O Dirigente Cristão

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O Dirigente Cristão Impresso fechado. Pode ser aberto pela ECT.

Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa do Rio Grande do Sul Nº 190 - Ano XXI - Agosto/ 2012

Celso Wichinieski

2º FAS:

fórum impulsiona a sociedade à sustentabilidade


Cobertura fotográfica do 2º FAS: Celso Wichinieski

O Dirigente Cristão Órgão Informativo da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa do Rio Grande do Sul (ADCE-RS) Filiada à ADCE/UNIAPAC/Brasil

Ação sustentável 2º FAS promove a ação, educando para a sustentabilidade

Presidente Antonio D’Amico Vice Presidente Juarez Pereira Eduardo Albershein Dias Assessoria Doutrinária Pe. Federico Juarez - Pastor Carlos Dreher Pe. Martinho Lenz, SJ Editores In Memoriam Fulvio de Silveira Bastos Renato Cardoso

Sede Centro Arquidiocesano de Pastoral Praça Monsenhor Emílio Lotterman 96, conj 12 Bairro Floresta CEP 90560-050 Porto Alegre/RS Fones (51) 3332.0811 Fax: (51) 3222.8997 e-mail: adce@adcers.org.br Conselho Diretor Cezar Saldanha (Porto Alegre) Carlos Egídio Lehnen (Porto Alegre) Márcio Luiz Onzi - Serra (Caxias do Sul) Moacir Basso - Serra (Caxias do Sul) Sergio Ricci - Planalto Médio (Passo Fundo) Ubiratan Oro - Planalto Médio (P. Fundo) Fernando Rosa Lutdke (Santa Maria) Luiz Fernandes da R. Pohlmann (Santa Maria) Gilmar V. Lazzari - Vale do Rio Pardo (Sta. C. do Sul) Paulo Bohn - Vale do Rio Pardo (Sta. C. do Sul) Comissões Alecio Ughini - Baptista Celiberto Carlos Egídio Lehnen - Luiz Roberto Ponte Francisco Moesch - Gilberto Lehnen José Antonio Célia - José Juarez Pereira Luiz Arthur Giacobbo - Ricardo Jakubowski Rita Campos Daudt - Sergio Kaminski

Edição:

Rua Jerusalém, 415 - CEP 91420-440 - Porto Alegre/RS Fone: (51) 3392.0055 conexaocom@plugin.com.br Editor: Carlos Damo Reportagem, Projeto Gráfico e Diagramação: Cíntia Machado DRT/RS 14080 Tiragem 4500 exemplares Circulação Bimestral - Distribuição Gratuita É permitida a reprodução total ou parcial das matérias aqui publicadas, desde que conservada a forma e citados a fonte e o autor. As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores.


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Dois dias de contribuições para a causa da sustentabilidade. A opinião e a experiência de especialistas nacionais e internacionais das mais diversas áreas. Economistas, dirigentes, gestores públicos, cientistas, representantes do terceiro setor, religiosos, entre outros, sugeriram modelos a seguir, reflexões, cases de iniciativas já realizadas. Esse foi o 2º FAS, Fórum ADCE para a Sustentabilidade, que, com o lema “educar pelo exemplo e agir”, buscou impulsionar a ação da sociedade em seus diferentes setores. O evento, promovido pela ADCE/RS e pelo Geelpa, aconteceu durante os dias 4 e 5 de junho, no Plaza São Rafael, em Porto Alegre/RS. “Creio que a grande missão da ADCE é refletir em cima de propostas concretas e de um capitalismo novo, mais preocupado com a felicidade das pessoas”, D’Amico “Impressionou profundamente ouvir de Eduardo Aninat e Stefano Zamagni uma conceituação de economia de mercado livre mais compatível com a visão social cristã. Suas palestras deram praticamente uma resposta concreta às inquietações de João Paulo II, no item 42 da Encíclica Centésimus Annus”, destacou o presidente da ADCE/RS, Antonio D’Amico. O presidente do Geelpa, Tito Livio Goron, também vê positivamente os resultados do 2º FAS: “os objetivos do Fórum foram plenamente alcançados. Excedemos em muito o que havíamos realizado em 2011. Podemos nos regozijar pelo sucesso obtido no evento”. PARTICIPAÇÃO ECUMÊNICA O número de igrejas participantes cresceu nessa edição do FAS. Tal fato motivou um jantar de integração ecumênica, ao final do primeiro dia do Fórum. “Conseguimos sensibilizar um bom número de entidades religiosas, que ao final manifestaram ter gostado de participar e expressaram o desejo de voltar a tomar parte Acima: abertura do 2º FAS À esquerda: assinatura do memorando de entendimento para ações conjuntas entre ADCE/ RS e Uniapac LA. 1) Juarez Pereira, 2) Sérgio Missa que deu início à Cavalieri, 3) Juan Manuel Valdivia e Antonio confraternização D’Amico


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no próximo Fórum”, conta Goron. Ele explica que o objetivo é aumentar mais a cada ano o número de igrejas e entidades cristãs envolvidas no FAS. “Temos trabalhado muito com a sustentabilidade, tanto no aspecto empresarial, como no fortalecimento da sociedade. Para nós é fundamental estabelecer parcerias, não só ecumênicas, como com diferentes setores da sociedade. Acho muito bom ter um espaço assim”, declara o pastor Carlos Bock, Diretor da Fundação Luterana de Diaconia. Outro representante ecumênico foi o pastor Cláudio Kupka, pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), na Paróquia Matriz, em Porto Alegre. Para ele, o FAS permite unir a visão cristã sobre a sustentabilidade, com a prática empresarial. “O contexto é de empresários comprometidos com a fé cristã”, coloca. “Para nós é fundamental estabelecer parcerias, não só ecumênicas, como com diferentes setores da sociedade.”, Bock

COMPROMISSOS E LANÇAMENTOS O 2º FAS serviu de palco para a assinatura do memorando de entendimento para ações conjuntas entre ADCE/RS e Uniapac LA. O documento foi assinado por Juan Manuel Valdivia, presidente da Uniapac Latino-americana, ao final de sua palestra, juntamente com os presidentes das ADCE’s gaúcha e brasileira, Antonio D’Amico e Sérgio Cavalieri, respectivamente, além de Juarez Pereira, coordenador do FAS. “Impressionou profundamente ouvir de Eduardo Aninat e Stefano Zamagni uma conceituação de economia de mercado livre mais compatível com a visão social cristã”, D’Amico Ao final do 2º FAS, Guilherme Guaragna, Diretor da Braskem e responsável pelo planejamento do evento, fez o lançamento de novos projetos. Um deles é o Programa Carbono Neutro que, em parce-


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ria com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, vai compensar a emissão de carbono através da recuperação da mata ciliar do Lago Guaíba. O programa acontece a partir da iniciativa de pessoas físicas, empresas, órgãos públicos e instituições em geral. Outra iniciativa é a Exposição Internacional para Sustentabilidade, que ocorrerá paralelamente ao 3º FAS, em 2013. Trata-se de uma oportunidade para que todas as entidades, de todos os tamanhos, mostrem o trabalho realizado na área de sustentabilidade e sirvam de exemplo. “Os objetivos do Fórum foram plenamente alcançados. Excedemos em muito o que havíamos realizado em 2011”, Goron

O presidente da ADCE/RS faz uma reflexão quanto aos resultados da segunda edição do Fórum e suas aplicabilidades: “em resumo, creio que a grande missão da ADCE é refletir em cima de propostas concretas e de um capitalismo novo, mais preocupado com a felicidade das pessoas e, portanto, com a geração de riquezas no bem comum e não em mera especulação financeira, como temos assistido nos últimos anos”, declara D’Amico, fazendo um balanço das informações transmitidas durante o 2º FAS. Sentido horário: jantar de integração ecumênica; Guilherme Guaragna fazendo o lançamento de novos projetos; painel do 2º FAS; execução do hino riograndense ao final do Fórum; os presidentes do Geelpa e ADCE, Tito Livio Goron e Antonio D’Amico, encerrando o evento


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2º FAS: GESTÃO SUSTENTÁVEL

DSI e gestão empresarial Zamagni faz uma análise do mercado e aponta caminhos a seguir rumo a melhorias O italiano Stéfano Zamagni, economista e professor na Universidade de Bologna proferiu a palestra máster do 2º FAS. Zamagni foi um dos principais consultores do Papa Bento XVI na redação da encíclica Caritas in Veritate, publicada em 2009, sobre o desenvolvimento integral do homem. Partindo dos princípios da Doutrina Social da Igreja (DSI) e, ao mesmo tempo, da realidade econômica mundial, o palestrante baseou seu discurso em lições deixadas pela crise, apontando, ainda, um plano de ação com três passos para a mudança. APRENDENDO COM A CRISE Zamagni explica que a atual crise econômica mundial teve origem na desregulamentação do movimento especulativo, promovida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), no início dos anos 1990. Esse é um episódio que o economista considera marcante para o panorama atual. A partir desse esclarecimento, Zamagni toma a crise como exemplo para mudanças, afirmando que ela deixa cinco lições, relacionadas à liberalização do movimento de capital; à especulação; ao taylorismo; à sustentabilidade e à avareza. “Todos os cinco pontos que eu citei estão na DSI”, afirma Zamagni. O economista demostra que tais aspectos são discutidos também em outros ambientes: apresenta um documento chamado “Vocation of the business líder”, que reúne estudiosos de diversos países. É um documento internacional que, por enquanto, tem edição apenas em inglês. “Os cinco pontos dos quais eu falei são aqui discutidos de forma muito ampla. Isso quer dizer que os fundamentos da DSI são concretos. Nesse documento, os empresários são instruídos a fazer um exame de consciência”, defende Zamagni. Com relação ao futuro Zamagni acredita que é preciso agir em três planos: cultural, econômico e político. Ele destaca a necessidade de mudança geral de mentalidade.

Lições deixadas pela Crise Econômica

A liberalização do movimento de capital, com a desregulamentação do movimento especulativo não garantiu nem o crescimento, nem a estabilidade financeira. O mercado de capital deve ser liberalizado, mas regulamentado.

Nos últimos 20 anos muitos empresários tornaram-se investidores, por acreditarem ser uma maneira mais fácil de ganhar dinheiro. O problema, segundo Zamagni, é que enquanto o empresário realiza um jogo de soma positiva, o investidor é um especialista em jogos de soma nula. “Nós temos que retomar a atividade empresarial, porque a especulação faz perder muito. A empresa passou a ser considerada mercadoria: pode existir hoje e amanhã não. Mas o que acontece com as pessoas que hoje trabalham e amanhã não tem mais trabalho?”, argumenta Zamagni.

Plano de Ação Cultural É preciso deixar claro à sociedade que ser empresário é uma vocação, não é um trabalho como qualquer outro. “Por que é importante dizer que é uma vocação? Quer dizer que é importante abrir a porta ao dom, pois há problemas em nossa sociedade que não podem ser resolvidos sem o dom, a justiça somente não basta”, explica Zamagni. Econômico “É necessário que o empresário hoje entenda que o seu compromisso não está somente na empresa. Ele deve se preocu-


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É preciso transformar a empresa por dentro. As empresas, em geral, seguem o modelo taylorista, no qual, as pessoas que trabalham nas organizações são consideradas recursos (recursos humanos). “Isto é, os trabalhadores não são pessoas, mas indivíduos que fornecem força produtiva. Por essa ótica, o dirigente não precisa se preocupar com problemas individuais dos trabalhadores. O modelo taylorista não tem mais futuro. As empresas que seguem esse modelo estão destinadas a falir, pois não produzem valor agregado”, defende o economista. A sustentabilidade está ligada a questão básica da justiça social e não apenas ao ambiente. “Se não estabelecermos a sociedade, nós não teremos sustentabilidade. Alcançar o desenvolvimento integral do homem significa levar em conta a dimensão material, a das relações e a espiritual. Se acreditamos na sustentabilidade devemos compreendê-la em todas as dimensões. Negar a espiritualidade significa não resolver o problema da sustentabilidade”, explica Zamagni.

par também com a cidade. Os empresários devem descobrir a subsidiariedade. Devo me comprometer com a sociedade para fazer com que as coisas caminhem. A empresa deve se sentir responsável em relação às famílias daqueles que estão trabalhando. Hoje o seu trabalho é fazer com que se crie harmonia entre a vida de trabalho e a vida pessoal. A família e a empresa devem estar em harmonia. É preciso ser responsável com relação a instituição importante que é a família”, defende Zamagni. Ele explica que isto não só é possível, como a produtividade e o lucro da empresa aumentam com tal mo-

Stéfano Zamagni, economista e professor

A avareza é o problema que tem maior impacto na sociedade. “Quem é avaro nunca tem o suficiente, sempre quer mais e cria problemas para toda a sociedade. Por isso, a avareza é considerada por São Paulo a raiz de todos os males”, defende Zamagni. Ele conta que o mercado nasceu para o bem comum, que os primeiros economistas eram todos franciscanos, entre 1300 e 1400, com apenas uma exceção. “Nas últimas décadas a cultura da avareza transformou o livre mercado. Temos que retornar, o mercado tem que servir para o bem comum”, defende.

delo de gestão. O economista afirma que as empresas que praticam a responsabilidade familiar são as de maior sucesso. “É possível mudar a organização interna, sem renunciar ao sucesso”, coloca. Político Zamagni afirma que a política possui grande responsabilidade em tudo, entretanto, os políticos, em geral, não fazem o bastante, pois estão mais preocupados em se reeleger. “A política deve procurar o bem comum. O egoísmo do país não pode se sobrepor ao bem comum, isto piora a situação”, explica o economista.


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2º FAS: GESTÃO SUSTENTÁVEL

O ser humano na empresa A palestra “Capitalismo Sustentável” trata do lado humano nas relações de trabalho “A chave para a sustentabilidade está na valorização do ser humano”, acredita Juan Manuel Valdivia, empresário mexicano e Presidente da Uniapac Latino-americana. Sua fala orientou-se nesse sentido, indicando um novo paradigma na relação capital/trabalho. O empresário defende que as organizações devem tornar-se mais justas e mais humanas, reconhecendo as capacidades e a dignidade de cada pessoa. “Como humanidade, temos avançado, mas não o suficiente. A empresa está sendo atacada, porque está a serviço apenas de alguns homens”, elucida. VALORES O mexicano lembra que a espiritualidade não está separada da vida cotidiana, nesse sentido, propõe alguns valores como base para a nova relação capital/trabalho: • Respeito à dignidade da pessoa • Bem comum • Destino universal dos bens • Subsidiariedade • Participação • Solidariedade Valdivia lembra ainda outros três aspectos que devem ser respeitados: a verdade, a liberdade e a justiça. “Não de por caridade o que está obrigado a dar por justiça”, salienta.

Juan Manuel Valdivia, Presidente da Uniapac Latino-americana

A NOVA RELAÇÃO “É preciso entender, depois implantar e viver um novo conceito de empresa”, defende. Valdivia parte do princípio de que a empresa é formada por todos os que a integram e, assim, ela deve ser convertida em comunidade de pessoas. “O mundo se transforma porque nós o transformamos”, Valdivia Segudo o modelo proposto, os trabalhadores de uma empresa necessitam estar envolvidos no processo, possuir informação e capacitação para a tomada de decisões e participação efetiva. Valdivia aconselha ainda a participação dos colaboradores na propriedade e na gestão institucional. “Poucas empresas alcançaram isto, mas vale a pena trabalhar para que os colaboradores tornem-se acionistas, pois eles sentem que estão atuando em algo próprio”. Através de tais ideias, o mexicano defende que seja possível colocar a economia a serviço da humanidade, tornando as empresas altamente produtivas, humanas e socialmente responsáveis. “O mundo se transforma porque nós o transformamos”, finaliza.

Ilustração: sxc.hu


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2º FAS: GESTÃO SUSTENTÁVEL

Responsabilidade Social Empresarial Uniapac propõe protocolo que auxilia na implantação da gestão sustentável nas empresas “Pensamos se não estávamos propondo conceitos que eram muito difíceis de colocar em prática. A partir dessa reflexão, surgiu o Protocolo de Responsabilidade Social Empresarial (RSE)”, explica o argentino José María Simone, vice-presidente da Uniapac Latino-americana. A instituição, da qual a ADCE/RS faz parte, é uma federação internacional de líderes cristãos, denominada Union Internationale des Associations Patronales Catholiques. Simone explica que o Protocolo existe para auxiliar no dia-a-dia dos empresários, orientando-os nas decisões. O material propõe ferramentas e explica como estas devem ser empregadas. Orienta na realização de diagnóstico, planejamento, monitoramento. “O que estamos propondo não substitui o que já é feito (cerificações, por exemplo), mas complementa. Nós focamos no direcionamento geral da empresa, na forma de gestão”, alerta o empresário.

Rentabilidade dos valores Apresenta o Protocolo de Responsabilidade Social Empresarial Editora: Uniapac

Pilares do desenvolvimento sustentável • Econômico: inclui aspectos como concorrência, inovação, rentabilidade. • Social: é preciso pensar nas pessoas que estão dentro e nas que estão fora da empresa. • Ambiental: deve-se considerar o que acontece hoje e o que vai acontecer no futuro. • Pessoa: aspectos humano, espiritual e material.

José María Simone, vice-presidente da Uniapac Latino-americana

A PESSOA COMO CENTRO Em geral, três conceitos são considerados quando se trabalha a sustentabilidade nas empresas: econômico, social e ambiental. O modelo de gestão proposto pela Uniapac inclui um quarto: a pessoa. Ela é colocada no centro das decisões e é considerada sob três aspectos: é um ser humano, que tem necessidades espirituais e materiais. “Se pensarmos que estamos impactando pessoas com nosso produto, estamos fazendo algo”, Simone “Se nas tomadas de decisões do dia a dia pensarmos que estamos impactando pessoas dentro da empresa e fora da empresa com nosso produto e que estas pessoas são compostas por esses três elementos, estamos fazendo algo. Esta é a proposta da Uniapac: mudar a forma de pensar o como vamos fazer”, explica Simone. “A empresa não está sozinha, ela faz parte de um conjunto com os stakeholders, ou seja, todas as organizações de pessoas que tem relações com a empresa. Todas as pessoas são impactadas e temos que trabalhar em conjunto para saber o que vai acontecer com elas” exemplifica o empresário. Conceitos de RSE • Empresa: entidade constituída por pessoas para a produção de algum bem ou serviço que atenda necessidades da sociedade. Gera valor agregado e resultados econômicos que permitem a sustentabilidade econômica. Propicia nesse processo a realização, como pessoas, de todos os seus integrantes e, também, do bem comum. • Responsabilidade Social: forma de gestão surgida a partir do empenho pessoal, moral, consciente e consistente dos membros da empresa com base na ética social cristã.


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2º FAS: GESTÃO SUSTENTÁVEL

Empresa sustentável Resende aponta para a diferença entre caridade e um modelo de gestão efetivamente sustentável “O lucro pode e deve conviver com a inclusão social”, afirma Paulo Resende, Diretor Executivo da Fundação Dom Cabral, sintetizando o conteúdo de sua palestra, intitulada “Formação e prática empresarial para sustentabilidade”. “Eu diria que é possível uma empresa lucrar mais, ao trabalhar a sustentabilidade no seu conceito mais amplo”, completa. SUSTENTABILIDADE NÃO É CARIDADE Resende salienta que há grande diferença entre sustentabilidade e caridade. Essa última seria o que as empresas em geral têm feito. O problema é que tal ação não é bem vista pela sociedade e, normalmente, causa perda de dinheiro. “É preciso incorporar a sustentabilidade à gestão. Quanto mais o capitalismo se envolve em problemas sociais, ambientais e econômicos, mais é culpado, porque faz isso como caridade, invés de incorporar ao negócio”, explica. “Muita gente que defende o meio ambiente acha que temos que voltar para a idade da pedra”, Resende A real sustentabilidade, conforme Resende, está na forma como a organização atua. “O ideal não é reciclar, mas não ter o que descartar. A produtividade é maximização quando não há resíduos”, coloca.

Paulo Resende, Diretor da Fundação Dom Cabral

SUSTENTABILIDADE NA GESTÃO Uma das chaves para a gestão sustentável está no valor compartilhado. Esse conceito é explicado por Resende através do seguinte exemplo: “na medida em que você abre para fornecedores locais, cria um ambiente agradável em torno da sua empresa. Isso vai crescendo com o aumento das iniciativas”. Para Resende, a implantação da sustentabilidade na gestão encontra obstáculos porque os processos de geração dos lucros estão muito amarrados. Cita exemplos de profissionais que buscaram implantá-lo, sem sucesso porque a empresa não aceitou a mudança. Por outro lado, Resende apresenta diversas organizações que se preocupam com a sustentabilidade e estão muito bem, como Natura, Alcoa, Editora Abril e Unilever. “Em um jogo de soma zero, o lucro é exatamente igual à perda social”, declara Resende, que traz também outro panorama, ao afirmar que: “a expectativa de vida aumenta, à medida que a distribuição de capital é maior”. “Muita gente que defende o meio ambiente acha que temos que voltar para a idade da pedra, não se deve ser radical na defesa da sustentabilidade”, defende. Resende acredita que a chave está em inovar, não em retroceder.

Gestão Sustentável: Metodologia O caminho para a sustentabilidade é traçado por uma tríade. essa tríade é incluída no diagnóstico corporativo e no como fazer. Propósito: A essência da empresa é a inovação. É preciso incluir progresso econômico associado a progresso social. A produção de bens deve tornar-se globalmente responsável e sustentável. Ética: Forma a base da liderança globalmente responsável. Inclui na gestão valores como jus-

tiça, liberdade, honestidade, humanidade, responsabilidade, solidariedade, desenvolvimento sustentável e transparência. Estadismo Corporativo: Faz com que o trabalho seja um instrumento de satisfação e realização.


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2º FAS: MODELO ECONÔMICO

Futuro do capitalismo O chileno Eduardo Aninat aborda aspectos do capitalismo e assinala a necessidade de mudanças no sistema “O capitalismo já está ficando obsoleto”, afirmou Eduardo Aninat durante a palestra de abertura do 2º FAS. Para o economista, ex-ministro da fazenda do Chile e presidente da Fundação Uniapac, o modelo de capitalismo conhecido hoje não tem sido satisfatório em, pelo menos, dois aspectos: não proporciona equilíbrio na distribuição e não respeita o meio ambiente. “A minha tese é de que o sistema atual é incompleto e começa a dar pequenos sinais de necessidade de mudança. A crise econômica que atinge Europa e EUA é um deles”, explica. O economista defende que a crise é um indicador de insatisfação e, sobretudo, evidencia a ignorância a respeito do que fazer. “Estou absolutamente seguro de que outro mundo é possível”, Aninat Em mais de um momento Aninat chamou atenção para a falta de lideranças mundiais capazes de conduzir uma mudança, determinando prioridades. Para ele, este é o maior problema e não tanto a questão econômica. Não é, entretanto, por perceber a necessidade de mudanças que Aninat deixa de acreditar no capitalismo. Para o economista, esse é um sistema que permite decidir, definir o que é preciso fazer. Ele cita a Europa como exemplo: através dos múltiplos governos, o continente alcançou a condição de Estado forte, apesar de nos últimos anos passar por desregulação financeira. AMÉRICA LATINA A condição dos países latino-americanos mereceu a atenção do palestrante. “A América Latina não tem voz nessa discussão”, alerta Aninat, referindo-se à crise econômica. Para ele, esta é uma situação estranha, uma vez que na região, que o economista vê com status de continente, se cresce cerca de 4% a 4,5% ao ano; há pouca inflação; e 31, de 33

Eduardo Aninat, ex-ministro da fazendo do Chile

países, marcham em paz, com democracia, progresso social e regulação nacional. “Este é um desafio para nossa Uniapac, enquanto força global”, propõe. OUTRO MUNDO Remetendo ao lema do Fórum Social Mundial, o economista afirmou, sem hesitar, que outro mundo é possível. Para alcançar esse objetivo, Aninat aposta na ação: “o dia que passarmos a ação e não ficarmos apenas no campo da reflexão, teremos esperanças de uma sociedade melhor”, afirma ele, baseando-se em uma citação de Jacques Maritain. Outra chave para a mudança, conforme Aninat, está na consciência: “eu acredito que se educarmos a consciência das pessoas, vamos avançar vários passos a caminho das soluções”.

Valores O capitalismo deveria incorporar valores como fraternidade, solidariedade, subsidiariedade, equidade, liberdade, bem comum e respeito à dignidade da pessoa. Questão Ambiental “Nem tudo está perdido, os instrumentos modernos trazem alguma solução”, afirma inspirando-se nos mecanismos de compensação de CO2. “A inteligência humana inova dentro de valores e prioridades importantes”, demonstra. Produção e consumo Perguntado sobre a possibilidade de redução da produção e do consumo para favorecer o planeta, mas sem destruir o mercado, o economista provocou reflexão: “não podemos pensar que limitar algo pode ser uma solução. Entre as alternativas de controlar/diminuir ou de melhorar as opções, fico com a segunda sempre”, opina.


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2º FAS: O PAPEL DE CADA UM

Sociedade em ação Um modelo de convergência foi apresentado a partir da ação de diversos setores da sociedade Mostrando que todos na sociedade têm o seu papel na construção da cidadania, da sustentabilidade e do equilíbrio social, o painel “Sociedade em ação: modelo de convergência” reuniu representantes de diversos setores, apresentando cases. UM CASE DO TERCEIRO SETOR Maria Elena Pereira Johannpeter, presidente da Parceiros Voluntários, falou sobre a ONG, representando a sociedade e o terceiro setor. Ela explica que a instituição surgiu de forma intuitiva, a partir da crença de que o povo gaúcho, sendo solidário, poderia dedicar-se mais ao voluntariado. “Voluntariado é bem mais do que ser bonzinho, é algo que merece uma reflexão grande, pois vai contra um elemento da natureza humana, que é o individualismo. Ele nos tira do ‘o que eu ganho com isso?’ e nos coloca no ‘como eu posso ajudar?’”, explica Maria Elena. O trabalho da Parceiros Voluntários iniciou em 1997. De lá para cá, espalhou-se pelo estado, beneficiando milhares de crianças, adolescentes, idosos e portadores de necessidades especiais. Mais da metade dos voluntários da ONG são adultos entre 26 e 50 anos; quase 90% dedicam pelo menos 3h/semana ao voluntariado. “Voluntariado nos tira do ‘o que eu ganho com isso?’ e coloca no ‘como posso ajudar?’”, Maria Elena O trabalho realizado pela ONG inclui metodologias para dar efeitos multiplicadores e de longo prazo a iniciativas solidárias, além de estimular o voluntariado organizado. A partir daí, surgem ações como a de um policial que busca manter jovens longe da violência; pedreiros que ergueram voluntariamente uma creche popular; trabalhos de incentivo a portadores de necessidades especiais. São profissionais e pessoas de boa vontade que fazem da sua experiência instrumentos de transformação.

UM CASE EMPRESARIAL Sérgio Cavalieri, presidente do Conselho de Administração da ALE Combustíveis e da ADCE Uniapac Brasil, trouxe um case que reúne três áreas da sociedade: civil, governamental e empresarial. Trata-se do Programa Regresso, que visa à reinserção de ex-presidiários no mercado de trabalho e na sociedade. Conforme dados trazidos pelo empresário, o índice de reincidência dos egressos é de 70%, sendo a principal causa desta realidade a dificuldade dos mesmos em obter emprego. O programa é uma parceria entre o Instituto Minas pela Paz (IMPP), a Secretaria de Estado de Defesa Social de MG (Seds) e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). “Esse foi dos projetos mais emocionantes que eu realmente me envolvi. Espero que isso siga adiante”, Cavalieri Graças a esse projeto, cerca de 435 egressos foram inseridos no mercado de trabalho e 2000 pessoas receberam capacitação profissional. Cavalieri conta que a MASB, construtora do Grupo Asamar, fundado e administrado por sua família há três gerações, aderiu ao Programa Regresso em 2012 e os resultados tem sido positivos. Hoje a média de egressos atuando na MASB é de 28, sendo que mais da metade foram promovidos uma ou duas vezes. Cavalieri ressalta um ponto interessante, a média de permanência desses trabalhadores é de 12 meses, enquanto no mercado da construção civil, tal média está em sete meses. “Costumamos fazer trabalhos sociais, dado aos nossos valores cristãos, mas esse foi dos projetos mais emocionantes que eu realmente me envolvi. Espero que isso siga adiante”, declara. O empresário adverte que é necessária uma ordem direta do gestor para que o RH contrate essas pessoas, do contrário, elas não serão contratadas. UM CASE DE GOVERNO Para o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, Porto Alegre é uma cidade que reflete muito bem a participação do cidadão nos destinos do seu cotidiano. “Não à toa a cidade é conhecida como capital da democracia participativa no mundo”, diz. Fortunati apresentou cases de ações sustentáveis realizadas na capital gaúcha, entre eles estão os seguintes.


Maria Elena Pereira Johannpeter, Sérgio Cavalieri, Tarso Genro e José Fortunati

Crianças e adolescentes em situação de risco: Porto Alegre conseguiu tirar milhares de crianças das ruas, através do trabalho de uma rede com 500 entidades que fazem parte do Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, coordenada pela prefeitura. Conforme Fortunati, o número de crianças e adolescentes nas ruas está reduzido a 40. “Porto Alegre é uma cidade que reflete muito bem a participação do cidadão”, Fortunati Residencial Nova Chocolatão: a antiga Vila Chocolatão era caracterizada pela grande quantidade de lixo descartada no local pelos catadores após seleção do mesmo; pela forte presença de famílias; por ser centro de distribuição de drogas na capital, devido sua localização central. Fortunati explica que a presença do narcotráfico foi um grande fator de dificuldade na transição para a nova vila. Foi necessário um trabalho conjunto entre diversas instituições para combater o crime, e convencer as pessoas a irem para a nova vila, construída na Rua Protásio Alves. “Conseguimos deslocar as 700 pessoas para a Nova Chocolatão, chegando a uma nova realidade, que está em execução, de forma permanente”, explica o prefeito. UMA VISÃO DE GOVERNO O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro fez uma reflexão sobre a sustentabilidade, lembrando que se trata de algo novo: “todos os regimes que apresentaram alteração nas forças produtivas sempre foram não sustentáveis. Esse é um ato de consciência totalmente contemporâneo”.

“As forças produtivas devem fazer um planejamento com consciência dos agentes públicos e dos agentes privados”, Genro Quanto ao modelo de convergência para a sustentabilidade, o governador afirma: “As forças produtivas devem fazer um planejamento, para isso, deve haver consciência de agentes públicos e dos agentes privados. É preciso definir os tipos de técnicas e tecnologias adequadas para o desenvolvimento sustentável. Se a sustentabilidade não for uma consciência da sociedade, ela será apenas uma falácia”. Genro declarou que uma série de experiências está sendo feita para começar a insinuar um projeto de sustentabilidade no RS. O governador apresentou como exemplo os movimentos de proteção à agricultura familiar, que objetivam permitir a sustentabilidade econômica e social da atividade, além de orientar as famílias a usarem tecnologias e técnicas que não agridam o meio ambiente. Programa Regresso Empresas interessadas em participar do Programa Regresso, devem procurar a Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais. www.seds.mg.gov.br (31) 3915 3075 Parceiros Voluntários Interessados em tornar-se um parceiro voluntário podem contatar diretamente as regionais da ONG, ou obter informações através dos meios abaixo. www.parceirosvoluntarios.org.br (51) 2101 9750


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2º FAS: O PAPEL DE CADA UM

Educação para Sustentabilidade Case e visões de representantes de diferentes áreas dão exemplos de atitudes em prol da sustentabilidade O painel “Educação para Sustentabilidade” resume em seu título o objetivo central do 2º FAS: incentivar a ação e instruir através do exemplo. Os painelistas, representantes de diferentes áreas da sociedade, demostraram que cada um tem seu papel na busca pela sustentabilidade e que para que ela seja alcançada, é necessária a contribuição geral. UM CASE ESCOLAR O emprego da arquitetura sustentável no Colégio Anchieta, além de otimizar recursos naturais, é um exemplo presente no cotidiano dos alunos e estimula discussões em sala de aula sobre o tema. O arquiteto Klaus Dal Bohne explica que a escola, com sede em Porto Alegre, utiliza tais recursos arquitetônicos desde a década de 1970. O estacionamento solar é um grande exemplo. Entre suas funcionalidades, de acordo com o profissional, estão a produção de energia limpa 100% renovável, a geração de sombra e a absorção da água da chuva através da grama. Um dos frutos desse trabalho realizado em prol da sustentabilidade é a Festa de São João chamada Carbono Free, que foi criada em 2007 e desde então ocorre todos os anos, envolvendo os alunos. “Todos esses recursos empregados na escola estão servindo também para a educação dos alunos”, Bohne

AS EMPRESAS E A SUSTENTABILIDADE Jorge Soto, Diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem, classifica o envolvimento das empresas em relação a questão da sustentabilidade em quatro níveis: reativa, funcional, integrada e proativa. Ele explica que hoje em dia aquelas que estão mais desenvolvidas nesse sentido ainda se encontram no terceiro nível apenas. Tal fato se justifica porque o mundo se encontra em um estágio denominado pelo profissional como de transformação do papel empresarial. “O ideal seria que os países mais pobres, conseguissem aumentar o desenvolvimento humano, mantendo a pegada ecológica baixa”, Soto Abordando a experiência vivenciada pela Braskem, Soto defende que para a organização alcançar a sustentabilidade, ela precisa considerar alguns fatores, como a promoção da educação, a transmissão de informações para a sociedade (pois o consumidor também deve estar preparado para escolhas responsáveis) e o desenvolvimento de projetos sociais. Um exemplo de ação desenvolvida pela Braskem foi o programa de educação para o trabalho “Acreditar”. A iniciativa formou, em 2011, mais de 700 operários. “Quantidade de profissionais mais alta do que a empresa poderia absorver: o objetivo era, também, contribuir com a sociedade”, explica Soto. Baseando-se na informação de que os países mais ricos tem alto nível de desenvolvimento humano, mas também alta pegada ecológica, o profissional manifesta o desejo de que o Brasil, seja o primeiro a conseguir melhorar o nível de desenvolvimento humano, sem, entretanto, aumentar a pegada ecológica. “Infelizmente ainda não se descobriu como fazer isso, mas o Brasil pode ser um exemplo”, motiva Soto.

Ilustração: Cíntia Machado


Klaus Dal Bohne

Jorge Soto

Beto Moesch

UMA VISÃO DE GOVERNO MUNICIPAL “A ideia do 2º FAS é colocar todos os atores no mesmo debate para tentarmos resolver o problema juntos. Não há como apenas um órgão mudar a realidade atual.” Esse trecho sintetiza a percepção do vereador e ex-secretário do meio ambiente de Porto Alegre, Beto Moesch. Ao longo de sua palestra ele buscou mostrar que para alcançar a sustentabilidade é necessária a participação de todos. “Sustentabilidade pressupõe mudança. Mudança de cultura, mudança de paradigma”, Moesch Um exemplo prático deste conceito é mostrado pela seguinte informação, trazida pelo vereador: 80% da poluição dos mares provêm das cidades. O lixo é jogado no chão, vai para os arroios, depois para os rios, até chegar no mar. “Cuidar do ambiente é também papel do cidadão”, defende. “Sustentabilidade pressupõe mudança. Mudança de cultura, mudança de paradigma. Nós ainda não estamos preparados para ela, estamos nos preparando”, reforça Moech. Entre os recursos para o alcance da realidade sustentável, está a fiscalização ambiental, conforme explica o vereador, remetendo ao papel dos governos. “A fiscalização ambiental tem um viés muito mais educativo do que punitivo”, explica e idealiza: “os governos deveriam incutir práticas de sustentabilidade em todas as suas ações e instituições”. “O poder público tem que ser o primeiro a dar o exemplo. Educação ambiental tem que ser permanente”, defende Moech.

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Oneide Bobsin

UM REPRESENTANTE DA IGREJA “As igrejas não vão resolver problemas técnicos do mundo, mas elas podem colocar sinais de esperança”, sintetiza o teólogo luterano e reitor das Faculdas EST, Oneide Bobsin. “Não creio na catástrofe. Na tradição judaico-cristã o paraíso não é saudade, é esperança”, afirma transmitindo otimismo. “Não devemos acreditar que nós seres humanos somos o centro do mundo”, Bobsin O reitor destaca dois pontos. O primeiro com relação à redução do consumo, que ele considera importante, implantando atitudes educativas inclusive dentro de sua própria casa e na convivência familiar. “Sinto-me como um pregador hipócrita se a mensagem que eu transmitir não passar pelo que eu acredito e pelo que eu vivo”. Bobsin conta que em sua casa já fizeram uma horta, um sistema de captação de água da chuva e que bens como carro e computador são utilizados por todos em conjunto, como método de conscientização e cultivo de hábitos positivos. Outro aspecto destacado pelo reitor é a percepção do ser humano sobre si mesmo e tal reflexo em seu comportamento. “Não devemos acreditar que nós seres humanos somos o centro do mundo. A tradição cristã colocou o homem, macho, branco, que não representa a toda a humanidade, no centro. Que os homens e as mulheres se reconheçam como uma espécie”, defende Bobsin alertando para a necessidade de que o ser humano entenda que é parte do planeta e tem a mesma importância das demais.

LOCAÇÃO E VENDA DE IMÓVEIS EM PONTOS ESTRATÉGICOS DE BAIRROS NOBRES DA CIDADE.


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2º FAS: O PAPEL DE CADA UM

Depois da água, em 2011, a terra foi tema especial da 2ª edição do FAS. Os elementos da natureza representam a necessidade de cuidado com a mesma e chamam atenção para as realidades de cada um. A discussão sobre o elemento terra ganhou espaço no painel “Terra é vida”, no qual a temática foi abordada sob a ótica teológica-cristã, “vida em Deus”; a partir da visão antropológica, “vida para o homem”; e também através do viés socioeconômico, “vida para o mundo”.

uma perspectiva do sagrado voltaremos a violentar a terra, poluindo-a, escravizando-a, esquecendo que somos parte dela”. O religioso elencou, em sua palestra, quatro pontos teológicos que colocam o ser humano em comunhão com toda a terra: 1º: Deus tornou o humano gestor e intendente do paraíso. Seu projeto é reunir a humanidade em um só povo. 2º: Jesus se encarna para levar-nos plenamente à vida em Deus. 3º: o espírito que dá a vida conduz e inspira o cuidado, a ternura e a compaixão, gerando uma cultura de paz, respeito pela vida e pela criação. 4º: a doutrina da trindade santa consagra todas as criaturas, ecossistemas, biomas em uma rede solidária, interdependente e dinâmica. O teólogo ressalta a inter-relação do ser humano com a natureza: “sabemos da fragilidade da nossa existência e do quanto dependemos do criador e de toda a natureza”. Ele conclui defendendo a necessidade unir três agendas, a da eliminação da pobreza, da preservação da terra e da espiritualidade.

VISÃO TEOLÓGICA-CRISTÃ

VISÃO ANTROPOLÓGICA

“Não estamos em época de mudança, mas em mudança de época: mudança de perfil, de civilização, ou seja, do modo de conviver”, afirma Dom Roberto Paz, Bispo de Campos, no RJ, filósofo e teólogo, em sua abordagem. “O compromisso da fé deve nos levar a uma teologia e uma espiritualidade sustentável que corrija desmandos e priorize o cuidado, o desenvolvimento integral de toda a pessoa e de todas as pessoas, o vínculo de parentesco entre todas as criaturas”, explica.

Castor Ruiz é filósofo e professor. Buscou ir além da realidade concreta, para pensar possibilidades, entendendo ser este o objetivo da mesa.

A importância da terra Especialistas fazem reflexão sobre o papel da terra na vida, a partir de três aspectos

“Não estamos em época de mudança, mas em mudança de época”, Dom Roberto Dom Roberto acredita que a espiritualidade é essencial para o alcance da sustentabilidade: “sem

“Somos responsáveis pelo mundo que deixamos e não pelo mundo do qual desfrutamos”, Ruiz Para Ruiz, o termo terra pode ser entendido a partir de três sentidos e todos eles têm vínculo estreito com a vida: solo; natureza; planeta terra. Entretanto, o filósofo entende que esta é uma relação delicada: “os fios que mantém a vida na terra são teias frágeis. Pela primeira vez na história uma espécie ameaça inclusive a sua própria existência e o faz de forma alarmante”.


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Um ponto que Ruiz destaca é a questão do consumo. “O consumo deixou de ser apenas um meio necessário para a vida digna. É preciso redefinir a produção, considerando as necessidades reais e não as supérfluas, para acabar com o consumo desenfreado. Ou somos capazes de fazer uma transição para um modelo sustentável, ou sofreremos crises traumáticas”, defende. A final, Ruiz defende: “somos responsáveis pelo mundo que deixamos e não pelo mundo do qual desfrutamos”. VISÃO SÓCIO-ECONOMICA O ponto de vista de Ruiz é compartilhado por Rafael Sittoni Goelzer, Diretor da Quinta da Estância Grande e filho dos fundadores do local. O administrador aprendeu desde cedo com os pais a cuidar e valorizar a terra. Ele conta que sua mãe nunca se considerou proprietária da terra e, ao ser perguntada a respeito, respondia: “não sou dona, eu estou

responsável. Se essa terra não tivesse sido cuidada pelo donos antigos , ela não estaria como está hoje”. “No planeta absorvemos todo o lucro e ainda comemos parte do patrimônio”, Goelzer “Terra é vida é exatamente o que a gente sempre vivenciou lá, pois a Quinta da Estância surgiu da evolução de um sonho dos meus pais de morar no campo”, explica, transmitindo a relação de um empresário com a terra. Goelzer defende a necessidade de gestão ambiental: “vamos comparar a terra a uma empresa privada. No planeta absorvemos todo o lucro e ainda comemos parte do patrimônio. Com o consumo elevado dos recursos naturais, nossa capacidade de gerar valor vai diminuindo”. Para o empresário, a sustentabilidade é um exercício diário e fundamental para o sucesso nos negócios.

Dom Roberto Paz, Castor Ruiz e Rafael Goelzer


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2º FAS: TECNOLOGIA

Agricultura sustentável Cunha vê a tecnologia como melhor ferramenta para reparar os impactos causados pela agricultura Sendo o elemento terra, a temática especial do 2º FAS, a questão da agricultura sustentável torna-se essencial nas discussões. Quem deu voz ao tema foi o agrometeorologista e pesquisador da Embrapa Passo Fundo, Gilberto Cunha. SUSTENTABILIDADE E TECNOLOGIA Remetendo à história da agricultura no Brasil, Cunha lembra que desde os anos 1970 a atividade evoluiu muito. Se na época o país não dava conta de produzir o suficiente para sua população, hoje em dia a pungência econômica no setor corre mundo. “A agricultura sustentável passa pela inovação tecnológica”, Cunha Por outro lado, o crescimento deixa marcas na natureza, como a alteração do bioma natural. “Não se pode ignorar o custo ambiental da agricultura, assim como o da urbanização, e negar que a atividade humana altera o ambiente. O importante é não radicalizar e entender que a evolução tem um custo”, reflete o pesquisador. Cunha defende que a tecnologia é um caminho para minimizar o impacto causado. Para o pesquisador, a agricultura orgânica é um dos modelos possíveis, mas os recursos tecnológicos propiciam outros. “A agricultura sustentável passa

Gilberto Cunha, pesquisador da Embrapa Passo Fundo

pela inovação tecnológica”, defende. Nesse sentido, Cunha lembra que elementos como a agroenergia e os agrocombustíveis também geram impactos, mas a evolução do conhecimento trará versões mais eficientes de tais recursos. Cunha defende que alcançar a sustentabilidade não significa voltar ao passado: “há muitas oportunidades no desenvolvimento e até possibilidades de negócios”. CONSUMO CONSCIENTE “Consumo consciente e agricultura sustentável se casam com desenvolvimento econômico”, coloca. Para o pesquisador, consumo consciente na agricultura está muito ligado à segurança alimentar e erradicação da fome. “O planeta pode suprir as necessidades de alimentação de toda sua população, a dificuldade é o acesso”, declara. O pesquisador indica: “se não conseguimos projetar um futuro muito distante, ou entender com clareza o que devemos fazer, com o conhecimento que temos hoje, podemos enxergar o que não deve ser feito”.


2º FAS: TECNOLOGIA

Desenvolvimento e consciência Tecnologia traz soluções na manutenção de recursos, mas consciência é imprescindível “O homem se desenvolveu, está no topo e por isso tem obrigações com o planeta”, declara o coordenador do Grupo de Eficiência Energética da PUCRS, professor e engenheiro Odilon Francisco Duarte. O professor defende que, embora o desenvolvimento científico traga inúmeras possibilidades, a consciência no uso dos recursos deve estar em primeiro lugar. Duarte aborda a temática a partir do setor de energia, sua especialidade. GERAR X POUPAR O desenvolvimento científico possibilita meios de obter e manter a energia, como a utilização de energias renováveis e a gestão da energia. “Nós temos a solução. É verdade que muitas vezes ela se torna cara”, explica Duarte. A ciência traz soluções, mas poupar energia é o meio mais eficiente. O professor declara: “não existe energia mais limpa do que a não produzida, 1 kWh poupado é 10 vezes mais barato que 1 kWh gerado”.

Alguns fatos sobre energia:

Odilon Francisco Duarte, Coordenador do Grupo de Eficiência Energética da PUCRS

A quantidade de energia utilizada por cada um diariamente é muito grande e parte dela é desperdício, como a utilização de climatizadores de ambiente com janelas abertas simultaneamente. “Poupar energia depende também da consciência dos usuários”, declara o professor. Duarte conta que ações educacionais desenvolvidas na PUCRS possibilitaram a conservação de 8% de energia, em 2010, em relação ao que estava previsto. “Não existe energia mais limpa do que a não gerada”, Duarte Entre a ação individual e os meios de gestão, grande quantidade de energia pode que ser poupada: “temos um potencial muito grande de conservação de energia sim”, afirma Duarte, que lembra que para manter a estrutura que temos, tal recurso é imprescindível.

• A energia é essencial e sua ausência, um fator limitador para o crescimento. • O Brasil é o 6º país com energia mais cara. • A competitividade empresarial é dificultada pelos altos custos de energia. • Até 2035 o parque gerador brasileiro vai ter que crescer 75% para evitar o racionamento. • A geração de energia causa impactos.


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2º FAS: ECUMENISMO

União da fé, união das igrejas O diálogo entre as religiões foi também um assunto valorizado durante as reflexões do 2º FAS O painel “Ecumenismo cristão: o modelo de Cristo em nossa vida” reuniu um empresário, um teólogo protestante e um teólogo católico. Respectivamente Luis Roberto Ponte, também ex-ministro da Casa Civil; Anivaldo Padilha, líder ecumênico metodista; Dom Dimas Lara Barbosa, arcebispo da Arquidiocese de Campo Grande. A HISTÓRIA DO ECUMENISMO Padilha trouxe detalhes da história do ecumenismo no Brasil. História da qual ele participou e é hoje testemunha. Foi no final da década de 50 que a Igreja Católica se abriu para o ecumenismo e, a partir de então, católicos e protestantes começaram a trabalhar juntos, no Brasil.

Luis Roberto Ponte

Dom Dimas Lara Barbosa

“Descobri que o ecumenismo não era uma opção, mas um passo de obediência ao desejo de Jesus”, Padilha Dom Dimas observa que o empenho da Igreja Católica no ecumenismo foi um pouco tardio, apenas após o Concílio Vaticano II e acredita que ainda hoje o movimento católico é muito tímido nesse sentido. Padilha explica que o Golpe Militar de 1964 interrompeu o trabalho conjunto entre as igrejas. Ele próprio foi líder estudantil e do movimento ecumênico de juventude brasileira e latino-americana, na época. “Essas atividades me custaram quase um ano de prisão, pelo DOI/CODI, em São Paulo, e 22 dias de tortura. Isso é um pouco do que foi o movimento ecumênico no Brasil”, testemunha. SOBRE O ECUMENISMO Ecumenismo é a atitude de abertura e de diálogo com outras religiões. Tanto Padilha, o teólogo protestante, quanto Dom Dimas, o teólogo católico concordam quanto a esse diálogo. “Muitas vezes a antipatia entre as igrejas se deve a falta de convivência e de conhecimento”, Dom Dimas

Anivaldo Padilha


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“Ocorre hoje com muita frequência competição entre as igrejas”, afirma Dom Dimas. Para ele, a justiça, a solidariedade e a paz são muito mais importantes que as discussões teológicas. “Muitas vezes a antipatia entre as igrejas se deve a falta de convivência e de conhecimento”, opina Dom Dimas. Para Padilha, o ecumenismo está diretamente ligado à missão da igreja: “iniciei minha participação no movimento ecumênico ainda bem jovem e descobri que o ecumenismo não era uma opção, mas um passo de obediência ao desejo de Jesus”. ECUMENISMO E SUSTENTABILIDADE O ex-ministro Luis Roberto Ponte, por sua vez, baseou seu discurso na área em que é experiente, a política, abordando a questão da religião e da sustentabilidade a partir dessa ótica. Fez uma reflexão sobre assuntos como baixos salários, falta de segurança, distribuição da renda pública. “A Doutrina Social da Igreja ajuda a esclarecer a verdade sobre

“É somente pela prática do bem, que se alcança a sociedade sustentável”, Ponte os sofismas que levam a injustiça e demonstra pelo exemplo de vida que é somente pela prática do bem, que se alcança a sociedade sustentável”, conclui Ponte Ligando a questão do ecumenismo à temática central do FAS, a sustentabilidade, Dom Dimas opina que o conceito de caridade proposto pela igreja poderia andar de mãos dadas, com o conceito de responsabilidade social. “Os empresários poderiam ir além, mostrando que a responsabilidade social atende a um chamado de cristo”. Padilha também relaciona ecumenismo e sustentabilidade e lembra que o ecumenismo tem o conceito da justiça socioambiental como uma questão ética a ser discutida. Ele defende também a necessidade de novas relações capital/trabalho e das empresas com seus consumidores.


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2º FAS: O PAPEL DE CADA UM

Compromisso na gestão pública Busatto apresenta o modelo de gestão democrático como forma de atingir a sustentabilidade “Defendo que é o envolvimento das pessoas, a capacidade de criar ambientes onde todos se sintam parte e todos possam livremente dizer o que pensam que gera a sustentabilidade”, coloca Cesar Busatto, Secretário de Coordenação Política e Governança Local de Porto Alegre, ao explicar o conceito com o qual a Secretaria de Governança trabalha. TRAJETÓRIA EM PORTO ALEGRE “Porto Alegre tem sido uma cidade extremamente inovadora do ponto de vista da sua democracia”, acredita o secretário. Busatto divide a trajetória de participação popular na capital em três etapas. •  Reinvindicação e Controle Social: envolve eventos como a criação das associações de moradores, iniciada na década de 1950 e o surgimento do Orçamento Participativo, em 1989, quando Olívio Dutra foi prefeito. •  Governança do Desenvolvimento Local: começou em 2005, no primeiro governo de José Fogaça e tem como fundamento a governança solidária local. Tem por base a articulação de todos os atores da sociedade, para contribuírem juntos no desenvolvimento. •  Wiki Cidadania: inicia com o governo de José Fortunati e tem muito a ver com a explosão das mídias sociais. Cidadania trabalhando em conjunto. “Cidadania plena é aquela que inclui direitos e responsabilidades”, Busatto

Cesar Busatto, Secretário de Coordenação Política e Governança Local

PARTICIPAÇÃO CIDADÃ Busatto relaciona o modelo de gestão atual à forma de interação nas redes sociais, nas quais todos se comunicam com todos. “Essa é a grande transformação social que está acontecendo no mundo. Está vindo aí uma nova forma de organização social”, explica o secretário, demonstrando a influência das redes sociais na estrutura da sociedade. Um exemplo prático é o portoalegre.cc, plataforma colaborativa na internet, na qual cada cidadão coloca suas causas e chama outros cidadãos para torná-la realidade. Cerca de nove mil pessoas participam ativamente dessa ferramenta que produziu ações como Serenata no Parque da Redenção, evento noturno que em sua primeira edição reuniu mais de mil pessoas, demostrando que o parque pode ser espaço de lazer para os cidadãos também à noite. Busatto cita ainda a campanha “Eu curto, eu cuido”, que estimula o descarte de lixo orgânico em containers e a reparação de calçadas pelos proprietários dos terrenos. Tal iniciativa visa despertar a responsabilidade do cidadão em geral, inclusive governo e empresas. “Cidadania plena é aquela que inclui direitos e responsabilidades, quando acrescentarmos a segunda, tudo começa a mudar”, coloca. Para o secretário é a participação de todos os setores da sociedade que vai gerar a mudança e garantir a sustentabilidade. Ele defende que não há mais espaço para governos autossuficientes.


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2º FAS: TESTEMUNHO

O cristão e a sustentabilidade Participei do 2º Fórum ADCE para Sustentabilidade e voltei mais determinado em fazer a minha parte na preservação dos recursos naturais e do meio ambiente. Neste encontro em Porto Alegre, promovido pela Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa, sob o tema “educar pelo exemplo e agir”, empresários, economistas, teólogos, políticos, engenheiros, professores e outros, expuseram ideias e experiências sobre formas sustentáveis de vida. Para mim foi um enorme aprendizado nesta matéria que sempre me interessou. Lembro-me que em 1982, ao optar pelo tema “ecologia” para a minha dissertação do bacharelado, desaconselharam-me por ser um assunto “sem interesse” no aspecto teológico. No entanto, quando hoje o termo “sustentabilidade” é definido como a capacidade de integrar as questões sociais, energéticas, econômicas e ambientais, de imediato os cristãos têm a tarefa de lembrar uma quinta questão, a espiritual. Segundo a fé bíblica, a sustentação, a rocha firme, a pedra angular é Cristo, e sem ela a casa cai. Entre tantas palestras interessantes, fiquei impressionado com a abordagem do ex-ministro da Casa Civil, Luis Roberto Ponte. Com voz embargada, disse que “a doutrina social da igreja ajuda a esclarecer a verdade sobre os sofismas que levam a

injustiça, e demonstrar através do exemplo de vida que é somente pela prática do bem que se alcança a sociedade sustentável”. Percebi certa decepção dele com a vida pública, homem experiente que é nos seus 78 anos de idade. Penso que a maioria dos que chegam a este tempo de existência terrena, deve se sentir assim, frustrada com os “sofismas”, ou seja, as argumentações falsas com aparência de verdadeiras. É a insustentabilidade da palavra com a verdade o pior desastre ambiental deste planeta que sofre os efeitos do pecado. Mas foi por isto mesmo que “a Palavra se tornou um ser humano e morou entre nós, cheia de amor e de verdade” (João 1.14). Pastor Marcos Schmidt

Marcos Schmidt, é pastor luterano Igreja Evangélica Luterana do Brasil Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS Contato: marsch@terra.com.br

CONSTRUTORA PELOTENSE LTDA. Comprometimento com o desenvolvimento social, respeitando e valorizando o ser humano.



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