VEM PRO PARQUE - Projeto de Integração do Parque da Cidade de Brasília com os bairros vizinhos

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VEM PRO PARQUE Projeto de Integração do Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek de Brasília com os bairros vizinhos

Por Camila Abrão



Universidade de Brasília Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Departamento de Projeto, Expressão e Representação Trabalho Final de Graduação Caderno de Projeto 1º/2015 Camila Lima Abrão I 09/0108418 camilabrao@gmail.com I 61 9698 1824 Orientador: Bruno Capanema Banca examinadora:

Gabriela Tenório Luciana Sabóia

Professor convidado: Luana Miranda Arquiteto convidado: Stepan Krawctschuk

VEM PRO PARQUE


Este caderno tem por objetivo reunir as informações de base e o desenvolvimento do Projeto de Conclusão do Curso em Arquitetura e Urbanismo. Aqui se encontram justificativas históricas, teóricas, urbanísticas e pessoais que norteram as decisões de projeto. O projeto a ser desenvolvido consiste em um projeto de integração do Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek em Brasília/DF com seus bairros vizinhos.

apresentação 2


apresentação ________________________________________________________ 2 sumário ______________________________________________________________ 3 introdução ___________________________________________________________ 4 a. introdução b. os Parques no Brasil c. por que lá? d. conceitos o objeto de estudo ___________________________________________________ 8 a. onde? b. contexto histórico c. as origens d. as características e. o zoneamento f. implantação o Parque hoje _______________________________________________________ 16 a. legislação e delimitação do lote b. análise do sítio c. acessibilidade e fluxos d. usuários e. condicionantes climáticas f. fotografias g. estudos de caso o projeto ___________________________________________________________ 34 a. desenvolvimento do partido b. desenhos c. perspectivas os detalhes _________________________________________________________ 59 a. materiais b. iluminação c. vegetação d. sinalização conclusão __________________________________________________________ 64

sumário

referências ________________________________________________________ 65 agradecimentos ___________________________________________________ 66

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introdução justificativa do tema

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a. introdução

b. os parques no Brasil

Ao traçar o perfil evolutivo da história dos parques urbanos no mundo, percebe-se que sua evolução está atrelada ao desenvolvimento da sociedade com suas transformações e renovações.

O projeto de paisagismo urbano se consolida no Brasil durante o século XIX, com a construção da nação brasileira, com o aumento das populações urbanas e a mudança dos hábitos sociais.

Assim, ponderar qualidade de vida requer pensar em estratégias de proteção e preservação de espaços potenciais para conservação de suas características em busca de um aperfeiçoamento.

Inicialmente, teve como principal cliente a elite do Império e da República Velha, que patrocinou o ajardinamento e tratamento paisagístico das suas áreas de moradia, propiciando a criação de praças, parques públicos e privados, boulevards, promenades e jardins sofisticados, pelas quais passeavam as famílias reais (MACEDO, 1999).

Neste contexto,, surgem os parques, dotados de grande responsabilidade, por assim dizer, diante da fragilidade do espaço e da necessidade dele voltado à recreação e ao lazer, essencial à vida moderna dos habitantes e inserindo no planejamento um olhar direto aos espaços públicos como estratégia para as cidades. Na atualidade, os parques têm a função social, estética, e ecológica de proporcionar um espaço onde os cidadãos possam gozar dos seus tempos livres, o que é uma necessidade cada vez mais evidente para a população urbana. Estudar estratégias de uso de um parque urbano é fundamental para fomentar o uso desse espaço livre público para o lazer.

Os primeiros parques criados tiveram uma expressiva influência européia e norte-americana e, numa primeira instância, foram construídos para também atender os interesses da elite dominante. O parque moderno, cujo programa combina a contemplação, o lazer e outras funções, veio ser consolidando na década de 70 em resposta às carências da população no que se refere à falta de equipamentos e espaços públicos. Na seqüência, a afirmação do movimento ecológico também em áreas urbanas motivou, a partir da década de 80, o surgimento do parque ecológico. Depois disso o parque urbano continuou a se transformar. O programa cada vez mais complexo para atender as necessidades de múltiplos usos; o desenho mais livre e desprendido de estilo; o uso por parte da população aliado à preocupação de cidadania onde a preservação ambiental se apresenta como fator importante; e o surgimento de atividades comerciais ou culturais como feiras e eventos artísticos. No século XXI, o Brasil vai se tornando uma nação urbana. O aumento das demandas de espaços tratados paisagisticamente pela população urbana estava em constante expansão. Ao mesmo tempo que aumentam as opções e a diversidade do lazer para a sociedade em geral, maiores são os segmentos sociais a demandar espaços para atividades ao ar livre e a recreação é um ponto crucial para a organização do espaço livre, tanto público como privado.

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c. por que lá? As possibilidades de lazer da população urbana média brasileira expandem-se, com o aumento de sua área de abrangência, na medida em que os meios de acesso são modernizados e implementados. “O novo parque urbano que se delineia não terá o mesmo papel que teve seu antecessor europeu, americano ou mesmo nacional, uma das poucas possibilidades de lazer urbano e palco de desfile de elites.” (MACEDOO, 1999) O parque moderno destina-se ao lazer também da grande massa, mas é apenas um espaço urbano a mais para o desfrute da população nos tempos de ócio, concorrendo com um leque diverso de opções. Ao mesmo tempo, amplos setores populacionais estão excluídos das possibilidades de acesso e consumo da maioria das opções de lazer, pelo seu alto custo ou mesmo por serem apenas pagas. Diante desse quadro, parques públicos são remanescentes das opções de lazer mais acessíveis à maioria da população urbana, de escassos recursos econômicos.

O Parque da Cidade desempenha um papel de grande importância na estrutura urbana do Distrito Federal, devido ao fluxo diário e também por fazer importantes conexões com o Eixo Monumental e os bairros Asa Sul e Sudoeste. Após analisar as condições atuais da área do Parque da Cidade focando, principalmente, nas suas conexões com os bairros vizinhos, foi relatado que estas são possíveis de melhorias, principalmente em relação à escala urbanística; da melhoria nos desenhos das secções viárias, como também nos espaços de lazer e convívio que o Parque possui. Considerando tais pressupostos, o intuito deste trabalho é criar um Parque mais integrado à cidade, potencializando o seu uso por meio de melhorias projetuais nas conexões do Parque com suas regiões lindeiras. A área de intervenção do projeto consite desde a W3 sul, passando pelo Parque da Cidade e indo até a Primeira Avenida do bairro Sudoeste.

Esse contexto imprime ao parque moderno um caráter mais popular do que no passado: o antigo cenário de desfrute das elites é redirecionado e, no final dos anos 70 e início dos anos 80, as políticas públicas de construção de novos parques voltam-se para bairros populares. A partir daí, o número de novos parques cresce em todos os centros urbanos e, mesmo em cidades com muitos espaços livres de lazer, como o Rio de Janeiro ou Brasília, novos parques são construídos e consolidados. Os eixos viários sendo construídos e o Parque da Cidade acima à esquerda.

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d. conceitos O Projeto de integração do Parque da Cidade com os bairros vizinhos nasceu com os seguintes objetivos: - potencializar o uso do Parque da Cidade;

Fluidez

- integrar o Parque à malha urbana da cidade; - melhorar as conexões com os bairros vizinhos; - priozirar o pedestre e o ciclista; - criar caminhos transversais que atravessem a área do Parque e que conversem com o existente; - redesenhar a malha cicloviária.

Sendo assim, alguns conceitos foram ressaltados para nortear o projeto.

Característico dos projetos do paisagista Burle Marx, o Parque da Cidade possui um traçado regulador orgânico e curvo. As formas curvas que compõem tanto a sua estrutura viária como os seus elementos internos foram importantes para a criação dos novos caminhos do projeto. Caminhos estes que se somam com os espaços já existentes.

Sinapses Conexão

Um parque mais conectado e integrado à cidade é o que se deseja. Além de incentivar a passagem e a permanência dos usuários no espaço. É importante ressaltar que por abranger uma grande área, muitas vezes, o Parque pode ser considerado como uma barreira física.

Integração O grande objetivo é conectar as ciclovias já existentes às novas ciclovias, facilitando o acesso ao Parque e aos bairros adjacentes.

As sinapses são zonas de contato entre elementos que compõem nosso cérebro. Elas conduzem informações importantes para o nosso corpo. Assim como as sinapses, o projeto visa conduzir as pessoas ao Parque. Pensado no caminho feito por uma pessoa desde a W3 Sul, Sudoeste ou Eixo Monumental até acessar a área do Parque da Cidade. Os caminhos visam conectar essas áreas.

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objeto de estudo o Parque da Cidade

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a. onde? O Parque da Cidade está situado em Brasília, no Plano Piloto, e possui, aproximadamente, 420 hectares, ocupando quase toda a extensão da Asa Sul.

Brasília

N

Conecta-se ao norte com o bairro residencial Sudoeste e o Setor de Indústrias Gráficas , ao sul com o bairro Asa Sul, ao leste com o Eixo Monumental e à oeste com o cemitério.

b. contexto histórico

Asa Norte

“De uma parte, técnica rodoviária; de outra, técnica paisagística de parques e jardins. Brasília, capital aérea e rodoviária; cidade parque. Sonho arqui-secular do Patriarca.” (Relatório do Plano Piloto, Lúcio Costa) Brasília, a nova capital, concebida nos anos 50 e inaugurada em 1961, é um exemplo significativo da introdução do parque no contexto urbano brasileiro, já que foi idealizada como uma cidade-parque. Nesse sentido, a maioria dos edifícios do Plano Piloto estão envolvidos por extensos gramados e arvoredos, permitindo aos seus moradores o desfrute cotidiano, ao menos visual, de espaços cenicamente tratados como um parque.

Asa Sul

Situação

Torre de TV

Asa Sul

Parque da Cidade

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Em seu plano, Lúcio Costa dispôs simetricamente ao longo do Eixo Monumental dois grandes espaços: o Jardim Botânico de um lado e o Zoológico de outro, constituindo duas imensas áreas verdes que ele compara a dois pulmões. A área prevista para o Jardim Botânico (que não foi construído) pode ser considerada a origem de criação do Parque da Cidade.

Jardim Botânico

Zoológico

Parque Recreativo de Brasília Cemitério

Sudoeste SIG

Quanto aos espaços de lazer do Eixo Monumental, a principal alteração em relação ao plano foi a decisão da equipe de implantação da cidade de juntar no mesmo espaço o Jardim Botânico e o Jardim Zoológico, formando o Parque Zoobotânico de Brasília. Por meio desta reunião o grande espaço vazio deixado pelo plano naquela área seria preenchido, formando uma barreira à expansão da área urbanizada no entrono das Superquadras. O projeto ficou sob a responsabilidade de Burle Marx e a sua data é de 1961. Sobre esse Parque encontram-se desenhos publicados em livros e referências nas conferencias, no entanto, ele não foi construído e o seu espaço veio a ser ocupado posteriormente pelo Parque da Cidade. A comparação das figuras ao lado mostra que a área do parque sofreu uma grande ampliação. Nos seus limites encontra-se o Eixo Monumental, o bairro Asa Sul, o Setor de Industrias Gráficas, o bairro Cruzeiro Novo, o cemitério e posteriormente foi construído o bairro Sudoeste.

Comparação do Plano do Lúcio Costa e a implantação da cidade.

A área do Parque da Cidade nos anos 70.

O Parque da Cidade atualmente.

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c. as origens Até a segunda metade da década de 1970 não haviam sido implantadas duas grandes áreas de lazer previstas pelo Plano de Brasília. Na época, o governador Elmo Serejo Farias demonstrou preocupações em relação à mal administração do setor cultural. Ele pretendia ocupar a faixa jovem da população por meio da implantação de centros de lazer, quadras de esportes e parques. Como as atividades de lazer e itinerantes estavam se desenvolvendo de forma satisfatória, o Departamento de Turismo (DETUR), juntamente com o Departamento de Arquitetura e Urbanismo (DAU), da antiga Secretaria de Viação e Obras, propuseram a criação do Parque Municipal de Recreação no local que hoje é o Parque da Cidade. Essa proposta foi posteriormente analisada e aprovada pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU). O início das obras do Parque Recreativo de Brasília foi anunciado a partir do projeto elaborado pela Secretaria de Viação e Obras do DF. O secretário de Viação e Obras da época justificava a criação do parque afirmando que Brasília carecia de locais de encontros, lazer para todas as idades, e de um programa de espaços turísticos que servisse tanto ao habitante quanto ao turista com variados tipos de diversões como meio de integrar a população. Assim, a criação do parque era considerada de interesse público.

Parque Iolanda Costa e Silva nos anos 70 (hoje, Parque Ana Lídia).

Conforme notícia publicada no ano de 1975, a Secretaria de Viação e Obras reuniu Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Roberto Burle Marx para a criação do Parque Recreativo de Brasília e, apesar de o projeto criado pela mesma Secretaria não ter sido implantado, permaneceu o seu programa de atividades, que foi posteriormente desenvolvido pelo escritório de Burle Marx. De acordo com a referida publicação, o planejamento urbanístico foi executado por Lúcio Costa, os edifícios e alguns equipamentos do Parque foram entregues à Oscar Niemeyer, que fez estudos preliminares e encarregou o desenvolvimento dos projetos ao arquiteto Glauco Campello, e o paisagismo ficou sob a responsabilidade da empresa Burle Marx & Cia Ltda. Em 1997, considerado já consolidado o Parque da Cidade como principal parque público de lazer e recreação desta área central do Conjunto Urbanístico de Brasília, estabeleceu-se a denominação de Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek em homenagem à mulher do presidente Juscelino Kubitschek, que iniciou a construção de Brasília.

Inauguração do Parque.

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d. características Burle Marx escreveu um texto que se encontra publicado na Revista Cadernos Brasileiros da Arquitetura, no qual ele apresenta as características gerais do projeto do Parque. Este artigo constitui-se em um registro único, já que a equipe não elaborou um memorial do projeto. 1- Introdução Dotar uma cidade de um parque das dimensões e riqueza do parque recreativo de Brasília é, sem duvida, um empreendimento ambicioso, cuja realização envolvera os esforços e a dedicação de muitos profissionais, por longo período de tempo. A verdadeira feição do parque só surgira apos anos de trabalho, como que num lento amadurecimento daquilo que administradores, entidades e os mais diversos técnicos souberem hoje criar. Mas, muito embora gostássemos de ver o parque já em funcionamento pleno, entre à população, acreditamos que a possibilidade de presenciar a implantação poderá acarretar uma valiosa lição para os futuros usuários. Terão a oportunidade, assim, de verificar, na prática, no decurso da obra, o custo, o trabalho e o tempo envolvidos na implantação de um bosque, no desenvolvimento de uma muda, ou na simples manutenção de um canteiro. (MARX, 1978, p.30) O autor considera a criação do Parque como um grande projeto onde será necessário a ajuda e de dedicação de muitos. E deixa claro que na sua inauguração, ele não estará completamente implantado apresentando todas as suas características. 2-Zoneamento Numa extensão de aproximadamente 400 hectares suceder-se-ão equipamentos sociais e de lazer, agrupados segundo um critério de tipos de atividades. Assim temos: 1) A área destinada à administração e controle do parque. A ela se anexa um série de equipamentos de recreação coletiva, cuja utilização mais intensa foi prevista para o período das chuvas. 2) A área da Feira dos Estados, de programação especifica, e cuja ligação com o restante do parque é circunstancial. 3) e 4) Envolvendo-o parcialmente foram projetadas a zona do lago a zona cultural. Essa duas constituem uma unidade maior devido à ligação das atividades nelas previstas. Entretanto a presença marcante da agua em uma delas, a sugere também usos diversos, justifica separação. 4) Como ultima zona a considerar temos, no extremo oposto ao da administração, a zona esportiva. Embora a setorização acima descrita se justifique tanto pelos seus aspectos operacionais como para assegurarem um maior conforto aos usuários, o parque não devera por isso se desmembrar em zonas estanques. O projeto paisagístico, de um lado, e a concepção do sistema viário, de outro, virão assegura sua integridade tanto visual como funcional.(MARX, 1978, p.30)

3 – Projeto paisagístico Visou proporcionar a cidade, carente nesse sentido, uma área de lazer de dimensões correspondentes à sua grandeza e ao seu caráter. Não nos referimos aqui apenas à extensão do território do parque, mas à própria concepção dos diversos ambientes, que ora permitem grandes concentrações e intenso convívio, ora sugerem atividades mais calmas, contemplativas e individualizadas. Ambas são exigências do viver urbano, O espaço, quando visto em conjunto, sugere um constante fluir entre as possibilidades de uso coletivo e particular. A vegetação distribuída segundo este critério, demarcando as diversas áreas de uso, conduzindo a vista a objetivos comuns, ou criando surpresas aos que percorrem lentamente, pela diversificação das perspectivas. 3.1 – Como afirmamos acima, a vegetação terá papel preponderante não só na caracterização geral do parque, mas também na sua adequação ao uso intenso que se lhe propõe. Nesse sentido a amenização do clima seco e quente da região, a criação de sombra suficiente para o conforto dos usuários, a proteção do solo exposto, por meio de cobertura adequada, são as medidas básicas a serem tomadas. Outras, de caráter estético e cultural se somam a elas de forma a definir a solução plástica final. (MARX, 1978, p.31) 3.1.1 – Manutenção da vegetação atual A área do parque já apresenta, ao menos parcialmente, uma cobertura vegetal, típica do cerrado. Pretende-se conservar essa vegetação de porte, a não ser que a instalação dos equipamentos, só sistema viário, ou outro fator relevante exijam sua remoção. Manter-se-ão, assim, ao menos em parte, ou em unidades esparsas, formação características da paisagem regional. Mas isso acorrerá sempre de forma a não ir em detrimento da função. Após um levantamento, a partir de fotos aéreas e verificação in loco, as áreas atualmente arborizadas que apresentem características adequadas serão submetidas a um regime rigoroso de preservação. Serão visadas tanto as espécies arbóreas como a vegetação de sub-bosque, de forma que o conjunto não perca seu caráter. A ausência de agressões (como queimadas, derrubadas, etc.) fará com que essas espécies se desenvolvam com suas potencialidades plenas, e que possa, inclusive, abrigar a fauna característica da região. Tais reservas, após sua identificação, deverão substituir as plantas especificadas no projeto, na área por elas ocupadas. (MARX, 1978, p.32) 3.1.2 – Diversificação da vegetação Embora a flora regional apresente características a justificarem plenamente a sua manutenção, as exigências do projeto fizeram surgir, a seu lado uma vegetação que melhor atendesse a problemas específicos como criação de bosques, sombreamento, etc. As árvores do cerrado, de folhagem reduzida em parte do ano, são inadequadas para os fins acima citados e são problemáticas em termos de transplante. Embora não se queira eliminar esse ritmo vegetativo tão peculiar à feição regional, devemos, a bem do usuário, criar também áreas que apresentem uma continuidade condições ambientais. Para esse fim escolhemos espécies de folhagem perene.

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Os ambientes assim criados, não sofrendo modificações tão radicais no período seco, assegurarão um índice mais continuo de frequência ao parque (a criação do lago, pelo volume de agua represada, será outro fator a contribuir para maior amenização do clima da região). Outros fatores, como a diferenciação de ambientes, a criação de marcos visuais, a demarcação mais acentuada de certos trajetos, contribua para esse partido de diversificação. (MARX, 1978, p.32) Burle Marx deixa claro a importância da vegetação na configuração dos ambientes do Parque, tanto é que esse possui inúmeras espécies diferentes em sua composição. Além disso, ele demonstra preocupação com o conforto térmico e ambiental dos usuários do Parque, utilizando a vegetação para ajudar na questão climática da cidade de Brasília. E também há uma preocupação em manter, sempre que possível, a vegetação nativa mesclando com a inserção de novas espécies. 3.2 – O sistema viário Um anel externo, asfaltado, liga o parque ao tráfego urbano, abrindo-se a este em quatro pontos, em diferentes zonas do parque (administrativo, feira dos estados, esportes e zona cultural). Esse anel, embora tenha vias separadas de entrada e saída em cada um desses quatro pontos, dentro do parque se transforma em via única, de largura de 14 metros (4 pistas). O carro particular, ao percorrer o anel em busca do seu destino será deixado no estacionamento mais próximo a este. O restante do trajeto poderá ser percorrido a pé, havendo também a alternativa de utilização do coletivo do parque Dessa forma, os veículos particulares utilização apenas a periferia da área – tanto para circulação como parqueamento, sem jamais cruzá-la. (MARX, 1978, p.32)

Os caminhos de pedestres formarão, no interior desse duplo anel. A trama a interligar os equipamentos e os ambientes diversos, naturais ou construídos. É ao longo dessas trajetórias sinuosas, ramificadas, que os usuários encontrarão as diversas áreas de estar, piquenique, churrascos, gaiolas cercadas e protegidas pela vegetação. A pavimentação especificada em principio para as vias de pedestre e para as diversas áreas que elas se ligam é um concreto magro, utilizando a argila vermelha (material local) como argamassa. Conforme o resultado dos testes realizados com esse material, a especificação será retificada, ou, no caso negativo, indicar-se-á outro material de acordo com a maior funcionalidade e acessibilidade de custo. Nota: Será necessário dotar o parque de um sistema adequado de sinalização que não se restrinja às vias de transporte, mas dando também orientação segura aos pedestres. Da mesma forma, cuidar da comunicação visual para todo o conjunto. (MARX, 1978, p.35) Segundo Burle Marx, a circulação interna do Parque deveria se integrar com a circulação externa, conectando o Parque à cidade. A pista do trenzinho conectaria todos os equipamentos do Parque pois a intenção era fazer com que os usuários estacionassem o carro nos estacionamentos e se deslocassem na área interna por meio do trenzinho e dos percursos dos pedestres. Esses percursos de pedestres deveriam ser bem sinalizados para o melhor deslocamentos dos mesmos.

Internamente a este anel foi traçada a via de tráfego do parque propriamente dito, interligando os diversos equipamentos, e conectando-se com o anel periférico por meio da localização dos pontos de parada, junto aos estacionamentos. Um conjunto de trenzinhos se incumbirá do transporte interno do parque. Esse caminho, ao percorrer as diversas unidades e ambientes do conjunto, tornar-se-á, ele próprio, uma forma de lazer. Outras unidade terão percurso menores (também circulares), diminuindo assim o tempo em busca de equipamentos específicos (o primeiro anel menor circulara entre as zonas de esportes e cultural, o segundo ligara esse ultima à Feira e ao lago, enquanto o terceiro conectará às duas à zona administrativa). A pavimentação prevista é o asfalto, da mesma forma que do anel externo. (MARX, 1978, p.35)

Trenzinho que na época circulava por dentro do Parque da Cidade.

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e. zoneamento A ideia do zoneamento funcional proposta no projeto inicial da Secretaria de Viação e Obras prevaleceu e deveria predominar a facilidade de acesso, a possibilidade de uso constante dos equipamentos e a separação entre as atividades de maior movimento de outras que exigiam espaços isolados para seu funcionamento. O princípio de zoneamento de atividades determinou a criação de diversos setores no Parque que abrigariam equipamentos como um clube com um conjunto aquático, kartódromo, pista para bicicletas, restaurantes, área para churrasco, fonte luminosa, circo, enfim, uma diversidade de atrações para o público da cidade. O projeto apresentado pela empresa do arquiteto Burle Marx, como mencionado anteriormente, dividiu o parque em cinco zonas funcionais: zona administrativa; zona da feira; zona do lago; zona cultural; e zona esportiva. Na zona administrativa foi previsto o funcionamento da administração do parque e espaços para orientação e atendimento ao visitante, ambulatórios e áreas de recreação coletiva. A zona de feira foi prevista para abrigar áreas para consolidação de eventos que já ocorriam de forma dispersa pela cidade, tais como, Festa dos Estados, Festa das Nações, etc. Na zona do lago, previu-se a criação de um lago, em dois níveis, para aproveitar o desnível existente no local. Este seria circundado por áreas de estar e de piqueniques. Foram projetadas ilhas com restaurante e outras com plantas aquáticas. Em outras porções do lago foram previstas destinações para atividades mais recreativas, como barcos e pedalinhos.

N

Na zona cultural foi prevista área para uma grande praça com restaurante e ripado, envolvida por um colar de áreas para estar, piqueniques, churrasqueiras, escadas d’água, repuxos e lagos. A Praça das Fontes, como foi denominada, foi proposta para ser o coração do parque, o local de encontro e convívio. A moldura da praça se completaria por meio do ripado ligando restaurante e lanchonete, concebido em um único conjunto, e pela vegetação de porte, prevista para o entorno imediato da praça. Por ultimo, a zona esportiva foi dividida em três setores, de acordo com as características das atividades esportivas: área para atividades de hipismo; área de jogos coletivos – futebol, bocha, tênis, quadras de múltiplo uso, conjuntos de piscinas, etc; e área de campos de aeromodelismo e lago para modelismo naval. Planta do Parque da Ciidade com as cinco zonas originais propostas pelo Burle Marx

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f. implantação A construção das vias do Parque já haviam sido iniciadas no ano de 1974. Em 1975, as obras foram retomadas pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Distrito Federal (NOVACAP). Entretanto, objetivando a redução de custos e a diminuição de prazos de execução, algumas diretrizes de projeto foram sendo modificadas pelo governador Elmo Serejo, além da não execução de alguns espaços propostos no projeto.

A Piscina de Ondas.

Devido à esses problemas internos, a inauguração do Parque não aconteceu na data prevista e sua entrega efetiva ocorreu no dia 11 de outubro de 1978. Originalmente a área do Parque totalizava, aproximadamente, 400 hectares, além da área do reservatório da CAESB. Eram quatro acessos, o do Eixo Monumental, outro perto do Setor de Gráficas (SIG) e outros dois na via W5 sul. A pista que circulava o trenzinho contava com dezesseis paradas com banheiro público. Entre os equipamentos de lazer e cultura havia o Pavilhão de Brasília que abrigaria a Feira dos Estados e próximo a ele a Fonte Sonora (hoje desativada). Além disso, a Praça das Fontes, a piscina de ondas, a áre do lago, churrasqueiras e equipamentos esportivos.

O Pedalinho.

A Praça das Fontes no dia da inauguração.

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o Parque hoje anรกlises

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a. lesgislação e delimitação do lote Embora o Parque esteja consolidado, até hoje está pendente a regulamentação de seus limites físicos. Esse processo de delimitação da poligonal do parque, no entanto, está em fase de conclusão, por meio do projeto de urbanismo URB 36/2008 a ser aprovado, em breve, por decreto governamental. A área poligonal do parque da Cidade totaliza em 394,28 Ha.

As análises que serão mostradas nas próximas páginas tem como objetivo fomentar as decisões de projeto tomadas.

A segunda questão é que, não obstante haver o projeto de paisagismo do arquiteto e paisagista Roberto Burle Marx, que propõe um zoneamento do parque, estruturado pelo paisagismo, e definido pelas funções básicas de lazer, esporte, recreação e cultura, não há parâmetros de uso e ocupação do solo que orientem e ordenem os espaços físicos, as atividades e edificações do parque. Pequena exceção faz-se à área da CAESB (180126,99m2), endereçada como SRPS Área R-2. Este lote está contido na área do Parque da Cidade e seus parâmetros de uso e ocupação estão estabelecidos nas Normas de Edificação, Uso e Gabarito - NGB 120/99.

2)Mapa do Uso do Solo;

De modo geral, a inexistência de normatização para o parque dificulta sua gestão e a concretização de propostas para responder a novas demandas, dada a intensificação de sua utilização pela população nos últimos anos.

9) Mapa de Fluxos;

Conteúdo desta etapa: 1) Mapa de Referências no Espaço;

3) Mapa de Distâncias Gerais; 4) Mapa de Atividades Locais; 5) Mapa de Vegetação Existente; 6) Mapa dos Acessos de carros; 7) Mapa dos Acessos de pedestre s; 8)Mapa de Acessibilidade;

10) Mapa de Ciclovias Existentes.

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b. análise do sítio Mapa de Referências no Espaço Eixo Monumental

Setor de Indústrias Gráficas (SIG)

O Parque da Cidade constitui um dos principais espaços de uso público componentes da escala bucólica de Brasília. Está situado no Plano Piloto e ocupa quase toda a extensão da Asa Sul. Os seus bairros vizinhos são: Sudoeste e Setor de Indústrias Gráficas; o Eixo Monumental; o Cemitério e a Asa Sul. Na época da sua concepção, não havia o bairro Sudoeste. Posteriormente quando este foi construído, novas conexões com o novo bairro e o Parque foram feitas.

Sudoeste

Asa Sul

Polícia Civil

Quadras 700

W3 Sul Quadras 300 e 100

Eixo Sul

Cemitério

N Escala 1/12.500

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Mapa de Uso do Solo Uso residencial Uso comercial Uso misto Uso institucional Ă reas verdes Outros

Os usos predominantes nos bairros que margeiam o Parque da Cidade sĂŁo o uso residencial (Sudoeste e Asa Sul), misto (comercial e residencial) e institucional (concentrando nas quadras 700 e 900).

N Escala 1/12.500

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Mapa de Atividades Locais Escala 1/12.500

N

Legenda Usos comuns Banheiros Chuveiros Estacionamentos Polícia Quiosques de alimentação

Zona Administrativa Administração

Quadras de vôlei Massagem Playground Edifícios Multiuso Equipamentos de ginástica

Zona da Feira Pavilhão de Exposições

Zona do Lago Playground Equipamentos de ginástica Kart Massagem

Zona Cultural Churrasqueiras Centro Hípico Playground

Zona Esportiva Quadras de futebol Quadras de tênis Equipamentos de ginástica Playground

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Mapa de Dist창ncias Gerais

N

Escala 1/12.500

Eixo Monumental

Torre de TV

Parque Primeira Avenida Sudoeste: 550 m Parque - W3 Sul: 650 m Parque - Torre de TV: 500 m Entrada 913 Sul 911 Sul: 690 m

902 Sul Entrada 911 Sul 907 Sul: 1090 m Entrada 907 Sul 902 Sul: 1750 m

Primeira Avenida Sudoeste

Extens찾o: 4 km Largura: 1 km

907 Sul

911 Sul

913 Sul

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Mapa de Vegetação Existente

Por ser um parque, sua vegetação é extensa com diversas espécies de árvores. Ao se tratar de uma área extensa onde muitas árvores estão espalhadas, muitos locais que hoje são de permanência dos usuários do Parque, não são sombreados da forma devida.

N Escala 1/12.500

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c. acessibilidade e fluxos

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Mapa dos Acessos de carros

Eixo Monumental 2 S達o seis os acessos destinados ao carro. Um acesso voltado para o Eixo Monumental; um para o bairro Sudoeste e quatro voltados para a Asa Sul.

3 902 Sul

4 907 Sul

Sudoeste 7

5 911 Sul 6 913 Sul

N Escala 1/12.500

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1 - Acesso do Eixo Monumental

2 - SaĂ­da para o Eixo Monumental

3 - Acesso 902 Sul

5 - Acesso 911 Sul

6 - Acesso 913 Sul

7 - Acesso bairro Sudoeste

4 - Acesso 907 Sul

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Mapa dos Acessos de pedestres

2

3

1

4

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São, aproximadamente, 24 acessos voltados aos pedestres, mais seis que são os mesmos destinados ao carro. Atualmente, a área do Parque é delimitada com uma cerca. Isso faz com que os acessos sejam, apenas, algumas entradas nesta cerca. A maioria destes acessos não possui a pavimentacão e a arborização adequada e alguns estão em estado precário.

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9 7

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N Escala 1/12.500

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1 - Acesso próximo à Torre de TV

5- Acesso próximo ao Sudoeste

2- Acesso do Eixo Monumental em frente ao Centro de Convenções

6 - Acesso em frente ao colégio Sigma

9 - Acesso em frente ao estacionamento 10

3- Acesso próximo ao SIG

7 - Acesso próximo a 907 Sul

4 - Acesso em frente ao Pavilhão de Exposições

8 - Acesso próximo a 907 Sul

11- Acesso em frente ao Nicolândia Parque de Diversões 10 - Acesso próximo à 901 Sul

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Mapa de Acessibilidade Estacionamentos Pontos de ônibus

Pontos de bicicleta compartilhada Itaú Estações de metrô

Fluxo de carro Fluxo de pedestres Fluxo de ônibus Fluxo do metrô

É notável que os fluxos de ônibus, carro e metrô são longitudinais ao Parque da Cidade. Somente alguns caminhos levam a pista interna do Parque.

N Escala 1/12.500

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Mapa de Fluxos Eixo Monumental Fluxo intenso Fluxo moderado Fluxo baixo

O fluxo mais intenso concentra-se fora do perímetro do Parque. Localizado no Eixo Monumental, na W3 Sul, no Eixo Sul e na Estrada Parque de Indústrias Gráficas (EPIG).

Primeira Avenida do Sudoeste EPIG

A pista interna do Parque possui um fluxo moderado, apesar de ser considerada muito importante para a rede viária de Brasília. E a pista de lazer do Parque é voltada somente para pedestres e ciclistas.

W3 Sul

Eixo Sul

N Escala 1/12.500

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Mapa de Ciclovias Existentes

N

Ciclovias existentes no Sudoeste e no Eixo Monumental

Ciclovia interna do Parque da Cidade

As ciclovias existentes no bairro Sudoeste foram recentemente construídas. Porém não fazem conexão com o Parque da Cidade, apenas fazem com o Eixo Monumental. A ciclovia interna do Parque não faz nenhuma ligação com o exterior, sendo totalmente independente.

N Escala 1/12.500

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d. usuários

e. condicionantes climáticas

Atualmente, o Parque da Cidade possui por volta de 340.000 usuários por semana. Nos finais de semana, essa quantidade é intensificada. O público-alvo são famílias com crianças, pessoas que praticam esportes individualmente ou com grupos esportivos, pessoas que frequentam os eventos e shows promovidos e os que frequentam os restaurantes e outros serviços ali oferecidos.

Para melhor compreender as condicionantes climáticas no local do projeto, deve-se compreender o clima de Brasília, o tropical de altitude. Caracterizado por duas estações bem definidas, apresenta um verão quente e chuvoso e um inverno seco e relativamente frio. Os meses mais críticos são julho, quando esfria, setembro, quando a umidade é mais baixa, e dezembro, com os maiores índices de chuva.

Em geral, os usuários usufruem das principais atividades realizadas na área, são elas: lazer contemplativo; prática de esportes; lanches e alimentação; shows e eventos. E são eles crianças, jovens, adultos e ido-

Os ventos predominantes, de característica seca, têm origem leste, ainda que no período das chuvas predominem os ventos úmidos de origem noroeste.

sos.

No que diz respeito à área do parque, com relação à vegetação, nota-se a presença de árvores nativas do cerrado. É necessário chamar atenção para o fato de existir grandes áreas com solo natural exposto e a predominância de gramíneas. Visto que não há sombreamento na maioria das áreas mais utilizadas pelos usuários fazendo com que a vegetação não exerça um papel amenizador do clima seco e quente da região. Um condicionante importante é a presença de um grande corpo d’água, o Lago do Parque da Cidade, que contribui para amenizar o clima local.

Orientação solar

Usuários na pista interna do Parque

Ventos predominantes

30


f. fotografias

Uma das 16 estações com banheiro público do Parque

Espaço de estar próximo às quadras de areia

Caminhos “informais” traçados por pedestres e ciclistas

Quiosques de massagem

Espaço de estar próximo à Praça das Fontes

Comércio informal em frente ao Pavilhão de Exposições

Playground próximo à Praça das Fontes

Pavilhão de Exposições

Restaurante Gibão

Festival Gastronômico realizodo no mês de setembro de 2014 no Bosque dos Pinheiros próximo ao estacionamento 4

31


g. estudos de caso Aqui serão expostos dois projetos que serviram de referência para o desenvolvimento deste trabalho. Como também referências de mobiliários urbanos pesquisados e utilizados no Parque.

Benidorm West Beach Promenade, Carlos Ferrater, Barcelona Um grande passeio marítimo colorido serpenteia a orla de Benidorm, com uma grande área de circulação que hora se expande em maiores e cria espaços com bancos e lugares para relaxar. O projeto serve doisníveis diferentes, o superior de passeio e o inferior que inclui uma variedade de pontos de acesso para a areia. As cores utilizadas e as formas orgânicas conferem a este passeio uma identidade visual.

Red Ribbon Park, Turenscape, China A característica marcante deste projeto é uma fita vermelha que atravessa o parque e que pode ser vista no contexto a cerca de 500 metros de distância. O principal desafio do projeto foi o de preservar os habitats naturais ao longo do rio, criando novas oportunidades para recreação e educação ambiental. A fita vermelha foi concebida como um elemento dentro de um ambiente de vegetação verde e água azul, curvando-sejunto com o terreno. Ela integra um calçadão, iluminação, e espaços de estar. É feita de fibra de vidro que é ilumi-

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mobiliário urbano

Seguindo o mesmo raciocínio da tipologia apresentada anteriormente, a imagem ao lado mostra espaços sendo configurados a partir da paginação adotada. Esses espaços ora são bancos, ora vegetação, ora espelhos d’água. A “peel-up typology” foi bastante utilizada no projeto da High Line em Nova York. Nessa tipologia, a partir de uma paginação de piso estabelecida, alguns mobiliários urbanos se desenvolvem e sofrem variações com usos distintos. Se transformam em bancos, canteiros com vegetação, mesas, fontes, etc. A ideia central dos espaços que são configurados peloscaminhos transversais do projeto é semelhante a esta tipologia. Os bancos da foto ao lado foram escolhidos como referência devido ao formato orgânico e anatômico que possuem. Essas curvas podem se referir às curvas do projeto e compor os espaços de convívio.

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o projeto vem pro parque

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a. desenvolvimento do partido A partir das análises realizadas, alguns desenhos e formas foram pensados dando início ao projeto.

A partir do conceito das sinapses (já mencionado neste caderno) e tirando partido das curvas do Parque, novas curvas foram pensadas.

A primeira análise considerável é atestar que os eixos e os fluxos são longitudinais ao Parque da Cidade, não existindo eixos transversais que atravessem a área do Parque da Cidade de norte à sul diretamente.

Após traçados os eixos principais que se direcionam ao Parque, outros eixos complementares, e não menos importantes, foram criados.

Consequentemente, essas curvas originaram novos bolsões e espaços.

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Como forma de orientação no espaço, optou-se por utilizar cores nos pisos dos caminhos transversais. Além disso, uma escultura pode servir de marco proprocionando uma leitura urbana onde o pedestre reconhece que a partir dali existe um caminho queo leva ao Parque.

Espaços estes que foram desenhados abraçando e se integrando com os existentes. Adaptando o sistema viário em favor do pedestre e do ciclista.

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resumo do partido Eixo Monumental

O fluxograma ao lado representa em cada nível os principais pontos do projeto:

902 Sul SIG Entradas existentes 1) No primeiro nível as entradas existentes (na cor azul) e as entradas propostas (na cor laranja) são destacadas;

Entradas propostas

Sudoeste W3 Sul 907 Sul

911 Sul 913 Sul 2) No segundo nível, as ciclovias propostas são indicadas. Destaca-se a ciclovia externa proposta, que margeia a via de tráfego de carros interna do Parque. Esta possui um caráter diferente da ciclovia interna já existente que é apresentada no terceiro nível. Seu caráter é de conexão entre as outras, não excluindo, entretanto, o fato de ser usada também para o lazer. E destaca-se também as ciclovias que vêm desde a W3 Sul até o Parque e desde a Primeira Avenida do Sudoeste até o Parque;

Ciclovias propostas

Ciclovia interna existente

3) O terceiro nível mostra a ciclovia interna já existente do Parque, porém seu caráter é muito mais de lazer do que de fluxo e mobilidade; Caminhos transversais propostos

4) No quarto e último nível, os caminhos transversais propostos são destacados. Estes realizam as ligações transversais das ciclovias que vêm da W3 Sul ou da Primeira Avenida do Sudoeste e que chegam ao Parque.

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b. desenhos planta geral

Eixo Monumental

Setor de Indústrias Gráficas (SIG)

Sudoeste

Det. 5

Det. 4

W3 Sul

POSSÍVEIS USOS DOS FUNDOS DE LOTE B

Espaços de convívio e descanso

Det. 3 A’

B’ A

Det. 1

Prática de esportes

LEGENDA Ciclovia Ciclovia Calçada

Quadras de esporte

Viário Det. 2

N

Ver detalhes no caderno Escala 1:7500

Quiosques de alimentação

Ginástica


a retirada da cerca e os possíveis usos dos fundos de lote destacados na planta Atualmente, o Parque da Cidade possui uma cerca que delimita a área do Parque do seu entorno, como mostra a primeira foto ao lado. Um ponto crucial deste projeto é a retirada desta cerca. Esta decisão elimina a barreira física entre o entorno e o Parque e acarreta em uma maior atenção à segurança do Parque. Outro ponto importante deste projeto são os fundos dos lotes que margeiam o perímetro do Parque. As fachadas destes lotes, em sua maioria, são cegas e, muitas vezes, com uma grande vegetacão que esconde o edifício. Um bom exemplo de solucão para este problema foi adotada pela academia Unique (fotos ao lado). Sua fachada está voltada para o Parque, fazendo com que os usuários acessem a academia pelo estacionamento do Parque. Isso gera um fluxo maior de pessoas entre o serviço e o Parque.

Cerca existente

Espaços de convívio e descanso

Prática de esportes Academia Unique com sua fachada voltada para área interna do Parque

Ciclovia

Quadras de esporte

Quiosques de alimentação

Ginástica

Travessia que liga o estacionamento do Parque com a academia Unique

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cortes

A’

ANTES

Escala 1:7500

A

2.7

2.7

7

2

.7 2

Planta baixa antes (entradas principais)

2.7

2.7

Planta baixa depois (entradas principais)

Planta baixa depois (via interna do Parque)

Escala 1:7500

Escala 1:7500

Ver marcação na planta geral

A

DEPOIS

2.7

2.7

7

2.7

2.7

5

2

B

DEPOIS

Ciclovia

Corte viário AA’ (entradas principais) -Escala 1:250 Ver marcação na planta geral

2.7

Corte viário BB’ (via interna do Parque) -Escala 1:250

A’

5

Escala 1:7500 B’

2.7

Ver marcação na planta geral

2

ANTES

.7

Corte viário AA’ (entradas principais) -Escala 1:250

Planta baixa antes (via interna do Parque)

B

B’

2.7

2.7

2.7

2.7

1

5

2

Corte viário BB’ (via interna do Parque) -Escala 1:250

Calçada

Ver marcação na planta geral

Vias Canteiro

42


detalhes dos caminhos transversais

Planta baixa conexão 913 Sul - Sudoeste

Planta baixa humanizada conexão 913 Sul - Sudoeste Ciclovia

Vias

Calçada

Parque

Paginação do piso em tons de azul

N Escala 1/5000

43


Planta baixa conexão 911 Sul - Sudoeste

Planta baixa humanizada conexão 911 Sul - Sudoeste Ciclovia

Vias

Calçada

Parque

Paginação do piso em tons de amarelo e laranja

N Escala 1/5000

44


Planta baixa conexão 907 Sul - Sudoeste e Setor de Indústrias Gráficas

Planta baixa humanizada conexão 907 Sul - Sudoeste e Setor de Indústrias Gráficas

Ciclovia

Vias

Calçada

Parque

Paginação do piso em tons de roxo

N Escala 1/5000

45


Planta baixa humanizada conexão 902 Sul - Eixo Monumental

Planta baixa conexão 902 Sul - Eixo Monumental

Ciclovia

Vias

Calçada

Parque

Paginação do piso em tons de vermelho

N Escala 1/5000

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c. perspectivas

ANTES

Via de trรกfego interna do Parque da Cidade

47


DEPOIS

Via de trรกfego interna do Parque da Cidade com a ciclovia externa proposta

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ANTES

Espaรงo em frente ao lago do Parque

49


DEPOIS

Espaços de convívio próximos ao lago

50


ANTES

Espa莽os pr贸ximos ao bairro Sudoeste

51


DEPOIS

Espaços de convívio próximos ao bairro Sudoeste

52


ANTES

Entradas principais

53


DEPOIS

Entradas principais com pórticos segundo o modelo da entrada do Eixo Monumental Solução adotada com uma intenção plástica fazendo referência às curvas do projeto e também para orientar o pedestre por meio da cor

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ANTES

Espaรงos internos do Parque

55


DEPOIS

Espaรงos de chegada ao Parque

56


d. detalhes encontros

Detalhe 1 ( indicação na planta geral) Planta baixa balão ANTES

Detalhe 1 ( indicação na planta geral) Planta baixa balão DEPOIS

Corte esquemático da ciclovia. Detalhe para o platô.

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Detalhe 2 (indicação na planta geral) Encontro ciclovia nas quadras 700 e 900 Sul

Detalhe 4 (indicação na planta geral) Encontro ciclovia nova com via de tráfego do Parque

Detalhe 3 (indicação na planta geral) Encontro ciclovia nova com a pista de lazer do Parque

Detalhe 5 (indicação na planta geral) Encontro ciclovia nova com ciclovia do Sudoeste

58


detalhamento 59


a. materiais ciclovias e calçadas

espaços internos

O material proposto para pavimentação das novas ciclovias e calçadas é o concreto betuminoso pré-misturado a frio (PMF), colorido com aglomerante vegetal. Cor vermelha para as ciclovias e cinza para calçadas.

O material proposto para pavimentação dos espaços internos é um piso intertravado colorido. Estes são blocos pré-fabricados de concreto.

Basicamente trata-se de asfalto no qual o betume, originário do petróleo, é substituído por um aglomerante de origem vegetal, renovável. Esse aglomerante é incolor, no entanto, pigmentos podem ser adicionados permitindo um pavimento colorido de reconhecida qualidade e grande resultado estético. As principais vantagens do material são a fácil aplicação, é um pavimento drenante permitindo a rápida infiltração da água das chuvas, além do baixo custo por m2. Em termos ambientais, comparado com a tecnologia usual, que implica a necessidade de aquecimento do betume e dos agregados, na tecnologia a frio não é necessário aquecer os materiais. O que é uma vantagem pois tal aquecimento é responsável pela emissão de gases nocivos para a atmosfera e muito prejudiciais para o meio ambiente. A execução segue cinco etapas principais: regularização da superfície; compactação da camada de base, preferencialmente- Tout Venant; aplicação de rega de colagem; espalhamento da massa betuminosa, por espalhadoras ou pavimentadoras ou mesmo espalhamento manual; e compactação do revestimento. A cura parcial do betuminoso após aplicação leva cerca de 15 dias, período em que deve ser feita uma rega diária (2 vezes por dia em dias muito quentes) com água para impedir que o pó e outros microdetritos contaminem a cor do pavimento.

Piso de concreto betuminoso colorido

Muitos são os benefícios do revestimento, que possui propriedades antiderrapantes, ideais para cadeirantes e deficientes visuais. A sustentabilidade é outro ponto forte dos pisos intertravados. Apontados como redutores dos efeitos negativos da urbanização por suas características de infiltração da água, eles evitam a impermeabilização do solo e previnem grandes problemas nas cidades, como enchentes. A instalação é relativamente fácil e dispensa armadura. A mão-de-obra não precisa ser altamente especializada. A instalação segue os seguintes passos: instalação das contenções laterais, para os blocos não deslizarem; nivelamento e compactação da base com brita graduada simples ou bica corrida, que são grãos de pedras; nivelamento da areia de assentamento; colocação das peças, alinhamento, cortes e ajustes; ajustes, espalhamento e rejunte com areia; compactação final; e limpeza. A espessura recomendada das peças de concreto para tráfego leve de pedestres é de 60 mm. Os blocos de concreto estão disponíveis em vários formatos: hexagonais, quadriculares, retangulares, entre muitos outros. Mesmo coloridos, os pisos intertravados aumentam a reflexão da luz em até 30% por serem mais claros, economizando energia pública.

Piso intertravado de concreto colorido

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b. iluminação

c. vegetação O projeto visa utilizar a vegetação com papel de amenizador do clima seco e quente da região, criando sombreamento para promover o conforto dos usuários.

Os postes utilizados para iluminação das vias e das calçadas são postes altos voltado para ambos os lados. Nas ciclovias terão balizadores ao longo da sua extensão.

Foi determinado como premissa que as espécies arbóreas e a vegetação típica do cerrado– identificadas por meio de levantamento feito com base em fotos e em verificação in loco – deveriam ser preservadas em detrimento das vegetações especificadas no projeto, de forma a garantir a preservação das características da flora e fauna da região. Uma espécie muito comum em Brasília e existente no Parque é o Ficus Benjamina que é uma árvore de grande porte com um bom sombreamento. Para a criação de espaços em que se deseja sombreamento, foi especificada uma vegetação de folhagem perene, de forma a constituir áreas com condições ambientais adequadas à essas funções.

Postes altos

Balizadores

O Flamboyant é uma árvore que possui um tronco forte e um pouco retorcido, podendo alcançar cerca de 12 metros de altura. Sua copa é muito ampla produzindo uma ótima sombra. A vegetação escolhida para os jardins dos caminhos transversais foi de arbustos de pequeno e médio porte, como por exemplo o Clorófito da foto abaixo.

Clorófito

Flamboyant

61


d. sinalização ciclovias A marcação de cruzamento rodocicloviário (MCC) indica ao condutor de veículo a existência de um cruzamento em nível, entre a pista de rolamento e uma ciclovia ou ciclofaixa. Na cor branca, a MCC é composta de duas linhas paralelas constituídas por paralelogramos, que seguem no cruzamento os alinhamentos dos bordos da ciclovia ou ciclofaixa. Estes paralelogramos devem ter dimensões iguais de base e altura, variando entre 0,40 m e 0,60 m, determinando-se estas medidas em função da magnitude do cruzamento. Assumem forma quadrada quando o cruzamento se der a 90º. Os espaçamentos entre os paralelogramos devem ter medidas iguais às adotadas para a sua base.

Símbolo indicativo de via, pista, ou faixa de trânsito de uso de ciclistas (SIC) “Bicicleta” O SIC é utilizado para indicar a existência de faixa ou pista exclusiva de ciclistas. Na cor branca, O SIC possui comprimento (c) mínimo de 1,95 m e máximo de 2,90 m e largura (l) mínima de 1,00 m e máxima de 1,50 m, proporcionalmente. O SIC é utilizado como reforço do sinal de regulamentação R-34 – “Circulação exclusiva de bicicletas”, em faixa/via de uso exclusivo para bicicleta (ciclofaixa ou ciclovia). E deve ser posicionado no centro da faixa a que se destina.

A marcação deverá ser feita ao longo da interseção, de maneira a mostrar ao ciclista a trajetória a ser obedecida. Em locais onde houver semáforo, é obrigatória a colocação de linhas de retenção para todas as aproximações do cruzamento, obedecendo à mesma distância determinada para as faixas de travessia de pedestres. Em cruzamento não semaforizados, podem ser utilizadas linhas de retenção para as aproximações referentes a veículos motorizados. No pavimento da via interceptada pela ciclovia ou ciclofaixa pode ser utilizada legenda.

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carros A legenda “PARE” deve ser posicionada, no mínimo, a 1,60 m antes da linha de retenção, centralizada na faixa de circulação em que está inscrita. “Parada obrigatória.”

Setas indicativas de posicionamento na pista para a execução de movimentos (PEM). Na cor branca, PEM indica em que faixa de trânsito o veículo deve se posicionar, para efetuar o movimento desejado, de forma adequada e sem conflitos com o movimento dos demais veículos.

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“Um parque bem integrado ao seu entorno pode oferecer maiores possibilidades de interação e de utilização: alguns usuários podem estar apenas passando, outros contemplando a vista, praticando esportes, conversando e outros ainda apenas observando o vaivém das pessoas. Esse caráter democrático estimula a copresença de pessoas com diferentes classes sociais, etnias, culturas e origens, o que por sua vez permite a interação entre os diferentes indivíduos ou, ao menos, a consideração mútua e a consciência sobre o outro. Apesar de a copresença não ser garantia de interação social, sua ausência é um sério obstáculo a essa interação.” (HILLIER, BURDETT; PEPONIS; PENN,1987).

conclusão 64


COSTA, Lúcio. Relatório do Plano Piloto. GEHL, Jan. Cidades Para Pessoas. Tradução Anitra Di Marco. 2 ed. São Paulo: Perspectiva, 2013. GONDIM, Mônica Fiuza. Cadernos de Desenho Ciclovias. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora Ltda., 2006. HILLIER, Bill; BURDETT, Richard; PEPONIS, John; PENN, Alan. Creating life: or, does Architecture determine anything? Architecture et Comportement/ Architecture and Behaviour, v. 3, n. 3, p. 233– 250, 1987.) MACEDO, Silvio Soares. Quadro do Paisagismo no Brasil. São Paulo, 1999. MACEDO, Silvio Soares; SAKATA, Francine. Parques Urbanos no Brasil. MACEDO, Silvio Soares; Site Quapá. Quadro do Paisagismo. Site visitado: http://www.quapa.fau.usp.br/quapa_desenv/default.htm. Conselho Nacional de Trânsito (Brasil) (CONTRAN). Sinalização horizontal / Contran-Denatran. 1ª edição – Brasília : Contran, 2007. Site visitado: http://wp.ferrater.com/?oab_proyecto=benidorm&idioma=_ en Site visitado: http://www.turenscape.com/english/projects/project. php?id=336

referências 65


agradecimentos 66


Este trabalho foi desenvolvido ao longo de um ano com o apoio de muitas pessoas para as quais sou inteiramente grata. Agradeço ao meu orientador, Bruno Capanema, que me acompanhou durante este ano e construiu este projeto junto comigo. Às professoras, Gabriela Tenório e Luciana Sabóia, que também acompanharam este projeto e sempre estiveram dispostas a ajudar. À toda minha família, especialmente minha mãe, Maria Rita, que está sempre ao meu lado acreditando em mim. Meu pai, Calil Abrão e meu irmão, Victor Abrão pelas sugestões. Minha tia, Cristiane, por acreditar no meu potencial e ensaiar comigo a apresentação. Às minhas amigas e arquitetas (Eduarda Aun, Juliana Vasconcelos, Renata Silva, Júlia Solléro e Natália Bomtempo) que passaram juntas comigo por essa etapa de conclusão de curso. Muitas noites mal dormidas, risadas, reflexões e choros. A colaboração do Walter Guimarães com as fotos e à minha amiga e também arquiteta, Priscila Aun, pela ajuda. A todas as minhas amigas (Big, Camilas, Yasmin, Pat, Lú, Mel, Bia...) que me acompanharam de perto me dando apoio moral. E a todos que de alguma forma me ajudaram, me apoiaram e viveram comigo esta etapa. O meu muitíssimo obrigada!

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