Edição 01 ● Ano 01 ● Maio 2012
Intervenção Urbana é o termo utilizado para designar os movimentos artísticos relacionados às intervenções visuais realizadas em espaços públicos. No início, um movimento under-ground, que foi ganhando forma com o decorrer dos tempos e se estruturando. Mais do que marcos espaciais, a intervenção urbana estabelece marcas de corte, particulariza lugares e recria paisagens. Existem intervenções urbanas de vários portes, indo desde pequenas inserções através de adesivos (stickers) até grandes instalações artísticas.
Bambas da Lapa Boemia e grafite unidos no coração do Rio. Lapa, imagine 12 metros de andaime e um muro de 300 metros no coração do Rio de Janeiro, acrescente muitas latas de spray, muitas cores, e o resultado é esse painel denominado “BAMBAS DA LAPA”, pintado pelos grafiteiros: Acme, Afa, Aira, Akuma, Br, Bragga, Ch2, Chico, Eco, Godri, Jou, Ment, Pia, Swk, Tm1 e Toz. Este painel faz parte do Projeto R.U.A. O famoso reduto da boemia, a Lapa agora virou uma galeria a céu aberto. Alguns grafiteiros profissionais criaram um painel com o tema “Rio, samba, boemia carioca e Lapa” na lateral de um sobrado — o espaço tem 300 metros quadrados —, na Rua Cardeal Câmara, próximo à Fundição
Progresso. A iniciativa foi fruto de uma parceria público-privada, é uma nova ação de um programa antipichação da prefeitura. A ideia mostra que a Lapa não é só boemia, mas o berço do grafite também. Um dos produtores do painel, André Bretas, chamou a atenção para o fato de a obra ser um trabalho coletivo. O grupo de grafiteiros é formado por nomes conhecidos no meio. Para o trabalho, foram utilizadas 600 latas de spray, 120 litros de tinta látex e três andares de andaimes em um total de 35 cores diferentes. 5
Os gêmeos A imaginação estampada nas ruas.
Destas duas mentes transbordam todas as cores e sabores da imaginação. Lá tudo é possível e qualquer sonho se torna realidade. A inspiração para tantos desenhos e fábulas mágicas vem da forma com que a dupla Gustavo e Otávio Pandolfo, conhecidos como “Os Gêmeos”, refletem em seu interior a realidade e a fantasia que lhes rodeiam. Cada pequeno detalhe, porque são através deles que suas obras assumem esta forma já tão reconhecível, são componentes importantes na criação do mundo fantástico, cheio de histórias cotidianas em forma de poesia. O mundo encantado em que vivem todos os seus personagens e que funciona como a janela da alma única dos irmãos gêmeos é repleto de uma mistura harmoniosa entre realismo e ficção. Suas histórias dançam entre dois importantes pilares. O olhar sonhador que possibilita a materialização de um mundo cheio de fantasias e suas críticas incisivas sobre as dificuldades enfrentadas por tantos cidadãos espalhados pelo mundo,vitimas de um modelo socioeconômico que se encontra em grande transformação. Dessa união nascem obras que invocam um universo lírico e criações que mesclam ambas projeções, como se os próprios personagens mágicos criticassem com olhos inocentes toda a discrepância que existe nesta sociedade. O grafite entrou na vida dos irmãos em 1986, quando ainda viviam na região central de São Paulo onde passaram sua infância e adolescência. A cultura hip hop chegava ao Brasil e os jovens do bairro começaram a colorir suas idéias nos muros da cidade. Naquela época, com apenas 12 anos, tudo era novidade e sem ter de onde tirar suas referencias, Gustavo e Otavio improvisavam e inventavam sua própria linguagem, pintando com tintas de carro, látex, spray e usando bicos de desodorante e perfume para moldar seus traços; já que ainda não existiam acessórios e produtos próprios para a prática. O que a cidade proporcionou a eles foi essencial para o desenvolvimento de todas as habilidades que se transformaram depois no estilo próprio e imediatamente reconhecível dos artistas. O grafite atuou sempre como uma válvula de escape para a dupla. Uma maneira que encontraram de criar um mundo onde só se pode penetrar através de suas mentes e onde tudo funciona pela lógica própria de Tritrez, o universo habitado pelos personagens amarelos, onde brilha e reina a sintonia entre todos os seus elementos. Cada parte e cada detalhe está mergulhada na magia que envolve a imaginação dos irmãos.
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A pintura feita nas ruas e as criações feitas para obras e instalações em galerias partem do mesmo mundo onírico que existe dentro da mente da dupla, mas tomam rumos distintos. A primeira é o próprio dialogo dos artistas com as ruas, com cada pessoa que passa e de forma direta ou indireta interage com a pintura, isso é o grafite. A segunda é a materialização de sonhos, ideais, criticas sociais e políticas que retratam o universo vivido dentro em contraste com que se apresenta fora no dia-a-dia dos próprios irmãos. No momento em que todas estas idéias entram dentro de uma galeria elas deixam de pertencer ao graffiti e passam a fazer parte do mundo que envolve a arte contemporânea. A imaginação são as asas que os gêmeos utilizam para ir aos mais divertidos e ilusórios lugares que habitam suas mentes. É a porta aberta e o convite para mergulhar no humor e nas delícias de poder criar um mundo da nossa própria maneira e com todas as cores e fantasias que se possa imaginar.
Street Tatoo
Da pele pro muro, do muro pra pele. De grafiteiro para tatuador, Markone começou na arte do graffiti em 1995 com um traço próprio em suas pinturas, adaptando sempre a imagem criada ao espaço disponível no momento. Recentemente participou do maior projeto de Graffiti nacional, o primeiro Museu Aberto de Arte Urbana do mundo. Com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura, o MAAU é um projeto de humanização artística que visa trocar a cinza característica das grandes metrópoles pelas cores e a alegria do Graffiti. N.U.C., a abreviação do Primeiro Coletivo de Grafite/Tattoo do Brasil, uma junção de idéias mais conhecida como Neurose Urbana Crew. Formada por Markone, Chivitz e Marone em 1999 com a intenção de criar ar te a todo o momento, incentivando e interagindo com o público do graffite, fidelizando assim ainda mais a arte em suas peles. A tatuagem surgiu na vida de Markone em 2001, em meio a um turbilhão de trabalhos artísticos, e veio para ficar. Com seu estilo característico, e sua inspiração vinda das ruas, já participou de várias convenções e tatuou em diversos lugares do mundo. Passou uma temporada na Europa, onde aperfeiçoou sua arte com Alfredo Genovese. O estilo livre adquirido em sua formação do Grafite foi fundamental no desenvolvimento do processo de tatuar, adaptando o traço dos muros para as peles. De acordo com o tatuador Chivitz que já esta nesse caminho desde 1996, o grafite, assim
como a tatuagem mostra-se como intervenções na sociedade por chocar a o meio em que são inseridos. A tatuagem levou Chivitz ao grafite pela vontade de aumentar sua visibilidade no meio das artes urbanas, sempre se interessou por arte e enquanto só era tatuador ficava restrito ao que as pessoas pediam a ele, a partir do momento que conheceu Markone conseguiu ampliar seus horizontes e firmar suas artes em escalas maiores. Assim que começou com o grafite descobriu o quão difícil seria esse caminho, por ser considerada uma arte marginalizada e estar no mesmo código penal da pichação. “Depois de tudo que passei, notei que não importa se é um tatuador que faz grafite ou grafiteiro que faz tatuagem. O que move ambos é a vontade de imortalizar e firmar sua opinião seja ela na pele de alguém ou em uma construção.” (Markone) “Dizem que o grafite é uma pele maior e mais perigosa de se pintar, serve para muitos como uma área de escape da sociedade para um mundo particular e a tatuagem para apreciar a arte que tenha haver com o meio em que a pessoa vive...” (Chivitz)
Banksy O grafite como crítica social. Banksy é o pseudônimo de um grafiteiro, pintor, ativista político e diretor de cinema inglês. Sua arte de rua satírica e subversiva combina humor negro e grafite feito com uma distinta técnica de stencil. Seus trabalhos de comentários sociais e políticos podem ser encontrados em ruas, muros e pontes de cidades por todo o mundo. O trabalho de Banksy nasceu da cena alternativa de Bristol, e envolveu colaborações com outros artistas e músicos. De acordo com o designer gráfico e autor Tristan Manco, Banksy nasceu em 1974 em Bristol (Inglaterra), onde também foi criado. Filho de um técnico de fotocopiadora, começou como açougueiro mas se envolveu com graffiti durante o grande boom de aerosol em Bristol no fim da década de 80. Observadores notaram que seu estilo é muito similar à Bleck Le Rat, que começou a trabalhar com stencils em 1981 em Paris, e à campanha de graffiti feita pela banda anarco-punk Crass no sistema de tubulação de Londres no fim da década de 70.
feitos e deixaram o problema de como remover o desenho nas mãos dos compradores. O primeiro filme de Banksy, ‘Exit through the Gift Shop’, teve sua estréia no Festival de Filmes de Sundance. Foi oficialmente lançado no Reino Unido no dia 5 de março de 2010 e em janeiro de 2011 foi nomeado para o Oscar de melhor documentário. Suas obras são carregadas de conteúdo social expondo claramente uma total aversão aos conceitos de autoridade e poder. Em telas e murais faz suas críticas, normalmente sociais, mas também comportamentais e políticas, de forma agressiva e sarcástica, provocando em seus observadores, quase sempre, uma sensação de concordância e de identidade. Apesar de não fazer caricaturas ou obras humorísticas, não raro, a primeira reação de um observador frente a uma de suas obras será o riso espontâneo, involuntário e sincero, assim como suas obras.
Conhecido pelo seu desprezo pelo governo que rotula graffiti como vandalismo, Banksy expõe sua arte em locais públicos como paredes e ruas, e chega a usar objetos para expô-las. Banksy não vende seus trabalhos diretamente, no entanto, sabe-se que leiloeiros de arte tentaram vender alguns de seus graffitis nos locais em que foram 13
Rock do Zé Toré
Intervenção urbana na forma de música. Evento de música promovido por moradores de diversas comunidades pertencentes ao conjunto de favelas da Maré, que reúne diversas bandas locais e, muitas vezes, convidados de outros locais de todo o Grande Rio.
Sempre regado a muita bebida, em geral da pior qualidade possível, o público se reúne em volta dos músicos, que tocam no mesmo nível dos espectadores, o que sempre ajuda na interação com a banda.
O encontro acontece sempre no Largo do Quarto Centenário, localizado no Morro do Timbau, única zona de montanha de todo o Complexo da Maré, e ficou conhecido como “Rock do Zé Toré”, pois neste largo funciona um bar cujo proprietário (o tal do Zé Toré) era quem vendia as bebidas e acabava curtindo o show com o público.
Antigamente, a única intenção era fomentar o entretenimento de seu público cativo, apresentando bandas de rock. Porém ultimamente o evento tem vindo com pretensões maiores, visando abrir espaço para bandas não só do gênero rock, mas também de variantes pertinentes ao estilo e ao contexto relacionado ao movimento.
Diversas bandas oriundas do Complexo da Maré se apresentam no evento, dentre elas Algoz (foto), Café Frio e D’Loks destacam-se pelo estilo próprio e seus trabalhos autorais.
Não se tem um controle exato de quantas edições aconteceram, nem da regularidade de sua frequência, porém é certo o sucesso do evento, uma vez que já é um tradicional encontro de rockeiros.
A banda “Carburador”, que já foi composta por inúmeros integrantes, começou com uma JAM improvisada por alguns dos convidados para tocar em um dos festivais. Contudo, nas edições seguintes, como sempre faltava um ou outro integrante, novos músicos eram convidados para substituir os ausentes. Isso se tornou tão frequente que passou a ser uma espécie de atração a mais no encontro, onde por vezes, até quem está na plateia acaba participando.
Por acontecer ao ar livre, acaba por atrair a atenção dos transeuntes e moradores dos arredores. Por mais que seja um evento sem fins lucrativos, subsidiado pelos próprios participantes e realizado pela simples vontade de partilhar música e entretenimento, o “Rock do Zé”, que também já foi chamado de vários outros nomes, persiste e move dezenas de pessoas a contemplar amigos, conhecidos e desconhecidos também. 15
Lugar de mulher é na rua Fazendo grafite. Apesar de não ser machista, a arte urbana é ainda dominada pelo sexo masculino. Não é uma grande surpresa se pensarmos que o trabalho pode envolver escaladas, eventuais corridas da polícia e um expediente noturno, por vezes solitário. Mas não é isto que pode parar a criatividade de uma mulher. Não é militância feminista, é um aviso: elas estão invadindo a sua rua. Nascida no Equador, Lady Pink (Sandra Fabara) ganhou Nova Iorque através de seu grafite. No colegial ela já estava exibindo pinturas em galerias de arte e em 1979, começou a competir com os meninos por um espaço cor de rosa, deixando as ruas e trens com um toque feminino. Tati Suarez é uma artista americana de 28 anos, especialista em pintura a óleo em tela ou madeira. O seu estilo é charmoso e distintivo, sendo que a característica mais marcante de seus trabalhos estão nos olhos, sempre grandes e que atraem quem está olhando para um mundo belo e surreal. Artista de rua autodidata, Faith47, nascida na África do Sul, teve seus primeiros contatos com o graffiti em 1997, por influência de um membro da YMB Crew, Wealz130 - com quem ela foi casada e tem um filho, que também é artista de rua. Seus trabalhos são bastante instrospectivos e reflexivos e suas inspirações partem principalmente de questões existenciais. A Rede Feminista de Arte Urbana (Nami) é formada por mulheres artistas que possuem como ponto de partida a cena Urbana e trabalham com artes plásticas, grafite, fotografia, design, áudio visual, teatro, moda, cenografia, multimídia, educação e pesquisa; criando um intercâmbio de ideias, experiências e conhecimento, promovendo os direitos das mulheres e fortalecendo seu trabalho artístico, intelectual e profissional. A grafiteira Anarkia (Panmela Castro) é a presidente da Rede, que promove eventos artísticos , cursos e oficinas. Acesse www.redenami.com Filha de mexicanos, a artista plástica paulistana Fefe Talavera vem ganhando espaço na cena de arte de rua internacional por sua paixão. Os bichos e monstros que grafita são inspirados em “alebrijes”, bonecos do artesanato mexicano feitos de papel. “O artista que os criava dizia que isso ajudava a diminuir seus pesadelos”, conta. Para Fefe, suas criaturas têm efeito semelhante. “Sou uma pessoa violenta e a pintura me faz relaxar”.
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Fefe cria metáforas para fortes emoções humanas, como raiva, medo, sonhos e desejos. As técnicas são variadas: colagens, graffiti, adesivos, ilustras com nanquim, ranhuras em vidro e publicidade. Vanessa Alice Bensimon, ou simplesmente Miss Van, nascida em 1973 em Toulouse, França, é reconhecidamente uma das mais influentes grafiteiras. Seus desenhos de mulheres sexies e provocantes já provocou uma reação negativa de algumas feministas. Fafi, nasceu em 1979. A grafiteira francesa ficou famosa com suas bonequinhas delicadas que começaram a ser vistas nas ruas de Paris, as Fafinettes. Sexies e basicamente uma releitura de uma Pin Up moderna, as Fafinettes inspiraram garotas de carne e osso a se vestirem como elas. Claudia Walde, a madC, já era bastante reconhecida e apreciada quando impressionou o mundo, após grafitar um muro de 106m de comprimento por 6m de altura. A visualidade da artista alemã mistura o real a personagens surreais, com cores vivas e detalhes minuciosos.
A grafiteira carioca Anarkia Boladona é formada em Belas Artes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mas sua arte tem influência da pichação, nicho habitualmente dominado por homens. Seus trabalhos tratam principalmente da luta feminina em relação ao corpo, à sexualidade e à subjetividade e relações de poder. Em 2008, ela criou o “Grafiteiras Pela Lei Maria da Penha”, projeto que usa o graffiti e cultura urbana para combater a violência contra as mulheres, dentro do qual surgiu a Rede Nami, que realiza projetos sociais, cursos e eventos. Anarkia foi premiada em Nova York com o DVF Awards, prêmio anual dado a mulheres que lutam para diminuir a violência e a injustiça de gênero, pela Diller-von Fustenberg Family Foundation. Mas, além de seu engajamento, ela é reconhecida pelo talento e a qualidade de seu trabalho. Swoon é uma artista urbana norte americana nascida em New London, Conecticut e criada em Daytona Beach, Florida. Contudo, aos 19 anos ela conquistou Nova Iorque e se especializou em uma
arte que mistura a técnica do lambe lambe a papéis finamente trabalhados e recortados. Apesar do processo delicado, os temas retratados têm um tom crítico, por vezes bastante pesado sobre a realidade social de seu país. Misturando pintura, ilustração e colagem pelas paredes e muros da cidade, a artista urbana Miso, ou Stanislava, como é conhecida na Austrália, tem apenas 21 anos e rabisca as ruas de Melbourne desde os 14. Sua inspiração vai desde o estilo estético Art Nouveau até o grafite contemporâneo, passando pela arte construtivista russa. Ultimamente, ela vem se inspirando também com folclores europeus, mitologia grega e literatura russa. Aiko nasceu em Tóquio, mas vive em Nova Iorque desde a década de 90. Sua arte mistura motivos florais, cartoons femininos e a visualidade da cultura pop em um trabalho em mídias variadas. Aiko utiliza stencil, tinta spray e técnicas de impressão em silkscreen para criar um trabalho vibrante e de larga escala.
Camila Pavanelli, mais conhecida como Minhau, destaca-se em seu trabalho pela utilização de traços fortes e cores contrastantes. Marca registrada de seu trabalho, os gatinhos ganham espaço nos muros e outros locais da cidade de São Paulo rompendo com o cinza predominante do concreto e das construções. O livro ‘Graffiti Women’ celebra a ascensão de artistas femininas do graffiti na cena urbana mostrando o trabalho de mais de 100 mulheres do mundo inteiro, desde as mais reconhecidas, como Lady Pink e Mickey, a talentosas aspirantes. Com imagens e depoimentos das artistas, este livro é uma excelente referência aos amantes de arte urbana. A revista online CatFightMagazine (em inglês) contém matérias, artigos, eventos, vídeos e até dicas de moda relacionados ao graffiti produzido por mulheres. Apesar de não ter novas edições desde 2010, o material é atual e bastante completo, falando inclusive de artistas brasileiras. Vale a pena conferir o material completo em www.catfightmagazine.com 19
JR O que acontece quando um grafiteiro acha uma câmera em um trem?
É impossível passar despercebido pelas obras do fotógrafo JR. Gigantes e monocromáticas suas imagens já estamparam várias cidades do mundo, sempre escolhidas a dedo. As imagens podem chocar ou fazer rir mas sempre causam impacto. JR não revela sua identidade e diz que o que faz é ilegal e não comissionado, não está submetido a editores ou galerias e sua arte é acessível para qualquer um. Em seu projeto “Women”, JR percorreu cidades do mundo fotografando mulheres e utilizando a técnica do lambe-lambe para colar os retratos nas casas e muros da comunidade. Na África ao invés de papel também foi utilizado lona, que se transformou em telhado nas casas que antes não tinham. Em 2009, depois de ler na imprensa sobre a morte de quatro jovens no morro da Providencia, o fotógrafo decidiu que o Rio seria seu próximo destino. Lá ele fotografou mulheres de todas as idades e bateu de porta em porta para colar as fotos gigantes. No projeto “Wrinkles of the City” (Rugas da Cidade), JR faz retratos de idosos que representam a memória da cidade. Depois imprime as fotos em tamanhos monumentais e as cola na mesma cidade em lugares que inspiram a história. “É surreal, o que eu estou fazendo ali em cima? o que é tão especial em mim? é lisonjeiro o fato de que ele achou minha cara interessante o suficiente para usar como um projeto de arte” disse Bob Evans, um dos retratados.
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No início de 2011, JR recebeu o Prêmio concebido para aglutinar o talento e os recursos excepcionais da comunidade TED. É concedido anualmente para um indivíduo excepcional, que recebe a quantia de US$ 100 mil e, o que é muito mais importante, faz “um desejo para mudar o mundo”. Após meses de preparação, o ganhador revela seu desejo na cerimônia de premiação, que ocorre na Conferência TED. Esses desejos deram origem a iniciativas colaborativas de grande impacto. O desejo do artista JR para mudar o mundo foi: “Desejo que vocês se mobilizem por aquilo que é importante para vocês, participando de um projeto artístico global, e que juntos possamos virar o mundo… DO AVESSO.”
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Criar um projeto de arte participativo em larga escala que transforme mensagens pessoais em peças de arte. Todos serão desafiados a usar retratos em preto e branco para descobrir, revelar e compartilhar as histórias não contadas das pessoas ao redor do mundo. As imagens serão transformadas em pôsteres e enviadas de volta aos cooperadores para serem exibidas em qualquer lugar e de qualquer forma.
Tipos de Grafite Saiba mais sobre essa manifestação artística.
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, o grafite é composto por vários estilos e formas. Atualmente os estilos mais conhecidos e, consequentemente, mais utilizados são os seguintes : Hall-of-fame: Grafite, na maior parte dos casos em paredes legais ou paredes pouco expostas, sem grandes riscos de problemas com as autoridades. Hallof-fame é um graffiti mais pensado e mais trabalhado, dando importância não só a escrita , mas também aos fundos e eventuais personagens. Quando o hall-of-fame atinge uma proporção considerável, é muitas vezes também chamado de produção. Bombing: Bombing poderá ser considerado qualquer tipo de grafite ilegal. No entanto, quando se fala de um bombing ou bomb, fala-se de um grafite proibido, ou seja, grafite em qualquer lugar na rua sem a autorização do proprietário local. Crew: Um grupo de grafiteiros, que se une por um objetivo e forma o seu ‘’coletivo’’. As crews costumam ter nomes extensos, que são abreviados através de siglas, normalmente entre 2 a 4 letras. Através dessas siglas, algumas vezes são criadas novas definições para o nome de crew. Um grafiteiro pode pertencer a várias crews. Muitas vezes os próprios optam por pintar o nome das suas crews, seja abreviado ou por extenso, em detrimento do seu próprio tag (assinatura). Se os grafiteiros dão reputação às suas crews, o contrário também acontece. Ou seja, assim como um grafiteiro pode deixar sua crew mais famosa a própria crew pode fazer o mesmo com outros grafiteiros da mesma família. Trash-train: Normalmente quando os grafiteiros se referem a trens, utilizam a palavra inglesa “train”, existe então o conceito de trash-train , que se utiliza para trens fora de circulação, que se destinam a abate ou requalificação. Geralmente estes vagões são bastante fáceis de pintar, ideal para obter bons resultados em grafite, uma vez que o próprio grafitéiro tem mais tempo para elaborar a sua arte. Stencil: Molde recortado em cartolina, radiografias, ou outros materiais de maneira a criar formas pré-defenidas, encostando esse molde a uma superfície, e passando spray por cima, ficando com as formas subtraídas à cartolina, pintadas na parede. Ideal para fazer em superfícies pequenas, é rápido de executar, e permite também reproduzir o mesmo desenho em vários lugares.
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A origem do stencil se encontra na China juntamente com a invenção do papel em 105 a.c. Antes disso a técnica utilizava-se de elementos naturais, como folhas e rochas, para fazer máscaras das partes que não se podia colorir com os pigmentos. Com o uso do papel se começou a entalhar a forma, o desenho, a escrita e tudo o mais que se quisesse reproduzir fielmente. Se pode dizer que o stencil foi a primeira forma de gravura. Nos anos 600, na China, começaram a fazer desenhos mais complexos e aplicar a técnica para a decoração de tecido, embora com o uso de poucas cores. Foi porém no Japão que a técnica do stencil sobre o tecido se aperfeiçoou com a introdução de uma primeira máscara lavável e, consequentemente, reutilizável. O papel recebia, antes de ser entalhada com o motivo desejado, um tratamento especial com suco de caqui. Isso o deixava impermeável. WildStyle: Estilo de grafite nascido em Nova Iorque nos anos 70. É um estilo bastante complexo, que vive muito da intersecção de formas e que
normalmente tem um elemento característico que são as setas. O resultado final torna-se algo altamente indecifrável para quem esteja fora do grafite e, por vezes, até para quem está por dentro. Throw-up: É provavelmente o tipo de grafite mais difícil de definir juntamente com o wild stile, como a própria tradução diz, throw-up significa “vomitar” trata-se de grafites que viva só dos contornos e de formas arredondadas (na maioria das vezes). Mais concretamente é a atividade do grafiteiro quando este se limita a tagar (assinar) seu nome ou o nome de suas crews.