Revista Art It!

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Sumário Artes Visuais

Música e Arte

Design

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Lucian Freud

Considered one of Europe’s greatest modern artists. He painted unsettling portraits with peculiar focus on the texture of their flesh.

Música, dança e artes visuais

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Aspectos do trabalho artístico em discussão em tempos de lei do patrocínio

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Quando o todo era mais do que a soma das partes

Álbuns, singles e os rumos da música gravada contemporânea

Entrevista com Andre Arruda O fotógrafo carioca Andre Arruda já trabalhou em jornais importantes, como o Jornal do Brasil e O Globo.

George Kornis

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As especificações do mercado de artes visuais no Brasil do século XXI.

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Arte , cultura e seus demônios Uma análise contemporânea sobre as manifestações culturais e suas representações.

O direito ao teatro Muitos Caminhos, uma só escolha

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Teatro de direito e direito ao teatro. Dois lados de uma mesma moeda?

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Começar uma carreira é sempre difícil, mas saber por onde começar já é um grande passo.

Conhecer para atuar

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A importância de estudos e pesquisas na formulação de políticas públicas para a cultura.

Cinema para quem precisa O cinema como via de inclusão social nas comunidades do Rio de Janeiro pós UPPs

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Lucian Freud Lucian Freud is considered one of Europe’s greatest modern artists. He painted unsettling portraits and nudes in drab rooms, with peculiar focus on the texture of their flesh. Freud was the grandson of Sigmund Freud. He moved to Britain from Germany with his family in 1933 to escape persecution as a Jew. He spent most of his working life in London’s Paddington, saying that its sleaziness appealed to him. 4


Who is Lucian Freud was born in Berlin in December 1922, and came to England with his family in 1933. He studied briefly at the Central School of Art in London and, to more effect, at Cedric Morris’s East Anglian School of Painting and Drawing in Dedham. Following this, he served as a merchant seaman in an Atlantic convoy in 1941. His first solo exhibition, in 1944 at the Lefevre Gallery, featured the now celebrated The Painter’s Room 1944. In the summer of 1946, he went to Paris before going on to Greece for several months. Since then he has lived and worked in London. Freud’s subjects are often the people in his life; friends, family, fellow painters, lovers, children. As he has said ‘The subject matter is autobiographical, it’s all to do

with hope and memory and sensuality and involvement really’. Paintings in the exhibition will range from Girl with Roses 1948 to Garden, Notting Hill Gate 1997, and highlights include the marvellous series of portraits of his mother, portraits of fellow painters John Minton, Michael Andrews and Frank Auerbach, and other major works including Large Interior W11 (after Watteau) 1981-3. Sharp pictures of his youth will contrast with the works of his maturity, paintings filled with life and liveliness, each in its way a celebration. ‘I paint people’, Freud has said, ‘not because of what they are like, not exactly in spite of what they are like, but how they happen to be’.

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reud’s early works, like Girl With A White Dog, were very controlled and formal. Over time his style changed and his later painting were mainly nudes, using coarse, layered dabs of paint to create skin texture. The figures in Freud’s paintings often look distant and depressed. However he had a close relationship with his subjects and claimed his pictures are “to do with hope and memory and sensuality”. One of his best known paintings, Benefits Supervisor Sleeping, was reportedly bought by Russian billionaire Roman Abramovich for $33m at auction. This was a record at the time for a living British artist. Freud provoked public outcry with a portrait of Her Majesty Queen Elizabeth II. Many people said the painting made her look old and unhappy. The Queen refused to comment.


Who is Lucian Freud was born in Berlin in December 1922, and came to England with his family in 1933. He studied briefly at the Central School of Art in London and, to more effect, at Cedric Morris’s East Anglian School of Painting and Drawing in Dedham. Following this, he served as a merchant seaman in an Atlantic convoy in 1941. His first solo exhibition, in 1944 at the Lefevre Gallery, featured the now celebrated The Painter’s Room 1944. In the summer of 1946, he went to Paris before going on to Greece for several months. Since then he has lived and worked in London. Freud’s subjects are often the people in his life; friends, family, fellow painters, lovers, children. As he has said ‘The subject matter is autobiographical, it’s all to do with hope and memory and sensuality and involvement really’. Paintings in the exhibition will range from Girl with Roses 1948 to Garden, Notting Hill Gate 1997, and highlights include the marvellous series of portraits of his mother, portraits of fellow painters John Minton, Michael Andrews and Frank Auerbach, and other major works including Large Interior W11 (after Watteau) 1981-3. Sharp pictures of his youth will contrast with the works of his maturity, paintings filled with life and liveliness, each in its way a celebration. ‘I paint people’, Freud has said, ‘not because of what they are like, not exactly in spite of what they are like, but how they happen to be’.

Lucian Biography British painter and draughtsman. Freud spent most of his career in Paddington, London, an inner-city area whose seediness is reflected in Freud’s often sombre and moody interiors and cityscapes. In the 1940s he was principally interested in drawing, especially the face. He experimented with Surrealism. He was also loosely associated with NeoRomanticism. He established his own artistic identity, however, in meticulously executed realist works, imbued with a pervasive mood of alienation. Two important paintings of 1951 established the themes and preoccupations that dominated the rest of Freud’s career: Interior in Paddington (Liverpool, Walker A.G.) and Girl with a White Dog (London, Tate). Both paintings demonstrate an eagerness to establish a highly charged situation, in which the artist is free to explore formal and optical problems rather than expressive or interpretative ones. By the late 1950s brushmarks became spatial as he began to describe the face and body in terms of shape and structure, and often in female nudes the brushstrokes help to suggest shape. Throughout his career Freud’s palette remained distinctly muted. A close relationship with sitters was often important for Freud. His mother sat for an extensive series in the early 1970s after she was widowed, and his daughters Bella and Esther modelled nude, together and individually. Although the human form dominated his output, Freud also executed cityscapes, viewed from his studio window, and obsessively detailed nature studies. The 1980s and early 1990s were marked by increasingly ambitious compositions in terms of both scale and complexity.

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Artes Visuais


, s o h n i m a c Muitos uma só escolha Começar uma carreira é sempre difícil, mas saber por onde começar já é um grande passo.

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Design Quando se inicia como designer, um leque imenso de opções se abre. São tantos os caminhos, que fica difícil escolher qual seguir logo de cara. O bacana seria experimentar um pouco de tudo, mas fica quase impossível por conta do nosso ritmo de vida, sempre acelera- do. Ao terminar a graduação, é inevitável ficar um pouco perdido e na dúvida sobre o que fazer para deslanchar a carreira, até mesmo saber se é isso o que você quer pra sua vida, já que a parte teórica e acadêmi- ca é muito diferente do cotidiano da profissão e a cobrança será grande. Como dis- se o escritor inglês Thomas Fuller: “Tudo, antes de ser fácil, é difícil.” Particularmente, tive muita sorte no

início da carreira. Comecei em uma agência full service (agência-faz-tudo) onde aprendi muito sobre os diversos tipos de mídia e todo o racional por trás de cada uma delas. Em 1999, parti pra uma agência especializada e me encantei com o mundo web, enxerguei muitas possibilidades e isso mudou minha vida: quanto mais plural eu me tornava, mais trabalho, desejos e aspirações eu tinha. Com o tempo, ganhei uma visão mais global sobre a área e aos poucos consegui distinguir as oportunidades e armadilhas do mercado. Assim, posso hoje compartilhar algumas dicas de como começar, se desenvolver e construir um sólido plano de carreira! 9


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Formação Com a lei de regulamentação da profissão de designer ainda em andamento, é complicado dizer exatamente qual dever ser a formação. Ao meu ver, esse assunto é bastante polêmico e existem discussões infinitas sobre isso por aí. Meu ponto de vista é bem prático e acredito que existem várias formações que te levam a ser tornar designer. É claro que cursos como desenho industrial são mais focados e mais completos para isso, mas nada impede que uma pessoa formada em artes plásticas venha a ser um excelente designer também. O que ou falar aqui não é sobre a graduação e sim sobre os cursos complementares que podem fazer muita diferença no seu crescimento profissional. Chegar ao tão sonhado canudo não é sinônimo de ponto final! Pelo contrário, imagine que assim como você, muitos outros também o conseguiram e sen- do assim, qual será o seu diferencial? Os cursos extracurriculares podem turbinar sua formação acadêmica e te dar grande vantagem na corrida por uma colocação no mercado. Alguns destes cursos já estão se tornando essenciais, como é o caso do idioma inglês; portanto, vamos aos mais técnicos e relevantes para uma largada digna do Ayrton Senna. As escolas brasileiras de design, influenciadas pela Bauhaus e Ulm, têm um alto nível de qualidade e estão entre as melhores do mundo. Acontece também de escolas renomadas no exterior 38 desembarcarem por aqui, o que é ótimo para nós, pois assim temos mais opções e conhecemos o jeito de fazer design de outras culturas. Exemplos destas instituições são: Miami Ad School (EUA/UE) e Instituto Europeo di Design (Itália). Das nacionais que mais se destacam, posso citar de bate pronto a Belas Artes, Faap, Senac e Panamericana, além, é claro, das excelentes escolas públicas federais e esta- duais como é o caso da Unesp de Bauru, que sempre teve seu curso de desenho industrial como referência nacional e altas notas nas avaliações do MEC.

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Para incrementar o CV, procure certificações voltadas ao cargo que espera desempenhar. Para designers gráficos, por exemplo, é indicado se aperfeiçoar na teoria das cores, tipografia, ilustração e diagramação. Já para designers voltados a motion/3D o foco é outro e o ideal é estudar mais sobre técnicas de modelagem, texturização e renderização. Portanto, o caminho que pretende seguir será seu guia para a sua especialização. Costumo dizer que sou designer, apenas designer, pois gosto da ideia de poder criar qualquer coisa, de abajur a hotsites, de ilustrações a jornais, de marcas a toyart, enfim, liberar a imaginação e conhecimento em prol da criação. Mesmo não limitando o que posso ou não criar, procurei me especializar. Acredito ser importante fazer um pouco de tudo, o que torna você uma pessoa multidisciplinar, mas para o mercado, é importante que você seja completo e ainda atenda a todas as exigências do cargo, que em geral, são bem específicas. Portanto, no quesito formação, seja como uma esponja e absorva tudo sem- pre. Aprender te faz pensar, te faz mudar, todo conhecimento expande um pouquinho mais seus horizontes e te dá novos pontos de vista.

Portfólio O portfólio, pra quem ainda não é familiarizado com o termo (que, aliás, pode ser escrito de várias formas), é um conjunto de trabalhos pré-selecionados pelo criador para se apresentar ao mercado. Esse agrupamento de peças pode ser de qualquer segmento de trabalho, seja de web, gráficos, tipos ou de ilustrações, vídeos, arte e fotografia. A mistura de tipos de projetos também é possível, desde que seja esse o perfil do profissional. Se você procura uma colocação como ilustrador, apresentar trabalhos de fotografia pode não contar muito a seu favor. Para se criar um bom portfólio é simples. Basta selecionar entre seus pro- jetos os 15 que julgar serem os melhores. A grande questão é: melhores em quê? Dependendo do que se pretende, as variáveis são grandes e podem ser


Network Pra você que é designer (ou quase um) e quer trabalhar em agência, eu tenho uma boa notícia: sempre existem vagas! Sim, uma das principais característi- cas do setor é o alto turnover das equipes de criação por um simples e corriqueiro motivo; designers são inquietos e este comportamento é quase unânime entre os profissionais do setor, pois eles gostam de se aventurar, são curiosos e têm sempre um gás extra pra encarar um novo projeto, seja em casa ou no vizinho. Este tipo de atitude é excelente para o exercício da criatividade e todas essas mudanças incentivam o desenvolvimento e acumulam referências que exercem influência no seu trabalho. Para aproveitar toda essa abertura que o mercado permite, existe uma ferramenta perfeita – sua rede de relacionamento. Você ainda não tem uma? Pois então corra, suas chances de conseguir uma boa colocação estão drasticamente reduzidas sem ela. Grande parte das recolocações

na área de criação acontece por conta de indicações dos próprios membros da equipe, porque desta forma se chega bem mais rápido em alguém qualificado e de confiança, já que o tempo é um item bem escasso no setor. A forma mais fácil de manter esse relacionamento com colegas de profissão é a internet. Faça proveito do poder das redes sociais, se cadastre naquelas focadas e mais profissionais como LinkedIn e Behance. Participe também de fóruns e blogs especializados, tenha uma lista matadora dos melhores feeds de design e se possível comente os posts e leia o que os outros estão dizendo sobre o assunto.

Design

determinantes numa contratação. Algumas vagas exigem grande valor criativo, outras requerem um pouco mais da produção e acabamento. Cabe ainda as agências que buscam um estilo muito específico, ou seja, se você errar na escolha estará fora do processo seletivo. O importante é tentar conhecer bem o que esperam do seu portfólio e adequá- -lo sem perder sua identidade. A apresentação dos trabalhos pode acontecer em vários formatos e mídias. Há uns 10 anos, era comum se utilizar pastas em formato A3 com sacos plásticos onde eram colocados os trabalhos impressos em papel, mas esse processo é caro, trabalhoso e pouco prático, já que as peças precisam ser trocadas constantemente para manter o portfólio atualizado. Hoje em dia, se usa bastante os formatos eletrônicos como: PDF, apresentações PPT e a web (o meu preferido). A ideia é tornar o acesso o mais fácil possível sem perder a qualidade. Além disso, que seja de simples atualização. Para isso, o formato web é o mais indicado, demo- crático e abrangente.

Áreas de atuação A carreira de um designer pode seguir por muitos diferentes caminhos, da mesma forma que acontece com outras profissões como médicos, engenheiros ou advogados. A diferença é que nem sempre as distinções são claras e bem definidas – na verdade, as vertentes do design acabam se complementando e interagindo entre elas e a transição de profissionais entre estas vertentes também é muito comum. Os cinco grandes segmentos de de- sign mais difundidos atualmente são: • Comunicação • Interação • Produto • Moda • Ambientes Dentro de COMUNICAÇÃO estão os ilustradores, designers gráficos, web e de interface; portanto, é onde está a maioria das vagas. Se você se interessa por esse segmento, é provável que vá tra- balhar em agências, mas também existem vagas dentro de comporações para tra- balhar com comunicação institucional. É difícil dizer qual das opções é a melhor, pois cada uma delas tem suas peculiari- dades e características. Independente de qual for a sua escolha, o que você precisa ter em mente é que às vezes esses cargos não tem o tal job description tão claro, principalmente nas pequenas empresas. Portanto, é provável que você precise fazer de tudo um pouco, o que no início de 11


carreira é até bom: assim, você poderá aprender ainda mais. Na agência DM9DDB, por exemplo, os estagiários passam por todos os departamentos da empresa para depois poder escolher em qual gostariam de trabalhar. Essa vivência multidisciplinar é superinteressante e permite que os jovens descubram novas oportunidades e se identifiquem com mais certeza. Com o passar do tempo tudo vai ficando mais claro e simples – só a expe- riência vai te dar o suporte para poder es- colher e direcionar sua carreira. Enquanto isso, aproveite e divirta-se com o novo!

Entrevista e dia-a-dia Depois de ter passado pela formação, construído seu network, montado portfólio e escolhido a área de atuação, o próxi- mo passo é...? Se preparar para as entrevis- tas, pois elas virão e é muito importante estar pronto para responder à bateria de perguntas dos entrevistadores e conquis- tar seu batalhado espaço. Uma dica sempre válida é estudar bem o terreno onde está se metendo. Pesquise através da internet ou de amigos e levante todas as informações possíveis sobre a empresa/agência para saber se é isso mesmo que você procura e se você se identifica com os ideais dela. Antes mesmo da empresa te esco- lher, é preciso que você a tenha escolhido, pois irá passar boa parte do seu tempo trabalhando e se você não estiver feliz, sua produtividade e desempenho cairão. Você se tornará um profissional ineficiente ou até mesmo incompetente e isso não

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é bom pra nenhuma das partes; portanto, conhecer bem pra quem se manda o currículo é essencial. No dia “D” se apresente de forma coerente levando CV, portfólio e confiança. Vestir-se adequadamente é muito relativo, muito mesmo. Utilize seu bom senso pra avaliar o que usar – se você sabe que existe certa liberdade na em- presa e que minissaia e piercing não vão chocar, ok. Assim você já poderá mostrar toda a sua personalidade e criatividade no modo de se vestir. Agora, se houver dúvida, siga a linha mais clean e neutra possível: uma calça jeans, camisa e sapato são sempre bem vistos. Após ter percorrido todo esse ca- minho e conquistado o tão esperado emprego, comece com o pé direito e adote a postura mais adequada possí- vel. Nos primeiros dias siga o fluxo, ou seja, entenda como funciona seu depar- tamento e acompanhe seus colegas de equipe sem exercer muita influência, pois a pior coisa a fazer é querer chegar mudando o mundo sem ter embasa- mento. Aprenda como as coisas fun- cionam, os processos, procedimentos e organização e tudo isso vai te ajudar a se situar e a partir daí tomar suas pró- prias decisões.

Conclusão Ser designer é incrivelmente complexo. Às vezes, nada parece fazer muito sentido, as incertezas se misturam com outras emoções e se tornam inspiração. Buscar o que se sonha é a única certeza que temos de que todos os caminhos no final valeram a pena.


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ENTREVISTA www.artit.com.br

Andre Arruda Carioca, formado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo Audiovisual, o fotógrafo Andre Arruda já trabalhou em jornais importantes, como o Jornal do Brasil e O Globo. Atualmente trabalha na área publicitária e editorial, mas sem deixar de lado o trabalho autoral, onde tem liberdade de expressar sua criatividade em ensaios como o Fortia Femina e no livro 100 coisas que cem pessoas não vivem sem. Suas fontes de inspiração são as mais váriadas. 14 14


Artes Visuais Como foi o seu primeiro contato com a fotografia e como foi a decisão de se profissionalizar? AA. Meu pai tinha uma TLR BeautyFlex, imitação japonesa da Rolley, e fiz algumas fotos com ela quando criança. Cheguei inclusive a tentar fazer uma estória em quadrinhos com avioes da II guerra, modelos de montar Revell, que é claro, não ficaram técnicamente boas. Me lembro até hoje da imensa sensação

de dificuldade daquela tarefa. Um dia a câmera pifou e não tinha conserto. Como a família não tinha recursos, ficouse sem equipamento mesmo. Depois, somente na faculdade tive contato com fotografia, numa aula de fotojornalismo. Nos foi mostrada uma série de fotos de HCB e aquela imagética foi como se eu tivesse aprendido uma língua nova instantaneamente. No curso de jornalismo comecei a me interar da fotografia e pouco tempo depois resolvi ser fotógrafo. Mal sabia da fria em que estava me metendo. 15


Como surgiu a oportunidade no meio editorial? AA. Antes tive um experiência amarguíssima. Fui em um determinado jornal levando meu humilde portifolio, basicamente um ensaio sobre Copacabana. Depois de dias tentando, consigo uma hora para conversar com o editor. Chego lá, quem me atende é um coordenador, que abre a pasta, folheia as fotos com o desdém de um delegado de polícia, e ainda vira pro lado, falando com outra pessoa: “O teu vascão ontem, hein?” Joga a pasta na mesa e diz secamente: “Serve não”. Volto pra casa com a pasta “pesando uns 100 kg” e com uma decepção knock down. Uns dois anos depois, já na lida do jornalismo, encontrei o sujeito do “serve não” numa cobertura qualquer e o pessoal foi almoçar e ele não tinha grana: acabei pagando o almoço dele. O ensaio que não serviu ganhou um prêmio na Funarte, outro da UFF e foi publicado em quatro páginas na Revista de Domingo, do JB, o principal encarte do Rio naquele tempo. Mas voltando: Um amigo trabalhava no extinto Jornal do Brasil e disse que tinha vaga lá. Marquei uma hora com o editor, o caladíssimo Rogério Reis, que viu o portfolio “inútil” e me admitiu. Depois de um ano tentando entrar lá, consegui. Ainda tive a sorte de estar no fim da era de ouro do fotojornalismo, que no JB era

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capitaneado pelos editores Rogério Reis e Flavio Rodrigues, um período intenso e de muita cobrança, de salários baixos mas de muita criatividade, onde a editoria de fotografia era composta por um time de feras. Impossível não ter saudade daquela época, onde nem se sonhava com a internet. Fiquei lá de 92 a 98 e em outro jornal de 98 a 2000, mas nunca me senti o repórter per se, sempre gostei de features, de fotografia mais “pensada”.

Qual a importância de um trabalho autoral para quem trabalha apenas comercialmente? AA. É fundamental, absolutamente. Eu creio – na maioria dos casos - o trabalho comercial deve financiar o trabalho autoral, pois este irá nortear a carreira do fotógrafo. O fotógrafo deve estar atento para não se tornar mais uma peça dentro do mercado.

Como é a concepção do trabalho autoral e como funciona o seu processo de criação? AA. No momento tenho dois trabalhos de minha inteira concepção, “Fortia Femina” e um livro chamado “100 Coisas que cem pessoas não vivem sem”. O “Fortia” é um ensaio sobre mulheres adeptas da


Artes Visuais musculação, em preto e branco, de viés livre de publicação ou lucro. São imagens que não residem num limbo preferencial: ou se ama ou se odeia. Até agora não vendi uma única cópia para coleção. O “100” nasceu da idéia de fazer um livro de retratos, mas não queria um tomo que fosse um compilação de fotos de gente, isso o medium visual está repleto e sinceramente acho repetitivo e um tanto tedioso. Como toquei baixo muitos anos, tive bandas e escrevi muitas letras, creio que títulos/temas são tão importantes quanto a obra. Nome é destino. Comecei a brincar com a idéia de número, de rima, de ritmo, de pessoas e que o conceito de uma pergunta instigaria o leitor. Depois de muita elocubração, veio o título, cujo paradoxal conceito é “arqueologia instantânea”, conhecer um pouco as pessoas pelos seus objetos. E desde agosto de 2005 venho fazendo o “100”, um desafio logístico muito pesado. E bancado integralmente por mim. “Fortia Femina” nasceu antes, em 2003, 2004. Zapeando, paro em uma transmissão de um campeonato Mr. Olimpia, creio, e vi mulheres na competição. Até então não sabia que uma mulher poderia ter um corpo com aquelas proporções e me encantou como o relevo e o volume dos corpos “respondiam” à luz, e como a feminilidade poderia chegar a um extremo tão intenso. Então comecei a pensar numa série de fotos de nu, sem grandes compromissos, mas que fosse distinta do que havia visto até então.

Um ensaio, um trabalho, deve ser adequado às condições de quem o elabora. Adotei o fundo branco para o “Fortia” pela facilidade do suporte (papel branco, pano branco, parede branca existe em qualquer lugar) e pela leveza que o branco fornece ao conteúdo, que talvez seja uma herança do meu tempo de garoto, quando pensava em ser desenhista, cartunista. Sou fanático pelas ilustrações a bico de pena e gravuras de Da Vinci, Vesalius e Henry Gray sobre a anatomia do corpo humano; descobri que me influenciaram bom tempo depois de estar fazendo o Fortia Femina. O “100” também é em fundo branco, retrato e objeto, mas em conjunto com outra inspiração agregada, que são os catálogos de produtos, tão comuns em jornais. Como vivemos em uma época “catalogal”, onde somos reduzidos perfis e frases definidoras, o “100 Coisas que cem pessoas não vivem sem” é um comentário – pretenso – sobre este nosso tempo. Zeitgeist.

Você busca inspiração em outras mídias, como quadrinhos, música e cinema. Porque considera isso tão importante? AA. Não apenas nas citadas, mas pintura e escultura me são vitais. Todo o tipo de manifestação me atrai. Na literatura ‘O Estrangeiro’, de Camus, teve um profundo impacto quando li. Outro fantástico observador é William Gibson, autor do


termo cyberspace em “Neuromancer” e de “Reconhecimento de padrões” um livro importante para qualquer pessoa que trabalhe com imagens; que aliás tem uma tradução eficiente em português brasileiro. Toquei baixo por uns oito anos e até hoje tenho o instrumento, embora quase não toque. A música desempenha um papel fundamental na minha vida, tanto ou mais quanto o cinema; meus mais antigos amigos vêm da música. Não vejo, por exemplo, chance de ter uma namorada que tenha um gosto musical muito diferente do meu. Música é alma. Ouço de Slayer à Cole Porter, passando por bossa nova, industrial, alguns eletrônicos, rock, heavy metal e muita black music dos 50, 60 e 70. Refuto qualquer discurso que relativise a cultura e a educação e que enalteça o mero empirismo de processos na formação. Aproveito da máxima socrática: “quanto mais sei, mais sei que nada sei.” Quando vou editar um trabalho meu, sempre procuro se há algo bom. Inicialmente, acho tudo medíocre, apressado e raso. Sempre pode ser melhor...

Existe um projeto para publicar o

Além das questões gráficas, o ensaio Fortia Femina lida com um tabu da estética feminina. Como foi a recepção desse trabalho?

Durante a sua palestra você citou a importância de usar o fotômetro de mão. Com o digital, muitos fotógrafos da nova geração dispensam o seu uso. Porque você acha que isso acontece?

AA. Amor ou Repulsa. Já me disseram que Fortia Femina está à frente do tempo dele. Não sei e não procuro me preocupar com isto. Hoje a estética da mulher muscular é um fator presente na sociedade, uma tendência desde os anos 80, quando explodiram as academias de ginástica e as “aulas de jazz”, que misturavam dança com exercício físico pesado. Fausto Fawcett, um excelente pensador pop, até cita na letra de “Facada Leite Moça” a frase “coxas de quem faz jazz”, no fim dos 80. Cabe ao autor suscitar e abrir questões. E isso não vem de graça, sempre se paga um preço.

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Fortia Femina? AA. O livro em tese está pronto, como fotos já tratadas e prontas para edição, mas falta uma editora com coragem para abraçar o projeto.

Durante o Nu Photo Conference você realizou um ensaio ao vivo para uma platéia de 300 pessoas. Como foi essa experiência? Já tinha feito algo parecido? AA. Com uma platéia tão grande foi a primeira vez. Gostei muito da experiência, embora tenha achado, com o benefício da distância, que a apresentação foi um tanto exagerada em alguns aspectos. Foi um desafio redobrado porque aconteceu diferente do planejado. A minha proposta inicial seria verdadeira sessão do Fortia Femina mas a modelo, uma atleta, desistiu. Então propus que fossem duas modelos e parti do zero. Gostei muito de uma imagem resultante daquela sessão.

AA. O fotômetro é um símbolo. Quis ressaltar a importância da técnica, da pesquisa e do estudo constante. Não existe fotografia “fácil” e quem está começando não deve crer em soluções simplórias, como se a fotografia fosse uma série de “macetes” que resolvem qualquer situação. Todos os fotógrafos de cinema, cuja fotografia é exponencialmente mais complexa que a still, usam fotômetro, mesmo os fotógrafos com 30, 40 anos


Quais fotógrafos cujo trabalho você admira e qual a relevância deles na sua produção?

Quem você gostaria de fotografar e ainda não teve oportunidade? AA. Scarlett Johansson, atriz; Yelena Isinbayeva, atleta e Angela Gossow, cantora da banda de heavy metal Arch Enemy. Aqui, Roberto Carlos, o cantor.

Artes Visuais

de experiência. É saber interpretar, usar a luz e não ser refém dela. Não creio que o fotografo deva se ater a fórmulas e resoluções fixas; quanto mais conhecimento, melhor; é quase pueril falar isso, mas há quem acredite que a fotografia é simples, quase intuitiva e o Photoshop resolverá tudo depois. O que interessa mesmo é a luz (saber iluminar) e a direção. A câmera, desde que seja manual, minimamente boa e gere arquivos RAW, resolve a maioria dos casos. A grande diferença entre uma câmera Pro e a amadora é que a Pro tem resistência e robustez. Tenho uma objetiva 70-200 2.8 que deve ter uns 10 anos e funciona muito bem, apesar de algumas “cicatrizes”, arranhões na lente e marcas de uso.

O que você diz para quem quer seguir a carreira de fotógrafo ou está começando? AA. Persista. Mais do que nunca fotografia está difícil como negócio rentável. Somente quem tiver talento, senso de oportunidade e principalmente um manifesto sincero de idéias perante o mundo poderá ter sucesso. E procure fazer vídeo também. O futuro caminha inexorável para a imagem em movimento.

AA. Vários me influenciaram e influenciam. Seria injusto nomear alguns, então fico com o meu trio sagrado, CartierBresson, Avedon e Helmut Newton. E Sebastião Salgado, claro, por ser o maior fotógrafo vivo e por sua visão e sobretudo planejamento. Até o momento acredito que nenhum fotógrafo tem ou terá uma obra como a dele.

É mais complicado ou mais fácil fotografar celebridades? AA. Eu fotografo famosos como se fossem anônimos e anônimos como celebridades. Em geral a fotografia, para a maioria das “celebridades”, é uma atividade aborrecida e que elas querem se livrar o mais rápido possível. Mulheres respondem muito bem a locação, com homens creio que uma certa tensão desenvolve melhor. A mulher tem que ser seduzida o tempo inteiro.

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