TCC arqurbuvv - Uma Proposta Projetual de uma Ecovila a partir dos Princípios da Bioconstrução

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UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO

CAMILLE MOREAU CALDAS UMA PROPOSTA PROJETUAL DE UMA ECOVILA A PARTIR DOS PRINCIPIOS DA BIOCONSTRUÇÃO

VILA VELHA 2018


CAMILLE MOREAU CALDAS

UMA PROPOSTA PROJETUAL DE UMA ECOVILA A PARTIR DOS PRINCIPIOS DA BIOCONSTRUÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso II apresentado à Universidade Vila Velha, como pré-requisito do Programa de Graduação em Arquitetura e Urbanismo, para a obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

VILA VELHA 2018



“Na antiguidade, os primeiros arquitetos amassavam a terra com os pés, para preparar os tijolos. Arquitetos descalços pisando a terra, uma imagem distante de nossa realidade que se afasta cada vez mais da natureza.” Johan Van Lengen


AGRADECIMENTOS Após um longo caminho, finalmente concluo essa etapa da minha vida. Esse trabalho foi um grande desafio e me ajudou a entender como a sustentabilidade é um conceito que devo adotar para tudo na vida profissional e fora dela. Antes de tudo, agradeço aos meus pais por todo o esforço para que eu pudesse ter a melhor formação possível, com todo o conforto do mundo, mesmo longe deles. À minha orientadora, Dra. Larissa, agradeço de coração por entrar comigo nesse desafio, e entender tudo que eu queria passar com essa pesquisa. As arquitetas Aline Azevedo e Carolina Castiglioni por ter acrescentado conhecimentos na minha banca e me dados conselhos que agregaram muito valor ao projeto.

Agradeço também as minhas amigas de curso, que foram

minhas companheiras desde o primeiro dia de aula e sempre pude contar com o apoio delas. Por fim, agradeço ao meu amor, por toda a paciência do mundo e por sonhar junto comigo esse projeto.


RESUMO Motivadas pelos problemas ambientais causados pelo homem, algumas comunidades surgiram para mudar o modo de vida de seus membros. Desta forma ao se pensar na criação de uma ecovila, é preciso estabelecer técnicas de sustentabilidade desde a sua concepção, levando em conta as características locais, materiais disponíveis, forma de implantação e usos. Nesta pesquisa é abordado as diretrizes das ecovilas e alguns conceitos importantes da sustentabilidade, como a permacultura e a bioarquitetura, que são alguns dos instrumentos usados no planejamento das comunidades sustentáveis. A proposta da ecovila é baseada nos conceitos estudados na pesquisa e tem como estratégia um desenho urbano integrado, com espaços de uso misto, diversidade de atividades, espaços públicos atraentes e que tenha um baixo impacto ambiental.

Palavras chaves: Sustentabilidade, Ecovila, Permacultura, Bioarquitetura


ABSTRACT Motivated by man-made environmental problems, some communities have emerged to change the way of life of their members. In this way, when thinking about the creation of an ecovillage, it is necessary to establish sustainability techniques from its conception, considering the local characteristics, available materials, form of implantation and uses. In this first stage of the work the ecovillage guidelines and some important instruments

of

sustainability

are

discussed.

Permaculture

and

bioarchitecture are some of the tools used in sustainable community planning, and it is a guiding principle for the project proposed here. The proposal of ecovillage is based on the concepts studied in the research and its strategy is an integrated urban design, with spaces of mixed use, diversity of activities, attractive public spaces and that has a low environmental impact.

Keywords: Sustainability, Ecovillage, Permaculture, Bioarchitecture


Lista de Figuras FIGURA 1 – 17 OBJETIVOS PARA TRANSFORMAR NOSSO MUNDO ................................... 29 FIGURA 2 – MAPEAMENTO DAS ECOVILAS FILIADAS AO GEN........................................... 33 FIGURA 3- MAPEAMENTO ECOVILAS BRASILEIRAS ......................................................... 34 FIGURA 4 – FLOR DA PERMACULTURA ......................................................................... 40 FIGURA 5 – ESQUEMA DE CONSTRUÇÃO ...................................................................... 42 FIGURA 6 – BANHEIROS SECOS .................................................................................. 42 FIGURA 7 – HORTA EM MANDALA................................................................................ 43 FIGURA 8 – ESPIRAL DE ERVAS ................................................................................... 43 FIGURA 9 – ARQUITETURA SUSTENTÁVEL: EDIFÍCIO VERDE DA AMATA JUNTO COM A TRIPTYQUE ....................................................................................................... 46 FIGURA 10 – ARQUITETURA ECOLÓGICA: ALBERGUE EM BAMBU ..................................... 47 FIGURA 11 – CASA DE COB ...................................................................................... 49 FIGURA 12 – MAPA DO BRASIL .................................................................................. 54 FIGURA 13 – ECOCENTRO IPEC ................................................................................. 55 FIGURA 14 – IMPLANTAÇÃO ECOCENTRO ..................................................................... 59 FIGURA 15 – COZINHA INDUSTRIAL.............................................................................. 61 FIGURA 16 – REFEITÓRIO .......................................................................................... 61 FIGURA 17 - COZINHA UNIVERSITÁRIA ......................................................................... 62 FIGURA 18 – BAR ..................................................................................................... 62 FIGURA 19 – BIBLIOTECA ........................................................................................... 63 FIGURA 21 – CENTRO BILL MOLLISON ......................................................................... 63 FIGURA 22 – INTERIOR DA CÚPULA ............................................................................. 64 FIGURA 23 – BANHEIROS COMUNS ............................................................................. 64 FIGURA 24 – BANHEIROS SECOS ................................................................................ 65 FIGURA 25 – HOSTEL CASA DA MÃE ........................................................................... 65 FIGURA 26 – VILA UNIVERSITÁRIA............................................................................... 66 FIGURA 27 – CABANA ............................................................................................... 66 FIGURA 28 - MAPA DO ESPIRITO SANTO...................................................................... 70 FIGURA 29 - IMAGEM AÉREA GUARAPARI – ES ............................................................ 72 FIGURA 30 – ZONEAMENTO ........................................................................................ 73

FIGURA 31 - TABELA DE CONTROLE URBANÍSTICO ........................................................73 FIGURA 32 - IMAGEM AÉREA GUARAPARI – ES ............................................................74 FIGURA 33 - ANALISE DO TERRENO ............................................................................75 FIGURA 34 – TOPOGRAFIA .........................................................................................76 FIGURA 35 - FLUXOGRAMA ........................................................................................80 FIGURA 36 – IMPLANTAÇÃO........................................................................................82 FIGURA 37- PORTARIA ..............................................................................................83 FIGURA 38 - VISTA FRONTAL ECOVILA.........................................................................83 FIGURA 39 – SEÇÃO .................................................................................................84 FIGURA 40 - PLANTA BAIXA LOBBY .............................................................................86 FIGURA 41 - VISTA LOBBY .........................................................................................87 FIGURA 42 – LOBBY ..................................................................................................88 FIGURA 43 - PASSARELA LOJA ...................................................................................88 FIGURA 44 – RESTAURANTE.......................................................................................89 FIGURA 45 – RESTAURANTE.......................................................................................89 FIGURA 46 – DECK ...................................................................................................90 FIGURA 47 – DECK ...................................................................................................90 FIGURA 48 - PLANTA BAIXA TÉRREO - AUDITÓRIO ........................................................92 FIGURA 49 - FOYER AUDITÓRIO..................................................................................93 FIGURA 50 - FACHADA AUDITÓRIO .............................................................................93 FIGURA 51 - PRAÇA DO AUDITÓRIO ............................................................................94 FIGURA 52 - PRAÇA DO AUDITÓRIO ............................................................................94 FIGURA 53- PLANTA BAIXA OFICINAS ..........................................................................96 FIGURA 54 – OFICINAS ..............................................................................................97 FIGURA 55 – OFICINAS ..............................................................................................97 FIGURA 56 - PRAÇA DE VIVÊNCIA ...............................................................................98 FIGURA 57 – ANFITEATRO..........................................................................................98 FIGURA 58 - PLANTA BAIXA TÉRREO – HOSPEDAGEM .................................................100 FIGURA 59 – HOSPEDAGEM .....................................................................................101 FIGURA 60 – ALOJAMENTO ......................................................................................101 FIGURA 61 - PLANTA BAIXA 1º PAV. .........................................................................102 FIGURA 62 - VISTA QUARTOS ...................................................................................102 FIGURA 63 - FACHADA HOSPEDAGEM .......................................................................102 FIGURA 64 – POMAR ..............................................................................................103


FIGURA 65 - HORTA EM MANDALA ............................................................................103 FIGURA 66 – PRAÇA ...............................................................................................104 FIGURA 67 - CENTRO DE VIVÊNCIAS DE MORADORES .................................................104 FIGURA 68 - BACIA DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO (BET). .................................................105 FIGURA 69 - PLANTA BAIXA BET...............................................................................106 FIGURA 70 - BACIA DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO ............................................................106 FIGURA 71 - PLACAS FOTOVOLTAICAS.......................................................................107

Lista de Tabelas TABELA 1 – COMPARATIVOS DE ECOVILAS BRASILEIRAS .................................................36 TABELA 2 - COMPARATIVOS DE ECOVILAS INTERNACIONAIS .............................................38 TABELA 3 – 12 PRINCÍPIOS DA PERMACULTURA ...........................................................41 TABELA 4 – TABELA DE VERIFICAÇÃO DE TÉCNICAS........................................................50 TABELA 5 - TABELA DE VERIFICAÇÃO DE TÉCNICAS ........................................................50



SUMÁRIO 1

2

INTRODUÇÃO.................................................................... 18 1.1

CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................ 18

1.2

OBJETIVO .................................................................................. 20

3.2 4

LEVANTAMENTO DE DADOS ................................................ 70 4.1

JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO LOCAL ................................. 70

1.2.1

Geral .................................................................................. 20

4.2

ANALISE DO ENTORNO ............................................................. 71

1.2.2

Específicos ......................................................................... 20

4.3

FATORES AMBIENTAIS E CLIMÁTICOS ..................................... 75

1.3

JUSTIFICATIVA ........................................................................... 21

1.4

METODOLOGIA .......................................................................... 21

5.1

CONCEITO E PROGRAMA.......................................................... 80

1.5

ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................... 22

5.2

IMPLANTAÇÃO............................................................................ 83

REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................... 26

5.3

SETORIZAÇÃO............................................................................ 87

5

2.1 A PROBLEMÁTICA AMBIENTAL NAS CIDADES CONTEMPORÂNEAS.............................................................................. 26 2.2

3

CONCLUSÃO .............................................................................. 67

AS ECOVILAS COMO FORMA DE SOLUÇÃO ........................... 31

PROPOSTA PROJETUAL ...................................................... 80

5.3.1

Zona 01 – Centro Educacional ............................................ 87

5.3.2

Zona 02 – Alojamentos ..................................................... 101

5.3.3

Zona 03 – Cultivo .............................................................. 103

2.2.1

Ecovilas no mundo ............................................................. 33

5.3.4

Zona 04 - Loteamento ...................................................... 104

2.2.2

Ecovilas no Brasil ............................................................... 34

2.3.5

Outros ................................................................................. 105

2.3

DIRETRIZES PARA CONSTRUÇÃO DE ECOVILAS ................... 35

6

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................. 110

2.4

FILOSOFIAS E PRINCÍPIOS USADOS NAS ECOVILAS ............. 39

7

BIBLIOGRAFIA ................................................................. 114

2.4.1

Permacultura ..................................................................... 39

2.4.2

Bioarquitetura ................................................................... 45

REFERÊNCIAS PROJETUAIS ................................................ 54 3.1 ECOCENTRO – INSTITUTO DE PERMACULTURA E ECOVILAS DO CERRADO (IPEC) ............................................................................ 54



17


18

1 INTRODUÇÃO

de contato com a natureza deixa as pessoas acostumadas com o estilo de vida consumista e provavelmente as deixa cegas para

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

os danos que causam ao planeta. O autor, afirma ainda que: As novas passagens urbanas são hostis aos pedestres e desestimulam o deslocamento a pé. As edificações novas são projetadas para a vida enclausurada, para terem ar-condicionado em vez de janelas abertas e portas que levem pessoas para a rua. (FARR, 2013, p. 7)

Atualmente o mundo vive a Era do Conhecimento, a Era da Tecnologia, a da Internet, a das Células Tronco, a da Velocidade, entre outras várias. E no meio dessa turbulência de informações, as cidades brasileiras seguem crescendo sem controle. “Esse crescimento regido pela ordem econômica, territorialmente

Como consequência da falta de interesse pelas causas

desordenado, em muito contribui para a problemática ambiental

ambientais, nota-se um consumismo desenfreado da população,

e social” (D'AVILA, 2008, p. 23). São incontáveis os problemas

o que gera cada vez mais rastros ecológicos nocivos, como

de salubridade causados pela vida moderna. Tanto no que diz

montanhas de lixos, poluição do ar, da água, do solo, fazendo

respeito ao urbanismo caótico, focado em carros levando

com que cada vez mais a cidade necessite de recursos naturais.

pessoas de prédio a prédio, quanto no que diz dos indivíduos,

Segundo Mascaró:

que vivem um estilo de vida que custa caro para o meio

pessoas vivem cada vez mais em ambientes fechados,

Os ecossistemas urbanos consomem muito mais energia do que produzem. A maior parte da cidade não tem vegetação, está coberta por concreto, alvenaria e asfalto, o que torna o espaço totalmente artificial (2010, p. 17).

climatizados artificialmente, o que tem como consequência

Entende-se que um sistema ecológico estável é um ciclo

indivíduos sedentários, obesos, com problemas respiratórios,

fechado, onde ocorre a regeneração dos recursos utilizados.

além de alheios ao mundo externo. Segundo Farr (2013) a falta

Portanto, o conceito de pegada ecológica, que é, a contabilidade

ambiente. Com atitudes pensadas apenas no bem-estar individual, as


19

ambiental onde se avalia a pressão do consumo dos indivíduos sobre os recursos naturais (WWF Brasil, 2018), ajuda a entender a gravidade desses dados e mostra a necessidade de minimizar nossos rastros ecológicos através da mudança de hábitos. Mascaró (2010) afirma ainda que nas grandes cidades do mundo a pegada ecológica é 100 vezes a sua área, ou seja, a área necessária para absorver os gases que uma cidade emite é 100 vezes maior que a mesma.

Com a intensificação da degradação ambiental, sobretudo a partir dos anos 1970, o mundo passa a duvidar do progresso como propulsor de um futuro promissor e desperta para uma preocupação relativa com a natureza diante do caos planetário e da perspectiva de uma autodestruição humana.

Uma vez definido as necessidades evidentes da sociedade atual, começou uma sucessão de movimentos em busca de soluções para a problemática exposta. O “Desenvolvimento Sustentável” tem como ideologia a criação de espaços urbanos que seguem

As cidades modernas se tornaram a principal causadora dos

a essência da sustentabilidade, unindo conceitos de diferentes

problemas ambientais contemporâneos e por isso começou-se

movimentos a fim de ressaltar os benefícios dos sistemas

a pensar novas formas de planeja-las. Na conferência de

humanos e naturais. Desta forma é necessário pensar conceitos

Estocolmo, nos anos 70, surgiu a primeira menção ao termo

relacionados à sustentabilidade arquitetônica, ou seja, construir

Desenvolvimento Sustentável que numa escala global, “a

com o mínimo impacto possível, qualidade ambiental e novas

consciência de que a urbanização e a industrialização influem

formas de urbanismo, de maneira que não se trabalhe apenas

diretamente sobre as estruturas sociais, políticas e econômicas

uma questão ou outra e sim o conjunto. Movimentos como o

de todos os países [...] e trazem com isso a poluição ambiental” (CHACEL, 2004, p. 20). Foi a partir desse momento de evidência de crise ecológica, que as autoridades e a população entenderam a necessidade de mudar as atitudes em relação a cidade e o meio ambiente, como afirma Maia e Santos (2009, pg.4):


20

Contracultura1, que deu a origem do movimento Hippie, o

localizadas nas cidades, sendo conhecidas como Ecovila Urbana,

movimento Simplicidade Voluntária2, que idealizava um estilo de

que são entendidas como condomínios residências sustentáveis.

vida simplista, entre outros fizeram com que surgissem algumas comunidades isoladas do meio urbano, formadas por pessoas que buscavam fugir do estilo de vida consumista das cidades.

1.2 OBJETIVO 1.2.1 Geral

Com o tempo, essas comunidades começaram a ter uma atuação na sociedade, como forma de propagar o discurso

Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo geral

sustentável para o mundo moderno.

desenvolver uma proposta projetual, a nível de estudo preliminar,

Neste cenário, o conceito de “Ecovila” ganhou visibilidade. As ecovilas são assentamentos humanos sustentáveis, onde se busca produzir o mínimo impacto possível e seguir os

de uma ecovila situada no município de Guarapari utilizando técnicas construtivas baseadas na bioarquitetura. 1.2.2 Específicos

fundamentos da permacultura3, da bioarquitetura4, da redução de resíduos e o uso de energia renováveis. Podem ser afastadas

Para atingir o objetivo geral, são propostos os seguintes

dos grandes centros, seguindo o movimento de “êxodo urbano”,

objetivos específicos:

que é a migração dos indivíduos para regiões rurais, em busca de tranquilidade e bem-estar. Porém, também podem ser 1

O movimento Contracultura teve como origem a contestação social, em 1960, onde os jovens começaram a buscar uma cultura alternativa, indo contra os preceitos da época. 2 A Simplicidade Voluntária é um termo utilizado por Duane Elgin, onde defendese que é preciso que os indivíduos adeptos tenham consciência para descobrir o que é realmente necessário e abrir mão do que é supérfluo. Dando valor as coisas não materiais, como a espiritualidade, qualidade de vida, saúde, etc...

3

O termo permacultura foi criado por Bill Mollison e David Holmgren, e traz a junção das palavras cultura permanente. A permacultura é um sistema que abrange várias áreas e que se renova por si só, buscando características dos ecossistemas naturais. 4 A bioarquitetura é uma forma de construir que privilegia os materiais naturais e disponíveis no local.


21

a) Refletir

sobre

a

problemática

ambiental

e

as

consequências do crescimento urbano; b) Estudar técnicas sustentáveis que utilizam bioarquitetura como princípio; c) Discutir novas formas de morar através de um modelo de desenvolvimento sustentável alternativo; d) Identificar propostas de ecovilas seguido as diretrizes estabelecidas pela pesquisa.

A escolha desse tema justifica-se pela importância do Arquiteto Urbanista em buscar soluções sustentáveis ao projetar edifícios. Apesar de nos dias de hoje já existir inúmeras formas de construir sem causar grandes impactos na natureza, e outras inúmeras técnicas que podem contribuir no reaproveitamento das águas, na geração de energias renováveis, nas reciclagens, entre outras, infelizmente o que se vê nas novas construções é apenas mais do mesmo padrão obsoleto.

1.3 JUSTIFICATIVA

1.4 METODOLOGIA

Diante do proposto, esta pesquisa tem a intenção de trazer à

Esta

tona a discussão ambiental e adotar algumas soluções que as

desenvolvimento de uma proposta projetual como produto. Em

comunidades sustentáveis trazem em suas doutrinas. Ao

relação

idealizar uma proposta projetual de uma ecovila no município de

pesquisa, primeiramente foi desenvolvido um referencial teórico

Guarapari, pretende-se, além de desenvolver uma proposta

amplo que reuniu livros, artigos e dissertações que discutissem

projetual de habitações sustentáveis, com base nos princípios da

a atual situação ambiental, consequências do crescimento

bioconstrução e permacultura, criar um espaço de aprendizado,

urbano, soluções e técnicas alternativas. Os autores Mascaró

contribuindo para novas soluções construtivas e atitudinais nas

(2010) e Silva e Romero (2010) foram fundamentais para o

cidades.

entendimento da problemática ambiental e as consequências do

pesquisa aos

é

do

tipo

procedimentos

exploratória

descritiva

metodológicos

utilizados

com na

crescimento urbano. A partir daí Farr (2013), Leite e Awad (2012)


22

e

Rogers

e

Gumuchdjian

(2005)

estabeleceram

o

etapa foi desenvolvido a caracterização e o diagnóstico da área

desenvolvimento de soluções alternativas. (GILMAN 1991)

escolhida para o desenvolvimento da proposta projetual. De

Mollinson (1998) Holmgren (2007) e Legen (2008) auxiliaram na

acordo com a pesquisa realizada na primeira etapa, será

definição dos conceitos e princípios dos termos como

obedecida as diretrizes para o desenvolvimento da proposta.

permacultura e bioarquitetura que são fundamentais na busca de soluções alternativas sustentáveis.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

O foco do tema, Ecovila, foi fundamentado nos autores D’avila

O trabalho foi dividido em três capítulos principais. O primeiro

(2008), Bissolotti (2004) , Valaski (2010), Siqueira (2017) e

capitulo é a Introdução, onde é feita uma contextualização do

Roysen (2013) que fazem diferentes análises em comunidades

tema e dos motivos que levaram a escolha do mesmo. A partir

alternativas, estuda as motivações pessoais daqueles que optam

daí foram estabelecidos os objetivos gerais e específicos da

por essas novas formas de moradia, as diretrizes que devem

pesquisa. Por fim a metodologia escolhida e a estrutura final do

seguir, os conflitos gerados, e o que define essas comunidades

trabalho.

e seus moradores. Através desses conceitos foi criado tabelas,

No segundo capitulo contém as informações coletadas no acervo

para estabelecer um comparativo entre ecovilas, e por fim,

bibliográfico. Nele é explicado alguns conceitos importantes para

definir um parâmetro próprio desta pesquisa do que se pode

a idealização do projeto, como os significados e os princípios dos

classificar como ecovila.

termos “ecovila”, “permacultura”, “bioarquitetura” entre outros.

Como conclusão da primeira etapa deste trabalho, desenvolveu-

Esse embasamento teórico é a etapa mais importante da

se um estudo de caso com base nos parâmetros estabelecidos

pesquisa, a partir dele, criou-se uma serie de parâmetros que

acima, de forma a analisar os usos, a implantação e as

foram direcionadores da proposta projetual.

construções da ecovila, uma localizada no Brasil. Na segunda


23

No terceiro capítulo foi estudados um estudo de caso, em que a análise dos projetos teve como finalidade a compreensão da aplicação das diretrizes estabelecidas, de forma que serviram como um manual do que deve ter no projeto de uma ecovila. No quarto capitulo foi desenvolvido o levantamento dos dados do local escolhido para a implantação do projeto. Foi feito um estudo das características importantes e os fatores ambientais e climáticos do terreno. Por fim, o quinto capitulo traz a proposta projetual a nível de estudo preliminar, com conceito e um programa definido com base nos estudos anteriores.


24


25


26

causa da degradação ambiental e da falta de condições dignas

2 REFERENCIAL TEÓRICO

de alimentação e habitação.” Deste modo torna-se necessário analisar os efeitos que a urbanização causa em cada cidade,

2.1 A PROBLEMÁTICA AMBIENTAL NAS CIDADES CONTEMPORÂNEAS

afinal é inevitável que os edifícios cresçam sem que haja uma modificação do local em que está inserido (HERTZ, 1998).

O

crescimento

populacional

nas

grandes

cidades

em

desenvolvimento ocorreu de forma rápida e desordenada, gerando como consequência cidades caóticas. O estilo de vida

Algumas dessas mudanças são: •

causa aumento da temperatura do meio urbano

urbano tornou-se dependente das tecnologias que surgiram para

ocasionado principalmente pelas construções, asfalto e

trazer conforto, e desta forma cada vez mais são gerados danos ao planeta.

Formação de ilhas de calor. Fenômeno climático que

falta de vegetação nesses meios; •

Grandes alterações nos padrões de precipitação, notando

Além dos problemas ambientais e sociais causados pela

ocorrência de épocas de excessivas chuvas em contraste

urbanização desordenada, a falta de planejamento urbano levou

de longas secas;

ao adensamento do solo e provocou uma verticalização desenfreada (VENÂNCIO, 2011). Desta forma, os indivíduos tornaram-se alheios ao meio ambiente, perdendo, cada vez mais, sua relação com o meio natural.

Redução dos ventos, causados pelos altos prédios, resultando em superaquecimento.

São nas cidades onde acontece o maior consumo de energia e onde ocorre a maior contaminação do meio ambiente. É também

Os autores ROGERS & GUMUCHDJIAN (apud D’AVILA, 2008,

no meio urbano, coberto de concreto e asfalto, onde os

pg.23)

impactos

indivíduos dependem cada vez mais de tecnologias que as

socioambientais, o desenvolvimento econômico tornou-se a

tornam uma espécie de sistema ecológico aberto, uma vez que

afirmam

que

“ao

não

considerar

os


27

seus recursos naturais não se renovam ao tempo em que são

mudanças no modo de vida para que diminuísse os impactos

consumidos.

ambientais.

Para quantificar os impactos das ações do homem sobre o

No entanto, o entendimento das consequências das ações

mundo, Ress (1992) desenvolveu o conceito de Pegada

humanas é recente, afinal, por muito tempo se viu a natureza e

Ecológica, que possibilita o cálculo da área necessária para

os desastres naturais como fatores não relacionados à

atender os consumos e resíduos gerados pelos indivíduos, ou

humanidade (RODRIGUES, apud D’AVILA, 2008). Somente nos

seja, o quanto precisaria para regenerar os recursos naturais. A

anos 70, durante a conferência de Estocolmo, foi mencionado a

respeito disso, D’avila acrescenta que:

primeira vez o termo de desenvolvimento sustentável, dando

As escolhas individuais são necessárias para se reduzir a pegada da humanidade, mas não são suficientes. É preciso salientar a necessidade de se fazer mudanças no modo como vivemos coletivamente na busca da sustentabilidade. A pegada ecológica reforça as relações da sustentabilidade com a equidade. Torna explícitos os impactos ecológicos das atividades antrópicas e ajuda nas tomadas de decisões de modo a beneficiar à sociedade e o meio ambiente (CIDIN; SOUZA, apud D’AVILA, 2008, p. 27)

Com a evolução das cidades modernas foi crescendo os índices de degradação do meio ambiente. Desta forma, começou-se a ter uma consciência de que seriam necessárias algumas

início alguns movimentos de reforma no final do século XX. Essa foi a primeira conferência promovida pela Organizações das Nações Unidas (ONU) para debater as questões ambientais a nível mundial. Durante a mesma foi elaborado o documento intitulado Declaração sobre o Meio Ambiente Humano e definido os princípios de um desenvolvimento sustentável. O conceito principal de desenvolvimento sustentável é a capacidade de atender as necessidades da geração atual sem intervir nas próximas. E assim, neste cenário, assegurar o crescimento econômico sem esgotar os recursos para o futuro (WWF BRASIL, 2018).


28

Após a conferência de Estocolmo, a ONU criou o Programa das

Crescente escassez de água, questão relacionada com o

Nações Unidas para o Meio ambiente e, em 1992, ocorreu a Eco-

clima mais quente, assim como aumento da população e

92, no Rio de Janeiro, onde o documento “Agenda 21” foi

da poluição;

elaborado e assinado por 179 países.

Em 2002, a ONU estabeleceu os Objetivos de Desenvolvimento

A Agenda 21 teve como principal objetivo criar soluções para os problemas socioambientais mundiais. Foi um compromisso

Erradicar a extrema pobreza e a fome;

Atingir o ensino básico universal;

Promover a igualdade entre os sexos;

Reduzir a mortalidade infantil;

Melhorar a saúde materna;

Padrões de produção: principalmente a produção de

Combater o HIV/AIDS, malária entre outras doenças;

componentes tóxicos como chumbo, e lixo toxico.

Garantir a sustentabilidade ambiental;

Estabelecer

político para aliar desenvolvimento econômico com a cooperação ambiental e social. Segundo Roaf, Crichton e Nicol (2009), o documento

enumera

27

princípios

de

desenvolvimento

sustentável de aplicação global, entre eles estão: • •

Fontes alternativas de energia: para substituir o uso de combustível fosseis que estão diretamente ligadas as mudanças climáticas.

do Milênio, com as seguintes diretrizes:

Priorizar os transportes públicos: de forma a reduzir as emissões dos veículos, engarrafamentos e a poluição do ar.

uma

parceria

mundial

para

o

desenvolvimento. Em 2015, com resultados positivos em relação aos primeiros Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, a ONU estabeleceu 17 novas metas e começou a elaboração do documento “Agenda 2030”. Estas metas, evidenciadas na Figura 1 a seguir, vão desde erradicação da fome e pobreza até a redução da desigualdade.


29

industrial, e desta forma segue prejudicando a vida urbana (MASCARÓ, 2010). No entanto a consciência ecológica, apesar de ter certa resistência, tem desencadeado uma ascensão de movimentos populares ligados ao tema da sustentabilidade. “[...] Mobilizações sociais em prol de uma sociedade e um mundo menos unilateral, que considere as especificidades culturais de cada lugar, bem como priorize o ambiente e a equidade social” (SILVA e ROMERO, Figura 1 – 17 Objetivos para transformar nosso mundo Fonte: Nações Unidas no Brasil, 2015

2010, p. 2). Segundo D’avila (2008), esses movimentos, como por exemplo

No entanto, apesar da constante discussão sobre o assunto ainda

o ‘Simplicidade Voluntária”, dita algumas atitudes que ajudam as

existe certa resistência tanto dos indivíduos em mudar o estilo

pessoas a se desvincular dos consumos desenfreados do sec.

de vida de ostentação sem se preocupar com as consequências,

XXI. São elas:

quanto das autoridades dos países, como por exemplo os Estados Unidos, que ainda resistem às metas definidas pela ONU, alegando que o foco do país é exclusivamente econômico. Neste cenário, conclui-se que apesar das metas e documentos

a) Consciência das consequências dos atos humanos, em busca do despertar dos indivíduos para as preocupações ecológicas; b) Preservação de riquezas naturais, fauna e flora;

estipulados pela ONU, ainda está em evidencia os problemas

c) Economia de recursos, principalmente no que diz respeito das

ambientais causados pelo homem. Entende-se que a forma de

águas;

se construir as cidades está obsoleta, presa num modelo pós-

d) Reciclagem, redução de lixo e reaproveitamento de materiais;


30

Capra (2002) defende que para que a vida humana sobreviva aos

Além das novas tecnologias, Hulsmeyer (2008) defende o

danos recorrentes à urbanização caótica é necessária uma

retorno das técnicas utilizadas pelos antepassados, quando se

reeducação ecológica, ou seja uma percepção de forma a

aproveitava melhor os recursos que tinham disponíveis próximo

adaptar o nosso modo de vida com os princípios da natureza. O

do local em que se iria construir, e se tinha maior entendimento

autor enfatiza temas básicos até aos mais complexos de forma a

dos materiais usados e seus benefícios. O autor afirma que

reintegrar a relação do homem com o meio ambiente, que até

e Gumuchdjian (2005) discutem as atitudes da construção civil

É necessária a pesquisa de novas tecnologias construtivas, assim como, o redescobrimento de técnicas vernaculares; o conhecimento de materiais renováveis, como, por exemplo, a madeira e os tijolos de solo-cimento; sistemas biológicos para tratamento de esgoto e resíduos domésticos; técnicas de aproveitamento de água da chuva; técnicas de conforto ambiental que diminuam a utilização de energia; a análise de experiências correlatas, etc... (HULSMEYER, 2008, p. 32)

em relação ao meio ambiente. A redução do uso de produtos e

Outra solução que surgiu com o despertar da consciência

matérias primas não renováveis, o uso de novas tecnologias

humana

ecologicamente pensadas, uso de materiais reciclados, pensar

contemporâneas foram os movimentos que buscam o resgate

tanto na forma como na orientação das construções, criar

com a natureza. Esses movimentos deram origem as

então se encontra perdida. Esse instrumento de alfabetização ecológica, Capra (2002) nomeia de Ecoalfabetização e deveria ser de suma importância na situação atual que o planeta se encontra, com aplicação em todas as instituições de ensino. Ainda na busca de soluções para a problemática exposta, Rogers

edifícios flexíveis que se adaptam a diferenciados usos, tudo isso deveria fazer parte da responsabilidade dos profissionais, de forma que cada edifício seja adaptado seguindo essas premissas, ajudando a diminuir a poluição e o esgotamento dos recursos naturais.

para

os

problemas

ambientais

das

cidades


31

comunidades intencionais5, que são agrupamento de pessoas

Integrando conceitos ecológicos, socioeconômico, cultural e

vivendo de forma alternativa em meio a natureza.

espiritual, as ecovilas são comunidades tidas como completas.

Desta forma, as comunidades intencionais trabalham questões da sustentabilidade no modo de vida, de construir e de se relacionar. Com a discussão da problemática ambiental em questão, essas comunidades se tornaram cada vez mais popular e com isso surgiu a necessidade de nomeá-las, surgindo assim o termo Ecovilas.

2.2 AS ECOVILAS COMO FORMA DE SOLUÇÃO As ecovilas são assentamentos humanos sustentáveis, que

Elas funcionam como microcosmos6, sendo autônomas da sociedade. Porém isso não quer dizer que as ecovilas são completamente isoladas do mundo e não podem ter nenhum tipo de tecnologia em suas instalações. Ao contrário do que se pensa, as ecovilas não abominam o uso de novas tecnologias. Na verdade, o que acontece é que as ecovilas buscam o mínimo impacto possível ao meio que estão inseridas, portanto, utilizam tecnologias que possam contribuir com essa ideologia. Gilman (1991) definiu o conceito de ecovila como: Ecovila é um assentamento de escala humana, multifuncional, no qual as atividades humanas são integradas sem danificação ao mundo natural, de forma a apoiar o desenvolvimento humano saudável, podendo continuar no futuro indefinido. (GILMAN, 1991, p.20)

podem ser rurais ou urbanos, e que tem como objetivo um modo de vida que, diferente da vida urbana, busca estar em sintonia com a natureza. Seus princípios se baseiam no entendimento do meio em que estão inseridos, e respeitam os ciclos naturais. Desta forma, as ecovilas buscam o menor impacto possível em suas implantações, além de propor novas estruturas sociais.

5

Termo criado por Charles Fourier, que diz respeito das comunidades alternativas às tradicionais, onde um pequeno grupo de indivíduos se reuniam em busca de uma nova maneira de viver e de se relacionar.

O termo ecovila surgiu em 1991 durante um seminário de Robert Gilman, para a Gaia Trust, uma associação fundada por

6

O termo microcosmo nesse contexto diz respeito de pequenos ecossistemas completos.


32

Ross e Hildur Jackson. Um dos seus principais projetos foi a

criação de uma rede global de ecovilas, o Global Ecovillage Network. O GEN é uma organização criada nos anos 90’ com a

Processar os resíduos orgânicos e líquidos, eliminar corretamente os tóxicos e reciclar os sólidos;

intenção de gerar uma rede de comunidades sustentáveis de

Construir com materiais ecologicamente corretos e de maneira que tenha um impacto mínimo;

diferentes locais e culturas. O GEN criou uma comunicação entre

Usar fontes de energia renováveis;

políticos, governos, ONG’s, ativistas, comunidades e indivíduos

Ter um equilíbrio entre espaço público x privado;

ligados a ecologia, desenvolvendo estratégias para a evolução

Incentivar interação da comunidade;

das comunidades sustentáveis. Atualmente o GEN tem sede na

Diversidade de atividades.

África (GEN AFRICA), Europa (GEN Europa), Oceania + Ásia (Génova), América do Norte (GENNA), na América Latina (CASA).

Além dos tópicos acima citados, Roysen (2013) defende que para garantir o funcionamento das ecovilas é necessário mais do

A definição de ecovila pode ser muito ampla, uma vez que não

que apenas querer viver sustentável, mas complementado de

existe uma regra que define como cada comunidade deve ser.

uma relação cultural e espiritual com o local e os habitantes:

“[...] cada ecovila é projetada pelas pessoas que ali vivem, de acordo com sua visão, contexto, cultura e interesses, não há duas iguais.” (Global Ecovillage Network, 2018) No entanto, segundo Gilman (1991), para cumprir o ideal do conceito das ecovilas, é necessário que as mesmas sigam alguns pontos importantes:

A dimensão cultural e espiritual das ecovilas enfatiza a sensação de felicidade e a sensibilidade ao pertencimento de cada um para o todo por meio de celebrações, rituais, festas, expressões artísticas, respeito às diversas manifestações de espiritualidade e de tradições culturais, visão holística e crescimento pessoal (ROYSEN, apud BELLEZE; BERNARDES; PIMENTA; JUNIOR, 2017, p.229)

Preservar habitats naturais;

Apesar de estar claro os conceitos das ecovilas, uma prática que

Produzir alimentos, madeiras e recursos naturais;

tem ocorrido com certa frequência no Brasil, é a criação de


33

condomínios com alguns princípios de sustentabilidade, que tem

humanos. A figura 2, evidencia a distribuição e quantidade de

se nomeado de ecovilas equivocadamente, principalmente por

ecovilas em cada país.

motivos de marketing, ou seja, para vender uma ideia que na verdade não condiz com a realidade desses condomínios. Conforme estudamos até aqui, a ecovila vai além de algumas ações ecológicas pontuadas, abrangendo questões muito mais profundas, mudando o modo de pensar dos indivíduos que passam por essa experiência. Como vimos até aqui, nos últimos anos tem crescido a busca por essas formas de vida diferenciadas das usuais. As pessoas estão, cada vez mais, atrás de um refúgio da vida urbana agitada e como consequência disso, se tem o registro de cerca de 10.000 comunidades no Global Ecovillage Network (GEN) ao redor do mundo.

Figura 2 – Mapeamento das ecovilas filiadas ao GEN Fonte: Global Ecovillage Network, 2018 (Modificado)

2.2.1 Ecovilas no mundo

No mapa acima, disponibilizado pelo GEN, percebemos que o As comunidades intencionais estão presentes em todo o mundo, sejam

pequenas

ecovilas,

ou

grandes

comunidades,

é

perceptível o crescimento dessas formas de assentamentos

maior engajamento das comunidades está localizado na região da Europa, com mais de 300 ecovilas registradas, já na América, se tem uma menor quantidade, porém o surgimento das comunidades segue em constante crescimento na região. Esses


34

dados dizem a respeito apenas das comunidades filiadas,

também existem casos de comunidades que não estão

enquanto muitas outras não tem vínculos com o órgão, portanto

vinculadas a nenhuma das redes citadas acima.

não estão quantificadas. 2.2.2 Ecovilas no Brasil No Brasil, existem algumas organizações de base para as comunidades alternativas, como o Conselho de Assentamentos Sustentáveis da América Latina (CASA), a Associação Brasileira de Comunidades Autossustentáveis (ABRASCA), que apesar de ser a maior representante das ecovilas brasileiras, não utiliza mídias, o Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (IPEC), o Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica (IPEMA), entre outras. Essas organizações servem de apoio para as comunidades e ajudam na conscientização dos princípios fundamentais das mesmas. Figura 3- Mapeamento Ecovilas Brasileiras

Siqueira (2012) elaborou um mapeamento (Figura 3) das

Fonte: Siqueira, 2012 (Modificado)

ecovilas brasileiras que se tem registro disponível, assinaladas

Em destaque, as estrelas vermelhas indicam as ecovilas

com o símbolo de casa no mapa abaixo. Esse mapeamento é

analisadas abaixo. É notável a predominância das comunidades

considerado incompleto, pois organizações como a ABRASCA

no litoral brasileiro, principalmente nas regiões sul, sudeste e

não disponibilizam os dados das ecovilas filiadas. Além disso,

nordeste. Essas regiões têm maior incidência devido a inúmeros


35

fatores relacionados com o desenvolvimento avançado das

No âmbito desta pesquisa, buscando sistematizar e evidenciar as

metrópoles, e a insalubridade de viver em meio a poluição. Desta

principais características das ecovilas brasileiras e internacionais

forma, “algumas regiões exercem maior atração para criação de

foi elaborada a Tabela 01 e Tabela 02, que evidencia elementos

projetos coletivos, atuando como espécie de polos que

relacionando área de implantação, quantidade de membros

congregam diversas comunidades alternativas, intencionais,

participantes, filosofias e atividades geradoras de renda,

sustentáveis e ecovilas” (SIQUEIRA, 2012, p. 96).

exercidas em cada comunidade analisada. A compilação de tais

2.3 DIRETRIZES PARA CONSTRUÇÃO DE ECOVILAS

informações tem como objetivo servir de referência para estabelecer parâmetros necessários para planejamento e

Apesar do movimento brasileiro para formação de ecovilas estar

projetos de uma ecovila.

ganhando força, ainda é considerado recente. As ecovilas

A escolha das ecovilas para a análise baseou-se nas

brasileiras seguem crescendo, porém não tem influência social e

comunidades mais relevantes no Brasil e no mundo, em

política suficiente para serem consideradas uma opção para os

diferentes fases de consolidação e na quantidade de informações

problemas envolvendo à desigualdade no país. Portanto, pode-

disponibilizadas pelas mesmas, uma vez que algumas ecovilas

se identificar um processo de implementação de ecovilas no

preferem manter certa privacidade no que diz respeito aos dados

país, com algumas já consolidadas e muitas outras em

de seus membros e na forma como vivem. Sendo assim, o

desenvolvimento. No entanto, para que esses assentamentos

estudo, sintetizado na Tabela 1, traz informações sobre as

sustentáveis possam ser classificados como ecovila, segundo os

ecovilas Clareando (SP), Inkiri-Piracanga (BA), Terra Una (MG) e

conceitos citados anteriormente, é necessário um urbanismo

Arca Verde (RS).

com vínculos ambientais, sociais e espirituais, o que faz com que sua implementação possa durar anos até de fato se consolidar (BISSOLOTI, 2004).


36

Tabela 1 – Comparativos de ecovilas brasileiras Ecovilas brasileiras Ecovila Clareando (SP)

Inkiri – Piracanga (BA)

Terra Una (MG)

Instituto Arca Verde (RS)

Hectares

23 ha.

Sem informação

48 ha.

25 ha.

Membros Aprox.

48 pessoas

58 pessoas

20 pessoas

20 pessoas

Visão -Filosofias

Agenda 21 Permacultura e práticas sustentáveis

Movimento “Awaken LOVE” (líder espiritual Sri Prem Baba) Veganismo

Ecoalfabetização (CAPRA 2002) Permacultura e práticas sustentáveis

Permacultura e práticas sustentáveis

Atividades Realizadas

Oficinas e Workshops Visitas guiadas

Dança circulares sagradas, meditação, reiki, yoga, música... Escola Livre Universidade Viva Eventos

Camping Cursos de permacultura (Gaia education) Eventos e Workshops Ecoturismo Música, arte e cultura

Cursos e workshops Danças, arte e cura Visitas guiadas

Fonte: Tabela elaborada pela autora, 2018


37

É valido frisar que para garantir o funcionamento das ecovilas é

cerca de 10% da área das ecovilas internacionais. No entanto é

preciso estabelecer princípios a serem seguidos entre os

notável que apesar de algumas ecovilas serem mais focadas no

membros. Essa filosofia varia de comunidade e é o que torna

aspecto espiritual, as atividades realizadas, de modo geral, são

cada ecovila única. Observa-se que as ecovilas brasileiras

similares entre elas, uma vez que costumam realizar cursos e

analisadas possuem em média 35 membros ativos e uma área

workshops sobre sustentabilidade, permacultura, bioarquitetura

de implantação variando de 23 a 48 hectares, totalizando uma

e etc... Para a elaboração dessa proposta projetual, foi

média de 1,2 hectares por membro. Essa relação entre número

considerado os parâmetros brasileiros, uma vez que tem maior

de membros e área de implantação enfatiza a importância dos

coerência com as necessidades locais.

assentamentos

possuírem

grandes

extensões

de

terra

disponíveis para permacultura e demais práticas sustentáveis. Já em relação as filosofias, nota-se um padrão que se repete nas ecovilas analisadas, que é a busca pelo contato com a natureza, e a relação sustentável, tanto na forma de viver, como na de construir. Além disso, algumas ecovilas tem um viés religioso, como é o caso da Inkiri-Piracanga, que segue a filosofia do líder espiritual Sri Prem Baba, conhecida como “Awake LOVE”. Ao comparar as ecovilas brasileiras com as internacionais, fica evidente como a diferença de dimensão e quantidade de membros é exorbitante. As ecovilas brasileiras representam


38

Tabela 2 - Comparativos de ecovilas internacionais Ecovilas internacionais Findhorn (Escocia)

Gaia (Argentina)

Dancing Rabbit (Estados Unidos)

Auroville (India)

Hectares

Sem informação

20,5 ha

114 ha

870 ha

Membros Aprox.

400 pessoas

Sem informação

70 pessoas

2500 pessoas

Visão -Filosofias

Práticas sustentáveis

Permacultura e práticas sustentáveis

Práticas sustentáveis

Cidade universal Carta de Auroville

Atividades Realizadas

Cursos e Workshops Centro de artes Mercado orgânico

Eventos Visitas guiadas Cursos e Workshops Venda de excedentes

Workshops Visitas Eventos Camping

Visitas Cursos e workshops Arte e Cultura Mercados

Fonte: Tabela elaborada pela autora, 2018


39

2.4 FILOSOFIAS E PRINCÍPIOS USADOS NAS ECOVILAS

espécies animais e vegetais que se renovam naturalmente e são pertinentes aos seres humanos. Segundo Holmgren:

As filosofias e os princípios que as ecovilas seguem podem

A permacultura é uma rede mundial e um movimento de pessoas e grupos que trabalham com países ricos e pobres em todos os continentes. Essas pessoas estão contribuindo para um futuro mais sustentável e produzindo pequenas mudanças locais que influenciam direta e indiretamente a ação no ambiente circundante mais amplo, na agricultura orgânica, na tecnologia apropriada, em comunidades e outros movimentos para um mundo mais sustentável. (HOLMGREN, 2013, p. 35)

variar, no entanto é notável que a maioria busca um estilo de vida sustentável, em relação com a natureza. A permacultura é a síntese desse modo de viver e seus conceitos são usados por grande parte das ecovilas. Holmgren (2007) afirma que a permacultura da origem às: Paisagens conscientemente desenhadas que reproduzem padrões e relações encontradas na natureza e que, ao mesmo tempo, produzem alimentos, fibras e energia em abundância e suficientes para prover as necessidades locais. (HOLMGREN, 2007, p. 3)

Segundo Bill Mollison (1991), a permacultura é um sistema para a criação de ambientes humanos sustentáveis em equilíbrio e harmonia com a natureza. E baseado nesse conceito, segue

2.4.1 Permacultura A palavra permacultura vem da origem de cultura permanente, ou seja, um ecossistema permanente em que os cultivos não se esgotassem e nem dependessem de elementos externos para sobreviver. Criada por Bill Mollison e por David Holmgren, na década de 70, e descreviam-na como um sistema integrado de

como linha de pensamento, três éticas, que são: 1. Cuidado com a terra (solos florestas e água), de forma que todos os sistemas de vida continuem e se multipliquem. 2. Cuidado com as pessoas (cuidar de si mesmo, da família e da comunidade) para que as pessoas possam usar os recursos naturais necessários.


40

3. Partilha justa, estabelecer limites para o consumo e redistribuir os excedentes. Desta forma, de maneira interdisciplinar, a permacultura integra elementos do design e trata de plantas, animais, construções, infraestruturas (água, energia e comunicações) e das relações sociais. Por fim, tem como intenção criar ambientes humanos em harmonia com a natureza. Holmgren (2007, pg.3) define ainda: Num sentido mais limitado, mas também importante, a permacultura não se resume apenas a paisagem, ou mesmo as técnicas da agricultura orgânica, ou as formas de produção sustentável, as construções eficientes quanto ao uso de energia, ou ao desenvolvimento das ecovilas, mas ela pode ser usada para projetar, criar, administrar e aprimorar esses e todos outros esforços feitos por pessoas, famílias e comunidades em busca de um futuro sustentável.

A partir das éticas iniciais, criou-se 12 princípios importantes no

A flor da permacultura (Figura 4) representa as éticas da

conceito da permacultura, evidenciadas da tabela abaixo

permacultura e os princípios que se relacionam com elas. Estas

(HOLMGREN, 2007)

etapas estão conectadas por um caminho de evolução em forma de espiral, onde inicia em um nível pessoal e local, para depois evoluir para o coletivo e global.

Figura 4 – Flor da Permacultura Fonte: permacultureprinciples.com


41

Tabela 3 – 12 Princípios da Permacultura Observe e Interaja

Obtenha rendimento

Use e valorize os serviços e recursos renováveis

Propõe repostas encontradas a partir da observação de alguns eventos e objetos que possam estar conectados no desenvolvimento de um fenômeno. O observar se deve a entender os ciclos e as soluções que a natureza usa.

Capte armazene energia

É preciso ter um rendimento a curto prazo para suprir as necessidades básicas de sobrevivência. Como sugere Holmgren (2013), os excedentes e os excessos podem incentivar a busca de novos modos para se obter um rendimento. Segundo Holmgren (2013), o design da permacultura deve ter como objetivo o melhor uso de recursos naturais renováveis e a manutenção das produções.

Pratique a autorregulação e aceite conselhos

Não produza desperdícios

e

A permacultura defende a necessidade da criação de sistemas de coleta de recursos disponíveis, como a energia renovável. Além da coleta também se defende a redução do nível de consumo, usando somente o necessário. A evolução depende dos entendimentos dos erros e da compreensão quando se tem uma necessidade de mudança.

Num mundo de consumos excessivos, minimizar os desperdícios tem sido uma solução proposta para a diminuição do lixo produzido. É preciso tomar atitudes como a reciclagem e o reaproveitamento.

Design partindo de padrões para chegar aos detalhes

A permacultura defende que ao observar padrões na natureza e na sociedade pode estabelecer uma “coluna vertebral” nos designs os seguindo como base e os detalhes vão sendo preenchidos ao longo do tempo.

Integrar ao invés de segregar

Tanto a respeito das relações humanas, quanto entre elementos naturais e outros animais, as relações estabelecidas são importantes para a vida e a dinâmica desses grupos.

Use soluções pequenas e lentas

Sistemas pequenos e lentos são mais fáceis de manter do que os grandes, fazendo melhor uso dos recursos locais e produzindo resultados mais sustentáveis.

Use e valorize a diversidade

A diversidade reduz a vulnerabilidade à uma variedade de doenças e retira vantagem da natureza única do meio onde se encontra.

Use as bordas e valorize os elementos marginais

Na natureza, as zonas periféricas – limites e conexões entre um sistema e outro, seja um ambiente, um ecossistema ou um bioma – são pontos ricos em diversidade e energia. Desta forma a permacultura defende o uso ao máximo dessas regiões, de forma a aproveitar melhor a riqueza natural. “

Responda criativamente às mudanças

Por mais que o planejamento aconteça de forma mais ampla antes da execução ou no começo, é necessário que ele seja constantemente reavaliado conforme os resultados obtidos.

Fonte: Tabela elaborada pela autora, 2018


42

Esses princípios são como ferramentas de projeto que permitem desenhar o entorno e os comportamentos dos indivíduos de forma a gerar baixo impacto ambiental. Desta forma, pontua-se algumas técnicas de permacultura que respeita suas éticas e princípios e ajudam a criar um ecossistema cíclico. (D’AVILLA, 2008) •

Compostagem

É um processo biológico em que os resíduos orgânicos

Figura 5 – Esquema de construção Fonte: Redação Ecoeficientes, 2017

domésticos podem ser transformados em um adubo rico em nutrientes, o chamado “húmus”, sendo utilizado em hortas e plantações. É um dos métodos mais antigos de reciclagem, e representam o ciclo natural da natureza. (D’AVILLA, 2008) Além da composagem de lixo orgânico, na permacultura também é feita a criação de banheiros secos, desenvolvido por Johan Van Lengen, e que realiza a compostagem das fezes humanas através de reações termofílicas, às transformando em

Figura 6 – Banheiros secos Fonte: https://www.facebook.com/ecocentroipec/

Criação de minhocas

A minhocultura está ligada diretamente com a compostagem, uma vez que as minhocas podem acelerar o processo. Elas digerem a matéria orgânica facilitando o processo dos microorganismos. •

Horta em mandala

adubo. Atitude que ajuda a reduzir a poluição das águas. Na figura

A horta em mandala (Figura 7) é uma solução que surgiu com a

6 é possível entender o processo do banheiro seco através do

permacultura, que busca respeitar os ciclos da natureza. Ao usar

esquema desenhado, e na figura 5, um banheiro já construído.

o formato circular da mandala nas hortas é possível aproveitar


43

melhor o espaço, economizar água, trabalhar com a diversidades das plantas de forma que poupa o solo do desgaste de uma horta tradicional, além da facilidade de acessos e manejo. (D’AVILLA, 2008)

Espiral de ervas

Assim como a horta em mandala, o espiral de ervas (Figura 8) também remete aos ciclos naturais. O formato espiralado é um padrão frequente na natureza e permite criar um micro ecossistema. Desta forma, nota-se que no alto da espiral tem-se um solo normalmente mais seco e com maior incidência solar, no contorno das voltas é mais sombreado e por fim na base o solo é bem mais úmido. Ao entender cada microclima é possível cultivar uma diversidade de plantas, cada qual onde for melhor adaptada. (D’AVILLA, 2008)

Figura 7 – Horta em Mandala Fonte: https://br.pinterest.com/

Figura 8 – Espiral de ervas Fonte: https://br.pinterest.com/


44

o Reuso das águas

Reciclagem

No mundo contemporâneo consumista os indivíduos têm

O reuso das águas é parte importante no que se trata dos ciclos

necessidade de comprar cada vez mais, e, portanto, é notável o

da permacultura. As águas cinzas, que são utilizadas para

excesso de resíduos que a população gera.

A permacultura

limpeza, como tanques, pias e chuveiros passam por tratamento

busca uma conscientização desses usos e propõe formas de

e podem ser reutilizadas para irrigação. Já as águas negras

reciclagem, ou em outros casos descarte consciente desses

exigem um tratamento mais complexo, porém elas podem ser

resíduos. (D’AVILLA, 2008)

reduzidas com a criação dos já falados banheiros secos.

o Lixo doméstico

Captação de água

O lixo doméstico representa grande parte dos resíduos gerados

O reaproveitamento da água das chuvas faz parte do conceito

pela população, desta forma, se bem separado, é possível reduzir

cíclico da permacultura. Desta forma, criam-se formas de deter

esse impacto consideravelmente. Para isso é necessário separar

as águas, como a captação da água dos telhados, que passam

o lixo orgânico, que são uteis para a compostagem, evitando que

pelas calhas, além de ajudar a evitar a água que escorre no

esses resíduos se misturem com outros que atrapalhariam no

entorno das construções, que podem causar patologias no solo,

processo de formação de adubo. Os elementos recicláveis,

como o empobrecimento dos nutrientes.

como plásticos, papel, metal e vidro, que devem ser reciclados e receber um novo uso. E por fim, os materiais não-recicláveis, que podem ter uma destinação apropriadas.

Energia renovável

São energias geradas de forma que não causem grandes impactos ambientais. É o jeito mais eficiente de compensar as emissões de CO², que contribui diretamente para o aquecimento global.


45

o Biomassa Biomassa é toda a matéria disponível de forma renovável. A biomassa produz a energia proveniente da combustão de resíduos orgânicos. Pode ser uma boa opção, se usada de forma

a fim de evitar intervenções no ecossistema que ela será implantada. É o método mais utilizado no país devido à grande quantidade de água disponível. 2.4.2 Bioarquitetura

correta. o Solar

A bioarquitetura é uma das várias atitudes em busca de uma vida sustentável. O conceito surgiu nos anos 60, logo quando o

É a geração de energia térmica ou elétrica através da captação

mundo começou a ter consciência dos problemas ambientais

energia do sol. Pode ser usada de diversas formas, como o

recorrentes ao desenvolvimento urbano. Apesar de ser um

aquecimento da água utilizando placas solares ou a geração de

conceito novo, a bioarquitetura sempre existiu nas comunidades,

energia com placas fotovoltaicas. Além disso é possível construir

quando usavam os materiais disponíveis no local adaptados as

fornos solares, que utiliza do calor produzido pelo sol. Apesar do

condições climáticas, a chamada Arquitetura Vernacular.

Brasil ter condições climáticas ideais para a energia solar, o

Cavalcante (apud. AECWEB, 2018, pg.1) define:

método ainda é pouco aplicado. o Hidrelétrica É a energia produzida pela força da água. As hidrelétricas usam de elevações para aumentar a força da água e girar as turbinas para produzir energia elétrica. Apesar de ser considerada uma energia limpa, as grandes hidrelétricas ainda causam impactos ambientais. Por isso, a melhor opção seria pequenas hidrelétricas

O prefixo bio, que significa vida, confere a essa linha da arquitetura um DNA que a diferencia do método convencional de projetar. O profissional dessa escola busca criar edificações mais ‘vivas’ e que se assemelhem aos ambientes naturais onde estão inseridas.

As construções sustentáveis podem auxiliar nas renovações do modo de vida urbana. No entanto o termo “sustentável” tem sido usado de maneira equivocada pelos projetistas e construtoras,


46

quase como uma forma a mais de vender do que realmente contribuindo para sua verdadeira essência. Segundo Kwok e Grondzik (2013), o desenvolvimento dos diversos certificados ambientais (LEED, Green Globes, Smart Homes, EcoHomes, entre outros) auxiliaram na utilização do termo sustentável de forma confiável. Construção sustentável refere-se à um conjunto de ações durante e depois da obra que tem o intuito de obter uma construção que não agrida o meio que está inserida, que tenha melhor desempenho de conforto térmico, energia, e ocasione melhor qualidade de vida para os moradores e o seu entorno. Rangel define (RANGEL, 2015, p.1): Portanto a arquitetura sustentável é aquela que busca minimizar os impactos ao meio ambiente, sendo ecologicamente correta, mas também deve promover o desenvolvimento social e cultural, além de ser viável no âmbito econômico.

Figura 9 – Arquitetura sustentável: Edifício verde da Amata junto com a Triptyque Fonte: Redação Sustentarqui, 2017

Já as construções ecológicas, apesar de ter o objetivo parecido com as construções sustentáveis, possui uma estratégia diferente, visando uma proposta de utilização de materiais e técnicas disponíveis no local da sua construção. Nas imagens abaixo é possível estabelecer um comparativo entre as construções ecológicas (Figura 10) com as construções sustentáveis (Figura 09).


47

adobes, madeiras, pedras, palha, entre outros. Kwok (2012) dizia que um projeto ecológico deve ser um precursor em direção ao projeto sustentável. Portanto, pode-se definir a Bioarquitetura como uma evolução da Arquitetura Vernacular (construções ecológicas), uma vez que hoje podem se apropriar às construções, tecnologias avançadas contemporâneas de sustentabilidade unidas das técnicas antigas. Segundo D’avilla (2008) alguns princípios devem ser seguidos para se construir seguindo os conceitos da bioarquitetura: •

Planejamento

Figura 10 – Arquitetura ecológica: Albergue em bambu

O planejamento da construção é de grande importância para que

Fonte: Redação Sustentarqui, 2016

É notável a diferença entre elas, portanto, no âmbito da proposta projetual do trabalho, numa ecovila, se adapta melhor as construções ecológicas, em busca de maior sintonia com a natureza e maior simplicidade nas construções. Essas construções tidas como ecológicas, estão ligadas a já

se garanta o melhor desempenho possível quanto ao conforto interno e ao aproveitamento dos recursos naturais. Deve-se levar em conta fatores e aspectos importantes antes de começar a obra. •

Estudo do sitio

técnicas

As condições do local escolhido devem ser verificadas de forma

construtivas tradicionais e materiais ecológicos como terra,

a se aproveitar melhor o terreno e evitar patologias ocasionadas

citada

Arquitetura

Vernacular,

utilizando-se

de


48

por conta disso. Então é importante verificar as condições do

quartos devem receber a maior insolação para manter aquecidos

solo, se é firme ou não, se é declive, se está em situação de

durante a noite.

risco, se é afetado por fatores climáticos, como chuvas. •

Fatores climáticos (vento, sol, chuva)

Funcionalidade/Programa

O programa deve considerar as necessidades dos moradores,

Os fatores climáticos devem ser estudados considerando todos

calcular a quantidade de água necessária, o volume de resíduos

os extremos possíveis da região. Por exemplo em caso de locais

produzidos pelos moradores e o volume de dejetos sanitários.

chuvosos, deve-se analisar as intensidades das chuvas e por

Uma vez que em uma construção ecológica é necessário um

onde a água passa para evitar inundações.

tratamento diferencial nesses casos.

Outro fator climático a ser estudado é os ventos, e entender a melhor forma de posicionar as construções de forma que as estruturas não serão afetadas em casos de ventos extremos. Em casos de climas quentes, as brisas amenas devem ser aproveitadas na refrigeração do interior das casas, criando circulações cruzadas. Por fim, é de extrema importância considerar a posição do sol. Com um estudo solar e o entendimento das necessidades de cada clima, é possível otimizar o desempenho da construção. Em casos de climas quentes, localizar os cômodos de maior permanência na posição do sol da manhã. Já em climas frios, os

Técnicas construtivas e uso de materiais locais

A bioarquitetura preza pelo equilíbrio entre as tecnologias contemporâneas e a arquitetura Vernacular, que aproveita os materiais e cultura local. Desta forma, as técnicas escolhidas para cada construção dependem diretamente do local e da disponibilidade dos materiais. As técnicas que utilizam a terra crua como método construtivo tem como vantagem o controle da temperatura e umidade internas, proporcionar melhores condições para a saúde dos usuários, absorvendo os poluentes e tem um baixo custo construtivo. Exemplos: o adobe, hiperadobe, taipa de pilão, pau


49

a pique, cob, entre outras. A figuras 11 é um exemplo de técnica

essas opções. Nas coberturas, pode-se adotar os chamados teto

construtiva com terra crua, o COB.

verde, que é uma solução termo acústica, além de gerar maior biodiversidade. As técnicas construtivas devem ser alinhadas com as técnicas de reaproveitamento do uso das águas, manejo das águas da chuva, maneiras de processar os resíduos produzidos, energia renovável, entre outras. É valido lembrar que todos esses estudos citados acima são de extrema importância em qualquer tipo de construção, seja ela de bioarquitetura ou não. Mas no caso da bioarquitetura é uma regra a se seguir para se alcançar o melhor desempenho com o menor custo e causando o menor impacto possível no ambiente. Em relação a técnicas construtivas, princípios da Bioarquitetura e

Figura 11 – Casa de COB Fonte: IPEC, 2018

Além da terra crua, as fibras renováveis, como a palha, o fardo de palha e o bambu também são uma opção na hora de

Permacultura busca-se uma avaliação própria desta pesquisa, focada principalmente nas técnicas construtivas. Desta forma abaixo foi elaborada duas tabelas (Tabela 4 e Tabela 5) de verificação das técnicas utilizadas em cada ecovila analisada.

construir. As madeiras são priorizadas em relação ao aço ou

A Tabela 4 e 5 evidencia quais técnicas sustentáveis estão mais

concreto, tendo um impacto construtivo muito menor do que

presentes nas comunidades, de forma a auxiliar nas diretrizes


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construtivas de uma ecovila. As técnicas em relação às construções ecológicas, produção de alimentos, tratamento de

Tabela 5 - Tabela de Verificação de técnicas

esgoto e compostagem estão presentes em todas as ecovilas analisadas. Essas técnicas são consideradas fundamentais na

Tratamento de esgoto

hora de se projetar uma ecovila, pois são importantes para a

Captação de águas/ reuso

diminuição dos impactos ambientais causados pelo homem.

Banheiro seco

Tabela 4 – Tabela de Verificação de técnicas

Tratamento de esgoto Captação de águas/ reuso Banheiro seco

Ecovila Clareando ✓

Inkiri Piracanga ✓

Terra Una ✓

Arca Verde ✓

Compostagem

Sistemas de reciclagem

Produção/distribuição de alimentos Energias renováveis

Restauração ecológica

Bioconstrução Produtos Biodegradáveis

✓ ✓

✓ ✓

Fonte: Tabela elaborada pela autora, 2018

✓ ✓

Findhorn Dancing Rabbit ✓ ✓ ✓

Gaia Auroville ✓

Compostagem

Sistemas de reciclagem

Produção/distribuição de alimentos Energias renováveis

Restauração ecológica

Bioconstrução

Produtos Biodegradáveis

Fonte: Tabela elaborada pela autora, 2018

A conclusão que se chega com as análises é de que as técnicas citadas nas tabelas 4 e 5 se repetem como padrão nas comunidades sustentáveis, de forma que se cria algumas diretrizes construtivas a serem seguidas no desenvolvimento de uma ecovila.


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53


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3 REFERÊNCIAS PROJETUAIS

3.1 ECOCENTRO – INSTITUTO DE PERMACULTURA E ECOVILAS DO CERRADO (IPEC)

O projeto ilustrado como estudo de caso a seguir, foi selecionado para ser apresentado neste trabalho por se tratar de uma análise factual das diretrizes e conceitos estudados acima, saindo do

O Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (IPEC) está localizado a 4km do centro da cidade histórica de Pirenópolis, em

âmbito hipotético. Desta forma podemos entender os usos

Goiás. O município surgiu em 1728 e tem um vasto acervo

aplicados na comunidade analisada, de maneira em que servirá

arquitetônico e cultural. Atualmente tem cerca de 24 mil

de referências para a elaboração da proposta.

habitantes (IBGE/2014) e fica a 120 km da capital, Brasília.

Abaixo foi estudada uma comunidade no Brasil, sede do Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (IPEC). A escolha dessa ecovila se deve ao fato de ser uma comunidade conceituada mundialmente onde se tem um foco maior no sistema educacional. Desta forma, foram analisadas as particularidades do local, formas de implantação, diretrizes construtivas e as atividades realizadas.

Figura 12 – Mapa do Brasil Fonte: Google Maps


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Em 1989 a cidade foi tombada como conjunto arquitetônico, urbanístico, paisagístico e histórico pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, graças ao seu centro histórico com casas e igrejas do sec. XVIII, e aos prédios relevantes de outras épocas. Além do seu marcante contexto arquitetônico, Pirenópolis é conhecida por suas belezas naturais, suas inúmeras cachoeiras, montanhas e por ser cercado por Unidades de Conservação, o que é um atrativo para o ecoturismo no local. (Portal de Pirenópolis, acesso em 20 mai. 2018) A cidade está localizada no planalto central brasileiro, e é formada por colinas e relevos irregulares com altitudes acima de 1.200 metros. A sede do município está a uma altitude de 770 metros. Por fim, sua vegetação natural é o cerrado, com um ecossistema bem preservado. O clima local tem variações climáticas devido às altitudes, e conta com duas estações bem definidas, uma com grande fluxo de chuva e outra com longos períodos de

Figura 13 – Ecocentro IPEC Fonte: Google Earth, 2018 (modificado)

secas. O vento predominante é sudeste, que chega por cima das serras. (Portal de Pirenópolis, acesso em 20 mai. 2018)

O IPEC é uma organização não governamental e foi fundado em

O Instituto

1998 com a finalidade de “estabelecer soluções apropriadas para


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problemas na sociedade, promover a viabilidade de uma cultura

Instituto, o Ecocentro. O local escolhido para a sede era bastante

sustentável, oportunizar experiencias educativas e disseminar

desmatado e atualmente é coberto por massa vegetal.

modelos no cerrado e no Brasil” (IPEC, acesso 18 mai. 2018)

O Projeto

A partir da criação da Permacultura por Bill Mollison e David

O Ecocentro é o espaço onde os facilitadores do Instituto

Holmgrem (vide pg.28) na década de 70, na Austrália, os

construíram para demonstrar a viabilidade dos princípios da

princípios foram se disseminando rapidamente para outros

permacultura e da bioarquitetura. Nele acontece os cursos e

países. A pedido de Bill Mollison, foram criados institutos que

proporcionam experiencias educativas práticas, desenvolvendo

trabalharia com a difusão da Permacultura para todos

tecnologias e soluções apropriadas para o local. Atualmente o

interessados em viver estilos de vida alternativos.

Ecocentro é referência dos conceitos de permacultura tanto a

Desta forma, quatro institutos foram inaugurados inicialmente no

nível nacional como internacional.

Brasil, cada qual em um bioma brasileiro específico, de forma

Através da imersão na cultura sustentável, o local conta com

que fossem centros especializados em diferentes climas, uma

técnicas de bioconstrução, energia renovável, cuidados com o

vez que a permacultura é adaptada ao ambiente. Entre eles

saneamento básico, cuidados com a água, segurança alimentar

estão: Instituto de Permacultura e Ecovilas da Pampa (IPEP), o

e os processos de uma vida sustentável e saudável.

Instituto de Permacultura da Amazônia (IPA), o Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (IPEC), e por fim, o Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica (IPEMA).

Em 2013 os fundadores começaram a idealização da ecovila do IPEC, a Ecovila Guabaré. Localizada numa parte do terreno do Ecocentro, a ecovila surgiu para colocar em prática tudo que veio

Os fundadores do IPEC, André Soares e Lucy Legan ministravam

sendo ensinado pelo instituto. Com construções de uso misto, a

cursos de permacultura em todas as regiões do país, por fim, em

ideia do projeto é que os moradores tenham uma forma de vida

1999 eles iniciaram a construção do que viria a ser a casa do


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alternativa tanto de moradia como de comercialização. (Ecocentro IPEC, acesso 17 mai.2018)

A implantação O Ecocentro tem ao todo uma área de 25 hectares, onde cerca

Num primeiro momento, as primeiras casas construídas na

de 30 mil metros quadrados são de áreas construídas,

ecovila serviram como uma experiencia para aqueles que se

constatando que mais de 88% da área é permeável. As

interessarem em morar no local, como forma de adaptação.

construções utilizam de diversas técnicas e são pensadas de

Atualmente a ecovila ainda está em fase de implantação.

forma que se complementem e estejam integradas a natureza. Abaixo vemos a implantação da comunidade:


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Figura 14 – Implantação Ecocentro Fonte: IPEC, 2018 (Modificado)

Seguindo os princípios da permacultura, na zona em que tem

pomares e criação de animais, e por fim, nos extremos do

maior concentração de atividades, estão localizadas a cozinha,

terreno e lugares íngremes, estão localizados as agroflorestas e

os alojamentos, oficinas, o auditório, a administração, escritório

as nascentes. (SILVA, 2013)

entre outros. Um pouco mais afastado, concentram as hortas,


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Diretrizes Os princípios que o Instituto segue são os da permacultura, desta forma, os edifícios construídos utilizam de várias técnicas de construção naturais, respeitando as necessidades do local, como o uso do barro que é um material em abundância na região. Alguns ainda, foram construídos por mutirões ou pelos próprios alunos dos cursos que aplicam as técnicas que estão sendo ensinadas. (SILVA, 2011) Além dos parâmetros a serem seguidos da bioarquitetura, respeita-se o conceito de zonas, elaborado por Bill Mollison (1998), para as implantações dos edifícios, conforme citado acima. Outros princípios da permacultura são obedecidos no desenvolvimento da comunidade, como o conceito de borda, captação de energia, não produzir desperdícios, uso de recursos renováveis, entre outros evidenciados no capitulo 2.4.1 – Permacultura. (vide pag. 30 - 32) Uma diretriz importante ao estudar o projeto da comunidade é a necessidade de existir áreas comuns bem definidas onde

ocorrem as atividades que são exercidas no local. Esses espaços são de grande importância para o funcionamento da ecovila, uma vez que a interação entre moradores e visitantes é fundamental para que aja uma troca de conhecimentos. Principais construções e técnicas utilizadas As áreas coletivas são abertas aos visitantes e estudantes da comunidade e nela se concentra os edifícios de uso comum, como as cozinhas, as oficinas, biblioteca, etc.


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está o refeitório (Figura 16), onde é servido as refeições orgânicas aos visitantes.

Figura 15 – Cozinha industrial Fonte: https://www.facebook.com/ecocentroipec/

A cozinha industrial (Figura 15), foi feita para agregar valor aos produtos da agricultura orgânica familiar. Nela são produzidos os alimentos que são fornecidos durantes os cursos. É uma das maiores estruturas de superadobe da América Latina. Ao lado

Figura 16 – Refeitório Fonte: https://www.facebook.com/ecocentroipec


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O bar (Figura 18) foi feito de uma estrutura de tijolos de solocimento, ao lado do geodésico é um ponto de encontro entre visitantes e moradores para confraternizações.

Figura 17 - Cozinha Universitária Fonte: https://www.facebook.com/ecocentroipec

A cozinha universitária (Figura 17), oferece um espaço para quem quiser preparar sua própria comida, está localizada próxima aos alojamentos universitários e funciona com ponto de encontro dos estudantes. Foi construída com a técnica de tijolo armado no formato de uma paraboloide.

Figura 18 – Bar Fonte: https://www.facebook.com/ecocentroipec/


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A biblioteca (Figura 19), é onde se encontra todo o acervo bibliográfico do Ecocentro que está à disposição dos estudantes e voluntários. Foi construída em adobe e tijolos de solocimento. Ao lado tem a rouparia, feita numa estrutura circular com superadobe e mosaicos.

Figura 20 – Centro Bill Mollison Fonte: https://www.facebook.com/ecocentroipec/

A cúpula (Figura 21 e 22) é o coração do Ecocentro, e é onde acontecem os cursos, eventos e reuniões. É construída em tijolos de solocimento. Figura 19 – Biblioteca Fonte: https://www.facebook.com/ecocentroipec


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Os banheiros espalhados pela comunidade podem ser banheiro comuns, que utiliza água nos sanitários, o IPEC mostra que é possível utilizar o sanitário convencional sem poluir e todos os resíduos são reciclados e o esgoto tratado. E tem os banheiros secos (Figura 23 e 24), que não utiliza água nos sanitários, e as fezes são compostadas. (vide pg.34)

Figura 21 – Interior da cúpula Fonte: https://www.facebook.com/ecocentroipec/

Além das construções, o local conta com inúmeras praças e espaços que funcionam como ponto de encontro e espaço de permanência, como o Parque Infantil que é um atrativo para as crianças. Esses espaços estão em constante mudança devido a manifestações artísticas que ocorrem no local, como na Praça da Arte na Praça de Ferrocimento e no Anfiteatro da Mangueira.

Figura 22 – Banheiros comuns Fonte: https://www.facebook.com/ecocentroipec/


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moradores, que estão mais afastadas onde tem maior privacidade.

Figura 23 – Banheiros secos Fonte: https://www.facebook.com/ecocentroipec/

Figura 24 – Hostel Casa da mãe Fonte: https://www.facebook.com/ecocentroipec/

As áreas privativas são divididas entre os espaços de

O hostel Casa da Mãe (Figura 25), que é a única edificação que

hospedagem, que recebem os visitantes e alunos e estão

já existia no local antes da criação do Ecocentro, atualmente

localizadas próximo de onde são feitos os cursos, e as casa dos

recebe os estudantes e voluntários. Além disso, existe a vila


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Universitária (Figura 26), que é o centro de residência e convívio

A área das cabanas é mais afastada e tem maior privacidade.

dos estudantes e participantes dos cursos. Essa foi feita de

Nessa área tem as casas com banheiros comuns (Figura 27), e

superadobe protegida com reboco natural. Os lagos no centro

é onde moram alguns dos habitantes da ecovila em período de

criam um microclima próprio da vila

adaptação e visitantes podem alugar para a vivência. Nessa pequena vila contém os chalés-modelos para construções sustentáveis.

Figura 25 – Vila Universitária Fonte: https://www.facebook.com/ecocentroipec/

Figura 26 – Cabana Fonte: https://www.facebook.com/ecocentroipec/


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Programas, Projetos e Cursos

entender quais serão seus moradores e quais atividades serão

Atualmente maior parte da renda do IPEC vem dos cursos de capacitação em permacultura e de bioconstrução, que são reconhecidos

pelo

GEN

(Rede

Global

de

Ecovilas).

Reconhecimento esse que atrai diversos alunos e voluntários de vários

lugares

para

fazer

os

cursos,

principalmente

o

exercidas

ali.

Desta

forma

a

implantação

segue

esse

planejamento e tem uma maior garantia de sucesso. Por fim, para o funcionamento da comunidade é necessário criar programas como fonte de renda, como cursos, workshops ou venda de excedentes.

“Ecoversidade”, que é uma série de cursos estendidos. (SILVA,

Na ecovila estudada percebe-se algumas características, como a

2011, pg. 310)

necessidade de se dar certa privacidade aos lotes residenciais.

Além disso, outros cursos acontecem no Ecocentro, como o curso básico de permacultura, o PDC, que segue o padrão desenvolvido por Bill Mollison, e o programa BioConstruindo, que se divide em 4 módulos: o BioTERRA, BioBAMBU, BioCIDADES e BioFLORESTA

3.2 CONCLUSÃO

Além disso nota-se a criação de espaços públicos em que acontecem eventos e que promovem a reunião dos moradores com visitantes. Esses espaços são importantes para criar um laço afetivo entre os membros. Por fim, o aspecto ambiental é defendido fortemente, uma vez que o motivacional dessas comunidades é a sustentabilidade. Desta forma as técnicas de permacultura e bioarquitetura se

Ao estudar a comunidade escolhida é evidenciada a importância

repetem na ecovila, moldada ao clima predominante e aos

do planejamento inicial da ecovila, uma vez que é preciso

recursos disponíveis no local.

entender as necessidades da área, buscando aproveitar ao máximo suas qualidades. Após o estudo do local, deve-se


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69


70

4 LEVANTAMENTO DE DADOS

variedade de fauna e flora característica da região, e principalmente, com ecossistemas de restinga e manguezais.

4.1 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO LOCAL O terreno escolhido para a proposta, está localizado na região norte de Guarapari – ES. A cidade abrange uma área total de 592,231 km² e tem uma população de 105.286 habitantes, segundo o censo do IBGE (2010). Limita com Vila Velha, Viana, Alfredo Chaves, Marechal Floriano e Anchieta. E está à 51km da capital do estado, Vitória. Guarapari é parte integrante da Região Metropolitana da Grande Vitoria, com potencial turístico, que faz com que receba por ano cerca de 700.000 turistas provenientes de diversas localidades em busca de suas belas praias com areias medicinais. (PMG, 2018) Além das praias, Guarapari conta com outras atrações, como o patrimônio cultural, a pesca oceânica, o turismo rural na região das montanhas com cachoeiras e trilhas, e também o ecoturismo, com parques ecológicos de preservação, uma

Figura 27 - Mapa do Espirito Santo Fonte: Wikipédia


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Sendo assim, com base nas características turísticas e

loteamento Village do Sol, que conta com infraestrutura

ecológicas da região, além de ter uma maior disponibilidade de

completa, e alguns equipamentos públicos importantes.

áreas não construídas com grande potencial de crescimento, Guarapari foi escolhida como a melhor opção para a implantação do equipamento proposto.

Ainda em proximidade ao local de escolha para a implantação do projeto está localizado o Parque Estadual Paulo César Vinha, que é uma área de proteção ambiental com uma extensa diversidade

Além disso, o terreno escolhido conta vantagens que foram

de ecossistemas. O perfil econômico da região varia entre classe

diferenciais na hora da definição do local, como o fato de fazer

baixa, na altura do loteamento Village do Sol, e classe média –

limite com um eixo importante que conecta duas rodovias

alta mais próximo do terreno em questão.

principais (a Rodovia do Sol com a BR-101), outro motivo foi a presença de corpos hídricos no terreno, proximidade com áreas de proteção ambiental, e um zoneamento favorável para o turismo.

4.2 ANALISE DO ENTORNO O terreno de estudo está na região norte da cidade, no bairro Palmeiras, zona rural. A figura 29 abaixo mostra que no entorno do terreno estão localizados o Hotel Fazenda Flamboyant e o Parque Aquático Aquamania. Ainda nas proximidades, tem o

O terreno faz divisa com a ES-477, e o acesso acontece pela mesma. É um importante eixo que conecta a Rodovia do Sol à BR – 101, que tem ligação com outros estados, trazendo boa parte dos turistas. Para a implantação da ecovila foi proposto um desmembramento da gleba identificada para que a mesma pudesse apresentar cerca de 20 hectares, uma vez que com base nas pesquisas seria área considerável para a implantação da comunidade.


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Figura 28 - Imagem Aérea Guarapari – ES Fonte: Google Earth (Modificado)


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De acordo com o Plano Diretor Municipal (PDM) de Guarapari, o terreno de estudo está localizado na Zona de Especial Interesse Turístico (ZEIT), ou seja, um local com grande

potencial

para

novos

empreendimentos

relacionados com o turismo, conforme é possível identificar na figura 30. Os índices urbanísticos exigidos na área são definidos pela tabela abaixo (Figura 31).

Destacando a taxa de

aproveitamento de 60% e a taxa de permeabilidade de Figura 29 – Zoneamento

15%. O gabarito permitido máximo é de 4 pavimentos ou

Fonte: PDM Guarapari (modificado)

12 metros de altura.

Figura 30 - Tabela de Controle Urbanístico Fonte: PDM Guarapari (modificado)


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Figura 31 - Imagem Aérea Guarapari – ES Fonte: Google eaarth (Modificado)


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4.3 FATORES AMBIENTAIS E CLIMÁTICOS O local em que o terreno está inserido é de predominância rural, portanto no entorno existem poucas construções e uma vasta área livre, onde é possível identificar alguns pontos com mata original, de proteção ambiental. No entanto é predominante a vegetação rasteira dos pastos (Figura 32).

Figura 32 - Analise do Terreno Fonte: Acervo Pessoal

Além desse fator, a região é cercada por diversas colinas, que proporcionam uma bela vista nos pontos mais altos do terreno (Figura 32).


76

Os ventos predominantes na região são norte e nordeste, e por

O terreno conta com uma topografia em declive, onde o acesso

estar localizado num ponto sem construções próximas e sem

está numa curva de nível mais alta, possibilitando um visual tanto

vegetações altas, recebe iluminação solar direta em todo o

do terreno quanto do entorno, com vista para a região de serrana

terreno. Portanto, ao se projetar, foi necessário cuidado com a

de Guarapari.

implantação,

para

evitar

que

as

construções

ficassem

vulneráveis ao sol nos horários mais intensos (Figura 33).

Figura 33 – Topografia Fonte: Acervo Pessoal


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78


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80

5 PROPOSTA PROJETUAL 5.1 CONCEITO E PROGRAMA O projeto da ecovila tem como conceito a elaboração de uma comunidade sustentável, onde se busca o contato direto com a natureza, com uma estrutura educacional para que possa ser ensinado os princípios que norteiam a bioarquitetura. A proposta do projeto é criar um ambiente de uso misto, onde os moradores possam ter a tranquilidade de viver em meio a natureza, podendo aproveitar das estruturas do local, como a fazenda, onde é produzido o alimento consumido na ecovila, as oficinas, onde se pode trabalhar, entre outros. Além disso, a ecovila tem uma proposta para visitantes, que podem conhecer o local, se hospedar por alguns dias, participar de alguns dos cursos oferecidos, ou até mesmo ir apenas passar o dia, fazendo trilhas, pescando na lagoa, ou entre outras atividades de lazer que estão disponíveis no local. Figura 34 - Fluxograma Fonte: Acervo Pessoal


81

Para isso, baseado nas diretrizes das ecovilas analisadas como exemplos, estabeleceu-se um programa de necessidades inicial que foi divido em quatro zonas (Figura 35). A primeira é onde estará localizado o centro educacional, e consequentemente, o foco das atividades que irão acontecer na ecovila. Logo em seguinte se tem região dos alojamentos, onde se tem quartos compartilhado, quartos duplos ou camping como opção. A próxima

zona

é

de

cultivo,

onde

será

trabalhada

o

reflorestamento da mata natural da região, além do cultivo de alimentos, com hortas e pomares. Por fim, a zona quatro, é o loteamento onde serão construídas as casas dos moradores da ecovila.

O

projeto

arquitetônico

das

casas

será

de

responsabilidade do proprietário do lote, porém, terão que seguir determinados parâmetros pré-definidos pela comunidade, de forma a causar o mínimo impacto possível na área, buscando a sustentabilidade desde a obra até a manutenção diária.


82

Figura 35 – Implantação Fonte: Acervo Pessoal


83

5.2 IMPLANTAÇÃO

rede viária interna no terreno, de forma a conectar os diferentes ambientes.

A implantação da ecovila foi pensada de forma a valorizar o terreno em que será inserida, aproveitando as curvas de níveis existentes e as características naturais do local. Além disso, buscou-se trabalhar com formatos que trouxesse o meio ambiente para as construções, aplicando na arquitetura as estratégias e soluções que a natureza utiliza. Os setores foram divididos em blocos separados, criando ambientes variados de acordo com o uso, estabelecendo padrões que são característicos de cada local. Essa solução também foi importante para garantir a permeabilidade no terreno, uma vez que se buscou uma baixa densidade na implantação, além de evitar uma grande massa arquitetônica, que causasse impacto visual no entorno. Por fim, criou-se uma

Figura 37 - Vista Frontal Ecovila Fonte: Acervo Pessoal

Figura 36- Portaria Fonte: Acervo Pessoal


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O loteamento foi dividido em duas etapas, cada uma num

Outras técnicas importantes foram adotadas, como aplicação do

extremo do terreno, solução adotada de maneira que se

teto verde, captação de águas de chuvas, placas solares, tinturas

aproveitasse

ecológicas, tijolos de adobe nas construções e madeiras de

melhor

as

áreas

privilegiadas

do

terreno,

adequando-se às topografias, e valorizando os visuais.

reflorestamento. O esgoto da ecovila é direcionado a uma

Seguindo o objetivo de causar o mínimo impacto possível, as construções adotaram alguns princípios de sustentabilidade e conforto, como a posição estratégica das fachadas, voltadas para sul e norte, evitando assim a maior exposição ao sol. Soluções de sombreamento, iluminação natural, ventilação natural,

estação de tratamento ecológica, onde é tratado de forma biológica, e as águas cinzas são reaproveitadas na irrigação. Além disso, ao longo da ecovila foi implantado alguns banheiros secos, que desenvolvem a compostagem dos resíduos, gerando húmus que podem ser utilizados como fertilizantes.

também foram aplicadas nas construções, buscando maior eficiência energética nos edifícios.

Figura 38 – Seção Fonte: Acervo Pessoal


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Figura 39 - Planta Baixa Lobby Fonte: Acervo Pessoal

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87

5.3 SETORIZAÇÃO A recepção está virada intencionalmente para o acesso principal De acordo com o que foi definido na implantação, a ecovila foi

da ecovila, numa topografia mais alta do que a rodovia, de forma

dividida em zonas.

que quem chega ao portão consegue logo visualizar essa

5.3.1 Zona 01 – Centro Educacional

primeira construção ecológica convidativa. É formada com a composição de três edifícios. Além disso, foi proposto uma

Recepção e Administração

cobertura com teto verde curvo, de maneira que suas formas se misturassem no entorno e não sejam contrastantes.

Figura 40 - Vista Lobby Fonte: Acervo Pessoal


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Logo na entrada se chega à um espaçoso lobby onde os visitantes são orientados. Na parede lateral direita é possível ver uma composição de cobogós e grandes janelas que dão diretamente para um jardim lateral ao edifício, criando uma sensação de conexão com o ambiente externo. No lado esquerdo desse primeiro edifico está a administração da ecovila.

Figura 41 – Lobby Fonte: Acervo Pessoal

Uma passarela coberta por pergolado, dá a sensação de imersão à natureza e faz a conexão entre os edifícios, levando o visitante que chega ao lobby, em seguida à loja onde são vendidos alguns produtos produzidos na ecovila,

desde

roupas,

ecológicos.

Figura 42 - Passarela Loja Fonte: Acervo Pessoal

até

produtos


89

Por fim, no terceiro e último edifício desse primeiro bloco, está localizado o restaurante. Com grandes aberturas para a fachada leste, que é onde se tem o melhor visual, trazendo parte do entorno para dentro do ambiente, aproveitando a topografia elevada que o edifício está inserido, para criar uma sensação de flutuar sob a floresta logo em frente. Além de permitir visualizar a lagoa.

Figura 43 – Restaurante Fonte: Acervo Pessoal

Figura 44 – Restaurante Fonte: Acervo Pessoal


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A partir desse restaurante se tem um deck, onde foi criado um

Por ter grande fachadas orientadas a leste e oeste, esse material

espaço anexo de permanência. Ambos os locais são espaçosos,

ajuda a diminuir a absorção do calor nos ambientes internos.

e podem ser alugados para eventos, casamentos, festas entre outros.

Para garantir a maior preservação do material, o teto verde conta com um grande beiral de madeira que protege toda a construção, evitando que a chuva atinja diretamente as paredes externas. Além dos materiais adotados, outras técnicas são utilizadas nesse bloco, como a captação da água das chuvas, que é direcionada, pela inclinação do teto verde, para tubulações e, em seguida, para tanques de armazenamento no subsolo para posterior uso no próprio edifício.

Figura 45 – Deck Fonte: Acervo Pessoal

A arquitetura desse primeiro bloco é construída de madeira e tijolo de adobe, que tem como vantagem a disponibilidade de ser produzido no próprio local, além da maior maleabilidade do material e das vantagens do barro, em relação ao conforto térmico. Figura 46 – Deck Fonte: Acervo Pessoal


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Figura 47 - Planta Baixa Térreo - Auditório Fonte: Acervo Pessoal

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Auditório O auditório está localizado em uma das curvas de níveis mais altas do terreno, tendo um maior destaque em relação aos outros edifícios. Possui um formato hexagonal, fazendo referência a uma colmeia. Esse ambiente é focado para realização de grandes eventos, apresentações teatrais, musicais, palestras entre outros, com capacidade para 135 pessoas. Figura 48 - Foyer Auditório Fonte: Acervo Pessoal

Figura 49 - Fachada Auditório Fonte: Acervo Pessoal


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Figura 51 - Praça do Auditório Fonte: Acervo Pessoal

Os materiais construtivos utilizados nessa arquitetura foram principalmente madeira de reflorestamento e o tijolo de adobe. As técnicas aplicadas são a captação das águas das chuvas através do telhado, e placas

fotovoltaicas

que

produzem

energia para o edifício. Na frente dessa construção possui uma extensa praça que funciona como um espaço de vivência entre os usuários.

Figura 50 - Praça do Auditório Fonte: Acervo Pessoal


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Figura 52- Planta Baixa Oficinas Fonte: Acervo Pessoal

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Oficinas

A proposta projetual segue com o conceito hexagonal nos

Próximo ao auditório estão localizadas as oficinas em que serão realizados os cursos desenvolvidos no local. Além disso as áreas próximas a esse bloco podem ser utilizadas para aulas práticas de bioconstrução.

edifícios, e propõe que cada construção tenha um foco educacional, de forma que se organiza melhor para onde os alunos devem seguir. Além disso, essas oficinas também podem ser utilizadas a trabalho pelos próprios moradores quando não estão em curso, estimulando a economia criativa do local. Os materiais utilizados em cada construção variam de acordo com o curso que é dado na mesma, por exemplo, onde se tem o curso de construção em bambu, essa arquitetura é feita toda desse mesmo material. De forma que mostra a aplicação da técnica construtiva na prática.

Figura 53 – Oficinas Fonte: Acervo Pessoal

Figura 54 – Oficinas Fonte: Acervo Pessoal


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Ainda nessa região das oficinas, foi projetado um anfiteatro, onde ocorrem algumas aulas ou eventos menores. Esse espaço é rodeado por uma praça de vivência que pode ser utilizada nos intervalos dos cursos.

Figura 55 - Praça de Vivência Fonte: Acervo Pessoal

Figura 56 – Anfiteatro Fonte: Acervo Pessoal


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Figura 57 - Planta Baixa Térreo – Hospedagem Fonte: Acervo Pessoal

100


101

5.3.2 Zona 02 – Alojamentos A partir da recepção, o visitante é direcionado à área dos alojamentos. O visitante pode se hospedar em um quarto individual, em um quarto compartilhado ou na área camping. O bloco dos alojamentos é uma construção de dois andares, em que no andar térreo se tem 3 grandes quartos compartilhados, sendo um feminino, um masculino e um misto. Figura 58 – Hospedagem Fonte: Acervo Pessoal

A fachada principal desse edifício está voltada para o sul e conta com cobogós pra ajudar na iluminação difusa no interior.

No

segundo

Figura 59 – Alojamento Fonte: Acervo Pessoal

andar

do


102

alojamento estão os quartos individuais, A madeira e o tijolo de adobe são os materiais mais utilizado na construção. O telhado é colonial, composto por telhas ecológicas de fibras. Também na cobertura foi proposto a instalação de placas solares que proporcionam o aquecimento da água utilizada nos banheiros. Por fim, assim como na recepção, foram utilizadas técnicas de captação de água de chuva, direcionadas para o armazenamento e a seguir reutilizadas.

Figura 61 - Vista quartos

Figura 60 - Planta baixa 1º Pav.

Fonte: Acervo Pessoal

Fonte: Acervo Pessoal

Figura 62 - Fachada Hospedagem Fonte: Acervo Pessoal


103

5.3.3 Zona 03 – Cultivo

coletivo dos moradores e visitantes, e que em determinado dia da semana serão vendidos os excedentes num galpão ao lado.

Essa região foi denominada como fazenda por ser onde está localizado as áreas de cultivo da ecovila. Nela foi elaborado uma horta em mandala, que segue os princípios da permacultura. No centro da horta fica localizado um reservatório de água que é utilizado na irrigação do local. Sequencialmente são divididos os canteiros, de forma simétrica onde os cultivos são variados de acordo com a estação, promovendo dessa forma a recuperação dos nutrientes no solo, sem causar desgastes. Próximo ao local, foi proposto a instalação de um grande pomar, onde terão diversas árvores frutíferas à disposição dos usuários. A proposta desse cultivo orgânico é de que seja um local de uso Figura 63 – Pomar

Ainda nessa área ambiental está localizado também a

Fonte: Acervo Pessoal

área de reciclagem, onde são tratados os resíduos orgânicos de forma que se transforme em adubo para as plantações. Técnicas como minhocaria e compostagem são aplicadas para o tratamento dos resíduos.

Figura 64 - Horta em Mandala Fonte: Acervo Pessoal


104

5.3.4 Zona 04 - Loteamento Os loteamentos foram divididos pela comunidade em lotes de no mínimo 600 m², conforme estipulado no PDM de Guarapari. As construções do loteamento são de responsabilidade de cada membro, porém em comunidades do tipo costuma-se contar com mutirões entre os membros para ajudar na construção. No entanto, é necessário que o morador siga tanto as regras de construção definida pelo PDM, no que diz respeito dos Figura 65 – Praça

afastamentos, taxa de ocupação, gabarito e etc, além de ter que seguir

as

regras

da

ecovila

no

que

diz

respeito

Fonte: Acervo Pessoal

da

sustentabilidade nos edifícios, causando o mínimo impacto possível no entorno. Próximo ao loteamento foi planejado um centro de moradores, onde

se

tem

um

espaço

disponível

para

reuniões,

confraternizações, entre outros. Esse espaço tem como intenção criar um local de encontro e interação entre os vizinhos da ecovila. Além disso, duas praças foram projetadas próximas ao loteamento.

Figura 66 - Centro de Vivências de Moradores Fonte: Acervo Pessoal


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2.3.5

Outros

seguir ocorre a mineralização de nutrientes e por fim a absorção e evapotranspiração da água limpa pelas plantas. Na aplicação

Para o projeto da ecovila seguiu-se algumas diretrizes

desse sistema, algumas diretrizes devem ser seguidas para o

observadas em ecovilas já consolidadas, desta forma, chegou-se

funcionamento correto. (SETELOMBAS, 2010)

ao programa final. Portanto, além das construções e das técnicas de bioarquitetura já citadas acima, algumas outras técnicas foram adotadas na construção de uma comunidade com aspectos sustentáveis. Como é o caso proposto para a estação de tratamento de esgoto biológica. Para as águas negras, ou seja, resíduos dos vasos sanitários, o tratamento proposto é feito através da técnica Bacia de Evapotranspiração (BET). Essa técnica, também conhecida como Fossa de Bananeiras, é uma técnica muito usada pela permacultura e consiste em um tanque impermeabilizado, onde se planta algumas espécies vegetais que tem o crescimento rápido e demanda grandes quantidades de água, como a bananeira. Esse sistema recebe os resíduos dos vasos sanitários, que passam por processos de fermentação realizado pelas bactérias na câmara bio-septica composta por pneus e pedras, a

Figura 67 - Bacia de Evapotranspiração (BET). Fonte: Acervo Pessoal


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Para garantir a segurança do tratamento, os agentes patogênicos

A intenção é propor que cada bloco de edifícios tenha sua própria

são enclausurados no sistema sem escape. Desta forma é

bacia, diminuindo as dimensões finais e garantindo que não

preciso calcular corretamente o dimensionamento da bacia

aconteça extravasamentos. Para o dimensionamento de cada

evitando que transborde.

bacia é estabelecido que se tenha 2 metros de largura, 1 metro

Como a água está enclausurada na bacia, depois que separada dos resíduos humanos, ela passa pelas camadas de brita, areia

de profundidade e o comprimento é o número de usuários em média.

e solo até chegar as raízes das plantas, completando o ciclo de filtração ao ser exaladas pelas plantas no processo de evapotranspiração. A posição da bacia deve estar voltada para o norte e afastada de altas arvores, pois, demanda grande incidência solar.

Figura 68 - Planta baixa BET Fonte: Acervo Pessoal

Quanto às águas cinzas, das pias e chuveiros, serão todas direcionados para o tratamento através de filtros biológicos, que permitem que essa água possa ser reutilizada novamente. No caso da ecovila, a água tratada é direcionada para a irrigação.

Figura 69 - Bacia de Evapotranspiração Fonte: Acervo Pessoal


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Outra técnica proposta em busca de uma comunidade mais sustentável é uma estação de energia solar. Composta por grandes estruturas com placas fotovoltaicas direcionadas para o norte, de forma a obter a maior incidência solar e por fim, gerar energia suficiente para manter a ecovila. Para definir a quantidade de energia necessária foi feito um cálculo de consumo. Foi considerado então um gasto de 500kw/mês por cada residência (considerando quatro moradores em cada), que é multiplicado pelo número de loteamentos, com 28 terrenos disponíveis, tendo assim uma demanda de 14.000kw/mês. Além da parte residencial, foi considerado mais 10.000kw/mês para o resto das atividades. Conclui-se necessário atender uma expectativa de gasto mínimo de cerca de 25.000 kw/mês na ecovila. Portanto ao se adotar uma placa fotovoltaica de 340 w, que produz cerca de 1,34 kWh/dia, ou seja 40,2kWh/mês, serão necessárias ser instaladas cerca de 625 placas fotovoltaicas de 340 w.

Figura 70 - Placas Fotovoltaicas Fonte: Acervo Pessoal


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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

presentes, aquelas relacionadas à produção de alimentos,

A humanidade vive em sua fase mais evoluída, porém, a

permacultura e da bioarquitetura, propondo um assentamento

consequência desse estilo de vida moderno e tecnológico é o

com construções que causem o mínimo impacto possível.

esquecimento da sua origem, a natureza. Esquecemos que

No entanto, as diretrizes adotadas pelas ecovilas, não precisam

necessitamos da terra e não cuidamos dos recursos que

necessariamente estar isoladas do meio urbano. O aspecto mais

obtemos dela. Desta maneira, como resposta aos maus tratos,

importante do surgimento das ecovilas é principalmente o

sofremos com o aquecimento global, devastação de florestas,

entendimento de como é possível criar assentamentos

poluição dos rios e mares, entre outros.

sustentáveis com construções ecológicas, que possam produzir

Os problemas ambientais ocasionaram uma sucessão de

alimento, reaproveitar as águas e até mesmo, gerar energia

movimentos em que alguns indivíduos começaram a buscar um

renovável. Apesar da aplicação de uma ecovila ser diferente na

estilo de vida sustentável, fugindo dos modos padrões das

escala das cidades, alguns princípios que as ecovilas seguem

cidades modernas. Deste modo, surgiram as ecovilas. As

podem ser adaptados para que se possa abraçar uma escala

ecovilas são comunidades em que seus membros dividem um

maior, com maior densidade populacional, de forma que não se

interesse comum, a vida sustentável.

perca na realidade contemporânea.

As ecovilas devem seguir um padrão de sustentabilidade nas

Essa pesquisa permitiu começar a pensar na proposta projetual

suas implantações. Esse padrão pode variar dependendo dos

de uma comunidade no município de Guarapari. A proposta é a

recursos disponíveis, do local em que serão inseridas e das

implantação de uma ecovila, e o local foi escolhido por ser

filosofias a serem adotadas. Percebe-se também a necessidade

afastado do grande centro, porém ainda com certa proximidade

de se empregar técnicas sustentáveis, tendo como as mais

tratamento de esgoto e compostagem, além dos conceitos da


111

do meio urbano, de forma que pudesse criar uma comunidade que não fosse isolada completamente. O projeto idealiza uma comunidade residencial, com baixo impacto ambiental em suas construções e que conta com espaços para vivências, área de cultivo e de reflorestamento. Ainda nesse local, serão realizados cursos e workshops, que buscarão ensinar os conceitos sustentáveis que são aplicados no local.


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