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O Dirigente Cristão Impresso fechado. Pode ser aberto pela ECT.

Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa do Rio Grande do Sul Nº 184 - Ano XXII - Junho/ 2013

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Beirute:

a união das diferenças e os novos presidentes


Órgão Informativo da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa do Rio Grande do Sul (ADCE-RS) Filiada à ADCE/UNIAPAC/Brasil

Presidente Antonio D’Amico Vice Presidente Juarez Pereira Eduardo Albershein Dias Assessoria Doutrinária Pastor Carlos Dreher Pe. Martinho Lenz, SJ Editores In Memoriam Fulvio de Silveira Bastos Renato Cardoso Sede Centro Arquidiocesano de Pastoral Praça Monsenhor Emílio Lotterman 96, conj 12 Bairro Floresta CEP 90560-050 Porto Alegre/RS Fones (51) 3332.0811 e-mail: adce@adcers.org.br Conselho Diretor Fernando Coronel (Porto Alegre) Sérgio Kaminski (Porto Alegre) Milton José Cemin - Serra (Caxias do Sul) Jairo Antunes - Serra (Caxias do Sul) Sergio Ricci - Planalto Médio (Passo Fundo) Ubiratan Oro - Planalto Médio (P. Fundo) José Gonçalves de Lima (Santa Maria) Izair Antonio Pozzer (Santa Maria) Gaspar Biasibetti - Vale do Rio Pardo (Sta. C. do Sul) Dilmar Carvalho - Vale do Rio Pardo (Sta. C. do Sul)

Novos líderes para a Uniapac Os presidentes eleitos da Uniapac LA e Internacional são, respectivamente, um brasileiro e um argentino

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Comissões Alecio Ughini - Baptista Celiberto Carlos Egídio Lehnen - Luiz Roberto Ponte Francisco Moesch - Gilberto Lehnen José Antonio Célia - José Juarez Pereira Luiz Arthur Giacobbo - Ricardo Jakubowski Rita Campos Daudt - Sergio Kaminski Edição:

Rua Jerusalém, 415 - CEP 91420-440 - Porto Alegre/RS Fone: (51) 3392.0055 conexaocom@plugin.com.br Editor: Carlos Damo Reportagem e Diagramação: Cíntia Machado DRT/RS 14080 Tiragem 4500 exemplares Circulação Bimestral - Distribuição Gratuita É permitida a reprodução total ou parcial das matérias aqui publicadas, desde que conservada a forma e citados a fonte e o autor. As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores.

Durante a Conferência de Beirute, ocorrida em março, foram escolhidos os novos presidentes da Uniapac Latino-americana e Uniapac Internacional. Os nomes que ocuparão os cargos são, respectivamente, Sérgio Cavalieri e José Maria Simone. Para conhecer as perspectivas dos mandatos e também os resultados da conferência, O Dirigente Cristão entrevistou os dois eleitos. Cavalieri é brasileiro e preside a ADCE Brasil e ADCE Minas Gerais. Simone, argentino, ocupa atualmente a vicepresidência da Uniapac Latino-americana.


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Entrevista: José Maria Simone

Presidente eleito da Uniapac Internacional DC: Quais os objetivos para o período como presidente da Uniapac Internacional? Que projetos pretende desenvolver? Simone: Os objetivos principais para a Uniapac são continuar promovendo, de acordo com a Doutrina Social da Igreja, a visão e implementação da Responsabilidade Social Empresarial (RSE), focada na pessoa e buscando o desenvolvimento do bem comum no mundo. Durante os últimos anos, temos trabalhado fortemente no desenvolvimento de uma forma de gestão que consideramos que permitirá às nossas associações e empresários alcançarem um nível mais profundo na relação com seus colaboradores e stakeholders, dentro e fora da empresa. Essa forma de condução empresarial se baseia em valores pessoais, que promovem a dignidade humana através de melhor desempenho e profissionalismo. Devemos levar em conta que nem o capital, nem os benefícios empresariais são objetivos em si mesmos, se não se voltam ao fortalecimento da dignidade humana e do bem comum. Se formos capazes de gerar um mundo de negócios equilibrado, centrado na pessoa e no bem comum, o mundo dos negócios será melhor, mais feliz e nós também. Nosso amor fraternal se completará através do vínculo entre todos. “Se formos capazes de gerar um mundo de negócios equilibrado, centrado na pessoa e no bem comum, o mundo dos negócios será melhor, mais feliz e nós também”, Simone DC: Tal como a Igreja Católica, com a escolha do novo Papa, a Uniapac terá como seu representante principal, um membro latino-americano. É apenas

Simone, argentino e atual vice-presidente da Uniapac LA

uma coincidência ou acredita que haja uma causa comum para esses dois fatos? Simone: A eleição do Presidente da Uniapac é uma decisão tomada muito tempo antes de a mesma ocorrer. Há dois períodos presidenciais foi decidido que a presidência seria rotativa e para esse período havia sido escolhida a América Latina. É uma grata coincidência com a eleição do Papa, mas não deixa de ser um grande momento para a Igreja Católica e para a Uniapac que o Papa Francisco seja latino-americano, ele, sem dúvida, continuará gerando mudanças profundas na nossa igreja. Nós empresários da Uniapac devemos ficar muito atentos a essas mudanças, pois, sem dúvida, trarão ajuda inestimável para cumprir os objetivos que mencionei anteriormente.


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O crescimento econômico da nossa região nos coloca em posição de grande responsabilidade. É uma oportunidade de mostrar ao resto do mundo nossa capacidade de desenvolvimento, logo após passarmos por diversas crises ao longo dos últimos 50 anos. Sem dúvida podemos colaborar fortemente para encontrar um caminho que ajude a resolver a crise atual, com base em nossa experiência. DC: Como você vê o impacto das ações de grupos cristãos, como a Uniapac e as associações que a compõem, na sociedade? Que resultados tais ações trazem? Simone: O impacto das associações e das organizações como a Uniapac se evidencia através das ações diárias dos empresários e dirigentes membros das nossas associações. Sem dúvida suas ações geram impacto direto na sociedade, porque ao tentar implementar uma forma de gestão empresarial baseada em valores humanos e ética, provocam uma mudança no processo empresarial. Eles mostram que é possível desenvolver empresas com esses princípios básicos, ainda que nas condições atuais de mercado. Ao fazê-lo, promovem a sustentabilidade necessária para que a empresa seja exitosa no aspecto econômico, social e ambiental. Essas empresas tem grande vantagem com relação às outras, porque, além de alcançarem o objetivo planejado, promovem grande crescimento pessoal, que retroalimenta a mesma empresa e se transforma em um círculo virtuoso: o do crescimento sustentável. DC: O impacto citado na questão anterior é o mesmo nos diversos continentes? Simone: Esse impacto é semelhante em outros continentes, mas é preciso considerar que as regiões do mundo têm realidades diferentes. Por isso o impacto pode ser semelhante, mas não igual. É possível que alguns países obtenham resultados diferentes. Os princípios básicos é que devem ser iguais. Aplicando os mesmos de forma criteriosa

será possível avançar na geração de mudança de cultura e de forma de gestão, conforme mencionado anteriormente. Isso é o que nos une em uma fortaleza única. Estamos convencidos de que o desenvolvimento da pessoa em todos os sentidos é o objetivo que não devemos perder. A fortaleza para os dirigentes surge de duas fontes: da Doutrina Social da Igreja e de nossos talentos como dirigentes empresariais ao implantarmos os princípios nas empresas onde atuamos. DC: Que aspectos destaca como tendo sido mais importantes na Conferência de Beirute, realizada recentemente? Simone: O mais importante da Conferência de Beirute foi descobrir que duas religiões (Cristã e Muçulmana) podem ter aspectos semelhantes de respeito, ética e valores no mundo dos negócios e que são parecidas. Pudemos comprovar através das exposições na conferência que é possível dialogar, compartilhar e transferir experiências gerenciais. Todos os painéis de apresentação foram uma mescla muito interessante de pessoas de vários países e regiões. Ficou evidente que possuímos conceitos similares sobre visão de longo prazo. Deve-se destacar o alto nível de profissionalismo de todos os expositores. DC: O que a Conferência de Beirute representou e quais as perspectivas? Simone: A Conferência de Beirute foi o começo de um caminho de intercâmbio entre diferentes regiões do mundo. Apesar da grande distância geográfica, um objetivo comum nos aproxima, ao trabalharmos juntos: o desenvolvimento de uma ética de negócios que permita alcançar um mundo melhor para todos. Seguiremos esses esforços com outras regiões e religiões. A Uniapac pode ser a ponte que une as pessoas, dirigentes e empresários que tem objetivos comuns. As associações da Uniapac nos 32 países trabalham nesse sentido.


Entrevista: Sérgio Cavlieri Presidente eleito da Uniapac LA

DC: Quais são as perspectivas para o seu mandato como Presidente da Uniapac Latino-americana? Cavalieri: É ao mesmo tempo uma honra e um desafio o fato de ter sido indicado para essa missão. É a primeira vez que o Brasil ocupa esse cargo, anteriormente brasileiros haviam sido vicepresidentes, mas presidentes nunca. É um desafio muito grande, pois a América Latina é um dos continentes mais ativos da Uniapac, não apenas pelo número de associações, que representam 10 países e, em curto prazo, devem chegar a 16, mas também pela visibilidade que a entidade vem conquistando, nos países em que está presente. Está crescendo o reconhecimento na comunidade empresarial, em ONG’s, igrejas, governos e na sociedade em geral. Assim, temos a possibilidade de sermos mais ouvidos, temos presença maior dentro dos países e maiores possibilidades de implantar os princípios cristãos nas empresas da AL. A Uniapac tem recebido forte apoio da Igreja Católica e de empresas cristãs. Honduras, último país, até então, a contar com a entidade, é um exemplo. Os empresários católicos daquele país foram estimulados fortemente pela igreja. A Igreja Católica tem visto a Uniapc como uma grande parceira nesse processo de mudança de direção da economia no mundo inteiro e principalmente na América Latina. Todas as dificuldades que o mundo enfrenta em termos sociais, como fome, trabalho escravo, falta de habitação, etc, necessitam da participação de empresários para serem resolvidas. A AL ainda tem muitos problemas como esses. “Todas as diÀculdades que o mundo enfrenta em termos sociais necessitam da participação de empresários para serem resolvidas”, Cavalieri

Cavalieri, brasileiro, presidente da ADCE/BR e MG

DC: Como será a nova diretoria? Cavalieri: Tendo em vista o grande movimento, o dinamismo da Uniapac na América Latina, formamos uma diretoria mais robusta, com representantes em seis países, assim podemos conduzir com maior velocidade. Além do Brasil, estão no grupo representantes do Paraguai, Equador, Chile, Argentina e México. DC: Quanto aos projetos da Uniapac, o que esperar? Cavalieri: O livro Rentabilidade dos Valores, editado pela Uniapac, em 2008, teve repercussão mundial e muito forte na América Latina. Como prosseguimento do mesmo, foi desenvolvido o Protocolo de Responsabilidade Social Empresarial

Wagner Diló Costa

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(RSE), que está em fase final. O objetivo desse é implantar e medir nas empresas o impacto das mesmas no ser humano. O projeto, que tem forte apoio do México, está em fase piloto e começa a ser implantado em todos os países que contam com a presença da Uniapac. A nova gestão será responsável por dar continuidade a essa iniciativa. DC: O que representa para o Brasil o fato de a Uniapac Latino-americana ter agora um presidente brasileiro? Cavalieri: Espero que a ADCE aqui no Brasil também seja alavancada. Há um reflexo, o país ganha sim mais visibilidade. Além disso, há reuniões de Board marcadas para esse ano, em São Paulo e o 25º Congresso Mundial da Uniapac/ ADCE, marcado para 2015, em Belo Horizonte. De novo, são oportunidades de dar mais visibilidade para o país. DC: De forma geral, qual foi o grande resultado da Conferência de Beirute? Cavalieri: Foi quase unanime entre todos os palestrantes o reconhecimento da necessidade de diálogo e da prática dos valores. Há conflitos nos países do oriente, complicações para encontrar a paz, todos reconhecem essa dificuldade e o importante papel do diálogo para resolvê-la. Todas as religiões têm valores que podem ajudar. Entendendo que o mundo não é igual e nunca será, compreende-se a necessidade do respeito. Se a humanidade souber usar essa diversidade na construção de algo positivo, será de uma riqueza inigualável. Um exemplo real disso é o Vale do Silício, na Califórnia, onde existe gente do mundo todo trabalhando em prol da tecnologia. Pessoas de países, crenças e religiões diferentes que conseguem trabalhar juntas e gerar uma riqueza de produtos que servem à humanidade. É necessária a cooperação, a prática do amor, para que o mundo encontre dias mais tranquilos, de mais paz e prosperidade e essa prosperidade possa alcançar todas as pessoas.

CONFERÊNCIA DE BEIRUTE A Conferência de Beirute ocorreu durante os dias 25 e 26 de março, na cidade que dá nome ao evento. A iniciativa reuniu empresários cristãos e muçulmanos com o objetivo de encontrar soluções práticas para uma economia mundial à serviço do homem e dos propósitos do bem comum, da solidariedade, da ética e da justiça. A diversidade foi representada: estiveram presentes cerca de 400 pessoas vindas dos cinco continentes, com as mais diversas culturas e religiões; os 35 palestrantes do evento vieram de 15 países diferentes. Participaram ainda ministros e outros representantes públicos, assim como grandes empresários do mundo. Foram abordados temas como globalização, paz, avanços da tecnogia, crise, entre outros.

POSSE A posse dos novos presidentes da Uniapac LA e Uniapac Internacional ocorrerá na cidade de São Paulo, em outubro. Veja programação: 05/10, manhã Reunião do Conselho da Uniapac LA 05/10, tarde e 06/10 Tour de convivência 07/10, manhã Reunião de Board Internacional 07/10, tarde Reunião com empresários e imprensa


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O cristianismo e a esperança que se renova pela eleição de um novo Papa Na minha infância, às vezes ouvia alguém dizer: “isto é coisa de católico”. Outras vezes ouvia alguém dizer “isto é coisa de protestante”. Mais tarde entendi que estas palavras tinham uma carga negativa. Porém, este “estranhamento” não interferia em nada na vida da comunidade, pois as pessoas se visitavam, conviviam nas festas, ajudavam-se. Até mesmo uma pequena igreja era usada por luteranos e por católicos. Com esta experiência, aprendi que certas heranças do passado não podem nos separar diante dos desaÀos da vida comum. Na época da minha catequese conheci algumas diferenças entre católicos e protestantes, especialmente sobre os santos e a Virgem Maria. Aparentemente, estas diferenças impunham um juízo sobre a Igreja Católica. No entanto, ao descobrir que ambas as igrejas tinham o foco em Cristo, tais assuntos perderam em importância. Com isso compreendi que quando nos atemos às diferenças e esquecemos as semelhanças caímos, facilmente, no antagonismo, fechando-nos sobre nós mesmos, esquecendo que estamos todos ligados à mesma grande causa. Na universidade encontrei-me com pessoas das mais diversas igrejas e religiões e, juntos, discutíamos as questões da sociedade e trabalhávamos em prol da mesma. Anos mais tarde, já estando em trabalho pastoral, com padres e outras lideranças católicas, trabalhamos juntos, lutando contra os problemas da área social e do meio ambiente; lutando pela ética na política, pela saúde pública e no combate à pobreza. Sabíamos das nossas diferenças religiosas, mas isso não nos distanciou da cooperação e da convivência fraterna. Temos desaÀos comuns que estão acima das nossas crenças.

Por Àm, nos tempos de capelão universitário em instituição de orientação luterana, tive como maior colaborador na pastoral universitária, um professor católico. Fomos amigos e parceiros em não medir esforços para a evangelização. No mesmo campus, o coordenador do curso de Odontologia, devoto de Santa Apolônia (padroeira dos dentistas), foi o coordenador de maior parceria em projetos de espiritualização e humanização para com a comunidade acadêmica. Agora, com a eleição do Papa Francisco, levando em conta suas primeiras aÀrmações como Papa, teço algumas impressões, expectativas e desejos quanto aos rumos do Cristianismo, da igreja católica e do relacionamento ecumênico. Este Papa é jesuíta. Se perdurasse a visão de outros tempos, não seria muito simpático para um protestante. A ordem jesuíta foi fundada justamente para fazer frente à Reforma religiosa do século XVI. Antecipou-se ao protestantismo na evangelização do Novo Mundo. Mas estamos em outros tempos, então esse espírito “guerreiro” de um jesuíta, direcionado para um novo ímpeto de conquistar para Cristo, será bom para a Igreja Católica e bom para toda a igreja cristã, visto que estamos diante de um ambiente de secularização e descristianização. Todo cristão, comprometido com o reino de Deus, estima que aconteça esta revitalização para conquistar para Cristo. O Papa adotou o perÀl ou ideal franciscano – algo relevante para uma igreja menos burocrática e mais espontânea, simples, “pé no chão”. Aqui a esperança se renova para todos os que tem um compromisso com os mais pobres e necessitados do mundo. Que bons sinais deu Francisco, de que deseja uma igreja que alcance sempre mais e me-


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lhor os esquecidos, os mais fragilizados. Esta luta por um mundo melhor aproxima crentes e não crentes! O Papa Francisco declarou que, se não confessar a Cristo, a igreja será apenas uma ONG piedosa. Nos alegra ver ressaltada a centralidade em Cristo. É nisso que toda a igreja cristã se fundamenta! E Cristo no centro é o ponto de convergência para a melhor aproximação e cooperação entre os cristãos. Na medida em que somos lembrados de que somos do mesmo corpo espiritual em Jesus Cristo, outros pontos de divergência tornam-se de menor importância. Quanto ao diálogo ecumênico e do diálogo com outras religiões, entendo que o Papa é um homem de vocação especial para servir no reino de Deus e lidera a instituição de maior tradição cristã. As demais igrejas cristãs tem o seu governo próprio e, igualmente, servem ao reino de Deus. Elas não são irmãos menores que precisam ser levados de volta para serem uma só instituição eclesial. O unionismo – união externa da igreja não é necessário, nem possível. Parece-me que o Papa já adotou esta postura de diálogo com outras denominações cristãs, dando sinais de respeito à identidade de cada uma e reconhecendo seu valor para o Reino de Deus. A eleição de um novo Papa renova a esperança! Sim! É um alento, um sopro do Espírito; é demonstração de que a obra do reino de Deus continua. De que o cristianismo está vivo e ativo. Há muitas forças e muitos inimigos carnais e espirituais que querem ver a igreja católica e todo o cristianismo enfraquecido e até destruído. Então cada passo que dá sequência à história de vida e à obra de uma instituição que prega o evangelho é uma vitória que tem que ser celebrada por todos os cristãos. A eleição de um novo Papa sempre renova a esperança em relação a mudanças, melhorias. No entanto, a igreja católica e toda a igreja cristã, representada pelas diferentes instituições, sempre

será uma igreja militante. Nunca chegaremos a uma igreja perfeita e a um papa perfeito. Permaneceremos como igreja santa e pecadora. Mas é muito importante a determinação de buscar santidade! Enquanto participante da igreja cristã, não tenho como não querer o melhor para o Papa Francisco e para toda a igreja católica. Também atendo o pedido de oração em seu favor. Não há como não orar em favor de um homem e de uma instituição que quer que Jesus seja anunciado no mundo, e quer atuar para estabelecer uma sociedade digna, justa e fraterna; uma sociedade pautada no amor (caridade) para com o ser humano e para com toda a criação divina. Pequenas diferenças não me fazem desviar o olhar; antes, o foco no essencial me faz olhar na mesma direção. E com minha identidade espiritual e institucional respeitada, posso e devo caminhar junto na evangelização do mundo para Cristo e na construção do bem-estar da humanidade. Assim, estamos juntos para levar Cristo para todos; estamos juntos em favor da vida, em oposição ao aborto, juntos em defesa do casamento entre homem e mulher, juntos em fazer da igreja cristã uma instituição de credibilidade. Estamos juntos na luta contra o materialismo e o relativismo ético que destitui o Criador. Estamos juntos nas frentes de batalha contra os inimigos do reino. Estamos juntos para trabalhar pela boa ordem e conservação da nossa casa comum que é o planeta Terra. Estamos juntos pelo reino de Deus! Desejo a bênção sobre Francisco e toda a Igreja Católica.

Eliseu Teichmann, é pastor luterano Comunidade Evangélica Luterana Cristo Porto Alegre/RS www.comcristo.org.br


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Papa critica especulação financeira: “criamos novos ídolos” Em seu primeiro pronunciamento em matéria econômica e Ànanceira, o Papa Francisco criticou a especulação Ànanceira e a idolatria do dinheiro. Para o Papa, “o dinheiro deve servir, não governar”. Falando a embaixadores, no palácio Apostólico do Vaticano, por ocasião da apresentação de suas credenciais, no dia 16-05-2013, o Papa Francisco citou os progressos registrados em vários âmbitos, mas lamentou que a maior parte da população do planeta continue a viver “numa precariedade quotidiana com consequências funestas”. Muitos vivem no medo no desespero e os pobres lutam para viver, muitas vezes, “para viver com pouca dignidade”. Uma das causas desta situação, na opinião do Papa, está na “relação que temos com o dinheiro, ao aceitarmos o seu domínio sobre nós e sobre nossas sociedades”. A crise Ànanceira, que atravessamos, tem raiz antropológica: “a negação da primazia do homem. Criamos novos ídolos”. A adoração do novo bezerro de ouro (cf. Ex 32,15-34) projeta “uma nova e impiedosa imagem do fetichismo do dinheiro e da ditadura da economia sem rosto nem objetivo realmente humano”. Esta deformação “reduz o homem a uma única exigência: o consumismo”, um bem de consumo que se pode usar e em seguida descartar. A solidariedade, tesouro dos pobres, é considerada “contraproducente, contrária à racionalidade Ànanceira e econômica”, aÀrma o Papa Francisco. Enquanto a renda de uma minoria aumenta exponencialmente, a da maioria enfraquece. Esse desequilíbrio tem origem em ideologias que “promovem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação Ànanceira”, opondo-se a quaisquer controles por parte dos Estados, instalando “uma nova tirania invisível, às vezes virtual”, que impõe suas leis e suas regras. A isto se acrescenta o endividamento público,

a corrupção e a evasão Àscal egoista, que assumem dimensões mundiais. Atrás dessas atitudes “oculta-se a rejeição da ética, a rejeição de Deus”. A ética incomoda, porque relativiza o dinheiro, o poder e a manipulação das pessoas. Deus é considerado como incontrolável e até perigoso, porque induz o homem a sua plena realização e a opor-se a qualquer escravidão. A ética permite ”criar um equilíbrio e uma ordem social mais humanos”. A reforma Ànanceira, salutar para todos, exige uma “corajosa mudança de atitude dos dirigentes políticos”. “O Papa ama todos, ricos e pobres”, mas recorda aos ricos “seu dever de ajudar o pobre, respeitá-lo, promovê-lo”. Exorta os governantes a estarem a serviço do bem comum de suas populações e os dirigentes do mundo das Ànanças a “levarem em consideração a ética e a solidariedade”. Conclama todos a promoverem uma ética do bem comum, não como simples acréscimo, mas como meio para criar “uma nova mentalidade política e econômica, a Àm de contribuir para transformar a dicotomia absoluta entre a esfera econômica e a social em uma sã convivência”. Termina sugerindo que os dirigentes do mundo Ànanceiro “se dirijam a Deus para inspirar seus desígnios.” (Nota preparada por Martinho Lenz, SJ).

CONSTRUTORA PELOTENSE LTDA. Comprometimento com o desenvolvimento social, respeitando e valorizando o ser humano.


Espaço Fique por dentro

FAS 2013 Diferentemente dos anos anteriores, em 2013 o Fórum ADCE para Sustentabilidade (FAS) ocorrerá no segundo semestre. As datas do evento já estão marcadas: será na terça-feira, 8 de outubro e na quarta-feira, 9 de outubro, durante os dias inteiros. Agende-se e acompanhe as novidades da terceira edição do fórum!

Da posse para o FAS O FAS acontecerá na mesma semana em que estão agendadas as reuniões da Uniapac Latino-Americana e Uniapac Internacional, em São Paulo. Nessa ocasião, ocorrerão também as posses dos novos presidentes das respectivas unidades da Uniapac. Dessa forma, diversos empresários, de todo o mundo, filiados à entidade, terão maior facilidade para comparecer ao FAS, em Porto Alegre. Assim, muitos empresários já se programaram para prestigiar tanto o evento de São Paulo, como o do Rio Grande do Sul. As atividades da Uniapac em São Paulo acontecerão nos dias 5, 6 e 7 de outubro, desde sábado até segunda-feira. Saiba mais na reportagem de abertura dessa revista.

Gente que FAS

Para melhorar as condições na cidade Em São Paulo, um grupo de jovens colocou em prática, há três meses, uma iniciativa voltada à sustentabilidade urbana. É oGangorra, um ambiente de coworking que reúne iniciativas voltadas a melhorar as condições de vida e convivência na capital paulista. Trata-se de um espaço voltado a alugar estações de trabalho para pessoas, grupos e empresas. No entanto, oGangorra é um coworking diferente, por ser temático. “Todas as iniciativas têm ligação com boas práticas. Arte, cultura, cinema, mobilidade urbana, mas tudo ligado a repensar a cidade. Em geral, são iniciativas focadas em repensar São Paulo”, explica Aline Cavalcante, umas das sócias.

Como funciona A ideia inicial do projeto era reunir ações voltadas à mobilidade urbana. Não por acaso, no primeiro andar da casa onde está sediado oGangorra, funciona o bar e bicicletaria Las Magrelas, mas os dois negócios são independentes um do outro. O conceito foi desenvolvido e abrigou outras vertentes da busca da qualidade de vida na cidade. “Temos muitas iniciativas em São Paulo que já acontecem, mas estavam atuando separadamente. Então fomos atrás dessas pessoas, para trazê-las para trabalharem daqui”, explica Aline. “Ainda tem bancada, quisemos deixar um espaço em aberto para novas atividades”, acrescenta.

SE BIB TEM DIV ’S TEM ERS ÃO SUA LÍNGU

NUNCA S A DIVERTIUE TANTO


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Laura Sobenes

Depois que oGangorra foi inaugurado, outras pessoas e grupos aderiram ao projeto. Novos participantes passam por uma conversa. O grupo quer garantir que todas as iniciativas estejam realmente ligadas ao objetivo central do espaço. O local disponibiliza também uma bancada diária. Para essa bancada não há seleção. “Já fizemos diversas atividades: encontros literários, oficinas de jardinagem... Em três meses conseguimos movimentar muitas pessoas e passar conhecimento”, conta Aline.

Laura Sobenes

Acima: local onde está a sede d’oGangorra; no meio: elaboração de horta no sofá; abaixo: oÀcina da plantação em caixotes

oGangorra

Aline Cavalcante

Segunda a Sexta-feira, das 9h às 21h Mourato Coelho, 1344, Vila Madalena, São Paulo/SP www.ogangorra.com.br

8x sem entrada e sem acréscimo*. *8x somente no Cartão Ughini.



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