O Medo Do Sotão

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O Medo D

o Sot達o


E ra uma rua cama, cheia de arvoredo, onde os pรกssaros se ouviam a cantar. Nessa rua havia uma casa com um ar bastante simpรกtico, onde vivia o

pequeno Samuel.


A casa de Samuel tinha um sótão, escuro, cheio de teias de aranha, baús com roupa velha, mobílias estragadas...

...tesouros que, com os anos, se vão amontoando, e a luz do dia entrava apenas por uma janela que ficou meio aberta há algum tempo.


S amuel era um rapaz simpático, baixinho, cabelo curto e loiro e de poucas palavras. Todos lhe chamavam “O estranho”. Um dia no balneário da escola, ele contou-me o seu segredo: tinha medo do sótão de sua casa.

F iquei curioso e perguntei-lhe porquê. Ele começou a descreve-lo e eu fiquei ainda mais interessado a ser convidado para uma visita ao tal famoso sótão.


F oi num sábado á tarde que fui a casa do Samuel. Chovia imenso, o céu estava escuro, não se via ninguém na rua, mas era a única tarde que tínhamos,

livre para fazer esta aventura.

Q uando chegamos a casa, aquele portão grande do quintal abriu-se e entramos os dois.


S amuel, rapaz de poucas palavras, sorriu para mim mas, ao mesmo tempo, transmitiu-me uma sensação estranha. A mãe dele já nos esperava com um bolo acabadinho

de fazer e com um cheirinho maravilhoso, que parecia ser de laranja.

A senhora tinha um grande sorriso na cara de tanta felicidade por o filho Samuel ter convidado um amigo para passar a tarde lá em casa. Comemos o bolo, um

copo de sumo e poucas conversas, apenas sorrisos e o silêncio da casa, era algo pouco normal.


S amuel chamou-me e disse: tenho uma surpresa para tu veres. Subimos as escadas, que faziam muito barulho porque era de madeira antiga e rangiam. Deu duas voltas a fechadura da porta e lá estávamos nós, com pouca luz, num sótão grande onde se podia imaginar um pouco de tudo (Reis, Princesas, Cavaleiros, etc…) tal e qual como ele me tinha descrito.

S amuel tinha medo de tanta coisa antiga, medo de as mostrar aos seus amigos, porque, ele pensava que aquilo era um monte de lixo que vivia em cima

do seu quarto. Eu, sem perceber muito bem, tentei ajuda-lo: Puxei uma cadeira antiga e, ao sentar-me a perna da cadeira partiu logo, e Samuel começou a rir á gargalhada. Eu nunca o tinha visto tão feliz.


P assamos horas a conversar, sentados no chão, no meio de pó e a dizer que o medo não existe, apenas se sente, imaginamo-lo sempre que estamos deprimidos. Aquele sótão precisava de uma “volta”, mas era preciso que a mãe dele concordasse e isso foi fácil! Todos puseram mãos á obra: abriram-se janelas, que estavam semi-abertas há anos, pintaram-se paredes, abriram-se velhos baús. Samuel ria e a alegria ia-se soltando dentro dele. Começou o sol a brilhar.

A chuva que estava lá fora parou e Samuel não mais temeu o seu

sótão e aprendeu uma lição: as

coisas velhas são consideradas um tesouro quando são estimadas.


Escola Secundaria Eng. Acácio Calazans Jorge Miguel Figueiredo Sousa 10º E Nº19 Curso: Artes Visuais Disciplina: Desenho A/Português Texto: Jorge Sousa Ilustração: Jorge Sousa 2010/2011


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