ISBN 978-85-5616-003-4
FICHA TÉCNICA REALIZAÇÃO PROVISÓRIO PERMANENTE PRODUÇÕES CULTURAIS
COORDENAÇÃO GERAL VALTERLEI BORGES
CURADORIA CAIO CARMACHO
PRODUÇÃO SANDRA PINTO
ASSISTÊNCIA DE PRODUÇÃO THAÍS ANTUNES
GESTÃO DE REDES SOCIAIS E MÍDIAS DIGITAIS FERNANDA LIMA
ASSESSORIA DE IMPRENSA JOYCE LIMA
IDENTIDADE VISUAL ANA PAULA BINDER E FRED MARTINS
REGISTRO FOTOGRÁFICO LEANDRO ALMEIDA
CONTATO facebook.com/apoesiahoje
CAIXA CULTURAL | RIO DE JANEIRO 2016
S
e o meio é a mensagem, podemos dizer que as novas mídias como as redes sociais influenciam outras áreas além da Comunicação.
Balizam também novos comportamentos sociais e, consequentemente, impactam na produção de artistas do nosso tempo. Tratando-se de literatura, este paradigma corrente rompe com a ideia do escritor intocável, com paradeiro desconhecido e detentor de todo o conhecimento. O presente joga-o na arena do real, sujeito ao julgamento de tudo e de todos. Em vez de um chapéu panamá adornando sua cabeça, o poeta ostenta uma carapuça pós-moderna. E nessa atual configuração social, há sensíveis alterações no fazer poético e nas relações estabelecidas com autores e obras. O livre acesso à internet encurtou a distância entre poetas e leitores, possibilitando o surgimento de diversos nomes que figuram atualmente na categoria que se convencionou chamar “Literatura Contemporânea”. Esses autores que conquistaram seu espaço na rede e também em pequenas e grandes editoras, têm um passado comum em blogues, zines virtuais, podcasts, revistas, sites, antologias e coletâneas digitais. E, assim como a Poesia Marginal fomentou toda uma produção editorial alternativa à base de títulos mimeografados, os contemporâneos ocuparam os minifúndios disponíveis no mercado e abriram o caminho para outros passarem. Além de testemunharem as mudanças econômicas e tecnológicas ocorridas nos últimos 15 anos – do barateamento de softwares gráficos e meios de produção ao lançamento dos e-books –, os poetas contemporâneos se tornaram representativos numericamente nos catálogos de editoras independentes e selos editoriais. A tradicional imagem do poeta maldito ignorado pelo mundo cedeu lugar para a do poeta-publicitário, que quer divulgar seu trabalho a um número cada vez maior de leitores. E aí vale tudo:
explorar recursos, aplicativos, messengers e ferramentas; fazer selfies com poemas; envolver leitores no work in progress; promover crowdfundings; formar público, dialogar com seus pares e compartilhar as novidades que dizem respeito à sua vida (e que não possuem necessariamente vínculo com sua obra). A linguagem tornou-se mais clara e objetiva, o ritmo dinâmico e a comunicação imediatista. O poema passou a ser um espelho do cotidiano e ficou um pouco refém de curtidas e comentários da rede – às vezes interferindo na versão final de um texto. Nesse sentido, a internet ainda é encarada como um espaço de experimentação, diferente do resultado buscado pelo autor clássico (o poema impresso em livro, por exemplo). Pensando nessas questões e ajudando a pensar o admirável viés novo que se abriu para o universo das letras em função da internet, chegou a hora de olhar criticamente essa cena literária que se desenrola na velocidade de nossos dias. O seminário A poesia hoje: reflexões e considerações sobre a contemporaneidade, reúne autores, professores e críticos para conversar sobre esse movimento que tem atraído leitores de todas as idades e projetado novos poetas pelo país. O objetivo não é explicar, mas sim, jogar um holofote sobre temas bastante comuns nas obras dos escritores convidados, extraindo o que há de interessante e vital na medula de seus trabalhos: o amor, o humor, a política, a infância, a rotina, os relacionamentos, as viagens, as influências literárias, os contrastes sociais, a morte, a busca por uma voz literária própria, a crítica, a espiritualidade, a diversidade sexual, as derrotas, a nostalgia, os meios para viver de literatura, entre outros assuntos. Uma excelente pedida para todos que estudam, produzem ou apreciam a poesia de hoje e de todos os tempos.
CAIO CARMACHO /
curador
Poeta, curador literário e agitador cultural. Organiza o sarau Picareta Cultural e é um dos curadores da OFF FLIP de Paraty. Publicou Livre-me em 2013, pela Editora Patuá.
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A
MOR: Fábrica atemporal de metáforas para escritores, o amor assume várias formas na literatura, o que nos faz pensar na necessidade humana de negar e reafirmar sua existência diariamente, como se fosse uma entidade. HUMOR: Pedra de toque do Modernismo e, atualmente, massa de modelar nas mãos de poetas contemporâneos. O humor se espraia em tweets, posts e versos, sem encontrar barreiras com o público leitor. A mesa que abre o ciclo de conversas sobre poesia contemporânea debaterá a produção de novos autores brasileiros a partir destes dois temas, que viralizam na rede, mas nem sempre são bem recebidos pela crítica.
GREGORIO DUVIVIER Graduado em Letras pela PUC-Rio. Ator, comediante e escritor brasileiro. Cocriador do canal de humor Porta dos Fundos e autor dos livros A partir de amanhã eu juro que a vida vai ser agora, Ligue os pontos – Poemas de amor e Big Bang, Put some farofa e Percatempos – Tudo que faço quando não sei o que fazer. Assina uma coluna semanal no jornal Folha de São Paulo.
DOMINGOS GUIMARAENS Nasceu em 1979, no Rio de Janeiro. Poeta e artista visual, doutor em Literatura, professor da PUC-Rio e da EAV do Parque Lage. Integrante do coletivo OPAVIVARÁ!. Em 2006, publicou o livro de poemas A Gema do Sol, e em 2008, juntamente com Os Sete Novos, lançou o livro Amoramérica. Apresentou seus trabalhos em mostras no Brasil e no exterior, e colaborou durante anos na organização do CEP 20.000.
14 de janeir o
Viver de poe sia
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screver para quê e para quem? Ser poeta é status de Facebook ou ofício? É possível sobreviver de literatura sem feiras, concursos e editais? Quem lê poesia no Brasil e quem paga as contas com poemas? Parece sonho seguir a carreira de escritor, ainda mais em nosso país que ocupa posição de pouco destaque no ranking mundial de leitores e assiste a falência do modelo tradicional de mercado editorial. Então, o que fazer com esse desejo? Nossos dois convidados ainda não escreveram manuais ou bíblias de autoajuda, mas colocarão na mesa o que acham destas e outras questões concretas que atormentam tantos autores.
LUCAS VIRIATO Poeta, contista, editor da OrganoGrama Livros, criador do jornal literário Plástico Bolha, produtor dos eventos Labirinto Poético e Estação Nordeste, curador da mostra Poesia Agora e Mestre em Literatura Brasileira pela PUC-Rio. Publicou Memórias indianas; Retorno ao Oriente; Contos de Mary Blaigdfield, a mulher que não queria falar sobre o Kentucky – e outras histórias; Muestras; Corpo pouco; Curtos e Curtíssimos e Blue.
PAULO HENRIQUES BRITTO Poeta, contista, tradutor de poesia e prosa, e professor de Estudos da Tradução da PUC-Rio. Publicou o livro de contos Paraísos artificiais; e os livros de poesia Formas do nada; Tarde; Macau; Trovar claro; Mínima lírica e Liturgia da matéria. Traduziu mais de cem obras de escritores como Elizabeth Bishop, Frank O’Hara, Philip Roth, William Faulkner, Wallace Stevens, Lawrence Ferlinghetti, Bob Dylan, Paul Auster, Lord Byron, entre outros.
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iagens, mudanças de CEP, encontros inusitados, traslados diários. A escrita em trânsito, bastante comum entre os usuários das redes sociais, promove uma nova configuração do fazer poético. Textos são compartilhados publicamente no calor do momento em que foram concebidos. E a pergunta que não quer calar é: esses instantâneos dão livro ou são apenas impulsos próprios da internet? Com a palavra, dois poetas que têm em comum o gosto pela experimentação de linguagens e a rara sensibilidade para transformar a vida em poesia.
BRUNA BEBER Poeta, curadora e escritora. Autora de A fila sem fim dos demônios descontentes; Balés; Rapapés & Apupos; Rua da Padaria e do livro infantil Zebrosinha. Foi curadora da exposição Blooks – Letras na rede, ao lado do poeta Omar Salomão. Venceu o 2º Prêmio QUEM Acontece na categoria revelação literária. Ministra oficinas de criação e intervenção poética por todo o país, e possui crônicas e poemas publicados em diversas antologias bilíngues.
ALBERTO PUCHEU Poeta, ensaísta, professor de Teoria Literária da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Cientista do Nosso Estado pela Faperj e pesquisador do CNPq. Enquanto poeta, publicou Na cidade aberta; Escritos da frequentação; A fronteira desguarnecida; Ecometria do silêncio; A vida é assim; Escritos da indiscernibilidade; A fronteira desguarnecida: Poesia Reunida 1993-2007; e mais cotidiano que o cotidiano. É autor de diversos ensaios sobre literatura contemporânea.