ARQUITETURA EQUESTRE A INFLUÊNCIA DA BOA ARQUITETURA NO BEM ESTAR E DESEMPENHO DOS EQUINOS ATLETAS
CAMILLA GIUGNI NASCIMENTO 2020
UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO
CAMILLA GIUGNI NASCIMENTO
ARQUITETURA EQUESTRE: A INFLUÊNCIA DA BOA ARQUITETURA NO BEM ESTAR E DESEMPENHO DOS EQUINOS ATLETAS
VILA VELHA 2020
CAMILLA GIUGNI NASCIMENTO
ARQUITETURA EQUESTRE: A INFLUÊNCIA DA BOA ARQUITETURA NO BEM ESTAR E DESEMPENHO DOS EQUINOS ATLETAS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Vila velha como pré-requisito para obtenção o grau de bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação do prof. Clóvis Aquino de Freitas Cunha.
VILA VELHA 2020
CAMILLA GIUGNI NASCIMENTO
ARQUITETURA EQUESTRE: A INFLUÊNCIA DA BOA ARQUITETURA NO BEM ESTAR E DESEMPENHO DOS EQUINOS ATLETAS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Vila velha como pré-requisito para obtenção o grau de bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação do prof. Clóvis Aquino de Freitas Cunha. Aprovado em
_de
de 2020.
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. M. Sc. Clovis Aquino de Freitas Cunha Universidade Vila Velha Orientador
Profa. M. SC. Andreia Fernandes Muniz Universidade Vila Velha Avaliadora
Prof. Dr. Álvaro de Paula Lage de Oliveira Universidade Vila Velha Hospital Veterinário ''Prof. Ricardo Alexandre Hippler‘’ Avaliador
Em primeiro lugar, como não poderia deixar de ser, agradeço aos meus pais, Rosemery e Luiz Fernando, pelo amor, apoio, parceria e educação com os quais me criaram, além dos inúmeros sacrifícios que fizeram, a fim de me proporcionar as incontáveis oportunidades que tive não só ao longo da faculdade, mas da vida. Obrigada por colocar minha felicidade acima de seus medos e inseguranças, sempre me apoiando e torcendo pela minha realização pessoal por meio do meu amado esporte.
AGRADECIMENTOS
Aos meus professores, desde o início da minha vida acadêmica até hoje, com os quais pude aprender o valor de uma boa formação e a importância de um mestre na vida do estudante. Em especial ao professor Clóvis Aquino, por aceitar me aconselhar minha proposta de TCC tão inusitada para o meio arquitetônico, mas de tamanha importância para mim.
Não poderia deixar de agradecer também a todos do meio hípico que incentivam e acompanham minha caminhada como amazona, em especial meus professores Willian Rangel e Thiago Bersot, que contribuíram de inúmeras formas e me motivaram a realizar este trabalho, sempre visando a evolução do nosso esporte, mas acima de tudo, prezando pelos nossos queridos animais que tornam nossa paixão possível.
“Por milhares de anos, o cavalo trabalhou para nós. Em condições que variam de batalhas ferozes a condições climáticas adversas, o cavalo construiu ferrovias e cidades, rebocou tijolos e pedregulhos, puxou arados, transportou cargas de munição e cartas determinantes a uma velocidade vertiginosa. Por sua natureza, eles abriram suas almas e corações. Sua contribuição é incomparável, mesmo quando encaravam a linha tênue entre a vida e a morte para seus donos. Em algumas culturas, diz-se que devemos a essas criaturas vigorosas uma dívida que nunca pode ser paga. Em qualquer cultura, eles merecem ser cuidados e protegidos. “
- John Blackburn
RESUMO Este trabalho visa apresentar um ambiente hípico do ponto de vista arquitetônico, propondo um espaço sustentável para alojamento, tratamento e treinamento adequado para os equinos. Com forte potencial de lazer para a cidade e região, trazendo uma forma curiosa e diferente de entretenimento, enquanto preza pelos animais que ele hospeda. A obra em questão vem com o objetivo de reunir diversos itens do dia a dia hípico e explicitar formas adequadas de serem executados. Para tanto, foi passado um panorama geral do cenário hípico mundial e, após um recorte nacional, elencou-se partes chave para um empreendimento hípico, apresentando-o, contando o que se observa no dia a dia atualmente e qual seria a condição ideal para tal. Estudos de caso nacionais e internacionais bem-sucedidos foram usados de exemplo. Notando um vácuo nesse campo em território nacional, busca-se, por meio de arquitetura apropriada, feita por profissionais com conhecimento não apenas em edificações genéricas, mas também conhecedores do cavalo, melhorar as condições de manejo, bem estar e consequentemente desempenho do animal.
Palavras-chave: Centro hípico; arquitetura equestre; cavalo; esporte.
ABSTRACT This work aims to present an equestrian environment from an architectural point of view, proposing a sustainable space for suitable accommodation, treatment and training for equines. With strong leisure potential for the city and region, bringing a curious and different form of entertainment, while cherishing the animals it hosts. The work in question comes with the objective of bringing together various items from day to day riding and explaining appropriate ways of being executed. To this end, an overview of the world equestrian scene was passed and, after a national cutout, key parts for an equestrian enterprise were listed, presenting it, telling what is observed in daily life today and what would be the ideal condition for this. Successful national and international case studies were used as examples. Noting a vacuum in this field in the national territory, we seek, through appropriate architecture, made by professionals with knowledge not only in generic buildings, but also connoisseurs of the horse, to improve the conditions of management, welfare and consequently performance of the animal.
Keywords: Equestrian center; equestrian architecture; horse; sport.
SUMÁRIO I.
INTRODUÇÃO.............................................................................................13 1.1 – Justificativa...................................................................................................14 1.2 – Objetivos.......................................................................................................15 1.2.1 – Geral....................................................................................................15 1.2.2 – Específicos...........................................................................................15 1.3 – Metodologia..................................................................................................15
II. CAVALOS: ORIGEM E NATUREZA...................................................................17 2.1 – Domesticação................................................................................................19 2.2 – Comportamentos relevantes e sua natureza................................................20
III. OS ESPORTES EQUESTRES............................................................................22 3.1 – Origem..........................................................................................................23 3.2 – Modalidades principais................................................................................24
3.3 – Cenário Brasileiro.........................................................................................29
IV. ESTRUTURA DO CENTRO HÍPICO.........................................................................31 4.1 – Atividades e Instalações........................................................................................32 4.2 – Pavilhões de Estabulagem.....................................................................................32
4.2.1 – Baias.............................................................................................................33 4.2.2 – Lavadores.....................................................................................................34 4.2.3 – Alimentação e serragem..............................................................................35 4.2.4 – Pisos.............................................................................................................36 4.2.5 – Piquetes.......................................................................................................37 4.3 – Treinamento..........................................................................................................38 4.3.1 – Dimensões de pistas...................................................................................38 4.3.2 – Piso..............................................................................................................39 4.3.3 – Cercas..........................................................................................................40 4.3.4 – Redondel.....................................................................................................42 4.3.5 - Piscina .........................................................................................................43
V. REFERENCIAIS DE PROJETO..................................................................................44 5.1 – Haras Polana..........................................................................................................45 5.2 – Oakhaven Farm......................................................................................................50
VI. PROPOSTA DE PROJETO......................................................................................54 6.1 – Localização.............................................................................................................55 6.2 – Terreno e condicionantes......................................................................................56 6.3 – Programa de necessidades....................................................................................56 6.4 – Conceito e partido.................................................................................................57 6.5 – Descrição do projeto.............................................................................................58
VII. CONCLUSÃO...................................................................................................... 84 VIII. BIBLIOGRAFIA...................................................................................................85
INTRODUÇÃO
I. INTRODUÇÃO
No momento em que tiramos um cavalo da natureza e o colocamos em um estábulo, estamos assumindo uma responsabilidade. Uma hípica deve reproduzir da melhor forma possível o ambiente natural desses animais, um pavilhão de cocheiras funciona como a Mãe Natureza, que controla o meio ambiente e a saúde do animal. Se não for feito corretamente, corre o risco de prejudicar a saúde do cavalo e consequentemente, seu desempenho. Este trabalho propõe um ambiente hípico arquitetonicamente correto e mostra a influência da arquitetura na qualidade de vida e rendimento esportivo dos animais. O projeto proposto visa a hospedagem, trato e treinamento de cavalos atletas de hipismo clássico e rural em um espaço atrativo não somente para aqueles ligados ao meio equestre, mas também convidativo a todos que desejam apreciar a beleza dos animais e do esporte em um programa de lazer diferenciado com a família. O formato mais segmentado deste trabalho dividido em subcapítulos específicos, foi escolhido para auxiliar o leitor comum a se aproximar do linguajar e termos hípicos. Dessa forma, é interessante que se contextualize ao leitor algumas condições preliminares antes de dar as explicações. Ao se iniciar a presente pesquisa, ficou evidente a carência por material nacional voltado ao mundo do cavalo e suas necessidades arquitetônicas, por isso, a maior parte deste projeto é baseado nos métodos do arquiteto americano John Blackburn, do escritório Blackburn Architects com sede em Washington, DC, que se especializou no assunto da arquitetura equestre. Espera-se que como produto este trabalho, que mais informação chegue aos proprietários de estabelecimentos hípicos, de modo a
mostrar a influência direta e indireta da boa arquitetura no desempenho e qualidade desses animais tão importantes no mercado e na vida dos que com eles convivem.
1 .1 – Justificativa
A falta de ambientes hípicos de qualidade para os animais e até mesmo para os proprietários e funcionários é bastante comum no nosso território. O uso da arquitetura apropriada, feita por profissionais com conhecimento não apenas em edificações genéricas, mas também conhecedores dos equinos, é fundamental para a qualidade de vida, conforto e desempenho esportivo dos animais, assim como para os frequentadores do espaço. A autora desta pesquisa, percebendo tal insuficiência por experiência própria ao fazer parte da comunidade equestre, e por ter constantemente ouvido pedidos e desejos dos participantes desse grupo, teve a motivação justa para o desenvolvimento deste trabalho, que busca contribuir para um cenário futuro ideal não só para os proprietários, tratadores e treinadores, mas principalmente para o personagem principal, o cavalo. Tendo em vista essa necessidade, é importante também levar em conta o lazer, o conforto, a segurança e a comodidade que convide e gere interesse da população em conhecer e participar mais desse mundo equestre, mesmo como plateia, para aumentar a visibilidade dos esportes de salto, adestramento, CCE (Curso Completo de Equitação), três tambores, rédeas, apartação, equitação de trabalho e polo no nosso estado.
Protagonistas da pesquisa, as necessidades do cavalo serão base para o processo projetual bem como especificidades do dia a dia hípico. O então resultado será disponibilizado à arquitetos e usuários do meio equestre, visando uma maior conscientização sobre o porquê de arquiteturas hípicas serem diferentes das outras, dessa forma capacitando e instruindo os profissionais para colocar em prática os aspectos benéficos ao bem estar desses animais. Por último, mas não menos importante, sob um prisma econômico, tal tema se justifica uma vez que o meio equestre conta com esportes de prática cara, e animais de manutenção custosa (em especial os animais esportistas e para exposição). Portanto, aqueles que adquirem um cavalo visam pela segurança, saúde e eficiência na função para a qual o animal seja destinado. Caso isso não ocorra, há prejuízo financeiro, claramente indesejado e, assim, é de interesse também de um ponto de vista econômico que a arquitetura para espaços equestres seja cada vez mais desenvolvida e que a sua abrangência no país possa ser cada vez mais expandida.
1.2 – Objetivos 1.2.1 – Geral Apresentar um ambiente hípico sob o ponto de vista arquitetônico e mostrar a influência da arquitetura na potencialização da saúde e
rendimento esportivo dos animais, criando um espaço ecologicamente sustentável, confortável e esteticamente atrativo que abriga diversas modalidades esportivas equestres. Atendendo, portanto, a demanda dos requisitos e peculiaridades específicas de cada uma dessas modalidades.
1.2.2 – Específicos
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•
•
Criação de um projeto arquitetônico para um espaço esportivo equestre a nível de estudo preliminar. Configurar de forma estratégica o projeto de um centro hípico de modo a priorizar a saúde e bem estar dos equinos atletas e dos usuários do centro. Projetar o devido espaço fazendo uso da arquitetura como instrumento atuador na preocupação da eficiência energética, com o emprego de tecnologias sustentáveis e reflorestamento de espécies nativas da mata atlântica. Projetar espaços que favoreçam a prática das seguintes modalidades esportivas: salto, adestramento, três tambores, rédeas e equitação de trabalho.
1.3
– Metodologia
Para o estudo da presente proposta de implantação de um objeto diferenciado, foram coletados primeiramente dados por meio de
I. INTRODUÇÃO
pesquisas bibliográficas em artigos nacionais e internacionais para análise do animal protagonista, suas origens, história e comportamento a fim de entender o máximo sua natureza e como poderíamos simular seu habitat da melhor forma possível. Em seguida, além de uma pesquisa ilustrativa específica para representação gráfica, foi realizado o estudo de projetos executados como referencial para o projeto proposto, foram também pesquisadas monografias feitas para graduação, assim como visitas de campo em sociedades hípicas e haras. A metodologia proposta foi realizada para um bom entendimento e fundamentação das necessidades envolvidas no projeto e para embasar a escolha do local de implantação do projeto deste trabalho.
CAVALOS: ORIGEM E NATUREZA
II. CAVALOS: ORIGEM E NATUREZA
Poucos animais possuem um registro tão antigo e completo como o cavalo. Através do estudo de sua história, toma-se conhecimento dos efeitos causados pela crescente mudança do meio ambiente na batalha do animal pela sobrevivência, e das adaptações que foram sendo necessárias durante o processo de sua evolução. Descendentes de uma linha evolutiva onde os primeiros registros se dão há 55 milhões de anos, em que o Eohippus, o antecessor do cavalo, era um pequeno mamífero herbívoro que viveu na época do Eoceno e, de quem acredita-se, descendem todos os equinos.
Também trocou seus dedos e passou a ser monodáctilo, com um dedo só, adaptado para desenvolver maior velocidade em descampados e pradarias, habilidade extremamente importante para escapar de predadores. Este animal era o Pliohippus. Estavase, então a um passo do surgimento do Equus, o cavalo moderno, cuja estrutura de pata é formada pelos ossos do dedo central e cuja unha alargou-se enormemente, formando o casco. Equus, pequeno, mais robusto e fértil, capaz de suportar os mais rudes climas, prosperou e espalhou-se pelo mundo (figura 1).
Nos primeiros anos de sua existência, habitavam florestas e se alimentavam das folhas, com o decorrer do tempo o cavalo começou a se alimentar das pastagens e a conviver com outros animais, sempre sendo predado e sem defesa alguma, o animal desenvolveu instintos muito apurados e excelentes para sua sobrevivência. Tinha um tamanho pequeno, entre 20 cm e 40cm de altura, com 4 dedos nas extremidades anteriores e três nas posteriores. Pelo fato de poder fugir e esconder-se de seus predadores, o pequeno mamífero conseguiu prosperar (COSTA, 2015).
Com seu tamanho e forma poderia se parecer com um cão, mas com a evolução ganhou um aumento de estatura, e mais tarde, lhes surgiriam dentes notavelmente diferentes: “mais adequados para puxar a grama do que para pastar nos arbustos. A cabeça possuía maior flexibilidade em sua base, sendo proporcionalmente mais longa do que a de seus antecessores, e assim o animal pastava com mais facilidade” (WIKIPEDIA, 2013).
Figura 1 – Evolução do cavalo. Disponível em: https://www.pinterest.co.uk/pin/746401338219481218/. Acesso em: 16 maio 2020.
2.1 – Domesticação
O cavalo selvagem surgiu na América, os vestígios mais antigos datam 200.000 anos, neste continente. A espécie atravessou o Estreito de Bering e passou a desenvolver-se na região entre a Europa e a Ásia, aonde, acredita-se que foi domesticado pelo homem há cerca de 5500 anos, nas estepes entre o Nordeste do Cazaquistão e a Ucrânia. “A nossa investigação mostra claramente que a população fundadora de cavalos domésticos se estabeleceu na parte Oeste das estepes euroasiáticas, uma área onde já foram descobertas provas arqueológicas desta domesticação”, disse Vera Warmeth, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido (NUPARQ, 2020). Segundo Cintra (2011) inicialmente, os povos da região viam o cavalo como fonte de alimento e tinham uma relação predatória com o animal. Posteriormente ele foi descoberto como grande auxílio na atividade agrícola para tração dos arados, para transporte, e para batalhas, onde teve seu maior destaque na Idade Média. O cavalo exerceu um papel muito importante na formação do mundo como conhecemos hoje, todas as conquistas dos mais diversos povos desde as civilizações mais antigas até a idade moderna deram-se no dorso dos cavalos. A conquista de territórios por Alexandre, o Grande com sua montaria Bucéfalo (cerca de 345 a.C.) é um dos maiores exemplos (figura 2), assim como a assombrosa cavalaria de Gêngis Khan (figura 3) que não perdia batalhas na Ásia no século XIII, e os colonizadores europeus que usavam o cavalo inclusive como arma de guerra contra os nativos americanos quando vieram para o novo continente no século XVI.
Figura 2 - Peça feita de bronze retratando Alexandre, o Grande e seu cavalo Bucéfalo. Disponível em: https://brasilescola.uol.co m.br/historiag/alexandreimperio-macedonia.htm. Acesso em: 16 maio 2020.
Figura 3 – Gêngis Khan e seu exército, de Giuseppe Rava. Disponível em: https://incrivelhistoria.com.br /horda-exercito-mongolgengis-khan/. Acesso em: 16 maio 2020.
II. CAVALOS: ORIGEM E NATUREZA
Assim como no relacionamento entre os seres humanos, entre o homem e o cavalo, ele deve ser, antes de tudo, uma relação de companheirismo, cumplicidade e de confiança. Segundo André Cintra, estudioso dos equinos, deve se fazer com que o animal o reconheça como líder, e manter o controle de uma forma que o mesmo não se sinta submetido à vontade do homem, mas de que aceite a liderança sem que haja qualquer conflito entre os dois, nunca buscando sua aceitação por meio de castigos, mas sempre de forma natural usando os meios de comunicação que eles usam entre si, vindo pela confiança que o animal terá com o homem, construindo uma amizade para toda vida (CINTRA, A. G. C. 2016).
2.3– Comportamentos relevantes e sua natureza
Conhecer mais profundamente o comportamento natural do cavalo nos capacita a compreendê-los melhor, reconhecer as suas necessidades psicológicas e fisiológicas, e entender o motivo de às vezes não conseguirmos o que estamos requisitando dele.
drasticamente por meio de alterações nas práticas de criação, manejo e estabulagem” (KOGIMA, 2015), por isso mais uma vez é destacado a importância desta pesquisa. Ao contrário do que muitos pensam, apesar de ser um animal robusto, o cavalo é extremamente sensível e muito expressivo. Apresenta excelente audição, olfato e visão, inclusive durante a noite. É possível identificar seu humor pelos sinais dos olhos, boca e narinas, mas o meio principal e mais fácil de interpretar são as orelhas. Quando viradas para frente indicam atenção e interesse, ou que o animal detectou um sinal de perigo. Outro exemplo é quando o equino se encontra relaxado, elas tendem a estar pendentes para os lados. Devemos nos preocupar quando as mesmas se encontram extremamente inclinadas para trás, que é o sinal de irritação. Independentemente de sua forma ou tamanho, elas estão quase sempre em movimento e trabalham de forma independente, funcionando como um “radar equino” (figura 4).
Hoje, a grande maioria dos cavalos domésticos vive em estábulos, com horários fixos de alimentação e com socialização intraespecífica restrita ou quase nula. O que vai contra sua natureza, já que estes animais são seres sociais acostumados a viver em liberdade reunidos em grupos e com abundância de alimento, com isso muitas vezes acabam apresentando problemas comportamentais que prejudicam a lida e o manejo, podem se tornar animais angustiados e também trazer um certo tipo de sofrimento emocional para seus proprietários. “Muitos problemas comportamentais dos equinos podem ser melhorados Figura 4 – Cavalos atentos. Disponível em: http://guia4patasonline.com.br/especialcavalos-um-pouco-sobre-historia-hipismo-e-equoterapia/. Acesso em: 16 maio 2020.
Tirado de seu habitat natural e submetido ao confinamento, foram percebidos comportamentos que podem ser danosos ao animal, que vem como consequência do confinamento excessivo (figura 5). O sacudir da cabeça, bater dos cascos, roer madeira, a “dança do urso” (movimento de lado a lado na porta da cocheira) e a aerofagia (habito da ingestão de ar) são vícios manifestados em animais confinados, e que anseiam pela hora da alimentação ou de alguma outra atividade que os dê alguma função e saiam do tédio. De acordo com Mills e Nankervis (2005) é provável que o maior problema do animal confinado seja o tempo que ele passa em ócio, ou seja, sem realizar nenhuma atividade, como por exemplo, galopar quando quiser e se alimentar durante um longo período diariamente Figura 5 – Cavalo confinado estressado. Disponível em: https://www.yourhorse. co.uk/advice/horsebehaviour/articles/. Acesso em: 16 maio 2020
OS ESPORTES EQUESTRES
III. OS ESPORTES EQUESTRES
3.1 – Origem
Não é conhecido ao certo a primeira vez que o ser humano montou um cavalo objetivando competir dentre de algum tipo de esporte. É de conhecimento que os esportes equestres se iniciaram junto com o uso militar dos animais, e aos poucos foram passando também ao entretenimento das pessoas. Na antiga Roma, eram realizadas corridas de bigas (figura 6) que inicialmente eram instrumentos de guerra, mas que também se tornaram um entretenimento para a população na época (ESCOLA DO CAVALO, 2020). Hoje o esporte foi adaptado e agora se divide em duas modalidades chamadas atrelagem e corrida de carruagens.
Figura 6 – Corridas de biga em hipódromo na antiga Roma. Disponível em: https://bigthink.com/paulratner/the-highest-paid-athlete-in-history-actually-lived-in-ancient-rome. Acesso em: 16 maio 2020.
No cenário clássico, segundo o site Portal São Francisco (2020), “conhecido pela elegância, o hipismo surgiu do costume de nobres europeus, especialmente ingleses, de praticarem a caça à raposa, quando os cavalos precisavam saltar troncos, riachos, pequenos barrancos e outros obstáculos que os caçadores encontravam pelas florestas (figura 7). O desenvolvimento da atividade ocorreu no século XX, com a criação das primeiras pistas com obstáculos exclusivamente para a prática de saltos”. Mais ou menos na mesma época foi incentivada a construção dos primeiros hipódromos também na Inglaterra por Carlos II, amador do hipismo e considerado o “pai do esporte hípico”, ele também foi responsável pelo início da criação de cavalos puro sangue inglês com o objetivo de estabelecer um novo esporte: as corridas de cavalo. Inclusive acredita-se que as várias linhagens dos cavalos de corrida descendem de apenas três reprodutores nascidos na Inglaterra.
Figura 7 – Caça à raposa em campos ingleses. Disponível em: http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/hipismo/noticia/2016/08/das-guerras-gregas-cacaraposa-incrivel-origem-do-hipismo-esportivo.html. Acesso em 16 maio 2020.
III. OS ESPORTES EQUESTRES
A origem do CCE dá-se na França com o nome de “Cheval d’Armes”, ou cavalo d’armas, pois era, novamente, uma prática militar para testar a resistência, velocidade e obediência do cavalo, além, naturalmente, da capacidade do cavaleiro. A primeira competição oficial da modalidade aconteceu em Paris, 1902. A modalidade de hipismo western surgiu com a colonização norteamericana. Nesta época não havia veículos, e logo o meio de transporte mais popular era o cavalo. “Como costumamos ouvir, o desbravamento do oeste americano ocorreu em cima da sela de um cavalo, e foi desta cultura que surgiram as provas e modalidades western, mais “rurais” e rústicas se comparadas a outras como o salto e adestramento. São competições que surgiram com disputas regionais entre cavalos de fazendas, ranchos, etc o que em grande parte lembram o estilo faroeste” (APRENDIZ EQUESTRE, 2012). São exemplos dessa modalidade os três tambores, rédeas, apartação e laço. Na contemporaneidade, as provas de hipismo clássico (adestramento, salto e CCE) foram oficialmente incorporadas ao programa olímpico em 1912, em Estocolmo, e é um dos poucos esportes em que homens e mulheres competem uns contra os outros de igual para igual. O cenário de competições é regulamentado e organizado pela Federação Equestre Internacional (FEI), entidade máxima dos esportes equestres mundiais. Em território brasileiro, existem diversas entidades federativas a nível estadual, regional e nacional, todas sob a chancela da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH), organização que regulamenta todo o esporte no país, que também baseia suas regras com os fundamentos da FEI.
3.2 – Modalidades Principais
Salto – As provas de salto (figura 8) podem ser disputadas por tempo, ou por potência, em que a altura dos obstáculos isolados sobe gradualmente, chegando a ultrapassar a barreira dos 2 metros. No salto o objetivo é completar um percurso, composto de 13 a 20 obstáculos de até 1.60m, (verticais, paralelas, duplos, triplos, fossos, rio, muro, tríplices, cercas e encostas) dentro do menor tempo possível se a disputa for ao cronometro, e com o mínimo de faltas. No caso do modo de tempo ideal, o conjunto deve realizar o percurso seguindo as mesmas regras, mas deve manter um ritmo constante para se aproximar do tempo pré-estabelecido por meio de um cálculo da velocidade média e extensão do percurso, então não se trata de quem é mais rápido, mas de quem tem maior controle.
Figura 8 - Pedro Veniss com Quabri de L’Isle no Rolex Grand Prix de Aachen. Disponível em: http://shp.org.br/noticias/salto/gp-rolex-no-chio-aachen-2018-tem-luciana-diniz-e-pedroveniss-entre-os-top-3/. Acesso em: 17 maio 2020.
Adestramento – Na prova de adestramento (figura 9) o atleta percorre uma área demarcada de 60m de comprimento por 20m de largura, devendo executar, dentro de um limite de tempo, uma série de movimentos, que podem ser em círculos, diagonais e outras formas isoladas em galope, trote, passo, pirueta, espádua para dentro, passage, piaffe, etc. Este esporte parece mais simples, mas na verdade é dificílimo. O cavalo deve executar os passos especiais e mover-se ao mais leve comando do cavaleiro, com absoluta perfeição. As manobras devem ser executadas em total harmonia, tanto o cavalo como o cavaleiro devem estar confiantes e entrosados para efetuar a figura já que havendo um pequeno erro a qualidade do movimento fica comprometida prejudicando a pontuação. O julgamento na prova de adestramento é subjetivo. Os juízes julgam a reprise de cada conjunto dando notas de 1 a 10 de acordo com cada figura feita. Os Concursos de Adestramento Nacional (CAN) estão organizados em séries e categorias. As séries Elementar, Preliminar, Média I, Média II, Forte I são disputadas pelas categorias Sênior Amador e Profissional e as Séries Forte II e Especial pelas Categorias Sênior e Sênior Top, respectivamente (SHB, 2020). Volteio – Definido como ginástica sobre um cavalo em movimento, o volteio (figura 11) é uma das mais antigas modalidades equestres e consegue aliar os princípios básicos da equitação: equilíbrio, força e a leveza e flexibilidade da ginástica olímpica. O cavalo está o tempo todo sendo controlado, através de guias e rédeas pelo instrutor, enquanto o volteador, ou volteadores, se concentram em performar com beleza, leveza, segurança, exatidão e perfeição os movimentos da coreografia. O volteio desenvolve as habilidades básicas, combinadas e seriadas, durante as diversas subidas, descidas e movimentos sobre o cavalo. As pontuações são feitas na execução dos exercícios obrigatórios pré-estabelecidos, e também no quesito criativo e artístico da coreografia, utilizando a música para desenvolvendo o ritmo e a interpretação musical (ESPORTES MAIS, 2020).
Figura 9 - Charlotte Dujardin e Valegro nas Olimpíadas do Rio. Disponível em: http://dressagenews.com/2016/08/15/charlott e-dujardin-valegro-olympicindividual-gold-isabell-werthweihegold-silver-kristinabroring-sprehe-desperadosbronze/. Acesso em: 17 maio 2020.
Figura 10 – Equipe brasileira nos Jogos Equestres Mundiais 2018. Disponível em: http://www.fph.co m.br/listas/Detalhe. aspx?ID=48110. Acesso em: 17 maio 2020.
III. OS ESPORTES EQUESTRES
CCE – O Concurso Completo de Equitação, considerado o triátlon equestre, reúne três disciplinas clássicas: o adestramento, o cross country (figura 10) e o salto, que podem ser realizadas no mesmo dia, ou em 3 dias seguidos, dependendo do nível de dificuldade da competição. No primeiro dia a prova a ser cumprida é o adestramento. No segundo acontece o cross country, onde após um aquecimento extenso e monitorado pela equipe veterinária, o conjunto percorre um percurso externo, com 35 obstáculos inspirados no campo, como troncos, valas, sebes, obstáculos dentro d’água, rampas e desníveis, sempre com um alto grau de dificuldade. É considerada a prova mais difícil e espetacular do hipismo, sendo indispensável coragem e confiança para a realização da mesma. O percurso deve ser realizado abaixo de um tempo concedido ou num intervalo de tempo determinado para que o conjunto não seja penalizado. Refugos e desvios também acarretam penalizações. Ao final do percurso é feito outro check up veterinário, e o menor sinal de alteração na saúde do animal pode levar a desclassificação. Por último, o terceiro dia é encerrado com uma prova de salto, num percurso de até 700 metros com 12 obstáculos e altura máxima de 1,20m (ABHIR, 2020).
Figura 11 – Mike Jackson e Sea Summer Bay no cross country de Blenheim Horse Trials. Disponível em: https://www.irishtimes.com/sport/ot her-sports/rio-2016-irish-in-actionon-tuesday-1.2749491. Acesso em: 17 maio 2020.
Pólo – O pólo (figura 12) é praticado numa pista de 275x180 metros e é um dos jogos mais velozes e mais difíceis hoje existentes. O principal objetivo do polo é conseguir marcar o maior número de gols em comparação ao seu adversário, acertando uma bola de madeira ou plástico com um taco de 3 metros de comprimento, e fazendo-a entrar numa baliza. O jogo dura menos de uma hora e é dividido em partidas de sete minutos e meio. A partida é disputada entre dois times com quatro jogadores cada. Os jogos, de acordo com seu nível, são divididos em quatro, cinco ou seis partidas. Os cavalos são trocados a cada partida, e nenhum animal joga mais de duas partidas por jogo. Este esporte apareceu, provavelmente, na China e de lá foi introduzido na Pérsia e na Índia. O significado do nome vem de pulu, a palavra Tibetana para bola. Na Pérsia antiga o pólo era jogado por cavaleiros e amazonas. O pólo só
Figura 12 – Partida de pólo. Disponível em: https://controlledevents.com/wpcontent/uploads/2015/11/Polo1.jpeg. Acesso em: 17 maio 2020.
chegou às sociedades ocidentais no século XIX, quando oficiais e funcionários do governo britânico em visita à índia aprenderam o jogo com as tropas nativas (ROESSLER, 2006). Três Tambores – A prova dos três tambores (figura 13) consiste em uma prova de agilidade e velocidade, onde se percorre um percurso triangular de 30 metros em cada lado com três tambores em suas extremidades, com o objetivo de contornar os tambores no menor tempo possível, em média esse tempo fica na faixa de 17 segundos. Um tambor derrubado é visto como penalidade, em que se acrescenta 5 segundos no tempo final, 2 tambores derrubados acarretam na desclassificação do conjunto. Acredita-se que o esporte tenha sido criado pelas mulheres do velho oeste, enquanto aguardavam seus maridos voltarem para casa, e foi a primeira prova a ter participação feminina nos rodeios americanos (RODEO WEST, 2016).
Figura 13 – Fallon Taylor e Babyflo em pista. Disponível em: https://www.troxelhelmets.com/blogs/troxel. Acesso em 17 maio 2020.
III. OS ESPORTES EQUESTRES
Rédeas – Popularmente conhecida como adestramento western, a modalidade surgiu primeiramente nos Estados Unidos durante o período de sua colonização. Durante este período, o cavalo passou a ter importância não somente como meio de transporte rápido e seguro, mas também como peça fundamental para a lavoura e para o trabalho com o gado. Desempenhar a função de rédeas em um cavalo não significa apenas guiá-lo, mas também dominar todos os seus movimentos. Os fundamentos consistem no cavaleiro ter total domínio do cavalo, que deve atender todos os seus comandos sem apresentar resistência ou incômodo. Em rédeas, é pedido ao cavaleiro para desempenhar um dos 13 percursos existentes pré-estabelecidos, os quais incluem: manobras prescritas de esbarros (figura 14), spins (giros de 360 graus), rollbacks (esbarro com mudança de direção em 180 graus saindo ao galope), mudança de mão e círculos ao galope. O cavalo é julgado nos seus movimentos, cumprimento do percurso e atitude. A nota é de 0 a 100, com média baseada em 70 (CANAL RURAL 2020). Apartação – Modalidade na qual cavalo e cavaleiro devem se mover calmamente para dentro do rebanho, apartar um novilho, dirigi-lo ao centro da arena e mantê-lo afastado do rebanho. O cavalo de apartação deve combinar seus movimentos com o movimento do novilho, antecipando todas as suas manobras com pouca interferência do cavaleiro ou da amazona para realizar os movimentos (figura 15). O juiz atribui nota ao animal pela sua habilidade de impedir o retorno ao rebanho, movimentação e concentração. A nota varia de 60 a 80 pontos, e o competidor inicia com 70 pontos. A apartação veio do trabalho diário em um rancho ou fazenda, diante da necessidade de separar um animal da manada que estava doente para ser tratado, medicado, para marcação ou outras finalidades (CANAL RURAL, 2020).
Figura 14 –Execução de esbarro em apresentação de rédeas. Disponível em: https://nrha.com/abo ut. Acesso em: 17 maio 2020.
Figura 15 – Apresentação de apartação. Disponível em: http://www.ha rasarmelin.co m.br/fotos/5c0 e5871aafad21 140b7812a/ap artao. Acesso em: 17 maio 2020.
3.3 – Cenário Brasileiro
O primeiro registro de uma competição de hipismo no Brasil, ainda segundo o Portal São Francisco, data de abril de 1641, coordenada por um holandês. A prova inicial realizada em território nacional teria sido organizada por Maurício de Nassau, em Recife, com a presença de cavaleiros holandeses, franceses e brasileiros. Mas, somente em 1911 que os primeiros clubes hípicos foram fundados no país: a Hípica Paulista e o Clube Esportivo de Equitação do Rio de Janeiro. O esporte ganhou nova dimensão, no Brasil, na primeira metade da década de 20, com a chegada de uma missão militar francesa. Os especialistas europeus permitiram uma melhoria na organização e da técnica do esporte no país. A primeira iniciativa para a formação de uma entidade máxima do hipismo no País aconteceu em 1935 quando houve um movimento para o registro da Federação Brasileira de Hipismo. Estatutos foram criados, diretoria eleita e contatos junto a Federação Equestre Internacional (FEI) para a filiação da nova entidade. “A iniciativa da integração do hipismo nacional devia-se ao crescente número de centros equestres existentes no País e ao nível alcançado por seus praticantes, tornando necessária e indispensável a existência de um órgão central que interferisse e ordenasse a já crescente atividade equestre” (CBH, 2012).
Hoje as modalidades mais difundidas e com mais destaque são as englobadas no “hipismo clássico” e são coordenadas no país pela Confederação Brasileira de Hipismo (CBH), auxiliada pelas diversas federações estaduais. A mais popular entre elas é a modalidade de saltos, onde vários brasileiros conquistaram destaque no esporte, inclusive tendo nomes referência do hipismo nacional e mundial, como Rodrigo
Pessoa, Pedro Veniss, Marlon Zanotelli, Eduardo Menezes e Rodrigo Lambre. O site da Federação Paulista de Hipismo (FPH) afirma que o Estado de São Paulo é o maior reduto de praticantes de Salto no País. Conforme levantamento em agosto de 2008, nos últimos dez anos a entidade registrou mais de 5.000 concorrentes ligados a 292 entidades distintas e distribuídas por 158 cidades. Somados atletas de Salto e da Equitação Fundamental (para atletas iniciantes), a modalidade é responsável por 82% dos federados. Com a evolução da cultura equestre no Brasil o adestramento também passou a ter uma maior afluência, com o aumento significativo de praticantes. A participação de pessoas dedicadas à modalidade ao longo dos anos foi essencial para que a modalidade crescesse e atingisse a estatura atual, em 2003 por exemplo, o adestramento conquistou uma importante aliada na promoção, fomento e organização do esporte: a Associação Brasileira de Criadores do Puro Sangue Lusitano (ABPSL), chegando a responder por mais de 60% dos inscritos em provas nacionais e internacionais, segundo o site da própria organização. Atualmente a CBH vem adotando uma política de intercâmbio com a vinda de juízes e treinadores de países mais desenvolvidos no esporte, que através de cursos e participações na arbitragem dos eventos, tem propiciado um rápido desenvolvimento de nossos conjuntos a nível competitivo e de alta performance.
III. OS ESPORTES EQUESTRES
Apesar da falta de visibilidade e destaque internacional, possivelmente pela sua maior popularidade em cidades do interior, o hipismo western é muito mais praticado em território nacional do que as disciplinas clássicas. O Brasil conta com a quarta maior tropa equina do mundo, cerca de 5,5 milhões, segundo as estatísticas da FAO (Federação Internacional da Agricultura) em 2011. Dentre esse número, o Quarto de Milha é o terceiro com maior presença, segundo o stud book da raça e a ABQM (Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Quarto de Milha) são cerca de 505 mil animais em 2017 (CANAL RURAL, 2017). Sendo essa a principal raça utilizada nas disciplinas western, que vem atraindo mais público a cada ano, podemos dizer que ela é a maior responsável pelo incentivo ao esporte no país.
ESTRUTURA DO CENTRO HÍPICO
IV. ESTRUTURA DO CENTRO HÍPICO
4.1– Atividades e Instalações
Ao projetar um centro equestre, devemos levar em consideração todas as atividades realizadas ali e que tipo de instalações elas requerem. Certos espaços são indispensáveis para o funcionamento adequado e eficiente qualquer de hípica (como baias, lavadores, depósitos, vestiários, piquetes, pavilhão veterinário, pistas, áreas administrativas e sociais), enquanto outros são mais específicos para uma certa função ou serviço que nem todo centro precisa oferecer. Todas as instalações devem ser arejadas, iluminadas e limpas, o conforto é necessário não só para os animais, mas também para os funcionários e usuários do local. O real desafio é desenvolver um espaço onde animais, pessoas e maquinário possam ser inter-relacionados e devidamente conectados, sem prejudicar quaisquer de suas funções. Nos próximos subcapítulos será dissertado a forma ideal para a concepção desses espaços essenciais e a importância de esses serem executados corretamente.
4.2 – Pavilhões de Estabulagem
São chamados de pavilhões os locais onde se agrupam as baias, que não tem número mínimo ou máximo, mas geralmente encontramos entre 12 e 20. O pavilhão pode ser considerado o coração da hípica. É nele que se concentram as principais atividades de manejo e cuidado com os animais. Além das baias, encontramos os depósitos de material, alimentação e serragem, e os lavadores. Podem também estar em anexo os vestiários, áreas administrativa e social. Por ser a
construção de maior permanência tanto dos animais quanto das pessoas, ele deve ser o mais bem pensado, desde sua forma e posicionamento no terreno até o material dos pisos e revestimentos, afinal o confinamento desses animais é feito para a nossa conveniência, portanto ele deve ser feito da melhor forma possível. Não há regras para o formato da instalação, podem ser em I, de única ou dupla fileira, U, L e quadrado fechado. Um cuidado muito importante a levar em conta quando projetando o pavilhão é a circulação do ar. O tradicional pavilhão de cocheiras com corredor central aberto nas laterais, faz as doenças transmitidas pelo ar fluírem em linha reta ameaçando cada cavalo na mesma corrente de ar do animal infectado. O ideal é alterá-lo em função da aerodinâmica, utilizando o efeito chaminé ao propor uma abertura zenital na cobertura, que fazem a exaustão do ar quente através do efeito chaminé e “puxam” o ar quente do chão. Essa medida proporciona a ventilação natural que além de contribuir para a saúde dos cavalos, torna o espaço bem mais confortável, afirma Blackburn (2013).
4.2.1 – Baias
As baias devem ter uma dimensão mínima de 4x4m (16m²), se não tiverem um tamanho mínimo ideal, trarão um desconforto muito grande para o animal, o que pode levá-lo a um stress, comprometendo a qualidade de vida e sua performance esportiva. As baias devem ser bem ventiladas, não expostas a calores excessivos nem a frios intensos. O cavalo é mais sensível ao calor que ao frio, por isso temos que redobrar esses cuidados, especialmente no Brasil. Quanto ao seu material, podem ser construídas de diversas formas: alvenaria, madeira, barras de ferro etc, desde que ela permita o contato externo com os outros animais, pois como vimos, o cavalo é um animal muito sociável e não gosta de ficar isolado. Para amenizar esse problema quando o confinamos a uma baia, é recomendado a adoção de meias paredes, ou janelas com grades entre as baias e deixando sempre a parte superior das portas das baias abertas (figura 16), para que o animal sempre possa escolher colocar a cabeça para fora e olhar ao seu redor (BLACKBURN, 2013). Outro ponto importante a ser lembrado é a iluminação dentro das baias. Estima-se que 95% das construções equestres no Brasil tenham privação de luz natural. O erro está baseado na ideia de que, em um país de clima quente, baias mais escuras tornariam o lugar mais fresco para os animais. Isto não é verdade, e pelo contrário, torna o espaço mais úmido e abafado. Conclui-se, portanto, que os projetistas, tanto dentro quanto fora do país, ainda precisam estudar muito mais o assunto (BROOKS, 2016). Se mantido isolado, no escuro e na umidade, o animal sente desconforto, medo e passa a ter comportamentos indesejáveis,
fruto do estresse do confinamento. Baias com aberturas para o exterior são ótimas e recomendadíssimas, pois eles se sentem seguros tendo uma visão do mundo exterior. Mas mesmo esse regime de baia semiaberta deve ser acompanhado de um manejo correto com períodos regulares de trabalho externo e a liberdade em piquetes parte do tempo.
Figura 16 – Modelo de baia ideal: aberta e naturalmente iluminada. Disponível em: https://roewer-rueb.de/fr/produits/boxes-pour-chevaux/facade-amsterdam. Acesso em: 20 maio 2020.
IV. ESTRUTURA DO CENTRO HÍPICO
4.2.2 – Lavadores
Os lavadores são espaços multifuncionais, devem ser previstos pontos de água já que servem principalmente para o banho e higienização do animal, mas também são utilizados para o arreamento, tosquia e ferração. Por isso requer uma amplitude que dê liberdade de movimento para o cavalo e manipulador. Podem ser externos ou internos, mas de qualquer maneira devem preferencialmente ser localizados em um local com incidência de sol para rápida secagem tanto do espaço quanto do animal.
Figura 17 – Exemplo de lavador ideal. Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/536280268118736939/. Acesso em: 20 maio 2020.
Também é muito importante prever uma inclinação mínima de 2% para a área, assim como nas baias, de forma a evitar o acumulo de água e facilitar o escoamento para o sistema de drenagem (geralmente um ralo linear no fundo do lavador), sempre com o cuidado para não tornar essa inclinação muito forte, pois afetaria os aprumos dos animais, forçados constantemente a uma posição "defeituosa", que causaria problemas nas articulações (BROOKS, 2015). O ideal seria ainda que sejam revestidos de material emborrachado até a altura de meia parede, assim como o piso, já que é uma área com constante contato com água e produtos de limpeza o material deve ser resistente e antiderrapante (figura 17).
4.2.3 – Alimentação e serragem
É essencial para os equinos esportistas que tenham uma alimentação de qualidade e balanceada. Tão importante quanto a qualidade e adequação ao tipo de alimento consumido pelos animais, está o cuidado com o armazenamento destes produtos. A dieta do cavalo atleta é composta de volumoso (capim, feno ou alfafa), grãos e suplementos. É recomendado que o primeiro seja armazenado em um local de fácil acesso à caminhões e tratores para carga e descarga, além disso deve ser arejado, bem iluminado e protegido de chuva e sol em excesso para evitar a rápida perda de nutrientes. Não é incomum encontrarmos a estocagem de serragem junto com a de volumoso, por serem comercializados em formatos similares (fardos retangulares) e não apresentarem risco a qualidade um do outro. A respeito dos grãos e suplementos, existem algumas medidas que devemos ter atenção redobrada ao projetar e organizar o depósito. Além dos cuidados mencionados anteriormente, a temperatura da sala deve ser melhor controlada, pois o calor pode estragar a ração que se ingerida pode induzir a cólica no animal. O armazenamento tradicional de empilhar sacos não é a maneira mais correta e eficaz, eles podem ser facilmente furados e contaminados, e ainda ficam muito expostos a umidade. O ideal seria a instalação de recipientes individuais para cada tipo de grão e suplemento, para isso existem diversas soluções, desde simples recipientes de plástico ou metal (figura 18) até projetos de marcenaria completos (figura 19). Assim além de garantir a qualidade do produto
tirando o contato com o piso, melhoramos a organização que facilita a tarefa de separação das refeições específicas de cada animal, afinal cada dieta é única (BROOKS, 2016). Figura 18 – Depósito de grãos com recipientes plásticos. Disponível em: https://www.pinterest.c a/pin/530298924877234 345/. Acesso em: 21 maio 2020.
Figura 19 - Armazenamento de grãos em marcenaria. Disponível em: https://www.equisearch.co m/articles/low-carb-feedsyour-horse-19108. Acesso em: 21 maio 2020.
IV. ESTRUTURA DO CENTRO HÍPICO
4.2.4 – Pisos
O piso de um centro equestre geralmente não recebe muita atenção na hora do planejamento, mas se tratando de um lugar onde animais de quase meia tonelada transitam, são necessárias algumas precauções. Em geral, o piso ideal precisa ser confortável para o animal evitando a tensão nas patas e tendões, enxuto (não deve segurar umidade), antiderrapante, durável e fácil de limpar.
O mais encontrado é o piso simples de concreto, porém na maioria das vezes ele é feito de maneira incorreta, liso demais fazendo os cavalos escorregarem, ou rugoso demais causando abrasão nos cascos. Essa opção acaba se tornando ineficiente já que o material retém umidade e tem forte impacto nos tendões pela sua dureza. Uma alternativa que vem se popularizando é o piso intertravado de borracha (figura 20), pois possui a durabilidade e estabilidade do concreto, mas também oferece a segurança antiderrapante e absorção de impacto, ideal para os animais. Especificamente com as baias o cuidado deve ser redobrado, pois é aonde a maioria dos cavalos passa a maior parte do dia e um piso inadequado pode prejudicar as patas e cascos do animal,
sem dizer que compromete o seu descanso se for desconfortável. São divididos em duas categorias: permeáveis ou impermeáveis, ao optar pela primeira categoria deve-se levar em conta uma fundação com cascalho ou outro material semelhante para ajudar no escoamento da água para baixo. Na segunda opção, deve-se ter um sistema de drenagem auxiliar com inclinações e ralos para que a urina e a água possam correr para fora da baia. Nos dois casos recomenda-se a inserção de uma camada emborrachada abaixo da cama para maior conforto e segurança do animal, para que possa se deitar sem medo de escorregões ou uma superfície dura que o deixará dolorido (BROOKS, 2016).
Figura 20 – Hípica com piso intertravado de borracha. Disponível em: https://blackburnarch.com/projects/beechwood-stables/. Acesso em: 22 maio 2020.
4.2.5 – Piquetes
Os piquetes são elementos fundamentais de um centro equestre pois são o mais próximo de um ambiente natural para os cavalos. Neles o animal pode mostrar sua natureza, se expressar sem restrições, socializar uns com os outros, enfim, serem cavalos (figura 21). Mas até esses espaços precisam ser planejados, afinal não é possível replicar totalmente um habitat natural com restrições de espaço.
cocho de comida (afinal só o pasto não sustenta os animais atletas) e água a vontade. Alguns pontos também devem ser evitados, como o terreno muito íngreme e desnivelado, que pode vir a causar lesões, e o formato com quinas angulares, em caso de algum cavalo dominante queira prender um animal mais submisso (WHEELER, 2006).
Dificilmente o espaço disponível será suficiente para manter todos os cavalos de uma hípica ao ar livre em tempo integral, rodízios para soltar os animais precisam ser organizados, assim como o dos campos, para que o solo e a pastagem se recuperem. Além do cuidado com o terreno, o piquete precisa de uma certa infra estrutura para que a estadia dos equinos seja confortável e prazerosa: abrigos cobertos das intempéries,
Figura 21 – Cavalos interagindo em piquete. Disponível em: https://www.focusfen cing.com.au/. Acesso em: 22 maio 2020.
IV. ESTRUTURA DO CENTRO HÍPICO
4.3 – Treinamento
As pistas são o principal local de treinamento e realização de competições dentro da hípica, sejam cobertas ou ao não, elas demandam um grande investimento e para fazê-lo de maneira correta você deve ter o máximo de informações em seu planejamento. Além dos animais e pessoas, passam por sua superfície tratores responsáveis pela manutenção da superfície, a fim de garantir as condições corretas para cavalo e cavaleiro. Com tamanha importância, elas merecem cuidados específicos e constantes para que tenham características propícias ao desenvolvimento pleno das qualidades esportivas dos animais.
atividades, portanto aqui o princípio do maior é melhor prevalece.
Geralmente o planejamento das pistas segue o dimensionamento mínimo da modalidade de salto, pois é a que demanda mais espaço e por isso acaba sendo um modelo mais flexível para as outras modalidades. Segundo o regulamento da CBH (Confederação Brasileira de Hipismo, 2017), a pista fechada, ou “indoor”, deve ter uma área mínima de 1.200m², tendo um dos lados com pelo menos 20m de extensão, é importante também prever uma altura de pelo menos 5 metros para a cobertura; e a pista aberta (figura 22) deve apresentar 4.000m² no mínimo, sendo um dos lados com pelo menos 50m de extensão.
Existem ainda algumas alternativas para trabalhar os cavalos além do tradicional treino em pista. Redondéis são uma ferramenta multifuncional de grande utilidade para qualquer instalação equestre. Esteiras automáticas, exercitadores e piscinas para exercício ou reabilitação também são opções mais complexas utilizadas em grandes hípicas.
4.3.1 – Dimensões de pistas
O tamanho adequado da pista irá depender das modalidades praticadas, mas deve-se sempre levar em conta a versatilidade da pista para mais de uma função. Uma pista grande pode ser dividida com barreiras simples, mas uma pista pequena não comporta certas
Figura 22 – Pista de hipismo com marcação para adestramento. Disponível em: https://www.lighthoof.com/blogs/blog/the-top-5-footings-for-your-perfect-arena. Acesso em: 09 jun. 2020.
4.3.2 – Piso
O item que exige maior planejamento e investimento é o piso das pistas e locais de trabalho mais intenso, como os redondéis e exercitadores. A localização da arena, a qualidade da drenagem e do material da superfície são fundamentais para um bom treino dos atletas. A instalação da pista deve acontecer preferencialmente na parte mais elevada do terreno, para que a ação natural da gravidade auxilie na drenagem do solo, caso contrário os custos com um bom sistema de drenagem serão bem maiores. A composição do piso é muito importante não só para auxiliar a drenagem, mas para amortecer impactos e com isso evitar lesões nos animais, e prolongar sua carreira no esporte com saúde. O piso ideal deve proporcionar tração, não deve ser abrasivo para os cascos, ter amortecimento e ser de fácil manutenção (figura 23). Independentemente de sua composição, o material acaba sendo bastante dinâmico e sofre alterações de composição e propriedade com o tempo e o uso. Quase todas as arenas terão o solo natural incorporado ao longo dos anos e o resultado pode ser uma base boa e viável, que não tem mais uma descrição simples. Além disso, o material se decompõe com o impacto da ação do casco do cavalo e dos tratores que fazem o nivelamento e compactação da superfície. À medida que o material mais antigo se decompõe, essas arenas são pavimentadas com material novo que pode ser diferente para melhorar ou renovar a propriedade que foi perdida (WHEELER, 2020).
Portanto, a maioria das superfícies de arenas precisarão de alterações a cada 5 a 10 anos, e recomenda-se uma substituição completa do piso ou pelo menos uma grande reforma. Mesmo com o gerenciamento adequado, os melhores e mais cuidadosamente selecionados pavimentos raramente mantêm seus bons atributos indefinidamente. O especialista francês Francis Clemont recomenda uma camada de brita e solo-cimento, que forma a base impermeável, e depois uma de poliéster, bentonita e areia que confere a elasticidade para absorção de impactos.
Figura 23 – Piso composto de areia, fibra de poliéster e cascalho de borracha. Disponível em: https://www.reitenright.com/#footing Acesso em: 09 jun. 2020.
IV. ESTRUTURA DO CENTRO HÍPICO
à cerca; deve ter alguma elasticidade para minimizar o impacto, ser alta o suficiente para evitar ser saltada e sólida o suficiente para desencorajar o teste de sua força. Não deve ter aberturas que os animais possam prender a cabeça ou uma pata, nem arestas vivas ou projeções que possam ferir um cavalo que se apoie ou se coce nela. E, finalmente, deve ser esteticamente atraente (WHEELER, 2006).
4.3.4 – Cercas A cerca pode ser uma das características mais atraentes de uma instalação para cavalos, mas nem todas são adequadas. O cercamento é um grande investimento de capital que deve ser cuidadosamente planejado antes da construção. Ele não só protege a propriedade, mas também tem a função de dividir espaços e pode mudar o visual da sua instalação para cavalos positivamente, assim como o contrário também pode acontecer. Cercas mal planejadas, inseguras ou sem manutenção prejudicam o valor de uma instalação e refletem uma má administração. Muitos proprietários de cavalos optam pela a economia e escolhem as opções mais baratas e inseguras (arame farpado, por exemplo) que acabam sendo pagas em contas veterinárias para tratar cavalos feridos. Uma cerca "perfeita" deve ser suficientemente segura para conter um cavalo que se choque com ela, sem causar ferimentos ou danos
Infelizmente, nenhum tipo de vedação atende a todos os critérios para a cerca perfeita, mas existem muitos tipos eficazes. Para escolher a melhor opção, o proprietário deve entender o propósito da cerca para o espaço, e que tipo de animal em qual atividade está contendo. Por isso é comum encontrar vários tipos de cercamento na mesma propriedade. Nos piquetes com animais tranquilos podem ser utilizadas simples cercas de barras de ferro ou de madeira, que apesar de requererem uma manutenção constante são visualmente agradáveis. Uma outra opção similar pouca utilizada no Brasil é a cerca de PVC (figura 24), que tem a estética da madeira e não necessita de manutenção, além de ser flexível e segura em casos de coices e colisões. Para os cavalos mais agitados e garanhões que precisam de uma restrição mais rigorosa, a cerca com eletricidade (figura 25) é uma boa opção, mas sua desvantagem é justamente o choque, apesar de não ser forte para os cavalos, pode machucar as pessoas se o piquete estiver localizado numa área movimentada (BROOKE, 2018). Já nas pistas, apesar do cercamento não ser obrigatório, pode acontecer por meio de arbustos, muito bonitos esteticamente e evitam lesões em caso de queda do cavaleiro.
Figura 24 – Cerca de PVC para piquete. Disponível em: https://www.arquiteturaequestre.com.br/conteudo/cerca-para-piquetes-qual-tipo-ideal. Acesso em: 22 maio 2020.
Figura 25 – Cerca eletrificada para piquete. Disponível https://www.gallagher.eu/en_dk/electrified-tape-horsesl. Acesso em: 09 jun. 2020.
em:
IV. ESTRUTURA DO CENTRO HÍPICO
4.3.5 – Redondel O redondel é uma área circular com diâmetro que varia de 12 a 30 metros, frequentemente encontrado com o piso de areia, terra ou grama, mas o ideal seria o uso da mesma superfície das pistas de treinamento. Este espaço é destinado principalmente para iniciação de potros e cavaleiros, pois ele auxilia no desenvolvimento da linguagem corporal e cria um ambiente seguro para trabalho, uma vez que não possui bordas ou cantos e proporciona maior contato com o cavalo.
tem as vantagens da baixa manutenção quando galvanizado, e a flexibilidade já que pode ser desmontado e montado em outro lugar, mas por esse mesmo motivo podem ser frágeis; os de madeira (figura 26) que são atrativos no visual e no custo, mas exigem manutenção constante com pintura e controle de pragas, além da possibilidade de quebra com um coice; os de alvenaria são os mais resistentes e podem ser forrados com tapetes de borracha para evitar machucar os animais, mas é de custo bem mais alto em comparação as outras opções. Uma outra alternativa citada anteriormente muito recomendada é a cerca de PVC, que também pode ser utilizada sem problemas nos ambientes de trabalho dos animais.
No entanto, como qualquer ferramenta de treinamento, o redondel pode ser mal utilizado, e se tornar sinônimo de medo ao invés de aprendizado. O fechamento do espaço tem uma grande influência nesse ponto. Se inibir totalmente a visibilidade externa, o animal pode se sentir preso e ameaçado, por outro lado, se lidamos com cavalos novos ou muito distraídos, um fechamento muito vazado ou transparente pode atrapalhar o trabalho (BROOKS, 2019). Independentemente do tipo do fechamento, alguns pontos importantes devem ser levados em conta; ele precisa ser robusto o suficiente para lidar com batidas, tropeções e coices; e como nos piquetes, precisa ser alto o suficiente para desencorajar o cavalo a escapar da área pulando o cercamento. Algumas das opções mais comuns são os redondéis de ferro, que
Figura 26 – Redondel de madeira e gradil. Disponível em: https://stablestyle.net/8-amazing-round-pens/. Acesso em: 09 jun. 2020.
4.3.6 – Piscinas
Muitos acham a ideia de piscinas para cavalos uma regalia deveras custosa para épocas quentes e não dão valor a essa instalação. A natação para cavalos vem se apresentando como uma prática cada vez mais comum nos países da Europa, não somente para animais em tratamento, mas também como uma ferramenta complementar de trabalho e condicionamento para otimizar o desempenho do equino atleta.
Após uma lesão, geralmente é recomendado o descanso em baia enquanto o cavalo se recupera. Durante esse período, o animal perde massa muscular, tornando-o propenso a sofrer nova lesão. A natação fornece estimulo ao animal e permite que o corpo continue a curar sem o submeter a muito estresse. A natação é extremamente benéfica para os equinos, este exercício ajuda a ganhar (ou recuperar) a força muscular e a aptidão cardiovascular muito mais rapidamente do que o trabalho exclusivo de solo, isso porque exercita os pulmões e coração sem forçar ossos, articulações e tecidos moles a partir do impacto e da força tradicional (STABLE STYLE, 2020). Os cavalos são nadadores naturais e geralmente gostam de suas sessões aquáticas. A piscina pode variar de acordo com as necessidades de cada local, no entanto deve sempre obedecer a alguns critérios básicos. Recomenda-se que tenha uma rampa de acesso para uma descida gradual e piso antiderrapante para maior segurança, uma profundidade de 3 a 4,50m (figura 26) e a temperatura da água deve girar em torno de 19°C, esta temperatura permite os músculos do cavalo permanecerem relaxados e também o seu corpo liberar o calor em excesso (BROOKS, 2016).
Figura 27 – Cavalo em hidroterapia. Disponível em: https://stablestyle.net/equinehydrotherapy-center-england/. Acesso em: 09 jun. 2020.
REFERENCIAIS DE PROJETO
V. REFERENCIAIS DE PROJETO
As obras estudadas a seguir foram selecionadas com o objetivo de ilustrar exemplos de estruturas hípicas eficientes, praticáveis, adaptadas ao seu entorno, e acima de tudo por serem instalações realizadas por arquitetos de fato. Os exemplares de complexos equestres escolhidos são de porte médio, localizados em solo tanto nacional quanto internacional, possibilitando uma comparação mesmo que por amostragem, das realidades presentes dentro e fora do país quanto ao conforto e desenvolvimento nesse nicho de construção.
criação de cavalos árabes, anglo-árabes e brasileiro de hipismo tem um conjunto de instalações completo, além das construções primordiais possui restaurante, sede social, casa de hóspedes e de funcionários (figura 29).
Sendo assim, os exemplares a seguir têm como objetivo mostrar elementos como base e como referenciais para o entendimento e projeto de estruturas adequadas ao bem-estar animal, possibilitando um desenvolvimento além de belo esteticamente, saudável, harmônico e confortável aos humanos e animais que disfrutarão do espaço.
5.1 – Haras Polana, Brasil
O estudo de caso do Haras Polana foi feito com base nas informações do site da revista Projeto, 2020. Localizado entre os municípios de Campos do Jordão e São Bento do Sapucaí (divisa entre São Paulo e Minas Gerais), implantado no fundo de um vale em meio a massa arbórea da serra da Mantiqueira (figura 28), o Haras Polana concluído em 2004 conta com a arquitetura de Mauro Munhoz, em uma área de 205.700m² com 2.760m² construídos. O centro especializado nas disciplinas de salto e adestramento, e na
Figura 28 – Área do pavilhão de baias. Disponível em: https://www.nelsonkon.com.br/centro-hipico-polana/. Acesso em: 20 maio 2020.
V. REFERENCIAIS DE PROJETO
Figura 29 – Vista aérea da hípica com indicação das instalações. Disponível em: http://www.polana.com.br/apresentacao_institucional. Acesso em: 18 maio 2020.
Ambos cliente e arquiteto desejavam “quebrar paradigmas” desse tipo de construção tradicional. Com essa ideologia em mente, a área das cocheiras foi pensada de modo que a disposição dos quatro pavilhões formasse um pátio central trapezoidal, derivando da geometrização das curvas de nível com a intenção de criar a maior área plana possível em meio a gleba acidentada. A cobertura dos pavilhões também foi projetada com atenção ao conforto, ela se divide em duas águas com um deslocamento entre elas, formando um shed, que funciona com um efeito chaminé para saída de ar quente, auxiliando na ventilação a controle da temperatura (figura 30). Esse formato também serviu como uma espécie de setorização, pois a água de dentro é contínua entre as quatro faces, e marca a circulação coberta com um balanço de 4,5 metros, enquanto a de fora torna-se independente em certos pontos e marcam as áreas de baias. Outra dessas "quebras" foram as baias com fechamento em alvenaria apenas até 1,4 metros, e não o fechamento piso-teto como estamos acostumados a ver (figura 31). Tal decisão baseia-se na natureza do animal, sendo uma presa na natureza, o cavalo se sente mais seguro e relaxado quando tem um plano de visão amplo e vê outros cavalos ao seu redor. Acima daquela medida, há uma divisão com barras de aço permitindo a transparência necessária para o bem-estar do animal. As instalações também são equipadas com um ótimo bônus: ocultos pelo forro de madeira estão borrifadores que, ao espirrar água com citronela, abaixam a temperatura do local e afastam os insetos.
Figura 30 – Cena noturna do pavilhão de cocheiras. Disponível em: https://www.nelsonkon.com.br/centro-hipico-polana/. Acesso em: 20 maio 2020.
Figura 31 – Interior da baia com meia parede. Disponível em: https://www.nelsonkon.com.br/centro-hipico-polana/. Acesso em: 20 maio 2020.
V. REFERENCIAIS DE PROJETO
Outros detalhes que foram pensados para evitar ao máximo pequenos acidentes do dia a dia não passaram despercebidos. As portas das baias são de correr e "flutuam" apoiadas somente na alvenaria, em vez de abrir para fora (figura 32). As alvenarias possuem cantos arredondados para não machucar os animais e foram usadas cores próximas da tonalidade terra e revestimentos sem brilho para criar um ambiente mais natural (figura 33). Apesar da natureza ser evocada a todo instante, o arquiteto também faz amplo uso da tecnologia. O piso da circulação coberta recebeu uma composição de borracha, para minimizar os atritos dos cascos. Já a pista possui a mais eficiente tecnologia tanto de drenagem quanto de absorção de impactos.
Figura 32 – Corredor de baias. Disponível em: https://www.nelsonkon.com.br/centro-hipico-polana/. Acesso em: 20 maio 2020.
Figura 33 – Pavilhão de baias com serra da Mantiqueira ao fundo. Disponível em: https://www.nelsonkon.c om.br/centro-hipicopolana/. Acesso em: 20 maio 2020.
Figura 34 – Corte transversal do pavilhão de baias. Disponível em: https://www.nelsonkon.com.br/centro-hipico-polana/. Acesso em: 20 maio 2020.
Figura 36 – Planta baixa térreo. Disponível em: https://www.nelsonkon.com.br/centro-hipico-polana/. Acesso em: 20 maio 2020.
Figura 35 – Planta baixa pavimento inferior. Disponível em: https://www.nelsonkon.com.br/ce ntro-hipico-polana/. Acesso em: 20 maio 2020.
V. REFERENCIAIS DE PROJETO
5.2 – Oakhaven Farm, Texas
A análise do projeto foi feita a partir das informações do livro Healthy Stables by Design (2013), escrito pelo próprio arquiteto autor da obra, John Blackburn. O Texas Hill Country conquistou uma típica família da cidade grande com seu cenário montanhoso, que decidiu trocar os grandes shoppings e o trânsito por um novo estilo de vida em uma propriedade de 90 acres localizada na parte central do estado, a oeste de Austin e ao norte de San Antonio. O escritório Blackburn Architects foi escolhido para a reforma da propriedade, sua fama por inovar no design de estábulos através do uso estratégico de princípios aerodinâmicos e aquecimento e resfriamento solar passivo, garantindo a saúde e bem estar não só dos cavalos, mas também dos usuários através do design certamente o tornou a opção mais desejada.
Figura 37 – Pavilhão de estabulagem de Oakhaven. Disponível em: https://blackburnarch.com/projects/oakhaven-farm/. Acesso em: 09 jun 2020.
Em Oakhaven, se tratando de um terreno rochoso, é difícil e caro alterar a paisagem, portanto o objetivo era ajustar a construção à topografia. Levando em consideração os dados de direção do vento no verão, o posicionamento de árvores altas, formações rochosas ou outras obstruções, além de campos abertos, orientação sazonal do sol e alguns elementos adicionais, foi possível uma avaliação do microclima do local e a orientação desejada do celeiro pôde ser alcançada com excelentes resultados (figura 37). A posição do pavilhão de 16 baias aproveita a brisa predominante para auxiliar a ventilação dentro da estrutura. Além disso, a instalação possui um telhado íngreme com uma clarabóia contínua por todo seu comprimento, a qual em parceria com a inclinação do telhado captura o fluxo de ar para produzir naturalmente uma ventilação ascendente, o que permite a circulação de ar sem ajuda de um sistema mecânico (figura 38). Levando em conta que o Texas é um local quente e seco, diferente da maioria dos projetos, foi feita a decisão de inserir a abertura zenital apenas no lado norte da cobertura, a fim de reduzir o a incidência direta e o acúmulo em excesso de calor no interior da construção. Este efeito mantém o celeiro fresco e minimiza a propagação de doenças para os cavalos, ao mesmo tempo, a abertura elimina a necessidade de iluminação artificial durante o dia (figura 39).
Figura 38 – Diagrama de ventilação natural no interior do pavilhão. Disponível em: Healthy Stables by Design p. 12. Acesso em: 09 jun 2020.
Figura 39 – Corte transversal do pavilhão. Disponível em: Healthy Stables by Design p. 42. Acesso em: 09 jun 2020.
V. REFERENCIAIS DE PROJETO
As baias foram outro ponto a ser concebido de forma mais incomum para o arquiteto. Além das meias paredes que possibilitam a socialização entre os animais, a pedido dos clientes, foram instaladas frentes com malha metálica vazada para maior contato com os animais (figura 40). “Normalmente não construímos dessa maneira, exceto para as baias de parto onde a observação constante dos potros é fundamental, pode ser vantajoso fazê-lo em um clima mais quente como o do Texas. Embora a desvantagem da serragem que pode se espalhar pelos corredores, a vantagem é a visibilidade aprimorada e o aumento da ventilação constante” diz John Blackburn.
O exterior de um pavilhão de 60 metros de comprimento foi outro desafio para os arquitetos. Uma parede sem interrupção de ponta a ponta provavelmente não é o cenário mais esteticamente agradável. Portanto, além da inserção de acessos externos para todas as baias, foram usadas como elemento de continuidade, as mesmas colunas de troncos de cedro da residência existente no terreno, estruturando um pergolado que percorre ambos os lados da construção. A integração com a paisagem também se dá pelo uso da pedra natural original da região em faces visualmente importantes da construção (figura 41).
Figura 41 – Corredor externo com pergolado e colunas de cedro. Disponível em: https://blackburnarch.com/projects/oakhaven-farm/. Acesso em: 09 jun 2020. Figura 40 – Interior do pavilhão de estabulagem. Disponível em: https://blackburnarch.com/proj ects/oakhaven-farm/. Acesso em: 09 jun 2020.
Figura 42 – Planta baixa da fazenda Oakhaven. DisponĂvel em: Healthy Stables by Design p. 44. Acesso em: 09 jun 2020.
PROPOSTA DE PROJETO
VI. PROPOSTA DE PROJETO
6.1 – Localização
A área escolhida para a implantação da proposta de projeto localiza-se próximo ao bairro Pontal das Garças, em Vila Velha-ES. Sua escolha foi dada pela caracterização de um refúgio no meio urbano, ao mesmo tempo que proporciona fácil acesso pela proximidade com os grandes bairros, está inserida ao lado de uma área de preservação e de córregos derivados do Rio Jucu, criando uma atmosfera de tranquilidade e aproximando o contato com a natureza, justamente o que os praticantes e amantes do esporte buscam em uma área ideal para a concretização de um centro hípico.
Figura 44 – Localização do terreno em relação aos bairros próximos. Disponível em: Open Street Map. Adaptado pela autora.
Figura 43 – Delimitação do terreno. Disponível em: Open Street Map. Adaptado pela autora.
VI. PROPOSTA DE PROJETO
6.2 – Terreno e condicionantes
O terreno escolhido conta com uma área de 53.250m², e seu acesso se dá pela Estrada do Dique, anexa à Rodovia do Sol (ES-060). Está inserido na ZEIE (Zona de Especial Interesse Econômico) Empresarial e Retroportuária, que estabelece um CA mínimo de 0,2 e máximo de 2, sem limite de altura ou gabarito para as edificações; afastamento frontal mínimo de 5 metros; taxa de permeabilidade mínima de 20% e ocupação máxima de 40% da área total. Em termos de condições ambientais, a área é privilegiada pela mata de preservação que se estende por todo o perímetro oeste do terreno e pela presença de canais hídricos, que auxiliam no controle da temperatura além de agregar no visual. O vento nordeste dominante é bem presente devido à ausência de grandes construções, fator muito importante já que a ventilação natural é um dos pilares que rege a arquitetura da proposta de projeto em questão. O solo e a topografia, majoritariamente plana, também são ideais para a implantação das instalações.
Figura 43 – Diagrama de condicionantes ambientais do terreno. Disponível em: Open Street Map. Adaptado pela autora.
6.3 – Programa de necessidades
❖
Área social
❖
Vestiários
❖
Piscina
❖
Redondel
❖
6 piquetes
❖
Estacionamento
❖
1 pavilhão de estabulagem
❖
1 pavilhão veterinário
•
18 cocheiras
•
área de atendimento
•
4 lavadores
•
1 baia anexa de piquete
•
1 quarto de sela
•
1 escritório
•
1 depósito de ração
•
1 depósito de feno/serragem
•
área administrativa
❖
2 pistas de treino •
1 pista indoor coberta
•
1 pista outdoor descoberta
6.4 – Conceito e partido
Por se tratar de um espaço onde o cavalo é o personagem principal, surge a necessidade de hospedá-lo da melhor forma possível. Sendo assim o maior objetivo da arquitetura simular seu ambiente natural sem negligenciar o conforto e a praticidade dos demais usuários. Tendo tal ideologia em vista, o centro hípico além de equipado com tudo necessário para o bem estar dos animais, como cocheiras com permeabilidade visual para o interior e exterior, piquetes extensos e piscina para exercitação, busca
essa conexão por parte da arquitetura também. O uso de materiais e tonalidades naturais nas construções , e a presença abundante de vegetação aproxima e familiariza os animais com o ambiente. Figura 44 – Entrada do centro hípico.
VI. PROPOSTA DE PROJETO
IMPLANTAÇÃO 6.5 – Descrição do projeto
O fator chave que orientou a implantação do projeto foi a direção do vento. A ventilação é de extrema importância para as construções deste ambiente, principalmente o pavilhão de estabulagem, que faz uso do principio de efeito chaminé para garantir a qualidade do ar e conforto térmico para os animais, portanto o posicionamento perpendicular ao fluxo do vento foi indispensável. Outro ponto definidor foi o desejo da proximidade das áreas de atividades com o pavilhão principal. Considerado o coração da hípica, as demais construções “orbitam” a sua volta e conecta os espaços.
O pavilhão de estabulagem possui capacidade para abrigar 18 cavalos em suas baias localizadas nas extremidades da construção de 60m x 22m, sendo seu centro destinado aos depósitos, lavadores, quarto de sela e administração. A construção foi pensada de modo a fazer proveito máximo da iluminação e ventilação natural, proporcionadas pela abertura em shed na cobertura e pelas baias com janelas para o exterior. Além disso o interior faz uso das meias paredes em gradil para permeabilidade visual dos animais, corredores largos para circulação confortável e piso emborrachado para evitar acidentes.
PLANTA BAIXA – PAVILHÃO DE ESTABULAGEM
VI. PROPOSTA DE PROJETO
PLANTA DE COBERTURA – PAVILHÃO DE ESTABULAGEM
FACHADA LATERAL – PAVILHÃO DE ESTABULAGEM
FACHADA FRONTAL – PAVILHÃO DE ESTABULAGEM
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CORTE TRANSVERSAL – PAVILHÃO DE ESTABULAGEM
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CORTE LONGITUDINAL – PAVILHÃO DE ESTABULAGEM
A área social foi estrategicamente posicionada em frente as baias do pavilhão de estabulagem a fim de manter o contato com os cavalos mesmo quando a atividade na hípica não envolver os equinos. A construção de 12m x 15m possui banheiros para atender o público e uma área gourmet para eventos com vista privilegiada da pista outdoor .
PLANTA BAIXA – ÁREA SOCIAL
VI. PROPOSTA DE PROJETO
PLANTA DE COBERTURA – ÁREA SOCIAL
FACHADA LATERAL – ÁREA SOCIAL
FACHADA FRONTAL – ÁREA SOCIAL
VI. PROPOSTA DE PROJETO
+0,60
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CORTE LONGITUDINAL – ÁREA SOCIAL
+0,60 0,00
CORTE LONGITUDINAL – ÁREA SOCIAL
PAVILHÃO DE ESTABULAGEM
PAVILHÃO DE ESTABULAGEM
PAVILHÃO DE ESTABULAGEM
PAVILHÃO DE ESTABULAGEM
INTERIOR PAVILHÃO DE ESTABULAGEM
INTERIOR PAVILHÃO DE ESTABULAGEM
INTERIOR PAVILHÃO DE ESTABULAGEM
PISTA INDOOR
PISTA INDOOR
PIQUETES
ÁREA SOCIAL
ÁREA SOCIAL
INTERIOR ÁREA SOCIAL
INTERIOR ÁREA SOCIAL
INTERIOR ÁREA SOCIAL
PISTA OUTDOOR
PISTA OUTDOOR
O propósito maior desse trabalho foi o de analisar e responder questões relevantes ao pensamento projetual especificamente voltado para cavalos, entendendo a influência da arquitetura na saúde e no desempenho esportivo dos cavalos atletas. O desconhecimento, por parte de proprietários, da possibilidade de a arquitetura de seus espaços ser tão influente na qualidade de vida e desempenho de seus animais foi outro fator comprovado pela pesquisa de campo.
Conclusão
Ilustrando a maioria das inúmeras especificidades de uma construção de uso tão singular como as voltadas aos cavalos, e mostrando as consequências prováveis de uma arquitetura de baixa qualidade na saúde dos equinos, propostas para reversão do quadro atual foram colocadas em pauta. Um dos resultados de todo o material de pesquisa foi a proposta do Centro Hípico Asthurias, com características que sirvam de materialização da boa arquitetura e do conhecimento adquirido.
Como amante dos esportes hípicos, proprietária de um cavalo e formanda em arquitetura e urbanismo, o tema em questão me toca profundamente e poder contribuir, mesmo que, por enquanto, apenas teoricamente, me deixou extremamente realizada. Prezo pela segurança, saúde e eficiência na função para a qual o animal seja destinado, portanto me sinto honrada em contribuir para que esse tema seja mais difundido no país, e sua abrangência seja cada vez mais expandida.
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RODEO WEST, Conheça a origem e as regras da prova dos três tambores. Disponível em: <https://blog.rodeowest.com.br/curiosidadesrodeio/origem-regras-prova-tres-tambores/>. Acesso em: 18 abr. 2020.