Caixa Lote #03

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imagem: Kleverson Mariano


editorial

Por Regiane Ishii

São Paulo, 2012. Este é o espaço e o tempo da equipe Caixa Lote. Antes de fazer uma bela virada para 2013, marcamos o momento com o lançamento desta edição, a mais aguardada. Além de trabalhos do mundo todo, esta edição vem marcada por cidades imaginadas pelos artistas. Como será a paisagem absurda e única da Cidade do México? E a Berlim recortada por Florian Fusco? Onde Ofra Lapid abandonou suas casas? Chegamos à Caixa Lote #03 rodeados por novos pontos de vista. Para comemorar, ganhamos um site, mais um espaço para publicação de conteúdo dos artista colaboradores. Esperamos que você percorra a poética das imagens proposta pela Caixa Lote e também celebre o privilégio de ter vivido 2012.

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kleversonmariano.carbonmade.com
















OFRALAPID “HOUSE#17” série “BROKEN HOUSES” ofralapid.com

RODRIGOARTEAGA série “CUERPO PAISAJE” flickr.com/photos/rodrigoarteaga

MOHAMEDKAHOUADJI “JUNGLE BOOGIE” mohamedkahouadji.com

BRUNOTROCHMANN série “O SOM SOBREVIVE A FULIGEM” brunotrochmann.carbonmade.com

JULIANAFRONTIN “SEM TÍTULO” jfcolagens.tumblr.com

BRUNOTROCHMANN série “O SOM SOBREVIVE A FULIGEM” brunotrochmann.carbonmade.com


RODRIGOARTEAGA série “CUERPO PAISAJE” flickr.com/photos/rodrigoarteaga

JULIANAFRONTIN “SEM TÍTULO” jfcolagens.tumblr.com

ALEXHOERA “SESSENTA & NOVE” flavors.me/alxhoera

MOHAMEDKAHOUADJI “ACCEPTABLE IN THE 70’s” mohamedkahouadji.com

JULIANAFRONTIN “SEM TÍTULO” jfcolagens.tumblr.com

ELAINESÁ “AUTORRETRATO X-10” ellianesa@yahoo.com.br
















ALINEGUARATO “SEM TÍTULO” alineguarato.tumblr.com

BRAZILIANO “CADMUS ROBOT” flickr.com/brazilianotv

TALESSABARÁ e RAIMUNDOBRITO “APARECIDA” fama.zupi.com.br/sabara

YUDIRAFAEL “SEM TÍTULO” yudirafael@gmail.com

ELEANORBENNETT “GET BACK BETTER ON” eleanorleonnebennett.zenfolio.com


FLORIANFUSCO “HEADPHONES” florianfusco.com

ELEANORBENNETT “SIMPLE” eleanorleonnebennett.zenfolio.com

OFRALAPID “BROKEN ASSEMBLED HOUSE” ofralapid.com

FLORIANFUSCO “ASHTRAY” florianfusco.com

ILKESROSEMIR “DIGERIES URBS IV” ilkesrosemir@hotmail.com




















CARLABONOMI “REMINISCÊNCIA DE UM SONHO II” carlabonomi.com

MARCIAGADIOLI “SEM TÍTULO” marciagadioli.multiply.com

BRUNABATALHÃO “CUBATÃO” brunabatalhao.carbonmade.com

BARBARAHOFFMANN “CHUVA” bababilonia.blogspot.com.br

YULIANASTASSAKIS “MONTANHAS 1” yulianastassakis.carbonmade.com

RODRIGOARTEAGA série “CUERPO PAISAJE” flickr.com/photos/rodrigoarteaga


BRUNOBERNARDI “SEM TÍTULO” estudio@brunobernardi.com.br

RODRIGOARTEAGA série “CUERPO PAISAJE” flickr.com/photos/rodrigoarteaga

BRUNOBERNARDI “SEM TÍTULO” estudio@brunobernardi.com.br

JTOMAZ “CIDADE FRAGMENTADA II” jtomaz.com

JTOMAZ “CIDADE FRAGMENTADA I” jtomaz.com



FLORIAN

HOLOFOTE

FUSCO

Por que papel? O papel é um material neutro. Não é nem de alta qualidade nem barato. O observador pode se envolver plenamente nas formas de meu trabalho, ele não se distrai com o material. Qual é seu critério de seleção dos objetos de papel? Eu sou um grande fã de máquinas inúteis antigas. Um gravador antigo tem poucas funções: não se pode fazer chamadas, nem usar a Internet. Só serve para ouvir música. Uma fita cassete é ouvida do início ao fim. Se eu usar o mp3, eu não ouço nenhuma música até o final. Estas máquinas antigas são apenas mais relaxadas. E elas têm botões grandes legais. Somos seres humanos, queremos tocar as coisas, precisamos de um feedback físico. Eu não gostaria de selecionar meus objetos pelo meu próprio gosto. Estou à procura de um “senso comum”, uma linguagem visual clara. Por isso para mim é importante ter bastante tempo para planejar minha pesquisa. Minha instalação “mcr memórias”, baseado apenas em objetos que eu realmente fotografei. Existem muitas ferramentas aqui, mas também objetos do cotidiano: fogo, saleiro, sofá, cinzeiros ... Que tipo de diálogo você deseja produzir entre este material e o objeto criado? O material é de importância secundária. O diálogo acontece exclusivamente entre a forma exterior e o espectador. Os visitantes sentem vontade de tocar os objetos em minha instalação. Eles certamente vêem que os objetos são apenas cópias sem função. No entanto, eles querem tocar os botões do teclado ou música no papel. Quando os bebês nascem, eles têm o mesmo impulso: querem tocar em tudo. Eles são capazes de agarrar as coisas com as mãos. Acredito que este impulso está presente em todos. Portanto, os visitantes reagem a meus objetos no meu sistema, mesmo sabendo que eles não funcionam. Isso me fascina e me diverti. Existe a intenção de criar uma narrativa? Sim. Há histórias da memória coletiva dos visitantes. As pessoas apontam para minha fita cassete de papel e dizem “Isso é uma mixtape.” Eles combinam as suas próprias memórias, a sua própria música com os meus objetos. Isso acontece por si só. Eu não dou instruções. Não há informações textuais para minha exposição. Eu acredito que as associações dos visitantes são sempre muito mais interessantes do que um texto meu poderia ser. Eu li que você, em um de seus trabalhos, ficou três meses em Greater Manchester and Blackpool e que lá você fez algumas entrevistas e fotos. Você faria esse tipo de trabalho no Brasil? Em que lugar? Eu decidi ir para Manchester, depois que eu vi o filme “24 Hour Party People”. Foi uma decisão espontânea e emocional. As primeiras duas semanas foram absolutamente mal-sucedidas. Eu não encontrei ninguém para minhas entrevistas, eu não tinha dinheiro nem apartamento. Eu dormia em um sofá em uma galeria. Por acaso eu conheci Nick Mitchell (fundador da “Registros Laboratório dourado”). Ele me escreveu em um pub uma lista de músicos que eu entrevistei depois. Eu tive sorte. Eu não posso dizer onde eu pesquisaria no Brasil... talvez você possa me recomendar alguns filmes undergrounds? O Brasil é um país vasto, com tanta música. Recentemente, ouvi um sampler de New Wave brasileira dos anos 80 bastante sombrio. Se você olhar os vídeos antigos de Trio Mocotó... Eu gosto da energia. Isso sente-se de gostar de punk rock. Você tem que entender que o Samba é relativamente desconhecido na Alemanha. Conhecemos apenas a versão suave do Samba, que é tocada em supermercados. Para um projeto no Brasil, gostaria primeiro de aprender português, depois reservar o vôo mais barato e pedir um lugar num sofá. Quando você realiza um site-specific, que tipo de espaço você escolhe? Isso é sempre um problema. Se você apresentar um trabalho em uma galeria, os visitantes têm muito respeito. Não toque em nada, não fale alto. Eles acham que um artista é uma pessoa intelectual, pensativo. Isto é um lixo. Eu gosto de beber cerveja, eu ouço muita música e eu gosto de conversar. E quando eu exponho meu trabalho, eu quero me divertir e conhecer pessoas. Quando as pessoas estão bêbadas, são honestas e espontâneas.Todo espaço é adequado. Poderia ser um sótão, um porão. Ou em uma casa particular. Ou num quarto de hotel barato, hahaha, eu gostaria muito. Na melhor das hipóteses, juntamente com artistas locais.

Entrevista por Viviane Tabach


imagem: Bruno Trochmann


AGR ADECi +M E N T O S o Alex Hoera

o Douglas da Nóbrega

o Marcelo Abuchalla

o Alexandre Neves

o Eleanor Bennett

o Marcia Gadioli

o Aline Guarato

o Elena Spaziani

o Marcelo Salles

o André Andrade

o Eliane Sá

o Marília Lourenço

o André Arçari

o Ellen M. Nunes

o Michel Gautier

o Andrea L. Peterson

o Enoá

o Mohamed Kahouadji

o Andresa Cardoso

o Fabio Hassegawa

o Natália Rezende

o Anelie Schinaider

o Fábio Reis

o Ofra Lapid

o Arturo Viola

o Fábio Souza

o Rafa Turrini

o Bárbara Hoffmann

o Florian Fusco

o Raimundo Brito

o Beatriz Amaral

o Francisco Rosa

o Raphaela Melsohn

o Braziliano

o Giuliana Marquesi

o Regiane Ishii

o Bruna Batalhão

o Gustavo Vazquez King

o Regis Bazani

o Bruno Barata

o Heloísa Duran

o Roberta Segura

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o Henrique Cartaxo

o Rodrigo Arteaga

o Bruno Brito

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o Bruno Ferreira

o Ilkes Rosemir Digeries

o Steven Thomas Higgins

o Bruno Trochmann

o J Tomaz

o Tadeu Amaral

o Caetano Tola Biasi

o Juliana Frontin

o Tales Sabará

o Carla Bonomi

o Juliana Tonalezzi

o Thais Galbiati

o Carol Plumari

o Júnior Ahzura

o Tiago Spina

o Daniela Leblanc

o Kelly Santos

o Vanessa Bohn

o Daniel Lie

o Kleverson Mariano

o Vini Moura

o Danilo Pêra

o Lucas Gondim

o Vitor Tavares Oliveira

o Deborah Santiago Guimarães

o Luiz Palhares

o Yudi Rafael

o Diana Sandes

o Luiz Silveira

o Yuli Anastassakis

o Diego de los Campos

o Marcella Morijo

EQUIPE CAIXA LOTE: Márcia Beatriz Granero, Yuri Amaral, Richard Casarin, Mayka Granero e Daniel Lie



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