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Miranda do Corvo valoriza olaria do Carapinhal com certificação e formação
Afirmando que a olaria tradicional “é um elemento identitário” de Miranda do Corvo, a vice-presidente da Câmara recordou que o Carapinhal “chegou a ser um grande centro dos oleiros” em toda a região.
“Queremos assegurar a continuidade desta arte, introduzindo alguns elementos de inovação”, sublinhou, para realçar a necessidade de investir na formação dos artífices “que ainda estão a laborar” e ao mesmo tempo “cativar os jovens”.
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Neste processo, o município pretende “chamar a atenção da comunidade para a importância de dar continuidade à olaria” no concelho.
ACâmara de Miranda do Corvo iniciou o processo para a certificação da olaria do Carapinhal com um plano que aposta também na formação profissional para preservar este artesanato local, referiu o vice-presidente da autarquia.
Marilene Rodrigues adiantou que o município está a ser apoiado neste processo pelo Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património (CEARTE), que dispõe de um pólo de formação em Semide, no concelho de Miranda do Corvo.
“Queremos preservar a olaria do Carapinhal como património imaterial que passa pelo saber-fazer”, afirmou.
A autarca, que tem raízes naquela povoação, famosa pela ancestral actividade dos oleiros do barro vermelho, desde pelo menos o século XVI, indicou que o CEARTE vai participar na formação dos artesãos, incluindo jovens interessados no ofício.
Ao longo dos séculos, neste concelho do distrito de Coimbra existiram dezenas de oficinas para moldar a argila, mas o seu número é actualmente muito reduzido.
“No Carapinhal, contamos hoje apenas com duas olarias. Temos outra no lugar da Retorta, além do Museu de Artes e Ofícios Tradicionais da Fundação ADFP, na Quinta da Paiva”, referiu Marilene Rodrigues.
Marilene Rodrigues revelou que também o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) vai estar envolvido neste projecto, intitulado “Olaria do Carapinhal: uma força da natureza”.
“É este património que cabe à comunidade preservar e valorizar, não apenas como manifestação antropológica, mas como verdadeiro valor identitário e capaz de contribuir para o desenvolvimento e afirmação deste território”, defendeu a autarquia.
A olaria do Carapinhal inclui cântaros, bilhas e moringas para a água, potes para o azeite, vasos e jarras para flores, alguidares e caçoilas para confeccionar a chanfana, além de outros utensílios domésticos que entraram em desuso.
“Encetámos um processo de valorização (...) que passa pela certificação, realização de palestras e ‘workshops’, acções de formação de longa duração para oleiros, exposições e muitas outras iniciativas, algumas das quais serão acolhidas na Casa do Design, equipamento municipal destinado à promoção e valorização do artesanato”, sintetizou a vice-presidente do executivo presidido por Miguel Baptista.
Por ocasião das próximas comemorações locais da revolução do 25 de Abril, a Câmara de Miranda do Corvo vai realizar uma exposição com peças de olaria do advogado e antropólogo César Tomé, autor do livro “Moringues, Moringas, Moringos – Percursos lusófonos em torno de um objecto utilitário”.