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O LIVRO DE ESTER 1


Capa baseada em cena do filme Ram Leela com a atriz indiana Deepika Padukone

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A hist贸ria de amor que mudou a nossa hist贸ria

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PROLOGO Havia no exterior dos gigantescos palácios e templos da antiguidade na mesopotâmia, parte da Grécia, regiões da Ásia e do Oriente um exuberante jardim. Um jardim sagrado, que era tido como jardim dos deuses. Num hino encontrado num templo de Nippur o seu jardim era chamado ‘jardim das alegrias celestiais’. Havia bosques sagrados que adornavam o exterior de diversos Zigurates, antigos templos. Num templo em Kesh, o domínio dos deuses, era representado “verde como um jardim”. A palavra persa para ‘jardim do paraíso’ é apiri-Daeza. Nos mitos iranianos, Jamshid, um lendário rei do folclore e tradição da antiga pérsia salva o mundo construindo um jardim no topo de uma montanha. O persa identificava o jardim sagrado como se fosse o jardim do éden ou do paraíso. Os jardins eram regados por rios.

Reconstrução de um jardim sagrado da época de Cyrus cerca de 6 séculos antes de Cristo. Esse jardim representava a morada dos deuses celestiais e ao ser colocado a frente do palácio do soberano da pérsia simbolizava a proximidade entre o palácio e o paraíso, entre o rei e os deuses. Somente pessoas autorizadas poderiam entrar no interior do jardim real, sendo isso considerado uma tremenda honraria. O jardim persa, imaginado como o jardim do paraíso impactou profundamente a cultura Iraniana. O jardim celestial é tema é de grande interesse, evidente na escolha dos nomes das músicas iranianas e peças musicais durante a era do Sassanids: "jardim de Shirin” - (o jardim das 4


delícias); "Shahryar” – (O jardim do rei); "jardim de Ardashir" (Artaxerxes é a forma grega do nome Ardashir o Persa.); "Bagh-e-Siyawooshan"; O Caminho das flores; “O cerdo triplo”; “jardim de Nowrooz”- São conhecidas composições reconhecidas como os mais antigos conjuntos musicais do antigo Irã. Nove jardins persas são considerados patrimônios da humanidade pela UNESCO em 2011. Os jardins persas foram copiados por muitas culturas, inclusive a Indiana. O mais famoso jardim persa do mundo é indiano, o conhecido Taj Mahal. Os jardins persas influenciaram as artes, as poesias, as musicas e as pinturas da Pérsia. Os tapetes persas famosos em todo o mundo são desenhados com ornamentos e padrões inspirados nos jardins sagrados. A joalheria persa possui influencias dos jardins, tendo muitas joias em formatos de flores ou dos símbolos sagrados que o jardim representava. A entrada do jardim era guarnecida por grifos ou estátuas de seres híbridos, semelhante às descrições dos querubins bíblicos. Uma das mais singulares e importantes histórias para a humanidade ocorrerá numa caminhada de uma jovem rainha, num desses belíssimos jardins sagrados. É sobre os passos neste jardim sagrado e sobre a jovem que nele entrou sem uma autorização real, que versa este fabuloso estudo. Quando sua esposa pisar num tapete persa, pode estender o cetro em sua direção...

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Representação de um jardim persa da época de Ester

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O LIVRO DAS SETE SENTENÇAS O livro de Ester é o livro dos sete banquetes. O banquete internacional do rei Assuero (Ester 1:3) O banquete de Assuero para os habitantes de Susã (Ester 1:5) O banquete das mulheres dado pela rainha Vasthi na casa das mulheres (Ester 1:9) O banquete internacional da coroação da nova rainha (Ester 2:18) O primeiro banquete de Ester oferecido ao rei Assuero (Ester 5:4) O segundo banquete de Ester, onde ela revela sua identidade (Ester 5:7) E o banquete da festa de Purim, da celebração da salvação (Ester 9:20-28) É o livro dos sete editos O edito do vinho em abundancia (Ester 1:8) O edito da destituição de Vasthi (Ester 1:19-20) O edito da convocação das virgens O edito da instituição de Ester (Ester 2:17) O edito de Hamã (Ester 3:8-9) O edito de Mardoqueu (Ester 8:8-14) O edito de Ester (Ester 9:31-32) É o livro das sete festas Da festa de Assuero aos nobres (Ester 1:3) Da festa de Assuero aos pobres (Ester 1:4) Da festa da anunciação de Ester (Ester 2:18) Da festa das sortes – A festa maligna de Hamã (Ester 3:7, 15) Da festa espontânea dos judeus no dia de seu livramento (Ester 8:15) Da festa da posse de Mardoqueu (Ester 8:2) Da festa de Purim (Ester 9:20-28)

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INTRODUÇÃO Por 70 anos os judeus sofreram o exílio. Por quase 50 anos Jerusalém, sua capital, lugar do Templo e da adoração nacional ficou absolutamente abandonada. Quando a cidade ainda estava sitiada pelos exércitos do rei da babilônia, um profeta de nome Jeremias avisou que a cidade seria incendiada e que 70 anos se passariam até que os israelitas recebessem permissão de voltar as suas terras. Durante essa época de cativeiro babilônico, um jovem em especial alcançou grande posição, como conselheiro real e embaixador na corte babilônica. Chamava-se Daniel. Foi Daniel que orou pelo fim do império de babilônia, com base nas profecias de Jeremias. Ainda estava vivo quando os exércitos do rei Cyro, primeiro grande rei da pérsia, invadiu a fortaleza que era a cidade de Babilônia. Considerado um grande estadista, permaneceu na corte persa até os anos de Dario, filho de Cyro, e viu também o filho que haveria de proceder a Dario. Daniel deve ter seguro a criança no colo várias vezes e se assim o fez, certamente orou por ela. A criança em questão se chamava Assuero em persa, conhecido como Xerxes em grego, que é como os gregos conseguiam pronunciar o nome Assuero. Em persa o nome é mais complicado ainda: Khshayarsh. Os judeus pronunciavam Ahasuerus. Assuero é a versão hebraica e Xerxes a versão grega de Khshayarsh. Dario, o pai de Assuero quis expandir o império persa até as regiões gregas e realizou grandes guerras. Quando seu filho era ainda adolescente, foi coroado rei, antes que Dario e partisse numa campanha de guerra. Dario não retornou, morrendo durante a batalha, e Assuero assumiu assim o poder, com a morte do pai. Daniel já tinha cerca de 90 anos na época de Dario. Quando Assuero assumiu seu lugar, certamente o grande profeta já não vivia mais. 29 anos depois que Daniel foi levado cativo com a destruição de Jerusalém, um último grupo foi deportado para a cidadela de Susã. Nesse grupo havia uma criança de nome Mardoqueu. Em alguns textos, Mordecai. Mardoqueu é cerca de 30 anos mais jovem que Daniel. Daniel era pertencente à família real. Ele era parente do Rei Davi. Daniel pertencia à tribo de Judá. Mardoqueu era descendente de Quis. E descendente de outro personagem. SIMEI. O homem a quem Davi se recusou a matar por amaldiçoá-lo. Mardoqueu era benjamita e descendente de Simei. 5 Havia então em Susã, a capital, certo judeu, benjamita, cujo nome era Mardoqueu, filho de Jair, filho de Simei, filho de Quis, 8


A vida dos deportados era de grandes privações. Os judeus possuíam ainda contra si o fato de que eram estrangeiros pobres que ainda iriam disputar as vagas de um mercado de trabalho saturado, fruto da servidão de muitas nações que eram sufocadas pelas cargas tributárias impostas pela nação conquistadora, a pérsia. Nesse período de crise, parentes próximos de Mardoqueu morreram e deixaram uma filha de sua velhice para que cuidasse. Um tio de Mardoqueu, mais novo que ele, fruto de um filho tardio de uma de suas irmãs, morreu. Ele e sua esposa. Mardoqueu já tinha quase 60 anos quando a menina recém nascida chegou as suas mãos. Ele a batizou de Hadassa. Hadassa significa murta Um pequeno arbusto que nascia em terra seca. Os anos se passaram. Os babilônicos foram subjugados por um grande império. O império persa. E é no reinado de Assuero, que acontecerá a história que não foi registrada na história da civilização. Onde a história diz que Xerxes se dedicou a vida palaciana, é que nossa história acontece. Deus não registra nenhum dos famosos acontecimentos da história no livro de Ester. Seus olhos não se dirigem para Salamina, Para Grécia, para Roma, para Babilônia. As Escrituras não fazem nenhuma menção a maior guerra náutica que a história humana contemplou. Há uma história maior e mais digna de ser retratada. Não será uma guerra que alterará o curso da história humana. Será um grande amor. Não será um império que definirá o futuro da humanidade. Será uma órfã. O livro de Ester se inicia num palácio. É nele que se inicia a grande história.

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ENTRANDO NO PALÁCIO O rei Assuero realizou uma festa com banquetes que durou cerca de seis meses. Seis meses de festa. Seu propósito era enaltecer seu império, celebrar suas conquistas, a grandiosidade de seu reino, cuja extensão era maior do que de qualquer império conhecido até então. As descrições sobre cada detalhe do palácio persa em Susã são minuciosas. Porque quem descreveu a festa estava presente. No final dos 180 dias, de danças, cânticos, foram convidados todos os moradores da cidadela de Susã, dos arredores do palácio para uma cena impensada. Pela primeira vez o palácio foi aberto a visitantes que não fossem nobres. Por sete dias o povo poderia contemplar o que havia de mais suntuoso na terra. Em determinado momento, para deixar bem claro sua riqueza, e demonstrar sua generosidade, o rei Assuero proclamou o mais interessante dos editos jamais firmados. Escreveu em meio a festa que ordenava que os convidados bebessem do vinho real, até o quanto pudessem aguentar, sem limites. O vinho que seria disponibilizado era caríssimo, escolhido das melhores vinhas dos milhares de quilômetros do reino da pérsia e de usufruto exclusivo dos ministros e altos funcionários da corte real. Durante esse período de festa, como nunca antes deve ter acontecido na terra, além de qualquer festival conhecido, um banquete em separado é dado às mulheres na casa das mulheres. O rei possuía um imenso harém real, com belíssimas concubinas e esposas. A rainha de Assuero era belíssima. Chamava-se Vasthi. No dia de maior abundancia de distribuição de vinho, para culminar a grandiosa festa o rei Assuero, já meio alterado por tanto vinho mandou convocar a rainha Vasthi, para apresentá-la a todos os presentes. Queria mostrar a beleza da mulher mais poderosa da terra, a esposa do rei. Envia então não um, mas sete eunucos, oficiais do alto escalão, únicos homens que podiam entrar no palácio das mulheres – por não poderem gerar filhos, eram castrados quando ainda bebês – até a casa das mulheres para entregar a convocação. Uma honra e um dever, já que só pode se apresentar diante de um rei persa as pessoas que forem pessoalmente por ele convocadas, ou aquelas que ele assim consentir. Para as pessoas que estavam presentes aquilo constava ser um grandioso privilégio, o qual para a maioria jamais ocorreria uma segunda vez.

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Nesta festa o rei queria ser glorificado. Que na história ficasse claro que nenhum reino jamais se igualou em riqueza ou poder com o dele. Os persas preservavam sua cultura e suas instituições de modo febril A Autoridade e a palavra de um persa eram derivadas de um mesmo conceito: verdade. Desde o berço os persas eram ensinados em artes marciais, em serem administradores e exercerem autoridade no lar, a disciplina sobre os filhos, a autoridade sobre suas mulheres, ao respeito aos compromissos assumidos com a palavra. Para um persa a palavra empenhada era um contrato realizado. Diferente dos gregos, uma sociedade mercantil, baseada em portos e exportações, com os vícios relativos atividade comercial, os persas tinham um apego ao que declaravam, porque até sua religião, o Zoroatrismo, entendia que a mentira era uma arte maligna. Que a palavra tinha o poder de realizar o que dizia. Os persas e seus sacerdotes chamados Magis, entendiam que a palavra possuía o poder de criar, uma capacidade mágica. Os hinos vedas, canções escritas em persa antigo, que é a língua que dá-nos hoje alfabeto hindu, preservam esse vínculo entre o poder da palavra. A autoridade escrita então era um sacramento. As leis persas eram imprescritíveis, e mais ainda a que tivesse saído da boca do rei. Um decreto persa não perdia o valor, e uma vez emitido era irrevogável, mesmo pela pessoa que o escreveu. Uma vez selado com o anel real, nenhuma instancia jurídica, nenhuma corte de apelação poderia anular o que foi determinado. Esta era a razão da extrema organização do arquivo de leis, da biblioteca, da burocracia persa. Porque todas as leis emitidas teriam que estar disponíveis, assim como os decretos emitidos pelos reis persas anteriores. Haviam muitos conselheiros e juristas também para evitar que o próximo rei emitisse uma lei que anulasse um decreto anterior. Porque nem nenhuma lei poderia ser criada para revogar uma lei pré-existente. No dia em que Assuero convocou Vasthi, o fez publicamente diante de representantes de todos os países conquistados. Mais de três mil pessoas ouviram a convocação feita a rainha Vasthi. Como por um capricho, ela se recusa a participar da tremenda festa. E Ela disse não. As Escrituras não declaram seus motivos, que tinham previsíveis propósitos políticos.

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A omissão é proposital, para que entendamos que foi por um mero capricho, foi por que ela assim o quis. Fico imaginando o desespero dos eunucos ao retornarem para contar a recusa formal. O rei fica numa situação muito constrangedora diante dos convidados. Ele possuía poder para dominar sobre toda a Europa, parte da Ásia, Índia, Casaquistão, todo o Oriente Médio e parte da Grécia, mas não tinha força suficiente diante do capricho de uma mulher. O poder real da pérsia foi ultrajado com a recusa de Vasthi. Seu avô conquistou a Babilônia, ele, entretanto, não conseguia dominar o coração de uma mulher. A fúria do rei é proporcional ao seu ultraje. A descrição é tão vívida quanto se uma pessoa estivesse presenciando a cena. E estava. Vasthi se recusou a desfilar, a expor sua beleza impressionante, só por um capricho do rei. As mulheres persas eram as mais belas da Ásia, segundo alguns historiadores gregos. E isso gerou uma crise de estado. Se fosse uma guerra, Assuero saberia o que fazer. Mas contra um capricho? Como o poder de um rei se impõe a quem não o reconhece como tal? Assuero convoca os juristas mais poderosos de seu reino, os mais sábios homens que conhecia. Não podia tomar uma decisão precipitada, mas não tinha tempo para pensar, antes que a festa acabasse naquela noite, uma resposta tinha que ser levada pelos emissários que testemunharam a cena. Ou o nome de Assuero iria virar piada em 127 idiomas. Os próprios juristas ficaram revoltados e levantaram outra questão. Disseram que Assuero tinha que agir energicamente. Não era só a honra do rei que estava em jogo. Era a autoridade marital que possuíam para com suas mulheres. Eles tiveram temor que tal ato de rebeldia repercutisse em todo o reino e quando espalhasse a notícia, acontecesse o mesmo em suas casas… Aconselham que o rei se divorcie. Que ela, Vasthi, perca o status de soberana, de rainha e que nunca mais possa voltar a essa condição. Proscrita. E que isso sirva de lição para nossas mulheres... E que isso seja publicado em 127 línguas... E assim foi feito. O medo de perder a condição de “senhores” de suas esposas gerou nos conselheiros o aconselhamento ríspido. Esse é o termo em hebraico “baal- senhor” que usam no texto formalizado. Até esse momento continuamos no palácio. Toda a desfeita e seu resultado acontecem dentro dos palácios. Saindo deles, vamos ver o que acontecerá.

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A SAUDADE DO REI Quatro anos se passaram, na história do mundo. Veremos Assuero perdendo suas naus numa fracassada investida naval contra o porto de Salamina, com a perda de milhares de marinheiros e seu retorno humilhante com a perda de quase toda sua força naval, evento que impediria a conquista do mundo grego e o qual seria, mais tarde, a razão da conquista grega do império persa por Alexandre o Grande. Mas, o livro de Ester não se preocupa com tais fatos. Nada disso é importante. Os eventos proféticos que falam da história são citados nas profecias de Daniel. O interesse do livro é uma história que definirá a história, muito maior que a repercussão dos impérios mundiais que estão por vir. Após quatro anos é dito que Assuero sentiu saudades de Vasthi. 1 Passadas estas coisas e aplacada a ira do rei Assuero, lembrou-se de Vasthi, do que ela fizera e do que se decretara a seu respeito. E a história da vida irá ser mudada porque Assuero sentiu saudade. Vemos que ele era apaixonado por Vasthi e se arrependeu amargamente de bani-la para sempre. Mas nada podia fazer. Muitas vezes deve ter ido à casa das mulheres, podia vê-la ao longe, mas ela não podia se aproximar dele, sob pena de morte dela. Assuero era um jovem rei. E convoca outro grupo de conselheiros, desta vez, jovens como ele, para que possam aconselhá-lo na resolução de um problema de coração. Problema de coração partido. Verifique que não chama o primeiro grupo de conselheiros, porque eram eruditos em leis, especialistas levam tempo para se formar, logo, eram idosos. Convoca então um grupo de conselheiros mais jovens que dão luz ao primeiro concurso de beleza da história. Eles aconselham que sejam trazidas adolescentes de todas as partes do império, as mais lindas, e que estas sejam tratadas esteticamente com cosméticos, perfumes, roupas e tratamentos de beleza para que após UM ANO sejam apresentadas ao rei e ele escolha dentre elas a que mais lhe agradar. Essa teria o direito de passar uma noite com o rei e ser separada para ser aquela que seria a nova rainha. Oficiais do rei são enviados para todo o mundo de então com ordens expressas de tomar pela força as jovens que escolherem para assim servir ao rei. E nada pode ser feito para impedi-lo. Há um interesse muito claro nesses conselheiros. O rei iria escolher algumas poucas mulheres. O restante poderia ser cortejado por eles…

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Mulheres belíssimas serão trazidas de todas as partes do mundo, mas em especial, ali bem próximo ao palácio, na mesma cidade de Susã, reside Hadassa. Hadassa é filha de um tio, prima de Mardoqueu. Ele é que é tutor da bela menina, desde a tenra idade após a morte de seus pais. Hadassa é benjamita como Mardoqueu, órfã e de uma beleza impressionante. Sabendo que certamente Hadassa seria levada cativa Mardoqueu dá uma ordem que mudará o destino de seu povo. Ordena a Hadassa que não revele sua identidade ou sua origem.

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COMO UMA MURTA Ester teve um nome adicional: Hadassá. A palavra hebréia hadassá significa "murta", e é uma das quatro espécies que os judeus usam em Sucot (festa das cabanas). Para os judeus atuais cada planta usada na festa possuía um significado. O etrog (cidra), simboliza e tem forma de coração, o lulav (folha de palma), a espinha dorsal, a aravá (salgueiro), os lábios, e a hadassá, os olhos. Interpretam que os olhos de Ester podiam ver a realidade interna tão claramente quanto nossos olhos vêem a realidade a externa. Seu nome não foi dado aos acaso, e sim representava a última descrição de sua melhor qualidade. Quando olhamos mais de perto a natureza da murta (hadassá) ganhamos uma compreensão clara da natureza íntima de Ester, e em último caso, de nossa própria. As folhas da murta são verdes e uniformes. Se eu fosse nomear uma criança com um nome de planta (o que é altamente improvável), tenderia a chamá-la de Rosa, Lírio, ou na pior das hipóteses, Margarida, muito antes de chamá-la de Murta ou Hadassá. Aparentemente o nascimento de Ester não ocorreu numa grande época. Talvez tenha coincidido com a morte de sua mãe. O bebê que nasceu tinha uma cor esverdeada, ou envolta em líquido amniótico esverdeado – o que significa problema grave no parto. Ou simplesmente a aparência era comum, ou até mesmo “feia” ao nascer. Como certo comentário de um blog: “E eu concordo com a Ana, lamento, mas, os bebês quando nascem são todos feios, vermelhos e enrugados. Têm todos “ar de joelho”, como dizia um amigo meu. Mas passa-lhes depressa e ficamos todos a babar neles não tarda muito!” O segredo, o mistério da identidade de Ester mudará o destino da história Quando ela é levada ao encontro de seu destino, perguntam qual é nome da menina, Mardoqueu responderá ESTER. Ester era um nome persa, porque os judeus, assim como os demais habitantes do império recebiam novos nomes como cidadãos persas. Ester é conduzida junto a centenas de jovens ao palácio. Porém, algo nela distingue-a das demais. Quando Hegai, o eunuco chefe olha para Ester, sente muito afeto pela menina. Talvez pelo choro insistente, pela tragédia de sua história. Uma das chaves do livro de Ester é a palavra SORTE. Tudo até este momento, na vida daquela menina, transpirava má-sorte. Vinda de um povo escravizado, de uma religião que já não possuía um templo, sem os pais, de uma vida de refugiados, agora perdia também sua liberdade. Não teria direito 15


sequer de escolher a pessoa com quem ela iria se casar ou viver. Não poderia dar continuidade a sua genealogia. Para o judeu era importantíssimo suas raízes tribais, sua descendência. Sua identidade com Abraão e a continuidade das gerações até que nascesse de uma israelita, o desejado, o ungido de Deus conforme profetizado em Isaías. Aquele que libertaria a Israel do jugo do opressor. Já não teria ela sequer essa chance. Porém, quando ela chega ao palácio das mulheres, sozinha com suas poucas vestes, Hegai lhe proporciona tudo que lhe é possível fazer para amenizar sua prisão. Concede-lhe sete servas para cuidarem dela. Para a alegrarem. E por um ano ela será tratada e preparada por Hegai com um único objetivo. Ser a próxima rainha. Antes mesmo da escolha do rei, um eunuco escolheu dentro de si a melhor candidata. E a prepara para seu encontro mais do que a todas as outras. Ele a instrui no que deve levar ao encontro, o que deve vestir, o que deve dizer, como deve se portar. Os dias passam e chega o dia de sua apresentação, no qual será dada como mulher ao rei. Um homem que ela não conhece.

Nesse capítulo do livro de Ester é mencionado o nome de seu pai. Abiel. Abiel significa “guerreiro de Deus”. Quando em sua vida Ester mais precisava de seu pai para protegê-la, não podia contar com ele. Mas havia um pai celestial que velava por ela.

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A APRESENTAÇÂO AO REI

Ela é apresentada ao rei, e é despertado nele algo tão profundo, que as Escrituras dizem que o rei a amou mais do que todas as outras. O verbo utilizado é o mesmo da passagem bíblica de Jacó para Raquel. De Isaque para rebeca. Do livro de Cantares de Salomão quando fala do amor entre o Salomão e a Sunamita. O mesmo que é usado entre Deus e seu povo, quando fala de amor. Ela alcança graça diante dos olhos do rei. E então é agraciada com a coroa real. É realizada uma festa, o banquete de coroação, o banquete de Ester, onde se cumpre o desejo do rei, apresentando ao seu reino a beleza de sua nova rainha. Ester cumpria o papel de Vasthi. Em honra a Ester o rei envia presentes a milhares de pessoas em todas as províncias. Nesse momento somos apresentados a um dos mais nefastos personagens da história. 1 Depois destas coisas o rei Assuero engrandeceu a Hamã, filho de Hamedata, o agagita, e o exaltou, pondo-lhe o assento acima dos de todos os príncipes que estavam com ele. 2 E todos os servos do rei que estavam à porta do rei se inclinavam e se prostravam perante Hamã, porque assim ordenara o rei a seu respeito: porém Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava. Sete anos haviam passado entre o casamento de Ester com o rei. Nesses sete anos, Mardoqueu foi comissionado como oficial do palácio e trabalha na porta deste. Houve uma conspiração de dois eunucos que tentaram assassinar ao rei e que ele conseguiu impedir, informando sobre tal acontecimento. Mas, tal fato foi ESQUECIDO. E então aparece Hamã. Hamã se tornou o primeiro-ministro de Assuero, o segundo homem mais poderoso do império persa. Sua descendência abre as portas para entender o ódio que ele demonstrará pelo povo judeu. Hamã descendia de um antigo rei. Agagita. Agagita era como eram chamados os descendentes de Agague. Um dos mais poderosos reis do antigo inimigo de Israel. Amaleque. Os mesmos Amalequitas que tentaram diversas vezes destruir a Israel no passado, cuja origem remonta de Esaú, o cabeludo irmão de Jacó Em Hamã vemos a continuidade de uma amargura profética, o desdobrar de um ódio hereditário, entre Esaú e Jacó. Mardoqueu é benjamita, descendente de Jacó. E se ainda existia alguma descendência dos amalequitas na terra é porque Saul havia desobedecido às ordens de Deus dadas através 17


do profeta Samuel. Outra vez as gerações se encontravam. Um descendente de Saul com um descendente de Amaleque. Hamã é tomado de uma fúria colossal, porque Mardoqueu se recusa a reverenciá-lo. Ele não aceita se curvar diante dele, não aceita venerá-lo. Não sabemos as razões internas de Mardoqueu. Mas tal ato é o estopim para um ato de retaliação sem precedentes. Hamã decide se vingar do ultraje, do não reconhecimento. Porque um homem não se ajoelhou diante dele, ele decide matar toda a geração daquele homem. Toda sua descendência. Todo o seu povo. Hamã intentou e levou a cabo um plano de genocídio, pelo fato banal de não ser reconhecido como autoridade. Hamã vai para sua casa e faz um ritual diante das divindades persas. Era o mês das sortes, primeiro mês do calendário persa do feriado chamado “dia das sortes”. Nessa época os persas realizavam um ritual que haviam aprendido em Babilônia, de lançar sortes diante de uma divindade chamada Marduque, para decidir quais os tempos propícios para realização de negócios. Mardoqueu é originado no nome de Marduque. Foi na época do cativeiro babilônico que Mardoqueu nasceu, e assim como os judeus de sua época, recebeu nomes babilônicos em homenagem as antigas divindades de Babilônia. Ester nasceu já durante o domínio persa, por isso seu nome é persa. De maneira irônica, Hamã invocava o poder de Marduque para decidir a data e a época da morte do povo de Mardoqueu. Então ele lança SORTES. Era a época das festividades persas onde várias famílias realizavam sorteios de datas propícias para seus negócios futuros. Hamã reúne-se a sua imensa família, possuía dez filhos, chama os amigos e diante, talvez, de quase duzentas pessoas realiza a celebração da sorte, um rito originado em Babilônia. Os dados que ele lança diante dos convivas, essas peças com números marcados são chamadas de PUR. Hamã lançou os PUR para decidir quando massacraria os judeus. No passado dados antigos, quase mil anos antes destes, foram lançados para decidir que parte da terra pertenceria aos judeus. Nesta celebração MACABRA lançariam sortes para arrancar a ultima coisa que os judeus ainda possuíam nessa época. O direito a existir. A sorte era lançada, para azar dos judeus. Foi então sorteado o último mês daquele ano. Em ADAR. E sorteada a data da destruição, dia 13 de ADAR. Era inverno. A morte chegaria na primavera. Aqui vemos outra “coincidência”. Neste mesmo mês, e nessa mesma data, o cordeiro pascal era sacrificado por Moisés, que corria contra o tempo para espalhar seu sangue sobre os umbrais das portas das casas dos israelitas. Foi o dia da praga 18


que vitimou o filho de faraó e os primogênitos do Egito. Hamã sorteou, sem saber, a data da libertação do povo da servidão do Egito. Hamã então foi até o rei Assuero e solicitou uma reunião particular. Propôs a eliminação de um povo que não pagava impostos, que criava rebeliões e que poderia causar uma revolta no império persa. Se não fossem eliminados, poderiam desestruturar a economia do império. Sabendo que a perda de tantas vidas traria um tremendo prejuízo econômica, propôs pagar ao rei de seus próprios bens, uma quantia de dinheiro que equivalia a um terço do dinheiro arrecadado em impostos durante um ano de tributo. Dez mil talentos de prata. Selada fora a sorte do povo judeu. Assuero concede a autorização para a execução do plano. Com a ordem real em suas mãos, o decreto do rei, uma lei de genocídio foi criada. Uma relação entre sorte e azar, benção e maldição, herança e perdição vão formar um contraponto, uma melodia a duas vozes no livro de Ester. Órfã – azar Deportados – azar Indisposição de Vasthi - azar Perda da liberdade de Ester – azar Edito real de destruição – azar Ser sorteado para morrer - azar Ser judia numa época assim – azar. Ser escolhida para ser rainha – sorte Ter uma beleza indescritível - sorte Ter o carinho do principal eunuco do rei – sorte Receber um grupo de servas para seus cuidados – sorte Estar no palácio e ser a única pessoa na terra capaz de mudar a sorte de uma nação – sorte. Um rei ter insônia e por causa dela salvar a vida de um homem – sorte. Na segunda guerra mundial, Hitler conseguiu um documento semelhante. Protocolo de Wannsee. De posse de um acordo com seus signatários, Hitler tinha nas mãos um documento que pode enviar para a morte cerca de seis milhões de pessoas. Porém o protocolo de Wannsee era limitado. Era juridicamente questionável. Após a guerra os líderes nazistas foram julgados por um tribunal mundial chamado “tribunal de Nurenberg” contra crimes contra a humanidade. Não havia unanimidade na aceitação de tal decreto. No caso de Hamã, a lei em suas mãos não possuía tribunal a qual pudesse haver uma apelação. Não havia fórum internacional ao qual pudesse ser apresentado, era um tratado de valor internacional e eliminaria judeus em TODA A FACE DA TERRA, ou até onde chegasse o império persa, o que 19


equivalia dizer a mesma coisa. Quando os judeus morreram na segunda guerra, o mundo da época se revoltou e as nações exigiram o julgamento dos culpados. Se Hamã fosse vitorioso, jamais seria julgado pelo que fez. Ele tinha LEGALIDADE INTERNACIONAL para fazer o que estava escrito. Ao ouvir o decreto, Mardoqueu se desespera. Uma crise sem precedentes se aproximava dos judeus. Em todas as nações aonde chega o decreto, há manifestações de tristeza dos grupos de judeus. Há choro. São os judeus, uma nação com data marcada para deixar de existir e sem forças para resistir ao que estava por vir. O decreto concedia “permissão para matar” aos inimigos dos judeus.

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NO JARDIM Nesses sete anos que se passaram Ester já não tinha tanto acesso ao rei. Problemas internos, rebeliões, a crise da expansão grega. Ela via pouco ao rei. Os oficiais ouvem falar que Mardoqueu está vestido de saco e cinzas, costume judaico que invocava a tristeza, nas portas do palácio. Ao saber Ester envia roupas limpas e seus encarregados. Mardoqueu conta o que está acontecendo.

4 Quando vieram as moças de Ester e os eunucos lho fizeram saber, a rainha muito se entristeceu; e enviou roupa para Mardoqueu, a fim de que, despindolhe o saco, lha vestissem; ele, porém, não a aceitou. 5 Então Ester mandou chamar Hataque, um dos eunucos do rei, que este havia designado para a servir, e o mandou ir ter com Mardoqueu para saber que era aquilo, e por que era. 6 Hataque, pois, saiu a ter com Mardoqueu à praça da cidade, diante da porta do rei; 7 e Mardoqueu lhe fez saber tudo quanto lhe tinha sucedido, como também a soma exata do dinheiro que Hamã prometera pagar ao tesouro do rei pela destruição dos judeus. 8 Também lhe deu a cópia do decreto escrito que se publicara em Susã para os destruir, para que a mostrasse a Ester, e lha explicasse, ordenando-lhe que fosse ter com o rei, e lhe pedisse misericórdia e lhe fizesse súplica ao seu povo. Então solicita a Ester que tome uma atitude e vá até o rei suplicar para que o edito seja anulado. Ela é a única pessoa na terra que pode mudar o curso da história. Ela reenvia seus eunucos até Mardoqueu e diz que não vai. Que não pode ir. Não sem ser convocada. Porque se ela assim o fizer, será morta. E justifica seu medo, dizendo que o rei já não se importa mais com ela. Ele me esqueceu. 11 Todos os servos do rei, e o povo das províncias do rei, bem sabem que, para todo homem ou mulher que entrar à presença do rei no pátio interior sem ser chamado, não há senão uma sentença, a de morte, a menos que o rei 21


estenda para ele o cetro de ouro, para que viva; mas eu já há trinta dias não sou chamada para entrar a ter com o rei. 12 E referiram a Mardoqueu as palavras de Ester. Mardoqueu então dá uma palavra de fé para o coração de Ester. Ela tem que ir. Ela também está sobre grande risco. É tempo dela tomara uma atitude. Esse era o grande momento de sua vida. Era a hora de Ester. 13 Então Mardoqueu mandou que respondessem a Ester: Não imagines que, por estares no palácio do rei, terás mais sorte para escapar do que todos os outros judeus. 14 Pois, se de todo te calares agora, de outra parte se levantarão socorro e livramento para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se não foi para tal tempo como este que chegaste ao reino? Então ela toma uma atitude, deixando o medo de morrer de lado. Pede que orem e jejuem por ela, que em três dias estará cometendo a loucura de se apresentar sem ser convocada. No terceiro dia ela se embelezou, colocou suas jóias e se perfumou. Despediuse das donzelas, abraçou os eunucos e foi até o lugar mais sagrado do palácio de um rei persa. Seu jardim, O jardim sagrado, onde somente entravam uma única vez por ano, os reis e seus convidados, numa festa que simbolizava a chegada da primavera. O jardim era lindíssimo, possuía fontes, pedras, lagos, palmeiras. Árvores e flores. O jardim persa simbolizava o éden. O paraíso que estava marcado na consciência da religião persa. E ali naquele pequeno Éden, Ester caminhou o que imaginava ser sua ultima caminhada. Seu último desfile. Ester significa “estrela” em persa. E ali, na penumbra do jardim sagrado, a estrela brilhou. Quando os oficiais olharam uma pessoa de pé no mais sagrado jardim, sem autorização, já sabiam qual seria o seu destino, a não ser que o rei o permitisse, mostrando que não se ofendia com tal quebra do protocolo. O rei olha para sua rainha, e do mesmo modo que se encantou ao vê-la pela primeira vez, se encanta novamente. Ele levanta seu cetro em sua direção. Ela avança em sua direção e o toca. 22


Ester se ofereceu como um cordeiro ao sacrifício. Enquanto sua coragem esteve escondida, era uma rainha vivendo como uma escrava. Quando ela se posicionou, finalmente começou a reinar. O rei pergunta qual o seu desejo disposto a realizar tudo que puder por ela. Ela pede que ele jante com ela. Outro banquete. Que ela oferecerá. O rei irá até casa das mulheres. E faz o que sua esposa deseja, sem entender porque sua rainha se arriscou daquele modo, o que era tão importante para quebrar o Protocolo? Ester, porém nada lhe conta no jantar. Ester quer desfrutar da presença do rei. Ela está com saudades. E quer ver até onde ele está disposto a ouvi-la. É arguida pela segunda vez e pede somente que o rei jante com ela pela segunda vez, para que lhe declare o mistério. Mas, nesse segundo jantar, ela exige a presença de Hamã. Enquanto acontece o primeiro banquete entre o rei e Ester, outro drama acontecerá.

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A REVIRAVOLTA Entre os dois jantares, os dois banquetes oferecidos por ESTER o tempo se acelera, e o ritmo dos acontecimentos muda assustadoramente. Hamã se indigna novamente contra Mardoqueu, ainda mais porque foi procurar o rei e não o encontrou. Vai para sua casa e maquina junto a sua esposa de nome Zaires (Zaires significa LOIRA), como fazer para matar a Mardoqueu antes do tempo determinado. Ainda faltam dez meses, é tempo demasiado para que Mardoqueu continue a viver. Então ele decide junto de sua família pedir a cabeça de Mardoqueu ainda ao amanhecer do próximo dia. Tão certo de ser atendido, que em sua imensa propriedade mandar erguer uma forca com vinte e três metros de altura. E antes do início das atividades administrativas do império, ele solicitará a morte de Mardoqueu para a próxima noite. Ele imaginara que tempo de Mardoqueu acabara. Sem saber que o tempo esgotado não era o dele. Seus servos iniciaram a montar a forca quando os oficiais do rei acompanhados de eunucos entregaram a convocação para o banquete de Ester. Na mesma noite do dia seguinte em que Mardoqueu será enforcado. Mas, Ester nada sabe do está para acontecer. Nem Mardoqueu. Dessa vez não há ação ou atitude a ser tomada. Se Mardoqueu morresse, Ester não saberia o que fazer. E talvez antes que o banquete acontecesse, Mardoqueu já estivesse morto.

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A SORTE PEDE SUA HERANÇA Anoitece e o rei vai dormir. Mas não consegue. Ele então chama um de seus serviçais e pede que vá até a biblioteca do palácio e leia o livro das crônicas do reino para conseguir dormir. Talvez a leitura de um livro monótono o fizesse dormir. A biblioteca dos persas era uma das maiores coleções de documentos da antiguidade. Centenas de milhares de obras contendo centenas de anos de códigos persas e milhares de livros em centenas de línguas. O Eunuco vai até os arquivos reais e toma ao acaso um livro, dentre os milhares a sua disposição. Leva aquele rolo de crônicas, da imensa biblioteca até o rei. Escolhe por acaso um texto do rolo de pergaminho e lê um acontecimento de quase cinco anos atrás. Falava de um atentado contra a vida do rei Assuero. Dois eunucos tentaram assassiná-lo, e foram impedidos por um oficial do palácio. Até aquele momento o rei não havia tomado conhecimento do acontecido. O nome do oficial era Mardoqueu. O rei impressionado perguntou que recompensa foi dada ao homem que salvou sua vida. Nenhuma, disse o oficial. Ao amanhecer, na primeira hora no palácio, já se encontra ali Hamã para solicitar a morte de Mardoqueu. Consegue permissão para falar ao rei, vai até sua sala, mas ANTES QUE TENHA A CHANCE DE PEDIR ALGO, é interpelado pelo rei: 5 E os servos do rei lhe responderam: Eis que Hamã está esperando no pátio. E disse o rei que entrasse. 6 Hamã, pois, entrou. Perguntou-lhe o rei: Que se fará ao homem a quem o rei se agrada honrar? Então Hamã disse consigo mesmo: A quem se agradaria o rei honrar mais do que a mim? 7 Pelo que disse Hamã ao rei: Para o homem a quem o rei se agrada honrar, 8 sejam trazidos trajes reais que o rei tenha usado, e o cavalo em que o rei costuma andar, e ponha-se-lhe na cabeça uma coroa real; 9 sejam entregues os trajes e o cavalo à mão dum dos príncipes mais nobres do rei, e vistam deles aquele homem a quem o rei se agrada 25


honrar, e façam-no andar montado pela praça da cidade, e proclamem diante dele: Assim se faz ao homem a quem o rei se agrada honrar! Hamã não sabia de quem o rei estava falando. Pensava que era sobre ele mesmo que o rei falava. 10 Então disse o rei a Hamã: Apressa-te, toma os trajes e o cavalo como disseste, e faze assim para com o judeu Mardoqueu, que está sentado à porta do rei; e não deixes falhar coisa alguma de tudo quanto disseste. 11 Hamã, pois, tomou os trajes e o cavalo e vestiu a Mardoqueu, e o fez andar montado pela praça da cidade, e proclamou diante dele: Assim se faz ao homem a quem o rei se agrada honrar! O feitiço voltava contra seu feiticeiro. Hamã foi ao rei para pedir a morte de seu inimigo, e fora obrigá-lo a honrá-lo diante de toda a cidadela de Susã. E fica enojado do que realizou. Entende que jamais poderá pedir a morte de Mardoqueu, pois este estava sobre a proteção do próprio rei. Ao chegar a casa sua própria família, extremamente supersticiosa entende isso como um MAU AGOURO. 12 Depois disto Mardoqueu voltou para a porta do rei; porém Hamã se recolheu a toda pressa para sua casa, lamentando-se e de cabeça coberta. 13 E contou Hamã a Zerés, sua mulher, e a todos os seus amigos tudo quanto lhe tinha sucedido. Então os seus sábios e Zerés, sua mulher, lhe disseram: Se Mardoqueu, diante de quem já começaste a cair, é da linhagem dos judeus, não prevalecerás contra ele, antes certamente cairás diante dele. E o tempo de Hamã se esgara. Zaires ainda falava com Hamã quando sua escolta chegou para levá-lo a um evento no qual não podia deixar de ir. 14 Enquanto estes ainda falavam com ele, chegaram os eunucos do rei, e se apressaram a levar Hamã ao banquete que Ester preparara. Hamã ainda se considerava um afortunado. Escoltado por guardas do palácio, sendo o convidado especial de um banquete solicitado pela própria rainha. O AZAR BATIA NA PORTA DO HOMEM QUE BASEOU SUA VIDA NA SORTE.

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Nesse segundo banquete Ester revela ao rei que há um EDITO que foi feito com intuito da EXTINÇÃO de seu povo. O rei não entende do que se trata. Então pela primeira vez ESTER DECLARA SUA IDENTIDADE. EU SOU JUDIA. O decreto de que falo foi feito por Hamã. E eu estou fadada a morrer por causa dele. Podemos imaginar a surpresa de Hamã. E seu desespero ao saber que Ester pertencia ao povo que decretara a extinção. 3 Então respondeu a rainha Ester, e disse: Ó rei! se eu tenho alcançado o teu favor, e se parecer bem ao rei, seja-me concedida a minha vida, eis a minha petição, e o meu povo, eis o meu rogo; 4 porque fomos vendidos, eu e o meu povo, para sermos destruídos, mortos e exterminados; se ainda por servos e por servas nos tivessem vendido, eu teria me calado, ainda que o adversário não poderia ter compensado a perda do rei. 5 Então falou o rei Assuero, e disse à rainha Ester: Quem é e onde está esse, cujo coração o instigou a fazer assim? 6 Respondeu Ester: Um adversário e inimigo, este perverso Hamã! Então Hamã ficou aterrorizado perante o rei e a rainha.

O que Ester diz é que seu ministro instituiu uma lei em que mandava matar a sua esposa. Assuero fica tão indignado que sai para o jardim para pensar no que fazer. Hamã, desesperado, se levanta e se ajoelha aos pés de Ester que está assentada num divã. Ele se desequilibra e cai com a cabeça entre as pernas de Ester ou numa posição que assemelha intimidade demasiada. No exato instante em que o rei retorna. Essa proximidade com a rainha é terrivelmente interpretada pelo rei. 8 Ora, o rei voltou do jardim do palácio à sala do banquete do vinho; e Hamã havia caído prostrado sobre o leito em que estava Ester. Então disse o rei: Porventura quereria ele também violar a rainha perante mim na minha própria casa? Ao sair essa palavra da boca do rei, cobriram a Hamã o rosto. 9 Então disse Harbona, um dos eunucos que serviam diante do rei: Eis que a forca de cinqüenta côvados de altura que Hamã fizera para Mardoqueu, que 27


falara em defesa do rei, está junto à casa de Hamã. Então disse o rei: Enforcaio nela. 10 Enforcaram-no, pois, na forca que ele tinha preparado para Mardoqueu. Então o furor do rei se aplacou. O rei entendeu que Hamã quis estuprar Ester enquanto se ausentara, em virtude de sal acusação. É o fim de Hamã. É o fim de Agague. É o fim de Amaleque. Jacó vencia mais uma vez. Uma benjamita realiza o cumprimento de algo que Saul não quis realizar. O homem que lançou sortes para destruir, recebia em troca o azar da ira do rei. Do momento em que sai de casa naquela manhã até o final trágico de sua vida, já não são seus atos que lhe dirigem o destino. Do amanhecer até a noite, Hamã é conduzido até a situação final. Amanhecia quando foi pedir a cabeça de Hamã, mas não lhe é permitido falar. Gasta o dia inteiro gritando e se cansando na condução da égua real sobre a qual vai Mardoqueu. Quando chega exausto em casa, já anoiteceu. Não tem tempo de tomar nenhuma atitude. Ainda conversava com a esposa sobre o que aconteceu quando os guardas chegaram. Ele vai, rouco de tanto gritar o dia inteiro, até a presença de Assuero. Ele é perplexado pela declaração da identidade da rainha. No ínterim em que o rei sai para o jardim, o último ato de seu dia de cão, ele tropeça, no exato momento em que o rei lhe vê em péssima situação, agarrado as vestes de sua esposa, ao qual ele havia condenado a morte. Não houve tempo sequer para uma fuga. Porque já havia um instrumento de execução montado em sua própria fazenda.

E diante do pátio onde ele lançou as sortes para destruir, morreu.

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A EXALTAÇÂO DE MARDOQUEU Mardoqueu então é exaltado. A ele é entregue a posição de ministro que pertenceu a Hamã. No livro nunca é nomeado o nome de Israel. Porque o reino de Israel já não existe mais. Só restaram os descendentes de Judá e de benjamim, daí serem chamados pelo nome da tribo real. No dia em que Ester se apresentou diante de Assuero, ela representava a Israel. E por sua causa em 1948, milhares de anos depois, os judeus puderam se reunir novamente para formarem uma nação sobre as terras que um dia foram sorteadas, formando novamente o estado de Israel. Ester se apresenta no outro dia ao rei. Do mesmo modo ousado. Às pressas o rei necessita pela segunda vez levantar o cetro para que Ester “não morra novamente”. Ela chora e suplica ao rei para que anule o Edito. Mas, ELE não pode. Nem ele o pode fazer. Então reunido aos seus conselheiros, entendendo que não pode criar uma lei contrária a primeira, que não pode revogar a matança que decretou, decreta a solução para seu edito. Ele não podia deixar de fazer o que foi proposto. Mas, nada havia dito sobre a possibilidade dos judeus se defenderem. Então, o rei cria um segundo Edito. O edito de Mardoqueu. E ele declara que no dia marcado para o povo morrer, que tenham o direito a se defenderem de seus inimigos. Assuero envia armas de seu exército para os judeus de toda parte. Quando Nisã chega, o dia da perdição, dia 13 de Nisã, torna-se pela SEGUNDA vez um dia de grande salvação (tal como a morte dos primogênitos no Egito). Milhares se atiram para massacrar aos judeus. E todos são derrotados. Setenta e cinco mil pessoas morrem, dos combates que se seguem. Os números refletem a história, neles havia uma mensagem MANIFESTA para a pérsia. Ester lembrava, de certo modo, a Ishtar deusa da pérsia, era dela que provinha seu nome!

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Mardoqueu agiu como se fosse o próprio Marduque! A vitória dos judeus e o número de mortes lembrava o número de vencidos na luta que Dario teve para vencer um terrível inimigo, os magi, a partir do qual houve uma comemoração nacional. Eles viam na vitória dos judeus, as figuras de sua 30


própria religião. Porque Deus tinha um plano oculto, de se revelar também a própria pérsia. E a partir dessa grande vitória nasceu a festa de Purim. A alegria tomou conta das comunidades de judeus ao redor do mundo. Mardoqueu envia cartas instituindo aqueles dias como dias a serem festejados e relembrados. E então as mãos de Ester determinam também um decreto. Das mãos de uma benjamita, uma ordem. 29 Então a rainha Ester, filha de Abiail, e o judeu Mardoqueu escreveram cartas com toda a autoridade para confirmar esta segunda carta a respeito de Purim, 30 e enviaram-nas a todos os judeus, às cento e vinte e sete províncias do reino de Assuero, com palavras de paz e de verdade, 31 para confirmar esses dias de Purim nos seus tempos determinados, como o judeu Mardoqueu e a rainha Ester lhes tinham ordenado, e como eles se haviam obrigado por si e pela sua descendência no tocante a seus jejuns e suas lamentações. 32 A ordem de Ester confirmou o que dizia respeito ao Purim; e foi isso registrado nos anais. E suas palavras foram escritas nos anais da média e da pérsia. A filha de um homem que se chamava guerreiro de Deus, lutou pela vida de sua nação e alcançou vitória. Ester honra a herança de seu pai. Abiel não viveu ou morreu em vão.

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O PARALELO ENTRE ESTER E CRISTO Um dia a revelação da identidade de um descendente de Judá seria o bastante para a salvação de um mundo inteiro. Apocalipse 5:5 "Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos." Esta expressão vem de Gênesis 49:9 "Judá é leãozinho; da presa subiste, filho meu. Encurva-se e deita-se como leão e como leoa; quem o despertará? Jesus é descendente de Judá. É nele que se cumpre a profecia dada á Judá. Ele é que vai ser o leão que vai devorar a morte, cuspir sua ossada e que vencerá para cumprir aos patriarcas o que um dia prometeu. Paulo em Efésios capítulo 3 anunciava: 8 A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo, 9 E demonstrar a todos qual seja a dispensaçäo do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo; 10 Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus, 11 Segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor, 12 No qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele. No último momento Ester revela sua identidade e salva sua nação. Nos últimos dias, Deus revela a identidade de Jesus para salvar a todo homem. Deus concede forças para Ester caminhar até o jardim, para que o Messias um dia possa nascer. O Messias caminhará até o Gólgota para que um dia possamos conhecer ao Deus de Ester. Ester venceu para que um dia Maria pudesse dizer:

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Lucas 1:46-54 Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador; Porque atentou na baixeza de sua serva; Pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada, Porque me fez grandes coisas o Poderoso; E santo é seu nome. E a sua misericórdia é de geração em geração Sobre os que o temem. Com o seu braço agiu valorosamente; Dissipou os soberbos no pensamento de seus corações. Depôs dos tronos os poderosos, E elevou os humildes. Encheu de bens os famintos, E despediu vazios os ricos. Auxiliou a Israel seu servo, Recordando-se da sua misericórdia; Como falou a nossos pais, Para com Abraão e a sua posteridade, para sempre. A festa de Purim é estabelecida em três coisas: Alegria, Misericórdia e Beneficência. 22 como os dias em que os judeus tiveram repouso dos seus inimigos, e o mês em que se lhes mudou a tristeza em alegria, e o pranto em dia de festa, a fim de que os fizessem dias de banquetes e de alegria, e de mandarem porções escolhidas uns aos outros, e dádivas aos pobres. A festa de Ester é em CRISTO realizada de modo pleno e espiritual. O Messias é aquele através do qual com alegria, com misericórdia e com seu auxílio, traria para a humanidade alento permanente. MARIA CHEIA DO ESPÍRITO SANTO CANTA A FESTA DE PURIM! A partir dos dias de Ester, a festa de Purim será um novo feriado nacional. O costume de dar presentes e auxiliar os pobres inspirará duas instituições: Natal e a Caridade. As primeiras associações de distribuição e auxílio aos enfermos e distribuição de alimento aos pobres começou a partir de Purim. Na época de Jesus ainda existiam os locais onde praticavam a entrega de dádivas aos pobres.

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Numa festa de Purim, Jesus está em um lugar chamado Bethesda, onde havia uma piscina de nome Siloé. Bethesda significa “casa da misericórdia” e Siloé – “Enviado”. Na casa da misericórdia, no tanque do Enviado, Durante a festa de Purim, Jesus cura um paralítico que há 38 anos aguarda sentado perto desta fonte. Judá e Benjamim se encontrando uma vez mais.

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EPÍLOGO Não poderia deixar de mencionar o fato de que Hamã prometeu 10000 talentos de prata ao rei Assuero para seu ressarcimento pela morte dos judeus. A morte dos judeus não aconteceu. Hamã e seus filhos morreram. E a guarda da casa de Hamã, sua fortuna não usada e sua fazenda, assim como sua esposa grega, de nome Zaires, foi entregue a Mardoqueu. O último amalequita não deixou uma descendência. E se Zaire teve outros filhos, eles se tornaram judeus. Mardoqueu é um tipo de Cristo, um símbolo de Jesus no Velho testamento. Ele também é odiado sem causa por um inimigo de toda a raça humana. Recusa-se a ajoelhar e prestar-lhe qualquer tipo de reverência. Por influencia deste inimigo com o poder temporal, consegue levar ao messias até o madeiro, erguido para sua perdição. Mas, é humilhado pela sua ressurreição, e pela glória que o Pai o coroou. Todas as hostes e potestades do inferno, todo o poder do Hamã que caiu do céu é exposto à zombaria, porque não foi capaz de vencer um único ser humano. E Hoje ele é obrigado a carregar a Cristo em triunfo, a cada ser humano liberto de obras de feitiçaria, a cada homem curado na autoridade do nome de Jesus. Sua palavra é um edito maior que as maldições impostas pelo inferno à vida do ser humano. A lei do pecado e da morte teve que dar lugar ao evangelho da vida e da ressurreição. A Igreja de Cristo recebeu de seu Mardoqueu Celestial o direito de ser livre, de lutar e de vencer. Recebeu o direito de festejar, de cantar e de alegrar-se. Por toda a terra poderes demoníacos são humilhados, quando o nome de Jesus é anunciado com fé e com poder. Por toda a parte se vê se cumprindo as leis que Jesus anunciou. Pedi e dar-se-vos-á. Tudo o que pedirdes em meu nome eu o farei. Se crerdes e não duvidardes, assim será feito. Em toda parte se verifica que os filhos de Hamã estão mortos. Que a enfermidade, o desespero, a angustia, a depressão, o medo, o pecado, a infelicidade, a opressão, a escravidão a poderes espirituais, acabou. Uma lei maior do que as leis anteriores foi concedida aos que se levantam com ousadia. À semelhança de Ester.

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Welington JosĂŠ Ferreira

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PÓSFACIO

O Epitáfio na cruz de Jesus

Através da Tanach - o nosso Velho Testamento - existem muitos acrósticos fascinantes e outras particularidades textuais que fascinarão o estudante diligente. No Novo Testamento também aparecem os acrósticos que geralmente passam despercebidos. Acróstico: - Uma composição em verso, na qual, a primeira, e alguma vez, a última letra da linha é lida em ordem e forma um nome ou título. Quando Jesus foi crucificado, Pilatos escreveu a frase que foi posta na cruz. As palavras por eles escolhidas desagradaram as lideranças judaicas que lhe pediram que fossem mudadas. Ele recusou-se. Há alguns aspectos interessantes nesse incidente que não aparecem em nossas traduções em português da Bíblia. "E Pilatos escreveu também um título, e pô-lo em cima da cruz; e nele estava escrito: JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS. E muito dos judeus leram esse título; porque o lugar onde Jesus estava crucificado era próximo da cidade; e estava escrito em hebraico, grego e latim. Diziam, pois, os principais sacerdotes dos judeus a Pilatos: Não escrevas, O Rei dos judeus, mas que ele disse: Sou o Rei dos judeus. Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi" (Jo 19:19-22). Pilatos recusou-se a revisar o epitáfio que tinha composto. Ele tem um sentido muito mais amplo que nossas traduções transmitem. O epitáfio em hebraico é mostrado abaixo (lembre-se : o hebraico é lido da direita para a esquerda!). 37


Há Yehudi m vMelech HaNazarei Yeshua

O que nós não vemos em nossas traduções é que o acróstico formado pelas primeiras letras de cada palavra forma o nome de Deus (YHWH)!

"O significado preciso, escreve Herbert F. Stevenson, do nome é obscuro. No hebraico, ele foi originalmente composto de quatro consoantes YHWH, conhecidas pelos teólogos como "o tetragrama", no qual as vogais para ADONAI foram acrescentadas - exceto quando o nome que aparece junto a ADONAI, então as vogais de ELOHIM são usadas. Os judeus vieram a considerar este Nome tão Sagrado que não o pronunciam; entretanto, na leitura pública das Escrituras, eles o substituem por ADONAI - Jeová é para eles um Nome impronunciável". Há muitos outros exemplos de acrósticos nos textos Bíblicos. Por exemplo, no Livro de Ester o nome de Deus não aparece no texto. Entretanto, é encontrado como acróstico em vários lugares através do texto de Ester. Isso não deveria ser surpresa, pois o nome ESTER significa "alguma coisa oculta". O livro de Ester é o único em toda a Bíblia em que o nome de Deus não é mencionado, sequer uma vez. Muito embora o nome de Deus esteja ausente, é evidente que a mão de Deus se faz presente. O Livro todo excede em menções a providência de Deus para com as situações humanas. De tal forma Deus dirigiu a vida das pessoas envolvidas na narração, que Ele colocou a pessoa certa precisa e exatamente no lugar e no momento certo. Como Mordecai observou: "e quem sabe se para tal conjuntura como esta é que foste elevada a rainha?" (Et 4:14). Além disso, o Nome de Deus é encontrado no Livro de Ester na forma de um acróstico. Em quatro pontos cruciais da história (1:20; 5:4; 5:13; 7:7), duas vezes para a frente e duas vezes em sentido inverso, o nome de Deus (YHWH) está presente. O judeu devoto certamente reconheceria isto, ao passo que os persas não.

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