Pedra preciosa Pedra preciosa Que voc棚 trouxe na m達o Cuida dessa pedra preta Pra ela n達o cair no ch達oNo quintal da minha casa Encontrei um mineral Vou guardar esta pedrinha Pra tocar meu berimbau
[02:49]
Navio negreiro [02:40] Meu filho foi viajar Foi por sobre as águas do mar Eu fiquei perdida, chorando Navio navegando, não vai mais voltar Esse barco malvado Leva todos prisioneiros Ele é um navio negreiro Homens livres estão nas galés Meu querido filho Não deixe a raiva o matar Semeia nesse país distante Os frutos constantes de seu ideal Ensina esse povo a dançar Para espantar todo mal Com cantigas ninar as crianças Jogar capoeira e tocar berimbau
Dondó [02:43] Com esse tantinho de água e sabão Dondó lavou a roupa da cidade inteira Com o mesmo tantinho de água nas mãos A filha de Dondó curou minha canseira Lavou dor, lavou mágoa Com esse tantinho de água Dondó, Dondó Descansa essa bilha no chão Se me concedeis a mão de sua filha, Eu prometo não faltar pão E nem amor e nem estrada, Nem carinho e nem perdão
A rezadeira [03:03] Perto da linha do trem Lá em cima da ladeira Numa casa de madeira À direita de quem vem Mora uma rezadeira Que mamãe conhece bem Do Chifre da África Trouxe as suas medicinas Que aprendeu desde menina A babosa e a páprica O navio balançou Ela não queria viajar Naufragou em alto mar Só a negra escapou
Fez a última escala Antes de pisar No nosso chão Das Ilhas Canárias Chegou com uma vária Guarnição Espinheira-santa Dente-de-leão
Ofereço esse repente Como retribuição Salve a força e o coração Das mulheres africanas Que vieram das savanas Para a costa brasileira É da folha da palmeira Que seu cesto era trançado E eu carrego com cuidado O amor da rezadeira
O chapéu-de-couro e o guaco O seu cesto era trançado Ela conheceu aqui Oi, da folha da palmeira Catuaba, jurubeba E o amor da rezadeira Murmuru e buriti Me guarda por todo lado Quando eu fiquei doente Me tratou com urucum Zum zum zum, zum zum Fez mamãe ficar contente
Negrinha [04:15] - Essa boneca de pano que você tem.. Ma dê, Iaiá; ma dê, Iaiá! Me dê essa boneca se a senhora não for mais usar; me dê essa boneca, que a sua menina quer brincar - Boneca não tem pra você, que não fez sua obrigação! Peneirou mal a farinha, não pilou todo o feijão! O que merece é castigo e solidão - Essa caneca de prata que você tem.. Ma dê, Iaiá; ma dê, Iaiá! Me dê essa caneca com um pouco de água pra eu tomar; me dê essa caneca, que a sede é capaz de me matar - A água secou pra menina que não fez o seu dever! Não cortou lenha pro fogo, e nem cana pra moer! O que merece é chorar e sofrer - Este rosário de ouro que você tem.. Mo dê, Iaiá; mo d ê, Iaiá;
me dê esse rosário, para a Nossa Senhora eu apelar! Me dê esse rosário, Iaiá, que Jesus há de ajudar - Rosário não vai lhe servir! Deus não vai ouvir você! Seu pecado é muito grande, sua feiúra é de ofender.. Olha para sua roupa, seu cabelo, sua cor - Esse lencinho bordado que você tem.. Mo dê, Iaiá; mo dê, Iaiá! Me dê esse lencinho, que agora só me restou chorar! Me dê esse lencinho, pra gota por gota eu aparar, pra não molhar seu sofá.. Essa boneca de pano, essa caneca de prata, esse rosário de ouro, esse lencinho bordado.. São presentes delicados que você negou a Deus! Iaiá, não perca a chance de mostrar o que aprendeu! Compartilha o seu tesouro, desenterra o que escondeu...
Negra Vó [01:54] Com seu vestido estampado Florido e alongado Me conta histórias Na hora que quiser Dá gargalhadas De Negra Vó mulher Negra vó, mulher
Repete a história Prece pra Nossa Senhora E me guia de pé Negra vó, mulher
Com seus ramos de cheiro Alecrim e erva-doce Me benze e me dá café Negra vó, mulher
Acalenta a todos Com chá amargo Cinza e mascado Negra vó, se quiser
Quilombo [02:28] Senzala, Quilombo, favela Às margens do mundo eu teci meu caminho, andando sozinho em estreitas vielas.. Enquanto você veio nas caravelas, cheguei no porão escuro de um navio aportei sem razão, e não tenho lugar minha brincadeira é crime; pecado, a minha fé.. O pão que o diabo tentou amassar, eu cobri com as mãos, reparti entre os meus; fiz do medo canção, e da fome motivo; entendi que estou vivo onde quer que eu esteja. Um dia é derrubada a cela. Um dia entraremos na sala.
Saía da minha janela, fugia na minha jangada; achava a chave do deserto e entrava no lugar sagrado.. Cantava à terra, ao sol, à lua; dançava com meus ancestrais.. Florestas, chapadas, gerais Foi bom te conhecer, lindo país Em suas belas praias, fui feliz Foi bom te conhecer, lindo país Em suas verdes matas, fui feliz
Favela, quilombo, senzala Se eu pudesse ver o mundo com dedos e olhos em oração..
Pimentinhas [02:20] Eu plantei na minha terra Cravo, rosa e limão Açafrão e pimentinha Alecrim, manjericão São João gostou dos cravos Santa Bárbara do limão Quem gostou das pimentinhas Foi São Cosme e Damião Quem foi Que lavou com tanto amor Esta casa pequenina E encheu tudo de flor? Casa de portas abertas Que acolhe os seus irmãos Deus vos dê boa saúde E nunca falte a proteção
Saci [03:43] Saci Pulou Pulou Pulou Na mata escura Dentro da mata escura Pião Girou Girou Girou A vida muda A estrada muda Se tiver alguém para andar
Esta casinha [03:22] Esta casinha é simples Esta casinha é de tábua Mas pode entrar Pode entrar e ficar Cosme e Damião Quem vai saudar
FICHA TÉCNICA Letras e músicas de Rodolfo Minari exceto Negra vó, letra de Evandro Luzia Produtora executiva Bethe Oliveira Produtor Miguel Mauri Produtor e diretor musical Carlinhos Antunes Arranjos Carlinhos Antunes e Danilo Penteado Gravação, mixagem, masterização Beto Mendonça Terreiro Marilua Azevedo Percussão Rodolfo Minari Violão oitava, voz (Pedra preciosa, Pimentinhas) Vanessa Napiame Voz (exceto Negrinha) Sarah Abreu Voz (Negrinha) Afonso Portela Voz (Negra vó, Saci, Esta casinha) Danilo Penteado Baixo, piano, acordeon, cavaquinho Carlinhos Antunes Violão, charango, viola caipira Arte/Ilustração Claudeney Alves Projeto Gráfico Carol Abreu AGRADECIMENTOS Alexandre Anselmo, Sérgio de Carvalho, Usina de Arte João Donato, Lidia Sales, Nilson Mendes e comunidade do seringal Cachoeira, Fundação Estadual de Cultura Elias Mansour (AC), Secretaria de Estado da Casa Civil (AC), Governo do Estado do Acre, Studio 185 (SP), Minari Groovebox
Rodolfo Minari loucuracontrolada@gmail.com