Centro de educação Infantil - Entrega Preliminar

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JUSTIFICATIVA OBJETIVOS Objetivo Geral Objetivos Específicos

1.1. Experienciar a escola 1.1.2 Ambiente escolar e suas configurações 1.1.3 Papel da escola na inclusão social 1.1.4 Arquitetura escolar 1.2. A criança e a experiência 1.2.1 Percepção: Espaço e Lugar 1.2.3 A criança como indivíduo

2.1 Creche D.S / Hibinosekkei + Youji No Shiro 2.2 jardim de Infância Fuji– Takaharu Tezuka 2.3 Creche Shichigahama Tohyama - Takahashi Ippei Office 2.4 Escola Básica Nossa Senhora da Cruz do Sul / Baldasso Cortese Architects 2.5 Taka Tuka Land – Baupiloten

3.1. Condicionantes 3.1.1 Levantamento do entorno 3.1.2 O Terreno 3.2 condicionantes naturais e físicos 3.2.1 Legislação vigente 3.2.2 Programa 3.2.3 Partido


[INTRODUÇÃO] A infância é uma fase importante de desenvolvimento na vida de um ser humano; é na infância onde ocorrem os primeiros contatos com o mundo. É quando aprendemos a andar, falar, sentir os diferentes sabores dos alimentos. Como vai ser educada na primeira infância, determinará a pessoa e a cidadã que essa criança vai ser.

A proposta do trabalho é então o projeto de uma escola de educação infantil, que favoreça e estimule o conhecimento e a aprendizagem, e que permita incorporar métodos pedagógicos distintos. A escola atenderá berçário e primário, afim de suprir a demanda desse equipamento na cidade de Sertãozinho, no bairro Jardim Santa Clara, que possui a demanda de 120 crianças no berçário, e 210 crianças de 4 a 6 anos, segundo a Diretora de Departamento da Educação infantil Carla Pessoa em entrevista à autora. Além disso, criar um espaço que receba todas os usuários com equidade; pois a igualdade só é pressuposta quando temos indivíduos iguais, com personalidades, ambições e histórias iguais. Por equidade, entendemos que, através da pluralidade de culturas, experiências e indivíduos diferentes, construímos um lugar onde, respeitando as individualidades de cada um, alcançamos uma educação justa e digna à todas as crianças. Para tanto, investigar as relações entre criança x espaço, através do estudo de percepções sensoriais, relações humanas e teorias pedagógicas, afim de projetar uma escola de educação infantil, que visa auxiliar o processo de aprendizagem intelectual e psicológica, além de estimular o convívio social de crianças com necessidades especiais. Para tanto, a pesquisa será dada através de cinco capítulos, começando pela experiência, passando pela escola e a criança e a escola de educação infantil, seguido pelo projeto arquitetônico, com seus detalhamentos e peças gráficas. Por fim temos as considerações finais e a bibliografia. O primeiro vai tratar da perspectiva da experiência, como funciona seu desenvolvimento, as percepções sensoriais ao longo de seu desenvolvimento e como a criança percebe e interage com o ambiente escolar. Também é estudado a influência que ele tem sobre o desenvolvimento e aprendizagem da criança. No capítulo dois temos as pesquisas de referências projetuais, trazendo projetos importantes, de grande qualidade espacial e educacional. O objetivo deste capítulo é


exemplificar graficamente, a teoria apresentada no capítulo um, além de servir de base para referências para o projeto arquitetônico que virá ao final do presente estudo. No capítulo três temos o levantamento morfológico da área, apresentando a área de implantação do projeto, o entorno e suas características. Além disso, também temos o conceito e o partido para o projeto, explicando todo o processo criativo no qual foi pensado o projeto.

1.da experiência [O AMBIENTE ESCOLAR] O ambiente educacional tem grande influência no processo de aprendizagem de uma criança. Kowaltowski (2011), pontua que há um crescente número de estudos sobre a relação direta que o espaço construído tem sobre a aprendizagem dos alunos. Sanoff (2001b) destaca o poder que o espaço físico tem “de organizar e promover relações entre pessoas de diversas idades, promover mudanças, escolhas e atividade e [...] potencial de despertar diferentes tipos de aprendizado social, cognitivo e afetivo.” (Sanoff, 2001b. Apud. Kowaltowski, Doris C. C., p 162, 2011) Para incentivar esse constante processo de aprendizagem, é necessário que haja um espaço totalmente adequado para a criança, que não seja apenas para o desenvolvimento lógico e racional, mas também um espaço de afeto e acolhimento. Um ambiente transigente, vivo, dinâmico e estimulante. Quando interagimos com o lugar, construímos memórias afetivas com o mesmo. Essa sensibilidade deve ser levada em conta no momento de projetar ambientes tão importantes quanto o ambiente escola. A qualidade desse lugar pode determinar como a criança interage com o mundo e com o outro; a criança exposta a diferentes estímulos, experiências e vivências, carrega instrumentais para vivenciar o mundo de forma mais plena. O ambiente escolar tem como qualidade a segurança, o potencial de ser saudável, com lugares diversificados, favorecendo a formação de um indivíduo mais preparado para enfrentar o mundo. Quando pensamos em um ambiente escolar, logo o relacionamos com um ambiente coletivo que, além da criança temos o professor, funcionários administrativos, entre outros, cada um com a sua particularidade. Sendo assim, como incluir os usuários no processo de elaboração do projeto é uma importante questão a ser debatida.


Segundo Melo: “(Devemos) Olhar a escola como um espaço em constante mudança considerando os dois lados, o oficial que define a organização da instituição, e do outro os alunos, professores e funcionários que criam intervenções próprias transformando a escola num cenário dinâmico que se constrói diariamente.” ( MELO, 2012 pg):

A grande problemática começa no momento da configuração das escolas. Podemos dizer que, na maioria das escolas Brasil afora, há uma grande dificuldade de projetar o ambiente escolar. Há, na maioria dos casos, uma tendência a repetir os mesmos modelos, que por sua vez estão presentes há anos ao longo da história. Muitas vezes, (digo por experiência própria), as escolas tem, em cada período, crianças com idades diferentes dividindo o mesmo ambiente escolar. Isso não seria um problema se, ao invés dessa configuração uniforme, o projeto previsse soluções que permitissem uma flexibilidade espacial, com mobiliários diferentes, e que pudesse ser adaptado para acolher cada faixa etária de acordo com suas necessidades, para um melhor aproveitamento do ambiente escolar para a aprendizagem da criança. Segundo a professora Doris C. C. Kowaltowski, as salas de aula atuais “não passam de um monte de cadeiras voltadas para um quadro-negro e uma mesa de professor bem imponente em cima de um tablado.” (Kanitz, 2000, p 21. Apud. Arquitetura Escola, Doris C. C. Kowaltowski, p 161, 2011) Ela diz que essa configuração desmotiva o aluno e valoriza a autoridade. Essa configuração não permite olhar para os colegas de classe e trocar ideias, o que prejudica o relacionamento interpessoal. Ela aponta que: “As condições espaciais qualificam o tipo de relações estabelecidas, pois o que se busca desenvolver são relações interpessoais, responsáveis pela construção de vínculos sociais e culturais marcantes e que podem ser facilitados ou não pela configuração espacial.” (Taralli, 2004b. apud. Kowaltowski, 2011. p. 162) Segundo a arquiteta Mayumi Souza Lima, em seu livro “A criança e a percepção do espaço”, essa configuração é histórica. Ao olharmos para o passado, vemos que as escolas dos anos 60, por exemplo, seguiam, arquitetonicamente falando, um modelo referencial e os conceitos pedagógicos da época; exemplificavam claramente a hierarquia e o modelo de sociedade que era seguido naquele momento. A posição da diretoria por exemplo, ficava em um local específico que garantisse que as salas fossem sempre vigiadas, de maneira a manter o controle sobre tudo que acontecia na escola. A alta rigidez do espaço era evidenciada pelas carteiras sempre enfileiradas, luz natural


sempre a esquerda e o quadro negro, como dito anteriormente, sempre a frente. No exterior, os muros altos que desestimulavam a atenção para o mundo lá fora, que, segundo ela, ajudava a manter um maior controle disciplinar perante aos usuários. Portanto, vemos essas configurações hierárquicas, autoritárias e desestimulante até os dias de hoje, segundo Kowaltowski: “Apenas dos diversos estudos que comprovam a necessidade de inovação, a maioria das escolas ainda apresenta o criticado modo de ensino tradicional, que utiliza os espaços de forma pouco criativa.” (Arquitetura Escola, Kowaltowski, Doris C. C. p. 161, 2011) Ainda segundo Kowaltowski, em um senso feito pelo Instituto de Pesquisas Educacionais (INEP/MEC 2006) revela que 13% da população apontam como ruim o estado dos prédios escolares. Por isso, é preciso criar em contrapartida de um espaço com mesas e cadeiras, impessoal e tedioso, algo que estimule as percepções e o desenvolvimento infantil.

[O PAPEL DO AMBIENTE ESCOLAR NA INCLUSÃO SOCIAL] Como sabemos, garantir a pluralidade, não só no ambiente escolar, mas na sociedade como um todo, é o que garante uma interação mais igualitária e justa. Porém, no ambiente escolar essa necessidade se faz mais urgente. Nenhuma criança nasce com preconceitos, os adquire com o passar do tempo, onde o principal motivo se dá na ausência do convívio com as diferenças, uma realidade em nosso país. Como lidamos com as diferenças nos primeiros anos de vida de uma criança, muda sua visão de sociedade de maneira avassaladora, e forma um cidadão mais íntegro, que lida com o outro com muito mais respeito e dignidade. “A escola pode perpetuar preconceitos, mas também pode desconstruí-los. Essa é uma tarefa para os(as) gestores(as) e educadores(as) comprometidos(as) com os direitos humanos.” (O PAPEL DA ESCOLA PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA – CASTILHO, Ela Wiecko V.; sem data.)


Além das pessoas envolvidas diretamente com o ensino, o arquiteto tem grande importância neste processo, visto que o edifício deve receber a todos, sem distinção, sempre incorporando a inclusão no processo de produção da arquitetura.

[ARQUITETURA ESCOLAR] Como dito anteriormente, o processo de projeto deve envolver os usuários, pois ninguém melhor que a própria criança para apontar suas necessidades e desejos para o ambiente escolar ideal. O papel do arquiteto é mediar esses anseios e solucionar essas questões inerentes a educação, em um projeto que acolha os usuários e auxilie no processo de aprendizagem. Segundo Kowaltowski, Sanoff (2001b) defende alguns princípios para o projeto escolar, como: ambiente estimulante lugar para ensino em grupo, conectar exterior com interior, segurança, variedade espacial, interação com o ambiente externo, permitir modificações flexibilidade, espaços comunitários e personalizados, entre outros. O ambiente escolar e sua configuração arquitetônica é diretamente influenciado pelo método pedagógico implementado. Sendo assim, como vimos anteriormente, o sistema educacional autoritário e hierárquico produziu uma arquitetura sem identidade e uniforme, sem levar em consideração o conforto do usuário, em muitos casos. Já currículos alternativos, característicos dos métodos educacionais mais contemporâneos, segundo Kowaltowski (2011), são mais abertos a mudanças, visto que há possibilidade de uma planta mais livre, com mais flexibilidade espacial, as conhecidas “escolas sem paredes”, que integram alunos, mestres e o ambiente de ensino, juntamente com arquitetos que procuram sempre rediscutir a relação ambiente de ensino x aprendizagem. A exemplo disso, temos o arquiteto Herman Hertzberger, que dedicou grande parte de seu trabalho a arquitetura escolar. Segundo Kowaltowski (2011), para ele, como os arquitetos não podem influenciar o ensino diretamente, podem contribuir para que o ambiente escolar seja mais convidativo aos usuários. Ele pontua que o projeto deve priorizar a fluidez da circulação em relação às funções do programa, o que ele chama de “rua educativa”, que une as salas de aula com outros lugares da escola, como biblioteca e refeitório, por exemplo. Além disso, ele apresenta um estrutura aberta, que possa sofrer futuras alterações de acordo com novos sistemas educacionais.


Então afinal, qual a maneira adequada de se projetar um ambiente escolar? Kowaltowski aponta que, no estudo de Hertzberger (1999), ele estabelece uma lista de valores que devem servir de base para um bom desenvolvimento do programa, com informações que auxiliam na fase que antecede o projeto. Essa tabela é conhecida como DQI - Design Quality Indicator (Cabe, 2005):

VALORES ARQUITETÔNICOS CONTEMPORÂNEOS, DE ACORDO COM HERTZBERGER (1999)

________________________________________________________________ -HUMANO: adequação, funcional, social, física, fisiológica e psicológica. -AMBIENTAL: local, clima, contexto, fontes, gastos. -TECNOLÓGICO: materiais, sistemas e processos -ECONÔMICO: financeiro, construção, operações, manutenção e energia. -TEMPORAL: crescimento, mudanças e permanências -ESTÉTICO: forma, espaço, cor e significado -CULTURAL: histórico, institucional, político e legal _________________________________________________________________ Quadro _: DQI - Design Quality Indicator, HERTZBERGER (1999) apud. Kowaltowiski (2011), p. 171 Segundo Hertzberger, em seu livro “Lições de Arquitetura”, (1999 p. 33), outro parâmetro interessante proposto pelo arquiteto é a soleira. O intervalo da soleira serve como transição para lugares diferentes no edifício, como lugares mais públicos de encontro com lugares mais privados. Um intervalo sutil entre espaços com dinâmicas diferentes; a arquitetura que se materializa no sentido da palavra hospitalidade. Ela proporciona o convívio social e serve como acomodação entre diferentes lugares. A soleira deve ser este lugar de acolhimento mesmo na entrada da escola, para servir de abrigo para as crianças que chegam cedo ou para as que não querem ir para casa logo após a aula; ou até mesmo para os pais, que podem se conhecer enquanto esperam os filhos. Ele pontua que muros baixos para sentar são interessantes, bem como uma grande cobertura para se abrigar da chuva. E conclui que “este pequeno espaço público, como local de encontro para pessoas com interesses comuns, cumpre uma importante função social.” (HERTZBERGER, Herman, 1999. P. 33) Esses parâmetros não devem ser tidos como obrigatórios e fixos na hora de projetar, e sim como ponto de partida para adequar cada projeto, de acordo com suas especificidades e programas. A professora e pesquisadora Doris Kowaltowski indica e descreve certos parâmetros desejáveis na elaboração de um projeto escolar, afim de listar as necessidades básicas para uma boa experiência entre ambiente escolar e a criança.


Para tal, ela divide os parâmetros basicamente em: programa, flexibilidade dos usos, relação interno x externo, tecnologia, mobiliário, conforto ambiental, acessos e circulações e acessibilidade. A sala de aula, para ela, devem possibilitar novas configurações de aprendizagem, através de atividades diversificadas, que incluem trabalhos em grupo, estudo independente, pesquisa via internet, apresentações dos alunos, aprendizado na natureza e, talvez uma das mais importantes: construção do próprio aprendizado, com os alunos em situações práticas, cotidianas ou acadêmicas. Ela ainda pontua que os alunos devem poder se movimentarem livremente pela sala de aula, o layout deve ser flexível para atividades em grupo, individuais, dinâmicas e etc. Várias metodologias podem ser aplicadas no espaço, bem como devem fortalecer o sentimento de identidade e pertencimento ao grupo. Ela destaca também uma entrada convidativa, que tenha espaço para exposição dos trabalhos dos alunos, além de um projeto que tenha identidade própria, que distingue a escola e o seu significado na comunidade. Outros ambientes importantes no projeto são os lugares individuais para guardar os materiais e os pertences das crianças e laboratórios de ciência e arte, áreas específicas para música e teatro, além de área para educação física. O primeiro para que, como dito anteriormente, elas criem laços com o ambiente escolar, através da personalização do lugar que ela ocupar. Os demais, para uma ampla variedade de conhecimento, tal como integração dos saberes através de atividades práticas. Outro parâmetro para projeto seria o local adequado para recreação e alimentação: o pátio e o refeitório. Ela aponta que os refeitórios, por exemplo, devem ser menores, mais íntimos, com mobiliário confortável e com belas vistas para jardins. Já o pátio deve possuir soluções inovadoras, utilizando vegetação para constituição de ambientes educacionais de qualidade. Eles devem ter sombreamento, um projeto paisagístico de fácil manutenção, que propicie as crianças um contato direto com a natureza e vistas agradáveis. Ela também indica que preferencialmente, o pátio deve estar ligado ao acesso principal da escola, para que acolha os alunos da melhor maneira, e também para abriga-los em dias de chuva.

2. a criança PERCEPCÃO – ESPAÇO – LUGAR


Na infância, a experiência sensorial é mais intensa e há um mundo delas à ser explorado. Por experiência, segundo o geógrafo chinês Yi-Fu Tuan, temos diferentes maneiras através das quais uma pessoa conhece e constrói a realidade. Estas maneiras variam desde os sentidos mais diretos como o olfato, paladar e tato e a percepção visual. Para ele, A experiência é constituída de sentimento e pensamento. Experienciar é aprender; significa atuar sobre o dado e criar a partir dele. Por espaço e lugar, entendemos que a experiência com o lugar se difere da experiência com o espaço. Segundo ele, espaço é abstração, enquanto lugar é visto pela perspectiva de valorização e experiência. Começa com espaço e acaba como lugar quando o conhecemos melhor. “O que começa como espaço indiferenciado transforma-se em lugar à medida que o conhecemos melhor e o dotamos de valor. Os arquitetos falam sobre as qualidades espaciais do lugar; podem igualmente falar das qualidades locacionais do espaço. [...] Além disso, se pensamos o espaço como algo que permite movimento, então lugar é pausa; cada pausa no movimento torna possível que localização se transforme em lugar.” (TUAN, 1930. p. 6)

Para o arquiteto Juhani Pallasmaa, não há como falar de arquitetura sem falar de experiência. Uma está intrínseca na outra: “A Arquitetura é certamente concebida e experienciada na linha de fronteira existencial, e não há nenhuma experiência artística ou arquitetônica sem a fusão do espaço com o espectador, com o ouvinte e com o sentido de ser do indivíduo.” PALLASMAA, Juhani (2009) The Thinking Hand: Existential and Embodied Wisdom in Architecture, p. 125. Apud. CARDOSO, Maria Eduarda Ramos, O Espaço do Corpo. 2016. Pg. 76)

Segundo as Dras. Andréia Marin e Kátia Kasper, o lugar é: “como um campo de experiências possíveis, de encontro com as coisas e com os outros e de possibilidade de criação de novos modos de viver e de novas subjetividades.” (A NATUREZA E O LUGAR HABITADO COMO ÂMBITOS DA EXPERIÊNCIA ESTÉTICA: novos entendimentos da relação ser humano – ambiente, 2009. Andréia Aparecida Marin e Kátia Maria Kasper, p 268) As crianças experienciam o mundo de uma maneira muito diferente dos adultos. Elas tem uma noção de espaço e lugar ainda pouco definida; é tudo muito inconstante e fugaz. Segundo Tuan: para a criança, lugar é um tipo de objeto grande e um tanto imóvel.” Ela cria com o lugar uma sensação de pertencimento. E completa: “[para a criança] o espaço transforma-se em lugar à medida que atinge definição de significado.” (TUAN, 1983 p.


151) As crianças tem uma sensibilidade ímpar, e, apesar de saberem da sua fragilidade, estão abertas para o mundo e para novas experiências. As primeiras experiências de uma crianças estão ligadas à uma pessoa; a mãe, por exemplo. Para uma criança, a primeira experiência de lugar não é um ambiente construído, é alguém. Segundo Tuan, citando Santo Agostinho, “o valor do lugar dependia da intimidade de uma relação humana particular; o lugar em si pouco oferecia além da relação humana.” (TUAN, 1983 p. 156) Essa questão é muito importante quando falamos em ambiente escolar. O lugar deve proporcionar ambientes onde a interação entre as crianças é totalmente privilegiada, pois, como foi dito, a experiência com o lugar é muito mais positiva quando há uma conexão com o outro. Como dito anteriormente, o lugar é visto pela perspectiva de valorização e experiência. Para Tuan, o espaço também é interpretativo, pois: Índios Dakota acham que em quase todas as partes da natureza há evidência de formas circulares (...). Ao contrário, os índios Pueblo, no sudeste dos Estados Unidos, tendem a ver espaços de geometria retangular. (TUAN, 1930. Espaço e Lugar, p. 19)

Este é um exemplo de espaço interpretado, que dependem do poder da mente para perceber além das percepções visuais recebidas, dados concretos do espaço. Como vamos receber as informações do espaço através dos nossos sentidos, e como vamos interpretá-los através da perspectiva experiencial que carregamos, individualmente e única à cada um, é que vai determinar como entendemos o espaço, como se dão as relações com o mesmo, a fim de o reconhecermos como lugar. Por isso é tão importante que as diferenças e individualidades sejam respeitadas e levadas em conta na conspecção do projeto, afim de proporcionar um reconhecimento de pertencimento e acolhimento no ambiente escolar.

[A CRIANÇA COMO INDIVÍDUO] E como assegurar que o espaço seja ideal para todos? Entendendo a escola como um espaço plural e dinâmico, que está em constante mudança; onde cada indivíduo tem a sua particularidade e necessidades próprias, e como essas relações se dão acerca do espaço. Esta questão é tratada pela arquiteta Mayumi Souza Lima, onde ela questiona: “Não estaríamos atuando exatamente no sentido da submissão [da criança], ao ignorarmos totalmente a participação da criança na definição dos espaços à ela destinados?” (A criança e a percepção do espaço, Mayumi Souza Lima, sem data. P. 74)


O ponto é que, a criança não faz parte do processo de projeto. A vontade da criança é sempre suprimida pela do adulto, que nem sempre leva em consideração a opinião de uma criança, pensando, muitas vezes, que ela nem a tem. Segundo Mayumi, repetindo Mendel, a diferença real entre o adulto e a criança está na desigualdade da força entre eles, material ou financeira. Ela pontua: “Essa diferença faz com que, desde a primeira infância, a criança vá sendo subjugada por diferentes formas de autoridade que a impede, principalmente na fase escolar, de manifestar-se livremente ou de conceber outros padrões que não sejam aqueles adotados por adultos.” (A criança e a percepção do espaço, SOUZA, sem data, p 74)

Ela também aponta que as crianças tem uma maior capacidade de responder a estímulos novos, transformando o espaço que eles fazem parte, visando o bem comum, desde que eles tenha amparo e constante participação deste processo. Cada criança tem sua história, sua personalidade. O ambiente escolar deve permitir e incentivar essa individualidade e acolher a personalização do espaço, visando criar uma sensação de pertencimento a ela. A criança deve reconhecer o lugar como seguro e favorável ao aprendizado, promovendo, sem dúvida, uma melhor relação com o lugar. É muito importante que seja assegurada à cada uma, seus espaços individuais, podendo servir de refúgio às frustrações, euforia ou descanso. “A maneira como o indivíduo se apropria do espaço escolar também é fundamental para o aprender. Se ele não vê a escola como lugar de busca de conhecimento, se ele não reconhece a escola como sua, a dificuldade com a aprendizagem aparece.” (ARENA, 2003, apud. Arquitetura Escolar e suas relações com a aprendizagem / Larissa Gomes Melo – 2012, p. 11)

O objetivo aqui, quando falamos em individualidade, não deve ser entendido com a produção de um lugar individualista. O coletivo sempre deve ser priorizado. A criança deve estar sempre em contato com outras crianças, afim do seu desenvolvimento social. Ainda assim, o ambiente escolar deve promover a autonomia da criança, tanto na organização do espaço, quanto na escolha dos materiais e do mobiliário. Outro importante quesito em termos de espacialidade é como se dão as práticas de atividades cotidianas da criança. Essa autonomia em relação à essas atividades gera uma percepção de independência saudável à criança. Para tal, é necessário também a sensação de segurança, para que a criança explore todas as possibilidades que o ambiente escolar possa lhe oferecer.


Além disso, o ambiente deve ter uma organização bem definida. Segundo Tuan, crianças de 2 a 4 anos não possuem ainda a capacidade de se localizar no espaço como os adultos. Portanto, um espaço dinâmico e ainda e que possua uma identidade visual e principalmente referencial seria, para a criança, uma característica importante, para que ela não tenha a sensação de estar perdida neste espaço novo e cheio de possibilidades.


[ LEVANTAMENTO DO ENTORNO ]


[ LOCALIZAÇÃO ] A área estudada está localizada na cidade de Sertãozinho, estado de São Paulo. Está à 325 km a nordeste da capital estadual e a 9 km de Ribeirão Preto. Seu território de 418.803 km² abriga uma população estimada em 110.704 (2018 - IBGE) sendo a terceira maior cidade da região norte-nordeste do estado.

Área de estudo. Fonte: Google Earth

Localização da cidade no Estado de São Paulo. Fonte: IBGE

[ TERRENO ] O terreno está localizado no bairro Santa Clara, zona norte da cidade, entre as ruas Benjamin Gonçalves e Joaquim Pereira Vitório. O terreno escolhido é uma área institucional, e foi escolhido para suprir a grande demanda da área, devido ao deslocamento rápido de população para a Zona Norte, onde os equipamentos urbanos não acompanharam o desenvolvimento da região. A intensão é suprir as necessidades da vizinhança, visto que a maioria dos moradores tem de se deslocar para trabalhar, e muitas vezes não tem com quem deixar seus filhos, tampouco condições financeiras para coloca-los em instituições particulares. Av. Antônio Vanzela

Terreno

Av. Osvaldo Pontes.

O terreno possui um desnível de 2m, e os ventos predominantes são a nordeste. O desnível visível acontece na rua Benjamin Gonçalves, e tem em torno de 1,5m

Direção do sol Ventos predominantes

Imagem do terreno vista da

Desnível

Escoamento

Rua

Benjamin Gonçalves. Fonte:

Benjamin

Gonçalves.

Fonte: Arquivo Pessoal

visto

Arquivo Pessoal

da

Rua


[ OCUPAÇÃO DO SOLO ]

0% 1 a 30% 31 a 65% 66 a 90% Área verde Terreno

N

Podemos observar no mapa ao lado a taxa de ocupação da área de estudo. Os lotes mais a noroeste são bem menos ocupados em relação aos demais; isto acontece por essa região ter sido loteada recentemente. Como dito anteriormente, a área foi destinada para loteamentos dos programas Minha Casa, Minha Vida. Devido a isso, a área mais é bem consolidada, e a taxa de ocupação é bastante elevadas no local. A presença de vazios urbanos é muitíssimo pontual dentro dos lotes, quase inexistentes na maioria deles, como veremos no mapa de vazios urbanos.

[ VAZIOS URBANOS E VEGETAÇÃO ] A presença de vegetação na área, assim como

os

vazios

também

é

pontual.

Encontramos a presença de árvores de pequeno porte ao longo dos canteiros da Av. Antônio Vanzella, e nas calçadas dos lotes. As poucas árvores de grande e médio porte estão nas áreas verdes presentes na área, que também são poucas e de baixa qualidade. A poda dessas árvores e a

N

0% 1 a 30% 31 a 65% 66 a 90% Área verde Terreno

limpeza

destas

áreas

não

é

feita

regularmente, o que dificulta o uso da área pela

população.

Em

geral

a

área

é

extremamente carente em relação á áreas verdes e de lazer de qualidade.


[ USO DO SOLO ]

N

0% 1 a 30% 31 a 65% 66 a 90% Área verde Terreno

A área tem predominantemente o uso residencial, como foi dito anteriormente. Há a

presença de pequenos pontos de comércio e serviços ao longo das Av. Aléssio Mazer e Antônio Vanzella, como mecânicos, loja de roupas, padarias e etc. Internamente aos lotes também notamos alguns usos residenciais adaptados para uso comercial, como na figura X.

[ GABARITO ]

N

1 a 2 pav. 3 pav. ou mais Vazios Área verde Terreno

Há uma forte horizontalidade na área de estudo; a predominância é de residências térreas, e pontualmente vemos algumas residências com dois pavimentos.

A verticalidade aparece somente na área dos edifícios residenciais Maria Francisca Aranega Aragão II e Residencial São José.


[ HIERARQUIA VIÁRIA ] FÍSICA

Rua Jose Américo Baratela, via local. Fonte: arquivo pessoal

N

FUNCIONAL

Arterial Coletora Local Terreno

Rua Benjamin Gonçalves, via coletora. Fonte: arquivo pessoal

N

Baixo Fluxo Médio Fluxo Alto Fluxo Terreno

Av. Osvaldo Pontes, via arterial. Fonte: arquivo pessoal

A hierarquia Viária Física e funcional apresenta as características que condizem ao seu tamanho e funcionalidade: as vias arteriais recebem o maior fluxo; as vias coletoras o fluxo médio e as vias locais baixo fluxo. Devido a configuração mais residencial da área, o fluxo é grande apenas nos horários de pico, das 6 as 7 da manhã, e das 17 as 18 da tarde, quando os moderadores estão saindo do trabalho. As vias que circundam o terreno escolhido são vias coletoras de médio fluxo/baixo fluxo com 8 metros de largura, o que facilitará o embarque e desembarque dos alunos e de suprimentos.


[ LEGISLAÇÃO VIGENTE ] O área onde está localizado o terreno é caracterizada segundo o mapa de Macrozoneamento de Sertãozinho, como ZM3 – Zona Mista 3. Abaixo, os coefcicientes referentes a macrozona na

qual a área pertence.

C. de Ocupação Máximo 80% C. de Aproveitamento Máximo 1,5 Permeabilidade Mínimo 3% Afastamentos Mínimos: Frente: 2m Fundo: 0m Lateral: 3m de cada lado Mapa de Macrozoneamento de Sertãozinho. Fonte: Prefeitura Municipal de Sertãozinho

O projeto também conta como uma legislação específica para Educação Infantil e, quanto a escolha do terreno e implantação pontua: “De acordo com a Portaria nº 321de 26 de Maio de 1988, são ditados as seguintes requisitos referentes ao terreno: a. localização em função de maior concentração de crianças carentes desse recurso de atendimento: b. adequação entre a área disponível e o número de crianças a serem atendidas; c. disponibilidade do terreno, considerando as necessidades da construção e da previsão de áreas para solário e recreio descoberto; d. implantação, sempre em pavimento térreo, de modo a possibilitar a integração do ambiente com o exterior, facilitando às crianças o contato com a natureza. Não será permitida a implantação de creches em subsolos ou pavimentos superiores, tendo em vista os perigos à segurança em casos que exijam uma rápida evacuação do local.”

Já segundo o código de obras do município, deverão ser admitidas as seguintes normativas: Art. 138 - As áreas de acesso e circulação deverão, sem prejuízo das normas relativas à segurança prevista neste Código, atender às seguintes condições: I. Os locais de entrada e saída serão dimensionados de acordo com o cálculo de lotação das edificações e terão largura mínima de 1,50m (um metro e cinquenta centímetros); II. Os espaços de acesso e circulação de pessoas de uso comum ou coletivo, terão largura mínima de 1,50 m (um metro e cinquenta centímetros), quando houver salas apenas de um lado e de 2,00 m (dois metros) quando houver salas de ambos os lados; III. As escadas de uso comum ou coletivo terão largura mínima igual às larguras dos seus acessos, sendo que o dimensionamento dos degraus obedecerá à relação de 0,63m 2e + p 0,64m, não podendo apresentar trechos em leque;


IV. As rampas de uso comum ou coletivo terão largura mínima igual às larguras dos seus acessos e declividade máxima de 8% (oito por cento); Art. 140 - As salas de aulas não poderão ter comprimento superior a 2 (duas) vezes a largura. Art. 141 - Os vãos deverão ser protegidos por dispositivos que corrijam o excesso de iluminação Art. 142 - A distância de qualquer sala de aula, trabalho, leitura, es- porte ou recreação até a instalação sanitária mais próxima deverá ser superior a 60 m (sessenta metros). Artigo 139. IV: É obrigatória a existência de instalações sanitárias nas áreas de recreação, na proporção mínima de 1 (uma) bacia sanitária e um mictório para cada 200 (duzentos) alunos; uma bacia sanitária para cada 100 (cem) alunos e um lavatório para cada 200 (duzentos) alunos ou alunas.

[ REFERÊNCIAS PROJETUAIS ] Os projetos escolhidos para leitura, foram projetos que mais se aproximavam com as ideias para o projeto que virá a partir do desenvolvimento deste trabalho. São edifícios flexíveis, com ampla conexão da criança com o lugar da escola, e o constante estímulo sensorial das crianças. Todos os projetos permitem que a criança interaja diretamente com a arquitetura, auxiliando a percepção sensorial, motora e cognitiva.

A conexão clara com o ambiente de aprendizagem e o ambiente de recreação também está presente em todos os projetos, sempre permeáveis e convidativos ao olhar dos pequenos.


CRECHE D.S / HIBINOSEKKEI + YOUJI NO SHIRO A creche D.S. localizada em Ibaraki – Japão. A creche está inserida em um terreno rodeado por campos de arroz. A área é conhecida por ser uma das regiões que mais produzem energia eólica no país.

Fig. 1 - Fonte: Archdaily, acesso em 23 de março de 2018

[IMPLANTAÇÃO]

Volume Playground Pátio Espaços de jogos Estacionamento Jardim


[FORMA] O maior conceito do projeto é o vento,

por

isso

o

partido

arquitetônico foram os moinhos de vento. O volume se organiza ao redor do pátio central, de modo que

cada

conjunto

de

salas

representa uma lâmina do moinho e, mesmo conectadas, apresentam independência entre si.

O uso de linhas retas, dispostas de forma

retilínea

ou

diagonal,

criam

diferentes

espaços no edifício, gerando um melhor aproveitamento do terreno

[VOLUMETRIA] A

maneira

como

o

volume

foi

implantado, como uma massa com um vazio no meio, traz uma maior segurança para as crianças, visto

que estão seguras do exterior da escola, e um intenso contato com a natureza presente no pátio, além da otimização

da

luz

natural

e

o

acesso ao pátio de qualquer lado do edifício.


[CIRCULAÇÃO] Nas palavras do arquiteto: “O desenho da

circulação em forma de anel tem uma imagem como se girasse, e cada volume da sala é como uma folha de moinho de vento.” Como podemos ver na figura 2. Esse desenho traz um sentido de continuidade e unifica o projeto. É um interessante configuração, na maneira de inserir os espaços abertos e pontuá-los ao longo do edifício. A circulação das crianças está limitada entre o acesso, as salas de aula

e

o

pátio;

enquanto

a

circulação

dos

professores e funcionários se da por todo edifício.

[PROGRAMA] Áreas de Aprendizagem Áreas de brincar/contemplar Serviços Circulação Acesso Principal Acesso Veículos 1. Entrada 2. Escritório 3. Cozinha 4. Refeitório 5. Refeitório Externo 6. Pátio 7. Auditório 8. Sala de Aula 9. Sala de Jogos 10. Banheiro 11. Cantinho de brincar 12. Circulação 13. Pilotis

O projeto possui 7 salas de aula, com diferentes configurações e tamanho, em sua maioria com plantas livres, onde cada aula ou cada professor pode mudar as configurações espaciais da sala. Também possui um auditório, sala de jogos, cantinho de brincar, e um amplo refeitório, onde as crianças tem um constante contato com a área externa enquanto faz suas refeições.


[ABERTURAS] O projeto também conta com grandes aberturas, que abrem para o pátio ou para os campos de arroz, que proporcionando uma grande interação entre a criança e a natureza, e segundo o arquiteto, proporciona excelente iluminação natural e ventilação, como mostra a figuras 3.

Fig. 2 - Fonte: Archdaily, acesso em 23 de março de 2018.

Além disso, devido ao seu tamanho e profundidade, permite que a criança interaja de uma maneira mais efetiva com o lugar (fig. 4)

Fig. 3 - Fonte: Archdaily, acesso em 23 de março de 2018


[EXPERIÊNCIA E LUGAR]

O jardim que compõe o pátio, em meio a pequenos caminhos

de

madeira

trazem um ar lúdico

de

campo, que também traz diferentes

sensações

sensoriais

e

experiências

novas para

as

crianças. Fig. 4 – Apropriação do espaço pela criança, no pátio da Creche D.S. Fonte: Archdaily, acesso em 23 de março de 2018

Outro ponto interessante do projeto é a

configuração

dos

banheiros:

pequenos espaços fechados, em uma escala reduzida que não encostam no teto, trazendo privacidade, mas na escala da criança, tornando um lugar divertido onde a criança gosta de ir.

A grande abertura, que vai do pé direito ao piso traz uma excelente quantidade de luz natural, auxiliando também na salubridade do local.

Fig. 5 – Banheiro com caráter lúdico. Fonte: Archdaily, acesso em 23 de março de 2018

O refeitório tem um caráter natural, com

a presença

de

uma grande

abertura que permite o contato visual com o jardim da área externa. Há um segundo ambiente na própria área externa, com mesas e cadeiras que pode ser usado como refeitório ou como um lugar para atividades ao ar livre. Fig. 6 – O refeitório. Fonte: Archdaily, acesso em 23 de março de 2018


Algumas paredes receberam um revestimento diferente para que as crianças desenhassem diretamente nas paredes, estimulando a criatividade delas.

Fig. 6 – Apropriação do espaço pela criança, na área interna. Fonte: Archdaily, acesso em 23 de março de 2018.

[MATERIALIDADE]

Vigas e piso de madeira trazem uma sensação de ambiente natural ao projeto

Revestimento em aço

Vidro Fonte: Archdaily.com.br

Piso vinilico


JARDIM DE INFANCIA FUJI– TAKAHARU TEZUKA A escola montesoriana Fuji está localizada no subúrbio de Tóquio, no Japão, projetada pelo

arquiteto Takaharu Tezuka, em 2007. A escola ganhou o prêmio Internacional Moriyama RAIC 2017, que premia a cada dois anos um projeto “que é considerado transformador em seu contexto social e promove os valores da justiça social. igualdade e inclusão.” (Raymond Moriyama – RAIC, 2014) O edifício foge dos padrões conhecidos, e instiga as crianças a usufruir dele como um todo.

[ IMPLANTAÇÃO ]

Áreas de aprendizagem Áreas de convívio/brincar Playground Administração/Pedagogia Banheiros Estacionamento Pré-existências Acesso principal

Fonte: Archdaily.com.br

[ PROGRAMA ]

Área com torneiras externas e áreas molhadas

A planta das áreas de aprendizagem é livre, proporcionando uma maior flexibilidade no espaço de acordo com a pedagogia aplicada, tipo de atividades, etc. O contato com a área externa é constante, visto que o fechamento em vidro se abre para o pátio, caso seja necessário. Fonte: Archdaily.com.br


[ PROGRAMA ]

O projeto conta com área de 1.304 m², e atende 500 crianças. Em sua implantação, incorporou ao projeto árvores pré-existentes no terreno, onde as crianças podem escalar e brincar. Fonte: Archdaily.com.br

O mobiliário presente pode ser rearranjado pelas próprias crianças, visto que sua escala é reduzida. Isso configura diferentes espaços, e traz uma sensação de pertencimento à criança, que personaliza e se apropria do espaço, além de reforçar sua autonomia.

Fonte: pinterest.com.br Módulos de empilháveis de 30 em 30cm, com vértices arredondados e madeira extremamente leve

Mesas com formato de meio hexágono

Podem reagrupadas para trabalhos em grupo, e as cadeiras podem ser colocadas em qualquer lado

Fonte: pinterest.com.br

Fonte: pinterest.com.br


[ VOLUMETRIA / ACESSOS /

CIRCULAÇÕES ]

O volume é uma elipse, dada em função da circulação das crianças, que podem correr livremente e sempre voltar para o mesmo lugar.

Escorregador da cobertura ao pátio

Grades de proteção

Escada que dá acesso à cobertura

Circulação livre das crianças por toda cobertura

Acesso principal Acesso pelo Estacionamento Circulação vertical (acesso à cobertura) Circulação horizontal Circulação vertical (entorno das árvores/acesso à cobertura) A circulação se da ao redor desse grande pátio, nos beirais que protegem as salas de aula. O acesso à cobertura é dado através de escadas localizadas próximas as salas de aula; as crianças podem descer novamente ao pátio através de um grande escorregador. A circulação das crianças é livre por todo o edifício.


[ ABERTURAS ] O volume é uma elipse, dada em função da circulação das crianças, que podem correr livremente e sempre voltar para o mesmo lugar.

Aberturas na cobertura iluminação e ventilação natural

para

Fonte: Archdaily.com.br Total abertura dos planos de vidro, permitindo o acesso das crianças a todo edifício, não limitando a criança à apenas a sala de aula

Fonte: pinterest.com.br

Fechamento de correr fechado, mas mantendo o contato visual com a áreas externa

[EXPERIÊNCIA E LUGAR] O arquiteto também projetou pequenas áreas externas com torneiras, onde as próprias crianças retiram a água para brincar, além de pequenas áreas molhadas que também estimulam as crianças e as conectam com o ambiente em que estão

Fonte: Archdaily.com.br


[EXPERIÊNCIA E LUGAR]

O

contato

intensamente

com

a

natureza

estimulado

no

é

projeto,

visto non cuidado do arquiteto em preservar as árvores pré-existentes, não

apenas

desviando

delas,

mas

as

incorporando no processo de projeto, e as transformando em entretenimento das crianças. Fonte: Archdaily.com.br

O caráter lúdico é dado de outra maneira, que não apenas nas cores; a forma, a circulação, a flexibilidade e o mobiliário transformam o projeto em um ambiente agradável e interativo com as crianças Fonte: Archdaily.com.br

Além de reforçar a autonomia, trazendo objetos

os e

equipamentos,

mobiliário

para

a

escala da criança, novamente trazendo

uma

experiência

diferente do que ocorre no dia a dia. Fonte: Archdaily.com.br


CRECHE SHICHIGAHAMA TOHYAMA -TAKAHASHI IPPEI OFFICE O projeto está localizado na cidade de Shichigahama, no Japão. O projeto buscava a reconstrução da creche após um terremoto que arruinou boa parte da cidade em 2011. Sua implantação é próxima ao litoral, e o arquiteto buscou a harmonia entre o edifício e o meio ambiente, de modo a impactar o menos possível a natureza local. Outro objetivo era reforçar a creche como um símbolo, após a tragédia. para a comunidade local; por isso o prefeito exigiu pressa para a construção, que levou em torno de 5 meses. O projeto

também contou com a participação ativa dos moradores locais no processo de projeto.

[ Volumetria ]

Fonte: Archdaily.com.br

L- Área social N- Aprendizagem P- Sala de brincar e Auditório K- Cozinha

Fonte: Takahashi Ippei Office

Vista para o mar

O programa foi organizado em torno de um pátio amplo e aberto, com a forte presença da natureza. As vistas foram ressaltadas através do deslocamento de algumas áreas para fora do programa inicial, o que deixou o projeto menos formal e mais dinâmico. A população queria um creche em forma de caixa, portanto o arquiteto conseguiu manter uma identidade e desenvolver uma planta mais integrada.


[ PROGRAMA ]

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Berçários Terraço Refeitório Lavanderia Banheiros Armazenamento Sala de jogos Bar Escritório

10 11 12 13 14 15 16 17

Armários Área Social Horta Piscina Cozinha Sala das cuidadoras Sala de leitura Bancos

Aprendizagem Convívio/Brincadeira (crianças) Social Serviço Acesso Principal Armazenamento


[ PROGRAMA / ACESSOS / CIRCULAÇÕES ] A planta livre e a complexidade dos espaços é uma forte característica do projeto. As áreas de aprendizagem estão distribuídas como um “L”, e conectadas pelos banheiros. A projeção para fora de algumas áreas do programa trazem interessantes visuais, e criam experiências diversificadas. Cozinha deslocada do edifício, com um terraço privado

Circulação permite que as crianças corram livremente

Forte relação com a natureza nas áreas externas

Áreas de aprendizagem interligadas com banheiros

Área social integrada a sala de jogos e sala de leitura

Área social comum aberta a comunidade

Circulação livre Acesso principal Carga/Descarga Acesso dos visitantes

O pátio quadrado é visto como um intervalo simbólico, e tem o papel de unir o entorno

“caótico” do programa; é o que amarra o projeto como um todo. Isso gera uma variedade de experiências e funciona como se fosse uma pequena aldeia.

Fonte: Archdaily.com.br


[EXPERIÊNCIA E LUGAR]

O

projeto

sensibilidade

tem

uma

ímpar,

ao

integrar de maneira tão sutil o ambiente externo à todas as áreas do edifício Fonte: Archdaily.com.br

Ás áreas de brincar também estão conectadas naturalmente ás áreas

de aprendizagem, estimulando a criatividade das crianças

Fonte: Archdaily.com.br

O

mobiliário

tem

a

escala

reduzida, bem como os espaços de armazenamento, novamente reforçando a autonomia e a identidade com o lugar Fonte: Archdaily.com.br


[EXPERIร NCIA E LUGAR]

Mapa experiencial produzido

pelos

arquitetos

O espaรงo da sala de aula

com

constante

contato com a รกrea externa Fonte: Archdaily.com.br


[ ABERTURAS E FECHAMENTOS ] As paredes de inox de 0.3mm na fachada remetem os biombos japoneses, feitos pelos artesãos locais, além de auxiliarem para a proteção da estrutura, visto que é uma área oceânica

Além

disso,

impacto

na

criar

um

paisagem,

para que o edifício não caia

no esquecimento

com o passar dos dias

Fonte: Archdaily.com.br

Aberturas

com

profundidade

permitem

maior uma

maior interação criança x lugar Fonte: Archdaily.com.br

Grandes

aberturas

fechamento

em

proporcionando

uma

quantidade

luz

de

com vidro, grande natural

e

ventilação cruzada Fonte: Archdaily.com.br


ESCOLA BÁSICA NOSSA SENHORA DA CRUZ DO SUL / BALDASSO CORTESE ARCHITECTS A escola fica em Victória – Austrália, e o projeto é do escritório de arquitetura Baldasso Cortese Architects. O objetivo era criar uma escola contemporânea, que acompanhasse a evolução da pedagogia como um todo, além de acolher a comunidade no projeto. Outra questão tratada pelos arquitetos é a sustentabilidade e a tecnologia.

[ IMPLANTAÇÃO ]

Fonte: Archdaily.com.br

[ Organograma / Fluxograma ] Escritório

Recepção

Armazenamento Hall

Espaços comunitários

Cozinha Comunitária Aprendizagem em grupos maiores

Área dos profissionais Aprendizagem em grupos menores Áreas de aprendizagem externas Baixo Fluxo Médio Fluxo Alto Fluxo


[ PROGRAMA ] O programa conta com diversas áreas para estudo em grupos maiores e grupos menores, dentro e fora da escola, além de lugares de introspecção e leitura. O mobiliário e a cor do piso ajudam a articular o espaço, visto que a planta é livre, bem como a circulação. O acesso principal conta com um hall que funciona como a soleira de Hertzberger, podendo ser acessada pela comunidade livremente, além de ser um ligar aconchegante para os pais se despedirem dos filhos e conversarem entre si, por exemplo.

Estudos em grupo

Pátio Aberto

Área de estudo para pequenos grupos

Espaço multimídia

Área molhada/Área de artes Auditório

Área de estudos externa

Auditório Externo

Hall

Café Comunitário

Teatro


[ VOLUMETRIA / ACESSOS / CIRCULAÇÕES] Vazios

criados

pelos

pátios

articulam as áreas externas

Áreas de estudo externas favorecem o aprendizado

Circulação livre Acesso principal

Planta aberta articulada em um grande volume

[ EXPERIÊNCIA E LUGAR ]

A

configuração

das

salas,

totalmente aberta e com as áreas de aprendizagem tornam o

aprender

mais

fácil

e

prazeroso, além de reforçar as trocas interpessoais. Fonte: Archdaily.com.br


[ VOLUMETRIA / ACESSOS / CIRCULAÇÕES]

O pátio semi-aberto oferece a possibilidade

das

crianças

receberem uma dose de luz natural e correrem livremente Fonte: www.bcarch.net

O projeto também conta com áreas individuais para estudos e introspecção Fonte: www.bcarch.net

As

“colmeias”

são

mobiliários

espalhados ao longo da planta, onde

conexão

multimídia,

lugar para estudos em grupo, além

de

prateleiras

armazenamento

para


[ ABERTURAS]

Proteção solar

Ventilação cruzada

Treliça de Revestimento madeira Bancos de madeira externos

Fonte: www.bcarch.net

Aberturas

na

cobertura

permitindo a entrada de

Fonte: www.bcarch.net

luz natural

Grande quantidade de luz natural

Abertura para ventilação cruzada


TAKA TUKA LAND – BAUPILOTEN O projeto trata-se de uma intervenção temporária em um jardim de infância, localizado em Berlim, Alemanha. Foi feito pelo grupo Baupiloten, um grupo de estudantes de arquitetura, sob a supervisão da arquiteta Susanne Hoffman.

Fonte: Archdaily, acesso em 03 de abril de 2018.

[ A INTERVENÇÃO ] A inspiração para o projeto, foi um história alemã, que foi traduzido, arquitetonicamente para um modelo tridimensional que estimula a imaginação e o contato direto com o objeto. O que não poderia ser diferente, visto que o projeto foi concebido com a participação das próprias crianças, usando da criatividade delas para o desenho da instalação. Os resultados são espaços interiores interativos e comunicativos, bem como uma fachada multifuncional.

Áreas sem intervenção Áreas de intervenção Circulação horizontal


[VOLUMETRIA] Estrutura de madeira tridimensional interativa

Volume retangular pré-existente

O projeto consiste ambientes divididos e pensados como uma árvore, a “árvore lemonade” como no livro, onde são feitas atividades em ambientes diferenciados, estimulando os sentidos das crianças, através do contato direto com o edifício. O projeto traz consigo, caminhando lado a lado a imaginação e o aprendizado, tornando a aprendizagem muito mais prazerosa.

[ PROGRAMA ] Estrutura revestida com lonas e estofamentos, para uma maior conforto

Dormir, deitar, esconder e brincar

Espaço privado

Banho de sol

Exposição de trabalhos

Lugar de brincar, interagir com o edifício

Interação com a área externa


[EXPERIÊNCIA E LUGAR] O projeto estimula a individualidade e independência das crianças, através de pequenos

lugares com fechamento em tecido, que são usados para guardar os pertences das crianças, recreação, e refúgio.

Fig. Fonte: Archdaily, 03 de abril de 2018.

Estrutura dos armários. Fonte: Archdaily, 3 de abril de 2018 Outra área importante é o lugar de exposição dos trabalhos das crianças, localizado no corredor central do edifício. Ele possui a escala da criança, reforçando novamente a autonomia e a sensação de pertencimento, visto que o ambiente possui característica de todas as crianças, através de seus pertences, desenhos, etc.

Fig. Lugar de exposição dos trabalhos. Fonte: Archdaily, 03 de abril de 2018.


[ ABERTURAS ]

Estruturas

de

madeira

incorporadas nas aberturas que estimulam

as

brincadeiras

e

sensações táteis diferentes Fonte: Archdaily, 3 de abril de 2018

Grandes aberturas, onde o sol do meio-dia transforma a sala em

um

ambiente

brilhante

devido aos cristais que foram aplicados nas janelas

Fonte: Archdaily, 3 de abril de 2018

Janelas

tridimensionais

com

espaço para sentar e brincar, dando abertura Fonte: Archdaily, 3 de abril de 2018

um

ar

lúdico

a


[ O PÁTIO COMO LUGAR E ARTICULADOR DA

EXPERIÊNCIA ]

ESCOLA BÁSICA NOSSA SENHORA DA CRUZ DO SUL / BALDASSO CORTESE ARCHITECTS

Reentrância periférica JARDIM DE INFANCIA FUJI– TAKAHARU TEZUKA

Ampliação das superfícies internas JARDIM DE INFANCIA FUJI– TAKAHARU TEZUKA

Fluxos e Ciclos CRECHE SHICHIGAHAMA TOHYAMA -TAKAHASHI IPPEI OFFICE

Ampliação das superfícies externas e fluxos


[ PROGRAMA DE NECESSIDADES ] O programa de necessidades foi desenvolvido com base na demanda da região escolhida, sendo 120 crianças de 0 a 3 anos (creche) e 210 crianças de 4 à 6 anos (jardim de infância) no bairro Jardim Santa Clara, em Sertãozinho. Abaixo temos o plano de necessidade, onde podemos ver as áreas setorizadas nas categorias: Serviço, Áreas Coletivas, Creche, Jardim de Infância, Berçário, Administrativo e Circulação. Saúde

Administrativo

Aprendizagem

Pedagogia

Creche 221m²

Serviço 108m² Administrativo 313m²

Berçário 496m²

Lazer/Contemplação

Áreas coletivas 745m²

Jardim de Infância 281m²

Circulação/Alvenaria 630m²

[ ESTUDOS ]

ZONEAMENTO

Foram feitos vários estudos de zoneamento e plano de massas, para entender as relações do programa com o terreno, acessos, circulações, etc. Abaixo, alguns desses estudos:

PLANO DE MASSAS Em um estudo preliminar, foi estudado as relações do programa com o terreno, acessos, circulações e localização. Porém este estudo não se mostrou satisfatório, devido ao centro sem conexão, ao programa fragmentado e a ausência de conexão com o terreno. Com isso, foi possível produzir um zoneamento e um plano de massas mais coeso e mais conectado ao terreno, Soleira

além

distribuído. .

de

um

programa

melhor


[ ZONEAMENTO ] Neste outro zoneamento, podemos ver uma melhor distribuição do programa, uma melhor

área de recepção das crianças e uma maior conexão entre as áreas de creche/jardim de infância e berçário, além das áreas livres mais reservadas as referentes fases de aprendizagem.

Croqui do plano de massas

Jd. Infancia/Creche Áreas de convívio Pedagogia Recepção Serviço

Berçário Jardim Estacionamento Espelho d’água Saúde

Jd. Infancia/Creche Áreas de convívio Pedagogia Recepção Serviço

Circulação Berçário Jardim Estacionamento Espelho d’água Saúde

[ PLANO DE MASSAS ]

No plano de massas, nota-se a conexão entre as áreas através de uma marquise, que une todo o

projeto. As áreas referentes a recepção das crianças e dos pais, juntamente a administração e saúde - ou seja, as áreas coletivas –, estão próximas ao acesso principal ao edifício. Já ao fundo, estão localizados as áreas destinadas as crianças, tais como: berçário, creche, jardim de infância, áreas de convívio e brincadeiras, bem como alguns jardins lúdico-sensoriais.


[ IMPLANTAÇÃO GERAL ]

Acesso principal

Lago artificial

A implantação geral foi pensada de maneira a criar vazios qualificados, pátios privativos que atendam as necessidades específicas de cada faixa etária atendida. Os jardins sensoriais, que contemplam todos os sentidos está espalhados ao redor do edifício, qualificando as áreas externas e produzindo belas vistas de todos os lados do edifício. O espelho d’água pertence ao conjunto de áreas molhadas, com esguichos d’água e bebedouros e está localizado no limite entre as áreas da creche e do berçário, visando a separação entre essas áreas, para proteção dos bebês. As áreas destinadas a comunidade, como recepção, hall, horta, pomar e etc. estão localizadas junto ao acesso principal, bem como a área da saúde e sala de amamentação, que está entre o acesso principal e o berçário, facilitando a entrada e a saída das mães.


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