Caderno tfg

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PROJETO DE UM MUSEU-MIDIATECA PARA OSASCO Camila Tieko Omiya sob orientação de Prof. Dr. Francisco Spadoni



Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

PROJETO DE UM MUSEU-MIDIATECA PARA OSASCO Camila Tieko Omiya sob orientação de Prof. Dr. Francisco Spadoni

São Paulo Dezembro de 2017


Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Catalogação na Publicação Serviço Técnico de Biblioteca Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

Omiya, Camila Tieko Projeto de um museu-midiateca para Osasco / Camila Tieko Omiya; orientador Francisco Spadoni. São Paulo, 2017. 155p. Trabalho Final de Graduação (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. 1. Projeto de Arquitetura. 2. Equipamento Urbano. 3. Osasco. I. Spadoni, Francisco, orient. II. Título.

Elaborada eletronicamente através do formulário disponível em: <http://www.fau.usp.br/fichacatalografica/>


Agradecimentos

Agradeço à professora Helena Ayoub e ao professor Haroldo Gallo por terem aceitado o convite e comporem a banca. Ao professor Francisco Spadoni, que se dispôs a enfrentar o desafio de me orientar. Pela amizade construída, por muitas terças e quartas-feiras de incontáveis dúvidas, mas também repletas de aprendizado e apoio. Aos vários professores com quem tive a oportunidade de estar em algum momento do curso. A todos os meus amigos da FAUUSP que fui conhecendo ao longo da graduação e que, em cada trabalho, tornavam meu caminho mais alegre. Em especial a: Lucas Cortes, pelos questionamentos e grandes ajudas em momentos difíceis; Fabiana Imamura, Belisa Godoy e Guilherme Torres pelas palavras de força; Giulia Mutton pelos longos abraços; Vanessa Balbino por todo carinho. Àqueles que de alguma forma me ajudaram na conclusão deste trabalho. Tiago Andrade, pelo empréstimo do livro e pelo que aprendi no meu primeiro estágio. Natália Sartini pelos modelos tridimensionais do projeto. Aos membros do escritório Andrade Morettin, que me deram o tempo precioso para finalizar este trabalho. À minha grande família pelos encontros e risos que tornam a vida mais leve. Para meus tios Kandi e Silvia por terem me aberto o caminho para realização das entrevistas na Secretaria da Cultura; e aos meus tios Toshio e Diva, pela impressão dos cadernos do TFG. E, finalmente, à minha pequena família. À minha mãe por todos os cuidados e chás das manhãs; ao meu pai pelo sustento, ires e vires e pelas conversas importantes. Ao meu irmão, pelos trajetos. À minha irmã, pelas opiniões.

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Resumo

Frente ao desenvolvimento da cidade de Osasco, surgem novos edifícios que apontam para uma verticalização da cidade e transformam sua paisagem. Entre os novos edifícios, existem outros que deveriam ter um papel efetivamente presente na cidade, mas não se apresentam de tal modo e são pouco utilizados, como ocorre com os equipamentos culturais de Osasco. A partir disso, neste trabalho, foi feita uma pesquisa sobre os equipamentos culturais públicos de Osasco e a relação de seus espaços interiores com os espaços da cidade como meio para se chegar a um projeto de arquitetura para um equipamento cultural específico para esta cidade. Por se tratar de um processo, incluem-se neste caderno os aspectos importantes que levaram à construção do Museu-midiateca, enquanto ideia e enquanto projeto de equipamento cultural como forma para buscar relações entre a arquitetura e a cidade. O aspecto visual, pouco explorado nos equipamentos existentes passa a ser um ponto importante no projeto do museu-midiateca, cuja forma e programa também fazem retomar, ou tornar visível, uma certa invisibilidade da construção da cidade de Osasco.

Palavras-chave: Projeto de arquitetura, arquitetura e cidade, equipamento cultural, Osasco, processo de projeto

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Abstract

Given the development of the city of Osasco, new buildings emerge indicating a verticalization of the city and transforming its landscape. Among the new buildings there are others that should have a role effectively present in the city but that do not present themselves in such way besides from being little used, which is what happens to the cultural equipments of Osasco. Considering that, a research about the public cultural equipments of Osasco and the connection between its interior spaces and the city spaces was made in order to achieve an architecture design of a specific cultural equipment for this city. Because it is a process, this book includes the important aspects that led to the construction of the museum-mediatheque as an idea and also as a project of a cultural equipment that searches for connections between architecture and city. The visual aspect, little explored in the existing equipments, becomes an important feature in the museum-mediatheque project, whose shape and program also resume, or make visible, a certain invisibility of the construction of the city of Osasco.

Key words: Architectural design, architecture and city, cultural equipment, Osasco, design process

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Sumário

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Introdução

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Parte 1 | Existências

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_ História existente

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_ Cidade existente

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_ Equipamentos culturais existentes

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Parte 2 | Processo de projeto

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_ Construção de um programa simplificado

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_ Duas ideias: um eixo e uma quadra

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_ Desenvolvimento do programa de necessidades

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_ O terreno e o entorno

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_ Estudos volumétricos

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_ Osasco Antiga

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_ Revisão do programa

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Parte 3 | Projeto para um Museu-midiateca

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_ Implantação como retomada da história

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_ Premissas para o Museu-midiateca

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_ Elementos da praça

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_ Aproximação do edifício

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Considerações finais

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Referências bibliográficas

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Sites

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Apêndices

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Introdução

A escolha por um projeto de um Museu-midiateca para Osasco não surgiu rapidamente, foi fruto de um longo processo que será contado neste caderno. O início talvez tenha ocorrido ao longo da minha formação na FAUUSP, quando, ao realizar os trabalhos de projeto de edificações, de planejamento urbano e de paisagismo, observava um certo distanciamento entre eles. Compreendia que cada uma das disciplinas apresentava seu próprio escopo, era um modo didático. Mas em mim surgia um desejo de ver estas três disciplinas unidas, de modo que uma potencializasse a outra, de modo que trabalhassem em conjunto. Ao chegar ao Trabalho Final de Graduação, senti que teria uma oportunidade para explorá-las, bem como para realizar meu desejo de terminar o curso com um projeto de edificações. O que eu projetaria? Onde e por quê? Estas foram questões que me deixaram bastante indecisa. Finalmente escolhi fazer um projeto, qualquer que fosse, em Osasco. Trata-se do município onde moro por muitos anos e, portanto, penso que compreendo algumas questões dessa cidade apenas por viver nela e que isto poderia ser o suficiente. Com um olhar mais atento, passei a observar que novos edifícios estavam surgindo na paisagem: altos condomínios residenciais se contrapunham ao gabarito baixo da cidade e cada vez mais shoppings e complexos edificados eram construídos, congregando o comércio, os serviços, os escritórios, o lazer. Em meio a estas transformações na paisagem, observei também a existência de outros edifícios com porte mais reduzido, mas que considero importantes para a cidade. São eles os equipamentos culturais públicos, distribuídos pela malha urbana, alguns de maior relevância, outros menos, mas todos com algo em comum: ocultam seu interior. Ver estes equipamentos a partir das ruas da cidade, de fora, era como imaginá-los

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sempre vazios, pois não havia movimentação ao seu redor. Decidi-me, assim, por projetar um equipamento de cultura diferente do que já existe. Não somente mais um equipamento cultural em Osasco e sim um em que eu pudesse explorar seus espaços junto à cidade e à paisagem e onde os convívios internos e externos pudessem se misturar. A ideia para que fosse um Museu-midiateca não surgiu logo de início, cheguei a ele por meio de uma longa construção lapidada ao longo de todo este ano. Por este motivo e por considerar que todo projeto é um processo, registro aqui, neste caderno, a trajetória percorrida e apresento o resultado alcançado. Divido o trabalho em três partes. A primeira diz respeito às pesquisas que realizei, mais especificamente sobre Osasco e sobre os equipamentos culturais existentes na cidade. Buscava encontrar uma resposta para aquilo que eu enxergava como um vazio dos edifícios culturais. Vale ressaltar que, por querer fazer uma arquitetura para a cidade, e para uma cidade específica, desejei fazer um projeto em que esta cidade fosse a própria referência para o desenvolvimento da proposta. Por esta razão, não me vali tanto de referências bibliográficas para esta pesquisa e sim de um extenso trabalho em campo, o qual é relatado no capítulo seguinte. A Parte 2 trata de todo o processo de projeto, desde a construção do programa, das primeiras propostas e estudos, das dificuldades e desafios, às alterações, finalmente chegando à Parte 3, onde apresento o projeto em seus aspectos mais importantes, seguida das minhas últimas conclusões nesta graduação.

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Parte 1 | Existências

_ História existente

Menciono uma “história existente”, pois as informações sobre o histórico de formação do município de Osasco são escassas. Parto de um trabalho de graduação interdisciplinar (TGI) produzido também na FAUUSP, datado de 1975, em que Lidia Reiko Iwazaki reúne em sua pesquisa dados e informações sobre a formação do município. A intenção aqui não é relatar a história do município em seus detalhes, mas indicar, brevemente, os pontos mais relevantes de sua história. Inicialmente, no período colonial, entre 1700 e 1800, Osasco era um conjunto de terras habitadas por índios tupis-guaranis por onde passava a estrada para o interior do país, a chamada Estrada Velha de Itu, hoje conhecida como Av. dos Autonomistas1. Às margens do rio Tietê, iniciaram-se as primeiras ocupações portuguesas a partir de grandes chácaras, sendo uma delas (onde foi fundada a Vila Quitaúna) pertencente a Antonio Raposo Tavares. Ainda assim, Iwazaki menciona que “Todos

esses sítios eram escassamente cultivados e povoados”2. Somente em meados do século XIX é que houve um desenvolvimento significativo na região devido à chegada da linha férrea “Estrada de Ferro Sorocabana”. Antônio Agú, empreendedor italiano, adquiriu uma das chácaras existentes, localizada no quilômetro 16 da ferrovia, onde posteriormente construiu a estação cujo nome retoma sua cidade-natal, Osasco. Já no século XX, associado com outros empreendedores, criou as primeiras indústrias da região. Dentre os nomes, Iwazaki menciona Narciso Sturlini e Sensaud de Lavoud, com quem Antônio Agú 1. IWASAKI, 1975, p.7. 2. Idem, p.9. 3. Idem, p.11.

abriu, respectivamente, a “primeira fábrica de papelão da América do Sul” 3 e uma fábrica de cerâmicas4. Promoveu ainda a construção de

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Figura 1. Mapa de localização das primeiras estradas em Osasco no período de 1887 a 1894. Fonte: http://www.hagopgaragem. com/osascoantigamapas.html.


casas para os operários, compostos em sua maioria por imigrantes que, enfim, constituíram a população de Osasco. Assim como em São Paulo, as chácaras foram sendo pouco a pouco loteadas. No caso de Osasco, Iwazaki coloca que os primeiros loteamentos ocorreram no início do século XX. Antônio Agú dividiu duas terras e as vendeu, dando espaço para imigrantes que, nas pequenas propriedades, passaram a oferecer serviços e a abastecer a população residente5. Com as guerras mundiais e o impulso para uma industrialização nacional, novas fábricas surgiram, as quais não necessariamente teriam suas sedes estabelecidas em Osasco. Entretanto, as terras planas da várzea do rio Tietê e a aglomeração operária já sinalizavam uma vocação industrial para a região. Elevado a Distrito de São Paulo em 1918, Osasco tornou-se visado pelos industriais, desejosos de terem uma sede em São Paulo (ainda que no subúrbio), bem como por trabalhadores em busca de moradias mais baratas. Somado a isso, a ferrovia, com a importante função de transporte de cargas e de massas de passageiros entre o centro e a periferia de São Paulo6, provocava o desenvolvimento dos bairros nas proximidades das estações (Quitaúna, Osasco e Presidente Altino), bem como gerava a expansão dos bairros para os espigões na região sul de Osasco. Durante esse período, foram construídos o cemitério e a Igreja Matriz, em torno da qual se desenvolveu o bairro Bela Vista. Posteriormente, nas décadas de 30 e 40, o sistema rodoviário começou a ser implantado. Iwazaki coloca que isto não apresentou resultados na 4. Idem, p.12. 5. Idem, p.13. 6. Idem, p.20.

formação de novos bairros, mas permitiu interligações entre Osasco e São Paulo por linhas de ônibus, principalmente nos locais em que a linha

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Figura 2. Mapa de localização das primeiras indústrias em Osasco. Desenhado por Julio Saltini, 1899. Fonte: http://www.hagopgaragem. com/osascoantigamapas.html.


ferroviária não alcançava. Foi o caso, por exemplo, de bairros mais ao sul de Osasco e de Pinheiros7. No período entre o fim da segunda guerra mundial até 1962, um ano antes de Osasco se emancipar de São Paulo, mais indústrias se instalaram na região compreendida entre o rio Tietê, a Estrada de Ferro Sorocabana e a Estrada Velha de Itu, espalhando-se para a várzea do Rio Pinheiros e para as proximidades das novas rodovias, expandindo a cidade até Osasco e São Paulo se fundirem nas regiões da Lapa e Butantã. Frente à condição de suburbanidade, péssimas condições de infraestrutura e descaso da Prefeitura de São Paulo com o Distrito de Osasco, a campanha para emancipação se iniciou por volta de 1950. Após várias tentativas, a autonomia política foi conquistada em 1963, sendo Hirant Sanazar o primeiro prefeito. As indústrias permaneceram em Osasco até a década de 80, quando houve a crise econômica no Brasil e a valorização de terrenos8, motivos que levaram ao fechamento das fábricas. Segundo Porto, “Onde exis-

tiam galpões passaram a se proliferar gigantes do setor de serviços e varejo, como hipermercados e shoppings.”9. A partir deste momento, a atividade econômica principal do município de Osasco passou a ser o de comércio e serviços. Além disso, a instalação da Matriz do Ban7. Idem, p.23. 8. PORTO, 2015. Disponível em: http://especial. folha.uol.com.br/2015/morar/ osasco/2015/10/1697787-de-origem-industrial-osasco-perdeu-fabricas-e-ganhou-comercios.shtml 9. Idem.

co Bradesco, 1953, no bairro denominado Cidade de Deus demandou o desenvolvimento de infraestruturas para que o banco funcionasse. Como resultado, Osasco se tornou um município atrativo e, mais recentemente, tem recebido investimentos para novos empreendimentos comerciais, residenciais e de escritórios. São estas últimas transformações que tem modificado a paisagem dessa cidade existente.

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Figura 3. Vista da cidade, com os cortes no território: o rio Tietê, a rodovia Castelo Branco e a linha férrea. Em primeiro plano, o bairro Rochdale e, ao fundo, depois do rio, os bairros Presidente Altino e o centro. Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=769208&page=5.


_ Cidade existente

No contexto da Região Metropolitana de São Paulo, importam a localização e os eixos de transporte que conectam Osasco com os outros municípios. Osasco é vizinho à oeste da cidade de São Paulo e possui uma população estimada em 697.886 habitantes10 distribuídos em uma área de quase 65 km2. Quanto à hidrografia, o rio Tietê é um dos elementos mais importantes e marcantes, pois segmenta o território em duas zonas. A parte sul apresenta dois afluentes (córrego João Alves e córrego Bussocaba), ao longo dos quais atualmente estão implantadas as avenidas de várzea. Na zona norte, após a retificação do rio Tietê, restou um braço do rio que delimita a região do Rochdale, conhecido pelo problema das enchentes. A antiga Estrada de Ferro Sorocabana permaneceu, hoje compondo a malha ferroviária de trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), cujas linhas 8 e 9 passam por Osasco. A linha 8 - Diamante faz a ligação entre Itapevi, no interior de São Paulo, e a estação Barra Funda, e apresenta 4 estações de trem em Osasco. A linha 9 - Esmeralda, parte da estação Osasco e segue margeando o rio Pinheiros até o Grajaú, na zona sul de São Paulo, cruzando com outras linhas da malha de transporte sobre trilhos. Em relação aos sistemas rodoviários, Osasco é delimitada por três rodovias: a Nordeste pela rodovia Anhanguera, a sul pela rodovia Raposo Tavares e, quase por toda sua extensão leste, pelo Rodoanel, o qual, 10. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Cidades. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/ brasil/sp/osasco/panorama.

por sua vez, permite o acesso às rodovias para o litoral paulista e para a região sul do país. Possui ainda a Rodovia Castelo Branco, caminho

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Rodoanel

Rodovia Castelo Branco Braço do rio Tietê Rio Tietê

Linhas férreas Córrego João Alves

Córrego Bussocaba

Rodovia Raposo Tavares

Figura 4. Mapa do município de Osasco. Em cinza a malha viária; em azul, a hidrografia e, em verde, as praças. Fonte: levantamento planimétrico de Osasco, CESAD.


para o interior do estado de São Paulo. Contudo, esta rodovia, da mesma maneira que o rio Tietê e a linha férrea, significa uma grande barreira no território municipal uma vez que as transposições existentes são pouco eficientes para dar unidade ao município. A zona sul, ao longo das várzeas dos córregos Bussocaba e João Alves, apresenta duas avenidas importantes para Osasco, pois partem desde a Marginal Tietê e adentram o território no sentido sul. E, por outro lado, as mesmas avenidas, ao se aproximarem do rio Tietê, tornam-se as tranposições sobre ele, sendo estas as únicas pontes de acesso para a Zona Norte nos 8 km de corte do território. Por este motivo existem diferenças notáveis entre as duas partes. A zona norte sofre com o abandono por parte do poder público, problemas de infraestrutura e bairros formados a partir de ocupações irregulares em áreas invadidas. Em contraste, a Zona Sul possui os grandes centros comerciais e empresariais recentes, bem como bairros planejados e condomínios de alto padrão, organizados ao longo de novos eixos viários da cidade. Por outro lado, devido ao adensamento populacional que vem ocorrendo na zona sul da cidade (que transita para uma verticalização e aumenta cada vez mais a malha viária do município), há regressão de suas áreas verdes, já escassas na cidade, como parques e áreas de clubes. As praças, muitas vezes resquício da malha viária, são sucessivamente reduzidas e recortadas a cada alargamento de rua que é feito.

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Biblioteca Manoel Fiorita

Museu de Osasco Biblioteca Pública Monteiro Lobato e Escola de Centro de Eventos Pedro Bortolosso Artes César Antônio Salvi Teatro Municipal de Osasco Espaço Cultural Grande Otelo

Biblioteca Heitor Singaglia

Figura 5. Mapa de localização dos equipamentos culturais públicos em Osasco. Fonte: elaboração própria sobre mapa do município.


_ Equipamentos culturais existentes

A escolha por trabalhar com os equipamentos culturais públicos de Osasco se deu em função de uma percepção minha sobre seus vazios, não o vazio de espaço, mas o vazio de vivência. Inicialmente, pensava que naquelas bibliotecas, teatro e centro de eventos não ocorriam muitas atividades tanto quanto deveria. Estavam, pois, ou fechados ou sem movimento de pessoas, pelo menos nos momentos em que eu estava perto. Por ser uma percepção bastante pessoal, foi necessário analisar os equipamentos públicos existentes e verificar se, de fato, eram vazios como eu os via e percebia. Minhas principais referências eram os grandes equipamentos de cultura de Osasco: o Teatro Municipal, a Biblioteca Pública Monteiro Lobato e a Escola de Artes. Sabia da existência de outros ainda: o Centro de Eventos Pedro Bortolosso, onde também está instalada a Secretaria da Cultura do município; e o Museu de Osasco, bastante famoso nos meus primeiros anos escolares, mas que se torna esquecido ao longo dos anos. Somam-se ainda as bibliotecas públicas da zona norte e sul, ramais da biblioteca central; e o Espaço Cultural Grande Otelo, estes de menor porte. Realizei visitas a todos os equipamentos culturais públicos que foram possíveis e procurei conversar com os responsáveis por cada equipamento visitado. Os comentários que se seguem não dizem respeito a todas as observações e análises feitas sobre cada um dos equipamentos culturais, mas intentam mostrar as principais conclusões dessa pesquisa em campo.

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A Biblioteca Monteiro Lobato é a unidade central da rede, criada em 1963, no período da emancipação de Osasco. Mudou-se várias vezes de lugar até ter seu espaço definitivo. Os usuários principais deste equipamento são os estudantes, especialmente das escolas municipais e estaduais nas proximidades. Chamou-me a atenção o fato de a biblioteca não estar tão vazia quanto imaginava, mas era um vazio por não ver seu interior. O coordenador da biblioteca mencionou que há períodos do ano em que a biblioteca fica mais cheia, contudo era uma verdade que estando cheia ou não, as pessoas na cidade não saberiam o que ocorre lá dentro, pois não é possível qualquer interação entre interior e exterior. Os espaços internos são amplos e a biblioteca possui um acervo considerável e importante sobre assuntos diversos. Com relação ao exterior, a biblioteca se afasta e se fecha. O acesso principal está distante 20 metros da rua e poucas são as aberturas para o exterior, mesmo existindo uma área verde em sua volta. As fachadas são geralmente opacas e quando são transparentes, são também escurecidas. Ao lado da biblioteca, situa-se a Escola de Artes, cuja frente principal é voltada para a outra rua. Possui um salão para exposições, salas de aulas de dança, pintura e desenho e um pequeno teatro (para um público em torno de cem pessoas) localizado no fundo da escola. Internamente, é organizada por um corredor interno que dá acesso a todas as salas de aula e ao teatro. Figura 6. Localização da Biblioteca e Escola de Artes. Fonte: Google Maps, 2017. Figuras 7 e 8. Esquemas de análise da Biblioteca e Escola de Artes. Sem escala definida.

Por se tratar de uma escola, o uso depende da quantidade de alunos matriculados. É o único equipamento público para ensino de atividades artísticas em Osasco e que também promove exposições e espetáculos com os jovens matriculados.

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Em relação ao entorno, a escola abre seu interior para a cidade ao deixar sua fachada principal transparente. Neste salão da entrada é onde são realizadas as exposições e encontros entre futuros artistas e o público que se interessa. As demais faces da escola possuem apenas rasgos na fachada opaca para permitir ventilação das salas de aula. Não permitem qualquer interação visual com o exterior. Apesar de estarem no mesmo terreno, a Biblioteca Monteiro Lobato e a Escola César Antônio Salvi funcionam praticamente como equipamentos independentes, mantendo pouquíssima interação entre si. Outra característica é a presença de um jardim, especialmente em volta da biblioteca. Mas, sendo cercado, não funciona como praça e não potencializa o uso da Biblioteca Monteiro Lobato ou da Escola de Artes.

Figuras 9 e 10. Acesso da Biblioteca Monteiro Lobato e da Escola de Artes, respectivamente. Fonte: arquivo pessoal.

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O Centro de Eventos Pedro Bortolosso foi inaugurado em 2000. Apresenta um amplo espaço no interior, sendo um dos poucos equipamentos de cultura em Osasco que aceita grandes aglomerações de pessoas. Nele ocorrem apresentações musicais, de dança, assim como bailes e festivais. Este espaço depende muito da programação de eventos estabelecida pela Secretaria da Cultura. Quando não há eventos, o galpão permanece vazio. Além de eventos, há salas de aula de música do Projeto Guri e salas para aulas de teatro e dança do Núcleo Sebastian. Divide espaço também com a Sede da Secretaria da Cultura de Osasco, a qual ocupa o primeiro andar com várias saletas. Como os eventos acontecem majoritariamente nos finais de semana, a movimentação em dias úteis se deve aos poucos alunos desses cursos e, principalmente, aos funcionários da Secretaria da Cultura. Quanto à localização, o Centro situa-se em um terreno extenso, com um talude e vegetação densa ao fundo. A sua volta foram instalados outros equipamentos, os quais mantêm parceria com a Secretaria de Cultura da cidade: Teatro Arca, Picadeiro-Circo-Escola e a Casa da Angola.

Figura 11. Localização do Centro de Eventos. Fonte: Google Maps, 2017. Figuras 12 e 13. Esquemas de observação sobre Centro de Eventos Pedro Bortolosso.

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O edifício é praticamente fechado, com empenas cegas voltadas para a rua e janelas altas e finas entre uma empena e outra. Aberturas mais generosas são feitas apenas na parte central, no acesso principal do térreo e no nível superior, referente às janelas das salas da Secretaria. O galpão voltado para o fundo, completamente fechado, dá as costas para o talude e volta-se para o interior; entre os dois se constrói uma rua interna de serviço. Pode haver sentido em que o galpão tenha todas as suas superfícies opacas, já que o importante acontece em seu interior, mas para os demais espaços, em especial aqueles da Secretaria, penso que um motivo para o fechamento seria o barulho da rua devido ao fluxo intenso de veículos, ônibus e caminhões nessa via.

Figura 14. Foto da entrada do Centro de Eventos Pedro Bortolosso. Fonte: arquivo pessoal.

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Conhecido como Teatro Municipal de Osasco, foi inaugurado em 1996 e reinaugurado em 2016, após passar um ano fechado em decorrência de uma reforma, na qual houve acréscimo do número de poltronas, aumentando a capacidade do Teatro para mais de 450 lugares. Além disso, no seu foyer, geralmente ficam expostos trabalhos de artistas plásticos e, como o salão fica aberto ao público, essas exposições são sempre gratuitas. O Teatro possui uma programação que é feita pela Secretaria da Cultura, a qual é bastante concorrida, pois necessita abranger públicos de todas as faixas etárias, bem como espetáculos de variados grupos de artistas (músicos, peças de teatro, apresentações de dança, apresentações escolares etc.). O equipamento é considerado um dos símbolos da cidade de Osasco, e seu fechamento para reforma, segundo as informações obtidas nas conversas com funcionários da Secretaria, resultou em uma grande perda, principalmente por ser um dos poucos teatros na cidade. Além dele, somente outros dois teatros possuem uma capacidade próxima de 500 pessoas e esses outros dois são vinculados a unidades de educação (SESI e FITO). Dessa maneira foi necessário escoar a divulgação da produção cultural da cidade para fora e ainda deixar de receber outros eventos externos. Por estar situado na Av. dos Autonomistas, sobre um platô envolto por um talude ajardinado e também por sua própria arquitetura, o Teatro Figura 15. Localização do Teatro Municipal de Osasco. Fonte: Google Maps, 2017. Figuras 16 e 17. Esquemas de observação sobre o Teatro Municipal.

acaba se destacando volumetricamente na paisagem. Este aspecto é reforçado pelo fato de que, ao transitar pela avenida, os edifícios existentes estão pouco recuados em relação ao limite do lote, o que não ocorre com o Teatro, recuado 30 metros da avenida principal.

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Essas são características que favorecem o edifício como objeto para ser olhado, mas também dificultam a integração e interação com o exterior, com a rua e o espaço livre. Na realidade, aqui, o espaço livre não exerce função, tampouco estabelece qualquer interação com as pessoas. Parte dele é tomado pela via expressa e pelos caminhos dos veículos. Cada área verde no entorno está dentro de um lote, assim como o jardim do Teatro, ficando a cargo de cada proprietário a construção de seus próprios espaços livres, não edificados, arborizados, mas que também não são públicos, exceto se o terreno for municipal. E nada indica mais claramente a ocorrência dessa tomada do espaço público pelos veículos do que a construção de uma alça de acesso em parte de um terreno público. Assim como os demais equipamentos já analisados, o Teatro apresenta sua própria área de estacionamento, que o envolve no fundo e lateralmente, por isso também se torna um separador entre o edifício e a cidade. Na porção frontal, por outro lado, há o talude de 4 a 5 metros de desnível, o que de fato eleva o edifício e o faz aparecer como grande volume para ser olhado. E quando olho, normalmente está vazio. Assim como o Centro de Eventos Pedro Bortolosso, estar com pessoas ou não depende de programação. Mas aqui acrescento um ponto importante: tanto no Teatro quanto no Espaço Cultural Grande Otelo, que será visto no item a seguir, os artistas usam os espaços desses equipamentos para a realização de seus ensaios. Portanto é um vazio de público a que me refiro, mas chamo atenção para uma questão: não seria importante que a população soubesse que existem artistas na cidade, que eles estão nesses espaços, trabalhando?

Figura 18. Vista externa do Teatro. Fonte: arquivo pessoal.

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O Espaço Cultural Grande Otelo foi inaugurado em 1994. É um anfiteatro de pequeno porte, com capacidade para 126 pessoas, onde são feitos pequenos shows, musicais, festivais de humor, de poesias, exibição de filmes, além de eventos como palestras e seminários. No caso dos eventos do Grande Otelo, como é conhecido, as apresentações são destinadas a públicos mais específicos, são eventos mais dirigidos ou focados, portanto não é o caso de abranger a população em geral. As instalações são bastante simples, pois o Espaço é pequeno. O lote possui 10 metros de frente por 30 metros de comprimento. Nessa área, se organizam o hall de acesso, as áreas administrativas do Grande Otelo, o palco e plateia do anfiteatro, sanitários e dois camarins. O palco, por ser baixo torna o espaço ideal para shows pequenos, nos quais os artistas têm mais contato com o público. Entretanto, dentre os eventos, os que mais ocorrem são palestras dirigidas ou, quando não há eventos programados, os artistas se reúnem para discutir ou ensaiar, como constatei no dia da visita. Quanto aos fechamentos, o Grande Otelo divide seus limites de fundo e de uma lateral com edifícios vizinhos. Na outra lateral, existe um corredor de serviço, para onde abrem as saídas de emergência. Atualmente esse corredor está descoberto, mas a estrutura da cobertura translúcida que existia permanece no edifício. Entre este corredor e o hall do auditório, estão as salas da administração, com janelas altas para ventilação, assim como as dos sanitários e dos camarins. A única face que permite Figura 19. Localização do Espaço Cultural Grande Otelo. Fonte: Google Maps, 2017. Figuras 20 e 21. Esquemas de observação sobre o Espaço Cultural.

ser vista de fora para dentro ou de dentro para fora é a fachada principal no hall, feito em estrutura metálica e vidro. Como o auditório possui um pé-direito alto, a iluminação natural no ambiente é suficiente por quase todo o dia.

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Na visita, ao ficar de frente para o equipamento, o que considerei bastante destacado foi o recuo frontal e o gradil. Esses dois elementos me chamaram a atenção, pois, por estar ao lado de residências, foi possível comparar e perceber que o Espaço Grande Otelo quase não se destaca por uma arquitetura de um equipamento de cultura, mas por lembrar, até certa medida, uma casa térrea. O elemento que o destaca para que se diferencie como um equipamento cultural é o “portal”, composto por uma casca leve apoiada em duas paredes e por uma terceira estrutura que se sobressai na fachada. Na ausência do totem de identificação característico dos equipamentos culturais de maior porte de Osasco, o nome do Espaço aparece escrito sobre a casca. Entendendo a casca também como uma cobertura, o espaço sob ela passa a funcionar de modo semelhante às “varandas” do Teatro Municipal, pois nos dias de evento, a bilheteria fica “montada” neste espaço e as pessoas, quando não estão no auditório, ficam ou no hall ou nesse espaço coberto. Quando o Espaço recebe eventos, o público permanece muitas vezes na rua, pois o salão interno destinado a foyer é pequeno. Em certa medida, isso é um ponto positivo, pois transformar o espaço da rua, a calçada, a praça em lugar de espera é favorável para ocupação dos espaços livres. Por outro lado, é conflituoso com o trânsito de veículos nos arredores.

Figura 22. Vista da entrada do Espaço Cultural Grande Otelo.

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O Museu de Osasco teve destaque, principalmente, no período em que era aluna do ensino fundamental e sua história era passada na escola. Apesar de sua importância histórica, não recebe a atenção que merece. O Museu foi um chalé construído no século XIX por Antônio Agú, fundador de Osasco, para um banqueiro chamado Giovanni Brícola. Por esta razão, o Museu às vezes é denominado Chalé Brícola. Antônio Agú e sua esposa, Josefina Vianco, foram moradores do chalé que, posteriormente, serviu de moradia para um Barão francês, cujo filho naturalizado brasileiro Dimitri Sensaud de Lavaud realizou o famoso vôo sobre a Av. dos Autonomistas e é em sua homenagem que se dá o nome do Museu. Foi inaugurado em 1976 como Museu municipal e guarda arquivos, vídeos e documentos referentes à história de Osasco. Além disso, exibe mobiliário da época e expõe-se a si mesmo como um chalé remanescente do século XIX. Apesar de ter passado por um restauro em 2006, o edifício está interditado por questões de segurança dos visitantes, pois existe o risco do pavimento superior ruir. Por este motivo, não foi possível visitar o Museu e fazer o registro fotográfico de seus espaços, ou mesmo observar suas relações espaciais com a cidade. Pelas pesquisas e conversas que realizei, compreendi que o Museu de Osasco já sofria de um certo abandono e que isso, obviamente, Figura 23. Localização do Museu de Osasco. Fonte: Google Maps, 2017. Figura 24. Esquema de observação sobre o Museu.

tornava-o menos atraente para o público em geral e para os turistas. Assim, mesmo com a reforma e sendo importante para o município, a casa permanece vazia e isto, me geral, não afeta a população.

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Um ponto que destaco em relação ao Museu de Osasco é que ele difere dos outros equipamentos culturais, porque não é espaço em que a programação muda, isto é, não tem nada de novo. Por isso, quem o visitou uma vez, dificilmente retornará. Nesse ponto, existe uma ligação com o espaço por ele ser pequeno: um chalé com dois níveis acomoda uma única exposição permanente sobre objetos antigos de Osasco. Algo que me chamou a atenção foi a vegetação em volta do chalé. Nos tempos de moradia, o chalé não apresentava uma vegetação tão densa quanto a que se vê hoje. Por algum motivo, as árvores estão plantadas e cobrem o Museu, escondendo-o. Talvez essa seja uma razão para que ninguém o perceba. Além disso, encontra-se na Av. dos Autonomistas em um trecho sem muito movimento de pessoas, mas de veículos, que apenas passam.

Figura 25. Chalé Brícola, antes de se tornar Museu de Osasco. (Sem data). Disponível em: http://www.hagopgaragem.com/osasco/galhistoria/ chale_bricola_GR.jpg.

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A Biblioteca Manoel Fiorita é o ramal zona norte da rede de bibliotecas, e está vinculada à Biblioteca Central (Monteiro Lobato), visando dar apoio à região norte de Osasco. Dos equipamentos culturais públicos coordenados pela Secretaria da Cultura, este é o único na zona norte e atualmente está interditado, necessitando de reforma em caráter urgente, segundo funcionário da Secretaria da Cultura. Esta unidade foi inaugurada em 2002 e possui espaços para acervo, pesquisa local, salas para trabalhos em grupo e hemeroteca. Como não foi possível visitá-la, os únicos elementos analisados foram a presença do gradil, que até aqui se fez presente em todos os casos, e o fechamento opaco, que impede totalmente a visibilidade na relação edifício-cidade. Neste caso, é bastante claro e definido: o edifício acaba onde está a parede, o lote termina no gradeamento. O portal indica uma fronteira entre a entrada do equipamento e a rua, o espaço urbano, a cidade. Aparentemente, não existe qualquer interação entre os espaços de dentro e fora, a não ser quando alguém sai de um espaço e entra no outro.

Figura 26. Localização do ramal norte das bibliotecas. Fonte: Google Maps, 2017. Figura 27. Imagem da entrada da biblioteca. Disponível em: http:// culturaosasco.blogspot.com.br/p/ espacos-culturais.html. Figura 28. Esquema de observação sobre a biblioteca Manoel Fiorita.

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A Biblioteca Heitor Sinegaglia também é uma extensão da Biblioteca Central, mas na Zona Sul de Osasco. Também inaugurada em 2002, esta unidade de pequeno porte funciona em um sobrado, em local bem característico de um bairro. O edifício apresenta um espaço multifuncional no térreo e, no nível superior, o acervo. Existem programas para públicos de diversas faixas etárias que envolvem leitura e atividades artísticas. Além disso, a Biblioteca abriga também o Centro de Inclusão Digital (CID) Olaria do Nino desde 2013. Porém, segundo informações obtidas na Secretaria da Cultura, não há adesão da população para essas atividades e a biblioteca fica quase sempre vazia. A Biblioteca Heitor Sinegaglia, diferencia-se bastante dos demais equipamentos, pois não apresenta gradil, nem qualquer elemento de identificação como um equipamento cultural (totem, portal, placas, letreiros etc.), não apresenta recuo algum, ocupando totalmente o lote, e não está situado em nenhum ou próximo de um eixo viário relevante. Provavelmente não foi construído como um equipamento, mas foi instalado no sobrado existente e, por isso, deve apresentar as características aqui mencionadas, mantendo o padrão dos edifícios Figura 29. Localização do ramal zul das bibliotecas. Fonte: Google Maps, 2017. Figura 30. Vista externa da biblioteca Heitor Sinegaglia. Disponível em: http://culturaosasco.blogspot.com. br/p/espacos-culturais.html. Figura 31. Esquema de observação da Biblioteca.

desse bairro. Como não foi possível visitá-lo, fiz a análise a partir de imagens que obtive nas pesquisas.

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A partir das visitas aos equipamentos culturais públicos e, quando não, a partir das imagens encontradas, realizei esses pequenos esquemas que sintetizam uma falta de relação entre o edifício e a cidade, entre seus espaços internos e externos. Além desses estudos, tive a oportunidade de conversar com funcionários da Secretaria da Cultura de Osasco, que, apesar de não poderem falar sobre tudo, forneceram-me preciosas informações. A função da Secretaria, que para mim não era clara, é de organizar programações, divulgar eventos, prover espaço para os artistas e atender às suas demandas. Por este motivo, a Secretaria é muito vinculada aos artistas e pouco à população em geral. Vejo isto como um motivo para o afastamento das pessoas comuns em relação ao pouco uso dos equipamentos de cultura da cidade. Usam as bibliotecas, a escola de artes, frequentam os festivais de dança e teatro quem já faz parte do meio estudantil ou artístico. Ao mencionar qual seria o envolvimento com a população, as respostas sempre giravam em torno de “precisamos divulgar melhor os eventos”11, como se a atratividade para o uso destes equipamentos dependesse somente disso, sem qualquer influência de seus espaços ou convites para a cidade. Somente conversando com as pessoas que estavam nos equipamentos nos dias das respectivas visitas, é que pude compreender se de fato existia uma relação entre o vazio ou pouco uso e as questões espaciais dos edifícios relacionados à cidade e aos espaços livres.

- O coordenador da biblioteca Monteiro Lobato, Ricardo, disse:

“as pessoas de fora não sabem mesmo o que acontece aqui dentro [da biblioteca]”12, dado o distanciamento em relação à rua e a sua pouca abertura para a cidade.

11. Registro de conversa com João, funcionário da Secretaria da Cultura, 12/06/2017. 12. Registro de conversa com Ricardo, coordenador da Biblioteca Monteiro Lobato, 08/06/2017.


- Na Escola de Artes, Carlos 13, artista plástico de Santo André,

estava no momento da visita à escola por conhecer e frequentar o espaço. Disse-me que também percebia um certo distanciamento entre o que acontecia dentro e fora, que as pessoas que não tem nenhuma relação com a Escola de Artes (ou seja, não são funcionários, não são alunos e não são pais de alunos), nem prestam atenção. Isso porque a frente da Escola é visualmente permeável, mas ainda distante das ruas e calçadas onde as pessoas transitam. Das visitas e das conversas, percebi que o vazio existe dependendo do equipamento. As bibliotecas são utilizadas mais frequentemente pelos alunos das escolas ao redor que necessitam do lugar, apenas não é visível que eles estão ali, ocupando as mesas, os computadores e abrindo os livros. Já para os equipamentos que, como colocam os funcionários da Secretaria da Cultura, dependem dos eventos para ter gente, o vazio existe sim. Tanto que, quando não há eventos, os equipamentos ficam fechados para o público, como é caso do Teatro Municipal, do Espaço Cultural, e do Centro de Eventos. Nas visitas, buscava encontrar aqueles elementos do espaço que afastavam o convívio externo das pessoas nas ruas, que dificultavam sua aproximação e entrada nos equipamentos de cultura. É bastante provável que tenham outros elementos, mas foram muito notáveis as distâncias em relação à rua e às suas poucas aberturas para o espaço exterior, tanto no sentido de acessos, quanto no sentido de permeabilidade visual. Literalmente, a população está distante dos equipamentos de cultura 13. A conversa com Carlos ocorreu na Escola da Artes em 08/06/2017.

de Osasco.

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Parte 2 | Processo de projeto

_ Construção de um programa simplificado

A partir das análises e tendo visto quais seriam os problemas que enfrentaria no projeto, desenvolvi um programa de necessidades. Em vista de uma fragmentação do edifício como forma para transitar entre os espaços construídos e livres, entre a arquitetura e a cidade, busquei um programa extenso de forma que pudesse projetar em torno de 4 ou 5 edifícios separados. Ao mesmo tempo, surgiu uma dificuldade em propor um programa de um equipamento cultural que Osasco não possui, quando, na realidade, o município já conta com bibliotecas, museu, teatro e outros espaços de cultura. Logo, não propus nenhum programa novo, mas um existente que suprisse a carência das demandas da cidade, especialmente a profissionalização dos artistas. Contudo, os funcionários da Secretaria da Cultura que contatei não puderam me disponibilizar estudos de demanda ou quaisquer informações sobre planos para construção de novos equipamentos culturais. O programa proposto contaria com: Ateliê urbano; Galeria cultural; Auditório da música, Palco aberto e Salão da dança. O Ateliê urbano seria um espaço para aulas de pintura, escultura, artesanato, desenho e demais atividades manuais. A Galeria seria um corredor de arte para exposições e convivência de pessoas. O Auditório da música foi pensado como outro espaço para aliviar o uso do Teatro Municipal existente, ao mesmo tempo em que daria espaço para outros espetáculos. O Palco aberto funcionaria como espaço para apresentações livres e abertas para os pedestres que caminham na rua. Por fim, o Salão da dança, como espaço para aulas que envolvessem movimento do corpo.

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Figura 32. Mapa de localização dos equipamentos ao longo da Avenida dos Autonomistas. Elaboração própria sobre base do Google Maps, 2017.

Legenda: Equipamentos existentes:

Equipamentos propostos:

A) Futura unidade Osasco UNIFESP B) Centro de Eventos Pedro Bortolosso C) SESC Osasco D) Museu de Osasco E) Biblioteca Central e Escola de Artes F) Espaço Cultural Grande Otelo G) Teatro Municipal Glória Giglio

1) Ateliê urbano 2) Galeria cultural 3) Auditório da música 4) Palco aberto 5) Salão da dança


_ Duas ideias: um eixo e uma quadra

Com o mesmo programa simplificado, gerei duas proposições bastante diferentes entre si. Uma que avançaria para o sentido de criar eixos de cultura, compondo uma rede de equipamentos culturais para a cidade. A outra que comporia a mesma rede de um modo diferente, por edifícios separados em uma mesma quadra, mas organizados de tal forma que seria possível o caminhar por entre espaços edificados e livres, sair de um edifício, caminhar por uma praça, entrar em outro edifício. A primeira ideia ocorreria ao longo da Avenida dos Autonomistas, a via mais importante de Osasco, por suas conexões com outros municípios e por ser o lugar do primeiro vôo na América Latina. Ao longo do eixo, seriam escolhidos 5 terrenos, cada um para cada equipamento. Juntos comporiam uma linha cultural e serviriam de organização para os equipamentos já existentes na cidade. A escala da proposição partiria de 1/20.000, avançando para 1/500 até 1/200 conforme os projetos. E, em cada projeto, seriam desenvolvidas as interações espaciais entre o edifício e a cidade. Todos os terrenos considerados nesta ideia corresponderiam a atuais estacionamentos. Como a Avenida dos Autonomistas é extensa, contando com pouco mais de 7 km, as características topográficas e de entorno variam bastante, pois não é uma via uniforme. Nesta linha, as distâncias entre os equipamentos variariam de 500 metros a 1 km de distância.

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Terreno 1 1.500 m2 Ateliê urbano

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Terreno 2 3.000 m2 Galpão cultural

Terreno 3 4.600 m2 Auditório da música

Terreno 4 1.500 m2 Palco aberto

Terreno 5 2.000 m2 Salão da dança


A segunda proposta seria feita no atual terreno onde se encontra a sede da Prefeitura de Osasco. Hoje, está sendo construído o novo Paço Municipal e futuramente, com a saída da Prefeitura do terreno atual, este ficaria disponível para projetos de grande escala. Por se tratar de um terreno bastante extenso, com 34 mil km2 de área, o programa simplificado seria bem pouco para ocupar o terreno todo. Assim, para este caso, manteria-se o programa com acréscimo de praças de convivência, cafés e restaurantes. Este terreno equivale a três quadras inteiras, mas unidas em uma única. A proposição partiria de 1/1000, avançando para 1/500 até 1/200. É localizado na Avenida Bussocaba, outro eixo importante de Osasco, e fica de frente para uma praça que é o espaço onde normalmente ocorrem os eventos comemorativos em Osasco. Ainda está bastante próximo de símbolos da cidade (a Ponte Metálica e o Arco da Fraternidade). Por esta razão, o terreno é de ótima localização e bastante acessível. A primeira ideia se aproximava, a meu ver, inicialmente do urbanismo, entrando posteriormente no projeto de edificações. Considerei esta ideia bastante interessante, porque toma a própria cidade como espaço de cultura. Contudo, o que surgiu como dificuldade nessa proposta era a fragmentação, não unicamente por serem edifícios separados, mas também por estarem distantes entre si de pelo menos 500 metros. Tratava-se de uma ideia forte para a cidade, mas ao se aproximar do projeto de arquitetura, a arquitetura nessa grande escala poderia se perder. Além disso, poderia ocorrer de cada projeto ser um projeto diferente e independente dos outros, o que não era um objetivo para o trabalho. Este seria o desafio da primeira ideia, o eixo.

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Terreno da Prefeitura 34.000 m2


A segunda proposta, por outro lado, restringiria o âmbito da cidade para seu entorno mais imediato, pois o foco seria o projeto do edifício. Por este motivo, esta opção se aproximava mais da ideia, que era o projetar edifícios buscando relações entre arquitetura e cidade. O grande desafio desta proposta seria a intervenção em um terreno de área bastante expressiva. Em compensação, permitira grande liberdade de proposição, pois não existiria qualquer edificação no terreno. Os percursos e relações entre os edifícios se dariam de forma mais clara, pois haveria maiores proximidades entre os edifícios propostos. Apesar de a alternativa da avenida ser bastante atraente, decidi-me pela segunda proposta por me permitir projetar com tamanha liberdade ao mesmo tempo em que seria um projeto de grande extensão muito bem localizado, pois está em um ponto central e conhecido da cidade de Osasco.

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Figura 33. Planta de um dos pavimentos do projeto Praça das Artes, do escritório Brasil Arquitetura. Disponível em: http://brasilarquitetura.com/ projetos/praca-das-artes/.


_ Desenvolvimento do programa de necessidades

Estabelecida a proposta na qual eu seguiria em frente, desenvolvi o programa de necessidades. Para cada um dos equipamentos, busquei inserir os ambientes necessários e as respectivas áreas. Por não ter conseguido mais informações sobre as demandas quanto à cultura, amparei-me em outras referências, especialmente projetos de arquitetura de edifícios culturais, tentando adaptar seus programas para uma demanda imaginada para Osasco. Assim, utilizei como base os projetos da Praça das Artes e Teatro Engenho (por Brasil Arquitetura), Centro Cultural São Paulo (pelos arquitetos Eurico Prado Lopes e Luiz Teles), Cidade das Artes e Cultura (Kengo Kuma), a Biblioteca São Paulo (Aflalo e Gasperini arquitetos) e a Sala São Paulo (Nelson Dupré). A Praça das Artes, pelo programa bastante relacionado com as artes, música, dança, teatro e outros, auxiliou-me mais na construção detalhada do programa. Além dos projetos, utilizei também uma referência bibliográfica, “Arte de projetar em arquitetura”, Neufert, que me auxiliou a estabelecer as áreas prévias para os ambientes. Fazendo os estudos, propus um programa de necessidades extenso que contemplaria os mais diversos usos dos edifícios, incluindo uma previsão de áreas e quantidade de ambientes. Apresento as tabelas geradas a seguir, bem como a contagem das áreas totais a fim de avaliar a área construída com a área do terreno.

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_ O terreno e o entorno

O terreno de 34.000 m2 é uma quadra inteira, considerada livre a partir do momento em que a atual sede da prefeitura de Osasco deixasse o terreno para se instalar no Paço Municipal em construção. O terreno equivale a quase três quadras de dimensões 100 m x 100m, com uma largura praticamente regular de 100 m e um comprimento máximo que varia de 300 m a 370 m. A quadra se localiza no bairro Centro de Osasco, apesar de não se situar naquele centro histórico apresentado na Parte 1 deste caderno. O terreno é delimitado por vias bastante importantes do município: a norte pela Avenida dos Autonomistas (no trecho da Ponte Metálica) e pela via da rotatória; a leste pela Av. Bussocaba, margeando o córrego Bussocaba, a oeste pela Rua Narciso Sturlini e, a sul, pelo Rua Dimitri Sensaud de Lavoud. O entorno imediato é marcado por estabelecimentos comerciais e de serviços e, as ruas paralelas a leste e a oeste, por um misto de residências e pequenos serviços. Além disso, espalhados nas quadras vizinhas, encontram-se outros edifícios institucionais. A Av. Bussocaba, por margear o córrego a céu aberto, possui uma via Figura 34. Mapa de uso do solo do entorno imediato. Em azul, edifícios institucionais; em rosa, comércio e serviços; e, em amarelo, residenciais. Fonte: elaboração própria com base em levantamento planialtimétrico do CESAD.

paralela (chamada Rua Aurora Soares Barbosa). Entre elas, exatamente no trecho em frente ao terreno, o córrego é tamponado e, sobre ele, há um espaço livre conhecido como Boulevard, que compreende a praça Rosa Missiano Ribeiro, onde está o chafariz central. Mais próximo do

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Arco da Fraternidade, está o outro chafariz, de menor dimensão. Na ponta oposta, havia outro chafariz igual a este último, mas foi demolido para dar lugar a um monumento em homenagem a Dimitri Sensaud de Lavoud pelo seu vôo na América Latina. Quanto à volumetria, o entorno mais imediato é baixo, normalmente composto por edificações térreas e sobrados, com algum edifício mais alto. Na rua paralela a oeste, nas proximidades da Av. dos Autonomistas, há edifícios de gabarito mais alto, de uso residencial. No lado leste, as edificações continuam baixas, assobradadas, compondo um dos bairros planejados de Osasco, a Vila Campesina. Atualmente, além da sede da Prefeitura e demais secretarias, há uma extensa área destinada a estacionamentos. A vegetação existente faz a sombra para os edifícios e para estes estacionamentos, onde são realizadas algumas feiras temáticas nos finais de semana. Com relação à topografia, o terreno é bastante plano na lateral da Av. Bussocaba, com leve elevação à medida que se aproxima da esquina da Rua Narciso Sturlini com a Rua Dimitri Sensaud de Lavoud, 2 metros acima do nível mais baixo do terreno.

Figura 35. Mapa de gabaritos das edificações. Quanto mais escuro o cinza, mais alto o edifício. Fonte: elaboração própria com base em levantamento planialtimétrico do CESAD.

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_ Estudos volumétricos

Com o programa desenvolvido em mãos e tendo avaliado aspectos do entorno, iniciei meus primeiros estudos volumétricos para o projeto. Por ser um terreno grande e considerando a demolição da atual sede da prefeitura, não haveria grandes limitações para o projeto, a não ser pelas relações que eu tentaria estabelecer com o entorno imediato. Entretanto, mesmo o entorno não apresenta elementos muito vantajosos para o projeto, de modo que intervir neste terreno havia se tornado um exercício de muita liberdade, o que, neste caso, significou uma dificuldade, pois não conseguia pontos para me ancorar e dar início ao projeto. Foram feitas quatro maquetes para os estudos em questão, as quais apresento a seguir. É possível verificar como cada ideia é diferente da outra e que parti de uma opção de fragmentação do edifício e caminhei para outras alternativas que apontavam para uma unidade do projeto.

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Este foi o primeiro estudo realizado, no qual a ideia era de que cada edifício fosse destinado a um setor do programa. A lâmina no canto inferior esquerdo da maquete encontrava a Galeria Cultural. Lateralmente à galeria, desenvolver-se-ia o palco aberto juntamente com uma praça. O palco aberto estaria integrado com um restaurante, localizado no térreo do Ateliê urbano e do Salão da dança (estes elevados em relação ao solo). Este se conectaria ao Auditório da música por meio de uma passarela. No caso do Auditório, havia pensado em duas partes: uma para sediar o programa comum do auditório e outra para as salas de aula dos alunos de música. Estas partes estariam conectadas por uma cobertura. A ideia deste estudo era que a partir da fragmentação e pequenas praças, as pessoas pudessem percorrer os espaços construídos e não construídos. À princípio, sem nenhuma regra para os percursos, que seriam estudados em outro momento. Devido ao fato de o terreno ser bastante extenso e três vezes maior que o programa desenvolvido, muitos dos espaços seriam livres. Optei pelas Figuras 36 e 37. Primeira maquete de estudo volumétrico. Fonte: arquivo pessoal.

lâminas por dois motivos: a primeira para que os edifícios conseguissem ocupar o território; a segunda para que fosse uma arquitetura térrea.


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Com o intuito de explorar outras opções, fiz outros estudos que caminhavam em direção a dar uma unidade ao projeto, pois a fragmentação, em certa medida, poderia prejudicar a criação de uma identidade para o conjunto edificado. O fato é que mesmo os edifícios mantidos separados precisariam de uma identidade para compor o projeto, pois a ideia é de que fossem um conjunto, apesar das separações. Ao fragmentar muito o projeto, eu poderia dar identidade aos diversos edifícios pelas suas linguagens, mas talvez se diferissem muito quanto à própria arquitetura, ou seja, cada projeto de edifício seria um projeto diferente. Neste sentido, produzi outras maquetes com outros estudos buscando essa unidade, sem, no entanto, esquecer completamente a primeira ideia do conjunto fragmentado. Contudo, tentar avançar na unidade me fez perder um certo controle do programa de necessidades que havia estabelecido. Pois na proposta anterior, cada edifício era claramente correspondente a um setor do programa completo. O que não ocorria neste caso, pois, ao unir os edifícios, a setorização já não permanecia clara. Os programas parciais (de cada setor) se misturavam dentro do edifício e, por ser, nesta etapa, bastante volumétrico, eu não os via organizados dentro dos edifícios que estava propondo. Apenas mantinha o controle dos volumes pelas áreas totais dos setores. Também, ao fazer isso, concentrava cada vez mais os edifícios e, em Figuras 38 e 39. Fotos da segunda maquete de estudo volumétrico. Fonte: arquivo pessoal.

contraposição, aumentava mais as áreas não edificadas. Este mesmo processo gerou duas propostas, esta exposta ao lado e a seguinte.

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Abrindo grandes áreas livres no terreno, houve uma necessidade de controlar a escala desses novos espaços, o que se dava por outras intervenções no território, não necessariamente por meio de edifícios com um programa definido. Tanto neste estudo como no anterior, havia uma ideia de compor uma grande lâmina e assumir os espaços livres do terreno, afinal Osasco possui poucas áreas livres verdes públicas com estas dimensões e, de fato, abertas para a cidade. Nestes dois estudos também surgiu uma aproximação das lâminas edificadas em relação à rua Narciso Sturlini (que aparece na parte superior do terreno), com o objetivo de alinhá-las na calçada, nas proximidades de onde estão as pessoas no entorno mais imediato. Neste estudo em especifico, a união do programa foi maior, sendo que o único setor mantido separado foi o auditório. O auditório, solto, comporia uma pequena praça com a lâmina do conjunto. Esta praça, por sua vez, seria a transição entre duas áreas livres maiores. Ao mesmo tempo, o auditório, pensado desde o início com Figuras 40 e 41. Fotos da terceira maquete de estudo. Fonte: arquivo pessoal.

seu palco abrindo para o exterior, manteria todo o conjunto relacionado com o Boulevard de Osasco.


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Por último, o estudo em que houve a unidade se fazia bastante clara. O Ateliê urbano, o Salão da dança e as salas de música estariam todos reunidos em um único bloco (o edifício quadrado com cobertura translúcida), organizados pelos andares do edifício. O térreo deste bloco seria aberto, por isso caberia incluir o Palco aberto como o pátio central do edifício. Neste térreo, estaria também o restaurante. Seguindo em uma lâmina esbelta, a Galeria cultural elevada em relação ao chão, seria um edifício-ponte sobre uma praça e faria a transição entre o bloco de estudantes e o auditório, este posicionado na esquina da Av. Bussocaba com a Rua Narciso Sturlini. Este o foi o estudo em que a unidade do projeto apareceu de forma mais clara, em que a organização dos edifícios sugeriram conexões bastante fortes entre si.

Considerando as quatro alternativas apresentadas, a opção escolhida foi a terceira, por indicar uma triangulação entre os edifícios. O posicionamento da grande lâmina paralelamente à Rua Narciso Sturlini, próximo dos outros edifícios, tinha a intenção de trazer as pessoas para essa grande quadra. Em certa medida, fragmentado pelo auditório solto e pelo trecho da lâmina que se desprende e se inclina para apontar para o auditório. TraFiguras 42 e 43. Fotos da última maquete de estudo volumétrico. Fonte: arquivo pessoal.

tava-se de um conjunto interessante, porque apesar dos fragmentos, também era possível ver essa triangulação que os mantinha unidos.

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Figura 44. Foto da construção do Largo de Osasco, localizado no centro histórico. (Sem data). Disponível em: http://www.hagopgaragem.com/ osasco_galeria.html.


_ Osasco Antiga

No decorrer do processo, realizando uma pesquisa, encontrei sites em que seus colaboradores inseriam fotos de Osasco em seus momentos de construção. Fotografias da cidade, das primeiras indústrias, da cidade em construção, de momentos importantes na história do município, das famílias que estiveram em Osasco desde os tempos da sua fundação e que deixaram as fotos de recordação, entre muitas outras. São fotografias postas na internet sem muito controle, sem informações de quando, onde e quem fotografou. Apenas circulam livremente pela rede. Os sites e grupos na internet onde se encontram tais fotos, vídeos e outros arquivos digitais da cidade denominam-se Osasco Antiga.

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Figura 45. Foto aérea da rotatória de Osasco, sem a Ponte metálica. (Sem data). Disponível em: http://www. hagopgaragem.com/osasco_galeria. html.


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Figura 46. Foto da construção do Largo de Osasco, localizado no centro histórico. (Sem data). Disponível em: http://www.hagopgaragem.com/ osasco_galeria.html.


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Figura 47. Foto do chalé Brícola, atualmente sede do Museu de Osasco. Disponível em: http://www.hagopgaragem.com/osasco_galeria.html.


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Figura 48. Foto do Cine Estoril, localizado em uma das esquinas da Av. Paulista. DisponĂ­vel em: http://www. hagopgaragem.com/osasco_galeria. html.


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Figura 49. Foto da pavimentação da Avenida C. Costa em 1962. Disponível em: http://www.hagopgaragem. com/osasco_galeria.html.


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Figura 50. Construção da Igreja Matriz de Osasco, o bairro Santo Antônio. Disponível em: http://www. hagopgaragem.com/osasco_galeria. html.


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Figura 51. Diagrama de organização do novo programa. Elaboração própria.


_ Revisão do programa

Ao ver as fotografias, encontrava também partes de uma história sobre a cidade que eu, assim como muitos outros, não conhecia. Desde a pesquisa sobre os equipamentos culturais de Osasco e as conclusões a que havia chegado depois de conversar com funcionários da Secretaria da Cultura, atentei-me ao fato de que o programa por mim desenvolvido mantinha relação com os artistas da cidade, dando espaço para que pudessem se profissionalizar e aprimorar suas técnicas. Entretanto a população, que eu desejei poder participar mais da Cultura de Osasco, permanecia um pouco ausente no projeto. Na Secretaria da Cultura, percebi que uma das tarefas é a de que seja construída uma cultura própria da cidade de Osasco, quando, na verdade, deve existir uma diversidade de informações e registros, especialmente fotografias, vídeos e mapas, do município de Osasco que a população em geral deve desconhecer. Além disso, haveria também a necessidade de uma organização de todo esse material encontrado, de forma a permitir que a população, independentemente de serem artistas ou não, saiba como foi a construção da cidade. Do ponto de vista do projeto de arquitetura, a localização privilegiada no terreno onde atualmente já se instala a sede da Prefeitura, marcada pelos símbolos de Osasco no Boulevard em frente ao terreno e com a presença forte da Ponte metálica, permitir-me-ia fazer um projeto de arquitetura para a cidade. Valer-me-ia dos próprios elementos da cidade para projetar um Museu-midiateca para Osasco.

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Assim, o novo programa desconsideraria as escolas de formação dos artistas, para dar lugar ao Museu e à Midiateca. A Midiateca guardaria todos estes arquivos da cidade, contemplando as fotografias, jornais, notícias, vídeos, mapas e outros documentos sobre a história do município. No museu, haveria um espaço para expor essa história para a população. Também seria parte do programa um local de formação de profissionais para lidar com os documentos históricos municipais, desde a organização e disponibilização para estudantes, pesquisadores e população, até a produção para as exposições. O auditório estaria vinculado à midiateca na medida em que pudesse dar lugar para mostras de vídeos antigos da cidade e seria mantido do programa de necessidades anterior, pois preservaria seu propósito de receber parte da demanda do Teatro Municipal, o que permitiria que mais artistas se apresentassem. Quanto à volumetria estudada para a implantação do projeto, mantive-a considerando algumas alterações para que pudesse estar moldada conforme as novas necessidades. Tais alterações serão explicadas na Parte 3 a seguir.

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Parte 3 | Projeto para um museu-midiateca

_ Implantação como retomada da história

Os símbolos localizados no entorno imediato do terreno escolhido são frutos decorrentes principalmente da atuação do poder público sobre o espaço urbano. Foi a criação das áreas livres para gerar o respiro e amplidão para a atual sede da Prefeitura de Osasco, implantada como dois grandes blocos e mantendo a fachada principal para a Av. Bussocaba. O respiro tanto é produzido por esta larga avenida de vale como também pelo Boulevard que amplia o solo, embora houvesse o preço de se tamponar o córrego Bussocaba exatamente no trecho em frente a Prefeitura. Ao longo dos seus 350 metros de extensão, o Boulevard recebe bancos e palmeiras entremeados por 3 pontos bem característicos: no extremo sul, uma rampa que aguarda o futuro monumento em homenagem ao aviador; no centro, o grande chafariz; no extremo norte, outro chafariz que finaliza o Boulevard bem em frente ao Arco da Fraternidade. Este, por sua vez, foi construído como o Portal da cidade, apesar de não estar localizado nos acessos do município. De fato, trata-se de um marco, executado com esta finalidade. De uma vista a partir do Boulervard, horizontalmente cruza e se ergue imponente atrás do Arco da Fraternindade o grande Pontilhão metálico, cujo desenho nesta vista se funde e se complementa com o do Arco. Denominado viaduto Reinaldo de Oliveira, foi inaugurado em 1992 pelo então Prefeito Francisco Rossi e, naquele momento, simbolizava o progresso e desenvolvimento municipal com tamanha obra de infraestrutura urbana.

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Figura 52. Foto aérea do centro de Osasco. Disponível em: http://osasco.com.br/.


Atualmente, esses marcos não possuem mais estes significados. Os chafarizes que anteriormente serviam de lazer para as pessoas estão desligadas e secas. O viaduto que permite a ininterrupta continuação da Avenida dos Autonomistas guarda sob si uma trama de vias curvas e alças de acesso e retorno, tomadas pelo trânsito congestionado. Cada vez mais as pessoas foram saindo das calçadas e deixando o Boulevard vazio, ao mesmo tempo em que veículos se viam mais frequentes nas ruas e avenidas, o que mostra o caráter rodoviário que o Osasco passou a ter. Além disso, no próprio terreno da Prefeitura, os dois blocos principais, ao voltarem-se para o Boulevard, ignoram completamente a cidade construída pelos cidadãos comuns. As casas e comércios da Rua Narciso Sturlini, ainda que sem qualquer significado arquitetônico ou mesmo especial para a cidade, além de, é claro (e não poderia deixar de ser igualmente importante) dar urbanidade para aquele lugar. Para esses domicílios e pequenas unidades construídas, sobram as vistas dos diversos estacionamentos da Prefeitura, cujas árvores fornecem a sombra para o mar de veículos e não para os pedestres. Entretanto, mesmo esvaziado de pessoas, esta área bastante específica da cidade não deixou de ser lembrada pela população ou mesmo de se manter enquanto o centro cívico do município. Obviamente, a Prefeitura permanece e isso exerce uma certa defesa do poder naquele local. Contudo entendo que a Prefeitura sem todos esses símbolos construídos não apresentaria tamanha força quanto possui hoje. Os eventos cívicos mais importantes atualmente ocorrem na Avenida Bussocaba, em frente à Prefeitura. As festas de final de ano são lembra-

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das e marcadas pelas luzes e decoração que atraem as pessoas para o Boulevard, especialmente à noite. Assim, a movimentação e o encontro de pessoas acontecem com esses eventos, à semelhança dos equipamentos culturais públicos de Osasco. Logo, projetar neste terreno tornou-se um grande desafio e eu não poderia desconsiderar todos esses aspectos que compõem a formação e a história da cidade de Osasco acompanhada dos seus cidadãos. Assim, a proposta de se valer da arquitetura para retomar os símbolos da cidade e a história de sua construção fortalece a proposta de criar uma arquitetura cuja relação com a cidade seja importante e significativa. Como museu-midiateca para a cidade de Osasco, aproveitei a volumetria escolhida e ajustei a implantação de acordo com os símbolos da cidade existentes no entorno imediato. Isto significou tirar partido da própria cidade. A estratégia para representar esse retorno à história da construção da cidade foi por meio da criação de eixos de visibilidade em que o percurso imaginado não seria feito em direção paralela ao Boulevard, mas indo de encontro a um de seus símbolos: ou olhando em direção ao chafariz central, ou com vista para o Arco da Fraternidade. O espaço não edificado do terreno seria composto pelas praças e espaços livres para aglomeração de muitas pessoas, uma vez que se trata do centro cívico da cidade. Talvez, com a saída da Prefeitura para o Paço Municipal, este lugar possa deixar de ser a praça cívica de Osasco, mas os símbolos existentes (Ponte Metálica, Arco da Fraternidade, Boulevard) permaneceriam. Além disso, mesmo que as áreas livres não Figura 53. Foto de evento cívico em frente ao Arco da Fraternidade, sem data. Disponível em: http://www. hagopgaragem.com/osasco_galeria. html.

fossem utilizadas por um grande público em eventos cívicos, poderiam ser utilizadas para as feiras gastronômicas e outros eventos que já acontecem atualmente nos estacionamentos da Prefeitura.

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Figura 54. Maquete do estudo volumétrico realizado para o programa anterior. Figura 55. Destaque para os volumes e seus programas anteriores. A grande lâmina, próxima das casas e comércio, reuniria as salas de aula de música, dança e artes plásticas. Destacando-se do volume, em diagonal, o restaurante no térreo. Como um bloco solto, mas relacionado com a grande lâmina, o volume do auditório. Quase paralelamente ao viaduto, um elemento em linha que marca o território e fecha uma triangulação percebida. O tracejado horizontal marca a implantação da lâmina, o tracejado vertical indica a intenção de permeabilidade do terreno e, por fim, o tracejado em diagonal que aponta para o Arco da Fraternidade.

Figura 56. Destaque para os símbolos considerados na revisão da implantação. Da esquerda para a direita: monumento à Dimitri Sensaud de Lavoud; grande chafariz; pequeno chafariz; Arco da Fraternidade; Viaduto Reinaldo de Oliveira.


105 Figura 57. Adaptação dos volumes para a nova implantação, retomando os símbolos de Osasco. Triangulação mantida pelo viaduto e intenção de criar um eixo diagonal como marca no território, apontando para o Arco da Fraternidade. Paralelamente, surgiu um novo eixo diagonal que amplia a passagem transversal no terreno ao mesmo tempo que abrem a vista para o grande chafariz no centro do Boulevard.

Figura 58. Adaptação dos volumes para a nova implantação, retomando os símbolos de Osasco. Outro eixo diagonal delimita o volume destacado da grande lâmina e, para evitar que o bloco do auditório interrompa o eixo visual até o Arco da Fraternidade, houve o deslocamento do volume do auditório para a o extremo sul do terreno, aproximando-o da quadra, onde estão as pessoas.

Figura 59. Adaptação dos volumes para a nova implantação, retomando os símbolos de Osasco. Por fim, de modo a manter o volume do auditório relacionado com a grande lâmina, este sofreu uma rotação, alinhando-se com o volume destacado em diagonal. A grande área livre torna-se uma praça segmentada em áreas menores destinadas para outras atividades e estar.




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Figura 60. Nova galeria nacional, Mies Van der Rohe. DIsponĂ­vel em: http://berlinocacioepepemagazine. com/berlino-la-neue-nationalgalerie-avra-una-nuova-splendida-ala/ http://berlinocacioepepemagazine. com/berlino-la-neue-nationalgalerie-avra-una-nuova-splendida-ala/


_ Premissas para o Museu-midiateca

O Museu-midiateca, locado na lâmina comprida, foi pensado como uma caixa de vidro que repousa sobre o território, colocando-se de frente para a cidade ao mesmo tempo em que é visualmente permeável a ela. Apesar de sua extensão, a grande lâmina foi pensada com diversos acessos para que o ato de atravessar a quadra também possa ser realizada por dentro do edifício. Em seu interior, protegidos pela pele de vidro, elevam-se outras caixas, correspondentes aos setores do programa:

- Salas de aula e administração geral

- Biblioteca e arquibancada de leitura

- Museu e suas salas técnicas

Os volumes internos são elevados para dar espaço ao térreo, onde ocorreria a convivência entre os três núcleos. Utilizei como referência projetos de pavilhões que congregam diferentes atividades em seu interior, sendo um deles o projeto da Galeria Nacional em Berlim, do arquiteto Mies Van der Rohe, por entender que este, em especial, trazia o sentido que eu estava buscando para o projeto. O auditório, inclinado em relação à grande lâmina, indica o eixo do olhar guiado para o Arco da Fraternidade. Desde o início, o auditório foi pensado como um bloco ou galpão com dois acessos principais, mantendo-se a porta principal para o foyer e, pelo lado oposto, um portão que abre o palco para o exterior, no caso, para uma porção da praça.

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Figura 61. Foto de intenção com pedras sobre a terra, por Richad Long. Fonte: https://www.itsnicethat.com/ features/richard-long.


_ Elementos da praça

O grande espaço livre seria organizado por eixos que geram os espaços menores da Praça. Um dos elementos principais é a linha de pedras, que tive como referência as intervenções de Richrd Long sobre um território. Essa linha parte da midiateca e termina, invisível, no Arco da Fraternidade. Ao lado da midiateca, mais especificamente, ao lado do bloco da biblioteca, foi pensado um espaço gramado, onde as pessoas pudessem sentar e ler a céu aberto. Ao lado do bloco do museu, um espelho da água reflete a caixa suspensa atrás da pele de vidro e, ao mesmo tempo, é um elemento da praça para retomar o córrego Bussocaba (o qual, exatamente neste trecho, está enterrado sob o Boulevard). O auditório abre seu palco para a Praça dos bancos, onde as pessoas podem assistir aos espetáculos ou participarem dele como figurantes do cenário - a cidade. Cruzando com a linha diagonal no território, também há uma ampla área de piso que, além de segmentar o comprido edifício do museu-midiateca, faz a passagem entre os lados leste e oeste do terreno. Nessa mesma área livre, poder-se-ia ter grandes aglomerações de pessoas ao ar livre, bem como dar continuidade à existência das feiras gastronômicas, de artesanato e outros.

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_ Aproximação do edifício

Quanto ao desenvolvimento do projeto do edifício do Museu-midiateca, foi pensado um estacionamento em um meio-nível no terreno, afinal, com a passagem do córrego, o nível do lençol freático está próximo da superfície. O estacionamento está localizado na porção sul do terreno, de modo a atender tanto o Museu-midiateca, quanto o auditório. Sobre o edifício Museu-midiateca, é possível dizer que há três blocos internos. Partindo no sentido sul-norte, os blocos seriam destinados especificamente a:

IMPLANTAÇÃO

- Salas de aula e administração geral do Museu-midiateca;

- Biblioteca e arquibancada para leitura;

- Museu e suas áreas técnicas.

LEGENDA: Em todo o térreo existiriam mesas e bancos como um espaço de estar

1 Ponte Metálica 2 Arco da Fraternidade Chafariz 3 4 Chafariz central 5 Monumento a Sensaud de Lavoud

e de uso livre. Neste nível também se encontram o café e o restaurante (cada um em cada extremo da lâmina) e outros pequenos módulos em que pudesse funcionar serviços como papelaria, copiadoras e outros que atendessem os usuários do Museu-midiateca. Além disso, foi destinado um espaço para co-working, localizado no volume destacado da

lâmina.

Eixos principais, de olhar e percurso.

Eixos de delimitação dos espaços.

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Nos pavimentos superiores, os ambientes são definidos conforme a destinação de cada bloco.

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PLANTAS DO MUSEU-MIDIATECA LEGENDA: Térreo 1 Sanitários 2 Cozinha e demais apo- sentos do restaurante 3 Convivência 4 Exposições abertas 5 Atendimento 6 Sanitários 7 Módulos de serviços 8 Espaço co-working 9 Cozinha do café e de- mais aposentos 10 Sanitários

No primeiro pavimento do bloco administrativo, haveria salas de aula e espaços de discussão. Por uma passarela, ter-se-ia acesso aos sanitários e salas de reunião. E subindo para o segundo pavimento, haveria o piso da administração, com planta livre. No segundo bloco, que diz respeito à biblioteca, o primeiro nível guarda o acervo histórico da cidade, com as fotografias, mapas e outros documentos. Uma passarela também dá acesso ao elevador e salas dos serviços técnicos da biblioteca (catalogação, conservação e restauro).

1 pavimento

No segundo nível, chega-se pela escada ao degrau mais baixo de uma

11 Sala de serviços técni- cos do museu 12 Convivência 13 Guarda-volumes 14 Sala de exposição 15 Setor de catalogação 16 Setor de restauro 17 Setor de conservação 18 Acervo da biblioteca 19 Espaços de discussão 20 Salas de aula 21 Sala de oficinas 22 Sanitários

arquibancada, onde os visitantes poderiam se sentar e ler. O degrau

2o pavimento

uma sala para guardar as obras a serem montadas ou expostas.

o

mais elevado tem como continuidade a passarela no segundo nível, que dá acesso a um espaço de estudos da biblioteca. No terceiro bloco, referente ao museu, há uma caixa suspensa, como a representação de um “desenterrar da história da cidade”. Esta caixa guarda o espaço para exposições e o acesso é feito pelo primeiro nível, seguindo-se por uma passarela. Anterior a entrada da sala, no primeiro andar do bloco fechado, há o guarda-volumes e o atendimento. Subindo mais um nível, chega-se às áreas técnicas do museu, que possui

23 Sala técnica do museu 24 Área de estudo 25 Sala de computadores 26 Arquibancada 27 Sala dos professores 28 Coordenação educativo 29 Sala de reunião 30 Sanitários

A estrutura de toda esta lâmina é composta por duas caixas de concreto, localizadas nos seus extremos norte e sul, com uma série de pórticos com pilares e treliças dispostos a cada 8 metros. Nessas treliças, estão atirantadas a caixa do museu, as lajes dos demais pisos (quando não apoiadas diretamente nos pilares) e as passarelas. Por se tratar de um estrutura metálica, a lâmina não se apoia diretamente

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sobre o sobre, mantendo distância da estrutura de aço em relação ao

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CORTE LONGITUDINAL E TRANSVERSAL DO BLOCO DAS SALAS 0

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escoamento das águas pluviais e umidade. Os pilares dos pórticos se apoiam sobre bases de concreto, o que deixa a lâmina levemente solta do chão e dá o sentido de seu repouso sobre o terreno. As lajes são do tipo steel-deck e são atirantadas nas treliças por perfis tubulares de aço, ligados aos pisos por meio das vigas de borda. Quanto à vedação, a fachada do museu-midiateca foi pensada desde o início como a face transparente, que permite a permeabilidade visual que os demais equipamentos culturais existentes não apresentam. Assim, os fechamentos são feitos por caixilhos de alumínio com vidro

LEGENDA:

duplo, em função de melhor isolamento acústico e térmico. Devido a fachadas extensas e de pé-direito alto (12 metros), foi necessário criar

Bloco das salas

uma subestrutura que apoia os caixilhos. Esta seria composta por vigas

1 Acesso cobertura Cobertura 2 3 Sala de reunião 4 Coordenação educativo/ administrativo 5 Sala dos professores 6 Sala de oficinas 7 Circulação vertical 8 Salas de aula 9 Espaços de discussão 10 Cozinha do café Café 11 12 Térreo livre com módulos de serviço Estacionamento 13 Passarela 14 15 Calçada (Rua Narciso Sturlini) Praça 16

intermediárias, segmentando a fachada em 3 e 4 faixas horizontais. Para que estas vigas não fossem relativamente altas, o que marcaria a fachada, incluí pilaretes entre os pilares da estrutura principal, fazendo com que as vigas tornassem-se mais esbeltas e manter a fachada mais leve. Em função de os caixilhos serem altos, de modo que fossem proporcionais à extensão e altura do edifício, pensei a fachada com vidros fixos. Por este motivo, houve a necessidade de criar mecanismos para a ventilação, feitos por uma estrutura móvel na cobertura. Assim, haveria entrada de ar pelos portões abertos e saída pela cobertura. Em decorrência das faces envidraçadas estarem voltadas para leste e oeste, pensei em propor os brises-soleil com aletas dispostas verticalmente. Ainda que o vidro seja duplo, a condição de reduzir a insolação no interior me pareceu relevante, afinal o pavilhão é abrigo mesmo que

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tenha que ser aberto para a cidade.

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CORTE LONGITUDINAL E TRANSVERSAL DO BLOCO DA BIBLIOTECA 0

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A cobertura possui uma característica específica. As treliças metálicas estão no exterior do edifício para que houvesse uma expressão da estrutura e para que o museu-midiateca não aparentasse apenas uma lâmina comprida e alta com volume completamente prismático. As treliças dispostas externamente também auxiliam a reduzir a percepção de um edifício muito longo na medida que pausa e dá um ritmo sobre a cobertura. Contudo, a cobertura que normalmente possui sua estrutura sob si, neste caso está sobre ela, o que significou pendurar a estrutura que apoia as telhas termo-acústicas utilizadas. Um detalhe importante a ser resolvido era como “atravessar” as telhas com as demais peças que suportariam tanto a subestrutura da cobertura como os tirantes tubulares que suspendem os demais níveis. Para tanto, utilizei como referência o projeto do edifício Crown Hall, em Chicago, também do arquiteto Mies Van der Rohe. Este detalhe em questão é apresentado posteriormente, juntamente com outros que dizem respeito à cobertura.

LEGENDA:

Bloco da biblioteca

1 Arquibancada 2 Área de estudo Acervo 3 4 Setor de catalogação 5 Térreo livre 6 Circulação vertical 7 Calçada (Rua Narciso Sturlini) Acesso ao gramado 8 Caixa de elevador e de 9 salas de serviços Passagem da praça 10

Haverá também um detalhe sobre fixação de painel em uma das extremidades da biblioteca, fechando lateralmente o nível do acervo e da arquibancada. Trata-se de um painel de madeira perfurado e fixado nas vigas de borda da estrutura. O mesmo painel é utilizado também em uma das extremidades do bloco das salas de aula (apresentado em vista no corte transversal, p.116) e no fechamento lateral da caixa do museu, o qual, por sua vez, possui vedação em painéis de gesso drywall e isolantes. Aqui, apresento aspectos específicos do edifício, que foi meu ponto principal a chegar neste trabalho, por se tratar de um projeto de arquitetura. No final deste caderno, há os desenhos que trazem a relação

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do museu-midiateca com o entorno imediato e os símbolos da cidade.

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LEGENDA:

Bloco do museu

1 Acesso à cobertura 2 Sala técnica 3 Sala de exposição 4 Convivência / mezanino 5 Serviços técnicos 6 Exposições abertas 7 Convivência / térreo 8 Restaurante 9 Cozinha 10 Espelho da água 11 Calçada (Rua Narciso Sturlini)

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VIDRO TEMPERADO e = 10mm, COM PELÍCULA DE PROTEÇÃO

ISOLAMENTO COM AR, e = 60mm

PILAR METÁLICO TUBULAR DE SEÇÃO QUADRADA, 50cm x 50cm

CAIXILHO DE ALUMÍNIO VIGA METÁLICA DO TIPO I, 30cm X 40cm CHAPA DOBRADA DE ARREMATE EXTERNO ENRIJECEDOR DE APOIO FIXADO À CHAPA DE BASE POR SOLDA

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CHAPA METÁLICA DE BASE PARAFUSADA EM BASE DE CONCRETO BASE DE CONCRETO PARA APOIO DO PILAR METÁLICO

DETALHE DE BASE DE PILAR E ENCONTRO COM CAIXILHOS 0

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DETALHE DE VEDAÇÃO DA CAIXA DO MUSEU

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PAINEL DE MADEIRA MDF PERFURADO e = 18 mm FIXADO SOBRE LAJE

VIGA METÁLICA, PERFIL TIPO I, 30cm x 40cm

PERFIL DO TIPO U SUSPENSO COM TIRANTE PARA FIXAÇÃO DO FORRO

123 FORRO EM PAINEL, SUSPENSO POR ESTRUTURA METÁLICA. OBS.: FORRO PODE VARIAR ALTURA CONFORME NECESSIDADES DA EXPOSIÇÃO.

PAINEL DE MADEIRA MDF PERFURADO, e = 18 mm

TIRANTE TUBULAR METÁLICO, 15cm x 15cm

ISOLANTE TERMO-ACÚSTICO ENTRE PAINEIS DE GESSO ACARTONADO

PAINEL DE GESSO ACARTONADO

CHAPA METÁLICA DOBRADA EM L 14cm x 14cm, PARA LIGAÇÃO COM O TIRANTE CHAPA METÁLICA DE LIGAÇÃO


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DETALHE DE FIXAÇÃO DE PAINEL LATERAL NA BIBLIOTECA 0

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PAINEL DE MADEIRA MDF PERFURADO, e = 18mm

PAINEL DE MADEIRA, e = 5cm PARA REVESTIMENTO DA ARQUIBANCADA

CHAPA METÁLICA DOBRADA PARA FIXAÇÃO DO PAINEL DE MADEIRA, PERFIL TIPO L, 18cm x 18cm

PISO ACABADO

LAJE STEEL DECK, h = 10cm

VIGA METÁLICA, PERFIL TIPO I, 30cm x 40cm

CHAPA METÁLICA DOBRADA PARA FIXAÇÃO DO PAINEL DE MADEIRA, PERFIL TIPO L, 18cm x 18cm

FORRO FIXADO SOB VIGAS METÁLICAS

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MONTANTE DA TRELIÇA METÁLICA

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CHAPA DOBRADA

TELHA TERMOACÚSTICA CAIMENTO 2%

PERFIL METÁLICO DE LIGAÇÃO COM O TIRANTE, PERFIL U DE ABAS DESIGUAIS, h = 25cm VIGA METÁLICA PERFIL TIPO I 30cm x 40cm

TIRANTE TUBULAR METÁLICO 15cm x 15cm

PILAR TUBULAR METÁLICO 50cm x 50cm

DETALHE DE COBERTURA - LIGAÇÃO COM TIRANTE (CORTE LONGITUDINAL) 0

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MONTANTE DA TRELIÇA METÁLICA

127 BANZO INFERIOR DA TRELIÇA METÁLICA

TELHA TERMOACÚSTICA CAIMENTO 2%

TIRANTE TUBULAR METÁLICO, 15cm x 15cm

FORRO FIXADO SOB VIGAS METÁLICAS, e = 3mm

DETALHE DE COBERTURA - LIGAÇÃO COM TIRANTE (CORTE TRANSVERSAL) 0

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MONTANTE DA TRELIÇA METÁLICA

128 BANZO INFERIOR DA TRELIÇA METÁLICA

PERFIL METÁLICO DE LIGAÇÃO, PERFIL U DE ABAS DESIGUAIS, h=25cm TELHA TERMOACÚSTICA, CAIMENTO 2% PERFIL METÁLICO TUBULAR 10cm x 18cm CHAPA DOBRADA

CAIXILHO DE ALUMÍNIO PERFIL METÁLICO U HORIZONTAL, 10cm x 10cm h=12,5cm PERFIL METÁLICO TUBULAR 15cm x 20cm PERFIL U PARA FIXAÇÃO DO FORRO FIXADO COM TIRANTE EM VIGA FORRO, e=5mm VIDROS TEMPERADOS, e=10mm, COM PELÍCULA DE PROTEÇÃO, ESPAÇADOS DE 60mm DE AR PILAR TUBULAR METÁLICO 50cm x 50cm

DETALHE DE COBERTURA CAIXILHOS 0

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MONTANTE DA TRELIÇA METÁLICA

129 BANZO INFERIOR DA TRELIÇA METÁLICA

RUFO METÁLICO SOBRE ENCONTRO DE TELHAS TERMOACÚSTICAS TELHA TERMOACÚSTICA CAIMENTO 2% PERFIL U PARA APOIO DAS TELHAS

VIGA METÁLICA DO TIPO PERFIL I, 30cm x 40cm

PILAR METÁLICO, 50cm x 50cm

CABO PARA FIXAÇÃO DO FORRO

FORRO FIXADO SOB VIGAS METÁLICAS, e = 3mm

DETALHE DE COBERTURA - TELHAS DETALHE DE COBERTURA CUMEEIRA DO TELHADO 0

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Figura 62. Vista interna da passarela que conecta o piso administrativo com a sala de reunião. Logo abaixo, situa-se a sala de oficinas e, no térreo, o café. Fonte: elaboração própria.


Figura 63. Vista interna da biblioteca. No nível superior está a arquibancada e, abaixo, o piso do acervo. Fonte: elaboração própria.

Figura 64. Vista interna da caixa suspensa do museu e do espaço térreo destinado a exposições abertas ao público. Fonte: elaboração própria.



Figura 65. Vista interna da biblioteca ao longo de sua maior extensão. Fonte: elaboração própria.


Figura 66. Vista externa parcial do museu. Fonte: elaboração própria.




Figura 67. Vista externa parcial do bloco administrativo da midiateca. Fonte: elaboração própria.


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PLANTAS DO AUDITÓRIO

Quanto ao auditório, o térreo possui uma parte externa e outra interna ao edifício. Externamente, encontram-se a bilheteria e o conjunto escada-elevador que vem do estacionamento (em meio nível). No interior do edifício, há o foyer que dá acesso ao café e, lateralmente, aos sanitários

LEGENDA:

e às rampas que seguem para a plateia.

Térreo Bilheteria 1 Foyer 2 Café/bar 3 Sanitários 4 5 Acesso a plateia Plateia 6 7 Camarim coletivo 8 Camarins individuais Coxias 9 Palco 10 11 Portão do palco (aberto) 1o pavimento Mezanino 12 13 Setor administrativo 14 Sala de reunião 15 Copa funcionários 16 Acesso superior à plateia 17 Salas de apoio Plateia 18 Sanitários 19 20 Camarim coletivo

Por um acesso independente, quem se apresenta entra no auditório lateralmente ou pela escada-elevador que sobe do estacionamento. Chega-se diretamente ao conjunto coxias, palco e camarins. Estes últimos estão distribuídos em pontos diversos do auditório neste nível e no nível superior. Acima, há um mezanino que dá acesso às salas de apoio do auditório, bem como à parte superior da plateia, o qual dispõe de 400 lugares. Em uma lateral, há um conjunto de sanitários e, do outro lado, a sala da administração do auditório com uma copa no fundo. O palco do auditório foi pensado com um portão que se abre para a Praça dos bancos, onde outras pessoas podem assistir aos espetáculos ou, pelo menos, saber o que acontece no interior do auditório, quando este portão estiver aberto. Pode se tratar tanto de apresentações que tenham a cidade como a paisagem, como também de apresentações que iniciem para a plateia e saiam para a cidade, em uma apresentação literalmente aberta.

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O último nível corresponde ao piso técnico do auditório, onde se tem

Piso técnico Passarela técnica

acesso ao controle de altura dos painéis acústicos, dispostos sobre a plateia, e outros equipamentos utilizados em apresentações.

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CORTE LONGITUDINAL DO AUDITÓRIO

LEGENDA:

A estrutura do auditório de concreto armado, sendo que todos os pilares

1 Praça Sensaud de Lavoud 2 Acesso público do auditório Foyer 3 Café-bar 4 Plateia 5 Palco 6 7 Portão do palco aberto 8 Mezanino 9 Sala de apoio 10 Piso técnico 11 Passarela técnica 12 Painéis acústicos elevados 13 Estacionamento

um vão amplo para o ambiente da plateia, a distância entre pilares na

descem diretamente para o nível do estacionamento. Por se tratar de seção transversal é de 20 metros, vencidos com treliça metálica de 3 metros de altura. No sentido longitudinal, o vão é de 8 metros, como é feito no museu-midiateca. As mesmas treliças dão o pé-direito do andar técnico, funcionando o banzo inferior como a estrutura do piso e o banzo superior como o suporte para a cobertura. Ademais, no trecho sobre a plateia, os painéis acústicos são fixados em uma subestrutura de vigas apoiadas nos banzos inferiores dessas treliças metálicas. A relação deste edifício com o museu-midiateca e com seu entorno pode ser visto nos desenhos apresentados no final deste caderno e por

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meio das imagens apresentadas a seguir.


Figura 68. Vista interna do auditório, com o palco aberto no fundo. Fonte: elaboração própria.


Figura 69. Vista externa do palco aberto do auditório. Fonte: elaboração própria.

Figura 70. Vista externa do auditório com o Museu-midiateca ao lado esquerdo.. Fonte: elaboração própria.


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Por fim, o estacionamento em meio-nível encontra-se rebaixado 1,60 metros em relação ao nível de acesso na rua Narciso Sturlini, ficando na cota 727,00. Para evitar o descarte do solo, optei por preencher a borda do estacionamento de forma que, a partir das calçadas, houvesse um relevo em rampa, subindo para o nível 730,60 onde estão locados o auditório e o trecho inicial da midiateca (o bloco das salas de aula e administração). Logo após a saída do palco aberto e do fim da fachada envidraçada do espaço co-working (volume destacado na lâmina), o relevo torna a descer em rampa até o nível 728,00 (onde há a esplanada que corta o edificio-lâmina e o terreno transversalmente). A partir de então, o relevo segue praticamente plano até o extremo norte do terreno. A intenção é de que o estacionamento atenda tanto a midiateca quanto o auditório. Assim, além de situar-se no trecho de maior cota altimétrica do terreno a fim de evitar os pontos baixos devido ao nível da água, também está bem localizado, pois está conectado justamente com os setores do programa nos quais o número de pessoas é maior, ou seja,

PLANTA DO ESTACIONAMENTO

o auditório e o bloco das salas de aula e administração. No estacionamento, além das vagas de veículos e motos, há uma pre-

LEGENDA:

visão de áreas técnicas, bem como circulação vertical por escadas e

1 Controle/segurança do estacionamento 2 Elevadores (midiateca) 3 Circulação vertical de público (auditório) 4 Circulação vertical de uso restrito (auditório) 5 Previsão de área técnica

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elevadores para os pavimentos térreo e superiores. No caso do auditório, pensei em acessos independentes para o público e para quem se apresenta. Assim, uma caixa de vidro guarda a circulação pública do auditório, chegando na parte externa coberta, em frente à bilheteria e às portas de entrada do foyer. E na extremidade mais isolada do estacionamento está o acesso restrito ao auditório, chegando, por escada ou elevador, ao conjunto coxias, palco e camarins.

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Considerações finais

Conclui este curso com um projeto de grandes dimensões, o que me envolveu em vários desafios ao longo do processo de projetar. Por este motivo optei por colocar este processo no caderno, ainda que possuísse várias idas e voltas. Penso que isto seria, enfim, o modo como eu deveria terminar - aprendendo e me colocando à prova em alguns momentos. Tratando especificamente do projeto, como mencionei no início deste caderno, a ideia para o Museu-midiateca foi uma construção ao longo do semestre. Em muitos momentos, tive dúvidas e não sabia onde iria chegar. Mesmo agora, no final, o projeto dos edifícios e das áreas livres como resultaram, não significa que a minha resposta para os problemas que encontrava nos equipamentos culturais públicos de Osasco seja a correta. Ainda assim, considero que ela seja uma proposição bastante diferente para esta cidade chamada Osasco. Uma ideia nova a partir da qual pude explorar algumas questões sobre o que seria a relação entre os espaços edificados e espaços livres, entre a arquitetura e a cidade e a paisagem dessa cidade, buscando, como objetivo final, incluir as pessoas nesses equipamentos e dar um final para aquele vazio que eu inicialmente via.

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Referências bibliográficas

BASTOS, Maria Alice Junqueira. Brasil: Arquiteturas após 1950. São Paulo: Perspectiva, 2015. GUERRA, Abílio (org.) O arquiteto e a cidade contemporânea. São Paulo: Romano Guerra, 2009. IWAZAKI, Lidia Reiko. Estudos sobre a organização territorial municipal de Osasco. TGI apresentado à FAUUSP, 1975. PATTERSON, Michael. Structural glass façades and enclosures. 2011. KATINSKY, Julio R. Arquitetura brasileira: o coração da cidade. A invenção dos espaços de convivência. São Paulo: Instituto Tomie Ohtake, 2012. NETTO, José Teixeira Coelho. A construção do sentido na arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 2014. NEUFERT, Ernst. Arte de projetar em arquitetura. São Paulo: Gustavo Gili, 2013. REBELLO, Yopanan. A concepção estrutural e a arquitetura. São Paulo: Zigurate Editora, 2000. ROCHA, Pedro Mendes da. Arquitetura de Centros Culturais. Entrevista ao Itaú Cultural. São Paulo, 2014. SANDEVILLE, Euler. A arquitetura na cidade. São Paulo: Revista Paisagem e Ambeinte: Ensaios, n. 31, p. 97-124, 2013. ZIMMERMAN, Claire. Mies Van der Rohe. TASCHEN, 2016.

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Sites

http://comculturaosasco.files.wordpress.com/2016/09/plano-municipal-de-cultura.pdf. http://www.osasco.sp.gov.br/ http://culturaosasco.com.br http://brasilarquitetura.com/projetos/ http://www.hagopgaragem.com/osasco_galeria.html

153



ApĂŞndices

155


1

2

4 7 6 3

5

10

9


TÉRREO

Escala 1/750 0

10

50 m

LEGENDA 1 Térreo da midiateca 2 Térreo do museu 3 Auditório 4 Gramado 5 Praça dos bancos 6 Esplanada 7 Espelho da água 8 Bosque 9 Monumento a Dimitri Sensaud de Lavoud 10 Chafariz central 11 Chafariz 12 Arco da Fraternidade 13 Ponte metálica

8

13

11

12


1

4

2

3


PRIMEIRO PAVIMENTO Escala 1/750 0

10

LEGENDA 1 Salas de aula 2 Biblioteca 3 Sala de exposição 4 Mezanino do auditório

50 m


1

4

2


SEGUNDO PAVIMENTO Escala 1/750 0

3

10

LEGENDA 1 2 3 4

Administração geral Arquibancada da biblioteca Sala técnica da exposição Piso técnico do auditório

50 m



COBERTURA Escala 1/750 0

10

50 m



CORTE LONGITUDINAL AA Escala 1/500 0

10

80 m



CORTE LONGITUDINAL BB Escala 1/500 0

10

80 m



CORTE TRANSVERSAL CC ELEVAÇÃO SUL / AUDITÓRIO Escala 1/500 0

10

80 m



CORTE TRANSVERSAL DD Escala 1/500 0

10

80 m



CORTE TRANSVERSAL EE Escala 1/500 0

10

80 m



ELEVAÇÃO OESTE Escala 1/500 0

10

80 m

ELEVAÇÃO LESTE Escala 1/500 0

10

80 m













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