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a 4 edição - Junho/Julho 5 edição - Agosto/Set 2015 2015
PERMACULTURA: VOCÊ SABE O QUE É ISSO? Conheça na Coluna Destaque p. 11 a 21
E MAIS: DESIGN H.A.N.D.M.A.D.E, RESENHA 1000 CHAIRS >>>
Índice
SOBRE O SPOT..................................................................... EVENTOS.............................................................................. BIBLIOGRAFIA...................................................................... ................................................................................. FRASE.................................................................................. BATE-PAPO.......................................................................... ENTREVISTA........................................................................ GABRIELA GAILLARD............................................... DESTAQUE: PERMACULTURA............................................... MARCOS NINGUÉM.................................................. ................................................................................. ................................................................................. TATIANA BORIM DE SIMONE...................................... ................................................................................. ................................................................................. ................................................................................. GEAD....................................................................................
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EVENTOS
SOBRE Sobre oO SPOT
Spot Boletim Acadêmico de Design de Interiores Este é o jornal acadêmico Spot, idealizado pelos alunos veteranos: Ana Paula Gois, Mayara Carolina G. Roncada, Fernando Silva, Natalia Volpato Casagrande e Veridiana Le cia C da Silveira, e calouros: Marina Stabile, Pietra Iecker e Kamila Leite, com a orientação da professora Carla Prado e da coordenadora Larissa Camargo, do curso de Design de Interiores da UniCesumar, Maringá-PR. O Bole m informa vo busca apresentar e divulgar os interesses dos acadêmicos de Design de Interiores, a par r de informações coletadas em ambientes acadêmicos, internet, televisão, etc., assim possibilitando ao acadêmico estar a par de novos acontecimentos, curiosidades, aprendizados e experiências. É uma proposta desenvolvida para fortalecer o conhecimento sobre o que está acontecendo no mundo do Design de Interiores e Design no geral. Portanto, o jornal tem como obje vo divulgar informações sobre o curso e a profissão para os próprios acadêmicos, além de atrair o interesse de outros para o curso, desenvolvendo a interação. Seja muito bem vindo(a), e boa leitura!
R DESIGN CAPIXABA 2015: 11º Encontro Regional de Estudantes de Design do Espírito Santo e Rio de Janeiro. h p://rcapixaba2015.com.br/
SEMANA DE DESIGN EXPERIMENTA 3 º E d i ç ã o , I E S P/ FAT E C - P B T i c ke t s d e R $ 4 5 , 0 0 a R $ 1 8 0 www.facebook.com/experimenta.des
CALENDÁRIO RIO DE JANEIRO
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30 DE AGOSTO A 06 DE OUTUBRO TERÇA A DOMINGO DAS 12H ÀS 21H
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Ana Gois 2º Ano
Kamila Leite 1º Ano
Marina Stabile 1º Ano
Natalia Casagrande 2º Ano
Pietra Iecker 1º Ano
ALAMEDA DAS LATÂNEAS, Nº 30 - PAMPULHA BELO HORIZONTE
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BIBLIOGRAFIA
ARQUITETURA, FORMADA EM A&U PELA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ, ESPECIALISTA EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS TAMBÉM PELA UEM, E ESTUDANTE NÃO REGULAR DO PROGRAMA DE MESTRADO EM ENGANHARIA URBANA. SÓCIA-PROPRIETÁRIA JUNTAMENTE COM ROBERTO PINHEIRO FREITAS DO ESCRITÓRIO YUMI & FREITAS EM JANDAIA DO SUL, PR.
AMANDA YUMI É...
1000 CHAIRS, EDITORA TASCHEN
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BIBLIOGRAFIA
COLUNISTA: PIETRA IECKER
A cadeira foi o objeto mais desenhado, estudado, escrito e celebrado em toda era moderna. Nenhum outro po de mobília oferece a possibilidade de fazer e facilitar as conexões do mesmo modo ou da mesma extensão como as cadeiras, pelo fato, de quanto foi inves do na criação de cadeiras ao longo da história como nenhuma outra mobília. O sucesso de uma cadeira em par cular sempre depende de sua qualidade ou como o seu design é capaz de fazer através dele conexões com seu específico uso. Ao longo de 150 anos, a evolução da cadeira tem sido paralelo com o desenvolvimento na arquitetura e na tecnologia refle ndo na mudança de necessidades e interesses da sociedade. Atualmente o design de uma cadeira, vai muito além da sua esté ca e do material, há uma preocupação com a ergonomia e como a tecnologia pode ajudar na criação da cadeira para ser real propósito. Além do seu uso, as cadeiras possuem outros significados, como um conteúdo simbólico. Entre todas as mobílias as cadeiras têm o poder de demonstrar gosto e es lo. A extraordinária diversidade de cadeiras criadas desde a metade do século 19 tem largamente sido pelo fato que, possuindo a variedade de funções de cadeiras e a Nº14 variabilidade anatômica de seus usuários, não há uma forma ideal. Pode haver muitas excelentes soluções para cada uma em diferentes contextos de uso. HILL HOUSE Neste livro que abrange 1000 cadeiras que se destacam pelo seu design e ruptura de padrão em sua época.
Desta forma, pode-se destacar, por exemplo, a cadeira de Michael Thonet, modelo nº 14, de 1859, produzida através do curvamento da madeira e foi amplamente produzida em WASSILY série. Já no século XX, o uso do metal foi amplamente u lizado, assim pode-se observar na cadeira Hill House, de Charles R. Mackintsh. Projetada por Marcel Breuer, a BARCELONA cadeira Wassily, 1925-1927, com estrutura de aço tubular cromado, assento e costas em couro. Foi criada em uma das oficinas da Bauhaus e nha como obje vo um design simples que pudesse ser reproduzido. Temos como exemplo Mies Van der Rohe com usa icônica Barcelona, 1929, projetada para ser usada no Pavilhão Alemão da Exposição Internacional de Barcelona. B306 Descrito como 'Equipamento de Habitação', Le Corbusier juntamente com Pierre Jeanneret e Charlo e Perriand criaram a chaise longue B306, 1928. Traz os ideias da Bauhaus e o es lo minimalista, com estrutura tubular e corpo em couro. Alvar Aalto, arquiteto finlandês, desenvolveu a cadeira Paimio, 1930, com técnica inovadora de curvar a madeira, esta privilegia o conforto e a funcionalidade, PAIMIO nha como obje vo ser u lizada pelos pacientes em tratamento de tuberculose, assim seu design, favorece com que o usuário permaneça confortável por horas. Sem deixar de mencionar Charles e Ray Eames, Arne Jacobsen, Verner Panton, Mario Bo a, Philippe Starck, entre outros.
CONTATO @AMANDAYUMIY yfarquitetura@gmail.com>
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FRASE
BATE-PAPO BATE-PAPO COM
GABRIELA GAILLARD
1• UMA PEÇA DE DESIGN; Cadeira Acaú
2• UM DESIGNER QUE ADMIRA; Sérgio J.Matos
3• UM LUGAR INSPIRADOR;
Natureza virgem, o Pantanal por ex.
4• UMA COR;
Amarelo, luz e calor.
5• UM LIVRO?
Was ist Design - verlegt bei Kaiser
6• UM FILME;
«O segredo dos seus olhos» 7
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ENTREVISTA
GABRIELA G.
PURO DESIGN HANDMADE
GABRIELA GAILLARD
S
ou Gabriela, Designer de Interiores formada pela Escola Panamericana de Arte e Design, argen na-alemã e moro no Brasil há quase 10 anos. Sou apaixonada em transformar espaços em ambientes especiais e únicos. Nesta transformação, gosto de usar peças feitas à mão, já que são elas que, na minha visão, transmitem calor, arte e a essência da matéria. Assim surgiu a ideia do evento Puro Design Handmade. Uma vez por semestre, o público tem a oportunidade de conhecer técnicas, materiais e talentos diferentes.
Uma experiência que enche a alma!
Busco sempre ar stas que fazem um trabalho diferenciado e especial, inclusive com comunidades que têm a arte como escolha de vida. A par r desta edição apresentarei peças feitas em parceria com artesões e outras que desenvolvi com comunidades. Tenho especial interesse no Upcycling. Além disso, o evento, que costuma acontecer durante dois dias consecu vos, a cada semestre, é caracterizado por promover atrações diferenciadas, como Desfile de Obras e Stand Up Musical para entreter o público e tornar a experiência ainda mais agradável e diferenciada!!
O EVENTO Fundei o evento Puro Design Handmade em 2011 e, no primeiro semestre de 2015 chega na sua 15ª edição. O evento tem como intuito promover a exposição e venda de peças de design exclusivo, criadas por ar stas e produzidas à mão. Atualmente, o evento segue um modelo bianual, e a cada edição, uma nova seleção de convidados expositores é feita, e novas criações de ar stas plás cos, artesãos, designers têxteis, de moda, de jóias, de interiores, e de móveis, além de fotógrafos e arquitetos, são apresentadas. 9
CONTATO @Puro_Design_Handmade gabriela@purodesignhandmade.com gabriela@ggdesigndeinteriores.com
WWW.PURODESIGN.INFO
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DESTAQUE
PERMACULTURA Paulo debla
TEXTO POR: ANA GOIS
SUSTENTABILIDADE: CONHEÇA A
N
os úl mos meses, da reta final da conclusão do meu curso de Design de Interiores, tenho buscado áreas relacionadas co m a r e s p o n s a b i l i d a d e ambiental, e foi dentro dessa busca que me encantei pela Permacultura. Ana Gois - Estudante
PERMACULTURA
U
ma ciência interdisciplinar que busca criar e desenvolver pequenos sistemas produ vos e integrados, baseando-se no conceito de planejar ambientes (externos e internos) com princípios da sustentabilidade, pensando em métodos e soluções que não explorem os recursos naturais, que sejam economicamente viáveis e ecologicamente saudáveis. Essa ciência é muito ampla e requer tempo de estudo para que seja compreendida, pois ela não se limita a uma área. Uma das dificuldades específicas que tenho encontrado na busca por essa compreensão é a falta de literatura traduzida ou produzida em Português, mas não devemos deixar que isso nos impeça de buscar outros meios de conhecê-la. A cada dia que passa encontro mais informações, dúvidas, e soluções, percebo que quanto mais profissionais de diversas áreas se interessarem, maior é a possibilidade de desenvolvimentos e de criações baseadas nos princípios permaculturais. O meu primeiro contato real com esse sistema aconteceu no Rio Grande do Sul, na Estação Marcos Ninguém, em um PDC (Permaculture Design Course), onde foram ensinados alguns princípios e a metodologia do Design na Permacultura, após realizar esse curso ficou explícita para mim a coexistência das áreas, pois dentro do desenvolvimento permacutural de qualquer ambiente (exemplo: o planejamento de uma agrofloresta, de um sistema educacional, de uma construção ecológica, entre outros) temos presente o Design. Design é uma área de complexa compreensão por se tratar de algo muito amplo, não temos tradução da palavra Design, sendo ela uma palavra universal. Entendo Design como a criação de algo (sistemas/produtos) seguindo uma metodologia de planejamento onde um de seus principais obje vos é solucionar questões e problemas existentes dentro de um sistema, eu acredito que nós, estudantes de Design, temos uma grande responsabilidade com o meio ambiente e com a sociedade ao criarmos um projeto. Ao longo da historia, o Design se desenvolve e se adapta ao contexto social vivido, criando novas soluções para os novos problemas que vão surgindo conseqüentes das mudanças ambientais, sociais, culturais e econômicas. 11
DESIGN DE INTERIORES E A BUSCA POR SOLUÇÕES SAUDÁVEIS Assim como a alma e o corpo coexistem e necessitam trabalhar em sintonia para ter harmonia e qualidade de vida, o Design de interiores e a arquitetura coexistem e necessitam trabalhar em sintonia para desenvolver ambientes e moradias que proporcionem harmonia e qualidade de vida para os seres que habitam aquele espaço. Um ambiente saudável reflete em usuários saudáveis, e é por esse mo vo que acredito que nós somos responsáveis por procurar as melhores soluções quando um cliente nos confia o projeto da sua ambientação. Pensar no Design como um todo é importante, assim como procurar entender qual o nosso atual contexto social para buscar soluções que sejam realmente funcionais e contribua para o desenvolvimento humano e do meio ambiente. Buscar conhecer e estudar a Permacultura e seguir alguns princípios dela já é um passo em direção a esse desenvolvimento. Pensando nisso listei algumas possibilidade de realizar essa união. Alguns exemplos são: - Aplicar técnicas da bio-construção na ambientação, como o COB, por exemplo. - Buscar materiais alterna vos e saudáveis para reves mentos e criação de mobiliário. - Preferir materiais fabricados na própria região, assim valorizando a mão de obra da mesma e diminuindo despesas com transportes. - Valorizar as matérias primas locais ao escolher algum material, e pesquisar qual o impacto ambiental que aquele material pode trazer. - Projetar ambientes funcionais, conectados, e humanizados. - Criar projetos economicamente viáveis. - Valorizar o paisagismo residencial, buscando criar a paisagem natural com espécies comes veis. - Criar soluções que integrem a ambientação do interno como o externo, e com o meio ambiente. - Oferecer e apresentar soluções diferenciais para seu cliente (exemplos: uso de materiais alterna vos, criação de paisagismo comes vel, composteiras, e etc). Enfim, existem muitas formas de agregar o Design de interiores com a busca por uma vida sustentável, basta abrirmos nossas cabeças, ques onarmos o padrão e realizarmos estudos e pesquisas a fim de desenvolver novas técnicas e soluções, e claro, lembrar sempre que somos uma pequena parcela do meio ambiente, sendo assim devemos buscar trabalhar em conjunto com ele para melhorar a nossa qualidade de vida e dos outros seres. Podemos desenhar um planeta melhor, Design é inovação. Para falar mais desse assunto o Spot convidou dois profissionais para responder a l g u m a s q u e stõ e s s o b re Pe r m a c u l t u ra , Bioconstrução e Design. O designer em
Permacultura Marcos Ninguém, e a arquiteta e urbanista Ta ana Borim de Simone. 12
DESTAQUE
TEXTO POR: ANA GOIS
ENTREVISTA COM MARCOS NINGUÉM
PERMACULTURA Paulo debla
• O que é Permacultura? Qual a origem dela? E quais foram os mo vos que levaram a criação da mesma?
AFINAL, QUEM É
MARCOS NINGUÉM?
P
ossui graduação em Licenciatura Plena em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas (2006). Marcos Ninguém é Permacultor e Bioconstrutor, diretor execu vo da empresa Marcos Ninguém Permacultura, com sede no nordeste do Brasil e idealizador do Ins tuto Marcos Ninguém de Permacultura com sede no sul do Brasil. Foi pioneiro na Permacultura em alguns estados brasileiros como Sergipe, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, onde deu os primeiros cursos e construiu as primeiras casas ecológicas. Tem realizado pesquisas, proferido palestras e ministrado cursos de Permacultura, Design de Ecovilas e Sustentabilidade para ONG's, Escolas , Insitutos e Universidades públicas e privadas em vários estados do Brasil. Recentemente Marcos foi responsável por um projeto de pesquisa na Universidade Federal do Cariri, para a construção de campus universitários mais sustentáveis e ecológicos baseados na Permacultura. Marcos par cipa de inúmeros programas, projetos e movimentos de educação para a sustentabilidade, tendo sido educador no programa do Gaia Educa on Brasil, Transi on Towns Brasil, e atualmente o fundador do Movimento Transi on Farms - EcoAldeas e Transiciones Rurales. Idealizador e coordenador do Curso Internacional de Permacultura comemora vo ao aniversário da permacultura no Brasil, com a par cipação do co-criador da Permacultura David Holmgren e de professores de vários paises, este curso que acontece todos os anos no Brasil e que reune mais de 120 alunos de toda a américa lá na. Marcos é hoje um dos maiores nomes da Permacultura no Brasil e na América La na 13
Permacultura é um sistema de "design" para a criação de ambientes humanos sustentáveis e produ vos em equilíbrio e harmonia com a natureza. A Foi desenvolvidaCOM no início dos anos 1970 na Austrália por Bill Mollison (Mollison ganhou ENTREVISTA MARCOS NINGUÉM no ano 2000 o prêmio “Nobel Alterna vo” (Prémio Nobel Alterna vo, em inglês Right Livelihood Award (“Prêmio da Sustentabilidade”) - a afamada medalha VAVILOV da academia Sovié ca de Ciências e recentemente foi declarado o Ecologista do Século na Austrália) e David Holmgren, unindo culturas ancestrais sobreviventes com os conhecimentos da ciência moderna. A palavra originou-se da expressão "permanent agriculture", porém hoje, devido a sua maior abrangência, a expressão inicial foi subs tuída por "cultura permanente".Os australianos Bill Mollison e David Holmgren, criadores da Permacultura, cunharam esta palavra nos anos 70 para referenciar “um sistema evolu vo integrado de espécies vegetais e animais perenes úteis ao homem”. Estavam buscando os princípios de uma Agricultura Permanente. Logo depois, o conceito evoluiu para “um sistema de planejamento para a criação de ambientes humanos sustentáveis”, como resultado de um salto na busca de uma Cultura Permanente, envolvendo aspectos é cos, socioeconômicos e ambientais. • Como a Permacultura no Brasil tem se desenvolvido? E qual o quadro atual dela no país? A Permacultura não se enquadra em nenhuma disciplina, sendo na prá ca um arcabouço de conhecimento transdiciplinar, abrangendo desde agricultura, arquitetura, design, ciências naturais, economia solidária, etc... trata de elementos como plantas, animais, edificações e infra-estruturas (água, energia, comunicações), bem como, dos relacionamentos que podemos criar entre eles conforme sua composição em um terreno, ou seja, podemos dizer que o objeto de estudo desta ciência é o planejamento ecoeficiente de ambientes humanos sustentáveis. O permacultor é um d e s i g n e r q u e p ro j e t o c i d a d e s sustentáveis, bairros ecológicos, condomínios ecológicos, ecovilas, escolas sustentáveis e casas ecológicas. Não faz muito tempo, em 1992, Bill Mollison ministrou um curso de Permacultura no Rio Grande do Sul e estabeleceu um marco inaugural: de lá para cá, a Permacultura desenvolveu-se no Brasil, conquistando dia após dia um número crescente de pra cantes. 14
PERMACULTURA
•
ENTREVISTA COM MARCOS NINGUÉM •
O que é o PDC (Permaculture Design Course)?
É um curso padrão de permacultura ins tucionalizado por Bill Mollison para garan r a qualidade permanente da formação dos permacultores em todo o mundo. Trata dos princípios e da metodologia de design da permacultura. PDC é a sigla para o tulo em inglês "Permaculture Design Cer ficate Course" ou seja, curso Cer ficado de Design em Permacultura. Alguns ins tutos brasileiros usam o tulo como: curso de Permacultura, Design e Consultoria. Para usar as mesmas iniciais da sigla PDC. Os membros da Rede Permear, preferem usar o tulo: Curso de Design em Permacultura, mantendo também a sigla internacional PDC. Essa dis nção se deve ao fato de que isso tem levado a uma série de interpretações errôneas sobre o que é esse curso. Existem muitos pos de cursos, abordando diferentes aspectos da Permacultura. Mas, por enquanto, só existe um curso de design, o PDC. Isso não impediu que nos úl mos anos ele tenha melhorado e ganhado alguns acréscimos importantes, principalmente do ponto de vista pedagógico. • Qual a importância e como trabalha o Design na Permacultura? Os designers em Permacultura, ou, permacultores, u lizam alguma metodologia na realização dos projeto e planejamentos?
O Design é a alma da Permacultura. Não traduzimos este conceito para o português porque não há em nossa língua uma palavra que traduza este conceito, mas podemos entender na Permacultura como projeto, planejamento, desenho, esquema, unidade esté ca, croqui. Temos um método de planejamento de ambientes humanos sustentáveis e a este método chamamos design em Permacultura, e é o que justamente nos diferencia de outros profissionais, temos um método com princípios energé cos e ecológicos para relacionarmos de forma rela va os elementos dentro de um ambiente para que proporcione o máximo de aproveitamento energé co/funcional bem como com harmonia esté ca. Geralmente realizamos muitos levantamentos e mapeamos todo o local e espaço. Levantamos componentes sócio culturais também, bem como naturais (clima e relevo) etc. Criamos muitas planilhas e croquis e desenvolvemos plantas baixas e vários cortes e vamos conectando os elementos e detalhando as conexões. Apresentamos e assim que aprovado executamos o projeto. • Qual a importância de valorizarmos os materiais, produtos e matérias primas locais? A importância em economizar a energia no transporte e o desperdício desses materiais. Materiais locais requerem menos energia para seu uso e representam mais as necessidades reais daquele lugar. 15
Há como aplicarmos fundamentos da permacultura no nosso dia a dia? Com alguns hábitos mais saudáveis?
MARCOS NINGUÉM
Podemos u lizar o paradigma da sustentabilidade em tudo. Começando pelo que consumimos, e como tratamos esses resíduos gerado para a produção e pelo consumo deste produto consumido. Que tal fazermos uma composteira? Compostar o resíduo orgânico, ou pelos menos separar ele do resíduo seco inorgânico seria o primeiro passo. Hoje existe composteiras, minhocários de apartamentos sendo vendidas pela internet, bem como hortas de varas etc. Produzir seu próprio alimento ou tempero é um bom começo para criar uma cadeia de consumo mais sustentável. As feiras de troca ajudam a rar roupas e livros da estante para serem trocadas por coisas que momentaneamente serviram melhor para suprir nossos desejos e aspirações. • Qual é a responsabilidade ambiental que devemos ter dentro da Construção Civil, Arquitetura, e Design de Interiores? E como a Permacultura pode nos auxiliar nisso? A construção é uma das a vidades humanas mais poluentes e impactantes, seria dever dos profissionais pensar novos materiais e técnicas que respondessem as atuais demandas ambientais, mas na contramão desse movimento vemos os profissionais seguindo usando materiais tóxicos, dando preferência para materiais com alta pegada ambiental e social, oriundas de trabalho escravo e de alta emissão de carbono, e tendem a desenvolver projetos pouco cria vos e sustentáveis. A Permacultura ira desenhar não só os ambientes, mas a gestão eficiente dos materiais e resíduos de uma obra. Como optamos por materiais da região, e não tóxicos, bem como o reaproveitamento máximo dos rejeitos da construção, a obra tende a ficar mais barata social e economicamente. •
Quais são os pontos posi vos de ter uma casa bioconstruida?
A finalidade de uma construção sustentável não é apenas preservar o meio ambiente, mas também ser menos invasiva aos seus moradores. Ela não pode ser geradora de doenças, caso de prédios que geram a Síndrome do Edi cio Doente (SEE*). É importante evitar também materiais que reconhecidamente estão envolvidos com graves problemas ambientais, e sobre os quais hoje há consenso entre todas as en dades sérias que trabalham com Construção Sustentável e Bioconstrução no mundo, caso do PVC (policloreto de vinil) e o alumínio. Outros produtos, considerados aceitáveis na ausência de outras opções, devem ser usados de maneira bastante criteriosa principalmente no interior de casa, como compensados e OSBs (colados com cola à base de formaldeído). O mesmo vale para madeiras de reflorestamento tratadas por autoclave (sistema CCA), as quais são imunizadas com um veneno à base de arsênico e cromo –este po de madeira, em consenso entre a EPA (Agência de Proteção Ambiental norte-americana) e fabricantes nos EUA, está proibida naquele país desde dezembro de 2003. Além disso observei que os moradores começam a interagir mais com suas casas pela cria vidade dos designs das mesmas e isso deixa elas mais cria vas, começam a fazer objetos: luminárias, porta vasos, intervenção no jardim etc. Ou seja uma casa cria va deixa os moradores que ate então eram pessoas sem muita cria vidade em seres mais cria vos e mais a vontade para interagir com o espaço. 15
TATIANA BORIM
PERMACULTURA • As técnicas u lizadas na biocontrução servem também para projetar o design dos ambientes das residências? Com certeza. Hoje vemos com mais freqüência o reuso de materiais e resíduos para desenhar interiores charmosos e eficientes. O design é a arte de resinificar as coisas e os ambientes, e usar elementos presentes em nosso dia a dia e que podem evitar um des no incorreto, bem como usar materiais orgânicos como barro e paredes e balcões de taipa de pilão por exemplo, deixando os ambientes mais arrojados e com mais conforto térmico. O Cob por exemplo é uma técnica de construção com terra que permite texturas e uma infinidade de obras plás cas e orgânicas em um ambiente. Os móveis feitos com pallets também são tendência bem como de pneus e garrafas de vidro. Luminárias exó cas com sacolas plás cas tem sido ênfase em muitos salões e espaços que valorizam aspectos mais cults.
atendimento e ao expositor de produtos artesanais, avança até o centro do edi cio que se conforma como uma pequena praça interna com um pequeno café, adiante, encontra-se a galeria de informações sobre a fauna e flora regionais seguida pelos sanitários e finalmente alcança-se o caminho para o interior do viveiro, onde o percurso con nua, enriquecendo o nível de informação e potencializando os trabalhos desenvolvidos no local.
saiba + em: WWW.MARCOSNINGUEM.COM.BR
F
TATIANA BORIM DE SIMONE
ormada em arquitetura e urbanismo, um de seus trabalhos refere-se ao projeto CAT – Centro de atendimento ao turista de São João Ba sta do Glória, região Sudoeste de Minas. PROJETO CAT – Centro de Atendimento ao Turista: Memorial do projeto apresentado
O projeto do CAT – Centro de Atendimento ao Turista teve como obje vo maior criar um espaço de orientação ao visitante de São João Ba sta do Glória, e que ao mesmo tempo em que informe com qualidade sobre os atra vos turís cos da cidade e região, também contribua para concentrar, organizar e ar cular num local público e acessível, informações diversas do município.
O edi cio do CAT pretende atrair as pessoas e proporcionar viagens mais ricas e intensas através de um bom atendimento e boas informações, bem como se posicionar como local difusor da riqueza do Cerrado propício às trocas de experiências entre visitantes e moradores locais.
O par do arquitetônico é de uma edificação modulada, com base e piso estruturados em concreto armado, pilares e vigas de eucalipto tratado, teto verde com forro de OSB, paredes de jolos comuns (de demolição), de garrafas e tocos de madeira, divisórias internas e brises de bambu, essas opções tecnológicas e de materiais demonstram que é possível estabelecer uma postura mais respeitosa e coerente na u lização dos recursos naturais. O projeto foi elaborado visualizando o percurso no interior do prédio como um passeio, assim que se chega ao local o visitante se “aventura” pela rampa de acesso, acessa a galeria de informações dos atra vos turís cos, anexa ao balcão de 17
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TATIANA BORIM
PERMACULTURA •
Qual o conceito de bioconstrução?
Não vejo o conceito de bioconstrução ou Bioarquitetura como algo à parte da Arquitetura, mas uma forma encontrada para destacar princípios caros a arquitetura, como o conforto térmico, a economia de materiais, os sistemas de drenagem e captação de água, que pela rápida expansão das cidades e mudança de hábitos de consumo são deixadas de lado em muitas situações, ora até recorrentes. Resgatar a consciência do impacto gerado nas construções, na escolha dos materiais u lizados, na forma de ocupação de uma cidade são alguns dos aspectos pretendidos quando aplicamos esses termos. Como conceito básico. Aqui vale uma citação do arquiteto Tomaz Lotufo, no site h p://www.bioarquiteto.com.br/arquitetura/. E, se estamos fazendo bobagens em relação a vida, o problema está no homem, cada vez mais distante dos princípios que o norteia, e não na essência desta bela profissão chamada Arquitetura. Por isso não u lizamos o nome Bioarquitetura e defendemos uma arquitetura integral: Social, Ambiental e Econômica. •
ENTREVISTA COM TATIANA BORIM DE SIMONE Visando gerar o menor impacto na área de implantação o projeto terá mínima movimentação de terra, área compacta, uso de materiais renováveis, recursos sustentáveis e compar lhamento de infraestrutura entre o CAT e Viveiro Municipal. Vários par dos arquitetônicos foram adotados para minimizar os impactos da obra como: Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ 19
Como a bioconstrução pode ser posi va para os moradores da residência?
A u lização de materiais renováveis, oriundos de fontes seguras, acarretam num ambiente com menos quan dade de compostos químicos nocivos à saúde. O uso de ven lação natural, orientação solar adequada proporcionam aos moradores um espaço mais autônomo, econômico e belo.
A construção elevada do solo, evitando impermeabilizar a área; Adoção do teto verde pelo conforto termo-acús co e pela melhora na qualidade do ar; Estrutura mista de concreto e madeira cer ficada tratada, o que visa minimizar os impactos da obra; Parede com garrafas coletadas na UTC municipal (cerca de 8.000 unidades), para reu lização do material e divulgação de técnicas constru vas alterna vas; Parede com toquinhos de eucalipto, para reaproveitar os retos de madeira da obra; Divisórias executadas com bambus tratados, resgatando saber constru vo e u lizando material renovável; Paisagismo priorizando espécies autóctones, que gera menor manutenção. Tratamento de efluentes biológico (Canteiro biossép co ou biodigestor)ainda não executado. 20
PERMACULTURA
ENTREVISTA COM TATIANA BORIM DE SIMONE
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Como a Permacultura urbana pode auxiliar na busca por um es lo de vida mais sustentável?
Os princípios da arquitetura podem ser levados para qualquer lugar, nas cidades ao ajudar a formar cidadãos conscientes das suas ações perante o meio em que habitam, a u lização dos conceitos e prá cas permaculturais podem trazer um saldo muito posi vo às áreas urbanizadas e entorno. Alguns pontos de destaque: Ÿ Exercitar o consumo crí co e a reu lização dos materiais. Ÿ O poder aglu nador das cidades facilita a comunicação e interação das pessoas com mesmo obje vos, na elaboração e execução de projetos de permacultura. Ÿ Resgatar o plan o de hortas agroecológicas, nas casas, varandas, canteiros, praças, telhados e consequentemente auxiliar na busca de uma alimentação saudável e consciente. Ÿ Gestão dos resíduos sólidos, enriquecida com a compostagem domés ca. Ÿ Trazer para um pouco de natureza para a residências, e cidades através do paisagismo funcional e do design orgânico. Ÿ Uso sustentável da água, por meio te tecnologias de baixo custo como a captação de água da chuva, a biorremediação, os sanitários secos. Um movimento muito interessante com o obje vo de transformar as cidades em modelos sustentáveis, menos dependentes do petróleo, mais integradas à natureza e mais resistentes a crises externas, tanto econômicas como ecológicas é o Transi on Towns. h p://transi onbrasil.ning.com/
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sp da
Quais os principais pontos posi vos de uma residência com técnicas de bioconstrução? E os pontos nega vos? Nas edificações onde são u lizadas técnicas de bioconstrução observamos princípios necessários à sustentabilidade: são ecologicamente corretas, pela u lização de materiais renováveis, reu lizados e locais, uso responsável dos recursos finitos gerando menor impacto ambiental.Essas residências são economicamente viáveis por não restringirem o acesso a moradia pelo poder aquisi vo (falta de). São culturalmente ricas ao dar con nuidade e renovar técnicas constru vas tradicionais, além de es mular a cria vidade dos construtores ao não seguir padrões préestabelecidos. E, por fim, são também socialmente justas por permi r aos cidadãos uma par cipação a va no processo da construção do lugar onde vivem. Como pontos nega vos podemos citar a falta de mão de obra capacitada e interessada, o conceito de inferioridade das técnicas vernaculares disseminado na maioria da população, a pressão do mercado formal e a falta de polí cas públicas que favoreçam o desenvolvimento desse po de construção. •
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PERMACULTURA
A ÉTICA DA PERMACULTURA das nature idar za u c
PRINCÍPIOS PROPOSTOS POR BILL MOLLISON
PRINCÍPIOS PROPOSTOS POR DAVID HOLMGREN
•A diversidade proporciona a estabilidade.
•Capte e armazene energia.
•Trabalhar com a natureza, não contra ela.
•Observe e interaja.
•Cooperação em vez de competição.
•Obtenha um rendimento.
•Cada elemento serve a mais do que uma função e
•Use e valorize recursos e serviços renováveis.
•O problema pode ser a solução.
cada função recebe o apoio de mais de um elemento.
•Resolver problemas localmente.
•Planejar prevendo problemas.
•Produzir mais energia do que é consumida.
•Aplique a autorregulação e aceite feedback.
•Evite o desperdício.
•Projete dos padrões aos detalhes.
•Integre em vez de segregar.
•Completar os ciclos.
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ACREDITO QUE POSTURAS MAIS COERENTES EM RELAÇÃO AO AMBIENTE SÃO MUITO SIGNIFICATIVAS E URGENTES, POR ISSO, DEBATER ESSE TEMA É TÃO RELEVANTE. PRECISAMOS IR ALÉM, ONDE AS FALAS COMUNGUEM COM NOSSAS PRÁTICAS, ONDE OS MAIS CÉTICOS SE SENSIBILIZEM.
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GEAD
O grupo de estudo "Design, Cultura e Sociedade" acontece quinzenalmente aos sábados, das 9h às 11h. O obje vo é discu r sobre os três assuntos, suas inter-relações e o papel do Designer como profissional na atualidade, influenciando no comportamento humano. A par r daí, estudar sobre economia colabora va e cria va, e desenvolver um projeto que una Design, Cultura e Sociedade. Maiores informações pelo e-mail: contatogead@gmail.com
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