Dedico este trabalho a meus pais, Celso e Silvia, pelo incentivo, compreens達o e amor que sempre confiaram a mim.
Agradeço primeiramente à minha orientadora, Regina Tirello, por tantas vezes ter me auxiliado nas dúvidas e questionamentos que este trabalho proporcionou, mas principalmente pela compreensão de minhas dificuldades no decorrer deste processo, além de uma professora, uma amiga. Agradeço meus amigos, que cada um a sua maneira, estiveram muito presentes nesta fase de minha vida, fosse estudando ou enxugando uma lágrima. Agradeço minhas avós, que com ternura e carinho, sempre entenderam minha ausência. Agradeço imensamente aos meus irmãos, que estiveram sempre presentes na hora do aperto com um ombro amigo ou o carro para me levar na rodoviária na noite de domingo. E, sem dúvidas, agradeço meus pais, por terem investido tanta confiança e acreditado em meu potencial, qualquer fosse a situação, sempre presentes, apesar da distância. Os agradecimentos são poucos, comparados ao valor que cada um representou em minha vida. Com certeza, cheguei até aqui pois eles estiveram presentes..
SUMÁRIO
3.
OBJETO DE ESTUDO: Os Galpões da Borges de Figueiredo e a Estação ferroviária
0.
APRESENTAÇÃO
1.
INTRODUÇÃO
3.1. ANÁLISE DE ENTORNO 3.1.1. LOCALIZAÇÃO 3.1.2. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
1.1. OBJETIVO
3.1.3. VIAS E FLUXOS DA REGIÃO
1.2. JUSTIFICATIVA
3.1.4. A LEGISLAÇÃO INCIDENTE
1.3. LINHA DE ESTUDO 2.
3.2. O CONJUNTO FABRIL DA BORGES DE FIGUEIREDO
UM BREVE HISTÓRICO DO BAIRRO DA MOOCA
3.2.1. ANÁLISE DA SITUAÇÃO DO CONJUNTO FABRIL: AS DEFICIÊNCIAS E
2.1. O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO E URBANO
POTENCIALIDADES DO CONJUNTO
2.2. AS VOCAÇÕES DO BAIRRO
3.2.2. A ESCOLHA DOS EDIFÍCIOS DA RUA BORGES DE FIGUEIREDO X RUA
2.3. AS TRANSFORMAÇÕES E PERSPECTIVAS PARA O BAIRRO
MOSNENHOR FELIPPO
2.4. A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO ARQUITETÔNICO DO BAIRRO 3.3.
A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA 3.3.1. HISTÓRICO
4.2. AS QUESTÕES PRESEVACIONISTAS
3.3.2. AS PERSPECTIVAS PARA O TRANSPORTE FERROVIÁRIO 4.
4.2.1. OS PRINCÍPIOS DA CONSERVAÇÃO INTEGRADA 4.2.2. NOÇÕES DE BEM CULTURAL
INTRODUZINDO CONCEITOS: Reflexões sobre o processo de (des)industrialização
4.2.3. A AUTENTICIDADE DO PATRIMÔNIO
das cidades
4.2.4. TOMBAMENTO E PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS
4.1. O PATRIMÔNIO HISTÓRICO INDUSTRIAL
4.2.5. A IMPORTÂNCIA DA INDUSTRIALIZAÇÃO
4.1.1. A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO INDUSTRIAL: UM DEBATE
REUTILIZAÇÃO
DO
PATRIMÔNIO
INTERNACIONAL 4.1.2. O PATRIMÔNIO INDUSTRIAL NA CIDADE DE SÃO PAULO 4.1.3. AS OPERAÇÕES URBANAS E A ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA 4.1.4. O PATRIMÔNIIO INDUSTRIAL ARQUITETÔNICO NO BAIRRO DA MOOCA 4.1.5. AS FÁBRICAS E A FERROVIA 4.1.6. O ABANDONO ATUALDAS ANTIGAS EDIFICAÇÕES FABRIS DA MOOCA E AS POTENCIALIDADES DE REVITALIZAÇÃO
5.
PREMISSAS METODOLÓGICAS 5.1. AS RECOMENDAÇÕES DOS ÓRGÃOS DE PRESERVAÇÃO 5.2. DIRETRIZES GERAIS PARA DESENVOLVIMENTO DE PROJETO EM EDIFÍCIO HISTÓRICO
DA
ARQUITETURA PARA O PRÉ-CONSTRUÍDO: um mercado para os galpões industriais da Mooca
da Mooca
1
REFERÊNCIAS PROJETUAIS 6.1. PUERTO MADERO 6.2. SESC POMPEIA 6.3. MERCADO DE SAN MIGUEL, MADRI 6.4. CARRIAGE WORKS 6.5. CONJUNTO KKKK 6.6. MERCADO MUNICIPAL DE SÃO PAULO
7.
OUTRAS VISÕES DO LUGAR 7.1. INTERVENÇÃO NA MOOCA: REFAZENDO A MARGEM FERROVIARIA DA DIAGONAL SUL 7.2. A PRODUÇÃO DA HABITAÇÃO NO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DA MOOCA 7.3. SISTEMA DE TRANSPORTE DE ALTA CAPACIDADE: PROJETO DE UMA ESTAÇÃO DE METRÔ NO BAIRRO DA MOÓCA 7.4. CENTRO DE ESPORTES E LAZER NA MOOCA-IPIRANGA 7.5. ESPAÇO MUSICAL DA MOOCA 7.6. MEMORIAL REURBANIZAÇÃO MOOCA IPIRANGA 7.7. INTERVENÇÃO NA MOOCA
8.
INTERVENÇÕES PORPOSTAS 8.1. AS DIRETRIZES PROJETUAIS 8.2. PROCESSO DE PROJETO: REFLEXÕES E ESTUDOS 8.3. O PROGRAMA DE NECESSIDADES
8.4. FLUXOGRAMA 9.
BIBLIOGRAFIA
ARQUITETURA PARA O PRÉ-CONSTRUÍDO: um mercado para os galpões industriais da Mooca
6.
2
A pr opo sta de ste t rab al ho re sul ta d e um int ere sse pes so al p el a tem át i ca do p at rim ôn io his tó r ico indu st ria l , e t amb é m pel as int erre laç õe s e ntre per ma nên cia s cu ltur ai s e tr ans f orma çõe s f ís ic as qu e v ê m oc orre ndo no ba irro d a Mo oca – em S ão P aul o – na s ú lt ima s dé c ada s . A ref le xão pr o pos ta ne ss e trab al ho c o nsi st e no de bat e so bre a con str uçã o e a pro du ç ão da c id ade c ont emp or ânea , na qu al o patr imô nio c ult ura l con str uído en ten de - se com o um tema urb ano e não c omo u ma q ues tã o i so lad a. O o b je tivo d es sa p ro p o s ta é a el a bo raç ão de um proj eto pa r a requ alif ica ç ão de um conjunt o de an tigos ed ifí cios indust r iai s co m grand e s ig nif ic ado hi st óri co p ara a r eg ião da M oo ca e que faz em p art e de um im por tan te e ix o de e dif ic açõ es fabr is que se des env ol veu às marge ns da f erro via , e f o i rece nte men te t omba do p e lo D P H – De part ame nto d o P atri môn io Hi st ó ri co d a Pre fe itur a de Sã o Pau lo , t endo , por tan to, um re co nhe ci do va lor arq u ite tôn ic o e cu lt ura l.
Foto 1 e Foto 2 LADO A LADO: O patrimônio industrial e a verticalização iminente no bairro da Mooca Fonte: Acervo Pessoal
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0. APRESENTAÇÃO
3
O cre sc im ent o de sord ena do da s c ida de s, a e sp ecu laç ão i mob il iár ia , as mud anç as d os com port ame nto s, o s no vo s va lor es e est ilo s d e vid a p ode m ger ar impa ct os irre vers ív ei s n o pa tri môni o h is tór ico e cu ltur al das c ida des , p oi s s ão f atore s r esu lt ant es da vi d a da so ci eda de cap ita li st a e glo ba li zad a. Por o utro lad o, a re vi t al iz açã o é o mov ime nto con t rário , po is i ndi ca a re tom ada da s di sc us sõe s so bre preser va ção , con ser va ção e res taur aç ã o do p atr imôn io e, e ss enc ial men te, a pre oc upa ção c om es pa ços e ma ni fes ta ç ões q ue p erm ite m o o lhar , a con vi vê nc ia, o co nhe c imen to e a in ter a ç ão co m v al ores , h is tór ia s, sím bol os e m an ife sta çõ es q ue vi sa m o resgate do patrimônio – de tod a s a s n atur ez as (his tór ic o, cu ltur al , i ndu str ial , e tc .) – par a o s usos contemporâneos . A aná li se h ist óri ca do de s env ol vim ent o d a ci dad e d e São Pau lo mo str a a i nte rrela çã o e ntre s ua es trut u ra ur ban a e o de se nvo lv im ento da via fér rea , q ue n o f in al do sé cu lo XI X re sul tou na c onfor ma ção de c ida de ind ustr ia li zad a a o l on go d e t oda a e xte ns ão do le ito fe rrov iári o. Já em mead os d o s écu lo X X, a t rans form aç ão da S ão Pau l o in d us tri al e m met róp ole pós - ind us tri al – bem com o uma su ces sã o de p la no s dir etor es que aju dara m na form aç ão d e uma c ida de q ue p ri vi l egi a o a uto mó vel em de trim ent o da ut il iz açã o e amp lia çã o do s tr an spor tes púb li co s – comp rome te u a fu nçã o d a rede ferr ov iár ia q ue , e ntra ndo em ob sol es cên ci a p ar cia l, tra ns form ou os es paç os e u so s a el a r ela ci ona d os. No b airr o da Mo oc a nã o foi d if eren te: a mai or c on cen traç ão d e ed if ica çõ es ind ustr ia is dat ada s do iní cio do s écu lo X X l oca li za - se ao lon go d a fa ix a ferr ov iár ia, como é po s sív el obs erv ar na im age m aé rea a se gu i r . A o o cup ar es se s t erren os, as ind úst ria s e arma z éns vo ltar am o s fund os p ara a vi a férr ea – recur so q ue p ermi ti a o re ceb ime nto e es coa men to de pro dut os – e o a ces so prin ci pa l pa sso u a a con te cer p ela s ru as para lel as – com o a a tua l Av en ida Pres id ent e Wi ls o n (an ti ga A lam eda Bav ári a ) e a R ua B orge s de F ig ue ired o.
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1. INTRODUÇÃO
4
5
ARQUITETURA PARA O PRÉ-CONSTRUÍDO: um mercado para os galpões industriais da Mooca
representava a facilidade de abastecimento e escoamento de produtos tonou-se eixo de transporte de passageiros. Fonte: Google Earth / Acervo Pessoal
1.1. OBJETIVO Con si dera ndo carê nc ia
de
a
se rv iço s
nes ta
parte d o bai rro, a pr opo si ção de n ov os u sos c omp a tív ei s com a d in â mi ca co ntem porâ nea da Mo oc a v em a o en co nt ro da s n ece ss id ade s p or ser vi ços de uma área d o ba irro que sofr eu e sv az iam ent o em dec orrên ci a de su a de si n dus tria li za çã o. Te nc ion a - se a prov ei tar ess as ed if ic açõ es par a p r omov er a m elh ori a d as o bso le sce nte s in sta la ç õe s da
Estação
de Trem lo ca l e pa ra a c riaç ão do Mercado da Mooca . Es te T FG tem por ob je ti vo con tri bu ir p ara a re af irma ção do s val ore s d e
memória
para a po pu laç ão r es ide n te e usu ári a d o ba irro da Moo ca, em Sã o Pau lo , por me io da revi ta li za ção d e edi fí cio s f abri s que com põem seu p atri môn io h ist óri co ed if ic a do. O pr oje to propo st o te m c omo dir etri zes pri nc ipa is a re cu pera ção fís ic a e a o cup açã o q ual if ica da de três ant igos galp ões ind ustr iai s , situ ados na Ru a B or ges Figu ei redo , to mbad os pe lo Dep arta men to do Pa t rim ôni o Hi st óri co de Sã o Pa ulo ( D PH - S P) 1, e que atua lmen te enc ontr am - se sub ut il iza do s. A re st aura çã o fí si ca e revi ta li za ção de ste s e dif íci os pe la re tom ada do uso , pos si bi lit ará uma rea l a pr opri açã o d o p atri môn io hi stór ic o ar qui tet ôn ic o por parte de um púb li co amp lo , perm iti nd o que es se s monu men t os se jam p rat icado s e não apen as admi rad os, c ont emp lad os , com o a lg o e xc ep cio na l, f ora d e n os so tem po.
Foto 3: TRECHODO GALPÃO DAINTERCENÇÃO PROPOSTA FachadadaRuaBorges deFigueiredo DPH – O Departamento do Patrimônio Histórico tem sua origem década de 1930. Reformulado, passou a contar com uma estrutura que se mantém até os dias Fonte:na Acervo Pessoal de hoje, composta por três divisões técnicas e uma administrativa. A salvaguarda do patrimônio histórico e cultural, constituído pelos elementos tangíveis que configuram a cidade é competência da Divisão de Preservação. 1
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Infográfico 1: SETORIZAÇÃO NA MOOCA: Concentração de edificações industriais ao longo da via férrea no bairro da Mooca, em São Paulo. O que
6
meio da o cup aç ão, é con t ribu ir par a a pr eser va çã o de va lor es c ul tura is mai s ampl os d es se s gra nde s e spa ço s fabr i s, qu e ho je e stã o oc io sos ou ruin oso s e, port ant o, mu it o vul ner áve is à dem ol içã o e aos pr oce ss os cara ct er íst ic os d a esp ec ul açã o im obi li ária , um a fort e ten dê nci a na re giã o est uda da 2.
Foto 4 – MOOCA, TERRITÓRIO DA ESPECULAÇÃO: Muitas indústrias foram demolidas para dar lugar a grandes conjuntos residenciais verticalizados, que potencializam o adensamento populacional. Na foto, à esquerda, o que sobrou da antiga fábrica da União é preparado para receber um futuro empreendimento imobiliário. Fonte: Acervo Pessoal 2
MOOCA – TERRITÓRIO DA ESPECULAÇÃO: Muitas indústrias demolidas para dar lugar a grandes conjuntos residenciais verticalizados, que potencializam o adensamento populacional. Na foto à direita o que sobrou da antiga fábrica da União é preparado para receber um futuro empreendimento imobiliário. Fonte: Acervo Pessoal
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Re ins erir e ste s an tig os ed ifí ci os in du str iai s no c oti di ano do ba irro , fa zer co m q ue a popu la çã o se rec onh eç a e se ide nti fi que c om e les p or
7
Com o pr oj etar s obre o P R É- CO N STR UÍ D O? A ca rên ci a de áre as d e exp ans ão e d e ser vi ço s em ba irro s pró xim os a os centr os a den sad os d as cid ade s co nte mpo rân eas tem fe it o aume ntar a s in ic ia ti va s de reapr ove it ame nto d e e dif ic açõ es a nti ga s, ma s i sso n em se mpr e resu lt a em obra s ad equ ada s às cara cte rís ti ca s progr amát i cas e for mai s o rigi na is do s edi fí cio s hi stó rico s. O qu e se ob serv a n a ma ior ia da s ve zes , são con fl ito s entr e sua ut il iz aç ão e a na ture za de su a fu nç ão. E ste é um prob lem a co ns tan te n a re giã o es co lh ida p ara est e p roje to d e TFG , na q ua l as con stru çõ es a nt iga s s ão a dapt ada s, sem qua lqu er p la nej ame nto , p a ra o s m ai s d iv ers os us os, o qu e t em gera do amp li aç ões ou rem oçõ es des ca ra cte ri zante s. Os ant ig os ed ifí ci os fa bri s p ode m e de vem s er r e apro vei tad os na v id a d a cid ade . Há de se c ons id e rar q ue mes mo aba ndo na dos , o s ant igo s ed ifí cio s in d u st r iais im p r ess ionam pe la sua arqu itetu ra e im p onênci a na pais agem u r bana. Sob o p ont o de vi sta h ist óri co a impo rtâ nc ia est á n o tes te munh o f ís ic o t ant o d e pr oc ess os ec onô mi co s c omo d e te cn olo gi as e m odo s de con stru ir. Ne ste T F G , o r esp e ito à s pa rti cul ar idad es estét i cas, dim ension ai s, m ate ri ais e h istó ri cas da s c onst ruçõe s fa br is sel e ci onadas se rá a di r et riz d o p ro jet o arq u itetô n ico. A s in ter v enç ões e ade qua çõ es a p r opor d eve rão ser com p atí veis com sua s ca rac ter íst i cas ind us tri ai s e, a o m esm o t emp o, cap a zes de ren ov ar o s e sp aço s , d e m odo a est abe le cer uma r ela çã o re al co m a v i da d o b ai rr o n o s éc ulo X X I , ro mpe ndo a “b arre ira f ís ica ” que , aba n dona do s, os préd io s com p õem en tre a ru a e a li nha do trem ; um mo do de prop orci ona r a in tegr açã o co m a viz in han ça e ace ita çã o do p atr imô nio arqu ite tôn ic o qu e repr ese ntam p or par te d a po pul açã o lo ca l. D es ta fo rma, a propo st a tem com o o bje ti vo c entr al a requ ali fic ação d e á rea s e esp aço s nob re s e mu it o be m l oc al iz ado s n o b air ro, d ev ol ven do - po r me i o da r es taur aç ão - ed if íc io s s ig nif ic at ivo s para a h is tór ia da reg ião n a c ida de de S ão P aul o.
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1.1.1.PREMISSAS
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As c ida des co nte mpor ân eas têm pa ssa do por c ons tan tes mud an ça s em sua di nâm ic a s óc io - e sp aci al , fa to que tem pro mov ido a val ori za ção e amp li ado o deba te d as q ues tõe s ur ba nas . Co mo fo rma d e ad apt açã o a es sa s mu dan ça s, a s di sc us sõe s e a s aç õe s d o u rba ni smo e do p la nej ame nto urb an o v êm t oma ndo um no vo r um o, g anh and o r ele vâ nc ia cr esc ent e n o â mb ito do pa tri môni o a rqu ite tôn ic o. A no ção d e patr imô ni o c ult ural e di fi cad o no Br as i l pas sou p or tran sf orma ç ões e stru tura is t ant o em sua c onc ep ção e re con he cim ent o quan to n o mod o co mo tr atar e ins erir as q ues tõe s den tro d e uma p ers pe c tiv a de pr es erv açã o, b as eado t an to na e xp eri ênc i a nac io nal com o tamb ém a p art ir d e d is cu s sõe s e m â mbi to s int erna ci ona is, qu e r epre se ntam u ma t end ên cia de sd e o s an os 197 0. O q ue at é o m o ment o er a vi sto como ob jet o c ong el ado e apart ado da r ef orma ção d a ci da de p as sa a s er ob s erva do a par tir de um n o vo h ori zon te: o d a p art ic i paç ão a ti va na din âmi ca ur ban a – o p at rim ô n io vi vo , l iga do à s tran sfor ma çõe s hi stó ri cas , env ol ven do d iver so s at ores : us uári os , ge stor es , profi ss io nai s, téc ni cos , et c., c ompr een d er e val ida r a impor tâ nc ia dess es e xemp lar es i ndu s tria is d entr o da tram a urb ana, c omo re gi stro f orma l das tip ol og ias ind ustr ia is . "T rab al har a pre ser va çã o do patr imô ni o é t rab a lhar de sen vo lv ime nto . N ão é sim pl esm ent e pr es ervar um con ju nto de e sta çõe s ferro vi ária s. O mun ic íp io tem qu e dar u m bom u so par a es se s im óv ei s. Pre fere nc ia lme nte , es se uso t em de est ar l iga do a alg um t ipo d e des env ol vi men to p ara o m uni cíp io . Me lhor ai nda se for par a a r egi ão. De se nv olv ime nt o é um a pre rrog at iva do tr aba lh o do IP H A N ", a firm a J osé Rodr ig ues C av al can ti N eto 3, c oord ena dor té cni co do patr imô nio fe rrov iár io do I P HA N – I ns ti tut o d o Pat ri môni o Hi st óri co e Art íst i co Na ci ona l.
1.3.
LINHA DE ESTUDO
A prop os ta des te T F G se g ui uma l inh a d e e stu do rep rese nta do no gráf ic o a s e guir :
3
Cavalcanti ressalta que o trabalho do IPHAN está diretamente relacionado à identidade dos lugares, suas histórias, tradições, comidas, hábitos, praças, ruas e edifícios.
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1.2. JUSTIFICATIVA
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2.1. O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO E URBANO Con st a que a pr ime ira c it açã o doc ume nta l ref eren t e ao ba irro da M ooc a é d e 1556 , qua ndo a gov erna nç a de San to An dré da Bor da do Cam po , com uni ca va q ue to do s esta vam "ob rig ado s a part ic ipar d a con str uç ão da pon te do ri o Tame tea i (Tamand uat eí) 4". Es sa po nte se f az ia ne ce ss ária para a lig aç ão entr e zon a les te e a fr egu es ia ec les iá sti ca da S é. A r eg ião l es te era ha bi t a da pe lo s í nd ios d a t rib o G ua ian a (t up i - gu ara ni), qu e d ei xara m alg uma s mar ca s tr ad ic ion ais no ba irro, in cl us iv e o nome : s egu ndo hi sto ria dor es, o v oc ábu lo é or iun do do Tu pi Guar an i e p os su i dua s v ersõ es , M OO - K A ( ares ame nos , s ec os, sa di os) e MO O - O C A (f az er cas a), e xpre s sõe s us ada s pel os í nd ios d a Tri bo Guar ani para d eno mi nar os pr ime iro s hab it ant es bran cos , qu e ergu ia m su a s ca sas de bar ro. O utr os his tor iad ore s dão com o ce rto a de nom ina çã o é de orig em a si áti ca : MO K A , q ue s ign if ic a va rie dad es de caf é, q ue v in ha a nti gam e nte d a c ida de d e M OC A (Y EM EM) , pe rto do ma r verm elh o. A p art ir da t rans pos i ção do ri o Tam a ndua teí , a cel ero u - se o aden sam en to da ár ea q ue foi gra dua lm ent e in cor po rando - se à ci dad e. Ain da hoj e, mu ito s no mes de ruas do ba irro têm su a ori gem em pal avr as in díge na s: Ja vari , Ta qua ri, Ca ss and oc a, I taq uer i, Arar ib oia , Gu aim bé, T aba j aras , Ca mé, J uat in dib a e outra s. O d es en vol vi men t o urban o da Mo oc a est á ass oc iad o à hi st ória e con ômi ca d e Sã o Pau lo e a s rápi das tra ns form açõ es qu e na s d éca da s f ina is do séc ul o X I X e a prim eir a meta de do séc ul o X X f iz e ram d a c ap ita l p aul is tan a uma gran de metr ópo le ind ustr ia l.
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2. UM BREVE HISTÓRICO DO BAIRRO DA MOOCA
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Sa nto s Jun dia í), as si m c o n he cid a c omo a Ing le sa, l iga ndo S ão P aul o a o p ort o de S ant os ; e , em 18 75, a Es trad a d e Ferr o d o N orte ( o tr ec ho pau li sta da es tra da de ferr o C entr al do Bras i l), li gan do Sã o Pa ulo ao R io de Ja neir o. Al ém da s fer rov ia s, a s me lhor ia s urba na s rea li zad a s a part i r de 1 87 0 com o a inst al açã o do g as ômet ro, das pr ime ira s li nha s de b onde s, ou o i níc io das obra s de san eame nt o da v árz ea e de ab ast ec ime nto de á gu a e es got os tr ou xera m cr esc ime nt o pop ul ac ion al e des env ol vi men to urban o e ind ust ria l à r eg i ão, qu er sej a pel a g ran de di sp oni bi li dad e d e mão - d e- obr a, form ada pr in ci pal ment e p or im igra nte s eur o peu s, quer s ej a pel a f orma çã o d e u m si gni fi cat iv o m erc ado c ons umid or in tern o. Ne st e co nte xto , a s terra s ba ix as ao lo ngo d as vár ze as do T ama ndu ate í apre sen tara m as con di çõ es to p ogr áf ica s i dea is pa ra a imp la nta çã o da e str ada d e ferro S ão Pau lo Ra il wa y, tra ça do s obre te rreno s at é ent ão ign orad os e in sal ubr es, a c ompa nha do s p ela o cup açã o i ndu str ia l e pe la s m orad i as para op erár io s 5. Nas vá r zea s do Tam andu ateí, junto às es taçõ es f er r o viá r ias , ao longo das est rad as de f e rr o, desen volv eu - se em fac e do bai xo p re ço do s te r r e nos e da f aci lida de d e t r anspo rte dos pr odutos , o parq ue indust ri al paul ist ano, consti tuído pr inc ipa lm ente po r em pr esa s d e port e m éd io e pequ ena s oficin as, fab riq ueta s e at eliê s, m uitos del es de ca rát e r dom ésti co. As sim B rás , Bom Ret iro , M ooca , Água B ran ca , Lap a, Ipi ra nga fo ram lot eados e c re sce ram rapid am ent e m ar cados po r um a passa gem d e fa br iquet as , ca seb re s, vil as e c or tiç os. ( ROL NI K, 19 97, p. 78) 6 Já no f ina l do s é cu lo XI X, a pr ese nç a de gra nde s edi fi ca çõe s in dus tri ai s des pert av a a aten çã o e con tras ta va co m as re si d ênc ia s mode sta s e ár ea s d eso cu pada s de seu s arred ore s. A in sta la ção da Fábr ic a d e C erv eja Bav ári a n a M oo ca é um bo m e xem pl o. Qu ando a fábr ic a foi i nau gur a da, p or vo lta de 189 0, os t erren os o cu pado s per ten ci am a uma grand e ch ácar a e o arrua ment o da reg ião c ome ça v a a ser def in ido . Al fre do Mo reir a Pi nto , em tex to d ata do d e 190 1, d es crev e de ta lhe s da ed ifi ca ç ão, o s pr oce ss os de f abri c açã o e a m aqu in aria empr eg ad a. Den tre os inú mero s asp ec to s d a c ida de de Sã o Pa ul o re la ta dos em se u li vro, a fábr ic a po ssu i lug ar de des taq ue. 5 6
RODRIGUEZ, Maria Elizabeth Paez: Radial Leste, Brás e Mooca: diretrizes para requalificação urbana., 2006. ROLNIK, Raquel. A cidade e a lei: legislação, política urbana e territórios na cidade de São Paulo, 2007
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Fator i mpor tan te par a a evo lu ção d a Zona L est e f oi a in sta la çã o de dua s f errov ia s: em 1 868 a São Pau lo R ai lw ay ( Es trad a de ferro
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As ár ea s pró xim as à s fer rovi as f oram pr efer id as p ela s in dús tri as, já qu e o tran spor te da s mat éri as - p rima s e com bu stí ve is i mp ortad os , e era tra zi da par a a Ca s a da Imi gra ção ( hoj e Mus eu do s Imi gran te s). O s o perár io s e sua s fa míl ia s se in st ala va m nas pr ox im ida des d e se us empre go s e im pu ls ion ava m o com érc io lo ca l. As si m com o a co nte ci do e m ou tro s b airr os da c id ad e de São Pau lo , e m 1 91 9 a Mo oc a é c ont emp lad a c om u m pr oj eto de l ote ame nto no s mold es da s ci dad es - jard im , c om p raç as in ter nas e tr aça do vi ári o d e f orma o rg âni ca. Em 193 0, o b airr o já apre sen tav a u m t ec ido urb ano em f in s d e c on sol id açã o, com peq uen a p orç ão de s eus terr eno s a in da por co nstr uir e o re sta nte o cup ado po r s o brado s de al ven ari a, v ila s de ca sa s e m r enq ue e g a lpõ es in du stri ai s de ti jo los co m c obe rt ur a t ip o l an ter nim. O tr aça do viár io já t inh a a s car act erí sti ca s q ue mat em até ho je , i nc lui ndo o s a ce ss os às vi las op erár ia s. No aug e d a ind us tri al iza ç ão, a p rod uçã o d e m ora di as fi cav a a c arg o d a i ni ci ati va pri va da, na for ma d e c asa s un ifam i liar es qu e ser i am col oc ada s à di sp os iç ão d o merc ado par a a lu gue l o u ven da. Na dé ca da de 1 95 0 to da a i nfra - es trut ura bá si ca d e re de s d e e nerg ia, san eame nt o e tran spor te já at end iam a á rea, fa zen do es ca sse ar os ped id os de apr ova çã o d e lot eame nt os, arr uame nt os e pa ss age ns . Muit os d os gra nde s lo te s determ ina do s pel a ocu p açã o ind ust ria l do s écu lo XX a ind a ho je perm ane c em. Me smo na s áre as e m que o des env ol vi men to de outr a s at iv ida des oc as ion ou o desm embr ame nto do s co nj unto s i ndu str ia is e a di vi s ão do s lo te s, po dem ser o bser vad a s sua s cara cte rís ti ca s or ig ina is .
2.2. AS VOCAÇÕ ES DO BAIRRO DA MOOCA Reg iã o de pa ss ado in du st rial , a Moo ca fo i u ma d as área s da c ida de ond e s e con cen trar am o s imi gran t es, em esp ec ia l o s i ta lia n os. E sta prev alê nc ia c ontr ib ui u par a impr im ir cer tas m arc as cara cte rís ti ca s que a in da perma ne cem n a cultu ra d o bairr o: a s fes ta s típ ic as , tai s co mo a Festa de S an Gen n ar o , trad içõ es ga str onô mi ca s , repre sen tad as pe la per m anên ci a d as mu it as ca nt i nas , p iz zar ia s e do cer ia s a e xe mpl o de , doce ria D i Cu n to , a p iz za ri a São Ped ro , a p iz za ri a do Âng elo e o rest au rant e Do n C a rli ni . Atu a lm en te é u m d ist rit o q ue ain da con cent r a algum a s indú st ria s na c idade , m as é p redom ina ntem ente r esi denc ial d e clas se m édia e d e se r viço s. O dis tri to a ind a se di a a Un iver si da de São Jud as Tadeu e a Uni ver si dad e An hem bi M orum bi e o tr adi ci ona l c lub e pau li sta no, o Cl ube At lét ic o J uve ntu s.
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bem co mo a pr od uçã o p ar a fo ra de S ão P au lo dep e ndi a d os tre ns . Es sa s ind ústr ia s u ti li za vam a mão - d e- obr a i mi gran te qu e a por tav a e m Sa nto s
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As si m, d emo nstr an do to d a es sa c ara cter ís ti ca c ont rast ant e, p ode - se e nc ontr ar ain da h oj e mu ito s ca sa rões a nt igo s, com sua s fa cha das resi dên c ias , a ss im co mo d e e stre ita s r ua s, típ ic as d e v elh as c ida des d a Eur op a, a o lad o d e l arg as av eni das .
2.3. AS TRANSFORMAÇÕES E PERSPECTIVAS PARA O BAI RRO Os t ij olo s d e barr o qu e tes temu nh aram p or l ong a s dé cad as a vo ca ção f ab ril d o ba irro da Mo oc a a ind a ev ide nc iam a tra je t ória de ocu paç ão pr edo mi nan tem ente oper ári a do iní c io do sé cu lo X X, atra vé s d e sua s e dif i caç õe s de g rande port e e a in da e m bom e sta do d e con ser va ção f ís ic a. Atu al ment e a at iv ida de i nd ustr i al rep res ent a ap ena s 25 ,2 7 % dos est abe le ci men tos de to da a re giã o da Su bp refe itur a, a trás do c omér c io, co m 4 1,4 %, e do se tor de ser vi ço s, co m 31 ,5 %. Me smo co m e ss a mu dan ça de seu per fi l, alg uma s i ndú st r ia s a in da se m ant êm em ati vi dad e n a M oo ca. Entr e e las d est ac am - se: Alu m íni o Bri lh ant e , fab ri can te de p ane la s; a Ar no , d e e l etrod omé st ic os; e a Ca pri córn io , t êxt ei s, alg uns e xem pl os qu e aj ud am a evo car o pe río do pr edom ina nt emen te fa bri l d o bairr o, qu and o e st e co n tav a com i ndú str ia s que i mpul si on aram o des env ol vi men to lo cal , t ai s c omo o s Arma zé ns Mat a razz o , a T ece la gem Trê s I rmão s , a And rau ss C ia. P aul is ta de Lou ça s e a A lu míni os Fu lgor . Con he cid a
por
ser
um
red uto
de
f amí li as
it al ian as
trad ic ion ai s, q ue ch e gara m a São P aul o en tre os s écu lo s XI X e X X, a Mooc a pass a , hoj e, por um proce sso de reju ven escim ento, t ant o estr utur al q uan to d o per f il d e se us m orad ore s. S egun do d ado s da Su bpre fe itur a
da
Moo ca,
o
ba irro
r egi str ou
um a
qu eda
demo ubpr efe it ura gr áf ic a con si derá ve l na s últ im as déca das e h oj e soma po uc o m ai s d e 6 3 m i l h abi tan te s, dos qu ai s 17 % s ã o i do so s.
Gráfico 1: Mapa de distribuição das atividades do bairro. Fonte: http://portal.prefeitura.sp.gov.br/subprefeituras/spmo/dados/historico/0004
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em vár io s es ti lo s, ad orn ada s de gu ir lan das e ba ixo s re lev os , ob jet o de admi raç ão e e st udo d e nov os ar qui tet os , ao l ad o de mo dern as
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Es ta s fo rte s m uta çõe s te rritor ia is eme rgir am na ci dade pó s- i ndu str ia l, déc ada s. O d ec lín io in dus tria l g erou o es vaz ia men t o de áre as urba na s i nte ira s. També m em S ão P aul o, o terr it óri o me trop ol ita n o tor nou - se dep os itá rio de enorm es
tra ns form aç ões ,
de
ab and ono
e,
p art icu lar men te,
de sp erdí ci o s
urban os to rnar am - s e ev i dent es na fá bri ca urb an a at ua l: zo nas i ndu str ia is sub uti li za das , arm azé ns e depó sit os i nd ustr ia is d es ocu pad os; e di fí cio s ce ntr a is aban don ado s; c orred ore s e pátio s ferro vi ári os e indu str ia is de sa ti vad o s, resí duo s d e a nti ga s ár ea s pro dut i vas , re st and o te rreno s v ago s e d isf un çõe s urban as . Se gun do pe sq ui sa do J orna l da Ta rde : “com seu s 7 qu ilô metr os quadr ado s d e ár ea, e u ma pop ula çã o de ma is de 63 .000 ha bit ant es , é o bai r r o m ais com a ca ra de São Pau lo , s end o qu e as s uas cara ct erí sti c as corre sp ond em e xa tam ent e à m édi a d a cid ade ”. A ss i m, h oje , o tra di ci ona l bair ro é um do s m ai s va lori za dos da zo na le ste pa ul is tan a. Em
d eco rrên ci a,
a
Mooc a ,
atu alm ente ,
p ass a
por
gr and e s
tran sfor ma çõe s e m tod a a sua e xte ns ão , c om des ativ açõe s d e an ti gas indúst ri as,
fá br ica s
e
dem ais
co m ple xos,
dando
luga r
a
no vos
estab ele cim ent os com e r ciai s e im pon ente s con d om ínios res idenc iai s. A Moo ca , b airr o l oc al iz ad o na Zo na Le ste de São Pa ulo , con si der ada o cen tro e xpa nd ido d a c ida d e, ai nda car act eri za - se p e la v oca çã o in dus tri al e pel a inf luê nc ia da i men sa co lô n ia ita li an a qu e a li se in sta lou no iní ci o d o sé cu l o pas sad o, ma s mu it os de ss es asp ec tos tr adi ci ona is m udara m. Sa em as gr and es i ndú str i as e fá bri cas , que f orma r am, por u m sé cul o, o Gráfico 2: A inserção da Região Metropolitana de São Paulo no Estado, a delimitação da cidade de São Paulo, e a localização do bairro da Mooca. Fonte: www.prefeitura.gov.br
hori zon te
da
reg ião ,
e
entram
os
i nve st ime n tos
p esa do s
em
im óv e is
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mai s enf ati ca men te ap ós a reestr utur aç ão da e co nomi a es pac ia l na s últ im as
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resi de n c iai s par a a c la ss e méd ia a lta , co nf irma ndo a muda nça de c enár io d o bair ro . Com is so, nes te novo con te xto , é ne ce ss ário m od ifi car a bairr o. Est im a - se q u e , n o s p ró x im os ano s, 12 .00 0 novo s m orado r es ch eguem à Mooca, d evi do ao p roc e sso de v e rtic ali zaç ão e t oda s as tran sfor ma çõe s q ue o b air ro v em sofr en do. (F EC H A R, LI N KA R C OM A N E C E S SI D AD E do s ser vi ço s).
Fotos 8 e 9: A Mooca hoje.As perspectivas da paisagem urbana e as tendências de verticalização do bairro. Fonte: Acervo Pessoal
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infr aes tru tura e xi ste nte , c omo su perm erc ado s, un iv ersi dad es , r est aur ant es e es tab el ec ime nto s com erc iai s, ad equ and o - a a no va r ea li dad e d o
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Se gui ndo p ela fer rov ia em dir eçã o a San to s, lo go a pós a Ho spe dar ia do s I mi grant es en co ntra mos , h oj e, à e squ erda , o s ant igo s edi fíc io s da S ão Pau lo Al parg ata s, atua lme nt e ocu pad os p el a Uni ver si dad e A nhe mbi M orumb i e, à d ire it a, os ant igo s Ar ma zén s Er ne sto d e Cas tro. Dep oi s de ul tra pas sar o vi ad uto Al câ ntar a Ma cha do, à es querd a en co ntra mos ga lp ões e arma zé ns c om a ce sso pel a R ua Al mei da L i ma; à d ire it a os Arm azé ns P ira ti nin ga e, m ais à f ren te, os ed ifí ci os mai s a nti go s da C omp anh i a A nta rct ic a Pa ul ist a, ori g inar iam ent e Fá bri ca de C erve ja B avá ria , com fa cha da para a A ve ni da Pre si den te W il son . Se gui ndo em fren te, en co ntram - se , à e sq uerd a, u m a ex ten sa su ces sã o de g alp ões co m ac es so pel a Rua B orge s d e F i gue ire d o que se est end em a té a rua S ara puí e o vi adu to Sã o C arl os, in cl uin do os gal põe s da R FF SA ; o ant ig o Mo in ho G amb a e ane xo s; o s Arm azé ns da s Indú str ia s Re uni da s F ran ci sco M atar az zo; o s ga lp ões da C EA G E S P e os da Co oper at iva Ba nco d o Bra si l - con jun to s que se enc ontr am amea çad os . A lé m de sta f aix a de o cu pa ção ind ust ri al ma is den sa, di ver sos est abe le cim ent os ins ta lar am - s e em q uart eir ões ma is a fas tad os da ferro vi a. Den tre as ind ús tria s a fas tad as cu jo s ed if íci os ori gin ai s a ind a h oje exi st em, pod emo s d es ta c ar o co nj unt o i ndu st r ia l do C oto ni fí cio Cre spi , na R ua Ja var i; a tece la gem L abor , na r ua da Mo oca ; uma t ece l agem n a rua Or vi ll e Der by e uma f ábr ica d e pa pel na r ua do Hi pódr omo .(M EN E G UE LL O, 200 7) 7.
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MENEGUELLO, Cristina.
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2.4. P AT RIM ÔN IO H I ST Ó R IC O AR QU IT ETÔ NI CO PR E S ER V A DO N O BA IR RO
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LEGENDA 1 - Tecelagem Labor 2 - 1º Galpão Alpargatas ARQUITETURA PARA O PRÉ-CONSTRUÍDO: um mercado para os galpões industriais da Mooca
3 - 2º Galpão Alpargatas 4 - Metais Shirazi 5 - Tecelagem de Juta 6 - Galpões Copale 7- Cotonifício Crespi 8- Moinho Gamba 9- Galpões RFFSA 10- Cooperativa Banco do Brasil 11- Galpões RFFSA 12- Estação de trem Mooca 13- Distribuidora de bebidas Antártica
17 Imagem 1: Mapa da distribuição do patrimônio preservado ao longo da ferrovia do Bairro da Mooca
Em d ecor rên ci a do pro c ess o de tra ns ferê nc ia da s ati vi dad es i ndu str ia is , e xi st em , no b airr o , mu it os ga lpõ es i ndu str ia is d e vári as dime ns õe s e ti pol o g ias arqu ite tôn ic as , com d iv e rsos uso s e o cup açõ es : uso i ndu str ial , us o lo g íst ic o (dep ós ito de ap oi o ao co mér cio esp ec ial iz ado l oc al), u so para ser vi ço s com o re tíf ic a de pe ça s, r ec ic la gem de mat eri ai s, ofi ci na s m ecâ n ica s e e sta ci ona men to s e tamb ém m ui to s gal põe s o ci os os. Es te pr oje to pr opõ e a reut il iza çã o de sse s ga lpõ es o cio so s ou s ubu ti li zad os p a ra uso s ma is d emo crát i co s com o hi perm erc ado s, g a leri as e os dem ai s ser vi ço s aus ent es na reg iã o. A lg uns d os edi fíc io s in dus tri ai s já for am requ al ifi ca do s pel a in i cia ti va pr iva da e qu e pos s uem ag ora us o edu cac io nal e de e n tret eni ment o, com o é o ca so da Un iver si da de An hem bi Mo rumb i. Os g al põe s e xi ste nte s tê m tip ol ogi as mui to d is ti nt as, var ian do d e s imp le s con stru çõ es a té g ran des ind ústr ia s. A s co ns truç õe s ma i s sim ple s t êm pé - dir ei to ba i xo e ár ea mu it o pe que na, ocup and o to ta l men te p eq ueno s l ote s; j á a s gran de s in dús tri as são g era lme n te im pl ant ada s em gran des t erre nos , port ando f ach ada s de t ijo lo s apare nte s e co bert ura em shed ou l ant ern im par a i lum ina çã o e vent i laç ão. E ssa v ari eda de tip oló gi ca pro porc io na ao bairr o u ma id ent i da de arq uit etô ni ca e u m p ape l imp ortan te den tro da mem óri a pau li st ana .
Foto 10: Concentração de galpões na Rua Borges
Foto 12: Vista interna da plataforma da Estação da Foto 11: Trecho do galpão situado à Rua Borges de
de Figueiredo Fonte: Manoella Rufinoni
Figueiredo Fonte: Acervo Pessoal
Mooca Fonte: www.estacoesferroviarias.com.br
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3. OS G AL PÕ E S D A BO R GE S D E FI GU EI R E DO E A E ST A ÇÃ O F E RR O VI ÁR IA D A M OO C A
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9.1.1. LOCALIZAÇÃO
Bairro da Mooca
Mapa 1: Bairro da Mooca (em destaque) na porção da Zona Leste, mais próxima ao centro de São Paulo. Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo
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9.1. ANÁLISE DE ENTORNO
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A in dú str ia na M oo ca n ão é ape na s uma refer ênc ia d o pa ss ado , co nti nua sen d o um a rea li dad e bas tan te pre sen te no cot i dia no da pop ula çã o. O us o come rc ial e d e ser vi ço s é nota do co m mai or pre sen ç a apen as
n as
pr ox im ida d es
da
Rua
da
Mo oc a,
prin ci pa lmen te à d ire ita da ferro vi a. N as qu adr as para lel as à R ua Bo rge s de Fi gue ire do, su bi ndo a les te, ob ser va - s e o p red omín io d o u so m is to c o m resi dên c ia e al gum as q uadra s com us o m ist o de comé rc io e in dús tri a. Qu anto ma is a lt a a cot a d o terre no,
mai s
o
us o
resi den c ial
se
co nso l id a,
cul min an do c om o u so re sid en cia l v ert ica l ao lon g o da Av en ida Pae s d e Bar ro s. Com
i ss o,
not a - s e
o
se nti do
qu e
a
esp ecu la ção im obi li ári a vem se a prop ria ndo da s edi fi caç õe s aba ndo nad as , ocio sa s e ou e ntra ndo e m des uso p or p art e d as te n dên cia s e d as po lí ti ca s d e reord ena ção ur ban as.
Mapa 2: Bairro da Mooca (em destaque) na porção da Zona Leste, mais próxima ao centro de São Paulo. Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo
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3.1.2. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
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Mapa 3: Mapa das principais vias que cortam a região, fazendo a ligação do bairro da Mooca ao centro. A Mooca representa um importante eixo para ligação com os demais bairros da Zona Leste. Fonte: Google Earth
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3.1.4.VIAS E FLUXOS DA REGIÃO
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O P la no D ire tor é um i ns trume nto emi nen tem ent e pol íti co , cu jo o bj eti vo pre cíp uo de ver á se r o de da r tran spar ên cia e dem ocr ati zar a pol íti ca ur ban a, o u se ja , o plan o dir eto r d e ve s er, a nte s de t udo , um i n st rume nto d e ge stã o dem ocr áti c a da c ida de. Ne ss e se nti d o, é im por tan te sal ie ntar es se s do is as pe cto s do P la no: a tr ans par ênc ia e a p art ic ipa ção de mocr áti ca . A tra ns parê nc i a é um atr ibu to fun dam en tal em q ual qu er pol íti ca p úbl ic a. D es se mo do, um ob je ti vo e ss e nc ia l do pla no d iret or de ve ser o de dar tra ns parê nc ia à p olí ti ca urb ana , na med id a em que e sta é exp li ci tad a num do cume nt o púb li co, em um a l ei. T o rnar pú bl ic as a s d iret ri ze s e pr ior ida des do cr es ci ment o da cid ade , de form a tran sp aren te, para a cr ít ic a e ava li aç ão dos age nte s so cia is , e st a é uma v irtu de bá si ca de u m bom pl an o d iret or. Di ret rize s e pr ior ida des par a o cre sc ime nto e exp ans ão urb ana , semp re exi st iram , com p lan o o u s em p la no, a di fere nç a é q ue com es te in str ume nto est as se tor nam p úbl ic as . O p l an o dire tor dev e t er o pa pe l d e l iv ro d e reg ras no j ogo da c ida d ani a, que at é h oje te m o b ede cid o à l ei do ma is for te . O asp ec to da demo cra ti za ção é f und ame nta l, p oi s s ó ela g aran te a tr an spar ê nci a ne ce ssár ia à s reg ras do jo go. A de mo crat iz aç ão efet iva do p la ne jam ent o se dá p el a part ic ipa ção d a so ci eda de no pro ce ss o, o que , pe lo men os em t es e, é gar a nti do pe la C ons ti tui çã o Fe dera l (no A rti go 29) e , com o s e ver ifi co u, pel o Es tat uto da C id ade . Só a pa rti ci pa ção at iva d as e nti da des repr es ent ati vas da so cie da de n a e lab oraç ão d o p lan o d iret or g arant e s ua leg it im ida de e prop ic i a con di çõe s pa ra s ua e fet iv a imp le men taç ão. Is so faz do z one ame nto urba no o mai s di fu ndi do ins trum ent o urba ní sti co e, t amb ém, o mai s c rit ic ado , tant o p or sua e ven tua l ine fic ác ia, qu ant o p or seu s ef eit os per ver sos (e spe cu la ção im ob il iári a e s egre ga ç ão sóc io - es pac ia l). As pri nc ipa is e str até gi as dos p la nos são : a) pr omo ver mu dan ça s no s pa drõe s de pr odu ção e co ns um o da c ida de, r edu zi ndo c ust os e des perd íc io s e fo men tan d o o de sen vo lv ime nt o d e t ecn olo gi as urb ana s su ste ntá vei s; b) de sen vo lv er e es tim ul ar a a pl ic açã o de in str ume nto s eco nôm ic os no g eren ci am ento d os re cur so s nat urai s vi san do a s ust ent ab il id ade urb ana . S ua for ma m ais tr ad ic ion al é o z one a ment o de us o e ocu paç ão d o so lo , de m atr iz f unc io n al i sta , que pre vê uma s egre gaç ão d e us os – ind us tri al, com erc ia l e r esi den ci al - com m ai or ou menor grau de fle xi bi lid ade . Em ter mo s d e sua i mpl em enta çã o, o zon eam ent o us ualm ent e é d ef ini do em d uas e sca la s: a pri mei ra, d enom ina da de ma cro zo ne amen to, que co ns is te na de lim it a ção da s zon as ur ban a, d e e xpa ns ão urba na, rur al e m acr oz ona s esp ec ia is (ger alm ent e de prot eç ão amb ie nta l) do muni cí pi o. A s egu nda , o z onea men to pro pri ame nte dit o, que i rá es tab ele cer a s norma s de u so e ocu pa ç ão para c ada ma cro zo na, em esp ec ia l da zon a ur ban a, já qu e s obr e a zon a rur al o pod er loc al po ssu i pou ca co mpe tên ci a reg ul atór ia .
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3.1. 5. A L E GI SL A ÇÃ O I N CI D ENT E
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O zo neam en to de uso e o cup açã o do sol o co ns is te no ord ena men to do uso d a propr ie dad e do s ol o e d as ed if ic açõ es , bem com o de su a sej a, a d iv is ão da c ida de em z ona s, de a cord o com as cat egor ia s de uso s e a t iv ida des , é ad ota da pe la maio r p arte da s ci dad es b rasi le ira s. O zon eame n to ur ban o, de sde s ua ori gem , cara cte ri za - s e com o um in stru men to d e so lu ção de c onf li to s d e u so do s ol o, na di sp uta por esp aço entr e in di víd uo s e empre sa s cu ja vi zin han ç a pod e ser ex clu den te, c omo um hos pi ta l e um a c asa d e di ver sã o not urn a. Es sa sit ua ção en v ol ve o utro pro ce ss o, t ambé m c onf li tuo so, de di s puta ent re u ma a lo ca ção “n atu ral ” da s f unç õe s urb ana s, m edi ada pe la lóg ic a do m erca do, e uma a çã o de reg ul açã o a loc at iva “art if ic ia l ”, m ed ia da pe la ló gi ca do p oder púb li co, que , em te se, é o in tere ss e c ol eti v o ou , como de fin e a Con st itu iç ão F ed era l e o Es tat uto d a C ida de, a f un ção s oc ia l da c ida de e da propr ied ade ur ban a. N o c erne de ss es c onf l ito s, e st ão os pr obl ema s dif uso s d ecor ren tes do proc es so d e urb an iza çã o , com o po lu iç ão, des as t res am bi ent ai s (en ch ent es , d es li zam en tos et c.), degra da ção do patr imô nio , p rob lem as de san eame nt o, tráf ego , v io lê nci a ur ban a, en tre outr os . Co m rel ação à ár ea e st u d ada, a r egu lam ent aç ão sobre o us o e oc upa çã o do so lo e o zon eame nt o inc ide nte cara ct eri zam - s e pel a alt ernâ nc ia da s Z o nas Z 3 e Z 4 (uso m is to d e méd i a e alt a de ns ida de de mog ráfi ca) e Z 2 (res id enc ia l de ba ix a den si dad e dem o gráf ica ). A área tamb ém ap res en ta a d eli m itaç ão de Z UP I, Zona de U so P red om ina ntem e nte Indu st ria l def in ida p or Le i E sta dua l, o qu e d e ce rt a fo rm a favo rec eu a p e rm an ên cia d as in d ú s tr ia s na regi ão . Toda a áre a en vo ltór ia a o edi fí cio de e stu do a pre s enta bai xa s de ns ida de s o que d emo nstr a alt o p ote nc ial c on stru ti vo. Tais qu est õe s c onf igu ram o pon to cen tra l da di sc us s ão da ord ena çã o do terr it ório : a d is pu ta e ntr e os in tere sse s pr i vad os ( de pr o dutor es e con sum ido res ) e os in ter ess es p úbl ic os (e fe ito s ag regad os , so ci ai s e amb ien tai s). O z one ame nto t orna - se, a ss im, u m in stru men t o ambí guo , ora defe nde ndo o in tere ss e d a co let iv id ade , or a d efe nde ndo in tere ss es de ste s o u daqu el es gru pos de c ons u mido res ou pr odu tore s. O z one ame nto Z E P E C – Z ona s Es pec ia is de Pr es erv açã o C ul tura l - de lim it a ár ea d e i nter es se cu ltu ral , i móve is to mba do s, p or e xe mplo , e perm ite o re ss arc im ent o f i nan ceir o a os pro pri etár io s de á rea s pr es erv ada s a tr avé s d a tr ans fer ênc ia do dire ito de co ns tru ir. Um d os g al põe s d o obj eto de e stu do, o G al pã o 1, f oi tom bad o pe lo p atr imôn io atra vé s da aç ão d o CO N PR E S P – Co ns el ho d e De fe sa d o P atr imô ni o H i stór ic o de S ão Pa ulo 8, q ue as si m re so lv e:
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CONPRESP – Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo – foi citado pela Lei nº 10.032, de 27 de dezembro de 1985, como um órgão colegiado de assessoramento cultural ligado à estrutura da Secretaria Municipal de Cultura.
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den sid ade de oc upa çã o, n as z on as urb ana s e de ex pan são urb ana do mun ic í pio . O mod el o tr ad ic ion al de z one ame nto de ca rát er fun ci ona l, ou
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Art ig o 1º - T OM B A R o c o nju nto das ed ifi ca çõ es loc ali za das no p erím etr o for mado pel a R ua Bo rge s de Figu eir edo , R ua M ons enh or Jo ão Fe li po, 1. An tig as O fi cin a s da Soc ied ade A nôn im a Cas a Va n orden , sit ua da na r ua Mon sen hor Jo ão F el ipo nº 01 , com as s egu int es di retr iz e s: a) Pr es erva çã o in te gral d o con ju nto de d eze ss et e gal põe s mo dul are s qu e f azem fre nte p ara a rua B orge s de F igu eir edo e do anti go escr it óri o n a e sq u ina da rua Bor ge s de Fi gue ire do com rua Mo nse nho r J oã o Fe lip o, in cl uin do os r e mane sc ent es de se u s is t ema con str ut ivo , como e stru tur as, te so ura s , c ober tura s, al ve nar ias , e nva sad ura s e c ai xi lho s. 2. A nt igo con jun to Gr an d es Mo inh os M in ett i Ga mb a, (S eto r 028 , Qu adra 04 6, Lot e 01 34), área sit ua da na ru a B orge s de F ig u eire do n ° 300, c om as se gui nte s dir etri ze s: a) Pre ser va ção do s gal põ es vo lta do s p ara a ferr ov ia ( ed ifí ci o 2 a), be m com o do s pré dio s fabr is s it ua dos na fa ix a cen tra l do t erren o, corre sp ond end o ao an t ig o conj unt o das f ábri ca s de óle o, sa bão e g li ceri na (e dif íc io 2b) , inc lu ind o os re mane sc ent es de s eu s is te ma con str uti vo , como e stru tur as, te so ura s , c ober tura s, al ve nar ias , e nva sad ura s e c ai xi lho s; 3. Ant ig o c onj unt o Gran d es M oin ho s M ine tti Ga mb a (S et or 02 8, Qua dra 046 , Lo te 0 112) , ár ea si tua d a na r ua Bo rge s d e Fi gue ired o n ° 510, c om as se gui nte s dir etri ze s: a) Pres erv aç ão int egra l d os d oi s a grup ame nto s d e arma zén s v ol tad os para a ferro vi a, car act eri za dos pel os edi fí cio s 3a e ed ifí cio s 3 b, con form e d ese nh o an ex o; do pr éd io do ant igo mo in h o de tr igo (ed if íc io 3c), s i tuad o n a f ai xa ce ntra l d o lot e, alé m d os pré dio s do ant igo mo in h o de arro z (ed if íc io 3 d), da cas a do g uard a (ed if íc io 3e) e a lgu mas outr as con stru çõe s s it uad as n o al inh amen to c om a Rua Bor ge s de Fi gue ire do (edi fíc io 3f) , inc lu in do os r eman es cen te s d e s eu si st ema con str ut ivo , com o e st rutur as, te so ura s, cob ert u ras, al ve nar ias , e nv a s adur as e c ai xi lho s; b) Pre ser vaç ão do es pa ço de sco bert o cen tra l d o lot e (3g ), in clu in do: b.1. A ár ea de perm eab il id ade que c ons ti tui a at ual á rea verd e e o s e lem ent os arbór eos de ma ior por te; b.2. As mar ca s re man es ce nte s d a l oc al iza çã o d os an tig os si lo s d e t rig o b em co mo o s e le va dore s e o utro s equ ip ame nto s ind ust ria is . 4. A nt igo con ju nto de ga lp ões e arma zé ns, si tua do n a Ru a B orge s d e Fig ue ire do n ° 964 a 10 04 ( Set or 0 28, Q uad ra 04 6, L ote 012 9), e n ° 1030 a 108 4 ( Se tor 02 8, Q uadra 04 6, Lo te 013 0) c o m as s egu in tes d iretr iz es : a) Pre ser vaç ão de tod o o agrup ame nto de ga lp õe s vol tad o p ara a ferro vi a ( e dif íc io 4a), par a q ue per m ane ça con st itu in do o con t ínuo de arma zén s, in clu in do o s r eman es cen te s da s f ach a das de a lv enar ia e do seu si ste ma con str uti vo , com o es tru tura s, te s our as, cob ert uras , alv enar ia s, en va sad ura s e ca ix il hos ;
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Av en ida Pres id ent e Wi ls o n e V iad uto São C arl os , b airro da Mo oc a, Su bpr efe it uras da Mo oca e da S é, a seg uir id ent if ic ada s:
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b) Pr ese rva çã o in tegr al d os qu atr o ga lpõ es sit uad os ao la do do lot e 00 57 (edi fíc io 4b), in clu in do o s reman es cen te s da s fa ch ada s de 5. An ti go co nju nto d e d e pós ito s para c afé , pos ter i ormen te per t en cen te s à C EA G E S P, s itu ado na ru a Borg es de Fi gu eire do n ° 1 098 a 1250 ( Set or 0 28, Q uadr a 0 46, Lot es 00 57 a 0 069) , c om a s seg ui nte s d ire tri ze s : a) Pr es erv açã o d e to do o con jun to d os do ze g alp õe s mo dul are s (ed if íc io 5) , em s ua c onf orma çã o un it á ria or ig ina l, in cl uin do estr utura s, tes oura s, co bert ura s, al ve nari as, en va sa dura s e c ai xi lho s; 6. A nt igo con ju nto So ci ed ade Té cn ic a Br eme n s is e Sc hmi dt Tro st , si tua do n a R u a B orge s de F ig ueir edo n ° 12 94 e 1 358 ( S et or 028 , Qua dra 046 , L ote 00 70), c om a s seg ui nte s d ire t ri ze s : a) Pre serv ar t od o o co nju nto com fa ce s p ara a f err ovi a e par a a R ua Bor ge s de F igu eir edo for mad o p or c in co b lo co s c on tíg uos cen tra is (edi fíc io s 6a e 6 b), a lém da port ari a e da c as a qu e con fig ura a e ntra da do con jun to (e dif íc io 6 c), i nc lui ndo o s rem a ne sc ent es de se u si ste ma con stru ti vo , c omo e stru tur as, te sour as , cob ertur as , alv enar ia s, en va sad ura s e ca ix il hos ; 7. Con ju nto de ar maz én s da a nt iga São Pau lo R ai l wa y, si tua do ao la do da Es ta ção da Mo oc a, na av eni da Pr es ide nte Wi ls on n° 100 9 (Se tor 028 , Qua dra 046 , L ote 007 4), co m a s seg ui nt es dire tri ze s: a) Pre ser va ção do co nj unt o forma do p elo s trê s ga lp ões d is pos to s par ale la men te à l inh a do tre m (ed ifí ci o 7a), in cl ui ndo o s rem ane s cen tes de seu s ist ema c ons tru ti v o, como e stru tur as, te so ur as, co bert ura s, al v e nari as , en va sad ura s e c ai xi lho s; b) Pre ser vaç ão do es pa ço que c onf orma a pra ça de ace ss o à es ta ção de tre m (esp aço 7 b), nas s ua s c ar act erís ti ca s a tua is ; c) Pre ser va ção do s e qu ipa ment os de ap oio da fer rov ia di spo sto s den tro do terr eno ( es pa ço 7c). Art ig o 2 º - O g aba rit o má xim o per mit id o par a no va s co nstr uç õe s, ref orm as ou amp li aç õe s den tro d os lim ite s do s l ote s to mba d os s erá def ini do c aso a cas o, de s de que n ão e xce da o l im it e máx imo d e até 2 5 (vi nte e cin co) me tros d e al tura , de man eir a a mant er as refer ênc ia s na pai sag em ta nto d as c ham i nés re man es cen te s, qu ant o das c on stru çõ es to mba d as de m aior p ort e, ta l co m o o moi nho d e tri go do s a nti gos Gran de s Moin ho s M ine tt i Gamb a. Par ágra fo Pr ime iro - F i ca def ini da com o d iret ri z de pres erv açã o a in tegr id ade , em tod os os lot es , d os con jun to s ar qui tet ôn ico s o nde se sit ua vam as d oc as d e em barqu e e d es emb arqu e de merc ador ia s, b em como o s ram ai s ferr ov iár io s em c ota inf eri or, pr oc ede ndo e ven tua lme nte a sua rec up eraç ão e r emo çã o de c ons tru çõe s ane xad a s e mur os que c erc am a v i a fér rea do s con jun to s ind ustr ia is. Par ágra fo S egu ndo - F ic a def ini da co mo dire tri z ger al de pres erv aç ão, em qu a lqu er i nte rve nç ão no s l ote s, o re spe it o à c arac ter íst i ca de con jun to de sta s u ni dad es fabr is e d e arma zen ame nt o, b em com o d a vol ume tri a ad equ ad a à amb iê nc ia d e to do o con jun to arq uit et ôni co tom bad o.
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alv enar ia e do se u s is tem a c ons trut i vo, co mo es trut uras , t eso ura s, co bert ura s , a lve nar ia s, env as adur as e c ai xi lho s;
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alt ura, var ian do d e 8 a 10 andar es e , co m i sso , “pr eju di cou ” os i nv es t im ent o s da s co nst rut ora s na s re giõ es a dja ce nte s. O C ON P RE S P a dm ite a pres são da s co ns trut ora s para a lt erar a s reg ras . " O ped ido d e re vi são é al go q ue nã o fo ge à n orma li dad e. É nat ura l qu e ha ja p edi dos d e re vi são , mas nó s a in da não apr ov a mos nen hum a m uda nç a" , pond era Jo sé E dua rdo de As si s Lef èvr e, pre sid ent e do CO N PR E S P. De z m ese s apó s tom bar o s g alp õe s ind ust ria is d a M ooc a, na zo na le ste da c a pit al pau l ist a, e de li mit ar a a ltur a d os pré di os no en torno , o CO N PR E S P d ev erá v ol ta r atrá s na ú lt ima det erm ina ção . Est udo que prop õe au men tar o g ab arit o dos f utu ros ed ifí ci os é ela bora do p elo Dep arta men to do P atr imô n io Hi st óri co, a ped id o d as con stru tor as que s e sen tir am pr ej udi ca das c om o t o mbam ent o. Em j ul ho do ano p as sad o, numa s es são tumu lt uad a do C ON P R E S P, o me s m o D PH pr opô s o t omb amen t o de se te c on jun to s de ga l põe s da Mooc a, a c ome çar pe los dos Moi nho s Gam ba, que dat am d e 19 09 a 19 38. Os préd io s d a reg iã o f ica ram l im ita do s a alt ura de 25 m etro s (o it o andar es) e 3 0 me tros (de z andar es) , d epe nde ndo da loc al iz aç ão em rel aç ão a os i mó vei s h is tór ico s (M a pa 35) . Con stru tor as est ã o pl eit ean do que os préd io s p os sam ter at é 20 a ndar es na reg iã o.
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Es se t omba men to fo i que sti ona do, p oi s a leg is la çã o que rec ai s obre o pa tri môni o perm it e a con stru ç ão de ed ifi ca çõ es co m li mite d e
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Fonte: http://www.cidades.gov.br/secretarias-nacionais/programas-urbanos/Imprensa/reabilitacao-de-areas-urbanas-centrais/noticias2008/fevereiro/conpresp-vai-rever-areas-
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Mapa 4: Mapa referente à Rua Borges de Figueiredo, local do objeto estudado.
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abandono dos galpões e as medidas que (não) vêm sendo tomadas na região.
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Recorte 1: Recorte de Jornal: Reportagem sobre o
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3.2. O CONJUNTO FABRIL DA BORGES DE FIGUEIREDO
Infográfico 1: Infográfico indicativo da oferta de infraestrutura de serviços e comércio do Bairro e do Centro.
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3.2.1. ANÁLISE DA SITUAÇÃO DO CONJUNTO FABRIL: AS DEFICIÊNCIAS E POTENCIALIDADES DO CONJUNTO
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As e dif ic aç ões e sc olh id as fo co do pro jet o des te TF G e stã o lo cal i zad as na es qui na da Ru a Bo rge s d e Figu eir edo c om a Rua Mo nse nhor Feli ppo , p ont o de gran de des taq ue p ara q uem tra fe ga pe la Ru a, t end o um a v i sta pri vi leg ia da d a ed if ic a ção . Alé m de ss a pe rsp ec ti va, os edi fí cio s perme iam o ac es so à e st a ção F erro vi ári a d a M oo ca, lo ca li z ad a a os fu ndo s d as ed ifi ca çõe s.
Mosaico 1: Mosaico representativo da disposição dos galpões em estudo, bem como da estação ferroviária da Mooca. Fonte: Google Earth / Acervo pessoal
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3.2.2. A ESCOLHA DOS EDIFÍCIOS DA RUA BORGES DE FIGUEIREDO X RUA MOSNENHO R FELIPPO
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O C omp le xo e dif ic ado em est udo é c ompo st o por tr ês a nti go s ed if íc ios do pe ríodo in du stri al do b airr o e en con tra - se e m bo m es t ado d e Os g alp õe s for am , i ni ci al ment e , de propr ie dad e da Red e Ferro vi ári a Fed eral S. A. – RFF S A, p orém co m sua e xt in ção – em 22 d e jan eir o de 200 7 –, se us b en s imó vei s nã o - op era cio na is fo r am tran sf erid os p ara a U niã o, o qu e trou xe um n o vo e eno rme de sa fi o para a Secr eta ria d e Pa trim ôn io d a U ni ão – S P U –, aca rret and o u m a açã o in éd ita no â mbi to d o Go vern o Fe dera l, ten d o em v i sta o vo lu me d e ben s a s erem vi stor ia dos , a va li ado s, reg ular iz ado s, in cor pora do s e fi nal men te de sti nad os pe l o órg ão co ns ider and o a v o caç ão es pec íf ica d e c ada um d ele s. Al ém do imp erat iv o leg al, inc lu si ve da ex igê nc ia de ali ena çã o d e pa rte do s i m óve is par a f in s de pa gam e nto de des pe sas pro ve ni e nte s da entã o RFF S A, nort ei a a a tua ção d a S P U o re co nhe cim ent o de q ue a i nc orpo raçã o do s ben s i móv ei s n ão op erac io nai s de s sa e x tin ta em pre sa deter mi nará o (re) a p rov ei tame nto de u m patr imô ni o de todo s os bra si le iro s, c aben do de sta car , no ca mp o soc ia l, a pos s ibi li dad e d e dest in açã o a progr ama s de re gu lar iza ç ão fu ndi ári a e pro vi sã o h abi tac io nal de i nter es se soc ia l, a p rogr ama s de r eab il ita ção de ár eas urba nas cen tra is, a si stem as de c irc ul açã o e t rans port e, as si m c omo a p roje tos de pr ese rva çã o d a mem ória f erro viár ia e de i mpla nta çã o d e ór gão s púb li cos . Lev ant ame nto s f eit os no Arq ui vo H ist óri co do D epart ame nto do P atr imô n io Hi stór ic o – D P H – ap onta m qu e e ss es imó ve i s for am con stru ído s e m 19 09, pe la So ci eda de An ôn ima Ca sa Va nord en, pro pri etár ia da que le l ote na épo ca , c om proj eto arqu it etô ni co f ei to pel o arq ui tet o Jorg e Kr ug. A co ns tru ção que c onf igur av a a es qui na teria a bri gad o prim eir ame nte o s es crit óri os a dmi ni st rati v o s da em pre sa, a o qu e pare ce um a ind ústr ia gr áf ica , edi tor a ou li gad a à fabr ic açã o de papel . E ss a prim eir a con stru ção a ss obr ada da fo i f eit a con com it ant eme nte c om os ga lpõ es que lhe da vam se qüê nc ia na f ace vo lt ada par a a an tig a a lam eda T aub até . Tr a tav a - se d e um con ju nto d e de z g alp õe s c om cer ca de 6 metr os de alt ura e mo du laç ão h ori z onta l be m dem arc ada a cad a 4,5 m etro s. Po uco tempo d epo is , em 1 911 , todo o con ju nto p as so u por al gum as modi fi ca çõe s. F o i a mp lia d o o im óv el da e squ ina , u ma con str uçã o de do is pa vi m ent os or igi na lme nte m uit o e str eit a e a lo nga da, abs orve nd o - se para tan to, do is mó du los da s eq üên ci a d e g alp õe s exi st ent es na fa ce vo lta d a par a a a lame da Tau bat é. Com i sso , a áre a d o im óve l d a e sq uin a trip li cou , p oi s p as so u de 4 ,5 m de lar gur a po r 2 0 m de p r ofu nd ida de, par a 1 3, 5 m de larg ura pe lo s me s mos 20 m d e pr ofu nd ida de . Ao q ue par ece a amp lia çã o man tev e as mesm as cara cte rís ti ca s co nstr uti va s e arq ui tet ôni ca s do im óv el i ni ci al, ou s ej a, do is p av ime nto s, fe it os em alv ena ria d e tij ol os ap aren tes , com p il a str as bem e vi den ci ada s quebr and o os pl ano s con t ínuo s nas f ach ada s vo lta das par a a s dua s r ua s. A s e nva sa dura s apre sen tam co mpo si çõ es dif eren ci ada s no pav im ent o tér reo e no and ar sup eri or, e mbo ra tod as se jam ar remat ada s com e squ adr ia s d e m ade ira . O empre go d e p la tib and as p or toda a e xt ens ão da s fa cha das n ão per mi te ver , no ní vel d o so lo, a c obe rt ura de te lh as fra nc es as, dis tri buí da s por quatr o águ as . Um a vi st a aérea d a co bert ura re ve la que os d oi s mód ulo s an e xad os po st eri orme nte e stã o sob u m úni co t elh ad o d e quatr o ág uas , dis ti nto do an ter ior, po ré m co m a me sm a s ol uç ão de pl ati ban da s d aqu el e i nic ia l. Co nf igur a - s e a ss i m, n o t odo , u m imó ve l d e c ara cter íst ic as
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con ser va ção .
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arqu ite tôn ic as uni form es , de pl an ta aq ua drad ada , c ujo vo lume se apro xi ma a o de u ma f igur a c úbi ca . E sse v o lum e de apar ên cia comp ac ta, su ja temp o, uma f ina li za ção p a ra a per sp ec ti va de qu em vir ia da rua da M ooc a r um o à Est aç ão pa ssa ndo p el a an ti ga rua de O li ve ira , t rech o ini ci al da atua l Bo rge s d e F igu eir ed o. T a l per spe ct iva s e m ant ém. Qua nto aos ga lpõ es fabr is que se e nco ntr am na se q üên cia im edi ata do imó ve l que con fig ura a es qu ina , a co nsu lt a ao s pr oje to s or igi na is ind ic a q ue em 19 09, h av ia m s ido f eit os de z ga lpõ es com es tru tura mo du lar de 4,5 m por 6, 30 m, e que n a re form a d e 191 1, do is d ess es ga lp ões foram abs orv id os p ara a a mpl iaç ão d o im óv el d a es qui na. F oram e ntã o c ons tr uído s, n es sa o ca si ão, m ai s no ve g alp õe s id ênt ic o s aos a nte rior es , ocu pan do tod a a fa ce vo lt ada para a Ru a Bor ge s d e Fig uei red o, num a e xte ns ã o de 90 me tro s. O resu lt ado q ue se vê ai n da hoj e é um co nj unt o uni forme d e dez es se te ga lpõ es mod ul ado s a ca da 4, 5 metro s, c om cer ca d e 6,5 metro s de a ltu ra, harm on i o so e muit o e le gan te. P ode - se diz er q ue se trat a m esm o de u m
belo exemplar da arquitetura fabril do final do
século XIX q ue a den tr a pe lo s éc ulo X X . D is ti n gue - se n a pa is age m da r ua pe la ext rema hor iz ont ali dad e da se qüê nc ia, as sim com o pe lo des enh o c ont ínu o e d ent e ado da co bert ura, re su lta n te d o e mpre go de sh ed s c omo so lu ção par a i lu min ar o e sp aço i nter no. 9
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DPH – Estudo de entorno da estação da Mooca e área envoltória
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alt ura e st á em torn o d e 11 metro s p ara uma lar gura de c erc a de 13, 5 me tro s, pas sou a d emar car , de sd e 1911 , a esq ui na, co ns trui ndo, ao m es mo
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3.3.1. HISTÓRICO DA ESTAÇÃO A Sã o Pa ul o Rai l way - S P R o u p opu lar men te "I ngl e za" – fo i a pr ime ira es tra da de fe rro c on stru ída e m s olo pa ul is ta. C on stru ída entre 1 862 e 18 67 por i n ves ti dore s ing le ses , ti nha i ni cia lm en te com o um de s eus m ai ores a ci oni st as o B arã o de Mau á. Lig and o Ju nd iaí a S ant o s, tra ns port ou d uran te m uit os a nos - até a dé ca da de 3 0, quan do a S oro cab ana abr i u a Ma iri nqu e - San to s - o caf é e o utra s m erca dor ia s , al ém d e pas sag eir os de form a mo n opo lís ti ca do int eri or p ara o po rto , s end o um v erda d eiro fu ni l que atr av es sa va a c ida d e de S ão Pau lo d e nort e a sul . E m 194 6, c om o fin al da con ce ssã o go vern ame nta l , pas sou a pert en cer à U niã o sob o nom e de E. F . Sa nto s Jun dia í ( EF S J). Vá ria s uni dad es do perí odo an t erior , ina deq uad as para as no vas dema nda s o per ac ion ai s e i nco mpa tí vei s com os no vos c onc ei tos ad ota dos pe l a comp anh ia fo ram de mol i das e r ec on stru ída s. T am bé m f oram i mpl ant ad as nov as est açõ es . As si m, a EF SJ impr im iu em es taç õe s com o Ip iran ga, Pir itu ba, Lap a e Moo ca, entre o utr as, u m es ti lo arq uit etô ni co ni ti dam ent e mo dern ist a, c om mu ita s ref er ênc ia s da arqu ite tura pau li sta ado ta da em e di fíc io s do s an os 50. B as i came nte , c arac t eriz am - se por li nha s geo métr ic as s i mple s, c om es trut ura s d e con cret o arma do e al ven ar ia, se mpr e reve st ida s com pa st il has ( de vidr o o u cerâ mi ca s, ca so da E sta çã o Mo oc a).
Foto 13: Fachada da Estação da Mooca Fonte: www.estacoesferroviarias.com.br
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3.3. A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA
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Mooca
pa ss ou
a
ate n der
ao
s erv iç o
de
tre ns
metro po lit ano s que c irc ul am p ela re giã o. S it uad a entre a Av en ida Pre si den te W il so n e a Ru a B orge s de Fig u eire do, a es taç ão t em e ntr e o s v iz inh os ant iga s f ábr i cas e arma zén s, al gun s em at iv i dade , com o f ábr ic a d e plá sti co s, ou es pa ço d e Eve nto s, no an tig o G alp ão d o Moin ho Gamb a. Ao fu ndo , as cham in és da f ábr ic a da Cia. An tar cti ca
d ão
c erto
cl ima
de
no sta lg ia,
p or
onde
embar cam to dos os di as , por v ol ta d e 6 ,2 m i l us uár ios , seg und o d ado s da C PT M. A es taç ão ta mbém já se enc ontr a
p arc ia lme nte
ace ss ib il ida de,
c om
ada pta da
b anhe iro
pa ra
em
t erm os
de
port ado r es
de
nec es sid ade s es pe ci ai s. En tret ant o, o a ces so à e sta ção ain da Foto 14: Vista da Estação da Mooca a partir da Av. Presidente Wilson. Fonte: www.estacoesferroviarias.com.br
é
d es loc ado ,
se ndo
efe tua do
por
um
portã o
loc al iz ado n o fi na l da R ua sem sa ída Mon sen hor J o ão Fel ip po, perpe nd ic ular à Ru a Bor g es de F igu eir edo .
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Com a cr ia ção da empr e sa, em 1 992 a Esta ção
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4 .1. O P AT RIM Ô NI O HI ST ÓRI C O I N DU ST RI AL 4.1. .1. A PR E S E R VA Ç ÃO DO P AT RIM Ô NIO I ND U ST RI AL: UM D E BAT E I NT ER NA CI ON AL Os e stu do s so bre o p atr i môni o in du str ial al can çam cada ve z ma is i mpor tân ci a e rel evâ nc ia e m âmb it o int erna ci ona l, or gan i zan d o - se e m torno de c ongr es so s e s e este nde ndo às Un iver s id ade s e órg ão s de pr es erv açã o. Em 19 78, por o ca si ão do I II Con gre sso Int er nac ion al p ara Con ser va ção do s M onu me nto s I ndu str ia is em E sto c olmo , Su éc ia, fo i cri ado o The Int ern ac ion al Co mi te e for C on ser vat ion of In d ustr ia l Her ita ge (TIC CI H) , or gan is mo qu e obj eti va pr omo ver a a ti vi d ade de ntr o da áre a da pr eser va ção , co nse rva çã o, l oca li za ção , do cum ent açã o e val ori za ção do p atr imô nio i ndu str ia l. Na m ai ori a d os paí se s o nde a i ndu str ia li za ção ex erce u gr and e i nf luê nc ia em s ua con fi gura çã o e f orma ção cu lt ural da s cid ade s, a con sc iên ci a da nec es si da de e m pr es erv ar a me m ória de s ua hi stór ia e c ult ura, atr av és do s e di fí cio s fabr is v em gan han d o de st aqu e. Na pers pec ti va da rev al ori za ção , o T I CC IH , d uran te a Co nfer ên cia d e 2 003 , re ali za da na Rú ss ia (Mo sc o u e N izh ny Tag il) ap rov ou a Cart a p ara o Pa trim ôn io I ndu str ia l: a Ca rta d e Niz hny T agil . Ne sse me smo ano , e m S ão Pau lo , fo i f orma do o Com it ê B r asi lei ro de P re se rv ação d o Pat r im ônio In d u st ria l , re pres ent ant e ofi ci al j unt o a o TIC CI H , qu e bus ca re un ir e orga ni zar in ic ia ti va s rela ci ona das a o tem a in ser ind o, as si m, o Bra si l na di scu ss ão in tern aci ona l de cat al oga çã o e pres erv açã o d a m emór ia i ndu stri al , q ue in cl ui ben s mater ia is e ima ter ia is.
Foto 15: Masson Mill Deryshire
Foto 16: The Wolkigen Ironworks Museum
Foto 17: Textile Museum
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4.0. I NT R O DUZ IN D O CO N C EIT OS: R efl exõe s so br e o p roc esso de ( des) ind ustr ial iz ação da s c idade s
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Se gun do a Car ta de N izh ny T ag il 10, o pa trim ôn io in dus tria l r epr ese nta o te st emun ho de at iv ida de s q u e t ive ram e que tê m prof undo s propo rc ion a nd o- l he det er mina da s car act erí st ica s, i mprim in do id ent id ade pr ó pria e c ons ol id and o os p rinc íp io s pres erv ac ion is ta s expr es so s na Cart a de Ve nez a 11, de 196 4. A Car ta de Ni zh ny Ta gil des ta ca, a in da, a im p ortâ nci a da i den ti fi caç ão, da r eal iza ção de invent ár ios , d an do rele vân c ia ao s est ud os de leva nta men to de c amp o, cad astr o e aná li se p ara o recon hec im ent o das t ip ol ogi as i ndu str ia is s ign if ic at iva s par a c ad a paí s, r egi ão ou c ida de est udad a. Por m uit o tem po no Bra si l perd urou a n oçã o do mo nume nto i so lad o, de ntr o do ente ndi men to e re con he cim ent o do pa trim ôn io, d e sde a cria çã o d a leg i sla çã o f ede ral – na dé cad a d e 30, at é o fi m da dé cad a d e 60 – de sart ic ul ado s de pl ano s gera is e até m esm o d a pr ópri a d in âmi ca da ci dad e. F o i s omen te com d ocu men to s in tern ac ion ai s e co m a di sc us sã o do co nc eit o de cul tura dos an os 1 970 , ap ós a s con tur bad as tran sfor ma çõe s n a seg und a me tad e do ano s 196 0, e m d iver so s cír cu los i nte le ctu ai s q ue o patr imô ni o p a sso u a s e torn ar m ai s abr ange nte , d ei xo u de ter c un ho el it is ta e s el eti vo, p ara re pre sen tar o s inter es se s cu ltu rai s ta mb ém do s men os f avo rec id o s. N es se mo men to, o int u ito n ão fo i s ó pres erv ar o bem is ola do, mas a c ida de, o a mbi e nte, o b em c ul tura l comp reend id o em co nju nto . A amp lia çã o do s c on ce ito s e cr itér io s d e pres erv açã o e do p úbl i co do pat rim ôni o fe z co m que emerg is se um a qua nt ida d e con si derá ve l de n ovo s p robl ema s rel at ivo s ao cam po es pec if ic o, prin ci pa lmen te no s ú lt imo s v in te ano s. O d ile ma e ntr e pre ser var e ord enar a c id ade apo nt ado p or Ul pia no Be zerr a de Me ne ses (20 06) car act eriz a a prob le mát ic a em q ues tão . Obj et iva - se cr iar con di çõe s fa vor áve is de se prat ic a r a c ida de, de prod uz ir o esp aço da ci dad e, e m s ua s vá ria s a tri bui çõ es , e a o mesm o t emp o prete nde - se or gan iz ar se u s mov ime nto s de cre s cim ento e de se nvo l vim ent o. A ló gi ca da c ompr een sã o dos ob je tos m ater ia is , co ncre tos e f ix os, peran te as tra nsf orma çõ e s, a v elo ci dad e d a d inâ mi ca u rba na r epre se nta um cho que de id éia s e s ent im e nto s. A co ns tru ção in du s tria l é inv esti da de out ro t ip o d e v alo r e stéti co , r equ er p ara se u reco nhe ci men to outr a p er cep ção qu e p as sa por en tend er o s ent id o a o a ss o ciar - se e spa ço, traba lh o e tr aje tór ia s. O dec lín io e co ns equ ent e e sva zi ame nto da f ábr ica c omo u nid ade prod ut iv a, b em co mo o ava nç o da d egrad aç ão d os préd ios e ma qu inár io s, g e raram e ss e s ent ime nt o de lut o e c on seq üen te ne ce ss ida de d e ret er a lgu ns d ess es ve stí gio s d o pa ss a do, lug ares de memór ia qu e s e tr an sfor m aram ao lo ngo do te mpo .
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Ver Carta de Veneza Ver Carta de Nizhny Tagil
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sig ni fi cad os na h is tór ia s oci al e c u lt ura l do s p aí s es; r ev est e - s e de va lor e s so ci ai s n a me did a em que r egi str a a vid a d e u ma s oc ied ade,
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Se gun do Men ese s “ a m e m ó ri a f o r n e c e q u a d r o s d e o ri e n t a ç ã o , d e a s s i m i l a ç ã o d o n o v o , c ó d i g o s p a ra c l a s s i f i c a ç ã o e p a r a o i n t e rc â m b i o s o c i a l ” 12 e, con stru çã o so cia l, a mem ória , p erc eb ida at rav és de se us s upor te s, é fun dam e nta l p ara a co ns tit ui ção e o re for ço da id ent id ade , c ons trui ndo u ma lig aç ão entr e o i ndi ví duo e o m und o a o seu red or. Po de - se ent end er aqu i o patrim ôn io cu lt ural e dif i cad o com o o supo rte da memór ia no e spa ço , ond e se pas sa a s e est abe l ecer um a rela ção d e tr oca e id ent if i caç ão. O va lor ag reg ado ao p atr imô nio ar qui tet ôn ic o e stá re lac io nad o, gera l ment e, com s ua dim en são si mbó li ca , q ue repre sen ta um ped aço d a hist óri a co nge la d a no t e mpo, a tra vé s de s uas t en dên cia s e sté ti cas da ép oc a, da s té cni ca s co ns trut iv as di sp oní ve is , mater ia is , d es ign e out ros el eme nto s com pon ent es da o bra. As re laç õe s soc i ais , o s co stu mes e hi st óri as que se d ese nro lara m n ess es es pa ço s tamb ém são pa rte co n s tit u int e d es se patr imô ni o e s u a pre ser va ção é a sa lva gu arda de ss e p as sad o e de s sa m emór ia c ult ura l. 3.4. 2. O P AT RIM ÔN IO I N DU ST RI AL N A CI DA D E D E S ÃO PA ULO O pr oc es so de urba ni za çã o ao qu al a ci dad e de S ão P aul o foi s ubm eti da es tá dire tam ent e v in cu lad o a o fato de qu e a i ndu str ia li za ção fo i a for ça imp ul sio nad ora pa ra es se des en vo lv ime nto do s écu lo X X . A me tróp ol e que ho je t em 1 0 m il hõe s de hab it ant es se con st it uiu , so bre tud o a part ir da se gun da met ad e do sé cul o X X, e m um gran de parq ue in du str ial , con c entra ndo a ma ior p arte d a produ ção i ndu str ia l do Br asi l, o qu e fez com que , a p arti r d a d éca da d e 1 970 , t enh a se torn ado a pr in ci pa l c id ade do paí s n os âmb it os ec onô mi co e c ul tura l. A ind us tria li za çã o de São Pa ul o s e d eu em d oi s p eríod os pri nc ip ai s – o pr i meir o fo i do f in al do sé c ulo X I X at é a dé cad a d e 1930 ; o seg und o co me çou na d éc ada d e 1 930 , ti mi dam ent e , ma s to mou for ça d ec is iv a a p arti r da dé cad a de 1 950, co m es for ço s do go v erno fed eral em dire ção a uma ind us tri al i zaç ão pes ada no pa ís, b usc and o s upe rar a c o nd i ção de paí s e xpo rta dor d e mat éri as - pri mas (pro dut os pr im ári os) e impo rta dor de prod uto s in dus tria li za do s. A pr ime ira fa se d a i ndu str ial iz aç ão p au li sta na s e d e u em f un ção do cap ita l a c umul ado co m a p rod uçã o de c afé no int eri or do E st ado d e Sã o P aul o. O s fa ze nde iro s de c afé ini ci al men te i nv est iram seu cap it al a cum u lad o em i nfra - es trut ura s p ara a pró pri a cu lt ura c afe eira , co mo , p or exem pl o , a s c omp anh ia s de e stra da s de ferro . D ep ois , pa ss aram a i nv est ir e m ati v ida des pro pria men te urban as , c omo arma zén s e e ntr ep ost os , cas as c omer ci ai s e, po ste riorm ent e, em in dú str ias . No fi na l do sé cu lo X I X, a cid ade d e Sã o Pa ul o era a cap ita l dos f az end eiro s, dado o gran d e númer o d es tes qu e p os su í am s ua s gr and es ca sa s na ci dad e e da í con tro lav am seu s n egó ci os , q ue pa ssar am a se r, em gran de part e , urb ano s. 12
MENESES, Ulpiano Bezerra de 1992, pg. 22
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se é n o su port e m ater ia l q ue e la p ode s e e xpr es sar, est e m esm o sup ort e p ode fig urar co mo um im port ant e i ns trum ent o cog nit iv o. E m s uma , como
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As ind úst ria s de sta p ri m ei ra fas e da indust r ial iz ação de São Pau lo lo ca l izar am - se no e ntor no da s ferrov ia s, on de pa ss ara m a se grand e part e p or imi gra nt es ( so bret udo i tal ia nos ) q ue vie ram in ic ia lme nte pa ra tr aba lha r n a l av oura d e c afé , s ub st itu ind o o tr a bal ho es cra vo – abo lid o e m 1 988 –, e p os teri orme nte ac aba ram se fix and o n a c ap ita l d a e ntã o pro ví nc ia e c ons ti tu ind o a ma ss a d os tra bal had or es d a ind úst ria nas cen te. No fi nal d o séc ulo XI X e com eço d o séc ulo XX , mui to s d es tes i mi grant es j á se in sta la vam dire tam ent e n a cap it al, n um m ome nto em que a ind úst ria j á s e con s oli da va e n ece ss it av a d e mai s o perá rio s.
Foto 18: Estação Júlio Prestes, à esquerda. Fonte: www.eletrolost.wordpress.com
Foto 19: Palácio das Indústrias, à direita. Fonte: www.ffcep.com.br
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con st itu ir o s ba irro s i ndu s tria is e op erár ios da cid a de, c omo Á gua Br anc a, B arra Fu nda , B rás , M o oca e B ele nz inh o, e ntr e out ro s, fo rma dos em
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A se g u n d a fa se d a in d u s tri ali za ção s e dá a part ir da dé cad a de 193 0, qu and o tem f im a Re púb li ca d o “Caf é co m Le ite ”, ou se ja, quan do de 30, f oi o in íc io do Gov erno d e Ge túl io Var gas , que dur ou at é 194 5. Co m um vi és au tor itá rio, e ss e gov erno e mpre ende u refor ma s moder ni zan te s, ta nt o no camp o e con ômi co como no ca mpo cu ltur al . No c ampo e co nôm ic o há u m i nce nti vo à sub st it ui ção d e imp orta çõ es, bus can do co nso l idar um m erca do int ern o p ara os pro duto s nac io nai s. No en tan to, f oi n a déc ad a de 195 0 que se de u o prin ci pa l esf orç o em di re ção a um a ver dad eir a in d ustr ia li za ção d o paí s, no gov erno de s env ol vi men ti sta de Ju sce li no K ubi ts ch ek, qu an do h á o in ce nti vo par a q ue gr and es gru po s i ndu st riai s est ran geir os se i nst alem no Bra si l e para que s e con st itu a u ma co ns ist ent e ind ús tria de b ase e um verd ade iro pa rq ue ind ustr ia l di ver sif ic ado . També m , n es te m ome nto , a ci dad e d e São P au lo e s ua re giã o f oram pri vi leg ia das por pos su ir m aior in fr a es trut ura. E ss a p olí ti ca e m fa vor da in dús tri a in duz iu gr a nde s mov ime nto s mi grat ório s no pa ís , sob ret ud o tend o com o pon to de parti da a reg iã o Nor d est e, de prim id a eco nom i c amen te, e p ont o de c heg ada a reg iã o S u des te, prin c ipa l reg iã o da ind ustr ia li za ção . Fo i na déc ada de 1 950 - 196 0 qu e se in vert eu a rela ção pop ula çã o rura l/p opu laç ão ur ban a, qu and o est a últ im a pas sa a ser m ais n umer os a que a prim e ira. Sã o P aul o ne ss e mom ento (e ntr e as déc ada s d e 195 0 e 19 80) rece be mi lhõ es de mi gra nt es nac io nai s, qu e vão fa z er pa rte da ma ss a d e t rab alh ador es da gra nde i ndú stri a, for man do as boa par te da s p erif eri a s d a me tró pol e. Ne sse m ome nto , a ind ús t ria nã o tin ha ma is c omo padrã o de l oca li za ção o entor no de f erro vi as, m as sim o ent orn o de gra nde s eix os rodo viá rio s, s obre tud o na s peri fer ias d as ár eas ur b ani zad as . Em São Pa ul o, a grand e ind ús tri a se lo ca li zou no e ntor no da s gra n des ro dov ia s e das av en ida s m arg ina is , l ugare s com um a gr and e di spo nib il id ade de terr en os naqu el e m omen to. A d es ind ustr ia li za ção fo i entã o ob ser vad a na s gr a nde s ci da des cap it al is tas indu str ia li zad as , ta nto d o mun do de se nv ol vid o qu anto do mund o sub de sen vo lv ido . Em São Pa ulo , o fen ôme no foi ide nti fi cá ve l loc al ment e, ou s ej a, em l uga res de term ina do s da met rópo le, o nde a ind ústr ia era a ati v ida de e con ômi ca pri nc ipa l e d ei x a de sê - lo , d and o l ug ar a outra s ati vi dad es ou de ix a ndo o e spa ço de grad ado o u em pro ce ss o de de ter iora ção . As sim , n ão po dem os d iz er qu e a metró po le de S ão P au lo como um t odo se d es ind u stri al iz a, e sim que área s da metr óp ole pas sam p or ess e pro ces s o, mes mo por que a in dú s tria a ind a tem um pe so c ons ider áv el no c on jun to d as at iv ida de s e co nôm ic as da metróp ol e. Con s i dera - se que a c ida d e pas sa por u ma d es con c entra çã o in du str ial r el at iv a, per den do p arte de seu pes o in du stri al em re la çã o ao i nte rior do Es tad o de S ão Pa ul o e e m rel açã o ao res to d o p a ís. Po r ou tro lad o, a ges t ão da s e mpre sa s s e s itu a ca da v ez mai s e m S ão Pa ulo , q ue s e con so lid a cad a v ez ma is c omo metr ópo le do s n egó ci os e e lo da ec ono mia na ci ona l c om a e co nom ia mun dia l.
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tem fi m o domí ni o das o li garqu ia s rura is de Sã o Pa ulo e de M ina s Ger ai s no Gov erno d a Re púb li ca. Es se pro ce sso , con he ci do c omo Re vo lu ção
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Iden ti fi cam - se dif eren te s comp ort ame nto s da de si n dus tria li za çã o pa ul is tan a. Na s áre as de ind ust ria li zaç ão a nt iga , qu e a com p anha m o dif ic uld ade d e rev al ori za ç ão. São ár ea s mai s ce ntr ais , ond e a pró pria d en si fic aç ão da m etró pol e im p õe uma a ce ss ib il ida de di f icu lt ada e u m maio r co nge st ion ame nto . Por outr o la do , e m a lg um as ár eas de i ndu str ia li za ç ão ma is r ece nte ( se gun da meta de d o sé cu lo X X), a reut il iza çã o de terre nos pro ven ie nte s d a des ind us tri al iza çã o é m ai s ef eti va . São áre as próx i mas à Ave ni da M arg ina l d o R io Pi nhe iro s, co m di sp oni bi lid ade de grand es ter ren os c o m a a ces si bi li dad e f ac il ita da pe la ave ni da. O fa to de se l oca li zar em nas z ona s oes te e s udo es te da ci dad e t ambé m f ac il ita uma te ndê nc ia a u ma re va lori za çã o mai s ef et iva d es ses e sp aç os de des in dus t rial iz aç ão, t end o em v is ta que o ei xo d e va lor iz aç ão se en c am inh a para es ta r eg ião (v etor s u doe ste , c om a e xp ans ão d os set ore s d e g es tão , f ina nce iro, e ven to s, etc .). Em a lgu ns lu gar es da s á reas de i nd ustr ia li za ção ant iga ob ser va - se, p ont u alme nte , a in sta la ção de escri tór io s e novo s co n domí nio s resi den c iai s, com o n a Ág ua Bran ca, B arra F und a e Mooc a, o que não r epre s enta uma ten dên ci a a um a rev alor i zaç ão d o co nj un to do s te rren os des se s e spa ço s d e d es i ndu stri al iz aç ão, que per mane cem co mo es paç os res erva par a p os sí vei s rev alor iz aç õe s fu tur as. Em uma c ida de extr emam en te d ens a c om o S ão Pa ulo , os e spa ç os de de sindu st ria liz aç ão se to rn am pos sibi li dades d e c ri ação d e n ovas f ront ei ra s econôm i cas p a ra o s ag e n tes h eg em ôn icos da p ro dução do es paço . 3.4. 3. A S O P ER A ÇÕ E S U RB A NA S E A E SP E C ULA ÇÃ O IMO BIL IÁ RI A A r emo del aç ão urba na te m s ido de gra nde i mpor tâ nci a p ara os urb an ist as , d esa fia ndo - os a forn ec er s ubs ídi os par a a cr ia ção de po lít ic as púb li cas ma is ef et iva s e est imu la ndo o perm ane nt e pro ce ss o d e re co ns truç ão e cr ia ção de no va s b ase s e sp ac iai s de prod uç ão a tra vé s d a sub st itu iç ão , r eno va ção e ruptu ra d as e str utur as pre exi st ent es. A lém di ss o, o b serv a - s e a p res en ça, cad a vez mai or, de gr and es pr oje tos urba no s e de par cer ia s p úb li co - p ri vad as na prom oç ão da r ec upera çã o ur ban ís ti ca e a m bie nta l d e á rea s imp orta nt es da ci dad e. Es se s pro j e to s têm com o propo st a a req ua lif ic aç ã o urba na p or me io d e um proc es so s oc ia l e po lí ti c o de i nter ve nçã o ter rit ori al, n um con jun to de a çõe s in tegr a das s egu ind o a lóg ic a de des env ol vi men to urb ano e visa ndo e ss en cia lme nte a qual id ade de v id a da po pul açã o, co m a cria çã o d e n ov as ce ntra li d ade s. Com o ind ic a a Con st it ui çã o F edera l (art . 182 e 18 3) e o Esta tut o da C ida de 13, a legi sl açã o urba ní st ica – e nqua nto i ns trum ent o de p olí ti ca urban a – d eve s empr e bu scar a c ida dan ia atr av és da g ara nti a d a fun ção s oc ial da c id ade e do bem - es tar de seu s hab it ant es. M as, ao c ontr ári o 13
O Estatuto da cidade, aprovado em 2001, tem sua origem formulada na lei de Desenvolvimento Urbano, gestada desde 1982. No Brasil fundamentalmente as inovações do Estatuto da Cidade situam-se em três áreas. Primeiramente, em um conjunto de instrumentos voltados para induzir, mais do que normatizar as formas
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perc urs o da s l inh as f érre as, são obs erv ada s ma io res d if icu ld ade s a u ma e fet iva r eut il iz aç ão d e terr eno s e , con seq ue ntem ent e , um a ma io r
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des sa or ien ta ção , os pr oj eto s de re nov aç ão urb ana estã o, s e vo lta ndo , ca da vez m ai s, a os i nter es se s priv ado s do m erc ado imo b il iári o, f und iár io popu la ção de ba ix a ren da para a pe rif eri a e à c ons oli da ção d e en cl ave s s oc i ais . A vi sã o de c on stru çã o, trans form aç ão e re nov aç ão da c id ade o u parte d el a por me io de pr o je tos ur ban os t em s ido bas tan te ac ei ta e ut il iz ad a em tod o o mund o. D ent ro des se c ont ext o, i den ti f ica m - s e vár io s exem pl os co ncre to s j á i m pla nta dos qu e, b as ead os na re al ida de, na s c ara cte ríst ic as, na s n ec es sid ade s de ca da lo cal e n o p úb li co a at ing ir, def in ir am o bj eti vo s, e str at égi as e fe içõ es dif ere nte s, de for ma a torn á - l os m ai s adeq uad os e ma is viá ve is de se rem e xe cu tad os. A lg uns exe mpl os pode m ser c it ado s: a s Do ck lan ds de L ond res e o b airro d e Mara is e m P ari s (ima gen s 53 e 54 ) – que tin ham c omo o bje ti v o a cr iaç ão de n ov o s
de uso e ocupação do solo. Uma nova estratégia de gestão é formulada, incorporando a ideia de participação direta do cidadão em processos de construção dos destinos da cidade. E, finalmente, propõe-se a ampliação das possibilidades de regularização de áreas urbanas hoje consideradas ilegais. Basicamente, o Estatuto da Cidade valoriza o local na solução de problemas urbanos permitindo um novo formato de atuação marcado principalmente pelo princípio da gestão democrática. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.097/131. Visitado em: 17 de maio de 2010
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e fi nan ce iro , a tua ndo , pr i mord ial men te, em be nef íc i o da s e li te s d omi nan te s e do c ap ita l, le va ndo à p erd a do va lor de us o d a t erra , à exp ul são da
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dis tri tos de n egó ci os a tra vés da re nov aç ão ur ban a das á rea s de grad ada s – ; a V il a Ol ímp ic a de B arce l ona, a fe ira d e Bal tim ore e a E xp o’9 8 de
No ca so d e São Pau lo, c abe m en ci onar as ope raç ões urba na s c on sorc ia da s , qu e, d e a cord o com o E sta tut o da C ida de ( Le i Fe dera l n. 10.2 57, de 10 de j ulh o de 2001 , Art . 3 2, §1 °), sã o: [...] um co njunto de inte r vençõ es e m ed ida s coo r denada s pe lo Pod er Públ ico Mu nic ipal , co m a p art ici paç ão dos p rop ri e tár ios, m o rado r es, usuá r ios p er m anent es e i nve st idor es pr iva dos, com o o bjeti vo de al can ça r e m um a á re a tr ansfo rm açõe s u rba níst icas est ru tu rai s, m elho ri as so cia is e a v alo ri zaç ã o am bient al. ( E STAT UT O D A CI DA D E) Con st itu em um i nst rume nt o lega l de re nov aç ão de esp aço s pre det ermi nad os da cid ade e/ ou am pl ia çã o de infr ae stru tura s urb a nas po r meio de int erv en çõe s, ten do em vi st a a int en sif ic aç ão do us o e ocu pa ção do sol o ur ban o e, par a ta l, la nça mão da p arc eri a en tre o po der p úb li co e a in ic iat i va pri vad a. P or tant o, para l ogra r ê xi to n a c ons ec uçã o dos ob je ti v os, é pre ci so def in ir u ma estr até gia c apa z de des p ertar o int ere ss e da ini ci at iva pr iv ada , p ara que e sta ve nha , e fet i vam en te , a c ust ear a imp la nta ção de obr as , me lh ori as o u eq ui pam ent os de in tere s se púb li co. Cad a o pera çã o ur ban a 14 de ve ser reg ula men tad a p or le i e sp ecí fi ca apr ova da pel o p oder l egi sl at ivo . At ravé s d a le i, serã o d ef in i dos o Foto 20: Docklands, Londres perím etro , o s ob je ti vos , o pro gram a de em re la ção ao s parâ metr o s e sta be lec id os pe la
Foto 21: Bairro Marais, Paris
int erve nç õe s e o s l imi te s de f le xi bi li dad e Lei de Zon eam ent o, ou se ja, c omo ser á
fei ta a c onc es são de in ce nti vo s ur ban íst ic os e a c o rresp ond ent e o bte nç ão d e con tra part ida s. O va lor ar reca dad o n es sa o ut orga o nero sa só pod e ser usa do em me lhor ia s ur bana s na própr ia reg iã o.
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“§1 º Con s id e ra - s e op er ação u rb an a c on sor ci ad a o c on ju n to d e i n t er v e n çõ e s e me d id a s co ord e n ad a s p elo Pod e r Pú b li c o mu n i cip a l, co m a p a rti c ip aç ão d o s p rop r i etár io s, mo rad o r e s, u su á ri o s p e r man en t e s e in v e st id or e s p ri va d o s, co m o ob j et i vo d e a lc an ça r e m u m a áre a tran s fo r ma çõ e s u r b an í st ica s e str u tu r ai s, m elh ori a s s oc iai s e val oriz açã o a mb i en t al” . (E sta tu to d a Ci d ad e, L ei n º 1 0. 25 7 d e 10 /0 7/ 20 0 1)
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Lis boa qu e, apr ove it and o a pro mo ção de ev ent os i nt erna cio na is ou es pet ác ulo s, con se gui ram prom o v er a ren ov aç ão de uma áre a da cid ade .
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A Oper aç ão Urba na r efer e nte à reg iã o do ob je to d e est udo é a den om ina da O pera ção Ur ban a Mo oc a/ Vi l a Ca rio ca . Es sa Ope raç ão Urb ana Cam buc i - T a qu ari, Ip ira ng a - Moo ca Vi la Car io ca - V il a Ze lin a. "D e n ov o, a s uper açã o da ba r re i ra j unto à f e r rovi a é um dos el eme nto s fund ame nta is , j á q ue a re giã o po ss ui a l in ha 10 d a C PTM e a e xt en são da Lin ha 2 - V erde do Metr ô. M as , ne ss e c aso , t emo s d oi s bairr os ba sta nte des env ol vi dos qu e s ão o Ipir ang a e a M ooc a. E ntã o o p roj eto de ver á pr opo r a s uper aç ão des sa barr eira , de for ma a v al ori za r o p atri môn io his tór ic o e me lhor ar a c on diç ão amb ie nta l d a á rea ", exp li ca Mi gue l L ui z Bu ca le m, Se cret ári o M un ic ipa l d e D es env ol vi men to Urb an o. En t re as id é ias d a P r efe itu r a de São P aulo , e stá o aum ento d a at ivid ade indust r ial da r egião p ró xim a à Rua Bo rg es F igu ei redo, onde há u m g ran d e n ú m er o d e edi fic açõ e s tom badas , o aden sam e nto da á rea ho je ocu p ada po r g rande s gal põ es indus tr iais subutil iz ad o s , a r ev ita li z açã o d a Av eni da Do m Pe dro, pró xim o a o M us eu d o Ip ira nga , e a cri açã o d e l iga çõ es tran sv ers ai s e m rel aç ão às ferro vi as. 3.5. O P AT RIM Ô NIO I ND U ST RI AL A R Q UIT ETÔ NI C O N O BAI R RO D A MO OC A Se gun do Man oe la Ro ss in e tti R ufi no ni, a nal is ar a p re sen ça e co nfi gura çã o d o e xte nso c on jun to arqu it etô n ico i ndu str ia l e xi st ent e no Ba irro da Mo oc a pr es sup õe con h ecer as de term ina nte s h i s tóri ca s q ue d ire ci onar am a oc upa çã o da reg iã o e a din âmi ca do des en vol v ime nto urba no que se seg ui u a té se ch egar à con fig ura ção at ua l. O es tud o hi stó ri co re vel a que a re gi ão ho je com pre end ida p el o ba irro d a Moo ca re ceb eu a a ti vi dad e in dus tria l c omo d ec orrên ci a de uma séri e d e e ve nto s que co nc orrera m p ara a f orma çã o d e um ce nár io fí si co, s oc ial e e co nôm ic o pr opí ci o. O p erí odo co mpre end id o entre o fi nal do s écu lo X I X e a s pr im eira s déc ada s do s éc ul o X X f oi de ci si vo para a con so lid aç ão d a p aisag em indust ri al d o b ai r ro . Ap ó s ce m an os de tr ans form a çõe s urb ana s q ue con fer ir am à re gi ão n ovo s p ote nc iai s d e us o, o ant ig o ba irr o in dus tri al e operá rio a in da gua rda i nú mero s con ju nto s ed ifi ca do s com c ara cter ís ti cas f abr is e rev el a uma i ntr inc ad a rede urb ana si ste mat ic a ment e vo lta da para a a ti vi dad e pr odu ti va . ( R UF I N ON I, 200 4)
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pos su i uma áre a de 1.5 68 ha, qu e vai d a Rua d a Mo oca at é a fron teir a de S ã o Pau lo c om S ão C aet ano . A prop os ta é di vid id a e m três se tor es:
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Foto 23: Fachada da antiga Sede da Cia. Antártica Distribuidora de bebidas.
3 .5. 1. A S F Á BR IC A S E A F E R RO VI A En qua nto a máq ui na a va por sim bo li za a prim eir a f ase da R ev olu çã o I ndu str i al, at é e ntã o p rat ic ame nte co nti da na Euro pa, a s f er rovi as e as loc omo ti va s s im bol iz a m a seg und a f ase , q uan do d e f ato ec lod ira m o s efe ito s i nte rna ci ona is da ind ustr ia li za ção . O Bra si l com eç ou a s e redef in ir p ara i nte grar os si stem as int ern ac ion ai s da indú str ia e co mér cio , e e ssa r ede fi ni ção ain da é a parte vi sí ve l da hera nç a d aque le perí odo , parte s , ai nd a re man es cen t es e a lgu ma s re vi ta li zad as , da s ci dad es e d as arq ui t etura s. O est abe le ci men to da i n dús tria , al ém de c onf ig ur ar o esp aço à sua vol ta, com su as c as as par a o perár io s e outr os e qui pa ment os, produ zi a ta mbé m em sua área e nv olt óri a tra ns form açõ es n o us o e o cup aç ão do so lo . Er a c omum a su bdi vi são de q uadr as e m l ote s peq uen os , gera lme nte e stre it os e co mpri dos , form and o as co n hec ida s vi el as e tra ve ss a s, bem c ara cter ís ti ca s de bairr os i ndu str ia is, o q ue torna va o s lot es de b ai xo cu sto e ac es sí vei s a os o per ári os .
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Foto 22: Vista aérea da antiga Sede da Cia. Antártica Distribuidora de bebidas, e a atual passarela da Estação ferroviária da Mooca, ligando as duas entradas da Estação
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O de si nter es se p el o tra n spor te f erro vi ário ori un do de po lí ti ca s pú bl ica s vol tada s a o rod ov iar ism o, e a pró pria di sp ers ão d o con jun to con ta di sso , o e xte ns o c o nju nto in du str ial h ist óri co ain da não te nha s ido a lvo de int erve nç õe s dr ás ti cas . (R UFI NO NI , 2 004)
Foto 24: Vista de acesso à uma antiga Vila operária Fonte: Acervo pessoal
Foto 25: Vista das fachadas das casas com testadas mínimas, típicas da urbanização do período industrial.
A id en t ific açã o d o p at ri m ô nio i ndust ri al , a ind a que rec ent e num pa ís c o mo o
Bra si l,
ve m se tr an sfor man do n u m “d e ve r d e m em ó ri a” , o que se e xp li ca, em p art e, pel o es va zi ame nto e e lim ina ção de ss es ves tíg io s d e at iv ida des qu e mov ime ntar am e im pu ls io naram o p aí s, t ai s c omo o s is tema ferr ov iár io, p ortuá rio , o s gr and es es t abe lec im ent os ind us tri ai s , et c. Ho je o patr imô nio f erro vi ári o bra si leir o es tá re duz id ís sim o , pel o su cat eam ent o da R ede Ferr ov iár ia Fe dera l S /A – RFF S A –, e e xp lora ç ão do q ue lh e rest ava de be ns oper ac io nai s e de va lor. O Min is t ério do s Tra ns port es ai nd a pro cur a v iab il i zar e ss e tr an spo rte , i nc lus i ve co m um progr ama ofi ci al d e re cup eraç ão e v alor iz aç ão do patr im ôni o h ist óri co p ara u so turí st ico , como alt ern ati va pos sí ve l nes se pr ime iro mome nto de rea çã o. Por
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ind ustr ia l q ue tan to se be nef ic ia d a pr ox im ida de d a vi a fé rrea , re leg aram a s parc ela s urba nas ma is pr óxi mas da v ia a o a ban do no. T al ve z por
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outro lad o a RF F S A es tá em li qui da ção e e m via s d e ext in ção , sem u ma def in i çã o in teir a de c omo s eu p atri môn io mó ve l e imó ve l será u ti li zad o e Em 20 07, com a e xti nç ão da RFF S A, o pat rim ôn io fer rov iár io pa ss ou a s er tratad o por um c on jun to de ins tit ui çõ es go ver na ment ai s. Con st itu ído po r gr and e q u ant ida de de ben s de di fer ente s nat ure zas e de re le van te imp ortâ nc ia , e ss e i mens o acer vo f ico u sob a resp ons ab il ida de do M in ist éri o d os T ran sp o rtes , d o Dep arta men to Na cio na l d e I nfra es trut ura d e Tran sp orte s – DN IT – , da Se cre tari a d e Pa tri mô nio da Un iã o – S PU –, e do Ins ti tut o do Pa trim ôn io Hi stór ic o e Art íst ic o N ac ion al – I PH A N. A e ss as in sti tu içõ es foi le gada uma atr ibu iç ão comu m: a d est in aç ã o de t odo o s i st ema ferr ov iá rio nac io na l a dv ind o d a e x tin ta RFF S A. Jos é R odr igu es Cav al can ti N eto , co ord ena dor t éc nic o do p atr imô ni o ferr ov iári o do IP H A N, re ss al ta que o t rab alh o do I ns ti tu to es tá dire tam ent e re la ci ona do à i den ti dad e d os lu gar es, su as hi st óri as, tr adi çõ es , c omi da s, háb it os, pr aç a s, r ua s e ed if íc io s. " A pr eser va ção do patr imô nio tem de ser tr a bal had a de ntro de ssa ót ic a. O patr imô ni o fer rov iár io faz part e da id ent ida de d e mui ta s c ida de s bra si le ir as. O tr em e stá no imag in ári o d o br as il eir o e a pr es erv açã o d ev e ca minh ar no sen ti do dar co n tin uid ade a es se in tere ss e ", afi rma. Com a Le i 11. 483 /20 07, o I PH A N fi co u re sp ons áv el por re ceb er e a dm ini str a r os b ens m óve is e i móv e is de v alor ar tí sti co , h i stó rico e cul tura l, or iu ndo s da ex ti n ta RF F S A, b em com o ze la r pe la s ua gu arda e ma nut enç ão. Q uan do o bem f or cla ss if ic ado c omo o pera ci ona l, o In sti tut o dev erá gara nti r s eu com p arti lha men to para us o f err ovi ári o. Um do s po nto s m ais im port ant es qu e f ico u a car go do I PH A N f oi a pr eser va ção e a dif usã o da m emór ia f erro v iári a, p or me io d a co nst ru ção , form aç ão, o rga ni zaç ã o, man ute nç ão, amp li açã o e equ ipam en to de m us eu s, b ibl io tec as , arqu ivo s e outr as orga ni zaç õe s cu lt ura is, bem c omo d e s uas co le çõe s e acer vo s; con ser va ção e rest aura çã o de préd io s, monu men tos , logr ado uro s, sít i o s e d ema is es paç os or iun dos da e x tin ta RFF S A. " D i a n t e d e s s a r e s p o n s a b i l i d a d e o p ri m e i r o p a s s o d o I P H A N f o i c o n h e c e r e s s e u n i v e r s o , re a l i z a n d o u m m a p e a m e n t o d e v a rr e d u ra p a r a e s t a b e l e c e r a s m e l h o r e s e s t ra t é g i a s p a ra d a r o d e s t i n o a d e q u a d o a e s s e s b e n s . A RF F S A t i n h a u m a p l a n i l h a e m q u e c o n s t a v a m m a i s d e 5 0 m i l i m ó v e i s . A s s u p e ri n t e n d ê n c i a s d o I P H A N e s p a l h a d a s p e l o p a í s e s t ã o f a z e n d o e s s e r e c o n h e c i m e n t o d o s b e n s i m ó v e i s p a r a t e r u m p ri m e i ro p a n o r a m a . E m a l g u n s e s t a d o s i s s o j á f o i c o n c l u í d o , m a s e m o u t r o s , c o m o S ã o P a u l o , f o ra m c o n t a b i l i z a d o s 1 , 8 m i l i m ó v e i s , m a s e s s e n ú m e ro n ã o e s t á f e c h a d o . N e s s a v a r re d u r a t a m b é m e s t a m o s c o l h e n d o i n f o r m a ç õ e s s o b r e o s b e n s m ó v e i s " , i nform a Ca val ca nti .
Ao u sar o ter mo mem óri a ferrov iár ia, a l ei tr az um a ampl a res pon sab il id ade para o IP H A N. " O al can ce é mai or do qu e si mpl e smen te pres erv ar u m gr upo de e s taç ões c om va lor hi stór i c o. I ss o imp li ca ol har es se patr im ôni o com um a ma i or ab ran gên ci a, o q ue já est á s end o f ei to pel o IP H A N, qu and o se pr ocur a es tab ele cer a r ela ç ão do pa tri mô n io i mat eri al com o ma teri al ", re ss al ta o coord ena dor. O pat rim ôni o mat eria l é comp os to p or u m co nj un to de be ns cu ltur ai s c la ss ifi ca dos se gun do sua natur ez a no s q uatr o L ivr os To mbo : arq ue oló gi co, pai sag ís ti co e
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com par co s pr ogra ma s d e inv es tim ent os par a u m s is tema de tra ns port e f erro vi ário na ci ona l ade qua do ao paí s e d ign o d e sua pró pr ia hi stór ia .
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etno gráf ic o; h is tór ic o; b e las arte s; e da s ar t es a pli ca das . O p atr imô ni o i mater ia l abr ang e a s ma i s var ia das man ife st aç ões popu lar es q ue Ca val ca nti ex pl ic a q ue o patr imô nio ferr ov iár io é l i gado a u ma cat ego ria de est udo s q ue se ch ama p atri m ôn io ind us tri al. " É u m ol har dif eren te. Vo cê não pr es e rva o patr im ôni o ind us tri a l, ou no c aso o f erro viár i o, pel a mon umen ta li dad e ou si ngu lar ida de. Não é s ó iss o que dá val or a o p atr imô ni o", d iz . A Car ta de N izh ny Tag il é uti li zad a p el os té cn ico s do I PH A N com o b al iz a p ara a an ál is e d o p atr imô nio fe rrov iári o. "O pat rim ônio indust r ial rep r esent a o test em unho de a tiv idade s qu e ti ve ra m e qu eaind a t êm p rofun das co n seq ü ên ci as histó r ica s. As r azõ es qu e ju stif ic am a pr oteç ão do pat rim ônio ind ust ri al d eco r rem ess en ci alm ente d o va lo r u ni ve rs al d aque la c a ract e ríst ica , e não d a sin gula r idade de quai s quer sí tios ex cepc iona is. O p at rim ôn io in d ust ri al com p ree nde o s ve stíg ios d a c ultu ra in dust ria l que pos suem val or h istó r ico, tecn ológi co , soc ial , arq u itetô n ico ou c ient ífi c o. Es ses ve stíg ios engl obam ed ifíc ios e m aquin ar ia, ofic ina s, f áb ric as, m inas e loca is d e p ro c ess am ento e de re fi nação , ent r eposto s e a r m azén s, cent ro s de p rod ução, t ransm iss ão e uti li zaç ão de ene rg ia , m eio s d e t r anspo rt e e to das a s s uas est rutu r as e inf ra e st rutu ra s, ass im c om o os loca is onde se d esenv olv er am ativi d ad e s so cia is r ela ci onadas com a i ndúst ri a, tais com o h abit açõe s, lo cais de culto ou d e ed uc ação. " (C a rta d e Ni zhny T agi l, 200 3).
" A s o c i e d a d e c o m o u m t o d o t e m q u e q u e re r p r e s e rv a r o s e u p a t ri m ô n i o . É u m a p re m i s s a d o n o s s o t ra b a l h o , p ri n c i p a l m e n t e d u r a n t e e s s e p r o c e s s o d e i n v e s t i g a ç ã o . S e u m a p re f e i t u ra m a n i f e s t a r i n t e re s s e p o r u m a e s t a ç ã o , s e p re t e n d e d a r u m u s o c u l t u r a l o u o u t ro q u e v á p r o m o v e r a p re s e rv a ç ã o e d i s s e m i n a ç ã o d a c u l t u ra f e r r o v i á ri a , v a i n o s a j u d a r n a q u e s t ã o d a m e m ó ri a f e rr o v i á r i a . S e o m u n i c í p i o t e m e s s e c o m p r o m e t i m e n t o , o I P H A N t e m t ra b a l h a d o p a ra f a z e r a c e s s ã o d e s s e i m ó v e l a o m u n i c í p i o " , e xp li c a C av al can ti 15.
De q ua lqu er for ma, as p ouc as f ábr ic as h is tor ic am ente va li osa s q ue e stã o pres erv ada s em boa s c o ndi çõe s n o B ras il tam bé m fora m abs orv ida s p ara f in al ida de s cu lt ura is, do m es mo m o do qu e n os p aí ses de sen v olv id os. Há al gun s c as os - rarís s imo s - d e es tab el e cim ent os fabr is que pas sar am a fu nc ion ar com o mu se u te cn oló gi co, a ex emp lo d a E sta çã o C i ênc ia, no ba irro pau li sta n o da Lap a, in sta lad o n os gal põe s d e um a ant iga tec el age m. Ex is tem aind a v ári os cen tro s cu lt urai s e comu ni tár ios es pa lha dos pe lo Bra si l qu e for am im pl ant ado s em fábr ic as de in egá ve l 15
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con trib uem pa ra a f orma ç ão d a ide nti dad e cu ltur al de u m p ov o.
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val or h is tóri co . São r el at iv amen te n u mer os as, tam bé m, a s an tig as in dús tri as q ue for am t ran sfo rmad as e m S hop pin g C en ters ou e mpree nd ime nto s fato , to da fá b ri ca c ome ç a a ser a lt erad a, po r de ntro e p or for a, pr ati ca m ente n o di a se gu int e ao de su a in aug ura ção , qua se se mpr e por nec es sid ade s prod ut iva s. A r es taur açã o a rqu ite tôn i ca de uma in st ala çã o f ab ril é, por i sso , sem pre ap roxi mat iv a e v is a a nte s a "s ínt es e" da s vári as fa se s p el as qua is a fábr ic a p as so u d o q ue a e ven tua l f id el ida de a u m d e term ina do perí odo . É mai s arqu eo log ia do qu e ar qu it etura . A arq ueo log ia i ndu str ia l cal ca - se no s ref eren ci ai s teóri co - m eto do lóg ic os de vário s cam po s do sa ber; não pos su i refer en cia is que lh e sej am es pe cíf ic os, a s ab er, form ula çõ es te óri co - m etod ol ógi ca s que d iga m resp eit o uni ca men te ao l egad o da in dús tri a. A ss i m, n ão é uma dis ci pl ina au tôn oma ; co nf igur a - s e co mo va sto cam po te mát ic o q ue e xi ge a arti cu la ção de vári as di sc ipl in as, nã o se ndo po ss ív el f ormar uma fig ura pr of is sio na l qu e do mine to dos os in stru men t os n ece ss ári os . Qu an do s e fa la d e pa tri môn io ind u stri al , pre ss upõ e - s e qu e est udo s te nha m sid o fei to s e o s ben s q ue pos su em int ere ss e p a ra a pre ser va ção t enh am s ido i den tif ic ado s. N a p ráti ca, p orém , a s ex pre s sõe s têm s ido empre gad as co mo si nôn im os, pre va le cen do uma ou outra , d epe nd end o d o am b ien te cu ltur al . ( K ÜH L, 201 0)
3.6. A S Q U E ST Õ E S P R E S E VA CI O NI ST A S No sé cu lo X X a s en saç ão da fr agm ent aç ão da ide nt i dade , d a p erda da s r efer ê nci as cu lt ura is, de sp erto u no h ome m o de se jo d e “r e torno a alg o p erd ido ”, o u sej a, a nec es sid ade de bus ca r m anife staçõ es cultu r ais q ue pe rt ence ssem a seu passa do vi vo, al gum a re spo sta qu e lhe repre sen ta sse u ma ba se par a a den trar a es sa n ova d inâm ic a urba na . Ne ste s ent ido , a re cr iaç ão de e sp aç os atr avé s da p reser va ção d o patr imô nio pe rmi te de sen c adear o pro ce sso de i den ti fic aç ão do ci dad ão com s u a h ist óri a e c ult ura. Af ina l, c on ser var um ob je to con s ider ado p atr imôn io cons ti tui - se c omo re gi str o mater ia l da cu lt ura, d a expr es são ar tí sti ca , da fo rma d e pen sar e se nt ir de uma c omun ida de em d eter mi nad a épo ca e l ugar , um reg is tro d e su a h is tór ia, do s s abere s, da s té cn ic as e in stru men tos qu e uti li za va. A pr es erv açã o do pa trim ôni o, t amb ém c onh ec ido como bem cu lt ura l te m, entre su as fun çõe s, o pa pel de re al iz ar a “cont i nuidade cultu ra l”, de se r o el o e ntre o p as sad o e o pres e nte e p ermi tir co nhe cer a trad iç ão, a cu ltur a, e a t é me smo a hi stór ia de u ma s oc ied ade , e ass im, de sper tar o se nt im ento de ide nti dad e pa ra a mesm a . Atr av és d el a o i ndi víd uo (r e) v iv enc ia exp eriê nc ia s, d ia log and o co m a so ci eda de à qua l p erte nc e.
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sim il are s, ou q ue p as sara m a abri gar e sta be lec im e nto s de s aúd e ou de edu c açã o, co m a re lat iv a man uten çã o da arq ui tet ura f a bril orig in al . De
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A pre ser va ção tr ata - se d e um con ju nto d e med id as, de sd e int erv en çõe s fí si cas n o bem , com o res t aura çõe s, at é po lít ic as p úbl ic as, Na An tig ui dad e o con ce ito de re sta ura ção es tav a re lac io nad o mu ito ma is à s c ons truç õe s e a o re faz er d o que a pr ese rvar . J á no séc ul o X VII I o re sta uro pa ss a a s er en ten di do com o: co nj un to d e o pera çõ es de st ina da s a co ns erv ar o mo num ent o c omo te ste mun ho do pa ssa do. No ent ant o, so men te med i ante a ma ss iv a d es trui çã o de corre nte d a Se gun da G uerra Mu ndi al e a nec es si dade de re co nstr uç ão em cará ter de ur gên ci a d e n úc leo s c entra is i nte iro s, as pec to s d a car ta patr imo ni al de 1931 for am r ea val ia dos . A part ir des sa s d is cu ss õe s fo rmu lou - se a Cart a de Ve ne za (a ne xo 1 0.1), def in ida no I I Co ngr ess o In tern ac ion al de Arq uit eto s e Té cn ic os d os M o nume nto s H is tór ic os e m 1 964. E sta car ta del ine ou um a un id ade m e todo l ó gi ca pa ra a s in terv enç ões nos ben s cu lt ura i s, i nser in do a re st aura çã o no qu adro so cia l, e co n ômi co e c ul tura l. Es se do cum ent o p erma ne ce vá lid o a té ho je para o s paí ses s ign atá rio s. A q ues tão do us o p as sou en tão a ter a seg ui nte rec ome nda ção : A rtigo 5º - A con se rv açã o dos m o num ento s é se m pre fa vo rec ida po r sua destin ação a um a funç ão út il à so ci ed ade; t al d esti naç ão é , po rtant o, d ese jáv el, m a s nã o pode n em deve alt er a r a dis posi çã o ou a deco r ação dos edi fício s. É som ent e d ent ro deste s l im ite s que s e de ve con c ebe r e se pod em au to riz a r a s m odific açõe s e xig idas pel a evo luç ão dos usos e co stum e s. ( IC OM OS , 1 964 ). De lá para cá , o int ere ss e pe lo patr imô ni o ed if ic a do t em a ume nta do con si d erav elm ent e, não só pe la mai or c on sc iên ci a do se u va lor his tór ic o, m as ta mbé m p o r raz õe s o utra s com o o a umen to dem ográ fi co, a sa tura ção ter rit ori al , a c om ple xi dad e ur ban a que ac a rreta di ver so s prob lem as po lí ti co - e co nô mic os v in cu lad os, p or ex empl o, à e spe cu laç ão i m obi li ária e à e xp lora çã o do tur ism o. As sim , o uso do patr imôn io edi fi ca d o ex ist ent e com o font e cu ltur al , so cia l e ec onôm ic a torn ou - se uma q ues tão de gr an de in tere s se, qu e ex trap ol a a que st ão mera men te pres erv ac ion is ta. Ne ste s en tid o, a Cart a E uropé ia d e P atr imô ni o Ar qui tet ôni co , prom ul gad a em 197 5 em Am ster dã, e vid en cia a ne c es sár ia l ei tura d o asp ect o pr es erv ac ion is ta sob a ó ti ca do des en vol vi ment o ur ban o n a me di da e m qu e pro põ e, jus tam ent e , “um a a ção co nj unt a e ntr e as té cn ic as de rest auro e a p esq ui sa de funçõ es c omp atí ve is , co m o obje ti vo pr inc ip al de uma con ser va ção int egra da no âm bit o do p lan eja ment o urba no e terri tor ial , p ara a def in iç ã o de um a e str até gia ún i ca para os me io s t écn i cos , a dmin is tra ti vos e fi nan ce iro s” ( C AR B ON A R A, 199 7, p. 375) .
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pas san do por le is de to mb amen to, a s q uai s obj et iva m p roteg er es te b em pa r a as ge ra ções futu ra s .
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Ao def end er a a pl ica bi li d ade d a te ori a bra ndi ana , Gio va nni Car bon ara ( 19 42), a fir m a q ue o m ai or prob lem a da p res erv aç ão resi de, real iz ada a trav és d o lev a ntam ent o hi stór ic o - ar tís ti co, da p erc epç ão do s si gni fi cad os e do s mate ria i s da obra , est abe le cen do - se, a ss im, um crit éri o d e int erv enç ão . Par a e st e a utor , som ent e a par tir do rec on hec im ento da s ig nif ic aç ão hi st óric o - ar tís ti ca , e co ns id e rando to do s o s prin cíp io s e in stru men to s meto dol óg ic os de ss e con s o li dad o cam po di s cip li nar é que se pod e es tab ele c er os cri tér io s para um a i nter ven çã o de rest auro . “Qu and o es se l eva ntam en to nã o for p os s íve l, nã o ho uve r um v alor recon he cid o, d ifer en tes f orma s de ut il iz aç ão s em r ela ção com a s prát ica s d e res tau ro e p re serv aç ão p oder ão s er i nd i cad as ” ( C AR B ON A R A, 199 7, p. 375) . C om i sto , o m onum ento, anal isado co r ret am ent e po r m eio de u m ju ízo d e val o r cr íti co pode r ev ela r a destin açã o m a is ad equa da à v oca ção d a ed ific a ção, qu e nã o é n ece ssa r iam ent e o u so orig ina l , ain da que e ste s eja pre ferí ve l q uan do po ss íve l con ser vá - lo ou r epr op ô - lo , re sp eit and o a re al ida de m ater ia l e e spi rit ua l d o mon ume nto . 3.6. 1. O S P RI NC Í PIO S D A C ON S E R VA Ç ÃO INT E G R AD A A p arti r do s an os set ent a, uma no va form a de abor d agem que int egra va a ed if ica çã o in o v ador a e a con s erva ção do p atr imô nio ve i o sen do des env ol vi da e os s eu s re sul tad os a pl ica do s em ci d ade s euro péi as . Na It ál ia , Bo lon ha, Fe rrara e Bre sc i a rece bera m ate nçã o, c om a apli ca ção d e uma est rat égi a p úb li ca de açõ es que v is av a a tuar s i mult ane ame nte e m to da a cid ade e não s ome nte na área ce ntra l. Es te ti po de i nter ve nçã o, den om ina do co nse rva çã o in tegr ada p or S il vio Za n che ti 16, p as sou a co ns tit uir uma nov a abo rdage m p ar a o plane jam en t o , em ba sad o numa cu ltur a qu al ita ti va, para o qua l o pr in ci pa l ob jet iv o res id ia n um ”ur ban i smo d e qu al ida de ”. O n ov o pla ne jam ent o abd ica va da pre ten sã o m o dern ist a d a açã o g enér i ca no t odo da c ida de, pr iv il eg ian do açõ es lo ca is c om p o ten cia l tran sf orma dor. . . . ] A c o n s e rv a ç ã o u r b a n a i n t e g r a d a ( CI ) t e m o ri g e m n o u rb a n i s m o p r o g r e s s i s t a i t a l i a n o d o s a n o s 7 0 . M a i s e s p e c i f i c a m e n t e , d a e x p e ri ê n c i a d e r e a b i l i t a ç ã o d o c e n t ro h i s t ó ri c o d a cidade de Bolonha, iniciada nos últimos anos da década de 60, e conduzida por políticos e a d m i n i s t ra d o re s l i g a d o s a o P a rt i d o C o m u n i s t a I t a l i a n o . No s a n o s 7 0 e 8 0 , e s s e s p ri n c í p i o s f o ra m a p l i c a d o s e m v á ri a s c i d a d e s i t a l i a n a s , e s p e c i a l m e n t e d o n o rt e , e e m c i d a d e s e s p a n h o l a s . No s d o i s p a í s e s , a CI s e rv i u c o m o a rg u m e n t o t e ó ri c o e p rá t i c o p a ra a s a d m i n i s t ra ç õ e s m u n i c i p a i s d e e s q u e r d a , e s u a s re a l i z a ç õ e s c o m o b a n d e i ra p a ra a c o n s t ru ç ã o d e u m a i m a g e m p o l í t i c a d e e f i c i ê n c i a a d m i n i s t r a t i v a , j u s t i ç a s o c i a l e p a rt i c i p a ç ã o p o p u l a r n a s d e c i s õ e s d o p l a n e j a m e n t o u r b a n o e re g i o n a l . (Z A N C HE T I , 2 0 0 5 ) 16
ZANCHETI, Silvio Mendes, 2005
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jus tam ent e, na com pree ns ão e rec onh ec ime nto do p atri môn io ed if ic ado com o bem c ult ura l. Para e le , u ma in terv en ção d e res tau r o só po derá ser
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env ol vid os . T a is pr áti ca s dev eria m p rop orc ion ar con exã o l óg ica en tre in ov açã o e co nser va çã o. Par a Z anc het ti , o pr oce s so de pl ane jam ent o de n ature za i nte grad a e q ue reque r a ge st ão da s re la çõe s e ntr e a s aç ões d em anda a con cret i zaç ão d est a ge stã o. Re q u e r est r atég ias pa ra co nduz ir a dia léti ca in ovaçã o/con se rv ação e in stru m entos capa ze s de o per acio nal iza r a est r atég ia, tai s co m o o p lan o est r atégi co . 3.6. 2. N OÇ Õ E S DE B E M C UL TU R AL As di sc us sõe s s obre a re v it al iz açã o do pat rim ôni o pas sam , es se nc ia lme nte , pel o de bat e so bre o pl ane jame nto urb ano , a f orma s de us o dos mo num ent os hi st óri co s e do a poi o às ma nif es t açõ es cu lt ura is. N es se pr oce ss o é i mpor tan te a pa rtic ip aç ão da co mun ida de ou órg ão s d e cla ss e, po is a (re) con str uçã o dos e spa ço s não s e faz por d ecre to ou p or deci sõe s de té cn ic os. A s pes soa s, re si den tes d o lugar, d ev em part ic ipar , p oi s o c onh ec e m e pre ci sam ser mo ti vad as a f orta le cere m o s ent im ento de ide ntida de . Di sc utir ben s c ul tura is é pens ar n a v iab il ida de d a tran sf orma ção urb ana , repre sen ta a nec es si dad e de so nha rmo s co m po lí t ica s d e inv es tim ent o n a r eorg an iz açã o d o cao s u rba no. Ja c que s L e Gof f 17, ao di sc uti r o pa pe l d as c ida de s, apo nta par a o s d es cam in ho s da e xc es si va con cen tra ção urba na e n o s dem on st ra a se gui nte p reoc upa çã o: a n ece s sid ad e de re cup era ção da f unç ão pú bl ica da s ci dad es , d os e spa ço s e con vi vên ci a e de cu lt ura, dos l ugar es de form aç ão e de e xer cíc io da ci dad a nia . A c id ade de sv ita li za d a repr es ent a a co nti nu ida de d o d es cas o com o patr imô ni o , o seu u so i nde vi do. A pa isag em urba na de sca ra cte ri zad a faz com qu e a so cied ad e se di stanc ie da s dis cu ssões sob re o uso do b em cu ltu ra l. O us o a deq uad o do pa tri môni o t em q ue e xer cer d uas fun çõ es: gar ant ir o r esp eit o à cu ltur a, in clu si ve n o qu e s e re fere a o s est il os artí sti co s e gar ant ir o s ig nif ic ado h is tór ico e a com uni dad e, qu e não p ode s er ex clu ída d o pro ce sso de de ci são sobr e o us o d o patr imô nio ou mesm o d os ben efí ci os ec onôm ic os ad vin do s d a a ti vid ade tur ís ti ca. O de sen v olv ime nt o te m d e re pre se ntar a i ns erç ão so cia l, po i s a part ic ip aç ão é e ss enc ia l para qu e os i mpac to s n ão de grad em o lug ar e o s con fron to s e ntr e c omu nid ade e tur i sta s n ão se es tab el eça m; al ém dis so , o l ugar dev e gerar e mpre go s para a comun id ade , opor tun id ade de c ome rc ial iz aç ão d o arte san a to e d e pre sta ç ão de se rv iço s. Par ale la m ente , as e sc ola s nec es sit am fort al ec er o s e stu dos s obre a hi stó ria e c ult ura lo ca l. 17
GOFF, Jacques, 1988
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A pr át ica de sse s ide ai s dema nda va pac to s qu e p ermi ti sse m to do s os ti po s d e açõ es na s c ida des , real iz ado s e ntre múl ti plo s at ores
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Mene se s afir ma qu e a cid ade pode e dev e se r viv i da com o um bem cultu ra l , ond e o bem adq uir e um val or po sit iv o em co ntra po si ção à fruíd a, ana l isa da, e ac ima de tud o, prat i cad a. [...] boa p a ra se r conhe ci da (pe lo ha bitant e, pelo t uri sta, pe lo que tem aí n egócio s a trat a r, p elo técn ico, et c.) , boa pa ra se r contem pla da, e stet icam ente f ruída , anal isa da, apro pr iad a pe la m em ó ria , con sum id a af etiv a e ide ntita ri am ente , m as t am b ém e, ac im a de tudo, é boa p a ra se r p rat icad a, na p lenit ude d e seu potenc ial . [ ...] A rel ação contín ua, pe rm an ente, cot idian a, dem o rada e qu e o tem po adens a, é que c ri a a s co ndiçõe s m a is favo ráv eis pa ra a fr uiç ão do pat r im ônio am bi enta l urb ano. (M E NE S E S, 2 00 6) O p atr imô nio po de se r d e fin ido c omo be m cul tur al tang ív el ou in ta ngí ve l, ca p az de de sp ertar o s ent i ment o d e va lor e ide nt ida de e q ue expr es sa a própr ia cu lt ur a do s po vos . O h ome m, ao con str uir um mo num en to o u um sob rad o e stá m ani fes tan do su a cul tur a a trav és do e sti lo arqu ite tôn ic o d a obra . Por ém, es sa id ent id ade é obt i da a pen as at rav és da c ont empl aç ão de sse b em, de s cart and o, as si m, o sen tid o do co ti dia no, das prá ti ca s d o d ia - a- di a, da m emór ia do tra bal ho , e m bu sc a d e u ma “le git im a ção cu lt ura l ”. Par a est e aut or, a rev it al i zaç ão do p atri môn io s ig ni fic a a refor mul aç ão do s i gni fi cad o d as ma ni fe sta çõ es cu ltu rai s, to rna ndo - a v iva , ao ganh ar sen ti do para as p e sso as e, es pe cia lm ent e, a o re cup erar id ent id ade . 3.6. 3. A A UT ENT IC ID A D E D O PAT RI MÔ NI O O pr ime iro do cum ent o i nte rnac ion al em que au ten ti ci dade ap are ce vin cu lad o a o pa trim ôn io cu ltur a l é a Cart a d e Ven ez a, de 1 964 . N est a Cart a ju st if ic ou - s e a re co mend açã o de que sem pre fos sem p res erv ada s, n os monu men tos arqu it etô ni co s, a s su ce ss iv as i nter ve nç ões d ec orren te s de a lter aç õe s pro gra mát ic as e xi st ent es ao lon go do temp o. E ntre tan to, a p ar tir d e 1 978 , a U N E SC O p ass a a ex ig ir o “te ste de aute nt ic ida de ” para a inc lu sã o d e u m b e m na Li st a d o Pa trim ôn io Mund ia l:
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cid ade , qu e tra z con s igo a probl emá ti ca ur ban a, a cid ade cu ltur alm en te q ual if ica da é b oa par a se r conh ec ida , co nte mpl ada , este ti cam ent e
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Em adiç ão [ ao v alo r u niv er sal ex cepc iona l], o be m dev e s er subm etido a um test e autenti cida de n ão s e l im i ta a cons ide ra ção d a fo r m a e est rutu r as o r igina is , m as in clui toda s as m od ific açõe s subseq üentes e adiçõ es , ao lon go do te m po, as q uai s p ossuem um v alo r histó ri co e a rtí stico . ( U N E SC O, 19 78). A au ten ti ci dad e es tá mu it o lig ada à idé ia d a ori gem dos art efa to s, obr as , co n stru çõe s ou p rogr ama s, p orém l hes dá um a qua li fi c açã o. É como se fo sse uma ad jet iva çã o. No c as o da s re si dên cia s, seu s pr ogra ma s, os ma is var ia dos , s ão q ual if ica do s pe la s re laç õe s ne ce ssá ria s mant ida s e ntre si pe lo s esp aço s c omp art ime nta do s da edi fi ca ção . A au ten tic id ade est ari a na form a da ma ter ial iz aç ão e na sat is faç ão d as exp ect at iva s progr amá ti ca s. O reu so de um e dif íc io, o u me lhor , a sua no va uti li zaç ão por o utr o pro gram a , na mai ori a do s cas os , e xig e a dap taç õe s ou in ter v enç ões nos es pa ços co ns truí do s e at é a cré sc imo s d e ár ea s e t ai s pr ov idê nc ias em m uit as opor tun id ade s pr ov o cam di sc us sõe s inf in ita s e ntre té cni co s e teór ico s en vol vi do s c om a pres erv açã o d e m onu men t os. A res pe ito d is so, o ra ci ocí nio é o se gu int e. A tr oc a ou alt era ção n os pro gram as num e dif íc io é uma f at ali dad e cu ltur al , poi s sa b e - se qu e ele s, a lém d e es tare m e m perma nen te tr ans form açã o merc ê da c ont ínu a vari açã o da s dem and as traz ida s pe lo i nce ss ant e progr es so da huma nid ad e, tam bém p od em sur gir pro vo ca das p or nova s atu aç ões d ec orren tes de n ov os fa to s so cia i s vin do s com a e vo lu ção da ci vi li za ção . As si m, n o pa nora ma e dif ic atór io, des de semp re, são obse rva do s pro gram as , u sos e co st ume s em con tín ua mu taç ão e st arem sen d o abr iga d os em edi fi caç õe s c ara cter iz ada s pe la in fle xi bi li dad e de sua s p ared es . H á s empr e uma perm ane nte ten sã o entre o con tin ent e e o c o nteú do; en tre o edi fíc io e seu hó sp ede , o progr ama. 3.6. 4. T OM B AM ENT O E P R ES E R V AÇ ÃO D E B E N S CULT U RA I S Tombar u m b em cu lt ural d iz re spe it o a u m con jun t o d e a çõ es rea li za das p e lo pod er púb li co c om o o bje ti vo de pre ser var , a tra vés d a apl ic açã o da le gi sl açã o e spe cíf ic a, be ns de v al or his tór ic o, cu ltur al , arqu it etôn ic o, am bie nta l e tam bém de v alor a fet iv o par a a popu laç ão, impe di ndo q ue v enh am a ser de stru íd os o u des ca ract eri zad os . A a çã o de tomb ame nto som ent e é a pli ca da a b ens m ate ria is que se ja m de int eres se par a a pr eser va ção da mem óri a col et iva . ( IP H AN , 2 00 5).
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de aut entic idad e em rel a ção a o s eu de senho , m a t er ial , té cnic as const rut iv as e ento rno;
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O tom bam ent o é a pri me ir a açã o a ser tom ada p ara a pres erv aç ão do s be ns c ult urai s na m ed ida q ue i m pede leg alm ent e a s ua de stru iç ão. prop ici an d o s u a p len a u t ili zaç ão . Os b en s to mba do s po dem ser d iv id id os e m be ns m óve is com o o bje to s de art e, c ole çõ es de d oc ume nto s, f oto graf ia s, m ob il iár io , e as si m por d ia nte . Os ben s imó ve is di zem re spe ito à s e di fi c açõ es: c asa s de mora di a, pal ác ios , p al ace te s, igr eja s e co ns tru çõe s m il it ares . O ent orno do i móv el t omb ado é a á r ea d e pro je ção loc al iz ada n a v iz inh an ça dos imó vei s to mba do s, qu e é del im ita da c om o o bj e tiv o de pres erv ar a s ua amb iên ci a e im ped ir q ue n ov os e le ment os o bs trua m ou r edu zam sua vi si bi li dad e. Com pete ao ór gão que ef etu o u o to mba men to est abe le cer os l imi te s e a s d iret ri zes pa ra as in ter v enç ões na s área s de ent or no d e b en s t omb ado s. O P atri môn io Arq ui tet ôni c o, tam bém cha mad o de Pa trim ôn io Ed ifi ca do, d iz respe it o com o o pró pri o nome s uger e as e di fi ca ç ões q ue adqu iri ram s ign if ic açã o hi stór ic a e c ul tura l em de ter mina da so c ied ade . A su a pres erv açã o sem pre oc orr e n o sen tid o de se le cio nar os e xem pla res mai s e xpr es si vo s, prec io s os e re pre sen tat iv os de de term ina do est il o a rqu ite tô nic o. ( I PH A N, 20 03) Se gun do K Ü H L, o in tere s se pel a p res erv aç ão do patr imô nio i ndu str ia l é re lat iv ame nte re cen te e d e ve ser en ten did o no con t ext o d a ampl ia çã o d aqu il o q ue é c ons ider ad o b em cul tur al 18. De ve - s e lem brar que a res taura çã o d e b en s c ul tura is , ou s eja , o s mod os de in t ervi r n um b em par a q ue tr ansm it a sua s pr in ci pa is cara cte rís ti ca s p ara as ge raçõ es fut ura s, é u m cam p o d is cip li nar qu e c ome ça a ad qu irir au ton omi a h á p elo men os um sé cu lo , c om do is sé cu los de e xp eriê nc ia s pr át ic as e form ul açõ es te óri ca s s is t emát ic as já a cum ula da s. A r es taur açã o tev e len to matur ar n o d ec orrer do te mpo até s e f irmar como a ção c ult ura l, em es pec ia l a par tir do sé cu lo X IX . As i nter ve nçõ es fe ita s em e dif íc io s já ex ist ent es eram, at é e ntã o, vo lta da s para su a adap ta ção às ne ce ss id ade s d a é poc a e d ita da s p or e xig ên cia s prát ic as . ( K ÜH L, 200 5)
3.6. 5. A IM PO RT ÂN CI A D A R EUT ILIZ AÇ Ã O DO P A TRIM Ô NIO D A IN D U STR I ALIZ AÇ Ã O Ao se de fe nder a ci dad e e a pre ser vaç ão do pa trim ôni o ar qu ite tôn ic o, pai sa g íst ic o e urb ano , são ne ce ssár ia s r efl ex õe s s obre a que stã o do n ov o e do ve lh o, po is o ve lho po de não s er a deq u ado, ma s nem tud o o q u e é no vo é nec es sar iam ent e de sej ado . 18
KÜHL, Beatriz Mugayar, 2005
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Por ém , a p res e rva ção s o m en te to rna - se vis ív el para todo s quando u m bem cultu ral en cont r a - se em bom est ado d e conse rv ação ,
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A re gre ssã o no st álg ic a o u rec ons tru ção , a pr es er vaç ão d ev e co ns tit uir - se ess en cia lme nte co mo u m ato d e af irm açã o cr ia dora, de uma prop os ta din âm ica e pote nc ia li zad ora. A c ida de é um c enár io d e contr adi çã o, de fr agm ent açã o, de i nte ns a muda nç a , pal co de re corr ent es e x peri ênc ia s, err os e a cert o s. P ara is so, se en ten de a ci dad e como u m te st emu nho , e la é me móri a e mu dan ça . 4. P RE MI S S AS M ET OD OL ÓGI C A S 4.1. R E CO M EN D AÇ Õ E S D OS Ó RG Ã O S DE PR E S E R V AÇ ÃO A pre ser va ção dos ben s c ult urai s pr es sup õe qu e el es s eja m apr opri ado s pe la soc ied ade , o qu e su ben te nde v ári as f orma s de u ti li zaç ão e frui ção d o bem p el a com u nid ade . A ma is i mpo rta nte dess as fo rma s ta lve z se ja a capa cid ad e de a so ci ed ade atr ib uir um u so a o be m. Só m ed ian te o uso é p os sí ve l pre ser va r artef ato s e e stru tura s ar qui tet ôni ca s e áre as ur ba nas . É o uso que reintegra o bem à vida social, impedindo
sua degradação . I sso e xig e a el ab oraç ão de um proj eto arq ui tet ôni co . Pro j eto arqu it etô ni co crí ti co, no s en tid o a mpl o, que c o mpree nda to da s as mod al ida des d e b ens cul tura i s e as d is ci pl ina s ass oc iad as , t ai s com o a arque ol ogi a, a mus eo log i a, o mar k e ti ng, en tre out r os, e pro jet o n o sen tid o e spe cíf ic o, q ue comp ree nda as o pera çõ e s de con ser va ção , re sta uraç ão, ada pta ção , et c. Um pr oje to e sp ec ífi co d e res taur aç ão e pres erv açã o a rqu ite tôn ic a pres sup õe as s egu int es at iv ida des : Pe squ is a hi stór ic a + es tud o da cr ono lo gia h ist óri co c ons trut iv a + di retr iz es = d i retri ze s d o p roj eto Ac omp anh and o es ta ten d ênc ia, o s do cum ent os in t erna cio na is re fle tem um a dis cu ss ão de ss as qu es tõe s. A Cart a de V ene za , for mula da em 196 4, a pó s a II Gran d e Guer ra, q uan do a s c ida des e uro péi as e st ava m b ast ant e de stru ída s, con si dera va o s
rema ne sc ent e s arqu it etô ni co s
dentr o d o pl ane ja men to u rbano . Es se f ato é d e ex t rema imp ortâ nc ia já q ue f azi a pa rte da re cu pera çã o da ide nti da de c ul tura l d e det erm ina do pov o reco ns trui r sua c ida d e. E ste do cu men to já tr az i a a noçã o de bem c ult ura l , inc lu ind o em sua c on ce it uaç ão a “hi stór ia de q ue é teste mun ho e do m eio em qu e se si tua ” e ta mbé m e xpa nd ind o seu s l im ite s para al ém do mo nume nto i so lad o. A ut il iz aç ão do bem c ul tu ral o d is tan ci a da d eter io riza çã o e do e sq uec im ent o. A in da de a cor do c om a Cart a de Ven ez a, pa ss a m a ser ass egur ad as a s manu ten ç ões d as ruí na s de be ns p atri mon ia is c ult ura is , bem como a s med ida s par a a pres erv açã o e a co nser va ção p erma nen te dos el eme nto s arq uit etô ni cos e do s tes tem unh os h is t óri co s e nc ontr ado s. Alé m de ste s cu ida do s t amb ém pas sa a ser gar ant id o o d i reit o d e jam ai s
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des cobr im ent o, ori gin an do o va lor e a re abi li ta ção v i tal e para s er ple nam ent e vál id a, dev e s er , m ai s d o que a m anu ten çã o o u r eco nstr uçã o, ma s
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detur par em o s rea is sig ni f ica do s hi stó ri cos des sa s r uína s. Ap ós 1 3 an os, em 1972 foi as sin ada outr a c arta n orma ti va, a da UN E S CO, as sin ad a dire ito s vin cu lad os à pr e serv aç ão. S egu ndo o do c umen to, a ed uc açã o e a forma çã o pe ss oa l sã o a s gra nde s c han ce s d a p erpet ua ção da s memór ia s e dos b ens cu l t urai s. Est a car ta de i nte n çõe s pre via q ue os Es tad o s sig nat ári os f iz es sem c o m que o bem c ul tura l ti ve sse u ma função
na vida da coletividade , a lém de es tar in tegr ado a um pl an o ma is am pl o d e prog rama s e e str até gia s urban as . 4.2. D IR ET RIZ E S G E RA I S P A RA D E S E NV OL VI M EN TO D E PR OJ ET O EM ED I FÍCI O HI ST ÓR IC O
“A restauração constitui o momento metodológico do reconhecimento da obra de arte na sua dupla polaridade estética e histórica com vista a sua transmissão para o futuro” (BRANDI)
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O proj eto d e rest aur açã o dos ed if íc io s, vi sa ndo s ua reabi li taç ão par a nov os u sos , con si der a as ori en ta çõe s gera is d a Car ta de Ve nez a, de 19 64, q ue c ont emp lam os pr inc íp io s da dist ingui bilid ade, re ve rs ibil idad e, m ínim a int e rven ção e c om patibi lid ade m at e ria l 20 que re gem a s int erve nç õ e s d e c ará ter co nser vat i vo nac io nai s e i nt erna cio na is . Da Car ta de Ve nez a d es ta cam - se os s egu int es art igo s: art ig o 9 : ” A re st aura çã o é uma op era ção que de v e ter car áter ex ce pc ion al . [.. .] To do trab al ho com p leme nta r reco nhe ci do c omo ind is p ens áve l por r az õe s est ét ica s ou téc ni ca s dest ac ar- se- á d a com pos iç ão arqu itetôn ica e d eve rá o st enta r a m a r ca do nosso tem po ” art ig o 11 – “ As c ont rib uiç õe s vá lid as d e tod as as épo ca s para a e dif ica çã o do mon ume nto d evem se r resp eit ada s”.
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BRANDI, Cesare. TIRELLO, Regina. A Metodologia de projeto de restauro / conservação de edifícios históricos. Notas de aula 4: Au814 Técnicas Retrospectivas. Campinas: Unicamp, 2009 20
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em Par is, ta mbém co nhe cid a c omo Co nv enç ão so bre a Pr ote çã o do P atr i môni o M und ia l C ul tura l e Nat ura l, que pre con iz av a c lara men te o s
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art ig o 1 2 – “O s e lem ent os d es tin ado s a s ub sti tu i r as part es fa lta nte s dev em i nte grar - se harm on ica ment e a o art e e d e h istó r ia” . art ig o 13 – "O s ac ré sc im os s ó pod erão ser t o lera dos n a me di da em que res peit a rem tod as a s par tes in te res san t es do ed ifíc io , s eu esq uem a tr ad ic ion al , o e qu ilí bri o d e sua com po si ção ." Com ba se ne ste s art igo s e à lu z dos pr es sup ost os teór ico s de Ce sar e Bra nd i , qu e con si dera m o s va lor es int rín se cos , o s ori gin ai s e os adqu iri do s pe lo s ob jet os a o lon go d e su a v ida , a int er venç ão p ropost a pa ra a pr ese rv açã o fís ica da s edific açõe s indu st ria is da Rua Bo rge s de Figu ei red o , s e d efin e p elo seg u in te conce ito d e rest au raç ão , def in id o p elo MO N UM EN TA 21: “R estau r ação ou Re stau r o - c on jun to de oper aç ões de sti nad as a r es tab ele cer a u ni dad e d a e dif ic aç ão, rela ti va à con cep çã o or ig i nal ou de in ter ven çõ es si g nif ic ati va s n a sua h ist óri a. O r est aur o d eve s er b as e ado em aná li ses e le van tam ent os i nque st ion áv ei s e a ex ecu ç ão p erm itir a di st in ção en t re o ori gi nal e a int erv enç ão. A rest aura çã o c on sti tu i o t ip o de c ons erv aç ão que req uer o ma ior nú mero de a ç ões es pe cia li za da s. (MO NUM E NT A, 20 05, p. 14 ) As prop ost as d es te T F G se es ten derã o à r evit al iza ção de e di fí cio s in du stri ai s ao l on go da Rua Bor ge s de Fi gue ire do, in dic and o dire tri ze s d e o cu p ação e a ad e q u aç ão d a estr ut ura atu al da e sta ção fe rro viár ia do bai rro, recup e ra r e conced e r nov a v ida à áre a em qu es tão , tant o ec onô mi ca, e amb ie nta lmen te, qua nto so cia l ment e. Me lh oran do - se, e n tão, a qua l i dad e de vid a urban a, pr es sup ond o, a v alo ri zaç ão do patr im ônio e d ifi cad o co m o elem en t o de im po rtâ ncia ao s am bien tes u rba nos , a pr im a zia do s esp aços públ icos c om o a rti culado r es dos dem ai s el em en to s u rb an o s , a tra vés de id éia s p ro pos it iva s e cr iat iv as par a o de se nho de um e spa ç o urb ano de qua li dad e. E nten de - se p or revi ta li za ção a def in içã o e nco ntra da no Man ual d o M ON UM E NT A, que d isp õe: Rev ital iz ação - con ju nto de o pera çõ es de sen vo lv id as em á rea s u rba nas de gr adad as ou co nj unt os de edi fi caç õe s d e v al or h is tór ico de ap oi o à “rea bi li ta çã o” da s est rut ura s s oc ia is, eco nôm ic as e cul tur ai s l oc ais , proc uran do a con seq üe nte mel hor ia da qua li da de ge ral des sa s área s o u con ju nto s ur ban os . (M ON UM E N TA, 2005 ,p. 14) 21
MONUMENTA ¹ “Manual de elaboração de Projetos”, Caderno Técnico 1. Disponível em: www.monumenta.gov.br
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con jun to, d i stingu indo - s e , toda via , a s p ar tes o rig inais a fim de qu e a r est aur ação não fal sif ique o docum en to de
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cres ci men to de sor den ado , na con fi gura çã o de es paç os e xc lud ent es, d es ig uai s, de sc ont ínu os e ma l cone cta do s, na po lar iz a ção s oc ia l, na des trui çã o d e impo rta nte s ves tíg io s h is tór ic os, na de prec ia ção do s r ecu rso s na tura is, na p erda da qu al id ade de vi da, et c.
5. AN ÁL I S E D A S R EF ER Ê NC IA S P R OJ ET UA I S 5.1. PU E RT O M AD E RO Con st itu in do um so fi st ica do ba irro da c id ade de Bu eno s Air es, P uert o Ma deir o é um do s ma is b e m - su ced id os e aud az es c aso s de reno vaç ão u r ban a da at u ali dad e. A reg ião t em s e u his tór ic o de de sen vo lv i ment o vi nc ula do ao p ot en cia l agr oe xpor tad or arg en tin o: em f in s do séc ul o XI X , a re gi ão fo i e sco lh ida p ara abr iga r o p o rto exp ort ador d e gr ão s e carn es or iun dos d a r egi ão do s pamp as . Em bora n ão fo ss e a me lh or alt erna ti va par a a exp orta ção (a larg ar o Ca nal d e R iac hue lo no b airr o de La Bo ca s eria m ai s vi áve l ec onôm ic a e log is ti cam ent e) , a propo sta d a ins ta laç ão d e um c onj unt o de diq ue s em fre nte ao c entro da c ida de (o nde h av ia um l ama ça l) fo i apr ov a d a, gr aça s à i nfl uên c ia e aos c ont at os de seu i dea li za dor, o r ic o c omer cia nte Ed uard o Mad ero. C ont udo , o on erad í ss imo em pre end ime nto n ão se m ostr ou e fi cie nte e toda a á rea corre sp ond ent e a os 16 pr édi os da s d oca s fo i a ban d onad a e de ix ada à mer cê de u m pr oc es so de su cat e amen to. Em 19 89, c erc a de um s é cul o apó s a imp la nta ção d o con jun to, f oi in ic ia do u m proje to de 2 b ilh õe s de dól ares q ue pô s fim à d eg rada ção da ár ea e a tor nou um ce ntro de com érc io e laz er e um a at raç ão turí st ic a d a c ida de. O pro jet o c on si sti u n o re st auro do s ar ma zén s e na su a adap ta ção p ara o abr igo de es cr itór io s, re si dên ci a s, ba res , re sta uran te s, a c adem ia s e c ine ma s. Ta l e mpree nd ime nto f oi vi abi li zad o dur ant e o gov erno d e Car lo s Mene m e cont ou co m a part ic i paç ão de i nve st ime nto s p úbl ic os e pri va do s. A lém da inf rae stru tur a de co m érci o e la zer, o con jun to ai nda abr ig a a U niv ers id ade C ató li ca em s eus trê s ú lt imo s arma zé ns , o que ref orç a a pr ese nç a da pop ul açã o jov em na ár ea. As o bras d e re vi ta li zaç ão env ol vera m d es de a re cu p eraç ão de el eme nto s o rig i nai s d o edi fí cio (c omo o s blo co s d e t ij ol os do s arm azé ns) como a sub st itu i ção d e el emen tos em de grad aç ão ( como esq uadr ia s e pi so s) . A ad apt ab il ida de é um a cara cte rís ti ca v eri fi cad a n ess e pro jet o e que p ode ser tran sp ost a como co nce it o de r ev ita li zaç ão d e ga lp ões in dus tri ais e por tuá rio s. Se ja pe l a gran de q uan ti dad e de á rea qu e e sse s esp aço s di sp on ibi li za m, s eja p ela f le xi bi li dad e obt id a com a p lan ta l ivr e e co m os alt os p és - dir eit os , os gal põe s pod em re ceb er di vers os t ip os de
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De ssa f orma , a prop ost a preten de of ere cer um c ontra pon to ao a t ua l co nt ext o de tran sf orma çã o e desen vo lv ime nto , ba sea do no
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ati vi dad es. P uer to M ader o é uma gra nde ref erên ci a nes se a sp ec to: em u m ún i co c on jun to d e g alp õe s e arma zén s, foi po ss íve l i ns erir u ma sér ie pos si bi lit a r ev ita li zar áre a s d egra dad as co mo tam bé m su prir a s m ai s d iv ers as dema nda s urba nas e co me rcia is . O proj eto pr omo veu a re vi tal iz açã o do es pa ço púb li c o não ape na s atra vé s do rest auro d a área ed if ic ada , mas tamb ém da v al ori za ç ão dos asp ect os urb ano s do port o e su a re la ção c om a c ul tura arg ent ina . T ant o t uri s tas co mo mora dore s têm c omo co stu me vi si tar o cal çad ão do bai rro para a lmo çar nos r es taur a nte s de p arri ll as e toma r a famo sa cer vej a por ten h a Qu ilm es . S ão h ábi to s c onte mpor âne os q ue já s ão tradi ci o n ai s no cot id ian o d a c id ade .
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de d ifer ent es at iv ida des que vão de sde di sc ote ca s at é e scr itór io s c ome rc i ais . In ve st ir n a reo cu pa ç ão de s ses ed ifí ci os , por t anto , nã o a pen as
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Inau gura do em 1 982 , a uni dad e do S E S C P omp éia é um e xpre ss iv o ex empl o na cio na l de rea de qua ção de e di fíc io s in du stri ai s. Con ju gan do es port es e c ult ura, o S ES C Pomp éi a apre sen ta um pro gram a v olt ado pa ra a prát ic a de esp orte s recr eat iv os (c om uma pis ci na e quadr as po li es port iv as) , e spa ço s p ara ex pos iç õe s e ati vi dad es cu ltu rai s, áre as de of ic ina s e w ork sh ops e área s de co nví vi o e a lim e nta ção . A pr ime ira e tap a do pr oj et o, fi na li zad a em 19 82, co nsi st iu n a read equ aç ão d a anti ga fá bri ca d e ta mbor e s Irmã os M aus erp ara o pr ogram a de e ven to s, exp os iç ões e curs os . Po ster ior men te, e m 19 86, é i na ugur ado o b l oco es port iv o, ane xo à a nt iga es trut ura da fábr ic a e con st itu ído por dua s t orre s d e c on cret o a paren te. As torr es sã o li ga das por oi to pa ss are las de co ncre to pro ten did o, as q uai s ven cem v ãos de at é 2 5 me tro s. No pro jet 0 , Li na B o Ba r di est ab ele ce um d iál ogo in tere ss ant e entr e o a t ual e o ant igo . En qua nt o o s ves tíg io s da ant ig a fáb ri ca perma ne cem em e vi d ên ci a (piso s, p ared es , est rut ur as, t elh ado s e in st ala çõ es ), as no va s in sta la çõe s tr azem a lin gua gem d a co nt empor ane id ade em uma es ca la e com um trata men to q ue re for çam e va lor iza m o c ará ter i ndu stri al do e dif íc io. É pos sí v el pe rce ber n o pro je to u m a preo cu p aç ão em pres erv ar não a pen as o corpo fí si co , mas ta m bém o se nti do h ist óri co e soc ia l do ed ifí ci o. O c aráte r fabr il do a nt igo u s o da edi fi ca ção apare nta t er si do tra nsp or tado e ad apt ado a o n ov o progr ama, d e m odo q ue o usu ário s e si nta em u ma “ ind ústr ia ” d e laz er. Em ou tras pa la vra s, a din âmi ca d os pro ce ss os i n dus tria i s, tã o cara ct erí sti c os e pre sen te s n a h ist óri a do bairr o P omp éia , é vi va na int egra ção d as d if eren tes a ti vid ade s do co mp lex o – ar te s, e spor tes , c onv ív io , apr en diz ado , l azer ; tu do a co n tec e s imu lt a nea men te e em ní ve is d e i nte graç ão e fle xi bi li dad e propo rc ion ado s p el os es p aço s e i nter - es paç os do c onj unt o f ábr ica - torr es.
ARQUITETURA PARA O PRÉ-CONSTRUÍDO: um mercado para os galpões industriais da Mooca
5.2. S ES C P OM P E I A
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ARQUITETURA PARA O PRÉ-CONSTRUÍDO: um mercado para os galpões industriais da Mooca
Es tru tura do e m fer ro, o M erca do d e San Mi gue l e st á si tua do em Ma dri e t ev e co nst ruç ão con cl uíd a e m 191 6, sob a d ire ção de Al fon so Dub é. O merc ad o ori gi nal con si sti a em um gra nde merc ado a o ar l iv re. Em 1835 , Jo aqu ín Henr i re al i za um proj et o para cu brí - lo, m as a pen as foram e xe cut ado s a lgu ns pórt ico s. O pro jet o def in iti vo da e str utur a em ferr o é dado em 1 911 a A lfo nso Dub é. Est e no vo pro je to c ons is tia e m uma pla nta l ivr e c om est rut ura met ál ica e su port es de f erro fun did o (m ate ria l sím bol o d o d ese nv ol vim ent o e do pro gre ss is mo, na ép oca) e um sót ão para arma zé ns . A prop ost a pr og r amá ti ca do m erc ado pre ten de r etom ar a lg uma s c ara cter í sti ca s d a a nti ga di nâm ic a de mer cad õe s e ad apt á - la s a o cot id ian o co nte mpor âne o. No pró pri o s ite d o mer c ado ( h ttp :// w ww .mer ca dod esa nmi gue l. es/ ) é po ss ív el en co ntrar alg un s de s eus pr in cí pio s e con ce ito s, den tre os qua is des ta cam os a re cup era çã o da tem pora li dad e d a o fe rta d os mer cad os ( di nâm ic a de pre ço s e ofer ta s), a con jug aç ão d e empre sa s de di ver so s tip os de pro dut os , a fle xi bi li dade e m rela çã o aos h or ário s do s con sum id ore s e a refle xão d a plur al ida d e g ast ron ômi ca esp anh ola . A lém do c arát er c omer ci al mer ca do ai n da t raz a de gu sta ção c o mo p art e d e seu c írc ulo de a ti vi dad es . De l ivra ria de cu li nár ia at é mesa s c omu nit ári as d e de gus taç ão, o cl ie nte con ta com c oz inh eir os q ue pr ep aram d oce s e s al gad os e serv em v in hos de a lta q ua lid ade , s itu açã o seme lh ant e à do Mer ca do Muni ci pa l d e Sã o Pa ulo . A pro po sta d e rev ita li za ç ão da es tru tura d o Merc ado de Sa n Mig ue l pos si bil it ou uma val ori za ção d a área urb ana e inc rem e ntou a s ati vi dad es come rc iai s j á trad ic ion ai s da área . Ao con trár io d os pr oj eto s j á vis to s, a r ev ita li za ção d o merc ado co ns is tiu na r ecu pera çã o da estr utur a orig in al do e dif í cio , sem a lter aç ões f orma is ou i nser çã o d e el emen t os co ntem por âne os. Nes te ca so , f oi um a o pç ão ade quad a, uma v ez que n ão ho uv e mud anç a d e us o e de p rogr ama ( a pena s a lgum as m el hor ias ) e o própr io e di fíc io p o ssu ía um si gni fi ca do c ont empor âne o de ocu paç ão e ins erç ão urb a na.
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5.3. M E RC AD O D E S AN M IG UE L, M A DR I
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Foto 32: Vista da Fachada do Mercado
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Foto 30: Perspectiva interna do Mercado de San Miguel
63 Foto 31: Perspectiva interna do Mercado de San miguel
Con form e pr oj eto de sen vo lv ido pe lo gov ern o e sta ta l , o ant igo ed i f íc io do Carr i age Wo rk sho ps, de 18 88, foi tra nsf orma do em um in ova dor cen tro d e per form an ce e arte con tem porâ nea na c i dade de Sy dne y. F in al iza do em dez embr o de 200 6, o empr een dim ent o c ust o u 33 m il hõe s de dól ares a us tra lia no s e con si sti u em uma n ova sed e de ati vi dad es p ara a Ar ts N SW . O pro jet o foi d es env olv id o por uma e qui pe de arqu ite tos : Tim Greer , Ju li e Ma cke nz ie , J erem y Hu ghe s, Br ian Zu l aik ha, Joh n C hes term an, Be tti na Si egm und , Trin a Da y, Van es sa Vor ster , A mel ia H ol li day , Chr ist ia n Wi ll iam s. As si m co mo em mu it os pr oje tos d e rea dap taç ão de edif íc ios , o pro jet o do C arria ge Work s pro cur ou p reser var e lem ent os or ig in ais (n o cas o as par ede s de t ijo l os e as e stru tura s em f erro) e mar car as n ova s inter ven çõ es co m mat er iai s co nte mpor âne os , co mo estr utu ras e esq ua dr ia s d e a ço e a lu m íni o e el eme nto s d e con cr eto. Em t ermo s de progr a ma, o e dif íc io abr iga sa la s de en sa io , e scr itó rio s a dmin is tra ti vos , esp aço s para w ork sho ps e ate li ês e trê s t eatr os (pe quen o, méd io e gran de), t udo di spo st o e m d is cre tos bl oco s de con cre to .
Fotos 32: Perspectiva interna
Fotos 33: Perspectiva interna
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5.4. C AR RI AG E WO RK S
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De ac ordo pr oje to el abo r ado pe lo Br as il Arqu it etur a, o s ant ig os ga lpõ es qu e ab rig av am as at iv id ade s d a e mpre sa K K KK (re fe rent e a o nome da C omp anh ia U ltra mari na de De sen vo lv ime nt o Kai ga i Ko gyo Kab ush ik i K ai sha) pa ss ara m por u ma i nte rve nç ão que ex tra pol ava o cam po rigor os o d a ar qu ite tura . F ina li za do em 200 1, na cid ade de R eg is tro, São Pa ulo , o pr oj eto bu sc ava a int era ção co m d i vers a s ár e a s e se us resp ect i vos pr ofi ss io nai s, para qu e u m tr aba lh o d e alc an ce po lít ic o e s oc ia l a tend es se às ne ce ss ida de s da s comu ni dad es – in cl u si ve de fut uro s usu ário s - , e at end es se , t ambé m, às ne ces s ida des de a dmi ni str açã o p úb li ca. Os ga lpõ es sã o fr uto da co lon iz aç ão jap one sa n a reg iã o e a in sta la ção das fam íl ia s f oi res ul tad o de um po voa men to pl ane jad o organ iz ad o a p art ir da pro duç ão a grí col a, esp ec if ica ment e, o arro z. Em 19 37, a empr es a fe ch ou e ve nde u se us ben s a dif ere nte s p ropri etár io s. A part ir d aí, se in ic ia um ci clo de aba ndo no e a cab a só q uan do o e scr itó rio B r asi l Arq ui tet ura int erv ém e in ic ia uma ca mpa nha de mob il iz açã o d a popu la ção pa ra cha mar at enç ão do pod er p úb li co e i nve st ir n a re cu pera çã o e r est auro do s edi fí cio s. O res taur o do a nti go e dif í cio f oi e la bora do j unt o a Pre fe itur a Mun ic ip al d e R egi stro e com a S ecr etar i a de E st ado d a E du ca ção de Sã o Pa ulo . Ab rig a um cen tro de f orma çã o d e prof es so res da red e e st adu al de ens ino , um cen tro de c o nvi vê nc ia do s m orad ore s da reg i ã o e o Memor ia l da Im igr açã o J apon es a do V al e do R ib eira . Os a nt igo s ga lpõ es foram re sta urad os e tr a nsf orma dos e m Me m ori al, impl ant ado s às marge ns d o ri o R ibe ira de Igua pe, pró xim os a o pr im iti vo p ort o de Reg is tro – e apre se nta m ac es so s vo l tado s pa ra am bo s os la do s, ta nto par a o rio qua nto par a a c ida de . O con ju nto é f orma do p or quatr o ed ifí ci os e qu iva le n tes e nfi le ira dos ( ant es d e sti nad os a o arma ze nam en to) e um b lo co ma is a lt o (j á usi na de ben efi c iame nto d o arro z e loc al d o maqu in ári o), de trê s pi sos , sep ara do d os pri mei ros . A pes ar de c onf igur ar uma t ipo lo gia d if erent e, o bl oc o de b ene fi cia men to man té m id ent id ade de arra n jo c om o co nju nto . A d im ens ã o do s e dif íc io s é mar cad a pel a pr ox im ida de d os te l hado s d e d ua s água s, a grup ado s d oi s a doi s (rom pid a pe la i nv ers ão da d ire ção do c aim ent o das á gu as d o úl tim o bl oco) , e pe la c omp os iç ão das f ac had as d e alv enar ia e stru tur al de t ij olo s mac iç os , dei xad os à vist a, em qu e se de sta c a a modul aç ão da s arc ad as ce gas e sc alo na das e esc av ada s na sup erfí ci e. Int erna men te é vi sí ve l a es tru tura me tál ic a c ons ti tuí da de vi ga s e pi lare s. A int erv en ção de tev e - s e, port ant o, no rec onh ec im ento da e xpre ss ão arqu it etôn ic a d o con jun to do s qua tro ed ifí ci os pró xi mo s e na sep araç ão d est es em r ela ção a o corp o ma is a lto , o nde s e in sta lou o M emor i al. Um bl oco d e men or di mens ão, q ue s e in ser ia e ntre e sse s do is blo co s de e dif ic aç õe s, fo i demo li do p ara da r lu gar à marqu is e de c on cret o qu e recu per a o va lor do v az i o ex ist ent e an tes da c on s truç ão da qu ele nov o e spa ço , p orta nto , p o ssu em mar cas da c ont emp orane id ade .
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5.5. C ON JU NT O K K KK
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A for ça de ss e pro jet o est á, sob ret udo , pel a li berd a de com q ue el e tran sf orm a o que en con tra. Se m se r tot a lmen te f iel à f orma prim it iva modi fi ca e pre ser va , s im ult ane ame nte . E tra ns for ma, jus tam ent e, p or se r eco nhe cer com o pa rte de um pr oce ss o h is tór ico , por i ss o a li , é int egra do um diá lo go com o te mpo e não um di ál ogo de subm i ssã o.
Foto 33: Perspectiva do projeto.
Foto 34: Perspectiva do projeto.
Fonte: www.arqbrasil.com.br
Fonte: www.arqbrasil.com.br
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ou à ex ig ênc ia d e se c on serv ar ca da p as sag em hi stór ic a, re in ven ta o ed if í cio p ara q ue e le re ceb a sua tr an sfor maç ão. Uma arqu i te tura q ue
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Em 19 24, s ob o g ov erno d o pr efe ito J os é Pir es do R io, o ant ig o m erc ado da C antar eir a com eço u a ser e sbo çad o e c on stru ído n a Vár ze a do C armo , pr óx imo ao P ar que Dom P edr o II e d o ri o Taman du ate í - pr in ci pal v ia d e tr ans por te f lu vi al da c id ade , n a ép oc a. O pro je t o era ba sea do em abr ig ar os co merc ia nte s da r egi ão cen tra l da ci d ade , que ve ndi am s eu s pr odut os ao ar li vre jun to n u m esp aç o ún ic o, à s ma rge ns d o rio , par a que os bar co s com pro dut os vi ndo s d as ch ác ara s pr óxi mas p ude ss em apor tar. O Mer cad o Mun i cip al Pa u li sta no, o Mer cad o da Ca ntare ira , o Me rca do d o P arque Do m P edr o ou, si m ple sme nte , o “Me rca dão ”, como é popu lar men te con hec id o, ocu pa u m gr and e qu art eir ão d e 22 .23 0 m² , de li mi ta do p ela s ru as da Ca ntar ei ra, M ercú rio , As sa d Abd al a e A v en ida do Es tad o. Al ém do préd io p rinc ip al, há d oi s peq uen o s préd io s an ex os d e do is pav imen to s , d est in ado s , orig ina lme nte , à ad mi ni s traç ão e a u m rest aura nte . O p é di rei to, que c heg a a at in gir 1 6 metro s, se d eve à ca ute l a do ar qui tet o qu e pe nso u a po ss ib il ida de de ex pa nsã o atr avé s da futur a con str uçã o d e u m m eza nin o. A ár ea c on stru ída é de 1 2 .600 m² e fo i , ori gin al men te , d iv id ida da s egu in te f o rma: 4 0 % par a c erea is , le gume s, fr uta s e flor es ; 20 % p ara lat ic íni os e sa lga do s; 10 % para c arne s ver des ; 1 0 % para pe ix e s e o s 20 % r es t ante s para a ves , caç as e outro s ani ma is. A es trut ura do e dif íc io é de con cre to arm ado , a compo si çã o da fac had a é marc ada po r uma sér ie d e arco s, co m fec ho em f orma de mas carõ es de ro sto s fe mi nin os, e so b el es , c o rnu c ópi as c he ia s de fr u ta s. N a rua d a Ca nt arei ra e n a A v . do E sta do h á dua s torre s qu e se proj eta m da f ach ada , se n do qu e ape na s na ru a d a Can tar eir a sã o cor oad a s po r c úpu la s re ves ti das de bro nze . O s arc os d es sas torre s s ão fec had os p el o bra são da c ida de d e S ão Pa ulo . O au ge da dec ora ção sã o os ci nco vi trai s q ue re trat am c ena s ca mpe str es, de a uto ria d e C onra do Sor gen ic ht F i lho . E, re ce ntem en te, o Me rca do pa sso u por s ua ma is a brang ent e mod ern iz açã o e resta ura ção , com pr oj eto do arqu it eto Pe dro Pau lo de Me l o Sar ai va e d o es cri tóri o Mari a Luí za Dutr a. G anh ou um me za nin o de 2 .00 0 metro s qu adra do s, s er vid o por d oi s el eva dor es e dua s e sc ada s rola nte s, ond e fo ram in sta lad os di vers os res taur an t es d e c omi da bras i leir a, j apon es a, e sp anh ola , ár ab e e i ta lia na, en tre outr os. E ssa ad iç ão d o meza ni no de for ma al gum a de sre sp eit ou a arqu it etu ra or ig ina l do ed ifí ci o, po i s j á hav ia s ido a nte ci pad a po r Fe li sb erto R an zi ni. O p is o d o nov o meza ni no é d e m ade ira e t ambé m d e t ij olo s de vi dro, gara nt ind o ilu min aç ão às área s a bai xo . O Mer cad o Mun ic ip al é o últ imo d os gran des edi fí ci os em e st il o ec lé ti co de S ão P au lo e, a té h oj e , ma n tém f iel men te a s fu nçõ es para a s qu a is fo i pr oj eta do, to tal m ente pre ser va do .
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5.6. M ER CA D O M U N I CI PA L D E S ÃO PA UL O
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Foto 36: Vista superior das bancas do Mercado Municipal de São Paulo
Fonte:
Fonte:
http://www.piratininga.org/mercado_municipal/mercado_municipal.htm
http://www.piratininga.org/mercado_municipal/mercado_municipal.htm
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Figura 35: Fachada do Mercado Municipal de São Paulo, vista da Av. do Estado.
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Muit os pro jet os fora m e con tin uam se ndo prop os t os p ara a áre a em q ue st ão, sej am a ca dêm ic os , s ejam atr avé s d e c on curs o s, o u de propo st as el abo rad as pe l os órgã os ad min is tra ti vos . A s egu ir, se rão apr es ent ada s a lgu ma s d as id éi as propo st as, a f im de mos tr ar a s var iaç õe s pos sí vei s qua nto à crí ti ca ao lug ar, à sua s ign if ica çã o e à a va li açã o d o est ado atua l de con ser va ção da s edi fi caç õe s e xi st ent es. Os pro jet os apr es ent am d esd e a prop ria çõ es do es p aço fí si co , c om a r ev ita li z açã o d os ed ifí c ios pa rc ial ou int egra lm ent e, com a di çõe s o u sub traç õe s arqu it etô ni cas e estrut ura is . A ss im c o mo, tam bém , en con tram - se pro pos ta s para a o cu paç ão do e spa ço v az io, pres sup on do a demo li çã o d as ed ifi ca çõe s ex is ten tes pa ra dar lu gar a no vo s pr ogr ama s e e sti l os arqu ite tô ni cos .
Imagem 2: Mosaico de Imagens com as propostas para a região em estudo neste trabalho
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8. OUTRAS VISÕES DO LUGAR
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8.1. I NT ER V E NÇ Ã O NA M OO CA: R EF AZ E ND O A M AR G EM F E R RO V I A RI A D A DI AG ON AL S UL
O tr aba lho c ompr een de a regi ão da Moo ca, na c ida de d e Sã o Pau lo . Es sa re giã o e stá i nser id a n o â mb ito da op eraç ão urb ana D i agon al Su l, r eg ião qu e f orma um ei xo ind us tri al em ob s ol esc ên cia , a par tir do ce n tro p ara o a bc . Sua l oca l iza çã o, dev id o a os ei xo s est rut ura is de tran spor te qu e o c ir cun da m, o fer ece b oas p os sib il id ade s d e ace ss o, tor nan do - o um l uga r m etro po lit ano sig ni fi cat iv o; ou se ja , é a p to para re ceb er hab ita nte s d is tan t e s n uma es ca la a mp la, in cl us iv e r egi ona l. Is to ju sti fi car ia pr ogram as de in tere ss e g er al, se ndo qu e u m d ele s fo i i mpl ant ado . A obs ole sc ên cia d o u so i nd ustr ia l a bre um a d i scu ss ã o s obre a s form as de o cu paç ão de sse t erri tór io, c u ja prob le mát ic a f orma o s obj et i vo s des te traba lh o. A res po sta a es sas que stõ es lev ou a u m con ce ito d e qu adra s e ed i fíc io - p ól o, de man eir a a f omen tar o u in duz ir o d ese nvo lv ime nto de todo o ei xo. O d ese nv ol vim ent o d o tr aba lho es tá orga ni za do e m du as es ca las : u ma ma is co nce it ual , q ue abor da o gr and e t erre no e d efi ne u m a tip olo gi a de qu adra s, e o utro on de o o bje to arq ui t etôn ic o do pó lo u ni ver sit á rio se d ef ine a o pon to de um estu do pr el imi nar . A prim eira e s cal a refer e - se à gr and e área q ue hoj e é o cen tro de d is tr ibu iç ão da C ia . An tar ct ica de bebi da s S. A ., cu jo u so previ st o nes se tr aba lho e por outro s é o hab ita ci ona l com térr eo d e at iv id ade s e co nôm ic as . A se gun da áre a, a f ábr i ca propr ia men te dit a, ser ia ocu pad a p or um pól o agl uti nad or, por repre sen tar um pon to nod al em seu c ont ext o.
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TR A BA LH O F IN A L D E G R A DU A Ç ÃO - Au tor: Andr e Au gus to P epa to
70 Imagem 3: Observa-se a preservação de alguns Galpões e a demolição de outros para a implantação das edificações do projeto.
Imagem 4: Estudo das edificações para a implantação na área.
8.2. A PR OD U ÇÃ O D A HA BIT AÇ Ã O NO P RO C E S SO D E T R AN SF OR MA Ç ÃO D A M OO C A
O tema d es te tra ba lho tr at a de do cume nt ar e ana li sa r o proce ss o de tra ns form açã o que e stá o corr end o em di ver sas r egi õ e s da c i dade d e são Pau lo , e em e spe ci al no bairr o da Mo oc a. Est e proc es so c ons is te n a muda nça de us o do e spa ço urb ano e xi st ent e ond e anti gas á rea s ind ustr ia is , c ede m l uga r a nov os emp ree ndi men to s imob il iár io s, mui ta s v ez es , em co ndo mín io s fe ch ad os. es te e st udo pro cur a e nten der al gun s asp ect os da di nâm ic a soc i al, ec onô mi ca e t erri tor ia l da re gi ão metr opo li tan a d e São Pau lo, e su as im pl ic açõ es no es paç o u rba no d a Mo oca . A p esq ui sa da ár ea d a Mo oca foi def in id a em dua s esc al as: a pr ime ira abra n ge o p erím etr o da su bpre f eit ura d a Mo oc a ma ior e s cal a; e a seg und a, c orre spo nde a uma e sca la m ai s pró xi ma , div id id a em du as ár ea s de est udo esp ec ífi ca s. Ap ós o cruz ame nto de d ado s da ár ea da sub pref eit ura , fo i s in tet iz ada u ma p art e da pe squ is a rel at iva a f ato s re cen te s q u e en vo lv em o boo m d o se tor imo bi liár io pau li st ano, o pr oce ss o de re vi sã o d o p la no dir eto r e p la nos re gio na is, e o f oco de qu est õe s p ol êmi ca s d a Mo oc a, ta is co mo a p reser va ção de a lgu ns im ó vei s ind us tri ai s. A úl tim a par te de ste tr ab alh o foi p ens ada p ara po s sib il it ar a di scu ss ão da i mport ân cia d o des en ho ur bano n a tran sf orma ção d a cida de. Atr av és d e si mu laç õe s, f oram d is cut id os e que st i onad os o s ga nho s e p er das d a im pl ant açã o de c ondo mín io s fe cha do s na s anti ga s áre as ind ustr ia is . E por f im, at ravé s de ens ai o s d e pro jet o, fo ram lev ant ada s a l guma s qu es tõe s u rban ís ticas que dev em pr ec ed er os pr oj eto s arqu ite tôn ic os par a a áre a .
Imagem 5: Análise da situação atual da área.
Imagem 6: Perspectiva do avanço do setor imobiliário para a implantação de edificações da antiga zona industrial da Mooca.
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TR A BA LH O F IN A L D E G R A DU A Ç ÃO - Au tor: J oy ce Re is F erre ira da S i lva
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6.3. SI ST EM A D E T RA N S PO RT E D E ALT A CA P A CI DA D E: P RO J ETO D E UM A E ST A ÇÃ O D E M ET RÔ N O B AI RR O DA M OO CA
O metr ô é u m si st ema d e tran sp orte m etr opo li tan o mai s rá pid o e e fi cie nte . A e sc ol ha d o lu gar p art iu do pri ncí pi o de imp lan tar um a est açã o em um lo cal que pude sse se b ene fi cia r d as tra ns form açõ es q ue u m si ste ma co mo o m et rô produ z no b air ro e s eu e ntorn o, a lém d e int egrar - se co m o utro s si stem as de tra nsp ort e e xi s tent es co mo o tre m e o ô nib us. A l inh a d da C PTM di vid e o s b airr os da Moo ca e Ip ira nga . nes te lo ca l ob ser va - se um a tran sfor ma ção d os b airr os on de mu ita s in dú str ias est ão ab and ona da s ou em proce ss o de de sa ti va ção (com o é o ca so da c ompa nh ia An tar cti ca d e beb id as) e ao m esm o te mpo o sur gim ent o de empr eend ime nt os imob il iár io s r esi dên ci as que tem prod u zid o um a for te vert ic al iz açã o na par te b aix a do ba irro d a Moo ca (trad i ci ona lme nt e de ba i xo ga bari to e c asa s rem ane sce nte s do p erío do d e forte pr odu çã o ind ustr ia l da r egi ão) . O part ido d o proj eto b us cou cr iar um a nov a con e xão mo da l de tran sp orte int egra ndo - se à ma lha e x ist ent e da C PTM e ao e x pres so Tirad ent es e r ec one cto u o s d oi s b airr os, a nte s sep arado s pe la orla fe rro viár i a, a tra vé s d e um a praç a r eba ixa da que s erv is se de cam in ho e d e ace ss o p ara a nov a e st aç ão d e m etr ô. A o me sm o t e mpo o lug ar o fer ece um a oport un ida de de reor gan iz açã o d os ba irro s a tra vé s da u ti li za ção de ter re nos e ed ifí ci os vaz io s, pro pon do u ma no va oc upa ção q ue pr iv il eg ias se a cri açã o de um ba irro de uso s mi sto s. Ne le eq ui pa ment os p úb li cos como e sc ol as, h osp it ai s, edi fíc io s m ultifun cion ais como o po up a - te mpo , por exemp lo, pr aç as, e tc s e enc ontr ari am pró xim o s de nova s cas as e edi fíc io s r es idê nc ias de p eque no port e. A pr emi ss a do pro jet o f oi a de que pude ss e h av er u ma in tegr açã o m oda l entr e o s d i ve rsos s is tem as (metrô , trem , ô nib us) e qu e fo ss e p en sad a p ara fu nc ion ar com eq uip ame nto s c ompl eme nta res c omo bo ls õe s de es ta ci onam en to e bic ic le tár ios de forma a ofer ec er o utr as po ss ibi li dad es al ém daq ue la do tr an spor te in di vid ua l.
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72 Imagem 7: Corte da proposta de projeto para estação de metrô
6.4. C E NT RO D E E S P ORT E S E L AZ E R NA M OO CA - I PI R AN GA
O pr oje to lo ca l i za - se às m argen s da li nha "d " da C P TM, e se de se nvo lv e a par tir de um p la n o urba no fei to p elo e scr itór io U N A, em 200 6. Ocu pa - se da porç ão d a fer rovi a lo ca li zad a en tre a s e sta çõe s Mo oca e Ip iran ga, e bus car or gan iz a r uma g rande área h oj e co nfi gur a da por a n ti go s gal põe s ind ustr ia is , a lg un s a ind a e m at i vid ade pro dut iva ou lo gí st ica , e ou t ros sem us o d ef ini do. Tr ata - se de uma eno rme p orçã o d e t ec ido urban o des co ne cta da do r est ant e d a ci dad e, li mi tad a po r b arre ira s f ís ic as c on sec ut iva s: a l inh a f érre a, o ri o T a ma ndu ate í e a Ave nid a d o E sta do, que com por ta um uso c ad a v ez men os fre qüe nte em área s r el ati va men te cen tr ais c omo a M oo ca e o Ip ir anga : a at iv id ade in du str ia l. O p lan o u rba nís ti co par te da idé ia de que a de si ndu stri al iz aç ão em Sã o Pa ul o é u ma ten dên ci a r e al , q u e s e t ornar á a in da mai s a cel erad a quan do f orem e xe cut ada s toda s as m od ifi ca çõe s p re vi st as n o pl ano d e tra n spor tes P itu 202 0, c omo a con str uçã o de n ov as l i nha s de me trô int erl iga da s c om a ferro vi a , a lé m d a f in al iza çã o d e um gra nde c orred or de ô nib us q ue l ig a o e xtre mo sud est e d a ci dad e com a área ce ntra l, o expr es so T ira den te s. O pro je to se art icu la em t rês g ran des vo lu mes : o c onj unt o de ga lpõ es pre ser vad os, qu e ab rig a a ma ior part e d o pro gram a, um e dif íc io pont e qu e in ter li ga o s do is l ado s d a ferr ov ia e ab arca a c ircu la çã o de p ed estr es pr ev is ta n o pl ano urban ís ti co e um te rce iro vol ume , co m progr ama re du zid o, q ue a brig a as q uad ras cob erta s e as p is ci na s recr ea ti v as. Os tr ês v ol ume s es tã o qua se to ta lme nte vol ta dos p ara a b el a pai sag em c ons tru ída n o pl ano ur ban o: a gr and e rai a de águ as e o e xt ens o ver de li nea r, po ntu ado p or v olum es b ai xo s de g alp õe s preser va do s e por t rês gra nd es torr es ve rtic ai s.
Imagem 8: Implantação do projeto na área em questão
Imagem 9: Foto da maquete física com a proposta de interligação entre os dois lados da via férrea.
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6.5. E SP A ÇO M US IC AL D A M OO C A
O tem a é u m Esp aç o mu si cal , l oca li za do n a Mo oca ao l ado d a e sta çã o de t re m. O pr ogr ama t er um ac e rvo d e ex po si ção de i ns tr umen tos mus ica i s (in stru men tos a n tig os at é in stru men to s at uai s), um e spa ço d e exp o si çõe s tem porár ia s de l an çame nto s de CD s, di s cos , canto res , u m aud itór io para apr es ent aç ões de sh ow s, uma es co la d e m ús ica , caf é, r est a urant e, área s de lei tur as , of ic ina s, e u ma lo ja de in stru men to s mus ica i s. O te rren o t em a pro xi mad amen te 9.0 00m² , c ont and o co m o ga lpã o ind us tria l do com eç o d o s écu lo XX , qu e é tom bad o com o p a trim ôni o his tór ic o, q ue t erá n ov o uso , se ndo a l oj a de in st rumen to s mu si ca is, as of i cin as , lo ca l d e ex po si çõe s tem por ári as, e ár ea d e lei tur a, t end o int egra ção c om a p arte no va do proj et o. Par a i ni ci o d o pr oje to, an ali se i t odo o loc al , e de vi do a es ta ção de trem , p er ceb i o gra nde fl ux o de pe sso as que pa ss am por es se lug ar todo s o s dia s, de ss a m a neir a, fi z um e stu do de f lux os , q ue m e a ju dou a t raçar as ár eas l ivr es do meu proj et o, p ara fa ci li ta r o a ce ss o da s pes soa s a e sta çã o d e tr e m, e an al is ar q u al s eri a o melh or lug ar para ca da at i vid ade do e spa ço.
Imagem 10: Estudos dos fluxos do entorno Imagem 11: Proposta de programa para os Imagem 12: Ilustração da perspectiva da galpões proposta
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74 Imagem 13: Corte transversal do projeto, observando a preservação da estrutura de um dos galpões e a demolição dos demais.
6.6. M EM OR IAL R E U RB A NIZ AÇ Ã O M OO C A I PI R AN GA
O se tor M oo ca e I pir ang a , cor tad o pe la Av en ida d o E sta do, pod erá ser re e stru tura do a part ir d es se s eno rme s terr en os vag o s. Es se s vaz io s pe rmi tem uma nov a oc upa ção que apr ox ima a pop ul açã o de red es infr a - es trut ura is in sta lad as . A o mes mo t emp o e sse s e sp aço s re si dua is con cen tram es tra tos di ver sos de form aç ão d a c id a de q ue m ere cem ser pre s erva dos . O pro je to se col oca em sen tid o d e c ont in uid ade com os dif eren tes f lu xos d a c id ad e e xi ste nte , pr op ond o u m proc es so de ac umu la ção de vár ios te mpo s em um mesm o e sp aç o. Em c ontr a pos iç ão a u ma ocu paç ão im obi li ári a e m c urso , q ue se greg a e ap ag a e sse s ve stí gio s. Ne ssa r eg ião a p re sen ça des sa s co nd ic ion ant es se soma a um a pai sagem r e velad or a da form aç ão ur b ana c ara cte rís ti ca d e S ão Pa ulo . a várz ea do s ri os T ama ndu ateí e I pir ang a, con fi gura da c om cl arez a p elo s doi s morro s l ate rai s, co nce ntr ou a s pr ime ira s o cu paç õe s i ndu str ia is da r egi ão. a p e rm an ên cia d essa m o rfo logia d eve s er p re se rv ada . a n ov a ocupaç ão deve s egui r di r etr iz es que p res e rvem a leitu ra de ssa paisa gem . A in ter ven ção s e est abe le ce a part ir do pro jet o de p arque l in ear ao l ong o d a f errov ia , d a con str uç ão de uma no va pa is a gem o nde a á gua tem pa pel e str utur ado r, d a pres erv açã o do pa tri mô nio i ndu str ia l que p erfa z a memór ia de ss e ba irro e do aden sam ent o hab it ac i ona l. O pro je to é del imi ta do pe la s es ta çõe s de tr ens M oo ca e I pir a nga, e o de sen ho s e def ine a p art ir da infr ae stru tu ra: par cel ame nto d e gr ande s g leb as e arruam ent o c ond ic ion ad os pela mal ha e xi st ent e, e s paç os p úb li cos de e sta r e laz er, ra ia p ara esp orte s e dren age m lo ca l e re gio nal , co ne xõe s entre e sta çõ es de trem e metrô , tr an spo si çõ es da fe rrov ia e d o r io, e hab ita çã o de i nter es se so ci al.
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CO NC U R SO P Ú BL I CO – E S CR ITÓ RI O UN A
75 Imagem 14: Implantação da proposta do parque linear.
Imagem 15: Perspectiva da maquete virtual da proposta com as edificações ao longo da ferrovia.
6.7. I NT ER V E NÇ Ã O NA M OO CA
Fragme nta çã o, de sart ic ul açã o, terra in s vag ues , r e des e flu xo s, sã o d ime ns ões qu e p as sam a com po r o t erri tór io metr opo li tan o. Den tro des sa s mut açõ es e tr ans f orma çõe s na e stru tura u rb ana, o re cor te ad ota do pa ra a propo st a de TG I sur g iu a par tir da o rla f erro vi á ria, j á que e st a se apre se nta co mo es trut u rador a d a c id ade e com o o bje to para di gmát ic o de vár ias pro bl emá ti cas c it ada s aci ma. Den tro da e str ut u ra ferr o viár ia , a área d e in ter ve nçã o se en co ntra n o ba ir ro da Moo ca , jun to à e st açã o C PTM d a Moo ca, p áti os de mano bra da ferr ov ia e g al põe s i ndu str ia is re cen tem ente to mba do s p elo D P H. A pa rtir de um terr itór io d esar ti cu lad o e di sp oní ve l da orl a fer ro v iár ia , o tra b alh o de T GI ir á se debr uç ar sob re e stu do s po ssí ve i s para est e esp aç o, bu sc and o pr opor no va s man eir as d e olh ar para a m etró po le at ravé s de um e ns aio sobr e sua s pot en cia li da des , s uas e stru tur as exi st ent es e sua s pos sí ve i s n ova s r el açõ es : n ovo s e spa ço s d e a ce ss ib il ida de, nov os es paç os pú bl ic os e de e qu ipa men tos pú bl ic os.
Imagem 16: Desenhos do processo de projeto de Paula Vilela –
Imagem 17: Desenhos do processo de projeto de Paula Vilela –
transposição da linha férrea
propostas de programa com serviços para a área
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TR A BA LH O F IN A L D E G R A DU A Ç ÃO - Au tor: Pau la Vi le la
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7.1. A S D IR ET RIZ E S P R O JET U AI S Ao est uda r as r efer ên ci a s pro jet ua is r ela ci ona da s ao te ma e a s pr opo st as apre sen tad as p ara a áre a para le lam ent e à a va li a ção d as nec es sid ade s d a ár ea – atra vés da aná li se da s d efi ci ênc ia s e m i nfra - es tru tura de ser vi ços e d is tân cia do ce ntro do com érc i o do bai rro – , obs ervo u - s e q ue tod o o con ju nto de ed ifí ci os d a R ua Bo rge s d e F igu ei redo apre se nta po ten ci al ida des de in ter ven çã o p ara supr ir as nec es sid ade s da r eg ião e m qu est ão . Tomara m - s e como d iret ri zes pro je tua is pa ra o c o nju nto a ela bor açã o d e u m no vo pro gram a p ara o s e spa ço s e st uda do s e t ambé m o trata men to a deq uad o ao s mater ia is e téc ni ca s co ns t ruti va s do s ed if í ci os , at en tand o par a a re vi tal iz aç ão e adeq ua ção do pro gram a, a f im de que sej a com pat íve l aos e spa ç os que rec eb erão a int erv enç ão. Os p rogr ama s pr opo sto s p ara c ada um d es se s ed if í cio s s ão vo lta dos par a o set or do co mérc io e a lim e nta ção , as s im c omo tam b ém o d e serv iç os , t odo s prom ove n do o ret orn o d a a ti vid ad e des sa s e dif ic aç õe s, dev ol ven do a s oc ied ade s eu s s í mbol os do per íod o ind us tri al. Af im de des en vol ver u m progra ma co mpa tí vel a ess as e di fi caç õe s, ao s s eus e spe rad os u suár io s resi den te s e aq uel es q u e es t ão come ça ndo fa zer par te de sta co mun ida de, bu sc ou - s e se gu ir u ma coer ên ci a e ntre mem óri a, sus ten ta bi li dade e int erv en ção , a ss i m repr es ent ado no gr áf ico a se gu ir:
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7. INTERVENÇÕES PROPOSTAS
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Imagem 18: Análise da situação atual dos Galpões ao longo da Rua Borges de Figueiredo
Imagem 19: Estudos do fluxo de veículos na Rua Borges de Figueiredo e na Rua Monsenhor Felippo. Foram marcados os acessos aos galpões.
Imagem 20: Estudos do fluxo de pedestres das imediações dos galpões. O Fluxo é intenso através do acesso à Estação da Mooca. Porém, este acesso encontra-se muito afastado e apresenta perigo aos seus usuários.
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7.2 . E ST UD O S
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AVALIZAÇÃO DOS ESTUDOS
O fluxo atual de pedestres é dado pelo contorno dos galpões, chegando até a estação, porém, tanto a estação fica muito isolada, muitas pessoas desconhecem sua localização, como os Galpões acabam por representar uma BARREIRA FÍSICA na escala do pedestre. PERMEABILIDADE DA EDIFICAÇÃO
A proposta para resolver o fluxo perimetral foi avaliar a possibilidade de se transpor essas edificações. Com isso, foi resolvido o fluxo, assim como também, foi contemplada a teoria em questão em que o patrimônio arquitetônico industrial deve ser PRATICADO, ou seja, não apenas revitalizado, recuperado, readequado ao cotidiano da sociedade atual, como também utilizado por seus usuários, permitindo, assim, maior valorização da edificação e a permanência de um representante da história do bairro. ANÁLISE DA ESTRUTURA EXISTENTE
Ao analisar a estrutura existente, observou-se que é interessante a permanência das aberturas já encontradas nos Galpões, porém, com a demanda do fluxo da estação além do previsto para o Mercado a ser projetado, foi constatada a necessidade de se realizar novas aberturas para circulação de pedestres e também de serviços. Entretanto, essas novas aberturas devem respeitar a linguagem pré-existente nos Galpões, preservando as características das edificações. AUMENTO DO FLUXO
Através desse novo programa, do Mercado da Mooca, verificou-se a necessidade de ampliação também da área externa dos Galpões. Com isso, estudou-se a solução do alargamento da calçada existente da Rua Monsenhor João Felipe, e propôs-se uma nova área de permanência com bancos, mesas das lanchonetes do Mercado, melhorando, também, a infraestrutura, com a instalação de postes de iluminação e vegetação arbórea para ornamentação desse novo percurso. Esse desenho foi repetido no outro lado da calçada, onde se encontra um condomínio residencial. Essa solução permitiu além de resolver a questão do aumento do fluxo de pedestres, como permitiu uma linearidade no percurso desse pedestre, fazendo com que seja possível entender o Complexo como uma local integrado, embora as características das 3 edificações sejam bastante distintas. Com isso, foi mais uma vez contemplada a questão da HETEROGENEIDADE das edificações, preservadas suas qualidades físicas. AREA POSTERIOR
Hoje, não existe uma conexão entre os Galpões e a Estação como houve outrora, o que se observa é um terreno abandonado, com vegetação bastante alta e de difícil acesso, pois atualmente encontra-se isolado por um portão, não permitindo acesso a esse trecho. A proposta deste projeto é a realização dessa reintegração, através da circulação dos usuários da estação pelo Complexo dos Galpões e a criação de uma área externa para esporádicas férias livres, e também uma área de estar com bancos, vegetação e iluminação adequadas, servidos por um quiosque de café.
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FLUXO ATUAL DE PESSOAS PARA A ESTAÇÃO
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Visto a necessidade de ampliação da estrutura da estação de trem existente, devido ao aumento do fluxo de usuários, cerca de 7.000/dia, e assim como também o desenvolvimento de uma melhoria na qualidade estética e estrutural da estação. Para isso, foi projetada uma estação mais aberta e com estrutura mais resistente, como pilares e vigas metálicas, e também a adequação da passarela existente para ligação entre as vias Rua Borges de Figueiredo e Avenida Presidente Wilson, outra saída da estação. O INTERIOR DOS GALPÕES
O programa proposto agrega um Mercado onde são encontrados produtos como alimentos, bebidas, utensílios de tabacaria, empórios, produtos importados, etc, assim como também praça de alimentação e lanchonetes rápidas para suprir as necessidades dos usuários da estação. Além do programa do Mercado, os Galpões receberam uma estrutura de serviços rápidos, através de uma galeria, onde são encontrados serviços de caixas eletrônicos, floricultura, revistaria, casa lotérica e uma doceria. Unindo-se a essa estrutura, foi proposta uma padaria, com área com mesas e para venda de pequenas utilidades culinárias, e, se apropriando da estrutura de uma mezanino existente do Galpão 1, foi projetado um espaço para um café, com grande área de estar, priorizando a melhor vista do Complexo, pois se encontra na esquina das Ruas Borges e Monsenhor, além da estrutura de janelas e caixilharia bastante interessantes esteticamente e estruturalmente, típicos da arquitetura do período industrial., e também a presença de uma escada de acesso a esse Mezanino, bastante preservada em seus materiais, a madeira. A DISPOSIÇÃO DO PROGRAMA
A partir de toda a análise das necessidades do bairro, das características do entorno, das características da área externa e da área interna dos Galpões, foram determinadas “guias” para o layout do programa. CIRCULAÇÃO
Os eixos da circulação tanto para a Estação quanto para o Mercado foram determinados retilineamente, marcado pelo piso e pelo paralelismo com a estrutura da cobertura de todos dos três Galpões. Os eixos perpendiculares, provenientes da fachada lateral dos Galpões, foram delimitados pelo faixo de luz proveniente dos lanternins das estruturas das coberturas dos Galpões 2 e 3, permitindo, assim, iluminação natural ao longo do dia para as dependências do Mercado.
MODULAÇÃO DAS ESTRUTRURAS DE BANCAS E FECHAMENTOS
A partir da leitura da disposição dos pilares, constatou-se que o de maior relevância é o desenho formado pelos pilares do Galpão 1, pela sua curta distância entre os elementos, assim como sua constante repetição. Com isso, foram traçados eixos que permitiram o encontro do desenho de piso da circulação, formando, assim, as áreas para o comércio. A partir desse traçado, foi projetado um módulo, composto por dry-wall e vigas metálicas tipo I, com dimensões 4,00m X 6,00.
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A ESTAÇÃO
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O No vo Pr ogra ma par a os An tig os G al põe s ind us tri ai s foi e lab orad o com a i nte nçã o de prom ove r o ace ss o livr e do pú bl ico à s ed ifi c açõ es, atra vés da P ER ME A BIL ID AD E D O E S PA Ç O , perm it i ndo a cir cu laç ão do s u suá rios e vi s ita nte s p or tod o o c onj unt o d e p réd io s (d ar nom e) . O f oco de st e pr ogra ma e a a deq ua ção da in fra - es trutu ra da est aç ão ferro v i ária da Mo oca em c onj un to com as i nst al açõ es do Nov o Merc ado do ba irro . A E ST AÇ ÃO F ER R OV IÁ RI A Par a a a deq ua ção da s no vas in sta la çõ es d a e sta çã o, for am a mp lia da s as ár eas de s erv iç os e ad min i stra ção , O s a mbi ent es qu e es se set or di sp õe são : es trut u ra de b il het eri a, ár ea ad min ist rat iv a, ár ea d e c on vi vên ci a do s fu nc io nári os , área té cni ca , áre a de aten dim en to a o pub li co ( enf ermar ia , b ic ic let ário , t el efo ne s p úbl ic o s) e a área de ac es so à p lat afor ma de emba rqu e e de semb arq ue do tre m, a tra vés da s catr aca s. O M E RC A DO O mer ca do é tr aba lha do c omo prin c ipa l pr ogra ma, c ompl eme nta ndo - se à E sta ção da C PTM , t amb ém inc orpor ada ao co nju nto de g alp ões traba lh ado s. E le é prop os t o c om o i ntu it o d e p ote nc i ali zar o fl uxo de u suár io s da e st açã o, in cen ti va ndo outra s ati v ida des de pe rm anên ci a. Pre ten de - se i nc ent iv ar at iv ida des r el ac ion ada s a cul tura gas tro nôm ic a, te ndo em vi sta a vo ca ção do ba irro, já tr adi ci on a lmen te con hec id o por sua s c ant in as e re st aura nte s de com i da it al ian a. Sã o pro pos ta s banc as para ven da d e fru tas , ver dura s, leg ume s e i ten s si mi lare s , como emp óri os, ma ssa s a rt es ana is , co mo pr in ci pa l ati vi dad e, t oman do com o r efere nc ia o Mer cad o de S an Mi gue l (M adr i), e o Me rcad o Mu ni cip al de Sã o Pa ulo , p orém nu m a e sca la me nor, par a a ten der sobr etu do o p úb li co l o cal , u su ári os da es taç ão d a Mo o ca .
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7.3. O P R OG RA MA D E N E C ES S ID A D E S D O M ER CA DO E ST A ÇÃ O MO OC A
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LAN C HO N ET E S cl ien tes d o m erc ado . Es ta s l an cho net es s ão pen sa d as as sim c omo “q uio sq ue s ”, si mp les d e a ten dim ent o rá pid o, bem c omo o s e nco ntra do s n as est açõ es do me tro da ci da de. ÁR E A D E CO N VI V Ê NC IA Pe nsa ndo e m aco lh er os usu ário s, a ár ea de co nv i vên ci a fun cio na c omo po n to de en con tro, d es can so e conví vi o. Pod e ser tra bal had a tamb ém com o e xt ens ão da s l an cho net es, pa ra sup rir a a lt a d ema nda no s h orár ios de ma ior mo vi men to. GAL E RI A Flor icu lt ura, ca ix as el etr ôni co s, re vi st ari a, d oc eri a, l otér ic as , et c. , e ss as ati vi dad es de ser vi ço s são pro pos ta s c omo p rogram a comp le men tar, par a t amb é m apr ov eit ar o i nte ns o f lu xo de usu ári os di ver so s. CAF É D A F Á BR IC A Pe nsa do c omo um a a ti vi d ade de ma ior p erma nên ci a o Café da Fá bri ca s e car act eri za co mo um po nto a t rati vo, f un cio nan do de d ia e noite . Pre ten de - se tra zer a vid a notur na par a a es ta ção , c omo um dos ar tif íc io s p ara tra zer se gura nç a a o l oc al . S ET O R D E S E R VI ÇO S (C AR GA E D E SC A RG A ) Uma ve z que as at iv id ad es p rop ost as l ida m d iret a ment e c om gran de s v ol u mes de prod ut os ( le gum e s, verd ura s, frut as e outr os ite ns come rc ial iz ado s), é nec e ssár io pre ver uma do ca para car ga e d es carg a d ess es pro dut os, fa ci li tan d o su a d is tri bu içã o. A ss im com o t amb ém, dis por de um dep ós it o p ar a u so dos c oemr ci ant es . S ET O R A DMI NI ST R AT I VO É pre vi sto um se tor adm in istr at ivo p ara coo rde nar a s a ti vid ade s e s erv iç os e x erci do s n o M erc ado .
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Com ple men tan do o p rogr ama, sã o prev i sta s lan ch onet es pe que nas , para at ender em não s ó o s usu ár ios da e sta ção c omo ta m bém os
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7.4. FLUXOGRAMA
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ARQUITETURA PARA O PRÉ-CONSTRUÍDO: um mercado para os galpões industriais da Mooca
8. BI BL I OG RA F I A
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