4 minute read

Grave carência de recursos humanos preocupa Comarca de Coimbra

Afalta de dezenas de recursos humanos, especialmente oficiais de justiça, está entre as maiores carências da Comarca de Coimbra, identificadas no relatório anual de 2022, que indica a necessidade de mais de 30 funcionários para estas funções.

De acordo com o relatório anual de 2022 são necessários mais 31 oficiais de justiça para que seja cumprido o quadro legal, que deveria totalizar 305.

Advertisement

Em funções estão 274 oficiais de justiça, cuja média de idades ultrapassa os 56 anos.

O relatório, assinado pelo juiz presidente do Tribunal Judicial da Comarca de Coimbra, Carlos Oliveira, que foi remetido para o Conselho Superior da Magistratura, aponta a necessidade de “aumentar o número de oficiais de justiça, sobretudo de escrivães adjuntos e técnicos de justiça adjuntos”.

Para além de solicitar o preenchimento integral do quadro de oficiais de justiça da Comarca de Coimbra, é ainda pedido que se promova o seu rejuvenescimento.

“[Preconiza-se] colocar assistentes operacionais, assistentes técnicos para o arquivo e funcionários administrativos”, acrescentou.

De acordo com o documento, as secretarias judiciais debatem-se com dificuldade de recursos humanos, “continuando a aumentar a vacatura de lugares no quadro de funcionários judiciais, causada pelos movimentos apenas internos, sem admissão de novos funcionários, pelas aposentações, mas também pelas ausências e comissões/dispensa de serviço e pela saída de funcionários ao abri- go do regime de mobilidade e por concurso para outros serviços da Administração Pública”.

“Repetindo o já afirmado no anterior relatório anual [2021], esta realidade exponencia a situação de grave carência decorrente da insuficiência estrutural do número de funcionários afectos à Comarca, constatando-se que o quadro legal é claramente insuficiente para responder adequadamente ao desejo de prestação de um serviço expedito e de qualidade ao cidadão”, sustentou.

A situação é “de tal modo séria”, que “praticamente todos os serviços e Juízos estão no limiar mínimo ao nível de recursos humanos”.

“Caso percam mais algum funcionário, entrarão em rotura de funcionamento, a qual não poderá ser colmatada por recurso a outros Juízos, também eles já depauperados e a funcionar no limite, e geograficamente distantes”, alertou.

Por isso, sublinha a absoluta premência da admissão de novos funcionários, por forma “a permitir o preenchimento do quadro carenciado da Comarca” e “a revisão em futuros movimentos de oficiais de justiça do seu número de funcionários”.

Para além da carência de oficiais de justiça, é ainda vincada a necessidade de se dotar o quadro do Juízo Local Cível de Cantanhede de mais um juiz de direito.

“Ponderando o inequívoco aumento do número de processos entrados no Juízo de Família e Menores de Coimbra, e nos Juízos Locais Cíveis de Coimbra e de Cantanhede, reflectindo certamente uma alteração na sociedade e economia locais conjugado com a já evidente sobrecarga de trabalho que a alteração legislativa ao regime jurídico do processo de inventário (com a sua rejudicialização parcial) acarreta, torna-se cada vez mais premente, a nível legislativo, a opção de criação de mais um lugar de juiz de direito nos quadros dos referidos Juízos”, justificou.

O relatório destacou também que, ao longo do ano, para manter o normal funcionamento dos vários Juízos, a Comarca de Coimbra implementou medidas de acumulação de serviço para juízes, para além de terem sido alocados juízes de quadros complementares.

No que toca ao número de procuradores da República, o quadro legal deveria contar com 51, no entanto, apenas 43 encontram-se em funções.

“A ausência dos juízes, conjugada com a carência de oficiais de justiça, continuaram a ser um dos mais sensíveis problemas de gestão da Comarca, não tendo o Quadro Complementar de Juízes, não obstante a sua criteriosa, inteligente e hábil gestão pelo Conselho Superior de Magistratura, sido capaz de responder a todas as necessidades sentidas, por falta de juízes”, concluiu.

A área de competência da Comarca de Coimbra abrange o espaço geográfico dos municípios de Arganil, Cantanhede, Coimbra, Condeixa-a-Nova, Figueira da Foz, Góis, Lousã, Mira, Miranda do Corvo, Montemor-o-Velho, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Penacova, Penela, Soure, Tábua e Vila Nova de Poiares.

Carlos Cortes, eleito bastonário da Ordem dos Médicos, assegurou que será “a voz de todos os médicos” pela dignificação da profissão e melhoria das suas condições de trabalho, bem como pela qualidade da prestação dos cuidados de saúde.

O médico Patologista Clínico, que foi presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (OM), foi o candidato mais votado na segunda volta da eleição para bastonário da OM que terminou na quinta-feira, com 61,94% dos votos expressos, num total de 11.176 votos, a maior votação de sempre numa segunda volta.

“Agradeço a todos os médicos que expressaram o seu voto, num verdadeiro acto democrático e plural, bem como a todos os que se envolveram, como candidatos, neste processo eleitoral da nossa Ordem. É aos Médicos e aos doentes a quem me dedico e dedicarei nos próximos anos”, referiu Carlos Cortes num comunicado divulgado na quinta-feira à noite.

Carlos Cortes dirigiu também uma palavra de apreço aos cinco candidatos a bastonário (Bruno Maia, Alexandre Valentim Lourenço, Fausto Pinto, Rui Nunes e Jaime Branco), afirmando que será um bastonário agregador e de união da classe médica e que contará com “todos para melhorar a vida dos Médicos e dos Doentes”.

“Neste momento difícil que atravessamos, exigirei que o papel central dos Médicos no sistema de Saúde seja reconhecido e valorizado, sem exceções. Serei um bastonário de intervenção no sector - e, nomeadamente, no Serviço Nacional de Saúde. Serei a voz de todos os Médicos pela dignificação da profissão, pela melhoria das suas condições de trabalho, pela valorização e segurança do Ato Médico e pela qualidade da prestação dos cuidados de saúde em Portugal”, sublinha.

O médico assegura ainda que será “intransigente com quaisquer ingerências externas” na Ordem e ameaças à sua independência: “Uma Ordem forte é a força dos Médicos”.

Carlos Cortes disputou a segunda volta com o médico Rui Nunes, que obteve 6.867 votos, e que num comunicado divulgado esta sexta-feira avança que irá criar o Fórum Nacional da Saúde, uma decisão que diz ter surgido no rescaldo das eleições, que o motivaram “a dar continuidade ao apoio e vontade de mudar a saúde em Portugal”.

O presidente da Associação Portuguesa de Bioética refere que será “um espaço de reflexão e análise da saúde em Portugal, que pretende envolver todos os profissionais de Saúde”.

“Em quatro meses e meio, conseguimos fazer os médicos voltar a sonhar”, salienta o médico portuense, frisando que “é isto que falta aos médicos e aos profissionais de saúde em geral, autonomia para sonhar”.

O candidato frisa que o grupo, que começou com 12 ou 13 pessoas, depressa se estendeu a mais de 200 médicos que se ofereciam a ser parte integrante da Ordem dos Médicos, para agilizar os processos.

“Um crescimento orgânico e natural, que nos permitiu disputar o lugar de bastonário em poucos meses e que, a cada dia, chamou ainda mais a atenção de muitos outros profissionais de saúde”, frisa o Professor catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Rui Nunes aproveita ainda para congratular Carlos Cortes, afirmando que “os médicos são soberanos no futuro que pretendem”.

This article is from: