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A agricultura sustentável se mostra bastante viável e mais econômica

O 3º Encontro Paulista do GAAS – Grupo Associado Agricultura Sustentável – trará especialistas e produtores para debater o tema

Criado em 2017, o GAAS (Grupo Associado Agricultora Sustentável) realizada o terceiro evento paulista focado na introdução e desenvolvimento da agricultura regenerativa. Serão três dias de palestras com produtores e especialistas do mundo acadêmico que de dedicam ao tema na cidade de Lençóis Paulista.

Dividido por cultura de produção (Cana-de-açúcar - 06/03, Grãos - 07/03 e Eucalipto, Citrus, Café e Perenes - 08/3), o evento é uma grande oportunidade para produtores interessados em redução de custos de suas lavouras e valorização do solo de suas propriedades, além de estudantes e técnicos do setor agro.

Para tratar do assunto, conversamos com exclusividade com o biólogo e mestre em ecologia Eduardo de Souza Martins, presidente do GAAS. Com longa experiência no setor científico e à frente de órgãos ambientais (por duas vezes foi presidente do Ibama, além de diretor técnico da Secretaria nacional de Meio Ambiente e coordenador do WWF (World Wildlife Fund), Martins é também fundador da E. Labore Consultoria Ambiental Estratégica. Atualmente trabalha como agricultor de florestas plantadas, pecuária e produtor de cachaça orgânica na região norte de Minas Gerais, sendo também o principal acionista da Novo Solo, empresa dedicada à pesquisa e produção de remineralizadores de solo.

360: Por que um encontro em paulista?

Eduardo de Souza Martin: São Paulo é uma referência de muitas coisas e também em agricultura. E talvez a gente possa dizer que São Paulo tem maior concentração de pesquisadores e técnicos com a possibilidade de contribuir nesse processo da agricultura sustentável.

360: E por que Lençóis Paulista?

Eduardo/GAAS: Temos buscado regiões agrícolas relevantes para impactar as práticas regenerativas. Lençóis Paulista tem grande importância em cana-de-açúcar e também é relevante em grãos e alguns cultivos perenes, como laranja e café, que são extremamente importantes para essa região e para o resto do estado.Quando fazemos um encontro, a ideia é que ali permaneça um núcleo do trabalho. Mas o aprendizado também nesses eventos acaba extrapolando a própria região. Tenho certeza que o que vai ser discutido em Lençóis poderá favorecer e ensinar muita coisa a agricultores de outras regiões.

360: Como foram os encontros anteriores realizados no estado de São Paulo?

Eduardo/GAAS: Um deles aconteceu em Campinas, em 2019, principalmente por causa da concentração de competências, e dali prosperou uma érie de coisas. Houver uma abordagem mais ampla, com ênfase na questão do cinturão verde. Tivemos também um momento de adesão, de agricultores e produtores inusitados, como o de Macadâmia, que avança-ram muito nos seus processos. O outro evento foi em Jaú, em 2018, e uma uma das razões ali era um grupo que vem se organizando e trabalhando buscar alternativas de diversificação de produção agrícola como alternativa para as monoculturas.

360: Fale um pouco de resultados.

Eduardo/GAAS: Quando a gente faz um evento é difícil saber quais serão as consequências, mas quando a intenção e a coisa é bem construída, ela sempre rende e gera muitos frutos. Em Jaú, a gente teve uma discussão muito interessante envolvendo o uso dos remineralizadores, que ainda hoje é algo que não é tão comum e envolve grande desafio para ser utilizado. Na época, tinha sido a primeira vez que o professor Crusciol, que é referência brasileira para o tema de nutrição de culturas e vai estar em Lençóis, tinha vivenciado uma experiência de trabalhar com cana usando os remineralizadores, que são os pó de rocha, e ele estava impressionado com o resultado que tinha encontrado. Foi uma oportunidade de compartilhar e explicar quais eram os processos que estavam envolvidos que poderiam ajudar a explicar o resultado que ele tinha alcançado.

360: Você é biólogo, foi presidente do Ibama mais de uma vez e é produtor rural. Por que se aproximou do GAAS?

Eduardo/GAAS: Eu acho que acabei descobrindo que agricultura e meio ambiente não precisam ser adversos, não precisam estar polarizados, até porque agricultura é algo que você faz do ponto de vista de algo vivo e para cuidar de um sistema vivo você precisa de biologia. Eu costumo dizer o seguinte: você pode achar que você não está lidando com a dimensão da natureza, mas as leis naturais não podem ser anuladas só porque você está produzindo grãos. O processo natural está funcionando o tempo todo. Hoje um dos maiores caminhos que temos para organizar a nossa agricultura são baseadas em soluções da natureza. Não que a agricultura seja igual à natureza. Ela é diferente, mas a gente pode aprender com coisas que a natureza utiliza do ponto de vista de processo e usufruir, copiar isso nos nossos sistemas de produção. E toda vez que a gente consegue fazer esse ajuste a gente tem resultados muito positivos.

Outra coisa que eu aprendi é que quando a gente ensina um caminho bem consistido na agricultura, o efeito é muito grande, o alcance é muito grande, o impacto é muito grande, e tem algo extraordinário dentro desse grupo (GAAS) que é a possibilidade dos agricultores trocarem suas experiências. É uma força extraordinária o que nasce dessa interação produtor-produtor, que a gente trata como a emergência de uma inteligência coletiva. E é uma dimensão de conhecimento que inclusive a gente trata e considera tão relevante quanto a do pesquisador. A nossa busca é inclusive para que esses conhecimentos sejam capazes de gerar diálogos e ter resultados favoráveis para os dois lados.

360: Pode nos dar exemplos práticos?

Eduardo/GAAS: A grande coisa que o GAAS faz, talvez seja um dos principais resultados, é conseguir pegar práticas regenerativas e demonstrar que elas podem ser adotadas de uma maneira intensiva e extensiva. Mas é igual? Não. Tem vários desafios. Envolve um processo de aprendizado, não tem pacote pronto. O que a gente tem e que a gente compartilha e generaliza, na realidade, são princípios, fundamentos e diretrizes, mas a construção acaba acontecendo para cada contexto e para cada realidade.

E uma das coisas mais incríveis é quando você percebe que o agricultor passou a compreender algo que é fundamental. E aí não faltam testemunhos de agricultores, dizendo “com essa agricultura eu aprendi que a natureza não é a minha inimiga”. Porque a agricultura convencional está sempre em guerra, precisa matar, controlar, eliminar. Algo que, inclusive, do ponto de vista do funcionamento do sistema, não é possível fazer, porque você nunca vai eliminar. Só que isso acaba gerando uma conveniência para o negócio de insumos da agricultura convencional. Porque toda vez que você aplica algo, primeiro você não cuida das causas, você fica lidando com o problema. Segundo, cada vez que se aplica algo, gera um problema secundário, você vai precisar aplicar um outro.

Então, tirar o agricultor dessa perspectiva que é “estou com problema, o que eu aplico?”, que é a palavra usada na agricultura convencional, na realidade muda para o seguinte: “Tenho um problema. Onde podem estar as causas desse problema no processo? E qual seria a melhor ação para eu fazer para resolver esse problema?” Só depois eu penso em insumo. E aí quando eu vou escolher um insumo, é menos ofensivo. É um insumo que, além de melhorar o processo, me entrega mais coisas. Esse é o exercício da agricultura sustentável. E o incrível e o fantástico é quando o agricultor descobre, entende e constata isso. E tem uma coisa muito relevante: fazer essa agricultura é possível com recursos que em grande parte estão no local, na própria fazenda ou na área de produção e na região. Isso reduz o custo de produção e faz com que boa parte do dinheiro gasto pelo agricultor fique na região..

360: Quais são os índices de redução de custos para quem opta pelo sistema regenerativo?

Eduardo/GAAS: A redução de custo de produção é de 30%. E tem agricultores chegando a 40% de redução de custos. Já a redução do consumo dos insumos convencionais pode chegar a até 70%, podendo chegar a até 80%, caso de alguns agricultores.

360: Inclusive grandes produtores?

Eduardo/GAAS: Sim, inclusive grandes produtores. Nunca é tão simples porque em geral você começa numa área pequena, ganha confiança de que funciona, depois você amplia um pouco e vê que continua funcionando. Isso vai requerer uma série de ajustes do seu processo operacional, até que o agricultor fala “vou virar a chave, virei a chave”. Em três anos dá para virar a chave em uma área de mil hectares, num processo bem cuidado, bem orientado e com locais que têm suporte etc. Não é tanto tempo.

A gente tem alguns desafios grandes. Por exemplo, ainda somos muito dependente de herbicidas. É o nosso “calcanhar de Aquiles”. Precisamos encontrar a solução para isso. Estamos apoiando um grupo de produtores que está tentando montar uma solução de equipamento para tentar eliminar ou pelo menos diminuir muito o uso dos herbicidas com base em desenvolvimento de equipamentos específicos para isso, para produzir em larga escala, de forma intensiva e extensiva.

Outra ponto relevante é que o fato da gente trabalhar com insumos que são acessíveis não quer dizer que a condução das práticas, dos processos que a gente estabelece nos nossos manejos, sejam mais simples. Ao contrário, eles são mais complexos.

foto: GAAS
Sérgio Pimenta (respons´avel pelo Selo GAAS) e Laércio, produtor associado, avaliam o vigor das raízes de soja nos primeiros estágios, em São João do Oeste/SC
foto: GAAS
foto: GAAS

360: Pode dar um exemplo?

Eduardo/GAAS: Bem, na agricultura convencional, se tem um problemas de percevejos, você usa uma molécula química, aplica e sabe que eles vão morrer. Na agricultura sustentável não. Primeiro pensamos: por que que é que tem o percevejo? Ah, o percevejo está aparecendo porque eu estou usando fungicida. E como eu faço para lidar com os problemas de fungo da folha? Ah, mas para isso eu uso biológico. Mas que biológico tem resposta? Qual é a melhor forma? Ou seja, eu estou lidando com o sistema vivo e com os processos, então a complexidade é muito maior do que eu pegar uma molécula que é um tiro de canhão e dizer, matei tudo.

Você tem que estar sempre estabelecendo uma maneira de ter essa leitura e essa compreensão. Nem tudo é possível explicar. E o que você faz? Usa os bons princípios, os bons fundamentos e o bom senso para ir conduzindo e aprendendo. E é um processo muito rico, porque ele envolve a justificação, envolve o agricultor trabalhar mais, porque ele tem que prestar atenção, sentir e perceber as coisas com proximidade. Não dá para deixar uma aplicação programada na produção e ir pra praia. Você tem que ficar lá cuidando, acompanhando o processo. E acaba sendo um processo intensivo de aprendizado permanente.

360: E esse aumento de trabalho, de atenção e cuidado vale a pena?

Eduardo/GAAS: Toda essa dedicação vale muito a pena. Porque além da redução dos custos, você vê que o sistema está melhorado, que essas práticas permitem a melhoria do solo, são evolutivas e permanentes. Entende que é o contrário? Em vez de você ficar ali explorando o solo, a cada ano seu solo tem condição de melhorar. A gente acha isso é extremamente positivo. E a gente escuta em todas as áreas de produção, de todos os produtores e também dos trabalhadores, que é um alívio de não ter mais a quantidade de veneno aplica, que envolve a questão do medo e do risco da contaminação. É extraordinário, é um processo muito incrível que acaba acontecendo nas fazendas.

360: Como você definiria a agricultura sustentável que vocês propõem?

Eduardo/GAAS: É uma agricultura baseada em processo. Ela está fundamentada em buscar soluções no seu contexto regional e em melhoria do solo, que é o nosso grande fundamento. Ela gera serviços ecossistêmicos, que reduz emissão, reduz perda de solo, reduz perda de água. E oferece uma produção de melhor qualidade, seja pela redução dos contaminantes, seja pela qualidade intrínseca. É uma produção que tem aumentado a quantidade de nutrientes, micro nutrientes, a qualidade proteica. Essa agricultura é isso: a agricultura que opera com soluções com base em segurança para a gente ter algo que seja sustentável, que não seja “engenheirada”, em que se acha que é possível que a agricultura possa ser montada como se fosse um sistema industrial. Quando a gente fala de agricultura, a gente fala de vida.

360: Quais os principais obstáculos para que a agricultura sustentável gere interesse na maioria dos grandes produtores?

Eduardo/GAAS:O maior desafio que a gente tem é multiplicar os mecanismos e as pessoas que sabem implementar, ensinar, difundir. Nós temos um desafio enorme. Quando você vai olhar o agricultor convencional, a universidade ensinou as coisas que o agricultor convencional faz. Se ele vai lá na revenda, ele tem tudo oferecido no balcão para ele resolver os problemas. Os equipamentos, as sementes já estão adaptadas a essa forma de responder a uma quantidade enorme de insumos. Então, quando a gente fala “vamos fazer o regenerativo”, acaba se transformando num desafio, porque todo esse conjunto que está estruturado para que a agricultura convencional funcione, ainda não está estruturado para a agricultora regenerativa funcionar. Nós temos que estruturar várias cadeias: a cadeia do biológico, dos remineralizadores, dos consultores que dominam isso e sabem praticar, dos extratos vegetais que têm uma contribuição extraordinária nos manejos. São várias cadeias que a gente precisa organizar.

360: Porque se fala tanto em sistema regenerativo?

Eduardo/GAAS: Para que se construa uma agricultura sustentável, adotamos práticas regenerativas porque os impactos da tal “revolução verde” (criada em meados do século XX) deixou muito estrago, como a contaminação de solo, redução de biodiversidade, aumento da quantidade de pragas por causa do desenvolvimento de resistência. É uma lista extremamente grande. Então eu preciso regenerar. Recuperar o que foi perdido.

360: E esse processo é contínuo?

Eduardo/GAAS: Se eu fizer tudo que precisava para regenerar a produção, se tenho um solo fantástico, produzo com uma paisagem rural que se integra com o reminiscente das áreas naturais, a regeneração que eu precisava fazer foi feita. Só que a gente tem que tomar cuidado com esses conceitos, porque eles são abertos. e muitos vão se apropriando deles de acordo com suas próprias conveniências. Tem que ter sentido, significado e formas de ser verificado. Por isso, inclusive, criamos um selo do GAAS, que se propõe a demonstrar isso.

360: Você acha que o processo regenerativo vai se tornar a agricultura convencional no futuro?

Eduardo/GAAS: Eu não sei dizer se o regenerativo vai ser convencional no futuro. Eu sei dizer que vai crescer e vai crescer por várias razões. Primeiro porque funciona, porque tem custos menores. E vai avançar também porque existe uma demanda pela produção dessa agricultura. O consumidor, o mundo, as empresas são chamadas cadeias de valor, estão buscando isso. Hoje eu falei com uma das maiores empresas de cadeia de valor do sistema agro-alimentar do mundo. Então você vê que essa demanda tem o poder de fazer as coisas acontecerem, o que é extraordinário. Em café por exemplo, já tem uma iniciativa extraordinária do primeiro café regenerativo lançado na Itália. Com base nisso, todas as outras empresas de café estão tentando se organizar.

* Cultura de cobertura em fazenda de Santa Catarina. O mix de plantas promove a biodiversidade de microrganismos, contribuindo para melhorar a biologia do solo *
foto: GAAS

360: Quanto a indústria química e também a indústria de maquinário interfere no avanço da agricultura sustentável?

Eduardo/GAAS: A primeira coisa que a gente tem como desafio dessa indústria, é a necessidade da tropicalização. Os sistemas de produção de conhecimento dessas empresas não estão atrás de cuidar das especificidades de um contexto, de um lugar, de um país, de uma região. Eles criam algo muito potente para atender todo o mercado. De qualquer lugar do mundo. Então é sempre uma coisa muito drástica, sem cuidado. Outra coisa é que elas partem de um paradigma do insumo, do produto para cuidar de sintomas, não para resolver o problema. Porque isso faz parte do negócio. Então se eu tenho um problema muito sério que é uma ferrugem que dá na soja, ferrugem asiática, elas vendem um fungicida. E quanto mais as pessoas ficam com medo desse fungo, mais aumenta a venda do fungicida. De fato, é uma doença importante, ela tem que ser bem cuidada, mas isso acaba gerando uma limitação na inovação. Até porque essas empresas, quando lançam um produto, ele tem que render muito. Então, demora até ele ser substituído e renovado porque ele tem atingir as metas definidas.

Na hora de oferecer as opções, o correto seria tomar a perspectiva do agricultor. A tecnologia não pode dizer: “estou lançando um novo produto que equaciona tal coisa”. Outro ponto é o que essa tecnologia impõe do ponto de vista de custo para o agricultor, o que é que ela deixa de consequência para o sistema. Isso não é pensado. E uma outra questão é que as dificuldades para você desenvolver moléculas químicas são muito grandes e, por isso, isso acaba sendo dominado por poucas empresas. Hoje, cerca de sete empresas dominam quase todo o mercado de moléculas químicas do mundo. E esses oligopólios, toda vez que isso se concentram demais, acabam gerando custos para o agricultor de uma forma que não leva em conta o próprio cliente deles.

Então, acho que a vinda da biologia para a agricultura, com essa força que está vindo, vai mudar muito e vai criar um desafio muito grande para essas empresas, porque vai ficar mais fácil você gerar soluções com custos menores. Portanto, a gente espera que a gente tenha mais competição na oferta de soluções para a agricultura.

Quanto a equipamentos, acho que é pior, porque a quantidade de empresas é menor. Tem três que dominam quase tudo. E esses equipamentos é claro que funcionam, mas é interessante observar a quantidade de oficinas que existem para adaptar os equipamentos. O que mostra que as soluções que esse pessoal traz não estão totalmente ajustadas para as nossas necessidades. O que estamos discutindo e defendendo, é que precisamos de projetos bem concebidos para os nossos problemas, projetos que possam ser produzidos por indústrias menores, de preferência regionalizadas, e que consigam ofertar soluções com mais coerência com a necessidade que nós temos.

360: Como produtor e presidente do GAAS, você acredita que seja compensa mudar para o sistema regenerativo. Pode nos dar alguma razão de ordem prática?

Eduardo/GAAS: Isso aí me lembra de um resultado impressionante. A gente está tendo cada vez mais os chamados extremos climáticos. Ou é muita chuva, ou é muita seca. E o que tem acontecido com frequência é que os nossos agricultores têm conseguido passar melhor por esses extremos, o que a gente chama de maior resiliência. E uma razões deve-se ao fato de conseguirmos reter mais água no solo, o que faz com que a água disponível flua para o sistema numa velocidade menor, com menos impacto. Além disso, nós estamos diminuindo a contaminação. E quando mantemos nossas áreas de produção a maior parte do tempo cobertas, pois a ideia é ter cobertura permanente, o nosso sonho é ter uma agricultura sempre verde, isso vai ter um reflexo na água.

360: Quando você fala em cobertura de solo, trata-se de palhada e tem outras plantas também?

Eduardo/GAAS: Também tem outra possibilidade de plantas de se alterar o desenho produtivo. Uma das coisas que tem funcionado de uma forma extraordinária é introduzir animais no sistema de produção de grãos. Pode ser gado, cordeiro, ovelha. Isso tem dado uma resposta incrível do ponto de vista de produção, da melhoria do solo. Então, a gente também sabe que em algum momento nós vamos ter que começar a trabalhar e ter nas áreas de cultivo plantas perenes, porque eu faço um esforço enorme para ter um bom sistema de produção, isso depende da minha boa biologia. Aí vem uma seca, eu perco parte daquilo que eu consegui construir. Então, é muito importante eu conseguir manter raiz funcionando dentro do solo o tempo todo. Daí a gente está em busca do que a gente chama de uma agricultura sempre verde.

360: E toda essa mudança produtiva reflete na qualidade do que chega para o consumidor, certo?

Eduardo/GAAS: Acabou de sair um relatório, analisando quais seriam os ganhos econômicos se a gente fizesse a transição regenerativa para uma agricultura sustentável. Mudar as formas de produzir, botar biologia, reduzir o consumo dos insumos, ter cuidado com o solo etc. Quem mais vai ganhar é a nutrição das pessoas. E a economia que isso pode dar é um negócio extraordinário. É claro que com mais densidade nutricional. A indústria de alimentos também tem que mudar. Mas o grande ganho é de saúde.

* Eduardo de Souza Teixeira, biólogo, mestre em ecologia, produtor e presidente do GAAS *
foto: GAAS

3º Encontro Paulista do GAAS

• Demonstrar o panorama atual e perspectivas para a Agricultura Sustentaável e Regenerativa em face dos desafios climáticos para 2024;

• Apresentar soluções biológicas e orgânicas para uma agricultura mais sustentável;

• Enfatizar a necessidade do uso de insumos regionais para redução de custos;

• Abordar os principais desafios encontrados nos setores de cana, grãos e culturas perenes, com foco em citros, eucaliptos e café;

• Promover interação entre público e palestrantes através de perguntas e respostas.

Info : 6 a 8/03/24 - Lençóis Paulista https://gaasbrasil-eventos.com.br/encontropaulista/

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