Brasília, 19 a 26 de novembro de 2013 ABORTO
A FORMAÇÃO IMPORTA Grupo de mulheres com baixa escolaridade têm mais risco de morrer por procedimento ilegal
GDF
CONCURSO PARA DOCENTE Edital para a Escola de Música permite contratação de professor para ensinar instrumento que não domina
TURISMO
FINANCIAMENTO ONLINE Empresas bancam viagem de internautas em troca de publicidade. Novo site já reúne mais de dois mil brasileiros
BRASÍLIA, 19 A 26 DE NOVEMBRO DE 2013
NÚMERO 407 ANO 43
CAMPUS Douglas Lemos
O LADO MAIS ESCURO DO DF Núcleo Rural na BR 251 é o local com maior número de horas sem luz. Agricultores como Isidoro Cenci têm equipamentos danificados pela falta de energia
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Brasília, 19 a 26 de novembro de 2013
CAMPUS
Carta do Editor
Recorte
Gabriel Luiz
Douglas Lemos
Poucos dos que seguram um exemplar do Campus sabem que ele é feito por duas turmas diferentes. Sai edição toda semana, mas cada equipe tem um período de 14 dias para apurar e “fechar” o jornal, como se diz no nosso jargão. Esta é a última edição da nossa turma, que conseguiu tocar o Campus com expediente de apenas dez pessoas. Ao longo do semestre, aprimoramos nossas técnicas de entrevista e apuração. Bases de dados, como o Datasus, ferramenta consultada na matéria de Maria Tereza Matos, não amedrontam como antes. Ela teve a ideia de relacionar os números de mortes referentes a tentativas de aborto com o grau de escolaridade das mulheres e descobriu um dado relevante, que o leitor deve encontrar na reportagem. No desejo de sair da zona de conforto, quem lê este jornal-laboratório irá perceber que nesta edição, não foi dado enfoque a nenhuma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília. Os olhos dos nossos
repórteres se voltaram para além dos pilares do Minhocão, o Instituto Central de Ciências. Por exemplo, Ana Teresa Malta fez um levantamento dos locais do Distrito Federal onde mais falta energia. Ela decidiu visitar o triste campeão: um núcleo rural próximo à BR 251 que ficou mais de 30 horas no escuro de janeiro a setembro deste ano, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica. Não é pertinente usar este espaço para contar todos os bastidores do jornal. Seriam necessários mais do que os 1,7 mil caracteres disponíveis. Se bem que, para quem lê, não interessam o sofrimento na hora de se pensar um título chamativo nem a pressão angustiante de quando se aproxima o deadline. O que de fato importa é o Campus ser impresso a tempo, custe o que custar. Se conseguimos vencer o desafio durante este segundo semestre de 2013, cabe a você, leitor, definir.
Memória Na matéria de capa da edição 373 do Campus, de novembro de 2011, Ana Paula Matos mostrou o descumprimento de lei que obriga o ensino de música no DF. A reportagem Música fora de ritmo nas escolas fez um levantamento em 108 estabelecimentos públicos da região, e, na época, somente o Centro de Ensino Fundamental 16, de Taguatinga, afirmava possuir ensino musical dentro da grade curricular. Além de professores e alunos, a repórter também ouviu especialistas, que destacaram o papel positivo da musicalização
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no desenvolvimento cognitivo infantil.
Jornal-laboratório da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília
As opções de lazer são reduzidas na capital federal, comparada a outras grandes metrópoles brasileiras. Há apenas uma alternativa de parque de diversão na cidade
Ombudsman
*Termo sueco que significa "provedor da justiça", discute a produção dos jornalistas sob a perspectiva do leitor. Fulano é aluno do Xº semestre FAC.
Alexandre de Paula Depois de avanços no Campus 404, a última edição volta a pecar nas fotografias que ilustram o jornal. Algumas não têm contexto, outras não informam. Nenhuma delas chama atenção de quem se dedica à leitura do jornal. A qualidade da impressão prejudica e há, quase sempre, muitos percalços para se conseguir boas imagens, no entanto fica a impressão de que esse aspecto foi deixado de lado pela equipe. Apesar disso, a edição apresenta em duas reportagens bons usos de gráficos, com soluções criativas. Apesar de Crime de cor confirmar um problema já conhecido, esse não é o erroda reportagem. A informação de mais impacto é a do número
de homicídios de negros, tanto que está na chamada e no sutiã. No texto, entretanto, não é isso que ocupa mais destaque, o dado demora até a aparecer. Ótima reportagem de capa, Fúria sobre rodas não se contentou em dar voz apenas às reclamações. Os repórteres ouviram também motoristas, especialistas e conseguiram fugir do caminho mais fácil de simplesmente mostrar que o problema existe e passageiros estão indignados. A arte do esforço decepciona. O texto parece simplesmente juntar alguns personagens e não consegue inseri-los de fato na questão problematizada. Parece muito pouco para representar a cena artística de Planaltina. A reportagem
trata da falta de apoio, mas não ouve nenhum dos responsáveis pela destinação de verbas para a cultura. Décadas de discriminação começa com uma boa abertura descritiva, mas se perde em meio a tantas aspectos. Falta foco, todos os problemas dos ciganos não cabem em uma reportagem curta. Além disso, os últimos parágrafos tendem à editorialização e se baseiam apenas na fala de um dos entrevistados. Os filhos da favela consegue encerrar bem a edição, com uma abordagem humana do cotidiano dos jovens que moram na invasão. O jornalismo ganha quando aposta em revelar o que, comumente, está longe dos olhos do leitor.
Editor-chefe: Gabriel Luiz Editores: Adriano Belmiro, Ingrid Borges Repórteres: Ana Teresa Malta, Brunna Ribeiro, Ana Teresa Malta, Maria Tereza Matos, Pedro Silva , Tamara Miranda Fotógrafo: Douglas Lemos Projeto Gráfico: Beatriz Ferraz, Hermano
Araújo, Marianna Nascimento e Nadjara Martins Professores: Sérgio de Sá e Solano Nascimento Monitoras: Marianna Nascimento e Nadjara Martins Jornalista: José Luiz da Silva
Gráfica: Palavra Comunicação Tiragem: 4 mil exemplares Contato: 61 3107-6498/6501 E-mail: campus@unb.br Endereço: Faculdade de Comunicação, Campus Darcy Ribeiro, Instituto Central de Ciências - Ala Norte, Brasília, DF
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ELETRICIDADE
QUEDAS E PREJUÍZOS
O núcleo rural PAD é o lugar do DF com maior número de horas sem energia. A CEB é a terceira pior companhia elétrica do país Ana Teresa Malta
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erpenteando a BR 251, armazéns, plantações e máquinas formam um dos maiores produtores de grãos por hectare do Brasil. Começando por volta do Km 7, a região — quase Goiás, quase Minas — abriga o núcleo rural conhecido por Programa de Assentamento Dirigido (PAD). Apesar do sucesso com o trigo, o milho e a soja, a área guarda outro tipo de recorde, mais amargo: é a região do DF com maior número de horas sem luz elétrica. “Aqui, se um cachorro mijar no poste, cai a energia”, brinca o fazendeiro Isidoro Cenci, morador do Capão Seco, uma das zonas do PAD. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de janeiro a setembro de 2013 foram cerca de 31 horas no escuro. No mesmo período em 2012, foram 27,6 horas, e em 2011, 21. No entanto, pelos relatos da população, as horas parecem se estender mais do que as estatísticas. E os prejuízos também. A dona de casa Jussara Aparecida diz que não há saída: “Relampeia e cai a luz, é
só armar pra chover”. Há quatro meses, uma dessas quedas estragou eletrodomésticos da moradia. Enquanto ela lamenta a perda do freezer, o fazendeiro Leandro Maldaner enfrenta uma batalha judicial contra a Companhia Energética de Brasília (CEB) desde 2006. A falta de energia danificou as máquinas da Fazenda Pascoal, da qual Maldaner é sócio. A reposição dos equipamentos vindos de São Paulo demorou cerca de uma semana, estragando metade da produção de trigo. O resultado foi um prejuízo de R$ 180 mil, calcula o fazendeiro, que quer uma indenização da CEB no mesmo valor. Um dos principais problemas na região não é a total ausência de luz, e sim o fornecimento elétrico em potência insuficiente, conforme relata o engenheiro agrônomo Cláudio Malinski, que trabalha na Cooperativa Agropecuária do PAD (Coopa/DF) e está há mais de 30 anos na região. Ele explica que as frequentes reduções e instabilidades na voltagem acabam exigindo mais dos
motores dos equipamentos agrícolas e acelerando o desgaste deles. Malinski acredita que a estrutura elétrica não foi ampliada na mesma proporção que o crescimento das atividades, mas faz uma ressalva: “Ainda estamos melhores do que o Entorno”. Infelizmente, a CEB e a Companhia Energética de Goiás (CELG) disputam as piores posições no ranking de desempenho elaborado pela Aneel. Em 2012, elas ocupavam, respectivamente, o terceiro e o segundo piores lugares dentre as grandes distribuidoras energéticas do país, atrás apenas da Centrais Elétricas do Pará (Celpa). Para o professor Mauro Severiano, da Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB), o principal problema da CEB é o desrespeito aos índices estabelecidos pela Aneel. A agência determina limites para a duração e a frequência das quedas de energia de acordo com as condições de cada região. Na área do PAD, o máximo anual permitido em 2012 eram 43 horas, mas foram superadas 60 horas sem luz. Segundo o administrador da Agropecuária Cenci, Severiano Walendorff, na primeira semana de novembro deste ano a energia já havia faltado duas vezes. Ele diz que as quedas costumam ter duração de quatro ou cinco horas, além de episódios mais curtos e frequentes, de até 30 minutos. “Que nós nem consideramos mais.” Walendorff, que está há 33 anos no PAD, avalia também que o atendimento da CEB está piorando, pois costumava ser mais rápido.
Douglas Lemos
Para Cláudio Malinski, engenheiro agrônomo há 30 anos na Cooperativa Agropecuária do PAD, a instabilidade da energia desgasta os equipamentos da lavoura
E os problemas não afetam somente a agropecuária. As aulas são prejudicadas no Centro Educacional do PAD/DF. “Ontem mesmo, quando chegamos às 7h30, a escola estava sem energia, que só foi voltar às 10h”, relata Sueli de Fátima, secretária da escola. Os 250 alunos do período noturno são os mais prejudicados. De manhã, a falta de energia faz os professores buscarem alternativas que não envolvam uso de equipamentos elétricos, mas durante a noite as aulas precisam ser interrompidas, explica a vice-diretora, Silvania Paulino. A CEB, por meio da assessoria de Comunicação, afirmou que a área traz mais dificuldades que outras no Distrito Federal, pois no núcleo rural os postes de luz e os circuitos elétricos são mais espaçados e extensos, e a própria
quantidade de árvores é um obstáculo. Além disso, a companhia explica que a região apresenta lugares de difícil acesso, condição que considera impossibilitar que equipes trabalhem quando a energia falta durante à noite. Impossível é deixar de notar os sotaques e os sobrenomes propagados no PAD/DF. Segundo relatos dos moradores, o PAD/DF foi criado no final dos anos 70 como forma de abastecer Brasília. Muitos gaúchos vieram para a região que agora produz mais de 30 culturas e exporta para cidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. Malinski afirma que o clima e os investimentos em pesquisas foram os principais fatores que contribuíram para o desenvolvimento do local. Imagine se os cachorros não mijassem nos postes.
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PEDAGOGIA
FAZ DE CONTA LEVADO A SÉRIO Escolas particulares do DF passam a usar simulações de reuniões e assembleias também no ensino fundamental Brunna Ribeiro
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olégios privados de Brasília, que há anos fazem simulações de reuniões de órgãos nacionais e internacionais com alunos do ensino médio, passaram a envolver estudantes do ensino fundamental no processo. Como são consideradas na avaliação, essas simulações — que incluem sessões da Câmara dos Deputados e reuniões de comitês da Organização das Nações Unidas (ONU) — precisam ser aprovadas pelo Conselho de Educação do DF. Maria Clara Garcia de Menezes, 13, está no 7° ano do Leonardo Da Vinci, colégio particular do DF, que este ano passou a oferecer aos alunos do ensino fundamental oportunidade de aumentar a nota do bimestre participando da simulação Onuvinci Jr — organizada pelo colégio Leonardo da Vinci. “Eu gostei, foi um aprendizado a mais”, conta Maria, que representou a China. Com maturidade, ela pensa no mercado profissional: “Achei importante aprender a discursar, melhorei minha oratória. Isso vai ajudar no futuro em uma entrevista de emprego”, conta ela, que quer ser jornalista. A mãe, Paula Barzon, vê pontos positivos na participação da menina na atividade extraclasse: “Ela agora tem uma postura mais adulta, senso crítico mais apurado. Mas, a princípio, ela achava que não ia dar conta”. Para as escolas públicas, o Ministério da Educação exige padronização nas formas de avaliação dos alunos. Em colégios particulares, isso fica a cargo de cada instituição, desde que conste na propos-
ta pedagógica do colégio. “A proposta tem que passar pelo Conselho de Educação do DF para aprovarmos”, declara o coordenador de Supervisão Institucional e Normas de Ensino da Secretaria de Educação do DF, Marcos Silvio Pinheiro. Foi o caso do Leonardo Da Vinci. Segundo Pinheiro, as simulações têm de ser consideradas um incentivo ao aprendizado do aluno, e estarem claras desde o início: “A escola pode realizar. O que exigimos é que o currículo seja seguido e as questões avaliadas sejam coerentes a ele.” As escolas renovam as propostas pedagógicas a cada cinco anos. Caso ela não seja cumprida, a instituição deve sofrer sanções. Denúncias de irregularidades podem ser feitas à Secretaria de Educação. No Sigma, outro colégio de Brasília, há simulações de reuniões do Superior Tribunal Federal (STF), da Câmara dos Deputados e de comitês da ONU. Elas vêm ocorrendo há 13 anos no ensino médio, mas em 2013 alunos do 9° ano puderam participar. “Em 2005, estudantes mais novos participaram, mas paramos. Voltamos agora por pedido dos alunos”, revela Paulo Macedo de Almeida, coordenador das simulações do colégio, pioneiras na cidade. Em 2001, por iniciativa de um ex-aluno, a escola tornou a simulação parte do currículo. “Abraçamos a ideia. Faz parte da nossa proposta pedagógica, não tivemos problemas para aprová-la”, conta ele. O colégio substitui a nota das provas discursivas mensais de História e Geografia pela nota de empenho no evento.
Rogério Bontempo Cândido Gontijo, 15, afirma que existe pressão sob os alunos, mas que a participação vale a pena: “Posso dizer que estou viciado já. Existe pressão porque vale nota, mas o processo é gratificante”. No evento, os participantes são avaliados pelo Documento de Posição Oficial (DPO), aplicado como uma prova; pela oratória e conhecimento demonstrado e pela noite cultural, em que stands de cada país são montados para retratar suas cultura e sociedade com apresentações de palco. HISTÓRICO Emiliano Amorim é fundador e atual secretário-geral da Internacionali Negocia, instituição que realiza simulações em Brasília há 13 anos. Foi ele quem implantou no Sigma as simulações. Formado em Ciência Política, Relações Internacionais e História pela UnB, Amorim participava de simulações na universidade e teve a ideia de expandir isso para os colégios. “Vi que existia no exterior e que era possível de ser feito aqui”, conta. Os eventos começaram com equipe de 17 pessoas e cinco comitês nas simulações. Hoje, seu staff gira em torno de 50 envolvidos e a maior simulação teve 13 comitês. As simulações incluem a Agência de Comunicação e o Jovem Executivo, comitês que trabalham a função da imprensa e de empresários, respectivamente. A Negocia criou o Modelo Internacional do Brasil (MIB) para que os estudantes de melhor desempenho do país pudessem competir. O prêmio
para o melhor delegado é a participação em uma simulação de Harvard, universidade dos Estados Unidos. Emiliano Amorim acredita que a expansão do modelo para alunos mais novos é positiva “Pelo ensino fundamental não ser pressionado com vestibular, é mais flexível. As crianças têm mais energia, são críticas. Não dá para comparar a cobrança. E se os pais autorizam a participação é porque os filhos querem, e é uma vivência maravilhosa.”
"Achei importante aprender a discursar. Melhorei minha oratória" Maria Clara Garcia, aluna do 7º ano do colégio Leonardo Da Vinci
O último MIB aconteceu em Brasília de 31 de novembro a 3 de dezembro de 2012 e reuniu 250 estudantes do Brasil
Divulgação
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EDUCAÇÃO
PROFESSORES DESAFINADOS
Concurso para docente da Escola de Música de Brasília permite que candidatos ensinem instrumento que não sabem tocar Pedro Silva
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omo é difícil tocar um Era aceito diploma de liceninstrumento musical ciatura plena em Música com sem se ter domínio so- habilitação no instrumento. bre ele, um concurso público O documento, no entanto, ao para professor da Secretaria menos em Brasília, não exisde Educação do Distrito Fe- te, uma vez que o único curso deral tem ares de ironia. O superior em Música da cidade, edital admite que o candidato oferecido pela Universidade aprovado dê aulas na Escola de de Brasília (UnB), ainda não Música de Brasília (EMB) sem o concede. Outra diplomação passar por uma prova prática aceita era bacharelado no insque comprovaria a habilidade trumento. Porém, a UnB não com o instrumento. O único possui bacharelado em oito das teste será uma avaliação escri- 17 especialidades em música ta, marcada para o próximo dia do edital. 8 de dezembro. A Escola de Música de “Vão admitir o indivíduo Brasília enviou memorando à sem avaliar se ele é capaz ou Secretaria de Educação pedinnão, sem que ninguém tenha do mudanças nas exigências noção do dos diplomas, quanto ele e a inclusão de toca, ou, na "Entregaremos o aluno prova prática melhor das no exame. A h i p ó t e s e s , a alguém que ou não Secretaria de sem saber se Administração é o candida- sabe nada, ou pouco Pública do DF to ideal para (SEAP), órgão sabe daquilo que r e s p o n s á v e l o cargo’’, reclama Ayrpela elaboração vai ensinar" ton Pisco, do edital, o reprofessor tificou no dia Ayrton Pisco, de violino e 20 de setembro. orquestra da A habilitação professor da EMB EMB. “Não no instrumento vai ser selecionado o melhor foi descartada, e passou-se a instrumentista, mas o candi- aceitar, além do bacharelado, dato que passou em direito que se manteve, a licenciatura administrativo, atualidades e plena em Música, que é obtida lei orgânica do DF’’, pondera, sem que se tenha de praticar, citando conteúdos exigidos na ao longo da graduação, um prova teórica. instrumento. Não foi incluída, Dos 79.239 inscritos para ainda, a avaliação prática. concorrer às 804 vagas para “Pode acontecer de um exprofessor de educação básica celente pianista concorrer em do DF, 96 disputam 17 vagas pé de igualdade com uma pesdirecionadas ao ensino profis- soa que fez licenciatura, mas sionalizante de música, cada que não tem a menor ideia do uma voltada a um instrumento que seja um teclado de piano’’, específico. afirma o coordenador do DeO edital lançado dia 5 de partamento de Música da UnB, setembro exibia erros crassos. Vadim Arsky. Ele lembra que,
Pedro Silva
Roda de choro: violão 7 cordas, bandolim e saxofone estão no edital e podem ter professor pouco qualificado. Não há bacharelado em Brasília para os dois instrumentos de corda
para ingressar na UnB, o candidato a estudante de música passa por prova específica de instrumento no vestibular ou PAS. Na avaliação do vice-diretor da Faculdade de Direito da UnB, Mamede Said, que é especialista em direito administrativo, houve displicência na formulação do edital. “E a retificação feita através do novo edital não resolve o problema. Estão contratando professores que vão ser do quadro permanente do GDF por décadas. Como vão abdicar de um aspecto que é crucial na avaliação do candidato?’’, questiona. “Se foi descuido ou não, cabe ao que cada um pensa’’, diz a secretária-adjunta da SEAP, Jackeline Aguiar. Segundo ela, se a prova prática for incluída no processo seletivo, novo
edital terá que ser feito. “Não podemos fazer uma alteração dessa magnitude no edital do concurso sem cancelá-lo integralmente. Nada vai ser alterado, o concurso vai ocorrer como previsto’’, acrescenta. De acordo com a secretária-adjunta, o fato de haver eleições no próximo ano não permite atrasos no concurso. “O GDF precisa desse concurso homologado antes do dia 30 de junho, que é o prazo limite eleitoral para homologar concurso público e efetuar as nomeações ainda no ano de 2014’’, afirma Jackeline. A formulação de um novo edital adiaria a homologação do concurso e a nomeação dos candidatos aprovados, que só poderiam ser feitas a partir de fevereiro de 2015, após a posse de governadores, parlamenta-
res e presidente. O diretor da Escola de Música de Brasília, Ataide de Mattos, não quis comentar o assunto. O professor da EMB Ayrton Pisco diz que o caso não está recebendo a atenção devida. “Houve uma sucessão de erros. A escola ficar de fora da elaboração do edital, por exemplo, foi um erro. Se houvesse vontade política, seria encontrada rapidamente uma solução.’’ Ele entrou com ação judicial para cancelar o concurso, mas a liminar foi indeferida. Alegou-se que não cabe ao Judiciário adentrar nas funções da SEAP e da banca examinadora, e que o candidato aprovado poderá perder o cargo nos três anos de estágio probatório, se verificada incapacidade de exercê-lo. Pisco vai recorrer.
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TURISMO
FINANCIAMENTO SEM FRONTEIRAS
Site oferece ajuda de empresas para viagens. Plataforma divulga projetos culturais e garante publicidade aos patrocinadores Paulo Caproni escolher patrocinar o plano de viagem de alguém que queira visitar belos lugares e dar ao viajante a tarefa de tirar fotos de cada lugar que visita usando a máquina da empresa e, então, postá-las em redes sociais. Fabricantes de energéticos ou de equipamentos de trilha também podem pedir que os aventureiros usem seus produtos e gravem vídeos das caminhadas ou escaladas feitas por eles. Mas quem não é chegado a esportes radicais ou a andanças extensas também pode ter muito a oferecer. “Há patrocinadores interessados em tipos de atividades muito diversos”, diz Karimov . “O importante é que os viajantes sugiram projetos que tenham algo de extraordinário, que inspirem outras pessoas ou que tenham algum propósito acadêmico ou científico.” Tamanha gama de possibilidades pode atrair o patrocínio vindo tanto de pessoas comuns como também de universidades, de ONGs e de entidades religiosas. É o que espera a norte-americana Jessie Hamilton, estudante de Gerenciamento de Negócios Internacionais que se inscreveu no site. “Pretendo conseguir até US$ 3 mil para ajudar nas passagens. Estou estudando espanhol na Costa Rica e logo irei à França aprimorar meu francês. Mas a língua é só uma ferramenta. Meu trabalho mais importante é com missões”. Protestante da Igreja Metodista, Jessie presta ajuda
humanitária e prega a Bíblia por onde passa. “Com certeza meu maior desafio vai ser a viagem para Jordan, no Oriente Médio. Os países daquela região são sempre perigosos para cristãos”, conta a estudante. Isabella Reis, produtora de cinema em Brasília que também se inscreveu no site, quer estudar línguas, mas seu maior sonho é “conhecer melhor a indústria do cinema mundo afora”. Ela e outras centenas de brasileiros correspondem a 6% dos 34 mil inscritos para a primeira leva de viajantes, definida no último dia 4 de novembro. A partir desse dia, os inscritos começaram a montar suas páginas, de preferência de forma criativa. Segundo Karimov, até o fim de novembro alguns aventureiros já estarão alçando voo. DIVERGÊNCIAS Entretanto, não há consenso. O site já foi acusado em redes sociais e em blogs de ser uma grande fraude, planejada somente para coletar informações pessoais dos inscritos. O indiano Protik Mukhopadhyay usou a página do facebook do site para criticar a falta de uma ferramenta contra spams (como o Recaptcha) no momento de fazer a inscrição. A romena Lacra Timofciuc, especialista em marketing, demonstrou ceticismo com um comentário irônico no mural do site no facebook: “Todos querem viajar, ninguém quer
Paulo Caproni
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uem sonha viajar pelo mundo costuma ter de transpor, logo de cara, um obstáculo capaz de desanimar até os mais experientes montanhistas. A trilha para conseguir o dinheiro necessário a uma viagem bem sucedida é, para muitos, íngreme, escorregadia e cheia de onçaspintadas. Mas alguns viajantes têm encontrado na internet a ajuda de que tanto precisam. No fim de outubro, o site Trevolta.com lançou a primeira plataforma online de financiamento coletivo de viagens aberto para empresas. “A proposta é dar às pessoas a oportunidade de ter sua viagem paga por patrocinadores e vista pelo mundo”, afirma, em entrevista pelo Skype, Mark Karimov, CEO do Trevolta. “As empresas terão a oportunidade de patrocinar viagens de pessoas comuns em troca de publicidade ou de tarefas a serem cumpridas pelos viajantes.” O Trevolta tem apenas nove funcionários em um colorido escritório em Joanesburgo, na África do Sul, e teve, segundo a empresa, mais de um milhão de visitas só na primeira semana de lançamento. Outros sites de financiamento coletivo como o Indiegogo e Kickstarter também se propõem a apoiar diversos projetos culturais, inclusive viagens, mas não são abertos a financiamentos de empresas. Funciona assim: uma empresa que vende máquinas fotográficas, por exemplo, pode
A estudante de cinema Isabella Reis estuda para exames de proficiência em inglês há dois anos. Ela busca doações para visitar a indústria do cinema
pagar. Ótimo!”. Sites de análise de segurança como scamvoid. com recomendam cautela às pessoas que se inscrevem em sites abertos há tão pouco tempo. Karimov afirma que a companhia não distribui dados de nenhum inscrito, nem mesmo para os patrocinadores. “A única informação pública é aquela que os próprios viajantes colocam em suas páginas”, esclarece. “Não há problema nenhum em se pedir dinheiro para uma viagem. Ninguém é obrigado a contribuir”, rebate Jessie. Kartik Kwatra, indiano formado em Ciências da Computação, também se juntou ao projeto, e diz não ter razão para desconfiar das intenções de seus idealizadores. “Todo mundo sai ganhando. O site recebe comissões dos patrocinadores, que, por sua vez, ganham público e o público ganha um site para atrair mais patrocinadores”, afirma Kwatra em entrevista via chat.
Thais Pugliezi é formada em turismo, trabalha em agências de viagens há oito anos e também está otimista quanto à proposta de financiamento coletivo para viagens. “É uma ideia que tem tudo para dar certo. As próprias agências de viagem convencionais poderiam se beneficiar de projetos como esse, financiando aventureiros com a tarefa de descobrir os melhores lugares para se visitar e pedindo dicas de viagem para repassar a seus clientes”. Irismar Costa, do setor de vendas da agência Mundial Turismo, afirma que esse tipo de projeto não chega nem aos pés do autofinanciamento em termos de público. “Não é algo com o qual tenhamos que nos preocupar”, enfatiza. Talvez ainda não, mas a cultura do financiamento coletivo virtual está se expandindo no mercado brasileiro. Prova disso são os mais de 35 sites voltados à arrecadação para projetos de diversas áreas.
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SAÚDE
O GRUPO MAIS EXPOSTO Número de mortes por abortos ilegais é 15 vezes maior em mulheres com baixo nível de formação acadêmica Maria Tereza Matos
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o Brasil, o risco de uma mulher que tenha estudado até o ensino médio morrer por complicações decorrentes de um aborto ilegal é 15 vezes maior do que a de uma que tenha formação universitária. Isso é o que revela levantamento exclusivo feito pelo Campus no Datasus, a base de dados do Ministério da Saúde. Os números confirmam que quanto menor o grau de instrução maiores as chances de morte materna por interrupção voluntária da gravidez. Pelos dados de 2011, os mais recentes do Datasus, tentativas de aborto mataram 1,08 em cada grupo de 1 milhão de mulheres que cursaram até ensino médio. Entre aquelas com curso superior — ao menos iniciado —, o índice de mortes foi de 0,071 para cada 1 milhão. Daniela*, 23 anos, por pouco, não aumentou as estatísticas. Mãe pela primeira vez aos 17 anos, ela engravidou do segundo filho em 2011 quando cursava o segundo ano do ensino médio. Ela explica que trabalhar, estudar e cuidar de uma criança era muito difícil e, por isso, decidiu interromper a segunda gravidez. “Quando descobri, tomei chá de buchinha e passei muito mal durante vários dias com vômitos e diarréia. Mas não quis ir ao médico, porque tinha medo que eles descobrissem o que eu tinha feito e chamassem a polícia.” Ela diz que, apesar de passar mal por conta do chá, não sabia se ele tinha sido eficaz e, por isso, decidiu tomar Citotec — medicamento para tratamento de úlceras utiliza-
do como abortivo. “Consegui os comprimidos e achei um site na internet que explicava como usar. Tive uma hemorragia muito forte durante dias, tive muito medo de morrer, mas não quis buscar ajuda.” Daniela conta que só foi ao hospital duas semanas após o aborto, quando ainda tinha hemorragia e muitas dores. “Quando cheguei, os médicos me internaram. Senti muito medo, pois achavam que eles poderiam me denunciar”. Para o médico Avelar de Holanda Barbosa, coordenador de Ginecologia e Obstetrícia da Secretaria de Saúde e membro do Comitê de Mortalidade Materna do DF, o caso de Daniela não é exceção. “Complicações por abortos malfeitos ou incompletos matam mais mulheres pobres e menos instruídas porque muitas utilizam os medicamentos de forma errada.” Barbosa, no entanto, afirma que felizmente as mulheres agora têm tido menos medo de procurar o hospital em casos de complicação. “Antigamente, a equipe médica fazia também o papel de polícia, se preocupando mais em interrogar a paciente que atendê-la. Hoje não se pode mais denunciar, embora algumas ainda não saibam”. Em 2005, o Ministério da Saúde criou a Norma Técnica de Atenção Humanizada ao Abortamento. De acordo com o documento, em caso de aborto espontâneo ou provocado, o profissional de saúde não pode comunicar o fato
à autoridade policial, judicial e nem ao Ministério Público em razão de sigilo. “O que ainda acontece é um desleixo no tratamento da mulher que aborta. Muitas mortes por complicações de aborto acontecem dentro do hospital porque a equipe médica tende a tratar com descaso a paciente”, lamenta Barbosa. “Às vezes, ela chega com hemorragia e tem que esperar mais de 24 horas por um atendimento. Há ainda um julgamento de valor p o r parte de alguns profissionais.”
POLÊMICA Myriam Mastrella, socióloga e pesquisadora do Anis (Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero), acredita que há subnotificação nos dados reunidos pelo Ministério da Saúde. “É provável que o número de mulheres que morrem seja até maior, mas não são registrados. Até em relação aos abortos legais, os dados são defasados. Mas sabemos que as mulheres negras, pobres e menos escolarizadas são as que mais sofrem as consequências de um aborto clandestino”. De acordo com a pesquisadora, a mulher com maior grau de instrução e maior poder aquisitivo tem acesso a medicamentos com menos risco de adulteração e a clínicas q u e , apesar de clandestinas, têm profissionais competentes para fazer o procedimento de forma segura e higiênica. Para Myriam, a escolaridade se relaciona não só com a renda, mas com o acesso à informação mais confiável. “Geralmente uma mulher com curso superior vai ter um círculo de convivência profissional maior, pode ter contato com médicos ou ter
um ginecologista que a acompanhe e acaba tendo informações mais precisas. Já as mais pobres contam apenas com o saber popular e tomam medicamentos sem nenhum tipo de orientação médica.” A socióloga e assessora parlamentar do CFEMEA (Centro Feminista de Estudos e Assessoria), Joluzia Batista, reitera os argumentos da pesquisadora e afirma que a descriminalização do aborto poderia mudar o quadro. “O exemplo que a gente tem do Uruguai hoje é que a descriminalização, aliada a uma política de planejamento familiar, é capaz de evitar as mortes de mulheres. No entanto, as convicções morais e religiosas cada vez mais conservadoras impedem que o Brasil tenha um debate realmente sério sobre o assunto”, lamenta. Já Lenise Garcia, professora do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília e presidente do Movimento Nacional Cidadania pela Vida — Brasil Sem Aborto, discorda. “A legalização do aborto não mudaria esse quadro até porque, mesmo em países onde é permitido, ele continua existindo de forma clandestina. Muitos abortos não acontecem por razões financeiras, mas porque essa mulher não quer que essa gravidez venha a público, no caso de gravidez na adolescência ou de infidelidade. Aborto é um procedimento extremamente invasivo que provoca sequelas físicas e emocionais. Ele não é a solução”, afirma. * Nome fictício para preservar a identidade da entrevistada
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AGRICULTURA
LAVOURAS NA CIDADE
Plantações de pequeno e médio porte são tendência no Distrito Federal e cidades-satélites. Prática barateia custos à população Tamara Miranda
E
star em harmonia com o meio ambiente, produzir seu próprio alimento, investir em qualidade de vida. Esses são alguns dos benefícios do cultivo de alimentos em região urbana. A agricultura urbana é a cultura de alimentos, temperos, ervas e até animais em áreas próximas às moradias. São formas de agricultura urbana hortas comunitárias, escolares, plantações feitas em apartamentos e telhados verdes. No Distrito Federal a prática está se desenvolvendo aos poucos. Na Rodoviária Interestadual do DF, o programa Terminal Viver Verde incentiva os funcionários ,a plantarem alimentos como alface, couve, rúcula, pimenta, cebolinha e salsa. O plantio é feito em uma área do jardim que fica atrás do prédio. A manutenção da horta é realizada pelos próprios funcionários sob orientação do jardineiro Adailton Nunes. “Aqui eu posso aprender e ensinar o que eu sei para os companheiros, todo mundo coloca a mão na terra e leva o aprendizado para sua casa também”, conta Nunes. Os alimentos são livres de agrotóxicos e adubos químicos. O adubo utilizado na horta é produzido por meio de compostagem, feita com resto de folhas e caules resultantes da poda do jardim. Os custos são pagos pelo Consórcio Novo Terminal, administrador da rodoviária. A cerca de 30km da Rodoviária, outro projeto dá bons resultados. A horta comunitária do Itapoã, além de incentivar a alimentação saudável, é um projeto social que beneficia as crianças da região. No
Tamara Miranda
A horta comunitária do Itapoã recebe apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF). Parte dos produtos fica para os que cuidam da horta, e o resto é vendido a preços baixos. Alfaces e cebolas são tipos de vegetais mais plantados no local
início os idealizadores precisaram enfrentar a resistência da comunidade “Trazíamos os caminhões cheios de adubo e os vizinhos não gostavam do fedor. Por isso transformamos a horta em um projeto social, assim, explicávamos a importância para a comunidade e as pessoas que não gostavam, hoje, participam ativamente”, conta a coordenadora da horta, Sheila Santos. No espaço, são desenvolvidos, ainda, projetos como oficinas de teatro, dança, rodas de terapia e movimentos brincantes. A área de 640 m², localizada na quadra 378 do Itapoã, produz cerca de 1500 alfaces, 750 cebolinhas, 200 pés de rúcula, entre outros vegetais. De tudo que é produzido, 20% fica com a administração, que cede a área e alguns funcioná-
rios, 20% vai para aqueles que cuidam da horta de forma esporádica e o restante fica com os membros mais ativos, que vendem os produtos a preços populares para moradores e escolas da região. “As pessoas vêm aqui e pegam o que querem. Como não é preciso frete e nem estrutura de venda, barateamos o processo”, explica Sheila. A vizinhança apoia o projeto “Essa área era só barro na época da chuva e poeira na época do sol, além de ser depósito de entulho. Agora parece que até a temperatura da quadra melhorou”, conta a moradora Raimunda Nonata. A horta comunitária do Itapoã recebe apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF). A Emater desenvolve um programa
de apoio à Agricultura Urbana, que consiste em formentar projetos de hortas comunitárias e escolares. O coordenador do programa de Agricultura Urbana da Emater-DF, Rogério Lúcio Dianna Júnior, explica que o papel da empresa é oferecer qualificação para os moradores e, quando necessário, fornecer insumos, sementes e mudas. Uma vez por mês, um agrônomo visita as hortas e indica os melhores métodos para fazer a manutenção sem agrotóxicos. “Para participar, basta mandar o projeto de uma horta urbana. Analisamos para ver se é viável e o que precisa ser feito”, explica Lúcio Júnior. “Para ter o apoio da Emater, é imprescindível a participação da comunidade.” Além da horta do Itapoã, outros lugares
também recebem o apoio da emater, como Sobradinho e São Sebastião. O ex-secretário de Agricultura do DF João Luiz Homem de Carvalho acredita ser preciso mais do que hortas comunitárias. “Agricultura urbana é uma prática comum em países devastados por guerras ou grandes desastres naturais. As pessoas precisam plantar mais perto de casa para que a comida não falte”, explica. “O Brasil não deve esperar acontecer um desastre para então começar a plantar o que consome, temos que fazer pequenos canteiros nas nossas casas, apartamentos, escolas.” Carvalho acredita que plantar mais próximo de casa pode acabar com o monopólio das grandes empresas de agrotóxicos e insumos químicos.