centro de referĂŞncia e acolhimento para mulheres
caroline thaĂs
UNIVERSIDA DE CRUZEIRO D O SUL
TRABALHO DE CURSO ARQUITETURA E URBAN-
AUTORA:
CAROLINE THAร S
ORIENTADORA:
PROFยบ TARSILA MI-
Dedico esse projeto às mulheres da minha vida: Mãe, Vó, Tata e Bisa. À Sônia Regina Maurelli, fundadora da Casa de Isabel, que passou a vida acudindo milhares de mulheres e, infelizmente, não verá esse projeto. E à todas as mulheres que já precisaram, precisam hoje e ainda precisarão de qualquer tipo de acolhimento.
Serei eternamente grata à: Minha família, por sempre me apoiar em absolutamente tudo, acreditar em mim e me mostrar quão grande é o mundo e suas possibilidades. Todos os professores que já tive na vida, por, de alguma forma, sempre me ensinarem alguma coisa, sem isso, eu não seria nada. Meu melhor amigo, por ter me mostrado que sou capaz de muito mais do que eu pensava. Minha terapeuta, por ter me visto nos meus piores momentos, acreditar em mim e me ajudar a me superar cada vez mais. Minhas amigas e amigos, que me inspiram e me fazem ser quem eu sou. Aos artistas que me inspiraram sempre, principalmente, para a ideia desse caderno. Todas as pessoas que, de alguma forma, me ensinaram o que, hoje, faz parte da minha essência.
C re i o
que pa r a e l u cida r a qu e s t ĂŁo da mul h e r, s ĂŁ o a i nda c e r t a s m ul h e res a s ma i s i ndi c ada s. - Simone de Beauvoir
resumo Nas páginas a seguir será apresentada a questão da violência de gênero como um problema social, econômico e de saúde pública bem como um possível equipamento remediador e preventor, de forma a reestruturar, em todos os sentidos, as mulheres vítimas de violência na periferia de São Paulo, proporcionando o acolhimento temporário e auxiliando as vítima e seus filhos a superar o trauma da violência e conquistar independência financeira.
palavras-chave: mulher; violência; saúde pública; acolhimento; reestruturação.
abstract On the following pages will be presented the gender violence question as social, economic and public health as a possible remedial and prevention equipment, restructuring, in all its meanings, the women victims of violence at São Paulo’s suburb, providing temporary refuge and helping the victims and their children overcoming their violence trauma conquering economic independence.
key-words: woman; violence; public health; refuge; restructure.
índice introdução
p. 12
capítulo 1
p. 14
1.1 ser mulher na sociedade 1.2 tipos de violência
p. 16
1.3 ser mulher no brasil
p. 20
p. 18
1.4 infraestrutura para mulheres p. 22
capítulo 2
p. 24
2.1 critérios 2.2 casa de isabel 2.3 his sustentável 2.4 instituto ser cidadão 2.5 abrigo para vítimas de violência 2.6 análise comparativa
p. 26 p. 27 p. 28 p. 30 p. 32 p. 34
capítulo 3
p. 36
capítulo 4
3.1 a área
p. 38
3.2 zoneamento
p. 39
3.3 pontos focais
p. 40
3.4 topografia
p. 42
3.5 uso e ocupação 3.6 gabarito de altura
p. 46 p. 48
3.7 sistema viário
p. 50
3.8 fluxos e acessos ao transporte
p. 52
3.9 cheios e vazios + densidade arbórea
p. 54
3.10 sensações + comércios
p.56
p. 58
2.1 partido arquitetônico
p. 60
2.2 programa de necessidades
p. 61
2.3 materiais e estrutura
p. 64
2.4 projeto
p. 65
referências
p. 66
considerações p. 70 finais
introdução
A proposta é criar um Centro de Referência e Acolhimento para Mulheres, inspirada em algumas resoluções do plano de metas propostos para a cidade de São Paulo no ano de 2016, pela AMZOL (Associação de Mulheres da Zona Leste), que, desde 1987, luta contra a violência doméstica e dá assistência às mulheres carentes. O projeto se dispõe no coração de São Miguel Paulista, na esquina entre a Avenida Nordestina com a Rua Daniel Bernardo, o terreno em questão, que possui, cerca de 3.558m² está inserido em uma ZEU (Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana).
Imagem 1- Vista aérea com destaque do local de intervenção. - Fonte: Google Earth
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introdução
Em um país onde, segundo o IMP (Instituto Maria da Penha), no ano de 2018, uma mulher é agredida a cada 7,2 segundos, totalizando um total de 12 mil agressões por dia, sem contar as 33 mil mulheres que sofrerão alguma espécie de agressão verbal e outras 5 mil que serão ameaçadas com armas, se faz extremamente necessário um equipamento público que dê suporte à essas mulheres, já que os existentes na cidade não comportam a demanda, nem reúnem todos os serviços necessários. Aqui, a discussão é um instrumento que ofereça um maior e mais amplo amparo, situado em um bairro vulnerável, tanto financeira quanto socialmente, considerando que indicadores do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) do ano de 2017 mostram que a região escolhida tem uma grande incidência de violência contra a mulher. A intenção é criar um espaço que atenda a mulher de forma completa em três diferentes competências: assistência, gestão e reestruturação; proporcionando acolhimento para as vítimas e seus filhos em situação de risco, acompanhamento terapêutico para ambos, assistência jurídica e social, e capacitação profissional. A expectativa é que o equipamento funcione de forma remediadora, cuidando das mulheres que já sofreram a violência; e de forma preventiva, empoderando e reestruturando o papel da mulher na sociedade para que a violência seja evitada.
13
1
1.1
ser mulher na sociedade O papel designado à mulher sempre foi considerado passivo, submisso, e essa construção cultural vem de muito tempo sendo, gradualmente, confrontada pelas mulheres a partir da Revolução Francesa. No entanto, a chamada “Primeira Onda Feminista” se dá entre o fim do século XIX e começo do século XX, no Reino Unido e nos Estados Unidos. Já a denominada “Segunda Onda Feminista” é mais abrangente, uma vez que as lutas e reivindicações se adaptam às situações de cada local. No fim da década de 1960, Simone de Beauvoir publica o livro intitulado “O Segundo Sexo”, em dois volumes, apresentando problemas culturais estruturais na sociedade, como tais comportamentos atingem as mulheres e como se manifestam nos homens. No primeiro volume, Simone diz:
“Há muitas outras maneiras mais sutis mediante as quais os homens tiram proveito da alteridade da mulher. Para todos os que sofrem de complexo de inferioridade, há nisso um linimento milagroso: ninguém é mais arrogante em relação às mulheres, mais agressivo ou desdenhoso do que o homem que duvida de sua virilidade.” (BEAUVOIR, 1970, p. 20)
A colocação acima contém uma breve ideia do motivo pelo qual a mulher é vista como um ser inferior, sendo uma das raízes dos problemas das mesmas na sociedade, e que perduram há muito mais tempo do que a história contada gosta de admitir, bem como se faz necessário preencher essa lacuna, para entender o propósito e necessidade de uma multiplicidade de matérias a serem dedicadas ao que tem, cada dia mais, virado um problema que afeta não apenas o âmbito social como o econômico, cultural, salubre e até mesmo político.
16
ser mulher na sociedade
1.1
Sendo assim, ainda tendo como base de Beauvoir (1970), que diz que a vida da mulher é muito mais complexa que a do homem já na esfera biológica, enquanto no contexto histórico podemos encontrar um importante ponto em relação à mulher: “[...]A propriedade privada aparece: senhor dos escravos e da terra, o homem torna-se também proprietário da mulher.[...]” (DE BEAUVOIR, S., 1970, p. 74). Esse fragmento traz consigo uma abundância de conotações, visto que, na construção social do homem, desde o surgimento da propriedade privada, a mulher o pertencia em todos os sentidos, sendo essa a real origem do problema atual da mulher: tal concepção mantém-se até hoje, em âmbito mundial, como se nota no gráfico abaixo, montado a partir de dados da ONU Mulheres (2015). Obviamente, hoje, outros fatores, além dos acima citados, contribuem com o aumento na violência contra a mulher como questões raciais, principalmente, e econômicas.
GRÁFICO 1 -Mulheres aue já sofreram violência no mundo - Fonte: ONU Mulheres, Global Database on Violence Against Woman, 2015
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1.2
tipos de violência Dadas as questões apontadas no subcapítulo anterior, se faz crucial a explicação da violência de gênero, que se caracteriza por quaisquer atos que causem infortúnio psicológico, físico ou sexual, ou, em casos extremos, morte; ramificada em diversas formas e intensidades É, também, importante esclarecer que essas situações que serão apontadas a seguir, normalmente, não se excluem, muito pelo contrário, sendo, por vezes, acumulativas:
violência psicológica É toda ação ou omissão que causa, ou pretende causar dano à autoestima, identidade ou desenvolvimento da mulher, não se limitando ao ambiente doméstico, sendo a mais comum, considerando os números elevados no “Relatório Mundial Sobre Violência e Saúde” da OMS (Organização Mundial da Saúde) publicado em 2015, que mostra que tanto na Inglaterra, como na Suécia e na África do Sul a incidência desse tipo de violência é maior que 50%.
violência econômica
violência sexual A violência sexual inclui certa diversidade de atos ou tentativas de relação sexual sob coerção, ou fisicamente forçada, no casamento ou em qualquer outro tipo de relacionamento. É cometida, na maioria das vezes, por homens conhecidos das mulheres, incluindo vínculo conjugal no espaço doméstico, colaborando com sua invisibilidade, podendo acontecer nas diversas classes sociais e culturais.
Esse tipo é quase invisível aos olhos da sociedade, já que se caracteriza pelo abuso de poder do cônjuge, na grande maioria dos casos, que possui maior autonomia financeira, nesse tipo de violência, a humilhação e chantagens são comuns.
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tipos de violência violência física
1.2
Quando uma pessoa que está em relação de poder — ou pensa estar em poder, como o que acontece com os homens em relação às mulheres — em relação à outra motiva lesão não acidental, através de armas ou força física, causando ou não ferimento interno, externo ou ambos. Segundo entendimentos mais recentes, também é considerado violência física o castigo repetido agressivo, como tortura. Esse tipo de violência é o que mais leva à morte de mulheres no mundo, já que todos os crimes de gênero são fisicamente muito agressivos.
violência intrafamiliar Nesse caso, é importante, primeiro, lembrar que a violência não se limita a um espaço concreto, bem como às relações construídas. Podendo ser realizada dentro ou fora de casa por algum membro da família em relação de poder, com ou sem laço consanguíneo. É quaisquer ações ou omissão que danifique a liberdade, o bem-estar, o direito de desenvolvimento, ou integridade física e/ou psicológica da mulher.
violência doméstica Inclui membros do espaço doméstico, sem relação familiar, ou seja, empregados, agregados, entre outros. Acontece dentro de casa ou unidade doméstica, geralmente é praticada por um membro familiar que viva com a vítima. As agressões incluem: abuso psicológico, físico e sexual, além de negligência e abandono.
violência institucional Qualquer tipo de violência, inserida no contexto de uma instituição, pública ou privada, ligada ao gênero. 19
1.3
ser mulher no brasil O Brasil é um país historicamente violento desde sua colonização, e assim segue, no entanto, vale ressaltar que, nos últimos quase 35 anos, pós ditadura militar, as minorias vêm ganhando voz e, cada vez mais, com a evolução das comunicações, é possível discutir temas como esse com certa liberdade, mesmo que a sociedade, e até mesmo o Estado, não concorde. É importante que o problema seja exposto para que algo seja feito para solucioná-lo, ou simplesmente remediá-lo, enquanto medidas à longo prazo são tomadas. A população brasileira é, segundo o IGBE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), majoritariamente, composta por mulheres (51,6% da população total), e é a partir dessa informação que se constrói esse subcapítulo; Ora, se a mulher é maioria, por que, então, é tratada como minoria no Brasil, com elevados índices de violência doméstica? Teria relação à construção histórica do papel feminino na sociedade, abordado anteriormente? Para a última pergunta a resposta é simples e clara: sim, no Brasil, assim como na maioria dos países subdesenvolvidos, a violência contra a mulher é mais aceita, dependendo da situação, segundo estudo publicado na revista “PLUS ONE” em outubro de 2018, a partir de dados coletados entre os anos de 2005 e 2017 em 49 países, a América Latina e Caribe reuniram 12% de aceitação à violência contra a mulher.
em 2018,
9 mulheres
foram agredidas
por minuto no Brasil
GRÁFICO 2 -Mulheres agredidas por minuto no Brasil em 2018 - Fonte: Visível e Invisível: A vitimização de mulheres no Brasil – 2ª Edição, 2019
20
ser mulher no brasil
1.3
Além da violência, o país tem um cenário preocupante relacionado à desigualdade de gênero, como mostram pesquisas recentes relacionadas à educação, as mesmas dizem que, para as mulheres, é sete vezes mais importante ter um diploma do que para um homem, e, ainda assim, quando alcançam cargos de chefia, ganham um terço do que um homem no mesmo cargo. A realidade do país em relação à violência contra a mulher também é cruel, em 2017, segundo pesquisa DataFolha encomendada pelo Fórum de Segurança Pública, 70% das mulheres entrevistadas alegaram ter sofrido algum tipo de violência no último ano, enquanto números mais recentes, do ano de 2018, mostram que uma mulher é morta no Brasil a cada duas horas, vítima de feminicídio (assassinato de mulheres em contextos discriminatórios). Enquanto isso, a percepção da violência contra a mulher na região sudeste aumentou em 73% no ano de 2017, segundo o Relatório de Vitimização de Mulheres no Brasil realizado pelo Datafolha, mesmo assim, segundo outra pesquisa realizada pela Rede Nossa São Paulo, houve um aumento de 13% no número de assédios na cidade de São Paulo do ano de 2017 para o ano de 2018. Ainda, se faz importante lembrar que, a maioria dos agressores são conhecidos das mulheres, como cônjuges, namorados, padrastos, pais, entre outros, como foi apresentado no relatório de Vitimização de Mulheres no Brasil, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 2017, onde 61% das agressões são cometidas por pessoas conhecidas. Além disso, indicadores da Rede Social de Cidades, aponta elevados números nas periferias da cidade, logo, quanto mais nos afastamos do centro, maior o número de agressões às mulheres. com ênfase nos extremos das zonas Leste e Sul. O gráfico abaixo relata exatamente essa relação, focando na Zona Leste.
GRÁFICO 3 - Relação centro vs. violência de gênero - Fonte: Mapa da Desigualdade da Rede Nossa São Paulo, 2018
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1.4
infraestrutura para mulheres Em 2004, deu-se a I Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, onde fora elaborado o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (PNPM), e, a partir disso foi criada a Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, muito embora, seja uma conquista recente¹ alguns planos e equipamentos da Secretaria de Direitos Humanos de São Paulo se mostram interessantes. As políticas públicas para mulheres se fazem necessárias considerando os números apresentados no subcapítulo anterior, ademais disso é importante relembrar que essas políticas vêm com a intenção não só de remediar o problema da violência, como para educar a população sobre, mas, aqui, além de apresentar os serviços ofertados pela Prefeitura e Governo de São Paulo, há o questionamento: a quantidade dos serviços são suficientes para cumprir a demanda municipal? A qualidade do serviço é exemplar e cumpre seu compromisso para com as mulheres atendidas? Atualmente, o município conta com, essencialmente, três equipamentos direcionados às mulheres em situação de violência, são eles: —DDMs (Delegacias de Defesa da Mulher); —CRMs (Centros de Referência da Mulher); —CDCMs (Centros de Defesa e Cidadania da Mulher). A primeira sob gestão do Governo do Estado de São Paulo,as duas subsequentes estão sob direção da SMPM (Secretaria Municipal de Políticas para Mulher), criada em 2013, fazendo parte da Prefeitura do Município de São Paulo, coordenando e executando políticas públicas de promo-ção e efetivação dos direitos das mulheres, fomenta autonomia econômica, reintegração social e articula políticas paralelas com as demais instituições e esferas do governo.
1. A cidade de São Paulo apresenta suas primeiras organizações feministas na metade da década de 1970, que funcionavam como organizações não governamentais, prestando auxílio às mulheres vulneráveis, regionalmente — como é o caso da AMZOL (Associação de Mulheres da Zona Leste) — , da forma que podiam, é no começo do século XXI que as coisas começam a finalmente andar de fato a âmbito nacional e medidas direcionadas especificamente às mulheres começam a ser pensadas num nível governamental.
22
infraestrutura para mulheres
1.4
Ainda é importante lembrar, a existência do Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher), que é um serviço nacional. Considerando o tamanho da cidade de São Paulo, já sabemos a resposta das perguntas anteriores:, atualmente, o município conta com cinco CRMs, quinze CDCMs e nove DDMs, totalizando 29 equipamentos, ora, não parece proporcional, já que, segundo o censo de 2010, a cidade de São Paulo conta com uma população feminina de 53%. Segundo a SMPM, esses centros “oferecem orientação e atendimento social, psicológico e jurídico às mulheres e realizam encaminhamentos necessários à superação da situação de violência, incluindo abrigamentos em local sigiloso quando há risco de morte” (SMPM, 2013). É importante esclarecer que a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres funciona como um departamento dentro da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, tendo o orçamento, assim, dividido com outros departamentos, por isso, todos os centros e serviços oferecidos são de rede conveniada, sendo apenas coordenados pela Prefeitura, nenhum deles reúne todos os serviços que a mulher em situação de violência pode precisar, já que, em termos de espaço físico, são construções alugadas, que não foram pensadas para acomodar todas as necessidades de um centro especializado completo, o que leva, de novo, à questão da ausência de serviços públicos diretos e como isso é uma demanda a ser preenchida pelo Estado, visto que, como já citado no início desse capítulo, a violência de gênero não é apenas um problema social, como econômico e de saúde pública. E se ainda existem números exacerbados através dos anos, como foi possível observar anteriormente nesse mes mo capítulo, significa que a demanda do problema não está sendo atendida, nem em questão de quantidade, nem em qualidade.
23
2
2.1
critérios Para os estudos a seguir, alguns critérios foram adotados para aprofundamento, de forma a filtrar o que terá maior utilidade posteriormente, na conceituação do projeto. Vale informar que a sequência dos estudos não foi feita de forma aleatória, contando uma “história”. O primeiro estudo de caso é da sede instituição “Casa de Isabel”, na capital de São Paulo; o critério adotado foi o compromisso social, para identificar como é oferecida ajuda às mulheres em situação de violência atualmente na cidade. O segundo estudo é o vencedor do Concurso Público Nacional de Arquitetura para Novas tipologias de Habitação de Interesse Social Sustentáveis na categoria Casas Térreas, realizado pelo CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) em 2010, e foi escolhido pela programática, setorização e sustentabilidade. O terceiro estudo é uma intervenção num sítio histórico, sede do Instituto Ser Cidadão que foi escolhido pela estrutura, linguagem arquitetônica e programática. O quarto e último estudo é um dos primeiros abrigos para mulheres vítimas de violência doméstica projetado por arquitetos em Israel e foi escolhido pela linguagem arquitetônica, setorização e, principalmente, programática.
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2.2
A Casa de Isabel foi escolhida por ser uma organização idealizada para que acolhesse não só as mulheres em situação de violência e risco, como seus filhos e família. A sede do projeto situa-se no Itaim Paulista, extremo leste de São Paulo, que, segundo dados já apresentados no primeiro capítulo, é uma das regiões mais violentas da cidade, com um índice populacional alto, e pela sua localização, acaba por atender a demanda de distritos vizinhos de igual ou pior índice socioeconômico. A Casa de Isabel não é um equipamento direto da Prefeitura, sendo assim, sobrevive, em partes, por doações. O público atendido são as vítimas de violência doméstica e familiar e as famílias das vítimas, tendo uma demanda mensal de 2.500 atendimentos, aproximadamente. Como a maior parte das pessoas atendidas na Casa, são mulheres, crianças e adolescentes violentados, geralmente por homens, o horário de atendimento para os mesmos é diferenciado.
casa de isabel
O edifício, alugado, tem três pavimentos: um subsolo, térreo e primeiro pavimento; sendo nos dois últimos, os principais atendimentos ao público, enquanto, no sub - solo, sobra apenas duas salas para os serviços oferecidos ali, de forma que todo o resto do espaço serve tanto como área de convivência de funcionários, quanto de arquivo e depósitos. A entrada social é feita pelo térreo, onde encontra-se uma recepção, um banheiro acessível e três salas: um consultório médico, a gerência e o serviço social, além disso, também há uma área externa, onde são feitos eventos, capacitação do público e do quadro de funcionários do local. O resto do programa se divide pelo subsolo e pelo primeiro andar.
Imagem 2- Espaço de eventos - Fonte: Casa de Isabel
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2.3
habitação de interesse social sustentável Ficha técnica Arquitetos: Giuliano Pelaio, Gustavo Tenca e Inácio Cardona Localização: São Paulo, Brasil Ano do projeto: 2010 Àrea total: aproximadamente 4.751 m²
Imagem 3- Perspectiva aérea. - Fonte: Archdaily
Vencedor do Concurso Público Nacional de Arquitetura para Novas Tipologias de Habitação de Interesse Social Sustentáveis na categoria Casas Térreas, realizado pelo CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo), o projeto que o Escritório 24.7 apresenta propõe soluções atuais para a inserção de sustentabilidade na habitação de interesse social. O projeto foi pensado em um terreno já ocupado por habitações de interesse social, com tipologia de casa térrea na cidade de Ribeirão Preto, estado de São Paulo. O programa de necessidades desse projeto,é bem flexível, pensando no possível aumento da família, foram feitas duas plantas tipos com basicamente os mesmos moldes, enquanto a primeira unidade tem dois dormitórios e um jardim grande, a segunda unidade tem três dormitórios e um jardim menor. A organização do programa mostra a preocupação tanto com a privacidade, quanto com a interação social intrafamiliar, trazendo conforto. A fluidez de forma natural traz a sensação de bem estar que uma família precisa.
Imagem 4- Perspectiva frontal. - Fonte: Archdai-
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Uma das principais premissas do projeto é mostrar como, usando a criatividade, é possível projetar uma habitação de interesse social que seja sustentável, em toda sua pluralidade de conceitos e significados. Esse projeto mostra que é sim possível sustentabilidade com baixo custo de construção (que também acaba sendo uma ação sustentável). Mirando no conforto térmico e redução de consumo de energia mensal, a cobertura é uma combinação de telhas termoacústicas com jardim verde. As janelas altas combinadas com recortes na cobertura aumentam a incidência de luz solar no inverno e protegem contra o calor no verão. Quanto à estrutura, a modulação foi feita a partir de uma malha de 90cm x 90cm, tornando-se, de novo, fácil e de baixo custo, assim como as fachadas, que têm o revestimento todo feito no cal branco, que, embora pareça um material simples e barato,tem muita influência no conforto térmico, já que o mesmo transpira além de poder ser personalizado por cada morador, para que cada um sinta-se em casa à sua maneira. A preocupação com o meio ambiente e com o aumento de áreas verdes na vida urbana também não passa despercebida, já que os jardins estão sempre presentes no projeto, desde a entrada das casas, passando por um jardim particular para cada família até chegar na cobertura verde, que, além que contemplativa, faz parte do sistema de isolamento térmico no verão brasileiro. Outro ponto a se destacar nesse projeto é a acessibilidade: as duas unidades tipo comportam as necessidades PNE, seguindo
Imagem 5 - Plantas das unidades tipo. - Fonte: Archdaily
Imagem 6 - Detalhamento telhado verde. - Fonte: Archdaily
29
2.4
instituto ser cidadão Ficha Técnica Arquitetos: Atelier 77 Localização: Rua Fernanda, 140 - Santa Cruz, Rio de Janeiro - RJ, Brasil Arquitetos Responsáveis: Thorsten Nolte, Nanda Eskes, Priscila Marinho Equipe de Projeto David Serrão, Patricia Tinoco, Ana Sorgine, Juliana Sicuro Área: 420m²
Imagem 7 - Vista do patrimônio e do anexo - Fonte: Archdaily
O Instituto Ser Cidadão é uma organização sem fins lucrativos voltada para órgãos públicos culturais do Rio de Janeiro. O trabalho feito pela instituição é voltado ao desenvolvimento humano, através da cultura, educação e capacitação profissional, tendo como público alvo jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social. O anexo foi construído em estrutura metálica, com vigas principais, pilares retos e, na área externa pilares em V, funcionando como uma treliça gigante possibilitando a criação de uma grande varanda coberta. As paredes e divisórias foram feitas de drywall, material leve, com bom custo benefício e de rápida construção, com revestimento interno e externo em madeira de compensado naval, material que, além de ecológico, é a prova d’água, por ser resinado, e compátivel com diferentes tipos de revestimento, como tintas, tecidos e até mesmo fórmica. A linguagem escolhida para o projeto foi de um “pavilhão de jardim”, sendo minimalista, leve e discreta, além disso, está implantado nos fundos da casa, deixando o prédio histórico tomar conta da vista a partir das ruas que cercam o terreno, isso tudo para não ofuscar o mesmo. Os materiais aparentes passam a ideia de transparência, que é um dos lemas do Instituto, além de conversar de forma harmônica com o edifício existente, sem deixar de ter uma personalidade e linguagem própria. 30
O projeto visa principalmente a integração: as duas construções do terreno são, na verdade minoria, enquanto toda a área verde é usada como área de convivência. No edifício histórico, concentram-se duas salas de música, uma lanchonete, a cozinha (onde acontecem oficinas e atividades de capacitação profissional),um depósito, um banheiro e uma varanda externa. Já o anexo conta com três salas de aula, uma sala para a administração, um depósito, dois banheiros e, também, uma grande varanda externa. Como o projeto é apenas a primeira parte de um projeto maior, de duas etapas, porta um aspecto flexível, onde a sala atual da administração virará outra sala de aula e a varanda faceia o projeto que está por vir, tudo isso sem deixar de lado a vegetação existente no terreno, incluindo-a de tal forma, que parece projetada junto com o anexo. É equipado com uma grande varanda equipada com wi-fi, bebedouros, pontos de elétrica e mobiliário, convidando o aluno a realmente interagir e passar tempo ali confortavelmente.
Imagem 8 - Vista varanda anexo- Fonte: Archdaily
Imagem 9 - Sala de aula. - Fonte: Archdaily
31
2.5
abrigo para vítimas de violência doméstica Ficha Técnica Arquitetos: Amos Goldreich Architecture, Jacobs Yaniv Architects Localização: Tel Aviv-Yafo, Israel Ano do projeto: 2018 Área: 800 m²
Imagem 10 - Vista aérea - Fonte: Archdaily
O programa de necessidades é relativamente completo, e prevê não só o acolhimento das vítimas como seus filhos e a integração de todos, com o refeitório, cozinha e pátio como espaço de socialização entre as famílias ali abrigadas, de forma alguma as isolando, mas dando o espaço e privacidade que cada uma precisa. O abrigo foi projetado para acomodar mais de 12 famílias.Além disso, há um espaço para capacitação intelectual com aulas, uma creche para as mulheres deixarem as crianças enquanto trabalham (dentro do abrigo). Conta com dois tipos de apartamentos: um onde os quartos são separados e o banheiro e a “sala” são divididos por essas duas famílias; e outro que lembra uma kitnet, com um quarto e sala conjugados e um banheiro. Percebe-se que a setorização se faz de forma a integrar não só as mulheres como também seus filhos. A distribuição do programa é feita de forma a proporcionar privacidade e conforto, com as funções bem demarcadas e os serviços bem distribuídos.
32
A premissa principal, quando se trata de linguagem arquitetônica, do projeto é o sentimento de casa, o conforto, o acolhimento, a segurança, sem que pareça uma prisão. A saída para essa ambivalência de conceitos, foi criar duas fachadas: uma exterior, que exala segurança e proteção, com materiais e aparência rigorosa; e outra interior, um jardim terapêutico, que transmite paz, alívio. Para o sentimento de “lar”, de pertencimento, o projeto foi pensado como uma vila. O pátio, ao mesmo tempo que isola a área íntima dos demais setores do abrigo, reúne as famílias, causa integração entre elas. A presença de grandes áreas abertas, permeáveis, dentro do abrigo, vêm para trazer o sentimento de libertação. Ainda para a sensação de segurança, a edificação é um pouco mais elevada que o nível da rua com a entrada bem recuada, quase imperceptível, como é possível observar nos cortes abaixo. A fluidez do projeto se dá, principalmente, pela “rua” que contorna o pátio central, dando acesso à todas as áreas do abrigo. A acessibilidade também é levada em conta, já que conta com apenas um pavimento térreo, em maior parte, e na região administrativa, conta com escadas e elevador para o segundo pavimento.
Imagem 11 - Pátio interno. - Fonte: Archdaily
Imagem 12- Planta do térreo - Fonte: Archdaily
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PROJETO/ ANO
LOCAL POSITIVO
Casa de Isabel/não •Alta demanda; •Fácil acesso. possui
HISS/ 2010
ISC/ 2016
Abrigo/ 2018
NEGATIVO •Perigoso; •Não foi feito para essa função.
POSITIVO
NEGATIVO
•Longe de outros serviços.
•Fácil acesso.
•Sítio histórico, limitando e dificultando a construção de melhorias.
•Bastante espaço para convivência; •Níveis bem aproveitados.
•Afastado de serviços.
•Área bem aprove•Pouco paisagitada; •Considerável área ismo. permeável.
•Não muito movimentado; •Região residencial; •Segurança.
ESTRUTURA POSITIVO
Casa de Isabel/ não •Não possui dados suficientes. possui •Bixo custo; •Modulação 90x90cm.
NEGATIVO •Não possui dados suficientes.
PROGRAMÁTICA POSITIVO
•Espaço de convivên•Tamanho consid- •Nenhuma área cia; •Salas de terapia; eravelmente bom. permeável. •Sala de ludoterapia. •Tamanho dos ambi•Fluxos bem pen•Pouco incentivo entes; sados; à convivência •Jardim; •Áreas verdes bem pública. •Acessibilidade. distribuídas.
•Não muito movimentado; •Próximo de lazer.
PROJETO/ANO
HISS/ 2010
IMPLANTAÇÃO
•Pouco paisagismo.
LINGUAGEM ARQUITETÔNICA POSITIVO
NEGATIVO
•Plástica pouco •Arte grafitada no trabalhada; •Volume simmuro externo. ples.
•Não existem •Sustentável; pontos negativos. •Adaptável.
•Básica demais.
NEGATIVO •Configuração não coerente; •Poucos banheiros. •Não existem pontos negativos.
•Tamanho dos ambi- •Quantidade de salas; entes; •Área de convivência. •Poucos banheiros. •Bem distribuído; •Creche para os filhos das vítimas; •Grande área de convivência
•Pouco espaço p/ capacitação; •Quantidade de acomodação.
CONFORTO AMBIENTAL POSITIVO •Todas as salas possuem janela e/ou ventilador. •Caixilhos que visam conforto durante as estações •Várias opções de
NEGATIVO •Nem todos os ambientes possuem iluminação natural.
•Não existem pontos negativos.
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análise comparativa PROJETO/ANO
ISC/ 2016
Abrigo/ 2018 PROJETO/ANO
ESTRUTURA POSITIVO
•Simples; •Moderna; •Convidativa.
•Baixo custo; •Leveza.
•Não existem pontos negativos.
•Simples; •Baixo custo.
•Sensação de •Impacto ambiental segurança; •Sensação de considerável. alívio.
PAISAGISMO POSITIVO NEGATIVO
Casa de Isabel/ não •Não existem pontos positivos. possui HISS/ 2010
NEGATIVO
LINGUAGEM ARQUITETÔNICA POSITIVO NEGATIVO
•Não existe área permeável.
•Cobertura verde; •Pouco aproveita•Jardim privado. mento paisagístico.
•Monocromática.
ISC/ 2016
•Grande área permeável.
•Pouco aproveitamento paisagístico.
•Rampas de acesso.
Abrigo/ 2018
•Grande área permeável.
•Pouco aproveitamento paisagístico.
•Edifício térreo; •Acessos internos.
CONFORTO AMBIENTAL POSITIVO
NEGATIVO
•Bastante iluminação e •Não existem ponventilação natural; •Materiais com isola- tos negativos. mento acústico.
•Monocromáti- •Bastante iluminação e •Acomodações apventilação natural; ertadas. ca.
ACESSIBILIDADE POSITIVO NEGATIVO •Banheiro acessível •Elevador. •Todos os ambientes são de acordo com a NBR 9050.
2.6
SUSTENTABILIDADE POSITIVO NEGATIVO
•Não foi possivel •Não foi possivel colecoletar dados suficitar dados suficientes. entes. •Posicionamento das •Não existe pontos •Não existe pontos residências visam o negativos baixo consumo de negativos energia. •Materiais de menor •Não existe pontos •O caminho até as impacto ambiental; negativos rampas é tortuoso. •Iluminação e ventilação naturais. •Não há nenhum •Acesso principal •Bastante iluminação e outro tipo de iniciaescondido. ventilação naturisl. tiva sustentável. •Não há sinalização tátil.
35
3
3.1
a área O local onde, hoje, é conhecido como São Miguel Paulista foi encontrado pelo padre Anchieta em meados de 1560, ganhando a denominação de “Aldeia de Ururaí”, por ser uma palavra usada pelos índios Guaianaz, em alusão ao rio Tietê. Logo uma capela foi construída para mostrar que havia presença cristã na aldeia, simbolizando seguimento à catequização dos índios. A pequena construção, que levou o nome de São Miguel, foi tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1938. Em torno da igreja, foi feita a Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, que, posteriormente, ficou conhecida como “Praça do Forró”, cenário de manifestações culturais, principalmente na década de 1970. Faz parte da história do bairro, também, a fábrica da Companhia Nitro Química Brasileira, pioneira no mercado brasileiro de nitrocelulose, fundada em 1935, ajudou no desenvolvimento da região, gerando empregos e atraindo famílias e tornando-se, principalmente, um bairro residencial.
Imagem 13- Capela de São Miguel. - Fonte: Prefeitura de São Paulo
Imagem 14- Estação da CPTM de São Miguel Paulista. - Fonte: Prefeitura de São Paulo
38
zoneamento C.A. (COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO) Min.
Básico
Máx.
0,50 1 4 T.O. (TAXA DE OCUPAÇÃO) 0,70 P.A. 2 Taxa de Permeabilidade
3.2
É importante esclarecer que, a área de intervenção é protagonista de uma luta antiga, o MPA (Movimento Popular de Arte), desde os anos 1980, cria projeto atrás de projeto (já teve centro cultural, biblioteca, teatro) que nunca foram aprovados pela prefeitura. A área de intervenção possui 3.558 m² e está localizada numa ZEU (Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana), que incentiva, principalmente a construção de serviços públicos que ainda não chegaram nas periferias da cidade, como é o caso da região.
Quota Ambiental
0,25 0,64 GABARITO DE ALTURA Não se aplica RECUOS < 10m de altura Não se aplica
>10m de altura Frontal Não se aplica
Lateral
Fundos
3m
3m
Imagem 15- Área de intervenção - Fonte: Acervo pessoal
39
3.3 pontos
focais
Considerada o “centro” do bairro, a região é bem dispostas de muitos serviços e muito bem movimentada, além de uma grande área residencial. A seguir será possível observar esses serviços ofertados, bem como suas localizações em relação à área de intervenção.
1
Avenida São Miguel
10
Hospital São Miguel
19
Hospital DIA
2
Estação CPTM São Miguel
11
Centro Municipal de Capacitação e Treinamento
20
Hospital Municipal Tide Setubal
3
Capela São Miguel
12
E.M.E.F.M Darcy Ribeiro
21
Avenida Pires do Rio
4
Praça do Forró
13
E.E. Pedro I
22
UPA Tito Lopes
5
Avenida São Miguel
14
E.M.E.F. Luis Saia
23
E.E. Carlos Gomes
6
Pólo comercial
15
Praça Pública
24
E.M.E.I. Antônio Lapenna
7
Avenida Nodertina
16
22° D.P. da Polícia Civil
25
Biblioteca Raimundo de Menezes
8
Avenida Marechal Tito
17
Centro de Progressão Penitenciária Feminino
26
Diretoria Regional de Educação São Miguel
9
Mercado Municipal de São Miguel
Corpo de Bombeiros
27
IFSP São Miguel Paulista
18
40
pontos focais
3.3
2 3 4
6
1
5
9 8
7 11
10
13
12
14 15 16 17 21
18
19
20
23 24
27
22 25
26 41
3.4
topografia A área de intervenção possui declive de 4 metros no sentido diagonal, com a área mais alta no nível da Avenida Nordestina e o nível mais baixo no nível da Rua Daniel Bernardo.
Imagem 16- Área de intervenção - Fonte: Acervo pessoal
Imagem 17- Área de intervenção - Fonte: Acervo pessoal
42
topografia 750
3.4
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764 763
761
760
759
43
3.4
topografia Como é possível observar através dos cortes e das fotografias, o declive, na maioria da área, é suave.
Imagem 19- Área de intervenção - Fonte: Acervo pessoal
Imagem 18- Área de intervenção - Fonte: Acervo pessoal
44
topografia
3.4
45
3.5
uso e ocupação A distribuição dos usos e ocupações da região mostra-se interessante já que a área de intervenção si, está em uma avenida arterial do distrito de São Miguel, a maioria dos lotes que rodeiam a Avenida Nordestina são comércios, no entanto, a região é, majoritariamente residencial.
Imagem 20 - Avenida Nordestina - Fonte: Acervo pessoal
46
áreas verdes
3.5
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0
47
3.6
gabarito de altura A região possui um gabarito de altura baixo, com pouquíssimas edificações com mais de três pavimentos, não apresenta condomínios residenciais ou comerciais altos. A maioria dos comércios e residências são sobrados ou casas térreas. As edificações mais altas são de serviços públicos como escolas, hospital e corpo de bombeiros.
Imagem 21- Área de intervenção - Fonte: Acervo pessoal
48
gabarito de altura
3.6
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49
3.7
sistema viário A região é bem movimentada, já que a avenida nordestina é uma das principais vias do distrito de São Miguel, usada para acessar outros bairros. A distribuição de sentidos das vias é coerente, já que, embora os lotes e quadras até imediatos a avenida sejam considerados parte do “centro” de São Miguel, quanto mais se afasta da avenida, observa-se que, numa maior escala, é uma região residencial.
Imagem 22- Esquina Rua Daniel Bernardo x Avenida Nordestina - Fonte: Acervo pessoal
50
sistema viário
3.7
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51
3.8
fluxo de pedestres O fluxo de pedestres é maior na avenida nordestina por conta do acesso ao transporte público, já que por ali passam inúmeras linhas de ônibus, além de estar a poucos da estação São Miguel Paulista da CPTM.
Imagem 23- Ponto de ônibus Avenida Nordestina - Fonte: Acervo pessoal
52
acesso ao transporte público
3.8
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ÁREA DE INTERVENÇÃO
53
3.9
cheios e vazios
A maior densidade arbórea se dá em equipamentos públicos como as escolas ao fundo da área de intervenção, enquanto as ruas apresentam pouquíssimas arvores, e, considerando o fluxo de automóveis que por ali passam todos os dias, a qualidade do ar é ruim, já que as árvores ali existentes não conseguem dar conta da quantidade de carbono emitida. A região é densa, com pouquíssimas áreas vazias, e nessas poucas áreas é que se encontram a maioria das árvores, aumentando mais ainda a densidade da região.
Imagem 24 - Rua Daniel Bernardo - Fonte: Acervo pessoal
54
densidade arbórea
3.9
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55
A partir dos mapas ao lado é possível entender como é essencial a relação comércio-segurança na região, já que, durante o horário comercial (tanto ao longo da semana quanto aos finais de semana).
sensações RU UE
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3.10
56
Andar na avenida não traz quase nenhum receio quanto à segurança, mas a partir do momento em que escurece e os comércios fecham, a sensação é completamente oposta.
principais comércios
3.10
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0
57
4
4.1
partido arquitetônico
O projeto toma como ponto de partida as sensações que, comumente, estão ausentes na mulher em situação de vulnerabilidade por conta da violência, sendo:
segurança
paz
acolhimento
alívio
Para que essas sensações sejam perceptíveis sem ofuscar uma a outra, a saída foi criar duas fachadas: uma externa que é intimidadora e reservada; e uma interna que é aconchegante e hospitaleira. A intenção é que o edfício tenha uma boa visibilidade e facilidade de identificação, sem deixar de lado a área que está inserida no espaço urbano, sendo assim, não ultrapassará a altura dos prédios do entorno, com influência de alguns preceitos da Arquitetura Nova, pensanda por Sérgio Ferro, Flávio Império e Rodrigo Lefèvre, que pregavam que a habitação de interesse social fosse pensada da ótica da população perférica e de seus acessos à tecnologias contrutivas. Outra questão que não é esquecida, é a baixa densidade arbórea da região, que, como visto e pontuado no capítulo anterios, a presença e distribuição de áreas verdes e árvores se já, quase que predominantemente através de equipamentos públicos.
60
programa de necessidades
4.1
Para uma hierarquia harmônica do programa de necessidades, o mesmo foi sub dividido em três categorias, todas sendo complementares e interdiciplinares.
assitência
gestão
reestruturação
• Suporte emergencial;
• Direção;
• Terapia;
• Assistência jurídica;
• Financeiro;
• Capacitação profissional;
• Serviço social;
• Triagem;
• Palestras;
• Acolhimento.
• Serviços.
• Atividades extra curriculares.
61
4.2
programa de necessidades Esse programa foi embasado na demanda da Casa de Isabel, que atende 14.000 mulheres adultas vítimas de violência por ano juntamente com ascapacidades físicas do terreno, bem como a região em que se encontra.
AMBIENTE Acomodação tipo 1 Acomodação tipo 2 Acomodação tipo 3 Sala de TV Refeitório Cozinha Lavanderia Dispensa DML Depósito Convivência Brinquedoteca W.C. Feminino W.C. Mascu-
ACOLHIMENTO Q UA N T I ÁREA DADE
AMBIENTE
ÁREA TOTAL
18
23,25m²
418,5m²
6
20,15m²
120,9m²
6
12,5m²
75m²
1 1 1 1 1 2 1 1 1 1
30,3m² 50,45m² 25,5m² 41,5m² 11,4m² 9,4m² 7,5m² 40,45m² 25,5m² 16m²
30,3m² 50,45m² 25,5m² 41,5m² 11,4m² 18,8m² 7,5m² 40,45m² 25,5m² 16m²
2
4,8m²
9,6m²
W.C. Feminino W.C. Masculino Sala Triagem Secretaria Compras Financeiro Contabilidade Direção Sala de reuniões DML Arquivo Sala de monitoramento Copa
GESTÃO Q UA N T I DADE 1 4 3 1 1 1 1 1 1 5 1 1
ÁREA TOTAL 16m² 16m² 4,8m² 19,2m² 6,3m² 18,9m² 9,15m² 9,15m² 9,15m² 9,15m² 9,15m² 9,15m² 9,15m² 9,15m² 9,15m² 9,15m² 13,35m² 13,35m² 3,5m² 3,5m² 3,65m² 18,25m² 15m² 15m² 12m² 12m² ÁREA
62
programa de necessidades AMBIENTE Informações Recepção + espera geral W.C. Feminino W.C. Masculino/ P.N.E. Enfermaria Sala de suporte Alojamento de plantonistas DML Expurgo
SUPORTE EMERGENCIAL Q UA N T I ÁREA DADE 1 4,6m²
ÁREA TOTAL 5m²
1
180m²
180m²
1
16m²
24m²
4
5m²
20m²
3 3
9,15m² 6,2m²
27,45m² 18,6m²
3
12,5m²
37,5m²
1 2
2,5m² 5,3m²
2,5m² 10,6m²
ASSITÊNCIA JURÍDICA E SERVIÇO SOCIAL QUA N T I AMBIENTE ÁREA ÁREA TOTAL DADE Recepção + 1 35m² 35m² espera WC. Femini1 16m² 16m² no W.C. Masculi4 5m² 20m² no / P.N.E Sala jurídico 5 6m² 30m² Sala assistên5 6m² 30m² cia social Copa 1 5m² 5m²
4.2
CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL E PALESTRAS Q UA N T I ÁREA TOAMBIENTE ÁREA DADE TAL Auditório 1 73,37m² 73,37m² Apoio técnico 1 10,3m² 10,3m² DML 1 2m² 2m² Copa 1 4,5m² 4,5m²
AMBIENTE Recepção + espera W.C. Feminino W.C. Masculino/P.N.E. Terapias Ludoterapia DML Depósito Copa
TERAPIA QUANTIÁREA DADE
ÁREA TOTAL
1
20m²
20m²
1
16m²
16m²
4
4,8m²
19,2m²
6 1 1 1 1
12m² 15m² 2m² 10m² 5,6m²
72m² 15m² 2m² 10m² 5,6m² TOTAL 1.833,67m²
63
4.3
materiais e estrutura Os materiais utilizados no projeto são os responsáveis por essas impressões, portanto, também se faz importante a tranparência dos mesmos, criando certa simplicidade, inerente à região periférica que não possui acesso à revestimentos e tecnologias muito caras, fazendo com que as vítimias se idenfiquem com o local, por ser um ambiente que elas sintam que saibam como utilizar, afastando, assim, o a insegurança e aproximando o conforto. A estrutura foi pensada de forma a diminuir o valor da construção, viabilizando a mesma, usando uma malha de 0,90m x 0,90m na maioria do projeto.
fachada externa
Imagem 25 - Blocos de concreto Fonte: Acervo pessoal
comum
Imagem 26 - Grama - Fonte: Acervo pessoal
fachada interna
Imagem 26 -Compensado de madeira naval Fonte: Acervo pessoal
64
o projeto
4.4
Com dois edifícios separados, um para o atendimento geral, e outro para o acolhimento da mulheres, o projeto busca fortalecer as mulheres da região que, segundo os dados estudados, sofrem tanta violência e ficam a mercè de uma infraestrutura fraca e insuficiente que, na maioria dos casos não chega nem perto de resolver o problema e acaba até mesmo intimidando as vítimas. Para isso, foi criado um vão no meio de cada prédio, já que por fora, parece algo sólido, inflexível, trazendo segurança para quem entra, e intimidando agressores, enquanto que por dentro, o lugar é cheio de luz natural (pela abertura zenital) com espaços abertos e tranquilos. O prédio que acomoda as acolhidas, foi projetado de tal forma que elas não necessáriamente tenham que passar pelo outro prédio no dia-a-dia, também pensando que muitas talvez não venham sozinhas, com infraestrutura suficiente para acomodar até 90 pessoas. Já o prédio de referência, foi pensado para um cotidiano ocupado, já que, como dito anteriormente, o equipamento mais próximo (em serviços e geográficamente) atende, por ano, aproximadamente, 14.000 mulheres adultas. Entre os prédios foi criada uma área de convivência pública, para que haja uma ressocialização das acolhidas, bem como um espaço para lazer diferente na região, que carece de lazer.
Imagem 28 - Vista aérea - Fonte: Acervo pessoal
Imagem 29 - Vista Avenida Nordestina - Fonte: Acervo pessoal
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referências 7. REDE NOSSA SÃO PAULO, Mapa da Desigualdade, 2018. Disponível em: https://www.cidadessustentaveis. org.br/arquivos/mapa_desigualdade_2018_completo.pdf. Acesso em: 05/03/2019 às 20h30. 8. PESQUISA IBOPE; REDE NOSSA SÃO PAULO, Viver em São Paulo Mulheres, 2019. Disponível em: https:// www.nossasaopaulo.org.br/pesquisas/viver_em_sp_mulher_2018_completa.pdf. Acesso em: 06/03/2019 às 20h00. 9. SENADO FEDERAL, Panorama da violência contra as mulheres no Brasil, 2018. Disponível em: http://www. senado.gov.br/institucional/datasenado/omv/indicadores/relatorios/BR-2018.pdf. Acesso em: 07/03/2019 às 19h52. 10. FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, Visível e Invisível: A vitimização de Mulheres no Brasil, 2019. 2ª Edição. Disponível em: http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2019/02/relatorio-pesquisa-2019-v6.pdf. Acesso em: 08/03/2019 às 19h29 11. VELASCO, C.; CAESAR, G.; REIS, T. Cai o nº de mulheres vítimas de homicídio, mas registros de feminicídio crescem no Brasil. 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/monitor-da-violencia/noticia/2019/03/08/ cai-o-no-de-mulheres-vitimas-de-homicidio-mas-registros-de-feminicidio-crescem-no-brasil.ghtml. Acesso em: 08/03/2019 às 19h36
referências 12. SECRETARIA MUNICIPAL DE POLÍTICAS PARA MULHERES, Mini Guia de Serviços, 2015. Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/politicas_para_as_mulheres/MiniguiadeServico.pdf. Acesso em: 13/03/2019 às 20h14. 13. MENDES, Nathália. Para especialistas, sucateamento de políticas públicas e de serviços dificultam enfrentamento da violência contra a mulher, em São Paulo. 2019. Disponível em: https://www.nossasaopaulo.org. br/2019/03/13/para-especialistas-sucateamento-de-politicas-publicas-e-de-servicos-dificultam-enfrentamento-da-violencia-contra-a-mulher-em-sao-paulo/. Acesso em: 14/03/2019 às 18h25. 14. SECRETARIA MUNICIPAL DE POLÍTICAS PARA MULHERES, Mini Guia de Serviços, 2015. Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/politicas_para_as_mulheres/MiniguiadeServico. pdf. Acesso em: 13/03/2019 às 20h14. 15. ISRAEL’S SHELTER FOR DOMESTIC VIOLENCE, Amos Goldreich Architecture, 2018. Disponível em: https://www.agarchitecture.net/shelter-for-victims-of-domestic-violence Acesso em 13/04/2019 às 21h32 16. SERCIDADÃO APRESENTA NOVO MODELO DE TRABALHO COM ESPAÇO EDUCATIVO COMPLETO, SerCidadão - Notícias, 2016. Disponível em: https://www.sercidadao.org.br/single-post/2016/11/02/SerCidad%C3%A3o-apresenta-novo-modelo-detrabalho-com-espa%C3%A7o-educativo-completo . Acesso em 17/04/2019 às 17h34
referências 17. HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL SUSTENTÁVEL / 24.7 ARQUITETURA DESIGN, ArchDaily, 2013, disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-141035/habitacao-de-interesse-social-sustentavel-slash24-dot-7-arquitetura-design?ad_source=myarchdaily&ad_medium=bookmark-show&ad_content=currentuser . Acesso em 22/04/2019 às 20h21 18. INSTITUTO SER CIDADÃO / ATELIER 77, ArchDaily, 2019, Disponível em:https://www.archdaily.com. br/br/909122/instituto-ser-cidadao-atelier-77?ad_source=myarchdaily&ad_medium=bookmark-show&ad_ content=current-user . Acesso em 22/04/2019 20h45. 19. HABITAÇÃO PARA TODOS – CDHU / IAB, 247 Arquitetura, 2010, Disponível em: https://247arquitetura.com.br/projeto/habitacao-para-todos-cdhu-iab/ . Acesso em 26/04/2019 às 19h33. 20. SER CIDADÃO - CONCEITUAÇÃO DE EDIFICAÇÃO PEDAGÓGICA SANTA CRUZ, RIO DE JANEIRO, Atelier 77, 2015, Disponível em: https://www.atelier77site.com.br/copy-of-p30-ser-cidadao . Acesso em 27/04/2019 20h54 21. ARQUIVOS DO ZONEAMENTO, ARQUIVOS DA LEI, Gestão Urbana SP, 2016, Disponível em: https:// gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marco-regulatorio/zoneamento/arquivos/ Acesso em 03/05/2019 às 21h27 22. BAIRRO DE SÃO MIGUEL PAULISTA, Prefeitura de SP, 2008, Disponível em: https://www.prefeitura. sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bibliotecas/bibliotecas_bairro/bibliotecas_m_z/raimundodemenezes/index.php?p=5722, acesso em: 26/02/2019 às 18h23
considerações finais
A partir do que fora estudade, pesquisado e apresentado, sucintamente, nas páginas anteriores, conclui-se que se faz necessário o reconhecimento da violência de gênero como um problema multidisciplinar, para que, assim, seja de fato feito algo para solucioná-lo a curto, médio e longo prazo. O Brasil, em especial a cidade de São Paulo, mesmo tendo alguns equipamentos voltados a esse problema, não atende a demanda, com os serviços descentralizados, no sentido de cada tipo de atendimento ser feito em um lugar diferente, e, eventualmente não viabiliza o usofruto dos mesmos da forma que se faz tão necessária em situações como as que as mulheres hoje passam. A complexidade e a variedade de setores no programa demosntram a amplitude do problema bem como a necessidade da criação de equipamentos como esse por arquitetos, trazendo, assim, um melhor funcionamento e maior atendimento da demanda existente - que é enorme. Também é importante frisar que, só esse equipamento não é a única solução para um problema tão vasto e que, por vezes, chega a ser invisível, no entanto, são iniciativas como essa que plantam a semente da mudança na mente da sociedade, logo esse trabalho não se trata apenas de atender uma demanda qualquer de um equipamento público qualquer, mas também de incutir a reflexão de homens e mulheres nas suas ações do cotidiano que, parecem inofensivas, mas, no conjuto da obra, corroboram com esses altos números que vemos de violência de gênero.
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Eu
nĂŁ o qu e ro meda l ha n e m b an qu i n h o , e u quero a j uda r pe s s o a s .
- In memoriam SĂ´nia Maurelli
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