Rio 2016 - O Melhor dos jogos olímpicos

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Entrevista Exclusiva com Carlos Nuzman, Presidente do COB Promessas do Amanhã, com Flávia Saraiva, da ginástica

O MELHOR DOS JOGOS OLÍMPICOS

Da grama ao ouro C

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Após o fiasco da Copa a “Geração Neymar” se vinga dos alemães, nos pênaltis, e conquista o inédito ouro olímpico

Jeitinho brasileiro Cobertura completa desse evento que contagiou o globo e transmitiu nossa essência para os quatro cantos do mundo

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Redenção de Hypolito Desacreditado após fracassos nas duas ultimas edições dos jogos, Diego supera as expectativas e conquista sua sonhada medalha


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EDITORIAL

Citius, Altius, Fortius POR CARLOS TARTAGLIONI

A “RIO 2016” é um projeto para avaliação da disciplina de “Projetos Interdisciplinares em Design” do curso de “Design Gráfico” da UNICSUL.

Editor Carlos C. Tartaglioni Projeto Gráfico Carlos C. Tartaglioni Diagramação Carlos C. Tartaglioni Conteúdo: Carlos C. Tartaglioni Fernanda A. Fonseca Lígia S. Firmino Lina M. Saleh Sidnei Pereira Jr. Revisão Fernanda A. Fonseca Lígia S. Firmino Lina M. Saleh Sidnei Pereira Jr.

QUANDO A PIRA SE acendeu no Maracanã, a maior festa esportiva do planeta, em sua primeira edição na América do Sul, contagiou o espirito de todos. A animação da torcida foi um dos grandes destaques dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. “O mundo foi contagiado pela paixão dos brasileiros”, afirmou Carlos Nuzman, presidente do Comitê Organizador Rio 2016. Os espectadores não tiveram vergonha de vibrar com as maiores estrelas do esporte mundial. E elas perceberam isso, como demostram algumas de suas declarações. “A energia que a torcida trouxe foi demais”, disse o velocista jamaicano Usain Bolt. “Agradeço ao Rio por sediar os Jogos e nos receber tão bem”, afirmou o nada-

dor Michael Phelps. “Senti como se estivesse no meu país. Foi como se eu fosse brasileiro”, resumiu o tenista sérvio Novak Djokovic. Durante os 16 dias dos Jogos Olímpicos, mais de 11 mil atletas de 205 países disputaram 974 medalhas no Rio. Ao todo, 60 recordes Olímpicos e 19 recordes mundiais foram batidos. Para tirar os eventos do papel, o Rio 2016 contou com uma força de trabalho dedicada e numerosa. Em agosto, 35 mil voluntários de 161 países e 5 mil funcionários contratados trabalharam nos Jogos Olímpicos. Todo o esforço de atletas e trabalhadores envolvidos se refletiu em grande adesão por parte do público durante todo o período do Rio 2016. Mais de 6 milhões

de ingressos para os Jogos Olímpicos foram comercializados. Só para o Parque Olímpico, na Barra, foram quase 2,1 milhões de tíquetes vendidos. A “Rio 2016 – O melhor dos Jogos Olímpicos”, leva para você um apanhado de tudo que foi vivido durante o evento, passando pela cerimônia de abertura, os principais atletas e todas as competições, também fazemos uma previa sobre os jogos de 2020. Diego Hypolito finalmente espantou o azar e conquistou sua sonhada medalha, o futebol masculino conquistou o único título que lhe faltava. Choramos com a dor de Marta, do futebol, e Jaque, do volei. Espero que essa leitura seja agradável.

Pesquisa: Carlos C. Tartaglioni Lígia S. Firmino Orientadora: Claudia T. Fraga Foto da Capa: Roberto Castro Apoio:

Edição Digital O leitor da “Rio 2016 – O melhor dos jogos Olímpicos” pode navegar pelo universo da edição impressa com apenas um toque. Todo o conteúdo da edição impressa está disponível gratuitamente pelo Issuu. Basta usar o QR Code, ao lado, em seu celular ou tablet, ou acessar o link, a seguir, em seu computador: https://issuu.com/carlostartaglioni/docs/rio_2016

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Aquecimento

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The Shot

Rio 2016 ....................................................... 06

Comendo Poeira .................................... 16

Revezamento da Tocha ................. 07

Eliminação e Superação ................ 18

A Marca Rio 2016 ................................. 07

O Vôo da Rainha ................................... 20

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Cerimônia de Abertura .................... 08 Time de Refugiados ............................ 09

Pós-Jogos

Entrevista ................................................... 10

Encerramento ......................................... 66

Locais de Competição ..................... 12

Legado ........................................................... 67

Coluna ............................................................ 13

Rumo a Tóquio ........................................ 68

Espírito Olímpico .................................... 13

Nossa Torcida ......................................... 69

Promessas do Amanhã .................. 14

Ficha Técnica ........................................... 70

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SUMÁRIO

Esportes

Natação ........................................................ 22

Badminton ................................................... 44

Canoagem ................................................... 28

Golf .................................................................... 45

Basquete ..................................................... 30

Lutas ............................................................... 46

Hóquei ............................................................. 32

Esgrima ......................................................... 50

Handebol ...................................................... 33

Hipismo .......................................................... 51

Tênis ................................................................ 34

Atletismo ...................................................... 52

Tênis de Mesa ......................................... 36

Ciclismo ......................................................... 56

Tiro .................................................................... 37

Levantamento de Peso .................. 57

Ginástica ...................................................... 38

Vôlei ................................................................. 58

Redenção de Hypolito ...................... 40

Vela .................................................................. 62

Rugby .............................................................. 43

Futebol ........................................................... 64

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AQUECIMENTO

AQUECIMENTO

A Rio 2016 A ESCOLHA DA sede foi feita durante a 121ª Sessão do Comitê Olímpico Internacional, que aconteceu em Copenhague, Dinamarca, em 2 de outubro de 2009. Foram os primeiros Jogos Olímpicos de Verão sob a presidência de Thomas Bach. e a oitava vez que o Brasil acolheu um grande evento multe esportivo. Foi a primeira edição dos Jogos Olímpicos sediados na América do Sul e a segunda na América Latina e nos trópicos, depois da Cidade do México 1968. Foi ainda a quarta vez que uns Jogos Olímpicos de Verão ocorreram em uma estação climática diferente (Sydney 2000 foi parcialmente no

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POR CARLOS TARTAGLIONI

inverno e na primavera australiana, e Tóquio 1964 e Cidade do México 1968 no outono), mas a primeira que decorreram integralmente no inverno local. O evento decorreu no período de 5 a 21 de agosto de 2016. O local de abertura e encerramento foi no Estádio do Maracanã, sendo a primeira vez, desde os Jogos Olímpicos de Verão de 1900. Realizaram-se 306 disputas de medalhas em 28 esportes divididos em 42 modalidades, duas a mais em relação aos Jogos Olímpicos de Verão de 2012. O Comitê Executivo do COI sugeriu as inclusões do rugby de sete e do golfe, que foram aprovados durante a 121ª Sessão.

ESTES JOGOS DEIXAM UM LEGADO ÚNICO. UM RIO ANTES E OUTRO MUITO MELHOR, DEPOIS. PIERRE DE COUBERTAIN CRIOU A TAÇA OLÍMPICA, HOJE, ELA VAI PARA OS CARIOCAS

THOMAS BACH

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AQUECIMENTO

Revezamento da Tocha POR SIDNEI PEREIRA JUNIOR A CHAMA OLÍMPICA é acesa na Grécia, berço dos Jogos Olímpicos. É um ritual bonito e que remete aos Jogos da Antiguidade. Essa é a Chama Olímpica original dos Jogos Olímpicos. Chama que não se apaga, um método especial a traz acesa para o Brasil. Chegando aqui, a Chama Olimpica é mantida viva e brilhandte, por cerca de 100 dias que é a duração do revezamento da tocha. A Chama Olímpica atravessa o Brasil ate chegar ao Maracanã, Rio de Janeiro. Lá uma ultima tocha acende

Isabel “do Volei” Salgado leva tocha no cristo redentor

Foto: Ministério do Esporte

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uma pira, dando inicio aos Jogos olímpicos Rio 2016 Ao longo de 95 dias, 12 mil pessoas participam do revezamento da Tocha Rio 2016. Elas têm a missão de conduzir a chama Olímpica pelo Brasil, envolvendo todo país no clima dos Jogos. Na rota, estão mais de 300 cidades e os 27 estados do país. Um total de 20 mil quilômetros em terra e 10 mil milhas aéreas em trechos das regiões Norte e Centro-Oeste, entre Teresina e Campo Grande – sem que o fogo se apague.

Cada condutor leva a chama por cerca de 200 metros, vale lembrar que o que é passado no revezamento é a chama Olímpica, acesa na Grécia, e não a tocha. O que os 12 mil condutores têm em comum? São pessoas que fazem a diferença, seja no esporte ou em suas comunidades. Eles foram selecionados a partir de quatro campanhas diferentes, promovidas pelo Comitê Rio 2016 e pelas empresas Coca-Cola, Nissan e Bradesco, patrocinadores oficiais do revezamento.

A Marca Rio 2016 A MARCA JÁ NASCEU com um enorme desafio: representar a Paixão e a Transformação de um país inteiro e projetá-las para o mundo. Uma marca que precisava expressar união, despertar superação e otimismo. Fugir dos clichês e ser, ao mesmo tempo, uma síntese que traduzisse o Rio de Janeiro como o endereço do maior evento esportivo do planeta em todos os lugares. Mais do que forma, era preciso desenhar a estratégia. Foi investigado o universo da marca, suas edições anteriores e outras competições e eventos internacionais. Foram criados planetas Rio 2016 e polinizados cada um deles com muitas referências, conceitos e tendências. Foram feitos brainstormings para descobrir sua essência, seu propósito e materializar expressões e experiências relevantes ao objetivo.

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AQUECIMENTO

Cerimônia de Abertura POR CARLOS TARTAGLIONI E LINA SALEH A CERIMÔNIA DE abertura das Olimpíadas 2016, no Rio de Janeiro, foi realizada no dia 5 de agosto de 2016, no Estádio do Maracanã. Muito elogiada nas redes sociais e pela mídia internacional, o evento surpreendeu positivamente a todos que assistiram. O tema da abertura das Olimpíadas foi a formação da sociedade brasileira e a festa reuniu 30 mil volun-

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Os melhores momentos

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tários. Segundo Fernando Meirelles, Daniela Thomas e Andrucha Waddginton, diretores responsáveis, a ideia foi transformar o estádio em um grande teatro, já que foram usados 14 km de cabos, 2 mil canhões de luz e 3 mil kg de fogos de artifício. A apresentação surpreendeu os convidados pela tecnologia, já que modernas projeções em 3D invadiram o campo do Maracanã.

No palco, vimos uma grande exaltação ao Brasil, alternada a críticas sociais. Ao som de MPB, funk e samba, o cenário mostrou uma representação do país recheada de florestas, portugueses e escravos. O ponto alto foi o voo de uma réplica do icônico 14 Bis, de Santos Dumont, que sobrevoou o estádio do Maracanã e um telão mostrou seu passeio pela cidade do Rio de Janei-

ro, passando pelos principais pontos turísticos. Outro destaque da noite foi Paulinho da Viola, cantando o hino nacional acompanhado por uma orquestra de cordas. A apresentação foi muito elogiada. Ludmilla representou o funk, enquanto Zeca Pagodinho fez uma homenagem ao samba. Elza Soares, Wilson das Neves e Marcelos D2 também se apresentaram. Uma grande

NOSSO HINO É O SAMBA Paulinho da Viola abriu a noite executando o Hino Nacional Brasileiro. No violão do compositor o hino ganhou a cadência do samba enquanto a bandeira brasileira era hasteada.

BÜNDCHEN DE IPANEMA A modelo gaúcha, Gisele Bündchen tirou o fôlego da audiência ao caminhar no Maracanã por mais de 100 metros ao som de “Garota de Ipanema”, executada pelo neto de Tom Jobim.

14-BIS DECOLA O pai da aviação ganhou vida no Maracanã ao levantar voo com o 14-Bis. A aeronave de Santos Dumont cruzou o estádio e, a partir de computação gráfica, ganhou os céus da Cidade Maravilhosa.

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Fotos: Beth Santos, Roberto Castro, Ricardo Stuckert e Fernando Frazão

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AQUECIMENTO

Time de Refugiados dança foi embalada por “País Tropical”, cantado por Jorge Ben Jor e Regina Cazé, antecedendo o desfile das delegações. Anitta, Gilberto Gil e Caetano Veloso cantaram juntos ao final da festa. Um dos maiores destaques Gisele Bündchen. Maravilhosa, usando um vestido prateado com uma superfenda central, do estilista brasileiro Alexandre Herchcovitch, a modelo

desfilou ao som de “Garota de Ipanema”, cantada por Daniel Jobim. As delegações olímpicas foram apresentadas por voluntários que pedalavam bicicletas enfeitadas. Cerca de 10 mil atletas dos países participantes desfilaram. Grécia abriu os desfiles e Brasil fechou. Na sequência, houve discursos do presidente do COI, Tomaz Bach, e do chefe do Comitê Organiza-

dor, Carlos Arthur Nuzman. Então, o presidente interino do Brasil, Michel Temer, declarou abertos os Jogos. A festa se encerrou com o revezamento da tocha, trazida por Gustavo Kuerten e levada à ex-jogadora de basquete Hortência, dois atletas que representam nosso país. A pira olímpica foi acendida por Vanderlei Cordeiro, um exemplo de superação para o esporte nacional.

A FLOR E A NÁUSEA A leitura do poema “A Flor e a Náusea”, de Carlos Drummond de Andrade com as interpretações das atrizes Fernanda Montenegro e Judi Dench, propuseram uma reflexão sobre o meio ambiente.

MORO NUM PA-TRO-PI O Jorge Ben incendiou o público com País Tropical. Após o fim da canção, a plateia seguiu cantando à capela: “Moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”.

PIRA OLÍMPICA A tocha entrou no Maracanã pelas mãos de Gustavo Kuerten. A tarefa de acender a pira coube ao maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima embalado pelo Samba do Avião, de Tom Jobim.

NESTA EDIÇÃO DOS Jogos Olímpicos, o que realmente não faltou foram momentos incríveis, surpreendentes e emocionantes que iremos relembrar. A competição que é considerada o maior evento da Terra, por trazer paz e a harmonia entre todas as nações que nela participam, revelou que o verdadeiro Espírito Olímpico permanece vivo entre os participantes. Ficou evidente que não foram apenas as vitórias que marcaram esse evento, mas os momentos em que alguns atletas mostraram-se solidários e companheiros com seus adversários. Na 1ª eliminatória da prova de 5000 m, as corredoras do EUA e da Nova Zelândia, tropeçaram uma na outra e caíram na pista, se machucando. No entanto, a atleta neozelandesa voltou para ajudar a adversária americana a se levantar. As duas conseguiram completar a prova, nas últimas posições. Diante dessa atitude que traduz o Espírito Olímpico, o Comitê decidiu classificar as duas para a final da competição.

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AQUECIMENTO ENTREVISTA

Carlos Nuzman: O Brasil conseguiu ENTREVISTA POR CAMILA MATTOSO

COMANDANDO O COB há 21 anos, Carlos Arthur Nuzman, 74, atribui o êxito da Olimpíada no Rio ao longo período em que permaneceu no poder no esporte brasileiro. Nuzman afirmou estar orgulhoso da preparação para os Jogos, disse que a cerimônia de abertura “foi a melhor da história”, e que contratempos como os problemas da Vila Olímpica se deveram à complexidade do evento. RIO 2016: Qual foi a melhor coisa da Olimpíada? Carlos Arthur Nuzman: Os Jogos foram espetaculares, superaram todas as expectativas. A grande maioria não acreditava, mas muita gente vai sair daqui dizendo que foram os melhores Jogos da história. Que a cerimônia de abertura foi a melhor da história, eu não tenho dúvida. Os atletas não tiveram atrasos, competiram em instalações icônicas. Chegamos ao final com um resultado que eu sei que é surpreendente para muita gente. Fico feliz em poder provar que o Brasil pôde fazer uma Olimpíada. R16: O presidente do COI, Thomas Bach, disse que não queria ter vivido esse nível de estresse. Foi estressante? Nuzman: Quem organiza uma Olimpíada tem de saber

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Nuzman: Não tem erro, tem ajustes. Você pega 20 mil pessoas para colocar em 31 edifícios e acha que não vai ter problema? Você deveria saber o que a imprensa escreveu de Sydney 2000, onde cinco delegações devolveram as chaves e o COI teve que intervir. O Rio tem de ser altamente elogiado. R16: Sidney Levy, diretor do Comitê Rio-2016, disse que o momento mais tenso foi quando entrou no Maracanã para a abertura, o estádio estava vazio e depois foi enchendo. Qual foi o momento mais crítico para o Sr.? Nuzman: É porque ele nunca entrou numa cerimônia de abertura antes. Eu tinha certeza que estaria lotado. Para mim, será quando terminar os Jogos. Estou aliviado. que é muito complexo. É a palavra que eu gosto de usar. Os Jogos foram complexos. Você há de convir que, pela situação política e econômica do país... Vocês todos estão aqui vendo isso. A gente conviveu com três presidentes da República, três governadores, um prefeito. São números que poucos convivem. R16: O que aconteceu com a Vila Olímpica, onde apartamentos inacabados chegaram a ser entregues?

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QUE A CERIMÔNIA DE ABERTURA FOI A MELHOR DA HISTÓRIA, EU NÃO TENHO DÚVIDA...

R16: O que o sr. achou do caso do nadador americano Ryan Lochte, que mentiu ao dizer ter sofrido um assalto no Rio? Nuzman: Lamentável. Um campeão olímpico tem que ter postura. R16: Qual será o seu futuro? COB, Odepa? Não disse se sou candidato a nada. Tenho que entregar o relatório de contas. O que será da minha vida futura, estou pensando.

Fotos: Beth Santos e COB

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AQUECIMENTO Perfil nascimento: 17

de março de 1942 (74 anos). Ex-jogador de vôlei, disputou os Jogos de Tóquio, em 1964. na política esportiva: Preside o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, o Comitê Olímpico Brasileiro e a Organização Desportiva Sul-Americana. Foi presidente da Confederação Brasileira de Vôlei e do Comitê Organizador do Pan-2007 no esporte:

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AQUECIMENTO

Locais de Competição

POR CARLOS TARTAGLIONI E SIDNEI PEREIRA JR

OS OLHOS DO mundo se voltaram para o Rio, que recebeu a primeira edição dos Jogos Olímpicos da América do Sul. A disputa por medalhas acontece em 32 arenas espalhadas pelo Rio de Janeiro. Mas o espírito Olímpico vai além. O futebol leva os Jogos para o resto do país, com partidas em cinco estádios de Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Salvador e São Paulo. Dia 5 de agosto foi um marco na cidade. Toda a preparação do Rio para se tornar a Cidade Olímpica virou realidade. Conhecido como o coração dos Jogos, o Parque Olímpico, na Barra

SAMBÓDROMO Tradicional palco dos desfiles das escolas de samba no carnaval, o Sambódromo abre alas para o tiro com arco e a maratona nos Jogos Rio 2016. O local passou por reformas e ganhou novas arquibancadas.

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da Tijuca, é o principal polo de competições da cidade. O local vai sediar 16 modalidades olímpicas (Basquete, Ciclismo de Pista, Ginástica Artística, Ginástica de Trampolim, Ginástica Rítmica, Handebol, Judô, Luta Greco-Romana, Luta Livre, Nado Sincronizado, Natação, Polo Aquático, Saltos Ornamentais, Taekwondo, Esgrima e Tênis) e nove paraolímpicas (Basquete em Cadeira de Rodas, Bocha, Ciclismo, Futebol de 5, Goalball, Judô, Natação, Rúgby em Cadeira de Rodas e Tênis em Cadeira de Rodas) em uma área de 1,18 milhões de metros quadrados.

MARINA DA GLÓRIA A Marina da Glória é a base das competições de vela, que acontecem nas águas da Baía de Guanabara. O local passou por uma reforma estrutural que lhe rendeu nova cobertura e espaços destinados a eventos.

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Parque Olímpico da Barra, coração dos Jogos Rio 2016

Parque Olímpico de Deodoro, segundo maior complexo esportivo dos Jogos

MARACANÃ Um dos estádios mais famosos do mundo, recebe as partidas decisivas do torneio de futebol, além das cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos. O estádio foi recentemente modernizado.

ESTÁDIO OLÍMPICO Construído para o Pan de 2007, o estádio é a casa do atletismo. A capacidade da arena foi ampliada temporariamente, com a instalação de assentos extras, e a pista de atletismo foi totalmente modernizada.

Fotos: COB

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AQUECIMENTO COM A PALAVRA

A Olimpíada como cimento POR DAVID LALOUM

A RIO 2016 DEIXOU um grande legado para a nossa indústria e as suas marcas: a necessidade de ídolos diferentes, de valores nobres, posturas exemplares, gestos simples, causas em comum, gerando a fascinação e a união de milhares de pessoas A Olimpíada vai deixar um legado muito maior do que a infraestrutura, do que o desejo das novas gerações de se tornarem atletas, do que o resgate de um sentimento de orgulho há muito tempo ferido pelas crises. Eu vivenciei nessa Olimpíada uma coisa pouco comum na vida, que catalisa emoções e experiências simples e essenciais. A maior conquista dessa Olimpíada foi a reunião das famílias em torno de um mesmo assunto, de maneira gregária, todos os dias, todas as noites, na frente da televisão sem saber exatamente a qual modalidade assistir. Só sabíamos que íamos ficar vidrados, descobrindo esportes improváveis, gesticulando, vibrando com os esportistas, etc. Foi um ritual que durou duas semanas. A volta a um convívio familiar frente a um conteúdo contagiante.

Conversas, debates, brigas, brincadeiras em cima de um mesmo tema, tudo em um só ambiente, saindo da individualização do consumo dos conteúdos, saindo do isolamento das telas respectivas de cada um. Vimos esse assunto crescer e virar cultura popular. Filhos e filhos de amigos improvisando Jogos Olímpicos no jardim, e assim por diante. As emoções ao vivo transcenderam as telas e juntaram todos numa fusão entre famílias e amigos. Ver que existem 201 nações diferentes. Torcer para um atleta de um país que nem conhecíamos. Entender o que é um refugiado. Ver uma corredora parar a sua prova para ajudar uma outra. Descobrir histórias de vida fascinantes por trás de carreiras esportivas bem-sucedidas. Dezenas de imagens que mostram para a gente e para os nossos próximos uma visão mais justa, mais humana, mais aberta e mais generosa da vida. Uma visão mais forte e mais transcendental do que a competição em si. O esporte virou cultura popular. O assunto bateu recordes de engajamento. Os atletas transformaram-se em inspiração. Um enredo que

A MAIOR CONQUISTA DESSA OLIMPÍADA FOI A REUNIÃO DAS FAMÍLIAS EM TORNO DE UM MESMO ASSUNTO... reuniu todos os ingredientes de uma boa história: construção de identidade com as pessoas, originalidade de conteúdo e atitudes edificantes. O brasileiro foi protagonista e não audiência. A Olímpíada deixou um grande legado para a nossa indústria e as suas marcas: a necessidade de ídolos diferentes, de valores nobres, posturas exemplares, gestos simples, causas em comum, gerando a fascinação e a união de milhares de pessoas. Um cimento para a vida quando muitas coisas parecem cada vez mais se polarizar e se pulverizar.

Espírito Olímpico NESTA EDIÇÃO DAS olímpiadas, o que realmente não faltou foram momentos incríveis, surpreendentes e emocionantes que iremos relembrar. A competição que é considerada o maior evento da Terra, por trazer paz e a harmonia entre todas as nações que nela participam, revelou que o verdadeiro Espírito Olímpico permanece vivo entre os participantes. Ficou evidente que não foram apenas as vitórias que marcaram esse evento, mas os momentos em que alguns atletas mostraram-se solidários e companheiros com seus adversários. Na 1ª eliminatória da prova de 5000 m, as corredoras do EUA e da Nova Zelândia, tropeçaram uma na outra e caíram na pista, se machucando. No entanto, a atleta neozelandesa voltou para ajudar a adversária americana a se levantar. As duas conseguiram completar a prova, nas últimas posições. Diante dessa atitude que traduz o Espírito Olímpico, o Comitê decidiu classificar as duas para a final da competição.

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AQUECIMENTO PROMESSAS DO AMANHÃ

Flávia Saraiva: A pequena Notável AO LONGO DOS anos, atletas vem e vão, alguns entram para história, deixam seus nomes marcados, atletas que inspiram novas gerações, que buscam o melhor, querem ser como aqueles que lhe fizeram optar por se tornar um esportista, seguir essa carreira, entre tantas outras. Na Rio 2016 tivemos atletas de idades diversas, de atletas com 13 anos apenas e até de 62 anos. A Olimpíada provando que todos podem chegar lá, com esforço e treino. Mas entre todos esses, entre os milhares de sonhos, temos aqueles que se destacam no meio de tantos. As jovens estrelas que um dia iram brilhar, ou até já brilharam, dando esperança e trazendo medalhas e felicidades para o seu país. O Brasil, nessa Olimpíada ganhou uma estrela, Flávia Saraiva, chamada de Flavinha pelo pelos fãs, ela não ganhou nenhuma medalha, mas se com 15 anos ela conseguiu chegar a uma final, e se tornar a quinta melhor do mundo, sabemos que ela ainda tem muito a melhorar, e se apresentara novamente em 2020, em Tóquio, para então quem sabe trazer uma medalha para casa. Ela mesma disse “Vou comemorar sou a quinta melhor do mundo”.

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Flávia Saraiva não foi descoberta num ginásio. A estrela brasileira da ginástica artística surgiu num pé de goiaba do seu bairro, no subúrbio pobre do Rio. Com oito anos, passava o dia fazendo piruetas, andando com as mãos e pendurando-se nos galhos com os pés até que sua prima, professora de educação física, encorajou-a a trocar as árvores pelas barras. Desde então, é a primeira a chegar ao ginásio e a última a sair. “Flávia nunca marcou 58 pontos em competições oficiais e para poder disputar uma medalha precisa alcançar ao menos 59. Mas está muito focada, sabe muito bem o que quer e trabalha muito para isso, é muito especial nesse sentido, porque uma menina não aceita tanto sacrifício. Há dois anos preparamos a mesma série, temos as condições que precisamos para ganhar”, diz Alexandre Cuia, seu treinador nos últimos quatro anos. Durante a entrevista, a pequena Flávia, de 16 anos, blindada pela federação para não se desconcentrar, aparece com fones de ouvido e cantarolando. Abre um sorriso e conta que não está nervosa, que fará o melhor que puder, que vai se divertir. E diz que está com fome.

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POR FERNANDA FONSECA

VOU COMEMORAR, PORQUE SOU A QUINTA MELHOR DE TODO O MUNDO

A mochila da seleção, que leva pendurada nas costas, cobre literalmente a metade do corpo dela; o treinador ri carinhosamente: “É maior do que ela! ”. Além de tudo, ela é esforçada, Flavinha também é esforçada e tem carisma, algo que agrada a torcida e os árbitros. Com seu tamanho e seu sorriso conquistou os brasileiros e os atletas da Vila Olímpica. Estrelas e equipes nacionais, como o voleibol feminino, bicampeão olímpico, estão praticamente marcando hora para tirar uma foto com ela. As redes sociais babam com ela, os voluntários ficam com vontade de apertar suas bochechas e seu treinador – e qualquer um que cruzar com ela – de abraçá-la. “É engraçado, porque deveria ser ao con-

Fotos: Roberto Castro

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AQUECIMENTO

trário e ser ela quem pedisse as fotos. O carisma sempre ajuda. Até os adversários a tratam bem, é apreciada pelos árbitros e chama a atenção de todos na Vila”, diverte-se Cuia. Flavinha tem frases de adulta, dizem que é muito madura para sua idade, mas continua a ser uma menina fisicamente, que resiste a entrar na adolescência. Enquanto as garotas da idade

dela terminam os treinos e só pensam em sair, ela só quer ficar com a família e assistir Bob Esponja. E ela já encanta. Inspira. Uma nova geração de brasileiros e brasileiras que cresce tendo ela e outras atletas como inspiração. Com isso, nas próximas Olimpíadas que vieram esperamos muitas novas promessas, que tragam esperança para as próximas gerações.

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THE SHOTS 1 de 3

Comendo Poeira Foto 1. O canadense Andre de Grasse chegou a ficar lado a lado com o já campeão dos 100m, Usain Bolt durante a semifinal dos 200m. O jamaicano, que já tinha desacelerado, apenas sorriu ao ver o esforço do adversário.

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THE SHOTS 2 de 3

Eliminação e Superação Foto 1. Marta, mais uma vez, vê a medalha escapar. Foto 2. Após primeira fase desastrosa, seleção masculina se recupera no mata-mata e conquista o ouro em sua quarta final olímpica consecutiva.

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Foto 3. Após muitas críticas recebidas pela eliminação em Londres, Rafaela Silva conquista o sonhado ouro no Rio de Janeiro.

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THE SHOTS 3 de 3

O Vôo da Rainha Foto 1. Simone Biles, com seus 19 anos, 1,45 metro e 47 quilos, revolucionou o mundo da ginástica artística.

Talvez por

isso cada atuação da americana nesta

Olimpíada

era festejada com uma admiração e estupor que beira a incredulidade.

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n.01 O Melhor dos Jogos Olímpicos — RIO 2016 21

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NATAÇÃO

Michael Phelps nadando para mais uma vitória

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NATAÇÃO

Imperadores Aquáticos Phelps e Ledecky brilham e juntos mostram ao mundo a hegemonia norte americana na natação.

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Michael Phelps, atleta mais consagrado da natação, se despediu, novamente do esporte nessas Olimpíadas, e ele não deixou barato para os seus rivais e possíveis novas estrelas do esporte. O atleta conquistou mais cinco medalhas nessa Olimpíada, somando ao todo 28 medalhas olímpicas, sendo 23 medalhas de ouro, mais três de prata e duas de bronze. A última medalha veio com a equipe dos Estados Unidos: Ryan Murphy, Codi Miller, Phelps e Nathan Adrian fizeram 3min27s95. Foi o terceiro ouro Olímpico de Phelps na prova – de Pequim 2008, não restou ninguém da equipe, além dele; Adrian esteve em Londres 2012 com Phelps. A prata foi para a Grã-Bretanha, com 3min29s24, com bronze da Austrália, com 3min29s93. Os brasileiros Guilherme Guido, João Gomes, Henrique Martins e Marcelo Chiarighini terminaram em sétimo lugar. De Michael Phelps, além das medalhas Olímpicas, são mais 33 de mundiais – 26 de ouro, seis de prata e uma de bronze, além dos recordes mundiais, que ainda não foram quebrados, sendo estes cinco: dos 100m e 200m borboleta (49s82 e 1min51s51, de Roma 2009) e dos 400m medley (4min03s84, de Pequim 2008). A americana Katie Ledecky mostrou ao que veio, e ela é a mais nova cara da natação dos Estados Unidos, tem tudo para ultrapassar Phelps. Ela que começou nas Olimpíadas de Londres 2012, com apenas 15 anos (mesma idade de Phelps quando este começou), e ela tem uma trajetória perfeita em construção, pois em comparação com Phelps nessa idade ela leva a vantagem. O Melhor dos Jogos Olímpicos — RIO 2016 23

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NATAÇÃO

Era assim que sonhei encerrar a carreira. É a cereja que eu queria colocar em cima do bolo

Katie Ledecky com apenas 19 anos já leva em sua bagagem, 9 medalhas de ouro em mundiais, e mais dois mundiais. Nessa Olimpíada, a americana juntou mais quatro medalhas de ouro e uma de prata, ela roubou a cena e dispensa comparações com o ídolo, Michael Phelps. A americana de Washington tem brilho próprio e já vem provando que é uma das maiores promessas da natação mundial e a rainha da modalidade. Katie ainda bateu alguns recordes nessa Olimpíada, na prova de 400m livre, nos 800m livre e 1500m livre, ela ainda tem 9 dos 10 melhores tempos na história dos 400m livre. Isso mostra a hegemonia americana na natação, sempre trazendo os melhores atletas da modalidade. Na maratona aquática feminina, a nadadora Poliana Okimoto, de 33 anos, se tornou a primeira mulher brasileira a ganhar uma medalha olímpica em esportes aquáticos. Após quase duas horas de prova no Forte de Copacabana, a brasileira levou o bronze na maratona aquática feminina - seu tempo foi de 1:56:51.4. Ela, na verdade, chegou na quarta colocação, mas a francesa Aurelie Muller, que finalizou a prova em segundo, foi punida por ter se apoiado na terceira colocada Rachele Bruni, da Itália, na linha de chegada e Michael Phelps após ganhar mais uma prova

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NATAÇÃO

Katie Ledecky rindo à toa após ganhar mais uma prova

perdeu o pódio. Com isso, a italiana herdou a prata e a brasileira o bronze. A prova foi vencida, com larga folga, pela holandesa Sharon van Rouwendaal, que surpreendeu e chegou 16 segundos à frente das demais. Ana Marcela Cunha foi só a 11.ª colocada, quase um minuto depois da campeã. Único representante latino-americano do nado sincronizado por equipes na Rio-2016, o Brasil terminou a competição na sexta colocação após apesentar a sua rotina. As brasileiras, que fizeram sua estreia olímpica nesta prova, conseguiram um total de 171.9985 pontos (84.7985 na rotina técnica e 87.2000 na rotina livre). A Federação da Rússia segue soberana no nado sincronizado nos Jogos Olímpicos. Com uma apresentação emocionante, as atletas do país conquistaram o ouro por equipes nos Jogos Rio 2016 e fizeram a festa no Centro Aquático Maria Lenk, elevando o número de títuPoliana Okimoto conquista medalha de bronze na maratona aquática

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NATAÇÃO

Natalia Ishchenko e Svetlana Romashina durante apresentação de nado sincronizado

Equipe da Rússia de nado sincronizado

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los consecutivos na prova para cinco. O país também havia vencido a prova de duetos no começo da semana. Na apresentação final, a equipe do país fez uma homenagem à neta da técnica Tatiana Pokrovskaya, que recentemente faleceu aos 15 anos de idade. No nado sincronizado de dupla, as russas Natalia Ishchenko e Svetlana Romashina revalidaram, sem grandes surpresas, sua medalha de ouro. A prata foi para as chinesas Huang Xuechen e Sun Wenyan e o bronze para as japonesas Yukiko Inui e Risako Mitsui. No salto ornamental, o brasileiro Hugo Parisi foi eliminado nas semifinais. O saltador brasileiro terminou em 16º lugar na semifinal da plataforma de 10 metros e ficou fora da disputa por medalhas da

Fotos: Ministério do Esporte

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NATAÇÃO

Qian Ren, de apenas 15 anos, durante salto

modalidade. Quem ficou com o ouro foi o chinês Chen Aisen, este que também recebeu ouro no 10m sincronizado ao lado de Yue Lin, enquanto o mexicano Germán Sánchez ficou com a prata. Uma atleta de apenas 15 anos de idade comandou a dobradinha chinesa na prova feminina da plataforma de 10m dos saltos ornamentais. Vice-campeã mundial, Qian Ren levou o ouro no Centro Aquático Maria Lenk e subiu ao pódio ao lado da compatriota Yajie Si, de 17. A chinesa é a atleta mais jovem a ir ao pódio na Rio 2016. Ren, que venceu a etapa da Copa do Mundo realizada no Rio de Janeiro este ano, teve a melhor nota da fase final, com 439.25. Yajie Si recebeu 419.40 e ficou com a prata, enquanto a canadense Meaghan Benfeito, de 27 anos, garantiu o bronze com 389.20. A seleção feminina de polo aquático dos Estados Unidos bateu a Itália por 12 a 5, e chegou ao bicampeonato olímpico. As norte-americanas, campeãs em Londres-2012, são as primeiras a repetir um ouro olímpico na modalidade. O confronto foi dominado pelos Estados Unidos, que fizeram 4 a 1 no primeiro quarto e foram pouco ameaçados pelas adversárias ao longo do duelo. No polo aquático masculino, a Sérvia finalmente teve sua vez. Bronze em Pequim 2008 e Londres 2012, a seleção sérvia dessa vez garantiu a medalha de ouro em grande estilo, ao derrotar na final os atuais campeões da Croácia. A vitória, no Estádio Aquático Olímpico, foi por 11 a 7.

Atleta da Sérvia de polo aquático

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CANOAGEM

Três Vezes Isaquias Atleta ganha três medalhas em uma mesma edição dos jogos olímpicos, feito inédito para brasileiros.

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O Isaquias Queiroz não venceu uma prova sequer, mas mudou a história do Brasil em Olimpíadas. O canoísta de 22 anos tornou-se o primeiro representante nacional a acumular três pódios em uma edição: depois de uma prata no C1-1000m e de um bronze no C1-200m, obteve, competindo ao lado de Erlon Souza, 25, a prata da prova C21000m da Rio-2016. Até este ano, o Brasil jamais havia frequentado o pódio olímpico da canoagem velocidade. O atleta baiano mudou o panorama: esteve entre os três primeiros nas três provas que disputou na Rio-2016: “Eu me sinto realizado. Fico muito feliz em ter quebrado esse recorde. Mas, como falei, não é só mérito meu. É da minha equipe toda, que está de parabéns”, disse Isaquias. Na prova C1-1000m, o canoísta brasileiro fez uma disputa remada a remada com seu maior rival, o alemão Sebastian Brendel, e acabou perdendo e ficando com a prata. “Acho que é muito difícil remar com o alemão, que é muito bom, mas eu remei muito bem e estou com a medalha de prata”, comentou o atleta após o fim dessa prova. O bronze do brasileiro veio na prova de C1-200m, esta que foi a prova mais imprevisível da canoagem de velocidade da Rio 2016. Isaquias teve uma péssima largada nessa prova, mas ao longo da prova conseguiu se recuperar, e no final ele jogou o barco para frente, ao acabar o brasileiro havia ficado com raiva por ter achado que não havia conseguido, até anunciarem que ele terminou em terceiro lugar. O ouro nessa prova ficou com o ucraniano Iurii Cheban, que

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Isaquias Queiroz durante prova na Rio 2016

conquistou seu bicampeonato olímpico, a prata foi para Valentin Demyanenko, do Azerbaijão. Na prova de duplas, a dupla brasileira, Isaquias Queiroz e Erlon de Souza, liderou boa parte da prova, mas foi ultrapassada nos últimos metros e cruzou a linha de chegada na segunda colocação. Os dois, que são os atuais campeões do mundo, haviam se classificado em primeiro lugar e chegaram como favoritos ao Estádio da Lagoa. Quem atrapalhou os sonhos dourados dos brasileiros foi a dupla alemã Sebastian Brendel e Jan Vandrey, que fez uma arrancada final impressionante e chegou pouco menos de 1s antes dos brasileiros. Na prova da canoa individual 1.000m, o alemão também tirou o ouro do brasileiro.

Fotos: Ministério do Esporte

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CANOAGEM

Isaquias e Erlon comemoram a prata na prova de duplas

Eu saio do pódio e treino no mesmo dia... Como seria bom ir para Bahia descansar O Melhor dos Jogos Olímpicos — RIO 2016 29

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BASQUETE

Dream Team Outra Vez Mais uma vez os EUA se demonstram imbatíveis no basquete e conquintam ambos ouros.

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Mesmo jogando bem, o Brasil foi eliminado no torneio masculino de basquete dos Jogos do Rio. A equipe voltou a vencer ao bater a Nigéria por 86 a 69 na Arena Carioca 1 com ótima participação de Nenê, cestinha com 19 pontos. O resultado pela rodada final da fase de grupos, porém, não foi o suficiente para garantir a classificação para a próxima fase. O time precisou torcer para a Argentina vencer a Espanha. Porém, o que se viu foi um passeio dos europeus, com vitória por 92 a 73. A partida final da seleção na fase de grupos teve o resumo das falhas do Brasil na primeira fase. A equipe sentiu o mesmo nervosismo da estreia, contra a Lituânia, junto com os erros ofensivos. Quem ajudou a salvar a atuação foi Nenê, que pela primeira vez foi decisivo para a seleção nestes Jogos do Rio. O cestinha teve o nome gritado pela torcida. A fragilidade do adversário foi também determinante para o resultado. A Nigéria vinha de quatro derrotas e demonstrou ser bem mais limitada do que os demais integrantes do grupo. A equipe chegava pouco ao ataque, fora ter uma defesa fraca e bastante dificuldade para pegar rebotes, fundamento em que Nenê foi decisivo, com sete. A derrota na segunda prorrogação para a Argentina, no sábado, enfraqueceu o apoio da torcida. Um ginásio bem menos efusivo e barulhento acompanhou a decisão contra a Nigéria. Os africanos surpreenderam, ao começar melhor e fazer 16 a 15 no

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Dísputa de bola no jogo Brasil x Argentina

Mesmo jogando bem, o Brasil foi elimidado contra a Espanha

Foto: Ministério do Esporte e Danilo Borges

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BASQUETE primeiro quarto. O Brasil voltou a errar demais na parte ofensiva. Foram dez tentativas de arremessos de três para um acerto. O jogo poderia ter iniciado de forma até pior, se não fosse Rafael Hettsheimeir começar a aparecer. Nas quatro partidas anteriores ele teve atuação discreta. Porém, foi a vez dele despertar dessa vez. Somente no primeiro tempo foram dez pontos. A equipe conseguiu a virada e foi para o intervalo com 42 a 31 a favor graças também às boas entradas de Cristiano Felício e Vitor Benite, já no segundo quarto. A metade final do jogo foi equilibrada. O Brasil não conseguiu manter o bom momento e foi para o último quarto com a perigosa e pequena vantagem de sete pontos. A Nigéria passou a errar menos e continuou com muito mais pontaria nas cestas de três e lances livres. A equipe da casa sentiu o nervosismo e arriscou lances em que sequer a bola chegou a tocar a tabela. A tranquilidade só veio a cinco minutos do fim. A torcida passou a gritar por Nenê e em quadra, o veterano de 33 anos comandou uma boa sequência de pontos para tirar o time do aperto enquanto a Nigéria passava mais de seis minutos sem fazer cesta. Brasil se despede de maneira melancólica. Em cinco partidas, foram somente duas vitórias e três derrotas. A eliminação do Brasil, que conquistou apenas duas vitórias em cinco partidas no Rio, a anterior fora justamente diante dos espanhóis, encerra uma participação para esquecer do basquete brasileiro nos Jogos, já que no feminino o desempenho também foi decepcionante. A equipe feminina, dirigida por Antonio Carlos Barbosa, perdeu todas as cinco partidas disputadas no Rio de Janeiro e encerrou sua participação na última posição do Grupo A. Um show de dribles, enterradas e arremessos. Nos Jogos Rio 2016, o basquetebol comemora o aniversário de 80 anos no programa Olímpico - sua estreia foi em Berlim 1936. Doze seleções masculinas e 12 femininas disputaram o pódio. Paul George foi um dos responsáveis em levar os EUA a mais um ouro

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HÓQUEI

Festa Hermana Argentinos levam o ouro do hóquei de grama.

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Além dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro serem os primeiros em solo nacional, o evento também será inédito para o hóquei na grama do Brasil. As seleções brasileiras ocupam atualmente a 34ª posição no ranking internacional no masculino. Já na categoria feminino, o Brasil ocupa a 50ª posição e não se classificou para os Jogos Olímpicos. O time masculino conquistou a classificação nos Jogos Pan-Americanos em 2015, no Canadá e a equipe ficou com a quarta colocação. Na disputa pela medalha de bronze, os brasileiros foram

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Argentinos se emocionam com conquista

derrotados pelo Chile. Apesar de acabar a competição sem medalha, a seleção conquistou a inédita vaga. Duas derrotas, 19 gols sofridos, nenhum marcado. O início da participação da equipe brasileira masculina de hóquei sobre grama mostra a distância que ainda existe entre o time nacional e as seleções de ponta do esporte. É a primeira participação em jogos olímpicos. Perdeu por 7 a 0 para a Espanha, e de 12 a 0 para a Bélgica. Ainda assim, a Confederação Brasileira da modalidade tem tentado divulgar o esporte no país. Quem levou o ouro na modalidade masculina foi a Argentina, após ganhar da Bélgica por 4 a 2. Os argentinos esperavam a décadas um ouro no hóquei sobre a grama, a seleção feminina era principal esperança dos Hermanos, após chegar ao pódio por quatro Olimpíadas seguidas, mas foi o masculino quem levou o ouro. No hóquei sobre grama feminino, a Grã-Bretanha protagonizou uma das surpresas dessa Olimpíada, ganhando o ouro em cima da favorita Holanda. As holandesas não perdiam um jogo desde Atenas 2004, e buscavam o tricampeonato olímpico aqui no Rio. Mas o sonho das holandesas foi interrompido, após uma decisão por shoot-out, onde as britânicas levaram a melhor.

Fotos: Fernando Frazão (Hóquei); Willian Lucas (Handebal)

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HANDEBOL

Na Palma da Mão Time brasileiro feminino bate na trave de novo, e o masculino consegue um marco nacional.

Atleta brasileiro no momento de um arremesso

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Pela primeira vez na história, a seleção brasileira de handebol masculino se classificou para as quartas de finais no torneio olímpico, uma pena que paramos aí. Enfrentando a França nas quartas o Brasil perdeu de 34 a 27. Mesmo a seleção brasileira mostrando muita garra, eles não conseguiram segurar a bicampeã olímpica. O Brasil com o comando do técnico Jordi Ribera vendeu caro a derrota, com um primeiro tempo heroico, que terminou empatado em 16 a 16. Na final, a Dinamarca surpreendeu a favorita França e levou a medalha de ouro inédita no handebol masculino. O triunfo se deu por 28 a 26, com destaque para a atuação do craque Mikkel Hansen, artilheiro do jogo com oito gols. Com esse marco, a Dinamarca acabou com a hegemonia francesa no esporte. E a França, portanto, perdeu a chance de conquistar um feito sem precedentes no handebol: o tri olímpico. Durante o jogo, o destaque também foi a torcida. Durante o confronto, o Brasil conquistava o ouro olímpico no vôlei masculino. A informação chegou a arquibancada, que vibrou. Os jogadores não entenderam nada, mas a festa continuou. No handebol feminino, a melhor geração da história do handebol feminino brasileiro, que foi campeã mundial em 2013, não conseguiu atingir a meta de ganhar uma medalha olímpica. O time de Alexandra e Duda, duas atletas que já foram as melhores do mundo, perdeu para a Holanda por 32 a 23, na Arena Mundo e se despediu da Rio 2016 nas quartas de final.

Em Londres 2012, o Brasil também avançou como primeiro colocado do grupo. Com basicamente o mesmo elenco que está no Rio, deu azar de enfrentar nas quartas de final a equipe que então faturaria o bicampeonato, Noruega. Quem se consagrou campeã do handebol feminino foi a Rússia, conquistando o ouro inédito. A primeira vez que a Rússia conquista o ouro no handebol feminino. O jogo havia sido contra a França, o placar acabou 22 a 19 para as russas. Um jogo que começou com a vitória da Rússia, seguido de um empate da França, para então a Rússia conseguir dominar o jogo novamente. O Melhor dos Jogos Olímpicos — RIO 2016 33

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TÊNIS

Dor, Suor e Adrenalina

Coloquei meu coração e minha alma na quadra e consegui...

Um ouro inédito, um bicampeão, e decepções por conta dos melhores do mundo

C

Com Serena Williams, Angelique Kerber e Garbiñe Muguruza, entre outras, na disputa pelas medalhas do torneio feminino de simples de tênis no Rio 2016. O que não faltava era candidatas ao pódio. Mas quem chegou lá foi Monica Puig, tenista de Porto Rico, um país que jamais havia conquistado o ouro olímpico. Pois então, a 34° colocada do ranking da WTA se impôs, perdeu apenas dois sets na campanha e fez história. Monica se tornou-se a primeira mulher de Porto Rico a conquistar uma medalha Olímpica e apenas a terceira pessoa do seu país, incluindo homens, a disputar uma medalha de ouro individual. No tênis masculino, Murray conquista o bi olímpico, numa partida de 4 horas contra o argentino Juan Martín Del Potro. O jogo que se encerrou em 3 a 1 para o britânico, encerrou a semana dos sonhos do argentino. No tênis de dupla misto a dupla americana, Mattek-Sands e Sock. Eles acabaram com a chance de Venus Williams conquistar sua quinta medalha de ouro olímpica, deixando-a com o segundo lugar. Nadal supera o cansaço e conquista ouro olímpico nas duplas. O jogo foi poucas horas depois do espanhol enfrentar e eliminar Thomaz Bellucci na chave simples. Ao lado do compatriota Marc López, os espanhóis conquistaram a medalha de ouro contra os romenos Florin Mergea e Horia Tecau. E nas duplas femininas, quem levou a melhor foi Ekaterina Makarova e Elena Vesnina. A dupla russa derrotou as suecas, Timea Bacsinszky e a velha conhecida Martina Hingis, por 2 sets a 0. Essa foi a primeira Olimpíada de Hingis depois de 20 anos.

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Foto: Ministério do Esporte

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Monica Puig fez história nessa Olimpíada

TÊNIS

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T. DE MESA

Festa Chinesa Chineses confirmam seu favoritismo e conquistam os quatro ouros em disputa.

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A China é literalmente a grande potência olímpica da atualidade na competição de tênis de mesa. Na Rio 2016, os chineses ganharam todas as medalhas de ouro disputadas na categoria. Para se ter uma ideia no tênis de mesa, a China possui até agora exatamente 28 medalhas só de ouro conquistadas em todos os Jogos Olímpicos que já participaram. O país asiático conquistou a última medalha no masculino por equipes e subiu ao topo do pódio com imponência. Com a conquista, a China confirmou o favoritismo e levou os quatro ouros colocados em jogo. A vitória veio também no feminino. Na decisão, a equipe chinesa, formada por Jike Zhang, Xin Xu e Long Ma, derrotou o trio japonês por 3 jogos a 1. Sendo assim o quarto título dos chineses na categoria. Long Ma emocionada disse: “Essa medalha não foi conquistada apenas por nós três aqui, mas por toda a seleção chinesa e por todos os fãs do esporte em nosso país”.

Ma Long comemorando sua vitória nos Jogos Olímpicos

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TIRO Felipe Wu comemora a medalha de prata

Na Mosca Felipe Wu abre o quadro de medalhas brasileiro levando a prata em emocionante disputa.

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O atleta que teve o privilégio de abrir o quadro de medalhas do Brasil foi o paulista Felipe Wu, de 24 anos. Ele conquistou a medalha de prata na prova da pistola de ar 10m, que ocorreu no Centro Olímpico de Tiro. Essa conquista levou o país sede dos Jogos Olímpicos ao pódio pela 1ª vez. Foi a 3ª medalha que o tiro deu ao país na história dos Jogos: “É uma sensação de dever cumprido. Minha equipe e eu nos dedicamos muito e esse ano tem sido muito bom para mim, pois já venci duas etapas da Copa do Mundo e cheguei ao primeiro

Fotos: Roberto Castro (Tênis de mesa); Marlon Falcão (Tiro)

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Competição da modalidade de Tiro com Arco

lugar do ranking e ganhar aqui agora é muito bom. Até de manhã, eu não acredita que a torcida poderia fazer a diferença, mas foi exatamente o que aconteceu. Senti uma energia muita boa vindo da arquibancada”, comemorou Felipe. Felipe Wu ganhou a prata após uma disputada acirrada na série final com o vietnamita Xuan Hoang, que acabou levando o ouro ao conseguir completar 202.5 pontos, com direito a um tiro de 10.7 pontos no último disparo. Hoang conquistou o 1º ouro da história de seu país, além também de quebrar um recorde Olímpico durante a prova. Já o brasileiro conseguiu terminar com 202.1 pontos. O tiro com arco também vai entrar para a história dessa Olimpíada. Não teve medalha e não teve pódio, mas os atletas brasileiros ultrapassaram seus limites. Prova disso é a chegada de Ane Marcelle, atleta brasileira que alcançou a oitava de final, lugar onde nunca antes foi alcançado por um atleta brasileiro. “Eu estou muito feliz. Fiz a minha parte e conquistei o meu objetivo, cheguei até aqui. Tinha tudo para ganhar, só que minha mira estava variando muito. Se não fosse isso, eu tinha passado. Mas estou feliz por ter chegado tão longe” afirmou Ane. O Melhor dos Jogos Olímpicos — RIO 2016 37

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GINÁSTICA

Vôo de Gigantes O brilho dos ginastas sempre levou o público à loucura, nessa edição dos jogos não foi diferente.

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O nome da ginastica artística dessa Olimpíada, foi sem sombra de dúvida Simone Biles. A americana de 19 anos, fez sua primeira participação em Olimpíadas, e se tornou a Rainho do Rio. Não só por ganhar as medalhas, mas por seu carisma. Os Estados Unidos dominam a ginástica há anos, mas o surgimento de Simone Biles em 2013, um ano depois da olimpíada de Londres, mudou tudo. Tirou o incentivo de qualquer esporte, que não é outro senão a possibilidade de ganhar. Ou pelo menos tentar. Tendo visto, na Arena Olímpica do Rio, o primeiro dia da ginástica feminina, ninguém pode ofuscar uma equipe norte-americana que está a um abismo dos outros participantes. Pela dificuldade, potência, precisão e o espetáculo que ela da. É maravilhoso e, ao mesmo tempo, um pouco chato. Depois de uma impecável competição, 20 exercícios quase perfeitos, os EUA marcaram 185.238 pontos, 10 mil a mais do que China e Rússia, que tinham ficado muito próximos entre si (175.279 e 174.620, respectivamente). Biles, dona de três títulos mundiais seguidos, completou uma participação incrível nos Jogos Rio 2016, com as medalhas de ouro por equipes e nas disputas individuais do salto, solo e geral. Ainda garantiu o bronze na barra de equilíbrio, o que a impediu de chegar às almejadas cinco medalhas de ouro. Nem mesmo a grande Nadia Comaneci conseguiu ganhar tanto em Montreal 76. A pequena romena teve que se conformar com três medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze.

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As quatro medalhas colocam a americana ao lado de outras três ginastas que alcançaram o feito: Larissa Latynina, da União Soviética, em Melbourne 1956, Vera Caslavska, da Tchecoslováquia, em Cidade do México 1968, e Ecaterina Szabo, da Romêmnia, em Los Angeles 1984. Ao falar sobre o bronze, único momento em que deixou a perfeição de lado, Biles não desanimou. “Não estou desapontada, qualquer pessoa adoraria ganhar uma medalha de bronze nos Jogos Olímpicos. Estou desapontada, sim, pela exibição que eu tive”, afirmou, citando especificamente o momento em que perdeu o equilíbrio, o que comprometeu sua apresentação. Estar entre os três melhores do planeta, em qualquer modalidade, no esporte ou na vida, é um feito a ser celebrado. É com esse pensamento que Arthur Zanetti, campeão olímpico nas argolas em Londres-2012, deixa os Jogos do Rio de Janeiro, com a prata no aparelho que o projetou ao mundo. O segundo a se apresentar no aparelho foi o grego Eleftherios Petrounias que, aos quatro cantos, bradava antes da decisão: “Eu sou o favorito”. Enquanto ele se apresentava, Zanetti deixou a área de competição e dirigiu-se ao vestiário com seu técnico, Marcos Goto. E quem ficou na Arena, viu algo incrível. O grego acertou tudo que tentou, e tirou uma das mais elevadas notas já vistas: 16,000 pontos.

Fotos: Roberto Castro

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GINÁSTICA

Simone Biles conquista todos com sua apresentação no solo

Com duas medalhas olímpicas, das quatro que o país possui na ginástica artística, Arthur Zanetti deixa a competição no Rio de Janeiro da mesma forma que entrou: como um herói do esporte brasileiro. Nas barras paralelas, o ouro ficou com o ucraniano Oleg Verniainev: “Estou muito feliz. Finalmente consegui a primeira medalha de ouro para o meu país”, festejou o campeão Olímpico. A conquista foi extremamente especial para o alemão, bronze em Pequim 2008 e prata em Londres 2012. Sobretudo porque ele já anunciou que se aposenta após o Rio 2016. O Brasil ficou sem medalha de ouro, prata ou bronze na final por equipes da Olimpíada Rio-2016, mas só o fato de ter alcançado a condição de disputá-las já foi um marco para a seleção brasileira. Portanto, pode-se dizer que foi um honroso sexto lugar. O ouro ficou com o Japão, liderado pelo genial Kohei Uchimura, 27 anos, que acerta quase tudo. Uma vitória com sobras: 274.094 pontos. A prata foi para a Rússia (271.453), deixando o bronze no peito dos chineses (271.122). Para o Brasil, chegar à frente da poderosa Alemanha e da tradicional Ucrânia foi um resultado

Arthur Zanetti fazendo sua apresentação na final

honroso. As meninas da seleção do Brasil ficaram na oitava colocação. E mesmo ficando na última colocação entre as finalistas, esse é o melhor resultado de uma equipe feminina brasileira em jogos Olímpicos. O grande destaque da disputa da ginástica feminina por equipes foi a tricampeã mundial Simone Biles, dos Estados Unidos, que foi aplaudida de pé pelos torcedores que acompanharam a disputa na Arena Olímpica após a apresentação no solo. A equipe brasileira, formada pelas ginastas Rebeca Andrade, Jade, Flavia Saraiva, Daniele Hypolito e Lorrane Oliveira, contava com a força da torcida na busca por uma medalha. Mas era preciso que as meninas do Brasil tivesses apresentações sem erros, o que não aconteceu. A carismática Flávia Saraiva, de 16 anos, ficou com o 5º lugar na final da trave. Em sua primeira participação nos Jogos Olímpicos, ela adquire um resultado considerado satisfatório pelo seu ótimo desempenho na trave e em outros aparelhos – ajudando na competição por equipes semana passada – e por sua idade ainda precoce. A ginasta carioca, de apenas 1,33m de altura, chegou forte na prova da trave e seu lugar no pódio era esperado pela torcida brasileira. Com dois leves desequilíbrios, Saraiva ficou com o quinto lugar. O ouro ficou com a holandesa Sanne Wevers, seguida da americana Lauren Hernandez. A sensação da equipe dos Estados Unidos, Simone Biles, ficou com o bronze, mesmo tendo uma queda sobre o aparelho. Flavinha Saraiva durante sua apresentação no solo

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GINÁSTICA

Redenção de Hypolito Diego finalmente conquista sua sonhada medalha, no solo, após duas dolorosas participações

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Diego Hypólito, enfim, encontrou sua redenção nos Jogos Olímpicos. Sem desgrudar da medalha de prata conquistada no solo, o atleta mostrou-se emocionado com o pódio, que teve ainda o brasileiro Arthur Nory, no bronze, e o britânico Max Whitlock, que ganhou o ouro: “Esse é o dia mais importante da minha vida. Eu me propus a vir aqui depois de cair de bunda, de cara e me sentir humilhado. Aqui, caio em pé para a medalha”, ressaltou Hypólito festejando com lágrimas nos olhos, que também afirmou: “Na hora que eu estava competindo, tentei me isolar de tudo que pudesse me atrapalhar. Já participei de outros dois Jogos Olímpicos, quando vivi momentos difíceis, mas consegui me superar. Na minha última passada veio na minha cabeça um filme de Pequim e Londres e só pensei em tirar isso, pois sei o quanto trabalhei para ter essa oportunidade novamente”. Diego se referiu às duas frustrações que teve nas edições anteriores da Olimpíada, quando chegou cotado para a medalha, mas falhou exatamente no momento decisivo. “Essa medalha me mostrou que temos que sonhar alto para alcançar. Nunca deixei de acreditar. Tudo valeu a pena. Amo demais o que faço e não vou parar com a ginástica!”, avisou o atleta de 30 anos. Ele é considerado um veterano para a idade, mas contou com uma ajuda importante neste ano do ciclo olímpico: de Marcos Goto, que também é treinador de Arthur Zanetti, campeão olímpico nas argolas em Londres. “Ele é um técnico campeão e merecedor dessa medalha também”, comentou Diego.

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O que Diego Hypólito fez pela ginástica artística brasileira merece mais do que uma medalha olímpica. Considerado o primeiro brasileiro campeão mundial, o ginasta foi uma estrela solitária no começo da sua carreira, porém não soube administrar o excesso de expectativa sobre ele em Pequim, em 2008. A medalha veio sim aos 30 anos e não foi por acaso. Diego entrou na Arena Olímpica do Rio já sem tanta pressão e com uma confiança reforçada com a ajuda do técnico Marcos Goto. E toda essa combinação o trouxe leveza. Com ela, o talento próprio deu conta do resto. Agora seu maior mérito além de conquistar

Foto: Roberto Castro

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GINÁSTICA

Em Pequim, caí de bunda. Em Londres, caí de cara. Aqui, caí de pé!

Diego Hypólito ergueu sua medalha com orgulho e muita emoção

a medalha de prata, é também ter sido inspiração para as futuras gerações do esporte olímpico e a prova disso foi à conquista do bronze do estreante Arthur Nory no solo. Mas o bronze de Nory mostrou que favoritismo na ginástica não é sinônimo de medalha. E a história de Diego é um exemplo disso. Desacreditado após sofrer algumas frustrações em suas olimpíadas, o ginasta também provou que a idade não é uma barreira quando o objetivo está muito bem definido a sua frente e junto com um trabalho árduo a conquista do sonho é certa. A prata de Diego e o bronze de Nory colocam a ginástica do Brasil em evidência. E Diego tem razão ao dizer: “Essa medalha não é minha, e sim de todo o Brasil”. O Melhor dos Jogos Olímpicos — RIO 2016 41

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GINÁSTICA

Ritmo e Saltos trampolim dá liberdade aos atletas até seu pouso e a dança rítmica emociona todos.

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Voar, talvez por apenas alguns segundos, esta é a sensação do impulso na cama elástica até seu pouso sobre ela. A ideia da ginástica de trampolim é liberdade, e chegou com tudo no Rio 2016. O ginasta brasileiro Rafael Andrade conquistou 48,05 pontos na série obrigatória e 53,82 na livre, totalizando 101,87, assim, ocupou a 14ª colocação na classificatória e não avançou para a final. O medalhista de ouro foi Hancharou, da Bielorrússia, com 59,75; seguido por Schmidt, da Nova Zelândia e pelo português Ganchinho. Pelo feminino, as medalhistas foram Liu, da China, Pavlova, da Rússia e Piatrenia, da Bielorrússia. Temos também a bela Ginástica rítmica, a Rússia conservou o título olímpico do concurso geral por equipes, ganhando a medalha de ouro pela quinta vez seguida, provando a hegemonia do país na modalidade, enquanto a Espanha ficou com a medalha de prata. A seleção brasileira de ginástica rítmica cometeu erros e não se classificou para a final da modalidade. As duas apresentações levantaram o público, mas deixaram o Brasil com 32,649 pontos na nona posição, uma abaixo da disputa por medalhas, e acabou rendendo um 10º lugar.

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Hancharou com sua medalha de ouro

Margarita Mamun conquista o ouro no individual geral

Equipe da Rússia durante sua apresentação

Fotos: Roberto Castro (Ginástica); Fernando Frazão (Rugby)

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RUGBY Atleta da seleção australiana de rugby de sete.

Força da Oceania Australianas marcam história e os fijianos provam que são os melhores do mundo.

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Uma vitória para entrar na história. Atual vencedora do Circuito Mundial, a Austrália é a primeira campeã Olímpica da versão de sete jogadores do rugby. A equipe feminina do país derrotou a rival Nova Zelândia, no Estádio de Deodoro e conquistou o ouro no retorno do esporte aos Jogos Olímpicos. O bronze ficou com o Canadá, que ganhou da Grã-Bretanha. Enquanto a seleção brasileira não conseguiu chegar as quartas de final da Olimpíada, mas ao menos atingiu seu objetivo secundário no torneio. Na estreia da modalidade no programa olímpico, o Brasil ficou em nono lugar no Rio. Quando os jogadores da seleção masculina de rugby de sete de Fiji vieram para o Rio, eles tinham uma missão: levar o ouro para o arquipélago do Pacífico. Número 1 do mundo e atual bicampeão do Circuito Mundial, o time fez o que se esperava dele. Tirando o confronto com a Nova Zelândia pelas quartas de final, os fijianos não deram chance para os rivais, em especial na decisão. Os favoritos não deixaram a Grã-Bretanha ver a cor da bola, venceram por 43 a 7, e a primeira vez que o país subiu ao pódio na história da Olimpíada foi logo no lugar mais alto. O Melhor dos Jogos Olímpicos — RIO 2016 43

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BADMINTON Carolina Marín comemorando vitória sobre indiana

Fim da Hegemonia Espanhola Carolina Marín conquista o ouro.

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A espanhola de 23 anos, Carolina Marín venceu dura partida contra indiana Sindhu Pusarla e se converteu na primeira atleta não asiática a conquistar a medalha de ouro do badminton feminino dos Jogos olímpicos. Marín, venceu a nona jogadora por 2 a 1, em uma partida tensa e em que a andaluza foi advertida inúmeras vezes pela juíza. Brasileiro Ygor Coelho na estreia já havia sido derrotado pelo irlandês Scott Evans, em um jogo que havia a expectativa de vitória

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do brasileiro, sendo o primeiro jogador de badminton a representar o brasil. Primeiro e único brasileiro a conseguir se classificar para os Jogos Olímpicos no badminton, Ygor Coelho encerrou sua participação no Rio. Formado em um projeto social criado pelo próprio pai, Sebastião, na comunidade da Chacrinha, ele comemorou o Dia dos Pais sendo aplaudido de pé no pavilhão 4 do Riocentro. Jogando contra o alemão Marc Zwiebler, bronze no Europeu deste ano e muito mais experiente, Ygor não teve a menor chance. Perdeu por 2 sets a 0, mas não deixou de vibrar. Foi ovacionado pelo público que lotava a instalação e parabenizado também pelo adversário. Os dois trocaram de camisas, o que não é usual no esporte olímpico. A China teve sua participação Olímpica mais discreta no badminton nos últimos 20 anos – levou apenas três medalhas, mas o último ouro dos Jogos Rio 2016 foi para os asiáticos. Bicampeão mundial, Chen Long venceu o torneio individual masculino e colocou a bandeira do país no topo do pódio no encerramento do calendário de competições no Pavilhão 4 do Riocentro.

Fotos: Roberto Castro (Badminton); Tânia Rêgo (Golfe)

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GOLFE

Em uma Tacada Golfe tem retorno triunfal as Olimpíadas com direito a um hole-in-one.

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O primeiro campeão Olímpico do golfe no século XXI é britânico. Justin Rose, de 36 anos, venceu a disputa entre os 60 competidores que entraram em ação no Campo Olímpico de Golfe e levou a medalha de ouro do torneio masculino, que marcou o retorno do esporte ao programa Olímpico após 112 anos. Campeão do US Open em 2013 e 12º colocado no ranking, Rose chamou a atenção desde o primeiro dia de disputas, quando acertou, pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, um hole-in-one, jogada raríssima, em que o golfista acerta a bola no buraco com apenas uma tacada. A sul-coreana Inbee Park é quem conquistou a medalha de ouro no golfe feminino. Com isso ela se torna a primeira campeã Olímpica da modalidade em 116 anos, uma vez que o golfe feminino foi disputado apenas uma vez em jogos Olímpicos, em Paris 1900. Park fez por merecer o ouro e liderou quase toda a disputa ao longo dos quatro dias.

Justin Rose comemora o ouro olímpico, com um inédito hole-in-one O Melhor dos Jogos Olímpicos — RIO 2016 45

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LUTAS

Caminho da Suavidade Para alguns uma prova ao mundo de que eles podem, e para outros apenas a felicidade da vitória.

É sempre assim, isso não muda. O único adversário que me dá medo é minha mãe

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Nessas olimpíadas, as lutas tiveram uma intensa montanha de sentimentos, a cada luta havia as dores e lagrimas da derrota, o sorriso e a emoção do vencedor. Os dias das olimpíadas foi repleto de lutas, de vários estilos, e estes são: judô, boxe, tae-kwon-do, luta estilo livre e luta greco-romana. Cada uma com suas variações entre os sexos e o peso. Ao longo dos dias vários atletas foram se consagrando campeões, alguns ainda mostrando superação e garra de um campeão. Alguns superando as expectativas, outros ainda sendo inesperados. Um dos mais comentados foi Terry Riner, campeão de judô na categoria peso-pesado (acima de 100 kg), que muitos não acreditavam que ele se tornaria bicampeão olímpico. Aos 27 anos o francês enfileirou rivais, ignorou as vaias da torcida que começaram após ele ganhar do brasileiro Rafael Silva nas quartas, para então conquistar o bicampeonato e alcançando a incrível marca de 112 lutas de invencibilidade. Dono de um bronze em Pequim 2008 e de 8 títulos mundiais, Teddy aumentou sua fama. Sua luta na final foi contra o japonês Hisayoshi Harasawa, e após a decisão Riner pediu silencio com o tradicional gesto de mão. Ele comentou que esse gesto não foi para a torcida, mas sim para aqueles que não acreditavam que ele poderia ser campeão novamente. Foi no judô que o Brasil ganhou sua primeira medalha de ouro nos jogos olímpicos, e essa medalha é da Rafaela Silva, categoria leve (57 kg). Rafaela conquistou o ouro em cima da mongol Sumiya Dorjsuren, que era a atual líder do ranking mundial.

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LUTAS Teddy Riner pede o silencio daqueles que não acreditavam nele

“Treinei muito depois de Londres 2012 porque não queria repetir o sofrimento (por ter sido eliminada na estreia, por aplicar um golpe ilegal). Depois da minha derrota, muita gente me criticou, disse que eu era uma vergonha para a minha família, para meu país. E agora sou campeã olímpica”, disse Rafaela logo após a luta. “Em 2014, eu estava desacreditada, mas agora, treinei o máximo que podia e o resultado veio”. O técnico da seleção brasileira, Mário Tsutsui disse que a luta mais difícil foi a da semifinal. “Contra a romena, que foi decidida só no Golden Score (a morte súbita do judô), foi tenso. A Rafaela sentiu a pressão de lutar por uma final olímpica. Mas quando vimos a mongol ganhando da japonesa, ficamos contentes e sabíamos que ela tinha uma chance muito grande de ganhar a medalha de

Rafaela Silva se consagra campeã olímpica

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LUTAS Robson Conceição comemora com sua medalha de ouro

ouro ”, comentou – Dorjsuren venceu a então atual campeã olímpica, Kaori Matsumoto. No boxe, o Brasil ganha um ouro inédito com Robson Conceição. Empurrado pela torcida, o baiano confirmou seu favoritismo com uma vitória incontestável para se consagrar o primeiro pugilista medalhista de ouro do Brasil em Olimpíadas. O feito histórico veio após vencer a luta contra o francês Sofiane Oumiha por decisão unânime dos jurados (30-27, 29-28 e 29-28) na categoria dos pesos leves (até 60 kg). Aos 27 anos Conceição colocou seu nome na história, superando a melhor marca brasileira na modalidade, que era do Esquiva Falcão, medalhista de prata em Londres 2012. “Estou vivendo um

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Fotos: Roberto Castro e Fernando Frazão

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LUTAS sonho. Agradeço ao povo brasileiro pelo apoio. Ainda não caí na real. Tive uma infância humilde, mas graças a Deus, nunca me faltou o pão de cada dia. E essa minha luta diária, de acordar cedo, ir para a escola e ajudar a minha avó na feira, hoje, foi recompensada por isso. Hoje sou campeão olímpico! Agradeço a todos que me apoiaram, às mensagens positivas, ao bairro de Boa Vista de São Caetano... essa medalha não é só meu sucesso, é sucesso de minha família, meus amigos, treinadores… - celebrou. No tae-kwon-do, o brasileiro Maicon Andrade Siqueira conquista uma inesperada medalha olímpica, ganhando bronze na categoria para atletas com mais de 80 kg. O brasileiro que era apenas o 51° no ranking mundial. Na luta que valeu o pódio, ele venceu o britânico Mahama Cho, de virada, por 5 a 4. Houve um momento histórico no tae-kwon-do, a Jordânia ganhou sua primeira medalha olímpica, graças ao triunfo de Ahmad Abughaush, que faturou a medalha de ouro na categoria de até 68 kg. Na luta livre a japonesa Kaori Icho se tornou a primeira mulher tetracampeã olímpica em provas individuais ao conquistar a medalha de ouro na

Robson enfrentando o francês Sofiane Oumiha

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Rio 2016. A japonesa venceu a russa Valeriia Koblova, de virada. Enquanto Saori Yoshida, que era conhecida como “imbatível”, estava pronta para fazer história, afinal, não havia ninguém que considerasse a possibilidade da wrestler não vencer na categoria até 53 kg. Mas o que seria o quarto ouro consecutivo da japonesa, ela desabou em lagrimas após perder a luta para a norte-americana Hellen Louise Maroulis, e essa sendo a única luta que a japonesa perdeu em olimpíadas. No masculino, o americano Kyle Snyder ganhou ouro na categoria de 97 kg e se tornou o lutador mais jovem do país a ganhar um ouro. A Armênia foi destaque na luta greco-romana, ganhando ouro e prata nas categorias de até 66 kg e 98 kg. O ouro conquistado por Artur Aleksanyan encerrou um jejum de 20 anos sem medalhas de ouro da Armênia na modalidade. Outro destaque vai para o cubano Mijaín Lopez, que conquistou o ouro na categoria de até 130 kg, tornando-se tricampeão olímpico. Outros brasileiros subiram ao pódio, como Rafael Silva (o Baby), que ganhou uma medalha de bronze na categoria peso-pesado do judô. O brasileiro caiu na chave do francês Teddy Riner, e foi contra ele que o brasileiro saiu para então competir pelo bronze. Outra brasileira a conseguir uma medalha foi a Mayra Aguiar, que conquistou o bronze na categoria até 68 kg do judô. A brasileira que na última olimpíada havia ficado com a medalha de prata, fez a derrota na semifinal ser dura, mas quem sofreu com a dor da brasileira foi a cubana Yalennis Castillo, que foi derrotada após 4 minutos, mas desde o começo sentia a pressão da brasileira, como se nada pudesse tirar o bronze de Mayra.

Maicon Andrade Siqueira conquista o bronze

“Baby” comemorando a conquista do bronze

Mayra Aguiar comemorando sua vitória

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ESGRIMA Esgrimistas em confronto na Arena Carioca

Na Ponta da Espada Russia domina e leva sete medalhas.

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Os atletas brasileiros participaram com garra nesta Olimpíada e conseguiram chegar até as 4ª de final na esgrima. Ocorreu que na classe do florete, a equipe masculina brasileira composta pelos atletas Ghislain Perrier, Guilherme Toldo e Henrique Marques entraram em ação contra a equipe dos atletas italianos, na Arena Carioca. No entanto durante os “ataques”, os brasileiros não conseguiram conter a superioridade dos italianos, que ganharam por 45 a 27.

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Entendendo melhor o esporte, a esgrima é disputada em 3 categorias: a espada, florete e sabre. No florete, apenas o tronco e a parte frontal do pescoço podem ser tocados. Quando o toque é realizado e o ponto é marcado, um sensor que está ligado ao atleta que fez o ataque dispara, emitindo luzes e um som. O objetivo das disputas por equipe é marcar 45 pontos durante nove períodos de três minutos. Os integrantes do time formado por três atletas, se revezam. É preciso ter um jogo com cada oponente. O período pode terminar antes dos três minutos, se forem atingidos múltiplos de cinco. Sendo 5 no primeiro, 10 no segundo, 15 no terceiro, e assim por diante, até a nona etapa, com 45 pontos. O ranking final da Esgrima terminou com a Rússia no topo do pódio, foram sete medalhas ao todo, sendo quatro delas de ouro. A segunda colocação geral foi ocupada pela Hungria que ficou com quatro medalhas no total, mesmo número da terceira colocada, a Itália. O critério de desempate usado foi o número de ouros, a Hungria venceu dois e a Itália apenas um.

Fotos: Fernando Frazão (esgrima); Brasil 2016 (hipismo)

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HIPISMO

Saltos e Galopes O brilho e a elegância dos cavaleiros invadem as pistas da Rio 2016.

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Os conjuntos brasileiros empolgaram no Rio 2016. Mas se o gostinho de medalha chegou a aparecer, veio a queda brusca: qualquer possibilidade de conquista ficou para Tóquio, daqui a quatro anos. Não houve medalhista brasileiro. Mas emoção, essa veio com sobra. A equipe brasileira não subiu ao pódio, mas obteve o 7º lugar. A França foi a grande campeã, Alemanhã vice-campeã e o terceiro lugar ficou com a Austrália. Na disputa individual o cavaleiro alemão Jung foi o vencedor. Ele conquistou o bicampeonato olímpico. O vice campeão foi o cavaleiro francês Astier com Piaf De B’Neville. E a medalha de bronze foi para o conjunto norte americano Dutton Phillip e Mighty Nice. Os cavaleiros brasileiros com melhores resultados foram Carlos Parro com Summon up the Blood e Marcio Jorge Lissy Mac Wayer, que ficaram em 18º e 25º respectivamente. Como tradição no hipismo, os obstáculos foram decorados com símbolos do Rio e do país, como a Marques de Sapucaí, o Masp e Congresso Nacional. Cavaleiro inglês durante prova O Melhor dos Jogos Olímpicos — RIO 2016 51

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ATLETISMO

Retorno do Rei Usain Bolt se despede dos jogos como tricampeão em três modalidades.

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A linha que separa a autoestima da arrogância é tão tênue que para alguns parece não existir. É o caso de Usain Bolt, que se sente ao mesmo tempo lendário, imbatível, insuperável e único. Talvez tenha razão. Nunca houve na história um atleta como ele, saiu do Rio com mais tês ouros no pescoço, demorara muito tempo para aparecer alguém como ele. Ninguém, até o feito obtido por ele em Pequim e Londres, havia ganhado o ouro nos 100m e 200m em duas Olimpíadas consecutivas, e ninguém tinha sido ao mesmo tempo recordista mundial das duas distâncias. Mas até hoje, em 120 anos de história olímpica moderna, nunca um atleta venceu os 100m, a prova rainha do atletismo, em três edições consecutivas dos Jogos. “Quero ser recordado como um dos maiores esportistas da história”, diz Bolt, que completa 30 anos no dia seguinte ao encerramento da Olimpíada do Rio. Ele considera que o salto de grande atleta para grande personagem já foi dado por ele com suas

Usain Bolt, conquista seu nono ouro em três edições dos jogos

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ATLETISMO

Bolt brinca com Andre De Grasse durante semifinal dos 100 metros

marcas, sua invencibilidade, sua pose fantástica que faz as crianças sonharem, suas caretas e sua atitude voluntariamente infantil e festiva antes de cada competição. Bolt já é um personagem. Acredita nisso, deseja sê-lo. “Quando se fala de lendas esportivas, se fala de gente como Ali, Owens, Michael Jordan e Pelé. Que meu nome apareça nessa lista é uma honra. Trabalho para ser um ícone.” Fenômeno aos 15, fenômeno aos 30 Com 15 anos e com seu 1,96m, Usain Bolt já era um fenômeno da velocidade. Aos 16, tinha tempos melhores que Michael Johnson aos 20 – o americano que entre os Jogos Barcelona 1992, Atlanta 1996 e Sydney 2000 tinha somado quatro ouros. E também que Maurice Greene, outro norte-americano, campeão Olímpico

Jeff Henderson vence o salto em distância masculino

dos 100m em Sydney 2000. No Rio 2016, às vésperas de completar 30 anos, no domingo (21), Bolt se lembrou de sua primeira participação Olímpica: “Quando fui para Atenas em 2004, eu só queria correr os 200m e ganhar uma medalha de ouro. Agora estou aqui, O Melhor dos Jogos Olímpicos — RIO 2016 53

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ATLETISMO

Caterine Ibargüen, medalhista de ouro no salto triplo

Revezamento feminino dos EUA vence facilmente e conquista o ouro

com oito ouros Olímpicos, o que não é pouca coisa. Trabalhei muito para ser o melhor e provei para o mundo que sou o maior”, disse. Por isso, depois do tricampeonato nos 200m, confirmou sua despedida Olímpica: “Porque não preciso provar mais nada.” Antes do adeus, porém, ainda deu tempo para mais um ouro, o do revezamento 4x100m, que o

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igualou ao finlandês Paavo Nurmi, uma lenda ao ganhar nove provas Olímpicas entre os anos 1920 e 1928. Mas se Usain Bolt disse adeus aos Jogos Olímpicos, já adiantou que só vai correr os 100m rasos e o revezamento 4x100m no Mundial de Londres, em 2017. “Sei que meu técnico vai tentar me convencer a correr os 200m. Va-

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mos ver...” Outros ouros da noite Tori Bowie fecha o revezamento americano no Estádio Olímpico. No revezamento 4x100m feminino, o ouro foi para os Estados Unidos, com o tempo de 41s01, à frente da Jamaica, que marcou 41s36. O quarteto americano contou com Tianna Bartoletta, Allyson Felix, English Gardner e Tori Bowie. Nos 5.000m metros para as mulheres, domínio absoluto das fundistas africanas. O Quênia levou o ouro e a prata, com Vivian Cheruiyot, que bateu o recorde Olímpico da prova, com 14min26s17. No salto com vara feminino, a vitória foi da grega Ekaterini Stefani-

Fotos: Roberto Castro, Fernando Frazão, Francisco Medeiros e Ministério do Esporte

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ATLETISMO

De tanto querer voar acabei indo saltar... Christoph Harting herda o lugar de seu irmão mais velho e leva o ouro

Thiago Braz, levanta a torcida e conquista ouro inédito no salto com vara

di, que saltou a 4,85m, mesma altura da americana Sandi Morris, que ficou com a prata. O bronze foi conquistado pela neozelandesa Eliza McCartney, com a marca de 4,80m. No lançamento do martelo, Dilshod Nazarov, do Tadjiquistão, foi o vencedor com 78,68m. A prata foi para Belarus, com Ivan Tsikhan, que lançou a 77,79. O polonês Wojciech Nowicki completou o pódio com 77,73m. Thiago Braz, de 22 anos, conquistou a medalha de ouro dos Jogos do Rio de Janeiro no salto com vara ao obter a marca de 6m03, batendo simplesmente o recorde pessoal, sul-americano e olímpico. Ele superou “apenas” o francês Renaud Lavillenie, o dono da melhor marca da história da prova (6m16) e que buscava o bicampeonato. O europeu errou duas tentativas em 6m03 e foi para a última no 6m08, mas não conseguiu passar o sarrafo. Nascido em Marília (SP), Thiago Braz foi campeão mundial júnior há quatro anos e treina atualmente com o ucraniano Vitaly Petrov, o técnico que forjou para o esporte Yelena Isinbayeva, a maior saltadora da história. “A primeira tentativa minha não foi das melhores. Na segunda, tentei esquecer tudo, até o meu medo de errar. E sabia que a barra caía por qualquer toque que tivesse nela. Na hora que passei da barra, já sabia que tinha conseguido”, completou. “Estou ansiosa para ver ele, faz tempo que a gente não se vê”, disse a esposa de Thiago Braz, a também atleta Ana Paula de Oliveira. “Acompanhei toda a trajetória dele, e merece muito. Ele lutou muito, botou o coração lá e fez tudo o que podia para ganhar o ouro. Ele já começou a vida tendo que lutar. Estou muito feliz, ele merece muito.”

Ruth Beitia garante ouro com salto em altura

Mo Farah conquista novamente as provas de 5km e 10km O Melhor dos Jogos Olímpicos — RIO 2016 55

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CICLISMO

Radical e Veloz Um teste de resistência, uma corrida contra o tempo.

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Depois de mais de seis horas pedalando pelo Rio de Janeiro sob forte calor, o belga Greg van Avermaet usou as energias que ainda tinha em um impressionante sprint final e ganhou a medalha de ouro na prova de estrada do ciclismo. O campeão ficou menos de um segundo à frente do medalhista de prata, o dinamarquês Jakob Fuglsang, e levou ao delírio os torcedores que acompanharam a chegada da prova no Forte de Copacabana. O polonês Rafal Majka levou o bronze. Van Avermaet concluiu a prova com o tempo de 6 horas, 10

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Largada da prova no Aterro do Flamengo

minutos e cinco segundos, o mesmo de Fuglsang, que terminou menos de um segundo atrás. Majka marcou cinco segundos a mais. O campeão Olímpico passou a ver a medalha mais de perto após um acidente envolvendo o pelotão que liderava a prova, formado por Geraint Thomas, da Grã-Bretanha, Vincenzo Nibali, da Itália, Sergio Henao, da Colômbia, e Richie Porte, da Austrália, na descida final do trajeto de 237,5 km. Após a colisão, Van Avermaet e Fuglsang alcançaram Majka, que tinha 30 segundos de frente, e disputaram metro a metro o ouro na reta de chegada. “Quando eu vi o acidente, fiquei confuso e não entendi bem quantos ciclistas ainda continuavam na prova. Eu estava perto de Fuglsang e logo depois vimos Majka também. Nós acreditamos que era possível vencer e segui forte até o fim. Estou muito feliz pelo ouro. Durante a semana, todos disseram que a prova estava em aberto”, disse o belga. Entre os destaques estão às provas de resistência,na prova masculina, e 130,3km na feminina. O percurso foi estabelecido após um minucioso estudo da região e atravessará pontos importantes da cidade maravilhosa como Copa Cabana e Ipanema. A largada e chegada serão no Aterro do Flamengo.

Fotos: Renato Sette (Ciclismo); Fernando Frazão (Levantamento de Peso)

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L. DE PESO

O colombiano Óscar Figueroa garante o ouro

Além dos Limites Fiqueroa leva ouro para Colômbia e brasileiro perde mais quebra recorde Sul-americano.

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Alegria para a Colômbia nos Jogos Rio 2016 chegou quando Oscar Figueroa ganhou a tão desejada medalha de ouro no levantamento de peso, tornando-se o primeiro homem a obter a medalha de ouro para o país sul-americano. Em uma final, emocionante na categoria de menos de 62 quilos, Figueroa foi o melhor para adicionar um total de 318 quilos em seu início - se testa duas vezes, o que a ovação que ele ganhou nos recordes olímpicos, sendo conquistado justamente nas Olimpíadas Rio 2016. Com seus 22 anos de carreira ele não podia controlar as lágrimas de alegria quando concluir as suas tentativas e ouvir o hino de seu país no pódio. O brasileiro Fernando Reis, 26 anos, não conseguiu subir ao pódio no levantamento de peso na categoria dos mais de 105kg mesmo fazendo sua melhor marca internacional da carreira. Mas terminou a final de sua categoria, de mais de 105 kg, na 5ª colocação com incríveis 435 kg quebrando o recorde sul-americano. O Melhor dos Jogos Olímpicos — RIO 2016 57

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VÔLEI

O Campeão Voltou Os sentimentos ardentes e as lágrimas de emoção daqueles que jogaram com o coração.

Tivemos momentos de frustrações e por eles passamos juntos

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O Maracanãzinho transbordou de sentimentos com os jogos de vôlei dessa Olimpíada. A cada jogo das seleções brasileiras o público gritava, chorava e empurrava as equipes para frente, e os atletas seguiam a torcida, a cada jogada. A equipe masculina de vôlei viveu momentos difíceis, o nervosismo de passar por um tudo ou nada contra a França, onde se perdesse não teria passado da fase mata a mata, um jogo que terminou em 3 a 1 para o Brasil. A seleção masculina havia batido na trave nas duas últimas Olimpíadas, ficando com a medalha de prata em ambas. Mas dessa vez era a vez deles. A equipe fez o público cantar mais forte “o campeão voltou” nos instantes finais. Mais do que enfatizar o retorno do ouro ao peito dos brasileiros, era exaltar o poderio verde e amarelo na modalidade. Com essa o Brasil se tornou tricampeão olímpico, e acumulou a quinta medalha olímpica. A seleção que melhorou com o passar dos jogos, chegou a final no seu auge. A força no saque como nunca havia se visto, tranquilidade nos momentos de pressão e a defesa anulando o temido ataque italiano. Wallace foi um dos grandes nomes nessa Olimpíada, atuando muito bem nos jogos, mas ainda no último jogo. Mas o destaque foi o Serginho, o líbero que esteve presente nas ultimas quatro finais olímpicas e que conquistou o bicampeonato quando ainda era moleque, e agora conquista o tricampeonato. Ele foi a voz e os olhos de Bernadinho dentro da quadra. Junto com o treinador, conseguiu levar uma equipe sem grandes estrelas a bater a melhor equipe da competição.

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Lucarelli, um dos destaques na seleção, soltou o braço nos saques

Enquanto a seleção feminina, que tinha tudo para entrar na história do vôlei nos jogos olímpicos, trilhavam o caminho para o tricampeonato após uma primeira fase impecável, feito que só Cuba havia conseguido. Mas sonho parou na China, nas quartas de finais. A seleção havia se classificado em primeiro lugar na fase mata a mata, sem ter perdido um set sequer. A zebra dentro de casa fez a equipe do vôlei feminino ter sua pior participação desde a Olimpíada de Seul 1988. Na ocasião, o Brasil ficou em último lugar da sua chave e disputou apenas o quinto lugar. As chinesas mostraram para o que vieram ao tirarem o Brasil nas quartas. A China confirmou a supre-

Fotos: Inovafoto/CBV

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VÔLEI

Bloqueio triplo de Bruninho, Lucão e Lucarelli

Seleção feminina, mesmo tão unida não conseguiram o ouro

macia no vôlei feminino ao vencer a Sérvia na final do Jogos Olímpicos de 2016, de virada, por 3 sets a 1. Esse foi o terceiro título olímpico da China, que de quebra ultrapassou Brasil e Japão, e se igualou a Cuba, ficando atrás apenas da extinta União Soviética, que tem quatro títulos. No vôlei de praia masculino, a dupla Alison e Bruno conquistou o ouro. Havia um bom tempo que o Brasil não ocupava o ponto mais alto do pódio olímpico do vôlei de praia masculino, a última havia sido em Atenas 2004. Alison chegou perto em Londres 2012, mas perdeu na final e ficou com a medalha de prata. Só que dessa vez ele não deixou o ouro esca-

Serginho emocionado após conquista da medalha de ouro

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VÔLEI

Bruno Schmidt sacando na final contra a Itália

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VÔLEI

Ágatha e Bárbara após a derrota contra as alemãs na final

par. Ao lado de Bruno, Alison bateu os italianos Nicolai e Lupo por 2 sets a 0, garantindo a quinta medalha de ouro da Rio 2016 para o Brasil. Os italianos chegaram a assustar nos dois sets, abrindo 3/4 pontos de diferença e ensaiando vitória, mas os bloqueios de Alison e a velocidade de Bruno, que parecia estar evitando que a bola caísse em qualquer ponta da quadra brasileira, a dupla conseguiu resolver o jogo com apenas 2 sets. Na noite anterior ao jogo de Alison e Bruno, Ágatha e Bárbara haviam disputado o ouro na mesma arena contra as alemãs Ludwig e Walkenhorst. Mesmo depois de fazerem o “impossível”

eliminando a tricampeã olímpica Kerri Walsh na semifinal, a dupla não conseguiu o ouro. As alemãs haviam eliminado Talita e Larissa, a outra dupla brasileira, na semifinal, e assim repetiram isso na final, derrotando as brasileiras e conquistando o ouro. Mas o segundo lugar é, por si só, um feito para Ágatha e Bárbara, que chegaram como a segunda dupla mais cotada do Brasil e se superaram para chegar na decisão. Aos 33 e 29 anos, respectivamente, as duas fizeram no Rio sua estreia em Olimpíadas e logo de cara levaram uma prata, sendo ainda o melhor resultado do Brasil em 12 anos no vôlei de praia feminino.

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VELA

Ventos em Família Dupla feminina vence regata e conquista a medalha dourada tão desejada por todos.

U

Uma inesquecível conquista, a medalha de ouro na classe FX nos Jogos Rio 2016, as velejadoras Martine Grael e Kahena Kunze revelam um pouco do árduo trabalho diário que resultou em uma medalha inédita para a vela feminina brasileira. Em um esporte considerado por muitos como de elite, é fácil imaginar que há uma equipe cuidando do barco da dupla. Não há nada mais distante da realidade. Martine e Kahena são atletas que colocam a mão na massa, ou melhor, no barco. Nada de elite, nada de sexo frágil. “Elas cuidam de cada detalhe, cada cabo. Elas fazem tudo”, disse a mãe de Kahena, Ingrid Kunze, que descreve as meninas como destemidas. “Elas não se intimidam com ventos fortes, frio ou qualquer dificuldade com o clima. Se precisar subir no topo do morro, elas vão subir. Se tiver de enfrentar tempestades, vão fazer. Não tem tempo ruim para as duas. ” Kahena confirmou: “A gente veleja, monta o barco, leva de um lado para outro e gosta de fazer isso porque faz parte da rotina”. Segundo a atleta, quando começaram a velejar com o Fx, em fins de 2012, precisaram contar com ajuda para entender como a embarcação funcionava. “Ao longo do ciclo Olímpico, começamos a descobrir pequenos truques, principalmente com os rapazes porque, para eles, a classe é mais antiga no programa Olímpico. Então, comecei a perceber o que eles usavam, o que faziam para melhorar”, disse ela. Martine é considerada mais experiente em manutenção dentro da dupla. “Quando você cuida do barco, sabe como resolver se tem algum problema. Se você deixar outra pessoa

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Martine Grael e Kahena Kunze durante prova

fazer, não aprende”. Ser adepta do conceito de que “se quer algo bem feito, faça você mesma” já rendeu situações inusitadas. “Na volta de um campeonato, despachamos várias malas no aeroporto e resolvemos levar uma conosco. Quando passou pelo detector de metais, disseram que tinha um objeto perigoso na mala. Era uma furadeira”, lembrou Martine. A velejadora conta que, além da dupla, apenas o técnico Javier Torres mexe nos barcos. “Algumas vezes ele dá aquela polida, o toque final. ” Kahena e Martine esperam inspirar novas gerações de velejadoras. “Eu me lembro quando a Fernanda Oliveira e a Isabel Swan ganhou o bronze em Pequim 2008, a primeira medalha da vela feminina do Brasil. Hoje vi os jornais e lá estava a gente”, disse Kahena. “A vela feminina está com seu potencial crescendo e espero com esse resultado influenciar novas pessoas que querem começar ou já estão no esporte. E vai ser legal porque a gente vai estar perto. ” Ainda é cedo para saber se a dupla campeã será mantida para os Jogos Tóquio

Fotos: Francisco Medeiros

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VELA

Martine Grael e Kahena Kunze recebem suas medalhas

Minha mãe ama velejar, e a única maneira dela velejar era levando a gente. Percebendo que a gente gostou, resolveu nos ensinar

2020. Martine e Kahena disseram que vão tirar um período para descansar antes de pensar no futuro. Outro fato interessante sobre as competições de vela foi Santiago Lange, de 55 anos. Primeiro campeão olímpico da classe Nacra 17, ao lado de Cecília Carranza. O argentino é o mais velho medalhista dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Não que a idade importe tanto assim. A vela é uma modalidade inclusiva, em que jovens e veteranos podem competir em pé de igualdade. O anormal no caso de Santiago é sua condição física. No ano passado, ele descobriu que tinha um tumor no pulmão. Competiu com câncer até setembro, quando sofreu um desmaio e teve de ser operado. Ele estava no meio de uma competição em Barcelona. Todo o pulmão esquerdo foi retirado. Um mês depois, ele estava velejando novamente. A medalha na vela foi o segundo ouro da Argentina no Rio de Janeiro, somado ao título de Paula Pareto no judô. A simples presença do medalhista no Rio de Janeiro foi por acaso. Em 2008, após o bronze na classe Tornado, ele abandonou a vela olímpica. Voltou quando seus filhos, Yago e Klaus, decidiram fazer uma campanha para buscar a vaga na Rio-2016. O Melhor dos Jogos Olímpicos — RIO 2016 63

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FUTEBOL

Canarinho Dourado Brasil conquista ouro inédito, com vitória sobre a Alemanha e o feminino deixa o bronze escapar.

O

O Futebol feminino brasileiro perdeu para o Canadá por 2 a 1 e ficou sem medalha de bronze no futebol feminino na Olimpíada Rio 2016. Depois da derrota nos pênaltis para a Suécia na semifinal, a seleção feminina ainda poderia encerrar a participação nos Jogos com festa. A medalha fica para 2020. No futebol masculino, após o empate tenso de 1 a 1 nos 120 minutos de duração da partida, a vitória vem através dos pênaltis. O título veio na quinta bola chutada por Neymar, após o goleiro Weverton ter defendido o pênalti cobrado pelo jogador alemão. O Brasil abriu o placar com o gol de Neymar, aos 26 minutos de jogo, em cobrança de falta. Em comemoração, Neymar repetiu o gesto de imitar um raio do jamaicano tricampeão olímpico de atletismo, Usain Bolt, presente no estádio. Bolt vibrou com o gol de Neymar. Meyer, da Alemanha empatou, aos 13 minutos do segundo tempo. O gol de ocorreu após uma falha da defesa brasileira, numa bola rebatida. A partir daí as duas equipes fizeram um jogo tenso com várias chances de gols perdidas pelas duas seleções. Numa conquista que serve de redenção para uma geração de jogadores que, pelo menos, desde a Copa do Mundo no Barbara, goleira brasileira, lamenta a eliminação

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FUTEBOL

Weverton e Neymar se emocionam com conquista inédita para seleção.

Brasil, em 2014, vinha sendo apontada como desprovida de grandes craques, assim como a responsável pelo rebaixamento da seleção brasileira do papel de protagonista para o de coadjuvante no futebol mundial. Quis também o destino que o ouro fosse proporcionado por uma vitória sobre a Alemanha, país que derrotou o Brasil por 7 x 1 na semifinal do Mundial de 2014, no Brasil. O feito de agora passou longe de ser encarado pelos brasileiros como uma revanche para o fiasco de dois anos atrás. Por ganharmos em casa o gosto de revanche não pode ser ignorado. Neymar fez o gol na quinta cobrança de pênalti. Depois o goleiro Weverton defenderia a bola que deu a medalha de ouro para a seleção brasileira. A perseguição ao ouro olímpico, último grande título internacional que faltava ao Brasil no futebol, ganhou contornos de obsessão nas últimas décadas, sentimento que acabou catalisado nestes Jogos Olímpicos, pelo fato do elenco jogar em casa. O Brasil estreou nos Jogos Olímpicos em 1952, em Helsinki, quando ficou em quinto lugar, após uma derrota nas quartas justamente para a Alemanha. Desde então foram conquistados dois bronzes, em Atlanta (1996) e Pequim (2008). As pratas foram fruto de três derrotas em finais: em Los Angeles para a França, em 1984; em Seul para a União Soviética, em 1988; e em Londres para o México, em 2012. Foram necessárias, portanto quatro finais para que os jogadores brasileiros finalmente pendurassem o ouro no pescoço, numa competição que ao longo dos anos ficou marcada pela zebra.

Time brasileiro garante a vitória e ganha o tão desejado ouro

Fotos: André Borges e Ministério do Esporte

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PÓS-JOGOS

Encerramento POR CARLOS TARTAGLIONI E LINA SALEH AS OLIMPÍADAS RIO 2016 acabaram, mas mesmo antes do encerramento, a maioria das pessoas já demonstrava estar com um sentimento de uma palavra que só existe na língua portuguesa: saudade. Foram 17 dias de competição e resultados positivos para o Brasil que teve boa participação nas Olimpíadas, com 19 medalhas e conquistas inéditas como a medalha de ouro no futebol masculino com Neymar e companhia, além da quebra de vários recordes como o brasileiro Thiago Braz no salto com vara. A Cerimônia de Encerramento aconteceu na noite de 21 de agosto no estádio

do Maracanã, mesmo local da Abertura dos Jogos Olímpicos e deixou uma satisfação pelo Brasil ter organizado bem um grande evento e ter cumprido com honra o importante papel de sediar o maior evento esportivo do mundo. Nem a chuva que caiu no estádio tirou o brilho do evento. No início da cerimônia a imagem do Cristo Redentor foi formada por crianças no grande palco montado no campo do Maracanã ao som da música ‘Abra suas asas’ (Dancind Days), e imagens foram sendo projetadas do Pão de Açúcar (um dos principais pontos turísticos do Rio de Janeiro) e mensagens de boa vindas.

Os anéis olímpicos foram formados por pessoas vestidas de araras azuis valorizando a fauna brasileira. Martinho da Vila cantou ‘Carinhoso’ e ‘As Pastorinhas’ com 3 filhas e 1 neta. O Hino Nacional foi cantado pelo Coral Infantil da UFRJ. A bandeira do Brasil apareceu no grande palco. Em seguida a cantora Roberta Sá se apresentou vestida de Carmem Miranda, uma portuguesa apaixonada e símbolo do Brasil. Roberta Sá cantou “Tico-Tico no Fubá”. A entrada das Delegações dos países que participaram foi cheia de emoção e alegria. Isaquias foi o porta-bandeira do Brasil.

Quadro de Medalhas

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1

Estados Unidos

46

37

38

121

2

Grã-Bretanha

27

23

17

67

3

China

26

18

26

70

4

Rússia

19

18

19

56

5

Alemanha

17

10

15

42

6

Japão

12

8

21

41

7

França

10

18

14

42

8

Coreia do Sul

9

3

9

21

9

Itália

8

12

8

28

10

Austrália

8

11

10

29

13

Brasil

7

6

6

19

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Fotos: Beth Santos, Roberto Castro, Ricardo Stuckert e Prefeitura do Rio

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PÓS-JOGOS

Legado Olímpico

Os voluntários que trabalharam nas Olimpíadas foram muito elogiados e quatro representantes foram escolhidos para receber homenagens e flores. O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman fez um discurso, agradeceu ao povo brasileiro e do Rio de Janeiro, falou da importância do evento no país, agradeceu aos voluntários e todos que participaram e tornaram o sonho possível e disse que desde há 7 anos quando o Rio foi escolhido como sede, ele acreditou no sonho, que “valeu cada segundo” organizar Olimpíada no Rio e se despediu das Olimpíadas Rio 2016 ” Os Jogos do Rio

ficarão na história, na memória e no coração de todos”. “Todos os brasileiros são heróis olímpicos. A torcida do Brasil tem a medalha de ouro”, disse Nuzman. Depois de uma festa que exaltou a brasilidade, a chama olímpica foi apagada em um ato cheio de simbolismo: enquanto a cantora Mariene de Castro interpretava a música Pelo tempo que durar, de Marisa Monte e Adriana Calcanhoto, uma chuva, que representa a abundância das águas tropicais, caiu sobre a pira, apagando o fogo. Logo após uma grande árvore surgiu no centro da cena, ressaltando o novo começo.

Por fim, a maior festa brasileira ganhou o gramado do Maracanã, evocando a tradição dos blocos de rua de carnaval e os carros alegóricos que passam todos os anos pela Marquês de Sapucaí. Rainhas das escolas de samba, passistas, percussionistas e baianas juntam-se ao Cordão do Bola Preta com a madrinha Leandra Leal para o último elemento da cerimônia, em uma grande festa que teve o gari Renato Sorriso e a modelo Izabel Goulart, e os atletas se juntando no gramado para dançar com as escolas de samba cariocas Mangueira, Portela, São Clemente e Salgueiro.

DE ACORDO COM estudo do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social), coordenado pelo seu diretor, o economista Marcelo Neri, e divulgado na semana da cerimônia de abertura dos Jogos, os indicadores econômicos e sociais evoluíram melhor no município do Rio de Janeiro do que no resto do estado ou do Brasil, desde que a cidade foi escolhida como sede dos Jogos de 2016. Em uma pesquisa realizada pela Kantar antes do início dos jogos olímpicos, 44% dos entrevistados disseram acreditar na possibilidade de um legado positivo da Olímpíada no Rio de Janeiro. Entre as principais expectativas para o futuro, estavam o reaproveitamento das estruturas olímpicas (62%), a disseminação da cultura nacional (46%) e a ampliação e melhoria dos aeroportos cariocas, como o Galeão (45%) e o Santos Dumont (32%).

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PÓS-JOGOS

Rumo a Tóquio POR FERNANDA FONSECA

COM O FIM da Olimpíada do Rio, o mundo se prepara para a Olimpíada de Tóquio 2020, e o Japão se prepara para receber o mundo. E um país com cultura milenar, quatro anos significam: ontem. É assim que os japoneses encaram o desafio de preparar os Jogos de 2020. Não há tempo a perder, frente a tamanha responsabilidade. Em 2013, quando o Comitê Olímpico Internacional anunciou a vitória da capital japonesa, premiava a capacidade de organização, o planejamento, a fama de povo cumpridor de prazos. Especialmente quando já sai na frente em importantes quesitos: Transporte, segu-

rança e estrutura Tóquio já foi sede de Jogos Olímpicos, em 1964. Diversos locais utilizados naquela olimpíada serão reutilizados. Há 52 anos, era a primeira vez que a Ásia recebia os Jogos. O Japão renascia depois da derrota na 2ª Guerra Mundial. O atleta que acendeu a pira era um sobrevivente da bomba atômica de Hiroshima. O Estádio Nacional, que não existe mais, estava em festa. Os japoneses montaram um planejamento que visa repetir o feito de 1964, quando sua capital recebeu a Olimpíada pela primeira vez: aproveitar a competição para projetar o país no mundo, com ênfase na tecnologia e na infraestrutura. Se há

cinco décadas o planeta ficou espantado com o shinkansen, o trem-bala japonês, a aposta para 2020 inclui táxis sem motorista, robôs realizando o papel de voluntários e trens flutuantes capazes de atingir a velocidade de 600km/h. Um diferencial em relação a 1964 é que, desta vez, a preparação tem uma forte pegada sustentável. Tóquio 2020 almeja sediar os Jogos do combate ao desperdício e da emissão zero de poluentes, com forte investimento em energias alternativas — a Vila Olímpica, por exemplo, será movida a hidrogênio. Uma das estratégias para evitar esbanjamentos é a reciclagem de estruturas já existentes, muitas constru-

ídas para o evento de 52 anos atrás. Dos 37 locais de competição, 15 estão nessa categoria. Segundo os seus organizadores, o reaproveitarmento permitirá uma economia de US$ 2 bilhões. No entanto, eles já se mostram preocupados com o estouro do orçamento em algumas estruturas temporárias em construção. No local do antigo Estádio Nacional, será construído o novo estádio olímpico. Os operários ainda trabalham na preparação do terreno para o futuro estádio. A previsão é que as obras comecem em dezembro de 2016 e que tudo fique pronto em novembro de 2019. A nova construção terá muita madeira, uma tradição da antiga arquitetura japonesa, e terá um ar natural, de aconchego aos 80 mil espectadores que o estádio comportará. Não muito distante, ficará a Vila Olímpica, num terreno à beira da Baía de Tóquio, que também deverá ficar pronta no fim de 2019. Os atletas terão vista para o mar e o mundo verá mais um belo espetáculo olímpico. De olho no público jovem, cinco novas modalidades foram aprovadas para o programa olímpico: skate, surf, escalada esportiva, karatê e beisebol/softbol. Daqui a quatro anos, a festa que o Brasil celebrou será no Japão. Mas os Jogos de 2020

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Fotos: Beth Santos, Roberto Castro, Ricardo Stuckert e Fernando Frazão

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PÓS-JOGOS

Nossa Torcida

já se apresentam em perfeita sintonia com as características do país: caminhando entre o respeito às tradições e o olhar para o moderno. Os japoneses estão animados para os próximos jogos - eles sabem a importância que uma olimpíada pode ter para apresentar uma mensagem, apresentar uma cidade ao mundo. O problema é meteorologia - os jogos vão acontecer entre julho e agosto, período de verão no Japão e isso significa muito calor, muita umidade e ainda o risco de tufões. Nós iríamos fazer essa entrada do Hora 1 ao vivo, para detalhar o projeto de Tóquio, num dos ginásios que já estão prontos. Mas choveu muito forte, ven-

tou muito e a gente teve que se abrigar no estúdio mesmo. Esse tufão passou ao largo da costa japonesa, mas trouxe seus efeitos para a região central do país. Vários vôos precisaram ser cancelados e houve alerta de deslizamentos de terra. Na cerimônia de encerramento dos Jogos do Rio a gente teve um gostinho do que o Japão prepara para a próxima Olímpiada. O Japão foi representado com inúmeras figuras populares do país, de personagens criados por lá. Como jogador de futebol Tsubasa, do anime Super Campeões e o Super Mario, do famoso vídeo game, entre outros. E quem representou o personagem foi o próprio

primeiro ministro, Shinzo Abe, algo que pegou a todos de surpresa. Ele teria ido de Tóquio até o Rio dentro de um encanamento e apareceu no palco do Maracanã. O fato chamou muita atenção, inclusive na imprensa internacional e ofuscou até a participação da governadora de Tóquio, que recebeu a bandeira olímpica das mãos do prefeito do Rio. O fato é, a Olimpíada de Tóquio promete, e os japoneses geralmente cumprem, então quem quiser ir até lá em 2020 terá que se preparar desde já, economizando, para então curtir e se divertir com os japoneses, e claro as pessoas do mundo todo que estarão por lá também.

NÃO FORAM APENAS Phelps, Bolt ou Biles que chamaram a atenção pelas suas performances na Olimpíada. Nas arquibancadas, a torcida brasileira fez a festa. Com irreverência e criatividade, o pessoal que acompanhou os Jogos de perto deu um colorido especial à primeira visita da competição à América do Sul. Houve momentos em que os torcedores brasileiros se destacaram mais do que os atletas. As brincadeiras começaram antes mesmo do início oficial da Olimpíada. No primeiro jogo da seleção feminina dos EUA no futebol, a goleira Hope Solo ouviu os gritos “ôôô Zika” a cada vez que tocava na bola. Já o boxeador equatoriano Carlos Andres Mina ouviu as arquibancadas cantarem Mamonas Assassinas, por causa de seu sobrenome. Além do total apoio criativo, outro traço da torcida chamou muita atenção dos estrangeiros: as vaias.

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PÓS-JOGOS

Cidade sede

Rio de Janeiro

Recordes

FICHA TÉCNICA

19

60

mundiais

olímpicos

Medalhas conquistadas pelo Brasil Disputaram a sede

Chicago (EUA), Madri (ESP) e Tóquio (JPN)

Thiago Braz

7

Definição de sede

2009

Ouro

Países participantes

206 Atletas:

10.500

6

Esportes

42

Prata

Eventos

(Atletismo — Salto com vara)

Robson Conceição (Boxe — 60 kg) Rafaela Silva (Judô — 57 kg) Martine Grael e Kahena Kunze (Vela — 49er FX) Alison e Bruno Schmidt (Vôlei de Praia) Vôlei (masculino) Futebol (masculino)

Isaquias Queiroz (canoagem — C1) Isaquias Queiroz e Erlon de Souza (canoagem — C2) Arthur Zanetti (Ginástica Artística — Argolas) Diego Hypolio (Ginástica Artística — Solo) Felipe Wu (Tiro Esportivo — Pistola 10 m) Ágatha e Bárbara (Vôlei de Praia)

306 Locais de competição

32

6

Cerimônia de abertura

Bronze

5 de agosto

Isaquias Queiroz (canoagem — 200 m) Arthur Nory (Ginástica Artística — Solo) Mayra Aguiar (Judô — 78 kg) Rafael Silva (Judô — 100 kg) Poliana Okimoto (Maratona Aquática) Maicon Andrade (Taekwondo — 80 kg)

Cerimônia de encerramento

21 de agosto Acendeu a pira

Vanderlei C. de Lima Juramento do atleta

Robert Scheidt Juramento do árbitro

Martinho Nobre

70

A Rio 2016 foi a primeiras Olímpiada realizada na América do Sul. A partir deste ano, a África passa a ser o único continente a nunca receber os Jogos

Na candidatura para cidade-sede, o Rio de Janeiro orçou a organização dos Jogos em 28,8 bilhões de reais. O valor final passou dos 37 bilhões

Dois esportes voltaram aos Jogos: o rúgbi retornou 92 anos depois de sua última participação. O golfe também esteve de volta 112 anos depois

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O MELHOR DOS JOGOS OLÍMPICOS

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