TODOS NA DIFERENÇA

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TODOS NA DIFERENÇA JUNHO-SETEMBRO - 2016 - ANO 1 - NÚMERO 1

Participantes da Oficina de Escrita “Conectando diferenças”, com Síndrome de Down , paralisia cerebral e dificuldade de aprendizagem, entram em contato com suas singularidades e produzem textos, reflexões e ideias. CONECTANDO

DIFERENÇAS

POESIAS ENTREVISTAS


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Todos na diferença

EXPEDIENTE Editor: Guga Dorea Equipe fixa: Alexandre Matos Laura Schraider Michelly de Carvalho Souza Miriam Juliana T. Gagliard Thiago Demange Dorea Arlindo Campelo Colaboradores: Carla Pia Luconi Tuca Munhoz Fotógrafas: Ilana Bar Mirella D’Angelo Viviani Ilustradores: Octavio Novaes Rafael Dorea Talavera Revisores: Gumercindo Rocha Dorea Tera Dorea Designer: Tera Dorea Editora Essencial

CNPJ 14.001.349/0001-52 Rua Agostinho dos Santos, 137 Pq. São Domingos, 05125-050, São Paulo-SP

Agradecimentos

Agradeço ao Instituto Casa do Todos por abraçar esse meu projeto, no qual buscarei tratar tanto quem eu já conheço como quem me procurar como pessoas, cada uma com sua condição e particularidade.

Editorial GUGA DOREA

A DIFERENÇA EM SI MESMA um com imenso imensoprazer prazerque quelanço lançooonúmero n. 1 do jorÉ com do jornal Todos na Diferença, uma publicação nal Todos na Diferença, uma publicação de Tode Todos para Todos. Trata-se, na prática, dos e paraeTodos. Trata-se, na prática, da conda continuidade um projeto de minha tinuidade de um de projeto, de mnha autoria,autoria, criado háanos três anos, quando a Associação criado há três quando a Associação Guga no jardim da Casa DownBrasil para oopripriDown Brasil abriu abriu as suas portas para do Todos. prático de pesmeiro curso práticao de jornalismo jornalismo para Pessoas com a Síndrome de Down. Os frutos desses três anos foram promissores: dois cursos completados e três edições do jornal DownBrasil e Você. Por conta disso, sou muito grato à Associação por essa o ­ portunidade. O Todos na Diferença, por sua vez, é o resultado da Oficina de Escrita “Conectando Diferenças”, que desenvolvo, desde maio do ano passado, no Instituto Casa do Todos. A metodologia que utilizo é múltipla e depende das condições e interesses dos participantes. Em linhas gerais, são encontros semanais com vivências corporais, rodas de conversas, técnicas de visualização criativa e de meditação, além de exercícios práticos, interativos e experimentais de redação. Acreditando que o poder de transformação da palavra é infinito, meu compromisso é investir na espontaneidade, expressividade, imaginação e autenticidade dos integrantes do projeto, nutrindo-os com oportunidades para que consigam criar a partir de seus desejos, interesses, necessidades e afetos. Com a realização de reportagens e publicação de artigos de minha autoria e de articulistas convidados, o Todos na Diferença será um espaço aberto onde os participantes da oficina, entre outras pessoas que desejem desobstruir possíveis fluxos bloqueados, poderão expandir seus campos de possibilidades criativas, construindo projetos singulares de vida. Nesse primeiro número, o palestrante Tuca Munhoz, um grande amigo, militante e ativista pelos direitos das pessoas com deficiência, além de profissional das áreas de acessibilidade e inclusão, nos agraciou com uma agradável e politizada crônica sobre sua vida como cadeirante. Teremos ainda um artigo sobre a oficina “Saúde e Bem Estar na Medida”, desenvolvida pela orientadora pedagógico-educacional, especializada em psicopedagogia, Denise Mineiro, no Instituto Casa do Todos.

Equipe Fixa Mural do leitor

A partir do próximo número, será aberto um canal para que você, leitor, nos remeta suas opiniões, sugestões e mesmo críticas. Sejam bem-vindos nessa viagem pelo mundo, ou mundos, das diferenças.

Caso você tenha interesse, venha participar da oficina e faça parte da equipe fixa do jornal, ou simplesmente seja um colaborador, escrevendo seu texto, que pode ser em forma de poesia, conto, artigo ou mesmo ideias e pensamentos. Guga Dorea é jornalista e sociólogo. Atua hoje como ­educador em cursos de pós-graduação na área da Inclusão Social pela UNISED, além de participar do Grupo de Estudo sobre a Filo­sofia da Diferença da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). gugadorea57@gmail.com wordpress: gugadorea.com.br


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DUALISMO EXCLUDENTE No transcorrer do jornal, a biografia de cada um dos participantes da oficina virá à tona. São pessoas, cada uma com sua especificidade, que não se adaptaram e foram excluídas de uma escola que insiste em separar os seres humanos em “iguais” de um lado e “diferentes” de outro. De tão arraigada no imaginário da grande maioria das pessoas, esta parece ser uma divisão aceita como se fosse natural do ser humano. E o que é pior: referendada por parte da comunidade científica no transcorrer de nossa História.

Como já nos mostrou habilmente o espe­cialista em alfabetização e idealizador da Esco­la da Ponte, em Portugal, José Pacheco, se con­ti­nuarmos a acreditar que todos os “iguais” aprendem do mesmo jeito, o sistema de ensino, ainda hegemônico nos dias de hoje, permanecerá in­tacto e inalte­ rado. Significa alimentar outro lado da exclusão, que é o da evasão escolar e da cultura do fracasso. Na outra ponta desse tabuleiro com peças marcadas, todos os considerados “diferentes” terão de se adequar ao que podemos chamar de mito de normalidade como única condição para serem incluídos. Enfim, terão de deixar de serem o que são para entrarem no seleto mundo dos “iguais” e/ou “normais”. Podemos pensar, ao contrário, que, para oferecer oportunidades iguais para todos, temos de tratar as pessoas de forma diferente.

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SUMÁRIO Editorial, Guga

Dorea A diferença em si mesma . . . . Dualismo excludente . . . . . Além da igualdade e da diferença . . Histórico de vida . . . . . .

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CRÔNICA DO TUCA

Tuca Munhoz . . . . . . . 4 MUNDO ACESSÍVEL E AUTONOMIA

Michelly de Carvalho Souza . ALÉM DA IGUALDADE E DA DIFERENÇA

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A MAGIA DAS ARTES

Miriam Juliana T. Gagliard .

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ECOLOGIA SUBJETIVA

Laura Schraider . . . . . . . 7

ENTRE O EU E O OUTRO

Laura Schraider . . . . . . . 8 TEMPOS AFETIVOS

Carla Pia Luconi e Thiago Demange Dorea .

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ALEXANDRE: OUTROS OLHARES

Guga Dorea . . . . . . . 11 EQUILÍBRIO PSICOFÍSICO

Guga Dorea e Arlindo Campelo .

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HISTÓRICO DE VIDA Conheço bem esse dualismo excludente, que é uma criação histórica e cultural. Sou pai de Thiago, um jovem com a Síndrome de Down, e da Joyce, uma adolescente rotulada como igual a todas as outras pessoas que não têm uma das catalogadas deficiências, ambos tendo de viver os fluxos negativos dessa fictícia separação. É importante considerar que as pessoas rotuladas como “iguais” também são invisíveis nesse processo em que os “diferentes” são tratados a partir de seus rótulos e não pelo que são em si. Entre os “iguais” existem pessoas, cada uma com sua singularidade e história de vida. A exclusão, a partir dessa perspectiva, não é real apenas para as pessoas estigmatizadas como “diferentes”. G.D.

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Foto da internet.

CRÔNICA DO TUCA

INCLUSÃO E POLÍTICA Andando de ônibus Aos dezenove anos de idade tive meu primeiro emprego formal. Fui contratado, como digitador, pelo antigo Banco Real. Antes trabalhei na banca de jornais e revistas da dona Cida, que era bem pertinho de casa. Depois, em uma papelaria da família de um amigo e, o melhor de todos, em uma igreja, a Paróquia de São Bento, no bairro Paraíso, São Caetano do Sul, cidade em que nasci e morei por 47 anos. Fui secretário do Pe. Larry, americano, bonachão, simpático, barba comprida, uns 65 anos de idade. Lá conheci a professora Yolanda Ascênsio. Muito respeitada e querida, foi vereadora por alguns mandatos. Era cega. Uma vez, quando ainda era funcionário da igreja, recebi um recado. Ela me chamava para uma visita à sua casa. Chegando lá, ela foi lacônica: o Banco Real está contratando pessoas com deficiência e se você tiver interesse posso indicar seu nome. (Naquele tempo não se falava “pessoa com deficiência”. Não lembro qual foi o termo que ela usou, e fico com medo de lembrar…) Fui contratado como digitador. O salário era bom. Pagava minha boemia. O ruim, bem ruim, era ir de casa para o banco e do banco para casa. Dois ônibus para ir, dois ônibus para voltar! E eu não conseguia subir nem descer dos ônibus sem ajuda! (Hoje se diz “com autonomia”.) Naquela época eu usava muletas axilares e aparelhos ortopédicos nas duas pernas, com travas nas articulações e cinto pélvico. Minha autoestima, que já não era grande coisa, despencou. — Eu sou um bosta, um zero à esquerda, não consigo sequer subir num ônibus. Todo mundo entra e sai normalmente de um ônibus, menos eu…

Como vou olhar para aquela moça bonita sentada ali se quando chegar o meu ponto aquele cobrador, com cheiro de sovaco, vai me carregar para descer. Que vergonha. E pior! Ela está olhando para mim! Mas um dia… Estava na Av. Paulista esperando meu fatídico ônibus para voltar para casa quando encostou uma perua Kombi, (acho que era “Saia e Blusa”, branca na parte de cima e azul na parte de baixo), e alguém lá de dentro me deu uma filipeta. Se bem me lembro foi minha ainda hoje amiga, Lia Morales Crespo. Era o convite para uma “reunião de pessoas deficientes”. Assim estava escrito. Foi a primeira vez, naqueles meus dezenove anos, que encontrei-me com um monte de pessoas com deficiência, bem jovens quase todos. Antes disso, em minha venturosa infância e juven­ tu­de, só havia convivido com outras pessoas com deficiência nos hospitais, quando passava por terríveis cirurgias, ou em centros de reabilitação, me recuperando delas. Aí que tudo mudou! Como diria minha irmã: tive um insight! Descobri que aquele problema que eu tinha com os ônibus, para entrar e sair deles, não era um problema meu! Mas sim um problema deles, dos ônibus. Ou seja: não era eu o errado, não era eu o inadequado. Os ônibus sim eram errados e inadequados, pois não atendiam a todas as pessoas em suas diferentes necessidades, e não ofereciam modos de acessá-los. Hoje, arrodeando os sessenta anos, eu não ando mais com muletas e aparelhos ortopédicos nas duas pernas, ufa! Uso cadeira de rodas, motorizada ou manual, dependendo da situação. Pode haver uma compreensão de que minha defi­ ciência se agravou, pois não ando mais “em pé”, mas sim em cadeiras de rodas… no entanto hoje eu consigo entrar e sair de um ônibus com autonomia. O que aconteceu? Simples: os ônibus mudaram! Mudaram graças à legislação conquistada pe­ las pes­soas com deficiência e à implementação desta por meio de políticas públicas. A sociedade mudou, evoluiu, se democratizou, abriram-se oportunidades para a participação social de mais pessoas. Aprendi, naqueles tempos, que a inclusão é uma via de mão dupla, depende das transformações sociais, mas depende também de uma postura assertiva e combativa das próprias pessoas com deficiência. Tuca Munhoz foi secretário municipal adjunto da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo, e coordenador da Pastoral das Pessoas com Deficiência da Arquidiocese de São Paulo. É o fundador do Núcleo de Integração de Deficientes (NID).


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MUNDO ACESSÍVEL E AUTONOMIA Michelly de Carvalho Souza participou da oficina desde o começo, mas teve muita dificuldade para escrever. No entanto, sempre colocava as suas opiniões com muita clareza e objetividade. Propus então uma vivência ao grupo, para que criassem perguntas e a entrevistassem. E também, quando realizei uma leitura coletiva da crônica do Tuca Munhoz, ela concordou que os ônibus estão mais acessíveis, mas não deixou de abrir um possível diálogo. “Vi uma reportagem em que a pessoa teve de pegar o ônibus e o elevador estava quebrado. Eu mesmo, quando estava fazendo tratamento dentário, tive de sair da cadeira de roda e subir umas três vezes no ônibus de muleta. Achei um absurdo!” G.D.

pessoa me chamou de um monte de coisas que eu nem me lembro. Fui xingada por professores e alunos. Minha mãe falava que ninguém ia bater em sua filha. Eu acabava chorando na frente deles e, muitas vezes, disse que não queria mais voltar para a escola.

a entrevista Thiago: Quais são as dificuldades que você tem? Michelly: Eu tive Paralisia Cerebral. Os médicos falaram que eu não iria sobreviver, que não passaria da outra semana. Eu cabia na palma da mão. Nasci com sete meses sem oxigênio na cabeça. Durante minha vida, eu sempre quis sair mais de casa. Ser independente. É muito chato depender das pessoas. Você vai envelhecendo e sua mãe não quer mais fazer coisas por você. Fico triste e deprimida. Laura: Como você percebe a falta de acessibilidade? Michelly: Teve um dia que fiquei revoltada. Quando eu fui fazer um tratamento no posto de saúde não tinha elevador. Estava quebrado. Tive de subir com a muleta e me chamaram de coitadinha. Falta rampa e mais buracos fechados para não cairmos da cadeira de roda. Thiago: Quais escolas você estudou? Quais dificuldades você teve? Michelly: Estudei até a primeira série e tive muita dificuldade. Tinha uns doze anos e os professores queriam que eu copiasse rápido. Diziam que iam apagar a lousa. Então eu não fazia as lições. Eu tinha dificuldade de acompanhar os professores. Falavam que não ia conseguir acompanhar. Depois fui procurar oficinas de trabalho. Os médicos fa-

Michelly na Casa do Todos.

lavam que eu tinha de procurar o que eu gostava de fazer. Fiquei alguns anos na APOIE. Montava cadernos e pintava. Depois fui para a Oficina Abrigada de Trabalho (OAT). Fazia encaderna­ção, montava capas de cadernos. Quando consegui o Serviço de Atendimento Especial da Prefeitura Municipal de São Paulo (ATENDE), passei a ir à OAT todos os dias. Miriam: Você sentiu o preconceito no seu dia a dia? Como foi isso? Michelly: Eu tive uma tristeza muito grande uma vez, quando uma

Laura: Qual é o tipo de trabalho que você pretende realizar? Michelly: Quero trabalhar em um salão de festa de crianças ou de casamento. Estou procurando pe­ la Internet. Escrevo que eu tenho dificuldade de ler, mas que posso aprender e que gostaria de trabalhar. E também digo que vou ficar muito feliz. Procuro trabalho desde que saí da OAT. Miriam: Que tipo de música você gosta? Michelly: Gosto de samba e música romântica, além de músicas de carnaval. Thiago: E que filmes você gosta? Michelly: Gosto de ação e de romance e de novela. Laura: Como você conheceu e quando você chegou na Casa do Todos? Quais são as suas atividades por aqui? Michelly: Estou fazendo fisioterapia e drenagem linfática com a Aida. Fiz também aula de dança e estou participando da Oficina de Escrita. Está aumentando a minha autoestima.


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A MAGIA DAS ARTES Em casa, reclamou Miriam, “minhas irmãs saíam e eu A magia das artes cênicas e da dança conectou Miriam não podia sair, o que me afastou dos amigos, e não Juliana T. Gagliard aos encantos da vida. “Quando eu arrumava namorado. Não conseguia trabalhar e não tinha 24 anos conheci o dançarino Marcos Abranches, criava vínculos na escola. Também não gostava de mana Oficina Cultural Oswald de Andrade. Começamos temática e parei várias vezes a conversar e ele, vendo que eu de estudar. Até que, no segungostava de dança, me convi do ano do colegial, parei de dou a participar de seu pro vez, perdi o interesse pela esjeto”. Ambos chegaram a cola e entrei para ser voluntámontar e apresentar uma co ria na Casa do Todos”. reografia baseada no livro Bi Quando tudo parecia percho de 7 cabeças. “Foi bem forte, dido e a exclusão já era uma pois tratava dos equilíbrios e realidade, mais uma vez o desequilíbrios do corpo e da mundo das artes bateu em mente”. sua porta. “Descobri que os A parceria com o dançapoetas e os músicos sofriam rino não foi para frente, mas Miriam na sala de música da Casa do Todos. também, mas transformaram ter voltado a atuar com ele, seus sofrimentos em obras nove anos depois, fez toda a de arte”. diferença. Além de conhecer a sua hoje grande amiga Foi aí que ela conheceu a célebre música “Pais e Alessandra, que tem paralisia cerebral, chegou a en­filhos”, da banda brasileira de rock Legião Urbana. saiar na Casa do Todos, o que trouxe uma nova pers“Quando eu tinha dezesseis anos, a minha psicóloga fapectiva para sua difícil vida, desde o momento do naslou para o meu pai me colocar no curso de teatro, porque cimento. eu era tímida. Entrei no centro cultural do Jabaquara”. Hoje Miriam está com 38 anos. “Nasci de fórceps, Ainda no colegial, Miriam leu o livro Brasil Nunca sem chorar e engolindo o liquido amniótico. Quando Mais, sobre a ditadura militar. “Fiquei interessada pelo criança, frequentei a APAE por causa da minha demotema. As novas gerações não podem esquecer que isso ra de andar e de falar. Andei com três anos. Fiz fonoauaconteceu”. Não por acaso, quando a conheci na Casa diologia e fisioterapia até os seis anos, mais ou menos”. do Todos, a sua primeira ação foi a de mostrar o roteiMiriam também era considerada hiperativa na esro de uma peça de teatro, de sua autoria, sobre aquele cola: “Subia nas coisas, caía e machucava a cabeça. Não período, além do que os temas desenvolvidos por ela parava na sala de aula. Eu era uma criança nervosa, na Oficina de Criação foram a música e a política. Boa gritava bastante, falava palavrão, mas não era agressileitura. va. Eu sofria bullying porque era considerada baixinha. G.D. Diziam que iam me bater e eu tinha depressão”. esquecemos de mudar o mundo

A criança pensa que tudo é lindo, Quando cresce, na adolescência, se revolta e tenta fazer alguma coisa, mas a polícia quer calar E quando vira adulto, tem que trabalhar, cuidar dos filhos e aí esquece… Esquece de mudar o mundo

Miriam

o mundo ama música

O mundo ama música e dele faz músicas As notícias do fim do mundo, destruição, fome e guerra… geram músicas Manifestações políticas, desigualdades e preconceitos… geram notícias e músicas contra a repressão. A falta de liberdade e o desrespeito às diferenças… geram músicas Pensamentos e pessoas... geram músicas Músicas do Mundo, de todos os países De todas as cores e formas de viver Miriam


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ECOLOGIA SUBJETIVA Laura Schraider chegou ao pré-primário (como era chamado na época, hoje primeiro ano do ensino fundamental) com cinco anos de idade. Conseguiu seguir para o fundamental, mas foi aí que começaram os seus problemas. “Falavam que eu nasci com parte do cérebro mal alimentado e, por isso, não tinha coordenação motora”, revelou a própria Laura. Por esse motivo, segundo ela, foi obrigada a retornar para o pré-primário, o que levou a sua autoestima extremamente para baixo. Apesar desse vai e vem, no entanto, Laura teve uma professora particular que a acompanhou até o colegial (hoje ensino médio). Por volta de 1970 celebrou sua entrada na Faculdade Metropolitanas Unidas (FMU), em São Paulo, para o curso de Serviço Social. O curso tinha a duração de quatro anos, mas devido a dependências ela chegou ao final após seis anos, tendo ainda de enfrentar o desafio do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). “Eu lia os livros para o TCC e não conseguia interpretar. Acabava copiando e não me aprovaram. Fiquei dois anos tentando e não conseguia. Vieram então outras matérias que me obrigavam a ficar mais tempo. Não suportei e acabei desistindo do curso, não me formando”. Na década de 1980 seguiu outros caminhos, como a realização de um curso de pintura na Igreja São João de Brito, em São Paulo, que durou algum tempo. Em 2014, destacou a pró-

pria Laura, “a vizinha da minha tia falou da Casa do Todos e fui ver se tinha curso de pintura. Isso porque eu tinha tela em casa”. Hoje, com 60 anos de idade, ela está fazendo as oficinas “Saúde e Bem Estar”, “Sino dos Tibetanos”, de “Bateria”, Inglês, entre outras. Fez também terapia individual e em grupo até que, em 2016, passou a ser uma das primeiras que participaram da Oficina de Escrita e de Criação. “Continuei a fazer terapia individual e a ofiLaura no jardim da Casa do Todos. cina de criação de texto me fez sentir mais livre. Quando não tenho obrigação de passar de ano e ter nota, consigo escrever com maior liberdade, sem me sentir cobrada”. Laura é apenas um exemplo do que acontece até hoje em um sistema de ensino onde todos os alunos são obrigados a aprender do mesmo jeito, negando as singularidades e histórias de vida diferenciadas. No início da oficina, ela reclamava que sabia apenas copiar, mas no instante em que se conectou com sua essência, o tema ecologia brotou como se fosse uma árvore em seu nascedouro. Vamos ler? G.D.

a natureza viva Eu vi a árvore da janela de uma casa Era uma fazenda O Sol que nasce A menina estava andando na floresta Tinha uma nuvem no céu E de tarde estava chovendo Tem uma árvore plantada em uma linda floresta Há um ninho de passarinho Essa árvore é uma macieira Tem um pé de maracujá Os índios moram na floresta amazônica Podemos dar rosas de presente para alguém

Na Casa do Todos temos jabuticabeira Temos também amoreiras e pitangueiras E dois vasos de lírios brancos Bromélias, orquídeas e passarinhos E um gatinho chamado Chiquinho Na minha casa tenho um pé de acerola E um pouco de samambaia Esperança e amor Fazem parte da vida Tranquilidade é paz e sossego. Laura


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ENTRE O EU E O OUTRO

Mirella, Laura e Gustavo na pracinha da fogueira, na Casa do Todos.

Laura: Como foi a sua experiência na comunidade de Piracanga, na Bahia, no município de Ilhéus. O que você trouxe de sugestão para a Casa do Todos? Mirella: Foi uma experiência de renovação com a natureza, com as pessoas e os recursos de convivência, de promover a todos uma boa água e diminuir a quantidade de lixo. Gustavo: Foi muito boa. Fui passar férias e conhecer. Eu traria de sugestão para a Casa do Todos futuramente a energia solar.

Após um mês de oficina, Laura Schraider tomou coragem e, por livre iniciativa, aventurou-se em uma pequena entrevista com a pedagoga, psicopedagoga e terapeuta Mirella D’Angelo Viviani e o fisioterapeuta, educador e constelador familiar Gustavo Mamede Fonseca, ambos idealizadores da Casa do Todos, que haviam acabado de realizar uma viagem para a ecovila de Piracanga, no Estado da Bahia. Foi aí que propus uma continuidade dessa entrevista, com perguntas de sua autoria.

vidualmente em uma sala alugada. Dentro de minha casa eu também exercitava a Casa do Todos com as amigas de minhas filhas que nos visitavam e passavam finais de semana conosco. Acabei alugando salinhas e começaram a chegar crianças, jovens e adultos com deficiência e, com o tempo, os espaços ficaram pequenos para atender a todos. Foram salas nas ruas Miami e Chicago, e foi esse o começo da Casa do Todos, que é uma realidade há 23 anos. Eu não sabia disso, mas fui vendo que eu trabalhava onde eu estava. A experiência com essas pessoas foi muito intensa e me ensinou a considerar as diferenças entre as pessoas como um impulso para me conhecer melhor. Gustavo: Trabalhei em várias escolas particulares, como a Poço do Visconde, a Fralda Molhada, entre outras. Atuei ainda no Hospital Psiquiátrico João de Deus, e em uma escola técnica de massagem, como fisioterapeuta, massagista, dança-terapeuta e constelador familiar, além dos acampamentos de férias Franciscano e Prisma.

Laura: Quais foram os lugares onde vocês trabalharam? Como foram suas experiências? Mirella: Sem a menor consciência, fui crescendo na área da educação. Trabalhei em escola pública e particular, ambas com crianças sem diagnóstico oficial. Nelas, não havia um olhar para as especificidades das crianças. Também trabalhei nas chamadas escolas especiais e no outro período, à noite, dava aula para o pessoal do curso normal de psicologia da educação e de didática, além de atuar com idosos. Foram expeLaura: Como vocês se conheceram? riências simultâneas, até que me juntei com pessoas e Mirella: Eu precisava atender uma pessoa que montei uma escola de jardim de infância. A escola se morava perto da praça do Por do Sol, em Pinheiros. chamava “Arrumando a Casa”. Conversei com uma amiga médica e ela disse para con Depois que a escola fechou, mudamos a razão so tatar o Gustavo, que era fisioteracial. cial: “Sempre Viva”. Viva”. Foi Foiuma umanova nova peuta e tinha uma clínica nas protentativa que que não nãodeu deucerto. certo.Era Eraa a A experiência com essas pessoas foi muito ximidades. Disse que não podia época do pegou toda doCollor, Collor,que que pegou toda intensa e me ensinou a considerar as diferenças entre as pessoas como um im- pagar porque me pagavam com nossa economia. Nessas escolas, topulso para me conhecer melhor. bombom e chocolate, e perguntei das as crianças podiam ir. Notei enenMirella se podia pagar assim também. tão que que aaCasa Casado doTodos, Todosjájáestava estava Ele aceitou e, depois, convidei-o nascendo apesar do sistema. sistema. Fui FuienenA porta se abriu para que as pessoas quando a Casa do Todos se orgatão ficando ficando sem semlugar lugarnonosistema. sistema. chegassem e elas chegaram. nizou. Daí, junto com outros esFalavam que eu eu não não dava davaaula aulaeeaíaí Gustavo comecei aa atender pecialistas, nasceu esse projeto. atenderas aspessoas pessoasindiindi-


Todos na diferença Gustavo: A Mirella precisava de uma sala para atender uma paciente, que morava perto da minha clínica. Laura: Como e por que vocês chegaram a pensar e criar ou chegar em uma casa onde pudessem atender pessoas com vários tipos de deficiências? Mirella: Por meio de um princípio de vida em comum e porque a história de nossas vidas ofereceu laços de encontro. Gustavo: A necessidade fez a Casa. Laura: Qual é a importância para vocês do meio ambiente? Vocês têm conhecimentos de plantas? Quais? Mirella: O meio ambiente é o espaço aonde eu posso pertencer e mergulhar na relação comigo mesma e com o outro. O meio ambiente me mostra que eu tenho um corpo e que, por isso, tenho também um mundo dentro (interno) e fora (meio externo), com que me relaciono para amadurecer. As plantas fazem parte do meio externo a mim, fazem parte de um mundo que oferece muitas qualidades que podem cuidar do meu meio interno. Elas respeitam o ar que eu inspiro, cuidam do meu mundo, interno e externo, onde vivo. Gustavo: É o lugar aonde a gente vive. O meio ambiente é minha casa maior. Desde criança, quando eu morava em sítio, cuidava muito do jardim e tinha amigos que cuidavam de muitos jardins e de p ­ lantações. Laura: Como vocês conheceram e arrumaram outros colaboradores para a Casa do Todos? Mirella: Os colaboradores da Casa do Todos são pessoas que ocupam um lugar de amigos. Amigos de um tempo passado e amigos de um tempo presente, todos envolvidos com o princípio de oferecer seu talento para o bem estar de todos.

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O homem precisa de duas coisas para viver: comida e amigos. Gustavo: A porta se abriu para que as pessoas chegassem e elas chegaram. Laura: Qual é a filosofia da Casa do Todos? Mirella: O princípio que sustenta as bases da Casa do Todos é oferecer a quem procura um espaço de pertencimento a partir da essência dos valores de cada pessoa. Gustavo: O amor e a recompensa de si mesmo.

ecologia real

Na comunidade de Piracanga Eles aproveitam a água da chuva para lavar roupas Usam energia solar no verão Para carregar baterias dos computadores e celulares Trocam os eucaliptos por bambus Plantam árvores frutíferas para comer Laura


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TEMPOS AFETIVOS Bom dia Tudo bem? Eu vou muito bem, muito obrigada por tudo Gostaria de poder participar de sua aula, de assistir sua oficina e conhecer você No próximo ano (2016), podemos nos conhecer Enquanto isso, eu vou mandando por alguém minha poesia “S into - me Obrigada a todos Desde já agradeço sua atenção e carinho com meu trabalho Espero que você goste Adoro desafio

no outono ”

e meu desenho

Caro leitor, esta carta de Carla Pia Luconi, diagnosticada como tendo esquizofrenia, foi um presente que recebi das mãos de Mirella, uma reflexão que abraça o mundo e nos leva para o íntimo de cada um de nós. Em breve conversa com a própria Carla, ela relatou: “Tenho dificuldades de relacionamento, medo de ser rejeitada e de sair de casa. Por isso, acabo me fechando em mim mesma e fico no meu quarto pintando e escrevendo poesias. Quero participar da oficina de escrita porque meu sonho é ser jornalista”.

SINTO-ME NO OUTONO Thiago Demange Dorea participou dos cursos de jornalismo prático que realizei na Associação DownBrasil e Você, chegando a frequentar a Casa do Todos nos últimos meses. Em casa, leu a poesia da Carla, gostou tanto que escreveu a sua própria. Em 2016, passou a participar da oficina da Casa do Todos.

Minhas emoções caminham do quente para o frio O calor humano se solta E o choro esfria a solidão

O Sol recolhe Vem muita dor O Sol só aparece durante o dia É muito quente

É uma bola redonda Com uma cor amarela bem forte O amarelo tenta trazer a tranquilidade

Mas não dá ... Por ele estar muito cheio Basta estar cheio para se sentir triste Para ficar mais leve Basta explodir

O Outono é feito para limpar as emoções Acontece quando estamos muito carregados Quando o Sol está muito forte A gente elimina a dor para fora E junto com essa força pode vir a tranquilidade Ou a agitação

O vento traz a paz Deixa mais leve os sentimentos e as emoções Eu no meu mundo… Encontro o equilíbrio Carla Luconi

O SOL DO MEU CORAÇÃO

Meu amor Sinto o coração Para o sol chegar E as linhas dos planetas Cor do sol O lindo céu

Meu coração Eu sinto para você Arco-íris são bonitos Meu olhar no cabelo dela Abraçar canções Histórias para cantar Imaginar a canção do sol Presentes do passado Amor futuro Meu passado, meu futuro Thiago Demange Dorea


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ALEXANDRE: OUTROS OLHARES “AMAR É MUDAR DE CASA”, MÁRIO QUINTANA

Foto: Mirella D’Angelo Viviani.

vista e nunca mais foi embora”. A partir daí, enfatiDe uns bons tempos para cá, os temas pessoas com defi­ zou Humberto, “tive de aprender a conviver com ele. ciência e inclusão têm aparecido constantemente nas telas Passei a visitar a Casa do Todos aos sábados para nos das TVs e nas páginas dos jornais e revistas. Mas em que en­ contrarmos. Agora, após uma conversa com a Micondições eles emergem? Na maioria das vezes, para serella, vou ficar com ele nos finais de semana de quinrem tratados como “coitadinhos” ou para alardear que ze em quinze dias. Ela disse que eu precisava de conseguiram “superar” a deficiência e se tornaram, por um tempo livre em alguns finais de semana, sobreexemplo, grandes músicos ou esportistas. Ou ainda para ­tudo agora que estou casado novamente”. dizer o quanto é difícil serem incluídos no sistema regular Segundo a atual esposa de Humberto, Rosana de ensino. Mas onde estão os que não se encontram em Vallim, “Alexandre está vendo em nós uma família e faz nenhum desses lados e são felizes? Continuam invisíveis. parte de minha vida hoje”. Com 47 anos, Alexandre vive Por conta disso, o objetivo deste artigo é falar do na Casa do Todos há dez anos. “O tempo na Casa do Alexandre Matos, um adulto com a Síndrome de Down, Todos trouxe para ele uma melhora que mora no Instituto Casa do Todos na expressividade, na atenção e no há dez anos. Para conhecê-lo mais, saber das coisas do mundo. Desenconversei com seu irmão Humbervolveu também a inteligência para to Brito Gumerato. “Sei muito pouo lado prático da vida. Hoje ele lê ca coisa do meu irmão. Quando ele letras e pinta quadros. O Alexandre nasceu, isso eu me lembro bem, o me ensina a viver comigo mesma”, médico falou que minha mãe era a enfatizou Mirella. culpada e isso fez com que esque Alexandre participou da oficicesse o resto de sua vida. Eu não tina de escrita de um jeito todo espenha contato com ele porque minha cial. Em uma das muitas conversas mãe não deixava. Ela se fechou em Alexandre, na Casa do Todos. que tivemos, ele próprio arrematou: torno dele, sobretudo quando meu pai saiu de casa”. Faço pintura no caderno com tinta Com o falecimento da mãe em 2007, que estava com Faço mandala, círculo e quadrado diabetes e tinha 72 anos, Humberto se viu então com um A Casa do Todos é legal grande desafio pela frente: o de conhecer e cuidar do irTem bastante coisas mão. “Sei hoje que estava errado, mas eu queria que ele Livre Doce lar seguisse o meu ritmo”. Na parte da manhã, contou ele, Sou feliz Alexandre frequentava uma escola especial em Guarulhos, mas não conseguiu se alfabetizar. “A minha vó ten Humberto já está conseguindo entrar no mundo tou ensiná-lo a ler e escrever através das cartas de barade Alexandre. “Estou aprendendo a conviver com ele. O lho, mas ela morreu e o Alexandre não aprendeu”. nosso contato agora é entre dois homens. E estamos fa Tanto na escola, como no prédio onde moravam, zendo um link de família com a presença da Rosana”. contou o irmão, “Alexandre se escondia de nós e tínha No final da entrevista, reiterou o próprio Alexanmos de correr atrás dele. Chegou um momento que não dre, ”meu irmão é carinhoso e tenho saudades de minha tive mais estrutura e comecei a procurar um lugar para mãe. Não quero sair daqui. Eu gosto daqui. É minha casa ele ficar”. Foi aí que, após se frustrar com alguns lugae sou feliz”. Como o relógio já passava do meio-dia, reires, Humberto encontrou a Casa do Todos. “Visitei uma vindicou Alexandre: “Vamos almoçar?”! instituição em Itaquacetuba que mais parecia a Febem. G.D. Ele não ficou. Enquanto isso, a minha prima era atendida por um psicólogo que também é voluntário na Casa do Todos. Ela falou lá sobre o Alexandre e eu fui conhecer a casa”. O combinado, no início, foi que ele ficaria um final de semana. “Mas o Alexandre não quis sair mais”. Segundo a própria Mirella, “ele chegou procurando um lar, uma vez que o lar dele tinha se desmontado Rosana, Humberto, Guga e Alexandre. com a morte da mãe. C ­ hegou pa­ra fazer uma entre-


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Todos na diferença

EQUILÍBRIO PSICOFÍSICO OFICINA DE SAÚDE E BEM ESTAR NA CASA DO TODOS

Para quem não me conhece, pouco tempo atrás passei por um processo de emagrecimento no qual perdi mais de 58kg – aos sessenta anos! Mais uma prova de que quando queremos, tudo é possível. Após atingir meu objetivo, mantive o peso e iniciei um trabalho fantástico com o Instituto Casa do Todos, em uma Oficina Semanal que trata justamente do equilíbrio entre as saúdes física, mental e emocional dos participantes. Um ano após a Oficina, contando com a ajuda da Casa e de outros parceiros, foi feita a construção desse projeto, mais do que especial para mim. Com essas palavras, a orientadora pedagógica e educacional, especializada em psicopedagogia, Denise Mineiro, inicia a apresentação do projeto “Saúde e Bem Estar na Medida”. A Casa do Todos é isso. Todos são ao mesmo tempo educadores e educandos. Não há divisão entre os donos do saber e os que recebem o saber. É dialógico, como diria o sempre atual pedagogo e pensador brasileiro, Paulo Freire. Quem procura a Casa do Todos para apresentar e divulgar o seu talento deseja cuidar de si mesmo e do Outro, ao mesmo tempo. O que está em jogo, reitera Denise, é o processo de aprendizagem, seguido de um bom desempenho e da saúde individual e coletiva. Há uma diferença, nessa perspectiva apre­sentada pela orientadora pedagógica, entre ensino e aprendizagem. O “Saúde e Bem Estar na Medida” rompe com a idéia de que quem ensina é o educador e quem aprende é o educando. Pensar apenas no ensino é acreditar que cabe apenas ao professor ser o dono do saber e ao chamado aluno receber passivamente esse saber. O próprio conceito da palavra aluno é revelador: significa “Sem Luz”. Pensar no aprendizado é, utilizando as palavras da própria Denise, conscientizar-se “que os ritmos de desenvolvimento das pessoas são diferentes”, ou seja, cada um de nós aprende de um jeito diferente. Tanto a Casa do Todos, como o projeto Saúde e Bem Estar, revela a psicopedagoga, têm como meta “cuidar do ritmo de cada pessoa em relação à sua saúde”. Confira agora o resumo das atividades realizadas SOU VEGETARIANO no segundo semestre de 2015: E DO BEM

• Cuidado com o corpo, a alimentação, e a higiene corporal. • Importância e a consciência do que consumimos e do valor nutricional dos alimentos, além importância de tomar água ­diariamente e de adquirir o bom hábito de escovar os dentes. • Conversas sobre o PODER MEDICINAL DOS ALIMENTOS. • Roda da Conversa, alinhando saúde mental, física e emocional, além de contação de histórias e realização de jogos educativos.

Música e letra de Arlindo Campelo

Sou vegetariano e do bem Faço Reiki também Aí sim Maria De que comida gostaria Salsicha, Bife. Soja É por aí É por aí

• Meditação para limpar pensamentos e trazer calma, paz e energia.

Sem preconceito Que a saúde tem jeito

• Realização de exercícios físicos, evitando o sedentarismo e trazendo mais energia, vitalidade e disposição para nossa rotina.

Por que não arroz integral? E carne de soja Pimenta também serve Na água que ferve Sou vegetariano e do bem

• Reflexão sobre a importância do resgate do corpo de cada um. Fonte: file:///C:/Users/User/Documents/emagrecimento%20_% 20Denise%20 Mineiro.html

G.D.

Como músico e letrista, Arlindo Campelo enfrenta a sua esquizofrenia. Ele também é professor de violão e participou, esporadicamente, da oficina de escrita.


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