Parque Augusta e Nova Sede da UNE
1
FIAM-FAAM CENTRO UNIVERSITÁRIO ARQUITETURA E URBANISMO
CAROLINA ARBEX SANTOS
PARQUE AUGUSTA E NOVA SEDE DA UNE SÃO PAULO
SÃO PAULO JUNHO/ 2014 2
3
CAROLINA ARBEX SANTOS
PARQUE AUGUSTA E NOVA SEDE DA UNE SÃO PAULO
Trabalho final de graduação apresentado à FIAM FAAM Centro Universitário como exigência parcial para obtenção do grau de Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação do Professor Sr. Dimas Bertolotti.
SÃO PAULO JUNHO/ 2014 4
5
CAROLINA ARBEX SANTOS
PARQUE AUGUSTA E NOVA SEDE DA UNE SÃO PAULO
Trabalho final de graduação apresentado à FIAM FAAM Centro Universitário como exigência parcial para obtenção do grau de Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação do Professor Sr. Dimas Bertolotti. Data da aprovação: ____/____/____ Banca Examinadora ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________
SÃO PAULO JUNHO/ 2014 6
7
Ofereço este trabalho aos queridos da família, especialmente a Sra. Maristela e a dedicada Daniela Arbex.
Arbex, Carolina Parque Augusta e Nova Sede UNE Sp / Carolina Arbex - São Paulo: C. Arbex/ 2014 61f, 21 cm. Orientador: Dimas Bertolotti Dissertação (graduação) - FIAM FAAM Centro Universitário. Graduação em Arquitetura e Urbanismo, 2014. 1. União Nacional dos Estudantes. 2. Movimento Estudantil no Brasil. 3. Parque Augusta.4. Rua Augusta. 5.Centro de São Paulo. 6. Equipamentos Culturais. 7. Equipamentos Educacionais. 8
Aos colegas que fizeram parte da longa caminhada até a graduação e que contribuíram para o desenvolvimento pessoal uns dos outros. Aos mestres que forneceram técnica e conhecimento sobre a arte e a técnica da arquitetura, possibilitando a evolução profissional. Aos amigos que estiveram presentes e ajudando ativamente na produção durante todas as madrugadas e presepadas, principalmente à Mayara Paulelli e Juliana Gasparotto. 9
“A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original” Albert Eisntein 10
11
LISTA DE SIGLAS UNE – União Nacional dos Estudantes DCE – Diretório Central dos Estudantes CAs – Centros Acadêmicos ME – Movimento Estudantil MPL – Movimento Passe Livre REUNI – Reforma Universitária FHC – Fernando Henrique Cardoso CPC – Centro Popular de Cultura CUCA – Circuito Universitário de Cultura e Arte
LISTA DE FIGURAS FIGURA 01 - Fonte: Hulton-Deutch Collection/ Corbis/ LatinStock. p.21 FIGURA 02 - Fonte: Jornal O Estado de São Paulo, edição do dia 22 de setembro de 1955.p.22 FIGURA 03 - Fonte: http://www.une.org.br/2012/09/ ha-70-anos-une-ocupava-a-praia-do-flamengo-132/, acessado em 03/04/2014. p.25 FIGURA 04 - Fonte: Autor. p.28 FIGURA 05 - Fonte: Vieira apud Pissardo, 2013, p.27, In Vieira, Antônio Paim. Chácara do CAPÃO. In Revista do Arquivo Municipal Vol. CXLVIII, p. 115. São Paulo: Departamento de Cultura, 1952. p.31
12
FIGURA 08 - Fonte: Arquivo Público do Estado de São Paulo, acessado em 10/03/2014. Autor: Graccho da Gama. p.33
FIGURA 23 - Fonte: arcoweb.com.br, acessado em 19/03/13. p.51
FIGURA 47 - Fonte: www.stevenholl.com, acessado em 01/04/2013. p.66
FIGURA 24 - Fonte: arcoweb.com.br, acessado em 19/03/13. p.52
FIGURA 48 - Fonte: Autor. p.66
FIGURA 09 - Fonte: Arquivo Público do Estado de São Paulo, acessado em 10/03/2014. Autor desconhecido. p.34
FIGURA 25 - Fonte: arcoweb.com.br, acessado em 19/03/13. p.52
FIGURA 10 - Fonte: O Estado de São Paulo, acessado em 09/03/2014. p.36
FIGURA 26 - Fonte: arcoweb.com.br, acessado em 19/03/13. p.52
FIGURA 11 - Fonte: Diário oficial, publicado em 24/12/2013. f.27
FIGURA 27 à 30 - Fonte: arcoweb.com.br, acessado em 19/03/13. p.53
FIGURA 12 - Fonte: Autor. p.40
FIGURA 31 a 32a - Fonte: arcoweb.com.br, acessado em 19/03/13. p.54
FIGURA 13 e 14 - Fonte: Autor. p.43 FIGURA 15 e 16- Fonte: Autor. p.44
FIGURA 34 e 35 - Fonte: arcoweb.com.br, acessado em 19/03/13. p.56
FIGURA 17 - Fonte: arcoweb.com.br, acessado em 19/03/13.p.47
FIGURA 36 à 38 - Fonte: une.org.br, acessado em 11/09/12. p.57
FIGURA 18 - Fonte: arcoweb.com.br, acessado em 19/03/13. p.48
FIGURA 39 e 40 - Fonte: une.org.br, acessado em 11/09/12.p.58
FIGURA 19 - Fonte: arcoweb.com.br, acessado em 19/03/13. p.49
FIGURA 41 - Fonte: Autor. p.58
FIGURA 20 - Fonte: arcoweb.com.br, acessado em 19/03/13. p.50
FIGURA 06 - Fonte: Arquivo Público do Estado de São Paulo, acessado em 10/03/2014. Autor: Ugo Bonvincini. p.32
FIGURA 21 - Fonte: arcoweb.com.br, acessado em 19/03/13. p.51
FIGURA 07 - Fonte: Arquivo Público do Estado de São Paulo, acessado em 10/03/2014. Autor: Ugo Bonvincini. p.32
FIGURA 22 - Fonte: arcoweb.com.br, acessado em 19/03/13. p.51
FIGURA 49 - Fonte: Autor. p.67 FIGURA 50 - Fonte: Autor. p.68 FIGURA 51 a 54 - Fonte: Autor. p.69 FIGURA 54- Fonte: designer gráfica Mayara Paulelli. p.69
FIGURA 42 - Fonte: Autor. p.61 FIGURA 43 - Fonte: www.oglobo.com.br, acessado em Abril de 2014. p.62 FIGURA 44 - Fonte: Autor. p.63 FIGURA 45- Fonte: Autor. p.64 FIGURA 46- Fonte: Autor. p.65
13
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1.
CONCEITUAÇÃO
1.1 1968: O MUNDO EM CONTESTAÇÃO 1.2 O MOVIMENTO ESTUDANTIL NO BRASIL 1.3 A UNIÃO FAZ A FORÇA, E A FORÇA FAZ A UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES 1.4 A DITADURA MILITAR BRASILEIRA E A MOBILIZAÇÃO NACIONAL 1.5 O DISTANCIAMENTO DO JOVEM DAS CAUSAS ESTUDANTIS E SOCIAIS 1.6 O JOVEM BRASILEIRO E OS GIGANTES ADORMECIDOS DO SÉCULO XXI 1.7 O CENTRO DE SÃO PAULO E A IDENTIDADE DE UM POVO REVOLUCIONÁRIO 2.
INTERAÇÃO URBANA
2.1 A CHÁCARA DO CAPÃO 2.2 AUGUSTA, A RUA MAIS PAULISTANA 2.3 DONA VERIDIANA, VILA UCHÔA, O ARQUITETO VICTOR DUBUGRAS, A IRMANDADE DE SANTO AGOSTINHO E O COLÉGIO DES OISEAUX 2.4 A PROPRIEDADE PARTICULAR E SEU PATRIMÔNIO HISTÓRICO E AMBIENTAL 2.5 ATUAL CONFORMAÇÃO URBANA DA REGIÃO E PARÂMETROS URBANÍSTICOS
31 35 35 37 37 38
3.
ESTUDOS DE CASO
3.1 3.2 3.3 3.4 3.5
PARQUE DA JUVENTUDE BIBLIOTECA DE SÃO PAULO ETEC ARTES TEATRO DO PARQUE DA JUVENTUDE (não executado) PROJETO UNE RJ (não executado)
4.
PROJETO
4.1 4.2 4.3 4.4
CONCEITO PARTIDO ARQUITETÔNICO PROGRAMA DE NECESSIDADES PEÇAS GRÁFICAS
ANEXOS
125
CONSIDERAÇÕES FINAIS
137 141
14
21 21 22 23 25 25 26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
47 50 53 55 56 61 62 70 73
15
INTRODUÇÃO Propõe-se neste projeto, estudar a implantação de um equipamento público direcionado a fins culturais, educacionais e políticos. A utilização de ferramentas de pesquisa pública e pesquisas técnicas sobre o funcionamento de determinados espaços urbanos e instiuições, resultou na elaboração de um programa de necessidades sólido e influenciou na escolha do partido arquitetônico. Visou-se a interação direta entre a malha urbana do entorno, a vegetação existente no terreno e o equipamento proposto, através da permeabilidade física, visual e à possibilidade de escolhas e descobertas do frequentador ou transeunte. Transposição e observação foram termos que nortearam o projeto, parecem ter significados opostos, pois uma vez que se busca transpôr algo, a observação é utilizada como um instrumento secundário, por sua vez, quando se observa algo a transposição utilizada apenas para a transição de espaços, tende a ser colocada em segundo plano. Há 44 anos foi decretado pela primeira vez que o terreno particular de aproximadamente 24 metros quadrados localizado na Rua Augusta, que já serviu de base para instalação de um colégio francês (19071967), foi comprado por uma construtora que visava à construção de um complexo hoteleiro (1977), serviu de sede para lona 16
circense (1980) , quase foi transformado em supermercado (2006) e manteve em funcionamento um estacionamento até ser fechado (2013) para que enfim, fosse definido o seu destino final, público ou privado. Foram anos de um imbróglio que parecia ter chego ao fim com a sanção da lei que autoriza a criação do parque Augusta, em 2013, no entanto, em janeiro de 2014, a Secretaria do Verde e Meio Ambiente afirmou não ter verba disponível para a criação do parque e a prefeitura, por sua vez, declarou não ter capital suficiente para a desapropriação do terreno particular. Enquanto o terreno e suas centenas de árvores, entre elas jacarandás, seringueiras e ipês nativos, espera pelo seu destino, o principal órgão de representação dos estudantes, a União Nacional dos Estudantes, permanece em sua tímida sede na Rua Domingos de Moraes, no bairro da Vila Mariana em um imóvel alugado, que já passou por uma série de tentativas de despejo. O espaço é dividido com outras cinco entidades estudantis, entre elas uma das sedes administrativas da UMES e da UBES. A UNE é parte da história de luta e resistência principalmente em um dos períodos de maior agitação política e de repressão a toda e qualquer ideia que fugisse do que 17
pregavam os líderes da época, a ditadura militar. Teve sua sede invadida e incendiada pelos militares durante os anos de chumbo da ditadura. Atualmente a UNE está enfraquecida, mas diante dos acontecimentos de 2013, com um levante popular, que saiu às ruas bradando cantos, como há muito não se via, de fato não se pode afirmar que os jovens estão conformados ou que concordam com a situação sócio-política-econômica do país.
cidade, infiltrando na malha urbana e dialogando diretamente com tudo que o toca. Trabalhando a arquitetura como elo de ligação entre as pessoas e os espaços, resultando na aplicação da disciplina teórica de Arquitetura como espaço de encontro.
Do surgimento da UNE, até os dias atuais, este estudo busca compreender as transformações das forças estudantis, a importância da região central para a cidade, e análise de outros parques e terrenos que abrigam centros culturais e educacionais, para dessa maneira justificar e sugerir que o terreno, até então de destino incerto, abrigue a Nova Sede da UNE SP, localizada em um complexo educativo e cultural e que por escolha pública será denominado carinhosamente como Parque Augusta. Foi realizada uma pesquisa pública, para entender o que as pessoas pensam sobre a área do futuro parque, a UNE, a praça Roosevelt e a organização da cidade de São Paulo. O estudo visa fomentar o debate a respeito da dicotomia público e privado. Entende-se que um equipamento público deve ser a extensão harmônica da 18
19
1. CONCEITUAÇÃO 1.1 1968: O MUNDO EM CONTESTAÇÃO O ano de 1968 foi marcado por diversos acontecimentos importantes ao redor do mundo. Foi um período em que ocorreram fatos como, por exemplo, a divisão do mundo entre os que defendiam os ideais capitalistas e os que apoiavam o socialismo; manifestações de muitas nações desejando o fim dos confrontos no Vietnã, principalmente os jovens universitários americanos que se opunham à obrigatoriedade de servir o país nesta guerra; na França um protesto que se iniciou como uma manifestação em uma universidade no subúrbio de Paris resultou em um levante de milhões de pessoas em defesa de ensino de qualidade, condições mínimas de trabalho para os operários e da liberdade racial e sexual; e também foi quando Mao Tse-Tung na China Popular desencadeou a Grande Revolução Cultural Proletária e deu início a ditadura comunista no país. E quem tomou as grandes decisões em 1968? Ninguém em particular, mas o “coletivo”. Para Hobsbawm, os movimentos mais característicos de 68 idealizaram a espontaneidade e se opusem à liderança, estruturaçăo e à estratégia. O historiador revelou seu encantamento com um período que abrigou uma conversão “aparentemente súbita” de uma multidão de homens e mulheres à causa da revolução. (ZAPPA E SOTO, 2011, p.289)
Entrou em ebulição o caldeirão da insatisfação social, a voz do povo tomou as ruas e multidões de todo o mundo 20
devastaram cidades. Foi na França que o movimento teve o caráter social mais profundo. Foi uma reivindicação iniciada por descontentamentos com a educação no país, porém culminou em uma grande rebelião popular que reclamava os direitos sociais dos cidadãos franceses.
[fig.1] Estudantes arressam paralelepípedos contra a polícia, no Quartier Latin em Paris.
1.2 O MOVIMENTO ESTUDANTIL NO BRASIL Durante o século XIX, o ensino superior no Brasil, com poucas instituições, mantemse acessível para apenas uma pequena parcela da população. Porém, no início do século XX, com o advento industrial e com as conformações urbanas que se desenvolviam diariamente, qualificando o novo espaço urbano como cidade, as instituições de ensino superior e os estudantes se multiplicavam tal como a demanda dessa 21
nova sociedade. Em 1901, o movimento estudantil brasileiro começa a se desenvolver com a criação da Federação dos Estudantes Brasileiros. Em 1920 é realizado o primeiro Congresso Nacional de Estudantes, em São Paulo. O aumento no número de escolas e, consequentemente, na quantidade de estudantes provocou a rápida reunião dos jovens para que desde o início da sua atuação política, estivessem envolvidos nas principais questões sociais do país. A Revolução de 1930 levou estudantes a atuarem em organizações como a Juventude Comunista e a Juventude Integralista. A necessidade de exposição das opiniões propostas visando promover a defesa da qualidade do ensino nacional e justiça social fomentou a vontade dos estudantes formarem uma entidade maior que os representasse em uma única unidade da classe. (ZAPPA E SOTO, 2012) 1.3 A UNIÃO FAZ A FORÇA, E A FORÇA FAZ A UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES Reunidos na Casa do Estudante do Brasil, no Rio de Janeiro, no dia 11 de agosto de 1937, o Conselho Nacional de Estudantes consolidou o projeto que era desejado por muitos estudantes, criou a entidade máxima batizada como União Nacional dos Estudantes (UNE). Desde a sua fundação, a UNE se organiza em congressos anuais e visa articular-se com outras forças progressistas da sociedade. 22
Nos primeiros anos de existência da UNE ocorreu o maior conflito armado entre países que o mundo já presenciou, a Segunda Guerra Mundial. Desde o início, os estudantes se manifestaram contra o regime nazifascista de Hitler e pressionavam o governo do Presidente Getúlio Vargas a se posicionar contra o Eixo, formado por Alemanha, Itália e Japão. Em 1942, no fervor do conflito, os jovens ocuparam a sede do Clube Germânia, na Praia do Flamengo 132, Rio de Janeiro, tradicional reduto de militantes nazifascistas. Neste mesmo ano, o presidente Vargas concedeu o prédio ocupado do Clube Germânia para que se tornasse a sede da UNE, além de instaurar o decreto-lei n° 4.080/42 que oficializou a UNE como a entidade representativa de todos os universitários brasileiros. No período pós-guerra, a UNE esteve presente reivindicando sobre os principais assuntos da nação, fortalecendo o movimento social brasileiro em ações como a defesa do petróleo com a campanha “O Petróleo é Nosso”.
[fig.2]
Manchete de jornal O Estado de São Paulo do ano 1955
Durante os anos 1950, em meio à crise política do Governo Vargas houve muita disputa pelo comando da UNE. O ensino público superior do país, nessa
época, teve crescimento com a criação de inúmeras faculdades e universidades. Entende-se que um dos fatores ligados ao desenvolvimento de uma nação, conforme os princípios da ONU vincula-se às condições de ensino nos países. Com o aumento da oferta de vagas nas universidades, jovens principalmente de classe média, lançaram-se para preenchêlas. Com o aumento do número de estudantes, consolida-se e cresce a quantidade de correntes políticas nas universidades. A ideologia presente nessas correntes era (e ainda é atualmente), de caráter esquerdista baseados nos ideais marxistas. Essas correntes esquerdistas canalizaram a crescente insatisfação dos universitários diante das deficiências do sistema de ensino superior e resultaram nas primeiras grandes mobilizações em defesa das reivindicações de caráter educacional, a partir da década de 1960. (ZAPPA E SOTO, 2012) Após o governo de Juscelino Kubitschek, a presidência foi ocupada por Jânio Quadros e João Goulart. Nesse período a UNE e outras grandes entidades brasileiras formaram a Frente de Mobilização Popular. Entre as grandes lutas travadas pelo movimento estudantil, estava a “Reforma Universitária”, que ocorreu em meados da década de 60, a qual propunha mudanças sociais profundas na base da educação. O governo Goulart, reconhecendo a ajuda da UNE, nomearia seguidos ministros da Educação ligados ao movimento estudantil, enquanto a UNE e outras entidades estudantis tentavam influenciar
diversas organizações populares, como os sindicatos urbanos, onde foram menos eficientes (exceto entre comerciários e bancários, dado que muitos eram também universitários), os movimentos de militares subalternos e o sindicalismo rural. (GROPPO, 2007, p.9)
Em 1962, a UNE lançou um projeto que mobilizava caravanas para rodar o Brasil. A primeira delas aconteceu no mesmo ano e foi chamada de UNE Volante, que juntamente com o Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE, contribuiu para consolidar a dimensão nacional da entidade em todo o território brasileiro. 1.4 A DITADURA MILITAR BRASILEIRA E A MOBILIZAÇÃO NACIONAL O golpe de 1964, ainda é considerado como de mobilização unicamente militar, se tratou de um movimento civil e militar, onde civis, inclusive membros importantes da imprensa, grandes empresas, igreja católica e demais entidades reconhecidas da nação, se opuseram ao governo denominado populista e comunista de João Goulart, que propunha mudanças embrionárias no sistema brasileiro. A partir de 31 de março até o dia 1º de abril, os militares deram o grande golpe de estado apoiado por parte da sociedade, sob o título de Revolução Democrática. O novo governo não tinha projetos, apenas a necessidade de suprimir as tendências consideradas comunistas que se projetavam pelo povo. Na madrugada do dia 1º de abril, a sede da UNE na Praia do Flamengo 132, no Rio de Janeiro, foi invadida e incendiada. O Golpe 23
foi um divisor de águas para o movimento estudantil. Diante o caráter esquerdista das correntes políticas universitárias as autoridades militares reprimiram as lideranças estudantis e desarticularam as principais organizações representativas. A primeira grande entidade estudantil posta na ilegalidade, através da Lei Suplicy de Lacerda, foi a UNE, depois as UEEs e os DCEs. Apesar da repressão, e da aparente desarticulação da UNE, ela continuou existindo nas sombras da ditadura, em oposição ao regime, como aconteceu no ano de 1968, marcado por grandes revoluções sociais pelo mundo. Neste ano, estudantes e artistas, engrossaram a passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro, clamando por democracia, justiça e liberdade. Porém a repressão foi sempre violenta, marcada por episódios de prisão e assassinato de estudantes. Ao final deste ano, houve a proclamação do Ato Institucional número 5 (AI-5), dentre os atos proclamados, foi o maior e mais sangrento. (ZAPPA E SOTTO, 2012) Apesar da derrota inicial e de grandes dificuldades, a UNE e os estudantes aos poucos se reorganizaram e acabaram por abandonar o populismo inicial, adotando cada vez mais as ideologias radicais das “novas esquerdas”, prestes a protagonizar um dos eventos mais importantes de contestação ao Regime Militar, o movimento estudantil de 1968. (GROPPO, 2007, p.1)
No final dos anos 70, houve os primeiros sinais de enfraquecimento do regime militar, 24
a sociedade, inclusive a massa que era a favor da ditadura, se posicionava contra. Os primeiros sinais de recuperação do movimento estudantil aparecem em 1974, a partir de então se iniciou o processo lento de retomada e reconstrução das organizações estudantis, e a implementação do projeto de liberalização política que previa a redemocratização do país após a escolha do general Ernesto Geisel para a Presidência da República. O ápice da retomada da UNE aconteceu em 1977. No início deste mesmo ano universitários se reuniram no campus da USP para tentar reorganizar a entidade, que havia sido colocada na ilegalidade no ano de 1968, porém falharam devido à repressão militar. No dia 04 de junho 1977, líderes universitários, e jovens de todas as partes do Brasil inscritos no 3º encontro Nacional dos Estudantes (ENE) na Faculdade de Medicina da UFMG, em Belo Horizonte, na tentaram novamente reestabelecer a entidade UNE, apesar de repreendidos, a maior manifestação jovem já ocorrida no país, até então, serviu como apoio para o Congresso de reconstrução da UNE. (KIEFER, 2013, ONLINE) Em 1979, aconteceu em Salvador, o Congresso de reconstrução da UNE, que reivindicava mais recursos para as universidades, defendia o ensino público e gratuito e pedia a libertação de estudantes presos pela ditadura do Brasil. No início dos anos 80, o movimento estudantil tentou recuperar a sede da UNE na Praia do Flamengo, mas os militares,
ainda detentores do poder sobre a nação, embora que reduzido, demoliram o prédio da antiga sede.
[fig.3] Militantes da UNE em frente o Clube Germänia reinvidicando o retorno ao prédio da antiga sede no Flamengo
sentimento de neutralidade política, pela quais muitos brasileiros estão tomados. Pereira expõe as diferenças entre o comportamento dos estudantes de alguns países da América Latina: Alguns estudos sugerem que, em comparação com jovens argentinos e uruguaios, os brasileiros são os que menos têm interesses a respeito do passado militar e os que têm menores rejeições a “opções militaristas”. Eles também são os mais despolitizados e os que menos defendem valores democráticos. (PEREIRA, 2012, ONLINE)
1.5 O DISTANCIAMENTO DO JOVEM DAS CAUSAS ESTUDANTIS E SOCIAIS
1.6 O JOVEM BRASILEIRO E OS GIGANTES ADORMECIDOS DO SÉCULO XXI
Com o fim da Ditadura Militar e as organizações estudantis instauradas novamente, o ME tinha, aparentemente, toda a possibilidade de retomada com força total, porém não foi o que aconteceu. O prestígio e a força do ME havia se perdido durante os anos da ditadura e outro fator importante para enfraquecimento das correntes foi à abstenção dos jovens do mundo político devido ao medo de possíveis repressões, tais como as ocorridas nos anos de domínio militar. Os anos 1990 foram marcados pelos pensamentos conservadores, globalização pautada no neoliberalismo, alta competitividade individual e valorização de mercado. Um fator muito importante, somado ao já mencionado, é a descrença da população no governo. Presencia-se diariamente a impunidade e o descaso para com os assuntos federais, isto fortalece o
Em 1992, o movimento estudantil ressurgiu novamente na luta social dos caras-pintadas em oposição ao presidente Fernando Collor de Melo. A reação do povo provocou o Impeachment do presidente. O movimento foi pontual, e não serviu para alavancar a ascensão das organizações estudantis. No governo Fernando Henrique Cardoso, de 1994 até 2002, a UNE posicionou-se firmemente contra a mercantilização da educação, que previa privilégios para as instituições particulares de ensino, com o sucateamento das universidades públicas bem como de seus professores, funcionários e estudantes. É lançado em 2001, o Circuito Universitário de Cultura e Arte (CUCA) da UNE. Em 2007, estudantes novamente mostraram sua força e através de ocupação de reitorias e greves, se mostraram opostos à Reforma Universitária – REUNI, visto que a mesma, 25
dentre outras medidas da lei, previa a redução da autonomia de cada universidade, visando equipará-las o que inferiorizaria o ensino superior público brasileiro. Em 2013, sob o slogan: “O Gigante acordou!”, cidadãos se mobilizaram contra o aumento no valor das tarifas cobradas sobre o transporte público. O Movimento Passe Livre (MPL), através das mídias sociais, principalmente pelo Facebook, encabeçou a ação e milhões de jovens e adultos saíram às ruas para reivindicar por R$0,20 de acréscimo na tarifa. O Brasil, conhecido pelo “pacifismo de sua gente”, algo que beira a inércia, se apresenta ao mundo, como um celeiro de discussões profundas. Esse povo, ainda submisso aos seus representantes, vai às ruas pedir um basta àquilo que se vive enquanto realidade em um país cuja economia é similar a dos Tigres Asiáticos, mas que possui a efetivação de direitos fundamentais de países africanos. (SILVA E FABRIZ, 2013, p.1)
Atualmente a UNE adquiriu um caráter partidário, fator que auxiliou no distanciamento ainda maior dos jovens da instituição. No governo do Presidente Luís Inácio da Silva (Lula), em aliança com o arquiteto Oscar Niemeyer, deu-se partida no projeto da Sede UNE Rio de Janeiro, no mesmo endereço da ocupação inicial, Praia do Flamengo 132. Houve o investimento de aproximadamente 50 milhões de reais, porém as obras não saíram do papel até hoje. Em São Paulo, a sede da UNE hoje, localizase na Rua Domingo de Moraes, no bairro da Vila Mariana. O imóvel da sede é alugado 26
e já passou por uma série de tentativas de despejo, segundo informações obtidas junto à própria UNE. O espaço é dividido com outras cinco entidades estudantis, entre elas uma das sedes administrativas da UMES e da UBES. Conforme informações, obtidas durante a elaboração deste estudo, com representantes de todas essas entidades mencionadas, a medida provisória de acomodação das mesmas, a redução dos ambientes, acaba por dissociar o setor administrativo do setor cultural destas instituições. No caso da UNE, o espaço no imóvel dedicado ao CUCA, que assumiu as bases do antigo CPC, foi dissolvido e possíveis encontros dos jovens ocorrem em locais não oficiais e, até mesmo, emprestados. 1.7 O CENTRO DE SÃO PAULO E A IDENTIDADE DE UM POVO REVOLUCIONÁRIO O centro de São Paulo, desde o início do século XX, é palco de grandes movimentos de cunho cultural. Os frequentadores da Rua São Luís, principalmente da Galeria Metrópole, os artistas da Santa Cecília, na Rua General Jardim, os movimentos estudantis na porta do Colégio Caetano de Campos, na República, os protestos na antiga Praça Roosevelt, estes e outros grandes marcos históricos da cidade consagraram o centro, como berço da cultura da cidade. Até hoje essa qualidade permanece, porém, a Av. Paulista e seus acessos ao centro Rua Augusta e Rua da Consolação passaram a concentrar mais jovens engajados do que as
áreas centrais, tendo em vista o processo de abandono que ocorreu pós década de 1960 e que foi forte até os anos 1990. Desde o ano 2000, as políticas públicas de requalificação do centro, restauro e por vezes, reconstrução, visando dar vida ao centro novamente, em todos os períodos do dia, tem conseguido mobilizar os novos jovens a frequentarem o local onde tudo começou e agora estes dois eixos polarizam a cultura jovem paulistana. A democratização do ensino de nível superior no país nos últimos anos possibilitou um desenvolvimento social, e a busca mais ativa do jovem por seus direitos. Hoje as lutas sociais envolvem qualidade de vida. Luta-se por parque, por hospitais, por transporte público adequado e tranquilo, pelos animais. Percebeu-se que muita coisa está em desacordo com o que deveria ser básico para uma sociedade, e por mais que não tenha força ainda, os movimentos ganham vida através da divulgação ilimitada pelas redes sociais. No dia 15 de Dezembro de 2013, durante o Festival de Direitos Humanos – Cidadania nas Ruas 2013, realizado no Auditório do Parque Ibirapuera, em São Paulo, onde grandes artistas da cena musical brasileira contemporânea, entre eles Caetano Veloso, Tom Zé e Tulipa Ruiz, defenderam as minorias sociais, e em meio a um “diálogo” estabelecido entre o cantor Emicida e o público, uma faixa emergiu da plateia clamando pelo Parque Augusta. Os presentes logo se manifestaram, e saudaram com palmas a flâmula erguida. O
cantor mencionou a conhecida causa em prol do parque verde no centro da cidade, mais precisamente no Bairro da Consolação. Este ato dignificou a causa e ampliou ainda mais a divulgação do protesto que hoje é liderado por grandes nomes da gema intelectual paulista, dentre eles a Arquiteta e Urbanista, mestre na FAU-USP, Raquel Rolnik, enquanto Urbanista, foi Diretora de Planejamento da cidade de São Paulo e consultora de cidades brasileiras e latinoamericanas em politica urbana e habitacional. Foi também Secretária Nacional de Programas Urbanos do Ministério das Cidades entre 2003 e 2007. É autora de livros e artigos sobre a questão urbana e Relatora Internacional do Direito à Moradia Adequada do Conselho de Direitos Humanos da ONU. (ROLNIK, ONLINE, 2014). “Ativistas em prol da criação do Parque Augusta, viveram um dia histórico com a participação da aula prática de cidadania, neste primeiro dia da primavera e gritaram: ‘queremos o nosso parque!”. (FERNANDES, 2013, ONLINE) Fernandes refere-se à manifestação pacífica que ocorreu em setembro de 2010. Os manifestantes defendiam que: Esse remanescente da Mata Atlântica é um micro bioma, mas, é também parte importantíssima para a preservação ambiental da cidade de São Paulo e por isso continuaremos lutando. Conclamamos os vereadores de São Paulo a colocar em votação o projeto 345/2006 e assim regularizar a área, tornando-a o Parque Municipal Augusta e evitar a depredação dos espécimes, como vem acontecendo, inclusive com a 27
conivência de setores da administração pública, cujos responsáveis autorizaram a poda, totalmente desprovida dos critérios básicos da preservação das árvores. Outro problema a ser evitado, é a especulação imobiliária do local que estamos expostos diuturnamente. (FERNANDES, 2013, ONLINE)
Semanalmente uma assembleia presidida pela Arquiteta e Urbanista Raquel Rolnik, discute assuntos gerais sobre o plano diretor vigente para a cidade de São Paulo e especificamente, trata com objetividade as questões práticas para execução do Parque Augusta (pág. 35). O Parque Augusta, antiga reivindicação de um grupo de moradores da região central da capital paulista, ganhou mais um passo para ser tirado do papel. Um decreto publicado nesta terça-feira, 24, pelo prefeito Fernando Haddad (PT), no Diário Oficial da Cidade, autoriza o poder executivo a criar a área verde, na esquina das Ruas Augusta,Caio Prado e Marquês de Paranaguá.(VALLE, 2013, ONLINE)
Existe a necessidade de que o novo projeto interaja de forma diferente da que acontece no seu vizinho, a Praça Roosevelt. A reformulação da Praça Roosevelt resultou num espaço genérico, não abarcando um sentimento do transeunte. Em resultado, o parque se tornou uma grande pista de skate. Devemos enxergar essa ocupação não como degradante do espaço público, mas sim como uma revolução surda em que a população ocupa as ruas como lhes é conveniente. Isto posto, o futuro parque deverá acolher a memória, a cultura, ser um parque completo, que represente a sociedade que o abraça. 28
[fig.4]
Muro do Parque Augusta e mensagens do povo
É a essa qualidade que um pedaço de terreno, no meio de uma cidade, deve seu nome de praça. É verdade que, em nossos dias, designamos assim qualquer parcela de terreno cercado por quatro ruas e onde renunciamos a erigir qualquer construção. Isso pode bastar ao higienista e ao técnico, mas, para o artista esses poucos metros quadrados de terreno ainda não constituem uma praça. (CHOAY, 2005, p.210)
29
2. INTERAÇÃO URBANA 2.1 A CHÁCARA DO CAPÃO A antiga chácara do Capão (fig.5) foi adquirida como gleba pela última vez em 1880 e teve como último proprietário o imigrante português Mariano Antônio Vieira que comprou a chácara com a intenção de traçar um bairro civilizado tal como os padrões vistos em outras terras (VIEIRA apud PISSARDO, 2013, p.27), bairro este que seria destinado à elite paulistana, e em homenagem a Sintra, em Portugal, o novo bairro seria denominado como “Bela Cintra” (PISSARDO, 2013, p.27).
[fig.5]
30
Com exceção da Rua da Real Grandeza (atual Avenida Paulista), e talvez, da Rua Augusta, as demais ruas abertas no bairro aparentemente não foram planejadas, resultaram da necessidade de prolongamento das vias para que promovessem acessibilidade aos lotes adquiridos pelos novos proprietários. (PISSARDO, 2013, p.28). O bairro não teve o êxito esperado por Mariano Viera, pois era considerado longe o bastante do centro da cidade e próximo demais do Cemitério da Consolação, além de ser configurado por caminhos lamacentos e falta de transporte de coletivo. Sendo assim, ele ainda pretendia abrir uma rua por onde os bondes elétricos pudessem subir até a Avenida da Real Grandeza, porque as demais ruas existentes tinham trechos muito íngremes e considerados impróprios para veículos transitarem, pessoas e até mesmo bondes elétricos (VIEIRA apud PISSARDO, 2013, p.29) Em 1895 encontramos a primeira aparição da Rua Augusta no mapa da Cidade de São Paulo (fig. 7), anterior a esta data, o mapa da cidade elaborado em 1893 (fig. 8) apresentase sem a denominação da Rua Augusta bem como demonstra uma desproporção das dimensões das quadras, diferente do que compreendemos no mapa de 1895, o qual se aproxima ao existente atualmente.
Mapa da antiga Chácara do Capão
31
A princípio, ao analisar-se os mapas acima, verifica-se que a função inicial da Rua Augusta era facilitar o acesso à “cidade” como era referenciada a região central da cidade em seus primórdios - recebendo pessoas e veículos advindos da Rua da Consolação através da Rua Caio Prado, e desembocando na Rua da Real Grandeza,
[fig.6]
Planta da Cidade de São Paulo com Identificação dos Primeiros Edifícios Públicos - 1893
[fig.8] [fig.7]
32
atual Avenida Paulista. Em 1907, a nova Planta da Cidade (fig. 8) mostra a extensão da Rua Augusta até a Rua Martinho Prado, no sentido centro, e o prolongamento no sentido jardins, cruzando a antiga Rua da Real Grandeza, que neste mapa já podemos verificar com o nome de Avenida Paulista.
Planta da Cidade de São Paulo -1907
Planta da Cidade de São Paulo -1895
33
2.2 AUGUSTA, A RUA MAIS PAULISTANA Segundo os estudos elaborados por Massimo Canevacci, em seu livro “A Cidade Polifônica”, observa-se a miscigenação da Rua Augusta. Suas cores, sons, arquitetura, representam o presente, passado e perspectiva de futuro.
[fig.9]
Planta da Cidade de São Paulo e municípios circunvizinhos -1958
No mapa da cidade elaborado em 1958, de autoria não identificada, podemos verificar que a Rua Augusta na região do centro, encontra-se semelhante à atual configuração, houve o prolongamento da mesma até encontrar com a Rua Martins Fontes. A origem do nome Augusta é contestável, mas 34
segundo Pissardo (2013) a hipótese melhor aceita é a de que Mariano Vieira quisesse enobrecer a região, então a existência de uma rua Augusta (do latim Augustus significado: nobre, glorificada), uma rua da Real Grandeza e os bairros circunvizinhos ,Higienópolis e Campos Elísios, dignificariam o batismo.
A dicotomia presente nos usos existentes na rua simbolizam a realidade encontrada em toda a cidade, porém em um espaço físico reduzido, tornando-se possível avizinhar-se casas de massagem only for men à escolas e edifícios multifamiliares. A hipocrisia mascarada no restante da cidade é inescrupulosamente escancarada na Augusta. (CANEVACCI, 1993) Um local onde tudo acontece e tudo é permitido, a rua livre dos preconceitos e dos limites sociais preestabelecidos, onde se busca a conscientização política e o sentido crítico para a vida em sociedade, porém, ainda se apresenta acanhada em meio a tanta liberdade. A rua Augusta deixa transparecer o sentimento dos seus cidadãos, e a aparente confusão pode ser encontrada em cada esquina.
A rua Frei Caneca (onde morei durante muitos meses, no palacete que abriga o Instituto Italiano de Cultura), é “tão torta e comprida” como a paralela rua Augusta, só que esta não termina no “espigão”, prossegue descendo, purificando-se, por assim dizer, do seu incerto e impreciso início, até terminar grandiosamente num dos quarteirões mas elegantes de São Paulo: O Jardim Paulista. Não é este, porém, o motivo que me faria dizer sem hesitar, se me fosse perguntado qual a rua que melhor exemplifica a capital: é ela, a rua Augusta, de nome e de fato. Para mim, o eixo cartesiano formado pelo seu cruzamento com a avenida Paulista exprime a possibilidade de concentração, representação e resumo das vozes polifônicas de toda a cidade. Por isso é mais “simbólica”: porque é mais redundante. (CANEVACCI, 1993, p. 195)
2.3 DONA VERIDIANA, VILA UCHÔA, O ARQUITETO VICTOR DUBUGRAS, A IRMANDADE DE SANTO AGOSTINHO E O COLÉGIO DES OISEAUX
Para Canevacci, “A rua Augusta é um paradoxal plano-sequência1 alternado. Um sincretismo2 cinematográfico e viário. Um verdadeiro visual-scape3. A rua se sedimentou exagerando ao máximo o que é o estilo, a cultura urbana de São Paulo”. (CANEVACCI, 1993, p. 195)
Dona Veridiana, uma integrante da importante família Prado, casada com Martinho Prado, possuíam uma chácara vizinha a do Capão, e quando esta foi loteada, o casal utilizou os terrenos para fortalecer relações e estimular negócios a seu favor. Com a finalidade de fortalecer relações com a família Uchôa, Veridiana cede um lote de seu terreno para
1
Na linguagem do cinema, trata-se de uma ação contínua com longo período de duração, no qual a câmera realiza um movimento sequencial, sem ocorrência de cortes e em apenas um take. 2 Visa fundir vários conceitos em um só 3 Segundo o próprio autor, trata-se de uma imagem única e irreprodutível. 35
Flávio de Mendonça Uchôa, dono de terras em Ribeirão Preto e investidor da Companhia Eletro-Metalúrgica brasileira, e Evangelina Prado Uchôa. O lote cedido tratava-se de um quarteirão inteiro situado na esquina da Rua Caio Prado com a Rua Augusta. (PISSARDO, 2013, p. 31) A residência do engenheiro Flávio Uchôa foi o primeiro projeto de Dubugras para uma obra particular de maiores proporções, efetivamente realizada. O projeto é de 1902 e as obras foram concluídas em 1903. (REIS, 1997, p. 42) Foi sua última obra de influência neogótica, nessa fase, e já apresentava no interior alguns elementos de gosto “Art-Nouveau”. (REIS, 1997, p. 42). A volumetria era complexa, com uma série de alpendres e terraços, corpos salientes ou reentrantes no térreo e no primeiro andar. (REIS, 1997, p. 43) No exterior, destacavam-se as cercas do jardim, a rampa de acesso e a cobertura de entrada do automóvel. Esses elementos, com uso intensivo de peças de ferro, algumas com funções estruturais, combinadas com elementos de pedra, revelavam uma familiaridade grande com o Modernismo Catalão e algumas semelhanças com a obra de Gaudí. As rampas de acesso e a cobertura do automóvel, de gosto “Art-Nouveau”, eram duas notas importantes, com suas curvas, como sobrepostas ao projeto severo da casa. (REIS, 1997, P. 43)
O palacete eclético construído por Victor Dubugras para o casal em 1902 é leiloado em janeiro de 1907 (O Estado de S.Paulo in Pissardo, 2013, p.31). O terreno é logo 36
Um prédio anexo ao palacete original é aprovado para construção em abril de 1908 e o colégio passa a ser um dos principais colégios para damas da época. O sucesso do colégio, a localização privilegiada e a disponibilidade de grandes lotes vai atrair outros colégios para a região. (PISSARDO, 2013, p.31)
Até 1948 as irmãs do Des Oiseaux atenderam em regime de internato e a partir da década de 1970, irmandade decidiu fechar as portas para se dedicar à educação popular.O prédio do colégio foi demolido em 1974 (fig. 10). 2.4 A PROPRIEDADE PARTICULAR E SEU PATRIMÔNIO HISTÓRICO E AMBIENTAL.
[fig.10] Resquícios da edificação que abrigou o antigo Colégio Des Oiseaux
comprado, em 1907, pelas irmãs cônegas regulares de Santo Agostinho, dando início às atividades do colégio para damas de Santo Agostinho, futuro colégio Des Oiseaux. (PISSARDO, 2013, p.31)
O terreno de 24 mil m² na Rua Augusta esquina com a Caio Prado e Marquês de Paranaguá passa por um impasse há mais de 40 anos. O terreno é tombado pelo Patrimônio Histórico em 2004, até hoje não se sabe se nele serão erguidas torres de apartamentos ou se tornará um parque. Desde 1970 é incerta a destinação do terreno que abrigou o colégio Des Oiseaux. Neste ano, foi sancionado um decreto que o declarou como sendo de utilidade pública visando a transformação em parque. Em seguida, a prefeitura revogou o decreto e devolveu aos proprietários que pretendiam construir um hotel com 1400 apartamentos. Em contrapartida, nenhuma árvore seria derrubada, eram as garantias dos responsáveis pelo projeto do hotel (ARTUNHA E ENTINI, 2013, ONLINE). Na época, o vereador Samir Achos criticou o decreto que revogou a utilidade pública
de 8 terrenos, incluindo o terreno tratado, e levantou a possibilidade de no futuro essas áreas serem ocupadas totalmente por construções, e elogiou o caso específico do Des Oiseaux, onde seria construída “uma obra de interesse para a cidade”. Nas palavras do também vereador Horácio Ortiz, seria absurdo tratar da mesma maneira uma área central como a do Des Oiseaux e o terreno de 800 mil metros quadrados da Francisco Morato, “uma reserva natural densamente arborizada” (ARTUNHA E ENTINI, 2013, ONLINE). Atualmente a população está empenhada em preservar a área e conseguir com que a prefeitura a transforme no parque, como decretado em princípio. Recentemente, o atual prefeito Fernando Haddad decretou e promulgou a Lei n° 15.941, de 23 de Dezembro de 2013, proveniente do Projeto de Lei n° 345/06, onde está estabelecido no artigo 1º que o Poder Executivo fica autorizado a criar o parque Municipal Augusta. O artigo 3º menciona as atividades que deverão ser contempladas no parque:
[fig. 11] Augusta
Artigo retirado da Lei n° 15.941 – Parque Municipal
Ainda no texto da lei um dos artigos afirma que as despesas decorrentes da sua execução correrão por conta das dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário. Em declaração pública o atual prefeito disse 37
que a prefeitura não teria a verba necessária para desapropriar o terreno e construir o parque Augusta. O destino feito do terreno não se sabe, mas é de conhecimento de boa parte da população que a área abriga um dos poucos núcleos residuais de área verdes remanescente de mata atlântica na cidade, e a última disponível na área central. (ARTUNHA E ENTINI, 2013, ONLINE). Esta área residual foi preservada pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP), através da Resolução 23/04 que resolve tombar as espécies arbóreas e arbustivas que integram o lote mais vegetado do terreno, denominado na resolução como “área do bosque” (lote 438) e alguns exemplares isolados de ambos os lotes, as edificações remanescentes que integram o conjunto arquitetônico do antigo Colégio Des Oiseaux (lote 438), edificação secundária do antigo colégio, preservando os elementos arquitetônicos originais externos como envasaduras, cobertura, revestimentos e a sua volumetria e portaria da Rua Caio Prado compreendendo portões e muros. A resolução define ainda diretrizes para ocupação do terreno, sendo que do lote 438 que integra a área tombada: I – Qualquer construção na área deverá prever recuo mínimo de 10 metros por toda extensão de seu perímetro lindeiro ao bosque; II – A altura máxima para construção na área livre do lote será de 36 (trinta e seis) metros, medidos do ponto médio da testada 38
na Rua Caio Prado até o ponto mais alto da cobertura; As diretrizes para ocupação do lote 131 que integra a área tombada: I – A altura máxima para construção na área livre do lote será de 45 (quarenta e cinco) metros, medidos do ponto médio da testada na Rua Augusta até o ponto mais alto da cobertura; Sendo assim, todas essas leis que paramentam a construção no terreno servem como apoio à massa popular, visto que muitos dos fatores que alimentariam a especulação imobiliária foram vetados e/ou inibidos.
a população jovem incentivando-a ao pensamento crítico sobre a sociedade. Esta característica plural, principalmente do bairro da Consolação, transparece na conformação urbana da região. Ao analisarmos com mais proximidade o terreno do proposto projeto do Parque Augusta e Sede da UNE SP, podemos verificar a multiplicidade dos usos. Muitas vezes imóveis vizinhos desenvolvem atividades extremamente opostas, porém convivem num ambiente harmônico, do ponto de vista da civilidade do tratamento interpessoal.
2.5 ATUAL CONFORMAÇÃO URBANA DA REGIÃO E PARÂMETROS URBANÍSTICOS O bairro nascido em devoção a Nossa Senhora da Consolação, que dá nome à Igreja existente no terreno atual da Praça Roosevelt e ao próprio bairro, vive em constante mutação de fenótipo, porém sem perder a qualidade genética proveniente de sua fundação, final do século XIX. Atualmente é considerado um bairro extremamente pluralista, capaz de captar qualquer e se adequar às necessidades de qualquer cidadão que o frequente. A Consolação, o Centro Histórico e Santa Cecília, são conhecidos por serem redutos da boemia e das artes, desde os encontros intelectuais promovidos por Dona Veridiana em sua antiga chácara (Pissardo, 2013). Atualmente a Avenida Paulista compõe essa massa cultural e juntas dinamizam 39
[fig. 12]
40
Mapeamento Urbano e pontos de interesse.
41
42
desenvolvimento pleno de suas atividades. Porém, devido ao processo de deteriorização das áreas centrais no país que ocorre desde a década de1960, verifica-se o abandono parcial ou pleno desses espaços. Ocorre, portanto, a subutilizalção e depreciação destas regiões e o sentimento de desafeto e “não -pertencimento” marginalizam tudo e todos que estão compreendidos nestes lugares. Estuda-se pontualmente a área de intervenção e seu envoltório, a centralidade do terreno, as conexões urbanas evidentes e outras possíveis. O projeto visa compreender a dinâmica urbana da região e desenvolver uma estratégia clara de requalificação. Pode-se verificar (fig. 13) a heterogeneidade presente desde o uso destinado a serviços que deve ser entendido como escritórios e demais atividades deste segmento, uso misto que compõe ora a união de atividades comerciais e residenciais, ora na mistura de serviços e comércio e por vezes, todas as atividades numa só edificação.
Institucional Residencial Misto Comercial Serviços
RUA DA CONSOLAÇAO
[fig.13]
RUA CAIO PRADO
Área de Intervenção R. MARQUËS DE PARANAGUA
O mapa sensitivo (fig.12) analisa uma área conformada por grandes eixos viários de estruturação urbana, sejam estes vias densas que dividem a cidade em dois pólos, tal como a Avenida Nove de Julho, que tona-se um obstáculo ao pedestre e um facilitador de trajeto para os veículos automotores, ou uma via que detém o poder administrativo bem como turístico da capital, tal como a Avenida Paulista, ou a Rua da Consolação, que apesar das suas quatro faixas de rolamento para cada sentido de fluxo, constitui-se um atrativo de pessoas devido aos equipamentos presentes em sua extensão, desde teatros, restaurantes tradicionais, faculdades renomadas até mesmo um Cemitério, ou ainda a Rua Augusta que caracteriza-se como uma via emblemática na qual o fluxo predominante, em qualquer horário do dia, é o de pedestres. A análise feita para esta área compete principalmente na identificação de equipamentos culturais (teatros, salas de cinema, clubes, museus, sesc), equipamentos educaionais (crechês, escolas e faculdades), equipamentos de lazer (shoppings, galerias, restaurantes, bares, casas noturnas, lojas comerciais colaborativas), equipamentos de saúde (hospitais e pronto socorro), equipamentos de segurança pública (Corpo de Bombeiros, DP. Policial), praças e parques além da cobertura da rede de transporte coletivo (estações de metrô e corredores de ônibus) É evidente neste estudo o potencial da região. Possui infraestrutura adequada para
RUA AUGUSTA
Mapa de Uso e Ocupação do Solo do entorno imediato à área de intervenção
Ainda podemos verificar que a maioria das edificações do trecho estudado foram construídas no alinhamento predial, essa característica é marcante na via, bem como na maioria das vezes não se atende nem os recuos laterais e de fundos, fator que interfere na insolação e ventilação dos edifícios, além de enclausurar visualmente a paisagem que é seca de respiros urbanos. [fig.14] Perspectiva do Mapa de Uso e Ocupação do Solo do entorno imediato à área de intervenção
43
No mapeamento elaborado sobre o ponto de vista das alturas das edificações lindeiras à área de intervenção, pode-se verificar a mesma variação encontrada no levantamento de uso e ocupação do solo. Ou seja, a heterogeneidade é a máxima presente no trecho levantado.
RUA CAIO PRADO
R. MARQUËS DE PARANAGUA
RUA DA CONSOLAÇAO
RUA AUGUSTA
Até 02 pavimentos De 05 a 07 pavimentos Superior as 07 pavimentos Área de intervenção
[fig.15] Mapa de Gabarito de Altura do entorno imediato à área de intervenção
[fig.16] Perspectiva do Mapa de Gabarito de Altura do entorno imediato à área de intervenção
44
45
3. ESTUDOS DE CASO O complexo do Parque da Juventude foi analisado em sua totalidade por se assemelhar ao programa do projeto que inspira este estudo. O diálogo existente entre os equipamentos institucionais, os equipamentos esportivos, a área verde do parque, os vazios e a cidade, possibilitam uma ocupação plena do espaço nos mais variados horários e com público muito distinto. Uma via interna destinada a pedestres e veículos não motorizados, cruza o terreno, estabelece permeabilidade física além de conectar duas vias importantes do entorno. Todo espaço público fruto de um projeto que estuda sua implantação, a ocupação do solo do entorno, público frequentador da região e público alvo, tende a elevar-se e tornar-se extensão da residência do frequentador. Verifica-se no projeto a sutileza na implantação dos edifícios no terreno, a biblioteca e a escola técnica encontramse voltadas para a Avenida Cruzeira do Sul que é o acesso imediato à estação de metrô Carandiru. Junto a estes dois equipamentos era para existir um teatro, o qual não foi construído mas encontra-se neste estudo para entendermos a complexidade funcional do organismo. Ao fundo encontra-se o parque propriamente dito, devido ao maciço arbóreo existente, além de quadras poliesportivas, rampas de skate e quiosques de descanso. 46
3.1
PARQUE DA JUVENTUDE
Ficha Técnica Local: Av. Cruzeiro do Sul - São Paulo, SP Início do projeto: 1999 Conclusão da obra: 2007 Área do terreno: 232.933m² (parque Institucional, 95.636m²) Área construída: 34.360m² (parque institucional, 32.243m²) Arquitetura: Aflalo & Gasperini Arquitetos e colaboradores Paisagismo: Rosa Grena Kliass Arquitetura Paisagismo e colaboradores
[fig.17] Vista geral do Parque da Juventude voltado para a Av. Cruzeiro do Sul.
O Parque da Juventude é um conjunto projetado pelo escritório Aflalo&Gasperini Arquitetos, com paisagismo de Rosa Kliass, o projeto é um dos poucos vencedores de concursos públicos de arquitetura que foram executados no país. (SERAPIÃO, online, 2008) 47
Os locais públicos (fórum, mercado, etc.) não servem, atualmente, nem para grandes festas populares nem para a vida de todos os dias. Sua única razão de ser consiste em proporcionar mais ar e mais luz e em romper a monotonia dos oceanos de casas. Às vezes eles também valorizam um edifício monumental, ao desobstruir suas fachadas. Que diferença da Antiguidade! As praças eram então uma necessidade de primeira ordem, pois foram o teatro das primeiras cenas da vida pública, que ocorrem hoje nas salas fechadas. Era ao ar livre, na ágora, que o conselho das cidades gregas se reunia. A praça do mercado, que era um segundo centro de atividade dos nossos antepassados, subsistiu, é verdade, até nossos dias. Mas tende cada vez mais a ser substituída por grandes mercados igualmente fechados. E quantas outras
[fig.18]
48
cenas da vida pública não despareceram completamente? Os sacrifícios diante dos tempos dos deuses, os jogos, todo tipo de representação teatral. (CHOAY, 2005, p.206)
O parque pode ser segmentado em três, para que haja melhor compreensão da sua ocupação espacial: o Parque Institucional, o Parque Central e o Parque Esportivo (fig. 18). Desta forma, o projeto compreende um público de frequentadores amplo, com diversidade de idade, propósito e intenção. Uma implantação de projeto que integra o equipamento inserido em um espaço público e a sociedade.
Implantação do Parque da Juventude e suas subdivisões
Analisa-se aqui, além da concepção arquitetônica, o envolvimento do espaço público com o cidadão, e não o contrário. A necessidade de pertencer a algo maior, conviver em sociedade e estar em contato com a natureza humaniza o Parque. A natureza afasta, mesmo que temporariamente, o frequentador da realidade dos grandes centros urbanos, onde o avanço tecnológico faz com que determinados aparelhos sejam considerados, atualmente, como de primeira necessidade, tais como os celulares: A vulgaridade dos nossos bairros tem muitas consequências importantes: o homem não sente nenhuma alegria em morar ali, não se vincula ao local e não adquire nenhum sentimento de lar, como pudemos realmente constatar entre os habitantes de cidades enfadonhas e construídas sem arte. (CHOAY, 2005, p.216)
Encontra-se no projeto do Parque Institucional, dois blocos preservados do antigo presídio do Carandiru, cenário de filme homônimo dirigido por Hector Babenco, bem como num espaço dentro do próprio edifício dedicado à memória do Carandiru. No setor institucional há também a biblioteca, que é um dos “pontos fortes” do projeto. Sua concepção contemporânea aplicada a um edifício horizontal está em harmonia com a verticalidade dos edifícios existentes, os quais tiveram suas fachadas repaginadas para atender às novas necessidades do programa, bem como possuir a mesma linguagem do novo conjunto. O projeto do teatro não foi executado, embora tenha sido concebido desde a primeira
proposta do projeto.
[fig.19] Vista dos dois blocos e a interligação entre eles consagrada por um espaço público muito importante para a comunicação dos blocos, um restaurante
A biblioteca, os blocos da ETEC e o teatro (não executado) se abrem para uma praça central (fig. 20), a qual busca os princípios antigos de conformação da praça. Como analisa CHOAY, as praças podem ser utilizadas como parte integrante de um projeto. “Cada cidade, por menor que fosse, poderia orgulhar-se de uma praça bela e original, se todos os edifícios importantes estivessem ali reunidos como numa exposição em que um valorizasse o outro”. (CHOAY, 2005, P.215)
Após a análise geral do parque enquanto organismo urbano, é necessário analisar cada construção isoladamente, com objetivo de compreender as métricas do projeto, demanda, assim como sua funcionalidade.
49
Pavimento térreo - Pavilhão de exposições 1 Sala de exposições 2 Parte externa
[fig.21]
[fig.20] Parque da Juventude - Implantação do Parque Institucional.
3.2
BIBLIOTECA DE SÃO PAULO
A edificação em que hoje funciona a biblioteca, com área aproximada de 4.000m², foi projetada com o intuito de ser um pavilhão de exposições, também se cogitou a hipótese de que fosse abrigar um posto do Poupatempo4. A implantação de uma biblioteca favoreceu a consolidação do caráter institucional do parque, atraindo jovens e adultos na fase profissionalizante dos estudos, visto que a biblioteca é também um apoio à ETEC localizada nos blocos do antigo presídio.
O gráfico (fig.22) mostra a relação das atividades que acontecem neste pavimento, pode-se verificar que as áreas destinadas ao lazer e a área de estudos na biblioteca praticamente se equivalem, fato este que traduz um pouco o momento social atual, em que há multifuncionalidade das pessoas e dos espaços, e o lazer se mistura com o trabalho e o estudo para otimizar os resultados. No pavimento térreo da biblioteca (figura 21) verifica-se a perfeita comunicação da área interna com a área externa, através de
Planta do Pavimento Térreo da Biblioteca
portas localizadas em todo o perímetro da construção (fig.23). Essa qualidade permite que o parque “entre na biblioteca” e que a biblioteca “saia para o parque”, trazendo permeabilidade física e visual para o edifício, visto que uma pele de vidro faz o fechamento deste pavimento. Esse artifício pode ter sido utilizado visto que o pavimento superior é maior que o pavimento térreo em área, funcionando como um brise para toda a parte que poderia ser ensolarada, assim, a luz entra, porém a incidência dos raios solares não é direta, o que garante conforto térmico para o ambiente.
[fig.23]
Vista do edifício da biblioteca
4 Governo do Estado de São Paulo, para facilitar o acesso do cidadão às informações e serviços públicos, implantou
em 1996 o Programa Poupatempo, que reúne, em um único local, um amplo leque de órgãos e empresas prestadoras de serviços de natureza pública, realizando atendimento sem discriminação ou privilégios.
50
[fig.22]
Gráfico de ocupação
51
abriga a Biblioteca de São Paulo com a premissa de que espaços multifuncionais, ou multiuso, podem ser bem acolhidos às cidades contemporâneas portadoras de caráter tão heterogêneo, como São Paulo. No caso, o espaço poderia ter sido utilizado como pavilhão de exposições, Poupatempo ou biblioteca, e se projetar um edifício genérico em meio a outros tantos pré-definidos pode otimizar a relação do conjunto todo. A biblioteca sintetiza bem a necessidade do novo frequentador, um jovem lançado a muitas vertentes ao mesmo tempo, e sua singularidade consiste na leveza estrutural, o que a diferencia da maioria dos equipamentos públicos que existem pelo Brasil.
Pavimento Superior - Pavilhão de exposições 1 Sala de exposições 2 Vazio 3 Terraço [fig.24]
Planta do Pavimento Superior da Biblioteca
Verifica-se no pavimento superior (fig. 24) que a dominância do espaço de estudos se sobrepõe às demais atividades, porém cabe salientar que os arquitetos ainda preocuparam-se em manter áreas de lazer, os chamados terraços, os quais promovem um momento de descanso em meio a uma sequência de trabalho. Nos cortes da construção verifica-se a preocupação que os arquitetos tiveram
3.3 [fig.25]
[fig. 26]
52
Corte longitudinal e transversal
Gráfico de ocupação
com o sistema de insolação e ventilação, um sistema autônomo que não depende necessariamente de um sistema de refrigeração central. Um projeto inteligente do ponto de vista energético. Sua estrutura em concreto afirma os preceitos do sistema construtivo brasileiro, a modulação racionaliza o processo construtivo bem como otimiza a função estrutural, não havendo muita variação na concepção da mesma. O único ponto em que a estrutura é explorada com alguma dificuldade é o balanço existente em ambas as laterais da edificação. Conclui-se a análise sobre o edifício que
ETEC ARTES
Nos dois blocos remanescentes do antigo Carandiru se estabeleceu a Etec das Artes.
[fig. 27] Imagem da Cobertura que determina um dos vários caminhos possíveis do parque
[fig. 28]
Detalhe dos Brises e do fechamento pré-moldado
A antiga estrutura foi preservada e um tratamento com brises na fachada dupla conferiu conforto térmico, o que foi prioridade do projeto. Uma cobertura de vidro transformou o pátio central das construções em grandes átrios. Diferente do que se observa na biblioteca, o que é interessante avaliar na escola é a acessibilidade e permeabilidade do conjunto. A presença de um átrio central cria um novo ambiente externo dentro e um núcleo escolar que está inserido num organismo maior e mais externo, o parque.
[fig. 29] Átrio central. Fonte [fig. 30] Detalhe da escada principal projetada para comunicação entre os pavimentos
53
[fig. 31]
[fig. 31]
Planta do pavimento térreo do pavilhão 4 da ETEC ARTES
No pavimento térreo (fig.31) verifica-se que o átrio central funciona como a praça externa, onde os principais equipamentos se abrem para ele, tal como o Auditório e o Museu do Carandiru. Ainda neste pavimento encontra-se o setor administrativo, que é um pavimento acessível a todos os transeuntes a parte do programa que atrai maior número de pessoas em condições adversas, ou seja, desde a criança até o idoso ou a pessoa portadora de necessidades especiais.
[fig. 32]
Planta do 1º pavimento do pavilhão 4 da ETEC ARTES
Nos demais pavimentos estão concentradas as salas de aula. Neste projeto não se notam grandes intervenções arquitetônicas, porém o pouco que foi alterado requalificou os pavilhões do antigo presídio, a cobertura dos átrios, as escadas centrais, e as fachadas duplas, e assim o foco maior concentrou-se no programa. Todo o equipamento de caráter comum, e não apenas de uso dos estudantes, foram dispostos no pavimento térreo e nos demais pavimentos concentram-se, predominantemente e não exclusivamente, atividades ligadas ao programa escolar.
3.4 TEATRO DO PARQUE DA JUVENTUDE (não executado) Embora não executado, o teatro projetado possui uma dinâmica interessante e por não ser grande, com capacidade para apenas 500 pessoas, aproxima-se das necessidades tratadas no projeto do Teatro do Parque Augusta. O teatro foi projetado de modo a possuir um palco interno e outro externo, tal como acontece no Auditório do Ibirapuera, também em São Paulo (figura 28). A possibilidade de reversão dos espaços enobrece o projeto, pois permite a multiplicidade tão almejada nos dias de hoje.
Planta 1º pavimento do pavilhão 4 da ETEC ARTES
No primeiro pavimento (fig.32) encontra-se a biblioteca, grandes salas multiuso com a disponibilidade do uso da internet, bem como algumas salas de aula e sala de reunião dos professores. O programa neste pavimento também se volta para o átrio central.
[fig.32a] Corte transversal da edificação
54
[fig.33]
Planta do pavimento térreo do teatro
55
O palco externo está implantado de modo a configurar uma arena na parte externa. (figura 35). Deste projeto, não executado, conclui-se que a ligação cultural com edifícios megalômanos nem sempre sintetiza a necessidade do usuário. Por vezes uma edificação de grande porte torna-se obsoleta e pouco utilizada, devido aos gastos que gera, a exemplo temos o Teatro Nacional em Brasília, projeto belíssimo do Oscar Niemeyer, que já foi palco de grandes espetáculos e hoje é utilizado de forma mais comedida devido aos gastos que implicam seu funcionamento, devido ao porte grandioso da construção. A construção deste edifício completaria um circuito institucional bastante interessante no Parque da Juventude.
[fig.34]
Planta do pavimento térreo do teatro
A área do Foyer equivale a aproximadamente um terço da área da plateia e do palco interno, e os desníveis garantem a qualidade áudio e visual que um teatro precisa, conforme melhor observado no corte AA. O pavimento superior abriga a plateia superior.
[fig.35]
56
Corte AA do Teatro
3.5 PROJETO UNE RJ (não executado) Ficha Técnica Local: Praia do Flamengo 132 – Rio de Janeiro/RJ Início do projeto: 2007 Obras não iniciadas Área do terreno: aprox. 1600m² Arquitetura: Oscar Niemeye O projeto para a nova sede da une na Praia do Flamengo 132, Rio de Janeiro, previu em seu programa um anfiteatro, dois cinemas, um espaço multiuso, um museu, uma livraria e um café. O edifício também abrigaria uma torre com escritórios, portanto, o projeto trata-se basicamente da proposta
de um centro cultural e de um edifício de escritórios. A ideia é que o espaço seja ocupado pela classe artística e intelectual do rio de janeiro e do brasil, resgatando a experiência do Centro Popular de Cultura da Une (CPC), que nos anos 60 reuniu figuras como Vinícius de Morais, Arnaldo Jabour, Cacá Diegues, Ferreira Gullar e Carlos Lyra.
[fig.37]
Croqui de Oscar Niemeyer.
O projeto que se encontra disponível para consulta não está completo, a ênfase é dada ao anfiteatro e à praça interna que liga
O projeto que se encontra dispon[ivel para consulta n’ao est[a completo, a “enfase [e dada ao anfiteatro e {a pra;a interna que liga o edifício de serviços ao edifício cultural, promovendo a convivência entre os mais variados segmentos.
[fig.36]
Croqui de Oscar Niemeyer.
[fig.38]
Planta do 1º Pavimento
O arquiteto se ateve ao programa cultural que abrange a UNE, porém não previu espaço para o setor administrativo da entidade. Este programa está distribuído em dois pavimentos - 1º pavimento e mezanino (fig. 38 e fig. 39).
57
[fig.39]
Planta do Mezanino
Em conversa com líderes de algumas entidades estudantis de São Paulo (ver Anexo I – Sedes e Postos de Entidades Estudantis em São Paulo) foi frisada a importância de manter-se em comunhão o setor cultural e o setor administrativo num mesmo espaço, pois aperfeiçoa e integra as atividades das organizações.
[fig.40]
Corte Longitudinal
Conclui-se que o novo objetivo da entidade é construir uma sede que contemple ambientes grandes e que comportem um elevado número de pessoas por vez (anfiteatro, salas de cinema, livraria, café e praça). No projeto elaborado pelo arquiteto Oscar Niemeyer verifica-se a implantação 58
do edifício de escritórios faceando a via de acesso, ou seja, sendo priorizado em função da sede da Une e todos os seus equipamentos culturais propostos. Nota-se que no projeto, o arquiteto desconsiderou o setor administrativo necessário ao funcionamento pleno da UNE atualmente, tal como podemos ver no fluxograma elaborado junto a um posto de atendimento da entidade em São Paulo. (o material inteiro desta pesquisa encontra-se no anexo I)
O projeto fruto deste estudo deverá ser ultidisciplinar que garanta autonomia suficiente para seu funcionamento, tal como foi a ideia do arquiteto Oscar Niemeyer para o projeto da Nova Sede da Une no Rio de Janeiro. Porém com a atenção de manter relacionado diretamento o setoradministrativo e o setor cultural, para que haja melhor fluência nas atividades.
[fig.41] Paulo
Fluxograma do posto de atendimento da UNE em São
59
4.
PROJETO
4.1
CONCEITO
Em paralelo a toda abordagem dos aspectos urbanos, sociais e psicológicos que envolvem a área de intervenção – Parque Augusta e Nova Sede UNE SP – foi elaborada uma pesquisa pública com a finalidade de apreender o que realmente as pessoas pensam sobre a área do futuro parque, a UNE, a praça Roosevelt e a cidade de São Paulo de maneira geral. Desta pesquisa (anexo II) realizada com um grupo de 100 pessoas, destacou-se que 90%
[fig.42]
60
das pessoas compreendem que um parque na região central da cidade deve possuir equipamentos culturais que se integrem à área do bosque existente a ser preservada, visto requalificar a região e garantir que não se torne mais um local público degradado ou pouco frequentado, tal como a Praça da República, ou que acabe por segregar e segmentar ainda mais o público, tal como a Praça Roosevelt e seus skatistas. Esse dado revela que os entrevistados enxergam a necessidade da população em integrar espaços, idades e atividades. Algum dos exemplos citados foram o
Resultado da pesquisa sobre o Parque Augusta
61
Parque do Ibirapuera, Parque da Juventude e o Centro Cultural São Paulo. Estes são casos que demonstram claramente a multidisciplinaridade dos espaços. Menos de 5% dos entrevistados optam por um parque que contenha apenas as árvores existentes sem nenhum equipamento de apoio. Através dessa pesquisa foi possível elencar os equipamentos necessários que conformariam o programa do parque. Outro item da pesquisa indagou os entrevistados sobre o significado da UNE e o que a entidade tem desempenhado em prol dos seus objetivos, as respostas mostram que a maioria das pessoas entrevistadas, 68% - jovens de 21 a 30 anos, pouco conhece, ou desconhece sobre a entidade em questão, apesar de reconhecerem que não conhecem mais sobre devido à omissão da mesma nos dias de hoje ou pelo distanciamento individual e desinteresse sobre a política nacional.
[fig.43]
Estatística de votos no Brasil em 2012
O projeto é fruto de uma interação clara entre Natureza, vontade popular e incentivo político. Acredita-se, e muitas pesquisas destacam a situação - como a matéria do jornal O Globo, publicada via on-line em 26/06/2013, intitulada como “Jovens brasileiros estão mais longe do voto e da política tradicional” – que a ampliação dos domínios culturais de um povo resulta em 62
resgate, ou solidificação, política. Por conta destes dados, aliou-se Natureza, Cultura e Política no mesmo espaço, visando a multidisciplinaridade e autonomia do conjunto, garantindo sua sobrevida. 4.2 PARTIDO ARQUITETÔNICO O Parque e a Cidade Um terreno que em 1970 foi decretado como sendo de utilidade pública e que previa desde então a implantação de um parque, hoje, assim como em outrora é visado pela especulação imobiliária, almejado pela sociedade e condenado pelo governo que oscila entre os dois lados conforme a pressão exercida pela imprensa. Um parque, esta deve ser a configuração final deste espaço. As torres que abrigariam um edifício multifuncional, dotado de residências, escritórios, hotéis e outros, serão substituídas por edificações de menor impacto ambiental, com gabarito de altura médio/baixo, e vazios permitindo a permeabilidade visual de todo o perímetro. A rua entra no parque assim como o parque transborda para a rua, um grande “circuito” é a proposta. Um equipamento público deve conviver em harmonia com o seu entorno, infiltrando na malha urbana e dialogando diretamente com tudo que o toca. Trabalhar a arquitetura como elo de ligação entre as pessoas e os espaços, resultando na aplicação da disciplina teórica de Arquitetura como espaço de encontro.
[fig.44]
Mapa de permeabilidade física e visual
A acessibilidade ás regiões centrais da cidade é marcante. Nota-se que a área estudada faz frente para a Rua Augusta, um importante eixo viário que promove a ligação do centro da cidade com a Avenida Paulista, os jardins, a Rua Caio Prado, que promove a ligação do fluxo do Baixo Augusta com Higienópolis e a Rua da Consolação, que
interage diretamente com o centro e com a Av. Rebouças, que desemboca na Marginal Pinheiros. O transporte público é forte na região também, sendo que na Rua da Consolação existe o corredor de ônibus que interliga a região central a todas as outras zonas da 63
cidade, principalmente sul e oeste. A Rua Augusta cumpre função secundária, visto seu porte, porém conecta a cidade através dos ônibus, principalmente no eixo norte e sul. A Av. 9 de julho também desempenhando principalmente a função norte e sul. As estações de metrô República, Santa Cecília, Paulista e Consolação, e a estação Mackenzie que encontra-se em obras e que
se localizará a menos de 150m do futuro parque. Do estudo destas conexões resultou-se no primeiro croqui de implantação (fig.45). Este estudo resultou numa ocupação muito grande do terreno com construção e a forma densa não projetava a leveza e interação necessária com o meio urbano e com o bosque existente.
Num segundo estudo de implantação (fig. 46) percebe-se a evolução formal visando maior leveza formal, já é menor o volume construído projetado sobre o terreno, porém ainda não resolve questões de acessibilidade, visto a presença de algumas escadas onde
[fig.46]
Segundo Estudo de implantação
O terceiro estudo (fig. 49) já se assemelha com a forma final proposta. Nota-se a presença de rampas de acesso ligando os edifícios, uma praça suspensa elevando e criando um novo terreno, assim como propõe Rem Koolhaas e Steven Holl em muitos de seus projetos.
[fig.45]
64
Primeiro Estudo de implantação
o acesso é universal e portanto escadarias não resolvem o fluxo, e tampouco a questão de iluminação, visto que a marquise central ainda é muito grande, apesar das aberturas que foram previstas nela.
O formalismo arquitetônico tem início na operação de Le Corbusier de elevar o objeto, retirando-o do terreno, na Villa
Sovoye. Se você eleva suficientemente o objeto arquitetônico sobre pilotis, o terreno real é eliminado e você restabelece formalmente outro acima dele. Com isso, você começou a imaginar uma situação democrática de pisos equivalentes, sem que nenhum tenha qualquer primazia, ou seja, sem que nenhum esteja conectado ao terreno. ( KIPNIS in EISENMAN, 2013, p. 115)
Deste último estudo originou-se o volume representado na figura 49. 65
O conceito formal não provem da desconstrução. Foi resultado da intenção de fluxo de pessoas bem como da necessidade de movimentação da estrutura estática – a construção – de forma que suavizasse a ligação bruta entre cidade ortogonal e bosque orgânico. Trata-se do “ecótono” , ou seja, a transição entre os dois sistemas. No caso seria a transição estabelecida entre o meio urbano e seus prédios, e o meio natural e suas árvores, e o instante do projeto que seria a fusão de ambos. [fig.47]
Linked Hybrid - Steven Holl
[fig.49]
[fig.48]
66
Estudo volumétrico - I
Terceiro estudo de implantação
67
serão destacados do restante da edificação, a cada um será atribuída uma cor matiz e cada um deles “perfurará” a laje de cobertura de seus edifícios visto marcarem bem a paisagem e serem facilmente reconhecidos à distância.
[fig.53]
Estudo volumétrico 03
A previsão de vazios, projeções obliquas, pés-direitos variados, cria uma atmosfera nova e permite que o projeto se destaque como marco e que mantenha sua ligação com o bosque. [fig.51]
Estudo volumétrico 01
[fig.50] Croqui de intenção formal e volumétrica
As formas pensadas inicialmente foram depuradas, resultando em formas e volumes mais delgados, como pode-se notar nas figuras 51, 52 e 53, e que costuram o céu, encostando no chão para retratar que o 68
equipamento proposto habita dois mundos, o real e o imaginativo, este é o poder da cultura em nossas vidas, incentivar o lúdico e estimular a visão além do horizonte. Os três núcleos rígidos pensados no projeto
[fig.52]
Estudo volumétrico 02
[fig.54]
Logotipo Parque Augusta
69
Com base em todo o estudo aqui elaborado e visando a implantação de um projeto completo, elaborou-se um logotipo que pudesse simbolizar a conexão dos três aspectos abordados em projeto: Cultura, Natureza e Política. 4.3
PROGRAMA DE NECESSIDADES
Para implantação do projeto estudou-se o programa geral de alguns parques, tal como o Parque da Juventude já referido anteriormente, e o programa da atual sede da UNE e da UMES, ambas na cidade de São Paulo, juntamente com as solicitações reivindicadas na pesquisa de opinião. Desta forma, chegou-se no segundo programa de necessidades: 1. Bloco I - Memorial do estudante; - Cuca; - Nova Sede Une SP: Recepção/ Comunicação/ Presidência UNE/ Presidência EU/ Sala de Reuniões/ Departamento Nacional de Carteirinhas/ Administração/ Tesouraria/ Arquivo; - Loja colaborativa; - Teatro de Arena; - Mirante superior.
70
2. Bloco II - Biblioteca com mirante no pavimento superior; - Café; - Salas multifuncionais (dança/ arte/ música); - Sala de Espetáculos: Foyer/ Manutenção/ Depósito de Cenário/ Deposito de Vestuário/ Plateia/ Palco/ Camarins/ Sala de projeções e sonoplastia. 3. Marquise de ligação entre os blocos e Praça Suspensa. 4. Ambientes de estar entre o bosque, os blocos e as ruas.
ÁREAS TERRENO NIVEL 0,00 TEATRO ARENA SANITÁRIOS PÚBLICOS LOJA COLABORATIVA CONTROLE ACESSO UNE BIBLIOTECA ACESSO BIBLIOTECA ACERVO ESPAÇO ESTUDO SANITÁRIOS ANFITEATRO ACESSO ANFITEATRO CHAPELARIA CAFÉ 19 FOYER SANITÁRIOS ANFITEATRO OFICINA DE APOIO CULTURAL ACESSO SALA MULTIUSO 1 SALA MULTIUSO 2 DEPÓSITO SANTÁRIOS OFICINA ÁTRIO CENTRAL SALA DE ENSAIO SALA DE MUSICA DEPÓSTITO DE INSTRUMENTOS NÍVEL +3,50 BIBLIOTECA ACESSO BIBLIOTECA ESPAÇO LEITURA 1 ESPAÇO LEITURA 2 SANITÁRIOS MIRANTE COPA DAS ÁRVORES CAFÉ 19 ANFITEATRO ACESSO PLATÉIA SANITÁRIOS ILUMINAÇÃO E SOM
M² APROX. 24.000 1248,00 213,00 65,00 100,00 35,00 608,00 40,00 400,00 133,00 35,00 49,00 40,00 9,00 179,00 150,00 29,00 412,00 39,00 54,00 30,00 5,00 29,00 135,00 49,00 49,00 22,00 864,00 296,00 11,00 105,00 46,00 35,00 70,00 29,00 568,00 120,00 46,00 12,00
PLATÉIA PALCO CAMARIM 01 CAMARIM 02 CAMARIM 03 CAMARIM 04 NÍVEL +6,50 MEMORIAL DO ESTUDANTE SANITÁRIOS NÍVEL +13,50 MEMORIAL DO ESTUDANTE - ACERVO CUCA UNE SANITÁRIOS MEMORIAL NÍVEL +18,50 HALL COPA DNC ARQUIVO COMUNICAÇÃO REUNIÃO PRESIDÊNCIA UNE PRESIDÊNCIA U E SANITÁRIO DE FUNCIONÁRIOS DEPÓSITO RECEPÇÃO NÍVEL +23,50 MIRANTE AGUSTA TOTAL
285,00 58,00 12,00 14,00 13,00 8,00 157,00 142,00 15,00 425,00 240,00 140,00 45,00 441,00 48,00 17,00 22,00 18,00 47,00 57,00 43,00 40,00 22,00 7,00 120,00 23,50 23,50 3158,50
71
MEMORIAL DESCRITIVO
4.4
PEÇAS GRÁFICAS
Estrutura: Concreto Armado, Treliças Metálicas - planas e espaciais, Lajes Convencionais, Nervuradas e Vigas Protendidas. Alvenaria: Blocos cerâmicos convencionais: 9x19x19cm/ 11,5x19x39cm/ 19x19x39cm Cobertura: Vidro e lajes impermeabilizadas. Revestimentos Externos: Concreto aparente, madeira auto clavada padrão de coloração escuro, chapas de alumínio perfuradas e vidro sobreposto ao concreto. Pintura: Tinta látex branca, vermelha, amarela e azul. Vidros: Temperados do tipo incolor, fume e na cor azul.
72
73
1 CORTIÇO ABANDONADO: PROJETO DE FUTURA CONEXÃO COM EIXO CULTURAL FORMADO PELO PARQUE AUGUSTA, A PRAÇA ROOSEVELT E O CENTRO DA CIDADE DE SÃO PAULO
13 BIBLIOTECA: NÍVEL 0,00 (pág. 80)
2 PORTÃO EXISTENTE A SER RESTAURADO E PRESERVADO: ACESSO PELA RUA MARQUÊS DE PARANAGUÁ AO BOSUE DO PARQUE AUGUSTA
15 PÓRTICO EXISTENTE A SER PRESERVADO COM INSTALAÇÃO DE GUARITA DE SEGURANÇA E POSTO DE ATENDIMENTO AO TURISTA (ACESSO RUA CAIO PRADO): NÍVEL 0,00 (pág. 81)
3 ESTACIONAMENTO: NÍVEL +7,00 (pág. 90) 4 DEPARTAMENTO DA POLÍCIA MILITAR: LIGAÇÃO COM O PARQUE AUGUSTA PARA REFORÇAR A SEGURANÇA 5 ÁREA DE LAZER INFANTIL 6 TEATRO DE ARENA: NÍVEL -2,35 (pág. 84) 7 ACESSO SECUNDÁRIO AO MEMORIAL DO ESTUDANTE, UNE E CPC: NÍVEL 0,00 (pág. 85)
16 CASA TOMBADA E ABANDONADA: PROJETO DE FUTURA CONEXÃO COM EIXO CULTURAL FORMADO PELO PARQUE AUGUSTA, A PRAÇA ROOSEVELT E O CENTRO DA CIDADE DE SÃO PAULO 17 ESPAÇO PARA ATIVIDADES FÍSICAS DIRECIONADO À TERCEIRA IDADE 18 PRAÇA SECA COM PISO DRENANTE 19 PISTA DE COOPER
8 LOJA COLABORATIVA
20 VEGETAÇÃO EXISTENTE A SER PRESERVADA
9 ACESSO PRINCIPAL: RUA AUGUSTA
21 “CASINHA” EXISTENTE A SER PRESERVADA E RESTAURADA PARA ABRIGAR O RESTAURANTE DO BAIXO AUGUSTA: NÍVEL +2,00 (pág. 91)
10 IMÓVEIS ABANDONADOS: PROJETO DE FUTURA CONEXÃO COM EIXO CULTURAL FORMADO PELO PARQUE AUGUSTA, A PRAÇA ROOSEVELT E O CENTRO DA CIDADE DE SÃO PAULO 11 ANFITEATRO: NÍVEL 0,00 (pág. 76) 12 OFICINA DE APOIO CULTURAL: NÍVEL 0,00 (pág. 76)
74
14 RAMPA DE ACESSO À PRAÇA SUSPENSA (NÍVEL +3,50)
22 NOVO ACESSO PELA RUA CAIO PRADO PROMOVE INTERAÇÃO COM A RUA GRAVATAÍ 23 RUA QUE PRIORIZA O PEDESTRE, TAL COMO ACONTECE NA RUA AVANHANDAVA, COM CONEXÃO À PRAÇA ROOSEVELT 24 PRAÇA ROOSEVELT
75
MAPA CHAVE
76
77
78
79
MAPA CHAVE
80
81
82
83
MAPA CHAVE
84
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100
101
102
103
104
105
106
107
108
109
110
111
112
113
114
115
116
117
118
119
120
121
122
123
ANEXO 01
124
125
126
127
128
129
130
131
ANEXO 01
Questionáio de pesquisa popular Quantidade de respostas colhidas: 100 Parque Augusta e Nova Sede da UNE SP Um trabalho final de graduação que trata sobre dois assuntos polêmicos (Parque Augusta e UNE) em um terreno polêmico, clama pela participação pública para entendermos mais sobre a nova sociedade que se forma diariamente no século XIX. Será que a tecnologia pode substituir a natureza? Será que nosso dever político é apenas uma obrigação inútil e ineficaz? Nos ajude a entender um pouco sobre o novo perfil social, podemos nos surpreender com nós mesmos. Sua opinião será muito bem vinda caso queira colaborar, dando dicas ou sugestões para melhorarmos o questionário. Agradecemos desde já o apoio e a paciência. São poucas questões! UFA! TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO GRADUANDA: CAROL ARBEX CURSO: ARQUITETURA E UBANISMO INSTITUIÇÃO: FMU CONTATO: ARBEX.CAROL@GMAIL.COM Obrigatório Nome completo: Idade: de 15 a 20 anos de 21 a 30 anos de 31 a 50 anos de 51 a 60 anos superior a 61 anos 132
Escolaridade: 1º grau - ensino fundamental ( 5ª a 8 ª serie) 2º grau - ensino medio ( 1º ao 3º ano) 3º grau - ensino superior ( 4 ou mais anos) Nenhuma das opções acima Profissão: Grupo Étnico: Branco Pardo Negro Amarelo Índigena Não me considero integrante de nenhum dos grupos listados Onde mora: Zona Sul Zona Leste Zona Oeste Zona Norte Centro No ABCD Demais regiões metropolitanas Litoral paulista Interior paulista Nenhuma das anteriores Outro: Se trabalha, onde: Zona Sul Zona Leste Zona Oeste Zona Norte Centro No ABCD Demais regiões metropolitanas Nenhuma das anteriores 133
Não trabalho Se estuda, onde: Zona Sul ona Leste Zoa Oeste Zona Norte Centro No ABCD Demais regiões metropolitanas Nenhuma das anteriores Não estudo Você esta por dentro das manifestações públicas que tem sido feitas em prol da execução do Parque Augusta? Comente. Você conhece o terreno onde está previsto a implantação do Parque Augusta? Dica: Rua Augusta esquina com a Rua Caio Prado, bairro da Consolação.
Exemplo: 11h Você frequenta o Centro de São Paulo? Caso positivo, justifique e mencione a frequência. * Nessa pergunta podemos englobar também a real para que gião da Av. Paulista. Porém, seja preciso na resposta e indique o local que costuma frequentar, para que a pesquisa consiga esclarecer questões sobre a região onde o futuro parque será implantado. Você gosta do centro de São Paulo? Se sente seguro? Demonstre seu mais sincero sentimento pela cidade, seja ele bom ou ruim. Qual o meio de transporte você utiliza para chegar ao centro? Justifique Conhece a Praça Roosevelt? Antes ou depois da reforma? Comente Se não conhece, fica a dica! Aliás, a região central da cidade merece ser olhada com outros olhos. Você sabe o que é a UNE? Você pode mencionar alguma das ações feitas pela entidade? Sem colar! Queremos saber sobre o engajamento político real do jovem paulistano. Em sua opinião, qual o papel do jovem nas questões estudantis, sociais e políticas?
O bairro possui equipamentos culturais/ lazer em quantidade e condições satisfatórias? O que você proporia para melhorá-lo? Dica: O bairro tratado é o da Consolação, onde será implantado o novo parque.
Você considera sua participação política e social como sendo satisfatória para o desenvolvimento da nação? Comente
Você concorda que faltam áreas verdes em São Paulo? As novas praças e parques da capital possuem como partido de projeto a execução de grandes “Praças Secas” (sem árvores/água e afins). O terreno do futuro parque é a última área no centro da cidade, que ainda possui vegetação nativa da mata atlântica. Desmatar? Replantar? Transplantar? Preservar?
estudante,
Se pudesse fazer algo para melhorar sua cidade hoje, o que você faria? Pense como arquiteto, engenheiro, ambientalista, professor, médico, trabalhador...
Qual a importância deste parque para cidade? Qual a importância deste parque para você? O que deveria haver no parque para consagrar sua ocupação? Em que horário você gostaria de frequentar o parque?
134
135
CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto teve como ponto de partida as manifestações sociais acontecidas em meados do ano de 2013. A UNE volta a ser citada, depois de anos no esquecimento, e algum sinal de interesse político por parte dos jovens parece surgir. Do outro lado da história temos o terreno do futuro Parque Augusta, que sempre foi motivo de confrontação política, como já tratamos neste documento. Porém, as pessoas engajadas no salvamento deste residual de mata atlântica sempre foram ativas na política. A questão levantada neste projeto buscou capturar o jovem e conduzi-lo à política de forma presencial. A ponte mais fácil para levar a política aos jovens seria através da UNE, com uma linguagem mais familiar e menos burocrática sobre os assuntos de interesse geral serviria como o primeiro passo para isso. A questão do impasse político sobre o terreno há mais de 40 anos deixa ainda mais claro essa necessidade de aproximação política. Pois o silêncio de uma sociedade “ignorante” nas questões do país, cega, e um assunto de resolução teoricamente simples, leva décadas para ser tratado. Não poderia existir melhor tema e implantação do que o discutido em projeto, no que diz respeito às questões políticas e sociais. 136
Tratando de Arquitetura e Urbanismo, o projeto primeiro conversa com a cidade e depois consigo. Portanto, as conexões estabelecidas entre o Parque e seu entorno imedediato visa “linkar” a malha urbana de modo que a acessibilidade e o fluxo contínuo e livre seja espontâneo. Fisicamente foi proposta ligação com a praça Roosevelt e com alguns imóveis tombados do entorno que estão inutilizados, para os quais presupõe-se a ocupação com atividades voltadas a atender o complexo cultural que se forma. Projetos de longo, médio e curto prazo foram pensados para garantir evolução e requalificação da área. Um complexo cultural e educacional. Na questão arquitetura, buscou-se criar solos suspensos, permitindo alternativavas de ocupação, o gabarito de altura projetado não ultrapassa os 28m de altura, dessa forma não se impõe à natureza, que serve de cenário vivo no projeto. Outra questão refere-se à concepção formal, as diagonais foram resultado da mistura formal da organicidade encontrada na natureza e ortogonalidade das cidades. Essa desconstrução e soma de formas préexistentes aconteceu através de um estudo de possíveis trajetos, e necessidades das pessoas em “ver, ouvir, tocar, sentir” o 137
parque de todas as formas, por isso sua permeabilidade visual e física garante essa posse coletiva sobre o espaço público. O desnível que existe no terreno serviu como desafio no projeto, ele instigou novas ocupações, acessos, visuais e trajetos, promovendo a conectividade total com as vias e demais equipamentos. O edifício localizado próximo à esquina da Rua Agusta com a Rua Marquês de Paranaguá, abriga administrativa a sede da UNE SP a qual é acessada por um memorial do estudante que permitirá a descoberta ou melhor entendimento do papel do estudante na sociedade, visando assim que até a chegada ao pavimento administrativo ja se tenha conhecido todo histórico dos movimentos estudantis e propriamente da UNE. O edifício administrativo conectado pelas praças suspensas (nível +3,50), ou pela marquise (nível 0,00), encontra a biblioteca e o anfiteatro, com sua oficina de apoio cultural. Conceitualmente essa conexão mostra de forma sublime a ligação que sempre existiu entre a UNE e a cultura no país.
138
da época da construção do do Palacete Uchôa, terão papel fundamental neste novo projeto. O pórtico abrigará uma guarita de segurança e um posto de atendimento ao turista, para situar o viajante sobre os pontos de interesse do centro da cidade de São Paulo. A casinha, que faz frente para a Rua Gravataí, que por sua vez desemboca na Praça Roosevelt, abrigará o restaurante do Baixo Augusta, em homenagem ao bloco de carnaval de mesmo nome que encabeça as manifestações em prol do Parque Augusta.
atender um público tão heterogênceo e exigente como fixo, moradores da região, e o flutuante, visitantes frequentes ou esporádicos. Os objetivos e as diretrizes de projeto analisadas durante todo o processo de estudo da área, frequentadores e programa de necessidade foram contemplados, a pesquisa de campo realizada reforçou a aplicabilidade do projeto no terreno e lapidou a concepção formal.
Um estacionamento com disponibilização de poucas vagas, destinado a atender pessoas com necessidades especiais, deficiências físicas, idosos, funcionários do parque, motocicletas e bicicletas, obriga que as demais pessoas se descolquem de transporte público ou parem seus veículos em estacionamentos particulares. Esta iniciativa é proposital uma vez que a função do parque não é de estacionamento.
Cada edifício carrega uma marca para melhor identificação, cores. A UNE caracterizada pelo azul, a biblioteca pelo vermelho e o anfiteatro em amarelo.
O bosque ao fundo do lote manteve sua vegetação intalterada, e houve a proposta de utilização para práticas esportivas e lazer ativo ou contemplativo, estas atividades priorizam a qualidade de vida dos moradores do bairro visto que promove a melhor qualidade de vida em hábitos diários através de caminhada, passeio com animais, leitura de um livro, contemplação da natureza, entre outras atividades.
O antigo pórtico e a “casinha”, residuais
Visou-se um projeto multidisciplinar para 139
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Nobel, 1997.
Acervo Jornal O Estado de São Paulo. Disponível em:< http://acervo. estadao.com.br/pagina/#!/1973121930285-nac-0048-999-48not/busca/ col%C3%A9gio+Des+Oiseaux > Acesso em : 9 de março de 2013
CASADO, José. Jovens brasileiros estão mais longe do voto e da política tradicional. O GLOBO. 23 de junho de 2013. Online. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/ pais/jovens-brasileiros-estao-mais-longedo-voto-da-politica-tradicional-8787709> Acesso em: 8 de abril de 2014
ARQUIVO DO ESTADO- ACERVO DIGITALIZADO. Disponível em: <http://www.arquivoestado. sp.gov.br/acervo_digitalizado.php> Acesso em: 9 de março de 2013.
CHOAY, Françoise. O Urbanismo. São Paulo : Editora Perspectiva, 2003.
ARTUNHA, Amélia; ENTINI, Carlos Eduardo. Parque na Augusta: um impasse de 40 anos. O ESTADO DE S.PAULO. 19 de agosto de 2013, Online.Disponível em: <http://acervo. estadao.com.br/noticias/acervo,parque-naaugusta-um-impasse-de-40-anos,9208,0. htm> . Acesso em 6 de março de 2014
FISCHER, Joachim. Beton Concrete. China: Hf Ullmann. 2008.
KIEFER, Sandra. Nossa história: estudantes do Brasil decidiram em 1977 enfrentar repressão militar. 03 de maio de 2014, Online. Disponível em: http://www.em.com. b r / a p p / n ot i c i a / g e r a i s / 2 013 / 0 6 / 2 2 / interna_gerais,410680/nossa-historiaestudantes-do-brasil-decidiram-em-1977enfrentar-repressao-militar.shtml AG4 media facades. Koln: Editora Daab. 2006. CANEVACCI, Massimo. A cidade polifônica: um ensaio sobre a antropologia da comunicação urbana. São Paulo: Studio 140
EISENMAN, Peter. Supercrítico: Peter Eisenman, Rem Koolhaas. São Paulo: Cosac Naify. 2003.
FANUCCI, Francisco; FERRAZ, Marcelo. BRASIL ARQUITETURA. São Paulo: Cosac Naify. 2005. FERNANDES, Antônio. Parque Augusta. 2013. Disponível em: <http://parqueaugusta. blogspot.com.br/, acessado em 20/02/13> Acesso em: 13 de janeiro de 2014 GROPPO, Luís Antonio. As novas esquerdas e o movimento estudantil no Brasil: 19611967. 2007. Online. Disponível em: <http://www.histedbr.fae.unicamp.br/ acer_histedbr/seminario/seminario7/ TRABALHOS/L/Luis%20antonio%20groppo. pdf> Acesso em 22 de março de 2014.
141
HOLL, Steven. Portal do arquiteto Steven Holl. Disponível em: <http://www.stevenholl. com/project-detail.php?id=58> Acesso em: 18 de janeiro de 2014 LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. São Paulo: Editora Atlas, 2004. LOPES, Viturino Renato. Movimento estudantil - o inicio de uma história trazida pelos estudantes. 10 de abril de 2012. Disponível em: <http://dce-fcg.blogspot. com.br/2012/04/movimento-estudantilo-inicio-de-uma.html> Acesso em 12 de janeiro de 2014. PALMA, Daniela. A praça dos sentidos Comunicação, imaginário social e espaço público. São Paulo. 9 de novembro de 2010. Disponível em :< http://www.teses. usp.br/teses/disponiveis/27/27152/tde05112010-110435/pt-br.php> Acesso em 2 de março de 2014. PISSARDO, Felipe Melo. A rua apropriada: um estudo sobre as transformações e usos urbanos na Rua Augusta (São Paulo, 1891-2012). São Paulo, 2013. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/ disponiveis/16/16136/tde-12082013101209/fr.php> Acesso em 15 de fevereiro de 2014. PEREIRA, Mateus Henrique de Faria. Ainda o silêncio. Revista de História. 14 de agosto de 2012. Disponível em: < http://www. 142
revistadehistoria.com.br/secao/educacao/ ainda-o-silencio> Acesso em: 17 de fevereiro de 2014. REBELLO, YOPANAN .C. P. Bases para Projeto Estrutural na Arquitetura. São Paulo: Zigurate, 2007.. REIS FILHO, Nelson G. Racionalismo e protomodernidade na obra de Victor Dubrugas. São Paulo: FBSP. 1997. SÃO PAULO 450 ANOS- Rio Pinheiros. 2004. Disponível em : < h t t p : / / w w w. a p r e n d a 4 5 0 a n o s . c o m . br/450anos/vila_metropole/1-5_rio_ pinheiros.asp> Acesso em: 3 de março de 2014 SILVA, Heleno Florindo da; FABRIZ, Daury César. O GIGANTE ACORDOU: Uma análise da democracia à luz do novo Constitucionalismo latinoamericano. Revista Derecho y Cambio Social. 1º de outubro de 2013. Disponível em: <http://www.derechoycambiosocial. com/revista035/o_gigante_acordou_novo_ constitucionalismo.pdf> Acesso em: 14 de março de 2014.
de fevereiro de 2014. VALLE, Caio. Decreto autoriza Prefeitura de SP a criar Parque Augusta. O ESTADO DE S.PAULO. 24 de dezembro de 2013. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/ cidades,decreto-autoriza-prefeitura-de-spa-criar-parque-augusta,1112086,0.htm> Acesso em 2 de fevereiro de 2014. ZAPPA, Regina. SOTO, Ernesto. Eles só queriam mudar o mundo. Rio de janeiro:Editora Zahar, 2008. ZIMMERMANN, Maíra. Rua Augusta: juventude e sociabilidade no espaço urbano (1968 - 1973). São Paulo: 2011. Disponível em <http://www.snh2011.anpuh. org/resources/anais/14/1300664688_ ARQUIVO_Anpuh2011.pdf/>. Acesso em 30 de abril de 2013.
SILVA, Mariana G. P. A. O espaço público na relação com equipamentos culturais os casos de lisboa e Barcelona. Lisboa: maio de 2012. Disponível em: < https://fenix.tecnico.ulisboa. p t / d o w n l o a d F i l e / 2 5 8 9 87 2 6 9 6 3 6 4 / Espaco%20publico%20na%20relacao%20 com%20Equipamentos%20Urbanos%20 %20Mariana%20Silva.pdf > Acesso em: 10 143
144