co.criar W2-3 Sul

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co.criar

W2-3 Sul

Espaço Compartilhado de Produção Criativa Camila Garrido



co

criar

W2-3 Sul

Espaço Compartilhado de Produção Criativa Camila Garrido

Universidade de Brasília Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação Diplomação 2 1/2018 Orientador Ricardo Trevisan


agradecimentos

À minha mãe que, desde meus primeiros passos até grandes conquistas como essa, esteve ao meu lado me apoiando e compartilhando tudo comigo. À minha família, sempre maravilhosa e importante em minha vida. Ao meu amor por toda a compreensão com tanto tempo de #formamila. Aos meus queridos amigos, em especial os da FAU, que tantos desafios enfretamos juntos. Ao professor Ricardo Trevisan por todo esse ano de aprendizado e de grande dedicação ao meu trabalho. Esse trabalho concretiza um grande sonho.


sumário

06 07 08 11 14 16 18 20 24

apresentação introdução justificativa economia criativa brasília criativa movimento maker espaços compartilhados de trabalho estudo de casos referências projetuais

26 28 30 33 36 40 76

a via W3 localização terreno legislação o projeto co.criar referências bibliográficas


apresentação

Este material consiste no Trabalho Final de Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília. Reúne embasamento teórico, estudo do local, análises temático-tipológicas e todo o desenvolvimento do projeto.

O tema escolhido para esse TFG é um espaço

compartilhado de criação e trabalho que estimule a produção criativa e a cultura na cidade de Brasília, mais especificamente na avenida W3 Sul, assim como a requalificação urbana de uma quadra da avenida.

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introdução

Brasília, a nova capital, foi projetada no final dos anos

que buscam transformar elementos da cidade em pro-

sa edificação visa a permitir o encontro de profissionais

1950 tendo como um dos objetivos principais gerar o de-

dutos comercializáveis e que corroboram na criação

de diversas áreas para compartilhar conhecimentos e

senvolvimento e o povoamento da região central do país.

dessa “cara” de Brasília, potencializando e contribuindo

experiências.

À época, o Brasil passava por um processo de desequi-

para o sentimento de pertencimento e orgulho dos que

líbrio regional, com grande êxodo rural e movimentos

aqui habitam.

migratórios. Enorme canteiro a céu aberto, milhares de

Como objetivos específicos têm-se: • compreender as novas dinâmicas de produção, es-

pessoas foram atraídas para o Planalto Central em busca

Buscando favorecer este nicho de mercado, o ob-

timulando o movimento “faça você mesmo”, no qual

de emprego e de novas oportunidades.

jetivo principal desse TFG é criar um espaço comparti-

o consumidor passa a ser criador de seus próprios

lhado de criação, de uso público, na avenida W3 Sul que

objetos;

Devido à diversidade cultural e social e pela pre-

estimule a criatividade, possibilitando o crescimento

sença de pessoas dos quatro cantos do país, Brasília bus-

da economia criativa por meio do empreendedorismo,

cou consolidar sua identidade multifacetada e rica ao

além da transformação urbana em uma quadra, reto-

• proporcionar aos moradores de Brasília um espaço

longo dos anos, reflexo desse processo migratório.

mando a urbanidade do locus e que qualifique positiva-

para cursos, palestras, workshops e eventos sobre

mente esse espaço do Plano Piloto. Deseja-se criar um

temas que auxiliem no crescimento profissional e

Hoje, ao considerar gerações aqui nascidas, pode-

espaço acessível aos produtores desse setor, sem que

pessoal destes;

-se afirmar que a capital possui uma identidade. Identi-

os mesmos arquem com o custeio de seu aluguel. Toda

dade essa observada na ação de diversos microempreen-

gestão do espaço ficará a cargo do Governo do Distrito

dedores, produtores locais, artesãos, marcas, coletivos

Federal, suas Secretarias e de programas de incentivo à

e eventos (BSB Memo, Verdurão, Picnik, Feira Livre, etc)

pesquisa e inovação (FAP-DF). Além disso, a criação des-

• promover a consciência e o equilíbrio ambiental por meio do reuso de materiais e transformação destes;

• requalificar e enfatizar a avenida W3 Sul como potencial lócus urbano-cultural; e • estimular a produção de artefatos que traduzam a identidade de nossa cidade.

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justificativa A intenção de realizar um projeto destinado à criação em

que sua materialidade possibilitasse não apenas a fun-

de seu caráter cultural, servindo assim como modelo e

Brasília se justifica pelo crescimento da Economia Cria-

ção administrativa (ser a capital do país), como também

ponto de partida para a requalificação dos demais tre-

tiva, mesmo com o cenário de crise econômica no país

propiciasse o início de outras atividades produtivas (in-

chos da avenida.

desde 2014, e pela presença de uma gama de profissio-

dústrias, comércio, serviços, educação etc.). Atualmen-

nais qualificados nessa área: arquitetos, comunicadores,

te, percebe-se a demanda por locais que, nos moldes das

designers, engenheiros de software, artistas, produto-

novas formas de produção e trabalho do séc. 21, como o

ção a ser dotada de uma oficina de criação, semelhan-

res, e artesãos.

compartilhamento e a troca de experiências, ofereçam

te ao Fab-lab1 que estimule o Movimento Maker2, todo

maior capacitação e condições para fomentar a criação

o aparato necessário; salas com mesas compartilhadas;

e a inovação.

ateliers de criação; salas de convivência, auditório e

Como já pontuado, Brasília busca consolidar sua

Sendo assim, propõe-se o Co.Criar, uma edifica-

demais espaços necessários para alcançar os objetivos

identidade e um dos caminhos encontrados parte de

propostos.

profissionais que se apropriam de características mate-

riais, como arquitetônicas e urbanísticas, para desenvol-

dos de trabalho - conhecidos ao redor do mundo como

ver produtos, realizar eventos e conectar pessoas, exal-

Coworkings - apresentarem uma grande procura por

tando a cultura da cidade.

parte de jovens profissionais recém-formados que ne-

busca pela criação, inovação e fomento da cultura local,

cessitam de espaços de trabalho a baixo custo.

funcionando assim como uma oficina criativa gratuita.

Apesar de todas as transformações ocorridas, consolida-se cada vez mais a identidade simbólica da capital do Brasil. Desde o nascedouro, Brasília representava a possibilidade de criação de uma nova alternativa de cidade que pudesse consolidar-se e expandir-se para atender satisfatoriamente suas funções, superando os problemas emergentes dos centros urbanos brasileiros. (LEITÃO et al., 2009, p. 202)

Nascida como algo singular, traçada e edificada

com uma linguagem própria, Brasília abriu caminho para

8

Soma-se a isso o fato de espaços compartilha-

Ademais, pensa-se tal edifício como um local para

Para viabilidade de tal empreendimento, sugere-se que O projeto também busca melhorar um problema

a gestão e manutenção do Co.Criar serão realizadas pela

urbano de Brasília: a situação de degradação e contínuo

Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação

declínio da avenida W3 Sul: calçadas quebradas e sem

em parceria com a Secretaria de Cultura e a Secretaria

manutenção, edifícios subutilizados, fachadas descuida-

de Estado de Gestão do Território e Habitação.

das, iluminação insuficiente no período noturno e pouca atratividade. Trata-se de um dos maiores eixos de conexão viária e antigo polo comercial e cultural. Esse último aspecto foi importante na escolha, pois a intenção é recuperar um trecho dessa importante avenida, a partir

1 Tradução para fabrication laboratory (laboratório de fabricação). É uma pequena oficina de fabricação digital, geralmente equipada com impressoras 3D, plotter de recorte, ferramentas de marcenaria, entre outros equipamentos. 2 Esse movimento tem como base o princípio de qualquer pessoa poder construir, consertar, criar e modificar diversos tipos de objeto.


co.criar =

economia criativa

cultura local

movimento maker

inovação

9


compartilhar colaborar criar 10


economia criativa Desde a Revolução Industrial, a civilização passa por

tendido de forma mais simplória, dissociado de sua con-

transformações de maneira mais acelerada. A forma de

cepção crítica original. Ela combina criação e produção

criatividade podem ser divididas em três grandes áreas:

produção, antes artesanal, tornou-se de larga escala, ba-

podendo assumir a forma de produtos ou serviços, pro-

1. A criatividade artística, que envolve a imaginação e a

seada em métodos como o Fordismo, com divisão das

movendo a diversidade cultural e um acesso mais demo-

capacidade de gerar ideias originais e novas manei-

etapas de trabalho e replicação de um mesmo objeto an-

crático à cultura.

ras de interpretar o mundo, expressa em texto, som

tes realizado artesanalmente por um único indivíduo. A

Para OLIVEIRA et al. (2013) as características da

e imagem.

própria obra de arte passou por transformações e come-

O seguinte passo na transformação da produção

2. A criatividade científica, que envolve curiosidade e

çou a ser replicada. A imprensa, o cinema, o design de

aconteceu com o surgimento da Internet e das tecnolo-

uma vontade de experimentar e fazer novas cone-

produtos e a propaganda ganharam importância, fazen-

gias de informação e comunicação aliadas à globaliza-

xões em resolução de problemas.

do com que os padrões de consumo sofressem grandes

ção. Com o tempo, o interesse por ideias e conhecimen-

alterações e fortalecessem a cultura de massa.

to foi crescendo.

3. A criatividade econômica, que é um processo dinâmico conducente à inovação em tecnologia, práticas de negócios, marketing, e está intimamente ligada à

Cultura e economia estreitaram suas relações,

Nessa direção, a Economia Criativa ganha rele-

obtenção de vantagens competitivas na economia.

dando origem à indústria cultural na década de 1940. O

vância a partir dos anos 2000, mas com diferentes sen-

termo indústria cultural foi primeiramente utilizado por

tidos. Por abranger diferentes áreas e profissionais, sua

teóricos da Escola de Frankfurt, liderados por Theodor

definição varia ao redor do mundo e seu conceito en-

teligência. A criatividade envolve a capacidade de sin-

Adorno e Max Horkheimer, como uma forte crítica ao

contra-se em constante evolução.

tetizar. Ela é uma forma de peneirar dados, percepções

entretenimento e à cultura de massa. Sugeria uma con-

De acordo com FLORIDA: “A criatividade não é in-

e materiais para criar algo novo e útil” (apud UNCTAD,

tradição de dois opostos: a cultura como forma de pre-

servar a história e tradições de um povo ou grupo de

devemos compreender o que é a criatividade, apesar da

pessoas; e a indústria como parte do capitalismo que visa

difícil redução de todas as suas implicações em um só

ao lucro e à venda de produtos para a maior quantidade

conceito.

de é entendida como a capacidade inventiva, podendo

Para entender melhor o que é a Economia Criativa

de consumidores possível, replicando o objeto. A indús-

Para o desenvolvimento do trabalho, a criativida-

ser desenvolvida por qualquer pessoa e que resulte em

tria cultural subvertera o caráter ideológico da cultura e

a transformara em uma forma de manipular a massa, por

como:

meio de filmes e produtos que geram uma sensação de

1)

Qualidade ou estado de ser criativo.

satisfação de maneira ilusória.

2)

Capacidade de criar ou inventar; engenho, enge-

nhosidade, inventiva.

Atualmente, o conceito de indústria cultural é en-

2012, p. 11).

No dicionário Michaelis, criatividade é definida

uma ideia, em um produto ou em uma solução para algum problema existente.

Após a compreensão da definição de criatividade,

partimos para o entendimento do que é a Economia Cria-

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tiva. OLIVEIRA et al. (2013) a definiram como o conjunto

3. Mídia: podem ser publicações, livros, imprensa ou

de Economia Criativa como parte do Ministério da Cul-

de atividades econômicas que dependem do conteúdo

parte do audiovisual - como cinema, televisão e rádio

tura objetivando a formulação, implementação e moni-

simbólico – nele incluída a criatividade como fator mais

-, todos objetivando a geração de comunicação.

toria de políticas que tivessem a cultura como principal

expressivo para a produção de bens e serviços, guardan-

4. Criações funcionais: são atividades de criação de bens

do estreita relação com aspectos econômicos, culturais

e serviços com fins funcionais. Entre eles têm-se:

e sociais que interagem com a tecnologia e propriedade

• design: interiores, gráfico, moda, joias e brinquedos;

intelectual.

• new media: software, games e conteúdo digital criativo;

ponto estratégico e que apoiassem profissionais e empreendimentos criativos.

É importante ressaltar a criatividade do povo bra-

sileiro como um forte elemento da cultura do país. A

John Howkins define Economia Criativa, confor-

• serviços criativos: arquitetura, publicidade, P&D, ser-

capacidade de improvisação frente a contextos não fa-

me citado por MADEIRA (2014, p. 54), como uma econo-

viços digitais e outros serviços criativos relacionados.

voráveis e a habilidade em adaptar objetos a situações

mia em que as pessoas passam grande parte do tempo

adversas é algo muito significativo de nossa população.

tendo ideias, não quaisquer umas, mas aquelas que ge-

O público alvo a ser contemplado pelo Co.Criar é

Somos um povo que se reinventa diante de cenários de

ram produtos comercializáveis.

aquele enquadrado nos grupos 1, 2 e 4 acima menciona-

crise e que rapidamente busca soluções para a obten-

dos (Patrimônio, Artes e Criações funcionais) dos quais

ção de renda, fato muito importante para compreender

este trabalho destaca o envolvimento de profissionais

o crescimento do nicho criativo na economia do país no

como artesãos, artistas, arquitetos e designers e suas

atual estágio.

O termo “economia criativa” apareceu em 2001 no livro de John Howkins sobre o relacionamento entre criatividade e economia. Para Howkins, “a criatividade não é uma coisa nova e nem a economia o é, mas o que é nova é a natureza e a extensão da relação entre elas e a forma como combinam para criar extraordinário valor e riqueza”. (UNCTAD, 2012, p. 9)

relações com a cidade e o contexto urbano.

(...) o mercado de trabalho formado pelo núcleo criativo é composto de 810 mil profissionais ou 1,7% do total de trabalhadores brasileiros, sendo o segmento de arquitetura e engenharia o de maior representatividade, seguido de publicidade e design e, em seguida, do segmento da moda. Há 243 mil empresas no núcleo da indústria criativa no Brasil, que geram R$ 110 bilhões anuais, o equivalente a 2,7% do PIB nacional, participação superior à de alguns países europeus como Itália e Espanha. (MADEIRA, p. 188)

Já os Setores Criativos são definidos pelo Plano

da Secretaria da Economia Criativa do Ministério da Cul

O documento desenvolvido por OLIVEIRA et al.

tura do Brasil como “aqueles cujas atividades produtivas

(2003) adota um modelo que divide a economia criativa

têm como processo principal um ato criativo gerador de

em 4 grandes grupos: patrimônio, artes, mídia e criações

um produto, bem ou serviço, cuja dimensão simbólica é

funcionais:

determinante do seu valor, resultando em produção de

1. Patrimônio: reúne aspectos culturais que se relacio-

riqueza cultural, econômica e social”. (BRASIL, 2012, p.

nam com a história e influenciam na criatividade. Po-

22). Ou seja, para ser definido como parte da Economia

dem ser expressões culturais - como artesanato, fes-

Criativa, o produto deve gerar renda, lucro.

tivais e celebrações - ou podem ser locais culturais - como sítios arqueológicos, museus, bibliotecas, etc.

Os dados acima explicitam o potencial da Eco-

nomia Criativa como fonte de crescimento econômico, No Brasil, esse setor econômico aparece como

geração de emprego e maior participação na economia

2. Artes: dividido em artes visuais - como pintura, es-

preocupação de planos estatais para diversificação da

global. Uma forma de exacerbar a cultura e a identidade

cultura, fotografia, etc - e artes performáticas - como

economia, fortalecimento da cultura e valorização dos

brasileiras, driblando os problemas causados pela crise

música, teatro, dança, etc.

produtos de exportação. Em 2012, foi criada a Secretaria

econômica que atingiu o país em 2014 e que reverbera

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até os dias atuais. A economia criativa é um conjunto de segmentos dinâmicos, cujo comércio mundial cresce a taxas mais elevadas do que o resto da economia. Produtos e serviços que contêm criatividade e conhecimento não foram tão afetados, mesmo durante a crise. (DISTRITO FEDERAL, 2015)

Para o desenvolvimento do projeto, entende-se a

Economia Criativa como atividades que se originam na criatividade, no conhecimento simbólico e intangível, utilizam-se da cultura e tecnologia, e que se desenvolvem com o objetivo de ser fonte de renda para profissionais ou empresas.

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brasília criativa A Economia Criativa tem sido aliada à economia das ci-

e diretrizes para a formação de uma Cidade Criativa. A

favorece o investimento em produção criativa e no for-

dades, de onde surge o termo Cidade Criativa. Descreve

Unidade de Vizinhança de Lucio Costa propunha a pre-

talecimento de sua cultura e identidade.

vários tipos de atividades culturais que funcionam como

sença de equipamentos como cinema, clube, comércio

elementos importantes para o funcionamento econômi-

local, centro religioso e escolas de diferentes níveis e

co e social da cidade.

propostas pedagógicas, nas quais os alunos teriam con-

que têm a criatividade como principal elemento para a

tato com diversas artes. Tudo isso envolto por muito

produção de bens e serviços correspondem a 1,5% dos

verde e baixa densidade. Algo que pouco se reverberou

empregados formais de Brasília e somam 22,6 mil pesso-

para expansão da capital para as cidades-satélites.

as.

A noção de “cidade criativa” é mais ampla do que a noção de “economia criativa” e “classe criativa”. Ela enxerga a cidade como um sistema integrado de diversas organizações e um amálgama de culturas nos setores público, privado e comunitário. Ela afirma que, em um período de drásticas mudanças, cada um dos diferentes órgãos em uma cidade precisa se tornar mais inventivo e trabalhar em conjunto para abordar os desafios; caso contrário, eles andarão para trás. (UNCTAD, 2012, p. 13).

Os números mostram que Brasília tem grande potencial e ocupa o terceiro lugar do ranking do chamado PIB criativo, atrás apenas de São Paulo e Rio. Na comparação com a pesquisa anterior, o DF apresentou uma elevação de 20,4% no número de postos de trabalho da área. (AGÊNCIA BRASÍLIA, 2017).

“Recentemente, Brasília foi incluída na rede de

Cidades Criativas da Unesco, categoria Design. A concentração de uma juventude conectada, com alta qualificação e cosmopolita, inspira a criação de clusters de profissionais para uma economia criativa.” (CRUZ;LE-

Ademais, o conceito estimula o protagonismo dos

MOS, 2017). A capital recebeu o título de Cidade Criativa

habitantes da cidade. A criatividade não é pertencente

pela Organização das Nações Unidas para a Educação,

apenas aos artistas ou atores da Economia Criativa, mas

Ciência e Cultura (Unesco) e é a segunda do Brasil na

a qualquer pessoa que pense em soluções para os pro-

categoria de design, junto com Curitiba.

blemas de maneira inventiva.

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Em sua origem, Brasília já destacava princípios

Hoje a população do Distrito Federal é caracteri-

zada pela alta qualificação de sua mão de obra, fato que

Segundo o Jornal de Brasília (2015) os profissionais

Diversos eventos e coletivos surgiram na cidade

com o objetivo de estimular a produção criativa e dar maior visibilidade aos produtores locais. Um exemplo é o Picnik, evento de moda, arte, música, gastronomia e várias outras atividades, o qual já realizou diversas edições em Brasília e no entorno.


Feira de expositores no Picnik no Parque da Cidade. Foto: Faquini

A busca pela valorização da cultura brasiliense e

A arte e a cultura podem ser dinamizadas, fazendo de Brasília um ambiente rico, criativo, diversificado e atraente do ponto de vista do entretenimento, do conhecimento, da arte e da cultura. (DISTRITO FEDERAL, 2015, p.11).

pela consolidação de uma identidade própria da cidade está diretamente relacionada ao conceito de Civic Pride. Não se trata de apenas ter orgulho de onde se vive, mas de conectar os habitantes, criar um senso maior de comunidade e valorizar as pessoas, afinal são elas que fazem da cidade um ambiente mais vibrante, dinâmico e com maior qualidade para se viver. Dessa forma, os cidadãos sentem-se convidados a repensar a cidade e seus problemas, tentando torna-la cada vez melhor. Atração para crianças no Picnik no Parque da Cidade. Foto: Faquini

Esse movimento ganha força com a ocupação de

áreas livres da capital, com a promoção de eventos, festas e feiras. Exemplos são: festivais gastronômicos que ocorrem no Eixão Norte e no Parque da Cidade; projeções de cinema em espaços como o setor comercial; shows de música na praça do Museu da República; feiras de produtores locais, que ocorrem em diversos pontos

Visando contribuir para o estabelecimento de

Brasília como cidade criativa, o projeto do Co.Criar irá revitalizar um trecho da avenida W3 Sul, dispondo equipamentos públicos que estimulem o protagonismo dos habitantes da cidade, possibilitando a realização de eventos que já existem e de novos que objetivam expandir a valorização e produção local. Por meio de espaços públicos de qualidade como praças, ruas compartilhadas e locais de encontro e permanência, retoma-se a urbanidade de um eixo tão importante na configuração urbana da capital.

da cidade; lojas colaborativas que tornam mais democrático o acesso dos clientes a produtos feitos em Brasília, Cine Conjunto: cinema ao ar livre. Foto: André Zimerer

entre diversos outros.

15


M

ovimento aker

O Movimento Maker se baseia no pensamento que qual-

de precisão de pequeno porte e CNC de grande porte. É

quer pessoa pode criar, consertar e alterar objetos com

necessário também ter um dia aberto ao público, para

suas próprias mãos. Se assemelha ao “faça você mesmo”,

que todos possam usar as máquinas – proposta a ser

mas costuma ser associado a projetos que dependem da

ampliada no projeto do Co.Criar.

tecnologia, enquanto o “faça você mesmo” engloba qualquer tipo de produto.

Segundo Dale Dougherty “um makerspace pode

Whitby Makerspace. Fonte: SITU Studio

ser visto como uma combinação de oficina mecânica, Surgiu na década de 1970, mas foi só nos anos

estúdio de arte e laboratório de computação, mas é fun-

2000 que ganhou força com o surgimento da Revista

damental encará-lo como um espaço de trabalho, não

Make3 e da Maker Faire4. A Internet e a Era do comparti-

um local para só passar o tempo.” (ESTADÃO, 2017).

lhamento contribuíram para disseminar a cultura maker de maneira simples e acessível.

O Co.Criar incorpora o conceito do Movimento Maker, visto que contará com um espaço de criação

Espaços destinados a esse tipo de produção são

(makerspace) aberto ao público, com todo o maquinário

chamados de makerspaces. São espaços como laborató-

necessário, tornando mais democrática a criação de di-

rios e ateliês compartilhados que oferecem o maquiná-

versos objetos, ressaltando o protagonismo da popula-

rio e as ferramentas necessárias para o desenvolvimento

ção no desenvolvimento de objetos.

das criações. São parecidos com os Fab Labs, mas segundo o blog Fazedores, estes últimos se distinguem pela rigorosidade em apresentar 5 tipos de máquinas: impressoras 3D, cortadora à laser, cortadora de vinil, CNC5 3 Revista publicada pela primeira vez em 2005 que duas vezes por mês apresenta dezenas de projetos de tecnologia “faça você mesmo”. 4 É uma feira que acontece em diversos lugares do mundo como um evento de celebração da cultura maker e vitrine de inovação. 5 A máquina CNC (comando numérico computadorizado) é

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Brasília Fab Lab. Fonte: fashionbubbles.com

controlada por um sistema de comandos numéricos que objetiva a fabricação de peças complexas, seriadas ou de grande precisão. Facilitou e tornou mais rápido o processo de produção de produtos.

Makerspace no acampamento de verão da Escola Fessenden, EUA. Fonte: fessendensummercamps.org


Indie Warehouse

Casa Quilha

SebraeLab Alcatéia Coworking

Makerspace CTJ

The Brain

Manifesto Coworking Espaço 365 Brasília Fab Lab

Marco Zero 55Lab.co OPEN Coworking IPÊ Coworking Virtual Escritório

Nube Hub

BSB Coworking

Espaço Território Criativo BrOffices

Co-Piloto

co.criar Espaço D

N

Mapa de espaços compartilhados de criação e trabalho em Brasília Espaços de coworking Espaços maker

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espaços compartilhados de trabalho Os espaços compartilhados de trabalho são conhecidos

desses espaços em todo o país é a crise econômica in-

ao redor do mundo pela denominação Coworking. Como

ternacional de 2008/2009 que afetou o Brasil anos mais

o próprio nome indica, são espaços compartilhados por

tarde (2014) e, consequentemente aumentou a busca por

diversos profissionais, mesmo que não possuam relação

espaços com baixo custo de aluguel.

direta. A intenção é a otimização do espaço de escritório e dos bens e equipamentos ali dispostos, além da

promoção de interação e colaboração dos mais variados

maneira de trabalhar mudou. Devido ao surgimento da

profissionais e empresas, por meio da conexão e troca

Internet, das novas tecnologias e da globalização, orga-

de conhecimentos. São espaços majoritariamente utili-

nizações tiveram que alterar a configuração de sua for-

zados por profissionais autônomos e pequenas empre-

ma de trabalhar. Atualmente, há uma grande busca por

sas.

estruturas horizontais, nas quais não existe uma posi-

Além de uma questão econômica, nota-se que a

ção de chefia tão clara, em que a liberdade de criação e

O termo Coworking surgiu em 1999, criado por

Bernie DeKoven, caracterizando um método de trabalho

comunicação é maior e a flexibilização da produção é o objetivo principal.

colaborativo. Foi só em 2005 que o termo foi utilizado pelo engenheiro de software Brad Neuberg para descre-

Os Coworkings são espaços que se caracterizam

ver um espaço físico: uma comunidade de trabalho cria-

principalmente pela produção de conhecimento, infor-

da com alguns amigos em um apartamento em São Fran-

mação e ideias inovadoras, utilizando novas tecnologias.

cisco, Estados Unidos da América, e que também recebia

O conhecimento é o grande protagonista e se desen-

outras pessoas que precisavam de espaço para trabalhar.

volve especialmente por meio do design e da Economia Criativa, visto que seus espaços são pensados de forma

No Brasil, os espaços compartilhados surgiram

em 2007 e até março de 2017 eram aproximadamente 810 por todo o país, segundo o Censo Coworking Brasil 2017. Só nesse ano houve um crescimento de 114% em relação a 2016.

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Um importante fator do crescimento do número

a estimular a criatividade e interação dos diferentes agentes. (...) os coworking spaces podem ser definidos por ambientes que possibilitam o desenvolvimento de negócios, da colaboração da geração de networking, da expressão individual, coletiva, organizacional e da interação, tendo como base os valores do compartilhamento, da flexibilidade, da abertura para novas

oportunidades, de um modelo mental propício para a economia criativa, colaborativas e para a inovação, sendo muito mais que um espaço físico gerador de facilidades estruturais para o desenvolvimento de negócios. (CAMPOS, J.G. et al, 2015, p.20)

Segundo MORISET (2013, p.7) “além de sua dispo-

sição, o coworking é primeiro uma atmosfera, um espírito e até um estilo de vida.”. A intenção do projeto em questão é que essa atmosfera se espalhe por toda a quadra 515 e atinja o contexto urbano, extrapolando os limites de uma edificação.

Visto que o Co.Criar será um espaço destinado

aos agentes criativos da cidade de Brasília, ele também será configurado como um espaço de trabalho compartilhado. Entende-se que essa configuração de locais de trabalho estimula a interação e troca de conhecimentos dos seus usuários, que é um dos objetivos propostos pelo projeto. A intenção é que espaços flexíveis, permeáveis e com mobiliário adequado, encorajem a criação e a inovação.


Sinergia Cowork Palermo | Montevidéu, Uruguai. Foto: Marcos Guiponi

Coworking Agora | Berlim, Alemanha. Foto: Franz Brueck.

Co-Working Office | Barcelona, Espanha | APPAREIL. Foto: José Hevia

co.criar Nimbi | São Paulo, Brasil | Melina Romano Interiores. Foto: Denílson Machado

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estudo de casos

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FAB LAB Livre SP

Inovação e Tecnologia da Prefeitura de São Paulo e o Instituto de Tecnologia Social (ITS Brasil), que é responsável pela gestão dos laboratórios. Áreas socialmente vulneráveis e com maior circulação de pessoas foram priorizadas para a localização dos Fab Labs. Dessa maneira, são espaços abertos e acessíveis a qualquer pessoa que tenha interesse por aprender mais, desenvolver Fonte: Fab Lab Livre SP.

Consiste na maior rede de laboratórios públicos de fabricação digital do mundo, com 12 unidades em diferentes regiões da cidade de São Paulo. Segundo o site do Fab Lab Livre SP, são: (...) espaços de criatividade, aprendizado e inovação acessíveis a todos interessados em desenvolver e construir projetos. Através de processos colaborativos de criação, compartilhamento do conhecimento, e do uso de ferramentas de fabricação digital, o Fab Lab Livre SP traz à população de São Paulo a possibilidade de aprender, projetar e produzir diversos tipos de objetos, e em diferentes escalas. (FAB LAB LIVRE SP)

Foi firmado um convênio entre a Secretaria de

e criar novos projetos.

Produtos gerados no Fab Lab. Fonte: Fab Lab Livre SP.

Os laboratórios objetivam fomentar o desenvolvi-

mento de ideias criativas e inovadoras para benefício da comunidade e preparo para novas oportunidades profissionais. Apresentam impressoras 3D, cortadoras a laser, plotter de recorte, fresadoras CNC, computadores com software de desenho digital CAD, equipamentos de eletrônica e robótica, e ferramentas de marcenaria e mecânica.

O diferencial do Fab Lab Livre é o fato de serem

laboratórios públicos. São um exemplo de como a gestão conjunta de diferentes agentes públicos pode promover o sucesso do Co.Criar.

Crianças visitando um dos espaços. Fonte: Fab Lab Livre SP.

21


MALHA

O espaço físico tenta refletir todos esses princí-

pios, inicialmente por utilizar uma estrutura existente de um armazém de planta livre e pé-direito de 9 metros de altura, com telhas translucidas que permitem a iluminação natural. Foram dispostos 42 contêineres marítimos com seis usos diferentes como escritórios, salas de reunião e pequenas lojas. Os espaços vazios entre os módulos permitem a apropriação de diversas formas como desfiles, debates, exibição de filmes, etc. Área central da MALHA | Foto: Ilana Bessler

Atelier compartilhado da MALHA | Foto: Ilana Bessler

Local: Rio de Janeiro, Brasil

trativa, área de convivência, salas de reunião, escola e

Ano: 2016

salas multiuso. O espaço pode abrigar até 250 pessoas

Área: 2950 m²

que pagam mensalmente para uso do galpão.

A Malha foi criada para ser uma plataforma inovado-

ra no mundo da moda. É definida por Monteiro (2017) mesmo teto toda a cadeia produtiva: criadores, empre-

O que chama a atenção no projeto é a configura-

ção dos espaços vazios que possibilitam diversos usos, além da presença de espaços compartilhados de traba-

Área central | Foto: Ilana Bessler

lho e de criação, que aproxima a MALHA do projeto em

endedores, produtores, fornecedores e consumidores.”.

questão. Os pontos negativos são a falta de relação com

É também um espaço de coworking e fábrica compar-

o contexto urbano, já que se trata do reuso de um galpão

tilhada, uma escola e laboratório de experimentação,

que se fecha para o restante da cidade; e a ausência de

uma comunidade. A busca é pela convivência de diversas

aberturas que propiciem a ventilação natural.

marcas, tanto grandes quanto pequenas, para que revejam seu papel no mercado e se beneficiem com a estrutura em rede.

22

rio, estúdio fotográfico, estúdio de costura, showroom, restaurante/café, cozinha compartilhada, área adminis-

Arquitetos: Tavares Duayer Arquitetura

como “um clube de fazedores de moda, abrigando sob o

O programa é composto de espaços de escritó-

Escritório | Foto: Ilana Bessler


Vila Flores Vistas externas | Foto: Lauro Rocha, Fernando Banzi

Local: Porto Alegre, Brasil

a interação e diálogo entre as diferentes áreas do conhecimento. Cada iniciativa contribui com uma mensalidade, que permite à associação ter recursos para gestão cultural, administração, manutenção, e zeladoria dos espaços comuns. (PORTAL VITRUVIUS, 2016)

Arquitetos: Flavia Tenan, Guilherme Tanaka, Gonzalo Sarnago, Maria Cau Levy, Pablo Urquiza, Rodrigo Oliveira, Rodrigo Gonzaga e Sofia Bicca Ano: 2014 Área: 2330 m² Um complexo arquitetônico composto por três edifica-

com o objetivo de tornar um patrimônio da cidade de Porto Alegre em um espaço compartilhado com os prin-

ções, apresentações, exibições e diversos eventos e atividades elaborados por artistas; • Pátio: espaço de encontro ao ar livre; • Miolo: espaço educativo no térreo comercial de um dos edifícios destinado a cursos, palestras, oficinas,

cípios: ocupar, trabalhar, viver e conviver.

O projeto está sendo desenvolvido de maneira co-

laborativa entre a comunidade, os utentes do conjunto e a Goma Oficina6, com a finalidade de o conjunto tornar-se um centro de cultura, educação e economia criativa. A Associação Cultural Vila Flores nasceu em 2014, quando o complexo começou a acolher iniciativas de pequenos empreendedores e artistas que desenvolvem atividades próprias de sua área de atuação e que, além de gerir o espaço coletivamente, desenvolvem projetos compartilhados que promovem 6 A Goma Oficina Plataforma Colaborativa é um coletivo de arquitetos e artistas associados, que desde 2010 trabalha com frentes interdisciplinares.

O conjunto dispõe de espaços comuns:

• Galpão: espaço multiuso no qual acontecem exposi-

ções e um pátio aberto construído em 1928 passou por um processo de transformação pelos últimos 6 anos,

Fachada frontal | Foto: Lauro Rocha, Fernando Banzi

etc. Todas as atividades devem se adequar a quatro eixos

Área interna | Foto: Lauro Rocha, Fernando Banzi

norteadores: arte e cultura; educação; empreendedorismo e arquitetura e urbanismo.

Com relação a aspectos técnicos, os dois prédios

mais antigos possuem 3 pavimentos que em conjunto com um galpão conformam o pátio, totalizando em 2332m² construídos. A requalificação dos edifícios se baseou na adaptação do uso às demandas contemporâneas, por meio do restauro das fachadas externas e elementos originais e pela melhoria da infraestrutura como circulação, acessibilidade e demais aspectos funcionais. Perspectiva em desenho | Fonte: Goma Oficina

23


referĂŞncias projetuais

24


Co-Working Office | Barcelona, Espanha Foto: José Hevia

Nimbi | São Paulo, Brasil Foto: Denílson Machado

Residência KS | Natal, Brasil Foto: Joana França

It’s Sara | Tailândia Foto: Ketsiree Wongwan

NEX Coworking Rio | Rio de Janeiro, Brasil Foto: Luciano Mendes

Nimbi | São Paulo, Brasil Foto: Denílson Machado

Estúdio de Design Clarks Originals | Reino Unido Fonte: Arro Studio

CS 639 | Cidade do México, México Fonte: ZD+A Arquitectos

25

NEX Coworking Rio | Rio de Janeiro, Brasil Foto: Luciano Mendes

Pracinha Oscar Freire | São Paulo, Brasil Fonte: Zoom Arquitetura

Bistrô Bom Demais | Brasília, Brasil Foto: Joana França


a via W3 Em sua concepção, a avenida W3 foi prevista por Lucio

nalmente no sentido norte e sul com uma extensão total de cerca de 12km, apresentando grandes diferenças configuracionais e de uso entre os trechos norte e sul. (BRANDÃO, 2009, p. 4)

Costa como uma via de serviços, na qual prevaleceria a circulação de caminhões e veículos responsáveis pelo abastecimento dos comércios e oficinas locais e dos po-

museus, teatros e praças temáticas, após pesquisa com 500 pessoas além de processos de observação comportamental dos transeuntes da avenida. O estudo nunca chegou a ser efetivado.

mares e hortas que deveriam existir na faixa hoje ocupa-

Por sua importância como eixo conector da cida-

da pelas residências geminadas das superquadras 700s.

de (Plano Piloto) e desse polo central com outras Regiões

Exemplos bem sucedidos, como o Espaço Cultural Renato Russo (508 sul), o Teatro da Escola Parque (307/308 sul) e o Teatro dos Bancários (314/315 sul) confirmam a tendência e a vocação para a cultura que poderá ser explorada em um projeto de revitalização da avenida. (BRANDÃO, 2009, p. 13).

Administrativas (RAs), diversas propostas de revitaliza

Com a alteração de uso nas 700s para o residen-

ção foram realizadas.

cial, a W3, que se desenvolveu primeiramente no lado sul, perdeu sua configuração de via de serviços e tornou-se

Em 1982, uma associação de comerciantes enco-

uma via de acesso às casas e ao comércio. Dessa forma,

mendou ao arquiteto Antonio Carlos Gomes um projeto

se transformou no principal centro comercial do Plano

cuja diretriz principal era transformar a via em um sho-

ciona a Escola Perestroika7, o Espaço Cultural Renato

Piloto ainda na década de 1960, concentrando atividades

pping horizontal.

Russo, espaços culturais menores, teatros, bibliotecas

Alguns equipamentos como o Pavilhão, onde fun-

e galerias de arte revelam como esse atributo cultural

culturais, comerciais e de serviços, em um período no qual os comércios locais das superquadras ainda não es-

Em 2002, a Secretaria de Desenvolvimento Urba-

vem sendo aplicado em áreas da W3 Sul, mesmo sem o

tavam estabelecidos e os shoppings eram inexistentes.

no e Habitação (SEDUH) promoveu o “Concurso Público

comando institucional do poder público. Equipamentos

Nacional de Ideias e Estudos Preliminares de Arquitetu-

que atraem não apenas o público para suas atividades

Nos anos 1970, com abertura do Conjunto Nacio-

ra e Urbanismo para Revitalização das avenidas W3 Sul

como a abertura de outras atividades (ateliers, oficinas

nal e com a inauguração do ParkShopping, no início dos

e Norte” organizado pelo IAB. O edital primava por es-

de artes etc.) ao longo de sua extensão. Nesse sentido,

anos 1980, a via entra em um processo de declínio e seu

paços mais atraentes, com conforto aos usuários, maior

o projeto Co.Criar busca contribuir para esse processo,

estado de degradação é crescente nas décadas seguin-

acessibilidade e com novas atividades e áreas comer-

trazer maior vivacidade e estimular a revitalização desse

tes. Muitos estabelecimentos fecharam e os usos foram

ciais. Foram apresentadas 22 propostas.

espaço urbano do Plano Piloto, enfatizando seu caráter

cultural e de criação.

modificados o que ocasionou desuso dos espaços públicos próximos – calçadas e praças nas 700s - e a conse-

quente desvalorização imobiliária. Mas sua conformação

da FAU-UnB Frederico Flósculo e equipe composta in-

de via de ligação ainda se faz importante.

clusive por um grupo de psicólogos. A ideia norteadora

bano e Meio Ambiente elaborou um documento sobre

baseava-se na transformação da avenida em um “cor-

a revitalização da avenida W3 em 2009, partindo de ob-

redor cultural”, incentivando a instalação de cinemas,

7 A Perestroika é uma Escola Livre de Atividades Criativas com sede em 5 capitais brasileiras.

A Avenida W3 é um dos eixos estruturadores do Plano Piloto de Brasília e atravessa a cidade longitudi-

26

A proposta ganhadora foi liderada pelo professor A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ur-


servação das condições atuais do lugar, de discussões com técnicos da administração pública e da sociedade organizada, especialmente os empresários e comerciantes estabelecidos na Avenida e as lideranças comunitárias da Asa Norte e Asa Sul.

São considerados quatro pontos de atuação no

documento Revitalização da Avenida W3 (GDF/SEDUMA, 2010, p. 5) como estratégias para a revitalização: 1. Intervenções sobre o espaço público. 2. Requalificação das edificações. 3. Revisão das normas de uso do solo. 4. Implantação do sistema de transporte. O documento sugere, a partir da proposta ganhadora do concurso de 2002, sobretudo intervenções sobre o espaço público, as seguintes diretrizes: • novo desenho viário para a via W2 sul; • requalificação das calçadas voltadas para a W3; e • intervenção nos entreblocos do Setor Comercial Residencial Sul - SCRS (becos das quadras 500 da Asa Sul). Não obstante o crescente movimento, o caráter de “fundo de loja” permaneceu ao longo dos anos. Ainda que a maioria dos estabelecimentos comerciais apresente aberturas para a Avenida W2, os espaços destinados aos pedestres encontram-se mal conservados e obstruídos por veículos irregularmente estacionados. (GDF SEDUMA, 2010, p.8)

Todos os pontos anteriormente destacados do

documento serão levados em consideração na tomada de decisões da intervenção a ser realizada na quadra 515 da avenida W3 Sul.

27


localização do projeto Partindo do desejo de estimular e consolidar a produção

criativa de Brasília, a escolha por um terreno de acesso

xas de trânsito de veículos separadas por um canteiro

facilitado a todos os moradores do Distrito Federal foi

central com estacionamento, resultando em uma lar-

primordial. Por isso escolheu-se o terreno localizado na

gura de 30 m. À frente da W3, encontram-se as super-

via W3 Sul, mais precisamente na quadra 515. Tal aveni-

quadras residenciais 700s, que margeiam a avenida com

da apresenta alta conectividade com o restante da me-

lotes de residências unifamiliares com gabarito de até 2

trópole, visto que é um grande corredor de ônibus, com

pavimentos. Adjacente à avenida estão as quadras 500s

um total de 82 linhas apenas na porção sul da W3 de um

de uso misto, com edificações geminadas de até 3 pavi-

total de 860 linhas em todo o DF. A avenida também é

mentos e com uso exclusivamente comercial no térreo.

próxima de estações de metrô do Eixo Sul, que conec-

Posterior às 500s estão as quadras residenciais 300s, se-

tam o Plano Piloto às cidades Guará 1, Taguatinga, Águas

paradas pela via W2 com largura de 15 m, que funciona

Claras, Ceilândia e Samambaia. Ademais, o acesso é pos-

principalmente como acesso e estacionamento aos que

sível por diferentes modais como o transporte público, o

buscam os serviços presentes nas 500s.

A avenida tem sua configuração baseada em 6 fai-

carro, a bicicleta (ciclovia) e o passeio a pé.

Outro fator importante é a tentativa de revitaliza-

Devido à candidatura de Brasília como cidade de

ção de espaços adjacentes à via, como já vem acontecen-

jogos da Copa do Mundo de Futebol em 2014, foi reali-

do nos últimos anos. Retomar a qualidade desses espa-

zado um projeto de implementação do VLT (veículo leve

ços é fundamental para que se aumente a urbanidade da

sobre trilhos) ao longo de toda a avenida, onde hoje exis-

cidade de Brasília, promovendo mais uso pelos cidadãos

te o canteiro central, projeto esse que caso seja realiza-

e favorecendo a economia local que atualmente encon-

do contribuiria para a conformação da W3 como um dos

tra-se em situações não satisfatórias.

principais eixos conectores da cidade.

A proposta do Co.Criar não se limita à uma edifi-

Além da acessibilidade e conectividade elevada, a

cação. A intenção é revitalizar toda a quadra 515 como

escolha por um terreno na via W3 Sul também se deu

espécie de módulo a ser adaptado e replicado ao longo

pela presença de diversos equipamentos culturais, como

de toda a avenida W3 sul.

teatros, bibliotecas, centros culturais e galerias de arte.

28

Copyright © Free Vector Ma


via W3

via W3

N

Mapa de localização Área de intervenção

29


terreno O terreno escolhido para a implantação da edificação é composto por 4 lotes adjacentes na quadra 515 sul. Encontram-se desocupados e apresentam uso atual irregular de estacionamento de veículos. Buscando atrair mais pessoas para a região, o projeto realiza uma intervenção urbana em toda a quadra 515, com redesenho ur-

Vista do terreno a partir da W3

bano das vias, calçadas e espaços públicos, com intenção de iniciar um processo de requalificação urbana de toda a avenida W3 Sul.

A partir de 1975, a norma de gabarito das quadras

500s possibilita a construção de até 3 pavimentos em toda a extensão do lote, podendo abranger dois ou mais lotes com acessos independentes aos pavimentos superiores e térreo destinado ao uso comercial. Nos pavimentos superiores é permitido o uso residencial, comercial, prestação de serviços, institucional e industrial

Vista do terreno a partir da W2

de pequeno porte. Especificamente, a 515 é composta por 3 blocos com 16 lotes de 5x40m cada e por 2 lotes entre blocos de 4 x 9m. O edifício será realizado em 4 lotes, totalizando em um terreno de 20 x 40m.

Vista do beco a partir da W2

30


SHIGS 715

SHIGS 714

CRS 514

CRS 515

avenida W3

via W2

SQS 315

Mapa de Localização e Uso do Solo Residencial Misto Comercial Institucional

CLS 315/314

N

SQS 314


SHIGS 715

SHIGS 714

CRS 514

CRS 515

avenida W3

via W2

SQS 315

CLS 315/314

SQS 314

N

Mapa de Gabaritos Até 3m Até 6m Até 7m Até 9m Até 10m Até 18m


legislação

Para os lotes escolhidos na SCRS 515, determina-se: •

Afastamento: 3m nos fundos (via W2)

Coeficiente de aproveitamento: 4,00

Altura máxima de edificação: Definida pela cota

de coroamento •

A marquise é obrigatória, nos blocos do CRS, ao

longo da via W3 de 3,00m, assim como a galeria de 3,00m ao longo da W2. •

A taxa de ocupação e taxa de permeabilidade não

Lote com dimensões 40x20m e altura definida pela cota de coroamento (10m)

Afastamento obrigatório de 3m

são definidas. Todos os critérios anteriores serão mantidos, exceto a altura máxima, pois a cobertura será ocupada, como um terraço para realização de eventos, para encontros e como uma área de respiro de toda a edificação.

Marquise obrigatória de 3m nas fachadas frontal e posterior

33


SQS 315

N

Mapa de Hierarquia Viรกria Via arterial Via coletora Via local

SHIGS 714

CRS 514

CRS 515

SHIGS 715

SQS 314


SHIGS 715

SHIGS 714

CRS 514

CRS 515

avenida W3

via W2

SQS 315

CLS 315/314

SQS 314

N

Mapa de Mobilidade Pontos de ônibus Principal fluxo de ônibus Principal fluxo de pedestres


o projeto

36


37 Perspectiva da fachada noroeste (via W3)


troca

38

integração

permeabilidade


diretrizes de projeto

Visando requalificar a W3 e traduzir o referencial teóri-

co em um projeto baseado nos conceitos propostos, são

tados, as diretrizes para revitalização do espaço serão:

definidas diretrizes:

• novo desenho viário da via W2, com transformação

Como soluções aos problemas urbanos apresen-

em uma via compartilhada, segundo os princípios do

As diretrizes para a edificação a ser construída

são: • térreo com vão livre e permeável; • espaços flexíveis e integrados; • permeabilidade visual; • funcionalidade;

Shared Space, com veículos, bicicletas e pedestres dividindo a rua; • requalificação das calçadas de todo o perímetro da quadra; • realocação das faixas de pedestres considerando os principais fluxos de pedestres;

• uso de iluminação e ventilação naturais;

• novo mobiliário urbano e iluminação pública;

• presença de reservatório de águas pluviais;

• uso de fachada ativa; e

• elementos de proteção para controle de incidência

• transformação do lote da EQS 516/515 em uma praça

solar nas fachadas; e

com estacionamento no subsolo;

• ambiente que estimule a criatividade;

39


co.criar As aceleradas transformações pelas quais o mundo pas-

criativa, com arquitetura contemporânea e novas formas

a insolação e garantir o conforto térmico e luminoso,

sou nas últimas décadas mostram que a relação do ser

de utilização é entendida como um primeiro passo na

conferem dinamicidade ao projeto. A fachada noroeste,

humano com os lugares nos quais realiza as atividades

transformação e revitalização das outras edificações e

voltada para a avenida W3 apresenta uma segunda pele

cotidianas não é mais a mesma. Edificações têm seus

vazios adjacentes, de toda a quadra e de toda a avenida

formada por blocos de concreto que é configurada como

usos alterados muito rapidamente e espaços públicos

W3.

uma parede de cobogós, protegendo da insolação, mas

são apropriados de maneiras diversas. Antigas edifica-

permitindo a ventilação. A fachada sudeste, voltada para

ções, bairros, fábricas, indústrias, portos e becos foram

O terreno escolhido é adjacente a um beco, nor-

a W2 é mais fechada, dotada de pequenas aberturas de-

sendo abandonados conforme o tempo passara e as de-

malmente dotado de empenas cegas, um espaço estrei-

vido ao programa interno do edifício. Por fim, a fachada

mandas eram alteradas. Nos últimos anos percebe-se a

to, sem atrativos, que dificulta a permeabilidade visual e

voltada para o beco é a mais permeável, com varandas

recorrência da transformação de espaços inutilizados ou

proporciona uma sensação de insegurança para os que

acessadas pelos pavimentos internos e vedadas por es-

subutilizados em novos polos de encontros, de produção

por ele passam. A proposta busca reverter a concepção

quadrias de vidro que funcionam como portas, permi-

criativa, de produção e exposição artística e de reaviva-

pejorativa que muitos habitantes de Brasília têm sobre

tindo a comunicação entre os usuários do beco e os do

mento do que já não existia mais.

os becos. Com fachadas ativas, aberturas voltadas para

co.criar.

o beco, iluminação e diferentes usos, o projeto busca

Cidades em todo o mundo buscam requalificar ou

transforma-lo em um espaço de permanência e pas-

modificar seus espaços, com o intuito de valorizar a es-

sagem agradável, atrativo, seguro e iluminado. O novo

uma grande área livre que permite diversas apropria-

cala do pedestre, o encontro da população e a realização

beco é dotado de parede verde, graffiti de artistas locais,

ções, uma loja colaborativa destinada ao que se produz

de atividades, mesmo que temporárias e efêmeras. Os

um deck de madeira com mobiliário urbano e paisagis-

nos demais pavimentos, vestiários e um balcão de in-

espaços urbanos estão sendo cada vez mais estudados e

mo, sendo transformado em um local de encontro.

formações para os visitantes. No primeiro pavimento é

priorizados.

O programa é composto no pavimento térreo por

onde ocorre a oficina criativa, dotada de espaço de ate

É buscando conectar a avenida W3, a via W2 e o

lier, Fab Lab com todo o maquinário para a criação e mo-

A conformação da W3 com edifícios geminados

beco que surge o edifício do co.criar. Com térreo livre

vimento maker, um espaço de descompressão e descan-

dotados de marquises, calçadas largas e a presença de

por meio do uso de pilotis, os conceitos se materializam

so e duas salas de auditório com mobiliário flexível que

fachadas ativas no nível térreo, juntamente com o gran-

em um espaço amplo de passagem e permanência, ga-

podem ser configuradas em uma única grande sala com

de fluxo de pessoas que transitam pela avenida devido

rantindo uma maior permeabilidade e maior destaque ao

a abertura da divisória. O segundo pavimento é o espaço

a seu caráter conector, demonstram seu potencial em

eixo conector desde a quadra 715 até a quadra 315 Sul.

de coworking, com mesas compartilhadas, salas priva-

retomar a importância que apresentava nos anos 1960.

das, salas de reunião, copa e área para descompressão

40

O projeto de uma edificação voltada à economia

O edifício apresenta forma de um prisma retan-

e descanso. A cobertura foi apropriada como um espa-

gular ortogonal e as aberturas e soluções para diminuir

ço para eventos e confraternizações, além de apresentar


um café com vista para o céu de Brasília. A utilização da

cobertura independe do restante do edifício, visto que

mada em um polo de compartilhamento, troca de expe-

foi criada uma escada no beco, ligada ao terraço por uma

riências, manifestações artísticas, exposições e eventos.

passarela em estrutura metálica, permitindo um acesso

O simples percurso rotineiro se transforma em algo di-

máforos e faixas de pedestre são necessárias quando

que não atrapalhe a logística de funcionamento do co.

vertido, estimulando a permanência dos pedestres em

os veículos automotores são os protagonistas da rua,

criar em dias de evento.

espaços que hoje se configuram como espaços apenas

com a subversão dessa prioridade, a sinalização não

de passagem.

precisa existir e todos devem estar mais atentos aos

Por meio da criatividade a quadra será transfor-

pra que as pessoas entendam que não se trata de uma rua comum; •

Toda a estrutura da edificação é em concreto ar-

Ausência de sinalização. Placas de velocidade, se-

movimentos alheios;

mado aparente, com pilares circulares e lajes nervura-

O projeto segue duas vertentes principais que se

das, linguagem e material predominantes na arquitetura

desdobram em diretrizes:

Eliminar o meio-fio. O espaço para automóveis, pedestres e ciclistas deve estar no mesmo nível, permitindo que moradores – em especial crianças – te-

da capital. No terraço, a cobertura é de madeira CLT com o devido tratamento ao clima da cidade e seus módulos

1. Rua compartilhada

conferem maior dinamicidade ao edifício.

Priorizando o pedestre, o trecho da via W2 que

nham maior liberdade de movimentação; •

Pavimento único. Calçada e rua deixam de existir e

passa pela quadra 515 é transformado em uma via com-

tornam-se uma única superfície que garante maior

Como dito anteriormente, a proposta deste pro-

partilhada. Pedestres, ciclistas e veículos automotores

liberdade de movimento a todos os utentes;

jeto é a transformação da quadra 515 Sul, priorizando os

transitam sobre a mesma faixa pavimentada que não

pedestres e objetivando a retomada da utilização da ave-

apresenta divisões entre calçada e faixa de rolagem para

sentar elementos que façam as pessoas dirigirem

nida W3 Sul com qualidade. A nova configuração busca

os veículos. As sinalizações e os meios-fios também so-

mais devagar e com mais atenção;

estimular um maior fluxo de pessoas e a requalificação

mem da paisagem e a circulação fica mais fluida para

de espaços públicos que promovam mais encontros e

aqueles que costumam sofrer com o desenho urbano e a

espaço permitido aos veículos. Pessoas com algum

possibilitem a realização de diversas atividades, buscan-

predominância dos carros em Brasília, os pedestres. Essa

tipo de deficiência visual ou dificuldade de mobili-

do um aumento da urbanidade8. Hoje, a avenida encon-

transformação objetiva a retomada da rua como espaço

dade não se sentem confortáveis em espaços muito

tra-se deteriorada, com diversos edifícios subutilizados,

público e o sentimento de pertencimento das pessoas

livres e podem sofrer acidentes por não ser possível

gerando pouca atratividade aos transeuntes. Há pouca

com relação à cidade e aos espaços destinados a elas.

identificar a movimentação de outras pessoas. Então,

manutenção, pouca iluminação e uma concentração de

Incorporar uma faixa com piso tátil e separada do

uma faixa próxima às edificações será equipada com

atividades diurnas, fatos que contribuem para a baixa

utilização e sensação de insegurança no período notur-

Shared Space:

no.

8 Urbanidade entendida como a boa relação entre pessoas e edifícios, com espaços que propiciem a vivacidade.

Usar medidas de traffic calming. A rua deve apre-

piso tátil e demais demarcações que facilitem sua lo-

A reconfiguração segue os seguintes preceitos do Fazer uma clara distinção de onde inicia e onde termina a área compartilhada. A distinção deve ser feita

comoção e permanência no espaço; •

Estacionamentos devem estar presentes intermitentemente na rua. Essas áreas devem estar marca-

41


das com elementos físicos como diferente pavimen-

fruir dos espaços urbanos de diversas formas. (PA-

tação e separadas ao longo da rua para que o carro

CHECO, 2016)

não seja o elemento predominante; •

Incorporar mobiliário e paisagismo. Esses elemen-

Além da rua compartilhada, o estacionamento pú-

tos tornam a rua mais atraente e proporcionam espa-

blico existente entre a quadra 515 e a 516 Sul foi transfor-

ços de descanso e permanência. A quadra será dota-

mado em uma praça multifuncional dotada de marquises

da de diversos equipamentos urbanos, como bancos,

que acompanham os principais fluxos de pedestres. Para

bicicletários, lixeiras para coleta seletiva e ilumina-

suprir as vagas retiradas pela modificação da praça, pela

ção pública.

mudança da via W2 e pela instalação do VLT na W3, o subsolo da nova praça será dotado de dois níveis de ga-

2. Rua viva

ragem com acesso único pela lateral. A praça permite a

O incentivo à implantação de fachadas ativas no

realização de diversos eventos, como cinema ao ar livre,

pavimento térreo de todas as edificações voltadas à via W2 e ao beco, por meio de instrumentos urbanísticos, busca transformar a quadra em um local mais atrativo e mais seguro, com diferentes estabelecimentos comerciais e com mais olhos voltados para a rua.

Há ainda o estímulo para que sejam criadas insta-

lações artísticas permanentes ou temporárias ao longo da quadra, assim como intervenções urbanas realizadas pela própria comunidade local, para que a apropriação cultural ocorra, com maior participação da população. Dessa forma, a quadra pode adquirir uma identidade, atrair mais visitantes e reforçar o sentimento de pertencimento dos habitantes da região e de toda a cidade. Um bom espaço público é aquele que reflete a diversidade e estimula a convivência entre as pessoas sem esforço, que cria as condições necessárias para a permanência, que convida as pessoas a estarem na rua. É a vitalidade dos espaços que atrai as pessoas e vai fazer com que escolham ou não ocupá-los, e o que garante essa vitalidade é a possibilidade de usu-

42

feiras, exposições, etc.


43


Isométrica explodida do co.criar

Terraço +10,00

Segundo pavimento +6,65

Primeiro pavimento +3,30

Térreo +0,00

44


45 Perspectiva do beco


N

46

Planta | Implantação e cobertura esc. 1:250



N

Planta baixa | Térreo esc. 1:250 nível +0,00 1 - Depósito da loja 2 - Loja Colaborativa 3 - Vestiário feminino 4 - Vestiário masculino 5 - Banheiro PNE 6 - Balcão de informações

48


1

2

3

4 5

6


N

Planta baixa | Primeiro Pav. Oficina criativa esc. 1:250 nível +3,30 1 - DML 2 - Descompressão 3 - Banheiro feminino 4 - Banheiro masculino 5 - Banheiro PNE 6 - Atelier 7 - Fab Lab 8 - Auditório 1 9 - Auditório 2

50


1

2

3

4 5

6

7

8

9


N

Planta baixa | Segundo Pav. Coworking esc. 1:250 nível +6,65 1 - DML 2 - Descompressão 3 - Banheiro feminino 4 - Banheiro masculino 5 - Banheiro PNE 6 - Mesas compartilhadas 7 - Salas de reunião e salas privadas

52


1

2

3

4 5

6 7


N

Planta baixa | Terraço Café esc. 1:250 nível +10,00 1 - Banheiro Feminino 2 - Banheiro masculino 3 - Banheiro PNE 4 - Balcão café 5 - Cozinha 6 - Mesas 7 - Área descoberta para eventos

54


1 2 4 6

3 5 7


+10,00

+6,65 +3,30 +0,00

Corte AA esc. 1:250

+10,00

+6,65 +3,30 +0,00

Corte BB esc. 1:250

56


+10,00

+6,65 +3,30 +0,00

Corte CC esc. 1:250

+10,00

+6,65 +3,30 +0,00

Corte DD esc. 1:250

57


+10,00

+6,65 +3,30 +0,00

Corte EE esc. 1:250


Fachada Noroeste (vista W3) esc. 1:250

Fachada Suldeste (vista W2) esc.1:250



Cobertura em madeira CLT Pilares metálicos com acabamento preto e tubulação para queda da água pluvial Guarda-corpo metálico com acabamento preto Piso elevado Lajes nervuradas em concreto aparente Fachada com blocos de concreto Esquadrias com caixilho metálico preto e vidro transparente

Pilares circulares em concreto aparente

Tirantes para sustentação da marquise

Marquise em concreto aparente

Corte Ampliado esc.1:50


Vista da loja colaborativa


Vista do atelier

Vista do Fab Lab

Vista do auditĂłrio

Vista da decompressĂŁo do primeiro pav.


Vista do coworking

Vista do coworking

64 Vista da descompressĂŁo do segundo pav.


Vista do café

65 Vista do café


66


Perspectiva do beco


Isométrica da quadra 515 Sul praça multifuncional com estacionamento nos 2 níveis de subsolo

requalificação do beco

co.criar

estacionamentos com vagas a 0º dispostos intermitentes para redução da velocidade dos veículos

quiosques para lanchonetes e banheiros públicos dispostos ao longo da via

transformação da via W2 em uma rua compartilhada

68

mobiliário urbano cria áreas de permanência


69 Perspectiva da fachada sudeste (via W2)


N

Planta da quadra 515 Sul


Corte Urbano AA esc. 1:1000

Corte Urbano BB esc. 1:1000


72


73 Perspectiva da rua compartilhada na via W2


Isométrica explodida da praça com 2 níveis de garagem

Praça +0,00

1º Subsolo -3,00

2º Subsolo -6,00

74


75 Perspectiva da praรงa


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