Equipe editorial e jornalística da Cannabis World Journals
A Cannabis World Journals é uma revista quinzenal que fala sobre as últimas tendências da indústria da cannabis medicinal.
Direção de conteúdo:
Alibert Flores Anne Graham Escobar
Desenho e conceitualização gráfica:
Katerin Osuna Robles Jannina Mejía Diaz Juliana Cuervo Timbambre
Equipe de pesquisa, jornalística e de redação: CannaGrow: Daniela Montaña e William González CannaCountry: Sandra Loaiza. CannaLaw: Anne Marie Graham, Alibert Flores e Caterina Lomoro CannaTrade: Jennifer Simbaña, Lorena Díaz, Verónica Hernández e Rosangel Andrades . CannaMed: Jennifer Salguero CannaGraphics: Alibert Flores Tradução: Inglês: Nicole Gómez, Verónica Hernández e Andrés Sawyer Árabe: Menna Ghazal e Oraib Albashiti. Português: Marcia Lorenzen e Jennifer Salguero Italiano: Caterina Lomoro e Karen Bermudez Colaboradores nesta edição: Mulheres e Cannabis na Argentina Cannabis Network Colômbia 2022 Paloma Sneh
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EDITORIAL: - Robin “Cannabis” Hood. Pág. 4
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COLUNA DE OPINIÃO: - Judeus e Cannabis Pág. 5
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- Mulheres e cannabis na Argentina Pág. 6 - Cannabis Network Colômbia 2022 Pág. 6
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A Cannabis World Journals é a revista mais abrangente sobre cannabis para leitores exigentes como você. Sem mais delongas, lhe desejamos as boas-vindas.
CANNAGROW - Cânhamo: A possível substituição de algumas indústrias no futuro Pág. 7
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Nossas revistas Canna Med Magazine e Canna Law Magazine, dedicadas à área terapêutica da cannabis e à regulamentação legal da cannabis, respectivamente, decidiram unir forças para trazer a você uma nova e mais abrangente revista quinzenal sobre cannabis: Cannabis World Journals. Canna Med Magazine e Canna Law Magazine se tornam seções da Cannabis World Journals, e junto a elas você poderá encontrar duas novas seções para oferecer uma visão global sobre a planta que você pode encontrar no mercado: estamos falando da CannaTrade, cujo objetivo será enfatizar o ritmo dos negócios que são estabelecidos em torno da cannabis; e CannaGrow, dedicada à botânica e ao cultivo da planta de cannabis.
CANNAGRAPHICS:
NA SALA DO ESPECIALISTA:
- Indústria Cannabis. Pág. 11
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CANNACOUNTRY: - Luxemburgo. Pág. 17
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CANNALAW - A indústria da cannabis impulsiona o PIB do Canadá Pág. 19 - Despenalização: para quando no México? Pág. 21 PERSONALIDADE DO MÊS: - Entrevista com Jaleel White. Pág. 23
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CANNATRADE: - Cannabis e a economia sustentável Pág. 30 - Três maneiras pelas quais a cannabis pode impulsionar a economia Pág. 31 - África é a próxima meca da cannabis? Pág. 33
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CANNAMED: - Perspectivas no uso de medicamentos à base de cannabis: uma visão do mercado na indústria farmacêutica. Pág. 36 - Além dos canabinoides: os terpenos e flavonoides da cannabis, um mercado em expansão. Pág. 39
EDITORIAL
Robin “Cannabis” Hood
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cannabis é provavelmente a única planta medicinal que mais tem contribuído à melhoria da qualidade de vida de milhões de pessoas, mas durante muitos anos informações retrógradas têm desviado a realidade estabelecida; apesar disso, pode-se dizer que a planta é considerada como uma sobrevivente. Durante anos tem existido detratores e opositores, isto é evidente quando nas assembléias de qualquer cenário, são levantadas questões relativas à cannabis e suas propriedades curativas, sem importar as regulações, controle do cultivo, venda e usos da planta. Esta dissidência leva a uma luta sem sentido, a uma disputa verbal estéril porque cria uma anarquia de informação didática e conhecimento da planta medicinal. É triste a posição que assumem de não escutar raciocínios que implicam vida e esperança Apesar disto, é nestas circunstâncias que a cannabis pode ser chamada de Robin Hood da indústria, a qual luta com todas as suas forças, lançando suas flechas de saúde e bem-estar para que os desamparados e não ouvidos recebam o tratamento da planta de que tanto necessitam... Embora o custo disso seja a perseguição e ser classificada como ruim, corrupta ou negativa para a sociedade, ele
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defende com unhas e dentes os direitos dos mais indefesos sem esperar nada em troca. É necessário quebrar de uma vez por todas os paradigmas antagônicos que impedem que a revolução da cannabis avance, para que assim sejam derrotados os "Príncipe John" que não querem ver a cannabis florescer... Estará próximo o dia em que não veremos mais nas ruas de tantos países os avisos de "Procura-se" colocados pelo "Xerife de Nottingham" que querem fechar a cannabis na prisão da ignorância? Vamos vê-la livremente vagando pelas ruas sem medo de ser capturada pelos capangas do usurpador do Rei Ricardo Coração de Leão? Eu gostaria de pensar que sim, e que muito em breve estaremos agitando bandeiras com a frase We Cannabis.
Alibert Flores Equipe Editorial Cannabis World Journals
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COLUNA DE OPINIÃO
Judeus e cannabis Desde os tempos antigos e mencionados no Antigo Testamento e no Talmud, existe uma prolífica e extensa relação entre a cannabis e o judaísmo. A etimologista polonesa Sula Benet, do Instituto de Ciências Antropológicas de Varsóvia, afirma que a palavra cannabis tem origem no idioma semítico. Entre outras, a menção ao cânhamo (Kane-Bosm), aparece quando Deus ordena a Moisés a preparação de óleo sagrado que incluía, entre outras especiarias, o Kane Bosm, que significa "cana aromática (em hebraico e em outros idiomas antigos)". Segundo a historiadora, Deus conversa com Moisés na nuvem de fumaça produzida pelo queimador de incenso com este óleo. Ao longo dos tempos, as duas palavras "kaneh" e "bosm" foram fundidas em uma única palavra "kannabos" ou "kannabus", expressão encontrada no Mishna, o livro sagrado que descreve as leis do judaísmo tradicional. A palavra tem uma semelhança inconfundível com a palavra "cannabis". Existem outras teorias sobre a cannabis no Antigo Testamento, como a de V. Rubin, que afirma que seu consumo era ritual e sagrado, e fazia parte da liturgia religiosa. O pesquisador e médico britânico C. Creighton conclui em seu trabalho "The indications of hashish use in the Old Testament", que indubitavelmente os judeus usavam cannabis, mas as alusões são sempre de forma secreta, sutil, metafórica e alegórica.
Universidade de Wisconsin-Olatteville menciona as referências bíblicas "ervas aromáticas" e "húmus" como drogas psicoativas usadas para rituais. Afirma que a utilização de drogas é tão antiga quanto a religião. É notório: judeus e cristãos ocidentais que evitam as drogas psicoativas em suas práticas de fé são a exceção, não a norma. Neste sentido, no Antigo Testamento há várias passagens com referências secretas ao haxixe. Creighton também sugere que a loucura de Saul, a força de Jonathan e Sansão e as visões de Ezequiel (em 592 a.C) eram justamente por causa da cannabis. Portanto, sem dúvida, poderíamos continuar a mencionar referências no povo judeu. Essa conexão é tão antiga quanto o mundo, e atualmente há uma grande quantidade de judeus envolvidos com o mundo da maconha. Em resumo, ao longo da história universal, os judeus têm utilizado a cannabis para fins científicos, medicinais, recreativos e religiosos. Em Israel, atualmente, há uma importante abertura das regulações em torno da cannabis medicinal e as mudanças na regulamentação a nível mundial, bem como o inegável reconhecimento internacional de Israel como uma referência no desenvolvimento de tecnologias no setor, enquanto uma alta porcentagem de população que consome cannabis para uso adulto. Paloma Sneh
Por outro lado, o professor Stanley Moore da
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CannaGraphics
Mulheres e Cannabis na Argentina Mulheres e Cannabis na Argentina é um espaço político de feminilidade e dissidência canábicas. É uma organização com companheiras em diferentes territórios a nível nacional, as quais são desafiadas e mobilizadas pelo ativismo em prol dos direitos e liberdades das usuárias e cultivadoras de cannabis, e também de substâncias psicoativas. Em particular, a organização aborda a problemática ligada às opressões inerentes à proibição e às consequências que ela gera, assim como o que vivem como feminilidades e identidades não hegemônicas, no heteropatriarcado. Tanto a proibição quanto a discriminação, violência de gênero e diversidade, são parte de um sistema capitalista que as oprime e submete em termos econômicos, políticos e culturais.
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Cannabis Network Colômbia 2022
A Cannabis Network Colômbia 2022 é uma iniciativa que procura criar um espaço que proporcione ferramentas para ajudar a fortalecer empresas e empreendimentos do setor canábico, através do acompanhamento de renomados especialistas a nível internacional que abordarão temas como; a responsabilidade educativa e social, a criação de alianças de negócios e a regulação internacional da indústria da cannabis. Será realizado nos dias 20 e 21 de maio de 2022 em Bogotá, Camorro City Hall Carmel Club. Neste encontro, os participantes poderão promover seus produtos e serviços, consolidar contratos e convênios com outras empresas do setor e potencializar seus negócios. Além disso, empresários e assistentes poderão aproveitar as vantagens competitivas da indústria de cannabis na Colômbia, reconhecendo o país como um precursor no tema , além disso, poderão receber capacitação de especialistas em tópicos relacionados à estratégia de negócios, produtividade e inovação e oferta de formação profissional.
CannaGrow
Cânhamo A possível substituição de algumas indústrias no futuro. CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 24 |
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CannaGrow
A planta de cânhamo tem uma alta versatilidade, condição que é utilizada para produzir biodiesel, o qual é um substituto mais viável e seguro do que o diesel de petróleo.
Atualmente, a indústria do cânhamo a nível mundial está experimentando um grande crescimento como matéria prima em várias indústrias como: medicamentos, alimentos, produção de papel, tecidos e materiais de construção, mas especialmente segundo as tendências, na área da saúde (medicina), em suma, o uso do cânhamo está marcando uma tendência em aspectos chave da economia mundial. Por isso, se temos uma planta versátil que pode ser amplamente utilizada em várias indústrias, que atende aos padrões de rentabilidade industrial e de conservação do meio ambiente, por que não utilizá-la para fins comerciais estratégicos? ...A frase mágica do futuro será, a conservação do meio ambiente. Devido a seu histórico de ilegalidade, há poucas pesquisas e estudos sobre o cânhamo e seu amplo uso empresarial como matéria prima para várias indústrias, mas graças às interpretações atuais da lei em relação à sua legalização em muitos países, está sendo gerado um grande valor empresarial em torno a esta interessante indústria, na medida em que seu cultivo mostra-se ser altamente amigável com o meio ambiente.
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Quando pensamos no futuro, não podemos evitar lidar com a questão urgente da "conservação do meio ambiente". Atualmente, todo fenômeno natural causado pela implementação da antiga era industrial é um cenário desanimador, o grande problema é que os derivados industriais de origem química, produzem substâncias que possuem estruturas moleculares estranhas ao ambiente natural, e como resultado, não podem se decompor naturalmente ou demoram muitos anos, entrando em nosso ecossistema sem degradação, contaminando a biodiversidade em geral, um dos principais objetivos do cultivo industrial de cânhamo é atender a esta grande problemática.
A possível substituição em algumas indústrias O alcance do cânhamo como matéria prima na produção de medicamentos.
CannaGrow
Durante muitos anos, assumiu-se que um medicamento tem o mesmo efeito sobre todos os seres humanos (pacientes) e deve ser administrado na mesma dosagem, mas talvez esse argumento esteja se desvanecendo cada vez mais. Nas terapias com medicamentos à base de CBD (canabidiol, componente do cânhamo), o foco está se voltando para o tratamento das necessidades individuais do paciente e sua singularidade física, psicológica, social e cultural, fatores que desempenham um papel altamente significativo na atividade, no contexto de uma deficiência ou doença; é uma tendência que mais pacientes com doenças complexas estejam consultando tratamentos alternativos à base de cânhamo.
Expectativas para o cânhamo como fonte de combustível A planta de cânhamo possui uma alta versatilidade, condição que é utilizada para produzir biodiesel, o qual é um substituto mais viável e seguro que o diesel de petróleo, e é aqui que surge uma grande questão: por que o cânhamo não é utilizado quando representa uma alternativa viável?, em poucas palavras, para as grandes indústrias petroquímicas representa uma concorrência no mercado, mas os tempos modernos talvez mereçam a implementação de medidas concretas para conter o fenômeno da mudança climática. É um fato pouco conhecido da história, mas empresários como Henry Ford, fundador da Ford Motor Company, e Rudolf Diesel, o criador do motor diesel,
nunca tiveram a intenção de fazer funcionar carros com o combustível atual, talvez suspeitavam que o cânhamo seria o futuro.
Perspectivas para o cânhamo na indústria têxtil A grande maioria do nosso vestuário é feito de algodão, poliéster ou outras fibras sintéticas, a grande vantagem do cânhamo em relação às fibras tradicionais como o algodão, é que são obtidas três vezes mais fibras de cânhamo na mesma área cultivada, é de crescimento rápido, pois cresce aproximadamente 4 metros em 120 dias, e requer poucos insumos agrícolas. Um benefício adicional é que ajuda a descontaminar os solos, já que a planta remove os metais pesados. Desta indústria têxtil também surgem importantes fontes produtivas como: Biopolímeros, geotêxteis, calçados, bijuterias e outros produtos industriais e artesanais.
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CannaGrow
Indústria cosmética Na atualidade e cada vez com mais projeção, se encontram em oferta produtos como: cremes, sabões, óleos e essências que ganham cada vez mais credibilidade entre os usuários para efeitos de saúde.
Indústria do papel
Na indústria do papel, o cânhamo está sendo utilizado como vantagem ambiental competitiva diante da indústria madeireira, que é custosa e amplia cada vez mais a fronteira agrícola, pondo em risco a biodiversidade.
Migração dos consumidores de tabaco O cânhamo medicinal é frequentemente vaporizado, sendo uma via de administração bastante inovadora, e que poderia posicionar farmacêuticos no mercado para controlar doenças causadas pelo tabagismo.
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Indústria da construção Na indústria da construção, uma de suas aplicações mais conhecidas é o "Hempcrete", cujo nome deriva da palavra "Hemp" (Cânhamo) e concreto, que é uma pasta formada pela mistura de fibras de cânhamo, pó de calcário, areia e água. Com o tempo, a mistura se petrifica, resultando em uma estrutura extremamente forte, porém leve. Graças à versatilidade do cânhamo, é possível obter peças de materiais mistos, combinações utilizadas na fabricação de peças resistentes na indústria automobilística. É muito importante que as empresas agrícolas tradicionais no futuro, combinem ações voltadas à conservação do meio ambiente para a conservação do planeta, e há uma forma de fazer isso, que é apostar no cânhamo.
A Indústria Cannabis é um meio de comunicação argentino que nasceu em novembro de 2020 e se dedica a estar na vanguarda das informações e opiniões sobre a indústria e o mercado econômico da cannabis. Eles procuram apresentar o avanço da indústria através do meio editorial, de imagem e audiovisual, em seus diferentes pontos na Argentina e no mundo. Nesta ocasião, a Cannabis World Journals pôde conversar com Leandro Ayala, fundador deste meio e empreendedor canábico, que nos falou um pouco sobre a Indústria Cannabis, sua missão, visão e planos futuros.
CWJ: Conte-nos um pouco sobre o que é a Indústria Cannabis? Leandro Ayala - Indústria Cannabis: A Indústria Cannabis é um meio de comunicação no qual procuramos justamente nos focalizar na indústria da cannabis, pois percebemos que não se falava disso, não há um meio especializado que aborde o assunto, com um perfil empresarial e de negócios. Na Argentina há um meio bem estabelecido que fala sobre a cannabis há anos, mas não de uma perspectiva empresarial e corporativa. Assim, vimos esse espaço e procuramos dar sentido ao nosso trabalho, porque é exatamente isso que temos feito durante 20 anos.
Na sala do especialista:
Neste ano completamos 20 anos, nada mais e nada menos, e era necessário oferecer ao empresário e aos políticos um serviço de informação de boa qualidade. Porque se não souberem o que está acontecendo em nosso setor, é muito difícil levar adiante políticas públicas para uma estrutura produtiva de acordo com a idiossincrasia do empresariado argentino. Em prol disso, construímos esta mídia, que é o reflexo e o trabalho de muitos colegas que vêm trabalhando nisto há muito tempo, desde os grow shops até os pequenos cultivadores solidários. É um espaço muito pequeno. Nosso público é um público muito seleto e não é porque queremos que seja, mas porque a indústria ainda está na sua fase incipiente. É um nicho, digamos. CWJ: Claro, é uma indústria que está crescendo pouco a pouco, mas está se fazendo notar. Isso deve ser enfatizado sempre.
Entrevista com
Leandro Ayala Indústria Cannabis
Leandro Ayala - IC: Leandro Ayala - IC: Igualmente. A Argentina, dentro do âmbito do empreendedorismo canábico, é uma economia bastante robusta, apesar do fato de que esta atividade tem sido realizada quase ilegalmente. Digo "quase" porque não é totalmente ilegal abrir as portas de uma loja, abrir as persianas e fornecer CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 24 |
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um serviço de boa informação ou vender insumos para o cultivo. Na Argentina, estimamos que no setor temos 1500 Grow shops, que são lojas de cultivo especializadas em dar assessoria e fornecer os insumos necessários. O que isso significa? Que a Argentina é um país muito grande e que existam 1500 Grow Shop não é pouca coisa. Então, isto reflete-se em trabalho, em empregos; trabalho genuíno para este setor. Isso, além da ascensão social que o setor teve. Muitos empreendedores que começaram há muito tempo, e muitos pequenos que começaram agora, automaticamente escalam em um patamar social que é muito bom. É muito gratificante que um jovem que estava desempregado, ou que optou por se tornar um empreendedor livre e deixar um emprego como dependente, esteja iniciando um negócio. Na Argentina, embora tenhamos problemas econômicos historicamente, como em todos os países latinoamericanos, há uma economia de consumo interno muito forte. O argentino é consumista, então é muito fácil de se desenvolver. Apesar de todos os obstáculos que os empreendedores enfrentam em termos de impostos, da carga tributária que temos, ou da burocracia quando se trata de montar um negócio; apesar de tudo isso, o empresário argentino está acostumado a lidar com todas as contingências que certas políticas estrangeiras nos impõem. Sempre existem condições que impedem o país de decolar economicamente, mas a verdade é que a Argentina tem tanto potencial que sempre atingimos o fundo do poço, mas nunca sucumbimos, sempre saímos à frente.
o objetivo de todos os meios que estão envolvidos neste setor. Diga-me, quais são os objetivos e a missão da Indústria Cannabis como meio de comunicação? Leandro Ayala - IC: Bem, a verdade é que nós, como um meio de comunicação, militamos isso. O primeiro objetivo em que estamos trabalhando é fortalecer as políticas públicas para que haja uma lei justa para todos. Nós estamos acompanhando este governo porque foram os únicos que deram, ou estão dando, um marco legal e regulatório para o desenvolvimento desta indústria. Um fato político foi a realização de uma exposição em novembro, onde participaram 100.000 pessoas em uma província do norte do país. As províncias do norte da Argentina sempre foram as mais desatendidas e atrasadas em termos econômicos e sociais. Portanto, ter levado um evento desta magnitude a mil quilômetros de Buenos Aires, para as províncias mais pobres, além de termos tido sucesso na assistência de 100.000 pessoas na cidade de Resistencia, Chaco, indica que este é o caminho certo a seguir.
As pessoas e a cultura canábica, o empreendedorismo, não escapa disso; é um fiel reflexo. Sempre estamos fazendo malabarismos para fazer avançar as políticas e isso também nos torna um pouco diferentes de outros, de outras economias como a Espanha ou os Estados Unidos, que têm uma certa estabilidade econômica e podem se projetar de outra forma. Mas, bem, é isso que temos que fazer e estamos aqui para construir essas bases sólidas para levar esta indústria adiante.
Quando comecei o meu discurso de inauguração, fiz uma grande pergunta: Como podemos reter nossos melhores filhos e filhas para que eles não deixem a província do Chaco para Buenos Aires ou Córdoba ou para o exterior em busca de oportunidades de crescimento profissional ou de trabalho porque a província não oferece nada para retê-los? Então, com essa lógica e com essa concepção, o levamos adiante e pudemos chegar a um grande acordo com os políticos. Porque a venda de sementes, por exemplo, ainda é ilegal na Argentina. Nós propomos algo muito simples para eles: se não pudermos vender sementes e os produtores, os Breeders, não puderem vender seu produto ou promover seu empreendimento, não haverá nunca uma indústria nacional forte e próspera, porque sem sementes não há indústria, e é aí que tudo começa; e eles entenderam isso muito bem. Na Argentina, foi a primeira exposição em que as sementes puderam ser vendidas. Chegaram marcas europeias ao Chaco como Ducht Passion, Bush Brothers, BSF, marcas que têm tido sucesso em seu trabalho. Isso nos enche de orgulho.
CWJ:Sim, construir e crescer da melhor maneira para que a cannabis seja completamente globalizada, que é também
A indústria Cannabis incentiva justamente isso, a cultura do trabalho, o empreendedorismo canábico, a construção de pontes entre produtores, empresas
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e consumidor final, e fazer parte desse ecossistema para poder desenvolver a indústria. Essa é nossa visão. CWJ: Adoro isso! É maravilhoso, realmente. Vocês como meio fazem um trabalho extraordinário. Agora, quem é o público-alvo para este meio de comunicação? Leandro Ayala - IC: É destinado a investidores, empresários, a funcionários públicos que tomam decisões e àqueles que querem entrar na indústria da cannabis. Pequenos produtores, pequenos empreendedores, é dirigido a eles. À economia, ao negócio, à indústria. Esse é o nosso mercado. Esse é o nosso nicho. Variado, mas bem seleto. Na Indústria Cannabis não se fala de drogas, outras drogas, por exemplo. Falamos da indústria da cannabis. É de nicho. O meio portal Indústria Cannabis é um meio com muita informação valiosa para que as pessoas possam saber o que está acontecendo no setor, para poder investir, para poder se desenvolver. As informações que manejamos são muito valiosas para aquelas pessoas que já estão na indústria ou pessoas que querem entrar nela. É um grande material de referência. CWJ: Acho isso muito interessante, especialmente para as pessoas que querem entrar na indústria. O que você diria que é o melhor a informar respeito à indústria da cannabis? Leandro Ayala - IC: Olhe como você me deixou pensando. O que é o melhor? Oh, que bela pergunta você me fez, porque é tão simples mas ao mesmo tempo tão profunda. O melhor é informar, dar conhecimento, compartilhar informações. Não se trata de guardá-la para si para tomar uma melhor decisão pessoal. Minha concepção e minha filosofia de vida, ou meu objetivo, para todos estes anos que vêm, foi, é e será posicionar a Argentina dentro de um cenário mundial como um forte protagonista no setor. Parece-me que isto é o mais valioso; compartilhar informações, enriquecendo-nos na troca de contatos, enriquecendo-nos no aprendizado das diferentes realidades que estão acontecendo no mundo no campo da cannabis e que isto seja valorizado pelo leitor. Que o leitor possa saber o que está acontecendo em todo o mundo.
Os grandes meios hegemonicos não tratam desta questão. Por exemplo, no Chile, no novo governo do Presidente Boric, há 12 deputados canábicos que entraram na grande cena política. Isto não se fala nos grandes meios de comunicação. Portanto, compartilhar esta informação, tanto dentro como fora do Chile, é fabuloso para nós, é de um tremendo valor agregado. CWJ: Infelizmente, muitas pessoas ainda não têm a satisfação de conhecer bem esta indústria. Mas o fato de compartilhar algo que você sabe, algo que você maneja e que sabe que vai ser para o crescimento do outro, eu vejo isso como algo incrível. É muito agradável, tanto pessoalmente quanto para meios de comunicação, porque você está abrindo os olhos de quem ainda não tem o conhecimento. Vocês, como meio de comunicação, desempenham um papel fundamental no crescimento intelectual de muitas pessoas. Isso é muito admirável. Digolhe de um meio de comunicação para outro. Leandro Ayala - IC: Porque se queremos que a região seja um jogador forte, temos que pensar assim, que não há competições. E se há competição, é uma competição saudável; porque perante a competência, a gente se supera. Tem que haver uma competição saudável entre os países, porque é isso que vai levar a região da América Latina adiante, e que em termos de produção ou valor agregado, sejam produtos feitos com excelência. Por quê? Porque na competição saudável evoluímos. Pelo menos eu, dentro da Argentina, quero conseguir isso. Não há concorrência para mim, porque se todos melhorarmos dia a dia, não apenas ascendemos socialmente, mas posicionamos a Argentina com cada vez mais profissionalismo. Essa é a verdadeira concepção, e que fará com que os países irmãos da América Latina possamos fortalecer a região como um todo e não separadamente. CWJ: Sim, sobre tudo isso. Acredito que se todos conseguirmos nos unir como países irmãos nesta região, conseguiremos grandes coisas. Leandro Ayala - IC: Sem dúvida! CWJ: Isso seria um sonho feito realidade. CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 24 |
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Mudando um pouco de assunto. No que se refere à coleta de informação, redacção, quando vocês querem colocar as informações no meio, como é o processo para fazer isso?
Leandro Ayala - IC: Nós temos a linha editorial. Como lhe disse, é muito sobre a indústria, sobre o negócio, sobre a indústria e o desenvolvimento. Temos o nosso editor chefe, Murga, e temos uma equipa muito pequena. Eu estou levando a Indústria Cannabis para adiante e estamos sempre à procura do apoio de algumas marcas que podem nos acompanhar, porque também é muito difícil. Temos que pagar salários, temos que pagar fotógrafo, editor. É um custo de produção que temos muito alto. Mas bom, estruturalmente contamos com a honra de ter na equipe a Gabriel Murga, Alejandro Paladino, Christian Maidana, que são pessoas muito prestigiosas e muito valiosas e eles se encarregam de dar a estrutura às notas. Há uma linha editorial, e damos visibilidade a todos os projetos. Ao que vemos que há que incentivar, fazemos uma nota para lhe dar visibilidade, para impô-lo no mercado. Temos uma grande vantagem como meio de comunicação: somos organizadores de eventos. Ao organizar eventos, podemos introduzir qualquer marca no setor, dar-lhe visibilidade com o nosso meio e ainda temos uma das distribuidoras mais históricas da Argentina, que é a distribuidora 1422, e aí facilitamos os canais de comercialização dos produtos: organização de eventos, meios de comunicação e canais de comercialização. Três pernas chave para qualquer um que queira se desenvolver ou entrar na indústria. Oferecemos isso a marcas locais e também a marcas estrangeiras. CWJ: Quais você acha que foram os desafios que tiveram em seu caminho, em sua trajetória como meio de comunicação? Leandro Ayala - IC: Bem, algo que nos acontece, por exemplo, sendo um meio tão pequeno, é conseguir patrocinadores para poder vender a publicidade; é um desafio que temos.
Porque por ser um segmento de nicho, algumas empresas me manifestam: 14 | EDIÇÃO NO. 24 | CANNABIS WORLD JOURNALS
"Leandro, mas se eu pagar um anúncio no Google eu chego a muito mais pessoas na hora de poder visibilizar minha marca" e isso é uma realidade. Imagine que nós começamos este meio de comunicação em 2020, em plena pandemia. Hoje em dia, nas nossas redes sociais, temos apenas 5000 pessoas, mas são 5000 pessoas muito valiosas que adquirem e procuram essa informação. É muito seleto. No entanto, quando se trata de vender um padrão publicitário, nos custa um pouco. Esse é um grande desafio que temos, poder melhorar um pouco isso. Ontem, na reunião que tivemos com a Secretaria de Comunicação e Imprensa da Casa de Governo, da Casa Rosada, manifestando-lhes um pouco o nosso anseio e o fato político de realizar a feira em Tecnópolis, ofereceram-nos talvez um anúncio publicitário oficial, e eu disse "Ai, que lindo, que bom, porque isso nos dá um respiro como meio de comunicação". CWJ: Sim, claro que sim. Ao ter um meio de comunicação, devemos sempre estar preparados para as coisas que se apresentem no caminho e tratar de solucioná-lo da melhor maneira para que posteriormente isso fique como anedota. Agora, vocês consideram que deveria haver mais meios de comunicação que apoiem a cannabis? Leandro Ayala - IC: Sem dúvida. Além disso, gostaríamos que as grandes mídias estabelecidas tivessem colunas de opinião sobre diferentes aspectos da cannabis. Jornais como La Nación, como Clarín na Argentina, que são os jornais que têm o monopólio da informação. Há espaço para continuar falando e que muitos meios mais ressurjam. Mas sim, é importante que os grandes meios estabelecidos, ou grupos midiáticos, televisão, rádio e meios , portais gráficos, o façam. De nada serve que haja uma notícia relevante a cada três meses. Não, deve ser dia a dia. Penso que nós vamos ser partícipes nisso, porque somos nós, precisamente, que produzimos o conteúdo, e se conseguirmos persuadir certos empresários do sector dos meios , isso será muito saudável para a indústria. CWJ: Sim, claro. E teremos prosperidade também, isso seria algo maravilhoso.
Leandro Ayala - IC: Tem muito para ser feito basicamente. Então quem vê (que não é do setor) a oportunidade, sem dúvida que vai ser com sucesso. Não falo apenas do aspecto econômico, porque gerar conteúdos é uma arte e nós somos partícipes necessários dessa construção como meios de comunicação, como homens de ação, como empresários. Os conteúdos vamos gerando nós mesmos e sempre é bom visibilizar o que o companheiro está fazendo também. Há um meio de comunicação muito estabelecido aqui, que é uma revista que não tem esse perfil; é válido também, mas tem uma visão mais conservadora. Por exemplo, fizemos, como eu disse, um evento no Chaco e eles não o visibilizaram. Trata-se do meio de referência da indústria e não foi visibilizado. Não sei porquê, mas isso não nos deve acontecer. É preciso trabalhar em conjunto porque o sol nasce para todos e aí entra um pouco nossa cosmovisão como visão ideológica, se quiser. Somos um meio de comunicação progressista, ao contrário dos conservadores, certo? E damos a visibilização a todas aquelas pessoas que necessitam e que merecem que tenha visibilidade, assim sejam concorrentes. Se queremos que a Argentina cresça, temos de trabalhar em conjunto. Se colocarmos esse objetivo de posicionar o país dentro da cena mundial, ninguém pode se opor a isso, salvo que seja um anti pátria. CWJ: Eu diria que assim se trabalharia muito melhor, se houvesse mais companheirismo, mais apoio. Porque para isso estamos todos. A ideia é nos apoiar, dar as mãos, nos ajudar a crescer; penso que teríamos maior prosperidade em todos os nossos projectos. Por isso, concordo plenamente contigo. Bom, Leandro, quais são seus próximos projetos para este ano? Leandro Ayala - IC: Bem, o que eu lhe disse, Tecnópolis. Depois que fizemos a Expo del Chaco, nos chamaram de outras províncias da Argentina; La Rioja, por exemplo. Tivemos contato com o Governo do Paraguai, que também quer realizar uma expo, e estamos tentando chegar a Teresa Cristina, que é a ministra da Agricultura de Bolsonaro, no Brasil, que também quer fazer um desenvolvimento. A Argentina tem que estar preparada. Digo a Argentina porque não quero pecar de soberbo, mas podemos levar-lhe o
conhecimento de um modelo, de como organizar uma expo, de como aproximá-lo das províncias, ao Paraguai ou o Brasil, as grandes marcas da cena mundial. Estaríamos exportando expertise de como organizar. Estamos muito bem posicionados para este ano conseguir isso, organizar o setor canábico da Argentina, e se pudermos colaborar com a organização do setor em nível latino americano o faremos encantados, estamos trabalhando para isso. Sem dúvida, ser um participante forte na cadeia de valor da produção e não apenas na cadeia de produção primária do cultivo, mas em toda a cadeia de produção, na distribuição, em dar valor agregado. Isso, basicamente, e vamos conseguir com sucesso, não tenho dúvida. Uma vez que possamos fazê-lo, podemos transmitir tudo isto. Esses são nossos projetos, sustentar quem possamos sustentar com conhecimento. CWJ: Legal! Acho que é fabuloso. Agora, para encerrar esta entrevista, que dicas você daria àqueles que querem iniciar um negócio ou um meio de comunicação baseado na indústria da cannabis? Leandro Ayala - IC: Entender e analisar os jornais. Compreender as realidades dos países em que estão trabalhando. Entender e ler muito. Estar informado. Como líder empresarial do setor, eu recomendo isso. Você quer ser um homem de negócios? Bem, você tem que ler os jornais. Você tem que saber o que está acontecendo com o dólar, você tem que saber o que está acontecendo com a economia do seu país. Você tem que ser informado; porque se você estiver informado, tomará melhores decisões. Se você tem um contexto de um país que esta abrindo-se às importações e você é um produtor nacional, você tem que entender a situação da sua realidade, de seu contexto, de seu país, a fim de poder tomar decisões. Porque se existe um modelo de país aberto à importação, você não poderá contratar funcionários para produzir, porque vai à falência. Portanto, entender a realidade da economia e da sociedade em seu país é fundamental para mim. É fundamental estar informado. Basicamente é isso, ler muito os jornais. Parece-me que isto é um valor agregado e que o empreendedor canábico não tem o hábito de estar informado. Não todos, é claro, mas um setor o faz. Parece-me que isto é extremamente importante. E depois rodear-se de pessoas que têm a experiência e, como tudo mais, tentar rodear-se de boas CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 24 |
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pessoas. Eu gosto de me cercar de pessoas que são superiores ao que eu sou, que me ensine, que me nutra e que sabem ouvir. Estas são para mim as chaves do sucesso. CWJ: Sem dúvida. O melhor é cercar-se de pessoas que sabem mais do que você, para que você possa aprender e implementar o que você está aprendendo para ter melhor desempenho no que você faz. Leandro Ayala - IC: Absolutamente. Depois a outra coisa: a nossa palavra é a coisa mais valiosa que temos. Cumprir sua palavra, isso faz com que as pessoas se aproximem da gente. Se as pessoas dizem "bem, Leandro Ayala, Any, e Cintia são pessoas confiáveis, você tem que apoiá-las", isso é ser confiável, é uma construção que dura com o tempo. Parece-me que se você tem uma visão de longo prazo, você não vai enganar as pessoas com mentiras, porque você tem um objetivo muito claro. Portanto, seja um homem ou uma mulher de palavra. O que você promete tem que cumprir. E se você não puder fazer, tem que dizer a verdade; e se puder, tem que fazer acontecer. Parece-me que estes são os princípios básicos de minha humilde visão de mundo, do que aprendi nestes poucos anos. CWJ: Eu acho isso ótimo. Foi uma resposta muito, muito genuína, muito sincera e eu concordo plenamente. Sempre a honestidade em primeiro lugar e sempre a melhor atitude. Leandro Ayala - IC: Absolutamente. Muito obrigado por este espaço. A verdade é que você trouxe à tona o melhor de mim. Trouxe à tona declarações, nunca me abro assim e lhe dou os parabéns por isso, pois fez perguntas que me sensibilizaram e me motivaram a responder. Sou totalmente grato. CWJ: Somos nós que agradecemos.. Em nome da minha equipe, a Cannabis World Journals, agradecemos por seu tempo disponível, por nos dar este pequeno espaço. Leandro Ayala - IC: É para isso que estamos aqui, para articular, para construir pontes. Um beijo no coração, e um abraço na alma para todos. 16 | EDIÇÃO NO. 24 | CANNABIS WORLD JOURNALS
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LUXEMBURGO De acordo com a nova legislação, pessoas com mais de 18 anos no país europeu poderão consumir cannabis e cultivar até quatro plantas por domicílio para uso pessoal. Luxemburgo é um dos países europeus que decidiu estar na vanguarda nas questões de legalização da cannabis no velho continente. Já há alguns anos que se trabalha em um projeto de lei que permitirá a este pequeno país europeu abrir novas oportunidades de mercado. A seguir, contamos um pouco mais sobre a situação atual neste país:
LEGALIZAÇÃO A posse e uso de cannabis foi descriminalizada em 2001, sob uma nova classificação como substância de categoria B. Atualmente, se alguém for encontrado com cannabis para uso pessoal, não corre o risco de ser preso, mas pode ser multado entre 250 e 2.500 euros (cerca de US $291 a US $2.910).
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CULTIVO De acordo com a nova legislação, pessoas com mais de 18 anos no país europeu poderão consumir cannabis e cultivar até quatro plantas por domicílio para uso pessoal.
ATUALIDADE E PROJEÇÕES 2018 tornou-se um ano decisivo quando o governo de coalizão de Luxemburgo anunciou no final do ano que legalizaria totalmente o uso adulto da cannabis, com o objetivo de aprovar a lei em 2023. A mudança de política é uma tentativa do governo de reprimir o crime relacionado às drogas e o comércio de drogas no mercado negro. Os ministros agora poderão regular o mercado de cannabis que é atualmente ilegal. Da mesma forma, o comércio de sementes também seria permitido sem limite na quantidade ou nos níveis de tetrahidrocanabinol (THC), o componente psicoativo da cannabis.
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A indústria da cannabis impulsiona o PIB do Canadá Em outubro de 2018, o governo do primeiro-ministro Justin Trudeau legalizou a cannabis, tornando o Canadá o segundo país das Américas depois do Uruguai a legalizar tudo relacionado à planta.
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abe-se que la indústria da cannabis na última década vem crescendo a passos agigantados, gerando empregos e impulsionando as economias de países onde seu uso e venda são legais, todo esse crescimento se reflete em um aumento do PIB (Produto Interno Bruto). Esse é o caso do Canadá, país onde a cannabis é legalizada, tanto para fins medicinais quanto adulto, seguindo as condições estipuladas no Regulamento de Acesso à Cannabis para Fins Médicos (ACMPR) do Ministério da Saúde do Canadá (Health Canada).
Em outubro de 2018, o governo do primeiro-ministro Justin Trudeau legalizou a cannabis, tornando o Canadá o segundo país das Américas depois do Uruguai a legalizar tudo relacionado à planta. No entanto, o governo estabeleceu a Lei da Cannabis (Cannabis Act), a fim de proteger a saúde de seus cidadãos, permitindo que eles acessem legalmente e com segurança a planta. A própria lei está focada em controlar a produção, distribuição, venda e posse de cannabis em todo o
território nacional. Esta lei diz o seguinte: ✔ Para comprar, possuir ou consumir cannabis e produtos de cannabis, você deve ser maior de idade (pelo menos 18 ou 19 anos, dependendo da província ou território). ✔ A Lei da Cannabis inclui penalidades severas para a venda ou fornecimento de cannabis e produtos de cannabis para menores de idade. ✔ No espaço público, você pode possuir até 30 gramas de cannabis seca legal, ou uma quantidade equivalente em forma não seca. ✔ Até 4 plantas de cannabis podem ser cultivadas por residência para uso pessoal a partir de sementes ou plântulas autorizadas. ✔Permite-se produzir em casa produtos de
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cannabis, como alimentos e bebidas
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Para poder comprar, possuir ou consumir cannabis e produtos de cannabis, deve-se ser maior de idade (pelo menos 18 ou 19 anos, dependendo da província ou território.
Desde sua legalização, a indústria da cannabis tornou-se muito importante na economia canadense, pois contribuiu com aproximadamente 43,5 bilhões de dólares canadenses (cerca de 34,3 bilhões de dólares americanos) para o PIB do país. Esses números foram revelados graças a um relatório desenvolvido pela empresa Deloitte.
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✔ Os produtos legais de cannabis com mais de 0,3% de THC têm um selo fiscal na forma de um rótulo que certifica a composição deste produto. Uma vez que analisa-se a Cannabis Act, fica claro que a legalização se destinava a manter a cannabis fora das mãos dos jovens e a manter os lucros fora das mãos dos delinquentes e do crime organizado, diminuindo assim o mercado negro.
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De acordo com os resultados do relatório, a legalização gerou cerca de 151.000 empregos durante esses 3 anos, o que se traduz em cerca de 25,2 bilhões de dólares canadenses (19,86 bilhões de dólares americanos) para o PIB.
Uma das cidades que mais se beneficiou com a legalização foi Ontário, pois ali foram gerados cerca de 48.000 empregos, por ser uma das cidades com maior densidade populacional e, portanto, o motor econômico do país. Para o Canadá, a legalização da cannabis permitiu não apenas regular o setor e oferecer à sua população um acesso seguro à planta, mas também foi um motor para sua economia, devido a todos os benefícios que proporcionou, que se refletem diretamente no crescimento de seu PIB.
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Despenalização
Para quando no México? O grande freio que o Senado da República impôs à aprovação da lei, não só prejudica a possibilidade de legalização do uso adulto da planta, mas também outros ramos dessa indústria.
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Embora a discussão tenha sido adiada várias vezes pelo Legislativo devido às constantes análises da lei, pode-se dizer que no momento está no limbo.
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á muitos olhos sobre México neste momento, já que a legalização da cannabis para uso adulto está sendo discutida há aproximadamente um ano, razão pela qual essa questão ainda está no ar, já que não foram concedidas licenças de autoconsumo, nem O Congresso legislou sobre o assunto apesar dos constantes pedidos de ativistas, que reivindicavam isso como um direito. Nesse sentido, após a votação pela Câmara dos Deputados, no dia 11 de março de 2021, a Lei Federal de Regulação da Cannabis está em pausa no Senado da República, onde os legisladores não manifestaram movimentação ou intenções que indiquem que o tema está sendo discutido antes do final do atual período de sessões, pelo qual todos estão na espera. “Fundamentalmente, o bloco do PAN (Partido da Ação Nacional), com tendência conservadora, é o que mais apresenta resistência em questões muito específicas. Por exemplo, os Panistas insistem que a idade para o uso responsável da cannabis deve ser 21 anos”. É o que expressa Alfredo Nateras Domínguez, Mestre em Ciências Antropológicas, alegando também que a legislação nesta matéria está parada por questões de postura política.
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Por outro lado, o grande freio que o Senado da República impôs à aprovação da lei, não só prejudica a possibilidade de legalização do uso adulto da planta, mas também outros ramos dessa indústria, pois poderia fortalecê-la e dar uma volta de 180 graus, o que impulsiona a economia do país. É por isso que para muitos ainda há um longo caminho a percorrer para que a lei seja aprovada sem obstáculos. É por isso que, infelizmente, no México a previsão do que pode acontecer com relação às licenças de plantio e colheita de cannabis ainda não é clara. Soma-se a isso a falta de regras para os usos industriais da planta e a pesquisa agronômica em torno dela. Embora a discussão tenha sido adiada em várias ocasiões pelo Legislativo nas constantes análises da lei, pode-se dizer que no momento está no limbo e que só o tempo ou a pressão que ativistas ou organizações a favor da cannabis exercem, eles poderiam alcançar uma mudança significativa este ano em relação à legalização da planta para uso adulto e todos os benefícios que isso representaria.
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Personalidade do mês Entrevista com
Jaleel White
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CWJ: Sabemos que recentemente você começou esta iniciativa empresarial da cannabis. Como foi o processo? Como você começou a trabalhar com a 710 Laps? JALEEL WHITE: Na verdade, há muito tempo eu queria entrar nesta indústria. Acho que muita gente conhece a cepa Purple Urkle e há cerca de 15 anos, as pessoas me enviam fotos de dispensários, dizendo: "Ei, você tem algo a ver com isso?" E eu respondia: "Não, não tenho nada a ver com isso". De fato, não fumei até os meus trinta anos. Estava em uma viagem de esqui com alguns amigos muito bons, havia uns 8 rapazes, eles trouxeram um pouco de cannabis e tínhamos um Chefe de cozinha particular. Foi uma experiência incrível porque eles trouxeram um material de ótima qualidade e não era como o que se costuma sentir perto dos adolescentes. Este era ótimo, era cultivado com água. Comecei a aprender, enquanto via a indústria se tornar cada vez mais legal, e quanto mais legal ela se tornava, mais pessoas me enviavam fotos de Purple Urkle a partir de dispensários e tal. Inclusive Bobby Moynihan me enviou uma. Ele foi meu coprotagonista em uma série da CBS durante uma temporada, e quando ele me enviou a foto eu disse: " Tenho que fazer algo com isso. E tive sorte. Um dia eu estava em um avião voando para falar na Pixar, acredite ou não; e estava sentado ao lado de um sujeito que foi o fundador da 710 Labs. Brad e eu nos demos bem imediatamente. Eu não sabia realmente o que 710 Labs significava dentro da indústria da cannabis, mas ele me deu algumas amostras e eu as compartilhei com meu sócio, um cara que me mantém atualizado sobre o que é qualidade e o 24 |
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Jaleel White é um ator, produtor e roteirista estadunidense, que alcançou o estrelato graças ao personagem de Steve Urkel, na série de televisão Family Matters, entre 1989 e 1998. Atualmente, White faz parte da indústria de cannabis através da sua parceria com a 710 Labs, com quem criou uma linha de produtos de cannabis chamada "ItsPurpl", utilizando variantes da conhecida cepa "Purple Urkle".
que não é. Meu sócio me disse: "Ei, você conheceu o Brad" e eu fiquei em choque. Brad e eu construímos uma amizade a partir daí; Foi um processo lento, para ser honesto. Não conseguíamos encontrar um modelo de negócio que fizesse sentido para a sua empresa existente, mas simplesmente gostamos do processo, compartilhando tempo juntos. Quando o pior da COVID chegou, e todo mundo estava em quarentena, Brad veio até mim com um moletom estiloso e me disse: "O que você acha se colocarmos
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as sementes na terra e fizermos uma Caça aos Fenótipos". Voltei-me para meu sócio e lhe perguntei: "O que é uma Caça ao Fenótipo, cara?". Eu vou aprendendo ao longo do caminho. As sementes estavam plantadas, então voamos juntos para Oakland. Lembro-me de ir de um lado para o outro do corredor cheirando as diferentes plantas, eu estava na planta, e não conseguia cheirar nada. Neste ponto, pensei que meu nariz não estava funcionando. Então, eu finalmente cheguei até uma e disse "esta tem uma fragrância agradável". Brad disse: "Ótimo". Anotamos isso, fizemos o mesmo com 30 plantas a mais. Agora eu tenho cerca de três deles, e pensei "ok, isso é o que realmente significa uma Caça ao Fenótipo". É um processo fascinante, porque tive que confiar no meu nariz da mesma forma que confio na minha língua e no meu paladar. Eu nunca tinha feito isso antes. Realmente conseguimos coisas muito especiais com o Purple Urkle que semeamos. Também colocamos Zkittlez na terra e o resultado foi incrível. O nome da minha empresa é "ItsPurpl" e é uma espécie de trocadilho. As pessoas, quando me veem na rua, dizem: "Ei, é Urkel! Eles pensam que eu não consigo ver, e lhes digo "você é um pouco óbvio". Eu sempre quis algo na indústria de cannabis que realmente me devolvesse um senso de propriedade sobre isso, e responder "não, ItsPurpl". Queremos ser o melhor da genética em todo o espectro purple dentro do marco legal. Estou aqui para oferecer a melhor genética purple. Foi assim que começou toda a nossa colaboração. Agora é hora de expandir e crescer, tem sido completamente esmagadora porque tecnicamente ainda sou um ator e um escritor de coração, mas agora lido com muitas coisas operacionais que me fazem sentir como, "ok, há muita gente me ligando o dia todo!
CWJ: Mas, a boa notícia é que tudo está crescendo, como você diz, e é realmente fantástico. JALEEL WHITE: Neste exato momento, fizemos um incrível cigarro com formato de macarrão. Estou muito, muito orgulhoso disso. É uma loucura. As pessoas pensam que é um pré-roll, mas não é. Na verdade, é enrolado à mão e tem um belo filtro de pasta rotini. As pessoas perguntam: O que é isso? É um macarrão de verdade? Sim, isso é realmente um pedaço de macarrão. E a bobina faz um ótimo trabalho em resfriar a fumaça, é agradável aos lábios. Toda vez que mostro o macarrão para pessoas que não o experimentaram, ficam impressionadas com a qualidade. Também fizemos uma apresentação de resina viva. Isto é o que eu gosto de chamar do meu "produto mãe jogadora de futebol". Quase parece um chaveiro de Tesla. É tão sexy! Este realmente precisa se promover mais e penso fazêlo. Não tem botões, e isso era algo que realmente queria. Não podia suportar aquela coisa de pressionar duas vezes, pressionar três vezes. Simplesmente não gosto disso. Qualquer um quer tê-lo e usá-lo. Você pode comprar uma nova bateria ou um novo recipiente. Estamos trabalhando para que isso possa ser comprado separadamente. Infelizmente, neste momento, só podem ser comprados em conjunto, mas queremos garantir que o cliente possa comprá-los separadamente. Também temos o Zkittlez que acaba de sair e a qualidade é absolutamente incrível. CWJ: É realmente muito lindo. JALEEL WHITE: Você carrega ele como qualquer outra coisa na sua casa. E depois também temos CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 24 |
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nossos "Eights" e eles voam. Os companheiros da comunidade cannábica ainda gostam de sentir, ver os cristais e ter os dedos pegajosos. Então, os oitos voam. Quero entrar na indústria dos comestíveis. Também quero fazer mais coisas relacionadas ao estilo de vida das pessoas, para ser honesto. Eu adoro vincular a cannabis e a cultura alimentar. Eu sou um grande Foodie. Música, viagens, comédia. Acho que essas são as coisas que tocamos no espectro da "ItsPurpl" em termos de estilo de vida e objetivos. CWJ: Você gostaria de entrar no mundo das bebidas ou de outros alimentos com cannabis? O que você acha dessa opção? JALEEL WHITE: Sim, estou aberto a muitas coisas diferentes que podemos fazer. Só quero ter a certeza de que cada vez que eu desenvolver algo para o mercado, saia bem - eu tenho um padrão de qualidade bastante alto com as coisas que eu vou consumir. Assim que atingir esse padrão para o meu uso pessoal, tenho certeza que outras pessoas vão se surpreender. Então, não temos pressa de colocar nosso nome em algo. Se eu criar uma bala de goma, digo: "Por que a nossa é especial?" Essa é a minha mentalidade quando desenvolvo algo, "o que nos torna diferentes?" E, temos um monte de propostas interessantes. Definitivamente não sou o tipo que fala da nossa I+D. Quando estiver pronto, estará pronto. E espero que vocês me deem um pouco de apoio quando isso surgir.
acontece com a cannabis também. Na verdade, sou um grande amigo da Chefe Nikki, a chefe de cozinha pessoal de Dave Chapelle e muitas outras pessoas incríveis. Ela faz muitas receitas com infusão de cannabis. A Chef Nikki fez para mim um macarrão de lagosta com cannabis para o último 420. No dia seguinte eu esqueci que não tinha cannabis. Nós queremos ter certeza de que isso não aconteça com as pessoas. Costumo pensar que há dois tipos de experiências com a comida. Acho que você pode fazer uma refeição infusionada com cannabis e acompanhar a comida com cannabis. Penso que essa experiência se tornará algo mais popular no futuro. CWJ: A comida é geralmente uma experiência comunitária, é familiar. Também é uma experiência de conexão. Como você acha que a cannabis acrescenta valor em relação à comida e como você acha que isso se estende à própria comunidade?
CWJ:Vamos sim! Uma das coisas que nos interessou, quando fizemos nossa pesquisa, foi que você disse que era um amante da comida. Como você vê o panorama da comida com cannabis e os chefes de cozinha que fazem catering e food trucks e esse tipo de coisas? À medida que a indústria cresce e a legalização é mais ampla, para onde vê que se dirige este sector em particular?
JALEEL WHITE: É um grande quebra-gelo. Sei que West Hollywood, por exemplo, emitiu três licenças para salas de consumo. De fato, sou amigo de duas dessas pessoas que têm duas dessas licenças. Então eu adoraria ver os produtos ItsPurpl lá. Mal posso esperar para ver o cardápio que estão preparando. Será igual que ir a um bar, exceto que você vai a um lugar onde a cannabis é vendida em um ambiente semelhante a um lounge, e o melhor é que esses ambientes vão ser necessários para provar alguma comida e as pessoas vão comer essa comida com o mesmo entusiasmo que qualquer outra refeição em qualquer outro lugar. Então, a união com o mundo culinário está acontecendo. West Hollywood está a caminho de se tornar uma mini Amsterdã. Não sei se vão ter os grelhadores nas janelas, mas só estou a dizer, no que diz respeito à cannabis, vejo que West Hollywood se convertirá num mini Amesterdão muito mais rápido do que você possa imaginar.
JALEEL WHITE: Acredito que a cannabis poderá ser sinônimo de uma grande refeição, ou considerada como uma maravilhosa taça de vinho. Assim que você vê uma garrafa de vinho, nós fomos programados para pensar, "O que poderia comer para acompanhar esse vinho? Tomaria um vinho com um peixe? Tomaria um vinho com tacos ou com um suculento bife?" Eu vejo que isso
CWJ: O que você acha das leis federais e da evolução da legalização nos Estados Unidos? Neste momento, a cannabis é legal em alguns estados, mas não federalmente. Você acha que isso vai mudar no futuro? Que, em algum momento, talvez o governo federal falará: "Ok, isso é ótimo. Parece que isso é uma coisa boa para as pessoas". Você acha que isso pode
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acontecer em breve? JALEEL WHITE: O governo federal está ciente da situação. Acho que existem pessoas que querem garantir que certa gente receba o crédito por alguns avanços e outras não, essa é a realidade. Mas tudo já está em andamento. Eu ficaria surpreso se chegássemos a 2028 e a cannabis não fosse legalmente no nível federal. Eu realmente ficaria surpreso. Parece que cada Estado sabe o que representa o futuro da cannabis como uma indústria promissória. Neste ponto, todo mês parece assim e estou animado com isso. Eu sempre quero ter certeza de que as pessoas entendam que estou ciente dessa mensagem quando se trata de cannabis. Existem tantas gerações de pessoas que enfrentaram acusações criminais, suas casas e suas famílias foram impactadas negativamente por acusações feitas contra elas com relação à planta e acho que essa foi uma das razões pelas quais ela foi tão estigmatizada. Não foi até que eu estava em um estado legal como Colorado, e estou sentado lá com um chef particular e amigos brancos, e curtindo isso legalmente. Como país, temos que fazer algo para compensar esta situação e garantir que, quando essa legalização acontecer, essas pessoas que foram os pioneiros não sejam simplesmente varridas ou esquecidas e que as grandes empresas tirem proveito. Você tem que agir de forma rápida. Então, quero estar sempre consciente de forma social, do que a cannabis era, o que é e o que pode ser. Que as pessoas sempre saibam que estou ciente disso. A maioria daqueles que foram criminalizados em sua maioria são pessoas de cor. Existem algumas histórias incríveis para pessoas que não são de cor, mas, na maioria das vezes, foram as pessoas de cor que foram mais afetadas pelas leis da cannabis. Então eu quero pensar positivo. Só sei que vai ser federal. Eu gostaria de poder dizer algo mais perspicaz, mas a cada três meses conheço pessoas mais influentes no ramo e aprendo tão rápido quanto vocês aprendem. Só vejo um futuro muito brilhante para a cannabis neste país e no mundo. CWJ: Espero que em alguns anos a cannabis
medicinal, ou mesmo a cannabis para uso adulto, seja legal em todos os estados e no nível federal. Infelizmente, nos Estados Unidos, as minorias foram as mais afetadas pelas leis relacionadas a esta planta. Acham que por fazer parte de uma minoria, você usa a planta para algo ruim em vez de algo bom. O que você acha dessa ideia preconcebida? Você acha que podemos mudar essa mentalidade? JALEEL WHITE: Acho que uma das coisas que pode ser feita é criar um conteúdo que estimule uma nova narrativa em torno da planta. Nada mexe com a agulha mais rápido do que pessoas influentes. Observe que eu não disse influenciadores. Eu disse pessoas influentes. O entretenimento empurra a causa de qualquer coisa e não de uma forma pesada, algo tipo, "Ei cara, isso é normal." Vou te dar um bom exemplo. Seth Rogen e Conan O'Brien no set, no último episódio, fumaram ao vivo. Ninguém nunca tinha feito isso em um programa ao vivo antes. Quando as pessoas veem uma pessoa tão influente e amada como Seth e Conan participando disso, não faz mal, isso não está machucando eles. Eles riem, suas piadas são mais engraçadas e tudo fica mais feliz e leve ao seu redor por causa disso. Foi um passo enorme dado em frente. Estamos condicionados a pensar que, em qualquer ambiente, não há problema em todos estarem em um bar tomando bebidas. Não é assim? E por que? Por que deveria ser diferente? Portanto, esses são indivíduos diferentes que não são os rostos clichês associados à cannabis. Esses indivíduos acabarão sendo os que moverão a agulha social mais rapidamente. CWJ: Recentemente tivemos a oportunidade de conversar com Kevin Smith sobre sua experiência na indústria e com Shavo, baixista da banda System of a Down. Esses tipos de pessoas são respeitadas e reconhecidas no mundo todo. Acho que é uma boa forma de ensinar as pessoas a serem mais conscientes dos benefícios da planta. Quais recomendações você poderia dar aos nossos leitores que estão tentando começar na indústria da cannabis? JALEEL WHITE: Para começar na indústria, eu encorajaria a qualquer pessoa a obter suas licenças. Trabalhe com pessoas licenciadas e que fazem as coisas da forma correta. Isso ajuda mais do que qualquer outra coisa, quando as pessoas CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 24 |
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desenvolvem seus projetos de forma legal. Quando você se conecta com uma marca ou um produto, comemore. Quase parece que algumas pessoas querem ficar no escuro quando se trata de aproveitar a cannabis. É aceitação. Apenas aceitação e maturidade. Gosto de combinar a cannabis com a experiência cotidiana, seja durante uma caminhada, fazendo esqui ou apenas buscando normalizar onde e quando é apropriado. CWJ: Para dar uma volta positiva nisso, porque está no escuro há muito tempo. Agora pessoas como você, como Shavo, Steve DeAngelo, todas essas celebridades e influenciadores estão sendo mais abertos sobre a cannabis, e isso dá mais oportunidade para outras pessoas que são anônimas e querem entrar na indústria, e agora eles podem se sentir mais empolgados com isso porque podem ver uma oportunidade. JALEEL WHITE: Estamos todos aqui para inspirar uns aos outros, podemos inspirar uns aos outros negativamente ou podemos inspirar uns aos outros positivamente. CWJ: Exatamente! E é melhor ver isso de uma forma positiva. Você está fazendo um ótimo trabalho para a indústria da cannabis, é realmente incrível. JALEEL WHITE: Muito obrigado. CWJ: Gostaria de perguntar sobre a sua marca. Onde você vê ela nos próximos anos? JALEEL WHITE: Espero que a marca esteja em diferentes lugares como Nova York, Flórida, Michigan e Illinois. Eu gostaria de estar em qualquer lugar, 5 a 10 estados, pelo menos. Nevada, Arizona. Só consigo pensar nos estados nos quais quero chegar e me estenderam a mão. Muitas pessoas desses estados me procuraram. Eu gostaria que tivéssemos mais reconhecimento como marca de estilo de vida em geral, não apenas para cannabis, mas também para itens de moda e tudo, desde tênis a snowboards, que seja algo cultural que estou tentando criar. Lançamos uma máquina de waffles com a nossa marca. Era uma máquina de waffles com meu rosto. Foi 28 | EDIÇÃO NO. 24 | CANNABIS WORLD JOURNALS
hilário, e esgotou muito rápido. Subestimamos completamente a demanda. Temos muitas outras ideias divertidas como essa, para poder curtir. Estou ansioso para lançar todos esses produtos, mas por enquanto só quero estar em mais estados. CWJ: E você acha que em algum momento sua marca pode se tornar global? JALEEL WHITE: Mas é claro. Quero dizer, essa seria nossa maior realização. Na verdade, recebemos muita propaganda por isso. Tivemos publicidade na Espanha, na Austrália e em vários lugares diferentes. É como se toda essa publicidade e imprensa, infelizmente, antecipasse a legalização. Então, é aí que eu tenho que ser paciente. Mas é definitivamente uma marca mundial. Sem dúvida. CWJ: No início você disse que seu primeiro contato com a cannabis foi com pessoas que sempre te mandam fotos e selfies com a cepa associada ao seu personagem. Você acha que, se não tivesse recebido essas fotos, teria começado no mundo da cannabis? JALEEL WHITE: Não, eu não teria entrado no mundo da cannabis. Toda vez que alguém me enviava uma foto do meu personagem em uma camiseta ou em uma bandeja de enrolar ou apenas o nome no frasco, isso continuava reforçando a ideia de que isso iria mais longe e então eu aceitei o sinal. Era quase como se Deus me empurrasse: "Ei, ei, estou fazendo isso. Estou fazendo isso. Você quer prestar atenção agora, estou fazendo isso." Estou feliz por ter recebido a mensagem. Quero dizer, foi provavelmente uma das coisas mais legais que fiz na minha vida adulta nesta fase, para ser honesto, a resposta foi literalmente 99.9% positiva. Lembro-me de quando as pessoas me mandavam as fotos, as pessoas diziam: "Você não vai processar essas pessoas por usarem sua imagem?" Mas nunca tive a intenção de processar ninguém, nunca fiz. Falava para todos: "Não. Eu sei que eles estão usando algumas imagens que não deveriam, mas estão usando de uma forma que comemora meu legado pessoal como ator e performer". Quantas pessoas podem dizer que têm uma cepa que leva seu nome e que todos conhecem? Não é? Então eu escolhi me sentir
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lisonjeado por isso, até que a legalização me deixasse saber que isso seria um negócio maior do que ser lisonjeado. Mas eu serei responsável com isso. Eu sinto que era um poder superior. Ele apenas me tocou por isso e disse: "Isso é algo para você, se você apenas prestar atenção."
CWJ: Já que estamos falando sobre perspectivas futuras, como sua vida pessoal foi afetada desde que você entrou nesta indústria? Como está se sentindo com relação a isso? JALEEL WHITE: Minha vida só melhorou. Vou contar uma das coisas mais legais que já fiz durante a quarentena. Eu tinha muitos amigos comediantes que iam visitar Dave Chappelle em seu acampamento de verão em Yellow Springs, Ohio. Todas essas celebridades estavam indo para esta cidade e ninguém estava trabalhando na época. E eu apareci e todos se apaixonaram pelo “noodle joint”. Eu já me considerava uma pessoa legal com todo mundo, mas a cannabis só levou nossas interações para outro nível. Era uma forma diferente de me dar a conhecer em uma sala ou um espaço com outras pessoas. Isso é o que tem feito por mim socialmente e pessoalmente. Há algo nessa planta que, quando você compartilha produtos de alta qualidade com outras pessoas, cria uma conexão instantânea que nunca é
esquecida. Também parece mais significativo, para ser honesto, do que beber álcool. Se alguém aparece com um pacote de seis cervejas, é tipo, "Oh, ótimo, deixa elas lá." Mas se alguém aparece com uma bombinha ou vaporizador, é um nível totalmente diferente de respeito. Foi assim que me afetou. Está me mostrando uma maneira diferente de me apresentar ao mundo. CWJ: Isso é impressionante. Gostaria de agradecer por ter nos dado a oportunidade de falar com você hoje. Estamos muito felizes em saber que mais e mais pessoas estão se envolvendo nesta indústria. Nossos leitores vão gostar muito desta entrevista. Foi um prazer. JALEEL WHITE: Obrigado. Obrigado pessoal por mostrar tanto amor e carinho. CWJ: Obrigada. Foi uma entrevista incrível.
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Como a cannabis pode ajudar a desenvolver essas economias sustentáveis? A biomassa da planta é uma matéria-prima muito versátil que pode ser utilizada para a produção de medicamentos, alimentos, materiais e combustíveis.
O atual modelo de produção e consumo mundial é insustentável. Temos visto o deterioro ambiental, a exploração da terra e a devastação que isso tem causado nas populações mais vulneráveis. Pouco é o que temos feito para reverter esse processo insustentável, enquanto isso, o crescimento populacional continua aumentando. Por isso, tornou-se fundamental buscar alternativas de economia circular que possam beneficiar não só o meio ambiente, mas também o setor rural que é responsável pela produção de nossos alimentos e matéria-prima para materiais que utilizamos nas grandes cidades.
Como a cannabis pode ajudar a desenvolver essas economias sustentáveis? A biomassa vegetal é uma matéria-prima muito versátil que pode ser utilizada para a produção de medicamentos, alimentos, materiais e combustíveis. O cultivo da planta também tem a capacidade de restaurar solos erodidos e absorver metais pesados, deixando-os disponíveis para o cultivo de outras plantas. Para avançarmos para um desenvolvimento mais sustentável, a indústria da cannabis tem que dar emprego a vários setores econômicos que não necessariamente realizam trabalhos diretamente relacionados ao cultivo. O estabelecimento de uma lavoura em uma população rural pode gerar empregos para os setores têxtil, alimentício, de vigilância e outros negócios auxiliares. 30 | EDIÇÃO NO. 24 | CANNABIS WORLD JOURNALS
O modelo de economia circular nesses setores rurais só funcionará se, nas comunidades que se dedicam ao cultivo da planta, parte da produção for destinada ao atendimento das necessidades da própria comunidade e não apenas à venda para grandes empresas ou à exportação. Sob esse conceito, a comunidade estará produzindo seus próprios alimentos, medicamentos e biomateriais. A construção de modelos de produção mais sustentáveis é nossa responsabilidade se quisermos garantir um futuro em que possamos fazer uso adequado de nossos recursos naturais e minimizar todos os efeitos ambientais negativos que a exploração excessiva da água e da terra representa. A cannabis pode nos ajudar a alcançar esses objetivos de desenvolvimento sustentável e é uma consideração essencial à medida que a indústria continua crescendo.
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3 “O mercado tem espaço para todos: agricultores, analistas, professores, anunciantes, profissionais de saúde, advogados, contadores e até novos negócios como budtending”
Como a cannabis é um produto muito versátil e adaptável a diferentes mercados, públicos e usos, era de se esperar que as possibilidades da sua legalização e posterior expansão beneficiassem a economia mundial. A seguir, identificam-se algumas maneiras pelas quais a cannabis pode impulsionar a economia das regiões que decidem adotar a posição de regulamentação da cannabis.
da saúde, advogados, contadores e até novos negócios, como budtending. Como referência, de acordo com um relatório publicado pela Leafly este ano, quase meio milhão de americanos estavam empregados em campos relacionados à cannabis, para ser exato, 428.059 pessoas estavam trabalhando para a indústria no ano de 2021, um aumento em relação ao ano anterior, que acabou por ser cerca de 320.000. Além disso, 107.059 novos empregos foram gerados em função do mercado nesse período.
EMPREGOS
Um dos benefícios principais e imediatos da indústria da cannabis são os empregos gerados, pois é um produto que pode ser trabalhado em várias áreas, permitindo que exista um lugar para todos no mercado: agricultores, analistas, professores, publicitários, profissionais
INVESTIMENTOS A legalização e regulamentação da cannabis representa (e representou) uma abertura para oportunidades de investimento, sejam elas privadas ou públicas. CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 24 |
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O número de empresas de cannabis de todos os tipos listadas nos mercados internacionais vem aumentando pouco a pouco, um meio pelo qual a produção dessa indústria também foi impulsionada. Certamente, a aprovação de leis beneficiou as empresas que decidiram dar o próximo passo de entrar no mercado de ações, além disso, proporciona aos investidores maior confiança e segurança de investir a longo prazo nessas empresas, resultando em um benefício para aqueles que decidem investir seu dinheiro em empresas de cannabis, o que é um impulso importante para essas instituições e para a planta.
Não é segredo que os investimentos podem ajudar a economia de uma região ou país, pois, se efetivos, melhorariam sua capacidade produtiva e, nesse contexto, aumentariam a demanda agregada, gerando, um maior crescimento econômico.
TAXAS E IMPOSTOS
A legalização e regulamentação da cannabis representa (e representou) uma abertura para oportunidades de investimento, sejam elas privadas ou públicas
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Com o estabelecimento de novos negócios, juntamente com o aumento do consumo de produtos de cannabis, como resultado da legalização do uso da planta, a economia receberia rendimento por parte dessas empresas que poderiam ajudar a recuperar a economia durante esse processo de transição causado pela a pandemia ocasionada pela COVID-19. De acordo com uma análise da empresa New Frontier, nos EUA, a legalização federal da cannabis pode gerar mais 105,6 bilhões de dólares em receita tributária federal até 2025.
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África é
a próxima meca da
cannabis?
A expansão global da indústria da cannabis deu ao continente africano uma oportunidade incrível de contribuir na inovação
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CannaTrade A indústria da cannabis experimentou um crescimento exponencial em pouco tempo, o que é evidente nos Estados Unidos, Canadá e Europa. No entanto, há regiões, como América Latina e África, que mal estão começando a crescer só agora. Existem grandes expectativas relacionadas à legalização e cultivo para fins medicinais e de exportação nos países da América Latina, embora ainda haja um estigma contra a planta, o que tende a desacelerar a expansão da indústria nesses territórios. Por isso, os grandes investidores começam a procurar outro lugar: a África.
Uma publicação recente feita pela Prohibition Partners, empresa de pesquisa e consultoria focada na indústria legal da cannabis prevê que a indústria legal de cannabis na África pode valer US$ 7,1 bilhões até o próximo ano, e os países que terão impacto direto nesse resultado são: África do Sul, Zimbábue, Lesoto, Nigéria, Marrocos, Malawi, Gana, Swatini e Zâmbia.
Lesoto foi o primeiro país a conceder licenças para cultivar cannabis para fins medicinais e científicos em 2017, seguido logo após por Zimbábue, África do Sul, Malawi, Eswatini, Zâmbia, Uganda, Ruanda e Gana.
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Embora a África do Sul tenha demorado para entrar no jogo, é um dos territórios melhor preparados para se tornar um protagonista-chave na indústria da cannabis. Tendo como base a economia mais industrializada do continente, as autoridades sul-africanas publicaram um plano nacional para a industrialização e comercialização de cânhamo e cannabis. Em sua essência, o cultivo da planta apoiará o crescimento econômico, criará empregos e até combate à pobreza. O objetivo principal: tornar o país competitivo no setor. Muitos países africanos já têm experiência com cultivos de importância agrícola, mais especificamente o tabaco. No entanto, a demanda por esse cultivo está diminuindo e, as economias que dependem fortemente desse tipo de renda, começam a buscar outras formas de diversificar seus mercados. Por exemplo, embora o tabaco representasse mais de 10% do PIB do Malawi e 60% de suas exportações, o valor anual de sua produção foi reduzido pela metade para apenas US $210 milhões. O país luta para manter o valor de sua moeda, o kwacha; portanto, seu presidente, Lazarus Chakwera, decidiu incentivar os agricultores do país a abandonar o tabaco em favor da cannabis. Por isso, o país modificou recentemente suas leis para permitir investimentos no
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cultivo de cannabis, concedendo licenças a 35 empresas para cultivar a planta.
O continente africano apresenta elementos-chave para a indústria da cannabis: terrenos acessíveis, localização estratégica e mão de obra experiente e com baixo custo. O clima quente do continente, solo rico e excelente fonte de energia solar o colocam em uma posição competitiva contra potências de cannabis estabelecidas, como Europa e Estados Unidos. A planta gosta de clima quente e ensolarado, e certas variedades de cannabis podem prosperar no calor extremo. O uso de técnicas de cultivo, como a agricultura que utiliza exclusivamente água da chuva, sem intervenção de irrigação artificial, permite que a planta seja cultivada usando chuva com irrigação adicional mínima. A irrigação por gotejamento também é uma forma econômica e eficaz de irrigar plantações de cannabis na África. Por último, a proximidade do continente com a Europa confere-lhe uma enorme vantagem competitiva no crescente mercado europeu de cannabis medicinal.
A expansão global da indústria da cannabis deu ao continente africano uma oportunidade incrível de contribuir para as inovações da cannabis na medicina e em outros setores, como produção de papel, tijolos ecológicos e plásticos.
De acordo com Chris Duvall, professor de geografia e ciências ambientais da Universidade do Novo México: "Neste momento, é uma nova indústria global, e os africanos estão em posição de definir o tom e as regras e abordar a questão do comércio desigual. Eles devem estudar minuciosamente como torná-lo uma indústria equitativa."
O continente africano não é alheio ao que a indústria da cannabis pode significar para o seu desenvolvimento económico e social. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer para aproveitar ao máximo as oportunidades oferecidas pela cannabis para uso medicinal e adulto, razão pela qual o principal é a necessidade de estabelecer marcos regulatórios adequados. CANNABIS WORLD JOURNALS | EDIÇÃO NO. 24 |
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PERSPECTIVAS NO USO DE MEDICAMENTOS À BASE DE CANNABIS: Uma visão do mercado na indústria farmacêutica.
Graças às várias investigações e estudos prévios feitos com a planta, seu papel como antiespasmódico, analgésico, anti-inflamatório, neuroprotetor e ansiolítico foi identificado.
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A cannabis sativa tem sido utilizada desde o início da humanidade para fins recreativos, terapêuticos e industriais; porém, somente no final do século XX seus efeitos foram avaliados graças ao estudo do sistema endocanabinóide, iniciando a caracterização química de seus principais compostos. Hoje, mais de 100 canabinoides foram descobertos, sendo os mais estudados o THC (tetrahidrocanabinol) e o CBD (canabidiol) por seus benefícios medicinais e capacidade de interagir com os receptores canabinóides no corpo humano. Graças às várias investigações e estudos anteriores da planta, foi identificado o seu papel como antiespasmódico, analgésico, anti-inflamatório, neuroprotetor e ansiolítico, permitindo a produção de medicamentos com fitocanabinóides ou canabinoides sintéticos, especialmente para patologias em que as terapias especializadas são limitadas, como na esclerose múltipla, epilepsia refratária, dor neuropática, manejo da náusea devido à quimioterapia, síndrome debilitante associada ao HIV, entre outras. No entanto, houve algumas limitações na aprovação desses produtos devido à estigmatização e restrições regulatórias em nível global, impedindo a produção, comercialização e consumo normais desses derivados da cannabis.
Apesar dessa limitação, atualmente existem alguns produtos à base de cannabis que estão disponíveis para uso terapêutico e sua qualidade é certificada de acordo com as boas práticas de fabricação, por exemplo, o derivado Sativex® é um spray oral cuja proporção é 1:1 de THC e CBD, autorizado para o controle da esclerose múltipla em 29 países. Por outro lado, Epidiolex® é uma solução oral de CBD autorizada para o tratamento de convulsões infantis em síndromes como LennoxGastaut e Dravet. Além disso, existem produtos à base de canabinóides sintéticos, como
dronabinol e nabilona, que imitam os efeitos medicinais do THC. O dronabinol tem a mesma estrutura molecular do THC, enquanto a nabilona tem uma estrutura semelhante e é mais potente que o dronabinol, por isso são sugeridas doses mais baixas para alcançar a eficácia do tratamento sem efeitos colaterais. Até agora, eles são autorizados em alguns países para a redução da perda de peso em pacientes com HIV e a redução de náuseas e vômitos em pessoas que recebem quimioterapia e que não responderam adequadamente aos medicamentos tradicionais.
Medicamentos à base de canabinoides Referência: https://doi.org/10.1136/bmj.l1141
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Em geral, os pesquisadores consideram que esse tipo de fármacos, que utilizam substâncias químicas purificadas derivadas da cannabis, são mais promissoras do ponto de vista terapêutico do que o uso de extratos brutos da planta. Embora o desenvolvimento desses medicamentos ofereça muitos desafios, uma vez que esses derivados podem conter centenas de produtos químicos ativos e desconhecidos, pode ser difícil desenvolver um produto com doses corretas e estáveis. Por esta razão, é fundamental apoiar a criação e realização de ensaios clínicos, com o objetivo de estabelecer uma formulação adequada com os mais altos padrões de qualidade e proporcionar fiabilidade junto dos consumidores.
No entanto, estudos recentes relatam que o uso de medicamentos à base de cannabis vem substituindo o consumo de medicamentos prescritos como opióides, antidepressivos e ansiolíticos, reduzindo o percentual de overdoses e as possíveis contraindicações do uso progressivo destes, uma vez que, a administração de canabinóides em conjunto com medicamentos tradicionais permite diminuir a dose sem perda da eficácia do produto convencional. De fato, a maioria das pessoas que substituem medicamentos convencionais por derivados de cannabis relatam que esse tipo de mudança é mais eficaz no tratamento de doenças em comparação com medicamentos prescritos, pois reduz os efeitos colaterais desagradáveis.
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Atualmente existem alguns produtos à base de cannabis que estão disponíveis para uso terapêutico e sua qualidade é certificada de acordo com as boas práticas de fabricação.
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A projeção de vendas de produtos farmacêuticos à base de canabinóides só nos Estados Unidos deverá aumentar para 25 bilhões de dólares no ano de 2025 e atingir 50 bilhões de dólares até o ano de 2029, sendo um mercado importante para estimular a economia mundial e ajudar a melhorar a qualidade de vida de centenas de pessoas com diversas patologias.
Referência: 1. 2.
Kvamme, S., Perdersen, M., Thomsen, K., Thylstrup, B. (2021). Exploring the use of cannabis as a substitute for prescription drugs in a convenience sample. Harm reduction journal, 72, 18. https://doi.org/10.1186/s12954-021-00520-5. Freeman, T., Hindocha, C., Green, S., Bloomfield, M. (2019). Medicinal use of cannabis based products and cannabinoids. Clinical Update, BMJ, 365. https://doi.org/10.1136/bmj.l1141+
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Além dos canabinoides: Terpenos e flavonoides da cannabis, um mercado em expansão. Terpenos e flavonoides são metabólitos produzidos por muitas plantas, incluindo plantas de cannabis
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cannabis conseguiu se posicionar no mercado e mostrou o seu potencial não só a nível medicinal, mas também a nível industrial. De fato, muito se fala sobre os compostos produzidos por esta planta, principalmente os canabinóides, sendo os mais conhecidos o Tetrahidrocanabinol (THC), Canabidiol (CBD), Canabigerol (CBG), entre outros fitocanabinóides isolados desta espécie ancestral. Mas será que a Cannabis sativa se resume apenas a esses compostos? De fato, cerca de 560 compostos foram isolados da cannabis, dos quais 120 são fitocanabinóides. Embora a Cannabis sativa sintetiza uma ampla gama de compostos fitoquímicos, muita atenção tem sido dada principalmente a dois fitocanabinóides, Δ9-tetrahidrocanabinol (THC) e
Graças às suas incríveis propriedades terapêuticas, os terpenos e flavonoides têm despertado o interesse da comunidade científica para explorar seus benefícios no tratamento de diversas doenças como câncer, doenças neurodegenerativas, problemas cardíacos e respiratórios, entre outras
canabidiol (CBD), devido às suas atividades distintas em humanos. Essas bioatividades podem ser aprimoradas ainda mais pela interação do THC e CBD com outros fitocanabinóides ou produtos químicos não fitocanabinóides, como terpenos e flavonoides, um fenômeno chamado “efeito entourage”.
Referência: https://merryjanescannabis.ca/what-are-terpenes-and-what-do-they-do/
Terpenos e flavonoides são metabólitos produzidos por muitas plantas, incluindo plantas de cannabis. Estudos sugerem que o tratamento combinado baseado na sinergia entre os metabólitos
das plantas tem o potencial de funcionar muito melhor do que um único composto.
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Referência: https://elevateholistics.com/blog/c annabis-flavonoidswhat-are-those/
Também foi descrito que os compostos presentes na cannabis podem agir melhor do que o CBD isolado e purificado. O modo de ação sinérgico (vários compostos administrados em conjunto produzem um efeito maior que a soma de cada um deles quando administrados separadamente) pode envolver a interação de terpenos e flavonoides com receptores canabinóides ou outros receptores. Além disso, como pequenos metabólitos, esses compostos podem ajudar os fitocanabinóides a atravessar a barreira da pele e ser absorvidos oralmente ou atravessar a barreira hematoencefálica.
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Graças às suas incríveis propriedades terapêuticas, os terpenos e flavonoides têm despertado o interesse da comunidade científica, a fim de explorar seus benefícios no tratamento de diversas doenças como câncer, distúrbios neurodegenerativos, problemas cardíacos e respiratórios, infecções causadas por diferentes microrganismos, possuem propriedades
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anti-inflamatórias e antioxidantes, entre outras. Além disso, muitos produtos desenvolvidos a partir desses compostos despertam muito interesse no mercado devido às suas características como cor e aroma, o que é bastante chamativo para o público. Por isso, a planta da cannabis fornece uma grande variedade de compostos com grande potencial farmacêutico e industrial, que podem gerar benefícios econômicos, gerando retornos significativos para quem deseja investir no mercado de terpenos e flavonoides.
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