O mirante e a mediação do indivíduo com a cidade

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CAMILA ZAMBANINI DINIZ

Trabalho

de

apresentado

Conclusão como

de

requisito

Curso para

obtenção de título de pós graduado pela Faculdade

de

Armando

Alvares

Penteado - FAAP. Orientadora: Profª. Drª. Adriana Monzillo

São Paulo 2021





Agradecimentos Agradeço primeiro a minha família e ao meu noivo, por me darem o apoio que tornou possível meu ingresso e permanência na pós graduação. A minha amiga querida Natasha Amaral por ter oferecido sua ajuda tantas vezes e me auxiliar na modelagem. A minha amiga querida Yasmin Secron que fará a revisão de texto para a versão final deste caderno. A Profª. Drª. Adriana Monzillo pelo acompanhamento deste trabalho e os constantes feedbacks que possibilitaram este trabalho a chegar o mais adiante possível.



Resumo Este trabalho busca, através do design de interiores, formas de conectar as pessoas ao espaço projetado e à cidade. Questões de como trazer para o usuário o sentimento de apropriação e incentivar a permanência foram levadas em conta considerando um público alvo bastante abrangente. O objeto de projeto escolhido foi um mirante no sexto andar de uma midiateca. Inerente ao mirante a conexão visual entre o indivíduo e a cidade se tornou uma discussão necessária, resultando na investigação sobre o significado da paisagem, o uso dos sentidos e o papel de um mirante. Por fim o uso de recursos simbólicos no design de interiores, ao traçar essa conexão tanto na materialidade como no design de alguns elementos, leva os objetivos a um recorte de escala menor. Através destes conceitos e de esquemas de estudo do projeto este trabalho busca que o design de interiores potencialize a conexão das pessoas com ele mesmo e com a cidade, ao mesmo tempo mostrando para o leitor o processo de criação e a justificativa para as escolhas tomadas. Palavras-chave: design de interiores, mirante, café, conexão com a cidade


Lista de imagens Figura 1 - Mirante Elogio del horizonte, obra de Eduardo Chillida. Disponível em: <http://bit.ly/3gYMfyD>. Acessado em dezembro de 2020. Figura 2 - Praça em frente ao mercado municipal em 2015 e expansão da margem do rio em 2017. Disponível em: <https://www.google.com.br/maps/>. Acessado em dezembro de 2020. Figura 3 - Contato visual com o mercado municipal (antigo prédio da biblioteca). Acervo pessoal. Realizada em 2016. Figura 4 - Foto da vista a partir do nível do terreno. Acervo pessoal. Realizada em 2016. Figura 5 - Pessoas sentadas em frente a igreja matriz. Acervo pessoal. Realizada em 2016. Figura 6 - Atividades cotidianas na praça da igreja matriz.. Acervo pessoal. Realizada em 2016. Figura 7 - Moodboard conceitual. Montagem a partir de imagens coletadas nos sites Guia da semana, Ricketts Indigo, ,Ovo, H2rdesign, Deezen e dos instagrams @kayla_itsines e @architectanddesign Figura 8 - Itatiba Shopping. Disponível em: <https://bit.ly/itatibashopping>. Acessado em dezembro de 2020.


Figura

9

-

Basílica

menor

Nossa

Senhora

de

Belém.

Disponível

em:

<https://bit.ly/igrejasitatiba>. Acessado em dezembro de 2020. Figura

10

-

Mercado

municipal

“Dona

Lica”.

Disponível

em:

<https://www.google.com.br/maps/>. Acessado em dezembro de 2020. Figura 11 - Conservatório municipal Professora Alba Panzarin Degani.

Disponível em:

<https://www.google.com.br/maps/>. Acessado em dezembro de 2020. Figura 12 - Memorial da América Latina. Disponível em: <https://bit.ly/34mheja> . Acessado em dezembro de 2020.


sumรกrio


INTRODUÇÃO AS PESSOAS E A CIDADE Equipamento cultural: A midiateca A paisagem e a cidade O mirante como mediador O CONTEXTO A cidade O edifício O andar mirante Os conceitos do edifício PROJETO Estudos Projeto CONSIDERAÇÕES FINAIS BIBLIOGRAFIA


Introdução Este trabalho tem como objetivo estudar formas com que o design de interiores pode servir como conexão entre a população e a cidade e sua história, assim como de contribuir para a apropriação e incentivar a permanência desse público. O espaço utilizado para o projeto é o mirante que ocupa o 6° andar de uma midiateca, situada no município de Itatiba-SP, proposta durante meu TGI em 2016 no IAU-USP. O projeto levanta essas mesmas questões de apropriação do equipamento cultural, permanência do público e conexão do indivíduo com a cidade, de forma que o presente trabalho buscou aplicar ao design de interiores os mesmos conceitos do prédio. Ao longo do desenvolvimento surgiram como necessidades e objetivos específicos: ●

O entendimento da função de mirante como ponto principal do andar e desenvolvimento de estratégias que ressaltem essa função.

A escolha de materiais e cores que remetesse conceitualmente a cidade.

O desenvolvimento de um café, que fazia parte do programa do edifício.

O desenvolvimento de um espaço de exposição resistente às condições do ambiente externo.


O trabalho foi realizado buscando relações conceituais para impulsionar o sentido das decisões projetuais, para apresentar esse fluxo de desenvolvimento este documento está dividido em 3 partes: As pessoas e a cidade - Para o desenvolver do projeto começamos primeiro entendendo o significado e a função dos principais elementos presentes: qual a função social que uma midiateca se propõe a fazer, como podemos definir e qual a interação do homem com a paisagem e como o mirante pode mediar essa interação. Tais estudos nos deram a dica de qual é a vocação do espaço e portanto coube ao projeto traduzi-las para o design de interiores O contexto - Antes de iniciar o estudo do projeto é necessário contextualizar onde este se insere. Organizado por escala foi traçado um panorama histórico e atual da cidade de Itatiba-SP, do prédio em que o mirante se encontra e os conceitos que o impulsionaram. Como partido usamos os mesmos conceitos no projeto de interiores, reforçando sua unidade. O projeto - O capítulo se inicia pelas primeiras decisões projetuais, levantando informações como programa e público alvo, desenvolvendo esquemas de pontos chave na planta e elaborando formas de aplicar os conceitos desenvolvidos. Depois de situar o leitor no processo de desenvolvimento temos o fechamento com o projeto representado em planta e seus demais produtos.

13


as pessoas e a cidade


Equipamento cultural: a midiateca Como

dito

projeto

população tinha então, em conjunto com a

para

mudança do acervo, utilizaram a mudança do

desenvolver o projeto de interiores devemos

nome como forma de explicitar a transformação

primeiro entender o espaço em que ele será

para a população.

desenvolvido

é

anteriormente um

mirante,

o mas

aplicado, o mirante em questão ocupa o 6° andar de uma midiateca, que tem um total de 7

“Devido a essa visão tradicional a biblioteca é

pavimentos, no município de Itatiba, no interior

descrita por muitas pessoas como um local de

de São Paulo.

pesquisa

recentemente, porém sua distinção com as bibliotecas não é clara. O principal entendimento de

que

variedade

estudo,

um

local

onde

nós

podemos nos dirigir quando precisamos fazer

O termo midiateca tem sido mais usado

é

e

a

de

obrigatoriedade

midiateca mídias, de

o

disponibiliza que

bibliotecas

não

uma

é

uma

(que

pela

etimologia da palavra significa “caixa de livros”).

algum trabalho acadêmico ou escolar, já

a

midiateca é vista como um local que vai além de um espaço para estudo e pesquisa, mas sim um lugar de lazer, encontro e de ócio, um lugar onde

se

pode

ir

apenas

para

passear.”

(MARINHO et al. 2013, p. 06)

O projeto do mirante ilustra o dito nessa citação do Marino (2013), já que, apesar de ser

Historicamente, segundo Lucianni (aput

inserido em uma midiateca, o andar não abriga

MARINHO et al., 2013), o termo midiateca teve

atividades

origem na França, cuja as bibliotecas tinham

considera um espaço de estar e convivência.

pouca

adesão

da

população,

sendo

relacionadas

ao

acervo

e

sim

usada

principalmente por estudiosos. Era necessário de alguma forma desvincular o imaginário de ambiente fechado e pouco convidativo que a

15


A paisagem e a cidade Um

dos

conceitos

do

edifício

que

O

simples

fato

de

que

a

paisagem

queríamos ver replicado no projeto de interiores

depende de seu observador torna ela alvo de sua

era a conexão do indivíduo com a cidade. A nível

percepção e interpretação e a sujeita a suas

de arquitetura alguns gestos foram feitos em

alterações de estado, a paisagem não é a mesma

resposta a esse desejo, sendo o mais significativo

para duas pessoas.

a “interrupção” do prédio para abrigar o mirante.

Discutimos este mesmo fenômeno em desenho

O termo mirante é usado para descrever um

do espaço expositivo¹ já que diz respeito a como

lugar alto que proporcione a vista de uma ampla

o espaço é experimentado: adiantando alguns

paisagem, seja ela urbana ou rural. O fator que

públicos alvos podemos especular a diferença na

conecta o indivíduo a cidade é, portanto, a

forma que um idoso, que viveu na cidade a vida

paisagem e o mirante uma forma de mediação.

inteira, veria a paisagem em contraste de um jovem.

A definição de paisagem por sua vez é um pouco menos específica, além de ser pertinente

Comparativamente

é

muito

provavelmente o idoso reconheça a cidade de forma mais abrangente e cheia de nostalgia.

a diversas áreas de atuação. Algumas delas foram levantadas por Andrade (2008) e baseando-se em sua dissertação uma definição que podemos chegar, e que foi usada aqui, é que a paisagem é a extensão de terreno que se vê tornando então obrigatória a presença do olhar do espectador e a própria palavra reforçando essa conexão.

¹ Desenho do espaço expositivo - Disciplina da pós graduação de design de interiores ministrada pelo Prof. Me. Renato Salgado

16


O mirante como mediador Como dito anteriormente o mirante é um lugar que possibilita uma ampla vista da paisagem. Podemos ver o mirante como um mediador entre o indivíduo e a paisagem, essa mediação não se dá de forma imparcial, somente a sensação do ambiente já é capaz de influenciar a experiência do usuário, mas mais que isso o mirante pode incorporar elementos propositais que orientem a visão. Essa orientação da visão ou da experiência pelo espaço contribuem para a formação da “imagem” da cidade. [Os mirantes] “Transmitem assim o ‘teor’ cultural do lugar onde estão a contracenar com elementos da natureza, com as construções, os transeuntes, os sons, entre outros sentidos da percepção que revelam ‘toda a paisagem’” (ANDRADE, 2008)

Figura 1 - Mirante Elogio del horizonte, obra de Eduardo Chillida.

17


o contexto


CAMPINAS

ITATIBA

A cidade O projeto em questão foi desenvolvido na cidade de Itatiba, no interior de São Paulo, a cidade é parte da região metropolitana de Campinas. O município é majoritariamente rural, sendo que apenas 26 km², 12% de sua área total, corresponde à área urbana segundo o último registro. Tanto Itatiba quanto às demais cidades da região estão passando por um intenso crescimento nos últimos anos, o IBGE estima que entre 2010 e 2020 a cidade teve um aumento de 21 mil habitantes. •122.581 habitantes (estimativa do IBGE referente a 2020) • 322,276 km² de área total

19


O entendimento da história da cidade foi

Economicamente, como muitas outras

uma diretriz para o desenvolvimento do edifício

cidades brasileira, a região teve seu crescimento

e também foi retomada e referenciada no

ligado ao café, que impulsionou inclusive sua

projeto de interiores, onde buscamos conectar o

separação de Jundiaí. Já seu segundo surto de

espaço ao indivíduo e a cidade.

crescimento em 1960 se inicia com a instalação das indústrias do ramo moveleiro levando a

De acordo com a Prefeitura Municipal de Itatiba antes da ocupação da cidade suas terras

cidade a ser conhecida como "Capital Brasileira do Móvel Colonial".

já eram conhecidas pelo uso do Rio Atibaia para navegação entre as vilas próximas, com a descoberta

de

terra

fértil

os

primeiros

A partir desse levantamento histórico começamos a reunir elementos que serão referenciados no design de interiores: a imagem

assentamentos se deram em 1786.

do rio, tanto pelo Rio Atibaia quanto pelo Inicialmente chamada de Bairro Atibaia, e

Ribeirão Jacaré que será mencionado a seguir, o

posteriormente de freguesia Belém de Jundiaí, o

uso das pedras, fazendo referência tanto ao

assentamento

à

nome da cidade quanto a sua topografia, e a

Jundiaí até 1857 quando se tornou uma vila

exploração da madeira, abordando de maneira

independente. Em 1876 se tornou uma cidade e

atual a memória como capital do móvel colonial.

permaneceu

subordinado

no ano seguinte passou a atender por Itatiba, nome vindo do Tupi que significa ‘muita pedra’.

20


Em seu percurso pela cidade, o Rio Ribeirão Jacaré permanece a vista, em um momento onde há casas em sua margem vemos banquinhos improvisados, em outro onde ele se encontra com o mercado municipal havia uma pequena pracinha colocada sobre ele. Em 2016 as inundações foram mais fortes e deixaram grandes marcas na cidade, incluindo a inundação da biblioteca municipal, que ocupava um anexo do mercadão, que perdeu 90% de seu acervo. A Biblioteca Chico Leme se encontrava nesse mesmo local desde 2014, ignorando o histórico de inundação da região, e permanecendo em um lugar pouco aparente e pouco divulgado. Esses acontecimentos incentivaram o projeto da midiateca durante meu TGI em 2016 e justificam também a importância que o rio representa no projeto: apesar do cenário complicado das enchentes o vínculo do rio com a população, com a história da cidade e da biblioteca é muito marcado.

Figura 2 - Praça em frente ao mercado municipal em 2015 e expansão da margem do rio em 2017.

21


O edifício O

prédio

usado

base

foi

Durante

o

projeto

foi

distribuído

o

desenvolvido no meu TGI para a graduação de

programa no edifício, com espaços apropriados

Arquitetura e Urbanismo no IAU-USP, tendo

tanto

como principais conceitos a permanência, a

exposições, palestras, entre outros, mas apesar

conexão com a cidade e com sua memória. Para

da

tal o local escolhido foi o centro da cidade, na

desenvolvimento de um projeto de interiores,

Rua Piza e Almeida, localização estratégica para

apenas a locação de alguns móveis para ilustrar

trazer a ocupação da cidade e fluxo de pessoas

a intenção.

característico

da

região

equipamento cultural.

22

como

para

dentro

do

para estadias

setorização

ter

curtas, sido

estudos, aulas,

feita

não

houve


Implantação da midiateca e planta de localização.

Rib ã eir ac

oJ aré

23


sétimo pavimento Abriga a sala com função de cinema e auditório reservando espaço para montagem de coffee breaks. sexto pavimento O andar mirante é dividido em uma parte fechada por vidro, que abriga o café, e a área externa, um ambiente de estar e contemplação da cidade. terceiro a quinto pavimentos Abrigam todo o acervo da midiateca organizados por nível de ruído: do terceiro abriga noticiários, jornais e a área infantil ao quinto que é voltado ao ambiente de estudo. Além de ambientes de estudo, também há espaços de acesso às mídias e espaços que podem abrigar aulas e workshops. segundo pavimento vista para o primeiro pavimento e entrada em nível pela fachada leste, este andar possui um espaço flexível para exposições temporárias e pequenos eventos como feiras artesanais. primeiro pavimento um grande recorte que convida o pedestre para dentro do prédio, este espaço coberto recebe atividades e serve de abrigo nos dias mais quentes. Possui um comercio alimentício e salas de administração, restauro e depósito que se enterram na topografia do terreno.

24



O andar mirante O gesto de criar um andar mirante

1

dialoga tanto com a vontade de ligar a

5

10

20

N

midiateca com sua história quanto com a própria cidade. A cidade tem uma relação marcante

com

a

topografia,

suas

ruas

principais são bem íngremes e como resultado disso temos uma relação bem forte com a paisagem, em diversos momentos temos uma ampla

vista

da

cidade,

assim

como

freqüentemente vemos os morros que a contornam. Desta

forma

uma

das

diretrizes

Planta do andar mirante

principais foi traçar uma relação do edifício com a cidade através da paisagem, assim como brincar com a origem da palavra mídia,

26

Semelhante a dinâmica dos demais andares

vinda de mediação, fazendo com que o edifício

as

sirva de mediação entre o indivíduo e a

incentivando o caminhar pelo ambiente, o bloco

paisagem. Assim como no sentido literal

em um dos cantos reúne a escada de emergência,

temos a arquitetura exibindo a cidade, pelo

banheiros e elevadores. Além do mirante a

sentido conceitual a educação nos mostra a

proposta principal é que o andar receba também

realidade por outro ângulo.

um café e se configure em um espaço de estar.

escadas

então

em

pontos

distintos,


O terreno da nova midiateca é 55 metros mais alto do que a biblioteca antiga e possuem conexão visual.

Figura 3 - Contato visual com o mercado municipal (antigo prédio da biblioteca.)

Figura 4 - Foto da vista a partir do nível do terreno

27


Os conceitos do edifício

Alguns conceitos nortearam o projeto do edifício, decidindo seu formato, distribuição dos usos e implantação no terreno. O objetivo principal foi estudar maneiras de levar esses mesmos conceitos para o projeto de interiores do café mirante. O primeiro ponto foi que a midiateca convidasse a população da cidade

o espaço e

para isso é fundamental que o espaço ofereça um ambiente propício à

e a interação.

Isso norteou a escolha do centro da cidade para receber o prédio. O fluxo de pessoas é intenso e o caráter de permanência já pode ser amplamente percebido na praça da igreja matriz que tem bancos estão sempre ocupados em qualquer dia da semana.

Figura 5 - Pessoas sentadas em frente a igreja matriz

28


Figura 6 - Atividades cotidianas na praça da igreja matriz.

Esse “convite” a ocupação norteou tanto a praça do projeto quanto a própria implantação, em que a grande abertura no primeiro pavimento convida o pedestre a passar por dentro ou entrar no edifício. O percurso e o caminhar se repete ao longo dos andares em que para subir de escada se precisa cruzar os ambientes. É possível tirar partido do caráter das praças ao tentar mimetizar essa situação na varanda do andar mirante, através da

escolha

do

programa

e

funcionalidade do mobiliário.

29


Outro conceito, que norteou especificamente a criação do andar mirante, foi a criação de uma . Essa conexão se dá tanto pelo incentivo a interação, proporcionando espaços de uso coletivo, atividades e aulas, quanto pela

.

Como dito anteriormente Itatiba teve sua ocupação originária do uso do rio, cresceu em volta dele e diversas atividades cotidianas se dão ao seu entorno, incluindo o próprio mercado municipal, que abrigava anteriormente a biblioteca. A midiateca então foi colocada em um ponto que se relaciona visualmente com a cidade e com sua própria história ao dar vista para sua antiga casa.. O projeto de interiores deve então incentivar que o usuário experimente estas vistas além de se relacionar de maneira simbólica com seus elementos.

30


Rib ã eir ac

oJ aré

Relações visuais com pontos de interesse na cidade.

31


o projeto


Conexões entre o indivíduo e a cidade Como já abordado, a conexão do indivíduo com a cidade era uma das principais intenções do projeto de forma que o espaço sirva de mediação entre os dois. Para isso algumas estratégias foram escolhidas: o uso de elementos simbólicos que retomam a história a geografia da cidade e a preocupação com a experiência que estimule os diversos sentidos atrelados também a essas conexões simbólicas. Segundo Pallasmaa (2011) a interação de todos os sentidos, como visto na natureza, reforça constantemente nosso senso de realidade. Essa interação serve como base para como percebemos e experimentamos o espaço, e por consequência nossa

compreensão

de

mundo.

Sendo

assim

o

desenvolvimento do projeto com atenção aos sentidos e sua interação é altamente desejável, mesmo no caso do mirante em que a visão é o sentido privilegiado, para que se tenha a compreensão do corpo em relação a vista e se experimente o corpo em relação a cidade. Para alcançar essa experiência e essa simbologia foi necessário estudar maneiras de relacionar itens de diferentes temas procurando quais as relações que podem ser criadas entre a função, a memória e nossa experiência sensorial.

33


função café

memória/ cidade rio/água

Eixo principal

sentidos visão

topografia

audição

itatiba = muita pedra

tato

rota das frutas móveis coloniais

34

mirante

*

olfato e paladar * O mirante se relaciona a audição e ao tato através do vento


Este esquema ilustra apenas algumas das

pelo uso da madeira, visto que o comércio de

relações possíveis de se fazer. É importante frisar

móveis coloniais foi responsável por um surto de

que a função principal do andar é ser um

crescimento da cidade.

mirante e o design de interiores não deve ofuscar

sua

vocação

principal

e

sim

O olfato é uma experiência característica

potencializá-la. Se analisarmos a função ‘mirante’

no comércio alimentício, que pode proporcionar

se relaciona com grande parte dos sentidos, já

tanto o cheiro do café quanto o cheiro de frutas,

que além da vista podemos sentir o vento e ouvir

ambos ligados à história e cultura da cidade.

o barulho do mesmo, dos pássaros e da cidade, o

Itatiba é uma cidade predominantemente rural

mirante também se relaciona com a memória

e faz parte da rota das frutas, representada pelo

através do rio e da topografia que fecham um

caqui.

círculo se relacionando com a visão. Todos os elementos do esquema foram explorados no

Uma última relação que se pode ser feita

projeto mas as relações em vermelho tiveram

e a junção de elementos na lista acima: a água e

prioridade para alcançar a conexão pretendida, a

o ar (vento) podem trazem a imagem de

água por exemplo aparece através de espelhos

transparência e fluidez, que norteou a sensação

d'água e objetos que lembram bolhas, já a

geral do ambiente em contraponto com a pedra

topografia serviu de inspiração para mobiliários

e a madeira sólidas e texturizadas que trazem

criados especificamente para o projeto

peso em elementos pontuais

O sentido do tato pôde ser explorado para além da experiência com o vento pela escolha da materialidade, ele pode se relacionar com a história da cidade tanto pela origem do nome (que significa “muita pedra” em tupi) quanto

“É

evidente

que

uma

arquitetura

"que

intensifique a vida" deva provocar todos os sentidos

simultaneamente

e

fundir

nossa

imagem de indivíduos com nossa experiência do mundo.” (PALLASMAA, 2011)

35


Moodboard conceitual Em cima das relações sensoriais e simbólicas abordadas, algumas referências podem ser organizadas em um moodboard que concentra conceitos, elementos e materialidades:

água frescor

frutas transparência

topografia

madeira pedras

36

Figura 7 - Moodboard conceitual


Paleta de cores Baseado no levantamento do moodboard e nos elementos simbólicos escolhidos foi elaborada uma paleta de cores base para o projeto em questão, que remetem a esses elementos. O uso de azul se relaciona diretamente aos elementos simbólicos da água, do vento e da transparência, combinados com o verde, que se insere através da biofilia, são uma alusão direta a paisagem vista pelo mirante. A madeira e os tons terrosos trazem contraste para a paleta e se relacionam a experiência do paladar e olfato proporcionadas pelo café e pelas frutas.

Brusquetas de frutas. Fonte: instagram @kayla_itsines / Mousse de caqui. Fonte: site Guia da semana. / Chapa perfurada San Telmo Museum. Fonte: instagram @architectanddesign / Tecido instalação Indico Views. Fonte: site ricketts indigo / Puff boiling ,Ovo / Bagel Yard Café. Fonte: site h2rdesign / Café. Fonte: Deezen

37


Público alvo Como equipamento público voltado para atrair e abrigar a população da cidade, o público alvo se mostra bastante diverso. Pensando neste caráter abrangente o design de interiores tem que, ao invés de se moldar para atender um perfil específico, focar em atender perfis muito diversificados em idade e histórico. Dito isso, ainda assim é de interesse do projeto listar alguns perfis que possam frequentar o espaço, para que se possa entender o caráter dessa ocupação e desenvolver o programa. Abaixo temos alguns recortes dessa população:

população da cidade

visitantes do acervo

estudantes

público do centro da cidade

acadêmicos

público do auditório (7° andar) Turistas, estudantes e acadêmicos de outras cidades.

público das atividades do edifício

sócios do clube*

* O clube da cidade se encontra a um quarteirão da midiateca

Como foi dito anteriormente é a intenção do projeto mimetizar o que acontece na praça da igreja, quanto a sua propriedade de atrair pessoas, da ocupação e da apropriação que se dá do local. O espaço público deve visar alcançar pessoas de todas as idades, rendas, religiões e etnias e isso gera compreensão sobre a composição real da sociedade. (Jan Gehl, p.28)

38


Em Cidade para pessoas, Jan Gehl coloca a importância do contato entre as pessoas para a ocupação do espaço urbano, pessoas sentem mais vontade de ocupar espaços em que existem outras pessoas. Sensorialmente o ver e o ouvir são as principais categorias do contato social, já que estão presentes no contato indireto, que dada as oportunidades podem se tornar um contato direto.

Programa Então pensando na função e na amplitude do público alvo podemos identificar algumas das demandas para o espaço: -

Café: local para armazenagem dos produtos, preparação, venda e mesas para o consumo.

-

Capacidade para reunião de pessoas: o fluxo pode ser maior dependendo do auditório no andar superior ou de alguma atividade no primeiro pavimento.

-

Exposição de arte ou elementos relacionados à cidade.

-

Espaço para leitura do material do acervo ou estudo.

-

Espaço que incentive a contemplação do mirante.

-

Espaço para o simples estar ocioso.

Prever o ócio como uma ocupação do espaço é uma forma de convidar o indivíduo a entrar e a permanecer, visto que não impõe pré requisitos para a ocupação daquele espaço, como necessidade de consumir ou de pertencer a certo grupo, está é uma das atividades características de praças centrais de cidades interioranas e que conforme dito anteriormente buscamos mimetizar a experiência neste projeto.

39


Estudo de insolação A fachada principal do prédio é voltada para o oeste, portanto recebe o sol da tarde, que nas horas mais quentes se limita a área aberta do andar. Dada a incidência do sol da tarde o local escolhido para o contato do público com a água foi a fachada oeste, onde o sol torna a água mais agradável e a água traz frescor nos dias mais quentes.

Inverno 9h

40

Inverno 12h

Inverno 15h


Verão 9h

Verão 12h

Verão 15h

41


Marcos na paisagem

Dada

a

importância

que

a

relação visual tem para o projeto, a localização de pontos marcantes da cidade em meio a paisagem orientou a

distribuição

elaboração

do

de

mobiliário um

e

a

elemento

específico¹ para orientar a experiência

Figura 8 - Itatiba Shopping. Figura 9 - Basílica menor Nossa Senhora de Belém. Figura 10 - Mercado municipal “Dona Lica”. . Figura 11 - Conservatório municipal

Professora

Panzarin Degani.

do observador. ¹ O painel de vidro que emoldura a paisagem, mostrado na página 49.

42

Alba


Diagrama de fluxos Fluxo entre os andares Fluxo interno principal Fluxo para área externa 1

5

10

20

N

Como em todos os demais andares da midiateca, a circulação pelas escadas se dá de forma a cruzar o ambiente, incentivando o “passear” da rua dentro do espaço verticalizado. Já por conta do programa é previsto um eixo de circulação para o café e um fluxo dividido entre as saídas para a área externa, encontrando os diferentes ambientes que foram propostos pelo projeto. Estes fluxos nortearam a escolha dos mobiliários e a definição da sua setorização em diferentes tipologias como onde deveriam ser mesas altas, onde acomodaria um sofá mais espaçoso e onde caberia um gesto de maior escala, criando ambientes distintos que combinem em um mesmo espaço.

43


Plano de massas Mesas, poltronas e sofás Ambiente de contemplação, ócio e interação

Cafeteria Espaço expositivo

Mesas compartilhadas

Baseado no programa este foi o plano de massas que direcionou o projeto: uma quantidade considerável do espaço contempla poltronas e mesas para que o público possa sentar e exercer atividades como estudo, trabalho, alimentação e reuniões de pessoas, já fachada principal do prédio que, conforme já foi falado, possui a incidência do sol da tarde e vista para os marcos na paisagem foi trabalhada com atividades contemplativas e interativas. O espaço expositivo e as mesas compartilhadas, apesar de voltadas para o público em geral, são adequadas para receber visitas e atividades escolares, envolvendo as crianças da cidade com o equipamento público.

44


Planta de layout

1

5

10

20

N

45


O projeto A partir de todas as reflexões abordadas neste trabalho o projeto resultante buscou atender públicos de diversas idades, oferecer áreas de estar confortáveis e variadas e conectar a população com a cidade através do mirante e de outros elementos simbólicos.

46


Os elementos simbólicos que abordamos em conexões entre o indivíduo e a cidade aparecem agora na textura de madeira e pedra, no espelho d'água, na paleta de cores e no design dos elementos. As curvas de nível que marcam a cidade e a paisagem tomam força através do desenho do mobiliário e em diversos momentos os móveis viram o olhar de seu ocupante para a paisagem.

47


A melhor vista da paisagem é a partir da

“Expositores”

oeste, dela pode-se ver o percurso do rio e onde

indicando o mercado municipal, a igreja

a biblioteca da cidade ficava anteriormente.

matriz, o conservatório e o shopping.

frente

ao

concomitantemente

um

programa grande

e peso

área,

marcada

na

planta

que não interferissem na leitura panorâmica da paisagem.

de

localização, recebeu cadeiras, puffs e poltronas voltadas para a paisagem, buscando atender tanto

visitantes

sozinhos

quanto

grupos

maiores.

N

Recorte em planta da área mirante e planta de localização.

48

paisagem,

A decisão de serem de vidro foi para

simbólico. Esta

da

para

emoldurar

relevância

marcos

criados

fachada principal do prédio, voltada para o

Este atributo dá a essa região do projeto a maior

alguns

foram


Etiqueta que

indicando

marco

da

paisagem pode ser visto.

Imagem

da

área

externa

e

imagem

ilustrativa indicando os painéis de forma Elevação do painel de vidro para indicação de paisagem.

mais visível.

49


50


Alem

do

fluxo

e

layout

pensando

em

incentivar a contemplação da paisagem o espaço também foi utilizado para explorar outros elementos que haviam sido escolhidos. Por ser a fachada oeste temos a presença

do

sol

da

tarde,

como

foi

demonstrado no estudo de insolação. O uso dos espelhos d’água foram usados para refrescar esse ambiente e remeter ao rio, com pequenos esguichos para estimular o sentido da audição. O sentar nas pedras e o brincar na água oferecem um atrativo mesmo nas horas de sol e oferece diversão para as crianças. A escolha das pedras para se sentar no espelho d'água não só remete a pedras de rio como ao nome da cidade. Também foi desenvolvido um banco para

este

ambiente

de

contemplação,

remetendo sutilmente as curvas de nível em

Perspectiva e elevação do banco do mirante. Execução com ripas de madeira e estrutura de ferro

escala menor do que acontece no espaço interno.

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Já a parte da área externa voltada para a fachada sul do projeto, é mais resguardada da insolação, tendo inclusive parte do sol impedida pela vegetação, cujos canteiros se integram com os bancos corridos. Esta área ainda apresenta bancos voltados para a paisagem e um dos painéis de vidro projetados, indicando o conservatório. Fora isso podemos dividir o espaço em dois programas: as mesas

compartilhadas

e

a

plataforma

de

exposições. A plataforma de exposições tem revestimento em pedra, se relacionando aos espelhos d'água e trazendo de novo a simbologia a respeito do nome e da topografia da cidade. Em contraste com o material a forma organica traz fluidez ao design. Este ambiente deve receber uma exposição relacionada a cidade. Nela foram colocados totens que recebem placas explicativas enquanto o objeto exposto fica dentro do patamar coberto com vidro para que os visitantes possam andar em cima, como uma versão miniatura do que acontece no Memorial da América Latina, em São Paulo. Este recurso foi utilizado para que o vento não carregue os objetos N

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expostos e também para protegê-los da chuva.


Como é previsto que entre o público alvo da biblioteca tenham alunos e que ela possa receber excursões escolares, a vista da cidade e a plataforma se tornam um ponto de interesse para esse fim. Sendo assim foi colocado um banco semi circular voltado para o principal objeto exposto em que os alunos podem

se

acomodar

para

ouvir

à

seu

professor. Os puffs e as mesas compartilhadas ao lado Figura 12 - Memorial da América Latina.

também

podem

receber

atividades

relacionadas a esse fim.

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As mesas compartilhadas dispostas ao lado

foram

colocadas pensando

no

uso

diversificado. Apesar dos diversos espaços para

estudo

e

trabalho

na

midiateca,

quisermos prever que esses usuários possam querer mudar de ares ou comer alguma coisa durante

suas

atividades.

As

mesas

proporcionam esse ambiente,porém, dada as demais opções, não se preocupa em ser um ambiente silencioso. Esse espaço também pode abrigar reunião

de

grupos

maiores,

atividades

escolares e o que mais vir a ser uma necessidade.

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Vista pelo lado oposto do painel de vidro.

55


N

Corte 1 - Vista das mesas compartilhadas e do espaรงo interno.

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A área interna é fechada apenas por vidro, para

A paleta de cores pode ser mais

permitir a permeabilidade visual. Ao longo do espaço

explorada ao longo dos mobiliários,

foram distribuídos pequenos ambientes de permanência

incluindo também muita madeira e

para os visitantes que queiram comer, descansar, estudar

alguns

ou qualquer outra atividade, a intenção é que as pessoas

remeter a paisagem e ao passado, com

se sintam à vontade.

a época que a cidade era conhecida

As mesas altas ao lado do café são práticas para

pontos

de

vegetação

para

pelo ramo de móveis coloniais.

um lanche rápido, as poltronas próximas às portas de

A

iluminação

geral

está

vidro possibilitam uma vista confortável da paisagem e no

embutida no forro de madeira ripado,

meio do ambiente as curvas de madeira se tornam um

com pontos de destaque através de

ponto lúdico para brincar, deitar ou socializar em grupos.

pendentes em cima das mesas. Vale

Esta variedade nas possibilidades de uso se dão para

destacar que a escolha da luminária

atrair os diferentes perfis do público alvo.

pendente em cima do balcão e das curvas se deu pelo seu design que remete

a

bolhas,

remetendo

novamente ao símbolo da água. O estudo de circulação, visto anteriormente norteou a disposição dos móveis, em especial a escolha do local

das

curvas

e

seu

formato,

colocada entre o fluxo que liga os andares e o fluxo que leva a área externa. Neste ponto foi possível a opção de um gesto maior que remete a topografia da cidade.

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Luminária Delumini móveis e iluminação Poltrona Maggiolina, Bauhaus Design Poltrona Papier, Cremme

41

Sofá Visage por Ale alvarenga Banqueta Elizabeth por Daniela Ferro . Banqueta Barretos, Rivatti 7. Luminária Shopping dos Lustres Poltrona Voga por Bruno Faucz



As grandes curvas projetadas para o espaço são um gesto que brinca com a idéia da topografia íngreme da cidade. O resultado é um mobiliário lúdico para ser ocupado, os visitantes podem deitar e descansar, ler um livro ou conversar. Este gesto, assim como os espelhos d’água, além de se relacionar de maneira direta com os conceitos criados dialoga com a intenção de criar um ambiente de permanência para os visitantes, já que abre a possibilidade de interação e dá margem para ser ocupado de acordo com a vontade do visitante.

60


Uma vez que a topografia foi uma dos elementos escolhidos para referenciar a cidade, as curvas de nível serviram de inspiração para o design de dois móveis. As curvas foram obtidas gerando um corte no programa Google Earth que passasse pela localização do projeto. Feito o corte um trecho escolhido foi utilizado no desenho das mesas, em frente ao banco corrido. Seus pés são formados por três fitas metálicas centrais, para não incomodar quem se sentar no banco, são fixadas no chão e na base possuem um trecho da curva de nível, podendo inclusive servir para as pessoas que gostam de apoiar os pés.

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Como

parte

do

programa

existente para o andar estava previsto um café para servir de apoio ao público do edifício, tanto para quem vai para usufruir do acervo, quanto para o auditório e demais atividades. Como forma de envolver o café na experiência proposta pelo andar pensamos que seria interessante que ele fosse voltado a sucos e alimentos baseados em frutas, para estimular através do olfato a relação com a rota das

frutas

e

a

cidade

ser

predominantemente rural. Como a proposta são alimentos frescos,

comida

pré

preparada

e

bebidas, uma cozinha enxuta é o suficiente.

Corte 2 - Vista do café e do ambiente expositivo.

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Essa cozinha de apoio foi separada do resto do ambiente por uma chapa perfurada com um padrão que lembra bolhas na água, como a referência já apresentada do San Telmo Museum. As bolhas também aparecem na luminária pendente


Para o desenho do balcão do café foi utilizado o mesmo corte da topografia da

cidade

utilizado

nas

mesas, porém pegando uma extensão maior. Tanto os bancos altos junto ao balcão, quanto as mesas

altas

foram

escolhidas pensando em um fluxo

mais

pessoas, pedido

rotativo

esperando ou

comendo

de seu um

lanche rápido.

Balcão em madeira e fechamento em chapa perfurada para cozinha de apoio.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho teve como tema a elaboração de um mirante, com o objetivo de desenvolver através do design de interiores um ambiente que sirva de mediação do visitante com a cidade em que está inserido. Almejava-se também que o projeto tivesse caráter de permanência e convida-se as pessoas a se apropriarem do local. O mirante em si já carrega a conexão visual com a paisagem, dessa forma cabia ao projeto de interiores maximizar esse gesto, além de trazer outras conexões através do programa, de símbolos e da materialidade. Como contribuição para o universo acadêmico o trabalho buscou deixar explícito as formas que usou para transformar os elementos da cidade em diretrizes para o projeto de interiores, possivelmente trazendo ideias que sirvam para trabalhos futuros. Já para a sociedade buscamos retomar a importância de ambientes públicos pensados para atrair de fato a população, oferecendo um ambiente acolhedor. Fazer esse trabalho no ano de 2020 trouxe algumas dificuldades para sua elaboração, o acesso a bibliografia foi comprometido e as visitas de campo programadas ou foram impossibilitadas pelo funcionamento dos estabelecimentos ou não apresentavam situações sociais que comumente aconteceriam. Um exemplo foi a visita a Livraria Cultura do Conjunto Nacional que tinha todo o mobiliário em que se pudesse sentar ou interagir interditado.

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O resultado foi um trabalho focado em relações simbólicas e pensando no estímulo dos sentidos, refletindo sobre a função e o uso de um mirante e sua influência sobre a interação do observador com a paisagem. É possível que algumas relações fiquem menos explícitas do que outras, mas o cuidado de aplicar os conceitos desde grandes gestos até detalhes da marcenaria foi um dos maiores cuidados durante o projetar. Olhando de forma geral é importante refletirmos a interação, ou falta dela, do indivíduo da cidade para além da escala do urbanismo e ver os impactos que o design de interiores pode gerar nessa relação. De que outras formas o design de interiores pode estimular a conexão dos indivíduos com seu ambiente? Esse intuito sem dúvida pode se adaptar a diferentes programas e gerar resultados distintos, assim como a diferença entre os ambientes a serem representados geram diversos outputs de informações únicas.

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bibliografia


Bibliografia ANDRADE, Evandro. Os mirantes da ilha de santa catarina: patrimônio paisagístico de florianópolis. Tese de mestrado. PGAU-CIDADE, 2008. GEHL, Jan. Cidade para pessoas. São Paulo: Perspectiva, 2013. MARINHO, Raimunda; PEREIRA, Lilia; PEREIRA, Liliane. Midiateca: uma nova terminologia ou um conceito ampliado de biblioteca?. In: Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documento e Ciência da Informação, XXV, 2013, Florianópolis. PALLASMAA, Juhani. Os Olhos da Pele: A Arquitetura e os Sentidos. Porto Alegre, Bookman, 2011. ZUMTHOR, Peter. Atmosferas. 2006.

Webgrafia IBGE: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/sp/itatiba.html. Acessado em novembro de 2020. Prefeitura de Itatiba: http://www.itatiba.sp.gov.br/. Acessado em novembro de 2020. Google Maps: https://www.google.com.br/maps/. Acessado em dezembro 2020.

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