ATIVANDO LUGARES JUNTO ÀS PESSOAS
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CAMILA GOMES DINIZ camiladiniz302@hotmail.com
DA CIDADE-JARDIM À ECOLOGIA URBANA ATIVANDO LUGARES JUNTO ÀS PESSOAS - UM ESTUDO DE CASO DO SETOR SUL DE GOIÂNIA Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Ouro Preto como requisito para a obtenção do título de Arquiteta e Urbanista.
Professor orientador: Prof. Me.Maurício Leonard Professor coorientador: Profa. Ma. Alice Viana
OURO PRETO/MG JUN.2015
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Monografia apresentada no dia de julho de 2015 como requisito parcial para obtenção de grau em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Ouro Preto.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Maurício Leonard Universidade Federal de Ouro Preto Orientador
Prof Universidade Federal de Ouro Preto Examinador(a)
Prof. Examinador(a)
“[...]Meu passo torto foi regulado pelos becos tortos de onde venho. Não sei andar na vastidão simétrica implacável. Cidade grande é isso? Cidades são passagens sinuosas de esconde-esconde em que as casas aparecem-desaparecem quando bem entendem e todo mundo acha normal. Aqui tudo é exposto evidente cintilante. Aqui obrigam-me a nascer de novo, desarmado.” Carlos Drummond de Andrade
AGRADECIMENTOS De todas as tarefas que cumpri durante a minha graduação acredito que escrever essas linhas seja a mais difícil. Afinal, o que seria mais significativo que agradecer e dedicar um trabalho à alguém? São tantos fatos; tantos gestos de apoio; tantas pessoas, cada qual contribuiu com uma parte de si para que eu alcançasse meu objetivo. Antes de qualquer coisa, agradeço à fé e à força. Foram elas, independente de religião e crença que me permitiram chegar até aqui. É importante dedicar esse trabalho às pessoas responsáveis pelo que sou, minha família. A meu pai, Alberto Chaves Diniz, agradeço por me permitir usufruir da melhor educação desde os primeiros momentos da minha vida acadêmica; agradeço por ter me ensinado com o exemplo que a vida tem lá suas dificuldades, que os caminhos são longos mas que nunca devemos tomar decisões que vão contra nossos valores e honestidade. Você é meu exemplo de vida! A minha mãe, Marisa Gomes Diniz, que com infinita bondade se doou por completo à criação de seus filhos. Mãe, a senhora me fez mais forte, conduziu meus passos desde o início da vida e me mostrou que Deus é o grande responsável por nossas realizações. Obrigada por sua generosidade e por ter me ensinado a Fé. Aos meu irmãos, Érica e Gustavo, sou grata por sempre estarem ao meu lado. Agradeço à dedicação, ao amor e paciência que têm comigo. Dedico um parágrafo à agradecer a todos os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFOP, principalmente àqueles que me incentivaram a não desistir. Em especial, gostaria de expressar minha gratidão ao professor Maurício Leonard, por acreditar e enxergar potencial no meu trabalho, pelas horas de orientação, pelos conselhos e encaminhamento. Foi sua dedicação que tornou este trabalho possível. Existem outros que não posso deixar de citar aqui, meus cole-
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gas de turma que foram essenciais para tornar esses anos difíceis mais leves. Levo comigo a lembrança de grandes risadas e momentos inesquecíveis. Gostaria de agradecer a Ouro Preto por ter me proporcionado encontros e amizades sinceras. Maria Calil, obrigada pelo companheirismo; por estar sempre por perto; por ser uma amiga-irmã; pelos conselhos e gargalhadas durante as intermináveis noites de projetos. Espero que a formatura não nos distancie. Muito obrigada, Fabrício Abreu. Você acreditou em mim quando nem eu mais acreditava que seria capaz, agiu com nobreza e sempre me incentivou a ser melhor. Por ter me apoiado sempre, visto em mim um potencial que eu desconhecia e por me fazer ver que a vida nem sempre é perfeita mas cabe a nós promover mudanças. Você confiou que mim, para isso não há agradecimento que baste. Agradeço também àquelas pessoas que mesmo sem saber contribuíram para meu crescimento pessoal e profissional, seja com um gesto de generosidade, um exemplo do que não fazer ou por me abrir caminhos desconhecidos. Por fim, gostaria de reportar meus agradecimentos ao Stúdio SobreUrbana, seus parceiros e, em especial, à Carol Farias e ao Andre Gonçalves, obrigada pelo empenho e ajuda. Sem vocês o caminho até aqui teria sido mais difícil. A certeza nunca foi minha companheira neste caminho, mas ao encerrar esta etapa pude notar a importância de cada pessoa que o cruzou. Seja como for, cada um deixou sua marca para que eu possa iniciar uma carreira. Hoje, me vejo como nada além de uma pessoa que busca comprometimento e entrega. Um alguém que independente de qualquer coisa faz de tudo para acreditar no melhor das pessoas.
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O trabalho propôs analisar o processo de desenvolvimento das cidades planejadas no século XX de acordo com a teoria das cidadesjardins, de Howard, e de suas áreas livres públicas. Discute a atual situação do espaço de vivência pública, que tem grande relevância para a saúde e vitalidade dos centros urbanos, considerando as dinâmicas que levaram à degradação e ao enclausuramento do espaço público, deixando-o à margem dos processos urbanos. Como objeto estudo e observação crítica, a pesquisa tem suas ações concentradas no Setor Sul da cidade de Goiânia e em seu entorno, com o objetivo de compreender os fatores que geram processos de exclusão desses espaços no bairro. Afim de mediar possíveis intervenções busca-se alternativas/possibilidades de requalificação, tendo como referência a ecologia urbana. Seu objetivo é buscar o reconhecimento e a ativação das áreas públicas, familiarizando a população com os processos de construção do espaço. Para isso, foi organizada uma cartilha que busca incentivar ações participativas e experimentais nas áreas livres. Optou-se por associar estratégias de empreendedorismo urbano ambiental e urbanismo tático afim de alcançar objetivos à curto prazo.
RESUMO 10 | Fazer COM pessoas PARA ativar lugares
ABSTRACT
The present work proposed to analyze the development process of the planned cities in the twentieth century according to the Theory of Garden Cities, from Howard, and their public free areas. Discusses the current situation of the public living space, which is material to the health and vitality of urban centers, considering the dynamics that led to the degradation and the enclosure of public space, leaving it on the margins of urban processes. As study object and critical observation, this research has concentrated its actions in Sector South of the city of Goiania and its surroundings, in order to understand the factors that cause exclusion of these spaces in the neighborhood. With regard to mediate possible interventions is sought alternative and retraining opportunities, based on the reference to the urban ecology. The goal is to enhance recognition and activation of public areas, familiarizing the people with the space construction processes. For this, a primer that seeks to stimulate participatory and experimental actions in the free areas was organized. Was decided to associate environmental urban entrepreneurship strategies and tactical urbanism in order to achieve objectives in the short term.
Figura 1 - Os três imãs: “As três forças de atração: o campo, a cidade e a cidade-jardim, que seria capaz de conjugar as vantagens dos dois anteriores, sem suas desvantagens. (ROUTLEDGE, 2002)
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Figura 2- Esquema de seção da Cidade-Jardim: “A cidade deveria ter uma estrutura radial, com seis grandes bulevares indo em direção ao centro. Mostra os primórdios da divisão de usos e da adoção de baixas densidades (HOWARD,1898)”
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Figura 3- Esquema de variação de impasses em Welwyn
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Figura 4 - Cartaz incentivando a ocupação da nova capital de Goiás, 1930
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Figura 5 - Plano inicial de Goiânia. A cidade se estruturava através de três eixos principais que partiam da praça administrativa formando um traçado conhecido como patte d’oie
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Figura 6 - Av. Goiás no início da década de 1940. Fonte: Banco de dados da prefeitura de Goâinia. Autoria desconhecida
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Figura 7 - Vista superior da área central de Goiânia.Data desconhecida. Fonte: Banco de dados de prefeitura de Goiânia. Auria desconhecida
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Figura 8 - Vista av. Anhanguera no ínicio da implantação da cidade. Data desconhecida. Fonte: Banco de dados de prefeitura de Goiânia. Auria desconhecida
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Figura 9 - Plano piloto de Goiânia após a intervenção de Godói. 1937.
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Figura10 -Planta do Setor Sul de Goiânia 1937.
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Figura 11 -Jardins do St. cortados por vias. julho/2014. Autoria: Camila Diniz
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Figura 12 - Jardins do St. Sul utilizados como estacionamento. julho/2014. Autoria: Camila Diniz
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Figura 13 - Imóveis comerciais próximos ao polo 2. março/2015. Autoria: Camila Diniz
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Figura 14 - Imóveis destinados à estacionamentos. março/2015. Autoria: Camila Diniz
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Figura 15 - Imóveis residenciais, quadrante 4.março/2015. Autoria: Camila Diniz
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Figura 16 - Imóveis comerciais /Av.84.março/2015. Autoria: Camila Diniz
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Figura 17 - Fluxo de veículos próximo ao pólo 2. março/2015. Autoria: Camila Diniz
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Figura 18 - Fluxos próximos ao pólo 1. março/2015. Autoria: Camila Diniz
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Figura 19 - Mapa de setorização do St. Sul. março/2015. Autoria: Camila Diniz. Fonte: Google Maps
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Figura 20 - Esquema de localização de alguns pontos relevantes no bairro. março/2015. Autoria: Camila Diniz
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Figura 21 - Vista aérea da Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira . março/2015. Autoria: Camila Diniz. Fonte: Google maps
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Figura 22 - Monumento às três Raças. março/2015. Autoria: Camila Diniz
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Figura 23 - Grande estacionamento que compõe a praça. março/2015. Autoria: Camila Diniz. Fonte: Google maps
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Figura 24 -Palácio das Esmeraldas. março/2015. Autoria: Camila Diniz
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Figura 25 - Imediações da Praça Cívica março/2015. Autoria: Camila Diniz. Fonte: Google Maps
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Figura 26 - Palácio Pedro Ludovico. março/2015. Autoria: Camila Diniz. Fonte: Google Maps
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Figura 27 -Centro Cultural Marieta Telles. março/2015. Autoria: Camila Diniz
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lista de imagens
lista de imagens
Figura 28 -Vista aérea da Av. 84. março/2015. Fonte: Goggle Earth
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Figura 29 -Vista geral da Av. 84. março/2015. Autoria: Camila Diniz
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Figura 30 -Acesso aos impasses. março/2015. Autoria: Camila Diniz
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Figura 31 -Impasse vizinho à av.84. março/2015. Fonte: Google Street View
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Figura 32 -Vista da av. 84. março/2015. Fonte: Google Street View
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Figura 33 - Impasse próximo a Av. 84. março/2015. Autoria: Camila Diniz
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Figura 34 -Acesso aos impasses. março/2015. Fonte: Google Street View
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Figura 35-Vista do Praça do Cruzeiro a partir da av. 84 março/2015. Fonte: Google Street View
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Figura 36 -Vista aérea da Praça do Cruzeiro. março/2015. Fonte: Google Strew View
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Figura 37 -Praça do Cruzeiro. maio/2015. Auroria Camila Diniz
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Figura 38 -Monumento/Praça do Cruzeiro. maio/2015. Auroria Camila Diniz
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Figura 39 -Chafariz/Praça do Cruzeiro. maio/2015. Auroria Camila Diniz
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Figura 40 -Vista aérea da Avenida 90. março/2015. Fonte: Google Street View
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Figura 41 -Vista da av.90. maio/2015. Auroria Camila Diniz
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Figura 42 -Vista da av.90. maio/2015. Auroria Camila Diniz
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Figura 43 -Vista da av.90. maio/2015. Auroria Camila Diniz
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Figura 44 -Fachada cega/Avenida Cora Coralina. maio/2015. Auroria Camila Diniz
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Figura 45 -Fachada cega/Avenida Cora Coralina. maio/2015. Auroria Camila Diniz
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Figura 46 -Quadra de esportes/ Bosque dos pássaros. maio/2015. Auroria Camila Diniz
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Figura 47 -Portal/ Bosque dos pássaros. maio/2015. Auroria Camila Diniz
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Figura 48 -Grafites/ Apropriação dos muros. julho/2014. Auroria Camila Diniz
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Figura 49 -Grafites/ Apropriação dos muros. julho/2014. Auroria Camila Diniz
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Figura 50 -Pavimentos drenantes. março/2015. Fonte: Google Imagens
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Figura 51 -Ruas de multiplos usos. abril2015. Fonte: Google Imagens
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Figura 52 -Escolas verdes. abril2015. Fonte: PORVIR.ORG
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Figura 53-Hortas urbanas. abril2015. Fonte:Ecodesenvolvimento.org
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Figura 54 -Hortas urbanas. abril2015. Fonte:Ecodesenvolvimento.org
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Figura (bloco)55 - Primeiro projeto de Parklets de Goiânia, A intervenção aconteceu no final de 2014 e faz parte do movimento Ocupa Goiânia. A ação é do Stúdio Sobre Urbana e objetiva discutir a democratização do espaço público
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Figura (bloco) 56 - Ações colaborativas realizadas do bairro São Cristóvão em Ouro Preto/ MG. Os trabalhos são coordenados por professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Ouro Preto
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Figura 57 -Esquema de localização das áreas escolhidas para a intevenção
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SUMÁRIO 1
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INTRODUÇÃO
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CIDADES E A EVOLUÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS
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GOIâNIA: A CIDADE NOS MOLDES DAS UTOPIAS
da cidade industrial utopias urbanísticas
2 . 1 ao surgimento das
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2 . 2 a cidade-jardim
24 29
concepção 3.1 a setor sul
do
3 . 2 a descaracterização
do bairro
4
ANÁLISE DA ATUAL CONFIGURAÇÃO DO BAIRRO
bairro, suas vias e 4.1 o microregiões intervenções Rua Cora ocorridas no 4.2.1 Coralina setor sul dos 4.2.2 Bosque Pássaros 4.2.3 Grafitismo
5
45 54 55 56 57 59
a ecologia urbana edorismo urbano ambiental tipologias de 5 . 2 infraestrutura urbana verde 5.2.1 Pavimentos drenantes de multi5.2.2 Ruas plos usos 5.2.3 Escolas verdes 5.2.4 Agricul urbanatura 5 . 1 através do empreend-
urbanismo tático tida para ações a longo prazo
5 . 3 - um ponto de par-
Urbanismo tático paços públicos 5 . 4 A infra-estrutura urbana verde como ferramenta para a requalificação das áreas obsoletas no Setor Sul de Goiânia deesmel5.3.1 práticas horias dos
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38 43
4 . 2 principais
ESTRATÉGIAS DE RECUPERAÇÃO PARA O ESPAÇO-PÚBLICOS
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61 62 63 63 63 64 64 65 72
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERêNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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INTRODUÇÃO
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apresento O trabalho destaca a necessidade da ativação dos vazios urbanos presentes no Setor Sul de Goiânia - bairro planejado a partir das utopias urbanas do século XIX - através da ecologia urbana incorporada ao planejamento urbano estratégico como alternativas de ativação dessas áreas. O caminho percorrido nesta pesquisa busca primeiramente por um entendimento dos processos que culminaram com a criação das cidades-jardins e a relação dos espaços público com a qualidade de vida. Em um segundo momento, foca-se o olhar no de estudo, no caso, a Cidade de Goiânia. Busca-se entender sua formação e quais características foram determinantes para a atual configuração da cidade. Após esta abordagem o enfoque se dá em um recorte em sua região central, denominada setor Sul. A caracterização do bairro é feita através de estudos das dinâmicas que acontecem desde o lançamento do projeto urbano. Principalmente, os processos que desencadearam a insegurança no setor, ressaltando a importância das praças. Outra questão abordada é o abandono do espaço público, identificando as possíveis causas deste processo, bem como alternativas para incorporá-lo aos processos urbanos locais.
justifico Com o desenvolvimento da cidade de Goiânia, as áreas livres projetadas no setor Sul como espaços de lazer e conectoras de vias, foram enclausuradas e excluídas das dinâmicas urbanas. Este processo levou ao esvaziamento do espaço público causando a sua degradação, o aumento da violência local, a marginalização e a desvalorização imobiliária. Buscando encontrar mediações pra estes problemas, a pesquisa procura reconhecer a importância do espaço público e busca possibilidades que viabilizem sua reativação, incorporando-o aos processos da cidade a partir dos princípios da ecologia urbana, infraestrutura urbana verde e urbanismo tático, que se tornam viáveis quando implantadas através do empreendedorismo urbano.
objetivo A partir da bagagem adquirida no decorrer do trabalho, optou-se pela elaboração de um metaprojeto que será apresentado através de uma cartilha. O projeto se baseia em ações já realizadas no local e propõe uma nova metodologia de desenvolvimento projetual para áreas públicas. Assim sendo, o presente trabalho é uma colaboração entre academia, setores privados ligados à economia criativa e população residente no bairro.
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CIDADES E A EVOLUÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS
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1| CIDADES AS CIDADES EE A EVOLUÇÃO DOS ESPAÇOS A EVOLUÇÃO DOS PÚBLICOS ESPAÇOS PÚBLICOS Atualmente, as cidades reúnem cerca de 54% da população do planeta, é um contexto inquestionável que alimenta um futuro de expansão e incertezas. O “boom” urbano e a valorização do transporte individual como principal meio de deslocamento, iniciaram um processo de degradação que atinge os espaços públicos desde as funções de suas vias até a configuração e vitalidade dos parques urbanos , que de acordo com o Art. 8º, da resolução CONAMA Nº 369/2006 é: (...)o espaço de domínio público que desempenhe função ecológica, paisagística e recreativa, propiciando a melhoria da qualidade estética, funcional e ambiental da cidade, sendo dotado de vegetação e espaços livres de impermeabilização.
Esse processo de crescimento, gera uma relação deficiente entre a sociedade e o espaço público, origina uma série de problemas presentes nas grandes cidades brasileiras do séc XX. De acordo com Liu Thai Ker, urbanista que comandou a revolução responsável por transformar a cidade Cingapura em uma referência internacional de sustentabilidade, os espaços que caracterizam a cidade vão além dos conjuntos residenciais privados. Na verdade, é a interação entre os equipamentos urbanos, privados e públicos, que qualifica e garante a vitalidade à uma região degradável. Segundo Jane Jacobs, é no ordenamento desses espaços que os olhares devem se voltar para as ruas e seus diversos usos, assim como para sua variedade de funções. Deve haver uma preocupação com a manutenção da vitalidade desses locais em todas as horas do dia, garantindo a segurança e o bem estar de seus usuários. Em seu livro Cidades para Pessoas Jan Gehl afirma que, ao estabelecer esses espaços através de uma escala macro, de sobrevoo, levando em conta apenas o desenho da cidade e desprezando as necessidades e os anseios da população, o planejamento urbano poderá se tornar falho. É, principalmente, esta falha que causa a deterioração generalizada do espaço público, criando uma imagem de vazio e marginalidade que irá incidir desfavoravelmente na percepção da cidade. Por outro lado, ao se aproximar a escala, podemos ver de perto as dinâmicas da área, o que nos permite projetar a cidade de acordo com a necessidade da população. Assim o espaço público torna-se uma ferramenta fundamental para a cidade, tornando possível a interação entre o sítio e as pessoas. Alexandros Washburns, urbanista responsável pelo reordenamento da Times Square e a transformação em um parque da High Line em Nova Iorque - EUA, diz que o espaço público é a forma que a cidade colabora com a justiça social, sendo o único lugar em que as pessoas podem se encontrar e conviver em igualdade de condições, mesmo pertencendo à classes sociais opostas. Assim, “o espaço público deixa de ser um vazio para ser o grande protagonista do bem-estar urbano.”( ALEXANDROS WASHBURNS) Afim de compreender o processo que deu origem aos parques urbanos, este capítulo apresenta de forma sucinta as transformações urbanas que têm origem na era pré-industrial até o surgimento das utopias do urbanismo.
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1.1 Da da cidade pré-industrial ao surgimento dassurgimento utopias urbanísticas 2. 1| cidade industrial ao das utopias
urbanísticas
As transformações econômicas ocasionadas pela Revolução Industrial do século XIX, somadas aos novos processos científicos e tecnológicos ocorridos no século anterior, gerou uma explosão demográfica na Europa. O aumento populacional mudou a dinâmica territorial e devido à diminuição da taxa de mortalidade infantil houve aumento do percentual da população jovem, atingindo o desquilíbrio das circunstâncias naturais entre as gerações. Tal mudança, associada a diversos outros fatores de ordem política, econômica e social , deu início a uma nova organização do trabalho acelerando o desenvolvimento do novo sistema econômico - o capitalismo. O desenvolvimento das indústrias em grandes oficinas acarreta o êxodo de muitas famílias do campo para os distritos mineiros e industriais, iniciando um processo de crescimento desmedido de muitas cidades antigas e dando origem a novos centros urbanos. Com o inchaço das cidades a demanda por locais de fixação se torna cada vez maior. A população vinda do campo afluía nos aglomerados industriais multiplicando novas construções na periferia e formando extensos bairros que circundavam núcleos primitivos. Nesse período a cidade industrial passa a ser conhecida como a “cidade monstruosa” e é caracterizada pelo adensamento e a insalubridade. A falta de um sistema de esgotamento sanitário ou de coleta de lixo faz surgir epidemias de difícil controle, prejudicando a população como um todo. Tal fenômeno incita na população reações contrárias a esse novo modo de viver, fazendo-se necessária a implementação de ações públicas que propusessem soluções e uma nova ordenação urbana. É neste contexto que surgem na Europa do século XIX, diversas correntes urbanísticas que buscam solucionar a problemática das cidades industriais, criando novas tipologias para as cidades., que foram consideradas como modelos utópicos. 1.2 2| A Cidade-Jardim 2. a cidade-jardim Como visto anteriormente, a industrialização provocou, de certa maneira, a decadência das grandes cidades, excesso de poluição, desconexão com a natureza e alto custo e baixa qualidade de vida. Por outro lado, os baixos salários obtidos no campo aliados ao desemprego e à pouca opção de lazer, evidenciavam as desvantagens de residir às margens dos centros urbanos. Para solucionar esse dilema, Ebenezer Howard apresenta em seu livro -To-morrow a Peaceful Path to Real Reform (1898)- um novo modelo de cidades apostando no casamento cidade-campo na tentativa de assegurar uma combinação perfeita entre as oportunidades e entretenimento da vida urbana com a beleza e qualidades proporcionados pelo campo. Na verdade, não há somente duas alternativas como se crê - vida urbana ou rural. Existe também uma terceira, que assegura a combinação perfeita de todas as vantagens da mais intensa e ativa vida urbana como toda a beleza e os prazeres do campo, na mais perfeita harmonia. (HOWARD, 1996: 108)
A chave para a solução dos problemas era reconduzir o homem ao campo criando atrativos
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que pudessem agir como “imâs” para equilibrar as forças de atração entre a cidade e o campo. Howard
Figura 1 - Os três imãs: “As três forças de atração: o campo, a cidade e a cidade-jardim, que seria capaz de conjugar as vantagens dos dois anteriores, sem suas desvantagens. (ROUTLEDGE, 2002)
Figura 2- Esquema de seção da Cidade-Jardim: “A cidade deveria ter uma estrutura radial, com seis grandes bulevares indo em direção ao centro. Mostra os primórdios da divisão de usos e da adoção de baixas densidades (HOWARD,1898)”
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defendia um espaço intermediário entre a vida rural e urbana, o que ele nomeou de Cidade-Campo (Town-Country). Nesta alternativa, os pólos se uniriam compilando no que há de melhor em cada um deles, como é observado na figura 1. A proposta de Cidade-Jardim aborda três aspectos importantes: a questão fundiária; o papel das ferrovias, como elemento estruturador e capaz de dar unidade ao espaço e o desenho da cidade em si. Porém, o arquiteto dava atenção especial ao zoneamento funcional e ao acesso da população à natureza e aos edifícios públicos. Howard preconizava um desenho radiocêntrico para as cidades que deveriam ser limitadas por ferrovias e pela presença de um cinturão verde (Figura 2). Para o zoneamento, Howard previu restrições a respeito do uso do solo urbano, da altura das edificações e da ocupação na malha urbana. Em seu traçado, o arquiteto procurou criar um espaço com dimensão humana que proporcionasse a sensação de bem-estar e de beleza. Para ele, o bem-estar estava ligado ao ambiente onde a população se relacionava. A beleza seria a integração harmônica entre a geografia local e os volumes e espaços urbanísticos, para isto. as ruas deveriam evitar o geometrismo e deveria existir unidade de vizinhança1. A cidade seria um lugar dominado por ambientes arborizados e que permitissem o máximo acesso visual e físico a todos os espaços. Howard afirmava que as práticas sociais deste novo sistema deveriam acontecer nos impasses - novos locais de convívio que ocorriam nos interiores das quadras, assim as ruas passariam a ter função apenas de circulação. Os impasses2 criariam uma categoria intermediária entre o espaço público da rua e o privado da habitação, oferecendo um espaço semi-público para as relações sociais, como pode-se observar na figura 3. Assim, este novo sistema, proporcionava a separação total entre a circulação de automóveis e pedestres, possibilitando a redução do ambiente privado em benefício do espaço público ou parques urbanos coletivos onde se dispunham as habitações. As idéias de Howard chegam ao Brasil na primeira década do século XX. Durante os anos 1920 e 1930, os princípios howardianos foram difundidos como alternativa para sanar os problemas urbanos em diversas cidades brasileiras. Inicialmente, foram implantados em alguns bairros de São Paulo e, mais tarde, no Rio de Janeiro, onde ganhou espaço no discurso de importantes urbanistas da época como Alfred Agache e Armando Augusto Godói. Foi pelas mãos do último, que os princípios ganharam expressividade em Goiânia, sendo implantados no Setor Sul, como bairro-jardim.
1.A unidade de vizinhança é uma área residencial que possui certa autonomia, devido à presença de bens e serviços para as necessidades diárias dos seus moradores. Elas apresentam duas preocupações básicas: A distribuição dos equipamentos de consumo e a recuperação da vida social ou relações de vizinhança perdidas com as transformações urbanas 2.agrupamento de vivendas que envolvem uma pequena praça terminal de um arruamento. Este sistema permite a abertura do interior do quarteirão “reinterpretando” o pátio anglo-saxónico como espaço de vivência e estrutura das construções envolventes. (LAMAS, 1993)
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Figura 3- Esquema de variação de impasses em Welwyn
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GOI창NIA: A CIDADE NOS MOLDES DAS UTOPIAS
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2| GOIÂNIA - A CIDADE NOS MOLDES UTOPIAS DAS UTOPIAS GOIâNIA: A CIDADE NOSDAS MOLDES No contexto revolucionário incorporado pelo governo de Getúlio Vargas nos anos 1930, a implantação de Goiânia teria conotação estratégica. Indicava novos rumos ao processo de interiorização do país incorporando uma grande porção do território ao sistema capitalista periférico. A transferência da capital de Goiás para uma cidade moderna, completamente nova, rompia com a estagnação e o isolamento que o Estado enfrentava desde a crise econômica de 1929. Atribuído à Atílio Corrêa Lima, o plano de Goiânia teria a função de incorporar o Estado no processo de expansão dos mercados, ligando suas novas elites urbanas aos fluxos do capital. Desta forma, a cidade deveria conceber um ambiente adequado para funções econômicas e ordenar o desenvolvimento social da nova região de fronteira como indica a figura 4. Ao estudar a implantação da nova cidade, Corrêa Lima realocou sua localização em relação ao que lhe foi sugerido. Para tal o arquiteto se justificou: Foi inicialmente indicado o local denominado de Paineiras, para o assentamento do núcleo inicial. Discordamos dessa opinião por ser o local muito deslocado da estrada de rodagem. Sendo a estrada a artéria vivificadora do organismo urbano, tudo indicava que o núcleo central em formação deva ser atravessado por aquela. A configuração do terreno também para isso concorreu; sua formação sedimentar dá-lhe um perfil côncavo, isto é, com declividade decrescente. Ora, um núcleo urbano, se construído na “Paineira”, assentaria sobre um terreno de três a quatro por cento de declividade, ao passo que, mais abaixo, no local por nós escolhido, essa declividade é em média de dois por cento; portanto muito mais propício para conter a parte central da cidade (LIMA, 1937).
Atílio projetou uma cidade com traços nobres, espaços livres e avenidas largas que convergiam para uma praça central - principal elemento estruturador do traçado urbanístico da cidade. Inspirado na escola francesa, lançou mão do patte d’oie3, como partido formal, o que pode ser observado na figura 5. O traçado nascia em frente ao palácio do governo dando monumentalidade à capital. O arquiteto afirmava que “guardando as devidas proporções, o efeito monumental procurado é o do princípio clássico adotado em Versalhes, Karlsruhe e Washington” (LIMA, 1937). Ele divide a cidade em zonas de acordo uma concepção modernista e flexível da utilização do solo. Assim, o zoneamento é divido da seguinte maneira: A zona destinada à implantação do centro administrativo, na qual seria construído todo o edifício público administrativo; Zona comercial, área destinada à implantação de comércio com alta densidade; Zona industrial, área localizada na região norte da cidade, que também é a mais baixa, onde futuramente deveria ser instalada a estrada de ferro; A zona residencial seria dividida em: residencial urbana e residencial suburbana, “ambas ocupando sempre situações mais favoráveis e tranqüilas, longe dos centros movimentados”. Zona rural considerava todo espaço o não compreendido nas zonas precedentes, destinada à cultura do solo e à pequena agricultura (CORRÊA LIMA, 1935).
3“O patte d’oie é uma linguagem urbana clássica, constituída de um triângulo formado por três eixos radiais.Tem sua origem no século XVIII, na Piazza del Popolo, em Roma, e na Place des Armes, em Versailles”YAMAKI, HUMBERTO. Labirintos da memória: paisagens de Londrina. Londrina: Midiograf, 2006, p. 8. Fazer COM pessoas PARA ativar lugares
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Figura 4 - Cartaz incentivando a ocupação da nova capital de Goiás, 1930
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Figura 5 - Plano inicial de Goiânia. A cidade se estruturava através de três eixos principais que partiam da praça administrativa formando um traçado conhecido como patte d’oie
Figura 6 - Av. Goiás no início da década de 1940. Fonte: Banco de dados da prefeitura de Goâinia. Autoria desconhecida
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Para Atílio, a zona urbana seria divida em seis setores, enquanto a zona suburbana deveria constituir-se por cidades satélites independentes. Estas cidades, se interligariam ao centro urbanizado por avenidas, dentro do princípio da cidade funcional. Além do zoneamento, outra preocupação do arquiteto foi com a arborização e os espaços livres da cidade. Ele destinou cerca de 1/3 da área prevista para a nova capital para a construção de áreas verdes, parques ways, playgrounds e áreas destinadas a prática de esportes. Apesar de pensar Goiânia como a cidade como uma cidade ideal, Corrêa Lima estava ciente da importância do planejamento urbano e dos instrumentos de controle e de regulamentação do espaço. Ele propôs ao Estado um projeto de organização administrativa, separando a cidade de influencias políticas e especulativa, e um regulamento para as construções na cidade. Nota-se que sua preocupação foi além da arquitetura, tomando viés no campo político e social da dinâmica urbana. Seu plano estruturava grande fluência para o tráfego e continha uma grande preocupação com o bem estar da população, a partir do desenho das ruas de cada bairro. Havia predominância de espaços livres, jardins e parques, como mostram as figuras 8 e 9.
Foto 8 - Vista av. Anhanguera no ínicio da implantação da cidade. Data desconhecida. Fonte: Banco de dados de prefeitura de Goiânia. Autoria desconhecida
Figura 7 - Vista superior da área central de Goiânia.Data desconhecida. Fonte: Banco de dados de prefeitura de Goiânia. Autoria desconhecida
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2.1 A concepção do Setor suldo setor sul 3.1| a concepção Com a entrega dos projetos em 1935, Lima é desligado das obras dando lugar a Armando de Godoy, que mostrava-se contrário às influências urbanísticas que nortearam o projeto de Corrêa Lima. Entretanto, cerca de 50% das estruturas já haviam sido implantadas (Norte e Central) e não foram alteradas. Após a revisão do plano inicial, o engenheiro Armando Godoy optou por mudanças significativas na porção sul da cidade onde foi projetado o bairro residencial Setor Sul. O bairro foi concebido com ideal de cidade jardim e teve como referência direta Radburm (cidade jardim norte-americana projetada por Clarence Stein em 1929).
Um plano inspirado em Radburn, uma cidade americana.(...) Na zona sul é que surgi-
rá a mais moderna solução urbanística do momento atual. Será aqui realizada (...) a solução mais técnica para cidades modernas(...) Trata - se de uma concepção inteiramente nova no Brasil: adoção do sistema “cul-de-sac”, grupos residenciais em forma semi-circular, em meio a um extenso parque, gramado e com arborização adequada, que mereceu estudos especiais.” (ÁLVARES, 1942:146)
O Setor se conectava ao Centro e as demais áreas de expansão urbana por vias arteriais que partiam de uma praça principal - Praça do Cruzeiro. Esta praça, localizada no centro do bairro, seria o segundo centro de radiação da cidade de onde partiriam novas avenidas estruturando o projeto. Notase que Godoy manteve o traçado radioconcêntrico proposto por Atílio, de maneira que as principais vias estruturadoras do bairro convergissem ao pólo administrativo. Nas áreas internas dos parques foram previstos equipamentos e serviços públicos que contribuíam para melhorar a qualidade de vida dos moradores, de acordo com os princípios de Howard para a utilização dos espaços públicos. A nova proposta para o bairro destaca a priorização dos espaços públicos associado à noção de comunidade. Estes espaços criariam vínculos entre os moradores estimulando o convívio coletivo. Godoy percebia a cidade como elemento civilizador e motivador do desenvolvimento da sociedade. Em seu relatório ao Interventor do Estado, o engenheiro diz: A cidade moderna(...) que obedece às determinações do urbanismo, é um centro de cultura, de ordem, de trabalho e de atividades bem coordenadas. Ela educa as massas populares, compões-lhes as fôrças e os movimentos coletivos e desperta energias extraordinárias entra os que aí vivem e ficam sob a sua influência civilizadora. (GODOY, 1943)
É notório que o urbanista seguiu os princípios do urbanismo moderno através do modelo de cidade-jardim. Além das soluções espaciais, ele apropria-se da idéia de reforma e busca estabelecer em Goiânia um maior contato entre o homem e a natureza.
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Figura 9 - Plano piloto de Goiânia após a intervenção de Godói. 1937.
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Figura10 -Planta do Setor Sul de Goi창nia 1937.
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2.2 A descaracterização do Setor Sul 3. 2| a descaracterização do bairro Data de aprovação do projeto definitivo da cidade
1938
Data prevista para o início das obras de urbanização do Setor.
Obras de urbanização são antecipadas em uma década
1950
Início do processo de descaracterização do bairro
1960
Substituição da população do bairro
ENCLAUSURAMENTO DAS ÁREAS PÚBLICAS
EXCLUSÃO DAS ÁREAS PÚBLICAS
1938 1950
O plano inicial de Goiânia foi aprovado para execução imediata. Devido aos esforços governamentais para controlar o processo de urbanização da cidade e à falta de recursos para a implantação completa do projeto, as obras começam de forma gradativa. Sendo as regiões Central e Norte destinadas à urbanização prioritária. A área destinada ao setor Sul foi concebida como Zona Fechada - região de ocupação legalmente proibida. Porém, em uma tentativa de angariar fundos para a implementação do projeto na região sul, a comercialização dos lotes foi autorizada.
Criação do projeto CURA REESTRUTURAÇÃO DO DESENHO URBANO
Até o ano de 1950, devido à falta de infra estrutura urbana, os lotes eram vendidos a preços baixos, possibilitando que fossem adquiridos pelas as classes C e D da população. No mesmo ano, a evidente crise habitacional e o caos imobiliário agravou-se devido às constantes políticas de incentivo à ocupação da cidade. A apropriação do setor Sul se deu através do descumprimento da Lei de Zona Fechada, pela invasão dos lotes por seus proprietários. O governo então, cedeu às pressões da população local e extinguiu a zona fechada para o setor Sul.
A urbanização do bairro é antecipada em uma década - Porém, a falta de legislação adequada somada ao desconhecimento, pelo senso comum, do novo modo de morar proposto por Godoy, fez com a maioria dos proprietários determinassem as frentes de suas residências para os cul-de-sacs, como no modelo tradicional. dando início ao processo de descaracterização do bairro.
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1970
2015 Privativação de 70% das vielas de acesso aos impasses
1950 1960
O processo de urbanização do setor ocorreu de forma lenta, porém os constantes investimentos governamentais no bairro levaram à valorização das propriedades e ao aumento das taxas públicas. Este quadro, desencadeou um processo de substituição da população local, uma vez que os proprietários, em sua maioria de renda baixa, não conseguiram manter seus imóveis. O bairro passou a abrigar uma parcela da população com maior poder aquisitivo, tornando-se de classes média e média alta. Devido à carência de infraestrutura básica, em 1960, após a implantação do projeto, o Estado se viu obrigado a deixar de lado os investimentos nas áreas livres para garantir redes de água, esgoto e energia para a população local. Assim, os espaços públicos não se consolidaram como áreas verdes, de recreação ou parques, se tornando grandes vazios urbanos.
1960 1970
A falta de uso das áreas destinadas a espaços de convívio comunitário, gerou a necessidade da primeira reestruturação do bairro a partir do Plano Diretor de Goiânia. O projeto foi coordenado por Jorge Wilheim e tinha como objetivo principal dar uso às áreas obsoletas. Neste sentido, muitas das áreas públicas foram abertas a doação. No início da década de 1970, o governo autorizou a privatização de vielas de acesso às áreas internas das quadras dificultando o uso e descaracterizando as “praças do setor Sul”. Em uma tentativa de recuperar essas áreas, o governo lança o Projeto
Cura.
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Sobre o Projeto CURA O CURA foi a mais notável tentativa de reurbanização do setor Sul. Era patrocinado pelo Banco Nacional de Habitação (BNH) através do Programação de Complementação Urbana e Tinha como objetivo geral melhorar a qualidade habitacional da área através da implementação de equipamentos urbanos e infraestrutura. A partir de uma análise das demandas do bairro, o projeto foi dividido em unidades de vizinhança com objetivos de: - urbanizar das áreas obsoletas, tornando-as atraentes para prática de esportes e lazer; - incentivar o aumento do índice de construção almejando a total ocupação dos lotes; - complementar a rede infraestrutural tornando-a eficaz para as necessidades dos moradores; Para tal, o projeto previu parceria com investidores privados visando a criação de polos comerciais, culturais e de serviços que suprissem a carência de toda a cidade. Porém, o BNH vetou os investimentos privados, não os enquadrando no projeto de Complementação Urbana do qual o CURA fazia parte.
2015
O Setor Sul de Goiânia sofre as consequências de seu próprio processo de formação e desenvolvimento que, ao longo do tempo, se baseou em uma ocupação irregular dos lotes e na falta de infraestrutura, configurando espaços excludentes, descontínuos e mal conectados. Devido à falta de investimento em políticas efetivas de ocupação, o bairro que foi concebido para ser uma rede pública de jardins, hoje se apresenta como um conjunto de vazios urbanos. Ao construírem suas casas de frente para os “cul-de-sac”, os moradores iniciaram um processo de exclusão do espaço público. Os jardins previstos no plano inicial
Deste modo, a alternativa foi diminuir a área de abrangência do CURA - concentrando suas ações apenas na urbanização das áreas verdes de lazer - e sobretaxar a população do bairro. Para a prefeitura, o projeto realizado traria uma série de benefícios à população, o que justificaria a sobrecarga tributária. Entretanto, a falta de motivação dos moradores e a pouca verba da prefeitura, fez com que a realização do CURA fosse lenta. O projeto previsto para começar em 1974 e ser executado no prazo de um ano , teve início em 1977 e levou três anos para ser concluído. Mesmo após seu fim, a população continuou a negar as áreas de lazer fazendo com que elas continuassem obsoletas. Apesar de ter sido um projeto participativo, o CURA foi alvo de severas críticas por parte dos moradores da região. Ainda que tenha havido grande investimento em superestruturas - playgrounds, quadras de esportes, pavimentação, dentre outros - as transformações ocorridas no setor não foram capaz de mudar a relação entre a população e o espaço público. Para saber mais consulte o anexo I .
como conectores das vias locais, foram enclausurados por muros transformandose em grandes lotes abandonados repletos de lixo, com iluminação insuficiente e quase nenhuma infraestrutura. Com o tempo e a valorização do transporte rodoviário individual no setor, os vazios foram rasgados pela expansão das vielas e abertura de novas vias O que no inicio era visto como uma alternativa para melhorar a qualidade de vida da população é, atualmente, sinônimo se insegurança e marginalização. O medo crescente, faz com que as áreas comuns de convivência e lazer previstas para o Setor sejam abandonadas tornando-se alvos fáceis de “delinquência oportunista”.
O espaço público deixa de ser democrático e tende a ressaltar cada vez mais as diferenças entendidas como ameaçadoras, o que favorece os processos de segregação e desigualdade da região.
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De acordo com Juliana Costa Mota, a exclusão dos espaços públicos no setor Sul se deu pela “continuidade da falta de educação para o novo modo de habitar da população”, pois a não participação populacional desde a implantação do projeto até a manutenção dos projetos de reurbanização fez com que a atitude dos moradores não mudasse. Para ela este fato se justifica pelo desconhecimento do espaço público como espaço de lazer. Essa população, que caracteriza-se por possuir médio e alto padrão de vida, conceitua o espaço de lazer como sendo por exemplo clubes e outras propriedades privadas.
Figura 12 - Jardins do St. Sul utilizados como estacionamento. julho/2014. Autoria: Camila Diniz
Figura 11 -Jardins do St. cortados por vias. julho/2014. Autoria: Camila Diniz
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ANÁLISE DA ATUAL CONFIGURAÇÃO DO BAIRRO
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3| ANÁLISE ANÁLISE DA ATUAL CONFIGURAÇÃO DO BAIRRO DA ATUAL CONFIGURAÇÃO DO BAIRRO Como abordado no capítulo anterior, devido à ocupação burguesa do setor, as intervenções governamentais nas áreas públicas não foram bem recebidas, uma vez que para seus moradores a instalação de equipamentos de esporte e lazer aumentariam a carga tributária e atrairiam usuários provenientes de bairros carentes das imediações. Para os proprietários de imóveis no bairro, essa ocupação era sinônimo de marginalização e má influência para os jovens que residiam no setor. Assim, mesmo depois de instalados equipamentos comunitários em algumas dessas áreas, os moradores optaram por negar suas existências. Neste contexto, os jardins do setor Sul permaneceram esquecidos pela maior parte da população, sendo lembrados apenas como áreas repletas de lixo e que contribuem para elevar os índices de violência da região, o que muitas vezes culminou com a evasão dos moradores e a transformação das residências em imóveis de serviços - atualmente grande parte do setor tem suas edificações destinadas ao funcionamento de escritórios e clínicas médicas e de estética. Esta mudança de uso no bairro e seu traçado urbano peculiar somado à baixa escala altimétrica das edificações, acabou atraindo um público engajado em transformar a realidade socioambiental dos espaços públicos no setor. Hoje, o bairro é conhecido por abrigar grande parte dos profissionais ligados à economia criativa da cidade e, é latente na população o desejo de integração das áreas públicas à dinâmica urbana do setor. Assim, na tentativa de transformar a relação entre os usuários e as áreas livres, o bairro é alvo de diversas ações colaborativas que têm o objetivo de promover o reconhecimento e despertar na população o interesse pelas inúmeras áreas livres presentes na região. 4.1 1| Oo bairro, suas vias e microrregiões 4. bairro, suas vias e microregiões Como já estudado no item 3.1 A concepção no Setor Sul, o bairro é estruturado por quatro avenidas principais que convergem para uma grande praça central, conformando uma malha urbana que pode ser exemplificada pela figura de um asterisco - modelo conhecido por possuir linha de expansão em 360º. No setor Sul, as avenidas 84,90,87 e 86, dividem a área do bairro em quatro quadrantes como representado no esquema da figura 19. Cada quadrante possui diferentes características de acordo com sua localização em relação aos polos de influência do bairro, no que diz respeito a seus fluxos e usos. Os polos são basicamente dois, sendo eles: (polo 1) a Praça do Cruzeiro - principal praça do setor Sul; e (polo 2) a Praça Cívica - centro administrativo do Estado de Goiás. Apesar de ser relevante a quantidade de comércios e serviços ao longo das avenidas principais, a maior parte deles está localizada nos quadrantes 1 e 2, sendo sua concentração maior quando a distância do polo influência 2 diminui, contexto que pode ser observado nas figuras a seguir. Essa dinâmica acarreta grande fluxo de automóveis em horários comerciais, problema que é agravado pela natureza do bairro que em seu plano original privilegiava o pedestre em detrimento do transporte rodoviário individual. Assim, a falta de locais previstos para estacionamentos fez com que a população investisse em garagens particulares, gerando inúmeros lotes exclusivos para este fim. Outra consequência, é a apropriação das áreas verdes como estacionamento público.
Já os quadrantes 3 e 4, possuem função predominantemente residencial. Tendo, a reFazer COM pessoas PARA ativar lugares
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gião 4, devido a sua localização e a presença de alguns equipamentos de lazer e educação, maior fluxo em horários e dias pontuais, uma vez que a existência de clubes gera maior movimento aos finais de semana. A presença da Universidade Universo em seus arredores faz com que o trânsito no bairro atinja seu pico nos horários de entrada e saída de alunos. Nesse sentido, nota-se que apesar que ser um grande ponto de convergência de fluxos e possuir inúmeras edificações destinadas ao comércio e serviços em seus arredores, o polo de influência 1 torna-se secundário devido à proximidade com o polo 2, uma vez que a Praça cívica vem a ser o maior ponto de confluência da cidade como um todo.
Figura 13 - Imóveis comerciais próximos ao polo 2. março/2015. Autoria: Camila Diniz
Polo
Figura 14 - Imóveis destinados à estacionamentos. março/2015. Autoria: Camila Diniz
Figura 15 - Imóveis residenciais, quadrante 4.março/2015. Autoria: Camila Diniz
1
2
1 Polo
Figura 16 - Imóveis comerciais /Av.84. março/2015. Autoria: Camila Diniz
2
4
3
Figura 17 - Fluxo de veículos próximo ao pólo 2. março/2015. Autoria: Camila Diniz
Figura 18 - Fluxos próximos ao pólo 1. março/2015. Autoria: Camila Diniz
Figura 19 - Mapa de setorização do St. Sul. março/2015. Autoria: Camila Diniz. Fonte: Google Maps
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Para melhor compreensão das dinâmicas locais, se faz necessária uma abordagem pontual e na escala do pedestre de algumas áreas importantes do bairro. Nesta perspectiva, o esquema apresentado pela figura 20, localiza alguns pontos relevantes no setor Sul que serão salientados ao longo do capítulo através de imagens e informação textuais.
1
2
3
4
1 - Praça Cívica
2 - Trecho da Avenida 84
3 - Praça do Cruzeiro
4 - Avenida 90
Figura 20 - Esquema de localização de alguns pontos relevantes no bairro. março/2015. Autoria: Camila Diniz
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Considerada o marco inicial da construção de Goiânia, a praça foi projetada pelo arquiteto Atílio Corrêa Lima, construída em 1933 e tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) no ano de 2003 por seu conjunto arquitetônico em estilo Art decó. Ainda hoje, a praça abriga o centro administrativo do Estado de Goiás e reúne os principais prédios públicos da cidade, dentre eles o Palácio das Esmeraldas, o Palácio Pedro Ludovico e o Palácio de Campinas. Ali também está localizado o Museu Zoroastro Artiaga e o Monumento à três Raças, dentre outros centros culturais. É um importante polo econômico na cidade, uma vez que em suas imediações estão localizadas sedes das principais empresas de agronégocios de Goiás. Em datas festivas como o aniversário de Goiânia, natal e ano novo, o local é palco de apresentações culturais. A praça também é ponto de encontro para manifestações populares.
Figura 21 - Vista aérea da Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira . março/2015. Autoria: Camila Diniz. Fonte: Google maps
1 - Praça Cívica
Atualmente, o local passa por uma obra de reestruturação cuja principal intervenção é a retirada do estacionamento central.
Figura 22 - Monumento às três Raças. março/2015. Autoria: Camila Diniz
Localizado no centro da Praça Cívica, o monumento às Três Raças é uma homenagem às etnias que caracterizam a população goianiense. Assim, brancos são representados pela figura de um bandeirante, negros pelos escravos e índios. O monumento que é de autoria da artista plástica Neusa Morais, foi esculpido em 1968 em bronze e granito. Possui sete metros de altura e pesa cerca de 300 quilos.
Figura 23 - Grande estacionamento que compõe a praça. março/2015. Autoria: Camila Diniz. Fonte: Google maps
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Figura 26 - Palácio Pedro Ludovico. março/2015. Autoria: Camila Diniz. Fonte: Google Maps
Figura 24 -Palácio das Esmeraldas. março/2015. Autoria: Camila Diniz
O Palácio das esmeraldas foi o primeiro edifício construído na cidade, sendo sua obra realizada no período entres os anos de 1933 e 1937. Desde sua inauguração é a residência oficial do Governador e sede dos despachos oficiais e eventos sociais do Estado. O edifício recebeu esse nome devido é sua fachada em cor verde-esmeralda que sugere a utilização da pedra em sua construção.
O Palácio Pedro Ludovico Teixeira é conhecido por ser o centro administrativo do Governo do Estado de Goiás. O prédio possui dez andares e concentra as funções de contabilidade e de finanças do Estado. Em 2002, o Palácio teve seus três últimos andares destruídos por um incêndio, o que o levou a passar por uma grande reforma.
O prédio construído para compor a praça cívica, tem estilo art decó e, apesar de ter passado por uma reforma recente, é o edifício que mais conserva seu plano inicial. Já foi sede da Secretaria Geral do Estado, do Fórum e da Secretaria da Fazenda respectivamente. Atualmente abriga a biblioteca de braile, uma gibiteca e o Museu da imagem e do som - MIS. O edifício também sedia a Secretaria de Cultura Estadual - Secult.
Figura 25 - Imediações da Praça Cívica março/2015. Autoria: Camila Diniz. Fonte: Google Maps
Por ser o ponto inicial das grandes avenidas estruturadoras de Goiânia e concentrar as funções administrativas da cidade e do Estado, a região da Praça Cívica é conhecida por possuir grande movimentação de veículos e pedestres. Além disto, a região é também o ponto central de comércio e serviços da cidade. Figura 27-Centro Cultural Marieta Telles. março/2015. Autoria: Camila Diniz
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2 - Trecho da Avenida 84
Figura 28 -Vista aérea da Av. 84. março/2015.Fonte: Goggle Earth
A Av. 84 é uma das principais vias do setor Sul. Tem início na praça cívica e fim na Praça do Cruzeiro. Apesar de ser uma via de fluxo alto e concentrar grande parte dos imóveis comerciais e de serviço, nota-se que a escala altimétrica das edificações é baixa, não se diferenciando dos parâmetros do bairro. Figura 29 -Vista geral da Av. 84. março/2015. Autoria: Camila Diniz
Ao longo da avenida as entradas para as áreas verdes nos miolos das quadras são quase imperceptíveis, quadro que proporciona o desconhecimento dessas por grande parcela da população.
Figura 30 -Acesso aos impasses. março/2015. Autoria: Camila Diniz
Apesar de existirem várias áreas livres margeando a avenida, esses espaços não contam com mobiliário adequado, o que os tornam subutilizados. A apropriação dessas áreas é feita basicamente por motoristas que as usam como estacionamento.
Figura 31 -Impasse vizinho à av.84. março/2015. Fonte: Google Street View
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Nota-se que apesar de possuir grande fluxo de veículos e ser um dos principais corredores de transporte coletivo do bairro, a avenida é bem arborizada, o que reforça a característica do bairro de possuir um dos maiores índices de áreas verde por habitantes. Figura 32 -Vista da av. 84. março/2015. Fonte: Google Street View
Observa-se que esta é uma das poucas áreas livres que tem certa manutenção, porém, assim como a maioria, os espaços permanecem vazios devido à falta de adequação do mobiliário urbano local.
Figura 33 - Impasse próximo a Av. 84. março/2015. Autoria: Camila Diniz
É notório que as áreas verdes projetadas como protagonistas do setor são coadivantes perante a atual dinâmica urbana do bairro. Fato que é evidenciado pelo acesso tímido que a maioria delas têm. Figura 34 -Acesso aos impasses. março/2015. Fonte: Google Street View
Devido ao fato de os imóveis comerciais e de serviços serem mais diluídos no fim da avenida, neste trecho o fluxo veicular é menor. Salvo em horários de pico.
Figura 35 -Vista do Praça do Cruzeiro a partir da av. 84 março/2015. Fonte: Google Street View
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3 - Praça do Cruzeiro
Figura 36 -Vista aérea da Praça do Cruzeiro. março/2015. Fonte: Google Strew View
A praça do Cruzeiro é o principal espaço público do bairro. Desde sua inauguração, nos anos 40, era destino certo de crianças, casais de namorados e idosos que viam no local uma alternativa para a prática de esportes e lazer. Atualmente, a praça perdeu sua função de espaço de convívio, seus chafarizes não funcionam mais e é raro ver algum tipo de manutenção na área. Esse fato, somado ao grande volume de tráfego no local, fez com que a praça ficasse engessada por largas avenidas, tornando-se apenas um elemento organizador do trânsito, uma rotatória. Figura 37 -Praça do Cruzeiro. maio/2015. Auroria Camila Diniz
Figura 38 -Monumento/Praça do Cruzeiro. maio/2015. Auroria Camila Diniz
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Figura 39 -Chafariz/Praça do Cruzeiro. maio/2015. Auroria Camila Diniz
4 - Avenida 90
Foto 40-Vista aérea da Avenida 90. março/2015. Fonte: Google Street View
A Av. 90 é uma das que estruturam o sistema viário do setor e está localizada no centro da porção sul do bairro. Apesar de receber grande volume de tráfego e ser classificada pela legislação municipal como um eixo de desenvolvimento econômico, a via corta o setor em sua área mais residencial. Figura 41 -Vista da av.90. maio/2015. Auroria Camila Diniz
Figura 43 -Vista da av.90. maio/2015. Auroria Camila Diniz
Figura 42 -Vista da av.90. maio/2015. Auroria Camila Diniz
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4. 2| principais intervenções ocorridas no setor sul
Ao longo do seu processo de ocupação, o setor Sul sofreu com graves déficits urbanísticos devido a erros de planejamento e falta de infraestrutura adequada. Como alternativa para solucionar alguns dos problemas enfrentados no bairro, o governo municipal e a população, vem realizando no local, múltiplas intervenções urbanas. Ao longo desde trabalho pôde-se ter contato com uma série de imagens de apropriações do espaço no setor Sul. Elas foram tiradas em diferentes áreas livres do bairro, estão disposta aqui no início de cada capítulo e retratam a tipologia de intervenção urbana mais chamativa e abundante no local, os grafites. As intervenções urbanísticas ocorrem no bairro desde a década de 1970 e não se resumem à apropriação espontânea dos espaços obsoletos como forma de chamar a atenção para os mesmo. Muitas vezes, são obras municipais de grande porte que em ações emergenciais buscam solucionar problemas relativos ao trânsito de automóveis e mobilidade urbana. bem como buscam atender os anseios das grandes empresas localizadas ali, desconceitualizando o projeto original e deixando à parte os espaços públicos que configuram o setor. Desse modo, cria-se atritos e discussões exaltadas entre a população e o governo municipal. Este item analisa três importantes intervenções realizadas no setor sul. A primeira, aborda a abertura da Avenida Cora Coralina, relativizando a sua real necessidade e também as consequências que a valorização do transporte individual trouxe para o bairro. A segunda dispõe sobre ações colaborativas entre os moradores vizinhos que qualificaram um dos espaços público do bairro através da criação do bosque dos pássaros. E, por último, o item 4.2.3 trata, sucintamente, da apropriação das fachadas cegas por artistas de rua, considerando esta ação como potencial para o desenvolvimento das áreas livres presentes no setor Sul.
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4. 2.1| avenida cora coralina A avenida Cora Coralina é mais uma entre as muitas obras da prefeitura que geraram polêmicas no setor Sul. Segundo os governantes da época, o projeto seria uma alternativa para diminuir as inundações no Centro Administrativo com a ampliação das redes de águas pluviais ao longo da via e, principalmente, desafogar o trânsito da avenida 85 que já era infernal desde os anos 80. Porém, o caráter emergencial do projeto impediu que fossem realizados os estudos de impacto necessários para uma intervenção deste porte e a avenida que em teoria serviria para melhorar a mobilidade local, passou a ser geradora de muitos conflitos urbanos. De acordo com a prefeitura de Goiânia, a obra só atingiu quatro residências - as que foram desapropriadas. Mas a realidade é bem diferente dos dados oficiais do governo, que podem ser facilmente contestados com um breve passeio nas proximidades da avenida. É notório que a via contribuiu para que o volume de tráfego aumentasse em uma área tipicamente residencial, trazendo consigo o aumento de ruídos e outros fatores de desconforto que contribuíram para a desvalorização dos imóveis da região. Ao rasgar os jardins do setor Sul com uma longa via que privilegia o transporte individual, o governo municipal simplesmente ignorou o fato de que o bairro que receberia a obra é o mais conceitual da capital goiana e como tal tem como princípio fundamental de projeto valorizar o pedestre com ruas estreitas e grandes áreas verdes. Este fato
Figura 44 -Fachada cega/Avenida Cora Coralina. maio/2015. Auroria Camila Diniz
gerou outro grave problema. Na tentativa frustrada de atingir diretamente o mínimo possível de residências na região, a avenida foi projetada para aproveitar as áreas livres, isto levou à “criação” de uma extensa faixa de fachadas cegas, aumentando consideravelmente a sensação de insegurança local. Segundo os moradores, a Avenida Cora Coralina é uma área que deve ser evitada à noite por pedestres e mulheres desacompanhadas devido ao alto índice de assaltos. Apesar disso, a via é constantemente movimentada nos períodos da manhã e da tarde. Seus usuários são, em sua maioria, estudantes da Universidade que esta localizada no final da avenida.
Figura 45 -Fachada cega/Avenida Cora Coralina. maio/2015. Auroria Camila Diniz
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4. 2. 2| bosque dos pássaros
Figura 46 -Quadra de esportes/ Bosque dos pássaros. maio/2015. Auroria Camila Diniz
A praça que hoje percebe o nome de “Bosque dos Pássaros” é o maior exemplo que ainda é possível ativar as áreas livres do setor Sul. O espaço era mais um entre os inúmeros locais abandonados do bairro. Permaneceu assim por anos, até que os moradores das casas no entorno da área se cansaram de conviver com a insegurança e os constantes assaltos em suas residências e decidiram fazer algo. O trabalho foi comunitário e cada um colaborou com o que tinha. Segundo os moradores, o envolvimento em ações de melhoria como o replantio e a reforma da quadra de esportes mudou suas relações com o espaço. Hoje o lugar é um exemplo por estar sempre ocupado e ter manutenção e iluminação constantes, o que fez diminuir os índices de arrombamentos e assaltos no local.
Figura 47 -Portal/ Bosque dos pássaros. maio/2015. Auroria Camila Diniz
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4. 2. 3| grafitismo
Figura 48 -Grafites Apropriação dos muros. julho/2014. Auroria Camila Diniz
Outro exemplo de tentativa da população de chamar a atenção para as áreas livres do bairro são os inúmeros grafites que estão espalhados pela maioria dos muros do setor. O que se vê são enormes jardins sem qualquer manutenção, que sequer são ocupados pela população de rua da cidade, mas percebe-se ali uma intenção de colocar vida naqueles que foram espaços de brincadeiras de crianças, mesmo que sem estrutura alguma. Os enormes painéis de cores vidas e temáticas diversas, pintados por moradores do bairro, se tornaram uma identidade do local e impressionam qualquer um que caminha pelo bairro.
Figura 49 -Grafites/ Apropriação dos muros. julho/2014. Auroria Camila Diniz
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ESTRATÉGIAS DE RECUPERAÇÃO PARA O ESPAÇO-PÚBLICO
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ESTRATÉGIAS DE RECUPERAÇÃO PARA O ESPAÇO
4| PÚBLICOS RECUPERAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO
A produção do espaço urbano, no setor Sul de Goiânia, evidencia contradições, como o crescente processo de marginalização e o esvaziamento dos parques públicos, implicando na degradação dessas áreas e na necessidade de elevados gastos para a implantação de novos recursos de infraestrutura. Esse processo de deterioração do espaço público, sofre os efeitos do desenvolvimento não sustentável, que eleva o tráfego de veículos individuais e os índices de depreciação dos recursos naturais, causando maior poluição, perda da biodiversidade, e intensificando a polarização social. Diante desse contexto, é importante pensar formas que revertam e reorientem o desenvolvimento urbano para um padrão mais sustentável, reduzindo o impacto da ocupação no meio. A cidade sustentável é entendida como aquela que é: eficiente no consumo dos recursos, menos poluentes, de prática mobilidade, confortável climaticamente, com nichos ecológicos, servida de espaços públicos de qualidade ambiental, preparada para o deslocamento do pedestre, dinâmica e diversidade em termos sociais e econômicos. (GONÇALVES, 2003).
Neste sentido, a recuperação do espaço público se embasa na proposição de uma cidade que incite a ocupação de vazios urbanos; minimize a dependência de automóveis e estimule o caminhar, promovendo locais multifuncionais que constituam pontos de interesse e atração. Só assim, pode-se proporcionar espaços públicos abertos de qualidade, favorecendo a criação de microclimas urbanos e a recuperação ambiental. Enfim, pensar em ecologia urbana significa partir do conjunto, de seu entorno imediato e do contexto em que está inserido. É necessário entender a cidade como um organismo vivo, que muda, evolui e amadurece.
5. a ecologia urbana através do empreendedo4.1 1| A ecologia urbana através do empreendedorismo urbano-ambiental rismo urbano ambiental As áreas verdes das grandes cidades se constituíram ao longo do tempo como espaços de contemplação e têm função de escape para o estresse urbano, proporcionando o bem-estar psíquico da população(CABE SPACE, 2005). No entanto, o avanço do conhecimento sobre a sustentabilidade, indica que essas áreas podem ter as mesmas e, muitas vezes, maiores vocações que antes eram exclusivas das grandes e imponentes obras de infraestruturas convencionais. A ecologia urbana constitui um “instrumento de desenvolvimento de ordenamento do espaço urbano” (NOBRE et al, 2005) e uma oportunidade de planejamento integrado. Devido aos múltiplos papéis que desempenha para o equilíbrio urbano, possibilita, além dos benefícios ecológicos ambientais, uma grande melhora no âmbito dos serviços sociais e econômicos . Este instrumento possui como base as áreas verdes e os sistemas naturais presentes no meio urbano, que devem ser tratados em conjunto, como um sistema único. Desta maneira, os benefícios que ele traz à cidade tornam-se cada vez maiores, na medida em que todos os elementos funcionam coordenados, com o objetivo de desempenhar as funções urbanas de forma mais eficaz. Assim, a ecologia urbana, visa promover o equilíbrio, a sustentabilidade e a qualidade de vida. A sua associação em uma estrutura ou rede, pode adotar designações como infraestrutura verde ou “green structure”, Fazer COM pessoas PARA ativar lugares
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cuja definição é mais ampla, abrangendo uma estrutura física que é parte integral da cidade(WERQUIN et al., 2005). É esta rede, que inclui métodos mais baratos, sustentáveis e próximos da população, como a renaturalização dos espaços e a criação de corredores verdes, que pode contribuir de forma significativa para solucionar os grandes problemas infraestruturais que hoje estão presentes na maioria dos grandes centros urbanos. Ao optar pela intraestrutura urbana verde para reabilitar espaços ociosos, admiti-se a possibilidade da construção de cidades mais sustentáveis, onde o tripé da sustentabilidade - social, econômico e ambiental - começa a se relacionar. Assim, são implantadas ações socioeconômicas, ecos-eficientes ou socioambientais que permitem a interação de fatores cruciais para a requalificação urbana Como dissemos anteriormente, a ecologia urbana possui benefícios a nível econômico, podendo ser geradora de serviços e empregos diretos ou indiretos. As áreas onde ela existe passam a ser produtivas, podendo fornecer desde recursos genéticos, medicinais e educativos, água e alimentos, até matéria prima para fabricação de elementos essenciais à vida urbana (GROOT, 2002). Além disso, as áreas verdes funcionais e com boa qualidade visual aumentam a atratividade dos espaços urbanos, seja por moradores, usuários ou turistas. Essa dinâmica cria oportunidades de investimento, o que eleva a competitividade local. Outro exemplo de benefício da implantação dos princípios da ecologia urbana nas cidades, é o crescimento do valor imobiliário com a proximidade aos espaços verdes. (BEDIMO-RUNG et al, 2005; CHIESURA, 2004) Com isto as áreas degradas que possuem grande potencial de preservação ambiental, passam a ter caráter econômico e tornam-se alvos de investimento do setor privado. Ao implantar a infraestrutura verde como modo de requalificar o ambiente, as empresas expõem a atual filosofia de preservação de recursos, sem deixar de estimular a atividade e a importância econômica da área. Assim, reabilitação urbana torna-se uma moeda de troca que conhecemos como empreendedorismo urbano.É através da interação entre os estes dois principais setores, o privado produzindo capital e investimentos e o público desenvolvendo diretrizes de intervenção, que a implantação da infraestrutura verde faz-se viável.
5. tipologias de infraestrutura urbana verde 4.2 2| Tipologias de infra-estrutura urbana verde A incorporação das diferentes tipologias de infraestrutura verde, possibilita inúmeros benefícios como: permitir a permeabilidade do solo; prover habitat para a biodiversidade; amenizar as temperaturas internas das edificações, promover a circulação de pedestres e ciclistas em ambientes confortáveis e seguros; diminuir a velocidade dos veículos; dentre outros. Segundo Cecília Herzog, paisagista ecológica e diretora do instituto Inverde - Sustentabilidade Urbana e Infraestrutura Verde, as tipologias devem ser incluídas em planejamento, e incorporadas às áreas já urbanizadas, quando houver oportunidades. Serão apresentadas a seguir, diversas tipologias que podem ser aplicadas na requalificação do espaço estudo.
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4.2.1 Pavimentos drenantes 5. 2. 1| Pavimentos drenantes
São pavimentos que permitem a infiltração e fazem a filtragem das águas, além de reduzir o escoamento superficial. Podem ser: concreto permeável, asfalto poroso, blocos intertravados, brita, pedriscos . 4.2.2 Ruas verdes e de múltiplos usos
5. 2. 2| Ruas de multiplos usos São ruas arborizadas que conciliam diversos usos além de veículos e pedestres, proporcionando ciclovias seguras e independentes do tráfego viário.
Figura 50 -Pavimentos drenantes. março/2015. Fonte: Google Imagens
Elas integram o manejo de águas pluviais, reduzem o escoamento superficial em períodos chuvosos, diminuem a poluição difusa e tem como principal função, ser conectora de parques e praças, estimulando a circulação de baixo impacto.. Estas ruas possuem o circulação viária restrita dando preferência a pedestres e ciclistas, o trânsito de veículos é apenas para atender a demanda local. São implementadas travessias bem demarcadas com diferenciação de piso.
5. 2. 3| Escolas 4.2.3 Escolas Verdes verdes
Figura 51-Ruas de multiplos usos. abril2015. Fonte: Google Imagens
As “Escolas verdes”, além de integrar a infraestrutura verde, objetiva educar os alunos e habilitá-los a participar do processo de sustentabilidade ao dar visibilidade às dinâmicas naturais.
Figura 52 -Escolas verdes. abril2015. Fonte: PORVIR.ORG
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5. 2.Agricultura 4| Agricul tura urbana 4.2.4 urbana O incentivo de áreas produtivas, como hortas comunitárias, em locais públicos tem tomado força, na medida em que o abastecimento distante aumenta o consumo de energia e a emissão de gases de efeito estufa. Além disso, o cultivo orgânico surge como uma alternativa para evitar a contaminação das águas e do solo causada pelo uso de agrotóxicos. De acordo com Cecília Herzog: Criar e aproveitar oportunidades para paisagens produtivas Figura 53 -Hortas urbanas. abril2015. Fonte:Ecodesenvolvimento.org
e mercados de produtores nas cidades tem inúmeras vantagens, dentre as quais a possibilidade de socialização e educação sobre as fontes de alimentos, que estão muito distantes dos moradores das grandes cidades. Agricultura urbana e agrofloresta são meios de desenvolver atividades econômicas integradas às potencialidades naturais locais, à conservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos em áreas urbanas (HERZOG, 2010 )
Figura 54 -Hortas urbanas. abril2015. Fonte:Ecodesenvolvimento.org
5. Urbanismo - um para ponto partida para ações 4.3 3| Urbanismo tático - umtático ponto de partida ações ade longo prazo a longo prazo
O urbanismo tático é um processo de criação de ideias com o objetivo de suprir os déficits do
planejamento local. Possui uma abordagem voluntária, gradual e pouco formal que instiga a mudança do espaço à curto prazo e com expectativas realistas. Normalmente, visa o crescimento do capital social entre a população e o fortalecimento institucional entre organizações públicas, privadas, ONGs e seus representantes. O movimento é conhecido por implementar intervenções imediatas, rápidas e baratas. Sendo que a sua associação com o planejamento a longo prazo tem sido a forma mais eficiente para a transformação eficaz dos espaços públicos ociosos. Esta é uma valiosa estratégia de recuperação das áreas urbanas degradadas. Surgiu como uma alternativa às intervenções em larga-escala, tais como a implantação de macroestruturas que se apresentam muito demoradas e requerem significativa mobilização de recursos públicos. Apesar do termo ter sido usado pela primeira vez no início do século XXI, o exemplo mais consistente do movimento surgiu no século XVI na França, quando livreiros não autorizados passaram a experimentar as margens do rio Sena como ponto de vendas. A expe64 | Fazer COM pessoas PARA ativar lugares
rimentação se mostrou tão significativa que após serem proibidos, por atrapalharem as vendas das livrarias formais, a presença dos Les Boutiquines se tornou oficial e séculos depois, em 2007, a área ocupada por eles foi tombada como patrimônio mundial da UNESCO. O exemplo de Paris, ilustra bem a perspectiva em que trabalha o urbanismo tático atual: utilizar projetos de experimentação rápidos e/ou temporários de baixo-custo, a fim de evidenciar o potencial de mudanças a longo prazo. Assim, as transformações começam frequentemente em uma pequena escala, na rua; no quarteirão ou às proximidades das residências, reafirmando que a mudança permanente começa na tentativa de promover pequenas melhorias no espaço que se vive. Deste modo, os projetos relacionados ao urbanismo tático podem ser melhorados a partir das experiências produzidas pela intervenção instantânea, atribuindo maior maturidade ao plano e ao investimento de longo-prazo. Neste contexto o Urbanismo tático modifica não só o espaço físico, mas também a relação de confiança entre os diversos grupos de interesse. De maneira que ao promover melhorias através de intervenções urbanas simples o governo evita o aumento indiscriminado dos impostos sobre imóveis e passa a estimular o crescimento econômico local, melhorando a qualidade de vida, o empreendedorismo e culminando com aumento de arrecadação geral. Além disto, o envolvimento da população fisicamente no processo de melhoria do espaço, aumenta a probabilidade de aceitação para as mudanças definitivas produzidas pelo Estado. A atribuição de novos sentidos aos lugares pela a implementação de mudanças instantâneas, cria cidades mais amigáveis, motivando a população a repensar seus hábitos por meio das diferentes trocas que estas áreas possibilitam. 4.3.1 Urbanismo táticotático - práticas de melhorias espaços públicos 5. 3. 1|Urbanismo - práticas dedos melhorias dos espaços públicos Intervenções de urbanismo tático mobilizam diversos setores da sociedade e possuem diferentes graus de formalização. São muitos os exemplos de instalações não formalizadas que se mostram adequadas ao espaço e tornaram-se definitivas. Atualmente, os parklets são as intervenções mais conhecidas e difundidas mundialmente, porém as ações de urbanismo tático se diferenciam de acordo com o contexto e demandas locais.
Parklets
Parklets Os Parklets são plataformas que funcionam como extensões das calçadas equipadas com bancos, mesas, guarda-sóis, bicicletários e outros elementos de mobiliário. Seu objetivo principal é causar uma reflexão sobre a atual configuração do espaço urbano e seu uso. Surgiram em San Francisco (EUA), no ano de 2005, como uma alternativa para transformar espaços exclusivos de estacionamento em áreas de convivência, lazer e descanso. Desde então vem ganhando espaço nas grandes cidades mundiais. No Brasil, a primeira intervenção deste tipo ocorreu no Rio de Janeiro, em 2006, e logo depois foi montada em São Paulo. Recentemente, a atividade que começou como uma forma de protesto por espaços públicos mais democráticos foi regulamentada em diversas capitais brasileiras tais como São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba e Goiânia. Fazer COM pessoas PARA ativar lugares
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parklets em goiânia
Figura(bloco) 55 - Primeiro projeto de Parklets de Goiânia, A intervenção aconteceu no final de 2014 e faz parte do movimento Ocupa Goiânia. A ação é do Stúdio Sobre Urbana e objetiva discutir a democratização do espaço público
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Todas as fotos são de autoria do Stúdio Sobre Urbana e estão disponíveis em seu perfil do Facebook: www.facebook.com/Sobreurbana/photos_stream. Acessado no dia 24 de abril de 2015
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urbanismo tático mais de perto - o exemplo de ouro preto Na cidade de Ouro Preto as intervenções tático urbanas acontecem como exercício projetual na disciplina de projeto arquitetônico II ministrada pelos professores Maurício Leonard e Monique Sanches, e também através do projeto de extensão MICROURBANISMO COLABORATIVO - coordenado por eles, para o curso de Arquitetura e Ur-
banismo - UFOP. O projeto é focado em implementar melhorias no bairro São Cristóvão e voltar os olhares da população e do poder público para a área que possui grande adensamento e está localizada sob frágil estrura geológica com iminentes riscos de desabamentos.
Figura(bloco) 56 - Ações colaborativas realizadas do bairro São Cristóvão em Ouro Preto/ MG. Os trabalhos são coordenados por professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Ouro Preto.
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As intervenções que ilustram estes trabalho aconteceram nos anos de 2013 e 2014. Possuem diferentes tipologias, todas com o objetivo de estimular a recreação no bairro. Já foram realizadas aulas de circo pelas vielas, pintura de mini quadra espor-
tiva, ofinas de mobiliário urbano e intalações de tendas de descanso e meditação nos gramados que “desenham” o bairro. Todas as ações contaram com a adesão da maior parte da população local, sendo que a participação das crianças foi de extrema importância para o sucesso das intervenções
Todas as fotos estão disponíveis no perfil pessoal do professor Maurício Leonard do Facebook: www.facebook.com/mauricio.leonard.1/media_set?set=a.3705597134151.1702219658&type=3 . Acessado no dia 24 de abril de 2015
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4.4 A infra-estrutura urbana verdeacomo ferramenta para a requalificação das áreas obsole5. 4| ferramenta para requalificação das áreas obsoleno setor Setor Sul de Goiânia tastas no sul de goiânia A requalificação proposta para o Setor Sul de Goiânia, parte do princípio de estudar o uso e a ocupação do solo e as operações urbanas da cidade, colocando como principal necessidade a criação de diretrizes urbanas voltadas para o meio ambiente. A transformação dos grande vazios urbanos em espaços públicos de qualidade ocorra, é preciso que haja um incentivo por parte da legislação urbana para a manutenção e a renaturalização dessas áreas. A ideia é trabalhar o exercício da cidadania ambiental junto à reestruturação do bairro, fazendo com que a população se reconheça no território. Assim, a solução dos problemas infraestruturais do bairro viabiliza áreas de pesquisas e restabelece os serviços ecossistêmicos na região em que a infraestrutura verde é implantada. O conceito é que o espaço se transforme em um caminho multifuncional, onde a biodiversidade do ecossistema natural e a população possam coexistir, criando espaços que, além do lazer, possam reinserir o bairro novamente nas dinâmicas mercadológicas e possibilitem a aproximação dos usuários com a natureza e seus processos. Para que essa seja uma experiência positiva, é preciso que as áreas obsoletas sejam renaturalizadas e se conectem de forma sistêmica ao parque linear existente na região. Com isso, será possível direcionar novos usos para esses espaços, preenchendo-os de vitalidade ao longo de todo o dia e afastando o sentimento de insegurança e marginalidade presente na população. Como vimos as tipologias descritas a cima, a infraestrutura verde busca reinventar a cidade, lançando mão de uma ideia inovadora que pretende mudar os rumos do Setor Sul. Ela pode reestruturar o tecido urbano, operando melhorias na qualidade de vida da população. Com isso, o Setor Sul, a partir da implantação da infraestrutura verde, incorporando o que hoje é chamado de Parque de Morar.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme analisado ao longo do texto, os princípios da cidade-jardim surgiram como alternativa para tornar as cidades europeias do séc. XIX mais salubres e confortáveis para a população, aproximando-a da natureza. O processo de urbanização nas cidades brasileiras no início do século XX, pode ser comparado ao vivido na Europa cem anos antes. Assim, urbanistas brasileiros, como Armando Godói, buscaram na experiência europeia formas de solucionar os problemas causados pelo “boom“ populacional nos centros urbanos. No caso de Goiânia, Godói optou por planejar o setor Sul de acordo com os ideais da cidadejardim, privilegiando as áreas livres verdes e a convivência entre os moradores. Tal experiência não foi implantada com sucesso devido à falta de capital para infraestrutura e à ausência de uma legislação específica que regulamentasse a ocupação do bairro. Este processo gerou o enclausuramento do espaço público e a sua degradação, tornando evidente a necessidade de reestruturação urbana do setor. No decorrer da pesquisa, são apresentadas uma série de fatos e reportagens que demonstram o distanciamento da população para com as áreas livres do bairro. Esta postura é explicada, por muitos estudiosos, devido ao caráter burguês dos moradores que tinham nos clubes e nas escolas privadas as condições ideais para a prática de esportes e lazer. Ao meu ver, a negativa populacional em incorporar esses espaços ao seu cotidiano é consequência de uma série de equívocos de planejamento urbano desde a criação do setor, em 1937, até os dias atuais. Estes erros, acabaram produzindo espaços públicos não democráticos que nunca se consolidaram como praças ou locais de convívio. Fato é que as tentativas de urbanização das praças do setor Sul não foram bem sucedidas e todas as intervenções realizadas pela prefeitura no local geraram polêmicas e desconforto aos moradores. Este quadro, levou o presente trabalho a se esquivar de uma proposta de reestruturação baseada do urbanismo convencional e a buscar um novo viés que possibilitasse a ativação das áreas livres do bairro, o urbanismo tático. Deste modo, abriu-se mão de um projeto de redesenho urbano. Para manter e reafirmar a características verdes do bairro, optou-se por utilizar a Ecologia Urbana como estratégia de recuperação, além de buscar formas de estimular a ocupação das áreas através do incentivo à cidadania. Visto que a população local, ao longo do tempo, passou a ser espectadora das decisões impostas pela economia e pela prefeitura para as áreas públicas, passando a ver o Estado como único responsável pela criação e manutenção do espaço urbano, fez-se necessário desmistificar tal conceito. Com essa perspectiva e analisando o trabalho como um todo, será enunciado um grupo de diretrizes que no decorrer da pesquisa, faz-se necessário para a qualificação dos espaços públicos no setor Sul. Estas diretrizes serão, em segundo momento, filtradas em uma cartilha, em anexo ao caderno principal, que coloca o usuário como principal agente produtor da cidade, dando a ele informações e meios de entender e modificar o espaço em que vive. Neste contexto, a cartilha tem o objetivo de possibilitar que os próprios moradores possam, por conta própria, intervir no espaço. Fazer COM pessoas PARA ativar lugares
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Da área escolhida para a intervenção: Com base nos levantamentos realizados neste estudo e expostos na cartilha, notou-se que os fluxos do bairro se concentram à noroeste da Praça do Cruzeiro. Onde está a maior parte das escolas, dos centros religiosos e culturais. Portanto, em primeiro momento, a área escolhida (praça 23) além de possuir âncoras que funcionariam como ativadores naturais do espaço, se encontrava em péssimo estado de conservação e, por sua localização, estava excluída das dinâmicas urbanas. Todas estas características justificariam a eleição da praça 23 para um projeto de intervenção, porém devido à sua configuração espacial, a área possui pouca visibilidade no contexto urbano, fato que inviabiliza projetos de urbanismo tático que tenta como objetivo chamar a atenção dos moradores locais e produzir resultados rápidos. A opção então foi selecionar outro local e desta vez a possibilidade de erros seria bem menor uma vez que a nova escolha foi feita em parceria com os arquitetos do Sobre Urbana que já trabalham e desenvolvem estudos na região. Sendo assim, o lugar de intervenção foi modificado para a área localizada entre a avenida Cora Coralina e a Viela 84 (ver mapa de localicação). Assim o novo local possui as mesmas âncoras e maior visibilidade que o anterior, proporcionando resultados mais rápidos. ÁREA DEFINITIVA ESCOLHIDA PARA INTERVENÇÃO
N
Perímetro do bairro Curso d’água
ÁREA DE INTERVENÇÃO ESCOLHIDA EM PRIMEIRO MOMENTO
Figura 57 -Esquema de localização das áreas escolhidas para a intevenção
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Das Diretrizes sugeridas para a transformação e qualificação das áreas obsoletas no setor Sul: Visto todas essas análises, o grupo de diretrizes a ser apresentado pode ser associado à uma melhoria das áreas livres no setor Sul, garantindo a inserção da infraestrutura urbana verde, a utilização dos princípios da ecologia urbana e a participação dos usuários. Elementos que no decorrer da pesquisa, entende-se como potências locais. As diretrizes serão apresentadas de maneira sintética na cartilha em anexo que procura dar a possibilidade para as pessoas intervirem no espaço a partir de ações que elas mesmas desempenhem, sob orientação das referências técnicas que embasam este estudo. As diretrizes propostas foram elaboradas para garantir um espaço de permanência seguro e agradável. São baseadas nos estudos de Jan Gehl publicados no livro Cidades para Pessoas, nas observações do sociólogo e urbanista William H. White para o livro “The social life of small urban spaces” e nos discursos de moradores do bairro que evidenciaram o perfil dos usuários e as necessidades infraestruturais do espaço em questão. Assim, propõe-se que: 1. As fachadas que compõem o espaço sejam ativadas visto que fachadas cegas, segundo reportado pela população, gera grande sensação de insegurança. Para isso é necessário estimular nestes lugares a presença de comércios de diferentes especificidades que funcionem em todos os períodos do dia e coexistam com as residências locais. Além disso, é importante a implementação normas próprias à ocupação dos lotes no setor Sul, bem como sua fiscalização. 2. Os espaços propostos devem ser seguros garantindo a separação entre o trânsito de automóveis e pedestres, criando-se vias de circulação de pedestres associadas à ciclovias e pistas de skate. 3. Os caminhos e as áreas de permanência devem ter iluminação adequada para garantir ao usuário conforto, segurança e a possibilidade de desenvolver um amplo leque de atividades no local. Desde leitura, apresentações artísticas e reuniões comunitárias, até caminhadas, corridas e esportes em geral. 4. O mobiliário urbano precisa ter boa qualidade e facilitar vários usos do espaço. Seguindo as estratégias sugeridas neste estudo, recomenda-se que o mobiliário seja projetado de maneira que interaja com o usuário. Sendo assim, para as praças do setor Sul, indica-se inicialmente a utilização de mobiliário móvel e modular, com o objetivo de deixar a cargo da população estabelecer os melhores usos e localização para o mesmo. 5. Os ambientes devem ser confortáveis e favorecer a permanência do usuário. É necessário que os espaços tenham áreas verdes sombreadas que criem um microclima adequado, visto que a cidade possui clima quente e seco durante grande parte do ano. 6. Os acessos às áreas públicas precisam de destacar no contexto urbano do setor Sul, estimulando o reconhecimento e a ocupação do espaços. 7. Sejam criados espaços em escala humana com construções e percursos na escala do usuário e equipamentos públicos bem localizados que permitam a prática de esportes e lazer, sem causar transtornos e danos às residências no entorno. 8. As praças e áreas livres carecem do máximo possível de renaturalizaçãocom a implantação de infraestruturas verdes. 9. É necessário utilizar estratégias de encorajem os moradores locais à promover mudanças na fachadas de suas residências e estimulem os empreendedores à investir de maneira sustentável nas áreas livres do bairro e em suas proximidades. Desse modo, propõe-se como uma alternativa a criação de Fazer COM pessoas PARA ativar lugares | 79
incentivos fiscais para a ocupação desses espaços. 10. Devido a seu histórico populacional de intolerância com usuários carentes e que não sejam moradores do bairro, sugere-se à prefeitura a organização de ações vinculadas à reeducação político-social no setor. Para isso pode-se elaborar uma série de atividades e campanhas públicas que vislumbrem a ocupação dos espaços livres por diferentes grupos sociais. Além das diretrizes destacadas acima, é importante que as intervenções realizadas no setor Sul atendam à algumas diretrizes gerais destacadas a seguir. 1. A comunidade deve ser a especialista. O ponto de partida é identificar pessoas que possam fornecer uma perspectiva histórica do local e informações sobre os usos recorrentes, os principais problemas e a importância daquele espaço para a comunidade. 2. O objetivo é criar lugares e não desenhos urbanos É necessário que antes de pensar no design, a preocupação seja em fazer com que as pessoas se sintam confortáveis no local. É preciso criar ambientes limpos, que garantam atividades durante todos os períodos do dia. 3. As ações não podem ser isoladas, deve-se constituir uma rede de amigos e parceiros. Eles são importantes para que seu projeto ganhe vida e esteja em evidência. 4. As pessoas da comunidade tem de estar envolvidas com o espaço, assim elas criarão vínculo com o lugar e se sentirão orgulhosas dele. Isso ajuda à manter o espaço ativo e em boas condições de uso. 5. Um bom projeto de espaço público é aquele que nunca termina A principal regra é que bons espaços públicos atendem às necessidades da população e da comunidade em que são inseridos, com isso eles estão em constantes mudanças e o que é bom hoje, pode não funcionar daqui a alguns anos. Da Cartilha para a apropriação dos espaços públicos do setor sul de Goiânia: A cartilha apresentada como anexo a este estudo, foi a maneira encontrada para fazer com que a população se reconheça como agente produtor e modificador do espaço urbano, uma vez que as intervenções estatais nem sempre atendem as necessidades da população ou, muitas vezes, não se sabe à quem recorrer para pedir melhorias. Tentou-se simplificar alguns conceitos preestabelecidos e propor alternativas para o problema de esvaziamento das áreas públicas do setor sul. Para isso, criou-se um guia para que comunidades, associações de bairros e coletivos possam interferir de maneira eficiente no espaço público ao invés de esperar alguma ação do governo. Apesar de ter selecionado uma área para receber as intervenções, entende-se que ao indicar apenas diretrizes para o espaço, é aberta a possibilidade desse guia ser utilizado nas demais áreas que carecem de alguma mudança, sendo adaptado às necessidades de cada ambiente. Além isso, deixo a cargo da população decidir as configurações, as quantidades e a localização das infraestruturas a serem implantadas, afinal ninguém melhor que o usuário para moldar o projeto de acordo com o desejo da comunidade.
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