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Investigadoras do CIS-Iscte estudam a adaptação psicológica e sociocultural de pessoas refugiadas

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Recorrendo à participação de 109 refugiados sírios residentes na Turquia, as investigadoras avaliaram as suas orientações de aculturação, e as suas perceções acerca das orientações de aculturação da sociedade turca. Os participantes responderam também a questões sobre a perceção de discriminação, bem como a sua adaptação psicológica e sociocultural.

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Os resultados mostraram que um desejo mais forte de manutenção cultural estava associado a uma menor adaptação psicológica, não havendo relação entre o desejo de contacto e a adaptação sociocultural. Para além disso, quando os refugiados consideraram a sociedade turca mais aberta ao contacto, relataram níveis mais elevados de adaptação psicológica e sociocultural. Finalmente, quando os refugiados relataram um desencontro entre as suas orientações de aculturação e as que consideravam ser as da sociedade turca, relataram níveis mais baixos de adaptação psicológica e sociocultural e níveis mais elevados de discriminação percebida.

De acordo com as autoras, estas conclusões realçam o papel crítico das orientações de aculturação percebidas, apoiando a importância de considerar uma abordagem mútua do processo de aculturação de pessoas refugiadas. Uma implicação importante é o papel positivo da perceção do desejo de contacto para a adaptação dos refugiados sírios, que salienta o possível impacto benéfico das atitudes dos membros da sociedade de acolhimento em relação ao grupo minoritário e ao seu processo de adaptação. Estes dados sublinham igualmente a importância das intervenções para fortalecer e reforçar a comunicação e o contacto entre os refugiados e os membros da sociedade de acolhimento.

Segundo Imge, esta abordagem dinâmica do processo de aculturação pode também ser relevante para outros grupos étnicos e minoritários para além dos refugiados. É essencial considerá-la quando migrantes e refugiados chegam a um novo ambiente cultural. No acolhimento de refugiados ucranianos em toda a Europa após a recente guerra, acrescenta que “seria benéfico considerar esta abordagem mútua e dinâmica da aculturação quando se pretende promover a sua adaptação psicológica e sociocultural”.

Imge Terzi é atualmente dou- toranda no Iscte-Instituto Universitário de Lisboa e, no seu projecto de doutoramento, está a examinar a aculturação e adaptação de diferentes grupos de refugiados na Turquia e em Portugal. O estudo aqui apresentado é da autoria de Imge Terzi (CIS-Iscte), Rita Guerra (CIS-Iscte), e Kinga Bierwiaczonek (Universidade de Oslo), tendo sido recentemente publicado como um capítulo no livro académico Examining Complex Intergroup Relations: Through the Lens of Turkey.

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