Doencas geneticas humanas (e book, 2018)

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Matemática e Ciências Experimentais

Biologia – 12º ano

Doenças Genéticas Humanas Carlos Olim (organizador)

2018


Escola Secundária de Carcavelos

Doenças Genéticas Humanas Carlos Olim (professor da disciplina e organizador) Usar este modelo como base para editar o artigo. Substituir o texto sem alterar a formatação. Não pagar esta linha!

Existem ainda doenças genéticas multifatoriais, poligénicas ou complexas, em que vários genes interagem entre si ou sofrem interferências do meio ou seja, de fatores ambientais.

Introdução Os genes são unidades hereditárias que contêm a informação para a produção das substâncias bioquímicas específicas na célula. Determinam a nossa constituição biológica. São eles que controlam o nosso crescimento e aparência. Também condicionam a nossa resistência a certas doenças assim como podem causar predisposição para outras – as chamadas doenças genéticas.

Figura 2. Contribuição do ambiente e de fatores genéticos em algumas doenças.

Na espécie humana há vários genes que apresentam duas ou mais formas alternativas (alelos). As variações provocadas pelos diferentes alelos podem ser relativamente inócuas, não constituindo nem uma vantagem nem uma desvantagem para os indivíduos. Porém, em muitos casos, um alelo de um gene está na origem de uma doença genética ou de uma malformação no desenvolvimento.

Noutras situações as desordens podem resultar de um erro na formação dos gâmetas ou na mitose após fecundação. São anomalias cromossómicas, com graves alterações do ADN, afetando vários genes. Estas mutações podem ser numéricas ou estruturais. Há até casos de mosaicismo, em que um indivíduo apresenta anomalia apenas em parte das suas células.

Julga‐se que factores genéticos são responsáveis por 25% das doenças. Apesar de ser um número considerável, muitas das anomalias genéticas em tempos tidas como incuráveis são hoje controláveis ou tratáveis com sucesso, desde que diagnosticadas numa fase precoce.

Doenças genéticas As desordens genéticas podem ser herdadas dos progenitores através de um só gene. Neste caso são denominadas de monogénicas ou mendelianas. Existe um gene mutante que causa a doença, tendo expressão diferente conforme seja recessivo ou dominante, autossómico ou heterossómico ou do DNA mitocondrial*. Podem haver diferentes mutações no mesmo gene, com níveis variáveis de patologia.

Figura 2. Cariótipo humano com uma anomalia cromossómica (translocação recíproca 9-14).

Referências Lobo, D. e Aguiar, C. (2012). Doenças Genéticas Humanas: Dossiê do estudante. Casa das Ciências. https://issuu.com/casadasciencias/docs/doenc__ as_gene__ticas (2018-01-03).

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Biologia , 12º ano ... 2015-2018

Diagnóstico Laboratorial das Doenças Hereditárias do Metabolismo: A bioquímica genética em ação M. do Rosário Rodrigues Lab. Bioquímica Genética/Endocrinologia Especial, Patologia Clínica, Hospital de D. Estefânia, CHLC- Lisboa. rosario.rodrigues@chlc.min-saude.pt

O diagnóstico precoce e atempado destas doenças hereditárias, reveste-se de uma grande importância, uma vez que após a sua identificação e caracterização, pode recorrer-se a uma rápida instituição de medidas terapêuticas e dietas, que evitam sequelas e promovem uma boa qualidade de vida.

Resumo da Palestra (Apresentada na Escola Secundária de Carcavelos, no dia 12 de abril de 2018). As Doenças Hereditárias do Metabolismo (DHM) ou doenças metabólicas, são doenças genéticas, desencadeadas por deficiências enzimáticas em vias metabólicas específicas, tendo como consequência a acumulação de substratos que se tornam tóxicos para o organismo. Transmitidas na sua quase totalidade, de modo autossómico recessivo, estas são individualmente doenças raras, mas no seu conjunto (mais de 700) atingem pelo menos 1 em cada 500/1000 nascimentos.

Estas doenças podem revelar-se a qualquer idade, desde in útero, passando pelo período neonatal, ou mais comummente no primeiro ano de vida, assim como, podem apenas manifestarse na adolescência, ou mesmo na vida adulta. Quando se trabalha num laboratório de bioquímica genética, do ponto de vista científico, a aprendizagem é imensa, e a necessidade constante de atualização impulsiona no sentido de uma contínua procura do conhecimento e formação específica na área assistencial e de investigação.

Grande parte dos diagnósticos das DHM faz-se através de complexas análises bioquímicas dos compostos, com deteção de quantidades anormais de metabolitos, provenientes de vias alternativas à reação enzimática. Pode também, recorrer-se directamente ao diagnóstico enzimático através da avaliação da atividade residual da enzima, numa linha celular em que esta seja expressa. No entanto, sempre que a enzima tem uma expressão específica, como seja o fígado, músculo, ou cérebro, para a confirmação do diagnóstico bioquímico, ou em alguns diagnósticos pré-natais (DPN), recorre-se à caracterização molecular e ao estudo de expressão proteica.

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Modelo e orientações de trabalho Carlos Olim (12º A, B e C – 2017/18) Usar este modelo como base para editar o artigo. Substituir o texto sem alterar a formatação. Não pagar esta linha!

Outras fontes pesquisadas e selecionadas pelos alunos, específicas de cada doença.

Tema do trabalho Proposta: Cada grupo deve propor três temas à apreciação do professor (que escolherá um), via e-mail, de acordo com o critério seguinte.

Métodos de trabalho Pesquisa, análise e seleção de informação.

- Doença de origem génica/cromossómica, diferente, na sua etiologia genética, das doenças estudadas em aula e/ou explicadas no manual.

Trabalho cooperativo e colaborativo.

O prazo e a adequação das propostas constitui o primeiro elemento de avaliação do trabalho. Caso nenhum tema seja proposto (ou adequado), o professor designará o tema a tratar pelo grupo.

Conteúdo científico Os autores são responsáveis pelo conteúdo e sua organização (subtítulos, ordenação, imagens, ...).

Figura 1. Trabalho cooperativo: Divisão de tarefas, acompanhamento e colaboração contínuas e desenvolvimento conjunto do produto final.

P. ex.: Patologia (caracterização geral da doença, sintomas...); História (descoberta, investigação); Etiologia genética (causa/s, hereditariedade...); Diagnóstico, tratamento, expetativas de vida, ...

Normas gerais Tamanho: Duas páginas A4 (com tudo incluído). Formato: Word (*.doc ou *.docx ou *.rtf).

Não deve ser “copiada e colada” terminologia técnico-científica não estudada. Quando se justifique o seu uso, a mesma deve ser traduzida ou explicada de uma forma compreensível, mas cientificamente adequada.

Enviar para: carlosolim@gmail.com Prazo limite: 9 de fevereiro de 2018 (desconto de 5% na classificação por cada dia de atraso, até ao limite máximo de 7 dias).

Recursos

Formatação da página

Genetic and Rare Diseases Information Center. https://rarediseases.info.nih.gov/

Margens: 2cm (em todas).

Orphanet - The portal for rare diseases... http://www.orpha.net/consor/cgi-bin/index.php

Título e autores a 1 coluna, com linha horizontal inferior e superior (limite inferior e superior) negra, espessura 1pt (como no título acima).

Instituto Nacional de Saúde - Doenças Genéticas. http://www.insa.pt/sites/INSA/Portugues/AreasC ientificas/Genetica/AreasTrabalho/DoencasGenet icas/Paginas/inicial.aspx

Subtítulos, texto e imagens a 2 colunas (no menu “Esquema de Página” selecionar as opções “Colunas” / “Duas”) sem linha vertical ao meio. (como neste texto). 4


Biologia , 12º ano ... 2015-2018

Tipos de Letra

Referências

Título: Calibri 20 negrito (bold).

(obrigatoriamente o último subtítulo do artigo. Lista com as fontes da informação e das imagens usadas, por ordem alfabética. Ver e respeitar as normas/exemplos seguintes)

Nome dos autores: Calibri 14 negrito – primeiro e último nome de cada autor, separados por ponto e vírgula, por baixo do título (como acima).

Apelido do autor, Nome. (Data). Título do Livro. Local de edição: Editora

Subtítulos: Calibri 14 negrito. Texto principal: Calibri 11.

Apelido1, Nome1; Apelido2, Nome2. (Data). Título do Artigo. Nome da revista/jornal, Nº, pág.

Espaçamento

Instituição. (data). Título do Artigo/Site. http://www.endereço.na.web (data de consulta).

Entre linhas: Múltiplo 1,2 (em todo o artigo). Entre parágrafos: (depois): 6 pt.

Exemplo: (consultar o link para mais informação)

Antes de cada título (antes): 12 pt (Ctrl+0).

Universidade Aberta. (s.d.). Regras de Apresentação de Bibliografia. https://www2.uab.pt/guiain formativo/docs/lcs_regras_biblio_estagio.pdf

Parágrafos sem espaço inicial (sem tabulação). Título e autores: Parágrafos centrados (Ctrl+E). Texto em geral: Parágrafos ajustados a ambas as margens (Justificar; Ctrl+J).

Imagens Moldar: em linha com o texto (imagem = coluna) ou com a legenda à direita (imagem < ½ coluna). Moldura (contorno): preta a ½ pt (ver exemplo). Numeração e Legenda: Calibri 10 (ver exemplo).

Figura 2. O que é empatia? É compreender os outros colocando-se mentalmente na posição deles.

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Alcaptonúria Jorge Thomaz; José Costa; Pedro Duque (12º B – 2017/18) está nos cromossomas sexuais, e recessiva, como tal ambos os pais podem ser portadores do gene HGO, não manifestada clinicamente, no entanto se ambos os progenitores, sendo portadores, transmitirem um alelo do gene ao seu descendente, ele terá alcaptonúria.

Patologia Alcaptonúria, é uma doença de origem génica ou cromossómica rara que afeta o metabolismo da fenilalanina e tirosina, acabando por conduzir urina de cor escura, ocronose (pigmentação do tecido conjuntivo) e artrose degenerativa das articulações.

Manifestações A Alcaptonúria manifesta-se das seguintes maneiras, urina escura devido á acumulação de grandes quantidades de ácido homogentísico na urina que após entrar em contacto com o ar acaba por se oxidar e tornar-se escura.

Figura 1. Cariótipo com anomalias cromossómicas.

Etiologia genética Como já referido, a alcaptonúria afeta o metabolismo da fenilalanina e tirosina. Isto ocorre devido a uma mutação génica que acaba por causar uma deficiência na enzima dioxigenase do homogentisato (HGD), o que leva à acumulação do ácido homogentísico no sangue e na urina.

Figura 2. Urina escura

Ocronose (pigmentação escura do tecido conjuntivo) devido a depositar-se grande quantidade de ácido homogentísico neste tecido, o que acaba por tornar algumas partes do corpo escuras, como os olhos, mãos e orelhas.

Devido a esta acumulação acaba por se manifestar a urina de cor escura, ocronose (pigmentação do tecido conjuntivo) e artrose degenerativa das articulações. A deficiência na enzima HGD ocorre devido a mutações no gene que codifica a proteína enzimática, o gene HGO A Alcaptonúria transmite-se de forma autossómica recessiva hereditária, ou seja, não

Figura 3. Ocronose

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A acumulação de ácido homogentísico pode também causar artrose degenerativa das articulações, isto quando depositado nas articulações. Quando depositado no aparelho respiratório causa uma leve obstrução, pelo menos no inicio, podendo com o tempo evoluir para uma obstrução pulmonar grave. Depositando-se no aparelho génito-urinário causa obstruções, na próstata principalmente e nos rins.

Referências GARD (s.d.). Alcaptonúria. https://rarediseases.info.nih.gov/diseases/5775/ alcaptonuria (09/02/2018). TuaSaúde (s.d.). Alcaptonúria. https://www.tuasaude.com/alcaptonuria/ (09/02/2018). ___ (s.d.). Erros inatos do metabolismo - Genética – Biologia. Youtube https://www.youtube.com/watch?v=CavFBfJcR0k (09/02/2018).

Figura 4. Artrose degenerativa das articulações

Tratamento Não existe tratamento para a alcaptonúria, no entanto existe maneiras de amenizar as manifestações da mesma, tais como uma dieta com baixas quantidades de fenilalanina e tirosina e grandes quantidades de acido ascórbico, mais conhecido com vitamina C. Este tratamento temse mostrado eficaz na redução da acumulação de pigmentos escuros na cartilagem e no desenvolvimento de artrose.

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Epidermodisplasia Verruciforme João Santos; Nicoleta Curciuc (12ºC – 2017/18) sistema imune do paciente reconheça e rejeite os HPV. A causa da condição é uma mutação de PH inativante nos genes EVER1 ou EVER2(genes que codificam a mesma proteína), que estão localizados no mesmo locus no cromossoma 17. Estes genes desempenham um papel importante na regulação da distribuição de zinco nos núcleos celulares. O zinco é um cofator necessário para muitas proteínas virais, mas a atividade do complexo EVER1 / EVER2 parece restringir o acesso das proteínas virais aos recetores de zinco celular, limitando o seu crescimento.

Introdução A Epidermodisplasia Verruciforme (EV) é uma genodermatose rara, descrita por Lewandowski e Lutz em 1922. Os pacientes portadores de EV apresentam suscetibilidade para infeções causadas por certos tipos de papiloma vírus humano (HPV), alguns com capacidade oncogénica. Este vírus é frequente nos humanos e transmissível sexualmente, provocando lesões chamadas papilomas , como as verrugas. A enfermidade inicia-se usualmente na infância, entre os 5 e os 11 anos de idade . Após a terceira década de vida, cerca de 30 a 50% dos doentes podem desenvolver câncer da pele, frequentemente múltiplos e preferencialmente nas áreas de intensa exposição solar. Os doentes desenvolvem infecção disseminada e de longa duração pelo HPV, a qual tardiamente pode desencadear distúrbios na imunidade celular.

Outros genes também raramente foram associados a esta condição. Estes incluem o membro da família de genes homólogos H.

Figura 2. Cromossoma 17, o que possui os genes onde ocorre a mutação e o aparecimento da doença.

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Sintomas

Figura 1. Epidermodisplasia Verruciforme

Os sintomas podem surgir em qualquer idade, inclusive na infância. Na maioria dos casos os sintomas tendem a aparecer entre as idades de 5 a 11 anos noutros só se verifica o aparecimento dos primeiros sintomas durante a puberdade.

Genética É uma doença que consiste numa desordem genética rara, que apresenta carácter autossómico recessivo ligado ao cromossoma X. A persistência da infecção pelo HPV é resultado de um defeito imunogenético que determina a geração de várias citocinas que impedem que o 8


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Os sintomas tendem a evoluir e a piorar consoante o tempo, contudo podem aparecer sob a seguinte forma de:

desenvolver-se no pescoço, braços, axilas, palmas das mãos, tronco, pernas, pés e genitais externos.

Tratamentos disponíveis

Verrugas planas

A EV não tem cura, então os tratamentos servem somente para aliviar os sintomas. Embora as cirurgias para a remoção das lesões possam ser bem-sucedidas, será sempre apenas uma solução temporária, pois as lesões podem voltar a desenvolver-se de novo levando anos. Uma opção cirúrgica disponível é curetagem. Envolve o uso de um dispositivo em forma de colher chamado de cureta. A cureta é usada para raspar cuidadosamente uma lesão, tendo como objetivo preservar toda a pele saudável debaixo e ao redor da lesão possível.

As verrugas planas são lesões levemente elevadas, da cor da pele ou pigmentadas (acastanhadas, levemente amareladas), com superfície plana, lisa ou ligeiramente ásperas. A face e o dorso das mãos são as localizações mais comuns nas orelhas são menos comuns. A quantidade de verrugas varia consoante nos casos. Os tipos de HPV mais detetados nas lesões de verrugas planas são o HPV 3 e o HPV 10. Pápulas

Pápula é um tipo de lesão que acontece na pele, normalmente menor que um centímetro de diâmetro, e é caracterizada por mudanças na cor e na textura da pele. Frequentemente elas podem se agrupar e gerar uma erupção cutânea. Elas também podem estar associados com características secundárias, como crostas ou escamas.

As EV pode ser tratada como outros tipos de verrugas virais. Tratamentos esse que poder ser: • • •

Químicos à base de nitrogênio líquido. Pomadas tópicas como verrugon que contêm ácido salicílico. Crioterapia, na qual a verruga é destruída congelando-a.

Verrugas elevadas

Referências

As verrugas elevadas são um tipo de lesão que sobressai sobre a pele, as elevações variam de tamanho, tendem a crescer até um tamanho elevado e mais tarde secam tornando o seu aspeto semelhante à casca da árvore.Muitas dessas lesões assumem a aparência de cascas de árvores ou raízes de árvores. Por isso, é às vezes referido como "doença do homem-árvore" ou "síndrome do homem-árvore".

https://www.healthline.com/health/epidermody splasia-verruciformis#symptoms https://www.infoescola.com/doencas/epidermo displasia-verruciforme/ http://www.clinicafelipemeletti.com.br/doencasde-pele-cabelo-e-unhas/verrugas/ http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex t&pid=S0365-05962011000700014 https://en.wikipedia.org/wiki/Chromosome_17_( human)

Grades manchas

As grandes manchas são um tipo de lesão que se apresenta sob a forma de grandes manchas avermelhadas e inflamadas. Tendem a

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Complexo Esclerose Tuberosa Beatriz Costa; Inês Oliveira; Julia Best (12º C – 2017/18) indivíduos diagnosticados com a doença. Até agora, foi mapeado para dois loci genéticos, TSC1 e TSC2. O TSC1 que codifica a proteína hamartina está localizado no cromossoma 9; e o TSC2 que codifica a proteína tuberina está localizado no cromossoma 16.

Introdução A Esclerose Tuberosa é uma doença genética rara caracterizada pela produção de tumores benignos que se desenvolvem em várias partes do corpo.

História A Esclerose Tuberosa, do latim tuber (inchaço) e o do grego skleros (duro) foi descrita por Bourneville em 1880, ao observar cérebros de pacientes. Em sua homenagem esta doença é muitas vezes referida como Doença de Bourneville. Posteriormente com o avanço da tecnologia foi possível descobrir outras manifestações desta doença para além do cérebro, passando a ser designada pela comunidade científica pelo nome de Complexo Esclerose Tuberosa.

Figura 1. Localização dos genes TSC1 e TSC2 respetivamente no cromossoma 9 e 16.

Estas proteínas inibem indiretamente o mTOR (que é um regulador central do metabolismo celular, do crescimento, da proliferação e da sobrevivência celular). Em excesso, o mTOR causa uma atividade desproporcional de ácido glutâmico, inibindo assim a plasticidade sináptica.

Patologia A Esclerose Tuberosa é uma doença autossómica dominante hereditária resultante de uma mutação no complexo dos genes TSC1 e TSC2. Estes genes codificam proteínas responsáveis pelo controlo da produção de células cancerígenas. Quando estas proteínas sofrem mutações, o seu processo regulador fica inativo permitindo então que as células se proliferem descontroladamente, criando assim tumores benignos.

As mutações cromossómicas que afetam ambos os genes representam 2% dos indivíduos com Esclerose Tuberosa que também desenvolvem doença renal policística na infância. A mutação presente no gene TSC2 tem sido associado a uma forma mais grave da doença. No entanto, a diferença é súbtil e não pode ser usada para identificar a mutação clinicamente. As estimativas da proporção da doença causada pela mutação presente no gene TSC2 variam entre 55% e 90%.

Etiologia

Os genes TSC1 e TSC2 são supressores de tumores. Ou seja, uma segunda mutação aleatória deve ocorrer antes que um tumor se possa desenvolver. Isso explica o porquê de, apesar da sua alta proporção de indivíduos com

Esclerose Tuberosa é de carácter hereditário, no entanto, dois terços dos casos resultam de mutações genéticas esporádicas. Os testes genéticos atuais têm dificuldade em localizar a mutação em cerca de 20% dos 10


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mutação que apresentam sintomas clínicos, a Esclerose Tuberosa ter ampla expressividade.

Esclerose Tuberosa pode criar fibroses na gengiva dos dentes.

A expressividade é variável devido ao mosaicismo, que ocorre quando um indivíduo apresenta dois materiais genéticos distintos, devido à mutação no número de cromossomas nas células do organismo. O mosaicismo pode ter linhagem germinativa ou somática. O mosaicismo somático ocorre na minoria dos pacientes com esta doença e tende a ser associado a um fenótipo menos expressivo. As mutações presentes são difíceis de detectar e o mosaicismo somático explica alguns mas não todos os casos em que as mutações não conseguem ser identificadas. O mosaicismo germinativo, que afeta só os gâmetas, é também um fenómeno aceitável.

Figura 2. Adenoma Sebáceo

Tratamento Esta doença ainda não tem cura, porém, através de medicação ou intervenção cirúrgica é possível atenuar os sintomas. Além destas técnicas, já foram utilizadas diferentes terapias que mostraram resultados positivos, tais como: Homeopatia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

Sintomas A Esclerose Tuberosa é regularmente detetada na infância, porém em casos em que os sinais e sintomas sejam praticamente impercetíveis podem não ser diagnosticados até à idade adulta ou chegam mesmo a nunca serem descobertos. No entanto algumas pessoas afetadas podem experienciar deficiências graves, podendo assim afetar qualquer região do corpo. Os órgãos mais afetados são o cérebro, o coração, a pele, os rins, os pulmões, os olhos e os dentes.

Bibliografia American Journal of Human Genetics. (1999). High Rate of Mosaicism in Tuberous Sclerosis Complex/Site.https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc /articles/PMC1377905/pdf/10330349.pdf (07-022018). European Journal of Human Genetics (2006). Tuberous sclerosis/Site. https://www.nature.com/articles/5201625.pdf (08-02-2018).

No cérebro formam-se nódulos sendo muitas vezes associados a convulsões e podem criar deficiências cognitivas. Os pacientes afetados no coração pela doença encontram-se maioritariamente nas faixas etárias baixas. Na pele, a formação excessiva de tecido forma adenomas sebáceos aparecendo mais regularmente no fim da infância e no início da adolescência. Nos rins podem ocorrer vários tipos de lesões. O crescimento incontrolado de células nos olhos aparece como manchas brancas e nem sempre interferem com a visão. Por fim a

Mayoclinic. (2017). Tuberous Sclerosis/Site. https://www.mayoclinic.org/diseasesconditions/tuberous-sclerosis/symptomscauses/syc-20365969 (30-01-2018). Medscape. (2017). Tuberous Sclerosis/Site. https://emedicine.medscape.com/article/117771 1-overview (30-01-2018).

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Fenilcetonúria Fabiana Clérigo; Maria Ana Henriques (12º A – 2017/18) compostos que são eliminados pela urina. Outra consequência desta doença é a falta de tirosina, aminoácido muito importante como percursor de neurotransmissores (mensageiros químicos libertados pelos neurónios para que estes comuniquem entre si).

Introdução A fenilcetonúria (PKU) é uma das doenças genéticas de história mais emblemática. Decorrente da combinação de duas entre as mais de 500 diferentes mutações já identificadas no gene responsável pela doença, a PKU é uma entre as mais de 300 doenças hereditárias que causam distúrbios celulares e é, clinicamente, a de maior prevalência entre os erros inatos do metabolismo de aminoácidos. Se não tratada precocemente, pode provocar atraso mental irreversível, razão pela qual o diagnóstico precoce, logo após o nascimento, é essencial para o sucesso do tratamento.

Existem 3 variantes desta doença: a PKU clássica (a mais grave; a atividade da enzima PAH é quase nula, ou seja, < 1% e, consequentemente, os níveis plasmáticos de fenilalanina encontram-se > de 20mg/dL), a PKU leve (a atividade da enzima é de 1 a 3% e os níveis plasmáticos estão entre 10 a 20mg/dL) e a hiperfenilalaninemia transitória ou permanente (a mais branda, a atividade enzimática é superior a 3% e os níveis plasmáticos estão entre 4 e 10mg/dL).

História Em 1934, Ivar Asbjørn Følling descreveu a fenilcetonúria através de exames a dois irmãos que apresentavam ácido pirúvico na urina. Alexander Bicker descobre, em 1937, que a fenilalanina hidroxilase é a enzima deficiente na oxidação da fenilalanina, demonstrando isso no tecido hepático de um paciente fenilcetonúrico. Tempos depois, Bickel descobre também que uma dieta pobre neste aminoácido baixa o seu nível no sangue e tratado precocemente com essa dieta evitaria atraso mental. Em 1967, Woody Guthrie desenvolveu um teste laboratorial simples de rastreio do nível de fenilalanina plasmática. Na década de 70, a PKU materna foi bastante estudada, pois era uma situação importante. Em 1980, foi descoberto que o gene para a deficiência da enzima fenilalanina está presente no cromossoma 12. A partir de 1990, foram dados avanços na compreensão molecular da PKU, possibilitando o desenvolvimento de novas terapêuticas.

Figura 1. Teste do pezinho

A fenilcetonúria é causada pela ausência ou diminuição da atividade de uma enzima do fígado, que transforma a fenilalanina (aminoácido presente nas proteínas) em outro aminoácido, a tirosina. A fenilalanina tem a sua própria via metabólica, pela qual forma um aminoácido muito semelhante (a tirosina) graças à ação de uma enzima, a fenilalanina hidroxilase (PAH). Quando existe um erro no metabolismo da fenilalanina, esta não é transformada em tirosina por falta da enzima que intervém nesta reação. Isto conduz a uma acumulação (transformandose em ácido fenilpirúvico) desta no sangue, na urina, tecidos e cérebro. Para além de fenilalanina, acumulam-se também fenilcetonas, 12


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Etiologia genética A fenilcetonúria é uma doença hereditária autossómica recessiva.

Tratamento genética

Após diagnosticada a PKU, inicia-se o tratamento preferencialmente até aos primeiros 21 dias de vida, o qual é essencialmente paliativo e perdura por toda a vida. O recém-nascido é submetido a uma dieta com teor controlado de fenilalanina, a fim de reduzir os níveis plasmáticos para uma concentração próxima à normal. O aleitamento materno deverá ser suspenso ou reduzido, dependendo dos casos. A dieta tem por base uma fórmula láctea de concentração conhecida de aminoácidos, inclusive a fenilalanina, com a quantidade determinada pelos níveis sanguíneos de fenilalanina e/ou pela atividade da enzima hepática PAH, variando em cada indivíduo de acordo com a tolerância à ingestão deste aminoácido. Essa fórmula tem como finalidade manter as concentrações sanguíneas do aminoácido dentro dos limites adequados para a faixa etária. Qualquer descuido em relação à ingestão de fenilalanina pode ocasionar défices neuropsicológicos. Se não houver qualquer tratamento, a expetativa de vida é de 30 anos.

A deficiência de atividade da PAH produz-se devido a mutações (alterações estáveis e hereditárias) no gene PAH que codifica esta enzima. A PKU é transmitida pelos pais que são portadores de mutações no gene PAH, mesmo não sofrendo os efeitos da deficiência enzimática. Sendo uma doença genética autossómica recessiva, é necessário que ambos os cromossomas homólogos do par 12 apresentem a mutação, ou seja, ambos os pais apresentam a mutação, pelo menos, num dos seus cromossomas. Portanto, podem ser homozigóticos recessivos ou heterozigóticos. Crianças com fenilcetonúria, não diagnosticada e sem tratamento, somente começam a apresentar sintomas entre os 3 e 6 meses de vida. As manifestações mais frequentes são vómitos, eczemas, odor caraterístico na urina, convulsões, hiperatividade, atraso no crescimento e, por fim, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor (sorrir, sentar, ...).

Conclusão A PKU é uma doença hereditária que, não sendo tratada, pode ter graves consequências. No entanto, se for diagnosticada e tratada precocemente e se for mantido um bom controlo da dieta, as crianças que sofrem desta doença podem ter uma vida normal.

Diagonóstico O diagnóstico precoce da PKU só é possível pela realização do exame de triagem neonatal, conhecido como teste do pezinho. Este exame laboratorial é feito a partir do sangue recolhido do calcanhar do recém-nascido em papel filtro, entre o 3º e o 5º dia de vida. O exame permite obter o diagnóstico pela dosagem da quantidade de fenilalanina presente no sangue. Com isso é possível iniciar, imediatamente, o tratamento, evitando que a doença se manifeste, garantindo o crescimento e desenvolvimento normais da criança.

Referências http://www.nupad.medicina.ufmg.br/topicosem-saude/fenilcetonuria/ https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/927/2/1 2-22.pdf https://minutosaudavel.com.br/fenilcetonuria/ https://www.tuasaude.com/fenilcetonuria/ http://www.uff.br/disicamep/fenil.htm

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Fibrodisplasia Ossificante Progressiva - FOP Alexandra Mendes ; Joana Amorim ; Margarida Saltão (12º B – 2017/18) g

Caracterização Geral da Doença

Sintomas

A fibrodisplasia ossificante progressiva é uma patologia hereditária do tecido conjuntivo, extremamente incapacitante, caracterizada por malformações congénitas dos dedos grandes dos pés e ossificação heterotópica progressiva que forma osso qualitativamente normal em locais extra-esqueléticos característicos.

Os sintomas da FOP incluindo a formação de ossos, iniciam-se, geralmente, antes dos 10 anos. Aos 7 anos apresentam restrição de movimentos e escoliose grave. No início, as áreas afetadas podem estar vermelhas e quentes ao toque, causando dor. Estes são os sintomas comuns de uma inflamação e surgem tipicamente nos ombros e na cabeça, couro cabeludo.

Inicialmente, a doença recebeu o nome de “miosite ossificante progressiva”, sendo que “miosite” significa inflamação muscular e “ossificante progressiva” a gradual transformação desses mesmos músculos em osso.

Os inchaços podem eventualmente desaparecer, mas costumam deixar no seu lugar um novo segmento de osso.

Contudo, foi descoberto que o processo afetava não apenas os músculos, mas também outros tecidos fibrosos, como as articulações, os tendões e os ligamentos. Justamente por esse motivo, o nome da doença foi oficialmente modificado para “fibrodisplasia ossificante progressiva” nos anos 70 pelo Dr. Victor McKusick que é considerado o pai da genética médica.

Existem diferentes graus de formação de novos ossos. Apesar de parecer existir um padrão de progressão da doença, em cada caso o seu grau exato é imprevisível. Por exemplo, a formação de ossos extra tende a ocorrer inicialmente no pescoço, ombros e parte alta das costas e na adolescência/inicio da vida adulta nos quadris e joelhos.

Em abril de 2006, após 15 anos de pesquisa, a equipa de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade da Pensilvânia em conjunto com seus colaboradores internacionais identificou uma única mutação genética.

Alguns afetados apresentam também febre baixa. Um surto ou “flare-up” é o nome comum para os sintomas da FOP em atividade. Não se sabe concretamente qual o seu processo base; pode começar como resultado de um trauma (uma queda, traumatismo, distensão muscular, injeção, cirurgia...) ou sem razão aparente. Entretanto, há também momentos nos quais, apesar de ter ocorrido um trauma, o surto não ocorre.

A FOP é uma doença genética, que na maioria dos casos, se deve a uma mutação de forma espontânea no gene ACVR1. Nos restantes casos, pode ser herdada de um dos pais por meio de um padrão autossómico dominante, de forma que o paciente afetado terá probabilidade de 50% de ter um filho afetado pela FOP. A prevalência mundial é de aproximadamente 1/2,000,000. Não há predisposição étnica, racial, de género ou geográfica para a FOP.

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Apesar de sobreviverem, em média, até aos 30 anos, os afetados por esta condição apresentam diversas limitações como dificuldades em levantar os braços o que os impede de fazerem tarefas básicas como lavar o cabelo sozinhos. As restrições dependem da idade, sendo que: a restrição severa do movimento do ombro e da coluna foi habitual até à idade de 10 anos; os quadris costumavam estar envolvidos até aos 20 anos; e aproximadamente aos 30 anos, já se observa pacientes quase imóveis.

Figura 1. (A) Múltiplas tumorações de consistência pétrea, não dolorosas e imóveis. (B) Imagem radiográfica mostrando ossificação heterotrópica de tecidos moles predominantemente esquerdo.

Geralmente, a morte ocorre por insuficiência respiratória devido à restrição torácica.

Diagnóstico Não é concebível o diagnóstico pré-natal, pois, apesar de ser uma doença congénita (ou seja, está presente desde o nascimento) os ossos extra não surgem durante a gestação.

Referências Genetic and Rare Diseases Information Center. https://rarediseases.info.nih.gov/diseases/6445/f ibrodysplasia-ossificans-progressiva

O diagnóstico conclusivo depende de testes genéticos e da observação de outros sintomas associados. Este é relativamente recente, pois apenas está disponível após a descoberta da alteração genética específica que causa a doença.

Orphanet - The portal for rare diseases... http://www.orpha.net/ Medscape https://emedicine.medscape.com/article/111250 1-clinical

Os ossos extra geralmente aparecem em radiografias simples. Os diagnósticos errados e a demora no diagnóstico correto podem causar grande prejuízo, levando a exames inadequados como biópsias, que podem causar surtos e permanente imobilidade, além de tratamentos inapropriados como a quimioterapia.

Tua saúde https://www.tuasaude.com/fibrodisplasiaossificante-progressiva/ FOP Brasil. www.fopbrasil.org.br/guia.pdf Scielo http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010039842005000500017&script=sci_arttext

Tratamento e Expetativas de Vida Ainda não foi encontrado um tratamento para esta doença, no entanto existem medicamentos que permitem atenuar as dores sentidas pelos pacientes. O facto de ainda não haver tratamento capaz de curar a doença ou evitar o seu desenvolvimento, faz com que após os 20 anos de idade as pessoas afetadas fiquem confinadas a uma cadeira de rodas ou à cama.

Youtube https://www.youtube.com/watch?v=CxvznUIixyk &t=197s https://www.youtube.com/watch?v=CxvznUIixyk &t=197s

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Fibrose Cística Mário Fonseca ; Joao Mateus (12º A – 2017/18)

Introdução História da doença e sua descoberta

A Fibrose Cística (FC) é uma doença genética, hereditária, rara e crónica, que se traduz na acumulação de muco, e obstrução por parte deste, em alguns órgãos do corpo, em especial nos pulmões e no pâncreas. Esta doença ocorre durante o início da infância ou, ocasionalmente, ao nascimento. A FC resulta de uma mutação no gene denominado regulador transmembranar de fibrose Cística (CFTR). Este gene é responsável por codificar proteína reguladora de FC, que irá atuar como um canal que permite às células libertarem cloreto e outros iões. Nas pessoas com FC, essa proteina é defeituosa e não liberta cloreto, sendo o resultado um equilíbrio impróprio de sal nas células que leva à produção um líquido anormalmente denso e pegajoso, conhecido popularmente como muco, que se acumula nas vias respiratórias pulmonares e no pâncreas.

A primeira descrição moderna da doença foi feita em 1938 pelo patologista Dorothy Andersen. Baseado em autópsias das crianças que tinham morrido da má nutrição, denominou a doença “fibrose cística do pâncreas”. Antes era conhecida como “mucoviscidosis”, referindo-se ao engrossamento do muco. Em 1989 o gene de CFTR foi descoberto e ligado à doença fibrose cística. O conhecimento do gene de CFTR e das suas mutações tornou o diagnóstico muito mais exacto. Descobriu-se que uma supressão específica de três nucleótidos de ADN, na posição 508 do gene, esclarece aproximadamente 70 por cento dos casos de fibrose cística.

Sintomas Os sintomas mais comuns nos casos de Fibrose Cística são o surgimento de suor muito salgado, dor nas articulações ou aumento da quantidade de açúcar no sangue. Na tabela abaixo são indicados os restantes sintomas mais comuns.

Figura 1. Pulmão normal e pulmão com fibrose cística

Hereditariedade A FC é uma doença autossómica recessiva, isto é, os genes estão presentes nos autossomas e os indivíduos afetados têm duas cópias do gene mutante .

Sintomas Respiratórios

Sintomas digestivos

Sensação de falta de ar

Fezes com cheiro fétido

Tosse persistente

Perda de peso

Dificuldade em respirar após esforços

Prisão de ventre frequente

Infecções pulmonares frequentes

Peso abaixo do normal

Figura 2. Tabela com os sintomas da fibrose cística.

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Diagnóstico

Dimensão da doença

O diagnóstico da doença pode ser feito através do rastreio pré-natal, mais conhecido como teste do pezinho, onde é possível identificar doenças congénitas, nomeadamente hereditárias e metabólicas. Ou noutros casos, é confirmado pela identificação de uma mutação no gene CFTR.

A FC é a doença genética mais comum em crianças caucasianas. Na Europa, estima-se que a incidência desta doença varie entre 1/8.000 e 1/10.000 indivíduos. Em Portugal, estão registados cerca de 400 casos conhecidos de Fibrose Cística

Figura 3. Teste do pezinho

Tratamento e expetativas de vida

Figura 4. Criança de raça caucasiana com fibrose cística

O tratamento é sintomático e consiste na drenagem brônquica, em antibióticos para infeções respiratórias , numa análise pancreática e administração de vitaminas e suplementos calóricos para problemas digestivos e nutricionais.

Referências Ilma Aparecida Paschoal e Monica Corso Pereira. (2010). Fibrose Cística . Editora: Yends Genetic and Rare Diseases Information Center. Cystic fibrosis. https://rarediseases.info.nih.gov/diseases/6233/ cystic-fibrosis

Os tratamentos que se realizam para combater os sintomas, têm melhorado significativamente o prognóstico da doença. Como indicam as estatísticas, em meados dos anos 60, a maioria dos portadores desta patologia apenas viviam até aos 5 anos de idade, enquanto que nos dias de hoje o tempo de vida ultrapassa os 35 anos de idade .

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Heterocromia Ocular André Santos; Carolina Sousa; Mariana Calado (12º A – 2017/18) Patologia

Figura 2. Caso de indivíduo que manifesta heterocromia central.

Heterocromia ocular é uma condição caracterizada por anomalias na íris (parte colorida do olho). A cor do olho é determinada pela concentração e distribuição de melanina na iris. Há uma variedade de fatores genéticos e adquiridos (não genéticos) que influência o resultado final. Quando a distribuição de melanina não é uniforme, sendo excessiva ou escassa em certas zonas da iris, ocorre heterocromia ocular. Estima-se que seis a cada mil pessoas apresentam heterocromia, porém alguns casos não são percetíveis. Esta anomalia é rara em humanos, mas comum em animais domésticos ou selvagens (gatos, cães e cavalos, predominantemente). Algumas figuras públicas como Mila Kunis, Tim McIlrath e Daniela Ruah apresentam heterocromia ocular.

Heterocromia completa: é o tipo mais raro da doença e acontece quando os dois olhos apresentam cores diferentes.

Figura 3. Caso de indivíduo que manifesta uma heterocromia completa.

Genes envolvidos na determinação da cor dos olhos

Tipos de Heterocromia Ocular A heterocromia pode se manifestar de três formas: setorial, central e completa. Em casos raros, dois ou mais tipos podem misturar-se num único indivíduo.

Foram identificados dois genes principais que atuam na produção de melanina e que estão envolvidos na determinação da cor dos olhos na espécie humana: o gene EYCL1, mais conhecido por GEY (green eye color gene), localizado no cromossoma 19, e o gene EYCL3, mais conhecido por BEY (brown eye color gene), no cromossoma 15.

Heterocromia setorial: acontece quando a íris de um mesmo olho apresenta duas cores diferentes, sendo que uma é dominante e a outra ocupa uma menor secção da íris. É comum que aconteça em apenas um dos olhos. Figura 1. Caso de indivíduo que manifesta heterocromia setorial.

Heterocromia central: ocorre quando a íris possui dois ou mais círculos de cor ao redor da pupila.

Figura 4. Genes envolvidos na determinação dos olhos.

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acentuada mudança de cor é aconselhada uma consulta com um especialista. Neste caso é quase certo que esta mudança de cor esteja associada a uma causa adjacente. O médico especialista deve realizar um exame completo ao olho para descartar possíveis causas da heterocromia. Qualquer suspeita de alguma outra doença responsável deve ser facilmente confirmada através de um exame sanguíneo, podendo também ser realizados estudos cromossómicos.

Causas A maioria dos casos de heterocromia são hereditários, causados por uma doença ou síndrome ou devido a uma lesão. Existem casos em que um olho pode mudar de cor após determinadas doenças ou ferimentos. Algumas causas específicas de heterocromia ocular são: Heterocromia familiar: A doença ocorre devido a uma mutação no gene EYCL3 presente no cromossoma 15, sequência do DNA responsável pela quantidade de melanina dos olhos. A anomalia é autossómica dominante, isto é, está presente no par de cromossomas que não determina o sexo. Portanto, homens e mulheres estão sujeitos a manifestar a doença, desde que um dos progenitores também seja portador.

Prognóstico A heterocromia ocular, enquanto anomalia genética, não prejudica a integridade física dos que sofrem da mesma. Não é evolutiva e não causa nenhum transtorno a nível da visão, não sendo por isso uma condição que apresente malefícios ao seu portador.

Tratamento

Síndrome de Waardenburg: Condição genética (congénita e autossómica dominante) que causa perda de audição e mudança na coloração do cabelo, pele e olhos.

O tratamento somente será necessário caso a heterocromia seja efeito de alguma outra doença. Nesse caso, os procedimentos e medicamentos serão indicados de acordo com as causas. No caso de não estar associado a nenhuma síndrome, a heterocromia ocular não é prejudicial à saúde do portador do ponto de vista biológico podendo, no entanto, causar um impacto a nível estético. Nesse caso, é recorrente o uso de lentes de contacto com o intuito de igualar a cor dos dois olhos.

Medicamentos: Alguns medicamentos utilizados no tratamento do glaucoma (doença grave que surge devido ao aumento da pressão intraocular) podem causar o escurecimento da íris. Neurofibromatose: Doença rara e grave, provoca o crescimento anormal de tecido nervoso pelo corpo, formando pequenos tumores externos. Pode causar o escurecimento da íris afetada.

Referências

Lesão, hemorragia, inflamação leve que afeta apenas um olho ou um corpo estranho no olho também podem desencadear a anomalia.

Genetic and Rare Diseases Information Center: https://rarediseases.info.nih.gov/diseases/8590/ heterochromia-iridis

Diagnóstico

Identigene: https://dnatesting.com/dna-andheterochromia-two-different-colored-eyes/

Se logo após o nascimento, a criança apresentar diferentes cores nos olhos, deverá ser examinada por um oftalmologista e por um pediatra, no intuito de garantir que a anomalia é só uma improbabilidade genética e não um sintoma de uma doença mais grave. Adultos devem seguir o mesmo princípio, caso o olho sofra uma súbita e

Minuto saudável: https://minutosaudavel.com.br/o-que-eheterocromia-um-olho-de-cada-cor-tipos-causase-grave/

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Doença de Huntington Martim Faustino; Tomás Caetano ; Tomás Mendes (12º B – 2017/18)

Patologia O gene da Huntingtina possui informação para uma proteína com o mesmo nome. A expansão da repetição do tripleto CAG, nesse gene, resulta numa forma mutante da proteína, que provoca lesão cerebral conduzindo à formação de corpos de inclusão intracelulares, alterações no transporte celular, alterações da transcrição e apoptose. Os sintomas da Doença de Huntington podem aparecer em qualquer idade, no entanto, normalmente surgem entre os 30 e os 50 anos. Podem variar muito entre indivíduos e até entre membros da mesma família, contudo tendem a progredir de forma previsível.

A Doença de Huntington (DH) é uma doença neurodegenerativa que afeta o movimento e conduz a um défice cognitivo e perturbações psiquiátricas. A DH é a causa genética mais comum de movimentos involuntários arrítmicos, a que se dá o nome de “coreia”, sendo por isso anteriormente chamada “Coreia de Huntington”.

História Embora a Doença de Huntington tenha sido reconhecida como doença desde a Idade Média, a sua causa permaneceu incerta até bastante recentemente. O nome da doença deve-se ao facto de ter sido o médico americano George Huntington que a descreveu em 1872, tendo sido o primeiro a identificar o padrão hereditário da DH.

Geralmente, os sintomas mais precoces são alterações subtis de humor e cognição. As alterações do movimento e a marcha instável aparecem de seguida. Com a progressão da doença surgem os movimentos arrítmicos, súbitos e involuntários, associados a défices nas capacidades mentais e comportamentais. As capacidades físicas ficam gradualmente afetadas, até que o movimento se torna muito difícil. As capacidades mentais geralmente declinam até à demência. O teste genético pode ser feito em qualquer fase do desenvolvimento, mesmo antes da instalação de sintomatologia.

Nos últimos anos registou-se um grande desenvolvimento no estudo das causas e efeitos da DH, assim como de terapias e técnicas para lidar e minorar os sintomas da doença. O gene responsável pela doença foi identificado em 1983 e com os progressos alcançados a partir da descodificação do genoma humano existem novas perspetivas e esperança na procura de tratamentos que possam cessar ou até reverter os efeitos da DH, bem como a eliminação da mutação genética que a causa.

Etiologia genética A doença é causada por uma mutação autossómica dominante no gene da “Huntingtina” havendo portanto 50% de probabilidade de transmitir a doença à descendência.

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Figura 1. Localização do gene da Huntingtina no cromossoma 4

A doença só se manifesta quando surgem sintomas e o risco de estes aparecerem diminui com a idade.

Estatísticas

Existem diversos tipos de diagnóstico para a DH, tais como o clínico, genético pré sintomático, genético pré implantação e genético pré natal.

Segundo Pringsheim et al. a prevalência global é de 5,7 casos por 100 000 pessoas entre pessoas da Europa Ocidental, América do Norte e Australianos, e de 0,40 casos por 100 000 entre asiáticos. Noutros estudos, já baseados em testes genéticos a prevalência foi de 10,6 casos por 100 000 pessoas. Sendo semelhante entre homens e mulheres. A taxa de incidência é maior em descendentes da Europa Ocidental, América do Norte e Austrália, com 0,38 casos por 100 000 pessoas/ano, e menor no resto do mundo.

Não existe cura para a doença, no entanto, existem vários tratamentos capazes de reduzir a gravidade dos sintomas, que devem ser experimentados. Essa abordagem inclui a devida atenção a questões cognitivas, psiquiátricas e de apoio social.

Algumas áreas localizadas têm uma prevalência média muito superior à da região. Nestas áreas, as taxas de prevalência elevadas parecem ser devidas ao efeito do fundador local, em que ocorre a migração de portadores para áreas de algum isolamento geográfico

A farmacoterapia pode ser desnecessária caso a sintomatologia seja ligeira ou não cause incómodo. O acompanhamento por especialistas em psiquiatria poderá ser necessário à medida que a doença progride e quando existe a necessidade de uma terapia medicamentosa combinada de longa duração.

Recursos

Figura 2. Cérebro Normal e Cérebro com Doença de Huntington, respetivamente.

Diagnóstico e Tratamento

Cuf. Doença de Huntington. https://www.saudecuf.pt/mais-saude/doencas-az/doenca-de-huntington National Human Genome Research Institute. https://www.genome.gov/10001215/learningabout-huntingtons-disease/

Expetativas de Vida

Mutações Genéticas - Doenças Genéticas. http://mutacoesgeneticas.blogs.sapo.pt/5668.ht ml

A longo prazo o diagnóstico da DH é fatal. O desenvolvimento da doença é gradual e a esperança média de vida, desde a manifestação dos primeiros sintomas, é de 15 a 20 anos, variando de pessoa para pessoa e registando-se casos entre os 2 e os 43 anos.

US National Library of Medicinehttps://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/ 22692795

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Síndrome de Hutchinson-Gilford / Progéria Adriana Lopes; Leonor Rodrigues (12º C – 2017/18) meses de idade. Os sintomas e caraterísticas físicas desta síndrome incluem:

Patologia e História A síndrome de Hutchinson-Gilford é uma doença genética extremamente rara e fatal, que causa um envelhecimento dez vezes mais acelerado do que o esperado e estima-se que ocorra em 1 a cada 8 milhões de nascimentos. Esta doença afeta cerca de 140 crianças, sendo a maior parte delas do sexo masculino. Apesar desse facto, não podemos concluir que ocorre com mais frequência neste sexo do que no feminino devido ao pequeno número de casos conhecidos, mas sabe-se que é mais frequente em caucasianos (97% de todos os casos relatados).

• Perda de massa corporal e de cabelo, pele enrugada e sensibilidade ao sol; • Pilosidade corporal reduzida e puberdade tardia; • Doenças cardiovasculares, rigidez articulações, aterosclerose generalizada;

nas

Tanto o desenvolvimento intelectual como o sistema imunológico não são afetados e, apesar de sofrerem um envelhecimento prematuro, os doentes não registam Alzheimer e/ou cataratas. A esperança média de vida é de 13 anos, embora haja casos entre os 8 e os 21 anos. A causa de morte são problemas cardiovasculares e enfartes devido à aterosclerose.

Etiologia Genética A Síndrome de Hutchinson-Gilford é o tipo mais vulgar de progéria e é autossómica dominante, quando existe um factor hereditário. A seguinte teoria explica a origem e progressão da doença. Teoria dos genes mutantes: Esta teoria revela-se correta em 88% dos casos, onde é encontrada uma mutação no codão 608, que transforma a glicina GGC em GGT, do gene LMNA (Lamin A), no cromossoma 1. Este gene codifica as proteínas Prelamina A e Prelamina C, que são muito importantes na estabilização da membrana interior do núcleo das células. A ligeira mutação do gene provoca uma produção anormal da proteína Prelamina A, chamada progerina, que resulta do desaparecimento de cerca de 50 aminoácidos. Esta alteração parece destabilizar o núcleo das células, mudando a sua forma e sendo particularmente nociva para os tecidos sujeitos a forças físicas como os cardiovasculares e os musculares ligados ao esqueleto. A mutação

Figura 1. Portador do Síndrome Hutchinson-Gilford.

A forma mais severa da doença chama-se Síndrome de Hutchinson-Gilford, porque foi Jonathan Hutchinson, em 1886, e Hastings Gilford, em 1904, que estudaram esta doença. O gene desta foi descoberto em 2003. A palavra Progéria foi criada a partir dos sufixos gregos "pro", que significa "antes" ou "precoce", e "gēras", que significa "velho, envelhecido".

Sintomas As crianças com progéria nascem aparentemente saudáveis e só começam a evidenciar sintomas de envelhecimento prematuro a partir dos 18 22


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impede a regeneração dos tecidos e provoca a morte prematura das células. Esta mutação genética ocorre durante a mitose ou nos gâmetas dos progenitores na altura da fecundação.

Curiosidades Pesquisadores da Universidade de Dallas, utilizando a engenharia genética, criaram uma cópia do gene envolvido na produção de telomerase e ao fim de dois anos as células comportavam-se como jovens, continuando a dividir-se e sem que os telómeros “encurtassem”. O problema é que não se sabe ainda como deter a multiplicação das outras células como as cancerígenas que continuariam a multiplicar-se.

Referências

Figura 2. Diferença entre uma célula normal e uma célula com mutação no gene LMNA.

N.J. Ullrich; et al. (Setembro, 2012). Craniofacial Abnormalities in Hutchinson-Gilford Progeria Syndrome in: AJNR. (09-02-2018) : http://www.ajnr.org/content/33/8/1512.

Diagnóstico O diagnóstico da síndrome é realizado quando se verificam as caraterísticas radiológicas e histopatológicas, sendo possível detetar a presença do gene mutado com a análise do sangue da criança.

CORMIER-DAIRE, Valérie e OLIVIER-FAIVRE, Laurence. (Maio 2003). Progeria. (03-02-2018): http://www.orpha.net/consor/cgibin/OC_Exp.php?Lng=PT&Expert=740 OLTEANU, Ileana; et al. (2009). HutchinsonGilford Syndrome. http://www.jmedar.ro/vol-xiiissue-2-2009/150-hutchinson-gilford-syndrome (09-02-2018).

Tratamento Não existe cura para a doença, apenas tratamentos experimentais ainda em estudo. Um destes tratamentos combina estatinas (usadas para diminuir a taxa de colesterol no sangue e prevenir riscos cardiovasculares) e aminobifosfonatos (para tratamento da osteoporose), que permitiu diminuir a toxidade da progerina, em ratos, e assim atenuar o desenvolvimento da doença e prolongar a vida destes doentes. Outro tratamento, que até agora conseguiu estender a vida destas crianças em um ano e meio, usa inibidores de farnesiltransferase (FTIs) que visa bloquear a produção de progerina e dessa forma tentar deter a progressão da doença. O interesse no estudo desta síndrome está também ligado ao facto da descoberta da cura para esta doença implicar também na descoberta da forma de retardar o envelhecimento dos seres humanos.

Progeria Research Foundation. (s.d.). Quick Facts. https://www.progeriaresearch.org/quick-facts/ (06-02-2018). Merideth, Melissa A, et al. (Fevereiro 2008). Phenotype and Course of Hutchinson–Gilford Progeria Syndrome. http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa0 706898 (08-02-2018). University of New Hampshire. (s.d.). LMNA mutations https://prescottgenomics.wikispaces.com/LMNA +Mutations (03-02-2018).

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Doença de Machado-Joseph Ana Valido; Guilherme Alves; Francisca Cardoso (12º C – 2017/18) Patologia A doença de Machado-Joseph (DMJ) ou Ataxia* SCA3, é uma doença neuropatológica rara de origem genética, que se manifesta por uma progressiva degeneração espinocerebelar e os sintomas são devidos à falta de ligações elétricas entre a espinal medula e o cerebelo.

Patologia

Figura 1. Subtipos da doença.

Esta doença é causada por um número anormal de repetições do codão "CAG", que codifica o aminoácido Glutamina (necessário para manter o normal funcionamento dos músculos e da defesa imunológica) no gene ATXN3, situado no cromossoma 14. Esta expansão anormal resulta numa proteína mutante chamada ataxina3 e tem como consequência a conferência de propriedades tóxicas e perda da função biológica da proteína. A ataxina-3 participa ainda na homeostasia celular* como enzima de desubiquitinação*. Como o cromossoma 14 é autossómico e a mutação genética é dominante, a doença é transmitida com igual probabilidade pelos dois progenitores e manifesta-se da mesma forma em ambos os sexos. A doença manifesta-se indiferentemente em indivíduos heterozigóticos e homozigóticos, em geral entre adultos (normalmente entre os 35 e os 50 anos de idade), podendo começar a surgir na adolescência ou após os 50 anos, conforme a gravidade da mutação. A probabilidade de a doença ser transmitida de pais para filhos é de 50%. As funções intelectuais dos portadores desta doença permanecem, no geral, inalteradas. Em função da idade da primeira manifestação dos sintomas e da gravidade, são reconhecidos cinco subtipos da doença de Machado-Joseph:

História A doença foi identificada pela primeira vez em 1972, na Nova Inglaterra, em indivíduos açorianos. O nome da patologia deriva do apelido dos patriarcas das famílias em cujos membros a doença foi encontrada: Guilherme Machado e António Joseph, que possuíam o gene, descoberto em 1976 no estado da Califórnia. Ambos provinham da população da Ilha das Flores, na qual cerca de 1 em cada 140 indivíduos é diagnosticado com a doença de Machado-Joseph.

Sintomas, Diagnóstico e Tratamento Uma equipa do ICVS (Minho) identificou um fármaco, o Citalopram, que pode futuramente ser utilizado para tratar a DMJ. O Citalopram inibe uma monoamina neurotransmissora: a Serotonina. Entre as principais funções da Serotonina destacase a estimulação muscular. (Ainda não foram realizados qualquer tipo de testes em humanos que possam confirmar esta hipótese.) No geral, ainda não existe um tratamento para esta doença, e os seus sintomas apenas podem ser amenizados através do uso de fármacos e outras técnicas:

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Expetativa de Vida

Sintomas: Forma de amenização: Espasticidade Drogas antiespasmódicas Parkinsonismo* Drogas antiparkinsónicas Diplopia* Lentes prismáticas Ataxia* Técnicas fisioterapêuticas Dificuldade na Terapia da fala fala e no engolir

Pacientes que apresentem um estado menos avançado da doença, têm uma esperança de vida normal para o seu grupo etário. Os casos de Tipo I da doença apresentam uma reduzida esperança de vida, que no máximo, se reduz aos 35 anos de idade. A causa de morte em casos de estado mais avançado é, em geral, pneumonite.

oftalmoplegia*; nistagmo*; défices de memória; distúrbios do sono; etc. Alguns destes sintomas não podem ser amenizados.

Glossário

A doença é progressivamente degenerativa, o que resulta no aumento da gravidade da mesma.

O diagnóstico é feito a partir dos sintomas, em particular aquando de antecedentes familiares.

A diagnose pré-sintomática da DMJ pode ser feita recorrendo a um teste genético de sangue. Este está disponível desde 1995 e permite detetar o número de repetições do codão "CAG".

▪ ▪ ▪

Repetições do Codão CAG 12-44 45-60 61-86 Indivíduo não Impossível Indivíduo portador da saber se é portador da doença portador doença

▪ ▪

Também é possível perceber a ataxia cerebelar fazendo uma ressonância. Após a perceção dessa atrofia, é feito o exame de sangue para comprovar a doença.

Ataxia: Falta de coordenação de movimentos musculares e de equilíbrio. Parkinsonismo: Sintomas idênticos aos da doença de Parkinson. Diplopia: visão dupla. Nistagmo: movimentos oculares involuntários. Desubiquitinação: Falta da proteína Ubiquitina que elimina proteínas indesejadas. Homeostasia Celular: Condição relativa de estabilidade da célula. Oftalmoplegia: Enfraquecimento dos músculos dos olhos;

Referências https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a_de _Machado-Joseph http://www.minhavida.com.br/saude/temas/doe nca-de-machado-joseph https://www.infoescola.com/doencas/doencade-machado-joseph/ http://acores.wikia.com/wiki/Doen%C3%A7a_de _Machado-Joseph file:///C:/Users/Admin/Downloads/tese.pdf

Figura 2. Exemplo de paciente portador da doença.

https://www.dn.pt/sociedade/interior/investigad ores-de-coimbra-descobrem-forma-de-travar-adoenca-de-machado-joseph-5168524.html

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Osteogenesis Imperfecta José Grilo; Margarida Fernandes; Teresa Coimbra (12º A – 2017/18) Patologia A Osteogenesis Imperfecta é uma doença genética rara que tem como características ossos e dentes frágeis. Existem 9 tipos da doença identificados, que afetam 1 a cada 20 mil nascimentos. Muitos dos indivíduos portadores não sobrevivem à idade adulta, pois nascem com fraturas e/ou sofrem deformações fatais. Os principais sintomas são: esclerótica (parte branca do olho) ocular azulada; rosto deformado (geralmente triangular); diminuição da acuidade auditiva; aumento da transpiração; várias fraturas e encurvamento dos ossos sem causa aparente;

Figura 1. Olhos de um individuo com a esclerótica ocular azulada

inexistência de Colagénio Tipo I, uma proteína abundante na estrutura dos ossos, pele e tecidos conectores. Cerca de 90% dos casos conhecidos expressam-se devido à presença de um alelo autossómico dominante. Nestes casos, as mutações ocorrem nos genes COL1A1 e COL1A2 (associados aos tipos I, II, III e IV da doença). A mutação que leva ao tipo I de Osteogenesis Imperfecta é autossómica dominante, enquanto o tipo II, III e IV podem ser autossómicas dominantes ou recessivas. Estas mutações alteram a estrutura das moléculas do Colagénio Tipo I, enfraquecendo os tecidos conectores, em particular os ósseos.

Figura 3. Locus do gene COL1A1

Figura 4. Locus do gene COL1A2 Figura 2. Criança com o rosto deformado devido há Osteogenesis Imperfecta

Etiologia Genética Indivíduos com esta patologia deverão ter sofrido uma mutação num gene – COL1A1, COL1A2, CRTAP ou P3H1 – o que leva à malformação ou à

Os restantes casos ocorrem devido à mutação dos genes CRTAP ou P3H1. O gene CRTAP está encarregue de fornecer a informação necessária para a produção de uma proteína associada à cartilagem, cuja função é atualmente desconhecida, apenas se sabe que tem um papel importante no desenvolvimento normal ósseo.


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O gene P3H1 está encarregue da produção de uma enzima que ajuda a processar certos tipos de colagénio.

Tratamento Apesar de não haver uma cura para esta doença, é feito um tratamento à base de bisfosfonatos e calcitonina, visto que inibem a reabsorção óssea, no entanto, fisioterapia e boa alimentação são os métodos mais eficazes de tratamento. Tratam-se as fraturas de uma pessoa portadora da doença da mesma maneira que se tratam as fraturas de uma pessoa não portadora. A regeneração dos ossos de um portador de Osteogenesis Imperfecta é mais rápida do que a do osso de um não portador, no entanto, também ocorre o encurtamento dos ossos, para além de um crescimento anormal e atrofiado.

Figura 5. Locus do gene CRTAP

Fraturas no crânio podem dar origem a lesões cerebrais e fraturas nas costelas podem levar a perfurações nos pulmões, podendo estas ser fatais.

Figura 6. Locus do gene P3H1

Diagnóstico

Referências

Nos casos menos graves de Osteogenesis Imperfecta, os indivíduos só começarão a expressar sintomas durante a adolescência, ou mais tarde.

Wikipédia (21/2/2018). Osteogenesis Imperfecta. https://pt.wikipedia.org/wiki/Osteog%C3%A9nes e_imperfeita (3/2/2018) US. National Library of Medicine (Abril 2018) Osteogenesis Imperfecta. https://ghr.nlm.nih.gov/condition/osteogenesisimperfecta#genes (3/2/2018)

Nos casos de maior gravidade, é possível diagnosticar esta doença durante a gravidez (deteta-se por ecografia) ou durante/após o parto. Se esse não for o caso, também é possível fazer uma biópsia de pele ou um teste de DNA. Há casos em que não se identificam mutações génicas como origem da doença. Os casos em que a causa é desconhecida são os de Osteogenesis Imperfecta V e VI. Aconselha-se aos pais que tenham um filho com Osteogenesis Imperfecta a procura de aconselhamento genético para que se possa avaliar a probabilidade de um futuro filho ser portador da doença.

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Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF) Beatriz Alves (12º A) e Inês Elisiário (12º C – 2017/18) Patologia

História

Polineuropatia amiloidótica familiar (PAF – polineuropatia por ser uma doença que atinge vários nervos; amiloidótica por se caraterizar pela deposição de uma substância amiloidóide/fibrilar, ou seja, proteína insolúvel; familiar por ser hereditária.), paramiloidose ou vulgarmente conhecida como doença dos pezinhos, é uma de muitas amiloidoses.

A doença foi descrita pela primeira vez pelo Dr. Corino de Andrade em 1952, na zona de Póvoa de Varzim/Vila do Conde após ter observado cerca de 64 pacientes entre 1939 e 1948. Desses 64 pacientes, 51 pertenciam a 12 famílias, que traduz o carácter familiar da doença. Contudo, 13 pacientes não tinham historial da doença, tornando difícil comprovar a hereditariedade.

Para além da PAF tipo 1, de Andrade ou tipo português há também a PAF tipo 2 (tipo indiana), PAF tipo 3 (tipo suíço) e PAF tipo 4 (tipo finlandês).

Após a publicação do seu artigo na revista Brain, em 1952, foram identificados mais casos no Japão e Suécia, bem como noutras zonas do país.

Estas variações da doença dependem do tipo de mutação que ocorre, afetando os sintomas, o tipo de órgãos que afetam, a idade de manifestação destes e a expetativa de vida. Na PAF em questão, tipo 1, os sintomas começam-se a manifestar na idade adulta, pelos 25/35 anos de idade, agravando-se ao longo do tempo, com 10 a 20 anos até à morte. Dependendo dos órgãos que afeta, a doença apresenta sintomatologias diferentes; os órgãos afetados podem ser: o sistema nervoso periférico, o coração, os rins, o sistema digestivo e os olhos, sendo os sintomas relacionados com os órgãos afetados.

A investigadora do Instituto de Biologia Molecular e Celular, Maria João Saraiva, venceu o prémio Gulbenkian Ciência em 2009, pela descoberta dos mecanismos bioquímicos e genéticos responsáveis pela doença, como a formação de depósitos de moléculas de amiloide.

Etiologia genética CAUSAS: Esta doença é caraterizada por uma mutação no cromossoma 18, ao nível do gene 30, correspondente a proteína TTR (transtirretina).

Figura 2. Gene responsável pela TTR.

Figura 1. Imagem representativa da doença.

Esta mutação (Val30Met) faz com que a estrutura desta proteína TTR seja alterada, ou seja, no processo da síntese proteica, um aminoácido de valina (Val - GUG) é trocado por um de metionina (Met - AUG), tornando-a instável. Aprofundando, a mutação ocorre devido à troca de uma guanina


Biologia , 12º ano ... 2017-18

por uma adenina na primeira base azotada do codão do aminoácido.

conhecimento da probabilidade do desenvolvimento da doença posteriormente na vida. Este baseia-se na obtenção de uma amostra de sangue do pé para analise do seu DNA. O tratamento até muito recentemente era baseado no transplante hepático (fígado), mas devido às desvantagens (recuperação difícil) e à impossibilidade de ser efetuado a todos os pacientes, foram iniciadas investigações de métodos alternativos farmacológicos. Estas investigações levaram ao desenvolvimento de um fármaco chamado Tafamidis, que inibe a dissociação das cadeias polipeptídicas da TTR e, consequentemente, impede a formação de estruturas fibrilares.

Figura 3. Mutação no gene que codifica a TTR.

Devido à posterior agregação de fibras de amiloide, a proteína TTR estabiliza-se. Esta agregação faz com que a proteína TTR, anteriormente solúvel, apesar de instável, se torne insolúvel. HEREDITARIEDADE:

Referências

A PAF tipo 1 é evidenciada como uma doença hereditária de transmissão autossómica dominante logo o portador do gene pode desenvolver a doença.

Matias, Osório; Martins, Pedro. (2008). Biologia 11. Porto: Areal Editores. Matias, Osório; Martins, Pedro. (2011). Biologia 12 – Parte 1. Porto: Areal Editores.

A transmissão é feita de pais para filhos, independentemente do sexo, havendo 50% de probabilidade destes contraírem a doença em heterozigotia (1 alelo mutante, 1 alelo não mutante), e 100% em homozigotia (2 alelos mutantes).

cuf. Paramiloidose. https://www.saudecuf.pt/mais-saude/doencas-az/paramiloidose. (08/02/2018). Associação Portuguesa de Paramiloidose. https://www.saudecuf.pt/mais-saude/doencas-az/paramiloidose. (08/02/2018).

Diagnóstico O diagnostico durante muito tempo, era considerado complexo devido à diversidade e similaridade de sintomas com outras doenças mais comuns. Em muitos casos os primeiros sintomas passavam despercebidos o que levava a um atraso no diagnóstico, juntamente com o fator de raridade que levava com que os médicos nem sequer o considerassem.

Público. Prémio Gulbenkian de Ciência atribuído a investigadora que estuda a Doença dos Pezinhos. https://www.publico.pt/2009/07/03/ciencia/noti cia/premio-gulbenkian-de-ciencia-atribuido-ainvestigadora-que-estuda-a-doenca-dospezinhos-1390115. (08/02/2018). Escola Secundária José Régio. A Paramiloidose. http://www.paramiloidose.com/documentos/20 1404161004491397642689_1805.pdf. (08/02/2018).

Atualmente o diagnostico é feito nas primeiras semanas de vida do recém-nascido, levando a um

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Síndrome de Riley-Day Beatriz Inça; Catarina Jesus; Elisandra Lopes (12º A – 2017/18) Patologia

História

A Síndrome de Riley-Day é uma doença hereditária rara que afeta o sistema nervoso, prejudicando o funcionamento dos neurónios sensoriais, que são responsáveis por reagir aos estímulos externos. Assim, o indivíduo é insensível à dor e não reage às alterações de pressão e de temperatura. Os sintomas da síndrome de Riley-Day estão presentes desde o nascimento e incluem:

Descrita pela primeira vez em 1949, por Milton Riley e Richard Lawrence Day, foi inicialmente classificada como uma doença fatal, com esperança média de vida de cinco anos. Com o avanço da ciência, a esperança média de vida aumentou.

• • • • • • • • • • • •

Insensibilidade à dor; Crescimento lento; Incapacidade de produzir lágrimas; Dificuldade em se alimentar; Episódios prolongados de vômitos; Convulsões; Transtornos do sono; Deficiência no paladar; Escoliose; Hipertensão/Hipotensão; Apneia; Hipotonia (falta de força muscular).

O maior centro de pesquisas do mundo, o Dysautonomia Foundation, explica que a doença afeta os principais sistemas do corpo, causando graves problemas respiratórios, cardiovasculares, ortopédicos, digestivos, renais e de visão.

A incidência desta síndrome é baixa, afetando de 1 a 9 em cada 1 milhão de recém-nascidos vivos, apresentando incidência de 1:3700. Por este motivo, não houve, até à data, um grande avanço no estudo da doença. Um dado curioso é que a condição ocorre com maior frequência em pessoas de ascendência judaica da Europa Oriental, mas é extremamente rara na população em geral, o que ainda permite que existam várias lacunas sobre a síndrome.

Expetativa de vida Os sintomas tendem a agravar-se com o passar do tempo. Para além disso, uma vez que estes indivíduos não sentem dor, ficam mais sujeitos a acidentes, pois não registram os alertas de danos teciduais. Deste modo, devido aos ferimentos, grande parte dos indivíduos que possuem esta síndrome tende a morrer antes de completar 30 anos de idade.

Etiologia Genética

Figura 1: Insensibilidade à dor é um dos sintomas da doença

A patologia está ligada a uma mutação no gene IKBKAP, localizado no cromossoma 9. Apenas é herdada quando ambos os progenitores possuem o alelo para esta síndrome, sendo uma doença hereditária autossómica recessiva. O que codifica o gene? O que falha em caso de mutação? Qual a origem dos sintomas?


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Referências “Tua Saúde”, “Síndrome de Riley-Day”, disponível em: https://www.tuasaude.com/sindrome-de-rileyday/ (data da consulta: 03/02/2018) “Sincron”, “Síndrome de Riley-Day: o que é e como afeta o organismo”, disponível em: http://www.sincron.com.br/sindrome-de-rileyday-o-que-e-e-como-afeta-o-organismo/ (data da consulta: 03/02/2018) Figura 2: Insensibilidade à pica de uma abelha por um indivíduo com a Síndrome de Riley-Day.

“Fatos Desconhecidos”, “A maldição de nunca sentir dor”, disponível em https://www.fatosdesconhecidos.com.br/sindro me-de-riley-day-maldicao-de-nunca-sentir-dor/ (data da consulta: 03/02/2018)

Diagnóstico Os testes de DNA são altamente precisos para identificar a síndrome de Riley-Day e podem ser usados como ferramenta de diagnóstico para os indivíduos afetados e durante a gestação, para descartar a hipótese de que a doença possa ser transmitida ao bebé.

“University of Nebraska-Lincoln Health Centre”, “Self-Care Tips for Bug Bites and Stings”, disponível em https://unlhealthcenter.wordpress.com/tag/bug -sting/ (data da consulta 10/02/2018)

Tratamento A doença não tem cura e o tratamento é feito somente de forma paliativa, sendo direcionado para os sintomas à medida que vão surgindo. São utilizados medicamentos anticonvulsivos, colírios para impedir o ressecamento dos olhos, antieméticos para controlar os vômitos e observação intensa sobre o doente para o proteger de lesões que podem se complicar e levar à morte.

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Síndrome de Treacher Collins Ana Fialho; Carlota Oliveira; Sara Silva (12º A – 2017/18) Caracterização geral da doença A Síndrome de Treacher Collins, também conhecida por disostose mandibulofacial ou Síndrome Franceschetti-Zwahlen-Klein é uma doença de carácter genético autossómico, dominante ou recessivo, que se caracteriza por deformidades craniofaciais.

necessário para criar novas proteínas que são essenciais para a função normal e para a sobrevivência das células. Mutações nesses genes podem reduzir a produção de rRNA, o que faz com que as células envolvidas no desenvolvimento dos ossos e dos tecidos faciais morram precocemente. Esta morte celular prematura pode levar a sintomas da síndrome em questão. Ainda não está claro porque é que os efeitos dessas mutações são geralmente limitados ao desenvolvimento facial.

Sintomas Os sinais e sintomas variam muito, variando de quase impercetível a grave.

Figura 1. Portadores da doença.

Etiologia e Genética Autossómica dominante (90%) ou Autossómica recessiva. A síndrome pode ser causada por mutações nos genes TCOF1 (5q32-q33.1), POLR1C (6p21.1) ou POLR1D (13q12.2), que codificam a fosfoproteína nuclear Treacle, e as subunidades das RNA polimerases I e III, respetivamente. Quando o gene TCOF1 (cromossoma 5) ou POLR1D é responsável, ele é herdado de maneira autossómica dominante. No entanto, cerca de 60% dos casos autossómicos dominantes são devidos a uma nova mutação no gene e não são herdados de nenhum dos progenitores. Quando o gene POLR1C é responsável, ele é herdado de forma autossómica recessiva. Em alguns casos, a causa genética da condição é desconhecida. A síndrome de Treacher Collins é causada por mutações de vários genes, referidos anteriormente. Eles estão envolvidos no fabrico de proteínas que ajudam a criar RNA ribossómico. rRNA é um produto químico

- A maioria das pessoas afetadas tem ossos faciais subdesenvolvidos, particularmente os ossos da bochecha, e um maxilar e queixo muito pequenos (micrognatia). - Abertura no céu-da-boca, chamada fissura labiopalatal. - Outras características também observadas incluem anomalias complexas na articulação temporo-mandibular levando a uma limitação da abertura da boca de gravidade variável. - Fendas palpebrais inclinadas para baixo e para fora (89%) e coloboma das pálpebras inferiores (69%) com ausência de pestanas no terço externo da pálpebra inferior. -Anormalidades oculares adicionais que podem levar à perda de visão. - Orelhas ausentes, ou pequenas. Defeitos na orelha média (que contém três pequenos ossos que transmitem som) causam perda auditiva em cerca de metade das pessoas afetadas. - As crianças apresentam dimorfismo facial característico com hipoplasia bilateral e simétrica dos ossos malares e bordo infra orbital (80% dos casos) e da mandíbula (78%) o que resulta em má


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oclusão dentária, muitas vezes caracterizada por uma mordida aberta anterior. - Em casos graves, o subdesenvolvimento dos ossos faciais pode restringir as vias respiratórias de uma criança afetada, causando problemas respiratórios potencialmente fatais.

tratada com amplificação da condução óssea, terapia fonoaudiológica e/ou intervenção educacional.

Expetativas de vida A incidência anual à nascença está estimada em 1/50,000 nados-vivos. O paciente possui uma esperança de vida quase idêntica à de qualquer pessoa. Normalmente, as pessoas com síndrome de Treacher Collins crescem e tornam-se adultos normais e com uma inteligência normal. Contudo em alguns casos, o prognóstico depende dos sintomas específicos e da gravidade da síndrome na pessoa afetada. Por exemplo, casos muito graves da doença podem causar morte perinatal devido a uma via aérea comprometida. O prognóstico para formas mais leves da doença é favorável com tratamento adequado.

Diagnóstico O diagnóstico é baseado em factos clínicos e exames complementares, bem como em testes moleculares. No diagnóstico pré-natal faz-se ecografias bidimensionais que identificam más formações faciais. A ecografia tridimensional tem a capacidade de mostrar espacialmente o dimorfismo facial, facilitando a compreensão dos pais em relação às mesmas. O diagnóstico prénatal é possível através da análise molecular de amostras de vilosidades coriónicas. Fazer um diagnóstico para uma doença genética ou rara pode ser um desafio. Os profissionais de saúde geralmente observam o historial médico, os sintomas, o exame físico e os resultados dos exames laboratoriais de uma pessoa para fazer um diagnóstico. O teste genético para a deteção de mutações no gene TCOF1 pode confirmar o diagnóstico clínico e é particularmente importante em casos com quadro clínico leve, casos em que haja dúvidas no diagnóstico.

Descoberta O nome desta síndrome foi dado depois do oftalmologista Edward Treacher Collins (18621932) ter descrito as suas características essenciais em 1900. Contudo, é provável que algumas tenham sido anteriormente relatadas por Thomson e Toynbee em 1846-1847 e depois por Berry (1889). Franceschetti e Klein, oftalmologista e geneticista respetivamente, em 1949, realizaram intensivos estudos da síndrome.

Referências

Tratamento

https://rarediseases.info.nih.gov/diseases/9124/tr eacher-collins-syndrome (2/2/2018)

Atualmente não há cura para a síndrome de Treacher Collins. O tratamento é adaptado às necessidades específicas de cada pessoa afetada. Em casos de compromisso respiratório pós-natal, devem ser discutidas traqueostomia, ventilação não-invasiva. Em muitos casos, a reconstrução craniofacial é necessária. A cirurgia pode corrigir a fenda labial, reconstruir o maxilar, reparar outros ossos no crânio e o coloboma da pálpebra. É necessária cirurgia otorrinolaringológica especializada para as anomalias do ouvido médio e do ouvido externo. A perda auditiva pode ser

http://www.orpha.net/consor/cgibin/OC_Exp.php?lng=EN&Expert=861 revisto por VAZQUEZ, Marie-Paule, (2/2/2018) https://emedicine.medscape.com/article/946143 -overview realizado por: TOLAROVA, Marie, (2/2/2018) http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S003472992005000100021&script=sci_arttext Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, (2/2/2018)

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Espinha Bífida André Esteves (12º C – 2017/18)

Espinha bífida é uma doença rara que costuma afetar os bebés ainda durante o seu desenvolvimento fetal, dentro da barriga da mãe, formando uma anomalia semelhante a uma “espinha” gigante nas costas, mais especificamente na região do cóccix.

sensibilidade da pele ao calor, frio, dor, fricção e pressão; ou até problemas mentais, como dificuldades na fala, de atenção e concentração,

O que causa o problema? Como referimos nos parágrafos acima, as causas que levam os bebés a desenvolverem a espinha bífida durante a gestação ainda não estão totalmente esclarecidas. No entanto, alguns estudos levam os especialistas a acreditarem nas seguintes hipóteses para o desenvolvimento da doença nos fetos:

Figura 1. Espinha Bífida A espinha bífida nada mais é do que um problema congénito acarretado pela malformação da coluna espinal e da coluna vertebral do bebé. Ela é desenvolvida a partir do fecho incompleto do tubo neural – que é o responsável pelo desenvolvimento dessas partes do sistema nervoso na criança. Algumas vértebras do tubo neural que deveriam recobrir a medula espinal não são formadas, permanecendo abertas e não fundidas. Isso faz com que o tecido nervoso salte, então, pela abertura dos ossos, deixando a medula sem proteção e uma lesão exposta nas costas do bebé, mais comum na região lombar do recémnascido.

Fatores genéticos (registo de outros casos na família);

Idade avançada dos pais;

Clima (o problema é mais comum entre crianças que nascem no inverno e em determinadas regiões);

Deficiência de ácido fólico durante a gravidez;

Ingestão de álcool nos 3 primeiros meses de gestação;

Mães diabéticas;

Mães que fazem uso de medicamentos para convulsão;

• Deficiência de zinco durante a gravidez. Além disso, é preciso ingerir comprimidos de ácido fólico desde o início da descoberta da gravidez até os primeiros meses para evitar o risco de bebés com espinha bífida. Julga-se que é uma doença genética multifatorial, poligénica ou complexa, em que vários genes interagem entre si e ou sofrem interferências do meio ou seja, de fatores ambientais. Os Pesquisadores Na Faculdade de Medicina da Universidade do Texas em Houston descobriram uma associação entre variações em três genes reguladores do metabolismo da glicose e a espinha bífida.

O problema costuma aparecer nas primeiras quatro semanas de gestação e ainda não tem as causas totalmente comprovadas. Dependendo do tipo de espinha bífida que a criança desenvolver, ela pode afetar a sua saúde para toda a vida, causando problemas mais graves, como a paralisia dos membros inferiores do corpo ou incontinência urinária e fecal, além da perda de 34


Biologia , 12º ano ... 2017-18

Tipos de espinha bífida

Mielomeningocele

Figura 2. Espinha Bífida oculta, meningocele e mielomeningocele

É o tipo mais grave da espinha bífida cística. Há a saída dos revestimentos da medula (meninges) e, ainda, de parte da própria medula espinal pela abertura formada pelo fecho incompleto da coluna vertebral. Neste caso, sem a devida proteção, o sistema nervoso do bebé fica gravemente comprometido, podendo causar problemas neurológicos devido à não transmissão dos impulsos nervosos.

A espinha bífida pode manifestar-se de três maneiras diferentes no bebé:

O resultado disso são problemas como paralisia nos membros inferiores, alterações na sensibilidade da pele, dificuldade de locomoção, incontinência urinária e fecal e problemas de aprendizagem.

Oculta É assintomática e não necessita de tratamento, uma vez que não interfere na saúde da criança. Por esta razão, a maioria das pessoas pode nem saber que tem a doença pela vida inteira. No local da anormalidade, há apenas uma depressão e a presença de pelos.

Há indícios de que a mielomeningocele também esteja diretamente relacionada com a hidrocefalia, que é o aumento de líquido cefalorraquidiano no cérebro.

A espinha bífida oculta caracteriza-se pelo fecho incompleto da coluna vertebral, mas não compromete a medula espinal nem os nervos.

Referências Safari. O que é a espinha bífida? Conheça as causas, sintomas e tratamento. http://www.safari.blog.br/espinha-bifida/

Cística É dividida em dois grupos: a meningocele e a mielomeningocele. Estes tipos de espinhas bífidas também se caracterizam pelo fecho incompleto da coluna vertebral, mas comprometem a medula espinal e as estruturas que a protegem, formando uma saliência nas costas do bebé.

Wikipédia. Espinha Bifída. pt.wikipedia.org/wiki/Espinha_b%C3%ADfida News Medical Life Science. Relação Genética à espinha bífida descoberta. www.news-medical. net/news/2007/12/20/40/Portuguese.aspx

Meningocele É o tipo menos grave de espinha bífida cística. Há a saída apenas dos revestimentos da medula (meninges) pela abertura formada pelo fecho incompleto da coluna vertebral. Neste caso, a medula espinal continua dentro das vértebras, sem qualquer comprometimento da saúde da criança.

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