam de amplo prestígio, seus produtos comerciais possuem certificações ambientais (algo que será exigido para exportar, por exemplo), são vendidas na mídia como cidades-modelo e recebem prioridade para receber recursos estaduais. Ou, ainda, podem usufruir de programas como o Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, na plenitude, pois este exige saneamento como contrapartida. Diante desse quadro, pode-se intuir facilmente que saneamento básico se reflete positivamente no bolso. Falta a sociedade se dar conta e, enfim, olhar para a sua casa a partir da fundação, em vez do telhado.

Fonte: IBGE

Aproveitamento escolar das crianças 18% melhor Redução de doenças como a diarreia em até 80% Aumento da produtividade do trabalhador em até 13% Aumento da massa salarial em até 3,8% Valorização imobiliária de até 18% Reduz em 65% o número de internações hospitalares Reduz em 65% a mortalidade Setembro de 2010

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CASE DE SUCESSO

Preocupação com a qualificação profissional é o assunto do momento entre as entidades do setor

O comprometimento com o trabalho é o objetivo do curso de qualificação da Acit

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busca do comprometimento das pessoas no trabalho é, hoje, um dos maiores desafios nas mais variadas atividades empresariais. Foi pensando nesse importante diferencial de mercado que a Associação Comercial e Empresarial de Toledo (Acit) criou o programa Acit Qualifica. Desenvolvida pelo departamento de treinamentos da entidade, a iniciativa é destinada aos colaboradores de primeiro e segundo empregos e oferecida de forma gratuita às empresas associadas. De acordo com o presidente da Acit, Eduardo Della Costa, esse é mais um programa que a entidade realiza para promover o desenvolvimento das empresas e seus colaboradores. “É uma ação com o objetivo de dar suporte àqueles que estão ingressando no mercado de trabalho”, afirma. Entre os temas tratados, o Acit Qualifica inclui postura, ética e etiqueta profissional, atendimento ao cliente, atendimento ao telefone e comprometimento.

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Della Costa: foco no desenvolvimento pessoal dos colaboradores


Funcionário precisa se sentir valorizado para melhor desempenhar o seu trabalho A bioquímica Deisy Grizza, dona do Laboratório de Análises Clínicas, também de Toledo, fez o curso com seus funcionários para melhor entender a sua dinâmica e levar o aprendizado para o seu cotidiano. “Resolvi participar do Acit Qualifica porque gostei da iniciativa de uma das colaboradoras, que demonstrou o interesse em aprimorar conhecimentos para aplicar no laboratório”, afirmou. Após o treinamento, a empresária elaborou uma apostila com o conteúdo assimilado, sobre ética no trabalho, postura profissional, bons modos, atenção com os colegas, alegria no trabalho, atendimento ao público, atendimento ao telefone e compartilhou-a com os seus colaboradores. “Temos uma reunião mensal para tratar de assuntos técnicos e administrativos. Neste dia fizemos algo diferente: servimos um coffee break e discutimos os temas em conjunto.” A empresária acredita que esses ensinamentos devem ser aprimorados em qualquer empresa, no seu dia a dia, não importa o setor. “Nas próximas edições do ACIT Qualifica enviaremos outros fun-

cionários para terem a oportunidade de aprenderem e saírem da rotina de trabalho. O funcionário também precisa se sentir valorizado para desenvolver bem o seu trabalho e tornar o ambiente melhor e de sucesso. Afinal, somos uma equipe”, registrou. Juliane Caroline Klein, responsável pelo setor administrativo do Laboratório de Análises Clínicas Analisare, de Toledo, afirmou que o curso chamou sua atenção “pela necessidade de renovar nossas experiências em atendimento ao público e na relação interpessoal com os colegas”. De acordo com Juliane, os treinamentos são fundamentais para a mudança de postura. “Todos os dias devemos rever nossos atos como pessoa e como funcionário diante de críticas construtivas, elogios ou mesmo demonstração própria de iniciativa buscando aumentar conhecimentos e reconhecimento”, diz. “É no trabalho que passamos a maior parte de nossa vida. Por isso devemos buscar todo o conteúdo que nos fizer crescer e nos sentir bem ao final da jornada.”

Mais de 270 pessoas participaram em agosto do terceiro treinamento promovido pela Acit Setembro de 2010

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DESTAQUE EMPREENDER

10a Rodada de Negócios da Moda Pernambucana

No agreste pernambucano, a moda é crescer Câmaras Setoriais fazem a diferença e despertam a atenção de empresários de todo o país

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m movimento no agreste pernambucano despertou a atenção de empresários de todo o país. Os núcleos setoriais da Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (Acic), integrante do Projeto Empreender, chegaram a tal ponto de evolução que se tornaram câmaras setoriais. Atualmente, o maior destaque fica para o setor de moda, que relaciona quatro câmaras setoriais e movimenta, junto com três outras cidades, cerca de R$ 2 bilhões por ano. A Acic é a maior entidade do gênero do nortenordeste do país, superando os índices registrados em todas as capitais nordestinas. A entidade possui 16 câmaras setoriais, que reúnem o empresariado em grupos, facilitando a tomada de decisões em conjunto e a criação de mecanismos que possam dinamizar o segmento e buscar soluções para problemas comuns. O presidente da Acic, Anderson Porto, explica que há oito anos, quando começou a parceria com o Empreender, foram criados núcleos setoriais voltados para

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as áreas mais frágeis da economia e que os grandes comerciantes só foram agregados depois. Com a mistura, surgiu a necessidade de um tratamento diferenciado e os núcleos evoluíram para câmaras setoriais. Porto diz ainda que “antes, os empresários do mesmo setor se viam como inimigos, e agora são parceiros”. O principal benefício da câmara é a facilidade de captar investimentos públicos, especialmente junto à prefeitura local, à Caixa Econômica e ao Sebrae. “Esses órgãos perceberam que aqui tinha um grupo de empresários que queriam beneficiar a economia de toda a região, e não só um ou outro.” Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), a cadeia produtiva têxtil do Brasil, hoje, é formada por 30.000 empresas entre fiações, tecelagens, malharias, estamparias, tinturarias e confecções, que geram 1,6 milhão de empregos formais e informais com um faturamento de US$ 30 bilhões. Do total, 15 mil estão em Pernambuco, segundo a Acic. Não é de hoje que a moda pernambucana se


Foto Imprensa ACIC

destaca. Já na década de 20 do século passado, no auge do Movimento Tropicalista, iniciou-se uma revolução na moda brasileira e um dos nomes de destaque foi o estilista Flávio Carvalho (1899-1973), que propôs roupas e calçados mais leves, de acordo com o clima dos trópicos. Rodada de Negócios esquenta a moda do agreste pernambucano Para apresentar aos empresários de Moda de todo o Brasil as inovações tecnológicas, técnicas e conceituais do polo de confecções do agreste de Pernambuco, um dos maiores do setor no Brasil, Caruaru foi sede da 10ª edição da Rodada de Negócios da Moda Pernambucana. O evento é realizado pela Associação Comercial e Industrial de Caruaru (Acic) duas vezes por ano, uma para apresentar a coleção primavera/verão e outra para a coleção outono/inverno. O polo reúne as cidades de Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe, Surubim e Toritama, que oferecem uma mistura de confecções com 120 empresas de 11 municípios do estado. A iniciativa atraiu empresários de todo o país. Foram mais de 250 compradores, que impulsionaram as pequenas e médias cadeias têxteis locais, fortalecendo o mercado interno. Tudo por meio da força gerada pelo associativismo, através da Acic e Câmara Setorial

da Moda. Além de trazer capital, a Rodada também estimula o aumento da qualidade dos produtos, que buscam atingir o mercado nacional. Os montantes negociados nesta Rodada somaram mais de R$ 12 milhões, 20% superiores aos registrados na 9ª edição. De acordo com Anderson Porto, presidente da Associação, a movimentação financeira pós-evento aquece ainda mais o mercado. “A soma que pode ser até três vezes superior ao gerado durando a ação”, revela. Números muito distantes dos 50 expositores e R$ 750 mil arrecadados na 1a Rodada, em 2005. A Rodada de Negócios da Moda Pernambucana tem apoio da Federação das Associações Comerciais do Estado de Pernambuco (Facep), Sebrae, Fiepe, Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), Sindivest, das associações comerciais de Santa Cruz do Capibaribe, Surubim e Toritama, além da Prefeitura Municipal de Caruaru. A J&B Consultores coordena a ação.

Desfile das marcas locais, durante a 10a Rodada de Negócios

CACB promove seminário internacional de consultoria grupal A CACB promove, de 24 a 29 de outubro, o Seminário Internacional de Consultoria Grupal – uma metodologia que incentiva a competitividade das micro e pequenas empresas. O evento, que conta com a parceria dos centros de treinamento e desenvolvimento profissional das associações comerciais da Baviera (BFZ), será desenvolvido em duas etapas: em São Paulo (capital) e em Águas de Lindóia (SP). O objetivo é promover o intercâmbio de idéias entre entidades, empresários e especialistas de diversos países que utilizam a consultoria

grupal como instrumento para promoção das pequenas e médias empresas. A programação traz palestras, oficinas de trabalho e a apresentação de cases de todos os países do globo. Durante o evento, acontece também o 8º Encontro Estadual do Empreender. O Empreender é pioneiro na adoção da consultoria grupal em larga escala no Brasil. Além de incentivar, a partir dos núcleos setoriais, o aumento de competitividade das micro e pequenas empresas, a ferramenta incrementa o desenvolvimento regional. Através do programa, cada

núcleo, ligado à Associação Comercial ou Empresarial local, é acompanhado de um técnico especializado que adota metodologia específica e promove reuniões periódicas para o desenvolvimento das empresas locais. O programa já atendeu 60 mil empresas e 850 associações comerciais em todo o Brasil. É praticado no exterior, e em 2005 foi eleito pelo ICC (International Chambers of Commerce) como um dos melhores do globo, no fortalecimento das micro e pequenas empresas. Informações e inscrições: event.brazil@cacb.org.br

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DESTAQUE CACB Fotos de Luludi / Luz

Candidatos apresentam planos de governo

José Serra: “Esse documento vai ajudar a governar o Brasil”

Marina da Silva: “As propostas são amplas e densas”

CACB entrega documento com propostas aos candidatos à Presidência da República O livro com análises e proposições tem como tema central a necessidade de o governo aumentar investimentos privados e públicos em áreas como infraestrutura, educação e desenvolvimento tecnológico

“S

e os empresários fossem mais ouvidos nos anos anteriores à eclosão da crise, o Brasil poderia ter tirado muito mais proveito da época da bonança econômica.” Foi o que afirmou o presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), José Paulo Dornelles Cairoli, na abertura da sabatina com os candidatos à Presidência da República, em 9 de agosto. Realizado em conjunto com a Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo

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(Facesp) e pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), no Memorial da América Latina, em São Paulo, no evento foi entregue aos candidatos José Serra (PSDB), Marina da Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSol) um livro com propostas dos empresários para o próximo presidente. Dilma Rousseff (PT), que cancelou sua participação na última hora, devido a outros compromissos, recebeu o documento posteriormente. Coordenado pelo economista da ACSP, Roberto Macedo, o documento, de 600 páginas, reuniu seis


Arruda Sampaio: “Uma sintese que ajuda na aceleração econômica”

edições da Revista Digesto Econômico, com 35 artigos e análises de 42 especialistas com diagnósticos e soluções sobre as grandes questões nacionais. Os estudos e propostas têm como tema central a necessidade de aumentar investimentos privados e públicos em áreas como infraestrutura, educação e desenvolvimento tecnológico, além de estimular o seu financiamento mediante a aplicação da poupança nacional. “Trata-se de um caminho seguro para um desenvolvimento econômico e social”, resumiu o presidente da ACSP e da Facesp, Alencar Burti. “O trabalho que recebi hoje ainda não tive tempo de ler todo, mas pelo que vi e li em alguns sumários me pareceu de altíssimo nível. Esse documento, com certeza, vai ajudar a governar o Brasil”, afirmou o tucano José Serra. “As propostas são amplas e bastante densas”, afirmou a candidata do PV, Marina da Silva. “É um resumo que pode ajudar bastante nas decisões a serem tomadas dentro do governo para a aceleração econômica”, disse o candidato do PSol.

Burti (E) e Cairoli(D) na entrega do documento a José Serra

Documento se constitui em verdadeiro plano de governo Contribuir com ideias e soluções para o próximo presidente da República foi o principal objetivo da publicação Propostas para o Próximo Presidente encaminhado à Dilma Rousseff (PT) e entregue aos candidatos José Serra (PSDB), Marina da Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (Psol). Para Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo, um dos signatários do documento, o que importa é comprometer e organizar a sociedade brasileira a favor do bem comum e de suas inúmeras variáveis que fazem parte de um país almejado pela maioria da população. Entre os vários temas selecionados, a entidade deu especial ênfase às grandes questões nacionais, como desenvolvimento, emprego, educação e saúde. Mas também não descuidou de setores cujos avanços são impostergáveis, sobretudo na área de infraestrutura e logística, hoje ameaçada de um “apagão” capaz de comprometer a autossustentabilidade da nação.

Propostas da CACB abrangem praticamente todos os temas de relevância para a governabilidade Setembro de 2010

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DESTAQUE FEDERAÇÕES

Consumidor tem direito de saber quanto paga de imposto

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rthurr Avellar, presidente reeleito eito da Federação das Associações Comerciais, ciais, Industriais e Agropastoris do Estado tado do Estado do Espírito Santo (Faciapes), iapes), com mandato até 2013, considera nsidera a lei que discrimina os impostos stos nas notas fiscais o ponto de partida de uma verdadeira reforma tributária no país. “Trata-se de um direito do consumidor onsumidor saber o quanto paga de impostos em cada compra. Só assim vamos melhorar as relações de cidadania”, afirma em entrevista ta a Empresa Brasil.

Qual a importância de uma representatividade forte para os associados? Um foro permanente de debate entre o poder público e a iniciativa privada, onde a iniciativa privada cobra dos governantes em nome de uma classe representada pelos associados de uma federação ou de uma ACE. Somado a isso, também devemos apresentar aos governantes, seja em nível muni-

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cipal, estadual ou federal, as aspirações da classe produtiva visando ao crescimento da atividade empreendedora. Qual deve ser o foco de atuação da CACB daqui para a frente? A CACB já está bem focada nos seus objetivos, porém o foco neste caso não é uma coisa estática.


Basta que a CACB continue no seu propósito e agregue novos desafios.

estes dirigentes poderem despachar com todas as facilidades quando virem à capital.

Quais devem ser as prioridades da agenda empresarial no país? Penso que a reforma tributária merece um clamor constante, porém devemos estar atentos para novidades que se apresentam, como, por exemplo, a redução da jornada de trabalho, que pode trazer grande prejuízo não só para o empregador como para o empregado.

Quais os novos departamentos que surgiram na estrutura da federação nos últimos anos? Implantamos núcleos setoriais com sucesso. Já temos o Nuctec Núcleo de Tecnologia, onde um grupo de empresários tratam deste assunto para repassar às demais filiadas. Outros núcleos setoriais serão criados ainda este ano.

Qual deve ser a posição do meio empresarial no que se refere a racionalização e redução dos gastos públicos? Acompanhamento constante e cobrança de uma maior transparência dos governos em todos os níveis. E neste caso as ACEs têm um importante papel pela sua capilaridade, elas têm condições de cobrar transparência em seus municípios.

A entidade de alguma forma está atuando no sentido de mostrar a importância da sustentabilidade no mundo atual? Sustentabilidade é assunto constante de pauta em nossa entidade. Como exemplo, estamos apoiando a feira de sustentabilidade e o primeiro congresso nacional de sustentabilidade promovido pela empresa França Eventos e Negócios Internacionais, que acontecerá no estado de São Paulo no ano de 2011, inclusive apresentamos o projeto na última reunião da CACB convidando esta para ser o ator principal deste projeto.

Como vê a possibilidade de uma verdadeira reforma tributária no país após as eleições? A reforma tributária deve ter prioridade absoluta na agenda do empresário para cobrar dos próximos governantes e deve vir acompanhada da reforma fiscal. Quais as principais realizações de sua gestão? De uma forma genérica, procurar manter unidas as Associações do estado do Espírito Santo e manter a chama do associativismo acesa. Já de uma forma mais direta, manter os serviços sugeridos pela CACB, tais como implantar câmaras de mediação e arbitragem, Certificação Digital, dentre outros programas ligados ao Progerecs. Quais as inovações de sua gestão que o senhor destacaria? A mudança para uma sede mais ampla que aconteceu no início de agosto deste ano, trazendo um maior conforto e, em consequência, uma maior facilidade aos presidentes de ACEs do interior, uma vez que reservamos um espaço na Faciapes para

“Penso que a reforma tributária merece um clamor constante, porém devemos estar atentos para iniciativas como, por exemplo, a redução da jornada de trabalho que pode trazer grande prejuízo não só para o empregador como para o empregado.”

Existe algum acompanhamento da entidade sobre o trabalho dos parlamentares de seu estado na Câmara e no Senado? Constantemente através da imprensa e outras formas de acompanhamentos, e procuramos manter um relação estreita com os parlamentares do nosso estado a fim de não só cobrar mas também subsidiar seus mandatos. A sua administração troca experiências de alguma forma com outras federações? Quais os resultados? Aponte uma medida que serviu de exemplo e foi adotada na sua federação? Ou vice-versa. Procuro manter assiduidade nas reuniões da CACB, penso que esta é a melhor forma de trocar experiência. Como exemplo eu diria que grande parte das nossas ações emana da CACB, que tem sido muito bem dirigida nos últimos anos. Setembro de 2010

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SERVIÇOS

O IBGE detectou uma evolução de 10,3% no número de empregados nas empresas de serviços em 2008 em comparação ao ano anterior

Setor de serviços cresce a taxas superiores às da economia A atividade que absorveu a maior parte do pessoal ocupado foi a de alimentação, que integra o setor de serviços prestados às famílias, que respondeu por 13,3% ou 1,2 milhão de pessoas

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setor de serviços, segundo Pesquisa Anual de Serviços (PAS) 2008, divulgada em agosto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cresceu a taxas superiores às da economia daquele ano. Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 5,1%, os serviços não financeiros registraram aumento de 18,8% na receita operacional líquida, que saiu de R$ 572 bilhões em 2007 para R$ 680 bilhões em 2008, o que representou um crescimento real de 13,1%, descontada a inflação do período. Entre os sete segmentos avaliados pela pesquisa em 2008, a maior parcela de pessoal ocupado estava alocada no setor de serviços profissionais, administrativos e complementares, que envolve atividades técnico-profissionais e de escritório e apoio administrativo, entre outras. São 3,6 milhões de pessoas ou 39,5% do total. O mesmo se deu em relação à massa salarial, de R$ 44,2 bilhões

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ou 34,5%. O número de empresas representou 28,3%, ou seja, 248.980 estabelecimentos, sendo ultrapassado apenas pelos serviços prestados às famílias, que incluem as atividades de alojamento. A atividade que absorveu a maior parte do pessoal ocupado foi a de alimentação, que integra o setor de serviços prestados às famílias, que respondeu por 13,3% ou 1,2 milhão de pessoas. O total de empresas neste ramo era de 199.547, o que corresponde a 22,7% do número de empresas de serviços no Brasil. Em segundo lugar, encontravamse os serviços para edifícios e atividades paisagísticas, com 9,2% ou 849.541 pessoas. A maior parcela da massa salarial é atribuída aos serviços técnico-profissionais, que envolvem atividades de assessoria, consultoria e análise técnica, responsáveis por 11,1% ou R$ 14,2 bilhões. Segundo o trabalho, o Brasil tinha 879.691 empresas de serviços em 2008, um aumento de 10% em relação a 2007 (793.928 empresas),


excetuando as ligadas à área financeira. O setor era responsável, dois anos atrás, pela geração de 9,23 milhões de empregos, contra 8,37 milhões em 2007, um ganho de 860 mil vagas. As telecomunicações geraram a maior receita operacional líquida no setor de serviços, de R$ 122,2 bilhões. Além disso, contaram com a segunda maior produtividade, indicador que expressa o quanto cada pessoa ocupada agrega na produção: R$ 374,5 mil por pessoa ocupada. O valor dos bens produzidos pela atividade foi de R$ 51,2 bilhões, o segundo maior do segmento. Esses dados fazem parte da Pesquisa Anual de Serviços (PAS) 2008, divulgada em agosto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O setor de serviços, segundo o IBGE, representa 12% do PIB nacional. Aumenta o número de empregados no setor Aumentou o número de empregados nas empresas de serviços no país. Em 2008 houve uma evolução de 10,3% em comparação ao ano anterior, o que representou um acréscimo de 860,1 mil postos de trabalho no período. Segundo o levantamento do

IBGE, em torno de 9,2 milhões de pessoas trabalhavam neste tipo de empresa em 2008. Dentro dos sete segmentos pesquisados, o instituto informou que, entre 2007 e 2008, houve um crescimento de 14,7% no número de pessoas trabalhando no segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio. Somente a atividade de transporte rodoviário de cargas registrou avanço de 30,7% no pessoal ocupado no período. As empresas de serviços profissionais, administrativos e complementares, como agências de viagem, serviços de escritório e de locação de mão de obra, foram as que mais empregavam no setor de serviços em 2008. Segundo o IBGE, este tipo de empresa respondia por 39,5% do pessoal ocupado no setor. Em 2007 este porcentual era parecido, de 40,0%. Em segundo lugar, entre as que mais empregavam, estão as empresas de transportes, serviços auxiliares de transporte e correio, com participação de 22,1% no total de pessoas empregadas – sendo que, no ano anterior, este tipo de companhia empregava 21,3% do total. O setor de serviços não financeiros pesquisado representa em torno de 12% do Produto Interno Bruto (PIB).

IBGE: PIB per capita do Brasil cresce 21,7% em 14 anos Nos últimos 14 anos, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita (por pessoa) do Brasil cresceu 21,7%, saltando de R$ 4.441,00 em 1995 para R$ 5.405,00 em 2009. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em sua pesquisa “Indicadores de Desenvolvimento Sustentável”, referente ao ano de 2010. As maiores taxas anuais de crescimento do PIB per capita foram apuradas nos anos finais da série, com exceção de 2009, quando os efeitos da crise internacional afetaram o desempenho da economia brasileira. O instituto revela que, em 2009, influenciado pela crise global, o PIB per capita do país caiu 1,17% na comparação com 2008, quando registrava

R$ 5.469,00. Dados de 2007 disponibilizados pelo IBGE na publicação mostram ainda que a região com o maior PIB per capita do país é a Sudeste (R$ 19.277,00), seguida pelo Centro-Oeste (R$ 17.844,00), pelo Sul (R$ 16.564,00), pelo Norte (R$ 9.135,00) e pelo Nordeste (R$ 6.749,00). Entre as unidades federativas do Brasil, o destaque positivo ficou com o Distrito Federal, que tem o maior PIB per capita do país (R$ 40.696,00), quase o dobro do registrado no estado de São Paulo (R$ 22.667,00), que obteve o segundo lugar. O Rio de Janeiro ocupa a terceira posição (R$ 19.245,00), seguido por Espírito Santo (R$ 18.003,00) e Santa Catarina (R$ 17.834,00).

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DESTAQUE CBMAE

A presidente da ACDF , Danielle Moreira, e o presidente da OAB-DF, Francisco Caputo, durante a assinatura do convênio para a campanha Ponto Pacífico

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A nova ordem é pacificar Parceria entre diversas entidades do Distrito Federal dá exemplo de preocupação com o bom atendimento e comemora os 20 anos do Código de Defesa do Consumidor em grande estilo

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m setembro de 1990, o Brasil ganhava o Código de Defesa do Consumidor no intuito de defender o consumidor dentro de seus direitos, como rege a Constituição. Para comemorar os 20 anos de existência dessa ferramenta de melhoria na relação entre fornecedor e cliente, a Associação Comercial do Distrito Federal (Acdf), em parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF), lançou a campanha Ponto Pacífico, com o objetivo de inaugurar uma nova fase nas relações de consumo em Brasília e servir de exemplo para todo o território nacional.

A iniciativa foi inspirada na análise de dados do cadastro nacional de reclamações fundamentadas, elaborado pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, órgão subordinado ao Ministério da Justiça, que indica um crescimento no número de reclamações que geraram processo nos Procons de todo o país. Entre setembro de 2008 e agosto de 2009, um total de 104.867 processos foi provocado por reclamação de consumidores, cuja maioria está associada ao segmento de produtos (55,6%), vindo a seguir o setor de serviços (16,3%). A ideia da campanha é solucionar de forma célere os pequenos problemas das relações de


consumo através dos Métodos Extrajudiciais de Solução de Conflitos (Mescs), a fim de desafogar o Procon e o Poder Judiciário. Além de promover o treinamento de lojistas e a conscientização dos consumidores, a campanha disponibilizará advogados, em quiosques em shoppings, que atuarão como mediadores de conflitos não solucionados. Os quiosques funcionarão como centros de atendimento ao consumidor, destinados à prevenção e solução de litígios, por meio da Mediação como Método Extrajudicial de Solução de Conflitos (Mesc). Além desse serviço, a OAB/DF e a Associação Comercial promoverão palestras, cartilhas para lojistas e consumidores e eventos de discussão e aplicação de regras de autorregulação. A montagem de um centro de atendimento junto à Feira dos Importados, região de comércio popular de Brasília que conta com quase 2 mil feirantes e é responsável por grande parte da demanda do Procon-DF, também poderá fazer parte da campanha. A parceria foi assinada oficialmente no dia 15 de março deste ano, no Dia Mundial do Consumidor. A iniciativa também pretende promover a autorregulamentação das relações de consumo a partir do esclarecimento e incentivo à conscientização sobre o respeito prévio aos direitos do consumidor. “O projeto de conscientização dos empresários e consumidores serve para que o foco seja o entendimento, jamais o conflito”, explica o presidente da OAB-DF, Francisco Caputo. “Muitas vezes o conflito surge pelo desconhecimento da lei. Com mais informações sobre os direitos dos consumidores e treinamento para os lojistas, acreditamos que eventuais discordâncias poderão ser resolvidas no próprio estabelecimento comercial”, diz Caputo. Segundo a presidente da Acidf, Danielle Moreira, a campanha está em fase de organização por uma comissão formada por representantes da entidade, da OAB-DF, Procon, Ministério da Justiça, Defensoria e Promotoria Públicas do Distrito Federal. “Ao final, todas serão beneficiadas, já que o uso da Mediação deverá desafogar o Procon local e a Justiça de forma geral, atendendo às pequenas causas no próprio local onde são geradas”, destaca.

As lojas que participam da campanha terão o selo Ponto Pacífico na vitrine

O consumidor agradece Além do Ponto Pacífico, outras parcerias do gênero estão sendo desenhadas entre PACEs e Câmaras da Rede CBMAE. O Posto de São Paulo, por exemplo, credita uma média de 80% de sua demanda aos processos encaminhados do Procon estadual. A parceria, apesar de não ser oficializada por nenhum convênio, ajuda a desafogar o órgão a partir de uma simples mudança de estratégia. O consumidor que chega ao Procon tem seu processo analisado e, se for um caso passível de Conciliação, é encaminhado ao Posto Avançado. O PACE de São Paulo já realizou mais de 27 mil orientações e cerca de 5,8 mil audiências, com mais 12 mil agendadas. A entidade mantém uma média de 78% de acordos frutíferos em suas audiências. Este modelo deverá ser oficializado com um acordo piloto até o final de setembro. Em setembro de 2009, a Câmara da Mediação e Arbitragem da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (Acicg) também assinou uma parceria com o Procon do Mato Grosso do Sul. O Procon deve direcionar à Câmara os processos que podem ser resolvidos por Conciliação, a fim de distribuir a demanda e desafogar o acesso à Justiça.

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PEQUENAS NOTÁVEIS Foto Divulgação

A proposta é que mil empresários participem da fase piloto

‘Restaurante Inteligente’ auxilia gestão de bares e restaurantes Sebrae e Abrasel lançam projeto que busca melhorar a gestão dos empreendimentos a partir do conhecimento dos indicadores financeiros que têm impacto nos resultados ■ Agência Sebrae de Notícias

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m empresário que conhece bem os números do seu empreendimento tem condições de tomar decisões para aumentar a produtividade do negócio. Pensando nisso, o Sebrae e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) criaram o ‘Restaurante Inteligente’. Trata-se de um software de gestão desenvolvido pela Abrasel para auxiliar empresários do setor a aprimorar a gestão e a performance dos seus estabelecimentos. O projeto encontra-se em fase piloto e contará com investimentos de pouco mais de R$ 2,2 milhões. Os profissionais das duas entidades terão o desafio de mobilizar, em seus estados, empresários que tenham interesse de implementar o projeto

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Empresa BRASIL

em seus empreendimentos. O lançamento oficial está previsto para setembro por meio de uma videoconferência em nível nacional. A proposta é que mil empresários participem inicialmente desta fase inicial. Serão formadas turmas com 30 participantes nas cinco regiões do país. “As vagas que restarem serão concentradas nas cidades-sede da Copa de 2014”, explica uma das gestoras nacionais dos projetos de Turismo no Sebrae, Germana Magalhães. “Existe um milhão de empresas formais e informais nesse segmento no Brasil, das quais mais de 95% são micro empresas. São estabelecimentos com gerentes que usam a intuição como modelo mais comum de tomada de decisão”, disse o presidente executivo nacional da Abrasel, Paulo Solumucci Júnior.


O projeto: União de tecnologia e gestão eficaz O projeto Restaurante Inteligente possibilita ao empresário armazenar informações do seu próprio estabelecimento, além de acessar indicadores do setor em nível nacional. Ao longo do tempo, estas informações, uma vez consolidadas, serão armazenadas, com segurança, em um banco de dados. Será possível criar um quadro geral com indicativos gerenciais que servirão como referência de performance para o setor de alimentação fora do lar, construindo assim um ambiente de ‘Inteligência Comercial’. De fácil utilização, o software de gestão está estruturado em plataforma web ou disponível para download. Para auxiliar os empresários na utilização do programa, serão realizados cursos presenciais em todas as capitais do país, além de videoaulas de acompanhamento. Nesse treinamento, os empreendedores serão capacitados ainda a conhecer e classificar suas principais contas. Uma vez organizado esse plano de contas, o empreendedor terá condições de acompanhar a performance financeira do seu estabelecimento, o que permitirá uma apuração de lucro mais exata graças ao registro coerente e contínuo dos valores de receitas e consumos da operação. “A sistematização dessa prática – classificação das contas e apuração dos resultados – é uma poderosa ferramenta de gestão do negócio que permite ao gestor direcionar esforços e recursos com o objetivo de maximizar seus resultados”, disse Germana Magalhães. Os gestores terão ainda à sua disposição um tutorial online e uma central de atendimento para ajudá-los com a utilização do programa e também um consultor de sua localidade para esclarecer dúvidas relativas aos cálculos dos indicadores de seus estabelecimentos.

Empreendedores do ramo de ótica formam Rede em Sergipe Trabalhar de forma conjunta traz vantagens como desconto em compras, rateio de despesas comuns e acesso a instituições de fomento ■ Agência Sebrae de Notícias

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rabalhar de forma conjunta sempre é mais vantajoso para os pequenos negócios, pois unidos eles têm mais força e maiores chances de competir com os grandes empreendimentos. Outro ponto positivo é ter mais acesso às instituições de fomento no momento de solicitar algum apoio ou formalizar uma parceria. Consciente dessa realidade, um grupo de empresários sergipanos lançou, em agosto, uma Rede de Óticas composta por 14 empresas, a Redópticas. A consultora do Sebrae Mercia Aragão explica que a criação da Rede é uma ação do Projeto Fortalecimento do Comércio de Óticas da Grande Aracaju. “Quem trabalha de forma conjunta tem acesso a várias vantagens, como obter descontos na hora de adquirir insumos, pois a compra é maior. É possível ainda elaborar uma campanha de divulgação e dividir as despesas entre as empresas. E quando for necessário adquirir um equipamento ou serviço, os custos podem ser rateados com o grupo”, reforça Mercia. Vale destacar também o maior acesso às instituições de fomento, pois, devidamente legalizada, a Rede pode pleitear vários apoios, como participar de uma missão empresarial a um evento em outro estado ou realizar uma missão técnica com o objetivo de conhecer o trabalho realizado por outra Rede de Óticas que seja um caso de sucesso. Neste início, o escritório sede da Rede será no portal escritório virtual. O projeto é uma ação da Unidade de Comércio e Serviço do Sebrae em Sergipe.

Cooperação entre empresas do mesmo ramo promove redução de custos e maior potencial de divulgação Setembro de 2010

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PEQUENAS NOTÁVEIS Foto ASN

Para o comerciante Diego Kischel, a formalização facilita acesso ao crédito

Empreendedores formalizados têm vida nova em Mato Grosso Projeto gera novas perspectivas e novos negócios para ambulantes e autônomos. Atualmente, mais de 8,5 novos empreendedores deixaram a informalidade no estado. ■ Agência Sebrae de Notícias

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máxima da oportunidade que caiu do céu não é mera força de expressão para novos empreendedores individuais em Mato Grosso. Após a formalização pela nova figura jurídica do Empreendedor Individual, autônomos e ambulantes vivem a experiência de ter os benefícios da ampliação de renda e do acesso a serviços para melhorar seu pequeno negócio. Atualmente, cerca de 8,5 mil novos empreendedores já se formalizaram no estado, em lista que inclui pintores, eletricistas, encanadores, doceiras, cabeleireiras, artesãs e vendedores, entre outras categorias profissionais. O jovem Diego Kischel, da Infinitty Bijoux, é comerciante no bairro Pedra 90. Sua família tem vários

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empreendimentos no bairro, como lojas de confecções, supermercado e outros negócios. Ele foi atrás do seu espaço nesse meio e se formalizou como Empreendedor Individual. Em uma loja com cores modernas e vibrantes ele revende brincos, pulseiras, colares e presilhas, entre outros acessórios para o corpo. O ponto comercial foi aberto em fevereiro e a formalização dele ocorreu há dois meses. Ele diz que o registro como empresa facilita o acesso ao crédito e o apoio para dinamizar o próprio comércio. “Fiz formalização da empresa, tenho cartão para compra e revenda com tranquilidade, tive acesso a crédito e pude contratar minha funcionária”, cita, orgulhoso, as vantagens. “Você trabalha com empresa regular e paga R$ 57 por mês. Um preço que dá para pagar. Antes de me formalizar, eu tinha tentado três vezes trabalhar com cartão de crédito.


Com a formalização, enviei a conta jurídica do banco e na hora deu certo. Em dois dias já operava com o cartão.” Ele diz que o cartão, principalmente no final do mês, é o grande atrativo para vendas. Segurança e orgulho Em mais uma ação para multiplicar o conhecimento sobre Empreendedor Individual, o Sebrae em Mato Grosso realizou capacitação para costureiras de Cuiabá e Várzea Grande. Atuando neste ramo há 30 anos, Ivani Soares de Sousa fez o cadastro na atividade no próprio local do evento. “Eu nunca paguei nada de contribuição, não tenho INSS. Agora vou pagar e ter benefício de aposentadoria. Posso até registrar alguém e pagar”, conta sobre as vantagens de geração de economia e renda. Para driblar as dificuldades em conseguir emprego, o ex-detento Antônio João Alves de Arruda Filho, 30 anos, resolver montar seu próprio negócio. Depois de assistir a uma palestra sobre o Empreendedor Individual no Sebrae em Mato Grosso, decidiu se cadastrar na nova categoria. Até então ele vendia seu produto, essência para cremosinho, sem nota fiscal e, por isso, estava perdendo clientes. Antes de se formalizar, não vendia mais do

que 100 cartelas a cada dois meses, hoje comercializa uma média de 500 por mês e só não aumenta o volume porque precisa ainda vencer alguns gargalos, tais como a contagem das embalagens para montar os kits. Ele processa 80 quilos de essência por mês e está em busca de uma máquina para contar os saquinhos e assim sair do processo manual utilizado hoje. “Para produzir 100 cartelas é preciso separar mais de 25 mil saquinhos, o que demanda 2 dias de trabalho e cerca de 10 horas”, conta, acrescentando que a família inteira está envolvida nesta atividade. Há 8 meses no mercado, ele tem três vendedores trabalhando com o produto.

Serviço A formalização do Empreendedor Individual, destinada a pessoas que faturam até R$ 36 mil ao ano, pode ser feita no endereço www.portaldoempreendedor.gov.br e tem custo mensal de 11% do salário mínimo (R$ 56,10) para o INSS e mais R$ 5,00, no caso de prestador de serviço, ou R$ 1,00 para os que atuam no comércio e indústria. Foto Sebrae em Mato Grosso

Agora, com cadastro no Empreendedor Individual, a costureira Ivani Soares tem direito à aposentadoria

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PEQUENAS NOTÁVEIS

Associativismo fortalece setor de confecção em Alagoas Após enchente que devastou União dos Palmares, empreendedores apostam na força da cooperação para fortalecer a atividade e reorganizar seus negócios ■ Agência Sebrae de Notícias

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m grupo de 22 empreendedores ligados ao setor de confecções, em União dos Palmares, busca no associativismo uma alternativa para fortalecer a atividade e reorganizar seus negócios após a enchente que atingiu o município em junho deste ano. No final de agosto, eles oficializaram a Associação de Confecções de União dos Palmares (ACUP) e estão confiantes no recomeço das atividades. Muitos desses empreendedores perderam tudo com as chuvas que atingiram o município durante o primeiro semestre. Além dos danos na infraestrutura, alguns deles ficaram sem máquinas, equipamentos e matéria-prima. Para o grupo, a associação é uma forma de unir esforços para recomeçar, minimizando as dificuldades de quem trabalha sozinho. Segundo Mariana Amorim, gestora da Carteira da Indústria do Sebrae em Alagoas, desde 2009 esse grupo vem sendo assistido pelo Projeto Moda Alagoas, coordenado pela instituição, e nesses dois anos houve

Além de cursos para aprimorar corte e costura, os associados receberão orientações para acesso a mercados

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avanços significativos na qualidade dos produtos e na maneira de os empreendedores administrarem seus negócios. Mas era preciso dar um passo adiante para que eles crescessem como empresários. Com o associativismo, o grupo se fortalece, não apenas nesse momento de reconstrução, mas para enfrentar as barreiras naturais do mercado, como o acesso ao crédito, às capacitações gerenciais e tecnológicas. De acordo com Mariana, os associados participarão de capacitações para melhorar as técnicas de corte e costura e aprimorar o design dos produtos, e receberão orientações sobre técnicas de negociação. “Antes esses empreendedores trabalhavam de forma isolada. Em grupo eles terão acesso a produtos e serviços, como capacitação e orientações para acesso a mercado. Esse é uma oportunidade de crescimento para todos os empresários”, afirma Mariana. “Com a ACUP, nós iremos recomeçar nossos negócios, além de trazer mais produtividade para o grupo e desenvolvimento para o setor de confecções aqui em União”, disse o presidente da entidade, José Quitério.


Crescem pedidos para garantir direito autoral de softwares Sebrae disponibilizará cartilhas que explicam as quatro modalidades de propriedade intelectual ■ Agência Sebrae de Notícias

Foto Bernardo Rebello

De acordo com o INPI, número de pedidos cresceu em 18% neste ano

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egistrados conforme o regime de direito autoral, os softwares brasileiros estão cada vez mais protegidos. Em todo o ano passado haviam sido feitos ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) 921 pedidos, contra 802 em 2008. E desde o início de 2010 o número de pedidos de registro cresceu 18% em relação ao mesmo período de 2009. “Quando a empresa faz o registro, a obra é de sua propriedade. Assim, ela pode licenciar para que outras empresas possam comercializar o software. É a forma de identificar que aquele software foi desenvolvido por ela”, afirma o gerente da Unidade de Acesso a Inovação e Tecnologia (UAIT) do Sebrae, Edson Fermann. De acordo com o responsável pela área de Registro de Software no INPI, Victor Pimenta Mendes, o incremento se deu a partir de meados de 2009 quando o órgão passou a aceitar a possibilidade de o depósito do pedido de registro ser feito com documentação técnica em CD/DVD, além de ter reduzido o valor das retribuições em 60% para micro e pequenas empresas. Segundo a legislação brasileira, é facultativo ao produtor de software registrar sua criação para melhor garantir seu direito. Nas licitações públicas, no entanto, o registro é obrigatório. “O registro do software gera uma maior garantia ao direito, pois concede maior segurança jurídica e uma melhor apropriação deste ativo intangível”, afirma Mendes. Com o objetivo de garantir a autoria da ferramenta, o empresário paraibano Marcelo de Barros entrou recentemente com um pedido de registro junto ao INPI. Ele é um dos sócios das empresas de Campina Grande Arcded e Light Infocon, que

desenvolveram o WebArquiteto, um software que faz outros softwares. O dispositivo permite a criação de uma simplificada plataforma de desenvolvimento de outros softwares para programadores sem experiência em tecnologia da informação. “Essa tecnologia permite que o profissional programe em uma linguagem mais simples, é perfeita para automatizar pequenos negócios”, explica Barros. “Queremos registrar porque esse é um bem da empresa, então precisamos proteger. Vamos disponibilizar o programa para baixar gratuitamente, mas queremos que ele tenha o nosso nome, pois será um ganho para a empresa à medida que conseguirmos vender outros produtos e prestar consultorias”, afirma. A partir de 2011, o Sebrae vai disponibilizar para os empreendedores cartilhas explicando as quatro principais modalidades de propriedade intelectual: patente, registro de software, registro de marcas e registro de desenho industrial. A instituição vai oferecer ainda consultorias para auxiliar o empreendedor no registro da propriedade intelectual. O objetivo é sensibilizar os empresários sobre a importância de proteger seu produto ou marca de possíveis reproduções. Setembro de 2010

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TENDÊNCIAS

Criatividade rende mais negócios Novas soluções desenvolvidas por profissionais altamente qualificados fazem parte do diferencial dos produtos nacionais exportados; participação das micros e pequenas empresas é cada vez maior

“O

Brasileiros estão ganhando espaço no exterior com design diferenciado

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Brasil, como todos sabem, foi descoberto em 1500; mas o Brasil só descobriu o mundo há pouco mais de 15 anos.” A afirmação é do ex-ministro da Indústria, Comércio e Desenvolvimento, o embaixador Sergio Amaral, que em seus artigos e pronunciamentos reflete a mudança de rumos da economia brasileira. Hoje, o país, uma vez conhecido apenas por sua excelência em exportação de matérias-primas e importação de matéria manufaturada, tem como destaque em sua balança comercial a exportação de tecnologia e know-how. Em 2009, o Brasil exportou US$ 26,3 bilhões e se posicionou no 31º lugar no ranking dos principais países exportadores de serviços. O mercado americano foi o que mais importou serviços brasileiros (45%), seguido pela União Europeia (26,8%), América Latina exceto Mercosul (9,9%), Mercosul (1,8%) e demais (9,9%). Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) revelam ainda que, no ano passado, o setor de serviços foi responsável por 68,5% do PIB e gerou mais de 70% dos empregos formais. Destaca-se a participação dos micro e pequenos empreendimentos. Em cada cem empresas exportadoras de serviços, 77 eram micro e pequenas. Diversos segmentos contribuem para esses resultados positivos. A arquitetura tem conquistado reconhecimento e espaço no exterior, em áreas como edificação, interiores, arquitetura corporativa, paisagismo. Brasileiros também vêm ganhando espaço, trabalhando o design como ferramenta de diferencial competitivo nos produtos brasileiros de exportação e vendendo serviços profissionais de design a empresas estrangeiras. Nas artes plásticas, galerias de arte contemporânea brasileira conquistam mercado no exterior, por meio da participação em feiras internacionais e do convite para que compradores estrangeiros venham a eventos importantes no calendário brasileiro de artes, como a Bienal Internacional de Artes de São Paulo. A criatividade e a qualificação profissional, além

da utilização de novas tecnologias, são diferenciais brasileiros. Mas é preciso também estratégia. Para Maurício Borges, diretor de Negócios da Agência Brasileira de Incentivo à Exportação e Investimentos (Apex), além da busca de capacitação, treinamentos e certificação, é importante que a empresa tenha gestão organizada e realize estudo de mercado. Esta análise permite ao empresário escolher o mercado que melhor se adapte aos seus serviços. “É muito importante acessar estudos de inteligência comercial para verificar quais são as barreiras, as certificações necessárias, as questões burocráticas”, afirmou. A Apex-Brasil auxilia empresas de diferentes formas, conforme seu grau de internacionalização. A entidade promove desde cursos que estimulem a cultura exportadora, o engajamento de empresas, já presentes no cenário internacional, em eventos nacionais e internacionais, feiras multissetoriais, rodadas de negócios, missões. É possível verificar os projetos da Agência pelo site www.apexbrasil.com.br

Exemplo de sucesso brasileiro em Cannes Participante do Projeto Setorial Integrado da ApexBrasil e Abedesign, a parceria Indústria Nacional & Diálogo Design conquistou o Leão de Prata da Categoria Design do Festival Internacional de Publicidade de Cannes, realizado este ano na França. O filme “Projetor a vela” foi criado para a prefeitura do Rio de Janeiro para servir como convite ao Grande Prêmio Vivo do Cinema Brasileiro. Na peça, imagens da cidade maravilhosa podem ser vistas a partir de um projetor de papel com uma vela interna. O movimento flama, dá o efeito da projeção dos filmes antigos. Uma referência à vocação cinematográfica do Rio de Janeiro.


Futuros moradores escolhem seu apartamento em tapume 3D

A escolha do apartamento na visão 3D Tecnologia e criatividade alteram dinâmica do mercado imobiliário brasileiro

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ntre e sinta-se em casa, virtualmente. Proporcionar aos clientes a vivência em apartamento decorado, mesmo antes de sua construção, é uma das propostas da gaúcha Smart. A empresa aliou a tecnologia à criatividade para divulgar e vender seus imóveis. No lugar dos tradicionais centros de vendas, conjugou mídia tradicional (o tapume) com tecnologia razoavelmente antiga Anaglifo 3D e teve como resultado uma solução genuína Tapume 3D. Esta estrutura, com cenários digitais, localizada em um bairro classe média alta de Porto Alegre, atrai potenciais moradores e curiosos. Quem chega ao local recebe óculos azul e vermelho, como aqueles de cinema, e pode ter a visão tridimensional do seu futuro lar. Pode “visitar” o prédio decorado, desde o hall até a cozinha do apartamento. Segundo um dos sócios da empresa, Marcio Carvalho, a ideia nasceu do desejo de inovar e da necessidade de diminuir os custos. “Começamos a pensar em como trabalhar com um apartamento decorado em um empreendimento de pequeno porte, com custos mais baixos”, afirmou. A parceria com a Neorama, empresa especializada em vídeos digitais, com expertise conhecida também no exterior, tornou mais ágil o processo de execução. Para Ernani Cravo, sócio da empresa, o mercado imobiliário passa por um momento muito interessante de receptividade à tecnologia e à inovação, em função da competitividade deste setor, em que o produto imobiliário é, muitas vezes, considerado uma commoditie.

Para a professora de tendências da Faculdade de Comunicação Social da PUCRS, Cristiane Mafacioli, criar novos formatos e novos pontos de contato com o target é a maneira mais adequada de buscar garantir novos modos de interação. “Num mundo tão sobrecarregado de informações, é difícil se destacar. As novidades podem conseguir isso mais facilmente”, lembra. Apesar de virtuais, essas soluções geram uma aproximação com o cliente, ou futuro morador, que vê no empreendimento não só um bem, mas seu futuro lar. “A sensação de tecnologia, de viver o futuro e a interação virtual podem gerar um efeito positivo no provável consumidor”, destaca Mafacioli. A empresária Eda Foutora, além de primeira compradora de um apartamento, é também, uma entusiasta da ideia. “Visitei apartamento inúmeras vezes. Levei meus filhos, alguns amigos. Mesmo com o tempo bastante escasso, aproveitei vários intervalos do meu dia corrido e retornei ao tapume. Precisava apenas dos meus ‘óculos especiais’ para entrar no imóvel. Mesmo depois da compra do apartamento, a visita ao Tapume continua sendo interessante, estimula o lúdico”, disse. A combinação de tecnologia e criatividade tende a gerar, também, uma demanda por profissionais que tenham, além da eficiência técnica, uma visão holística. Para o arquiteto e sócio da Smart, Ricardo Ruschel, o mercado buscará cada vez mais de profissionais capacitados gerencialmente e com maior domínio de outras áreas de conhecimento, como branding, marketing, finanças, economia, negócios. Setembro de 2010

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BIBLIOCANTO

A análise do nazismo depois de três décadas e meia de novas pesquisas

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“Hitler conquistou duas condecorações por bravura na Primeira Guerra Mundial, das quais a primeira ironicamente por recomendação de um oficial judeu” – do livro A Chegada do Terceiro Reich

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o primeiro de três volumes de A chegada do Terceiro Reich (Editora Planeta), o historiador inglês Richard Evans narra, com rigor analítico inédito na ampla bibliografia sobre o assunto, a série de conexões políticas que deram origem à Segunda Guerra Mundial. Desde o Império bismarckiano no século 19, na Primeira Guerra Mundial, até o fim da República de Weimar e a ascensão do regime nazista, em 1933. Diferentemente de obras consagradas sobre o tema, em seu livro Evans preocupase em cobrir de forma mais ampla possível os vários aspectos da história do Terceiro Reich: não apenas política, diplomacia e questões militares, mas também sociedade, economia, política racial, polícia, justiça, literatura, cultura e artes, para reuni-los e mostrar como se relacionavam. Baseado em pesquisas das últimas três décadas e meia, cujos dados deixaram ultrapassadas várias obras sobre o assunto, Evans traçou como objetivo de seu livro a reunião de informações capaz de permitir ao leitor entender por que os nazistas chegaram ao poder. Para ele, é crucial entender por que seus opositores fracassaram ao detê-los e de que forma o Terceiro Reich marcou a consciência do mundo moderno como nenhum outro regime. Iniciada em setembro de 1939, a Segunda Guerra Mundial foi o conflito mais sangrento de toda a História. Mais do que o número de 50 milhões de mortos e de 28 milhões de mutilados, as novas tecnologias utilizadas nos armamentos e a logística, chama a atenção a crueldade a que foram submetidos os combatentes aliados e o calvário das populações civis atingidas. Nada mais brutal, contudo, do que o extermínio perpetrado pelos nazistas aos grupos

politicamente indesejados, sobretudo os judeus, cuja extensão passou a ser designada como Holocausto. Entender como se disseminou a entronização da discriminação racial e do ódio no centro da ideologia nazista talvez seja uma das maiores contribuições do primeiro volume desta obra. Para chegar até esse ponto, Evans fez um meticuloso recuo na História para identificar as correntes do antissemitismo que culminaram com o assassinato de 6 milhões de judeus nos campos de concentração nazistas. Tudo começou, segundo o professor de história moderna de Cambridge, ao final de 1889, quando um diretor de escola primária, Hermann Ahlwardt, roubou dinheiro dos fundos angariados para pagar a festa de Natal das crianças e foi logo demitido do cargo. Para culpar alguém por seu infortúnio, sua atenção rapidamente focou-se nos judeus que formavam uma comunidade altamente aculturada e bem-sucedida que vivia nas zonas de classe média das cidades alemãs. Situações como essa, que fizeram dos judeus o alvo para agitadores descontentes e inescrupulosos como Ahlward, rapidamente se disseminaram, passando a fazer parte de plataformas de partidos políticos que desembocaram no Nacional Socialismo. O preconceito antissemita prosperou de tal forma na Alemanha, nas mais altas camadas da sociedade, tribunais, serviço público, Exército e universidades, que seu desfecho obedeceu a uma lógica. Ou seja, a ascensão do chefe do Partido Nazista e futuro ditador, o austríaco Adolf Hitler. Em todo o processo de ascensão do nazismo, de acordo com Evans, foi decisiva a forma como os inimigos da democracia exploraram a Constituição democrática e a cultura política democrática para seus próprios fins. “Por isso é tão importante, como sempre foi, entender como os nazistas chegaram ao poder, à medida que a memória se desvanece”, adverte o historiador. Milton Wells


ARTIGO

A hora de fazer acontecer ■ Newton Lima Azevedo*

A universalização dos serviços de saneamento não será possível sem o engajamento das prefeituras

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ma pesquisa da UNICEF e da Organização Mundial da Saúde atestou um quadro lamentável. O Brasil é o único país das Américas a figurar na lista das 10 nações com o maior número de habitantes sem banheiro, ocupando o 9º lugar com 13 milhões de pessoas sem instalações sanitárias domiciliares, à frente da Nigéria, com 12 milhões. O cenário é ainda mais agravante. Segundo dados recentes da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, do IBGE, 2.495 municípios do país não contavam com serviço de rede coletora de esgoto até 2008. Um levantamento do Instituto Trata Brasil, realizado com a Fundação Getulio Vargas, analisou os impactos deste cenário na economia e na saúde. Em 2009, dos 462 mil pacientes internados por infecções gastrintestinais, 2.101 morreram. Se tivéssemos acesso universal ao saneamento, haveria uma redução de 25% no número de internações e 65% na mortalidade; ou seja, 1.277 vidas seriam salvas. O retardo em tratar adequadamente a questão também traz perdas econômicas. Anualmente, cerca de 217 mil trabalhadores se afastam de suas atividades devido a problemas gastrintestinais ligados à falta de saneamento. Isto significa, segundo o Trata Brasil e a FGV, que as empresas gastam R$ 547 milhões em remunerações referentes às horas não trabalhadas. A universalização reduziria em 309 milhões os gastos com afastamentos de trabalhadores. Sobre outro aspecto, o estudo revela ainda que o acesso à rede de esgoto valoriza em até 18% o valor dos imóveis, podendo alcançar a cifra de 74 bilhões. Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), serão necessários R$ 270 bilhões para o Brasil atingir a universalização do saneamento básico. Ao todo, somente 50,6% da população urbana brasileira é atendida por rede de esgoto, sendo que apenas 34,6% do volume coletado recebe tratamento em estações existentes em parcos 28,5% dos municípios brasileiros.

A Lei de Saneamento Básico (Lei 11.445/2007) dá ao país as linhas mestras para enfrentar parte dos problemas nessa área. A partir delas, há a possibilidade de aumentar o número de domicílios atendidos por tratamento de esgoto e, ao mesmo tempo, reduzir ou eliminar o lançamento de dejetos em rios e mananciais. Apesar do progresso ocorrido a partir de 2003, com a criação do Ministério das Cidades, a universalização dos serviços não será possível sem um maior engajamento das prefeituras. Pesquisas do Instituto Trata Brasil apontam que os avanços ocorreram nas cidades que optaram por novos modelos de gestão em parceria com as empresas privadas. A constatação corrobora o fato de que a questão do saneamento básico deve envolver as esferas pública e privada. Afinal, se trata de um patrimônio público de interesse e em benefício de todos. Recursos, capacitação da engenharia brasileira e leis bem feitas para se atingir a universalização existem. O terreno institucional está preparado e as empresas privadas do setor de saneamento oferecem soluções eficientes, com a vantagem de ter flexibilidade em modalidades de contratos, conforme as necessidades e conveniências da União, dos Estados e dos Municípios. No presente, num país que corre o risco de crescer acima dos 6% neste ano, não cabem mais debates alongados nem tampouco espera. O momento pede ação. *Newton Lima Azevedo é vice-presidente da Foz do Brasil e vice-presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base Setembro de 2010

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